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Colegiado de Psicologia UNIME – Itabuna/BA Colegiado de Psicologia: Elaide dos Santos Nascimento – Itabuna/2018 1 RELAÇÕES ABUSIVAS: UM OLHAR COGNITIVO-COMPORTAMENTAL Elaide dos Santos Nascimento 1 Kellen Verena Silva Souza 2 RESUMO O artigo aborda a problemática das relações abusivas um problema de saúde pública que vendo sendo amplamente discutido. Trata-se de um fenômeno de alta prevalência que se expressa de inúmeras formas tais como violência física, psicológica, sexual, moral e patrimonial. Deste modo, essa pesquisa visa identificar quais são os fatores (esquemas) que levam a mulher a permanecer na relação abusiva. Com métodos de natureza exploratória, buscou dados na literatura, cujos resultados foram exibidos de forma qualitativa. Através dos dados coletados constatou-se que há diversos motivos que levam a mulher a se manter nesses relacionamentos, que estão associados a fatores como dependência financeira, as estratégias de coping desenvolvidas por cada uma, influência religiosa, esquemas iniciais desadaptativos, enfim aspectos referentes à sua vulnerabilidade social e psíquica. Conclui-se, portanto, que embora as pesquisas acerca da violência conjugal sejam volumosas, ainda existem muitos questionamentos que precisam ser investigados com mais afinco, pois é notório o grande aumento da sua ocorrência, logo é imprescindível ações de maior efeito no intuito de mobilizar a sociedade como um todo para mitigar esse problema. Palavras Chave: Relações abusivas. Violência conjugal. Terapia cognitivo- comportamental 1 INTRODUÇÃO As relações abusivas mais precisamente aquela que acontece entre casais, a violência conjugal, se caracteriza pelo excesso de poder sobre o outro e a vontade de controlar e dominar o cônjuge. Em contrapartida a vítima apropria-se da posição 1 Discente do 9º período do curso de Psicologia. 2 Psicóloga; Mestre em ciências e Técnicas Nucleares pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.

RELAÇÕES ABUSIVAS: UM OLHAR COGNITIVO ......aquela que se faz presente em um relacionamento abusivo, isto é, a violência conjugal, aquela que acontece entre casais. De acordo com

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Colegiado de PsicologiaUNIME – Itabuna/BA

Colegiado de Psicologia: Elaide dos Santos Nascimento – Itabuna/2018

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RELAÇÕES ABUSIVAS: UM OLHAR COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Elaide dos Santos Nascimento1

Kellen Verena Silva Souza2

RESUMO

O artigo aborda a problemática das relações abusivas um problema de saúde pública que vendo sendo amplamente discutido. Trata-se de um fenômeno de alta prevalência que se expressa de inúmeras formas tais como violência física, psicológica, sexual, moral e patrimonial. Deste modo, essa pesquisa visa identificar quais são os fatores (esquemas) que levam a mulher a permanecer na relação abusiva. Com métodos de natureza exploratória, buscou dados na literatura, cujos resultados foram exibidos de forma qualitativa. Através dos dados coletados constatou-se que há diversos motivos que levam a mulher a se manter nesses relacionamentos, que estão associados a fatores como dependência financeira, as estratégias de coping desenvolvidas por cada uma, influência religiosa, esquemas iniciais desadaptativos, enfim aspectos referentes à sua vulnerabilidade social e psíquica. Conclui-se, portanto, que embora as pesquisas acerca da violência conjugal sejam volumosas, ainda existem muitos questionamentos que precisam ser investigados com mais afinco, pois é notório o grande aumento da sua ocorrência, logo é imprescindível ações de maior efeito no intuito de mobilizar a sociedade como um todo para mitigar esse problema.

Palavras Chave: Relações abusivas. Violência conjugal. Terapia cognitivo-comportamental

1 INTRODUÇÃO

As relações abusivas mais precisamente aquela que acontece entre casais, a

violência conjugal, se caracteriza pelo excesso de poder sobre o outro e a vontade

de controlar e dominar o cônjuge. Em contrapartida a vítima apropria-se da posição

1 Discente do 9º período do curso de Psicologia.2 Psicóloga; Mestre em ciências e Técnicas Nucleares pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.

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de objeto, assumindo a função de satisfação dos desejos do outro, em detrimento

dos seus. Geralmente se instala de forma tênue e vai formando uma dinâmica

relacional completamente destrutiva. No entanto ela não se restringe a idade, etnia,

classe social ou orientação sexual, podendo acontecer com qualquer pessoa.

Quando se fala de relacionamento abusivo muitas pessoas já o retratam

como violência física, mas ela pode assumir outras formas de abusos tais como

psicológico, sexual, moral e até mesmo patrimonial. Todas elas refletem diretamente

na saúde física e mental das mulheres, acarretando em diversas consequências que

variam de intensidade, por vezes são irreparáveis, visto que muitas permanecem

durante anos nessa condição de violência. Além disso, essa violência pode ser

exercida tanto pelo homem como pela mulher, contudo na maioria dos casos o autor

é o parceiro, a vista disso, essa pesquisa está direcionada para o que acontece com

maior frequência, ou seja, nas relações em que o parceiro agride a sua

companheira.

Mesmo diante de inúmeras medidas e leis que foram implementadas para

proteger a integridade da mulher, percebe-se através dos meios de comunicação,

principalmente, que as relações abusivas têm crescido a cada dia no mundo.

Pesquisa aponta que das mulheres que sofreram alguma forma de violência, 31%

ainda permanecem no relacionamento e 14% delas continuam sendo agredida pelo

companheiro (DATASENADO, 2013). Diante do exposto, considera-se relevante

investigar os fatores envolvidos na permanência da mulher em uma relação abusiva,

pois a compreensão destes oportunizaria uma redução nos estigmas, levando

assim, uma mudança nessa visão discriminatória para uma mais compreensiva.

Além disso, expor as razões e identificar a relação de certos fatores com o

relacionamento abusivo, e até mesmo aspectos que expliquem o aumento no

número de casos de violência psicológica, possibilitaria estimular reflexões,

conscientizações e intervenções mais efetivas que ajudassem as vítimas que se

encontram nessa situação.

Essa pesquisa tem o propósito de analisar quais os fatores (esquemas) que

levam a mulher a permanecer na relação abusiva. Para tanto, buscou-se realizar

uma revisão na literatura sobre a temática, cujos resultados foram expressos de

modo qualitativo. Logo, para simplificar o entendimento foi contextualizado acerca da

relação abusiva, apontado às consequências geradas por esse tipo de

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relacionamento e por fim, apresentados os fatores que levam a mulher a

permanecer nessa dinâmica abusiva.

2 VIOLÊNCIA CONJUGAL: CONCEITO, PREVALÊNCIA E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

A violência está estabelecida na sociedade desde muito tempo, realizada

como forma de sobrevivência frente às dificuldades encontradas no ambiente. Esse

é um fenômeno que se faz presente na esfera pública e também dentro do espaço

privado. Sendo assim, essa prática levou ao desenvolvimento de suas várias faces,

gerando uma preocupação na atualidade, pois esta tem tomado proporções

alarmantes.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como:

O uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação (KRUG et al., 2002, p. 27).

Nesse contexto diante das inúmeras manifestações da violência encontra-se

aquela que se faz presente em um relacionamento abusivo, isto é, a violência

conjugal, aquela que acontece entre casais. De acordo com Teles & Melo (2002

apud Marques, 2005, p.19) “o drama da violência conjugal manifesta-se tanto nas

relações entre cônjuges, ex-cônjuges ou ex-parceiros, como também em outras

relações afetivas incluindo noivos ou namorados”.

Para Lamoglia & Minayo (2009) a violência conjugal é um fenômeno que

envolve uma ampla gama de significados e se apresenta de muitas maneiras, por

meio de abusos sexuais, psicológicos, maus tratos entre outros. Ela independe de

raça, etnia, classe social, idade e orientação sexual. Apesar das razões serem

inúmeras, sua base é poder patriarcal que propicia a desigualdade e o controle do

homem nas relações de gênero. Marques (2005, p.77) conceitua-a como um “ato

agressivo perpetrado pelo parceiro (a) íntimo (a), que determina dano físico, moral,

psicológico ou econômico, através da força ou da coação, que se produz de uma

forma contínua através do tempo”.

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Na visão de Hirigoyen (2006), o que diferencia a violência conjugal de uma

simples briga de casal, não são as pancadas ou o discurso que machuca, mas sim,

a discrepância na relação, ou seja, a ausência de simetria. Em uma discussão de

casal, as personalidades dos dois ficam protegidas, no qual ambos se respeitam, o

que não ocorre numa relação violenta quando a intenção é governar e subjugar o

parceiro (a).

Então a violência contra a mulher atualmente tornou-se um problema de

saúde pública, no entanto anteriormente não era assim, durante muito tempo a

mulher vivenciava situações de violência e não recebiam nenhuma ajuda ou socorro,

pois a violência conjugal era tratada como um assunto privado do casal, onde o

Estado não podia intervir. Foi somente após os anos 70, que conforme explicam

Oliveira & Gomes (2011) passou a ter visibilidade especialmente pela expansão dos

movimentos feministas, que delataram o poder patriarcal e os impactos do domínio

do homem contra a mulher. Suas iniciativas levaram a mobilizações na sociedade

para que os agressores fossem penalizados, houve criações de estruturas de apoio

às mulheres vítimas e grupos que gerassem conscientizações tanto para elas

quanto para os agressores. Conforme os autores citados as feministas conquistaram

também a “criação das delegacias especializadas em crimes contra a mulher” (p.2).

Além disso, uma das grandes conquistas alcançados no país foi à inserção da lei

Maria da penha na tentativa de proteger a mulher de qualquer agressão que venha a

sofrer. Essa Lei gerou meios para impedir e evitar esse tipo de violência.

Sendo assim a violência passou a ser abordada através de um novo olhar,

alterando a forma de tratar os crimes de violência contra a mulher, amparando-a

frente a esse cenário. Porém, mesmo diante de tanta visibilidade, com a ascensão

do feminismo, levaria a acreditar que a situação ia avançar que haveria mais

equidade entre homens e mulheres e direcionaria assim a diminuição da violência,

mas isso não é o que ocorre (HIRIGOYEN, 2006). A cada dia na sociedade cresce o

número de vítimas de relações abusivas.

Uma pesquisa realizada pelo DataSenado (2013) mostrou que mais de 13

milhões e 500 mil mulheres já vivenciaram algum tipo de agressão, 19% delas com

16 anos ou mais. E a idade que as mulheres estão mais propensas a passar por

uma violência doméstica pela primeira vez é entre 20 e 29 anos. Nesse período,

34% delas sofreram a primeira agressão.

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Segundo o DataSenado (2017) a violência contra as mulheres na maior parte

dos casos tem como principal agressor o próprio companheiro. Das mulheres

entrevistadas nessa pesquisa 41% alegaram ter sofrido agressão por aqueles que

elas escolherem conviver afetivamente, indicando o atual marido, parceiro ou

namorado. Já 33% delas apontaram o ex-parceiro, ex-marido ou ex-namorado como

os autores da violência. Já o DataSenado (2013) afirma que o Brasil é o país onde

mais matam mulheres, ocupando a 7ª posição no ranking mundial de assassinatos

femininos.

No que se refere aos tipos de violência, a apuração feita pelo DataSenado

(2017) indica que a violência física foi a mais referida entre as mulheres

entrevistadas: 67% delas responderam ter sofrido esse tipo de agressão, na

sequência com 47% foi mencionada a violência psicológica, ao passo que com 36%

ficou a violência moral e 15% a sexual. Conforme a mesma pesquisa mantém-se

alto o número de mulheres vítimas que não procuram ajuda nem denunciam, isto é,

27% delas disseram não ter feito nada diante da agressão. Apesar disso, de acordo

com o DataSenado (2013, p.6), “pelo menos 34% das vítimas procuraram

alternativas à denúncia formal, como a ajuda de parentes, de amigos e da Igreja”.

Entretanto “considerando a expressividade dos números, e por mais objetiva

que seja a pesquisa sobre a violência conjugal, esta não consegue abranger a

totalidade do fenômeno” (Marques, 2005, p.84), já que muitos episódios de violência

não são divulgados, descobertos ou denunciados.

2.1 OS DIFERENTES TIPOS DA VIOLÊNCIA

A violência na qual a mulher é submetida em um relacionamento abusivo

normalmente inicia-se sutilmente, passando por comentários e brincadeiras

inofensivas, ciúmes patológicos, chantagens, espancamentos e de fato até a morte.

Sendo assim, a violência conjugal pode se manifestar de diferentes formas, no

entanto de acordo com Hirigoyen (2006), as mulheres não passam necessariamente

por todas as formas da agressão, mas é fundamental que se saiba que todas elas

estão relacionadas e que os homens violentos passam de um tipo para outro,

explicando isso através da conduta “inconveniente” de sua parceira.

A violência psicológica é denominada “como qualquer conduta que lhe cause

dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o

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pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações,

comportamentos, crenças e decisões [...]” (BRASIL, 2006). De acordo com Hirigoyen

(2006) esse tipo de violência acontece em volta de várias ações que formam micro

violências, difíceis de perceber, podendo citar, por exemplo, o controle, no qual o

agressor quer fiscalizar tudo para forçar o modo como às coisas precisam ser

realizadas, vigiando de modo cruel para comandar e monitorar a parceira. No

isolamento, o homem pouco a pouco vai afastando a mulher de seus amigos, da

família, do trabalho, impedindo-a de ter uma vida social. Além disso, o agressor

pode mostrar-se indiferente as demandas afetivas, recusando-se a participar da vida

da companheira (o), não sair com ela (e), não ir a eventos familiares, permanecer

durantes dias de cara fechada sem que o outro saiba o motivo ou até mesmo não

levar em consideração a condição psicológica ou física, mandando-a fazer uma

limpeza na casa estando enferma ou ter relação sexual após uma discursão

violenta.

Logo, a violência física significa o uso da força física no intuito de machucar

deixando ou não marcas visíveis, incluindo uma série de maus tratos como puxar os

cabelos, dar beliscões, tapas, socos ou pontapés na barriga, nas zonas genitais,

provocar queimaduras entre outras ações que podem ir desde a um simples

empurrão ao homicídio (MANITA; RIBEIRO; PEIXOTO, 2009).

Em relação à violência sexual Manita; Ribeiro; Peixoto (2009) descreve como

qualquer conduta que obrigue a vítima a participar de atividades sexuais contra o

seu desejo, realizar atos sexuais com terceiros ou forçar a visualização de

pornografia, mediante uso da força física, coação ou ameaças. Então, uma relação

sexual imposta em muitos momentos ocorre em silêncio, pois faz parte do “dever

conjugal”, onde ainda nos dias atuais é tido como um direito para o homem e uma

obrigação que a mulher tem que fazer para seu parceiro (HIRIGOYEN, 2006).

Por sua vez a violência patrimonial é conceituada como qualquer ato que

caracterize “retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos,

instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos

econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades” (BRASIL,

2006). O agressor para controlar a vítima não permite que esta tenha acesso a suas

economias ou bens, incluindo assim, recursos substanciais que são fundamentais

para suas necessidades básicas e também para a dos seus filhos. Mesmo que ela

tenha uma ocupação, o agressor tem a propensão a não deixá-la administrar o seu

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próprio dinheiro, que é pego e utilizado por ele (MANITA; RIBEIRO; PEIXOTO,

2009). Enquanto que a violência moral é “entendida como qualquer conduta que

configure calúnia, difamação ou injúria” (BRASIL, 2006).

Contudo a violência pode aumentar no que diz respeito a sua intensidade e

gravidade, chegando ao nível mais radical que é o assassinato do cônjuge.

Conforme Hirigoyen (2006), uma das principais razões de morte feminina refere-se

às violências no casal. Geralmente o homicídio acontece no período da separação,

podendo acontecer quando elas planejam partir ou mesmo depois de irem embora.

2.2 O CICLO DA VIOLÊNCIA

A dinâmica habitual que se faz presente dentro das relações abusivas é o

revezamento entre momentos marcados pela violência e atitudes gentis com

juramentos de mudanças. Conforme Walker (1979 apud Hirigoyen, 2006) a violência

conjugal normalmente funciona de forma cíclica e mesmo sendo a mais comum de

acontecer, não é a única, ou seja, nem todas as relações baseadas em violência

operam desta maneira.

O ciclo da violência evolui em quatro fases, de modo frequente e a cada fase

aumenta o risco para a vítima que o vivencia. A primeira fase, designada pelo

aumento da tensão, corresponde inicialmente por pequenos incidentes, no qual a

agressão não se mostra claramente, mas se revela por meio de agressões verbais,

tom da voz, silêncios hostis e olhares agressivos. Tudo que a parceira faz o

aborrece e assim, diante da tensão esta busca meios pra tranquilizar as coisas e

agradar o parceiro, sendo amorosa, atenciosa, abdicando suas próprias vontades

em favor do parceiro. Mesmo assim, o homem tende atribuir à mulher suas

insatisfações e problemas, que por sua vez esta se sente culpada pela situação

(WALKER, 1979 apud HIRIGOYEN, 2006).

A segunda fase é designada pela ocorrência da agressão, em que há um

descontrole total do homem, este grita, ofende, intimida ou ainda quebra coisas

antes mesmo de agredir a companheira. Essas agressões físicas principiam de

forma gradual com tapas, murros, empurrões, beliscões e podendo até fazer uso de

uma arma. Além disso, o parceiro pode querer manter relações sexuais cuja

finalidade é frisar o domínio que tem sobre ela. Nesse contexto a mulher não esboça

nenhuma reação para se defender, pois anteriormente já havia sido preparado o

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terreno através de sucintos ataques que a deixaram com medo (WALKER, 1979

apud HIRIGOYEN, 2006).

Logo, vem à fase de desculpas, no qual o agressor procura diminuir ou

extinguir suas atitudes. Depois das explosões sente-se arrependido, mas por ser um

sentimento desagradável, tenta se livrar dele buscando justificativas pra isso, a mais

simples delas, é culpabilizar a vítima por todo o acontecido ou ainda explicar seu

comportamento por conta de eventos externos, como a bebida, acúmulo de trabalho

ou raiva. Então pede perdão, promete que não voltará a ter tais condutas e buscará

ajuda de psicólogos ou que vai participar dos alcoólatras anônimos (WALKER, 1979

apud HIRIGOYEN, 2006).

Posteriormente vem a fase de reconciliação ou lua de mel, na qual o cônjuge

muda completamente seus comportamentos, assumindo uma postura amável,

tornando-se subitamente gentil, prestativo, apaixonado, ajudando nos afazeres

domésticos, presenteando-a e empenhando em acalmá-la. Nesta fase elas voltam a

ter esperanças e pensam que com seu amor, ele vai se transformar. No entanto ao

ser instalada a violência, os estágios recomeçam, acelerando com o tempo e

aumentando de intensidade (WALKER, 1979 apud HIRIGOYEN, 2006).

3 CONSEQUÊNCIAS GERADAS PELA VIOLÊNCIA

A violência conjugal tem consequências devastadoras na saúde física e

mental das mulheres e também dos próprios filhos. Mesmo que as sequelas das

agressões físicas sejam mais fáceis de serem vistas, acabam desaparecendo com o

tempo, à medida que os insultos, as humilhações deixam marcas permanentes

(HIRIGOYEN, 2006).

No que se refere à saúde física, a violência resulta em inúmeras lesões

físicas, corporais e cerebrais, sendo as mais frequentes os hematomas, fraturas nos

ossos, no maxilar, queimaduras, lesões dentárias, torácicas ou abdominais, perda

de cabelo por arranchamento entre muitas outras. Algumas mulheres apresentam

uma desordem igual à dos boxistas, algo semelhante aos efeitos da doença de

Parkinson, devido às lesões neurológicas ocasionadas pelas pancadas consecutivas

na região do crânio e rosto (MANITA; RIBEIRO; PEIXOTO, 2009).

Em nível de saúde sexual e reprodutiva os problemas podem ser inúmeros,

manifestando-se de diferentes maneiras. As mulheres que vivem com parceiros

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abusivos, são impedidas de se protegerem de uma gravidez indesejada ou doenças

sexualmente transmissíveis, podendo contrair o vírus do HIV, pelo sexo forçado ou

mesmo pela impossibilidade de fazer uso de preservativos. A agressão também

pode acontecer na gravidez, gerando consequências para o desenvolvimento do

embrião, podendo provocar aborto espontâneo, nascimento prematuro do bebê ou

baixo peso, cuidado pré-natal atrasado entre outros (KRUG, et al., 2002). Além

disso, Hirigoyen (2006) salienta que muitas mulheres ficam com alguma desordem

acerca do desejo, reagindo com repudio ou rejeição. Outras ainda negam qualquer

relação íntima por bastante tempo.

Por conta do cenário abusivo vivido, muitas mulheres são seriamente

afetadas psicologicamente, apresentando uma baixa autoestima, sentimento de

vergonha, culpa, desmerecimento, isolamento, mudanças na imagem que tem

acerca de si e do seu corpo, outras ainda revelam perturbação da ansiedade, medo,

transtorno do pânico bem como a depressão, tentativas de suicídio ou o suicídio

consumado e problemas de concentração (MANITA; RIBEIRO; PEIXOTO, 2009).

Além disso, uma das consequências psicológicas mais proeminentes da

violência conjugal é o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

Este surge como uma resposta tardia e/ou protraída a um evento ou situação estressante (de curta ou longa duração) de uma natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica, a qual provavelmente causa angústia invasiva em quase todas as pessoas [...]. Sintomas típicos incluem episódios de repetidas revivescências do trauma sob a forma de memórias intrusas (flashbacks) ou sonhos, ocorrendo contra o fundo persistente de uma sensação de "entorpecimento" e embotamento emocional, afastamento de outras pessoas, falta de responsividade ao ambiente, anedonia e evitação de atividades e situações recordativas do trauma. (CID 10, 1993, p.145).

Sendo assim, mesmo que a pessoa tenha conseguido sair do relacionamento

agressivo, as sequelas da violência se estendem por meio desse transtorno.

Passado certos anos, um episódio sem relevância pode fazer com que a vítima

retorne ao passado e reviva suas aflições. Ela continua vulnerável, mesmo estando

afastada do perpetrador. Depois de muito tempo da agressão, pode ainda ficar

fechada em si mesma convicta de que o mundo é ameaçador e conservar durante

muitos anos um sentimento de desmerecimento (HIRIGOYEN, 2006).

Portanto os inúmeros abusos tem a possibilidade de fragilizar a mulher nas

distintas áreas citadas e a depender da gravidade e tempo de violência sofrida

podem surgir danos permanentes.

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4 FATORES COGNITIVOS E COMPORTAMENTAIS DA MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA

Diante de eventos que ponham a vida em perigo ou ameace a tranquilidade

das pessoas e até mesmo de um animal, na luta pela sobrevivência a tendência é de

enfrentar ou fugir. No entanto, mesmo que vivenciem frequentes agressões

perpetradas pelo seu parceiro, algumas mulheres permanecem visivelmente

paralisadas ao lado deles (SILVA E SANCHES, 2014). Por isso, de acordo com

Hirigoyen (2006), aparentemente, não se compreende como as mulheres

conseguem sujeitar-se por longos períodos de tempo a episódios de violência ou por

qual razão denunciam e após alguns dias retiram a queixa. Todavia, independente

de sua personalidade ou posição na sociedade, a mulher pode estar suscetível a

sofrer agressões do seu próprio companheiro, mas existem alguns fatores de

vulnerabilidade (social, relacionado à sua condição de mulher ou psicológica,

associada a sua personalidade ou seu histórico pessoal) que afetam as defesas da

mulher, mostrando maior dificuldade de se libertarem deste tipo de relação

(HIRIGOYEN, 2006).

A dificuldade que a mulher tem em abandonar um parceiro só pode ser

entendida levando-se em consideração as relações de submissão/dominação que

são impostas a mulher bem como sua situação perante a sociedade. “Na verdade,

se as mulheres podem deixar-se apanhar em uma relação abusiva, é porque, devido

a seu lugar na sociedade, já estão em posição de inferioridade” (HIRIGOYEN, 2006,

p.73). De acordo com a autora referida, ao longo do século, foi possível presenciar

mudanças significativas no que diz respeito às relações entre mulher e homem,

porém os estereótipos continuam. Embora a igualdade tenha sido inserida

gradativamente, ainda é visto as mulheres como passivas e subjugadas e homens

como ativos e dominadores. As mães, por exemplo, ajudaram que esse estereótipo

permanecesse, ao ensinar os filhos que não mostrem sua sensibilidade, não

chorem, sejam fortes e valentes, enquanto que educam as meninas a serem

atenciosas, compreensivas, meigas e orientadas para as necessidades do outro.

Logo, as mulheres desenvolvem um “eu ideal” em relação aos preceitos anunciados

pela sociedade e família. Por isso, algumas se inclinam para o padrão de mãe

aplicada e acessível, pensando que para segurar um homem é necessário

manifestar renúncia e subordinação.

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Nesse contexto a influência religiosa também exerce grande influência sobre

elas, sendo considerada uma das razões que fazem com que as mulheres

permaneçam nessa condição de violência.

A indissolubilidade do casamento e a submissão da esposa ao marido, pregada pela maioria das Igrejas Cristãs, através de uma leitura fundamentalista da Bíblia, faz com que muitas mulheres acreditem que devem suportar com paciência o destino a elas reservado. Que ao pedirem o divórcio estarão desobedecendo à lei de Deus e deixando de cumprir a missão a que se dispuseram através do sacramento do matrimônio (SILVA & SANCHES, 2014, p.124).

Além disso, muitas mulheres que vivenciam episódios de violência não tem

qualificação profissional para adentrar no mercado de trabalho, o que dificulta a

possibilidade de sair da relação violenta, outras ainda afastam-se do emprego e dos

estudos por conta da imposição do seu companheiro. E como afirma Tavares

(2011), em muitos casos, o parceiro dispõe de toda a renda do casal, o que torna a

mulher subordinada ao cônjuge e esta por sua vez não ver opções para ficar livre

dessa situação.

Já para Marques (2005), a mulher se mantém num relacionamento abusivo,

pois recebe algo que ela deseja (permuta) e mesmo que custe caro, a sua escolha é

feita de forma consciente, ponderando as vantagens e desvantagens. Umas das

permutas referem-se ao dinheiro. A mulher decide entre aproveitar os privilégios

materiais e ter que passar por insultos ou partir e se libertar dessas aflições. Outra

permuta é feita para preservar o conforto dos filhos, porém o que elas não

compreendem é que os maiores traumas na infância decorrem das brigam que

acontecem entre o casal. Desse modo, sentem medo pelas dificuldades que podem

aparecer para providenciar o seu mantimento e dos seus filhos depois da separação.

Outro fator envolvido no não rompimento da relação abusiva pode ser

compreendido por meio de uma perspectiva transgeracional isto é, a experiência da

mulher em um ambiente no qual o pai agredia a mãe na infância, sofria maus tratos

ou abusos, converte em sua própria agressão, quando esposa, se tornando em um

acontecimento completamente normal. Quanto mais forem empregados enquanto

crianças, corretivos físicos para discipliná-las, maior é a chance de a mulher

continuar num relacionamento violento, pois ela soube desde pequena que é natural

agredir a pessoa que se ama, quando esta comete algum erro (TAVARES, 2011).

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Durante a infância os indivíduos desenvolvem alguns esquemas provenientes

da sua interação com figuras importantes. A partir de então, elas expressam uma

forma particular de ver e enfrentar às circunstâncias ao seu redor. Young (1990 apud

Paim; Madalena; Falcke, 2012), sugere a presença de esquemas iniciais

desadaptativos (EIDs), conceituando-os como “estruturas responsáveis por

processos de funcionamento da personalidade que determinam a forma de interação

do indivíduo” (p.32). São estruturas profundas, fixas e resistentes que causam

sofrimento e ações disfuncionais em um nível significativo (CECERO E YOUNG,

2001 apud PAIM; MADALENA; FALCKE, 2012).

Os EIDs são despertados na presença de certos acontecimentos e também

aspectos do próprio relacionamento podem ser ativadores desses esquemas. No

momento em que um homem e uma mulher se juntam, cada um traz consigo uma

série de crenças criadas através das suas experiências com a família. E ainda, a

seleção do cônjuge e o tipo de vínculo que se constrói com este podem ser como

uma revivescência de um modelo já conhecido (Paim; Madalena; Falcke, 2012), ou

seja, busca-se por relacionamentos íntimos que preservem a referência relacional

aprendida no seu convívio de origem. Dessa maneira, isto explica que mulheres no

decorrer da infância que assistiram a episódios de violência têm maiores chances de

tolerar essa prática, graças a esses esquemas desenvolvidos.

Os esquemas iniciais desadaptativos são reunidos em cinco domínios

totalizando 18 EIDs distribuídos entre eles, que evidenciam características

particulares dos indivíduos. Conforme uma pesquisa realizada por Paim; Madalena;

Falcke (2012) foram identificados alguns desses EIDs que foram associados à

vitimização da violência conjugal: desconfiança/abuso, emaranhamento, auto

sacrifício e padrões inflexíveis. O primeiro domínio, desconexão e rejeição: está

associado à dificuldade que a pessoa tem de criar vínculos sólidos e adequados, no

qual acreditam que suas necessidades nunca serão supridas. Apresentando

experiências primárias negativas como desprezo, afastamento social, frieza ou

abuso. O esquema desadaptativo deste domínio é o de desconfiança/abuso, no qual

a pessoa espera ser ludibriada, traída ou envergonhada por alguém, vendo as

relações como perigosas. Sendo assim, pessoas com esse esquema tendem a

manter relacionamentos com companheiros que continuamente abusam delas,

confirmando repetidamente o seu esquema desadaptativo. O domínio autonomia e

desempenho prejudicados se referem às vivências de uma proteção excessiva e

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supressão de um espaço que incentive a independência. O esquema vinculado é o

emaranhamento/self que está associado a um envolvimento afetivo em demasia,

com dificuldades em operar de maneira autônoma e de se separar de pessoas

significativas (YOUNG; KLOSKO; WEISSHAAR, 2008).

As pessoas do domínio orientação para o outro, relaciona-se por meio de um

funcionamento exagerado em satisfazer os desejos dos demais, no lugar de suas

próprias necessidades. Nesse caso o esquema relacionado é o auto sacrifício.

Indivíduos com esse esquema procuram atender as necessidades de terceiros

mesmo custando a sua própria, no intuito de resguardar os outros de sofrimento ou

continuar num relacionamento com um indivíduo que julgue necessitado. Por fim, no

domínio designado de supervigilância e inibição, os sujeitos extinguem seus ímpetos

e sentimentos e se empenham em cumprir normas incorporadas no que diz respeito

a sua performance, expressão e relações afetivas. O esquema desadaptativo

vinculado refere-se aos padrões inflexíveis, onde o indivíduo tem a impressão quem

tem obrigação de gastar energia para alcançar elevados padrões internalizados e

assim, evitar constrangimento ou desaprovação. Desse modo a vitimização pode ser

como uma estratégia para manter esses esquemas (YOUNG; KLOSKO;

WEISSHAAR, 2008).

Por outro lado conforme Silva (2014) muitas pessoas perante as dificuldades

sofridas conseguem resgatar o trajeto de suas vidas normalmente. Uma das

justificativas para isso está ligada a como esses indivíduos encararam essas

dificuldades, isto é, que estratégias de enfrentamento ou coping utilizadas que

propiciou alcançar um resultado positivo. O coping é conceituado como “esforços

cognitivos e comportamentais em constante mudança para manejar demandas

específicas externas e/ou internas que surgem em situação de estresse e são

avaliadas como sobrecarregando ou excedendo os recursos da pessoa” (LAZARUS

E FOLKMAN, 1984 apud SILVA, 2014, p.17). Aprender essas estratégias resulta de

inúmeros fatores (individuais e ambientais) no decorrer da vida, como características

da personalidade, cenário em que residem, crenças, recursos disponíveis e

experiência de psicoterapia (SILVA, 2014).

Portanto muitas mulheres fazem uso dessas estratégias como forma de

adaptação e de sobrevivência perante a violência sofrida nas quais são submetidas

nos relacionamentos abusivos, na tentativa de minimizar ou eliminar as ameaças a

sua segurança física e seu bem estar emocional.

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4.1 AS POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Desenvolvida por Aaron Beck, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

trata-se de uma psicoterapia breve, estruturada, focada no presente, voltada para a

solução de problemas atuais e alteração de cognições e condutas disfuncionais

(BECK, 2013). Fundamenta-se no modelo cognitivo no qual [...] “parte da hipótese

de que as emoções, os comportamentos e a fisiologia de uma pessoa são

influenciados pelas percepções que ela tem dos eventos” (BECK, 2013, p.50).

Dessa forma a TCC apresenta-se como uma terapia importante, capaz de

atender as demandas de violência conjugal e como afirma Dattilio (2011), o

tratamento terapêutico é de fundamental relevância em assuntos como esse, visto

que, sem tratamento o ciclo da violência expande-se por mais tempo. Além disso,

A pessoa sob jugo não é mais senhora de seus pensamentos, está literalmente invadida pelo psiquismo do parceiro e não tem mais um espaço mental próprio. Fica como que paralisada, e mudança alguma pode processar-se espontaneamente em seu interior. Ela precisa de uma ajuda externa para pôr fim à sujeição, e é para isso que serve o trabalho psicoterapêutico (HIRIGOYEN, 2006, p.182).

Logo, perante a infinidade de sintomas que a vítima de uma relação abusiva

manifesta, a terapia cognitivo-comportamental irá intervir naqueles que trazem maior

sofrimento para ela. Assim, diversas técnicas podem ser utilizadas, mas é diante da

demanda apresentada que avaliará a melhor para ser aplicada.

De uma maneira mais ampla é essencial que comece a terapia com uma

sessão para esclarecimento de informações que a paciente precise acerca do seu

tratamento, onde a função do psicólogo é ensinar e habituar a paciente no que se

referem as suas dificuldades, aclarando suas dúvidas e apoiando a vítima

(MOREIRA, 2014).

Para Hamberg e Holtzworth-Monroe (2007 apud Dattilio, 2011), as mulheres

que sofrem violência doméstica manifestam regras cognitivas provenientes de

diversos fatores. Assim, é essencial trabalhar com os pensamentos nos quais elas

se responsabilizam pela agressão e aqueles nos quais deduzem que o parceiro não

é capaz de viver fora da relação agressiva. Frequentemente, aspectos de

dependência e honestidade acompanhados de distorções cognitivas, também

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precisão de intervenção.

Além disso, a mulher pode ter crenças do tipo “não sou capaz de arrumar

alguém melhor” ou “não sou capaz de sair dessa situação”, nesse cenário é

fundamental trabalhar essas cognições por meio da restruturação cognitiva, pois

como afirma Moreira (2014, p.19) “a restruturação cognitiva muda à maneira de

interpretar o pensamento disfuncional”. Então se utiliza dessas estratégias de

reestruturação para ensinar o paciente a identificar e alterar as cognições

inadequadas, mediante técnicas como o questionamento socrático ou de evidências

e registro de pensamentos disfuncionais (BECK; TAYLOR; WOODY & KOCH, 1997

apud OLIVEIRA & ANDRETTA, 2011).

A TCC pode ainda empregar outros meios como a psicoeducação e a

descoberta guiada, para tornar claro algumas questões que se tornam difíceis se

serem compreendidas pela mulher nessa condição de violência. Nesse caso a

psicoeducação seria uma importante ferramenta cuja função, conforme Jesus &

Lima (2018, p.4), “é simplificar a queixa da paciente” por meio de exercícios de casa,

miniaulas, sugestões de leituras como a Lei Maria da Penha e outros textos

relacionados à violência contra as mulheres. Desse modo, a paciente que entende

adequadamente seu problema, os impactos acarretados e processo de tratamento,

tem maiores chances de tornar-se mais empoderada. Ao passo que a descoberta

guiada é a técnica mais utilizada na sessão, geralmente para identificar

pensamentos automáticos ocasionados a partir da agressão sofrida. “Por meio desta

técnica o psicoterapeuta atua com o objetivo de ajudar a paciente a identificar

conteúdos cognitivos severos e inflexíveis, colocando-os como suspeitas e não

verdades absolutas” (JESUS & LIMA, 2018, p.4).

Já nas circunstâncias em que a mulher desenvolve o transtorno do estresse

pós-traumático, por exemplo, além de utilizar a reestruturação cognitiva e a

psicoeducação, existem outras técnicas que são eficientes para atenuar os sintomas

desse transtorno. As técnicas de exposição cujo propósito é possibilitar o

desaparecimento da resposta do medo e da ansiedade especifica do TEPT e os

episódios de revivência e sinais de evitação (KEANE et al., 2006 apud OLIVEIRA E

ANDRETTA, 2011).

E como elucida Caballo (2002 apud Oliveira & Andretta, 2011) as técnicas de

relaxamento que ajudam os pacientes a regular os sintomas fisiológicos que lhes

invadem ao se esbarrarem com situações temidas. As mais utilizadas são as de

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relaxamento muscular progressivo e a de respiração diafragmática.

Também, o terapeuta pode trabalhar no fortalecimento do amor próprio, visto

que diante das distintas formas de violência sofrida, principalmente a psicológica, a

mulheres ficam com sua autoimagem totalmente comprometida. Como elucida

Hirigoyen (2006), é necessário intervir com elas na sua autoestima e no seu senso

se independência, para que consigam vencer seus bloqueios e recuperar seus

recursos pessoais. Junto com elas, elencar suas qualidades bem como suas vitórias,

pois “para sair de uma posição de vítima, é preciso, pelo trabalho psíquico,

reencontrar uma boa imagem de si mesmo” (p.187).

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo com métodos de natureza exploratória foi produzido por

meio de uma revisão literária, sendo esta necessária para melhor entendimento do

tema, cujos resultados foram expostos de forma qualitativa. Conforme Gil (2008) a

pesquisa bibliográfica é produzida com base nos materiais já desenvolvidos,

composto essencialmente de artigos científicos e livros. O grande benefício desse

tipo de pesquisa consiste no fato de proporcionar ao pesquisador o alcance de uma

série de fenômenos muito mais extensa do que aquela que conseguiria investigar

diretamente.

Logo, diversos instrumentos foram usados para a realização desta pesquisa

tais como: dissertações, artigos, livros, cartilhas e leis. O levantamento de artigos foi

feito por meio dos bancos de dados online Scielo, Pepsic, Revista Psicologia,

Diversidade e Saúde, Repositório Comum, Cetcc, Pgpsi e Tede.

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

É incontestável que a maior prevalência de agressão entre casais, é praticada

pelo o homem contra sua companheira. Esse fato pode ser facilmente percebido,

basta ligar os noticiários ou até mesmo por meio da vivência de uma vizinha, amiga

ou irmã. Contudo na literatura foi possível observar que ambos podem ser

perpetradores e por mais que existam poucos estudos sobre a temática, muitos

autores retrataram essa realidade, que por vezes é desconhecida e desacreditada

por muitos. O que fica evidente é que os homens podem ser agredidos pela

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parceira, porém com proporções muito menores do que acontece com elas. Como

destacado por Hirigoyen (2006), frequentemente a agressão física realizada pela

mulher é reativa. A maioria delas que assassinaram o parceiro foi em circunstâncias

para se protegerem ou como forma de se defenderem das agressões sofridas.

Pode-se mencionar também que diante das diversas formas de violência

sofrida pela mulher, a agressão física vem liderando com maior prevalência, mas em

contrapartida a psicológica é a que mais traz consequências graves, dado que não

possui materialidade e sua detecção torna-se complicada. À vista disso muitas

mulheres não reconhecem a situação de violência em que estão sendo expostas,

impedindo-as de tomar iniciativas para cessar o abuso e por vezes veem as ofensas,

o ciúme como algo natural, como uma demonstração de zelo e amor.

Logo, há um consenso na literatura quanto aos impactos desestruturantes das

relações abusivas, contudo esta também traz grande repercussão para a sociedade

e para os filhos. Como salienta Krug et al., (2002) a violência traz custos econômicos

para a comunidade no que diz respeito ao aumento da utilização dos serviços de

saúde e baixa produtividade. Considera ainda que os filhos que presenciam

violência conjugal têm maiores chances de apresentar dificuldades afetivas e

comportamentais, incluindo depressão, indisciplina, diminuição do desempenho

escolar e ansiedade.

Fica evidente por meio dos índices alarmantes apresentados nesse artigo que

a violência conjugal tem crescido consideravelmente. À vista disso, fica o

questionamento de qual lacuna está presente que em vez de mitigar esse problema

ele tem se elevado. Dessa forma, entende-se que acabar com a violência que

acontece na intimidade de um casal, parece uma realidade distante, porém constata-

se a necessidade em alterar a conduta dos protagonistas da violência, mas isso não

significa que eles têm que se livrar da pena que lhe foi atribuída, todavia percebe-se

através de um olhar mais humanizado que é essencial que estes tenham algum tipo

de acompanhamento ou tratamento psicológico, pois como diversos estudos

apontam muitos desses agressores na infância vivenciaram maus tratos, negligência

e abusos.

Assim, Epstein et al. (2005 apud Dattilio, 2011) indicaram um tratamento

denominado de Programa de Prevenção do Abuso de Casais, um modelo cognitivo-

comportamental que foca no risco de agressão por parte do companheiro. No qual o

foco é a psicoeducação acerca da conduta abusiva e seus efeitos prejudiciais, na

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administração da raiva no decorrer do conflito, no aperfeiçoamento das habilidades

de comunicação e auxiliando-o na recuperação de acontecimentos traumáticos

vividos.

Outro elemento importante verificado é que as primeiras agressões ocorrem

entre os jovens, sendo assim sob uma análise de prevenção, vê a juventude como

público importante para promover estratégias de intervenções, dado que a falta de

experiência em relacionamentos atrelada à imaturidade e ao desejo de

independência que surgem nessa etapa da vida, tornam-se mais propensos a não

reconhecer que estão numa situação de vitimização. E como as relações íntimas

têm acontecido de forma muito precoce, os jovens por serem facilmente

influenciados e acaba repetindo condutas violentas, apoiadas no preconceito,

desigualdade, ciúme, controle etc. Nesse caso ver as escolas como grande

colaboradora para prevenir e deixar claro os impactos sociais e legais de uma

relação abusiva bem como os efeitos de continuar nela, visto que, ela tem grande

poder na formação das opiniões desses jovens. Além do mais, as escolas poderiam

trabalhar sobre temáticas relacionais que tratem da igualdade entre homem e

mulher, do respeito mútuo entre ambos, pois se não modificar a mentalidade dos

jovens a tendência é propagar mais ainda a violência.

Além disto, apurou-se uma insuficiência no que concerne a materiais sobre os

fatores associados à permanência da mulher em relacionamentos abusivos. Mas

com base nos dados coletados, verificou-se que sair dessa dinâmica relacional é um

desafio e vai muito além de uma mera escolha que a mulher precisa fazer,

envolvendo recursos intrínsecos presentes em cada uma. Por vezes a mulher

carrega nesse cenário alguns estigmas do tipo “a mulher gosta de apanhar” ou

“aceita a violência porque quer”, então mais do que fazer uso desses estigmas vale

conhecer os motivos para que desse modo possíveis intervenções sejam

elaboradas, pois em diversas ocasiões à própria mulher ver a união como destrutiva,

outras ainda querem sair da relação, só que se sentem incapazes de tomar qualquer

decisão para se desvincular do parceiro.

Por todos esses aspectos, reconhece a necessidade da vítima receber apoio

externo por meio de um trabalho multiprofissional, para que haja uma ruptura desse

relacionamento bem como uma campanha de conscientização mais acentuada em

muitos ou senão em todos os setores da sociedade para que essas intervenções

gerem um encorajamento e empoderamento nessas mulheres.

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7 CONCLUSÃO

Diante do arcabouço teórico levantado verificou-se que a violência conjugal é

um fenômeno de natureza bastante complexa, visto que, está alicerçada no poder

patriarcal onde a mulher está na posição de submissa e o homem de dominador, no

entanto pouco a pouco essa ideia tem sido desmontada, pois a mulher hoje vem

ocupando um lugar mais privilegiado.

Assim, com o reconhecimento da violência conjugal como um problema de

saúde pública tornou-se alvo de investigação dos mais diversos âmbitos, bem como

foram implantados diversos mecanismos para resguardar a mulher diante desse

contexto. Contudo, perante o grande número de casos de violência conjugal contra

as mulheres, cabem aqui maior atenção e pesquisas sobre o tema para que se

investiguem as causas para tal ocorrência, pois estudos como esse contribuem para

o constante repensar dessas condutas violentas e a compreensão desta dinâmica

favorece uma abordagem adequada e possíveis formas para estimular

conscientizações, orientação e encaminhamento mais efetivo para as mulheres que

vivenciam essa situação.

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