Escola Secundária Manuel Cargaleiro _________________________________________ Relatório de Filosofia 1

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NNoommee:: Andreia Carina dos Santos Nunes AAnnoo:: 10º TTuurrmmaa:: B NN..º 7

A sociedade estabelece um conjunto de normas de conduta e códigos

comportamentais que visam fixar e institucionalizar valores, de modo a que exista

respeito e uma melhor convivência entre as pessoas, uma vez que nós não vivemos

regidos pela lei da selva. Essas normas de conduta e códigos comportamentais podem

ser morais ou éticos. Sendo assim, aqueles comportamentos/condutas que variam de

lugar para lugar e de época para época, consoante os costumes, as tradições e as

culturas, encontram-se no domínio da moral. Um exemplo de que os valores das

pessoas variam de lugar para lugar é o caso dos índios de uma tribo da Amazónia,

cujo costume é andar nu e, por isso, é completamente normal, sendo, portanto um

comportamento que nada tem de imoral. Contudo, se um turista português fosse à

Amazónia e se deparasse com a tal tribo indígena iria ficar constrangido com a

situação, pois tem uma “teoria dos valores” que o levariam a considerar os

comportamentos dos índios imorais, já que em Portugal não é permitido andar nu

na rua. Um exemplo da variação da moral com o tempo é o caso do comprimento

das saias que foi sofrendo uma evolução ao longo do tempo, pois, no século XV,

seria impensável alguma rapariga mostrar os tornozelos, enquanto que hoje em dia é

perfeitamente normal andar de mini-saia, pois não é um comportamento imoral.

Para além dos comportamentos do domínio da Moral, existem outros que

pertencem à área da Ética que são aqueles que estão relacionados com a forma com

tratamos os seres humanos, isto é, se os tratamos com dignidade e respeito, logo

como pessoas ou, caso contrário, se os tratamos sem dignidade, ou seja, como

coisas, não variando este conceito nem com o tempo nem com espaço. Para além

desta distinção entre comportamentos morais e éticos é possível dividir um

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comportamento moral/ético em absoluto ou relativo. Aqueles valores que são

universais, ou seja, que se aplicam a todos, não variando nem com o espaço nem

com o tempo, não dependendo de nada, pois são incondicionados, são

denominados valores absolutos, enquanto que aqueles valores que dependem do

ponto de vista e que variam consoante as condições são valores relativos.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem é um dos códigos

comportamentais mais importantes dos nossos tempos, uma vez que enuncia os

direitos fundamentais dos seres humanos, independentemente da raça, da cor, do

sexo, da idade, da crença religiosa, etc. É considerada absoluta, pois não varia nem

com o espaço nem com o tempo, é incondicionada e não está sujeita às

conveniências das pessoas, ou seja, se alguém a desrespeitar está a ir contra uma lei

universal que não pode ser contornada nem admitir excepções, senão tratar-se-ia de

um caso de relativismo moral.

Apesar de todos nós termos a perfeita noção dos limites do bem e do mal, do

certo e do errado, actualmente vivemos numa época de relativismo moral, isto é,

vivemos numa época em que se julgam os comportamentos e valores sem qualquer

referência aos padrões absolutos, existindo uma grande flexibilidade e tolerância, pois

temos uma noção elástica de tudo, ou seja, temos dificuldade em encontrar os

limites do certo e do errado, do bem e do mal, pelo que não vemos mal em nada e,

assim sendo, vamos fazendo concessões e abrindo excepções a algo negativo. Vamos

fechando os olhos e, a uma determinada altura, acabamos por fechá-los a tudo,

deixando então de conhecer as fronteiras, quaisquer que elas fossem, entre o bem e

mal, o certo e o errado.

No caso da circuncisão feminina, penso que as pessoas que têm

conhecimento do seus direitos fundamentais, que são absolutos, vão possuir uma

“teoria dos valores” que lhes vai levar a considerar esta prática completamente

repugnante, pois viola os Direitos Humanos mais básicos, já que se trata de uma

mutilação horrorosa que visa a tortura das pessoas, podendo mesmo levá-las à

morte. Caso eu achasse que esta pessoas têm DIREITO a não serem mutiladas, então,

nesse caso, não existiria espaço para o relativo, ou seja, não existiria espaço para

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compreender a sua posição perante tal atitude, nem espaço para argumentar que se

trata de uma tradição, ou seja, não se pode relativizar uma situação onde se violam

valores absolutos, como é o caso da violação dos Direitos Humanos. Contudo, é de

notar, que esta prática, aos nossos olhos, só nos parece completamente desprezível

devido à “teoria de valores” que nos foi incutida pela nossa cultura e sociedade,

através da socialização, pois quando nascemos nós ainda não possuímos as nossas

capacidades desenvolvidas, pelo que, quando nos relacionamos com outras pessoas,

vamos adquirindo hábitos, crenças, tradições e valores que vão moldando a nossa

personalidade, o mesmo se passa com essas pessoas. Desta forma existe uma grande

variedade de culturas, o que torna difícil que todas elas sejam regidas pelas mesmas

leis e normas, visto que uns consideram que essas leis são boas e se deveriam estender

a todos, enquanto que existem outros, como é o caso dos praticantes da circuncisão

feminina, que têm uma “teoria dos valores” diferente e que consideram que essas leis

não se ajustam a eles. Esta diferença de opinião que leva cada uma das etnias

(conjunto de pessoas que tem em comum entre si os mesmos hábitos culturais, os

mesmos costumes e tradições, as mesmas crenças, etc.) a considerar que os seus

hábitos e a sua cultura são melhores que a dos outros e que, como tal, deveriam

tornar-se o modelo das outras dá-se o nome de etnocentrismo. Então, quando

queremos impor a nossa forma de vida a outras culturas, como é o caso da proibição

de mutilações como a circuncisão feminina e a atribuição de direitos iguais para as

mulheres, essas culturas podem acusar-nos de etnocentricos, defendendo que

estamos a ir contra os seus hábitos, que estamos a tentar subjugar a sua cultura,

argumentando que podíamos optar por uma outra via em que exista tolerância

perante os hábitos culturais dos outros povos, mesmo que sejam diferentes dos

nossos – relativismo cultural.

Apesar de os valores absolutos serem incontornáveis e absolutos,

independentemente do etnocentrismo e do relativismo moral, existem situações em

que é difícil optar pelos valores absolutos, pelo que, por vezes, relativizamos a

situação e os valores, justificando-nos das mais variadas formas, ansiando por uma

excepção, por exemplo: eu tenho uma filha que está a precisar urgentemente de um

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transplante de medula só que não tenho dinheiro para o fazer, então decido

sequestrar um parente próximo de uma família milionária, exigindo um resgate que

me possibilite pagar o transplante. Nesse caso deverei optar por não fazer nada para

salvar a minha filha e deixá-la morrer, apenas para cumprir os valores absolutos?

Outro caso é a captura de um terrorista que colocou uma bomba nos EUA, só que

ninguém sabe onde está a bomba precisamente. Nesse caso deveriam os captores

torturá-lo até que ele lhes dê a localização exacta da bomba possibilitando o

salvamento de milhares de pessoas, ou pelo contrário, deveriam cumprir os valores

absolutos e não torturá-lo, condenando à morte milhares de pessoas inocentes?