Upload
ana-leite
View
8
Download
1
Embed Size (px)
Citation preview
ix
NDICE
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... xi
RESUMO ................................................................................................................................ xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS ......................................................................... xv
LISTA DE QUADROS .......................................................................................................... xvii
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. xix
LISTA DE ANEXOS ............................................................................................................... xxi
1. INTRODUO ................................................................................................................... 1
2. RISCOS AMBIENTAIS NO PLANEAMENTO E GESTO FLORESTAL .................... 4
2.1. Riscos Ambientais ........................................................................................................ 4
2.1.1. Riscos ambientais escala global .......................................................................... 4
2.1.2. Riscos ambientais em contexto portugus ............................................................. 7
2.2. Riscos em Atividade Florestal .................................................................................... 10
2.2.1. Riscos abiticos ................................................................................................... 10
2.2.2. Riscos biticos ..................................................................................................... 18
2.3. Riscos no Planeamento e Gesto Florestal ................................................................. 22
2.3.1. Planeamento e Gesto, conceitos globais ............................................................ 22
2.3.2. Impacto do planeamento e gesto na sustentabilidade ambiental ....................... 22
2.3.3. Medidas e programas nacionais ........................................................................... 24
2.3.4. Contextualizao municipal e regional................................................................ 26
2.3.5. Aplicao ao nvel micro ..................................................................................... 28
3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 31
3.1. Identificao e organizao da base de dados espacial ............................................... 31
3.2. Metodologia para a avaliao do risco de incndio florestal ...................................... 37
x
3.3. Metodologia para a avaliao do risco de movimentao de massas ......................... 56
3.4. Metodologia para a avaliao do risco de eroso hdrica ........................................... 62
4. APRESENTAO E ANLISE DE RESULTADOS ..................................................... 72
4.1. Caracterizao biofsica e humana da rea de estudo ................................................. 72
4.1.1. Clima ................................................................................................................... 74
4.1.2. Fisiografia do espao ............................................................................................... 77
4.1.3. Hidrografia e Hidrologia .......................................................................................... 77
4.1.4. Fauna, Flora e Biodiversidade ................................................................................. 77
4.1.5. Ocupao e uso do solo ............................................................................................ 80
4.1.6. Litologia ................................................................................................................... 81
4.1.7. Solos e Aptido da terra ........................................................................................... 81
4.1.8. Populao, demografia e economia ......................................................................... 81
4.1.9. A estrutura, diviso fundiria e os regimes de posse e uso do espao ..................... 82
4.1.10. As infraestruturas de apoio .................................................................................... 82
4.1.11. Histria e patrimnio cultural ................................................................................ 83
4.1.12. As condicionantes de planeamento, ordenamento e proteo florestal ................. 83
4.1.13. Os riscos naturais e os servios de proteo civil .................................................. 84
4.2. Avaliao do risco de incndio florestal ..................................................................... 84
4.3. Avaliao do risco de movimentao de vertentes ..................................................... 89
4.4. Avaliao do risco de eroso hdrica .......................................................................... 91
4.5. Proposta de planeamento, gesto e recuperao dos espaos sujeitos a riscos .......... 94
5. CONSIDERAES FINAIS ........................................................................................... 102
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................................... 104
ANEXOS ................................................................................................................................. 110
xi
AGRADECIMENTOS
Os meus agradecimentos vo para aqueles que de uma forma direta ou indireta contriburam
para a realizao deste trabalho.
Ao Engenheiro Joaquim Mamede Alonso, orientador deste projeto e meu Professor, pela
orientao, transmisso de experincia e apoio prestado na resoluo dos obstculos que se
foram apresentando.
A todos os elementos do grupo de trabalho do CIGESA, pela ateno prestada durante a
realizao do meu trabalho, particularmente Eng Ivone Martins, pela compreenso e
preocupao.
Ao Engenheiro Antnio Vivas, orientador externo deste projeto, agradeo a disponibilidade e
a transmisso de conhecimentos muito para alm do que estava estipulado.
Aos meus amigos, aos meus meninos e s minhas meninas da ESA, obrigada por terem sido
os protagonistas de muitos momentos, obrigada pelas altas gargalhadas, longas conversas e
apoio nos bons e maus momentos. Um agradecimento especial Ana Andrade e Jerusa
Lopes, pela amizade e por cuidarem sempre da joaninha mais pequena.
No posso deixar de agradecer ao Senhor Lus e D. Gabriela por muitas vezes deixarem
fazer do seu estabelecimento uma sala de estudo, tendo sempre presente um sorriso sincero e
uma palavra amiga.
Agradeo minha famlia, pela preocupao constante, proteo e amizade, particularmente
minha av, por compreender sempre as minhas ausncias e por viver os meus bons e maus
momentos, como se dos dela se tratasse. Um agradecimento especial minha madrinha, a
minha orientadora interna e externa, obrigada pelo apoio e por ter sempre um conselho a dar,
no s durante a realizao deste projeto mas na vida.
Por fim, e mais importante, agradeo minha me e Nhoc, as minhas estrelinhas, obrigada
pelo apoio nesta fase. As minhas vitrias so para vocs
xii
xiii
RESUMO
O presente trabalho insere-se no desenvolvimento de conhecimentos tcnicos e acadmicos ao nvel do planeamento e gesto sustentvel dos espaos florestais. A investigao possui um carcter, numa primeira fase, crtico e assertivo acerca das problemticas inerentes s alteraes climticas, s suas consequncias nos espaos florestais e s medidas conhecidas para salvaguardar estes espaos; e numa segunda fase, a realizao de um Plano de Gesto Florestal numa rea reconhecida como terreno baldio, localizado em Moimenta Cabeceiras de Basto e cujo histrico se relaciona com inmeros incndios ocorridos nos ltimos anos.
Para a realizao do projeto final associado a esta investigao tornou-se necessrio proceder a vrios estudos que de uma forma sucinta e prtica classificassem o espao em relao sua perigosidade de ocorrncia de incndio, de movimentao de vertentes e eroso hdrica, utilizando os sistemas de informao geogrfica como ferramentas de trabalho. Os produtos finais caracterizados pelas cartas de risco de incndio florestal, risco de movimentao de vertentes e risco de eroso hdrica permitem assim tirar concluses acerca da perigosidade da rea em vrias vertentes prticas e fazer escolhas mais assertadas para medidas que podem vir a ser implementadas no espao.
Os principais resultados indicam a possibilidade de serem implementadas medidas eficientes e atividades diferenciadas numa rea to diminuta, como o caso. No espao em estudo, que possui na sua totalidade 131,44 hectares, seria possvel aplicar a promoo de atividades ldicas, rentveis para o Estado e que salvaguardem as reas florestais de fenmenos naturais nefastos.
No final da investigao compreende-se que seria imprescindvel que o Estado, enquanto entidade responsvel, tivesse a gesto e o planeamento florestal mais em ateno e que promovesse cada vez mais atividades concretas que salvaguardassem a floresta e promovessem a biodiversidade.
Palavras chave: alteraes climticas, ao antrpica, fenmenos naturais, planos organizacionais, ordenamento do territrio.
xiv
xv
LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS
% Percentagem
a.C. Antes de Cristo
CH4 Metano
CO2 Dixido de Carbono
Euro Km Kilmetro
mm/m Milmetros por metro
m/s Metros por segundo
N2O xido nitroso
C Graus celsius
xvi
xvii
LISTA DE QUADROS
Quadro 3.1.1 Informaes cartogrficas necessrias...pg.32 Quadro 3.1.2 Legenda da fotointerpretao.........pg.33 Quadro 3.2.1 Risco relativo atribudo s exposies...pg.39 Quadro 3.2.2 Risco relativo altitude..pg.39 Quadro 3.2.3 Risco relativo atribudo aos declives..pg.39 Quadro 3.2.4 Risco de ignio e comportamento (fator humano)...pg.40 Quadro 3.2.5 Risco de ignio e comportamento (ocupao do solo).pg.40 Quadro 3.2.6 Classes de declives e respetiva ponderaopg.45 Quadro 3.2.7 Matriz de correspondncias entre as classes de ocupao do solo da legenda
Corine e as categorias de ocupao e uso do solo...pg.46 Quadro 3.2.8 Valores utilizados na reclassificao da carta de perigosidade..,pg.48 Quadro 3.2.9 Quadro auxiliar para clculo da vulnerabilidade de exemplares arbreos..pag.49
Quadro 3.2.10 Valores da vulnerabilidade utilizados....pg.51 Quadro 3.2.11 Quadro auxiliar para a realizao do clculo do valor econmico de alguns
exemplares..pg.52Quadro 3.2.12 Valores do valor econmico utilizados..pg.54 Quadro 3.3.1 Ponderaes associadas s diferentes classes litolgicas...pg.58 Quadro 3.3.2 Ponderaes da suscetibilidade de cada classe da carta de ocupao e uso dos
solos.pg.60 Quadro 3.3.3 Reclassificao da carta de risco de movimentao de vertentes.pg.61 Quadro 3.4.1 Unidades pedolgicas.pg.67 Quadro 3.4.2 Variveis de estudo utilizadas na Equao da erodibilidade do solo.pg.67 Quadro 3.4.3 Ponderaes atribudas em termos de cobertura do solo e prticas agrcolas.
.pg.70 Quadro 3.4.4 Reclassificao da carta de risco de eroso hdricapg.71 Quadro 4.1.1 Caracterizao Climtica do terreno baldio...pg.75 Quadro 4.5.1 Planeamento do plano de gesto florestal.pg.101
xviii
xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1.1 Carta de ocupao e uso do solo.pg.36 Figura 3.1.2 Modelo digital do terreno...pg. 37 Figura 3.2.1 Metodologia de anlise espacial do risco de incndio florestal, Chuvieco
(1995).pg. 42 Figura 3.2.2 Carta de probabilidade...pg. 44 Figura 3.2.3 Carta de suscetibilidade..pg. 47 Figura 3.2.4 Carta de dano potencial..pg. 55 Figura 3.2.5 Metodologia de anlise espacial do risco de incndio florestal, Autoridade
Florestal Nacional (2012)...pg. 56 Figura 3.3.1 Litologia presente no concelho...pg.59 Figura 3.3.2 Metodologia de anlise espacial para caracterizar o risco de movimentao de
vertentes.pg. 62 Figura 3.4.1 Carta de solos de Moimenta..pg. 66 Figura 3.4.2 Tringulo de texturas.pg. 68 Figura 3.4.3 Metodologia de anlise espacial para caracterizar o risco de eroso
hdricapg. 72 Figura 4.1.1 Localizao do concelho e freguesia da rea de estudo.pg. 73 Figura 4.2.1 Mapa de perigosidadepg. 86 Figura 4.2.2 Perigosidade da rea de estudo..pg. 87 Figura 4.2.3 Mapa do risco de incndio florestal...pg. 88 Figura 4.3.1 Mapa do risco de movimentao de vertentes...pg. 90 Figura 4.3.2 Risco de movimentao de vertentes da rea de estudo.pg. 91 Figura 4.4.1 Mapa do risco de eroso hdricapg. 92 Figura 4.4.2 Risco de eroso hdrica da rea de estudo.pg. 93 Figura 4.5.1 Mapa auxiliar ao plano de gesto florestalpg. 95 Figura 4.5.2 rea intervencionada.pg. 97 Figura 4.5.3 Casa do guarda-florestal..pg. 100
xx
xxi
LISTA DE ANEXOS
ANEXO I Entrevista Deputado Abel Baptista..........................................................pg. 113
ANEXO II Entrevista Engenheiro Antnio Vivas ICNF.....pg. 119 ANEXO III Entrevista Dr. Jorge Machado CMCB..pg. 123 ANEXO IV Portaria n. 982/2004, de 4 de Agosto (Anexo I).pg. 127 ANEXO V Estaes meteorolgicas..pg. 128 ANEXO VI Valor da precipitao mdia mensal dados utilizados para o clculo da agressividade climtica (R)..pg. 131 ANEXO VII Valor mdio da precipitao anual dados utilizados para o clculo da agressividade climtica (R)...pg.139
xxii
1
1. INTRODUO
As alteraes climticas e os fenmenos associados tm provocado, ao longo dos anos,
degradaes constantes no meio ambiente, tendo consequncias notrias na diminuio da
qualidade de vida do ser Humano, nomeadamente na sade, bem-estar social e na gerao de
riqueza. Por essa razo, torna-se crucial proteger os ecossistemas agro florestais, trabalhando
em prol do meio ambiente e diminuindo assim, os efeitos das alteraes climticas no planeta
e salvaguardar a sade do ser Humano (Monbiot, 2007).
A nvel europeu conhecem-se vrias medidas e inmeras associaes no-governamentais que
tm como principais objetivos a proteo da floresta e a promoo ativa de biodiversidade.
Portugal, no sendo indiferente a todas as alteraes que se fazem sentir, tambm est aliado a
muitas dessas atividades, no entanto verifica-se a existncia de algumas lacunas na gesto dos
espaos florestais, sendo assim importante que haja uma maior consciencializao por parte
dos principais atores na salvaguarda da floresta, no s pela sua importncia ambiental mas
tambm pela posio que este sector ocupa no mercado nacional.
O Deputado Abel Baptista, vice presidente da Comisso de Agricultura e Mar, do Ministrio
da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Territrio, referiu ao investigador
que a floresta portuguesa ocupa 38% do territrio nacional, com 3,45 milhes de hectares e
a 12 maior rea florestal da Unio Europeia, sendo que 23% desta rea protegida. Se, por
um lado, considera-se uma mais-valia para o pas que as reas florestais nacionais sejam to
valorizadas, por outro seria imprescindvel que a gesto e o planeamento destes espaos
estivessem altura desta valorao. No obstante legislao que j existe e que utilizada na
gesto dos espaos florestais, o investigador reconhece que alguma desta legislao pode ser
considerada como desatualizada para o que a realidade a nvel florestal. Para tal torna-se
necessrio uma atualizao de algumas medidas e a promoo da aplicao de medidas
diferenciadas e que beneficiariam a rea florestal nacional.
O presente trabalho tem o seu mbito investigacional na gesto e planeamento de espaos
florestais, considerando por um lado, uma organizao bibliogrfica que aborda vrias
temticas integrantes e por outro lado, o caso concreto do terreno baldio de Moimenta,
localizado na freguesia de Cavez, pertencente ao concelho de Cabeceiras de Basto, tratando-se
2
de uma rea ardida e cuja recuperao est dependente das aes da entidade estatal
responsvel, o Instituto da Conservao da Natureza e das Florestas.
Numa primeira fase, recolheram-se vrias referncias bibliogrficas referentes a temticas da
atualidade da rea cientfica em estudo, assim como teve o cuidado de saber a opinio de
vrios representantes das principais entidades envolvidas no projeto, nomeadamente o
Deputado Abel Baptista representando o Ministrio da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do
Ordenamento do Territrio, o Engenheiro Antnio Vivas, representante do Instituto Nacional
da Conservao da Natureza e das Florestas, ainda orientador externo desta investigao e o
Doutor Jorge Agostinho Machado, vereador da Cmara Municipal de Cabeceiras de Basto. Os
principais objetivos desta recolha de informaes so conhecer o estado dos espaos florestais
nacionais, percebendo ainda a posio dos principais intervenientes face s alteraes que se
tm vindo a reconhecer e as opinies referentes s medidas que deveriam ser implementadas
atualmente.
Todas as informaes bibliogrficas encontram-se, assim, agrupadas em trs partes distintas
que esto interligadas entre si. No primeiro ponto so abordados os riscos ambientais tanto
escala global como no contexto nacional. Relativamente aos riscos escala global referem-se
as alteraes climticas, especificando as mais importantes e reconhecendo as suas
consequncias nefastas para o meio ambiente. Por outro lado tambm se pretende realizar uma
pesquisa especfica acerca dos processos degradativos do patrimnio e funcionamento da
floresta portuguesa.
No seguimento, so tratadas as problemticas associadas aos riscos nos espaos florestais que
se encontrem em atividade. Aqui diferenciam-se os riscos abiticos, a longo prazo e imediatos,
e os riscos biticos, fazendo ainda uma correspondncia ao que se verifica atualmente nos
espaos florestais a nvel nacional.
Por fim, a reviso bibliogrfica referencia ainda os riscos encontrados durante o planeamento e
gesto florestal, fazendo uma anlise crtica de todas as legislaes existentes, aplicadas no
contexto nacional e local.
3
Desta forma, a segunda fase deste projeto pretende cumprir o objetivo de avaliar os riscos
ambientais associados rea ardida do baldio de Moimenta, isto , o risco de incndio, o risco
de movimento de vertentes e o risco de eroso hdrica, utilizando como objetos de estudo e
ferramentas de trabalho, dados espaciais e os sistemas de informao geogrfica.
Numa ltima fase, pretende-se realizar um Plano de Gesto Florestal para a rea em estudo,
aplicando os conceitos adquiridos ao longo da investigao e que promovam, principalmente,
o uso mltiplo da floresta.
4
2. RISCOS AMBIENTAIS NO PLANEAMENTO E GESTO FLORESTAL
2.1.Riscos Ambientais
2.1.1. Riscos ambientais escala global
O paradigma do ambiente hoje entendido numa escala global de crescente preocupao pelas
questes de sustentabilidade dos ecossistemas naturais. Em torno deste paradigma so
estudadas as modificaes que se observam ao longo do tempo, utilizando como objeto de
estudo todos elementos atmosfricos, ou seja temperatura, humidade relativa, nebulosidade e
insolao (DGRF, 2007) articulado com o comportamento da fauna e da flora e por referncia
atitude humana.
As investigaes relativamente aos riscos ambientais associados ao comportamento animal e
vegetal e possveis consequncias destes comportamentos so as alteraes climticas. Estas
modificaes fazem parte integrante de uma srie de resultados de aes humanas diretas ou
indiretas e de processos de variabilidade climtica, ou seja, de origem antropognica ou
natural (Santos, 2006).
A partir destes estudos melhora-se a compreenso acerca das modificaes observadas no
meio ambiente natural, percebendo-se assim, quais as causas das inmeras problemticas
surgidas atualmente e que, se relacionam como um declnio preocupante na variabilidade de
espcies, quer animais, quer vegetais. Se na fase recente o Homem utilizou e explorou o
ambiente de forma arbitrria, hoje, assistimos a uma gradual preocupao com o ciclo do
ambiente por influncia de causas naturais ou de m utilizao humana. Em face desta
preocupao constitui-se oportuno realizar uma ao ativa com o propsito de eliminar as
principais causas do declnio natural, e assim, atenuar as consequncias nefastas que as
alteraes climticas tm face aos elementos naturais existentes no sistema terrestre.
No obstante constatar a partir de estudos acadmicos sustentados da resilincia dos meus
naturais e florestais, as alteraes climticas que se foram sucedendo ao longo das dcadas
5
mostra a importncia de atenuar os fatores condicionantes destas alteraes e impedir que
mais casos com grande gravidade surjam em meio natural.
As causas que provocam estas alteraes climticas so exatamente o epicentro da temtica
em questo, sendo que ser aqui que se deve proceder a uma anlise e estudo mais detalhado.
Segundo Santos (2006): o aquecimento global observado nos ltimos 50 anos resulta
provavelmente das emisses para a atmosfera de gases com efeito de estufa (GEE),
provocados pelas atividades humanas, especialmente a queima de combustveis fsseis e as
alteraes no uso dos solos, em particular na desflorestao. O autor descreve ainda que esta
situao ter contribudo significativamente para o aumento observado do nvel mdio das
guas do mar durante o sculo XX, por meio da expanso trmica das camadas superficiais do
oceano e da fuso dos gelos das regies montanhosas.
O alerta do autor dever despertar os responsveis polticos pela implementao de polticas
de delimitao dos espaos para construo prximos do mar, entre muitos outros aspetos.
Os gases com efeito de estufa descrevem as consequncias dos atos antropognicos e
inconscientes ao longo do tempo. Investigaes realizadas demonstram que os principais gases
que constituem o efeito de estufa sero o dixido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o xido
nitroso (N2O).
O dixido de carbono o gs mais abundante na camada atmosfrica e a sua existncia em
grandes concentraes a principal causa das alteraes na temperatura que se observam
atualmente. De forma natural o dixido de carbono tem um papel crucial para a vegetao na
produo primria ao nvel da fotossntese.
A este propsito, quando Frdrie Lenoir questionou Hubbert Reeves (2006) acerca de quais
seriam as medidas a tomar para que se conseguisse controlar o CO2 na atmosfera, o astrofsico
deu enfase a plantar novas florestas, mesmo que seja uma medida de curta durao devido
aos ciclos de vida das plantas, poder constituir-se como uma ao intencional para travar os
efeitos nefastos da poluio.
No obstante, nos ltimos anos ter-se assistido a uma viragem gradual no comportamento
humano acerca da plantao de novas florestas constata-se que ainda no suficiente face
6
concentrao dos gases (Pereira, 2005). Este desequilbrio entre a concentrao de gases e
reflorestao tem agravado o efeito de estufa e o consequente aumento da temperatura.
Este facto evidenciado em inmeros casos relevantes que comprovam tais alteraes.
Estudos efetuados por Miranda et al. (2005) et tal como posto em evidncia por Pereira
(2005), () a partir da ltima dcada do sculo XX, tornou-se clara uma tendncia de
aquecimento moderada mais acima da variabilidade inter-anual. De facto, os 5 anos mais
quentes dos ltimos 150 anos (1998, 2003, 2002, 2001 e 1997) foram observados na ltima
dcada e o Vero de 2003 foi classificado como o mais quente da Europa nos ltimos 500
anos. Quanto precipitao na Europa no ltimo sculo (1900 2000) ocorreu um acrscimo
da chuva na Europa do norte (10 40% mais precipitao) e um decrscimo na Europa do sul
(at 20% menos precipitao) .
Este aquecimento, prejudica especialmente o crescimento e desenvolvimento do material
vegetal. Esta afirmao pode tambm ser confirmada pela evidncia que se tem assistido
relativamente ao crescimento das plantas na Europa, sendo que se verifica que () o incio
do perodo de crescimento das plantas ocorre vrios dias mais cedo e a senescncia outonal
alguns dias mais tarde (), como explicito por Pereira (2005).
As evidncias observadas e estudadas cientificamente ao longos dos anos, tornam claras as
problemticas relativas extino de espcies e modificaes fisiolgicas e morfolgicas de
outras e exigem dos pases desenvolvidos, nomeadamente das grandes potencias econmicas
politicas de planeamento contra os riscos ambientais.
Qualquer que seja o paradigma ambiental, os seus riscos surgem com uma dimenso
integrante. Diversos autores que sustentam a abordagem sistmica do conceito de riscos
ambientais e o correlacionam com casos reais. neste angulo de viso que se encontra uma
maior necessidade de investigar e centralizar a temtica na consciencializao da existncia
dos riscos ambientais e de conhecer os mtodos existentes para que se possa proceder a uma
avaliao correta e coerente. Esta avaliao ir permitir uma maior salvaguarda do planeta,
agindo cada entidade responsvel pela sua rea de estudo. S desta forma que ser possvel a
longo prazo reduzir os riscos ambientais e prevenir a incidncia de muitos outros.
7
A modernizao das cincias utiliza como veculo de estudo e aprofundamento das questes
ambientais, ferramentas tecnolgicas atuais e inovadoras. Foram criados mtodos
vocacionados para atuar sobre estes paradigmas. Como o caso do General Circulation
Models cujo objetivo reside em realizar estudos sobre as alteraes no clima que possam ter
surgido numa determinada rea e assim fornecer dados que sero utilizados em anlises de
impacto (IPCC, 2011).
Os modelos cientficos que abrangem vertentes especializadas para determinados riscos
ambientais inerentes, pertencem a um grupo de Sistemas de Informao Geogrfica que
abarcam diferentes reas de cincias exatas e entidades e conduzem assim uma interao entre
dados fsicos, como o clima, o solo e a vegetao, com resultados informticos precisos e
eficazes.
Os principais objetivos dos Sistemas de Informao Geogrfica (SIG) so facilitar a
localizao de um ponto ou rea numa determinada cartografia existente, permitir conhecer o
estado de certas reas e se h alteraes que devem ser efetuadas, realizar estudos que
comparem a evoluo de uma determinada rea face a uma ou mais variveis e permitir a
realizao de modelos especficos para determinadas incgnitas que possam surgir, como
neste estudo, acerca de riscos ambientais (Maps Of World, 2012).
As vantagens destes instrumentos so inmeras enquadrando-as nas facilidades e nos produtos
finais que estes programas permitem realizar. Atravs dos Sistemas de Informao geogrfica
verifica-se a possibilidade de armazenar um maior nmero de dados, existe a vantagem de se
proceder a clculos rpidos e updates mais fceis, assim como uma maior facilidade de
calcular novas variveis e finalmente, h a vantagem de selecionar e cruzar dados (FAO,
2001) ao nvel da anlise e modelao espacial.
2.1.2. Riscos ambientais em contexto portugus
Em Portugal as alteraes climticas tambm so as principais causadoras de grandes
modificaes visveis e cuja sua reversibilidade nula. Estudos realizados pelo Inter-
governmental Panel on Climate Change (IPCC) indicam que a regio mediterrnica das
regies com mais vulnerabilidade face ao aquecimento global (DGRF, 2007).
8
Segundo o que se encontra explicito na Estratgia Nacional para as Florestas, redigido pela
Direo Geral de Recursos Florestais (2007), que por sua vez se encontra em concordncia
com o Projeto SIAM, desenvolvido por Santos et al. (2002), Portugal possui um histrico que
vai de encontro ao que tem sido estudado nos ltimos anos. Assim, foram observados trs
perodos distintos relativamente evoluo do clima: um aquecimento entre 1910 e 1945, um
arrefecimento entre 1946 e 1975 e um perodo de aquecimento rpido entre 1976 e 2000.
Paralelamente a estes dados, o Projeto SIAM explicitou uma previso acerca de quais seriam
as modificaes no sistema terrestre natural ao longo dos anos seguintes. Aps dez anos da
publicao do estudo, encontra-se uma correlao entre a previso e a conhecida problemtica
atual. Fora mencionado um aumento das temperaturas mdias por toda a rea de Portugal
Continental, sendo o aumento maior nas zonas do interior face s zonas litorais. Relativamente
precipitao, esta iria reduzir-se nas estaes da Primavera, Vero e Outono, com maiores
perdas na regio sul do pas (DGRF, 2007).
Para um estudo mais assertivo sobre os valores da precipitao recorre-se ao diagrama de
Emberger que trata de clculos efetuados atravs de dados de precipitao anual e das
temperaturas mdias do ms mais quente e do ms mais frio e onde esto implcitos os
diferentes impactes das alteraes climticas.
O Diagrama que fora efetuado para Portugal continental pela Direo Geral de Recursos
Florestais (2007) tem como principais concluses: um aumento das produtividades potenciais
lenhosas nalgumas estaes localizadas no Norte e Centro de Portugal Continental (Viana do
Castelo, Braga, Porto e Aveiro), enquanto noutras estaes (Bragana, Guarda e vora) essa
evoluo negativa, em resultado das redues na precipitao anual e o aumento das
amplitudes trmicas.
Conclui-se desta forma, que as diversas modificaes no pas resultam as alteraes
climticas. Assim como, as consequncias inerentes a estas mudanas climticas ao longo dos
anos apresentam evidncias e impactes sucessivamente maiores.
Relativamente chuva que se concentra no Inverno, possibilita que haja uma maior eroso do
solo e maior variabilidade na disponibilidade hdrica, a grande diminuio na chuva na
9
Primavera e no Vero tende a provocar mais aridez, uma diminuio na produtividade e um
maior risco de incndios florestais. Por outro lado, o fato do Interior e Sul do pas serem mais
afetados que o Litoral e o Norte, acentua ainda mais as diferenas entre as regies (Pereira,
2005). A distribuio geogrfica de diferentes espcies arbreas florestais, provocando uma
maior desertificao das reas afetadas, assim como uma maior possibilidade de mortalidade
das rvores.
Centralizando esta temtica, a Direo Geral de Recursos Florestais (2007), remete este estudo
para a constatao de casos que evidenciam este fenmeno. Cada vez mais assiste-se a uma
substituio, no Norte, de parte dos povoamentos de pinheiro e eucalipto por floresta mais
esclerfita, que hoje em dia tem maior presena no Sul, e.g. sobreiro; a reduo, no Sul, das
reas ocupadas com floresta, nomeadamente nos montados, que sero substitudos por matos.
Todas estas evidncias que se preveem ser observadas a curto e a mdio prazo renem-se
como um conjunto de riscos ambientais. No sentido da diversidade de riscos, Hubbert Reeves
(2006) caracteriza a migrao de espcies integrado numa viso futura, denominada como o
cenrio deserto, onde em 2100 todas as espcies tero migrado para as zonas polares, devido
s altas temperaturas, sendo que somente as plantas com melhor adaptabilidade a altas
temperaturas que sobrevivero no seu habitat natural. Este cenrio vem aliado a outros dois
cenrios catastrficos que o astrofsico indica para o planeta Terra.
O segundo cenrio chamado como cenrio Geyser caracteriza-se pela influncia que os
gases de efeito de estufa tm no aumento gradual da temperatura. O autor remete o planeta
para uma situao onde as guas ferventes ejetadas esporadicamente pelos geysers na
Islndia caem em tanques onde criam importantes colnias de algas azuis, provavelmente os
primeiros seres vivos aparecidos no nosso planeta e que portanto nos do uma boa
representao da vida terrestre primitiva e do seu desenvolvimento durante os trs primeiros
milhares de milhes de anos. O autor sublinha ainda que este cenrio pode ter algumas
semelhanas ao que se conhece da histria do desenvolvimento terrestre h milhares de anos e
todo os processos para a sua organizao tm os mesmos fundamentos biolgicos do que se
conhece da histria. Por fim, o terceiro cenrio, denominado como Cenrio Vnus, vai de
10
encontro a temperaturas que ultrapassem os 100C e onde todas as condies do planeta
seriam idnticas s que se fazem sentir no planeta Vnus.
Com registos de aplicao de modelos cientficos de recurso a tcnicas modernizadoras
tambm em Portugal existem inmeros casos onde se utiliza os componentes de SIG,
nomeadamente em questes de estudos de caso, onde se conhea a evoluo de uma
determinada varivel, ao longo do tempo e as modificaes existentes.
Por outro lado, os Sistemas de Informao Geogrfica tm um papel crucial nas florestas e em
todas as atividades inerentes, nomeadamente em papis de anlise preveno, apoio
presveno e salvaguarda, de incndios, eroso, movimento de massas e propagao de
invasoras lenhosas. Paralelamente preveno e salvaguarda h tambm uma ao
interventiva no ordenamento e gesto do coberto florestal em todo o territrio portugus.
Nesta investigao em curso, pretende-se confirmar onde se podem utilizar as ferramentas SIG
para realizar clculos de risco de incndio, eroso e movimentao de massas para uma rea
que tendo o estatuto de terreno baldio, sofrera um incndio que retirou por completo toda a
cobertura vegetal.
2.2.Riscos em Atividade Florestal
2.2.1. Riscos abiticos
2.2.1.1.Riscos abiticos a longo prazo
Neste trabalho onde so abordados os riscos ambientais, as suas causas e consequncias,
pertinente ter uma viso especfica e abrangente do que se vem sucedido ao longo dos tempos
no espao florestal portugus. Qualquer cidado comum consegue presenciar que existe uma
perda constante e gradual ao longo dos anos da rea florestal, no entanto, as causas e os
11
fenmenos inerentes a estes processos devem ser esquematizados de uma forma objetiva e
prtica para que se possa tirar concluses e, por fim, trabalhar no sentido de proteger o coberto
vegetal portugus.
Numa perspetiva objetiva de mercado e de sustentabilidade ambiental o sector florestal surge
como uma temtica integrante, abrangendo vrias investigaes pertinentes para cincias
acadmicas e de ao direta.
A floresta, tal como sugerido pela Associao Empresarial de Portugal (2008), um
importante veculo para a conservao da natureza e para o equilbrio ambiental, pois tem um
papel ativo na promoo da biodiversidade e na qualidade do ar e da gua. Por outro lado,
outros autores defendem que para alm destes benefcios inerentes ao coberto florestal, existe
outra vertente que deveria ser cada vez mais tida em conta como uma mais-valia para a
economia nacional, tratando-se do uso mltiplo que a floresta permite obter. Atravs de uma
conscincia ambiental coletiva, a floresta permite ainda, tirar partido da mesma em inmeras
atividades economicamente rentveis e ldicas, como a sustentao da silvo pastorcia, caa,
pesca, proteo do solo contra eroso elica e hdrica, proteo da rede hidrogrfica,
conservao de habitats para fauna, flora, recursos energticos e genticos, promover recreio e
lazer e o enquadramento e esttica da paisagem (Pereira et al, 2006).
Seria interessante adquirir conhecimentos e tcnicas eficazes que, de certa forma,
promovessem e ampliassem este uso mltiplo em reas florestais, impedindo assim o
abandono corrente e as consequncias nefastas que esta atitude traz aos ecossistemas
florestais. O uso mltiplo tem sido condicionado entre outros aspetos, devido s alteraes
biolgicas e fsicas a que o coberto florestal nacional tem sido sujeito. Este fato evidenciado
segundo os ltimos dados concretos da Autoridade Florestal Nacional (2010), que indicam que
Portugal possui atualmente uma rea florestal de 3 541 hectares e que este valor tem sofrido
uma diminuio considervel.
A origem deste declnio provm de uma srie de alteraes no clima causadas pela ao
antrpica e muitas vezes inconsciente, tal como referido pela investigadora Helena Freitas
(2005) que sublinha que as atividades humanas, como a agricultura, a urbanizao ou a
construo de estradas, tm alterado a integridade e o funcionamento dos ecossistemas
12
florestais. Estas aes so nefastas para o coberto florestal provocando assim uma
degradao do solo permanente e uma desertificao (Coelho, 2001).
Hubbert Reeves (2006) considera que a desertificao prossegue num ritmo galopante,
apoiando esta afirmao em dados estatsticos tratados por ele que relatam que em 1980, um
tero da superfcie dos continentes era desrtica. Prev-se que esta frao passe a 40% em
2010 e talvez a 50% em 2020.
necessrio ento que haja uma maior consciencializao por parte de todos os intervenientes
acerca deste declnio e que se proceda a estudos que, de certa forma, salvaguardem o que resta
da floresta portuguesa. No fundo, necessrio conhecer e ter conscincia de que as alteraes
climticas podero vir a ter, a longo prazo, grandes implicaes no desenvolvimento das
florestas (Martins, 2002).
Aliados s alteraes climticas esto diversos fenmenos fsicos que se comportam como
riscos ambientais para a totalidade dos espaos florestais. importante salientar, que no
crculo desta investigao e anlise bibliogrfica, se verificou que nenhuma rea florestal, a
nvel nacional est imune de sofrer estes fenmenos, concluindo-se assim, que o que ser
analisado e descrito dever ser posto em causa em qualquer espao.
Numa primeira interveno cientfica importante salientar os fenmenos de natureza
climtica, isto , todos aqueles fenmenos com epicentro na atividade humana. No conjunto
existem fenmenos que tm neste momento uma presena contante em qualquer espao
florestal e cujas suas consequncias so irreversveis para os ecossistemas florestais.
No se pode deixar de referenciar como principais fenmenos o efeito de estufa e o
consequente aquecimento global, sendo que os efeitos no so visveis a olho nu, mas sero
sentidos a longo prazo. Estes fenmenos retiram ao coberto vegetal a capacidade de se assumir
como sumidouro (Ferreira, 2010) dos gases patognicos que so libertados, compreendendo
no final uma menor resistncia da vegetao e possvel morte precoce do material vegetal.
Ainda inerentes a estes fenmenos de natureza climtica existem as constantes alteraes nas
temperaturas e respetivas oscilaes de quente e frio, calor e neve, que prejudicam toda a rea
florestal implicando vrias alteraes fsicas.
13
Pereira et al (2006) nas suas investigaes acerca das alteraes climticas em Portugal
concluem que a influncia do clima na floresta no pode ser reduzida ao efeito da variao da
temperatura mdia ou da precipitao; tambm se pode fazer sentir pela ocorrncia de
fenmenos extremos, como tempestades, vagas de frio ou de calor. Aliada a esta afirmao,
os investigadores ainda comprovam este facto utilizando uma situao que se sucedeu no ano
de 2003, onde devido a uma vaga de calor, 15% do coberto florestal nacional, ardeu.
Os autores terminam afirmando que a destruio repentina e massiva associada a este tipo de
fenmenos podem causar grandes prejuzos econmicos e ambientais.
Ainda na perspetiva contnua da temtica das oscilaes de temperatura que se tm assistido
gradualmente, esto inerentes fatores que se rotulam como consequncias destas mudanas
repentinas e correntes. A vegetao existente nas florestas como modo de adaptao e
enfrentarem estes fenmenos nefastos para a sua supervivncia.
Diversos investigadores suportam esta questo, dando como exemplos fatores correntes da
floresta portuguesa. Pereira (2005) utilizou os estudos de Pereira et al (2002) no mbito do
Projeto SIAM, como alicerce da sua investigao relatando que as regies que se situam mais
a Norte do Pas esto a criar ambientes mais favorveis fixao de exemplares arbreos que
antes eram somente avistados no sul, como Quercus suber e Quercus ilex, o Sobreiro e a
Azinheira, respetivamente. Este facto apoiado pelo fato da regio Norte do pas possuir uma
maior concentrao de dixido de carbono na atmosfera e assim, criar ecossistemas com
temperaturas mais amenas.
O autor defende, tambm que como ainda no se avista na prtica estas modificaes deve ser
feito um estudo prvio acerca desta problemtica a fim de se conhecer quais os cenrios e os
impactos do clima em determinadas espcies vegetais, pois, como o prprio defende () a
migrao natural das rvores para regies onde o clima lhes seja mais favorvel pode no
ocorrer naturalmente, porque as alteraes climticas parecem desenrolar-se a um ritmo mais
rpido do que a velocidade de colonizao de novos habitats pelas rvores, especialmente no
contexto de uma ecologia fortemente alterada pelo Homem.
14
Com origem tambm na ao antrpica, as chuvas cidas esto diretamente relacionadas com
a libertao de gases como o Dixido de Enxofre e xido de Azoto, nomeadamente em
indstrias ou no uso de transportes poluentes.
Na realidade, as chuvas cidas atuam diretamente no material vegetal provocando um
crescimento lento, alteraes fsicas ou at, em muitos casos, a morte. Este tipo de danos no
material vegetal vai ainda, indiretamente, causar uma maior degradao do solo e h
certamente uma irreversibilidade notria (EPA, 2007).
Paralelamente a este fenmeno esto inerentes questes sobre o risco permanente de perda de
solo. O risco de eroso tem tendncia a aumentar, principalmente, quando h uma maior
exposio do solo energia cintica do impacto das gotas da chuva, quando se verifica uma
m infiltrao das guas superficiais (SNIRH, 2012) e quando ocorrem chuvas na estao
imediata aos fogos (Almeida et al. 2005).
Todos estes riscos ambientais presentes no coberto florestal tm muita influncia em questes
hdricas, nomeadamente na vertente da quantidade e qualidade de gua existente.
As consequncias nefastas que se verificam em fenmenos de alteraes na temperatura,
chuvas cidas, riscos de pragas e doenas e fenmenos de eroso vo ter um papel ativo na
poluio constante dos lenis freticos provocando assim um declnio na qualidade da gua,
contaminando-a e prejudicando assim todos os atores que dela necessitam.
2.2.1.2. Riscos abiticos imediatos
No entanto todos estes riscos descritos anteriormente so causados, muitas vezes, por
incndios florestais traduzindo-se assim como o maior entrave na gesto e planeamento
florestal, na diversidade da flora e fauna e na sustentabilidade florestal. Tal como fora
referenciado pela Direo Geral de Recursos Florestais, na Estratgia Nacional para as
Florestas (2007): uma expresso do efeito das mudanas climticas o aumento do fenmeno
dos incndios florestais, que so, hoje em dia, certamente o maior dos riscos percebidos no
sector florestal.
15
Esta questo dos fogos florestais tem uma grande visibilidade na sociedade atual mas tambm
na comunicao social, dando-se enfase s principais causas e s consequncias de maior
expresso espacial e visibilidade.
De uma forma genrica, os incndios florestais so causados ou por aes inconscientes do ser
Humano ou de forma natural, devido a mudanas climticas permanentes. O incendiarismo a
maior causa dos incndios naturais, seguindo-se do uso do fogo, sendo esta categoria
constituda por queimadas inconscientes de agricultores, fumadores e lanamentos de
foguetes. Com menor percentagem, mas ainda assim relevante as causas dos incndios
tambm passam por causas acidentais, estruturais e naturais. Relativamente s causas naturais
verifica-se que a componente do aumento da temperatura influencia os incndios florestais,
sendo que estudos indicam que os incndios, cuja sua causa seja natural, se sucedem nos
meses mais quentes do ano. Por outro lado, o vento tambm influencia em grande parte a
disperso da rea queimada (Pereira et al. 2006; adaptado da DGRF).
Ainda acerca da temtica das causas dos fogos em Portugal, e ainda sendo adaptado pelas
indicaes fornecidas pela Direo Geral dos Recursos Florestais, Pedro Vieira (2006)
organiza as causas mais comuns em concordncia com os motivos inerentes. Assim, para alm
das causas indicadas pelos autores da investigao Incndios Florestais em Portugal,
importante salientar causas como maquinaria e equipamento agro-florestal, linhas eltricas,
caminhos-de-ferro, renovaes de pastagens, queimas agro-florestais, conflitos de caa,
retaliaes e vinganas, afugentar animais, crianas e menores, pirmanos, alteraes do uso
de solo e presso para venda de madeira.
Pereira et al (2006) afirma que Portugal, sendo o menor dos cinco pases do Sul da Europa,
dos mais afetados pelos fogos rurais () , possuindo grandes reas de floresta queimada.
Diversas investigaes tm sido feitas, cujo objetivos so enquadrar as reas queimadas do
coberto florestal portugus em percentagem e em estatstica para que se possa tomar atitudes
prticas na preveno e recuperao destas reas.
16
Dados da European Commission (2005) indicam que em 2004, 30% era a percentagem de rea
ardida em Portugal. Atualmente, pelos dados da Autoridade Florestal Nacional (2012) 2 887
hectares so a rea que fora ardida em 2011.
Os dados que so recolhidos anualmente pela Autoridade Florestal Nacional e antiga Direo
Geral dos Recursos Florestais, dizem respeito ao nmero de incndios na sua totalidade
havendo uma ateno por parte da entidade ao organizar dados mediante a sua distribuio
territorial, o nmero de fogos ocorridos, os hectares ardidos e as datas em questo.
No entanto, a entidade responsvel pelo Planeamento e Gesto dos ecossistemas florestais
nacionais no faz diferenciao nos tipos de fogos ocorridos, isto , no os caracteriza
mediante os seus nveis de destruio.
Assim, atravs dos estudos realizados por Pedro Vieira (2006) possvel caracterizar os fogos
florestais mediante intervalos de destruio. Numa primeira caracterizao podem dividir-se
os fogos florestais entre fogachos e incndios, sendo relativos a reas ardidas com menos de
um hectare e mais que um hectare, respetivamente. O autor referenciado aponta ainda, outras
caracterizaes dos fogos florestais que os organizam em classes: fogos-beb, incndios
menino, incndios adolescente, incndios adulto, incndios fera e incndios Vulcano.
Os fogos beb so fogos reconhecidos internacionalmente como fogachos pois a sua rea
queimada no ultrapassa um hectare. Em Portugal, no perodo de tempo entre 1996 e 2005, a
ocorrncia deste tipo de fogachos corresponderam a 76% do total de fogos registados. Apesar
de ser um nmero elevado, as consequncias e os hectares de reas ardidas no so to
relevantes quando comparados com outros tipos de fogos. O facto de se tratar de um fogo cuja
sua rea de atuao no excede um hectare permite que o seu controlo seja rpido e eficaz.
Relativamente aos incndios menino, estes caracterizam-se por j se considerarem incndios
florestais mas cuja extino ocorre antes de chegar aos dez hectares queimados. Pelo facto de
as temperaturas, neste tipo de fogos, ainda no criarem o seu prprio clima nem a frente dos
fogos ser muito extensas, estes fogos so poucos destrutivos, sendo que no perodo de tempo
entre 1996 e 2005 s 9% total da rea ardida que ocorreu com este tipo de fogo.
17
Os incndios adolescentes esto entre os dez hectares ardidos e os cem hectares, sendo desta
forma j caracterizados pela sua intensidade e capacidade destrutiva inerente. Dados da
Direo Geral dos Recursos Florestais indicam que estes tipos de fogos no tiveram grandes
oscilaes durante os ltimos anos, apesar das reas ardidas serem sempre em grande nmero.
Os incndios adulto e os incndios fera tm praticamente as mesmas caractersticas fsicas
e as mesmas formas de atuao. Ambos so j considerados grandes incndios por
ultrapassarem os cem hectares e porque so incndios que caso no sejam combatidos logo nas
primeiras horas, podem atingir intensidades e progresses muitssimos elevadas, levando a
destruies macias nos ecossistemas florestais. A nica vertente que diferencia os incndios
adulto dos incndios fera que estes ltimos caracterizam-se por ultrapassarem j os mil
hectares.
Estes fenmenos causam grande preocupao perante os principais intervenientes dos
incndios florestais, no entanto possvel afirmar-se, baseando-se todas as teorias em dados
pblicos que a partir deste tipo de incndios adulto ou incndios fera, j existem
localidades que so imunes a estes incndios. Tal facto no se deve a salvaguarda ou proteo
existente nessas localidades, mas pelo facto de estas j no possurem coberto florestal
superior a cem hectares, resultado das destruies macias ocorridas em anos transatos.
Por fim, relativamente aos incndios Vulcano, so os piores incndios que possam ocorrer,
ultrapassando a rea ardida de cinco mil hectares. Nestes casos, s h extino total do
incndios, caso as condies meteorolgicas assim o favorecerem, caso contrrio os recursos
humanos no possuem meios para suportar tal catstrofe. No ano de 2003, caracterizado por
ser um ano cujos incndios florestais ocorreram em grande nmero, foram 15, o nmero de
incndios ocorridos com esta tipologia. Estes valores ainda que sejam provisrios so temveis
para as entidades responsveis pelos incndios florestais, investigadores, profissionais e para a
sociedade em geral pois as consequncias que se avistam no ps-fogo so muitas vezes
irreversveis.
Um dos maiores problemas resultado de um incndio florestal a sucesso ecolgica. Aps
um incndio vai realizar-se uma libertao de nutrientes que provm do material vegetal
queimado. Estes nutrientes vo servir para novas plantas se desenvolverem, inicialmente como
18
pequenas herbceas e depois como invasoras lenhosas que iro ocupar toda a rea ardida
impedindo a regenerao natural (Pereira et al. 2006).
Desta forma, verifica-se que os incndios florestais constituem se como a maior ameaa
sustentabilidade florestal portuguesa pois todas as categorias envolventes correm graves riscos
de declnio constante, prejudicando assim os diversos sectores econmicos relacionados
(Almeida et al. 2005).
Ao nvel de resultados seria importante ressalvar a opinio pessoal de Pedro Vieira (2006),
que realiza uma afirmao clara e concisa: Portugal, est, enfim, a transforma-se num pas
cinzento, com uma paisagem degradante. No num deserto, pois este at possui uma beleza
intrnseca. A paisagem aps um incndio devastador um campo trucidado por uma guerra de
fogo.
Reconhece-se atualmente que os riscos abiticos se inter-cruzam e influenciam os riscos
biticos pelo que se considera pertinente a existncia de um planeamento precoce e articulado.
2.2.2. Riscos biticos
Uma outra problemtica importante que tem sido questionada entre as entidades responsveis
e os profissionais da rea, pelo seu grau de relevncia e pelas consequncias que traz para a
floresta portuguesa a invaso lenhosa, pragas e doenas. Estudos feitos por Maria Cristina
Morais (2007) enquadram os processos inerentes propagao de plantas invasoras,
descrevendo quais as causas e consequncias para o meio florestal.
S se considera que h uma invaso de espcies lenhosas, caso haja uma concentrao elevada
de plantas desta espcie numa determinada rea e caso estas espcies estejam a impedir o
crescimento e desenvolvimento de outros exemplares de material vegetal.
A planta invasora, inicialmente introduzida de forma espontnea numa determinada rea,
procedendo-se depois a uma naturalizao e assim uma implementao. S aps sofrerem um
determinado estimulo, que se pode definir como uma clareira ou uma rea mais descoberta de
vegetao, onde haja condies climticas de temperatura e humidade favorveis, assim como
a existncia de gua, que se ir realizar o aumento da distribuio de espcies invasores e
19
assim, criar-se fenmenos de invaso lenhosa. Esta invaso impossvel de travar pois este
tipo de material vegetal caracteriza-se por possuir uma reproduo vegetativa, uma disperso
eficaz e um crescimento rpido.
Conhece-se que existe um grande nmero de sementes destas espcies sendo que possuem
uma grande longevidade. A ausncia de inimigos naturais e a capacidade da sua germinao
ocorrer, principalmente aps um incndio, demonstra que existe uma dificuldade permanente
em impedir este fenmeno e que necessrio estar atento constantemente s reas ardidas para
as salvaguardar os processos e os resultados das invases biolgicas.
Os impactos que estas espcies invasoras tm em espaos florestais so conhecidos a nvel
global, pois provocam inmeras consequncias ecolgicas, econmicas e sociais, so
caracterizadas tambm pela sua influncia na agricultura e pela sua uniformizao global. Por
outro lado, tm um grande impacto nas cadeias alimentares, na alterao do regime de fogo,
diminuem a disponibilidade de gua numa determinada rea, so reconhecidas como uma
ameaa para a biodiversidade e consequentemente para a sade humana.
Em Portugal, as espcies invasoras mais problemticas so a Acacia dealbata (Mimosa), a
Acacia longiflia (Accia de espigas), Hakea sericea (Hquia picante), Ailanthus
altssima (Espanta lobos), Robinia pseudoacacia (Robnea), Eichhornia crassipes (Jacinto
de gua), o Carpobrotus edulus (Choro das praias), Ipomoea acuminata (Bons dias),
Cortaderia solloana (Erva das pampas) e Arundo donax (Cana). Os mtodos de controlo
variam entre mtodos fsicos, sendo mecnicos ou manuais, mtodos qumicos, bioqumicos,
entre outros.
Todas as alteraes que se avistam no clima, compreendendo todas as oscilaes de
temperatura, emisses de gases patognicos e o aquecimento global, prejudicam, ainda que
indiretamente, o material vegetal, na medida em que criam condies favorveis presena de
agentes biolgicos.
Segundo Pereira (2005), referenciando Pereira (2002), o aumento da temperatura no Inverno
e Primavera e a diminuio da precipitao podero favorecer o surto de espcies nativas ou
invasoras, em especial, aquelas capazes de gerar descendncia vrias vezes por ano (espcies
20
multivoltinas). O aumento do stress hdrico e da frequncia de incndios tambm podero
favorecer algumas pragas devido maior vulnerabilidade das rvores.
Este fenmeno considera-se como uma das maiores problemticas a nvel florestal, pelo seu
grau de gravidade face fitossanidade das plantas.
Ainda no mbito da fitossanidade do material vegetal existente no coberto florestal nacional,
esto inerentes problemticas no risco de pragas e doenas. As modificaes climticas que
tm surgido atualmente tambm possuem um papel ativo no que diz respeito sobrevivncia
de agentes patognicos biticos, pois estes sentem necessidade em se deslocar para locais onde
o clima seja mais favorvel sua sobrevivncia e reproduo, instalando-se assim em espaos
e consequentemente no material vegetal (DGRF, 2007).
Em Portugal, as principais pragas e doenas associadas ao coberto florestal so o nemtodo da
madeira e do pinheiro, processionria do pinheiro, cancro do pinheiro e pulgo dos carvalhos
(AFN, 2012).
Por outro lado, os fenmenos biticos vo ter influncia na quantidade de gua existente, pois
os fenmenos retratados anteriormente usufruem em demasia de gua para a sua
sobrevivncia, prejudicando assim outros seres vivos que dela dependem. No entanto, estes
fenmenos naturais e antrpicos no tm influncia somente na qualidade e quantidade de
gua, atingindo assim outros setores importantes relativos economia portuguesa e ao impacto
que a floresta tem nesta categoria.
Conhece-se que a floresta um dos maiores setores que beneficia a economia nacional, devido
quantidade de exploraes existentes e ao nmero de exportaes realizadas. Portugal
encontra-se, assim, entre os pases mais desenvolvidos da Europa, salientado o fato de que
Portugal o nico pas com capacidade para exportar cortia (Ribeiro, Joo, 2007).
Desta forma, entende-se que necessrio proteger o coberto florestal nacional tambm pelo
impacto econmico que lhe conhecido e so os incndios florestais, o maior entrave deste
desenvolvimento econmico, causando impactos nefastos para o nmero de exportaes e para
o nmero de exploraes silvcolas e florestais existentes. Cabe, assim s entidades
responsveis e aos empresrios ter uma maior conscincia do que necessrio proteger e onde
21
importante agir de forma que haja uma melhor recuperao e regenerao das zonas
afetadas.
Ao nvel do Instituto da Conservao da Natura e das Florestas, antes denominada, Autoridade
Florestal Nacional, foi explcito segundo o Inventrio Florestal de 2010 que muitas inovaes
foram conseguidas com intuito de salvaguardar o coberto florestal e as zonas ardidas. Assim,
realizou-se a primeira cobertura aerogrfica digital, iniciou-se a utilizao de softwares para
recolha de dados de campo e sincronizao direta e passou a utilizar-se a fotointerpretao em
simultneo a partir de aplicaes disponibilizadas em plataformas web que ir beneficiar todos
as investigaes no mbito dos Sistemas de Informao Geogrfica.
Por outro lado, criaram-se novas equaes de produo e procedeu-se a avaliao de
biomassa, carbono armazenado e diversidade florestal. Desta forma, ir conseguir-se realizar
diversas investigaes com intuito de conhecer as reas mais propcias a fogos florestais.
A nvel europeu foi criado pelo Instituto Florestal Europeu um modelo de simulao com base
em dados de inventrios florestais europeus, o EFISCEN (European Forest Information
Scenario Model), cujo principal objetivo criar um mecanismo de simulao de biomassa e
potencial de corte das zonas florestais (Martins, Helena, 2002). Ser somente atravs destas
potenciais inovaes que se conseguir estimar qual o estado da floresta a nvel mundial no
futuro e assim permitir que haja uma maior consciencializao para a proteo destes espaos.
importante referenciar tambm que aliadas a estas inovaes no mbito dos Sistemas de
Informao Geogrfica, para a avaliao de riscos e todos os Inventrios Florestais que so
realizados todos os anos, tm uma componente importante no que diz respeito s aes ps-
investigaes, nomeadamente na gesto e planeamento destas reas.
Durante a investigao em questo ir haver um maior cuidado na perceo de quais so os
riscos florestais e ambientais que estaro interligados com a rea em estudo, de forma que o
estudo final e os resultados estejam em concordncia com o que fora descrito e assim, as
propostas de planeamento finais se enquadrem na salvaguarda do espao e das zonas
envolventes.
22
2.3.Riscos no Planeamento e Gesto Florestal
2.3.1. Planeamento e Gesto, conceitos globais
escala global, gesto e planeamento so cincias que reclamam para si uma centralidade
inquestionvel em parte pela influncia do sucesso nas medidas implementadas em diferentes
setores e em parte pela necessidade de antecipadamente se preverem riscos ou enviesamentos.
Tambm na rea do ambiente parece ser insensato estudar a mdio e longo prazo ecossistemas
ou implementar medidas e programas sem uma estratgia de gesto e planeamento globais.
Isto porque e no obstante a especificidade de alguns ecossistemas, o estudo do ambiente no
pode nunca desenvolver-se sem antes aferirmos os conceitos de planeamento e gesto, bem
como, relacionar a sua interdependncia no impacto de uma sustentabilidade florestal,
incorrendo riscos irreversveis.
Na rea cientfica do ambiente, a gesto e planeamento florestal surgem assim, aliadas a
diversas polticas de gesto, isto , atividades tanto naturais como antrpicas que, ao longo dos
tempos parecem acrescentar benefcios para os ecossistemas florestais, prevenindo fenmenos
como incndios ou outros, colocando em risco a floresta. Assim, gesto e planeamento quando
em equilbrio parecem ir de encontro gesto harmoniosa dos ecossistemas florestais, de resto
como refere Helena Freitas, a gesto do ecossistema florestal tem como objetivo promover o
seu bom funcionamento a curto e a longo prazo.
No obstante, a existncia de um quadro legal que pontualmente encaminha para polticas de
planeamento e gesto florestal, verifica-se ser este diminuto, nem sempre assertivo e muitas
vezes desatualizado face s exigncias dos ecossistemas florestais. Esta perspetiva alerta para
a necessidade de uma poltica de planeamento e gesto integradas com o objetivo de fomentar
uma sustentabilidade global a mdio e a longo prazo.
2.3.2. Impacto do planeamento e gesto na sustentabilidade ambiental
Sendo a floresta uma das vertente do setor econmico de um pas esta, traduz-se como uma
mais-valia para o desenvolvimento econmico intrnseco de um pas e o desenvolvimento de
potenciais econmicos escala mundial. Assim sendo, este setor no poder avanar sem uma
23
poltica concreta de planeamento e gesto, numa primeira escala a nvel mundial e em segunda
escala, a nvel nacional, para influenciar polticas de base territorial. Atualmente reconhece-se
de uma forma segmentada e/ou contnua que se pode tirar-se proveito da floresta em inmeras
vertentes pelo fato de esta possuir um estatuto de uso mltiplo implcito conceo e
concretizao de um plano articulado de planeamento e gesto florestal. Este uso mltiplo
referente capacidade que os ecossistemas florestais possuem em, no s produzir madeira,
dirige-se tambm a outros produtos naturais que podem ser utilizados na indstria, como por
exemplo, a resina, essncias naturais e cortia. Numa outra perspetiva, e numa viragem do
Homem para a Natureza, a floresta tambm, capaz de ser aproveitada para fins tursticos e de
lazer, como o caso da pesca, caa e campismo selvagem (Pereira et al, 2006). Para que esta
perspetiva produza efeitos significativos, o mesmo ser dizer que cause impacto numa
sustentabilidade dos ecossistemas ter que existir uma poltica coerente de planeamento e
gesto que preveja entre outras dimenses, um equilbrio entre a utilizao e a reposio de
forma ordenada.
No entanto, quer em contexto internacional quer ainda mais em contextos nacionais tm-se
verificado que no tem havido por parte dos principais atores utilizadores, uma ateno
constante das necessidades da floresta conduzindo assim, cada vez mais, perda das
funcionalidades e capacidades do coberto florestal. Tal fato acontece, maioritariamente devido
explorao e aproveitamento da floresta constante e em curtos espaos de tempo, impedindo
assim, que de uma forma natural esta se regenere e recupere. Acrescenta-se ainda que para
este quadro de pouca ateno floresta tambm tm contribudo a diminuta ao de uma
poltica escala global, que tem influenciado, pela negatica os diferentes pases, deixando-se
muitas vezes influenciar por grandes interesses econmicos em detrimento dos valores do
Homem para com o ambiente.
Desta inoperncia poltica e organizacional constata-se um crescente declnio florestal ao nvel
da flora e da fauna, pois a par das condies edafo climticas que tm sido alteradas, no
tem sido desenhado um planeamento e gesto capazes de acompanhar as modificaes e criar
tambm, as condies necessrias para a implementao de novos habitats naturais.
24
Apesar de existir um constante declnio e diversas transformaes e modificaes inerentes ao
desenvolvimento das florestas, Almeida et al (2005) concluem que atualmente, os
ecossistemas florestais ocupam cerca de 35% da superfcie de Portugal. Estes dados so
suportados pelo facto de existirem diversas monoculturas espalhadas pelo pas, produzindo
somente entre uma ou duas espcies arbreas (Quercus, 2011).
2.3.3. Medidas e programas nacionais
Integrado num mundo cada vez mais global, Portugal no deixa de ser influenciado pelas
polticas de indefinio relativamente sustentabilidade das florestas. Com avanos e recuos
expressos nos prembulos da legislao e na aplicabilidade territorial, muitas vezes refm de
interesses econmicos locais, os ecossistemas florestais tm resistido a alguns riscos nas
margens de um hibridismo do planeamento espontneo posteriori do incidente.
No obstante este quadro de indefinies regista-se um conjunto de medidas e programas
nacionais publicados e revistos maioritariamente na ltima dcada com influncia em contexto
regional e municipal das quais se destaca: Fundo de Investimento Imobilirio Florestal (2006),
Fundo Florestal Permanente Certificao Florestal (2004), Plano Nacional para as
Alteraes Climticas (2004), Plano Nacional da Defesa da Floresta contra Incndios (2006),
Planos Municipais da Defesa da Floresta Contra Incndios (2006), Planos Regionais de
Ordenamento Florestal (1999), Planos Diretores Municipais (1982), Planos de Gesto
Florestal (1999), Zonas de Interveno Florestal (2005) e Planos Especficos de Interveno
Florestal (2009).
As medidas referenciadas tm sido aprovadas pelo Estado, no entanto, verifica-se que h
diversas lacunas na implementao das mesmas nos espaos florestais, impedindo assim que
se promova uma boa gesto florestal.
A propsito, referencia-se que a proposta de alterao em Conselho de Ministros ao nvel dos
Planos Regionais de Ordenamento Florestal e os Planos de Gesto Florestal realizou-se em
2009, isto na ltima dcada, sendo que neste Decreto Lei incide tambm para a criao e
utilizao prtica dos Planos Especficos de Interveno Florestal, o que comprova que as
entidades responsveis pela gesto e planeamento florestal a nvel nacional, tiveram somente
25
uma atitude interventiva, aquando das dificuldades bem presentes nos ecossistemas florestais.
Estas alteraes possuem duas leituras prticas, por um lado vm beneficiar alguns territrios
pertencentes ao coberto florestal portugus, pela sua pertinncia e exclusividade ao poder
tratar uma s problemtica de uma determinada rea; no entanto, por outro lado, estas novas
medidas impostas no tm qualquer incidncia em algumas das reas j ardidas e j em
processo de desertificao e degradao dos solos, cuja reversibilidade nula.
O Fundo de Investimento Imobilirio Florestal, trata-se de uma medida que fora aprovada em
2006 e cujos objetivos centrais so constituio de um patrimnio florestal mediante a
aquisio ou o arrendamento de terrenos com ou sem povoamento florestal; florestao;
melhoramento e infra estruturao do patrimnio florestal; gesto adequada do patrimnio
florestal, de forma a maximizar os resultados. Este fundo abrange principalmente
investidores institucionais, proprietrios florestais e entidades sem fins lucrativos (Fisher,
2006).
Com a preocupao de abrir portas exportao surge a Certificao Florestal, no mbito do
Fundo Florestal Permanente. Joana Faria (2010) considera que a Certificao Florestal um
processo voluntrio e independente de reconhecimento internacional que se baseia na
avaliao da gesto florestal e/ou rastreabilidade da matria prima em funo de normativos
pr estabelecidos. Pretende-se com esta certificao que haja uma maior fomentao e uma
gesto responsvel face promoo das florestas relativamente a vertentes econmicas,
ambientais e sociais.
Numa outra perspetiva, encontra-se uma outra medida importante que de uma forma menos
prtica, mas mais abrangente, inclui aes benficas para o meio ambiente. Trata-se do Plano
Nacional para as Alteraes Climticas que fora aprovado em 2004 e que tem vindo a sofrer
alteraes mediante as condies climticas que so verificadas. Os principais objetivos deste
plano a reduo de emisses GEE, a produo de eletricidade a partir de energias
renovveis, o controlo de emisses na fonte, a reformulao do imposto automvel em funo
das emisses de dixido de carbono, a reduo dos incndios florestais e a eficincia da
explorao e gesto florestal (Pereira, 2012).
26
Ainda no mbito da preocupao da luta contra os incndios surge o Plano Nacional da Defesa
da Floresta Contra Incndios em concordncia com a Defesa da Floresta Contra Incndios, que
tem como principal objetivo a reduo da incidncia de incndios florestais um programa
que tem sido implementado em todo o pas, embora sofra segmentaes nomeadamente em
Planos Municipais da Defesa da Floresta Contra Incndios (DGRF, 2007).
Como se constata, a nvel nacional tem-se assistido a uma publicao pertinente que nem
sempre tem revelado aplicabilidade e quando tal acontece, nem sempre se manifesta adequada
aos contextos. Partilhando a opinio de alguns autores, tambm o investigador acredita que
uma maior fiscalizao e um planeamento estratgico permitiriam a concretizao destas
medidas com o objetivo da sustentabilidade dos ecossistemas florestais. Talvez o futuro e a
necessidade de o Homem se aproximar dos ecossistemas, quer pela necessidade de
sobrevivncia, quer pelo rendimento econmico, venham a desenhar uma perspetiva articulada
entre o planeamento e a gesto.
2.3.4. Contextualizao municipal e regional
Com a preocupao da territorializao e dos fogos florestais surgem os PMDFCI. Embora
no seja uma medida de cariz nacional, vem mais tarde a ter implicaes em todo o territrio
nacional uma vez que, um pouco por todas as autarquias, assumido como um programa
pertinente. Os Planos Regionais de Ordenamento Florestal (PROF) e os Planos Diretores
Municipais (PDM), surgem muitas vezes em concordncia com os PMDFCI e abrangem
vertentes de dimenso natural e urbana. Os PROF foram aprovados em 1999 e tm como
principal objetivo oferecer uma orientao clara sobre o tipo de espaos florestais que se
pretende desenvolver para cada uma das regies (Pereira et al, 2006). Ao nvel dos Planos
Diretores Municipais (PDM) importante salientar que o principal objetivo inerente a este
instrumento de gesto territorial a organizao do espao municipal diferenciando as reas
urbanas, o que se considera urbanizvel ou que se pode ainda urbanizar, das reas naturais,
isto , das reas que esto includas na Reserva Agrcola Nacional (RAN), Reserva Ecolgica
Nacional (REN), Rede Natura 2000 e reas Protegidas (Decreto Lei n 208/82).
Para alm de um plano nacional de medidas legislativas, com impacto municipal importante
sensibilizar e envolver a populao numa atitude pr-ativa face proteo das florestas. No
27
documento da Direo Geral dos Recursos Florestais, na sua publicao referente Estratgia
Nacional para as Florestas (2007), que de resto encontra concordncia com Pereira et al
(2006), cujas investigaes sobre Incndios Florestais em Portugal, salientam a importncia
das populaes na proteo das florestas contra os fogos florestais, refora ainda, o papel do
cidado comum. Estudos indicam que o fato das populaes terem-se afastado das zonas
florestais, tem provocado cada vez mais reas ardidas. Tal fato comprovado pelo nmero de
ocorrncias de incndios se traduzir em reas que se encontram despovoadas. Tambm parece
existir uma relao entre as zonas de incndio com uma populao em xodo rural, e apesar de
no existir anlises detalhadas verifica-se que com o xodo rural, aumenta a expanso de
matos e invasoras lenhosas que se caracterizam por serem um combustvel timo para o fogo,
sendo imperativo criar medidas de fixao e incentivos para que a populao no se afaste
(DGRF, 2007).
Um outro contributo para a salvaguarda da floresta cuja existncia cada vez menor, so os
pastores e a atividade comum de pastoreio. Tambm, as herbceas e os arbustos de pequeno
porte so o alimento mais saudvel e essencial para os ovinos e caprinos, sendo que estes
exemplares vegetais encontram-se maioritariamente de forma espontnea nas zonas florestais.
O pastoreio uma atividade antiga mas que tem sofrido alteraes na medida em que a
procura desta atividade cada vez mais escassa. No entanto, esta funcionalidade poderia
representar como uma forma natural para a limpeza das florestas de todo combustvel vegetal,
impedindo principalmente a expanso dos fogos (DGRF, 2007), pelo que seria pertinente uma
ao intencional por parte da autarquia na motivao para o pastoreio.
A crise financeira que o pas atravessa, projeta para a necessidade de uma reorientao da
explorao da floresta a partir de uma estratgia global, que implique jovens empresrios ou
cidados comuns, num aproveitamento sustentado e numa preveno e proteo mais ativa das
florestas contra os incndios e contra a degradao natural.
A luta constante contra a incidncia de fogos florestais tem o seu epicentro nas consequncias
que estes fenmenos tm tido para com os ecossistemas florestais. Compreende-se que so os
incndios o motor para a degradao ecolgica, nomeadamente na eroso do solo, perda de
qualidade da gua e redues imediatas na biodiversidade. Seria importante ento implementar
28
cada vez mais, medidas obrigatrias a nvel nacional que promovessem a recuperao e
reabilitao dos ecossistemas naturais (DGRF, 2007).
Paralelamente a estas inovaes rurais que promovem um desenvolvimento sustentvel e um
equilbrio territorial existem outras medidas que apesar de no possurem inovaes e a
presena de novas sociedades empresariais, promove tambm, a limpeza das zonas florestais e
a regenerao natural das zonas ardidas. Estas medidas devem-se centralizar nas atividades
que ocorrem ps-fogo, isto , depois da ocorrncia de um fogo. Relativamente aos fogos
florestais, e antes de se centralizar esta investigao nas medidas exatas que as entidades
competentes promovem, importante fazer uma anlise critica daquilo que , o que
vulgarmente se identifica como politicamente correto. necessrio ter uma postura cientfica
coerente face aos ecossistemas florestais de forma que a salvaguarda destes e a sua gesto seja
feita da forma mais correta possvel.
2.3.5. Aplicao ao nvel micro
Face a um contexto territorial geograficamente definido como zona ardida necessria uma
investigao em profundidade que contemple as possibilidades em termos de publicaes
legislativas e de um quadro de programas municipais a par, de medidas prticas possveis de
implementar tendo em conta a preveno e aes de recuperao.
Segundo estudos realizados por uma equipa de investigadores da rea cientfica em questo,
surgem com a problemtica de que necessrio que o Homem tenha uma postura ativa face
aos incndios florestais pois (os incndios) so os nicos desastres naturais que podem ser
significativamente modificados pela interveno humana, antes e aps a sua ocorrncia.
Assim, o autor descreve que a abordagem deve ser faseada em trs aes. A primeira
implementada antes da ocorrncia do fogo e diz respeito a todas as tarefas associadas ao
planeamento dos espaos florestais. Aqui, encontram-se intrnsecas atividades como a
preparao do terreno com divisrias que limitem a propagao do fogo, a vigilncia dos
espaos em questo e a sensibilizao social para o alerta imediato das entidades responsveis.
Por outro lado, surgem medidas que devem ser implementadas aquando da ocorrncia dos
fogos florestais, ou seja, o combate ao fogo. O investigador refere que nesta fase esto
compreendidas as aes que se realizam desde a ecloso do incndio at sua completa
29
extino, que inclui a primeira interveno, a supresso, o rescaldo, a proteo de pessoas e
bens, a sua eventual evacuao e a coordenao das entidades e dos recursos envolvidos no
territrio abrangido pelo incndio. Por fim, uma outra medida a ser implementada dever
ocorrer no aps-fogo e nesta fase esto includas as aes que mitigam os efeitos nefastos dos
fogos florestais, ou seja, as prticas de reflorestao e recuperao das reas ardidas (Viegas,
Domingos, 2011).
Ser ento, com base nesta ltima fase que as entidades responsveis agem maioritariamente.
Entidades como a Autoridade Florestal Nacional, hoje Instituto da Conservao da Natureza e
das Florestas, tm papis ativos no s na recuperao das reas mas tambm na reabilitao
consciente, principalmente, na escolha dos exemplares arbreos a implementar na rea que
fora ardida. Assim, uma das temticas a ter em conta a sucesso ecolgica. Este fenmeno
referente s implementaes espontneas que so feitas aps a ocorrncia de um fogo. Inicia-
se com o crescimento e desenvolvimento de herbceas, mas a presena constante das clareias
ir impulsionar o crescimento e desenvolvimento de invasoras. ento necessrio agir em
conformidade com a sucesso ecolgica, escolhendo assim diferentes tipos de vegetao que
formem um mosaico arbreo, possuindo muitas espcies com adaptao ao fogo como por
exemplo, regenerao vegetativa e recrutamento de sementes aps incndio (Pereira et al,
2006).
Um outro tipo de proteo da floresta contra incndios a realizao de atividades
consideradas prticas culturais que, de uma forma natural e no poluente impedem o
crescimento e desenvolvimento de plantas que se enquadram como um combustvel para os
fogos florestais. Uma das primeiras prticas culturais que se deve realizar a implementao
de espcies autctones nas zonas florestais. A escolha das espcies a utilizar deve estar em
concordncia com a capacidade produtiva do local, sendo que so as espcies autctones que
possuem todas as caractersticas fisiolgicas que se adaptam s condies edafo-climticas dos
locais. Por outro lado, na reduo do nmero de exemplares arbreos que se pode valorizar a
sobrevivncia das rvores, ou seja, a conduo dos exemplares, selecionando aqueles que tm
uma ao dominante vai permitir que haja um maior crescimento e melhor desenvolvimento
das rvores. Aliadas conduo dos exemplares arbreos encontram-se as podas sanitrias,
desbastes e desramao. Estes trabalhos prticos promovem uma maior estabilidade e
30
equilbrio ecolgico, dando espao para as rvores e os arbustos se desenvolverem em
melhores condies (Santos et al, 2006).
Numa outra perspetiva, ainda aliada salvaguarda da floresta contra incndios, existem outras
medidas preventivas que devem ser implementadas em locais cujo regime florestal. Estas
medidas representam cuidados minuciosos aos locais que podem estar sujeitos de forma
permanente ocorrncia de incndios. Uma das prticas mais importantes a mobilizao do
solo, esta mobilizao deve ser feita de forma parcial e no total, isto porque a mobilizao
total pode aumentar o risco de eroso do local. Assim, numa mobilizao mais parcial devem
ser efetuados trabalhos de gradagens da vegetao espontnea, gradagens de destorroamento,
ripagens e subsolagens. Estas atividades devem ser aliadas a trabalhos como a sacha e a
amontoa, conseguindo-se assim, que em grandes reas florestais se promova a limpeza dos
espaos, retirando em grande nmero herbceas e plantas que se considerem invasoras
(Freitas, 2012).
Por fim, deve-se salientar que existe uma outra vertente associada proteo da floresta que
atualmente tem tido nfase e utilizada pelos tcnicos especializados da ex-Autoridade
Florestal Nacional, que o caso do Fogo Controlado. Durante as investigaes de Pereira et al
(2006), os autores puderam concluir que o modelo de Fogo Controlado encontra a sua maior
expresso na Europa, sendo o Homem quem domina tanto a fasca como o combustvel. Esta
nova tcnica trouxe inmeros benefcios para os ecossistemas florestais, nomeadamente na
diminuio da biomassa que se considera combustvel e na alterao dos materiais de
combusto impossibilitando que os fogos se alastrem e diminuindo a sua intensidade (Botelho,
2001).
Ao longo da elaborao deste trabalho investigao pretende-se que seja conseguida a
realizao de uma proposta de planeamento, gesto e recuperao de um espao baldio que se
encontra sujeito a riscos, por se caracterizar como rea ardida. Numa perspetiva cientfica a
investigao ir sempre basear-se num destes princpios bsicos de gesto de riscos e o seu
enquadramento no planeamento florestal. Os instrumentos atualmente utilizados para a criao
de um modelo que salvaguarde o espao de possveis riscos ambientais so os Planos de
31
Gesto Florestal, que desde 2009 incluem os Planos de Utilizao de Baldios (PUB), as Zonas
de Interveno Florestal e os Planos Especficos de Interveno Florestal.
Os Planos de Gesto Florestal foram aprovados em 1999 e consequncia da situao atual face
aos ecossistemas florestais, foi revisto em Conselho de Ministros em 2009. Estes instrumentos
de gesto apresentam como principal objetivo implementar num espao florestal, princpios da
sustentabilidade ambiental e econmica (Pereira et al, 2006), aliando as medidas impostas s
clusulas includas nos Planos Regionais de Ordenamento Florestal. Por outro lado, as Zonas
de Interveno Florestal foram aprovadas em 2005 e tm como principais objetivos dar uma
maior coerncia aos espaos florestais e uma melhor eficcia na sua organizao, promovendo
desta forma, uma melhor gesto dos territrios e a proteo dos mesmos (Decreto-Lei n
127/2005). Por fim, os Planos Especficos de Interveno Florestal, segundo as consideraes
tomadas em Dirio da Repblica, publicadas no Decreto Lei 16/2009 so aes de natureza
cultural, visando a preveno e o combate de agentes biticos e abiticos, que pode revestir
diferentes formas consoante a natureza dos objetivos a atingir.
3. METODOLOGIA
As metodologias utilizadas nesta investigao so resultado da identificao, estudo e reflexo
da proximidade entre temticas, de vrios relatrios tcnicos efetuados pela equipa tcnica do
Gabinete de Sistema de Informao Geogrfica da Escola Superior Agrria de Ponte de Lima.
Ao longo dos estudos e selees efetuadas ser possvel escolher a melhor metodologia e
assim organizar os dados espaciais para a realizao das cartas referentes ao risco de incndio
florestal, risco de movimentao de vertentes e risco de eroso hdrica.
3.1.Identificao e organizao da base de dados espacial
Antes da realizao de qualquer informao cartogrfica que permitisse o estudo do local face
aos riscos em observao, o investigador procedeu anlise da rea de estudo, tendo como
variveis de discusso a rea ocupada e as suas envolventes, nomeadamente, a hidrologia e
altimetria, utilizando como objetos de estudo as cartas militares da respetiva rea: Carta
Militar n 59 e Carta Militar n 73. A localizao geogrfica da rea de estudo, o objetivo
principal da investigao e as envolventes das reas caracterizadas pelos cursos de gua e
32
pelas referncias altimtricas, foram as informaes precedentes tomada de deciso de que o
clculo dos riscos e todas as informaes a tratar e a criar devessem ser feitas no pelo limite
da rea de estudo, que por si s, uma rea diminuta, mas pelo limite das bacias hidrogrficas
na qual a rea de estudo est integrada. Desta forma, todos os estudos e concluses
correspondero realidade visualizada, pois sero tomadas em considerao as dinmicas que
envolvem a rea e nas quais, esta dependente.
No incio da realizao da parte prtica desta investigao foi necessrio proceder-se
identificao e organizao dos dados cartogrficos que so necessrios para a realizao dos
produtos finais (Quadro 3.1.1), nomeadamente, as Cartas referentes ao risco de incndio, risco
de movimentao de massas e risco de eroso hdrica.
Quadro 3.1.1 Informaes cartogrficas necessrias
Info
rma
o n
eces
sri
a
Carta Risco Incndio Carta
Movimentao
de Vertentes
Carta de Eroso Hdrica
Carta de ocupao e uso dos solos Atividade
sismica
Carta de ocupao e uso dos
solos
Histrico de reas ardidas 1990 2010
Geologia Agressividade climtica
Modelo Digital do Terreno Suscetibilidade Modelo Digital de Terreno
Vulnerabilidade Modelo Digital
do Terreno
Erodibilidade
Valor econmico Mxima 24H Fator C (Cobertura do solo)
Fator P (Prticas de
conservao do solo)
Na anlise dos dados necessrios para a realizao das cartas, verifica-se que em todas
obrigatrio a carta de ocupao e uso dos solos (Figura 3.1.1). Por esse motivo o investigador,
procedeu realizao desta carta antes de qualquer outro tratamento de informao. Para a
realizao da carta de ocupao dos solos, foram utilizados os Ortofotomapas 000731B e
000732A, de 2005, utilizando o mtodo de fotointerpretao, a uma escala de 1:2000,
utilizando ainda ETRS_1989_TM06-Portugal como sistemas de coordenadas geogrficas.
33
As normas respeitadas durante a realizao da carta de ocupao e uso dos solos foram as que
esto explcitas no Manual de fotointerpretao da COS2005, tendo como chave de
interpretao e legendas as que esto descriminadas no Quadro 3.1.2.
Quadro 3.1.2 Legenda da fotointerpretao
Classificao
inicial
Categorias Classes
Urbano U UU - Tecido urbano
S SW - Vias de comunicao rodoviria
JJ JJ Pedreiras
Agrcola
C
CC - Culturas anuais
CX