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Relatório apresentado como co- requisito para a conclusão do curso de Medicina Veterinária junto à Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de GoiásÁrea de concentração:Inspeção de alimentos de origem animal
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO
CONTROLE DE QUALIDADE DE CARNES
Amanda Matos Ribeiro Arroyo
Orientador (a): Prof. Dr. Cristiano Sales Prado
GOIÂNIA
2015
ii
AMANDA MATOS RIBEIRO ARROYO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO
CONTROLE DE QUALIDADE DE CARNES
Relatório apresentado como co-
requisito para a conclusão do curso
de Medicina Veterinária junto à
Escola de Veterinária e Zootecnia
da Universidade Federal de Goiás
Área de concentração:
Inspeção de alimentos de origem
animal
Orientador:
Prof. Dr. Cristiano Sales Prado
Supervisor:
Zootecnista Patrícia Dias da Silva
GOIÂNIA
2015
iii
FICHA DE APROVAÇÃO
iv
AGRADECIMENTOS
A cada momento difícil, Deus me proporcionou forças e não me deixou desistir de
lutar, é por isso que agradeço imensamente a Ele por mais essa conquista e especialmente pelo
dom da vida.
Agradeço a toda minha família, sendo ela de sangue ou a minha família de coração.
Especialmente aos meus pais, Edson Arroyo Júnior e Márcia Matos Ribeiro, que sempre
acreditaram em mim e me incentivaram a ser uma pessoa melhor, com todo o amor do mundo.
Obrigada por me ensinarem o certo e o errado.
À Escola de Veterinária e Zootecnia, seus professores e funcionários, eu agradeço
por me receberem de braços abertos e por contribuírem de forma imensurável na minha
formação, não apenas como profissional, mas também como pessoa.
Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Cristiano Sales Prado, por ser sempre tão
paciente e prestativo, por toda sua disposição em me instruir e ensinar.
À minha supervisora Patrícia Dias da Silva, assim como minha co-supervisora
Lorena Silva e todos os colaboradores do setor da Garantia de Qualidade por me permitirem
extrair o máximo de conhecimento e experiência. Obrigada pela amizade.
Agradeço também aos meus amigos, colegas de turma e namorado Rafael Sales e
Sousa por sempre estarem ao meu lado e por alegrarem os meus dias. Apoio maior não há. Se
não fossem vocês, eu não estaria onde estou hoje.
Agradeço por fim, a todos os animais que contribuíram de alguma forma na minha
formação como profissional. Agradeço cada lambida, mugido e relincho. Eu não sabia o quanto
me importava com eles até entrar no mundo da medicina veterinária.
v
“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades,
lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram
conquistadas do que parecia impossível.”
Charles Spencer Chaplin
vi
SUMÁRIO
LISTA DE ANEXOS................................................................................................................vii
LISTA DE FIGURAS..............................................................................................................viii
LISTA DE TABELAS...............................................................................................................ix
LISTA DE QUADROS...............................................................................................................x
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS................................................................................xi
1. IDENTIFICAÇÃO DO ESTAGIÁRIO................................................................................1
1.1. Nome do aluno e número de matrícula................................................................................1
1.2. Nome completo do supervisor.............................................................................................1
1.3. Nome do orientador.............................................................................................................1
2. LOCAL DE ESTÁGIO........................................................................................................2
2.1. Nome do local de Estágio....................................................................................................2
2.2. Localização..........................................................................................................................2
2.3. Justificativa dos motivos da escolha do campo de estágio e da área...................................2
3. DESCRIÇÃO DA ROTINA E DO LOCAL DE ESTÁGIO...............................................3
3.1. Descrição do local do estágio...............................................................................................3
3.2. Descrição da rotina de estágio.............................................................................................3
4. RESUMO QUANTIFICADO DAS ATIVIDADES...........................................................6
5. DESCRIÇÃO DE TEMAS RELEVANTES.......................................................................7
5.1. Aspersão de carcaças durante o resfriamento......................................................................7
5.2. Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes.........................................11
6. CONCLUSÃO...................................................................................................................17
7. BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................18
ANEXO A.................................................................................................................................19
ANEXO B.................................................................................................................................20
vii
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A - Modelo de carta de garantia dos fornecedores de animais..................................19
ANEXO B - Modelo de monitoramento do cálculo da “Quebra de frio” das meias carcaças
nas câmaras com sistema de aspersão em funcionamento. Sendo: Previsão de
Saída, a quantidade (unidade) prevista de carcaças destinadas à desossa; Qtde.
Saída, a quantidade (unidade) de carcaças destinadas à desossa; Peso entrada, o
peso quente (kg) das meias carcaças; Peso saída, o peso frio (kg) das meias
carcaças após aspersão; Perc. Quebra, a diferença entre o peso quente e o peso
frio da meia carcaça............................................................................................20
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - (A) Disposição dos bicos aspersores ao longo dos canos PVC, de forma paralela
aos trilhos, na câmara fria. (B) Aspecto do bico aspersor.....................................9
FIGURA 2 - Amostras de fígado de cinco animais distintos do mesmo lote. Laboratório de
controle de qualidade da JBS – Goiânia.............................................................15
ix
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Análise de água dos bicos aspersores durante o período de 06/04 a 24/04 de
2015...................................................................................................................10
x
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Pontos de controle identificados através do programa APPCC nos diferentes
setores do Frigorífico JBS Friboi S/A – Unidade de Goiânia................................4
QUADRO 2 - Atividades desenvolvidas no Frigorífico JBS Friboi S/A – Unidade de Goiânia,
entre o período de 23 de março a 11 de maio de 2015, totalizando 400 horas.......6
QUADRO 3- Receitas definidas no Sistema de programação automatizada. Sendo: Receita 1
para limpeza dos equipamentos; Receita 2 para aspersão em carcaças com tempo
total de 240min; Receita 3 para aspersão em carcaças com tempo total de
210min; Receita 4 para mercados que não aceitam o sistema de aspersão. JBS –
Unidade Goiânia..................................................................................................9
xi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
Abiec - Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne
APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle
BPF - Boas Práticas de Fabricação
CEP - Controle Estatístico do Processo
DIPOA - Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal
GQ - Garantia da Qualidade
GTA - Guia de Trânsito Animal
LANAGRO - Laboratório Nacional Agropecuário
LMR - Limite Máximo de Resíduo
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MRE - Material de Risco Específico
FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
OMC - Organização Mundial do Comércio
WHO - Organização Mundial de Saúde
OIE - Organização Mundial de Saúde Animal
PC - Pontos de Controle
PCAC - Programa de Controle de Aspersão de Carcaças
PCC - Ponto Crítico de Controle
PPHO - Procedimentos Padrões de Higiene Operacional
PSO - Procedimento Sanitário Operacional
PNCRC - Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes
SIF - Serviço de Inspeção Federal
1
1. IDENTIFICAÇÃO DO ESTAGIÁRIO
1.1. Nome do aluno e número de matrícula
Amanda Matos Ribeiro Arroyo. Nº de matrícula: 108904.
1.2. Nome completo do supervisor
Patrícia Dias da Silva, Zootecnista.
1.3. Nome do orientador
Prof. Dr. Cristiano Sales Prado.
2
2. LOCAL DO ESTÁGIO
2.1. Nome do local de Estágio
O presente relatório de estágio expõe as atividades acompanhadas no Setor de
Garantia da Qualidade do frigorífico JBS Friboi SA, sob o Serviço de Inspeção Federal
(SIF) número 862.
2.2. Localização
O frigorífico JBS Friboi SA encontra-se na Avenida Lago Azul, s/nº Zona
Rural, Fazenda Caveiras, Goiânia-GO.
2.3. Justificativa dos motivos da escolha do campo de estágio e da área
O principal motivo para escolha da área Controle de qualidade da carne foi
afinidade pelas disciplinas de Inspeção e Tecnologia de alimentos de origem animal, sendo
este um campo diretamente relacionado com Saúde Pública e Segurança Alimentar. Além
disso, surgiu o interesse de acompanhar a rotina de um matadouro-frigorífico sob Inspeção
Federal para abordar de forma prática o conhecimento adquirido em sala de aula,
contribuindo para o aprendizado.
Hoje, o Grupo JBS possui frigoríficos distribuídos nas principais regiões
pecuárias do país e está distribuído mundialmente. Além disso, a empresa é líder mundial
em processamento de carne bovina, ovina e de aves, além de ter uma forte participação na
produção de carne suína. Ademais, está presente em 100% dos mercados consumidores e é
a maior exportadora do mundo de proteína animal, vendendo para mais de 150 países. Sendo
assim, as ótimas referências do frigorífico contribuíram para a escolha.
3
3. DESCRIÇÃO DA ROTINA E DO LOCAL DE ESTÁGIO
3.1. Descrição do local do estágio
A unidade de JBS – Goiânia têm área total de 495.845 m² e área construída de
35.843 m², com capacidade de abate de 1.750 animais por dia e velocidade de abate de 135
animais por hora. A unidade possui desossa com capacidade para processar 6.600 peças
diariamente. Além disso, a unidade dispõe de área de Calibração de Envoltórios.
As instalações e equipamentos da unidade de Goiânia atendem às exigências
mínimas expostas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA)
sobre Inspeção de Carnes - Padronização de Técnicas, Instalações e Equipamentos1. A unidade
detém rede própria de abastecimento de água, estação de tratamento de água, estação de
tratamento de efluentes, salas de máquinas, rede de esgoto, vestiários, lavanderia, refeitório,
caldeiras, laboratório, 40 currais cobertos com capacidade para 2.551 animais, sala de necropsia
e forno crematório. Possui habilitação para exportar seus produtos para diversos países.
3.2. Descrição da rotina de estágio
O estágio curricular obrigatório supervisionado foi realizado no setor de Garantia
da Qualidade (GQ) da JBS. O cronograma do estágio foi elaborado pela coordenadora da GQ
e englobou os diversos setores do frigorífico.
As atividades foram direcionadas para o acompanhamento dos monitores da GQ.
Estes eram responsáveis pela realização de monitoramentos diários contínuos e sistemáticos,
registro e preenchimento de planilhas, assim como a realização de treinamentos e coletas. Os
monitoramentos eram baseados na elaboração e execução dos programas de autocontrole, sendo
eles: Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), Boas Práticas de Fabricação
(BPF), Procedimentos Padrões de Higiene Operacional (PPHO) e Procedimento Sanitário
Operacional (PSO). Estes eram realizados in loco ou via câmera. O programa de APPCC
consiste em um sistema desenvolvido para identificar, avaliar, monitorar e controlar os perigos
relevantes à segurança do produto. O Ponto Crítico de Controle (PCC) é identificado quando o
perigo pode ser controlado naquela etapa e não em momento posterior. Já o Ponto de Controle
(PC) é um produto, etapa, matéria prima, insumo, ingrediente ou embalagem em que um
controle é aplicado para controlar o perigo identificado (Quadro 1).
4
QUADRO 1- Pontos de controle identificados através do programa APPCC nos diferentes
setores do Frigorífico JBS Friboi S/A – Unidade de Goiânia
SETOR PONTOS DE CONTROLE
Currais Banho de aspersão
Abate Retirada da glândula mamária
Inspeção da cabeça
Contaminação física / química / biológica
Miúdos Cozimento dos estômagos
Cortes e carnes com ossos Resfriamento das meias carcaças
Recebimento de matéria prima de terceiros
Desossa Temperatura de peças na entrada da desossa
Temperatura dos produtos na saída da desossa
Temperatura do ambiente
Contaminação física / química / biológica
Detecção de metais
Fonte: Programa de APPCC da JBS Friboi S/A – Unidade de Goiânia (2015)
A frequência dos monitoramentos era de no mínimo uma vez por turno de produção,
podendo aumentar de acordo com a necessidade. Quando o processo acompanhado sofria
desvios, ações corretivas eram tomadas pela empresa a fim de normalizá-los.
A rastreabilidade se dava pela conferência de documentos para identificação do
produto desde seu recebimento e durante todos os estágios de produção e distribuição. Essas
informações garantiam que todas as exigências sanitárias estavam sendo cumpridas e
apontavam a origem do produto final, fornecendo assim um alimento seguro. O PCC-1Q era
verificado como forma de controle de resíduos químicos provenientes de avermectina e
ractopamina, através da carta de garantia dos fornecedores de animais (Anexo A).
Nos currais, uma das maiores preocupações eram quanto ao bem-estar animal. Os
pontos analisados durante os monitoramentos eram: eficiência da insensibilização, escorregões
e quedas durante o manejo, vocalização, estimulação com bastão elétrico, atos de abuso, acesso
à água, avaliação do transporte, do desembarque e, condições gerais dos animais e currais.
No setor do abate eram realizados os monitoramentos da estimulação elétrica na
calha de sangria, eficiência das operações de esfola e, manipulação e descarte de Material de
Risco Específico (MRE). Ao final do toalete está situado o PCC-1B. Dois monitores da GQ
averiguavam a eficácia do toalete a fim de eliminar contaminações gastrointestinais nos quartos
traseiro e dianteiro. Eram realizadas as coletas de swab de superfície, fígado, músculo, carcaça
quente e água.
5
No setor de miúdos, diariamente, era preenchida a planilha do Controle Estatístico
do Processo (CEP) com o objetivo de atender ao padrão exigido pelo mercado importador. Os
produtos avaliados eram: rúmen, omaso, retículo, tendão, vergalho e carnes industriais.
No setor de corte e carne com osso era realizada a aferição do pH e da temperatura
de todas as meias carcaças. Os monitoramentos eram da higienização e temperatura das câmaras
frias, espaçamento entre meias carcaças, controle de aspersão durante o resfriamento das meias
carcaças e do acompanhamento de embarque para mercado interno. Semanalmente era feita a
coleta de água dos bicos aspersores, e, quinzenalmente, exposição de placas Petrifilm nas
câmaras frias para contagem de coliformes.
Na desossa há um rigoroso monitoramento e controle de temperatura. Diariamente
eram conferidas caixas de produtos acabados para avaliar o padrão de qualidade exigido e
garantir a satisfação do cliente. Nessa área eram preenchidas duas planilhas de CEP, uma com
amostragem das oito famílias de produtos com maior índice de reclamação e outra no Recorte.
A máquina de vácuo e o túnel de encolhimento também eram monitorados. As coletas diárias
eram de pool de cortes de traseiro e de dianteiro.
No laboratório, além da realização de análises microbiológicas e físico-químicas,
também eram realizadas atividades de apoio, como preparo de soluções e meios de
cultura/reagentes. A amostra de músculo é utilizada para pesquisa de aditivo alimentar da classe
β-agonista (ractopamina), e, a amostra de fígado para a pesquisa de avermectina.
O monitor da GQ da Expedição monitorava os embarques e desembarques de
produtos cárneos. Também era realizado o controle de temperatura das peças, dos meios de
transporte e do ambiente. Antes dessas atividades, era realizada uma amostragem de caixas dos
produtos que seriam expedidos para conferir as informações das etiquetas internas e testeira,
embalagens e aspecto visual das peças.
O controle de pragas e área externa tinha o objetivo de evitar um ambiente favorável
à proliferação destas, e, controlá-las através do manejo integrado de pragas. Este envolvia ações
preventivas e corretivas para o controle das mesmas, como a montagem e verificação de
armadilhas biológicas e luminosas, assim como a aplicação de veneno quando necessário.
Quanto ao monitor da GQ da Documentação, este tinha como obrigação conferir,
cobrar e organizar as planilhas dos monitoramentos de todos os setores, assim como encaminhar
documentos endereçados ao SIF.
Foram acompanhados os treinamentos de Boas Práticas de Manejo no Transporte e
Boas Práticas de Manutenção. Foi acompanhado também a visita da missão Rússia ao
frigorifico e visita comercial de representante da rede Mc Donald’s.
6
4. RESUMO QUANTIFICADO DAS ATIVIDADES
O estágio curricular obrigatório supervisionado foi realizado entre o período de 23
de fevereiro e 11 de maio de 2015, totalizando 400 h, sendo 8 h diárias de serviço. Conforme
demonstrado no Quadro 2, as atividades contemplaram todos os setores da produção, processo
documental, processo de rastreabilidade e atividades laboratoriais.
QUADRO 2- Atividades desenvolvidas no Frigorífico JBS Friboi S/A – Unidade de Goiânia,
entre o período de 23 de março a 11 de maio de 2015, totalizando 400 horas
SETOR QUANTIDADE (h) PORCENTAGEM (%)
PCC traseiro 8 2
PCC dianteiro 8 2
Desossa - CEP de recorte 16 4
Rastreabilidade 16 4
Abate 32 8
Desossa e embalagem 32 8
Área quente 40 10
Desossa - CEP de corte 40 10
Laboratório 40 10
Carregamento de carne sem osso 40 10
Controle de Pragas e Área externa 40 10
Documentação 40 10
Corte e carne com osso 48 12
TOTAL 400 100
Fonte: Arquivo pessoal (2015)
7
5. DESCRIÇÃO DE TEMAS RELEVANTES
5.1. Aspersão de carcaças durante o resfriamento
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne do mundo.
Conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), as
exportações brasileiras de carne bovina - considerando a carne in natura, industrializados,
cortes salgados e miúdos, somaram US$ 7,2 bilhões em 2014, representando crescimento de
7,7% com relação ao ano de 20132. Dito isso, no cenário altamente competitivo, é necessário
buscar formas de minimizar os prejuízos econômicos.
O Sistema de Aspersão em Carcaças foi aprovado no Brasil através da Resolução
Nº 02, de 9 de agosto de 2011, instituída pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), que define os critérios para o uso do sistema de aspersão de meias
carcaças bovinas no país3. O processo, também conhecido como spray-chilling, consiste na
aspersão de água fria nas meias carcaças durante o resfriamento nas câmaras frias.
O objetivo desse sistema é reduzir a perda de peso das carcaças que ocorre devido
a ventilação forçada das câmaras de resfriamento3. A perda de peso natural das carcaças pode
ser de até 2% e representa grande prejuízo econômico aos frigoríficos, já que estes produzem
em grandes volumes. Esta perda é mais conhecida como “quebra de frio” e é provocada pela
desidratação das carcaças4. Além disso, o uso da aspersão durante o resfriamento promove uma
diminuição do tempo de queda da temperatura superficial das meias carcaças, dessa forma, há
um retardamento do crescimento microbiano na superfície.
Os estabelecimentos interessados em usar o sistema de aspersão devem elaborar
e implementar o Programa de Controle de Aspersão de Carcaças (PCAC). O objetivo deste é
definir procedimentos e controles do sistema de aspersão de meias carcaças durante a etapa de
resfriamento, de forma a evitar o ganho de peso das mesmas e prevenir a introdução de perigos
microbiológicos pela ação da água aspergida, seja pela condensação das câmaras, seja por
contaminação cruzada entre as meias carcaças. O PCAC deve ser submetido previamente à
avaliação do DIPOA e conduzido de acordo com o estabelecido na Resolução, além de ser
validado pelo SIF local3.
Para validação dos ciclos de aspersão descritos no PCAC, visando prevenir o
ganho de peso, é selecionado aleatoriamente 1,5% da capacidade aprovada de abate, nunca
inferior a dez carcaças (vinte meias carcaças) por dia; em seguida, determinar o peso "frio" e
"quente" total das mesmas; e, caso o peso "frio" total das meias carcaças selecionadas não
8
ultrapasse o peso total "quente", estas poderão ser processadas ou expedidas. O monitoramento
é diário3.
Para validação dos ciclos de aspersão descritos no PCAC, visando avaliar o grau
de introdução de perigos microbiológicos, o teste consistirá na pesquisa de Salmonella spp. Esta
era realizada através de colheita por esfregaço de swab na superfície das meias carcaças que
foram selecionadas para a verificação do nível de retenção e absorção de umidade, após o final
do resfriamento. A taxa de amostras positivas para Salmonella spp será determinada pelo
número de amostras positivas dividido pelo número de amostras testadas multiplicado por 100.
Quando esta taxa ultrapassar 1% nas meias carcaças de bovinos submetidas ao sistema de
aspersão, o teste deverá ser imediatamente suspenso, tendo o estabelecimento a obrigação de
identificar a causa do desvio e tomar as medidas corretivas e preventivas adequadas3.
Na unidade de Goiânia da JBS o sistema de aspersão foi aprovado e é composto
por um sistema de tubos de PVC, dispostos paralelamente aos trilhos das câmaras de
resfriamento, dotados de bicos aspersores (Figura 1). A aspersão ocorria em ciclos intermitentes
programáveis de acordo com a necessidade. A programação é automatizada, controla o tempo
total de aspersão, o tempo de duração dos ciclos e o intervalo entre os ciclos.
FIGURA 1- (A) Disposição dos bicos aspersores ao longo dos canos
PVC, de forma paralela aos trilhos, na câmara fria. (B)
Aspecto do bico aspersor
Fonte: Arquivo pessoal. JBS – Unidade Goiânia (2015)
Os ciclos eram monitorados periodicamente. Estes são definidos por meio de
testes considerando as características dos animais abatidos na planta (sexo, peso e cobertura de
gordura), as condições estruturais de cada câmara e os procedimentos operacionais utilizados.
No caso de estabelecimentos exportadores, a utilização do sistema de aspersão no processo de
A B
9
resfriamento das meias carcaças fica condicionada ao atendimento de requisitos específicos dos
países importadores. Na programação, há quatro receitas que são utilizadas para finalidades
distintas, sendo uma para limpeza dos equipamentos (Receita 1); uma para mercados que não
aceitam o sistema de aspersão (Receita 4), em que todos os ciclos são desligados; e, outras duas
(Receitas 2 e 3) com tempo total de aspersão diferentes, ambos com um ciclo ligado e nove
ciclos desligados, em no máximo quatro horas após o início da maturação (Quadro 3).
QUADRO 3- Receitas definidas no Sistema de programação automatizada. Sendo: Receita 1
para limpeza dos equipamentos; Receita 2 para aspersão em carcaças com tempo
total de 240min; Receita 3 para aspersão em carcaças com tempo total de
210min; Receita 4 para mercados que não aceitam o sistema de aspersão. JBS –
Unidade Goiânia
Receitas Tempo de intervalo
entre os ciclos (min)
Tempo de duração
dos ciclos (min)
Tempo total de
aspersão (min)
Receita 1 - 1 10
Receita 2 9 1 240
Receita 3 9 1 210
Receita 4 0 0 0
Fonte: Adaptado de Programa de Controle de Aspersão de Carcaças (2015)
O monitoramento do PCAC no frigorífico JBS se dava pelo controle rigoroso do
peso das carcaças, por análises diárias da água coletada dos bicos aspersores e acompanhamento
por monitor da GQ quanto à qualidade do produto cárneo. Também era realizado o
monitoramento da temperatura do chiller e da pressão da água pelo operador responsável na
sala de máquinas. A água na entrada do chiller tem temperatura de 30ºC e na saída de 2ºC. Todo
o sistema era ligado no início das operações do abate, garantindo circulação de água por um
período mínimo de 30 min antes da entrada da primeira carcaça na câmara fria.
Com a finalidade de monitorar o peso das carcaças realiza-se o cálculo da
diferença entre o peso da meia carcaça fria e o peso da meia carcaça quente (Anexo B). O peso
quente é aquele obtido na pesagem das meias carcaças durante o abate, previamente a lavagem
das mesmas. O peso frio é aquele obtido na pesagem das meias carcaças na saída das câmaras,
após terem sido resfriadas com a utilização da aspersão3. Não era permitido o ganho de peso
durante o processo de resfriamento, pois isso representaria fraude econômica. Em caso de ganho
de peso, a meia carcaça deveria ser segregada e mantida em câmara fria, sem aspersão, até que
o peso fosse normalizado. Não foi observado nenhum desvio durante o período de
acompanhamento desta atividade. O número e o tempo de ciclos utilizados no sistema de
10
aspersão podem ser revistos. Em caso de desvio na temperatura e pressão da água, o sistema
deverá ser interrompido imediatamente até que haja a correção3.
Para avaliação anual do Sistema de Aspersão de Carcaças no frigorífico, são
realizados levantamentos de dados, análises microbiológicas e acompanhamento do processo
durante o período de uma semana. Para que sua validação seja mantida, é necessário que não
ocorra violação microbiológica, não seja verificado ganho de peso, nem alteração na qualidade
intrínseca do produto acabado e também da qualidade do vácuo nas embalagens
termoencolhíveis.
Sempre que o sistema estava ligado em alguma câmara, a água era coletada
diretamente do bico de aspersão para análise de temperatura, pH, turbidez e cloro (Tabela 1).
A temperatura era aferida com um termômetro digital do tipo espeto, e o limite máximo
estabelecido era de até 4ºC. O pH era medido com um pHmetro, devendo estar entre 6,0 e 9,5.
A turbidez era medida com um turbidimetro, podendo ser ≤ 1. Por fim, o cloro era medido com
o auxílio de um colorímetro e devia estar entre 0,20 a 2,0 ppm. No frigorífico em estudo, foi
observado as análises físico-químicas e microbiológicas realizadas num período de 15 dias e os
resultados obtidos encontravam-se dentro da normalidade, dessa forma, diminui-se o risco
microbiológico e garante a qualidade e inocuidade do produto final.
TABELA 1- Análise de água dos bicos aspersores durante o período de 06/04 a 24/04 de 2015
Análise de água dos bicos aspersores durante 15 dias
Data Temperatura (ºC) pH Turbidez Cloro (ppm)
06/04 2,3 7,1 0,57 1,6
07/04 3,1 8,2 0,65 1,4
08/04 1,9 7,5 0,82 1,3
09/04 1,8 7,8 0,55 1,9
10/04 2,2 8,3 0,92 0,8
13/04 2,1 8,4 0,89 0,9
14/04 2,0 7,9 0,77 1,1
15/04 2,6 6,7 0,52 1,0
16/04 3,0 6,4 0,75 1,6
17/04 2,3 7,7 0,80 1,8
20/04 2,5 8,5 0,93 1,9
21/04 2,7 7,2 0,96 0,7
22/04 2,9 6,9 0,81 1,2
23/04 3,3 8,1 0,59 1,7
24/04 3,5 8,4 0,62 1,5
Fonte: Estação de Tratamento de Água. JBS – Unidade Goiânia (2015)
11
O SIF deve conferir a execução do PCAC através das diversas verificações: a)
registros gerados pelos estabelecimentos referentes ao monitoramento dos parâmetros
estabelecidos; b) registros gerados pelos estabelecimentos referentes às ações corretivas
estabelecidas no PCAC; c) se o estabelecimento gerencia dados obtidos através dos registros
referentes aos procedimentos descritos no PCAC; d) se o estabelecimento adota "in loco" os
procedimentos descritos no PCAC. A frequência de verificação é de no mínimo uma vez por
semana, os controles exercidos pelos estabelecimentos para fins de monitoramento do processo
com vistas à prevenção da absorção e retenção em excesso de água devem ser verificados em
20% das meias carcaças selecionadas3.
No Brasil, Mesquita et al.5 realizaram um estudo sobre os efeitos da aspersão
associada ao processo de refrigeração convencional sobre a perda de peso, qualidade
bacteriológica e físico-química de carcaças bovinas. Foram obtidos diferentes resultados de
perda de peso por evaporação nos dois frigoríficos estudados, reforçando que há fatores que
influenciam na taxa de redução da quebra de frio, como a duração dos ciclos e o tempo total de
duração da aspersão. Apesar das diferenças apresentadas entre os tratamentos, em ambos houve
redução na perda de peso com o uso do sistema de aspersão, com uma taxa de redução de 1,39
para 0,39% no tratamento do grupo A e de 1,54 para 0,96% no tratamento do grupo B.
O estudo de Prado e Felício6 comparou o sistema convencional de resfriamento,
sistema convencional de aspersão, resfriamento convencional lento e sistema de aspersão lento
quanto aos efeitos na perda de peso e maciez do contrafilé porcionado. Foi observado aumento
da taxa de redução da temperatura das carcaças utilizando o sistema de aspersão (P<0,05). Este
sistema também foi eficiente na redução da perda de peso quando comparado ao sistema
convencional (diferença média de 1,63%), entretanto, as amostras dos cortes de carcaças
aspergidas mostrou maior perda de peso por exsudação do produto embalado a vácuo. O
resfriamento lento se mostrou mais eficiente na produção de cortes mais macios (menor força
de cisalhamento e comprimento dos sarcômeros). Além disso, foi identificado ganho de peso
médio de 0,28% no grupo do gado Montana. Isso foi atribuído à disposição das carcaças nos
trilhos em relação aos bicos aspersores, e, respalda que o ajuste dos ciclos usados no sistema de
aspersão é determinante na intensidade da perda de peso.
5.2. Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes
O potencial risco à saúde humana da presença de resíduos de medicamentos
veterinários nos produtos de origem animal tem forçado os países a estabelecerem normas
rígidas que garantam o consumo de alimentos seguros. Somado a isso, está o crescente interesse
12
e a preocupação dos consumidores quanto à qualidade e a segurança do alimento a ser
consumido. Sendo assim, tornou-se necessário a implantação de um programa para o controle
destes resíduos.
Segundo definição pelo Codex Alimentarius7, resíduo de uma droga veterinária é a
fração da droga, seus metabólitos, produtos de conversão ou reação e impurezas que
permanecem no alimento originário de animais tratados.
É importante salientar que nem todas as drogas e compostos químicos dos quais os
animais ficam expostos deixam resíduos perigosos à saúde humana e animal. Mesmo aqueles
reconhecidos como potencialmente nocivos, somente permitem tal condição quando
ultrapassam o valor de concentração conhecido como Limite Máximo de Resíduo (LMR) que
o alimento pode conter, sem prejuízo da integridade orgânica dos seres humanos e animais8. O
Brasil não estabelece LMR para medicamentos veterinários, adotando aqueles recomendados
pelo Mercosul, Codex Alimentarius, União Européia ou Estados Unidos.
O Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC)9, instituído
através do MAPA pela Instrução Normativa N° 42 de 1999, se constitui em uma ferramenta de
“Gerenciamento de Risco” com o objetivo principal de promover a garantia de qualidade do
sistema de produção de alimentos de origem animal ao longo das cadeias produtivas.
Os monitoramentos do plano PNCRC são realizados por meio da verificação da
presença e dos níveis de resíduos de substâncias químicas potencialmente nocivas à saúde do
consumidor, tais como resíduos de produtos de uso veterinário, de agrotóxicos ou afins, e de
contaminantes químicos (aflatoxinas, metais pesados, contaminantes inorgânicos, dioxinas,
dentre outros)9.
Os objetivos do PNCRC são: verificar e avaliar as boas práticas agropecuárias, as
BPF, boas práticas de armazenamento e transporte, e demais autocontroles ao longo das etapas
das cadeias agroalimentares; verificar os fatores de qualidade e de segurança higiênico-sanitária
dos produtos de origem animal e vegetal, seus subprodutos e derivados de valor econômico
importados; e, fornecer garantias de um sistema que provenha a segurança e a inocuidade dos
alimentos disponibilizados aos consumidores e que seja equivalente aos requisitos sanitários
internacionais estabelecidos pelo MERCOSUL, CODEX, OMC, e órgãos auxiliares (FAO,
OIE, WHO)9.
Para que os objetivos do programa sejam alcançados o Plano é operacionalizado
por meio de quatro subprogramas: de monitoramento, de investigação, exploratório e de
monitoramento de produtos importados. O Subprograma de Monitoramento funciona pela
verificação da presença e níveis dos resíduos de amostras coletadas de forma aleatória nos
13
estabelecimentos sob inspeção federal. O Subprograma de Investigação ocorre por meio
amostragens adicionais de forma tendenciosa dos produtos potencialmente não-conformes
identificados durante o subprograma de monitoramento, além de ser fundamentado em
denúncias ou suspeitas do uso de substâncias proibidas. O Subprograma Exploratório ocorre
geralmente por solicitações de outras instituições para estudar a ocorrência de substancias que
ainda não tem o LMRs estabelecidos, sendo que os resultados das análises não são utilizados
para ações regulatórias. Por fim, o Subprograma de Monitoramento de Produtos Importados
verifica a presença e níveis dos resíduos em produtos de origem animal importados.
Conforme exposto, os principais propósitos do PNCRC são o controle de presença,
distribuição e nível de resíduo de uma droga veterinária, e o controle de substâncias proibidas.
Atenção maior deve ser dada para se evitar a violação dos níveis de segurança ou LMR, assim
como para o uso de substâncias proibidas incluídas no escopo do PNCRC. Sempre que é
confirmada a violação do LMR de um resíduo, é aberto um processo administrativo para
levantamento das possíveis causas e elaboração de plano de ação.
Os monitoramentos do plano se dão através de análises laboratoriais, utilizando
amostragem homogênea e aleatória dos produtos de origem animal processados em
estabelecimentos sob SIF. As análises laboratoriais são realizadas nos Laboratórios Nacionais
Agropecuários (LANAGROS), e credenciados pelo MAPA pertencentes à Rede Nacional de
Laboratórios9.
As amostras são coletadas por Fiscais Federais Agropecuários seguindo o
procedimento do Manual de Coleta de Amostras do PNCRC/Animal10. Conforme descrito
neste, deve ser priorizada a coleta de amostras de tecidos de um único animal e, na
impossibilidade da obtenção de quantidade necessária, a amostra final deverá ser obtida por
meio da coleta de quantidade suplementar de tecido, a partir de animais provenientes do mesmo
lote. O plano de amostragem do PNCRC/Animal segue a recomendação do Codex
Alimentarius7, sendo baseado em conceitos estatísticos de população, prevalência de
ocorrências de violações e intervalo de confiança da amostragem.
Nos casos para os quais não há legislação específica, as ações são implementadas
conforme descrito. Incialmente, é realizada uma visita para identificação da propriedade de
origem do animal e investigação das possíveis causas para violação dos resíduos. Além disso,
os proprietários são orientados quanto às boas práticas agropecuárias e é realizada colheita de
amostras em duplicata para análise no Subprograma de Investigação. Se o resultado após análise
das amostras for negativo, nenhuma ação é recomendada.
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Nos casos em que a violação do LMR do resíduo para substância permitida é
confirmada, as ações recomendadas através da Instrução Normativa nº 42 são de notificar
imediatamente o proprietário, a Inspeção Federal e a Defesa Animal. Outrossim, a propriedade
ficará impedida de comercializar animais até que novas análises apresentem resultados
negativos; sendo que as análises serão realizadas com intervalo de 90 dias9.
Quando confirmada a utilização de substâncias proibidas, os procedimentos
adotados são semelhantes àqueles recomendados para violação do LMR do resíduo de
substância permitida. Entretanto, nestes casos, cabe o recurso da análise da contraprova até
quinze dias após a notificação. Se o resultado for confirmado, o proprietário ficará sujeito as
sanções decorrente de Sindicância da Polícia Federal. Além de que, a propriedade ficará
bloqueada para comercializar bovinos durante o período de seis meses9.
A ractopamina é um aditivo alimentar da classe β-agonista, que direciona os
nutrientes da dieta para a deposição de tecido muscular, e por isso é considerado exemplo de
promotor de crescimento. As avermectinas, pertencentes à classe das lactonas macrocíclicas,
são amplamente utilizadas como antiparasitário no tratamento de infecções resultantes de endo
e ectoparasitoses. Ambas substâncias são conhecidas por se constituírem em barreiras às
exportações dos produtos de origem animal. Ademais, representam um risco potencial à saúde
humana quando presentes no alimento acima do LMR estabelecido. Logo, o monitoramento
destas é essencial para garantir a segurança do alimento.
O MAPA publicou em 27 de março de 2015 a Instrução normativa nº 611, que libera
a fabricação, manipulação, fracionamento, comercialização e importação de avermectinas de
longa ação. Entretanto, a comercialização da ractopamina e outros betabloqueadores para
bovinos está suspensa no Brasil desde 2012.
Na JBS, era implantado o Programa de controle de resíduos com enfoque nas
Avermectinas e Ractopamina. O objetivo é a geração de matéria prima e produto final em
atendimento aos requerimentos nacionais e internacionais. Além das análises que eram
realizadas no Laboratório de controle de qualidade – Unidade Goiânia, também eram enviadas
amostras para análises oficiais nos LANAGROS. No abate, eram coletados fragmentos do
coxão mole de um bovino por lote de animais, assim como cinco amostras de fígados de animais
distintos por lote de animais (Figura 2). As amostras de coxão mole eram destinadas para
pesquisa de aditivo alimentar da classe β-agonista (ractopamina e zilaterol), enquanto as
amostras de fígado eram utilizadas para pesquisa de avermectina.
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FIGURA 2- Amostras de fígado de cinco animais distintos do
mesmo lote. Laboratório de controle de qualidade da
JBS – Goiânia
Fonte: Arquivo pessoal (2015)
No programa mencionado acima, as propriedades fornecedoras de matéria prima
para o frigorífico eram classificadas em duas categorias: apta ou inapta ao fornecimento de
matéria prima para os mercados que exigem análise do resíduo. Uma propriedade pode ser
classificada como inapta pelos seguintes motivos: histórico de violação de resíduo no último
ano; resultado analítico violado ou verificação de não conformidades in loco. As medidas
preventivas se davam em dois momentos. No ato da compra dos animais ocorria a seleção das
propriedades rurais, selecionando apenas as propriedades aptas; e, no recebimento de animais
no curral ocorria a conferência da presença e do preenchimento correto da Guia de Trânsito
Animal (GTA) e da carta de garantia do produtor rural (Anexo A), caracterizando o PCC-1Q.
Nos casos de confirmação de violação nas amostras analisadas quanto ao LMR
estabelecido para determinada substância, assim que o SIF local formalizar a notificação do
resultado, as seguintes ações devem ser tomadas: notificação do fornecedor dos animais;
investigação sobre possíveis causas do problema e orientação a respeito das boas práticas
agropecuárias; registro da violação no sistema operacional para consulta posterior; e, por um
período de seis meses consecutivos, o estabelecimento deve conduzir uma análise mensal do
resíduo violado, após esse período, se todos os resultados estiverem conforme padrão
estabelecido, retorna-se para frequência pré-estabelecida trimestral alternada.
Anualmente, o MAPA publica um escopo oficial do programa que será conduzido
naquele ano e divulga os resultados do monitoramento do ano anterior. Dessa forma, é possível
visualizar o cenário de forma geral para o acompanhamento da eficiência do sistema, sendo
possível visualizar as substâncias que mais apresentaram violações dos LMR estabelecidos.
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Sendo assim, a exposição dos resultados oficias anuais proporcionou o planejamento e a adoção
de medidas corretivas de maneira mais direcionadas.
Após análises realizadas em produtos de origem animal, o MAPA divulgou nesse
ano o resultado do PNCRC/Animal para o ano de 2014. Conforme a Instrução Normativa SDA
nº 11 de 07 maio de 201412, foram analisadas um total de 10.092 amostras, das quais 60
obtiveram confirmação de violação dos resíduos, ou seja, 0,59% de não conformidade. Por
conseguinte, o índice de 99,41% é considerado aceitável, estando em conformidade com as
metas estabelecidas12. Ainda conforme os resultados, foi detectada uma não conformidade entre
as 303 amostras coletadas para pesquisa de ractopamina em bovinos, representando 0,33% do
total que também é um resultado aceitável. No entanto, as amostras coletadas para pesquisa de
avermectina apresentaram o pior resultado, das 505 amostras, 3,17% apresentaram resíduos
acima do limite permitido.
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6. CONCLUSÃO
O controle de qualidade em um matadouro-frigorífico sob Inspeção Federal em
todas as etapas produtivas, desde o recebimento de animais até expedição do produto acabado,
é de suma importância para fornecer um alimento inócuo ao consumidor, assim como para
atender às exigências dos mercados externos e interno, assim como às legislações vigentes.
Atualmente, os consumidores são cada vez mais exigentes quanto à qualidade dos produtos
comprados. Nesse sentido, o controle de qualidade, em ações conjuntas com o SIF e a produção,
tem papel importante para garantir a segurança e qualidade do alimento a partir da execução
dos programas de autocontrole.
O acompanhamento da rotina do controle de qualidade em um matadouro-
frigorífico proporcionou também o entendimento dos fluxogramas de produção na indústria,
aplicando na prática o conhecimento teórico; logo, permitiu o desenvolvimento de senso crítico
quanto às ações corretivas e preventivas que devem ser tomadas a fim de garantir qualidade
higiênico-sanitária do produto final.
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7. BIBLIOGRAFIA
1. Brasil, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Inspeção de Carnes - Padronização de Técnicas, Instalações e Equipamentos. Brasília, 2007.
2. Abiec. Exportações brasileiras de carne bovina – Período: jan/2014 - dez/2014. [Acesso 27 mai 2015] Disponível em: http://www.abiec.com.br
3. Brasil, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Critérios para a utilização de sistema de aspersão aplicado no processo de resfriamento de mais-carcaças de bovídeos. Resolução nº 2 de agosto de 2011. Brasília, 2011.
4. James S. The chill chain from carcass to consumer. Meat Science. 1996;43:203-16.
5. Mesquita AJ, Prado CS, Bueno VFF, Mansur JRG, Neves RBS, Nunes IA, Lage ME, Oliveira AN. The effects of spray chilling associated to conventional chilling on mass loss, bacteriologycal and physico-chemical quality of beef carcasses. Ciência Animal Brasileira. 2003;4:145-153.
6. Prado CS, Felício PE. Effects of chilling rate and spray-chilling on weight loss and tenderness in beef strip loin steaks. Meat Science. 2010;86:430-435.
7. Codex Alimentarius Commission Guidelines - CAC/GL nº 71, 2009.
8. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Produtos veterinários: orientações para o uso responsável. Brasília, 2008.
9. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Altera o Plano Nacional de Controle de Resíduos em produtos de origem animal – PNCR. Instrução Normativa nº 42 de 20 dez 1999. Diário Oficial da União.
10. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Coordenação de Controle de Resíduos e Contaminantes. Manual de coleta de amostras do PNCRC/MAPA. Brasília, 2009.
11. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Gabinete da ministra. Revoga a Instrução normativa nº 13 de 29 de maio de 2014. Instrução Normativa nº 6 de 27 mar 2015. Diário Oficial da União.
12. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Publica o Subprograma de Monitoramento em Carnes (Bovina, Aves, Suína e Equina), Leite, Pescado, Mel e Ovos para o exercício de 2014, referente ao Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes – PNCRC. Instrução Normativa SDA nº 11 de 07 mai 2014. Diário Oficial da União.
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ANEXO A - Modelo de carta de garantia dos fornecedores de animais
Fonte: JBS – Unidade Goiânia, 2015
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ANEXO B - Modelo de monitoramento do cálculo da “Quebra de frio” das meias carcaças
nas câmaras com sistema de aspersão em funcionamento. Sendo: Previsão de
Saída, a quantidade (unidade) prevista de carcaças destinadas à desossa; Qtde.
Saída, a quantidade (unidade) de carcaças destinadas à desossa; Peso entrada,
o peso quente (kg) das meias carcaças; Peso saída, o peso frio (kg) das meias
carcaças após aspersão; Perc. Quebra, a diferença entre o peso quente e o peso
frio da meia carcaça
Fonte: JBS – Unidade Goiânia, 2015