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Região Autónoma dos Açores
Governo dos Açores
Consulta sobre
POSSIBILIDADES DE PESCA PARA 2019
ao abrigo da Política Comum das Pescas
COM(2018)452 e SWD(2018)329
agosto 2018
Ref. Ares(2018)4724060 - 14/09/2018
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INTRODUÇÃO
A frota pesqueira da Região Autónoma dos Açores (RAA) é uma frota artesanal constituída
maioritariamente por embarcações com comprimentos inferiores a nove metros que, apesar de
apresentarem uma diminuição ao longo do tempo ainda representam cerca de 60% da totalidade
da frota pesqueira da RAA.
A frota regional de pesca é dominada pelas embarcações que desenvolvem a sua atividade com
aparelhos de linhas e anzóis e que representam 85% do total da frota ativa da Região. As restantes
embarcações desenvolvem essencialmente a sua atividade utilizando redes de emalhar e redes
de cerco e sacadas destinadas à captura de pequenos pelágicos.
Na Região Autónoma dos Açores são descarregadas em lota cerca de 80 espécies. Da análise da
composição das capturas por grupos verifica-se que as descargas em peso são claramente
dominadas pelas espécies pelágicas que representaram, em média, cerca 60% do total das
descargas em lota. Em termos de valor verifica-se que as espécies demersais representam cerca
de 60% do valor total descarregado em lota.
Para o conjunto das espécies mais relevantes em termos comerciais é recolhida informação
estatística e biológica no âmbito do Programa Nacional de Recolha de Dados (PNRD). Esta
informação é regularmente transmitida e analisada nos grupos de trabalho do ICES que,
anualmente, elabora o aconselhamento para a gestão.
O equilíbrio entre as capacidades de pesca e as possibilidades de pesca, em virtude do artigo 22.º
do Regulamento (UE) n.º 1380/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho relativo à Política
Comum das Pescas, é avaliado anualmente de acordo com as diretrizes estabelecidas pela
Comissão (COM(2014)545, de 2 de setembro). De acordo com os resultados obtidos todos os
segmentos da frota regional de pesca se encontram numa situação de relativo equilíbrio com as
oportunidades de pesca.
Análise de aspetos Gerais da Comunicação da Comissão relativo às possibilidades de pesca
para 2019 (COM(2018)452)
A Comunicação da Comissão relativa às possibilidades de pesca para 2019 limita-se, duma forma
geral, a descrever a situação das unidades populacionais nas diferentes bacias marítimas, tanto a
nível global como regional, e os progressos alcançados na realização de pescarias sustentáveis,
em especial no que diz respeito ao objetivo MSY, tendo como data de referência o ano de 2020,
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previsto no Regulamento de Base da Política Comum das Pescas. Destaca-se, pelos piores
motivos, a situação muito particular do Mediterrâneo e no Mar Negro, sinaliza-se, igualmente, os
desafios da entrada em vigor em pleno da obrigação de descarga, em janeiro de 2019, a dimensão
externa da Política Comum das Pescas (PCP) e a nova abordagem regionalizada da gestão das
pescas, corporizada nos Planos Plurianuais.
A Comunicação da Comissão Europeia refere uma melhoria geral do estado das unidades
populacionais, nomeadamente, com uma estabilização da mortalidade por pesca no nível
correspondente ao FMSY, para a zona CIEM. Esta situação, inédita desde a implementação da PCP,
é o resultado dos compromissos e dos esforços realizados em toda a fileira da pesca.
No que respeita ao estado de conservação das unidades populacionais, a Comunicação descreve
os progressos para alcançar os níveis MSY e reduzir a sobrepesca e considera que, para as
unidades populacionais do Atlântico Nordeste, a mortalidade por pesca está a diminuir e os níveis
de exploração estão, em média, próximos de FMSY. No Mediterrâneo e no Mar Negro têm vindo a
ser tomadas medidas importantes para combater a sobrepesca, mas são necessários mais
esforços para atingir o objetivo relativo aos níveis de exploração, que se pretendem próximos de
FMSY em 2020.
Para a fixação dos TAC, a Comissão tenciona propor possibilidades de pesca alinhadas com os
ranges de FMSY previstos nos planos plurianuais em vigor, e utilizar os limites globais de FMSY
quando o CIEM confirmar, no seu parecer anual, a existência de pescarias mistas.
Destacam-se os seguintes desafios:
• Os níveis de exploração ao nível de MSY poderão ter impactos significativos,
nomeadamente ao nível dos Totais Admissíveis de Captura (TACs);
• Apenas deveria ser considerado o objetivo de chegar ao FMSY em 2020, fazendo
uso da flexibilidade prevista na PCP e tendo em conta os impactos
socioeconómicos negativos para o sector em resultado da antecipação de um ano
(2019).
• No que toca às espécies de profundidade, as unidades populacionais não sujeitas
a uma avaliação analítica e que são, por isso, geridas à luz do princípio da
precaução, poderão constituir um problema para frota de pesca da Região
Autónoma dos Açores (RAA) que as explora, nomeadamente no caso do goraz.
O Governo dos Açores considera que os esforços para garantir a sustentabilidade da pesca devem
ser mantidos e até mesmo intensificados, com vista a alcançar os objetivos previstos na PCP até
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2020. No entanto, a implementação das ferramentas selecionadas pela Comissão
(designadamente: Obrigação de Desembarque, Planos Plurianuais, ou Regime de Entrada/Saída
de Gestão da Frota de Pesca) podem representar um obstáculo se não forem consideradas as
especificidades das regiões, como as Ultraperiféricas, particularmente os Açores.
É neste contexto que o Governo dos Açores se pronuncia sobre algumas das medidas gerais:
REGIME DE ENTRADA/SAÍDA DE GESTÃO DA FROTA DE PESCA
1.4. Situação da frota na UE (página 5 e 6 da COM(2018)452)
A posição do Governo dos Açores relativa ao Regime de Entrada/Saída e de Gestão da Frota de
Pesca, já foi transmitida à Comissão Europeia, designadamente no âmbito da consulta pública
promovida em novembro de 2017.
Reiteram as autoridades regionais que os atuais indicadores utilizados para aferição da
capacidade de pesca e gestão das entradas/saídas na frota (GT e Kw) são inadaptados para a
realidade da frota e das pescarias dos Açores, em particular no que se refere às restrições em
matéria de motorização das embarcações.
Uma tal restrição é apenas claramente justificada na frota que utiliza artes de arrasto e de cerco
(inexistente nos Açores), já que, de facto, existe uma relação direta entre o esforço de pesca e a
capacidade de motorização.
Contudo é injustificável no caso da frota açoriana, pelas artes de pesca utilizadas, pelas
características da frota, pelo ambiente adverso em que opera, sujeito a fortes intempéries e a
mudanças bruscas do estado do mar que determinam uma relação direta entre o nível de
segurança dos pescadores e da embarcação e a rapidez com que a embarcação consegue chegar
a um porto de abrigo.
Embora, atualmente, os Açores ainda não tenham atingido os limites de Kw estabelecidos no
Anexo II Regulamento (EU) nº 1380/2013 (em 31/12/2016 a frota dos Açores atingiu 92% daquele
limite), não é aceitável que se possam vir a comprometer as condições de segurança de pessoas
e bens devido à imposição de um limite de motorização que, na esmagadora maioria dos casos,
não tem qualquer relação direta com a capacidade de pesca.
Pelo exposto, o Governo dos Açores entende que o atual regime de entrada/saída da frota
de pesca deverá ser flexibilizado, adaptando os indicadores de capacidade de pesca à
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realidade das diversas frotas e pescarias, em particular no caso das Regiões Ultraperiféricas.
No caso específico dos Açores os indicadores de capacidade a utilizar deveriam ser aqueles
que, de facto, têm uma relação direta com a capacidade de pesca, ou seja, o número de
embarcações e a respetiva arqueação.
UM PLANO PLURIANUAL PARA AS UNIDADES POPULACIONAIS DE PEIXES NAS ÁGUAS
OCIDENTAIS E ÁGUAS ADJACENTES E PARA AS PESCARIAS QUE EXPLORAM ESSAS
UNIDADES POPULACIONAIS
1.5.1. Progressos Realizados com os PPA (página 6 e 7 da COM(2018)452)
Portugal sempre sinalizou à Comissão Europeia a sua preferência por uma abordagem especifica
para as águas ocidentais sul, ao invés da abordagem holística defendida pela Comissão Europeia.
Entende o Governo dos Açores que a existência de um plano plurianual especificamente
desenhado para as águas ocidentais sul permitiria lograr um maior nível de “regionalização”,
corporizando, desta forma, o espírito do Regulamento Base no que toca a este objetivo. Sendo
certo que os recursos não conhecem fronteiras administrativas, as realidades de ambas as
pescarias (norte e sul) são bastantes distintas, situação que justifica uma abordagem igualmente
diferenciada.
A Região Autónoma dos Açores manifesta, a título de exemplo, a sua apreensão com a
inclusão das pescarias de linha de mão e palangre de fundo, caracterizadas pela sua
seletividade e sustentabilidade, no mesmo “patamar” de outras pescarias europeias mais
impactantes.
Há que reconhecer que a execução de algumas medidas associadas às estratégias previstas
em regiões como os Açores deverá salvaguardar as especificidades de cada destes
territórios. Essas medidas têm de pressupor, obrigatoriamente, o reconhecimento das
especificidades das pescarias na comunidade piscatória açoriana bem como os aspetos
socioeconómicos a ela ligados.
CONSELHOS CONSULTIVOS, PARTICULARMENTE O CCRUP
1.5.2. Regionalização e participação das partes interessadas (página 7 da COM(2018)452)
A nova PCP previu a criação de organizações de partes interessadas, os “Conselhos Consultivos”,
cujo principal papel consiste em prestar, à Comissão e aos Estados-Membros, nas respetivas zonas
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geográficas ou áreas de competência, aconselhamento sobre questões relacionadas com a gestão
das pescas, os aspetos socioeconómicos e de conservação das pescas e da aquicultura.
Os Açores tiveram um papel determinante na proposta de construção do CCRUP, no âmbito da
discussão da Reforma da Política Comum das Pescas. Questões relacionadas com a insularidade,
com a geografia, com a distância aos principais mercados, com a tecnologia de pesca e as
características da frota foram alguns dos argumentos apresentados, a par com motivos de
natureza ecológica, social, económica, geomorfológica, científica ou política.
Não obstante as mais diversas iniciativas de conciliação e concertação entre as diferentes regiões
o Conselho Consultivo das RUP não funciona.
O Governo dos Açores considera assim ser necessário e desejável um esforço, por parte da
Comissão Europeia, na facilitação do processo de constituição do Conselho Consultivo das
RUP, atualmente numa situação de impasse.
OBRIGAÇÃO DE DESEMBARQUE
1.6. Obrigação de desembarcar (página 7 e seguintes da COM(2018)452)
A partir de 2019 os Açores terão obrigação de desembarque de todas as espécies com TAC.
Uma vez que a maior parte da pesca na Região é praticada com artes de anzol, particularmente
com linhas-de-mão (técnica seletiva com reduzida taxa de capturas indesejadas), e que muitas
das espécies alvo apresentam alta capacidade de sobrevivência e considerando ainda que na
região não existe solução para tratamento desse pescado nem formas de o armazenar, o Governo
dos Açores defende a não aplicação dessa obrigação.
Por outro lado, a obrigação de desembarque para algumas espécies seria contraditória com
aquilo que tem vindo a ser praticado pelos pescadores em benefício dos recursos e da economia
da pesca, como é o caso da devolução ao mar dos espécimenes de menor dimensão (abaixo do
tamanho mínimo permitido) e cujo valor comercial é negligenciável. As ações de sensibilização
realizadas ao longo dos anos para devolução ao mar de animais de menor dimensão ou as
medidas técnicas adotadas para evitar a sua captura (por exemplo tamanho do anzol, áreas de
pesca, entre outras) seriam incompreensivelmente revertidas caso a obrigação de desembarque
de algumas destas espécies fosse adotada, significando um retrocesso cultural e de práticas que
levaram anos a serem conseguidas.
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Sobre TACs / Quotas o Governo dos Açores pronuncia-se da seguinte forma:
ESPÉCIES DEMERSAIS E DE PROFUNDIDADE
Na Região Autónoma dos Açores a pescaria demersal desenvolve-se de forma artesanal com artes
de linha e anzol de características multiespecíficas, dirigida a um conjunto de espécies demersais
e de profundidade, e que operam fundamentalmente na zona X do ICES, dentro da subárea
Açores da Zona Económica Exclusiva portuguesa.
A pescaria demersal desenvolvida na Região tem sido alvo de programas de monitorização e
controlo, com séries temporais que remontam aos anos 80. O aconselhamento produzido tem
tido por base a série histórica de dados de abundância da campanha de monitorização, conduzida
anualmente, desde 1995, pelo Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos
Açores.
Para o conjunto destas espécies é recolhida informação estatística e biológica, conforme referido,
no âmbito do PNRD. Esta informação é regularmente transmitida e analisada nos grupos de
trabalho do ICES que, anualmente, elaboram o aconselhamento para a gestão.
A frota ativa da Região Autónoma dos Açores, que opera com aparelhos de linhas e anzóis
destinados à captura de espécies demersais e de profundidade, é composta por cerca de 450
embarcações que representam 80% da frota regional e que empregam mais de 2.300 profissionais
de pesca.
Este segmento da frota é maioritariamente constituído por embarcações de pequenas dimensões
com comprimentos inferiores a 10 metros (76%), que desenvolvem fundamentalmente a sua
atividade com linhas de mão nas zonas costeiras e nos montes submarinos mais próximos das
ilhas. As embarcações de maiores dimensões operam principalmente com palangre de fundo nas
zonas mais afastadas da costa.
O Governo Regional dos Açores tem apresentado um conjunto de iniciativas legislativas que
visam implementar medidas restritivas, precaucionarias, orientadas para a conservação, gestão e
exploração de um conjunto alargado de espécies demersais. Existem já evidencias fortes do
impacto positivo dessas medidas.
Foram também implementadas novas zonas de reserva para a gestão de capturas onde é proibida
atividade de pesca dirigida a espécies demersais e de profundidade, como o Banco Condor e a
Reserva do Monte da Guia, na ilha do Faial, a Reserva da Ribeira Quente, na ilha de São Miguel, a
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Reserva da Baixa do Ferreiro, a do Ilhéu da Praia e a do Ilhéu de Baixo, na ilha Graciosa e a Reserva
da Baixa da Barca e a dos Ilhéus da Madalena, na ilha do Pico.
O Regulamento (UE) 2016/2336 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 14 de dezembro, que
alterou o Regulamento (CE) n.º 2347/2002 do Conselho, de 16 de dezembro, estabeleceu
condições mais restritivas para a pesca de espécies de profundidade no Atlântico Nordeste.
Oportunamente o Governo dos Açores defendeu que o referido regulamento não tinha em conta
as especificidades das pescarias desenvolvidas nesta Região Ultraperiférica, nomeadamente o
facto da pescaria ser desenvolvida maioritariamente por embarcações artesanais de pequenas
dimensões que operam exclusivamente com artes de linhas e anzóis.
Há muito que a Região Autónoma dos Açores defende uma discriminação positiva para as
especificidades das pescarias praticadas na região: trata-se, simplesmente, de considerar o
carácter seletivo e artesanal das artes como a de linhas e anzóis quando comparado com pescarias
industriais, pouco seletivas, muito intensivas, desenvolvidas com grandes cercadores ou arrasto
de fundo.
As comunidades piscatórias dos Açores têm estado, desde sempre, na vanguarda das políticas
precaucionarias relativamente ao sector, apesar de, muitas vezes, a decisões emanadas pelas
instituições europeias não acautelarem nem refletirem as especificidades dos Açores onde as
pescas se assumem como um modo de vida e único sustento para muitas famílias. A valorização
desta vivência, defensora do equilíbrio ecológico e das artes de pesca tradicionais, não pode
continuar a ser ignorada.
Acresce que, nos últimos anos, se verificou uma diminuição muito significativa do TAC
estabelecido para um conjunto de espécies de profundidade que se traduziu em fortes
consequências socioeconómicas para as comunidades piscatórias e que constitui um
condicionante ao desenvolvimento sustentado do setor das pescas na Região Autónoma dos
Açores.
Goraz (Pagellus bogaraveo)
O Goraz (Pagellus bogaraveo) tem sido explorado na Região Autónoma dos Açores, pelo menos,
desde o século XVI, como parte da pescaria demersal. Este recurso, explorado através de artes de
anzol, é tradicionalmente uma das espécies demersais mais importantes na Região.
Apesar de a redução das possibilidades de pesca do goraz nos últimos anos, ter imposto uma
redução substancial das capturas, as medidas implementadas pelo Governo dos Açores e o
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modelo de gestão adotado permitiram que, no mesmo período, o preço médio desta espécie
tenha aumentado de forma muito significativa, minimizando assim o impacto do TAC
estabelecido.
O Governo dos Açores sugere revisão desta orientação de redução da possibilidade de pesca
desta espécie, sustentando a sua argumentação com os novos dados científicos disponíveis que
evidenciam a sua recuperação.
Nas avaliações realizadas é enfatizada a importância dos dados provenientes das campanhas
anuais de monitorização para a identificação de tendência na abundância do recurso. Os
resultados do projeto científico no Banco Condor, que entre outros objetivos pretende estimar a
abundância relativa e aferir a capacidade de resposta de um conjunto de espécies demersais à
interdição ao exercício da pesca e os resultados da campanha de monitorização, realizada
anualmente pelo Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, relativos
aos anos de 2016 e 2017, apontam para um aumento da abundância relativa desta espécie,
sugerindo que as medidas de gestão implementadas tiveram consequências positivas na
recuperação da abundância deste recurso.
Pelo exposto, de acordo com os dados científicos disponíveis e tendo em consideração a
necessidade de garantir uma exploração sustentável deste recurso que permita conciliar os
aspetos biológicos e socioeconómicos desta pescaria, propõe-se um aumento de 10% do
limite de capturas de goraz.
Por outro lado, o Governo dos Açores defende a necessidade de alterar o período para gestão da
quota do Goraz.
Considerando que, para esta espécie, há uma variação considerável de preço ao longo do ano,
ainda que de difícil aplicação, o Governo dos Açores não tem dúvidas que uma das soluções
passaria por ajustar a contagem da quota à dinâmica do mercado, iniciando a contagem em abril,
terminando em março.
Esta alteração é essencial para uma gestão económica mais eficiente do recurso e também para
o consumo cabal das possibilidades de pesca desta espécie, uma vez que no final do ano as
condições climatéricas na Região introduzem fatores de incerteza no consumo da quota que
podem ser evitados mediante a alteração do período de contagem, permitindo uma gestão mais
eficaz da quota e uma otimização do rendimento económico que ela pode proporcionar.
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Imperadores (Beryx decadactylus e Beryx splendens)
Na Região Autónoma dos Açores os imperadores (Beryx spp.), são explorados exclusivamente
através de artes de anzol, fazendo parte das oito espécies mais importantes e que representam
cerca de 74% do total das descargas de espécies demersais e de profundidade.
Destaque-se o conjunto de orientações do Governo dos Açores em fixar limites máximos de
captura, para fins comerciais, da unidade populacional de imperadores, Beryx spp, por
embarcação e por maré, sem prejuízo dos tamanhos mínimos e períodos de defeso, fixados por
regulamentação própria.
A avaliação realizada pelo ICES, em 2016, e revista em 2017, propôs, para os anos de 2017 e 2018,
um limite de 280 toneladas de captura de imperadores no Atlântico Nordeste. Os resultados da
campanha de monitorização, realizada anualmente pelo Departamento de Oceanografia e Pescas
da Universidade dos Açores, relativos aos anos de 2016, apontam para uma estabilidade na
abundância destes recursos.
Pelo exposto, de acordo com os dados científicos disponíveis e tendo em consideração a
necessidade de garantir uma exploração sustentável deste recurso, que permita conciliar os
aspetos biológicos e socioeconómicos desta pescaria, propõe-se um aumento de 10% ao
limite de capturas atual.
Tubarões de Profundidade
O Regulamento (UE) 2017/127, do Conselho, de 20 de janeiro, estabelece a proibição da captura
de um conjunto de tubarões de profundidade na zona da Convenção SEAFO.
Esta limitação prejudica de sobremaneira as pescarias de profundidade desenvolvidas na Região
pois a elevada abundância destas espécies no Mar dos Açores tem grandes implicações nas
capturas acessórias associadas a esta pescaria.
O Regulamento (UE) 2016/2285 do Conselho, de 12 de dezembro, permite a captura acessória de
10 toneladas de tubarões de profundidade no âmbito da pescaria de peixe-espada-preto
desenvolvida pela frota nacional com palangre.
Não existem pescarias dirigidas a estas espécies nos Açores, nem existem evidências
científicas (tais como as dadas pelo cruzeiro anual de monitorização de espécies demersais
e de profundidade) de que a abundância destas espécies tenha diminuído ou sofrido
qualquer alteração.
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Pelo exposto, tendo em consideração a necessidade de garantir uma exploração sustentável
deste recurso que permita conciliar os aspetos biológicos e socioeconómicos, propõe-se o
aumento da captura acessória destas espécies para 30 toneladas para a Região Autónoma
dos Açores, tanto para a pescaria de peixe-espada-preto como para a pescaria dirigida às
espécies demersais e de profundidade.
Peixe-espada-preto (Aphanopus spp.)
A pescaria do peixe-espada preto na Região Autónoma dos Açores surgiu da necessidade de
diversificar as pescarias e de explorar outros recursos. A pesca experimental teve início em 1990
e intensificou-se em 1998. O peixe-espada preto é uma espécie que só pode ser capturada pelas
embarcações licenciadas para operar com palangre de profundidade. Atualmente não existe
pescaria dirigida para esta espécie, ainda assim, considera-se constituir uma alternativa, ou uma
oportunidade, para este segmento da frota. Embora existam 28 embarcações licenciadas para
capturar espécies de grande profundidade, apenas 2 embarcações efetuam descargas de peixe-
espada-preto em quantitativos superiores a 100 Kg. Estas embarcações têm um comprimento
fora a fora na ordem dos 15 metros, sendo, maioritariamente, embarcações de fibra com, em
média, 15 anos de idade.
O Governo dos Açores considera ser importante continuar a garantir o investimento nesta
pescaria, não apenas por constituir uma oportunidade de rendimento, mas também, como
alternativa, aliviando o esforço sobre outras espécies.
PELÁGICOS MIGRADORES
Em termos de oportunidades de pesca decorrentes de recursos geridos por ORGPs, o Governo
dos Açores sinaliza o seguinte:
• Muito provavelmente o atum patudo (Thunnus obesus) e o atum Galha-à-Ré (Thununs
albacares) albacora, de acordo com informação avançada pelo SCRS da ICCAT durante a
reunião intercalar do painel 1 (atuns tropicais), deverão ver os respetivos TACs reduzidos,
situação que, a concretizar-se, será preocupante para a frota atuneira dos Açores dada a
importância deste recurso para o salto-e-vara.
Ainda que não seja conhecida a totalidade da informação científica, os resultados
preliminares são esclarecedores, sendo que, no caso do atum patudo, a situação é mais
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preocupante, porquanto o recurso mostra evidências de sobrepesca. Deste modo, a
reunião anual da International Commission for the Conservation of Atlantic Tunas (ICCAT)
de 2018 deverá, muito certamente, adotar medidas de conservação e de gestão
consistentes com a degradação da biomassa.
Neste contexto o Governo dos Açores defende a discriminação positiva para a arte de
salto-e-vara.
• Em sentido inverso, a biomassa do atum rabilho (Thunnus Thynnus) apresenta sinais
evidentes de recuperação, recuperação essa já confirmada pelo SCRS no seu parecer de
2017. Assim, em 2018, deveremos assistir à transição do atual modelo de gestão do
recurso, assente num plano de recuperação, para um modelo mais flexível – Plano de
Gestão – aliviando parte dos constrangimentos atuais em matéria de capacidade. Este
aliviar de regras permitirá a Portugal, e em particular às frotas atuneiras de salto-e-vara
dos Açores encetar uma pesca dirigida a esta unidade populacional, constituindo assim
uma pescaria complementar e rentável do ponto de vista e económico, permitindo assim
à frota da região diversificar a sua pescaria e melhorar a situação económica e social do
setor, introduzindo maior flexibilidade, elemento de extrema importância, dada a
incerteza atualmente existente em termos de ocorrência de espécies habitualmente
presentes nas águas da região, como é o caso do patudo;
• Ainda no que respeita ao stock de E-BFT, e em complemento da quota que habitualmente
decorre da aplicação da chave de repartição atual, a região deverá vir a beneficiar de um
acréscimo de quota (parte da quota não repartida de E-BFT) que irá ser disponibilizada à
União Europeia (e também a outras Partes Contratantes), a qual foi decidida durante a
última reunião intercalar do painel 2, em março de 2018. A reunião anual de 2018 deverá
ratificar esta decisão. Recorda-se que toda a argumentação utilizada pela Comissão
Europeia para invocar o seu direito a esta quota “suplementar” assentou na existência de
Regiões Ultraperiféricas altamente dependentes do setor da pesca, quer do ponto de
vista económico, quer social, bem como das práticas de pesca mais sustentáveis que são
realizadas. Importa agora de assegurar correspondência entre a argumentação invocada
e a realidade.
Caracterização Segmento Atum
Atualmente a frota atuneira da Região Autónoma dos Açores é uma frota artesanal constituída
por 22 embarcações com comprimento fora a fora igual ou superior a 20 metros, com uma
autonomia média de 10 dias e equipada com porões refrigerados com uma capacidade de cerca
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de 60 toneladas. Nos últimos anos tem esta pescaria tem assistido à incorporação de embarcações
de menores dimensões que desenvolvem a sua atividade com carácter sazonal e que têm
aumentado a sua importância relativa nas capturas destes recursos. A totalidade da frota
desenvolve a sua atividade exclusivamente com arte de salto-e-vara utilizando pequenos peixes
pelágicos como isco vivo.
Na fileira do atum há ainda a realçar o papel que a Indústria conserveira tem desempenhado no
desenvolvimento desta pescaria. Esta indústria emprega cerca de 900 trabalhadores e labora
anualmente cerca de 20.000 toneladas de pescado. A capacidade de criação de novos produtos,
aliada ao saber tradicional, tem-se revelado determinante para capacidade de afirmação desta
indústria nos mercados internacionais.
Ao contrário do que acontece noutras pescarias de atum desenvolvidas no Oceano Atlântico, a
pescaria de atum desenvolvida nos Açores é altamente sustentável e amiga do ambiente, onde
não ocorre sobrexploração de recursos nem danificação dos ecossistemas a eles associados. Para
o reconhecimento destas particularidades em muito tem contribuído o Programa de Observação
das Pescas dos Açores (POPA), implementado na Região em 1998, que permitiu certificar esta
pescaria com os estatutos “Dolphin Safe” e “Friend of the Sea”, tendo sido a primeira pescaria de
atum a nível mundial com um tal estatuto.
A sustentabilidade das pescarias de atum tem sido uma preocupação permanente do Governo
dos Açores, que tem defendido junto da Comissão Europeia e da Comissão Internacional para a
Conservação dos Atuns do Atlântico (ICCAT), a implementação de medidas mais restritiva à pesca
industrial de atum que se desenvolve essencialmente utilizando redes de cerco e tecnologias de
agregação de peixes, nomeadamente “Fish Aggregation Devices” (FAD´s), ao longo da costa
africana.
Estes sistemas têm ainda impacte na mortalidade de peixes imaturos o que tem certamente efeito
na biomassa do recurso. Urge tomar medidas para salvaguarda da sustentabilidade das frotas
atuneiras regionais que usam artes de pesca ancestrais, como o salto-e-vara, seletivas e com baixa
mortalidade de peixes imaturos.
Afigura-se ainda de grande importância estudar o real impacto destes dispositivos, tomar
medidas de controlo e criar corredores de passagem livres de FAD’s para que o atum possa fazer
o seu percurso normal de migração e chegar aos Açores.
Enquanto que para outras espécies, residentes no Mar dos Açores, as autoridades regionais têm
tomado um conjunto de medidas de gestão que resultam no aumento do preço médio de
pescado, a gestão do atum, por ser um peixe migrador, é feita por diferentes países.
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Nos Açores ocorrem as principais espécies de atuns do Atlântico sendo a capturas dominadas
pelo Patudo (Thunnus obesus) e o Bonito (Katsuwonus pelamis). A localização geográfica do
arquipélago e o carácter migratório dos tunídeos, relacionado com a abundância de alimento
disponível e com as correntes oceânicas, fazem com que esta pescaria apresente grandes
flutuações nas capturas anuais e uma forte sazonalidade. Tradicionalmente a safra de atum tem
início na subárea da Madeira da Zona Económica Exclusiva portuguesa, durante o mês de abril,
deslocando-se posteriormente para o Mar dos Açores onde decorre até ao final de setembro.
Estas unidades populacionais são geridas, a nível do Atlântico, pela ICCAT e de acordo com as
avaliações realizadas em 2015, o Atum-Patudo encontra-se numa situação de sobrexploração e o
Gaiado não apresenta qualquer indicação de exploração acima dos limites de segurança
biológica.
Pelo exposto, de acordo com os dados científicos disponíveis e tendo em consideração a
necessidade de garantir uma exploração sustentável deste recurso que permita conciliar os
aspetos biológicos e socioeconómicos desta pescaria, propõe-se uma discriminação positiva
da pescaria por salto-e-vara e a manutenção da quota estabelecida para o Patudo (Thunnus
obesus) e que não sejam fixados máximos de captura para o Bonito (Katsuwonus pelamis).
A importância da defesa do aumento da quota do atum Rabilho (Thunnus Thynnus)
A pescaria do atum na Região Autónoma dos Açores reveste-se de especial relevância para toda
a fileira da pesca. Caracteriza-se por ser uma pesca sustentável baseada na utilização da arte de
salto-e-vara com isco vivo.
Para o Rabilho, nos últimos anos, a quota disponível para Portugal tem sido absorvida na sua
totalidade pelas armações existentes no Sul de Portugal não tendo sido permitido que a frota
atuneira capturasse essa espécie.
Os Açores respeitam os períodos de defeso e o acordo existente não efetuando capturas dirigidas.
No entanto, seria importante considerar o aumento da quota do Rabilho e que essa mesma quota
fosse disponibilizada para a frota pesqueira que usa a arte de salto-e-vara.
Espadarte (Xiphias gladius)
O Regulamento (UE) n.º 2017/127 do Conselho, de 20 de janeiro, estabeleceu as quotas de
Espadarte (Xiphias gladius) para Portugal, em 2017. A chave de repartição desta quota atribui às
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embarcações registadas nos portos da Região Autónoma dos Açores 31% do total da quota
nacional, para o ano de 2017, num total 363 toneladas.
As descargas são tipicamente dominadas pelo espadarte (Xiphias gladius) e pela tintureira
(Prionace glauca) que frequentemente representam mais de 90% das descargas.
Por forma a mitigar as capturas de tubarões pelágicos nesta pescaria e potenciar o
desenvolvimento de atividades emergentes não extrativas (ex: mergulho com tubarões) o
Governo dos Açores propõe a proibição de utilização de estralhos de aço na arte de palangre
de superfície na subárea Açores da ZEE nacional.
Neste contexto é de referir que se encontra em preparação um novo regulamento regional
relativo ao exercício da pesca por método de pesca à linha onde se já prevê a proibição de
utilização de estralhos de aço por método de pesca à linha com arte de palangre de superfície, às
embarcações regionais, pelo que seria contraditório não alargar esta proibição a outras frotas que
pescam dentro da Sub-área Açores da ZEE Nacional.
PEQUENOS PELÁGICOS
Chicharro (Trachurus picturatus)
A pesca de Chicharro (Trachurus picturatus) nos Açores é realizada por diferentes segmentos da
frota regional. As capturas com fins comerciais são realizadas pela frota artesanal que opera com
redes de cerco e artes de levantar e as embarcações que operam com artes de anzol (linhas de
mão e palangre). A maioria das capturas é realizada por cerca de 30 embarcações, essencialmente
de convés aberto com menos de 10 metros de comprimento fora-a-fora, que operam com
pequenas redes de cerco ou de borda.
Tendo como principal objetivo proceder à regulação dos mercados foi implementado na Região
um conjunto de medidas de conservação, gestão e exploração aplicadas a um conjunto de
espécies pelágicas, no qual se inclui o chicharro, nomeadamente a Portaria n.º 66/2014, de 8 de
outubro, alterada e republicada pela Portaria n.º 57/2017, de 4 de julho, que limita as capturas
diárias permitidas às embarcações registadas nas ilhas Terceira e São Miguel.
No âmbito do Programa Nacional de Recolha de Dados (PNRD) é recolhida, nos portos da Região
e a bordo das embarcações, informação estatística e biológica relativa a este recurso.
Os dados recolhidos respeitantes às diversas pescarias que capturam chicharro nos Açores, são
regularmente apresentados nas reuniões do grupo de trabalho do ICES (WGHANSA),
nomeadamente no que respeita ao esforço de pesca e captura por unidade de esforço (cpue).
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Pelo exposto, de acordo com os dados científicos disponíveis e tendo em consideração a
necessidade de garantir uma exploração sustentável deste recurso que permita conciliar os
aspetos biológicos e socioeconómicos desta pescaria, propõe-se a manutenção do TAC
atualmente adotado para o manancial de Chicharro (Trachurus picturatus).
Alterar o Tamanho Mínimo de Captura (TMC) para algumas espécies
Na Região Autónoma dos Açores a maioria das capturadas de pequenos pelágicos é realizada
por embarcações que operam com pequenas redes de cerco ou de borda e que efetuam uma
pescaria dirigida ao chicharro (Trachurus picturatus). Apesar desta espécie constituir cerca de 70%
das capturas de pequenos pelágicos realizadas na Região existem outras espécies que são
capturadas acessoriamente. De entre estas destacam-se a Cavala (Scomber colias) e a Sardinha
(Sardina pilchardus) que ocorrem, habitualmente, misturadas com o chicharro em cardumes
multiespecíficos que potencialmente incorporam indivíduos juvenis. Estas espécies, ao contrário
do que sucede com o chicharro, apresentam um tamanho mínimo de captura imposto por
legislação comunitária. Esta limitação, aliada à impossibilidade de separar as capturas sem evitar
a mortalidade por pesca, constitui um condicionante ao desenvolvimento sustentado desta
pescaria.
A possibilidade de utilizar os espécimes de menores dimensões como isco nas pescarias
artesanais de anzol desenvolvidas na Região não só constituiria uma alternativa de rendimento
com aliviaria a pressão de pesca sobre outras espécies habitualmente utilizadas como isco
diminuindo igualmente as importações de isco para a região.
Pelo exposto, de acordo com os dados científicos disponíveis e tendo em consideração a
necessidade de garantir uma exploração sustentável destes recursos regionais, que permita
conciliar os aspetos biológicos e socioeconómicos desta pescaria, propõe-se a eliminação
dos tamanhos mínimos de captura das espécies Cavala (Scomber colias) e Sardinha (Sardina
pilchardus) na área X do ICES.
CONCLUSÕES
Face ao exposto, e tendo por base a informação supra a Região Autónoma dos Açores propõe:
• O atual regime de entrada/saída da frota de pesca deverá ser flexibilizado, adaptando
os indicadores de capacidade de pesca à realidade das diversas frotas e condições de
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pesca, em particular no caso das Regiões Ultraperiféricas, com pescarias de caracter
artesanal. No caso específico dos Açores, os indicadores de capacidade a utilizar
deveriam ser aqueles que, de facto, têm uma relação direta com a capacidade de pesca,
são eles o número de embarcações e a respetiva arqueação.
• Um plano plurianual especificamente desenhado para as águas ocidentais sul, que
permitiria lograr um maior nível de “regionalização”, corporizando melhor o espírito do
Regulamento Base no que toca a este objetivo. As realidades de ambas as pescarias
(norte e sul) são bastantes distintas, situação que justificaria uma abordagem
igualmente diferenciada.
• Tendo em consideração o carácter artesanal das pescarias desenvolvidas nesta Região
Ultraperiférica, as reduzidas capturas acessórias, as elevadas taxas de sobrevivência dos
espécimes libertados e a falta de capacidade implementada para
transformação/armazenamento de pescado, a Região Autónoma dos Açores propõe
que seja considerado um regime de exceção à obrigação de desembarque prevista no
Regulamento (UE) 2015/812 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de maio.
• O Governo dos Açores considera assim ser necessário e desejável um esforço, por parte
da Comissão Europeia, na facilitação do processo de constituição do Conselho
Consultivo das RUP, atualmente numa situação de impasse.
• Tendo em consideração a necessidade de garantir uma exploração sustentável da
espécie Goraz (Pagellus bogaraveo) que permita conciliar os aspetos biológicos e
socioeconómicos desta pescaria, sugere-se ajustar a contagem da quota à dinâmica do
mercado, iniciando a mesma em abril, terminando em março. Propõe-se ainda um
aumento de 10% do limite de capturas desta espécie e defende-se a necessidade de
alterar o período para gestão da quota do Goraz.
• Tendo em consideração a necessidade de garantir uma exploração sustentável dos
Imperadores (Beryx decadactylus e Beryx splendens), que permita conciliar os aspetos
biológicos e socioeconómicos desta pescaria, propõe-se um aumento de 10% do limite
de capturas para este recurso;
• Tendo em consideração a necessidade de garantir uma exploração sustentável dos
Tubarões de Profundidade que permita conciliar os aspetos biológicos e
socioeconómicos, propõe-se o aumento da captura acessória destas espécies para 30
toneladas;
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• Em 2016 a pesca evidenciou um bom estado do recurso da espécie peixe-espada preto
(Aphanopus spp.), uma vez que, em cerca de 8 viagens, foram descarregadas 35,5
toneladas, equivalente a cerca de 110 mil euros (0,5% em quantidade e 0,4% em valor
face ao total descarregado na Região Autónoma dos Açores). Assim, consideramos ser
importante continuar a garantir o investimento nesta pescaria, não só por constituir uma
oportunidade de rendimento, mas também, como alternativa, aliviando o esforço sobre
outras espécies. Por isso, defendemos a manutenção da quota atual.
• Tendo em consideração a necessidade de garantir uma exploração sustentável dos
tunídeos que permita conciliar os aspetos biológicos e socioeconómicos desta pescaria,
propõe-se uma discriminação positiva da pescaria por salto-e-vara, a manutenção da
quota estabelecida para a espécie Patudo (Thunnus obesus) e a não fixação de máximos
de captura para a espécie Bonito (Katsuwonus pelamis).
• Nos últimos anos a quota de Rabilho (Thunnus thynnus) disponível para Portugal tem
sido, na sua totalidade, absorvida pelas armações existentes no Sul de Portugal não
tendo sido permitido que a frota atuneira capturasse essa espécie. A Região Autónoma
dos Açores tem respeitado os períodos de defeso e o acordo existente de não ser
efetuada captura dirigida. Por isso, consideramos que deveria ser equacionado o
aumento da quota atribuída a Portugal e que esse aumento da quota do Rabilho fosse
disponibilizado para a frota pesqueira que usa a arte de salto-e-vara.
• Quanto à pescaria de Espadarte (Xiphias gladius) o Governo dos Açores propõe a
proibição de utilização de estralhos de aço na arte de palangre de superfície na subárea
Açores da ZEE nacional. Neste contexto é de referir que se encontra em preparação um
novo regulamento regional relativo ao exercício da pesca por método de pesca à linha
onde se já prevê a proibição de utilização de estralhos de aço por método de pesca à
linha com arte de palangre de superfície às embarcações que pescam dentro da Subárea
Açores da ZEE nacional.
• Tendo em consideração a necessidade de garantir uma exploração sustentável do
Chicharro (Trachurus picturatus) que permita conciliar os aspetos biológicos e
socioeconómicos desta pescaria, propõe-se a manutenção do TAC atualmente adotado;
• Tendo em consideração a necessidade de garantir uma exploração sustentável das
espécies Cavala (Scomber colias) e Sardinha (Sardina pilchardus) que permita conciliar
os aspetos biológicos e socioeconómicos desta pescaria, propõe-se a eliminação dos
tamanhos mínimos de captura destas espécies na área X do ICES.