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PREITORIA DE PESQUISA - Rua da Reitoria, 109 s/ 28, Cidade Universitária, S. Paulo SP - CEP 05508-900. 1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO NÚCLEO DE PESQUISAS E ESTUDOS INTERDISCIPLINARES SOBRE O NEGRO BRASILEIRO Projeto de Pesquisa Integrado: Racismo e Dinâmicas de Subalternização Étnica NEINB - (Núcleo de Pesquisa e Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro) Prof. Dr. Dennis de Oliveira (ECA) Profa. Dra. Eunice Prudente (FD) Profa. Dra. Dilma de Melo Silva (ECA) Profa Dra. Liana Trindade (FFLCH)

Relatório do Núcleo de Pesquisas em Estudos Interdisciplinares · 2011-08-25 · 1 SODRÉ, Muniz. "Por um conceito de minoria"in: PAIVA, R; BARBALHO, A. (orgs) Comunicação e cultura

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO NÚCLEO DE PESQUISAS E ESTUDOS INTERDISCIPLINARES SOBRE O NEGRO BRASILEIRO

Projeto de Pesquisa Integrado:

Racismo e Dinâmicas de Subalternização Étnica

NEINB - (Núcleo de Pesquisa e Estudos Interdisciplinares sobre o Negro

Brasileiro)

Prof. Dr. Dennis de Oliveira (ECA)

Profa. Dra. Eunice Prudente (FD)

Profa. Dra. Dilma de Melo Silva (ECA)

Profa Dra. Liana Trindade (FFLCH)

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO NÚCLEO DE PESQUISAS E ESTUDOS INTERDISCIPLINARES SOBRE O NEGRO BRASILEIRO

SUMÁRIO

Apresentação ............................................................................................ 3 Considerações teóricas ............................................................................. 4

Objetivos ................................................................................................... 8 Objetivo Geral ........................................................................................ 8

Objetivos Específicos ............................................................................. 8 Sistema de hipóteses .............................................................................. 13 Metodologia ............................................................................................. 14

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Proponente: Núcleo de Pesquisa e Estudos Interdisciplinares sobre o

Negro Brasileiro - Neinb

“A capacitação de mulheres e de homens em torno de saberes instrumentais jamais pode prescindir de sua formação ética. A radicalidade desta exigência é tal que não deveráimos necessitar sequer de insistir na formação ´petica do ser ao falar da sua preparação técnica e científica. É fundamental insistirmos nela precisamente porque, inacabados mas conscientes do inacabamento, seres da opção, da decisão, éticos, podemos negar ou trair a própria ética” (Paulo Freire)

Apresentação

As discussões das relações raciais no Brasil se pautam pela

particularidade de aqui no país o racismo se desenvolveu sob a égide do

assimnilacionismo, contrário a outras experiências como nos Estados

Unidos e na África do Sul no período do apartheid, em que as assimetrias

raciais se expressavam pela guetificação e apartação dos grupos

racialmente classificados como indesejáveis.

O racismo assimilacionista se, por um lado, não apresenta mecanismos

violentos de segregação a ponto de que o princípio formal-iluminista da

igualdade seja desrespeitado como nos projetos de apartação; por outro,

cria uma falsa imagem de que o racismo é mitigado, ou ainda que não

existe. Por esta razão, no período de celebração do tricentenário de

Zumbi dos Palmares, em 1995, o jornal Folha de S. Paulo disseminou o

conceito de "racismo cordial"- um termo, por si só, contraditório, uma vez

que combina uma prática de natureza não tolerante (racismo) com outra

de tolerância (cordialidade). De qualquer forma, a força de formação de

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opinião pública junto à classe média combinado com a dificuldade de

assumir a condição de uma sociedade de práticas racistas já consolidado

na cultura política brasileira, fez com que este conceito cunhado pela

Folha ganhasse terreno e reforçasse uma percepção hegemônica no país

de que existe o racismo mas a maioria não se considera racista.

Temos, assim, um racismo gestado como um simulacro ou ainda como

um ente fantasmagórico, como um "mal" que ronda as nossas vidas, mas

sem uma referência material e concreta que permita uma atitude política

de combate ao mesmo. Percebendo o "racismo" como um mal, na lógica

da tradução cultural ocidental, este mal pode ser associado ao

"desconhecido"- o que não pode ser explicado pela razão, na mesma

perspectiva kantiana do noumeno e que, por este motivo, gera medo.

Considerações teóricas

Nesta perspectiva de visão do racismo, percebe-se uma lógica que se

adequa perfeitamente a um projeto de pretenso "combate" ao racismo que

prescinde de ações políticas (políticas no sentido de ação na polis, isto é,

no espaço público), jogando as práticas racistas para a dimensão do

inexplicável, de atitudes não racionais e, portanto, produto de

comportamentos de indivíduos que não merecem sequer respeito. O

resultado disto é que o racismo existe, apesar das diversas declarações

contrárias de órgãos públicos e seus gestores, em todos os matizes

ideológicos. Chega-se a uma situação contraditória de se obter um quase

consenso ideológico da justeza do combate ao racismo, até mesmo da

existência do racismo, mas com esta prática - o racismo - não só

perdurando, mas tornando-se cada vez mais intensa.

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A possibilidade de se sair desta armadilha é deslocar o racismo da

dimensão noumênica para fenomênica - isto é, uma categoria possível de

ser compreendida racionalmente - e, como tal, estabelecer os

mecanismos de alimentação e retro-alimentação. Optamos pela

concepção de que o racismo é uma categoria socialmente construída,

uma vez que não há comprovação científica de uma categorização

biológica das "raças" e, como tal, necessita de se determinar os vetores

estruturais e formais de constituição desta categoria.

O ponto de partida para este projeto é considerar o racismo como uma

categoria ideológica legitimadora de assimetrias sociais, isto é, é um

elemento norteador de um discurso em que se justifica a existência de

assimetrias em diversas - ou todas - dimensões sociais. Por isto, o

resultado do racismo o sempre é a ausência de eqüidade e sua função

ideológica (entendendo aqui como função ideológica o proposto por Eliseo

Verón como o papel de uma determinada ideologia) é justamente limitar

as perspectivas de transcendência e reivindicação social de grupos

eventualmente discriminados.

A partir disto, pode-se entender que o racismo adquire diversos formatos,

inclusive este que é próprio da singularidade da experiência brasileira

que é o assimilacionismo. O racismo assimilacionista decorre da forma

de passagem do trabalho escravo para o assalariado no formato de uma

transição sem rupturas, da busca de manutenção de estruturas de poder

arcaicas e fundadas no escravismo que manteve intactas práticas sócio-

políticas do Ancien Regime.

Além disto, há que se considerar que o projeto de "brasilidade"

construído no final do século XIX e início do século XX atendia muito

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mais às expectativas de uma elite oriunda do período colonialista que

tinha como referências positivas as experiências externas ao país. Este

"mal-estar" típico da elite brasileira, forçada a viver com uma imensidão

de não brancos gerou idéias originais como a transfiguração das teorias

racistas científicas de Gobineau, no final do século XIX que legitimavam

a apartação para a teoria do branqueamento (que, necessariamente,

implicaria em uma concepção assimilacionista). De qualquer forma, este

assimilacionismo implica em construir estatutos teóricos que

justificassem assimetrias, apesar destas não se expressarem em espaços

físicos.

Mesmo não se expressando em diferenciações de espaços físicos, as

assimetrias construídas socialmente - étnicas inclusive - constroem

lugares (não necessariamente definidos por territorialidades físicas)

enquanto possibilidades de aceitabilidade total, parcial ou negada.

"Diferentemente de espaço abstrato, lugar é localização de um

corpo ou de um objeto, portanto, é espaço ocupado. Assim,

dizemos que território é o espaço ocupado pela presença humana,

portanto, um lugar da ação humana. Mas essa localização não é

necessariamente física, pode ser a propriedade comum de um

conjunto de pontos geométricos de um plano ou espaço. Aí, então,

nossa referência não é mais topográfica, mas topológica - a lógica

das articulações do lugar. Topologicamente, lugar é uma

configuração de pontos ou de forças, é um campo de fluxos que

polariza as diferenças e orienta as identificações."1

1 SODRÉ, Muniz. "Por um conceito de minoria"in: PAIVA, R; BARBALHO, A. (orgs) Comunicação e

cultura das minorias. P. 12

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Os lugares construídos perpassam as dimensões de capital econômico,

cultural e simbólico, conforme definição de Bourdieu e, desta forma,

implicam em construir dinâmicas de conflitos que vão alterando e

movimentando os processos de subalternização. Desta forma, encaramos o

racismo dentro de duas perspectivas:

1o. Na sua dimensão substantiva, como ideologia legitimadora das

assimetrias sociais, naturalizando (o termo raça, inclusive, pela sua forte

conexão com uma dimensão biológica tem uma função ideológica eficaz

quanto a isto) estas assimetrias construídas. A categoria raça pereniza tais

assimetrias, de forma muito mais eficaz que classe, pois a primeira não

permite uma transitoriedade, ao contrário da segunda.

2o. Na sua dimensão ativa, como processos de subalternização de grupos

discriminados, processos estes que se (re) definem a partir dos conflitos de

lugares construídos socialmente.

A perenização como objetivo central e a subalternização processual, como

ação sistêmica ocorre dentro dos seguintes parâmetros:

a-) Desfiguração e desvalorização das tradições de matriz africana, no

sentido de colocá-las em lugar de inferioridade às tradições hegemônicas de

matriz européia e ocidental. Esta desfiguração ocorre tanto por processos

violentos (como a criminalização das práticas que remetem àstradições de

matriz africana) como também por uma tolerância combinada com

subordinação (destinação de lugares específicos, assimétricos, a tais

práticas, como considerar as religiões de matriz africana como cultos e as

religiões da tradição judaico-cristã como religiões de fato). O sincretismo

religioso, presente no Brasil, é resultante do modelo de racismo

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assimilacionista, pois trata-se da combinação de práticas culturais

colocadas em lugares assimétricos.

b-) Deslocamento do racismo na sua dimensão substantiva e ativa do lugar

da esfera pública (portanto, possível de ser racionalizada e enfrentada) para

a dimensão noumênica (incompreensível, portanto combatida mas sem um

compromisso público). Assim, o combate ao racismo é retirado da

perspectiva social ética - no sentido de ethos, modo de ser - transformando o

conflito discursivo de racistas e anti-racistas para racistas e não racistas. O

anti-racista fica então isolado, sem espaço para expressar sua voz e, no

limite, obtém solidariedade para resolver um problema pontualizado e não

passível de ser compreendido.

Objetivos

Objetivo Geral

Construir uma metodologia de observação teórico-empírica das dinâmicas

de afirmação das assimetrias étnicas, a partir da consideração de que o

racismo é uma grande narrativa constituída socialmente para legitimar

hierarquias sociais naturalizando-as por meio da categoria raça com sua

força expressiva biológica. Tais dinâmicas não são estanques mas

processuais e se movimentam a partir dos fluxos de produção de diferenças

e identificações gestados por lugares construídos e hierarquizados

socialmente

Objetivos Específicos

1. Arte e cultura:

A múltipla formação do povo brasileiro, pelo choque de civilizações distintas,

gerou processos de subalternização ancorados em hierarquizações culturais.

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Diante disto, o interculturalismo aparece como uma alternativa a estes

processos de opressão cultural de matriz étnica. Assim, este projeto tem

como objetivos específicos construir referências e indicadores avaliativos de

natureza qualitativa para se perceber as potencialidades multiculturais

existentes em ações culturais e artísticas, passando pelas atividades de

educação artística nas escolas até as políticas culturais de natureza pública

e privada.

2. Mídia:

Construir referências e indicadores avaliativos de natureza qualitativa para

se perceber as formas de subalternização negociadas a partir do discurso

referencial da mídia que pode oscilar tanto dos aspectos quantitativos de

participação de sujeitos negros na mídia como na forma em que os mesmos

são retratados e percebidos como participantes do espaço societário

nacional ressemantizado pelo aparelho midiático.

3. Política:

Construir referências e indicadores avaliativos de natureza qualitativa para

se perceber as formas de subalternização negociadas e exercidas dentro da

esfera pública, tendo como referência a história de construção da sociedade

liberal no país, o contrato social estabelecido a partir desta construção e os

mecanismos de pressão e contra-pressão dos sujeitos sociais construídos a

partir das especialidades afrodescendentes.

4. Educação:

Como é sabida, a questão racial do negro brasileiro, por muito tempo

foi esquecida pela ciência. Nota-se que buscava camuflar a dimensão do

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problema, reduzindo-o a uma contradição pontual, e não um dado

estrutural, comprometendo o tecido das relações sócio-ecônomica – cultural,

entre nós. Fenômeno, que contribui para aprofundar, ainda mais, a crise da

desigualdade nas relações sócio-raciais, considerando que classe e cor se

cruzam na sociedade brasileira.

Entretanto, a despeito dos esforços de notáveis cientistas sociais, tais

como: Nina Rodrigues, Florestan Fernandes, Araci Nogueira, Fernando

Henrique Cardoso, Teófilo de Queiros, João Batista Borges Pereira,

Kabengele Munanga e muitos outros. Ainda não se fez justiça ao negro

brasileiro. Pois, há muito que se perscrutar nesta área.

Com a pesquisa pioneira do negro no âmbito jurídico, desenvolvida

por Eunice Prudente, em que os estudos contribuíram para a criminalização

do racismo, tornaram-se necessárias ações acadêmicas, tendo em vista a

preocupação com políticas públicas de afirmação e de reparação em favor

dos afrodescendentes.

Nesta linha de compreensão, constata-se que é consenso entre os

cientistas das diferentes áreas do saber, que o racismo é um fenômeno

cultural, portanto os esforços contributivos para a sua superação

encontram um resultado melhor, quando focados no campo das relações

pedagógicas.

Com efeito, o NEINB – Núcleo de Estudos e Pesquisas

Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro, entende que a educação é um

lócus privilegiado para a pesquisa, sobretudo interdisciplinar, no campo da

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questão etno-racial. O objetivo específico do projeto dar-se-á no

desenvolvimento de investigações do currículo escolar e a sua relação com o

problema da discriminação de raça e cor, nos diferentes níveis do ensino,

objetivando atender as necessidades decorrentes da lei 10.639, que tem sido

à pedra de toque desta demanda.

5. Direito:

Direito Constitucional e das Constituições brasileiras (1824,1934, 1937,

fundamentais bem como o enfrentamento da discriminação racial.

1946, 1967, EC nº 1 de 1969 e 1968) destacando-se a garantia dos Direitos

sob o ponto de vista jurídico imprescindível examinar a evolução do

Os negros brasileiros devem a sua cidadania aos movimentos sociais, em

especial ao movimento negro, desde os quilombolas, uma vez que entre nós

o racismo foi institucional.Faz-se necessário estudo aprofundado sobre os

Direitos Humanos e Fundamentais no Brasil buscando responder uma

questão central, que diz respeito a ocorrência de discriminação racial entre

os brasileiros, com sua formação étnica tão diversificada.O Núcleo de

Pesquisa e Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro considera

No Brasil, uma linha de cor ditada por fenótipos negróides delineia o

retrato socioeconômico da desigualdade.O reconhecimento pelo Estado de

relevante para a eficácia do Direito através de normas gerais (leis), sobre a

Direito dos componentes da personalidade humana constitui ponto

vida em sociedade.

Do latim “persona” (máscara teatral utilizada pelos atores na antiguidade),

personalidade é o conjunto de caracteres biológicos e psíquicos que

distinguem as pessoas entre si, ou seja, os seres dotados de personalidade.

Não há pessoas idênticas, todavia os seres humanos são iguais, dotados do

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Direito fundamental de desenvolver-se e expressar sua maneira de ser e

pensar, enfim sua personalidade.

Um dos principais instrumentos do Estado para a promoção da paz e da

Justiça é o Direito, desde que se baseie no reconhecimento da

personalidade e combata todos os comportamentos discriminatórios que

O reconhecimento das diferenças biológicas, étnicas, culturais exige a

leve à desigualdades.

respeitabilidade e aceitação social.As diferenças não dizem respeito à

superioridade de uns em relação a outros. Já as desigualdades sendo

criações racionais arbitrárias e injustas exigem o enfrentamento de toda a

sociedade e de suas lideranças visando a extinção das diversas relações de

dominação e exploração entre os cidadãos.

O Direito é um bem cultural formado pelos humanos em muitos séculos de

convivência sendo encontrado primeiramente sob forma de costumes

(Direito Consuetudinário) sempre presente tanto nas sociedades mais

simples como naquelas que apresentam formas mais complexas de

convivência.

Nossa racionalidade nos levou ao regramento de todas as relações sociais.

Não existe sociedade sem Direito, nem Direito fora da sociedade.Todavia o

bens, com sua formas de tutela.

Direito deve expressar toda a sociedade, suas crenças, seus valores, seus

Desde a divisão do trabalho historicamente assistimos a apropriação de

No Direito brasileiro observamos durante quase quatro séculos seres

bens, inclusive os culturais gerando desigualdades.

humanos escravizados, os africanos e os seus descendentes, chegando a

uma situação impar, uma vez que o negro brasileiro foi objeto e sujeito de

Direito. Imagine-se as conseqüências sociais desta forma de dominação

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tanto para a comunidade negra brasileira, como para toda sociedade que

assistiu e participou desta violência.

Sistema de hipóteses

Nossa hipótese central é que o racismo é uma prática que cumpre um papel

de legitimação das hierarquias sociais, particularmente em nações em que a

mobilidade social é barrada por processos políticos-econômicos, ao

naturalizar diferenças que são socialmente construídas, mas também

expressa um mal estar pois expõe visceralmente a limitação do projeto

iluminista de constituição de uma igualdade. Esta limitação gera mal estar

tanto no campo conservador, ao desmascarar o discurso falso da igualdade

formal, como também no campo progressista de tradição marxista, uma vez

que tal campo é construído a partir de uma percepção da incapacidade do

capitalismo levar a termo todas as tarefas ao qual o projeto iluminista se

propôs - em outras palavras, a revolução socialista é a conclusão de tarefas

impossíveis de serem realizadas pelo capitalismo em função do seu sistema

econômico, por isto Bertolt Brecht considera que o capitalismo é

revolucionário e o socialismo uma continuidade deste processo

revolucionário.

Este mal estar é o gerador da dinâmica de subalternização que adquire, a

cada momento, formatos diferentes e transcende meramente os

acessos/barreiras ao capital econômico, transcendendo para os domínios do

cultural e do simbólico. Por isto, compreender a atitude anti-racista

perpassa todos estes domínios, pois trata-se de uma batalha para

consolidação de um lugar não hegemônico, um lugar como afirma Sodré, de

"polarização das diferenças e orientação das identificações".

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Metodologia

Em função da complexidade da compreensão deste processo de

subalternização, é necessário fazer um recorte sobre possíveis espaços onde

tal dinâmica ocorre e verificar como conjuntural e estruturalmente isto se

manifesta.

A particularidade do Neinb de ser um núcleo interdisciplinar favorece que os

diversos saberes verticalizem sobre suas áreas específicas e construam

estratégicas metodológicas para interpretar dados e inferir tais dinâmicas.

Estas inferências são importantes para avaliação das estratégicas do

movimento social anti-racista e mesmo como avaliação de eventuais

políticas públicas de combate ao racismo.

Elencamos as seguintes áreas onde serão avaliados os processos de

subalternização:

1 - Artes e Cultura

2 - Educação

3 - Comunicação midiática

4 - Direito

5 - Política

Em cada uma destas áreas, serão construídas estratégias metodológicas

específicas e particulares tendo como referência o objetivo central do

trabalho que é inferir as dinâmicas de subalternização étnica. Uma vez que

este estudo não tem o objetivo de se transformar meramente em uma

reflexão acadêmica voltada para o público interno da universidade mas sim

contaminar a discussão de estratégias de combate ao racismo, os resultados

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parciais serão socializados na forma de publicações, apresentação em

congressos, materiais audio-visuais, etc. Mais que os resultados, esta

proposta visa sedimentar uma metodologia capaz de observar

permanentemente as dinâmicas das relações 'étnicas no Brasil.

Educação, Arte e Cultura:

A implementação da Lei 11.645/08 (antiga Lei 10.639/03) passa por

processos de capacitação com docentes da rede pública, produção de

material didático que dê conta destes novos conteúdos que agora integram a

Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Para tanto, será necessário avaliar os

limites e potencialidades das instâncias públicas e privadas para dar conta

destas novas demandas exigidas pela legislação.

A discussão da implementação da lei 11645 também aponta para as

potencialidades do multiculturalismo como projeto que se contrapõe a lógica

de subalternização político-cultural existente no Brasil.

Mídia e comunicação

A sociedade em que vivemos tem o discurso midiático como centralidade, é

neste espaço que se referenciam a construção de identidades. Por pressão

dos movimentos sociais de negros, há um crescimento relativo da

participação de afrodescendentes nas produções midiáticas. Entretanto, o

processo de subalternização se mantém a medida que determinadas

tipologias raciais são apresentadas como hegemônicas, forçando um

determinado tipo de identificação negra que esteja condizente com o sistema

hegemônico. Diante disto, o projeto pretende construir mecanismos de

avaliação periódica dos produtos midiáticos com maior impacto na

sociedade, principalmente a produção jornalística, ficcional e propaganda.

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Direito:

Repensar o Direito comprometido com os Direitos Humanos Fundamentais

para todos, destacando as formas discriminatórias suportadas pelos negros,

exige a leitura e a interpretação dos clássicos universais (Platão, Aristóteles,

Marx, Sartre, Hanna Arendet,) bem como dos nossos (Florestan Fernandes,

Otávio Ianni, Paulo Freire, Dalmo de Abreu Dallari, Fábio Konder

Comparato, Kabenguele Munanga, Abdias do Nascimento).

O primeiro levantamento bibliográfico já foi iniciado e agora neste plano de

pesquisas interdisciplinares o levantamento bibliográfico prosseguirá.

O uso do método analítico, bibliográfico consistirá na análise e discussão de

textos doutrinários e jurídicos, além do exame de leis e da nossa

jurisprudência.

Após vinte anos de convivência sob a égide de uma Constituição

democrática, bem como o advento das leis criminalizadoras do racismo (Lei

nº 7.716, de 05de janeiro de 1989, Lei nº 9.459, de 13 de maio de 1987)

como os aplicadores do Direito têm se comportado? Qual a eficácia desta

legislação no Brasil?

Serão utilizados métodos dialéticos para o conhecimento das diferentes

aplicações do Direito (Juízes, Promotores de Justiça, delegados de polícia,

Advogados, etc..), juntamente com a coleta de jurisprudência bem como o

acompanhamento em Brasília das discussões nas casas legislativas do

projeto de lei n° 3.198/2000, o estatuto da igualdade racial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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