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  GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE INDÚSTRIA COMÉRCIO E MINERAÇÃO IPEM  - INSTITUTO DE PESQUISAS MATOGROSSENSE O O O  S S S E E E T T T O O O R R R  M M M I I I N N N E E E R R R  A  A  A L L L  D D D E E E  M M M  A  A  A T T T O O O  G G G R R R O O O S S S S S S O O O : : :  D D D I I I A A A G G G N N N Ó Ó ÓS S T T I I I C C CO O O E E E  D D I I I R R R E E E T T T R R R I I I Z Z Z E E E S S S  P P P A A A R R A A A  A A A Ç Ç Ç Õ Õ ÕE E E S S S  D D D E E E  E E E S S S T T T A A A D D D O O 

Relatorio Diagnostico Setor Mineral MT

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Mineração e Meio Ambiente

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GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSOSECRETARIA DE INDSTRIA COMRCIO E MINERAO

O SETOR MINERAL DE MATO GROSSO:DIAGNSTICO E DIRETRIZES PARA DIAGNSTICO E DIRETRIZES PARA AES DE ESTADO AES DE ESTADO

I P E M - INSTITUTO DE PESQUISAS MATOGROSSENSE

Riquezas minerais no existem. O homem que, pela sua engenhosidade e diligente ao, pode transformar em utilidade e riqueza o que, de outra forma, seria simples material inerte e sem valor. Prof. Joaquim Maia

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSOSECRETARIA DE INDSTRIA COMRCIO E MINERAO METAMAT CIA. MATOGROSSENSE DE MINERAO I P E M - INSTITUTO DE PESQUISAS MATOGROSSENSE

O SETOR MINERAL DE MATO GROSSO: O SETOR MINERAL DE MATO GROSSO:DIAGNSTICO E DIRETRIZES PARA AES DE ESTADO DIAGNSTICO E DIRETRIZES PARA AES DE ESTADO

Cuiab MT Julho de 2000

GOVERNADOR DO ESTADO DE MATO GROSSO Dante Martins de OliveiraSECRETRIO DE INDSTRIA, COMRCIO E MINERAO

Carlos Avalone JniorSUBSECRETRIO DE INDSTRIA, COMRCIO E MINERAO

Joo de Souza Vieira CIA. MATO-GROSSENSE DE MINERAO Presidente: Sidney Durante Diretor Tcnico: Wanderley Magalhes de Resende Diretor Administrativo-Financeiro: Ubaldo Fernandes Cassiano IPEM INSTITUTO DE PESQUISA MATOGROSSENSEPresidente: Edinaldo de Castro e Silva

Diretor Tcnico: Fernando Ximenes de Tavares Salomo Diretor Superintendente: Elder de Lucena Madruga

I P E M Instituto de Pesquisa MatogrossenseEQUIPE TCNICA:COORDENAO: Antnio Joo Paes de Barros Elder de Lucena Madruga PESQUISADORES / COLABORADORES: Adnen Rajab Carlos Antnio de Almeida Melo Fernando Ximenes de Tavares Salomo Francisco Egdio Cavalcante Pinho Gercino Domingos da Silva Izaias Mamor de Souza Jayme Alfredo Dexheimer Leite Joo de Deus Guerreiro Santos Jesue Antnio da Silva Marcos Vincius Paes de Barros Ricardo Kalikowski Weska Srgio Luiz Moraes Magalhes Wilson Menezes Coutinho

IPEM / METAMAT IPEM / UFMT

DNPM IPEM / UFMT IPEM / UFMT IPEM/UFMT METAMAT METAMAT UFMT IPEM / UFMT METAMAT METAMAT UFMT IPEM / UFMT METAMAT

APOIO INSTITUCIONAL:SECRETARIA DE INDSTRIA COMRCIO E MINERAO Joo de Souza Vieira Sub-Secretrio de Indstria Comrcio e Minerao Jorge dos Santos Assessor da SICM Rosngela Saldanha Pereira - Consultora da SICM COMPANHIA MATOGROSSENSE DE MINERAO - METAMAT Wanderley Magalhes de Resende - Diretor Tcnico DEPARTAMENTO NACIONAL DA PRODUO MINERAL Jos Antnio Alves dos Santos - Chefe SERGPM / 12 Distrito

APRESENTAO APRESENTAO

A gesto dos recursos minerais, enquanto ao de Estado, um processo de mediao de interesses e conflitos entre diversos atores que atuam sobre o meio. Os recursos minerais integram o patrimnio da Unio que tem a competncia privativa para legislar sobre a matria. J os Estados e Municpios possuem competncia comum para registrar, acompanhar e fiscalizar as concesses de direitos de pesquisa e explorao de recursos hdricos e minerais em seus territrios. A Constituio do Estado de Mato Grosso, em seu artigo 297, estabelece que o Estado definir, por lei, a Poltica Estadual sobre Geologia e Recursos Minerais, que contemplar a conservao, o aproveitamento racional dos recursos minerais, o desenvolvimento harmnico do setor com os demais, o desenvolvimento equilibrado das regies do Estado. Para subsidiar os rgos governamentais quanto s polticas pblicas a serem implementadas para o Setor Mineral, o Estado de Mato Grosso contratou o IPEM Instituto de Pesquisa Mato-Grossense - para levantar as potencialidades do setor e apresentar mecanismos que permitam o Governo do Estado participar no processo de gesto do setor mineral. O diagnstico reporta o atual estgio da minerao no Estado de Mato Grosso, propondo diretrizes e aes, que criem condies favorveis ao desenvolvimento deste setor, integrando todos os segmentos interessados no fortalecimento da atividade mineradora no Estado. O trabalho do Governo do Estado de Mato Grosso, atravs da Secretaria de Indstria, Comrcio e Minerao SICM, tem como principal objetivo mostrar as vocaes e potencialidades naturais do Estado e levantar as demandas de mercado por insumos minerais. A sinalizao de novos negcios para a iniciativa privada, o redirecionamento das aes de governo e a cooperao sistmica entre os diversos agentes constituem macro diretrizes para mudar o perfil da atividade no territrio matogrossense.

A sntese deste trabalho est incorporada na Carta Previsional Para Planejamento - Atividades de Minerao, anexo, que vem a pblico na expectativa de suprir informaes bsicas, atualizadas, quanto distribuio e ambincia dos recursos minerais conhecidos em nosso subsolo. Nesta carta so tambm indicadas, para orientao do investidor, ambientes geolgicos favorveis prospeco de diversos bens minerais. A estruturao da Secretaria de Indstria, Comrcio e Minerao SICM, dentro da perspectiva de se implementar uma poltica para o setor, constitui ponto de partida para a retomada de aes em prol da minerao e da comunidade, representada pelas universidades e seus rgos de pesquisa, DNPM, CPRM, cooperativas de garimpeiros, prefeituras e iniciativa privada.

EQUIPE DE COORDENAO

NDICE NDICE

Pgina

1 2 3

INTRODUO HISTRICO POTENCIAL MINERAL 3.1 PROVNCIAS E DISTRITOS MINERAIS 3.1.1 Distritos Diamantferos 3.1.2 Provncias Aurferas 3.1.3 Provncias Carbonticas 3.1.3.1 Provncia Serrana 3.1.3.2 Provncia Cuiabana 3.1.3.3 Provncia Bacia do Paran 3.1.3.4 Provncia Beneficente 3.1.3.5 Outras Provncias 3.1.4 Provncias de guas Minerais e Termais 3.1.4.1 guas Minerais 3.1.4.2 Fontes Termais 3.1.5 Provncias de Rochas Ornamentais Granitos 3.1.6 Provncias Polimetlicas 3.2 AGREGADOS MINERAIS DE USO IMEDIATO NA CONSTRUO CIVIL 3.3 MINERAIS E ROCHAS INDSTRIAIS 3.3.1 Cermicas

5 6 10 15 15 22 28 30 31 31 32 33 34 34 36 37 39

41 43 44 48 48 49 53 56 58 60 60

4. ANLISE DE MERCADO E TENDNCIAS 4.1 DIAMANTE 4.2 OURO 4.3 ROCHAS CARBONTICAS 4.4 MINERAIS E ROCHAS INDSTRIAIS 4.5 ROCHAS ORNAMENTAIS E GRANITOS 5. ESTRUTURAO DO SETOR 5.1 ASPECTOS LEGAIS

5.2 RGOS QUE ATUAM NO SETOR MINERAL 5.3 O PAPEL DO ESTADO 5.4 A FISCALIZACAO E O REGIME TRIBUTRIO 5.4.1 Fiscalizao Tributria 5.4.2 Fiscalizao de Direitos Minerrios 5.4.3 Fiscalizao Ambiental 6. PROPOSTA DE POLTICA MINERAL. 6.1 DIRETRIZES REFERENDADAS POR POLTICAS PBLICAS 6.2 DIRETRIZES PARA A READEQUAO DA SECRETARIA DE INDSTRIA, COMRCIO E MINERAO E METAMAT 6.2.1 Indicadores de Sustentabilidade 6.3 DIRETRIZES PARA ELEIO DE REAS ( REGIES ) PRIORITRIAS PARA INVESTIMENTO 6.3.1 Diamante 6.3.2 Ouro 6.3.3 Rochas Carbonticas 6.3.4 guas Minerais e Termais 6.3.5 Minerais e Rochas Indstriais 6.3.6 Depsitos Poli-metlicos 6.4 DIRETRIZES E AES PARA DINAMIZAR AS ATIVIDADES MINERADORAS 6.4.1 Consolidao de Parques Mineradores 6.4.2 Regularizao e Racionalizao de Procedimentos Exploratrios 6.4.3 Acompanhamento dos Direitos Minerrios 6.4.4 Fomento e Extenso Mineral 6.5 DIRETRIZES PARA UMA POLTICA DE AGREGAO DE VALORES 7. CONCLUSES 8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ANEXO I Cpias de dispositivos legais ANEXO II Anlise Jurdica ANEXO III - MAPA Carta Previsional Para Planejamento - Atividades de Minerao

63 67 70 71 76 77 78 79 83 88 91 91 91 91 91 92 92 93 93 93 94 95 96 96 97 101

ABREVIATURASABC ABINAM ABNT AML ANATEL ANA ANEPAC ANM ANORO CFEM CONFEA COOPERAURUM COOPROPOL CPRM CREA CVRD DNPM DVOP EMPAER FAMATO FEMA GFMS IBGE ICMS IOF IPEM METAMAT MIC/SECEX MMA MME MRI PIB PN PRNT SEFAZ SIMC SINECAL SRF UFMT VPM Associao Brasileira de Cermica Associao Brasileira de guas Minerais Associao Brasileira de Normas Tcnicas Amaznia Legal Agncia Nacional de Telecomunicaes Agncia Nacional de guas Associao Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para a Construo Civil Agncia Nacional de Minerao Associao Nacional de Produtores de Ouro Compensao Financeira pela Extrao de Recursos Minerais Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia Cooperativa de Produtores de Ouro do Estado de Mato Grosso Cooperativa de Produtores de Ouro de Pontes e Lacerca Cia. de Pesquisas de Recursos Minerais Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia Companhia Vale do Rio Doce Departamento Nacional da Produo Mineral Departamento de Viao e Obras Pblicas Empresa de Assistncia e Extenso Rural Federao Mato-grossense de Agricultura Fundao Estadual do Meio Ambiente Gold Fields Mineral Services Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios Imposto sobre Operaes Financeiras Instituto de Pesquisa Matogrossense Cia. Mato-grossense de Minerao Ministrio de Indstria e Comrcio Ministrio do Meio Ambiente Ministrio de Minas e Energia Minerais e Rochas Industriais Produto Interno Bruto Poder de Neutralizao Poder Relativo de Neutralizao Secretaria de Fazenda Secretaria de Indstria, Comrcio e Minerao Sindicato das Indstrias de Extrao de Calcrio de Mato Grosso Secretaria da Receita Federal Universidade Federal de Mato Grosso Valor da Produo Mineral

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1 .. 1

INTRODUO INTRODUO

Este diagnstico surgiu face constatao da necessidade de o Governo do Estado de Mato Grosso conhecer com maior profundidade o estgio de desenvolvimento do setor mineral, compreendendo as atividades que vem sendo implementadas, o potencial para gerao de empregos e as perspectivas de fomentar o aproveitamento de bens minerais. O objetivo principal dinamizar o setor, identificando oportunidades de investimento, buscando, inclusive, a melhoria da performance da balana comercial, via diminuio da dependncia de insumos importados, como a proposio de aes que permitam agregar valores ao ouro e diamante produzidos no territrio. A partir dos dados levantados, o documento prope diretrizes e aes prioritrias, a serem incrementadas no seio de uma poltica estadual para o setor. De posse destes, so apresentados elementos e subsdios para embasar uma poltica estadual de atuao no setor, que contribua tanto para agilizar os procedimentos administrativos reguladores, retirando o setor da informalidade dominante, como criando um ambiente favorvel ampliao do nvel de investimentos. Este diagnstico foi produzido pela equipe tcnica do IPEM, em parceria com tcnicos da METAMAT, e com colaborao de tcnicos do DNPM, FEMA e, quando necessrio, com participao de consultores para temas especficos. O resultado est consolidado neste texto e contm as informaes mais atualizadas no que tange s atividades e potencialidades mineiras em Mato Grosso, alm de definir reas prioritrias para investimento, levando-se em conta uma anlise de tendncia de mercado e o carter especfico de cada ambiente geolgico. Ao final, so apresentadas sugestes quanto ao papel que deva ser desempenhado pelas diferentes unidades envolvidas no amplo espectro do setor

mineral, assim como as aes mais urgentes para revitalizao do setor mineral em Mato Grosso.

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2 .. H I S T R I C O 2 HISTRICO

Os insumos minerais, conhecidos como commodities, constituem matrias primas para a indstria de transformao, utilizados em milhares de produtos vitais ao homem, como fertilizantes, combustveis, sais, papel, tintas, aos, latas, cabos, pisos, azulejos, tijolos, cimento e outros. No Estado de Mato Grosso, o povoamento e colonizao do seu territrio, tambm esteve vinculado ao aproveitamento dos recursos minerais disponveis. A fundao de Cuiab, em 1719, pela Bandeira organizada por Pascoal Moreira Cabral, ocorreu em funo da descoberta de ouro. No sculo XVIII, outras descobertas deste metal precioso concorreram para a implantao de novos povoados e vilas, vindo a consolidar o domnio portugus alm da linha de Tordesilhas, no caso das cidades de Vila Bela de Santssima Trindade (1752), Pocon (1777), Nossa Senhora do Livramento (1730), Diamantino (1728), Rosrio Oeste (1751), Cceres (1778) etc. Jazimentos de diamante tambm foram descobertos no sculo XVIII, entretanto tiveram sua explorao proibida pela Coroa. Assim sendo, a explorao de diamantes est relacionada a uma fase extrativista mais recente, com o surgimento dos povoados de Barra do Garas (1932), Poxoro (1924), Torixoru (1931), Paranatinga (1964), Araguainha (1943), Nortelndia (1937), Dom Aquino (1920), entre outros. Nota-se no processo histrico a recorrncia de vrios ciclos de explorao, principalmente de ouro e diamantes. Os mais recentes, dcadas de setenta e oitenta, so em parte responsveis pelo desenvolvimento da regio norte e oeste de Mato Grosso. Estes ciclos de explorao esto intimamente associados ao fenmeno do garimpo, que compreende um complexo movimento de natureza scio econmica, que em menos de 20 anos gerou impactos significativos nas plancies aluviais de rios e crregos. A percepo desse fenmeno pela sociedade refletiu no imaginrio urbano, colocando toda a atividade mineira, de forma muitas vezes equivocada, como vil do meio ambiente.

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Neste cenrio, a minerao, sobretudo a variante garimpo, constitui uma das atividades que mais sofreu presses dos movimentos ambientalistas, com grande repercusso na mdia, vide como exemplo o caso dos garimpos de Pocon. Este embate resultou no fato da atividade ser uma das mais controladas, isto considerando-se a quantidade de leis e normas que a restringem e limitam por questes de ordem ambiental. A legislao brasileira pertinente de primeiro mundo, tornando muitas vezes penoso ao minerador, e sobretudo ao garimpeiro, adequar-se a ela. Entretanto, no resta outro caminho, seno atender os novos paradigmas da modernidade, onde a busca e a explotao de recursos minerais deve levar em conta a manuteno do equilbrio ambiental, bem como atender s premissas bsicas inerentes ao conceito de desenvolvimento sustentvel. No caso da atividade mineral, a sustentabilidade implica necessariamente em atingir padres de competitividade, atravs do uso de tecnologias que permitam explorar o recurso com o menor custo ambiental e mximo aproveitamento das reservas. Para tal, imprescindvel o conhecimento da natureza do jazimento, atravs de pesquisas aplicadas, e a planificao dos procedimentos exploratrios. Mato Grosso se apresenta cada vez mais como o Portal da Amaznia, predestinado a ser o corredor natural de todo o processo desenvolvimentista em curso, marcado recentemente pelo advento de novas alternativas de transporte, que certamente tornaro seus produtos mais competitivos. Entretanto, para que a atividade mineradora possa se inserir melhor nesse contexto e contribuir de forma efetiva para a melhoria dos indicadores scio-econmico do Estado, algumas peculiaridades que caracterizam essa atividade precisam ser esclarecidas: os recursos minerais so finitos, no renovveis, e ocorrem na natureza onde as condies e os processos geolgicos assim o determinam, portanto as jazidas tm rigidez locacional; os depsitos minerais, quando economicamente explorveis, vm a constituir uma jazida, que, por excelncia, nica, sendo uma verdadeira anomalia geolgica;

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um projeto mineiro sempre parte de premissas bsicas obtidas durante os trabalhos de explorao. Todavia, como uma jazida s efetivamente conhecida aps ser explotada, temos que a maioria dos projetos mineiros so dinmicos, o que leva afirmao de que "a vida de uma mina um percurso de incertezas"; a sustentabilidade da atividade consiste em explorar o recurso de forma planejada, maximizando as reservas, prolongando a vida til do jazimento, isto com o menor custo ambiental aceitvel, a ser definido pelo rgo ambiental competente; os distritos mineiros conhecidos, ou mesmo reas com potencial para tal, podem vir a se constituir em instrumentos para interiorizao e descentralizao do desenvolvimento, pois um bom prospecto pode transformar-se em uma excelente oportunidade de investimento, ainda mais considerando-se que a

atividade mineradora tem um alto poder multiplicador, tanto devido ao uso intensivo de mo de obra, como pela capacidade de atrair outras indstrias de transformao e de servios, agregando em mdia oito empregos indiretos para cada direto; e "Recursos minerais no existem; o homem que, pela sua engenhosidade e diligente ao, pode transformar em utilidade e riqueza o que, de outra forma, seria simples material, mineral inerte e sem valia. No esqueamos que um corpo mineral s efetivamente riqueza aps descoberto e mobilizado para a econmica utilizao humana" (MAIA, 1979).

Apesar de caracterizar-se principalmente pelo uso intensivo de reas, com retirada da vegetao e remoo do solo, face necessidade de expor o subsolo nos casos de operao a cu aberto, a minerao constitui sem dvida uma das atividades que ocupa as menores extenses, conforme demonstram os dados a respeito do uso e ocupao do solo no Estado de Mato Grosso, sintetizados na figura a seguir:

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USO E OCUPAO DAS REAS DESMATADAS NO ESTADO DE MATO GROSSO 1997 REA DO ESTADO = 906.806,9 Km2 REA DESMATADA = 239.513,97 Km2 (26,43%)0,48%

DESMATES EM AREAS DE MINERAO / GARIMPO33,67% 37,58%

PASTAGENS EM USO LAVOURAS EM PRODUCAO * PASTAGENS E LAVOURAS DEGRADADAS DESMATES EM RESERVAS INDGENAS E AREAS PROTEGIDAS AREAS URBANAS E SUB URBANAS

0,76% 1,88% 10,38% 15,25%

OUTRAS OCUPAES (Madereiras, Assentamentos, Pequenos Produtores)

Fonte: FEMA, * EMPAER, FAMATO, METAMAT .

Considerando-se que das reas j abertas pela minerao, da ordem de 115.800 ha (0,48 % das reas desmatadas), apenas cerca de 10 % esto ainda em produo e que essas geram um valor da produo mineral da ordem de 236 milhes de reais, equivalente a cerca de 1,5 % do PIB do Estado. Isto nos permite estimar um valor mdio da ordem de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) por hectare de rea efetivamente ocupada, e em produo pela atividade mineradora. A ttulo comparativo, temos que o plantio de soja ocupa uma rea de cerca de 2.548.000 ha (10,6% das reas desmatadas), respondendo por uma produo de 7.134.000 t (98/99), com gerao de um valor de produo superior a 2 bilhes de reais, que permite estimar um valor mdio da ordem de R$ 840,00 por hectare de rea plantada.

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3 .. P O T E N C I A L M I N E R A L 3 POTENCIAL MINERAL

O atual parque mineral brasileiro, que posiciona o Brasil como um Pas exportador de insumos minerais, resulta de um modelo de desenvolvimento de recursos minerais direcionado para atender ao mercado externo, concebido no incio da dcada de 70 e implementado atravs dos Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND). Nesta poca ocorreram significativos investimentos em pesquisa geolgica bsica. Cite-se como exemplo o Estado de Mato Grosso, onde, no perodo de 1970 a 1981, foram executados 16 projetos de mapeamento bsico e 06 levantamentos aerogeofsicos contratados pelo DNPM. Por outro lado, registre-se o fato que, aps 1981, apenas dois levantamentos geolgicos foram realizados no Estado, um deles ainda no concludo. No mbito nacional, a minerao est representada por dois segmentos principais: em um segmento esto as empresas de minerao, tendo de um lado as grandes corporaes multinacionais que atuam sobretudo na produo e beneficiamento de minerais metlicos, semi-metlicos, petrleo e minerais radioativos; do outro lado esto as pequenas e mdias mineraes, freqentemente de capital nacional, que atuam principalmente na produo e comercializao de minerais industriais, agregados de uso imediato na construo civil, rochas ornamentais, fertilizantes etc. O outro

segmento est representado pela atividade extrativista, mais conhecida como garimpagem, que atua predominantemente de maneira informal na extrao e comercializao de ouro, diamante e pedras semi-preciosas. Uma anlise histrica do processo de desenvolvimento da Indstria Extrativa Mineral no Estado de Mato Grosso, comparativamente com outros Estados, permite constatar que aqueles de vocao mineira, com maior tradio em minerao e mais articulados politicamente, foram privilegiados com a destinao de recursos pblicos federais para a realizao de levantamentos bsicos, em escala compatvel, e, portanto, suficiente para atrair a ateno de empresas e investimentos privados.

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Em parte, e sobretudo na regio Amaznica, esta priorizao se deu em funo da descoberta de provncias minerais portadoras de depsitos de porte internacional, que serviram de base para a consolidao de verdadeiros plos de desenvolvimento regional, caso do ferro e mangans de Carajs, alumnio de Trombetas, caulim do Jari e Rio Capim, nibio de Arax, estanho em Pitinga etc. O contexto da Amaznia Legal (AML), trabalho recentemente publicado por SUDAM/UFPA/FADESP (1999), apresenta os principais indicadores scio-econmicos dos nove Estados que compem essa regio (Tabela 1). Os dados, obtidos a partir de estatsticas de 1995/96, demonstram que a atividade mineral tem distintos pesos na economia desses Estados, com destaque, sobretudo, para os Estados do Para e do Amap, que detm os mais altos indicadores entre o Valor da Produo Mineral (VPM) com relao ao PIB, da ordem de 28,4 % e 20,7 %, respectivamente. No Estado de Mato Grosso o indicador VPM/PIB foi de 4,8 %. Jorge Joo (1999) destaca o caso do Par, onde a minerao industrial contribui significativamente com o PIB, ampliando a participao da produo mineral na base econmica, respondendo por cerca de 14 % do PIB e 70 % das exportaes. O ANURIO MINERAL BRASILEIRO (1998), ano-base 1997, reporta que o valor da produo mineral brasileira foi de US$ 14,99 bilhes de dlares. A regio Centro-Oeste, apresentou um VPM de US$ 576,34 milhes de dlares (7,9 %), sendo citado que o Estado de Mato Grosso participou com apenas US$ 45,26 milhes de dlares, ou o equivalente a 0,30 % do VPM nacional. Estes nmeros oficiais refletem uma queda acentuada da produo mineral no Estado, que j teve um VPM da ordem de US$ 141,52 milhes de dlares, segundo o Anurio Mineral Brasileiro (1996), cujos dados esto mencionados na Tabela 1. O SUMRIO MINERAL BRASILEIRO (1999), editado pelo DNPM, referente ao ano-base 1998, constata que o produto da indstria extrativa mineral nacional foi de US$ 6,7 bilhes de dlares (sem petrleo e carvo). Esta produo gerou pela indstria de transformao, um produto da ordem de US$ 64,2 bilhes de dlares, que correspondeu a uma participao da ordem de 8,2 % do PIB nacional, estimado em US$ 777 bilhes de dlares.

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Tabela 1 Indicadores Scio- Econmicos dos Estados da Amaznia Legal# 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Indicador/ Superfcie (Km) Populao (hab)- (1996) Hab/ Km) PIB (U$ 10 milhes) (1995) % PIB Brasil Renda p/capita/U$ PIB / Km (US$) IDH (1991) Taxa de Alfabetizao de Adultos (1991) % c/educao e Acre 153.150 483.726 3,16 673 0,14 1.432 4.400 0,665 65,2 14,3 10,1 nd 2.500 -0,4 4.146 Amap 143.454 379.459 2,64 432 0,09 1.249 3.000 0,781 80,8 7,5 13,6 nd 122.590 28,4 73.815 Amazonas 1.577.820 2.389.279 1,51 6.245 1,30 2.581 3.958 0,797 76,2 4,8 7,4 45,5 190.433 3,0 133.950 Maranho 259.303 5.222.565 20,14 5.716 1,20 1.075 22.070 0,512 58,6 6,8 5,4 nd 19.867 0,35 575.719 Mato Grosso 906.807 2.235.832 2,50 2.930 0,61 1.176 3.562 0,769 80,5 8,6 4,3 nd 141.521 4,8 466.033 Par 1.253.165 5.510.849 4,40 6.341 1,32 1.050 5.060 0,688 75,6 3,6 5,3 nd 1.311.011 20,7 1.820,771 Rondnia 238.513 1.231.007 5,16 1.393 0,29 910 5.828 0,715 79,7 11,0 7,1 49,06 57.750 4,2 36.527 Roraima 225.116 247.131 1,10 673 0,14 2.162 2.990 0,749 79,4 20,2 21,1 nd 6.490 1,0 5.634 Tocantins 278.421 1.048.642 3,77 1.249 0,26 1.138 4.493 nd 68,6 nd nd nd 3.337 0,3 3.723

10 Despesas pblicas (%PIB)- 1990

11 Despesas pblicas c/sade saneamento (% PIB) - 1990 12 Taxa de Desemprego 13 VPM (U$10) 1995 14 VPM / PIB (%)

15 Exportao total (US/$10) - 1994FONTE: 1 e 2. 4, 5 e 6. 8. 9, 10 e 11. 12. 13 e 14. 15.

(*) exclusive petrleo e gs; nd dados no disponveis Estimativa Populacional IBGE; 1996 Anlise da Evoluo do Produto Interno Bruto In. Revista de Administrao Pblica da FGV, RJ: Editora da FGV, nov./dez, 1996. Dados de 1991 Fonte: Relatrio Sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil 1996. IPEA/Braslia, 1996 Dados de 1991 Fonte: Relatrio Sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil 1996. IPEA/Braslia, 1996 Dados de 1990 Fonte: Anurio do Amazonas 1991 IBGE/Amazonas Anurio Mineral Brasileiro, 1996 Dados de 1994 Fonte : Balana Comercial Brasileira - MICT, Secretaria do Comrcio Exterior, dez/95.

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Em princpio, os nmeros oficiais acerca do valor da produo mineral esto aqum da realidade do Estado de Mato Grosso. Uma avaliao atual do valor da produo mineral, baseado nos principais produtos minerais explorados em Mato Grosso, permite estimar um valor do produto da indstria extrativa mineral, da ordem de R$ 236 milhes de reais, equivalente a cerca de US$ 130 milhes de dlares, que corresponde a apenas 1,5 % do atual PIB do Estado, estimado em US$ 8,5 bilhes de dlares. A Tabela 2 sintetiza os principais indicadores referentes aos principais bens minerais produzidos no Estado:Tabela 2 Estimativa do Valor da Produo Mineral do Estado de Mato Grosso Produtos Diamante Ouro Areia ( Cuiab) Calcrio Brita Argila ( Cuiab) gua Mineral Cimento Produo Anual 300 mil ct 6.500 kg 900 mil m3 2 milhes ton. 700 mil m3

Valor da produo (R$ milhes) 34 78 6 14 10 2 36 56 236

% no Valor da produo 14,5% 33% 2,5% 6% 4% 1% 15% 24% 100%

500 mil ton. 85 milhes l 700 mil ton.

TOTAL Fonte: METAMAT e DNPM .

Este nvel relativamente baixo do valor da produo mineral, com relao ao PIB do Estado de Mato Grosso, se deve em muito ao fato que as aes desenvolvimentistas planejadas e implementadas pelos governos militares (1964/1985), para promover a ocupao da Amaznia Mato-Grossense, se basearam principalmente na priorizao de projetos de colonizao, que tinham como objetivo a apropriao do solo para a pecuria extensiva, em detrimento de investimentos na rea de explorao mineral. A explorao de recursos naturais (minrios e madeira) se inseriu de forma expontnea no processo de expanso de fronteiras, em funo de descobertas de ricos depsitos, associado a perodos de fortes demandas de mercado, constatando-se,

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poca, uma simbiose entre garimpeiros e madeireiros, principais agentes promotores da abertura de novas reas. Cite-se como exemplo o caso do ouro, que viabilizou o surgimento de inmeras cidades, devido a um novo ciclo exploratrio, de insero internacional, registrado no inicio da dcada de 80, com a sobre-valorizao dos preos dete metal. Esses fatos concorreram para o fortalecimento e a consolidao no Estado do fenmeno denominado garimpo, o que foi corroborado ainda pelo fato de que esta atividade j era tradicional em Mato Grosso, existindo inmeras comunidades com base econmica e insero cultural arraigadas na produo de diamante e ouro. Os dados publicados por SUDAM/UFPA/FADESP (1999), evidenciam o garimpo como uma das atividades que demanda um uso intensivo de mo-de-obra, estimando existirem ainda 400.000 trabalhadores na Amaznia Legal. Em Mato Grosso, as estimativas da METAMAT, indicam um montante de 25 mil trabalhadores que sobrevivem diretamente da garimpagem. A atividade garimpeira, nos moldes como ela foi conduzida, interessa a poucos, pois alm de ser uma atividade insustentvel, resulta em mazelas ambientais, que so traduzidas de forma negativa para a opinio pblica, expondo de forma indiscriminada todo o setor mineral, como se o mesmo fosse uma atividade conduzida apenas por contraventores e vndalos. Na verdade, apesar da degradao ambiental associada garimpagem clandestina, sendo a face mais evidente da atividade, inmeros outros problemas decorrentes e/ou associados com a garimpagem podem ser destacados, tais como: - delapidao e sub-aproveitamento de depsitos; - sonegao fiscal; - excluso social; - inobservncia de direitos trabalhistas etc. Esse breve relato serve para ilustrar de forma resumida alguns fatores que concorreram para a minerao industrial no ter se desenvolvido a contento no Estado. Em parte por no ter encontrado condies favorveis, na forma de polticas pblicas e agentes governamentais capazes de induzir a captao de investimentos e, do outro lado, pelo nvel elementar do conhecimento geolgico, acrescido ainda pela dificuldade de dispor das poucas informaes disponveis.

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Cumpre destacar que esta atividade, dita industrial, tem maturao a longo prazo, requer grandes investimentos, usa mo-de-obra intensiva e mantm uma relao de 8 empregos indiretos para cada direto. Para ilustrar este quadro, das 1553 mineraes existentes no Brasil (REVISTA MINRIOS 1999), Mato Grosso detm apenas 21 (1,35%), que o posiciona como o 18 Estado da federao. ARANTES e MACKENZIE (1995) em uma anlise econmica sobre a explorao e minerao de ouro no Brasil, destacam que nas dcadas de 70 e 80 foram investidos U$ 564 milhes de dlares, em pesquisa e explorao de ouro, gerando 44 depsitos, sendo dez gigantes (> 60 ton.), nove grandes ( 6 60 ton.), vinte e um mdio (1 6 ton.) e quatro pequenos (< 1 ton.). Estes dados evidenciam que o custo direto para o sucesso de uma campanha de explorao mineral no Brasil teve no perodo referendado um valor mdio entre 13 a 16 milhes de dlares por depsito econmico. O Estado tem relevante vocao para produtor de bens minerais, existindo em seu territrio: 03 Distritos Diamantferos, 03 Provncias Aurferas, 04 Provncias de Rochas Carbonticas, 20 surgncias de gua termal, 03 depsitos de diamantes, 08 depsitos de ouro, 01 depsito de nquel, 01 depsito de cobre e chumbo, 01 depsito de zinco, cobre e chumbo, 03 jazimentos de granitos, 06 jazimentos de gua mineral, alm de inmeras ocorrncias de quartzo, caulim, argilas, fosfato, sais, cobre, estanho, ametista, calcrio para cimento, mangans, grafite, dentre outros.

3..1.. PROVNCIAS E DISTRITOS MINERAIS 3 1 PROVNCIAS E DISTRITOS MINERAIS

3.1.1 DISTRITOS DIAMANTFEROS

A explorao de depsitos diamantferos uma atividade econmica tradicional em Mato Grosso, constituindo-se, desde o incio do sculo passado, como a principal fonte de receita de inmeros Municpios do Estado, muitos desses, inclusive, surgiram em funo desta atividade.

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O conhecimento geolgico disponvel acerca dos distritos diamantferos do Estado permite traar uma infinidade de ambientes geolgicos com potencial para a explorao de diamantes, caso dos ambientes de borda de estruturas do tipo rifte continental, com ocorrncias conhecidas de intruses kimberlticas. Os depsitos diamantferos de Mato Grosso esto principalmente associados a formaes sedimentares do tipo aluvies recentes e terraos antigos, posicionados freqentemente, ao longo das principais drenagens que interceptam reas mineralizadas. A distribuio dos garimpos de diamantes, at o momento exclusivamente centrado em fontes secundrias, referenda, como guia prospectivo, as unidades conglomerticas de idade cretcea a terciria, descritas na literatura como pertencentes aos Grupos Parecis e Bauru, Formaes Cachoeirinha e Morro Vermelho e outras formaes, ainda indivisas. A predominncia de procedimentos ditos de garimpagem, na base da produo diamantfera no Estado, nos permite afirmar que os depsitos at o momento descobertos e explorados so insignificantes frente ao potencial geolgico. Isto decorre do fato de ser inerente garimpagem, a ausncia de trabalhos sistemticos de pesquisa e explorao mineral, o que limita em muito a descoberta de novas ocorrncias. A princpio, quatro importantes Distritos podem ser caracterizados no eEstado, a saber:

Distrito Diamantfero de Paranatinga

Este Distrito est situado na regio Mdio Leste do Estado, abrangendo o Municpio de Paranatinga, incluindo aproximadamente 40 intruses kimberlticas

(WESKA, 1997, GREENWOOD et al., 1998 e 2000), com idade de cerca de 125 Ma. (DAVIS, 1977), ou 123 a 126 Ma. (HEAMAN et al. 1998). Estas intruses acham-se posicionadas geograficamente na borda SE do Crton Amaznico, e acreditando-se que os diamantes dos depsitos aluviais quaternrios dos rios Batovi, Jatob, Piranhas e outros derivam de parte destas intruses. Outras eventuais fontes dos diamantes presentes nos eluvies, coluvies e aluvies, podem ser as rochas da PIP - Provncia gnea de Poxoro, resultante do impacto da Pluma de Trindade (WESKA, 1996; WESKA et al. 1996 e GIBSON et al.

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1997). O diamante que predomina em Paranatinga do tipo gema, bimodal em relao ao tamanho, com Pedras e Fazenda Fina.

Distrito Diamantfero do Rifte Rio das Mortes

Constitui parte integrante desse distrito mineiro o plo garimpeiro de Poxoro, considerado uma das reas mais tradicionais de produo de diamantes no Estado e que comeou a ser explorado no incio do sculo XX, a partir das descobertas do Rio Cassununga, em 1903. Neste plo, as regies garimpeiras esto limitadas sub-bacia do Rio Poxoro, com uma rea de 6.872,12 km2, tendo como afluentes os rios Poxoreozinho e Coit, e os crregos Areia, So Joo, Rico, Bororo e Jacomo. O Distrito como um todo abrange reas expressivas situadas na poro leste do Estado, compreendendo os Municpios de Chapada dos Guimares, Nova Brasilndia, Poxoro, Jaciara, Dom Aquino, Rondonpolis, Tesouro, Guiratinga, Pedra Preta, Alto Garas, Alto Araguaia, Itiquira, Araguainha, Ponte Branca, Torixoro, General Carneiro e Barra do Garas. Compreende principalmente reas com ocorrncias de rochas vulcano-clasto-qumicas do Grupo Bauru. A paleo-bacia deste Grupo posiciona-se geograficamente no off craton Amaznico e foi recentemente descrita como constituda localmente pelas formaes Paredo Grande, Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe (WESKA, 1996 e WESKA et al. 1996). Os autores destacam a presena de mais de 50 corpos basalto-alcalinos, da Formao Paredo Grande de ~ 85 Ma., na forma de diques, derrames e rochas piroclsticas, grossas a finas (tufos), alm da Intruso Tamburi (WESKA, 1996; WESKA et al., 1996 e GIBSON et al., 1997). As rochas clasto-qumicas cretceas das formaes Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe, tiveram como reas fontes tipos litolgicos da PIP Provncia gnea de Poxoro, da Faixa Paraguai e de unidades aflorantes na poro extremo noroeste da Bacia do Paran. As principais fontes para os aluvies quaternrios so unidades cretceas, admitidas como pertencentes ao Grupo Bauru, e tercirias da Formao Cachoeirinha. O diamante tipo gema predomina nesse distrito diamantfero. O tamanho mdio dos

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diamantes por quilate (ct.) em Chapada dos Guimares (Cachoeira Rica - Peba) de 2:1. O preo do diamante, na mdia, de aproximadamente US$ 108,00/ct. O histrico de produo desse distrito fantstico, uma estimativa quanto ao valor total da produo dos diamantes j comercializados nos ltimos 20 anos, permitiu chegar a cifras da ordem de US$ 800 milhes de dlares. A produo estimada do Plo de Poxoro nos ltimos dois anos situa-se em torno de 24.000 ct/ano, o que eqivale a um valor de produo da ordem de US$ 2.592.000 dlares.

Distrito Diamantfero de Alto Paraguai

As atividades mineradoras nesse Distrito datam do incio do sculo XVIII, mais precisamente do ano de 1728, quando Gabriel Antunes Maciel, capito-mor de Sorocaba comunicou a descoberta de ricas lavras aurferas no Ribeiro do Ouro, afluente do rio Diamantino, fato que levou fundao do Arraial do Alto-Paraguai, atual cidade de Diamantino. A explorao de diamantes e ouro foi retomada na dcada de 1930, com o surgimento de inmeros povoados e dos atuais Municpios de Nortelndia, Arenpolis, Santo Afonso e Nova Marilndia. A garimpagem conduzida de uma forma tradicional foi mantida por comunidades mineiras at a dcada de 70, quando uma nova praxe exploratria foi introduzida. O advento da mecanizao, associado s descobertas de novos distritos mineiros, levou a uma exploso da atividade, com a crescente

degradao do ambiente e perda de qualidade de vida das populaes tradicionais, que se dedicavam ao extrativismo mineral. Um ltimo diagnstico efetuado na bacia do Alto Rio Paraguai, abrangendo uma rea de cerca de 3.375 km, entre julho a setembro de 1996 (convnio FEMA METAMAT), caracterizou um montante de 8.000 ha de reas relativamente impactadas e 4.500 ha de reas fortemente degradadas, localizadas principalmente ao longo dos cursos dgua. Este distrito, situado na regio mdio norte do Estado, abrange os Municpios de Alto Paraguai, Diamantino, Nortelndia, Arenpolis, So Jos do Rio Claro, Santo Afonso e Nova Marilndia. Os depsitos aluvionares encontram-se dispostos em vrios nveis de terraos, mais desenvolvidos ao longo da plancie aluvionar do alto Rio Paraguai e seus afluentes. O tamanho mdio dos diamantes por quilate (ct.) variam, por

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exemplo, de 3:1 em Nortelndia at 2:1 em Alto Paraguai (Melgueira). Diamantes do tipo gema predominam nesse distrito, pedras so comuns na faixa entre 10 a 30 ct.

Distrito Diamantfero de Juna

Localizado na regio noroeste do Estado, este Distrito est inserido no Municpio de Juna. A descoberta de diamantes nessa regio deu-se em 1976, como resultado de 10 anos de trabalhos de pesquisas geolgicas desenvolvidos pela mineradora De Beers. Nesse distrito so conhecidas mais de 20 intruses kimberlticas, similares s sul-africanas ou siberianas, com idades entre 92 a 95 Ma. (HEAMAN et al., 1998 e TEIXEIRA et al., 1998), posicionados como do tipo on craton Amaznico e sobrepostos, em parte, pela cobertura cretcea dos Parecis. As rochas kimberlticas ou correlatas de idade cretcea esto dispostas provavelmente ao longo de uma mega estrutura conhecida como alinhamento AZ 125. Suas ocorrncias foram mapeadas nas cabeceiras dos Rios Cinta Larga, Vinte Um de Abril e Juininha. A explorao dos aluvies ao longo das bacias desses trs rios se estende por mais de cinqenta quilmetros, mostrando a pujana das mineralizaes. Estimativas indiretas permitem avaliar que este distrito j produziu mais de 6.000.000 de quilates de diamantes, resultando em um valor de produo da ordem de milhes de dlares. O Distrito de Juna internacionalmente conhecido, no mbito acadmico, devido a descoberta de incluses em diamantes de assemblias minerais que indicam condies de equilbrio tpicas da zona do manto transicional entre 400 - 670 Km de profundidade (WIDING et al., 1991). As principais mineralizaes diamantferas do Distrito de Juna ocorrem nos depsitos aluviais quaternrios. O diamante tipo industrial predomina, na ordem de 90 %. O preo do diamante local de cerca de US$ 30 / ct. Levantamento de garimpos realizados pela FEMA, no ano de 1999, na regio de Juna, no mbito do Projeto PPG7, permitiu cadastrar 168 dragas nos Rios Cinta Larga, So Luiz, Juna/Juino, Mutum, Sorriso, Crrego Porco e Duas Barras. Nessa regio a FEMA estimou uma populao garimpeira de 1176 pessoas. A produo mensal mdia 180

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de diamante por draga de 110 ct, totalizando uma produo de 18.480 ct, que corresponde a um valor de produo da ordem de US$ 554.400 dlares / ms. Estimativas conservadoras indicam a existncia de pelo menos 300 dragas operando no Distrito Mineiro de Juna, produzindo em torno de 30.000 ct/ms, que resulta em um valor de produo da ordem de US$ 900.000 dlares/ms. A atividade garimpeira na produo de diamantes a que mais emprega mo-deobra, estimativas indiretas permitem avaliar em cerca de 20.000 o nmero de pessoas diretamente envolvidas no processo de produo de diamantes. Alm do uso de dragas, outras formas de explorao dos cascalhos diamantferos so: o manual (moncho), de rego dgua, de golfo e o de balsa (grupiara). A lavra com uso de draga pode ser feita tanto atravs de desmonte hidrulico como mecanizado, sendo que este ltimo envolve o uso de tratores de esteira e escavadeiras hidrulicas. Os depsitos de terraos por vezes so lavrados mecanicamente, sendo o beneficiamento feito atravs de sistemas conhecidos como lavadeiras, onde o minrio transportado utilizando-se p-carregadeira, retroescavadeira e caminhes, para ser lavado e processado em sistemas de jigues, onde se obtm o concentrado com os diamantes. O Estado j respondeu por cerca de 60% da produo nacional, quando chegou a produzir mais de 1.000.000 ct/ano, atualmente estima-se que a produo esteja em torno de 380.000 ct/ano. A figura a seguir mostra um histrico da produo no Estado.

Produo de Diamantes em Mato Grosso2.000.000 1.500.000 Quilate 1.000.000 500.000 0 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 AnoFontes: Anurio Mineral Brasileiro / DNPM e METAMAT

Producao Oficial Producao Estimada

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A produo de diamantes no Estado provm quase que totalmente dos garimpos, em sua maioria clandestinos, portanto, no existe controle da produo e o diamante comercializado no Estado principalmente por compradores no legalizados. Em termos gerais, os distritos diamantferos de Paranatinga, Alto Paraguai e do rifte Rio das Mortes, respondem por uma produo estimada da ordem de 80.000 ct/ano A ttulo de exemplificao, tomando-se como referncia os dados oficiais de exportao de diamantes do Estado, verificam-se valores da ordem de US$ 6.000.000,00 , em 1998, valores que vm sendo mantidos, conforme dados publicados pelo MICT / SECEX, que registram, no ano de 1999, um montante exportado equivalente a US$ 5.600.000,00. Outro exemplo podemos extrair de ROMBOUTS (1997), que, com base em dados da CSO - Central Selling Organization, estimou a produo brasileira no ano de 1996 em valores da ordem de 2.300.000 ct, correspondendo a valores de comercializao de US$ 127.000.000. Considerando-se o fato que Mato Grosso responde historicamente por mais de 50 % da produo nacional, notam-se nmeros discrepantes, se compararmos com os dados oficiais para a produo do Estado em 1996, oficialmente de 3.549 ct, pelo DNPM e de 200.000 ct, o valor estimado pela METAMAT. Este comparativo serve para ilustrar o contraste entre as informaes oficiais e a realidade da comercializao dos diamantes brasileiros. Apesar de todo o potencial, Mato Grosso tem apenas cinco reas j pesquisadas pela minerao dita industrial, com reservas medidas, sendo duas em Nortelndia nas

Empresas com relatrio final de pesquisa aprovado pelo DNPMEmpresas Morro Vermelho Santana (PROMISA) # So Jos # Minerao Itapen # Minerao Rio Quilombo Municpio Nortelndia Nortelndia Poxoru Juna Chapada dos Guimares Reserva de Minrio (m3) 2.749.710 2.300.000 3.597.641 8.647.351 Diamante (ct) 112.228,13 138.000,00 133.112,00 383.340,13

TOTAL GERAL

# Reserva cubada pela empresa, porm invadida e j explorada por garimpeiros.

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Mineraes Morro Vermelho e Santana (PROMISA) , uma em Juna, Minerao JunaMirim Ltda, uma em Chapada dos Guimares, pela Minerao Rio Quilombo e uma em Poxoro, pela Minerao So Jos, com reservas pequenas, conforme quadro anterior.

3.1.2. PROVNCIAS / DISTRITOS AURFEROS

O Estado de Mato Grosso possui 03 importantes provncias aurferas, que vm sendo objeto de explorao de forma cclica desde o inicio do sculo XVIII, atravs, principalmente, de procedimentos e tcnicas genericamente denominados de garimpagem. Durante a dcada de oitenta esta atividade posicionou Mato Grosso, sistematicamente, como o 1 ou 2 produtor de ouro do Brasil. Os dados oficiais indicam uma produo de ouro acumulada da ordem de 260 toneladas, durante o presente ciclo de explorao, conforme sintetiza a Tabela 3.

Tabela 3: Estimativa do Potencial Geolgico para OuroExtenso da Produo acumulada rea Perodo 1980 -1999 explorada (ha) Tonelada 1.000 US$ Baixada Cuiabana 15.000 70 700.000 Xavantina 500 6 60.000 Guapor 2.000 30 300.000 Peixoto Teles 500.000 160 1.600.000 Pires - Aripuan 517.500 266 2.660.000 Sub Total Provncia e/ou Distrito Mineiro Reservas em ouro Tonelada Cubada 13,85 19,84 48,6 26 108,29 Potencial 200 20 300 600 1.120 Produo tonelada 1999 1,8 1,5 3,2 6,5 2000 2,2 2,0 3,8 8,0

Obs. O valor da produo foi estimado com o preo mdio do ouro no valor de US$ 321,00 / ona. Fonte: METAMAT / DNPM

No caso do ouro, as principais regies produtoras coincidem em parte com a disposio das trs principais Provncias aurferas existentes no Estado, ou seja:

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Provncia Aurfera Peixoto - Teles Pires Aripuan.

Esta unidade integra a grande Provncia do Tapajs, na Bacia Amaznica e abrange os Municpios de Peixoto de Azevedo, Matup, Nova Guarita, Terra Nova do Norte, Novo Mundo, Guarant do Norte, Alta Floresta, Nova Cana do Norte, Colder, Paranata, Nova Bandeirantes, Apiacs, Cotriguau e Aripuan. Dentre as provncias aurferas de Mato Grosso, esta constitui-se a de maior relevncia, considerando-se o histrico de produo, com um total estimado acumulado de cerca de 160 toneladas de ouro produzido nos ltimos 19 anos de garimpagem. Dentre os ambientes potencialmente mineralizados j conhecidos, os seguintes se destacam: a) ambientes vinculados s estruturas extensionais, preenchidas por veios e files, geradas durante a evoluo da deformao progressiva superimposta ao longo de megas zonas de cisalhamento de direo preferencial N-NW e W-NW, que margeiam a borda norte do Graben do Cachimbo e a borda sul do Graben do Caiabis. b) mineralizaes do tipo disseminada em granitos hidrotermalizados, sulfetados com uma paragnese de alterao constituda basicamente por sericita, pirita, epidoto, calcopirita e bornita. Ocorrem associados a rochas monozogranticas, com feies petrogrficas similares aos granitides tipo I, caso do Granito Matup de idade 1872 12 Ma. c) mineralizaes associadas a granitos mais jovens, alcali granitos e biotita granodioritos cinza, afetados por apfises de rochas sub vulcnicas cidas, condicionando mineralizao do tipo epitermal, com formao de stockworks, zona de alterao hidrotermal localmente albitizada com epidoto, pirita, bornita disseminada e ouro. d) mineralizaes filoneanas e disseminadas encaixadas em seqncias vulcano sedimentares, cisalhadas e afetadas por intruses granticas, dispostas ao longo da zona mais tectonizada dos dois grabens supra citados.

As regies garimpeiras existentes no mbito da Provncia Peixoto - Teles Pires Aripuan, permitem individualizar quatro Subprovncias, caracterizadas em funo de aspectos como contexto geogrfico, ambincia geolgica, padro das estruturas e tipologia dos depsitos.

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Das quatro Subprovncias citadas, trs situam-se a leste do rio Juruena e so aqui denominadas de Subprovncias Peixoto, Cabea e Teles Pires. Estas abrangem em parte as reas das respectivas reservas garimpeiras de Peixoto de Azevedo, Cabea, Z Vermelho e Juruena, criadas atravs de Portarias ministeriais, e que compreendem um rea total de 873.125 hectares, conforme quadro que se segue. A ltima Subprovncia considerada, denominada de Aripuan, situa-se a oeste do rio Juruena e constitui o Distrito Poli-metlico do Muriru, com importantes ocorrncias e depsitos de ouro, associado a mineralizaes polimetlicas (cobre, chumbo, zinco, molibdnio, cdmio, prata).Quadro Sinttico com as Reservas Garimpeiras de Ouro do Estado de Mato Grosso Denominao Reserva Garimpeira do Cabea Reserva Garimpeira do Z Vermelho Reserva de Peixoto de Azevedo Reserva Garimpeira do Juruena Total: Substncia Ouro Ouro Ouro Ouro DOU 10/05/83 10/05/83 10/05/83 28/03/88 rea (ha) 121.000,00 50.000,00 657.500,00 44.625,00 873.125,00

Provncia Aurfera do Guapor.

Esta provncia, situada na regio oeste de Mato Grosso, localiza-se entre os paralelos 13 30 00 S - 16 30 00e meridianos 57 30 00 S e 60 30 00, abrange uma rea de 72.000 Km2 e compreende os Municpios de Pontes e Lacerda, Rio Branco, Reserva do Cabaal, Araputanga, Jaur, Cceres, Nova Lacerda, Vila Bela da Santssima Trindade e Comodoro. As ocorrncias de ouro nesta Provncia esto relacionadas principalmente a um cinturo mvel de idade Proterozico mdio denominado de Faixa Aguape, que se estende em territrio brasileiro por cerca de 600 km, vindo desde os garimpos denominados Serra sem Cala e Genipapo, na regio de Ariquemes, Estado de Rondnia, at o garimpo da Fazenda Ellus, no Municpio de Pontes e Lacerda, na proximidade da fronteira com a Bolvia.

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Todo este conjunto acha-se deformado ao longo de uma zona de cisalhamento dctil rptil, o Front Tectnico Aguape, que gerou milonitos e protomilonitos, aos quais se associam sistemas de veios de quartzo que em parte hospedam mineralizaes do tipo gold only. Depsitos do tipo filoneano so freqentes e esto associados a zonas de altas deformaes, e encaixados tanto nos sedimentos do Grupo Aguape (Formao Fortuna), quanto nas rochas granticas (Complexo Grantico Santa Helena). Os depsitos gerados neste ambiente so normalmente de alto teor e baixo volume, o que propicia o desenvolvimento de pequenos projetos mineiros. Duas excees so encontradas e conhecidas, caso da Mina de So Vicente e do Depsito de So Francisco ambos de propriedade da Minerao Santa Elina. Nestes dois casos, o baixo teor de minrio compensado pelo grande volume. No caso de So Vicente, a cubagem do minrio chegou a valores da ordem de 7,5 ton. de Au, enquanto que o depsito de So Francisco as reservas so da ordem de 33 ton. Na Provncia Aurfera do Guapor a exausto dos depsitos de ouro secundrios resultou na crescente presso por parte dos garimpeiros, com a finalidade de explorar os aluvies aurferos ainda existentes na reserva indgena do Sarar, na regio de Pontes e Lacerda. Este conflito foi de certa forma equacionado, atravs da interveno do Estado, com a acomodao dos garimpeiros em uma cooperativa (COOPROPOL), o que viabilizou a disponibilizao de reas por parte da mineradora Santa Elina, para o exerccio da garimpagem de forma legal.

Provncia Aurfera da Baixada Cuiabana.

Esta provncia abrange os Municpios de Pocon, Nossa Senhora do Livramento, Santo Antnio do Leverger, Cuiab e Vrzea Grande. As mineralizaes aurferas esto associadas na unidade denominada Grupo Cuiab, constitudo por um espesso pacote de metassedimentos. O ouro na forma de depsitos secundrios do tipo elvio e colvio, encontra-se associado s coberturas detrito-laterticas desenvolvidas sobre as rochas do Grupo Cuiab. A regio geogrfica aonde afloram as rochas do Grupo Cuiab conhecida como Baixada Cuiabana, constituindo uma depresso gerada a partir do rebaixamento do nvel de base regional, quando da instalao da Bacia do Pantanal.

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Em nvel de controle estrutural, nota-se que os principais garimpos que exploram ouro na regio esto dispostos segundo dois importantes alinhamentos mineralizados, um denominado Cangas-Pocon e o outro Praia Grande-Salinas. Estes trends esto orientados segundo a direo N35-40E e portanto concordantes com os principais alinhamentos estruturais do Grupo Cuiab.

Segundo PAES DE BARROS et. al. (1998), os depsitos aurferos do Distrito Mineiro de Pocon, com base em estudos detalhados efetuados na fazenda Salinas, so do tipo mineralizaes associadas a processos hidrotermais, com formao de depsitos de preenchimento de cavidades, configurando trs tipos: Veios em fraturas, Shear Zone e Saddle Reefs. Com relao a explorao de ouro na Provncia Aurfera da Baixada Cuiabana, nota-se que a produo vm se mantendo constante nos ltimos cinco anos, apesar da diminuio do nmero de empreendimento em operao. Em princpio, isto se deve ao fato da atividade mineradora instalada no Distrito Aurfero de Pocon ter evoludo da garimpagem nmade e impactante, para um tipo de explorao mais racional, com fixao da atividade em depsitos do tipo primrio, e consolidao de um pequeno parque minerador. O Distrito Aurfero de Pocon se apresenta como o principal ambiente favorvel a realizao de pesquisas. Estas devem ser direcionadas, considerando-se um modelo prospectivo, que permita detectar ambientes com potencial de ocorrer a superposio dos trs principais tipos de depsitos j identificados. Nessas zonas mineralizadas, posicionadas no cruzamento de estruturas, o fator diluio do minrio do tipo disseminado compensado pelo alto teor dos corpos filoneanos. Programas de explorao de ouro, devem necessariamente contemplar avaliaes e projees pertinentes ao comportamento do mercado futuro do ouro. Para tal algumas conjecturas sero analisadas a seguir. Entre 1996 e 1998, registrou-se uma tendncia de queda acentuada nos preos do ouro, com destaque para o ms de junho de 1997, quando o metal chegou a US$ 320,00/ona, devido a venda de cerca de 167 t de ouro pelo Banco Central da Austrlia. A revista Brasil Mineral, de setembro de 1998, registrou que no dia 28 de agosto de

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1998, o ouro foi negociado pelo preo mais baixo desde maio de 1979, ou seja, a US$ 271,13 / ona Este movimento de queda no preo coincidiu com um perodo de exausto das reservas aluvionares, concorrendo para uma queda generalizada da produo do ouro, tanto no Estado, como no Brasil, conforme sintetiza a figura a seguir:

PRODUO DE OURO

OURO EM GRAMAS

30000000

Baixada Cuiabana

Mato Grosso

25000000

20000000

15000000

10000000

5000000

0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996ANOS

1997

METAMAT- Diviso de economia Mineral / Fonte de dados: Anos entre 1990 1994 - Banco Central e ANORO Anos entre 1995 1997 - Anurio Mineral (DNPM) / COOPERAURUM

A partir do primeiro semestre de 1999, verificou-se uma relativa valorizao do preo do ouro no mercado nacional, ajudado em parte pela desvalorizao do real em relao ao dlar. Apesar desse fato contribuir para uma retomada da atividade exploratria, certamente s resultar em indicadores de produo significativos com o advento da indstria de minerao, capaz de viabilizar a pesquisa e explotao de jazimentos profundos, inacessveis aos procedimentos ditos garimpeiros, e que necessitam de investimentos significativos e de tecnologia para se transformarem em minas.

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3.1.3. PROVNCIAS CARBONTICAS

Em Mato Grosso, estimativas indiretas obtidas a partir da capacidade utilizada disponvel em cerca de 20 unidades moageiras existentes no estado, considerando-se que estas produzem em mdia 100.000 t/ano, e que as mesmas operam com apenas 50% da capacidade instalada, permite chegar a uma 2.000.000 t/ano. Alm da produo interna, h a compra de p calcrio, em pequenas quantidades, de outros Estados da Federao, como Gois, Paran e Tocantins. As instalaes de moagem se concentram naturalmente onde existem as maiores reservas de calcrio, principalmente na regio da Provncia Serrana, abrangendo os Municpios de Nobres, Rosrio Oeste, Barra dos Bugres, Cceres, Mirassol do Oeste, Paranatinga, etc. e na bacia dos rios Garas e Araguaia, compreendendo os Municpios de Alto Garas, Poxoro, gua Boa e Canarana. A ttulo de esclarecimento os calcrios para fins de uso agrcola so classificados em funo da presena de calcita (carbonato de clcio) ou dolomita (carbonato de magnsio), tendo como referncia o teor em xido de magnsio, da seguinte forma: produo nominal no Estado de

Nome Calcrio calcitico Calcrio magnesiano Calcrio dolomtico Dolomito calctico Dolomito

Classificao geolgica < 2,1 % MgO 2,1 a 10,8 % MgO 10,9 a 19,5 % MgO > 19,5 MgO

Classificao oficial / Portaria 03 < 5 % MgO 5,0 a 12,0 % MgO > 12,0 %

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Com relao a escolha do melhor calcrio dois fatores bsicos devem ser considerados na deciso: qualidade e preo. O fator qualidade depende principalmente do valor de neutralizao e dos teores de Mg. O valor de neutralizao representa a medida qumica do equivalente em carbonato, efetivamente capaz de neutralizar os radicais cidos (H+). Neste caso existe uma tabela que se utiliza para calcular o valor equivalente. O magnsio um importante nutriente. Outro fator importante o tamanho das partculas, existindo norma do Ministrio das Minas e Energia (Portaria n. 03, de 12/06/86) determinando que os corretivos de solo devero passar 100% na peneira de 2mm, ABNT 10; 70% em peneira de 0,84 mm, ABNT 20; e 50% em peneira de 0,30 mm, ABNT 50. Estes dois primeiros fatores supra citados servem para estabelecer um parmetro fundamental na avaliao da qualidade do p calcrio, que diz respeito ao Poder Relativo de Neutralizao Total (PRNT). O PRNT calculado a partir do produto do poder de neutralizao (equivalente em CaCO3) pela eficincia relativa (tamanho das partculas). O art. 2 da portaria supra citada, estabelece que o PN para a comercializao dos calcrios deve ser superior a 67 %, devendo a soma de CaO + MgO ser superior a 38%. Com uma superfcie de 906.806,9 Km2, Mato Grosso tem uma rea plantada com lavouras de aproximadamente 45.000 Km2 (IBGE / 99), uma rea de pastagem formada de 90.000 Km2 (FAMATO / 99) e de pastagens degradadas de 24.850 km2 (EMPAER / 99). Estes nmeros refletem a importncia da produo agropecuria do Estado, o que torna as rochas carbonticas, bem como outras reservas minerais passveis de se tornarem insumos agrcolas, de importncia relevante, no s para manter a capacidade de produo dos solos, mas no sentido de agregar valor produo interna, diminuindo a remessa de divisas para outros Estados e viabilizando novas oportunidades de investimentos. As principais provncias portadores de rochas carbonticas e que se constituem em plos produtores so:

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3.1.3.1. PROVNCIA SERRANA

a mais expressiva do Estado, aflora ao longo da unidade geomorfolgica denominada Provncia Serrana, que constitui o principal divisor dgua dos rios formadores das trs principais bacias existentes no estado, conforme Carta Previsional, anexo. Esta provncia est representada principalmente pelas inmeras unidades moageiras que beneficiam calcrio dolomtico para uso como corretivo do solo, instaladas nos Municpios de Nobres, Rosrio Oeste, Cceres, Paranatinga, incluindo ainda a explorao de calcrio calctico para produo de cimento, em Nobres. As ocorrncias de rochas carbonticas pertencentes a esta Provncia, esto condicionadas a unidade geolgica denominada Formao Araras, do Grupo Alto Paraguai, e afloram em duas regies distinta do Estado. A primeira poro ocupa uma faixa que tem a forma aproximada de um arco com cerca de 30 km de largura por 350 km de comprimento. Inicia-se na borda do Pantanal Mato-Grossense, ao Sul de Cceres, passando por Rosrio Oeste e Nobres, estendendo at a regio de Paranatinga, abrangendo uma superfcie aproximada de 26.460 km2. Os dados do Projeto Provncia Serrana (LUZ et. al., 1978), registram reservas aflorantes de calcrios dolomticos e dolomitos com boa aplicabilidade na construo civil e corretivos de solos, em torno de 60 bilhes de toneladas e reservas geolgicas facilmente aproveitveis de calcrios calcticos, para produo de cal, brita e cimento, estimadas em torno de 800 milhes de toneladas. Na Provncia Serrana existem 17 (dezessete) indstrias produzindo p calcrio, brita e cal, (01) uma fbrica de cimento e uma (01) jazida de calcrio calctico em fase de estudos de viabilidade econmica para implantao de outra fbrica de cimento. A segunda poro de ocorrncia de rochas carbonticas da Formao Araras, ocorre a nordeste da cidade de Nova Xavantina, a margem direita do rio das Mortes, no Municpio de Cocalinho. Nessa regio a empresa SUPERCAL (antiga Coopercana) produz p corretivo, sendo sua produo em 1999 de 26.000 toneladas, com reservas totais da ordem de 130.192.000 toneladas.

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3.1.3.2. PROVNCIA CUIABANA

Na rea conhecida como Baixada Cuiabana, ocorrem vrias lentes de calcrios calcticos intercaladas nos metassedimentos do Grupo Cuiab, conforme Carta Previsional, anexo. Entre as ocorrncias conhecidas, destaca-se a do Distrito de

Chumbo, Municpio de Pocon, ainda no explorada economicamente, e a jazida do Distrito de Guia, Municpio de Cuiab, que vem sendo explorada desde 1959, pela empresa Caieira Nossa Senhora da Guia Ltda. As rochas calcrias da regio do Distrito de Nossa Senhora da Guia so constitudas de mrmores calcticos e dolomticos, margas e brechas intraformacionais. A reserva indicada de aproximadamente 500.000.000 toneladas.

3.1.3.3. PROVNCIA BACIA DO PARAN

Esta provncia corresponde Bacia Sedimentar do Paran, que aflora principalmente na regio de Chapada dos Guimares e na poro Sudeste de Mato Grosso. Duas subunidades desta bacia so importantes do ponto de vista de potencialidade para explorao de rochas calcrias, a saber: Formao Bauru e Formao Irati. Na formao Bauru, at o momento, so conhecidos duas ocorrncias de rochas calcrias pertencentes a esta unidade. A principal ocorrncia, localiza-se a 15 km a Sudoeste da sede do Municpio de Poxoro, prximo s cabeceiras do rio Areia. O local foi pesquisado pela METAMAT (projeto Calcrio Rocha - 1977), sendo explorada comercialmente pela Minerao Lindenberg S/A Indstria e Comrcio. Nessa ocorrncia foram definidas reservas medidas da ordem de 102.762 toneladas e indicadas de 3.105.375 toneladas, e

estimadas reservas geolgicas de 3.208.137 toneladas de minrio. A segunda ocorrncia localiza-se no Municpio de Chapada dos Guimares, na propriedade da Minerao e Agropecuria Pedra Grande S/A.

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No local foi cubada uma reserva total de 40.548 toneladas, que devido s caractersticas da jazida, com altos teores de SiO2 e baixo teores de MgO, poder de neutralizao pouco acima do recomendado e proximidade com os calcrios da Formao Araras, foi considerada poca sem viabilidade tcnico-econmica. A Formao Irati ocorre na regio leste do Estado, prximo s cidades de Alto Garas e Itiquira, sendo formada por camadas com alternncia de siltitos, argilitos e folhelhos, fossilferos, contendo nveis lenticulares de calcrio e folhelho

pirobetuminoso, de colorao cinza-escuro a preta. As rochas calcrias desta formao, aflorantes no entorno da cidade de Alto Garas, esto sendo exploradas por duas empresas de minerao. A Imprio Minerao, que produziu 32.000 mil toneladas no ano de 1998 e a indstria de Calcrio Mendes Teixeira, que se encontra com suas atividades paralisadas e detm uma reserva de 11.590.000 toneladas. Outro depsito conhecido localiza-se na Fazenda Santa Mariana, Municpio de Itiquira, onde os trabalhos de avaliao dessas ocorrncias, executados por tcnicos da METAMAT, no ano de 1984, permitiram inferir uma reserva da ordem de 5.584.950 de toneladas.

3.1.3.4. PROVNCIA BENEFICENTE

A rea de influncia desta unidade geolgica, compreende um grande nmero de Municpios no norte de Mato Grosso, entre So Jos do Xingu e Nova Bandeirantes. Nesta regio no existe unidade moageira instalada, e a principal ocorrncia de rocha calcria conhecida situa-se na proximidade da barra do rio Ximar com o rio Teles Pires, na fronteira dos Estados de Mato Grosso e Par, conforme Carta Previsional, em anexo. Esta ocorrncia foi descoberta quando dos trabalhos do Projeto

RADAMBRASIL (SILVA et al., 1980), durante o mapeamento da Folha Juruena (SC.21), no final da dcada de 70. Os autores deste projeto, descrevem esta ocorrncia no Grupo Beneficente, como sendo de calcrios de colorao cinza, estratificados em

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bancos sub horizontalizados, aflorantes em morrotes irregulares e escarpados, visveis as margens do Rio Teles Pires. Esta ocorrncia situa-se a cerca de 80 Km a norte de Apiacs, em um local nvio, at o momento inacessvel por qualquer tipo de estrada, sendo seu potencial limitado, devido as atuais condies de infra-estrutura disponvel. O importante desta ocorrncia de comprovar a existncia de calcrios aflorantes no contexto da unidade conhecida como Grupo Beneficente. O Projeto RADAMBRASIL, (SILVA et al., 1980), mapeou outra ocorrncia de rochas calcrias dentro da unidade Beneficente, a cerca de 3 Km a oeste da primeira, ainda mais a jusante Foz do Igarap Ximari margem esquerda do rio Teles Pires.

3.1.3.5. OUTRAS PROVNCIAS

Na regio centro norte do Estado, nos domnios da Formao Parecis, de idade paleo - mesozico, trabalhos de sondagem e mapeamento executados pela PETROBRS, conforme SIQUEIRA (1988), reconheceram a presena de um pacote com mais de 1.600 metros de espessura, com nveis carbonticos na sua poro mais basal. Entretanto, em princpio, essas rochas no afloram em condies favorveis explorao, face a inexistncia de condies geolgicas / tectnicas favorveis e a condio de planura, que caracteriza a regio de ocorrncia da unidade Parecis, que sustenta o planalto homnimo. Na regio do Baixo Araguaia, trabalhos de reconhecimento geolgico efetuados pela METAMAT identificaram uma seqncia sedimentar marinha, de idade indiferenciada, constituda de siltitos, argilitos e arenitos calcferos, que tanto podem ser correlacionveis a sedimentos similares aos depositados nas bacias paleo-mesozicas do Parecis ou Parnaiba, como podem tratar-se de uma bacia mais jovem, de idade tercirio - quaternrio, admitidos preliminarmente como pertencentes Formao Araguaia (BARBOSA et. al., 1966).

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3.1.4. PROVNCIAS DE GUAS MINERAIS E TERMAIS

3.1.4.1.

GUAS MINERAIS

Segundo a Associao Brasileira da Indstria de guas Minerais - ABINAM, o consumo de gua mineral no Brasil teve um crescimento de 18% em 1998. Computados todos os tipos de embalagens, o consumo passou de 2,11 bilhes de litros em 1997, para 2,49 bilhes de litros no ano de 1998. De 1996 para 1997, o setor j havia registrado crescimento de 17,5%. A expanso registrada em 98 se justifica pela crescente demanda de garrafes de 20 litros, consumidos em empresas, escritrios e residncias. Esse segmento j representa 57% das vendas de gua mineral, ficando 3% com as embalagens de 10 litros e 40% com o chamado consumo de mesa, que permaneceu praticamente estvel em 98. O balano do setor, divulgado pela ABINAM, mostra que o Sudeste continua sendo responsvel pela maior produo de gua mineral no Brasil, engarrafando quase 60% do total. So Paulo, isoladamente, j produz mais de 1 bilho de litros, com expanso de 22% em 98. A segunda colocao cabe ao Nordeste, com 21,2% da produo nacional, seguido das regies Sul (9,8%), Centro-Oeste (5,9%) e Norte (5,7%). Apesar do aumento de produo, o Brasil continua importando mais gua mineral do que exporta. Em 1998, as importaes somaram 4,16 milhes de litros, com crescimento de 12% em relao a 1997 e a um custo de US$ 1,8 milho. O maior volume veio da Frana, mas tambm foram registradas compras na Itlia, Portugal e Reino Unido. As exportaes somaram 962 mil litros (13% maior que em 97), que renderam ao Pas US$ 232 mil. Os principais mercados foram Paraguai, Bolvia e Uruguai.

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Embora disponha da maior reserva de gua mineral do mundo (algo em torno de 30%), o Brasil ainda registra ndices mnimos de consumo, comparativamente com outros Pases. O consumo per capita do brasileiro de 15,13 litros/ano, enquanto na Itlia de 143 litros; na Blgica, 113,4 litros; e na Frana, 117,3 litros/ano, segundo dados do DNPM (1998). Com relao as guas envasadas para consumo humano as estimativas oficiais indicam uma produo, em 1988, da ordem de 55.694.600 litros. Esta produo gerada por seis empresas regulares, conforme Tabela 4.

As fontes de guas minerais atualmente em explorao, provm de fontes em rochas sedimentares, relacionadas aos sedimentos arenosos da Formao Furnas (Chapada dos Guimares, Jaciara e Dom Aquino) e de rochas gneas, caso do granito So Vicente).

Tabela 4 - Empresas Produtoras de gua Mineral e Potvel de MesaEmpresa Cristalina Lebrinha Buriti Brunado Purssima # gua Vitani # Municpio Campo Verde Chapada Guimares Cuiab Jaciara D. Aquino Tangar TOTAL# - Produo prevista para o ano de 2000

Vazo m/h 72 40 0,58 162 1.500 8,5

Produo (lts) 1998 25.000.000 17.000.000 6.000.000 9.000.000 22.000.000 6.000.000

Funcionrios 28 48 20 28 28 36 188

Investimento R$ 4.000.000,00 3.500.000,00 2.500.000,00 3.000.000,00 2.500.000,00 800.000,00 16.300.000,00

O crescimento da produo e da comercializao evidencia um mercado consumidor em expanso, inclusive com expressivo consumo de guas oriundas de outros Estados.

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3.1.4.2.

FONTES TERMAIS

O Estado de Mato Grosso, no que diz respeito ao potencial aflorante, relevante, sobretudo no que diz respeito s guas termais para fins de aproveitamento turstico, na forma de balnerios, inclusive com vazes suficientes que possibilitam aproveitamento mltiplo, envasada e comercializada para consumo humano. A principal provncia termal, denominada de Plo de gua Termal do So Loureno, localiza-se na regio leste do Estado, compreendendo uma faixa com

dezenas de surgncias termais, sintetizadas na Tabela 5, que se segue, e de certa forma explicita o potencial de captao de alguns poos e surgncia de fontes naturais na regio.

Tabela 5 Parmetros de poos tubulares e fontes naturais na regio leste do Mato Grosso Local / Municpio Vazo Temperatura da Profundidade do m / h gua (C) Ponto de Captao Barra do Garas * Dom Aquino General Carneiro * Juscimeira Poxoro * So Jos do Povo * St Elvira ( Juscimeira ) * Jarudore (Poxoro) * Trs Pontes ( Rondonpolis ) * Gleba Cascata ( Rondonpolis ) * Naboreiro ( Rondonpolis ) guas Quentes ( Juscimeira ) guas Quentes ( So Vicente ) TOTAL _ 70 547,66 52 _ 60 20 70 44 51 65 274 60 1.313,66 39 42 34 - 44 42 _ 39 42 52 37 45 44 40 - 45 40 _ Superfcie 368 Superfcie 281 Superfcie 290 207 504 229 424 387 Superfcie Superfcie _

* Surgncias oriundas de poos artesianos, com utilizao para abastecimentos de cidades e comunidades rurais.

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COUTINHO (1999) avaliou o potencial existente na regio supra citada, demonstrando uma capacidade de atendimento em nvel de empreendimentos hoteleiros de at 1.000.000 de pessoas/ano. Nesse clculo foram consideradas as surgncias naturais e poos artesianos perfurados, com uma vazo estimada da ordem de 1.313,66 m / hora, de gua natural termalizada a temperaturas mdias de 42C. Uma dessas fontes, exploradas com base em um contrato de arrendamento junto a METAMAT pelo Grupo HOMAT, que administra o complexo hoteleiro denominado Balnerio guas Quentes, no Distrito de So Vicente, gera mais de 45 empregos diretos, com um faturamento anual de mais de um milho de reais.

3.1.5. PROVNCIAS DE ROCHAS ORNAMENTAIS - GRANITOS

As primeiras exploraes comerciais de artefatos rochosos para revestimento no Estado de Mato Grosso, correspondem produo de paraleleppedos no Morro do Chacoror no incio do sculo passado e que representou importante atividade

econmica para o Municpio de Baro de Melgao. Os blocos foram empregados no calamento das ruas de Cuiab e de outras cidades ribeirinhas. Esta atividade ressurgiu na dcada de 50, em Santo Antnio de Leverger e Diamantino, e mais recentemente, em Cceres, Campo Verde e Peixoto de Azevedo. O processamento industrial de blocos granticos com a produo de chapas brutas ou acabadas ocorreu ente 1992 e 1996. As extraes decorrentes dessa atividade revelaram as potencialidades do estado para essa nova riqueza mineral at ento desconhecida. Trabalhos mais recentes confirmaram tambm a diversidade de materiais e variedades de padres ornamentais. No Plo Graniterio de Cuiab (ver Carta Previsional, anexo), uma empresa desenvolveu durante quatro anos de atividade industrial, com movimentao de 1.155 metros cbicos de blocos de granito extrados de vrias frentes de lavra. Na fase de processamento, foram produzidos 38 mil m entre chapas prontas e peas acabadas,

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comercializadas no mercado regional, consagrando as variedades Marrom Pantanal, Vermelho Pantanal, Vermelho Mato Grosso e Salmo Mato-grossense. O conhecimento disponvel permite indicar cinco distritos, em terrenos granticos, com maior diversidade petrolgica, inclusive com inmeras dessas variedades j amostradas e submetidas a anlises e ensaios especficos de caracterizao, conforme Catlogo de Rochas Ornamentais do Estado de Mato Grosso, publicado pelo DNPM (RAJAB,1998). Esses cinco distritos foram agrupados e denominados, em princpio, considerando-se sua localizao ou mesmo proximidade com cidades consideradas plos regionais, ou seja: Cuiab, Cceres, Aripuan, Alta Floresta, e Confresa. O Plo Cuiab, relaciona-se sobretudo as variedades comerciais de granitos existentes na serra de So Vicente, quartzitos do morro do Chacoror e arenitos

silicificados que ocorrem nas imediaes da cidade de Campo Verde. Levantamentos mais detalhados podero revelar outros tipos de materiais com qualidades ornamentais. O potencial graniteiro do Plo Cceres, diz respeito sobretudo a variedades granticas existentes nos Municpios de Porto Espiridio, Rio Branco, Jaur, Pontes e Lacerda e Vila Bela da Santssima Trindade. Este Plo merece especial destaque em funo da infra-estrutura disponvel, cenrio geolgico diversificado e posio geogrfica das ocorrncias distantes no mais que 200 Km de porto fluvial. O ctalogo publicado pelo DNPM reporta investigaes especficas sobre onze variedades de rochas, destacadas pontualmente de um complexo geolgico ainda pouco conhecido. O Plo Aripuan apesar de ser o menos conhecido, face a ausncia de mapeamentos geolgicos a no ser a nvel regional, j detm uma pedreira em produo no local conhecido por Serra da Providncia, Municpio de Rondolndia. Das jazidas descobertas se extraem duas variedades de granitos que so comercializados em chapas polidas ou brutas e produtos acabados, com boa aceitao no mercado nacional e estrangeiro. O Plo Alta Floresta abrange algumas ocorrncias de granitos j diagnosticados pelo DNPM, uma variedade cinza (Frans e Pallus), que ocorre no Municpio de Paranata, e variedades comercialmente conhecidas por Vermelho Mato Grosso,

Municpio de Terra Nova do Norte) e Salmo mato-grossense, Municpio de Juara. No Plo de Confresa, destaca-se uma rocha do tipo gabro, de cor escura e homognea, denominada comercialmente de granito preto, do tipo exportao com

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excelente demanda de mercado. Levantamentos recentes efetuados pela METAMAT constatara a existncia de outras variedades petrogrficas que podem agregar maior potencial a este polo.

3.1.6. PROVNCIAS POLI METLICAS

As Provncias Minerais polimetlicas j conhecidas localizam-se nas regies sudoeste e noroeste de Mato Grosso. Segundo LEITE et al. (1999), na regio sudoeste de Mato Grosso ocorrem associaes de rochas, com aptides especficas do ponto de vista metalogentico, que permitem uma subdiviso em trs grandes provncias: Cabaal, Jaur e Rio Alegre. A Provncia do Cabaal est localizada entre os Municpios de Reserva do Cabaal e Rio Branco, compreendendo uma associao de rochas vulcnicas mficas e flsicas de idade em torno de 1.7 bilhes de anos. A aptido desta provncia para bens minerais est marcada pela explorao da Mina do Cabaal. Entre 1986 e 1992 esta mina produziu 5 ton. de ouro, 12.000.000 de ton. de concentrado com 3.5% de cobre. Devido a aspectos operacionais e a queda do preo internacional do Au, a Mina do Cabaal teve suas operaes finalizadas, deixando-se de explorar outras 5 ton. de Au e 8 ton. de Zn. Com relao ao minrio de Zinco, um consrcio mineiro envolvendo a Cia. Mineira de Metais, do Grupo Votorantim, e a Prometlica Minerao Ltda., est promovendo exploraes complementares e estudos de viabilidade tcnico ambiental, para a implantao do projeto mineiro Monte Cristo, no Municpio de Rio branco. A meta lavrar 240.000 t. de minrio, com uma produo de 20.700 t/ano de concentrado de zinco. A Provncia do Jaur est localizada ao longo do mdio vale do rio homnimo, compreendendo principalmente reas pertencentes ao Municpio de Indiava, ao longo de uma faixa de aproximadamente 60 km de largura por mais de 150 km de comprimento na direo NW-SE.

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Na Provncia do Jaur dominam rochas vulcnicas baslticas e plutnicas ultramficas interacamadadas com lentes pouco espessas de formaes ferrferas bandadas, cherts ferruginosos e cherts puros. Estas seqncias, de idade Paleoproterozica, acham-se intrudidas por pequenos corpos circulares de grantos com o desenvolvimento de aurolas termo-metamrficas. O desenvolvimento de trabalhos de formandos do Curso de Geologia da UFMT detectou vrias ocorrncias de sulfetos de cobre. A mais importante delas localiza-se na Fazenda Gro de Ouro, 7 km a norte de Indiava. As unidades descritas na Provncia Jaur so muito similares quelas

encontradas em ambientes ofiolticos de idades variadas, especialmente nos Emirados de Om, na Finlndia e nos Estados Unidos da Amrica e em cujas reas ainda hoje exploram-se minrio cobre, nquel e cobalto, o que de certa forma denuncia o

importante potencial desta provncia para ocorrncia de sulfetos de metais base. A Provncia Rio Alegre, situada a W-NW de Pontes e Lacerda, compreende um conjunto de rochas vulcnicas dominantemente mficas e plutnicas ultramficas com raras vulcnicas flsicas e sedimentos qumicos. As rochas plutnicas ultramficas desta provncia, especialmente peridotitos e dunitos laterizados tem demonstrado um alto potencial para sulfetos de metais base, especialmente de nquel. As ocorrncias de nquel latertico nas localidades conhecidas como Morro SemBon e Morro Solteiro esto sendo avaliadas por empresas de minerao a alguns anos, no entanto, resultados destas pesquisas no foram completamente divulgados. Na regio noroeste do Estado, a Provncia polimetlica de Aripuan, compreende um conjunto de rochas vulcnicas cidas com uma faciologia dominada por brechas e lapilli tufos. Estas unidades acham-se intrudidas por pequenos corpos granticos hipoabissais subcirculares, provavelmente cogenticos aos vulcanismo. A idade desta provncia foi avaliada pela metodologia U-Pb, em zirces, e para as quais foi estabelecido um intervalo temporal entre 1,76 e 1,75 bilhes de anos. Esta provncia tem sido alvo de estudos geolgicos e prospectivos desde o final da dcada de oitenta tendo como principal indicador a presena de grande quantidade de garimpeiros, com uma produo significativa de minrio de Au. Empresas multinacionais, Anglo-Amrica, Ambrex e Noranda investiram juntas mais de 10 milhes de dlares em pesquisas geofsicas e de sondagem tendo sido definido o maior depsito de Zn do Pas com 24 milhes de ton. de minrio, Zn a 6%, Ag a 250gr/ton e 2% de cobre. O minrio consiste de sulfetos macios a disseminados,

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brechados e venulados, onde dominam esfalerita e calcopirita, com pirita e magnetita subordinadas. A existncia de vrios outros ambientes com ocorrncias de rochas similares aquelas encontradas no depsito de Aripuan, que hospedam a mineralizao, abre uma enorme perspectiva para o desenvolvimento de novos projetos de prospeco, sobretudo na regio norte de Mato Grosso, ao longo das divisas como os Estados do Amazonas e Par.

3..2.. AGREGADOS MINERAIS DE USO IMEDIATO NA 3 2 AGREGADOS MINERAIS DE USO IMEDIATO NA CONSTRUO CIVIL CONSTRUO CIVIL

Os bens minerais de uso imediato na construo civil, areia, cascalho e argila so aqueles insumos considerados bsicos para a produo de tijolos, telhas, concreto, argamassas, pr-moldados, etc. Estes bens minerais apresentam baixo valor agregado, mas so essenciais para o ramo da construo civil. O preo do transporte o principal fator limitante para o seu aproveitamento econmico. Cite-se, por exemplo, o caso de Cuiab, onde a fonte produtora de areia no pode distar mais de 20 Km do ponto de consumo. A produo de areia para construo civil ocorre, em princpio, na maioria das cidades sedes de Municpios, com maior expresso nas metrpoles. Na Grande Cuiab, as principais fontes de areia corrida e cascalho esto localizadas no leito do Rio Cuiab, e os depsitos de argila vermelha, ao longo de suas plancies de inundao. Areia de goma provem de sedimentos recentes, associado a terraos aluviais localizados, que recobrem o Grupo Cuiab. Veios de quartzo, utilizados como brita e pedra de mo, aflorantes em cristas estruturais, na forma de depsitos elvio coluvionares, so explorados na regio da Baixada Cuiabana, em locais vulgarmente denominados cascalheiras. Para se ter uma noo deste potencial, s na Grande Cuiab, compreendendo os Municpios de Cuiab, Vrzea Grande e Santo Antnio, existem 41 dragas em

operao, que totalizam uma produo estimada da ordem de 885.600 m de areia, com

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um faturamento da ordem de 3 milhes de reais, gerando um valor de comercializao agregado, da ordem de R$ 8.856.000,00 , conforme sintetizado na Tabela 6, que segue. Como esta atividade tem enfrentado problemas para sua regularizao, a maioria dos empreendimentos opera de forma irregular, frente a legislao mineral pertinente, portanto, no recolhendo os tributos inerentes, sobretudo o CFEM. As reservas potenciais de argila para cermica vermelha so desconhecidas, porm seguramente inesgotveis, sendo a indstria ceramista implantada em inmeras cidades do Estado, em sua maioria j devidamente regularizada perante o DNPM e a FEMA. A produo desses bens minerais so de responsabilidade de pequenas e mdias empresas, algumas como no caso da argila, restrita a produo de tijolos macio ou telhas coloniais, de modo quase artesanal (olarias). A poca de pico da produo corresponde ao perodo de seca, quando os depsitos de argila, em funo da ausncia do alagamento das cavas, podem ser explorados convenientemente. Levantamentos realizados nesta regio pela METAMAT, cadastraram 56 unidades de produo em operao na grande Cuiab, a maioria delas trabalhando de forma informal, e constituem a principal fonte de materiais cermicos bsicos, utilizados para a construo na regio metropolitana.Tabela 6 - Estimativa da Produo na Regio Metropolitana de Cuiab Bens Minerais Nmero de Empresas 12 41 Produo Anual (estimada) 88.800.000 peas 885.600.m Pessoal Empregado (estimado) 192 328 * Valor (R$) da Comercializao 10.656.000,00 8.856.000,00

Cermicas(argila)

Dragas(areia )

Cascalheiras(brita)

03 56

66.600m -

15 535

932.400,00 20.444.400,00

TotalObs:

Dados obtidos com base em estimativas de campo pela METAMAT, abrangendo os Municpios de Cuiab, Vrzea Grande e Santo Antnio do Leverger. * Estimativa obtida com base no preo de comercializao, FOB praa de Cuiab ms de abril / 2000 Inclui preo do produto + frete.

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3..3.. MINERAIS E ROCHAS INDUSTRIAIS 3 3 MINERAIS E ROCHAS INDUSTRIAIS

Sob esta denominao esto agrupados inmeros materiais geolgicos naturais ou mesmo sintticos, geralmente no-metlicos, que por suas propriedades fsicas e / ou qumicas, e no pela energia gerada ou pelos metais extrados, podem ser usados em processos industriais, sendo por vezes um componente especial da formulao ou ainda como aditivo aps beneficiamento. A literatura especializada cita mais de 50 minerais ou agregados minerais, sendo os mais conhecidos pela sociedade os seguintes: argilas, cimento, talco, grafite, caulim, calcrio, cal, micas, potssio, sais, quartzo, ardsia, amianto, gesso etc. Os minerais e rochas industriais so classificados de vrias maneiras diferentes. A classificao de MOREIRA (1994), que se utiliza de critrios baseados na aplicao, agrupou-as em nove classes distintas, a saber: materiais para construo materiais naturais, pedras de revestimento, produtos cermicos, cimento e cal, vidros, tintas e plsticos, gesso e cimento amianto; materiais para cermica cermica vermelha, cermica branca e cermica especial; materiais para cimento e cal - CaO (obtido de calcrio) Si O e Al O (obtidos de argilas); materiais para vidro SiO (obtido de areia silicosa), BO, FO, Al O e vrios outros elementos; materiais refratrios argilas caulinticas, bauxitas, cianitas, quartzitos com matriz silicosa, cromita, magnesita, dolomita, talco etc; materiais para indstria qumica - boro, cromo, cloro, potssio, enxofre, fluor, iodo, sdio; materiais para agricultura calcrio, nitrognio, potssio, fsforo, boro, magnsio, enxofre, cobre, zinco, cloro etc;

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materiais para minerao e metalurgia bentonita, areia silicosa, calcrio, fluorita, etc; e materiais para papel, plsticos, borracha e tintas as cargas minerais ou filler mais importantes so: o caulim, carbonato de clcio, talco e outros.

3.3.1. CERMICAS

Cermica compreende todos os materiais inorgnicos, no-metlicos, obtidos geralmente aps tratamento trmico em temperaturas elevadas. Ou seja, em funo do tratamento trmico e das caractersticas das diferentes matrias-primas so obtidos produtos para as mais diversas aplicaes. Segundo dados da Associao Brasileira de Cermica ABC - a cermica ocupa um lugar importante no cenrio industrial brasileiro, tendo participao no PIB Produto Interno Bruto da ordem de 1,0%. A abundncia de matrias-primas naturais, fontes alternativas de energia, assim como a disponibilidade de tecnologia embutida nos equipamentos industriais, permitiram que a indstria cermica brasileira crescesse rapidamente e boa parte com qualidade comparvel a dos pases mais desenvolvidos, o que tem conduzido ao incremento das exportaes. O setor cermico altamente diversificado e de acordo com a utilizao dos produtos, pode ser subdividido em diversos segmentos: cermica vermelha, materiais de revestimento, loua sanitria, cermica eltrica, adorno, materiais refratrios e outros. Todos estes produtos so fabricados no Brasil com diferentes nveis de qualidade e quantidades. Os materiais cermicos so fabricados a partir de matrias-primas classificadas em naturais e sintticas. As naturais mais utilizadas industrialmente so: argila, caulim, quartzo, feldspato, filito, talco, calcita, dolomita, magnesita, cromita, bauxito, grafita e zirconita. As sintticas, incluem entre outras alumina (xido de alumnio) sob diferentes formas (calcinada, eletrofundida e tabular); carbeto de silcio e produtos qumicos inorgnicos os mais diversos.

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As principais etapas do processamento dos materiais cermicos incluem de uma forma geral a preparao das matrias-primas e da massa, a conformao, o processamento trmico e o acabamento. O setor cermico amplo e heterogneo o que induz a dividi-lo em subsetores ou segmentos em funo de diversos fatores, como matrias-primas, propriedades e reas de utilizao. Dessa forma, a seguinte classificao, recomendada pela Associao Brasileira de Cermica - ABC:

CERMICA VERMELHA - compreende aqueles materiais com colorao avermelhada empregados na construo civil (tijolos, blocos, telha e tubos cermicos / manilhas) e tambm argila expandida (agregado leve), utenslios domsticos e de adornos. As lajotas muitas vezes so enquadradas neste grupo e outras, em Cermicas ou Materiais de Revestimento. CERMICA OU MATERIAIS DE REVESTIMENTO - compreende aqueles materiais usados na construo civil para revestimento de paredes, piso e bancadas tais como azulejos, placas ou ladrilhos para piso e pastilhas. CERMICA BRANCA - este grupo bastante diversificado, compreendendo materiais constitudos por um corpo branco e em geral recobertos por uma camada vtrea transparente e que eram assim agrupados pela cor branca de massa, necessria por razes estticas e/ou tcnicas. Muitas vezes prefere-se subdividir este grupo em funo da utilizao dos produtos em: loua sanitria, loua de mesa, isoladores eltricos para linhas de transmisso e de distribuio, utenslios domstico e de adornos. MATERIAIS REFRATRIOS - este grupo compreende uma gama grande de produtos, que tm como finalidade suportar temperaturas elevadas nas condies especficas de processo e de operao dos equipamentos industriais, em geral envolvendo esforos mecnicos, ataques qumicos, variaes bruscas de temperatura e outras solicitaes. Em funo da natureza das mesmas, os produtos foram classificados em: slica, slico-aluminoso, aluminoso, mulita, magnesiano-cromtico, cromtico-magnesiano, carbeto de silcio, grafita, carbono, zircnia, zirconita, espinlio e outros.

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ISOLANTES TRMICOS - os produtos deste segmento podem ser classificados em: - refratrios isolantes que se enquadram no segmento de refratrios, - isolantes trmicos no refratrios, compreendendo produtos, tais como vermiculita expandida, slica diatomcea, diatomito, silicato de clcio, l de vidro, l de escria e l cermica, que so obtidos por processos distintos ao do item anterior e que podem ser utilizados, dependendo do tipo de produto at 1100oC; - fibras ou ls cermicas que apresentam caractersticas fsicas semelhantes s citadas no item anterior, porm apresentam composies tais como slica, slica-alumina, alumina e zircnia, que dependendo do tipo, podem chegar a temperaturas de utilizao de 2000oC ou mais. FRITAS E CORANTES - Estes dois tipos de produtos so importantes matriasprimas para diversos segmentos cermicos cujos produtos requerem determinados acabamentos. Frita (ou vidrado fritado) um vidro modo, fabricado por indstrias especializadas a partir da fuso da mistura de diferentes matrias-primas. Este p aplicado na superfcie do corpo cermico, que aps a queima, adquire aspecto vtreo. Corantes constituem-se de xidos puros ou pigmentos inorgnicos, que so adicionados aos vidrados (cru, frita ou hbrido) ou aos corpos cermicos para conferir-lhes coloraes das mais diversas tonalidades e efeitos especiais. ABRASIVOS - Parte da indstria de abrasivos, por utilizarem matrias-primas e processos semelhantes ao da cermica, constitui-se num segmento cermico. Entre os produtos mais conhecidos podemos citar o xido de alumnio eletrofundido e o carbeto de silcio. VIDRO, CIMENTO E CAL - So trs importantes segmentos cermicos e que, por suas particularidades, so muitas vezes considerados parte da cermica. CERMICA DE ALTA TECNOLOGIA - O aprofundamento dos conhecimentos da cincia dos materiais proporcionaram o homem o desenvolvimento de novas tecnologias e aprimoramento das existentes nas mais diferentes reas, como aeroespacial, eletrnica, nuclear e muitas outras e que passaram a surgir materiais com qualidade excepcionalmente elevada

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O uso intensivo de minerais industriais reflete o estgio de desenvolvimento scio econmico de um povo ou mesmo de um Pas. A ttulo de comparao,

VALVERDE (1999) cita que o consumo mdio per capita de agregados minerais e rochas industriais nos Estados Unidos da Amrica de 8,21 t./hab./ano, por sua vez a mdia europia de 7 t./hab./ano, enquanto no Brasil esse nmero situa-se em torno de 1,4 t./hab./ano. Esta diferena, de acordo VALVERDE (op. cit.), evidencia a enorme demanda reprimida, devido a carncia de investimentos para a implantao de infraestrutura e moradias. A ttulo de exemplificao de acordo com os dados publicados pelo IBGE (1996), o Estado de Mato Grosso, j teria poca, um dficit habitacional de aproximadamente 100 mil moradias. Mato Grosso um pequeno produtor e consumidor de minerais e rochas industriais, isto tanto devido ao estgio embrionrio de desenvolvimento industrial, como em razo do desconhecimento quase total do potencial mineral, uma vez que esses materiais na maioria das vezes no so facilmente diagnosticveis no terreno, com exceo das argilas vermelhas.

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ANLISE DE MERCADO E ANLISE DE MERCADO E TENDNCIAS TENDNCIAS

A indstria de mine