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OS LIVROS POÉTICOS E PROFÉTICOS DO AT | 14 | REFLEXÕES BÍBLICAS JÓ E SEUS AMIGOS DIANTE DE EXPERIÊNCIAS AVASSALADORAS Leituras diárias: Segunda Jó 3.1-11 Terça Jó 4.7-9 e 15 Quarta Jó 7.11-16 Quinta Jó 8.1-6 Sexta Jó 13.1-15 Sábado Jó 23.1-10 Introdução O livro de Jó dá ideia do combate entre duas forças espirituais antagôni- cas, pela conquista do ser humano. Fala também de forma poética da pequenez humana, da grandeza de Deus e da fragi- lidade das respostas humanas. O Estudo 1 foi baseado na moldura do livro. Este focalizará de forma panorâmi- ca os caps. 3 a 37, mostrando-nos um Jó que se queixa, que se rebela, que busca respostas e no final é elogiado por Deus. Podemos dividir essa porção de Jó assim: - Capítulo 3: amaldiçoa o dia do seu nascimento. - Capítulos 4 a 27: três ciclos de dis- cursos entre Jó e seus amigos Elifaz, Bil- dade e Zofar. - Capítulos 28 a 37: um poema sobre a sabedoria (28), discursos de Jó (29-31) e discursos de Eliú, um quarto amigo de Jó (32 a 37). 1. Os amigos de Jó não lhe trazem consolo Os três amigos de Jó lhe dirigem a pa- lavra a partir do capítulo 4, sempre com resposta de Jó ao discurso de cada um. São três ciclos de discursos: o primeiro, do 4 ao 14; o segundo, do 15 ao 21; e o terceiro, do 22 a 27. Parece que os amigos de Jó foram mais sábios no silêncio, sendo solidários a Jó no seu sofrimento (2.11-13). Ao fala- rem, a partir do cap. 4, parecem visar mais exibir sabedoria, arrazoando os motivos do sofrimento de Jó, do que consolá-lo. - Leia as seguintes palavras dos ami- gos de Jó: a) Elifaz: 22.23-27 b) Bildade: 8.3-7 c) Zofar: 11.14-17. Por várias vezes os amigos de Jó argu- mentaram que, se ele estava sofrendo, só podia ser pelo seu pecado. Isto aumenta o sofrimento de Jó, pois o acusavam de ESTUDO 2

ReflexoesBiblicas Jo e Seus Amigos Diante de Experiencias Avassaladoras Estudo2

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o s L i v r o s p o é t i c o s e p r o f é t i c o s d o at |

14 | R E F L E X Õ E S B Í B L I C A S

Jó e seus amigos diante de experiências avassaladoras

Leituras diárias: Segunda Jó 3.1-11Terça Jó 4.7-9 e 15 Quarta Jó 7.11-16 Quinta Jó 8.1-6 Sexta Jó 13.1-15 Sábado Jó 23.1-10

Introdução

O livro de Jó dá ideia do combate entre duas forças espirituais antagôni-cas, pela conquista do ser humano. Fala também de forma poética da pequenez humana, da grandeza de Deus e da fragi-lidade das respostas humanas.

O Estudo 1 foi baseado na moldura do livro. Este focalizará de forma panorâmi-ca os caps. 3 a 37, mostrando-nos um Jó que se queixa, que se rebela, que busca respostas e no final é elogiado por Deus. Podemos dividir essa porção de Jó assim:

- Capítulo 3: Jó amaldiçoa o dia do seu nascimento.

- Capítulos 4 a 27: três ciclos de dis-cursos entre Jó e seus amigos Elifaz, Bil-dade e Zofar.

- Capítulos 28 a 37: um poema sobre a sabedoria (28), discursos de Jó (29-31) e discursos de Eliú, um quarto amigo de Jó (32 a 37).

1. Os amigos de Jó não lhe trazem consolo

Os três amigos de Jó lhe dirigem a pa-lavra a partir do capítulo 4, sempre com resposta de Jó ao discurso de cada um. São três ciclos de discursos: o primeiro, do 4 ao 14; o segundo, do 15 ao 21; e o terceiro, do 22 a 27.

Parece que os amigos de Jó foram mais sábios no silêncio, sendo solidários a Jó no seu sofrimento (2.11-13). Ao fala-rem, a partir do cap. 4, parecem visar mais exibir sabedoria, arrazoando os motivos do sofrimento de Jó, do que consolá-lo.

- Leia as seguintes palavras dos ami-gos de Jó:

a) Elifaz: 22.23-27 b) Bildade: 8.3-7 c) Zofar: 11.14-17.

Por várias vezes os amigos de Jó argu-mentaram que, se ele estava sofrendo, só podia ser pelo seu pecado. Isto aumenta o sofrimento de Jó, pois o acusavam de

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pecados que ele não cometera. Eles não lhe trouxeram consolo, provocando res-postas irritadas de Jó, como a do capítulo 16.1-3 e seguintes.

Estes amigos de Jó tinham um concei-to teológico fechado sobre o sofrimento: o princípio da retribuição. Criam eles que, sendo Deus justo, se alguém sofre é porque está sendo castigado pelos seus pecados, pois quem faz o bem, só recebe o que é bom.

Embora com tantos textos bíblicos que se opõem a tal ideia, ainda hoje en-contramos pessoas que creem desta ma-neira. Acham que os filhos de Deus, os que têm fé, não passam por provações e dificuldades. Graças a Deus pela história de Jó...

O fato é que sem ouvir profundamen-te Jó, seus amigos discursavam sobre o que já “sabiam” a respeito de Deus. Não se abriam para conhecê-Lo melhor. De-fendiam Deus dentro dos seus rígidos conceitos e magoavam e ofendiam Jó. Eles tinham respostas. Pareciam não ter perguntas. Isto desagradava a Deus, pois alguém que pensa que sabe tudo, não pode aprender. E Deus tem o infinito a nos ensinar sobre Ele.

Do capítulo 32 a 37 aparecem as pala-vras do quarto amigo, Eliú.

- Leia Jó 33.29-33 e 36.22-26

Eliú é mais delicado do que os ami-gos anteriores, destacando mais o aspec-to corretivo do sofrimento.

Aplicação a sua vida:

Como você reage diante de ideias e situações que contrariam a sua manei-ra de pensar e de crer?

2. Jó reage diante do sofrimento - Jó 3.1-11

Jó maldiz a sua sorte no capítulo 3, provocando a cólera dos amigos que o repreendem e o acusam de pecado.

Depois disso há muitas palavras de Jó. Ele desabafa com Deus a sua angústia e se irrita com os amigos. (Jó 13.1-5).

Os amigos não entendem o seu so-frimento. Não estão na mesma situação. Acham que podem condenar Jó pelo fato de muitas vezes ele protestar, sem enten-der o que Deus está fazendo com ele. Jó abre o seu coração e fala impaciente-mente com Deus ( Jó 10.1-8).

Em meio a todo sofrimento, no entan-to, ele demonstra fé ( Jó 19.23-27).

É este Jó que vemos neste livro. Pro-fundamente humano, sincero e ínte-gro. Diante das acusações dos amigos de que ele cometera pecado para es-tar sofrendo assim, ele não abre mão de suas convicções para agradá-los, já que sabe que eles não têm razão. Eles pensavam que Deus dá as bênçãos a quem age corretamente, reservando so-frimento para quem faz o mal.

Esta também era a teologia de Jó. Era assim que ele cria. Mas ele começa a per-ceber que Deus é maior do que ele pensa e deseja conhecê-lo melhor. Ele discute e às vezes até acusa Deus, mas nem por um momento o despreza (Jó 13.15).

Jó deseja aprender novas verdades e isto agrada a Deus. Os amigos de Jó não podem ajudá-lo, pois só enxergam atra-vés dos seus dogmas, não estando aber-tos para uma compreensão diferente. E isto desagrada ao Senhor.

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Aplicação a sua vida: Como você de-monstra seu desejo de examinar com maior profundidade a Palavra de Deus, para conhecer melhor ao Senhor? Oseias diz “Conheçamos e prossiga-mos em conhecer ao Senhor” (6.3a).

3. Jó proclama sua integridade - Jó 27.1-10

Jó diz neste texto que continuaria a praticar o bem em sua vida. Isto prova que suas ações retas não são resultan-tes do seu interesse egoísta, mas do seu caráter. Com tais palavras, ele já derrota Satanás, embora não soubesse o que es-tava acontecendo nas esferas celestiais, conforme o relato dos capítulos 1 e 2. Deus deve estar sorrindo feliz, mas ainda em silêncio.

Ao contrário de Davi no Salmo 139, Jó se queixa de que não encontra Deus em qualquer lugar que vá (23.8-9). Apesar de não perceber a presença de Deus em meio a tanto sofrimento, e por tantas ve-zes haver reclamado a injustiça de Deus, Jó confia nEle (23.10).

Deus continua em “silêncio”, mas mui-to perto do Seu servo. Não pode falar enquanto Jó não puder ouvi-lo. Por isso sente prazer em ver Jó fazendo tantas perguntas, pois deseja ensinar-lhe tan-

tas lições! Deus se agrada dos que têm perguntas sinceras e que buscam nEle, que é a Verdade, as respostas. Ele não se agrada dos que pensam que já sabem as respostas e por isso param em seu desen-volvimento.

Jó tem grandes conflitos interio-res. Seu sofrimento extremo ataca suas emoções, o que o faz se rebelar, mas não ataca o seu espírito e sua fé permanece firme.

Conclusão

Os amigos de Jó tinham as respostas prontas, fechadas. Pensavam que já conheciam Deus. Não estavam por isso abertos ao crescimento. Mas Jó reco-nhece sua ignorância. Não sabe tan-tas coisas! Penso que é por isso que será Jó o que vai receber o elogio de Deus, enquanto seus amigos serão repreendidos, como veremos no próximo estudo.

Aplicação a sua vida: Como o aparen-te silêncio de Deus pode nos ensinar?

No próximo Estudo veremos Deus romper Seu próprio silêncio e proferir uma palavra contundente a qual Jó vai responder com grande humildade.