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ISSN 0104-3307 CGC 00.038.166/0001-05 Boletim do Banco Central do Brasil Brasília v. 36 Relatório 2000 P. 1 - 285 Anual 5(/$7—5,2

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  • ISSN 0104-3307CGC 00.038.166/0001-05

    Boletim do Banco Central do Brasil Braslia v. 36 Relatrio 2000 P. 1 - 285Anual

    5(/$75 ,2

  • 2 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    Boletim do Banco Central do BrasilPublicao mensal do Banco Central do Brasil/Departamento Econmico (Depec). Os textos e os

    correspondentes quadros estatsticos so de responsabilidade dos seguintes componentes:

    A economia brasileira - Consultoria de Estudos Econmicos e Conjuntura (Copec) (e-mail: [email protected]) e

    Consultoria de Conjuntura Econmica (Coace) (e-mail: [email protected]);

    Moeda e crdito - Diviso Monetria e Bancria (Dimob) (e-mail: [email protected]);

    Mercados financeiro e de capitais - Diviso Monetria e Bancria (Dimob) (e-mail: [email protected]);

    Finanas pblicas - Diviso de Finanas Pblicas (Difin) (e-mail: [email protected]);

    Relaes econmico-financeiras com o exterior - Diviso de Balano de Pagamentos (Dibap) (e-mail: [email protected]);

    A economia internacional - Consultoria de Estudos Econmicos e Conjuntura (Copec) (e-mail: [email protected])

    Organismos financeiros internacionais - Departamento da Dvida Externa e de Relaes Internacionais (Derin)

    (e-mail: [email protected]);

    Balano do Banco Central do Brasil - Departamento de Administrao Financeira (Deafi) (e-mail: [email protected]).

    Informaes sobre o Boletim:telefone (61) 414-1009fax (61) 414-2036telex (61) 1299 (BCBR BR)e-mail: [email protected]

    Pedidos de assinatura: preencher a ficha que se encontra na ltima pgina, anexar cheque nominal ao Banco Central do Brasilno valor de R$ 258,00 (nacional) e US$ 801,11 (internacional) e remeter ambos para o Controle Geral de Assinaturas no endereoabaixo. A assinatura anual inclui 12 edies mensais do Boletim e uma edio do Relatrio Anual.

    permitida a reproduo das matrias, desde que mencionada a fonte:Boletim do Banco Central do Brasil, Volume 36, Relatrio Anual 2000.

    Controle Geral de Assinaturas:Banco Central do BrasilDemap/Disud/SubipSBS - Quadra 3 - Bloco B - Edifcio-Sede - 2 SubsoloCaixa Postal 867070074-900 - Braslia (DF)Telefone (61) 414-3165Fax (61) 414-1359

    Exemplar avulso: R$ 19,05Tiragem: 1.200 exemplares

    Convenes Estatsticas:... dados desconhecidos.- dados nulos ou indicao de que a rubrica assinalada inexistente.

    0 ou 0,0 menor que a metade do ltimo algarismo, direita, assinalado.* dados preliminares.

    O hfen (-) entre anos (1970-75) indica o total de anos, inclusive o primeiro e o ltimo.A barra (/) utilizada entre anos (1970/75) indica a mdia anual dos anos assinalados, inclusive o primeiro e o ltimo, ou ainda,se especificado no texto, ano-safra, ou ano-convnio.

    Eventuais divergncias entre dados e totais ou variaes percentuais so provenientes de arredondamentos.

    No so citadas as fontes dos quadros e grficos de autoria exclusiva do Banco Central do Brasil.

    Outras publicaes do Banco Central do BrasilCadastro de DocumentosCapitais Estrangeiros no Brasil - Legislao (em portugus e ingls)Consolidao das Normas CambiaisConsolidao das Normas Cambiais (contrato de cmbio)Consolidao das Normas Cambiais (taxas flutuantes)Consolidao das Normas Cambiais (exportao)Plano Contbil das Instituies do Sistema Financeiro NacionalPosio das Operaes de ConsrciosManual de Crdito AgroindustrialManual de Crdito RuralManual de Normas e InstruesRelatrio de Inflao (em portugus e ingls)

    Central de Informaes do Banco Central do Brasil

    Endereo: Secre/Surel/DinfoEdifcio-Sede, 2 subsolo Telefones: (61) 414 (....) 2401, 2402, 2403, 2404, 2405, 2406SBS - Quadra 3, Zona Central DDG 0800 99234570074-900 - Braslia (DF) FAX (61) 321 9453

    Internet: http://www.bcb.gov.brE-mail: [email protected]

  • Sumrio / 3

    INTRODUO ..................................................................................... 11

    I A ECONOMIA BRASILEIRA ........................................................... 15Indicadores de produo ...................................................................... 15Investimentos ........................................................................................ 18Produtividade ........................................................................................ 22Indicadores de produo industrial ..................................................... 23Energia ................................................................................................... 26Indicadores de comrcio ....................................................................... 28Indicadores da produo agropecuria ............................................... 30Indicadores de emprego ....................................................................... 35Indicadores de salrios e rendimentos ................................................ 38Indicadores de preos .......................................................................... 40Preos administrados ............................................................................ 41ndices gerais de preos ....................................................................... 43ndices de preos ao consumidor ........................................................ 43

    II MOEDA E CRDITO ........................................................................ 47Ttulos pblicos federais ...................................................................... 50Agregados monetrios ......................................................................... 54Operaes de crdito do sistema financeiro ....................................... 58Sistema Financeiro Nacional ................................................................ 71

    III MERCADOS FINANCEIRO E DE CAPITAIS ............................ 81Mercado futuro ..................................................................................... 82Mercado de capitais .............................................................................. 84Aplicaes financeiras ......................................................................... 87

    IV FINANAS PBLICAS ..................................................................... 91Polticas fiscal e tributria .................................................................... 92Previdncia Social ................................................................................. 94Privatizaes .......................................................................................... 96Arrecadao de impostos e contribuies federais ........................... 101Resultado primrio do setor pblico ................................................... 102Juros nominais ....................................................................................... 103Resultado nominal ................................................................................. 104Dvida lquida do setor pblico ............................................................ 105Dvida mobiliria federal ....................................................................... 106

    V RELAES ECONMICO-FINANCEIRAS COM O EXTERIOR .. 111Poltica de comrcio exterior ................................................................. 111Poltica cambial ...................................................................................... 121Movimento de cmbio .......................................................................... 129

    SUM`RIO

  • 4 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    Reservas internacionais ........................................................................ 131Balano de pagamentos ........................................................................ 132Balana comercial .................................................................................. 132Intercmbio comercial ........................................................................... 158Servios ................................................................................................. 158Transferncias unilaterais .................................................................... 165Movimento de capitais ......................................................................... 166Dvida externa ........................................................................................ 177Indicadores de endividamento ............................................................. 183Captaes externas ............................................................................... 184Captaes externas - operaes de troca ............................................ 186Captaes externas - setor privado ..................................................... 187Ttulos da dvida externa brasileira ...................................................... 189Programa de assistncia financeira internacional - saques e amortizaes 189Programa de assistncia financeira internacional - metasde endividamento externo ..................................................................... 192

    VI A ECONOMIA INTERNACIONAL ................................................. 193Introduo ............................................................................................. 193Estados Unidos ..................................................................................... 195Japo ...................................................................................................... 200`rea do Euro ......................................................................................... 202Pases asiticos emergentes ................................................................. 207Coria do Sul ......................................................................................... 207China ...................................................................................................... 207Amrica Latina ....................................................................................... 208Argentina ............................................................................................... 208Chile ....................................................................................................... 210Mxico ................................................................................................... 211

    VII ORGANISMOS FINANCEIROS INTERNACIONAIS .................. 213Fundo Monetrio Internacional (FMI) ................................................ 214Banco de Compensaes Internacionais (BIS) ................................... 215Grupo Banco Mundial ........................................................................... 217Grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) .................. 219Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD/FAD) ................. 221Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrcola (Fida) ......... 221Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata) 222Corporao Andina de Fomento (CAF) .............................................. 222

    VIII PRINCIPAIS MEDIDAS DE POLTICA ECONMICA ....... 225Resolues do Conselho Monetrio Nacional ................................... 225Circulares do Banco Central do Brasil ................................................. 236

    APNDICE ........................................................................................................ 243

  • Sumrio / 5

    Quadros Estatsticos

    Captulo I

    1.1 Produto Interno Bruto (PIB) a preos de mercado ........................... 161.2 Produto Interno Bruto sob as ticas da despesa e da renda ........... 171.3 Produto Interno Bruto (PIB) trimestral ............................................. 181.4 Taxas reais de variao do PIB ........................................................ 191.5 Formao bruta de capital (FBC) ...................................................... 201.6 Produo de bens de capital selecionados ...................................... 211.7 Produo industrial .......................................................................... 251.8 Utilizao da capacidade instalada .................................................. 261.9 Derivados de petrleo e lcool carburante ...................................... 271.10 Consumo de energia eltrica ............................................................ 281.11 Faturamento real do comrcio .......................................................... 301.12 Produo agrcola - principais culturas ............................................ 311.13 Rendimento mdio real das pessoas ocupadas ............................... 401.14 Preos administrados: principais itens na composio das taxas de

    inflao em 2000 .............................................................................. 431.15 Participao dos grupos no IPCA em 2000 ...................................... 44

    Captulo II

    2.1 Alquotas de recolhimento compulsrio/encaixe obrigatrio .............. 492.2 Programao monetria .................................................................... 562.3 Fatores condicionantes da base monetria ..................................... 562.4 Haveres financeiros - percentual em relao ao PIB ....................... 592.5 Taxas de operaes de crdito prefixadas - 2000 ............................. 612.6 Crdito concedido pelo sistema financeiro ...................................... 712.7 Indicadores do sistema financeiro ................................................... 77

    Captulo III

    3.1 Taxas de juros .................................................................................. 813.2 Emisses das empresas no mercado primrio .................................. 873.3 Rendimentos nominais das aplicaes financeiras - 2000 ................ 88

    Captulo IV

    4. 1 Resultado primrio do governo central .......................................... 914.2 Despesa com pessoal da Unio ..................................................... 924.3 Previdncia social - fluxo de caixa .................................................. 944.4 Programa Nacional de Desestatizao ........................................... 974.5 Programas estaduais de desestatizao

    Empresas privatizadas 1996-2000 ................................................... 98

  • 6 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    4.6 Programa Nacional de Desestatizao Empresas privatizadas 1991-2000 ................................................... 99

    4.7 Arrecadao bruta das receitas federais ........................................ 1024.8 Necessidades de financiamento do setor pblico .......................... 1034.9 Necessidades de financiamento do setor pblico - metodologia

    alternativa ...................................................................................... 1054.10 Dvida lquida do setor pblico ...................................................... 1064.11 Ttulos pblicos federais - saldos em R$ milhes .......................... 1084.12 Emisses no mbito do Parafe e do Proes ...................................... 1094.13 Ttulos pblicos federais - participao percentual por indexador 109

    Captulo V

    5.1 Movimento de cmbio - segmento de taxas livres ......................... 1305.2 Metas de reservas internacionais - 2000 ........................................ 1325.3 Balano de pagamentos ................................................................. 1335.4 Balana comercial - FOB ................................................................ 1345.5 ndices de preo e quantum de exportao ................................... 1355.6 Exportao e importao de petrleo e derivados .......................... 1365.7 Exportao por fator agregado - FOB ............................................ 1375.8 Exportao - FOB - principais produtos bsicos ............................ 1395.9 Exportao - FOB - principais produtos semimanufaturados ......... 1415.10 Exportao - FOB - principais produtos manufaturados ................ 1435.11 Exportao por fator agregado e regio - FOB ............................... 1475.12 ndices de preo e quantum de importao ................................... 1505.13 Importao - FOB ........................................................................... 1505.14 Importao - FOB - principais produtos ......................................... 1525.15 Importao por categoria de uso e regio - FOB ............................ 1565.16 Balana comercial por pases e blocos - FOB ................................ 1595.17 Servios ......................................................................................... 1605.18 Renda enviada ao exterior .............................................................. 1615.19 Pagamentos de juros ...................................................................... 1625.20 Remessas de lucros e dividendos .................................................. 1635.21 Servios diversos .......................................................................... 1645.22 Transferncias unilaterais .............................................................. 1665.23 Investimentos diretos .................................................................... 1665.24 Investimentos estrangeiros diretos no pas ................................... 1675.25 Investimentos estrangeiros diretos ............................................... 1685.26 Investimentos em carteira .............................................................. 1695.27 Investimentos estrangeiros em carteira no pas ............................. 1705.28 Emprstimos e financiamentos a mdio e longo prazos ................. 1715.29 Financiamentos oficiais e crditos de fornecedores e compradores 1725.30 Capitais a curto prazo .................................................................... 1745.31 Fluxos financeiros por credor externo ............................................ 176

  • Sumrio / 7

    5.32 Endividamento externo bruto ......................................................... 1785.33 Dvida externa registrada ............................................................... 1795.34 Dvida pblica externa registrada ................................................... 1815.35 Dvida externa de mdio e longo prazos ......................................... 1815.36 Prazo mdio de endividamento externo total .................................. 1825.37 Indicadores de endividamento ....................................................... 1845.38 Operaes de trocas de Bnus da Repblica ................................ 1865.39 Emisses da Repblica .................................................................. 1885.40 Emprstimos de regularizao ........................................................ 1925.41 Metas de dvida externa - 2000 ....................................................... 192

    Grficos

    Captulo I1.1 Formao bruta de capital fixo ......................................................... 201.2 Produtividade industrial ................................................................... 231.3 Produo industrial .......................................................................... 241.4 Produo industrial - mdias mveis em 12 meses ........................... 241.5 Produo animal .............................................................................. 341.6 Nvel de emprego formal .................................................................. 361.7 Taxa mdia de desemprego aberto (semana) .................................... 371.8 ndices de preos ao consumidor .................................................... 42

    Captulo II2.1 Taxa de cmbio x expectativa inflacionria ....................................... 482.2 Reservas bancrias - saldos valorizados dos dias teis .................. 502.3 Leiles - taxas de colocao - 2000.................................................. 522.4 Taxas de swap DI x Selic efetiva ...................................................... 532.5 Base monetria e meios de pagamento ............................................ 542.6 PMPP e DV - Velocidade renda ........................................................ 552.7 Base monetria e meios de pagamento ............................................ 582.8 Haveres financeiros - fim de perodo ............................................... 592.9 Multiplicadores monetrios - k1 e k4 ............................................... 602.10 Diferencial entre taxas de juros de operaes de crdito - mdia

    do mercado ...................................................................................... 612.11 Volume mdio de operaes de crdito ........................................... 622.12 Operaes de crdito do sistema financeiro por nveis de risco -

    dezembro ......................................................................................... 652.13 Operaes de crdito do sistema financeiro privado por nveis de

    risco - dezembro .............................................................................. 662.14 Operaes de crdito do sistema financeiro pblico por nveis de

    risco - dezembro .............................................................................. 66

  • 8 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio 2000

    2.15 Sistema Financeiro Nacional - participao por segmentos ............. 782.16 Estrutura do ativo do Sistema Financeiro Nacional - 2000 ............... 792.17 Estrutura do passivo do Sistema Financeiro Nacional - 2000 .......... 79

    Captulo III3.1 Estrutura a termo .............................................................................. 823.2 Taxas de swap DI x pr de 1 ano versus DI futuro em t .................... 823.3 Volume negociado em contratos futuros de DI de 1 dia e

    dlar comercial - mdia diria ........................................................... 833.4 Volume negociado de swap DI x pr e DI a termo - mdia diria ...... 843.5 Ibovespa x Nasdaq .......................................................................... 843.6 Valor de mercado - companhias abertas - Bovespa ......................... 853.7 Volume mdio dirio negociado na Bovespa ................................... 863.8 Mercado primrio - emisses ........................................................... 873.9 Patrimnio lquido dos fundos de investimento .............................. 883.10 Saldo de depsitos a prazo e caderneta de poupana ..................... 89

    Captulo V5.1 Reservas internacionais ................................................................... 1315.2 Saldo de transaes correntes e necessidade de financiamento

    externo ............................................................................................. 1345.3 Exportao e Importao - FOB ....................................................... 1345.4 ndice de rentabilidade das exportaes .......................................... 1355.5 ndice de termos de troca ................................................................. 1375.6 Exportaes por fator agregado - FOB ............................................. 1385.7 ndice trimestral de preo e quantum das exportaes brasileiras ... 1405.8 Importao por categoria de uso - FOB ........................................... 1515.9 Importao por categoria de uso - FOB ........................................... 1535.10 ndice trimestral de preo e quantum das importaes brasileiras ... 1545.11 Composio da dvida externa registrada ........................................ 1835.12 Indicadores de endividamento ......................................................... 1855.13 Captao de recursos externos - setor privado ................................ 1895.14 Cotaes de ttulos brasileiros no exterior ....................................... 1905.15 ndice de Risco Brasil - strip spread ................................................ 191

    Captulo VI6.1 Produto e comrcio mundiais ........................................................... 1946.2 Encomendas s fbricas e vendas no varejo ................................... 1956.3 Crdito ao consumidor ..................................................................... 1966.4 Comrcio exterior ............................................................................. 1976.5 Produto interno bruto ...................................................................... 1976.6 Produo industrial .......................................................................... 1986.7 Inflao anual ao consumidor e ao produtor ................................... 1986.8 Meta para a taxa de juros e dos fed funds ........................................ 1996.9 Comrcio exterior ............................................................................. 2006.10 Produto interno bruto ...................................................................... 201

  • Sumrio / 9

    6.11 Produo industrial .......................................................................... 2016.12 Inflao anual ao consumidor e ao produtor ................................... 2026.13 Tankan ........................................................................................... 2026.14 Saldo comercial acumulado em 12 meses ......................................... 2036.15 Variao anual da produo industrial ............................................. 2046.16 Produto interno bruto ...................................................................... 2046.17 Taxa de cmbio euro/dlar ............................................................... 2056.18 Inflao anual ao consumidor e ao produtor ................................... 2056.19 Taxas de juros bsicas ..................................................................... 2066.20 Indicadores de confiana ................................................................. 2066.21 Estimador industrial mensal ............................................................. 2096.22 Taxas de juros Baibor ...................................................................... 210

  • Introduo / 11

    INTRODUO

    A consolidao do processo de retomada, de forma consistente, do crescimentoeconmico do pas em 2000, reveste-se de importncia acentuada se considerada apersistncia da restritividade dos condicionantes externos, iniciada a partir demeados de 1997. Os resultados favorveis registrados no ano, evidenciados pelaexpanso de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), ocorreram em cenrio de taxas deinflao decrescentes, continuada elevao do nvel de emprego formal e informal,evoluo das operaes de crdito, resultados fiscais favorveis e melhora dasconta externas. Assinale-se o cumprimento, pelo segundo ano consecutivo, da metaanual para a taxa de inflao, apesar da elevao das cotaes internacionais dopetrleo, o que ratifica a eficcia do atual regime de poltica monetria em ambientede flexibilidade cambial.

    A intensificao da atividade econmica esteve associada ampliao do crditoao setor privado, em especial a pessoas fsicas, comrcio e outros servios, nodecorrer do ano. Essa trajetria refletiu o processo de reduo da taxa bsica de jurosda economia, a diminuio da alquota do recolhimento compulsrio incidente sobrerecursos vista e a adoo de medidas prudenciais de aprimoramento eaperfeioamento da atividade bancria, que criaram o ambiente propcio reduodas taxas de juros ativas. Essa conjuntura estimulou a atuao clssica dasinstituies financeiras como ofertantes de crdito, reativando esse canal detransmisso da poltica monetria.

    A rigidez na gesto da poltica monetria no segundo semestre, apesar da evoluofavorvel dos fundamentos macroeconmicos internos, traduziu a alta persistentedos preos internacionais do petrleo, a intensificao da crise de confiana naArgentina e as incertezas associadas trajetria das taxas de juros nos EstadosUnidos.

    A proporo entre a formao bruta de capital fixo e o PIB manteve-se estvel em2000, comparativamente registrada no ano anterior. Esse resultado deriva,principalmente, da modesta taxa de expanso na indstria da construo civil, emcontraste evoluo da produo de bens de capital, cuja taxa de crescimento noano situou-se em aproximadamente 13%. Adicionalmente, as importaes de bensde capital, que haviam decrescido no binio anterior, expandiram-se, em termos

  • 12 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    reais, em 2000. Nesse contexto, a estabilidade na relao entre investimento e PIBno representou a manuteno do patamar da capacidade produtiva da economia,mas a sua ampliao, conforme evidenciado pela expanso na produo deequipamentos de transporte, equipamentos agrcolas e bens de capital seriados paraa indstria, assim como pelo crescimento do faturamento real da indstria demquinas e equipamentos, sem que o nvel de utilizao da capacidade instalada nosetor industrial passasse a representar ameaa estabilidade dos preos.

    Nesse sentido, ressalte-se a reduzida expanso da utilizao mdia da capacidadeinstalada na indstria, entre janeiro de 2000 e do corrente ano, ante a trajetria dosindicadores relativos evoluo do comrcio no perodo, traduzindo,inequivocamente, o aumento da produtividade decorrente do reaparelhamento doparque industrial. A atividade no comrcio, sustentada pelo crescimento dasvendas de bens de consumo e do segmento automotivo, em contexto de reduo naimportao de bens de consumo, esteve associada evoluo positiva do mercadode trabalho e expanso do crdito no segmento, registrada a taxas de jurosdecrescentes.

    No que se refere ao mercado de trabalho, o saldo entre contrataes e demissesmanteve-se positivo no ano, assinalando-se que o crescimento da demanda pormo-de-obra no alterou a trajetria de reduo do custo unitrio do trabalho,expressando a elevao dos ganhos de produtividade. Assim, a taxa mdia anual dodesemprego aberto atingiu 7,1% em 2000, ante 7,6% no ano anterior.

    A consistncia das polticas econmicas vem ampliando a confiana nosfundamentos da economia brasileira, manifestada tanto pelos agentes internoscomo pelos investidores externos. Nesse sentido, a austeridade na conduo dapoltica fiscal, evidenciada pela continuidade na obteno de expressivos supervitsprimrios, tem ratificado a capacidade de gerao de poupana do setor pblico,fundamental estabilizao da relao dvida/PIB, ressaltando-se a contribuio daLei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para o resultado relativo esfera dasadministraes estadual e municipal. Dessa forma, o supervit primrio do setorpblico consolidado atingiu 3,6% do PIB em 2000, comparativamente a 3,2% em 1999,superando a meta acordada no programa de assistncia financeira, coordenado peloFundo Monetrio Internacional (FMI).

    Ademais, a reduo continuada das necessidades de financiamento do setorpblico, considerado o conceito nominal, tambm reflete a trajetria declinante dastaxas de juros, contribuindo para melhorar a percepo relativa sustentabilidadede longo prazo do passivo pblico. Adicionalmente, a credibilidade do ajuste fiscalefetuado vem possibilitando ampliao considervel do prazo da dvida pblicafederal interna, que atingiu 15,3 meses ao final do ano, praticamente o dobro doregistrado ao final de 1999.

  • Introduo / 13

    Em relao ao setor externo, o crescimento das exportaes contribuiu para acontrao de aproximadamente 45% no dficit comercial, no ano, no obstante aelevao de 13,2% registrada nas importaes, associada ao aumento do preointernacional do petrleo e intensificao das compras de matrias-primas e debens intermedirios. relevante qualificar que o incremento nas importaes, aorefletir o vigoroso crescimento industrial recente, dever alavancar as exportaesno mdio prazo, favorecendo a recuperao gradual da balana comercial e o recuodo dficit em transaes correntes.

    O padro de financiamento de longo prazo das contas externas do pas manteve-sefavorvel em 2000, refletindo a reduo na percepo de risco do investidorestrangeiro, em funo da melhora sustentada dos fundamentos da economiabrasileira. Assim, o financiamento do dficit em conta corrente foi integralmenterealizado por meio do ingresso de investimentos estrangeiros diretos, que alcanouliquidamente US$ 30,6 bilhes. Adicionalmente, registrou-se o alongamento dosprazos de colocao de ttulos soberanos.

    Nesse cenrio, as taxas de variao dos principais ndices de preos registrarammovimento descendente, relativamente ao padro de 1999, traduzindo o desempenhofavorvel do setor agrcola, em especial no primeiro semestre do ano, e os impactosdecorrentes dos reajustes dos preos administrados e do salrio mnimo, que, noexercendo presses inflacionrias relevantes, ratificaram a virtual eliminao demecanismos de indexao na economia. Assinale-se, ainda, a tendncia declinante,no transcorrer do ano, das expectativas do mercado quanto ao comportamento dondice de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2000, convergindo, em dezembro,para a meta de 6% referenciada pelo regime de metas para a inflao.

  • I A economia brasileira / 15

    A ECONOMIA BRASILEIRA

    I

    Indicadores de produo

    As expectativas quanto evoluo do nvel de atividade econmica em 2000mostravam-se positivas no incio do ano, referendadas pelo cenrio internacionalfavorvel e por indicadores de inflao em patamar excepcionalmente reduzido. Arecuperao da atividade tornara-se mais intensa a partir do ltimo trimestre de1999, quando os desdobramentos da crise financeira internacional e os efeitos damudana da poltica cambial j haviam sido absorvidos, com impactos muitoaqum dos inicialmente previstos. De maneira geral, o cenrio favorvel manteve-se ao longo do ano, sustentado em parte pelo declnio das taxas de juros e pormedidas de poltica monetria que visaram aumentar a oferta de crdito e a reduodos custos vinculados aos emprstimos. Nesse sentido, o percentual de recolhimentoscompulsrios sobre recursos vista passou de 65%, no incio do ano, para 45%, apartir de junho, enquanto a meta da taxa Selic declinou de 19% a.a., em janeiro,para 15,25% a.a., em dezembro.

    Ratificando as expectativas favorveis, o PIB, a preos de mercado, cresceu 4,5%em 2000, aps dois anos de resultados pouco significativos, 0,2% em 1998 e 0,8%em 1999. Esse desempenho, semelhante ao de 1995, contribuiu para que a taxamdia da dcada de 90 se elevasse de 1,8%, at 1999, para 2%. O produto per capitaapresentou crescimento real de 3,1% em 2000, situando-se em R$ 6.560,00.

    O PIB a preos de mercado expandiu-se 1,3% no primeiro trimestre de 2000, anteo registrado no ltimo trimestre do ano anterior, dados ajustados sazonalmente, ede 4,1% comparativamente ao de igual perodo daquele ano. Todos os setoresapresentaram resultados positivos, principalmente a agropecuria, 7%, cujoexpanso foi explicada, principalmente, pelo desempenho das lavouras, 7,9%, queresponde por mais de 60% do produto do setor. A produo animal e a extrativavegetal e silvicultura cresceram 4,9% e 8,3%, respectivamente. A expanso dosetor secundrio atingiu 5,5%, com destaque para o crescimento de 6,5% daindstria de transformao, sensvel a alteraes nas condies de crdito e aosmovimentos de recuperao das exportaes. Tambm foram significativos oscrescimentos registrados nos setores de extrativismo mineral, 8%, e de serviosindustriais de utilidade pblica, 6,6%. No setor de servios, onde foi registrada

  • 16 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    evoluo positiva de 3,7%, sobressaiu-se o crescimento expressivo dascomunicaes, 15,9%, seguindo-se as taxas apresentadas pelo comrcio, 5,5%, epelo transporte, 5%.

    No segundo trimestre, a expanso do PIB atingiu 1,45%, considerada a variao emrelao ao perodo imediatamente anterior, isenta de efeitos sazonais, reflexo daevoluo positiva apresentada pela indstria, 1,53%, e pelos servios, 0,95%, enegativa na agropecuria, 0,33%.

    No primeiro semestre, o PIB a preos de mercado cresceu 4,3% em relao aoregistrado no mesmo perodo do ano anterior, desempenho atribudo, principalmente, continuidade da melhoria das condies de crdito e da expanso das exportaes,sobretudo de manufaturados, bem como ao resultado da safra agrcola. O crescimentotambm foi favorecido pela base de comparao ainda deprimida, haja vista que,

    4XDGUR3URGXWR,QWHUQR%UXWR3,%DSUHoRVGHPHUFDGR

    Ano A preos Variao Deflator A preos Populao PIB SHUFDSLWDde 2000 real implcito correntes (milhes) A preos Variao A preos

    (R$ (%) (%) (US$ de 2000 real correntesmilhes) milhes) (R$) (%) (US$)

    1980 716 417 9,2 92,1 237 772 118,6 6 042 7,0 2 0051981 685 969 -4,3 100,5 258 553 121,2 5 659 -6,3 2 1331982 691 662 0,8 101,0 271 252 123,9 5 583 -1,3 2 1901983 671 397 -2,9 131,5 189 459 126,6 5 304 -5,0 1 4971984 707 652 5,4 201,7 189 744 129,3 5 474 3,2 1 4681985 763 196 7,8 248,5 211 092 132,0 5 783 5,6 1 5991986 820 359 7,5 149,2 257 812 134,7 6 092 5,4 1 9151987 849 318 3,5 206,2 282 357 137,3 6 187 1,6 2 0571988 848 808 -0,1 628,0 305 707 139,8 6 071 -1,9 2 1861989 875 631 3,2 1 304,4 415 916 142,3 6 153 1,4 2 9231990 837 541 -4,3 2 737,0 469 318 144,1 5 813 -5,5 3 2571991 846 167 1,0 416,7 405 679 146,4 5 780 -0,6 2 7711992 841 598 -0,5 969,0 387 295 148,7 5 660 -2,1 2 6051993 883 005 4,9 1 996,2 429 685 150,9 5 850 3,4 2 8471994 934 660 5,9 2 240,2 543 087 153,1 6 103 4,3 3 5461995 974 103 4,2 77,6 705 449 155,3 6 272 2,8 4 5421996 1000 014 2,7 17,4 775 475 157,5 6 350 1,2 4 9241997 1 032 715 3,3 8,3 807 814 159,6 6 469 1,9 5 0601998 1 034 987 0,2 4,7 787 499 161,8 6 397 -1,1 4 8671999 1 043 163 0,8 4,3 529 398 163,9 6 363 -0,5 3 2292000 1 089 688 4,5 8,6 595 881 166,1 6 560 3,1 3 587

    Fonte: IBGE

    1/ Estimativa obtida pela diviso do PIB a preos correntes pela taxa mdia anual de cmbio, calculada de acordo com metodologia publicada no Boletim do Banco Central do Brasil de dezembro de 1996.

  • I A economia brasileira / 17

    no primeiro semestre de 1999, o nvel de atividade ainda se ressentia das influnciasda crise russa e das incertezas relacionadas mudana do regime cambial.Setorialmente, a exemplo do primeiro trimestre, a maior taxa de expanso foiregistrada pela agropecuria, 7,3%, seguindo-se as relativas indstria, 5,3%, eaos servios, 3,9%.

    No terceiro trimestre, o ritmo de expanso do PIB tornou-se menos intenso. Nesseperodo, a taxa de crescimento do produto, ante o relativo ao trimestre anterior,situou-se em 1,1%, a partir da srie dessazonalizada. Considerando resultadosacumulados no ano, a taxa de crescimento totalizou 4,6%. Mantendo o padro dostrimestres anteriores, a agropecuria cresceu com maior intensidade, 6,2%, enquantoo setor industrial, que representa cerca de 35% do PIB, apresentou evoluopositiva de 5,1%, assinalando-se o desempenho da indstria de transformao,6,1%, e da extrativa mineral, 10%. O produto dos servios expandiu-se 3,8%,principalmente pela contribuio das comunicaes, 17,1%, do comrcio, 5,3%, edos outros servios, 5,2%.

    No ltimo trimestre, o crescimento de 0,3% apresentado pelo PIB, considerandodados com ajuste sazonal, evidenciou, de forma mais acentuada, a reduo do ritmode expanso da economia. O resultado do ano, 4,5%, situou-se em patamar

    4XDGUR3URGXWR,QWHUQR%UXWRVREDVyWLFDVGDGHVSHVDHGDUHQGD

    Em R$ milhesDiscriminao 1996 1997 1998 1999

    Produto Interno Bruto 778 887 870 743 913 735 960 858 Consumo final 630 814 704 200 738 747 775 098 Consumo das famlias 486 813 545 698 567 001 593 938 Consumo da administrao pblica 144 001 158 502 171 746 181 160 Formao bruta de capital 162 953 187 187 193 436 196 452 Formao bruta de capital fixo 150 050 172 939 179 484 181 813 Variao de estoques 12 903 14 248 13 951 14 639 Exportao de bens e servios 54 430 65 356 69 727 101 809 Importao de bens e servios (-) 69 311 86 000 88 174 112 501

    Remunerao dos empregados 300 208 326 145 349 118 360 096 Salrios 224 329 241 949 250 841 255 059 Contribuies sociais efetivas 45 337 50 051 55 199 59 847 Contribuies sociais imputadas 30 542 34 146 43 078 45 189 Rendimento de autnomos 44 306 48 630 50 345 49 003 Excedente operacional bruto 319 137 372 396 386 929 397 593 Impostos lquidos de subsdios sobre a produo e importao 115 236 123 572 127 343 154 167

    Fonte: IBGE

  • 18 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    semelhante ao do terceiro trimestre, refletindo os crescimentos de 3% naagropecuria, de 5% na indstria e de 3,9% em servios. Os subgrupos quecresceram acima da mdia da economia foram a indstria de transformao, 5,7%,a extrativa mineral, 11,5%, os servios industriais de utilidade pblica, 5,3%, ascomunicaes, 17%, os outros servios, 5,7%, e o comrcio, 5,5%.

    Investimentos

    A participao da formao bruta de capital fixo (FBCF) no PIB declinou entre1995 e 1999. No primeiro ano, os investimentos representaram 21,4% do PIB, apreos do ano anterior, ou 20,5% a preos correntes, enquanto, em 1999, essespercentuais alcanaram, respectivamente, 18% e 18,9%. Observe-se que a formaobruta de capital (FBC), que inclui a variao de estoques, passou de 22,3% para20,5%, nos anos considerados.

    4XDGUR3URGXWR,QWHUQR%UXWRWULPHVWUDO

    Em R$ milhesAno PIB a preos Impostos Agropecuria Indstria Servios

    de mercado sobreprodutos

    1996 I Trimestre 188 230 19 113 20 319 52 092 106 189II Trimestre 193 604 20 501 17 450 57 626 107 185III Trimestre 199 097 21 482 12 553 64 603 109 929IV Trimestre 197 956 22 824 7 669 66 860 109 730

    1997 I Trimestre 198 579 20 870 10 303 62 147 114 459II Trimestre 217 537 22 370 16 996 69 513 118 627III Trimestre 230 032 23 202 17 969 72 990 126 257IV Trimestre 224 595 23 879 16 840 70 111 123 911

    1998 I Trimestre 221 074 22 543 17 355 66 727 124 409II Trimestre 237 020 23 983 20 855 73 105 129 830III Trimestre 234 653 23 333 16 020 74 960 131 209IV Trimestre 220 988 23 756 13 698 68 796 125 161

    1999 I Trimestre 214 023 23 654 14 846 62 101 123 728II Trimestre 233 996 24 907 18 609 72 080 129 123III Trimestre 250 509 26 559 18 883 82 870 132 541IV Trimestre 262 329 29 043 18 463 86 856 137 812

    2000 I Trimestre 248 549 26 432 18 509 79 138 134 012II Trimestre 268 900 28 370 20 407 89 124 138 372III Trimestre 281 884 31 668 20 056 95 006 145 300IV Trimestre 290 355 33 520 16 221 97 067 153 252

    Fonte: IBGE

  • I A economia brasileira / 19

    Para o ano 2000, estimativa do Departamento Econmico (Depec) do BancoCentral do Brasil (Bacen) indicou taxas de 18,6% a preos do ano anterior e de18,8% a preos correntes, para a FBCF. A relativa estabilidade ante os resultadosde 1999 refletiu comportamento diferenciado dos principais indicadores deinvestimentos no perodo. A indstria da construo civil, que tem respondido porcerca de 68% da FBCF, apresentou expanso de 2,1% no ano, situando-se abaixodo crescimento do PIB. Em contrapartida, esse desempenho foi compensado pelocrescimento de 12,7% registrado pela produo de bens de capital, com participaode cerca de 27% da FBCF. Alm disso, as importaes de bens de capital, quehaviam registrado decrscimo nos dois ltimos anos, mostraram recuperao em2000, expandindo-se 2,8% em termos reais. Assim, apesar de a proporo dasdespesas com investimentos ante o PIB ter-se mantido estvel, houve ampliao dacapacidade produtiva da economia, sinalizada pelo crescimento expressivo naproduo de mquinas e equipamentos.

    A evoluo dos indicadores de investimentos ao longo do ano revelou expansomais acentuada no segundo semestre, em resposta manuteno da tendncia decrescimento do nvel de atividade. Nesse sentido, a produo de insumos da

    4XDGUR7D[DVUHDLVGHYDULDomRGR3,%

    PercentualDiscriminao 1998 1999 2000

    PIB 0,2 0,8 4,5

    Setor agropecurio 1,9 7,4 3,0 Produo vegetal 1,3 8,3 2,8 Produo animal 6,4 6,9 3,1 Extrativa vegetal - 4,9 1,1 4,3

    Setor industrial - 1,4 - 1,6 5,0 Extrativa mineral 7,8 5,0 11,5 Transformao - 3,8 - 1,6 5,7 Construo 1,4 - 3,2 2,1 Servios industriais de utilidade pblica 3,8 2,5 5,3

    Setor servios 1,1 1,9 3,9 Comrcio - 5,1 0,3 5,5 Transportes 5,1 0,6 3,4 Comunicaes 13,6 21,3 17,0 Administraes pblicas 1,9 2,8 2,0 Outros servios - 0,4 - 1,3 5,7 Instituies financeiras - 0,6 0,9 2,9 Aluguis 2,9 2,5 2,3

    'XPP\ financeiro 0,1 0,5 4,3

    Fonte: IBGE

  • 20 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    construo, que se expandira 0,8% no primeiro semestre, ante o ltimo de 1999,evoluiu 1,5% no segundo, na mesma base de comparao, dados isentos deinfluncias sazonais. Para a produo de bens de capital registraram-se taxasrespectivas de 6,4% e de 10,3%.

    A expanso da construo civil em patamar inferior ao da mdia da economia explicada, em parte, pelos nveis contidos dos investimentos do setor pblico e dosfinanciamentos para construo e aquisio de habitaes. Nesse sentido, os

    4XDGUR)RUPDomREUXWDGHFDSLWDO)%&

    PercentualAno FBCF/PIB

    Variaode estoques

    Construo Mquinas e Outros A preos A preos docivil equipamentos correntes ano anterior

    1990 65,7 34,0 2,7 -2,5 20,7 -1991 60,4 28,7 2,5 8,4 18,1 19,5 1992 64,8 26,3 6,3 2,7 18,4 17,0 1993 62,5 24,2 5,8 7,5 19,3 18,7 1994 60,6 27,2 5,8 6,3 20,7 20,8 1995 57,4 28,9 5,8 7,8 20,5 21,4 1996 62,0 25,3 4,8 7,9 19,3 20,3 1997 63,2 24,8 4,4 7,6 19,9 20,4 1998 65,3 23,2 4,3 7,2 19,6 19,7 1999 65,0 23,0 4,5 7,5 18,9 18,0 2000 64,8 23,8 4,6 ... 18,8 18,6

    Fonte: IBGE

    1/ Estimativa do Banco Central do Brasil.

    Participao na FBCFormao bruta de capital fixo (FBCF)

    Grfico 1.1)RUPDomREUXWDGHFDSLWDOIL[R

    -8

    -4

    0

    4

    8

    12

    16

    20

    1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

    3DUWLFLSDomRQR3,% 9DULDomRUHDO

    Fonte: IBGE* Estimativa do Banco Central do Brasil

    *

    %

  • I A economia brasileira / 21

    recursos disponibilizados pelo Sistema Brasileiro de Poupana e Emprstimo(SBPE) reduziram-se 0,5% em 2000, em valores nominais, enquanto osfinanciamentos habitacionais apresentaram queda de 15,9%. J os financiamentosimobilirios comerciais, cuja representatividade tem sido inferior a 1% do total dosrecursos do SBPE, mostraram recuperao em 2000, com crescimento de 10,2%.Considerando o nmero de financiamentos imobilirios concedidos, registrou-secrescimento de 9,8% dos direcionados construo, aps queda de 22,7% em1999, enquanto, para aquisio, registrou-se queda de 2,9%, que se seguiu aocrescimento de 1,7% em 1999.

    A produo de bens de capital foi estimulada pela reduo da ociosidade dasinstalaes na indstria, bem como pela evoluo favorvel da produo agrcola.Considerando grupos selecionados desses bens, estatsticas do Instituto Brasileirode Geografia e Estatstica (IBGE) mostraram que, aps dois anos de queda na maiorparte dos segmentos, constatou-se crescimento generalizado da produo em 2000,que ocorreu com mais intensidade nos equipamentos de transporte, bens de capitalseriados para a indstria, equipamentos agrcolas, equipamentos para a construoe peas agrcolas.

    As estatsticas da Associao Nacional dos Fabricantes de Veculos Automotores(Anfavea) ratificaram as pesquisas do IBGE. Aps declinar 13% em 1999, aproduo de mquinas e equipamentos agrcolas elevou-se 25,1%, refletindo,principalmente, as expanses na produo de tratores de rodas, 30,7%, e decolheitadeiras, 14,5%. O item outros, que se refere a cultivadores motorizados,tratores de esteira e retroescavadeiras, apresentou crescimento de 3,2%. No mesmo

    4XDGUR3URGXomRGHEHQVGHFDSLWDOVHOHFLRQDGRV

    Discriminao Participao

    percentual 1998 1999 2000

    Bens de capital 100,0 - 1,6 - 9,1 12,7

    Industrial 24,6 - 5,5 - 7,0 18,5 Seriados 16,8 - 3,0 - 4,0 21,2 No-seriados 7,9 - 13,2 - 17,6 7,4Agrcolas 9,7 - 1,7 - 15,2 19,3Peas agrcolas 1,5 - 12,3 - 1,9 14,6Construo 3,4 2,7 - 41,9 15,0Energia eltrica 5,5 - 3,4 - 5,2 3,2Transportes 26,0 8,3 2,7 22,7Misto 29,2 - 4,2 - 9,1 7,8

    Fonte: Pesquisa Industrial Mensal - IBGE

    1/ Corresponde participao estimada para 2000.

    Variao percentual

  • 22 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    sentido, as unidades produzidas de nibus e de caminhes cresceram 50,9% e26,2%, respectivamente.

    Outro indicador que corrobora a expanso da capacidade instalada do pas ocrescimento de 12,8% do faturamento real da indstria de mquinas e equipamentosem 2000, aps queda de 11,7% registrada em 1999, conforme a AssociaoBrasileira da Indstria de Mquinas e Equipamentos (Abimaq). A recuperao dosetor provocou aumento de 9% no nmero de empregados, bem como elevao donvel de utilizao mdia da capacidade instalada das indstrias da Associao, quepassou de 67,7%, em 1999, para 75,9%.

    O total dos desembolsos do Sistema BNDES - Banco Nacional de DesenvolvimentoEconmico e Social (BNDES), Agncia Especial de Financiamento Industrial(Finame) e BNDES Participaes S. A. (BNDESpar) - cresceu 27,7% em 2000,considerando valores nominais, atingindo R$ 23 bilhes, ante R$ 18 bilhes em1999. Por setores de atividade, os desembolsos direcionados para a agropecuriaapresentaram o crescimento mais acentuado, 48,3%, seguindo-se comrcio eservios, 28,7%, e indstria de transformao, 25,9%. Os financiamentos para aindstria extrativa declinaram 53,2%, comportamento explicado, principalmente,pela base de comparao elevada. A distribuio dos recursos por regio mostrouconcentrao na regio Sudeste, 56,5%, mas em percentual inferior ao registradoem 1999, 60,4%. Os financiamentos canalizados para a regio Sul somaram18,5% do total, ante 21,1% em 1999, enquanto, nas demais regies, registrou-seelevao da participao. Na regio Norte, passou de 2,5%, em 1999, para 4%,e nas regies Nordeste e Centro-Oeste, de 9,2% para 12,2% e de 6,6% para 9%,respectivamente.

    A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), custo para os financiamentos tomadosjunto ao Sistema BNDES, manteve trajetria de queda ao longo do ano, tendopassado de 12% a.a., no primeiro trimestre, para 9,75% a.a. no ltimo.

    Produtividade

    A produtividade do trabalho manteve a trajetria de crescimento iniciada em1993. Conforme as Contas Nacionais de 1999, a produtividade total, medidacomo a razo entre a variao do valor adicionado, a preos do ano anterior, e avariao do pessoal ocupado, cresceu 2,3%, no ano, ante 2,2% em 1998. Das 43atividades consideradas, apenas em sete a produtividade reduziu-se, com maiorintensidade na indstria de beneficiamento de produtos de origem vegetal,inclusive fumo, 6,47%, seguindo-se a indstria txtil, 3,2%, e aluguel de imveis,1,1%. Nos outros setores, as redues foram inferiores a 1%. Por outro lado, osdesempenhos mais favorveis ocorreram nas atividades ligadas s indstrias do

  • I A economia brasileira / 23

    caf, 26,2%, e do acar, 20,3%, bem como nos servios industriais de utilidadepblica, 15,9%. Ainda com taxas superiores a 10%, assinale-se as expanses nossegmentos de extrao de petrleo e gs natural, carvo e outros combustveis,14,7%, fabricao de produtos farmacuticos e de perfumaria, 12,2%, indstriada borracha, 10,6%, e fabricao de aparelhos e equipamentos de materialeltrico, 10%. Na agropecuria, a produtividade cresceu 2,3%, e na construocivil, 2,2%.

    Para 2000, as estatsticas disponveis permitem acompanhar a evoluo daprodutividade nas indstrias de transformao e extrativa mineral. A relao entre aproduo fsica e o total de horas trabalhadas na produo da indstria geral cresceu5,6%, ante 7,6% correspondente a 1999. A elevao da produtividade foi maisintensa na indstria extrativa mineral, 10%, que na de transformao, 5%. Analisandoa evoluo da produtividade por gneros industriais, os crescimentos mais intensosocorreram em material de transporte, 14,6%, e mecnica, 13,7%, segmentosrelacionados produo da indstria automobilstica. Tambm apresentaram expansosignificativa da produtividade as indstrias de bebidas, 10,1%, material eltrico e decomunicaes, 9,2%, e txtil, 8,3%. Apenas em cinco dos vinte gneros pesquisadosocorreram quedas: produtos de matrias plsticas, 4,1%, produtos alimentares, 3,8%,fumo, 3,9%, madeira, 3,4%, e couros e peles, 3,3%.

    Indicadores de produo industrial

    Os indicadores do nvel de atividade industrial apontaram recuperao daproduo em 2000, aps dois anos de queda. Segundo o IBGE, a produoindustrial cresceu 6,5% no ano, o melhor resultado desde 1994. O ndice do msde dezembro foi o maior das sries histricas, ajustadas sazonalmente, tanto daproduo fsica total quanto das categorias de uso de bens intermedirios e debens de consumo durveis.

    Grfico 1.23URGXWLYLGDGHLQGXVWULDO

    100

    120

    140

    160

    180

    200

    220

    1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

    1991

    =100

    Fonte: IBGE1/ Relao entre produo fsica e horas pagas na produo.

  • 24 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    A indstria extrativa mineral manteve a trajetria de crescimento dos ltimos anos,atingindo variao de 11,9% em 2000, resultante, principalmente, do aumento daextrao de petrleo em bruto e de gs natural. A indstria de transformao,correspondente a cerca de 90% da produo total, apresentou expanso de 5,9%,na comparao das mdias de 1999 e de 2000. Considerando os vinte gnerosindustriais pesquisados, em quinze ocorreu crescimento da produo, o que indicaexpanso generalizada do nvel de atividade do setor, em reao ao cenrioeconmico favorvel representado pela reduo da taxa de juros e pelo incrementodas vendas internas e externas. O maior crescimento ocorreu na indstria dematerial de transporte, 18,9%, seguida de mecnica, 18%, borracha, 13%, materialeltrico e de comunicaes, 11,9%, mobilirio, 7,8%, e metalrgica 7,6%. Dentreos cinco gneros que apresentaram queda da produo, destacaram-se couros epeles, 8%, e fumo 7,8%.

    Por categoria de uso, a produo de bens intermedirios, segmento relevantedevido ao seu peso na indstria, cresceu 6,9% no ano. A produo de bens de capitalexpandiu-se 12,7%, sugerindo movimento de reaparelhamento tanto da indstriacomo dos demais setores.

    -5

    0

    5

    10

    15

    1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

    Grfico 1.33URGXomRLQGXVWULDO

    *HUDO ([WUDWLYD 7UDQVIRUPDomR

    Fonte: IBGE

    Varia

    o

    perc

    entu

    al

    Grfico 1.43URGXomRLQGXVWULDO

    Mdias mveis em 12 meses

    114

    118

    122

    126

    Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

    1991

    =100

    Fonte: IBGE

  • I A economia brasileira / 25

    A categoria bens de consumo, que, em seu conjunto, representa cerca de 26% dototal, alcanou crescimento de 3% no ano. O comportamento das indstriasfabricantes de bens de consumo, entretanto, no foi homogneo. A subcategoriabens de consumo durveis, composta, basicamente, por automveis,eletroeletrnicos e mobilirio, cresceu 20,5% no perodo, beneficiando-se daselevaes do emprego e da massa salarial e, principalmente, da melhoria dascondies do mercado de crdito. Dados da Anfavea indicaram recuperao daindstria automotiva, com aumento de 23,6% da produo de automveis ecomerciais leves. A subcategoria de semidurveis e no-durveis, por sua vez,apresentou reduo de 1%, resultado explicado, em parte, pela contrao de 5,7%da produo de carburantes.

    O incremento da produo refletiu-se na utilizao mdia da capacidade instaladada indstria de transformao. Segundo a Fundao Getulio Vargas (FGV), o nvelde utilizao da capacidade instalada, que correspondia a 81,3% em janeiro de2000, atingiu 84,1% em outubro, retrocedendo para 82% em janeiro de 2001. Nasrie dessazonalizada, porm, o patamar alcanado na pesquisa de janeiro de 2001superou em 0,6% o de outubro de 2000, seguindo a elevao dos indicadores deproduo, ajustados sazonalmente, no ltimo trimestre do ano.

    Por setores, o de bens intermedirios apresentou os maiores nveis de utilizao aolongo do ano, registrando 86,2% no ltimo levantamento. A utilizao mdia nosetor de material de construo vem-se intensificando, atingindo 85,6% em janeiro.No mesmo ms, os patamares de ocupao das indstrias de bens de capital e deconsumo situaram-se em 81,3% e 77,1%, respectivamente. Entre os gnerosindustriais, borracha, papel e papelo, madeira e txtil apresentaram o maior nvelde ocupao da capacidade, superior a 90%, na pesquisa de janeiro de 2001.

    4XDGUR3URGXomRLQGXVWULDO

    Discriminao Participao

    percentual 1998 1999 2000

    Total 100,0 - 2,0 - 0,7 6,5

    Por categorias de uso Bens de capital 8,6 - 1,6 - 9,1 12,7 Bens intermedirios 65,4 - 0,7 1,9 6,9 Bens de consumo 26,0 - 5,4 - 2,8 3,0 Durveis 5,7 - 19,6 - 9,3 20,5 Semi e no-durveis 20,3 - 1,1 - 1,2 - 1,0

    Fonte: Pesquisa Industrial Mensal - IBGE

    1/ Corresponde participao estimada para 2000.

    Variao percentual

  • 26 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    A contrao do nvel de ociosidade tambm foi evidenciada pela pesquisa daConfederao Nacional da Indstria (CNI), realizada por federaes de indstriaem doze estados, com o nvel mdio de utilizao da capacidade instalada alcanando79,9% em dezembro de 2000, ante 78,6% no mesmo ms do ano anterior. Porestados, a intensidade do uso das instalaes superou o agregado nacional em SantaCatarina, 85,4%, Rio Grande do Sul, 83,8%, Minas Gerais, 82,5%, e Cear, 81,2%.Em So Paulo, totalizou 79,8%.

    Observa-se que, apesar de determinados setores estarem operando em nveisprximos ao seu limite, a capacidade mdia da indstria de transformao no semostrou restritiva expanso da produo fabril. A taxa de crescimento dosindicadores de utilizao das instalaes tem sido inferior da produo, sugerindoincorporao de ganhos de escala e de produtividade ou, ainda, ampliao dacapacidade pela realizao de investimentos.

    Outros indicadores importantes confirmaram resultados positivos para a indstriaem 2000. Segundo a CNI, as vendas industriais reais subiram 10,8% no ano,enquanto as horas trabalhadas na produo cresceram 4%. Na indstria paulista, deacordo com a Federao das Indstrias do Estado de So Paulo (Fiesp), essasmesmas variveis registraram elevao de 13,7% e de 4,7%, respectivamente.

    Energia

    A produo de petrleo, incluindo lquidos de gs natural (LGN), manteve oritmo de expanso dos ltimos anos, registrando crescimento de 12,3% em2000, segundo a Agncia Nacional do Petrleo (ANP). A mdia diria deproduo anual atingiu 1.270,6 mil barris, ante 1.131,7 mil barris em 1999. Aproduo de gs natural apresentou desempenho semelhante, elevando-se11,7% no perodo.

    4XDGUR8WLOL]DomRGDFDSDFLGDGHLQVWDODGD

    PercentualDiscriminao 1998 1999 2000

    Indstria de transformao 79 81 82 Bens de consumo 76 75 77 Bens de capital 65 75 81 Materiais de construo 82 79 86 Bens de consumo intermedirio 83 85 86

    Fonte: FGV

    1/ Pesquisa trimestral. Posio em janeiro do ano seguinte.

  • I A economia brasileira / 27

    O total de leo processado nas refinarias cresceu 2,1% em 2000, atingindo mdiade 1.585,3 mil barris dirios, registrando-se aumento da participao do petrleonacional no total processado, de 71%, em 1999, para 74%. A importao depetrleo declinou 14,2% no ano, situando-se em 397,1 mil barris/dia.

    As vendas internas de derivados retraram-se, em mdia, 1,6% no ano, de acordocom a ANP. Esse comportamento, oposto evoluo do nvel de atividadeeconmica, explicado, em parte, pela reao dos consumidores ao aumento dospreos. As vendas de gasolina contraram-se 4,4% e as de leo combustvel, 6,1%,enquanto as de Gs Liquefeito de Petrleo (GLP) e de leo diesel expandiram-se1,7% e 0,7%, respectivamente. As vendas dos demais derivados reduziram-se em7% e as de gasolina automotiva, considerada a adio de lcool anidro, em 6,2%.

    O consumo de lcool carburante declinou 19,7% em 2000. As vendas de lcoolanidro declinaram, isoladamente, 12%, evoluo atribuda, em parte, mudana daproporo de lcool anidro na composio da gasolina automotiva, que diminuiude 24% para 20%, a partir de agosto ltimo. As vendas de lcool hidratado, que vmapresentando reduo desde 1996, mantiveram essa tendncia, com queda de 27%em 2000. A mdia diria de venda de lcool hidratado equivaleu a 75,7 mil barrisdirios, sendo superada pela relativa a lcool anidro, da ordem de 85,7 mil barrisdirios.

    Com referncia energia eltrica, o consumo total cresceu 4,6% em 2000, deacordo com as Centrais Eltricas Brasileiras S.A. (Eletrobrs). A classe comercial,que representa cerca de 15,5% do mercado total, assinalou a maior elevao, 8,5%.O consumo industrial de energia acompanhou o aumento da utilizao da capacidadeinstalada da indstria, expandindo-se 5,9%. O consumo residencial, com participao

    4XDGUR'HULYDGRVGHSHWUyOHRHiOFRROFDUEXUDQWH

    Consumo aparente - mdia diria (1.000 b/d)Discriminao 1998 1999 2000

    Petrleo 1 382 1 385 1 362 leos combustveis 186 185 173 Gasolina 313 308 295 leo diesel 589 596 600 Gs liquefeito 205 215 218 Querosene de aviao 86 79 72 Demais derivados 3 3 4

    lcool carburante 201 201 161 Anidro 94 97 86 Hidratado 107 104 76

    Fonte: ANP

  • 28 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    de 27,3% no consumo total, apresentou expanso mais moderada, 2,7%, taxaexplicada pela queda do rendimento mdio real das pessoas ocupadas, pelaelevao das tarifas e pela ocorrncia de temperaturas mais amenas ao longo doano, resultando em decrscimo do consumo mdio residencial. Segundo a Eletrobrs,foram realizadas cerca de 158 mil novas ligaes mensais ao longo de 2000, o queelevou o nmero de consumidores residenciais em 4,9%, atingindo 40,3 milhes.Entretanto, parcela significativa dessas ligaes ocorreu em residncias que secaracterizam por apresentar padro de baixo consumo de energia eltrica. Oagregado das demais classes, que inclui consumo rural, iluminao pblica,poderes pblicos, servios pblicos e consumo prprio, cresceu apenas 0,1%,evoluo devida, em parte, diminuio dos nveis de irrigao.

    Por regio, o consumo de energia no Sudeste, que compreende cerca de 57% dototal, elevou-se 3,9%. O consumo industrial na regio cresceu 4,9%, enquanto ocomercial e o residencial ampliaram-se 8,8% e 1,7%, respectivamente.

    O consumo total das regies Norte, Centro-Oeste e Sul cresceu acima da mdianacional, apresentando variaes de 7,4%, 6% e 5,8%, respectivamente. A RegioNordeste acompanhou a mdia do pas, apresentando incremento de 4,5%. Cabedestacar os crescimentos do consumo da classe industrial nas Regies Sul e Centro-Oeste, de 10,5% e de 10,2%, respectivamente, bem como da classe residencial naRegio Norte, 7,9%, substancialmente superiores s variaes mdias verificadaspara o pas.

    Indicadores de comrcio

    Segundo as Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, a atividade no comrcioapresentou expanso de 5,5% em 2000, ante 0,3% em 1999. Essa recuperao

    4XDGUR&RQVXPRGHHQHUJLDHOpWULFD

    GWhDiscriminao 1998 1999 2000

    Total 284 737 292 188 305 570

    Por setores Comercial 41 561 43 588 47 384 Residencial 79 364 81 291 83 491 Industrial 122 099 123 893 131 234 Outros 41 713 43 416 43 461

    Fonte: Eletrobrs

    1/ No inclui autoprodutores.

  • I A economia brasileira / 29

    esteve associada evoluo positiva do mercado de trabalho e expanso docrdito, que refletiu a contrao da taxa mdia mensal de juros no segmento, de7,5%, em janeiro, equivalente a 138,2% a.a., para 6,8% em dezembro, ou 121,5%a.a., de acordo com a Associao Nacional dos Executivos de Finanas,Administrao e Contabilidade (Anefac).

    A evoluo dos ndices de inadimplncia tambm mostrou-se favorvel em 1999.Assim, a taxa lquida de inadimplncia, medida pelo Servio de Proteo aoCrdito da Associao Comercial de So Paulo, declinou de 5,3%, em dezembrode 1999, para 4,2% ao final de 2000. Considerando a taxa mdia anual, observou-se reduo mais acentuada, de 9,6%, em 1999, para 5,8%. O indicador nacional,calculado pela Teledata, com base em informaes coletadas em 10 grandescidades brasileiras1 , tambm evidenciou contrao da taxa de inadimplnciamdia, de 1,3%, em dezembro de 1999, para 1,2% no ms correspondente em 2000.Em sentido inverso, a participao dos cheques devolvidos por insuficincia defundos no total dos cheques compensados, estatstica com abrangncia nacional,elevou-se de 3,1%, em dezembro de 1999, para 3,5% em dezembro de 2000.

    De acordo com a Federao de Comrcio do Estado de So Paulo (FCESP), ofaturamento real expandiu-se 10,4% em 2000, desempenho influenciadoprincipalmente pelo crescimento das vendas de bens de consumo, que registraramtaxas de expanso de 13,7% no segmento de durveis e de 15,7% no de no-durveis, compensando a queda de 34,5% no faturamento dos bens semidurveis.As vendas reais associadas ao comrcio automotivo e a materiais de construoexpandiram-se 13,8% e 4,5%, respectivamente, no ano.

    O indicador que agrega resultados do comrcio varejista do Rio de Janeiro, de SoPaulo, de Salvador e de Recife, com base em ponderao da Pesquisa Anual doComrcio do IBGE, de 19962 , apresentou crescimento de 4,7% em 2000, refletindoa expanso de 12,2% no segmento automotivo. As vendas reais de bens de consumoe de materiais de construo cresceram, respectivamente, 4,6% e 0,6%. Alm deSo Paulo, apenas em Belo Horizonte o faturamento real do comrcio elevou-se emrelao a 1999, 4%, registrando-se quedas de 5,5% no Rio de Janeiro, de 1,1% emRecife e de 0,6% em Salvador.

    No segmento de supermercados, as vendas reais voltaram a apresentar reduo em2000, de 1,2%, aps queda de 2,8% no ano anterior, segundo a AssociaoBrasileira de Supermercados (Abras). Observe-se que parte do resultado negativodecorreu do uso do ndice Geral de Preos - Disponibilidade Interna (IGP-DI)como deflator, ndice cuja variao, nesse ano, manteve-se acima das apresentadas

    1 Belm, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, So Paulo, Ribeiro Preto, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre.

    2 Ponderao por regio metropolitana: So Paulo, 53,6%; Rio de Janeiro, 24,8%; Belo Horizonte, 12,5%; Salvador, 5,2%; e Recife, 3,66%.

  • 30 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    pelos ndices de preos ao consumidor. No comrcio atacadista, cujo clculo dofaturamento real igualmente utiliza o IGP-DI como deflator, a reduo totalizou0,5%, segundo a Associao Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad).

    Indicadores da produo agropecuria

    A agropecuria apresentou expanso de 3% em 2000, ante 7,4% no ano anterior.Esse resultado decorreu de crescimentos de 2,8% no produto das lavouras e de3,1% no da pecuria. Na atividade extrativa vegetal, cuja participao no PIB inferior a 1%, houve elevao de 4,3%.

    Em relao s medidas de fomento produo agrcola, o Plano Agrcola paraa safra 1999/2000 previu a aplicao de R$ 13 bilhes, representando acrscimode R$ 3 bilhes ante o montante alocado na safra anterior. Foram mantidas asprincipais regras em relao aos crditos de custeio e de investimento, assimcomo o cerne do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar(Pronaf) e do Programa de Gerao de Emprego e Renda Rural (ProgerRural).

    No ocorreu alterao da taxa de juros para recursos controlados, estabelecida em1999, em 8,75% a.a. O desenvolvimento da agricultura familiar continuou merecendotratamento privilegiado. As taxas de juros para financiamentos de despesas decusteio no mbito do Pronaf foram reduzidas de 5,75% a.a. para, no mnimo, 2%a.a., e, no mximo, 4% a.a. Os recursos para gastos com investimento tambm

    4XDGUR)DWXUDPHQWRUHDOGRFRPpUFLR

    Variao percentualDiscriminao 1997 1998 1999 2000

    Atacadista 2,1 3,6 3,5 -0,5

    Varejista Brasil

    ... ... -2,9 4,7 So Paulo -2,1 3,5 -0,6 10,4 Rio de Janeiro -13,3 -11,2 -3,2 -5,5 Belo Horizonte -12,6 -20,9 -11,2 4,0

    Supermercados -0,4 6,1 -2,8 -1,2

    Fonte: Abad, FCESP, IBGE, FCEMG e Abras

    1/ Deflacionado pelo IGP-DI.2/ Ponderado pela Pesquisa Anual do Comrcio do IBGE, de 1996: So Paulo (53,61%), Rio de Janeiro (24,83%), Belo Horizonte (12,54%), Salvador (5,16%) e Recife (3,86%).3/ Deflacionado pelo IPCA.4/ Deflacionado pelo IPCA Rio de Janeiro.5/ Deflacionado pelo IPCA Belo Horizonte.

  • I A economia brasileira / 31

    tornaram-se mais acessveis, com o custo passando de 50% da TJLP mais 6% a.a.para taxas que podem variar no intervalo de 1% a.a. a 3% a.a.

    A safra de gros em 2000 alcanou 83,1 milhes de toneladas, superando em 0,9%a colhida em 1999, de acordo com o Levantamento Sistemtico da ProduoAgrcola (LSPA), realizado pelo IBGE em dezembro. Esse crescimento decorreu,basicamente, da recuperao das lavouras nas regies Norte e Nordeste, onde ocrescimento totalizou 27%, refletindo as excelentes colheitas de algodo herbceo,soja e milho. J os resultados relativos s regies Sudeste, Sul e Centro-Oeste, queconcentram cerca de 88% da produo de cereais, leguminosas e oleaginosas,registraram queda de 1,7% no conjunto da produo, ocasionada por estiagem egeadas que prejudicaram o desenvolvimento das lavouras de importantes centrosprodutores. Em termos absolutos, a produo por regio distribuiu-se em 37,6milhes de toneladas no Sul, 24,1 milhes no Centro-Oeste, 12,5 milhes noSudeste, 5,9 milhes no Nordeste e 2,3 milhes no Norte.

    A produo de soja, responsvel por 39% da safra de gros, atingiu 32,7 milhesde toneladas, a maior de todos os tempos, expandindo-se 5,8% relativamente

    4XDGUR3URGXomRDJUtFRODSULQFLSDLVFXOWXUDV

    Milhes de toneladasProdutos 1998 1999 2000

    Gros 75,2 82,4 83,1 Algodo (caroo) 0,8 1,0 1,3 Arroz (em casca) 7,7 11,8 11,1 Feijo 2,2 2,8 3,1 Milho 29,5 32,0 31,7 Soja 31,4 30,9 32,7 Trigo 2,2 2,4 1,7 Outros 1,3 1,4 1,6

    Variao da safra de gros (%) - 3,0 9,5 0,9

    Outras culturas Banana (em milhes de cachos) 532,5 553,0 630,0 Batata-inglesa 2,7 2,8 2,6 Cacau (amndoas) 0,3 0,2 0,2 Caf (em coco) 3,5 3,3 3,7 Cana-de-acar 339,0 337,2 317,6 Fumo (em folhas) 0,5 0,6 0,6 Laranja (em milhes de frutos) 103,7 113,8 108,6 Mandioca 19,7 20,9 23,2 Tomate 2,8 3,3 3,1

    Variao do produto real da lavoura (%) 1,3 8,3 2,8

    Fonte: IBGE

  • 32 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    colheita passada, reflexo de aumentos de 4,7% na rea cultivada e de 1% norendimento mdio. Devido a problemas climticos, as regies Sudeste e Sulobtiveram colheitas inferiores s do ano anterior. Nas demais regies, a produtividadefoi elevada, em especial no estado de Mato Grosso, onde atingiu 3.022 kg/ha,superando a mdia brasileira de 2.400 kg/ha. As exportaes em gros alcanaram11,5 milhes de toneladas, 2,6 milhes acima das efetuadas em 1999. A evoluodos preos foi favorvel ao longo do ano, tanto no mercado externo quanto nointerno, onde o preo mdio mensal para a saca de 60 quilos passou de R$ 18,30,em janeiro, para R$ 19,10 em dezembro, segundo o Instituto de Economia Agrcolade So Paulo.

    A colheita de milho somou, nas duas safras do ano, 31,7 milhes de toneladas,declinando 1% em relao do ano anterior. A recuperao dos preos nacomercializao, iniciada em 1998 e mantida no ano seguinte, incentivou oaumento de 1,6% na rea plantada da primeira safra, quando foram colhidas 27,7milhes de toneladas, 1,7 milho a mais que em 1999. O desempenho, entretanto,evoluiu de forma diferente nas diversas regies produtoras, registrando-se, noestado do Mato Grosso do Sul, fortemente afetado por problemas climticos, quedade 43% na produo, enquanto no Nordeste a colheita apresentou crescimento de47,9%. A segunda safra de milho registrou fraco desempenho em funo daestiagem, presente durante quase todo ciclo da lavoura, e das fortes geadasocorridas em julho no Paran, que provocaram queda de 60,4% na produoesperada para esse estado. Embora a rea total plantada na segunda safra tenha sidoampliada em 7%, o rendimento mdio atingiu 1.955 kg/ha, ante 2.452kg/ha nomesmo plantio do ano anterior. Foram importadas 7,5 milhes de toneladas demilho no ano, 115% a mais que em 1999, para atender o consumo interno, estimadoem 34,5 milhes de toneladas. Os preos mantiveram-se elevados ao longo do ano,em razo do baixo patamar dos estoques e do encarecimento das importaes.

    A rizicultura apresentou desempenho inverso ao do ano anterior, quando registraracrescimento de 51,6%. Assim, a produo de arroz em 2000 atingiu 11,1 milhesde toneladas, declinando 5,4% ante a quantidade produzida em 1999. Essedecrscimo foi influenciado, notadamente, pela queda de 11,43%, provocada pelaestiagem, na produo do Rio Grande do Sul, estado que produziu 44,7% da safranacional de arroz. Ocorreram redues, ainda, na rea cultivada, 4,6%, e naprodutividade, 1%. Apenas na regio Nordeste ocorreram resultados positivos,embora a produtividade mdia de 1.647 kg/ha tenha sido acentuadamente inferior mdia brasileira, de 3.036 kg/ha, e do Sul, de 5.137 kg/ha. No estado do MatoGrosso, segundo maior produtor desse cereal, a reduo da rea plantada atingiu7,2%, tendo sido compensada pela expanso de 10,1% na produtividade. Oconsumo interno totalizou 11,7 milhes de toneladas, situando-se no mesmopatamar de 1999, tendo as importaes declinado 39,6%, devido ao alto volume deestoque existente no incio do ano.

  • I A economia brasileira / 33

    A produo de feijo somou 3 milhes de toneladas em 2000, 6,7% superior safrapassada. Embora tenha havido diminuio da rea plantada, a rea colhida de 4,3milhes de hectares e o rendimento mdio de 699 kg/hectare ultrapassaram em3,7% e 2,9%, respectivamente, os de 1999. Na primeira safra, que totalizou 1,7milho de toneladas, apenas a Regio Sul, principal produtora, com 662 miltoneladas, no apresentou resultados positivos, em virtude da forte estiagem, queafetou as lavouras ao longo do ciclo produtivo. No Nordeste, a colheita de 612 miltoneladas foi recorde e representou 35,9% da referida safra, beneficiada pelascondies climticas, principalmente na Bahia, maior produtor nordestino. Nasegunda safra, foram colhidas 1,1 milho de toneladas, em rea de 1,7 milho dehectares, com aumentos de 7,6% e de 8,7%, respectivamente, sobre a mesma safrado ano anterior. O Nordeste, responsvel por 48,3% dessa colheita, foi a nicaregio a apresentar incrementos tanto em rea quanto em produo, destacando-sea colheita de 108,8 mil toneladas no estado da Paraba, ante 20,4 mil na safraanterior. As redues verificadas em todas as outras regies refletiram o efeitoprovocado pelos baixos preos praticados durante a comercializao da primeirasafra e pela estiagem que atingiu importantes centros produtores. Finalmente, aterceira safra apresentou resultado inverso ao das duas safras anteriores, comdeclnios de 36,6% na rea colhida e de 29,6% na produo. Essas quedasdecorreram dos baixos preos recebidos pelos produtores durante a comercializaoda primeira e da segunda safras. Para atender o consumo, foram importadas 78,5mil toneladas, 15,4% menos que no ano anterior.

    A triticultura, cuja colheita de 1,7 milho de toneladas contraiu-se 31,8% ante aobtida em 1999, apresentou o segundo resultado mais desfavorvel da ltimadcada, apenas superior ao relativo a 1995. Mesmo com expanso de 21,6% da reaplantada, a estiagem observada nas regies Sul, Sudeste e Centro-Oeste, atmeados do ano, e as geadas ocorridas em julho, determinaram a queda da produo.Na Regio Sul, de onde provm 94,4% da safra nacional, o declnio atingiu 31,4%.No Paran, as lavouras foram atingidas pela estiagem nos perodos iniciais dodesenvolvimento vegetativo e pelas geadas nas fases de florao e frutificao.Assim, a safra paranaense, que, em 1999, alcanara 1,5 milho de toneladas,declinou para 635,4 mil toneladas em 2000. A demanda interna, estimada em tornode 10 milhes de toneladas, foi complementada com importaes de 7,5 milhes detoneladas e com a utilizao de estoques.

    A produo de algodo herbceo em caroo alcanou 1,9 milho de toneladas em2000, repetindo o volume obtido em 1999. Excetuando-se a Regio Norte, cujaparticipao na produo nacional praticamente inexpressiva, a cultura apresentouexcelente desempenho, com destaque para o Nordeste e o Centro-Oeste, onde osacrscimos de produo foram, respectivamente, de 136% e de 34,5%. O estado deMato Grosso vem-se consolidando, nos ltimos trs anos, como o maior produtorbrasileiro, tendo sido responsvel, na ltima safra, por 47,5% do total produzido

  • 34 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    no pas. A produtividade nesse estado, de 3.380 kg/ha, tambm superouacentuadamente a mdia nacional, de 2.023 kg/ha. Os principais fatores responsveispor esse desempenho foram o uso intensivo de tecnologia, o clima favorvel eincentivos governamentais, como a reduo na alquota do Imposto sobre Circulaode Mercadorias e Servios (ICMS).

    A produo de caf em coco atingiu 3,7 milhes de toneladas, superando em 11,7% aobtida na safra anterior. A produtividade, que, na cafeicultura, tem caractersticabianual, foi ampliada em 8,4%. O Sudeste colheu 81,6% da safra nacional, sendo oestado de Minas Gerais o maior produtor, com 1,6 milho de toneladas, e o de So Pauloo responsvel pelo melhor rendimento mdio alcanado, de 2.004 kg/ha. Na safra de1999, observara-se manuteno dos preos, haja vista que os estoques internacionaisainda no eram considerados altos. Essa situao foi revertida em 2000, quando oaumento da quantidade ofertada se conjugou com estoques elevados nos pasesconsumidores. A crescente complexidade do mercado levou criao do plano dereteno de safras, assinado pela Associao dos Pases Produtores de Caf (APPC),para disciplinar a oferta mundial. Nas ltimas semanas do ano, as cotaes da saca decaf beneficiado oscilaram entre 120 e 140 dlares, valores considerados poucoatraentes pelos cafeicultores, ante os altos custos de produo. As exportaes de cafem gro alcanaram 967 mil toneladas, com declnio de 24% em relao a 1999.

    Seguindo tendncia observada desde 1994, a produo da pecuria expandiu-se em2000, tendo registrado taxa de 3,3%, ante 6,9% em 1999. A produo de carnesexpandiu-se em todos segmentos, de acordo com a Pesquisa Trimestral do Abate deAnimais, realizada pelo IBGE. A maior expanso ocorreu na produo de sunos,8,8%, seguindo-se a de frangos, 8,6%, e a de bovinos, 2,4%. A produo de leitetambm elevou-se, em 6%. A expanso das exportaes foi generalizada, com omelhor desempenho tendo sido alcanado pela carne suna, cujas vendas externastotalizaram 127,9 mil toneladas, superando em 46,5% as realizadas em 1999. Asexportaes de carne bovina atingiram 215,6 mil toneladas e as de frangos, 949,6 miltoneladas, representando elevaes de 27,4% e de 19,3%, respectivamente.

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    1999 2000

    Grfico 1.53URGXomRDQLPDO

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    Fonte: IBGE

  • I A economia brasileira / 35

    Indicadores de emprego

    Os indicadores de emprego traduziram a recuperao do nvel de atividade, evoluindofavoravelmente ao longo de 2000, nos segmentos formal e informal. O desempregoaberto medido pelo IBGE, considerando taxas do ltimo ms do ano, declinousignificativamente, atingindo patamar semelhante ao de 1997, enquanto as estatsticasdo emprego formal do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE) mostraram ainterrupo da tendncia de queda do nvel de ocupao, delineada desde 1995.

    Em 2000, foram criados 657,6 mil postos de trabalho com carteira assinada,conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do MTE.Esse resultado no foi suficiente para compensar a eliminao de 1,62 milho depostos de trabalho registrada entre 1995 e 1999, perodo em que, consideradas asmdias anuais dos ndices de emprego, ocorreram as contraes mais acentuadas:2,52% em 1999 e 1,85% em 1996. Em 2000, registrou-se aumento mdio anual de1,8%, com o ndice de dezembro de 2000 situando-se 3,12% acima do observadoem igual ms do ano anterior, tendo ocorrido crescimento mensal do ndice em todoo ano, considerada a srie dessazonalizada. Setorialmente, na construo civil e emservios industriais de utilidade pblica houve eliminao de 1,6 mil e 15,3 mil,empregos, respectivamente, enquanto, em termos absolutos, o melhor resultadoocorreu nos servios, onde foram geradas 283,9 mil vagas. Na indstria detransformao, houve acrscimo de 192,9 mil postos de trabalho e no comrcio, de175,5 mil.

    Conforme registros do MTE, em 2000, houve 4,24 milhes de requerimentos aoseguro-desemprego, com 4,13 milhes de benefcios concedidos. Esse resultadorepresentou queda de 4,52% do total de requerimentos e de 4,85% do nmero desegurados, comparativamente a 1999. A diminuio do nmero de benefciosocorreu nas faixas de salrios superiores a dois salrios mnimos. Nas demaisfaixas, verificaram-se aumentos: at um salrio mnimo, de 7,14%; entre um e 1,5salrio mnimo, de 11,23%; e, entre 1,51 e dois salrios mnimos, de 1,32%.

    Por setores, o emprego industrial expandiu-se 0,97% em 2000, reagindo ao crescimentoda produo fabril, de acordo com a pesquisa mensal realizada pela Fiesp. Arecuperao do nvel de ocupao na indstria, considerando comparaes commeses correspondentes do ano anterior, iniciou-se em maro e acentuou-se ao longodo ano, conforme evidenciado pela evoluo das taxas de expanso, de 0,35% para1,73%, no perodo. A pesquisa semanal, resultado de levantamento da Fiesp em 47sindicatos patronais, mostrou resultado ainda mais favorvel, com crescimento de1,71% do nmero de postos de trabalho, ocorrendo gerao de 27,4 mil ocupaesem 2000. Dos 47 sindicatos pesquisados, em cinco registrou-se variao acumuladano ano superior a 10%: artefatos de borracha, 10,07%, azeite e leos alimentcios,12,76%, materiais e equipamentos ferrovirios e rodovirios, 12,85%, fundio,

  • 36 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    15,83%, e calados de Franca, 16,69%. Em 17 segmentos verificou-se variaonegativa, que atingiu 13,73% em relojoaria e 29,5% em bebidas.

    As estatsticas agregadas do setor industrial de doze estados, divulgadas pela CNI,tambm mostraram aumento do nvel de emprego. Nesse sentido, a mdia dosndices mensais revelou aumento de 0,76%, em relao a 1999, resultado maisfavorvel desde o incio da pesquisa, em 1993. Registrou-se queda do nvel deemprego no Rio de Janeiro, 3,82%, Minas Gerais e Bahia, 1,86%, e Paran, 1,63%.Nos estados onde ocorreu aumento do emprego industrial, as maiores variaes

    Fonte: Ministrio do Trabalho e Emprego

    Grfico 1.61tYHOGHHPSUHJRIRUPDO

    Variao percentual em 12 meses

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    Mar1999

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    Mar1999

    Jun Set Dez Mar2000

    Jun Set Dez

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    Mar1999

    Jun Set Dez Mar2000

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    Mar1999

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    Mar1999

    Jun Set Dez Mar2000

    Jun Set Dez

    %

  • I A economia brasileira / 37

    foram observadas em Santa Catarina, 3,42%, e no Rio Grande do Sul, 5,02%,situando-se, nos demais, no intervalo de 0,43% a 1,91%.

    Em 2000, exceto em fevereiro e maio, a taxa mdia de desemprego aberto,divulgada pela Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE, situou-se abaixo daregistrada em meses correspondentes de 1999, determinando mdia anual de7,14%, ante 7,56% no ano anterior. Considerando os dados do segundo semestrede cada ano, as mdias alcanaram 6,46% e 7,29%, respectivamente, evidenciandoreduo do desemprego mais acentuada na segunda metade do ano. O comportamentodo desemprego decorreu das evolues favorveis dos contingentes de ocupadose de desocupados. Em todo o ano, as comparaes com meses correspondentes de1999 mostraram tendncia de crescimento da populao ocupada. O nmero dedesocupados, entretanto, somente mostrou tendncia de decrscimo a partir dejunho, haja vista que a recuperao da atividade econmica provoca aumento donmero de pessoas que entram ou retornam ao mercado de trabalho em busca deemprego, diante das novas perspectivas. Na mdia do ano, o nmero de ocupadoscresceu 4,26%, enquanto o de desocupados declinou 2,05%. Em dezembro de2000, a Pesquisa Mensal do Emprego, que abrange seis regies metropolitanas,registrou populao economicamente ativa (PEA) de 18,2 milhes de pessoas,determinando variao de 1,34% em relao ao mesmo ms do ano anterior.

    Em todos os meses do ano, o Rio de Janeiro apresentou a menor taxa de desempregoaberto dentre as seis regies metropolitanas cobertas pela Pesquisa Mensal doEmprego, enquanto em Salvador registraram-se as maiores taxas. Os resultados daRegio Metropolitana de So Paulo, se comparados com os das demais regies,foram mais favorveis em 2000, apesar de continuarem, com exceo de dezembro,acima da taxa mdia. As segundas maiores taxas de desemprego foram registradas,alternadamente, em Recife e em Belo Horizonte. A Regio Metropolitana de PortoAlegre apresentou comportamento oscilante, com taxas abaixo da mdia em seismeses do ano.

    Grfico 1.77D[DPpGLDGHGHVHPSUHJRDEHUWRVHPDQD

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    1998 1999 2000

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    6HUYLoRV 7D[DPpGLD

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    Fonte: IBGE

  • 38 / Boletim do Banco Central do Brasil - Relatrio Anual 2000

    O aumento do nvel de ocupao ocorreu de forma generalizada entre as diversascategorias. Em todas elas, o nmero de ocupados em 2000 foi superior aoverificado nos meses correspondentes do ano anterior, registrando-se a nicaexceo em janeiro, quando o nmero de empregadores situou-se 2,19% abaixo doobservado em 1999. Comparando as mdias anuais, o maior aumento ocorreu nocontingente de empregados sem carteira assinada, 8,77%, seguindo-se os relativosao nmero de trabalhadores por conta prpria, 3,39%, ao de empregadores, 3,18%,e ao de empregados com registro em carteira, 2,19%.

    A Pesquisa de Emprego e Desemprego, realizada pela Fundao Sistema Estadualde Anlise de Dados (Seade) em parceria com o Departamento Intersindical deEstatstica e Estudos Scioeconmicos (Dieese), abrangendo domiclios daRegio Metropolitana de So Paulo, mostrou queda da taxa mdia de desempregototal, de 19,28%, em 1999, para 17,67% em 2000. As taxas de desemprego,calculadas em mdias mveis trimestrais, foram inferiores em comparao s doano anterior em todos os perodos, a partir de janeiro de 2000, assinalando-seque, entre os meses de dezembro de 1999 e de 2000, 73 mil pessoas foramincorporadas PEA da regio. Comparando as mdias anuais, a queda da taxa dedesemprego decorreu tanto da diminuio de 6,59% da populao desocupadacomo do aumento de 4,02% do nvel de ocupao. De acordo com essa base decomparao, houve aumento do nmero de ocupados em todas as categoriasconsideradas, com a taxa mais expressiva, 14,73%, ocorrendo em empregadossem carteira assinada, e a menor, 2,5%, em empregados com carteira assinadapelo setor privado. No setor pblico, registrou-se aumento de 4,04% do nmerode ocupados, enquanto o nmero de autnomos cresceu 4,53%. Esse resultadoconfirma os apresentados pelo Ministrio do Trabalho e Emprego, que mostroubaixo crescimento do nvel de emprego formal na Regio Sudeste, 1,41%. Naregio Norte, a taxa de crescimento atingiu 3,75%, e nas regies Nordeste, Sul eCentro-Oeste, 2,07%, 2,4% e 2,48%, respectivamente. Em relao aos diferentessetores, o menor crescimento, 1,02%, ocorreu no comrcio, seguido pela variaode 2,18% nas outras atividades, e os mais elevados, na indstria de transformao,4,77%, e em servios, 5,07%.

    Indicadores de salrios e rendimentos

    A evoluo dos indicadores de salrios e de rendimentos mostrou, ao longo de2000, tendncia generalizada de recuperao em todos os setores e todas ascategorias ocupacionais. Em So Paulo, de acordo com a pesquisa realizada pelaFiesp, os salrios mdios reais pagos na indstria, considerando o ndice de Preosao Consumidor - Fundao Instituto de Pesquisas Econmicas (IPC-Fipe) comodeflator, expandiram-se 2,67%, na comparao da mdia de 2000 com a do anoanterior. Esse resultado, combinado com o crescimento de 0,97% do nvel de

  • I A economia brasileira / 39

    emprego, determinou aumento de 3,75% da massa salarial. Acompanhando osresultados da Fiesp, a massa salarial, calculada pela CNI em doze estados dafederao e deflacionada pelo ndice Nacional de Preos ao Consumidor (INPC),cresceu, em mdia, 2,79% no ano, resultado insuficiente, entretanto, para recuperaras perdas de 4,91% e de 9,29%, relativas a 1998 e 1999, respectivamente. Oaumento do nvel de emprego industrial, em patamar inferior a 2,79%, sugere que,na mdia, os salrios reais pagos no setor superaram, neste ano, os referentes ao anoanterior.

    De acordo com o Caged, ocorreu aumento de 5,31% dos salrios mdios deadmisso em 2000. Dentre os setores considerados, os salrios iniciais doscontratados em servios foram os que mais cresceram, 10,07%, seguidos pelosassociados construo civil, 6,47%, indstria, 5,43%, ao comrcio, 2,69%, e agropecuria, 0,53%. Com exceo do comrcio, setor onde o maior salrio mdiode admisso correspondeu a dezembro de 1999, os maiores salrios iniciais mdiosforam pagos em 2000, atingindo o patamar mais elevado, R$ 520,13, nos servios.A mdia registrada na indstria, R$ 420,43, situou-se prxima