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Relatório de Educação Clínica I Módulo II Centro Hospitalar Barreiro Montijo Unidade Nossa Senhora do Rosário -Barreiro Licenciatura em Fisioterapia 2º ano 1º semestre Docente responsável: Fisioterapeuta Ana Cristina Brandão Coordenadora de Curso: Mestre Isabel Coutinho Pedro Miguel Sobral da Fonseca Nº 546208 2009/2010 Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa Janeiro de 2010

Relatorio ECI Barreiro

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Relatório de Educação Clínica I – Módulo II

Janeiro de 2010

Centro Hospitalar Barreiro Montijo Unidade Nossa Senhora do Rosário -Barreiro

Licenciatura em Fisioterapia

2º ano – 1º semestre

Docente responsável: Fisioterapeuta Ana Cristina Brandão

Coordenadora de Curso: Mestre Isabel Coutinho

Pedro Miguel Sobral da Fonseca

Nº 546208

2009/2010

Escola Superior de

Tecnologias da Saúde de

Lisboa

Janeiro de 2010

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AGRADECIMENTOS

À Fisioterapeuta Ana Cristina Brandão, assim como aos restantes fisioterapeutas do Hospital

do Barreiro que acompanhei durante este módulo, por toda a sua disponibilidade, simpatia,

atenção e conhecimento transmitido;

Ao Hospital do Barreiro por me ter recebido durante estas quatro semanas;

A todos os utentes com que contactei e que me proporcionaram uma experiência

enriquecedora e gratificante, em especial ao S. C. pela simpatia e disponibilidade

demonstradas;

E a todos os docentes da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa que deram vida a

este projecto.

O meu MUITO Obrigado!!!!

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Índice

AGRADECIMENTOS........................................................................................................................ 1

História e Organização do Hospital ........................................................................................... 4

A Fisioterapia no Serviço de Medicina Física e Reabilitação ..................................................... 5

CRONOGRAMA SEMANAL ............................................................................................................. 7

CASO CLÍNICO ................................................................................................................................ 9

AVALIAÇÃO SUBJECTIVA ........................................................................................................... 9

CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS .................................................................................................... 11

Ruptura do Tendão Rotuliano ............................................................................................. 11

Fractura da Rótula ............................................................................................................... 12

Fractura da rótula em crianças............................................................................................ 13

Cirurgia ................................................................................................................................ 14

CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 16

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 17

ANEXOS ....................................................................................................................................... 18

Anexo I ..................................................................................................................................... 18

i

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INTRODUÇÃO

Este relatório enquadra-se na unidade curricular de Educação Clínica I, integrada no 1º

semestre do 2º ano do curso de Fisioterapia leccionado pela Escola Superior de Tecnologia da

Saúde de Lisboa. Este primeiro módulo da unidade curricular decorreu no Centro Hospitalar

Barreiro- Montijo Unidade Nossa Senhora do Rosário - Barreiro, durante quatro semanas, às

quintas-feiras, tendo sido iniciado no dia 3 de Dezembro de 2009 e finalizado no dia 14 de

Janeiro de 2010, apresentando-se como minha responsável a Fisioterapeuta Ana Cristina

Brandão.

Educação Clínica I possibilita ao aluno um primeiro contacto com a realidade

profissional da Fisioterapia, na medida em que o integra numa instituição de saúde permitindo

a observação e a aprendizagem constantes ao longo do tempo. Assim sendo, durante a minha

permanência nesta instituição, foi-me possível não só observar os doentes na situação de

tratamento como também contactar com alguns deles, actualizar e aprofundar os

conhecimentos anteriormente adquiridos, perceber a organização e o funcionamento de um

hospital com bastante importância no país e da sua unidade de fisioterapia e, principalmente,

adquirir novos e importantes conhecimentos na área da patologia e tratamento, transmitidos

por todos os fisioterapeutas com quem estivemos, não só no Serviço de Medicina Física e

Reabilitação, como também em algumas das enfermarias do hospital.

Na realização deste relatório foram tidas em conta todas as observações efectivadas

ao longo das 4 semanas, sendo que o mesmo tem o objectivo de revelar as experiências

vividas assim como desenvolver a avaliação e o método de pesquisa. Será portanto

apresentada a caracterização da instituição, o cronograma semanal e o caso clínico cuja

elaboração foi levada a cabo com o máximo de respeito possível pelo doente, pela

fisioterapeuta responsável e pela instituição.

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CARACTERIZAÇÃO DO HOSPITAL DO BARREIRO

História e Organização do Hospital

O Hospital de Nossa Senhora do Rosário foi inaugurado a 18 de Janeiro de 1959 e era

então dirigido pela Santa Casa da Misericórdia, este primeiro hospital funcionou durante 30

anos com uma estrutura bastante pequena e pouco diferenciada possuindo cerca de 115

camas.

O edifício actual foi inaugurado no dia 17 de Setembro de 1985, com um maior

número de especialidades e de camas (cerca de 500), passando a ser designado de Hospital

Distrital do Barreiro.

Em Setembro de 1995 viu a sua designação ser alterada para Hospital Nossa Senhora

do Rosário – Barreiro, por despacho do Ministro da Saúde, publicado no Diário da República II

Série n.º 218, de 20 de Setembro de 1995, o qual teve o seguinte teor:

“Desde 1736 que no concelho do Barreiro se realizam festividades em honra de Nossa Senhora

do Rosário, sua padroeira. O antigo Hospital do Barreiro, que funcionou entre 19/01/1959 e

30/09/1985, era denominado “Hospital Nossa Senhora do Rosário” e à semelhança da grande

maioria dos hospitais, que recuperou a antiga designação do seu estabelecimento e, por outro

lado, convindo assinalar o relacionamento dinâmico entre sociedade civil e hospitais que nela

se devem integrar, determino, sob proposta do Conselho de Administração e respectiva

aprovação de Sua Eminência Reverendíssima o Bispo de Setúbal e do Conselho Geral, que o

Hospital Distrital do Barreiro se passe a designar por Hospital Nossa Senhora do Rosário –

Barreiro”.

Em Dezembro de 2002, o Decreto-Lei n.º 299/2002 transformou a instituição numa

sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos. Três anos mais tarde, o Decreto-Lei

n.º 233/2005 transformou a instituição em entidade pública empresarial, passando a ser

designada de Hospital de Nossa Senhora do Rosário, E.P.E..

O HNSR é um Hospital Distrital Geral com 35 valências clínicas, prestando assistência ao

nível do Internamento, Consulta Externa, Urgência, Hospital de Dia, Assistência Domiciliária e

assegura, praticamente, todos os Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica daí

decorrentes onde se encontra a Serviço de Medicina Física e Reabilitação.

A instituição serve uma população de cerca de 200 mil habitantes englobando os

concelhos do Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete.

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A Fisioterapia no Serviço de Medicina Física e Reabilitação

O Serviço de Medicina Física e Reabilitação (SMFR), tal como se configura actualmente,

teve início em 1985, com a inauguração do novo Hospital. Este serviço encontra-se em

funcionamento no Piso 0 do hospital e divide-se em vários espaços (salas/gabinetes):

Consultas de Fisiatria

Pediatria

Respiratória

Neorologia

Ortopedia

Mastectomizadas

Preparação para o parto e pós-parto

Terapia Ocupacional

Terapia da fala

Electroterapia

Hidroterapia

Piscina

Ao longo dos anos foram-se verificando diversas alterações, tanto no espaço físico

como na composição do quadro de pessoal afecto ao serviço, bem como na diferenciação dos

cuidados prestados.

Os utentes do SMFR têm a seguinte proveniência:

Internamento

Consulta externa

Urgência

Exterior

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Sectores de

Atendimento Pessoal afecto

Diferenciação de Cuidados

Fisiatria 6 Médicos Fisiatras

Consulta Geral de Fisiatria Mesoterapia Consulta de Amputados Consulta de Reabilitação Pediátrica Consulta de Mastectomizadas

Fisioterapia 14 fisioterapeutas 1 auxiliar de fisioterapia

Musculo-esquelética Neuromuscular Pediatria Fisioterapia Respiratória Hidroterapia Preparação para o nascimento Mastectomizadas

Terapia Ocupacional

4 Terapeutas no SMFR 1 Terapeuta no

Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental

Musculo-esquelética Neuromuscular Pediatria Actividades de vida Diária Perceptivo-Cognitiva Talas e Dispositivos de Compensação Psiquiatria

Terapia da Fala 2 Terapeutas

Em crianças e adultos:

Fala Linguagem Voz Treinos de alimentação

Auxiliares de Acção Médica

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Pessoal Administrativo 2

Constituição das várias Unidades do Serviço de Medicina Física e Reabilitação

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CRONOGRAMA SEMANAL

Serviço Paciente Diagnóstico/Int. Médica

3 de Dezembro

Pediatria/SMFR F. ♂ 4A Paralisia cerebral – tetraparésia espástica

Pediatria/SMFR S.C. ♂ 11A Fractura da rótula

Fractura do tendão rotuliano

Pediatria/SMFR M. ♂ 18m Síndrome de Noonan

Pediatria/SMFR S. ♂ 6m Luxação congénita da anca esq.

Torcicolo congénito esq.

Inclinação do tronco

Respiratória/SMFR A. ♂ 75A Cirurgia abdominal

Reflexões/Experiências Centro Hospitalar Barreiro Montijo: Organização do Hospital Nossa Senhora

do Rosário

Visita à Unidade de Medicina Física e reabilitação

17 de Dezembro

Pediatria/SMFR M. ♂ 18m Síndrome de Noonan

Pediatria/SMFR M. ♀ 9m Bronquiolite

Pneumologia/Enfermaria C.M. ♂ 75A DPOC

Pneumologia/Enfermaria C.S. ♀ 71A Insuficiência respiratória crónica

Pneumologia/Enfermaria H.S. ♀ 77A Pneumonia dta.

Pneumologia/Enfermaria G.R. ♀ 81A Insuficiência respiratória global crónica --» agudizada

Sequelas de Tuberculose pulmonar

Cardiologia/Enfermaria R.R ♀ 60A Insuficiência cardíaca

Derrame pleural

UCI I.A. ♀ 79A Cirurgia abdominal a uma úlcera

Insuficiência respiratória

Reflexões/Experiências Diário da República: legislação dirigida para técnicos de diagnóstico e

terapêutica análise das responsabilidades, autonomia e carreira.

7 de Janeiro

Pediatria/SMFR S. ♂ 7m Obstrução das vias aéreas superiores

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Ortopedia/SMFR L.R. ♂ 50A Perfuração do nervo ciático popliteu externo dto

- Dificuldade na flexão dorsal do pé e na extensão dos dedos

Reflexões/Experiências Acompanhamento de uma classe de hidro-cinesio-balneoterapia para

doentes com raquialgias. Explicação sobre o funcionamento de classes e gestão de doentes/espaço.

14 de Janeiro

Pediatria/SMFR F. A. A ♂ Paralisia Cerebral

Pediatria/SMFR S. C. 11A ♂ Fractura do bordo inferior externo da rótula e ruptura do tendão rotuliano

Neurologia/SMFR E. 60A ♂ ACV esquerdo alterações na propriocepção no hemicorpo direito

Neurologia/SMFR J. 51A ♂ Traumatismo crânio-encefálico hemiparésia direita

Neurologia/Enfermaria J. 75A ♀ AVC esquerdo hemiplegia direita com diminuição do tónus

Reflexões/Experiências Tónus muscular aumentado e diminuído: diferenças e palpação

Elucidação acerca de padrão espástico, rigidez muscular, hipotonia muscular, encurtamento muscular

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CASO CLÍNICO

Este estudo de caso está a ser executado com o consentimento da Fisioterapeuta

Fátima, do paciente S.C. e da sua avó (acompanhante do doente ao tratamento), contribuindo

estes com todos os elementos necessários a uma boa execução do mesmo.

AVALIAÇÃO SUBJECTIVA

Tipo de problema: Dor, diminuição da força muscular e de amplitude articular.

História Clínica actual: Má recepção após um salto em altura com a perna direita em extensão,

durante uma aula de educação física a 5 de Junho de 2009. Incapacidade em realizar a

extensão do joelho e dores muito fortes, razões pelas quais se deslocou ao hospital. Após

radiografia, foi detectada fractura do bordo inferior externo da rótula do joelho direito e

procedeu-se à imobilização do joelho em extensão, recorrendo a ligaduras. Quando chegou a

casa não conseguiu sair do carro devido a dor intensa e, ao regressar ao hospital, imobilizou-se

de novo o joelho, desta vez recorrendo a gesso, que partia de cima do joelho vindo até à tibio-

társica.

Quando retirou o gesso, a 6 de Julho de 2009, foi verificado que o joelho se encontrava

exageradamente edemaciado e que apresentava equimose. Após ecografia e TAC foi

diagnosticada ruptura total do tendão rotuliano por arrancamento, no local de fractura da

rótula. A 11 de Julho de 2009 foi sujeito a intervenção cirúrgica com o intuito de reparar a

lesão recorrendo a material de osteossíntese. O joelho foi novamente imobilizado em

extensão, desde a parte superior do joelho até à tíbio-társica, utilizando gesso com colocação

de uma tala no seu interior.

Registo do Caso Clínico

Nome: S.C. Data de Nascimento: 07-10-1998

Idade: 11 Sexo/Raça: Masculino/ Caucasiana

Fisioterapeuta: Fátima Início das sessões: Setembro de 2009

Diagnóstico médico: Fractura do bordo inferior externo da rótula e ruptura do tendão rotuliano

Nacionalidade: Portuguesa Residência: Barreiro

Ocupação/ Profissão: Estudante Tipo: Doente Externo

Periodicidade: 2 vezes por semana Data da avaliação: 14/01/2010

Estado civil: Solteiro

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A imobilização foi retirada em Setembro de 2009 e até esta altura o doente deslocou-

se sempre em cadeira de rodas. A partir de Setembro, foram iniciadas as sessões de

fisioterapia e a locomoção do doente começou a ser feita com auxílio de duas canadianas. Em

Novembro de 2009 o doente passou a caminhar de forma independente, após ter passado

algum tempo a andar com uma única canadiana.

Está prevista para Março de 2010 nova intervenção cirúrgica para remover os

materiais de osteossíntese colocados em Julho de 2009, aquando da primeira operação.

Terapêutica medicamentosa actual: Nada a registar.

Tratamento: Mobilização do joelho: passiva, activa e activa resistida. Mobilização da rótula.

Exercícios de fortalecimento.

Situação Sócio-habito-familiar: Mora com os pais no primeiro andar de um prédio com

elevador. Passa bastante tempo em casa da avó que é um segundo andar apenas com escadas.

Antecedentes pessoais: Queimadura por líquido no joelho direito.

Actividades/hobbies: Videojogos e computador, televisão, jogar futebol, praticar atletismo e

karaté.

Exames complementares de diagnóstico: Raio X (Anexo I: 1.1, 1.2, 1.3, 1.5, 1,6), TAC (Anexo I:

1.4) e ecografia.

Independência nas actividades diárias: Actualmente, por vezes, necessita de ajuda para se

calçar.

Expectativas do doente: O doente espera que após recuperação da cirurgia e fisioterapia

consiga voltar a praticar desporto (atletismo, futebol, karaté).

Dor: apresenta uma dor localizada em situações de frio e à palpação. O calor é um factor de

alívio. Última vez que sentiu mais intensidade há 15 dias e, na Escala Visual Analógica, de 1 a

10 corresponde a 4.

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CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS

Ruptura do Tendão Rotuliano

O tendão rotuliano é o segmento mais distal do tendão conjunto do músculo

quadricípete crural. O tendão rotuliano consiste então na união dos quatro músculos

constituintes do quadricípete crural (recto anterior, vasto externo, vasto interno e crural), que

se reúnem por cima da rótula. O tendão insere-se na base e nos bordos laterais da rótula e na

tuberosidade anterior da tíbia (Fig. 1).

Figura 1 Tendão rotuliano

O tendão é uma estrutura fibrosa muito resistente, que raramente rompe em

condições normais. São ainda mais raras as situações de ruptura total em tendões isentos de

qualquer patologia e no desportista jovem, são normalmente fruto de movimentos brutais e

mal coordenados, provocados por alterações imprevistas e súbitas no gesto desportivo, tal

como no caso das quedas nos saltadores, nos esquiadores, nos basquetebolistas, andebolistas,

futebolistas, etc.

A ruptura dá-se no tendão quando este se encontra sob exagerada tensão, provocada

pela contracção vigorosa do quadricípete, ao sofrer uma força violenta de estiramento.

Ao nível dos jovens, este mecanismo normalmente produz uma lesão muscular ou uma

fractura por arrancamento da inserção tendinosa, enquanto que nos desportistas mais velhos

sucede o contrário, sendo fundamentalmente envolvido o tendão, (processo de evolução e

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degenerescência natural das estruturas tendinosas a partir dos 30 anos). Esta ruptura pode

também surgir associada à fractura da rótula fazendo com que esta suba (patella subida).

Associada a uma ruptura total do tendão rotuliano, existe sempre uma incapacidade

funcional em realizar a extensão activa do joelho e é acompanhada de dor muito intensa e

súbita.

O estudo radiológico de perfil dos dois joelhos é definitivo para confirmar a rotura e

avaliar comparativamente o posicionamento da rótula no joelho íntegro.

Fractura da Rótula

A rótula é o maior osso sesamóide no corpo humano, fazendo parte da articulação do

joelho, mais propriamente da articulação fémuro-rotuliana, que é classificada com

trocleartrose. Este osso está em continuidade com o quadricípete, para cima, e com o tendão

rotuliano, para baixo, fazendo assim parte do aparelho extensor do joelho. Tem a forma de um

“triângulo arredondado” de base superior e vértice inferior. É formada por uma concha

cortical periférica que envolve osso esponjoso trabecular. Apenas a face posterior é revestida

por cartilagem, a mais espessa que se encontra no corpo humano.

Pela sua localização, a rótula confere uma vantagem

biomecânica ao tendão do quadricípete, aumentando o ângulo de

inserção deste (Fig. 2 ). Assim, a rótula tem como principal função

potenciar a força do quadricípete, afastando o tendão rotuliano

do centro da articulação do joelho, aumentando assim o seu

braço de alavanca e potenciando até 50% a sua força de

extensão, dependendo do ângulo do joelho. É nos últimos graus

de extensão que essa acção é mais importante.

Figura 2 Braço do tendão rotuliano

As fracturas da rótula correspondem a cerca de 1% de todas as fracturas, podendo

ocorrer na sequência de traumatismos directos, indirectos ou de uma combinação de ambos.

O mecanismo associado vai caracterizar o tipo de fractura e a lesão de partes moles associada.

A avaliação imagiológica consiste na realização de radiografia do joelho em 2 planos, ântero-

posterior e lateral. O recurso a outros exames como a TAC justifica-se quando se pretende

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caracterizar melhor o tipo de fractura ou verificar se existe lesão em tecidos moles adjacentes,

como é o caso do tendão rotuliano.

A fractura da rótula pode ser feita por mecanismo directo ou indirecto. A primeira

forma é a mais frequente e envolve um evento traumático na face anterior do joelho,

geralmente em posição de flexão. Pode ocorrer na sequência de um traumatismo de baixa

energia (queda sobre o joelho, pontapé durante uma agressão ou evento desportivo) ou de

alta energia (acidente de viação com embate da rótula contra o tablier). A fractura de

mecanismo indirecto já não é tão comum e pode ocorrer devido a uma luxação da rótula ou

devido a uma contracção do quadricípete contra resistência.

Figura 3 Tipos de fractura da rótula

Existem vários tipos de fracturas de rótula que dependem do tipo de mecanismo que

as provocou e do local onde a fractura ocorreu (Fig. 3). A fractura mais comum em crianças

acontece por mecanismo indirecto e ocorre no bordo inferior da rótula (sleeve-fracture)

(Fig.4), podendo ocorrer ruptura do tendão rotuliano associada.

Figura 4 "Sleeve-fracture"

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Fractura da rótula em crianças

As fracturas da rótula em crianças são raras, mas quando ocorrem normalmente

envolvem crianças com idade inferior a 16 anos. A sua incidência aparece principalmente entre

os 8 e 12 anos de idade, ocorrendo em menos de 2% dos pacientes com esqueleto imaturo.

Este facto ocorre por a rótula ser mais móvel na infância e estar menos sujeita a impacto e

forças de tensão durante a contracção do quadricípete, além de estar também envolvida por

uma larga camada de cartilagem.

As fracturas de rótula mais comuns em crianças são do tipo “sleeve-fracture”, e

ocorrem geralmente em crianças que participam de actividades que requerem força de

extensão do joelho com contracção do quadricípete contra resistência, sendo a lesão causada

na perna de apoio. Portanto, não é uma lesão por mecanismo directo sobre o joelho.

A separação de um fragmento distal da rótula, na maioria das vezes inclui um

“descolamento” da cartilagem e isto deve ser reduzido para restabelecer a superfície articular.

Apesar do tratamento com talas em extensão do membro inferior produzir uma reconstrução

do aparelho extensor, pode permanecer uma deformidade da rótula com restrição do

movimento de extensão. A reconstrução do aparelho extensor com suturas absorvíveis, não

tem demonstrado bons resultados. O melhor método de tratamento parece ser a cirurgia

recorrendo a materiais de osteossíntese, para realizar a fixação interna rígida da fractura

mantendo uma redução anatómica com o realinhamento da cartilagem articular.

Cirurgia

A técnica mais usada consiste na aplicação de 2 fios (fio de Kirschner ou K), com 2 mm,

colocados de forma anterior e paralelos (um em cada lado da linha média, dividindo a rótula

em 3 partes iguais). Os fios K devem ultrapassar o comprimento da rótula superior e

inferiormente. Faz-se depois passar um fio de aço em frente da rótula e atrás da ponta de cada

fio K, fazendo uma figura de 8 ou de moldura. O fio de aço pode passar na espessura do

tendão rotuliano para maior estabilidade da montagem. Ao realizar tensão, o fio de aço exerce

um efeito de compressão nos vários fragmentos da fractura.

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Figura 5 Método cirúrgico mais comum de reparação da fractura da rótula

Existem muitas variações desta técnica, sendo uma delas realizada para tentar evitar

alguma irritação causada pela saliência dos fios k, em que estes são substituídos, fazendo

passar um fio de aço por dois orifícios na rótula.

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CONCLUSÃO

Este segundo módulo da unidade curricular Educação Clínica I, sob a orientação da

Fisioterapeuta Ana Cristina Brandão, proporcionou-me uma experiência enriquecedora, tanto

no ponto de vista pessoal, como profissional. Este facto deve-se em grande parte ao

acompanhamento das várias especialidades existentes no Hospital do Barreiro, que me

permitiu aprender um pouco mais acerca de cada uma delas.

Este módulo tinha como objectivos iniciais a integração do aluno numa instituição de

saúde, num trabalho de equipa, visando a compreensão da organização interna da instituição,

objectivos esses que penso que foram atingidos e que me fizeram perceber o que me espera

no futuro se vier a trabalhar num hospital do serviço público que actua em diferentes áreas da

saúde.

Este foi dos meus primeiros contactos com doentes em termos hospitalares e a

segunda vez tive oportunidade para conversar com um doente tentando fazer uma avaliação

subjectiva. Foi também a primeira oportunidade que tive para observar a intervenção do

fisioterapeuta em áreas como a pediatria ou a cardio-respiratória.

A experiência no Hospital de do Barreiro foi muito positiva, permitindo-me lidar com

utentes de faixas etárias bastante variadas, desde bebés com poucos meses de vida até idosos,

com as mais diversas patologias.

Quanto à minha participação durante este módulo da Unidade Curricular, penso que

foi adequada e correcta, com algumas dificuldades no início no que diz respeito à interacção

com o doente, algo que tentei sempre melhorar, sendo rapidamente ultrapassado, resultando

num balanço pessoal muito positivo e enriquecedor.

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BIBLIOGRAFIA

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Edição; 2001

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ANEXOS

Anexo I

Anexo I - 1.1 - Raio X de 5 de Junho de 2009 (dia da lesão)

Anexo I - 1.2- Raio X de 26 de Junho de 2009 (durante o período de imobilização)

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Anexo I - 1.3 - Raio X de 6 de Julho de 2009 (dia em que foi retirada imobilização e se diagnosticou a

ruptura do tendão rotuliano)

“ TC dos joelhos: estudo TDM efectuado com aquisição volumétrica, documentado com janelas

para avaliação da estrutura óssea e partes moles envolventes, com reconstruções nos planos

axial e sagital. Do conjunto de imagens obtido salientamos: fractura com arrancamento da

vertente inferior e externa da rótula coexistindo espessamento e heterogeneidade do tendão

rotuliano homolateral e derrame articular anterior. Existe ainda uma discreta irregularidade no

núcleo de ossificação da tuberosidade anterior da tíbia homolateral nomeadamente em

relação à contralateral, verificando-se contudo que a mesma se encontra normoposicionada.”

Anexo II - 1.4 Relatório da TAC (07 Julho de 2009)

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Anexo I - 1.5 - Raio X de 11 de Julho de 2009 (pós-operatório)

Anexo III - 1.6 - Raio X de 18 de Dezembro de 2009 (raio X para controlo do material de osteossítese)