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REGISTO CENTRAL DO BENEFICIÁRIO EFETIVO Entrou em vigor, no passado dia 19 de Novembro, a Lei n.º 89/2017, de 21 de agosto, que aprovou o Regime Jurídico do Registo Central do Beneficiário Efevo (doravante “RCBE”). Este novo regime prevê a criação de um Registo Central do Beneficiário Efevo, gerido pelo Instuto de Registo e Notariado, onde irão constar os elementos de idenficação das pessoas singulares que detenham de forma direta, ou através de terceiro, a propriedade ou o controlo efevo de uma sociedade ou endade equiparada. Não obstante à falta de regulamentação desta recente lei e à inexistência da plataforma do RCBE, a entrada em vigor deste diploma vem impor desde já alguns deveres às endades abrangidas, pelo que deixamos nota do seguinte: Endades abrangidas pelo RCBE: As associações, cooperavas, fundações, sociedades civis e comerciais, bem como quaisquer outros entes colevos personalizados, sujeitos ao direito português ou ao direito estrangeiro, que exerçam avidade ou praquem ato ou negócio jurídico em território nacional que determine a obtenção de um número de idenficação fiscal em Portugal; As representações de pessoas colevas internacionais ou de direito estrangeiro que exerçam avidade em Portugal; Outras endades que, prosseguindo objevos próprios e avidades diferenciadas das dos seus associados, não sejam dotadas de personalidade jurídica; Os instrumentos de gestão fiduciária registados na Zona Franca da Madeira (trusts); As sucursais financeiras exteriores registadas na Zona Franca da Madeira; Os fundos fiduciários e os outros centros de interesses colevos sem personalidade jurídica, com uma estrutura ou funções similares, quando não se enquadrem nas endades anteriores, sempre que se verifiquem determinadas circunstâncias. WWW.CAIADOGUERREIRO.COM

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REGISTO CENTRAL DO BENEFICIÁRIO EFETIVO

Entrou em vigor, no passado dia 19 de Novembro, a Lei n.º 89/2017, de 21 de agosto, que aprovou o Regime

Jurídico do Registo Central do Beneficiário Efetivo (doravante “RCBE”). Este novo regime prevê a criação de um

Registo Central do Beneficiário Efetivo, gerido pelo Instituto de Registo e Notariado, onde irão constar os

elementos de identificação das pessoas singulares que detenham de forma direta, ou através de terceiro, a

propriedade ou o controlo efetivo de uma sociedade ou entidade equiparada.

Não obstante à falta de regulamentação desta recente lei e à inexistência da plataforma do RCBE, a entrada em

vigor deste diploma vem impor desde já alguns deveres às entidades abrangidas, pelo que deixamos nota do

seguinte:

Entidades abrangidas pelo RCBE:

• As associações, cooperativas, fundações, sociedades civis e comerciais, bem como quaisquer outros entes

coletivos personalizados, sujeitos ao direito português ou ao direito estrangeiro, que exerçam atividade ou

pratiquem ato ou negócio jurídico em território nacional que determine a obtenção de um número de

identificação fiscal em Portugal;

• As representações de pessoas coletivas internacionais ou de direito estrangeiro que exerçam atividade em

Portugal;

• Outras entidades que, prosseguindo objetivos próprios e atividades diferenciadas das dos seus associados,

não sejam dotadas de personalidade jurídica;

• Os instrumentos de gestão fiduciária registados na Zona Franca da Madeira (trusts);

• As sucursais financeiras exteriores registadas na Zona Franca da Madeira;

• Os fundos fiduciários e os outros centros de interesses coletivos sem personalidade jurídica, com uma

estrutura ou funções similares, quando não se enquadrem nas entidades anteriores, sempre que se

verifiquem determinadas circunstâncias.

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Deveres impostos às entidades abrangidas, dos quais destacamos os seguintes:

• Identificar os beneficiários efetivos nos documentos de constituição de sociedades comerciais/de outras

entidades abrangidas pelo RCBE;

• Instituir e manter atualizado um registo interno, através de um processo em que a sociedade deve notificar

os sócios para proceder à comunicação do beneficiário efetivo das suas participações sociais, devendo a

sociedade incluir essa informação no seu registo interno, que deve manter atualizado.

- O incumprimento deste dever por parte dos sócios permite a amortização das respetivas participações

sociais.

- O incumprimento deste dever por parte da sociedade constitui uma contraordenação punível com

coima de 1000 EUR a 50 000 EUR.

• Proceder à declaração do beneficiário efetivo, declaração que deverá ser entregue pelas entidades

abrangidas mediante preenchimento e submissão de formulário a ser definido por Portaria dos membros do

Governo responsáveis, pendente de regulação.

- O incumprimento desta obrigação declarativa impede a pratica de determinados atos pela Sociedade,

onde se destacam a distribuição de lucros e participação em concursos públicos.

• Apresentar a lista dos sócios da sociedade, devidamente identificados, junto do registo comercial aquando

de cada alteração ao contrato de sociedade.

Relembramos ainda que o conceito de beneficiário efetivo se encontra definido pela Lei 83/20017, de 18 de

Agosto, segundo a qual corresponde à pessoa ou pessoas singulares que, em última instância, detêm a

propriedade ou o controlo da entidade abrangida e/ou a pessoa ou pessoas singulares por conta de quem é

realizada uma transação ocasional ou relação de negócios com as entidades abrangidas, de acordo com critérios

estabelecidos no referido diploma legal.

Note ainda que esta ausência de regulamentação desta nova plataforma não afeta as obrigações já instituídas pela

lei, pelo que as entidades competentes poderão solicitar as informações relativas ao beneficiário efetivo deste a

entrada em vigor deste novo regime jurídico, nomeadamente dia 19 de Novembro de 2017.

Ricardo Rodrigues [email protected]

Henrique Sousa [email protected]

O conteúdo desta informação não constitui aconselhamento jurídico e não deve ser invocado nesse sentido.

Aconselhamento especí�co deve ser procurado sobre as circunstâncias concretas do caso. Se tiver alguma

dúvida sobre uma questão de direito Português, não hesite em contactar-nos.

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