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Décima segunda ronda de negociações
para a Parceria Transatlântica de Comércio e
Investimento (TTIP)
Relatório público – Março de 2016
RELATÓRIO DA DÉCIMA SEGUNDA RONDA DE NEGOCIAÇÕES
Relatório da 12.ª ronda de negociações TTIP
23/03/2016 Página 2 de 21
PARA A PARCERIA TRANSATLÂNTICA DE COMÉRCIO E INVESTIMENTO
(Bruxelas, 22-26 de fevereiro de 2016
Índice
1.1 Comércio de mercadorias: direitos aduaneiros e acesso ao mercado ......................... 4
1.2. Contratos públicos .......................................................................................................... 5
1.3. Comércio de serviços e investimento ............................................................................ 6
1.4. Regras de origem ............................................................................................................ 7
2.1. Coerência regulamentar ................................................................................................ 8
2.2. Obstáculos técnicos ao comércio ................................................................................... 8
2.3. Questões sanitárias e fitossanitárias ........................................................................... 10
As discussões setoriais são extremamente técnicas devido à novidade e à
complexidade do exercício. É apresentado a seguir um relatório mais
pormenorizado sobre os desenvolvimentos registados por setor durante a
12.ª ronda de negociações. .......................................................................................... 10
Produtos farmacêuticos ............................................................................................. 10
Produtos cosméticos ................................................................................................... 11
Automóveis ................................................................................................................. 12
Dispositivos médicos .................................................................................................. 13
TIC ..................................................................................................................... 14
Engenharia ................................................................................................................ 15
Produtos químicos ..................................................................................................... 15
Pesticidas .................................................................................................................... 15
3.1. Desenvolvimento sustentável ....................................................................................... 16
3.2. Comércio de energia e matérias-primas ..................................................................... 17
3.3. Pequenas e médias empresas ....................................................................................... 17
3.4. Alfândegas e facilitação do comércio .......................................................................... 18
3.5. Direitos de propriedade intelectual, incluindo indicações geográficas .................... 18
3.6. Concorrência ................................................................................................................. 19
3.7. Proteção dos investimentos .......................................................................................... 20
3.8. Resolução de litígios entre Estados ............................................................................. 21
Relatório da 12.ª ronda de negociações TTIP
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RESUMO
Durante a 12.ª ronda de negociações sobre a Parceria Transatlântica de Comércio e
Investimento (TTIP), efetuada em Bruxelas entre 22 e 26 de fevereiro, foram discutidos
os três pilares do acordo: o acesso ao mercado, o pilar regulamentar e as regras. A
intensificação global das negociações levou as Partes a prolongar a ronda por mais uma
segunda semana, tendo os EUA e a UE trocado propostas em matéria de contratos
públicos e prosseguido as discussões sobre as regras de origem e os direitos de
propriedade intelectual.
No decurso desta ronda, foram realizados progressos particularmente importantes em
dois dos três pilares da TTIP, nomeadamente a cooperação regulamentar e as regras.
No que respeita ao pilar regulamentar, a UE e os EUA apresentaram novas propostas
em matéria de cooperação regulamentar, com vista a afinar ideias sobre como criar um
sistema no âmbito da TTIP para facilitar a cooperação regulamentar atual e futura, tanto
na indústria transformadora como nos serviços. As Partes debateram igualmente o
projeto de capítulo revisto da UE sobre boas práticas regulamentares, bem como todas
as outras questões regulamentares, ou seja, obstáculos técnicos ao comércio (OTC),
medidas sanitárias e fitossanitárias (SPS) e os nove setores industriais em causa.
No que respeita às regras, ambas as Partes apresentaram as suas respetivas propostas em
matéria de proteção dos investimentos. A UE apresentou a sua nova e reformada
abordagem sobre a proteção dos investimentos e a resolução de litígios em matéria de
investimento pela primeira vez durante esta ronda. As discussões decorreram num
ambiente aberto e construtivo. No que respeita ao desenvolvimento sustentável, os
Estados Unidos apresentaram as suas propostas em matéria de trabalho e ambiente, em
resposta à anterior proposta da UE de um capítulo sobre o desenvolvimento sustentável,
tendo os negociadores centrado a sua atenção numa análise pormenorizada de cada
proposta. As Partes também mantiveram discussões produtivas sobre outros aspetos das
regras, como concorrência, alfândegas e facilitação do comércio, resolução de litígios
entre Estados e PME, entre outros.
Por último, mas não menos importante, a UE e os EUA discutiram o acesso ao mercado,
nomeadamente os serviços, os direitos aduaneiros e os contratos públicos. Em matéria
de contratos públicos, houve uma troca de propostas, tendo as equipas de negociação
debatido durante dois dias e meio ambas as propostas e o texto do capítulo.
Por último, as Partes acordaram em acelerar os trabalhos entre as rondas de
negociações, a fim de aumentar o ritmo das negociações em geral. Estão previstas duas
rondas adicionais de negociações propriamente ditas até às férias do verão. O principal
objetivo geral é negociar um acordo TTIP ambicioso e de alto nível que responda tanto
aos interesses da UE como dos EUA. A UE reiterou a sua intenção de garantir
progressos substanciais em todos os três pilares do acordo até às férias do verão.
1. Acesso ao mercado
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1.1 Comércio de mercadorias: direitos aduaneiros e acesso ao mercado
Produtos não agrícolas
No que respeita aos direitos aduaneiros, as Partes discutiram os produtos que podem ser
sujeitos a diferentes calendários de eliminação progressiva devido à sua natureza
diferente.
Os negociadores prosseguiram também as discussões sobre os artigos do acordo
relativos ao comércio de mercadorias, os quais têm por base as regras do comércio
internacional que regem o comércio de mercadorias entre as partes. Tanto a UE como os
EUA já partilham muitos princípios importantes. Durante a 12.ª ronda, os trabalhos
centraram-se em assegurar a compatibilidade de certas propostas de texto,
nomeadamente no que se refere à classificação de mercadorias para efeitos aduaneiros,
à proibição de restrições à importação e exportação e ao comércio de produtos
remanufaturados, com as respetivas legislações nacionais.
Numa reunião conjunta com o grupo de negociação Alfândegas e Facilitação do
Comércio, as equipas de negociação discutiram as possibilidades de assegurar um
âmbito de aplicação similar para os respetivos sistemas de cada Parte em matéria de
tratamento de mercadorias devolvidas após a reparação e de isenção de direitos de
mercadorias importadas a título temporário.
Produtos agrícolas
As discussões realizadas durante esta ronda incidiram, essencialmente, sobre três
elementos: direitos aduaneiros, texto sobre a agricultura e questões não pautais.
No que respeita aos direitos aduaneiros, foram discutidos interesses de exportação
específicos, tendo sido apresentados pedidos de redução dos períodos de escalonamento.
Os produtos identificados como mais sensíveis não foram examinados. A UE assinalou
que o grau de ambição em matéria de direitos aduaneiros irá depender desta questão
para o acordo no seu conjunto.
No que respeita ao capítulo agrícola, foi efetuado um primeiro exame substancial, o que
permitiu identificar as principais áreas de convergência e divergência. Nesse contexto, a
UE recordou a sua intenção de incluir regras sobre os vinhos e as bebidas espirituosas
com base nos acordos bilaterais existentes, que abrangem, nomeadamente, a proteção
das denominações dos vinhos e bebidas espirituosas da UE e dos EUA (incluindo a
utilização exclusiva para os produtores da UE de 17 denominações consideradas
semigenéricas pelos EUA), práticas enológicas, regras de rotulagem e certificação.
Além disso, a UE apresentou uma proposta de texto sobre disposições regulamentares
específicas em matéria de rotulagem de bebidas espirituosas.
Por último, ambas as Partes debateram questões não pautais específicas relacionadas
com a agricultura e as possíveis soluções.
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1.2. Contratos públicos
Os contratos públicos são um dos principais domínios de interesse ofensivo e prioridade
para a UE na TTIP. Trata-se de uma oportunidade única para aumentar
substancialmente as oportunidades de acesso ao mercado dos contratos públicos dos
EUA tanto a nível federal como estatal, e para garantir que as empresas da UE são
tratadas de uma forma equitativa e não discriminatória aquando da apresentação de
propostas para contratos públicos.
Durante a 12.ª ronda de negociações, a contratação foi debatida durante dois dias e meio
e a UE continuou a envidar esforços para alcançar o objetivo comum partilhado entre a
UE e os EUA desenvolvido no Grupo de Trabalho de Alto Nível UE-EUA sobre
Emprego e Crescimento (HLWG). O objetivo em matéria de contratação é criar «um
acesso substancialmente melhorado a oportunidades de contratos públicos em todos os
níveis de governo com base num tratamento nacional». As discussões durante esta
ronda cobriram tanto o acesso ao mercado como as disposições do texto do capítulo
relativo aos contratos públicos (os procedimentos aplicados pelas entidades públicas
aquando da contratação). No que respeita ao acesso ao mercado, as discussões
incidiram, em especial, sobre as primeiras propostas em matéria de contratos públicos
que tinham sido trocadas entre a UE e os EUA.
Para além das primeiras propostas sobre o acesso ao mercado, a discussão sobre o
acesso ao mercado foi prosseguida com base nas questões colocadas pela UE sobre os
seguintes temas, nomeadamente: restrições recentemente introduzidas nos EUA que
afetam o acesso ao mercado para os fornecedores europeus (como o FAST Act no
domínio do Ministério dos Transportes dos EUA), a expansão dos compromissos de
acesso ao mercado, tanto a nível federal como estatal, bem como o quadro jurídico para
o financiamento federal dos contratos infraestruturais dos EUA (que é objeto de
preferências nacionais nos EUA).
No que respeita aos procedimentos de contratação, a proposta de texto em discussão
contém propostas apresentadas tanto pela UE como pelos EUA. Houve uma discussão
específica sobre as possibilidades de facilitar a participação das PME nas oportunidades
de contratação pública, por exemplo, através de uma melhoria da transparência das
oportunidades de contratos públicos e da exploração de mecanismos destinados a ajudar
as empresas mediante a criação de um serviço de assistência (help desk) ou de um ponto
de contacto para denúncias informais. A UE continuou a sublinhar a necessidade de
melhorar o acesso aos contratos públicos nos Estados Unidos. A UE dispõe de um único
ponto de acesso eletrónico a oportunidades de contratos públicos e, desde 15 de janeiro
de 2016, dispõe também de uma ferramenta automática para a tradução de anúncios de
concurso em língua inglesa e em todas as outras línguas.
Em geral, as discussões sobre a proposta de texto permitiram clarificar mais as posições
e identificar áreas de interesse comum com vista às próximas etapas. Por exemplo, a UE
sublinhou de novo a importância de os procedimentos de contratação refletirem
adequadamente as considerações ambientais. O ponto de partida para as discussões é o
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texto do Acordo da OMC sobre Contratos Públicos (GPA) de que tanto a UE como os
EUA são signatários.
1.3. Comércio de serviços e investimento
No decurso da 12.ª ronda, a UE e os EUA trataram os seguintes domínios: comércio
transfronteiras de serviços, liberalização dos investimentos e regras relacionadas com:
serviços financeiros, serviços postais e de correio expresso, venda direta,
reconhecimento das qualificações profissionais, regulamentação nacional,
telecomunicações e comércio eletrónico. Houve ainda uma breve troca de pontos de
vista sobre o seguimento de questões relacionadas com o acesso ao mercado, tendo a
UE e os EUA reconhecido que determinados serviços, incluindo os serviços públicos,
desempenham um papel especial para os cidadãos.
No que se refere à liberalização dos investimentos, os negociadores tiveram um dia de
discussões centradas em definições, acesso ao mercado, tratamento nacional, requisitos
de desempenho e quadros superiores e conselhos de administração. Ambas as partes
empenharam-se numa comparação aprofundada das respetivas abordagens, com vista a
identificar domínios em que seria necessária uma discussão mais aprofundada nas
próximas rondas.
Houve ainda outros intercâmbios relacionados com a consolidação do capítulo relativo
ao comércio transfronteiras de serviços. As discussões incidiram sobre a circulação
das pessoas singulares, bem como sobre o transporte marítimo e a aviação.
No que respeita aos serviços financeiros, a UE e os EUA chegaram a acordo quanto à
arquitetura do capítulo sobre os serviços financeiros. Além disso, foram iniciados os
trabalhos sobre o texto consolidado. Os negociadores realizaram progressos no tocante a
definições, âmbito de aplicação, bem como regras e exceções relacionadas com os
serviços financeiros
A UE e os EUA debateram também a abordagem da regulamentação nacional. A UE
tem em vista apresentar a proposta antes da próxima ronda de negociações da TTIP.
Com base nas propostas apresentadas pela UE e os EUA nesta ronda, foram discutidos
os serviços de entrega. Tendo em conta os interesses comuns da UE e dos EUA neste
setor, os dois textos têm muitas coisas em comum, o que deverá facilitar a consolidação
dos mesmos.
Os EUA apresentaram a sua proposta sobre a venda direta e salientaram os seus
benefícios para as PME. A UE manifestou um interesse preliminar em incluir
disposições sobre a venda direta na TTIP, insistindo, porém, na necessidade de
continuar as consultas sobre a proposta.
A UE e os EUA fizeram progressos nas negociações relativas ao quadro para o
reconhecimento mútuo das qualificações profissionais. O objetivo era encontrar um
mecanismo adequado para assegurar que o quadro acordado é compatível com os
sistemas regulamentares da UE e dos EUA, respetivamente.
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As Partes discutiram todas as propostas sobre os serviços de telecomunicações e
centraram-se, em especial, nas obrigações dos principais fornecedores e no âmbito de
aplicação do capítulo sobre as telecomunicações (por exemplo, a questão de saber se as
novas telecomunicações devem ser contempladas, e sob que forma).
Os debates sobre o comércio eletrónico abrangeram todas as disposições propostas,
exceto os fluxos de dados e a localização de dados em relação a que a UE não
apresentou uma proposta. Houve discussões aprofundadas, em especial, sobre as
assinaturas eletrónicas, os procedimentos de autorização para os serviços em linha, a
não discriminação de conteúdos transmitidos digitalmente, as informações de marketing
direto (spam), os direitos aduaneiros sobre as transmissões eletrónicas e a proteção dos
consumidores em linha.
1.4. Regras de origem
O principal objetivo deste grupo é definir as regras de origem dos produtos que
beneficiam de tratamento preferencial no âmbito do acordo. Foram discutidas as
seguintes questões:
i) Proposta dos EUA sobre os «Procedimentos de origem» (Secção B)
Os EUA apresentaram a sua proposta sobre a secção B, seguindo-se uma sessão de
perguntas e respostas. As Partes discutiram a necessidade de encontrar compromissos
para aproximar a posição das Partes, tendo sido consideradas diferentes opções.
ii) Parte sobre as «Disposições gerais» (Secção A)
A UE apresentou algumas propostas de textos de compromisso sobre disposições em
relação a que ambas as Partes partilham abordagens semelhantes, como a regra do
transporte direto / regra de não alteração, acessórios, peças sobressalentes e ferramentas,
materiais de acondicionamento e embalagem, etc.
iii) Regras específicas dos produtos (PSR)
As Partes prosseguiram a comparação no que respeita aos textos sobre as regras
específicas dos produtos trocados na ronda anterior.
iv) Discutiu-se também brevemente a abordagem da UE em matéria de casos de
fraudes.
Regras de origem dos produtos têxteis:
Foram tratadas as seguintes questões:
i) as abordagens normalizadas de ambas as Partes em matéria de regras de origem
específicas dos produtos e alguns outros elementos horizontais dos respetivos sistemas
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das Partes, como tolerâncias (valor/peso máximo das matérias não originárias que não
pode exceder os requisitos da regra específica do produto), derrogações aos
contingentes de origem (regras de origem menos estritas aplicadas a produtos
específicos dentro de um limite) e cumulação (a possibilidade de utilizar fios ou tecidos
provenientes da zona de comércio livre ou de países terceiros específicos).
ii) as disposições em matéria de «antievasão» e «partilha de informações» para o setor
têxtil e do vestuário (cooperação das Partes no que respeita à verificação de origem e
assistência mútua contra infrações e fraudes em matéria de legislação sobre questões de
origem – origem preferencial e não preferencial).
As Partes manter-se-ão informadas sobre a possibilidade de trocar textos em matéria de
regras específicas dos produtos para a próxima ronda.
2. Cooperação regulamentar
2.1. Coerência regulamentar
As Partes debateram tanto o texto das disposições dos EUA sobre a cooperação
regulamentar como os projetos dos capítulos revistos da UE sobre a cooperação
regulamentar e as boas práticas regulamentares, respetivamente. Em matéria de
cooperação regulamentar, a UE considerou as propostas como uma base sólida para
futuras negociações. Ambas as Partes colocaram uma série de questões, nomeadamente
sobre os objetivos e o âmbito da cooperação, bem como sobre a participação das
entidades reguladoras e das partes interessadas. Em matéria de boas práticas
regulamentares, a UE apresentou o seu projeto de capítulo revisto explicando a sua
principal motivação: identificar práticas comuns em matéria de elaboração regulamentar
para manter níveis elevados de proteção, facilitando simultaneamente o comércio e o
investimento. Ambas as Partes acordaram em intensificar os trabalhos antes da próxima
ronda de negociações com vista a esclarecer as questões pendentes e a consolidar os
respetivos textos.
2.2. Obstáculos técnicos ao comércio
As discussões realizadas durante esta ronda abordaram um conjunto de questões
relacionadas com: i) a transparência dos procedimentos seguidos pelas autoridades
públicas aquando da seleção de normas para utilização em apoio da regulamentação
técnica, ii) a cooperação entre as organizações responsáveis pela elaboração de normas
da UE e dos EUA, a fim de facilitar a participação de peritos técnicos da outra Parte, iii)
a utilização de normas da outra Parte aquando da elaboração de novas normas ou
quando se coloca a questão de novas normas para incorporação na regulamentação
técnica, iv) a possibilidade de as pessoas interessadas apresentarem propostas para a
elaboração de normas comuns para os EUA e a UE, e v) papéis e funções do Comité dos
Obstáculos Técnicos ao Comércio no âmbito da TTIP.
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Transparência na definição das normas
A UE e os EUA debateram o modo de aumentar a transparência nos procedimentos
utilizados para incorporar as normas por referência, no caso dos EUA, e nos
procedimentos para solicitar às organizações de normalização a elaboração de uma
norma em apoio da regulamentação, no caso da UE.
Cooperação entre as organizações de normalização da UE e dos EUA, a fim de
aumentar a participação das partes interessadas na definição das normas
A UE apresentou a ideia de encorajar a cooperação entre as organizações responsáveis
pela elaboração de normas da UE e dos EUA, a fim de facilitar o acesso de peritos da
outra Parte às organizações de normalização relevantes.
Consideração das normas da outra Parte na elaboração de novas normas e para a
incorporação por referência na regulamentação técnica
Os EUA e a UE partilham o objetivo de considerar mutuamente as normas da outra
Parte: no caso da UE, ao solicitar aos organismos europeus de normalização para
elaborarem normas harmonizadas e, no caso dos EUA, ao referenciar as normas nas
regulamentação técnicas das agências.
Propostas das partes interessadas sobre a cooperação em matéria de normas
A UE apresentou a ideia de criar um processo pelo qual as partes interessadas poderiam
avançar as suas ideias que, no caso de serem consideradas adequadas pelas entidades
reguladoras competentes, desencadeariam os trabalhos destinados a elaborar normas
comuns.
Papel e funções do Comité OTC, cooperação e resolução das questões comerciais
Os EUA e a UE assinalaram interesses comuns no que respeita ao papel e às funções do
Comité OTC no âmbito da TTIP e também ao fomento da cooperação entre
organizações governamentais e não governamentais no domínio da regulamentação
técnica, avaliação da conformidade, acreditação, normas e metrologia
O resultado mais importante da ronda foi o acordo de ambas as Partes no sentido de
trabalharem na consolidação dos textos sobre normalização, cooperação em matéria de
obstáculos técnicos ao comércio, avaliação da conformidade e papéis e funções do
Comité dos Obstáculos Técnicos ao Comércio.
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2.3. Questões sanitárias e fitossanitárias
Durante esta ronda, os negociadores discutiram os artigos propostos sobre a
regionalização, auditorias, certificação e resistência antimicrobiana para definir os
objetivos e as possíveis vias a seguir. As discussões permitiram aprofundar a análise de
alguns anexos, nomeadamente sobre a regionalização, as auditorias e a certificação. As
Partes concentraram-se largamente em explicar os respetivos textos e os objetivos e
conceitos subjacentes. Foi acordada a realização de um debate entre sessões antes da
próxima ronda.
2.4 Setores
Foram identificados nove setores para estudar como se poderia melhorar a
compatibilidade regulamentar e que poderiam representar benefícios significativos para
a indústria, as entidades reguladoras e os cidadãos. As discussões são conduzidas pelas
respetivas autoridades reguladoras da UE e dos EUA nestes setores. O objetivo geral
declarado é definir mais concretamente o que pode ser alcançado em termos de maior
compatibilidade regulamentar em cada um dos nove setores.
As discussões setoriais são extremamente técnicas devido à novidade e à complexidade
do exercício. É apresentado a seguir um relatório mais pormenorizado sobre os
desenvolvimentos registados por setor durante a 12.ª ronda de negociações.
Produtos farmacêuticos
Em matéria de inspeções das boas práticas de fabrico (BPF), as entidades reguladoras
de ambas as Partes forneceram informações atualizadas sobre os trabalhos realizados
pelo grupo de trabalho encarregado de avaliar a equivalência dos sistemas de inspeção
BPF da UE e dos EUA. As discussões permitiram identificar tarefas a efetuar nos
próximos meses e acordou-se em prosseguir os esforços no sentido do reconhecimento
mútuo das respetivas inspeções BPF.
A UE apresentou uma proposta no sentido de reforçar a colaboração no domínio
regulamentar e os esforços de harmonização em matéria de medicamentos genéricos1,
o que implica os seguintes objetivos: 1) a participação da UE e dos EUA em atividades
de cooperação regulamentar internacional, nomeadamente o projeto piloto para a
partilha de informações iniciado no âmbito do programa IGDRP (International Generic
Drug Regulatory Program), 2) a harmonização das orientações que permitem reduzir o
número de estudos de bioequivalência in vivo e 3) uma maior harmonização dos
requisitos em matéria de dados clínicos para genéricos complexos que requerem a
realização de testes pré-clínicos e de ensaios clínicos para a sua autorização. As
1 http://trade.ec.europa.eu/doclib/docs/2016/january/tradoc_154172.pdf.
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oportunidades de colaboração identificadas na proposta da UE serão debatidas em mais
profundidade nas próximas rondas.
No que respeita às normas comuns para os identificadores únicos, a UE forneceu
informações atualizadas sobre o ato delegado da UE, publicado em 9 de fevereiro de
2016, que estabelece regras pormenorizadas para os dispositivos de segurança que
figuram nas embalagens dos medicamentos para uso humano. Foi acordada a troca de
informações técnicas sobre esta matéria antes da próxima ronda.
No que respeita ao intercâmbio de informações confidenciais entre as autoridades
reguladoras, prosseguirão os debates sobre os meios para estabelecer um quadro
jurídico que permita o intercâmbio de informações confidenciais, incluindo segredos
comerciais, entre as entidades reguladoras.
Foram apresentadas pequenas informações atualizadas relativamente aos seguintes
temas: desenvolvimentos recentes e atividades futuras no âmbito do Conselho
Internacional para a Harmonização dos Requisitos Técnicos para o Registo de
Medicamentos para Uso Humano (ICH), aconselhamento científico paralelo pela EMA
e a FDA, biossimilares, incluindo o desenvolvimento de orientações da FDA sobre
denominação e rotulagem e pediatria.
Produtos cosméticos
Os peritos continuaram a discutir o interesse mútuo numa cooperação reforçada no
âmbito do processo de cooperação internacional em matéria de regulamentação dos
produtos cosméticos (ICCR). A proposta da UE no sentido de uma estratégia para uma
cooperação internacional reforçada em matéria de regulamentação dos produtos
cosméticos, apresentada no âmbito da ICCR em novembro de 2015, continuará a ser
discutida durante o ano de 2016. Os EUA ocupam atualmente a Presidência da ICCR.
No que respeita à cooperação em matéria de avaliação dos riscos, em novembro de
2015, a US Food and Drug Administration (FDA) publicou dois projetos de
documentos de orientação de relevância para os produtores de cosméticos «Over-the-
Counter Sunscreens: Safety and Effectiveness Data, Guidance for Industry» e
«Nonprescription Sunscreen Drug Products – Content and Format of Data Submissions
to Support a GRASE Determination Under the Sunscreen Innovation Act». As
abordagens da UE e dos EUA são fundamentalmente diferentes, mas ambas as Partes
estão a discutir o modo de prosseguir os debates a nível de peritos sobre os métodos de
avaliação da segurança dos ingredientes cosméticos da UE e dos EUA .
No que respeita às alternativas aos ensaios em animais (AEA), o texto relativo aos
produtos cosméticos na Parceria Transpacífica (TPP) indica que a utilização de AEA é
recomendada sempre que estiverem disponíveis. Nos EUA, porém, as AEA não são
suficientes para demonstrar a segurança dos ingredientes de protetores solares (são
recomendados estudos de carcinogenicidade).
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Não se discutiu em pormenor a rotulagem dos produtos cosméticos (sobretudo porque é
autorizado a rotulagem dupla).
Produtos têxteis
A reunião sobre a regulamentação em matéria de produtos têxteis foi construtiva, tendo
sido identificadas áreas de interesse comum (etiquetagem de produtos têxteis, aspetos de
segurança e normas).
No que respeita à etiquetagem das denominações das fibras, o objetivo último
continua a ser que ambas as administrações coordenem os pontos de vista nos respetivos
processos para a designação das denominações das novas de fibras, a fim de dar, na
medida do possível, a mesma denominação à mesma fibra (para reduzir as adaptações
em matéria de etiquetagem).
No que se refere à etiquetagem sobre o tratamento, a UE solicitou informações
atualizadas sobre a proposta da Comissão Federal do Comércio (FTC) de 2012 relativa
à etiquetagem sobre o tratamento (que permitiria aos fabricantes utilizar quer os
símbolos de tratamento ASTM quer, em alternativa, os símbolos de tratamento ISO).
No que se refere aos ensaios de inflamabilidade, a UE solicitou informações
atualizadas sobre a notificação prévia em matéria de regulamentação proposta da CPSC
(Comissão de Segurança dos Produtos de Consumo) que inquiria se se deveria alterar o
método de ensaio de inflamabilidade (ou seja, o acondicionamento das amostras)
definido na legislação dos EUA (16 CFR part 1610). O programa de trabalho da CPSC
para 2016, aprovado em 24 de fevereiro2, prevê que a CPCS elabore um «dossiê
informativo sobre a Petição relativa à Seda». O dossiê informativo inclui normalmente
diferentes opções a considerar pela Comissão CPSC (uma das opções poderá ser
avançar com a notificação em matéria de regulamentação proposta).
Foi discutido o objetivo de promover a cooperação sobre normas comerciais não
regulamentares, com vista a atingir um nível mais elevado de convergência neste
domínio. Tal poderia incluir a promoção da cooperação entre as organizações de
normalização relevantes da UE e dos Estados Unidos, ao nível mais adequado.
Podem ainda ser identificadas áreas adicionais de cooperação para o futuro.
Automóveis
No que respeita a eventuais ações a adotar em relação a medidas regulamentares
específicas, a UE e os EUA mantiveram discussões técnicas e pormenorizadas
2 http://www.cpsc.gov/Global/About-CPSC/Budget-and-Performance/2016OpPlan.pdf.
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construtivas com base na proposta da UE sobre a equivalência, a equivalência mais e/ou
resultados de harmonização acelerada com base em casos de ensaio e discussões
ulteriores (aspetos de segurança da regulamentação no setor automóvel). As Partes
trocaram informações detalhadas sobre cada uma das questões, tendo acordado na
necessidade de mais trabalhos sobre pormenores técnicos entre as sessões. De um modo
geral, houve um certo nível de uniformidade na avaliação fornecida, continuando a
capacidade de resistência à colisão a ser a questão mais complexa. Houve também uma
troca de pontos de vista sobre o processo de Acordo das Nações Unidas de 1998,
mostrando-se a UE disposta a melhorar os aspetos de transparência.
As duas Partes forneceram informações atualizadas sobre as áreas propostas para a
harmonização bilateral acelerada:
Iluminação frontal adaptável – trabalho comum a desenvolver com base na
investigação da NHTSA
Sistema de travagem automática de emergência – foi lançado o processo na UE
com vista a uma proposta da Comissão. Há espaço para o intercâmbio de
informações e trabalho em comum (acordo voluntário nos EUA)
Dispositivos de bloqueio de cintos de segurança – a prosseguir o intercâmbio de
informações
No que respeita aos trabalhos no âmbito da UNECE, as duas Partes trocaram
informações sobre o estado de avanço do livro branco trilateral e do processo de
Genebra, que deverá ser aprovado na sessão do WP29 de março de 2016. Em
relação ao processo de implementação, as Partes irão preparar uma avaliação da
implementação dos atuais regulamentos técnicos globais e dos trabalhos em
curso sobre regulamentos técnicos globais e debater as prioridades para o
trabalho futuro (com o Japão).
Dispositivos médicos
Peritos da Comissão Europeia e peritos de Estados-Membros (Reino Unido, Irlanda)
continuam a observar o programa-piloto internacional do MDSAP (Medical Device
Single Audit Programme). A Polónia também irá aderir. Uma análise da experiência
da UE no projeto-piloto será efetuada no final de 2016 para ponderar a adoção de novas
medidas. A UE foi convidada a tomar novas medidas para implementar o Fórum
Internacional de Reguladores de Dispositivos Médicos (IMDRF — International
Medical Device Regulators Forum)3, os documentos do IMDRF e a auditoria única
4.
3 O Fórum Internacional de Reguladores de Dispositivos Médicos (IMDRF) é um fórum internacional
para discutir as orientações futuras no domínio da harmonização regulamentar dos dispositivos
médicos.
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A UE prevê disposições em matéria de identificação única do dispositivo (UDI)
(sistema de rastreabilidade) em sintonia com as Orientações da UDI do Fórum
Internacional de Reguladores de Dispositivos Médicos (IMDRF) no âmbito da revisão
da legislação em matéria de dispositivos médicos. São efetuados intercâmbios técnicos a
fim de assegurar a compatibilidade e a interoperabilidade das bases de dados UDI da
UE e dos EUA.
No que respeita à apresentação de produtos regulamentados (RPS), têm vindo a ser
envidados esforços no sentido de um formato de modelo harmonizado para a
apresentação de dados no Fórum Internacional de Reguladores de Dispositivos Médicos
(IMDRF). Ambas as Partes estão atualmente a implementar um projeto-
piloto/verificação do índice acordado no IMDRF. Em função do resultado desta fase de
verificação, as Partes irão decidir sobre novas medidas.
A UE forneceu informações atualizadas aos EUA sobre o processo de revisão da
legislação da UE (projeto de regulamentos sobre os dispositivos médicos e sobre o
diagnóstico in vitro) e as próximas etapas do processo legislativo.
TIC
As discussões sobre as TIC foram positivas, tendo ambas as Partes assinalado
progressos em vários domínios. Em especial, as Partes continuaram a trocar
informações sobre as diferentes iniciativas TIC em curso na UE e nos EUA nos
domínios da saúde em linha, cifragem, rotulagem eletrónica, cooperação no âmbito da
fiscalização do mercado, sistemas rádio definidos por software, taxas de absorção
específica para telemóveis e acessibilidade eletrónica. No que respeita aos sistemas
rádio definidos por software, às taxas de absorção específica e à rotulagem eletrónica, as
Partes discutiram medidas para facilitar um diálogo regulamentar que, em última
análise, poderá resultar em regulamentos mais convergentes. Em matéria de cifragem,
os EUA explicaram os seus objetivos neste domínio, em especial no que se refere aos
princípios do Conselho Mundial dos Semicondutores (WSC) e ao texto da Parceria
Transpacífica. No tocante à saúde em linha, as Partes continuaram a acompanhar a
evolução na implementação do roteiro sobre a saúde em linha/TI na saúde, entre a
Comissão Europeia e o ministério da Saúde dos EUA. Em matéria de fiscalização do
mercado, foi discutida a forma de intensificar a cooperação nas atividades de
fiscalização do mercado para os produtos TIC.
4 O programa-piloto MDSAP destina-se a permitir que as organizações de auditoria reconhecidas pelo
MDSAP efetuem uma auditoria única dos fabricantes de dispositivos médicos que cumpra os
requisitos pertinentes das autoridades reguladoras dos dispositivos médicos que participam no
programa-piloto.
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Engenharia
A UE e os EUA continuaram a discutir sobre como identificar os domínios de
cooperação regulamentar no setor das máquinas, tendo em conta, nomeadamente, os
contributos recebidos da indústria. Ambas as Partes acordaram em que tal se deveria
verificar em setores ou subsetores muito específicos, a fim de evitar sobreposições com
as discussões nos capítulos gerais. A UE assinalou uma vez mais a importância deste
setor.
Produtos químicos
Tal como nas rondas anteriores, foram examinados os progressos alcançados com os
projetos-piloto sobre produtos químicos prioritários e a classificação e rotulagem de
substâncias. Vários Estados-Membros estão agora ativamente empenhados em
intercâmbios com peritos técnicos dos EUA sobre determinados produtos químicos
prioritários. Até à data, os Estados-Membros indicaram que consideram estes
intercâmbios úteis e confirmaram que tal não deu origem a trabalhos adicionais ou a
eventuais atrasos no planeamento e execução das suas próprias atividades.
Foi igualmente acordado analisar o potencial interesse em facilitar o intercâmbio de
dados entre autoridades reguladoras, incluindo os formatos para um tal intercâmbio,
tendo simultaneamente em conta a necessidade de proteção de informações comerciais
confidenciais.
Desde a última ronda, devido à concentração noutras prioridades, não se verificaram
quaisquer progressos no projeto-piloto no que respeita às diferenças nas classificações
que figuram nas fichas de dados de segurança.
Pesticidas
A UE e os EUA discutiram os objetivos comuns de cooperação reforçada e uma maior
compatibilidade regulamentar neste domínio. Numa primeira discussão, foram
identificadas, a título experimental, abordagens comuns na aplicação das disposições
regulamentares – em especial, em pequenas culturas – e na cooperação em instâncias
internacionais, como o CODEX ou a OCDE. As Partes estudaram a possibilidade de
partilhar informações científicas e fontes de dados.
3. Regras
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3.1. Desenvolvimento sustentável
Durante a 12.ª ronda de negociações, o grupo que trabalha sobre o Comércio e
Desenvolvimento Sustentável discutiu de uma forma construtiva, durante toda uma
semana, o trabalho, o ambiente e questões identificadas pela UE na sua proposta em
matéria de desenvolvimento sustentável. O grupo concentrou-se em debater
pormenorizadamente as propostas de cada uma das partes.
Do lado da UE, tal constituiu a oportunidade para explicar melhor a proposta de texto
jurídico, apresentada na 11.ª ronda (outubro de 2015). Esta proposta da UE avança com
disposições abrangentes e ambiciosas sobre questões relativas ao trabalho e ambiente
relevantes num contexto comercial e de investimento. Prevê, nomeadamente: o respeito
dos princípios e normas internacionais fundamentais em matéria de direitos dos
trabalhadores e governação ambiental; o direito de cada uma das Partes definir leis
ambiciosas em matéria laboral e ambiental e a obrigação de não concorrer no sentido da
baixa; o estabelecimento de níveis elevados de higiene e segurança no trabalho e de
condições dignas de trabalho, em conformidade com a Agenda do Trabalho Digno da
OIT; a conservação e a gestão sustentável da biodiversidade, incluindo os principais
recursos naturais, como a vida selvagem, a silvicultura e as pescas; a gestão respeitadora
do ambiente dos produtos químicos e dos resíduos; a promoção do comércio e do
investimento em tecnologias e produtos ecológicos; a adoção de práticas de conduta
responsáveis por parte das empresas da UE e dos EUA; a promoção de regimes de
comércio justos e éticos; e as possibilidades de iniciativas conjuntas em países terceiros
com vista a promover os direitos dos trabalhadores e a proteção do ambiente.
A UE também recordou que, numa fase posterior, irá desenvolver disposições em
matéria de alterações climáticas, aspetos institucionais e processuais, incluindo a
resolução de litígios. Isso deve-se ao facto de que, para discutir sobre a implementação e
os procedimentos de execução aplicáveis às obrigações laborais e ambientais, é
necessário saber o que se pretende aplicar e executar. Gostaríamos também de evitar
que as discussões sobre questões processuais desviassem a atenção do conteúdo das
obrigações, que queremos sejam ambiciosas. Relativamente às alterações climáticas, a
UE está a analisar a apresentação de uma proposta que tenha em conta o Acordo de
Paris recentemente celebrado.
Os EUA, por seu lado, fizeram uma primeira apresentação das suas próprias propostas
de texto para o trabalho e o ambiente nesta ronda. Forneceram também informações
atualizadas sobre os resultados obtidos em matéria de trabalho e ambiente na Parceria
Transpacífica, assim como sobre os procedimentos nacionais relacionados.
As discussões permitiram compreender melhor as semelhanças e diferenças entre os
textos da UE e dos EUA, bem como identificar domínios para novos intercâmbios. As
Partes irão proceder agora à elaboração de um texto consolidado.
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3.2. Comércio de energia e matérias-primas
Garantir um acesso mais aberto, diversificado, estável e sustentável à energia e às
matérias-primas é um dos principais desafios da Europa. A UE crê que a TTIP constitui
uma oportunidade única para criar um conjunto sólido de regras para facilitar o acesso
transparente e sustentável à energia e às matérias-primas, bem como para diversificar o
acesso aos fornecedores de energia e matérias-primas.
Durante a 12.ª ronda de negociações, a UE e os EUA trocaram informações sobre vários
desenvolvimentos no domínio das matérias-primas e da energia, centrando-se
prioritariamente na energia. A UE apresentou o ponto da situação sobre a União da
Energia e ambas as Partes compararam os resultados das negociações comerciais com o
Vietname (UE) e a Parceria Transpacífica (EUA), respetivamente. Os EUA assinalaram
as disposições relacionadas com a energia da legislação Omnibus dos EUA promulgada
em dezembro de 2015, incluindo a revogação da proibição de exportação de petróleo
bruto.
Além disso, ambas as Partes mantiveram uma discussão construtiva sobre as ligações
entre potenciais disposições específicas em matéria de energia e matérias-primas
apoiadas pela UE e certas disposições que estão atualmente a ser debatidas no contexto
do capítulo Comércio de mercadorias, como os preços de exportação e as restrições à
exportação.
3.3. Pequenas e médias empresas
Em relação às PME, a UE e os EUA continuaram a discussão da ronda anterior sobre
principalmente duas questões: as disposições em matéria de «partilha de informação» e
a dimensão institucional.
No que respeita à «partilha de informações», a UE e os EUA concordaram com a
necessidade de garantir que são fornecidas informações completas e atualizadas por
cada uma das Partes às PME de ambos os lados de uma forma convivial, prosseguindo
as discussões sobre a forma como a informação pode ser apresentada.
Além disso, houve discussões construtivas no Comité para as PME, tendo as Partes
chegado a acordo quanto ao papel da Comissão, mas a redação do texto ainda tem de ser
trabalhada. Em especial, será importante assegurar uma forte interação com as partes
interessadas e relações de cooperação entre o Comité para as PME e outros futuros
comités do TTIP para abordar questões específicas das PME em todos os domínios
cobertos pela TTIP.
A sessão constituiu ainda a oportunidade para debater a cooperação em curso sobre o
apoio às PME entre as duas administrações e para planear futuros trabalhos conjuntos
(por exemplo, seminário UE-EUA sobre as PME em Taline, em junho).
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3.4. Alfândegas e facilitação do comércio
No domínio das Alfândegas e Facilitação do Comércio, a UE está a procurar regras que
facilitem e acelerem as operações de exportação e importação entre a UE e os EUA,
assegurando simultaneamente que as mercadorias objeto de intercâmbio estão sujeitas
aos controlos e verificações aduaneiros necessários. Durante a 12.ª ronda de
negociações, a UE e os EUA conseguiram realizar progressos significativos em relação
ao texto do capítulo.
A UE apresentou várias novas propostas, nomeadamente: uma proposta relativa a
atividades relacionadas com assuntos que beneficiarão de um processo de reforço da
cooperação aduaneira entre a UE e os EUA (por exemplo, harmonização de dados,
programas de operadores de confiança, sistemas de balcão único, informações
vinculativas ou normas internacionais), a fim de chegar a uma convergência
transatlântica gradual nestes domínios.
Foi discutida ainda a admissão temporária e devolução de mercadorias após a reparação
numa reunião conjunta do grupo Alfândegas e Facilitação do Comércio e do grupo
Comércio de mercadorias.
3.5. Direitos de propriedade intelectual, incluindo indicações geográficas
Dada a eficácia dos respetivos sistemas, a intenção da UE neste campo das negociações
não é lutar pela harmonização, mas identificar questões de interesse comum em que é
possível resolver as divergências. As últimas discussões continuaram a explorar os
elementos que poderia incluir um capítulo da TTIP sobre os direitos de propriedade
intelectual (DPI).
As discussões sobre os DPI prolongaram-se por dois dias inteiros. Os Estados Unidos
apresentaram duas propostas de texto em matéria de DPI. Uma era uma reação ao texto
inicial da UE em matéria de acordos internacionais relacionados com DPI e tinha
muitos pontos em comum com o nosso texto. A outra era um primeiro projeto sobre
disposições comuns, em consonância com o texto equivalente da TPP. As duas Partes
discutiram a forma de aumentar o ritmo das negociações em matéria de DPI nas
próximas rondas. Outras secções em que as discussões estão bastante avançadas são a
execução e a cooperação aduaneiras.
Em matéria de direitos de autor e segredos comerciais, as Partes trocaram informações
atualizadas sobre os respetivos processos legislativos nacionais. De igual modo, no que
respeita aos acordos internacionais em matéria de DPI, tanto os EUA como a UE
apresentaram o ponto da situação em matéria de ratificação do Tratado de Marraquexe
para facilitar o acesso a obras publicadas por parte das pessoas cegas, com deficiência
visual ou com outras dificuldades de acesso a textos impressos e o Tratado de Pequim
sobre as interpretações e execuções audiovisuais.
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No tocante à execução em matéria civil e às medidas técnicas de proteção/gestão dos
direitos digitais, os EUA apresentaram uma análise comparativa entre os capítulos
pertinentes da TPP e os recentes ACL da UE (CETA e Vietname) e salientaram a
semelhança de abordagem de ambas as Partes na maior parte das disposições.
No que se refere à execução aduaneira, os Estados Unidos adotaram recentemente o
diploma Trade Facilitation and Trade Enforcement Act (lei sobre a facilitação do
comércio e a execução do comércio), que contém elementos positivos que permitem
uma maior cooperação e intercâmbio de informações com países terceiros.
No que respeita aos segredos comerciais, a UE apresentou os elementos-chave do texto
resultante do acordo entre o Conselho e o Parlamento Europeu sobre o que deveria
constituir a futura diretiva relativa aos segredos comerciais e os EUA informaram sobre
os progressos registados no seu projeto de lei equivalente.
Para a UE, a futura secção sobre a cooperação deve refletir, em grande medida, o que já
está a ser feito hoje, nomeadamente pelo Grupo de trabalho transatlântico sobre DPI.
No que respeita à futura secção sobre os princípios acordados, poderia inspirar-se nas
recentes comunicações e documentos de estratégia da UE, bem como nos documentos
equivalentes dos EUA. Deveria abordar interesses e sensibilidades diferentes (e
opostos) de uma forma equilibrada e incluir elementos relevantes para as PME.
As discussões sobre as indicações geográficas incidiram sobre a preparação de um
debate entre sessões antes da próxima ronda.
3.6. Concorrência
A UE e os EUA prosseguiram as negociações no que respeita ao capítulo Concorrência.
As discussões têm por base as propostas de texto apresentadas por ambas as Partes. Na
sequência de diversas rondas de negociações e de intercâmbios entre as sessões, as
posições das Partes sofreram uma evolução em quase todos os domínios.
Durante esta ronda, a UE e os EUA continuaram a explorar novas possibilidades para
encontrar um terreno comum, tendo identificado um certo número de domínios em que
as respetivas posições se aproximaram. Tais domínios incluem: os princípios gerais, a
referência ao quadro jurídico e o comportamento anticoncorrencial, a cooperação, a
cláusula de revisão e a resolução de litígios. Nestes domínios, a UE e os EUA
alcançaram, em grande medida, um acordo de princípio sobre o conteúdo das futuras
disposições e trabalharam com vista à sua precisa formulação.
O principal domínio em que é preciso trabalhar ainda mais é a equidade processual.
Inclui questões como a transparência dos procedimentos e dos direitos de defesa.
Ambas as Partes manifestaram um claro empenho em encontrar uma linguagem que
tenha em conta as suas respetivas preocupações e se adeque aos respetivos sistemas
jurídico e administrativo, por exemplo, a linguagem em processos de resolução
voluntária de problemas de concorrência. Outra área de discussão é a questão das
isenções na aplicação do direito da concorrência quando se trata de empresas do Estado.
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Empresas do Estado e subvenções
A UE e os EUA realizaram discussões substanciais sobre as respetivas propostas de
texto em matéria de empresas do Estado. As conversações foram construtivas e, mais
uma vez, permitiram às Partes alinhar ainda mais as suas posições em termos de
definições e disposições. A UE reiterou a importância de assegurar que as disposições
em matéria de empresas do Estado se aplicam igualmente a nível subfederal.
No que respeita às subvenções, as Partes discutiram as propostas de texto tanto dos
EUA como da UE. As discussões permitiram identificar e compreender, mais em
pormenor, as diferenças de abordagem.
3.7. Proteção dos investimentos
Na sequência de alterações substanciais na proposta da UE sobre a proteção dos
investimentos em reação a um processo de consulta com as partes interessadas da
sociedade civil, os Estados-Membros e o Parlamento Europeu ao longo de 2014 e 2015,
a UE avançou, em novembro de 2015, com uma nova abordagem reformada da proteção
dos investimentos e da resolução de litígios em matéria de investimento para a TTIP,
apresentada em pormenor aos EUA, pela primeira vez, durante esta ronda.
A proposta da UE visa salvaguardar o direito de regular e criar um sistema semelhante
ao de um tribunal com um mecanismo de recurso baseado em regras claramente
definidas, com juízes qualificados e processos transparentes. A proposta também inclui
melhorias adicionais em matéria de acesso ao novo sistema por parte das pequenas e
médias empresas.
Uma vez apresentadas as propostas de texto de ambas as Partes, foi realizada a primeira
discussão numa atmosfera aberta e construtiva.
Em matéria de proteção dos investimentos, o debate incidiu sobre as definições e sobre
os artigos relativos às regras substantivas. A UE e os EUA empenharam-se numa
comparação aprofundada das suas respetivas abordagens, com vista a identificar
domínios em que será necessário mais debate de fundo em futuras rondas de
negociações (nomeadamente as normas de tratamento).
No que respeita à resolução de litígios em matéria de investimento, a troca de pontos de
vista sobre as respetivas propostas de texto incidiu principalmente sobre a compreensão
das respetivas abordagens e a identificação das áreas de convergência. Os EUA
colocaram questões factuais e exploratórias sobre as intenções e os objetivos da UE
subjacentes às novas disposições da proposta da UE. Os tópicos de discussão incluíram
as disposições sobre a mediação e consulta, os requisitos de divulgação em caso de
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financiamento de terceiros, a lei aplicável e as regras de interpretação, as disposições
para evitar processos paralelos e múltiplos, bem como as disposições que permitem a
rejeição rápida de denúncias infundadas. Os EUA forneceram igualmente explicações
sobre a abordagem adotada em várias disposições ao abrigo do tratado bilateral de
investimento (TBI) reformado de 2012 dos EUA e a sua experiência com processos no
âmbito do acordo NAFTA.
As Partes identificaram algumas áreas de convergência, nomeadamente a abordagem
adotada no que respeita à transparência e acesso público aos processos, a possibilidade
de as Partes Contratantes controlarem a interpretação do Acordo, a prevenção de
processos paralelos e múltiplos, bem como a possibilidade de permitir rejeições rápidas
de denúncias infundadas.
Globalmente, registaram-se progressos satisfatórios no sentido de compreender os
objetivos perseguidos por cada Parte no âmbito das disposições discutidas. As Partes
acordaram em prosseguir o intercâmbio de pontos de vista em preparação para a
próximo ronda.
3.8. Resolução de litígios entre Estados
Este capítulo visa estabelecer um mecanismo eficaz para resolver eventuais litígios
entre as Partes quanto à interpretação e aplicação do Acordo. Uma vez que as propostas
de texto de ambas as Partes se baseiam, em certa medida, no mecanismo de resolução
de litígios da OMC, existe já um elevado grau de convergência neste domínio.
Prosseguiram as discussões construtivas, tendo-se registado bons progressos no sentido
de uma maior consolidação das respetivas propostas num texto comum. As discussões
desta ronda incidiram mais uma vez sobre a fase de conformidade, a fase após a
publicação de um relatório do painel sobre um determinado litígio, com uma análise
aprofundada dos possíveis elementos de compromisso nos aspetos em que ambas as
propostas de texto diferem substancialmente. Embora se tenha progredido
consideravelmente na consolidação do texto, ainda subsistem algumas diferenças
conceptuais.