Relatório Marinha

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

Relatrio de geologia marinha Levantamento Planialtimtrico e Levantamento Hidrodinmico

Aluno: Paulo Ivisson B. teixeira Orientadora: Helenice Vital

Natal, Maio de 2011

INTRODUO

O conhecimento dos processos que predominam no ambiente de transio, especificamente a praia, importante para podermos entender como essa se comporta durante todo o ano e como essa pode reagir a eventos de desastres ambientais (derramamentos de leo, produtos qumicos e at mesmo processos climticos mais intensos), e dessa forma saber como reagir a alguns desses para evitar e conter alguns dos problemas que poderiam ser gerados. Nesse trabalho sero abordadas algumas das formas de se estudar esse ambiente de transio, em especfico o levantamento hidrodinmico caracterizado pelas correntes, ondas e ventos. Alm do levantamento planialtimtrico que fica caracterizado pela morfologia da praia. Esse trabalho foi realizado na praia de Ponta Negra na cidade de Natal-RN. O intuito principal do trabalho era a demonstrao das tcnicas mais utilizadas para se obter esses dados e comparar o resultado obtido com outras tcnicas que poderiam ser empregadas. Com a orientao do Mestrando Gustavo Rodrigues da Rocha e com o auxilio dos tcnicos do laboratrio do GGEMMA, foram coletados os dados na Praia de Ponta Negra.

A metodologia utilizada pode ser dividida em dois grupos, o grupo do levantamento hidrodinmico e outro grupo contendo o levantamento planialtimtrico. importante explicar que os dados foram medidos em um nico dia, no concretizando um trabalho de acompanhamento peridico dos dados. 1- Grupo do Levantamento Hidrodinmico: Esse grupo teve seus dados coletados por mtodos tradicionais, como perodo, altura e ngulo de incidncia das ondas, direo e velocidade da corrente, direo e velocidade do vento e o ngulo de inclinao da zona de estirncio. 1.1Caractersticas das Ondas (Foi utilizado o mtodo de Muehe, 1996)

1.1.1- Perodo da onda: a partir de um ponto fixo no horizonte, foi medido o momento do pice da onda (momento antes da dissipao da sua energia), com o auxilio de um cronmetro, foram medidos o tempo total do pice de onze cristas, dividindo o resultado por dez, depois de medido doze, descarta-se o maior e o menor valor, realiza-se nova mdia, essa ser a mdia do perodo de formao de dez ondas consecutivas. 1.1.2- Altura da onda: com o auxilio de uma rgua de alumnio de 1,5 metros que era graduada em centmetros. uma tcnica de medio visual da altura da onda, onde a rgua colocada no ponto de mximo recuo da zona de espraiamento das ondas, deitado o observador vai ter a rgua em primeiro plano e a linha dgua em segundo plano. Sero medidas doze ondas quando estas estiverem na sua altura mxima (antes da quebra). So feitas doze medidas, descartando-se a maior e o menor valor e fazendo a mdia aritmtica dos dez valores.

Foto 1.1 Metodologia para medio da altura da onda.

1.1.3- ngulo de incidncia predominante: essa etapa apesar de no ter sido executada durante a atividade de campo por falta da bssola pode ser sintetizada da seguinte maneira. Com uma bssola mede-se o azimute da linha de costa e o azimute da onda, subtraindo um do outro, voc tem o ngulo que as ondas incidem na linha de costa.

1.2-

Correntes

1.2.1- A direo das correntes no foi medida de forma plena, utilizando uma bssola, pela falta da mesma. O mtodo funciona utilizando uma bssola e a partir da direo em que flutuadores que esto na gua e so movimentados na direo das correntes. Esses flutuadores esto aps a zona de surf. 1.2.2- J para medio da velocidade das correntes utilizado o mtodo das balizas. Esse mtodo consiste em balizas que so colocados na rea de ps-praia e sua disposio geogrfica feita da seguinte maneira:Duas balizas so fixadas (ortogonalmente) na areia, perpendicularmente direo da corrente, medida anteriormente, distante dois metros uma da outra, e, da mesma forma, as outras duas balizas so tambm fixadas na areia com a mesma distncia entre elas, distante paralelamente direo da corrente, a dez metros das primeiras. Dispostas desta maneira, o observador, posicionado atrs das balizas, focaliza no flutuador, em linha reta com as duas balizas, para uma melhor orientao. Um flutuador lanado aps a zona de surf e mede-se ento o tempo levado para esse atravessar da primeira baliza at a segunda baliza, obtendo ento o tempo levado para a baliza atravessar dez metros. Essa velocidade ento medida em metros dividida por segundos (m/s) da diviso da distncia de dez metros pelo tempo em segundos.

Foto 1.2 Metodologia para medio da velocidade da corrente.

Foi medido o tempo desse procedimento em trs oportunidades para se obter a mdia. O flutuador utilizado foi uma bola de plstico, sendo que ela alm de sofrer influncia da corrente, sofria a influencia do vento por ser muito leve. Ento utilizamos um coco verde, que no sofria tanta influencia dos ventos e nem das ondas. 1.3- Os ventos so determinados sua direo medida com o auxilio de uma biruta, e depois verificado com a bssola qual a direo. J a velocidade do vento (mxima e mnima) foi medida com um anemmetro da marca MINOX, colocando-o contra a direo medida pela biruta.

2- Grupo do Levantamento Planialtimtrico: Os dados topogrficos foram obtidos utilizando o GPS HiPer Lite+ da marca Topcon. Esse Differential Global Position System (DGPS) tem dupla freqncia, podendo receber os sinais L1 e L2, para assim melhoras a preciso das coordenadas que so medidas. Esses dados podem ser observados em tempo real pelo Real Time Kinematic (RTK), que uma espcie de palmtop. Os dois GPS utilizados foram configurados para trabalhar sendo um a base, operando esttico, montado sobre um trip num local de coordenadas X, Y e Z conhecidas, e o outro, como rover, operando no modo cinemtico conectado a um coletor de dados. Este coletor de dados permite a configurao dos dois receptores GPS em campo, sem a necessidade de uma configurao prvia em computador, e tambm fornece a orientao do caminhamento escolhido, mostrando em mapa a aquisio de pontos em tempo real, na escala escolhida. Os dois GPSs so configurados para se comunicarem via ondas de rdio, de forma que o rover tem os seus valores de X, Y e Z corrigidos pela base. Para utilizar esse DGPS preciso um trip para posicionar a estao Base, essa deve ser colocada em uma situao que favorea a coleta dos dados, evitando estar prximos de barreiras fsicas que provocariam a perda do sinal dos satlites. Essa Base necessita ser nivelada para que sua preciso seja perfeita, alm disso, ela pode ser colocada em cima de algum ponto com coordenada e cota predefinidas. Tendo feito esse passo a passo mede a altura do ponto no cho no qual se est at a altura da marca na base (como mostra a figura 1.3B-C).

1.3-A

1.3-B 1.3-C Foto 1.3 (A- Nivelamento, B-C- Medio da altura da Base)

Feito isso o prximo passo iniciar a base e esperar ela conseguir captar o mximo de satlites possveis, nesse caso foram onze. Quando os sinais dos satlites estiverem estabilizados, conecta o coletor de dados (palmtop) base e configura-o de acordo com a necessidade do trabalho e com os dados como datum e zonas geogrficas alm da altura em que se encontra a base, e a partir desta, interpolar nos dados coletados.

Aps configurar a base necessrio configurar o rover. A configurao praticamente a mesma da base, mudando que nessa por o rover se mover em uma haste de fibra de carbono de 2 metros, esse dado precisa ser colocado na configurao. Finalizando esses processos o equipamento estar pronto para o uso. Resumindo em poucas palavras o cuidado geral para o uso desse equipamento estaria na configurao, principalmente da altura e no manejo dos rover, que por ser acoplado a uma haste de dois metros e esta precisa estar na vertical durante toda a coleta de dados, para evitar erros na coleta de dados. Apesar de esse erro ser comum, mas necessria maior ateno com o intuito de diminu-lo.

Foto 1.4 Rover acoplado na haste sendo carregado.

Apesar de termos desenvolvido toda a coleta de dados do GPS, no chegamos a baixar os dados para o software do programa (TopconLink), que apresentar os dados que coletamos em coordenadas X e Y alm da altura representada pelo Z. J em relao aos dados hidrodinmicos, anotamos os dados que foram retirados durante o desenvolver da atividade de campo. Os dados foram os seguintes: Para medio da velocidade da corrente, foram feitos trs medies do tempo que o flutuador demorava a percorrer a distncia das balizas. 1 Demorou 23,5 segundos. Equivalente 2,35 m/s. 2 Demorou 25,0 segundos. Equivalente 2,50 m/s. 3 Demorou 22,6 segundos. Equivalente 2,26 m/s. Logo a velocidade mdia de 2,37 m/s. A direo dessa corrente pela falta de uma bssola no pode ser preciso, porm utilizando os conhecimentos geogrficos, as correntes por volta das 09h30min da manh estavam na direo Sul - Sudoeste.

O vento foi medido durante um minuto com o auxilio de um anemmetro, s 08h47min da manh e a altitude de 46 metros (medidos pelo prprio aparelho), indicou uma velocidade mxima de 3,3 m/s e a mdia em um minuto foi de 3 m/s. Os perodos das ondas foram medidos 12 vezes: Medio 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 Tempo (segundos) 8.2 8.6 8.0 8.3 7.9 8.4 8.7 7.9 8.1 8.3 8.2 8.5

Tabela 01 medio dos perodos das ondas.

Efetuando a mdia o perodo foi de 8,2 segundos. Isso caracterizando uma freqncia muito pequena de ondas, poucas onda em certo intervalo de tempo, baseado em estudo anterior realizado na mesma rea. Para a medio da altura da onda, foram realizadas 12 medidas tambm. So as seguintes: Medio 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 Altura (centmetros) 20 13 23 15 15 13 19 12,5 17 16 14 18

Descartando a maior e a menor medio, encontramos uma altura mdia de 16 centmetros de altura. Indicando grande capacidade de eroso e transporte de sedimentos.

CONCLUSO

A anlise dos dados coletados j nos d uma idia de como os ventos e a correntes se comportam em uma determinada poca do ano, sendo que esses dados seriam muito mais representativos se estivessem correlacionados com dados de outros perodos do ano, promovendo assim um acompanhamento da morfodinmica da rea. Estudos como esse muito importante para melhor entendimento das mudanas que acontecem nessas reas, estas influenciam diretamente nosso cotidiano, seja com a deposio ou eroso dos sedimentos costeiros, como at mesmo anlise de como a mar se comporta ao longo do ano. Mesmo que esse estudo mude de rea para rea, a compreenso de como se obter os dados necessrios para se fazer um acompanhamento desse gnero facilitar muito o nosso entendimento sobre a dinmica costeira, sabendo correlacionar dados planialtimtricos e hidrodinmicos deposio e eroso de sedimentos no ambiente de transio. Isso importante para poder identificar impactos ambientais que as obras realizadas pelo homem possam causar ao ambiente natural ou at mesmo a ele. Sendo assim, a maior quantidade de informaes que possamos ter sobre o ambiente de transio sendo essas informaes derivadas de um estudo contnuo quantas informaes sobre todos os processos envolvidos, maior ser nossa capacidade de prever e prevenir impactos ambientais negativos que possam acontecer.

REFERNCIAS

MOURA, A. C. A. 2009. Monitoramento da Morfodinmica e Processos Costeiros da Praia de Ponta Negra, Natal RN. RELATRIO DE GRADUAO. Departamento de Geologia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

BAPTISTA NETO, J. A.; PONZI, V. R. A. & SICHEL, S. E. (orgs.). 2004. Introduo Geologia Marinha. Ed. Intercincia, Rio de janeiro, Cap. 08.