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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E FARMACOLOGIA DISCIPLINA: FARMACODINÂMICA CURSO: FARMÁCIA PROFESSOR: MARIA DO SOCORRO CORDEIRO FERREIRA TRÍPLICE REAÇÃO DE LEWIS EM Homo sapiens sapiens E CHOQUE HISTAMÍNICO EM Canis familiaris Anna Layse Barros da Silva Oliveira Teresina - PI Abril/2011

Relatorio Histamina

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Page 1: Relatorio Histamina

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E FARMACOLOGIA

DISCIPLINA: FARMACODINÂMICA

CURSO: FARMÁCIA

PROFESSOR: MARIA DO SOCORRO CORDEIRO FERREIRA

TRÍPLICE REAÇÃO DE LEWIS EM Homo sapiens sapiens E CHOQUE

HISTAMÍNICO EM Canis familiaris

Anna Layse Barros da Silva Oliveira

Teresina - PI

Abril/2011

Page 2: Relatorio Histamina

INTRODUÇÃO

A histamina é um dos principais mediadores químicos envolvidos na

resposta inflamatória, anafilática e na resposta alérgica. Sendo pré-formada e

armazenada nos mastócitos, ela é liberada mediante uma estimulação, como no

caso da hipersensibilidade imediata e nas reações alérgicas, pela interação do

complexo antígeno-anticorpo na superfície dos mastócitos. Ela apresenta ainda

ações sobre diversos grupos de músculos lisos, em especial sobre os músculos

brônquicos (broncoconstrição) e dos vasos sanguíneos (vasodilatação),

responsáveis em parte pelos sinais e sintomas da resposta alérgica (GILMAN,

1996). Este fármaco pode atuar em pelo menos três subtipos de receptores, os H1,

H2 e H3. Há dois processos que caracterizam bem a ação da histamina tanto nos

seus receptores H1 com nos H2. Tais processos (Reação Tríplice de Lewis e

Choque Histamínico) denotam os efeitos da histamina sobre os vasos e sobre a

pressão arterial (SILVA, 1994).

Os experimentos realizados objetivaram a demonstração dos fenômenos

que ocorrem na Tríplice Reação de Lewis em Homo sapiens, mediante aplicação de

histamina, bem como os efeitos desta droga sobre a pressão arterial e freqüência

cardíaca de Canis familiaris (choque histamínico). Além disso, analisaram-se

mecanismos para reverter tal choque, mediante aplicação de anti-histamínico

(prometazina) e adrenalina.

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MATERIAIS E MÉTODOS

No primeiro experimento, fez-se inicialmente a assepsia da área que seria

utilizada, a região anterior do antebraço de Homo sapiens, utilizando um maço de

algodão embebido com álcool etílico hidratado 70º INPM. Colocou-se, então, uma

gotícula de histamina sobre esta região, que, logo em seguida, foi submetida a uma

escarificação. Passou-se, então, a se observar detalhadamente a ordem de

aparecimento e as características dos sinais da denominada Tríplice Reação de

Lewis.

No segundo experimento, administrou-se inicialmente o anestésico

tionembutal sódico (25 mg/kg), por via endovenosa, a um exemplar de Canis

familiaris. Em seguida, preparou-se o animal para o experimento da seguinte

maneira: isolou-se a artéria e veia femorais. A veia femoral foi canulada para

obtenção de um acesso venoso para aplicação de mais anestésico, caso houvesse

necessidade, e ainda das outras drogas utilizadas no experimento, tais como

adrenalina, histamina e prometazina. A cânula arterial posta na artéria femoral foi

ligada a um manômetro de mercúrio para efetuar as medidas das variações da

pressão arterial durante o experimento. Passada a etapa preparatória, registrou-se,

então, o valor da pressão arterial e frequência cardíaca do animal, sendo esses

dados coletados antes e depois de cada experimento.

Realizaram-se as seguintes experiências: Teste de reatividade do animal

(adrenalina 2 ug/ Kg de peso), injeção intravenosa de 20 ug/Kg de histamina, injeção

intravenosa de adrenalina a 2 ug/Kg de peso seguida de nova injeção intravenosa

de histamina a 20 ug/ Kg. No procedimento seria feita a injeção intravenosa de 1

ampola de Prometazina (Fenergan), seguida de injeção intravenosa de adrenalina a

2 ug/Kg até a recuperação do animal, que não foram feitas devido a falhas na

aparelhagem de medição da pressão arterial. Os dados referentes à pressão arterial

e frequência cardíaca antes e depois de cada experimento foram registrados e, ao

final dos procedimentos experimentais, o animal foi sacrificado com injeção de

cloreto de potássio na veia femoral canulada. Os dados foram registrados em tabela.

Page 4: Relatorio Histamina

RESULTADOS

Tabela 1.0 - Registro da observação da “Tríplice reação de Lewis” após a aplicação

de uma gota de histamina sobre a pele escarificada de Homo sapiens e do tempo

transcorrido para o aparecimento dos sinais. Teresina-PI, 2011.

Sinais Características Tempo (segundos)

Ponto

avermelhado

Ponto vermelho localizado, bem

delineado e irritativo

0

Rubor Rubor intenso localizado e

posteriormente extendido as áreas

próximas a escarificação

177

Pápula Edema inicialmente localizado (pápula)

seguido de expansão as proximidades

da escarificação

231

FONTE: LABORATÓRIO DE FARMACOLOGIA DA UFPI, ALUNOS DE FARMÁCIA – 2011.1

Tabela 2.0 - Registro da pressão arterial e frequência cardíaca, antes e após

aplicação intravenosa de solução de adrenalina (2 ug/ Kg), histamina (20 ug/ Kg ) e

prometazina (2 mL), nessa ordem em Canis familiaris. Teresina-PI, 2011.

Soluções P.A. (mmHg)

ANTES APÓS

F.C. (bat.min)

ANTES APÓS

Adrenalina 70 100 132 180

Histamina 100 60 144 142

Adrenalina 60 - - -

Histamina - - - -

Prometazina - - - -

Adrenalina - - - -

LEGENDA: P.A: Pressão arterial; F.C.: Frequência cardíaca.

FONTE: LABORATÓRIO DE FARMACOLOGIA DA UFPI, ALUNOS DE FARMÁCIA – 20101.1

Page 5: Relatorio Histamina

Gráfico 1.0 – Simulação da variação da pressão arterial, antes e após aplicação

intravenosa de solução de adrenalina (2 ug/ Kg), histamina (20 ug/ Kg ) e

prometazina (2 mL), nessa ordem em Canis familiaris. Teresina-PI, 2011.

LEGENDA: (A) CONTROLE; (B) TESTE DE REATIVIDADE DO ANIMAL (ADRENALINA 2ug/Kg); (C) INJEÇÃO

INTRAVENOSA DE HISTAMINA A 20 g/kg; (D) INJEÇÃO INTRAVENOSA DE ADRENALINA A 2 ug/kg; (E)

INJEÇÃO INTRAVENOSA DE HISTAMINA A 20 ug/Kg; (F) INJEÇÃO INTRAVENOSA DE FENERGAN (1

AMPOLA); (G) INJEÇÃO INTRAVENOSA DE ADRENALINA A 2 ug/Kg.

FONTE: LABORATÓRIO DE FARMACOLOGIA DA UFPI, ALUNOS DE FARMÁCIA – 20101.1

Page 6: Relatorio Histamina

DISCUSSÃO

“Quando injetada por via intradérmica, a histamina desencadeia um

fenômeno característico conhecido com “resposta tripla”. Esta resposta é constituída

de (1) um ponto avermelhado localizado, que se estende por alguns milímetros a

partir do local da injeção, que aparece dentro de poucos segundos e atinge um

máximo em cerca de 1 min; (2) um rubor vermelho mais intenso, ou “eritema”, que

se estende cerca de 1 cm ou mais além da mancha vermelha original e desenvolve-

se mais lentamente; e (3) uma pápula que é visível dentro de 1-2 min e que ocupa a

mesma área da pequena mancha vermelha original no local de injeção. A mancha

vermelhada resulta do efeito vasodilatador direto da histamina , o rubor é devido a

estimulação induzida pela histamina de reflexos axônicos que indiretamente

provocam vasodilatação; e a pápula reflete a capacidade da histamina de aumentar

a permeabilidade capilar.” (GILMAN, 1996). “A Histamina endógena desempenha

um papel modulador em uma variedade de respostas inflamatórias e imunes. Após a

lesão tecidual, a histamina liberada causa vasodilatação local e extravasamento de

plasma contendo mediadores da inflamação aguda e anticorpos”. (KATZUNG,

2010). De acordo com a Tabela 1.0, ao se escarificar a pele de Homo sapiens em

presença de histamina na área lesada, observou-se esta série de transformações

que bem caracterizam a Tríplice Reação de Lewis. “Dessa forma na tríplice reação

de Lewis temos três zonas bem caracterizadas. A primeira deve-se ao efeito

vasodilatador direto da histamina sobre os vasos de pequeno calibre; a segunda é

conseqüência dos reflexos axonais induzidos pela histamina, que causam

vasodilatação por via indireta; e a terceira resulta do aumento da permeabilidade

vascular induzido pela histamina” (SILVA, 1994).

“A microcirculação próxima ao local que sofreu injúria tecidual

apresentará mudanças tanto no calibre dos vasos, como no fluxo sanguíneo local.

Há uma vasoconstricção inicial e fugaz, seguida de uma vasodilatação e de um

aumento da permeabilidade vascular (principalmente venular). Ocorre abertura dos

esfíncteres pré-capilares e a densidade sanguínea local aumenta, ocasionando o

rubor ou vermelhidão” (SILVA, 1994). Essa atividade pode ser bem exemplificada

pelo ponto vermelho localizado, bem delineado e irritativo, decorrente da própria

Page 7: Relatorio Histamina

escarificação da pele, que pôde ser observado inicialmente no experimento, que foi

precedido de uma linha esbranquiçada representativa da isquemia primária e fugaz,

conforme os resultados apresentados na Tabela 1.0.

“O rubor intenso se deve à estimulação induzida pela histamina dos

reflexos axonais antidrômicos que causam indiretamente vasodilatação. Estes arcos

reflexos são incompletos. O estímulo atinge o vaso sanguíneo por uma fibra

sensitiva, sem antes esta passar pelo neurônio do gânglio sensitivo, dando como

resposta a vasodilatação” (SILVA, 1994). Em GILMAN, 1996 é dito que a

vasodilatação que ocorre após pequenas doses de histamina é causada pela

ativação dos receptores H1 e é mediada principalmente pela liberação de óxido

nítrico do endotélio. Essa característica secundária da Tríplice reação de Lewis,

também foi bem caracterizada durante o experimento, representado pelo rubor

intenso localizado e posteriormente extendido as áreas próximas a escarificação,

conforme descrito na Tabela 1.0.

Ainda em GILMAN, 1996, é dito que o edema resulta da ação da amina

sobre os receptores H1 nos vasos da microcirculação e está associado à separação

das células endoteliais, resultante da contração de actina e miosina intracelular, que

permite a transdução de líquidos e moléculas para o tecido perivascular. “A pápula

reflete a capacidade da histamina de causar edema. Primeiro, há saída de íons e

pequenas moléculas (H2O), seguida de moléculas maiores (albumina, fibrinogênio)

e, dependendo de intensidade e duração do estímulo inflamatório, podem sair até

elementos figurados do sangue, como os leucócitos. Isto é facilitado pelo aumento

relativo da concentração de eritrócitos nos capilares, devido ao extravasamento

inicial de plasma e ainda pela inversão na posição dos leucócitos em relação às

hemácias na luz vascular (normalmente, os leucócitos ocupam a parte central da

coluna líquida e as hemácias, o compartimento lateral)” (SILVA, 1994). Esse efeito

também pôde ser bem exemplificado durante o procedimento experimental,

conforme listado na Tabela 1.0, onde houve a formação de um edema inicialmente

localizado (pápula) seguido de expansão as proximidades da escarificação.

“Esse efeito clássico da histamina sobre os pequenos vasos resulta da

passagem de proteína plasmática e líquido para os espaços extracelulares, em

aumento no fluxo de linfa e seu conteúdo de proteínas e na formação de edema. Os

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receptores H1 são claramente importantes nessa resposta, e não se sabe ao certo

se os receptores H2 também participam nesse processo. O aumento da

permeabilidade resulta sobretudo, das ações da histamina sobre as vênulas pós-

capilares, nas quais a histamina provoca contrações das células endoteliais e sua

separação nos seus limites, expondo, assim, a membrana basal, que é livremente

permeável à proteína e ao líquido do plasma. Os espaços entre as células

endoteliais também podem permitir a passagem de células circulantes que são

recrutadas para os tecidos durante a resposta dos mastócitos. O recrutamento dos

leucócitos circulantes é promovido pela supra-regulação de adesão dos leucócitos

mediada pelos receptores H1. Esse processo envolve a expressão induzida pela

histamina da molécula de adesão P-selectina nas células endoteliais”. (GILMAN,

1996)

Cada efeito provocado pela Histamina e seus antagonistas sobre a

pressão arterial e freqüência cardíaca em Canis familiaris, constam ilustrados na

Tabela 2.0.

Efetuou-se a injeção de adrenalina (2 g/kg) em Canis familiares para

que fosse feito o teste de reatividade do animal. Observou-se, então, um aumento

da frequência cardíaca e da pressão arterial (TABELA 1.0, GRÁFICO 1.0). A

frequência cardíaca aumentou em decorrência da atuação da adrenalina sobre os

receptores 1 do coração. Ao ativar estes receptores a adrenalina promove um

aumento do automatismo, a excitabilidade, a condução e a contratilidade do

coração. Como consequência observa-se um aumento pronunciado da freqüência

cardíaca e do débito cardíaco. O aumento da pressão ocorreu basicamente por

atuação da adrenalina sobre os receptores 1 dos vasos cutâneos, mesentéricos e

renais, promovendo vasoconstrição dos mesmos, o que resulta em aumento da

resistência periférica total. Desta forma, com aumento do débito cardíaco e da

resistência periférica total, há aumento da pressão arterial, conforme SILVA, 1994 .

“Se a histamina for administrada por via IV, os efeitos cardíacos diretos

não são proeminentes, sendo encoberto pelos reflexos barorreceptores

desencadeados pela queda da pressão arterial.” (GILMAN, 1996). Logo após, na

aplicação de Histamina obteve-se uma diminuição tanto da pressão arterial quanto

da freqüência cardíaca. A queda de tais parâmetros pode ser explicada pelo efeito

Page 9: Relatorio Histamina

vasodilatador da histamina, que de acordo com GILMAN, 1996, implica tanto os

receptores H1 quanto os H2 distribuídos pelos vasos de resistência da maioria dos

leitos vasculares; os receptores H1 são os que exibem maior afinidade pela

histamina, mediando uma resposta dilatadora que é relativamente rápida no seu

início e de curta duração. Em contraste, a ativação dos receptores H2 provoca

dilatação que se desenvolve mais lentamente e é mais duradoura. Os receptores H2

localizam-se nas células musculares lisas vasculares e os efeitos vasodilatadores

produzidos pela sua estimulação são mediados pelo AMP cíclico. Os receptores H1

são encontrados nas células endoteliais, e sua estimulação leva a formação de

substâncias vasodilatadoras locais.

KATZUNG, 2010 cita que os efeitos da Histamina no organismo podem

ser reduzidos através de um antagonismo fisiológico com a Epinefrina, que possui

ações sobre o músculo liso opostas às da Histamina, porém pode atuar em

receptores diferentes. Essas ações são resultantes da ativação dos receptores α-

adrenérgicos. Com outra aplicação de adrenalina esperava-se um aumento da P.A e

na F.C., mas por motivos não bem estabelecidos relacionados ao organismo do cão,

a qualidade da substância utilizada e a problemas na aferição do aparelho de

registro de pressão arterial, esse por sua vez, devido a demora na preparação do

animal para sua canulação que promoveu coagulação dentro do sistema da

aparelhagem, não foi possível verificar as alterações esperadas dos valores de P.A

e F.C., conforme Tabela 1.0.

“A histamina administrada em altas doses ou liberada durante a

anafilaxia sistêmica provoca uma queda profunda e progressiva na pressão arterial.

À medida que os pequenos vasos sanguíneos se dilatam, grandes volumes de

sangue são retidos, e conforme sua permeabilidade aumenta, o plasma escapa da

circulação. À semelhança do choque cirúrgico ou traumático, esses efeitos diminuem

o volume sanguíneo efetivo, reduzem o retorno venoso e diminuem acentuadamente

o débito cardíaco” (GILMAN, 1996). Na injeção seguinte de Histamina, era esperada

a redução da pressão arterial, decorrente do choque histamínico, conforme o Gráfico

1.0. Seria observado os mesmos fenômenos ocorridos na primeira administração

desta droga, ou seja, queda da pressão arterial e da freqüência cardíaca (TABELA

1.0, GRÁFICO 1.0). As razões de tais acontecimentos são as mesmas já

mencionadas anteriormente. “A vasodilatação envolve tanto os receptores H1 quanto

os H2 distribuídos pelos vasos de resistência na maior parte dos leitos vasculares.

Page 10: Relatorio Histamina

Dessa forma a histamina diminui a resistência periférica total, diminuindo a pressão.

Em altas doses, a histamina tem ações diretas sobre o coração que afetam tanto a

contratilidade quanto os eventos elétricos. Aumenta a força de contração tanto do

músculo atrial quanto do ventricular, promovendo influxo de Ca2+, e acelera a

freqüência cardíaca, apressando a despolarização diastólica do nódulo SA”

(GILMAN, 1996).

Logo após uma queda muito acentuada da pressão arterial, seria

administrado Fenergan (Prometazina), e esperava-se uma elevação da P.A e queda

na F.C., conforme Gráfico 1.0. O Fenergan (prometazina) é um antagonista dos

receptores H1 pertencente ao subgrupo da fenotiazina, ele bloqueia as ações da

Histamina por antagonismo competitivo reversível. A elevação da P.A. é facilmente

explicada pelo bloqueio do acesso da Histamina aos receptores H1 responsáveis

pela ação vasodilatadora que provocou a queda na P.A. observada na administração

do autacóide em estudo, é importante citar que o reflexo barorreceptor

compensatório também auxilia no aumento da P.A. Ao contrário da adrenalina, que

exerce antagonismo fisiológico com a histamina, a prometazina é uma droga que

exerce antagonismo farmacológico com este fármaco. “O mecanismo pelo qual os

anti-histamínicos interferem com os efeitos da histamina parece ser, em sua maior

parte, o de competição com a histamina, pelos seus receptores específicos. As

drogas anti-histamínicas agem simplesmente por ocuparem os receptores da

histamina sem ativá-los, e assim impedem que a histamina ocupe e ative os seus

receptores” (SILVA, 1994). Dessa forma ao impedir a interação histamina-receptor o

fenergan vai desencadear efeitos contrários aos comumente promovidos pela

histamina, ou seja, aumento da pressão e da freqüência. Entretanto, a recuperação

do choque histamínico não é total porque o fenergan atua apenas nos receptores H1

e, como já se sabe, a vasodilatação promovida pela histamina se dá por atuação

desta nos dois tipos de receptores (H1 e H2), além do fato de que o efeito da

prometazina se dá mais lentamente devido a forma de antagonismo, onde o

antagonismo fisiológico é feito em receptores diferentes daquele do agonista,

ocasionando efeitos contrários, enquanto que no antagonismo farmacológico, é

necessário a competição entre agonista e antagonista, ou seja, o antagonista

necessita deslocar o agonista natural de seu receptor para promover o mesmo efeito

do antagonista fisiológica, decorrendo para isso, mais tempo. É por essa

característica que em situações de urgência e emergência, como no choque

Page 11: Relatorio Histamina

histamínico é de preferencia o uso de antagonistas fisiológicos, como a adrenalina, e

para o tratamento de manutenção, utiliza-se um antagonista farmacológico, caso da

prometazina. “Os efeitos dessas doses maiores de histamina somente são

completamente bloqueados pela combinação de antagonistas H1 e H2” (SILVA,

1994).

A última dose de adrenalina seria usada para o reestabelecimento da P.A.

e F.C. da cobaia, já que a prometazina teria um efeito muito demorado, conforme

Gráfico 1.0, para evitar a morte da cobaia.

Page 12: Relatorio Histamina

CONCLUSÃO

Após os experimentos realizados em Homo sapiens e em Canis familiaris,

conclui-se que a histamina possui uma grande ação vasodilatadora, bem como no

aumento da permeabilidade vascular, via receptores H1 e H2, vistas na Tríplice

Reação de Lewis. A potente atividade hipotensora da histamina administrada em

altas doses foi evidente, a sua ação tanto sobre os receptores H1 como H2 dos vasos

sanguíneos resultou no choque histamínico. Verificou-se que o uso de anti-

histamínicos H1 e de epinefrina reverte o quadro de choque provocado por histamina

e que um antagonista fisiológico seria mais eficaz em casos de emergência do que

um antagonista farmacológico.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GILMAN, A., GOODMAN, L. S. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 9 ed.

Rio de Janeiro: McGraw Hill, 1996.

KATZUNG, B. G. Farmacologia Básica e Clínica. 10 ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2010.

SILVA, P. Farmacologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994.