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Relatório de Actividades 2006

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R e l a t ó r i o d e A c t i v i d a d e s 2 0 0 6

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Ficha Técnica

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES 2006

Edição

AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA

Execução Gráfica

Facsimile, Lda

Depósito Legal

216607/04

Tiragem

1000 exemplares

Lisboa 2007

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RELATÓRIO DE ACTIVIDADES e RELATÓRIO DE GESTÃO

Índice

Mensagem do Presidente Message from the President

Mensagem do Conselho da Autoridade Message from the Board

Retrospectiva do ano: Factos Relevantes para a Política de Concorrência

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES

1. Sumário Executivo Executive Summary

2. Enquadramento de Base

2.1 Breve Nota sobre a Conjuntura Económica em 2006 2.2 Desenvolvimentos da Política da Concorrência2.2.1 Âmbito Nacional2.2.2 Âmbito Comunitário2.3 Iniciativas legislativas no domínio da concorrência2.4 Promoção de uma cultura de Concorrência

3. Processos instaurados ao abrigo da Lei da Concorrência

3.1 Apreciação geral 3.2 Processos decididos3.2.1 Práticas Restritivas da Concorrência3.2.2 Incumprimentos3.3 Movimento Geral de Processos 3.4 Procedimentos de Controlo de Operações de Concentração 3.4.1 Caracterização das Operações de Concentração3.4.2 Controlo de Operações à luz da Lei n.º 18/2003 - Decisões3.4.3 Processos no âmbito Comunitário3.4.3.1 Análise de concentrações de notificação múltipla nos termos do n.º 5 do artigo 4.º2.5.3.1 do Regulamento Comunitário das concentrações de empresas3.4.3.2 Análise de concentrações de dimensão comunitária nos termos do artigo 9.º

do Regulamento Comunitário das concentrações de empresas3.4.3.3 Análise de concentrações para eventuais pedidos de remessa para a Comissão, nos

termos do artigo 22.º do Regulamento Comunitário das concentrações de empresas 3.5 Controlo Judicial – Relacionamento com os Tribunais3.5.1 Actividades desenvolvidas3.5.2 Decisões Judiciais

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4. Outras Acções Desenvolvidas

4.1 A presença do Estado em domínios que afectam a concorrência 4.2 Recomendações e Pareceres4.2.1 Recomendações ao Governo4.2.2. Pareceres4.3 Relações com os Reguladores Sectoriais4.3.1 Autoridade Nacional de Comunicações – ICP-ANACOM4.3.2 Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos – ERSE4.3.3 Instituto Regulador de Águas e Resíduos – IRAR4.3.4 Instituto Nacional de Aeronáutica Civil – INAC4.3.5 Instituto de Seguros de Portugal – ISP4.3.6 Banco de Portugal – BdP4.3.7 Comissão dos Mercados de Valores Mobiliários – CMVM4.3.8 Alta Autoridade para a Comunicação Social – AACS/Entidade Reguladora

da Comunicação – ERC4.3.9 Instituto de Mercados de Obras Públicas e Particulares e do Imobiliário – IMOPPI4.3.10 Entidade Reguladora da Saúde – ERS4.3.11 Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos – IPTM4.3.12 Instituto Nacional de Resíduos – INR4.4 Acompanhamento de Mercados4.5 Auxílios de Estado

5. Estudos

6. Seminários

7. Instituições de âmbito comunitário

7.1 Conselho Europeu e Conselho de Ministros da União Europeia7.2 Comissão Europeia7.2.1 Reunião de Directores-Gerais7.2.2 Rede Europeia da Concorrência (European Competition Network - (ECN)7.2.2.1 Actividade no âmbito da infra-estrutura informática7.2.2.2 Actividade no âmbito do Plenário e seus Grupos de Trabalho7.2.2.3 Actividade no âmbito dos Grupos e Subgrupo de Trabalho horizontais

• Grupo de Trabalho do Economista-Chefe• Grupo de Trabalho sobre Abusos de Posição Dominante

7.2.2.4 Actividade no âmbito dos Subgrupos de Trabalho Sectoriais• Energia• Banca• Sector farmacêutico• Transporte Marítimo• Desporto• Profissões liberais

7.3.3 Comité Consultivo em matéria de Práticas Restritivas e Posições Dominantes7.4 Comité Consultivo em matéria de Concentração de Empresas7.5 Comité Consultivo em matéria de Auxílios de Estado7.6 Quadro de presenças em Reuniões Comunitárias

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8. Cooperação Internacional

8.1 Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico – OCDE8.2 Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento

(United Nations Conference on Trade and Development, UNCTAD)8.3 Rede Europeia de Autoridades da Concorrência

(European Competition Authorities, ECA)8.4 Rede Internacional da Concorrência (International Competition Network, ICN)8.5 Fórum Ibero-Americano da Concorrência8.6 Rede Lusófona da Concorrência

9. Cooperação Bilateral

10. Cooperação Institucional

RELATÓRIO DE GESTÃO

1. Recursos humanos2. Análise patrimonial e financeira3. Situação patrimonial e investimento4. Cumprimento dos preceitos legais5. Evolução previsível da ADC6. Aplicação dos resultados7. Demonstrações financeiras

CERTIFICAÇÃO LEGAL DE CONTAS

ANEXOS

I - Decisões sobre Concentrações de Empresas II - Decisões Finais – Práticas Restritivas da ConcorrênciaIII - Decisões - IncumprimentosIV - Decisões - Práticas Comerciais Restritivas

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Prof. Doutor Abel M. Mateus

Presidente do Conselhoda Autoridade da Concorrência

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Mensagem do PresidenteMessage from the President

O ano de 2006 foi um ano record em termos deactividade da área de concentrações. Para além dofluxo normal houve duas concentrações que exigiramum esforço extraordinário: as Ofertas Públicas deAquisição da Sonaecom ao Grupo Portugal Telecom edo Banco Comercial Português ao Banco Portuguêsde Investimento. Apesar do elevado volume de negó-cios destas operações, estas operações foram ava-liadas pela Autoridade da Concorrência Portuguesa enão pela Comissão Europeia, porque dois terços daactividade destas empresas se circunscreviam ao ter-ritório nacional. Mas a sua complexidade e o trabalhorequerido eram comparáveis aos processos tambémmais complexos que a Comissão já efectuou atéhoje. A Autoridade soube responder com o grandeempenho e dedicação dos seus economistas e juris-tas, apesar dos poucos anos da sua existência. Naprimeira concentração estiveram em confronto al-guns dos melhores especialistas a nível internacionalno sector das telecomunicações e a própria Autori-dade teve também que recorrer a algumas consul-toras internacionais. Ao dar possibilidade às partes deexercer o direito do contraditório, direito que a Au-toridade está obrigada a respeitar, o processo levoumais tempo do que seria desejável do ponto de vistado mercado de capitais. Também a intensa colabo-ração que houve com o regulador sectorial permitiudefinir um quadro de funcionamento concorrencialpara o funcionamento futuro do sector das teleco-municações em Portugal. A segunda operação re-quereu uma análise aprofundada de meia centena demercados dos sectores bancário, do sistema de paga-mentos e dos seguros da economia portuguesa. Emtodas estas operações foram utilizadas as melhorespráticas de análise das ciências económicas e jurídi-cas, o que tem sido amplamente reconhecido nasinstituições internacionais.

De todo este processo, e hoje já com algum distan-ciamento, podemos afirmar que a Autoridade sepode orgulhar da qualidade e nível científico do tra-balho realizado, e que a Lei da Concorrência, comoparte integrante e fundamental do sistema jurídiconacional e em particular ao direito administrativo, re-sistiu bem ao teste a que foi submetida. No que tocaao regime das OPAs o governo já actuou no sentido

The year 2006 was a record year in terms of activityin the field of mergers. Besides the normal flowthere were two mergers that demanded an excep-tional effort: the Sonaecom takeover bid for GrupoPortugal Telecom and the Banco Comercial Por-tuguês bid for Banco Português de Investimento.Despite the high annual turnover of these opera-tions, they were assessed by the Portuguese Com-petition Authority and not the EuropeanCommission because two thirds of these companies’economic activity took place within the territory ofPortugal. But their complexity and the work de-manded were comparable to the most complex cas-es that the Commission has dealt with to date. TheAuthority responded with the wholehearted com-mitment and dedication of its economists andlawyers, despite the limited number of years that ithas existed. The first merger involved some of thegreatest international specialists in the telecommu-nications sector and the Authority itself had to referto certain international consultants. As the partieswere given the opportunity to exercise the right tocross examine, a right that the Authority is obligedto respect, the case took more time than wouldhave been desirable from the capital market’s pointof view. In addition, the close co-operation thattook place with the sectoral regulator allowed us todefine an operational framework for competitiondesigned for the future functioning of the telecom-munications sector in Portugal. The second mergerrequired an in-depth analysis of 50 markets in thePortuguese economic sectors covering banking, thepayments system and insurance. All these opera-tions use the best analysis practices in the econom-ic and legal sciences, a fact that has been fullyrecognised in international institutions.

From this whole process – seen today from a certaindistance – we can say that the Authority can be proudof the quality and scientific level of the work carriedout and that the Competition Law, as an integral andfundamental part of the national legal system and, inparticular, administrative law, responded successfullyto the test to which it was submitted. With regard tothe rules for takeover bids, the government has al-ready taken action to reduce the time-limits for the

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de encurtar os prazos de decisão por parte daAutoridade, o que lança um novo repto não só aesta instituição como também às partes envolvidasem operações desta complexidade.

A actividade processual da Autoridade continuou adesenvolver-se, sobretudo nas áreas de luta contra oscartéis e de práticas restritivas da concorrência de na-tureza contratual. Esta continuará a ser a área priori-tária de nossa actuação, pois os cartéis são a formaanti-concorrencial mais perniciosa e a par dos abusosde posição dominante, por práticas exclusionárias daconcorrência, os factores que mais reduzem o bem-estar potencial dos consumidores e a competitividadeda economia portuguesa.

Finalmente é de notar a continuação de uma activi-dade intensa na formação de uma cultura da concor-rência entre os agentes económicos nacionais, e nafronte internacional, contribuindo para o desenvolvi-mento das instituições de concorrência a nível dosPALOPs e da área Ibero-americana e das InstituiçõesComunitárias.

Prof. Doutor Abel M. MateusPresidente do Conselho

Authority’s decisions. This lays down a new challengenot only for this institution but also the parties in-volved in operations of this complexity.

The Authority’s case activity has continued to devel-op, especially in the areas of the fight against cartelsand of anti-competitive practices involving contracts.This will continue to be the priority area for our activ-ities, as cartels are the most harmful form of subvert-ing competition and, along with the abuses of adominant position with practices that exclude com-petition, the factors that most seriously reduce thepotential well-being of consumers and the competi-tiveness of the Portuguese economy.

Finally, we should note the continuation of intenseactivity in the creation of a competition cultureamong the economic agents in Portugal and on theinternational front. It is contributing to the develop-ment of competition institutions at the level ofAfrican Countries with Portuguese as an Official Lan-guage (“PALOPs”) and the Ibero-American area, aswell as that of Community institutions.

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Mensagem do Conselho da Autoridade Message from the Board

Ao ponderar o exercício da AdC no seu quarto anode existência, para o efeito de assumir a Responsa-bilidade Pública que o art. 37.º dos seus Estatutos,aprovados pelo Decreto Lei n.º 10/2003, de 18 deJaneiro, o Conselho quer naturalmente, enfatizar oesforço dos serviços em promover a concorrência naeconomia portuguesa, em consonância com os para-digmas decorrentes da Constituição da RepúblicaPortuguesa e dos Tratados fundacionais da União Eu-ropeia.

Para tanto cumpre registar o desenrolar das iniciativasplurais em todas as áreas que constituem objecto dasnormas que se enquadram nas legislações nacional ecomunitária.

Na verdade, não é correcto deixarmo-nos ofuscarpela visibilidade mediática das conhecidas “OPAs”nos sectores das telecomunicações e da banca, quede facto consumiram em 2006 muitas horas de tra-balho, com conteúdos muito diversificados, e nãoreferir os outros domínios por onde se desenvolveu aactividade da AdC.

Se é verdade que o ano de 2006 ficou na história daspolíticas públicas da concorrência e da regulaçãocomo sendo o período onde ocorreram as operaçõesde maior dimensão e de maior complexidade de sem-pre – e que, sob esse aspecto, dificilmente vão teroperações comparáveis nos próximos anos, tambémnão é menos verdade que 2006 foi também umano muito importante na luta contra os cartéis, na re-alização de inquéritos, alguns dos sectoriais, bem co-mo no acompanhamento das medidas públicas quepossam configurar Auxílios de Estado, na elaboraçãode Recomendações ao Governo, e no próprio contro-lo de outras operações de concentração. Importa ain-da sublinhar a realização de iniciativas diversas,visando a disseminação recorrente, mas semprenecessária, da cultura de concorrência.

Assim importa referir, desde já, que o ano de 2006 foium período onde a AdC viu coroada de sucesso a suainiciativa para introduzir no ordenamento jurídicoportuguês um instrumento de Clemência, em parale-lo com o que tem vindo a ser feito, nos últimos anos,

In considering the performance of the CompetitionAuthority in the fourth year of its existence, for thepurpose of assuming the Public Responsibility con-tained in Article 37 of its Statutes, approved by De-cree-Law No. 10/2003 of 18 January, the Councilnaturally wishes to emphasise the efforts of the de-partments in promoting competition in the Por-tuguese economy, in accordance with the paradigmsderiving from the Constitution of the Portuguese Re-public and the Treaties establishing the EuropeanUnion.

It is, thus, necessary to record the development of thenumerous initiatives in all the areas that are subject tothe rules framed in the national and Community leg-islation.

In truth, it is not right that we allow ourselves to bedazzled by the visibility in the media of the well-pub-licised takeover bids in the telecommunications andbanking sectors – which displayed very different con-tents and, in fact, consumed many hours’ work in2006 – and fail to mention the other areas in whichthe Competition Authority has exercised its activities.

It may be true that the year 2006 will remain in thehistory of public competition and regulation policiesas the period in which the Authority handled themost extensive and complex operations ever andthat, in this aspect, it will be difficult to have compa-rable operations in the near future. But it is no lesstrue that 2006 was a very important year for the fightagainst cartels, the execution of investigations, someof them sectorial, the monitoring of public measuresthat could represent state aid, the preparation of Rec-ommendations to the Government, and the controlof other mergers. It is also important to underline theorganisation of different initiatives aimed at the on-going, though always necessary, dissemination of thecompetition culture.

It is important to mention from the outset that theyear 2006 was a period in which the CompetitionAuthority’s initiative to introduce a leniency instru-ment into the Portuguese legal system was crownedwith success. This is in line with what has been hap-

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Conselho da Autoridade da Concorrência

Prof. Doutor Abel M. Mateus, PresidenteProf. Doutor Eduardo Lopes Rodrigues, Vogal

Dra. Teresa Moreira, Vogal

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na generalidade dos Estados Membros da UniãoEuropeia, e, bem assim, noutros países do EspaçoEconómico Europeu.

Neste domínio cumpre, pois, registar com elevadaprioridade a publicação da Lei n.º 39/2006 de 25 deAgosto, que estabelece o regime jurídico da dispensae da atenuação especial da coima em processos decontra-ordenação por infracção às normas nacionaisde concorrência.

A AdC ficou assim a dispor de instrumentos deactuação perfeitamente em linha com o que écorrente no Espaço Económico Europeu.

No domínio da cooperação internacional é justoreferir também a intensa participação da AdC nas re-des ECN e na ECA, no domínio da União Europeia,bem como nas actividades regulares da ICN, daOCDE, da UNCTAD.

Neste último domínio, importa registar o salto quali-ficativo que os serviços da AdC deram, igualmente,no envolvimento e na participação na rede de actua-ção relativa aos Auxílios de Estado, desenvolvida pelaComissão Europeia.

A inserção da AdC neste domínio cada vez mais rele-vante da política de concorrência, tem vindo a serprosseguida paulatinamente, em linha com os desen-volvimentos recentes no âmbito da União Europeia.

A finalizar é particularmente gratificante ao Conselhoregistar o elevado empenho e profissionalismo de to-dos os colaboradores da AdC, sem os quais não teriasido seguramente possível alcançar os resultadosefectivamente conseguidos.

pening in recent years in most European UnionMember States and other European Economic Areacountries.

In this field, it is thus necessary to record, with high pri-ority, the publication of Law No. 39/2006 of 25 August,which sets out the legal regulations for exemption fromor a especial reduction in fines in cases involving finan-cial penalties for offences against the national competi-tion regulations.

With this law, the Competition Authority now dis-poses of instruments for action that are perfectly inline with what is common in the European EconomicArea.

In the field of international cooperation it is also fit-ting to mention the Competition Authority’s intenseparticipation in the ECN and ECA, within the scope ofthe European Union, and in the regular activities ofthe ICN, the OECD and UNCTAD.

In the latter area, it is also important to register thequalifying leap that the Competition Authority’s de-partments have also made in their involvement andparticipation in the network for action on state aid,developed by the European Commission.

The entry of the Competition Authority into this area,which is increasingly important in competition policy,has been taking place on a gradual basis, in line withrecent developments in the European Union.

To conclude, it is particularly gratifying for the Coun-cil to recognise the professionalism and profoundcommitment of all those who work for the Competi-tion Authority, without whom it would certainly havebeen impossible to achieve the results that in fac

Dra. Teresa MoreiraVogal do Conselho

Prof. Doutor Abel M. MateusPresidente do Conselho

Prof. Doutor Eduardo Lopes RodriguesVogal do Conselho

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(da esquerda para a direita, de baixo para cima)

Dra. Teresa MoreiraVogal do Conselho

Prof. Doutor Abel M. MateusPresidente do Conselho

Prof. Doutor Eduardo Lopes RodriguesVogal do Conselho

Prof. Doutor João Pearce de AzevedoDirector do Departamento de Operações de Concentração

Dr. Miguel Moura e SilvaDirector do Departamento de Práticas Restritivas

Dra. Matilde PinheiroDirectora do Contencioso

Doutor Pedro GeraldesDirector do Gabinete do Presidente

Dra. Adozinda SobreirinhoDirectora Administrativa e Financeira

Doutor José BrazDirector do Departamento de Mercados Regulados e dos Auxílios de Estado

Conselho e Directores da Autoridade da Concorrência

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13-14 de JaneiroO Presidente da Autoridade da Concorrência (AdC)participou na conferência organizada pela DECO, Di-recção-Geral da Concorrência da CE e pelo ConselhoSuperior da Magistratura sobre “O Tribunal, o DireitoEuropeu da Concorrência e os Consumidores”, quese realizou em Tomar.

23 de JaneiroRealizou-se no Instituto Nacional de Administração(INA) a cerimónia de entrega de Diplomas de Espe-cialização em Concorrência.

27-28 de JaneiroA Vogal do Conselho da AdC, Dra.Teresa Moreira,participou na conferência organizada pela DECO, pe-la Direcção-Geral da Concorrência da CE e pelo Con-selho Superior de Magistratura sobre “O Tribunal, oDireito Europeu da Concorrência e os Consumido-res”, que se realizou em Viseu.

2 de FevereiroA AdC recebeu a visita do Presidente da Autoridadeda Concorrência da República Checa, Dr. Martin Peci-na.

6-7 de FevereiroA AdC fez uma comunicação no Competition Com-mittee, da OCDE, em Paris.

6-7 de FevereiroA Autoridade participou nos trabalhos do subgrupoda ICN subordinado ao tema “Business Outreach” eno Working Group sobre cartéis.

8-9 de FevereiroA AdC participou no Global Forum on Competition, daOCDE, em Paris.

10-11 de FevereiroA AdC participou no seminário organizado pela DE-CO, pela Direcção-Geral da Concorrência da CE epelo Conselho Superior de Magistratura sobre “O Tri-bunal, o Direito Europeu da Concorrência e os Con-sumidores”, que teve lugar em Chaves.

14 de FevereiroO Presidente da AdC esteve na Audição da ComissãoParlamentar dos Assuntos Económicos, Inovação eDesenvolvimento Regional.

16 de FevereiroO Presidente da AdC fez uma intervenção sobre“Concorrência, Competitividade e Inovação” no Ciclode Conferências “Perspectivas para um novo SNS”promovido pela Associação Portuguesa de Bioética,em colaboração com o Serviço de Bioética e Ética Mé-dica da Faculdade de Medicina da Universidade doPorto, no Porto.

17 de FevereiroO Conselho da AdC participou no Workshop sobre“Direito da Regulação: seu enquadramento no orde-namento jurídico português e a sua relação com o di-reito processual”, que se realizou em Lisboa.

3 de MarçoA AdC recebeu a visita de uma Missão Moçambicana,constituída por altos funcionários do Ministério da In-dústria e Comércio de Moçambique.

10 de MarçoO Vogal do Conselho da AdC, Eng.º Eduardo LopesRodrigues, participou no seminário organizado pe-la DECO, pela Direcção-Geral da Concorrência da CEe pelo Conselho Superior de Magistratura sobre “OTribunal, o Direito Europeu da Concorrência e os Con-sumidores”, que teve lugar em Portimão.

2006RETROSPECTIVA DO ANO: FACTOS RELEVANTES para a POLÍTICA de CONCORRÊNCIA

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11 de MarçoO Vogal do Conselho da AdC, Eng.º Eduardo LopesRodrigues, participou no VI Congresso da AssociaçãoNacional dos Farmacêuticos Portugueses, que se rea-lizou em Lisboa.

14 de MarçoO Presidente da AdC proferiu uma lição sobre con-corrência aos alunos da Escola Secundária MariaAmália Vaz de Carvalho, em Lisboa, assinalando o Diado Consumidor (15 de Março).

14 de MarçoA AdC organizou um Workshop sobre promoção daconcorrência no mercado das obras públicas.

15 de MarçoA AdC fez uma visita ao OFCOM (Office of Commu-nications), em Londres.

17 de MarçoA AdC recebeu a visita de um grupo de professores eestudantes da Universidade de Aveiro.

24 de MarçoO Presidente da AdC proferiu uma conferência naAESE – Escola de Direcção e Negócios, assinalando oPrograma MBA.

27-28 de MarçoA Vogal do Conselho da AdC, Dra. Teresa Moreira,participou no Workshop da ICN sobre Concentra-ções, em Washington.

28 de MarçoA AdC participou em reuniões da Federal Trade Com-mission (FTC) e do US Department of Justice (DoJ),em Washington.

29-31 de MarçoA AdC participou na American Bar Association54th Annual Spring Meeting of Antitrust Law, emWashington.

29 de MarçoO Vogal da AdC, Eng.º Eduardo Lopes Rodrigues par-ticipou, a convite da APIFARMA, no seminário “NovosDesafios do Sector Farmacêutico”.

28 de AbrilA AdC recebeu a visita de um grupo de professores ealunos da Faculdade de Direito da Universidade deLisboa.

3-5 de MaioA AdC participou na V Conferência Anual da ICN, naCidade do Cabo, África do Sul.

13 de MaioO Presidente da Autoridade participou, em Coimbra,na conferência organizada pelo CEDIPRE – Centro deEstudos de Direito Público e Regulação da Faculdadede Direito da Universidade de Coimbra.

16 de MaioA AdC participou no seminário organizado pelo Cen-tro de Estudos Judiciários (CEJ) sobre Direito Comuni-tário e Nacional da Concorrência.

18-19 de MaioO Presidente da AdC participou na Reunião Anual daECA – European Competition Authorities, em Nice.

24 de MaioO Presidente da AdC esteve na Assembleia da Repú-blica para uma audição na Comissão de Orçamento eFinanças.

25 de MaioO Presidente da AdC fez uma comunicação no Semi-nário sobre Política da Concorrência, a convite do ISG– Instituto Superior de Gestão.

29-30 de MaioNo âmbito da Semana da Concorrência de Lisboa, aAutoridade organizou o II Encontro Lusófono da Con-corrência.

31 de Maio/1 de JunhoNo âmbito da Semana da Concorrência de Lisboa, aAutoridade organizou o Workshop Ibero-Americanoda Concorrência.

2 de JunhoNo âmbito da Semana da Concorrência de Lisboa, aAutoridade organizou a Reunião Anual do Fórum Ibe-ro-Americano da Concorrência.

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6-8 de JunhoA AdC participou nas reuniões da OECD - WP 2, WP3e Competition Committee.

8-9 de JunhoA AdC participou na conferência, organizada peloCEJ, sobre Direito da Regulação Económica, que serealizou no Porto.

9 de JunhoA AdC participou no Competition Committee da OC-DE.

9 de JunhoA AdC apresentou uma comunicação no seminárioorganizado pelo Instituto Superior de Economia eGestão (ISEG) sobre “Regulação nas Comunicações eMultimédia”.

19 de JunhoCelebrou-se, em Viena, o Dia Europeu da Concorrên-cia.

20 de JunhoO Presidente da AdC esteve na Assembleia da Repú-blica para uma audição na Comissão do Poder Local,Ordenamento do Território e Ambiente.

26 de JunhoPor iniciativa da Autoridade, e sob o patrocínio daAPRITEL – Associação dos Operadores de Telecomuni-cações, os operadores móveis assinaram, em Lisboa,o Acordo sobre Simuladores de Tarifários Móveis.

27-30 de JunhoA AdC participou no Workshop IV sobre Productivity,na Universidade de Nova Iorque.

28 de JunhoO Presidente da AdC proferiu uma intervenção naPós-Graduação em Gestão para Juristas, organizadapela Escola Superior de Gestão e pela Ordem dos Ad-vogados.

5 de JulhoA AdC assinou um Protocolo de Cooperação com oTribunal de Contas.

10 de JulhoO Presidente da Autoridade fez uma comunicação noSeminário de Verão “Mercados e Regras: A Concor-rência e a Defesa dos Valores Sociais, Ambientais eCulturais”, organizado pela Faculdade de Direito daUniversidade de Coimbra.

24-28 de AgostoRealizou-se, em Viena, o “61st European Meeting ofthe Econometric Society”.

14-15 de SetembroRealizou-se, em Nova Iorque, a 33rd Fordham AnnualConference on International Antitrust Law & Policy.

14-16 de SetembroA AdC participou na 23rd Annual Conference of theEuropean Association of Law and Economics, que serealizou em Madrid.

28 de SetembroO Presidente da AdC teve uma reunião de trabalhoem Bruxelas com a Comissária Europeia da Concor-rência, Neelie Kroes.

29 de SetembroRealizou-se em Bruxelas, a reunião de Directores-Ge-rais da Concorrência da European Competition Net-work (ECN).

13 de OutubroA AdC participou, em Condeixa, no VI Fórum do CE-DIPRE.

16-19 de OutubroRealizou-se, em Paris, a reunião do WP2 da OCDE so-bre Concorrência e Regulação e a reunião do WP3 da OCDE sobre Cooperação e Aplicação da Leida Concorrência. A AdC participou também no Com-petition Committee da OCDE.

26 de OutubroO Presidente da AdC proferiu uma Lição na Universi-dade Nova de Lisboa (UNL) sobre Direito da Concor-rência.

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29 de OutubroA AdC organizou, em Lisboa, um Encontro entre em-presários portugueses e a Comissária Europeia daConcorrência, Neelie Kroes.

31 de OutubroO Presidente da AdC realizou, em Genebra, no âmbi-to da reunião anual da UNCTAD, o Peer Review daTunísia.

8 de NovembroO Presidente da Autoridade foi orador num almoço-debate organizado pela Câmara de Comércio Luso-Alemã.

14 de NovembroO Presidente da AdC foi orador no Congresso daAPDC, em Lisboa.

20-24 de NovembroA AdC recebeu, em Lisboa, uma Delegação do Con-selho da Concorrência da Roménia.

20 de Novembro/1 de DezembroA AdC participou na V Edición de la Escuela Iberoa-mericana de Defensa de la Competencia.

21 de NovembroO Presidente da Autoridade proferiu uma comunica-ção no V Seminário Novas Perspectivas na Contrata-ção Pública, organizado pelo INA, pelo Tribunal deContas e pela Sociedade para o Conhecimento e In-formação.

28-29 de NovembroA AdC participou na Conferência sobre Competitivi-dade e Concorrência realizada no âmbito do 15.º Ani-versário da Autoridade de Concorrência da RepúblicaCheca, em Brno.

6-7 de DezembroA Vogal do Conselho, Dra. Teresa Moreira, participouno Seminário sobre Concorrência e Desenvolvimento,em Tunes, Tunísia.

12 de DezembroO Presidente da AdC foi orador num almoço promo-vido pelas Câmaras de Comércio Luso-Alemã, Luso-Francesa e Luso-Holandesa.

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Autoridade da ConcorrênciaOrganigrama

FiscalÚnico

Gabinete do Presidente

Conselho daAutoridade

Departamentode MercadosRegulados e

dos Auxílios deEstado

Departamentode

Operaçõesde

Concentração

Departamento de

PráticasRestritivas

Núcleo deRelaçõesEuropeias

Núcleo deObservação de

Mercados

Relações internacionais,assessoria, comunicação,

gestão do conhecimento, eauditoria interna

Núcleo de Audições

Juristas

Inspectores

Gabinete doJurista-Chefe

Inspecção deDefesa da

Concorrência

Direcção doContencioso

Núcleo de Estudos

Economistas

Gabinete doEconomista-Chefe

Núcleo deTecnologia da

Informação

Finanças, contabilidade,recursos humanos, e documentação

Direcção Administrativa e

Financeira

Relações funcionais Relações matriciais Outras atribuições

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RELATÓRIO DE ACTIVIDADES

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1. Sumário ExecutivoExecutive Summary

Após três anos de existência, e apesar das restriçõesadministrativas nos primeiros anos da sua actividade,a Autoridade enfrentou em 2006 um volume de tra-balho record em concentrações. Neste ano foramlançadas no mercado duas grandes OPAs, uma nosector das telecomunicações, a maior operação emtermos de volume de negócios jamais lançada emPortugal, e outra no sector bancário, que obrigarama Autoridade a mobilizar grande parte dos seusrecursos para a sua avaliação.

A OPA Sonaecom/PT abrangeu todos os mercados dosector das telecomunicações e requereu uma análisecuidada de cerca de meia centena de mercados, nosseus aspectos concorrenciais e implicações regu-latórias. O desenho dos “remédios”, que resultaramdo processo de negociação com a notificante, con-templava a separação estrutural (de propriedade) dasduas redes de comunicações fixas do país, posiçãoque a Autoridade vem defendendo desde a sua cria-ção. O conjunto dos “remédios” também permitia aactualização do sistema regulatório, trabalho que re-sultou da cooperação com a Anacom, e da criação deum conjunto de incentivos que colocaria a indústriana fronteira tecnológica mundial, como por exemplo,a criação de ofertas triple-play e quadro-play.

A criação de duas grandes empresas independentesde telecomunicações, uma baseada na rede de cobree outra na rede de cabo, permitiria a criação de con-corrência efectiva na oferta de serviços de telefone,televisão e internet, que não só possibilitaria umaredução significativa das ineficiências tecnológicasactualmente existentes, como a sua passagem paraos consumidores através de redução de preços e me-lhoria de qualidade. O acesso em condições concor-renciais à rede de cobre também permitiria aos oper-adores de menor dimensão oferecer serviços detelecomunicações e de maior valor acrescentado.

Por outro lado, a separação dos serviços de media dasplataformas permitiria resolver o problema do “gate-keeper” que tem afectado seriamente a concorrênciano nosso país. Já quanto às redes móveis, a redução da

In 2006, after three years of existence, and the administra-tive restrictions in the first years of its activity, the Authori-ty had to deal with a record workload in the field ofmergers. In this year, two large takeover bids werelaunched in the market, one in the telecommunicationssector, the greatest operation in terms of turnover everlaunched in Portugal, and the other in the banking sector,which obliged the Authority to mobilise a large part of itsresources to perform the evaluation.

The Sonaecom/PT takeover bid involved all the markets inthe telecommunications sector and demanded the carefulanalysis of 50 markets from the perspective of their com-petition aspects and regulatory implications. The “reme-dies” resulting from the negotiation process with thenotifying party were designed to include the structural sep-aration (of ownership) of the two fixed communication net-works in the country, a position that the authority has beendefending since its establishment. The set of “remedies” al-so allowed the regulatory system to be brought up-to-date.This resulted from the cooperation with Anacom and thecreation of a set of incentives that should put the industryat the cutting edge of technology at a global level, e.g. withthe creation of triple-play and quadro-play services.

The creation of two large, independent telecommunica-tions companies, one based on the copper network and theother the cable network, was intended to allow the cre-ation of effective competition in the range of telephone,television and internet services on offer, which would notonly permit a significant reduction in existing technologicalinefficiencies but also enable the benefits to be passed onto the consumer in the form of reduced prices and betterquality. It was also intended that access to the copper net-work under competitive conditions should give small oper-ators the opportunity to offer telecommunications serviceswith higher added value.

Furthermore, according to this plan, the separation of me-dia services and platforms would solve the “gatekeeper”problem that has seriously affected competition in thiscountry. For the mobile networks, the decrease in effectivecompetition in the short-term due to the reduction fromthree to two operators would be counterbalanced by the

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concorrência efectiva no curto prazo, devido à pas-sagem de 3 para 2 operadores, seria compensada pelacriação de concorrência potencial. Neste domínio,haverá que referir a obrigatoriedade de ofertas paraoperadores virtuais, sujeita a uma regra de preço retail-minus, a devolução de espectro de um dos operadorespara ser novamente colocado no mercado, a venda dainfra-estrutura de um dos operadores e a sujeição a umprice-cap enquanto não fossem efectivas as condiçõesconcorrenciais. As eficiências dinâmicas geradas nas re-des móveis seriam também significativas.

A OPA BCP/BPI requereu da Autoridade uma análiseaprofundada de cerca de 60 mercados da banca e se-guros, que nunca haviam sido analisados no nossopaís com o rigor legalmente requerido para decidir sea operação prejudicava ou não os consumidores.

Os principais problemas concorrenciais levantavam-senos mercados em que havia uma relação de proximi-dade entre o banco e o consumidor. Era o caso docrédito às pequenas e médias empresas e do créditoaos particulares, do qual se destaca o créditohipotecário. Outro problema identificado foi o merca-do de acquiring nos cartões de pagamento.

Assistiu-se na comunicação social a um acompan-hamento quase contínuo destas operações, o que deuenorme visibilidade à Autoridade, mas que não deixoude causar preocupações no andamento do processo. Oproblema mais relevante que estas operações levan-taram foi o do prazo que a Autoridade levou a emitir adecisão sobre operações de 2.ª fase. Como sempre, es-tá em causa respeitar os procedimentos legais proces-suais que em Portugal protegem o interesse das partes(notificante e contra-interessadas), e o rigor da análiserequerida, em contraposição ao requisito da celeridadedos negócios, sobretudo no caso de uma OPA hostil.

Esta questão levou inclusivamente a uma alteraçãolegislativa, aproveitando a transposição da lei dasofertas públicas, que encurtou os prazos legais. Con-forme se avaliará neste Relatório, o prazo legal quedaí decorreu cai agora na média europeia, mas pelacomplexidade das operações em causa, é nossaopinião que estas operações dificilmente poderiamter sido avaliadas em tempo mais curto.

Estas matérias, como será analisado, têm que ser en-quadradas por factores de ordem institucional conc-retas, havendo necessariamente um tempo de

creation of potential competition. In this field, we shouldmention the obligation to supply opportunities for virtualoperators (subject to a retail-minus pricing rule), the returnof spectrum by one of the operators for reallocation in themarketplace, the sale of one operator's infrastructure andthe imposition of a price-cap as long as competitive condi-tions are not effective. It was also expected that the dy-namic efficiencies generated in the mobile networks wouldalso be significant.

The BCP/BPI takeover bid required the Authority to carryout an in-depth analysis of around 60 banking and insur-ance markets which had never been analysed in this coun-try with the rigour legally required to decide whether theoperation harmed consumers or not.

The main problems involving competition arose in marketsin which there was a close relationship between the banksand consumers, as in the case of loans to small and medi-um-sized enterprises and individual credit, in particularmortgage loans. Another problem identified was the ac-quiring market in payment cards.The press followed these operations almost continuously,giving the Authority immense visibility, which did not fail tocause concern in the course of the case. The most signifi-cant problem raised by these operations was the period oftime taken by the Authority to issue the ruling on Phase IIoperations. As always, it is necessary to respect the legalprocedures in the case, which, in Portugal, protect the in-terests of the parties (the notifying party and those withcounter-interests), and the precision of the analysis de-manded, in contrast to the demand by business for speed,especially in the case of a hostile takeover bid.

This issue also brought about a change in the law, whichtook advantage of the transposition of the law on takeoverbids, shortening legal periods. As will be evaluated in thisReport, the legal time-limit that resulted is now reduced tothe European average, though, for the complexity of theoperations at issue, it is our opinion that these operationscould hardly have been evaluated in a shorter time.As will be analysed, these matters need to be placed with-in a framework of concrete institutional factors. A certainamount of time is necessary for undertakings to learn andto prepare notifications and the information required, a factthat cannot be ignored.

Other important changes in the law relate to the introduc-tion of the figure involving merger pre-notification, whichhas produced excellent results at the European Commis-sion. This is combined with the effort being made by the

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aprendizagem e preparação das notificações e da in-formação requerida por parte das empresas, que nãopode ser ignorado.

Outras alterações legislativas importantes referem-seà introdução da figura de pré-notificação das con-centrações, que tem dado excelentes resultados naComissão Europeia, complementado pelo esforçoque a Autoridade está a fazer na preparação doprocesso simplificado de decisão.

Quanto aos processos de práticas restritivas, a Autori-dade voltou a eleger os cartéis como área prioritáriada sua actuação, tendo condenado um conjunto deempresas, entre as quais a Vatel, que actuava no mer-cado do sal. Também foi condenado um acordo deempresas no mercado das agências portuárias. No querespeita à actuação da Autoridade contra as restriçõesà concorrência nas profissões liberais foi condenada aOrdem dos Médicos devido ao estabelecimento deuma tabela de preços de honorários.

No domínio dos acordos verticais restritivos da con-corrência a Autoridade condenou a Nestlé por causade contratos anti-concorrenciais nos cafés, e aSIC/PTM no contrato de canais de televisão pagos.

É igualmente da maior importância a iniciativa legisla-tiva que levou à introdução do estatuto de redução decoima no caso de denúncia e colaboração com a Au-toridade na perseguição dos cartéis, que lhe deu assimum dos instrumentos importantes para a colocar empé de igualdade com as suas congéneres europeias.

Combinado com elevadas sanções e sua aplicaçãoefectiva, estes instrumentos irão permitir no futuroum combate mais efectivo aos cartéis e perseguiçãoaos cambões em concursos públicos.

Também no domínio das decisões judiciais a Autori-dade viu confirmados pelo Tribunal de Comércio assuas decisões sobre as ordens profissionais, emboracom redução do montante da coima.

Quanto à sua intervenção internacional, e para alémda participação na OCDE e ICN, é de destacar a real-ização da Semana de Concorrência que trouxe a Lis-boa os países da Rede Lusófona e a RedeIbero-americana da Concorrência, que permitiu a es-ta Autoridade contribuir significativamente para a co-operação no desenvolvimento.

Authority to prepare the simplified decision-makingprocess.

With regard to cases involving restrictive practices, the Au-thority again selected cartels as the priority area for its ac-tion. It delivered a guilty verdict in the case of a group ofundertakings, including Vatel, which was operating on thesalt market. It did the same in the case of an agreement be-tween companies in the port agency market. With respectto the Authority's action against restrictions on competitionin professional services, the Order of Physicians was de-clared guilty of setting a table of fees.

In the field of vertical agreements restricting competition,the Authority fined Nestlé on account of anti-competitivecontracts for coffees and SIC/PTM for the pay-TV channelcontract.

Also of major importance is the legislative initiative that ledto the introduction of the law on the reduction of fineswhere, in the prosecution of cartels, there has been a reportto and cooperation with the Authority. This change gave itone of the instruments that are important in placing it onan equal footing with its European counterparts.

Combined with high penalties and their actual application,in the future these instruments will allow us to fight moreeffectively against cartels and pursue the cheats in openbids for tender.

In addition, in the area of legal decisions, the Authority sawthe Commercial Court confirm its decisions relating to pro-fessional associations, though with a reduction in the fine.

Concerning its international activities, besides participationin the OECD and ICN, it is particularly worth noting theholding of Competition Week, which brought countries inthe Portuguese-speaking Competition Network and theIbero-American Competition Network to Lisbon, thus al-lowing this Authority to make a significant contribution tocooperation in development.

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2. ENQUADRAMENTO DE BASE

2.1 Breve Nota sobre a Conjuntura Económicaem 2006

A economia portuguesa registou uma ligeira recu-peração em 2006, crescendo 1,3%, enquanto que,no ano anterior, havia crescido apenas 0,5%, mascontinuando a marcar uma quase estagnação desdeo início do século. Aquela evolução anual foi marca-do por uma estagnação da procura interna, de en-tre a qual uma forte quebra do investimento, tendosido as exportações a marcar a dinâmica do PIB. Anecessidade de correcção do déficit orçamental con-tinuou a condicionar a actuação da política anti-cíclica.

Esta evolução é tanto mais preocupante quando sepassou no contexto de uma economia mundial emforte crescimento e com as economias do euro aexpandirem-se à taxa de 2,7%, em termos do PIB,recuperando de um crescimento de apenas 1,4% em2005.

Também os consumidores, perante a subida da cargafiscal, e duma política monetária progressivamentemais restritiva, não deixaram de sentir a restriçãoorçamental causada pelos elevados níveis de endivi-damento das famílias, que continuam a registar forteagravamento. Outro factor condicionante da actu-ação dos consumidores é a subida da taxa de desem-prego que se situou em 8,2% em finais de 2006,contra 7,5% no início de 2005.

A taxa de inflação teve uma subida em 2006, regis-tando a taxa média de 3,1% contra 2,3% em 2005.Nesta evolução são de destacar a forte subida dospreços da energia, que cresceram em 2006 a umataxa de 8%, depois de no ano anterior já se terem ex-pandido 9,9%. Já os preços no sector das comuni-cações estavam quase estagnados (-0,2% em 2006contra -0,9% em 2005).

2.2 Desenvolvimentos da Política da Concorrência

O ano de 2006 ficou assinalado por importantes de-senvolvimentos da Política de Concorrência, tanto anível nacional como no plano Comunitário, ambosconfluindo numa conjugação de esforços visandosempre uma maior eficiência, na prossecução dosgrandes objectivos desta política pública.

2.2.1 Âmbito Nacional

O ano de 2006 foi marcado, ao nível de desenvolvi-mentos da Política de Concorrência em Portugal, pordois acontecimentos fundamentais e de diversa na-tureza. No campo legislativo, destaca-se a introduçãodo Instituto da Clemência. No plano judicial, é desalientar a confirmação no Tribunal de Comércio deimportantes decisões proferidas pela Autoridade daConcorrência.

Estes desenvolvimentos evidenciam que, longe de seruma realidade que se esgota no campo de acção daAutoridade da Concorrência, a promoção e cons-trução de uma verdadeira Cultura de Concorrênciaem Portugal carece e pressupõe a activa participaçãodo legislador e dos órgãos judiciários.

O Instituto da Clemência

Em 2006, foi publicada a Lei n.º 39/2006, de 25 deAgosto, que veio estabelecer o regime jurídico da dis-pensa e da atenuação especial da coima (“clemên-cia”) em processos de contra-ordenação porinfracção às regras da concorrência.

Este instrumento legislativo visa incentivar os partici-pantes em acordos ou práticas concertadas proibidospela Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho, e, se aplicável,pelo artigo 81.º do Tratado CE, a fornecer à Autori-dade da Concorrência informações e elementos deprova sobre os mesmos, concedendo-lhes, verificadosos pressupostos aí estabelecidos, a dispensa ouatenuação especial da coima que lhes seria aplicávelnos termos gerais.

Dando cumprimento ao disposto no artigo 9.º dareferida Lei, a Autoridade da Concorrência (AdC)aprovou o Regulamento n.º 214/2006, publicado noDiário da República n.º 225, 2.ª Série, de 22 de No-vembro, que estabelece o procedimento administrativorelativo à tramitação necessária para a obtenção dedispensa ou atenuação especial da coima.

Para a consagração deste regime jurídico em Portugalfoi essencial o labor da Autoridade da Concorrência,tanto ao nível nacional, como internacional, onde im-porta destacar os importantes contributos colhidosatravés da participação na ECN e noutros fora e oprograma modelo de dispensa ou atenuação dacoima, de carácter não vinculativo, da ECN.

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A Lei n.º 39/2006

A dispensa ou atenuação especial da coima são con-cedida no âmbito de processos de contra-ordenaçãoque tenham por objecto os referidos acordos oupráticas concertadas, podendo beneficiar das mes-mas as empresas que apresentem um pedido nessesentido, bem como os respectivos titulares dos órgãosde administração, responsáveis nos termos do dispos-to no n.º 3 do artigo 47.º da Lei n.º 18/2003 (os quaisbeneficiarão de dispensa ou atenuação especial con-cedida à respectiva empresa).

Dadas as especificidades do regime jurídico por-tuguês, os titulares dos órgãos de administraçãopoderão, ainda, apresentar um pedido de dispensaou atenuação especial da coima a título individual,caso em que a dispensa ou atenuação especial dacoima concedida apenas a estes beneficia.

À colaboração com a Autoridade poderá, dependen-do dos casos, corresponder:

a) Dispensa da coima;b) Atenuação especial da coima a partir de 50%;c) Atenuação especial da coima até 50%.d) Atenuação adicional ou especial da coima.

Poderá obter dispensa da coima (i) a primeira em-presa a fornecer à Autoridade informações e ele-mentos de prova sobre um acordo ou práticaconcertada (ii) que permitam verificar a existênciade uma infracção (iii) relativamente à qual a Autori-dade da Concorrência não tenha ainda procedido àabertura de um inquérito. As informações e ele-mentos de prova fornecidos devem conter indi-cações completas e precisas sobre as empresasenvolvidas na infracção, o produto ou serviço emcausa, a natureza da infracção, o seu âmbito ge-ográfico, a sua duração e a forma pela qual foi exe-cutada.

Poderá obter atenuação especial da coima de, pelomenos, 50% (i) a primeira empresa a fornecer à Au-toridade informações e elementos de prova sobre umacordo ou prática concertada (ii) relativamente aoqual a Autoridade já tenha procedido à abertura deum inquérito mas ainda não tenha procedido à noti-ficação da nota de ilicitude (iii) se as informações e el-ementos fornecidos contribuírem de formadeterminante para a investigação e prova da in-fracção.

Poderá obter atenuação especial da coima até 50% (i)a segunda empresa a fornecer à Autoridade infor-mações e elementos de prova sobre um acordo ouprática concertada (ii) relativamente ao qual a Autori-dade já tenha procedido à abertura de um inquéritomas ainda não tenha procedido à notificação da no-ta de ilicitude (iii) se as informações e elementosfornecidos contribuírem de forma significativa para ainvestigação e prova da infracção.

A atribuição da dispensa ou atenuação especial dacoima, em qualquer das suas modalidades, dependeda verificação das seguintes condições adicionais:

i) A empresa deverá ter cessado a sua participaçãona infracção o mais tardar até ao momentoem que apresentou o pedido de dispensa ou ate-nuação especial da coima;

ii) A empresa não poderá ter exercido qualquercoacção sobre as outras empresas no sentido deestas participarem na infracção;

iii) A empresa deverá ter colaborado plena e con-tinuamente com a Autoridade desde o momen-to da apresentação do pedido de dispensa ouatenuação especial da coima.

Para além das situações descritas, uma empresapode, ao abrigo do artigo 7.º da Lei n.º 39/2006,obter uma atenuação adicional ou uma atenuaçãoespecial da coima nas condições aí previstas, desdeque se verifique, igualmente, o cumprimento dodever de cooperação no âmbito do processo ondeserá concedida.

Esta possibilidade, também muitas vezes designadapor “leniency plus”, constitui uma especificidade dalegislação nacional, que visa potenciar, por um la-do, os incentivos das empresas e/ou indivíduos àcolaboração com a Autoridade da Concorrência e,por outro, aumentar a eficácia do regime daclemência.

Nos termos daquele artigo 7.º, a empresa que tenhaprocedido à apresentação de um pedido de dispensaou atenuação especial da coima relativamente a umacordo ou prática concertada e que se encontre a co-laborar com a Autoridade nos termos da Lei n.º39/2006 pode obter uma atenuação adicional dacoima se, antes da Autoridade ter procedido à notifi-

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cação de uma nota de ilicitude relativamente àqueleacordo ou prática concertada, for a primeira afornecer informações e elementos de prova que per-mitam verificar a existência de um outro acordo ouprática concertada ou que para isso contribuam deforma determinante. Para tal, deverá de ter sido aprimeira empresa a apresentar um pedido de dispen-sa ou atenuação especial da coima relativamente aeste outro acordo ou prática concertada.

Também uma empresa que ainda não tenha apresen-tado um pedido de dispensa ou atenuação especialda coima relativamente a um determinado acordo ouprática concertada ou, tendo-o feito, não preenchaos requisitos para que beneficie de dispensa ou aten-uação especial da coima, poderá ainda assim obter deuma redução de coima relativamente a este acordoou prática concertada nos termos do artigo 7.º da Lein.º 39/2006.

O Regulamento n.º 214/2006

O procedimento administrativo relativo à tramitaçãonecessária para a obtenção de dispensa ou atenuaçãoespecial da coima está estabelecido no Regulamentoda Autoridade da Concorrência n.º 214/2006, publi-cado no Diário da República n.º 225, 2.ª Série, de 22de Novembro.

O pedido de dispensa ou atenuação especial dacoima é feito mediante requerimento escrito dirigidoà Autoridade e elaborado através do preenchimentodo formulário em anexo ao referido Regulamento.

Do Formulário constam, nomeadamente, a identifi-cação do requerente, a indicação das empresas en-

volvidas na infracção, a informação sobre a infracçãoe os elementos probatórios da mesma.

Para beneficiar de atenuação especial ou adicional dacoima nos termos do artigo 7.º da Lei n.º 39/2006, orequerente deve, no momento da apresentação deum pedido de dispensa ou atenuação especial dacoima relativamente a um outro acordo ou práticaconcertada, identificar expressamente no Formulárioo acordo ou prática concertada relativamente ao qualpretenda obter essa atenuação especial ou adicionalda coima.

A Autoridade poderá aceitar que o pedido de dis-pensa da coima seja elaborado de forma sumárianas situações em que a infracção produza efeitosem mais de três Estados-Membros da União Eu-ropeia e, portanto, a Comissão Europeia se encontreparticularmente bem posicionada para instruir oprocesso nos termos do parágrafo 14 da Comuni-cação da Comissão sobre a cooperação no âmbitoda rede de autoridades da concorrência, se o re-querente tiver apresentado, ou estiver a apresentar,um pedido de dispensa da coima perante a Comis-são. O requerente de um pedido sumário está dis-pensado da junção inicial de elementos probatóriosda infracção.

A decisão final relativa à dispensa, atenuação espe-cial ou atenuação adicional da coima é tomada pelaAutoridade no momento da tomada da decisão finale está dependente do preenchimento de todos osrequisitos previstos, consoante o caso, nos artigos4.º, 5.º, 6.º e 7.º da Lei n.º 39/2006, nomeadamenteo da cooperação plena e contínua com a Autori-dade.

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Desenvolvimentos jurisdicionais: as decisões dosTribunais Nacionais

No ano de 2006, foram proferidas pelos Tribunais na-cionais importantes decisões conexas com aspectossubstantivos e processuais da aplicação do regime ju-rídico da concorrência.

Dentre essas decisões, destaca-se o labor jurispruden-cial do Tribunal de Comércio de Lisboa, órgão de re-curso em primeira instância de todas as decisõesproferidas pela Autoridade da Concorrência, nos ter-mos da Lei n.º 18/2003.

Em 2006, foi emitida a sentença relativa ao recursointerposto pela Ordem dos Médicos Veterinárioscontra a decisão condenatória da Autoridade daConcorrência. O Tribunal de Comércio condenou aOrdem dos Médicos Veterinários ao pagamento de

uma coima de € 18.000,00 e ordenou a cessação deaplicação de todas e quaisquer tabelas de hon-orários relativas à actividade médico-veterinária, de-clarando ainda nulas certas disposições. Estasentença transitou em julgado, após a interposiçãoextemporânea de um recurso pela Ordem dos Médi-cos Veterinários.

Outra importante decisão do Tribunal de Comérciode Lisboa foi proferida em relação ao caso AGEPOR.O Tribunal de Comércio condenou a arguida pelaprática da contra-ordenação de que fora acusadapela AdC e ao pagamento de uma coima de 130mil euros. Mais ainda, ordenou que fossem adop-tadas, de imediato, as providências de cessação daelaboração, aprovação e divulgação de tabelas in-dicativas de preços máximos e que publicitasse, jun-to das suas associadas e das autoridades portuáriasa adopção desta determinação.

O reconhecimento da importância e eficácia dos programas da clemência enquanto instrumento dedetecção e combate aos Cartéis obtém reconhecimento generalizado por parte das autoridades res-ponsáveis em matéria de concorrência a nível mundial.1

Enquanto exemplo ilustrativo, refiram-se os resultados obtidos pelos sucessivos programas de clemên-cia da Comissão Europeia2/3:

• 80 pedidos de clemência ao abrigo do Comunicação da Comissão sobre a não aplicação ou a re-dução de coimas nos processos relativos a acordos, decisões e práticas concertadas de 1996;

• 164 pedidos de Clemência, até 2005, nos termos da Comunicação relativa à imunidade emmatéria de coimas e dedução do seu montante nos processos relativos a cartéis de 2002, 86 dosquais resultaram na atribuição de imunidade e 79 na redução da coima aplicada.

Os programas de clemência enquantosofisticado meio de combate aos Cartéis

1 Vide International Competition Network, Anti–Cartel Enforcement Manual, Chapter 2: Drafting and Implementing an EffectiveLeniency Program, Abril 2005; OECD, Fighting Hard-Core Cartels – Harm, Effective Sanctions and Leniency Programmes (2000).2 Comunicação da Comissão sobre a não aplicação ou a redução de coimas nos processos relativos a acordos, decisões e práticasconcertadas, de 18 de Julho de 1996, JO C 207, de 18.7.1996, p. 4, substituída pela Comunicação relativa à imunidade em maté-ria de coimas e dedução do seu montante nos processos relativos a carteis, de 19 de Fevereiro de 2002, JO C 45, de 19.2.2002, p.3, revista pela Comunicação da Comissão Relativa à imunidade em matéria de coimas e à redução do seu montante nos processosrelativos a cartéis, de 8 de Dezembro de 2006, JO C 298 de 08/12/2006 p. 17.3 Comissão Europeia, Relatório sobre a Política da Concorrência 2005.

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Nesta sentença, foram abordadas questões que serevestem de especial interesse, entre as quais sedestaca a do direito ao silêncio em processos contra--ordenacionais de concorrência. O Tribunal deComércio concluiu que, dada a consagração expressana Lei n.º 18/2003 de uma obrigação de resposta porparte das Arguidas a pedidos de elementos da AdC,não é nem necessário nem admissível recorrer a nor-mas subsidiárias, pelo que o direito ao silêncio não éaplicável, considerando ainda as diferenças entre osdireitos criminal e contra-ordenacional e o papel e asfunções da Autoridade da Concorrência. Além disso,a Autoridade da Concorrência havia apenas solicitadoà arguida elementos documentais e objectivos, infor-mações estas que não permitiam, por si só, levar a ar-guida a admitir a existência de uma infracção.

De igual modo, no domínio do controlo das oper-ações de concentrações, foram proferidas impor-tantes decisões, de onde se destaca as decisõesdo Tribunal do Comércio e do Tribunal da Relaçãode Lisboa que confirmaram o entendimento daAdC, em sede de providências cautelares queprocuravam obstar à abertura de um procedimentooficioso de apreciação de uma operação de con-centração (no processo CCent. 80/2005 - AllianceSanté/ Farmindústria/J. Mello/Alliance UnichemFarmacêutica).

2.2.2 Âmbito Comunitário

As principais instituições da UE, com particular ênfasea Comissão Europeia, o Tribunal de Justiça e o próprioConselho, adoptaram diversas iniciativas nas difer-entes vertentes da política comunitária da concorrên-cia.

Nas palavras recentes da Comissária Europeia respon-sável pela Concorrência, Neelie Kroes, relativas aoexercício de 2006 é bem visível a amplitude destapolítica:

“European competition policy uses a range of toolsthat work to (……) underpin the Lisbon strategy ofdeveloping a sustainable European economy in aglobalised world”.

A nível comunitário, são de destacar diversas acçõesque, pela sua natureza, em muito contribuíram parasedimentar a política da concorrência no espaço eu-ropeu, que vão do “anti-trust” clássico ao controlo

de concentrações e ainda ao controlo dos auxílios deEstado.

Em todas estas vertentes, é de destacar o envolvi-mento da AdC na discussão, preparação e implemen-tação de muitas destas acções, consolidando assim asua participação na realização da política comunitáriada concorrência.

- Regras relativas ao “anti-trust” –

- Revisão das Orientações para o cálculo dascoimas aplicadas por força da alínea a) do n.º 2do artigo 23.º do Regulamento (CE) n.º 1/2003

No âmbito do combate às restrições de concorrência,a Comissão Europeia procedeu à revisão das Orien-tações Comunitárias em matéria de sanções que vig-oravam desde 1998.

Após um período de mais de oito anos de aplicaçãodas referidas Orientações para o cálculo das coimas4

e com base na experiência adquirida, a Comissão Eu-ropeia desenvolve a sua política nesta matéria, adop-tando novas orientações para o cálculo das coimas,publicadas em Setembro de 20065.

O poder da Comissão Europeia para aplicar coimas àsempresas ou associações de empresas sempre que,dolosamente ou por negligência, violem o dispostonos artigos 81.º ou 82.º do Tratado constitui um dosinstrumentos fundamentais atribuídos à Comissãopara a realização da sua função estruturante deguardiã do Tratado. Esta função inclui, na vertentedos agentes económicos empresariais, por um lado atarefa de perseguir e reprimir as infracções dos nor-mativos de concorrência e, por outro, o dever de emi-tir sinais para o mercado que possam orientarcorrectamente o comportamento das empresas.

Destas considerações resulta que as necessidades deprevenção geral e especial impõem que as coimas de-vem ser fixadas num nível suficientemente dissuasivo, demodo a sancionar as empresas em causa e desencorajar

4 Orientações da Comissão para o cálculo das coimas aplicadas porforça do n.º 2 do artigo 15.º do Regulamento n.º 7 e do n.º 5 do ar-tigo 65.º do Tratado CECA, JO C9, de 14.1.1998.5 Orientações da Comissão para o cálculo das coimas aplicadas porforça do n.º 2, alínea a) do artigo 23.º do Regulamento (CE) n.º1/2003, JO C210, de 1.9.2006.

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outros agentes económicos de adoptarem comporta-mentos contrários aos artigos 81.º e 82.º do Tratado.

Atendendo à importância da duração da infracçãopara a determinação da danosidade desta, à luz dasnovas Orientações, o montante das coimas poderáser consideravelmente superior relativamente às in-fracções de longa duração: Também os casos de rein-cidência serão tratados de forma mais severa.

As novas Orientações em matéria de coima sãoaplicáveis a todos os casos relativamente aos quais foinotificada uma comunicação de objecções6 após asua data de publicação no Jornal Oficial, indepen-dentemente da coima ser aplicada em conformidadecom o Regulamento (CE) n.º 1/2003 ou do Regula-mento n.º 17.

- O novo Programa Comunitário de Clemência eo Programa Modelo de Clemência da Rede Eu-ropeia da Concorrência

Com vista a reforçar os poderes de investigação ecombate aos cartéis no território da União Europeia,foram desenvolvidas duas iniciativas a nível Europeurelativas aos programas de clemência:

i) a revisão da Comunicação da Comissão relativa àimunidade em matéria de coimas e à redução doseu montante nos processos relativos a cartéis; e

ii) a elaboração do programa Programa modeloModelo da Rede Europeia da Concorrência emmatéria de coimas e redução do seu montantenos processos relativos a cartéis.

A Comunicação da Comissão relativa à imunidadeem matéria de coimas e à redução do seu mon-tante nos processos relativos a cartéis, de 20067

A Comissão procedeu à revisão do seu programa declemência, que culminou com a publicação da Co-municação da Comissão relativa à imunidade emmatéria de coimas e à redução do seu montante nosprocessos relativos a cartéis8.

A primeira Comunicação da Comissão relativa a estamatéria data de 19969, tendo sido revista em 2002.

Dos dados divulgados pela Comissão Europeia, resul-ta que, entre Fevereiro de 2002 e finais de 2005, a

Comissão terá recebido 167 pedidos de clemência,dos quais 87 respeitavam a pedidos de imunidade e80 a pedidos de redução do montante da coima10.

A Comissão Europeia considera que “é do interesse da Comunidade recompensar asempresas que participam neste tipo de práticasilícitas e que estão dispostas a pôr termo à suaparticipação e a cooperar no âmbito da investi-gação da Comissão, independentemente dasoutras empresas envolvidas no cartel. Para osconsumidores e os cidadãos em geral, a detecçãoe sanção dos cartéis secretos reveste-se de maiorinteresse do que a aplicação de coimas às empre-sas que permitem à Comissão detectar e proibiressas práticas11.”

A Comunicação da Comissão relativa à imunidadeem matéria de coimas e à redução do seu montantenos processos relativos a cartéis define o quadro quepermite recompensar as empresas participantes emcartéis secretos pela sua cooperação no âmbito da in-vestigação desenvolvida pela Comissão Europeia,procedendo ainda a uma clarificação, relativamente àanterior Comunicação de 2002, no que respeita aoscritérios para atribuição de imunidade em matéria decoimas e de redução do seu montante.

O programa modelo da Rede Europeia da Con-corrência em matéria de coimas e redução do seumontante nos processos relativos a cartéis

No âmbito da Rede Europeia da Concorrência (ECN), en-tendeu-se ser necessário actualizar e reforçar os mecan-ismos e garantias às empresas que pretendam cooperar

6 Correspondente em processo contra-ordenacional nacional à notifi-cação a que se refere a alínea b) do número 1 do artigo 25.º e do n.º1 do artigo 26.º da Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho, comummentedesignada por Nota de Ilicitude.7 JO C 298, 8.12.20068 Comunicação da Comissão sobre a não aplicação ou a redução decoimas nos processos relativos a cartéis, de 8 de Dezembro de2006, JO C 298, p. 17.9 Comunicação da Comissão sobre a não aplicação ou a redução decoimas nos processos relativos a acordos, decisões e práticasconcertadas de 18 de Julho de 1996, JO C 207, p. 4, substituídapela Comunicação relativa à imunidade em matéria de coimas e de-dução do seu montante nos processos relativos a carteis, de 19 deFevereiro de 2002, JO C 45, p. 3. 10 EC Competition Newsletter 2005, number 3, Autumn, DG COMP,p. 6-16.11 Considerando 3 da Comunicação da Comissão relativa àimunidade em matéria de coimas e à redução do seu montante nosprocessos relativos a cartéis, de 2006

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com as Autoridades de concorrência, tendo presenteque o desenvolvimento efectivo das suas actividadeseconómicas em todo o espaço comunitário exige umaprática harmonizada ao nível das Autoridades Nacionaisde Concorrência e da Comissão Europeia.

Assim, no âmbito dos trabalhos desenvolvidos peloGrupo de Trabalho ECN “Leniency”, procedeu-se auma reflexão profunda sobre o instituto da clemênciano âmbito da ECN, tendo sido aprovado na ReuniãoAnual de Directores Gerais de 2006 o ProgramaModelo da Rede Europeia de Concorrência relativo àimunidade em matéria de coimas ou redução do seumontante nos casos relativos a cartéis.

O objectivo do Programa Modelo consiste em garan-tir que os potencias requerentes de um programa declemência não sejam dissuadidos de apresentar o seupedido em razão das discrepâncias entre os progra-mas existentes no âmbito da ECN12. Consequente-mente, o Programa Modelo estabelece o regimeaplicável aos requerimentos de clemência em qual-quer jurisdição da ECN, quando todos os programastiverem sido objecto de uniformização.

Além disso, o Programa Modelo visa agilizar asdiligências administrativas associadas ao preenchi-mento de formulários múltiplos nos casos em que aComissão está particularmente bem posicionada paraagir, em conformidade com o artigo 14.º da Comuni-cação relativa à Rede Europeia da Concorrência,através da introdução de um modelo de sistema uni-forme de pedido sumário. As autoridades respon-sáveis em matéria de concorrência que recebem umpedido deste tipo estão habilitadas a procederem aintercâmbio de informações sem necessidade do con-sentimento do requerente, em conformidade com oponto 41.1 da Comunicação relativa à Rede Europeiada Concorrência. As Autoridades de Concorrêncianacionais não tratarão pedidos sumários, isto é, nãoconcederão nem recusarão imunidade condicional.Apenas confirmarão ao requerente (a) que é oprimeiro a apresentar um pedido junto dessa Autori-dade e (b) que dispõe de determinado prazo paracompletar o pedido, se essa Autoridade decidir pos-teriormente instruir o caso.

Enquanto a Autoridade de concorrência nacional nãodecidir agir em relação ao caso, a obrigação do re-querente de fornecer informações adicionais e de co-laborar em geral na investigação existe apenas em

relação à Comissão Europeia. No entanto, o requer-ente tem a obrigação de satisfazer qualquer pedidoadicional de informações específicas de uma Autori-dade de concorrência nacional que tenha recebidoum pedido sumário, designadamente para que estapossa formar uma opinião bem documentada quan-to à atribuição do caso dentro da Rede. Os requer-entes que não satisfaçam de forma integral etempestiva os pedidos de informações formuladospor uma Autoridade de concorrência perderão a pro-tecção concedida ao pedido sumário.

O Programa Modelo define, assim, um quadro de in-centivo à cooperação das empresas que participamem acordos e práticas abrangidas pelo seu âmbito deaplicação. Os membros da Rede Europeia da Concor-rência comprometeram-se a envidar todos os es-forços, no quadro das suas competências, a fim defazer convergir os seus programas nacionais declemência com o Programa Modelo da ECN.

- Direct Settlements –

Na perspectiva de acentuar a eficácia e a eficiênciaprocessuais, a Comissão Europeia lançou o debate,no seio da ECN, sobre um novo instrumento deno-minado Direct Settlements. Este novo mecanismoconsubstancia, no entender da Comissão Europeia,uma forma de agilizar os procedimentos e evitar osrecursos judiciais em casos de cartel nos quais aspartes estejam disponíveis para assumir a respon-sabilidade das práticas ilícitas.

O objectivo desta iniciativa é delinear um instrumen-to que permita à Comissão Europeia inserir, no seuprocesso formal de decisão, a negociação de umacoima atenuada como contrapartida do reconheci-mento pelas partes da sua responsabilidade e dopagamento imediato da coima, bem como da renún-cia do seu direito de recurso jurisdicional.

Através da eliminação de determinadas fases proces-suais da instrução e da possibilidade de litigânciaapós adopção das decisões, a Comissão Europeia es-pera alcançar uma redução significativa do tempodispendido nos processos e desse modo obter impor-tantes ganhos de eficiência administrativa.

12 Em 2006, dos membros da Rede Europeia da Concorrência, ape-nas a Áustria, Eslovénia e Malta não tinham programa de clemência.

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- Inquéritos Sectoriais –

Sempre que a evolução das trocas comerciais entre osEstados-Membros, a rigidez dos preços ou outras cir-cunstâncias fizerem presumir que a concorrência nomercado comum, ou numa parte substancial deste,pode ser restringida ou falseada, a Comissão Eu-ropeia pode realizar inquéritos a determinados sec-tores da economia ou determinado tipo de acordosem vários sectores da economia13.

Na sua Comunicação ao Conselho Europeu da Pri-mavera “Trabalhando juntos para o crescimento e oemprego - Um novo começo para a Estratégia de Lis-boa”, de Fevereiro de 200514, a Comissão Europeiaanunciou a abertura de inquéritos sectoriais nos sec-tores da energia e serviços financeiros, realçando que:

“A política da concorrência da União Europeia de-sempenhou um papel essencial na configuraçãode mercados europeus competitivos que con-tribuíram para aumentar a produtividade. Essapolítica manter-se-á na Europa alargada, desig-nadamente através de medidas de aplicaçãopró-activas e de uma reforma dos auxílios estataispara a inovação, a I&D e o capital de risco. Serãorealizados inquéritos em sectores essenciais, comoos serviços financeiros e a energia, a fim de de-terminar as razões pelas quais os mercados nãofuncionam plenamente nesses sectores.”

Em 2006, foram apresentados os relatórios pre-liminares relativamente aos referidos inquéritos sec-toriais, cujos resultados demonstram a existência denumerosas barreiras ao regular funcionamentodesses mercados, exigindo medidas urgentes quepromovam uma efectiva concorrência, de modo apermitir assegurar aos consumidores uma maior pos-sibilidade de escolha em termos de preço e oferta eque contribuam para a consolidação do MercadoÚnico.

- Private enforcement –

Em finais do ano de 2005, a Comissão Europeia pub-licou para consulta pública o Livro Verde sobre asacções cíveis de indemnização devido à violação dasleis comunitárias da concorrência no domínio anti-trust15.

Em 2006, a Comissão terminou a fase de consultapública, tendo reunido informação necessária para

iniciar a redacção do Livro Branco. A dinamizaçãodeste processo é, no entender da Comissão Europeia,fundamental para o sucesso da política de promoçãoda concorrência, já que as acções cíveis de indem-nização por perdas e danos junto dos órgãos jurisdi-cionais nacionais podem contribuir de forma decisivapara desencorajar acordos e práticas susceptíveis derestringir ou falsear a concorrência nos termos dos ar-tigos 81.º e 82.º do Tratado CE.

Regras relativas ao controlo de concentrações

A Comissão Europeia continuou a consagrar a esteinstrumento de política comunitária de concorrênciauma elevada prioridade, quer em termos de rigor deaplicação das metodologias de análise económica ejurídica, quer em termos de optimização da respecti-va articulação com as Autoridades Nacionais.

O ano de 2006 foi também marcado por umnúmero de iniciativas da Comissão, que tiveram emvista, nomeadamente, rever e consolidar a generali-dade das suas Comunicações relativas ao controlojurisdicional da Comissão num só documento. Estedocumento incorporará, assim, a prática mais re-cente da Comissão quanto aos conceitos de contro-lo, empresas participantes e volume de negócios,entre outros.

O projecto do referido documento foi publicado paraconsulta pública, no sítio da Comissão Europeia, emSetembro 2006, sob a designação Draft Commission– Consolidated Jurisdictional Notice, under CouncilRegulation (CE) 139/2004 on the control of concen-trations between undertakings.

Ainda na área das concentrações, observou-se umapreocupação acrescida, por parte da Comissão Eu-ropeia, quanto às práticas dos Estados-Membros quecoloquem em risco as regras da construção do mer-cado interno e o recurso abusivo ao artigo 21º doRegulamento comunitário das concentrações relativoà protecção dos interesses legítimos.

13 Artigo 17.º, n.º 1 do Regulamento (CE) n.º 1/2003 do Conselho, de16 de Dezembro de 2002, relativo à execução das regras de concor-rência estabelecidas nos artigos 81.º e 82.º do Tratado, JO L 1, p.1. 14 COM(2005) 24 final, 2.2.2005.15 COM(2005) 672, 19.12.2005

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Durante o ano de 2006, houve lugar a um número dedecisões judiciais, das quais passamos a destacar asseguintes:

- Cementbouw v. Comissão (Processo T-282/02, de 23de Fevereiro de 2006), na qual o Tribunal clarificou,entre outros aspectos, o conceito de controlo paraefeitos de operações de concentração.- IMPALA v. Comissão (Sony BMG) (Processo T-464/04, de 13 de Julho de 2006), na qual o Tribunalanulou a decisão da Comissão que tinha aprovado aconcentração entre as empresas Sony e BMG, con-siderando não ter a Comissão aduzido suficiente fun-damentação para a decisão. - Endesa v. Comissão (Processo T-417/05, de 14 deJulho de 2006), na qual foram clarificados os critériospara a contabilização do volume de negócios paraefeitos da determinação da dimensão comunitária deoperações de concentrações.

2.3 Iniciativas legislativas no domínio da concor-rência

Primeira alteração à Lei n.º 18/2003, de 11 deJunho

Além dos desenvolvimentos legislativos já assinala-dos, relativos à consagração do Instituto daClemência em Portugal através da Lei n.º 39/2006,de 25 de Agosto, no ano de 2006 verificou-se aprimeira alteração à Lei n.º 18/2003, de 11 de Jun-ho, através do Decreto-Lei n.º 219/2996, de 2 deNovembro

O Decreto-Lei n.º 219/2006, de 2 de Novembro,transpõe para o ordenamento jurídico interno a Di-rectiva n.º 2004/25/CE, do Parlamento Europeu e doConselho, de 21 de Abril, relativa às ofertas públicasde aquisição (OPA).

Por via do artigo 4.º do citado Decreto-Lei n.º219/2006, procedeu-se à alteração dos artigos 9.ºe 36.º da Lei da Concorrência, cujas epígrafes –que não foram objecto de modificação – são,respectivamente, “Notificação prévia” e “Investi-gação aprofundada”. Como as ditas epígrafes odenotam, a alteração legislativa verificou-se noâmbito das matérias relativas à concentração deempresas e ao procedimento de controlo dasrespectivas operações, reguladas pela Lei da Con-corrência.

O Decreto-Lei n.º 219/2006 introduziu quatro modifi-cações na Lei n.º 18/2003, a saber:

• Nova redacção do n.º 2 do artigo 9.º;• Adicionamento de um novo n.º 3 ao artigo 9.º;• Nova redacção do n.º 1 do artigo 36.º;• Adicionamento de um novo n.º 3 ao artigo36.º.

Orientação sobre novos prazos aplicáveis às Concen-trações

Em virtude das dúvidas interpretativas suscitadaspelas normas referidas, o Conselho da Autoridadeda Concorrência reputou ser necessário, no âmbitodas suas competências respeitantes ao funciona-mento desta Autoridade, definir orientações geraisrelativas ao que entende serem o significado e asconsequências jurídicas das alterações efectuadasao regime jurídico do procedimento de controlo daconcentração de empresas. Estas orientações gerais,vinculando a Autoridade da Concorrência nas suasrelações com os administrados, foram tornadaspúblicas16.

Linhas de orientação sobre o procedimento de avali-ação prévia

De acordo com o disposto no n.º 3 do artigo 9.º daLei n.º 18/2003, na versão aprovada pelo Decreto-Lein.º 219/2006, as operações de concentraçãoabrangidas pelo regime jurídico da concorrência po-dem ser objecto de avaliação prévia por parte da Au-toridade da Concorrência, segundo procedimento aestabelecer por esta nos termos dos respectivos Es-tatutos.

Tendo em vista o cumprimento do preceituado nareferida norma, a Autoridade da Concorrência re-conhece a utilidade de promover contactos com asempresas em fase anterior à notificação de umaoperação de concentração projectada, conferindo aestas últimas a possibilidade de, nos casos em que oconsiderem adequado, discutirem com os serviçoscompetentes da Autoridade, de modo informal eabsolutamente confidencial, os aspectos legais e pro-cedimentais de tal operação.

16 http://www.autoridadedaconcorrencia.pt/download/AdC-Orientacoes_Concentracoes.pdf.

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Em cumprimento do comando normativo contidono novo n.º 3 do artigo 9.º da Lei da Concorrência, aAutoridade da Concorrência iniciou, em 2006, os tra-balhos tendentes ao estabelecimento do procedimen-to a adoptar nos contactos de pré-notificação com asempresas que projectem uma operação de concen-tração17.

2.4 Promoção de uma cultura de Concorrência

Em 2006, a Autoridade prosseguiu o seu esforço depromoção dos valores relacionados com a defesa daConcorrência. A AdC recorreu, deste modo, a diver-sos fora para disseminar o conhecimento sobre alegislação de concorrência, a missão da Autoridade eo seu desempenho, para além do relacionamentodirecto com os órgãos de comunicação social.

Em 2006, foram elaborados 28 comunicados oficiais,face aos 13 emitidos no ano anterior, a maioria dosquais sobre decisões de processos que se revestiramde maior interesse para o público. Outro instrumentoadoptado pela comunicação institucional da AdC, eque se revelou de grande utilidade pedagógica parao público em geral, e para os jornalistas em particu-lar, foi o das “Perguntas & Respostas” sobre procedi-mentos e ou aspectos legais, o que muito contribuiupara uma compreensão mais exacta da Política deConcorrência por não especialistas.

A AdC aproveitou diversas oportunidades para fo-mentar o debate e a reflexão sobre temas ligadosà concorrência, de que a seguir se dão alguns exem-plos mais ilustrativos.

A AdC organizou um Workshop sobre promoçãoda concorrência no mercado das obras públicas,tendo sido convidados a participar representantes deentidades envolvidas nesse mercado.

Com vista a proporcionar um contacto directo euma troca de opiniões, a AdC organizou, em Lisboaum Encontro entre empresários portuguesas ea Comissária Europeia da Concorrência, NeelieKroes.

No âmbito da Semana da Concorrência de Lisboa,a Autoridade organizou o II Encontro Lusófono daConcorrência, o Workshop Ibero-Americano da Con-corrência e a Reunião Anual do Fórum Ibero-Ameri-cano da Concorrência. Estas reuniões contaram com

a presença e participação dos mais destacados repre-sentantes das entidades reguladores da concorrênciados Países Ibero-Americanos, dos Países de LínguaOficial Portuguesa (PALOP) e de Timor.

A Autoridade participou, ao nível do seu Presidentee/ou do Conselho, em mais de duas dezenas de con-ferências e seminários, organizados por entidadesexternas sobre temas relacionados com a concorrên-cia e dirigidos a diferentes públicos-alvo, aqui se in-cluindo empresas de variados sectores, magistradosjudiciais, advogados, académicos, estudantes univer-sitários e consumidores, entre outros.

O Presidente da AdC esteve presente em três au-dições parlamentares em Comissões Especializadas– Comissão dos Assuntos Económicos, Inovação eDesenvolvimento Regional, Comissão de Orçamentoe Finanças e na Comissão do Poder Local, Ordena-mento do Território e Ambiente.

Ao longo do ano, a Autoridade recebeu, ainda, a visi-ta de um grupo de alunos da Universidade deAveiro e outra de um grupo de alunos da Faculdadede Direito da Universidade de Lisboa.

Também relevante em matéria de disseminação deuma cultura institucional de concorrência, foi a cele-bração de um Protocolo de Cooperação com o Tri-bunal de Contas, visando uma colaboração estreitaentre as duas entidades em diversas matérias de con-corrência e, em especial, na luta anti-cartel.

Reconhecendo o papel primordial desempenhadopelos Media como instrumento de disseminação demensagens, a Autoridade continua a prestar espe-cial atenção ao relacionamento institucional com osórgãos de comunicação social, nacionais e es-trangeiros. Contando com recursos especificamentealocados para esta função, a Autoridade realizoureuniões, briefings, conferências de imprensa, paralá da resposta a pedidos de informação e esclareci-mentos que diariamente lhe são colocados pelosMedia.

17 Procedimento que viria a ser publicado em 2007 no sítio web daAutoridade da Concorrência:http://www.autoridadedaconcorrencia.pt/download/AvaliacaoPre-via_concentracoes.pdf.

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O Presidente da Autoridade da Concorrência con-cedeu várias entrevistas, seguindo critérios de inte-resse do público e atendendo ainda à relevância dotema em causa. Assim, sobre as decisões mais impor-tantes tomadas pela AdC ao longo de 2006, foramconcedidas entrevistas à RTP, à SIC Notícias, ao jornalPúblico, ao Semanário Económico, à Rádio Re-nascença e à Antena Um.

Atendendo à necessidade de promover um maiorconhecimento dos consumidores e do público emgeral sobre os temas da Concorrência, foi privilegiadaa comunicação junto das rádios e das televisões, osmass media por excelência.

Segundo o “Relatório Anual da Imagem da Autori-dade”, elaborado por uma consultora independente,os resultados atingidos em 2006 reflectem esse es-forço. Desse Relatório, destacam-se as seguintesconclusões principais:

(i) Em 2006, a AdC foi objecto de 6752 notícias,contra 2233, em 2005, o que traduz um au-mento de 202%.

(ii) 94% das notícias sobre a AdC são positivas, 1%são muito positivas e 5% do total foram notíciasconsideradas negativas.

(iii) As notícias sobre a AdC estão disseminadas deforma equilibrada entre órgãos de comunicaçãosocial de informação geral e especializados, oque traduz a abrangência com que a AdC trans-mite a sua informação.

(iv) Em número de órgãos que cobrem a actividadeda AdC aumentou de 106 (em 2005) para 121(em 2006).

(v) Na televisão foram emitidas 424 peças rela-cionadas com a AdC, o que representa o maioraumento da exposição da Autoridade. Em 2005,considerado um ano de boa cobertura televisivapara os padrões médios das Autoridades Na-cionais de Concorrência, tinham sido emitidas193 peças televisivas.

(vi) Na Rádio, houve, também, um nítido aumentode notícias sobre concorrência, somando 308(face a 170 notícias de rádio, ao longo de2005).

3. PROCESSOS INSTAURADOS AO ABRIGO DA LEIDA CONCORRÊNCIA

3.1 Apreciação geral

Velar pelo cumprimento das regras de concorrêncianacionais e comunitárias é umas das principais mis-sões da Autoridade da Concorrência, motivo peloqual foi dotada de amplos poderes sancionatórios.

No âmbito da acção de repressão de práticas restriti-vas da concorrência, destacam-se os processos con-tra-ordenacionais que visam infracções aos artigos4.º, n.º 1, 6.º e 7.º da Lei n.º 18/2003, de 11 de Jun-ho, bem como aqueles relativos a violações dos arti-gos 81.º e 82.º do Tratado que institui a ComunidadeEuropeia (adiante Tratado CE).

Em 2005, os processo relativos a práticas restritivas daconcorrência decididos pela Autoridade da Concor-rência envolveram acordos entre empresas (horizon-tais e verticais), bem como decisões de associações deempresas. Os sectores de actividade envolvidos forama comercialização de canais televisivos, sal, o forneci-mento hospitalar de “meios de contraste”, prestaçãode serviços por agentes de navegação, a prestação deserviços médicos e a distribuição de café no canalHORECA.

A Lei n.º 18/2003 consagra ainda outros ilícitos con-tra-ordenacionais relativos ao incumprimento de obri-gações legais estabelecidas pela Lei da Concorrência,como a ausência de notificação prévia no âmbito docontrolo de concentrações, a falta de resposta a pe-didos de elementos ou o desrespeito do prazo fixadopara o efeito, bem como a prestação de informaçõesfalsas e a não colaboração ou obstrução à actividadeda Autoridade no âmbito dos respectivos poderes deinquérito e inspecção.

Neste âmbito, importa assinalar as decisões proferi-das em três processos por incumprimento de um pe-dido de elementos da Autoridade da Concorrência.

Além da instrução e decisão de processos contra-or-denacionais, a Autoridade da Concorrência recebe eanalisa numerosas denúncias, que, após uma apreci-ação preliminar, são concluídas sem originaremprocessos formais. Estas denúncias inserem-se, tantono âmbito das práticas restritivas da concorrência,como na área das práticas comerciais restritivas.

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3.2 Processos decididos

3.2.1 Práticas Restritivas da Concorrência

No ano de 2006, foram proferidas as seguintes de-cisões condenatórias pela Autoridade da Concorrên-cia relativas a Práticas Restritivas da Concorrência:

a) Acordos entre concorrentes

Cartel no Sector do Sal

Em Março de 2005, e na sequência de uma denún-cia, a Autoridade da Concorrência abriu um inquéri-to relativo a um cartel a operar no sector do sal. Nodecurso da investigação, a Autoridade da Concorrên-cia efectuou diversas diligências de investigação,nomeadamente buscas nas instalações das empresasenvolvidas. Duas dessas empresas admitiram a suaparticipação no cartel.

As empresas Vatel, Salexpor, Sociedade Aveirense deHigienização de Sal (Vitasal) e Salmex celebraram, em1997, um acordo de fixação e manutenção das suasquotas no mercado da comercialização por grosso desal para fins industriais e alimentares.

O acordo estabelecia (i) a fixação e manutenção dasquotas de mercado de cada empresa com base nohistórico das vendas, (ii) um sistema de penalizaçãoou compensação, conforme a empresa aumentasseou diminuísse as vendas e (iii) um nível mínimo depreços, coordenando-se as empresas quanto aospreços de venda do sal e datas de subidas de preços.

O modus operandi deste cartel assentava na crista-lização das quotas de mercado – o acordo obrigavaa que as quotas relativas (quotas entre as empresasenvolvidas) se mantivessem inalteradas, independen-temente de qualquer alteração no mercado do sal.O cartel estabelecia igualmente que, se alguma em-presa ultrapassasse a quota de mercado inicial, essaempresa teria de compensar as restantes. A compen-sação era feita em dinheiro ou através de encomen-das feitas pela empresa que aumentava a quota à queestivesse a vender menos.

A AdC obteve prova que as empresas se encontravamregularmente e trocavam informação comercial, sen-sível e fundamental, inclusive relativa a preços,clientes e concorrentes. Só entre Maio de 2000 e

Janeiro de 2005, as empresas participantes no cartelreuniram, pelo menos, quinze vezes.

Em 27 de Janeiro de 2005, as arguidas decidiram pôrtermo ao cartel, efectuando um acerto de contas finalrelativo ao pagamento das últimas compensações.

Por Decisão de 12 de Julho de 2006, a AdC decidiuque as empresas em causa ao celebrarem e exe-cutarem um acordo com o objecto e o efeito deimpedir, restringir ou falsear, de forma sensível, a con-corrência através da repartição e fixação de quotas demercado no mercado do sal, da fixação directa depreços, da repartição de clientela e da definiçãoconjunta de condições comerciais, cometeram umainfracção ao disposto no n.º 1 do artigo 4.º da Lei n.º18/2003 e violaram o n.º 1 do artigo 81.º do TratadoCE, tendo aplicado às empresas uma coima total de€ 910.728,00 (novecentos e dez mil, setecentos evinte oito euros), repartida do seguinte modo:

• Vatel – uma coima no valor de € 544.672,00(quinhentos e quarenta e quatro mil, seiscentose setenta e dois euros);

• Salexpor – uma coima no valor de € 225.347,00(duzentos e vinte e cinco mil, trezentos equarenta e sete euros);

• Sociedade Aveirense de Higienização de Sal –uma coima no valor de € 109.149,00 (cento enove mil, cento e quarenta e nove euros);

• Salmex – Sociedade Refinadora de Sal, umacoima no valor de € 31.560,00 (trinta e um mil,quinhentos e sessenta euros).

A título de sanção acessória, por a gravidade da práti-ca o justificar, a AdC ordenou ainda a publicação dasua Decisão.

A Decisão foi objecto de recurso judicial perante o Tri-bunal de Comércio de Lisboa.

b) Decisões de Associações de Empresas

AGEPOR – Elaboração, aprovação e publicaçãode tabelas indicativas de preços máximos

A 30 de Dezembro de 2005, a Autoridade condenoua AGEPOR Associação dos Agentes de Navegação de

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Portugal) por violação dos artigos 2.º, n.º 1, alínea a)do Decreto-Lei n.º 371/93, de 29 de Outubro, e 4.º,n.º 1, alínea a) da Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho.

A prática objecto de condenação consubstanciavaum alinhamento de preços resultante da elaboração,aprovação, publicação e divulgação por parte daAGEPOR junto dos seus associados, de tabelas in-dicativas de preços máximos dos serviços prestadospelos Agentes de Navegação.

Os Agentes de Navegação são empresas que, entreoutras actividades, prestam serviços aos importa-dores/exportadores de mercadorias e aos ar-madores/transportadores marítimos. A AGEPORrepresentava, entre 2001 e 2004, mais de 80% dosAgentes de Navegação a operar nos principais portosnacionais (Sines, Lisboa, Aveiro, Leixões, Viana doCastelo, Figueira da Foz, Açores e Setúbal).

A fixação de preços máximos por empresas ou asso-ciação de empresas configura uma forma séria e dasmais graves restrições da concorrência, pela limitaçãoda autonomia das empresas, impedindo-as defixarem preços mais competitivos, e pelos efeitosnegativos que provoca, quer nos consumidores (pri-vando-os da possibilidade de escolha e da negociaçãopara a aquisição do produto/serviço ao melhor preço),quer nas outras empresas, eliminando a concorrênciaentre si.

A fixação de preços, mesmo simplesmente indica-tivos, afecta o jogo da concorrência pelo facto de per-mitir a todos os participantes prever com um graurazoável de certeza qual será a política de preçosprosseguida pelos seus concorrentes.

Uma recomendação de uma associação de empresas,mesmo sem carácter vinculativo, é restritiva da con-corrência se, ao ser aceite pelos associados, influen-ciar sensivelmente a concorrência no mercado visado.

Quer pelo número dos agentes de navegação que as-socia (representando mais de 80% dos agentes denavegação em actividade), quer pelo peso estimadodo volume de negócios das suas associadas no vol-ume total de negócios do sector, a arguida tinha apossibilidade de influenciar de forma sensível o mer-cado dos serviços prestados pelos agentes de naveg-ação nos portos nacionais, inibindo as empresas defixarem autonomamente os seus preços.

No decurso do processo ficou provado que pelomenos 17 empresas associadas da AGEPOR (que con-juntamente representavam 64,4% do volume denegócios do sector) seguiram os preços indicados nastabelas publicadas pela associação.

Estas tabelas de preços máximos foram seguidas tam-bém por agentes de navegação não associados, dadaa capacidade da AGEPOR de influenciar de formasensível o mercado.

Por ter dado como provado que a AGEPOR procurouinfluenciar a livre fixação dos preços no mercado, in-ibindo os agentes de navegação de fixarem autono-mamente os seus preços, ao longo de quatro anos(até finais de 2004), a Autoridade da Concorrênciacondenou a AGEPOR ao pagamento de uma coima de195 mil euros, tendo esta ficado igualmente obrigadaa cessar imediatamente a prática objecto de conde-nação e a publicar junto dos seus associados e das au-toridades portuárias a adopção destas medidas.

Esta decisão foi objecto de impugnação judicial, ten-do o Tribunal do Comércio de Lisboa, em 27 de Julhode 2006, proferido a sentença, na qual reduziu acoima para 130 mil euros. A arguida interpôs recursopara o Tribunal da Relação.

Imposição de honorários mínimos e máximospela Ordem dos Médicos

A Autoridade da Concorrência condenou a Ordemdos Médicos ao pagamento de uma coima de 250 mileuros pela imposição de preços máximos e mínimosnos serviços prestados pelos médicos a exercerem aactividade em regime independente. A interferênciana determinação de preços constitui uma contra-or-denação grave nos termos do artigo 4.º, n.º 1 da Lein.º 18/2003, de 11 de Junho, e uma violação do n.º1 do artigo 81.º do Tratado CE.

A fixação de preços mínimos e máximos por asso-ciações de empresas impede cada agente de fixarpreços mais competitivos, elimina a concorrênciaentre profissionais pela via do preço, reforça osobstáculos à entrada de novos profissionais e privao consumidor da possibilidade de escolha e de nego-ciação para adquirir o serviço ao melhor preço.

A Autoridade da Concorrência tomou conhecimento,a título oficioso, da existência de uma tabela de

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preços mínimos e máximos, fixada pela Ordem dosMédicos, para os serviços prestados pelos médicos, aexercerem a actividade como profissionais liberais. Afixação da tabela de honorários médicos, pela Ordemdos Médicos, resultou da conjugação do CódigoDeontológico, Código de Nomenclatura e Valor Rela-tivo de Actos Médicos e Regulamento dos Laudos aHonorários.

Acresce que, nos termos do Código Deontológico edo Estatuto Disciplinar dos Médicos, previa-se que acobrança de honorários em violação das regras nelesidentificadas seria susceptível de constituir objecto deprocesso disciplinar, porquanto consubstanciava umaviolação de um dever estabelecido no Código Deon-tológico. Os médicos que desrespeitassem a tabela dehonorários ficavam potencialmente sujeitos a diversassanções de carácter disciplinar, aplicadas pela Ordemdos Médicos.

Face a esta disciplina normativa, a Autoridade daConcorrência entendeu, entre outras considerações,que:

(i) Não existia qualquer fundamento económico(monopólio natural, assimetria de informação,etc.) que ditasse a necessidade de limitar o fun-cionamento do mecanismo de preços;

(ii) Os honorários mínimos não são uma garantia dequalidade, nem são necessários para garantir aética, a dignidade profissional, a reputação daprofissão em geral ou a competência profissional;

(iii) Os honorários devem resultar do funcionamentodo mercado. Os honorários máximos não sãonecessários para a protecção dos interesses dosconsumidores. A fixação de um máximo permiteque os preços se mantenham acima dos níveisconcorrenciais, convertendo-se, na prática, empreços fixos.

(iv) A doutrina europeia é unânime em considerar omédico, tal como qualquer profissional liberal,um agente económico e a prestação de serviçosmédicos com carácter profissional como uma ac-tividade económica.

Com base nos factos e na sujeição das profissões libe-rais e das respectivas Ordens às regras da concorrên-cia, a Autoridade da Concorrência entendeu que

estava em causa a restrição da concorrência no mer-cado dos serviços médicos prestados pelos médicosque exercem a sua actividade em regime indepen-dente e em nome próprio. A fixação do valor doshonorários foi estabelecida pela Ordem de modo ex-plícito e intencional como forma de restringir a con-corrência.

A 19 de Julho de 2005, na pendência do processo, oConselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicosrevogou as disposições em causa, facto que foi tidoem conta para efeitos de cálculo da coima.

Assim, a Autoridade da Concorrência decidiu con-denar a Ordem dos Médicos ao pagamento de umacoima de 250 mil euros.

Tendo em conta a gravidade da infracção, do seuefeito no comércio intracomunitário e do facto de to-dos os médicos em regime liberal estarem obrigadospelas referidas disposições, ordenou-se à arguida quefizesse publicar o sumário da decisão da Autoridadeda Concorrência na III.ª Série do Diário da Repúblicae num jornal nacional de expansão nacional, no pra-zo de 20 dias úteis a contar do trânsito em julgado.

A decisão condenatória contra a Ordem dos Médicosfoi objecto de impugnação judicial junto do Tribunaldo Comércio de Lisboa.

c) Acordos verticais

SIC/PT MULTIMEDIA/TV CABO

O processo teve origem numa operação de concen-tração relativa à aquisição da Sociedade Lisboa TV –Informação e Multimedia, S.A. pela SIC – SociedadeIndependente de Comunicação, S.A. (SIC). A preditaoperação notificada foi objecto de decisão de nãooposição pelo Senhor Secretário de Estado do Co-mércio e Serviços.

O presente processo tem por objecto o acordo devontades, assinado em 27.3.2000, por 10 anos, ex-tensíveis por mais 5, entre a SIC, por um lado, e a PTMultimedia Serviços de Telecomunicações e Multime-dia, SGPS, S.A. (PT Multimedia) e a CATVP – TV CaboPortugal, S.A (TV Cabo), por outro, através do qual aTV Cabo, empresa detida a 100% pela PT Multime-dia, conferia à SIC um direito de preferência nofornecimento de canais, em português e produzidos

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em Portugal para o pacote básico18 da TV Cabo e aSIC conferia à PT Multimedia um direito exclusivo nacomercialização dos canais por ela produzidos.

A Autoridade da Concorrência concluiu que o referi-do acordo restringia a concorrência no mercado na-cional da comercialização de canais, em português eproduzidos em Portugal, de acesso não condicionadoe no mercado nacional da televisão por subscrição19.

No que se refere à preferência, a TV Cabo conferia àSIC um direito de preferência no fornecimento decanais, em português e produzidos em Portugal parao pacote básico da TV Cabo, excepto temas impostospor imperativos, decisão administrativa nacional oucomunitária ou temas já comprometidos ou em ne-gociação. Nestes termos, o mercado de fornecimentode canais, em português e produzidos em Portugal,para o pacote básico da TV Cabo, encontra-se re-stringido, atendendo a que qualquer agenteeconómico fornecedor deste tipo de canais estarásempre sujeito ao exercício do direito de preferênciada SIC. A SIC cria, assim, uma posição privilegiadacom o principal operador de serviços de televisão porsubscrição e, para além disso, toma conhecimentodos projectos dos seus concorrentes, pelo que os seus(potenciais) concorrentes têm cada vez menos incen-tivos para apresentarem novas propostas. Quantomaior for o lapso de tempo sem novos operadorescom novos canais, mais condições se criam para acristalização do mercado.

No que se refere à exclusividade, a TV Cabo é a úni-ca operadora que garante a cobertura nacional exigi-da por lei para o lançamento de um canal nacional epresta serviços a cerca de 80% a 90% dos subs-critores. Detém a exclusividade da comercializaçãodos canais produzidos pela SIC em português e pro-duzidos em Portugal: SIC Radical, SIC Noticias e SICGold mais tarde denominado de SIC Comédia e, em2003, a SIC Mulher. A única possibilidade que os con-correntes da TV Cabo têm para adquirir os canais pro-duzidos pela SIC é comprá-los à TV Cabo, aos preçose condições impostas por esta última. Ficou provadoque a TV Cabo nunca vendeu o canal SIC Mulher aosseus concorrentes, apesar das várias solicitaçõesdestes últimos. Quanto maior for o lapso de tempoem que o Grupo PT Multimedia controlar a dis-tribuição dos canais de acesso não condicionado daSIC pelos seus concorrentes, menor será a pressãoconcorrencial exercida por estes.

Assim, a Autoridade da Concorrência decidiu que acláusula de preferência se encontra justificada por umperíodo de quatro anos, nos termos do n.º 1 do arti-go 5.º da Lei 18/2003, de 11 de Junho. Este balançoeconómico positivo justifica-se pelo facto da cláusulade preferência ser necessária para garantir a dis-tribuição dos canais a explorar, protegendo dessa for-ma o investimento realizado (sobretudo quando esseinvestimento estava a ser efectuado numa sociedadecomercial que apresentava uma situação financeiradeficitária) e minimizando o custo próprio do ar-ranque de um novo produto ou serviço. Nesta situa-ção, a preferência mostra-se indispensável aolançamento dos novos canais, estando, por isso, jus-tificada. Todavia, a necessidade desta cláusula apenasse verifica enquanto for indispensável para a pro-tecção do referido investimento20. Em 2004, a SICnão só tinha consolidado a sua posição, explorandoquatro canais temáticos, como ainda demonstrouconfiança no mercado ao readaptar o primeiro canalde acesso não condicionado que tinha lançado (emJunho de 2000), transformando o canal SIC Gold emSIC Comédia. Ou seja, a partir de 2004, a restriçãocriada pela cláusula de preferência oponível a ter-ceiros não se mostra proporcional, sobretudo quandoatendemos à necessidade de inovação e contínuaactualização dos temas a explorar, de forma a re-sponder às múltiplas e variáveis necessidades dostelespectadores, que se vêm assim privados de novoscanais e de novos operadores.

Quanto à cláusula de exclusividade que confere aoGrupo PT Multimedia o direito de comercializar emexclusivo com terceiros os canais SIC, esta não

18 Ao subscrever o serviço de televisão por subscrição, o telespecta-dor/assinante tem acesso à oferta base do respectivo prestador, con-stituída por um conjunto de canais de acesso não condicionado, aque se dá o nome de "pacote base" ou "pacote básico". A subs-crição deste "pacote" é ainda condição de acesso aos demaisserviços e/ou pacotes. Estes últimos permitem a recepção de canaisde acesso condicionado mediante uma contraprestação pecuniáriaespecífica adicional.19 O serviço de televisão por subscrição, ou por assinatura, consistena distribuição de sinais de áudio e vídeo de serviços de programastelevisivos, mediante remuneração pecuniária. A recepção dos sinaisde televisão é, por isso, exclusiva das entidades dispostas a pagar areferida contraprestação, ou seja, os assinantes.20 Na sua prática decisória, a Comissão Europeia tem concedido umbalanço económico positivo por um período de três anos a cláusulasde não concorrência e de exclusividade em casos idênticos de acor-dos na produção e distribuição de canais de televisão por subscrição.Vide a Decisão IV/36.237 - TPS (Télévision Par Satéllite) de 3 deMarço de 1999 e a Decisão n.º COMP/C.2-38.287 -Telenor/Canal+/Canal Digital, de 29 de Dezembro de 2003.

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merece um balanço económico positivo, ainda queeste fornecimento exclusivo constitua uma contra-partida do direito de preferência atribuído à SIC.

Nos termos do n.º 2 do artigo 28.º da Lei n.º 18/2003,foram consultadas as entidades reguladoras sectoriaisICP-Anacom e a ERC que se manifestaram no sentido daexistência de violações à Lei da TV, para além de umaavaliação negativa às duas cláusulas em análise porserem contrárias ao pluralismo, à inovação, ao acesso dopúblico a outras culturas e corresponderem a uma limi-tação à liberdade de informação.

Assim, as arguidas foram condenadas ao pagamentodas seguintes coimas:

• SIC, pela prática de 1 (uma) infracção ao dis-posto no n.º 1 do artigo 4.º da Lei n.º 18/2003,uma coima no valor de € 540 000 (quinhentose quarenta mil euros);

• PT Multimedia pela prática de 1 (uma) infracçãoao disposto no n.º 1 do artigo 4.º da Lei n.º18/2003, uma coima no valor de € 2.500.000(dois milhões e quinhentos mil euros).

Foram também condenados nos termos da alínea b)do n.º 1 do artigo 28.º da Lei n.º 18/2003, de 11 deJunho, a cessar a prática e a alterar o Acordo deParceria e o Contrato de Distribuição do Canal SICMulher em conformidade com a presente decisão.

Contratos de fornecimento de café ao canal HO-RECA

Em 2006, a Autoridade da Concorrência proferiu asua primeira decisão condenatória num caso derestrições verticais à concorrência.

O processo teve origem numa denúncia apresentada àAutoridade da Concorrência por uma empresa no ramoda restauração. Após a investigação, a Autoridade daConcorrência concluiu que a empresa Nestlé Portugal,S.A. (Nestlé), vinha celebrando, pelo menos desde 1999,contratos de fornecimento de café ao canal HORECA,contendo cláusulas restritivas de concorrência, que cor-respondem a um conjunto de contratos tipo.

As cláusulas contratuais em causa consistem em obri-gações de não concorrência (compra exclusiva), que,conjugadas com a imposição de aquisição de quanti-

dades mínimas de café, resultam numa vinculaçãodos seus clientes por tempo indeterminado.

Como efeito prático, este tipo de contrato condicionaa liberdade de escolha dos cafés e restaurantes em re-lação aos seus fornecedores de café por períodos detempo de duração incerta, reduzindo a concorrênciaentre marcas.

A Autoridade da Concorrência considerou que aprática objecto do processo viola o n.º 1 do artigo4.º da Lei n.º 18/2003 e não preenche as condiçõespara beneficiar da isenção por categoria para as res-trições verticais, nem de um balanço económicopositivo individual, à luz do artigo 5.º do mesmodiploma legal.

A Autoridade da Concorrência concluiu, assim, que aNestlé, ao celebrar contratos de fornecimento de cafécom as cláusulas referidas, tendo por objecto e efeitorestringir de forma sensível a concorrência, cometeuuma contra-ordenação, a qual foi punida com umacoima no valor de € 1.000.000,00 (um milhão de eu-ros). A Nestlé foi, ainda, condenada a modificar os seuscontratos de fornecimento de café, de modo a quenão contenham cláusulas que imponham, directa ouindirectamente, obrigações de compra exclusiva porum período superior a cinco anos ou que permitam arenovação para além dos cinco anos sem o consenti-mento expresso e livre de ambas as partes.

A Decisão foi objecto de recurso judicial perante o Tri-bunal de Comércio de Lisboa.

3.2.2 Incumprimentos

Como garantia do cabal desempenho pela Autori-dade da Concorrência das respectivas atribuições emmatéria de poderes sancionatórios e de supervisão, aLei n.º 18/2003, de 11 de Junho, dispõe que a nãoprestação ou prestação de informações incompletasem resposta a pedido da Autoridade, bem como anão colaboração com esta ou a obstrução ao exercí-cio dos seus poderes de inquérito e de inspecção con-stitui contra-ordenação punível com coima até 1%do volume de negócios das empresas infractoras(alíneas b e c do n.º 3 do artigo 43.º).

Em 2006, foram instaurados quatro processos por in-cumprimento, tendo três deles sido objecto de de-cisão condenatória no mesmo ano.

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a) INC 03/06 – Regional de Mercadorias e INC04/06 – ITMI

As empresas Regional de Mercadorias – Sociedade Cen-tral de Aprovisionamento, S.A., e ITMI Norte Sul Portugal,S.A., foram arguidas em dois processos contra-ordena-cionais por não terem respondido a sucessivos pedidosde informação que lhes foram dirigidos pela Autoridadeda Concorrência, no âmbito do processo contra-ordena-cional relativo à Central de Compras UNIARME.

Estes processos de contra-ordenação por incumpri-mento culminaram na aplicação de coimas no mon-tante de € 2.500,00 a cada uma das arguidas, cujopagamento foi efectuado voluntariamente.

b) INC 01/06 - Keller Marítima — Agência deNavegação, Lda

A 7 de Abril de 2006, a empresa Keller Marítima —Agência de Navegação, Lda., foi condenada ao paga-mento de uma coima de € 5.000,00 (e de € 150 decustas) pela recusa de prestação de informação re-querida pela Autoridade da Concorrência, ao abrigodos seus poderes sancionatórios, no âmbito doprocesso contra-ordenacional na qual era arguida a

AGEPOR — Associação dos Agentes de Navegaçãode Portugal.

Não houve recurso da decisão para o Tribunal deComércio de Lisboa, tendo a arguida pago volun-tariamente a coima.

3.3 Movimento Geral de Processos

No que respeita a processos relativos a práticas restri-tivas da concorrência, transitaram, do exercício de2005, 61 processos. No decurso de 2006,prosseguiu-se a tramitação dos processos em curso efoi determinada a abertura de seis novos processospor iniciativa própria.

Em 2006, foram proferidas pela Autoridade três de-cisões de arquivamento e decididos cinco processos.Transitaram para o ano seguinte 67 processos, cujadiscriminação se encontra no quadro infra.

Em 2006, estiveram, ainda, em curso cinco estudossectoriais e numerosas diligências de averiguações eapuramento de eventuais indícios de práticas restriti-vas da concorrência e do comércio, quer por iniciati-va oficiosa, quer na sequência de denúncias.

61 8 6 3 3 5 67

Númerode

Processos

Saldo inicial Origem em

denúnciaIniciativaOficiosa

Passageminstrução Arquivados Decididos

Transitaram para 2007

SaídasEntradas

Processos Práticas Restritivas da Concorrência – 2006

No que respeita aos processos contra-ordenacionaissobre práticas comerciais restritivas, instaurados ao

61 56 397 51

Númerode

Processos

Saldo inicial Entradas

Saídas(decisões condenatórias,

pagamentos voluntários earquivamentos)

Transitarampara 2007

Processos Práticas Comerciais Restritivas – 2006

abrigo do Decreto-Lei n.º 370/93, de 29 de Outubro,o movimento geral de processos foi o seguinte:

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Destaca-se, assim, que o número global de proces-sos relativos a práticas comerciais restritivasdiminuiu consideravelmente em 2006, após um es-forço de saneamento do volume processual acumu-lado ainda antes da criação da Autoridade daConcorrência.

Em 2006, a Autoridade da Concorrência decidiu15 processos relativos a estas práticas, na maioriarelativos a venda com prejuízo, a que foram apli-cadas coimas num montante global de cerca de 67mil euros. A maior parte destes processos foi ob-jecto de pagamento voluntário da coima pelas em-presas arguidas, só tendo havido lugar a recursojudicial de 2 decisões da Autoridade nestedomínio.

3.4 Procedimentos de Controlo de Operações deConcentração

3.4.1 Caracterização das Operações deConcentração

O ano de 2006 foi um ano de grande expansão dotrabalho em operações de concentração, sobretudopor causa de duas Ofertas Públicas de Aquisição(OPA): uma no sector das telecomunicações e outrano sector bancário. Ambas as operações revesti-ram-se de uma enorme complexidade e obrigarama uma forte mobilização de recursos da Autoridade.Como veremos, este trabalho intenso não se re-flecte nas estatísticas que habitualmente se apre-

sentam, mas sim na complexidade das operaçõesanalisadas.

No âmbito dos processos de controlo de operaçõesde concentração de empresas, a Autoridade da Con-corrência adoptou, durante o ano de 2006, um totalde 67 decisões finais21 e mais 5 decisões intermédiasde passagem a investigação aprofundada.

De realçar que foram notificadas, neste ano, 67 con-centrações de empresas, tendo transitado de 2005 aanálise de 15 operações, das quais três se encon-travam em fase de investigação aprofundada.

Em 2006, tanto o número de operações de concen-tração notificadas como o número de decisões pro-feridas pela Autoridade da Concorrência se reduziuem relação a 2005 em 15%, tendo, no entanto, au-mentado em cerca de 60% em relação a 2004.

Em termos gerais, as operações de concentração objec-to de decisão envolveram vários sectores de actividadeeconómica, sendo, contudo, de salientar que 60% cor-responderam a mercados de bens transaccionáveis,mantendo-se o mesmo nível verificado no ano de 2005.

Concentrações: Notificações e Decisões em 2006, por trimestre

21 Inclui a decisão do caso Ccent. n.º 51/2001 - VASP/DELTAPRESS,deliberada em execução do Acórdão do Pleno da Secção de Con-tencioso Administrativo do Supremo Tribunal Administrativo de 25de Janeiro de 2005, proferido no recurso Contencioso de Anulaçãon.º 1240/02 relativo ao mesmo processo.

0

5

10

15

25

I Trim. II Trim. III Trim. IV Trim.

Notificações

Decisões

20

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Por outro lado, do número total de operações de con-centração decididas, 28% foram de notificaçãomúltipla, isto é, operações que foram objecto igual-mente de notificação noutro(s) Estado(s)-Membro(s),o que representa uma diminuição de cerca de 7 pon-tos percentuais relativamente a 2005.

Com vista a melhor captar o trabalho desenvolvidopela Autoridade nesta área, vamos analisar commaior profundidade as operações de 2.ª fase (in-vestigação aprofundada), que são aquelas onde

foram identificados problemas de concorrência.Nos quadros infra, encontram-se as decisões finaisde 2ª fase e os processos de 2ª fase que decorreramem grande parte no ano de 2006. Se tomarmos ovolume de negócios das empresas adquiridas, ob-jecto de decisão final em 2006, que revela de algu-ma forma a importância dos processos em causa,houve um aumento para mais do dobro do valorregistado em 2005. Quanto ao número de merca-dos analisados, este passou de 23, em 2005, para51, em 2006.

Concentrações: Notificações e Decisões em 2006, por trimestre

0

10

20

30

40

60

2004

50

2005 2006

33

23

50

+55%

Decisões após Investigação AprofundadaNúmero de Mercados Analisados

0

1,000

2,000

3,000

4,000

6,000

2004

5,000

2005 2006

1,021

2,473

5,017

+14%

+103%

Decisões após Investigação AprofundadaVolume de Negócios das Empresas Adquiridas (Milhões de Euros)

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Se considerarmos o total de mercados analisados, se-ja em decisões tomadas em 2006, seja em processosque decorreram na maior parte nesse ano, o aumen-to é ainda mais expressivo, atingindo o valor extraor-dinário de 121. Por outro lado, o número de estudoscarreados para os processos, que não ultrapassaanualmente os dois a três, atingiu em 2006 o volume

de cinquenta estudos. Também pela primeira vez, eno decurso da OPA SONAECOM/PT a Autoridadeefectuou um teste de mercado que envolveu 56 enti-dades consultadas. Acresce ainda a intensidade doscontactos com os reguladores sectoriais, que foi par-ticularmente notória no caso da OPA SONAECOM/PT.

FARBEIRA/FARCENTRO Não oposição s/ 159 2 0 - 0 nacondições

UNBETÃO/SICOBETÃO Não oposição c/ 706 3 0 - 0 nacondições

OPA SONAECOM/PT Não oposição c/ 8.944 43 25 ANACOM, 8* 56 entidadescondições EPC, ISP, consultadas

CMVM

BRISA/AEA Proibição 587 2 12 Estradas de naPortugal4

Decisões Finais após investigação aprofundada – 2006

Identificação daoperação Tipo de Decisão

Volume deNegóciosconjunto

(milhões de €)1

N.ºMercados

Relevantes

Número deEstudos2

ReguladoresSectoriais

Envolvidos

Complexidade Processual

Contra-Interessados

Teste deMercado

1Conjunto, em Portugal; 2Submetidos pelas partes e/ou de iniciativa da Autoridade; 3Contestação ao recurso judicial interposto, em 2001, pelo Jornal Público e nova Decisão; 4Concedente; *4Intimações Judiciais da PT

ALIANCE UNCHEM- Passagem a Invest. 1.127 3 - 0*FARMINDÚSTRIA/JOSÉ AprofundadaDE MELO

OPA BCP/BPI Passagem a Invest. 5.825 65 12 BP PORTUGAL; 1 naAprofundada ISP

LACTOGAL/INTERN. Passagem a Invest. 678 3 1 - 1 -DAIRES Aprofundada

Análises de concentrações em fase de investigação aprofundada, em curso durante 2006

Identificação daoperação Tipo de Decisão

Volume deNegóciosconjunto

(milhões de €)1

N.ºMercados

Relevantes

Número deEstudos2

ReguladoresSectoriais

Envolvidos

Complexidade Processual

Contra-Interessados

Teste deMercado

1Conjunto, em Portugal; 2Submetidos pelas partes e/ou de iniciativa da Autoridade; *2Alegações de Recurso para Supremo Tribunal de Justiça e 3 Acções de Anulação de Abertura do Procedimento Oficioso

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Agrupando as operações de concentração decididassegundo a sua natureza, verifica-se que, tal como em2005, a maioria das operações consistiu na“aquisição maioritária de capital social”. Todavia, em2006, registaram-se 6% de operações consistiramque em Ofertas Públicas de Aquisição (OPA), emcontraste com 2005, ano em que não se registounenhuma OPA.

Por sua vez, as operações de concentração envolven-do a “aquisição de activos e outros” representaram23,9% do total, o que correspondeu a um aumentode cerca de 6 pontos percentuais relativamente a2005, enquanto que as operações envolvendo “con-trolo conjunto” permaneceram aproximadamentedentro do mesmo nível percentual quando compara-do com o ano precedente.

42

Horizontal 34 50,7%

Vertical 4 6,0%

Conglomeral 29 43,3%

Total 67 100%

Tipo de Concentrações Decididas

Das dezasseis operações, que, no final do 2006,se encontravam em análise, doze diziam respeitoa processos em primeira fase de instrução e quatroa processos em fase de investigação aprofundada(2.ª fase), a saber:

Ccent n.º 21/2004 – REN/GDP/Rede de Trans-portes de Gás Natural em Alta Pressão; Ccent. n.º 80/2005 – ALLIANCE UNICHEM/FAR-MINDÚSTRIA/JOSÉ DE MELLOCcent n.º 15/2006 – OPA BCP/BPI; Ccent n.º 38/2006 – LACTOGAL/INTERNATION-AL DAIRIES.

Releva ainda, no ano de 2006, a abertura de um pro-cedimento oficioso relativo a uma operação de con-centração não notificada no sector do handling.

Para permitir uma análise mais detalhada, agru-param-se as operações de concentração segundo asseguintes características:

• Natureza da concentração (fusão, aquisiçãomaioritária de capital social, OPA, controloconjunto, aquisição de activos e outros);

• Tipo de concentração (horizontal - no mes-mo mercado; vertical - em mercados a mon-tante ou a jusante; e conglomeral - noutrosmercados);

• Distribuição geográfica (localização geográ-fica das empresas participantes na operaçãopor: multi-país dentro da EU; multi-país c/ em-presas fora da EU; domésticas c/ empresasnoutros países dentro da EU; domésticas c/empresas noutros países fora da UE e comple-tamente domésticas);

• Tipo de decisão (de acordo com o previsto naLei n.º 18/2003, de 11 de Junho)22;

• Volume de negócios, em Portugal, das em-presas adquiridas (inclui os volumes denegócios realizados, em Portugal, no ano de2006, das empresas alvo nas operações deconcentração objecto de decisão).

Fusão 2 3,0%

Aquisição Maioritária Capital Social 36 53,7%

Opa 4 6,0%

Controlo Conjunto 9 13,4%

Aquisição de Activos e Outros 16 23,9%

Total 67 100%

Natureza das Concentrações Decididas

22 Não abrangida - alínea a) do n.º 1 do artigo 35.º; não oposição -alínea b) do n.º 1 do artigo 35.º; não oposição c/ condições - alíneab) do n.º 1 e n.º 3 do artigo 35.º (1.ª fase) ou alínea a) do n.º 1 e n.º2 do artigo 37.º (após investigação aprofundada); Investigação apro-fundada - alínea c) do n.º 1 do artigo 35.º; proibição - alínea b) don.º 1 do artigo 37.º; aprovação tácita - n.º 4 do artigo 35.º e n.º 3 doartigo 37.º.

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Reunindo as operações de concentração decididas se-gundo o respectivo tipo, constata-se que, tal comonos dois anos anteriores, as concentrações de tipohorizontal continuam a ser as mais representativas(50,7%), seguidas das de tipo conglomeral (43,3%)e, por fim, pelas de tipo vertical, que representamapenas 6% do total.

Realça-se que, no ano de 2006, se registou umacentuado aumento das operações de tipo con-glomeral face aos dois últimos anos, uma vez que,até 2006, este tipo de operações nunca atingirauma percentagem de 30% (2004 – 28,3% e 2005- 22,8%).

Mantém-se a tendência já verificada em 2005 no querespeita à distribuição por localização geográfica dasempresas envolvidas. Tal como no ano anterior, asconcentrações “completamente domésticas” contin-uam a ser as mais representativas com 65,7% e comuma percentagem ligeiramente superior (+ 1,2 %)em relação a 2005.

Agrupando as operações de concentração decidi-das segundo os volumes de negócios realizadospelas empresas adquiridas em Portugal23, constata-se que 19,7% das operações envolveram aaquisição de empresas/activos que geraram volu--mes de negócios superiores a 150 milhões de euros.De notar que, comparativamente às concentraçõesdecididas em 2005, estas quase quadruplicaram emtermos relativos, passando de 5,1%, em 2005, para19,7%, em 2006.

43

Por sua vez, diminuiu o número de operações em queas empresas adquiridas efectuaram volumes de negó-cios inferiores a 5 milhões de euros (de 39,9% em2005 para 30,0% em 2006).

Em 2006, é de sublinhar que a Autoridade da Con-corrência adoptou uma decisão de proibição24 e queforam ainda adoptadas duas decisões de nãooposição com condições, após investigação aprofun-dada25. Também é de salientar que se verificaram dois

Multi-país dentro da UE 3 4,5%

Multi-país c/empresas fora da UE 9 13,4%

Doméstico c/empresas noutros países dentro da UE 9 13,4%

Doméstico c/ empresasnoutros países fora da UE 2 3,0%

Completamente domésticas 44 65,7%

Total 67 100%

Distribuição Geográfica

<5 20 30,3%

5=<10 12 18,2%

10=<25 7 10,6%

25=<50 7 10,6%

50=<100 4 6,1%

100=<150 3 4,5%

>150 13 19,7%

Total 66* 100%

Volume de negócios das empresas adquiridas(em milhões de euros, ano de 2006, em Portugal)

Não Abrangida 8 11,9%

Não Oposição 53 79,1%

Não Oposição com Condições(1ª fase) 1 1,5%

Não Oposição com Condições(Após investigação aprofundada) 2 3,0%

Proibição 1 1,5%

Desistência da notificante 2 3,0%

Total 67 100%

Decisões Adoptadas

* não inclui Ccent. 51/2001-VASP/DELTAPRESS

23 N Volumes de negócios realizados em 2005.24 Ccent. n.º 22/2005 - VIA OESTE/AEO/AEA.25 Ccent.30/2005 - UNIBETÃO/SICOBETÃO e Ccent.08/2006 -OPA/SONAECOM/PT.

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Fabricação de Betão Pronto, S.A. (“Sicóbetão”), me-diante a aquisição da totalidade das suas acções aoportador.

No cenário pós-concentração, verificavam-se efeitosconcorrenciais restritivos, tanto horizontais, comoverticais, pois a adquirente e a adquirida encon-tram-se activas no mercado do fabrico e comercial-ização de betão pronto e pelo facto da empresaadquirente integrar o Grupo Secil, um dos principaisfabricantes nacionais de cimento, principal matéria-prima utilizada na produção de betão.

Foi também tido em linha de conta que, em resulta-do da operação, se reforçavam as barreiras à entrada,aliás, já bastante elevadas, nos mercados relevantesidentificados, na medida em que se assistia à entra-da/reforço de uma empresa verticalmente integrada –Grupo Secil – naqueles mercados.

Nestes termos, a Autoridade da Concorrência deci-diu, em 24 de Março de 2006, adoptar uma decisãode não oposição à operação de concentração, con-siderando necessária para garantir a manutenção daconcorrência efectiva a imposição de condições eobrigações.

Estas obrigações e condições visam assegurar aaquisição de determinadas quantidades de cimento,por parte da empresa adquirida, junto dos importa-dores de cimento independentes dos dois gruposcimenteiros nacionais, por forma a garantir que estesimportadores continuem a actuar no mercado docimento.

ii) VIA OESTE (BRISA)-AUTO-ESTRADAS DOOESTE/AUTO-ESTRADAS DO ATLÂNTICO -Decisão de Proibição26

A operação de concentração, notificada em 24 deMarço de 2005, consistia na aquisição de controloconjunto da Auto-Estradas do Atlântico – ConcessõesRodoviárias de Portugal, S.A., pela Brisa – Auto--Estradas de Portugal. S.A., de forma indirecta, através

casos de desistência por parte da notificante, em am-bos os casos no decurso da fase de investigação apro-fundada.

À semelhança, aliás, do que se verifica na ComissãoEuropeia e na generalidade das Autoridades deConcorrência homólogas, a maioria das decisõesadoptadas foi de não oposição sem condições(79,1%).

Releva-se ainda que as decisões de operações “nãoabrangidas”, nos termos da Lei n.º 18/2003, de 11 deJunho, representaram cerca de 11,9% do total, evi-denciando um ligeiro aumento relativamente ao anode 2005, quando representaram 7,6%.

3.4.2 Controlo de Operações de Concentração àluz da Lei n.º 18/2003 - Decisões

Durante o ano de 2006, a Autoridade foi confronta-da com notificações de operações de concentraçãode grande complexidade, que envolveram a análisede um número muito elevado de mercados relevantese exigiram o exame de inúmeros estudos, quer ela-borados pela própria Autoridade, recorrendo em al-guns casos a consultores externos de reconhecidomérito internacional, quer submetidos pelas empre-sas envolvidas nas operações.

A Autoridade continuou a aprofundar o seu “know-how”, desenvolvendo o trabalho já iniciado no anoanterior, em particular através da utilização de mode-los de simulação do impacto das operações de con-centração, designadamente ao nível dos preços,como instrumento complementar da análiseeconómica.

Da praxis da Autoridade, em 2006, salienta-se aadopção de uma decisão de proibição no sector daexploração das auto-estradas e, ainda, a análise e/oua adopção de decisões com impacto em sectoreseconómicos estratégicos, como as telecomunicações,a banca, os media e o sector energético.

i) UNIBETÃO/SICÓBETÃO – decisão de nãooposição (2.ª Fase) com condições

A operação de concentração, notificada em 13 deJulho de 2005, consistia na aquisição pela empresaUnibetão-Indústrias de Betão Preparado, S.A. (“Uni-betão”), do controlo exclusivo da empresa Sicóbetão-

26 Nos termos do artigo 34.º do Decreto-Lei n.º 10/2003, de 18 deJaneiro de 2003, foi interposto recurso extraordinário para o Ministroda Economia e Inovação, o qual deu provimento ao mesmo,aprovando a operação de concentração em causa, mas condicionan-do-a à imposição de determinadas medidas.

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da sua subsidiária Via Oeste, SGPS, S.A., e pela Auto-Estradas do Oeste – Concessões Rodoviárias de Por-tugal, S.A.

O grupo Brisa dedica-se à actividade de construção,conservação e exploração de auto-estradas, sendo aúnica empresa concessionária da auto-estrada A1,entre Lisboa e Porto, e detém, também, a auto-estra-da Litoral Centro, entre Leiria e Mira, que se encontraem fase de construção.

A Auto-Estrada do Atlântico dedica-se igualmente àactividade de construção, conservação e exploraçãode auto-estradas, detendo em regime de exclusivi-dade a A8, entre Lisboa e Leiria.

A Via Oeste é uma sociedade gestora de partici-pações sociais, detida a 100% pelo grupo Brisa, cujoúnico activo é a participação que detém no capital so-cial da Auto-Estradas do Atlântico.

Em consequência da operação, o Grupo Brisa, quejá detinha em exclusividade a concessão da auto--estrada A1 (entre Lisboa e Porto), passaria a deterigualmente, conjuntamente com a Auto-Estradasdo Atlântico, a auto-estrada A8 (entre Lisboa eLeiria).

A análise da operação permitiu concluir que, notrajecto Lisboa/Leiria, onde existiam dois concor-rentes, passaria a existir apenas um único opera-dor – o grupo Brisa – com 100% de quota demercado.

Por outro lado, no percurso Lisboa/Porto não só se re-duziria o número de operadores de três para dois(Brisa e Aenor), como um deles – a Brisa – passaria adeter mais de 75% do mercado.

Com base na análise efectuada, ficou demonstradoque a operação afectaria, directa e indirectamente,cerca de um milhão e 300 mil veículos/mês na A1 ede cerca de 570 mil veículos/ mês na A8, segundo da-dos de 2004.

Salienta-se que esta decisão permitiu à Autoridade daConcorrência clarificar o seu entendimento sobre aaplicação das regras de concorrência a todos os sec-tores económicos, incluindo os sectores regulados,pelo que, embora a actuação das envolvidas nestaoperação esteja vinculada a contratos de concessão,

a actividade de exploração de auto-estradas não deixava,no caso em apreço, de estar sujeita às regras de con-corrência.

Numa primeira fase, a concorrência dá-se ao nível dadisputa pela concessão no âmbito do concurso e pos-teriormente, como se verificava na operação de con-centração em causa, duas concessionárias deinfra-estruturas para os mesmos percursos concorrementre si, designadamente ao nível dos preços, daqualidade dos serviços (estado do piso, sinalização,duração de obras, serviços concessionados ao logodo percurso) e ainda através da melhoria das infra-es-truturas como o alargamento e manutenção da via.

Ou seja, ainda que muitos aspectos sejam objecto deregulação no âmbito dos contratos de concessão,continua a existir um considerável grau de liberdadedas concessionárias para, havendo pressão concor-rencial (no presente caso, verificava-se a existência deduas vias rodoviárias paralelas), disputar o mercado eatrair utilizadores. Os estudos internos da notificantee da adquirida, realizados previamente à operação,assim o demonstraram.

Concluiu a Autoridade na sua Decisão, de 7 de Abril de2006, pela proibição da operação por entender que aoperação conduziria (i) à eliminação da concorrência nomercado da exploração de auto-estradas no percursoLisboa/Leiria e (ii) à redução significativa da concorrênciaefectiva no mercado da exploração de auto-estradas nopercurso Lisboa/Porto, que culminaria na criação de umaposição dominante nos mercados relevantes, susce-ptível de criar entraves significativos à concorrência.

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AS OPA NA UNIÃO EUROPEIA – QUE TRATAMENTO?

O conceito de concentração de empresas está associado à transferência do controlo sobre uma dada empresa.O controlo significa a possibilidade de exercer, isoladamente ou em conjunto, e tendo em conta as circunstâncias defacto ou de direito, uma influência determinante sobre a actividade de uma empresa.

O controlo pode obter-se através de qualquer acto, não importa a forma que assuma, desde que confira ao seuautor uma influência determinante sobre a outra empresa. Nestes termos, uma Oferta Pública de Aquisição (OPA)é considerada uma operação de concentração desde que a mesma implique uma alteração do controlo da em-presa que é objecto de oferta pública.

Uma das questões fundamentais é a de saber se as concentrações efectuadas através de OPA têm um tratamen-to distinto nas legislações europeias daquele que é conferido às outras operações de concentração, nomeada-mente, as efectuadas através da fusão ou aquisição.

Com esse objectivo, podem ser definidas quatro questões essenciais para uma análise comparativa das OPA rela-tivamente a outras operações, em sede das legislações comunitária e nacionais vigentes em Estados-Membros daUnião Europeia27:

• Existe um tratamento específico para as Ofertas Públicas de Aquisição em termos de prazos denotificação?

A generalidade das legislações europeias não estabelece qualquer regime específico para as OPA emmatéria de prazos de notificação às Autoridades da Concorrência, com excepção da Espanha e da Itália.Nestes países, a diferença de tratamento resulta precisamente da especificidade de uma OPA ter que sertambém comunicada ao Regulador sectorial para valores mobiliários. Assim, a Espanha impõe que a no-tificação à Autoridade da Concorrência deve ser efectuada cinco dias após a apresentação da oferta àComissão Nacional de Mercado de Valores, enquanto a Itália exige que a comunicação a ambas as Au-toridades deve ser efectuada em simultâneo.

O Reino Unido, por seu lado, é o único país onde não existe obrigatoriedade de notificação das operaçõesde concentração antes da sua realização.

1.

2.

3.

4.

27 Alemanha, Dinamarca, Espanha, Estónia, Finlândia, Grécia, Hungria, Itália, Portugal e Reino Unido.

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• Os prazos para a instrução de um processo de concentração são diferentes no caso de uma OPA,designadamente, em sede de investigação aprofundada (segunda Fase)?

Apenas a Itália estabelece regras diferentes relativamente àquelas que aplica às restantes operações deconcentração. Assim, no que respeita às OPA, a legislação italiana reduz o prazo de instrução da primei-ra fase de 30 para 15 dias contados da data da notificação. Quanto à análise da segunda fase, o prazoestabelecido é igual para todas as operações de concentração.

• Pode a OPA ser realizada antes de ter sido objecto de uma decisão da Autoridade de Concorrên-cia? Prevê a legislação nacional a suspensão da operação ou derrogação da proibição, conformeo caso?

A quase totalidade das legislações nacionais permite que as OPA possam ser realizadas antes de ser emi-tida uma decisão da Autoridade de concorrência, proibindo no entanto, o exercício dos direitos de votoadquiridos. A excepção é o Reino Unido (que não estabelece qualquer tipo de restrição) e, no sentido con-trário, a actual legislação espanhola que não permite a realização da OPA sem prévia autorização.

Quanto à derrogação parcial ou total da suspensão do exercício dos direitos de voto adquiridos, regrageral, todas as legislações prevêem essa possibilidade, exceptuando a Espanha que, no entanto, admite aderrogação da regra da não realização da OPA antes da aprovação da operação.

• A regra geral da ausência de decisão nos prazos estipulados valer como decisão tácita de nãooposição à realização da operação de concentração também se aplica às OPA?

Todas as legislações analisadas prevêem para as concentrações, independentemente da forma queassumam, a regra de que a ausência de uma decisão vale como decisão tácita de não oposição àrealização da operação de concentração. Em nenhum Estado-Membro se estabelece tratamento distin-to para as OPA.

No quadro seguinte, sintetiza-se o resultado dos elementos recolhidos nas legislações na-cionais, bem como junto das Autoridades de Concorrência consideradas nesta análise:

5.

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48

Existe um tratamentoespecífico para as OPA emtermos de prazos denotificação?

Os prazos para a instrução deum processo de concentraçãosão diferentes no caso dasOPA, designadamenteem sede de investigaçãoaprofundada?

Pode a OPA ser realizada antes de ter sidoobjecto de uma decisão da Autoridade?Prevê a legislação a suspensão automática da operação ou a possibilidade da suaderrogação?s prazos para a instrução de umprocesso de concentração são diferentes nocaso das OPA, designadamente em sede deinvestigação aprofundada?

A regra geral da ausênciade decisão nos prazosestipulados valer comodecisão tácita de nãooposição à realização daoperação de concentraçãotambém se aplica às OPA?

Não. As concentrações devem sernotificadas antes da sua realização eapós a conclusão do acordo ou, nocaso das OPA, do seu anúncio.

Não. As concentrações devem sernotificadas antes da sua realização eapós a conclusão do acordo ou, nocaso das OPA, do seu anúncio.

Não. As concentrações devem sernotificadas antes da sua realização eapós a conclusão do acordo ou, nocaso das OPA, do seu anúncio.

Sim. Para as OPA é obrigatório aapresentação da notificação cincodias após a apresentação da ofertaao regulador de Mercado, a CNMV.Para todos as outras formas deconcentração, a única obrigação é ade serem notificadas antes da suarealização.

Não

Não.As concentrações devem sernotificadas antes da sua realização euma semana após a conclusão doacordo ou, no caso das OPA, do seuanúncio.

Não.As concentrações devem sernotificadas antes da sua realização edez dias após a conclusão do acordoou, no caso das OPA, do seu anúncio.

Não.Em todos os processos, os prazospara decisão são de (i) 25 dias úteispara a decisão de primeira fase e de(ii) 90 dias úteis a contar danotificação, para a decisão desegunda fase. Estes prazos poderãoser aumentados para 35 e 105 dias,respectivamente, aquando daapresentação de compromissos.

Não.Em todos os processos, os prazospara decisão são de (i) um mês para adecisão de primeira fase e de (ii)quatro meses, a contar danotificação, para a decisão desegunda fase.

Não.

Não.Em todos os processos, os prazospara decisão são de (i) um mês paraa decisão de primeira fase e de (ii)dois meses para a decisão desegunda fase

Não.Em todos os processos, os prazospara decisão são de (i) 30 dias para adecisão de primeira fase e de (ii) 4meses, a contar da decisão de primei-ra fase, para a decisão de segundafase.

Não.Em todos os processos, os prazospara decisão são de (i) 30 dias para adecisão de primeira fase e de (ii) 3meses, a contar da decisão de primei-ra fase, para a decisão de segundafase.

Não.

Sim.A oferta pública poderá ser realizada antes da suanotificação, mas o adquirente terá que proceder, semdemora, à notificação e não poderá exercer os direitos de vo-to adquiridos.

Sim. A suspensão do exercício dos direitos de voto pode ser derro-gada, parcial ou totalmente, a pedido do adquirente.

Sim. A oferta pública poderá ser realizada, mas não poderão serexercidos os direitos de voto adquiridos.

Não.

Não. Sim. A adquirente poderá solicitar derrogação da regra denão realização da OPA, que poderá ser excepcionalmenteconcedida, embora não possa exercer os direitos de votoadquiridos.

Não.

Sim. É permitida a realização da operação.

Sim.A oferta pública poderá ser realizada mas não poderão serexercidos os direitos de voto adquiridos.

Sim. A suspensão do exercício dos direitos de voto pode ser derro-gada a pedido do adquirente.

Sim.Se a autoridade não adoptar as

decisões previstas nos prazos limitesestipulados para a fase I e II, aoperação é considerada tacitamenteaprovada.

Sim. Se a autoridade não adoptar asdecisões previstas nos prazos limitesestipulados para a fase I e II, aoperação é considerada tacitamenteaprovada.

Sim. Se a autoridade não adoptar asdecisões previstas nos prazos limitesestipulados para a fase I e II, aoperação é considerada tacitamenteaprovada.

Sim. Se não forem adoptadas asdecisões previstas nos prazos limitesestipulados para a fase I e II, aoperação é considerada tacitamenteaprovada.

Sim.Se a autoridade não adoptar asdecisões previstas nos prazos limitesestipulados para a fase I e II, aoperação é considerada tacitamenteaprovada.

Sim.Se a autoridade não adoptar asdecisões previstas nos prazos limitesestipulados para a fase I e II, aoperação é considerada tacitamenteaprovada.

Sim.Se a concentração não for proibidano prazo de três meses, serátacitamente aprovada.

ComissãoEuropeia

Alemanha(DE)

Dinamarca(DK)

Espanha(ES)

Estónia(EE)

Finlândia(FI)

Grécia(EL)

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Existe um tratamentoespecífico para as OPA emtermos de prazos denotificação?

Os prazos para a instrução deum processo de concentraçãosão diferentes no caso dasOPA, designadamenteem sede de investigaçãoaprofundada?

Pode a OPA ser realizada antes de ter sidoobjecto de uma decisão da Autoridade?Prevê a legislação a suspensão automática da operação ou a possibilidade da suaderrogação?s prazos para a instrução de umprocesso de concentração são diferentes nocaso das OPA, designadamente em sede deinvestigação aprofundada?

A regra geral da ausênciade decisão nos prazosestipulados valer comodecisão tácita de nãooposição à realização daoperação de concentraçãotambém se aplica às OPA?

Não.

Sim. A notificação tem que ser efectuadaem simultâneo com a notificaçãoapresentada junto do reguladorsectorial para valores mobiliários.

Não. As concentrações devem sernotificadas antes da sua realizaçãoe sete dias após a conclusão doacordo ou, no caso das OPA,do seu anúncio.

Não.Não existe obrigação de notificação,qualquer que seja a forma da concen-tração. Todas as notificações são, des-ta forma, voluntárias.

Não.Em todos os processos, os prazospara decisão são de (i) 45 dias para adecisão de primeira fase e de (ii) 120dias, contados a partir da data de no-tificação, para a decisão de segundafase.

Sim. No caso das OPA, o prazo deprimeira fase é reduzido de trintapara quinze dias contados da datada notificação. Já a segunda fase prevê prazos idênti-cos para todas as concentrações de45 dias, que poderão ser excepcional-mente alargados em mais 30 dias.

Não. Em todos os processos, os prazospara decisão são de (i) 30 dias para adecisão de primeira fase e de (ii) 60dias, contados a partir da data de no-tificação, para a decisão de segundafase.

Não. Em todos os processos, caso aoperação já tenha sido realizada, aprimeira fase terá o prazo máximo dequatro meses (que poderá seralargado em mais vinte dias úteiscom acordo das partes). A segundafase terá 24 semanas, podendo seralargada em mais oito semanas. No entanto, no contexto de umaOPA, e nos termos do Takeover Code- um código de auto-conduta dasempresas sedeadas no Reino Unido -a oferta caduca logo que ainvestigação passa para a segunda fa-se.

Sim.Não.

Sim. A OPA poderá ser realizada, mas não poderão ser exercidosos direitos de voto.

Sim. A oferta pública poderá ser realizada, mas nãopoderão ser exercidos os direitos de voto adquiridos.

Sim. A pedido do adquirente, a Autoridade poderá derrogaresta regra. A lei não estabelece nenhum momentoespecífico para o pedido de derrogação da suspensãodos direitos de voto.

Sim. Não. Todavia, tal como nas outras formas de concentração, aAutoridade da Concorrência pode obrigar as empresas àseparação parcial ou completa das empresas adquirente e ad-quirida nos mercados relevantes que suscitarempreocupações concorrenciais.

Sim.Se a autoridade não adoptar asdecisões previstas nos prazos limitesestipulados para a fase I e II, aoperação é considerada tacitamenteaprovada.

Sim.Se a autoridade não adoptar asdecisões previstas nos prazos limitesestipulados para a fase I a operação éconsiderada tacitamente aprovada.

Sim.Se a autoridade não adoptar asdecisões previstas nos prazoslimites estipulados para a fase I e II,a operação é consideradatacitamente aprovada.

Sim. Se as autoridades não adoptarem adecisão prevista no prazo limiteestipulado para a fase I de quatromeses, a operação é considerada taci-tamente aprovada.

Hungria(HU)

Itália(IT)

Portugal(PT)

ReinoUnido(UK)

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OPA SONAECOM/PT – Decisão de não oposição(2.ª Fase) com condições

A operação de concentração, notificada em 20 deFevereiro de 2006, consistia na aquisição do controloexclusivo, pela Sonae, SGPS, S.A. e Sonaecom, SGPS,S.A., sobre a Portugal Telecom, SGPS, S.A. e PT Mul-timedia – Serviços de Telecomunicações e Multime-dia, SGPS, S.A., através de uma oferta pública geralde aquisição (OPA) das acções representativas docapital social destas.

O Grupo Sonae exerce actividade na indústria dederivados de madeira, nos sectores da grande dis-tribuição alimentar, do imobiliário, do turismo, dastelecomunicações e dos media, entre outros. ASonaecom, sub-holding do Grupo para a área dastelecomunicações, internet e multimedia, actua emquatro áreas principais: comunicações fixas (Novis),comunicações móveis (Optimus), Internet (Clix) esector multimédia (Jornal Público) e indústria dosoftware e sistemas de informação (WeDo, Enabler,Mainroad e BizDirect).

Por sua vez, a Portugal Telecom é o operadorhistórico (incumbente) no sector das telecomuni-cações, em Portugal, e desenvolve actividades no sec-tor das TMT (tecnologia, media e telecomunicações),em Portugal e em outros países, estruturadas em cin-co grandes núcleos:

a) Negócio Fixo, em Portugal (através da PTC, PTPrime, PT Corporate e PT.COM);

b) Negócios Móvel, em Portugal, (através da TMN);c) Negócios Multimedia (PT Multimedia);d) Negócios internacionais que incluem a VIVO (a

joint-venture com a empresa Telefónica Móvilespara negócios móveis no Brasil); e

e) Empresas instrumentais.

A análise efectuada em 1.ª fase demonstrou que aoperação, tal como notificada, poderia levar à criaçãoou reforço de posição dominante da qual podiam re-sultar entraves significativos à concorrência efectivaem vários mercados relevantes de telecomunicações ede media e conteúdos, em Portugal, pelo que a Au-toridade decidiu passar a uma fase de investigaçãoaprofundada (2.ª fase).

A análise efectuada revelou-se bastante complexa,envolvendo o estudo de um número considerável de

mercados relevantes (46), tendo sido utilizados inú-meros estudos económicos (num total de 25, algunsdeles elaborados pelos mais reconhecidos especialis-tas mundiais em economia de telecomunicações) eeconométricos ou de simulação de mercados paradeterminar o impacto da operação.

A Autoridade, face aos compromissos assumidos pelanotificante (Sonaecom), proferiu uma decisão de nãooposição sujeita a condições e obrigações. Os com-promissos assumidos pela Sonaecom abrangem di-versos mercados relevantes e são, resumidamente, osque a seguir se enumeram:

“ a. Apresentar um modelo de separação horizontaldas redes fixas;

b.Apresentar um modelo de separação funcionalda rede básica;

c. Implementar a separação horizontal de redesfixas;

d.Alienar, à escolha da Sonaecom, ou o negóciode rede fixa de cobre ou o negócio de rede fixade cabo;

e. Caso venha a ser alienado o negócio da rede fixade cabo, implementar a separação funcional darede básica;

f. Caso não se efectue a alienação de uma das re-des, mandatar um terceiro, aprovado pela AdC,com poderes necessários para realizar a oper-ação de venda;

g.Devolver frequências para o acesso fixo via rádio(FWA) detidas pela Sonaecom ou pela PT, numcerto prazo;

h.Alargar a todas as condutas de empresas con-troladas pela Sonaecom as obrigações defornecimento de acesso a terceiros, que hojedecorrem da ORAC PT (Oferta de Referência deAcesso a Condutas);

i. Mandatar, em conjunto com a Autoridade, umaentidade para, no interesse da AdC, fiscalizar ocumprimento dos compromissos anteriores.

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Relativamente às actividades desenvolvidas sobreredes móveis, a Sonaecom fica sujeita às seguintescondições e obrigações:

a. Assegurar o acesso a MVNO, com quaisquer ter-ceiros interessados em constituírem-se como tal;

b.Devolver direitos de utilização de frequências doespectro radioeléctrico e respectivas licenças, demodo a permitir a entrada de um novo MNO;

c. Alienar sites, podendo incluir os equipamentosde rádio-transmissão que neles se encontreminstalados;

d.Disponibilizar-se para celebrar um contrato deMVNO com o novo MNO;

e. Disponibilizar condições de co - localização comnovo MNO;

f. Criar condições para atenuação de efeitos derede, ao nível do tarifário;

g.Assegurar que a taxa de variação anual dospreços retalhistas dos serviços prestados pelaTMN e Optimus não ultrapassa a média depreços de um conjunto de operadores móveiseuropeus ou, em alternativa a evolução do índicede preços ao consumidor do INE (price cap);

h.Atenuar condições de fidelização de clientes.

No que respeita a outras actividades (Media eConteúdos), a Sonaecom está sujeita, ainda, àsseguintes condições e obrigações:

a. Venda de participações nos negócios de dis-tribuição e exibição cinematográfica, comercia-lização grossista de videogramas, produção ecomercialização de canais de televisão por subs-crição, exploração de direitos televisivos de con-teúdos Premium e da exploração de direitos detransmissão de conteúdos para telefonia móvele internet;

b.Assegurar condições de maior concorrência nonegócio de conteúdos, nomeadamente evitan-do a concessão de exclusivos, ou concedendo oacesso aos conteúdos de forma razoável, trans-parente e não discriminatória. “

Este conjunto de compromissos foi concebido comoum todo, e a Autoridade da Concorrência considerouque o mesmo permite eliminar, de forma eficaz, apossibilidade de criação ou reforço de uma posiçãodominante da qual pudessem resultar entraves signi-ficativos à concorrência efectiva nos diversos merca-dos relevantes, em Portugal.

Dos compromissos assumidos, salienta-se, como prin-cipais, a separação estrutural de redes, as medidasdestinadas a facilitar o acesso dos operadores con-correntes às redes às redes fixas (cabo e cobre) atéaqui detidas pelo incumbente, o desinvestimentoda Sonaecom de diversos activos do grupo PT,designadamente na área de Media e Conteúdos, e aintrodução de contestabilidade no mercado decomunicações móveis com a criação de condiçõespara o aparecimento de novos operadores.

Esta decisão incluiu, ainda, diversos mecanismos defiscalização do cumprimento das obrigações econdições assumidas pela Sonaecom. Estes mecanis-mos permitiriam monitorizar e verificar o seu cumpri-mento faseado. A fiscalização estaria a cargo daAutoridade da Concorrência, que o faria nuns casosdirectamente e noutros com recurso a mandatáriosque reportariam à AdC e à Autoridade Nacional deComunicações – ICP-ANACOM.

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Análise econométrica de fusões

Com o desenvolvimento da economia industrial aplicada a problemas de concorrência e, em particu-lar, na análise do impacto de fusões, os modelos econométricos têm tido cada vez mais aplicação àpolítica da concorrência. Um dos principais contributos nesta matéria foi já realizado pela própria Au-toridade da Concorrência que promoveu a publicação de Duarte Brito e Margarida Catalão-Lopes,Mergers and Acquisitions: The Industrial Organization Perspective, Kluwer Law International, 2006. Éevidente que, como qualquer método científico, os resultados destas análises dependem das hipóte-ses e da qualidade e quantidade dos dados utilizados. Estes estudos, à semelhança do entendimentode outras Autoridades de Concorrência, são considerados pela AdC como uma peça adicional deevidência a considerar nas suas decisões que, naturalmente, se baseiam em análises mais vastas e denatureza jus-concorrencial.

1. A Fusão Sonaecom/Portugal Telecom

Em Fevereiro de 2006, a Sonaecom fez uma oferta pública de aquisição à Portugal Telecom (PT)e à PT Multimédia (PTM). A operação foi aprovada pela Autoridade da Concorrência com remé-dios. No contexto da análise desta operação, a AdC realizou vários estudos econométricos, dosquais dois merecem destaque. Pereira e Ribeiro (2007a) avaliaram o impacto no mercado do aces-so à Internet em banda larga da separação estrutural da RTPC (rede telefónica pública comuta-da) e da rede de cabo da PTM. Os autores usaram uma base de dados com observações a nívelde indivíduos e um modelo de escolha discreta para estimar as elasticidades preço da procura eos custos marginais do acesso à Internet em banda larga. Estas estimativas foram depois utilizadaspara simular os efeitos da separação das duas redes. Os resultados indicaram que a separação es-trutural levaria a uma redução substancial nos preços da ordem dos 14%. Pereira e Ribeiro(2007b) analisaram o impacto da fusão entre a Tmn e a Optimus. Os autores usaram uma basede dados com observações a nível de empresas e um modelo de escolha discreta para estimar aselasticidades preço da procura e os custos marginais do acesso da telefonia móvel. Estas estima-tivas foram depois utilizadas para simular os efeitos da fusão das duas empresas. Os resultadosindicaram que a fusão, sem remédios, levaria a uma aumento de preços da ordem dos 6%. VerBrito e Pereira (2006) para uma avaliação global do impacto na concorrência e bem-estar destaoperação.

2. A Fusão BCP/BPI

Em Março de 2006, o banco BCP fez uma oferta pública de aquisição do Banco BPI. Esta opera-ção foi aprovada pela AdC com remédios. No contexto da análise da operação, a AdC realizoudois estudos econométricos. Brito, Pereira e Ribeiro (2007a) que avaliou o impacto da fusão nomercado de crédito à habitação, e Brito, Pereira e Ribeiro (2007b), que avaliou o impacto da fusãono mercado de crédito de curto prazo a pequenas e médias empresas. Em ambos os estudos, osautores utilizaram uma base de dados composta por observações ao nível do consumidor eaplicaram um modelo de escolha discreta para estimar as elasticidades preço da procura e oscustos marginais. Estas estimativas foram utilizadas para simular os efeitos unilaterais e os efeitoscoordenados da fusão.

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No estudo do impacto da fusão no mercado de crédito à habitação (Brito, Pereira e Ribeiro,2007a), os resultados indicaram que a fusão causaria um pequeno efeito negativo a nível dosefeitos unilaterais, mas um efeito negativo relevante quando considerada a possibilidade de acçãocoordenada no mercado entre as principais instituições bancárias. Por sua vez, no estudo do im-pacto da fusão no mercado de crédito de curto prazo (Brito, Pereira e Ribeiro, 2007b), os resul-tados indicaram que a fusão causaria um efeito negativo substancial, quer a nível dos efeitosunilaterais, quer num cenário de acção coordenada.

Referências

Brito, D., Pereira, P. e Ribeiro, T., 2007a, “Merger Analysis in the Banking Industry: the MortgageLoans Market”, Autoridade da ConcorrênciaBrito, D., Pereira, P. e Ribeiro, T., 2007b, “Merger Analysis in the Banking Industry: the Short TermCorporate Credit Market”, Autoridade da ConcorrênciaBrito, D. and Pereira, P., 2006, “O Impacto da Operação de Aquisição da Portugal Telecom pelaSonaecom”, Autoridade da ConcorrênciaPereira, P. and Ribeiro, T., 2007a, “The Impact on Broadband Access to the Internet of the DualOwnership of Telephone and Cable Networks”, Autoridade da ConcorrênciaPereira, P. and Ribeiro, T., 2007b, “Merger Analysis in Mobile Telephony”, Autoridade da Con-corrência

Diversos

No âmbito das competências da Autoridade da Con-corrência é de referir, ainda, em 2006, a emissão de41 Pareceres para efeitos de isenção de Imposto Mu-nicipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis(IMT), Imposto de Selo, emolumentos e outros encar-gos legais, nos termos da nova redacção do Decreto--Lei n.º 404/90, de 21 de Dezembro, introduzida pelaLei n.º 55-B/2004, de 30 de Dezembro, que aprovouo Orçamento do Estado para 2005.

No que respeita à monitorização de compromissosimpostos em decisões de operações de concentração,durante o ano de 2006, procedeu-se ao acompan-hamento do cumprimento dos compromissos e obri-gações impostas a oito operações de concentração.

3.4.3 Processos no âmbito Comunitário

A actividade da Autoridade da Concorrência no âmbitodas concentrações de empresas de dimensão comu-nitária desenvolve-se em duas vertentes: (i) na análisede operações de concentração que poderão ser alvo deremessa de ou para a Comissão Europeia e ainda (ii) no

acompanhamento de processos de concentração co-munitários no Comité Consultivo da Comissão Europeiaem matéria de Concentrações de Empresas.

3.4.3.1 Análise de concentrações de notificaçãomúltipla nos termos do n.º 5 do artigo 4.ºdo Regulamento comunitário dasconcentrações de empresas

O Regulamento do Conselho (CE) N.º 139/2004, de20 de Janeiro de 2004, relativo ao controlo das con-centrações de empresas (“Regulamento comunitáriodas concentrações”), estabelece regras em matériade remessa de processos de operações de concen-tração transfronteiriças, designadamente a remessaem momento anterior à notificação, a pedido daspartes notificantes, da Comissão Europeia para os Es-tados-Membros e dos Estados-Membros para aComissão Europeia, nos termos do disposto nos n.os 4e 5 do seu artigo 4.º.

Tais pedidos são apresentados mediante um Memo-rando Fundamentado à Comissão Europeia e, por es-ta, remetidos aos Estados-Membros, que dispõem dequinze dias para se pronunciarem.

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Durante o ano de 2006, foram remetidos à Autori-dade da Concorrência cinco memorandos fundamen-tados, nos termos do n.º 5 do artigo 4.º, doRegulamento comunitário das concentrações, relati-vamente aos quais, após a respectiva análise, a Au-toridade não manifestou desacordo relativamente aque a análise fosse efectuada pela Comissão Eu-ropeia.

Passam a enumerar-se, tais pedidos de remessa:

Caso COMP/M. 4196 – TK/ORB/SURACaso COMP/M. 4290 - ADC/ANDREWCaso COMP/M. 4300 – PHILIPS/INTERMAGNETICSCaso COMP/M. 4357 - BRIDGEPOINT/DORNACaso COMP/M. 4389 – WLR/BST

3.4.3.2 Análise de concentrações de dimensãocomunitária nos termos do artigo 9.º doRegulamento comunitário dasconcentrações de empresas

A Autoridade da Concorrência continuou a acompan-har as operações de concentração com dimensão eu-ropeia, notificadas junto da Comissão Europeia, porforma a avaliar o eventual impacto das mesmas nomercado nacional e exercer o direito que lhe assiste depedido de remessa do caso, nos termos do artigo 9.ºdo Regulamento das concentrações comunitárias.

Todavia, em nenhum dos casos se verificou a necessi-dade de solicitar a remessa do processo, em virtudede não estarem reunidos os pressupostos contidosem tal disposição.

3.4.3.3. Análise de concentrações para eventuaispedidos de remessa para a Comissão, nostermos do artigo 22.º do Regulamentocomunitário das concentrações de empresas

Durante o ano 2006, a Autoridade da Concorrênciaacompanhou igualmente as operações de concen-tração notificadas noutros Estados-Membros, por for-ma a avaliar o seu eventual impacto a nível nacionale exercer, caso se justificasse, o direito que lhe assistede pedido de remessa do caso para a ComissãoEuropeia, nos termos nos termos do artigo 22º doRegulamento das concentrações comunitárias.

No entanto, neste ano não se verificou nenhum caso emque houvesse necessidade de recorrer ao referido artigo.

3.5 Controlo Judicial – Relacionamento com osTribunais

3.5.1 Actividades desenvolvidas

No ano de 2006, a Autoridade da Concorrência, emparticular através da sua Direcção do Contencioso,consolidou a metodologia e as técnicas de acompan-hamento e gestão especializadas dos processos judi-ciais na sequência de impugnações e execução dasdecisões adoptadas pela Autoridade. O esforço de-senvolvido trouxe manifestas vantagens de que resul-tou a profícua actuação da Autoridade junto dosTribunais.

Atento o elevado grau de especialização que enformatodos os processos em matéria de concorrência,curou-se de aperfeiçoar todas e cada uma das peçasprocessuais que foram sendo elaboradas, quer emsede de recursos de impugnação quer em acções ad-ministrativas especiais das quais se ressalta apreparação e junção de observações, alegações econtestação a impugnações, respectivamente emprocessos contra-ordenacionais e de contenciosoadministrativo.

No âmbito do exercício do direito próprio que a Lein.º 18/2003, de 11 de Junho, confere à Autoridade,preparou-se, também, a interposição de recursos dasdecisões judiciais sempre que admissível e pertinente.

Igualmente continuou a intensificar-se a preparaçãodos processos para a fase de julgamento, no âmbitode processos relativos a decisões proferidas, noquadro da legislação nacional e dos artigos 81.º e 82.ºdo Tratado CE, de molde a que a representação daAutoridade em juízo permitisse, não só garantir amanutenção das decisões adoptadas, como ainda exer-cer, junto dos diversos intervenientes, uma função decarácter pedagógico em termos jus-concorrenciais.

Durante 2006, desenvolveu-se uma estreita colabo-ração com os Magistrados do Ministério Público, juntodo Tribunal do Comércio, com vista a uma maior coe-são quanto ao entendimento de matérias económicasespecíficas, com evidente benefício para uma cada vezmelhor aplicação do direito da concorrência.

De referir também o trabalho desenvolvido na fasepreparatória de acções de busca levadas a cabo pelaAutoridade, designadamente junto das instâncias

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competentes para a obtenção dos mandados e dasautoridades policiais, Polícia de Segurança Pública(PSP) e Guarda Nacional Republicana (GNR), queforam solicitadas a colaborar nesta missão.

3.5.2 Decisões Judiciais

Em 2006, a Autoridade da Concorrência pronunciou--se sobre cinco recursos de impugnação respeitantesa decisões condenatórias por práticas restritivas daconcorrência, duas acções administrativas especiaisrelativas a decisões no domínio de concentrações deempresas, oito acções de intimação para acesso adocumentos, das quais sete no âmbito do procedi-mento administrativo da análise das concentrações euma no âmbito de um processo contra-ordenacional,e, ainda, onze recursos de impugnação relativos abuscas efectuadas ao abrigo da Lei da Concorrência.

55

Quanto a recursos de decisões condenatórias porpráticas restritivas do comércio, foram elaboradas ob-servações relativamente a três recursos de impug-nação.

No mesmo ano, foi ainda desenvolvida a preparaçãoda audiência de julgamento em três processos, doisdos quais relativos a práticas restritivas da con-corrência – AGEPOR e Ordem dos Médicos – e umoutro respeitante a práticas comerciais restritivas emque era arguida uma UCDR – Feira Nova Hipermer-cados. Em todos estes processos o Tribunal doComércio condenou as empresas arguidas, as quaisrecorreram para o Tribunal da Relação onde se en-contram pendentes.

Em 2006, encontravam-se na Direcção do Con-tencioso os processos constantes do quadro seguinte:

Processos Lei 18/2003 43 40 3

Processos DL 370/93 107 60 47

Totais Gerais 149 100 50

Situação dos Processos

Existentes Pendentes Concluídos

Práticas Restritivas da Concorrência 6 3 1 10

Incumprimentos 3 1 0 4

Acções de Busca 10 2 0 12

TOTAIS 19 6 1 26

Recursos de Impugnação

Tribunal doComércio Lisboa

Tribunalda Relação

TribunalConstitucional TOTAIS

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Durante o ano de 2006 foram proferidas 30 decisõesjudiciais, 15 respeitantes a práticas comerciais restriti-vas e as outras 15 relativas a recursos de impugnaçãointerpostos de decisões condenatórias da Autoridadepor práticas restritivas da concorrência, providênciascautelares e acções administrativas especiais decor-rentes de decisões no âmbito da apreciação de oper-ações de concentração e outras resultantes darealização de acções de busca e apreensão efectua-das pela Autoridade.

Salienta-se, pela importância que assumem em ter-mos de apreciação e avaliação das questões de con-corrência, ou ainda, pelo interesse na abordagemefectuada a questões do foro processual, algumassentenças e acórdãos das quais se faz, a seguir, breveresumo.

Tribunal do Comércio de Lisboa

Ordem dos Médicos Veterinários

Em 12 de Janeiro, o Tribunal do Comércio de Lisboa,na sequência de recurso de impugnação interpostopela Ordem dos Médicos Veterinários de decisão con-denatória da Autoridade, proferiu sentença dandoparcial provimento ao recurso.

Por decisão da Autoridade de 19 de Maio de 2005,a Ordem dos Médicos Veterinários foi condenada aopagamento de uma coima de € 75 935,00 pelaprática de uma contra-ordenação prevista e punidapelos artigos. 4.º n.º 1 da Lei n.º 18/2003 de 11 deJunho, 81.º n.º 1 do Tratado CE e 43.º n.º 1, al. a)da referida Lei n.º 18/2003. Mais foi ordenado quecessasse de imediato a aplicação dos artigos 28.º,

n.º 2, al. a), 43.º, al. b) e 44.º do Código Deon-tológico e todas e quaisquer tabelas de honoráriosrelativas à actividade médico-veterinária, que revo-gasse, no prazo de 15 dias, as disposições do Códi-go Deontológico e quaisquer tabelas de honoráriosaplicáveis à actividade dos médicos veterinários emregime de profissão liberal por si elaboradas, quepublicitasse, no prazo de 15 dias, a adopção dasmedidas antecedentes e que, a título de sançãoacessória, publicasse, no prazo de 20 dias, a versãointegral da decisão na III série do Diário da Repúbli-ca e da parte decisória num jornal de expressão na-cional.

Em síntese, por ter aprovado e mantido em vigor des-de Dezembro de 1996 o Código Deontológico, con-tendo este, nos seus artigos 28.º, 43.º e 44.º, regrasque obrigavam os seus membros à prática de hon-orários mínimos, limitando assim a concorrência en-tre os seus membros, afectando o mercado nacionale o comércio entre os Estados membros.

Por Decisão do Tribunal do Comércio de Lisboa foidado provimento parcial ao recurso interposto, nostermos seguintes:

• Condenou a arguida Ordem dos Médicos Vete-rinários, pela prática de uma contra-ordenaçãoprevista e punida pelos artigos 4.º, n.º 1 da Lein.º 18/2003, 81.º n.º 1 do Tratado CE e 43.º, n.º1, al. a) da Lei n.º 18/2003 de 11 de Junho, nacoima de € 18.000;

• Ordenou que a arguida cessasse de imediato aaplicação de todas e quaisquer tabelas de hono-rários relativas à actividade médico-veterinária;

8 0 8

Acções Administrativas Especiais

Tribunal daRelação

Tribunal do ComércioLisboa TOTAIS

Acções de Intimação

6 Acções de Intimação que correm seus termos em distintos tribunais – Tribunal do Comércio, TAFL, TACS, TAFL e TIC.

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• Declarou nulas e de nenhum efeito, as dis-posições do Código Deontológico constantes dosartigos 28.º n.º 2, al. a), 44.º, al. b) e 45.º n.º 1.

• Declarou nula e de nenhum efeito a tabela envi-ada aos veterinários da zona da Cova da Beira;

• Determinou a publicação, a expensas da argui-da, de extracto da sentença na III série do D.R. enum jornal diário de expansão nacional, no pra-zo de 30 dias contados do trânsito;

• Determinou a publicitação, pela arguida, de ex-tracto da sentença na sua página da Internet,após trânsito, bem como no número imediata-mente subsequente ao trânsito em julgado, naRevista da Ordem dos Médicos Veterinários.

A sentença não transitou em julgado aguardando-seque o Tribunal da Relação de Lisboa se pronuncie.

AGEPOR – Associação dos Agentes de Navegação dePortugal

Em 28 de Julho de 2006, o Tribunal do Comércio deLisboa proferiu Sentença na sequência do recurso deimpugnação da decisão da Autoridade interpostopela AGEPOR – Associação dos Agentes de Nave-gação de Portugal.

Por decisão da Autoridade da Concorrência, de 30de Dezembro 2005, a referida Associação foi con-denada ao pagamento de uma coima de€ 195.000,00 por violação dolosa da proibição con-stante nos artigo 2.º, n.º 1, al. a) do Decreto-Lei n.º371/93, de 29 de Outubro e artigo 4.º n.º 1 al. a) daLei n.º 18/2003, de 11 de Junho punível nos termosdo artigo 43, n.º 1 al. a) da Lei da Concorrência, ouseja, pela elaboração, aprovação e divulgação detabelas indicativas de preços máximos para osserviços prestados pelos agentes de navegação ten-do, ainda, sido ordenado que a arguida cessasse, deimediato, a prática e publicitasse, até 31 de Janeirode 2006, junto das suas associadas e das autori-dades portuárias, as medidas constantes da decisãoadministrativa.

O Tribunal de Comércio declarou improcedentes to-das as questões prévias suscitadas pela AGEPOR:

• Não acesso ao processo em tempo útil;

• Preterição do direito ao silêncio e do direito ànão auto-incriminação e nulidade das provasassim obtidas;

• Falta de determinação do tipo de imputaçãosubjectiva;

• Inexistência de factos alegados na nota de ilici-tude que demonstrem ou indiciem dolo ou neg-ligência da arguida;

• Invocação tardia de documentação constantedo processo desde 2004;

• Não disponibilização, à arguida, de elementosdocumentais que integram o processo.

Mais entendeu o Tribunal do Comércio de Lisboa que:

• Não existiu violação do princípio «ne bis inidem» e do primado do direito comunitário porter sido desconsiderado, pela AdC, processosque correram termos na DGCP (Direcção Geralde Concorrência e Preços) e na DG COMP;

• As propostas de tabelas não resultam de umamedida estatal;

• As tabelas tiveram efeito no mercado.

• Não existe erro de direito na aplicação da leimais favorável – Decreto-Lei n.º 371/93, de 29de Outubro.

A decisão do Tribunal, julgando parcialmente proce-dente o recurso, condenou a AGEPOR pela prática dacontra-ordenação prevista nos artigos 2.º, n.º1, al. a)do Decreto-Lei n.º 371/93, de 29 de Outubro, e 4.º,n.º 1, al. a) da Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho, punin-do a arguida, nos termos do artigo 43.º, n.º 1, al. a),da mesma lei, com a coima de 130 mil euros e, maisainda, ordenou que adoptasse, de imediato, asprovidências de cessação da elaboração, aprovação edivulgação de tabelas indicativas de preços máximos eque publicitasse, junto das suas associadas e das au-toridades portuárias, a adopção desta determinação.

Esta decisão não transitou em julgado por ter sido inter-posto recurso, pela arguida, para o Tribunal da Relaçãode Lisboa nos termos do artigo 52.º da Lei da Concor-rência, aguardando-se que este Tribunal se pronuncie.

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Tribunal da Relação de Lisboa

A Autoridade da Concorrência deduziu reclamaçãocontra o despacho que não admitiu, por extemporâ-neo, o recurso que interpôs da sentença proferida pe-lo Tribunal do Comércio de Lisboa e em que eraarguida a Ordem dos Médicos Dentistas.

Em síntese, foi alegado que o recurso fora interpostotempestivamente atenta a data da notificação mas,caso fosse outro o entendimento, o prazo para inter-por recurso deverá ser considerado de 15 dias poraplicação dos artigos 74.º, n.º 1 e 4.º do RGCOC,sendo inconstitucional o preceito ao consignar o pra-zo de 10 dias enquanto o prazo de resposta ao re-curso é de 15 dias (artigo 413.º, n.º 1 CPP), porviolação do princípio de igualdade de armas. Conta-do o prazo de 15 dias do depósito da decisão, o re-curso sempre seria tempestivo.

O Tribunal da Relação considerou não sernecessário discorrer sobre a aplicabilidade aoprocesso de contra-ordenação do artigo 411 doCPP uma vez que, submetida à apreciação do Tri-bunal Constitucional, em caso semelhante, aquestão da conformidade da norma do n.º 1 do ar-tigo 74.º do RGCOC, na parte em que estatui o pra-zo de 10 dias, com o texto e os princípiosconsignados na Lei fundamental, mereceu daqueleTribunal, o juízo de inconstitucionalidade.

Em suma, o artigo 74.º, n.º 1, do RGCOC, quandodele decorre conjugado com o artigo 411.º do CPP,um prazo mais curto para o recorrente motivar orecurso, está ferido de inconstitucionalidade, porviolação do artigo 13.º da Constituição. Destemodo, tem-se como inválida e, portanto, insuscep-tível de ser aplicada, a norma do n.º 1 do citado ar-tigo 74.º, na parte em que estabelece o prazo de10 dias.

Assim, foi considerado, por respeito ao princípio daigualdade de armas, que, para interpor o recurso emcausa, o prazo é de 15 dias, ou seja, de duração igualao prazo consignado no artigo 413.º, n.º 1, do CPP,para a resposta ao recurso.

Deste modo, deferindo a reclamação, o Tribunal daRelação de Lisboa decidiu revogar o despacho recla-mado e determinar a sua substituição por outro queadmita o recurso.

Ordem dos Médicos Veterinários

Na sequência de recurso interposto, pela Ordem dosMédicos Veterinários, de uma decisão da Autoridadeda Concorrência, o Tribunal do Comércio de Lisboa,por sentença de 13 de Julho de 2005, condenou a ar-guida pela prática de uma contra-ordenação p.p. pe-lo artigo 43.º, n.º 3, al. b) da Lei n.º 18/2003, de 11de Junho, na coima de € 1000.

Em 04 de Outubro de 2005, foi recebido um requer-imento da Ordem dos Médicos Veterinários interpon-do recurso da sentença.

Subiram os autos ao Tribunal da Relação e a SenhoraProcuradora–Geral Adjunta suscitou uma questãoprévia quanto à extemporaneidade do recurso. Aquestão prévia foi conhecida, tendo o Tribunal da Re-lação, em 06 de Junho de 2006, proferido acórdão derejeição do recurso, por extemporâneo, nos termos dodisposto nas disposições conjugadas dos artigos 417.º,n.º 3, al. c), 419.º, n.º 4, al. a), e 420.º, n.º 1 comreferência ao artigo 414.º, n.os 2 e 3, todos do CPP.

José de Mello Participações II, SGPS, S.A.

A José de Mello Participações intentou providênciacautelar de suspensão de eficácia da decisão de 22 deJulho de 2005 do Conselho da Autoridade da Con-corrência, que a intimou a proceder à notificaçãoprévia da aquisição de 2% do capital social da so-ciedade Alliance Unichem Farmacêutica, S.A.

Por sentença do Tribunal do Comércio de Lisboa, foijulgado improcedente o procedimento cautelar peloque decidiu não suspender a citada decisão da Au-toridade. Agravou a requerente por considerar per-feitamente preenchida a previsão da al. b) do n.º 1 doartigo 120.º do CPTA, quer na medida em que a pre-tensão formulada no âmbito da acção principal émanifestamente procedente, quer porque os prejuí-zos de difícil reparação só poderão agravar-se irreme-diavelmente se a providência cautelar não fordecretada. Nas conclusões das alegações, invocava:

• A falta de fundamentação de facto e de direitodo despacho do Conselho da Autoridade daConcorrência;

• A manifesta ilegalidade do aludido despacho; eo prejuízo de difícil reparação.

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O Tribunal da Relação não acolheu os fundamentosinvocados pelo que negou provimento ao agravo e,em consequência, manteve a sentença recorrida, porAcórdão de 12 de Julho de 2006.

4. OUTRAS ACÇÕES DESENVOLVIDAS

4.1 A presença do Estado em domínios queafectam a concorrência

Na prossecução das suas atribuições, a Autoridadeda Concorrência dedica uma especial atenção, nãosó às medidas legislativas e regulamentares, bem co-mo aos actos da Administração Pública Central, Re-gional e Local, tendo em vista, por um lado, detectaraqueles que sejam susceptíveis de provocar dis-torções sensíveis na concorrência e, por outro, con-tribuir para o aperfeiçoamento do nosso sistemanormativo.

Esta actividade da Autoridade da Concorrência con-cretiza-se em diversas Recomendações e Pareceres di-rigidos ao Governo sobre os mais variados domínios.

4.2 Recomendações e Pareceres

4.2.1 Recomendações ao Governo

Em 2006, a Autoridade da Concorrência, no exercíciodos poderes de regulamentação consagrados no arti-go 7.º dos seus Estatutos, dirigiu duas Recomen-dações ao Governo, uma sobre a “Reforma doQuadro Regulamentar do Sector das Farmácias” eoutra sobre “Sectores de Abastecimento de Água ede Saneamento de Águas Residuais”. Estas Re-comendações visam promover alterações no respecti-vo enquadramento regulamentar capazes depropiciarem uma maior dinâmica concorrencial nomercado em causa.

Ainda em 2006, foi colocado em discussão públicao Projecto de Recomendação sobre “medidas de re-forma do quadro regulamentar do notariado, comvista à promoção da concorrência nos serviços no-tariais”.

Acresce que, em 2006, prosseguiu-se a monitoriza-ção do impacto das medidas recomendadas no mer-cado, como aconteceu no caso da Recomendaçãon.º 3/2004 relativa ao mercado dos combustíveislíquidos.

(i) Recomendação n.º 1/2006 – Recomendação so-bre a reforma do quadro regulamentar do mer-cado das farmácias28

No final do ano de 2005, a Autoridade da Concorrênciarealizou um workshop fechado dirigido aos principaisstakeholders ligados à problemática da comercializaçãodo medicamento, que teve por objectivo simultâneo a ap-resentação das principais conclusões do Estudo realizadopelo CEGEA – Centro de Estudos de Gestão Aplicada daUniversidade Católica Portuguesa CRP sobre a “A situa-ção concorrencial no sector das farmácias” e a discussãoe intercâmbio de opiniões e comentários sobre o mesmo.

No início de 2006, a AdC preparou um projecto deRecomendação que colocou em consulta pública, pe-lo prazo de um (1) mês. No âmbito deste procedi-mento apresentaram observações a Ordem dosFarmacêuticos (OF), a União da Mutualidades Por-tuguesas (UMP), a Comissão Dinamizadora/Instalado-ra da Associação Portuguesa das Farmácias Sociais,Infarmed – Instituto da Farmácia e do Medicamento,Professores Universitários e particulares.

Após ponderação dos argumentos dos participantesna consulta pública, a AdC decidiu manter as medi-das recomendadas aquando do início da consulta,tendo, todavia, acolhido algumas sugestões consi-deradas pertinentes, que se encontram vertidas notexto da versão final da Recomendação e das quaisresultaram três novas medidas:

(i) A criação de regulamentação específica que pre-veja a promoção da distribuição de medicamen-tos através de farmácias das entidades desolidariedade social, de forma a garantir o princí-pio da acessibilidade das populações à farmácia,nomeadamente, nas zonas de populações caren-ciadas urbanas ou rurais;

(ii) A adopção de regulamentação específica, pelaAutoridade da Concorrência, que defina limitesmáximos de concentração a nível local e na-cional, baseada, por exemplo, na definição deum número máximo de farmácias sob o mesmocontrolo a nível local e na de uma quota máximaa nível nacional;

28 Para um conhecimento mais aprofundado sobre este assunto consul-tar:http://www.autoridadedaconcorrencia.pt/ Conteudo. asp?ID=253

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(iii) A eliminação de algumas medidas oriundas daauto-regulação na aplicação de normas relativasao exercício da actividade das farmácias, desig-nadamente, a definição de turnos de serviço per-manente.

Nestes termos, a Recomendação da Autoridade daConcorrência enviada ao Governo continha umconjunto de catorze medidas agrupadas em trêscategorias:

(a) medidas de liberalização do acesso ao mercado(sete medidas);

(b) medidas para a promoção de uma concorrênciaefectiva e equilibrada entre as empresas (cincomedidas);

(c) medidas destinadas à criação de uma envolventefavorável ao desenvolvimento da concorrência(duas medidas).

Considerando a relevância desta matéria, salienta-seque a Recomendação produziu já efeitos úteis, namedida em que várias acções legislativas foramdesencadeadas pelo Governo, acolhendo algumasdas medidas recomendadas. Desde logo, no debatemensal de 26 de Maio de 2006, na Assembleia daRepública, subordinado ao tema “O acesso aosmedicamentos”, o Senhor Primeiro-Ministro anun-ciou um conjunto de medidas para facilitar o acessoaos medicamentos, de onde se destacava a libera-lização da propriedade das farmácias, limites à con-centração da propriedade de farmácias, instalaçãode farmácias de venda ao público no interior doshospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) funcio-nando 24 horas, alargamento do horário de fun-cionamento de todas as farmácias, venda de certosmedicamentos à distância e venda de medicamentosem unidose.

Posteriormente, foi já publicada a legislação que reg-ulamenta a instalação de farmácias de venda aopúblico em hospitais do SNS, estando também emprocesso de aprovação a legislação que prevê a liber-alização da propriedade de farmácia. Igualmente, foijá aprovada legislação sobre a possibilidade da práti-ca descontos pelas farmácias.

(ii) Recomendação n.º 2/2006 – Sectores deAbastecimento de Água e de Saneamento deÁguas Residuais29

Em Abril de 2006, a Autoridade da Concorrênciaapresentou ao Governo uma Recomendação sobreos Sectores de Abastecimento de Águas e de Sanea-mento de Águas Residuais, a qual visa introduzir oureforçar a concorrência nas concessões deste Sector.Esta recomendação incide fundamentalmente sobre(i) as concessões dos sistemas municipais, (ii) agestão dos sistemas municipais por empresas decapital maioritariamente público e (iii) as subcon-tratações de serviços de exploração, manutenção econservação das Estações de Tratamento de Águas(ETA) e das Estações de Tratamento de ÁguasResiduais (ETAR), por parte das entidades gestoras desistemas multimunicipais.

Assim, a Autoridade da Concorrência recomendouum conjunto de medidas visando introduzir maiorconcorrência na adjudicação de concessões, nagestão através de empresas municipais e nas subcon-tratações de serviços.

• No que se refere às concessões de sistemas mu-nicipais, promovidas pelas autarquias, foi re-comendado, nomeadamente, que (i) os critériosde adjudicação sejam mais objectivos, (ii) os pra-zos iniciais das concessões não sejam sujeitos aprorrogação, (iii) seja realizada uma revisão dosestatutos do Instituto Regulador das Águas eResíduos (IRAR) prevendo a atribuição de com-petências efectivas para o acompanhamentodas adjudicações, e (iv) seja criada uma comis-são com competências especializadas, quepreste assessoria técnica, financeira e económi-ca aos municípios, em todo o processo dos con-cursos públicos.

• No que respeita à gestão dos sistemas por em-presas municipais, foi recomendado que a legis-lação seja revista, tornando obrigatórios osconcursos públicos para a escolha dos parceirosprivados.

29 Para mais informação consultar: http://www.autoridadedaconcor-rencia.pt/Conteudo.asp?ID=254.

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• Relativamente à subcontratação de serviços deexploração, manutenção e conservação de ETAe ETAR, foi recomendado que as empresas dogrupo Águas de Portugal (AdP) não participemnos concursos abertos pelas entidades gestorasde sistemas multimunicipais (entidades igual-mente controladas pelo grupo AdP).

Após a apresentação desta Recomendação, oGoverno apresentou para discussão pública a ver-

são preliminar do Plano Estratégico de Abasteci-mento de Água e Saneamento de Águas Residu-ais (PEAASAR II). Tendo esta Autoridadeconstatado que esse Plano Estratégico não con-templava as medidas formuladas na Recomen-dação, foi dado conhecimento das apreensõesresultantes dessa situação à Comissária Europeiada Concorrência, Neelie Kroes, e ao ComissárioEuropeu do Mercado Interno e dos Serviços,Charlie McCreevy.

Medida 1 – Concessões dos sistemas municipais: Não Não Não

1.1 Maximização do número de momentos

de concorrência pelo mercado

1.2 Avaliação independente das propostas a concurso

Medida 2 – Empresas de capitais Não Não A ser tomada em consideração

maioritariamente públicos: na elaboração do Código da

Realização de Concurso para a selecção dos Contratação Pública

accionistas privados destas empresas

Medida 3 – Relativamente à subcontratação Não Não Não

de serviços pela AdP:

As empresas do Universo da AdP devem abster-se

de concorrer aos concursos lançados pelas entidades

gestoras de sistemas multimunicipais

participadas pelo grupo AdP

Quadro de Acompanhamento

Medidas PropostasJá foi

acolhida nalegislação?

Actolegislativo

Já está emexecução?

(iii) Projecto de Recomendação sobre “medidasde reforma do quadro regulamentar do notaria-do, com vista à promoção da concorrência nosserviços notariais”30

A Autoridade da Concorrência, no uso dos poderesque lhe estão conferidos por Lei, elaborou um pro-jecto de Recomendação ao Governo sobre “Medidasde reforma do quadro regulamentar do notariado,com vista à promoção da concorrência nos serviçosnotariais”.

Nesse contexto, o Projecto de Recomendação foicolocado em consulta pública, a qual decorreu até 26

de Outubro de 2006, com o objectivo de recolhercontributos de eventuais interessados, com vista àelaboração final da Recomendação.

Nos trabalhos preparatórios, a Autoridade da Con-corrência ouviu os principais intervenientes no sector,nomeadamente a Ordem dos Notários, Notários,Conservadores de Registo e outros profissionais e en-tidades do sector.

30 Para leitura do texto integral: http://www.autoridadedaconcorren-cia.pt/Conteudo.asp?ID=255.

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Tendo presente a decisão governamental de, em2004, pôr fim ao sistema público de notariado, a Au-toridade da Concorrência entendeu importante pro-mover uma progressiva liberalização do mercado deprestação de serviços.

No quadro actual, ao lado dos notários privados,mantêm-se os serviços dos registos na esfera pública,dirigidos, orientados e coordenados pela Direcção--Geral dos Registos e Notariado. Acresce que existe apossibilidade de outras entidades, nomeadamenteadvogados e solicitadores, praticarem, em concorrên-cia com os notários, actos da mesma natureza e semestarem sujeitos aos mesmos limites de acesso eexercício das respectivas profissões, bem como aosmesmos preçários.

O modelo de notariado privado em Portugal dá ape-nas os primeiros passos. Por isso, entendeu-se opor-tuno avaliar as medidas de carácter regulamentar quese revelassem restritivas da concorrência, de forma in-justificada ou desproporcional. Esta avaliação énecessária para assegurar a sustentabilidade dosnotários privados, mediante o conhecimento anteci-pado das regras que afectam o exercício da profissão.Uma maior transparência permite também garantiruma melhor protecção dos interesses dos consumi-dores.

Não obstante se considerar que os notários devemficar sujeitos a algum controlo, desde que justificado,quanto ao acesso e exercício da profissão, nomeada-mente a normas técnicas e deontológicas que garan-tam a qualidade do serviço, a Autoridade daConcorrência identificou regras que, sendo injustifi-cadas ou desproporcionadas, constituem restrições àconcorrência.

Assim, a Autoridade propôs-se recomendar asseguintes medidas:

• Eliminação do princípio do numerus clausus;

• Eliminação da competência territorial;

• Eliminação do licenciamento dos cartórios no-tariais;

• Fim da proibição da colaboração entre notáriose da possibilidade de o mesmo profissional gerirmais do que um cartório notarial;

• Alteração das regras respeitantes à publicidade;

• Eliminação das regras respeitantes à retribuiçãodo notário;

• Eliminação do valor máximo imposto a outrasentidades autorizadas a fazer reconhecimentose termos de autenticação e tradução de docu-mentos;

• Eliminação/Revisão do Fundo de Compensação.

A Autoridade da Concorrência propôs que a con-cretização das medidas preconizadas seja realizadade forma faseada. Dada a modificação do quadrolegislativo e regulamentar relativo a esta actividade,encontra-se ainda pendente o projecto de Recomen-dação descrito, com vista à sua reformulação.

(iv) Outras acções no âmbito das Recomen-dações: Mercado dos combustíveis

Em 2004, a Autoridade da Concorrência apresentouao Governo a Recomendação n.º 3/2004 relativa aofuncionamento concorrencial do mercado dos com-bustíveis líquidos. Posteriormente, foi publicada legis-lação acolhendo algumas das medidas propostaspela AdC na citada Recomendação (e.g. novas regrasde licenciamento para instalação de postos deabastecimento, nomeadamente, junto de unidadescomerciais e novas regras de publicitação dos preçosde venda ao público, in concreto nas auto-estradas).

Na sequência daqueles desenvolvimentos, a AdC ini-ciou um procedimento de monitorização e avaliaçãodos resultados no mercado decorrentes da imple-mentação das novas regras.

Trata-se de um procedimento complementar doacompanhamento contínuo do mercado dos com-bustíveis líquidos que se mantém em curso.

4.2.2 Pareceres

Em 2006, a Autoridade da Concorrência foi chamadaa pronunciar-se, a pedido do Governo, sobre in-úmeros projectos de diplomas legais de âmbito na-cional e comunitário.

Entre estes, destacam-se o projecto de diploma sobreo regime de instalação, abertura e funcionamento de

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farmácias de dispensa de medicamentos ao públiconos hospitais do Serviço Nacional de Saúde e ascondições da respectiva concessão (Decreto-Lei n.º235/2006, de 6 de Dezembro), o anteprojecto dediploma que altera o Decreto-Lei n.º 134/2005, de 16de Agosto, o qual estabeleceu o regime de venda deMedicamentos não sujeitos a receita médica (MN-SRM) fora das farmácias, e o projecto de Código daContratação Pública.

Projecto de Diploma sobre o regime de insta-lação, abertura e funcionamento de farmáciasde dispensa de medicamentos ao público noshospitais do Serviço Nacional de Saúde e ascondições da respectiva concessão, materializadono Decreto-Lei n.º 235/2006, de 6 de Dezembro

O parecer da AdC teve como pano de fundo a sua Re-comendação n.º 1/2006, sobre “Medidas de reformado quadro regulamentar da actividade das farmácias,com vista à promoção da concorrência no sector”. As-sim, embora reconhecendo o mérito da iniciativalegislativa – já que acolhe o princípio consagrado nu-ma das medidas constantes da citada Recomendação,no âmbito da liberalização do acesso ao mercado dasfarmácias, que tinha por objecto a “revogação da nor-ma legal relativa à reserva de propriedade da farmáciaem favor de licenciados em Ciências Farmacêuticas ea revogação da obrigatoriedade de que a direcção téc-nica seja exercida pelo seu proprietário” –, foi consi-derado que seria mais eficaz e transparente para omercado, que fosse previamente reestruturado oenquadramento legislativo de base do sector, per-mitindo, desde logo, uma redução e simplificaçãodo mesmo. A não ser assim, reforça-se o peso daregulamentação e não se favorece a segurança jurídi-ca dos agentes económicos envolvidos.

Foi também manifestada uma reserva de fundo quan-to à consagração do princípio de preferência às far-mácias da zona para atribuição da concessão,baseado na “salvaguarda dos interesses legítimos dasfarmácias da Zona” e daquelas cuja “facturação pos-sa ser afectada com a abertura deste serviço públi-co”, dado subverter os efeitos concorrenciaisbenéficos de procedimento através de concursopúblico. A adopção deste critério pode propiciarníveis de concentração indesejáveis a nível local doponto de vista concorrencial. Por outro lado, o diplo-ma não previa qualquer limitação à atribuição devárias concessões ao mesmo operador.

Criam-se, assim, restrições de concorrência despro-porcionadas, na medida em que não são indispen-sáveis a qualquer objectivo de interesse público.

Foi também referido que o critério de preferência,nos termos instituídos no projecto de diploma, paraefeitos de adjudicação, para além de se revelar dis-criminatório relativamente aos outros operadores jáinstalados e não abrangidos pelo conceito de “far-mácia de zona”, pode constituir uma barreira à en-trada de novos agentes no mercado e, no limite,comprometer mesmo a já anunciada liberalização dapropriedade da farmácia, feita pelo Senhor PrimeiroMinistro em debate mensal na Assembleia daRepública.

Foi também considerado excessivo o limite máximode quinze anos estabelecido para concessão, na me-dida em que não se está perante uma actividade decapital intensivo. Quanto a este aspecto, sugeriu-se aadopção da jurisprudência Comunitária para casosanálogos, ou seja, um máximo de cinco anos e, emcasos excepcionais, até dez anos, já que seria o tem-po necessário para a recuperação do investimento aefectuar.

Foi ainda recomendada a uniformização de conceitos,bem como a necessidade do diploma integrar adefinição de conceitos de base utilizados como seja“farmácia de Zona”, de forma a obviar à insegurançajurídica e propiciar uma melhoria da transparência deprocessos.

Anteprojecto de diploma que altera o Decreto-Lei n.º 134/2005, de 16 de Agosto, o qual esta-beleceu o regime de venda de MNSRM fora dasfarmácias

O parecer da AdC foi, em termos gerais, positivo,já que o objecto essencial do diploma residiu noalargamento do leque de MNSRM que poderãoser vendidos fora da farmácia, à semelhança doque sucede noutros países europeus. Esta alte-ração legislativa é, assim, susceptível de potenciaruma maior concorrência neste segmento de mer-cado, com benefícios para o consumidor, esta-belecendo, por outro lado, regras transparentesquanto ao processo de reclassificação de medica-mentos na classe MNSRM, em prol de um quadrojurídico previsível e seguro para os agenteseconómicos.

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Todavia, a AdC colocou algumas reservas quanto àpossibilidade de algumas normas poderem favorecero canal das farmácias vis a vis os restantes agenteseconómicos na venda dos mesmos medicamentos,não existindo razões objectivas de saúde pública paratanto, pelo que se recomendou a revisão daquelasnormas substantivas.

No parecer, sugeriu-se também uma adequaçãoredactorial de alguns artigos.

Projecto de Código da Contratação Pública

A Autoridade da Concorrência tem seguido activa-mente os trabalhos relativos à elaboração do projec-to de Código da Contratação Pública (CCP), tendopresente as suas atribuições, em particular a de “con-tribuir para o aperfeiçoamento do sistema normativoportuguês…” num domínio que inequivocamentepode afectar a livre concorrência (alínea f do n.º 1 doartigo 6.º).

Ciente das suas atribuições, a Autoridade da Concor-rência apresentou ao Governo diversas observações arespeito de tal projecto, tendo-se concentrado nos as-pectos relativos à confluência do regime aplicável aoscontratos públicos com as regras que visam preservare promover a concorrência no mercado, para a maxi-mização dos benefícios da concorrência praticável,um bem público essencial e um valor constitucionalfundamental para o funcionamento do mercado.

A Autoridade da Concorrência procurou participaractivamente no processo de elaboração e de dis-cussão pública do anteprojecto de Código daContratação Pública, por via da apresentação de con-tributos que espelhassem, no essencial, a experiênciade uma entidade que exerce os seus poderes san-cionatórios, de supervisão e de regulamentaçãoorientados pelas finalidades essenciais de garantiade um funcionamento eficiente dos mercados, repar-tição eficaz dos recursos e defesa dos interesses dosconsumidores.

Na medida em que está incumbida de contribuir parauma adequada e responsável regulamentação domercado em todos os domínios que possam afectar alivre concorrência, e porque tal atribuição não podeser compreendida apenas enquanto atitude reactiva aeventuais iniciativas governamentais, devendo im-plicar da sua parte uma conduta diligente e empen-

hada no sentido da defesa dos fins que presidem àdelimitação das suas competências, a Autoridade daConcorrência tomou a iniciativa de apresentar aoGoverno um parecer que é fruto das reflexões queempreendeu sobre o conteúdo do referido instru-mento legislativo.

Projecto de Diploma sobre as práticas comerciaisdas instituições de crédito e a transparência dainformação por estas prestada no âmbito da cel-ebração de contratos de crédito para aquisição,construção e realização de obras em habitaçãoprópria permanente, secundária ou para arren-damento, bem como para aquisição de terrenospara construção de habitação própria, material-izado no Decreto-Lei n.º 51/2007, de 7 de Março

Em 2006, a Autoridade da Concorrência pronunciou-se sobre um projecto de Decreto-Lei que pretendia in-troduzir um limite máximo para as comissõesaplicadas pelos bancos na amortização antecipadados empréstimos à habitação, com o objectivo de in-troduzir mecanismos de concorrência no sistemabancário sobre esta matéria.

O entendimento expresso pela Autoridade da Con-corrência mereceu acolhimento em sede legislativa,sendo o parecer citado no preâmbulo do Decreto-Lein.º 51/2007, de 7 de Março:

“A comissão de amortização antecipada é umamais-valia para o banco como vertente gerado-ra de receita e como instrumento de fidelizaçãodo cliente. Contudo, ambas as vertentes podemimplicar uma redução da concorrência com cor-respondente diminuição do bem-estar do con-sumidor. Estes encargos podem ser vistos comorepresentando de per se uma fonte de poder demercado, colocando limites à concorrência. (…)A comissão de amortização antecipada não é oúnico custo de mudança de cariz financeiro as-sociada à transferência do crédito à habitação.A mera introdução de um preço máximo para acomissão de amortização antecipada pode serinconsequente se as instituições financeirascompensarem a perda de receita resultante daredução dessa comissão com o aumento dasrestantes comissões ou com a criação de comis-sões adicionais para o cliente”.

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4.3 Relações com os Reguladores Sectoriais

Nos termos dos artigos 29.º e 39.º da Lei da Concor-rência e do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 10/2003, de18 de Janeiro, a Autoridade da Concorrência colabo-ra regularmente com os reguladores sectoriais.

A Autoridade da Concorrência actuou, assim, em es-treita articulação com os Reguladores Sectoriais, querno domínio do controlo de operações de concen-tração de empresas, quer no âmbito dos seus poderessancionatórios e regulatórios.

4.3.1 Autoridade Nacional de Comunicações –ICP/ANACOM

Em 2006, registou-se um relacionamento contínuo emuito estreito com o ICP – Autoridade Nacional deComunicações (ANACOM), no domínio do quadroregulatório aplicável às comunicações electrónicas eda apreciação de uma operação de concentração soba forma de Oferta Pública de Aquisição hostil lançadasobre o operador incumbente.

Assim, no quadro do controlo de concentrações foipedido parecer relativamente à operação de concen-tração CCent. 08/2006 – OPA SONAECOM / PT, bemcomo sobre a operação de concentração Ccent.54/2006 – PRISA /MEDIA CAPITAL relativa a váriosmercados nacionais de publicidade e da edição e dis-tribuição de música.

De igual modo, no âmbito da análise de denúnciasremetidas à Autoridade da Concorrência, foram soli-citados pareceres ao ICP/ANACOM.

4.3.2 Entidade Reguladora dos ServiçosEnergéticos – ERSE

No que respeita à articulação com a Entidade Regu-ladora dos Serviços Energéticos – ERSE, foi desen-volvido um profícuo trabalho, em particular norespeitante ao novo quadro legislativo e regulamen-tar da energia eléctrica e do gás natural, bem comoao plano de Promoção de eficiência no consumode energia eléctrica apresentado pelo regulador sec-torial e ainda em matéria tarifária.

A Autoridade da Concorrência, tendo em vista con-tribuir para os objectivos nacionais em matériaenergética, tem acompanhado regularmente os

desenvolvimentos do sector, dirigindo pareceres àERSE e ao Governo sobre o novo quadro legislativo eregulamentar, nomeadamente sobre os princípiosgerais de organização e funcionamento da actividadede energia eléctrica, bem como sobre as regras doplano de Promoção de eficiência no consumo de en-ergia eléctrica apresentado pelo regulador sectorial.

De registar, ainda, a intervenção específica da AdCem matéria tarifária, emitindo parecer sobre ospreços da energia eléctrica a vigorar em 2007, tendopresente os seus reflexos, tanto ao nível do consumi-dor, como do impacto na indústria enquanto impor-tante factor de custo para o tecido empresarial,particularmente para as PMEs.

No âmbito do controlo de concentrações, foi pedidoparecer à ERSE relativamente à operação de con-centração Ccent. 32/2006 – REN/ Activos Reguladosde Gás Natural, respeitante ao mercado de activi-dades de transporte de gás natural, armazenagemsubterrâneo de gás natural e regaseificação de gásnatural liquefeito (GNL), no território nacional. Deigual modo, foi solicitado parecer à ERSE na oper-ação de concentração Ccent. 27/2006 – CONSTRU-TORA DO LENA/ TAGUSGÁS no mercado dadistribuição de gás natural em baixa pressão naRegião do Vale do Tejo.

4.3.3 Instituto Regulador de Águas e Resíduos - IRAR

No ano de 2006, mantiveram-se os contactos entre aAdC e o IRAR no âmbito da Recomendação elabora-da pela AdC relativa ao sector de abastecimento deáguas e tratamento de resíduos.

Efectuaram-se ainda contactos com o IRAR, no âm-bito de análise de queixas remetidas à AdC respei-tantes ao sector de gestão de resíduos deembalagens não urbanas.

4.3.4 Instituto Nacional de Aeronáutica Civil –INAC

Em 2006, foram estabelecidos contactos com o INACno âmbito da análise de uma queixa remetida à AdC,respeitante à prestação de serviços de assistênciade manutenção em linha, na área dos transportesaéreos, bem como no quadro da investigação deprocessos contra-ordenacionais.

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No âmbito do controlo de concentrações, foi pedidoparecer relativamente à operação de concentraçãoCcent. 13/2006 – ANA /PORTWAY, relativa ao merca-do de prestação de serviços de assistência em escala“handling” nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro.

4.3.5 Instituto de Seguros de Portugal – ISP

Em 2006, a Autoridade da Concorrência prosseguiuum trabalho conjunto com o Regulador Sectorial,quer na análise e discussão de problemas comuns,quer no âmbito de processos relativos a eventuais in-fracções no sector segurador, submetido a regulaçãosectorial e susceptíveis de serem qualificados comopráticas restritivas da concorrência.

No âmbito do controlo de concentrações, foi pedidoparecer relativamente às operações de concentraçãoCcent. 15/2006 – OPA BCP/BPI e CCent. 08/2006 –OPA SONAECOM / PT.

4.3.6 Banco de Portugal – BdP

No âmbito do controlo de concentrações foi solicita-do parecer relativamente às operações de concen-tração Ccent. 15/2006 – OPA BCP/BPI e Ccent.50/2006 – BANCO POPULAR PORTUGAL/HELLERFACTORING PORTUGUESA, esta última envolvendo omercado nacional do factoring.

4.3.7 Comissão dos Mercados de ValoresMobiliários – CMVM

No que respeita ao controlo de concentrações, foipedido parecer relativamente à operação de con-centração Ccent. 51/2006 - NYSE EURONEXT /NYSE GROUP/ EURONEXT, relativa aos seguintesmercados (i) mercado dos serviços de admissãoprimária à negociação, em Portugal; (ii) mercadode serviços de admissão primária internacional ànegociação; (iii) mercado de serviços de admissãosecundária à negociação; (iv) mercado de serviçosde negociação de acções; (v) mercado de serviçosde negociação de derivados; (vi) mercado deserviços de negociação de obrigações; (vii) merca-do de serviços de compensação em Portugal; (viii)mercado de serviços de liquidação em Portugal; e(ix) mercado de informação sobre mercados emPortugal.

4.3.8 Alta Autoridade para a ComunicaçãoSocial – AACS/Entidade Reguladora daComunicação – ERC

Foi estabelecida uma colaboração muito estreita en-tre a AdC e a ERC no que respeita, nomeadamente,a denúncias recebidas pela AdC, envolvendo trocasde pareceres entre as duas entidades, nomeada-mente referentes a conteúdos audiovisuais.

Igualmente, em matérias como o anteprojecto deproposta de lei de Televisão, a AdC foi chamada pelaERC a dar o seu parecer, nos aspectos relacionadoscom a concorrência.

No âmbito do controlo de concentrações, foi solicita-do parecer relativamente às operações de concen-tração CCent. 08/2006 – OPA SONAECOM / PT eCcent. 54/2006 – PRISA /MEDIA CAPITAL.

4.3.9 Instituto dos Mercados de Obras Públicase Particulares e do Imobiliário – IMOPPI

Quanto ao Instituto dos Mercados de Obras Públicase Particulares e do Imobiliário – IMOPPI, é de referir arealização de várias reuniões do Grupo de Trabalhocriado em 2005, por iniciativa da AdC, de “Acom-panhamento de Empreitadas de Obras Públicas”, queinclui o IMOPPI e várias outras entidades relacionadascom obras públicas e empreitadas. Este Grupo visa oconhecimento aprofundado do mercado e a eventualproposta de alteração de medidas ou iniciativas legis-lativas conducentes ao incremento da concorrênciano sector. Neste domínio, e entre outras iniciativas,foram preparadas pela AdC checklists enviadas paracomentários ao IMOPPI, bem como a outras enti-dades que integram o Grupo de Trabalho.

Acresce que, procurando contribuir para o aper-feiçoamento do sistema normativo português, a Au-toridade da Concorrência apresentou ao IMOPPIdiversos comentários ao ante-projecto de Código daContratação Pública.

A Autoridade da Concorrência tem seguido atenta-mente os trabalhos relativos à elaboração do projec-to de diploma em causa, tendo procurado apresentarobservações relativas a algumas das soluções pro-postas na medida em que as mesmas pudessem com-prometer os objectivos perseguidos pelas regras dedefesa da concorrência.

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Assim, durante o prazo da consulta pública a queo projecto de Código da Contratação Pública foisujeito, que terminou em 30 de Junho de 2006, aAutoridade da Concorrência enviou ao IMOPPI oresultado de uma análise que se centrou nos as-pectos do regime proposto que pudessem relevarpara efeitos da aplicação das regras da Lei n.º18/2003.

Mais tarde, foram enviadas, por iniciativa da Autori-dade da Concorrência, novas observações, tambémendereçadas ao Governo, que correspondiam, noessencial, a um desenvolvimento dos comentáriosapresentados aquando da consulta pública, clarifican-do alguns argumentos que foram então esgrimidose reforçando algumas das soluções que foram jádefendidas.

4.3.10 Entidade Reguladora da Saúde – ERS

No âmbito do controlo de concentrações, foi pedi-do parecer relativamente às operações de concen-tração CCent. 04/2006 – ESPIRITO SANTOSAÚDE/HOSPOR e Ccent. 28/2006 – JMS/CAMPOSCOSTA*VALIR* VALAB. Ambas as operações en-volviam os mercados da prestação de serviços decuidados de saúde na Região Norte e na Região daGrande Lisboa.

4.3.11 Instituto Portuário e dos TransportesMarítimos – IPTM

No âmbito do controlo de concentrações, foi pedidoparecer relativamente à operações de concentraçãoCcent. 52/2006 – MOTA ENGIL/R.L – SGPS, S.A.,relativa a diversos mercados de prestação de serviçosde movimentação portuária, bem como de prestaçãode serviços de agente de navegação no Porto deLeixões e, ainda, ao mercado nacional da exploraçãode terminais rodo-ferroviários.

4.3.12 Instituto Nacional de Resíduos – INR

No ano de 2006, mantiveram-se contactos entre aAdC e o INR no âmbito da análise de denúnciasremetidas à AdC respeitantes ao mercado dos resí-duos sólidos. Igualmente, na sequência de solici-tação do INR, a Autoridade da Concorrênciaprestou um parecer, na óptica da política de con-corrência, sobre um contrato envolvendo aquelemercado.

4.4 Acompanhamento de Mercados

No decurso de 2006, a Autoridade da Concorrênciapublicou quatro “Newsletters” trimestrais sobre oMercado de Combustíveis Líquidos e Gasosos, numasérie iniciada em 2004, resumindo a evolução dasprincipais características do sector dos combustíveis,especialmente as relacionadas com a concorrência,nos mercados de combustíveis líquidos para utiliza-ção em veículos, assim como o gás natural e o gás degarrafa.

O acompanhamento dos mercados de energia eléc-trica e do gás natural tem vindo a ser permanentepor força dos inúmeros e constantes trabalhosdesenvolvidos neste âmbito, quer os decorrentes dacooperação com a ERSE, quer os inerentes à partici-pação da AdC nos trabalhos promovidos a nívelcomunitário, quer ainda os motivados pela análisedos casos de concentração notificados à Autoridadede Concorrência

Outros mercados que tiveram um acompanhamentocontínuo incluem comunicações electrónicas e me-dia, transportes aéreos e marítimos e o tratamentode águas e resíduos.

4.5 Auxílios de Estado

A Comissão Europeia prosseguiu, no decurso de2006, uma estratégia de implementação da reformaestrutural da política dos auxílios estatais, norteadapelo tema “Menos e Melhores Ajudas de Estado” econsubstanciada no Plano de Acção 2005-2009, nocontexto do relançamento da Estratégia de Lisboa,na versão actualizada pelo Conselho Europeu da Pri-mavera de 2005, centrada no crescimento e no em-prego.

As medidas elencadas no Plano apontam no sentidoda canalização preferencial das ajudas de Estado paraobjectivos horizontais de interesse comum, entre osquais emerge o imperativo de uma melhoria susten-tada da competitividade das empresas europeias paraa criação de emprego sustentável, privilegiando asáreas da I&DT e Inovação, o capital de risco destina-do a PME, a promoção da coesão social, regional eterritorial, bem como a melhoria do enquadramentorelativo aos Serviços de Interesse Económico Geral(SIEG).

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No âmbito da execução deste Plano, a Comissão Eu-ropeia e os Estados Membros realizaram em 2006 umintenso trabalho conjunto, desenvolvido, designada-mente, no âmbito de reuniões do Comité Consultivode Ajudas de Estado31, em reuniões multilaterais, coma participação da Autoridade da Concorrência, e emsede de reuniões do Grupo de Trabalho de Alto Níveldo Conselho sobre Competitividade e Crescimento.No âmbito daquelas actividades, cumpre referir o ar-ranque da Rede de Auxílios Estatais, centrada naComissão Europeia, na sequência da reunião multi-lateral de 27 e 28 de Junho de 2006, onde a AdCteve uma participação relevante.

Esta iniciativa revela-se extraordinariamente promis-sora no desenvolvimento de cooperação entre as Au-toridades Nacionais e a Comissão Europeia numdomínio particularmente sensível da Política Comu-nitária da Concorrência, como é a vertente dosAuxílios de Estado.

5. ESTUDOS

Na materialização do previsto no Plano de Activi-dades para 2006 quanto à prioritização dada ao de-senvolvimento de estudos sobre as condições dofuncionamento, em termos de concorrência, do sec-tor dos Serviços de Saúde, foi decidido pela AdC ar-rancar com três estudos a realizar por especialistasindependentes, abrangendo as áreas:

• Liberdade de escolha no Sistema de Saúde Por-tuguês;

• Aquisição de Produtos Farmacêuticos e Con-sumíveis Clínicos no âmbito do SNS;

• Meios Complementares de Diagnóstico e Ter-apêutica (MCDT), no SNS.

Para este efeito, foram preparados os respectivos Ter-mos de Referência e os Modelos de Contrato para aprestação dos serviços de consultoria a adjudicar. Foidecidido adoptar um procedimento de ajuste directopara o primeiro e terceiro Estudos supra referencia-dos, atento o montante financeiro envolvido, e umprocedimento de consulta prévia a três Entidades nocaso do segundo Estudo identificado.

O Estudo sobre a Liberdade de Escolha no SNSfoi adjudicado à especialista Profª Doutora Sofia

R. N. Soares da Silva, tendo como principais ob-jectivos:

• Caracterização da situação actual em termos deprática efectiva da liberdade de escolha dosutentes, identificando os constrangimentoslegais, administrativos ou outros, que impedemou limitam a escolha de prestadores de cuidadosde saúde no âmbito do SNS;

• Recomendação de medidas com vista a aumen-tar a possibilidade de escolha, tendo em vistaobter ganhos na melhoria da eficiência do sis-tema;

• Quantificação, sempre que possível, dos ganhosem termos de eficiência e bem-estar social coma adopção das medidas propostas.

O Relatório Final deverá ser apresentado até final doprimeiro trimestre de 2007, sendo que o Relatório In-tercalar foi já apresentado no final de 2006.

O Estudo sobre “A Situação da Provisão de Serviçosde Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêu-tica (MCDT) no âmbito do SNS” foi adjudicado ao es-pecialista Prof. Doutor Ricardo L. de Sousa Gonçalves,tendo como principais objectivos:

• Caracterização do sector nacional de Prestaçãode Serviços de MCDT e identificação dos con-strangimentos de natureza legal, administrativaou outros, que impedem ou limitam a intro-dução de mecanismos de concorrência condu-cente à melhoria da eficiência e bem-estar socialna provisão daqueles serviços a nível do SNScom particular ênfase no segmento hospitalar;

• Recomendação de medidas orientadas para omercado com vista à eliminação dos principaisconstrangimentos e ineficiência detectadas;

• Quantificação, sempre que possível, dos ganhosde eficiência e bem-estar social, decorrentes daadopção das medidas recomendadas.

31 Criado ao abrigo do artigo 7.º do Regulamento de Habilitação, oRegulamento (CE) nº 994/98, do Conselho, de 07.05.98.

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O Relatório Final deverá ser apresentado até final doprimeiro trimestre de 2007, sendo que o Relatório In-tercalar foi já presente à AdC no final de 2006.

Finalmente, quanto ao Estudo sobre “Aquisição deProdutos Farmacêuticos e Consumíveis Clínicos noâmbito do SNS”, e na sequência das cartas conviteendereçadas a três Entidades Científicas, foi o mesmoadjudicado ao GEGEA -Centro de Estudos de Gestãoe Economia Aplicada da Universidade Católica Por-tuguesa (CRP) representado pelo Prof. Doutor VascoR. B. Rodrigues, tendo como principais objectivos:

• Caracterização da situação actual nesta área deconsumo de serviços hospitalares e identificaçãode eventuais constrangimentos que impedemou limitam os ganhos decorrentes da introduçãoou promoção de mecanismos de concorrência,nos processos de aquisição dos produtos emcausa;

• Identificação e quantificação das ineficiênciasdetectadas nesta rubrica dos custos hospita-lares;

• Recomendação de medidas que permitam intro-duzir mecanismos de concorrência orientadospara o mercado nos processos de aquisição, ten-do em vista a obtenção de ganhos de eficiência,nomeadamente, através dos efeitos de escalae/ou de gama;

• Quantificação dos ganhos de eficiência e bem-estar social na decorrência da adopção das me-didas propostas.

O Relatório Final deverá ser presente à AdC até ao fi-nal do segundo trimestre de 2007 e o Relatório Inter-calar até final de Abril de 2007.

6. SEMINÁRIOS

Os Seminários promovidos pela Autoridade da Con-corrência reuniram especialistas de elevado nível ereputação, nacional e internacional, em organizaçãoindustrial e direito da concorrência.

De destacar que, para além de académicos, três dasConferências foram proferidas pelo(a)s Economistas--Chefe das Autoridades Francesa, Italiana e Sueca, re-flectindo a prioridade atribuída a temas mais rela-

cionados com a investigação aplicada à política daconcorrência.

No decorrer de 2006, realizou-se um total de dezoitoseminários abertos à participação externa, tendoatraído um número médio de mais de duas dezenasde participantes. Os Seminários realizados são indica-dos infra:

• “Preços excessivos como exploitative abuse à luzdo direito comunitário”Pedro Fernandes, Reckon LLP, Reino Unido9 de Janeiro

• “Towards an effects based approach to pricediscrimination”Anne Perrot, Conseil de la Concurrence, França23 de Janeiro

• “Auctions in mobile telephony”Roberto Burguet, Instituto de Análise Económi-ca, Barcelona, Espanha6 de Fevereiro

• “Mobilidade económica e crescimento”Luís Cabral, Leonard Stern School of Business,New York University, USA13 de Fevereiro

• “An econometric analysis of the European Com-mission’s merger decisions”Mats A. Bergman, Autoridade da Concorrênciada Suécia20 de Fevereiro

• “Measurement of the change in economic effi-ciency from new product Introduction”Jerry Hausman, MIT, Boston, MA, EUA6 de Março

• “Capacity precommitment and price competi-tion yield the Cournot Outcome”Diego Moreno, Universidade Carlos III, Madrid,Espanha20 de Março

• “Abuse of dominance”Alberto Heimler, Autorità Garante della Concor-renza e del Mercatto, Itália3 de Abril

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• “Platform ownership”Konrad Stahl, Universidade de Mannheim, Ale-manha8 de Maio

• “On/off-net pricing on mobile telecommunica-tions networks”Steffen Hoernig, Faculdade de Economia da Uni-versidade Nova de Lisboa e Center for Econom-ic Policy Research, Reino Unido29 de Maio

• “Mergers of wireless carriers in the USA”Martin Perry, Rutgers University, EUA5 de Junho

• “Reference pricing of pharmaceuticals”Odd Rune Straume, Universidade do Minho 12 de Julho

• “Article 82: some open issues”Antonio Bavasso, Visiting Professor, Faculty ofLaw, University College London and Partner,Allen & Overy, Londres, Reino UnidoAndrea Coscelli, Vice-president, CRA Interna-tional, Londres, Reino Unido17 de Julho

• “The welfare effects of slotting allowances”Gary Biglaiser, University of North Carolina, EUA19 de Julho

• “Evolving technologies and standardization”Luís Cabral, Leonard Stern School of Business,New York University, USA 21 de Julho

• “Essential facilities”Vassilis Hatzopoulos, Jean Monet Fellow, Univer-sity of Michigan, EUA, College of Europe,Bruges, Bélgica, e Democritus University ofThrace, Grécia18 de Setembro

• “Access regulation and the adoption of VoIP”Martin Peitz, International University in Germanye Universität Mannheim, Alemanha20 de Outubro

• “Open issues in the decentralization of EC com-petition law”John Temple Lang, Senior Visiting Research Fel-low, University of Oxford, Reino Unido; VisitingProfessor, Trinity College, Dublin, Irlanda; Coun-sel, Cleary Gottlieb Steen & Hamilton, Bélgica23 de Outubro

Num outro Seminário, que decorreu em 22 de Maio,a Senhora Juíza Fátima Reis Silva do Tribunal deComércio de Lisboa abordou os aspectos processuaisrelativos à aplicação das regras de concorrência emPortugal.

7 INSTITUIÇÕES DE ÂMBITO COMUNITÁRIO

7.1 Conselho Europeu e Conselho de Ministrosda Competitividade da União Europeia

Durante o ano de 2006, a Autoridade da Concorrên-cia contribuiu, uma vez mais, para o balanço de apli-cação da Estratégia de Lisboa renovada, tendo-sepronunciado sobre os pontos relativos às Regras deConcorrência, aos Auxílios de Estado e aos Serviçosde Interesse Económico Geral.

No contexto da preparação da Presidência Portugue-sa do Conselho da União Europeia, que terá lugar nosegundo semestre de 2007, a Autoridade da Con-corrência já identificara os principais temas suscep-tíveis de agendamento para discussão naqueleperíodo em matéria das regras de concorrênciaaplicáveis às empresas – artigos 81.º e 82.º do Trata-do CE –, do controlo das concentrações de empre-sas, dos auxílios do Estado e da análise do impactodo enquadramento regulatório europeu na competi-tividade, tendo logrado inscrever no programa daPresidência Portuguesa da União Europeia duas ini-ciativas.

O primeiro evento será o Dia Europeu da Concorrên-cia, iniciativa lançada no decurso da 2.ª PresidênciaPortuguesa da União no primeiro semestre de 2000,que abordará a nova orientação da CE em sede deauxílios do Estado, conjuntamente com a II Confer-ência de Lisboa sobre o Direito e a Economia da Con-corrência, ambos a realizar em meados de Novembrode 2007. O programa da II Conferência abrangerá ocontrolo judicial das decisões adoptadas pelas Au-toridades Nacionais de Concorrência e a aplicaçãodas regras de concorrência pelos tribunais nacionais

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(private enforcement), o controlo das concentraçõesde empresas em mercados regulados, o debate actualsobre o abuso de posição dominante (artigo 82.º doTratado CE) e as práticas de monopolização nos EUAe a relação entre a política de concorrência e aspolíticas sectoriais, designadamente a política indus-trial, no contexto actual da globalização económica.

7.2 Comissão Europeia

7.2.1 Reunião de Directores-Gerais

Em 2006, o Presidente do Conselho da Autoridade daConcorrência participou na Reunião Anual dos Direc-tores-Gerais da Concorrência dos Estados Membrosda UE, que se realizou em Bruxelas no dia 29 deSetembro. Os temas principais abordados nesta re-união foram: (i) programa modelo de clemência doECN; (ii) acordos extra-processuais; (iii) controleprévio de concentrações; (iii) orientações para apli-cação do artigo 82.º do Tratado CE; (iv) Livro Verdesobre aplicação das regras da concorrência no quadrode litígios privados; e (v) inquéritos sectoriais.

O programa modelo de clemência desenvolvido peloECN, que aborda de forma inovadora as questõeslevantadas por pedidos de imunidade em diferentesjurisdições, foi unanimemente aprovado, sujeito à in-trodução de clarificações relativas à concessão doregime de clemência em algumas jurisdições.

A discussão sobre acordos extra-processuais contem-plou, com referência à actividade desenvolvida peloComité da Concorrência da OCDE, questões rela-cionadas com a aplicação de coimas, bem como asimplicações desses acordos em matéria judicial, es-pecificamente no caso de litígios privados. Foi recon-hecida a importância deste tipo de acordos naaplicação da legislação da concorrência, tendo, ain-da, sido decidido que a DG COMP submetesse aoPlenário do ECN uma análise mais elaborada destetipo de instrumentos no quadro do Regulamento (CE)n.º 1/2003.

No respeitante ao controlo prévio das operações deconcentração, foram debatidas duas questões princi-pais. A primeira foi a repartição da competência darealização do controle prévio destas operações entrea Comissão e as Autoridades nacionais de concorrên-cia (ANCs), vulgarmente designada pela regra dosdois terços. Neste âmbito, o Presidente da Autoridade

da Concorrência apoiou a proposta apresentada pelaDG COMP, e que reflectia a posição já assumida jun-to da Comissão Europeia, no sentido de alteraçãodeste regime da afectação. Nesse contexto, o Presi-dente da Autoridade da Concorrência fez a seguintedeclaração, registada em acta, em apoio da propostada Comissão:

“The two-thirds rule is discriminatory in its impact,enabling the larger Member Sates to examinesome important mergers between national playerswhich the smaller Member States would generallynot have competence to deal with, particularly inthe network industries where companies fromsmall Member States could only reach the neces-sary competitive scale by operating across bor-ders.”

Contudo, alguns Estados Membros, nomeadamentea Alemanha, a Espanha e a França, intervieram nosentido da não alteração da regra dos dois terços,bem como de outros limiares a ela associados, numabase da lógica da subsidiariedade.

A segunda questão colocada pela DG COMP foi a dajurisdição mais adequada para a análise do controleprévio de concentrações internacionais de bolsas devalores. Neste âmbito, a questão posta pela Comissãofoi essencialmente a de que os limiares dos volumesde negócios poderão não atingir a dimensão comu-nitária e tampouco, em algumas jurisdições, a dimen-são de elegibilidade para o controle prévio pelasANCs. Aqui, a posição predominante for a de quenão se justificaria incluir qualquer discriminação noregime existente em favor de um sector de actividadeeconómica, não obstante o reconhecimento daimportância das questões levantadas pela ComissãoEuropeia.

Em suma, a posição geral de alguns Estados-Mem-bros em matéria de qualquer alteração do regula-mento para o controle prévio das operações deconcentrações foi a de que ela seria prematura,decorridos que estão apenas dois anos desde a suaentrada em vigor.

No entanto, e dada a posição de outros EstadosMembros, nomeadamente a de Portugal, a DGCOMP decidiu submeter um sumário das discussões àComissária responsável pela concorrência, NeelieKroes, sem prejuízo da prossecução de esforços em

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matéria da convergência dos critérios entre a Comis-são Europeia e os Estados Membros, outra área que aAutoridade da Concorrência vem sistematicamenteadvogando.

No respeitante às orientações para a aplicação do Ar-tigo 82.º do Tratado CE, a DG COMP relatou o seu es-tado actual de preparação que precede a elaboraçãode um projecto de documento final. Mantém-se a ên-fase na introdução de uma análise baseada nosefeitos económicos, mas tendo em conta preocu-pações da segurança jurídica. Como tal, a versão finaldas orientações, a ser objecto de discussão numa re-união dos Directores-gerais da Concorrência especial-mente convocada para esse fim no início de 2007,tentará conciliar o rigor da análise económicanecessária à avaliação dos impactos com regras sim-ples de aplicação que permitam a sua fácil apreensãopor todos os parceiros envolvidos.

Foram apresentados pela DG COMP os resultados dadiscussão pública relativa ao Livro Verde sobre apli-cação das regras da concorrência no quadro de lití-gios privados. A análise desses resultados indica oreconhecimento da complementaridade entre asacções civis e os restantes instrumentos da legislaçãoda concorrência, ao mesmo tempo que reconhece odireito à compensação dos afectados por práticas re-stritivas da concorrência. Dito isto, é ainda incerto seesta matéria será, ou não, objecto de acção legislati-va específica pela Comissão.

No que concerne aos inquéritos sectoriais foiunanimemente reconhecida o seu contributo enquan-to instrumentos de promoção da política da concor-rência, bem como de detecção de potenciais práticasrestritivas e de avaliação ex post. Foi, ainda, destacadaa importância dos inquéritos serem implementadossegundo metodologias rigorosas de gestão do ciclo doprojecto, incluindo as audições públicas necessárias.Neste âmbito, foram, ainda, apresentados os resulta-dos de um relatório preparado pela Autoridade daConcorrência no âmbito dum Grupo de trabalho doECN dedicado ao aprofundamento da cooperação en-tre ANCs na condução de inquéritos sectoriais.

7.2.2 Rede Europeia da Concorrência (EuropeanCompetition Network - ECN)

Para assegurar uma aplicação eficaz e coerente do di-reito comunitário em todo o espaço comunitário,

considerou-se fundamental a implementação de umarede de cooperação intra-comunitária: a ECN – Euro-pean Competition Network.

As actividades desenvolvidas no âmbito da ECN,caracterizadas por uma progressiva densificação evalorização e por uma estreita colaboração entre osseus membros, têm contribuído de forma decisivapara o êxito da aplicação efectiva das regras consu-bstanciadas no Regulamento (CE) n.º 1/2003.

No âmbito da ECN, constata-se, desde a sua criação,um grande empenho dos Estados-Membros no senti-do da convergência das respectivas legislações comos princípios e disposições constantes do Regulamen-to (CE) n.º 1/2003, bem como de assegurar um ade-quado enquadramento nacional, a nível processual einstitucional, favorável à aplicação eficaz das regrasde concorrência.

Este esforço de convergência tem sido, fundamental-mente, mais evidente nas seguintes áreas: (i) aboliçãodo sistema de notificação prévia de acordos; (ii) apli-cação paralela das regras anti-trust nacionais e comu-nitária; (iii) imposição de remédios estruturais; (iv)imposição de medidas cautelares; (v) aceitação decompromissos; (vi) poder para selar instalações em-presariais e apreender livros e documentos; (vii) poderpara inspeccionar viaturas e domicílios particulares;(viii) imposição de coimas sobre associações de em-presas; (ix) instituto da clemência; e (x) inquéritos sec-toriais.

O trabalho da ECN assenta fundamentalmente sob osseguintes pilares: Infra-estrutura informática e Re-uniões de vários níveis, sendo de salientar o trabalhodesenvolvido pelo Plenário e seus Grupos de Traba-lho.

No âmbito do Plenário foram criados três Grupos deTrabalho - Cooperation Issues, Leniency e Sanctionsand Ne Bis In Idem - cujas funções consistem empreparar os trabalhos de natureza horizontaldefinidos pelo Plenário.

Estão ainda em pleno funcionamento o Grupo de Tra-balho de Economista-Chefe da Concorrência, oGrupo de Trabalho sobre Abusos de Posição Domi-nante, o Subgrupo de Concentrações, o Grupo dasTecnologias de Informação e Comunicações, o Sub-grupo “Private Enforcement”, Grupo dos Interesses

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dos Consumidores e, ainda, o Grupo de Trabalho deAuxílios de Estado.

Existem actualmente 15 Subgrupos Sectoriais: Banca,Títulos, Seguros, Energia, Telecomunicações, Media,Profissões Liberais, Cuidados de Saúde, Produtos Far-macêuticos, Veículos Automóveis, Caminhos-de-fer-ro, Transportes Marítimos, Desporto, Alimentação eAmbiente.

7.2.2.1 Actividade no âmbito da infra-estruturainformática

A participação activa da Autoridade da Concorrêncianas actividades da Rede tem contribuído de formadecisiva para a aplicação eficaz do Regulamento (CE)n.º 1/2003, a nível nacional.

De forma a garantir a segurança do funcionamentodos mecanismos de troca de informações no seioda Rede ECN, foi instituído um sistema informáticode alta segurança. Além disso, cada Estado-Mem-bro nomeou um elemento responsável pela re-cepção e distribuição interna da informação decarácter confidencial, que se designa de ADO-Au-thorised Disclosure Officer. Deste modo, é garanti-da às empresas a total confidencialidade dasinformações transmitidas às Autoridades Nacionaisde Concorrência.

No que respeita à informação confidencial codificada,foi recepcionado pela Autoridade da Concorrênciaum total de 1563 comunicações relativas a processoscomunitários, pedidos de elementos sobre casos deaplicação da legislação comunitária em curso e pedi-dos de informação sobre a legislação e sectoreseconómicos nacionais.

Em 2006, a Autoridade da Concorrência, nos termosdo disposto no artigo 11.º do Regulamento (CE)n.º 1/2003, procedeu à notificação à ComissãoEuropeia e à Rede ECN, da abertura de três processospor infracção aos artigos 81.º e 82.º do Tratado CE.No mesmo período, foram remetidos à ComissãoEuropeia, nos termos do n.º 4 do artigo 11.º do mes-mo Regulamento, um projecto de decisão e duasdecisões finais com consequente encerramentodestes últimos dois processos.

Desde 2004, a Autoridade da Concorrência procedeua notificação à Comissão Europeia e à Rede ECN da

abertura de dezasseis processos por infracção aos ar-tigos 81.º e 82.º do Tratado CE. Destes, cerca de 70%respeitam a sectores de serviços, designadamente, fi-nanceiros, telecomunicações, transportes aéreos eprofissões liberais. Igualmente, no mesmo períodoforam remetidos à Comissão Europeia cinco projectosde decisão e quatro decisões finais.

O intercâmbio electrónico de informações com as Au-toridades da Concorrência de outros Estados-Mem-bros processou-se também de uma forma intensa. Dereferenciar, no ano transacto, um total de 182 comu-nicações relativos a pedidos de informação, ques-tionários e respostas transmitidas, envolvendo aComissão Europeia e praticamente todos os países daUnião Europeia.

A troca de informações confidenciais e a possibili-dade de uma Autoridade de um Estado Membropoder proceder, no seu território, a investigações emnome e por conta da Autoridade de outro Estado--Membro, são outro instrumento importante parauma aplicação coerente da legislação e eficiente alo-cação dos recursos disponíveis. Neste domínio, há areportar um pedido formal de assistência por parte daAutoridade da Concorrência de um Estado-Membrode recente adesão para se proceder uma investigaçãoem Portugal, que foi plenamente correspondido pelaAutoridade da Concorrência.

7.2.2.2 Actividade no âmbito do Plenário e seusGrupos de Trabalho

A Autoridade da Concorrência Portuguesa tem asse-gurado um elevado grau de participação nas reuniõesde Plenário e Grupos de Trabalho horizontais, assu-mindo no desenvolvimento de alguns temas umafunção de liderança e contribuindo, desse modo, de-cisivamente para a formulação de guidelines sobre asmatérias em estudo. Foi o caso da aplicação de pro-gramas de clemência a pessoas singulares e damatéria de cooperação entre os Estados-Membros noâmbito de inquéritos sectoriais.

Plenário ECN

No âmbito da Rede Europeia da Concorrência e comvista a monitorizar, discutir e obter consensos quantoà aplicação do Regulamento (CE) n.º 1/2003, das nor-mas do pacote de modernização e das regras acor-dadas em matéria de Cooperação, realizam-se em

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Bruxelas, periodicamente, reuniões plenárias com aparticipação de todos os Estados-Membros.

O Plenário constitui um fórum onde matérias hori-zontais e sectoriais, bem como questões de imple-mentação do Regulamento (CE) n.º 1/2003, sãoobjecto de debate, contribuindo para a preparaçãodas reuniões de Directores-gerais.

Em 2006, realizaram-se três reuniões plenárias. Entreas matérias mais relevantes que foram objecto deanálise e decisão, destacam-se as seguintes:

• Divulgação pública da informação e estatísticasda actividade desenvolvida pelos Estados-mem-bros no âmbito da Rede Europeia da Concor-rência através da implementação de um siteespecífico denominado ECN Webpages.

• Criação de três novos Grupos de Trabalho, umde natureza horizontal – Consumer WG – e doisde natureza sectorial – Maritime Transport Sub-group e Sport Subgroup.

• Aprovação do ECN Leniency Model Programmecom o objectivo de transmitir directrizes às em-presas quanto ao tratamento e às exigências aque terão de se sujeitar quando pretenderemcandidatar-se aos incentivos previstos para a suacolaboração e de criar um sistema de candi-datura sumário uniformizado, para situações denotificação múltipla, a apresentar junto daComissão Europeia e das Autoridades Nacionaisde Concorrência.

• Início de debate da matéria relativa a direct set-tlements como um instrumento a inserir noprocesso formal de decisão da Comissão Eu-ropeia, com vista a agilizar os procedimentos eevitar os recursos judiciais em casos de cartelrelativamente aos quais as partes estejamdisponíveis para assumir a responsabilidade daspráticas objecto de censura.

• Aprovação dos documentos relativos a coope-ração no âmbito dos Inquéritos Sectoriais, ins-trumento importante a que as Autoridades deConcorrência podem recorrer sempre que este-jam perante mercados em que claramente sedetectam problemas de concorrência, mas rela-tivamente aos quais não existe ainda informação

suficiente que justifique a abertura de um in-quérito ou outro tipo de diligências de investi-gação.

• Processo de convergência das legislações na-cionais com a legislação comunitária, nomeada-mente, o Regulamento (CE) n.º 1/2003.

Grupos de Trabalho

No âmbito do Plenário ECN e na sua dependência di-recta, foram criados três Grupos de Trabalho de na-tureza horizontal e em cujos trabalhos a Autoridadeda Concorrência tem vindo a participar activamente.

GT “Cooperation Issues”

O grupo de trabalho “Cooperation Issues”, in-cumbido de discutir aspectos legais e práticos rela-cionados com a aplicação do Regulamento (CE) n.º1/2003, desenvolveu a sua actividade em 2006 cen-trado em dois temas principais, a saber: estabeleci-mento de procedimentos escritos no âmbito doComité Consultivo e cooperação em matéria de In-quéritos Sectoriais.

De destacar a liderança pela Autoridade da Concor-rência portuguesa do projecto relativo à cooperaçãoem matéria de Inquéritos Sectoriais, no âmbito doqual procedeu à elaboração de um questionário sobreas legislações nacionais em matéria de inquéritos sec-toriais, dirigido aos 25 Estados-Membros, que serviude base para a discussão e elaboração de melhorespráticas entre os membros da ECN nesta matéria.

Em 2006, realizaram-se quatro reuniões no âmbitodeste Grupo de Trabalho.

GT “Sanctions and Ne Bis In Idem”

Este Grupo de Trabalho tem por objectivo analisar edebater questões relacionadas com as sanções e aaplicação do princípio ne bis in idem.

No que respeita à temática do princípio ne bis inidem, as actividades do Grupo de Trabalho em 2006incidiram sobre o Livro Verde sobre os Conflitos deCompetência e o Princípio ne bis in idem no âmbitodos Procedimentos Penais apresentado pela Comis-são Europeia. O Grupo de Trabalho manteve, ainda, afunção de acompanhamento de todos os desenvolvi-

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mentos jurisprudenciais e legislativos ocorridos aosníveis nacional e comunitário relativos à aplicação doprincípio ne bis in idem.

No que concerne às sanções, o Grupo analisou, comespecial detalhe, a Decisão-Quadro do Conselho so-bre a aplicação do princípio do mútuo reconhecimen-to de sanções pecuniárias. Outras questões debatidasprenderam-se com metodologias para a execução dasdecisões de Autoridades nacionais de concorrêncianos outros Estados-Membros e a consideração dareincidência como circunstância agravante dassanções aplicadas.

Em 2006, realizaram-se duas reuniões deste Grupode Trabalho.

GT “Leniency”

No seguimento do trabalho previamente desenvolvi-do, o grupo de trabalho “Leniency” desenvolveu umareflexão profunda sobre o instituto da clemência noâmbito da Rede Europeia da Concorrência, nomeada-mente a questão dos pedidos simultâneos apresenta-dos por um requerente em mais de uma jurisdição.

Foi, assim, discutido no âmbito do Grupo de trabalhoe aprovado no Plenário e na Reunião Anual de Direc-tores Gerais de Concorrência, o Programa Modelo daClemência ECN relativo à imunidade em matéria decoimas ou redução do seu montante nos casos decartéis.

Em 2006, realizaram-se seis reuniões no âmbito desteGrupo de Trabalho.

O objectivo do Programa Modelo ECN consiste emgarantir que os potenciais requerentes de um progra-ma de clemência não sejam dissuadidos de apresentaro seu pedido em razão das discrepâncias entre os pro-gramas nacionais existentes nos membros da RedeECN. Refira-se que a nível comunitário, operavam, em2006, dezanove programas de clemência, geridos pelaAlemanha, Bélgica, Chipre, Estónia, Finlândia, França,Grécia, Hungria, Irlanda, Letónia, Lituânia, Luxembur-go, Países Baixos, Polónia, Republica Checa, ReinoUnido, Roménia, Suécia e Comissão Europeia.

Consequentemente, o Programa Modelo estabeleceo tratamento que um requerente pode esperar obterem qualquer jurisdição da ECN, quando todos os pro-

gramas tiverem sido objecto de uniformização. Alémdisso, o Programa Modelo ECN visa agilizar as diligên-cias administrativas associadas ao preenchimento demúltiplos formulários nos casos em que a ComissãoEuropeia está particularmente bem posicionada paraagir, em conformidade com o disposto no artigo 14.ºda Comunicação relativa à Rede Europeia da Concor-rência, através da introdução de um modelo-tipo desistema uniforme de pedido sumário.

Um pedido sumário é um pedido de imunidade e asAutoridades nacionais de concorrência que recebemum pedido deste tipo estão habilitadas a procederemao intercâmbio de informações, sem necessidade doconsentimento do requerente, em conformidade como ponto 41.1 da Comunicação relativa à Rede Eu-ropeia da Concorrência.

As Autoridades de concorrência nacionais nãotratarão de pedidos sumários, isto é, não concederãonem recusarão imunidade condicional. Apenasconfirmarão ao requerente que (a) é o primeiro aapresentar um pedido junto dessa Autoridade e que(b) dispõe de determinado prazo para completar opedido, se essa Autoridade decidir posteriormenteinstruir o caso.

Enquanto a Autoridade nacional não decidir agir emrelação ao caso, a obrigação do requerente defornecer informações adicionais e de colaborar emgeral na investigação existe apenas em relação àComissão Europeia. No entanto, o requerente tem aobrigação de satisfazer qualquer pedido adicional deinformações específicas de uma Autoridade nacionalque tenha recebido um pedido sumário, designada-mente para que esta possa formar uma opinião bemdocumentada quanto à atribuição do caso.

Os requerentes que não satisfaçam de forma integrale pronta os pedidos de informações formulados poruma Autoridade nacional perderão a protecção con-cedida ao pedido sumário.

O Programa Modelo ECN define um quadro derecompensa à cooperação das empresas que partici-pam em acordos e práticas abrangidas pelo seu âm-bito de aplicação. Os membros da Rede Europeia daConcorrência comprometeram-se a envidar todos osesforços, no quadro das suas competências, a fim defazer convergir os seus programas de clemência como Programa Modelo.

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7.2.2.3 Actividade no âmbito dos Grupose Subgrupo de Trabalho horizontais

• Grupo de Trabalho do Economista-Chefe

A Autoridade da Concorrência participou nas duasreuniões de peritos no âmbito Grupo de Trabalho

do Economista-Chefe realizadas em 2006, nasquais foram debatidos os critérios indicativos deactividade colusiva em mercados, como utilizarevidência económica em casos de concorrência eos conceitos económicos subjacentes às Linhas deOrientação da Comissão Europeia relativas aosefeitos não-horizontais das Concentrações.

A Lei n.º 39/2006, de 25 de Agosto, que estabelece o regime da dispensa ou atenuação especialda coima em processos de contra-ordenação por infracção às normas nacionais de concorrência eo Regulamento n.º 214/2006, de 22 de Novembro, que estabelece o procedimento administrativorelativo à tramitação necessária para a obtenção de dispensa ou atenuação especial da coima,foram dos primeiros instrumentos de clemência a nível europeu a consagrar no ordenamento ju-rídico nacional as principais soluções previstas no Programa Modelo, i.e., os pedidos sumários dedispensa da coima32.

Assim, prevê o artigo 2.º do Regulamento n.º 214/2006, que “[e]m casos especiais e mediante re-querimento devidamente fundamentado, a Autoridade da Concorrência pode aceitar que o pedido dedispensa da coima referido no artigo anterior seja um pedido sumário se, tendo o requerente apre-sentado ou estando a apresentar perante a Comissão Europeia um pedido de dispensa da coima, es-ta se encontrar na situação prevista no parágrafo 14 da comunicação da Comissão sobre a cooperaçãono âmbito da rede de autoridades de concorrência (2004/C 101/03)”.

O programa nacional de clemência não fica pelas soluções adoptadas no Programa Modelo e vaimais longe nas soluções consagradas no combate aos cartéis. O programa nacional de clemênciaprevê a possibilidade de obtenção de atenuação adicional da coima (“leniency plus”) para as em-presas que, já se encontrando a colaborar com a Autoridade no âmbito de uma investigação, sejamas primeiras a denunciar um outro acordo ou prática concertada no qual participem (artigo 7.º daLei n.º 39/2006).

A par de Portugal, o regime de leniency plus está apenas previsto nos regimes de clemência do ReinoUnido33 e dos Estados Unidos da América34, onde teve a sua origem, sendo considerado como umsofisticado e eficaz componente dos programas de clemência.35

A implementação do Programa Modelona legislação nacional

32 A informação relativa ao número de jurisdições europeias que introduziram os pedidos sumários de clemência nos termos do pro-grama modelo encontra-se disponível no seguinte URL: http://ec.europa.eu/comm/competition/ecn/index_en.html.33 OFT's guidance as to the appropriate amount of a penalty (Dezembro 2004), e Leniency and no-action - OFT's note on the han-dling of applications (Novembro 2006.34 Corporate Leniency Program e Antitrust Criminal Penalty Enhancement and Reform Act of 2004, Pub. L. 108-237, §§ 201-214,118 Stat. 661 (June 22, 2004), 15 U.S.C. § 1 note (2004 Act).35 S.D. Hammond, 'Measuring the Value of Second-In Cooperation in Corporate Plea Negotiations', address to the 54th AnnualAmerican Bar Association Section of Antitrust Law Spring Meeting

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• Grupo de Trabalho sobre Abusos de PosiçãoDominante

Na sequência do trabalho desenvolvido no anotransacto, a Comissão Europeia continuou aanálise sistemática do abuso de posição domi-nante consubstanciado em práticas de exclusão deconcorrentes (artigo 82.º do Tratado CE). No âm-bito do Grupo de Trabalho sobre Abusos dePosição Dominante, foi desenvolvido um conjuntode acções na sequência da publicação pela Comis-são Europeia (DG COMP) do Discussion Paper onthe Application of Article 82 of the Treaty to ex-clusionary abuses, em Dezembro de 2005.

No que respeita ao contributo da Autoridade daConcorrência, foi efectuado um acompanhamentodos comentários efectuados ao referido DiscussionPaper, no âmbito da consulta pública que decorreuno primeiro semestre de 2006, tendo a Autoridadeda Concorrência participado na discussão públicaque ocorreu a 14 de Junho de 2006.

A Autoridade da Concorrência elaborou ainda umRelatório para a reunião de Directores-Gerais de29 de Setembro de 2006 sobre o ponto de situa-ção e respectiva posição relativamente à apresen-tação de Linhas de Orientação sobre o artigo 82.ºTratado CE pela Comissão Europeia.

Neste Grupo de Trabalho há a registar umareunião em 2006.

7.2.2.4 Actividade no âmbito dos Subgrupos deTrabalho Sectoriais

• Energia

A AdC participou nas duas reuniões realizadas noâmbito da ECN / subgrupo Energia. A discussão re-alizada centrou-se na apreciação das principaisconclusões do Inquérito Sectorial da Energia rea-lizado pela Comissão Europeia, bem como naidentificação das iniciativas a tomar no futuro, nosentido da mitigação dos problemas jusconcorren-ciais identificados.

No âmbito dessas reuniões foram igualmenteapresentados casos de práticas restritivas, tantoda Comissão Europeia, como de AutoridadesNacionais de Concorrência.

• Banca

No âmbito deste Grupo de Trabalho, a AdC par-ticipou nas cinco reuniões que tiveram lugar emBruxelas, sendo a última das quais (em 24 de No-vembro) em formação de task-force SEPA – SingleEuro Payment Area. A Autoridade da Concorrên-cia participou ainda na audição pública sobre osresultados do inquérito sectorial lançado no anoanterior.

No conjunto das reuniões deste Subgrupo, foramdiscutidos os seguintes temas:

–Relatórios da Comissão Europeia relativos aosmercados de cartões de pagamentos e à ban-ca de retalho;

–Análise jusconcorrencial dos mercados decartões de pagamento;

–Análise das práticas das Autoridades Nacionaisde Concorrência europeias na avaliação de ca-sos relacionados com os mercados de cartõesde pagamento;

–Acompanhamento da implementação daSEPA;

–Análise dos documentos preparados pelo EPC(European Payments Council) para a imple-mentação da SEPA

Entre os resultados obtidos, são de destacar aanálise do documento preparado pelo EPC (Euro-pean Payments Council) relativo às regras de asso-ciadas aos pagamentos com cartão no âmbito daSEPA e a integração da Autoridade portuguesa naTask-Force SEPA, para monitorização e implemen-tação do SEPA ao longo de 2007.

• Sector Farmacêutico

Tal como fora decidido pelo Plenário, o SubgrupoPharmaceutical foi reactivado em 2006, tendo aAutoridade da Concorrência participado nas trêsreuniões realizadas.

Este Subgrupo tem como propósito a troca de ex-periências e discussão sobre questões atinentes àaplicação das regras de concorrência no sector far-macêutico.

Neste âmbito, o Subgrupo procedeu a um levan-tamento dos casos actualmente pendentes e out-

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ras actividades desenvolvidas pelas Autoridadesnacionais de concorrência e pela Comissão Eu-ropeia que envolvam o sector farmacêutico.

Posteriormente foram debatidas as definições demercado de produto e geográficas utilizadas pelosEstados Membros nos diversos casos que tiveramque apreciar, tendo também sido apresentadoscomentários às decisões dos tribunais nacionaissobre as opções seguidas pelas autoridades na-cionais na definição de mercados.

Finalmente, as actividades do Subgrupo incidiramsobre a temática das importações paralelas e sobrequestões relacionadas com a distribuição demedicamentos aos níveis grossista e retalhista.

• Transporte Marítimo

Teve lugar, em 2006, a primeira reunião destesubgrupo dedicada à discussão e troca de infor-mações sobre transportes marítimos de mercado-rias, quer na sua vertente regular (liner shipping),quer no que diz respeito aos serviços irregulares ouafretamento (tramp shipping).

Como pano de fundo da discussão, encontra-se aisenção por categoria à aplicação do artigo 81º doTratado CE concedida às conferências marítimasde transporte regular e à extensão da aplicação doRegulamento (CE) n.º 1/2003 aos serviços irregu-lares e de cabotagem de transporte marítimo demercadorias (que, não estando sujeitas à isençãopor categoria, estão excluídas do âmbito de apli-cação do referido regulamento).

Dada a falta de experiência e de conhecimento davertente de transporte irregular, o Grupo de Tra-balho aguarda os resultados de um estudo especi-ficamente encomendado pela Comissão Europeia.

No que diz respeito à isenção por categoria dotransporte regular, entendeu o Grupo de Trabalhoque não existe qualquer razão para isentar estesector da aplicação das regras do Tratado CE, em-bora reconheça que seja útil a concessão de umperíodo razoável de tempo de adaptação de umaindústria que actua em regime de conferências hámais de 100 anos.

Este Subgrupo reuniu-se apenas uma vez.

• Desporto

Neste Subgrupo ECN, foram discutidas questõesde aplicação do Direito da Concorrência à temáti-ca do desporto em geral.

Tendo por base um documento de trabalho elabora-do pela Comissão Europeia foram discutidasquestões transversais que têm directa ou indirecta-mente implicação com os fenómenos concorrenciais.

Foram, igualmente, apresentados casos já decididospor Autoridades nacionais nesta área (AutoridadesItaliana e Holandesa), discutidos aspectos relaciona-dos com a organização do fenómeno desportivo,com a emissão e distribuição de bilhetes em even-tos desportivos de relevo e ainda discutidasquestões relacionadas com a cedência de direitos detransmissão televisiva de direitos desportivos.

Este Subgrupo teve apenas uma reunião no anode 2006.

• Profissões liberais

As profissões liberais, como parte integrante daeconomia comunitária e provendo a prestação deserviços essenciais tanto para empresas como paraos consumidores, têm efeitos na competitividadede outros sectores.

Deste modo, e na senda do ano anterior, a Autori-dade da Concorrência, em colaboração com aComissão Europeia e com as outras Autoridadesnacionais de concorrência, continuou a avaliar aregulação do sector em termos de eficiência e re-strição à concorrência. O objectivo é promoveruma boa regulação, mais adaptada à actualidade,tendente à prestação de melhores serviços e bene-fícios para os consumidores.

As entidades reguladoras e as associações profis-sionais são convidadas a, voluntariamente,reverem as respectivas regras, tendo em consider-ação aquelas que são necessárias ao interessepúblico e que são proporcionais e justificadas paraa boa prática da profissão.

Prosseguindo numa base pró-activa, a ComissãoEuropeia e as autoridades nacionais de concorrên-cia continuaram com a instauração de processos,

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com recurso às regras da concorrência, para fo-mentar a reforma. Em Portugal, foi exemplo a de-cisão contra a Ordem dos Médicos por prática defixação de preços mínimos e máximos de hono-rários para os médicos em regime independente.

Durante a Presidência finlandesa da UE, e em con-junto com a Comissão Europeia, foi organizada aConferência subordinada “The Economic Case forProfessional Services Reform”, em 13 de Dezem-bro de 2006, na qual a Autoridade da Concorrên-cia também participou.

No decorrer de 2006, este Grupo de Trabalhorealizou duas reuniões.

7.3.3. Comité Consultivo em matéria de PráticasRestritivas e Posições Dominantes

Case COMP/C-3/37.792 – Microsoft

A Autoridade da Concorrência, no âmbito das suascompetências, participou em Julho de 2006, noComité Consultivo em matéria de práticas restritivase posições dominantes. Este Comité Consultivo tevecomo objecto a decisão da Comissão Europeia deaplicação de uma sanção pecuniária no montante de280,5 milhões de euros em virtude de incumprimen-to da sua decisão condenatória por abuso de posiçãodominante, de 24 de Março de 2004.

Transporte aéreo

Ainda no âmbito do Comité Consultivo em matériade práticas restritivas e posições dominantes, ocorreuem 20 Julho de 2006 uma reunião que teve comotema principal a aplicação do artigo 81.º do TratadoCE ao sector do transporte aéreo e, nomeadamente,o levantamento da isenção em bloco às conferênciasda International Air Transport Association (IATA), bemcomo o andamento das conversações havidas comaquele organismo para a implementação de um novosistema de negociação de acordos multilaterais.

Assim, o Comité Consultivo concordou com os cal-endários propostos pela Comissão Europeia para olevantamento gradual (de acordo com as regiões ge-ográficas) da isenção em bloco às conferências tar-ifárias, havendo, no entanto, a flexibilidade derenegociação desses prazos, cabendo à IATA ademonstração inequívoca dos benefícios daí decor-

rentes. No que respeita às conferências de horários eslots, entende a Comissão Europeia que, dados osbenefícios delas decorrentes, as mesmas não violamas disposições relevantes do Tratado, pelo que, doponto de vista formal, não se justifica a atribuição daisenção.

Audições Orais

No âmbito do Regulamento (CE) n.º 773/2004 daComissão, de 27 de Abril de 2004, relativo à ins-trução de processos pela Comissão para efeitos dosartigos 81.º e 82.º do Tratado CE (cf. artigo 12.º doRegulamento), a Autoridade da Concorrência par-ticipou em reuniões de audições orais, em Bruxelas,no decurso de 2006.

7.4 Comité Consultivo em matériade Concentração de Empresas

A Autoridade da Concorrência, no âmbito das suascompetências, durante o ano de 2006, participou nostrabalhos do Comité Consultivo em matéria de Con-centração de Empresas, dos quais se destacam a dis-cussão e emissão de parecer sobre oito processosindividuais de concentrações de empresas de dimen-são comunitária:

M.3796 – OMYA / JM HUBER PCC M.3868 – DONG /Elsam /Energi E2 M.3916 – T-MOBILE AUSTRIA / TELERING M.3848 – SEA-INVEST /EMO-EKOM M.4094 – INEOS / BP DORMAGEN M.4180 – GAZ DE FRANCE / SUEZ M.4187 – METSO / AKER KVAERNERM.4209 – THULE / SCHNEEKETTEN

Salienta-se que, no Caso M.3848 – SEA-INVEST/EMO-EKOM, coube a Portugal ser Relator.

7.5 Comité Consultivo em matéria de Auxíliosde Estado

Para apoio às decisões da Comissão Europeia emsede de regulamentos de isenção por categoria deauxílios horizontais, foi instituído o Comité Consulti-vo em matéria de auxílios de Estado, que integraperitos representantes dos Estados Membros.

A Comissão Europeia terá de consultar este Comitéantes de publicar qualquer proposta de Regulamentoe antes da sua adopção.

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Foi neste contexto que a Autoridade da Concorrênciaparticipou em cinco reuniões do Comité Consultivo,durante o ano de 2006, tendo em vista a emissão depareceres susceptíveis de habilitar a Comissão aadoptar os projectos de Regulamento que a seguir sereferem:

–Projecto Regulamento relativo à aplicação dosartigos 87.º e 88.º do Tratado CE aos auxílios es-tatais ao investimento com finalidade regional36;

–Projecto de Regulamento de isenção por catego-ria, da Comissão visando alterar o Regulamento(CE) n.º 69/2001 da Comissão, de 12 Janeiro de2001, relativo à aplicação dos artigos 87.º e 88.ºdo Tratado CE aos auxílios de minimis37;

–Projecto de Regulamento que altera o Regula-mento (CE) n.º 794/2004 da Comissão, de 21 deAbril de 2004, relativo à aplicação do Regula-mento (CE) n.º 659/1999 do Conselho, de 22 deMarço de 1999, que estabelece as regras de ex-ecução do artigo 93.º do Tratado CE38;

–Anteprojecto de Regulamento do Conselho quevisa alterar o Regulamento (CE) n.º 994/98, doConselho, de 07 de Maio de 1998 (Regulamen-to de Habilitação), relativo à aplicação dos arti-gos 92.º e 93.º do Tratado CE a determinadascategorias de auxílios estatais horizontais. Estaproposta ainda não teve desenvolvimentos sub-

sequentes, estando previsto a prossecução dostrabalhos em 2007.

–Projecto de Regulamento da Comissão que al-tera os Regulamentos de isenção por categoria(CE) n.os 2204/2002 (Emprego), de 12 de Dezem-bro de 2002, 70/2001 (PME), de 12 de Janeiro de2001 e 68/2001 (Formação), de 12 de Janeiro de2001, prorrogando os prazos de vigência dosmesmos até 30 de Junho de 200839.

Reuniões Multilaterais

No domínio dos auxílios de Estado, a Autoridade daConcorrência participou, ainda, nas três reuniõesMultilaterais, realizadas em Bruxelas, promovidas pelaComissão Europeia (DG Concorrência), e onde parti-ciparam representantes de todos os Estados-Mem-bros, destinadas a analisar diversos temas destavertente da política comunitária da concorrência. En-tre os assuntos debatidos, relevam-se as medidasadoptadas pelos Estados Membros para estabelecermetodologias para avaliação da eficácia e da eficiên-cia dos auxílios de Estado e a reorientação dosauxílios de Estado para objectivos horizontais e decoesão económica social.

7.6 Quadro de presenças em ReuniõesComunitárias

36 Este projecto viria a ser adoptado sob a designação de Regula-mento (CE) n.º 1628/2006 da Comissão, de 24 de Outubro, JO L302, de 1.11.2006.37 Este projecto veio a ser adoptado sob a designação de Regula-mento (CE) n.º 1998/2006 da Comissão, de 15 de Dezembro, publi-cado no JO L 379, de 28.12.2006.

Directores-Gerais 1 1

Plenário + GT 6 6 2 1 15

GT Horizontais 0 2 2 1 5

GT sectoriais 2 3 3 5 13

Comité Consultivo 81º- 82º 1 2 3 4 10

Comité Consultivo Concentrações 2 2 2 3 9

Comité Consultivo Auxílios Estado 0 4 1 3 8

Outras 3 2 2 1 8

TOTAL 14 21 16 18 69

ReuniõesComissão Europeia 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim. 4º Trim. TOTAL

38 Este projecto veio a ser adoptado sob a designação de Regula-mento (CE) n.º 1627/2006, de 24 de Outubro, publicado no JO L302, de 1.11.2006.39 Este projecto veio a ser adoptado sob a designação de Regula-mento (CE) n.º 1976/2006 da Comissão, de 20 de Dezembro, publi-cado no JO L 368, de 23.12.2006.

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8. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

8.1 Organização para a Cooperaçãoe Desenvolvimento Económico (OCDE)

No decorrer de 2006, a Autoridade da Concorrênciacontinuou a assegurar a representação técnica na-cional nas actividades do Comité de Concorrência daOCDE, cujas reuniões decorreram em Paris nos mesesde Fevereiro, Junho e Outubro. Estas continuaram aser desenvolvidas no âmbito dos seguintes grupos detrabalho e dois fora: (i) WP 2 sobre concorrência eregulação; (ii) WP 3 sobre cooperação internacional;(iii) Comité de Concorrência (plenário); (iv) FórumGlobal da Concorrência e (v) Forum Global de Comér-cio e Concorrência.

Dentre as actividades do WP2 (Reuniões 33, 34 e 35),há que destacar o trabalho desenvolvido quanto à in-clusão de aspectos relacionados com concorrêncianos Regulatory Impact Assessments (RIAs). Com basenas experiências de países membros, nomeadamentedo Reino Unido, foi possível avançar na preparação ediscussão do trabalho do Secretariado relativo à elabo-ração de um toolkit. Este toolkit que será submetidoà apreciação do Grupo sobre Reforma da Regulação,de modo a ser revisto pelas autoridades responsáveispela implementação da regulação económica, antesda sua aprovação pelo WP2.

Das actividades do WP2, são, ainda, de destacar a re-alização de três importantes Mesas Redondas. Umadestas Mesas Redondas teve como tema o acesso aredes de transporte por novos operadores, comdestaque para gasodutos, terminais e instalações dearmazenamento de gás, assim como para infra--estruturas que servem directamente o sector tradi-cional dos transportes. No âmbito desta MesaRedonda, a Autoridade da Concorrência submeteuuma comunicação sobre acesso a infra-estruturas detransporte e armazenagem de gás natural em Portu-gal (DAF/COMP/WP2/WD(2006)15, 26-Jan-2006).As duas outras Mesas Redondas cobriram impor-tantes temáticas do sector financeiro, tais como aconcorrência e utilização eficiente de cartões depagamento e concorrência e regulação na banca deretalho. Dado o interesse das duas Mesas Redondaspara a regulação do sector financeiro, a delegaçãoda AdC foi acompanhada por representantes doBanco de Portugal.

No âmbito das actividades do WP3 (Reuniões 95, 96e 97), foi dada ênfase ao papel das acções cíveis en-quanto instrumento da política da concorrência, ten-do-se realizado duas Mesas Redondas. Ainda noâmbito do WP3, decorreu uma outra Mesa Redondasobre decisões extra-processuais relativas a cartéis.Para além disso, o WP 3 debateu, no decorrer de2006, questões relativas às técnicas e ao nível de pro-va aplicáveis ao abuso de posição dominante, bemcomo à análise de operações de concentração.

As Reuniões do Comité da Concorrência continuarama constituir o ponto focal para uma síntese da activi-dade dos diferentes WPs e de outras actividades con-duzidas em outros fora conexos. Neste contexto, oComité: (i) adoptou o Relatório sobre experiências emmatéria de separação estrutural, preparado peloWP2; (ii) acompanhou a preparação do Policy Frame-work for Investment, que incluiu um contributo noâmbito da política da concorrência; (iii) efectuou PeerReviews sobre política e legislação da concorrência naSuécia e sobre implementação da reforma da regu-lação na Coreia. Foram, também, submetidos aoComité 39 Relatórios Anuais da Concorrência. Deacordo com os procedimentos adoptados peloComité, catorze Relatórios foram apresentados for-malmente e os restantes submetidos para infor-mação, entre os quais o de Portugal (DAF/COMP(2006)21/16, 29-Sep-2006).

Em 2006, a Autoridade da Concorrência participou,ainda, no 6.º Global Forum on Competition, que tevelugar em Paris, de 8 a 9 de Fevereiro, dedicado aostemas “Concessões” e “Combate a cartéis em quenão existe prova directa de acordo”, caracterizando-sepor um elevado nível de participantes e pela especialrelevância dos temas abordados.

Foi também desenvolvida uma dinâmica discussão decasos de estudo de cartéis em “breakout sessions”,no âmbito das quais foi referido por Portugal a ex-periência da Autoridade da Concorrência, em parti-cular nos casos das Ordens Profissionais e do cartel naindústria Farmacêutica relativo às tiras reagente deglicose. Finalmente, o programa incluiu a Revisãovoluntária da política e direito da concorrência emTaiwan (“peer review”).

A Autoridade da Concorrência participou, ainda, noOCDE Global Forum on Trade and Competition, quedecorreu em Paris, em 10 de Fevereiro de 2006.

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Neste Forum, foram debatidos os temas “Concorrên-cia, Competitividade e Desenvolvimento”, “Concor-rência e os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio(MDG)” e “Formas e Modalidades de Cooperação: aabordagem regional do comércio e concorrência”.Nas sessões foi, em especial, abordado o papel que a

política de concorrência pode desempenhar no de-senvolvimento dos países e para o alcance dos Objec-tivos de Desenvolvimento do Milénio, bem como ainteracção entre comércio e concorrência. O próximoGlobal Forum on Trade and Competition realizar-se-áem 2008.

Em 2006, foi publicado pela OCDE o Relatório Económico de Portugal (OECD Economic Surveys - Por-tugal, OECD Publishing, Volume 2006/4 - Abril 2006).

A publicação deste Relatório culminou a actividade da missão económica que visitou a Autoridadeda Concorrência em 2005 e que com ela manteve contactos subsequentes, inter alia, no domínio dosaspectos institucionais do seu funcionamento e da política da concorrência nos mercados regulados(energia e comunicações).

Deste Relatório, destaca-se o seguinte excerto:

"The strengthening of the institutional setting for competition policy is showing first results

The institutional setting has been strengthened with the creation of an independent and financial-ly autonomous Competition Authority which started operations in March 2003.

In the short period since it started to operate, the Competition Authority has had notable results in itsmain tasks of reviewing mergers, investigating restrictive practice cases and issuing recommendationsto the Government and other public bodies. It has also undertaken several economic and market stud-ies in important sectors. Some of its most visible results have been: (i) an enforcement action againsthard-core conduct, including fines, against a cartel of major US and European pharmaceutical compa-nies; (ii) the enquiry into anticompetitive practices by the incumbent in telecommunications; and (iii) de-cisions (still under appeal) regarding price fixing in professional associations (veterinarians, dentistservices). In 2005, the Authority start studying the pharmacy sector and began monitoring some pub-lic tenders in the public works sector, with the objective of identifying potential anticompetitive prac-tices. The Authority's recommendations to government and public bodies have influenced policies andregulations in still other cases, making tendering mandatory in the acquisition of communication ser-vices by the government, for instance, and removing entry barriers to allow supermarkets to sell petrol.

The momentum of pro-competitive action should be maintained

Although the development of a competition culture is still insufficient in Portugal, the CompetitionAuthority has been effective in raising the awareness of economic agents of how important com-petition is. It is of paramount importance to maintain the course of action irrespective of politicalchanges and pressure from lobby groups."

OECD Economic Surveyon Portugal, 2006

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8.2 Conferência das Nações Unidas para o Comér-cio e Desenvolvimento (United Nations Confer-ence on Trade and Development - UNCTAD)

A convite da UNCTAD, o Presidente da Autoridade daConcorrência presidiu à revisão da política da concor-rência da Tunísia, que decorreu em Genebra em 31de Outubro, no quadro da Reunião do Grupo Ad-hocde Peritos em Direito e Política de Concorrência e da7.ª Sessão do Grupo Intergovernamental de Peritosem Direito e Política de Concorrência (Genebra, 30 deOutubro a 2 de Novembro de 2006).

Na Reunião do Grupo Ad-hoc de Peritos debateu-se,pela primeira vez a nível da UNCTAD, a relação entreDireito e Política de Concorrência e Subsídios.

Na 7.ª Sessão do Grupo Intergovernamental de Peri-tos em Direito e Política de Concorrência foi debatidaa relação entre Autoridades de Concorrência e Regu-ladores Sectoriais, em particular no que respeita aabusos de posição dominante. A Autoridade da Con-corrência distribuiu aos presentes uma comunicaçãopreparada expressamente para este evento intitulada“The Relationship between Competition Authoritiesand Sector Regulators – the Experience of the Por-tuguese Competition Authority”.

Uma das Sessões mais importantes desta reunião foidedicada à Revisão voluntária da política da concor-rência na Tunísia (“peer review”), que incidiu, emparticular, sobre os aspectos regulamentares e insti-tucionais, bem como sobre os principais resultadosalcançados.

Outro tema abordado na 7.ª Sessão foi a cooperaçãointernacional na investigação e combate a cartéis“hard-core” que afectam países em desenvolvimento,no âmbito do qual a Autoridade da Concorrênciareferiu a recente aprovação do Programa de Clemên-cia em Portugal.

8.3 Rede Europeia de Autoridades da Concorrência(European Competition Authorities - ECA)

No decorrer da Reunião Anual que decorreu em Niceem 18 e 19 de Maio de 2006, a Autoridade da Con-corrência assumiu a Presidência da Troika, que integratambém o Office of Fair Trading do Reino Unido, bemcomo o Conseil de la Concurrence e a DGCCRF deFrança. Como tal, competirá à Autoridade organizar

a próxima Reunião Anual, que se prevê para Abril de2007.

A ECA, criada em 2001 pelas Autoridades Nacionaisde Concorrência integrantes do Espaço EconómicoEuropeu, constitui um fórum no âmbito do qual os al-tos responsáveis dessas Autoridades e da ComissãoEuropeia debatem questões sobre a matéria da con-corrência e procuram encontrar soluções que permi-tam o reforço da aplicação efectiva, uniforme ecoerente do direito da concorrência.

A cooperação desenvolve-se, inter alia, através daorganização de reuniões plenárias, estabelecimentode grupos de trabalhos e troca de informações eexperiência através de rede própria.

• Grupo de Trabalho de concentrações de notifi-cação múltipla

Este Grupo de Trabalho tem mantido a rede ECA comuma actividade apreciável por via do intercâmbio, en-tre os seus membros, de comunicações relativas aconcentrações notificadas às suas autoridades e queafectam os mercados de outros Estados-Membros.

Em 2006, a Autoridade da Concorrência assegurou agestão electrónica da informação relativa a operaçõesde concentração de notificação múltipla que atingi-ram o número de 323 comunicações, dos quais 18foram da iniciativa de Portugal por terem um impactodirecto preponderante no território nacional.

• Grupo de Trabalho Transportes Aéreos

A Autoridade da Concorrência participou nas três re-uniões promovidas no âmbito deste Grupo de Trabal-ho, que tiveram lugar a 3 de Abril em Budapeste, a 2de Maio em Lisboa, organizada pela AdC, e a 26 e 27de Outubro em Copenhaga.

Nas duas primeiras reuniões foram debatidos os acor-dos de code-sharing, o que incluiu a discussão dodocumento final sobre a influência do code-sharingno mercado dos transportes aéreos e a discussão so-bre um possível joint statment. Além disso, foi discu-tida a definição do mercado relevante e posiçãodominante nos transportes aéreos e a concorrênciaintra aeroportuária e inter aeroportuária (assunto pro-posto pelos países nórdicos). Como resultados obti-dos, são de realçar o apoio do grupo de trabalho no

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desenvolvimento de estudos e investigações internase a apresentação aos Directores Gerais (na reunião deNice) de um artigo sobre o tema do Code-sharing in-titulado “Code-sharing agreements in scheduled pas-senger air transport – The European CompetitionAuthorities perspective”.

A reunião que ocorreu em Outubro de 2006 emCopenhaga teve como objectivo, de acordo com onovo mandato concedido pelos Directores Gerais, or-ganizar e estruturar a elaboração de um documentosobre a concorrência intra e inter aeroportuária, ten-do como base, não apenas desenvolvimentos do pon-to de vista teórico, mas também a troca deinformação sobre casos analisados pelas diversasAutoridades Nacionais neste âmbito. Tal documentoserá submetido à apreciação dos Directores Geraisaté Março de 2007.

• Grupo de Trabalho da Banca

A AdC participou numa reunião deste Grupo de Tra-balho, que ocorreu a 21 de Abril em Haia. Nesta re-união, foi apresentado e discutido um relatório daECA – Financial Services Working Group, tendo a Au-toridade da Concorrência dirigido diversas obser-vações e correcções ao referido documento.

• Grupo de Trabalho das Sanções

A AdC participou na primeira reunião deste grupo,criado em Nice com vista a analisar o enquadramen-to legal e regulamentar relativo às sanções pecu-niárias aplicáveis a pessoas colectivas por infracção àsregras de concorrência e a explorar a possibilidade deiniciativas conjuntas neste domínio.

O trabalho deste grupo será submetido à ReuniãoAnual da ECA realizada em Portugal em Abril de2007.

8.4 Rede Internacional da Concorrência(International Competition Network - ICN)

A 7 de Fevereiro de 2006, a Autoridade participounum workshop organizado pelo Subgrupo CPI (Con-sumers Public Information) da Rede Internacional deConcorrência (ICN) subordinado ao tema “BusinessOutreach”. Nesta reunião, foram sistematizadas asquestões que se colocam a uma Autoridade Nacionalde Concorrência na sua relação com o mundo em-

presarial e de negócios. Foi particularmente salienta-da a necessidade de as ANC não centrarem a sua co-municação apenas nos consumidores e público emgeral, mas em concederem também especial atençãoao mundo das empresas. Foi referido, nomeada-mente, que as ANC têm um papel a desempenhar noque toca a promover o conhecimento e a visibilidadede boas práticas adoptadas por empresas, emmatéria de concorrência.

Em Março de 2006, a Autoridade da Concorrência foiconvidada a intervir no ICN Merger Workshop, queteve lugar em Washington, D.C., EUA, abordando otema dos Limiares de Notificação das Operações deConcentração de Empresas, à luz da experiênciaadquirida nesta matéria com a aplicação da Lei n.º18/2003, e apresentando uma apreciação crítica so-bre a oportunidade dos actuais limiares alternativos(criação/reforço de quota de mercado igual ou supe-rior a 30% e volume de negócios global superior a150 milhões de euros, desde que 2 das empresas par-ticipantes tenham volume de negócios superior a 2milhões de euros) e as eventuais perspectivas da suamodificação futura. Refira-se que a AdC iniciou a suaparticipação nos grupos de trabalho da ICN nodomínio das concentrações das empresas, tendopreparado fichas informativas relativamente à legis-lação portuguesa e à prática decisória e colaboradoem questionários e outras iniciativas.

Em 2006, a AdC começou ainda a colaborar activa-mente no grupo de trabalho dos Cartéis, centrando asua actividade no desenvolvimento do Manual deprocedimentos relativo à investigação de cartéis (emespecial, no capítulo relativo às técnicas de investi-gação) e na cooperação entre as ANC na perseguiçãoe condenação dos cartéis internacionais. A Autori-dade da Concorrência esteve presente ainda no Car-tels Workshop, que se realizou em Haia, nos dias 13a 16 de Novembro.

A Conferência Anual da ICN, que se realizou nos dias3 a 5 de Maio, na Cidade do Cabo, África do Sul,contou também com a presença de representantes daAdC, onde estiveram representadas mais de meiacentena de nacionalidades bem como membros dacomunidade empresarial e académica. Foram apre-sentados nesta conferência os resultados das activi-dades desenvolvidas pelos diversos grupos detrabalho ICN, com particular destaque do BusinessOutreach Project, Partnership and Consultation Mod-

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el, Advocacy and the Judiciary, Mergers GuidelinesWorkbook, Country Studies, Competition and Devel-opment, Private enforcement and Cartel Rules, tendosido também lançado um novo grupo de trabalhoICN relativo às Unilateral Conduct, co-presidido peloBundeskartellamt (DE) e Federal Trade Commission(EUA).

8.5 Fórum Ibero-Americano da Concorrência

A Autoridade da Concorrência continuou a desem-penhar um papel activo junto do Fórum Ibero-Ameri-cano da Concorrência. Neste âmbito, realizou-se o VCurso da Escola Iberoamericana de Concorrência,que decorreu em Madrid entre 20 de Novembro e 1de Dezembro. O grupo alvo incluiu participantes dasentidades responsáveis pela concorrência em cadaum dos países membros. Um elemento da Autori-dade frequentou as actividades da Escola com o ob-jectivo de compartilhar com os colegasLatino-Americanos a experiência Portuguesa rele-vante e, tal como em anos anteriores, a Autoridadecontou com a participação de um dos seus Directorescomo conferencista. O tema da respectiva apresen-tação foi a introdução do programa de clemência emPortugal.

No âmbito Ibero-americano, e em cooperação com oTribunal de Defensa de la Competencia de Espanha ecom a OCDE, a Autoridade da Concorrência organi-zou em Lisboa dois eventos. O primeiro foi o Work-shop Ibero-Americano de Política da Concorrência,que decorreu em Lisboa a 31 de Maio e 1 de Junho,e o segundo a Reunião Anual do Fórum, que teve lu-gar a 2 de Junho. Neles participaram, os Presidentesdas entidades Reguladoras de Concorrência da Ar-gentina, do Brasil, do Chile, da Costa Rica, de El Sal-vador, de Espanha, do México, da Nicarágua e doPeru.

(i) Workshop Ibero-Americano sobre Política daConcorrência

O programa do Workshop foi estruturado em termosda discussão de um sector de grande importânciapara as Autoridades representadas - o das telecomu-nicações - e de estudos de caso cobrindo a análise deconcentrações e práticas restritivas da concorrência.

Na sessão dedicada à “Concorrência e regulação emtelecomunicações”, foi sublinhado que a tendência

de crescente convergência tecnológica proporcionanovas possibilidades de concorrência, destacando-seo importante papel que às Autoridades da Concor-rência cabe desempenhar para que os benefíciosdessa convergência sejam repercutidos no consumi-dor. Na sessão subordinada ao tema da “Promoçãoda concorrência no sector das telecomunicações”,decorreu uma mesa-redonda que contou, inter alia,com a presença do Presidente da ANACOM e de Ed-ward Whitehorn da Divisão da Concorrência daOCDE.

Na sessão dedicada ao tema das “Concentrações deEmpresas”, foram apresentados estudos de caso doBrasil, Portugal e México. A análise dos casos apre-sentados demonstrou que existe uma similitude signi-ficativa nas metodologias utilizadas pelas diversasAutoridades de Concorrência.

No painel sobre “Abuso de posição dominante”, a Ar-gentina e a Espanha apresentaram casos exemplifica-tivos das suas experiências neste domínio.

Foi igualmente discutida a metodologia a utilizar nainvestigação de casos de esmagamento de margensem sectores de rápida evolução tecnológica. Os par-ticipantes consideraram fundamental encontrarmecanismos que garantam a efectividade dos mecan-ismos sancionatórios, assegurando o efeito dissuasordas decisões condenatórias, quer no infractor, quernos demais agentes económicos.

(ii) Reunião Anual do Fórum Ibero-Americano daConcorrência

O Fórum foi palco de um painel sobre a reforma doartigo 82.º do Tratado CE, que proíbe abusos deposição dominante. Foi referido que a Comissão Eu-ropeia tem preferido focar a sua atenção sobre osefeitos dos abusos, em detrimento de uma visão maisformalista. No final das apresentações teve lugar umdebate sobre esta reforma e, em particular, sobre aspossíveis implicações da posição da Comissão Eu-ropeia nesta matéria.

Foi discutida a criação de uma rede de informação econhecimento no âmbito do Fórum Ibero-Americano,esta última partindo de uma proposta apresentadapor Portugal e destinada a fomentar o intercâmbioentre académicos e investigadores nas áreas do dire-ito da concorrência e da organização industrial, cen-

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trado em projectos de investigação específicos queabordarão, entre outras, as seguintes áreas recon-hecidas como de particular relevância para os paísesda América Latina:

• Privatização, liberalização e concorrência;• Concorrência e regulação nas indústrias de rede; • Modelo e organização da regulação sectorial e

instituições de concorrência;• Políticas de concorrência (ex ante e ex post) con-

tra colusão;• Impacto económico dos cartéis-

Tendo em conta as sinergias entre as iniciativas daOCDE e do Fórum Ibero-Americano, foi decidido de-senvolver esforços para as articular. Para tal, será con-siderada a constituição de um secretariadopermanente, rotativo entre os países membros. Nesteâmbito, a Comisión Federal de Competencia do Méxicoorganizará a reunião de 2007 do Fórum Ibero-Ameri-cano da Concorrência, a decorrer sequencialmente comum Workshop para o mesmo grupo-alvo a organizarpela OCDE.

8.6 Rede Lusófona da Concorrência

No âmbito da Rede Lusófona da Concorrência, a Au-toridade da Concorrência organizou o II EncontroLusófono da Concorrência. O Encontro, que decorreuem Lisboa em 29 e 30 de Maio, foi co-financiado pelaUNCTAD, tendo, ainda, beneficiado da cooperaçãocom as entidades que integram o sistema de concor-rência do Brasil, nomeadamente o Conselho Admin-istrativo de Defesa Económica do Brasil (CADE). Acooperação da UNCTAD e do CADE foi mobilizadaatravés dos Protocolos oportunamente celebradoscom ambas entidades.

II Encontro Lusófono da Concorrência

O II Encontro Lusófono da Concorrência teve comoobjectivo principal dar continuidade e desenvolver osprincípios acordados no âmbito do I Encontro Lusó-fono, uma iniciativa da Autoridade da Concorrência,que decorreu no Rio de Janeiro em 28-29 de Junhode 2004. Esses princípios de acordo constam da De-claração do Rio de Janeiro, tal como divulgada no Re-latório de Actividades 2004 da Autoridade daConcorrência. Nesse âmbito, os objectivos selec-cionados para o II Encontro foram a avaliação do pro-gresso registado nos últimos dois anos na reforma do

quadro de regulação económica e na formulação dapolítica da concorrência em cada país lusófono, bemcomo contribuir para o fortalecimento do quadro in-stitucional necessário à promoção de uma concorrên-cia mais efectiva.

Para atingir esses objectivos, o programa do II Encon-tro cobriu quatros tópicos fundamentais, a saber: (i)concorrência e desenvolvimento económico; (ii)diminuição do peso da regulação; (iii) desenvolvimen-to institucional; e (iv) estudos de caso sobre práticasrestritivas da concorrência. Nele participaram repre-sentantes ao mais alto nível das entidades con-géneres de Angola, do Brasil, de Cabo Verde, daGuiné-Bissau, de Moçambique, de S. Tomé e Príncipee de Timor - Leste.

Foi decidido realizar um III Encontro Lusófono daConcorrência, a organizar por Angola e a decorrerem Luanda em 2008.

9. COOPERAÇÃO BILATERAL

No decorrer de 2006, a Autoridade recebeu visitas detrês Delegações estrangeiras de alto nível.

República Checa

Em 2 de Fevereiro de 2006, uma missão da Repúbli-ca Checa, liderada pelo Presidente da Autoridade deConcorrência checa, teve como objectivo principal asua familiarização com a actividade da Autoridade daConcorrência, bem como o trabalho analítico eprocessual no sector energético.

Moçambique

Em 3 de Março, uma missão da República de Moçam-bique, constituída por altos funcionários do Ministérioda Indústria e Comércio de Moçambique, contactou aAutoridade da Concorrência, no âmbito de uma visitaoficial a Portugal. No âmbito desse contacto, foi dis-cutido o quadro institucional para a aplicação da leg-islação da concorrência em Portugal, matéria departicular importância para Moçambique no quadroda preparação da legislação nacional da concorrência.

Roménia

Entre 20 e 24 de Novembro de 2006, uma delegaçãode dois quadros superiores daquele Conselho realizou

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um estágio na Autoridade da Concorrência, no âm-bito da cooperação institucional desenhada no Mem-orandum de Entendimento (MoU), assinado em 2005pelo Conselho desta AdC e o Presidente do Conselhoda Concorrência da Roménia. Esta visita teve comoobjectivo permitir um intercâmbio de informaçãotécnica e incluiu diversas sessões para discussão dediferentes matérias relevando da actividade desen-volvida pela AdC.

Outros

No domínio da cooperação com outras Autoridadesde Concorrência, a AdC colaborou, ainda, napreparação de respostas na área das ajudas de Esta-do a pedidos efectuados pela Polónia e pela Hungria.

10. COOPERAÇÃO INSTITUCIONAL

Tribunal de Contas

Em 2006, a AdC assinou com o Tribunal de Contasum Protocolo de Cooperação, que visa o seguinte:

(i) A disponibilização mútua de informação emmatéria de auxílios públicos, contratação públi-ca e respectivos procedimentos e mercados;

(ii) Partilha de informação sobre práticas de re-strição da concorrência ou outras para o exercí-cio das funções de controlo ou regulação;

(iii) Participação recíproca na realização e aprofun-damento de estudos e trabalhos que se en-quadrem no âmbito das respectivas competências.

O Protocolo visa a defesa do interesse dos con-tribuintes, garantindo o cumprimento da missão quea cada uma das instituições está atribuída, nomeada-mente, no que diz respeito à prevenção e repressãodo desperdício, da fraude e da ilegalidade relativa-mente ao uso de dinheiros públicos.

Centro de Estudos Judiciários

Com vista a promover uma Cultura de Concorrênciae à semelhança de outras iniciativas e protocolos decooperação, a Autoridade da Concorrência assinouum Protocolo de Cooperação com o Centro de Estu-dos Judiciários (CEJ), versando diversas iniciativas noâmbito do Direito da Concorrência e do Direito dasContra-Ordenações.

Considerando que a Autoridade é a entidade respon-sável pela aplicação da legislação nacional e comu-nitária da Concorrência em Portugal e que o Centrode Estudos Judiciários é a entidade responsável pelaformação profissional de Magistrados Judiciais e doMinistério Público e de assessores dos tribunais, asduas entidades acordaram em estabelecer, por Proto-colo, os termos de uma cooperação recíproca.

O Protocolo prevê, ainda, uma Comissão de Acom-panhamento com um representante de cada parte,para concretização e seguimento das várias acçõesprevistas.

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RELATÓRIO DE GESTÃO

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CERTIFICAÇÃO LEGAL DE CONTAS

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ANEXOS

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��

AN

EXO

I

DEC

ISÕ

ES S

OBR

E CO

NCE

NTR

AÇÕ

ES D

E EM

PRES

AS

(200

6)

N.º

Ccen

tId

entif

icaçã

oSe

ctor

(CAE

)Gr

ande

Sect

orNa

ture

za d

aO

pera

ção

Tipo

de

Conc

entr

ação

Tipo

de

decis

ão -

1ª F

ase

Tipo

de

decis

ão -

Inve

stig

ação

apr

ofun

dada

DOM

ÍNIO

GEO

G.1

2 3

4 5

DATA

CONC

LUSÃ

ODA

TACO

NCLU

SÃO

Ccen

t.51

/200

1

Ccen

t.21

/200

4

Ccen

t.22

/200

5

Ccen

t.30

/200

5

Ccen

t.61

/200

5

Ccen

t.70

/200

5

Ccen

t.74

/200

5

Ccen

t.75

/200

5

Ccen

t.76

/200

5

Ccen

t.77

/200

5

Ccen

t.78

/200

5

VASP

/DEL

PRES

SS

REN

/ GDP

/ RE

DE D

ETR

ANSP

ORTE

DE

GÁS

NATU

RAL

VIA

OEST

E / A

EO e

AEA

UNIB

ETÃO

/ SIC

ÓBET

ÃO

José

de

Mell

o/Tê

xtil

Man

uel

Gonç

alves

/Efa

cec

Capi

tal

CGD/

SUM

OLIS/

COM

PAL

PINGO

DOC

E/ P

OLISU

PER

(M

em M

artin

s)

FARB

EIRA/

FARM

AOES

TE

GRUP

O CT

T / E

AD

GRUP

O PE

STAN

A/ A

NGLO

TEL

HOLD

INGS

PINGO

DOC

E / P

ARAD

I ILH

AVO

5147

2

4020

4523

2661

74 1

50

1598

52 1

11

5146

7487

5511

52 1

11

Tran

s.

N. Tr

ans.

N. Tr

ans.

N. Tr

ans.

N. Tr

ans.

Tran

s.

Tran

s.

N. Tr

ans.

N Tr

ans.

N Tr

ans.

Tran

s.

Cont

rolo

Co

njun

to

Aqui

sição

de

Activ

os

Cont

rolo

Co

njun

to

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Cont

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Co

njun

to

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

de

Activ

os

Fusã

o

Cont

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Co

njun

to

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

de

Activ

os

Verti

cal

Cong

lom

eral

Horiz

onta

l

Horiz

onta

l

Cong

lom

eral

Cong

lom

eral

Horiz

onta

l

Horiz

onta

l

Cong

lom

eral

Cong

lom

eral

Horiz

onta

l

Não

opos

ição

c/co

ndiçõ

es

Passa

gem

ainv

estig

ação

apro

fund

ada

Passa

gem

ainv

estig

ação

apro

fund

ada

Passa

gem

ainv

estig

ação

apro

fund

ada

Não

opos

ição

Não

opos

ição

Não

opos

ição

Passa

gem

ainv

estig

ação

apro

fund

ada

Não

opos

ição

Não

opos

ição

7/13

/06

06/0

9/20

04

04/0

7/20

05

26/0

9/20

05

03/0

1/20

06

09/0

1/20

06

18/0

1/20

06

05/0

4/20

06

18/0

1/20

06

13/0

2/20

06

26/0

1/20

06

Retir

ada

pela

no-

tifica

nte

Proi

biçã

o

Não

opos

ição

com

con

diçõ

es

Não

opos

ição

1/6/

06

4/7/

06

3/24

/06

8/24

/06

5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5

Distr

ibui

ção

por g

ross

ode

livr

os, r

evist

as e

jorn

ais

Prod

ução

e d

istrib

uiçã

ode

gás

de

cond

uta

Cons

truçã

o de

estr

adas

,via

s fér

reas

, aer

opor

tos e

de in

stalaç

ões d

espo

rtiva

s

Fabr

icaçã

o de

pro

duto

sde

bet

ão p

ara

cons

truçã

o

Activ

idad

es d

asso

cieda

des g

esto

ras d

epa

rticip

açõe

s soc

iais

Prod

ução

e d

istrib

uiçã

ode

àgu

as m

iner

ais e

de

bebi

das r

efre

scan

tes n

ãoalc

oólic

as

Com

ércio

a re

talh

o em

supe

rmer

cado

s ehi

perm

erca

dos

Com

ércio

por

gro

sso

depr

odut

os fa

rmac

êutic

os

Outra

s act

ivida

des d

ese

rviço

s pre

stado

s às

empr

esas

Hote

laria

com

resta

uraç

ão

Com

ércio

a re

talh

o em

supe

rmer

cado

s ehi

perm

erca

dos

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

.º c/

cond

ições

Al. c

) n.º

1 ar

t.º35

Al. c

) n.º

1 ar

t.º35

Al. c

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Al. c

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Retir

ada

pela

no-

tifica

nte

Al. b

) n.º

1 ar

t.37

Al.a

) n.º

1 e

n.º 2

art.

37.º

108

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109

��

��

N.º

Ccen

tId

entif

icaçã

oSe

ctor

(CAE

)Gr

ande

Sect

orNa

ture

za d

aO

pera

ção

Tipo

de

Conc

entr

ação

Tipo

de

decis

ão -

1ª F

ase

Tipo

de

decis

ão -

Inve

stig

ação

apr

ofun

dada

DOM

ÍNIO

GEO

G.1

2 3

4 5

DATA

CONC

LUSÃ

ODA

TACO

NCLU

SÃO

Ccen

t. 79

/200

5

Ccen

t. 81

/200

5

Ccen

t.82

/200

5

Ccen

t.1/

2006

Ccen

t.2/

2006

Ccen

t.3/

2006

Ccen

t.4/

2006

Ccen

t.5/

2006

Ccen

t.6/

2006

Ccen

t.7/

2006

Ccen

t.8/

2006

Ccen

t.9/

2006

Ccen

t.10

/200

6

KEM

ET /

EPCO

S

VIOL

AS /

SOLV

ERDE

LA S

EDA

BARC

ELON

A / S

ELEN

ISPO

LIMER

OS /

SELE

NIS

ITÁLIA

GROS

VENO

R/ S

ONAE

/ SO

NAE

SIERR

A

AXA/

AIXA

M-M

EGA

Cap

Vis /

Benn

iger

ES S

aúde

/ Ho

spor

EDIFE

R / P

ROM

ORAI

L

CEPS

A/LU

BRIFI

CANT

ES D

EL S

UR

CIC/

AMC

PORT

UGAL

SONA

ECOM

/ PT

SOLE

RA IN

C/AU

TOM

ATIC

DAT

APR

OCES

SING

MOT

A - E

NGIL/

SADO

PORT

32 1

00

92 7

10

24 1

60 70 50

5163 851

4523

5151

9213

0

6420

0

6720

0

6340

1

Tran

s.

N Tr

ans.

Tran

s.

N. Tr

ans.

Tran

s.

Tran

s.

N. Tr

ans.

N. Tr

ans.

Tran

s.

N. tr

ans.

N. Tr

ans.

N. Tr

ans.

N. Tr

ans.

Aqui

sição

de

Activ

os

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Cont

rolo

Con

jun- to

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

OPA

Aqui

sição

de

Activ

os

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Horiz

onta

l

Cong

lom

eral

Horiz

onta

l

Horiz

onta

l

Cong

lom

eral

Cong

lom

eral

Horiz

onta

l

Horiz

onta

l

Horiz

onta

l

Horiz

onta

l

Horiz

onta

l

Cong

lom

eral

Cong

lom

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Não

Abra

ngida

Não

opos

ição

Não

opos

ição

Não

Abra

ngida

Não

Opos

ição

Não

Opos

ição

Não

Opos

ição

Não

Opos

ição

Não

Opos

ição

Não

Opos

ição

Passa

gem

ainv

estig

ação

apro

fund

ada

Não

Opos

ição

Não

Opos

ição

15/0

2/20

06

02/0

2/20

06

03/0

2/20

06

14/0

2/20

06

15/0

2/20

06

16/0

2/20

06

27/0

2/20

06

23/0

2/20

06

13/0

3/20

06

14/0

3/20

06

09/0

6/20

06

12/0

4/20

06

09/0

5/20

06

Não

Opos

ição

com

Con

diçõ

es

12/2

2/06

2 5 3 3 1 1 5 5 3 5 5 2 5

Fabr

icaçã

o de

com

pone

ntes

elect

róni

cos

Lota

rias e

out

ros j

ogos

de a

posta

s

Fabr

icaçã

o de

mat

érias

plás

ticas

sob

form

aspr

imár

ias

Activ

idad

es Im

obilá

rias

Com

ércio

, Man

uten

ção

eRe

para

ção

de V

eícul

osAu

tom

óveis

e M

otoc

iclos

Com

ércio

por

gro

sso

dem

áqui

nas p

ara

ain

dústr

ia te

xtil

Activ

idad

es d

e sa

úde

hum

ana

Cons

truçã

o de

estr

adas

,via

s fér

reas

, aer

opor

tos e

de in

stalaç

ões d

espo

rtiva

s

Com

ércio

por

gro

sso

deco

mbu

stíve

is líq

uido

s,só

lidos

, gas

osos

epr

odut

os d

eriva

dos

Proj

ecçã

o de

film

es e

de

vídeo

s

Telec

omun

icaçõ

es

Activ

idad

es A

uxilia

res d

eSe

guro

s e F

undo

s de

Pens

ões

Orga

niza

ção

doTr

ansp

orte

(Ope

raçã

o de

Term

inais

Por

tuár

ios)

Al. a

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Al. a

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Al. c

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

Al. b

) n.º

1 ar

t.º35

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110

��

��

N.º

Ccen

tId

entif

icaçã

oSe

ctor

(CAE

)Gr

ande

Sect

orNa

ture

za d

aO

pera

ção

Tipo

de

Conc

entr

ação

Tipo

de

decis

ão -

1ª F

ase

Tipo

de

decis

ão -

Inve

stig

ação

apr

ofun

dada

DOM

ÍNIO

GEO

G.1

2 3

4 5

DATA

CONC

LUSÃ

ODA

TACO

NCLU

SÃO

Ccen

t.11

/200

6

Ccen

t.12

/200

6

Ccen

t.13

/200

6

Ccen

t.14

/200

6

Ccen

t.16

/200

6

Ccen

t17

/200

6

Ccen

t.18

/200

6

Ccen

t.19

/200

6

Ccen

t.20

/200

6

Ccen

t.21

/200

6

Ccen

t.22

/200

6

Ccen

t.23

/200

6

Ccen

t.24

/200

6

Ccen

t.25

/200

6

Grup

o de

Ges

tore

s da

UEE,

Inve

rsion

es Ib

ersu

izas e

Vista

Des

arro

llo

PINGO

DOC

E/SU

PERM

ERCA

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(San

ta C

omba

Dão

)

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/ Por

tway

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VADO

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ALES

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/ MCM

ODAT

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Huht

amäk

i

PT /

DCSI

CDC

/ FIN

AMA

/ VVF

PINGO

DOC

E/AL

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MOU

RASU

PERM

ERCA

DOS

(act

ivos)

GRUP

O PE

STAN

A / I

NTER

VISA

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SOL

/ TEL

EPIZZ

A

CSN/

LUSO

SIDER

BAYA

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ENER

MET

Dia

Portu

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Pat

risup

er

2461

0

52 1

11

63 2

30

24 6

63

52 11

1 52

488

52

25 2

20 72 633

52 1

11

5511

0

5530

27 1

00

3220

5211

Tran

s.

Tran

s.

Tran

s.

Tran

s.

Tran

s.

Tran

s.

N. Tr

ans.

N. Tr

ans.

Tran

s.

Tran

s.

N. Tr

ans.

Tran

s.

Tran

s.

Tran

s.

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

de

Activ

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sição

de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

de

Activ

os

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Cont

rolo

Con

jun- to

Aqui

sição

de

Activ

os

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de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

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Capi

tal S

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Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

de

Capi

tal S

ocial

Aqui

sição

de

Activ

os

Cong

lom

eral

Horiz

onta

l

Horiz

onta

l

Verti

cal

Horiz

onta

l

Cong

lom

eral

Cong

lom

eral

Cong

lom

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Horiz

onta

l

Horiz

onta

l

Horiz

onta

l

Horiz

onta

l

Horiz

onta

l

Cong

lom

eral

Não

Opos

ição

Não

Opos

ição

Não

Opos

ição

Não

Opos

ição

Não

Abra

ngida

Não

Abra

ngida

Não

Opos

ição

Não

Abra

ngida

Não

Opos

ição

Não

Opos

ição

Retir

ada p

elano

tifica

nte

Não

Opos

ição

Não

Opos

ição

Não

Opos

ição

27/0

4/20

06

12/0

4/20

06

07/0

7/20

06

18/0

5/20

06

30/0

5/20

06

31/0

5/20

06

30/0

5/20

06

31/0

5/20

06

06/0

6/20

06

19/0

6/20

06

27/0

7/20

06

30/0

6/20

06

27/0

6/20

06

27/0

6/20

06

5 5 5 5 5 3 5 3 5 5 1 5 3 5

Prod

ução

de

Expl

osivo

s ear

tigos

de

piro

tecn

ia

Com

ércio

a re

talh

o em

supe

rmer

cado

s ehi

perm

erca

dos

Activ

idad

es a

uxilia

res d

ostra

nspo

rtes a

éreo

s.

Fabr

icaçã

o de

out

ros p

rodu

-to

s quím

icos d

iverso

s, n.

e.

Com

ércio

a re

talho

em

supe

rmer

cado

s e e

m lo

jases

pecia

lizad

as (a

rtigo

s de

desp

orto

, ves

tuár

io inf

antil)

Fabr

icaçã

o de

arti

gos

plás

ticos

par

a tra

nspo

rteou

em

balag

em

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idad

es in

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ática

se

cone

xas

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es Tu

ristic

as

Com

ércio

a re

talh

o em

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rmer

cado

s ehi

perm

erca

dos

Hote

laria

com

resta

uraç

ão

Resta

uraç

ão

Sider

urgi

a e

Fabr

icaçã

ode

Fer

ro L

igas

Fabr

icaçã

o de

instr

umen

tos e

apa

relh

osde

med

ida

Com

ércio

a re

talh

o em

supe

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cado

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111

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112

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113

ANEXO II

DECISÕES SOBRE PRÁTICAS RESTRITIVAS DA CONCORRÊNCIA

RecursoJudicial

CustasPontode Situação

CoimaDatade Decisão

MercadoArguidaProcesso Práticas

31/04

07/05

21/05

7/04

14/01

Total de coimas

NestléPortugal, SA

Ordem dosMédicos

Vatel e outras

Agepor

SIC/PT Multimédia/TV Cabo

Fornecimentode Café

Fixação dehonorários

Sal

Serviçosportuários

Emissõestelevisivas viacabo

AcordosverticaisrestritivosArtigo 4ºLei 18/2003

Fixação dehonoráriosMínimos emáximosArtigo 4º nº 1da Lei 18/2003;Artigo 81º TCE

Artigo 4ºLei 18/2003Artigo 81º TCE

Fixação tabelaspreços

Atribuiçãodireito depreferência eduraçãoArtigo 4ºLei 18/2003

20/4/2006

22/5/2006

11/7/2006

30/12/2006

23/7/2006

€ 1.000.000,00

€ 250.000,00

Vatel:€ 544.672,00

Salexpor:€ 225.347,00

SAHS:€ 109.149,00

Salmex:€ 31.560,00

Total:€ 910.728,00

€ 195.000,00

SIC:€ 540.000,00

PTM:€ 2.500.000,00

Total:€ 3.040.000,00

€ 5.395.728,00

€ 250,00

€ 250,00

€ 250,00 x 4

€ 250,00

€ 250,00 x 2

Recurso para oTribunal doComércio

Decisãoconfirmadacom reduçãoda coima para€ 230.000,00.Recurso da CMpara a Relaçãode Lisboa

Recurso parao Tribunaldo Comércio

Decisãoconfirmadacom reduçãode coima para€ 130.000,00.Recurso da CMpara a Relaçãode Lisboa

Recurso parao Tribunaldo Comércio

X

X

X

X

X

PROCESSOS DE PRÁTICAS RESTRITIVAS DA CONCORRÊNCIADECISÕES CONDENATÓRIAS

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114

ANEXO III

DECISÕES SOBRE INCUMPRIMENTOS

RecursoCoima CustasDatada Decisão

ArguidaProcesso (INC)

01/06

03/06

04/06

Total

Keller Marítima –Agência de Navegação, Lda.

Regional de Mercadorias –Sociedade Centralde Aprovisionamento, S.A.

ITMI Norte SulPortugal, S.A.

07/04/2006

14/11/2006

14/11/2006

€ 5.000,00

€ 2.500,00

€ 2.500,00

€ 10.000,00

€ 150,00

€ 100,00

€ 100,00

€ 350,00

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115

ANEXO IV

DECISÕES SOBRE PRÁTICAS COMERCIAIS RESTRITIVAS

RecursoCoima CustasData dePagamento

Datada Decisão

ArguidaProcesso

34/03

73/04

74/04

82/04

40/05

79/05

101/05

102/05

22/06

25/06

26/06

31/06

32/06

37/06

43/06

TOTAL

Modelo ContinenteHipermercados, S.A.

Cash & CarryPortugal, S.A.

MakroCash & Carry

Manuel Nunes &Fernandes, Lda.

Modelo ContinenteHipermercados, S.A.

João de Sousa Salgado

Lidosol II

Jorge de Sá, S.A.

Guo Sheng Ye

SucessoImp e Exp., Lda.

Lider Gong, Lda.

Wu Dawei

Lin & Yan

Hang Fon

Chen Xiai Min

16/08/2006

05/12/2006

07/12/2006

21/12/2006

16/11/2006

10/08/2006

03/11/2006

02/11/2006

11/12/2006

14/12/2006

14/12/2006

29/12/2006

09/11/2006

26/10/2006

07/12/2006

€ 24.000,00

€ 7.482,00

€ 7.482,00

€ 7.481,97

€ 7.482,00

€ 4.987,98

€ 5.000,00

€ 498,80

€ 498,80

€ 498,80

€ 249,40

€ 498,80

€ 249,00

€ 249,40

€ 66.658,95

€ 200,00

€ 50,00

€ 50,00

€ 50,00

€ 50,00

€ 50,00

€ 4,78

€ 50,00

€ 50,00

€ 50,00

€ 50,00

€ 50,00

€ 50,00

€ 50,00

€ 50,00

€ 854,78

20/12/2006

20/12/2006

03/01/2007

29/11/2006

31/08/2006

29/01/2007

16/12/2006

21/12/2006

21/12/2006

09/01/2007

24/11/2006

14/11/2006

20/12/2006

X