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REAÇÕES GERAIS DOS AMINOÁCIDOS A) Formação de sais com ácidos e bases devido a natureza de íon dipolar dos aminoácidos A glicina é o mais simples dos aminoácidos, constituído por apenas um grupo amina e um grupo carboxila ligados ao átomo de carbono. É o principal neurotransmissor de inibição do tronco cerebral e medula espinhal. Também pode exibir comportamento excitatório: ao se ligar ao receptor NDMA, a glicina aumenta a sensibilidade do mesmo ao glutamato. A glicina, diferentemente dos outros neurotransmissores aminoácidos, não é sintetizada no organismo, sendo obtida a partir da dieta. 1 Quando liberada na sinapse, ela se liga a um receptor que torna canais da membrana pós sináptica mais permeáveis ao Cl-. Na medula espinhal, a glicina é liberada por interneurônios inibitórios chamados células de Renshaw, que limitam a ativação de neurônios motores e possibilitam o relaxamento muscular. A estricnina (substância utilizada para matar ratos) é um antagonista da glicina, ligando-se a seu receptor sem que o canal de cálcio seja aberto, gerando um estado de hiperexcitabilidade no neurônio. Esse estado é precisamente o que caracteriza a ação tóxica da estricnina, gerando rigidez muscular seguida de convulsões. A morte ocorre por parada respiratória ou exaustão. Os efeitos do tétano também se devem a esse neurotransmissor, cuja secreção é inibida por uma toxina produzida pela bactéria causadora da doença. 1 Um déficit de glicina provoca um aumento da rigidez muscular e morte por paralisia dos músculos respiratórios. É precisamente o que acontece na intoxicação por estricnina (substância utilizada para matar ratos e que inibe o receptor da glicina) e o tétano (situação em que há infecção por uma bactéria que produz uma toxina capaz de inibir a secreção de glicina). 1 Pesquisas recentes mostram que o aminoácido glicina é capaz de produzir efeitos anti-inflamatórios, imunomodulatórios e de proteção celular (1). A depleção de neutrófilos ou o bloqueio de suas funções antes de uma agressão química ou hipóxia reduz o dano tecidual, indicando que essas células desempenham um papel importante na patofisiologia associada a processos inflamatórios

relatorio proteina 1

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REAES GERAIS DOS AMINOCIDOS

A) Formao de sais com cidos e bases devido a natureza de on dipolar dos aminocidos

A glicina o mais simples dos aminocidos, constitudo por apenas um grupo amina e um grupo carboxila ligados ao tomo de carbono. o principal neurotransmissor de inibio do tronco cerebral e medula espinhal. Tambm pode exibir comportamento excitatrio: ao se ligar ao receptor NDMA, a glicina aumenta a sensibilidade do mesmo ao glutamato. A glicina, diferentemente dos outros neurotransmissores aminocidos, no sintetizada no organismo, sendo obtida a partir da dieta.1Quando liberada na sinapse, ela se liga a um receptor que torna canais da membrana ps sinptica mais permeveis ao Cl-. Na medula espinhal, a glicina liberada por interneurnios inibitrios chamados clulas de Renshaw, que limitam a ativao de neurnios motores e possibilitam o relaxamento muscular. A estricnina (substncia utilizada para matar ratos) um antagonista da glicina, ligando-se a seu receptor sem que o canal de clcio seja aberto, gerando um estado de hiperexcitabilidade no neurnio. Esse estado precisamente o que caracteriza a ao txica da estricnina, gerando rigidez muscular seguida de convulses. A morte ocorre por parada respiratria ou exausto. Os efeitos do ttano tambm se devem a esse neurotransmissor, cuja secreo inibida por uma toxina produzida pela bactria causadora da doena.1Um dficit de glicina provoca um aumento da rigidez muscular e morte por paralisia dos msculos respiratrios. precisamente o que acontece na intoxicao por estricnina (substncia utilizada para matar ratos e que inibe o receptor da glicina) e o ttano (situao em que h infeco por uma bactria que produz uma toxina capaz de inibir a secreo de glicina).1Pesquisas recentes mostram que o aminocido glicina capaz de produzir efeitos anti-inflamatrios, imunomodulatrios e de proteo celular (1). A depleo de neutrfilos ou o bloqueio de suas funes antes de uma agresso qumica ou hipxia reduz o dano tecidual, indicando que essas clulas desempenham um papel importante na patofisiologia associada a processos inflamatrios (2,3). Um dos principais mecanismos pelo qual os neutrfilos induzem leso tissular o de liberao de espcies reativas de oxignio.2

Figura 1. Estrutura da glicina, dentre todos, o aminocido mais simples e o nico aminocido que tem carbono assimtrico.3

Em 1 mL de uma soluo pronta de tirosina, que tinha algumas partculas em suspenso, adicionou-se 2 gotas do indicador cido-base fenol. Em seguida, adicionou-se 2 gotas de NaOH 1,996 molL-1, onde ocorreu total dissoluo da protena e observou-se que a soluo ficou translcida e rsea.Logo aps, adicionou-se 2 gotas de HCl 10% e notou-se a formao de um precipitado, um zwitterion. Apenas no momento que h presena desse sal, h precipitado na soluo, que ocorre com pH igual a 5,65. Esse valor obtido atravs do clculo do ponto isoeltrico (pI). Ponto Isoeltrico (pI) o pH em que um aminocido, polipetdeo ou protena tem uma carga lquida igual a zero (0), ou seja, o ponto onde a carga lquida total da molcula de aminocido ou protena nula to importante, que recebeu uma denominao especial. Assim, o valor de pH onde existe equivalncia entre as cargas positivas e negativas da molcula.4Para sistemas simples, o valor do pI pode ser calculado na seguinte forma: a) Identificar as formas inicas da molcula que tem cargas lquidas 1, 0 e +1;b) Identificar o pKa do equilbrio que descreve a interconverso entre as formas com carga +1 e 0e tambmo pKa do equilbrio que descreve a interconverso entre as formas com carga 0 e 1;c) Calcular a mdia dos dois valores do pKa. Esta mdia igual ao pI.

Por exemplo, para glicina que tem pKas de 2,35 e 9,78e assim, pI = 6,06.4

Zwitterion, do alemo "zwitter" (hbrido), "sal interno" ou "on dipolar" um composto qumico eletricamente neutro, mas que possui cargas opostas em diferentes tomos. O termo mais utilizado em compostos que apresentam essa cargas em tomos no-adjacentes.Podem se comportar como cidos ou bases, portanto soanfteros.5Os aminocidos, por exemplo, se comportam como cido por causa do grupo carboxila (-COOH) e como bases por causa do grupo amina (-NH2). Isso possibilita a reao da parte cida com a parte bsica, gerando um sal. Como ela se d no mesmo composto, o sal formado chamado de "sal interno".5

pH= 2,2pH= 10,07pH= 9,11

O pI da tirosina prximo do pI da glicina, por terem os pontos de viragem (pKa) com valores prximos. Porm cada aminocido tem seu pI, valendo-se assim como maneira para identificao dos mesmos. Se repetisse-se o mesmo procedimento utilizando um outro aminocido, dependo do tipo de mtodo utilizado para se saber o pH, poder haver um resultado prximo, no entanto, se utilizar-se

REAS ESPECFICAS DE IDENTIFICAO DE AMINOCIDOS

A) Aminocidos com grupos guanidina: reao de Sakaguchi

um teste para compostos contendo o grupo guanidilo (arginina). Como a reao ocorre em meio alcalino, o grupo guanidina forma um complexo verde com o -naftol e este na presena de NaClO, torna-se avermelhado.

IncolorVerde-naftol:

Figura 2. Complexo formado pelo grupo guanidina na presena de -naftol.

TubosAmostra/Concentrao (mmol.L-1)

1gua

2Arginina 0,5

3Glicina 0,5

4Triptofano

5Clara de ovo

Em todos os testes foram usados aproximadamente 1 mL de cada amostra. Os reagentes utilizados para realizar os testes foram: B NaOH 2,5 mol.L-1 (3 gotas); C - -naftol. (3 gotas); NaClO 0,5% (1 mL);Ao misturar os reagentes na ordem acima, observou-se os seguintes alteraes: Tubo 1: A: ocorre uma desnaturao reversvel (precipitao de protena)C: Verde-amarronzadoD: MarromTubo 2:C: soluo turva a esbranquiadaTubo 3:C: verde claroD: cinza-amarronzadoTubo 4:C: verde musgoTubo 5:C: verde claroO indicador -naftol deu positivo para o teste de Sakagushi (presena do agrupamento guanidina) no tubo 3 aps a adio do hipoclorito de sdio.

B) REAO XANTOPROTEICA

O benzeno reage lentamente com o cido ntrico (HNO3) concentrado para dar o nitrobenzeno. Essa reao pode ser acelerada mediante aquecimento. Assim, aminocidos que apresentem anel benznico em sua cadeia lateral (assim como protenas ou peptdeos que possuam esses aminocidos em sua constituio) podem reagir com o cido ntrico originando um composto amarelo. A colorao amarela existe em meio cido. Se deixarmos o meio mais alcalino, ser observada uma colorao vermelho-alaranjada.8.

um teste para a tirosina e triptofano, ou protenas que contenham estes aminocidos baseado na reao de nitrao dos anis aromticos pelo cido ntrico concentrado.6

Figura 3. Molcula dipolar de tirosina e triptofano, respectivamente.

Na presena de cido ntrico ocorre a formao de um nitrocomposto. Tal reao comprovada quando a soluo se torna amarelada, como ocorre em triptofano (tubo 3) e em tirosina (tubo 4), que tem nas suas estruturas um anel aromtico.

TubosAmostra/Concentrao (mmol.L-1)

1gua

2Glicina 0,5

3Triptofano 0,5

4Tirosina 0,5

5Clara de ovo

C) REAO PARA AMINOACIDO CONTENDO ENXOFRE Aminocidos que contm enxofre, em meio alcalino e, liberam o enxofre que aparece na forma de sulfeto de sdio (Na2S). Este reage com acetato de chumbo (CH3COO)2Pb, formando o PbS, que escurece a reao.

Figura 4. Estrutura de um aminocido sulfurado (cistena).7

Dentre os produtos utilizados para realizar o teste (cistena, glicina, clara e a gema), o teste apenas daria positivo na presena do enxofre em soluo, dessa forma, os resultados obtidos para esse teste foram descritos abaixo.Na reao com a gema, observou-se uma colorao amarela clara e ao adicionar a base, o precipitado foi solubilizado. Em seguida fez-se o teste com acetato de chumbo, tornando a soluo marrom escura. Na reao com a csteina, ao adicionar NaOH 2 mol.L-1 notou-se que a soluo se tornou amarelada. Em seguida, adicionou-se 2 gotas de acetato de chumbo, tornando a soluo com cor amarronzada bem intensa.A clara no possui enxofre e sua estrutura, mas ao adicionar NaOH 2 mol.L-1, formou-se um gel (gel um dos tipos de soluo coloidal, onde as molculas no so grandes o suficiente para precipitarem, mas tambm no so pequenas o suficiente para formar uma soluo homognea).

1 Disponvel em: . Acessado em 21 de novembro de 2013.2 Disponvel em: . Acessado em 21 de novembro de 2013.3 Disponvel em: . Acessado em 21 de novembro de 2013.4 Disponvel em: . Acessado em 21 de novembro de 2013.5 Disponvel em: . Acessado em 21 de novembro de 2013. >. Acessado em 21 de novembro de 2013.6 Disponvel em: . Acessado em 21 de novembro de 2013.7 Disponvel em: . Acessado em 21 de novembro de 2013.8 Disponvel em: . Acessado em 21 de novembro de 2013.