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Departamento dos Assuntos Económicos Julho de 2011 AFRICAN UNION UNION AFRICAINE UNIÃO AFRICANA Addis Ababa, Ethiopia P. O. Box 3243 Telephone: 5517 700 Fax: 5511299 Website: www. africa-union.org Relatório de Monitorização da Implementação das Recomendações da Quarta Conferência de Ministros Africanos Responsáveis pela Integração (COMAI IV)

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Departamento dos Assuntos Económicos

Julho de 2011

AFRICAN UNION

UNION AFRICAINE

UNIÃO AFRICANA

Addis Ababa, Ethiopia P. O. Box 3243 Telephone: 5517 700 Fax: 5511299 Website: www. africa-union.org

Relatório de Monitorização da Implementação das Recomendações da Quarta Conferência de Ministros Africanos Responsáveis pela

Integração (COMAI IV)

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS......................................................................................... 4

ABREVIATURAS .............................................................................................. 5

RESUMO 7

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 11

1.1 CONTEXTO ....................................................................................................... 11 1.2 METODOLOGIA ................................................................................................. 12 1.3 ESTRUTURA DO RELATÓRIO .............................................................................. 13

2. ESTADO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES DA COMAI IV 14

2.1 ESTADOS MEMBROS ........................................................................................ 14 2.1.3 Melhoria da Integração Regional em África .................................................. 14 2.1.4 Livre Circulação – Pessoas, Bens e Serviços ............................................... 15 2.1.5 Financiamento da Integração em África ....................................................... 16 2.1.6 Parcerias ..................................................................................................... 16

2.2 COMUNIDADES ECONÓMICAS REGIONAIS (CERS) .............................................. 18 2.2.2 Melhoria da Integração Regional em África .................................................. 19 2.2.6 Partilha de Informações e Melhores Práticas ............................................... 22 2.2.9 Parcerias ..................................................................................................... 24

2.3 COMISSÃO DA UNIÃO AFRICANA ....................................................................... 28 2.3.2 Informação Anual sobre os Progressos da Integração em África ........................ 28 2.3.7 Melhoria da Integração em África...................................................................... 29 2.3.10 Financiamento da Integração Africana .............................................................. 30 2.3.12 Mobilização de Recursos .................................................................................. 30 2.3.15 Parcerias ......................................................................................................... 31

2.4 INSTITUIÇÕES PAN-AFRICANAS ......................................................................... 32 2.4.2 Financiamento da Integração Africana ......................................................... 33

3. DESAFIOS À IMPLEMENTAÇÃO ........................................................ 33

3.1 RESUMO DOS DESAFIOS ................................................................................... 33 3.2 ESTADOS MEMBROS ........................................................................................ 34

3.2.2 Melhoria da Integração Regional em África .................................................. 34 3.2.3 Livre Circulação – Pessoas, Bens e Serviços ............................................... 34 3.2.4 Financiamento da Integração Africana ......................................................... 34 3.2.5 Parcerias ..................................................................................................... 35

3.3 COMUNIDADES ECONÓMICAS REGIONAIS .......................................................... 35 3.3.1 Melhoria da Integração Regional em África .................................................. 35 3.3.2 Partilha de Informações e Melhores Práticas ............................................... 36 3.3.3 Parcerias ..................................................................................................... 36

3.4 COMISSÃO DA UNIÃO AFRICANA ....................................................................... 36 3.4.1 Informação Anual sobre os Progressos da Integração em África ........................ 36 3.4.3 Melhoria da Integração em África...................................................................... 37

3.5 INSTITUIÇÕES PAN-AFRICANAS ......................................................................... 39 3.5.1 Financiamento da Integração Africana ......................................................... 39

4. ANÁLISE CRÍTICA SOBRE COMO FINANCIAR MELHOR O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO EM ÁFRICA ...................................... 39

4.2.5 Fontes Tradicionais ..................................................................................... 40 4.2.10 Novas Abordagens: Fontes Alternativas de Financiamento .......................... 42 4.2.22 Viabilidade dos Três Impostos Propostos ..................................................... 45

4.2.28 REFORMA FISCAL ............................................................................................. 47

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4.2.36 EFICÁCIA DA AJUDA: COORDENAÇÃO DOS DOADORES E APOIO À INTEGRAÇÃO

REGIONAL........................................................................................................ 49 4.2.44 COMÉRCIO INTRA-AFRICANO ............................................................................ 53

5. RECOMENDAÇÕES ............................................................................. 55

ANEXOS ............................................................................................. 61

ANEXO 1: LISTA DOS INQUIRIDOS ................................................................................. 62

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 63

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AGRADECIMENTOS

A Comissão gostaria de agradecer aos Estados Membros, às Comunidades Económicas Regionais (CERs), aos colegas da Comissão da União Africana e ao Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) pela sua amável cooperação e pelas contribuições durante a monitorização das recomendações e a elaboração deste relatório. Ponto focal: Sra. Victoria Egbetayo Email: [email protected]

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ABREVIATURAS AAA Agenda de Acção de Acra

AEC Comunidade Económica Africana AFD Agência Francesa de Desenvolvimento

AFRITAC Centro Africano de Assistência Técnica AMAO Agência Monetária da África Ocidental APE Acordo de Parceria Económica ARIA IV Avaliar a Integração Regional em África Quatro ASYCUDA Sistema Informatizado para Dados Aduaneiros ATF Ajuda para o Comércio BAD Banco Africano de Desenvolvimento BIRD Banco Internacional para Reconstrução e

Desenvolvimento BNTs Barreiras Não Tarifárias CAADP Programa Abrangente de Desenvolvimento da Agricultura

em África CAMEF Conferência de Ministros Africanos da Economia e

Finanças CCI Centro de Comércio Internacional CE Comissão Europeia CEDEAO Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental CEEAC Comunidade Económica dos Estados da África Central CEMAC Comunidade Económica e Monetária da África Central CEN-SAD Comunidade dos Estados Sahelo-Sarianos CER Comunidade Económica Regional CoDA Coligação para o Diálogo sobre África

COMAI Conferência de Ministros Africanos Responsáveis pela Integração

COMESA Mercado Comum da África Oriental e Austral CRP Comité de Representantes Permanentes

CU União Aduaneira CUA Comissão da União Africana DFID Departamento do Reino Unido para o Desenvolvimento

Internacional EAC Comunidade da África Oriental ECDPM Centro Europeu para a Gestão de Políticas de

Desenvolvimento ECGLC/CEPGLE Comunidade Económica dos Países dos Grandes Lagos

ECT Acompanhamento Electrónico de Cargas

FAD Fundo Africano de Desenvolvimento EPADP Programa de Desenvolvimento do Acordo de Parceria

Económica ESA África Oriental e Austral ETR Sistema Electrónico de Registo de Impostos EUA Estados Unidos da América

FED Fundo Europeu de Desenvolvimento FMI Fundo Monetário Internacional

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FTA Zona de Comércio Livre G20 Grupo de Vinte (maiores economias)

G8 Grupo de Oito (principais países industrializados)

GIMPA Instituto de Gestão e Administração Pública do Gana GTZ Agência Alemã para a Cooperação Técnica

ICA Consórcio de Infra-estruturas para África

IDA Associação Internacional de Desenvolvimento

IDE Investimento Directo Estrangeiro IEPA Acordo de Parceria Económica Provisório

IGAD Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento IOC Comissão do Oceano Índico

IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado JAES Estratégia Comum UE-África JICA Agência Japonesa de Cooperação Internacional

JOD Documento Conjunto de Orientação MFN Cláusula de Nação Mais Favorecida MIP Programa/ Plano Mínimo de Integração MdE Memorando de Entendimento NCC Comité(s) de Coordenação Nacional NEPAD Nova Parceria para o Desenvolvimento de África

NPCA Agência de Planificação e Coordenação da NEPAD

OMC Organização Mundial do Comércio

OUA Organização da Unidade Africana

OSBP Posto Fronteiriço Único PIB Produto Interno Bruto PME Pequenas e Médias Empresas PNB Produto Nacional Bruto

R Recomendação RMDCE Centros de Excelência Pluridisciplinares Regionais

SACU União Aduaneira da África Austral SADC Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral SIA Estado da Integração Regional em África

TDCA Acordo de Cooperação Comércio e Desenvolvimento

TdR Termo de Referência

TEC Tarifa Externa Comum TIC Tecnologias da Informação e Comunicação

UA União Africana UE União Europeia UEMOA/WAEMU União Económica e Monetária da África Ocidental UK Reino Unido

UNECA Comissão Económica das Nações Unidas para África UMA União do Magrebe Árabe USAID Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento

Internacional USD Dólar dos Estados Unidos

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RESUMO A Conferência de Ministros Africanos Responsáveis pela Integração (COMAI) foi criada em 2006 na Cimeira de Banjul. A conferência reúne os Ministros Africanos Responsáveis pela Integração, com o objectivo principal de tratar das questões relativas à integração continental e regional. Até à data foram realizadas quatro reuniões. A primeira e a segunda conferência tiveram lugar em Ouagadougou, Burkina Faso, de 30 a 31 de Março de 2006 e em Kigali, Ruanda de 26 a 27 de Julho de 2007. A terceira e a quarta conferências realizaram-se respectivamente em Abidjan, Côte d’Ivoire, de 19 a 23 de Maio de 2008 e em Yaoundé, Camarões, de 4 a 8 de Maio de 2009. As quatro conferências fizeram várias recomendações a serem implementadas pelos Estados Membros, pelas Comunidades Económicas Regionais (CERs), pela Comissão da União Africana (CUA) e por parceiros do desenvolvimento como a Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). É neste contexto que a Comissão acompanha anualmente os progressos na implementação das recomendações emanadas de cada reunião da COMAI. O primeiro relatório de monitorização foi elaborado em 2008 e monitorizou os progressos na implementação da COMAI I e II. O segundo relatório de monitorização, elaborado em 2009, fez um resumo das actividades levadas a cabo ou previstas para pôr em prática as recomendações emanadas da COMAI III. De igual modo, este terceiro relatório de monitorização resume as actividades realizadas e os produtos obtidos pelos vários intervenientes a fim de implementarem as recomendações da COMAI IV. A COMAI IV fez várias recomendações aos parceiros supracitados, entre as quais as seguintes: § A CUA em colaboração com os Estados Membros, as CERs e os seus

parceiros devia organizar reuniões sectoriais para identificar os sectores prioritários, que são considerados como aceleradores do processo de integração num prazo definido, em conformidade com o Plano Estratégico da União Africana;

§ A CUA, em colaboração com o BAD, deve explorar a possibilidade de criação de um fundo especial para o continente para a implementação do Programa Mínimo de Integração (MIP), que será parcialmente alimentado com fundos continentais e regionais bem como com outras fontes alternativas de financiamento, que estão a ser identificadas pela UA;

§ A CUA deve melhorar os mecanismos existentes de coordenação de

parcerias; § Deve solicitar aos Estados Membros que concedam a isenção de visto a

todos os titulares de passaportes diplomáticos ou de serviço africanos, como um primeiro passo, e que alarguem gradualmente este privilégio a todos os cidadãos africanos (reiterando a recomendação da COMAI III); e

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§ A África deve dar maior ênfase às modalidades de mobilização de recursos internos como fontes alternativas de financiamento a fim de diminuir a dependência de recursos externos e envolver as instituições financeiras regionais.

Em termos de respostas à matriz, foram recebidas muito poucas dos Estados Membros. Dos 53 Estados Membros que constituem a União, cinco (5) responderam à matriz. Estes foram: Egipto, Maurícias, Nigéria, Togo e Sudão. Quatro (4) das oito CERs deram respostas oficiais à matriz (COMESA, EAC, CEEAC e CEDEAO). Para complementar a informação contida nas matrizes foram também utilizados dados secundários extraídos de documentação institucional como os relatórios anuais das CERs bem como de outra documentação relevante. Foram ainda realizadas entrevistas frente a frente. Isto constitui a base da informação neste relatório. Este relatório encontra-se estruturado do seguinte modo: O Capítulo Um contém esta introdução que define o contexto para o exercício de monitorização e a metodologia utilizada neste trabalho. O Capítulo Dois descreve o estado de implementação das recomendações por cada interveniente (Estados Membros, CERs, CUA e BAD). O Capítulo Três analisa os desafios e os problemas enfrentados durante a implementação. O Capítulo Quatro discute o tema da conferência deste ano, procedendo a uma análise crítica sobre como financiar melhor o processo de integração em África e, finalmente, há os anexos. Oito (8) recomendações emanadas da COMAI IV aplicaram-se aos Estados Membros. Integram-se nas seguintes áreas: melhoria da integração regional em África, livre circulação – pessoas, bens e serviços, financiamento da integração em África e parcerias. Outras oito (8) recomendações aplicaram-se às CERs e fazem parte de três áreas temáticas: melhoria da integração regional em África; partilha de informações e melhores práticas; e parcerias. Quatro das CERs (50%) deram respostas oficiais à matriz, a saber: EAC, COMESA, CEEAC e CEDEAO. As excepções foram: IGAD, SADC, CEN-SAD e UMA. Relativamente à Comissão houve 13 recomendações no quadro dos seguintes temas: relatório anual sobre os progressos da integração em África, melhoria da integração em África, financiamento da integração africana, mobilização de recursos e parcerias. Apenas uma recomendação foi dirigida aos parceiros do desenvolvimento, concretamente ao BAD, no âmbito do tema financiamento da integração africana. Relativamente ao estado de implementação das recomendações, como descrito no Capítulo Dois, os Estados Membros realçaram algumas das seguintes actividades, que incluíram, entre outras, a sua participação em reuniões da COMAI e a sua participação activa em reuniões das CERs a que pertencem. Alguns Estados Membros também informaram que o MIP está a ser integrado nos ministérios que tratam das questões relativas à integração e também nas suas estruturas legislativas nacionais. Alguns Estados Membros observaram que quase todos os titulares africanos de passaporte diplomático ou de serviço estão isentos de visto. Em relação ao

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financiamento da integração em África, os Estados Membros notaram que a este respeito foram estabelecidos os Sistemas Electrónicos de Registo de Impostos (ETR) para evitar a fraude bem como o Acompanhamento Electrónico de Cargas (ECT). Também se informou que o Sistema de Gestão das Finanças Públicas foi restaurado em alguns Estados Membros. Outros Estados Membros realçaram os seus esforços para promover o comércio e o investimento através da criação de Companhias de Desenvolvimento Regionais, em particular no sector agrícola. Quanto à implementação de actividades das CERs realçadas, algumas CERs estão a realizar actividades na área do reforço institucional a fim de melhorar o processo de integração. As CERs participaram em reuniões sectoriais convocadas pela CUA a fim de desenvolverem sectores no MIP. Também foram envidados esforços para divulgar a integração. A implementação do Roteiro Tripartido foi também destacada. Têm havido discussões na região da África Central e na da África Ocidental no sentido de harmonizarem e racionalizarem os seus programas. Informou-se que o MIP está a ser incluído nas estruturas legislativas de integração regional. Relativamente às parcerias, foi desenvolvido na região da África Ocidental um programa de desenvolvimento do APE (EPADP/ PAPED) para tratar das necessidades de desenvolvimento resultantes de um APE. Foi também realçada uma parceria com o Centro de Comércio Internacional (CCI) no quadro do Programa PACT II a fim de facilitar o apoio à capacitação para acrescentar valor às matérias-primas regionais e promover o comércio. Relativamente à Comissão, as actividades de implementação incluíram, nomeadamente, consultas em curso com a UMA para reforçar as relações. Foram realizadas reuniões sectoriais para desenvolver sectores dentro do MIP em Nairobi, Quénia e Lilongwe, Malawi, de 10 a 11 de Maio e de 1 a 2 de Junho 2010 respectivamente. Em relação ao financiamento da integração, a CUA, em Outubro de 2009, preparou os termos de referência (TdR) para a realização de um estudo de viabilidade acerca da criação de um Fundo de Integração Africano. O documento foi depois distribuído ao BAD. Além disso, a Comissão também realizou um estudo sobre Fontes Alternativas de Financiamento para a União Africana. O capítulo três do relatório faz uma sinopse dos desafios enfrentados durante o processo de implementação, que, apesar dos progressos realizados, estão a dificultá-los. Em resumo são, nomeadamente, a existência contínua de barreiras não tarifárias (BNTs), o facto de nem todos os Estados Membros de uma CER pertencerem ao FTA dessa comunidade, a finalização da lista de produtos a serem excluídos da Tarifa Externe Comum (TEC) de uma CER, a contínua múltipla adesão dos Estados Membros a mais de uma CER, a dificuldade na harmonização de padrões aduaneiros e do quadro administrativo para uniões aduaneiras regionais, más infra-estruturas, inexistência de mecanismos institucionais para integrar e implementar o MIP, falta de coordenação e harmonização dos doadores, falta de recursos financeiros e de capacidade humana. O capítulo quatro do relatório do relatório deste ano afasta-se ligeiramente das secções precedentes e tenta analisar em profundidade o tema principal

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da COMAI V, que é “Identificar Mecanismos de Financiamento Inovadores para a Integração Africana”. Procede a uma análise crítica de como financiar melhor o processo de integração em África bem como o financiamento de desafios que abrangem, nomeadamente, a extrema dependência de fontes tradicionais de financiamento (contribuições estatutárias dos Estados Membros e apoio dos parceiros do desenvolvimento), que podem ser irregulares e voláteis o que exige a identificação urgente de fontes alternativas de financiamento, bem como a pouca profundidade da base tributária africana e a necessidade de uma reforma fiscal. Também analisa a fraca coordenação e harmonização dos doadores em relação à aplicação regional da Declaração de Paris e da Agenda de Acção de Acra (AAA) bem como a atribuição de fundos que não se destinam às prioridades de integração de África. Finalmente, o capítulo termina com um olhar sobre o comércio intra-africano e a necessidade de aumentar o mesmo. As recomendações feitas na última secção do capítulo cinco foram formuladas de forma a responder directamente, reduzir e superar os desafios referidos nos capítulos anteriores, que parecem ser persistentes e/ou pertinentes por natureza e que devem ser ultrapassados para se avançar para uma fase mais avançada e profunda da integração. Portanto, é feito um resumo dos desafios pertinentes/ persistentes para cada interveniente (são dados mais detalhes nos quadros 3.1-3.4).

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Contexto

1.1.1 A Conferência dos Ministros Africanos Responsáveis pela Integração

(COMAI) foi criada em 2006 na Cimeira de Banjul. A conferência reúne os Ministros Africanos Responsáveis pela Integração, com o objectivo principal de tratar das questões relativas à integração continental e regional. Até à data foram realizadas quatro reuniões. A primeira e a segunda conferência tiveram lugar em Ouagadougou, Burkina Faso, de 30 a 31 de Março de 2006 e em Kigali, Ruanda de 26 a 27 de Julho de 2007. A terceira e a quarta conferências realizaram-se respectivamente em Abidjan, Côte d’Ivoire, de 19 a 23 de Maio de 2008 e em Yaoundé, Camarões, de 4 a 8 de Maio de 2009.

1.1.2 As quatro conferências fizeram várias recomendações a serem

implementadas pelos Estados Membros, pelas Comunidades Económicas Regionais (CERs), pela Comissão da União Africana (CUA) e por parceiros do desenvolvimento como a Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). É neste contexto que a Comissão acompanha anualmente os progressos na implementação das recomendações emanadas de cada reunião da COMAI. O primeiro relatório de monitorização foi elaborado em 2008 e monitorizou os progressos na implementação da COMAI I e II. O segundo relatório de monitorização, elaborado em 2009, fez um resumo das actividades levadas a cabo ou previstas para pôr em prática as recomendações emanadas da COMAI III. De igual modo, este terceiro relatório de monitorização resume as actividades realizadas e os produtos obtidos pelos vários intervenientes a fim de implementarem as recomendações da COMAI IV.

1.1.3 A COMAI IV fez várias recomendações aos parceiros supracitados.

Estas foram, designadamente nas seguintes áreas: melhoria da integração em África, livre circulação, parcerias, financiamento da integração em África, partilha de informações e melhores práticas e informação anual sobre questões relativas à integração pela Comissão da UA.

1.1.4 As recomendações aos Estados Membros, às CERs, à CUA e ao BAD

incluíram, entre outras, as seguintes:

§ A CUA em colaboração com os Estados Membros, as CERs e os seus parceiros deve organizar reuniões sectoriais para identificar os sectores prioritários que são considerados como aceleradores do processo de integração num prazo definido, em conformidade com o Plano Estratégico da União Africana;

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§ A CUA, em colaboração com o BAD, deve explorar a possibilidade de criar um fundo especial para o continente para a implementação do MIP, que será parcialmente alimentado com fundos continentais e regionais existentes bem como com outras fontes alternativas de financiamento, que estão a ser identificadas pela UA;

§ A CUA deve melhorar os mecanismos existentes de coordenação de parcerias;

§ A atribuição da gestão das várias parcerias dentro dos

departamentos deve estar de acordo com os respectivos mandatos;

§ Outros Estados Membros e outras CERs devem prosseguir com os

esforços em curso para melhorar o processo de integração;

§ Deve solicitar aos Estados Membros que concedam a isenção de visto a todos os titulares de passaportes diplomáticos ou de serviço africanos como um primeiro passo e que alarguem gradualmente este privilégio a todos os cidadãos africanos (reiterando a recomendação da COMAI III);

§ A adopção e o uso do MIP como um quadro continental,

estratégico, dinâmico para o processo de integração; e

§ A África deve dar maior ênfase às modalidades de mobilização de recursos internos como fontes alternativas de financiamento para reduzir a dependência de recursos externos e envolver as instituições financeiras regionais.

1.2 Metodologia

1.2.1 A metodologia adoptada para monitorizar as recomendações é

resumida a seguir:

§ As matrizes contendo as recomendações da COMAI IV foram distribuídas aos intervenientes relevantes para serem preenchidas. Importa realçar que devido à falta de respostas, foram também enviadas três correspondências chamando a atenção;

§ Foram igualmente realizadas missões de monitorização das matrizes enviadas;

§ Investigação teórica, utilizando dados secundários; e

§ As embaixadas em Adis Abeba também foram contactadas

directamente por telefone, solicitando uma resposta às matrizes.

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1.2.2 A fim de acrescentar detalhes ao resumo acima, foram enviadas matrizes de implementação contendo as recomendações às CERs, aos Estados Membros, aos Departamentos da CUA e ao BAD solicitando uma actualização das actividades realizadas ou previstas para implementar as recomendações. As primeiras correspondências foram enviadas em Outubro de 2008 a todos os intervenientes e a segunda e a terceira cartas a lembrar foram enviadas em Março e Julho de 2010, respectivamente. As que foram enviadas aos Estados Membros estavam dirigidas a ministros específicos, que se ocupam das questões relativas à integração.

1.2.3 Depois da distribuição das matrizes, foi ainda realizada uma missão às

CERs e aos Estados Membros anfitriões. Das oito CERs que são oficialmente reconhecidas pela União Africana como parte integrante da Comunidade Económica Africana (AEC – sigla em inglês), cinco (5) foram visitadas. Estas foram: a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), o Mercado Comum para a África Oriental e Austral (COMESA), a Comunidade da África Oriental (EAC) e a Comunidade Económica de Estados da África Central (CEEAC). As restantes CERs, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), a Comunidade de Estados Sahelo-Sarianos (CEN-SAD) e a União do Magrebe Árabe (UMA) não foram visitadas. As CERs que foram visitadas encontram-se nos seguintes Estados Membros: Djibuti, Gabão, Nigéria, Tanzânia e Zâmbia.

1.2.4 Em termos de respostas à matriz, foram recebidas muito poucas dos

Estados Membros. Dos 53 Estados Membros que fazem parte da União cinco (5) responderam à matriz. Estes foram: Egipto, Maurícias, Nigéria, Togo e Sudão.

1.2.5 Quatro (4) das oito CERs responderam oficialmente à matriz

(COMESA, EAC, CEEAC e CEDEAO). Para complementar a informação contida nas matrizes foram também utilizados dados secundários, extraídos de documentação institucional como os relatórios anuais das CERs bem como de outros documentos relevantes. Foram também realizadas entrevistas em directo. Esta é a base das informações deste relatório.

1.3 Estrutura do Relatório

1.3.1 Este relatório está estruturado do seguinte modo: o Capítulo Um contém esta introdução que define o contexto do exercício de monitorização e a metodologia seguida; o Capítulo Dois descreve o estado de implementação das recomendações por cada interveniente (Estados Membros, CERs, CUA e BAD); o Capítulo Três analisa os desafios e problemas encontrados durante a implementação; o Capítulo Quatro discute o tema da conferência deste ano, procedendo a uma análise crítica de como financiar melhor o processo de integração em África; por fim vêm os anexos.

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2. ESTADO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES DA COMAI IV

2.1 Estados Membros

2.1.1 Este capítulo do relatório resume a implementação das recomendações

da COMAI IV pelos Estados Membros. Dos 53 Estados Membros que constituem a União, apenas cinco (5) completaram a matriz. Portanto, este relatório faz referência às respostas destes países apenas. Consequentemente, reconhece-se que a informação contida neste relatório relativamente às actividades dos Estados Membros não retrata um quadro verdadeiramente representativo do que se está a passar a nível nacional a respeito do avanço da integração regional através da implementação das recomendações da COMAI IV.

2.1.2 Das recomendações emanadas da COMAI IV, oito (8) aplicavam-se

aos Estados Membros1. Inserem-se nas seguintes áreas: melhoria da integração regional em África, livre circulação de pessoas, bens e serviços, financiamento da integração em África e parcerias. A sequência numérica das recomendações a seguir corresponde à sequência numérica nas matrizes enviadas aos Estados Membros, pois as recomendações não foram agrupadas sob os temas supracitados. Contudo, para os fins deste relatório, as recomendações foram extrapoladas e agrupadas sob temas específicos de modo a facilitar a análise e a referência.

2.1.3 Melhoria da Integração Regional em África As recomendações no quadro deste tema foram as seguintes: § R1: Outros Estados Membros e outras CERs devem prosseguir

com os esforços em curso para melhorar o processo de integração.

R1: Outros Estados Membros e outras CERs devem prosseguir com os esforços em curso para melhorar o processo de integração.

Actividades de Implementação Produtos da Implementação

A partir das respostas recebidas, alguns Estados Membros realçaram a sua participação nas reuniões da COMAI e a sua participação activa nas reuniões das CERs a que pertencem. Os Estados Membros que são membros do Acordo Tripartido EAC-COMESA-SADC também se referiram à sua participação activa nas reuniões tripartidas e às suas acções para o estabelecimento de uma Zona de Comércio Livre entre os três grupos, como uma solução lógica para superar a questão da múltipla adesão a várias CERs. Referiram-se também à implementação do Corredor Norte-Sul, Postos

Segundo as respostas recebidas, alguns Estados Membros notaram uma maior integração com outros Estados Membros africanos. Os que são membros da COMESA realçaram que, como consequência das suas actividades, os regimes comerciais foram simplificados nessa comunidade bem como a livre circulação de pessoas e bens.

1 Importa realçar que a R4 (como estabelecido na matriz enviada aos Estados Membros) foi eliminada deste

relatório pois não era uma recomendação mas sim uma declaração, embora constasse como recomendação no relatório ministerial da COMAI IV. A recomendação era a seguinte ‘A adopção e a utilização do MIP como um quadro dinâmico estratégico e continental para o processo de integração’.

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R1: Outros Estados Membros e outras CERs devem prosseguir com os esforços em curso para melhorar o processo de integração.

Actividades de Implementação Produtos da Implementação

Fronteiriços Únicos (OSBP) e sistemas eficazes de gestão das fronteiras.

2.1.4 Livre Circulação – Pessoas, Bens e Serviços

As recomendações no âmbito deste tema foram as seguintes: § R2: Reitera a recomendação da COMAI III que solicita a todos os

Estados Membros que isentem de visto todos os titulares de passaportes africanos diplomáticos e de serviço como um primeiro passo e que alarguem gradualmente este privilégio a todos os cidadãos africanos; e

§ R3: Exorta os Estados Membros a melhorar as características de segurança dos seus passaportes nacionais.

R2: Reitera a recomendação da COMAI III que solicita a todos os Estados Membros que isentem de visto todos os titulares de passaportes africanos diplomáticos e de serviço como um primeiro passo e que alarguem gradualmente este privilégio a todos os cidadãos africanos.

Actividades de Implementação Produtos da Implementação

De acordo com as respostas recebidas, alguns Estados Membros notaram a este respeito que todos os titulares africanos de passaporte diplomático e de serviço estão isentos de visto. Contudo, em alguns casos, os titulares de passaportes diplomáticos emitidos pelos governos de Argélia, República Democrática do Congo, Líbia, Libéria, Nigéria e Sudão, não foram isentos por um dos Estados Membros inquiridos. Embora se tenha notado também que a responsabilidade pela extensão desse privilégio a todos os cidadãos africanos seja a nível das CERs, os Estados Membros da SADC realçaram que isentaram todos os países membros da SADC. Contudo, não foi este o caso para os cidadãos angolanos e malgaxes. Além disso, alguns Estados Membros observaram que os países da Commonwealth também estavam isentos de visto, enquanto que alguns estavam em negociações bilaterais com outros países.

A partir das respostas recebidas, alguns Estados Membros notaram que como consequência das suas actividades as actividades comerciais tinham sido facilitadas. Um Estado Membro mencionou a criação da Lei de Facilitação de Negócios, permitindo que estrangeiros adquiram bens mais rápida e facilmente e que as pequenas empresas iniciem as suas actividades comerciais dentro de três dias úteis.

R3: Exorta os Estados Membros a melhorar as características de segurança dos seus passaportes nacionais.

Actividades de Implementação Produtos da Implementação

Segundo as respostas recebidas, os Estados Membros notaram que os seus passaportes são de leitura óptica e em alguns casos as características de segurança foram avaliadas e aprovadas pela Interpol, tendo recebido, portanto, a aprovação internacional. Além disso, alguns Estados Membros realçaram que são divulgadas com base na necessidade de informação. Alguns Estados Membros também notaram que as características de segurança dos seus passaportes estão a ser melhoradas graças à tecnologia.

De acordo com as respostas recebidas, alguns Estados Membros constataram que, como consequência das suas actividades, os viajantes estavam a ser atendidos com mais rapidez nas alfândegas e no controlo de passaportes e que havia também uma redução no número de falsificações de passaportes.

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2.1.5 Financiamento da Integração em África

As recomendações no quadro deste tema foram as seguintes: § R5: A África deve dar mais ênfase às modalidades de mobilização

de recursos internos como fontes alternativas de financiamento para reduzir a dependência de recursos externos e envolver as instituições financeiras regionais.

R5: A África deve dar mais ênfase às modalidades de mobilização de recursos internos como fontes alternativas de financiamento para reduzir a dependência de recursos externos e envolver as instituições financeiras regionais.

Actividades de Implementação Produtos da Implementação

Segundo as respostas recebidas , alguns Estados Membros notaram que a este respeito os sistemas de Registo Electrónico de Impostos (ETR) foram instalados para evitar a fraude bem como o Sistema Electrónico de Acompanhamento de Cargas (ECT) para monitorizar eficazmente o trânsito de cargas. Alguns notaram também a instalação do Sistema Informatizado para Dados Aduaneiros (ASYCUDA) em todos os postos fronteiriços. As listas de empresas contribuintes foram alargadas passando a incluir indústrias retalhistas. Alguns Estados Membros realçaram a utilização das taxas de portagem para a construção de estradas de modo a facilitar o comércio. Além disso, os que são membros da Tarifa Externa Comum (TEC) da COMESA, que também têm perda de receitas, podem beneficiar do Fundo COMESA e do seu mecanismo de compensação. Outros referiram-se aos seus esforços no sentido de criar o Fundo da SADC que é uma tentativa para reduzir a ‘síndrome de ajuda’ dos doadores. Também foram realçadas a racionalização da lista de produtos sem IVA e isentos. Foi também notado que o Sistema de Gestão das Finanças Públicas voltou a ser utilizado em certos Estados Membros. Outros Estados Membros realçaram os seus esforços para promover o comércio e o investimento através da criação de Empresas de Desenvolvimento Regional e Investimento, em particular no sector agrícola. Alguns países também criaram Fóruns Governamentais de Desenvolvimento para coordenar a ajuda e harmonizar as prioridades nacionais.

Segundo as respostas recebidas, alguns Estados Membros notaram que, como consequência das suas actividades, há mais receitas para o desenvolvimento económico e social. Alguns Estados Membros também constataram a adopção de abordagens participativas tanto pelo sector público como pelo privado no desenvolvimento e na implementação de projectos. Outros Estados Membros realçaram o melhoramentos na transparência, nos fluxos de receitas, na simplicidade administrativa como resultado do ETR, redução de casos de contrabando devido à instalação do ECT bem como o alargamento da base tributária.

2.1.6 Parcerias

As recomendações no âmbito deste tema foram as seguintes:

§ R6: Os Estados Membros, as CERs e a CUA devem melhorar a

coordenação entre si quanto ao seu envolvimento com os parceiros tendo em vista a definição duma estratégia de negociação comum;

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§ R7: Os Estados Membros devem respeitar a Decisão de Banjul da Sétima Conferência da UA de 2006 acerca de envolvimento com parceiros externos;

§ R8: Ao negociar parcerias a África deve dar prioridade à sua

capacitação, ao desenvolvimento de competências e à transferência de tecnologia a nível nacional, regional e continental; e

§ R9: As negociações com os parceiros devem ser orientadas para o

processamento local a fim de acrescentar valor a matérias-primas africanas bem como capacitar as populações africanas e insistir no acesso ao mercado para esses produtos nos mercados dos países desenvolvidos.

R6: Os Estados Membros, as CERs e a CUA deviam melhorar a coordenação entre si acerca do seu envolvimento com os parceiros tendo em vista a definição duma estratégia de negociação comum.

Actividades de Implementação Produtos da Implementação

De acordo com as respostas recebidas, alguns Estados Membros notaram a este respeito que as suas negociações dos Acordos de Parceria Económica (APEs) estavam a ter lugar no quadro da sua configuração de grupo de APE específico. Os Estados Membros da SADC referiram que as negociações sobre as questões relativas às alterações climáticas para a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas em 2009 em Copenhaga se realizaram no âmbito da sua comunidade. Além disso, os Estados Membros do Acordo Tripartido EAC-COMESA-SADC notaram que as negociações comerciais com a OMC estavam a ser continuadas no quadro da agenda tripartida. Alguns países realçaram o seu papel de liderança activa nas reuniões regionais da OMC sobre comércio e desenvolvimento.

De acordo com as respostas recebidas, alguns Estados Membros notaram que, como resultado das suas actividades, os países africanos estavam a falar a uma só voz nas negociações da OMC. Também foi realçado por alguns Estados Membros que algumas das posições comuns desenvolvidas são compatíveis com os compromissos regionais e multilaterais e por isso promoveram o desenvolvimento integrado.

R7: Os Estados Membros devem respeitar a Decisão de Banjul da Sétima Conferência da UA de 2006 acerca de envolvimento com parceiros externos. Actividades de Implementação Produtos da Implementação

De acordo com as respostas recebidas, os Estados Membros observaram que estavam a respeitar a Decisão de Banjul e que os Estados Membros deviam trabalhar mais estreitamente nas suas negociações com parceiros externos.

De acordo com as respostas recebidas, alguns Estados Membros notaram que, como resultado das suas actividades, há uma abordagem harmonizada e coordenada do financiamento dos doadores em sectores prioritários.

R8: Ao negociar parcerias a África deve dar prioridade á sua capacitação, ao desenvolvimento de competências e à transferência de tecnologia a nível nacional, regional e continental. Actividades de Implementação Produtos da Implementação

Segundo as respostas recebidas, alguns Estados Membros notaram a este respeito o seu apoio à Iniciativa Ajuda para o Comércio (ATF) e o seu apoio aos fóruns China-África e Cooperação Sul-Sul, respectivamente. Outros Estados Membros realçaram os seus esforços para incorporar as questões relativas à integração regional nos programas de universidades locais e promover acordos de cooperação entre os seus governos e outros governos. Alguns Estados Membros registaram a criação de Centros de Excelência Multidisciplinares Regionais (RMDCE) bem como o Centro de Assistência Técnica para África

Segundo as respostas recebidas, alguns Estados Membros notaram que como consequência das suas actividades o RMDCE e o AFRITAC ficaram operacionais, um aumento do número de peritos em política económica competentes e uma maior capacidade de gestão de políticas e estratégias de desenvolvimento económico. Os Estados Membros também realçaram que a AFT total para África passou de USD 6.5 mil milhões em 2002 para USD 10.560 mil milhões em 2006, enquanto que o fluxo total de ajuda ao desenvolvimento para África passou de USD 22.110 mil milhões em 2002 para USD 50.625 mil milhões em 2006. Alguns Estados Membros constataram maior

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(AFRITAC) do Fundo Monetário Internacional (FMI).

cooperação agrícola entre a África e a China, ao mesmo tempo que o investimento da China em África aumentou nos últimos anos. Também se realçou que a cooperação Sul-Sul tinha aumentado durante o período 1995-2009.

R9: As negociações com os parceiros devem ser orientadas para o processamento local a fim de acrescentar valor a matérias-primas africanas bem como capacitar as populações africanas e insistir no acesso ao mercado para esses produtos nos mercados dos países desenvolvidos. Actividades de Implementação Produtos da Implementação

Segundo as respostas recebidas, alguns Estados Membros notaram a este respeito que estão a ser realizados esforços para melhorar as infra-estruturas e tratar dos constrangimentos a nível da oferta.

Segundo as respostas recebidas, alguns Estados Membros notaram que como resultado das suas actividades estão a ser produzidos produtos mais competitivos e diversificados para exportação.

2.2 Comunidades Económicas Regionais (CERs)

2.2.1 É apresentado a seguir um resumo da implementação das

recomendações por cada uma das oito CERs oficialmente reconhecidas pela União Africana. Oito recomendações da COMAI IV aplicavam-se às CERs e inseriam-se em três áreas temáticas (ver Quadro 1). Quatro das CERs (50%) deram respostas oficiais à matriz. Estas foram as seguintes: EAC, COMESA, CEEAC e CEDEAO. As que não responderam foram a IGAD, SADC, CEN-SAD e UMA e sem darem qualquer explicação. Das quatro CERs que responderam, duas informaram que 100% das oito recomendações estavam a ser implementadas enquanto que com as outras duas CERs, nomeadamente EAC e CEEAC, nem todas as recomendações foram indicadas como implementadas.

Quadro 1: Lista das Recomendações da COMAI IV

Área Temática

Recomendação No. Recomendação

R

ec

om

en

daç

õe

s d

a C

OM

AI IV

Melhoria da Integração

Regional em África

1 Outros Estados Membros e outras CERs devem continuar os esforços em curso para melhorar o processo de integração.

2 Outras CERs devem seguir o exemplo dos esforços de integração em curso de COMESA-EAC-SADC a fim de criarem uma Zona de Comércio Livre única (FTA)

5 A adopção e utilização do MIP como um quadro continental estratégico dinâmico para o processo de integração.

Partilha de informações e

melhores práticas

3 Lançar um apelo à UMA para participar em todas as reuniões organizadas pela UA a fim de fornecer e partilhar informações sobre a integração.

4 Exortar as CERs a partilharem as suas melhores práticas e experiências sobre integração regional no quadro do Protocolo sobre Relações entre a UA e as CERs.

Parcerias 6 Os Estados Membros, as CERs e a CUA devem melhorar a coordenação entre si quanto ao seu envolvimento com os parceiros tendo em vista a definição duma estratégia de negociação comum.

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Área Temática

Recomendação No. Recomendação

7 Ao negociar parcerias a África deve dar prioridade à sua capacitação, ao desenvolvimento de competências e à transferência de tecnologia a nível nacional, regional e continental.

8 As negociações com os parceiros devem ser orientadas para o processamento local a fim de acrescentar valor a matérias-primas africanas bem como capacitar as populações africanas e insistir no acesso ao mercado para esses produtos nos mercados dos países desenvolvidos.

2.2.2 Melhoria da Integração Regional em África

Sob o tema Melhoria da Coordenação Regional em África, as recomendações foram as seguintes:

§ R1: Outros Estados Membros e outras CERs devem prosseguir

com os esforços em curso para melhorar o processo de integração; § R2: Outras CERs devem seguir o exemplo dos esforços de

integração em curso de COMESA-EAC-SADC a fim de criarem uma Zona de Comércio Livre única (FTA); e

§ R5: A adopção e utilização do MIP como um quadro continental estratégico dinâmico para o processo de integração.

2.2.3 Das quatro CERs que responderam à matriz, 75% observaram que a

recomendação estava a ser implementada. Segundo as respostas recebidas, as CERs notaram esforços para reforçar as capacidades institucionais de modo a permitir às sedes das CERs actuar como facilitadoras e coordenadoras das suas agendas de integração regional. Os esforços para divulgar a integração a todos os níveis também foram realçados.

2.2.4 Para R2, das quatro CERs que responderam à matriz, 100% notaram

que a implementação desta recomendação estava em curso. As CERs que fazem parte do Acordo Tripartido EAC-COMESA-SADC realçaram o seu envolvimento activo na implementação do Roteiro Tripartido visando a operacionalização da FTA (ver caixa 1). As CERs da África Ocidental e Central realçaram os seus esforços no sentido de trabalharem mais estreitamente.

2.2.5 Em relação à R5, as quatro CERs que responderam à matriz, mais

uma vez 100%, notaram que esta recomendação estava a ser implementada. As actividades realçadas incluíram a participação das CERs em reuniões sectoriais organizadas pela CUA em Nairobi, Quénia e Lilongwe, Malawi a 10-11 de Maio e 1-2 de Junho de 2010, respectivamente, a fim de acordarem e aperfeiçoarem as actividades prioritárias traçadas no MIP. Algumas CERs também realçaram que

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estão em curso esforços para integrar o MIP nas suas estruturas legislativas regionais e nos seus programas de trabalho.

Fonte: Relatório do Presidente do Grupo de Trabalho Especial Tripartido, Julho de 2010.

CERs R1: Outros Estados Membros e outras CERs devem continuar os esforços em curso para melhorar o processo de integração.

Actividades de Implementação Produtos da Implementação

COMESA A COMESA tem actividades em curso em oito (8) áreas focais, uma das quais incide no reforço da capacidade institucional para melhorar o processo de integração.

Crescimento no comércio intra COMESA. Além disso foram desenvolvidos novos programas como de direitos de propriedade, serviços, género, Convénios CAADP, Corredor Norte-Sul, programas de infra-estruturas e comércio e serviços.

CEN-SAD Matriz não preenchida Matriz não preenchida CEEAC Não implementado Não implementado SADC Matriz não preenchida Matriz não preenchida EAC A EAC participou nas reuniões sectoriais

convocadas pela CUA para desenvolver sectores nos MIPs.

Definição do caminho a seguir quanto aos sectores contidos nos MIPs.

IGAD Matriz não preenchida Matriz não preenchida CEDEAO Esforços realizados na disseminação/

divulgação da integração. Desenvolvimento de um protocolo para os vários intervenientes com um impacto positivo

Caixa 1: Roteiro Tripartido COMESA-SADC-EAC: Síntese

A proposta de FTA é sustentada por um roteiro visando a sua operacionalização. Foi proposto que do início de 2010 a Junho de 2011 haveria um período preparatório para consultas a nível nacional, regional e tripartido. Pretendia-se que os Estados Membros utilizassem este período para definir em pormenor o quadro jurídico e institucional para a FTA única, utilizando como base os documentos preliminares já elaborados. Além disso, foi planeado que cada CER discutiria os documentos tripartidos, para que as reuniões tripartidas aos vários níveis pudessem deliberar e chegar a recomendações concretas. Previa-se que até Junho de 2011, haveria um acordo final para criar a FTA Tripartida, pronta para assinatura em Junho de 2011.

Após a assinatura da FTA, seriam concedidos seis meses, até Dezembro de 2011, para que os Estados Membros finalizassem os seus processos internos de modo a poderem ratificar o Acordo ao mesmo tempo que criavam as instituições de apoio necessárias e adoptavam os procedimentos e instrumentos aduaneiros relevantes. Prevê-se que a FTA tripartida seja lançada em Janeiro de 2012.

Durante o período preparatório prevê-se que sejam montados programas fortes de sensibilização para os sectores público e privado e todos os intervenientes, incluindo membros do parlamento, comunidade empresarial, instituições académicas, sociedade civil e parceiros do desenvolvimento, para garantir a compreensão aprofundada da FTA e a sua óptima aceitação.

As principais vantagens de uma única FTA Tripartida são a formação dum mercado maior, com um único espaço económico, que proporciona economias de escala. Este tipo de espaço económico será mais atractivo para investimento e produção em grande escala. Até então, as estimativas indicam que as exportações entre os 26 países da FTA Tripartida aumentaram de USD 7 mil milhões em 2000 para USD 27 mil milhões em 2008 e as importações passaram de USD 9 mil milhões em 2000 para USD 32 mil milhões em 2008. Este aumento impressionante no comércio foi em grande medida promovido por iniciativas da zona de comércio livre das três organizações, respectivamente. Prevê-se um forte desempenho comercial graças à promoção de pequenas e médias empresas que produzem bens e serviços. Além disso, o espaço económico tripartido ajudará também a resolver os desafios actuais resultantes de múltiplas adesões ao avançar com as iniciativas em curso de harmonização e coordenação dos três grupos regionais para conseguir a convergência de programas e actividades. Deste modo, a FTA Tripartida contribuirá significativamente para a integração económica continental africana.

Nomeadamente, o Grupo de Trabalho Especial tem estado a discutir a possibilidade de se criar um Secretariado Tripartido para coordenar melhor o mandato Tripartido.

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CERs R1: Outros Estados Membros e outras CERs devem continuar os esforços em curso para melhorar o processo de integração. Actividades de Implementação Produtos da Implementação

no direito de entrada, residência e estabelecimento de cidadãos da comunidade.

UMA Matriz não preenchida Matriz não preenchida

CERs R2: Outras CERs devem seguir o exemplo dos esforços de integração em curso de

COMESA-EAC-SADC a fim de criarem uma Zona de Comércio Livre única (FTA) Actividades de Implementação Produtos da Implementação

COMESA A COMESA está a implementar actualmente o Roteiro Tripartido

Foram formulados documentos para o estabelecimento da FTA Tripartida incluindo o Relatório Tripartido, o Projecto de Acordo e os seus 14 anexos.

CEN-SAD Matriz não preenchida Matriz não preenchida CEEAC Foram feitos contactos informais e foi

realizada uma missão à sede da CEDEAO. Está a ser planeada uma nova missão.

Acordo sobre disposições práticas para se alcançar o objectivo de criação duma Zona de Comércio Livre entre as duas regiões.

SADC Matriz não preenchida Matriz não preenchida EAC Foi elaborada documentação relevante

para a institucionalização das estruturas tripartidas e a realização da 2ª Cimeira Tripartida, prevista para antes de finais de 2010, analisará o trabalho e dará directivas para o futuro.

Elaboração da documentação relevante para dirigir as iniciativas tripartidas.

IGAD Matriz não preenchida Matriz não preenchida

CEDEAO Acordo estabelecido com a UEMOA. Além disso, um Memorando de Entendimento (MdE) sobre cooperação e parceria está a ser adoptado com outras organizações inter-governamentais na África Ocidental.

Melhor coordenação das actividades na região.

UMA Matriz não preenchida Matriz não preenchida

CERs R5: A adopção e utilização do MIP como um quadro continental estratégico dinâmico para o processo de integração.

Actividades de Implementação Produtos da Implementação

COMESA A COMESA apresentou o seu MIP à UA. Além disso, o MIP está a ser incorporado nas estruturas legislativas de integração regional. Também tem havido cooperação entre as CERs e a CUA quanto ao desenvolvimento e à implementação do MIP desde a COMAI IV.

Informação não fornecida.

CEN-SAD Matriz não preenchida Matriz não preenchida CEEAC Participou em reuniões sectoriais

organizadas pela CUA para chegar a um acordo e aperfeiçoar as actividades prioritárias do MIP. Contudo, a incorporação do MIP em estruturas legislativas de integração regional e em programas de trabalho das CERs ainda não foi realizada pela CEEAC.

Implementação de programas e projectos que melhoram a integração dos Estados Membros.

SADC Matriz não preenchida Matriz não preenchida EAC A EAC participou na elaboração de

sectores contidos no MIP. Incorporação do MIP em estruturas legislativas regionais e nacionais a ser implementada e avaliada quando estes MIPs tiverem sido concluídos.

Informação não fornecida.

IGAD Matriz não preenchida Matriz não preenchida CEDEAO Em curso como parte do plano estratégico Informação não fornecida.

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CERs R5: A adopção e utilização do MIP como um quadro continental estratégico dinâmico para o processo de integração. Actividades de Implementação Produtos da Implementação

elaborado para a região da CEDEAO. Além disso, as actividades do MIP são tidas em conta por programas da CEDEAO tendo em vista a abordagem participativa adoptada para a sua elaboração.

UMA Matriz não preenchida Matriz não preenchida

2.2.6 Partilha de Informações e Melhores Práticas

Sob o tema Partilha de Informações e melhores práticas, as recomendações foram as seguintes:

§ R3: Lançar um apelo à UMA para participar em todas as reuniões

organizadas pela UA a fim de fornecer e partilhar informações sobre a integração; e

§ R4: Exortar as CERs a partilharem as suas melhores práticas e experiências sobre integração regional no quadro do Protocolo sobre Relações entre a UA e as CERs.

2.2.7 Relativamente à R3, das quatro CERs que responderam, apenas a

COMESA forneceu informações acerca da implementação desta recomendação. A informação apresentada realçou o envolvimento activo da COMESA nas reuniões da UA e, nomeadamente, nas reuniões de coordenação das CERs, que são convocadas semestralmente pela Comissão e servem de meio para os vários departamentos sectoriais da Comissão e da Agência de Planificação e Coordenação da NEPAD (NPCA) discutirem com as CERs, num fórum, as questões multi-sectoriais.

CERs R3: Lançar um apelo à UMA para participar em todas as reuniões organizadas pela UA

a fim de fornecer e partilhar informações sobre a integração.

Actividades de Implementação Produtos da Implementação

COMESA A COMESA tem sempre participado activamente nas reuniões da UA acerca da integração regional, por exemplo a COMESA participou na recente 8ª Reunião de Coordenação da Integração Regional realizada em Libreville, Gabão, de 12 a 15 de Janeiro de 2010.

Melhor colaboração com a UA e outras CERs.

CEN-SAD Matriz não preenchida. Informação não fornecida. ECCAS Informação não fornecida. Informação não fornecida. SADC Matriz não preenchida. Matriz não preenchida. EAC Informação não fornecida. Informação não fornecida. IGAD Matriz não preenchida. Matriz não preenchida.

ECOWAS Informação não fornecida. Informação não fornecida.

AMU Matriz não preenchida. Matriz não preenchida.

2.2.8 Relativamente à R4, apenas a EAC a COMESA e a CEDEAO

responderam. Entre as actividades referidas encontram-se visitas a outras CERs, tendo a SADC e a IGAD sido visitadas pelo Secretariado da COMESA e tendo a própria COMESA participado na Reunião de Directores Gerais e Altos Funcionários sobre a implementação do

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Relatório de Monitorização da Implementação das Recomendações da Quarta Conferência de Ministros Africanos Responsáveis pela Integração (COMAI IV) Pág.23

MdE acerca da cooperação na área de Paz e Segurança. A EAC salientou a programação conjunta realizada por algumas CERs. A CEDEAO também realizou missões à Comissão Europeia e ao Banco Central Europeu para informações sobre o seu sistema de vigilância multilateral (ver caixa 2) e a gestão de uma moeda comum.

CERs R4: Exortar as CERs a partilharem as suas melhores práticas e experiências sobre

integração regional no quadro do Protocolo sobre Relações entre a UA e as CERs. Actividades de Implementação Produtos da Implementação

COMESA A SADC e a IGAD visitaram o Secretariado da COMESA. Além disso, a COMESA participou na Reunião de Directores Gerais e Altos Funcionários acerca da implementação do MdE sobre a cooperação na área de paz e segurança. Finalmente, a COMESA participou na reunião sobre a implementação do MdE sobre Paz e Segurança em Akosombo, Gana, em Dezembro de 2009.

Finalização do MdE entre a COMESA e a CEDEAO.

CEN-SAD Matriz não preenchida Matriz não preenchida

ECCAS Matriz não preenchida Matriz não preenchida SADC Matriz não preenchida Matriz não preenchida EAC Alguma programação e implementação

conjunta de programas está a ser levada a cabo por algumas CERs. Além disso, as CERs decidiram que o protocolo sobre as Relações entre a UA e as CERs deve ser revisto para o adaptar às peculiaridades actuais da integração a nível de Estados Membros – CERs.

Desenvolvimento de sinergias para a integração entre as CERs, por ex: programas EAC/COMESA/IGAD abrangendo paz e segurança, governação etc. Está em curso o processo de revisão do Protocolo.

IGAD Matriz não preenchida Matriz não preenchida

ECOWAS Missão realizada em 2010 à Comissão da União Europeia e ao Banco Central Europeu.

Sistema de vigilância multilateral e gestão de uma moeda comum.

AMU Matriz não preenchida Matriz não preenchida

Caixa 2:Sistema de Vigilância Multilateral da CEDEAO: Síntese A estratégia da CEDEAO para conseguir uma moeda comum e união monetária está assente num Programa de Convergência de Política Macroeconómica. O Programa está a ser implementado no quadro dum mecanismo de vigilância multilateral. Em 2009 várias actividades da CEDEAO neste período tiveram como objectivo assegurar o estabelecimento e o funcionamento efectivos dos Comités de Coordenação Nacional (NCCs) e a formulação dum roteiro abrangente para a criação da moeda única da CEDEAO. As actividades adicionais abrangeram a cooperação e a colaboração com as instituições regionais envolvidas na implementação do Mecanismo de Vigilância Multilateral, monitorizando o desempenho macroeconómico dos Estados Membros no quadro do Mecanismo de Vigilância Multilateral da CEDEAO. No âmbito do apoio à capacitação para melhorar as actividades de vigilância multilateral na região, a Comissão da CEDEAO organizou um workshop técnico sobre o Mecanismo de Vigilância Multilateral da CEDEAO no Instituto de Gestão e Administração Pública do Gana (GIMPA) em Acra, de 27 a 31 de Julho de 2009, para os altos responsáveis envolvidos na implementação do Mecanismo de Vigilância Multilateral, incidindo especificamente nas modalidades e no quadro recomendado para implementar o Mecanismo de Vigilância Multilateral da CEDEAO. A Comissão também organizou missões de monitorização e avaliação para NCCs seleccionados nos Estados Membros a fim de avaliar as operações dos NCCs e identificar áreas concretas para assistência

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técnica e apoio logístico. Além disso, o apoio anual da CEDEAO ao funcionamento dos NCCs aumentou de $7,500 em 2008 para $30,000 em 2009 e o primeiro desembolso de $15,000 para a primeira metade de 2009 foi efectuado em Agosto de 2010. A Comissão também iniciou o recrutamento de pessoal nos Secretariados dos NCCs dos Estados Membros não UEMOA para facilitar o seu funcionamento eficaz. A Comissão da CEDEAO colaborou ainda com as instituições regionais envolvidas no Programa de Cooperação Monetária da CEDEAO, em especial na formulação do roteiro para a concretização da moeda comum regional e na articulação de uma estratégia regional para tratar dos efeitos da crise financeira e económica mundial na CEDEAO. A colaboração com a Agência Monetária da África Ocidental (AMAO) foi igualmente aprofundada através do quadro do Secretariado Conjunto CEDEAO/AMAO a fim de monitorizar eficazmente a implementação das actividades de vigilância multilateral da CEDEAO na região.

Fonte: Aprofundar a Integração Regional em Resposta à Crise Económica Mundial, 2009.

2.2.9 Parcerias

No âmbito do tema parcerias, as recomendações foram as seguintes:

§ R6: Os Estados Membros, as CERs e a CUA devem melhorar a

coordenação entre si quanto ao seu envolvimento com os parceiros tendo em vista a definição duma estratégia de negociação comum; e

§ R7: Ao negociar parcerias a África deve dar prioridade à sua capacitação, ao desenvolvimento de competências e à transferência de tecnologia a nível nacional, regional e continental;

§ R8: As negociações com os parceiros devem ser orientadas para

o processamento local a fim de acrescentar valor a matérias-primas africanas bem como capacitar as populações africanas e insistir no acesso ao mercado para esses produtos nos mercados dos países desenvolvidos.

2.2.10 Relativamente à R6, três das quatro CERs estavam a implementar

esta recomendação, nomeadamente EAC, COMESA e CEDEAO. Em relação à COMESA, as actividades incluíram a participação na Reunião da Estratégia Comum UE-África (JAES) convocada pela CUA em Novembro de 2009. A COMESA também sublinhou a sua participação activa no Acordo de Parceria Económica (APE) da África Oriental e Austral (ESA). A EAC destacou a coordenação a nível das CERs-UA-UE em áreas como paz e segurança no quadro da Arquitectura de Paz e Segurança Africana (APSA). De igual modo a CEDEAO realçou o envolvimento dos seus Estados Membros nas negociações do APE.

CERs R6: Os Estados Membros, as CERs e a CUA devem melhorar a coordenação entre si

quanto ao seu envolvimento com os parceiros tendo em vista a definição duma estratégia de negociação comum. Actividades de Implementação Produtos da Implementação

Comissão da União Africana (CUA) Departamento dos Assuntos Económicos

Relatório de Monitorização da Implementação das Recomendações da Quarta Conferência de Ministros Africanos Responsáveis pela Integração (COMAI IV) Pág.25

COMESA A COMESA participou recentemente na Reunião da Estratégia Comum UE-África (JAES) realizada em Novembro de 2009 em Adis Abeba, Etiópia. A COMESA também participou activamente nas reuniões ESA/APE.

Melhorar a coordenação com as CERs e os parceiros.

CEN-SAD Matriz não preenchida Matriz não preenchida

CEEAC Não implementado Não implementado

SADC Matriz não preenchida Matriz não preenchida EAC Foi implementada a coordenação a

nível das CERs-UA-UE, por exemplo na área da paz e segurança no âmbito da Arquitectura de Paz e Segurança Africana (APSA). Envolvimento do BAD no financiamento do desenvolvimento. Além disso, a EAC tem estado a par dos compromissos assumidos pela CUA com parceiros do desenvolvimento como a UE, a Turquia, a China e a América do Sul.

Programas em curso no quadro da APSA.

IGAD Matriz não preenchida Matriz não preenchida CEDEAO Os Estados Membros estão

intimamente implicados nas negociações do APE com a União Europeia.

Melhor envolvimento dos Estados Membros.

UMA Matriz não preenchida Matriz não preenchida

2.2.11 Em relação à R6, as quatro CERs estavam a implementar a

recomendação. As CERs inquiridas constataram que, através dos seus programas e projectos, é concedida prioridade à questão da capacitação. Além disso, através das negociações do APE estão a ser realçados aspectos relativos ao desenvolvimento (ver caixa 3 para uma actualização do estado das negociações do APE).

CERs R7: Ao negociar parcerias a África deve dar prioridade à sua capacitação, ao

desenvolvimento de competências e à transferência de tecnologia a nível nacional, regional e continental.

Actividades de Implementação Produtos da Implementação

COMESA A COMESA através dos seus vários programas, projectos e workshops está a reforçar a capacitação dos seus Estados Membros.

Melhor capacidade dos Estados Membros.

CEN-SAD Matriz não preenchida Matriz não preenchida

CEEAC Negociações do APE estão em curso com a UE para obter apoio mais recente nesta área.

Aceitação pela UE dos princípios identificados no Acordo de Cotonou.

SADC Matriz não preenchida Matriz não preenchida EAC Negociar os APEs utilizando uma

abordagem regional. Informação não fornecida.

IGAD Matriz não preenchida Matriz não preenchida

CEDEAO No quadro da região da África Ocidental foi preparado um programa de desenvolvimento do APE (EPAD/PAPED) para tratar das necessidades de desenvolvimento resultantes de um APE.

Um APE promovendo o desenvolvimento da região da África Ocidental.

UMA Matriz não preenchida Matriz não preenchida

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2.2.12 Relativamente à R8, apenas a EAC, COMESA e CEDEAO estavam a implementar esta recomendação. Nomeadamente, a COMESA mencionou a sua parceria com o Centro de Comércio Internacional (CCI) a nível da capacitação para apoiar o valor acrescentado e o comércio (ver caixa 4 para um resumo do programa CCI Pact II).

CERs R8: As negociações com os parceiros devem ser orientadas para o processamento local a fim de acrescentar valor a matérias-primas africanas bem como capacitar as populações africanas e insistir no acesso ao mercado para esses produtos nos mercados dos países desenvolvidos. Actividades de Implementação Produtos da Implementação

COMESA A COMESA tem uma parceria com o Centro de Comércio Internacional (CCI) no quadro do Programa PACT II a fim de facilitar o apoio à capacitação para acrescentar valor às matérias-primas regionais e promover o comércio.

Maior capacidade comercial e de produção.

CEN-SAD Matriz não preenchida Matriz não preenchida CEEAC Não implementado Não implementado SADC Matriz não preenchida Matriz não preenchida EAC Negociações do APE sublinham

aspectos relativos ao desenvolvimento. Informação não fornecida

IGAD Matriz não preenchida Matriz não preenchida CEDEAO Considerado no contexto de EPADP

Proporcionar à região uma base industrial sólida e aumentar a riqueza regional.

UMA Matriz não preenchida Matriz não preenchida

Região Caixa 3: Actualização das Negociações do APE – Síntese

Região da África Ocidental

Na região da África Ocidental o Gana iniciou um acordo provisório em Dezembro de 2007 e a Côte d’Ivoire também assinou um acordo provisório a 26 de Novembro de 2008. No caso da Côte d’Ivoire, o Parlamento Europeu aprovou informalmente (“assent”) a celebração do seu acordo provisório a 24 de Março de 2009. O ano de 2010 foi um ano de negociações de um APE regional que substituiria os acordos provisórios. As principais questões pendentes nas negociações que se referem à África Ocidental são a oferta de acesso ao mercado para o comércio de mercadorias, Nação Mais Favorecida (NMF), regras de origem e a questão da taxa comunitária. Quanto ao acesso ao mercado de mercadorias, a África Ocidental apresentou uma oferta de acesso ao mercado regional em Março de 2010. Propôs abrir 70% das suas linhas pautais e o volume do comércio por um período de 25 anos, o que a região sublinhou que seria o máximo que poderia atingir; foi também proposto um programa de eliminação de tarifas compreendendo três fases (2015, 2025 e 2035). Contudo, a UE considerou as propostas insuficientes pois gostaria de ver a África Ocidental liberalizar “essencialmente” toda a sua oferta dentro de 15 anos. Além disso, a região da África Ocidental preparou um Programa de Desenvolvimento do APE (EPADP) para tratar das necessidades de desenvolvimento resultantes dum APE, que gostaria de incluir no APE como um anexo. O EPADP foi inicialmente estimado em €9.5 biliões nos próximos cinco anos. A 10 de Maio, os ministros de desenvolvimento da UE traçaram, sob a forma de uma Conclusão do Conselho, o seu apoio previsto ao EPADP. Além de reiterar os compromisso quanto à ajuda ao comércio e à eficácia da ajuda, a UE considera que (i) “os fundos disponíveis para actividades relativas ao EPADP provenientes de todos os seus instrumentos financeiros nos próximos cinco anos se cifram em pelo menos 6.5 biliões de Euros”, enquanto que (ii) “se prevê que a ajuda total ao comércio para a África Ocidental proveniente de todos os doadores ultrapasse USD 12 mil milhões no mesmo período”.

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Região Caixa 3: Actualização das Negociações do APE – Síntese

ESA

Depois de iniciar um acordo provisório EAC-CE, estão a ter lugar negociações com a CE para um acordo completo segundo a configuração EAC. Em Março de 2009, os países da África Oriental e Austral anunciaram que iam prosseguir as negociações com a CE como um órgão colectivo de 16 países. Assim, os países da EAC participaram nas reuniões ESA , mas também tiveram reuniões paralelas EAC-CE. Segundo a configuração ESA, quatro países assinaram um acordo provisório com a UE em Agosto de 2009 (Madagáscar, Maurícias, Seicheles e Zimbabué). Contudo, as Comores e a Zâmbia indicaram que assinarão mais tarde. Foi criado um Comité de Implementação do Acordo Provisório. Persistem questões pendentes nas negociações de um APE definitivo segundo a configuração ESA. Estas incluem disposições sobre o comércio de bens e serviços, bem como apoio ao desenvolvimento. Foram realizados progressos quanto a um consenso em questões controversas na reunião ministerial conjunta de 6 de Abril de 2009. Na reunião realizada nas Maurícias em Agosto de 2009, tanto a UE como a ESA concordaram em prosseguir as negociações de um APE sem demora. Na região da EAC continuam por tratar algumas questões controversas no acordo provisório antes da sua assinatura. Embora já se tenha chegado a um acordo sobre grande parte do texto para um APE abrangente EAC-CE, as questões que continuam pendentes abrangem a cooperação para o desenvolvimento, a cláusula NMF, impostos sobre as exportações, oferta de acesso ao mercado e questões relativas ao comércio. Devido aos vários desafios enfrentados pela região, o prazo inicial para celebrar o APE definitivo até Julho de 2009 não foi cumprido.

África Central

Na região da África Central, apenas os Camarões assinaram um acordo provisório (a 15 de Janeiro de 2009) e as negociações de um APE regional definitivo continuam. Nesta região, as questões pendentes incluem a oferta de acesso ao mercado regional da África Central em produtos, regras de origem, cláusula NMF, cláusula de não execução, subsídios à exportação e impostos, comércio de serviços, questões relativas ao comércio bem como apoio ao desenvolvimento de acordo com o Documento Conjunto de Orientação sobre o reforço das capacidades de produção e o aumento da competitividade económica.

SADC

Nos oito países que constituem o grupo de negociação do APE da SADC, apenas quatro assinaram um APE provisório com a UE. O Botsuana, o Lesoto e a Suazilândia assinaram um acordo a 4 de Julho de 2009; isto foi seguido pouco depois pela República de Moçambique a 15 de Junho de 2009. A Namíbia rubricou o acordo em Dezembro de 2007 com reservas de reabrir as negociações sobre várias anomalias e desequilíbrios contidos no APE. A África do Sul e Angola ainda não rubricaram nem assinaram o dito APE, estando a África do Sul ainda a exportar para a UE no âmbito do Acordo de Comércio, Desenvolvimento e Cooperação (TDCA) “bilateral”. A Tanzânia, por seu lado, foi obrigada a deixar o grupo do APE da SADC e a continuar as negociações futuras no grupo ESA APE. Uma questão importante na região é a coerência das tarifas para a CE entre os membros da União Aduaneira da África Austral (SACU). Foi previsto que o APE teria como resultado um regime comercial entre a SACU e a CE, rectificando o facto de existir o Acordo de Cotonou para o Botsuana, o Lesoto, a Namíbia e a Suazilândia e o TDCA para a África do Sul. A 28 de Junho de 2010, o Conselho da UE adoptou uma decisão de emendar as disposições e os anexos do TDCA numa tentativa para harmonizar cerca de 53 linhas pautais no TDCA com as negociadas entre a UE e o Botsuana, o Lesoto e a Suazilândia conforme estabelecido no Anexo 3 ao Acordo de Parceria Económica Provisório CE-SADC. Persistem várias questões pendentes apesar das negociações visando um APE definitivo. Por exemplo, a Namíbia exprimiu alguma preocupação com as questões relativas ao acesso ao mercado, regras de origem e comércio de serviços, enquanto que a África do Sul está muito preocupada com o possível conflito deste acordo com a União Aduaneira SACU. O Botsuana, Lesoto, Madagáscar e Suazilândia, que nunca assinaram o APE provisório, estão a apoiar a causa da Namíbia e, portanto, não implementarão quaisquer reformas enquanto a UE não atender as suas queixas.

Fonte: acp-eu-trade.org

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Caixa 4: CCI PACT II: Síntese O Programa de Capacitação Africana para o Comércio, também conhecido por PACT II, consiste numa parceria estratégica entre o CCI, como agência de execução, CERs seleccionadas, COMESA, CEEAC e CEDEAO como principais organizações de contrapartida, o sector privado regional e instituições de apoio ao comércio (TSI). A gestão do PACT II é realizada via três escritórios satélite regionais criados nos secretariados da COMESA e da CEEAC, respectivamente, e a Comissão da CEDEAO. O Comité Directivo do Programa é responsável pela coordenação em geral e é constituído pelas três CERs, UA. UNECA - Centro de Política Comercial Africana, redes empresariais africanas seleccionadas, CCI e a Agência Canadiana de Desenvolvimento Internacional (CIDA) como principal doador.

Fonte: Centro de Comércio Internacional (CCI)

2.3 Comissão da União Africana 2.3.1 Este Capítulo faz um resumo da implementação das recomendações

pela Comissão da União Africana. As recomendações inserem-se nos seguintes temas: informação anual sobre os progressos da integração em África, melhoria de integração em África, financiamento da integração africana, mobilização de recursos e parcerias.

2.3.2 Informação Anual sobre os Progressos da Integração em África

No âmbito do tema Informação Anual sobre os Progressos da Integração em África, as recomendações foram as seguintes:

§ R1: Para o relatório sobre o Estado da Integração Regional em

África (SIA) a CUA devia realizar uma análise comparativa mais aprofundada a fim de identificar o que fez cada CER em relação a actividades passadas, os desafios enfrentados e fazer recomendações para o futuro, tendo em conta aspectos fundamentais da integração como o desenvolvimento de infra-estruturas;

§ R2: Devem ser envidados esforços para assegurar o mais

possível que o relatório sobre SIA abranja as oito CERs reconhecidas pela União Africana, incluindo a UMA;

§ R3: Ao preparar futuros relatórios SIA, deve ser copiada a

abordagem consultiva inclusiva utilizada pelo painel de auditoria da UA sobre o Governo da União;

§ R4: A divulgação dos relatórios finais e declarações da COMAI

deve ser efectuada dentro de um mês após a sua adopção pela Conferência da União; e

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§ R5: Solicitar à UA que simplifique a matriz de monitorização da implementação das recomendações da COMAI IV enviadas aos Estados Membros de modo a facilitar o seu cumprimento.

2.3.3 Relativamente à R1, a fim de elaborar os relatórios SIA, os dados são

obtidos sobretudo através dum questionário distribuído às CERs. A partir deste questionário, de missões realizadas às CERs e da utilização de dados secundários, os relatórios SIA conseguem comparar anualmente os progressos realizados em áreas sectoriais com os dados recolhidos no relatório do ano anterior. Esta comparação dos progressos do ano anterior e do actual é efectuada para cada CER.

2.3.4 Em relação à R2, estão em curso consultas para tentar reforçar as

relações com a UMA. Todos os anos o SIA tentar abranger detalhadamente as oito CERs oficialmente reconhecidas pela UA. Não se tenta excluir deliberadamente qualquer CER.

2.3.5 Quanto à implementação da R3, deve-se sublinhar que, ao preparar

os relatórios SIA, é adoptada uma abordagem de consulta inclusiva. Além disso no SIA 3, a metodologia de consulta adoptada foi traçada, incluindo nomeadamente visitas a várias CERs.

2.3.6 Para a R4, a Comissão pretende transmitir o Relatório e a Declaração

Ministeriais finais logo após cada reunião da COMAI, logo que o relatório fique concluído e as emendas relevantes tenham sido incorporadas. Para a R5, a matriz de monitorização das recomendações de cada COMAI é simplificada o mais possível de modo a permitir que os intervenientes relevantes forneçam facilmente informações sobre a implementação. Portanto, o método adoptado de recolha desses pormenores é sob a forma de uma matriz. Os intervenientes podem preencher a matriz quando quiserem, mas de preferência dentro do prazo solicitado.

2.3.7 Melhoria da Integração em África

No quadro do tema Melhoria da Integração em África, a recomendação foi a seguinte: § R6: A CUA, em colaboração com os Estados Membros, as CERs

e os seus parceiros, devia organizar reuniões sectoriais para identificar os sectores prioritários que são considerados como aceleradores do processo de integração com um prazo definido, de acordo com o Plano Estratégico da União Africana.

2.3.8 Relativamente à implementação da R6, importa lembrar que a Quarta Conferência de Ministros Africanos Responsáveis pela Integração (COMAI IV), realizada em Yaoundé, Camarões, em Maio de 2009, e a 14ª Cimeira da União Africana de Julho de 2009 adoptaram o programas como um quadro estratégico dinâmico para o processo de integração continental de África. A Cimeira incumbiu a CUA de, em

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colaboração com as CERs e outros intervenientes, apresentar prioridades implementáveis e financiáveis em cada um dos sectores do MIP, de acordo com o Plano Estratégico da UA.

2.3.9 Portanto, foi decidido que deviam ser realizadas consultas sectoriais

sobre o MIP com o objectivo de identificar as actividades, os projectos e os programas prioritários a serem implementados. Duas dessas reuniões realizaram-se em Nairobi, Quénia, e Lilongwe, Malawi, de 10 a 11 de Maio e de 1 a 2 de Junho de 2010, respectivamente. As reuniões contaram com a participação de representantes das CERs e da Comissão Económica para África das Nações Unidas (UNECA). Foram elaborados os relatórios das reuniões, um Plano de Acção MIP produzido conjuntamente (para a 1ª fase do MIP 2009-2012) e a respectiva matriz.

2.3.10 Financiamento da Integração Africana

Em relação ao tema do financiamento da integração africana, as recomendações foram as seguintes: § R7: A CUA, em colaboração com o BAD, deve explorar a

possibilidade de estabelecer um fundo continental especial para a implementação do MIP, que será parcialmente mantido com fundos continentais e regionais existentes bem como com outras fontes alternativas de financiamento, que estão a ser identificadas pela UA;

§ R8: Solicita à CUA que prepare um estudo sobre o financiamento

do fundo continental dedicado à implementação do MIP.

2.3.11 Quanto à implementação de R7 e R8, a CUA, em Outubro de 2009, preparou os Termos de Referência (TdR) para a realização do estudo de viabilidade sobre a criação dum fundo de integração africano. O documento foi depois distribuído ao BAD e as duas instituições ainda não discutiram nem finalizaram os TdR. Prevê-se que as discussões sobre como levar adiante este trabalho tenham lugar nos meses a seguir à COMAI V.

2.3.12 Mobilização de Recursos

Quanto ao tema Mobilização de Recursos a recomendação foi a seguinte: § R9: A África deve dar mais ênfase a modalidades de mobilização

de recursos internos como fontes alternativas de financiamento para reduzir a dependência de fontes externas e envolver as instituições financeiras regionais.

2.3.13 Quanto à implementação da R9, a Comissão realizou um estudo sobre

Fontes Alternativas de Financiamento para a União Africana, que resultou do facto dos mecanismos actuais de financiamento das

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actividades da organização, nomeadamente as contribuições estatutárias dos Estados Membros e as contribuições dos parceiros do desenvolvimento, terem muitas deficiências. Assim, conforme incumbida pelos Estados Membros, a Comissão analisou ainda mais o estudo anterior sobre o assunto, em consulta com os Estados Membros e de acordo com as recomendações da Conferência Extraordinária de Ministros Africanos de Economia e Finanças (CAMEF) realizada em Janeiro de 2009. Os resultados do estudo reanalisado foram apresentados aos ministros na Conferência Extraordinária de Ministros Africanos de Economia e Finanças (CAMEF) em Dezembro de 2009.

2.3.14 Inicialmente, foram consideradas várias opções: imposto sobre importações, uma taxa de um por cento (1%) dos orçamentos nacionais para substituir as contribuições estatutárias dos Estados Membros, imposto sobre viagens internacionais (bilhete aéreo), imposto sobre exportações com base na estrutura de exportação dos países, imposto sobre exportações de hidrocarbonetos (taxa de solidariedade), taxa comunitária, imposto sobre o turismo, financiamento do sector privado e imposto sobre as apólices de seguro. Contudo, estas opções estão agora reduzidas a três, nomeadamente, imposto sobre as importações, impostos sobre os bilhetes aéreos e imposto sobre os seguros. A fim de aprofundar o estudo (ver Capítulo 5 deste relatório para uma análise das opções alternativas de financiamento propostas), a Comissão está agora a envolver as CERs e os Estados Membros para partilharem experiências.

2.3.15 Parcerias

No tema parcerias as recomendações foram as seguintes:

§ R10: A África deve racionalizar a sua abordagem das parcerias. Para isto, a CUA deve finalizar, de forma prioritária, o estudo sobre a avaliação das parcerias existentes a fim de determinar o seu impacto no desenvolvimento socioeconómico do continente e no processo de integração;

§ R11: A CUA deve assumir a liderança para melhorar a coordenação entre os Estados Membros, as CERs e ela própria quanto ao seu envolvimento com os parceiros a fim de implementar uma estratégia de negociação comum;

§ R12: A CUA deve melhorar os mecanismos existentes de

coordenação de parcerias. A distribuição da gestão das várias parcerias dentro dos departamentos deve ser realizada de acordo com os seus mandatos específicos;

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§ R13: A CUA deve criar um quadro multilateral forte em cada Estado Membro; as CERs e a CUA devem envolver os parceiros com base no princípio da subsidiariedade.

2.3.16 A respeito das recomendações acima, a CUA está a finalizar o seu estudo sobre a avaliação das suas parcerias. A Comissão também convocou uma Reunião do Diálogo dos Parceiros UA/ECA de 1 a 2 de Dezembro de 2009 em Adis Abeba, Etiópia. A reunião discutiu várias questões, inclusive a racionalização e harmonização do apoio dos parceiros tanto à Comissão como às CERs. Relativamente à parceria da Comissão com a União Europeia (UE) sobre o Diálogo África-UE, a Comissão trabalha estreitamente com os Estados Membros através dum Comité de Monitorização, que também envolve representantes do Comité de Representantes Permanente da UA (CRP). Estão também a ser tomadas medidas para envolver melhor as CERs neste assunto.

2.3.17 A gestão das várias parcerias de acordo com o mandato específico

dos departamentos está a ser implementada progressivamente. Vários departamentos gerem determinadas parcerias de acordo com as suas pastas sectoriais e áreas de especialização. Por exemplo, a parceria de África com o G8 e o G20 é gerida no Departamento de Assuntos Económicos, enquanto que a monitorização de compromissos é efectuada pela Agência da NEPAD. Ao preparar a Cimeira do G8 realizada em Muskoka, Canadá, em Junho de 2010, a Comissão da União Africana e a Agência da NEPAD colaboraram na preparação duma avaliação independente dos compromissos do G8 em conformidade com o mandato que lhes foi atribuído pela Conferência de Chefes de Estado e de Governo da União de Janeiro/Fevereiro de 2010.

2.3.18 A implementação do Programa Abrangente de Desenvolvimento

Agrícola (CAADP) é gerida pelo Departamento de Economia Rural e Agricultura, em colaboração com a Agência da NEPAD. Além disso, no quadro da implementação de políticas comuns UA-UE sobre migração e desenvolvimento foi criado um mecanismo de coordenação a fim de facilitar a colaboração entre a CUA, a Comissão Europeia (CE), o Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) na criação do Instituto Africano de Remessas. Actualmente, foi criado um Comité Directivo e também foi constituída uma equipa inter-departamental de projecto a fim de coordenar o trabalho a nível da Comissão.

2.3.19 A CUA não tem uma unidade central responsável pelas questões

relativas às parcerias. A gestão dos vários acordos de parceria encontra-se, portanto, dispersa entre departamentos sectoriais.

2.4 Instituições Pan-Africanas

2.4.1 Este capítulo do relatório apresenta um resumo da implementação das

recomendações dirigidas ao BAD. Apenas uma recomendação diz

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respeito a esta instituição e integra-se no tema financiamento da integração africana.

2.4.2 Financiamento da Integração Africana A recomendação no âmbito deste tema foi a seguinte:

§ R1: A CUA em colaboração com o BAD deve explorar a

possibilidade de estabelecer um fundo continental especial para a implementação do MIP, que será mantido parcialmente com os fundos continentais e regionais existentes bem como com outras fontes alternativas de financiamento, que estão a ser identificadas pela UA.

2.4.2 Como já foi indicado (ver parágrafo 2.3.12), foram elaborados TdR em Outubro de 2009 e distribuídos ao BAD. Prevê-se que se realizem nos próximos meses as discussões sobre como levar avante este trabalho.

3. DESAFIOS À IMPLEMENTAÇÃO

3.1 Resumo dos Desafios 3.1.1 Deduziu-se a partir das respostas que vários desafios endógenos e

exógenos e obstáculos estão a afectar o processo de integração a todos os níveis. Assim, apesar dos progressos e das conquistas realizadas até agora, o ritmo da integração do continente e, consequentemente, a realização dos objectivos continentais em geral continuam a ser lentos em algumas áreas e, em certa medida, não atingiram a profundidade prevista.

3.1.2 Este capítulo do relatório identifica quais foram esses desafios à

implementação das recomendações da COMAI IV. Resumidamente incluem, nomeadamente: a existência contínua de barreiras não tarifárias (BNTs), o facto de nem todos os Estados Membros duma CER pertencerem à FTA dessa comunidade, a finalização da lista de produtos a serem excluídos da Tarifa Externa Comum (TEC) duma CER, a adesão dos Estados Membros a várias CERs, a dificuldade de harmonização das normas aduaneiras e o quadro administrativo para uniões aduaneiras regionais, a falsificação de vistos e a proliferação de armas de pequeno porte e ligeiras, infra-estruturas fracas, falta de mecanismos institucionais para integrar e implementar o MIP, falta de coordenação e harmonização dos doadores e falta de recursos financeiros e capacidade humana.

3.1.3 Os desafios adicionais incluem a lentidão nos processos de tomada de

decisão, interesses divergentes dos Estados Membros e falta de sensibilização sobre actividades de integração regional no sector privado. Quanto ao Acordo Tripartido, os desafios incluíram a harmonização de programas dos três grupos regionais. Estes são

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apenas alguns dos desafios constatados nas respostas. Os capítulos seguintes do relatório resumem os desafios enfrentados pelos vários intervenientes na implementação das recomendações.

3.2 Estados Membros

3.2.1 Este capítulo do relatório descreve os desafios à implementação

enfrentados pelos Estados Membros. Reitera-se que este Capítulo não é de forma alguma representativo dos 53 Estados Membros que constituem a União, mas baseia-se nas respostas de cinco (5) Estados Membros que completaram a matriz. Importa notar que um dos principais desafios encontrados pela Comissão na elaboração deste relatório de monitorização foi o número insuficiente de respostas à matriz recebidas dos Estados Membros.

3.2.2 Melhoria da Integração Regional em África

3.2.3 Livre Circulação – Pessoas, Bens e Serviços

Recomendações Desafios à Implementação

R2: Reitera a recomendação da COMAI III solicitando a todos os Estados Membros que isentem de visto os titulares de passaporte africano diplomático ou de serviço como um primeiro passo e que alarguem gradualmente o privilégio a todos os cidadãos africanos.

Segundo as respostas recebidas, alguns Estados Membros referiram-se à disparidade nos níveis de desenvolvimento que impedem a isenção de visto para todos os cidadãos africanos. A necessidade de uma abordagem diferenciada da questão foi sugerida por um inquirido. Alguns Estados Membros realçaram a natureza sensível das questões de visto, em particular em países pequenos pois estão cheios de falsificações e também a proliferação de armas ligeiras e de pequeno porte.

R3: Exorta os Estados Membros a melhorar as características de segurança dos seus passaportes nacionais.

Segundo as respostas recebidas alguns Estados Membros mencionaram desafios relacionados com o fluxo de informação para monitorizar as características de segurança do passaporte.

3.2.4 Financiamento da Integração Africana

Recomendações Desafios à Implementação

R5: A África deve dar mais ênfase a modalidades de mobilização interna de recursos como fontes alternativas de financiamento para reduzir a dependência de fontes externas e envolver as instituições financeiras regionais.

Dos Estados Membros que responderam à matriz, os que introduziram ETR citaram o longo processo envolvido na sua implementação bem como a falta de infra-estruturas para alargar o ASYCUDA World a todos os postos fronteiriços. Também foram realçadas as dificuldades em encontrar instituições financeiras regionais adequadas com as quais se envolver.

Recomendações Desafios à Implementação

R1: Outros Estados Membros e outras CERs devem continuar os esforços em curso para melhorar o processo de integração.

Segundo as respostas recebidas, alguns Estados Membros referiram-se à falta de recursos financeiros para apoiar e acelerar as actividades de integração bem como à adesão múltipla de alguns Estados Membros a mais de uma CER. A falta de regras harmonizadas também foi constatada bem como procedimentos longos no seio dos ministérios.

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3.2.5 Parcerias

Recomendações Desafios à Implementação

R6: Os Estados Membros, as CERs e a CUA devem melhorar a coordenação entre si quanto ao seu envolvimento com os parceiros tendo em vista a definição duma estratégia de negociação comum.

Dos Estados Membros que responderam à matriz alguns sublinharam a falta de coordenação dos doadores bem como as sanções que dificultam o envolvimento com instituições financeiras regionais. Outros inquiridos citaram a adesão múltipla dos Estados Membros a mais de uma CER e ter que seguir vários roteiros de integração das diferentes CERs a que um Estado Membro pertence. Alguns inquiridos também destacaram diferentes níveis de entendimento da integração regional e das suas necessidades pois os Estados Membros tiveram a tendência de se concentrar nos desafios da integração em vez de nos seus benefícios e ganhos a longo prazo.

R7: Os Estados Membros devem respeitar a Decisão de Banjul da Sétima Conferência da UA de 2006 sobre o envolvimento com parceiros externos.

Os Estados Membros que responderam à matriz colocaram ênfase na falta de recursos financeiros e humanos para negociar mais eficazmente os acordos de parceria.

R8: Ao negociar parcerias a África deve dar prioridade à sua capacitação, ao desenvolvimento de competências e à transferência de tecnologia a nível nacional, regional e continental.

Segundo as respostas recebidas a questão que foi referida como problema chave é a mobilização de fundos dos parceiros precisamente para estas áreas. Foi ainda realçada a dificuldade de tornar o RMCE/AFRITAC Sul operacional.

R9: As negociações com os parceiros devem ser orientadas para o processamento local a fim de acrescentar valor a matérias-primas africanas bem como capacitar as populações africanas e insistir no acesso ao mercado para esses produtos nos mercados dos países desenvolvidos.

Os Estados Membros que responderam à matriz realçaram a falta de produtos competitivos e diversificados para exportação como um desafio.

3.3 Comunidades Económicas Regionais Este capítulo do relatório debruça-se sobre os desafios à

implementação enfrentados pelas CERs.

3.3.1 Melhoria da Integração Regional em África

No quadro do tema Melhoria da Integração Regional em África, que se refere a R1, R2 e R5, apenas os desafios relativos a R1 e R2 foram constatados. Na R1 realçou-se os atrasos na convocação de reuniões

Relembrando as Recomendações § R1: Outros Estados Membros e outras CERs devem continuar os esforços em

curso para melhorar o seu processo de integração. R2: Outras CERs devem seguir o exemplo dos esforços de integração em curso de COMESA-EAC-SADC a fim de criarem uma Zona de Comércio Livre única (FTA)); e

§ R5: A adopção e utilização do MIP como um quadro continental estratégico dinâmico para o processo de integração.

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sectoriais para aperfeiçoar sectores do MIP. Quanto à R2, a confirmação das datas da 2ª Cimeira Tripartida foi um desafio devido às agendas sobrecarregadas dos presidentes que fazem parte do acordo tripartido.

3.3.2 Partilha de Informações e Melhores Práticas

Relembrando as Recomendações § R3: Lançar um apelo à UMA para participar em todas as reuniões organizadas

pela UA a fim de fornecer e partilhar informações sobre a integração; e § R4: Exortar as CERs a partilharem as suas melhores práticas e experiências

sobre integração regional no quadro do Protocolo sobre Relações entre a UA e as CERs.

No quadro da R3 e R4 de Partilha de Informações e Melhores Práticas, o principal desafio citado por algumas CERs foi a dificuldade no fluxo de informações entre os Estados Membros, as CERs e a UA.

3.3.3 Parcerias

Relembrando as Recomendações

§ R6: Os Estados Membros, as CERs e a CUA devem melhorar a coordenação entre si quanto ao seu envolvimento com os parceiros tendo em vista a definição duma estratégia de negociação comum;

§ R7: Ao negociar parcerias a África deve dar prioridade à sua capacitação, ao desenvolvimento de competências e à transferência de tecnologia a nível nacional, regional e continental; e

§ R8: As negociações com os parceiros devem ser orientadas para o processamento local a fim de acrescentar valor a matérias-primas africanas bem como capacitar as populações africanas e insistir no acesso ao mercado para esses produtos nos mercados dos países desenvolvidos.

Os desafios mencionados no âmbito do tema Parcerias a que pertencem a R6, R7 e R8, incluíram a celebração dum APE equitativo e justo, de acordo com os princípios do Acordo de Cotonou, garantir um APE que promova o desenvolvimento das regiões e do continente em geral, promover uma base industrial sólida e aumentar a riqueza a nível regional e continental. Outros desafios, em particular quanto a R8, foram dificuldades em implementar políticas harmonizadas, mecanismos legislativos e reguladores para apoiar o sector privado.

3.4 Comissão da União Africana

3.4.1 Informação Anual sobre os Progressos da Integração em África

Relembrando as Recomendações § R1: Para o relatório sobre o Estado da Integração Regional em África (SIA) a

CUA deve realizar uma análise comparativa mais aprofundada a fim de identificar o que fez cada CER em relação a actividades passadas, os desafios enfrentados e fazer recomendações para o futuro, tendo em conta aspectos fundamentais da integração como o desenvolvimento de infra-estruturas;

§ R2: Devem ser envidados esforços para assegurar o mais possível que o relatório sobre SIA abranja as oito CERs reconhecidas pela União Africana,

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incluindo a UMA; § R3: Ao preparar futuros relatórios SIA, deve ser copiada a abordagem

consultiva inclusiva utilizada pelo painel de auditoria da UA sobre o Governo da União;

§ R4: A divulgação dos relatórios finais e declarações da COMAI deve ser efectuada dentro de um mês após a sua adopção pela Conferência da União; e

§ R5: Solicitar à UA que simplifique a matriz de monitorização da implementação das recomendações da COMAI IV enviadas aos Estados Membros de modo a facilitar o seu cumprimento.

No quadro do tema Informação Anual sobre os Progressos da Integração em África, que se refere concretamente a R1, R2, R3, R4 e R5, os principais desafios citados foi obter resposta aos questionários e matrizes enviados a intervenientes relevantes para preenchimento bem como identificar produtos anuais tangíveis no sector das infra-estruturas. Solicitar respostas atempadas foi também um problema. Além disso, o processo de tomada de decisão foi destacado como um desafio pois pode dificultar a divulgação de informações importantes necessárias para os relatórios SIA. Foi ainda referida a falta de comunicação entre as CERs.

3.4.2 Importa sublinhar de novo o número significativo de Estados Membros que não entregaram à Comissão as matrizes preenchidas. Além disso, as apresentações de última hora também afectaram a conclusão atempada deste relatório, impedindo a disponibilidade do documento muito antes da Conferência.

3.4.3 Melhoria da Integração em África

Relembrando as Recomendações

§ R6: A CUA, em colaboração com os Estados Membros, as CERs e os seus parceiros, devia organizar reuniões sectoriais para identificar os sectores prioritários que são considerados como aceleradores do processo de integração com um prazo definido, de acordo com o Plano Estratégico da União Africana.

Sob o tema Melhoria da Integração em África, a que pertence a R6, não foram citados desafios. Foram realizadas com sucesso duas reuniões sectoriais em Nairobi, Quénia, e Lilongwe, Malawi, em Maio e Junho de 2010, respectivamente.

3.4.4 Financiamento da Integração Africana

Relembrando as Recomendações § R7: A CUA em colaboração com o BAD deve explorar a possibilidade de

estabelecer um fundo continental especial para a implementação do MIP, que será parcialmente mantido com fundos continentais e regionais existentes bem como com outras fontes alternativas de financiamento, que estão a ser identificadas pela UA;

§ R8: Solicita à CUA que prepare um estudo sobre o financiamento do fundo continental dedicado à implementação do MIP.

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O principal desafio mencionado no quadro do tema Financiamento da Integração Africana, que se refere a R7 e R8, foi os progressos lentos realizados quanto a um acordo sobre os TdR preparados e avançar com o assunto rapidamente. Importa realçar que os TdR elaborados pela Comissão da UA e distribuídos ao BAD foram preparados desde Outubro de 2009.

3.4.5 Mobilização de Recursos

Relembrando as Recomendações R1: A África deve dar maior ênfase às modalidades de mobilização de recursos internos como fontes alternativas de financiamento a fim de diminuir a dependência de recursos externos e envolver as instituições financeiras regionais.

No tema Mobilização de Recursos, que se refere à R1, os desafios citados incluíram a falta de reacção ou de reacção detalhada dos Estados Membros acerca do Estudo sobre Fontes Alternativas de Financiamento. Além disso, alguns Estados Membros não concordam com as opções possíveis de fontes alternativas de financiamento para a Comissão da UA. Foi acordado pelos Ministros na CAMEF extraordinária em Dezembro de 2009 que a Comissão devia aprofundar o estudo e apresentar um novo conjunto de recomendações. A este respeito, a Comissão da UA preparará um estudo revisto a ser submetido à CAMEF extraordinária em Novembro de 2010.

3.4.6 Parcerias

Relembrando as Recomendações

§ R1: A África deve racionalizar a sua abordagem das parcerias. Para isto, a CUA deve finalizar, de forma prioritária, o estudo sobre a avaliação das parcerias existentes a fim de determinar o seu impacto no desenvolvimento socioeconómico do continente e no processo de integração;

§ R2: A CUA deve assumir a liderança para melhorar a coordenação entre os Estados Membros, as CERs e ela própria quanto ao seu envolvimento com os parceiros a fim de implementar uma estratégia de negociação comum;

§ R3: A CUA deve melhorar os mecanismos existentes de coordenação de parcerias. A distribuição da gestão das várias parcerias dentro dos departamentos deve ser realizada de acordo com os seus mandatos específicos; e

§ R4: A CUA deve criar um quadro multilateral forte em cada Estado Membro; as CERs e a CUA devem envolver os parceiros com base no princípio da subsidiariedade.

No tema Parcerias, que se refere a R1, R2, R3 e R4, os desafios enumerados incluíram a preferência contínua dos Estados Membros por acordos bilaterais com a UE em vez de trabalharem através da Comissão. Foi também sublinhado a este respeito o facto de alguns Estados Membros não compreenderem o valor acrescentado duma parceria continental África-UE.

3.4.7 Relativamente à implementação do CAADP, foram realçados recursos

humanos inadequados para a elaboração dos Convénios bem como

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os recursos financeiros insuficientes para implementar o programa CAADP.

3.5 Instituições Pan-Africanas

3.5.1 Financiamento da Integração Africana

Relembrando as Recomendações § R1: A CUA, em colaboração com o BAD, deve explorar a possibilidade de criar um

fundo especial para o continente para a implementação do MIP, que será parcialmente alimentado com fundos continentais e regionais existentes bem como com outras fontes alternativas de financiamento, que estão a ser identificadas pela UA.

Sob o tema de financiamento da integração, os principais desafios mencionados são os descritos no parágrafo 3.4.4, que consistem principalmente em avançar rapidamente. Foi também observado que um estudo semelhante já foi realizado pela Coligação para o Diálogo sobre África (CoDA). Foi preparado um relatório preliminar e o desafio consiste em como fundir as duas iniciativas ou pelo menos criar sinergias entre as mesmas, se isso for necessário.

4. Análise Crítica sobre Como Financiar Melhor o Processo de Integração em África

4.1 O Capítulo Quatro do relatório deste ano afasta-se um pouco das secções precedentes e tenta analisar em profundidade o tema principal da COMAI V que é “Identificar Mecanismos de Financiamento Inovadores para a Integração Africana”. Faz uma análise crítica de como financiar melhor o processo de integração em África bem como dos desafios ao financiamento que incluem, nomeadamente, contar excessivamente com as fontes de financiamento tradicionais (contribuições estatutárias dos Estados Membros e apoio dos parceiros do desenvolvimento), que pode ser irregular e instável o que exige a identificação urgente de fontes alternativas de financiamento, bem como a fraca base tributária de África e a necessidade de uma reforma fiscal. Também é analisada a fraca coordenação e harmonização entre doadores em relação à aplicação da Declaração de Paris a nível regional e da Agenda de Acra para Acção (AAA) bem como a concessão de fundos que não são dirigidos às prioridades de integração de África. Finalmente, o Capítulo termina com um olhar sobre o comércio intra-africano e a necessidade do o aumentar.

4.2 Como Financiar Inovadoramente a Integração de África 4.2.1 Os recursos disponíveis para a agenda de integração africana são

escassos e isto deve-se em grande medida ao facto das principais fontes de financiamento tanto para a UA como para as CERs serem:

a) Contribuições estatutárias dos Estados Membros; e

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b) Parceiros do desenvolvimento.

Contudo, estas fontes tradicionais demonstraram ser individual ou conjuntamente insuficientes para financiar os esforços de integração de África. Além disso, ambas as correntes de financiamento defrontam dificuldades em termos de fluxos financeiros, regularidade das contribuições dos Estados Membros, que também está relacionada com a capacidade de alguns Estados Membros de efectuarem os seus pagamentos, as necessidades de informação e portanto os desembolsos dos fundos dos parceiros.

4.2.2 As CERs e a UA são também apoiadas pelos mesmos Estados

Membros e algumas têm parceiros do desenvolvimento cujos recursos são limitados. Os dados indicam que estas fontes tradicionais não conseguiram recursos adequados, nem capacitar e injectar a dinâmica necessária de que a África precisa para acelerar a sua integração e registar níveis mais elevados de crescimento e desenvolvimento justo. A África tem que diversificar as suas fontes tradicionais de financiamento e, eventualmente, afastar-se delas ao mesmo tempo que desenvolve fontes alternativas de financiamento, reforça os mercados e instituições financeiras de África e procede à reforma fiscal.

4.2.3 Com a crise financeira e económica actual e a fragilidade da

recuperação, sobretudo nas economias desenvolvidas, há o perigo dos recursos (como o investimento directo estrangeiro e a ajuda pública ao desenvolvimento) diminuírem e do comércio mundial continuar também a contrair-se. Portanto, a África deve começar a mobilizar recursos mais energicamente, a partir de dentro, de fontes como o sector privado africano e a diáspora. Para isso tem também que limitar a sua exposição a choques externos e colocar-se na via do financiamento sustentável.

4.2.4 O investimento na integração regional é uma prioridade quer seja a

nível de infra-estruturas, conectividade TIC e instituições regionais e continentais. O investimento nestas áreas fundamentais ajudará a tirar o continente do atoleiro de pobreza e dependência da ajuda e promoverá o crescimento, o desenvolvimento e ajudará a garantir que a África venha a ser um dos líderes na cena económica mundial.

4.2.5 Fontes Tradicionais 4.2.5 Desde o início, a Organização de Unidade Africana (OUA) foi

financiada com as contribuições estatutárias dos Estados Membros que reflectiam a capacidade de pagar de acordo com o seu Produto Nacional Bruto (PNB). Contudo, depressa se tornou evidente que as contribuições dos Estados Membros podiam ser instáveis e irregulares. Portanto, a organização encontrou dificuldades em manter um orçamento equilibrado pois alguns Estados Membros não pagavam as suas contribuições o que, por seu lado, levou a uma acumulação do número de pagamentos pendentes. Com falta de

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alternativas viáveis ou opções de receitas suplementares, as actividades orçamentais da OUA tornaram-se gravemente limitadas prejudicando a sua capacidade de implementar eficazmente o seu mandato.

4.2.6 Desde a transformação da OUA em União Africana (UA) em 2002, o

sistema de mobilização de recursos não mudou. Apesar dos seus defeitos aparentes, a UA herdou precisamente o mesmo mecanismo de financiamento da sua antecessora – essencialmente contribuições estatutárias dos Estados Membros a partir dos seus orçamentos e do tesouro e apoio de países e organizações parceiras do desenvolvimento. Para as contribuições para as despesas comuns a UA utiliza um sistema de Produto Interno Bruto (PIB) e PNB per capita e o serviço de dívida externa. Os níveis máximos e mínimos de 7.25% e 0.72%, respectivamente foram também fixados para as contribuições dos Estados Membros. Contudo, com a transformação em UA, a estrutura da organização tornou-se mais complexa e daí a necessidade de mobilização de recursos substanciais e regulares para gerir os vários órgãos da União e implementar programas continentais.

4.2.7 Ambos os mecanismos tradicionais de financiamento se caracterizam

pelas seguintes fragilidades e deficiências:

Contribuições estatutárias dos Estados Membros: aumento de dívidas em atraso e das contribuições dos Estados Membros; atrasos no pagamento efectivo das contribuições (em média 40% dos pagamentos são feitos a tempo); e maior dependência duma única fonte de financiamento principal, que não é paga com regularidade. Parceiros do desenvolvimento: exigências complicadas de fornecimento de informações dos parceiros do desenvolvimento; desembolsos atrasados dos parceiros de desenvolvimento devido ao mau fornecimento de informações, interferência dos parceiros do desenvolvimento nas áreas em que os recursos são gastos; promoção pelos parceiros do desenvolvimento das suas próprias agendas de integração e desenvolvimento que podem estar em contradição com as próprias prioridades e os objectivo de África; paralisação das actividades organizacionais e realização atrasada devido aos atrasos nos desembolsos dos parceiros.

4.2.8 A magnitude dos desafios realçados demonstra a urgência com que o

mecanismo financeiro herdado da OUA deve ser substituído e/ou complementado por fontes de financiamento mais diversificadas. Isto permitiria à organização ser mais eficaz e menos dependente da ajuda internacional e de constrangimentos do orçamento de Estado e daria ao lado das receitas do orçamento mais profundidade, flexibilidade e estabilidade.

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4.2.10 Novas Abordagens: Fontes Alternativas de Financiamento

4.2.11 Vários estudos foram realizados sobre as possíveis fontes alternativas de financiamento do desenvolvimento e da integração de África. Foram utilizados vários modelos de equilíbrio para avaliar o impacto nos Estados Membros com relação à perda de receitas, investimento, produção e bem-estar no ajustamento a novas políticas económicas, bem como a análises custo benefício da aplicação das várias opções e as implicações para os Estados Membros e a UA.

4.2.12 Em 2009, a Comissão da UA realizou um estudo sobre fontes

alternativas de financiamento. Inicialmente foram consideradas várias opções (imposto sobre importações, imposto de um por cento (1%) sobre os orçamentos nacionais em substituição das contribuições estatutárias dos Estados Membros, imposto sobre viagens internacionais (bilhete aéreo), imposto sobre exportações baseado na estrutura de exportação dos países, imposto sobre exportações de hidrocarbonetos (imposto de solidariedade), taxa comunitária, imposto sobre o turismo, financiamento do sector privado e imposto sobre apólices de seguro). Contudo, isto foi reduzido a três, nomeadamente imposto sobre importações, imposto sobre bilhetes aéreos e imposto sobre apólices de seguro (ver caixa 6 para pormenores).

Caixa 6: Estudo sobre Fontes Alternativas de Financiamento – Opções Propostas: Síntese

Imposto sobre importações

O princípio básico deste imposto é cobrar uma taxa de 0.2% sobre a importação de produtos de consumo, excluindo donativos e isentando os produtos de outros países não membros da União. O princípio subjacente é que a União Africana seria financiada por cidadãos africanos, em particular os que importam produtos do exterior do continente. Assim só os produtos de consumo importados seriam tributados. Isto levaria a “apropriação” da UA ao cidadão africano comum.

Imposto sobre Apólices de Seguro

O princípio subjacente a este imposto é a cobrança de um mínimo de 0.2% em qualquer apólice de seguro feita por um cidadão africano ou uma empresa a funcionar em África. As seguradoras podiam também cobrar esses montantes em nome da UA.

Imposto sobre Viagens Internacionais (Bilhete Aéreo)

O princípio desta proposta é impor um imposto sobre todos os bilhetes aéreos de e para África do seguinte modo: USD 2.00 para curtas distâncias e USD 5.00 para longas distâncias. A mobilização destes recursos podia ser feita através das companhias aéreas e agências de viagem em nome da União Africana.

Fonte: Fontes Alternativas de Financiamento da União Africana: Impacto das Propostas nas Economias dos Estados Membros, 2008

4.2.13 Imposto sobre Importações: a pesquisa sugere que um aumento de 1% no preço relativo das importações leva aos seguintes aumentos percentuais em volumes da importação: § Aumento de 0.297% para países do Grupo 12; § Aumento de 0.264% para países do Grupo 23;

2 Os países do Grupo 1 caracterizam-se por um sector secundário que contribui mais para a economia dum Estado

Membro, tem uma percentagem elevada de exportações no PIB não há diversificação nos produtos exportados bem como um nível relativamente elevado de desenvolvimento.

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§ Aumento de 0.134% para países do Grupo 34; e § Aumento de 0.778% para países do Grupo 45.

4.2.14 Em comparação, o aumento de 0.2% nas taxas de importação tem o seguinte resultado:

§ Grupo 1: diminuição de 0.1996% no preço relativo da importação o

que por sua vez conduz a uma redução de 0.059% no volume da importação;

§ Grupo 2: redução de 0.053% no volume da importação; § Grupo 3: redução de 0.027% no volume da importação; e § Grupo 4: redução de 0.155% no volume da importação.

4.2.14 Os países que são mais afectados em termos de perda de receitas aduaneiras (mais de USD 400 mil por ano) sobre as importações são os do Grupo 2. Relativamente às exportações, a pesquisa mostra que um aumento de 1% no preço relativo das exportações tem como resultado o seguinte:

§ Grupo 1: redução de 0.384% no volume da exportação; § Grupo 2: redução de 0.171% no volume da exportação; § Grupo 3: redução de 0.385% no volume da exportação; e § Grupo 4: redução de 0.623% no volume da exportação.

4.2.16 Em comparação, um aumento de 0.5% no imposto sobre as exportações tem o seguinte resultado:

§ Grupo 1: redução de 0.5% no preço relativo de exportação, o que por seu lado leva a uma redução de 0.192% no volume da exportação;

§ Grupo 2: redução de 0.086% no volume da exportação; § Grupo 3: redução de 0.193% no volume da exportação; e § Grupo 4: redução de 0.311% no volume da exportação;

4.2.17 Em termos de perdas de receitas da exportação, os grupos que são mais afectados (com mais de USD 1 milhão de perdas nas receitas de exportação por ano) depois desta medida, são os dos Grupos 4 e 3.

4.2.18 As várias medidas permitirão à União Africana recolher regularmente

cerca de USD 246.4 milhões por ano em impostos sobre as importações e USD 129.8 milhões por ano de impostos sobre as exportações. Os maiores contribuintes relativamente às importações são os países do Grupo 2 e um número limitado do Grupo 1, que podiam cada um contribuir com mais de USD 20 milhões anualmente. O tipo de financiamento tem um potencial relativamente bom para mobilizar recursos.

3 Os países do Grupo 2 caracterizam-se por um nível relativamente elevado do PIB e pela diversificação das

importações e exportações. 4 Os países do Grupo 3 caracterizam-se por uma percentagem importante do sector terciário no PIB, pouca

diversificação das exportações e contribuição do sector primário para o PIB superior a 15%. 5 Os países do Grupo 4 caracterizam-se por muito pouca diversificação das exportações, um nível de

desenvolvimento relativamente baixo (índice de desenvolvimento humano inferior a 0.45) e uma economia essencialmente agrícola.

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4.2.19 Imposto sobre Apólices de Seguro: a pesquisa mostra que 2% dos

impostos sobre os prémios de seguro têm pouco impacto na taxa de penetração de seguros nos Estados Membros e, portanto, um pequeno efeito nas quotas do sector. As simulações mostram que apenas a África do Sul, que detém mais de 90% do mercado de seguros em África, é afectada por esta medida. Isto significa que uma taxa adicional de 0.2% nos prémios de seguro brutos praticamente não tem qualquer efeito no sector ou nas receitas do Estado e, portanto, não tem qualquer impacto no investimento privado e na despesa pública. Uma vez que a pesquisa mostra que os lucros do sector não irão variar, não haverá qualquer efeito nas receitas distribuídas às famílias e, portanto, nenhum impacto no consumo privado. Também não tem qualquer efeito sobre o PIB, sugerindo que um imposto adicional de 0.2% sobre os prémios de seguro não tem impacto no PIB dos Estados Membros. A Comissão da União Africana, após a implementação desta proposta, pode recolher uma média de USD 220 milhões anualmente, com mais de 90% dos recursos a provirem de companhias de seguros sul-africanas.

4.2.20 Imposto sobre Viagens Internacionais (Bilhete Aéreo): a pesquisa

mostra que uma taxa fixa sobre os bilhetes aéreos ou sobre as despesas dos turistas nos países visitados em África, praticamente não tem qualquer impacto no número de turistas que visitam o continente. A este respeito, a União Africana podia recolher, após a aplicação destas medidas, cerca de USD 182.149 milhões por ano.

4.2.21 O custo e o benefício destes impostos para os Estados Membros da

UA seriam os seguintes (ver Quadro 2):

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Quadro 2: Análise Custo e Benefício União Africana Estados Membros

Benefíci

o

§ Obter o reaprovisionamento regular e praticamente permanente dos seus cofres e autonomia em relação às fontes tradicionais de financiamento;

§ A recolha de cerca de USD 246.4 milhões anualmente de impostos sobre as importações dos Estados Membros do exterior de África;

§ A recolha de cerca de USD 220 milhões do sector de seguros em África após o imposto de 0.2% sobre apólices de seguro;

§ A recolha de cerca de USD 130 milhões de impostos sobre as exportações (com excepção do petróleo);

§ Em geral, a mobilização de mais de um bilião de USD para a implementação do processo de integração africano;

§ Ajudar a garantir os recursos da União Africana. O financiamento do funcionamento da União Africana não ficaria limitado essencialmente às contribuições estatutárias dos Estados Membros; e

§ Os recursos adicionais podiam ser utilizados para co-financiar os principais projectos da União, em particular os principais programas regionais ou africanos identificados no quadro da NEPAD ou financiar outros programas comunitários para os quais a União Africana ou outras instituições africanas recorrem sistematicamente ao financiamento dos parceiros do desenvolvimento.

§ O financiamento directo de programas regionais e africanos (ou bens públicos) com fundos da União Africana terá a vantagem de reduzir os custos de participação dos Estados Membros da UA, que são beneficiários, no financiamento destes programas. Portanto, os programas serão implementados de forma óptima porque os problemas relacionados com a contribuição dos Estados Membros para o financiamento de programas ou de propriedade pública regional devido a vantagens desiguais serão resolvidos;

§ A realização destes bens públicos e programas regionais em África, como o desenvolvimento de infra-estruturas, terá um efeito positivo no crescimento e no desenvolvimento dos Estados Membros.

§ A rede de transportes rodoviários ou ferroviários africanos podia ser financiada com fundos da União Africana e isto levaria à redução dos custos de transacção para os países beneficiários e a realização de ganhos na produtividade porque reduziria os custos de importação e exportação dos Estados Membros da UA, em particular dos países sem litoral.

§ Deixará de ser necessário recorrer a longo prazo a recursos do tesouro público, que já estão muito esticados devido a muitas solicitações, para o financiamento do funcionamento das CER e da UA respectivamente.

Cust

o

§ Custo do estabelecimento e da operacionalização do novo mecanismo para a mobilização destes recursos alternativos, que exigem a realização de estudos técnicos para definir os traços estatísticos, fiscais e legais. A realização de vários estudos implicará custos a serem suportados pela UA.

§ A UA financiará os custos de gestão, avaliação e auditoria a um fundo que acolherá os recursos gerados.

§ Custos a serem suportados após a implementação das várias propostas, que variam de acordo com o país.

§ Na verdade, dependendo da proposta que é aplicada, os custos a suportar serão superiores em alguns Estados Membros em comparação com outros.

Fonte: Fontes Alternativas de Financiamento para a União Africana: Impacto das Propostas nas Economias dos Estados Membros, 2009, UA

4.2.22 Viabilidade dos Três Impostos Propostos 4.2.22 Relativamente à viabilidade das propostas, com os impostos sobre as

importações ou “taxas comunitárias”, estes tipos de medidas de financiamento já são utilizadas por outras organizações como a União Europeia (UE), a CEDEAO, a União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA) e a Comunidade Económica e Monetária da África Central (CEMAC). A EAC também está a considerar seriamente a adopção desta medida. A mobilização deste tipo de recursos como meio de financiar as despesas comunitárias é considerada muito eficaz devido aos meios relativamente fáceis de cobrança e à sua autonomia em relação aos orçamentos dos Estados Membros.

4.2.23 Contudo, a implementação bem sucedida exige um nível mínimo de reformas como a harmonização das políticas fiscais, em particular os impostos nas fronteiras. Em relação à UA, infelizmente ainda não alcançou um nível suficientemente elevado de harmonização de políticas que permita a implementação desta medida. De igual modo, várias Comunidades Económicas Regionais (CERs), nas quais a UA podia basear a implementação destas medidas, na sua maior parte

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não atingiram o nível de harmonização de políticas necessária para a aplicação deste tipo de impostos. Contudo, há a possibilidade deste tipo de imposto, a muito longo prazo, poder ser prejudicado ou até eliminado se os APEs e medidas da OMC forem adoptados e ratificados por todos os Estados Membros.

4.2.24 A respeito dum imposto de 0.2% sobre as apólices de seguro, além de

ter pouco impacto no sector dos seguros e nas economias dos Estados Membros, é ainda um imposto independente dos orçamentos e tesouros nacionais. Também, a sua cobrança seria facilitada pelo envolvimento estreito de associações do sector dos seguros em África. Quando tiverem sido satisfeitas as condições para implementação, a sustentabilidade deste tipo de imposto pode ser garantida sobretudo graças às possibilidades de desenvolvimento favorável do sector dos seguros em África.

4.2.25 Considerando que será aplicada uma taxa fixa de US$ 2 ou US$ 5,

dependendo da distância, a todos os bilhetes aéreos de e para África esta não terá impacto no número de turistas a visitar países africanos. Além disso, segundo as indicações da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), muitos países não africanos já impõem taxas adicionais que são incluídas no preço dos bilhetes aéreos e cobradas pelas companhias aéreas. Este tipo de imposto já está a ser aplicado com êxito em França e nos Estados Unidos da América (EUA). Esta medida é independente dos orçamentos e do tesouro dos Estados Membros, fácil de cobrar, regulamentar, e pode trazer recursos suficientes para os cofres da União Africana. Portanto, a viabilidade deste tipo de financiamento é inquestionável.

4.2.26 Tendo em conta as ambições de desenvolvimento e de integração do

Continente contidas nos vários estatutos da União Africana, é imperativo que sejam identificadas fontes alternativas de financiamento para além das fontes tradicionais e que sejam criados mecanismos para a sua mobilização. Isto, em grande medida, permitiria à UA ser mais autónoma na sua busca da integração continental. A África possui os meios para este tipo de mudança de política tendo em conta a sua riqueza abundante. Portanto, é essencial vontade política para este processo arrancar e uma mudança de uma mentalidade de dependência e controlo para solidariedade colectiva seria a orientação estratégica a fim de transformar verdadeiramente o continente e a vida dos seus povos. O continente não pode continuar a ser disfuncional, criando e operacionalizando instituições de forma contraditória, ou seja atribuindo a instituições como a UA e as CERs o mandato de promover o desenvolvimento e a integração mas sem lhes conceder os meios financeiros para esse fim. A África tem o poder e a capacidade de transformar o seu próprio destino com criatividade, inovação e transformações políticas ousadas.

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4.2.28 Reforma Fiscal

4.2.29 Desde a recente crise económica e financeira mundial as questões

orçamentais e financeiras ganharam proeminência na agenda de recuperação económica e crescimento. A questão da mobilização interna de recursos como estratégia de resistência interna aos choques externos e a busca de políticas macroeconómicas e orçamentais sólidas e sustentáveis favoráveis ao crescimento económico assumiram um papel preponderante em vários debates económicos sobre a crise. Consequentemente, surgiu uma dimensão importante no discurso sobre África e a sua resposta à crise tem sido a necessidade dos governos incidirem na produção mais eficaz de receitas internas. Embora a cobrança de receitas tenha estado a melhorar no continente, é preciso fazer mais.

4.2.30 As receitas dos governos africanos como percentagem do PIB têm

vindo a aumentar desde o começo desta década, depois de um período sem crescimento no início dos anos 90. As receitas internas – definidas como receitas públicas fiscais e não fiscais excluindo subvenções – aumentaram quase para 4% do PIB entre 2002 e 2007, atingindo uma média superior a 25% em 2007 para toda a África Subsariana. Excluindo a Nigéria e a África do Sul, as receitas do governo como percentagem do PIB aumentaram ainda mais no continente, passando de uma média de 18.8% em 1997-2002 para 25.4% em 2007.

4.2.31 Contudo, há um problema: uma parte significativa das receitas fiscais

em África provém de recursos naturais (incluindo receitas da partilha da produção, direitos de autor e imposto sobre o rendimento de empresas petrolíferas e exploração de minas). Estes fluxos externos de capital são consequentemente instáveis e atreitos a choques e baixas nos preços de produtos. Os recursos de actividades não relacionadas com recursos naturais aumentaram menos de 1% do PIB em 25 anos. Este estado de coisas é considerado ainda mais preocupante devido ao impacto que a crise teve no continente, com o crescimento económico a baixar de 5-6% na última década. Ver Caixa 7 para um resumo dos factores subjacentes aos fracos sistemas fiscais de África.

Caixa 7: Factores Subjacentes aos Fracos Sistemas Fiscais de África: Síntese

§ Fraca legitimidade fiscal. Uma falta de confiança generalizada da parte dos cidadãos na qualidade das despesas públicas;

§ Base tributária fraca. Os governos não alargaram a base tributária para incluir intervenientes informais – grandes e pequenos – na rede tributária. Além disso, a base tributária existente é desgastada por excessivas preferências fiscais e uma tributação ineficaz de actividades extractivas;

§ Potenciais recursos enormes não aproveitados como imposto imobiliário e sobre a propriedade;

§ Mistura de impostos desequilibrada. Muitos países contam excessivamente com um pequeno conjunto de impostos para produzir receitas e alguns intervenientes estão sobre-representados na base tributária.

Fonte: African Economic Outlook 2010, BAD/OCDE/UNECA.

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4.2.32 Portanto a tributação é fundamental para a actual agenda de desenvolvimento económico e um pilar central do quadro regulador do país para investimento e crescimento. Pode não só proporcionar um fluxo estável de receitas para financiar as prioridades do desenvolvimento (incluindo as relativas à integração regional como infra-estruturas físicas) mas também está interligada a muitas outras áreas políticas, desde a boa governação a secções formais da economia, ao estímulo ao crescimento através da promoção de pequenas e médias empresas (PMEs) bem como o incentivo à exportação. Nomeadamente, o Consenso de Monterrey reconheceu o papel crucial da tributação na mobilização de recursos internos. Esta ideia foi depois reiterada na Conferência de Doha das Nações Unidas de 2008 sobre Financiamento do Desenvolvimento. Além disso, a tributação ajuda a dar forma ao ambiente no qual o comércio e o investimento interno ocorrem, pois sistemas eficazes de tratamento e administração de impostos são considerações fundamentais para os negócios.

4.2.33 Contudo, um desafio fundamental que os países africanos enfrentam é,

por um lado, o de equilibrar um regime fiscal que seja atractivo para negócios e investimento com um que consiga mobilizar receitas suficientes para a despesa pública. Sem dúvida que a reforma fiscal é necessária no continente e um regime fiscal eficaz reduz a dependência excessiva da ajuda e das receitas do minério e oferece uma via para muitas economias africanas e, consequentemente, para instituições regionais e continentais se afastarem de fontes insustentáveis de receitas.

4.2.34 O alargamento da base tributária de uma forma criativa que vai para

além das reformas estruturais tradicionais é fundamental. Por exemplo, o sector crescente da rede móvel de telefones em África apresenta uma oportunidade para aumentar as receitas e alargar a base tributária para os governos. Como já foi realçado neste relatório, existem oportunidades para introduzir impostos sobre as importações de países fora da União Africana, prémios de seguro e bilhetes aéreos. As entradas de capital podem ser usadas para melhorar não só as telecomunicações mas também outros subsectores de infra-estruturas. Mas alargar a base tributária é um desafio difícil que deve ser acompanhado de medidas para formalizar a economia, resolver a evasão fiscal (que pode limitar a fuga de capitais de África) e outras reformas estruturais como a criação dum sistema fiscal justo e transparente, livre de corrupção e por estas razões separar também os serviços de cobrança de impostos dos países do seus ministérios das finanças de modo a melhorar a cobrança de receitas, o que também ajudará a aumentar a eficiência.

4.2.35 A capacidade geral de administração dos impostos no continente deve

ser reforçada a nível humano e técnico e os governos podem aproveitar esta oportunidade para introduzir reformas fiscais. Nomeadamente, as políticas fiscais recomendadas para os países em

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desenvolvimento são praticamente as mesmas que as defendidas para os países desenvolvidos, incluindo, nomeadamente, o seguinte:

§ Introdução de imposto sobre o valor acrescentado;

§ Impostos sobre os rendimentos pessoais e colectivos mais baixos;

§ Alargamento das bases tributárias;

§ Redução de direitos sobre a importação e simplificação da

estrutura percentual;

§ Abolição dos impostos sobre as exportações; e

§ Evitar depender excessivamente de incentivos fiscais especiais para os investidores.

4.2.36 Eficácia da Ajuda: Coordenação dos Doadores e Apoio à

Integração Regional

4.2.37 Considerando que a integração regional é uma prioridade política e económica importante para África, os parceiros bilaterais e multilaterais do desenvolvimento têm estado a apoiar cada vez mais essas iniciativas e nível regional e continental. O objectivo geral que motiva o seu apoio é, entre outras coisas, promover o crescimento económico sustentável, a justiça e a redução da pobreza em África. Os principais parceiros bilaterais envolvidos no apoio à integração regional africana incluem o Departamento do Reino Unido para o Desenvolvimento Internacional (DFID), a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) bem como a Agência Alemã para a Cooperação Técnica (GTZ), a Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA) e outros.

4.2.38 Os parceiros multilaterais do desenvolvimento, activos sobretudo no

apoio à integração africana são o Banco Mundial (BM), o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e a Comissão Europeia (CE). Ver a Caixa 8 para um resumo das estratégias regionais dos parceiros do desenvolvimento em apoio à integração africana. O aparecimento de novos parceiros como a China, a Índia e o Brasil, que podem ter as suas próprias abordagens do apoio à integração regional em África, também aumenta a urgência dos parceiros do desenvolvimento coordenarem mais eficazmente o seu apoio de acordo com as prioridades das instituições regionais.

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Caixa 8: Estratégias Regionais dos Parceiros do Desenvolvimento em Apoio à Integração Africana: Síntese

Banco Mundial: Associação Internacional de Desenvolvimento Internacional (AID) e Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)

Estratégia de Assistência à Integração Regional para a África Subsariana A estratégia tem como objectivo fornecer um quadro coerente e focalizado para guiar a ajuda do Banco em apoio à integração regional e a programas regionais. Está estruturada à volta de três (3) eixos e um (1) tema transversal, nomeadamente a expansão e modernização da infra-estrutura regional, incluindo redes de transportes, energia e telecomunicações, bem como cooperação institucional visando a integração económica através de medidas comerciais para melhorar os ambientes regionais de negócios, investimento e desenvolvimento industrial e intervenções coordenadas para fornecer bens públicos regionais, em particular através da melhoria da gestão de recursos hídricos comuns, aumento na produtividade agrícola e estabelecimento de programas regionais para tratar dos aspectos transfronteiriços das principais questões sanitárias. O reforço do planeamento e das ligações estratégicas com os planos de desenvolvimento nacionais é um tema transversal. Este aspecto abrange a capacitação da UA, incluindo o seu programa NEPAD, a capacitação de CERs seleccionadas e o reforço das ligações entre compromissos políticos regionais e planeamento nacional.

Banco Africano de Desenvolvimento

Estratégia de Integração Regional do Grupo BAD2009-2012 O principal enfoque da Estratégia é apoiar o estabelecimento de quadros institucionais continentais e regionais eficazes e eficientes para promover o comércio e gerir o processo de integração, facilitar um quadro de políticas facilitadoras do investimento, prestar assistência técnica e conhecimentos de modo a ajudar na realização de infra-estruturas regionais prioritárias. A estratégia baseia-se em dois (2) eixos, nomeadamente infra-estrutura regional, incluindo apoio aos corredores de desenvolvimento e investimento e capacitação institucional, incluindo a facilitação do comércio. O Banco também apoia em geral o fornecimento de bens públicos regionais. O banco apoia a integração regional sobretudo através do Fundo Africano de Desenvolvimento (ADF) e do Consorcio de Infra-Estruturas para África, que foi organizado pelo BAD e criado como resultado da Cimeira do G8 de Gleneagles para ajudar a aumentar o financiamento para infra-estruturas africanas.

Comissão Europeia

O apoio geral da CE à integração regional tem sido através do Acordo de Cotonou, do Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED), do Instrumento de Cooperação para o Desenvolvimento da África do Sul e da UA (através da Estratégia Comum UE-África e do Programa de Apoio UE 55). A CE incide em áreas prioritárias como a criação de mercados regionais, incluindo serviços e investimento, facilitação do desenvolvimento de negócios através do melhoramento do quadro regulador, reforço de capacidades produtivas e incentivo à mobilização de capital; ligação de redes de infra-estruturas regionais; reforço de instituições regionais melhorando as capacidades institucionais nacionais, com particular atenção à melhoria da governação regional e cooperação para paz e segurança e desenvolvimento de políticas regionais visando o desenvolvimento sustentável, em especial em relação à segurança alimentar, a gestão comum de recursos naturais e a coesão social. A CE tem utilizado o Acordo de Parceria Económica (APE) como um dos principais instrumentos comerciais de apoio à integração regional. Consideram os APEs como acordos para consolidar as iniciativas de integração regional existentes em África, com o objectivo de ajudar a facilitar a integração gradual dos países africanos na economia mundial. Importa notar que esta opinião não é uma perspectiva partilhada necessariamente

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com os próprios países africanos.

Departamento do Reino Unido para o Desenvolvimento Internacional (DFID)

Na África Ocidental e Central o DFID trabalha em parceria estreita com a União Europeia, as Nações Unidas e a UA para ajudar a melhorar o nível de vida das pessoas na região. Um Plano Regional para a África Austral foi lançado em 2006. O DFID contribuirá com £20 milhões por ano para programas regionais a fim de apoiar o crescimento, investimento e comércio entre os países da África Austral e ajudá-los a participar eficazmente no comércio internacional, sobretudo através do melhoramento dos transportes regionais, das telecomunicações e da energia. O DFID trabalha em estreita colaboração com as CERs como a CEDEAO, SADC, COMESA e União Aduaneira da África Austral (SACU) bem como com organizações da sociedade civil e empresas na região. Na África Oriental, o DFID está a apoiar Trade Mark East Africa (TMEA), uma organização sem fins lucrativos, através do Programa Regional de Integração da África Oriental (REAP) 2008-2013. A TMEA foi criada para apoiar a EAC e cada governo nacional na promoção da integração económica. A DFID também é um dos maiores doadores bilaterais para o Trust Fund de Infra-estruturas UE-África, contribuindo com um total de €40 milhões. Em Janeiro de 2010, o DFID e o Grupo de Trabalho Especial Tripartido (composto por EAC, COMESA e SADC) assinaram um MdE que exprime um compromisso comum de promover a coordenação dos doadores e maior alinhamento e harmonização da ajuda externa com as prioridades e os programas regionais tripartidos.

Fonte: Joining up Africa: Support to regional integration, 2010, ECDPM

4.2.39 Sabe-se que o enfoque do debate sobre a eficácia da ajuda como

consta da Declaração de Paris e da AAA foi principalmente sobre a eficácia da ajuda a nível do país. Contudo, este relatório tem defendido que a dimensão regional da eficácia da ajuda deve ser também incluída no debate, considerando o papel estratégico desempenhado por instituições regionais e continentais na promoção do crescimento, desenvolvimento e comércio no continente. Os princípios da Declaração de Paris não servem para todos, mas devem ser considerados como um quadro para a prestação e utilização eficazes da ajuda. O sucesso a nível do país também demonstrou que, se os doadores alinharem os seus fluxos da ajuda com as prioridades do país, segue-se naturalmente a harmonização entre os doadores. Além disso, a transparência dos governos parceiros e das instituições regionais é crucial para melhorar a harmonização e o alinhamento.

4.2.40 O nível de alinhamento dos parceiros do desenvolvimento com as

estratégias da UA e das CERs varia e isto pode depender às vezes da clareza, qualidade e possibilidade de financiamento de estratégias regionais do ponto de vista dos próprios parceiros do desenvolvimento. Se forem consideradas como mal definidas, os parceiros do desenvolvimento podem não conceder ajuda para o que os beneficiários consideram áreas prioritárias essenciais. Alguns parceiros do desenvolvimento como a CE desenvolvem documentos estratégicos comuns com as organizações regionais, melhorando assim o alinhamento, outros ainda não o fizeram. O Centro Europeu para a Gestão de Políticas de Desenvolvimento (ECDPM) argumenta que alguns parceiros do desenvolvimento não consultam sistematicamente as organizações regionais e que as estratégias de desenvolvimento formuladas só tiveram uma consulta limitada. Assim, os programas

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surgem muitas vezes como orientados pela oferta e não incidem nas necessidades prioritárias do próprio órgão regional. A lista a seguir compreende algumas áreas prioritárias de apoio para a integração no continente, que os doadores apoiam e devem apoiar:

§ Investimentos em infra-estruturas: redes rodoviárias, aeroportos, portos, produção e distribuição eléctrica, etc;

§ Bacias produtivas envolvendo dois ou mais países que podem ser de recursos hídricos, recursos naturais, gestão de terras agrícolas;

§ Melhoria do ambiente económico para melhor comércio regional:

tarifas comuns, subsídios harmonizados, normas comerciais, políticas fiscais, etc;

§ Equilíbrio do desenvolvimento desigual numa região: utilizar

financiamento especial para reduzir as diferenças entre zonas mais bem sucedidas e outras com menos vantagens; e

§ Negociar colaboração, mandatos complementares, papéis comuns

entre vários órgãos existentes activos a nível regional.

4.2.41 A partir do exemplo da COMESA, o apoio geral ao orçamento de uma organização regional também parece melhorar o alinhamento e aumentar a apropriação. Contudo, ainda é pouco comum e depende muito das instituições regionais que melhoram os seus sistemas de gestão financeira e contabilidade de modo a poderem tratar deste tipo de apoio e as exigências dos parceiros do desenvolvimento. Apesar de algumas CERs demonstrarem alguns constrangimentos a nível das capacidades, os parceiros não devem usar isto como desculpa para justificar o desenvolvimento de programas que não têm uma contribuição suficiente das CERs.

4.2.42 Há também o desafio colocado pela agenda de integração dos

parceiros do desenvolvimento em comparação com os próprios objectivos de integração de África. A negociação recente e prolongada dos APEs é um exemplo dos problemas vividos pelos países africanos para financiarem e implementarem as suas agendas de integração. A África tem os seus próprios objectivos de integração e os parceiros têm os seus e em relação aos APEs há pouca convergência. Embora a União Europeia (UE) defenda que os APEs reforçarão a integração regional e a integração de África na economia mundial, ao mesmo tempo os APEs têm a sua própria configuração regional para as negociações que é diferente da configuração de integração de África. Isto teve como resultado as configurações dos Estados Membros da UA-CERs terem sido estilhaçadas nas configurações do UE-APE, o que agravou o problema da sobreposição da adesão como membros que a UA tem estado a tentar resolver.

4.2.43 Os parceiros devem aplicar os princípios gerais da Declaração de Paris

e AAA, adaptá-los ao seu apoio e às relações com instituições

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regionais e continentais tendo em conta os ensinamentos tirados da aplicação dos princípios a nível nacional. Isto pode ajudar a garantir que os progressos são realizados em termos de fluxo da ajuda eficaz e direccionado, que promove a apropriação e o alinhamento.

4.2.44 Comércio Intra-Africano 4.2.45 Apesar da abundância de recursos naturais, minerais e capital humano

no continente, a África continua a ser marginalizada na economia mundial e obteve muito pouco dos processos de globalização económica. Comparada com a Ásia e a América Latina, que de um modo geral conseguiram melhorar a sua situação económica e entrar na economia mundial nos seus próprios termos, a África continua a lutar a este respeito. O continente atrai apenas 1% do investimento directo estrangeiro e contribui com 1% para o PIB mundial e 2% para o comércio mundial, uma diminuição nítida quando comparada com os anos 60. Além disso, apesar do volume de mercadorias que atravessam as fronteiras e do valor do comércio mundial internacional ter aumentado nos últimos anos, o comércio de África consigo mesma e com o resto do mundo diminuiu constantemente. Os números mostram que a sua quota baixou de 10% em 1950 para cerca de 2.5% em 2008. O comércio intra-africano está entre 10-12% o que é muito inferior ao de outras regiões do mundo.

4.2.46 O Gráfico 1 mostra que os principais destinos de exportação dos

produtos africanos são a UE e os EUA, que, combinados, constituem uma média de 57-60% do mercado de exportações de África.

Gráfico 1: Direcção das exportações africanas

Fonte: ARIA IV, 2009

4.2.47 Consequentemente, a África ocupa uma posição insignificante na

economia mundial, é marginalizada da nova organização da produção a nível mundial e tem uma perda significativa de receitas devido a oportunidades perdidas de comércio intra-africano. Isto também pode

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ser considerado uma perda de receitas para as instituições continentais e regionais, que ficariam a ganhar com maiores receitas do comércio a nível nacional.

4.2.48 Embora as CERs e a UA promovam o desenvolvimento do comércio através de iniciativas que têm por objectivo a criação de zonas de comércio livre, uniões aduaneiras e um mercado comum (fases necessárias de integração conforme estabelecido nos Tratados das CERs e no Tratado de Abuja de 1994, que regem a dinâmica de integração continental), essas iniciativas não causaram aumentos significativos nem o aprofundamento do comércio intra-africano. A maior parte dos países não possui capacidade industrial para produtos manufacturados de modo a aumentar o comércio nos mercados regionais. O problema é que, embora os países africanos tenham que negociar mais uns com os outros, têm pouco produtos para negociar que eles próprios já não estejam a produzir, sendo a estrutura das economias africanas semelhante em termos gerais. Uma estrutura de exportação extremamente dependente de matérias-primas, para as quais a procura é externa, expõe gravemente o continente a choques económicos regulares e graves, tal como se constatou na recente crise económica e financeira mundial. Perdem-se oportunidades devido ao fraco comércio intra-africano, oportunidades de especialização, de desenvolvimento de capacidades intra-africanas com base na partilha de experiências, de desenvolvimento acelerado, de integração mais profunda e de crescimento e maturidade económica.

4.2.49 As áreas fundamentais para a facilitação do comércio entre os países

africanos e as regiões incluem, entre outras: desenvolvimento de infra-estruturas para reduzir os custos de produção e transacção; melhoria e modernização de sistemas de pagamento para reduzir o custo e os atrasos da troca de mercadorias e serviços e tratar das desvantagens das transacções em dinheiro e promoção de sistemas de pagamento nacionais e regionais, que ajudariam a facilitar o comércio regional de bens e serviços, reforçar a concorrência, eficiência, produtividade e melhorar os fluxos de produtos pelo continente. Também promoveriam o processo de integração de sistemas financeiros e mercados de capitais por toda a África. As questões relativas às fronteiras e aos passaportes devem também ser tratadas no quadro da livre circulação de bens e capitais, mas fundamentalmente de pessoas.

4.2.50 Além disso, se as negociações do APE puderem tratar não só do

comércio de produtos mas também de serviços, investimento e política de concorrência entre outras coisas, isto de certo modo melhoraria o comércio intra-africano. Outras barreiras físicas e não tarifárias ao movimento de pessoas, bens e serviços devem ser também tratadas para aumentar o IDE, as capacidades de expansão do comércio e o crescimento.

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5. Recomendações 5.1 As recomendações feitas nesta secção também foram formuladas de

modo a responderem directamente, reduzirem e vencerem os desafios mencionados no capítulo anterior, que parecem ser persistentes ou pertinentes por natureza e que é essencial ultrapassar para se avançar para uma fase mais avançada e profunda da integração. Portanto, para cada interveniente, são descritos os desafios pertinentes/ persistentes e são feitas recomendações (são dados mais pormenores no Quadro 3.1-3.4).

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Quadro 3: Recomendações aos Estados Membros, CERs, CUA e Instituições Pan-Africanas

Quadro 3.1: Recomendações dos Estados Membros

Áreas Prioritárias para Acção

Desafios Pertinentes Medidas Recomendadas

Melhorar a Integração Regional em África

- Falta de recursos financeiros para apoiar e acelerar as actividades de integração;

- Múltiplas adesões de vários Estados Membros a mais de uma CER; e

- Falta de regulamentos harmonizados e procedimentos longos, com os ministérios a dificultar a implementação do MIP e a integração do MIP na formulação de políticas e em estruturas legislativas.

- Os Estados Membros devem adoptar decisiva, ousada e inovadoramente uma opção ou opções de mecanismos alternativos de financiamento para aumentar os recursos disponíveis para o desenvolvimento e a integração de África;

- O MIP deve harmonizar os seus regulamentos de modo a se integrar e implementar mais eficazmente; e

- Criar em cada ministério um ponto focal para as actividades das CERs e da CUA. Assegurar que os pontos focais se reúnem com regularidade para discutir actividades transversais que ocorrem nas suas CERs, na UA se alinham.

Livre Circulação – Pessoas, Bens e Serviços

- Disparidades em níveis de desenvolvimento impedindo a isenção de visto de todos os cidadãos africanos; e

- Fluxo de informação e monitorização da eficácia das características de segurança dos passaportes

- Os Estados Membros devem procurar trabalhar conjuntamente para permitir que a África se torne um novo pólo de crescimento e líder na economia mundial; e

- Criar sistemas eficazes de monitorização efectiva da segurança dos passaportes

Financiamento da integração em África

- Encontrar instituições financeiras regionais apropriadas com as quais colaborar;

- Falta de coordenação dos doadores; - Múltiplas adesões dos Estados Membros a mais

de uma CER; - Diferentes níveis de entendimento da integração

continental e dos seus requisitos; e - Falta de recursos financeiros e capacidades

humanas para negociar mais eficazmente os

- Promover a aplicação da Declaração de Paris e dos princípios da AAA sobre a eficácia da ajuda em relação a doadores bilaterais e multilaterais;

- Integrar o MIP nas estruturas nacionais e com isso a proposta das CERs na mesma região de trabalharem mais estreitamente, como demonstrado pelo Acordo Tripartido entre EAC, COMESA e SADC; e

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Quadro 3.1: Recomendações dos Estados Membros

Áreas Prioritárias para Acção

Desafios Pertinentes Medidas Recomendadas

acordos de parceria.

- Considerar a adopção de opções inovadoras de financiamento para mobilizar maiores receitas para investimento, nomeadamente, no desenvolvimento e na modernização de competências humanas.

Parcerias - Não foram mencionados desafios - Promover a aplicação da Declaração de Paris e os princípios da AAA sobre a eficácia da ajuda em relação a doadores bilaterais e multilaterais;

- Assegurar que a ajuda é dirigida às prioridades nacionais;

- Assegurar que as prioridades nacionais reflectem as prioridades regionais e continentais tal como estabelecido nos documentos estratégicos das CERs e da UA. Isto ajudaria a promover a harmonização dos doadores; e

- A África deve desenvolver uma posição e uma estratégia comuns, através da UA, sobre o seu envolvimento com os parceiros. Os Estados Membros devem contribuir para este processo.

Quadro 3.2: Recomendações às CERs

Áreas Prioritárias para Acção

Desafios Pertinentes Medidas Recomendadas

Partilha de informações e melhores práticas

- Dificuldades no fluxo de informação entre os Estados Membros, as CERs e a UA.

- Criar pontos focais para as CERS que têm os mesmos Estados Membros;

- As CERs devem transmitir os seus relatórios

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Quadro 3.2: Recomendações às CERs

Áreas Prioritárias para Acção

Desafios Pertinentes Medidas Recomendadas

anuais a todas as CERs no continente; e - Os oficiais de ligação das CERs na CUA

devem reunir-se com regularidade para partilhar informações sobre as actividades realizadas na CER e informar as suas sedes.

Parcerias - Celebração dum APE justo e equitativo de

acordo com os princípios do Acordo de Cotonou; - Dificuldades na implementação de políticas

harmonizadas, mecanismos legislativos e reguladores para apoiar o sector privado; e

- Garantir um APE que promova o desenvolvimento regional e continental em geral e que também ajude a promover uma base industrial forte e aumente a riqueza a nível regional e continental

- As CERs devem continuar a pressionar o aspecto dos APEs relativo ao desenvolvimento; e

- Promover a aplicação da Declaração de Paris e os princípios da AAA sobre a eficácia da ajuda a nível regional.

Quadro 3.3: Recomendações à Comissão da União Africana

Áreas Prioritárias para Acção

Desafios Pertinentes Medidas Recomendadas

Informação Anual sobre os Progressos da Integração em África

- Obter respostas a questionários e matrizes transmitidos a parceiros relevantes para preenchimento;

- Identificar produtos anuais tangíveis no sector das infra-estruturas;

- Falta de comunicação das CERs; - Solicitação de respostas atempadas; - Estados Membros não apresentaram matrizes

preenchidas à Comissão; e - Apresentações atrasadas também afectaram a

conclusão deste relatório a tempo.

- Devem ser instalados oficiais de ligação em cada CER, com contactos regulares entre os mesmos e a CUA para ajudar a facilitar a transmissão e o fornecimento da informação solicitada (questionário, matrizes, cartas, etc.)

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Quadro 3.3: Recomendações à Comissão da União Africana

Áreas Prioritárias para Acção

Desafios Pertinentes Medidas Recomendadas

Melhorar a Integração em África

- Não foram mencionados desafios. - Continuar a integrar e promover o MIP nas prioridades estratégicas e actividades programáticas.

Financiar a Integração Africana

- Progressos lentos constatados no acordo sobre os TdR preparados e, portanto, no avanço do assunto.

- O Departamento de Assuntos Económicos e o BAD devem convocar uma reunião antes de finais de 2010 para fazer avançar a missão; e

- Continuar a interceder, fazer pressão e exortar os Estados Membros a adoptarem uma opção ou opções de financiamento alternativo para o desenvolvimento, a integração e a auto-suficiência de África.

Mobilização de Recursos

- Estados Membros que não concordam com possíveis opções para a Comissão da UA de fontes alternativas de financiamento.

- Continuar a interceder, fazer pressão e exortar os Estados Membros a adoptarem uma opção ou opções de financiamento alternativo para o desenvolvimento, a integração e a auto-suficiência de África.

Parcerias

- Estados Membros dão prioridade a acordos bilaterais com a UE em vez de trabalharem através da Comissão.

- A UA deve desenvolver uma posição e estratégia comuns sobre o envolvimento de África com os parceiros; e

- A UA deve insistir na aplicação da Declaração de Paris e dos princípios da AAA sobre a eficácia da ajuda nas relações com os seus parceiros;

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Quadro 3.4: Recomendações às Instituições Pan-Africanas (BAD)

Áreas Prioritárias para Acção

Desafios Existentes Medidas Recomendadas

Financiamento da Integração Africana

- Progressos lentos constatados no acordo sobre os TdR preparados e, portanto, no avanço do assunto.

- O Departamento de Assuntos Económicos e o BAD devem convocar uma reunião antes do fim de 2010 para levar avante esta missão.

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ANEXOS

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Anexo 1: Lista dos Inquiridos v Inquiridos das CERs: Comunidade Económica de Estados da África

Ocidental (CEDEAO), Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA), Comunidade da África Oriental (EAC) e Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC).

v Inquiridos dos Estados Membros: Egipto, Maurícias, Sudão, Togo e

Zimbabué. v Comissão da União Africana v Parceiros: Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).

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Relatório de Monitorização da Implementação das Recomendações da Quarta Conferência de Ministros Africanos Responsáveis pela Integração (COMAI IV) Página 63

BIBLIOGRAFIA

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Comissão da União Africana (CUA) Departamento dos Assuntos Económicos

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