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7/22/2019 Aula 03 a Distincao Entre Etica Moral Direito e Justica
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A distino entre tica,
Moral, Direito e Justia.
Prof. Resivan Silva
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Embora sejam conceitos distintos; tica, Moral, Direito e Justia; oferecem concepesestreitamente relacionadas, influenciando-se mutuamente.No entanto, o entendimento destas relaes carece de clareza para com suas diferenasbsicas.
A tica e o Direito pretendem garantir a Justia; apesar da Moral, em alguns contextostambm alardear este principio, a despeito de sua relao com o que considerado
justo ser muito relativa, quase nunca atendendo o referenciado pelo conceito.
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O que configura um grande problema, porque o Direito deveria garantir a Justia, mas fortemente influenciado pela Moral estabelecida.
Igualmente, racionalizando e tentando padronizar o comportamento humano, a ticapretende efetuar uma critica da Moral e, em certos casos, avana no campo do Direito.
Porm, quase nunca garante que a Justia se concretize, j que no tem poder de
coero, somente de coero relativa.
Portanto, qualquer que seja o referencial, aquesto inicial e central remete ao queentendemos por Justia.
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O conceito de Justia.
Definir o que justo no uma tarefa fcil, vrios filsofos e juristas j discutiram o temaao longo da histria, sem chegar a um consenso.
At hoje, cotidianamente, magistrados se deparam com a problemtica, em muitoscasos, tomando decises que no correspondem necessariamente ao correto em termosticos ou morais.
O que acontece porque o conceito de Justia pretende ser pautado pelo Direito, nemsempre vinculado com a Moral e, menos ainda, com a tica.
Em qualquer caso, para que a Justia seja efetivada, para que o justo possa ser garantido,
necessrio entender a concepo em sentido amplo e suas ramificaes, respondendoa pergunta: afinal o que a Justia?
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A Justia pode ser definida como a equidade, o equilbrio de condies entre as
pessoas; mas tambm a garantia de participao na distribuio do poder entre osindivduos. O que remete a origem de sua concepo nos primrdios da humanidade es primeiras civilizaes.
A palavra Justia deriva do snscrito yh, correspondendo ideia religiosa de salvao;a partir de onde vem o radical, no mesmo idioma, ju (yu), significando ligar, evocar a
proteo divina.
Uma concepo em concordncia com a subjetividade inicial da Justia, pois osprimeiros agrupamentos humanos tiveram um vis igualitrio entre seus membros,sem, no entanto, deixar de possuir uma hierarquia interna, comportando um paradoxoexistencial.
A mxima do senso comum - alguns so mais iguais que outros - sempre existiudesde os primrdios da humanidade, j que a Justia sempre foi relativizada,circunscrita vontade dos deuses e seu teor metafsico, no concreto ou palpvel.
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Razo que explica o fato da Justia no ser pautada por normas escritas, mesmo quandoexistente, entre vrios povos da antiguidade; sendo relativizada, aderente a Moral vigentee aos interesses das elites dirigentes.
Problema que, em dados momentos, causou a revolta da populao atingidadesfavoravelmente pela flexibilizao da Justia, cunhando o que, depois, seria chamadode Direito.
neste sentido que, entre os romanos, surgiu a Lex, a norma, a regra claramentedefinida, que deveria servir de padro para as decises que visam a Justia.
A prpria origem da palavra regra simboliza o que a lei passa a representar; o termo vem
do latim reg, determinando a ideia de comando; de onde nasceu expresso regula; o fezderivar as palavras regra e rgua, transmitindo a acepo de direo, referencial para ocomportamento.
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Portanto, a Justia , antes de tudo, garantia da possibilidade de convivncia entre
desiguais, tentando equiparar e padronizar respostas a problemas que se apresentam,forosamente, na vida em sociedade.
Entretanto, repleto de contradies, tornou-se necessrio pautar parmetros para balizaro julgamento do justo e injusto, raiz da tica, da Moral e do Direito.
O que suscita perguntar pela questo da felicidade.
fato que a Justia deveria estar atrelada a felicidade, o problema que o Direito noest preocupado em este elemento em mbito geral ou individual.
Muito menos a Moral est preocupada com a felicidade, embora tenha uma falsa
aparncia de preocupao com a harmonia coletiva.
Portanto, cabe investigar o conceito de Direito e sua relao, no s com a Justia, comotambm com a Moral e a tica.
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O conceito de Direito.
Ao pensar no Direito, um jurista definiria o termo como expresso do conjuntosistematizado de regras obrigatrias, de normas, de leis, de comandos, quedeterminam e padronizam comportamentos.
O Direito uma Cincia interpretativa da lei, mas tambm normativa, impondo
prticas e atos, inserindo-se no contexto perpetuo da heteronomia, sem espao algumpara a autonomia do sujeito.
Uma vez que o decidir fica circunscrito apenasao magistrado, ou quando muito a um
pequeno grupo de pessoas que, teoricamente,representariam o conjunto da sociedade, ochamado jri popular.
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por isto que, do ponto de vista sociolgico, o Direito, como apreciao do fato ou
fenmeno social, est subordinado a Moral, a imposio de parmetros nem sempreracionalizados; vinculados com pressupostos de senso comum, mticos, religiosos,polticos, etc.
Em suma, o Direito pretende ser Cincia, mas termina subordinado a critriossubjetivos, distantes da razo.
Tendo como objeto a Justia, pretende sistematizar o comportamento humano,fornecendo equidade entre os indivduos, equilibrando a participao da distribuio dopoder, em vista da desigualdade entre as pessoas, principalmente sob a tica do sistemacapitalista.
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Ocorre que, pertencendo ao Estado, no se isenta da influencia ideolgica dos gruposhegemnicos; no atendendo sequer a meta de trazer felicidade coletiva, sob adesculpa de harmonizar os conflitos de interesses entre os indivduos.
No Brasil, o Direito segue a tradio romana, implicando no fato de imputar aoindividuo a responsabilidade pela busca da felicidade.
Na Roma antiga, quando algum considerava que seu direito no estava sendorespeitado, tinha a incumbncia de ele arrastar o infrator, por seus prprios meios, at oFrum e apresentar o caso ao magistrado para aguardar a sentena.
O que fazia com que os cidados mais poderosos, com maior nmero de clientes -
agregados sustentados por ele - detivesse em mos a justia, a capacidade de fazervaler a lei.
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Concepo, dentro do capitalismo, transferida para o poder monetrio que capaz de
pagar os melhores advogados, peritos, detetives particulares, enfim, o suporte paraprovar a verossimilhana que sustenta a verdade.
O Direito coercitivo, pune o infrator da norma estabelecida, porm, a lei no serve aocritrio da felicidade tica, atendendo os interesses dos mesmos indivduos que possuemrecursos para fazer cumpri-la, em detrimento do que seria considerado justo pelo prisma
tico.
Destarte, o Direito atende tambm aquilo que imposto pela Moral, complementando assanes que utilizam a coao, para coercitivamente obrigar o individuo a seguir a norma;colocando-se com centro do Pacto Social que permite a vida em sociedade.
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Por isto mesmo, a Moral, conforme se modifica, altera a legislao e a interpretao
das leis.
A questo que, hoje, a Moral formada principalmente atravs dos meios decomunicao, que alteram e fixam mentalidades coletivas, transformando os hbitosde senso comum e compondo novas tradies.
Uma tarefa que, em um passado no to distante, j foi da religio e do sistemaeducacional.
No que estes tenham deixado de exercer influncia, inclusive utilizando os meios decomunicao, mas na sociedade contempornea perderam fora para as mdias quese multiplicam e popularizam.
Assim, os indivduos que controlam os meios de comunicao acabam pautando,gradualmente, a Moral; exercendo direta e indiretamente influencia sobre o Direito,manipulado em favor dos interesses dos grupos hegemnicos.
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Portanto, ser que o Direito de fato garante a Justia?Ser que propicia a efetivao do que justo?
Qualquer que seja a resposta, no garante a felicidade tica sob nenhum ngulo. neste sentido que, filosoficamente, o Direito expresso normativa do moralmenteinstitudo, seguindo a tradio romana e vinculando-se com o positivismo.
Tanto que, enquanto Cincia Humana, o Direito Positivista, circunscrito ao poder dacoero que resulta da fora das leis, dos costumes institucionalizados.
Opondo-se ao Direito Natural, aquele que considerado como resultante da naturezados homens e suas relaes, considerando as necessidades coletivas e individuais,
independente das convenes morais ou interpretaes do Direito Positivo.
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Estando mais vinculado com a tica do que com outras esferas.
Apesar do vinculo estreito entre Moral e Direito, devemos notar que so conceitosdistintos.
A prpria origem da palavra denota que o Direito - aquilo que no torto, legitimo e
reto - pretende determinar objetivamente o que certo, teoricamente, objetivando aobservncia dos valores de convivncia para harmonizar a sociedade.
A Moral encontra grande proximidade com este conceito, porque tambm pretendeharmonizar, mas utiliza a coao para impor comportamentos padronizados, a puniono passa de desaprovao e isolamento social; enquanto a norma, por no ser escrita,
mais elstica.
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A tica apresenta-se diante das duas concepes como possibilidade de repensarposturas.
Deveria servir de parmetro para ajudar alcanar a justia e, assim, a felicidade.
No entanto, em uma sociedade que no sabe o que tica e no cultiva seuspressupostos bsicos: ser que consegue faz-lo?
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Concluindo
Os juristas afirmam que o Direito norma, forma, fato e costume; pretendendo fixa-lacomo garantia de Justia.
Porm, a amplitude conceitual do que pode ser considerado justo no atendidaplenamente pelo Direito.
A coero exercida pela fora das leis garante a observncia do que, supostamente, convencionado pelo Pacto Social, em uma tentativa de harmonizar a sociedade e a vidacoletiva.
A Moral utiliza a coao para, atravs da simples expectativa de punio social, fazer as
pessoas se encaixarem em um padro de comportamento pblico, no considerando ojusto ou a busca da felicidade.
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J o Direito, embora tambm no considere a meta individual ou coletiva de busca da
felicidade, ao menos tenta efetivar a Justia.
Entretanto, para concretizar esta inteno, carece da tica como instrumental.
O problema a influencia enorme exercida pela Moral, com a tica sendo colocada emsegundo plano ou simplesmente ignorada.
O real conceito de Justia, fator de equilbrio que une coesamente a sociedade e osindivduos, est mais prximo da tica do que do Direito, distanciando-se da Moral.
Portanto, para que decises e posturas justas sejam possveis, antes necessrio terclaro os preceitos e a reflexo tica.
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Bibliografia
Prof. Dr. Fbio Pestana Ramos.Doutor em Histria Social pela USP.MBA em Gesto de Pessoas.Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Universidade de So Paulo.