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2015 Deolinda Ribas Susana Margarida Ochôa Pereira 28-01-2015 RELATÓRIO DA ADMINISTRADORA DA INSOLVÊNCIA (art.º 155.º CIRE) Tribunal da Comarca do Porto V. N. Gaia – Instância Central 2.ª Secção de Comércio – J2 Processo n.º 736/14.9T8STS

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2015

Deolinda Ribas

Susana Margarida Ochôa Pereira

28-01-2015

RELATÓRIO DA ADMINISTRADORA DA INSOLVÊNCIA (art.º 155.º CIRE)

Tribunal da Comarca do Porto

V. N. Gaia – Instância Central

2.ª Secção de Comércio – J2

Processo n.º 736/14.9T8STS

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 4

2. IDENTIFICAÇÃO E APRESENTAÇÃO GERAL DA INSOLVENTE ................................................. 5

2.1. IDENTIFICAÇÃO DA INSOLVENTE ................................................................... 5

2.2. COMISSÃO DE CREDORES ................................................................................ 5

2.3. A ADMINISTRADORA DE INSOLVÊNCIA ........................................................ 5

2.4. DATAS DO PROCESSO ........................................................................................ 5

3. ANÁLISE DOS ELEMENTOS INCLUÍDOS NO DOCUMENTO REFERIDO NA ALÍNEA C) DO N.º 1

DO ARTIGO 24ª ............................................................................................................................. 6

3.1. DOCUMENTOS DISPONIBILIZADOS ................................................................ 6

3.2. EXPLICITAÇÃO DA ACTIVIDADE DA INSOLVENTE NOS ÚLTIMOS TRÊS

ANOS 7

3.3. CAUSAS DA INSOLVÊNCIA ............................................................................... 7

4. CONTABILIDADE, DOCUMENTOS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS E DE INFORMAÇÃO

FINANCEIRA ................................................................................................................................. 8

5. PERSPECTIVAS DE MANUTENÇÃO DA EMPRESA ................................................................. 9

6. CENÁRIOS POSSÍVEIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA OS CREDORES ................................. 10

7. OUTROS ELEMENTOS IMPORTANTES PARA A TRAMITAÇÃO ULTERIOR DO PROCESSO ....... 13

7.1. DA APENSAÇÃO DE ACÇÕES / EXECUÇÕES ............................................ 13

7.2. DA APREENSÃO DE BENS IMÓVEIS E BENS MÓVEIS SUJEITOS A

REGISTO ........................................................................................................................... 13

7.3. DA APREENSÃO DO VENCIMENTO ............................................................... 14

7.4. DO INCIDENTE DE QUALIFICAÇÃO DA INSOLVÊNCIA .......................... 14

7.5. DO PEDIDO DE EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE ......................... 15

8. INVENTÁRIO (ART.S 153.º E 155º CIRE) ............................................................................. 24

9. RELAÇÃO PROVISÓRIA DE CREDORES (ART. 154º CIRE) ..................................... 24

1. INTRODUÇÃO

A devedora Susana Margarida Ochôa Pereira apresentou-se à insolvência, tendo

sido proferida sentença em 15 de Dezembro de 2014.

Nos termos do art.º 155.º do CIRE, o administrador da insolvência deve elaborar um

relatório contendo:

a) A análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do n.º

1 do artigo 24.º;

b) A análise do estado da contabilidade do devedor e a sua opinião sobre os

documentos de prestação de contas e de informação financeira juntos aos

autos pelo devedor;

c) A indicação das perspectivas de manutenção da empresa do devedor, no

todo ou em parte, da conveniência de se aprovar um plano de insolvência,

e das consequências decorrentes para os credores nos diversos cenários

figuráveis;

d) Sempre que se lhe afigure conveniente a aprovação de um plano de

insolvência, a remuneração que se propõe auferir pela elaboração do

mesmo;

e) Todos os elementos que no seu entender possam ser importantes para a

tramitação ulterior do processo.

Ao relatório devem ser anexados o inventário e a lista provisória de credores.

Assim, nos termos do art.º 155.º do CIRE, vem a administradora apresentar o seu

relatório.

A Administradora da insolvência

2. IDENTIFICAÇÃO E APRESENTAÇÃO GERAL DA INSOLVENTE

2.1. IDENTIFICAÇÃO DA INSOLVENTE

Nome Susana Margaria Ochôa Pereira

NIF 224 351 761

Morada Travessa do Veloso, 34, 2.ª Traseiras, 4200-517 Porto

Estado Civil Solteira

2.2. COMISSÃO DE CREDORES

Não nomeada

2.3. A ADMINISTRADORA DE INSOLVÊNCIA

Deolinda Ribas

NIF/NIPC: 175620113

Rua Bernardo Sequeira, 78, 1.º - Apartado 3033 – 4710-358 Braga

Telef: 253 609310 – 253 609330 – 917049565 - 962678733

E-mail: [email protected]

2.4. DATAS DO PROCESSO

Data e hora da prolação da sentença: 15-12-2014 pelas 13:00 horas

Publicado no portal Citius – 19 de Dezembro 2014

Fixado em 30 dias o prazo para reclamação de créditos.

Assembleia de Credores art.º 155.º CIRE: 05-02-2014 pelas 09:15 horas

3. ANÁLISE DOS ELEMENTOS INCLUÍDOS NO DOCUMENTO REFERIDO NA ALÍNEA C) DO N.º 1 DO ARTIGO 24ª

3.1. DOCUMENTOS DISPONIBILIZADOS

Dispõe a al ínea c) do n.º 1 do artigo 24ª do CIRE que o devedor

deve juntar, entre outros, documento em que se expl icita a

actividade ou actividades a que se tenha dedicado nos úl timos

três anos e os estabelecimentos de que seja titular, bem como o

que entenda serem as causas da situação em que se encontra.

A devedora procedeu, de acordo com o disposto no nº 1 do

artigo 24º do CIRE, à junção dos seguintes documentos:

a) Pedido de exoneração do passivo restante;

b) Assento de nascimento;

c) Certificado de registo criminal;

d) Comprovativo de pagamento de renda;

e) Comprovativo da situação de desemprego;

f) Citação de penhora;

g) Relação de credores;

h) Relação de acções e execuções pendentes;

i) Relação de bens;

j) Declaração de IRS dos anos de 2011, 2012 e 2013.

3.2. EXPLICITAÇÃO DA ACTIVIDADE DA INSOLVENTE NOS

ÚLTIMOS TRÊS ANOS

A insolvente encontra-se desempregada desde há cerca de 16

meses, na sequência de um processo de despedimento colectivo

levado a cabo pela entidade patronal “Novabase Digital TV –

Engenharia de Sistemas para TV Interactiva, S. A.” .

3.3. CAUSAS DA INSOLVÊNCIA

As conclusões que infra se enunciam sobre as causas da

insolvência resultam da anál ise efectuada à informação

colocada à disposição da Administradora de Insolvência

(petição inicial e documentos fornecidos), bem como das

dil igências efectuadas por esta.

Deste modo, indicam-se os motivos justif icativos da actual

situação de insolvência da devedora:

A insolvente vive em união de facto com Marco António

Ferreira Correia, numa habitação arrendada, despendendo

a tí tulo de renda o valor mensal de € 375,00;

A requerente encontra-se desempregada desde há cerca

de 16 meses, na sequência de um processo de

despedimento colectivo levado a cabo pela entidade

patronal “Novabase Digital TV – Engenharia de Sistemas

para TV Interactiva, S. A.”;

O seu companheiro também se encontra desempregado

desde há cerca de 6 meses;

Em 2008, a insolvente adquiriu um veículo automóvel de

marca Ford, modelo Focus, de matrícula 14 -37-ZP, que,

segundo diz, foi adquirido para auxil iar o i rmão, Bruno José

Ochôa Pereira, sendo o veículo uti l izado por este;

Dado o incumprimento do pagamento das prestações

mensais do crédito automóvel e a situação de desemprego

da insolvente, verifica-se a impossibil idade de cumprir com

as suas obrigações vencidas.

4. CONTABILIDADE, DOCUMENTOS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS E DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA

No relatório apresentado ao abrigo do art.º 155.º do CIRE, deve a

Administradora da insolvência efectuar uma anál ise do estado da

contabil idade do devedor e a sua opinião sobre os documentos

de prestação de contas e de informação financeira juntos pelo

devedor.

Contudo, o presente dispositivo não tem apl icação porquanto

não sendo a insolvente comerciante, não está obrigada

legalmente a ter contabil idade organizada.

No que se refere à informação financeira prestada pela devedora

e que se encontra descrita em termos de activos e passivos,

foram entregues as declarações de IRS dos anos de 201 1, 2012 e

2013, das quais resulta, o seguinte:

I R S

Valores declarados 2011 2012 2013

Rendimento Cat. A/H € 0,00 € 7.484,74 € 2.481,51

Rendimento Cat. B € 14.725,17 € 3.078,64 € 0,00

Rendimentos capitais € 0,00 € 0,00 € 0,00

Mais valias al ineação

onerosa imóveis

€ 0,00 € 0,00 € 0,00

Alienação onerosa de partes

sociais

€ 0,00 € 0,00 € 0,00

Juros de retenção poupança € 0,00 € 0,00 € 0,00

5. PERSPECTIVAS DE MANUTENÇÃO DA EMPRESA

Tendo em conta o supra referido, designadamente, a

circunstância de a insolvente não ser no momento comerciante,

nem ter sido referenciada qualquer empresa de que aquela seja

ti tular, não tem, por isso, apl icabil idade o presente dispositivo.

6. CENÁRIOS POSSÍVEIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA OS CREDORES

A assembleia de credores de apreciação do relatório del ibera

sobre o encerramento ou prosseguimento do processo de

Insolvência.

Decorre do artigo 1.º do CIRE, que o processo de insolvência tem

como escopo a l iquidação do património de um devedor

insolvente e a repartição do produto obtido pelos credores .

Estão sujeitos a apreensão no processo de insolvência todos os

bens integrantes da massa insolvente, a qual abrange todo o

património do devedor à data da declaração de insolvência,

bem como os bens e direitos que ela adquira na pendência do

processo.

A signatária encetou dil igências no sentido de averiguar a

existência de bens no património da insolvente, nomeadamente

junto da Conservatória do Registo Predial e Automóvel e

Repartição de Finanças, tendo sido possível localizar o veículo

automóvel infra descri to no inventário .

Veículo automóvel de marca Ford, modelo Focus, do ano

de 2005, a gasóleo com 1560cc de cil indrada, de

cinzenta, com a matrícula 14-37-ZP, com o valor de

l iquidação de -------------------------------------------- - € 7.000,00

Sucede que o veículo em causa tem registada uma reserva de

propriedade a favor de “Sofinloc - Instituição Financeira de

Crédito, S.A.”, estando ainda em dívida o valor reclamado no

montante de € 31.728,75 , ou seja, um montante muito superior ao

valor de l iquidação.

Consequentemente, entende a s ignatária não existir qualquer

interesse para a massa no cumprimento do contrato de aquisição

daquele veículo, devendo optar-se pelo seu não cumprimento e

subsequente entrega do veículo à titular da reserva de

propriedade.

Não existindo, como não existem, quaisquer bens susceptíveis de

apreensão, o cenário possível que se apresenta para os credores

é, pois, no sentido do encerramento nos termos e para os efeitos

das als.d)e e) do nº 1 do artº 230º do CIRE.

Assim, considerando que:

1. é notória a s ituação de insolvência e a inexistência de

qualquer activo na titularidade da insolvente susceptível de

apreensão;

2. não foi apresentado Plano de Pagamentos;

3. foi requerido pela devedora a exoneração do passivo

restante, beneficiando esta do deferimento do p agamento

de custas nos termos do nº 1 do artº 248º do CIRE. In casu,

excluindo o nº 6 do artº 232º a apl icação da tramitação

prevista nos nºs 1 a 5 daquele artº 232º que se refere ao

“Encerramento por insuficiência da massa insolvente” (todos

os artigos mencionados do CIRE).

a signatária, enquanto Administradora de Insolvência nomeada

nos autos, propõe que se del ibere que deverá ser declarado o

encerramento por insuficiência de bens da massa insolvente no

despacho inicial a proferir no incidente de exoneração do

passivo restante, nos termos e para os efeitos conjugados dos

artºs 230º nº 1 als d) e e), 232º nº 6 e 248ºnº , todos do CIRE.

7. OUTROS ELEMENTOS IMPORTANTES PARA A TRAMITAÇÃO ULTERIOR DO PROCESSO

7.1. DA APENSAÇÃO DE ACÇÕES / EXECUÇÕES

Nas acções / execuções pendentes contra a insolvente não se

discute qualquer questão cuja decisão que venha a ser proferida

possa afectar a massa insolvente (no sentido de lhe acrescentar

ou retirar bens ou valor), pelo que não se requer a apensação

das mesmas.

Igualmente no que se reporta aos processos executivos , o

respectivo pedido de apensação apenas se justif icará em caso

de dificuldade de apreensão - para a massa insolvente - dos bens

penhorados no âmbito desses processos, o que, até ao momento,

não se verifica, pelo que não se requer a apensação dos mesmos .

7.2. DA APREENSÃO DE BENS IMÓVEIS E BENS MÓVEIS SUJEITOS

A REGISTO

Das dil igências efectuadas no sentido de averiguar a existência

de bens no património da insolvente, nomeadamente junto da

Conservatória do Registo Predial e Automóvel, tendo sido possível

local izar o veículo automóvel infra descrito no inventário.

Verif icou-se que o veículo em questão tem um registo de

propriedade a favor de “Sofinloc - Instituição Financeira de

Crédito, S.A.” e que o valor em dívida a esta instituição de

crédito é de € 31.728,75.

7.3. DA APREENSÃO DO VENCIMENTO

No relatório apresentado nos termos do disposto no artigo 155.º

do CIRE, deve ser feita menção quanto à apreensão (montante

apreendido) ou não do vencimento da insolvente pessoa singular

e, no caso de não apreensão, deverá constar, de forma sucinta,

a justificação para a não apreensão.

Ora, verif ica-se que, no caso concreto, a insolvente encontra-se

desempregada e não aufere quaisquer rendimentos ou subsídio,

pelo que não existe qualquer montante passível de ser

apreendido.

7.4. DO INCIDENTE DE QUALIFICAÇÃO DA INSOLVÊNCIA

Caso disponha de elementos que justifiquem a abertura do

incidente de qual ificação da insolvência, na sentença que

declarar a insolvência, o juiz declara aberto o incidente de

qual ificação, com carácter pleno ou l imitado – cfr. al . i) do art.º

36.º do CIRE.

Nos presentes autos a sentença que decretou a insolvência não

declarou aberto aquele incidente.

Assim, nos termos do n.º 1 do art.º 188.º do CIRE, até 15 dias após

a real ização da assembleia de apreciação do relatório, a

administradora da insolvência ou qualquer interessado deverá

alegar, fundamentadamente, por escrito, em requerimento

autuado por apenso, o que tiver por conveniente para efeito da

qual ificação da insolvência como culposa e indicar as pessoas

que devem ser afectadas por tal qual ificação, cabendo ao juiz

conhecer dos factos alegados e, se o considerar oportuno,

declarar aberto o incidente de qual ificação da insolvência, nos

10 dias subsequentes.

Sem prejuízo, regista-se, desde já a inexistência de indícios que

sejam do conhecimento da administradora e passíveis de

determinar a qualificação da insolvência como culposa.

7.5. DO PEDIDO DE EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE

A insolvente veio requerer a exoneração do passivo restante, nos

termos do disposto no art.º 235º e ss do CIRE.

Deve, nos termos do n.º 4 do art.º236.º do CIRE, a administradora

da insolvência pronunciar -se sobre o requerimento.

É possível del inear a seguinte factual idade com interesse para a

emissão do presente parecer, face aos elementos documentais

constantes do processo (petição inicial e informações prestadas

pelo Requerente, sentença que decretou a insolvência bem

como a relação provisória de credores apresentada nos termos

dos artºs 154.º e 155º CIRE):

1. A insolvente vive em união de facto com Marco António

Ferreira Correia, numa habitação arrendada, despendendo

a tí tulo de renda o valor mensal de € 375,00;

2. A requerente encontra-se desempregada desde há cerca

de 16 meses, na sequência de um processo de

despedimento colectivo levado a cabo pela entidade

patronal “Novabase Digital TV – Engenharia de Sistemas

para TV Interactiva, S. A.”;

3. O seu companheiro também se encontra desempregado

desde há cerca de 6 meses;

4. Em 2008, a insolvente adquiriu um veículo automóvel de

marca Ford, modelo Focus, de matrícula 14 -37-ZP, que,

segundo diz, foi adquirido para auxil iar o i rmão Bruno José

Ochôa Pereira, sendo o veículo uti l izado por este;

5. Dado o incumprimento do pagamento das prestações

mensais do crédito automóvel e a situação de desemprego

da insolvente, verifica-se a impossibil idade de cumprir com

as suas obrigações vencidas;

6. Os seus credores e respectivos créditos são os seguintes:

Credor Fundamento Montante Data

Constituição

Data

Vencimento

Autoridade Tributária e

Aduaneira

IRS vencido em

11/09/2012; IVA

vencido em

20/11/2012 e coimas e

outros encargos

administrativos

425,32 01-01-2011 11-09-2012

Instituto da Segurança

Social, I.P.

NIPC 505 305 500

Contribuições

referentes aos meses

de Novembro de 2009

a Março de 2012

5.596,47 01-11-2009 01-11-2009

Instituto da Segurança

Social, I.P.

NIPC 505 305 500

Juros vencidos após a

data da declaração da

insolvência

20,66 15-12-2014 15-12-2014

PT Comunicações, S.A.

NIPC 504 615 947 Facturação 859,09 12-03-2011 11-04-2011

Sofinloc - Instituição

Financeira de Crédito,

S.A.

NIPC 501 370 048

Livrança 31.728,75 13-05-2010 04-06-2010

7. Encontra-se pendentes contra a requerente o processo de

execução n.º 141/11.9TBMDL (Ex. 2.º Juízo do Tribunal

Judicial de Mirandela);

8. A requerente, de acordo com as informações constantes da

certidão de registo criminal, não foi condenada por

sentença transitada em julgado por algum dos crimes

previstos e punidos nos artigos 227.º a 229.º do Código Penal

nos 10 anos anteriores à data da entrada em juízo do

pedido de declaração da insolvência ou posteriormente a

esta data.

9. Apresentou-se à insolvência em 28 de Outubro de 2014, a

qual foi decretada por sentença proferida no dia 15 do mês

de Dezembro.

*-*

Isto dito:

Dispõe o disposto no art.º 235 do CIRE, que ”se o devedor for uma

pessoa singular, pode ser -lhe concedida a exoneração dos

créditos sobre a insolvência que não forem integralmente pagos

no processo de insolvência ou nos cinco anos posteriores no

encerramento deste”.

Os cri térios de apl icação deste instituto estão previstos nos art .ºs

237.º segs. do CIRE. Não sendo aprovado e homologado na

assembleia de apreciação do relatório qualquer plano de

insolvência, cumprir -se-á dessa forma o requisi to da al ínea c) do

art.º 237.º.

Quanto aos requisitos estabelecidos no art.º 238º (apl icáveis por

força do art.º 237º., al ínea a) do CIRE), o pedido foi deduzido

conjuntamente com a apresentação à insolvência, pelo que nos

termos do art.º 236, n.º 1, ele mostra-se tempestivo.

Nada consta nos autos ou foi apurado pela administradora de

insolvência quanto a ter a devedora fornecido informações falsas

a que se refere a al ínea b) ou ter beneficiado anteriormente

desta exoneração do passivo restante (al ínea c)).

A apl icação do disposto na al ínea d) do nº 1 do artigo 238.º do

CIRE pressupõe a verificação de uma das seguintes situações:

o devedor não cumprir o dever de apresentação à

insolvência, com prejuízo para os credores,

ou se não existi r esse dever, se se tiver abstido dessa

apresentação nos seis meses seguintes à verificação da

situação de insolvência, com prejuízo para os credores e

sabendo, ou não podendo ignorar sem culpa grave, não

existi r qualquer perspectiva séria de melhoria da sua

situação económica.

Estando em apreciação um pedido que foi formulado por pessoas

singulares, não está a insolvente obrigada a apresentar-se à

insolvência no prazo estabelecido no art. 18, nº 1 do CIRE, tal

como flui do nº 2 deste mesmo preceito, pelo que não se cuida

de verif icar a verificação em concreto da parte inicial da al ínea

d).

No que se reporta aos demais requisi tos desta al ínea d), de

preenchimento cumulativo, são os seguintes:

que o devedor/requerente não se apresente à insolvência

nos seis meses seguintes à verif icação da situação de

insolvência;

que desse atraso resul te um prejuízo para os credores;

que o devedor soubesse, ou pelo menos não pudesse

ignorar sem culpa grave, não existir qualquer perspectiva

séria de melhoria da sua situação económica.

Carvalho Fernandes e João Labareda sobre esta matéria

escrevem que “para além da não apresentação à insolvência, a

relevância deste comportamento do devedor, para efeito de

indeferimento l iminar, depende ainda, em qualquer destas

hipóteses, de haver prejuízo para os credores e de o devedor

saber ou não poder ignorar, sem culpa grave, que não existe

«qualquer perspectiva séria da melhoria da sua situação

económica».

Está aqui em causa apurar se a não apresentação do devedor à

insolvência se pode justificar por eles estarem razoavelmente

convictos de a sua situação económica poder melhorar em

termos de não se tornar necessária a declaração de

insolvência”[…]

Importa, pois , verificar se a apresentação do requerente à

insolvência se verificou nos seis meses seguintes à verificação

desta s i tuação e, em caso negativo, se desse facto advieram

prejuízos para os credores.

Ora, o conceito de prejuízo pressuposto na al ínea d) do nº 1 do

artigo 238 do CIRE consiste num prejuízo diverso do simples

vencimento dos juros, que são consequência normal do

incumprimento gerador da insolvência, tratando-se assim dum

prejuízo de outra ordem, projectado na esfera jurídica do credor

em consequência da inércia da insolvente (consistindo, por

exemplo, no abandono, degradação ou dissipação de bens no

período que dispunha para se apresentar à insolvência).

Entende-se que o simples acumular do montante de juros não

integra o conceito de “prejuízo” a que se refere o art. 238, nº 1,

al. d) do CIRE. [ ].

Com efeito, a mora resul tante do atraso no pagamento, em

abstracto, contr ibui sempre para o avolumar da dívida,

designadamente em virtude dos juros que lhe estão associados,

em especial quando estamos perante dívidas a instituições

financeiras.

Ora, sendo a insolvência uma situação de impossibil idade de

cumprimento de obrigações vencidas (cfr. art. 3, nº 1 do CIRE),

lógica é a constatação de que estas vencem juros (cfr. arts. 804 e

segs. do Cód. Civil ), o que se traduz no aumento quantitativo do

passivo do devedor.

Não pode, pois, considerar -se que o conceito normativo de

prejuízo previsto na al ínea d) do nº 1 do art. 238 do CIRE inclua no

seu âmbito o típico, normal e necessário aumento do passivo em

decorrência do vencimento dos juros incidentes sobre o crédito

de capital , sob pena de se estar a esvaziar de sentido úti l a

referência legal a tal requis ito (prejuízo de credores).

É que se tivesse sido essa a f inal idade da lei, bastaria ter

estabelecido o indeferimento l iminar do pedido de exoneração

do passivo restante quando o devedor se abstivesse de se

apresentar à insolvência no período de seis meses posterior à

verificação dessa situação.

Terá, assim, que se entender que o simples decurso do tempo (seis

meses após a verificação da situação de insolvência) não é

suficiente para se poder considerar preenchido o requisi to aqui

em anál ise, uma vez que tal representaria, estar a valorizar -se um

prejuízo que sempre estaria ínsito nesse decurso e que seria

comum a todas as situações de insolvência, o que não se mostra

compatível com o estabelecimento do prejuízo dos credores

como requis ito autónomo do indeferimento l iminar do incidente.

Tratando-se o prejuízo dos credores de um requis ito autónomo

deste indeferimento l iminar, acrescerá o mesmo aos demais

requisi tos, surgindo, por isso, como um pressuposto adicional, que

traz exigências distintas das pressupostas pelos outros, não

podendo considerar-se preenchido por circunstâncias que já

estão contidas num desses outros requisitos.

Neste contexto, terá que se dar ênfase particular à conduta do

devedor, devendo apurar-se se este se pautou pela l icitude,

honestidade, transparência e boa-fé, no que respeita à sua

situação económica, só se justif icando o indeferimento l iminar

caso se conclua pela negativa.

Ao estabelecer, como pressuposto do indeferimento l iminar do

pedido de exoneração, que a apresentação extemporânea do

devedor à insolvência haja causado prejuízo aos credores, a lei

visa os comportamentos que façam diminuir o acervo patrimonial

do devedor, que onerem o seu património ou mesmo aqueles que

originem novos débitos, a acrescer aos que integravam o passivo

que estava já impossibil i tado de satisfazer. São estes

comportamentos desconformes ao proceder honesto, l ícito,

transparente e de boa-fé, os quais, a verif icarem-se na conduta

do devedor, impedem que a este seja reconhecida a

possibil idade, preenchidos os demais requisi tos do preceito, de se

l ibertar de algumas das suas dívidas, para dessa forma lograr a

sua reabil itação económica. Como tal , o que se sanciona são os

comportamentos que impossibil i tem, dif icultem ou diminuam a

possibi l idade de os credores obterem a satisfação dos seus

créditos, nos termos em que essa satisfação seria conseguida

caso tais comportamentos não ocorressem.

Face à matéria fáctica que atrás se considerou relevante, nada

foi apurado no sentido que aponte para que a insolvente não

tenha adotado uma atitude de l icitude, honestidade,

transparência e boa-fé no que respeita à sua situação

económica.

Por outro lado, igualmente não foi trazido aos autos qualquer

elemento que aponte no sentido da culpa do devedor na criação

ou agravamento da situação de insolvência – está também

preenchida a al ínea e) do art.º 238.º.

Não consta, ainda, que a devedora tivesse s ido condenado por

sentença transitada em julgado por algum dos crimes previstos e

punidos nos artigos 227.º a 229.º do Código Penal nos 10 anos

anteriores à data da entrada em juízo do pedido de declaração

da insolvência ou posteriormente a esta data – al ínea f) do n.º 1

do artº 238.º do CIRE.

Por último, não resulta que o devedor tenha violado qualquer dos

deveres de informação, apresentação ou colaboração previstos

no CIRE – al íneas i) e g) do artº 238.º

Os pressupostos formais previstos no CIRE estão preenchidos e não

há elementos que levem a signatária a emitir parecer que

pudesse concluir pelo indeferimento do pedido.

Assim, sendo tendo em conta que nada há que aponte no sentido

de terem mantido uma conduta contrária ao Direito, emite -se

parecer no sentido que deve ser concedido à insolvente a

possibil idade de após o período de cinco anos previsto no artº.

239, n.º 2 do CIRE, se exonere dos compromissos que até então

não lhe seja possível saldar.

8. INVENTÁRIO (ART.S 153.º E 155º CIRE)

Veículo automóvel de marca Ford, modelo Focus , do ano de

2005, a gasóleo com 1560cc de cil indrada, de cinzenta, com a

matrícula 14-37-ZP, com o valor de l iquidação ------------ € 7.000,00

Nota: O veículo tem registada uma reserva de propriedade a

favor da sociedade “Sofinloc - Insti tuição Financeira de Crédito,

S.A.”, sendo o valor do crédito desta sociedade de € 31.728,75.

9. RELAÇÃO PROVISÓRIA DE CREDORES (ART. 154º CIRE)

Em anexo