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RELATÓRIO 2 B
2ª SESSÃO: Silvae, João Queiroz
5º Ano
(Grupo B)
Culturgest, 2 Dezembro de 2010
2
Índice
Pág.
RELATÓRIO DA DISCUSSÃO (Procedimentos) 3
Análise de relevância temática da discussão 4
Leitura da obra 4
Agenda da Discussão 4
Discussão 6
Paisagem 7
Exemplos 9
Conceito de Vida 15
T5 (Conclusão) 17
Análise de relevância da discussão por género (Crianças-participantes e Adultos) 19
1. O que está representado na obra? 22
2. O que é um Ser Vivo? 23
3. O que não é um Ser Vivo? 24
4. Como é que a obra de Bacon dialoga com a história de Édipo? 27
5. O que é que as obras comunicam ao observador? 31
Análise etnográfica do registo de vídeo 34
Retratos e análise de participação por indivíduo (Crianças-participantes e Adultos) 41
CONCLUSÕES FINAIS 51
REGISTO DE CONTROLO 56
Análise da obra e enquadramento no espaço 57
Avaliação da sessão 58
Discussão 59
Observação participante 60
Avaliação da construção de teorias enraizadas 61
Avaliação do processo de pesquisa 62
3
RELATÓRIO DA DISCUSSÃO
Os resultados apresentados no presente relatório referem-se a um grupo de 15 crianças-participantes (7 rapazes e 8 raparigas)
com idades compreendidas entre os 10 e os 11 anos de idade e de 2 adultos: professor (CONV1) e investigadora (INV), que
participaram na Sessão de Filosofia que teve lugar no dia 2 Dezembro de 2010, com a duração de 1 hora e 11 minutos, na
Culturgest (Lisboa). O grupo de crianças-participantes supracitado pertence à turma do 5º ano de escolaridade do ano lectivo
2010/2011, e é constituída por um total de 16 crianças (6 rapazes e 9 raparigas).
Procedimentos
O R2B reporta-se à sessão que ocorreu a propósito da exposição intitulada Silvae do artista plástico João Queiroz, e procurou
manter o protocolo de Matthew Lipman assumido por esta investigação.
A escolha das obras para a Sessão de Filosofia foi motivada pela possibilidade comparativa da teoria que poderia surgir da
análise efectuada aos dados recolhidos nesta sessão com a que surgiria, posteriormente, na 10ª Sessão A, realizada no dia 6
de Janeiro de 2011.
Fig.1 – João Queiroz, s/ título (2008)
A obra em questão (Fig.1) foi previamente observada e analisada segundo o comportamento revelado pelas
crianças-participantes do Grupo A em visita à exposição no dia seleccionada. Para promover uma melhor conformidade de
denominações, a obra referenciada para Discussão será denominada de T5 (T referente a tela e 5 por ser a 5ª das telas
expostas numa perspectiva física de observação da esquerda para a direita) na mesma sala de exposições.
4
ANÁLISE POR RELEVÂNCIA TEMÁTICA DA DISCUSSÃO
A ARTD resultou da análise da Agenda da Discussão (2ª Fase da Sessão) e da Discussão (3ª Fase da Sessão) e manteve
os objectivos sinalizados no R1A: constituir uma visão de conjunto dos temas lançados na Discussão pelas
crianças-participantes, numa perspectiva Grounded theory.
A 2ª Sessão B será a segunda a ser realizada num espaço público e em Discussão directa com a obra de arte em referência,
sendo que neste caso a obra visada circunscreve-se por conveniência teórica.
Esta análise manteve-se o mesmo sistema de categorização anteriormente estabelecido: registar a organização natural da
própria Discussão por fases alternadas ou distintas (Categorização processual); observar a pertinência de um conteúdo-base
representativo de um tópico que evidencie uma ideia, conceito ou fenómeno que circunscreva ou auxilie a teoria constituída
(Categorização estrutural); investigar e registar os elementos descritivos da(s) obra(s) e que tipos de relações estabelecem
entre si (Categorização descritiva); investigar e registar como é que na percepção e experimentação da obra se relacionam
estes elementos descritivos, ou seja, como é que se estabelece o fenómeno revelador da experiência estética (Categorização
por valorização).
Leitura da obra (1ª Fase da Sessão)
A Leitura da obra teve a duração aproximada de 33 minutos.
A Leitura da obra iniciou-se com um breve esclarecimento sobre os procedimentos, de como estes de assemelhavam à
sessão anterior, há excepção de que, no espaço onde nos encontrávamos, as crianças-participantes iriam discorrer sobre a
obra previamente seleccionada e não com base em textos ou nas novelas de Lipman.
As crianças-participantes sentaram-se em meia-lua para poderem integrar no seu círculo de Discussão a obra seleccionada
e deu-se seguimento a um momento de observação/reflexão individual em silêncio das obras.
Neste momento foi entregue às crianças-participantes o MP4 para registo de som das suas intervenções e como passa-
palavra.
Agenda da Discussão (2ª Fase da Sessão)
A Agenda de Discussão foi registada uma duração aproximada de 5 minutos e 56 segundos.
Code: AGENDA DA DISCUSSÃO
Classificação: CATEGORIA PROCESSUAL (teorização activa)
A constituição da Agenda da Discussão não causou qualquer tipo de constrangimento nas crianças-participantes.
As crianças-participantes apresentaram 8 questões:
1. Porque é que caiu um meteorito em cima da água? IND H (Feminino)
2. Não sei se aquilo é um meteorito IND G (Feminino)
3. Não sei o que é aquela coisa azul IND J (Masculino)
4. O que é que aconteceu à floresta? IND C (Feminino)
5. Porque é que os aliens estão a destruir a lua? IND F (Feminino)
5
6. Aquilo é terra ou água? IND N (Masculino)
7. Onde fica aquela paisagem? IND B (Feminino)
8. Aquela coisa azul é uma árvore a cair? IND E (Feminino)
Fig. 2 - Agenda da Discussão
(Diagrama)
A categoria Agenda da Discussão (Fig.2) formou-se a partir de 8 questões que evidenciaram um carácter descritivo de
interpretação simbólica muito associado aos elementos que mais se destacam na obra em Discussão. Porém, a necessidade
de proceder à estruturação da teoria revelada em análise obrigou a que se centralizasse na subcategoria T5 os conceitos que
qualificam o fenómeno e que evidência a mesma subcategoria como suporte estrutural do fenómeno em análise.
Assim, a subcategoria Meteorito constituiu-se da suposição de um dos elementos representados na obra poder ser tido como
um meteorito (1ª e 2ª Questão); a subcategoria Coisa azul constituiu-se do mesmo elemento anteriormente referido mas que
passa agora à possível definição de uma árvore a cair (3ª e 8ª Questão); a subcategoria Paisagem assumiu a necessidade de
localizar outra possível descrição simbólica (7ª Questão) à qual se associou a referência a uma Floresta (4ª Questão) ou
através da uma paisagem terrestre ou aquático (6ª Questão), isto é, subcategoria Terra ou água?; a subcategoria Aliens a
destruir a lua (5ª Questão) evidenciou a natureza descritiva mais ficcional de todas as questões apresentadas.
Fig. 3 - Agenda da Discussão
(ARTD)
Na ARTD da categoria Agenda da Discussão desta Sessão (Fig.3) a subcategoria T5, tal como já havia sido referido, foi
constituída apenas como suporte estrutural de um conceito teórico. Assim, nesta ARTD distinguem-se algumas
0 1 2 3 4
AGENDA DA DISCUSSÃO
Meteorito
Paisagem
Terra ou água?
6
particularidades como é o caso da subcategoria Meteorito que surgiu da relação directa entre uma questão assertória
“Porque é que caiu um meteorito em cima da água?” IND H (Feminino), que foi de imediato seguida de uma afirmação
negativa “Não sei se aquilo é um meteorito” IND G (Feminino) que por sua vez exigiu uma aclaração do CONV1 “Ele não
assume que é um meteorito.”. Referimos ainda a subcategoria Coisa Azul que numa primeira questão “Não sei o que é
aquela coisa azul” IND J (Masculino) descreve o elemento indefinido coisa validado pelo seu atributo azul, posteriormente,
é devolvida a possibilidade de uma interpretação simbólica que a reconcilia com uma interpretação mais próxima de uma
encenação do que poderá ser proveniente de um fenómeno genuíno e verificável no real “Aquela coisa azul é uma árvore a
cair?” IND E (Feminino). Por último, é de referir a subcategoria Paisagem pelo modo como abarca em si todas as relações
descritivas de carácter panorâmico “O que é que aconteceu à floresta?” IND C (Feminino).
Discussão (3ª Fase da Sessão)
O registo da Discussão verificou uma duração aproximada dos 52 minutos e 6 segundos
Code: DISCUSSÃO
Classificação: CATEGORIA PROCESSUAL (teorização activa)
Fig. 4 - DISCUSSÃO
(Diagrama)
A categoria Discussão (Fig.4) caracteriza a 3ª Fase da Sessão.
Nesta sessão, a aparente simplicidade linear com que se dispôs a categoria Discussão e as suas respectivas subcategorias,
subtrai, por necessidade teórica, a subestruturação complexa das subcategorias que terão de ser apresentadas, posterior e
autonomamente.
De um modo mais generalizado podemos enquadrar a subcategoria Paisagem constituída através da descrição directa não
só da obra em referência mas por influência de uma interpretação perceptiva da experimentação directa de todas as outras
obras em exposição, ou seja, do contacto vivencial das crianças-participantes participantes com o espaço total da exposição;
a subcategoria Exemplos definiu-se através dos diferentes conceitos abordados nas argumentações com o intuito de, através
de narrativas reais, testar supostas verdades hipotéticas ou virtuais mas mais do que isto, conciliar as suas particularidades,
segundo a sua natureza, um carácter mais descritivo ou de valorização; a subcategoria Conceito de Vida é, de todas as
subcategorias, a mais abrangente e complexa uma vez que abarca conceitos muito específicos que conduziram a uma
reflexão profunda das problemáticas associadas à possibilidade ou condição para haver vida e em que casos esta poderia ser
tida como tal, assim, a teoria gerada através desta subcategoria ofereceu à Discussão e à Sessão (enquanto um todo) a
7
passagem para o discurso abstracto; por último, a subcategoria T5 (Conclusão), que surge nos últimos minutos da
Discussão, surge através da intervenção do CONV1 “Digam-me só uma coisa para acabarmos, no quadro que viemos
discutir e que nos fez derivar por este caminho, vocês pensam que ali está representada vida ou não?” que obriga a uma
reflexão articulada entre a obra em presença e a simbólica do conceito que a mesma representa.
Esta última subcategoria T5 (Conclusão), pela importância conceptual que tem para a questão principal desta investigação,
e pela, sua relação directa ao conceito Quadro exposto na estruturação da subcategoria Exemplos, obrigou a que neste R2B
se alterasse o protocolo de apresentação da amostragem em relatório, uma vez que se considera pertinente especificar a
natureza única do contexto teórico final desta Discussão.
Fig.5 - DISCUSSÃO
(ARTD)
Ao observar-se o quadro de ARTD das subcategorias associadas à categoria Discussão (Fig.5), verifica-se que as
subcategorias Paisagem e Conceito de Vida distinguem-se notoriamente, no que diz respeito aos seus graus de relevâncias,
das restantes subcategorias. As subcategorias Exemplos e T5 (Conclusão) apesar de os seus graus de relevâncias
apresentarem pouca expressividade, os conteúdos das mesmas são de extrema pertinência, o que revela como o caracter
qualitativo da teoria gerada por estas subcategorias patenteia a carácter única da natureza do contexto teórico final desta
Discussão, tal como já havia sido referido anteriormente. Por último, uma vez que a categoria Discussão foi constituída de
acordo com o seu carácter teórico, esta não acusa qualquer interesse de natureza directa com as outras obras em exposição
e do já referido, contacto vivencial das crianças-participantes com o espaço total da exposição.
Paisagem
Code: DISCUSSÃO \ Paisagem
Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização activa
Fig.6 – Elementos descritivos
(Diagrama)
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DISCUSSÃO
PAISAGEM
EXEMPLOS
CONCEITO DE VIDA
T5 (Conclusão)
8
A subcategoria Paisagem (Fig.6) apresenta uma estrutura simples e provém de questões colocadas aquando da Agenda da
Discussão, pelo que, os s conceitos que a constituem demarcaram um interesse localizado apenas no início da Discussão.
A subcategoria Paisagem define-se pela descrição de elementos associados a possíveis narrativas, pelo que, um lugar
desértico ou desabitado, que sempre existiu e por onde ninguém alguma vez passou, pode ser um cenário que corresponde
à realidade, tal como um dia de nevoeiro denso em que não se consegue vislumbrar a lua, uma floresta incendiada por um
relâmpago, ou simplesmente uma floresta com árvores, arbustos, um rochedo e um riacho, o fundo do mar com algas e
alguns peixes, um cenário alienígena ou, ainda, o cenário do filme Rei leão da Walt Disney.
Por sua vez, a subcategoria Paisagem, estende-se à subcategoria Real ou irreal? que gerou alguma controvérsia: Ex: “Eu
acho que é a realidade porque pode haver sítios desertos que como ninguém lá foi não se sabe que existem.” IND B
(Feminino) ou Ex: “Eu acho que depende da interpretação que nós damos… podemos dizer se é realidade ou se não.” IND
B (Feminino); e à subcategoria Coisa abstrata que surgiu num contexto isolado, de natureza simples e conceptualmente
interessante mas fechada em si mesma uma vez que não teve desenvolvimento Ex: “Eu acho que o que está lá atrás é uma
coisa abstracta.” IND O (Masculino).
(Esta intervenção foi tida como estando fora do âmbito temático do que estava a ser discutido, o que levou ao CONV1
intervir para refrear argumentações que surgissem fora do contexto em desenvolvimento).
Fig.7 – Elementos descritivos
(ARTD)
Na ARTD da subcategoria Paisagem (Fig.7), tal como já havia sido referido, distingue-se notoriamente a relevância da
subcategoria Paisagem comparativamente à subcategoria Real ou irreal? de baixa relevância e a subcategoria Coisa
abstracta praticamente irrelevante.
Apesar da disparidade de relevâncias aqui apresentadas não se pode deixar de entender o carácter qualitativo da teoria gerada
por estas subcategorias como o revelador da associação directa que é possível fazer após o percurso feito.
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DISCUSSÃO
PAISAGEM
Real ou irreal?
Coisa abstracta
9
Exemplos
Code: DISCUSSÃO \ Exemplos
Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização descritiva e Categorização por valorização
A subcategoria Exemplos (Fig.8) está muito associada à explicação ou estruturação através de narrativas que surgiram para
sustentar as devidas argumentações. A natureza dos elementos que constituem a subcategoria Exemplos anuncia uma fase
da Discussão de fortes referências reais, contudo, de caris hipotético ou virtual.
Em relação a esta subcategoria é importante referir que estas argumentações, hipotéticas ou virtuais, sustentam uma
concepção antropomórfica dos fenómenos físicos ou naturais dos vários exemplos apresentados (Fig.8) que encontra uma
oposição natural numa visão mais empírica ou cientifica dos mesmos fenómenos.
A subcategoria Exemplos apresenta uma estrutura linear e aparentemente simples. A referida aparência linear oculta, na
verdade, uma constituição mais alargada e complexa de um subcontexto conceptual inerente a cada um dos Exemplos
apresentados, o que obriga a apresentação e explanação de cada uma destas subcategorias isoladamente.
Fig. 9 – Relâmpago
(Diagrama)
Num primeiro momento surge a subcategoria Relâmpago (Fig.9) logo após à determinação da subcategoria Paisagem,
Fig. 8 – Exemplos (Diagrama)
10
preserva uma certa correspondência com a Agenda da Discussão e com a interpretação directa do possível cenário
representado na obra ou antes, do que poderá ter acontecido para que este se apresente como tal ao observador. Porém, o
conceito de relâmpago tornou-se num tema transversal à interpretação dos elementos ou do cenário representado na própria
obra, ou seja, através da subcategoria Relâmpago estabeleceram-se três possíveis posições argumentativas alinhadas pela
intervenção do CONV1 “E o relâmpago para ti é um ser vivo ou não?”:
1 Posição defende que o relâmpago, mesmo tratando-se de um acontecimento, uma vez que Existe, então, é alguém Ex: “É
um acontecimento, e os acontecimentos podem ser seres vivos, ninguém prova que não o são.” IND C (Feminino) ou ainda
Ex: “Porque ele acontece, está na vida, está no mundo, está na Terra, e eu acho que ele é um ser vivo.” IND A (Feminino);
2 Posição defende que o relâmpago é apenas um fenómeno da natureza Ex: “Eu acho que o relâmpago não é alguém, é
alguma coisa, é uma coisa, porque o relâmpago não está bem vivo para dizermos que é alguém” IND J (Masculino) ou Ex:
“Eu acho que o relâmpago não é ninguém porque um relâmpago não tem sentimentos.” IND E (Feminino);
3 Posição sugere que o relâmpago de facto vive porque acontece mas não se trata de um ser vivo Ex: “Eu acho que a
diferença (…) entre viver e existir é porque se nós existimos é porque nascemos e depois morremos. E depois se vivermos
é tipo o relâmpago: vive mas não é um ser vivo.” IND G (Feminino).
A subcategoria Relâmpago (Fig.9) apresenta intersecções externas das quais destacam-se as relacionadas com o Conceito
de Vida, uma vez que esta subcategoria estruturou o conceito dominante e transversal a todas as teorias geradas a partir
deste momento.
Vulcão
Code: DISCUSSÃO \ Exemplos \ Vulcão
Classificação: SUBCATEGORIA 2 - Categorização descritiva
Fig. 10 – Vulcão
(Diagrama)
A entrada do exemplo Vulcão emergiu de um lapso auditivo uma vez que a palavra referida havia sido “cão”, porém, foi de
imediato rebuscado pelo CONV1 (Masculino) e permaneceu em Discussão Ex: “Um vulcão também é um ser vivo?”.
11
Ao dar continuidade à questão em aberto, a subcategoria Vulcão (Fig.9) estabelece-se no contexto da dinâmica de discurso
colectivo acima descrito, ou seja, através da defesa argumentativa de posições estabelecidas em torno do tema transversal
Conceito de vida, como se pode verificar nas intersecções externas estabelecidas. Assim, as argumentações apresentadas
definiram conceitos muito específicos relacionados com o Conceito de vida em oposição demarcada e concreta:
1 Posição, descreve o vulcão como um Ser vivo, ou seja, mantém uma linha de pensamento antropomórfico Ex: “Eu acho
que a vida é qualquer coisa de ter actividade, não no sentido de se mexer mas de ter actividade própria. Um vulcão é um ser
vivo porque tem actividade própria: deita a lava.” IND B (Feminino);
2 Posição, defende que o vulcão Não é um ser vivo mas apenas um fenómeno da natureza Ex: “Não, porque o vulcão é só
a saída da lava do centro da terra.” IND L (Masculino).
Água
Code: DISCUSSÃO \ Exemplos \ Água
Classificação: SUBCATEGORIA 2 - Categorização descritiva
Fig. 11 – Água (Diagrama)
A entrada do exemplo Água (Fig. 11) surge de uma pergunta directa do IND J (Masculino), que mantem uma visão mais
empírica ou científica dos mesmos fenómenos visados, à IND C (Feminino) cuja protagoniza a posição antropomórfica da
Discussão Ex: “[IND C], para ti a água é um ser vivo?”.
Na conceptualização teórica da subcategoria Água foi necessário estabelecer não só Qual é a sua função? através de
argumentações algo naïfs associadas ao ciclo da água Ex: “E depois vai para o xixi, e depois vai outra vez pelos esgotos…”
IND J (Masculino), bem como, em simultâneo, foram estabelecidas posições sustentadas por argumentações que definiram
conceitos em oposição concreta (à semelhança do que se verificou para a subcategoria Vulcão).
Assim, a 1 Posição, descreve a Água como um Ser vivo e mantém uma linha de pensamento antropomórfico Ex: “É assim
eu acho que a água é um ser vivo porque ela nasce quando aparece, vive quando está por exemplo no rio e morre quando a
bebemos.” IND H (Feminino); e a 2 Posição, defende que a Água Não é um ser vivo, não tem vontade própria, é apenas
um elemento da natureza Ex: “Não, acho que a água é... só evapora-se, acho que é um elemento da natureza, não é um ser
vivo, é um elemento da natureza.” IND F (Feminino).
As intersecções externas observadas (Fig. 11) permitem referir que o conceito de Água irá participar ou sustentar
argumentações focadas na subcategoria Nascer & Morrer.
12
Quadro
Code: DISCUSSÃO \ Exemplos \ Quadro
Classificação: SUBCATEGORIA 2 - Categorização por valorização
Fig. 12 – Quadro
(Diagrama)
A complexidade teórica da subcategoria Quadro enquadra e justifica a necessidade de apresentar cada um dos exemplos
isoladamente. A subcategoria Quadros (Fig.12) apresenta uma estrutura complexa e um subcontexto conceptual que se
destaca do contexto em que se desenvolveu e no qual está naturalmente inserida.
A entrada da subcategoria Quadro surge de um exemplo comum associado ao que determina O que não um ser vivo? Ex:
“Porque por exemplo, o quadro, o quadro não nasce, não vive nem morre.” IND Q (Masculino), porém, a sua definição
alarga-se: não é um ser vivo porque é um objecto e não faz nada; existe mas é isento de sentimentos “está cá mas não tem
vida, não tem o seu próprio… ele é ele mas não tem consciência própria do que é ele.” IND F (Feminino); as tintas que dele
fazem parte “(…) as tintas usadas para pintar o quadro, têm células.” IND J (Masculino).
Neste contexto desponta, então, a necessidade de estabelecer Qual é a sua função? que numa primeira fase passa pelo
conceito de existência ao ser exposto para que as pessoas o possam ver Ex: “Um quadro pode existir e também pode viver
porque a vida dele é ser visto pelas pessoas.” IND B (Feminino); numa fase posterior, que fecha a Discussão, a função do
Quadro volta a ser definida segundo os elementos figurativos que o constituem, mas depressa ganha uma outra dimensão,
aquela que o associa ao pintor Ex: “O pintor pode ter feito a pintura para as pessoas imaginarem, só que aquilo é fazer uma
coisa que calhou e que ficou bonita só para depois as pessoas imaginarem o que é. Pode não ter vida, pode ter pensado numa
coisa qualquer e ter posto, ou então pensou em qualquer coisa pôs lá e depois deu uns retoques. Não [parece] que seja
qualquer coisa que nós [pudéssemos conhecer], natural.” IND H (Feminino), mas o Quadro permanece no observador na
medida em que “Fica [no pensamento] porque todas as pessoas começam a imaginar o que poderá ser.” IND H (Feminino).
13
Determinada a função de um quadro, estabelece-se a necessidade de compreender Qual é a sua natureza? e esta é definida
por um nascer através da acção do pintor mas apenas no contexto de possibilitar a sua existência no real, o que o distingue
do ser vivo Ex: “(…) um quadro, existe no nosso planeta, existe, está cá mas não vive, não tem vida.” IND F (Feminino); é
constituído de moléculas Ex: “Como os corantes, ficam com esta cor por causa dos corantes.” IND H (Feminino). A natureza
do quadro estende-se à sua Relação com o tempo que apesar de existir, Ex: “(…) ele [o quadro] não nasceu, nem está a
viver, nem morreu.” IND Q (Masculino) mas, pode superar o tempo médio de vida de um ser humano Ex: “Um quadro pode
durar 100 anos que ainda está bom. Quer dizer, isso não é vida sobre-humana, há pessoas que já viveram mais mas [muito
mais do que isso] é um pouco impossível acontecer.” IND O (Masculino), ou até mesmo, permanecer muito para lá do
tempo de existência de um ser humano, que por natureza está sujeito à sua própria incapacidade de se manter vivo Ex: “E
nós também se passarmos muito tempo vivos, chegamos a um tempo que já vivemos muito e não temos capacidade para
viver mais. Pronto, já não temos capacidade. E a parede, os quadros não têm capacidade de fazer isso, só se os destruirmos,
à mão, eles não morrem por si [mesmos].” IND O (Masculino). Resta referir que o Quadro enquanto Criação do homem
estruturou-se através da intervenção do CONV1 que agregou ao conceito de vida defendido pela IND C (Feminino) o
seguinte “(…) na altura que ele [o quadro] foi pintado podemos considerar que foi o nascimento dele, enquanto está exposto
ao olhar das pessoas está a viver, se um dia for destruído, morre.”, de facto o nascimento do quadro tem origem no seu
autor, o pintor, que o cria para que as pessoas possam observar e imaginar a identificação dos elementos que o constituem
e as suas possíveis relações mas algo de enigmático permanece na definição desta criação Ex: “Deus criou o homem e o
homem criou o quadro.” IND F (Feminino).
As intersecções externas observadas (Fig.12) apresentam ligações concordantes com a teoria definida pela conceptualização
da subcategoria Quadros, de facto, esta subcategoria manteve-se participante do contexto transversal da subcategoria
Conceito de Vida e alimentou o interesse permanente de distinguir as divergências conceptuais entre Existir vs Viver vs
Ser Vivente.
Parede
Code: DISCUSSÃO \ Exemplos \ Parede
Classificação: SUBCATEGORIA 2 - Categorização descritiva
Fig. 13 – Parede
(Diagrama)
14
A subcategoria Parede (Fig.13) apresenta uma estrutura elementar e um subcontexto conceptual que se destaca por
encontrar-se praticamente todo estruturado nas intersecções externas observadas. Assim, o exemplo Parede surge para
exemplificar o que existe mas não é um ser vivo, que está sujeito à intervenção do homem para permanecer (existir) ou ser
destruída (deixar de existir) uma vez que não pode morrer por si mesma, mas também surge para contextualizar o que não
ficou completamente explicito, ou seja, a diferença entre vida própria e função Ex: “(…) a parede não é um ser vivo porque
a parede foi feita pelo homem, não vai ter vida própria, vai ter a vida que o homem lhe deu (…).” IND N (Masculino).
Fig.14 – Exemplos
(ARTD)
Na ARTD da Discussão (Fig.14), a categoria Discussão foi constituída como suporte metodológico (associado ao protocolo
assumido) e estrutural do fenómeno em análise. Por outro lado, devido à tipologia gráfica adoptada para apresentação desta
análise, foi permitido agregar a totalidade do subcontexto conceptual inerente a cada uma das subcategorias, ou seja, todas
as subcategorias que a partir desta se dilatam e a estruturam, pelo que não serão abordadas isoladamente mas em conexão
conjunta.
Assim, a subcategoria Exemplos apresenta uma relevância muito baixa uma vez que se constitui apenas de uma referência
singular de cada exemplo que constitui o contexto narrativo-interventivo desta fase da Discussão. Com uma maior
relevância destaca-se, no seu todo, a subcategoria Relâmpago, seguida da subcategoria Quadro com uma relevância média-
alta na sua generalidade. As subcategorias Vulcão, Água e Parede apresentam graus de relevância médio-baixos, contudo,
uma vez que se trata de uma análise de natureza qualitativa, as questões e teorias sustentadas através destas subcategorias
permitiram, por exemplo, definir a diferença entre o conceito Existir e o conceito Ser Vivo, ou ainda, possibilitou o
desabrochar da diferença conceptual do conceito Vida própria e do conceito Função.
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DISCUSSÃO
EXEMPLOS
RELÂMPAGO
1 Posição: Existe é alguem
2 Posição: É um acontecimento
3 Posição: Vive mas não é um ser vivo
VULCÃO
1 Posição: Ser vivo
2 Posição: Não é ser vivo
ÁGUA
Qual é a sua função?
1 Posição: É um ser vivo
2 Posição: Não é um ser vivo
QUADRO
Qual é a sua função?
Qual é a sua natureza?
Relação com o tempo
Criação do homem
PAREDE
15
Conceito de Vida
Code: DISCUSSÃO \ Conceito de Vida
Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização descritiva e Categorização teórica
Fig. 15 – Conceito de Vida
(Diagrama)
A subcategoria Conceito de Vida (Fig. 15) assume-se como integradora de conceitos cujas significações procuram assumir
uma teoria de cariz conclusivo. A subcategoria Conceito de Vida surge no início da Discussão e prolongasse até a um
momento que se irá designar de pré-conclusivo.
No que diz respeito às dinâmicas argumentativas presentes nesta Sessão verificou-se que a subcategoria Exemplos (de
natureza essencialmente descritiva) acompanhou a subcategoria Conceito de Vida (de natureza essencialmente teórica)
numa parceria muito próxima para permitir uma sustentação conceptual conjunta. Assim, se na subcategoria Exemplos os
elementos que a constituíram forneceram a estrutura necessária à verificação dos argumentos, na subcategoria Conceito de
Vida as argumentações que sustentaram essa mesma estrutura permitiram salientar a teoria que delas surgia.
Numa primeira fase as questões que estruturam a subcategoria Conceito de Vida foram:
O que é um ser vivo? definiu-se numa primeira fase como “As plantas nascem, reproduzem-se, crescem e morrem (…).”
IND M (Masculino), ou seja, o conceito de ser vivo obriga ao percurso de um ciclo de vida que cumpra todas as fases da
sua existência até à sua morte;
O que não é ser vivo? é a antítese do conceito de ser vivo, “Porque a água não é um ser vivo para mim porque ela nunca
morre, é como o quadro.” IND J (Masculino), contudo pode ainda definir um acontecimento ou fenómeno natural “O
relâmpago é um momento natural: acontece, desaparece” IND J (Masculino);
Posteriormente, em simultâneo com as subcategorias acima mencionadas, surge a preocupação de definir o que diferencia
16
conceitos derivados dos anteriores mas simultaneamente, mais específicos:
Existir vs Viver vs Ser vivente é uma subcategoria complexa na medida em que para além de ter sido princípio criador de
duas posições divergentes 1 Posição: Existir = Viver e 2. Posição: Existir não é viver, também determinou a definição
do conceito de Existir e do conceito Viver.
Assim, a 1 Posição: Existir = Viver resume-se a uma única intervenção que devido ao seu conteúdo revelou uma natureza
muito peculiar para esta investigação pelo que se enquadra no contexto da dupla-categorização: “Um quadro pode existir e
também pode viver porque a vida dele é ser visto pelas pessoas.” IND B (Feminino). A 2. Posição: Existir não é viver
concentra um forte vínculo ao argumento do estar cá, contudo, estar cá não a estar vivo, assim, o recurso aos Exemplos
tornou-se numa prática demonstração na qual se estruturaram as argumentações, pelo que, salienta-se as intervenções da
IND F (Feminino) pelo manifesto interesse desta investigação no teor das suas argumentações: “Um quadro pode existir e
não ter vida, ele existe, está cá mas não tem vida, não tem o seu próprio… ele é ele mas não tem consciência própria que é
ele.”, e ainda, “(…) existir e viver são coisas diferentes. O ser humano vive, existe porque está cá, existe e vive, vive a sua
vida, nasce e morre. E não ser um ser humano é por exemplo um quadro, existe no nosso planeta, existe, está cá mas não
vive, não tem vida.” IND F (Feminino).
O conceito de Existir constrói-se a partir da ideia de nascimento “(…) nós existimos porque nascemos e depois morremos.”
IND G (Feminino), enquanto o conceito de Viver refere que o nosso corpo está capacitado para viver apenas durante um
determinado período de tempo “ (…) E nós também se passarmos muito tempo vivos, chegamos a um tempo que já vivemos
muito e não temos capacidade para viver mais. Pronto, já não temos capacidade.” IND O (Masculino), porém, é a função
respiratória que confere ao conceito de Viver a sua base essencial “Para vivermos, precisamos de oxigénio.” IND A
(Feminino).
Condição para haver vida é uma subcategoria que apresenta uma estrutura interna simples, contudo, de um grande
interesse conceptual. Assim, refere um vínculo à origem não como réplica idêntica mas com algumas características que
nos conferem a nossa própria autenticidade Ex: “Nós não somos um objecto novo, somos mais ou menos uma réplica com
algumas diferenças.” IND E (Feminino), porém foi com base na conjugação de conceitos anteriormente referidos que se
chegou ao conceito de Célula Ex: “Eu acho que célula é alguma coisa que cresce connosco, porque a própria da célula é
um ser vivo.” IND B (Feminino). Uma vez que as argumentações em torno da temática Condição para haver vida ficaram
aquém de lhe conferir alguma consistência conceptual, o CONV1 propôs que este mesmo conceito fosse trabalhado
posteriormente “De certeza, uma ou mais coisas em comum. Se calhar não há uma que seja comum a todos mas há um par
delas ou três que seja condição para haver vida, condição sem a qual a vida não é possível. Vamos pensar nisso a partir da
Discussão de hoje.”.
A subcategoria Conceito de Vida (Fig. 15) apresenta intersecções externas à subcategoria Relâmpago e à subcategoria
Vulcão, o que rebate a necessidade já referida de recorrer aos exemplos como prática demonstrativa de apoio às
argumentações.
17
Fig. 16 – Conceito de Vida
(ARTD)
Na ARTD da subcategoria Conceito de Vida (Fig.16), tal como anteriormente havia sido referido, a tipologia gráfica
adoptada para apresentação desta análise, apenas agrupou a totalidade do subcontexto conceptual inerente à subcategoria
Conceito de Vida, ou seja, todas as subcategorias que a partir desta se dilatam e a estruturam. Assim, a subcategoria
Conceito de Vida apresenta uma relevância média e constituiu-se de argumentos abrangentes à totalidade do conceito em
análise. Com uma maior relevância destaca-se, a subcategoria O que é um ser vivo?, seguida da subcategoria Condição
para haver Vida e da subcategoria Células com relevâncias médias na sua generalidade. Estas subcategorias encontram-
se conceptualmente muito associadas. As subcategorias O que não é um ser vivo? apresenta um grau de relevância baixo,
seguida das subcategorias Nascer & Morrer, Viver e Respirar com graus de relevâncias igualmente baixos.
As restantes subcategorias apresentam graus de relevância bastante baixos, contudo destaca-se a subcategoria 1 Posição:
Existir = Viver com um grau de relevância aparentemente irrelevante pois, o seu conteúdo revelou uma natureza muito
peculiar para esta investigação num contexto de dupla-categorização tal como havia sido anteriormente referido.
T5 (Conclusão)
Code: DISCUSSÃO \ T5 (Conclusão)
Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização descritiva e Categorização por valorização
Fig. 17 – T5 (Conclusão)
(Diagrama)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53
DISCUSSÃO
CONCEITO DE VIDA
O que é um ser vivo?
O que não é ser vivo?
Existir vs Viver vs Ser Vivente
1 Posição: Existir = Viver
2 Posição: Existir não é Viver
Existir
Nascer & Morrer
Viver
Respirar
Condição para haver vida
Células
18
A subcategoria T5 (Conclusão) (Fig. 17) foi introduzida como propósito final da Discussão assim que o CONV1 remeteu
a temática Condição para haver vida para uma análise posterior. O CONV1 avançou de imediato com esta última proposta
com o objectivo de recuperar a obra proposta num contexto argumentativo já muito explorado: “Digam-me só uma coisa
para acabarmos, no quadro que viemos discutir e que nos fez derivar por este caminho, vocês pensam que ali está
representada vida ou não?”. Esta decisão que se enquadra na dinâmica de monotorização da Discussão, permitiu observar
como os conceitos anteriormente abordados, e que evidenciaram como as necessidades argumentativas dos discursos
apresentados se afastaram do objecto em Discussão – a obra, prosseguiram em consonância com a obra que até então
permaneceu apenas no silêncio da sua presença física. Assim, a subcategoria T5 (Conclusão) (Fig. 17) apresenta uma
estrutura muito simples mas rica na constituição de percepções e reflexões, que se estende à subcategoria Representa Vida
ou não? que se constituiu inicialmente de narrativas interpretativas muito próximas das percepções iniciais e apresentadas
na subcategoria Paisagem e na subcategoria Exemplos, até que no limiar do término da Discussão a IND H (Feminina)
introduz uma perspectiva peculiar e fora de todos os contextos abordados até àquele momento: “O pintor pode ter feito a
pintura para as pessoas imaginarem, só que aquilo é fazer uma coisa que calhou e que ficou bonita só para depois as pessoas
imaginarem o que é. Pode não ter vida, pode ter pensado numa coisa qualquer e ter posto, ou então pensou em qualquer
coisa, pôs lá e depois deu uns retoques, não parece que seja qualquer coisa que nós conhecemos, natural. (…) Se fosse uma
coisa real já estava lá e ele só tinha copiado. Se é uma coisa como eu disse, não, porque não há vida. Pode haver é vida na
pintura e isso é outra coisa. (…) porque todas as pessoas começam a imaginar o que poderá ser.”. Ou seja, o pintor oferece
ao observador a possibilidade de imaginar através daquilo que ele pinta, que não tem necessariamente ser algo retirado do
real, identificável ou antes, copiado, porque pode ser apenas algo esteticamente agradável ao olhar, neste caso, a obra não
representa vida. Surge então a ideia de que, apesar de que foi referido, ainda há a possibilidade de haver vida na pintura,
mas esse facto remete-se a outra coisa que fica por esclarecer para terminar com um retorno à vivência da obra através da
capacidade do observador de imaginar.
Fig. 18 – T5 (Conclusão)
(ARTD)
Na ARTD da subcategoria T5 (Conclusão) (Fig.18), tal como nas ARTD anteriores, apenas agrupou a totalidade do
subcontexto conceptual inerente à subcategoria T5 (Conclusão). Assim, a subcategoria T5 (Conclusão) apresenta uma
relevância diminuta pois reporta-se apenas às intervenções dos facilitadores que abriram a temática em análise. Por sua vez
esta subcategoria estende-se apenas à subcategoria Representa Vida ou não? que neste contexto apresenta uma relevância
bastante elevada.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
DISCUSSÃO
T5 (Conclusão)
Representa vida ou não?
19
ANÁLISE DE RELEVÂNCIA DA DISCUSSÃO POR GÉNERO
(Crianças-participantes e Adultos)
A ARDG do R2B manteve o protocolo proposto no R1A. A ARDG da Discussão trata de um tipo de análise mais fechada
que se desenvolveu a partir da análise dos interesses temáticos revelados pela Discussão de modo a possibilitar que se
constituam as questões de referência (Fig.19).
A ARDG (Crianças-participantes) do R2B mantém os mesmos parâmetros metodológicos delineados e apresentados no
R1A, pelo que, apenas incide nos comentários e argumentos mais relevantes das crianças-participantes para as questões de
referência. A ARDG (Adultos) das intervenções da INV e do CONV1 foram de igual modo consideradas separadamente,
por serem adultos.
Tal como no R1A, a ARDG da 2ª Sessão B, permitiu que se constituísse o RAPI (Crianças-participantes) e RAPI (Adultos)
de cada indivíduo considerado.
Fig. 19 – Questões de referência
(Diagrama)
Na 2ª Sessão B a ARDG (Crianças-participantes e Adultos) considerou as seguintes questões de referência:
1. O que está representado na obra? que se baseou na subcategoria temática Paisagem (subtraída directamente da
Agenda da Discussão e da própria Discussão, é reveladora de um forte cunho descritivo-simbólico) e pela
subcategoria temática Exemplos (constituída aquando da Discussão onde foram introduzidos vários elementos
descritivos ou de valorização muito integrados em narrativas de sustentação ou exploração das argumentações). Por
estas duas subcategorias suportarem a fase inicial e massivamente a primeira fase da Sessão justifica-se que se esta
questão se constitua como questão de referência para verificação mais fechada da teoria.
20
2. O que é um Ser Vivo? está fortemente fundamentada na teoria que se manteve mais activa durante toda a
Discussão, com a ressalva do momento próximo do final da mesma, e que monopolizou a fortemente a teoria
constituída na Sessão entendida como um todo;
3. O que não é um Ser Vivo? contrapõe e equilibra a questão anterior que pelo seu antagonismo conceptual óbvio
proporcionou o desafio a uma teoria que ao longo da Discussão se almejava mais fechada e próxima de um conceito
dominado, ou seja, fechado;
4. Como se define Conceito de Vida? que se coloca como agregadora da 2ª e 3ª questão mas através de uma tipologia
de conceitos derivado de subcategorias distintas, ou seja, as subcategorias Viver e Existir estruturadas e
desenvolvidas na ARTD;
5. Esta obra representa vida ou não? faz referencia às intervenções dos facilitadores num momento muito próximo
do final da Discussão que permitiu associar a totalidade de conceitos revelados pela Discussão ao objecto em
discussão – A obra.
1. O que está representado na obra?
Fig. 20 – 1. O que está representado na obra?
(Diagrama)
A questão 1. O que está representado na obra? (Fig. 20) apresenta uma estrutura simples. Esta subcategoria deriva da
intervenção directa co CONV 1 que foi de imediato seguida pela intervenção da IND A (Feminino) “Eu acho que depende
da interpretação que nós damos, podemos dizer se é realidade ou se não.”. A intervenção da IND A inaugurou o espaço
discursivo às subcategorias subsequentes cuja denominação dependeu inteiramente dos termos retirados da linguagem das
próprias crianças-participantes.
Assim, realidade não só é o termo referido que dá nome à própria subcategoria Realidade Ex: “Eu acho que é a realidade.”
IND A (Feminino) como também se compõe de elementos descritivos que, observados na obra, fazem referencia a elementos
análogos existentes no mundo real aos quais todos podemos aceder, pelo que, se transpõe naturalmente (em muitos casos
segundo a metodologia da dupla categorização) para a subcategoria Elemento paisagístico Ex: “Eu acho que aquilo é uma
floresta incendiada.” IND E (Feminino). A subcategoria Imaginação refere elementos associados à enfatização de alegorias
21
a referências alienígenas mas também à observação pertinente que se contrapõe à subcategoria Realidade Ex: “Eles
pintaram aquilo mas pode não ser realidade. (…) pode ser realidade mas também pode não ser. Aquele sítio pode não
existir.” IND N (Masculino). A subcategoria Abstracto também segue a linha do termo mencionado em discussão Ex: “Eu
acho que o que está lá atrás é uma coisa abstracta” IND O (Masculino) que define o que se observa como indefinido uma
vez que não se encontra um termo específico que identifique no real qualquer elemento representado e não identificável,
mais, Ex: “Não sei o que é aquela coisa azul.” IND J (Masculino), ou seja, não sei o que é não deixa de ser uma expressão
que anuncia ausência de identificação, aquela coisa anuncia algo inominável contudo localizável, a menção à sua cor azul
descreve a única qualidade de valor que nos próxima efectivamente da localização do elemento referido na obra.
Fig. 21 – 1. O que está representado na obra?
(ARDG - Crianças-participantes)
A ARDG (Crianças-participantes) apresenta a subcategoria 1. O que está representado na obra? (Fig. 21) derivada da
intervenção directa da IND A (Feminino), que tal como já havia sido referido, abriu o espaço discursivo às subcategorias
subsequentes, porém, com uma relevância bastante diminuta.
Assim, a subcategoria 1. O que está representado na obra? estende-se com a sua maior expressão de relevância apenas
para o género feminino na subcategoria Elemento paisagístico, seguida da subcategoria Realidade como uma relevância
média-alta muito próxima para ambos os géneros; com valores médios-baixos apresentam-se a subcategoria Imaginação
para ambos os géneros e a subcategoria Abstracto apenas para o género masculino.
Fig. 22 – 1. O que está representado na obra?
(ARDG - Adultos)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1. O que está representado na Obra?
Realidade
Elemento paisagístico
Imaginação
Abstracto
MASC
FEM
0 1 2
1. O que está representado na Obra?
Realidade
Elemento paisagistico
Imaginação
Abstracto
CONV1
INV
22
A ARDG (Adultos) da subcategoria 1. O que está representado na obra? (Fig. 22) apresenta um panorama de relevância
bastante diminuto com apenas algumas sinalizações para o CONV1 que se referem à intervenção que abre a própria questão
e à intervenção que incita à focalização das argumentações associadas à subcategoria Realidade Ex: “Onde fica aquela
paisagem?”.
2. O que é um Ser Vivo?
Fig. 23 – 2. O que é um Ser Vivo?
(Diagrama)
A questão 2. O que é um Ser Vivo? (Fig. 23) apresenta uma estrutura alargada e algo complexa devido à sua natureza
fortemente descritiva das qualidades e actividades inerentes a um ser vivo. A questão é formulada de um modo sucinto surge
através da intervenção do CONV1 “E então, afinal, o que é para vocês um ser vivo?” após um vasto movimento
argumentativo que associou e/ou contrapôs os vários exemplos mencionados através das características e qualidades dos
mesmos. Assim, o ser vivo Existe Ex: “(…) ele acontece, está na vida, está no mundo, está na Terra (…).” IND A
(Feminino), exprime-se através dos seus sentimentos, é um Acontecimento associado necessariamente à natureza Ex: “É
um acontecimento, e os acontecimentos podem ser seres vivos, ninguém prova que não o são!” IND C (Feminino) e anuncia
Vontade própria Ex: “Um ser vivo tem vontade própria, não é uma coisa que acontece.” IND J (Masculino); é Visível Ex:
“eu acho que um ser vivo é algo que nós podemos ver, ser, às vezes pode não ter sentimentos. Por exemplo nós não sabemos
que um relâmpago tem sentimentos como nós não sabemos se uma planta tem sentimentos, mas a planta continua a ser um
ser vivo e pode não ter sentimentos.” IND A (Feminino); depende do fenómeno específico que é a sua Criação (proveniente
da sua concepção) Ex: “ (…) sem uma mãe e um pai ninguém pode nascer (…).” IND J (Masculino) sendo que assim está
vinculado ao Ciclo da vida Ex: “Ser vivo é alguém que nasce e que morre.” IND B (Feminino) e esta revela-se
inclusivamente microscopicamente nas Células Ex: “Eu acho que célula é alguma coisa que cresce connosco, porque a
própria da célula é um ser vivo.” IND B (Feminino); necessita de Respirar Ex: “Quando nós morremos ficamos sem ar,
nós para vivermos precisamos de respirar.” IND A (Feminino); possui Actividade própria como o seu próprio movimento
exterior ou interior (dos diversos órgãos internos que o constituem) Ex: “(…) nós mexemo-nos por nós próprios, as plantas
mexem-se por si próprias, os animais mexem-se por si próprios.” IND Q (Masculino); Sente-se seja através de outros seres
vivos ou a si mesmo Ex: “Acho que um ser vivo é uma coisa que pode ser vista, ser sentida, uma coisa que pensa, que
23
sente.” IND E (Feminino); e ainda, é Animal Ex: “ (…) tu és um animal, nós todos somos animais, o gato também é (…).”
IND Q (Masculino).
A construção do conceito o que é um ser vivo abriu um vasto leque de narrativas que se conjugaram e se estruturaram
mutuamente, sendo que, no seu contexto mais fechado, a ideia subliminar que assistiu quase todas as argumentações
preanunciava o conceito de ser humano que cada uma das crianças-participantes é e que utilizaram como matéria teórico-
experimental mais manifesta e verificável.
Fig. 24 – 2. O que é um Ser Vivo? (ARDG - Crianças-participantes)
A ARDG (Crianças-participantes) apresenta a questão 2. O que é um Ser Vivo? (Fig. 24) com uma forte relevância para a
actividade do género feminino na constituição da subcategoria em análise.
As subcategorias que representaram uma maior relevância foram Criação com uma ligeira diminuição para o género
masculino, Existe e Sentimentos apenas para o género feminino. A subcategoria Actividade própria apresenta uma
relevância alta para ambos os géneros. As restantes subcategorias apresentam graus de relevância médios-baixos ou, em
alguns casos diminutos.
As subcategorias que apresentam níveis de relevância diminutos ou de alguma irrelevância, não conferem a mesma
equivalência aos conteúdos que as constituem pois, a sua valorização, é sempre qualitativa. Verifique-se o caso da
subcategoria Acontecimento “É um acontecimento e os acontecimentos podem ser seres vivos, ninguém prova que não o
são!” IND C (Feminino), esta argumentação assinalada uma enorme firmeza discursiva e ideológica que anuncia a
necessidade de prova, quiçá, do foro científico que exige uma demostração e a existência de uma prova consistente.
Consequentemente, a mesma subcategoria Acontecimento abriu espaço argumentativo à subcategoria Vontade própria
“Um ser vivo tem vontade própria, não é uma coisa que acontece.” IND J (Masculino), onde o termo composto vontade
própria surge para confrontar o termo acontecimento, ou seja, assistimos a uma destruturação conceptual, apesar de ambas
as concepções servirem o mesmo conceito - ser vivo.
0 1 2 3 4 5 6 7 8
2. O que é um Ser Vivo?
Animais
Criação
Células
Ciclo de vida
Existe
Acontecimento
Sentimentos
Vontade própria
Actividade própria
Vísivel
Respirar
Sente-se
MASC
FEM
24
Fig. 25 – 2. O que é um Ser Vivo?
(ARDG - Adultos)
A ARDG (Adultos) da questão 2. O que é um Ser Vivo? (Fig. 25) apresenta um certo contraste na relevância das
intervenções dos facilitadores.
O CONV1 reforçou as suas intervenções com questões que se referem directamente ao assunto em discussão e que
pretenderam reforçar a assertividade das argumentações que pretendiam dar resposta à questão principal “Então o que é que
distingue um ser vivo dos outros seres? é essa a questão!”. Este comportamento reforçou a administração de uma atenção
mais focada e menos desviante dos interesses que alimentavam o decorrer da Discussão.
A participação da INV para a subcategoria Actividade própria com uma relevância diminuta apenas trouxe algum cunho
de leveza ao conceito em discussão mas que se enquadrava nas intervenções referentes à actividade dos órgãos internos que
constituem o corpo dos seres vivos e que não dependem da vontade deliberada do próprio ser vivo “Há um movimento
interno, nas entranhas!”.
3. O que não é um Ser Vivo?
Fig. 26 – 3. O que não é um Ser Vivo?
(Diagrama)
0 1 2 3 4
2. O que é um Ser Vivo?
Animais
Criação
Células
Ciclo de vida
Existe
Acontecimento
Sentimentos
Vontade própria
Actividade própria
Vísivel
Respirar
Sente-se
CONV1
INV
25
A questão 3.O que não é um Ser Vivo? (Fig. 26) apresenta uma estrutura simplificada e bastante contrastante com a
subcategoria anterior, porém, no que diz à sua formulação, surge num contexto muito idêntico ao da 2ª questão. A questão
3.O que não é um Ser Vivo? surge directamente da intervenção do CONV1 “(…) O que é que a faz não ser um ser vivo
por comparação a outras coisas que consideras que são seres vivo, como tu próprio?”, cujo efeito imediato é evidente na
constituição das subcategorias que a estruturam, cuja significação contrapõe directamente algumas subcategorias
secundárias que estruturaram e teorizam a 2ª Questão.
Assim, a subcategoria Não vive que se estende directamente às subcategorias Não respira, Não comunica e Não tem
sentimentos contrapõe-se claramente às subcategorias inerentes à 2ª Questão como Respirar, Actividade própria,
Sentimentos, entre outras. Porém, entre todos os argumentos apresentados para sustentabilidade desta resistência
conceptual surge uma intervenção que para esta investigação impõe-se tanto pelo seu próprio conteúdo significativo como
pela sua ligação que estabelece à presença das obras e ao próprio espaço que abarca ambos os interlocutores Ex: “Porque
por exemplo, o quadro: o quadro não nasce, não vive, nem morre!” IND Q (Masculino). A subcategoria Acontecimento
natural está muito associada à subcategoria Exemplos Ex: “O relâmpago é um momento natural: acontece, desaparece.”
IND J (Masculino)
Não é alguém e Objecto / Coisa são subcategorias conceptualmente geradas por associação directa à subcategoria
Exemplos através da noção de relâmpago que por não ter sido gerado por alguém não é, por sua vez, alguém (que age e
reage à semelhança do ser vivo humano) mas sim uma coisa Ex: “Eu também acho que o relâmpago [não] é ninguém], é
uma coisa que surge por causa de uma trovoada ou por causa de alguma coisa, não é alguém que tem sentimentos, que fala,
que diz olá, adeus, nem tem nada disso, é uma coisa que acontece, é um objecto… não sei explicar o que é um relâmpago!”
IND G (Feminino). Contudo, a subcategoria Objecto / Coisa ainda abarca a ideia de objecto como coisa que não vive mas
que se usa, que vai ter a função que o homem lhe der Ex: “ (…) a parede não é um ser vivo porque a parede não tem… foi
feita pelo homem, não vai ter vida própria, vai ter a vida que o homem lhe deu, e depois, (…) tu podes tocar em qualquer
coisa, tu dizes, um ser vivo é uma coisa que se vê e que se toca, eu estou a ver este chão, estou a tocá-lo mas não é nenhum
ser vivo (…).” IND N (Masculino).
Fig. 27 – 3. O que não é um Ser Vivo?
(ARDG - Crianças-participantes)
0 1 2 3 4 5 6 7
3. O que não é um Ser Vivo?
Não vive
Não tem sentimentos
Não respira
Não comunica
Acontecimento natural
Objecto / Coisa
Não é alguém
MASC
FEM
26
A ARDG (Crianças-participantes) apresenta, para a generalidade do fenómeno em análise, a questão 3.O que não é um Ser
Vivo? (Fig. 27) com uma relevância baixa, contudo, e tendo em consideração estes limites, denota-se uma maior relevância
na participação do género feminino na constituição da subcategoria. A questão 3.O que não é um Ser Vivo? foi constituída
apenas como suporte estrutural de um conceito teórico.
As subcategorias que representaram uma maior relevância para o género masculino foram Acontecimento natural com
uma ligeira diminuição para o género feminino Ex: “O relâmpago é um momento natural: acontece, desaparece.” IND J
(Masculino) e Não vive com uma diminuição algo significativa para o género feminino Ex: “(…) o quadro, o quadro não
nasce, não vive, nem morre.” IND Q (Masculino).
A subcategoria Não tem sentimentos apresenta uma relevância média apenas para o género feminino Ex: “Eu acho que o
relâmpago não é ninguém porque um relâmpago não tem sentimentos.” IND E (Feminino).
Com um grau de relevância médio-alto emergem as subcategoria Objecto/Coisa com um ligeiro destaque para a
participação do género masculino e uma ligeira diminuição para o género feminino Ex: “Porque há muitas coisas no mundo
que não vivem, não têm vida. Por exemplo, os nossos sapatos não têm vida, porque podem ter sido feitos, mas não vão ser
acabados só porque uma pessoa os deita para o lixo e eles não vivem, só se usam.” IND M (Masculino). As subcategorias
Não respira apresenta um grau de relevância médio apenas para o género feminino Ex: “Eu acho que ele [o relâmpago]
não respira, ele não consegue viver, ele não consegue estar cá, ele não consegue comunicar connosco, ele não respira, não
tem vida. Quando nós morremos ficamos sem ar, nós para vivermos precisamos de respirar.” IND A (Feminino).
As subcategorias Não é alguém e Não comunica apresentam níveis de relevância muito diminutos.
Fig. 28 – 3. O que não é um Ser Vivo?
(ARDG - Adultos)
A ARDG (Adultos) da questão 3.O que não é um Ser Vivo? (Fig. 28) apresenta uma relevância diminuta e apenas do
CONV1, pelo que se pode afirmar que as crianças-participantes desenvolveram a teorização do conceito subjacente à
questão por si mesmas e sem necessidade de uma mediação mais incisiva.
0 1 2 3
3. O que não é um Ser Vivo?
Não vive
Não tem sentimentos
Não respira
Não comunica
Acontecimento natural
Objecto / Coisa
Não é alguém
CONV1
INV
27
Tal como já havia sido referido a intervenção do CONV1, que foi algo salientada, provocou um efeito imediato constituição
das subcategorias apresentadas “ (…) O que é que a faz não ser um ser vivo por comparação a outras coisas que consideras
que são seres vivo, como tu próprio?”.
A intervenção Ex: “Mas não é ser vivo porque não tem sentimentos ou porque não pode respirar? A [IND G] disse duas
coisas: não pode ser um ser vivo, porque não pode ter sentimentos e não pode respirar.” acentua um carácter impulsionador
de uma maior assertividade nas argumentações. Este último exemplo apresentado é exemplo de dupla-categorização uma
vez que participa de ambas categorias Não respira e Não tem sentimentos.
4. Como se define Conceito de Vida?
Fig. 29 – 4. Como se define Conceito de Vida?
(Diagrama)
A questão 4. Como se define Conceito de Vida? (Fig. 29) apresenta uma estrutura simplificada, porém, extensa. A
denominação para esta subcategoria ocorreu por adaptação à necessária correspondência com a solicitação directa do
CONV1 “ (…) Eu só preciso perceber melhor esse conceito de vida.”, e ainda, muito próximo do final da Sessão, quando
reforça a mesma solicitação “ (…) só tentar resolver esta questão: pensar mesmo que não fique resolvido, pensar qual é a
condição da vida, qual é a condição para haver vida, qual será a condição para haver vida?”. Assim, consequentemente, a
4ª Questão reflete a procura natural de um conceito que se quer mais fechado ou refinado, pelo que, as subcategorias que a
organizam são sustentadas pela procura incisiva e reflectida por parte das crianças-participantes.
A questão 4. Como se define Conceito de Vida? constituiu-se das seguintes subcategorias:
A subcategoria Necessidade de respirar descreve-se como uma necessidade que se impõe para possibilitar e manter a vida
de um Ser vivo e que também se verificou ter sido bastante apurado pelo modo instigador como o CONV1 o moderou Ex:
“Mas eu pergunto, basta respirar para podermos falar de vida? É preciso haver respiração para podermos falar de vida?
Basta que haja respiração para se poder falar de vida? E pode-se falar de vida sem respiração?”.
A subcategoria Comunicar surge num contexto associado ao relâmpago que não consegue viver, não consegue permanecer
(mesmo enquanto fenómeno natural) e “(…) não consegue comunicar connosco(…).” IND A (Feminino). Posteriormente,
o mesmo conceito aflora ainda uma outra reflexão “Um quadro pode existir e também pode viver porque a vida dele é ser
visto pelas pessoas.” IND B (Feminino), ou seja, a obra existe e vive no momento em que se estabelece uma relação visual
28
com o ser humano. O argumento, algo confuso, que esta intervenção projectou na Discussão levou a que o CONV1
indagasse se um quadro seria um ser vivo. A negação evidente assumiu, contudo, um carácter algo animista Ex: “Um quadro
pode existir e não ter vida. Ele existe, está cá mas não tem vida, não tem o seu próprio… Ele é ele, mas não tem consciência
própria de que é ele.” IND F (Feminino), ou seja, a obra existe apesar de não ser vida e existe mediante a premissa de que
não tem consciência de si (de que ele – o quadro – é o próprio). Apesar desta última intervenção estar directamente associada
à 5ª Questão, o seu enquadramento sequencial, associado ao conceito teorizado pela subcategoria Comunicar, revela-se de
uma enorme pertinência teórica para esta investigação na medida em que observa os contextos narrativos que elucidam
como é que a obra discursa com as crianças-participantes observadoras e como é que estas discursam com a obra, ou seja,
que tipo de relação intrínseca obra/Criança se desenvolve no indizível e que posteriormente, se revela através dos seus
discursos verbais.
A subcategoria Estar activo constitui-se de um conceito que se define por dar significado ao termo actividade que é algo
que se entende “ (…) não no sentido de se mexer mas de ter actividade própria.” IND B (Feminino) e que pode passar pela
actividade de um “ (…) conjunto de vários seres vivos pequeninos, as células (…).” IND L (Masculino) responsáveis pela
força motriz da água ou do vento, sem que nunca esteja em causa que a actividade seja realmente própria. Uma vez mais o
fenómeno real ou natural associa-se a um outro fenómeno que se pretende científico mas que ainda não se separou da sua
explicação animista.
A subcategoria Viver (ciclo da Vida) agrega o conceito de ciclo de permanência e de um fim generalizado a todos os seres
vivos Ex: “ (…) as flores ou as plantas precisam da água, os humanos precisam do oxigénio, então, chegámos a uma
conclusão que quase todos os seres vivos precisam de mais ou menos, as mesmas coisas para crescerem, sobreviverem e
depois morrerem, como todos os seres vivos.” IND G (Feminino) como também agrega o desenvolvimento do conceito de
vida microscópica Ex: “Eu acho que um ser é ser vivo porque é constituído dessas células, moléculas, disso tudo.” IND L
(Masculino). A subcategoria Viver (ciclo da Vida) estende-se ainda à subcategoria Reprodução que institui o nascimento
como acontecimento primordial da vida que premeia a estrutura base do conceito de ser vivo Ex: “Eu acho que para se ser,
ser vivo, é preciso ter… sem uma mãe e um pai ninguém pode nascer e o relâmpago eu acho que não é um ser vivo porque
não nasceu de ninguém e apareceu assim do nada.” IND M (Masculino). Esta argumentação arreigou-se em simultâneo com
a visão animista subjacente ao fenómeno natural Ex: “A nuvem criou o relâmpago!” IND C (Feminino).
A subcategoria Existir estabelece-se em distinção ao conceito estruturado pela subcategoria Viver (ciclo da Vida) num
contexto relacionado directamente com o real natural “Eu acho que é assim: existir e viver são coisas diferentes. (…) Um
quadro, existe no nosso planeta, existe, está cá mas não vive, não tem vida.” IND F (Feminino) ou ainda, “A lua existe mas
não é um ser vivo.” IND J (Masculino), como também encarou um contexto de argumentação acesa para prostrar o sentido
animista sustentado por outras intervenções Ex: “Então precisas de mãe para existir!” IND J (Masculino).
A subcategoria Tempo limitado surge da intervenção do IND O (Masculino) que converteu numa narrativa alegórica uma
manifestação de cariz intimista do seu panorama vivencial para abordar como estamos sujeitos à crueza da própria vida,
pois permanece enquanto tal apenas por tempo limitado enquanto uma simples parede ou uma obra resistem, na medida do
possível, a esse tempo limitado Ex: “ Os humanos, os animais e as plantas, eles têm… Por exemplo: as plantas se as
arrancarmos elas podem continuar a viver se cuidarmos delas muito bem, mas se não cuidarmos elas morrem, e nós também,
se passarmos muito tempo vivos, chegamos a um tempo que já vivemos muito e não temos capacidade para viver mais.
29
Pronto, já não temos capacidade. E a parede, os quadros não têm capacidade de fazer isso, só se os destruirmos, à mão, eles
não morrem por si.”.
No âmbito dos interesses teóricos desta investigação, a percepção de que a obra não morre por si mesma torna presente na
Discussão a perspectiva do tempo vivencial na qual o sujeito – ser humano – se circunscreve, enquanto a obra permanece
no imprevisto ou acidental porque está circunscrita numa outra existência, quiçá, atemporal.
Fig. 30 – 4. Como se define Conceito de Vida?
(ARDG - Crianças-participantes)
Na ARDG (Crianças-participantes) da questão 4. Como se define Conceito de Vida? (Fig. 30) denota-se uma maior
relevância na participação do género feminino na constituição geral da subcategoria.
De acordo com o que foi inicialmente referido, de modo a dar resposta à solicitação directa do CONV1, a questão 4.Como
se define Conceito de Vida? revela um grau de relevância médio para o género feminino e baixo para o género masculino
Ex: “Todos os seres vivos têm alguma coisa em comum que os faz seres vivos.” IND H (Feminino).
Com a maior expressão de relevância neste contexto surge a subcategoria Necessidade de respirar mas apenas para o
género feminino Ex: “Sim, para vivermos precisamos de oxigénio.” A (Feminino); a subcategoria Viver (Ciclo da Vida)
apresenta uma relevância média-alta para o género feminino e uma ligeira diminuição para o género masculino Ex: “ (…)
um ser vivo nasce, vive e morre, a célula nasce, vive, forma o cabelo, as unhas.” IND B (Feminino); a subcategoria Existir
apresenta uma relevância média-baixa para ambos os géneros; a subcategoria Reprodução apresenta uma relevância média
para o género feminino e com uma diminuição para o género masculino Ex: “Nós não somos um objecto novo, somos mais
ou menos uma réplica com algumas diferenças.” IND E (Feminino); a subcategoria Estar activo apresenta um grau de
relevância média-baixa para o género masculino e diminuta para o género feminino Ex: “Eu acho que a vida é qualquer
coisa de ter actividade, não no sentido de se mexer mas de ter actividade própria (…).” IND B (Feminino).
A subcategoria Comunicar apenas para o género feminino e a subcategoria Tempo apenas para o género masculino,
apresentam ambas graus de relevância muito baixa.
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4. Como se define Conceito de Vida?
Tempo limitado
Necessidade de respirar
Comunicar
Estar activo
Viver (Ciclo da vida)
Reprodução
Existir
MASC
FEM
30
Fig. 31 – 4. Como se define Conceito de Vida?
(ARDG – Adultos)
A ARDG (Adultos) da questão 4. Como se define Conceito de Vida? (Fig. 31) apresenta uma relevância elevada
comparativamente às suas análogas. Assim, denota-se uma maior relevância na participação do CONV1 em grande contraste
com a INV.
No contexto do que já havia sido referido os elementos que constituem a teoria subjacente à subcategoria 4. Como se define
Conceito de Vida? foi determinante para o desenvolvimento de todo o conceito aqui explorado pelas argumentações das
crianças-participantes, pelo que, nesta análise o seu grau de relevância médio sugere uma forte incidência na moderação do
referido conceito. Este fenómeno volta a espelhar-se na subcategoria Viver (Ciclo da vida) que apresenta um elevado grau
de relevância para o CONV1 Ex: “De acordo com o teu exemplo parece-me que o argumento que querias é: podemos existir
mas para viver temos que nascer e morrer. O que é que acham disto? Podem existir várias coisas mas para viver só vivem
aquelas que nascem e morrer. Alguém tem alguma coisa a dizer?” e muito baixa para a INV.
Com uma expressão um pouco mais baixa mas muito próxima da anterior, tanto para o CONV1 como para a INV, surge a
subcategoria Necessidade de respirar Ex: “Mas eu pergunto, basta respirar para podermos falar de vida? É preciso haver
respiração para podermos falar de vida? Basta que haja respiração para se poder falar de vida? E pode-se falar de vida sem
respiração?” CONV1.
As subcategorias que apresentam grau de relevância baixa são Existir apenas para o CONV1 e Reprodução tanto para o
CONV1 como para a INV. Com relevâncias diminutas e apenas para o CONV1 surgem as subcategorias Estar activo e
Tempo limitado.
As intervenções assíduas do CONV1 ofereceram um forte dinamismo à Discussão e uma exigência de assertividade
argumentativa que possibilitou o falto final para um discurso mais abstracto e abertamente direcionado para o âmbito dos
interesses teóricos desta investigação.
As parcas intervenções da INV acompanharam de muito perto os interesses solicitados pelo CONV1 mantendo uma atitude
de proximidade das suas intervenções e partilha adequado às circunstâncias.
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4. Como se define Conceito de Vida?
Tempo limitado
Necessidade de respirar
Comunicar
Estar activo
Viver (Ciclo da vida)
Reprodução
Existir
CONV1
INV
31
5. Esta obra representa vida ou não?
Fig. 32 – 5. Esta obra representa vida ou não?
(Diagrama)
A questão 5. Esta obra representa vida ou não? (Fig. 32) apresenta uma estrutura simplificada e muito focalizada no
âmbito dos interesses teóricos desta investigação, tal como já havia sido referido.
A denominação adoptada para esta questão ocorreu por correspondência à solicitação directa do CONV1 muito próximo do
final da sessão “Digam-me só uma coisa para acabarmos, no quadro que viemos discutir que nos fez derivar por este
caminho, vocês pensam que ali está representada vida ou não?”.
Esta questão foi explorada pelas crianças-participantes durante um curto período de tempo, contudo, o carácter assertivo
que as suas intervenções revelaram permitiram constituir um conceito evidenciado. A mesma subcategoria permite
estabelecer duas fases muito precisas na construção desses mesmos conceitos: numa 1ª fase a resposta directa à questão
baseou-se na interpretação narrativa dos elementos que supostamente constituem a obra (à semelhança da fase inicial de
exploração dos elementos provenientes da Agenda da Discussão); a 2ª fase surge por instigação da INV “Alguém tem uma
opinião diferente, que [esta obra] não seja representativa de vida?” e aqui surge um misto de intervenções que incidem na
vontade do pintor e consequentemente na função da obra.
A questão 5. Esta obra representa vida ou não? constituiu-se das seguintes subcategorias:
A subcategoria Representa vida constituiu-se da interpretação de possíveis cenários sustentados pelas ligações
estabelecidas entre a nomeação ou identificação dos elementos que supostamente constituem a obra. A questão em si foi
entendida como uma questão directa ao que no corpo da obra, a tela, se pode imaginar como estando representado, assim, a
grande maioria defendeu que a obra representa vida mesmo que dizimada. Numa destas interpretações, apesar do avanço
teórico oferecido durante toda a Discussão, registou-se, ainda, interpretações de carácter animista Ex: “Acho que sim, há
vida! Para mim aquele sítio é um sítio desértico perdido no nevoeiro e sendo o nevoeiro um ser vivo, acho eu, ele tem vida
e as plantas também são vida.” IND B (Feminino).
A subcategoria Função da obra torna-se numa subcategoria de valorização por estar muito focalizada no âmbito dos
interesses teóricos desta investigação. Assim, a pintura provoca efeitos exteriores a si mesma porque exige que seja
observada e posteriormente que essa observação alimente ou estimule a imaginação de quem a observa, porém, revela-se
um escasso vislumbre de uma responsabilidade a que esta se subjuga – a relação de recíproca obra/observador Ex: “Um
quadro pode existir e também pode viver porque a vida dele é ser visto pelas pessoas.” IND H (Feminino).
32
O conceito estabelecido pela subcategoria Criação refere-se directamente à acção exercida pelo pintor aquando da produção
da obra e no qual foi igualmente referida pela IND H (Feminino) a sua intenção do pintor como intermediário activo entre
a obra e o observador ao facultar a possibilidade de o observador vir a imaginar, seja através de um acto controlado seja por
puro acaso “ (…) aquilo é fazer uma coisa que calhou e que ficou bonita só para depois as pessoas imaginarem o que é
(…)”, seja através de elementos irreconhecíveis aos observador ou identificáveis, sendo estes últimos considerados naturais,
existentes na dimensão real “ (…) ele só tinha copiado.”. A mesma intervenção da IND H (Feminino) terminou com a
seguinte declaração: “Pode haver é vida na pintura e isso é outra coisa.”, que apesar do extremo interesse teórico, ficou por
desenvolver.
A subcategoria Tempo para além de registar o conceito das marcas evidentes de um tempo que passa e desgasta
naturalmente a obra sem qualquer interferência do homem, também regista o conceito mais singular de toda a Discussão ao
vaticinar o prenúncio de um período de existência para a pintura que lhe confere a possibilidade de imortalidade Ex: “ (…)
um quadro que nunca irá ser destruído, nunca morre!” IND Q (Masculino).
Fig. 33 – 5. Esta obra representa vida ou não?
(ARDG - Crianças-participantes)
Na ARDG (Crianças-participantes) da questão 5. Esta obra representa vida ou não? (Fig. 33) apresenta para a
generalidade do fenómeno em análise uma relevância baixa, contudo, expõe conceitos elaborados num curto espaço de
tempo com o anúncio da finalização da Sessão. Uma vez mais constata-se uma maior participação do género feminino,
contudo, que em aspectos qualitativos, a participação do género masculino determinou aspectos em tudo singulares para a
criação de teoria fundamental para esta investigação.
A questão que sustenta a questão 5. Esta obra representa vida ou não? derivou de uma solicitação directa do CONV1
pelo que aqui apresenta-se apenas como suporte estrutural de um conceito teórico.
Assim, para esta ARDG (Crianças-participantes) revela-se a subcategoria Representa vida com uma relevância alta para o
género feminino e uma ligeira diminuição para o género masculino Ex: “Eu acho que tem vida porque aquelas coisas verdes
a mim parecem-me peixes. Eu acho que é só por causa disso: há algas, há planta…” IND H (Feminino); a subcategoria
Criação apresenta uma relevância igualmente alta para o género feminino mas com uma relevância diminuta para o género
masculino Ex: “Deus criou o homem e o homem criou o quadro!” IND F (Feminino); a subcategoria Função da obra
apresenta uma relevância média para o género feminino e mas com uma relevância diminuta para o género masculino Ex:
“Um quadro pode existir e também pode viver porque a vida dele é ser visto pelas pessoas.” IND B (Feminino); por fim, a
subcategoria Tempo apresenta um grau de relevância médio mas apenas para o género masculino Ex: “Por exemplo, há
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5. Esta Obra representa vida ou não?
Representa vida
Função da Obra
Criação
Tempo
MASC
FEM
33
quadros romanos que estão todos partidos, que já perderam imensas coisas, que estão todos a cair, todos velhos, as tintas já
estão a cair. Podem destruir-se sem ser o homem a destruir.” IND L (Masculino).
Fig. 34 – 5. Esta obra representa vida ou não?
(ARDG - Adultos)
A ARDG (Adultos) da questão 5. Esta obra representa vida ou não? (Fig. 34) apresenta uma maior relevância na
participação do CONV1 mas, para esta questão, com uma proximidade diminuta mas constante por parte da INV.
No contexto do que já havia sido referido, a questão 5. Esta obra representa vida ou não? surge por correspondência à
solicitação directa do CONV1, porém foi acompanhada pela intervenção da INV que insiste na questão proporcionando
uma dinâmica conjunta da Ex: “Alguém tem uma opinião diferente, que aquilo não seja representativo de vida?”.
As subcategorias que maior relevância apresentaram para a dinâmica da Discussão, através do desempenho e intervenção
dos facilitadores foram: a subcategoria Representa vida a moderação do CONV1 apresenta a possibilidade de abrir uma
ramificação da questão inicial Ex: “E portanto achas que tem vida. Alguém tem outra opinião?” enquanto que a intervenção
da INV apenas pretende que suscitar clarificação de intervenção Ex: “Para ti, aquilo é um espaço submerso, está debaixo
de água?”; e a a subcategoria Criação a intervenção do CONV1 expõe a possibilidade de fusão de conceitos anteriormente
abordados tais como o conceito de ciclo de vida, função da obra, ao fenómeno de criação artística “Mas de acordo com o
argumento da Francisca na altura que ele foi pintado podemos considerar que foi o nascimento dele, enquanto está exposto
ao olhar das pessoas está a viver, se um dia for destruído, morre.”, tendo o mesmo sido posteriormente reforçado pela INV
“Mas então, nasce ou não nasce, um quadro?”.
Nesta fase final da Discussão pode-se observar uma maior cumplicidade na partilha da moderação da Discussão na medida
em que o CONV1 e a INV mantêm uma atitude de proximidade das suas intervenções bem como uma partilha teórica
adequado às circunstâncias.
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5. Esta Obra representa vida ou não?
Representa vida
Função da Obra
Criação
Tempo
CONV1
INV
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ANÁLISE ETNOGRAFICA DO REGISTO DE VIDEO
Para a AERV desta sessão adaptou-se por uma abordagem dedutiva, na medida em que foi observado um evento específico
e fortemente conduzido pela questão desta investigação, e que foi anteriormente objectivado e delineado no R1A.
Esta análise mantém o protocolo assumido e teve em conta: a relação dos comportamentos físicos com o espaço físico
envolvente; desses comportamentos físicos com a obra previamente seleccionadas; e ainda, a associação dos
comportamentos físicos aos momentos e à qualidade dos discursos dos intervenientes. Assim, a AERV mantém-se
organizada de acordo com dois momentos específicos: 1º Momento refere-se aos comportamentos referentes ao momento
em que as crianças-participantes entraram em contacto com o espaço onde a obra visada estava exposta e a observação
directa da mesma; o 2º Momento refere-se aos registos comportamentais durante o decorrer da própria Sessão.
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Análise etnográfica do registo de vídeo
TEMPO CATEGORIA ACÇÃO CONTEXTUALIZAÇÃO OBSERVAÇÃO
1º Momento
LEITURA DA OBRA Preparação da Sessão (Vídeo MOV08B)
Colocação das crianças-participantes sentadas no chão em meia-lua sentadas de frente para a obra. IND G informa que a mãe não deixa que esta seja filmada. Posicionar a câmara para registo de vídeo de todas as crianças-participantes. CONV1 comenta o facto de as meninas estarem todas juntas bem como os rapazes pelo que pede que se misturem (mudança de lugares) INV explica que o objecto da Discussão será a obra e que as crianças-participantes deveram observá-la e agir como numa sessão de filosofia das que têm na sala de aula. Preparação do suporte para registo da Agenda de Discussão.
Dinâmica comportamental: Atenção algo dispersa, crianças-participantes não observam a obra mas o que se passa neste centro em meia-lua CONV1 repreende IND Q
00:05:27 00:05:51
Início da 2ª Sessão (B)
Primeiros registos de observações da obra (IND A, IND N) Registo dos nomes (cábula a ser utilizada pela INV por ainda não ter fixado o nome das crianças-participantes)
Momento de empatia
2º Momento 00:07:17 00:08:02 00:11:57
AGENDA DA DISCUSSÃO
Início da Agenda da Discussão Registo e leitura das questões
Carlota pede esclarecimento de dúvidas, INV explica que as questões a serem colocadas irão constituir a Agenda da Discussão. CONV1 explica que as perguntas que se irão fazer sobre o quadro funcionam como as que se fazem para um texto IND H coloca a 1ª Questão seguida de IND G; IND J; IND C; IND F; IND N; IND B; IND E. CONV1 relê as perguntas
Dinâmica comportamental: Crianças-participantes atentas ao CONV1 e INV Introspectivas Movimentos subtis de inquietude e conversas de sussurro com o parceiro do lado (atitude generalizada)
3º Momento 00:13:13
DISCUSSÃO
Comentário às questões inicia-se com a IND G IND J está agitado, sussurra, levanta o braço para se inscrever na Discussão e inclina-se para trás IND A levanta o braço discretamente enquanto restantes participantes ouvem e observam IND J; IND L levanta o dedo para se inscrever na Discussão
Dinâmica comportamental: Comportamentos generalizados: atentos aos comentários da IND G
00:14:19 INV interrompe para colocar MP4 00:17:14 00:17:31
REALIDADE (Real/irreal)
Interpretação da obra CONV1 dá palavra ao IND L; alguns observam a pintura seguindo com o olhar a proposta de leitura apresentada pelo IND L Intervenção do IND L causou reacções imediatas: IND N; IND G e IND A inscrevem-se na Discussão (dedos no ar) CONV1 dá palavra ao IND N (dedo apontado segue o percurso da sua narrativa IND A intervém com tom de voz muito baixo e gesticula de modo a representar um movimento aquático representativo de um dos elementos que “identifica” na obra; IND F intervém com voz hesitante; grande maioria dos participantes observa a obra de modo a poderem acompanhar o percurso da narrativa que apresenta e a interpretação da mesma; IND E apresenta a sua apresentação; IND C mantém braço no ar e intervém em apoio a relato anterior; IND B intervém com uma outra interpretação (expressão facial com forte mímica dirigida à colega do lado IND F; IND L apresenta interpretação IND C interroga IND B sobre a sua intervenção IND M responde e introduz na Discussão o conceito de que o que está pintado não tem de ser necessariamente real (explanação analítica) CONV 1 devolve a mesma questão à Discussão
Interpretação da obra: narrativas hipotéticas que procuram associar elementos representados na obra Dinâmica comportamental: Comportamentos atentos às intervenções, silêncio respeitador e respostas participativas; vozes serenas e tons relativamente baixos CONV1: moderação constante na autorização de intervenções da Discussão Comportamentos atentos e expectantes Intervenção assertiva CONV1 instigação à reflexão
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(devolução da questão ao grupo) 00:19:49 00:21:25
RELAMPAGO Se existe é alguém Coisa / fenómeno Ser vivo Não tem sentimentos Chuva (exemplo de ser vivo)
Pedido de várias