Author
dinhhanh
View
228
Download
10
Embed Size (px)
FACULDADE DE AGRONOMIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA
AGR 99003 - ESTGIO CURRICULAR OBRIGATRIO SUPERVISIONADO
MAURCIO MOLLINETTI COPAT
00147403
VINHOS SALTON S/A INDSTRIA E COMRCIO
PORTO ALEGRE, NOVEMBRO DE 2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE AGRONOMIA
AGR 99003 ESTGIO CURRICULAR OBRIGATRIO SUPERVISIONADO
Maurcio Mollinetti Copat
RELATRIO DE ESTGIO CURRICULAR
OBRIGATRIO SUPERVISIONADO
Orientador do Estgio: Engenheiro Agrnomo Agliberto Bianchi
Tutor do Estgio: Professor Paulo Vitor Dutra de Souza
COMISSO DE ESTGIOS:
Prof.(a): Lcia Brando Franke Depto. De Plantas Forrageiras e
Agrometeorologia (Coordenadora)
Prof.: Paulo Henrique de Oliveira Depto. de Plantas de Lavoura
Prof.(a): Mari Bernardes Depto. de Zootecnia
Prof.: Lair Ferreira Depto. de Horticultura e Silvicultura
Prof.: Elemar Antonino Cassol - Depto. de Solos
Prof.: Josu SantAna Depto. de Fitossanidade
Prof.: Fbio de Lima Beck Ncleo de Apoio Pedaggico
PORTO ALEGRE, novembro de 2010.
APRESENTAO
Este relatrio consiste na descrio das informaes referentes realizao do
estgio supervisionado da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, realizado na Vinhos salton S/A Industria e Comrcio, localizada no
distrito de Tuiuty, em Bento Gonalves. Tendo a orientao do Engenheiro Agrnomo
Agliberto Bianchi.
A instituio escolhida se caracteriza por estar entre as maiores vincolas do
Brasil e apresentar tradio em vinhos, sucos e espumantes, nos seus 100 anos de
fundao. Nos ltimos anos a Vinhos Salton investiu muito na qualidade de seus
produtos, assim como na busca de tecnologias inovadoras tanto na parte agrcola quanto
na parte enolgica. Esse fato foi de fundamental importncia na escolha do local do
estgio.
Este trabalho resultado do acompanhamento feito junto aos fornecedores de
uva, vivenciando a realidade enfrentada e o trabalho em uma grande vincola da regio,
com nfase na safra de 2010.
I
SUMRIO
ITEM PGINA
1- INTRODUO........................................................................................................ 1
2- Descrio do meio fsico do municpio de Bento Gonalves.............................. 2
2.1 - Clima..................................................................................................................... 3
2.2 Solos e Relevo......................................................................................................3
2.3 Aspectos scio-econmicos...............................................................................4
3 Caracterizao da instituio da realizao do estagio....................................5
4 Reviso Bibliogrfica...........................................................................................7
5 - Atividades Realizadas.........................................................................................10
5.1 - Visitas tcnicas aos fornecedores de uvas e avaliao da qualidade....................10
5.1.1 - Pragas e doenas...........................................................................................12
5.1.1.1 - Traa-dos-cachos da videira Cryptoblabes gnidiella.................................13
5.1.1.2 - Mldio Plasmopara viticola......................................................................14
5.1.1.3 - Podrido da uva madura Glomerella cingulata..........................................15
5.1.1.4 - Podrido cida..........................................................................................16
5.2 - Orientao de desfolha........................................................................................17
5.3 - Programa Valore.................................................................................................18
6 Concluso.................................................................................................................20
7 - Analise Crtica.......................................................................................................21
8 Referncias Bibliogrficas...................................................................................22
9- Sites Consultados...................................................................................................24
II
NDICE DE FIGURAS
Figura 1. Mapa da localizao do municpio de Bento Gonalves no Rio Grande do Sul............2
Figura 2. Localizao da Vinhos Salton.........................................................................................5
Figura 3. Fachada da Vinhos Salton...............................................................................................6
Figura 4. Imagem dos tanques da Vinhos Salton...........................................................................6
Figura 5. Distribuio da precipitao pluviomtrica na safra 2010, em Bento Gonalves..........9
Figura 6. Sistema de descarga rpida no recebimento da uva......................................................12
Figura 7. Qualidade fitossanitria da variedade Teroldego..........................................................13
Figura 8. Traa-dos-cachos, lagarta alojada no interior do cacho da uva merlot.........................14
Figura 9. Mldio Plasmopara viticola..........................................................................................15
Figura 10. Sintomas e sinais de Glomerella na uva merlot..........................................................16
Figura 11. Podrido cida na uva Merlot....................................................................................17
Figura 12. Desfolha no sistema de conduo latada, na variedade Moscato...............................18
Figura 13. Desfolha na variedade Cabernet Sauvignon da Vinhos Salton...................................18
III
1
1 - Introduo
A vitivinicultura no Rio Grande do Sul teve a origem ligada fortemente a sua
colonizao. Seu desenvolvimento, em especial na Serra Gaucha, est relacionada a
identidade do imigrante italiano, que a partir 1875 deu incio colonizao agrcola do
nordeste do estado, trazendo consigo as primeiras mudas de videira e o elemento
tradicional de sua cultura, o vinho (Azevedo, 1979).
Hoje, o setor vitivincola no Rio Grande do Sul apresenta grande importncia
econmica e social e envolve um grande volume de negcios. A rea plantada com
videira no Brasil, segundo os dados IBGE (2004), de 59.838 hectares, sendo que
40.351 hectares esto localizados na Serra do Nordeste gacha. Vale ressaltar que o
estado concentra 90% do volume total de vinhos finos produzidos no pas (Brasil,
2000).
O grande avano nos ltimos anos da indstria vincola, caracterizado por altos
investimentos nessa rea, proporcionou o reconhecimento nacional e at mesmo
internacional. Motivados tambm por um mercado interno com potencial para consumo
de vinhos finos.
A Vinhos Salton S/A Indstria e Comercio uma das principais vincolas do
Brasil, contribuindo muito para o desenvolvimento e crescimento da vitivinicultura
nacional. Localizada no distrito de Tuiuty, em Bento Gonalves, estado do Rio Grande
do Sul, a empresa que apresenta o maior faturamento bruto no setor. Devido ao
interesse por fruticultura e o objetivo de adquirir e aprimorar os conhecimentos,
vivenciando a realidade de trabalho, o estagirio optou por realizar o estgio junto
parte agrcola da Vinhos Salton.
O estgio curricular obrigatrio foi realizado no perodo de 9 de janeiro de 2010
a 4 de maro de 2010, totalizando 400 horas, onde pode-se acompanhar todo o
andamento da safra 2010. Junto a equipe de Engenheiros Agrnomos e Tcnicos
Agrcolas, foi possvel aprender e esclarecer de forma prtica as dvidas em todo o
processo de produo, manejo e entrega, das diversas variedades de uvas para o
processamento. Alm das questes tcnicas especficas para se produzir vinhos,
espumantes e sucos de qualidade.
2 Descrio do meio fsico do municpio de B
A formao administrativa do municpio de Bento Gonalves
Estadual n. 474, de 11 de outubro de
que correspondia as colnias de Dona Isabel e Conde d'Eu. A sua instalao verificou
se no dia 23 do mesmo ms
(Paris, 2009).
O nome dado representa a homen
Silva, presidente da Repblica Rio
de 1892, a instalao do primeiro conselho municipal, sendo que, pelo Decreto
311, de 2 de maro de 1938, a sede municip
2009).
O municpio de Bento Gonalves est localizado na Encosta Superior da Serra
do Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul entre as coordenadas 29 10'17 " de
latitude Sul e 51 31'09" de longitude Oeste
aproximadamente 125 Km de Porto Alegre, capital
rea de 383 quilmetros quadrados com uma populao de aproximadamente 107 mil
habitantes (IBGE 2007). Ao
com Garibaldi e Farroupilha, ao leste com Farroupilha e Nova Roma do Sul e ao oeste
com Cotipor, Monte Belo do Sul e Santa Tereza.
Figura 1. Mapa da localizao de Bento Gonalves no Rio Grande do Sul. Fonte: Wikipdia
Descrio do meio fsico do municpio de Bento Gonalves
dministrativa do municpio de Bento Gonalves
stadual n. 474, de 11 de outubro de 1890, desmembrada de So Joo de Montenegro,
que correspondia as colnias de Dona Isabel e Conde d'Eu. A sua instalao verificou
se no dia 23 do mesmo ms, com a sede municipal localizando-se em Dona Isabel
O nome dado representa a homenagem ao chefe farroupilha Bento Gonalves da
Silva, presidente da Repblica Rio grandense. A organizao data de 24 de novembro
do primeiro conselho municipal, sendo que, pelo Decreto
311, de 2 de maro de 1938, a sede municipal foi elevada a categoria de cidade
O municpio de Bento Gonalves est localizado na Encosta Superior da Serra
stado do Rio Grande do Sul entre as coordenadas 29 10'17 " de
latitude Sul e 51 31'09" de longitude Oeste de Greenwich (Figura 1). A
aproximadamente 125 Km de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul
rea de 383 quilmetros quadrados com uma populao de aproximadamente 107 mil
Ao norte, Bento Gonalves limita-se com Veranpolis, ao sul
com Garibaldi e Farroupilha, ao leste com Farroupilha e Nova Roma do Sul e ao oeste
com Cotipor, Monte Belo do Sul e Santa Tereza.
Figura 1. Mapa da localizao de Bento Gonalves no Rio Grande do Sul. Fonte: Wikipdia
2
dministrativa do municpio de Bento Gonalves se d pelo Ato
1890, desmembrada de So Joo de Montenegro,
que correspondia as colnias de Dona Isabel e Conde d'Eu. A sua instalao verificou-
se em Dona Isabel
agem ao chefe farroupilha Bento Gonalves da
randense. A organizao data de 24 de novembro
do primeiro conselho municipal, sendo que, pelo Decreto-lei n.
al foi elevada a categoria de cidade (Paris,
O municpio de Bento Gonalves est localizado na Encosta Superior da Serra
stado do Rio Grande do Sul entre as coordenadas 29 10'17 " de
de Greenwich (Figura 1). A distncia de
do Rio Grande do Sul. Possui uma
rea de 383 quilmetros quadrados com uma populao de aproximadamente 107 mil
se com Veranpolis, ao sul
com Garibaldi e Farroupilha, ao leste com Farroupilha e Nova Roma do Sul e ao oeste
Figura 1. Mapa da localizao de Bento Gonalves no Rio Grande do Sul. Fonte: Wikipdia, 2010.
3
2.1 - Clima
O clima da regio da Serra do Nordeste gacha dita como Cfb, segundo a
classificao de Koppen, apresentando temperaturas moderadas ao longo do ano com
vero ameno e boa distribuio de chuvas. Esse tipo climtico apresenta precipitao
total anual de 1.538mm (mdia do perodo 1961-1990), sendo a temperatura mdia nos
meses mais quentes de janeiro e fevereiro inferior a 19,5 C e a dos meses mais frios,
junho e julho, com temperaturas inferiores a 10,5 C.
A partir dos dados meteorolgicos coletados na estao agroclimtica da
Embrapa Uva e Vinho, o municpio de Bento Gonalves apresenta temperaturas
mnimas e mximas de -4C e 36C, temperaturas mdias anuais que variam entre 15 e
23 C. E a precipitao mdia anual de 1.500 mm.
A rea urbana de Bento Gonalves est situada a 618 metros de altitude,
enquanto em torno do municpio a rea rural, incluindo o vale dos vinhedos, tem a
variao de altitude com predomnio na faixa de 500 a 700 metros (Falcade & Mandelli,
1999). O efeito mais importante na altitude a temperatura, podendo compensar a
latitude, j que 100 metros de elevao representam ao redor de 0,6 C na temperatura
do ar.
2.2 Solos e Relevo
A geologia da rea de estudo faz parte da Formao Serra Geral sendo
composta por basaltos, riolitos e ridacitos, formados por vulcanismo mesozico
classificado como bimodal, representado por composio bsica e cida (Nardy et al.,
2002). A combinao do clima, com o material de origem e o relevo, de acordo com a
declividade, interferiu a velocidade do intemperismo transcorrido. Assim, se definiu a
formao dos solos rasos ou profundos.
O relevo local apresenta-se desde suave ondulado at montanhoso, a
geomorfologia na forma de patamares intensamente dissecados e fragmentados com
vales encaixados (Falcade & Mandelli, 1999).
Segundo Spigolon (2002), no municpio ocorre o predomnio de Cambissolos e
Neossolos Litlocos. Por estar na unidade de mapeamento corresponde a Farroupilha e
Caxias (Streck et al., 2002), possuindo grande heterogeneidade topogrficas, geolgicas
4
e climticas citadas anteriormente, tambm ocorre Argissolos e Chernossolos, porm
em menor poro.
2.3 Aspectos scio-econmicos
A identidade da Serra Gacha teve forte influncia a partir de 1875 com o
processo de colonizao italiana. Nessa regio, construram um espao caracterizado
pela policultura, principalmente com o cultivo de milho, feijo, trigo, batata, uva e
criao de pequenos animais e gado de leite. Com o passar dos tempos, o excedente da
produo passou a ser comercializado nos centros urbanos maiores.
O imigrante italiano, afeioado viticultura por tradio e por vocao,
obrigatoriamente viria a cultivar a videira em sua terra, como j o haviam feito os
imigrantes que se estabeleceram em outras regies da Amrica e da sia. As
primeiras mudas de videiras, para iniciar o cultivo, foram adquiridas ao descerem a
serra em direo as cidades colonizadas por alemes de So Sebastio do Ca e
Montenegro, para levar seus produtos e buscar suprimentos (Azevedo, 1979).
Em 1967, Bento Gonalves passa por uma grande transformao, considerada
um marco histrico. A colaborao de dinmicas lideranas e a ajuda de toda a
comunidade, surge a I Fenavinho, a Festa Nacional do Vinho. O municpio foi visitado
pela primeira vez por um Presidente da Repblica, o Marechal Humberto de Alencar
Castelo Branco. O principal produto e a fora da economia de Bento Gonalves foram
divulgados em todo o Brasil, tornando a cidade conhecida nacional e
internacionalmente. O municpio descobre a sua vocao para o turismo de negcios
(Paris, 2009).
Hoje, o municpio de Bento Gonalves se caracteriza por ser um dos mais
desenvolvidos economicamente do Estado do Rio grande do Sul, a economia est nas
mais diversas atividades, como: setores metalrgicos, alimentcio, txtil, artefatos de
couro e borracha, artes grficas e o setor de plsticos. Porm as indstrias de mveis e
as empresas vincolas ainda so as principais responsveis pela base econmica. Bento
Gonalves a capital Brasileira da Uva e do Vinho e o maior e mais expressivo plo
moveleiro do Estado.
A vitivinicultura representa a terceira maior economia, com 12,39% de
participao no mercado (IDESE, 2002). Atualmente so 36 grandes vincolas
instaladas no municpio que produzem mais de 127 mil toneladas de uva e 91 milhes
5
de litros de vinho. No municpio existem tambm 335 indstrias moveleiras registradas,
que geram mais de 10 mil empregos diretos e indiretos.
Segundo o IDESE de 2002, o stimo municpio com as melhores condies de
vida no Estado. Sua populao rural em torno de 9%, no entanto, muito importante
para economia do municpio, pois direto ou indiretamente est ligada a maioria das
indstrias locais.
3 Caracterizao da instituio da realizao do estagio
Localizada na Serra Gacha, municpio de Bento Gonalves, a Vinhos Salton
S/A foi formalmente fundada em 1910, quando os irmos Paulo, ngelo, Joo, Cezar,
Luiz e Antnio Salton, deram cunho empresarial aos negcios do pai, o imigrante
Antonio Domenico Salton, que vinificava informalmente, como a maioria dos
imigrantes italianos. Os irmos passaram a se dedicar cultura de uvas e elaborao
de vinhos, espumantes e vermutes, com a denominao Paulo Salton & Irmos, no
Centro de Bento Gonalves.
Quase um sculo depois, a Salton reconhecida como uma das principais
vincolas do pas e, na extensa lista de conquistas nesses 100 anos de histria,
comemorando o fato de ser familiar, e 100% brasileira. A matriz da Salton est
localizada no distrito de Tuiuty, cerca de 12 Km do centro de Bento Gonalves, (Figura
2) onde se produz anualmente aproximadamente de 8 milhes de litros de vinho, 5
milhes de litros de espumante e 2 milhes de litros de suco (Figura 3). Na sua filial,
localizada na cidade de So Paulo, produz um dos produtos principais da linha, o
Conhaque Presidente, lder de vendas em vrios Estados, sendo vendidos em mdia 24
milhes de garrafas por ano.
Figura 2. Localizao da Vincola Salton. Fonte: Vinhos Salton
6
Figura 3. Fachada da Vinhos Salton. Fonte: Vinhos Salton
Nos ltimos anos, foi investido o que existe de mais moderno em equipamentos
enolgicos no mundo. A Salton apresenta um armazenamento total de aproximadamente
20 milhes de litros de vinho em ao inox (Figura 4), mais certa de 500 mil litros em
barricas de carvalho para suportar a entrada de todas as variedades de uvas at o final da
safra. Conta com cerca de 600 fornecedores de uva parceiros, sendo que 35 localizam-se
na regio da campanha. A empresa tambm tem vinhedos prprios na regio do Vale
dos Vinhedos e Santana do livramento, totalizando 100 hectares.
Figura 4. Imagem dos tanques da Vinhos Salton. (Bento Gonalves, 15/01/2010).
O departamento agrcola, composto por 2 Engenheiros Agrnomos e 1 Tcnico
Agrcola, sendo estes responsveis pela busca de qualidade nos vinhedos prprios e nos
vinhedos dos produtores, alm de serem difusor de tecnologia para os produtores. Em
7
2000, iniciaram testes para o cultivo de mudas prprias, visando fornecer tambm aos
produtores, em um viveiro de 10 hectares instalado em Nova Prata por questes
fitossanitrias, sendo esta uma regio isolada de outros parreirais. Hoje a vincola faz
parte da Agaprovitis ( Associao Gaucha de produtores de Mudas), produzindo mudas
certificadas.
A evoluo da empresa nos ltimos anos tambm se deve graas aos
investimentos realizados, destacando-se entre as empresas que possuem a tecnologia
mais avanada no setor, a qual permite a continuidade da qualidade dos seus produtos,
que so conhecidos e consumidos nacionalmente. Assim, com muito trabalho e foco nos
objetivos, nesses 100 anos de fundao, firmou-se como uma das maiores vincolas do
pas.
4 Reviso Bibliogrfica
A Serra gaucha apresenta como a maior regio vitcola Brasileira responsvel
por mais de 90% da produo nacional de vinhos e derivados, por esse motivo a real
importncia da vitivinicultura no Estado do Rio Grande do Sul (Brasil, 2000). O clima,
por meio de seus elementos, condiciona vrios aspectos na cultura da videira, seja para
consumo in natura ou na produo de vinhos, sendo fator preponderante na durao
do ciclo, na qualidade do produto, na fitossanidade e na produtividade da videira
(Sentelhas, 1998).
A videira pode ser cultivada em quase todas as partes do mundo, salvo em locais
que as condies heliotrmicas e hdricas no permitem que ela vegete e possa
amadurecer as uvas. As condies meteorolgicas exercem grande influncia sobre o
comportamento da videira e interferem diretamente na produo e qualidade da uva.
Estabelecer o comportamento da cultura frente as condies do ambiente , em especial o
clima, so necessrios para o planejamento do cultivo (Westphalen, 1977).
Existem cinco regies consideradas aptas pelo zoneamento agroclimtico para a
produo de uvas para vinhos finos no Brasil (Tonietto e Falcade, 1994). Trs so no
Rio Grande do Sul - Serra Gaucha, Campanha e Serra do Sudeste - uma em Santa
Catarina , na regio de So Joaquim, e outra entre a Bahia e Pernambuco, no vale
submdio do So Francisco. Assim compreende a vasta latitude, desde 8 graus at 32
graus. O zoneamento da videira europia para o Rio Grande do Sul considera como
regio preferencial, regies que apresentam mais de 500 horas de frio abaixo de 7 C ,
8
soma de calor efetivo menor que 2.300 graus-dia e ndice hidrotrmico menor do que
50. J para videiras americanas, foram consideradas como regies preferenciais as que
apresentam mais de 100 horas de frio e ndice heliopluviomtrico maior que 2 (Rio
Grande do Sul, 1975). As condies climticas podem apresentar grande influncia
numa safra, mas tratando-se da qualidade das uvas e dos vinhos fundamental levar em
considerao tambm, as condies de solo, manejo e produo dos vinhedos e
tecnologia de vinificao.
O Estado do Rio Grande do Sul foi identificado como tendo o melhor conjunto
de condies climticas para a produo de vinhos finos a partir de variedades Vitis
vinifera. A regio oeste fronteiria com o Uruguai demonstra ser a regio mais propcia
para produo de vinhos finos, por apresentar, durante o vero, umidade relativa inferior
a 73%, temperatura mdia do ms mais quente inferior a 24 C e um nmero satisfatrio
de horas de frio abaixo de 7 C. De acordo com Westphalen (1977), o Rio Grande do
Sul contribui como a mais de 80% da produo nacional e , deste total, 80%
corresponde a produo de variedades americanas e 20% de Vitis vinifera.
O excesso de chuvas e a elevada umidade do ar influenciam negativamente o
teor de acar da uva e contribuem para o aumento da incidncia de molstias,
impedindo a maturao uniforme dos frutos (Westphalen, 1977). Segundo Rizzon &
Tonietto (1982) os mostos das uvas produzidas, nessas condies na Serra Gacha,
so pouco equilibrados, com baixos teores de acar e acidez elevada.
Mandelli (1984), ao analisar alguns ndices bioclimticos para a regio de Bento
Gonalves, RS, referentes ao perodo de 1965/78, afirmou que as condies trmicas e
de insolao foram adequadas para a videira e que ocorreu, na maioria dos anos,
excesso de precipitao, em comparao com outros pases tradicionais produtores.
Na mdia dos anos, a concentrao dos maiores perodos de chuva coincide com
o momento de dormncia e com o incio do desenvolvimento vegetativo da parreira.
Porm, a boa distribuio das chuvas ao longo do ano acaba sendo uma das maiores
limitaes ao desenvolvimento da cultura na regio, por implicar em problemas
fitossanitrios, como ocorrido na safra de 2010 em comparao com a safra 2005 e a
normal climatolgica (Dados mdios do perodo de 1961 a 1990) (Figura 5). A safra
2005 foi caracterizada pela baixa quantidade de chuvas nos meses de Dezembro,
Janeiro, Fevereiro e Maro sendo considerada muito boa pelos produtores e vincolas,
devido a qualidade de uvas produzidas. Representando a precipitao, o fator na safra
9
2010, que mais contribui nos gastos de manuteno dos parreirais, atravs do uso de
produtos fitossanitrios, alm da enorme perda de qualidade da produo.
Figura 5. Distribuio da precipitao pluviomtrica (mm) nos anos de 2005 e 2010 nos meses de
novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e maro em Bento Gonalves, RS. Fonte: Estao Agroclimtica
da Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonalves 2010.
A uvas destinadas produo de vinhos so colhidas segundo diferentes
critrios. Na Serra Gacha e na maioria dos pases, o critrio mais utilizado o Grau
Glucomtrico (teor de acar) devido a facilidade e qualidade do mtodo. Isto porque o
teor de lcool no vinho advm dos acares da uva pelo processo de fermentao, alm
do lcool, outros compostos secundrios so produzidos. O aumento no teor de acar
tambm est relacionado com caractersticas no vinho como os compostos aromticos e
os compostos fenlicos (Ribichaud & Noble, 1990).
A medio do teor de acar na uva uma das ferramentas para saber a provvel
qualidade do vinho aps sua elaborao. O grau glucomtrico da uva medido em
escala de graus BABO, que representa a quantidade de acar, em peso, existente em
100 gramas de mosto (caldo da uva), ou em escala de graus Brix, que representa o teor
de slidos solveis totais na amostra (%/ volume de mosto), 90% dos quais so
acares. Esta medida pode ser feita diretamente no vinhedo, com ajuda de um
equipamento chamado refratmetro.
Existem outros critrios para a medida da maturao da uva, e seu potencial de
produzir vinhos de qualidade. Entre eles pode-se citar os teores de cidos, taninos e
antocianinas. Estes critrios tambm so adotados pelas vincolas, porm em menor
escala, pois requerem mais tempo e somente so feitos em laboratrio.
10
Assim, o acompanhamento da maturao tecnolgica (acares e acidez) da
maturao fenlica (extratibilidade e teor de antocianinas e taninos), complementando
por avaliaes sensoriais constantes da uva, fornece informaes suficientemente
precisas sobre o estgio de maturao e permite escolher a data de colheita, visando a
maior qualidade possvel.
5 - Atividades Realizadas
No dia 11 de Janeiro de 2010, a Vincola Salton abriu as portas para o incio da
safra, com a expectativa de receber 18 milhes de quilos de uvas, incremento de 20%
sobre a safra 2009. Com um ano de dificuldades climticas, especialmente em funo
do excesso de chuvas a partir de novembro, constituiu-se num grande empecilho na
qualidade das uvas.
Um perodo crtico, e muito importante na qualidade da uva, a formao do
fruto at o ponto de colheita, ou seja, todo o processo de maturao da uva. Com o
estgio abrangendo este perodo, pde-se acompanhar os problemas fitossanitrios
acarretados neste ano de clima propcio. Tambm teve-se a oportunidade de
acompanhar o incio do Valore, que um programa de sustentabilidade realizado pela
Vinhos Salton junto aos produtores.
5.1 - Visitas Tcnicas aos Fornecedores de uvas e avaliao da qualidade
Os produtores recebem acompanhamento de um Engenheiro Agrnomo
principalmente nos perodos de poda, adubao e colheita, sendo orientados a contatar a
equipe tcnica da empresa caso tenham qualquer dvida ou necessidade de orientao
durante todo o ano. No perodo em que se aproxima o ponto de colheita da uva, o
produtor da Salton orientado a ligar para empresa e agendar uma visita do Engenheiro
Agrnomo. Assim sendo, se analisa toda a condio fitossanitria do vinhedo e a
quantidade de grau brix propcia para se conseguir atingir a meta imposta pela vincola.
Dependendo da situao do vinhedo, opta-se por antecipar, atrasar ou at mesmo colher
em partes para se conseguir melhores resultados finais.
Durante o estgio a principal atividade realizada foi o acompanhando os
Engenheiros Agrnomos ou Tcnicos Agrcolas na assistncia tcnica aos produtores de
uvas. Pode-se vivenciar os principais manejos adotados nos parreirais para atingir um
11
programa de qualidade proposto pela vincola. Caso o produtor no atenda os requisitos
impostos pelo Engenheiro Agrnomo, para se obter uvas de qualidade durante todo o
ciclo de produo, a vincola poder no receber a uva do produtor na poca da colheita.
Se o produtor acatar as ordens do Engenheiro Agrnomo ter sempre sua uva recebida
pela vincola, mesmo se as condies climticas no forem propcias para se ter uvas de
qualidade.
No momento da colheita levado em considerao o tempo da colheita e a
condio climtica do momento. Busca-se colher em perodos secos, visando qualidade
fitossanitria e maiores quantidades de acar nas bagas. Os produtores so orientados
sempre a entregar a uva mais fresca possvel, sendo assim, se colhidas pela manh,
tarde devem estar na vincola. A maioria dos produtores tem suas prprias caixas,
porm a Salton tem cerca de 26.000 caixas para emprestar aos produtores que
necessitam, facilitando a rapidez da colheita. As caixas so vazadas para no acumular
gua ou mosto, alm do mais os produtores so orientados colocar no mximo 18 Kg
por caixa para que no ocorram problemas de ps-colheita, comprometendo a qualidade
da uva. Toda a uva colhida e transportada nestas caixas para sua entrega, pois se
adaptam ao sistema de descarga rpida (Figura 6).
Figura 6. Sistema de descarga rpida no recebimento da uva (Bento Gonalves, 16/01/2010).
Todas as uvas, antes de entrar na cantina, passam por outra autorizao de
controle de qualidade sendo analisadas e classificadas de acordo com aspectos visuais,
como presena de partes vegetativas da videira e outras impurezas, presena de cachos
com podrides, e verdes. A Vinhos Salton faz o pagamento com base na tabela de
preos mnimos da Conab, porm reajusta a mais em forma de prmio aos fornecedores
12
que produzem com qualidade, sendo assim um estmulo aos produtores. Consideram-se
as melhores uvas, aquelas que apresentam qualidade fitossanitria, no apresentam
folhas junto aos cachos ou qualquer outro resduo, assim como atingirem grau
glucomtrico acima da mdia.
Passando por essa etapa, a carga era autorizada para realizar a pesagem e
posterior descarga. O descarregamento obedece a ordem de chegada, para a partir da
ser separada de acordo com seu destino dentro da empresa.
As primeiras uvas a desembarcar na vincola, em Bento Gonalves, foram as
variedades Concord , BRS Violeta e Bordo, destinadas a elaborao de suco de uva.
Onde receberam cerca de 2,5 milhes de quilos destas frutas, incremento superior a 35
% sobre a safra anterior, isso devido grande demanda dos produtos neste ano.
As variedades brancas entre elas as principais Chardonnay e Pinot noir
destinadas a espumantes somaram em mdia oito milhes de quilos, o que vai ao
encontro da estratgia da empresa de se manter como a maior produtora de espumantes
do pas e lder em sua comercializao nacional. Destacados tambm,as variedades
Moscato Giallo e Moscato Branco, que somaram 2,7 milhes de quilos, um a mais que
2009. Entre as tintas vinferas, a quantidade recebida foi de cerca de 3,5 milhes de
quilos. As principais variedades, Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat, Shiraz e
Teroldego.
5.1.1 - Pragas e doenas
A quantidade excessiva de chuvas no perodo da safra 2010 fez com que vrios
produtores perdessem parte das uvas. Em geral, nas visitas a campo, constatou-se cerca
de 20% menos quantidade de uva em relao ao ano de 2009. Os produtores que
buscaram ajuda tcnica e cuidaram bem de seus vinhedos, fazendo tratamento quando
necessrio, conseguiram uvas de excelente qualidade fitossanitria apesar do clima no
ser favorvel. Como exemplo de qualidade, pode-se citar a variedade Teroldego colhida
nos vinhedos da vincola localizados em Nova Prata (Figura 7), sendo esta uma
variedade para elaborao de vinhos finos.
Dentre as pragas e doenas que ocorreram nos vinhedos dos produtores da
Vinhos Salton na Serra Gaucha, no perodo do estgio, em funo da severidade e
freqncia de ocorrncia, destacaram-se a traa-dos-cachos da videira (Cryptoblabes
13
gnidiella), mldio (Plasmopara viticola), podrides de cachos (Glomerella cingulata) e
podrido cida.
Figura 7. Qualidade fitossanitria da variedade Teroldego. (Nova Prata 10/02/2010)
5.1.1.1 - Traa-dos-cachos da videira Cryptoblabes gnidiella
A traa-dos-cachos um microlepidptero cujas mariposas tm
aproximadamente 10 mm de comprimento e 22mm de envergadura, com colorao
predominantemente cinza. As lagartas tm colorao escura e, quando completamente
desenvolvidas, atingem cerca de 10mm de comprimento.
As lagartas alojam-se no interior dos cachos onde comem a casca do engao e
das bagas, causando o murchamento e conseqente queda das uvas (Figura 8). Os danos
causados por insetos praga que atacam os frutos resultam no extravasamento do suco
sobre o qual proliferavam bactrias causadoras da podrido cida, reduzindo a qualidade
dos vinhos. O controle foi realizado na forma qumica atravs do uso de sumithion e
dipterex.
14
Figura 8. Traa-dos-cachos, lagarta alojada no interior do cacho da uva Merlot.
(Bento Gonalves, 20/02/2010)
5.1.1.2 Mldio Plasmopara viticola
Mldio, tambm conhecido como mofo ou mufa, causado pelo pseudofungo
Plasmopara viticola (Berk & Curtis) Berl. & de Toni e pode causar perdas de at 100%
na produo. No perodo do estgio foram observados poucos casos de incidncia desta
doena, porm os produtores que no tiveram devidos cuidados principalmente com a
no aplicao de controle qumico preventivo, perderam boa parte da produo.
As condies climticas ideais para o desenvolvimento da doena so
temperaturas entre 18C e 25C e umidade relativa do ar acima de 60%. Essas
condies foram atendidas durante um longo perodo do estgio, sendo um fator
fundamental no estabelecimento da doena.
O patgeno afeta todas as partes verdes da planta. Nas folhas, inicialmente
aparecem manchas amareladas, translcidas contra o sol, denominadas de mancha de
leo. Em condies de alta umidade relativa, na face inferior da folha, sob a mancha de
leo, observa-se um mofo branco que a frutificao do pseudofungo (Figura 9). Em
seguida, o tecido foliar afetado necrosa e, quando o ataque muito intenso, ocorre a
desfolha precoce da planta. Os cachos so atacados desde antes da florao at o incio
da maturao.
15
Figura 9. Mldio Plasmopara viticola. (Bento Gonalves, 18/01/2010)
5.1.1.3 - Podrido da Uva Madura Glomerella cingulata
A podrido da uva madura causada por Glomerella foi uma das doenas que teve
incidncia durante o perodo de estgio, as condies favorveis ao seu
desenvolvimento so temperaturas entre 25C a 30C e alta umidade, ou seja,
condies climticas propiciadas no ano de 2010. Epidemias desta doena comearam a
partir de mudanas por melhores padres de qualidade do vinho, o que resultou em uvas
com melhor maturao (maior Brix), associadas a presena de condies climticas
altamente favorveis a infeco pelo patgeno e a suscetibilidade neste estgio
fenolgico doena.
A podrido da uva madura da videira causada pelo fungo Glomerella cingulata
(Stonemam) Spauld & Schrenk, fase perfeita ou sexual de Colletotrichum
gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc., a fase imperfeita ou assexual.
Os sintomas iniciam-se quando pequenas manchas se espalham sobre a baga,
com o desenvolvimento de zonas concntricas. A baga apodrecida torna-se densamente
coberta com numerosas pstulas cinza-escuras das quais, com tempo mido, massas
rosadas de esporos so produzidas. Mais tarde, a massa de esporos torna-se escura
(marrom-avermelhada). (Figura 10).
16
Figura 10. Sintomas e sinais de Glomerella na uva Merlot. (Bento Gonalves 15/02/2010)
5.1.1.4 - Podrido cida
A podrido cida foi a doena com maior incidncia na realizao do estgio,
provocando muitas perdas na qualidade como na quantidade da uva produzida.
Ferimentos nos frutos, chuvas em excesso prximo ao perodo de colheita e adubao
nitrogenada em excesso favoreceram o estabelecimento dos patgenos. As uvas com
podrido cida comprometem muito a qualidade do vinho, por isso a vincola orienta os
produtores a colher somente as uvas que no apresentam podrido.
A polpa se decompe, o suco comea escorrer pelo ferimento (Figura 11) no
qual iniciou a podrido e contamina as bagas vizinhas. Aps o escorrimento do suco, as
bagas secam e escurecem, permanecendo aderidas ao pednculo. Nos cachos doentes,
observa-se a presena da mosca Drosophila, responsvel pela disseminao dos
microorganismos. Uma das caractersticas da podrido cida o odor de vinagre
proveniente do cido actico produzido pelas bactrias. Perodos quentes e chuvosos
quando as uvas esto na fase de maturao, com teor de acar acima de 8%, favorecem
a ocorrncia da podrido cida.
17
Figura 11. Podrido cida na variedade Merlot (Bento Gonalves 25/02/2010).
5.2 - Orientao de desfolha
Esta atividade bem difundida pelos tcnicos da empresa junto aos produtores, e
tem como principais objetivos: aumentar a temperatura, a insolao e a aerao na
regio dos cachos ; melhorar a maturao e colorao das bagas; reduzir a incidncia de
podrides e favorecer o controle qumico com a penetrao dos fungicidas nos cachos
das uvas.
A desfolha realizada no perodo da maturao e recomenda-se que seja feita no
lado leste, caso as fileiras se encontram no sentido Norte-Sul, tendo em vista que o sol
pode danificar os frutos se atingir nas horas mais quentes. Importante salientar que
deve-se ter cuidado, pois se for inadequada pode comprometer a atividade fotossinttica
da planta.
Em vinhedos no sistema de conduo latada (Figura 12) a desfolha feita em
torno do cacho e juntamente com a poda verde tem sentido de proporcionar a entrada do
sol e um melhor arejamento. No sistema em espaldeira (Figura 13) a desfolha tambm
realizada somente na regio dos cachos.
18
Figura 12. Desfolha no sistema de conduo latada, na variedade Moscato (Bento Gonalves 17/01/2010).
Figura 13. Desfolha na variedade Cabernet Sauvignon da Vinhos salton (Bento Gonalves 27/02/2010).
5.3 - Programa Valore
Durante o perodo de estgio, tambm foi possvel acompanhar o incio de um
Programa de Certificao Internacional promovido entre a Vinhos Salton e a empresa
Bayer CropScience. Foram selecionados 50 fornecedores de uva para fazer parte do
programa.
O programa Valore parte do princpio de sustentabilidade dos viticultores com o
cumprimento de princpios bsicos como adoo de boas prticas agrcolas,
preocupao com o meio ambiente, e a segurana dos trabalhadores. Seguindo o
produtor, viabiliza a conquista dos selos de Globalgap, certificao de segurana
alimentar e comrcio justo.
19
A certificao Valore garante que a produo segura, obedece a legislao
vigente, segue boas prticas agrcolas, respeita o meio ambiente e a sociedade. O
objetivo do programa agregar valor a cadeia produtiva fazendo com que os
agricultores produzam de forma sustentvel.
20
6 - Concluso
Este estgio foi muito importante para se adquirir experincia tcnica e
presenciar o ambiente de trabalho de uma grande empresa, conseguindo entender
melhor como funciona o setor vitivincola.
O estudante teve a oportunidade de experimentar a extenso agrcola e ter o
contato com a realidade de trabalho diariamente, permitindo entender a relao entre a
empresa
Vinhos Salton com seus fornecedores de matria prima. O estgio tambm permitiu
entender as dificuldades do trabalho de extenso e a forma com que o profissional deve
interagir com os produtores.
Em relao a cultura da videira pode-se refletir sobre o clima , o solo e a cultura,
levando em considerao uma regio tradicional em viticultura, havendo um grande
enriquecimento dos conhecimentos. Alm de estar com profissionais bem capacitados, o
estagirio conseguiu acompanhar criteriosamente a melhor forma de se produzir uvas de
qualidade.
importante tambm citar, e se pode comprovar, que o trabalho em equipe
proposto pelo departamento agrcola, quando em pleno funcionamento e bem articulado,
gera resultados muito satisfatrios, estimulando ainda mais o estudante de agronomia a
seguir nessa rea.
21
7 - Analise Crtica
Durante o perodo de estgio fui muito bem recebido por todos na vincola,
tendo todo o suporte necessrio quanto as condies de trabalho. Os tcnicos do
departamento agrcola da empresa foram muito receptivos, sempre buscando orientar o
estagirio, esclarecendo possveis dvidas ou questionamentos. O estagirio teve a
oportunidade de fazer muitas sadas a campo, conseguindo visualizar na prtica o
trabalho do Engenheiro Agrnomo.
Em geral, observou-se nas sadas a campo que os fornecedores mais antigos da
Vinhos Salton, que obtm a maior renda da viticultura, apresentam excelente qualidade
de vida e boas condies econmicas, demonstrando na prtica que a empresa valoriza
o produtor. evidente o envolvimento da vincola em projetos de sustentabilidade,
sendo que os Agrnomos da empresa visivelmente esto condicionados a ajudar,
notando-se que o produtor tem um papel fundamental no sucesso da empresa.
Outro fator relevante que a empresa se preocupa muito com a questo
ambiental, possui um tratamento de efluentes, e toda gua dentro da empresa
reutilizada, quando no possvel, a gua descartada em condies apropriadas, no
poluindo o meio ambiente.
Foi possvel observar que o Departamento Agrcola da empresa no conseguiu
suprir a demanda de trabalho no perodo mximo da safra, ou seja, perodo em que os
produtores buscaram mais ajuda tcnica, demonstrando que necessria a contratao
de mais mo-de-obra tcnica, pelo menos no perodo que maior demanda de trabalho.
22
8 Referncias Bibliogrficas
AZEVEDO, T. de. 1979. Pesquisa sobre a imigrao italiana. In: T. de AZEVEDO,
Imigrao italiana: estudos. Porto Alegre,EST/Caxias do Sul, UCS, 279 p.
BRASIL. Ministrio da Agricultura e do abastecimento. Cadastro Vitcola do Rio
Grande do Sul. SDR- DENACOOP/EMBRAPA-CNPUV/SAA-EMATER-
RS/FECOVINHO. Porto Alegre, RS, 2000.
EMBRAPA UVA E VINHO. Uva para processamento: produo. Srie Frutas do
Brasil, Embrapa Informao tecnolgica. Braslia, 2003, v.34. 134p.
FALCADE, I. & MANDELLI, F. Vale dos Vinhedos. Caracterizao Geogrfica da
Regio. Caxias do Sul, EDUCS, 1999. 144p.
MANDELLI, F. Comportamento fenolgico das principais cultivares de Vitis vinfera.
L. para a regio de Bento Goalves, RS. Piracibaca, 1984, 152p.
NARDY, A. J. R. et al. Geologia e Estratigrafia da Formao Serra Geral. Geocincias,
So Paulo, v.21, n.1/2, 2002. 15-32p.
PARIS, A. Memrias: Bento Gonalves. Bento Gonalves: Arquivo Pblico e Histrico
Municipal/Prefeitura Municipal de Bento Gonalves, 2009. 1. ed. 288 p.
RIBICHAUD, J.L.; NOBLE, A.C. Astringency and bitterness of selected phenolic in
wines.Journal of the Science of Food and Agriculture, v.53,1990. 343-353p.
RIO GRANDE DO SUL. Programa de investimentos integrados para o setor
agropecurio. Zoneamento Agrcola. Porto Alegre: Secretaria da Agricultura, 1975. 303p.
RIZZON, L.A.; MIELLE, A. Avaliao do cv. Cabernet Sauvignon para a elaborao de
vinho tinto. Cincia e Tecnologia de Alimentos, v.22, 2002. 192-198p.
23
RIZZON, L. A.; TONIETTO, J. Os fatores climticos e a qualidade da safra vitcola de
1982- Vinicultura de Caxias do Sul. Bento Gonalves: UEPAE/BG 1982. 9p.
SENTELHAS, P.C. Estimativa diria da evapotranspirao de referncia com
dados de estao meteorolgicas convencional e automtica Piracicaba. 1998. 97.
Tese (Doutorado) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de
So Paulo.
SPIGOLON, P. Solos sob Viticultura no Vale dos Vinhedos (RS) e sua relao com
resveratrol em vinhos, UFRGS, Porto Alegre, RS, 2002. 52p.
STRECK, E. V.; KAMPF, N.; DALMOLIN, R. S. D.; KLAMT, E.; NASCIMENTO, P. C.;
SCHNEIDER, P. Solos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, EMATER-RS / UFRGS,
2002. 126 p.
TONIETTO, J. e FALCADE, I. Identificao e delimitao das regies vitivincolas
brasileiras. In: Congreso Latinoamericano de Viticultura y Enologia. Asociacion
Nacional de Ingenieros Agronomos Enologos de Chile e Pontificia Universidad Catolica de
Chile, Santiago de Chile, 1994, p. 63-64.
WESTPHALEN, S. L. Bases ecolgicas para a determinao de regies de maior
aptido vitcola no Rio Grande do Sul. In: SIMPOSIO LATINO AMERICANO DE LA
UVA Y DEL VINO, 1977, Montevideo. Anales... Montevideo: Ministerio e Industria y
Energia: Laboratorio Tecnologico del Uruguay, 1977. p. 89-101.
24
9- Sites Consultados
EMBRAPA UVA E VINHO. Dados meteorolgicos mensais da Estao Agroclimtica
da Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonalves RS. Disponvel em:
http://www.cnpuv.embrapa.br/prodserv/meteorologia/bento-mensais.html. Acesso em:
15 set. 2010.
EMBRAPA UVA E VINHO. Caracterizao do Clima de Bento Gonalves RS e
pragas e doenas de variedades europias. Disponvel em:
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br. Acesso em: 15. Set. 2010.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA (IBGE).
Caracterizao econmica e dada do Municpio de Bento Gonalves RS (Economia e
dados municipais). Disponvel em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1.
Acesso em: 15. Set. 2010.
NDICE DE DESENVOLVIMENTO SCIO ECONMICO (IDESE). Dados scio
econmicos do municpio de Bento Gonalves- RS. Disponvel em:
http://www.fee.tche.br/sitefee/pt/content/estatisticas. Acesso em: 15. set. 2010.
PREFEITURA DE BENTO GONALVES. Caractersticas e importncia do
agronegcio para Bento Gonalves RS. Disponvel em:
http://www.bentogoncalves.rs.gov.br/. Acesso em: 15. set. 2010.
VINHOS SALTON. Caracterizao da instituio da realizao do estgio e mapa de
localizao da empresa. Disponvel em: http://www.salton.com.br. Acesso em: 15. set.
2010.
WIKIPDIA. Mapa de localizao do Municpio de Bento Gonalves RS. Disponvel
em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bento_Gon%C3%A7alves_(Rio_Grande_do_Sul).
Acesso em: 15. Set. 2010.
http://www.cnpuv.embrapa.br/prodserv/meteorologia/bento-mensais.htmlhttp://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Uva/UvasViniferasRegioesClimaTemperado/index.htmhttp://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1http://www.fee.tche.br/sitefee/pt/content/estatisticashttp://www.bentogoncalves.rs.gov.br/http://www.salton.com.br/http://pt.wikipedia.org/wiki/Bento_Gon%C3%A7alves_%28Rio_Grande_do_Sul%29
25