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2015
Nuno Albuquerque
Filipe José Faria Costa e
Rosa Maria da Silva Ferreira
16-11-2015
RELATÓRIO DO ADMINISTRADOR DA INSOLVÊNCIA (art.º 155.º CIRE)
Tribunal da Comarca do Braga
V. N. Famalicão – Instância Central
2.ª Secção do Comércio – J3
Processo n.º 7572/15.3T8VNF
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ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 3
2. IDENTIFICAÇÃO E APRESENTAÇÃO GERAL DOS INSOLVENTES ............................................. 4
2.1. IDENTIFICAÇÃO DOS INSOLVENTES .............................................................. 4
2.2. COMISSÃO DE CREDORES ................................................................................ 4
2.3. O ADMINISTRADOR DE INSOLVÊNCIA .......................................................... 4
2.4. DATAS DO PROCESSO ........................................................................................ 4
3. ANÁLISE DOS ELEMENTOS INCLUÍDOS NO DOCUMENTO REFERIDO NA ALÍNEA C) DO N.º 1
DO ARTIGO 24ª ............................................................................................................................. 5
3.1. DOCUMENTOS DISPONIBILIZADOS ................................................................ 5
3.2. EXPLICITAÇÃO DA ACTIVIDADE DOS INSOLVENTES NOS ÚLTIMOS
TRÊS ANOS ........................................................................................................................ 6
3.3. CAUSAS DA INSOLVÊNCIA ............................................................................... 6
4. CONTABILIDADE, DOCUMENTOS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS E DE INFORMAÇÃO
FINANCEIRA ................................................................................................................................. 8
5. PERSPECTIVAS DE MANUTENÇÃO DA EMPRESA ................................................................. 9
6. CENÁRIOS POSSÍVEIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA OS CREDORES ................................. 10
7. OUTROS ELEMENTOS IMPORTANTES PARA A TRAMITAÇÃO ULTERIOR DO PROCESSO ....... 12
7.1. DA APENSAÇÃO DE ACÇÕES / EXECUÇÕES ............................................ 12
7.2. DA APREENSÃO DO VENCIMENTO ............................................................... 12
7.3. DA APREENSÃO DE BENS IMÓVEIS E BENS MÓVEIS SUJEITOS A
REGISTO ........................................................................................................................... 14
7.4. DO INCIDENTE DE QUALIFICAÇÃO DA INSOLVÊNCIA .......................... 15
7.5. DO PEDIDO DE EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE ......................... 16
8. INVENTÁRIO (ART.S 153.º E 155º CIRE) ............................................................................. 25
C) RELAÇÃO PROVISÓRIA DE CREDORES (ART. 154º CIRE) ..................................... 25
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1. INTRODUÇÃO
Os devedores Filipe José Faria Costa e Rosa Maria da Silva Ferreira apresentaram-se
à insolvência, tendo sido proferida sentença em 29 de setembro de 2015.
Nos termos do art.º 155.º do CIRE, o administrador da insolvência deve elaborar um
relatório contendo:
a) A análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do n.º
1 do artigo 24.º;
b) A análise do estado da contabilidade do devedor e a sua opinião sobre os
documentos de prestação de contas e de informação financeira juntos aos
autos pelo devedor;
c) A indicação das perspectivas de manutenção da empresa do devedor, no
todo ou em parte, da conveniência de se aprovar um plano de insolvência,
e das consequências decorrentes para os credores nos diversos cenários
figuráveis;
d) Sempre que se lhe afigure conveniente a aprovação de um plano de
insolvência, a remuneração que se propõe auferir pela elaboração do
mesmo;
e) Todos os elementos que no seu entender possam ser importantes para a
tramitação ulterior do processo.
Ao relatório devem ser anexados o inventário e a lista provisória de credores.
Assim, nos termos do art.º 155.º do CIRE, vem o administrador apresentar o seu
relatório.
O Administrador da insolvência
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2. IDENTIFICAÇÃO E APRESENTAÇÃO GERAL DOS INSOLVENTES
2.1. IDENTIFICAÇÃO DOS INSOLVENTES
Nome Filipe José Faria Costa
NIF 207 432 813
Nome Rosa Maria da Silva Ferreira
NIF 208 893 237
Morada Avenida de São Cristóvão, nº 1461, 1º Direito, Cabeçudos,
4770-085 Vila Nova de Famalicão
Estado Civil Casados sob o regime de comunhão de adquiridos
2.2. COMISSÃO DE CREDORES
Não nomeada
2.3. O ADMINISTRADOR DE INSOLVÊNCIA
Nuno Carlos Lamas de Albuquerque
NIF/NIPC: 188049924
Rua Bernardo Sequeira, 78, 1.º - Apartado 3033 – 4710-358 Braga
Telef: 253 609310 – 253 609330 – 917049565 - 962678733
E-mail: [email protected];
Site para consulta: Informações sobre o processo
2.4. DATAS DO PROCESSO
Declaração de Insolvência:
Data e hora da prolação: 29-09-2015 pelas 14h00m
Publicado no portal Citius – 01-10-2015
Fixado em 30 dias o prazo para reclamação de créditos.
Assembleia de Credores art.º 155.º CIRE: 23-11-2015, pelas 10:00 horas
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3. ANÁLISE DOS ELEMENTOS INCLUÍDOS NO DOCUMENTO REFERIDO NA ALÍNEA C) DO N.º 1 DO ARTIGO 24ª
3.1. DOCUMENTOS DISPONIBILIZADOS
Dispõe a al ínea c) do n.º 1 do artigo 24ª do CIRE que o devedor
deve juntar, entre outros, documento em que se expl icita a
actividade ou actividades a que se tenha dedicado nos úl timos
três anos e os estabelecimentos de que seja titular, bem como o
que entenda serem as causas da situação em que se encontra.
Os devedores procederam, de acordo com o disposto no nº 1 do
artigo 24º do CIRE, à junção dos seguintes documentos
a) Relação de credores;
b) Relação de bens;
c) Documento que expl icita as actividades dos insolventes;
d) Relação de acções e processos pendentes.
e) Assento de casamento;
f) Assentos de nascimento;
g) Recibo de vencimento;
h) Prestação de subsídio de desemprego;
i) Certidão do registo criminal;
j) Contrato de comodato;
k) Declarações de IRS dos anosde2012, 2013 e 2014.
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3.2. EXPLICITAÇÃO DA ACTIVIDADE DOS INSOLVENTES NOS
ÚLTIMOS TRÊS ANOS
A insolvente mulher trabalha por conta de outrem , na sociedade
“Porminho Al imentação, S.A.” e aufere o salário mínimo nacional,
no valor de € 505,00.
O insolvente marido trabalhou até novembro de 2013, na
sociedade “A Cimenteira do Louro, S.A.”, data em que a
sociedade despediu 63 trabalhadores, incluindo o ora insolvente.
Em junho de 2014 começou a trabalhar na sociedade “Matos &
CIA, Ldª” , com contrato a termo certo, pelo período de 6 meses,
o qual caducou em dezembro de 2014.
Atualmente o insolvente marido encontra-se desempregado e
aufere a tí tulo de subsídio de desemprego o montante diário de €
15,40, resul tando um valor médio mensal de cerca de € 450,00.
3.3. CAUSAS DA INSOLVÊNCIA
As conclusões que infra se enunciam sobre as causas da
insolvência resultam da anál ise efectuada à informação
colocada à disposição do Administrador de Insolvência (petição
inicial e documentos fornecidos), bem como das dil igências
efectuadas por este.
Deste modo, indicam-se os motivos justif icativos da actual
situação de insolvência dos devedores:
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Os insolventes casaram em setembro de 1997 e tem um fi lho
de 16 ano de idade que se encontra a estudar;
A insolvente mulher trabalha por conta de outrem, na
sociedade “Porminho Al imentação, S.A.”, e aufere o salário
mínimo nacional, no valor de € 505,00;
O insolvente marido trabalhou até novembro de 2013, na
sociedade “A Cimenteira do Louro, S.A.”, data em que a
sociedade despediu 63 trabalhadores, incluindo o ora
insolvente, tendo-lhe sido atribuído o subsídio de
desemprego no valor mensal de € 400,00 ;
Em janeiro de 2014 o insolvente marido trabalhou apenas
durante um dia numa empresa, não tendo comunicado esse
facto à Segurança Social , no entanto a referida entidade
teve conhecimento dessa situação e cessou de imediato a
atr ibuição do subsídio de desemprego, exigindo ainda a
devolução de algumas das prestações já pagas.
Em junho de 2014 o insolvente começou a trabalhar na
sociedade “Matos & CIA, Ldª” , com contrato a termo certo,
pelo período de 6 meses, o qual caducou em dezembro de
2014.
Atualmente, o insolvente encontra-se desempregado e
aufere a tí tulo de subsídio de desemprego o montante diário
de € 15,40, resul tando um valor médio mensal de cerca de €
450,00.
Os devedores contraíram diversos créditos bancários,
nomeadamente, para adquirirem um veículo automóvel e a
uma motorizada, mas devido à instabil idade profissional do
insolvente marido e fal ta de rendimentos suficientes , ficaram
sem capacidade para pagar atempadamente os seus
compromissos.
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Encontra-se pendente contra os devedores o seguinte
processo de execução:
o Processo n.º 5269/15.3T8VNF, a correr termos na
Comarca de Braga, V. N. Famal icão - Instância Central ,
2.ª Secção de Execução – J1.
Estado da execução: Pendente.
Os insolventes celebraram um contrato de comodato com
Leonel Fernando Ribeiro de Sousa, para cedência a tí tulo
gratuito do imóvel onde habitam, ficando a cargo dos
insolventes as despesas com energia eléctrica, água, gás e
condomínio;
A conjugação destes factores levou a que os Requerentes se
vissem totalmente impossibil i tados de cumprir com as suas
obrigações.
4. CONTABILIDADE, DOCUMENTOS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS E DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA
No relatório apresentado ao abrigo do art.º 155.º do CIRE, deve o
Administrador da insolvência efectuar uma anál ise do estado da
contabil idade dos devedores e a sua opinião sobre os
documentos de prestação de contas e de informação financeira
juntos pelos devedores.
Contudo, o presente dispositivo não tem apl icação porquanto
não sendo os insolventes comerciantes, não estão obrigados
legalmente a ter contabil idade organizada.
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No que se refere à informação financeira prestada pelos
devedores e que se encontra descrita em termos de activos e
passivos, foram entregues as declarações de IRS dos anos de
2012, 2013 e 2014, das quais resulta, o seguinte:
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Valores declarados 2012 2013 2014
Rendimento Cat. A/H € 13.562,50 € 14.984,53 € 11.117,27
Rendimento Cat. B - - -
Rendimento Cat. E- Capitais - - -
Rendimentos prediais - - -
Mais valias Alineação
onerosa imóveis - - -
Alienação onerosa de partes
sociais - - -
Juros de retenção poupança - - -
5. PERSPECTIVAS DE MANUTENÇÃO DA EMPRESA
Tendo em conta o supra referido, designadamente, a
circunstância dos insolventes não serem no momento
comerciantes, não se referenciou qualquer empresa de que
aqueles sejam titulares, não tendo, por isso, aplicabil idade o
presente dispositivo.
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6. CENÁRIOS POSSÍVEIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA OS CREDORES
A assembleia de credores de apreciação do relatório del ibera
sobre o encerramento ou prosseguimento do processo de
Insolvência.
Decorre do artigo 1.º do CIRE, que o processo de insolvência tem
como escopo a l iquidação do património de um devedor
insolvente e a repartição do produto obtido pelos credores .
Estão sujeitos a apreensão no processo de insolvência todos os
bens integrantes da massa insolvente, a qual abrange todo o
património dos devedores à data da declaração de insolvência,
bem como os bens e direitos que ela adquira na pendência do
processo.
Como referem Carvalho Fernandes e João Labareda [1], da
conjugação dos n.ºs 1 e 2 do art. 46.º resul ta que, em rigor, a
massa não abrange a total idade dos bens do devedor
susceptíveis de aval iação pecuniária, mas tão só os que forem
penhoráveis e não excluídos por disposição especial em
contrário, acrescidos dos que, não sendo embora penhoráveis ,
sejam voluntariamente oferecidos pelo devedor, quanto a
impenhorabil idade não seja absoluta.
1Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, 4.ª ed., p. 236-237.
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São absolutamente impenhoráveis “os bens imprescindíveis a
qualquer economia doméstica que se encontrem na residência
permanente do executado (…)”.
Assim, não se procedeu à apreensão dos bens móveis existentes
na residência dos devedores por se tratar de bens imprescindíveis
à respectiva economia doméstica.
O signatário encetou dil igências no sentido de averiguar a
existência de bens no património dos insolventes, nomeadamente
junto da Conservatória do Registo Predial e Automóvel e
Repartição de Finanças, tendo sido local izado os bens infra
descritos no inventário.
O cenário possível que se apresenta para os credores é , pois, no
sentido da l iquidação do activo.
Assim, considerando que:
1. É notória a situação de insolvência e a insuficiência de
valores activos face ao Passivo acumulado;
2. Os bens apreendidos a favor da massa são provavelmente
de valor inferior às dívidas contraídas;
3. Não havendo Plano de Pagamentos;
o Administrador da Insolvência propõe que se del ibere no sentido
da l iquidação do activo e partilha da massa insolvente .
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7. OUTROS ELEMENTOS IMPORTANTES PARA A TRAMITAÇÃO ULTERIOR DO PROCESSO
7.1. DA APENSAÇÃO DE ACÇÕES / EXECUÇÕES
Nas acções / execuções pendentes contra os insolventes não
se discute qualquer questão cuja decisão que venha a ser
proferida possa afectar a massa insolvente (no sentido de lhe
acrescentar ou retirar bens ou valor), pelo que não se requer a
apensação das mesmas.
No que se reporta aos processos executivos o pedido de
apensação apenas se justif icará em caso de dif iculdade de
apreensão para a massa insolvente dos bens penhorados no
âmbito desses processos, o que, até ao momento não se
verifica, pelo que não se requer a apensação dos mesmos.
7.2. DA APREENSÃO DO VENCIMENTO
No relatório apresentado nos termos do disposto no artigo 155.º
do CIRE, deve ser feita menção quanto à apreensão (montante
apreendido) ou não do vencimento dos insolventes pessoas
singulares e, no caso de não apreensão, deverá constar, de
forma sucinta, a justificação para a não apreensão.
O vencimento deve ser apreendido com destino à satisfação dos
credores dos insolventes, fazendo parte da massa insolvente que
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abrange todo o património do devedor e os bens e direitos que
ele adquira na pendência do processo (art.º 46.º, n.º 1, do CIRE).
Na execução singular (art. 824ºdo C.P.C.) determina -se que a
impenhorabil idade estabelecida no n.º 1 do preceito (2/3 dos
vencimentos, salários ou prestações de natureza semelhante
auferidos pelo devedor e bem assim das prestações periódicas
auferidas a tí tulo de aposentação ou qualquer outra regal ia
social) tem como l imite máximo o montante equivalente a três
salários mínimos nacionais à data de cada apreensão e, como
l imite mínimo, quando o executado não tenha outro rendimento
(e o crédito exequendo não seja de al imentos), o montante
equivalente ao salário mínimo nacional.
Na execução universal em que a insolvência se traduz, e no caso
particular em que é requerida a exoneração do passivo restante,
estabelece a lei o princípio de que todos os rendimentos que
advenham ao devedor consti tuem rendimento disponível , a ser
afecto às f inal idades previstas no art. 241º do C.I .R.E.
(cumprimento das obrigações do devedor), excluindo porém
desse rendimento disponível – e logo dessa afectação do
património do devedor ao cumprimento das obrigações para
com os seus credores – o razoavelmente necessário para o
sustento minimamente digno do devedor e do seu agregado
famil iar, não devendo essa exclusão exceder, salvo decisão
fundamentada do juiz em contrário, três vezes o salário mínimo
nacional.
Uma diferença entre os dois regimes é de realçar, desde logo o
facto da norma do C.I .R.E. não mencionar qualquer l imite
mínimo objectivo, aludindo antes a um conceito indeterminado –
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o razoavelmente necessário para o sustento minimamente digno
do devedor e seu agregado.
Assim, considera-se adequado dever interpretar-se o art. 239º, nº
3, b), i) do C.I .R.E. no sentido de que a exclusão aí prevista tem
como l imite mínimo o que seja razoavelmente necessário para
garantir e salvaguardar o sustento minimamente digno do
devedor e seu agregado famil iar.
Ora, verif ica-se, in casu, que a insolvente mulher trabalha por
conta de outrem, na sociedade “Porminho Al imentação, S. A.”,
aufere o salário mínimo nacional, no valor de € 505,00 .
Por seu turno, o insolvente marido encontra-se desempregado e
aufere a tí tulo de subsídio de desemprego o montan te diário de
€ 15,40, resultando um valor médio mensal de cerca de € 450,00.
Face ao entendimento supra manifestado e ao valor do salário
auferido pelo insolvente marido, considera-se não dever ser
aprendido qualquer montante do salário e subsidio auferido por
aqueles, pois que o mesmo é imprescindível para o respectivo
sustento condigno do agregado famil iar.
7.3. DA APREENSÃO DE BENS IMÓVEIS E BENS MÓVEIS SUJEITOS
A REGISTO
Das dil igências efectuadas no sentido de averiguar a exi stência
de bens no património dos insolventes, nomeadamente junto da
Conservatória do Registo Predial e Automóvel, foi possível
local izar os bens infra descri tos.
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Veículo automóvel l igeiro de passageiros, marca Ford,
modelo Ford C-Max, do ano de 2009, com a matrícula 49-I I -
37.
Motociclo, marca Honda, modelo Honda JF31, a gasol ina,
do ano de 2012, com a matrícula 66-NC-80.
7.4. DO INCIDENTE DE QUALIFICAÇÃO DA INSOLVÊNCIA
Caso disponha de elementos que justifiquem a abertura do
incidente de qual ificação da insolvência, na sentença que
declarar a insolvência, o juiz declara aberto o incidente de
qual ificação, com carácter pleno ou l imitado – cfr. al . i) doa rt.º
36.º do CIRE.
Nos presentes autos a sentença que decretou a insolvência não
declarou, desde logo, aberto aquele incidente .
Assim, nos termos do n.º 1 do art.º 188.º do CIRE, até 15 dias após
a real ização da assembleia de apreciação do relatório, o
administrador da insolvência ou qualquer interessado deverá
alegar, fundamentadamente, por escri to, em requerimento
autuado por apenso, o que tiver por conveniente para efeito da
qual ificação da insolvência como culposa e indicar as pessoas
que devem ser afetadas por tal qual ificação, cabendo ao juiz
conhecer dos factos alegados e, se o considerar oportuno,
declarar aberto o incidente de qual ificação da insolvência, nos
10 dias subsequentes.
Sem prejuízo, regista-se, desde já a inexistência de indícios que
fossem do conhecimento do administrador e passíveis de
determinar a qualificação da insolvência como culposa.
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7.5. DO PEDIDO DE EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE
Os insolventes vieram requerer a exoneração do passivo
restante, nos termos do disposto no art.º 235. ess do CIRE.
Deve, nos termos do n.º 4 do art.º236.º do CIRE, o administrador
da insolvência pronunciar -se sobre o requerimento.
É possível del inear a seguinte factual idade com interesse para a
emissão do presente parecer, face aos elementos documentais
constantes do processo (petição inicial e informações prestadas
pelos Requerentes, sentença que decretou a insolvência bem
como a relação provisória de credores apresentada nos termos
dos artºs 154.º e 155º CIRE):
1. Os insolventes casaram em setembro de 1997 e tem um fi lho
de 16 ano de idade que se encontra a estudar;
2. A insolvente mulher trabalha por conta de outrem, na
sociedade “Porminho Al imentação, S. A.”, e aufere o salário
mínimo nacional, no valor de € 505,00;
3. O insolvente marido encontra-se desempregado e aufere a
tí tulo de subsídio de desemprego o montante diário de €
15,40, resultando um valor médio mensal de cerca de €
450,00.
4. Os devedores contraíram diversos créditos bancários,
nomeadamente, para adquirirem um veículo automóvel e a
uma motorizada, mas devido à instabil idade profissional do
insolvente marido e fal ta de rendimentos suficientes , ficaram
sem capacidade para pagar atempadamente os seus
compromissos.
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5. Têm a as seguintes despesas mensais:
a. Educação do fi lho - € 60,00;
b. Transporte escolar do fi lho - € 25,00;
c. Alimentação do fi lho na escola - € 35,00;
d. Alimentação do agregado famil iar - € 200,00;
e. Transporte da insolvente para o local de trabalho - €
80,00;
f. Despesas com a casa, designadamente com energia
eléctrica, água, gás e condomínio - € 200,00;
6. Os insolventes celebraram um contrato de comodato com
Leonel Fernando Ribeiro de Sousa, para cedência a tí tulo
gratuito do imóvel onde habitam, ficando a cargo dos
insolventes as despesas com energia eléctrica, água, gás e
condomínio;
7. Os seus credores e respectivos créditos são os seguintes:
Credores Fundamento Montante Data
Constituição
Data Venciment
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BANCO COMERCIAL
PORTUGUÊS, S.A.,
SOCIEDADE ABERTA
Conta de DO n.º 45354574502
347,58 01-09-2015 30-09-2015
BANCO BPN PARIBAS
PERSONAL FINANCE, S.A
Crédito relacionado pelos insolventes
347,00 N/D N/D
BANCO SANTANDER
CONSUMER PORTUGAL,
S.A.
Proc. Executivo n.º 5269/15,3T8VNF,
cujo título executivo é uma livrança
14.295,87 14-10-2010 22-04-2015
BANCO SANTANDER
TOTTA, S.A.
Contrato de empréstimo 9316633
15.238,85 17-01-2014 25-02-2014
BANCO SANTANDER
TOTTA, S.A.
Saldo descoberto de conta de DO n.º
0000.333171650020.31
126,66 15-09-2014 01-10-2015
BANCO SANTANDER
TOTTA, S.A.
Saldo negativo gerado pela utilização de cartões de crédito
348,59 03-12-2014 01-10-2015
COFIDIS, SUCURSAL EM Contrato de crédito
"Vida Livre" 4.162,84 01-08-2014
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PORTUGAL, S.A.
COFIDIS, SUCURSAL EM
PORTUGAL, S.A.
Contrato de crédito "Conta Certa"
2.353,90 01-03-2014 01-12-014
POPULAR SERVICIOS
FINANCIEIROS, E.F.C.,
S.A.
Crédito relacionado pelos insolventes
50,00 N/D N/D
8. Encontra-se pendente contra os devedores o seguinte
processo de execução:
a. Processo n.º 5269/15.3T8VNF, a correr termos na
Comarca de Braga, V. N. Famal icão - Instância Central ,
2.ª Secção de Execução – J1.
9. Os requerentes, de acordo com a informação constante das
certidões do registo de nascimento, nunca foram declarados
insolventes nem nunca beneficiaram anteriormente de
exoneração do passivo restante.
10. De acordo com as informações constantes das
certidões de registo criminal, não foram condenados por
sentença transitada em julgado por algum dos crimes
previstos e punidos nos artigos 227.º a 229.º do Código Penal
nos 10 anos anteriores à data da entrada em juízo do
pedido de declaração da insolvência ou posteri ormente a
esta data.
11. Apresentaram-se à insolvência em 24 de setembro de
2015, a qual foi decretada por sentença proferida no dia 28
do mesmo mês.
*-*
Isto dito:
Dispõe o disposto no art.º 235º do CIRE, que ”se o devedor for
uma pessoa singular, pode ser -lhe concedida a exoneração dos
créditos sobre a insolvência que não forem integralmente pagos
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no processo de insolvência ou nos cinco anos posteriores no
encerramento deste”.
Os cri térios de apl icação deste instituto estão previstos nos art.ºs
237.ºsegs. do CIRE. Não sendo aprovado e homologado na
assembleia de apreciação do relatório qualquer plano de
insolvência, cumprir -se-á dessa forma o requisi to da al ínea c) do
art.º 237.º.
Quanto aos requisitos estabelecidos no art.º 238º (apl icáveis por
força do art.º 237º., al ínea a) do CIRE), o pedido foi deduzido
conjuntamente com a apresentação à insolvência, pelo que nos
termos do art.º 236, n.º 1, ele mostra-se tempestivo.
Nada consta nos autos ou foi apurado pela administradora de
insolvência quanto a terem os devedores fornecido informações
falsas a que se refere a al ínea b) ou ter beneficiado
anteriormente desta exoneração do passivo restante (al ínea c)).
A apl icação do disposto na al ínea d) do nº 1 do artigo 238.º do
CIRE pressupõe a verificação de uma das seguintes situações:
o devedor não cumprir o dever de apresentação à
insolvência, com prejuízo para os credores,
ou se não existi r esse dever, se se tiver abstido dessa
apresentação nos seis meses seguintes à verificação da
situação de insolvência, com preju ízo para os credores e
sabendo, ou não podendo ignorar sem culpa grave, não
existi r qualquer perspectiva séria de melhoria da sua
situação económica.
Estando em apreciação um pedido que foi formulado por pessoa s
singulares, não estão os insolventes obrigados a apresentarem-se
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à insolvência no prazo estabelecido no art. 18, nº 1 do CIRE, tal
como flui do nº 2 deste mesmo preceito, pelo que não se cuida
de verif icar a verificação em concreto da parte inicial da al ínea
d).
No que se reporta aos demais requisi tos desta al ínea d), de
preenchimento cumulativo, são os seguintes:
que devedor/requerente não se apresente à insolvência
nos seis meses seguintes à verif icação da situação de
insolvência;
que desse atraso resul te um prejuízo para os credores;
que o devedor soubesse, ou pelo menos não pudesse
ignorar sem culpa grave, não existir qualquer perspectiva
séria de melhoria da sua situação económica.
Carvalho Fernandes e João Labareda sobre esta matéria
escrevem que “para além da não apresentação à insolvên cia, a
relevância deste comportamento do devedor, para efeito de
indeferimento l iminar, depende ainda, em qualquer destas
hipóteses, de haver prejuízo para os credores e de o devedor
saber ou não poder ignorar, sem culpa grave, que não existe
«qualquer perspectiva séria da melhoria da sua situação
económica».
Está aqui em causa apurar se a não apresentação dos devedores
à insolvência se pode justificar por eles estarem razoavelmente
convictos de a sua situação económica poder melhorar em
termos de não se tornar necessária a declaração de
insolvência”[…]
Ora, o conceito de prejuízo pressuposto na al ínea d) do nº 1 do
artigo 238 do CIRE consiste num prejuízo diverso do simples
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vencimento dos juros, que são consequência normal do
incumprimento gerador da insolvência, tratando-se assim dum
prejuízo de outra ordem, projectado na esfera jurídica do credor
em consequência da inércia do insolvente (consistindo, por
exemplo, no abandono, degradação ou dissipação de bens no
período que dispunha para se apresentar à in solvência).
Entende-se que o simples acumular do montante de juros não
integra o conceito de “prejuízo” a que se refere o art. 238, nº 1,
al. d) do CIRE. [ ].
Com efeito, a mora resul tante do atraso no pagamento, em
abstracto, contr ibui sempre para o avol umar da dívida,
designadamente em virtude dos juros que lhe estão associados,
em especial quando estamos perante dívidas a instituições
financeiras.
Ora, sendo a insolvência uma situação de impossibil idade de
cumprimento de obrigações vencidas (cfr. art. 3, nº 1 do CIRE),
lógica é a constatação de que estas vencem juros (cfr. arts. 804 e
segs. do Cód. Civil ), o que se traduz no aumento quantitativo do
passivo do devedor.
Não pode, pois, considerar -se que o conceito normativo de
prejuízo previsto na al ínea d) do nº 1 do art. 238 do CIRE inclua no
seu âmbito o típico, normal e necessário aumento do passivo em
decorrência do vencimento dos juros incidentes sobre o crédito
de capital , sob pena de se estar a esvaziar de sentido úti l a
referência legal a tal requis ito (prejuízo de credores).
É que se tivesse sido essa a f inal idade da lei, bastaria ter
estabelecido o indeferimento l iminar do pedido de exoneração
do passivo restante quando o devedor se abstivesse de se
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apresentar à insolvência no período de seis meses posterior à
verificação dessa situação.
Terá, assim, que se entender que o simples decurso do tempo (seis
meses após a verificação da situação de insolvência) não é
suficiente para se poder considerar preenchido o requisi to aqui
em anál ise, uma vez que tal representaria, estar a valorizar -se um
prejuízo que sempre estaria ínsito nesse decurso e que seria
comum a todas as situações de insolvência, o que não se mostra
compatível com o estabelecimento do prejuízo dos credores
como requisito autónomo do indeferimento l iminar do incidente.
Tratando-se o prejuízo dos credores de um requis ito autónomo
deste indeferimento l iminar, acrescerá o mesmo aos demais
requisi tos, surgindo, por isso, como um pressuposto adicional, que
traz exigências distintas das pressupostas pelos outros, não
podendo considerar-se preenchido por circunstâncias que já
estão contidas num desses outros requisitos.
Neste contexto, terá que se dar ênfase particular à conduta do s
devedores, devendo apurar-se se esta se pautou pela l icitude,
honestidade, transparência e boa-fé, no que respeita à sua
situação económica, só se justif icando o indeferimento l iminar
caso se conclua pela negativa.
Ao estabelecer, como pressuposto do indeferimento l iminar do
pedido de exoneração, que a apresentação extemporânea do
devedor à insolvência haja causado prejuízo aos credores, a lei
visa os comportamentos que façam diminuir o acervo patrimonial
do devedor, que onerem o seu património ou mesmo aqueles que
originem novos débitos, a acrescer aos que integravam o passivo
que estava já impossibil i tado de satisfazer. São estes
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comportamentos desconformes ao proceder honesto, l ícito,
transparente e de boa-fé, os quais, a verif icarem-se na conduta
do devedor, impedem que a este seja reconhecida a
possibil idade, preenchidos os demais requisi tos do preceito, de se
l ibertar de algumas das suas dívidas, para dessa forma lograr a
sua reabil itação económica. Como tal , o que se sanciona são os
comportamentos que impossibil i tem, dif icultem ou diminuam a
possibil idade de os credores obterem a satisfação dos seus
créditos, nos termos em que essa satisfação seria conseguida
caso tais comportamentos não ocorressem.
Face à matéria fáctica que atrás se considerou relevante, nada
foi apurado no sentido que aponte para que os insolvente s não
tenham adoptado uma atitude de l icitude, honestidade,
transparência e boa-fé no que respeita à sua situação
económica.
Por outro lado, igualmente não foi trazido aos autos qualquer
elemento que aponte no sentido da culpa dos devedores na
criação ou agravamento da situação de insolvência – está
também preenchida a al ínea e) do art.º 238.º.
Não consta, ainda, que os devedores tivessem sido condenados
por sentença transitada em julgado por algum dos crimes
previstos e punidos nos artigos 227.º a 229.º do Código Penal nos
10 anos anteriores à data da entrada em juízo do pedido de
declaração da insolvência ou posteriormente a esta data – al ínea
f) do n.º 1 do artº 238.º do CIRE.
Por úl timo, não resulta que os devedores tenham violado qualquer
dos deveres de informação, apresentação ou colaboração
previstos no CIRE – al íneas i) e g) do artº 238.º
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Os pressupostos formais previstos no CIRE estão preenchidos e não
há elementos que levem o signatário a emitir parecer que
pudesse concluir pelo indeferimento do ped ido.
Assim sendo, tendo em conta que nada há que aponte no sentido
de ter mantido uma conduta contrária ao Direito, emite -se
parecer no sentido que deve ser concedido aos insolventes a
possibil idade de após o período de cinco anos previsto no artº.
239, n.º 2 do CIRE, se exonerar dos compromissos que até então
não lhes seja possível saldar.
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3.º
e 1
55
º C
IRE)
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8. INVENTÁRIO (ART.S 153.º E 155º CIRE)
a) VENCIMENTO
Rendimento auferido pela insolvente mulher, na sociedade
“Porminho Al imentação, S.A.” , no valor de € 505,00.
Subsídio de desemprego auferido pelo insolvente marido, no
montante diário de € 15,40, resul tando um valor médio mensal
de cerca de € 450,00.
b) BENS MÓVEIS
Verba n.º 1
Veículo automóvel l igeiro de passageiros, marca Ford, modelo
Ford C-Max, do ano de 2009, com a matrícula 49-I I -37, no valor de
----------------------------------------------------------------------------- € 7.700,00
Val or de venda apurado em consu l ta do s i te de venda www.standvi r tual .com , em 16 de
novembro de 2015 desva l or i zado de um coef i ci ente de 30% do va l or de mercado.___________
Verba n.º 2
Motociclo, marca Honda, modelo Honda JF31, a gasol ina, do ano
de 2012, com a matrícula 66-NC-80, no valor de -------------€ 750,00
C) RELAÇÃO PROVISÓRIA DE CREDORES (ART. 154º CIRE)
Em anexo