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ÍNDICE AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... xi RESUMO ................................................................................................................................ xiii LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ......................................................................... xv LISTA DE QUADROS .......................................................................................................... xvii LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. xix LISTA DE ANEXOS ............................................................................................................... xxi 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1 2. RISCOS AMBIENTAIS NO PLANEAMENTO E GESTÃO FLORESTAL .................... 4 2.1. Riscos Ambientais ........................................................................................................ 4 2.1.1. Riscos ambientais à escala global .......................................................................... 4 2.1.2. Riscos ambientais em contexto português ............................................................. 7 2.2. Riscos em Atividade Florestal .................................................................................... 10 2.2.1. Riscos abióticos ................................................................................................... 10 2.2.2. Riscos bióticos ..................................................................................................... 18 2.3. Riscos no Planeamento e Gestão Florestal ................................................................. 22 2.3.1. Planeamento e Gestão, conceitos globais ............................................................ 22 2.3.2. Impacto do planeamento e gestão na sustentabilidade ambiental ....................... 22 2.3.3. Medidas e programas nacionais ........................................................................... 24 2.3.4. Contextualização municipal e regional................................................................ 26 2.3.5. Aplicação ao nível micro ..................................................................................... 28 3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 31 3.1. Identificação e organização da base de dados espacial ............................................... 31 3.2. Metodologia para a avaliação do risco de incêndio florestal ...................................... 37

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    NDICE

    AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... xi

    RESUMO ................................................................................................................................ xiii

    LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS ......................................................................... xv

    LISTA DE QUADROS .......................................................................................................... xvii

    LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. xix

    LISTA DE ANEXOS ............................................................................................................... xxi

    1. INTRODUO ................................................................................................................... 1

    2. RISCOS AMBIENTAIS NO PLANEAMENTO E GESTO FLORESTAL .................... 4

    2.1. Riscos Ambientais ........................................................................................................ 4

    2.1.1. Riscos ambientais escala global .......................................................................... 4

    2.1.2. Riscos ambientais em contexto portugus ............................................................. 7

    2.2. Riscos em Atividade Florestal .................................................................................... 10

    2.2.1. Riscos abiticos ................................................................................................... 10

    2.2.2. Riscos biticos ..................................................................................................... 18

    2.3. Riscos no Planeamento e Gesto Florestal ................................................................. 22

    2.3.1. Planeamento e Gesto, conceitos globais ............................................................ 22

    2.3.2. Impacto do planeamento e gesto na sustentabilidade ambiental ....................... 22

    2.3.3. Medidas e programas nacionais ........................................................................... 24

    2.3.4. Contextualizao municipal e regional................................................................ 26

    2.3.5. Aplicao ao nvel micro ..................................................................................... 28

    3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 31

    3.1. Identificao e organizao da base de dados espacial ............................................... 31

    3.2. Metodologia para a avaliao do risco de incndio florestal ...................................... 37

  • x

    3.3. Metodologia para a avaliao do risco de movimentao de massas ......................... 56

    3.4. Metodologia para a avaliao do risco de eroso hdrica ........................................... 62

    4. APRESENTAO E ANLISE DE RESULTADOS ..................................................... 72

    4.1. Caracterizao biofsica e humana da rea de estudo ................................................. 72

    4.1.1. Clima ................................................................................................................... 74

    4.1.2. Fisiografia do espao ............................................................................................... 77

    4.1.3. Hidrografia e Hidrologia .......................................................................................... 77

    4.1.4. Fauna, Flora e Biodiversidade ................................................................................. 77

    4.1.5. Ocupao e uso do solo ............................................................................................ 80

    4.1.6. Litologia ................................................................................................................... 81

    4.1.7. Solos e Aptido da terra ........................................................................................... 81

    4.1.8. Populao, demografia e economia ......................................................................... 81

    4.1.9. A estrutura, diviso fundiria e os regimes de posse e uso do espao ..................... 82

    4.1.10. As infraestruturas de apoio .................................................................................... 82

    4.1.11. Histria e patrimnio cultural ................................................................................ 83

    4.1.12. As condicionantes de planeamento, ordenamento e proteo florestal ................. 83

    4.1.13. Os riscos naturais e os servios de proteo civil .................................................. 84

    4.2. Avaliao do risco de incndio florestal ..................................................................... 84

    4.3. Avaliao do risco de movimentao de vertentes ..................................................... 89

    4.4. Avaliao do risco de eroso hdrica .......................................................................... 91

    4.5. Proposta de planeamento, gesto e recuperao dos espaos sujeitos a riscos .......... 94

    5. CONSIDERAES FINAIS ........................................................................................... 102

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................................... 104

    ANEXOS ................................................................................................................................. 110

  • xi

    AGRADECIMENTOS

    Os meus agradecimentos vo para aqueles que de uma forma direta ou indireta contriburam

    para a realizao deste trabalho.

    Ao Engenheiro Joaquim Mamede Alonso, orientador deste projeto e meu Professor, pela

    orientao, transmisso de experincia e apoio prestado na resoluo dos obstculos que se

    foram apresentando.

    A todos os elementos do grupo de trabalho do CIGESA, pela ateno prestada durante a

    realizao do meu trabalho, particularmente Eng Ivone Martins, pela compreenso e

    preocupao.

    Ao Engenheiro Antnio Vivas, orientador externo deste projeto, agradeo a disponibilidade e

    a transmisso de conhecimentos muito para alm do que estava estipulado.

    Aos meus amigos, aos meus meninos e s minhas meninas da ESA, obrigada por terem sido

    os protagonistas de muitos momentos, obrigada pelas altas gargalhadas, longas conversas e

    apoio nos bons e maus momentos. Um agradecimento especial Ana Andrade e Jerusa

    Lopes, pela amizade e por cuidarem sempre da joaninha mais pequena.

    No posso deixar de agradecer ao Senhor Lus e D. Gabriela por muitas vezes deixarem

    fazer do seu estabelecimento uma sala de estudo, tendo sempre presente um sorriso sincero e

    uma palavra amiga.

    Agradeo minha famlia, pela preocupao constante, proteo e amizade, particularmente

    minha av, por compreender sempre as minhas ausncias e por viver os meus bons e maus

    momentos, como se dos dela se tratasse. Um agradecimento especial minha madrinha, a

    minha orientadora interna e externa, obrigada pelo apoio e por ter sempre um conselho a dar,

    no s durante a realizao deste projeto mas na vida.

    Por fim, e mais importante, agradeo minha me e Nhoc, as minhas estrelinhas, obrigada

    pelo apoio nesta fase. As minhas vitrias so para vocs

  • xii

  • xiii

    RESUMO

    O presente trabalho insere-se no desenvolvimento de conhecimentos tcnicos e acadmicos ao nvel do planeamento e gesto sustentvel dos espaos florestais. A investigao possui um carcter, numa primeira fase, crtico e assertivo acerca das problemticas inerentes s alteraes climticas, s suas consequncias nos espaos florestais e s medidas conhecidas para salvaguardar estes espaos; e numa segunda fase, a realizao de um Plano de Gesto Florestal numa rea reconhecida como terreno baldio, localizado em Moimenta Cabeceiras de Basto e cujo histrico se relaciona com inmeros incndios ocorridos nos ltimos anos.

    Para a realizao do projeto final associado a esta investigao tornou-se necessrio proceder a vrios estudos que de uma forma sucinta e prtica classificassem o espao em relao sua perigosidade de ocorrncia de incndio, de movimentao de vertentes e eroso hdrica, utilizando os sistemas de informao geogrfica como ferramentas de trabalho. Os produtos finais caracterizados pelas cartas de risco de incndio florestal, risco de movimentao de vertentes e risco de eroso hdrica permitem assim tirar concluses acerca da perigosidade da rea em vrias vertentes prticas e fazer escolhas mais assertadas para medidas que podem vir a ser implementadas no espao.

    Os principais resultados indicam a possibilidade de serem implementadas medidas eficientes e atividades diferenciadas numa rea to diminuta, como o caso. No espao em estudo, que possui na sua totalidade 131,44 hectares, seria possvel aplicar a promoo de atividades ldicas, rentveis para o Estado e que salvaguardem as reas florestais de fenmenos naturais nefastos.

    No final da investigao compreende-se que seria imprescindvel que o Estado, enquanto entidade responsvel, tivesse a gesto e o planeamento florestal mais em ateno e que promovesse cada vez mais atividades concretas que salvaguardassem a floresta e promovessem a biodiversidade.

    Palavras chave: alteraes climticas, ao antrpica, fenmenos naturais, planos organizacionais, ordenamento do territrio.

  • xiv

  • xv

    LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS

    % Percentagem

    a.C. Antes de Cristo

    CH4 Metano

    CO2 Dixido de Carbono

    Euro Km Kilmetro

    mm/m Milmetros por metro

    m/s Metros por segundo

    N2O xido nitroso

    C Graus celsius

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  • xvii

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 3.1.1 Informaes cartogrficas necessrias...pg.32 Quadro 3.1.2 Legenda da fotointerpretao.........pg.33 Quadro 3.2.1 Risco relativo atribudo s exposies...pg.39 Quadro 3.2.2 Risco relativo altitude..pg.39 Quadro 3.2.3 Risco relativo atribudo aos declives..pg.39 Quadro 3.2.4 Risco de ignio e comportamento (fator humano)...pg.40 Quadro 3.2.5 Risco de ignio e comportamento (ocupao do solo).pg.40 Quadro 3.2.6 Classes de declives e respetiva ponderaopg.45 Quadro 3.2.7 Matriz de correspondncias entre as classes de ocupao do solo da legenda

    Corine e as categorias de ocupao e uso do solo...pg.46 Quadro 3.2.8 Valores utilizados na reclassificao da carta de perigosidade..,pg.48 Quadro 3.2.9 Quadro auxiliar para clculo da vulnerabilidade de exemplares arbreos..pag.49

    Quadro 3.2.10 Valores da vulnerabilidade utilizados....pg.51 Quadro 3.2.11 Quadro auxiliar para a realizao do clculo do valor econmico de alguns

    exemplares..pg.52Quadro 3.2.12 Valores do valor econmico utilizados..pg.54 Quadro 3.3.1 Ponderaes associadas s diferentes classes litolgicas...pg.58 Quadro 3.3.2 Ponderaes da suscetibilidade de cada classe da carta de ocupao e uso dos

    solos.pg.60 Quadro 3.3.3 Reclassificao da carta de risco de movimentao de vertentes.pg.61 Quadro 3.4.1 Unidades pedolgicas.pg.67 Quadro 3.4.2 Variveis de estudo utilizadas na Equao da erodibilidade do solo.pg.67 Quadro 3.4.3 Ponderaes atribudas em termos de cobertura do solo e prticas agrcolas.

    .pg.70 Quadro 3.4.4 Reclassificao da carta de risco de eroso hdricapg.71 Quadro 4.1.1 Caracterizao Climtica do terreno baldio...pg.75 Quadro 4.5.1 Planeamento do plano de gesto florestal.pg.101

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  • xix

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 3.1.1 Carta de ocupao e uso do solo.pg.36 Figura 3.1.2 Modelo digital do terreno...pg. 37 Figura 3.2.1 Metodologia de anlise espacial do risco de incndio florestal, Chuvieco

    (1995).pg. 42 Figura 3.2.2 Carta de probabilidade...pg. 44 Figura 3.2.3 Carta de suscetibilidade..pg. 47 Figura 3.2.4 Carta de dano potencial..pg. 55 Figura 3.2.5 Metodologia de anlise espacial do risco de incndio florestal, Autoridade

    Florestal Nacional (2012)...pg. 56 Figura 3.3.1 Litologia presente no concelho...pg.59 Figura 3.3.2 Metodologia de anlise espacial para caracterizar o risco de movimentao de

    vertentes.pg. 62 Figura 3.4.1 Carta de solos de Moimenta..pg. 66 Figura 3.4.2 Tringulo de texturas.pg. 68 Figura 3.4.3 Metodologia de anlise espacial para caracterizar o risco de eroso

    hdricapg. 72 Figura 4.1.1 Localizao do concelho e freguesia da rea de estudo.pg. 73 Figura 4.2.1 Mapa de perigosidadepg. 86 Figura 4.2.2 Perigosidade da rea de estudo..pg. 87 Figura 4.2.3 Mapa do risco de incndio florestal...pg. 88 Figura 4.3.1 Mapa do risco de movimentao de vertentes...pg. 90 Figura 4.3.2 Risco de movimentao de vertentes da rea de estudo.pg. 91 Figura 4.4.1 Mapa do risco de eroso hdricapg. 92 Figura 4.4.2 Risco de eroso hdrica da rea de estudo.pg. 93 Figura 4.5.1 Mapa auxiliar ao plano de gesto florestalpg. 95 Figura 4.5.2 rea intervencionada.pg. 97 Figura 4.5.3 Casa do guarda-florestal..pg. 100

  • xx

  • xxi

    LISTA DE ANEXOS

    ANEXO I Entrevista Deputado Abel Baptista..........................................................pg. 113

    ANEXO II Entrevista Engenheiro Antnio Vivas ICNF.....pg. 119 ANEXO III Entrevista Dr. Jorge Machado CMCB..pg. 123 ANEXO IV Portaria n. 982/2004, de 4 de Agosto (Anexo I).pg. 127 ANEXO V Estaes meteorolgicas..pg. 128 ANEXO VI Valor da precipitao mdia mensal dados utilizados para o clculo da agressividade climtica (R)..pg. 131 ANEXO VII Valor mdio da precipitao anual dados utilizados para o clculo da agressividade climtica (R)...pg.139

  • xxii

  • 1

    1. INTRODUO

    As alteraes climticas e os fenmenos associados tm provocado, ao longo dos anos,

    degradaes constantes no meio ambiente, tendo consequncias notrias na diminuio da

    qualidade de vida do ser Humano, nomeadamente na sade, bem-estar social e na gerao de

    riqueza. Por essa razo, torna-se crucial proteger os ecossistemas agro florestais, trabalhando

    em prol do meio ambiente e diminuindo assim, os efeitos das alteraes climticas no planeta

    e salvaguardar a sade do ser Humano (Monbiot, 2007).

    A nvel europeu conhecem-se vrias medidas e inmeras associaes no-governamentais que

    tm como principais objetivos a proteo da floresta e a promoo ativa de biodiversidade.

    Portugal, no sendo indiferente a todas as alteraes que se fazem sentir, tambm est aliado a

    muitas dessas atividades, no entanto verifica-se a existncia de algumas lacunas na gesto dos

    espaos florestais, sendo assim importante que haja uma maior consciencializao por parte

    dos principais atores na salvaguarda da floresta, no s pela sua importncia ambiental mas

    tambm pela posio que este sector ocupa no mercado nacional.

    O Deputado Abel Baptista, vice presidente da Comisso de Agricultura e Mar, do Ministrio

    da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Territrio, referiu ao investigador

    que a floresta portuguesa ocupa 38% do territrio nacional, com 3,45 milhes de hectares e

    a 12 maior rea florestal da Unio Europeia, sendo que 23% desta rea protegida. Se, por

    um lado, considera-se uma mais-valia para o pas que as reas florestais nacionais sejam to

    valorizadas, por outro seria imprescindvel que a gesto e o planeamento destes espaos

    estivessem altura desta valorao. No obstante legislao que j existe e que utilizada na

    gesto dos espaos florestais, o investigador reconhece que alguma desta legislao pode ser

    considerada como desatualizada para o que a realidade a nvel florestal. Para tal torna-se

    necessrio uma atualizao de algumas medidas e a promoo da aplicao de medidas

    diferenciadas e que beneficiariam a rea florestal nacional.

    O presente trabalho tem o seu mbito investigacional na gesto e planeamento de espaos

    florestais, considerando por um lado, uma organizao bibliogrfica que aborda vrias

    temticas integrantes e por outro lado, o caso concreto do terreno baldio de Moimenta,

    localizado na freguesia de Cavez, pertencente ao concelho de Cabeceiras de Basto, tratando-se

  • 2

    de uma rea ardida e cuja recuperao est dependente das aes da entidade estatal

    responsvel, o Instituto da Conservao da Natureza e das Florestas.

    Numa primeira fase, recolheram-se vrias referncias bibliogrficas referentes a temticas da

    atualidade da rea cientfica em estudo, assim como teve o cuidado de saber a opinio de

    vrios representantes das principais entidades envolvidas no projeto, nomeadamente o

    Deputado Abel Baptista representando o Ministrio da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do

    Ordenamento do Territrio, o Engenheiro Antnio Vivas, representante do Instituto Nacional

    da Conservao da Natureza e das Florestas, ainda orientador externo desta investigao e o

    Doutor Jorge Agostinho Machado, vereador da Cmara Municipal de Cabeceiras de Basto. Os

    principais objetivos desta recolha de informaes so conhecer o estado dos espaos florestais

    nacionais, percebendo ainda a posio dos principais intervenientes face s alteraes que se

    tm vindo a reconhecer e as opinies referentes s medidas que deveriam ser implementadas

    atualmente.

    Todas as informaes bibliogrficas encontram-se, assim, agrupadas em trs partes distintas

    que esto interligadas entre si. No primeiro ponto so abordados os riscos ambientais tanto

    escala global como no contexto nacional. Relativamente aos riscos escala global referem-se

    as alteraes climticas, especificando as mais importantes e reconhecendo as suas

    consequncias nefastas para o meio ambiente. Por outro lado tambm se pretende realizar uma

    pesquisa especfica acerca dos processos degradativos do patrimnio e funcionamento da

    floresta portuguesa.

    No seguimento, so tratadas as problemticas associadas aos riscos nos espaos florestais que

    se encontrem em atividade. Aqui diferenciam-se os riscos abiticos, a longo prazo e imediatos,

    e os riscos biticos, fazendo ainda uma correspondncia ao que se verifica atualmente nos

    espaos florestais a nvel nacional.

    Por fim, a reviso bibliogrfica referencia ainda os riscos encontrados durante o planeamento e

    gesto florestal, fazendo uma anlise crtica de todas as legislaes existentes, aplicadas no

    contexto nacional e local.

  • 3

    Desta forma, a segunda fase deste projeto pretende cumprir o objetivo de avaliar os riscos

    ambientais associados rea ardida do baldio de Moimenta, isto , o risco de incndio, o risco

    de movimento de vertentes e o risco de eroso hdrica, utilizando como objetos de estudo e

    ferramentas de trabalho, dados espaciais e os sistemas de informao geogrfica.

    Numa ltima fase, pretende-se realizar um Plano de Gesto Florestal para a rea em estudo,

    aplicando os conceitos adquiridos ao longo da investigao e que promovam, principalmente,

    o uso mltiplo da floresta.

  • 4

    2. RISCOS AMBIENTAIS NO PLANEAMENTO E GESTO FLORESTAL

    2.1.Riscos Ambientais

    2.1.1. Riscos ambientais escala global

    O paradigma do ambiente hoje entendido numa escala global de crescente preocupao pelas

    questes de sustentabilidade dos ecossistemas naturais. Em torno deste paradigma so

    estudadas as modificaes que se observam ao longo do tempo, utilizando como objeto de

    estudo todos elementos atmosfricos, ou seja temperatura, humidade relativa, nebulosidade e

    insolao (DGRF, 2007) articulado com o comportamento da fauna e da flora e por referncia

    atitude humana.

    As investigaes relativamente aos riscos ambientais associados ao comportamento animal e

    vegetal e possveis consequncias destes comportamentos so as alteraes climticas. Estas

    modificaes fazem parte integrante de uma srie de resultados de aes humanas diretas ou

    indiretas e de processos de variabilidade climtica, ou seja, de origem antropognica ou

    natural (Santos, 2006).

    A partir destes estudos melhora-se a compreenso acerca das modificaes observadas no

    meio ambiente natural, percebendo-se assim, quais as causas das inmeras problemticas

    surgidas atualmente e que, se relacionam como um declnio preocupante na variabilidade de

    espcies, quer animais, quer vegetais. Se na fase recente o Homem utilizou e explorou o

    ambiente de forma arbitrria, hoje, assistimos a uma gradual preocupao com o ciclo do

    ambiente por influncia de causas naturais ou de m utilizao humana. Em face desta

    preocupao constitui-se oportuno realizar uma ao ativa com o propsito de eliminar as

    principais causas do declnio natural, e assim, atenuar as consequncias nefastas que as

    alteraes climticas tm face aos elementos naturais existentes no sistema terrestre.

    No obstante constatar a partir de estudos acadmicos sustentados da resilincia dos meus

    naturais e florestais, as alteraes climticas que se foram sucedendo ao longo das dcadas

  • 5

    mostra a importncia de atenuar os fatores condicionantes destas alteraes e impedir que

    mais casos com grande gravidade surjam em meio natural.

    As causas que provocam estas alteraes climticas so exatamente o epicentro da temtica

    em questo, sendo que ser aqui que se deve proceder a uma anlise e estudo mais detalhado.

    Segundo Santos (2006): o aquecimento global observado nos ltimos 50 anos resulta

    provavelmente das emisses para a atmosfera de gases com efeito de estufa (GEE),

    provocados pelas atividades humanas, especialmente a queima de combustveis fsseis e as

    alteraes no uso dos solos, em particular na desflorestao. O autor descreve ainda que esta

    situao ter contribudo significativamente para o aumento observado do nvel mdio das

    guas do mar durante o sculo XX, por meio da expanso trmica das camadas superficiais do

    oceano e da fuso dos gelos das regies montanhosas.

    O alerta do autor dever despertar os responsveis polticos pela implementao de polticas

    de delimitao dos espaos para construo prximos do mar, entre muitos outros aspetos.

    Os gases com efeito de estufa descrevem as consequncias dos atos antropognicos e

    inconscientes ao longo do tempo. Investigaes realizadas demonstram que os principais gases

    que constituem o efeito de estufa sero o dixido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o xido

    nitroso (N2O).

    O dixido de carbono o gs mais abundante na camada atmosfrica e a sua existncia em

    grandes concentraes a principal causa das alteraes na temperatura que se observam

    atualmente. De forma natural o dixido de carbono tem um papel crucial para a vegetao na

    produo primria ao nvel da fotossntese.

    A este propsito, quando Frdrie Lenoir questionou Hubbert Reeves (2006) acerca de quais

    seriam as medidas a tomar para que se conseguisse controlar o CO2 na atmosfera, o astrofsico

    deu enfase a plantar novas florestas, mesmo que seja uma medida de curta durao devido

    aos ciclos de vida das plantas, poder constituir-se como uma ao intencional para travar os

    efeitos nefastos da poluio.

    No obstante, nos ltimos anos ter-se assistido a uma viragem gradual no comportamento

    humano acerca da plantao de novas florestas constata-se que ainda no suficiente face

  • 6

    concentrao dos gases (Pereira, 2005). Este desequilbrio entre a concentrao de gases e

    reflorestao tem agravado o efeito de estufa e o consequente aumento da temperatura.

    Este facto evidenciado em inmeros casos relevantes que comprovam tais alteraes.

    Estudos efetuados por Miranda et al. (2005) et tal como posto em evidncia por Pereira

    (2005), () a partir da ltima dcada do sculo XX, tornou-se clara uma tendncia de

    aquecimento moderada mais acima da variabilidade inter-anual. De facto, os 5 anos mais

    quentes dos ltimos 150 anos (1998, 2003, 2002, 2001 e 1997) foram observados na ltima

    dcada e o Vero de 2003 foi classificado como o mais quente da Europa nos ltimos 500

    anos. Quanto precipitao na Europa no ltimo sculo (1900 2000) ocorreu um acrscimo

    da chuva na Europa do norte (10 40% mais precipitao) e um decrscimo na Europa do sul

    (at 20% menos precipitao) .

    Este aquecimento, prejudica especialmente o crescimento e desenvolvimento do material

    vegetal. Esta afirmao pode tambm ser confirmada pela evidncia que se tem assistido

    relativamente ao crescimento das plantas na Europa, sendo que se verifica que () o incio

    do perodo de crescimento das plantas ocorre vrios dias mais cedo e a senescncia outonal

    alguns dias mais tarde (), como explicito por Pereira (2005).

    As evidncias observadas e estudadas cientificamente ao longos dos anos, tornam claras as

    problemticas relativas extino de espcies e modificaes fisiolgicas e morfolgicas de

    outras e exigem dos pases desenvolvidos, nomeadamente das grandes potencias econmicas

    politicas de planeamento contra os riscos ambientais.

    Qualquer que seja o paradigma ambiental, os seus riscos surgem com uma dimenso

    integrante. Diversos autores que sustentam a abordagem sistmica do conceito de riscos

    ambientais e o correlacionam com casos reais. neste angulo de viso que se encontra uma

    maior necessidade de investigar e centralizar a temtica na consciencializao da existncia

    dos riscos ambientais e de conhecer os mtodos existentes para que se possa proceder a uma

    avaliao correta e coerente. Esta avaliao ir permitir uma maior salvaguarda do planeta,

    agindo cada entidade responsvel pela sua rea de estudo. S desta forma que ser possvel a

    longo prazo reduzir os riscos ambientais e prevenir a incidncia de muitos outros.

  • 7

    A modernizao das cincias utiliza como veculo de estudo e aprofundamento das questes

    ambientais, ferramentas tecnolgicas atuais e inovadoras. Foram criados mtodos

    vocacionados para atuar sobre estes paradigmas. Como o caso do General Circulation

    Models cujo objetivo reside em realizar estudos sobre as alteraes no clima que possam ter

    surgido numa determinada rea e assim fornecer dados que sero utilizados em anlises de

    impacto (IPCC, 2011).

    Os modelos cientficos que abrangem vertentes especializadas para determinados riscos

    ambientais inerentes, pertencem a um grupo de Sistemas de Informao Geogrfica que

    abarcam diferentes reas de cincias exatas e entidades e conduzem assim uma interao entre

    dados fsicos, como o clima, o solo e a vegetao, com resultados informticos precisos e

    eficazes.

    Os principais objetivos dos Sistemas de Informao Geogrfica (SIG) so facilitar a

    localizao de um ponto ou rea numa determinada cartografia existente, permitir conhecer o

    estado de certas reas e se h alteraes que devem ser efetuadas, realizar estudos que

    comparem a evoluo de uma determinada rea face a uma ou mais variveis e permitir a

    realizao de modelos especficos para determinadas incgnitas que possam surgir, como

    neste estudo, acerca de riscos ambientais (Maps Of World, 2012).

    As vantagens destes instrumentos so inmeras enquadrando-as nas facilidades e nos produtos

    finais que estes programas permitem realizar. Atravs dos Sistemas de Informao geogrfica

    verifica-se a possibilidade de armazenar um maior nmero de dados, existe a vantagem de se

    proceder a clculos rpidos e updates mais fceis, assim como uma maior facilidade de

    calcular novas variveis e finalmente, h a vantagem de selecionar e cruzar dados (FAO,

    2001) ao nvel da anlise e modelao espacial.

    2.1.2. Riscos ambientais em contexto portugus

    Em Portugal as alteraes climticas tambm so as principais causadoras de grandes

    modificaes visveis e cuja sua reversibilidade nula. Estudos realizados pelo Inter-

    governmental Panel on Climate Change (IPCC) indicam que a regio mediterrnica das

    regies com mais vulnerabilidade face ao aquecimento global (DGRF, 2007).

  • 8

    Segundo o que se encontra explicito na Estratgia Nacional para as Florestas, redigido pela

    Direo Geral de Recursos Florestais (2007), que por sua vez se encontra em concordncia

    com o Projeto SIAM, desenvolvido por Santos et al. (2002), Portugal possui um histrico que

    vai de encontro ao que tem sido estudado nos ltimos anos. Assim, foram observados trs

    perodos distintos relativamente evoluo do clima: um aquecimento entre 1910 e 1945, um

    arrefecimento entre 1946 e 1975 e um perodo de aquecimento rpido entre 1976 e 2000.

    Paralelamente a estes dados, o Projeto SIAM explicitou uma previso acerca de quais seriam

    as modificaes no sistema terrestre natural ao longo dos anos seguintes. Aps dez anos da

    publicao do estudo, encontra-se uma correlao entre a previso e a conhecida problemtica

    atual. Fora mencionado um aumento das temperaturas mdias por toda a rea de Portugal

    Continental, sendo o aumento maior nas zonas do interior face s zonas litorais. Relativamente

    precipitao, esta iria reduzir-se nas estaes da Primavera, Vero e Outono, com maiores

    perdas na regio sul do pas (DGRF, 2007).

    Para um estudo mais assertivo sobre os valores da precipitao recorre-se ao diagrama de

    Emberger que trata de clculos efetuados atravs de dados de precipitao anual e das

    temperaturas mdias do ms mais quente e do ms mais frio e onde esto implcitos os

    diferentes impactes das alteraes climticas.

    O Diagrama que fora efetuado para Portugal continental pela Direo Geral de Recursos

    Florestais (2007) tem como principais concluses: um aumento das produtividades potenciais

    lenhosas nalgumas estaes localizadas no Norte e Centro de Portugal Continental (Viana do

    Castelo, Braga, Porto e Aveiro), enquanto noutras estaes (Bragana, Guarda e vora) essa

    evoluo negativa, em resultado das redues na precipitao anual e o aumento das

    amplitudes trmicas.

    Conclui-se desta forma, que as diversas modificaes no pas resultam as alteraes

    climticas. Assim como, as consequncias inerentes a estas mudanas climticas ao longo dos

    anos apresentam evidncias e impactes sucessivamente maiores.

    Relativamente chuva que se concentra no Inverno, possibilita que haja uma maior eroso do

    solo e maior variabilidade na disponibilidade hdrica, a grande diminuio na chuva na

  • 9

    Primavera e no Vero tende a provocar mais aridez, uma diminuio na produtividade e um

    maior risco de incndios florestais. Por outro lado, o fato do Interior e Sul do pas serem mais

    afetados que o Litoral e o Norte, acentua ainda mais as diferenas entre as regies (Pereira,

    2005). A distribuio geogrfica de diferentes espcies arbreas florestais, provocando uma

    maior desertificao das reas afetadas, assim como uma maior possibilidade de mortalidade

    das rvores.

    Centralizando esta temtica, a Direo Geral de Recursos Florestais (2007), remete este estudo

    para a constatao de casos que evidenciam este fenmeno. Cada vez mais assiste-se a uma

    substituio, no Norte, de parte dos povoamentos de pinheiro e eucalipto por floresta mais

    esclerfita, que hoje em dia tem maior presena no Sul, e.g. sobreiro; a reduo, no Sul, das

    reas ocupadas com floresta, nomeadamente nos montados, que sero substitudos por matos.

    Todas estas evidncias que se preveem ser observadas a curto e a mdio prazo renem-se

    como um conjunto de riscos ambientais. No sentido da diversidade de riscos, Hubbert Reeves

    (2006) caracteriza a migrao de espcies integrado numa viso futura, denominada como o

    cenrio deserto, onde em 2100 todas as espcies tero migrado para as zonas polares, devido

    s altas temperaturas, sendo que somente as plantas com melhor adaptabilidade a altas

    temperaturas que sobrevivero no seu habitat natural. Este cenrio vem aliado a outros dois

    cenrios catastrficos que o astrofsico indica para o planeta Terra.

    O segundo cenrio chamado como cenrio Geyser caracteriza-se pela influncia que os

    gases de efeito de estufa tm no aumento gradual da temperatura. O autor remete o planeta

    para uma situao onde as guas ferventes ejetadas esporadicamente pelos geysers na

    Islndia caem em tanques onde criam importantes colnias de algas azuis, provavelmente os

    primeiros seres vivos aparecidos no nosso planeta e que portanto nos do uma boa

    representao da vida terrestre primitiva e do seu desenvolvimento durante os trs primeiros

    milhares de milhes de anos. O autor sublinha ainda que este cenrio pode ter algumas

    semelhanas ao que se conhece da histria do desenvolvimento terrestre h milhares de anos e

    todo os processos para a sua organizao tm os mesmos fundamentos biolgicos do que se

    conhece da histria. Por fim, o terceiro cenrio, denominado como Cenrio Vnus, vai de

  • 10

    encontro a temperaturas que ultrapassem os 100C e onde todas as condies do planeta

    seriam idnticas s que se fazem sentir no planeta Vnus.

    Com registos de aplicao de modelos cientficos de recurso a tcnicas modernizadoras

    tambm em Portugal existem inmeros casos onde se utiliza os componentes de SIG,

    nomeadamente em questes de estudos de caso, onde se conhea a evoluo de uma

    determinada varivel, ao longo do tempo e as modificaes existentes.

    Por outro lado, os Sistemas de Informao Geogrfica tm um papel crucial nas florestas e em

    todas as atividades inerentes, nomeadamente em papis de anlise preveno, apoio

    presveno e salvaguarda, de incndios, eroso, movimento de massas e propagao de

    invasoras lenhosas. Paralelamente preveno e salvaguarda h tambm uma ao

    interventiva no ordenamento e gesto do coberto florestal em todo o territrio portugus.

    Nesta investigao em curso, pretende-se confirmar onde se podem utilizar as ferramentas SIG

    para realizar clculos de risco de incndio, eroso e movimentao de massas para uma rea

    que tendo o estatuto de terreno baldio, sofrera um incndio que retirou por completo toda a

    cobertura vegetal.

    2.2.Riscos em Atividade Florestal

    2.2.1. Riscos abiticos

    2.2.1.1.Riscos abiticos a longo prazo

    Neste trabalho onde so abordados os riscos ambientais, as suas causas e consequncias,

    pertinente ter uma viso especfica e abrangente do que se vem sucedido ao longo dos tempos

    no espao florestal portugus. Qualquer cidado comum consegue presenciar que existe uma

    perda constante e gradual ao longo dos anos da rea florestal, no entanto, as causas e os

  • 11

    fenmenos inerentes a estes processos devem ser esquematizados de uma forma objetiva e

    prtica para que se possa tirar concluses e, por fim, trabalhar no sentido de proteger o coberto

    vegetal portugus.

    Numa perspetiva objetiva de mercado e de sustentabilidade ambiental o sector florestal surge

    como uma temtica integrante, abrangendo vrias investigaes pertinentes para cincias

    acadmicas e de ao direta.

    A floresta, tal como sugerido pela Associao Empresarial de Portugal (2008), um

    importante veculo para a conservao da natureza e para o equilbrio ambiental, pois tem um

    papel ativo na promoo da biodiversidade e na qualidade do ar e da gua. Por outro lado,

    outros autores defendem que para alm destes benefcios inerentes ao coberto florestal, existe

    outra vertente que deveria ser cada vez mais tida em conta como uma mais-valia para a

    economia nacional, tratando-se do uso mltiplo que a floresta permite obter. Atravs de uma

    conscincia ambiental coletiva, a floresta permite ainda, tirar partido da mesma em inmeras

    atividades economicamente rentveis e ldicas, como a sustentao da silvo pastorcia, caa,

    pesca, proteo do solo contra eroso elica e hdrica, proteo da rede hidrogrfica,

    conservao de habitats para fauna, flora, recursos energticos e genticos, promover recreio e

    lazer e o enquadramento e esttica da paisagem (Pereira et al, 2006).

    Seria interessante adquirir conhecimentos e tcnicas eficazes que, de certa forma,

    promovessem e ampliassem este uso mltiplo em reas florestais, impedindo assim o

    abandono corrente e as consequncias nefastas que esta atitude traz aos ecossistemas

    florestais. O uso mltiplo tem sido condicionado entre outros aspetos, devido s alteraes

    biolgicas e fsicas a que o coberto florestal nacional tem sido sujeito. Este fato evidenciado

    segundo os ltimos dados concretos da Autoridade Florestal Nacional (2010), que indicam que

    Portugal possui atualmente uma rea florestal de 3 541 hectares e que este valor tem sofrido

    uma diminuio considervel.

    A origem deste declnio provm de uma srie de alteraes no clima causadas pela ao

    antrpica e muitas vezes inconsciente, tal como referido pela investigadora Helena Freitas

    (2005) que sublinha que as atividades humanas, como a agricultura, a urbanizao ou a

    construo de estradas, tm alterado a integridade e o funcionamento dos ecossistemas

  • 12

    florestais. Estas aes so nefastas para o coberto florestal provocando assim uma

    degradao do solo permanente e uma desertificao (Coelho, 2001).

    Hubbert Reeves (2006) considera que a desertificao prossegue num ritmo galopante,

    apoiando esta afirmao em dados estatsticos tratados por ele que relatam que em 1980, um

    tero da superfcie dos continentes era desrtica. Prev-se que esta frao passe a 40% em

    2010 e talvez a 50% em 2020.

    necessrio ento que haja uma maior consciencializao por parte de todos os intervenientes

    acerca deste declnio e que se proceda a estudos que, de certa forma, salvaguardem o que resta

    da floresta portuguesa. No fundo, necessrio conhecer e ter conscincia de que as alteraes

    climticas podero vir a ter, a longo prazo, grandes implicaes no desenvolvimento das

    florestas (Martins, 2002).

    Aliados s alteraes climticas esto diversos fenmenos fsicos que se comportam como

    riscos ambientais para a totalidade dos espaos florestais. importante salientar, que no

    crculo desta investigao e anlise bibliogrfica, se verificou que nenhuma rea florestal, a

    nvel nacional est imune de sofrer estes fenmenos, concluindo-se assim, que o que ser

    analisado e descrito dever ser posto em causa em qualquer espao.

    Numa primeira interveno cientfica importante salientar os fenmenos de natureza

    climtica, isto , todos aqueles fenmenos com epicentro na atividade humana. No conjunto

    existem fenmenos que tm neste momento uma presena contante em qualquer espao

    florestal e cujas suas consequncias so irreversveis para os ecossistemas florestais.

    No se pode deixar de referenciar como principais fenmenos o efeito de estufa e o

    consequente aquecimento global, sendo que os efeitos no so visveis a olho nu, mas sero

    sentidos a longo prazo. Estes fenmenos retiram ao coberto vegetal a capacidade de se assumir

    como sumidouro (Ferreira, 2010) dos gases patognicos que so libertados, compreendendo

    no final uma menor resistncia da vegetao e possvel morte precoce do material vegetal.

    Ainda inerentes a estes fenmenos de natureza climtica existem as constantes alteraes nas

    temperaturas e respetivas oscilaes de quente e frio, calor e neve, que prejudicam toda a rea

    florestal implicando vrias alteraes fsicas.

  • 13

    Pereira et al (2006) nas suas investigaes acerca das alteraes climticas em Portugal

    concluem que a influncia do clima na floresta no pode ser reduzida ao efeito da variao da

    temperatura mdia ou da precipitao; tambm se pode fazer sentir pela ocorrncia de

    fenmenos extremos, como tempestades, vagas de frio ou de calor. Aliada a esta afirmao,

    os investigadores ainda comprovam este facto utilizando uma situao que se sucedeu no ano

    de 2003, onde devido a uma vaga de calor, 15% do coberto florestal nacional, ardeu.

    Os autores terminam afirmando que a destruio repentina e massiva associada a este tipo de

    fenmenos podem causar grandes prejuzos econmicos e ambientais.

    Ainda na perspetiva contnua da temtica das oscilaes de temperatura que se tm assistido

    gradualmente, esto inerentes fatores que se rotulam como consequncias destas mudanas

    repentinas e correntes. A vegetao existente nas florestas como modo de adaptao e

    enfrentarem estes fenmenos nefastos para a sua supervivncia.

    Diversos investigadores suportam esta questo, dando como exemplos fatores correntes da

    floresta portuguesa. Pereira (2005) utilizou os estudos de Pereira et al (2002) no mbito do

    Projeto SIAM, como alicerce da sua investigao relatando que as regies que se situam mais

    a Norte do Pas esto a criar ambientes mais favorveis fixao de exemplares arbreos que

    antes eram somente avistados no sul, como Quercus suber e Quercus ilex, o Sobreiro e a

    Azinheira, respetivamente. Este facto apoiado pelo fato da regio Norte do pas possuir uma

    maior concentrao de dixido de carbono na atmosfera e assim, criar ecossistemas com

    temperaturas mais amenas.

    O autor defende, tambm que como ainda no se avista na prtica estas modificaes deve ser

    feito um estudo prvio acerca desta problemtica a fim de se conhecer quais os cenrios e os

    impactos do clima em determinadas espcies vegetais, pois, como o prprio defende () a

    migrao natural das rvores para regies onde o clima lhes seja mais favorvel pode no

    ocorrer naturalmente, porque as alteraes climticas parecem desenrolar-se a um ritmo mais

    rpido do que a velocidade de colonizao de novos habitats pelas rvores, especialmente no

    contexto de uma ecologia fortemente alterada pelo Homem.

  • 14

    Com origem tambm na ao antrpica, as chuvas cidas esto diretamente relacionadas com

    a libertao de gases como o Dixido de Enxofre e xido de Azoto, nomeadamente em

    indstrias ou no uso de transportes poluentes.

    Na realidade, as chuvas cidas atuam diretamente no material vegetal provocando um

    crescimento lento, alteraes fsicas ou at, em muitos casos, a morte. Este tipo de danos no

    material vegetal vai ainda, indiretamente, causar uma maior degradao do solo e h

    certamente uma irreversibilidade notria (EPA, 2007).

    Paralelamente a este fenmeno esto inerentes questes sobre o risco permanente de perda de

    solo. O risco de eroso tem tendncia a aumentar, principalmente, quando h uma maior

    exposio do solo energia cintica do impacto das gotas da chuva, quando se verifica uma

    m infiltrao das guas superficiais (SNIRH, 2012) e quando ocorrem chuvas na estao

    imediata aos fogos (Almeida et al. 2005).

    Todos estes riscos ambientais presentes no coberto florestal tm muita influncia em questes

    hdricas, nomeadamente na vertente da quantidade e qualidade de gua existente.

    As consequncias nefastas que se verificam em fenmenos de alteraes na temperatura,

    chuvas cidas, riscos de pragas e doenas e fenmenos de eroso vo ter um papel ativo na

    poluio constante dos lenis freticos provocando assim um declnio na qualidade da gua,

    contaminando-a e prejudicando assim todos os atores que dela necessitam.

    2.2.1.2. Riscos abiticos imediatos

    No entanto todos estes riscos descritos anteriormente so causados, muitas vezes, por

    incndios florestais traduzindo-se assim como o maior entrave na gesto e planeamento

    florestal, na diversidade da flora e fauna e na sustentabilidade florestal. Tal como fora

    referenciado pela Direo Geral de Recursos Florestais, na Estratgia Nacional para as

    Florestas (2007): uma expresso do efeito das mudanas climticas o aumento do fenmeno

    dos incndios florestais, que so, hoje em dia, certamente o maior dos riscos percebidos no

    sector florestal.

  • 15

    Esta questo dos fogos florestais tem uma grande visibilidade na sociedade atual mas tambm

    na comunicao social, dando-se enfase s principais causas e s consequncias de maior

    expresso espacial e visibilidade.

    De uma forma genrica, os incndios florestais so causados ou por aes inconscientes do ser

    Humano ou de forma natural, devido a mudanas climticas permanentes. O incendiarismo a

    maior causa dos incndios naturais, seguindo-se do uso do fogo, sendo esta categoria

    constituda por queimadas inconscientes de agricultores, fumadores e lanamentos de

    foguetes. Com menor percentagem, mas ainda assim relevante as causas dos incndios

    tambm passam por causas acidentais, estruturais e naturais. Relativamente s causas naturais

    verifica-se que a componente do aumento da temperatura influencia os incndios florestais,

    sendo que estudos indicam que os incndios, cuja sua causa seja natural, se sucedem nos

    meses mais quentes do ano. Por outro lado, o vento tambm influencia em grande parte a

    disperso da rea queimada (Pereira et al. 2006; adaptado da DGRF).

    Ainda acerca da temtica das causas dos fogos em Portugal, e ainda sendo adaptado pelas

    indicaes fornecidas pela Direo Geral dos Recursos Florestais, Pedro Vieira (2006)

    organiza as causas mais comuns em concordncia com os motivos inerentes. Assim, para alm

    das causas indicadas pelos autores da investigao Incndios Florestais em Portugal,

    importante salientar causas como maquinaria e equipamento agro-florestal, linhas eltricas,

    caminhos-de-ferro, renovaes de pastagens, queimas agro-florestais, conflitos de caa,

    retaliaes e vinganas, afugentar animais, crianas e menores, pirmanos, alteraes do uso

    de solo e presso para venda de madeira.

    Pereira et al (2006) afirma que Portugal, sendo o menor dos cinco pases do Sul da Europa,

    dos mais afetados pelos fogos rurais () , possuindo grandes reas de floresta queimada.

    Diversas investigaes tm sido feitas, cujo objetivos so enquadrar as reas queimadas do

    coberto florestal portugus em percentagem e em estatstica para que se possa tomar atitudes

    prticas na preveno e recuperao destas reas.

  • 16

    Dados da European Commission (2005) indicam que em 2004, 30% era a percentagem de rea

    ardida em Portugal. Atualmente, pelos dados da Autoridade Florestal Nacional (2012) 2 887

    hectares so a rea que fora ardida em 2011.

    Os dados que so recolhidos anualmente pela Autoridade Florestal Nacional e antiga Direo

    Geral dos Recursos Florestais, dizem respeito ao nmero de incndios na sua totalidade

    havendo uma ateno por parte da entidade ao organizar dados mediante a sua distribuio

    territorial, o nmero de fogos ocorridos, os hectares ardidos e as datas em questo.

    No entanto, a entidade responsvel pelo Planeamento e Gesto dos ecossistemas florestais

    nacionais no faz diferenciao nos tipos de fogos ocorridos, isto , no os caracteriza

    mediante os seus nveis de destruio.

    Assim, atravs dos estudos realizados por Pedro Vieira (2006) possvel caracterizar os fogos

    florestais mediante intervalos de destruio. Numa primeira caracterizao podem dividir-se

    os fogos florestais entre fogachos e incndios, sendo relativos a reas ardidas com menos de

    um hectare e mais que um hectare, respetivamente. O autor referenciado aponta ainda, outras

    caracterizaes dos fogos florestais que os organizam em classes: fogos-beb, incndios

    menino, incndios adolescente, incndios adulto, incndios fera e incndios Vulcano.

    Os fogos beb so fogos reconhecidos internacionalmente como fogachos pois a sua rea

    queimada no ultrapassa um hectare. Em Portugal, no perodo de tempo entre 1996 e 2005, a

    ocorrncia deste tipo de fogachos corresponderam a 76% do total de fogos registados. Apesar

    de ser um nmero elevado, as consequncias e os hectares de reas ardidas no so to

    relevantes quando comparados com outros tipos de fogos. O facto de se tratar de um fogo cuja

    sua rea de atuao no excede um hectare permite que o seu controlo seja rpido e eficaz.

    Relativamente aos incndios menino, estes caracterizam-se por j se considerarem incndios

    florestais mas cuja extino ocorre antes de chegar aos dez hectares queimados. Pelo facto de

    as temperaturas, neste tipo de fogos, ainda no criarem o seu prprio clima nem a frente dos

    fogos ser muito extensas, estes fogos so poucos destrutivos, sendo que no perodo de tempo

    entre 1996 e 2005 s 9% total da rea ardida que ocorreu com este tipo de fogo.

  • 17

    Os incndios adolescentes esto entre os dez hectares ardidos e os cem hectares, sendo desta

    forma j caracterizados pela sua intensidade e capacidade destrutiva inerente. Dados da

    Direo Geral dos Recursos Florestais indicam que estes tipos de fogos no tiveram grandes

    oscilaes durante os ltimos anos, apesar das reas ardidas serem sempre em grande nmero.

    Os incndios adulto e os incndios fera tm praticamente as mesmas caractersticas fsicas

    e as mesmas formas de atuao. Ambos so j considerados grandes incndios por

    ultrapassarem os cem hectares e porque so incndios que caso no sejam combatidos logo nas

    primeiras horas, podem atingir intensidades e progresses muitssimos elevadas, levando a

    destruies macias nos ecossistemas florestais. A nica vertente que diferencia os incndios

    adulto dos incndios fera que estes ltimos caracterizam-se por ultrapassarem j os mil

    hectares.

    Estes fenmenos causam grande preocupao perante os principais intervenientes dos

    incndios florestais, no entanto possvel afirmar-se, baseando-se todas as teorias em dados

    pblicos que a partir deste tipo de incndios adulto ou incndios fera, j existem

    localidades que so imunes a estes incndios. Tal facto no se deve a salvaguarda ou proteo

    existente nessas localidades, mas pelo facto de estas j no possurem coberto florestal

    superior a cem hectares, resultado das destruies macias ocorridas em anos transatos.

    Por fim, relativamente aos incndios Vulcano, so os piores incndios que possam ocorrer,

    ultrapassando a rea ardida de cinco mil hectares. Nestes casos, s h extino total do

    incndios, caso as condies meteorolgicas assim o favorecerem, caso contrrio os recursos

    humanos no possuem meios para suportar tal catstrofe. No ano de 2003, caracterizado por

    ser um ano cujos incndios florestais ocorreram em grande nmero, foram 15, o nmero de

    incndios ocorridos com esta tipologia. Estes valores ainda que sejam provisrios so temveis

    para as entidades responsveis pelos incndios florestais, investigadores, profissionais e para a

    sociedade em geral pois as consequncias que se avistam no ps-fogo so muitas vezes

    irreversveis.

    Um dos maiores problemas resultado de um incndio florestal a sucesso ecolgica. Aps

    um incndio vai realizar-se uma libertao de nutrientes que provm do material vegetal

    queimado. Estes nutrientes vo servir para novas plantas se desenvolverem, inicialmente como

  • 18

    pequenas herbceas e depois como invasoras lenhosas que iro ocupar toda a rea ardida

    impedindo a regenerao natural (Pereira et al. 2006).

    Desta forma, verifica-se que os incndios florestais constituem se como a maior ameaa

    sustentabilidade florestal portuguesa pois todas as categorias envolventes correm graves riscos

    de declnio constante, prejudicando assim os diversos sectores econmicos relacionados

    (Almeida et al. 2005).

    Ao nvel de resultados seria importante ressalvar a opinio pessoal de Pedro Vieira (2006),

    que realiza uma afirmao clara e concisa: Portugal, est, enfim, a transforma-se num pas

    cinzento, com uma paisagem degradante. No num deserto, pois este at possui uma beleza

    intrnseca. A paisagem aps um incndio devastador um campo trucidado por uma guerra de

    fogo.

    Reconhece-se atualmente que os riscos abiticos se inter-cruzam e influenciam os riscos

    biticos pelo que se considera pertinente a existncia de um planeamento precoce e articulado.

    2.2.2. Riscos biticos

    Uma outra problemtica importante que tem sido questionada entre as entidades responsveis

    e os profissionais da rea, pelo seu grau de relevncia e pelas consequncias que traz para a

    floresta portuguesa a invaso lenhosa, pragas e doenas. Estudos feitos por Maria Cristina

    Morais (2007) enquadram os processos inerentes propagao de plantas invasoras,

    descrevendo quais as causas e consequncias para o meio florestal.

    S se considera que h uma invaso de espcies lenhosas, caso haja uma concentrao elevada

    de plantas desta espcie numa determinada rea e caso estas espcies estejam a impedir o

    crescimento e desenvolvimento de outros exemplares de material vegetal.

    A planta invasora, inicialmente introduzida de forma espontnea numa determinada rea,

    procedendo-se depois a uma naturalizao e assim uma implementao. S aps sofrerem um

    determinado estimulo, que se pode definir como uma clareira ou uma rea mais descoberta de

    vegetao, onde haja condies climticas de temperatura e humidade favorveis, assim como

    a existncia de gua, que se ir realizar o aumento da distribuio de espcies invasores e

  • 19

    assim, criar-se fenmenos de invaso lenhosa. Esta invaso impossvel de travar pois este

    tipo de material vegetal caracteriza-se por possuir uma reproduo vegetativa, uma disperso

    eficaz e um crescimento rpido.

    Conhece-se que existe um grande nmero de sementes destas espcies sendo que possuem

    uma grande longevidade. A ausncia de inimigos naturais e a capacidade da sua germinao

    ocorrer, principalmente aps um incndio, demonstra que existe uma dificuldade permanente

    em impedir este fenmeno e que necessrio estar atento constantemente s reas ardidas para

    as salvaguardar os processos e os resultados das invases biolgicas.

    Os impactos que estas espcies invasoras tm em espaos florestais so conhecidos a nvel

    global, pois provocam inmeras consequncias ecolgicas, econmicas e sociais, so

    caracterizadas tambm pela sua influncia na agricultura e pela sua uniformizao global. Por

    outro lado, tm um grande impacto nas cadeias alimentares, na alterao do regime de fogo,

    diminuem a disponibilidade de gua numa determinada rea, so reconhecidas como uma

    ameaa para a biodiversidade e consequentemente para a sade humana.

    Em Portugal, as espcies invasoras mais problemticas so a Acacia dealbata (Mimosa), a

    Acacia longiflia (Accia de espigas), Hakea sericea (Hquia picante), Ailanthus

    altssima (Espanta lobos), Robinia pseudoacacia (Robnea), Eichhornia crassipes (Jacinto

    de gua), o Carpobrotus edulus (Choro das praias), Ipomoea acuminata (Bons dias),

    Cortaderia solloana (Erva das pampas) e Arundo donax (Cana). Os mtodos de controlo

    variam entre mtodos fsicos, sendo mecnicos ou manuais, mtodos qumicos, bioqumicos,

    entre outros.

    Todas as alteraes que se avistam no clima, compreendendo todas as oscilaes de

    temperatura, emisses de gases patognicos e o aquecimento global, prejudicam, ainda que

    indiretamente, o material vegetal, na medida em que criam condies favorveis presena de

    agentes biolgicos.

    Segundo Pereira (2005), referenciando Pereira (2002), o aumento da temperatura no Inverno

    e Primavera e a diminuio da precipitao podero favorecer o surto de espcies nativas ou

    invasoras, em especial, aquelas capazes de gerar descendncia vrias vezes por ano (espcies

  • 20

    multivoltinas). O aumento do stress hdrico e da frequncia de incndios tambm podero

    favorecer algumas pragas devido maior vulnerabilidade das rvores.

    Este fenmeno considera-se como uma das maiores problemticas a nvel florestal, pelo seu

    grau de gravidade face fitossanidade das plantas.

    Ainda no mbito da fitossanidade do material vegetal existente no coberto florestal nacional,

    esto inerentes problemticas no risco de pragas e doenas. As modificaes climticas que

    tm surgido atualmente tambm possuem um papel ativo no que diz respeito sobrevivncia

    de agentes patognicos biticos, pois estes sentem necessidade em se deslocar para locais onde

    o clima seja mais favorvel sua sobrevivncia e reproduo, instalando-se assim em espaos

    e consequentemente no material vegetal (DGRF, 2007).

    Em Portugal, as principais pragas e doenas associadas ao coberto florestal so o nemtodo da

    madeira e do pinheiro, processionria do pinheiro, cancro do pinheiro e pulgo dos carvalhos

    (AFN, 2012).

    Por outro lado, os fenmenos biticos vo ter influncia na quantidade de gua existente, pois

    os fenmenos retratados anteriormente usufruem em demasia de gua para a sua

    sobrevivncia, prejudicando assim outros seres vivos que dela dependem. No entanto, estes

    fenmenos naturais e antrpicos no tm influncia somente na qualidade e quantidade de

    gua, atingindo assim outros setores importantes relativos economia portuguesa e ao impacto

    que a floresta tem nesta categoria.

    Conhece-se que a floresta um dos maiores setores que beneficia a economia nacional, devido

    quantidade de exploraes existentes e ao nmero de exportaes realizadas. Portugal

    encontra-se, assim, entre os pases mais desenvolvidos da Europa, salientado o fato de que

    Portugal o nico pas com capacidade para exportar cortia (Ribeiro, Joo, 2007).

    Desta forma, entende-se que necessrio proteger o coberto florestal nacional tambm pelo

    impacto econmico que lhe conhecido e so os incndios florestais, o maior entrave deste

    desenvolvimento econmico, causando impactos nefastos para o nmero de exportaes e para

    o nmero de exploraes silvcolas e florestais existentes. Cabe, assim s entidades

    responsveis e aos empresrios ter uma maior conscincia do que necessrio proteger e onde

  • 21

    importante agir de forma que haja uma melhor recuperao e regenerao das zonas

    afetadas.

    Ao nvel do Instituto da Conservao da Natura e das Florestas, antes denominada, Autoridade

    Florestal Nacional, foi explcito segundo o Inventrio Florestal de 2010 que muitas inovaes

    foram conseguidas com intuito de salvaguardar o coberto florestal e as zonas ardidas. Assim,

    realizou-se a primeira cobertura aerogrfica digital, iniciou-se a utilizao de softwares para

    recolha de dados de campo e sincronizao direta e passou a utilizar-se a fotointerpretao em

    simultneo a partir de aplicaes disponibilizadas em plataformas web que ir beneficiar todos

    as investigaes no mbito dos Sistemas de Informao Geogrfica.

    Por outro lado, criaram-se novas equaes de produo e procedeu-se a avaliao de

    biomassa, carbono armazenado e diversidade florestal. Desta forma, ir conseguir-se realizar

    diversas investigaes com intuito de conhecer as reas mais propcias a fogos florestais.

    A nvel europeu foi criado pelo Instituto Florestal Europeu um modelo de simulao com base

    em dados de inventrios florestais europeus, o EFISCEN (European Forest Information

    Scenario Model), cujo principal objetivo criar um mecanismo de simulao de biomassa e

    potencial de corte das zonas florestais (Martins, Helena, 2002). Ser somente atravs destas

    potenciais inovaes que se conseguir estimar qual o estado da floresta a nvel mundial no

    futuro e assim permitir que haja uma maior consciencializao para a proteo destes espaos.

    importante referenciar tambm que aliadas a estas inovaes no mbito dos Sistemas de

    Informao Geogrfica, para a avaliao de riscos e todos os Inventrios Florestais que so

    realizados todos os anos, tm uma componente importante no que diz respeito s aes ps-

    investigaes, nomeadamente na gesto e planeamento destas reas.

    Durante a investigao em questo ir haver um maior cuidado na perceo de quais so os

    riscos florestais e ambientais que estaro interligados com a rea em estudo, de forma que o

    estudo final e os resultados estejam em concordncia com o que fora descrito e assim, as

    propostas de planeamento finais se enquadrem na salvaguarda do espao e das zonas

    envolventes.

  • 22

    2.3.Riscos no Planeamento e Gesto Florestal

    2.3.1. Planeamento e Gesto, conceitos globais

    escala global, gesto e planeamento so cincias que reclamam para si uma centralidade

    inquestionvel em parte pela influncia do sucesso nas medidas implementadas em diferentes

    setores e em parte pela necessidade de antecipadamente se preverem riscos ou enviesamentos.

    Tambm na rea do ambiente parece ser insensato estudar a mdio e longo prazo ecossistemas

    ou implementar medidas e programas sem uma estratgia de gesto e planeamento globais.

    Isto porque e no obstante a especificidade de alguns ecossistemas, o estudo do ambiente no

    pode nunca desenvolver-se sem antes aferirmos os conceitos de planeamento e gesto, bem

    como, relacionar a sua interdependncia no impacto de uma sustentabilidade florestal,

    incorrendo riscos irreversveis.

    Na rea cientfica do ambiente, a gesto e planeamento florestal surgem assim, aliadas a

    diversas polticas de gesto, isto , atividades tanto naturais como antrpicas que, ao longo dos

    tempos parecem acrescentar benefcios para os ecossistemas florestais, prevenindo fenmenos

    como incndios ou outros, colocando em risco a floresta. Assim, gesto e planeamento quando

    em equilbrio parecem ir de encontro gesto harmoniosa dos ecossistemas florestais, de resto

    como refere Helena Freitas, a gesto do ecossistema florestal tem como objetivo promover o

    seu bom funcionamento a curto e a longo prazo.

    No obstante, a existncia de um quadro legal que pontualmente encaminha para polticas de

    planeamento e gesto florestal, verifica-se ser este diminuto, nem sempre assertivo e muitas

    vezes desatualizado face s exigncias dos ecossistemas florestais. Esta perspetiva alerta para

    a necessidade de uma poltica de planeamento e gesto integradas com o objetivo de fomentar

    uma sustentabilidade global a mdio e a longo prazo.

    2.3.2. Impacto do planeamento e gesto na sustentabilidade ambiental

    Sendo a floresta uma das vertente do setor econmico de um pas esta, traduz-se como uma

    mais-valia para o desenvolvimento econmico intrnseco de um pas e o desenvolvimento de

    potenciais econmicos escala mundial. Assim sendo, este setor no poder avanar sem uma

  • 23

    poltica concreta de planeamento e gesto, numa primeira escala a nvel mundial e em segunda

    escala, a nvel nacional, para influenciar polticas de base territorial. Atualmente reconhece-se

    de uma forma segmentada e/ou contnua que se pode tirar-se proveito da floresta em inmeras

    vertentes pelo fato de esta possuir um estatuto de uso mltiplo implcito conceo e

    concretizao de um plano articulado de planeamento e gesto florestal. Este uso mltiplo

    referente capacidade que os ecossistemas florestais possuem em, no s produzir madeira,

    dirige-se tambm a outros produtos naturais que podem ser utilizados na indstria, como por

    exemplo, a resina, essncias naturais e cortia. Numa outra perspetiva, e numa viragem do

    Homem para a Natureza, a floresta tambm, capaz de ser aproveitada para fins tursticos e de

    lazer, como o caso da pesca, caa e campismo selvagem (Pereira et al, 2006). Para que esta

    perspetiva produza efeitos significativos, o mesmo ser dizer que cause impacto numa

    sustentabilidade dos ecossistemas ter que existir uma poltica coerente de planeamento e

    gesto que preveja entre outras dimenses, um equilbrio entre a utilizao e a reposio de

    forma ordenada.

    No entanto, quer em contexto internacional quer ainda mais em contextos nacionais tm-se

    verificado que no tem havido por parte dos principais atores utilizadores, uma ateno

    constante das necessidades da floresta conduzindo assim, cada vez mais, perda das

    funcionalidades e capacidades do coberto florestal. Tal fato acontece, maioritariamente devido

    explorao e aproveitamento da floresta constante e em curtos espaos de tempo, impedindo

    assim, que de uma forma natural esta se regenere e recupere. Acrescenta-se ainda que para

    este quadro de pouca ateno floresta tambm tm contribudo a diminuta ao de uma

    poltica escala global, que tem influenciado, pela negatica os diferentes pases, deixando-se

    muitas vezes influenciar por grandes interesses econmicos em detrimento dos valores do

    Homem para com o ambiente.

    Desta inoperncia poltica e organizacional constata-se um crescente declnio florestal ao nvel

    da flora e da fauna, pois a par das condies edafo climticas que tm sido alteradas, no

    tem sido desenhado um planeamento e gesto capazes de acompanhar as modificaes e criar

    tambm, as condies necessrias para a implementao de novos habitats naturais.

  • 24

    Apesar de existir um constante declnio e diversas transformaes e modificaes inerentes ao

    desenvolvimento das florestas, Almeida et al (2005) concluem que atualmente, os

    ecossistemas florestais ocupam cerca de 35% da superfcie de Portugal. Estes dados so

    suportados pelo facto de existirem diversas monoculturas espalhadas pelo pas, produzindo

    somente entre uma ou duas espcies arbreas (Quercus, 2011).

    2.3.3. Medidas e programas nacionais

    Integrado num mundo cada vez mais global, Portugal no deixa de ser influenciado pelas

    polticas de indefinio relativamente sustentabilidade das florestas. Com avanos e recuos

    expressos nos prembulos da legislao e na aplicabilidade territorial, muitas vezes refm de

    interesses econmicos locais, os ecossistemas florestais tm resistido a alguns riscos nas

    margens de um hibridismo do planeamento espontneo posteriori do incidente.

    No obstante este quadro de indefinies regista-se um conjunto de medidas e programas

    nacionais publicados e revistos maioritariamente na ltima dcada com influncia em contexto

    regional e municipal das quais se destaca: Fundo de Investimento Imobilirio Florestal (2006),

    Fundo Florestal Permanente Certificao Florestal (2004), Plano Nacional para as

    Alteraes Climticas (2004), Plano Nacional da Defesa da Floresta contra Incndios (2006),

    Planos Municipais da Defesa da Floresta Contra Incndios (2006), Planos Regionais de

    Ordenamento Florestal (1999), Planos Diretores Municipais (1982), Planos de Gesto

    Florestal (1999), Zonas de Interveno Florestal (2005) e Planos Especficos de Interveno

    Florestal (2009).

    As medidas referenciadas tm sido aprovadas pelo Estado, no entanto, verifica-se que h

    diversas lacunas na implementao das mesmas nos espaos florestais, impedindo assim que

    se promova uma boa gesto florestal.

    A propsito, referencia-se que a proposta de alterao em Conselho de Ministros ao nvel dos

    Planos Regionais de Ordenamento Florestal e os Planos de Gesto Florestal realizou-se em

    2009, isto na ltima dcada, sendo que neste Decreto Lei incide tambm para a criao e

    utilizao prtica dos Planos Especficos de Interveno Florestal, o que comprova que as

    entidades responsveis pela gesto e planeamento florestal a nvel nacional, tiveram somente

  • 25

    uma atitude interventiva, aquando das dificuldades bem presentes nos ecossistemas florestais.

    Estas alteraes possuem duas leituras prticas, por um lado vm beneficiar alguns territrios

    pertencentes ao coberto florestal portugus, pela sua pertinncia e exclusividade ao poder

    tratar uma s problemtica de uma determinada rea; no entanto, por outro lado, estas novas

    medidas impostas no tm qualquer incidncia em algumas das reas j ardidas e j em

    processo de desertificao e degradao dos solos, cuja reversibilidade nula.

    O Fundo de Investimento Imobilirio Florestal, trata-se de uma medida que fora aprovada em

    2006 e cujos objetivos centrais so constituio de um patrimnio florestal mediante a

    aquisio ou o arrendamento de terrenos com ou sem povoamento florestal; florestao;

    melhoramento e infra estruturao do patrimnio florestal; gesto adequada do patrimnio

    florestal, de forma a maximizar os resultados. Este fundo abrange principalmente

    investidores institucionais, proprietrios florestais e entidades sem fins lucrativos (Fisher,

    2006).

    Com a preocupao de abrir portas exportao surge a Certificao Florestal, no mbito do

    Fundo Florestal Permanente. Joana Faria (2010) considera que a Certificao Florestal um

    processo voluntrio e independente de reconhecimento internacional que se baseia na

    avaliao da gesto florestal e/ou rastreabilidade da matria prima em funo de normativos

    pr estabelecidos. Pretende-se com esta certificao que haja uma maior fomentao e uma

    gesto responsvel face promoo das florestas relativamente a vertentes econmicas,

    ambientais e sociais.

    Numa outra perspetiva, encontra-se uma outra medida importante que de uma forma menos

    prtica, mas mais abrangente, inclui aes benficas para o meio ambiente. Trata-se do Plano

    Nacional para as Alteraes Climticas que fora aprovado em 2004 e que tem vindo a sofrer

    alteraes mediante as condies climticas que so verificadas. Os principais objetivos deste

    plano a reduo de emisses GEE, a produo de eletricidade a partir de energias

    renovveis, o controlo de emisses na fonte, a reformulao do imposto automvel em funo

    das emisses de dixido de carbono, a reduo dos incndios florestais e a eficincia da

    explorao e gesto florestal (Pereira, 2012).

  • 26

    Ainda no mbito da preocupao da luta contra os incndios surge o Plano Nacional da Defesa

    da Floresta Contra Incndios em concordncia com a Defesa da Floresta Contra Incndios, que

    tem como principal objetivo a reduo da incidncia de incndios florestais um programa

    que tem sido implementado em todo o pas, embora sofra segmentaes nomeadamente em

    Planos Municipais da Defesa da Floresta Contra Incndios (DGRF, 2007).

    Como se constata, a nvel nacional tem-se assistido a uma publicao pertinente que nem

    sempre tem revelado aplicabilidade e quando tal acontece, nem sempre se manifesta adequada

    aos contextos. Partilhando a opinio de alguns autores, tambm o investigador acredita que

    uma maior fiscalizao e um planeamento estratgico permitiriam a concretizao destas

    medidas com o objetivo da sustentabilidade dos ecossistemas florestais. Talvez o futuro e a

    necessidade de o Homem se aproximar dos ecossistemas, quer pela necessidade de

    sobrevivncia, quer pelo rendimento econmico, venham a desenhar uma perspetiva articulada

    entre o planeamento e a gesto.

    2.3.4. Contextualizao municipal e regional

    Com a preocupao da territorializao e dos fogos florestais surgem os PMDFCI. Embora

    no seja uma medida de cariz nacional, vem mais tarde a ter implicaes em todo o territrio

    nacional uma vez que, um pouco por todas as autarquias, assumido como um programa

    pertinente. Os Planos Regionais de Ordenamento Florestal (PROF) e os Planos Diretores

    Municipais (PDM), surgem muitas vezes em concordncia com os PMDFCI e abrangem

    vertentes de dimenso natural e urbana. Os PROF foram aprovados em 1999 e tm como

    principal objetivo oferecer uma orientao clara sobre o tipo de espaos florestais que se

    pretende desenvolver para cada uma das regies (Pereira et al, 2006). Ao nvel dos Planos

    Diretores Municipais (PDM) importante salientar que o principal objetivo inerente a este

    instrumento de gesto territorial a organizao do espao municipal diferenciando as reas

    urbanas, o que se considera urbanizvel ou que se pode ainda urbanizar, das reas naturais,

    isto , das reas que esto includas na Reserva Agrcola Nacional (RAN), Reserva Ecolgica

    Nacional (REN), Rede Natura 2000 e reas Protegidas (Decreto Lei n 208/82).

    Para alm de um plano nacional de medidas legislativas, com impacto municipal importante

    sensibilizar e envolver a populao numa atitude pr-ativa face proteo das florestas. No

  • 27

    documento da Direo Geral dos Recursos Florestais, na sua publicao referente Estratgia

    Nacional para as Florestas (2007), que de resto encontra concordncia com Pereira et al

    (2006), cujas investigaes sobre Incndios Florestais em Portugal, salientam a importncia

    das populaes na proteo das florestas contra os fogos florestais, refora ainda, o papel do

    cidado comum. Estudos indicam que o fato das populaes terem-se afastado das zonas

    florestais, tem provocado cada vez mais reas ardidas. Tal fato comprovado pelo nmero de

    ocorrncias de incndios se traduzir em reas que se encontram despovoadas. Tambm parece

    existir uma relao entre as zonas de incndio com uma populao em xodo rural, e apesar de

    no existir anlises detalhadas verifica-se que com o xodo rural, aumenta a expanso de

    matos e invasoras lenhosas que se caracterizam por serem um combustvel timo para o fogo,

    sendo imperativo criar medidas de fixao e incentivos para que a populao no se afaste

    (DGRF, 2007).

    Um outro contributo para a salvaguarda da floresta cuja existncia cada vez menor, so os

    pastores e a atividade comum de pastoreio. Tambm, as herbceas e os arbustos de pequeno

    porte so o alimento mais saudvel e essencial para os ovinos e caprinos, sendo que estes

    exemplares vegetais encontram-se maioritariamente de forma espontnea nas zonas florestais.

    O pastoreio uma atividade antiga mas que tem sofrido alteraes na medida em que a

    procura desta atividade cada vez mais escassa. No entanto, esta funcionalidade poderia

    representar como uma forma natural para a limpeza das florestas de todo combustvel vegetal,

    impedindo principalmente a expanso dos fogos (DGRF, 2007), pelo que seria pertinente uma

    ao intencional por parte da autarquia na motivao para o pastoreio.

    A crise financeira que o pas atravessa, projeta para a necessidade de uma reorientao da

    explorao da floresta a partir de uma estratgia global, que implique jovens empresrios ou

    cidados comuns, num aproveitamento sustentado e numa preveno e proteo mais ativa das

    florestas contra os incndios e contra a degradao natural.

    A luta constante contra a incidncia de fogos florestais tem o seu epicentro nas consequncias

    que estes fenmenos tm tido para com os ecossistemas florestais. Compreende-se que so os

    incndios o motor para a degradao ecolgica, nomeadamente na eroso do solo, perda de

    qualidade da gua e redues imediatas na biodiversidade. Seria importante ento implementar

  • 28

    cada vez mais, medidas obrigatrias a nvel nacional que promovessem a recuperao e

    reabilitao dos ecossistemas naturais (DGRF, 2007).

    Paralelamente a estas inovaes rurais que promovem um desenvolvimento sustentvel e um

    equilbrio territorial existem outras medidas que apesar de no possurem inovaes e a

    presena de novas sociedades empresariais, promove tambm, a limpeza das zonas florestais e

    a regenerao natural das zonas ardidas. Estas medidas devem-se centralizar nas atividades

    que ocorrem ps-fogo, isto , depois da ocorrncia de um fogo. Relativamente aos fogos

    florestais, e antes de se centralizar esta investigao nas medidas exatas que as entidades

    competentes promovem, importante fazer uma anlise critica daquilo que , o que

    vulgarmente se identifica como politicamente correto. necessrio ter uma postura cientfica

    coerente face aos ecossistemas florestais de forma que a salvaguarda destes e a sua gesto seja

    feita da forma mais correta possvel.

    2.3.5. Aplicao ao nvel micro

    Face a um contexto territorial geograficamente definido como zona ardida necessria uma

    investigao em profundidade que contemple as possibilidades em termos de publicaes

    legislativas e de um quadro de programas municipais a par, de medidas prticas possveis de

    implementar tendo em conta a preveno e aes de recuperao.

    Segundo estudos realizados por uma equipa de investigadores da rea cientfica em questo,

    surgem com a problemtica de que necessrio que o Homem tenha uma postura ativa face

    aos incndios florestais pois (os incndios) so os nicos desastres naturais que podem ser

    significativamente modificados pela interveno humana, antes e aps a sua ocorrncia.

    Assim, o autor descreve que a abordagem deve ser faseada em trs aes. A primeira

    implementada antes da ocorrncia do fogo e diz respeito a todas as tarefas associadas ao

    planeamento dos espaos florestais. Aqui, encontram-se intrnsecas atividades como a

    preparao do terreno com divisrias que limitem a propagao do fogo, a vigilncia dos

    espaos em questo e a sensibilizao social para o alerta imediato das entidades responsveis.

    Por outro lado, surgem medidas que devem ser implementadas aquando da ocorrncia dos

    fogos florestais, ou seja, o combate ao fogo. O investigador refere que nesta fase esto

    compreendidas as aes que se realizam desde a ecloso do incndio at sua completa

  • 29

    extino, que inclui a primeira interveno, a supresso, o rescaldo, a proteo de pessoas e

    bens, a sua eventual evacuao e a coordenao das entidades e dos recursos envolvidos no

    territrio abrangido pelo incndio. Por fim, uma outra medida a ser implementada dever

    ocorrer no aps-fogo e nesta fase esto includas as aes que mitigam os efeitos nefastos dos

    fogos florestais, ou seja, as prticas de reflorestao e recuperao das reas ardidas (Viegas,

    Domingos, 2011).

    Ser ento, com base nesta ltima fase que as entidades responsveis agem maioritariamente.

    Entidades como a Autoridade Florestal Nacional, hoje Instituto da Conservao da Natureza e

    das Florestas, tm papis ativos no s na recuperao das reas mas tambm na reabilitao

    consciente, principalmente, na escolha dos exemplares arbreos a implementar na rea que

    fora ardida. Assim, uma das temticas a ter em conta a sucesso ecolgica. Este fenmeno

    referente s implementaes espontneas que so feitas aps a ocorrncia de um fogo. Inicia-

    se com o crescimento e desenvolvimento de herbceas, mas a presena constante das clareias

    ir impulsionar o crescimento e desenvolvimento de invasoras. ento necessrio agir em

    conformidade com a sucesso ecolgica, escolhendo assim diferentes tipos de vegetao que

    formem um mosaico arbreo, possuindo muitas espcies com adaptao ao fogo como por

    exemplo, regenerao vegetativa e recrutamento de sementes aps incndio (Pereira et al,

    2006).

    Um outro tipo de proteo da floresta contra incndios a realizao de atividades

    consideradas prticas culturais que, de uma forma natural e no poluente impedem o

    crescimento e desenvolvimento de plantas que se enquadram como um combustvel para os

    fogos florestais. Uma das primeiras prticas culturais que se deve realizar a implementao

    de espcies autctones nas zonas florestais. A escolha das espcies a utilizar deve estar em

    concordncia com a capacidade produtiva do local, sendo que so as espcies autctones que

    possuem todas as caractersticas fisiolgicas que se adaptam s condies edafo-climticas dos

    locais. Por outro lado, na reduo do nmero de exemplares arbreos que se pode valorizar a

    sobrevivncia das rvores, ou seja, a conduo dos exemplares, selecionando aqueles que tm

    uma ao dominante vai permitir que haja um maior crescimento e melhor desenvolvimento

    das rvores. Aliadas conduo dos exemplares arbreos encontram-se as podas sanitrias,

    desbastes e desramao. Estes trabalhos prticos promovem uma maior estabilidade e

  • 30

    equilbrio ecolgico, dando espao para as rvores e os arbustos se desenvolverem em

    melhores condies (Santos et al, 2006).

    Numa outra perspetiva, ainda aliada salvaguarda da floresta contra incndios, existem outras

    medidas preventivas que devem ser implementadas em locais cujo regime florestal. Estas

    medidas representam cuidados minuciosos aos locais que podem estar sujeitos de forma

    permanente ocorrncia de incndios. Uma das prticas mais importantes a mobilizao do

    solo, esta mobilizao deve ser feita de forma parcial e no total, isto porque a mobilizao

    total pode aumentar o risco de eroso do local. Assim, numa mobilizao mais parcial devem

    ser efetuados trabalhos de gradagens da vegetao espontnea, gradagens de destorroamento,

    ripagens e subsolagens. Estas atividades devem ser aliadas a trabalhos como a sacha e a

    amontoa, conseguindo-se assim, que em grandes reas florestais se promova a limpeza dos

    espaos, retirando em grande nmero herbceas e plantas que se considerem invasoras

    (Freitas, 2012).

    Por fim, deve-se salientar que existe uma outra vertente associada proteo da floresta que

    atualmente tem tido nfase e utilizada pelos tcnicos especializados da ex-Autoridade

    Florestal Nacional, que o caso do Fogo Controlado. Durante as investigaes de Pereira et al

    (2006), os autores puderam concluir que o modelo de Fogo Controlado encontra a sua maior

    expresso na Europa, sendo o Homem quem domina tanto a fasca como o combustvel. Esta

    nova tcnica trouxe inmeros benefcios para os ecossistemas florestais, nomeadamente na

    diminuio da biomassa que se considera combustvel e na alterao dos materiais de

    combusto impossibilitando que os fogos se alastrem e diminuindo a sua intensidade (Botelho,

    2001).

    Ao longo da elaborao deste trabalho investigao pretende-se que seja conseguida a

    realizao de uma proposta de planeamento, gesto e recuperao de um espao baldio que se

    encontra sujeito a riscos, por se caracterizar como rea ardida. Numa perspetiva cientfica a

    investigao ir sempre basear-se num destes princpios bsicos de gesto de riscos e o seu

    enquadramento no planeamento florestal. Os instrumentos atualmente utilizados para a criao

    de um modelo que salvaguarde o espao de possveis riscos ambientais so os Planos de

  • 31

    Gesto Florestal, que desde 2009 incluem os Planos de Utilizao de Baldios (PUB), as Zonas

    de Interveno Florestal e os Planos Especficos de Interveno Florestal.

    Os Planos de Gesto Florestal foram aprovados em 1999 e consequncia da situao atual face

    aos ecossistemas florestais, foi revisto em Conselho de Ministros em 2009. Estes instrumentos

    de gesto apresentam como principal objetivo implementar num espao florestal, princpios da

    sustentabilidade ambiental e econmica (Pereira et al, 2006), aliando as medidas impostas s

    clusulas includas nos Planos Regionais de Ordenamento Florestal. Por outro lado, as Zonas

    de Interveno Florestal foram aprovadas em 2005 e tm como principais objetivos dar uma

    maior coerncia aos espaos florestais e uma melhor eficcia na sua organizao, promovendo

    desta forma, uma melhor gesto dos territrios e a proteo dos mesmos (Decreto-Lei n

    127/2005). Por fim, os Planos Especficos de Interveno Florestal, segundo as consideraes

    tomadas em Dirio da Repblica, publicadas no Decreto Lei 16/2009 so aes de natureza

    cultural, visando a preveno e o combate de agentes biticos e abiticos, que pode revestir

    diferentes formas consoante a natureza dos objetivos a atingir.

    3. METODOLOGIA

    As metodologias utilizadas nesta investigao so resultado da identificao, estudo e reflexo

    da proximidade entre temticas, de vrios relatrios tcnicos efetuados pela equipa tcnica do

    Gabinete de Sistema de Informao Geogrfica da Escola Superior Agrria de Ponte de Lima.

    Ao longo dos estudos e selees efetuadas ser possvel escolher a melhor metodologia e

    assim organizar os dados espaciais para a realizao das cartas referentes ao risco de incndio

    florestal, risco de movimentao de vertentes e risco de eroso hdrica.

    3.1.Identificao e organizao da base de dados espacial

    Antes da realizao de qualquer informao cartogrfica que permitisse o estudo do local face

    aos riscos em observao, o investigador procedeu anlise da rea de estudo, tendo como

    variveis de discusso a rea ocupada e as suas envolventes, nomeadamente, a hidrologia e

    altimetria, utilizando como objetos de estudo as cartas militares da respetiva rea: Carta

    Militar n 59 e Carta Militar n 73. A localizao geogrfica da rea de estudo, o objetivo

    principal da investigao e as envolventes das reas caracterizadas pelos cursos de gua e

  • 32

    pelas referncias altimtricas, foram as informaes precedentes tomada de deciso de que o

    clculo dos riscos e todas as informaes a tratar e a criar devessem ser feitas no pelo limite

    da rea de estudo, que por si s, uma rea diminuta, mas pelo limite das bacias hidrogrficas

    na qual a rea de estudo est integrada. Desta forma, todos os estudos e concluses

    correspondero realidade visualizada, pois sero tomadas em considerao as dinmicas que

    envolvem a rea e nas quais, esta dependente.

    No incio da realizao da parte prtica desta investigao foi necessrio proceder-se

    identificao e organizao dos dados cartogrficos que so necessrios para a realizao dos

    produtos finais (Quadro 3.1.1), nomeadamente, as Cartas referentes ao risco de incndio, risco

    de movimentao de massas e risco de eroso hdrica.

    Quadro 3.1.1 Informaes cartogrficas necessrias

    Info

    rma

    o n

    eces

    sri

    a

    Carta Risco Incndio Carta

    Movimentao

    de Vertentes

    Carta de Eroso Hdrica

    Carta de ocupao e uso dos solos Atividade

    sismica

    Carta de ocupao e uso dos

    solos

    Histrico de reas ardidas 1990 2010

    Geologia Agressividade climtica

    Modelo Digital do Terreno Suscetibilidade Modelo Digital de Terreno

    Vulnerabilidade Modelo Digital

    do Terreno

    Erodibilidade

    Valor econmico Mxima 24H Fator C (Cobertura do solo)

    Fator P (Prticas de

    conservao do solo)

    Na anlise dos dados necessrios para a realizao das cartas, verifica-se que em todas

    obrigatrio a carta de ocupao e uso dos solos (Figura 3.1.1). Por esse motivo o investigador,

    procedeu realizao desta carta antes de qualquer outro tratamento de informao. Para a

    realizao da carta de ocupao dos solos, foram utilizados os Ortofotomapas 000731B e

    000732A, de 2005, utilizando o mtodo de fotointerpretao, a uma escala de 1:2000,

    utilizando ainda ETRS_1989_TM06-Portugal como sistemas de coordenadas geogrficas.

  • 33

    As normas respeitadas durante a realizao da carta de ocupao e uso dos solos foram as que

    esto explcitas no Manual de fotointerpretao da COS2005, tendo como chave de

    interpretao e legendas as que esto descriminadas no Quadro 3.1.2.

    Quadro 3.1.2 Legenda da fotointerpretao

    Classificao

    inicial

    Categorias Classes

    Urbano U UU - Tecido urbano

    S SW - Vias de comunicao rodoviria

    JJ JJ Pedreiras

    Agrcola

    C

    CC - Culturas anuais

    CX