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RELATÓRIO DE INSTRUÇÃO DE RECURSO ADMINISTRATIVO DA: Pregoeira e Equipe de Apoio PARA: Superintendente de Negócios em Áreas Externas e Serviços Aéreos - DCES ASSUNTO: Recurso Administrativo REFERENTE: Pregão Presencial Nº 096/LABR/SBMO/2015 OBJETO: Concessão de uso de áreas destinadas à exploração comercial de estacionamento de veículos no Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, em Maceió/AL. RECORRENTE: Hora Park Sistema de Estacionamento Rotativo Ltda CNPJ: 01.808.151/0001-33 RECORRIDA: Propark Estacionamentos Ltda-ME CNPJ: 17.819.958/0001-01 Senhor Superintendente, Versa o presente relatório sobre recurso administrativo interposto pela empresa HORA PARK SISTEMA DE ESTACIONAMENTO ROTATIVO LTDA (Recorrente), contra o resultado da sessão pública onde foi declarada vencedora a empresa PROPARK ESTACIONAMENTOS LTDA-ME (Recorrida). Delineamos, ao longo deste Relatório, as arguições apresentadas pela Recorrente, as contrarrazões de recurso apresentadas pela Recorrida, o exame e apreciação da área requisitante à luz dos argumentos juntados pelas interessadas e das condições esculpidas no instrumento convocatório, na Lei e na jurisprudência quanto à matéria. 1. DA TEMPESTIVIDADE O recurso e contrarrazões apresentados foram recebidos, uma vez que estão presentes os requisitos de admissibilidade e tempestividade previstos no Edital da licitação e na legislação pertinente. Sendo assim, esta Pregoeira e Equipe de Apoio decidem pelo CONHECIMENTO do recurso e contrarrazões ora interpostos, ressaltando que a intenção de recorrer foi imediata e motivadamente registrada na ata da sessão pública ocorrida em 05/10/2015.

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RELATÓRIO DE INSTRUÇÃO DE RECURSO ADMINISTRATIVO

DA: Pregoeira e Equipe de Apoio

PARA: Superintendente de Negócios em Áreas Externas e Serviços Aéreos - DCES

ASSUNTO: Recurso Administrativo

REFERENTE: Pregão Presencial Nº 096/LABR/SBMO/2015

OBJETO: Concessão de uso de áreas destinadas à exploração comercial de estacionamento

de veículos no Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, em Maceió/AL.

RECORRENTE: Hora Park Sistema de Estacionamento Rotativo Ltda – CNPJ: 01.808.151/0001-33

RECORRIDA: Propark Estacionamentos Ltda-ME – CNPJ: 17.819.958/0001-01

Senhor Superintendente,

Versa o presente relatório sobre recurso administrativo interposto pela empresa HORA

PARK SISTEMA DE ESTACIONAMENTO ROTATIVO LTDA (Recorrente), contra o resultado

da sessão pública onde foi declarada vencedora a empresa PROPARK ESTACIONAMENTOS

LTDA-ME (Recorrida).

Delineamos, ao longo deste Relatório, as arguições apresentadas pela Recorrente, as

contrarrazões de recurso apresentadas pela Recorrida, o exame e apreciação da área requisitante à luz

dos argumentos juntados pelas interessadas e das condições esculpidas no instrumento convocatório,

na Lei e na jurisprudência quanto à matéria.

1. DA TEMPESTIVIDADE

O recurso e contrarrazões apresentados foram recebidos, uma vez que estão

presentes os requisitos de admissibilidade e tempestividade previstos no Edital da licitação e na

legislação pertinente.

Sendo assim, esta Pregoeira e Equipe de Apoio decidem pelo CONHECIMENTO

do recurso e contrarrazões ora interpostos, ressaltando que a intenção de recorrer foi imediata e

motivadamente registrada na ata da sessão pública ocorrida em 05/10/2015.

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Continuação do Relatório de Recurso Administrativo – Pregão Presencial nº 096/LABR/SBMO/2015

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2. DOS FATOS

Em 05/10/2015 ocorreu a abertura da sessão pública da licitação em tela, onde depois

de cumprirem os trâmites de credenciamento, análise de propostas e habilitação da empresa que

apresentou o melhor preço, a ordem de classificação das empresas participantes segue abaixo descrita:

1ª Colocada: PROPARK ESTACIONAMENTOS LTDA-ME;

2ª Colocada: HORA PARK SISTEMA DE ESTACIONAMENTO ROTATIVO LTDA;

3ª Colocada: PARE BEM ADMINISTRADORA DE ESTACIONAMENTOS LTDA.

Os documentos de habilitação da 1ª colocada foram analisados, sendo a mesma

declarada vencedora do certame. A Recorrente, discordante com o resultado, registrou a sua intenção

de recurso e em seguida apresentou sua peça recursal.

3. DAS RAZÕES DO RECURSO:

Transcrevemos abaixo, em resumo, as alegações da RECORRENTE:

[...]

“01 – DA AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DO BALANÇO

PATRIMONIAL DO ÚLTIMO EXERCÍCIO.

Para fins de qualificação econômico-financeira, o edital do presente

pregão exigiu dos licitantes a comprovação de certidão negativa de

falência e do balanço patrimonial vigente (item 8.4.2, letra b.2).

Todavia, em total contrariedade à legislação em vigor, a Recorrida

apresentou o balanço do exercício de 2013, quando o correto seria

apresentar o do exercício de 2014.

A habilitação é a fase da licitação pública em que se busca verificar as

condições de qualificação daqueles que pretendem contratar com a

Administração Pública, devendo os interessados atender a todas as

exigências que a esse respeito sejam formuladas no instrumento

convocatório.

O edital do pregão 096/LABR/SBMO/2015 exigiu dos licitantes a

apresentação do balanço do último exercício social vigente (no caso,

o de 2014), nos termos do artigo 31, inciso I, da Lei 8.666/93.

O balanço patrimonial exigível na forma da lei compreende o balanço

patrimonial do último exercício social assinado por contador e

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Continuação do Relatório de Recurso Administrativo – Pregão Presencial nº 096/LABR/SBMO/2015

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representante legal da empresa, devidamente acompanhado do Termo de

Abertura e do Termo de Encerramento do Livro Diário, este registrado

na Junta Comercial.

Conforme disposto no Código Civil brasileiro (art. 1078, inciso I), o

balanço patrimonial deve ser fechado ao término de cada exercício social

e apresentado até o quarto mês seguinte (abril).

Este é o entendimento adotado pelo TCU, nos termos do Acórdão TCU

2.669/2013, de relatoria do Ministro Valmir Campelo:

(...)

Nos termos do art. 1.078 da Lei Federal 10.406/02 (Lei do Código

Civil), o prazo para apresentação, formalização e registro do balanço é

até o quarto mês seguinte ao término do exercício, ou seja, o prazo

limite seria até o final de abril, nos termos transcritos a seguir:

Art. 1.078. A assembleia dos sócios deve realizar-se ao menos uma vez

por ano, nos quatro meses seguintes ao término do exercício social, com

o objetivo de:

I - tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço

patrimonial e o de resultado econômico;

No caso de empresas com regime tributário de lucro real, o prazo é até

o final de junho, conforme Instrução Normativa da Receita Federal

787/2007(Acórdão 2.669/2013 de relatoria do Ministro Valmir

Campelo, Processo 008.674/2012-4).

(...)

Sendo assim, e diante do entendimento consolidado do TCU a respeito

do prazo para apresentação do balanço patrimonial em licitações

públicas, considera-se o prazo de 30 de abril do ano subsequente para

todas as empresas, inclusive aquelas que utilizam o SPED.

Diante disso, não há dúvidas de que o balanço do último exercício

social vigente é, no presente caso, o referente ao ano de 2014, pois o

prazo para sua apresentação findou-se em abril de 2015.

02 – DA AUSÊNCIA DA APRESENTAÇÃO DE CERTIDÃO DE

FALÊNCIA.

Para fins de qualificação econômico-financeira, o edital do presente

pregão exigiu, além da apresentação do balanço patrimonial, a

comprovação de certidão negativa de falência (item 8.4.2, letra b.1).

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Para atendimento ao item acima a Recorrida apresentou a “certidão

falimentar”. Todavia, a certidão apresentada é clara ao mencionar que

não abrange os processos distribuídos pelo PJE, ou seja, a referida

certidão não indica a existência, ou não, de processos de falência,

concordata ou recuperação judicial referente a autos/processos digitais e

eletrônicos, não sendo apta para atender, por completo, ao item 8.4.2,

letra b.1, do edital.

Consta da certidão apresentada:

Sendo assim, nos termos da Instrução Normativa nº. 07, de

02/06/2014, do TJ/PE1 (documento anexo 1 – que especifica a forma de

obtenção da certidão de falência no caso dos processos digitais), bastava

a Recorrida solicitar a certidão junto ao sitio eletrônico do Tribunal

(https://www.tjpe.jus.br/certidaopje/xhtml/main.xhtml) para cumprir, na

íntegra, a exigência editalícia, o que não fez, devendo ser inabilitada

por desatender aos requisitos do edital, pois deixou de apresentar, de

forma completa, a inexistência de processos de falência e/ou

recuperação judicial (apresentou sua regularidade apenas nos casos

de processos físicos – deixou de comprovar sua condição

habilitatória na hipótese dos processos digitais).

03 – DA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ATIVIDADE

PERTINENTE COM O OBJETO (Item 8.3, “d”).

Para fins de habilitação, necessário que os licitantes comprovassem o

exercício de atividade pertinente ao objeto da licitação. Neste sentido o

edital do presente pregão dispõe que:

Item 8.3, letra “d”:

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8.3. A licitante deverá apresentar os seguintes DOCUMENTOS DE

HABILITAÇÃO, além dos contidos no subitem 8.4, para participar da

presente licitação:

(...)

d) Comprovação que exerce atividade pertinente ao objeto da

presente licitação. Essa exigência deverá ser atendida através da

apresentação do Contrato Social da licitante E de cópias de

documentos expedidos pelo estabelecimento da própria licitante, tais

como: notas fiscais, faturas, contratos firmados com terceiros, etc. Tanto

o Contrato Social e os demais documentos deverão, obrigatoriamente,

apresentar data de expedição anterior a publicação do presente Processo

Licitatório no diário Oficial da União (DOU);

Conforme se observa da exigência acima, cabia à Recorrida comprovar o

exercício da atividade pertinente com o objeto do presente pregão,

através da apresentação do Contrato Social E de cópias de documentos

expedidos pelo estabelecimento da própria licitante.

A Recorrida PROPARK, por sua vez, deixou de atender ao item 8.3,

letra “d”, do edital, pois muito embora tenha apresentado o contrato

social, deixou de comprovar e apresentar os documentos expedidos por

ela mesma, como: NF’s, contratos, etc. Vale lembrar que o edital exigia

a apresentação de ambos (ao utilizar-se da preposição “E”).

Ademais, não se pode cogitar que a cópia do suposto contrato com a

Infraero, juntado ao processo pela Recorrida, se encontra apto para dar

cumprimento à exigência do item acima referido, uma vez que o

referido contrato sequer está assinado, tampouco datado, não sendo,

portanto, válido e pré-existente.

Desta forma, resta evidente que a Recorrida deixou de comprovar o

exercício de atividade pertinente com o objeto do contrato, uma vez que

apresentou tão somente o contrato social, não atendendo, por completo,

às exigências do item 8.3, letra “d” – sendo de rigor sua inabilitação.

04 – DA APRESENTAÇÃO DE CERTIDÃO VENCIDA.

De forma a comprovar a regularidade com a Fazenda Estadual, a

Recorrida apresentou dois documentos: certidão negativa de débitos

fiscais e certidão de regularidade fiscal.

No entanto, as certidões apresentadas não fazem a devida prova de

regularidade, uma vez que a certidão negativa de débitos fiscais não

compreende os débitos não inscritos em dívida ativa. Consta da referida

certidão que:

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A certidão negativa de débitos fiscais é clara ao mencionar que abrange,

tão somente, os débitos inscritos na Dívida Ativa do Estado de

Pernambuco, não fazendo a prova dos débitos não inscritos.

Já a certidão de regularidade fiscal se encontra vencida, estando,

portando, inválida (certidão válida até 27/09/2015).

Sendo assim, e pelo teor das certidões apresentadas tem-se que a

Recorrida deixou de comprovar a devida regularidade fiscal junto ao

fisco Estadual, pois apresentou documento sem validade (por estar

vencido), bem como deixou de demonstrar a regularidade perante os

débitos tributários e não tributários não inscritos em dívida ativa, sendo

de rigor sua inabilitação.

05 – DA IRREGULARIDADE SOCIETÁRIA DA RECORRIDA.

A empresa Propark Estacionamentos Ltda.-ME, ora Recorrida, fez juntar

aos autos do processo licitatório seu contrato social, a fim de realizar sua

habilitação jurídica.

Contudo, a documentação juntada esta eivada de vicio insanável. A

Recorrida apresentou a terceira alteração e consolidação do contrato

social, no qual consta a saída dos sócios: Bruno de Paula Lopes Santos e

Iravan Mendes de Araújo.

Com a saída dos sócios Bruno e Iravan a sociedade Propark ficou com

apenas um sócio, o Sr. Antônio Simão dos Santos Figueira Neto,

contrariando o disposto no código civil e o próprio contrato social.

Vejamos...

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O parágrafo terceiro da cláusula primeira do contrato social dispõe que a

sociedade poderá prosseguir com apenas um sócio pelo prazo máximo de

180 (cento e oitenta dias):

Sendo assim, e considerando que a alteração ao contrato social ocorreu

em 09 de março de 2015 tem-se que o prazo de 180 dias já se exauriu,

estando a empresa Recorrida dissolvida.

O art. 1.033, inciso IV, da Lei 10.406/02, dispõe que se dissolve a

sociedade quando ocorrer a falta de pluralidade de sócios, não

reconstituída no prazo de 180 (cento e oitenta) dias.

Como se verifica no caso em tela, o prazo de 180 dias se exauriu aos 04

de setembro do corrente ano. Desta forma, decorrido o prazo legal de

180 dias sem que haja o ingresso de novo sócio, a sociedade é

considerada legalmente dissolvida.

Neste sentido já se prenunciou o Tribunal de Justiça do Estado de São

Paulo:

AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO Contrato de

concessão de uso Rescisão unilateral Alteração social da concessionária

para unipessoal. Pluralidade de sócios não reconstituída no prazo de

cento e oitenta dias, previsto no art. 1.033, inciso IV, do Código Civil.

Configurada a dissolução da sociedade empresária. Caracterizado o

descumprimento de cláusula contratual. Extinção do contrato conforme

o art. 78, inciso X, da Lei nº 8.666/93. Aplicação de multa por

inexecução. Possibilidade. Previsão expressa na avença firmada entre

as partes Inteligência do art. 87, inciso II, da Lei nº 8.666/93 Ação

julgada improcedente na 1ª Instância Sentença mantida Recurso

improvido.

(TJ-SP, Relator: Leme de Campos, Data de Julgamento: 17/03/2014, 6ª

Câmara de Direito Público)

Em consulta ao quadro de sócios e administradores da Recorrida, junto

ao sitio eletrônico da Receita Federal tem-se que a Propark possui

somente um sócio e administrador (documento anexo 2).

Desta forma, diante da dissolução da sociedade Propark

Estacionamentos Ltda.-ME, há de ser declarada INABILITADA no

presente certame.

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Diante de todo o exposto, espera a Recorrente sejam as presentes Razões

de Recurso recebidas, conhecidas e providas, para o fim de, reformando

a R. Decisão recorrida, determinar a INABILITAÇÃO da Licitante

PROPARK ESTACIONAMENTOS LTDA.-ME, em atendimento aos

princípios e leis que regem as contratações públicas, especialmente pela

vinculação ao instrumento convocatório.

4. DAS CONTRARAZÕES DO RECURSO:

Ao tomar conhecimento da peça recursal, por meio do Oficio Nº 2840/LALI-2/2015

(fls. 451/Vol. 02), a recorrida apresentou suas contrarrazões nos seguintes termos (em breve sinopse):

[...]

“Alega a recorrente, em suma, que a recorrida teria incorrido nas

seguintes irregularidades. (i) não apresentação do balanço patrimonial do

último exercício; (ii) ausência de apresentação de certidão de falência;

(iii) não comprovação de atividade pertinente com o objeto da

contratação; (iv) apresentação de certidão vencida; (v) irregularidade

societária. Em vista de tais argumentos, postulou pela inabilitação da

empresa recorrida, pretensão que, contudo, não merece acolhida,

porquanto todas as exigências legais e editalícias foram atendidas no

caso em apreço, consoante se demonstra adiante.

(i) DA ALEGADA NÃO APRESENTAÇÃO DO BALANÇO

PATRIMONIAL VIGENTE

Argumenta a recorrente que o balanço patrimonial apresentado pela

empresa declarada vencedora não corresponderia à exigência contida no

edital (item 8.4.2, letra b), por não poder ser considerado como vigente o

balanço patrimonial de 2013, o qual supostamente teria perdido a

eficácia probante a partir de 30 de abril/2015, interpretação que, a seu

juízo, esteia-se no art. 1078, inciso I, do código civil e no art. 31, inciso

I, da Lei nº 8.666/93. Os dispositivos legais suscitados, contudo, nada

dizem sobre data limite de vigência de balanço patrimonial, para fins de

contratação pública, meramente dispondo sobre matérias que devem ser

submetidas à deliberação dos sócios (art. 1078, I, CC/2002), bem como

sobre exigências de forma para os documentos cabíveis à comprovação

da qualificação econômica financeira (art. 31, I, Lei nº 8.666/93).

O requisito da qualificação econômico-financeira não pode ser analisado

sob um rigorismo excessivo, especialmente quando a escolha da melhor

proposta é feita mediante pregão, modalidade licitatória de procedimento

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simplificado, que não se compatibiliza com restrições desmesuradas,

consoante demonstra o seguinte precedente do Tribunal de Justiça de

São Paulo:

PREGÃO - desclassificação da proposta vencedora em razão de

erro formal em documento de habilitação - a natureza do pregão,

modalidade simplificada de licitação, não se coaduna com

exigências meramente formais quanto à capacidade econômico-

financeira do vencedor - segurança concedida recursos

improvidos.

(TJ-SP - REEX: 43684420108260053 SP 0004368-

44.2010.8.26.0053, Relator: Franklin Nogueira, Data de

Julgamento: 26/04/2011, 1ª Câmara de Direito Público, Data de

Publicação: 09/05/2011).

Destarte, não há como se vislumbrar na lei impedimentos à

admissibilidade do balanço patrimonial apresentado, do ano de 2013,

documento apto a demonstrar, de forma atualizada, a capacidade

financeira da licitante para o cumprimento do objeto da contratação.

Da mesma forma, o item editalício que trata da qualificação econômico-

financeira (8.4.2, letra b.2), tampouco impõe a restrição suscitada pela

recorrente, consoante se depreende da leitura expressa do dispositivo em

questão:

b.2) balanço do último exercício social, que evidencie os Índices

de Liquidez Geral (LG), Solvência Geral (SG) e Liquidez Corrente

(LC), que deverão ser maiores que 1,00 (um inteiro). Caso os

referidos índices sejam iguais ou inferiores a 1,00 (um inteiro), a

licitante deverá possuir capital igual ou superior a R$

1.350.000,00 (um milhão, trezentos e cinquenta mil reais,

correspondente a 10% (dez por cento) do valor estimado da

contratação.

Não há, portanto, qualquer respaldo legal para se entender descumprida a

exigência de comprovação da capacidade econômico-financeira, eis que

os documentos acostados já se mostram suficientes para demonstrar, no

caso, a capacidade para cumprimento das obrigações contratuais pela

recorrida.

Entrementes, ad cautelam, com a finalidade de afastar qualquer dúvida

quanto a liquidez da recorrida, junta-se, de logo, balanço patrimonial do

exercício de 2014, é o que se pede.

(ii) DA SUPOSTA NÃO APRESENTAÇÃO DE CERTIDÃO DE

FALÊNCIA

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Alega a recorrente que a empresa declarada vencedora do certame

deixou de apresentar, de forma completa, certidão que demonstrasse a

inexistência de processos de falência e/ou recuperação judicial, em

virtude de a declaração apresentada apenas fazer prova quanto a

processos físicos, não abrangendo os processos digitais.

Tal circunstância, contudo, não retira a eficácia probante da certidão

apresentada para o fim pretendido.

Ao tratar do foro para o processamento das ações de falência e/ou

recuperação judicial, a Lei nº 11.101/2005 dispõe ser competente “o

juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de

empresa que tenha sede fora do Brasil” (art. 3º), sendo certo que tal

espécie de demanda deve ser processada no Juízo Comum Cível,

notadamente nas respectivas varas especializadas de falência.

No estado de Pernambuco, onde se encontra sediada a empresa recorrida,

o Sistema Processo Judicial Eletrônico - PJE, plataforma em que

tramitam os processos digitais, apenas era de uso obrigatório para as

demandas dos Juizados Especiais Cíveis, de menor complexidade, não

abrangendo ações de falência e recuperação judicial, nos termos do §2º,

art. 3º, Lei nº 9.099/1995.

Em que pese a Resolução nº 185/2013 do CNJ ter instituído, em caráter

cogente, o PJE como sistema para a prática de atos processuais

eletrônicos no âmbito do Poder Judiciário, o Tribunal de Justiça de

Pernambuco apenas determinou a implantação do processo judicial

eletrônico, para todas as varas cíveis, a partir da Instrução Normativa nº

07, de 04.06.2014. Ainda assim, de forma facultativa, possibilitando o

ajuizamento de novos feitos por meio físico.

O uso obrigatório do PJE em Pernambuco, para todas as varas cíveis da

capital, apenas foi imposto a partir de 14 de agosto de 2015, por força da

Instrução Normativa nº 06, de 13/07/2015. Contudo, os processos que já

tramitavam pelo meio físico, assim como os incidentes e ações

processuais conexas a esses feitos, continuam sendo processados fora da

plataforma digital.

Desse modo, a apresentação de documentação que certifica a ausência de

processos físicos de falência e/ou recuperação judicial em face da

recorrida é suficiente para cumprimento do requisito editalício em

questão. A não abrangência dos processos judiciais eletrônicos é

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indiferente, eis que a utilização obrigatória dessa plataforma para as

varas cíveis da capital, ainda está em processo de implantação.

Por segurança jurídica, nos termos dos itens 8.5 e 8.6, junta-se certidão

falimentar eletrônica negativa para os devidos fins. É o que se pede.

(iii) DA ALEGADA NÃO COMPROVAÇÃO DE ATIVIDADE

PERTINENTE COM O OBJETO DA CONTRATAÇÃO

Outrossim, não merece guarida a alegação de não comprovação de

atividade pertinente com o objeto da contratação.

Isso porque o instrumento editalício que rege o presente procedimento de

pregão, em seu item 8.3 (d.1), permite que a comprovação da exploração

de atividade pertinente ao objeto da contratação seja realizada da forma

como feita pela empresa recorrida, isto é, por meio da apresentação de

contrato já firmado com a Infraero. Veja-se:

d.1) caso a empresa licitante já possua contrato com a Infraero

para a mesma atividade do objeto da presente licitação, sem

prejuízo às demais cláusulas do Edital, o mesmo poderá ser

apresentado para atendimento à alínea “d” do subitem 8.3;

Observe-se que o dispositivo em comento permite que a empresa seja

habilitada, mediante apresentação de contrato anteriormente firmado

com a Infraero, para a mesma atividade da contratação, sem determinar

que a eventual ausência de requisitos de forma, como assinatura e data,

impediria a admissão do documento.

Logo, uma vez que o Edital nada impõe acerca do modo como o

instrumento contratual deverá ser apresentado, não cabe à recorrente daí

extrair interpretação restritiva, impedindo a habilitação da empresa

recorrida, que seguiu orientação contida na previsão editalícia, sob risco

de se afrontar a segurança jurídica que deve imperar também nas

contratações públicas.

Destaque-se, outrossim, que a atividade pertinente com o objeto

encontra-se devidamente descrita no objeto social, como faz prova os

atos constitutivos da recorrida, devidamente apresentado na habilitação e

comprovada pelo atestado de capacidade técnica expedido pelo IMIP,

devidamente registrado no CRA.

A apresentação do referido contrato com a Infraero é documento

extravagante à fase de habilitação, não sendo, pois, obrigatório para

comprovar a atividade pertinente com o objeto da licitação e a

capacidade técnica da recorrida, uma vez que o próprio contrato social

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cumpre perfeitamente a exigência editalícia bem como o atestado de

capacidade do IMIP.

(iv) DA SUPOSTA APRESENTAÇÃO DE CERTIDÃO

VENCIDA

Acerca das certidões apresentadas para comprovação da regularidade

fiscal, a recorrente suscita a inadequação de tais documentos, alegando

que a certidão negativa de débitos fiscais não abrangeria os débitos não

inscritos em dívida ativa, ao passo que a certidão de regularidade fiscal

apresentada teria perdido a validade desde 27.09.2015.

Primeiramente, importante destacar o que dispõe o Código Tributário

Nacional, acerca da dívida ativa tributária:

Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de

crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição

administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado,

para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em

processo regular.

A partir do que determina o dispositivo em epígrafe, é possível concluir

que apenas é devida a inscrição em dívida ativa dos débitos tributários

regularmente constituídos e pendentes de pagamento, isto é, créditos

exigíveis.

Ademais, para que se possa dar início ao processo judicial de cobrança

de débito tributário, por meio da Execução Fiscal, é imprescindível

juntada da respectiva certidão de dívida ativa, documento que confere ao

crédito cobrado presunção relativa de certeza e liquidez (art. 2º, §3º, Lei

nº 6.830/80).

Assim, documento que ateste a ausência de débitos inscritos em dívida

ativa é suficiente para certificar a regularidade fiscal, posto que eventuais

débitos não inscritos, ainda que existentes, não podem ser presumidos

como exigíveis ou regularmente constituídos e, consequentemente,

sequer haveria para a empresa recorrida imputação de responsabilidade.

Da mesma forma, muito embora a data de validade da certidão de

regularidade fiscal, em tese, tenha sido ultrapassada (27.09.2015), não é

possível a partir daí concluir pela situação irregular da licitante

vencedora.

Importante também considerar que o Edital do pregão prevê

expressamente a possibilidade de superação de tal óbice, no item 8.6, in

verbis:

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Continuação do Relatório de Recurso Administrativo – Pregão Presencial nº 096/LABR/SBMO/2015

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8.6. Em quaisquer das situações estabelecidas nos subitens 8.4 e

8.5 deste Edital, caso alguma certidão esteja com prazo vencido,

o PREGOEIRO poderá fazer consulta por meio eletrônico

INTERNET, para comprovação da real situação.

Ora, a autoridade competente considerou habilitada a empresa recorrida,

de sorte que eventual prazo vencido das certidões apresentadas restou

superado, na medida em que o pregoeiro possui a prerrogativa de

consultar diretamente a situação real da empresa licitante.

Logo, inevitável concluir que a regularidade fiscal da recorrida encontra-

se devidamente comprovada no caso, não havendo razão para

inabilitação nesse ponto.

Conquanto, no momento do certame, a recorrida não comprovasse sua

regularidade fiscal, caberia facultativamente ao(à) pregoeiro(a) consultar

a situação fiscal da licitante e/ou conceder prazo para tanto, por tratar-se

de Empresa de Pequeno Porte. Assim, embora tenha a pregoeira

declarado vencedora à recorrida, por segurança, requer-se as juntadas das

certidões Estaduais válidas, para provar a regularidade fiscal, conforme

prescreve os itens 8.5 e 8.6 do edital.

(v) DA ALEGADA IRREGULARIDADE SOCIETÁRIA

Por fim, alega a recorrente que a falta de pluralidade de sócios, não

reconstituída após exaurido prazo de 180 (cento e oitenta dias), requer a

exclusão da recorrida do procedimento licitatório.

Mais uma vez, o argumento pela inabilitação da recorrida não merece

prosperar, na medida em que não se pode considerar dissolvida a

sociedade empresária, com base nas razões suscitadas pela recorrente.

A pluralidade de sócios, atualmente, não configura elemento

indispensável para constituição de entidade apta à exploração de

atividade empresária, havendo na legislação previsão de modalidade de

sociedade unipessoal, a exemplo da EIRELI, que assume até mesmo

caráter residual, em caso de concentração de cotas no sócio

remanescente (art. 1.033, parágrafo único, Código Civil).

Ademais, o princípio da preservação da empresa, diretriz que rege a

aplicação e interpretação da legislação referente ao direito empresarial,

determina que se uma entidade produtiva cumpre sua função social, é de

interesse público sua manutenção, recuperação e preservação.

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Continuação do Relatório de Recurso Administrativo – Pregão Presencial nº 096/LABR/SBMO/2015

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O Edital do pregão ora em apreço, por sua vez, meramente exige para

habilitação no certame, que a empresa licitante comprove seu

enquadramento como Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte, nada

exigindo quanto à constituição plural de sócios (item 4.1.).

A não reconstituição da pluralidade de sócios, após o prazo de 180 dias,

não impõe a pronta dissolução da sociedade, nem impede a continuidade

da consecução de seus objetivos, mas apenas afasta a responsabilização

limitada, podendo ainda a entidade unipessoal prosseguir na exploração

de atividade empresária.

Por conseguinte, não há razão para se entender inabilitada a empresa

recorrida, eis que se encontra regularmente constituída para exploração

da atividade objeto da contratação.

DA CONCLUSÃO

Em face do exposto, pugna a recorrida pelo desprovimento total do

recurso interposto, mantendo em sua integralidade a decisão que

considerou habilitada a empresa PROPARK ESTACIONAMENTO

LTDA-ME, declarada vencedora do certame, para que, ao fim do

procedimento licitatório, lhe seja devidamente adjudicado o objeto da

contratação.”

5. DA ANÁLISE DAS ARGUMENTAÇÕES:

Tendo esta Pregoeira Titular e sua Equipe de Apoio, assim como a INFRAERO, o

compromisso com a legalidade, com a correção dos atos e com os princípios aos quais a

Administração Pública está sujeita, passamos a examinar os argumentos despendidos pela recorrente e

recorrida.

Em princípio faz-se necessário destacar que, atuando como gestores da rés pública, esta

Pregoeira Titular e Equipe não poderiam prescindir de observar o princípio da supremacia do interesse

público sobre o privado em todos os seus atos. Segundo Marçal Justen Filho:

“a supremacia do interesse público significa sua superioridade sobre os

demais interesses existentes na sociedade. Os interesses privados não

podem prevalecer sobre o interesse público. A indisponibilidade indica a

impossibilidade de sacrifício ou transigência quanto ao interesse público,

e é em decorrência de sua supremacia”.

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Continuação do Relatório de Recurso Administrativo – Pregão Presencial nº 096/LABR/SBMO/2015

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Na análise dos documentos de habilitação e do recurso apresentado, esta Pregoeira e

Equipe de Apoio basearam-se nos critérios conforme mandamento do edital e seus anexos, o qual foi e

continua sendo, senão o único, e principal alicerce deste colegiado. Portanto, o julgamento foi feito

em estrita conformidade com o princípio da legalidade, da isonomia e da vinculação ao instrumento

convocatório, conforme disposições do art. 3º da Lei 8.666/931.

Sobre o Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório, Hely Lopes Meirelles

considera que o edital é a lei entre as partes, a lei da licitação:

[...]

“A vinculação ao edital é princípio básico de toda licitação. Nem se

compreenderia que a Administração fixasse no edital a forma e o modo de

participação dos licitantes e no decorrer do procedimento ou na realização

do julgamento se afastasse do estabelecido, ou admitisse a documentação e

propostas em desacordo com o solicitado. O edital é a lei interna da

licitação, e, como tal, vincula aos seus termos tanto os licitantes como a

Administração que o expediu.”

(MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 32ª edição

atualizada por Eurico de Andrade Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e José

Emmanuel Burle Filho. São Paulo:

As razões e contrarrazões de recurso foram encaminhados à área técnica, a qual se

manifestou nos termos abaixo descrito por meio do Despacho nº 068/ESPD(ESEI)/2015, o qual passa

a fazer parte da PEC 31402 vol. 02, págs. 529/530.

“O Balanço patrimonial do exercício de 2013 apresentado pela empresa

PROPARK contraria a exigência contida na alínea b.2, do subitem 8.4.2

do Edital de Licitação que claramente exige, para qualificação econômico-

financeira, a apresentação do balanço do último exercício social.

Diferentemente de outras certidões que, a princípio, poderiam permitir em

diligência que o pregoeiro, de forma on line, verificasse rapidamente a real

situação do licitante no momento da abertura do certame, o balanço

patrimonial é um documento específico e necessário à qualificação da

licitante durante o próprio evento.

1 Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais

vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional, e será processada e julgada em estrita

conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da

probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são

correlatos.

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Continuação do Relatório de Recurso Administrativo – Pregão Presencial nº 096/LABR/SBMO/2015

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Inexiste qualquer justificativa para que uma licitante, habituada com o rito

de um procedimento licitatório (uma vez que sagrou-se vencedora de

pregão realizado pela Infraero em uma outra localidade), apresente na data

de abertura, um balanço patrimonial de exercício anterior ao previsto em

lei, principalmente em documento expressamente elencado na Lei de

Licitações e que não dá azo para interpretações distintas, como tentou se

justificar na sua peça de contrarrazões.

Se o princípio do Pregão é, primordialmente dar celeridade na contratação,

não há lógica em se permitir descumprimentos dessa natureza que,

inevitavelmente, comprometem os prazos de conclusão do certe, além da

insegurança e falta de isonomia com os demais participantes, que

demonstraram completa correção com o atendimento das cláusulas

editalícias.”

Além da manifestação da área técnica acerca do Balanço Social e considerando as

demais razões de recurso, necessário se faz detalhar os seguintes itens:

a) Do Balanço Social: o subitem 15.5 do Edital assim orienta:

“É facultado ao PREGOEIRO ou à autoridade superior, em qualquer fase

do Pregão, a promoção de diligência destinada a esclarecer ou a

complementar a instrução do processo, vedada à licitante a inclusão

posterior de documento ou informação que deveria constar

originalmente da PROPOSTA DE PREÇOS ou da

DOCUMENTAÇÃO DE HABILITAÇÃO;” (grifamos)

Depreende-se, portanto, que a apresentação Balanço Social de 2013 quando a empresa

já tem o Balanço de 2014 não constitui excesso de rigor e sim um descumprimento ao Edital.

b) Certidão de Falência e Concordata: No que diz respeito à Certidão de

Falência e Concordata apresentada pela Recorrida, entende-se que a mesma é válida por abranger o

Estado de Pernambuco, onde a mesma se encontra instalada atualmente. A certidão é emitida de

acordo com a comarca selecionada. Sua abrangência restringe-se à jurisdição da comarca na qual os

dados estão sendo consultados.

c) Objeto Social compatível com a licitação: Quanto à comprovação de atividade

compatível com o objeto da licitação, tem-se que a licitante atendeu a exigência uma vez que o

subitem 8.3, alínea “d.1” diz:

“caso a empresa licitante já possua contrato com a Infraero para a mesma

atividade do objeto da presente licitação, sem prejuízo às demais cláusulas

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Continuação do Relatório de Recurso Administrativo – Pregão Presencial nº 096/LABR/SBMO/2015

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do Edital, o mesmo poderá ser apresentado para atendimento à alínea

“d” do subitem 8.3” (g.n)

O fato de a empresa apresentar contrato sem assinatura é perfeitamente sanável, uma

vez que na mesma data foi feita uma diligência junto à Gerência de Negócios Comerciais do

Aeroporto Internacional de Fortaleza que encaminhou o contrato assinado. A empresa, portanto,

cumpriu a exigência do edital.

d) Certidão de Regularidade Fiscal: sobre a regularidade fiscal de empresa com

enquadramento na categoria de microempresa, empresa de pequeno porte ou cooperativa, o edital, em

seu subitem 8.5, alínea “b”, determina:

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Continuação do Relatório de Recurso Administrativo – Pregão Presencial nº 096/LABR/SBMO/2015

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“havendo alguma restrição na comprovação da REGULARIDADE

FISCAL, será assegurado o prazo de 05 (cinco) dias úteis, cujo termo

inicial corresponderá no momento que a proponente for declarada

vencedora do certame, para a regularização da documentação, pagamento

ou parcelamento do débito e emissão de eventuais certidões negativas ou

positivas com efeito de negativa;”

Considerando pois que a empresa foi declarada vencedora em 05/10/2015, a mesma

teria até 13/10/2015 para apresentar a certidão válida. E assim o fez ao apresentar o documento

juntamente com suas contrarrazões de recurso.

e) Situação Societária: quanto à dissolução da sociedade por por falta de

pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias, merece destaque o Parágrafo

Único do artigo 1.033, que segue abaixo transcrito:

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Continuação do Relatório de Recurso Administrativo – Pregão Presencial nº 096/LABR/SBMO/2015

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“Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente,

inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob

sua titularidade, requeira, no Registro Público de Empresas Mercantis, a

transformação do registro da sociedade para empresário individual ou

para empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no

que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.” (grifamos)

Portando, não deve ser imediatamente desconstituída a sociedade pela ausência de

pluralidade de sócios. A atividade empresarial pode ser continuada por meio da reconstituição da

sociedade limitada com novos sócios, pela transformação em empresa individual de responsabilidade

limitada ou mesmo por meio do empresário individual.

É de todo oportuno delinear o entendimento de Fran Martins2 que infere a necessidade

de ponderar "que a retirada do sócio, por si só, não confere o direito a extinção e sim à dissolução

parcial da sociedade (...)". Pois bem, a dissolução parcial da sociedade no caso hipotético em análise

implica na transformação da sociedade, posto que, o princípio da preservação da empresa deve ser

prestigiado.

6. CONCLUSÃO

Diante de todo o exposto, e de acordo com os princípios constitucionais e

administrativos, bem como, consubstanciado nos fatos relatados neste Relatório de Instrução de

Recurso Administrativo, de acordo com o subitem 2.10, alínea “a” do Ato Normativo nº

33/PR/DJ/2014, de 21 de agosto de 2014, submetemos o assunto à elevada consideração de V.Sa. com

o parecer pelo PROVIMENTO PARCIAL do recurso interposto pela licitante HORA PARK

SISTEMA DE ESTACIONAMENTO ROTATIVO LTDA, em virtude de análise do item 5 alínea “a”

deste relatório, procedendo inabilitação da PROPARK ESTACIONAMENTOS LTDA-ME, pois tal

decisão encontrar-se-á em consonância com os dispositivos inseridos na Carta Constitucional de 1988,

bem como na Lei Geral de Licitações e na Lei do Pregão.

Por fim, cumpre-nos ressaltar que essa decisão encontra respaldo no poder-dever de a

própria Administração exercer o controle de seus atos, no que se denomina autotutela administrativa

ou princípio da autotutela. No exercício deste poder-dever a Administração, atuando por provocação

do particular ou de ofício, reaprecia os atos produzidos em seu âmbito, análise esta que pode incidir

sobre a legalidade do ato ou quanto ao seu mérito.

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Continuação do Relatório de Recurso Administrativo – Pregão Presencial nº 096/LABR/SBMO/2015

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Caso aprovado o presente relatório, propomos comunicar às participantes que a sessão

pública para abertura do Invólucro de Habilitação da empresa HORA PARK SISTEMA DE

ESTACIONAMENTO ROTATIVO LTDA, realizar-se-á às 15:00 horas do dia 29/10/2015 na

Gerência de Licitações, localizada no 1º andar do Edifício Centro-Oeste, na SCS Quadra 4, Bloco

“A”, em Brasília/DF.

Brasília, 28 de outubro de 2015.

ANDREIA E SILVA HEIDMANN BRUNO TAVARES BASSETO

Pregoeira Titular

Ato Adm. nº 811/LALI(LALI-2)/2015

Equipe de Apoio

Ato Adm. nº 811/LALI(LALI-2)/2015

2 MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial: empresa comercial, empresários individuais, microempresas, sociedades

empresárias, fundo de comércio. 33ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, Página 277.

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DO: Superintendente de Negócios em Áreas Externas e Serviços Aéreos - DCES

PARA: Pregoeira Titular e Equipe de Apoio

ASSUNTO: Ratificação de Instrução de Recurso Administrativo

REFERENTE: Pregão Presencial Nº 096/ADCE/SBMO/2015

OBJETO: Concessão de uso de áreas destinadas à exploração comercial de estacionamento

de veículos no Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, em Maceió/AL.

RECORRENTE: Hora Park Sistema de Estacionamento Rotativo Ltda

RECORRIDA: Propark Estacionamentos Ltda-ME

Consubstanciado nas informações contidas no Relatório de Instrução

de Recursos Administrativo expedido pela Pregoeira Titular e Equipe de Apoio e de acordo com o

subitem 2.10, alínea “a” do Ato Normativo nº 33/PR/DJ/2014, de 21 de agosto de 2014, DOU

PROVIMENTO PARCIAL ao recurso interposto pela licitante HORA PARK SISTEMA DE

ESTACIONAMENTO ROTATIVO LTDA, em virtude de análise do item 5 alínea “a” do relatório,

procedendo inabilitação da PROPARK ESTACIONAMENTOS LTDA-ME.

Comunique-se às participantes que a sessão pública para a abertura do

Invólucro de Habilitação da empresa HORA PARK SISTEMA DE ESTACIONAMENTO

ROTATIVO LTDA, realizar-se-á às 15:00 horas do dia 29/10/2015 na Gerência de Licitações,

localizada no 3º andar do Edifício Centro-Oeste, na SCS Quadra 4, Bloco “A”, em Brasília/DF.

Brasília/DF, 27 de outubro de 2015.

CARLOS ALBERTO PACHECO DE LIMA

Superintendente de Negócios em Áreas Externas e Serviços Aéreos