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1 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TC n. 013.183/2017-6 Fiscalização n. 169/2017 Relator: Augusto Sherman DA FISCALIZAÇÃO Modalidade: Conformidade Ato originário: Acórdão 883/2017 - Plenário Objeto da fiscalização: obras da triplicação da Rodovia BR-230/PB - Km 0 ao Km 28,1 Funcional programática: 26.782.2087.7T98.0025/2017 - Adequação de Trecho Rodoviário - km 0 (Cabedelo) - km 28 (Oitizeiro) - na BR-230/PB No Estado da Paraíba Tipo da Obra: Rodovia - Duplicação Período abrangido pela fiscalização: De 30/01/2014 a 26/06/2017 DO ÓRGÃO/ENTIDADE FISCALIZADO Órgão/entidade fiscalizado: Superintendência Regional do Dnit no Estado da Paraíba - Dnit/MT Vinculação (ministério): Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil Vinculação TCU (unidade técnica): Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil Responsável pelo órgão/entidade: nome: JOAO PAULO NATARI BARBOSA cargo: Superintendente Regional do Dnit/PB período: A partir de 17/05/2017 Outros responsáveis: vide peça: “Rol de responsáveis”

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1 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO

TC n. 013.183/2017-6 Fiscalização n. 169/2017

Relator: Augusto Sherman

DA FISCALIZAÇÃO

Modalidade: Conformidade

Ato originário: Acórdão 883/2017 - Plenário

Objeto da fiscalização: obras da triplicação da Rodovia BR-230/PB - Km 0 ao Km 28,1

Funcional programática:

26.782.2087.7T98.0025/2017 - Adequação de Trecho Rodoviário - km 0 (Cabedelo) - km

28 (Oitizeiro) - na BR-230/PB No Estado da Paraíba

Tipo da Obra: Rodovia - Duplicação

Período abrangido pela fiscalização: De 30/01/2014 a 26/06/2017

DO ÓRGÃO/ENTIDADE FISCALIZADO

Órgão/entidade fiscalizado: Superintendência Regional do Dnit no Estado da Paraíba - Dnit/MT

Vinculação (ministério): Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil

Vinculação TCU (unidade técnica): Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de

Aviação Civil

Responsável pelo órgão/entidade: nome: JOAO PAULO NATARI BARBOSA

cargo: Superintendente Regional do Dnit/PB

período: A partir de 17/05/2017

Outros responsáveis: vide peça: “Rol de responsáveis”

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2 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

Resumo

A presente auditoria, realizada pela Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba (Secex-PB),

teve como escopo analisar a regularidade da aplicação dos recursos federais para execução das obras de

adequação de capacidade e segurança da Rodovia BR-230/PB, subtrecho Cabedelo/PB - Entr. BR-101

(A), segmento km 0,0 - km 28,1, extensão de 26,60.

O trabalho fiscalizatório, realizado no âmbito do Fiscobras 2017, foi supervisionado pela Secretaria de

Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil.

A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de

acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:

a) Questão 1: A previsão orçamentária para a execução da obra é adequada e suficiente?

b) Questão 2: As obras de adequação da capacidade e segurança da BR-230 exige licença

ambiental e foram realizadas todas as etapas para esse licenciamento?

c) Questão 3: Há projeto executivo adequado para a licitação/execução da obra?

d) Questão 4: O procedimento licitatório para contratação da execução da obra foi regular?

e) Questão 5: A formalização do contrato com o Consórcio vencedor atendeu aos preceitos

legais e sua execução foi adequada?

f) Questão 6: O orçamento da obra de readequação da BR-230 encontra-se devidamente

detalhado (planilha de quantitativos e preços unitários) e acompanhado das composições de todos os

custos unitários de seus serviços?

g) Questão 7: Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com

os do Sicro e com os valores de mercado?

h) Questão 8: Os procedimentos para aquisição de titularidade de terrenos de terceiros são

regulares?

Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da

União (Portaria-TCU n. 280, de 8 de dezembro de 2010, alterada pela Portaria-TCU n. 168 de 30 de

junho de 2011) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU

(Portaria-Segecex n. 26 de19 de outubro de 2009), tendo sido utilizada a matriz de planejamento

elaborada pela equipe de fiscalização. Outra norma que baseou a fiscalização foi o Roteiro de Auditoria

de Obras Públicas, aprovado pela Portaria-Segecex 33, de 7 de dezembro de 2012.

Ademais, deve-se ressaltar que para a consecução dessa auditoria foram utilizadas as seguintes técnicas

de auditoria: exame documental, indagação escrita, pesquisa em sistemas informatizados e sítios

eletrônicos da internet, revisão analítica e conferência de cálculos. Os papéis de trabalho utilizados foram

documentos relacionados às atividades de elaboração e aprovação do projeto executivo e orçamento da

obra, à licitação e à contratação para execução das obras.

As principais constatações do trabalho foram as seguintes:

a) Achado III.1 - Projeto executivo deficiente;

b) Achado III.2 - Ausência de efetividade das ações promovidas pela Administração para

solucionar questões relativas a desapropriações e remoções de interferências;

c) Achado III.3 - Celebração de contrato com consórcio liderado por empresa estrangeira;

d) Achado III.4 - Pagamento antecipado referente ao serviço "Instalação do Canteiro de

Obras";

e) Achado III.5 - Proposta contratada não apresenta orçamento acompanhado da composição

de todos os custos unitários de serviços;

f) Achado III.6 - Fragilidades nas ações efetivadas pela Administração na gestão ambiental

da obra;

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3 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

g) Achado III.7 - Ausência de cláusula essencial no contrato de supervisão das obras;

h) Achado III.8 - Orçamento do edital sem as composições dos custos unitários dos itens

“Instalação do Canteiro de Obras”, “Mobilização e Desmobilização” e “Manutenção do Canteiro de

Obras;

i) Achado III.9 - Restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados

de habilitação.

O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 276.159.962,98, que se refere ao

somatório nominal do valor pago à empresa que elaborou o projeto executivo (R$ 2.372.366,24,

jan/2009), e dos valores dos contratos celebrados para execução das obras (R$ 255.500.000,00,

nov/2015), para supervisão da execução das obras (R$ 8.437.000,00, out/2016) e para apoio à

desapropriação dos imóveis (R$ 1.114.944,67, fev/2016), e do orçamento previsto para contratação de

apoio técnico às demandas ambientais (R$ 8.735.652,07, jan/2017).

Entre os benefícios estimados desta fiscalização podem-se mencionar a correção de irregularidades ou

impropriedades, decorrentes de futuras determinações e recomendações.

Cumpre informar que a relatoria desse processo foi atribuída ao Exmo. Ministro Augusto Sherman, em

observância ao art. 18-A da Resolução-TCU n. 175, de 25 de maio de 2005, com redação dada pelo art.

42 da Resolução-TCU 280/2016, e ao art. 43 da mesma Resolução-TCU 280/2016.

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4 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

Sumário

I. Apresentação ......................................................................................................................................... 6

I.1. Importância socioeconômica ......................................................................................................... 6

II. Introdução ............................................................................................................................................ 6

II.1. Deliberação que originou o trabalho ............................................................................................ 6

II.2. Visão geral do objeto .................................................................................................................... 6

II.3. Objetivo e questões de auditoria ................................................................................................... 8

II.4. Metodologia utilizada ................................................................................................................... 8

II.5. Limitações inerentes à auditoria ................................................................................................... 9

II.6. Volume de recursos fiscalizados .................................................................................................. 9

II.7. Benefícios estimados da fiscalização ........................................................................................... 9

III. Achados de auditoria .......................................................................................................................... 9

III.1. Projeto executivo deficiente. ....................................................................................................... 9

III.1.2.2. Projeto executivo deficiente – Caixas de empréstimo e jazidas de solos............................ 11

III.1.2.3. Projeto executivo deficiente – Ausência de projeto de iluminação (IG-C) ......................... 13

III.1.3. Comentários do gestor (peça 51) ................................................................................................ 13

III.2. Ausência de efetividade das ações promovidas pela Administração para solucionar questões

relativas a remoções de interferências e desapropriações .................................................................. 14

III.2.2.2. Desapropriação de imóveis. ................................................................................................ 16

III.2.2.3. Considerações finais sobre o achado. .................................................................................. 16

III.2.3 Comentários do gestor (peça 51) ................................................................................................. 16

III.3. Celebração de contrato com consórcio liderado por empresa estrangeira. ............................... 17

III.3.3 Comentários do gestor (peça 51) ................................................................................................. 19

III.4. Pagamento antecipado referente ao serviço "Instalação do Canteiro de Obras" ....................... 19

III.4.3 Comentários do gestor (peça 51) ................................................................................................. 21

III.5. Proposta contratada não apresenta orçamento acompanhado da composição de todos os custos

unitários de serviços. .......................................................................................................................... 21

III.5.3 Comentários do gestor (peça 51) ................................................................................................. 23

III.6. Fragilidades nas ações efetivadas pela Administração na gestão ambiental da obra. ............... 24

III.6.2.1 Obra iniciada sem Licença de Instalação. ............................................................................ 24

III.6.2 Ausência da Autorização para Supressão Vegetal – ASV ...................................................... 24

III.6.3. Justificativa insuficiente para fundamentar o valor do orçamento de referência do

Edital 185/17-13. ................................................................................................................................ 25

III.6.3 Comentários do gestor (peça 51) ................................................................................................. 26

III.7. Ausência de cláusula essencial no contrato de supervisão das obras ........................................ 27

III.7.3 Comentários do gestor ................................................................................................................. 27

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Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

III.8. Orçamento do edital sem as composições dos custos unitários dos itens “Instalação do

Canteiro de Obras”, “Mobilização e Desmobilização” e “Manutenção do Canteiro de Obras” ........ 27

III.8.3. Comentários do gestor (peça 51) ................................................................................................ 29

III.9. Restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados de habilitação. . 29

III.9.3 Comentários do gestor (peça 51) ................................................................................................. 31

IV. Conclusão ......................................................................................................................................... 32

V. Proposta de encaminhamento ............................................................................................................ 34

APÊNDICE A - Matriz de Achados ...................................................................................................... 37

APÊNDICE B - Matriz de Responsabilização ....................................................................................... 47

APÊNDICE C - Fotos ............................................................................................................................ 49

APÊNDICE D - Dados da obra .............................................................................................................. 53

APÊNDICE E - Achados reclassificados após a conclusão da fiscalização .......................................... 56

APÊNDICE F - Despachos .................................................................................................................... 57

ANEXO A - Deliberações ...................................................................................................................... 60

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6 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

I. Apresentação

1. A presente auditoria, realizada pela Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

(Secex-PB), teve como escopo analisar a regularidade da aplicação dos recursos federais para execução

das obras de adequação de capacidade e segurança da rodovia BR-230/PB, subtrecho Cabedelo/PB -

Entr. BR-101 (A), segmento km 0,0 - km 28,1, extensão de 26,60.

2. O trabalho fiscalizatório, realizado no âmbito do Fiscobras 2017, foi supervisionado pela

Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil.

I.1. Importância socioeconômica

3. Segundo o DNIT, o empreendimento de adequação de capacidade com melhoria de

segurança da rodovia BR-230/PB, no trecho urbano compreendido pelas obras, considerando o grande

volume de tráfego atuante no segmento e o adensamento urbano no município de Cabedelo/PB, tem os

objetivos de adequar a capacidade da rodovia ao volume de tráfego; isolar o tráfego da rodovia do tráfego

local; disciplinar o trânsito local de motociclistas, ciclistas e pedestres; promover melhorias de segurança

para usuários da rodovia, das marginais, da ciclovia e dos pedestres; e implantar soluções em desnível

para promoção da trafegabilidade aos usuários.

4. Ademais, ainda quanto à importância socioeconômica, a adequação da BR-230/PB irá

ampliar a sua capacidade de atender ao aumento previsto do tráfego de cargas procedentes ou destinadas

ao Porto de Cabedelo/PB, bem como estimular o fluxo turístico na região.

II. Introdução

II.1. Deliberação que originou o trabalho

5. Em cumprimento ao Acórdão 883/2017-TCU-Plenário, realizou-se a auditoria na

Superintendência Regional do DNIT no Estado da Paraíba - SR-DNIT/PB, no período compreendido

entre 9/5/2017 e 28/7/2017.

6. As razões que motivaram esta auditoria foram a relevância da obra para o transporte

rodoviário na Região Metropolitana de João Pessoa e a materialidade dos recursos envolvidos.

II.2. Visão geral do objeto

7. O trecho da BR-230/PB em tela inicia-se no km 0, no centro da cidade de Cabedelo/PB,

percorre cerca de 16 km de sua extensão norte-sul e mais 12 km da extensão do município de João

Pessoa/PB. O referido trecho atualmente apresenta pista simples em mão dupla até o km 1,8 e faixa

dupla de rolamento em ambos os sentidos nos outros 26,3 km. Toda a extensão do segmento, 28,1 km,

apresenta acostamentos, além de retornos situados no canteiro central da rodovia e três viadutos (fotos

ilustrativas na peça 15, p. 90).

8. O projeto executivo das obras de adequação da BR-230/PB foi elaborado pela empresa

Contécnica Consultoria Técnica Ltda. (CNPJ 24.699.100/0001-16) entre 2012 e 2014, tendo sido objeto

do contrato 1.038/2010 (Edital 0491/09-13), aprovado pelo DNIT em 16/12/2014. Orçou-se a obra em

R$ 324.520.252,00 (nov/2015). Dentre as intervenções projetadas, merecem destaque o alargamento da

plataforma da rodovia para os dois lados, mantendo-se o eixo da pista atual; a implantação de novas

pistas, separadas por barreiras rígidas de concreto, do tipo New Jersey, eliminando-se os canteiros

existentes e incluindo a construção de quatorze novos viadutos e ampliação dos três existentes, bem

como de quatorze novas passarelas para pedestres.

8.1. No segmento compreendido entre as estacas 0 e 87 (km 0 a km 1,8), na área urbana de

Cabedelo, onde a rodovia atualmente opera com pista simples em mão dupla, projetou-se a implantação

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7 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

de pista dupla, dispondo de duas faixas de tráfego por sentido, separadas também por barreira rígida de

concreto, devido à grande densidade de edificações e interferências.

8.2. Também está prevista a execução de serviços de restauração e manutenção do pavimento

existente; além da construção de novos dispositivos de drenagem; de ciclovia na via lateral direita, entre

o km 0 e o km 17,5; e de calçada para pedestres, nos seguintes trechos - km 0-17,5, km 22,24-24,7, km

26,6-27,5.

8.3. A execução dos serviços, portanto, compreende:

a) terceira faixa de rolamento, passando da situação de duas faixas de tráfegos mais

acostamento, para três faixas de tráfegos sem acostamento;

b) 14 viadutos e a ampliação dos três existentes;

c) 14 passarelas para pedestres;

d) 37,93 km de vias marginais;

e) 15.040 m de ciclovias;

f) serviços de restauração e manutenção; e

g) serviços de drenagem.

9. O contrato para execução das obras (Contrato SR-DNIT/PB 919/2016) foi celebrado com o

Consórcio Construcap/Copasa em 30/12/2016, vencedora da concorrência objeto do Edital 0296/16-13,

no valor de R$ 255.500.000,00 (nov/2015), nos termos da Lei 8.666/1993, tendo sido empenhado no

mesmo dia o valor de R$ 149.750.000,00.

10. Foi emitida a ordem de serviço de execução das obras em 10/3/2017 e assinada apostila

incluindo parcela de reajustamento de preços do contrato, em 16/5/2017, no valor de R$ 12.283.189,46,

elevando o valor contratual para R$ 267.783.155,32.

11. No presente exercício, conforme informações e documentações encaminhadas pela SR-

DNIT/PB, foram realizadas duas medições referentes ao contrato de execução das obras, ainda não pagas

pelo órgão, nos seguintes valores:

Tabela 1: Medições do Contrato SR-DNIT/PB 919/2016

Medição Período Valor (R$) Reajuste

(R$)

Total (R$) Notas

fiscais

Primeira 10/3 a 31/3/2017 2.029.620,40 48.101,94 2.077.722,34 6555 e 6557

Segunda 1/4 a 30/4/2017 1.997.312,89 47.336,26 2.044.649,15 6558 e 6559

Total (R$) 4.026.933,29 95.438,20 4.122.371,49 Fonte: Elaboração própria

12. Foram celebrados, ainda, contratos para execução dos serviços de supervisão da obra, com

a empresa Maia Melo Engenharia Ltda., no valor de R$ 8.437.000,00 (Contrato SR/PB-152/2017-00 -

Pregão Eletrônico 00478/2016, data-base: outubro/2010); e de serviços de apoio especializado aos

processos de desapropriação dos imóveis que serão atingidos pelas obras de adequação da BR-230/PB,

com a empresa EBA – Empresa Brasileira de Avaliações, Assessoria, Gerenciamento e Supervisão de

Projetos Ltda., no valor de R$ 1.114.944,67 (Contrato SR/PB-0165/2017 - Pregão Eletrônico

00359/2016, data-base: fevereiro/2016).

13. Ademais, encontra-se em andamento o Pregão Eletrônico objeto do Edital 0185/17-13, para

contratação de empresa especializada para os serviços de apoio e assessoramento técnico à SR-DNIT/PB

para atendimento às demandas ambientais decorrentes da obra em apreço, com valor orçado de

R$ 8.735.652,07 (jan/2017).

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8 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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II.3. Objetivo e questões de auditoria

14. A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar as obras de adequação de capacidade e

segurança da rodovia BR-230/PB, entre o km 0,0 e o km 28,1.

15. A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo

aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:

a) Questão 1: A previsão orçamentária para a execução da obra é adequada e suficiente?

b) Questão 2: As obras de adequação da capacidade e segurança da BR-230 exige licença

ambiental e foram realizadas todas as etapas para esse licenciamento?

c) Questão 3: Há projeto executivo adequado para a licitação/execução da obra?

d) Questão 4: O procedimento licitatório para contratação da execução da obra foi regular?

e) Questão 5: A formalização do contrato com o Consórcio vencedor atendeu aos preceitos

legais e sua execução foi adequada?

f) Questão 6: O orçamento da obra de readequação da BR-230 encontra-se devidamente

detalhado (planilha de quantitativos e preços unitários) e acompanhado das composições de

todos os custos unitários de seus serviços?

g) Questão 7: Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com

os do Sicro e com os valores de mercado?

h) Questão 8: Os procedimentos para aquisição de titularidade de terrenos de terceiros são

regulares?

II.4. Metodologia utilizada

16. Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal

de Contas da União (Portaria-TCU n. 280, de 8 de dezembro de 2010, alterada pela Portaria-TCU n. 168

de 30 de junho de 2011) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos

pelo TCU (Portaria-Segecex n. 26 de19 de outubro de 2009), tendo sido utilizada a matriz de

planejamento elaborada pela equipe de fiscalização. Outra norma que baseou a fiscalização foi o Roteiro

de Auditoria de Obras Públicas, aprovado pela Portaria-Segecex 33, de 7 de dezembro de 2012.

17. Ademais, deve-se ressaltar que para a consecução dessa auditoria foram utilizadas as

seguintes técnicas de auditoria: exame documental, indagação escrita, pesquisa em sistemas

informatizados e sítios eletrônicos da internet, revisão analítica e conferência de cálculos. Os papéis de

trabalho utilizados foram documentos relacionados às atividades de elaboração e aprovação do projeto

executivo e orçamento da obra, à licitação e à contratação para execução das obras.

18. A técnica de exame documental foi realizada visando extrair informações dos documentos

que fundamentaram a aprovação do projeto executivo e orçamento da obra, a licitação e a contratação

dos serviços de execução das obras, bem como relativos à fiscalização e à execução da obra, como

processo administrativo, projetos, orçamentos, memoriais de cálculos e relatórios de supervisão.

19. A técnica de indagação escrita foi utilizada para sanar lacunas de informações existentes nos

documentos enviados pelo DNIT/PB e dúvidas da equipe de auditoria sobre o objeto e os procedimentos

concernentes realizados.

20. A pesquisa em sistemas informatizados e sítios eletrônicos da internet (Sicro, DGI, Siafi e

do Departamento Nacional de Produção Mineral) guarneceu a equipe de informações necessárias à

consecução da fiscalização.

21. A técnica de revisão analítica foi utilizada por meio da elaboração da Curva ABC dos itens

de serviços que compõem o orçamento, e orientou a visão da equipe de auditoria quanto à

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9 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

representatividade percentual do valor de cada item de serviço do orçamento em relação ao montante

total orçado.

22. Por fim, a conferência de cálculos subsidiou a análise dos orçamentos, bem como a

verificação dos memoriais de cálculos que o fundamentaram.

II.5. Limitações inerentes à auditoria

23. Não houve limitações aos trabalhos de auditoria.

II.6. Volume de recursos fiscalizados

24. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 276.159.962,98 , que se refere

ao somatório nominal do valor pago à empresa que elaborou o projeto executivo (R$ 2.372.366,24,

jan/2009), e dos valores dos contratos celebrados para execução das obras (Contrato SR-DNIT/PB

919/2016, R$ 255.500.000,00, nov/2015), para supervisão da execução das obras (Contrato SR-

DNIT/PB 152/2017-00, R$ 8.437.000,00, out/2016) e para apoio à desapropriação dos imóveis

(Contrato SR-DNIT/PB 0165/2017, R$ 1.114.944,67, fev/2016), e do orçamento previsto para

contratação de apoio técnico às demandas ambientais (R$ 8.735.652,07, jan/2017).

II.7. Benefícios estimados da fiscalização

25. Entre os benefícios estimados desta fiscalização podem-se mencionar a correção de

irregularidades ou impropriedades, decorrentes de futuras determinações e recomendações.

III. Achados de auditoria

III.1. Projeto executivo deficiente.

III.1.1. Tipificação:

26. As ocorrências em apreço não se enquadram no conceito de IG-P da LDO 2017 (Lei

13.408/2016, art. 121, inciso IV ou IV), pois não ficou caracterizada a sua relevância material, ainda que

potencialmente possa vir a ocasionar prejuízos ao erário. Diante disso, classificou-se este achado como

irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C).

III.1.2. Situação encontrada:

27. Verificaram-se indícios de que o projeto executivo das obras de adequação da BR-230/PB –

km 0,0 - km 28,1, já aprovado, apresenta deficiências nos seguintes componentes, contrariando o

disposto na Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso X; art. 7º, § 1º; art. 7º, caput; art. 12; art. 40, § 2º, inciso I; art.

40, caput:

a) Projeto de Obras de Arte Especiais – OAEs;

b) Estudos Geotécnicos; e

c) Projeto de Iluminação.

III.1.2.1 Projeto executivo deficiente - Obras de arte especiais - OAEs.

28. O projeto executivo das OAEs apresenta deficiências caracterizadas por divergências quanto

ao número e inclinação das estacas a serem executadas; pela ausência de memórias de cálculos das

fundações de três viadutos; pelo número de sondagens inferior ao número de apoios; e pela ausência de

detalhamento das estacas raiz, em especial no que diz respeito à profundidade dessas peças.

29. Esse componente do projeto executivo das obras foi objeto de três pareceres técnicos

emitidos pelo Analista de Infraestrutura de Transportes da SR-DNIT/PB, engenheiro Normando Lima

de Oliveira Filho - 001-04/2013, de 25/11/2013; 001-05/2013, de 11/3/2014 (peça 41, p. 1-9); e 001-

06/2013, de 6/8/2014 (peça 41, p. 10-18), com registro neste último das seguintes falhas, em resumo:

a) ausência de identificação do perfil de sondagem em corte longitudinal do terreno,

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10 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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apresentando os dados das sondagens de reconhecimento para cada apoio, perfil provável do subsolo,

indicando a taxa de resistência encontrada no cálculo, tipo e dimensões das fundações com as cargas

máximas permitidas, para as OAEs antigas e novas (item 2.1 do parecer, peça 41, p. 12-13);

b) informação de que não haveria mais tempo hábil para corrigir o fato de a terra armada

projetada para os viadutos novos não revestir os pilares (mesoestrutura), o que favoreceria a corrosão

destes elementos estruturais e a utilização indevida desses espaços (item 2.1 do parecer, peça 41, p. 13);

c) ausência do detalhamento do orçamento dos quatro muros de contenções das estacas

793/818/995, por unidade de serviços (item 2.4 do parecer, peça 41, p. 14-15);

d) ausência dos laudos de vistoria indicando as patologias identificadas e a metodologia para

recuperação, se necessário; o cálculo da seção resistente para o reforço e alargamento; os resultados dos

ensaios destrutivos/não destrutivos da estrutura, para as OAEs antigas (item 3 do parecer, peça 41, p. 15).

30. Não obstante as deficiências indicadas nos referidos pareceres, análise realizada pelo

Analista de Infraestrutura de Transportes da SR-DNIT/PB, engenheiro José Antônio de Araújo Neto, em

11/12/2014 (peça 41, p. 19), recomendou a aprovação da impressão definitiva do projeto executivo. Tal

recomendação foi acolhida pelo Chefe do Serviço de Engenharia SR-DNIT/PB, engenheiro Luiz Clark

Soares Maia, em 11/12/2014 (peça 41, p. 20), e pelo então Superintendente Regional DNIT/PB,

Sr. Gustavo Adolfo Andrade de Sá, que determinou a emissão da Portaria 83, de 16/12/2014 (peça 41,

p. 21-23), aprovando o projeto executivo.

31. Iniciadas as obras, outras deficiências no projeto das OAEs foram detectadas, conforme

demonstram as comunicações e relatórios a seguir identificados, referentes aos meses de março e abril

de 2017.

31.1. Correspondências da empresa supervisora das obras, Maia Melo Engenharia:

a) de 16/3/2017, a supervisora informou que os projetos estruturais das OAEs não detalham

a armação das estacas raiz a serem empregadas nas fundações, constando apenas a indicação do diâmetro

destas, e tampouco os comprimentos a serem executados em cada apoio (peça 34, p. 132-133);

b) de 27/3/2017, a supervisora informou, acerca da OAE localizada na estaca 307, que teria

detectado a ocorrência de apenas uma sondagem para toda a obra, tendo solicitado as demais sondagens

que embasaram o projeto executivo desta OAE. Também relata que na memória de cálculo das

estruturas no Volume 3E do projeto, página 331, previu-se a execução de doze estacas (peça 19, p.

332), enquanto na folha E01, relativa ao projeto executivo dessa OAE (Volume 2 do projeto, tomo I,

página 494-495), consta o desenho de apenas dez estacas para os apoios centrais (peça 35, p. 2-3);

c) de 5/4/2017 (peça 36, p.150), a supervisora fez o seguinte relato quanto às fundações das

OAEs:

1 – Os projetos estruturais não detalham a armação da estaca raiz a ser empregada nas fundações em

todas as OAE’s, constando apenas a indicação do diâmetro destas. Informamos ainda, que os

comprimentos a serem executados em cada apoio também não constam nos projetos de execução,

tendo apenas uma menção na memória de cálculo de estruturas, na qual constam 10 metros para todas

as OAE’s;

2 – Considerando que a Ponte sobre o Rio Jaguaribe irá sofrer uma elevação de cerca de 2,0 metros

em seu greide, e ainda, que não há previsão de construção de Terra Armada, resta a dúvida acerca do

tipo de contenção a ser empregada em ambos os encontros;

3 – Conforme detalha a parte 1 do presente relatório, em 7 (sete) OAE’s, o número de sondagens é

inferior ao número de apoios;

4 – Conforme consta na parte 1 do presente relatório, a grande maioria das OAE’s está projetada

sobre terrenos onde o impenetrável está além dos 10,0 metros de profundidade. Em contrapartida,

conforme consta no item 1, a memória de cálculo das estruturas apresenta um cálculo de quantidades

onde foram considerados 10,0 m de estaca em todos os apoios e em todas as OAE’s, sem que seja

detalhado no Projeto de Execução. Diante do exposto, questionamos qual deverá ser a profundidade

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11 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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de ancoragem destas estacas.

5 – Foram detectadas divergências no tocante ao número de estacas demonstradas no Projeto de

Execução, número de estacas consideradas na Memória de Cálculo de Estruturas e posicionamento

das estacas (vertical ou inclinada).

6 – Detectamos a ausência de informações relativas às memórias de cálculo de fundações das OAE’s

das estacas 217, 753 e 1015.

31.2. No Relatório Principal da Supervisão, referente ao mês de abril de 2017, consta a informação

dando conta que, em 26/4/2017, o projeto revisado referente a OAE localizada na estaca 307 teria sido

encaminhado ao Consórcio Executor das obras. Entretanto, diante de um parecer técnico de consultoria,

apresentado pelo Consórcio construtor, questionando a profundidade das estacas, a supervisora sugeriu

aguardar de uma definição para que os serviços nas fundações dessa OAE pudessem ser iniciados (peça

36, p. 70).

31.3. Esse questionamento surgiu em razão de o Consórcio Construcap-Copasa, por meio da

empresa BER-FAC Consultoria de Solos e Fundações Ltda., ter apresentado, em 24/4/2017, parecer

técnico contestando as conclusões constantes em outro parecer elaborado pela empresa Monteiro &

Gomes Engenheiros Associados, contratada pela projetista das obras, Contécnica Consultoria Técnica

Ltda. Nesse parecer, o Consórcio Executor demonstra sua discordância em relação ao projeto das

fundações da OAE localizada na estaca 307. A discordância gira em torno da profundidade a ser adotada

nas estacas de fundação. Enquanto a projetista (Contécnica - Monteiro & Gomes Engenheiros

Associados) sustenta que as estacas devem ficar com oito a dez metros de profundidade, o Consórcio

Construtor, por meio da BER-FAC Consultoria de Solos e Fundações Ltda., assegura que profundidade

das estacas deve ficar entre 19 e 21 metros a contar da cota atual do terreno (peça 37, p. 47-52).

32. Diante das pendências elencadas nos pareceres técnicos emitidos pelo servidor da SR-

DNIT/PB, antes da aprovação do projeto executivo, e as demais fragilidades verificadas quando do início

das obras, resta claro que o projeto executivo das OAEs apresenta deficiências.

33. Nesse ponto, cabe lembrar que um projeto executivo preciso e detalhado das obras de artes

especiais inclui obrigatoriamente, as suas fundações, em consonância com o art. 4º da Instrução

Normativa 1/2007/MT, com a Lei 8.666/1993 (art. 6º, inciso X; art. 7º, § 1º; art. 7º, caput; art. 12; art.

40, § 2º, inciso I; art. 40, caput) e com a Tabela 6.2 da Orientação Técnica OT-IBR 001/2006 do Instituto

Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas para obras rodoviárias.

III.1.2.2. Projeto executivo deficiente – Caixas de empréstimo e jazidas de solos.

34. Verificou-se que os estudos geotécnicos constantes do projeto executivo deixaram de

contemplar a pesquisa de caixas de empréstimo e jazidas de solos aproveitáveis, disponíveis na região

onde as obras serão executadas, contrariando o disposto na IS-206 – Estudos Geotécnicos das Diretrizes

Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários – IPR-717/2005.

35. As falhas ocorridas na realização dos estudos geotécnicos foram verificadas logo no início

das obras, conforme correspondência de 28/4/2017 (peça 37, p. 22-23), por meio da qual a empresa

supervisora informou que estaria avaliando, com o apoio do Consórcio Construtor, a viabilidade de

utilização de ocorrências não indicadas no projeto executivo, tais como: as áreas da Cimpor (9,5 km da

estaca 1391), da Areal Express EMA (16,50 km da estaca 1391) e da Trocolli (43,0 km da estaca 1391).

36. Acrescente-se que a utilização dessas novas opções levantadas estaria sob análise do DNIT

e dependeria da autorização do órgão, conforme consta do Relatório de Supervisão da Maia Melo

Engenharia (abril/2017, peça 36, p. 69).

37. Tal informação também foi confirmada pela equipe de auditoria quando da visita in loco ao

canteiro de obras. Na oportunidade, em contato mantido com representante do Consórcio Construtor,

este foi taxativo ao afirmar que, até aquele momento, ainda não se tinha certeza de que jazidas poderiam

ser de fato aproveitadas.

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12 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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38. Nesse sentido, vale registrar que a deficiência dos estudos geotécnicos quanto à abrangência

da pesquisa e seleção de jazidas e caixas de empréstimo foi agravada pelo fato de que as ocorrências

originalmente indicadas no projeto não se mostraram viáveis para serem utilizadas nas obras.

39. Tal fato sobressai no Relatório da Supervisão, referente ao mês de abril de 2017, que assim

descreve (peça 36, p. 69):

Diversas atividades são consideradas críticas quando se trata do atendimento ao cronograma físico

da obra. Dentre elas, podemos elencar: (...) Empréstimos e Jazidas: Todas as áreas de empréstimos e

jazidas indicadas em projeto estão impossibilitadas de serem exploradas, conforme descrito na

correspondência Ct. 016/2017. Paralelamente, em conjunto com o Consórcio Copasa – Construcap,

prospectamos áreas alternativas para exploração. A análise destes materiais, inclusive, levando em

consideração as DMT´s foi repassada ao DNIT/PB por meio da correspondência Ct. 017/2017.

Faz-se necessária a autorização, por parte do DNIT/PB, da utilização deste material, para que seja

viável a execução dos serviços de terraplenagem.

40. Esta situação de irregularidade das caixas de empréstimo e jazidas indicadas do projeto

executivo foi levantada pelo Consórcio Construtor, conforme documentos anexos ao Relatório de

Supervisão de abril de 2017 – estudos das licenças ambientais realizados pelo Consórcio Construtor;

extratos,guias de utilização e alvarás do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM); licenças

de operação expedidas pela Secretaria do Estado dos Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência

e Tecnologia (Sudema) e declarações emitidas pelos proprietários das jazidas (peça 36, p. 161 e peça 37,

p. 1-21). Nessa documentação se extrai as informações constantes da Tabela 2, a seguir:

Tabela 2 – Situação das caixas de empréstimo e ocorrências para pavimentação

Ocorrência Nome

Situação Material Utilização Situação da jazida

Areal A-01 São

Miguel Areia Dren/OAC/OAE

Areal A-02 Oiteiro Areia

Areal A-03 Caxetu Areia

Pedreira P-01 Potiguá Gnaisse

Brita Pav/Dren/OAC/OAE

Pedreira P-02 Brita Forte

Granito

Brita Pav/Dren/OAC/OAE

Jazida J-01 Migra Cascalho Base/sub-base

O alvará de pesquisa venceu em 2013

e a guia de utilização em 9/9/2014,

sendo autorizada para extração de

areia, não cascalho

Jazida J-02 Migra Cascalho Sub-base

O alvará de pesquisa venceu em 2010

e a guia de utilização em 26/6/2015,

sendo autorizada para extração de

areia e argila, não cascalho

Empréstimo E-01 Migra

Comercial Solo Terraplenagem

O alvará de pesquisa venceu em 2012

e a guia de utilização em 9/9/2014

Empréstimo E-02

Nailson

Jorge

Carvalho

Argila Terraplenagem Não encaminhou as licenças, mas

informou que a LO está vencida

Empréstimo E-03

Bruno

Cavalcanti

-

Comercial

Solo Terraplenagem Licença venceu em 21/3/2017

Empréstimo E-04

André

Alves

Comercial

Solo Terraplenagem Não tem licença ambiental e não tem

interesse em comercializar o material

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13 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Empréstimo E-05

Nailson

José

Carvalho

Solo Terraplenagem

A área foi vendida e serve para

plantação de cana e cuidados de

animais Fonte: Elaboração própria a partir dos elementos constantes da peça 36, p. 161 e da peça 37, p. 1-21

41. Nesse ponto, cabe lembrar que os estudos geotécnicos do projeto executivo deveriam

contemplar o levantamento dos locais de ocorrências de materiais, conforme Termo de Referência anexo

ao Edital 0491/09-13 (peça 11, p. 72), bem como o disposto na IS-206 – Estudos Geotécnicos das

Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários – IPR-717/2005.

III.1.2.3. Projeto executivo deficiente – Ausência de projeto de iluminação (IG-C)

42. No edital original da licitação para contratação de empresa para execução da obra em apreço,

versão de 9/8/2016, constava no orçamento base o “item 13 – Iluminação”, tendo como unidade ”Vb”,

no valor de R$ 2.669.887,84, posteriormente retirado, conforme versão do edital de 14/10/2016.

43. Por ser um elemento essencial em uma obra rodoviária, como estabelece a Orientação

Técnica OT-IBR 001/2006 do Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas (Projeto Básico -

Tabela 6.2 - Obras rodoviárias), ainda mais num trecho urbano como é o caso em tela, revelou-se uma

deficiência do projeto executivo utilizado como base na licitação não incluir o componente relativo à

iluminação no seu escopo, não tendo sido apresentado qualquer estudo, mensuração ou solução para este

serviço.

III.1.2.4. Considerações finais sobre o achado

44. Do exposto, verifica-se que o projeto executivo das obras de adequação da BR-230/PB foi

aprovado e está sendo utilizado para fundamentar a realização das obras, apesar de nele não constar o

componente referente ao projeto de iluminação das vias, e de apresentar deficiências nos componentes

referentes às obras de arte especiais – OAEs e aos estudos geotécnicos.

III.1.3. Comentários do gestor (peça 51)

45. Com relação às deficiências no Projeto de Obras de Artes Especiais (item III.1.2.1 do

Relatório), o gestor informou que o DNIT estaria realizando a Revisão de Projeto em Fase de Obras –

RPFO, “com vistas a adequar a solução projetada aos normativos vigentes, bem como promover a devida

quantificação de serviços, execução de obra e segurança aos usuários”, e que em seguida iria promover

a realização de processo de apuração de responsabilidades quanto à projetista.

46. No que se refere à constatação de que o projeto executivo não contemplou a pesquisa de

empréstimos e jazidas de solos aproveitáveis, disponíveis na região onde as obras serão executadas (item

III.1.2.2 do Relatório), o gestor informou que as áreas, que hoje aparecem como opções, não foram

contempladas no projeto executivo por possuírem DMT maior do que as selecionadas; e que o

levantamento dos dados para estudos geotécnicos ocorreu em dezembro de 2012, ainda que o projeto

executivo tenha sido aprovado em dezembro de 2014, enquanto os vencimentos das licenças das jazidas

e áreas de empréstimos, constantes do projeto, foram posteriores. Acrescentou, ainda, que o DNIT não

tinha ferramentas para verificar as ocorrências de materiais no exercício de 2016, o que o levou a

promover a licitação com base nos dados constantes do projeto; e que o DNIT estaria trabalhando,

juntamente com a Supervisora e o Consórcio contratados, para superar o obstáculo no processo de

Revisão de Projeto em Fase de Obra - RPFO.

47. Quanto à ausência do projeto de iluminação (item III.1.2.3 do Relatório), o gestor reconhece

que ele não compôs o objeto da licitação e nem da contratação da empresa projetista, razão pela qual

não foi confeccionado na ocasião, o que impossibilitou a inclusão dos serviços correspondentes no

processo de licitação e contratação das obras em apreço. Ao final, informa que a Superintendência do

DNIT estaria “atuando para possibilitar a devida execução de tal componente”.

III.1.4. Conclusão do achado

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14 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

48. Os comentários do gestor corroboram os achados referentes à deficiência do projeto

executivo das obras de arte especiais e quanto à ausência do projeto de iluminação.

49. Quanto à deficiência nos levantamentos dos empréstimos e das jazidas, os comentários do

gestor não afastaram, por exemplo, a constatação de que a Jazida J-02 (Migra) teve seu alvará de pesquisa

vencido em 2010; ou de que o Empréstimo E-01 teve seu alvará de pesquisa vencido em 2012. Mais do

que isso, permanece como evidência do achado o fato de o projeto executivo não ter contemplado a

viabilidade de utilização das ocorrências que agora surgem como opções, tais como as áreas da Cimpor

(9,5 km da estaca 1391), da Areal Express EMA (16,50 km da estaca 1391) e da Trocolli (43,0 km da

estaca 1391), pois a primeira teria DMT dentro e a segunda bem próxima, das distâncias de transporte

das jazidas e empréstimos originais. O reconhecimento do gestor de que não foi possível atualizar os

levantamentos das ocorrências de materiais no exercício de 2016 e de que a licitação teria ocorrido assim

mesmo, no mínimo reconhece que o projeto executivo estava desatualizado.

50. Portanto, ficaram assentes as ocorrências dos achados, apresentando-se pertinente propor a

realização de oitiva da SR-DNIT/PB, da empresa projetista, da empresa supervisora e do Consórcio

Construtor para que se manifestem sobre a irregularidade apontada, sem prejuízo de, em um momento

processual posterior, avaliar a pertinência da realização de audiência dos responsáveis pelos indícios de

irregularidade apontados neste achado.

III.2. Ausência de efetividade das ações promovidas pela Administração para solucionar questões

relativas a remoções de interferências e desapropriações

III.2.1. Tipificação:

51. As ocorrências em apreço não se enquadram no conceito de IG-P da LDO 2017 (Lei

13.408/2016, art. 121, inciso IV ou IV), pois ainda não são materialmente relevantes e não configuram

graves desvios relativamente aos princípios constitucionais a que está submetida a administração pública

federal, ainda que potencialmente possa vir a ocasionar prejuízos ao erário. Diante disso, classificou-se

este achado como irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C).

III.2.2. Situação encontrada:

52. Verificaram-se atrasos na liberação de frentes de serviço em razão da ausência de efetividade

nas ações promovidas pela Administração para solucionar questões relativas a remoções de

interferências e desapropriações, contrariando o disposto no Manual de procedimentos para permissão

especial de uso das faixas de domínio de rodovias federais e outros bens públicos sob jurisdição do DNIT

- 2008, p. 15-16 e 41, e nas Diretrizes básicas para desapropriação – IPR-746/2011, p. 30.

III.2.2.1. Identificação e remoção de interferências.

53. A questão da demora na remoção de interferências foi tratada desde o início da obra,

conforme explicitado nos relatórios da empresa supervisora, emitidos nos meses de março e abril de

2017. Nesses relatórios, a empresa supervisora já alertava que a falta de planejamento para a remoção

das interferências seria um fator importante de obstrução ao cumprimento do cronograma físico-

financeiro da obra, nos seguintes termos:

"O trecho compreendido entre as estacas 75 + 0,00 e 300 + 0,00, ou seja, entre os quilômetros 1,5 e

6,0, apresenta interferências as quais constam de redes de telefonia, iluminação e elétrica, que

comprometem o andamento da obra. Constam ainda, dois radares fixos, na estaca 307 + 0,00, que

necessitam de remoção.” (Relatório mensal – março/2017, peça 34, p. 67).

“Diversas atividades são consideradas críticas quando se trata do atendimento ao cronograma físico

da obra. Dentre elas, podemos elencar:

Remoção das interferências:

Em 03/04/2017, encaminhamos ao DNIT a correspondência Ct. 010/2017, a qual encaminha o

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15 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

primeiro relatório parcial de interferências, abrangendo o segmento entre os km 1,5 e 6,0. Em

13/04/2017, encaminhamos o segundo relatório parcial de interferências, abrangendo o segmento

entre os km 6,0 e 10,5.

A remoção destas interferências é imprescindível para a finalização dos serviços nas marginais e

viadutos, uma vez que diversas linhas de postes encontram-se no offset de projeto. “ (Relatório

mensal – abril/2017, peça 36, p. 69).

54. Outro problema enfrentado nas obras diz respeito ao processo de identificação das

interferências a serem removidas. Quanto a esse ponto, cabe registrar que a empresa supervisora tem

como uma das suas obrigações “realizar o levantamento das interferências subterrâneas, com o uso do

GPR” (item 3.4.21.16 do edital). Nesse sentido, em correspondência datada de 14/3/2017, a supervisora

alega que a área considerada no levantamento das interferências subterrâneas nas obras, por meio de

GPR é de 150.000 m², entretanto, a área total a ser contemplada com o empreendimento seria de 320.000

m², razão pela qual solicitou a definição dos trechos a serem levantados e os prioritários (peça 34, p.

131).

55. Por fim, vale ressaltar que os atrasos na identificação e remoção de interferências ocorridos

nas obras de adequação da BR-230/PB estão em discordância com o que estabelece o Manual de

procedimentos para permissão especial de uso das faixas de domínio de rodovias federais e outros bens

públicos sob jurisdição do DNIT – 2008, nos seguintes termos:

Manual de procedimentos para permissão especial de uso das faixas de domínio de rodovias federais

e outros bens públicos sob jurisdição do DNIT – 2008

(...)

4.2 - O uso contratado das faixas de domínio não induz a nenhum direito de posse ou servidão,

podendo o Contrato de Permissão Especial de Uso - CPEU ser cancelado a qualquer tempo sem que

caiba à Permissionária qualquer indenização, reembolso, compensação ou outra verba ou valor, seja

de que natureza for.

(...)

4.4 - A critério exclusivo do DNIT, no caso de rescisão do Contrato de Permissão Especial de Uso -

CPEU, a Permissionária deverá devolver a área livre e desimpedida, no prazo determinado em

contrato e nas mesmas condições em que a recebeu.

(...)

4.8.2 - A Permissionária obriga-se a remanejar e/ou executar medidas de proteção em função das

novas obras, serviços, ampliações ou melhoramentos que o Permissor necessite executar na via de

transportes, no prazo estipulado por esse, sem ônus ao DNIT;

4.8.3 - O não atendimento às disposições contidas neste item implicará automaticamente na aplicação

das sanções estabelecidas no subitem 4.15, deste Manual.

(...)

Minuta

Contrato de permissão especial de uso da faixa de domínio

(...)

CLÁUSULA SÉTIMA - DAS ALTERAÇÕES – Quando se fizer necessária a alteração do projeto,

sua implantação e operação, por força de serviços e/ou obras rodoviárias que impliquem ou não na

extensão ou alteração, provisória ou definitiva da faixa de domínio constitutiva da rodovia federal

objeto da presente Permissão Especial de Uso, o PERMISSOR comunicará à PERMISSIONÁRIA,

por escrito, com antecedência mínima de 180 (cento e oitenta) dias, da necessidade de execução

destes serviços e/ou obras rodoviárias, para que a PERMISSIONÁRIA possa adequar, às suas

expensas, o seu projeto e sistema físico da (o) .............................................. às execuções de tais

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16 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

alterações, de forma a garantir a continuidade.

III.2.2.2. Desapropriação de imóveis.

56. Constatou-se a ausência de registros ou qualquer informação acerca do efetivo início das

desapropriações referentes às obras de adequação da BR-230/PB. Não se evidenciou sequer a ordem de

início dos serviços do Contrato SR/PB-0165/2017, cujo objeto trata justamente do tema desapropriações.

Também não foram observados quaisquer pagamentos a esse título.

57. Cabe registrar que os atrasos nos procedimentos relativos às desapropriações incidentes nas

obras de adequação da BR-230/PB estão em discordância com o que estabelece as Diretrizes básicas

para desapropriação – IPR-746/2011, p. 30, nos seguintes termos:

A Portaria de Declaração de Utilidade Pública (DUP), modelo constante do Anexo D, deve ser

solicitada previamente ao início da obra e para tal, a Unidade Administrativa responsável pela ação

deve solicitá-la por intermédio de processo administrativo específico.

58. Conforme se verificou na documentação encaminhada pelo DNIT, por meio do Pregão

359/2016, o órgão contratou a EBA – Empresa Brasileira de Avaliações, Assessoria, Gerenciamento e

Supervisão de Projetos Ltda. A dita contratação tem por finalidade a prestação de serviços de apoio

especializado aos processos de desapropriação dos imóveis que serão atingidos pelas obras de adequação

da BR-230/PB, incluindo a elaboração, revisão e complementação de cadastros técnicos, relatório

genérico de valores e laudos de avaliação e recolhimento de documentação dos proprietários, bem como

apoio à instrução e condução dos processos individuais instaurados. Concluído o certame, firmou-se o

contrato SR/PB-0165/2017, em 30/3/2017, no valor de R$ 1.114.944,67 (fev/2016), com duração

prevista de 420 dias.

59. Em que pese já ter sido firmado esse contrato, verificou-se que ainda não foi publicado um

Decreto de Utilidade Pública (DUP) contemplando todas as áreas a serem desapropriadas. Registre-se

que a DUP é peça fundamental para dar início aos procedimentos expropriatórios, conforme estabelece

as Diretrizes básicas para desapropriação – IPR-746/2011, p. 30, do próprio DNIT.

60. Diante da constatação, a equipe de fiscalização questionou a SR-DNIT/PB, mediante Ofício

de Requisição 1-169/2017, de 13/6/2017 (peça 9), solicitando maiores esclarecimentos sobre o tema.

Contudo, mediante Ofício 387/2017-SR/DNIT/PB, de 20/6/2017 (peça 46), o representante do DNIT

somente informou que os procedimentos estariam ainda em fase inicial, “inclusive adotando medidas

referentes à levantamento de dados históricos e atualização da situação encontrada em campo

objetivando a correta execução dos procedimentos de desapropriação necessários”.

III.2.2.3. Considerações finais sobre o achado.

61. Do exposto, verifica-se que as providências adotadas pelo SR-DNIT/PB para viabilizar a

identificação e a remoção das interferências, bem como a realização das desapropriações que impedem

a liberação de frentes de serviço no âmbito das obras de adequação da BR-230/PB, até o momento, não

apresentaram resultados que permitam concluir que esse fator não prejudicará o cumprimento do

cronograma físico-financeiro do empreendimento.

III.2.3 Comentários do gestor (peça 51)

62. Quanto à remoção das interferências, o gestor ressaltou que os principais entraves existentes

são provenientes da concessionária responsável pelo fornecimento e distribuição de energia elétrica,

tendo o DNIT já encaminhado solicitações às permissionárias de uso da faixa de domínio do trecho da

BR-230 em tela, que teriam o prazo de 180 dias para promover, às expensas delas, as adequações

necessárias.

63. Sobre as desapropriações, informou que inexistia disponibilidade orçamentária para sua

execução antes do início das obras e que a previsão de tais recursos só ocorreu na LOA de 2016. Por

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17 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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essa razão, somente a partir do referido evento é que o órgão pode dar início aos procedimentos para a

seleção e contratação de empresa especializada para dar andamento aos processos.

64. Prosseguindo, afirmou que o Pregão deflagrado só foi concluído em 25 de janeiro de 2017,

o que atrasou o início da execução dos serviços de desapropriação.

65. Por fim, esclareceu que já foi emitida, em 5 de setembro de 2017, a Portaria de Declaração

de Utilidade Pública, essencial para o início da execução dos referidos serviços.

III.2.4. Conclusão do achado

66. Os elementos apresentados pelo gestor não são suficientes para elidir a irregularidade

apontada. Note-se que permanece preciso o relato da ocorrência, pois a primeira solicitação de relocação

das instalações elétricas somente foi encaminhada à Energisa em 28/4/2017, depois reiterado em

16/5/2017, 29/5/2017 e 29/8/2017, sendo que nesta última o DNIT relata que não houve qualquer ação

concreta, o que sugere que a solução ainda vai demandar tempo e pode prejudicar o cronograma físico

da obra. O gestor não comentou sobre as demais interferências, como as redes de telefonia e de

distribuição de água, incluindo as subterrâneas.

67. Independente da questão orçamentária, o órgão poderia, ao menos, ter dado início aos

trabalhos relativos aos processos de desapropriação mediante a utilização de seu próprio efetivo, ou

mesmo recorrendo ao auxílio de servidores da sede (Brasília) ou de outras unidades. Entretanto, não há

qualquer menção a eventual tentativa nesse sentido.

68. O próprio gestor fez menção à Coordenação Geral de Desapropriação e Reassentamento, a

qual integra a estrutura do DNIT. Não obstante, segundo informado, a Superintendência Estadual só

teria passado a atuar junto ao dito órgão após a confirmação de disponibilidade orçamentária no exercício

de 2016. Por essa razão, considerando a existência da referida Coordenação, questiona-se, mais uma

vez, se as desapropriações não poderiam ter sido iniciadas pelos próprios servidores integrantes do

quadro.

69. Diante do exposto, considerando que os esclarecimentos oferecidos para este item não se

mostram suficientes para afastar as impropriedades apontadas, apresenta-se pertinente propor a

realização de oitiva da SR-DNIT/PB, da empresa projetista, da empresa supervisora e do Consórcio

Construtor para que se manifestem sobre a irregularidade apontada, sem prejuízo de, em um momento

processual posterior, avaliar a pertinência da realização de audiência dos responsáveis pelos indícios de

irregularidade apontados neste achado.

III.3. Celebração de contrato com consórcio liderado por empresa estrangeira.

III.3.1. Tipificação:

70. A ocorrência em apreço não se enquadra no conceito de IG-P da LDO 2017 (Lei

13.408/2016, art. 121, inciso IV ou IV), pois ainda não teve caracterizada sua materialidade, ainda que

potencialmente possa vir a ocasionar prejuízos ao erário. Diante disso, classificou-se este achado como

irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C).

III.3.2. Situação encontrada:

71. Constatou-se a formalização de contrato entre a SR-DNIT/PB e o Consórcio

Construcap/Copasa, apesar de, no momento dessa formalização, a empresa líder deste consórcio ser a

Sociedade Anonima de Obras Y Servicios Copasa do Brasil (CNPJ 18.193.729/001-97), uma empresa

espanhola, contrariando o disposto no § 1º do art. 33 da Lei 8.666/1993.

72. O Consórcio Construcap/Copasa sagrou-se vencedor da licitação relativa ao Edital 0296/16-

13 (peça 31, p. 17-23). Ocorre que, nos trâmites posteriores à abertura das propostas, foram observados,

em relação à empresa Construcap então líder do Consórcio vencedor, registros no sistema do TST que

geraram a emissão de certidão positiva de débitos trabalhistas com efeito de negativa (peça 31, p. 9).

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18 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Tais registros impediram a emissão do empenho no sistema informatizado do DNIT e, por consequência,

a lavratura do respectivo termo de contrato com a empresa Construcap.

73. A formalização do contrato com a empresa líder afrontaria as condições exigidas para a

prática do ato, conforme disposição contida na alínea “c” do item 19.1.2 do edital (peça 26, p. 25-26), a

seguir transcrito:

19.1.2 – Antes da assinatura do contrato e de termos aditivos, deverão ser anexadas aos autos

declarações relativas a:

(...)

c) Comprovação de inexistência de débitos trabalhistas inadimplidos (CNDT).

74. Conforme previsão contida no item 19.1.3 do edital (peça 26, p. 26), o Consórcio vencedor

deveria ter sido comunicado de sua situação irregular, para que apresentasse justificativas e comprovasse

a regularidade.

75. De forma diferente, para poder emitir o empenho e formalizar o contrato, o então

superintendente da SR-DNIT/PB, Sr. Luiz Clark Soares Maia, fundamentando-se no interesse público,

(peça 31, p. 12) aceitou a alteração da liderança do Consórcio Construcap/Copasa, que passou a ter a

empresa Copasa como líder. Isso foi feito mediante despacho exarado no dia 30/12/2016 (peça 31, p. 12).

Registre-se que essa alteração foi solicitada pelos representantes do Consórcio mediante promessa de

que eles posteriormente iriam formalizar um aditivo para regularizar a situação (peça 31, p. 10-11).

76. Ocorre que o § 1º do art. 33 da Lei 8.666/1993, reproduzido pelo item 8.11.10 do edital (peça

26, p. 8), estabelece que no consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras a liderança caberá,

obrigatoriamente, à empresa brasileira. Portanto, sendo a Sociedade Anonima de Obras Y Servicios

Copasa do Brasil (CNPJ 18.193.729/001-97) uma empresa espanhola, conforme extrato do sistema

CNPJ (peça 33, p. 3), não poderia ela ter assumido a liderança do Consórcio.

77. Ainda que fosse possível a alteração da liderança do Consórcio, não poderia o gestor acatar

e celebrar o contrato fundamentado em uma promessa que seria posteriormente formalizado um aditivo

para regularizar a situação, e sem ter submetido o pleito à Procuradoria Jurídica da SR-DNIT/PB.

Saliente-se que na administração pública os atos devem ser norteados pelo princípio da legalidade.

78. Por último, conforme item 8.11.9 do edital (peça 26, p. 8), em consonância com a disposição

contida no inciso III do art. 33 da Lei 8.666/1993, os documentos exigidos no instrumento convocatório

deveriam ser apresentados em relação a cada consorciado, incluindo a certidão negativa de débitos

trabalhistas, exigência para fins de habilitação contida na alínea “e” do item 13.3 do edital e prevista no

inciso V do art. 29 da Lei 8.666/1993. Ademais, o inciso XIII do art. 55 da Lei 8.666/1993 estabelece a

obrigação do contratado de manter todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação;

e o item 26.2 do edital (peça 26, p. 30), que a contratada deveria manter a regularidade fiscal e trabalhista

conforme exigido nos subitens 13.3 e 19.1.2 do edital, durante toda a execução do contrato.

79. Ressalte-se que a celeridade na análise do pleito e acolhimento, em 30/12/2016, deveu-se,

conforme despacho do Superintendente (peça 31, p. 12), ante o entendimento de que os recursos

financeiros eram exclusivos para o empreendimento, que a obra era necessária e de que o empenho

deveria acontecer naquele exercício financeiro, sob pena de os recursos perderem-se, o que

fundamentaria o alegado interesse público.

80. Ainda que compreensíveis, estes argumentos não têm o condão de autorizar à administração

pública deixar de observar os princípios que a norteiam, como o da legalidade, e os que balizam as

licitações, como o da vinculação ao instrumento convocatório.

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19 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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III.3.3 Comentários do gestor (peça 51)

81. Segundo o gestor, a alteração da liderança do consórcio aconteceu por solicitação das

consorciadas, tendo a empresa “Sociedad Anonima de Obras Y Servicios Copasa do Brasil” registro no

CNPJ como matriz, sediada em São Paulo, e apresentado a Portaria 16/2014, que alterava o estatuto

social da filial de sociedade estrangeira autorizada a funcionar no País. Acrescenta que referida empresa

pode contratar com a administração pública de maneira isolada, soando conflitante ela não poder fazê-

lo de forma consorciada.

III.3.4. Conclusão do achado

82. De fato, a Lei 8.666/1993 autoriza a participação de empresas estrangeiras em licitações,

sendo documento exigível relativo à sua habilitação o decreto de autorização e ato de registro ou

autorização para funcionamento expedido pelo órgão competente (inciso V do art. 28 da Lei

8.666/1993).

83. A intelecção do § 1º do art. 33 não traz qualquer impedimento à participação de empresa

estrangeira em consórcio, apenas obriga que a liderança caiba obrigatoriamente à empresa brasileira.

84. A portaria 16/2014, expedida pela Secretaria da Micro e Pequena Empresa, tão somente

alterou o objeto da filial da empresa estrangeira, autorizada que já era a funcionar no Brasil por

intermédio da Portaria 13/2013, de 15/4/2013.

85. Portanto, em nada altera a análise anteriormente expendida no Relatório. Diante disso, cabe

propor a realização da audiência do Sr. Luiz Clark Soares Maia, em razão desse gestor ter celebrado o

Contrato 919/2016 com o Consórcio Construcap-Copasa, apesar de haver impedimentos legais para essa

formalização.

III.4. Pagamento antecipado referente ao serviço "Instalação do Canteiro de Obras"

III.4.1. Tipificação:

86. A ocorrência em apreço não se enquadra no conceito de IG-P da LDO 2017 (Lei

13.408/2016, art. 121, inciso IV ou IV), pois ainda que seja materialmente relevante, com possibilidade

de vir a ocasionar prejuízos ao erário, ainda não se concretizou e pode ser compensado durante a

execução contratual. Diante disso, classificou-se este achado como irregularidade grave com

recomendação de continuidade (IG-C).

III.4.2. Situação encontrada:

87. Constatou-se a medição de 99,30% do item “Instalação do canteiro de obras” sem que

houvesse comprovação da realização desse percentual do serviço, contrariando o disposto no inciso III,

§ 2º, art. 63, da Lei 4320/1964.

88. Conforme itens “12.1 – Canteiro” e “17 – Plano de Execução da Obra”, do “Volume 4 –

Orçamento e Plano de Execução da Obra” (peça 20, p. 117-123 e peça 24, p. 24-29), do projeto

executivo, o canteiro de obras deveria ser composto pela unidade principal, localizada na estaca 1368

(km 27), e por mais quatro unidades auxiliares móveis. No total, o canteiro foi orçado no preço de

R$ 3.939.215,32 e teria as seguintes características:

a) edificações e acessórios, instalações de produção e acessórios, no valor de

R$ 1.143.097,00; e

b) aluguel de equipamentos (R$ 241.583,28), de casas para

engenheiros/técnicos/encarregados/operadores/oficiais (R$ 1.689.572,40), de área para o canteiro

principal (R$ 39.444,48) e de quatro canteiros auxiliares em contêiner metálico (R$ 180.591,04),

totalizando, ao somar ao BDI, o valor de R$ 2.796.118,32.

89. No orçamento que integra o edital, o serviço “Instalação do canteiro de obras” tinha como

unidade “Vb” e foi orçado no preço de R$ 3.865.661,72.

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20 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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90. A proposta vencedora apresentada pelo Consórcio Copasa/Construcap consignou para o item

“Instalação do canteiro de obras” o valor de R$ 3.786.819,16.

91. No presente exercício, conforme informações e documentações encaminhadas pela SR-

DNIT/PB (peças 42 e 43), foram realizadas duas medições referentes ao contrato de execução das obras,

ainda não pagas, no valor total a preços iniciais de R$ 4.026.933,29, dos quais 93,38% (R$ 3.760.311,42)

correspondem ao item de serviço “Instalação do canteiro de obras”, sendo 99,30% do valor contratado

para este serviço.

92. O fato é que a instalação principal do canteiro se encontra localizada no km 8 da BR-230/PB,

portanto, no trecho inicial da obra em apreço, não constando dos autos, ressalvando o registro em ata de

reunião técnica feita pela SR-DNIT/PB, justificativas técnicas para essa alteração na sua localização.

93. A solução encontrada pelo Consórcio Construtor foi adquirir, ou alugar (esta era a opção do

projeto), uma área composta por galpões, que foram reformados, porém sem guardar concordância com

o detalhamento previsto em projeto.

94. Essa discordância em relação ao projeto foi verificada pela equipe de auditoria quando

visitou as referidas instalações e constatou diferenças nas características construtivas, dimensões e

quantidades.

95. Na ocasião da visita, informou-se, inclusive, que as usinas de asfalto e de solo não seriam

construídas nas proximidades do canteiro, contrariando outra previsão estabelecida em projeto.

96. Tendo sido edificada apenas essa instalação do km 8, verifica-se que é inteiramente

desarrazoado que o Consórcio Executor meça como realizados, e os técnicos da SR-DNIT/PB atestem,

99,30%, ou R$ 3.760.311,42, do valor contratado para este item. Note-se que:

a) o orçamento base previa a locação da área do canteiro, de casas e equipamentos, ao longo

do período de execução das obras, representando cerca de 70% do valor do item de serviço, não havendo

razão para que esse montante seja pago quase que integralmente nos dois primeiros meses de execução

do contrato, ainda mais quando não há notícias de que foram locados de fato;

b) os quatro canteiros auxiliares e as instalações das usinas de asfalto e de solo ainda não

foram executadas.

97. Cabe registrar que, como regra, a liquidação da despesa só é comprovada após o

cumprimento da obrigação pelo particular, por determinação do art. 63 da Lei 4.320/1964.

98. Ademais, a antecipação de pagamentos é prática que deve ser rejeitada no âmbito do

serviço público, para evitar beneficiamentos ilícitos e possibilitar a verificação do cumprimento do

serviço contratado, antes do efetivo desembolso.

99. Apenas em casos excepcionais o Tribunal vem aceitando o pagamento antecipado, parcial

ou total, quando, comprovadamente, seja esta a única alternativa para se obter o bem ou assegurar a

prestação do serviço desejado, ou ainda quando a antecipação propiciar sensível economia de

recursos, desde que essa possibilidade esteja contratualmente prevista, além da necessidade, nesses

casos, de garantias que assegurem o pleno cumprimento do objeto.

100. Nesse sentido, a jurisprudência do Tribunal é de que a antecipação de pagamento somente

pode ser aceita em situações extraordinárias, devidamente justificadas pela Administração, ocasião em

que deve ficar demonstrada a existência de interesse público, obedecidos os critérios expressamente

previstos pela legislação que rege a matéria, quais sejam, existência de previsão no ato convocatório da

licitação ou nos instrumentos formais de adjudicação direta e as indispensáveis cautelas e garantias

(Acórdãos 406/2011-TCU-Plenário, Rel. André de Carvalho; 2.679/2010-TCU-Plenário, Rel. Augusto

Sherman; 214/2009-TCU-2ª Câmara, Rel. André de Carvalho; 918/2009- TCU-Plenário, Rel. José

Jorge; 2.427/2009-TCU-1a Câmara, Rel. Walton Alencar Rodrigues; 4.742/2008-TCU-2ª Câmara, Rel.

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21 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

André de Carvalho; 1.619/2008-TCU-2ª Câmara, Rel. Aroldo Cedraz e 2.565/2007-TCU-1ª Câmara,

Rel. Aroldo Cedraz).

101. Assim, a ocorrência de pagamento antecipado sem a devida justificava e sem que houvesse

as necessárias garantias contratuais configura irregularidade grave, por afrontar os dispositivos legais

e a jurisprudência consolidada do TCU sobre o tema.

III.4.3 Comentários do gestor (peça 51)

102. O gestor entende que os quantitativos e custos de instalação do canteiro de obras,

apresentados no orçamento do projeto executivo, são referenciais, sendo o canteiro projetado uma

situação idealizada, cabendo a cada licitante apresentar sua proposta com a composição de custos da

solução por ela estabelecida. Acrescenta que fez agora a juntada da composição dos custos apresentada

pelo consórcio vencedor, para ao final concluir que realizou o pagamento quase integral do canteiro de

obras nos dois primeiros meses, conforme previa o cronograma físico-financeiro.

III.4.4. Conclusão do achado

103. A apresentação de composição de preço do Consórcio construtor não serve para elidir a

irreglaridade. Repise-se que o orçamento base da licitação previa a locação da área do canteiro, de casas

e equipamentos, ao longo do período de execução das obras, representando cerca de 70% do valor do

item de serviço, não havendo razão para que esse montante seja pago quase que integralmente nos dois

primeiros meses de execução do contrato.

104. Especificamente em relação à composição apresentada, verifica-se que esta traz como

componentes itens que não são concluídos nos dois primeiros meses ou não tem sua clareza exposta,

como despesas com imóveis, no valor de R$ 1.895.138,57; infraestrutura dos canteiros, no valor de

R$ 166.866,71; e instalações auxiliares, no valor de R$ 331.950,20. Dessa forma, mesmo em relação a

composição do próprio Consórcio verificam-se indícios da ocorrência de antecipação de pagamentos.

105. Assim, permanece válida a descrição do achado. Diante disso, cabe propor a realização da

audiência dos Srs. João Paulo Natari Barbosa e Rainer Rembrandt Pierre Branco, em razão de terem

atestado as medições n. 1 e n. 2 do Contrato 919/2016, contemplando a antecipação de pagamento de

parte do item "Instalação do canteiro de Obras".

III.5. Proposta contratada não apresenta orçamento acompanhado da composição de todos os

custos unitários de serviços.

III.5.1. Tipificação:

106. A ocorrência em apreço não se enquadra no conceito de IG-P da LDO 2017 (Lei

13.408/2016, art. 121, inciso IV ou IV), pois ainda não teve caracterizada sua materialidade, ainda que

potencialmente possa vir a ocasionar prejuízos ao erário. Diante disso, classificou-se este achado como

irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C).

III.5.2. Situação encontrada:

107. Constatou-se que a proposta de preços apresenta pelo Consórcio vencedor da licitação

relativa ao Edital 0296/16-13 não apresenta orçamento acompanhado de todas as respectivas

composições de preços unitários, contrariando o disposto no item 14.4 do referido edital.

108. O item 14.4 do Edital 0296/16-13 estabelece que na proposta de preços apresentada pelas

licitantes deveria constar as planilhas de “Composição de Preço Unitário” - CPU, conforme modelo

constante de anexo desse edital (peça 26 p. 20).

109. Mais adiante no edital, nos itens 17.3, 17.4 e 17.5 está descrito que deveriam ser

desclassificadas as propostas que apresentassem, nas CPUs, valores de mão de obra inferiores aos pisos

salariais normativos da categoria correspondente ou erros ou discrepâncias, corrigidas pelo DNIT, não

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22 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

aceitas pela licitante (peça 26, p. 23-24).

110. Ocorre que as CPUs apresentadas pelo Consórcio Executor e encaminhadas à equipe de

auditoria pela SR-DNIT/PB (peça 29, p. 18-157 e peça 30), apresentam as seguintes inconsistências,

que, em princípio, contrariam regras estabelecidas no Edital 0296/16-13:

a) CPU incompleta e de serviços que não constam da planilha orçamentária da obra, tais

como “Desm. Dest. E limp. Áreas c/arv. Diam. Até 0,15m”, “Destocamento de árvores d=015 a 0,30

m,”Destocamento de árvores d/diâm. > 0,30m”;

b) CPUs incompletas, em comparação com o Sicro, por não trazer mão de obra exigida, a

exemplo do encarregado de turma, e ferramentas, tais como “Esc. Carga trasp. Mat. 1ª cat. DMT 50 m,

“Compactação de aterros a 95% proctor normal”, “Compactação de aterros a 100% proctor normal”,

“Compactação de material de bota-fora”;

c) CPUs incompletas, em comparação com o Sicro e/ou orçamento base, por não trazer a

mão de obra e os equipamentos, como constatado nos outros 39 serviços de escavação, carga e transporte

de material de 1ª categoria;

d) ausência de CPUs referentes à maioria dos serviços de drenagem e obras de arte correntes,

ou composição incompleta;

e) CPUs incompletas dos serviços de pavimentação, excluindo os serviços de fornecimento

e transporte de material betuminoso;

f) ausência de CPUs dos serviços de sinalização;

g) CPUs incompletas dos serviços de obras de arte especiais.

111. Saliente-se que a ausência das CPUs da empresa contratada pode prejudicar a efetivação de

ações ao longo da execução contratual, como por exemplo, a análise de possíveis pleitos de reequilíbrio

econômico-financeiro do contrato, tal como ensinam Campelo e Jardim:

A demonstração objetiva de todos os custos do empreendimento subsidia a Administração em

eventuais análises de exequibilidade da oferta. Também evita a ocorrência de duplicidades de

encargos dispostos no orçamento e serve de lastro probatório para o discernimento de futuros pleitos

de reequilíbrio econômico-financeiro. Trata-se, finalmente, da necessária motivação do preço

ofertado, supedâneo do julgamento e da avaliação da real vantagem do preço oferecido pelo

particular.

CAMPELO/Valmir e JARDIM/Rafael, Obras Públicas – Comentários à Jurisprudência do TCU,

ed. 2, Belo Horizonte/Editora Forum, 2013, p. 131-132

112. A ausência de CPUs se mostra ainda mais relevante no caso em exame, na medida em que

alguns preços ofertados pelo Consórcio vencedor da licitação apresentam significativas diferenças em

relação aos preços constantes no orçamento de referência da SR-DNIT/PB ou mesmo em relação aos

preços ofertados pelos demais licitantes. Como exemplo, citam-se os serviços listados na Tabela 3, a

seguir (vide peça 46):

Tabela 3 – Diferença de preços unitários

Serviço Preço unitário (R$) Preço unitário das outras 6 licitantes (R$)

Orçamento Copasa Menor Maior Média

Terra armada Greide

6,0<h<9,0

531,01 242,26 342,09 530,32 415,46

Terra armada Greide

0,0<h<6,0

440,54 206,62 303,97 439,33 351,65

Sarjeta retangular de concreto 341,62 142,98 254,02 332,60 284,45

Meio-fio de concreto MFC 01 75,72 39,32 57,01 71,21 64,69

Meio-fio de concreto MFC 05 36,59 18,74 31,12 34,70 33,37

Confecção e colocação cabo 12 19,99 8,54 14,05 19,99 16,37

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23 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

cordas de 12,7 mm – MAC

Fornecimento, corte, colocação

e injeção de bainha D=60mm

53,45 22,53 37,57 53,43 46,36

Fonte: Elaboração própria

113. Registre-se que as diferenças de preços apenas nos dois primeiros itens de serviços acima

elencados, que representam juntos 10,84% do orçamento original, foram decisivas para que a proposta

do Consórcio Construcap/Copasa, no valor de R$ 255.500.000,00, fosse vencedora do certame

licitatório.

III.5.3 Comentários do gestor (peça 51)

114. O gestor informa que os serviços “Desm. Dest. e limp. Áreas c/arv. Diam. Até 0,15m”,

“Destocamento de árvores d=015 a 0,30 m,” e “Destocamento de árvores d/diâm. > 0,30m” constam da

planilha orçamentária da obra (item III.5.2, item 91, alínea “a”).

115. Quanto à constatação de que serviços estariam com as CPUs incompletas, entende o gestor

que a formulação das composições de custos correspondentes é livre para cada licitante e depende da

forma de operação, experiência e padronização da empresa na execução dos serviços, atendo-se sempre

aos critérios de qualidade solicitados e cobrados pela administração, cabendo à comissão “verificar se

os preços unitários praticados tanto para a composição, quanto para seus insumos, fossem maiores ou

menores que os preços referenciais da Administração”.

116. O gestor também comenta que a composição dos outros 39 serviços de escavação, carga e

transporte de material de 1ª categoria, far-se-ia da junção das suas CPUs específicas, que não trazem a

mão de obra e os equipamentos, com a CPU auxiliar modelo, constante da proposta (peça XX, p. 227).

117. Finalmente, quanto à ausência de CPUs referentes à maioria dos serviços de drenagem e

obras de arte correntes, ou composição incompleta (item III.5.2, item 91, alínea “e”); e ausência de CPUs

dos serviços de sinalização (item III.5.2, item 91, alínea “c”), limitou-se o gestor a comentar que não

havia detectado tais ausências.

III.5.4. Conclusão do achado

118. Tem razão o gestor de que os serviços “Desm. Dest. e limp. Áreas c/arv. Diam. Até 0,15m”,

“Destocamento de árvores d=015 a 0,30 m,” e “Destocamento de árvores d/diâm. > 0,30m” fazem parte

da planilha orçamentária da obra, mas permanece a constatação de que as respectivas CPUS estão

incompletas.

119. Não cabe razão ao gestor ao afirmar que a formulação das composições de custos é livre

para cada licitante. Note-se que a demonstração clara e objetiva de todos os custos unitários da licitante

subsidia à Administração em eventuais análises quanto a exequibilidade da proposta apresentada. Assim

sendo, a apresentação de composições de preço unitário incompletas e/ou com erros gritantes pode

culminar até na desclassificação de licitantes, tal como previsto nos itens 17.3, 17.4 e 17.5 do Edital

0296/16-13.

120. Quanto ao comentário de que a composição dos outros 39 serviços de escavação, carga e

transporte de material de 1ª categoria (item III.5.2, item 91, alínea “c”), far-se-ia da junção das suas

CPUs específicas com a CPU auxiliar modelo, constante da proposta, ainda que possível, atenta contra

a transparência e a exigência do edital de que a proposta deve conter a CPU de todos os serviços, de

forma individualizada.

121. Quanto às composições dos serviços de drenagem e obras de arte correntes e de sinalização,

o gestor confirma a irregularidade apontada.

122. Do exposto, permanecem válidas, portanto, a descrição do achado e a proposta de

encaminhamento de ouvir em audiência os servidores do DNIT que classificaram e julgaram vencedora

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24 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

a proposta do Consórcio Construcap/Copasa, apesar de este licitante não ter apresentado a composição

de todos os seus preços unitários, e terem homologado o procedimento licitatório e adjudicado o seu

objeto.

123. Diante disso, cabe propor a realização da audiência dos senhores Normando Lima de

Oliveira Filho, José Antônio de Araújo Neto, Dácio Vales Lacerda e Marcos Antônio de Medeiros em

razão desses gestores, nas suas respectivas competências, terem classificado e julgado vencedora a

proposta do Consórcio Construcap/Copasa, apesar deste licitante não ter apresentado a composição de

todos os seus preços unitários, e terem homologado o procedimento licitatório e adjudicado o seu objeto.

III.6. Fragilidades nas ações efetivadas pela Administração na gestão ambiental da obra.

III.6.1. Tipificação:

124. As ocorrências em apreço não se enquadram no conceito de IG-P da LDO 2017 (Lei

13.408/2016, art. 121, inciso IV ou IV), pois ainda não são materialmente relevantes e não configuram

graves desvios relativamente aos princípios constitucionais a que está submetida a administração pública

federal, ainda que potencialmente possam vir a ocasionar prejuízos ao erário. Diante disso, classificou-

se este achado como irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C).

III.6.2. Situação encontrada:

125. Verificaram-se indícios de irregularidade relacionados às questões ambientais atinentes à

obra de adequação da BR-230/PB, destacando-se os apontamentos listados a seguir, que estão em

desacordo com o disposto no art. 6º, inciso IX, e art. 12 da Lei 8.666/1993, e os arts. 3º e 8º da

Resolução/Conama 237/1997; com o art. 19, § 4º, da Portaria 289 do Ministério do Meio Ambiente; e

com o princípio da motivação dos atos administrativos:

a) Obra iniciada sem Licença de Instalação;

b) Ausência da Autorização para Supressão Vegetal – ASV;

c) Insuficiência na justificativa para a contratação de empresa para assessoramento

ambiental.

III.6.2.1 Obra iniciada sem Licença de Instalação.

126. Relativamente à questão ambiental, procurou-se verificar se a SR-DNIT/PB havia

providenciado as licenças necessárias à execução das obras de adequação de capacidade e segurança da

BR-230/PB. Nesse sentido, foram encaminhados ofícios de requisição ao órgão, oportunidade em que

foram solicitadas a Licença Prévia e a Licença de Instalação. O primeiro documento foi devidamente

disponibilizado. Já o segundo, em que pese a reiteração da requisição, não foi fornecido à equipe de

fiscalização do Tribunal.

127. Em verdade, em alguns documentos apresentados pela SR-DNIT/PB, a exemplo de

comunicação junto ao Ibama, há uma vaga referência à dita licença ambiental. Contudo, sua concessão

não foi comprovada formalmente, o que só se daria com a disponibilização do referido documento.

128. A ausência da Licença de Instalação, contrariando o disposto no art. 6º, inciso IX, e art. 12

da Lei 8.666/1993, e os arts. 3º e 8º da Resolução/Conama 237/1997 pode comprometer o andamento

das obras e até mesmo acarretar sua paralisação, em razão do aspecto legal, bem como em função de

possíveis pendências e exigências de natureza ambiental oriundas dos órgãos de fiscalização, a exemplo

do próprio Ibama e ICM-BIO, dentre outros.

III.6.2 Ausência da Autorização para Supressão Vegetal – ASV

129. No curso do exame da documentação encaminhada pelo DNIT, verificou-se a ausência da

Autorização para Supressão Vegetal (ASV), conforme se depreende da comunicação travada entre o

DNIT e o Ibama, mediante Ofício 02001.012967/2016-25, de 16/2/2017 (peça 44, p. 16-18), onde se lê

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25 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

claramente a advertência do órgão ambiental no sentido da necessidade da ASV.

130. A Autorização para Supressão Vegetal (ASV) deve ser previamente concedida pelo Ibama

nos casos em que as obras a serem executadas implicarem na supressão de vegetação com rendimento

lenhoso e/ou intervenção em área de preservação permanente (APP). Tal exigência está prevista no art.

19, § 4º, da Portaria 289 do Ministério do Meio Ambiente.

131. No Relatório Final de Avaliação Ambiental (Volume 3A do projeto executivo), está

consignado (peça 15, p. 58):

Para adequação da rodovia será necessário a intervenção nas APPs e para o trecho em específico

existem três travessias de cursos d’água que constituem Áreas de Preservação Permanente – APP,

são as APPs dos rios Mandacaru, rio Jaguaribe na altura da Av. Beira Rio e o rio Jaguaribe, na sua

nascente próxima das Três Lagoas (quadro 01).

No levantamento florístico realizado nas áreas de preservação permanente atingidas pelas obras do

trecho urbano da rodovia BR-230 foram identificadas espécies de árvores e arvoretas, com a

expressiva ocorrência de espécies frutíferas.

132. A falta da referida autorização impede a execução de dispositivos de drenagem e de obras

de arte especiais localizadas nas APPs, conforme alertou o Ibama no citado ofício, o que pode acarretar

prejuízo ao andamento das obras contratadas.

133. Importante registrar que tal impropriedade também foi mencionada no relatório de

supervisão da empresa Maia Melo Engenharia, referente ao mês de abril/2017 (peça 36, p. 32 e 69), que

relata a falha verificada e, inclusive, insere a ocorrência em um rol de pontos por ela considerados como

“críticos” e que têm potencial para afetar o cumprimento do cronograma traçado para a execução das

obras.

III.6.3. Justificativa insuficiente para fundamentar o valor do orçamento de referência do Edital 185/17-

13.

134. A SR-DNIT/PB pretende contratar empresa especializada para a prestação de serviços de

apoio e assessoramento técnico para atendimento às demandas ambientais derivadas das obras de

melhoramento e adequação da BR-230/PB, conforme Edital 185/17-13 (peça 45), com previsão de

realização do certame para 7/6/2017.

135. Quanto à ocorrência em si, observa-se que, por meio de entendimentos mantidos com o

Ibama, mediante Ofício 599/2016 (peça 44, p. 1-2), a própria SR-DNIT/PB afirmou que as obras seriam

executadas na faixa de domínio da rodovia, “sem intervenção direta na área de conservação ambiental”.

136. Já no Relatório Final de Avaliação Ambiental (Volume 3A do Projeto Executivo), elaborado

pela empresa Contécnica, verifica-se informação de que as intervenções serão efetuadas em áreas já

bastante urbanizadas, sendo que a vegetação existente nas imediações da rodovia é representada “por

espécies de paisagismo que foram plantadas no canteiro central, entre outras de arborização que se

encontram nas áreas de passeio público”. Como exceção, o relatório aponta apenas a existência de

“fragmentos florestais” localizados às margens da rodovia (peça 15, p. 56).

137. Em outro ponto do mesmo documento (peça 15, p. 53 e 91), a empresa projetista deixa claro

que no entorno da BR-230/PB, no trecho em que serão executadas as obras em comento, predominam

“as construções civis ao invés das espécies nativas da fauna e da flora típicas da região”. Ou seja, fica

claro que a execução das obras não acarretará grandes intervenções ou impactos ambientais.

138. Por essa razão, questiona-se o valor constante do Termo de Referência do Pregão, orçado

em R$ 8.735.652,07 (jan/2017), como pagamento pelos serviços a serem prestados ao longo de 36 meses

de contrato. A justificativa constante do termo de referência resume-se à informação de que existiria um

“importante número de intervenções no meio ambiente” e que o órgão “não dispõe de quadro suficiente

de profissionais para execução direta, sendo usual a execução de forma indireta mediante contratação de

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26 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

empresa especializada” (peça 45, p. 33-34).

139. Sobre o número de intervenções, constata-se, de plano, um desencontro de informações, já

que, no Projeto Executivo, fica claro que o impacto ambiental será reduzido, tendo em vista o nível de

urbanização e outros fatores já citados.

140. Cabe ainda ressaltar que as obras aqui tratadas foram enquadradas no Profas (Programa de

Rodovias Federais Ambientalmente Sustentáveis), o qual tem por finalidade regularizar e melhorar a

qualidade ambiental das rodovias brasileiras pavimentadas até 2013 e que não possuíam licenciamento

ambiental até então. Tal regularização é realizada por meio da assinatura de termo de compromisso com

o Ibama, por meio do qual o DNIT se compromete a adotar medidas que reduzam os impactos ambientais

das obras, utilizando os recursos naturais de forma sustentável.

141. A inclusão no referido programa federal isenta o DNIT da elaboração do EIA/RIMA, o que,

pelo menos em tese, reduz o volume de serviços a serem executados no âmbito ambiental.

142. Ainda nesse sentido, importa registrar que, quando da confecção do Projeto Executivo

(volume 3A), a empresa Contécnica realizou extenso levantamento sobre a fauna e a flora da região do

entorno da rodovia, solos, jazidas e outros temas ligados à questão ambiental. O trabalho desenvolvido,

de certo, também poderá servir de base a outros levantamentos e relatórios que porventura vierem a ser

exigidos ao longo da execução das obras.

143. Assim, considerando todo o trabalho já desenvolvido pela Contécnica e levando-se em conta

o que consta do Projeto Executivo sobre a temática ambiental, o futuro dispêndio do valor

R$ 8.735.652,07 para a contratação de empresa especializada na gestão ambiental não se encontra

suficientemente justificado.

III.6.3 Comentários do gestor (peça 51)

144. Relativamente a este item, o gestor informou que, quando do início do processo de

licenciamento ambiental, houve desencontro entre os órgãos que seriam responsáveis pela emissão das

licenças. Inicialmente, a Superintendências de Desenvolvimento do Meio Ambiente (Sudema) avocou

para si a competência e, posteriormente, o mesmo se deu com o Ibama. A resolução do referido conflito

acabou por atrasar todo o processo de licenciamento.

145. Prosseguindo, o gestor esclareceu que as obras aqui tratadas se encontram inseridas no

Programa de Rodovias Federais Ambientalmente Sustentáveis (Profas). Por essa razão, o licenciamento

ambiental teria trâmites diferenciados.

146. Sobre a ausência de Autorização para Supressão Vegetal, informou que a mesma já está

sendo providenciada junto ao Ibama.

147. Finalmente, no que tange à seleção de empresa especializada para a gestão das questões de

natureza ambiental, afirmou que a contratação foi concluída e que o valor da vencedora representou um

desconto de cera de 44,29% em relação ao orçado originalmente.

III.6.4. Conclusão do achado

148. Sobre a disputa acerca da competência para emissão de licenças de natureza ambiental, por

mais que assista razão ao gestor no que se refere ao atraso da concessão, permanece o questionamento

acerca do início das obras sem que todas as licenças se encontrassem devidamente emitidas.

149. Tal é o caso, por exemplo, da Autorização para Supressão Vegetal, a qual, segundo o próprio

gestor, ainda se encontra em discussão junto ao Ibama.

150. Conforme apontado no relatório de auditoria, o fato de as obras se enquadrarem no Profas,

não exime o DNIT de obter, previamente, todas as licenças e autorizações ambientais exigidas, não

apenas em razão da questão meramente legal, mas também visando evitar possíveis atrasos nas obras.

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27 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

151. Quanto à contratação da empresa especializada, embora o desconto apontado seja de fato

significativo, não foram apresentados maiores esclarecimentos sobre sua real necessidade,

considerando-se a possibilidade aventada de que servidores do próprio quadro do DNIT executassem as

tarefas referentes à questão ambiental.

152. Assim, observa-se que os comentários apresentados não se mostraram suficientes para

afastar as ocorrências originalmente registradas no relatório de fiscalização confeccionado. Diante disso,

cabe propor a realização de oitiva da SR-DNIT/PB para que se manifeste sobre a irregularidade

apontada, sem prejuízo de, em um momento processual posterior, avaliar a pertinência da realização de

audiência dos responsáveis pelos indícios de irregularidade apontados neste achado.

III.7. Ausência de cláusula essencial no contrato de supervisão das obras

III.7.1. Tipificação:

153. A ocorrência em apreço não se enquadra no conceito de IG-P da LDO 2017

(Lei 13.408/2016, art. 121, inciso IV ou IV), pois ainda não é materialmente relevante e não configura

grave desvio relativamente aos princípios constitucionais a que está submetida a administração pública

federal, ainda que potencialmente possa vir a ocasionar prejuízos ao erário. Diante disso, classificou-se

este achado como irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C).

III.7.2. Situação encontrada:

154. Verificou-se que no contrato SR/PB-152/2017-00, firmado entre o DNIT e a empresa Maia

Melo Engenharia Ltda., tendo como objeto os serviços de supervisão das obras de adequação da

BR-230/PB, não consta cláusula prevendo, explicitamente, a redução ou mesmo a suspensão de

pagamentos à contratada (Maia Melo) nos casos em que ocorra diminuição do ritmo ou paralisação total

das obras objeto da supervisão, o que constitui descumprimento do entendimento do Tribunal, conforme

acórdãos 1840/2009-TCU-Plenário, item 9.1, e 1906/2009-TCU-Plenário, item 9.5.2.

155. Embora seja uma consequência lógica e esperada em razão de uma eventual diminuição ou

mesmo paralisação total das obras, a redução ou supressão dos pagamentos à empresa supervisora é

medida que necessita estar prevista contratualmente, de modo a proporcionar o máximo de transparência

ao processo, bem como oferecer segurança jurídica à Administração contratante.

III.7.3 Comentários do gestor

156. O gestor informou que foi utilizado modelo padronizado e devidamente ratificado pela

Procuradoria Federal do DNIT, entretanto, que estaria em análise minuta de termo aditivo ao contrato

de supervisão em tela que incluirá cláusula sugerida por este Tribunal.

III.7.4. Conclusão do achado 157. Ainda que a irregularidade esteja, em tese, sendo sanada, esse fato não é suficiente para elidir

o achado. Diante do exposto, cabe propor a realização de oitiva da SR-DNIT/PB para que se manifeste

sobre a irregularidade apontada, sem prejuízo de, em um momento processual posterior, avaliar a

pertinência da realização de audiência dos respectivos responsáveis.

158. Registre-se que no momento da análise das oitivas será possível verificar a formalização do

termo aditivo que poderá corrigir a irregularidade apontada.

III.8. Orçamento do edital sem as composições dos custos unitários dos itens “Instalação do

Canteiro de Obras”, “Mobilização e Desmobilização” e “Manutenção do Canteiro de Obras”

III.8.1. Tipificação:

159. A ocorrência em apreço não se enquadra no conceito de IG-P da LDO 2017

(Lei 13.408/2016, art. 121, inciso IV ou IV), pois ainda não é materialmente relevante e não configura

grave desvio relativamente aos princípios constitucionais a que está submetida a administração pública

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28 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

federal, ainda que potencialmente possa vir a ocasionar prejuízos ao erário. Diante disso, classificou-se

este achado como irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C).

III.8.2. Situação encontrada:

160. Apurou-se que o orçamento da Administração referente ao Edital 0296/2016 não traz as

respectivas composições de preços unitários para os serviços “Instalação do Canteiro de Obras”,

“Mobilização e Desmobilização” e “Manutenção do Canteiro de Obras”, contrariando o disposto no art.

7º, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/1993 e a jurisprudência do TCU.

161. O orçamento constante o projeto executivo utilizado como base da licitação, elaborado pela

empresa Contécnica, constante do “Volume 4 – Orçamento e Plano de Execução da Obra”, traz em seu

escopo planilha de quantitativos e preços unitários, acompanhada das composições detalhadas de todos

os custos unitários. Nessa planilha, os serviços “Instalação do Canteiro de Obras”, “Mobilização e

Desmobilização”, “Iluminação” e “Remanejamento de Poste de Energia Elétrica”, tinham como unidade

“vb”, e “Manutenção do Canteiro de Obras” tinha como unidade “Mês” (peça 20, p. 91 e peça 22, p. 5-

9), constando memória de cálculo apenas para os itens “Instalação do Canteiro de Obras” (peça 20, p.

117-119, 121-123), “Manutenção do Canteiro de Obras (peça 20, p. 120) e “Mobilização e

Desmobilização” (peça 20, p. 124-126).

162. Posteriormente, no edital final da licitação para contratação de execução das obras, de

outubro de 2016 (peça 26, p. 143), foram retirados do orçamento e do objeto a ser contratado os serviços

“Iluminação” e “Remanejamento de Poste de Energia Elétrica”, permanecendo, portanto, os outros três

itens de serviço: “Instalação do Canteiro de Obras” e “Mobilização e Desmobilização” tendo como

unidade “vb” e “Manutenção do Canteiro de Obras” tendo como unidade “Mês”. Contudo, para esses

três itens de serviços não constam as respectivas memórias de cálculo, ainda que o item 3 do edital

estabeleça que na execução dos serviços deveriam ser observadas as especificações dos projetos (peça

26, p. 3).

163. A presença de itens de serviços não detalhados, descritos como “verba”, fere diretamente o

disposto no art. 7º, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/1993.

164. Com efeito, a inclusão de itens de serviços de natureza provisional, cujos preços unitários

não sejam estabelecidos a partir de uma composição que expresse efetivamente todos os seus custos,

traz o risco de pagamento de despesas estranhas ao objeto avençado. Não há justificativa para sua

aceitação nas planilhas, uma vez que não está associada a uma contraprestação específica e mensurável

por parte do contratado.

165. A jurisprudência do TCU é de que, nos orçamentos de referência das licitações, é vedada a

inclusão de serviços mensurados por meio de verbas, devendo, ao contrário, haver indicação detalhada

das atividades envolvidas e o quantitativo real necessário para a execução nas respectivas composições

de custo unitário, com vistas a permitir que os valores de todos os itens orçados sejam passíveis de

análise e verificação de sua adequabilidade (Acórdãos 38/2011-TCU-Plenário, 173/2011-TCU-Plenário,

521/2011- TCU-Plenário, 718/2011-TCU-Plenário, 1.009/2011-TCU-Plenário, 6.439/2011-TCU-1ª

Câmara, 80/2010-TCU-Plenário, 1.119/2010-TCU-Plenário, 1.655/2010-TCU-Plenário, 2.292/2010-

TCUPlenário, 2.032/2009-TCU-Plenário, 1.409/2008-TCU-Plenário, 2.450/2007-TCU-Plenário e

865/2006- TCU-Plenário).

166. Nesse sentido, também dispõe a Súmula TCU 258/2010:

“As composições de custos unitários e o detalhamento de encargos sociais e do BDI integram o

orçamento que compõe o projeto básico da obra ou serviço de engenharia, devem constar dos anexos

do edital de licitação e das propostas das licitantes e não podem ser indicados mediante uso da

expressão “verba” ou de unidades genéricas”.

Desta forma, a descrição não detalhada de serviços nas planilhas de custos das licitações,

genericamente denominados “verbas”, é irregular, por afrontar as disposições legais vigentes e a

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29 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

jurisprudência desta Corte.

167. Portanto, ainda que haja memórias de cálculo no orçamento do projeto executivo, referente

aos itens “Instalação do Canteiro de Obras”, “Mobilização e Desmobilização” e “Manutenção do

Canteiro de Obras”, as suas composições de custos não foram registradas no orçamento anexo ao edital,

que traz a unidade “vb” para os dois primeiros serviços e “Mês” para o último, e, por consequência essas

composições também não foram apresentadas nas propostas das licitantes.

III.8.3. Comentários do gestor (peça 51)

168. Em resumo, o Gestor registra que as licitantes, conforme cláusulas do edital, aceitaram, para

participarem da licitação, todos os termos, cláusulas e condições ali expressas e de seus anexos, e que,

ainda que o orçamento constante do edital não conste a composição dos serviços referenciados, elas

estariam detalhadas no “Volume 4 – Orçamento e Plano de Execução da Obra” do projeto executivo,

que era parte integrante do edital. Acrescentou, ainda, que a utilização de “verba” para estes itens de

serviços, ao invés de “unidade”, foi um equívoco por parte do DNIT.

III.8.4. Conclusão do achado

169. A questão que se impõe é que ainda que haja memórias de cálculo no orçamento do projeto

executivo, referente aos itens “Instalação do Canteiro de Obras”, “Mobilização e Desmobilização” e

“Manutenção do Canteiro de Obras”, as suas composições de custos não foram registradas no orçamento

anexo ao edital, que traz a unidade “vb” para os dois primeiros serviços e “Mês” para o último, e, por

consequência, essas composições também não foram apresentadas nas propostas das licitantes,

impedindo que os valores destes itens orçados fossem passíveis de análise e verificação de sua

adequabilidade.

170. Diante do exposto, cabe propor a realização de oitiva da SR-DNIT/PB para que se manifeste

sobre a irregularidade apontada, sem prejuízo de, em um momento processual posterior, avaliar a

pertinência da realização de audiência dos responsáveis pelos indícios de irregularidade apontados neste

achado.

III.9. Restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados de habilitação.

III.9.1. Tipificação:

171. A ocorrência em apreço não se enquadra no conceito de IG-P da LDO 2017

(Lei 13.408/2016, art. 121, inciso IV ou IV), pois ainda não é materialmente relevante e não configura

grave desvio relativamente aos princípios constitucionais a que está submetida a administração pública

federal, ainda que potencialmente possa vir a ocasionar prejuízos ao erário. Diante disso, classificou-se

este achado como irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C).

III.9.2. Situação encontrada

172. Verificaram-se indícios de restrição à competitividade no âmbito do certamente licitatório

relativo ao Edital 0296/16-13 em razão de ter ocorrido vedação de somatório de atestados para

comprovar cada item relativo à qualificação técnica operacional, inclusive para licitantes consorciados,

em afronta ao disposto no art. 33, inciso III, da Lei 8.666/1993.

173. Segundo o edital, item 13.4 – Qualificação Técnica, alínea “c”, as licitantes, para fins de

qualificação técnica, deveriam apresentar:

“(...)

2) Comprovação da licitante ter executado, a qualquer tempo, obras rodoviárias de complexidade

equivalente ou superior à do objeto desta licitação, contendo os seguintes quantitativos:

CAPACIDADE OPERACIONAL

LOTE Serviço(s) Requeridos Unidade Quantidade Exigida

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30 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

ÚNICO

Base de brita graduada c/2%

cimento BGTC (P-01) m³ 62.890,10

Escavação, Carga e Transporte de

Material de 1ª Categoria m³ 619.321,26

Fornecimento, preparo e

colocação formas aço CA 50 kg 1.121.811,62

2.1) Não será admitido o somatório de atestados para comprovar cada item. Os atestados poderão ser

apresentados da seguinte maneira:

i) Um atestado para cada item exigido, ou;

ii) Atestado que contenha um ou mais itens exigidos.

(...)

c.4) Nos atestados de obras/serviços/projetos executados em consórcio serão considerados, para

comprovação dos quantitativos constantes da alínea “c”, os serviços executados pela licitante que

estejam discriminados separadamente no atestado técnico, para cada participante do consórcio.

Se as quantidades de serviços não estiverem discriminadas no corpo da certidão/atestado, serão

considerados os quantitativos comprovados pelos atestados na proporção da participação da

licitante na composição inicial do consórcio.

Para fins de comprovação do percentual de participação do consorciado, deverá ser juntada à

certidão/atestado, cópia do instrumento de constituição do consórcio.

(...)”

174. A soma dos atestados para fins de qualificação quanto à capacidade operacional, exigida no

item 13.4 do edital, foi objeto de solicitações de esclarecimentos pelas empresas interessadas,

respondidas mediante os Cadernos de Respostas 4º, 5º e 6º; e de duas impugnações, indeferidas pelo SR-

DNIT/PB, que estabeleceu os seguintes entendimentos, em resumo:

a) sendo empresa não organizada em consórcio, não se admite o somatório dos atestados,

em consonância com a Instrução Normativa 4/2009/DNIT (Resposta 8 do 4º Caderno de Perguntas e

Respostas; e Decisão de Impugnação ao Edital interposta pela empresa OAS Engenharia e Construções

S. A.) (peça 27, p. 6 e 72-74);

b) sendo empresas que concorram em consórcio, deve ser apresentado somente um atestado

por item de serviço, com quantidade proporcional à participação da empresa no consórcio, não sendo

possível o somatório de atestados (Resposta 4 do 5º Caderno de Perguntas e Respostas; Resposta 1 do

6º Caderno de Respostas; Resposta 1 do 7º Caderno de Perguntas e Respostas; Decisões de Impugnações

ao Edital interpostas pelas empresas OAS Engenharia e Construções S. A. e pela TORC Terraplenagem

Obras Rodoviárias e Construções Ltda.) (peça 27, p. 24-25, 28-29, 72-80).

175. No que concerne à participação de consórcios de empresas, a jurisprudência deste Tribunal

estabelece que o reconhecimento dos atestados relativos a consórcio deve adstringir ao percentual de

participação financeira e à parcela de serviços executada atribuíveis única e exclusivamente à empresa

dele integrante, conforme excerto do sumário e do voto condutor do Acórdão 2.299/2007-TCU-Plenário

(Rel. Augusto Nardes). Portanto, está correto o entendimento da SR-DNIT/PB de se considerar, para

fins de qualificação técnica, a quantidade proporcional à participação da empresa no consórcio.

176. O que não procede é o entendimento de que o somatório de atestados apresentados pelas

empresas consorciadas só seria possível sob a ótica do parcelamento material do objeto, ou seja, se o

consórcio é formado pelas empresas A e B, admite-se que a empresa A apresente atestado técnico de

determinados serviços e a empresa B de outros serviços, mas não que os atestados técnicos de ambas se

somem para o mesmo serviço.

177. Esta vedação ao somatório de atestados apresentados pelas empresas consorciadas para o

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31 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

mesmo serviço afrontou o disposto no art. 33, inciso III, da Lei 8.666/1993, e caracterizou uma restrição

à competitividade do certame.

178. Sobre o tema, o item 9.1.2 do Acórdão 3170/2016-TCU-Plenário determinou ao DNIT:

9.1.2. promova, no prazo de 60 (sessenta) dias, a adequação dos normativos: Portaria/DG n.

108/2008, IS/DG n. 04/2008 e IS/DG n. 10/2009 à luz dos arts. 33, inciso III, da Lei 8.666/1993; e

51, inciso III, do Decreto 7.581/2011 e Acórdão 2.150/2008-TCU-Plenário, a fim de evitar restrição

indevida à competitividade das licitações, em obediência ao art. 1º, § 1º, da Lei 12.462/2011 c/c o

art. 3º da Lei 8.666/1993;

178.1. Naquela assentada, assim dispôs o Relatório que fundamentou o Acórdão, da lavra do

Excelentíssimo Ministro Relator José Múcio Monteiro:

(...)

63. A vedação de somatório de atestados ora em discussão diz respeito àqueles relacionados à

capacidade técnico-operacional, que pode ser definida como sendo a capacidade que a licitante -

pessoa jurídica - tem de reunir mão de obra, equipamentos e materiais, devidamente coordenados,

para a perfeita execução do objeto, na quantidade, qualidade e prazos exigidos.

64. Deve-se ressaltar que esta Corte de Contas já se manifestou sobre o tema, conforme pode ser

verificado no excerto do Acórdão 2150/2008-Plenário:

‘9.7.4. somente limite a soma de atestados entre consorciadas para a comprovação de capacidade

técnico-operacional nos casos em que, incontestavelmente, para cada item da exigência, duas ou

mais empresas reunidas, seja em face da possibilidade de redução dos prazos do serviço, seja em

razão da melhor capacidade de reunião de equipamentos e mão de obra, não aumentem a

capacidade operacional da licitante; (...) ’.

65. Em se tratando de consórcio, pode-se afirmar que duas empresas juntas teriam mais potencial de

reunir recursos, experiências, equipamentos e insumos do que separadamente. Ao se unirem, seu

potencial técnico-operacional seria, portanto, incrementado. Essa seria uma das principais vantagens

da formação de consórcios. Não por outro motivo o art. 33, inciso III, da Lei 8.666/1993 e o art. 51,

inciso III, do Decreto 7.581/2011 (que regula o RDC) admitiram, expressamente, a possibilidade do

somatório dos quantitativos de cada consorciado para efeito de qualificação técnica, conforme

transcrição abaixo:

‘Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de empresas em consórcio, observar-se-ão as

seguintes normas:

(...)

III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31 desta Lei por parte de cada consorciado,

admitindo-se, para efeito de qualificação técnica, o somatório dos quantitativos de cada consorciado,

e, para efeito de qualificação econômico-financeira, o somatório dos valores de cada consorciado, na

proporção de sua respectiva participação, podendo a Administração estabelecer, para

o consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos para licitante

individual, inexigível este acréscimo para os consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e

pequenas empresas assim definidas em lei;

66. Desse modo, propõe-se determinar ao Dnit que readéque os normativos: portaria/DG n. 108/2008,

IS/DG n. 04/2008 e IS/DG n. 10/2009 à luz dos art. 33, inciso III, da Lei 8.666/1993; art. 51, inciso

III, do Decreto 7.581/2011 e Acórdão 2150/2008-TCU-Plenário, a fim de evitar restrição indevida à

competitividade das licitações.

179. Por fim, registre-se que a empresa OAS, que questionou a vedação de soma dos atestados

técnicos em sede de impugnação ao edital, participou da licitação concorrendo com seis consórcios,

tendo todos os participantes sido habilitados, o que minimizou possíveis efeitos da ocorrência ora

relatada na competitividade do certame.

III.9.3 Comentários do gestor (peça 51)

180. Em seus comentários, o Gestor informa que foi empregado modelo padronizado de

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32 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

instrumento convocatório para licitação do tipo concorrência, ressaltando que o Edital 0296/16-13 foi

lançado em 17/10/2016, antes, portanto, do Acórdão 3170/2016-TCU-Plenário, que fundamentou o

achado, ao determinar adequações nos normativos internos do DNIT com o intuito de evitar restrições

indevidas à competitividade em certames licitatórios com a participação de consórcios.

III.9.4. Conclusão do achado

181. De fato, o Acórdão referido pelo Gestor é posterior ao edital, entretanto, o Acórdão

2.150/2008-TCU-Plenário manifestou-se no mesmo sentido sobre o tema.

182. Diante do exposto, cabe propor a realização de oitiva da SR-DNIT/PB para que se manifeste

sobre a irregularidade apontada, sem prejuízo de, em um momento processual posterior, avaliar a

pertinência da realização de audiência dos responsáveis pelos indícios de irregularidade apontados neste

achado.

IV. Conclusão

183. Trata-se de auditoria realizada na Superintendência Regional do DNIT no Estado da Paraíba

– SR-DNIT/PB, tendo como objeto as obras de adequação de capacidade e segurança da BR-230/PB,

km 0,0 - km 28,1, extensão de 26,60, executadas sob o abrigo do Contrato SR-PB-919/2016, firmado

entre o DNIT e o Consórcio Construcap-Copasa.

184. Este trabalho foi realizado pela Secex/PB e contou com a supervisão da

SeinfraRodoviaAviação.

185. As principais constatações desta auditoria foram as seguintes:

a) Achado III.1 - Projeto executivo deficiente;

b) Achado III.2 - Ausência de efetividade das ações promovidas pela Administração para

solucionar questões relativas a desapropriações e remoções de interferências;

c) Achado III.3 - Celebração de contrato com consórcio liderado por empresa estrangeira;

d) Achado III.4 - Pagamento antecipado referente ao serviço "Instalação do Canteiro de

Obras";

e) Achado III.5 - Proposta contratada não apresenta orçamento acompanhado da composição

de todos os custos unitários de serviços;

f) Achado III.6 - Fragilidades nas ações efetivadas pela Administração na gestão ambiental

da obra;

g) Achado III.7 - Ausência de cláusula essencial no contrato de supervisão das obras;

h) Achado III.8 - Orçamento do edital sem as composições dos custos unitários dos itens

“Instalação do Canteiro de Obras”, “Mobilização e Desmobilização” e “Manutenção do Canteiro de

Obras;

i) Achado III.9 - Restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados

de habilitação.

186. A partir dos resultados do trabalho, pode-se também responder as questões de auditoria

formuladas, quais sejam:

Questão 1: A previsão orçamentária para a execução da obra é adequada e suficiente?

Questão 2: As obras de adequação da capacidade e segurança da BR-230 exige licença

ambiental e foram realizadas todas as etapas para esse licenciamento?

Questão 3: Há projeto executivo adequado para a licitação/execução da obra?

Questão 4: O procedimento licitatório para contratação da execução da obra foi regular?

Questão 5: A formalização do contrato com o Consórcio vencedor atendeu aos preceitos

legais e sua execução foi adequada?

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33 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

Questão 6: O orçamento da obra de readequação da BR-230 encontra-se devidamente

detalhado (planilha de quantitativos e preços unitários) e acompanhado das composições de todos os

custos unitários de seus serviços?

Questão 7: Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os

do Sicro e com os valores de mercado?

Questão 8: Os procedimentos para aquisição de titularidade de terrenos de terceiros são

regulares?

187. Sobre a questão 1, não se constatou achado de auditoria, verificando-se que, antes da

realização da licitação para execução das obras, havia previsão orçamentária na LOA 2016 (Lei

13.255/2016), do valor de R$ 150.000.000,00 (Anexo I da LDO 2016, p. 78), suficiente para arcar com

a execução financeira dos serviços a serem realizados no exercício de 2016.

188. No que se refere à questão 2, constataram-se fragilidades nas ações efetivadas pela

Administração na gestão ambiental da obra, reveladas pelas ausências de licença de instalação e de

autorização para supressão vegetal, bem como pela insuficiência na justificativa para contratação de

empresa para assessoramento ambiental (Achado III.6).

189. Com relação à questão 3, verificou-se a elaboração de projeto executivo deficiente com

relação às obras de artes especiais e à localização das caixas de empréstimo e jazidas de solos, bem ainda

ante a ausência de projeto de iluminação (Achado III.1).

190. Acerca da questão 4, constatou-se restrição à competitividade da licitação decorrente de

critérios inadequados de habilitação (Achado III.9).

191. No que se refere à questão 5, constaram-se a ausência de cláusula essencial no contrato de

supervisão (Achado III.7), a celebração de contrato com consórcio liderado por empresa estrangeira

(Achado III.3), o pagamento antecipado referente ao serviço "Instalação do Canteiro de Obras" (Achado

III.4) e a ausência de efetividade das ações promovidas pela Administração para solucionar questões

relativas a desapropriações e remoções de interferências (item III.2).

192. Quanto à questão 6, verificou-se que orçamento do edital não trouxe as composições dos

custos unitários dos itens “Instalação do Canteiro de Obras”, “Mobilização e Desmobilização” e

“Manutenção do Canteiro de Obras (Achado III.8); e que a proposta contratada não apresentou

orçamento acompanhado da composição de todos os custos unitários de serviços (Achado III.5).

193. Com referência à questão 7, não foi constatado achado de auditoria.

194. Sobre a questão 8, constatou-se a ausência de efetividade das ações promovidas pela

Administração para solucionar questões relativas a desapropriações (Achado III.2).

195. A Tabela IV a seguir resume a avaliação acerca das questões de auditoria:

Tabela 4 – Relação Questões de auditoria X Achados

Questões de

auditoria Achados

Questão 1 -

Questão 2 Achado III.6

Questão 3 Achado III.1

Questão 4 Achado III.9

Questão 5 Achados III.2, III.3, III.4 e

III.7

Questão 6 III.5 e III.8

Questão 7 -

Questão 8 III.2

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34 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

Fonte: Elaboração própria.

196. As propostas de encaminhamento deste trabalho contemplam a realização de oitiva dos entes

auditados, para os Achados III.1 e III.2, III.6 a III.9, sem prejuízo de, em um momento processual

posterior, avaliar a pertinência da realização de audiências dos responsáveis pelos indícios de

irregularidade apontados nestes achados. Para os Achados III.3 a III.5, propõe-se a realização de

audiências dos responsáveis pelos os atos que culminaram na materialização das irregularidades.

197. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 276.159.962,98, que se refere

ao somatório nominal do valor pago à empresa que elaborou o projeto executivo (R$ 2.372.366,24,

jan/2009), e dos valores dos contratos celebrados para execução das obras (R$ 255.500.000,00,

nov/2015), para supervisão da execução das obras (R$ 8.437.000,00, out/2016) e para apoio à

desapropriação dos imóveis (R$ 1.114.944,67, fev/2016), e do orçamento previsto para contratação de

apoio técnico às demandas ambientais (R$ 8.735.652,07, jan/2017).

198. Entre os benefícios estimados desta fiscalização podem-se mencionar a correção de

irregularidades ou impropriedades, decorrentes de futuras determinações e recomendações.

V. Proposta de encaminhamento

199. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:

199.1. Com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da

União, que seja autorizada a realização das seguintes oitivas:

a) do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, na pessoa do seu

superintendente regional no estado da Paraíba; da empresa projetista Contécnica Consultoria Técnica

Ltda.; do Consórcio Construcap Copasa; da empresa supervisora Maia e Melo Engenharia Ltda.; para

que se manifestem no prazo de quinze dias, sobre os seguintes indícios de irregularidade:

a.1) aprovação de projeto executivo das obras de adequação da BR-230/PB – km 0,0 - km

28,1, apresentando as seguintes deficiências (Achado III.1 deste Relatório), em desacordo

com o disposto na na Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso X; art. 7º, § 1º; art. 7º, caput; art. 12; art.

40, § 2º, inciso I; art. 40, caput:

a.1.1.) projeto de obras de arte especiais – OAEs com divergências quanto ao número e

inclinação das estacas a serem executadas; ausência de memórias de cálculos das fundações

de três viadutos; número de sondagens inferior ao número de apoios; e ausência de

detalhamento das estacas raiz, em especial no que diz respeito à profundidade dessas peças;

a.1.2) estudos geotécnicos sem contemplar a pesquisa de caixas de empréstimo e jazidas de

solos aproveitáveis, disponíveis na região onde as obras serão executadas;

a.1.3) ausência do componente projeto de iluminação;

b) do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, na pessoa do seu

superintendente regional no estado da Paraíba; do Consórcio Construcap Copasa; da empresa

supervisora Maia e Melo Engenharia Ltda.; para que se manifestem no prazo de quinze dias, sobre

aausência de efetividade das ações promovidas pela Administração para solucionar questões relativas a

desapropriações e a remoções de interferências nas obras de adequação da BR-230/PB – km 0,0 - km

28,1, em desacordo com o disposto nas Diretrizes básicas para desapropriação – IPR-746/2011, p. 30 e

no Manual de procedimentos para permissão especial de uso das faixas de domínio de rodovias federais

e outros bens públicos sob jurisdição do DNIT – 2008, p. 15-16 e 41 (Achado III.2 deste Relatório);

c) do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, na pessoa do seu

superintendente regional no estado da Paraíba, para que se manifeste no prazo de quinze dias, sobre os

seguintes indícios de irregularidade:

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35 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

c.1) fragilidades nas ações efetivadas pela Administração na gestão ambiental das obras de

adequação da BR-230/PB – km 0,0 - km 28,1 – (Achado III.6 deste Relatório), em desacordo

com o disposto no art. 6º, inciso IX, e art. 12 da Lei 8.666/1993, e os arts. 3º e 8º da

Resolução/Conama 237/1997, especialmente quanto a:

c.1.1) autorização para início das obras sem Licença de Instalação;

c.1.2) ausência da Autorização para Supressão Vegetal – ASV; e

c.1.3) insuficiência na justificativa para a contratação de empresa para assessoramento

ambiental;

c.2) orçamento da Administração referente ao Edital 0296/2016 desacompanhado das

composições de preço unitários para os serviços “Instalação do Canteiro de Obras”,

“Mobilização e Desmobilização” e “Manutenção do Canteiro de Obras”, contrariando o

disposto no art. 7º, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/1993 e a jurisprudência do TCU (Achado

III.8 deste relatório);

c.3) indícios de restrição à competitividade no âmbito do certamente licitatório relativo ao

Edital 0296/16-13 em razão de ter ocorrido vedação, para licitantes consorciados, de

somatório de atestados para comprovar cada item na qualificação técnica operacional, em

afronta ao disposto no art. 33, inciso III, da Lei 8.666/1993 (Achado III.9 deste relatório);

d) do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, na pessoa do seu

superintendente regional no estado da Paraíba e da empresa supervisora Maia e Melo Engenharia Ltda.,

para que se manifestem no prazo de quinze dias, sobre o seguinte indício de irregularidade:

d.1) Contrato SR/PB-152/2017-00, firmado entre o DNIT e a empresa Maia Melo

Engenharia Ltda., sem constar cláusula prevendo, explicitamente, a redução ou mesmo a

suspensão de pagamentos à contratada nos casos em que ocorra diminuição do ritmo ou

paralisação total das obras objeto da supervisão, o que constitui descumprimento do

entendimento do Tribunal, conforme acórdãos 1840/2009-TCU-Plenário, item 9.1, e

1906/2009-TCU-Plenário, item 9.5.2 (Achado III.7 deste Relatório);

199.2. Com fundamento no art. 250, inciso IV, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da

União, que seja autorizada a realização das seguintes audiências:

a) do Sr. Luiz Clark Soares Maia, CPF: 040.065.774-00, na condição de Superintendente

Regional do DNIT/PB, à época, em razão de ter celebrado o Contrato 919/2016 com o

Consórcio Construcap-Copasa (Achado III.3), apesar de:

a.1) ter como líder do consórcio, no momento da formalização do termo, a empresa

espanhola Sociedade Anonima de Obras Y Servicios Copasa do Brasil (CNPJ

18.193.729/001-97), contrariando o disposto no § 1º do art. 33 da Lei 8.666/1993;

a.2) haver registros no sistema do Tribunal Superior do Trabalho – TST que geraram a

emissão de certidão positiva de débitos trabalhistas com efeito de negativa, em relação à

empresa Construcap, não sendo observado que os documentos exigidos no instrumento

convocatório deveriam ser apresentados em relação a cada consorciado, conforme inciso III

do art. 33 da Lei 8.666/1993 e item 8.11.9 do edital, e que a contratada deveria manter a

regularidade fiscal e trabalhista durante toda a execução do contrato, conforme inciso XIII

do art. 55 da Lei 8.666/1993 e item 26.2 do edital;

b) do Sr. João Paulo Natari Barbosa, CPF: 721.870.691-68, Superintendente Regional do

DNIT/PB, à época, e do Sr. Rainer Rembrandt Pierre Branco, CPF: 453.347.574-49, fiscal

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36 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

das obras, em razão de terem atestado as medições n.1 e n. 2 do Contrato 919/2016,

contemplando a antecipação de pagamento de parte do item "Instalação do canteiro de

Obras", em desacordo com o disposto no inciso III, § 2º, art. 63, da Lei 4320/1964

(Achado III.4 deste Relatório);

c) do Sr. Normando Lima de Oliveira Filho – CPF: 806.592.334-87, Superintendente

Regional do DNIT/PB, à época, em razão de ter homologado o procedimento licitatório

reativo ao e adjudicado o seu objeto ao Consórcio Construcap/Copasa, apesar deste licitante

não ter apresentado a composição de todos os seus preços unitários, conforme exigência

contida no item 14.3 do Edital 0296/16-13 (Achado III.5 deste Relatório);

d) do Sr. José Antônio de Araújo Neto – CPF: 045.635.694-02, membro da comissão

permanente de licitação - Edital 0296/16-13, à época, em razão de ter classificado e julgado

vencedora a proposta do Consórcio Construcap/Copasa, apesar deste licitante não ter

apresentado a composição de todos os seus preços unitários, conforme exigência contida no

item 14.3 do edital (Achado III.5 deste Relatório);

e) do Sr. Dácio Vales Lacerda – CPF: 690.020.534-87, presidente da comissão permanente

de licitação - Edital 0296/16-13, à época, em razão de ter classificado e julgado vencedora a

proposta do Consórcio Construcap/Copasa, apesar deste licitante não ter apresentado a

composição de todos os seus preços unitários, conforme exigência contida no item 14.3 do

edital (Achado III.5 deste Relatório);

f) do Sr. Marcos Antônio de Medeiros – CPF: 132.136.794-53, membro da comissão

permanente de licitação - Edital 0296/16-13, à época, em razão de ter classificado e julgado

vencedora a proposta do Consórcio Construcap/Copasa, apesar deste licitante não ter

apresentado a composição de todos os seus preços unitários, conforme exigência contida no

item 14.3 do edital (Achado III.5 deste Relatório).

Secex-PB, 30 de setembro de 2017.

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37 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

APÊNDICE A - Matriz de Achados

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

IGC - Projeto

executivo deficiente. Verificaram-se indícios de

que o projeto executivo das

obras de adequação da BR-

230/PB – km 0,0 - km 28,1,

já aprovado, apresenta

deficiências nos seguintes

componentes:

a)Projeto de Obras de Arte

Especiais – OAEs;

b)Estudos Geotécnicos; e

c)Projeto de Iluminação.

Contrato - Obras

de adequação da

Rodovia BR-

230/PB

Instrução

Normativa

1/2007, MT,

art. 4º

Lei

8666/1993,

art. 6º, inciso

X; art. 7º, §

1º; art. 7º,

caput ; art.

12; art. 40, §

2º, inciso I;

art. 40, caput

Norma

Técnica -

DNIT - IS-

206 –

Estudos

Geotécnicos

das Diretrizes

Básicas para

Elaboração

de Estudos e

Projetos

Rodoviários

– IPR-

717/2005.

Norma

Técnica -

Instituto

Brasileiro de

Peça 40 -

Pareceres

técnicos -

Projeto

Executivo -

parte 1, folhas

21/30

Peça 41 -

Pareceres

técnicos -

Projeto

Executivo -

parte 2, folhas

1/23

Peça 34 -

Relatório de

Supervisão -

março/2017 -

parte 1, folhas

90/133

Peça 35 -

Relatório de

Supervisão -

março/2017 -

parte 2, folhas

2/10

Peça 36 -

Relatório de

Supervisão -

abril/2017 -

parte 1, folhas

Deficiência de

controles

internos. Não

observância dos

pareceres

técnicos que

apontavam a

deficiência do

projeto

executivo das

obras de artes

especiais.

Necessidade de

complementar o

projeto executivo

para definir a

fundação das

obras de artes

especiais, as

jazidas e projeto

de iluminação, o

que pode ensejar

elevação de

preços e

formalização de

aditivos, bem

como ocasionar

atrasos na

execução do

empreendimento.

Oitiva

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38 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

Auditoria de

Obras

Públicas -

Orientação

Técnica OT-

IBR

001/2006 -

Projeto

Básico -

Tabela 6.2 -

Obras

rodoviárias

3/153

Peça 37 -

Relatório de

Supervisão -

abril/2017 -

parte 2, folhas

1/82

Peça 38 -

Relatório de

Supervisão -

abril/2017 -

parte 3, folhas

1/11

Peça 12 -

Volume 1 -

Relatório

Projeto 1,

folhas 37/206

Peça 13 -

Volume 1 -

Relatório

Projeto 2, folha

104

Peça 14 -

Volume 3

Projeto Mem

.Justificativa,

folhas 1/13

Peça 11 - Edital

da

Concorrência

para elaboração

do projeto

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39 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

executivo,

folhas 71/75

Peça 25 - Edital

inicial

0296/2016 -

Obras, folha 67

Peça 26 - Edital

0296/2016 -

Obras - versão

final, folha 66

IGC - Ausência de

efetividade das ações

promovidas pela

Administração para

solucionar questões

relativas a remoções

de interferências e

desapropriações

Verificaram-se atrasos na

liberação de frentes de

serviço em razão da ausência

de efetividade nas ações

promovidas pela

Administração para

solucionar questões relativas

a remoções de interferências

e desapropriações,

contrariando o disposto no

Manual de procedimentos

para permissão especial de

uso das faixas de domínio de

rodovias federais e outros

bens públicos sob jurisdição

do DNIT - 2008, p. 15-16 e

41, e nas Diretrizes básicas

para desapropriação – IPR-

716/2011, p. 30.

Contrato - Obras

de adequação da

Rodovia BR-

230/PB

Constituição

Federal, art.

5º, inciso

XXIV; art. 7º,

caput

Decreto Lei

3365/1941,

art. 2º, caput ;

art. 4º, caput

Norma

Técnica -

DNIT -

Diretrizes

básicas para

desapropriaçã

o – IPR-

746/2011, p.

30.

Norma

Técnica -

DNIT -

Manual de

procedimento

Peça 34 -

Relatório de

Supervisão -

março/2017 -

parte 1, folha

67

Peça 35 -

Relatório de

Supervisão -

março/2017 -

parte 2, folhas

16/38

Peça 36 -

Relatório de

Supervisão -

abril/2017 -

parte 1, folhas

3/161

Peça 38 -

Relatório de

Supervisão -

abril/2017 -

parte 3, folhas

Projeto

executivo

deficiente e

riscos mal

gerenciados que

se

materializaram

Atrasos no

cronograma físico

da obra e

prejuízos

decorrentes de

pagamentos

adicionais de

serviços por conta

da dilação de

prazo

Oitiva

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40 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

s para

permissão

especial de

uso das faixas

de domínio

de rodovias

federais e

outros bens

públicos sob

jurisdição do

DNIT - 2008,

p. 15-16 e 41.

10/11

Peça 46 -

Ofício de

atendimento

Dnit/PB, folhas

1/2

IGC - Celebração de

contrato com

consórcio liderado

por empresa

estrangeira.

Constatou-se a formalização

de contrato entre a SR-

DNIT/PB e o Consórcio

Construcap/Copasa, apesar

de, no momento dessa

formalização, a empresa líder

deste consórcio ser a

Sociedade Anonima de Obras

Y Servicios Copasa do Brasil

(CNPJ 18.193.729/001-97)

uma empresa espanhola,

contrariando o disposto no §

1º do art. 33 da Lei

8.666/1993.

Contrato - Obras

de adequação da

Rodovia BR-

230/PB

Edital

0491/09-

13/2009,

DNIT, item

9.1.2, alínea

C

Edital

0491/09-

13/2009,

DNIT, item

19.1.3

Edital

0491/09-

13/2009,

DNIT, item

26.2

Edital

0491/09-

13/2009,

DNIT, item

8.11.9

Peça 26 - Edital

0296/2016 -

Obras - versão

final, folhas

8/34

Peça 31 - Ata

de julgamento,

termos de

homologação/a

djudicação e

contrato, folhas

6/27

Peça 33 -

Composição

BDI Dnit -

contratos -

ordens de

serviços, folha

3

Urgência para

empenhar e

garantir os

recursos

financeiros

Contratação ilegal

de consórcio que

não manterá as

condições de

habilitação

Audiência de

Responsável (Luiz Clark

Soares Maia)

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41 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

Edital

0491/09-

13/2009,

DNIT, item

8.11.10

Lei

8666/1993,

art. 29, inciso

V; art. 33, §

1º; art. 33,

inciso III; art.

55, inciso

XIII

IGC - Pagamento

antecipado referente

ao serviço "Instalação

do Canteiro de

Obras" .

Constatou-se a medição de

99,30% do item “ Instalação

do canteiro de obras” sem

que houvesse comprovação

da realização desse percentual

do serviço, contrariando o

disposto no inciso III, § 2º,

art. 63, da Lei 4320/1964.

Contrato - Obras

de adequação da

Rodovia BR-

230/PB

Lei

8666/1993,

art. 66, caput

Peça 26 - Edital

0296/2016 -

Obras - versão

final, folha 66

Peça 29 -

Proposta do

Consórcio

vencedor -

parte 2, folha 6

Peça 32 - Atas

de reuniões

técnicas -

Dnit/PB, folhas

5/8

Peça 20 -

Volume 4 -

Orçamento -

parte 1, folha

13

Peça 22 -

Projeto

executivo

deficiente e

riscos mal

gerenciados que

se

materializaram

Prejuízos gerados

por pagamentos

indevidos

Audiência de

Responsável (Rainer

Rembrandt Pierre

Branco, Joao Paulo

Natari Barbosa)

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42 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

Volume 4 -

Orçamento -

parte 3, folha 5

Peça 24 -

Volume 4 -

Orçamento -

parte 5, folhas

24/29

Peça 20 -

Volume 4 -

Orçamento -

parte 1, folhas

117/123

Peça 42 -

Boletim de

medição -

março/2017,

folhas 1/4

Peça 43 -

Boletim de

medição -

abril/2017,

folhas 1/5

IGC - Proposta

contratada não

apresenta orçamento

acompanhado da

composição de todos

os custos unitários de

serviços.

Constatou-se que a proposta

de preços apresenta pelo

Consórcio vencedor da

licitação relativa ao Edital

0296/16-13 não apresenta

orçamento acompanhado de

todas as respectivas

composições de preços

unitários, contrariando o

disposto no item 14.4 do

Contrato - Obras

de adequação da

Rodovia BR-

230/PB

Lei

8666/1993,

art. 43, inciso

IV; art. 43,

inciso V; art.

44, caput ;

art. 45, caput

; art. 48,

caput , inciso

II

Peça 29 -

Proposta do

Consórcio

vencedor -

parte 2, folhas

18/157

Peça 30 -

Proposta do

Consórcio

vencedor -

Deficiência de

controles

internos.

Inexecução do

objeto contratado

em virtude de

preços

eventualmente

inexequíveis.

Audiência de

Responsável (Normando

Lima de Oliveira Filho,

Jose Antonio de Araujo

Neto, Dacio Vales

Lacerda, Marcos

Antonio de Medeiros)

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43 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

referido edital. parte 3, folhas

1/93

IGC - Fragilidades

nas ações efetivadas

pela Administração

na gestão ambiental

da obra.

Verificaram-se indícios de

irregularidade relacionados às

questões ambientais atinentes

à obra de adequação da BR-

230/PB, destacando-se os

apontamentos listados a

seguir:

a)Obra iniciada sem Licença

de Instalação;

b)Ausência da Autorização

para Supressão Vegetal –

ASV;

c)Insuficiência na

justificativa para a

contratação de empresa para

assessoramento ambiental.

Contrato - Obras

de adequação da

Rodovia BR-

230/PB

Constituição

Federal, art.

37, caput ;

art. 70, caput

Lei

8666/1993,

art. 6º, inciso

IX; art. 12

Portaria

289/2013,

Ministério do

Meio

Ambiente,

art. 19, § 4º

Resolução

237/1997,

Conama, art.

2º;art. 3º;art.

Peça 46 -

Ofício de

atendimento

Dnit/PB, folhas

1/2

Peça 15 -

Volume 3A -

Relatório Final

de Avaliação

Ambiental,

folhas 1/203

Peça 45 - Edital

para

contratação de

assessoramento

ambiental,

folhas 1/106

Peça 44 -

Ofícios DNIT-

IBAMA -

Questão

ambiental,

folhas 1/2

Peça 36 -

Relatório de

Supervisão -

abril/2017 -

parte 1, folhas

68/118

Desorganização

administrativa

do órgão.

Deficiência de

controles

internos.

Insuficiência de

pessoal com

conhecimento da

legislação

ambiental.

Possibilidade de

paralisação das

obras em razão da

falta da licença

ambiental.

Possibilidade de

atraso no

cronograma das

obras em função

de exigências

oriundas dos

órgãos

fiscalizadores do

meio ambiente.

Possibilidade de

dano ao erário.

Oitiva

IGC - Ausência de

cláusula essencial no

Verificou-se que no contrato

SR/PB-152/2017-00, firmado

Contrato -

Supervisão das

Acórdão

1840/2009,

Peça 33 -

Composição

Como possível

causa, cita-se a

futuros litígios na

esfera judicial. Oitiva

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44 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

contrato de

supervisão. entre o DNIT e a empresa

Maia Melo Engenharia Ltda.,

tendo como objeto os

serviços de supervisão das

obras de adequação da BR-

230/PB, não consta cláusula

prevendo, explicitamente, a

redução ou mesmo a

suspensão de pagamentos à

contratada (Maia Melo) nos

casos em que ocorra

diminuição do ritmo ou

paralisação total das obras

objeto da supervisão, o que

constitui descumprimento do

entendimento do Tribunal,

conforme acórdãos

1840/2009-TCU-Plenário,

item 9.1, e 1906/2009´TCU-

Plenário, item 9.5.2.

obras item 9.1,

Tribunal de

Contas da

União,

Plenário

Acórdão

1906/2009,

item 9.5.2,

Tribunal de

Contas da

União,

Plenário

BDI Dnit -

contratos -

ordens de

serviços, folhas

12/21

deficiência na

elaboração da

minuta do

contrato de

supervisão.

Ocorrência de

pagamento

antecipado.

Prejuízo ao erário,

em função de

pagamento pelos

serviços de

supervisão de

obra

eventualmente já

paralisada que

porventura venha

a ser

definitivamente

abandonada.

IGC - Orçamento do

edital sem as

composições dos

custos unitários dos

itens “ Instalação do

Canteiro de Obras” ,

“ Mobilização e

Desmobilização” e

“ Manutenção do

Canteiro de Obras” .

Apurou-se que o orçamento

da Administração referente ao

Edital 0296/2016 não traz as

respectivas composições de

preço unitários para os

serviços “ Instalação do

Canteiro de Obras” ,

“ Mobilização e

Desmobilização” e

“ Manutenção do Canteiro de

Obras” , contrariando o

disposto no art. 7º, § 2º,

inciso II, da Lei 8.666/1993 e

a jurisprudência do TCU.

Contrato - Obras

de adequação da

Rodovia BR-

230/PB

Acórdão

1391/2004,

item 9.3,

TCU-Plenário

Acórdão

1387/2006,

item 9.1.5,

TCU-Plenário

Acórdão

2065/2006,

item 9.1,

TCU-Plenário

Acórdão

Peça 20 -

Volume 4 -

Orçamento -

parte 1, folhas

91/126

Peça 22 -

Volume 4 -

Orçamento -

parte 3, folhas

5/9

Peça 26 - Edital

0296/2016 -

Obras - versão

final, folha 143

Deficiência de

controles

internos

Prejuízos gerados

por pagamentos

indevidos

Oitiva

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45 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

325/2007,

item 5, TCU,

Plenário

Decisão

930/2001,

item 8.2.2,

TCU-Plenário

Decisão

930/2001,

item 8.2.1,

TCU-Plenário

Decisão

1332/2002,

TCU

Lei

8666/1993,

art. 6º, inciso

IX; art. 6º,

inciso X; art.

7º, § 2º,

inciso II; art.

7º, § 4º; art.

12; art. 40, §

2º, inciso II

Peça 29 -

Proposta do

Consórcio

vencedor -

parte 2, folha

15

IGC - Restrição à

competitividade da

licitação decorrente

de critérios

inadequados de

habilitação.

Verificaram-se indícios de

restrição à competitividade no

âmbito do certamente

licitatório relativo ao Edital

0296/16-13 em razão de ter

ocorrido vedação de

somatório de atestados para

comprovar cada item relativo

à qualificação técnica

Contrato - Obras

de adequação da

Rodovia BR-

230/PB

Lei

8666/1993,

art. 3º; art.

27; art. 30;

art. 33, caput

, inciso III;

art. 44

Peça 26 - Edital

0296/2016 -

Obras - versão

final, folhas

13/16

Peça 27 -

Cadernos de

perguntas/respo

stas e

Entendimento

diverso de

técnicos do Dnit

Restrição à

competição, com

a ausência de

eventuais

interessados

Oitiva

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46 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

operacional, inclusive para

licitantes consorciados, em

afronta ao disposto no art. 33,

inciso III, da Lei 8.666/1993.

impugnações,

folhas 1/80

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47 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

APÊNDICE B - Matriz de Responsabilização

ACHADO RESPONSÁVEL(IS) PERÍODO DE

EXERCÍCIO CONDUTA

NEXO DE CAUSALIDADE

(entre a conduta e o resultado ilícito) CULPABILIDADE

Celebração de contrato com

consórcio liderado por

empresa estrangeira.

Luiz Clark Soares Maia

(CPF: 040.065.774-00) Chefe do Serviço de

Engenharia - SRPB (de

11/12/2014 até

11/12/2014)

Celebrou contrato

com o Consórcio

Construcap/Copasa

liderado por empresa

estrangeira.

O ato de celebrar o contrato ocasionou

a contratação irregular. A conduta do

responsável é culpável,

ou seja, reprovável,

razão pela qual ele deve

ser ouvido em audiência

a fim de avaliar se

merece ser apenado com

a aplicação de multa.

Pagamento antecipado

referente ao serviço

"Instalação do Canteiro de

Obras" .

Rainer Rembrandt Pierre

Branco (CPF: 453.347.574-

49)

Fiscal do Contrato

919/2016 (desde

30/12/2016)

Atestaram a

execução dos

serviços

correspondentes ao

item "Instalação do

Canteiro de Obras"

na primeira e

segunda medições

ocorridas.

A atestação das medições, em

desacordo com o projeto e com o

efetivamente executado, caracterizou

pagamento antecipado.

A conduta dos

responsáveis é culpável,

ou seja, reprovável,

razão pela qual eles

devem ser ouvidos em

audiência a fim de

avaliar se merecem ser

apenados com a

aplicação de multas.

Joao Paulo Natari Barbosa

(CPF: 721.870.691-68) Superintendente

Regional do DNIT/PB

(desde 17/05/2017)

Proposta contratada não

apresenta orçamento

acompanhado da

composição de todos os

custos unitários de serviços.

Normando Lima de Oliveira

Filho (CPF: 806.592.334-87) Superintendente

Regional do DNIT/PB

(de 10/08/2016 até

16/02/2017)

Classificar e julgar

vencedora a proposta

apresentada pelo

Consórcio

Construcap/Copasa

(Srs. Dácio Vales

Lacerda, José

Antônio de Araújo

Neto e Marcos

Antônio de

Medeiros).

Homologar o

procedimento

A classificação, o julgamento como

vencedora da proposta apresentada

pelo Consórcio Construcap/Copasa e a

homologação do procedimento

licitatório, apesar deste licitante não

ater apresentado a composição de

todos os seus preços unitários,

descumpriu a exigência contida no

item 14.3 do edital.

As condutas dos

responsáveis são

culpáveis, ou seja,

reprováveis, razão pela

qual eles devem ser

ouvidos em audiência a

fim de avaliar se

merecem ser apenados

com a aplicação de

multas.

Jose Antonio de Araujo Neto

(CPF: 045.635.694-02) Membro da Comissão

Permanente de Licitação

do DNIT/PB (de

04/01/2016 até

30/12/2016)

Dacio Vales Lacerda (CPF:

690.020.534-87) Presidente da Comissão

Permanente de Licitação

do DNIT/PB (de

04/01/2016 até

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48 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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ACHADO RESPONSÁVEL(IS) PERÍODO DE

EXERCÍCIO CONDUTA

NEXO DE CAUSALIDADE

(entre a conduta e o resultado ilícito) CULPABILIDADE

30/12/2016) licitatório e

adjudicar o seu

objeto ao Consórcio

Construcap/Copasa

(Sr. Normando Lima

de Oliveira Filho).

Marcos Antonio de Medeiros

(CPF: 132.136.794-53) Membro da Comissão

Permanente de Licitação

do DNIT/PB (de

04/01/2016 até

30/12/2016)

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49 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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APÊNDICE C - Fotos

Pátio externo do canteiro de obras

Pátio externo do canteiro

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50 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Pátio externo do canteiro de obras - armação

Laboratório - canteiro de obras

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51 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Almoxarifado do canteiro de obras

Frente de serviço - OAE Estaca 307

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52 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Frente de serviço - OAE Estaca 307

Área de ensaios da Supervisora

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53 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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APÊNDICE D - Dados da obra

1. Dados Cadastrais

Obra bloqueada na LOA deste ano: Não

1.1. Execução física, orçamentária e financeira

1.1.1. Execução física

Data de vistoria: 22/06/2017 Percentual executado: 1,58%

Data do início da obra: 10/03/2017 Data prevista para conclusão: 10/03/2020

Situação na data da vistoria: Em andamento

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Instalação do canteiro de obras, mobilização, manutenção do canteiro de obras, serviços preliminares,

terraplenagem

Observações:

1.1.2. Execução orçamentária e financeira

Valor estimado para conclusão: R$ 288.321.768,63

Valor estimado global da obra: R$ 288.740.674,04

Data base da estimativa: 22/06/2017

Observações:

1.2. Contratos principais

Nº contrato: 00919/2016

Objeto do contrato:

Execução das obras de adequação de capacidade e segurança da Rodovia BR-230/PB. Subtrecho Cabedelo/PB -

Entr. BR-101 (A), segmento km 0,0 - km 28,1, extensão de 26,60 km. A obra compreende a execução de 14

viadutos e ampliação de outros 3; de 14 passarelas para pedestres; de 37,93 km de vias marginais; de 15.040 m

de ciclovias; de terceira faixa de rolamento; de serviços de restauração e manutenção; de serviços de drenagem;

de adequação e implantação de iluminação pública.

Data da assinatura: 30/12/2016 Mod. licitação: Concorrência

SIASG: 393017-919-2016 Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 18.193.729/0001-97 Razão social: Sociedad Anonima de Obras Y Servicios

Copasa do Brasil

CNPJ contratante: 04.892.707/0001-00 Razão social: Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes

Situação inicial Situação atual

Vigência: 10/03/2017 a 22/02/2020 Vigência: 10/03/2017 a 22/02/2020

Valor: R$ 255.499.965,86 Valor: R$ 267.783.155,32

Data-base: 01/11/2015 Data-base: 01/11/2015

Volume de serviço: 27 km Volume de serviço: 27 km

Custo unitário: R$ 9.462.961,69 Custo unitário: R$ 9.917.894,64

BDI: 29.98% BDI: 29.98%

Nº/Data aditivoAtual:

Situação do contrato: Em andamento.

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54 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Alterações do objeto:

Observações:

1.3. Contratos secundários

Nº contrato: 00152/2017

Objeto do contrato:

Execução dos serviços de supervisão das obras de adequação de capacidade e segurança da rodovia BR-230/PB

CNPJ contratada: 08.156.424/0001-51 Razão social: Maia Melo Engenharia Ltda.

CNPJ contratante: 04.892.707/0001-00 Razão social: Departamento Nacional de Infraestrutura

de Transportes

SIASG: null-152-2017 Código interno do SIASG:

Data-base: 01/10/2016 Valor atual: R$ 8.347.000,00

Situação atual: Em andamento. Vigência atual: 10/03/2017 a 22/05/2020

BDI inicial: BDI atual:

Observações:

Nº contrato: 165/2017

Objeto do contrato:

Apoio aos serviços de desapropriação das obras de adequação e segurança da rodovia BR-230/PB

CNPJ contratada: 18.518.276/0001-21 Razão social: Eba - Empresa Brasileira de Avaliações

Assessoria, Gerenciamento e Supervisão de Projetos

Ltda.-ME

CNPJ contratante: 04.892.707/0001-00 Razão social: Departamento Nacional de Infraestrutura

de Transportes

SIASG: null-165-2017 Código interno do SIASG:

Data-base: 01/05/2016 Valor atual: R$ 1.114.944,67

Situação atual: Em andamento. Vigência atual: 03/04/2017 a 27/05/2018

BDI inicial: BDI atual:

Observações:

1.4. Histórico de fiscalizações

A classe da irregularidade listada é referente àquela vigente em 30 de novembro do ano da

fiscalização.

2014 2015 2016

Obra já fiscalizada pelo TCU (no âmbito do Fiscobras)? Não Não Não

Foram observados indícios de irregularidades graves? Não Não Não

2. Deliberações do TCU

A listagem poderá conter deliberações de processos já encerrados.

Processo de interesse (deliberações até a data de início da auditoria)

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55 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

Não há deliberações para os processos de interesse até a data de início da auditoria.

Processo de interesse (deliberações após a data de início da auditoria)

Não há deliberações até a emissão desse relatório.

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56 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

APÊNDICE E - Achados reclassificados após a conclusão da fiscalização

1. Achados desta fiscalização

1.1. Não há.

2. Achados de outras fiscalizações

2.1. Não há.

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57 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

APÊNDICE F - Despachos

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria Geral de Controle Externo

Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

Rodoviária e de Aviação Civil

Processo: 013.183/2017-6

Fiscalização: 169/2017

Objetivo: fiscalizar as obras de

adequação de capacidade e segurança da

Rodovia BR-230/PB, entre o Km 0 e o

Km 28,1

DESPACHO

Manifesto-me de acordo com a proposta da equipe de auditoria, constante de peça anterior.

Em 30 de setembro de 2017. Encaminhe-se ao secretário.

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58 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria Geral de Controle Externo

Secretaria de Controle Externo no Estado da

Paraíba

Processo: 013.183/2017-6

Fiscalização: 169/2017

Objetivo: fiscalizar as obras de

adequação de capacidade e segurança da

Rodovia BR-230/PB, entre o Km 0 e o

Km 28,1

DESPACHO

Manifesto-me de acordo com a proposta da equipe de auditoria.

Em 30 de setembro de 2017. Encaminhe-se ao Gab. do Min. Subst. Augusto Sherman.

______________________________________________________

Aderaldo Tiburtino Leite

Diretor - 1ª Diretoria - SECEX-PB

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59 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

TC 013.183/2017-6

Natureza: RELATÓRIO DE AUDITORIA

Órgão/Entidade: DEPARTAMENTO NACIONAL DE

INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES;

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO DNIT NO

ESTADO DA PARAÍBA - DNIT/MT

Pronunciamento da Unidade

Conforme os itens 9.5.1. do Acórdão 644/2016-TCU-Plenário, de relatoria do Ministro

Raimundo Carreiro, e 9.3. do Acórdão 2757/2016-TCU-Plenário, de relatoria do Ministro Aroldo

Cedraz, manifesto-me de acordo com a conclusão e proposta de encaminhamento do Relatório de

Fiscalização (peça 58).

Encaminhem-se os autos ao Gabinete do Ministro Relator, Exmo Sr. Augusto Sherman

Cavalcante.

SeinfraRodoviaAviação, em 30 de setembro de 2017.

(assinado eletronicamente)

Luiz Fernando Ururahy de Souza

Secretário – Matr. 6245-6

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60 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

ANEXO A - Deliberações

TC 013.183/2017-6

Natureza: Relatório de Auditoria

Órgão/Entidade/Unidade: Superintendência Regional do Dnit no

Estado da Paraíba - DNIT/MT.

DESPACHO

À Secex/PB,

Trata-se de auditoria realizada no âmbito do Fiscobras 2017 abordando as obras de

adequação de capacidade e segurança da Rodovia BR-230/PB, subtrecho Cabedelo/PB - Entr. BR-101

(A), segmento km 0,0 - km 28,1, extensão de 26,60.

2. O projeto executivo da obra foi elaborado pela empresa Contécnica Consultoria Técnica

Ltda., no período de 2012 a 2014. Já o contrato para execução (Contrato SR-DNIT/PB 919/2016) foi

celebrado com o Consórcio Construcap/Copasa em 30/12/2016, vencedor da concorrência objeto do

Edital 0296/16-13, no valor de R$ 255.500.000,00 (nov/2015). A ordem de serviço foi emitida em

10/3/2017. O valor contratual foi elevado para R$ 267.783.155,32, consoante apostila que incluiu

parcela de reajustamento de preços do contrato, em 16/5/2017, no valor de R$ 12.283.189,46. Até o

momento da auditoria, haviam sido efetuadas duas medições, ainda não pagas, no valor total de R$

4.122.371,49.

3. A equipe de auditoria da Secex/PB identificou os seguintes indícios de irregularidade:

a) projeto executivo deficiente quanto às obras de arte especiais (divergências quanto ao

número e inclinação das estacas a serem executadas; ausência de memórias de cálculos das fundações

de três viadutos; número de sondagens inferior ao número de apoios; e ausência de detalhamento das

estacas raiz, em especial no que diz respeito à profundidade dessas peças);

b) projeto executivo deficiente no tocante aos estudos geotécnicos, que deixaram de

contemplar a pesquisa de caixas de empréstimo e jazidas de solos aproveitáveis, disponíveis na região;

c) projeto executivo deficiente em vista da ausência de projeto de iluminação;

d) ausência de efetividade das ações promovidas pela Administração para solucionar

questões relativas a remoções de interferências (redes de telefonia, de iluminação e elétrica) e

desapropriações, o que poderá eventualmente vir a se refletir no ritmo de execução do empreendimento;

e) celebração de contrato com consórcio liderado por empresa estrangeira, Sociedade

Anonima de Obras Y Servicios Copasa do Brasil, empresa espanhola, contrariando o disposto no art. 33,

§ 1º, da Lei 8.666/1993;

f) pagamento antecipado referente ao serviço "Instalação do Canteiro de Obras";

g) orçamento incompleto na proposta contratada quanto à composição dos custos unitários

de parte dos serviços, sendo que, em alguns dos respectivos preços ofertados na licitação, observam-se

significativas diferenças em relação aos preços constantes do orçamento de referência da SR-DNIT/PB

ou mesmo em relação aos preços ofertados pelos demais licitantes;

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61 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba

h) fragilidades nas ações efetivadas pela Administração na gestão ambiental da obra (obra

iniciada sem Licença de Instalação; ausência da Autorização para Supressão Vegetal (ASV);

insuficiência na justificativa para a contratação de empresa para assessoramento ambiental);

i) ausência, no contrato de supervisão de cláusula prevendo explicitamente a redução ou a

suspensão de pagamentos nos casos em que ocorra diminuição do ritmo ou paralisação total das obras

objeto da supervisão, o que se constitui em descumprimento aos Acórdãos 1840/2009-Plenário e

1906/2009-Plenário;

j) orçamento do edital sem as composições dos custos unitários dos itens “Instalação do

Canteiro de Obras”, “Mobilização e Desmobilização” e “Manutenção do Canteiro de Obras”;

k) restrição à competitividade da licitação decorrente da vedação ao somatório de atestados

para comprovar cada item relativo à qualificação técnica operacional, inclusive para licitantes

consorciados, em afronta ao disposto no art. 33, inciso III, da Lei 8.666/1993.

4. Esses indícios foram classificados como IG-C pela equipe, que considerou não serem

materialmente relevantes e não configurarem graves desvios relativamente aos princípios

constitucionais, ainda que potencialmente possam vir a ocasionar prejuízos ao erário. Esse

posicionamento foi endossado pelo corpo diretivo da unidade e pela Secretaria de Fiscalização de

Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil.

5. Como encaminhamento, foi sugerido:

a) realizar-se a oitiva, com fundamento no art. 250, inciso V, do RI/TCU, da SR-Dnit/PB,

da empresa projetista, da empresa contratada e da supervisora, conforme o caso, relativamente às

ocorrências constantes das alíneas a/d e h/k retro;

b) promover-se a audiência, com fundamento no art. 250, inciso IV, do RI/TCU, dos gestores

da SR-Dnit/PB, dos fiscais das obras e da CPL, conforme o caso, quanto às ocorrências listadas nas

alíneas e/g supra.

6. Em vista das razões alinhadas pela Secex/PB e pela SeinfraRodoviaAviação, acolho a

classificação atribuída às irregularidades constatadas e, com fundamento no art. 157 do RI/TCU, autorizo

a unidade técnica a adotar as providências sugeridas no relatório de auditoria, em conformidade com o

que constou das peças 58/61.

Brasília, 5 de outubro de 2017.

(Assinado Eletronicamente)

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

Relator