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1 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TC n. 011.450/2016-9 Fiscalização n. 158/2016 Relator: Augusto Sherman DA FISCALIZAÇÃO Modalidade: Conformidade Ato originário: Acórdão 664/2016 - Plenário Objeto da fiscalização: (PAC) Construção da FNS-Extensão SUL - Lotes 1S a 4S (GO) Funcional programática: 26.783.2087.11ZH.0052/2016 - Construção da Ferrovia Norte-Sul - Ouroverde de Goiás/GO - São Simão/GO - EF-151 no estado de Goiás Tipo da Obra: Ferrovia Período abrangido pela fiscalização: De 02/05/2016 a 14/06/2016 DO ÓRGÃO/ENTIDADE FISCALIZADO Órgão/entidade fiscalizado: Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S/A Vinculação (ministério): Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil Vinculação TCU (unidade técnica): Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária Responsável pelo órgão/entidade: nome: Mario Rodrigues Junior cargo: Ex-Diretor de Engenharia da Valec e atual Diretor Presidente período: A partir de 27/11/2013 Outros responsáveis: vide peça: “Rol de responsáveis” PROCESSOS DE INTERESSE - TC 012.612/2012-0 - TC 012.460/2013-3 - TC 010.792/2014-7

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · cultivo e beneficiamento de soja, sorgo, açúcar e milho; na pecuária, a produção de carnes (bovinos, Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

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1 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO

TC n. 011.450/2016-9 Fiscalização n. 158/2016

Relator: Augusto Sherman

DA FISCALIZAÇÃO

Modalidade: Conformidade

Ato originário: Acórdão 664/2016 - Plenário

Objeto da fiscalização: (PAC) Construção da FNS-Extensão SUL - Lotes 1S a 4S (GO)

Funcional programática:

26.783.2087.11ZH.0052/2016 - Construção da Ferrovia Norte-Sul - Ouroverde

de Goiás/GO - São Simão/GO - EF-151 no estado de Goiás

Tipo da Obra: Ferrovia

Período abrangido pela fiscalização: De 02/05/2016 a 14/06/2016

DO ÓRGÃO/ENTIDADE FISCALIZADO

Órgão/entidade fiscalizado: Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S/A

Vinculação (ministério): Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil

Vinculação TCU (unidade técnica): Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica

e Ferroviária

Responsável pelo órgão/entidade: nome: Mario Rodrigues Junior

cargo: Ex-Diretor de Engenharia da Valec e atual Diretor Presidente

período: A partir de 27/11/2013

Outros responsáveis: vide peça: “Rol de responsáveis”

PROCESSOS DE INTERESSE

- TC 012.612/2012-0

- TC 012.460/2013-3

- TC 010.792/2014-7

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2 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

Resumo

1. Trata-se de auditoria realizada na Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A, no

período compreendido entre 2/5/2016 a 14/6/2016, com o objetivo de fiscalizar as Obras de

Construção da Ferrovia Norte Sul - Extensão Sul - Lotes 1 a 4 - no Estado de Goiás.

2. A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo

aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:

a) Questão 1: A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi

adequada?

b) Questão 2: Como foram alocados os riscos na contratação e na execução da obra, na

modalidade de licitação pelo RDC?

3. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 2.582.321.537,06, nos Lotes

1S a 4S.

4. Para cálculo dos valores fiscalizados foram considerados apenas os contratos de obra,

conforme mostrado a seguir: Contrato 64/2010 (Lote 1S), rescindido no mês 6/2016,

R$ 480.571.043,52; Contrato 65/2010 (Lote 2S), R$ 525.858.160,13; Contrato 66/2010 (Lote 3S),

R$ 780.842.239,63 e Contrato 36/2014 (Lote 3SA), R$ 182.987.677,01 e Contrato 67/2010 (Lote 4S)

R$ 612.062.416,77.

5. Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal

de Contas da União (Portaria-TCU 280, de 8 de dezembro de 2010, alterada pela Portaria-TCU 168, de

30 de junho de 2011) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo

TCU (Portaria-Segecex 26, de 19 de outubro de 2009).

6. Durante o planejamento e a execução da auditoria, foram levantadas as informações acerca

dos objetos de auditoria, por meio de ofícios de requisições enviados à Valec e da análise do laudo da

DPF. Foram utilizadas técnicas de análises documentais, conferências de cálculos, bem como a

realização de visitas às obras.

7. Entre os benefícios estimados desta fiscalização, pode-se mencionar a expectativa de

controle, a recuperação de danos ao erário, as determinações à estatal, o dever de cumprir as

jurisprudências exaradas pelo TCU nas contratações pela modalidade do Regime Diferenciado de

Contratações - RDC.

8. Em atendimento ao subitem 9.4.6 do Acórdão 664/2016-TCU-Plenário, foi mantido o

relator dos processos pendentes para o empreendimento, Exmo. Min. Augusto Sherman.

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Sumário

I Apresentação ..................................................................................................................................... 4

I.1. Síntese da implantação da Ferrovia Norte-Sul: ......................................................................... 4

I.2. Importância socioeconômica ..................................................................................................... 4

II Introdução ......................................................................................................................................... 5

II.1. Deliberação que originou o trabalho ......................................................................................... 5

II.2. Visão geral do objeto ................................................................................................................. 5

II.3. Objetivo e questões de auditoria .............................................................................................. 9

II.4. Metodologia utilizada .............................................................................................................. 11

II.5. Limitações inerentes à auditoria .............................................................................................. 11

II.6. Volume de recursos fiscalizados ............................................................................................. 11

II.7. Benefícios estimados da fiscalização ...................................................................................... 11

III Achados de auditoria ....................................................................................................................... 11

III.1. Transporte de brita e rachão em distâncias superiores aos previstos em projetos ............... 11

III.2. Insuficiência de motivação para a permuta de jazida de brita indicada em projeto............. 19

III.3. A brita aplicada como Lastro Ferroviário não atende à Norma Técnica da Valec .............. 24

III.4. Justificativa insuficiente para o uso de contratação integrada ............................................. 28

IV. Conclusão ........................................................................................................................................ 31

V. Proposta de encaminhamento ......................................................................................................... 34

I. Matriz de Achados .............................................................................................................................. 35

II. Matriz de Responsabilização ............................................................................................................. 44

III. Fotos ................................................................................................................................................. 45

IV. Dados da obra ................................................................................................................................... 46

V. Achados de outras fiscalizações ........................................................................................................ 54

APÊNDICE A - Achados reclassificados após a conclusão da fiscalização .......................................... 55

APÊNDICE B - Despachos .................................................................................................................... 56

ANEXO A - Deliberações ...................................................................................................................... 64

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4 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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I Apresentação

9. A Valec recebeu do governo federal, por meio do Decreto 94.813, de 1 de setembro de

1987, e da Lei 11.772, de 17 de setembro de 2008, a concessão para a construção e a operação da

Ferrovia Norte-Sul (FNS), denominada no plano nacional de viação de EF-151, cujo traçado planejado

(3.100 km) é iniciado em Belém (PA) e segue até o município de Panorama (SP). Entretanto, ainda se

considera como km 0 da FNS o pátio ferroviário em Açailândia (MA). A Valec e a União/ANTT

ratificaram essa concessão em 8 de junho de 2006. Estão implantados aproximadamente 1.575 km da

FNS, dos quais estão em efetiva operação ferroviária 720 km subconcedidos à FNS S.A., empresa do

grupo Vale S.A. (atualmente VLI).

I.1. Síntese da implantação da Ferrovia Norte-Sul:

10. O trecho entre Açailândia (TO) e Aguiarnópolis (MA) é o mais antigo trecho da FNS,

porém não foi executado pela Valec.

11. A Valec iniciou a construção entre 2003 e 2006, a partir de Aguiarnópolis (TO) sentido a

Palmas/Porto Nacional (TO).

12. Atualmente o segmento Açailândia (MA) km 0 - Palmas/Porto Nacional (TO) km 720

(subconcessão FNS S.A.), está em operação.

13. O trecho Porto Nacional (TO) - Ouro Verde (GO) - Anápolis (GO) está concluído. As

obras nesse trecho tiveram seu início entre 2006 e 2007 tendo os contratos originais sido finalizados

em 2015, sendo que, como as obras inicialmente previstas não foram integralmente concluídas sob a

vigência desses contratos, as obras foram complementadas por meio de novos contratos licitados na

pelo Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) para obras remanescentes dos contratos

originários.

14. O trecho Ouro Verde (GO) - Estrela d' Oeste (SP) – se encontra em obras. O segmento de

682 km de extensão é denominado pela Valec de Extensão Sul da FNS. Os contratos de construção

estão em estágio de finalização, acima de 90 %. Esse segmento permitirá a interligação da FNS com o

sistema ferroviário existente, de modo a dar acesso aos Portos da Região Sudeste e a integração de

forma efetiva das regiões Sul e Sudeste com as regiões Norte e Nordeste.

15. Esta fiscalização teve como objeto os Lotes (contratos) de construção 1S (64/2010), 2S

(65/2010), 3S (66/2010), 3SA (36/2014) e 4S (67/2010) da Extensão Sul da Ferrovia Norte Sul,

localizados entre a cidade de Ouro Verde de Goiás/GO e a Ponte sobre o Rio Arantes/MG, com 539

km de extensão e valor previsto de investimento na ordem de R$ 2.582.321.537,06 (data-base,

set/2009).

16. Os contratos de construção desse segmento da Ferrovia Norte-Sul têm origem no Certame

Licitatório 4/2010. As ordens de serviço para o início das obras foram emitidas no início de 2011. Não

há data definida para a conclusão das obras de todo o segmento dos Lotes 1S a 4S, tendo em vista o

atual contingenciamento de recursos para todas as obras federais. Porém, com exceção do Lote 1S,

rescindido no mês junho de 2016, os contratos estão com prazos dilatados até o mês junho de 2017.

I.2. Importância socioeconômica

17. Partindo de Ouro Verde de Goiás, cidade situada a cerca de 40 quilômetros ao norte de

Anápolis, esse trecho atravessará boa parte do sudeste goiano, uma das principais regiões do

agronegócio no país, e chegará a Estrela d´Oeste/SP, completando 682 km de extensão.

18. A economia da região é bastante desenvolvida e dinâmica. Na agricultura, destaca-se o

cultivo e beneficiamento de soja, sorgo, açúcar e milho; na pecuária, a produção de carnes (bovinos,

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suínos e aves) e laticínios e, na indústria, há predomínio do setor farmacêutico.

19. Em Estrela d’Oeste, a FNS se conectará com a Ferrovia EF - 364, operada pela ALL -

América Latina Logística, de modo a permitir acesso ao Porto de Santos e ao polo econômico e

industrial de São Paulo.

20. O investimento previsto no PAC é de R$ 4,49 bilhões.

21. A Extensão Sul da FNS apresenta avanço físico de 90,43%, compreendendo os serviços de

terraplanagem com 94,03%, drenagem com 87,29%, superestrutura com 86,03% e obras de arte

especiais com 72,28%. O trecho encontra-se com 100% de frente liberada para obra.

22. Foram entregues 100% dos trilhos, que correspondem a 86.877 toneladas no porto de

Santos/SP, e houve um avanço na extensão de grade montada, com um total de 335 km executados.

23. Para a execução das obras e serviços remanescentes nos Lotes 3 o contrato foi assinado em

7/8/2014 (INTEGRAL / SPAVIAS / TRAIL / ALTA).

24. A previsão para a conclusão das obras da Extensão Sul é junho de 2017.

Fonte: < http://www.valec.gov.br/acoes_programas/FNSOuroVerdeEstreladOeste.php>

II Introdução

II.1. Deliberação que originou o trabalho

25. Em cumprimento ao Acórdão 664/2016-TCU-Plenário, realizou-se a auditoria Valec -

Engenharia, Construções e Ferrovias S/A, no período compreendido entre 2/5/2016 e 14/6/2016.

26. Entre as razões que motivaram esta auditoria, destaca-se o alto investimento demandado

para a execução da obra, atualmente no valor previsto de R$ 2.582.321.587,06 para os cinco lotes

fiscalizados (1S, 2S, 3S, 3SA e 4S) e, total de R$ 3.081.824.830,91, somados os Lotes 5S e 5SA.

II.2. Visão geral do objeto

27. Trata-se de auditoria realizada no empreendimento de execução das obras da Ferrovia

Norte-Sul Extensão Sul (FNS), no âmbito do Fiscobras 2016, referentes aos Lotes 1S (64/2010), 2S

(65/2010), 3S (66/2010). 3SA (36/2014) e 4S (67/2010).

28. Os cinco lotes juntos possuem 539,6 km de extensão e estão localizados entre a Cidade de

Ouro Verde de Goiás/GO (km 0 + 000) e a Ponte sobre o Rio Arantes/MG (km 527 +640)

29. Para cada lote há um contrato de construção, conforme exposto abaixo:

a) Contrato 64/2010 (Lote 1S), situado entre a cidade de Ouro Verde de Goiás/GO (km 0 +

000) e a Rodovia GO-156 (km 111 + 219). Consórcio Aterpa/Ebate. O contrato foi

rescindido (06/2016), com valor de R$ 480.571.043,52;

b) Contrato 65/2010 (Lote 2S), situado entre a Rodovia GO-156 (km 111 + 219) e a ponte

sobre o Rio Verdão (km 250 +720). Consórcio Pavotec/Trail/Sobrado, formado pelas

Empresas Trail Infraestrutura Ltda., Sobrado Construção Ltda., Pavotec-Pavimentação e

Terraplenagem S/A, Fuad Rassi Engenharia Industria e Comercio Ltda., Empresa

Tejofran de Saneamento e Serviços Ltda e Ourivio Participações S/A, atualmente com

um valor total previsto de R$ 525.858.160,13;

c) Contrato 66/2010 (Lote 3S), está delimitado entre a ponte sobre o Rio Verdão (km 250

+720) e a ponte sobre o Córrego Cachoeirinha (km 386 + 660). Consórcio Camargo

Corrêa/Queiroz Galvão e o valor total previsto desse lote, atualmente é de

R$ 780.842.239,63;

d) Contrato 36/2014 (Lote 3SA), elaborar projetos básicos e executivos das obras

remanescentes, localizadas no município de Rio Verde/GO, posicionadas do km

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357+800 ao km 364+ 172, da Extensão Sul, da Ferrovia Norte-Sul. Implantação da

grade (lastro, dormentes e Trilhos) entre os km 315+800 e 394+900, da Extensão Sul,

da Ferrovia Norte-Sul. O valor do contrato na Modalidade RDC é de R$ 182.987.677,01

e) Contrato 67/2010 (Lote 4S), está compreendido entre a ponte sobre o Córrego

Cachoeirinha (km 386 + 660) e a ponte sobre o Rio Arantes (km 527 + 640).

Construtora Constran S.A., atualmente com um valor total previsto de

R$ 612.062.416,77.

HISTÓRICO DE FISCALIZAÇÕES ANTERIORES

30. No Fiscobras 2010, o TCU identificou irregularidades no Edital de Concorrência 4/2010 e

já deliberou quanto ao mérito por meio dos Acórdãos 2.962/2010 e 2.909/2012, ambos do Plenário.

31. No Fiscobras 2011, o TCU identificou atrasos na execução das obras, fiscalização

deficiente e medição antecipada de acessórios de fixação. O Tribunal já deliberou preliminarmente por

meio do Acórdão 2.692/2011-TCU-Plenário.

32. No Fiscobras 2012, as principais irregularidades identificadas foram: interrupções do

traçado com risco de perda de funcionalidade da obra, seleção de método construtivo antieconômico e

não usualmente aplicado nas obras ferroviárias para produção dos diversos tipos de concreto;

insuficiência de sondagens para dimensionamento das obras de arte especiais; insuficiência de

caracterização do terreno; equiparação de atos da fiscalização ao projeto básico da obra e adoção na

planilha orçamentária de ''serviços por administração'', com as quantidades em horas de máquinas e

pessoal, sem a identificação do objeto que se pretende executar. Quanto a essas irregularidades, o

Tribunal já deliberou preliminarmente por meio dos Acórdãos 2.467/2012, 2.910/2012, 2.939/2012 e

3.397/2012, todos do Plenário.

33. No Fiscobras 2013 (TC 012.460/2013-3, Fiscalização 205/2013), as principais

irregularidades identificadas foram: gestão temerária do empreendimento, superfaturamento decorrente

de quantitativo inadequado, superfaturamento decorrente de inclusão inadequada de novos serviços,

avanço desproporcional das etapas de serviço e descumprimento de determinação exarada pelo TCU.

O Tribunal deliberou por meio do Acórdão 2.388/2013-TCU-Plenário.

34. No Fiscobras 2014 (TC 010.792/2014-7, Fiscalização 246/2014), a principal irregularidade

identificada foi a continuidade dos serviços de terraplenagem sem a incorporação de soluções

alternativas em substituição ao rachão. O fato motivou a revogação de medida cautelar determinada

naqueles autos sem solução das irregularidades. Quanto à determinação prolatada também nos autos do

TC 010.792/2014-7, para repactuação de preços de concretos para as obras de arte especial previstas

com betoneiras, a Valec apresentou novas composições com uso de central de concretos, com as

justificativas de não haver substancial modificação nos preços. Assim, entenderam os técnicos da

Valec não configurar o descumprimento da medida cautelar e não fizerem qualquer alteração na

planilha de preços dos contratos dos Lotes 1S a 5S.

35. No Fiscobras/2015, não houve fiscalização nas obras dos Lotes 1S a 4S, da FNS, Extensão

Sul.

36. Esta fiscalização, 158/2016 (TC 011.450/2016-9), contempla os Lotes de Construção 1S

(64/2010), 2S (65/2010), 3S (66/2010), 3SA (36/2014) e 4S (67/2010) da FNS Extensão Sul.

37. A Fiscalização 159/2016 (TC 011.451/2016-5) contempla os Lotes de Construção 5S

(68/2010) e 5SA (36/2014).

38. A seguir, o esquema de implantação, o resumo global e o mapa que indica o traçado da

ferrovia projetada.

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7 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

Figura 1 – esquema de implantação da FNS- Extensão Sul.

Fonte: Valec

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8 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Figura 2- Resumo da evolução física e financeira das obras da FNS – Extensão Sul.

Fonte: Valec

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9 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

Figura 3 – Mapa de identificação dos trechos/lotes da FNS – Extensão Sul.

Fonte: Valec

II.3. Objetivo e questões de auditoria

39. A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar as Obras de Construção da Ferrovia Norte

Sul - Extensão Sul - Lotes 1S a 4S - no estado de Goiás.

40. A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo

aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:

a) Questão 1: A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi

adequada?

b) Questão 2: Como foram alocados os riscos na contratação e na execução da obra, na

modalidade de licitação pelo RDC?

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41. Na execução dos contratos, tratou-se dos efeitos dos descumprimentos das determinações e

recomendações exaradas nas fiscalizações anteriores, especialmente após o Acórdão 2.910/2012-TCU-

Plenário, ratificado pelo Acórdão 2.939/2012-TCU-Plenário e alterado pelo Acórdão 3.397/2012-

TCU-Plenário, que suspendia os serviços de terraplenagem e de obras de arte especiais nos Lotes 1S a

4S, da Ferrovia Norte Sul, Extensão Sul, até que medidas saneadoras fossem adotadas pela Valec.

42. A partir dos descumprimentos das medidas saneadoras determinadas pelo Tribunal, o

Acórdão 3.133/2014-TCU-Plenário previu:

9.2. determinar à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A, que, relativamente aos contratos

de construção 64/2010 (Lote 1S), 65/2010 (Lote 2S), 66/2010 (Lote 3S) e 67/2010 (Lote 4S) da

Extensão Sul da Ferrovia Norte Sul:

9.2.1 à Valec que apurasse no prazo de cento e vinte dias, a ocorrência de eventuais danos aos cofres

da Valec, bem como os seus eventuais responsáveis, inclusive, se for o caso, a empresa supervisora

das obras, em razão de (a):

9.2.1.1. realização de estudos geotécnicos (sondagens diretas complementares e geofísica) em

trechos das obras em que as obras de terraplenagem já se haviam iniciado;

9.2.1.2. pagamento de serviços de execução de concreto, que deveriam ser executados em usina,

como se fossem executados em betoneira;

9.2.1.3. execução de soluções antieconômicas em fundações de aterros sobre solos moles (item 3.6

da planilha orçamentária), devendo ser necessariamente analisadas pelo menos as seguintes

alternativas (ou justificada a não análise das alternativas):

9.2.1.3.1. alternativas previstas na norma DNER-PRO 381/98 Projeto de aterros sobre solos moles

para obras viárias, sempre que as investigações geotécnicas já realizadas o permitirem;

9.2.1.3.2. alternativas previstas pela projetista e que não foram adotadas pela empresa executora da

obra;

9.2.1.3.3. utilização total ou parcial de outros materiais drenantes, tais como cascalho laterítico, areia

e outras fontes de brita previstas no projeto básico, além da utilização de material de 3ª categoria

produzido nas escavações da própria obra;

9.2.1.3.4. utilização de camada delgada de rachão superposta por camada de outro material mais

econômico;

9.2.1.4. utilização de brita para lastros oriunda de jazidas mais distantes que as previstas no projeto

(item 8.1.2 da planilha orçamentária);

9.2.2. esgotadas as medidas de que trata o item anterior sem a elisão do dano, instaurar tomada de

contas especial, mediante a autuação de processo específico, observado o disposto na IN TCU

71/2012, concluí-la e encaminhá-la às instâncias competentes no prazo de sessenta dias contados do

término do prazo concedido no subitem 9.2.1 deste acórdão;

9.2.3. informe ao Tribunal, ao término do prazo concedido no subitem 9.2.1 deste acórdão, o

resultado das apurações determinadas;

9.3. determinar à SecobHidroferrovia que monitore o cumprimento da determinação constante do

subitem 9.2 deste acórdão;

9.4. sobrestar o presente processo, bem como o TC- 012.460/2013-3, até o término das apurações

determinadas no subitem 9.2.1 deste acórdão (grifo acrescido).

43. Em relação ao item 9.2.1.4 do Acórdão 3.133/2014-TCU-Plenário (9.2.1.4. Utilização de

brita para lastros oriunda de jazidas mais distantes que as previstas no projeto), a Valec instaurou o

Processo Administrativo Disciplinar (PAD) 51402.093480/2014-66, no âmbito do Contrato 64/2010,

Lote 1S, instituído pela Portaria 412/2014, para apurar a responsabilidade de quem deu causa às

irregularidades apontadas no Relatório Final da Comissão de Sindicância instituída pela Portaria

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44. Na presente fiscalização, são apontados serviços que se materializaram em

superfaturamentos nos Lotes 1S a 4S e na contratação complementar do Lote 3SA. Especificamente

em relação ao Lote 1S, contrato 64/2010, a totalização do superfaturamento leva em conta o Laudo

1143/2014-INC/DITEC/DPF da Perícia Técnica da Diretoria Técnico-Científica do Instituto Nacional

de Criminalística do Departamento de Polícia Federal (DPF).

45. O Laudo do DPF subsidiou a Ação Civil Pública instaurada na 4° Vara Federal de Goiânia

(Processo n° 0047314- 59.2014.4.01.3500), que tem como rés a Supervisora Ecoplan Engenharia Ltda.

e a Construtora Consórcio Aterpa/Ebate, responsáveis pelo Lote de Construção 1S, da Ferrovia Norte

Sul, Extensão Sul, e trata dos crimes de responsabilidade da empresa supervisora da obra e do

consórcio construtor.

46. No âmbito do Contrato 64/2010, Lote 1S, os resultados do processo administrativo

disciplinar, do Laudo do DPF e da Ação Civil Pública são tratados no Achado III.1, Transporte de brita

para lastro e rachão em distâncias maiores que os previstos em projetos executivos.

II.4. Metodologia utilizada

47. Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal

de Contas da União (Portaria-TCU 280, de 8 de dezembro de 2010, alterada pela Portaria-TCU 168, de

30 de junho de 2011) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo

TCU (Portaria-Segecex 26, de 19 de outubro de 2009).

48. Durante o planejamento e a execução da auditoria, foram levantadas as informações acerca

dos objetos de auditoria, por meio de ofícios de requisições enviados à Valec e da análise do laudo da

DPF. Foram utilizadas técnicas de análises documentais, conferências de cálculos, bem como a

realização de visitas às obras.

II.5. Limitações inerentes à auditoria

49. Não houve qualquer limitação nesta auditoria

II.6. Volume de recursos fiscalizados

50. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 2.582.321.537,06, nos Lotes

1S a 4S.

II.7. Benefícios estimados da fiscalização

51. Entre os benefícios estimados desta fiscalização, destacam-se a expectativa de controle, a

recuperação de danos ao erário, as determinações à estatal, o dever de cumprir as jurisprudências sobre

RDC exaradas pelo TCU.

III Achados de auditoria

III.1. Transporte de brita e rachão em distâncias superiores aos previstos em projetos

III.1.1. Tipificação

52. Indício de Irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C)

53. Justificativa de não enquadramento no conceito de IG-P da LDO: os indícios de

irregularidade grave encontrados, embora gere citação ou audiência do responsável, não se enquadram

no disposto no art. 117, §1º, incisos IV e V da Lei 13.242/2015 (LDO/2016), pois a obra está com o

contrato rescindido, se enquadrando no disposto no inciso VI da referida Lei.

III.1.2. Situação encontrada

54. Na execução do Contrato 64/2010, do Lote 1S, o consórcio construtor realizou transporte

de brita e de rachão com distâncias maiores que as previstas no projeto executivo da obra. O projeto

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(PE 1S 80-RL-0400D-00-1001), disponibilizado pela empresa Strata Engenharia no ano de 2011,

previu duas pedreiras para fornecimento de brita e rachão, conforme segue (Evidência 1, p.110):

a) Pedreira (P1) - Pedreira Britagran, comercial, distante 7,2 km do eixo da ferrovia,

acesso pelo km 13+260;

b) Pedreira (P2) – Pedreira Britago, comercial, distante 22 km do eixo da ferrovia, acesso

pelo 65+480.

55. Do projeto executivo do lote (quantitativos), obteve-se a distância média de transporte

(DMT) de 44,5 km, por meio da razão entre o momento de transportes da brita para lastro (item 1.1.3.2

Fornecimento, Evidência 1, p. 354) e a quantidade da brita prevista no projeto executivo (item 1.1.3

Brita para lastro, Evidência 1, p. 354) (12.962.761 m³.km/291.298 m³). A média contempla o uso

ponderado das duas pedreiras indicadas em projeto executivo (Evidência 1, p. 366).

56. Quanto ao transporte de rachão para fundação de aterros, a distância média prevista em

projeto executivo (PE 1S 80-RL-0400D-00-1001) é de 34,81 km e foi obtida pelo mesmo

procedimento da razão entre o momento de transporte e o volume previsto em projeto executivo

(5.277.362,74 m³.km/151.604,79 m³) (Evidência 1, p. 357).

57. Cabe mencionar inicialmente as diferenças de indicação de pedreiras entre o projeto básico

e o projeto executivo da obra.

58. O projeto executivo, de autoria da empresa Strata Engenharia, vencedora do certame

licitatório do Edital de Concorrência Pública 12/2009, previu a seguinte extensão: de Ouro Verde de

Goiás/GO, definido como o km 0,00, até a Rodovia GO-156 (km 111+219). Portanto, com 111,21 km

de extensão, consoante informações obtidas do sítio eletrônico da Valec:

<http://www.valec.gov.br/Licitacoes/download/edital/concorrencia_Edital_2010-012.pdf>. Acesso:

30/6/2016.

59. Já o projeto básico, elaborado pela empresa Maia e Melo Engenharia Ltda., relativo ao

mesmo Lote 1S, definiu de forma distinta tal intervalo, qual seja: de Ouro Verde de Goiás (km 0+000)

a BR-060/GO (km 171+760), com extensão de 171,76 km. As diferenças de extensão do mesmo Lote

1S fizeram com que as indicações de origem de materiais pétreos para a obra fossem distintas entre o

projeto básico e o executivo. Fonte: <http://www.valec.gov.br/Licitacoes/download/edital

/concorrencia_Edital_2008-013.pdf>. Acesso: 30/06/2016.

60. O projeto executivo, portanto, alterou o cenário antes previsto pelo projeto básico, por

prever o uso simultâneo de diferentes origens da brita, com a indicação de duas pedreiras para, além de

proporcionar um menor custo de transporte, alcançar um menor prazo de execução da obra.

61. A decisão unilateral do consórcio Aterpa/Ebate de explorar apenas a Pedreira Britago (P2),

que está no cerne deste achado, deveria ter sido objeto de questionamentos pela Valec, conforme as

conclusões de processo administrativo citado mais adiante, com vistas a realização de pagamentos

menores de transportes, conforme concebido na planilha dos quantitativos do Lote 1S.

62. A pedreira escolhida pela construtora, Britago (P2), encontra-se mais próxima do final do

segmento de 111,2 km e, pelo fato de a empresa ter iniciado seus trabalhos na extremidade oposta à

pedreira, a partir do início do Lote 1S, as distâncias médias superaram o previsto no projeto executivo,

conforme se apresenta no croqui de localização das pedreiras (Evidência 3).

63. Nas primeiras medições de fornecimento de brita para lastro, observou-se percursos de até

154,38 km (medição 09/2011). Essas distâncias progressivamente foram se reduzindo até o patamar de

85,52 km. A média das distâncias foi obtida da razão entre o momento de transporte e o volume real

transportado até a 67ª medição (18.005.274,19 m³.km/210.530,35 m³) (Evidência 5).

64. A questão do transporte de materiais pétreos com distâncias superiores aos previstos em

projeto no Lote 1S levou a auditoria interna da Valec (AUDIN) e a própria fiscalização em campo a

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quantificarem os valores discrepantes em relação ao projeto executivo. Os cálculos foram apresentados

na Nota Técnica 004/2013-CEA-RFC-SUCON CGOIANIRA, referente a 28ª medição, acompanhado

do demonstrativo em desfavor do erário em R$ 17.062.533,81 (Evidência 4).

65. A nota técnica foi assinada pelo Gerente Geral da Extensão Sul, Gerente Regional do Lote

1S, Engenheiro Fiscal Residente e dois Engenheiros Fiscais Auxiliares, com base nos levantamentos

da supervisora da obra do valor apontado em desconformidade com o projeto executivo. Além disso, a

nota técnica sugeriu que a análise fosse submetida à decisão da Diretoria de Engenharia da Valec

(DIREN) quanto à realização do estorno do montante apurado (Evidência 4, p.4).

66. A mesma Nota Técnica 004/2013-CEA-RFC-SUCON CGOIANIRA foi objeto de

apontamento pela Equipe de Fiscalização do TCU no mesmo ano de 2013 (Fiscobras/2013). A Equipe

de Fiscalização questionou as medidas que a Valec iria tomar em relação aos serviços de transportes de

brita para lastro, transporte de rachão e execução de bueiros e passagens de gado tidos como

desconformes (Ofício de Requisição 5-205/2013-TCU/Secob, de 6/6/2013, TC 012.460/2013-3).

67. Em resposta, a Valec informou ter instituído uma Comissão Especial de Sindicância por

meio da Portaria 356/25/6/2013, para apurar, em Processo Administrativo (PAD 51402.051469/2013-

48), os fatos trazidos pela Nota Técnica 004/2013-CEA-RFC-SUCON CGOIANIRA (Evidência 20,

p.4).

68. Os resultados do processo administrativo apontaram que o transporte de rachão para

fundação de aterro, entre os km 0 e o km 46 do Lote 1S, foram realizados exclusivamente de materiais

provenientes da Pedreira Britago (Evidência 20, p.34). A constatação levou o Diretor Presidente da

Valec e o Diretor de Engenharia da Valec - DIREN, a liberar o pagamento do saldo da 28ª medição. O

Diretor Presidente da Valec no mesmo ato ordenou instituir uma nova comissão de sindicância, para

apurar responsabilidades de quem deu causa à execução de serviços em desacordo com o projeto

executivo (Evidência 21, p. 150).

69. Essa nova Comissão de Sindicância, instaurada pela Portaria Valec 412/2014, apresentou

as seguintes conclusões no Processo 51402.093480/2014-66 (Evidências 40 a 45):

I- O acusado Helson Siqueira Pimentel, Ex-Engenheiro Fiscal do lote 01S da Ferrovia Norte-Sul

FNS, foi responsável pelo ato de improbidade administrativa, conforme art. 10 da Lei n° 8.429/92,

ensejadora na sanção de demissão justa causa, de acordo com as alíneas "a" e "b", do art. 482 da

CLT, com as seguintes condutas:

Conduta comissiva por omissão na condição culposa por imprudência, uma vez que deixou de utilizar

a pedreira BRITAGRAN prevista no Projeto Básico, o que levou ao atesto e assinatura das medições

com o pagamento da execução de transporte oneroso de material pétreo proveniente da pedreira

BRITAGO para o início da extensão do lote 01S (km 0 ao km 46);

Conduta comissiva por omissão na condição de dolo eventual, uma vez que deixou de utilizar a

pedreira BRITAGRAN indicada no Projeto Executivo, o que levou ao atesto e assinatura das

medições com o pagamento da execução de transporte oneroso de material pétreo proveniente da

pedreira BRITAGO para o início da extensão do lote 01S (km 0 ao km 46).

II- O acusado Alípio Junqueira Júnior, Ex-Superintendente Regional da Extensão Sul da Ferrovia

Norte Sul, foi responsável pelo ato de improbidade administrativa, conforme art. 10 da Lei n°

8.429/92, ensejadora na sanção de demissão por justa causa, de acordo com as alíneas "a" e "b”, do

art. 482 da CLT, com as seguintes condutas:

Conduta comissiva por omissão na condição culposa por imprudência, uma vez que deixou de utilizar

a pedreira BRITAGRAN prevista no Projeto Básico, o que levou ao atesto e assinatura das medições

com o pagamento da execução de transporte oneroso de material pétreo proveniente da pedreira

BRITAGO para o início da extensão do lote 01S (km 0 ao km 46);

Conduta comissiva por omissão na condição de dolo eventual, uma vez que deixou de utilizar a

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pedreira BRITAGRAN indicada no Projeto Executivo, o que levou ao atesto e assinatura das

medições com o pagamento da execução de transporte oneroso de material pétreo proveniente da

pedreira BRITAGO para o início da extensão do lote 01S (km 0 ao km 46).

Comissão recomenda ao Diretor-Presidente:

I - Determinar à Assessoria Jurídica que proceda a ação de reparação do erário em desfavor do

Senhores Helson Siqueira Pimentel e Alípio Junqueira Júnior. Quanto aos efeitos da recomendação

da Comissão para aplicação da penalidade de demissão por justa causa, o acusado Helson Siqueira

Pimentel foi exonerado no dia 12/03/13 (Portaria n° 184/2013) e, o acusado Alípio Junqueira Júnior,

exonerado no dia 12/03/13 (Portaria n°185/2013);

II - A apuração de responsabilidade da Construtora ATERPA/EBATE e Supervisora ECOPLAN

ENGENHARIA LTDA e, caso a apuração esteja em curso, que seja encaminhada a cópia deste

Relatório Conclusivo à Diretoria de Engenharia e/ou área técnica responsável;

III- Solicitar à Diretoria de Engenharia-DIREN a manifestação e quantificação do prejuízo, ou se for

o caso, estude a possibilidade de instituição de Comissão Especial considerando a recomendação n°

22 do Relatório de Auditoria n° 012/2014-Lotc 01S-Extensão Sul.

IV- A Instituição de Comissão de Sindicância para apuração de eventuais irregularidades e

responsabilidades associadas a execução do transporte de material pétreo (rachão, lastro e material

granular) em desacordo com projeto executivo após a gestão dos acusados do presente processo (a

partir da medição n° 28) no âmbito do Contrato n° 064/10;

V - Apurar, caso entender necessário, a responsabilidade da projetista STRATA ENGENHARIA

LTDA pelo não fornecimento à Comissão da revisão nº 00, 01, 02, 03 do Relatório do Projeto

Executivo, n° VALEC 80-RE-0100D-00-1000, n° Projetista 1.18.0004-RL-l000;

VI - Que envie cópias deste Relatório Conclusivo ao Tribunal de Contas da União-TCU, à

Controladoria Geral da União-CGU, ao Ministério Público Federal, ao Departamento de Policia

Federal, para ciência e providencias que os órgãos entenderem cabíveis;

VII- O arquivamento dos autos do presente após as providencias. (grifos acrescidos)

70. Depreende-se da conclusão da comissão de sindicância as condutas comissivas por

omissão na condição de dolo eventual e culposa por imprudência dos responsáveis (fiscal da obra e

superintendente da Extensão Sul da FNS à época) por deixarem de utilizar a pedreira Britagran (P1)

indicada no projeto executivo, e por terem atestado as medições com o consequente pagamento da

execução de transporte oneroso de material pétreo proveniente da pedreira Britago (P2), relativos aos

primeiros quilômetros do Lote 1S (km 0 ao km 46).

71. A pratica antieconômica que havia sido apontada pela supervisora da obra do Lote 1S, em

correspondência dirigida ao Gerente Regional da Valec, em 5/6/2013 (página 111, do Processo

51402.051469/2013-49), viria ao conhecimento da Auditoria Interna da Valec – AUDIN, contendo o

seguinte fragmento (Evidência 20, p.111-112):

De acordo com os cálculos constantes da Planilha Demonstrativa do ANEXO 01, a DMT referente

à utilização da pedreira BRITAGO para estes primeiros 43 km de obra foi de 100,48 km, enquanto

que a referente à utilização da pedreira BRITAGRAN seria de 38,24 km.

Esta diferença originou um reflexo financeiro demonstrado na referida planilha de R$ 12.542.006,26

de custo a mais na implantação da obra (grifo acrescido).

72. A empresa supervisora definiu os atos da construtora como uma “alternativa de método

executivo adotado por conveniência e responsabilidade exclusiva da contratada, não cabendo qualquer

sobrecusto para a contratante devido ao aumento constatado nas DMT’s” (Evidência 47, p.4). Apesar

das manifestações da fiscalização da Valec em campo e da supervisora da obra favoráveis à glosa, os

valores foram posteriormente liberados pela direção da Valec (Evidência 20, p.4).

73. Devido ao acúmulo de apontamentos pretéritos e dos danos ao erário já materializados

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pelos transportes em distâncias superiores aos de projetos, neste relatório serão quantificados apenas os

valores em desfavor do erário, relativos ao transporte de brita de lastro ferroviário e o transporte de

rachão para fundações de aterros até a 67ª medição, do contrato 64/2010, Lote 1S.

III.1.3. Quantificação de superfaturamento com transporte de brita para lastro, executado x projeto (44,5

km)

74. A quantificação do dano decorre da diferença entre os montantes obtidos para o serviço de

transporte de brita para lastro para as duas DMTs em comento, quais sejam, aquela que,

conservadoramente, representa a menor DMT observada a partir dos boletins de medição (85,52 km) e

a calculada pela equipe de auditoria (44,5 km). Nesse sentido, a distância percorrida multiplicada pela

quantidade de brita para lastro e pelo preço unitário contratual fornece o valor total desse serviço,

conforme mostrado no Quadro 1, a seguir:

Quadro 1-Itens de serviços do contrato 64/2010 – Lote 1S, com indícios de superfaturamento. DMT,

conservadoramente estimado em 44,5 km (TCU).

Item Descrição Unidade Quantidade Preço

Unitário (R$) Total (R$)

8.1.2.1 Fornecimento de brita para

lastro m³ 210,530.35 35,71 7.518.038,67

DMT 85,52 km

8.1.2.2 Transporte de brita para lastro

Medido com 85,52km m³.km 18,004,555,53 1,21

21.785.512,19

(a)

DMT 44,5 km

8.1.2.2 Transporte de brita para lastro

(Distância de projeto 44,5 km) m³.km 9.368.591,68 1,21

11.335.995,93

(b)

Superfaturamento de transporte de brita para lastro (a - b) 10.449.516,26 Fonte: Equipe de Auditoria

75. O superfaturamento pela diferença de percurso entre os 85,52 km medidos e pagos e a

distância de 44,5 km previsto em planilha do projeto executivo resulta em R$ 10.449.516,26 (data-base

de set/2009).

76. A mesma metodologia é empregada na quantificação de superfaturamento com transporte

de rachão para fundação de aterros (item 3.6.1), cuja diferença decorre do valor medido na distância

transportada de 66,33 km e o calculado, conservadoramente de 44,5 km.

77. No Quadro 2, a seguir, apresentam-se os cálculos das quantidades de rachão até a 67ª

medição do Lote 1S, Contrato 64/2010, aplicadas em locais em substituição aos solos de baixo suporte

(compressíveis/orgânicos), denominados de “solos moles”.

Quadro 2-Quantidade de rachão medido na 67ª medição, do contrato 64/2010, Lote 1S.

Item Descrição Unidade Quantidade Preço

Unitário (R$) Total (R$)

3.6.1 Rachão D máx = 0,40 m m³ 704,360.83 32,19 22.673.374,96

DMT 66,33 km

3.6.3

Transporte de material para

fundação de aterro

DMT 66,33 km

m³xkm 46,721,959.65 1,10 51.394.155,48

(a)

DMT 44,5 km

3.6.3 Transporte de material para

fundação de aterro m³xkm 31.344.056,94 1,10

34.478.462,63

(b)

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16 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Item Descrição Unidade Quantidade Preço

Unitário (R$) Total (R$)

DMT 44,5 km

Superfaturamento de transporte de rachão para fundação de aterro (a-b) 16.915.692,85 Fonte: Equipe de Auditoria

78. O cálculo da diferença entre os montantes obtidos a partir das distâncias de 66,33 km

(valor medido e pago) e de 45,5 km (valor que deveria ter sido utilizado) resultou no superfaturamento

de R$ 16.915.692,85, para data-base de set/2009.

79. Na presente análise (Achado III.1) tratou-se apenas de transportes de rachão, portanto, não

estão incluídos os motivos que levaram a escavações e substituições de solos moles, tratados no

descumprimento da medida cautelar do Acórdão 2.910/2012-TCU-Plenário, retificado pelo Acórdão

2.939/2012-TCU-Plenário e alterado pelo Acórdão 3.397/2012-TCU-Plenário. Os processos que

tratam do tema estão no TC 012.460/2013-3 e TC 010.792/2014-7, no âmbito dos Lotes 1S a 4S, da

FNS, Extensão Sul.

III.1.4. Sobrepreço decorrente de fornecimento do mesmo produto com preços unitários diferentes

80. O preço unitário do item 3.6.2.1 - Fornecimento Rachão Dmáx = 0,40 m (Comercial 2), no

valor de R$ 72,32/m³ (aditivo), difere do previsto para o item 3.6.1 - Fornecimento de Rachão Dmáx =

0,40 m, cotado no valor de R$ 32,19/m³.

81. Nesse sentido, essa diferença de preços, que monta a R$ 40,13/m3, quando computada

junto com o quantitativo total previsto para o serviço, 107.091,30 m³, totaliza um montante de

sobrepreço de R$ 4.297.573,87, para data-base de set/2009 (R$ 40,13/m3 x 107.091,30 m³ =

R$ 4.297.573,87).

82. Além disso, o custo unitário do serviço obtido do Sicro 2, para data-base de set/09 e para

região de Goiás, é de R$ 31,50/m³ sem BDI (Evidência 35), o que leva, conservadoramente, ao uso,

como paradigma na presente análise, do valor de R$ 32,19/m³ constante do item 3.6.1 - Fornecimento

de Rachão Dmáx = 0,40 m.

83. Do acima exposto, conclui-se que o total de superfaturamento relativo ao lastro de brita e

rachão para fundação de aterros é de R$ 31.662.782,99 (R$ 10.449.516,26 + R$ 16.915.692,85 +

R$ 4.297.573,87), na data-base set/2009.

III.1.5. Informações relevantes ao presente relatório, relativo ao lote 1S, Contrato 64/2010 – Consórcio

Aterpa/Ebate.

Laudo Pericial da DPF e de Processo Judicial

84. Em sede de Ação Civil Pública, em trâmite na 4° Vara Federal de Goiânia/GO, relativo ao

Lote 1S da Extensão Sul da FNS, há o Processo 0047314-59.2014.4.01.3500, no qual se apresentam

como rés a Supervisora Ecoplan Engenharia Ltda. e a Construtora Consórcio Aterpa/Ebate. As

empresas respondem por ocorrências de superfaturamento obtidas por Perícia Técnica da Diretoria

Técnico-Científica do Instituto Nacional de Criminalística, Laudo 1143/2014-INC/DITEC/DPF

(Evidência 5).

85. O referido Laudo da DPF indica a distância média do transporte de brita para lastro de 65

km, tomadas na 41ª medição, quando a perícia foi realizada. Os valores de superfaturamento somaram,

por meio da metodologia ali adotada, R$ 31.260.337,44 relativos aos itens: 8.1.2.2 (transporte de brita

do lastro) e 3.6.3 (transporte de material para fundação de aterro). Além disso, consta também no laudo

superfaturamento potencial de R$ 7.559.219,98, caso persista até o encerramento do contrato o uso das

mesmas práticas (Evidência 5, p. 22).

86. Apesar da indicação da DPF do momento de transporte de 65 km para transporte de brita e

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de rachão, nesta fiscalização a equipe considerou a mesma premissa apenas para o primeiro caso

(transporte da brita). Há nos autos comprovação de transportes de rachão provenientes da Pedreira

Britagran, na 5ª medição, em volume de 5.794,09 m³. O rachão, diferentemente da brita para lastro, são

fragmentos de rochas detonadas, não submetidos a controle de qualidade como o lastro. A origem pode

ser diversa, até mesmo de escavações em material de 3ª categoria. Razão pela qual, o fornecimento

poderia ser da menor distância possível (Evidência 47).

87. Por essas razões, conservadoramente, será mantida a distância média calculada de 44,5 km,

para o transporte de rachão. Além disso, as ações empreendidas pela Valec em campo, a partir dos

apontamentos e questionamentos do Tribunal após a 28ª medição, gradativamente fizeram as

distâncias de transportes se reduzirem a patamares de 85,52 km (Evidência 22).

88. Faz-se necessário, então, o recálculo do montante relativo ao transporte da brita para lastro,

em decorrência da existência do Laudo Pericial da DPF, com atesto da distância de transporte de brita

entre a jazida, na pedreira Britago, até as frentes de serviços de 65,0 km. Na tabela do Quadro 3, o

demonstrativo do novo valor encontrado em relação à distância de transporte de 65,0 km, em

substituição ao Quadro 2.

Quadro 3. Recálculo do Superfaturamento por pagamento de Momento de Transporte da brita para

lastro, com a distância de 65,0 km, adotada pela Perícia da DPF.

Item Descrição Unidade Quantidade Preço

Unitário (R$) Total (R$)

8.1.2.1 Fornecimento de brita para

lastro m³ 210,530.35 35,71 7.518.038,67

DMT 85,52 km (medição)

8.1.2.2

Transporte de brita para

lastro

Medido com 85,52km

m³.km 18,004,555,53 1,21 21.788.381,64

(a)

DMT 65,0 km (Laudo da DPF)

8.1.2.2 Medição (DPF) transporte de

brita para lastro m³xkm 13.684.472,75 1,21

16.558.212,00

(b)

Superfaturamento de transporte de brita para lastro (a - b) 5.227.300,17 Fonte: Equipe de Auditoria

89. Considerando-se então os valores obtidos com fundamento no Laudo da DPF, chegou-se

aos seguintes montantes de superfaturamento:

a) Item 8.1.2.2 - Transporte de brita para lastro de R$ 5.227.300,17;

b) Item 3.6.3 - Transporte de rachão R$ 16.915.692,85;

c) Item 3.6.2.1 - Fornecimento Rachão D máx = 0,40 m. R$ 4.297.573,87.

90. Desse modo, o total do superfaturamento no Lote 1S (itens 8.1.2.2; 3.6.3 e 3.6.2.1) foi

R$ 26.440.566,89.

III.1.6. Objetos nos quais o achado foi constatado:

91. Contrato 64/2010, de 22/12/2010, execução, sob regime de empreitada por preço unitário,

de obras e serviços de engenharia para implantação do subtrecho da Ferrovia Norte-Sul - Extensão Sul,

compreendido entre Ouro Verde /GO (km 0 + 000) a Estrela do Oeste (km 669 + 550). Lote 1S - de

Ouro Verde/GO (km 0 + 000) até Rodovia GO-156 (km 111 + 219), Consórcio Aterpa/Ebate.

III.1.7. Critério:

a) Projeto Executivo (PE 1S 80-RL-0400D-00-1001);

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b) Lei 8.666/1993, art. 3º caput;

c) Norma Valec 80-EG-000A-029-0000;

d) Norma Valec 80-EM-033A-058-8006;

e) NBR NM 26/2001 – Norma Mercosul – Agregados Amostragem

III.1.8. Evidências:

a) Evidência 1 - Relatório do Projeto Executivo (PE 1S 80-RL-0400D-00-1001)

b) Evidência 2 – Ensaios Lastro Britago – Lote 1S;

c) Evidência 3 - Mapa Logístico - Lote 1S;

d) Evidência 4 - Nota Técnica 004-2013 – DMT (Estorno Transporte) 1S;

e) Evidência 5 - Levantamento DMT transp. brita lastro - Lote 1S -diferença acumulado;

f) Evidência 6 - Laudo 1143-2014-INC_DITEC_DPF;

g) Evidência 7 - Processo Judicial 0047314-59.2014.4.01.3500 - 4ª Vara Federal de

Goiânia

h) Evidência 8 - Memória medição 8, 9 e, 10 - Brita lastro Contrato 64/2010 - Lote 1S

i) Evidência 9 - Memória medição 11 e 12 - Brita lastro Contrato 64/2010 - Lote 1S;

j) Evidência 10 - Memória medição 13, 15, 16, 17 e,18 - Brita lastro Contrato 64/2010 -

Lote 1S;

k) Evidência 11 - Memória medição 19 e 21 - Brita lastro Contrato 64/2010 - Lote 1S;

l) Evidência 12 - Memória medições 22 de 23 - Brita lastro Contrato 64/2010 - Lote 1S;

m) Evidência 13 - Memória medição 26 - Brita lastro CT 64/2010 Janeiro de 2013;

n) Evidência 14 - Memória de medição 27 – Brita lastro Contrato 64/2010 Fevereiro de

2013;

o) Evidência 15 – Memória de medições 29 e 30 - Brita lastro Contrato 64/2010 - Lote

1S;

p) Evidência 16 - Memórias de medições 31 e 32 - Brita lastro Contrato 64/2010 - Lote

1S;

q) Evidência 17 - Memórias de medições 33, 44A e 46 - Brita lastro Contrato 64/2010 -

Lote 1S;

r) Evidência 18 - Memórias de medições 56, 56A Medição CT 064-10 Julho de 2015, p,

529-543;

s) Evidência 19 - OFICIO N° 2278/2016-PRESI- DECISÕES JUDICIAIS;

t) Evidência 20 - Processo – Relat. de análise de serviços - Aterpa-Ebate - Volume 1-2;

u) Evidência 21 - Processo – Relat. de análise de serviços -Aterpa-Ebate - Volume 2-2;

v) Evidência 22 - MED_CT064-10_junho/2016-destacadas;

w) Evidência 23 – Memo Comissão PAD 011_2014;

x) Evidência 31 - GO0909_RCTR0330 serviços- Preço do rachão sicro_GO_set 2009;

y) Evidência 47 - MEDIÇÃO 05 MAIO 2011- rachão 5ª medição - Britagram-Lote 1S

z) Evidência 48 - Carta DMT rachão_29 - Ecoplan - Lote 1S.

III.1.9. Causas da ocorrência do achado:

92. As causas são deficiências no projeto básico, no projeto executivo, na gestão da Valec e na

gestão empreendida pela supervisora e pela empresa contratada.

III.1.10. Efeitos/Consequências do achado:

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93. Os sobrepreços de quantidades se converteram em superfaturamentos, em desfavor ao

erário, no montante total de R$ 26.440.566,89 (data-base set/2009).

III.1.11. Conclusão do achado III.1. Transportes de brita e rachão em distâncias superiores aos previstos

em projetos

94. No âmbito do Lote 1S, estão configurados indícios de danos ao erário, em montante

levantado nesta auditoria, de R$ 26.440.566,89 (data-base set/2009). Há ainda apontamentos de

fiscalizações anteriores pendentes de solução que devem ser objeto de deliberação da Corte para

eventual tratamento conjunto.

95. Todavia, para que sejam esclarecidas as razões da liberação de R$ 12.542.006,26, que

haviam sido retidos na 28º medição a partir da conclusão da Comissão de Sindicância

51402.093480/2014-66 que apontou a responsabilidade do engenheiro fiscal da obra e do supervisor

pelas condutas comissivas por omissão na condição de dolo eventual, conforme analisado nos itens 0 a

0 acima, será proposto ouvir em audiência o então Diretor Presidente da Valec, Sr. Josias Sampaio

Cavalcante Júnior, e o atual Diretor Presidente da Valec, à época Diretor de Engenharia, Sr. Mario

Rodrigues Júnior, uma vez que permitiram a liberação de pagamento retido da 28ª medição, contra o

entendimento expresso na Nota Técnica 004/2013-CEA-RFC-SUCON CGOIANIRA (Evidência 20,

p.4), o que levou ao pagamento da execução de transporte oneroso de material pétreo proveniente da

pedreira Britago para o início da extensão do Lote 1S (km 0 ao km 46).

96. Ademais, considerando que ficou caracterizado indício da existência de dano ao erário,

dimensionado em R$ 26.440.566,89; considerando que a Comissão de Sindicância, apresentou

conclusões responsabilizando servidores (Engenheiro Fiscal da obra e Superintendente Regional da

Extensão Sul da FNS à época); considerando que há indícios fortes, inclusive com a instauração de

Ação Civil Pública, do envolvimento da Supervisora Ecoplan Engenharia Ltda. e Construtora

Consórcio Aterpa/Ebate; considerando que há indício de pagamento da execução de transporte oneroso

de material pétreo proveniente da pedreira Britago para o início da extensão do Lote 1S (km 0 ao km

46) num total de R$ 12.542.006,26; e considerando, ainda, que todos esses fatos estão relacionados

com o fornecimento e transporte de materiais pétreos a partir da Pedreira Britago para os quilômetros

inicias do Lote 1S (km 0 ao km 46) será proposta a instauração, em processo apartado, de Tomada de

Contas Especial para caracterização do débito (dano, valor e responsável), determinação e citação dos

possíveis responsáveis e aplicação das possíveis sanções.

III.2. Insuficiência de motivação para a permuta de jazida de brita indicada em projeto

III.2.1. Tipificação:

97. Irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C)

98. Justificativa de não enquadramento no conceito de IG-P da LDO: os indícios de

irregularidade grave encontrados não se enquadram no disposto no art. 117, §1º, incisos IV e V da Lei

13.242/2015 (LDO/2016), embora gere citação ou audiência do responsável, se enquadrando no

disposto no inciso VI da referida Lei.

III.2.2. Situação encontrada

99. De acordo com as informações do projeto do Lote 2S, foram indicadas as Pedreiras da

Encosta e a Pedreira Bauzinho como possíveis fornecedoras da brita para a camada de lastro. No

entanto, a opção adotada pelo consórcio construtor do Lote 2S foi pela exploração de uma terceira

jazida denominada Pedreira Goyaz. A opção, aprovada pela Valec, implicou maiores momentos de

transportes do material pétreo para a obra (Evidência 25, p.1).

100. A norma Valec 80-EG-000A-29-0000 estabelece como critério para escolha da jazida para

lastro, atender às seguintes condições: estar próxima do lote de projeto e situada a uma distância

máxima, quando possível, de 50 km em relação ao eixo da ferrovia e possuir volume de maciço

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20 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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superior a 500.000 m³ (Evidência 26, p. 12).

101. A justificativa da Valec e da empresa supervisora e projetista da obra, Vega Engenharia e

Consultoria Ltda., para a rejeição da Pedreira da Encosta se baseiam em ensaios realizados pela

empresa Solocap Geotecnia Rodoviária Ltda., cujos resultados apontaram 37% de desgaste Los

Angeles na primeira análise e 42% na contraprova. Esses resultados são reprovados pela norma Valec

80-EG-000A-29-0000 e, abre a possibilidade de pesquisas por novas jazidas que apresentem Los

Angeles de no máximo 40%, caso ocorra de não serem encontradas jazidas de material pétreo para

lastro que apresentem Los Angeles < 30%. (Evidências 25, p. 2, e 26, p. 14)

102. Ocorre que, de acordo com as normas da Valec, para realizar ensaios cujos resultados

poderiam levar à rejeição de uma jazida, após definidas as mais convenientes para exploração, a

fiscalização da Valec deveria ter solicitado à empresa que as investigasse, por meio de sondagens

rotativas (Ø BX), a trado e/ou poço de inspeção, sendo estas duas últimas indicadas para definir a capa

de estéril. Quanto aos furos de rotativa, devem ser convenientemente locados e atingir profundidades

tais que possam determinar as condições de volume de exploração possível.

103. Amostras de rochas de locais representativos para definir a pedreira serão provenientes dos

testemunhos das sondagens e de extrações em afloramentos e devem conter um rol de ensaios,

conforme a norma Valec 80-EM-033A-58-8006 (Evidência 26, p.7), pois “A coleta, bem como a

formação de amostras representativas, devem obedecer à Norma NBR NM 26” (Evidência 28, p.4)

104. Exemplo de procedimentos em jazidas encobertas citada pela NBR NM 26/2001:

5.3 Jazidas encobertas

5.3.1 As amostras devem ser extraídas mediante perfurações, até que se tenha alcançado a jazida,

descartando todo material superficial não aproveitável ou aquele que tiver sido alterado pela ação

do tempo ou por outras circunstâncias. (grifo acrescido)

105. Não há evidências nos autos de que os procedimentos previstos na norma NBR NM

26/2001 tenham sido realizados na ocorrência da Pedreira da Encosta. Ou seja, os indícios apontam

para a reprovação da Jazida da Pedreira Encosta apenas com base em ensaios parciais em fragmentos

de rochas afloradas, expostas às intempéries, e não por amostras “extraídas mediante perfurações, até

que se tenha alcançado a jazida, descartando todo material superficial não aproveitável ou aquele que

tiver sido alterado pela ação do tempo ou por outras circunstâncias” (Norma NM 26/2001).

106. As avaliações de amostras colhidas por sondas rotativas também são explicitadas pela

norma Valec 80-EM-033A-58-8006 e pela norma Valec 80-EG-000A-29-0000, razão pela qual, deixar

de fazer ensaios obrigatórios contraria diversas normas pertinentes ao caso. Ademais, a norma Valec

80-EM-033ª-58-8006 imperativamente estabelece a avaliação da brita por laboratórios previamente

credenciados pela Valec, o que não se comprovou no caso em análise.

107. O total de transporte de brita na obra foi aferido nas seguintes medições do lote 2S:

medição 44-A parte 1, volume 323.117,99 m³, de brita para lastro e momento de transporte de

41.445.562,55 m³.km. Na medição 44-A parte 2, os valores são de 15.000,00 m³ de brita para lastro e

momento de transporte de 2.748.000,00 m³.km.

108. A partir desses volumes, foi possível calcular a distância média de transporte (DMT)

ponderada, com a aplicação da seguinte expressão: DMT = (41.445.562,55+2.748.000,00) /

(323.117,99+15.000,00) = 130,70 km.

109. Ao comparar a remuneração da distância média de transporte 130,70 km, observada no

caso concreto do lote 2S, com a jazida indicada em projeto, Pedreira Encosta, a distância média de

transporte (DMT) reduziria conforme o cálculo a seguir (Evidência 32).

DMT = a + {(b2 + c2)/[(2 x b+c)]}

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21 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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DMT (Encosta) = 12,1 + (11,38^2+124,286^2)/(2 x(11,38+124,286) = 69,5 km;

110. Conservadoramente adicionou-se mais 5% por trajeto decorrente de desvios ou por

passagens em caminhos de serviços. A distância média adotada foi de 73 km, aplicando-se, no cálculo,

as seguintes premissas:

a = 12,1 km a distância fixa, da ferrovia (km122+365) até a Pedreira Encosta;

b = 11,365 km, distância do início do trecho (km 111) até a entrada da pedreira (km

122+365);

c =124,286 km, distância da entrada da pedreira (km 122+365) até o final do lote km

246+651.

111. No Quadro 4, a seguir, o comparativo acumulado até a 64ª medição de serviços do lote 2S,

contrato 65/2010.

Quadro 4 - Itens de serviços do contrato 65/2010, relativos à 64ª medição, Lote 2S

Item Descrição Unidade Quantidade Preço Unitário

(R$) Total (R$)

8.1.2.1 Fornecimento de brita para lastro -

total m³ 323.117,99 35,42 11.444.839.11

DMT 130,70 km

8.1.2.2 Transporte de brita para lastro

Medido com 130,7 km m³.km 41.445.562,55 1,20

49.734.675,01

(a)

DMT 73 km

8.1.2.2 Transporte de brita para lastro

(Distância média estimada 73 km) m³.km 23.587.613,27 1,20

28.305.135,92

(b)

Superfaturamento de transporte de brita para lastro (a - b) 21.429.539,09 Fonte: elaboração equipe de auditoria TCU

112. Corroboram com os fatos de transporte indevidos, as informações contidas na

“Constatação 10, do Relatório de Ação e Controle - Fiscalização 20130568”, do ano de 2013, da

Controladoria Geral da União – CGU. Segundo este documento, o relatório indica “ausência de

justificativas consistentes para a definição da pedreira fornecedora de brita para lastro, ocasionando

gastos desnecessários com o transporte no montante de R$ 4.220.228,40”.

113. A abordagem feita pela CGU coaduna no mesmo sentido da “permuta em desfavor do

erário, sem que houvesse elementos consistentes que justificassem tal premissa” (Evidência 32, p.10-

16).

“Conforme consta da Nota Técnica sem data ou numeração, assinada pela atual responsável pela

empresa supervisora do contrato de execução do trecho 2, a VEGA Engenharia e Consultoria Ltda.,

que também foi a empresa responsável pela elaboração dos projetos básicos e executivo da obra,

quando da elaboração do projeto executivo passou-se a cogitar primeiramente o uso da Pedreira da

Encosta a qual, além de possuir uma grande jazida a ser explorada, fica mais próxima ao trecho 2 sul

da FNS. Entretanto, ainda de acordo com a Nota Técnica, a VALEC decidiu por exclui-la por não

atender ao definido na norma 80-EG-000A-29-0000 no que tange ao índice de abrasão (método Los

Angeles). A norma determina a necessidade de que tal índice fique abaixo de 30% e o material da

Pedreira da Encosta teria apresentado um índice de 37%. Não obstante, a mesma norma da VALEC

prevê a possibilidade de se utilizar material com índice de abrasão entre 30% e 40% no caso de não

serem encontradas nas proximidades da obra jazidas com material pétreo para lastro que atenda ao

índice de 30%” (grifou-se).

114. Cabe consignar que a norma Valec 80-EM-033A-58-8006, prevê para os ensaios de

Abrasão Los Angeles, desgaste de até 40%, contrastando com a documentação apresentada à época

pela Supervisora Vega Engenharia e Consultoria Ltda.

115. Além disso, no processo de reprovação da Pedreira Encosta, não constam evidências de

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22 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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que teriam sidos observados os próprios normativos da Valec, os quais remetem à aplicação da norma

NBR NM 26/2001, com o necessário aprofundamento das investigações (Evidência 46).

116. Repisa-se que há indícios da reprovação da Jazida da Pedreira Encosta apenas por ensaios

parciais em fragmentos de rochas afloradas, expostas às intempéries, contrariando a norma NBR NM

26/2001, que expressamente prevê nos casos de jazidas encobertas, ensaiar amostras “extraídas

mediante perfurações até que se tenha alcançado a jazida, descartando todo material superficial não

aproveitável ou aquele que tiver sido alterado pela ação do tempo ou por outras circunstâncias”.

117. A rejeição da pedreira indicada sem os ensaios obrigatórios afronta o princípio da

economicidade, insculpido no art. 3º da Lei 8.666/93 e inciso V, do art. 96, da mesma Lei, por “tornar

por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a proposta ou a execução do contrato”.

118. Outro aspecto na alteração da jazida foi a substituição de rachão na modalidade explorada

para aquisição comercial. Nessa operação, houve aumento na ordem de 36,23% nos preços unitários

(comercial R$49,89/m3 - explorado R$36,62/m3), enquanto o consumo cresceu na ordem de 1.090%

em relação ao contrato inicial. A diferença a maior no volume de 354.459,17 m³ (fornecido

386.973,17m3 - previsto 32.514,00m3), equivale a um aumento nos gastos desnecessários com

aquisições comerciais e transportes na ordem de R$ 15.867.710,53.

119. Caso a Pedreira Encosta tivesse sido explorada exclusivamente para atender à finalidade de

fornecimento de rachão para a obra, dada a hipótese da rejeição para fornecimento de brita de lastro

por falta de qualidade, assim mesmo, ensejaria menores ônus ao erário com aquisições comerciais e

por transportes desnecessários.

120. No Quadro 5 a seguir, apresenta-se a quantificação de valores das diferenças entre:

executado até 64ª medição com o inicialmente previsto, rachão explorado (item 3.6.1) e a adquirido

(comercial – item 3.6.1.2) e os respectivos valores com transportes (item 3.6.3).

Quadro 5. Itens de serviços do contrato 65/2010, até a 64ª medição, lote 2S

(i) Cálculo das diferenças de preços: rachão comercial e explorado

Item Descrição Unid. Quantidade Preço Unitário

(R$) Total (R$)

3.6.1.2 Rachão D máx = 0,40 m

(pedreira comercial) m³ 386.973,17 49,89

19.306.091,45

(a)

3.6.1.2 Rachão D máx = 0,40 m

(extraído) m³ 386.973,17 36,62

14.170.957,48

(b)

Superfaturamento pela diferença de preços de rachão extraído para comercial (a - b) 5.135.133,97

(ii) Cálculo das diferenças de transportes incialmente previsto com o executado até a 64ª medição

DMT 73,64 km (executado)

3.6.3

Transporte de brita para rachão

DMT = 73,64 km

(26.100.909,04m³.km/354.459.17m³)

m³.km 26.100,909,04 1,08 28.188.981,76

(c)

DMT 45,6 km (estimativa inicial do contrato 65/2010)

3.6.3

Transporte de brita para rachão

(DMT= 45,6 km) (1.482.629,00

m³.km/32.514,00 m³) quantidade

previsto proposta

m³.km 16.163.338,15 1,08 17.456.405,20

(d)

Superfaturamento de transporte de rachão (c - d) 10.732.576,56 Fonte: Equipe de Auditoria

121. Nesse sentido, a soma dos indícios de sobrepreços/superfaturamentos até a 64ª medição foi

de R$ 37.297.249,62 (data-base set/2009), sendo:

a) item 8.1.2.2. Transporte de brita para lastro R$ 21.429.539,09 (Quadro 4);

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23 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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b) item 3.5.1.2. Diferenças do preço da brita extraída e comercial R$ 5.135.133,97 (Quadro

5 “i”),

c) item 3.6.3. Transporte de rachão R$ 10.732.576,56 (Quadro 5 “ii”).

III.2.3. Objetos nos quais o achado foi constatado:

122. Contrato 65/2010 (Lote 2S), situado entre a Rodovia GO-156 (km 111 + 219) e a ponte

sobre o Rio Verdão (km 250 +720). Consórcio Pavotec/Trail/Sobrado.

III.2.4. Critérios:

a) Norma Valec 80-EG-000A-29-0000;

b) Contrato 65/2010, Lote 2S;

c) Norma Valec 80-EM-033A-58-8006;

d) Norma NBR NM 26/2001.

III.2.5. Evidências:

a) Evidência 29 - Carta DIREN Pedreiras (Carta 4322011-Diren Valec), substituição da

pedreira-lote 2s;

b) Evidência 30 - AnexoXI_concorrencia_Edital_2010-004-20100729 –geral;

c) Evidência 32 – Esquema Jazidas Brita lt. 2S;

d) Evidência 33 - Relatório de Fiscalização nº 201305368, Lote 2S - CGU;

e) Evidência 46 - Ensaios da Pedreira Encosta e Pedreira Goyaz, Lote 2S.

III.2.6. Causas da ocorrência do achado:

123. As causas são decorrentes de deficiências no projeto executivo e nas gestões da Valec, da

supervisora da obra e da empresa contratada do Lote 2S.

III.2.7. Efeitos/Consequências do achado:

124. Os sobrepreços de quantidades e de preços que podem se converter em indícios de

superfaturamentos em desfavor do erário por falta de ensaios que comprovassem que a jazida indicada

em projeto, no caso a Pedreira Encosta, não pudesse ser utilizada como fonte de insumos para a obra.

O descarte da jazida sem ensaios normatizados pela Valec e da ABNT oneraram o erário na ordem de

R$ 37.297.249,62 até a 64ª medição (data-base set/2009),

III.2.8. Conclusão do Achado III.2 – Insuficiência de motivação para a permuta de jazida de brita

indicada

125. Houve indícios de sobrepreço e superfaturamento na execução das obras do Lote 2S,

Contrato 65/2010, no valor de R$ 37.297.249,62, até a 64ª medição (data-base set/2009), nos seguintes

itens analisados: 8.1.2.2 – transporte de brita para lastro (R$ 21.429.539,09), item 3.6.3 - transporte de

rachão (R$ 10.732.576,56) e item 3.5.1.2, sobre o aditamento da diferença de brita extraída e

comercial (R$ 5.135.133,97).

126. Nesse sentido, será proposta a oitiva da empresa supervisora da obra, Vega Engenharia e

Consultoria Ltda., do consórcio construtor Consórcio Pavotec/Trail/Sobrado e da Valec para que se

manifestem acerca das razões que motivaram o descarte da jazida indicada em projeto, Pedreira

Encosta, sem que fossem realizados todos os ensaios previstos nas normas Valec 80-EG-000A-29-

000080, 80-EM-033A-58-8006 e a norma NBR NM 26/2001, onerando a obra na ordem de

R$ 36.511.329,67 (data-base set/2009), tendo em vista a maior distância de transportes de britas para

lastro e de rachão e a substituição do rachão extraído pelo fornecimento de rachão comercial, acima

das quantidades previstas em projeto.

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24 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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III.3. A brita aplicada como Lastro Ferroviário não atende à Norma Técnica da Valec

III.3.1. Tipificação

127. Irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C)

128. Justificativa de não enquadramento no conceito de IG-P da LDO: os indícios de

irregularidade grave encontrados não se enquadram no disposto no art. 117, §1º, incisos IV e V da Lei

13.242/2015 (LDO/2016), embora gere citação ou audiência do responsável, se enquadrando no

disposto no inciso VI da referida Lei.

III.3.2. Situação encontrada

129. Indícios apontam que a brita utilizada para lastro no Lote 4S, proveniente da Pedreira

Fazenda Confusão do Rio Preto (Constran), Quirinópolis/GO, não atende ao preconizado na

Especificação Técnica da Valec 80-EM-033A-58-8006 (Evidência 32). A constatação é acompanhada

de ensaios realizados pelo Laboratório de Materiais de Construção Civil do Instituto de Pesquisas

Tecnológicas - IPT.

130. Segundo o Relatório de Ensaio 1047926-203 de caracterização tecnológica de amostra de

rochas (Evidência 34, p. 167-178), elaborado pelo IPT, há reprovações nos índices de fragmentos

lamelares e porosidade do material.

131. De acordo com o estudo (Evidência 34, p. 176), o índice de partículas lamelares encontra-

se mais de 100% acima do tolerado pela norma Valec. Ou seja, foram encontrados nos ensaios 23% de

partículas lamelares, enquanto a norma tolera no máximo 10% (Evidência 32, p. 3). Há uma série de

ensaios realizados, porém os índices encontram-se reprovados em todos.

132. Quanto ao índice de porosidade, foram realizados vinte ensaios (Evidência 34, p. 138-147),

porém nenhum se encontra dentro da tolerância admitida pela norma Valec e pela norma norte

americana Arema. Chama atenção amostra com teor de porosidade de até 14,16% (amostra 8, corpo de

prova 10), enquanto o limite máximo previsto na norma Valec 80-EM-033A-58-8006 é de apenas 1%.

133. O laudo do IPT opinou pela reprovação da brita como lastro ferroviário, porém não se

obteve maiores informações acerca das razões que motivaram a empresa a persistir com a aplicação de

insumos pétreos não aprovadas pela Valec.

134. Cabe consignar que amostras da brita ensaiadas pelo IPT demonstram “Reatividade

Potencial Álcali-Agregado”. Essa constatação implica em argilominerais com efeitos “possivelmente

expansivos, de cor marrom esverdeada como produto de desvitrificação do vidro, e preenchendo

amigdalas”.

135. A informação torna-se relevante para os potenciais efeitos na aplicação desse material em

estruturas de concreto armado pela alta reatividade, o que poderá comprometer a resistência da

estrutura gradativamente no decorrer do tempo. O uso desse insumo para concretos requer a dosagem

de aditivos neutralizantes aos efeitos deletérios para a vida útil.

136. Desse modo, esse aspecto para uso em concreto será, então objeto de determinação à Valec

para que se certifique dos resultados do laboratório do IPT e confirme junto à empresa supervisora e à

empresa construtora o eventual uso da brita da Pedreira Fazenda Confusão do Rio Preto (Constran)

como insumo no concreto das obras de arte especial e, em se confirmando, levante e informe à Corte

as providências tomadas quanto à neutralização dos efeitos de redução na vida útil dessas estruturas.

137. Contraprovas realizadas pela empresa supervisora da obra indicam também alto teor de

contaminação por torrões de argila. Exemplo disso é a Amostra 4, coletada no pulmão do km 506+775

(Evidência 38, p. 157), que indica teor de argila de 16,15%, enquanto a norma Valec 80-EM-033A-58-

8006 limita em no máximo 0,5%, mesmo teor admitido pela norma ABNT NBR 7218, a qual é

referenciada pela norma Valec.

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25 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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138. A equipe de auditoria não mensurou a extensão dos efeitos da brita aplicada na obra, tendo

em vista que a empresa oficializou duas pedreiras como fonte de insumos para a obra. O volume

calculado para a obra, com extensão de 168,10 km, incluídos pátios e superelevação de curvas, e

descontados os volumes de dormentes e a taxa de redução de volume por adensamento de 10%, atinge

a quantidade de 416.761,85 m³ de brita para lastro. Outras aplicações na obra dos produtos dessa

pedreira explorada com indícios de insuficiência de qualidade não foram quantificadas nesta

fiscalização.

139. Caso confirmado o uso em toda a extensão do Lote 4S, as quantidades já fornecidas, até a

63ª medição, somam 410.769,67 m³ no item 8.1.2.1 (fornecimento de brita para lastro), com o valor

pago de R$ 14.750.738,77 (data-base, set/2009). Para o item 8.1.2.2 (momento de transporte), na

quantidade de 30.648.244,24 m³.km, o valor já medido é de R$ 37.084.375,47. A soma desses itens

alcança o montante de R$ 51. 835.134,24 (data-base set/2009).

140. Deve ser ressaltado que praticamente todo o material para uso no lastro no Lote 4S se

encontra às margens da futura ferrovia, nos chamados pulmões de brita, no aguardo do momento de

seu lançamento sobre o sublastro como parte da superestrutura ferroviária.

141. Essa fase da obra, de lastreamento da via, embora já em andamento, se encontra em estágio

inicial, conforme se extrai dos valores acumulados até a 63ª medição, de março/2016:

a) 8.2.1.1 - montagem de grade bitola larga com dormentes pagos 10,25 km; R$

901.132,94 (6,06%);

b) 8.2.1.2 - lastramento de linha h= 0,30 cm, 33,14 km; R$ 973.678,05 (19,59%);

c) 8.2.1.3 - nivelamento, levante, alinhamento e socaria de linha (0%);

d) 8.2.1.4 - posicionamento final, acabamento e alívio de tensão (0%);

e) 8.2.3 - solda aluminotérmica para formação de TLS R$ 322.070,58 (4,37%).

142. Desde já é importante frisar que a pouca evolução dos serviços de superestrutura,

conjugada com o ritmo de evolução desses serviços e a omissão da Valec e da empresa

supervisora ao aceitarem o uso desse material impróprio requer medidas urgentes desta Corte,

com a adoção de Medida Cautelar sem Oitiva Prévia, antes que a construtora avance ainda mais nas

etapas posteriores ao lastro, o que aumentaria os empecilhos numa eventual substituição do material

impróprio e implicaria em maiores gastos com a necessária remoção de trilhos e dormentes e com o

subsequente novo reposicionamento e alinhamento da via.

Pedido de concessão de Medida Cautelar sem Oitiva Prévia.

143. Consoante o art. 276 do Regimento Interno/TCU, o Relator poderá, em caso de urgência,

de fundado receio de grave lesão ao Erário, ao interesse público, ou de risco de ineficácia da decisão

de mérito, de ofício ou mediante provocação, adotar medida cautelar, determinando a suspensão do

procedimento impugnado, até que o Tribunal julgue o mérito da questão. Tal providência deverá ser

adotada quando presentes os pressupostos do fumus boni iuris e do periculum in mora.

144. Analisando os elementos apresentados até aqui, verifica-se que há, no presente caso

concreto, os pressupostos acima mencionados, que indicam a necessidade de se suspender os serviços

de montagem de grade; lastreamento de linha; solda aluminotérmica para formação de TLS;

nivelamento, levante, alinhamento e socaria de linha; e posicionamento final, acabamento e

alívio de tensão relativos ao Contrato 67/2010, Lote 4S da FNS Extensão Sul até que o

fornecimento de brita de lastro de qualidade adequada, em substituição ao material impróprio

presente na obra, seja devidamente equacionado.

145. A omissão da empresa supervisora e da Valec ao aceitarem o fornecimento de material

comprovadamente impróprio, face ao não atendimento às características técnicas necessárias nos testes

efetuados conforme norma técnica Valec, de conhecimento pleno e prévio de ambas as empresas; e ao

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26 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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efetuarem as medições e as aprovarem, com grave ofensa ao princípio da eficiência, insculpido no art.

37 da nossa Carta Magna, caracterizam o instituto do fumus boni iuris e devem ser analisadas com

maior profundidade por esta unidade técnica, em vista da real necessidade de ter que se proceder à

recusa tardia desse material e à sua substituição por novo fornecimento, desta vez com material

adequado.

146. Como as obras estão em andamento e há continuidade na aplicação da brita de lastro, com

a aplicação dos serviços subsequentes que utilizam esse material impróprio como sustentáculo e que

estão sendo feitos sem interrupção, a manutenção desta situação aumenta sobremaneira os gastos que

serão necessários ao desmonte da grade ferroviária com a remoção de trilhos e dormentes e o novo

reposicionamento e alinhamento da via, evidencia-se o periculum in mora, podendo a manutenção

desse cenário ensejar em prejuízo de grande monta à Valec e/ou ao interesse público e comprometer a

eficácia da decisão de mérito que vier a ser proferida pelo Tribunal.

147. De outra parte, verifica-se que a efetivação da medida aqui proposta poderá provocar

atraso no andamento da obra, com as consequências advindas da não integração da FNS com a malha

ferroviária que vai aos portos do sudeste do País.

148. Esse risco, presente no caso concreto, caracteriza o periculum in mora reverso. Entretanto,

esse risco não é maior do que aquele que poderá advir da não adoção da medida cautelar pleiteada,

pois, em qualquer caso, haverá interrupção de tráfego ferroviário durante o processo de refazimento da

superestrutura ferroviária, sabendo-se que uma maior extensão a ser refeita implica em maiores

prejuízos e em aumento do tempo sem a possibilidade de prestação dos serviços de transporte

ferroviário.

Outros aspectos do caso concreto.

149. No aspecto eminentemente técnico, a empresa é a única responsável pela entrega e

execução do serviço. O material empregado deveria ter o fornecimento iniciado somente após

satisfazer integralmente às especificações técnicas da Valec 80-EM-033A-58-8006.

150. Cabe mencionar que a norma 80-EM-033A-58-8006 equipara a Valec como consumidora

final do produto e de serviço. Nessa hipótese cabe aplicar subsidiariamente ao contrato administrativo

o Código de Defesa do Consumidor - CDC, para que os efeitos das falhas do produto ou serviços e o

ressarcimento de eventuais danos possam ser mais célere e reconhecida. Nesse sentido o CDC prevê:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,

independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por

defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,

apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou

inadequadas sobre sua utilização e riscos (grifos acrescidos).

151. Similar entendimento se extrai do item 6, da norma Valec 80-EM-033A-58-8006 com a

seguinte descrição:

(...)

c) O fato de a VALEC executar ou delegar poderes de fiscalização e inspeção não exime o fornecedor

da integral responsabilidade pela qualidade da brita fornecida;

d) Se o material não estiver de acordo com a presente especificação, o fornecedor é notificado para

que suspenda qualquer novo carregamento, até que a falha constatada seja corrigida, devendo o

mesmo retirar todo o material defeituoso utilizado ou não no lastramento, sem qualquer ônus para a

VALEC. (Grifos acrescidos).

152. Portanto, cabe determinar à Valec identificar a extensão do dano e os responsáveis pela

aquisição e aplicação de lastro de brita impróprio proveniente da Pedreira Fazenda da Confusão do Rio

Preto, reprovada nos ensaios de qualidade das especificações técnicas Valec 80-EM-033A-58-8006,

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27 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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ABNT e AREMA e tomar medidas adequadas ao refazimento, sem ônus, dos serviços que apresentam

vícios do produto ou defeitos de serviços, por culpa da empresa contratada, Constran, referente ao

Contrato 67/2010 (Evidência 34).

153. Apesar da gravidade dos fatos, não será proposto, nesta fase, ouvir os responsáveis

técnicos da empresa construtora pela irregularidade e pelas razões que os motivaram a não sanear os

problemas com a qualidade da brita, assim como não será proposta oitiva para que sejam verificadas as

razões que motivaram a omissão dos responsáveis da supervisora e da Valec a não suspenderem os

carregamentos até que falhas fossem corrigidas. De mais, como esses atos praticados pelos

responsáveis são revestidos pelo exercício profissional, por essa razão, são também objeto de

submissão às entidades de classe as quais pertençam, assim, caso se confirme a irregularidade,

entende-se necessário encaminhar cópia da decisão que o Tribunal vier a proferir ao CONFEA e ao

Ministério Público dos estados em que os fatos aconteceram.

154. No aspecto das alterações de projetos, cabe mencionar que o art. 18, da Lei 5.194/1966

(CONFEA, regulamento do exercício profissional de engenheiro), apresenta que “As alterações do

projeto ou plano original só poderão ser feitas pelo profissional que o tenha elaborado”. Ou seja, no

presente caso concreto a responsabilidade de autoria teria sido desprezada quando da alteração da

jazida.

155. Além do mais, fere também do Código de Ética Profissional da Engenharia, o profissional

que se “omitir ou ocultar fato de seu conhecimento que transgrida à ética profissional”, quando, ciente

dos problemas de má qualidade, se omitiu em relatar os fatos que ensejariam a imediata correção dos

serviços.

156. Ademais o § 4°, do art. 14 da Lei 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor), imputa a

responsabilidade pessoal dos profissionais liberais mediante apuração pela verificação de culpa. O que

em hipótese não exime o fornecedor de serviços, independentemente da existência de culpa, pela

reparação de danos causados, por defeitos relativos à prestação de serviços e, conforme § 1º do art. 25,

do CDC, “havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente

pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores”.

157. Cabe mencionar a aplicação subsidiária do art. 20, do CDC, pela vulnerabilidade técnica e

científica, perante o fornecedor/empresa da administração pública, Valec. A mencionada norma Valec

80-EM-033A-58-8006, transfere toda a responsabilidade ao fornecedor, pelo dever cumprir o

avençado em contrato. Assim, em aplicação subsidiária do CDC, propõe alternativamente à escolha

pelo fornecedor, as opções: i) reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; ii) a

restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada sem prejuízo de eventuais perdas e

danos ou, ainda; iii) o abatimento proporcional do preço.

158. Desse modo, cabe determinar à Valec identificar a extensão dos danos por aquisição e

aplicação de lastro de brita que se apresentam com vícios ou defeitos, para quantificar o valor.

III.3.3. Objetos nos quais o achado foi constatado:

159. Contrato 67/2010 (Lote 4S), compreendido entre a ponte sobre o Córrego Cachoeirinha

(km 386 + 660) e a ponte sobre o Rio Arantes (km 527 + 640). Construtora Constran S.A

III.3.4. Critérios:

a) Norma Valec 80-EG-000A-29-0000;

b) Especificação de Projeto Executivo Engevix 1209/00-70-RL-1001, Valec 80-RL-0400

D-00-1001;

c) Norma Valec 80-EM-033A-58-8006;

d) Lei 8.666/93, art. 3ª e art. 59, inciso V.

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28 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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III.3.5. Evidências:

a) Evidência 34 - Ensaios de brita para uso em lastro - Lote 4S;

b) Evidência 35 - Indicação pedreira Lote 4S -Líder Britas;

c) Evidência 36 - peça 63 TC 012.460/2013-3 - fornecimento de britas em 2013;

d) Evidência 37 - peça 86 TC 012.460/2013-3 - Cálculo do Superfaturamento.

III.3.6. Causas da ocorrência do achado:

160. Escolha e aceitação de jazida para explorar britas sem observar os critérios definidos em

norma da Valec.

III.3.7. Conclusão do achado III.3 A brita aplicada como lastro não atende à norma técnica da Valec

161. O fato de o consórcio Constran ter explorado a Pedreira da Fazenda Confusão do Rio Preto

sem se certificar da qualidade da jazida para a explorar a brita, segundo a norma Valec 80-EM-033A-

58-8006, implicou em suposto fornecimento de material de qualidade deficiente para o Contrato

67/2010.

162. Caso confirmada em toda a extensão do Lote 4S, as quantidades atingem, até a 63ª

medição, 410.769,67 m³ no item 8.1.2.1 (fornecimento de brita para lastro). O valor pago totaliza o

valor de R$ 14.750.738,77 (data-base, set/2009). Para o item 8.1.2.2 (momento de transporte), na

quantidade de 30.648.244,24 m³.km, o valor já medido é de R$ 37.084.375,47. A soma dos dois itens é

de R$ 51.835.134,24 (data-base set/2009).

163. Será proposta a adoção de Medida Cautelar, sem oitiva prévia, para suspender os serviços

de montagem de grade bitola larga com dormentes pagos (8.2.1.1); lastreamento de linha h= 0,30 cm

(8.2.1.2); solda aluminotérmica para formação de TLS (8.2.3); nivelamento, levante, alinhamento e

socaria de linha (8.2.1.3); e posicionamento final, acabamento e alívio de tensão (8.2.1.4) relativos ao

Contrato 67/2010, Lote 4S da FNS Extensão Sul até que o fornecimento de brita de lastro de qualidade

adequada, em substituição ao material inadequado presente na obra, seja devidamente equacionado.

164. Serão propostas oitivas, com fundamento no art. 276, § 3º do RITCU, da empresa

construtora, da empresa supervisora do Lote 4S e da Valec, para se manifestarem acerca das razões

que motivaram a exploração da Pedreira da Fazenda da Confusão do Rio Preto, sem que os ensaios da

brita fossem integralmente aprovados segundo a norma Valec 80-EM-033A-58-8006.

165. Complementarmente será proposto determinar à Valec identificar a extensão do dano e os

responsáveis pela aquisição e aplicação de lastro de brita impróprio proveniente da Pedreira Fazenda

da Confusão do Rio Preto, reprovada nos ensaios de qualidade das especificações técnicas Valec 80-

EM-033A-58-8006, ABNT e AREMA e tomar medidas adequadas ao refazimento, sem ônus, dos

serviços que apresentam vícios do produto ou defeitos de serviços, por culpa da empresa contratada

Constran, referente ao Contrato 67/2010 (Evidência 34).

166. Com relação aos índices de “Reatividade Potencial Álcali-Agregado” implicando em

argilominerais com efeitos “possivelmente expansivos, de cor marrom esverdeada como produto de

desvitrificação do vidro, e preenchendo amigdalas” e que podem trazer efeitos danosos à vida útil de

estruturas que utilizem esse tipo de material, cabe determinação à Valec para que se certifique dos

resultados do laboratório do IPT e confirme junto à empresa supervisora e à empresa construtora o

eventual uso da brita desta pedreira no concreto das obras de arte especial e, em se confirmando,

levante e informe à Corte as providências tomadas quanto à neutralização dos efeitos de redução na

vida útil dessas estruturas.

III.4. Justificativa insuficiente para o uso de contratação integrada

III.4.1. Tipificação

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29 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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167. Irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C)

168. Justificativa de não enquadramento no conceito de IG-P da LDO: os indícios de

irregularidade grave encontrados não se enquadram no disposto no art. 117, §1º, incisos IV e V da Lei

13.242/2015 (LDO/2016), embora gere audiência do responsável, se enquadrando no disposto no

inciso VI da referida Lei.

III.4.2. Situação encontrada

169. A Valec não apresentou justificativas suficientes para o uso do regime de execução de

contratação integrada ao divulgar o edital RDC 006/2014 de contratação de empresa para elaboração

de projetos básico e executivo e execução de obras e serviços remanescentes referentes ao Contrato

36/2014, Lote 3SA.

170. A justificativa utilizada pela empresa é genérica e não detalha o caso concreto da

contratação desejada (Edital RDC 006/2014, Evidência 63, p.37). Além disso, não demonstra técnica e

economicamente a vantagem do uso desse tipo de regime de execução contratual nas obras a serem

licitadas, conforme exigido pela Lei 12.462/2011 (Lei do RDC) e pela jurisprudência do TCU. Abaixo

segue transcrição da justificativa da Valec. 11.2.3. Por meio da contratação integrada a VALEC espera obter soluções técnicas inovadoras

que reduzam o prazo de execução das obras e os custos diretos do empreendimento. Além de

aproximar as contratações públicas das sistemáticas utilizadas no Setor Privado e ainda ter o

compartilhamento do Risco do Empreendimento.

11.2.4. Além disso, com a utilização da contratação integrada a VALEC busca soluções de

engenharia mais econômicas devido a singularidade do trecho a ser implantado, onde

principalmente os serviços de contenção (taludes, cortes/aterros), drenagens profundas e

estabilização de solos compressíveis se apresentam com elevados custos agregados.

171. A justificativa técnica e econômica para esse tipo de contratação é expressamente exigida

pelo art. 9°, caput, da Lei 12.462/2011 e pela jurisprudência do TCU, como nos Acórdãos 1.510/2013-

TCU-Plenário e 2.153/2015-TCU-Plenário.

172. O conteúdo a ser incluído nessas justificativas encontra-se detalhado no Acórdão

1.850/2015-TCU-Plenário. Segundo o Tribunal, a justificativa econômica deve demonstrar em termos

monetários que os gastos totais a serem realizados com a implantação do empreendimento serão

inferiores se comparados aos obtidos com os demais regimes de execução. Já a justificativa técnica

deve demonstrar que as características do objeto permitem que ocorra real competição entre as

contratadas para a concepção de metodologias/tecnologias distintas, que levem a soluções capazes de

serem aproveitadas vantajosamente pelo Poder Público.

173. Além do mais, embora não possa ser utilizado na presente situação, por ter sido prolatado

em momento posterior, no recente Acórdão 1.388/2016-TCU-Plenário, esta Corte voltou a se

posicionar sobre as justificativas aplicáveis ao caso, reforçando o entendimento vigente:

9.1.1. a opção pelo regime de contratação integrada com base no inciso II do art. 9º da Lei

12.462/2011 deve ser fundamentada em estudos objetivos que a justifiquem técnica e

economicamente e considerem a expectativa de vantagens quanto a competitividade, prazo, preço e

qualidade em relação a outros regimes de execução, especialmente a empreitada por preço global, e,

entre outros aspectos e quando possível, a prática internacional para o mesmo tipo de obra, sendo

vedadas justificativas genéricas, aplicáveis a qualquer empreendimento;

9.1.1.1. mediante análise comparativa com contratações já concluídas ou outros dados disponíveis,

deve-se proceder à quantificação, inclusive monetária, das vantagens e desvantagens da utilização

do regime de contratação integrada, sendo necessária justificativa circunstanciada no caso de

impossibilidade de valoração dos parâmetros;

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30 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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9.1.2. nas licitações pelo regime de contratação integrada enquadradas no inciso II do art. 9º da Lei

12.462/2011, é obrigatória a inclusão nos editais de critérios objetivos de avaliação e julgamento de

propostas que contemplem metodologias executivas diferenciadas admissíveis, em observância ao

§ 3º daquele artigo;

174. A própria Assessoria Jurídica da Valec chegou a questionar a fragilidade dos argumentos

para a utilização da contratação integrada, como segue abaixo:

Segundo entende esta Assessoria Jurídica, afirmar - como foi afirmado - que a contratação

integrada propiciará "técnicas inovadoras que reduzem o prazo de execução das obras e os custos

diretos do empreendimento" não é suficiente. Quais são essas técnicas inovadoras? Como elas

podem, concretamente, reduzir prazos de execução ou custos diretos do empreendimento?

(Evidência 50, p. 13)

175. Em resposta a esse questionamento, a Sucon justificou o uso desse tipo de regime de

contratação ao mencionar a complexidade das obras licitadas e a necessidade de empresa com

“expertise técnica” capaz de apresentar soluções que visassem economicidade e redução de prazos de

execução das obras (Evidência 51, p.3).

176. Além disso, uma das justificativas apresentadas no edital é a expectativa da Valec por

obter soluções técnicas inovadoras, com a possibilidade de execução das obras com diferentes

metodologias.

177. Porém, em face do Acórdão 1.850/2015-TCU-Plenário, citado acima, o edital da licitação

em questão não permitiu a possibilidade de ocorrência de uma real competição entre as licitantes para

concepção de metodologias distintas, pois o tipo de certame escolhido foi o de menor preço. Dessa

forma, durante a disputa, não houve formas de se avaliar melhores soluções ou metodologias. A

empresa firmou contrato com a empresa que ofereceu o menor preço, independentemente de qualquer

solução técnica.

178. Assim, em face do disposto no art. 9°, da Lei 12.462/2011 e da existência do Acórdão

1.510/2013-TCU-Plenário, anterior ao lançamento do edital RDC 06/2014, entende-se que houve

desobediência à lei e à jurisprudência do TCU, motivo pelo qual será proposta a oitiva da Valec.

III.4.3. Objetos nos quais o achado foi constatado:

179. Edital 6/2014 e Contrato 36/2014 (Lote 3SA), elaborar projetos básicos e executivos das

obras remanescentes, localizadas no município de Rio Verde/GO, posicionadas do km 357+800 ao km

364+ 172, da Extensão Sul, da Ferrovia Norte-Sul. Implantação da grade (lastro, dormentes e Trilhos)

entre os km 315+800 e 394+900, da Extensão Sul, da Ferrovia Norte-Sul. O valor do contrato na

Modalidade RDC é de R$ 182.987.677,0.

III.4.4. Critérios:

a) Acórdão 1.510/2013-TCU-Plenário;

b) Lei 12. 462/2011, art.9°, Regime Diferenciado de Contratações;

III.4.5. Evidências:

a) Evidência 49 - EditalRDC004-014N - novo edital - Lote 3SA;

b) Evidência 50 - Parecer_Asjur_Antes_Contratacao.pdf, p.6;

c) Evidência 51 - Parecer_Supen_Pos_Asjur -Lote 3SA;

d) Evidência 52 - Parecer_SUCON_Antes_asejur_2TA -Lote 3SA;

e) Evidência 53 - Parecer_SUCON_Depois_asejur_2TA -Lote 3SA;

f) Evidência 54 - Manifestacao_DIREN_2TA -Lote 3SA;

g) Evidência 55 - Parecer_Supen_Pos_Asjur - Lote 3SA;

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31 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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h) Evidência 56 - Parecer_Tecnico_Engenheiros_Valec_TA2 -Lote 3SA;

i) Evidência 57 - contrato 36/2014 - Lote 3SA;

j) Evidência 58 - GECOP_Disponibilidade_Orcamentaria -Lote 3SA;

k) Evidência 59 - Esquemático Acesso Jazidas Lt-03-ES-Model -Lote 3SA;

l) Evidência 60 - Memória de cálculo acumulada de brita para lastro jan - Lote 3SA;

m) Evidência 61 - Concessionaria_Possivel_Reequilibrio_Apos_2TA -Lote 3SA;

n) Evidência 62 - assinatura_TR_RDC3SA.

III.4.6. Causas da ocorrência do achado:

180. Descoordenação entre a áreas técnicas e jurídica acerca da escolha do regime e da

modalidade licitatória mais adequada ao caso concreto.

III.4.7. Efeitos/Consequências do achado:

181. Prejuízos gerados por aquisição ou contratação sem escolha da proposta mais vantajosa.

Menor ação de controle a ser exercido pela Valec e pelos órgãos de controle externo, com riscos de

produtos entregues serem superfaturados e possibilitar jogo de cronograma.

III.4.8. Conclusão do achado III.4. Justificativa insuficiente para o uso de contratação integrada

182. A justificativa utilizada pela empresa é genérica e não detalha o caso concreto da

contratação desejada (Edital RDC 006-2014, p. 37). Além disso, não demonstra técnica e

economicamente a vantagem do uso desse tipo de regime de execução contratual nas obras a serem

licitadas, conforme exigido pela Lei 12. 462/2011 e pela jurisprudência do TCU.

183. O edital da licitação em questão não permitiu a possibilidade de ocorrência de uma real

competição entre as licitantes para concepção de metodologias distintas, pois o tipo de certame

escolhido foi o de menor preço. Dessa forma, durante a disputa, não houve formas de se avaliar

melhores soluções ou metodologias. A empresa firmou contrato com a empresa que ofereceu o menor

preço, independentemente de qualquer solução técnica

184. Será proposta a oitiva da Valec devido a insuficiência de justificativas para uso de

contratação integrada no Edital RDC 6/2014, que originou o contrato 36/2014, em face do disposto no

art. 9°, da Lei 12.462/2011 e na jurisprudência do Tribunal, a exemplo do Acórdão 1.510/2013-TCU-

Plenário, anterior ao lançamento do edital.

IV. Conclusão

185. A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar as obras de construção da Ferrovia Norte-

Sul, Extensão Sul, no trecho entre Ouro Verde de Goiás/GO e a Ponte sobre o Rio Arantes/MG, em

cumprimento ao Acórdão 664/2016 – Plenário.

186. Foram cinco os Lotes fiscalizados: 1S, 2S, 3S, 3SA e 4S. O Lote 3SA, foi licitado pela

Valec por meio do edital de licitação RDC 6/2014, com o objetivo de complementar o Lote 3S, devido

ao exaurimento de recursos no contrato original.

187. A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo

aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:

a) Questão 1: A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi

adequada?

b) Questão 2: Como foram alocados os riscos na contratação e na execução da obra, na

modalidade de licitação pelo RDC?

188. O Achado III.1 tratou do transporte de brita e rachão em distâncias superiores aos previstos

em projetos. Há indícios de superfaturamento no Contrato 64/2010, Lote 1S, por adoção de apenas um

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32 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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britador instalado na pedreira Britagran, enquanto o projeto menciona a indicação de duas pedreiras. O

possível superfaturamento decorrente dessa prática, onerou os cofres públicos na ordem de

R$ 26.440.566,89 (data-base set/2009), relativos aos itens: 8.1.2.2 transportes de britas para lastro,

3.6.2.1 transportes de rachão e 3.6.3 preços de rachão comercial.

189. A totalização de valores relativos ao transporte de britas para lastro e rachão foram

priorizados neste relatório, por serem mais expressivos e pelo fato da Valec ter rescindido

unilateralmente o Contrato 64/2010 com o consórcio Aterpa/Ebate, no mês de junho de 2016. Há

também uma Ação Civil Pública, movida pela Justiça Federal de Goiás, tendo como rés a supervisora

do Lote 1S, Ecoplan e a empresa Aterpa/Ebate.

190. Também se referenciou às conclusões do Processo Administrativo Disciplinar

51402.093480/2014-66, instaurado por determinação do Acórdão 3.133/2014-TCU-Plenário, cujas

conclusões são pela punição de fiscais da Valec à época, em decorrência de atos comissivos por

omissão praticados pelos ex-empregados da Valec.

191. Baseado nesses fatos será proposta a instauração, em processo apartado, de Tomada de

Contas Especial.

192. Além do até aqui exposto, houve a liberação de valores retidos até a 28ª medição, pelo ex-

Diretor presidente da Valec e ex-Diretor de Engenharia, contrariando a posição dos gestores da obra e

da supervisora, e a persistência de pagamentos nos mesmos moldes daí até, pelo menos a 67ª medição,

razões pelas quais será proposta a Audiência desses responsáveis.

193. No Achado III.2. (Insuficiência de motivação para a permuta de jazida de brita indicada em

projeto), relativo ao Lote 2S, foi constatado que a Pedreira da Encosta havia sido indicada em projeto

por proporcionar menores distâncias de transportes de brita para lastro e rachão. Porém, foi preterida

sem adequada motivação segundo as previsões contidas nas normas Valec e ABNT. A escolha pela

Pedreira Goyaz (comercial) implicou maiores distâncias de transportes e consequentemente maior

ônus ao erário.

194. Os ensaios previstos na norma Valec 80-EG-000A-29-0000 fazem referências a

metodologias específicas para caracterização de jazidas, tais como extrair amostras por sondagens

rotativas em profundidades previamente determinadas. Os indícios apontam pela omissão da

supervisora da obra, empresa Vega Engenharia e Consultoria Ltda., como autora do projeto executivo

e supervisora da obra, por não exigir da construtora todos os ensaios previstos na especificação Valec

80-EM-033A-58-8006 e pela omissão da Valec por aceitar a substituição da jazida em afronta às suas

próprias normas técnicas.

195. Será proposta a oitiva da empresa supervisora da obra, Vega Engenharia e Consultoria

Ltda., do consórcio construtor Consórcio Pavotec/Trail/Sobrado e da Valec para que se manifestem,

justificadamente, acerca das razões que motivaram o descarte da jazida indicada em projeto, Pedreira

Encosta, sem que fossem realizados todos os ensaios previstos nas normas Valec 80-EG-000A-29-

000080, 80-EM-033A-58-8006 e a norma NBR NM 26/2001, onerando a obra na ordem de R$

36.511.329,67 (data-base set/2009), com maior distância de transportes de britas para lastro e de

rachão e com a substituição do rachão extraído pelo fornecimento de rachão comercial, acima das

quantidades previstas em projeto, em afronta às normas técnicas vigentes e ao princípio da

economicidade insculpido no art. 3º, da Lei 8.666/93.

196. No Achado III.3. (A brita aplicada no lastro não atende às normas Técnicas da Valec),

constatou-se indícios de má qualidade da brita utilizada para lastro no Lote 4S, proveniente da Pedreira

Fazenda Confusão do Rio Preto, Quirinópolis/GO. O produto apresenta-se reprovado na especificação

técnica da Valec 80-EM-033A-58-8006, de acordo com os resultados apresentados pelo Laboratório

do IPT. Os ensaios mostram excessivo índice de porosidade, alto índice de absorção de água e alto

índice de lamelaridade.

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33 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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197. A Brita nessas condições não é passível de ser aceita na obra, sob pena de comprometer a

vida útil da ferrovia.

198. Além disso, a brita da Pedreira da Fazenda Confusão apresenta-se com alto índice de

reação álcalis-agregado. O uso desse insumo para concretos requer a dosagem de aditivos

neutralizantes aos efeitos deletérios para a vida útil das estruturas que utilizem esse tipo de insumo.

Assim, será proposta determinação à Valec para que se certifique dos resultados do laboratório do IPT

e confirme junto à empresa supervisora e à empresa construtora o eventual uso da brita desta pedreira

no concreto das obras de arte especial e, em se confirmando, levante e informe à Corte as providências

tomadas quanto à neutralização dos efeitos de redução na vida útil dessas estruturas.

199. A alteração da Pedreira indicada em projeto, Líder Britas (comercial), para a Pedreira da

Fazenda Confusão do Rio Preto, da empresa, onerou o erário com maiores distâncias de transporte da

brita para lastro e para o rachão em R$ 22.572.948,02. Caso se comprove pela necessidade de

substituição de toda a brita já aplicada na obra, o valor estimado a ser gasto é de R$ 51. 835.134,24

(data-base set/2009).

200. Será proposta a adoção de Medida Cautelar, sem oitiva prévia, para suspender os serviços

de montagem de grade bitola larga com dormentes pagos (8.2.1.1); lastreamento de linha h= 0,30 cm

(8.2.1.2); solda aluminotérmica para formação de TLS (8.2.3); nivelamento, levante, alinhamento e

socaria de linha (8.2.1.3); e posicionamento final, acabamento e alívio de tensão (8.2.1.4) relativos ao

Contrato 67/2010, Lote 4S da FNS Extensão Sul até que o fornecimento de brita de lastro de qualidade

adequada, em substituição ao material inadequado presente na obra, seja devidamente equacionado.

201. Serão propostas oitivas da empresa construtora, da empresa supervisora do Lote 4S e da

Valec, para se manifestarem acerca das razões que motivaram a exploração da Pedreira da Fazenda da

Confusão do Rio Preto, sem que os ensaios da brita fossem integralmente aprovados segundo a norma

Valec 80-EM-033A-58-8006.

202. Complementarmente, será proposta determinação à Valec para que identifique a extensão

do dano e os responsáveis pela aquisição e aplicação de lastro de brita impróprio proveniente da

Pedreira Fazenda da Confusão do Rio Preto, reprovada nos ensaios de qualidade das especificações

técnicas Valec 80-EM-033A-58-8006, ABNT e AREMA e para que tome as medidas adequadas ao

refazimento, sem ônus, dos serviços que apresentam vícios do produto ou defeitos de serviços, por

culpa da empresa contratada Constran, referente ao Contrato 67/2010 (Evidência 34).

203. Nesse sentido, destaca-se que tais irregularidades afrontam o princípio da economicidade

insculpida no art. 3º, da Lei 8.666/93.

204. Quanto ao Achado III.4. (Justificativa insuficiente para contratação integrada) afeta a

contratação de empresa para elaborar projetos básicos e executivos e execução de obras e serviços

remanescentes referentes ao Lote 3SA, na modalidade RDC.

205. No caso o instrumento convocatório deixou de trazer justificativas adequadas para o uso do

regime de execução de contratação integrada, com infringência ao art. 9º, caput, da Lei 12.462/2011, e

à jurisprudência do TCU, motivo pelo qual, será proposta a oitiva da Valec.

206. Finalizando, dada a gravidade e complexidade dos achados aqui identificados e analisados,

torna-se necessário, em atenção ao disposto no item 145 das Notas de Auditoria do TCU, aprovadas

pela Portaria TCU 280/2010, o encaminhamento do relatório preliminar aos gestores é obrigatório se

houver achados de alta complexidade ou de grande impacto.

145. Nas auditorias operacionais, a regra é submeter o relatório preliminar aos comentários

dos gestores, inclusive os achados, as conclusões e as propostas de encaminhamento formuladas pela

equipe. Nas demais auditorias, o encaminhamento do relatório preliminar aos gestores é obrigatório

se houver achados de alta complexidade ou de grande impacto, e opcional nas demais situações, a

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34 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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critério do dirigente da unidade técnica. Nessas auditorias, em regra, o relatório preliminar a ser

encaminhado deve conter os achados e as conclusões da equipe, cabendo ao titular da unidade decidir

quanto à necessidade, oportunidade e conveniência de incluir as propostas de encaminhamento

formuladas pela equipe. Em todos os casos, as propostas de encaminhamento não devem ser incluídas

no relatório preliminar a ser comentado caso a sua divulgação coloque em risco os objetivos da

auditoria.

207. Por outro lado, como demonstrado nos parágrafos 0 a 0 desta instrução, há, com relação ao

achado referente ao Lote 4S (Achado III.3), a caracterização dos requisitos necessários para a

concessão de Medida Cautelar sem Oitiva Prévia, o que torna primordial a atenção desta Casa ao fato,

mesmo antes do atendimento ao determinado sobre a obrigatoriedade de encaminhamento do relatório

preliminar aos gestores, razão pela qual optamos por relegar à uma segunda fase o dito

encaminhamento desta instrução para comentários dos gestores, propondo, neste momento, apenas

adoção de medida cautelar sem oitiva prévia.

V. Proposta de encaminhamento

208. Ante o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmo. Sr.

Ministro-Relator Augusto Sherman, com as seguintes propostas:

Adoção de Medida Cautelar sem Oitiva Prévia

208.1. Com fundamento no art. 276 do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, por

grave ofensa ao princípio da eficiência, insculpido no art. 37 da nossa Carta Magna, adotar Medida

Cautelar, sem oitiva prévia, para suspender os serviços de montagem de grade bitola larga com

dormentes pagos (8.2.1.1); lastreamento de linha h= 0,30 cm (8.2.1.2); solda aluminotérmica para

formação de TLS (8.2.3); nivelamento, levante, alinhamento e socaria de linha (8.2.1.3); e

posicionamento final, acabamento e alívio de tensão (8.2.1.4) relativos ao Contrato 67/2010, Lote 4S

da FNS Extensão Sul até que o fornecimento de brita de lastro de qualidade adequada, em substituição

ao material inadequado presente na obra, seja devidamente equacionado. (Achado III.3)

Providências Internas

208.2. Encaminhar cópia do acórdão que o Tribunal vier a adotar, acompanhado dos respectivos

relatório e voto que o fundamentarem:

208.2.1. À Valec Engenharia e Construções S/A, e às empresas construtora e supervisora do Lote

4S da FNS Extensão Sul (Constran S/A Construções e Comércio, CNPJ 61.156.568/0001-90 e

Contécnica Consultoria Técnica Ltda., CNPJ 24.699.100/0001-16);

208.2.2. Ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil;

208.3. Encaminhar o processo à SeinfraHidroFerrovia para encaminhamento do relatório

preliminar aos Gestores e demais providências

SeinfraHidroFerrovia, 19 de julho de 2016.

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35 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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I. Matriz de Achados

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

IG-C - Transportes de

brita e rachão em

distâncias superiores

aos previstos em

projetos.

Contrato 64/2010, lote 1S

Na execução do contrato do

Lote 1S, o consórcio

construtor realizou transporte

de brita e de rachão com

distâncias maiores que a

prevista no projeto executivo

da obra. O projeto (PE 1S 80-

RL-0400D-00-1001),

disponibilizado pela empresa

STRATA Engenharia no ano

de 2011, previu duas

pedreiras para fornecimento

de brita e rachão

Soma dos superfaturamentos

R$ 26.440.566,89 (data-base

set/2009), relativos aos itens:

a) Item 8.1.2.2 - Transporte

de brita para lastro de R$

5.227.300,17;

b)I tem 3.6.3 – Transporte de

rachão R$ 16.915.692,85;

c) Item 3.6.2.1 –

Fornecimento Rachão D máx

= 0,40 m. R$ 4.297.573,87.

Total de superfaturamento

lote 1S (itens 8.1.2.2; 3.6.3 e

3.6.2.1) R$ 26.440.566,89;

Contrato 65/2010, lote 2S.

Contrato -

64/2010 Lei

8666/1993,

art. 3º, caput ;

art. 96, § 3º,

inciso V

Norma

Técnica -

Valec - 80-

EM-033A-

8006

Norma

Técnica -

Valec - 80-

EG-000A-29-

0000

Norma

Técnica -

Valec -

Projeto

executivo PE

1S 80-RL-

0400D-00-

1001

Norma

Técnica -

NBR - NM

26/2001

Evidência 1 -

RELATÓRIO

DO PROJETO

EXECUTIVO

(PE 1S (80-RL-

0400D-00-

1001) - LOTE

1S - PARTE

1/2

Evidência 3 -

Mapa Logistico

- lote 1S

Evidência 4 -

Nota Técnica

004-2013 -

DMT(Estorno

Transporte) 1S

Evidência 5 -

Levantamento

DMT tranp

brita lastro -

lote 1s -

diferença

acumulado

Evidência 6 -

Laudo 1143-

2014-

INC_DITEC_D

PF - lote 1S

As causas são

diversas, o

projeto básico, o

projeto

executivo, a

gestão da Valec,

a gestão da

supervisora da

obra e da

empresa

contratada do

lote 1S.

Prejuízos gerados

por pagamentos

indevidos

Determinação a

Órgão/Entidade

Determinação a

Órgão/Entidade

Abertura de Novo

Processo / Apartado

Audiência de

Responsável

Audiência de

Responsável

Oitiva

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36 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

O projeto executivo do Lote

02S indicou a Pedreira da

Encosta e a Pedreira

Bauzinho como possíveis

fornecedoras da brita

constituinte da camada de

lastro. Porém, vem sendo

utilizada como fonte do

material a Pedreira Goyaz,

que não havia sido apontada

no referido projeto.

Os indícios de

superfaturamentos até a 64ª

medição com os itens 8.1.2.2

– transporte de brita para

lastro (R$ 21.429.539,09),

item 3.5.3- transporte de

rachão (R$ 6.917.766,21) e

item 3.5.1.2, diferença de

brita extraída para comercial

R$ 4.722.924,24, no contrato

65, lote 2S é de R$

33.070.229,54 (data-base

set/2009);

Contrato 67/2010, lote 4S

A equipe de auditoria

constatou indícios de que a

brita utilizada para lastro no

lote 4S, proveniente da

Pedreira Fazenda Confusão

do Rio Preto,

Quirinópolis/GO, apresenta-

se fora da Especificação

Evidência 7 -

Cópia do

Processo

Judicial

0047314-

59.2014.4.01.3

500 - 4ª Vara

Federal de

Goiânia -lote

1S

Evidência 9 -

Memória

medição 11, 12

medição - Brita

lastro CT64_10

- lote 1S

Evidência 8 -

Memória

medição 8,,9,

10 medição -

Brita lastro

CT64_10 - lote

1S

Evidência 10 -

Memória

medição

13,15,16,17,18

medição - Brita

lastro CT64_10

- lote 1S

Evidência 2 -

Ensaios Lastro

Britago- lote 1s

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37 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

Técnica da Valec 80-EM-

033A-58-8006 (evidência

32). A constatação se baseia

em ensaios realizados pelo

Laboratório de Materiais de

Construção Civil do Instituto

de Pesquisas Tecnológicas –

IPT.

102.Segundo o Relatório de

Ensaio nº 1047926-203 de

caracterização tecnológica de

amostra de rochas (evidência

34, p. 167-178), amostras de

brita foram reprovadas no

índice de fragmentos

lamelares e índice de

porosidade do material.

Caso venha a ser confirmada

a má qualidade da brita em

toda a extensão do lote 4S, os

valores já pagos com o

produto brita na 63ª medição

atingem o volume de

410.769,67 m3. Somente com

o item 8.1.2.1, já foram pagos

R$ 14.750.738,77 (data-base,

set/2009), e, com o item

8.1.2.2, relativo ao momento

de transporte de

30.648.244,24 m3.km, R$

37.084.375,47. A soma atinge

a casa dos R$ 51. 835.134,24

(data-base set/2009), como

potenciais riscos ao erário.

Evidência 12 -

Memória

medições 22,

23 medição -

Brita lastro

CT64_10 - lote

1S

Evidência 13 -

memória

medição 26º

Medição

Aterpa CT 64-

10 Janeiro de

2013

Evidência 14 -

Memória de

medição 27ª

Medição

Aterpa-

Ebate_CT-064-

10_Fevereiro_2

013, p

Evidência 15 -

Memória de

medições 29,30

medição - Brita

lastro CT64_10

- lote 1S

Evidência 16 -

Memórias de

medições 31,32

medição - Brita

lastro CT64_10

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38 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

- lote 1S

Evidência 17 -

Memórias de

medições

33,44A,46

medição - Brita

lastro CT64_10

- lote 1S

Evidência 18 -

Memórias de

medições

56,56A

Medição CT

064-10 Julho

de 2015, p,

529-543

Evidência 19 -

OFICIO N°

2278/2016-

PRESI-

DECISÕES

JUDICIAIS

Evidência 20 -

Processo -

Relatório de

análise de

serviços -

Consórcio

Aterpa-Ebate -

Volume 1-2

Evidência 21 -

Processo -

Relatório de

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39 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

análise de

serviços -

Consórcio

Aterpa-Ebate -

Volume 2-2

Evidência 22 -

MED_CT064-

10_JUNHO_20

16-destacadas

IG-C - Insuficiência

de motivação para a

permuta de jazida de

brita indicada em

projeto

De acordo com as

informações do projeto do

lote 02S, foram indicadas as

Pedreiras da Encosta e a

Pedreira Bauzinho como

possíveis fornecedoras da

brita para a camada de lastro.

No entanto, a opção adotada

pelo consórcio construtor do

lote 2S foi pela exploração de

uma terceira jazida

denominada Pedreira Goyaz.

Com a opção aprovada pela

Valec, implicou em maiores

momentos de transportes do

material pétreo para a obra

(evidência 25, p.1).

Contrato -

65/2010 Lei

8666/1993,

art. 3º, caput

Norma

Técnica -

Valec -

Projeto

executivo PE

1S 80-RL-

0400D-00-

1001

Norma

Técnica -

Valec - 80-

EG-000A-29-

0000

Norma

Técnica -

Valec - 80-

EM-033A-

58-8006

Norma

Técnica - NM

26/2001 -

Evidência 29 -

Carta DIREN

Pedreiras(Carta

4322011-

DirenValec)-

substituição da

pedreira-lote 2s

Evidência 30 -

AnexoXI_conc

orrencia_Edital

_2010-004-

20100729 -

geral

Evidência 32 -

ESQUEMA

JAZIDAS

BRITA LT 2S

Evidência 33 -

Relatorio de

Fiscalizacao nº

201305368

Lote 02S -CGU

Evidência 46 -

Ensaios da

Determinação a

Órgão/Entidade (Valec -

Engenharia, Construções

e Ferrovias S/A)

Oitiva

Oitiva

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40 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

Norma

Mercosul NM

26/2001 -

Agregados -

Amostragem

Especificação

de Projeto,

1209/00-70-

RL-1001 -

Engevix

Pedreira

Encosta e

Pedreira Goyás,

lote 2S

IG-C - A Brita

aplicada no Lastro

Ferroviário não

atende às Normas

Técnicas da Valec

Indícios apontam que a brita

utilizada para lastro no lote

4S, proveniente da Pedreira

Fazenda Confusão do Rio

Preto, Quirinópolis/GO,

apresenta-se fora da

Especificação Técnica da

Valec 80-EM-033A-58-8006

(evidência 32). A constatação

é acompanhada de ensaios

realizados pelo Laboratório

de Materiais de Construção

Civil do Instituto de

Pesquisas Tecnológicas –

IPT.

Contrato -

67/2010 Lei

8666/1993,

art. 3º, caput

Norma

Técnica -

Valec -

Projeto

executivo PE

1S 80-RL-

0400D-00-

1001

Norma

Técnica -

Valec - 80-

EG-000A-29-

0000

Norma

Técnica -

Valec - 80-

EM-033A-

58-8006

Especificação

de Projeto,

Evidência 34 -

Ensaios de brita

para uso em

lastro -lote 4S

Evidência 35 -

Indicação

pedreira lote 4S

-Lider Britas

Evidência 36 -

peça 63 TC

012.4602013-3

- fornecimento

de britas em

2013

Evidência 37 -

peça 86-

TC_012460_20

13_3-

24072013-

Cálculo do

Superfaturamen

to

Oitiva

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41 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

1209/00-70-

RL-1001 -

Engevix

IG-C - Justificativa

insuficiente para uso

de contratação

integrada, contrato

36/2014, lote 3SA

A Valec não apresentou

justificativas suficientes para

o uso do regime de execução

de contratação integrada ao

divulgar o edital RDC

006/2014 de contratação de

empresa para elaboração de

projetos básico e executivo e

execução de obras e serviços

remanescentes referentes ao

Lote 3SA.

A justificativa utilizada pela

empresa é genérica e não

detalha o caso concreto da

contratação desejada (Edital

RDC 006-2014, p. 37). Além

disso, não demonstra técnica

e economicamente a

vantagem do uso desse tipo

de regime de execução

contratual nas obras a serem

licitadas, conforme exigido

pela Lei do RDC e pela

jurisprudência do TCU.

O caráter genérico dessa

justificativa se configura não

só pela superficialidade dos

argumentos, mas também

pela presença do mesmo texto

do edital citado acima no

edital RDC 01/2016, que

Contrato -

36/2014 Acórdão

1510/2013,

Tribunal de

Contas da

União (TCU),

Plenário

Lei

12462/2011,

art. 9º, caput

Evidência 50 -

Parecer_Asjur_

Antes_Contrata

cao - lote 3SA

Evidência 49 -

EditalRDC004-

014N - novo

edital - lote

3SA

Evidência 52 -

Parecer_SUCO

N_Antes_aseju

r_2TA -lote

3SA

Evidência 51 -

Parecer_Supen

_Pos_Asjur -

lote 3SA

Evidência 53 -

Parecer_SUCO

N_Depois_asej

ur_2TA -lote

3SA

Evidência 55 -

Parecer_Supen

_Pos_Asjur -

lote 3SA

Evidência 54 -

MAnifestacao_

DIREN_2TA -

Despreparo dos

responsáveis

pela elaboração

dos termos de

referência para a

licitação e/ou a

descoordenação

entre a áreas

técnicas e

jurídica acerca

da escolha do

regime e da

modalidade

licitatória mais

adequada ao

caso concreto.

Aquisições sem o

devido caráter

competitivo

Audiência de

Responsável (Mario

Rodrigues Junior)

Audiência de

Responsável (Josias

Sampaio Cavalcante

Junior)

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42 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

também trata de contratação

integrada. Isso leva a

entender que a Valec faz uso

de justificativo padrão

quando pretende realizar

contratação integrada.

A justificativa técnica e

econômica para esse tipo de

contratação é expressamente

exigida pelo art. 9°, caput, da

Lei do RDC e pela

jurisprudência do TCU, nos

Acórdãos 1.510/2013-TCU-

Plenário e 2.153/2015-TCU-

Plenário.

lote 3SA

Evidência 58 -

GECOP_Dispo

nibilidade_Orc

amentaria -lote

3SA

Evidência 59 -

Esquemático

Acesso Jazidas

Lt-03-ES-

Model -lote

3SA

Evidência 60 -

MEMORIA

DE CALCULO

ACUMULAD

A BRITA

PARA

LASTRO JAN

-lote 3SA

Evidência 61 -

Concessionaria

_Possivel_Reeq

uilibrio_Apos_

2TA -lote 3SA

Evidência 62 -

assinatura_TR_

RDC3SA

Evidência 56 -

Parecer_Tecnic

o_Engenheiros

_Valec_TA2 -

lote 3SA

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43 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

Evidência 57 -

contrato

36/2014 - lote

3SA

Evidência 63 -

Edital RDC

006-2014

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44 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

II. Matriz de Responsabilização

ACHADO RESPONSÁVEL(IS) PERÍODO DE

EXERCÍCIO CONDUTA

NEXO DE CAUSALIDADE

(entre a conduta e o resultado ilícito) CULPABILIDADE

Transportes de brita e rachão

em distâncias superiores aos

previstos em projetos.

Mario Rodrigues Junior

(CPF: 022.388.828-12) Ex- Diretor de

Engenharia da Valec e

atual Diretor Presidente

(de 01/01/2013 até

01/06/2016)

Diretor de Engenharia

da Valec (de 27/11/2013

até 31/03/2016)

Ato de ratificar a

liberação dos valores

propostos para serem

glosadas na 28ª

medição do lote 1S,

permitiu

sobrepreço no

contrato,

convertendo-se em

superfaturamento.;

A liberação da 28ª medição do lote 1S,

em desacordo com o projeto executivo

permitiu consolidar o sobrepreço e

posterior superfaturamento;

A conduta do

responsável é culpável,

ou seja, reprovável,

razão pela qual ele deve

ser ouvido em audiência

a fim de avaliar se

merece ser apenado com

a aplicação de multa.

Josias Sampaio Cavalcante

Junior (CPF: 381.024.981-

53)

Diretor Presidente da

Valec (de 17/09/2012

até 27/11/2013)

Justificativa insuficiente

para uso de contratação

integrada, contrato 36/2014,

lote 3SA

Mario Rodrigues Junior

(CPF: 022.388.828-12) Diretor Presidente

(desde 27/11/2013)

Josias Sampaio Cavalcante

Junior (CPF: 381.024.981-

53)

Diretor Presidente (de

17/09/2012 até

27/11/2012)

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45 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

III. Fotos

Não existem dados cadastrados no apêndice de fotos.

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46 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

IV. Dados da obra

IV.1. Dados Cadastrais

Obra bloqueada na LOA deste ano: Não

i. Contratos principais

Nº contrato: 36/2014

Objeto do contrato:

Contratação de ernpr,esa para elaboração dos projetos básioo e executivo das obras

remanescentes, localizadas no município de Rio Verde/GO, posicionadas do km 357+800 ao km

364+ 172, da Extensão Sul, da Ferrovia Norte-Sul.

Data da assinatura: 07/08/2014 Mod. licitação: RDC - Regime Diferenciado de

Contratação

SIASG: Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 16.629.693/0001-16 Razão social: Integral Engenharia Ltda.

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias

S.A.

Situação inicial Situação atual

Vigência: 07/08/2014 a 17/06/2017 Vigência:

Valor: R$ 0,00 Valor: R$ 0,00

Data-base: Data-base:

Volume de serviço: Volume de serviço:

Custo unitário: Custo unitário:

BDI: BDI:

Nº/Data aditivoAtual:

Situação do contrato:

Alterações do objeto:

Observações:

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 25/05/2016

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 25,29%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 0,00

Valores pagos: R$ 0,00

Percentual de execução financeira: 0%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

Nº contrato: 64/2010

Objeto do contrato:

Execução, sob regime de empreitada por preço unitário de obras e serviços de engenharia para implantação do

sub-trecho da Ferrovia Norte-Sul - Extensão Sul , compreendido entre Ouro Verde /GO(km 0 + 000) a Estrela

do Oeste (km 669 + 550). Lote 1S - de Ouro Verde/GO (km 0 + 000) até Rodovia GO-156 (km 111 + 219)

Data da assinatura: 15/12/2010 Mod. licitação: Concorrência

SIASG: 275075-64-2010 Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 17.162.983/0001-65 Razão social: Construtora Aterpa Ltda

Page 47: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · cultivo e beneficiamento de soja, sorgo, açúcar e milho; na pecuária, a produção de carnes (bovinos, Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

47 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias

S.A.

Situação inicial Situação atual

Vigência: 22/12/2010 a 21/12/2012 Vigência:

Valor: R$ 387.767.087,66 Valor: R$ 387.767.087,66

Data-base: 01/09/2009 Data-base: 01/09/2009

Volume de serviço: 111.21 km Volume de serviço: 111.21

Custo unitário: R$ 3.486.800,53 Custo unitário: R$ 3.486.800,53

BDI: 27.84% BDI:

Nº/Data aditivoAtual:

Situação do contrato:

Alterações do objeto:

Observações:

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 25/05/2016

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 91,17%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 0,00

Valores pagos: R$ 0,00

Percentual de execução financeira: 0,00%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

Nº contrato: 65/2010

Objeto do contrato:

Execução, sob regime de empreitada por preço unitário de obras e serviços de engenharia para implantação do

sub-trecho da Ferrovia Norte-Sul - Extensão Sul , compreendido entre Ouro Verde /GO(km 0 + 000) a Estrela

do Oeste (km 669 + 550). Lote 2S - da Rodovia GO-156 (km 111 + 219) até a Ponte sobre o Rio Verdão (km

250 + 720)

Data da assinatura: 15/12/2010 Mod. licitação: Concorrência

SIASG: 275075-65-2010 Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 27.394.840/0001-32 Razão social: Pavotec Pavimentação e Terraplenagem

Ltda

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias

S.A.

Situação inicial Situação atual

Vigência: 21/12/2010 a 21/12/2012 Vigência:

Valor: R$ 372.886.941,76 Valor: R$ 372.886.941,76

Data-base: 01/09/2009 Data-base: 01/09/2009

Volume de serviço: 139.5 km Volume de serviço: 139.5

Custo unitário: R$ 2.673.024,67 Custo unitário: R$ 2.673.024,67

BDI: 26.06% BDI:

Nº/Data aditivoAtual:

Situação do contrato:

Alterações do objeto:

Observações:

Page 48: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · cultivo e beneficiamento de soja, sorgo, açúcar e milho; na pecuária, a produção de carnes (bovinos, Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

48 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 25/05/2016

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 96,71%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 0,00

Valores pagos: R$ 0,00

Percentual de execução financeira: 0,00%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

Nº contrato: 66/2010

Objeto do contrato:

Execução, sob regime de empreitada por preço unitário de obras e serviços de engenharia para implantação do

sub-trecho da Ferrovia Norte-Sul - Extensão Sul , compreendido entre Ouro Verde /GO(km 0 + 000) a Estrela

do Oeste (km 669 + 550). Lote 3S - da Ponte sobre o Rio Verdão (km 250 + 720) até a Ponte sobre o Córrego

Cachoeirinha (km 386 + 660)

Data da assinatura: 15/12/2010 Mod. licitação: Concorrência

SIASG: 275075-66-2010 Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 61.522.512/0001-02 Razão social: Construções e Comércio Camargo Corrêa

S.A.

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias

S.A.

Situação inicial Situação atual

Vigência: 22/12/2010 a 21/12/2012 Vigência:

Valor: R$ 632.897.889,42 Valor:

Data-base: 01/09/2009 Data-base:

Volume de serviço: 135.94 km Volume de serviço:

Custo unitário: R$ 4.655.714,94 Custo unitário:

BDI: 24.78% BDI:

Nº/Data aditivoAtual:

Situação do contrato:

Alterações do objeto:

Observações:

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 25/05/2016

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 97,92%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 0,00

Valores pagos: R$ 0,00

Percentual de execução financeira: 0%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

Nº contrato: 67/2010

Page 49: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · cultivo e beneficiamento de soja, sorgo, açúcar e milho; na pecuária, a produção de carnes (bovinos, Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

49 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

Objeto do contrato:

Execução, sob regime de empreitada por preço unitário de obras e serviços de engenharia para implantação do

sub-trecho da Ferrovia Norte-Sul - Extensão Sul , compreendido entre Ouro Verde /GO(km 0 + 000) a Estrela

do Oeste (km 669 + 550). Lote 4S - da Ponte sobre o Córrego Cachoeirinha (km 386 + 660) até a Ponte sobre o

Rio Arantes (km 527 + 640)

Data da assinatura: 24/01/2011 Mod. licitação: Concorrência

SIASG: 275075-67-2010 Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 61.156.568/0001-90 Razão social: Constran S.A. Construções e Comércio

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias

S.A.

Situação inicial Situação atual

Vigência: 24/01/2011 a 24/01/2013 Vigência:

Valor: R$ 520.053.301,60 Valor: R$ 520.053.301,60

Data-base: 01/09/2009 Data-base: 01/09/2009

Volume de serviço: 140.98 km Volume de serviço: 140.98

Custo unitário: R$ 3.688.844,52 Custo unitário: R$ 3.688.844,52

BDI: 27.84% BDI:

Nº/Data aditivoAtual:

Situação do contrato:

Alterações do objeto:

Observações:

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 25/05/2016

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 79,94%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 0,00

Valores pagos: R$ 0,00

Percentual de execução financeira: 0,00%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

ii. Contratos secundários

Nº contrato: 86/2010

Objeto do contrato:

Serviços técnicos especializados de supervisão das obras de implantaçãoda EF-151 - Ferrovia Norte Sul,

subtrecho Ouro Verde/GO e Estrela do Oeste/SP, lote 1 - de Ouro Verde de Goiás/GO (km 0 + 000) até a

Rodovia GO-156 (km 111 + 219).

CNPJ contratada: 92.930.643/0001-52 Razão social: Ecoplan Engenharia Ltda.

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e

Ferrovias S.A.

SIASG: Código interno do SIASG:

Data-base: Valor atual: R$ 0,00

Situação atual: Vigência atual:

BDI inicial: BDI atual:

Observações:

Page 50: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · cultivo e beneficiamento de soja, sorgo, açúcar e milho; na pecuária, a produção de carnes (bovinos, Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

50 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 25/05/2016

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 84,26%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 0,00

Valores pagos: R$ 0,00

Percentual de execução financeira: 0%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

Nº contrato: 87/2010

Objeto do contrato:

Serviços técnicos especializados de supervisão das obras de implantação da EF-151 - Ferrovia Norte Sul,

subtrecho Ouro Verde/GO e Estrela do Oeste/SP, lote 2 - da Rodovia GO-156 (km 111 + 219) até a ponte sobre

o Rio Verdão (km 250 + 720)

CNPJ contratada: 77.728.343/0001-00 Razão social: Vega Engenharia e Consultoria Ltda

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e

Ferrovias S.A.

SIASG: Código interno do SIASG:

Data-base: Valor atual: R$ 0,00

Situação atual: Vigência atual:

BDI inicial: BDI atual:

Observações:

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 25/05/2016

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 75,74%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 0,00

Valores pagos: R$ 0,00

Percentual de execução financeira: 0%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

Nº contrato: 88/2010

Objeto do contrato:

Serviços técnicos especializados de supervisão das obras de implantaçãoda EF-151 - Ferrovia Norte Sul,

subtrecho Ouro Verde/GO e Estrela do Oeste/SP, lote 3 - da ponte sobre o Rio Verdão (km 250 + 720) até a

Ponte sobre o Córrego Cachoeirinha (km 386 + 660)

CNPJ contratada: 00.103.582/0001-31 Razão social: Engevix Engenharia S/C Ltda

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e

Ferrovias S.A.

SIASG: Código interno do SIASG:

Data-base: Valor atual:

Situação atual: Vigência atual:

BDI inicial: BDI atual:

Observações:

Page 51: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · cultivo e beneficiamento de soja, sorgo, açúcar e milho; na pecuária, a produção de carnes (bovinos, Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

51 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 25/05/2016

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 76,54%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 0,00

Valores pagos: R$ 0,00

Percentual de execução financeira: 0%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

Nº contrato: 89/2010

Objeto do contrato:

Serviços técnicos especializados de supervisão das obras de implantaçãoda EF-151 - Ferrovia Norte Sul,

subtrecho Ouro Verde/GO e Estrela do Oeste/SP, lote 4 - da ponte sobre o Córrego Cachoeirinha (km 386 +

660) até a Ponte sobre o Rio Arantes (km 527 + 640)

CNPJ contratada: 24.699.100/0001-16 Razão social: Contécnica Consultoria Técnica Ltda.

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e

Ferrovias S.A.

SIASG: Código interno do SIASG:

Data-base: Valor atual: R$ 0,00

Situação atual: Vigência atual:

BDI inicial: BDI atual:

Observações:

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 25/05/2016

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 53,4%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 0,00

Valores pagos: R$ 0,00

Percentual de execução financeira: 0%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

iii. Editais

Nº do edital: 004/2010

Objeto:

Contratação de empresa para execução das obras e serviços de engenharia para implantação do sub-trecho da

Ferrovia Norte-Sul compreendido entre Ouro Verde/GO (Km 0) e Estrela do Oeste/SP (Km 669+550).

UASG: Modalidade de licitação: Concorrência

Data da publicação: 09/04/2010 Tipo de licitação ou critérios de julgamento: Menor

preço

Data da abertura da documentação:

07/06/2010

Valor estimado: R$ 2.398.165.760,00

Quantidade de propostas classificadas:

Observações:

Nº do edital: 012/2010

Page 52: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · cultivo e beneficiamento de soja, sorgo, açúcar e milho; na pecuária, a produção de carnes (bovinos, Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

52 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

Objeto:

Contratação de empresa para supervisão das obras de Implantação da Ferrovia Norte Sul, compreendido entre

Ouro Verde/GO (Km 0 + 000) e Estrela do Oeste/SP (Km 669+550).

UASG: Modalidade de licitação: Concorrência

Data da publicação: 16/04/2010 Tipo de licitação ou critérios de julgamento: Técnica e

preço

Data da abertura da documentação: Valor estimado:

Quantidade de propostas classificadas:

Observações:

Houve ''Aviso de licitação'' publicado no Diário Oficial da União, porém, até o fechamento deste relatório, o

edital não havia sido disponibilizado para consulta pelos interessados, nem tampouco pela equipe de

fiscalização.

iv. Histórico de fiscalizações

A classe da irregularidade listada é referente àquela vigente em 30 de novembro do ano da

fiscalização.

2013 2014 2015

Obra já fiscalizada pelo TCU (no âmbito do Fiscobras)? Sim Sim Não

Foram observados indícios de irregularidades graves? Não Não Não

IV.2. Deliberações do TCU

A listagem poderá conter deliberações de processos já encerrados.

Processo de interesse (deliberações até a data de início da auditoria)

Processo Deliberação Data

010.098/2010-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 23/07/2010

010.098/2010-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 26/07/2010

010.098/2010-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 23/08/2010

010.098/2010-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 03/09/2010

010.098/2010-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 03/11/2010

010.098/2010-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 03/11/2010

010.098/2010-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 03/11/2010

010.098/2010-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 03/11/2010

010.098/2010-0 AC-2962-41/2010-PL 03/11/2010

002.509/2011-3 AC-1026-13/2011-PL 20/04/2011

002.509/2011-3 AC-1652-24/2011-PL 22/06/2011

008.839/2011-5 AC-1-28/2011-PL 13/07/2011

008.839/2011-5 Despacho do Min. José Múcio Monteiro 13/07/2011

014.393/2011-5 Despacho do Min. Augusto Sherman 03/08/2011

008.839/2011-5 Despacho do Min. José Múcio Monteiro 03/08/2011

002.509/2011-3 Despacho do Min. André de Carvalho 17/08/2011

008.839/2011-5 Despacho do Min. José Múcio Monteiro 31/08/2011

002.509/2011-3 Despacho do Min. André de Carvalho 29/09/2011

010.098/2010-0 AC-2690-42/2011-PL 05/10/2011

014.393/2011-5 AC-2692-42/2011-PL 05/10/2011

008.839/2011-5 AC-2930-49/2011-PL 09/11/2011

002.509/2011-3 AC-3171-52/2011-PL 30/11/2011

014.393/2011-5 AC-3227-54/2011-PL 07/12/2011

008.839/2011-5 AC-3257-54/2011-PL 07/12/2011

002.509/2011-3 Despacho do Min. André de Carvalho 07/12/2011

Page 53: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · cultivo e beneficiamento de soja, sorgo, açúcar e milho; na pecuária, a produção de carnes (bovinos, Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

53 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

014.393/2011-5 AC-20-1/2012-PL 18/01/2012

008.839/2011-5 Despacho do Min. Raimundo Carreiro 07/03/2012

014.393/2011-5 AC-557-8/2012-PL 14/03/2012

008.839/2011-5 Despacho do Min. José Múcio Monteiro 25/04/2012

002.509/2011-3 AC-1026-15/2012-PL 02/05/2012

010.098/2010-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 25/06/2012

008.839/2011-5 AC-1712-25/2012-PL 04/07/2012

012.612/2012-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 27/07/2012

012.612/2012-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 07/08/2012

012.612/2012-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 07/08/2012

012.612/2012-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 07/08/2012

012.612/2012-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 09/08/2012

012.612/2012-0 AC-2467-36/2012-PL 11/09/2012

012.612/2012-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 24/10/2012

012.612/2012-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 24/10/2012

012.612/2012-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 24/10/2012

010.098/2010-0 AC-2909-42/2012-PL 24/10/2012

012.612/2012-0 AC-2910-42/2012-PL 24/10/2012

012.612/2012-0 AC-2939-44/2012-PL 31/10/2012

012.612/2012-0 AC-3397-50/2012-PL 05/12/2012

010.098/2010-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 04/01/2013

010.098/2010-0 AC-72-3/2013-PL 30/01/2013

012.612/2012-0 AC-1717-24/2013-PL 03/07/2013

010.098/2010-0 AC-1751-25/2013-PL 10/07/2013

012.460/2013-3 AC-2388-34/2013-PL 04/09/2013

012.460/2013-3 AC-2847-41/2013-PL 23/10/2013

002.509/2011-3 AC-2968-43/2013-PL 06/11/2013

012.460/2013-3 AC-3193-47/2013-PL 27/11/2013

012.460/2013-3 AC-38-1/2014-PL 22/01/2014

014.393/2011-5 AC-563-7/2014-PL 12/03/2014

014.393/2011-5 Despacho do Min. Augusto Sherman 29/08/2014

010.792/2014-7 Despacho do Min. Augusto Sherman 08/10/2014

008.839/2011-5 AC-2817-41/2014-PL 22/10/2014

010.792/2014-7 AC-3133-45/2014-PL 12/11/2014

012.612/2012-0 AC-915-14/2015-PL 22/04/2015

012.612/2012-0 Despacho do Min. Bruno Dantas 27/05/2015

012.612/2012-0 AC-1491-22/2015-PL 17/06/2015

012.612/2012-0 Despacho do Min. Augusto Sherman 19/11/2015

012.612/2012-0 Despacho do Min. Vital do Rêgo 22/02/2016

012.612/2012-0 AC-635-9/2016-PL 23/03/2016

012.612/2012-0 Despacho do Min. Vital do Rêgo 19/04/2016

Processo de interesse (deliberações após a data de início da auditoria)

Processo Deliberação Data

012.612/2012-0 AC-1173-16/2016-PL 11/05/2016

012.612/2012-0 AC-1656-25/2016-PL 29/06/2016

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54 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

V. Achados de outras fiscalizações

Não há achados de outras fiscalizações pendentes de solução ou saneados.

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55 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

APÊNDICE A - Achados reclassificados após a conclusão da fiscalização

1. Achados desta fiscalização

1.1. Não há.

2. Achados de outras fiscalizações

2.1. Não há.

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56 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

APÊNDICE B - Despachos

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria Geral de Controle Externo

Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

Portuária, Hídrica e Ferroviária

Processo: 011.450/2016-9

Fiscalização: 158/2016

Objetivo: fiscalizar as Obras de

Construção da Ferrovia Norte Sul -

Extensão Sul - Lotes 1 a 4 - no estado de

Goiás

DESPACHO

Manifesto-me de acordo com as propostas formuladas pela equipe de auditoria.

Em 21 de setembro de 2016. Encaminhe-se ao secretário.

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57 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria Geral de Controle Externo

Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

Portuária, Hídrica e Ferroviária

Processo: 011.450/2016-9

Fiscalização: 158/2016

Objetivo: fiscalizar as Obras de

Construção da Ferrovia Norte Sul -

Extensão Sul - Lotes 1 a 4 - no estado de

Goiás

DESPACHO

Trata-se de auditoria realizada na Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A com o objetivo de

fiscalizar as Obras de Construção da Ferrovia Norte Sul - Extensão Sul - Lotes 1 a 4 - no Estado de

Goiás.

2. Nesta fase da auditoria optou-se pela não envio do relatório preliminar para comentários do gestor,

haja vista a urgência da necessidade de posicionamento desta Casa com relação ao pedido de concessão

de medida cautelar sem oitiva prévia relativa ao Achado III.3 (Lote 4S).

3. Foram identificados quatro achados na auditoria em questão:

a) Transporte de brita e rachão em distâncias superiores aos previstos em projetos;

b) Insuficiência de motivação para a permuta de jazida de brita indicada em projeto;

c) A brita aplicada como Lastro Ferroviário não atende à Norma Técnica da Valec; e

d) Justificativa insuficiente para o uso de contratação integrada.

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58 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

4. Todos os achados foram classificados como indício de irregularidade grave com recomendação

de continuidade (IG-C).

Achado III.1 - Transporte de brita e rachão em distâncias superiores aos previstos em projetos

5. No primeiro achado foram identificadas duas situações distintas no contrato do Lote 1S, porém

com efeitos semelhantes (dano ao erário). A primeira tratou de alteração da distância média de transporte

(DMT) da brita utilizada para lastro e de rachão utilizado para fundação de aterro prevista em projeto

executivo de 44,5km para 85,52km (DMT medida para brita) e 66,33 km (DMT medida para rachão).

Essa alteração decorreu da utilização de apenas uma pedreira (que ficava no final da extensão do Lote

1S), em relação as duas que foram previstas em projeto que minimizavam a distância média de

transporte. Essa primeira situação ocasionou um suposto prejuízo ao erário, de acordo com a equipe de

auditoria (§§ 75 a 80), da ordem de R$ 27,4 milhões, posteriormente reajustado em função dos valores

obtidos pelo laudo da Policia Federal para R$ 22,1 milhões (soma das alíneas a e b do § 89).

6. A segunda situação observada no mesmo achado (III.1.4, §§ 81 a 84) versou sobre a utilização

de preço distinto para o mesmo serviço previsto em contrato, Fornecimento de Rachão Dmáx = 0,40m

a partir de termo aditivo. No aditivo foi utilizado o valor de R$ 72,32/m³ para esse serviço, enquanto que

o Contrato em sua forma original previa o valor de R$ 32,19/m³, o que resultou em um suposto

superfaturamento de R$ 4.297.573,87 [(R$ 72,32/m³ - R$ 32,19/m³) x 107.091,30m³].

7. As duas situações juntas ocasionaram um suposto prejuízo ao erário da ordem de R$

26.440.566,89 (§93).

8. Considerando que o Contrato 64/2010 do Lote 1S foi rescindido em 6/2016, a equipe de auditoria

registrou como proposta futura no corpo do achado (§96) a instauração de Tomada de Contas Especial.

9. Incidentalmente, ainda no mesmo achado (§ 95), a equipe trouxe proposta de realização de

audiência do então Diretor Presidente da Valec e do atual Diretor Presidente, à época, Diretor de

Engenharia, uma vez que permitiram a liberação de pagamento retido da 28ª medição, em discordância

com o que pregava a Nota técnica 004/2013-CEA-RFC-SUCON CGOIANIRA. A referida nota técnica

apurava a execução de transporte oneroso de material pétreo proveniente da pedreira Britago para o

início da extensão do Lote 1S.

10. Quanto à proposta de encaminhamento para autuação de tomada de contas especial, a qual

registro, ficou apenas consignada no corpo do achado, tendo em vista que a equipe propôs, após a

apreciação da proposta de cautelar, que os autos retornassem para envio do relatório para comentários

do gestor, considerando que nos autos não há justificativas por parte da Valec do motivo de ter sido

utilizada apenas uma pedreira em detrimento das duas previstas em projeto, o que supostamente onerou

a administração pública em atitude antieconômica, considerando ainda que o relatório preliminar não foi

submetido a comentários do gestor em decorrência da urgência da proposta de medida cautelar em outro

achado, considerando que em outros achados está sendo proposta a realização de oitivas, entendo que,

neste momento, deve ser ofertada à Valec, à empresa projetista e à empresa executora do Lote 1S a

oportunidade de se manifestarem nos autos, por meio de oitivas, em relação a situação encontrada do

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59 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

achado III.1, antes de se propor a autuação de tomada de contas especial.

11. Dessa maneira, entendo que haveria um ganho em celeridade processual, podendo ser descartada

a proposta de envio do relatório para comentários do gestor, visto que as oitivas supririam essa omissão,

e a unidade técnica poderia analisar em conjunto todos os achados, podendo renovar a proposta de

autuação de tomada de contas especial, após ouvidos os envolvidos.

12. Quanto à proposta de audiência, consignada no Achado III.1, entendo que, se configurado a

ocorrência de dano ao erário, as condutas dos responsáveis que se pretendia ouvir em audiência poderiam

ser utilizadas como participação solidária no dano ao erário, pois, diante de uma nota técnica que

recomendou aos gestores a retenção de valores em decorrência de supostos pagamentos antieconômicos,

os gestores adotaram postura diversa e autorizaram a realização de pagamentos integrais a construtoras

ainda que tenham sido alertados de suposta irregularidade com potencial de ocasionar dano ao erário.

Em razão disso, entendo que a conduta dos gestores deve ser apurada no âmbito do processo de tomadas

de contas especial, caso venha a ser instaurado, para, dessa forma, evitar-se dupla sanção por parte desta

Corte (sansões do art. 57 e 58 da LOTCU).

Achado III.2 - Insuficiência de motivação para a permuta de jazida de brita indicada em projeto

13. O segundo achado tratou de fato bem semelhante ao ocorrido no primeiro, com possíveis

consequência idênticas (superfaturamento decorrente de alteração de metodologia executiva mais

econômica). Diferente do primeiro achado, no qual não havia uma justificativa para a utilização de

apenas uma jazida de brita, neste segundo achado foi apontado uma insuficiência de motivação para

utilização de uma terceira jazida diversa das outras duas prevista em projeto que resultariam em uma

DMT menor.

14. No entendimento da equipe técnica, a Valec, ao descartar a utilização das duas jazidas previstas

em projeto, não se ateve a suas normas técnicas. Caso confirmada a presente irregularidade, a equipe

quantificou os supostos prejuízos da ordem de R$ 37 milhões (§ 121).

15. A proposta da equipe de auditoria, a qual contou com a anuência do titular da diretoria, foi no

sentido de se realizar a oitiva da empresa supervisora da obra, do consórcio construtor, e da Valec acerca

das razões que motivaram o descarte da jazida indicada em projeto, Pedreira Encosta, sem que fossem

realizados todos os ensaios previstos nas normas Valec 80-EG-000A-29-000080, 80-EM-033A-58-8006

e na norma NBR NM 26/2001, onerando a obra na ordem de R$ 37.297.249,62 (data-base set/2009)

(§121), tendo em vista a maior distância de transportes de britas para lastro e de rachão e a substituição

do rachão extraído pelo fornecimento de rachão comercial, acima das quantidades previstas em projeto.

16. Alinho-me com a proposta da equipe de auditoria.

Achado III.3 - A brita aplicada como Lastro Ferroviário não atende à Norma Técnica da Valec

17. No Achado III.3 a equipe de auditoria identificou no Lote 4S que a brita a ser utilizada como

lastro ferroviário, que já se encontra às margens da ferrovia aguardando apenas a sua aplicação, não

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60 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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passou nos testes previsto pelas normas da Valec para ser utilizada como brita para lastro.

18. Diante da eminência dessa brita reprovada nos testes ser aplicada na superestrutura da ferrovia,

considerando que os serviços de superestrutura ainda não iniciaram, considerando também que o

periculum in mora reverso seria bem menor do que o dano que poderia advir da não suspensão da

execução desse serviço (§§ 143 a 148), a equipe propôs a adoção de medida cautelar (§163), sem oitiva

prévia das partes, para que a Valec suspenda a execução dos serviços de montagem de grade;

lastreamento de linha; solda aluminotérmica para formação de TLS; nivelamento, levante, alinhamento

e socaria de linha; e posicionamento final, acabamento e alívio de tensão relativos ao Contrato 67/2010,

Lote 4S da FNS Extensão Sul até que o fornecimento de brita de lastro de qualidade adequada, em

substituição ao material impróprio presente na obra, seja devidamente equacionado.

19. Foi proposta também a realização da oitiva prevista no art. 276, § 3º do RITCU (§164), para que,

em 15 dias, a empresa construtora, a empresa supervisora do Lote 4S e a Valec se manifestem acerca

das razões que motivaram a exploração da Pedreira da Fazenda da Confusão do Rio Preto, sem que os

ensaios da brita fossem integralmente aprovados segundo a norma Valec 80-EM-033A-58-8006.

Ressalta-se que essa proposta constou apenas no corpo do achado, motivo pelo qual irei inseri-la na

proposta de encaminhamento deste pronunciamento da unidade.

20. Quanto às duas propostas acima, alinho-me com a equipe de auditoria.

21. Para este achado foram previstas ainda duas determinações à Valec (§§ 165 e 166):

a) determinar à Valec identificar a extensão do dano e os responsáveis pela aquisição e aplicação

de lastro de brita impróprio proveniente da Pedreira Fazenda da Confusão do Rio Preto, reprovada nos

ensaios de qualidade das especificações técnicas Valec 80-EM-033A-58-8006, ABNT e AREMA e

tomar medidas adequadas ao refazimento, sem ônus, dos serviços que apresentam vícios do produto ou

defeitos de serviços, por culpa da empresa contratada Constran, referente ao Contrato 67/2010;

b) determinar à Valec para que se certifique dos resultados do laboratório do IPT e confirme junto

à empresa supervisora e à empresa construtora o eventual uso da brita desta pedreira no concreto das

obras de arte especial e, em se confirmando, levante e informe à Corte as providências tomadas quanto

à neutralização dos efeitos de redução na vida útil dessas estruturas.

22. Em relação às duas propostas de determinações acima, que constaram apenas no corpo do achado

e não foram elencadas na proposta de encaminhamento do Relatório de Auditoria, entendo que elas

podem ser renovadas, caso necessárias, após a análise das oitivas propostas anteriormente.

Achado III.4 - Justificativa insuficiente para uso de contratação integrada

23. O quarto achado considerou genéricas as justificativas, tanto técnicas como econômicas, que

fundamentaram a escolha da modalidade contratação integrada utilizada no Edital de RDC 6/2014, que

levou a celebração do Contrato 36/2014, para o Lote 5SA da Extensão Sul.

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61 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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24. Para esse achado, a equipe de auditoria entendeu haver desobediência a Lei 12.462/2011 e à

jurisprudência desta Corte (Acórdão 1.510/2013-TCU-Plenário, Acórdão 2.153/2015-TCU-Plenário,

Acórdão 1.850/2015-TCU-Plenário) e propôs a realização de oitiva da Valec (§ 178). Contudo, essa

proposta restou consignada apenas no achado, em razão da equipe entender que no presente relatório só

deveria ser tratada a questão da cautelar, para, somente após a realização dos comentários do gestor, ser

adotada a oitiva.

25. Entretanto, conforme exposto anteriormente, considerando a celeridade processual, entendo que

deve ser proposta na presente oportunidade a realização da oitiva da Valec, medida esta que supre os

comentários do gestor e permite que na próxima instrução sejam analisadas as manifestações da Valec

e das empresas relacionadas nos achados específicos, tanto em relação à cautelar, quanto em relação aos

demais indícios de irregularidade.

Conclusão

26. Por fim, deve-se ressaltar que, a parte de todas as propostas da equipe de auditoria extraídas do

corpo do relatório, em sua proposta de encaminhamento constou apenas a proposta de adoção de medida

cautelar sem oitiva prévia da parte e posterior devolução do processo à unidade técnica para

encaminhamento do relatório para comentários do gestor e demais providências.

27. A equipe de auditoria justificou tal proposta no último parágrafo da conclusão (§ 207), no sentido

de que, antes do encaminhamento do relatório preliminar para comentários dos gestores, esta Casa

deveria se manifestar sobre a proposta de adoção de medida cautelar.

28. Porém, entendo que, por celeridade processual e por não haver perigo aos princípios do

contraditório e da ampla defesa ao suprimir-se a coleta de comentários do gestor, poder-se-ia realizar as

oitivas previstas no art. 250 do RITCU proposta para o primeiro, segundo e quarto achados e a oitiva

prevista no art. 276, § 3º do RITCU para o terceiro achado.

29. Desta forma, entendo que, na próxima instrução, a unidade técnica poderia se manifestar no

mérito, após oferta do contraditório, com mais precisão acerca das propostas de autuação de processo de

tomada de contas especial, bem como das determinações e dar ciência propostos.

Proposta

30. Ante o exposto, submeto a seguinte proposta a deliberação do Exmo. Ministro-Relator:

a) Com fundamento no art. 276 do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, por grave

ofensa ao princípio da eficiência, insculpido no art. 37 da nossa Carta Magna, adotar Medida Cautelar,

sem oitiva prévia, para suspender os serviços de montagem de grade bitola larga com dormentes pagos

(8.2.1.1); lastreamento de linha h= 0,30 cm (8.2.1.2); solda aluminotérmica para formação de TLS

(8.2.3); nivelamento, levante, alinhamento e socaria de linha (8.2.1.3); e posicionamento final,

acabamento e alívio de tensão (8.2.1.4) relativos ao Contrato 67/2010, Lote 4S da FNS Extensão Sul até

que o fornecimento de brita de lastro de qualidade adequada, em substituição ao material inadequado

presente na obra, seja devidamente equacionado (Achado III.3);

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62 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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b) Realizar, com fundamento no art. 276, §3º do RITCU, as oitivas da empresa Constran S.A.

Construções e Comércio (CNPJ 61.156.568/0001-90), da empresa Contécnica Consultoria Técnica Ltda.

(CNPJ 24.699.100/0001-16), ambas do Lote 4S, e da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.

(CNPJ 42.150.664/0003-49), para se manifestem acerca das razões que motivaram a exploração da

Pedreira da Fazenda da Confusão do Rio Preto, sem que os ensaios da brita fossem integralmente

aprovados segundo a norma Valec 80-EM-033A-58-8006 (Achado III.3);

c) Realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do RITCU, as oitivas da Valec Engenharia,

Construções e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), da Construtora Aterpa Ltda (CNPJ

17.162.983/0001-65), empresa líder do consórcio responsável pelas obras do Lote 1S da Extensão Sul

da FNS, e da empresa Ecoplan Engenharia Ltda. (CNPJ 92.930.643/0001-52), supervisora dessa obra,

sobre a possibilidade de vir a ser instaurada tomada de contas especial no Contrato 64/2010, relativo a

construção do Lote 1S da Ferrovia Norte-Sul, Extensão Sul, em razão do suposto superfaturamento

decorrente da exploração de apenas uma pedreira (Britago) em detrimento das duas previstas em projeto

(Britago e Britagram), onerando dessa forma o erário federal em R$ 22.142.993,02 por conta do aumento

da Distância Média de Transporte de brita e rachão, e em razão do pagamento pelo serviço de

Fornecimento de Rachão Dmáx = 0,40m, ao preço de R$ 72,32/m³ em detrimento do preço originalmente

previsto de R$ 32,19/m³, causando o pagamento a maior de R$ 4.297.573,87, considerando a quantidade

de 107.091,30m³ de rachão fornecido (Achado III.1);

d) Realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do RITCU, as oitivas da Valec Engenharia,

Construções e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), da empresa Pavotec Pavimentação e

Terraplenagem Ltda (CNPJ 27.394.840/0001-32), empresa líder do consórcio responsável pelas obras

do Lote 2S da Extensão Sul da FNS, e da empresa Vega Engenharia e Consultoria Ltda (CNPJ

77.728.343/0001-00), supervisora dessa obra, em razão de ter sido constatado no Contrato 65/2010 para

que se manifestem acerca das razões que motivaram o descarte da jazida indicada em projeto, Pedreira

Encosta, sem que fossem realizados todos os ensaios previstos nas normas Valec 80-EG-000A-29-

000080, 80-EM-033A-58-8006 e a norma NBR NM 26/2001, onerando a obra na ordem de R$

36.511.329,67 (database set/2009), tendo em vista a maior distância de transportes de britas para lastro

e de rachão e a substituição do rachão extraído pelo fornecimento de rachão comercial, acima das

quantidades previstas em projeto (Achado III.2).

e) Realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do RITCU, a oitiva da Valec Engenharia,

Construções e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), para que se manifeste acerca da insuficiência

de justificativas para uso de contratação integrada no Edital RDC 6/2014, que originou o contrato

36/2014, em face do disposto no art. 9°, da Lei 12.462/2011 e na jurisprudência do Tribunal, a exemplo

do Acórdão 1.510/2013-TCU-Plenário, anterior ao lançamento do edital (Achado III.4); e

f) Encaminhar cópia da decisão que o Tribunal vier a adotar, acompanhado das peças que a

fundamentarem, bem como do Relatório de Auditoria, à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.

(CNPJ 42.150.664/0003-49), ao Ministério dos Transportes, Portos e Avião Civil, e às empresas

mencionadas nas oitivas acima.

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63 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Em 21 de setembro de 2016. Encaminhe-se ao Gab. do Min. Subst. Augusto Sherman.

_______________________________________________________________

Paulo Henrique de Gregório Corrêa

Secretário substituto

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ANEXO A - Deliberações

GRUPO II - CLASSE V - Plenário

TC-011.450/2016-9

Natureza: Relatório de Auditoria

Órgão/Entidade/Unidade: Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.

Responsáveis: Constran S.A. - Construções e Comércio (61.156.568/0001-90);

Consórcio Aterpa M. Martins - Emsa (17.162.983/0001-65); Ecoplan

Engenharia Ltda. (92.930.643/0001-52); Josias Sampaio Cavalcante Junior

(381.024.981-53); José Lucio Lima Machado (056.030.725-04); Mario

Rodrigues Junior (022.388.828-12); Pavotec Pavimentação e Terraplenagem

Ltda. (27.394.840/0001-32)

Interessado: Congresso Nacional

Representação legal: Mauricio Santo Matar (322216/OAB/SP) e outros,

representando Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. VERIFICAR A EXECUÇÃO

DAS OBRAS DA FERROVIA NORTE-SUL EXTENSÃO SUL (FNS), NO

ÂMBITO DO FISCOBRAS 2016, REFERENTES AOS LOTES 1S (64/2010),

2S (65/2010), 3S (66/2010), 3SA (36/2014) E 4S (67/2010), LOCALIZADOS

ENTRE A CIDADE DE OURO VERDE DE GOIÁS/GO E A PONTE SOBRE

O RIO ARANTES/MG, COM 539 KM DE EXTENSÃO. OITIVAS.

RELATÓRIO

Adoto, como parte do relatório e com ajustes de forma, a instrução elaborada pela equipe de

auditoria da Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária -

SeinfraHidroFerrovia:

“Apresentação

1. A Valec recebeu do governo federal, por meio do Decreto 94.813, de 1 de setembro de

1987, e da Lei 11.772, de 17 de setembro de 2008, a concessão para a construção e a operação da

Ferrovia Norte-Sul (FNS), denominada no plano nacional de viação de EF-151, cujo traçado

planejado (3.100 km) é iniciado em Belém (PA) e segue até o Município de Panorama (SP).

Entretanto, ainda se considera como km 0 da FNS o pátio ferroviário em Açailândia (MA). A Valec

e a União/ANTT ratificaram essa concessão em 8 de junho de 2006. Estão implantados

aproximadamente 1.575 km da FNS, dos quais estão em efetiva operação ferroviária 720 km

subconcedidos à FNS S.A., empresa do grupo Vale S.A. (atualmente VLI).

I.1. Síntese da implantação da Ferrovia Norte-Sul:

2. O trecho entre Açailândia (TO) e Aguiarnópolis (MA) é o mais antigo trecho da FNS,

porém não foi executado pela Valec.

3. A Valec iniciou a construção entre 2003 e 2006, a partir de Aguiarnópolis (TO) sentido

a Palmas/Porto Nacional (TO).

4. Atualmente o segmento Açailândia (MA) km 0 - Palmas/Porto Nacional (TO) km 720

(subconcessão FNS S.A.), está em operação.

5. O trecho Porto Nacional (TO) - Ouro Verde (GO) - Anápolis (GO) está concluído. As

obras nesse trecho tiveram seu início entre 2006 e 2007 tendo os contratos originais sido finalizados

em 2015, sendo que, como as obras inicialmente previstas não foram integralmente concluídas sob a

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65 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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vigência desses contratos, as obras foram complementadas por meio de novos contratos licitados na

pelo Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) para obras remanescentes dos contratos

originários.

6. O trecho Ouro Verde (GO) - Estrela d’ Oeste (SP) - se encontra em obras. O segmento

de 682 km de extensão é denominado pela Valec de Extensão Sul da FNS. Os contratos de construção

estão em estágio de finalização, acima de 90 %. Esse segmento permitirá a interligação da FNS com

o sistema ferroviário existente, de modo a dar acesso aos Portos da Região Sudeste e a integração de

forma efetiva das regiões Sul e Sudeste com as regiões Norte e Nordeste.

7. Esta fiscalização teve como objeto os Lotes (contratos) de construção 1S (64/2010), 2S

(65/2010), 3S (66/2010), 3SA (36/2014) e 4S (67/2010) da Extensão Sul da Ferrovia Norte Sul,

localizados entre a cidade de Ouro Verde de Goiás/GO e a Ponte sobre o Rio Arantes/MG, com 539

km de extensão e valor previsto de investimento na ordem de R$ 2.582.321.537,06 (data-base,

set/2009).

8. Os contratos de construção desse segmento da Ferrovia Norte-Sul têm origem no

Certame Licitatório 4/2010. As ordens de serviço para o início das obras foram emitidas no início de

2011. Não há data definida para a conclusão das obras de todo o segmento dos Lotes 1S a 4S, tendo

em vista o atual contingenciamento de recursos para todas as obras federais. Porém, com exceção do

Lote 1S, rescindido no mês junho de 2016, os contratos estão com prazos dilatados até o mês junho

de 2017.

I.2 Importância socioeconômica

9. Partindo de Ouro Verde de Goiás, cidade situada a cerca de 40 quilômetros ao norte de

Anápolis, esse trecho atravessará boa parte do sudeste goiano, uma das principais regiões do

agronegócio no país, e chegará a Estrela d´Oeste/SP, completando 682 km de extensão.

10. A economia da região é bastante desenvolvida e dinâmica. Na agricultura, destaca-se o

cultivo e beneficiamento de soja, sorgo, açúcar e milho; na pecuária, a produção de carnes (bovinos,

suínos e aves) e laticínios e, na indústria, há predomínio do setor farmacêutico.

11. Em Estrela d’ Oeste, a FNS se conectará com a Ferrovia EF - 364, operada pela ALL -

América Latina Logística, de modo a permitir acesso ao Porto de Santos e ao polo econômico e

industrial de São Paulo.

12. O investimento previsto no PAC é de R$ 4,49 bilhões.

13. A Extensão Sul da FNS apresenta avanço físico de 90,43%, compreendendo os serviços

de terraplanagem com 94,03%, drenagem com 87,29%, superestrutura com 86,03% e obras de arte

especiais com 72,28%. O trecho encontra-se com 100% de frente liberada para obra.

14. Foram entregues 100% dos trilhos, que correspondem a 86.877 toneladas no porto de

Santos/SP, e houve um avanço na extensão de grade montada, com um total de 335 km executados.

15. Para a execução das obras e serviços remanescentes nos Lotes 3 o contrato foi assinado

em 7/8/2014 (INTEGRAL / SPAVIAS / TRAIL / ALTA).

16. A previsão para a conclusão das obras da Extensão Sul é junho de 2017.

Fonte: < http://www.valec.gov.br/acoes_programas/FNSOuroVerdeEstreladOeste.php>

II - Introdução

II.1 Deliberação que originou o trabalho

17. Em cumprimento ao Acórdão 664/2016-TCU-Plenário, realizou-se a auditoria Valec -

Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., no período compreendido entre 2/5/2016 e 14/6/2016.

18. Entre as razões que motivaram esta auditoria, destaca-se o alto investimento demandado

para a execução da obra, atualmente no valor previsto de R$ 2.582.321.587,06 para os cinco lotes

fiscalizados (1S, 2S, 3S, 3SA e 4S) e, total de R$ 3.081.824.830,91, somados os Lotes 5S e 5SA.

II.2 Visão geral do objeto

19. Trata-se de auditoria realizada no empreendimento de execução das obras da Ferrovia

Norte-Sul Extensão Sul (FNS), no âmbito do Fiscobras 2016, referentes aos Lotes 1S (64/2010), 2S

(65/2010), 3S (66/2010). 3SA (36/2014) e 4S (67/2010).

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66 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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20. Os cinco lotes juntos possuem 539,6 km de extensão e estão localizados entre a Cidade

de Ouro Verde de Goiás/GO (km 0 + 000) e a Ponte sobre o Rio Arantes/MG (km 527 +640)

21. Para cada lote há um contrato de construção, conforme exposto abaixo:

a) Contrato 64/2010 (Lote 1S), situado entre a cidade de Ouro Verde de Goiás/GO (km 0

+ 000) e a Rodovia GO-156 (km 111 + 219). Consórcio Aterpa/Ebate. O contrato foi rescindido

(06/2016), com valor de R$ 480.571.043,52;

b) Contrato 65/2010 (Lote 2S), situado entre a Rodovia GO-156 (km 111 + 219) e a ponte

sobre o Rio Verdão (km 250 +720). Consórcio Pavotec/Trail/Sobrado, formado pelas Empresas Trail

Infraestrutura Ltda., Sobrado Construção Ltda., Pavotec-Pavimentação e Terraplenagem S.A., Fuad

Rassi Engenharia Industria e Comercio Ltda., Empresa Tejofran de Saneamento e Serviços Ltda. e

Ourivio Participações S.A., atualmente com um valor total previsto de R$ 525.858.160,13;

c) Contrato 66/2010 (Lote 3S), está delimitado entre a ponte sobre o Rio Verdão (km 250

+720) e a ponte sobre o Córrego Cachoeirinha (km 386 + 660). Consórcio Camargo Corrêa/Queiroz

Galvão e o valor total previsto desse lote, atualmente é de R$ 780.842.239,63;

d) Contrato 36/2014 (Lote 3SA), elaborar projetos básicos e executivos das obras

remanescentes, localizadas no Município de Rio Verde/GO, posicionadas do km 357+800 ao km

364+ 172, da Extensão Sul, da Ferrovia Norte-Sul. Implantação da grade (lastro, dormentes e Trilhos)

entre os km 315+800 e 394+900, da Extensão Sul, da Ferrovia Norte-Sul. O valor do contrato na

Modalidade RDC é de R$ 182.987.677,01

e) Contrato 67/2010 (Lote 4S), está compreendido entre a ponte sobre o Córrego

Cachoeirinha (km 386 + 660) e a ponte sobre o Rio Arantes (km 527 + 640). Construtora Constran

S.A., atualmente com um valor total previsto de R$ 612.062.416,77.

HISTÓRICO DE FISCALIZAÇÕES ANTERIORES

22. No Fiscobras 2010, o TCU identificou irregularidades no Edital de Concorrência 4/2010

e já deliberou quanto ao mérito por meio dos Acórdãos 2.962/2010 e 2.909/2012, ambos do Plenário.

23. No Fiscobras 2011, o TCU identificou atrasos na execução das obras, fiscalização

deficiente e medição antecipada de acessórios de fixação. O Tribunal já deliberou preliminarmente

por meio do Acórdão 2.692/2011-TCU-Plenário.

24. No Fiscobras 2012, as principais irregularidades identificadas foram: interrupções do

traçado com risco de perda de funcionalidade da obra, seleção de método construtivo antieconômico

e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias para produção dos diversos tipos de concreto;

insuficiência de sondagens para dimensionamento das obras de arte especiais; insuficiência de

caracterização do terreno; equiparação de atos da fiscalização ao projeto básico da obra e adoção na

planilha orçamentária de ‘‘serviços por administração’ ‘, com as quantidades em horas de máquinas

e pessoal, sem a identificação do objeto que se pretende executar. Quanto a essas irregularidades, o

Tribunal já deliberou preliminarmente por meio dos Acórdãos 2.467/2012, 2.910/2012, 2.939/2012 e

3.397/2012, todos do Plenário.

25. No Fiscobras 2013 (TC-012.460/2013-3, Fiscalização 205/2013), as principais

irregularidades identificadas foram: gestão temerária do empreendimento, superfaturamento

decorrente de quantitativo inadequado, superfaturamento decorrente de inclusão inadequada de novos

serviços, avanço desproporcional das etapas de serviço e descumprimento de determinação exarada

pelo TCU. O Tribunal deliberou por meio do Acórdão 2.388/2013-TCU-Plenário.

26. No Fiscobras 2014 (TC-010.792/2014-7, Fiscalização 246/2014), a principal

irregularidade identificada foi a continuidade dos serviços de terraplenagem sem a incorporação de

soluções alternativas em substituição ao rachão. O fato motivou a revogação de medida cautelar

determinada naqueles autos sem solução das irregularidades. Quanto à determinação prolatada

também nos autos do TC-010.792/2014-7, para repactuação de preços de concretos para as obras de

arte especial previstas com betoneiras, a Valec apresentou novas composições com uso de central de

concretos, com as justificativas de não haver substancial modificação nos preços. Assim, entenderam

os técnicos da Valec não configurar o descumprimento da medida cautelar e não fizerem qualquer

alteração na planilha de preços dos contratos dos Lotes 1S a 5S.

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67 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

27. No Fiscobras/2015, não houve fiscalização nas obras dos Lotes 1S a 4S, da FNS,

Extensão Sul.

28. Esta fiscalização, 158/2016 (TC-011.450/2016-9), contempla os Lotes de Construção

1S (64/2010), 2S (65/2010), 3S (66/2010), 3SA (36/2014) e 4S (67/2010) da FNS Extensão Sul.

29. A Fiscalização 159/2016 (TC-011.451/2016-5) contempla os Lotes de Construção 5S

(68/2010) e 5SA (36/2014).

30. A seguir, o esquema de implantação, o resumo global e o mapa que indica o traçado da

ferrovia projetada.

Figura 1 - esquema de implantação da FNS- Extensão Sul.

Fonte: Valec

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68 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Figura 2- Resumo da evolução física e financeira das obras da FNS - Extensão Sul.

Fonte: Valec

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69 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

Figura 3 - Mapa de identificação dos trechos/lotes da FNS - Extensão Sul.

Fonte: Valec

II.3. Objetivo e questões de auditoria

31. A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar as Obras de Construção da Ferrovia

Norte Sul - Extensão Sul - Lotes 1S a 4S - no estado de Goiás.

32. A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão

sendo aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:

a) Questão 1: A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi

adequada?

b) Questão 2: Como foram alocados os riscos na contratação e na execução da obra, na

modalidade de licitação pelo RDC?

33. Na execução dos contratos, tratou-se dos efeitos dos descumprimentos das

determinações e recomendações exaradas nas fiscalizações anteriores, especialmente após o Acórdão

2.910/2012-TCU-Plenário, ratificado pelo Acórdão 2.939/2012-TCU-Plenário e alterado pelo

Acórdão 3.397/2012-TCU-Plenário, que suspendia os serviços de terraplenagem e de obras de arte

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70 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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especiais nos Lotes 1S a 4S, da Ferrovia Norte Sul, Extensão Sul, até que medidas saneadoras fossem

adotadas pela Valec.

34. A partir dos descumprimentos das medidas saneadoras determinadas pelo Tribunal, o

Acórdão 3.133/2014-TCU-Plenário previu:

9.2. determinar à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., que, relativamente aos

contratos de construção 64/2010 (Lote 1S), 65/2010 (Lote 2S), 66/2010 (Lote 3S) e 67/2010 (Lote

4S) da Extensão Sul da Ferrovia Norte Sul:

9.2.1 à Valec que apurasse no prazo de cento e vinte dias, a ocorrência de eventuais danos

aos cofres da Valec, bem como os seus eventuais responsáveis, inclusive, se for o caso, a empresa

supervisora das obras, em razão de (a):

9.2.1.1. realização de estudos geotécnicos (sondagens diretas complementares e geofísica)

em trechos das obras em que as obras de terraplenagem já se haviam iniciado;

9.2.1.2. pagamento de serviços de execução de concreto, que deveriam ser executados em

usina, como se fossem executados em betoneira;

9.2.1.3. execução de soluções antieconômicas em fundações de aterros sobre solos moles

(item 3.6 da planilha orçamentária), devendo ser necessariamente analisadas pelo menos as seguintes

alternativas (ou justificada a não análise das alternativas):

9.2.1.3.1. alternativas previstas na norma DNER-PRO 381/98 Projeto de aterros sobre solos

moles para obras viárias, sempre que as investigações geotécnicas já realizadas o permitirem;

9.2.1.3.2. alternativas previstas pela projetista e que não foram adotadas pela empresa

executora da obra;

9.2.1.3.3. utilização total ou parcial de outros materiais drenantes, tais como cascalho

laterítico, areia e outras fontes de brita previstas no projeto básico, além da utilização de material de

3ª categoria produzido nas escavações da própria obra;

9.2.1.3.4. utilização de camada delgada de rachão superposta por camada de outro material

mais econômico;

9.2.1.4. utilização de brita para lastros oriunda de jazidas mais distantes que as previstas no

projeto (item 8.1.2 da planilha orçamentária);

9.2.2. esgotadas as medidas de que trata o item anterior sem a elisão do dano, instaurar

tomada de contas especial, mediante a autuação de processo específico, observado o disposto na IN

TCU 71/2012, concluí-la e encaminhá-la às instâncias competentes no prazo de sessenta dias

contados do término do prazo concedido no subitem 9.2.1 deste acórdão;

9.2.3. informe ao Tribunal, ao término do prazo concedido no subitem 9.2.1 deste acórdão,

o resultado das apurações determinadas;

9.3. determinar à SecobHidroferrovia que monitore o cumprimento da determinação

constante do subitem 9.2 deste acórdão;

9.4. sobrestar o presente processo, bem como o TC-012.460/2013-3, até o término das

apurações determinadas no subitem 9.2.1 deste acórdão (grifo acrescido).

35. Em relação ao item 9.2.1.4 do Acórdão 3.133/2014-TCU-Plenário (9.2.1.4. Utilização

de brita para lastros oriunda de jazidas mais distantes que as previstas no projeto), a Valec instaurou

o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) 51402.093480/2014-66, no âmbito do Contrato

64/2010, Lote 1S, instituído pela Portaria 412/2014, para apurar a responsabilidade de quem deu

causa às irregularidades apontadas no Relatório Final da Comissão de Sindicância instituída pela

Portaria.

36. Na presente fiscalização, são apontados serviços que se materializaram em

superfaturamentos nos Lotes 1S a 4S e na contratação complementar do Lote 3SA. Especificamente

em relação ao Lote 1S, contrato 64/2010, a totalização do superfaturamento leva em conta o Laudo

1143/2014-INC/Ditec/DPF da Perícia Técnica da Diretoria Técnico-Científica do Instituto Nacional

de Criminalística do Departamento de Polícia Federal (DPF).

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71 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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37. O Laudo do DPF subsidiou a Ação Civil Pública instaurada na 4° Vara Federal de

Goiânia (Processo 0047314- 59.2014.4.01.3500), que tem como rés a Supervisora Ecoplan

Engenharia Ltda. e a Construtora Consórcio Aterpa/Ebate, responsáveis pelo Lote de Construção 1S,

da Ferrovia Norte Sul, Extensão Sul, e trata dos crimes de responsabilidade da empresa supervisora

da obra e do consórcio construtor.

38. No âmbito do Contrato 64/2010, Lote 1S, os resultados do processo administrativo

disciplinar, do Laudo do DPF e da Ação Civil Pública são tratados no Achado III.1, Transporte de

brita para lastro e rachão em distâncias maiores que os previstos em projetos executivos.

II.4. Metodologia utilizada

39. Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do

Tribunal de Contas da União (Portaria-TCU 280, de 8 de dezembro de 2010, alterada pela Portaria-

TCU 168, de 30 de junho de 2011) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade

estabelecidos pelo TCU (Portaria-Segecex 26, de 19 de outubro de 2009).

40. Durante o planejamento e a execução da auditoria, foram levantadas as informações

acerca dos objetos de auditoria, por meio de ofícios de requisições enviados à Valec e da análise do

laudo da DPF. Foram utilizadas técnicas de análises documentais, conferências de cálculos, bem

como a realização de visitas às obras.

II.5. Limitações inerentes à auditoria

41. Não houve qualquer limitação nesta auditoria

II.6. Volume de recursos fiscalizados

42. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 2.582.321.537,06, nos

Lotes 1S a 4S.

II.7. Benefícios estimados da fiscalização

43. Entre os benefícios estimados desta fiscalização, destacam-se a expectativa de controle,

a recuperação de danos ao erário, as determinações à estatal, o dever de cumprir as jurisprudências

sobre RDC exaradas pelo TCU.

III - Achados de auditoria

III.1.Transporte de brita e rachão em distâncias superiores aos previstos em projetos

III.1.1.Tipificação

44. Indício de Irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C)

45. Justificativa de não enquadramento no conceito de IG-P da LDO: os indícios de

irregularidade grave encontrados, embora gere citação ou audiência do responsável, não se

enquadram no disposto no art. 117, § 1º, incisos IV e V da Lei 13.242/2015 (LDO/2016), pois a obra

está com o contrato rescindido, se enquadrando no disposto no inciso VI da referida lei.

III.1.2. Situação encontrada

46. Na execução do Contrato 64/2010, do Lote 1S, o consórcio construtor realizou

transporte de brita e de rachão com distâncias maiores que as previstas no projeto executivo da obra.

O projeto (PE 1S 80-RL-0400D-00-1001), disponibilizado pela empresa Strata Engenharia no ano de

2011, previu duas pedreiras para fornecimento de brita e rachão, conforme segue (Evidência 1,

p.110):

a) Pedreira (P1) - Pedreira Britagran, comercial, distante 7,2 km do eixo da ferrovia, acesso

pelo km 13+260;

b) Pedreira (P2) - Pedreira Britago, comercial, distante 22 km do eixo da ferrovia, acesso

pelo 65+480.

47. Do projeto executivo do lote (quantitativos), obteve-se a distância média de transporte

(DMT) de 44,5 km, por meio da razão entre o momento de transportes da brita para lastro (item

1.1.3.2 Fornecimento, Evidência 1, p. 354) e a quantidade da brita prevista no projeto executivo (item

1.1.3 Brita para lastro, Evidência 1, p. 354) (12.962.761 m³.km/291.298 m³). A média contempla o

uso ponderado das duas pedreiras indicadas em projeto executivo (Evidência 1, p. 366).

48. Quanto ao transporte de rachão para fundação de aterros, a distância média prevista em

projeto executivo (PE 1S 80-RL-0400D-00-1001) é de 34,81 km e foi obtida pelo mesmo

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72 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

procedimento da razão entre o momento de transporte e o volume previsto em projeto executivo

(5.277.362,74 m³.km/151.604,79 m³) (Evidência 1, p. 357).

49. Cabe mencionar inicialmente as diferenças de indicação de pedreiras entre o projeto

básico e o projeto executivo da obra.

50. O projeto executivo, de autoria da empresa Strata Engenharia, vencedora do certame

licitatório do Edital de Concorrência Pública 12/2009, previu a seguinte extensão: de Ouro Verde de

Goiás/GO, definido como o km 0,00, até a Rodovia GO-156 (km 111+219). Portanto, com 111,21

km de extensão, consoante informações obtidas do sítio eletrônico da Valec:

<http://www.valec.gov.br/Licitacoes/download/edital/concorrencia_Edital_2010-012.pdf>. Acesso:

30/6/2016.

51. Já o projeto básico, elaborado pela empresa Maia e Melo Engenharia Ltda., relativo ao

mesmo Lote 1S, definiu de forma distinta tal intervalo, qual seja: de Ouro Verde de Goiás (km 0+000)

a BR-060/GO (km 171+760), com extensão de 171,76 km. As diferenças de extensão do mesmo Lote

1S fizeram com que as indicações de origem de materiais pétreos para a obra fossem distintas entre

o projeto básico e o executivo. Fonte: <http://www.valec.gov.br/Licitacoes/download/edital

/concorrencia_Edital_2008-013.pdf>. Acesso: 30/06/2016.

52. O projeto executivo, portanto, alterou o cenário antes previsto pelo projeto básico, por

prever o uso simultâneo de diferentes origens da brita, com a indicação de duas pedreiras para, além

de proporcionar um menor custo de transporte, alcançar um menor prazo de execução da obra.

53. A decisão unilateral do consórcio Aterpa/Ebate de explorar apenas a Pedreira Britago

(P2), que está no cerne deste achado, deveria ter sido objeto de questionamentos pela Valec, conforme

as conclusões de processo administrativo citado mais adiante, com vistas a realização de pagamentos

menores de transportes, conforme concebido na planilha dos quantitativos do Lote 1S.

54. A pedreira escolhida pela construtora, Britago (P2), encontra-se mais próxima do final

do segmento de 111,2 km e, pelo fato de a empresa ter iniciado seus trabalhos na extremidade oposta

à pedreira, a partir do início do Lote 1S, as distâncias médias superaram o previsto no projeto

executivo, conforme se apresenta no croqui de localização das pedreiras (Evidência 3).

55. Nas primeiras medições de fornecimento de brita para lastro, observou-se percursos de

até 154,38 km (medição 09/2011). Essas distâncias progressivamente foram se reduzindo até o

patamar de 85,52 km. A média das distâncias foi obtida da razão entre o momento de transporte e o

volume real transportado até a 67ª medição (18.005.274,19 m³.km/210.530,35 m³) (Evidência 5).

56. A questão do transporte de materiais pétreos com distâncias superiores aos previstos em

projeto no Lote 1S levou a auditoria interna da Valec (AUDIN) e a própria fiscalização em campo a

quantificarem os valores discrepantes em relação ao projeto executivo. Os cálculos foram

apresentados na Nota Técnica 004/2013-CEA-RFC-Sucon CGoianira, referente a 28ª medição,

acompanhado do demonstrativo em desfavor do erário em R$ 17.062.533,81 (Evidência 4).

57. A nota técnica foi assinada pelo Gerente Geral da Extensão Sul, Gerente Regional do

Lote 1S, Engenheiro Fiscal Residente e dois Engenheiros Fiscais Auxiliares, com base nos

levantamentos da supervisora da obra do valor apontado em desconformidade com o projeto

executivo. Além disso, a nota técnica sugeriu que a análise fosse submetida à decisão da Diretoria de

Engenharia da Valec (Diren) quanto à realização do estorno do montante apurado (Evidência 4, p.4).

58. A mesma Nota Técnica 004/2013-CEA-RFC-Sucon CGoianira foi objeto de

apontamento pela Equipe de Fiscalização do TCU no mesmo ano de 2013 (Fiscobras/2013). A Equipe

de Fiscalização questionou as medidas que a Valec iria tomar em relação aos serviços de transportes

de brita para lastro, transporte de rachão e execução de bueiros e passagens de gado tidos como

desconformes (Ofício de Requisição 5-205/2013-TCU/Secob, de 6/6/2013, TC-012.460/2013-3).

59. Em resposta, a Valec informou ter instituído uma Comissão Especial de Sindicância por

meio da Portaria 356/25/6/2013, para apurar, em Processo Administrativo (PAD 51402.051469/2013-

48), os fatos trazidos pela Nota Técnica 004/2013-CEA-RFC-Sucon CGoianira (Evidência 20, p.4).

60. Os resultados do processo administrativo apontaram que o transporte de rachão para

fundação de aterro, entre os km 0 e o km 46 do Lote 1S, foram realizados exclusivamente de materiais

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73 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

provenientes da Pedreira Britago (Evidência 20, p.34). A constatação levou o Diretor Presidente da

Valec e o Diretor de Engenharia da Valec - Diren, a liberar o pagamento do saldo da 28ª medição. O

Diretor Presidente da Valec no mesmo ato ordenou instituir uma nova comissão de sindicância, para

apurar responsabilidades de quem deu causa à execução de serviços em desacordo com o projeto

executivo (Evidência 21, p. 150).

61. Essa nova Comissão de Sindicância, instaurada pela Portaria Valec 412/2014,

apresentou as seguintes conclusões no Processo 51402.093480/2014-66 (Evidências 40 a 45):

I - O acusado Helson Siqueira Pimentel, Ex-Engenheiro Fiscal do lote 01S da Ferrovia

Norte-Sul FNS, foi responsável pelo ato de improbidade administrativa, conforme art. 10 da Lei

8.429/92, ensejadora na sanção de demissão justa causa, de acordo com as alíneas ‘a’ e ‘b’, do art.

482 da CLT, com as seguintes condutas:

Conduta comissiva por omissão na condição culposa por imprudência, uma vez que deixou

de utilizar a pedreira BRITAGRAN prevista no Projeto Básico, o que levou ao atesto e assinatura das

medições com o pagamento da execução de transporte oneroso de material pétreo proveniente da

pedreira BRITAGO para o início da extensão do lote 01S (km 0 ao km 46);

Conduta comissiva por omissão na condição de dolo eventual, uma vez que deixou de utilizar

a pedreira BRITAGRAN indicada no Projeto Executivo, o que levou ao atesto e assinatura das

medições com o pagamento da execução de transporte oneroso de material pétreo proveniente da

pedreira BRITAGO para o início da extensão do lote 01S (km 0 ao km 46).

II- O acusado Alípio Junqueira Júnior, Ex-Superintendente Regional da Extensão Sul da

Ferrovia Norte Sul, foi responsável pelo ato de improbidade administrativa, conforme art. 10 da Lei

8.429/92, ensejadora na sanção de demissão por justa causa, de acordo com as alíneas ‘a’ e ‘b’, do

art. 482 da CLT, com as seguintes condutas:

Conduta comissiva por omissão na condição culposa por imprudência, uma vez que deixou

de utilizar a pedreira BRITAGRAN prevista no Projeto Básico, o que levou ao atesto e assinatura das

medições com o pagamento da execução de transporte oneroso de material pétreo proveniente da

pedreira BRITAGO para o início da extensão do lote 01S (km 0 ao km 46);

Conduta comissiva por omissão na condição de dolo eventual, uma vez que deixou de utilizar

a pedreira BRITAGRAN indicada no Projeto Executivo, o que levou ao atesto e assinatura das

medições com o pagamento da execução de transporte oneroso de material pétreo proveniente da

pedreira BRITAGO para o início da extensão do lote 01S (km 0 ao km 46).

Comissão recomenda ao Diretor-Presidente:

I - Determinar à Assessoria Jurídica que proceda a ação de reparação do erário em desfavor

do Senhores Helson Siqueira Pimentel e Alípio Junqueira Júnior. Quanto aos efeitos da recomendação

da Comissão para aplicação da penalidade de demissão por justa causa, o acusado Helson Siqueira

Pimentel foi exonerado no dia 12/03/13 (Portaria 184/2013) e, o acusado Alípio Junqueira Júnior,

exonerado no dia 12/03/13 (Portaria 185/2013);

II - A apuração de responsabilidade da Construtora ATERPA/EBATE e Supervisora

ECOPLAN ENGENHARIA Ltda. e, caso a apuração esteja em curso, que seja encaminhada a cópia

deste Relatório Conclusivo à Diretoria de Engenharia e/ou área técnica responsável;

III- Solicitar à Diretoria de Engenharia-Diren a manifestação e quantificação do prejuízo, ou

se for o caso, estude a possibilidade de instituição de Comissão Especial considerando a

recomendação nº 22 do Relatório de Auditoria 012/2014-LoTC-01S-Extensão Sul.

IV- A Instituição de Comissão de Sindicância para apuração de eventuais irregularidades e

responsabilidades associadas a execução do transporte de material pétreo (rachão, lastro e material

granular) em desacordo com projeto executivo após a gestão dos acusados do presente processo (a

partir da medição nº 28) no âmbito do Contrato 064/10;

V - Apurar, caso entender necessário, a responsabilidade da projetista STRATA

ENGENHARIA Ltda. pelo não fornecimento à Comissão da revisão nº 00, 01, 02, 03 do Relatório

do Projeto Executivo, nº Valec 80-RE-0100D-00-1000, nº Projetista 1.18.0004-RL-l000;

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74 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

VI - Que envie cópias deste Relatório Conclusivo ao Tribunal de Contas da União-TCU, à

Controladoria-Geral da União-CGU, ao Ministério Público Federal, ao Departamento de Policia

Federal, para ciência e providencias que os órgãos entenderem cabíveis;

VII- O arquivamento dos autos do presente após as providencias. (grifos acrescidos)

62. Depreende-se da conclusão da comissão de sindicância as condutas comissivas por

omissão na condição de dolo eventual e culposa por imprudência dos responsáveis (fiscal da obra e

superintendente da Extensão Sul da FNS à época) por deixarem de utilizar a pedreira Britagran (P1)

indicada no projeto executivo, e por terem atestado as medições com o consequente pagamento da

execução de transporte oneroso de material pétreo proveniente da pedreira Britago (P2), relativos aos

primeiros quilômetros do Lote 1S (km 0 ao km 46).

63. A prática antieconômica que havia sido apontada pela supervisora da obra do Lote 1S,

em correspondência dirigida ao Gerente Regional da Valec, em 5/6/2013 (página 111, do Processo

51402.051469/2013-49), viria ao conhecimento da Auditoria Interna da Valec - AUDIN, contendo o

seguinte fragmento (Evidência 20, p.111-112):

De acordo com os cálculos constantes da Planilha Demonstrativa do ANEXO 01, a DMT

referente à utilização da pedreira BRITAGO para estes primeiros 43 km de obra foi de 100,48 km,

enquanto que a referente à utilização da pedreira BRITAGRAN seria de 38,24 km.

Esta diferença originou um reflexo financeiro demonstrado na referida planilha de

R$ 12.542.006,26 de custo a mais na implantação da obra (grifo acrescido).

64. A empresa supervisora definiu os atos da construtora como uma ‘alternativa de método

executivo adotado por conveniência e responsabilidade exclusiva da contratada, não cabendo

qualquer sobrecusto para a contratante devido ao aumento constatado nas DMT’ s’ (Evidência 47,

p.4). Apesar das manifestações da fiscalização da Valec em campo e da supervisora da obra

favoráveis à glosa, os valores foram posteriormente liberados pela direção da Valec (Evidência 20,

p.4).

65. Devido ao acúmulo de apontamentos pretéritos e dos danos ao erário já materializados

pelos transportes em distâncias superiores aos de projetos, neste relatório serão quantificados apenas

os valores em desfavor do erário, relativos ao transporte de brita de lastro ferroviário e o transporte

de rachão para fundações de aterros até a 67ª medição, do contrato 64/2010, Lote 1S.

Quantificação de superfaturamento com transporte de brita para lastro, executado x projeto (44,5 km)

66. A quantificação do dano decorre da diferença entre os montantes obtidos para o serviço

de transporte de brita para lastro para as duas DMTs em comento, quais sejam, aquela que,

conservadoramente, representa a menor DMT observada a partir dos boletins de medição (85,52 km)

e a calculada pela equipe de auditoria (44,5 km). Nesse sentido, a distância percorrida multiplicada

pela quantidade de brita para lastro e pelo preço unitário contratual fornece o valor total desse serviço,

conforme mostrado no Quadro 1, a seguir:

Quadro 1-Itens de serviços do contrato 64/2010 - Lote 1S, com indícios de superfaturamento.

DMT, conservadoramente estimado em 44,5 km (TCU).

Item Descrição Unidade Quantidade

Preço

Unitário

(R$)

Total (R$)

8.1.2.1 Fornecimento de brita para lastro m³ 210,530.35 35,71 7.518.038,67

DMT 85,52 km

8.1.2.2 Transporte de brita para lastro

Medido com 85,52km m³.km 18,004,555,53 1,21

21.785.512,19

(a)

DMT 44,5 km

8.1.2.2 Transporte de brita para lastro

(Distância de projeto 44,5 km) m³.km 9.368.591,68 1,21

11.335.995,93

(b)

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75 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

Superfaturamento de transporte de brita para lastro (a - b) 10.449.516,26

Fonte: Equipe de Auditoria

67. O superfaturamento pela diferença de percurso entre os 85,52 km medidos e pagos e a

distância de 44,5 km previsto em planilha do projeto executivo resulta em R$ 10.449.516,26 (data-

base de set/2009).

68. A mesma metodologia é empregada na quantificação de superfaturamento com

transporte de rachão para fundação de aterros (item 3.6.1), cuja diferença decorre do valor medido na

distância transportada de 66,33 km e o calculado, conservadoramente de 44,5 km.

69. No Quadro 2, a seguir, apresentam-se os cálculos das quantidades de rachão até a 67ª

medição do Lote 1S, Contrato 64/2010, aplicadas em locais em substituição aos solos de baixo suporte

(compressíveis/orgânicos), denominados de ‘solos moles’.

Quadro 2-Quantidade de rachão medido na 67ª medição, do contrato 64/2010, Lote 1S.

Item Descrição Unidade Quantidade

Preço

Unitário

(R$)

Total (R$)

3.6.1 Rachão D máx = 0,40 m m³ 704,360.83 32,19 22.673.374,96

DMT 66,33 km

3.6.3

Transporte de material para

fundação de aterro

DMT 66,33 km

m³xkm 46,721,959.65 1,10 51.394.155,48

(a)

DMT 44,5 km

3.6.3

Transporte de material para

fundação de aterro

DMT 44,5 km

m³xkm 31.344.056,94 1,10 34.478.462,63

(b)

Superfaturamento de transporte de rachão para fundação de aterro (a-b) 16.915.692,85

Fonte: Equipe de Auditoria

70. O cálculo da diferença entre os montantes obtidos a partir das distâncias de 66,33 km

(valor medido e pago) e de 45,5 km (valor que deveria ter sido utilizado) resultou no superfaturamento

de R$ 16.915.692,85, para data-base de set/2009.

71. Na presente análise (Achado III.1) tratou-se apenas de transportes de rachão, portanto,

não estão incluídos os motivos que levaram a escavações e substituições de solos moles, tratados no

descumprimento da medida cautelar do Acórdão 2.910/2012-TCU-Plenário, retificado pelo Acórdão

2.939/2012-TCU-Plenário e alterado pelo Acórdão 3.397/2012-TCU-Plenário. Os processos que

tratam do tema estão no TC-012.460/2013-3 e TC-010.792/2014-7, no âmbito dos Lotes 1S a 4S, da

FNS, Extensão Sul.

III.1.4. Sobrepreço decorrente de fornecimento do mesmo produto com preços unitários diferentes

72. O preço unitário do item 3.6.2.1 - Fornecimento Rachão Dmáx = 0,40 m (Comercial 2),

no valor de R$ 72,32/m³ (aditivo), difere do previsto para o item 3.6.1 - Fornecimento de Rachão

Dmáx = 0,40 m, cotado no valor de R$ 32,19/m³.

73. Nesse sentido, essa diferença de preços, que monta a R$ 40,13/m3, quando computada

junto com o quantitativo total previsto para o serviço, 107.091,30 m³, totaliza um montante de

sobrepreço de R$ 4.297.573,87, para data-base de set/2009 (R$ 40,13/m3 x 107.091,30 m³ =

R$ 4.297.573,87).

74. Além disso, o custo unitário do serviço obtido do Sicro 2, para data-base de set/09 e

para região de Goiás, é de R$ 31,50/m³ sem BDI (Evidência 35), o que leva, conservadoramente, ao

uso, como paradigma na presente análise, do valor de R$ 32,19/m³ constante do item 3.6.1 -

Fornecimento de Rachão Dmáx = 0,40 m.

75. Do acima exposto, conclui-se que o total de superfaturamento relativo ao lastro de brita

e rachão para fundação de aterros é de R$ 31.662.782,99 (R$ 10.449.516,26 + R$ 16.915.692,85 +

R$ 4.297.573,87), na data-base set/2009.

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76 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

III.1.5. Informações relevantes ao presente relatório, relativo ao lote 1S, Contrato 64/2010 - Consórcio

Aterpa/Ebate.

Laudo Pericial da DPF e de Processo Judicial

76. Em sede de Ação Civil Pública, em trâmite na 4° Vara Federal de Goiânia/GO, relativo

ao Lote 1S da Extensão Sul da FNS, há o Processo 0047314-59.2014.4.01.3500, no qual se

apresentam como rés a Supervisora Ecoplan Engenharia Ltda. e a Construtora Consórcio

Aterpa/Ebate. As empresas respondem por ocorrências de superfaturamento obtidas por Perícia

Técnica da Diretoria Técnico-Científica do Instituto Nacional de Criminalística, Laudo 1143/2014-

INC/Ditec/DPF (Evidência 5).

77. O referido Laudo da DPF indica a distância média do transporte de brita para lastro de

65 km, tomadas na 41ª medição, quando a perícia foi realizada. Os valores de superfaturamento

somaram, por meio da metodologia ali adotada, R$ 31.260.337,44 relativos aos itens: 8.1.2.2

(transporte de brita do lastro) e 3.6.3 (transporte de material para fundação de aterro). Além disso,

consta também no laudo superfaturamento potencial de R$ 7.559.219,98, caso persista até o

encerramento do contrato o uso das mesmas práticas (Evidência 5, p. 22).

78. Apesar da indicação da DPF do momento de transporte de 65 km para transporte de

brita e de rachão, nesta fiscalização a equipe considerou a mesma premissa apenas para o primeiro

caso (transporte da brita). Há nos autos comprovação de transportes de rachão provenientes da

Pedreira Britagran, na 5ª medição, em volume de 5.794,09 m³. O rachão, diferentemente da brita para

lastro, são fragmentos de rochas detonadas, não submetidos a controle de qualidade como o lastro. A

origem pode ser diversa, até mesmo de escavações em material de 3ª categoria. Razão pela qual, o

fornecimento poderia ser da menor distância possível (Evidência 47).

79. Por essas razões, conservadoramente, será mantida a distância média calculada de 44,5

km, para o transporte de rachão. Além disso, as ações empreendidas pela Valec em campo, a partir

dos apontamentos e questionamentos do Tribunal após a 28ª medição, gradativamente fizeram as

distâncias de transportes se reduzirem a patamares de 85,52 km (Evidência 22).

80. Faz-se necessário, então, o recálculo do montante relativo ao transporte da brita para

lastro, em decorrência da existência do Laudo Pericial da DPF, com atesto da distância de transporte

de brita entre a jazida, na pedreira Britago, até as frentes de serviços de 65,0 km. Na tabela do Quadro

3, o demonstrativo do novo valor encontrado em relação à distância de transporte de 65,0 km, em

substituição ao Quadro 2.

Quadro 3. Recálculo do Superfaturamento por pagamento de Momento de Transporte da

brita para lastro, com a distância de 65,0 km, adotada pela Perícia da DPF.

Item Descrição Unidade Quantidade

Preço

Unitário

(R$)

Total (R$)

8.1.2.1 Fornecimento de brita para lastro m³ 210,530.35 35,71 7.518.038,67

DMT 85,52 km (medição)

8.1.2.2 Transporte de brita para lastro

Medido com 85,52km m³.km 18,004,555,53 1,21

21.788.381,64

(a)

DMT 65,0 km (Laudo da DPF)

8.1.2.2 Medição (DPF) transporte de brita

para lastro m³xkm 13.684.472,75 1,21

16.558.212,00

(b)

Superfaturamento de transporte de brita para lastro (a - b) 5.227.300,17

Fonte: Equipe de Auditoria

89. Considerando-se então os valores obtidos com fundamento no Laudo da DPF, chegou-

se aos seguintes montantes de superfaturamento:

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77 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

a) Item 8.1.2.2 - Transporte de brita para lastro de R$ 5.227.300,17;

b) Item 3.6.3 - Transporte de rachão R$ 16.915.692,85;

c) Item 3.6.2.1 - Fornecimento Rachão D máx = 0,40 m. R$ 4.297.573,87.

90. Desse modo, o total do superfaturamento no Lote 1S (itens 8.1.2.2; 3.6.3 e 3.6.2.1) foi

R$ 26.440.566,89.

III.1.6. Objetos nos quais o achado foi constatado:

91. Contrato 64/2010, de 22/12/2010, execução, sob regime de empreitada por preço unitário,

de obras e serviços de engenharia para implantação do subtrecho da Ferrovia Norte-Sul - Extensão Sul,

compreendido entre Ouro Verde /GO (km 0 + 000) a Estrela do Oeste (km 669 + 550). Lote 1S - de

Ouro Verde/GO (km 0 + 000) até Rodovia GO-156 (km 111 + 219), Consórcio Aterpa/Ebate.

III.1.7. Critério:

a) Projeto Executivo (PE 1S 80-RL-0400D-00-1001);

b) Lei 8.666/1993, art. 3º caput;

c) Norma Valec 80-EG-000A-029-0000;

d) Norma Valec 80-EM-033A-058-8006;

e) NBR NM 26/2001 - Norma Mercosul - Agregados Amostragem

III.1.8. Evidências:

a) Evidência 1 - Relatório do Projeto Executivo (PE 1S 80-RL-0400D-00-1001)

b) Evidência 2 - Ensaios Lastro Britago - Lote 1S;

c) Evidência 3 - Mapa Logístico - Lote 1S;

d) Evidência 4 - Nota Técnica 004-2013 - DMT (Estorno Transporte) 1S;

e) Evidência 5 - Levantamento DMT transp. brita lastro - Lote 1S -diferença acumulado;

f) Evidência 6 - Laudo 1143-2014-INC_Ditec_DPF;

g) Evidência 7 - Processo Judicial 0047314-59.2014.4.01.3500 - 4ª Vara Federal de Goiânia

h) Evidência 8 - Memória medição 8, 9 e, 10 - Brita lastro Contrato 64/2010 - Lote 1S

i) Evidência 9 - Memória medição 11 e 12 - Brita lastro Contrato 64/2010 - Lote 1S;

j) Evidência 10 - Memória medição 13, 15, 16, 17 e,18 - Brita lastro Contrato 64/2010 -

Lote 1S;

k) Evidência 11 - Memória medição 19 e 21 - Brita lastro Contrato 64/2010 - Lote 1S;

l) Evidência 12 - Memória medições 22 de 23 - Brita lastro Contrato 64/2010 - Lote 1S;

m) Evidência 13 - Memória medição 26 - Brita lastro CT 64/2010 Janeiro de 2013;

n) Evidência 14 - Memória de medição 27 - Brita lastro Contrato 64/2010 Fevereiro de 2013;

o) Evidência 15 - Memória de medições 29 e 30 - Brita lastro Contrato 64/2010 - Lote 1S;

p) Evidência 16 - Memórias de medições 31 e 32 - Brita lastro Contrato 64/2010 - Lote 1S;

q) Evidência 17 - Memórias de medições 33, 44A e 46 - Brita lastro Contrato 64/2010 - Lote

1S;

r) Evidência 18 - Memórias de medições 56, 56A Medição CT 064-10 Julho de 2015, p,

529-543;

s) Evidência 19 - OFICIO N° 2278/2016-Presi- DECISÕES JUDICIAIS;

t) Evidência 20 - Processo - Relat. de análise de serviços - Aterpa-Ebate - Volume 1-2;

u) Evidência 21 - Processo - Relat. de análise de serviços -Aterpa-Ebate - Volume 2-2;

v) Evidência 22 - MED_CT064-10_junho/2016-destacadas;

w) Evidência 23 - Memo. Comissão PAD 011_2014;

x) Evidência 31 - GO0909_RCTR0330 serviços- Preço do rachão sicro_GO_set 2009;

y) Evidência 47 - MEDIÇÃO 05 MAIO 2011- rachão 5ª medição - Britagram-Lote 1S

z) Evidência 48 - Carta DMT rachão_29 - Ecoplan - Lote 1S.

III.1.9. Causas da ocorrência do achado:

92. As causas são deficiências no projeto básico, no projeto executivo, na gestão da Valec e na

gestão empreendida pela supervisora e pela empresa contratada.

III.1.10. Efeitos/Consequências do achado:

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78 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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93. Os sobrepreços de quantidades se converteram em superfaturamentos, em desfavor ao erário,

no montante total de R$ 26.440.566,89 (data-base set/2009).

III.1.11. Conclusão do achado III.1. Transportes de brita e rachão em distâncias superiores aos previstos

em projetos

94. No âmbito do Lote 1S, estão configurados indícios de danos ao erário, em montante

levantado nesta auditoria, de R$ 26.440.566,89 (data-base set/2009). Há ainda apontamentos de

fiscalizações anteriores pendentes de solução que devem ser objeto de deliberação da Corte para eventual

tratamento conjunto.

95. Todavia, para que sejam esclarecidas as razões da liberação de R$ 12.542.006,26, que

haviam sido retidos na 28º medição a partir da conclusão da Comissão de Sindicância

51402.093480/2014-66 que apontou a responsabilidade do engenheiro fiscal da obra e do supervisor

pelas condutas comissivas por omissão na condição de dolo eventual, conforme analisado nos itens 0 a

0 acima, será proposto ouvir em audiência o então Diretor Presidente da Valec, Sr. Josias Sampaio

Cavalcante Júnior, e o atual Diretor Presidente da Valec, à época Diretor de Engenharia, Sr. Mario

Rodrigues Júnior, uma vez que permitiram a liberação de pagamento retido da 28ª medição, contra o

entendimento expresso na Nota Técnica 004/2013-CEA-RFC-Sucon CGoianira (Evidência 20, p.4), o

que levou ao pagamento da execução de transporte oneroso de material pétreo proveniente da pedreira

Britago para o início da extensão do Lote 1S (km 0 ao km 46).

96. Ademais, considerando que ficou caracterizado indício da existência de dano ao erário,

dimensionado em R$ 26.440.566,89; considerando que a Comissão de Sindicância, apresentou

conclusões responsabilizando servidores (Engenheiro Fiscal da obra e Superintendente Regional da

Extensão Sul da FNS à época); considerando que há indícios fortes, inclusive com a instauração de Ação

Civil Pública, do envolvimento da Supervisora Ecoplan Engenharia Ltda. e Construtora Consórcio

Aterpa/Ebate; considerando que há indício de pagamento da execução de transporte oneroso de material

pétreo proveniente da pedreira Britago para o início da extensão do Lote 1S (km 0 ao km 46) num total

de R$ 12.542.006,26; e considerando, ainda, que todos esses fatos estão relacionados com o

fornecimento e transporte de materiais pétreos a partir da Pedreira Britago para os quilômetros inicias

do Lote 1S (km 0 ao km 46) será proposta a instauração, em processo apartado, de Tomada de Contas

Especial para caracterização do débito (dano, valor e responsável), determinação e citação dos possíveis

responsáveis e aplicação das possíveis sanções.

III.2. Insuficiência de motivação para a permuta de jazida de brita indicada em projeto

III.2.1. Tipificação:

97. Irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C)

98. Justificativa de não enquadramento no conceito de IG-P da LDO: os indícios de

irregularidade grave encontrados não se enquadram no disposto no art. 117, § 1º, incisos IV e V da Lei

13.242/2015 (LDO/2016), embora gere citação ou audiência do responsável, se enquadrando no disposto

no inciso VI da referida lei.

III.2.2. Situação encontrada

99. De acordo com as informações do projeto do Lote 2S, foram indicadas as Pedreiras da

Encosta e a Pedreira Bauzinho como possíveis fornecedoras da brita para a camada de lastro. No entanto,

a opção adotada pelo consórcio construtor do Lote 2S foi pela exploração de uma terceira jazida

denominada Pedreira Goyaz. A opção, aprovada pela Valec, implicou maiores momentos de transportes

do material pétreo para a obra (Evidência 25, p.1).

100. A norma Valec 80-EG-000A-29-0000 estabelece como critério para escolha da jazida para

lastro, atender às seguintes condições: estar próxima do lote de projeto e situada a uma distância máxima,

quando possível, de 50 km em relação ao eixo da ferrovia e possuir volume de maciço superior a 500.000

m³ (Evidência 26, p. 12).

101. A justificativa da Valec e da empresa supervisora e projetista da obra, Vega Engenharia e

Consultoria Ltda., para a rejeição da Pedreira da Encosta se baseiam em ensaios realizados pela empresa

Solocap Geotecnia Rodoviária Ltda., cujos resultados apontaram 37% de desgaste Los Angeles na

primeira análise e 42% na contraprova. Esses resultados são reprovados pela norma Valec 80-EG-000A-

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79 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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29-0000 e, abre a possibilidade de pesquisas por novas jazidas que apresentem Los Angeles de no

máximo 40%, caso ocorra de não serem encontradas jazidas de material pétreo para lastro que

apresentem Los Angeles < 30%. (Evidências 25, p. 2, e 26, p. 14)

102. Ocorre que, de acordo com as normas da Valec, para realizar ensaios cujos resultados

poderiam levar à rejeição de uma jazida, após definidas as mais convenientes para exploração, a

fiscalização da Valec deveria ter solicitado à empresa que as investigasse, por meio de sondagens

rotativas (Ø BX), a trado e/ou poço de inspeção, sendo estas duas últimas indicadas para definir a capa

de estéril. Quanto aos furos de rotativa, devem ser convenientemente locados e atingir profundidades

tais que possam determinar as condições de volume de exploração possível.

103. Amostras de rochas de locais representativos para definir a pedreira serão provenientes dos

testemunhos das sondagens e de extrações em afloramentos e devem conter um rol de ensaios, conforme

a norma Valec 80-EM-033A-58-8006 (Evidência 26, p.7), pois ‘A coleta, bem como a formação de

amostras representativas, devem obedecer à Norma NBR NM 26’ (Evidência 28, p.4)

104. Exemplo de procedimentos em jazidas encobertas citada pela NBR NM 26/2001:

5.3 Jazidas encobertas

5.3.1 As amostras devem ser extraídas mediante perfurações, até que se tenha alcançado a

jazida, descartando todo material superficial não aproveitável ou aquele que tiver sido alterado

pela ação do tempo ou por outras circunstâncias. (grifo acrescido)

105. Não há evidências nos autos de que os procedimentos previstos na norma NBR NM 26/2001

tenham sido realizados na ocorrência da Pedreira da Encosta. Ou seja, os indícios apontam para a

reprovação da Jazida da Pedreira Encosta apenas com base em ensaios parciais em fragmentos de rochas

afloradas, expostas às intempéries, e não por amostras ‘extraídas mediante perfurações, até que se tenha

alcançado a jazida, descartando todo material superficial não aproveitável ou aquele que tiver sido

alterado pela ação do tempo ou por outras circunstâncias’ (Norma NM 26/2001).

106. As avaliações de amostras colhidas por sondas rotativas também são explicitadas pela norma

Valec 80-EM-033A-58-8006 e pela norma Valec 80-EG-000A-29-0000, razão pela qual, deixar de fazer

ensaios obrigatórios contraria diversas normas pertinentes ao caso. Ademais, a norma Valec 80-EM-

033ª-58-8006 imperativamente estabelece a avaliação da brita por laboratórios previamente

credenciados pela Valec, o que não se comprovou no caso em análise.

107. O total de transporte de brita na obra foi aferido nas seguintes medições do lote 2S: medição

44-A parte 1, volume 323.117,99 m³, de brita para lastro e momento de transporte de 41.445.562,55

m³.km. Na medição 44-A parte 2, os valores são de 15.000,00 m³ de brita para lastro e momento de

transporte de 2.748.000,00 m³.km.

108. A partir desses volumes, foi possível calcular a distância média de transporte (DMT)

ponderada, com a aplicação da seguinte expressão: DMT = (41.445.562,55+2.748.000,00) /

(323.117,99+15.000,00) = 130,70 km.

109. Ao comparar a remuneração da distância média de transporte 130,70 km, observada no caso

concreto do lote 2S, com a jazida indicada em projeto, Pedreira Encosta, a distância média de transporte

(DMT) reduziria conforme o cálculo a seguir (Evidência 32).

DMT = a + { (b2 + c2)/[ (2 x b+c)]}

DMT (Encosta) = 12,1 + (11,38^2+124,286^2)/ (2 x (11,38+124,286) = 69,5 km;

110. Conservadoramente adicionou-se mais 5% por trajeto decorrente de desvios ou por

passagens em caminhos de serviços. A distância média adotada foi de 73 km, aplicando-se, no cálculo,

as seguintes premissas:

a = 12,1 km a distância fixa, da ferrovia (km122+365) até a Pedreira Encosta;

b = 11,365 km, distância do início do trecho (km 111) até a entrada da pedreira (km

122+365);

c =124,286 km, distância da entrada da pedreira (km 122+365) até o final do lote km

246+651.

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80 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

111. No Quadro 4, a seguir, o comparativo acumulado até a 64ª medição de serviços do lote 2S,

contrato 65/2010.

Quadro 4 - Itens de serviços do contrato 65/2010, relativos à 64ª medição, Lote 2S

Item Descrição Unida

de Quantidade

Preço

Unitário (R$) Total (R$)

8.1.2.1 Fornecimento de brita para lastro - total m³ 323.117,99 35,42 11.444.839.11

DMT 130,70 km

8.1.2.2 Transporte de brita para lastro Medido

com 130,7 km m³.km 41.445.562,55 1,20

49.734.675,01

(a)

DMT 73 km

8.1.2.2 Transporte de brita para lastro

(Distância média estimada 73 km) m³.km 23.587.613,27 1,20

28.305.135,92

(b)

Superfaturamento de transporte de brita para lastro (a - b) 21.429.539,09

Fonte: elaboração equipe de auditoria TCU

112. Corroboram com os fatos de transporte indevidos, as informações contidas na ‘Constatação

10, do Relatório de Ação e Controle - Fiscalização 20130568’, do ano de 2013, da Controladoria-Geral

da União - CGU. Segundo este documento, o relatório indica ‘ausência de justificativas consistentes

para a definição da pedreira fornecedora de brita para lastro, ocasionando gastos desnecessários com o

transporte no montante de R$ 4.220.228,40’.

113. A abordagem feita pela CGU coaduna no mesmo sentido da ‘permuta em desfavor do erário,

sem que houvesse elementos consistentes que justificassem tal premissa’ (Evidência 32, p.10-16).

‘Conforme consta da Nota Técnica sem data ou numeração, assinada pela atual responsável

pela empresa supervisora do contrato de execução do trecho 2, a VEGA Engenharia e Consultoria

Ltda., que também foi a empresa responsável pela elaboração dos projetos básicos e executivo da

obra, quando da elaboração do projeto executivo passou-se a cogitar primeiramente o uso da Pedreira

da Encosta a qual, além de possuir uma grande jazida a ser explorada, fica mais próxima ao trecho 2

sul da FNS. Entretanto, ainda de acordo com a Nota Técnica, a Valec decidiu por exclui-la por não

atender ao definido na norma 80-EG-000A-29-0000 no que tange ao índice de abrasão (método Los

Angeles). A norma determina a necessidade de que tal índice fique abaixo de 30% e o material da

Pedreira da Encosta teria apresentado um índice de 37%. Não obstante, a mesma norma da Valec

prevê a possibilidade de se utilizar material com índice de abrasão entre 30% e 40% no caso de não

serem encontradas nas proximidades da obra jazidas com material pétreo para lastro que atenda ao

índice de 30%’ (grifou-se).

114. Cabe consignar que a norma Valec 80-EM-033A-58-8006, prevê para os ensaios de Abrasão

Los Angeles, desgaste de até 40%, contrastando com a documentação apresentada à época pela

Supervisora Vega Engenharia e Consultoria Ltda.

115. Além disso, no processo de reprovação da Pedreira Encosta, não constam evidências de que

teriam sidos observados os próprios normativos da Valec, os quais remetem à aplicação da norma NBR

NM 26/2001, com o necessário aprofundamento das investigações (Evidência 46).

116. Repisa-se que há indícios da reprovação da Jazida da Pedreira Encosta apenas por ensaios

parciais em fragmentos de rochas afloradas, expostas às intempéries, contrariando a norma NBR NM

26/2001, que expressamente prevê nos casos de jazidas encobertas, ensaiar amostras ‘extraídas mediante

perfurações até que se tenha alcançado a jazida, descartando todo material superficial não aproveitável

ou aquele que tiver sido alterado pela ação do tempo ou por outras circunstâncias’.

117. A rejeição da pedreira indicada sem os ensaios obrigatórios afronta o princípio da

economicidade, insculpido no art. 3º da Lei 8.666/93 e inciso V, do art. 96, da mesma lei, por ‘tornar

por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a proposta ou a execução do contrato’.

118. Outro aspecto na alteração da jazida foi a substituição de rachão na modalidade explorada

para aquisição comercial. Nessa operação, houve aumento na ordem de 36,23% nos preços unitários

(comercial R$49,89/m3 - explorado R$36,62/m3), enquanto o consumo cresceu na ordem de 1.090% em

relação ao contrato inicial. A diferença a maior no volume de 354.459,17 m³ (fornecido 386.973,17m3 -

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previsto 32.514,00m3), equivale a um aumento nos gastos desnecessários com aquisições comerciais e

transportes na ordem de R$ 15.867.710,53.

119. Caso a Pedreira Encosta tivesse sido explorada exclusivamente para atender à finalidade de

fornecimento de rachão para a obra, dada a hipótese da rejeição para fornecimento de brita de lastro por

falta de qualidade, assim mesmo, ensejaria menores ônus ao erário com aquisições comerciais e por

transportes desnecessários.

120. No Quadro 5 a seguir, apresenta-se a quantificação de valores das diferenças entre:

executado até 64ª medição com o inicialmente previsto, rachão explorado (item 3.6.1) e a adquirido

(comercial - item 3.6.1.2) e os respectivos valores com transportes (item 3.6.3).

Quadro 5. Itens de serviços do contrato 65/2010, até a 64ª medição, lote 2S

(i) Cálculo das diferenças de preços: rachão comercial e explorado

Item Descrição Unid. Quantidade Preço Unitário

(R$) Total (R$)

3.6.1.2 Rachão D máx = 0,40 m (pedreira

comercial) m³ 386.973,17 49,89

19.306.091,45

(a)

3.6.1.2 Rachão D máx = 0,40 m (extraído) m³ 386.973,17 36,62 14.170.957,48

(b)

Superfaturamento pela diferença de preços de rachão extraído para comercial (a - b) 5.135.133,97

(ii) Cálculo das diferenças de transportes incialmente previsto com o executado até a 64ª medição

DMT 73,64 km (executado)

3.6.3

Transporte de brita para rachão

DMT = 73,64 km

(26.100.909,04m³.km/354.459.17m³)

m³.km 26.100,909,04 1,08 28.188.981,76

(c)

DMT 45,6 km (estimativa inicial do contrato 65/2010)

3.6.3

Transporte de brita para rachão (DMT=

45,6 km) (1.482.629,00 m³.km/32.514,00

m³) quantidade previsto proposta

m³.km 16.163.338,15 1,08 17.456.405,20

(d)

Superfaturamento de transporte de rachão (c - d) 10.732.576,56

Fonte: Equipe de Auditoria

121. Nesse sentido, a soma dos indícios de sobrepreços/superfaturamentos até a 64ª medição foi

de R$ 37.297.249,62 (data-base set/2009), sendo:

a) item 8.1.2.2. Transporte de brita para lastro R$ 21.429.539,09 (Quadro 4);

b) item 3.5.1.2. Diferenças do preço da brita extraída e comercial R$ 5.135.133,97 (Quadro

5 ‘i’),

c) item 3.6.3. Transporte de rachão R$ 10.732.576,56 (Quadro 5 ‘ii’).

III.2.3. Objetos nos quais o achado foi constatado:

122. Contrato 65/2010 (Lote 2S), situado entre a Rodovia GO-156 (km 111 + 219) e a ponte sobre

o Rio Verdão (km 250 +720). Consórcio Pavotec/Trail/Sobrado.

III.2.4. Critérios:

a) Norma Valec 80-EG-000A-29-0000;

b) Contrato 65/2010, Lote 2S;

c) Norma Valec 80-EM-033A-58-8006;

d) Norma NBR NM 26/2001.

III.2.5. Evidências:

a) Evidência 29 - Carta Diren Pedreiras (Carta 4322011-Diren Valec), substituição da

pedreira-lote 2s;

b) Evidência 30 - AnexoXI_concorrencia_Edital_2010-004-20100729 -geral;

c) Evidência 32 - Esquema Jazidas Brita lt. 2S;

d) Evidência 33 - Relatório de Fiscalização nº 201305368, Lote 2S - CGU;

e) Evidência 46 - Ensaios da Pedreira Encosta e Pedreira Goyaz, Lote 2S.

III.2.6. Causas da ocorrência do achado:

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82 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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123. As causas são decorrentes de deficiências no projeto executivo e nas gestões da Valec, da

supervisora da obra e da empresa contratada do Lote 2S.

III.2.7. Efeitos/Consequências do achado:

124. Os sobrepreços de quantidades e de preços que podem se converter em indícios de

superfaturamentos em desfavor do erário por falta de ensaios que comprovassem que a jazida indicada

em projeto, no caso a Pedreira Encosta, não pudesse ser utilizada como fonte de insumos para a obra. O

descarte da jazida sem ensaios normatizados pela Valec e da ABNT oneraram o erário na ordem de

R$ 37.297.249,62 até a 64ª medição (data-base set/2009),

III.2.8. Conclusão do Achado III.2 - Insuficiência de motivação para a permuta de jazida de brita

indicada

125. Houve indícios de sobrepreço e superfaturamento na execução das obras do Lote 2S,

Contrato 65/2010, no valor de R$ 37.297.249,62, até a 64ª medição (data-base set/2009), nos seguintes

itens analisados: 8.1.2.2 - transporte de brita para lastro (R$ 21.429.539,09), item 3.6.3 - transporte de

rachão (R$ 10.732.576,56) e item 3.5.1.2, sobre o aditamento da diferença de brita extraída e comercial

(R$ 5.135.133,97).

126. Nesse sentido, será proposta a oitiva da empresa supervisora da obra, Vega Engenharia e

Consultoria Ltda., do consórcio construtor Consórcio Pavotec/Trail/Sobrado e da Valec para que se

manifestem acerca das razões que motivaram o descarte da jazida indicada em projeto, Pedreira Encosta,

sem que fossem realizados todos os ensaios previstos nas normas Valec 80-EG-000A-29-000080, 80-

EM-033A-58-8006 e a norma NBR NM 26/2001, onerando a obra na ordem de R$ 36.511.329,67 (data-

base set/2009), tendo em vista a maior distância de transportes de britas para lastro e de rachão e a

substituição do rachão extraído pelo fornecimento de rachão comercial, acima das quantidades previstas

em projeto.

III.3. A brita aplicada como Lastro Ferroviário não atende à Norma Técnica da Valec

III.3.1. Tipificação

127. Irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C)

128. Justificativa de não enquadramento no conceito de IG-P da LDO: os indícios de

irregularidade grave encontrados não se enquadram no disposto no art. 117, § 1º, incisos IV e V da Lei

13.242/2015 (LDO/2016), embora gere citação ou audiência do responsável, se enquadrando no disposto

no inciso VI da referida lei.

III.3.2. Situação encontrada

129. Indícios apontam que a brita utilizada para lastro no Lote 4S, proveniente da Pedreira

Fazenda Confusão do Rio Preto (Constran), Quirinópolis/GO, não atende ao preconizado na

Especificação Técnica da Valec 80-EM-033A-58-8006 (Evidência 32). A constatação é acompanhada

de ensaios realizados pelo Laboratório de Materiais de Construção Civil do Instituto de Pesquisas

Tecnológicas - IPT.

130. Segundo o Relatório de Ensaio 1047926-203 de caracterização tecnológica de amostra de

rochas (Evidência 34, p. 167-178), elaborado pelo IPT, há reprovações nos índices de fragmentos

lamelares e porosidade do material.

131. De acordo com o estudo (Evidência 34, p. 176), o índice de partículas lamelares encontra-se

mais de 100% acima do tolerado pela norma Valec. Ou seja, foram encontrados nos ensaios 23% de

partículas lamelares, enquanto a norma tolera no máximo 10% (Evidência 32, p. 3). Há uma série de

ensaios realizados, porém os índices encontram-se reprovados em todos.

132. Quanto ao índice de porosidade, foram realizados vinte ensaios (Evidência 34, p. 138-147),

porém nenhum se encontra dentro da tolerância admitida pela norma Valec e pela norma norte americana

Arema. Chama atenção amostra com teor de porosidade de até 14,16% (amostra 8, corpo de prova 10),

enquanto o limite máximo previsto na norma Valec 80-EM-033A-58-8006 é de apenas 1%.

133. O laudo do IPT opinou pela reprovação da brita como lastro ferroviário, porém não se

obteve maiores informações acerca das razões que motivaram a empresa a persistir com a aplicação de

insumos pétreos não aprovadas pela Valec.

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83 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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134. Cabe consignar que amostras da brita ensaiadas pelo IPT demonstram ‘Reatividade

Potencial Álcali-Agregado’. Essa constatação implica em argilominerais com efeitos ‘possivelmente

expansivos, de cor marrom esverdeada como produto de desvitrificação do vidro, e preenchendo

amigdalas’.

135. A informação torna-se relevante para os potenciais efeitos na aplicação desse material em

estruturas de concreto armado pela alta reatividade, o que poderá comprometer a resistência da estrutura

gradativamente no decorrer do tempo. O uso desse insumo para concretos requer a dosagem de aditivos

neutralizantes aos efeitos deletérios para a vida útil.

136. Desse modo, esse aspecto para uso em concreto será, então objeto de determinação à Valec

para que se certifique dos resultados do laboratório do IPT e confirme junto à empresa supervisora e à

empresa construtora o eventual uso da brita da Pedreira Fazenda Confusão do Rio Preto (Constran) como

insumo no concreto das obras de arte especial e, em se confirmando, levante e informe à Corte as

providências tomadas quanto à neutralização dos efeitos de redução na vida útil dessas estruturas.

137. Contraprovas realizadas pela empresa supervisora da obra indicam também alto teor de

contaminação por torrões de argila. Exemplo disso é a Amostra 4, coletada no pulmão do km 506+775

(Evidência 38, p. 157), que indica teor de argila de 16,15%, enquanto a norma Valec 80-EM-033A-58-

8006 limita em no máximo 0,5%, mesmo teor admitido pela norma ABNT NBR 7218, a qual é

referenciada pela norma Valec.

138. A equipe de auditoria não mensurou a extensão dos efeitos da brita aplicada na obra, tendo

em vista que a empresa oficializou duas pedreiras como fonte de insumos para a obra. O volume

calculado para a obra, com extensão de 168,10 km, incluídos pátios e superelevação de curvas, e

descontados os volumes de dormentes e a taxa de redução de volume por adensamento de 10%, atinge

a quantidade de 416.761,85 m³ de brita para lastro. Outras aplicações na obra dos produtos dessa pedreira

explorada com indícios de insuficiência de qualidade não foram quantificadas nesta fiscalização.

139. Caso confirmado o uso em toda a extensão do Lote 4S, as quantidades já fornecidas, até a

63ª medição, somam 410.769,67 m³ no item 8.1.2.1 (fornecimento de brita para lastro), com o valor pago

de R$ 14.750.738,77 (data-base, set/2009). Para o item 8.1.2.2 (momento de transporte), na quantidade

de 30.648.244,24 m³.km, o valor já medido é de R$ 37.084.375,47. A soma desses itens alcança o

montante de R$ 51. 835.134,24 (data-base set/2009).

140. Deve ser ressaltado que praticamente todo o material para uso no lastro no Lote 4S se

encontra às margens da futura ferrovia, nos chamados pulmões de brita, no aguardo do momento de seu

lançamento sobre o sublastro como parte da superestrutura ferroviária.

141. Essa fase da obra, de lastreamento da via, embora já em andamento, se encontra em estágio

inicial, conforme se extrai dos valores acumulados até a 63ª medição, de março/2016:

a) 8.2.1.1 - montagem de grade bitola larga com dormentes pagos 10,25 km; R$ 901.132,94

(6,06%);

b) 8.2.1.2 - lastramento de linha h= 0,30 cm, 33,14 km; R$ 973.678,05 (19,59%);

c) 8.2.1.3 - nivelamento, levante, alinhamento e socaria de linha (0%);

d) 8.2.1.4 - posicionamento final, acabamento e alívio de tensão (0%);

e) 8.2.3 - solda aluminotérmica para formação de TLS R$ 322.070,58 (4,37%).

142. Desde já é importante frisar que a pouca evolução dos serviços de superestrutura,

conjugada com o ritmo de evolução desses serviços e a omissão da Valec e da empresa supervisora

ao aceitarem o uso desse material impróprio requer medidas urgentes desta Corte, com a adoção

de Medida Cautelar sem Oitiva Prévia, antes que a construtora avance ainda mais nas etapas

posteriores ao lastro, o que aumentaria os empecilhos numa eventual substituição do material impróprio

e implicaria em maiores gastos com a necessária remoção de trilhos e dormentes e com o subsequente

novo reposicionamento e alinhamento da via.

Pedido de concessão de Medida Cautelar sem Oitiva Prévia.

143. Consoante o art. 276 do Regimento Interno/TCU, o Relator poderá, em caso de urgência, de

fundado receio de grave lesão ao Erário, ao interesse público, ou de risco de ineficácia da decisão de

mérito, de ofício ou mediante provocação, adotar medida cautelar, determinando a suspensão do

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84 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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procedimento impugnado, até que o Tribunal julgue o mérito da questão. Tal providência deverá ser

adotada quando presentes os pressupostos do fumus boni juris e do periculum in mora.

144. Analisando os elementos apresentados até aqui, verifica-se que há, no presente caso

concreto, os pressupostos acima mencionados, que indicam a necessidade de se suspender os serviços

de montagem de grade; lastreamento de linha; solda aluminotérmica para formação de TLS;

nivelamento, levante, alinhamento e socaria de linha; e posicionamento final, acabamento e alívio

de tensão relativos ao Contrato 67/2010, Lote 4S da FNS Extensão Sul até que o fornecimento de

brita de lastro de qualidade adequada, em substituição ao material impróprio presente na obra,

seja devidamente equacionado.

145. A omissão da empresa supervisora e da Valec ao aceitarem o fornecimento de material

comprovadamente impróprio, face ao não atendimento às características técnicas necessárias nos testes

efetuados conforme norma técnica Valec, de conhecimento pleno e prévio de ambas as empresas; e ao

efetuarem as medições e as aprovarem, com grave ofensa ao princípio da eficiência, insculpido no art.

37 da nossa Carta Magna, caracterizam o instituto do fumus boni juris e devem ser analisadas com maior

profundidade por esta unidade técnica, em vista da real necessidade de ter de se proceder à recusa tardia

desse material e à sua substituição por novo fornecimento, desta vez com material adequado.

146. Como as obras estão em andamento e há continuidade na aplicação da brita de lastro, com a

aplicação dos serviços subsequentes que utilizam esse material impróprio como sustentáculo e que estão

sendo feitos sem interrupção, a manutenção desta situação aumenta sobremaneira os gastos que serão

necessários ao desmonte da grade ferroviária com a remoção de trilhos e dormentes e o novo

reposicionamento e alinhamento da via, evidencia-se o periculum in mora, podendo a manutenção desse

cenário ensejar em prejuízo de grande monta à Valec e/ou ao interesse público e comprometer a eficácia

da decisão de mérito que vier a ser proferida pelo Tribunal.

147. De outra parte, verifica-se que a efetivação da medida aqui proposta poderá provocar atraso

no andamento da obra, com as consequências advindas da não integração da FNS com a malha

ferroviária que vai aos portos do sudeste do País.

148. Esse risco, presente no caso concreto, caracteriza o periculum in mora reverso. Entretanto,

esse risco não é maior do que aquele que poderá advir da não adoção da medida cautelar pleiteada, pois,

em qualquer caso, haverá interrupção de tráfego ferroviário durante o processo de refazimento da

superestrutura ferroviária, sabendo-se que uma maior extensão a ser refeita implica em maiores prejuízos

e em aumento do tempo sem a possibilidade de prestação dos serviços de transporte ferroviário.

Outros aspectos do caso concreto.

149. No aspecto eminentemente técnico, a empresa é a única responsável pela entrega e execução

do serviço. O material empregado deveria ter o fornecimento iniciado somente após satisfazer

integralmente às especificações técnicas da Valec 80-EM-033A-58-8006.

150. Cabe mencionar que a norma 80-EM-033A-58-8006 equipara a Valec como consumidora

final do produto e de serviço. Nessa hipótese cabe aplicar subsidiariamente ao contrato administrativo o

Código de Defesa do Consumidor - CDC, para que os efeitos das falhas do produto ou serviços e o

ressarcimento de eventuais danos possam ser mais célere e reconhecida. Nesse sentido o CDC prevê:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador

respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos

consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas,

manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações

insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos (grifos acrescidos).

151. Similar entendimento se extrai do item 6, da norma Valec 80-EM-033A-58-8006 com a

seguinte descrição:

(...)

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85 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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c) O fato de a Valec executar ou delegar poderes de fiscalização e inspeção não exime o

fornecedor da integral responsabilidade pela qualidade da brita fornecida;

d) Se o material não estiver de acordo com a presente especificação, o fornecedor é

notificado para que suspenda qualquer novo carregamento, até que a falha constatada seja corrigida,

devendo o mesmo retirar todo o material defeituoso utilizado ou não no lastramento, sem qualquer

ônus para a Valec. (Grifos acrescidos).

152. Portanto, cabe determinar à Valec identificar a extensão do dano e os responsáveis pela

aquisição e aplicação de lastro de brita impróprio proveniente da Pedreira Fazenda da Confusão do Rio

Preto, reprovada nos ensaios de qualidade das especificações técnicas Valec 80-EM-033A-58-8006,

ABNT e Arema e tomar medidas adequadas ao refazimento, sem ônus, dos serviços que apresentam

vícios do produto ou defeitos de serviços, por culpa da empresa contratada, Constran, referente ao

Contrato 67/2010 (Evidência 34).

153. Apesar da gravidade dos fatos, não será proposto, nesta fase, ouvir os responsáveis técnicos

da empresa construtora pela irregularidade e pelas razões que os motivaram a não sanear os problemas

com a qualidade da brita, assim como não será proposta oitiva para que sejam verificadas as razões que

motivaram a omissão dos responsáveis da supervisora e da Valec a não suspenderem os carregamentos

até que falhas fossem corrigidas. De mais, como esses atos praticados pelos responsáveis são revestidos

pelo exercício profissional, por essa razão, são também objeto de submissão às entidades de classe as

quais pertençam, assim, caso se confirme a irregularidade, entende-se necessário encaminhar cópia da

decisão que o Tribunal vier a proferir ao Confea e ao Ministério Público dos estados em que os fatos

aconteceram.

154. No aspecto das alterações de projetos, cabe mencionar que o art. 18, da Lei 5.194/1966

(Confea, regulamento do exercício profissional de engenheiro), apresenta que ‘As alterações do projeto

ou plano original só poderão ser feitas pelo profissional que o tenha elaborado’. Ou seja, no presente

caso concreto a responsabilidade de autoria teria sido desprezada quando da alteração da jazida.

155. Além do mais, fere também do Código de Ética Profissional da Engenharia, o profissional

que se ‘omitir ou ocultar fato de seu conhecimento que transgrida à ética profissional’, quando, ciente

dos problemas de má qualidade, se omitiu em relatar os fatos que ensejariam a imediata correção dos

serviços.

156. Ademais o § 4°, do art. 14 da Lei 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor), imputa a

responsabilidade pessoal dos profissionais liberais mediante apuração pela verificação de culpa. O que

em hipótese não exime o fornecedor de serviços, independentemente da existência de culpa, pela

reparação de danos causados, por defeitos relativos à prestação de serviços e, conforme § 1º do art. 25,

do CDC, ‘havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente

pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores’.

157. Cabe mencionar a aplicação subsidiária do art. 20, do CDC, pela vulnerabilidade técnica e

científica, perante o fornecedor/empresa da administração pública, Valec. A mencionada norma Valec

80-EM-033A-58-8006, transfere toda a responsabilidade ao fornecedor, pelo dever cumprir o avençado

em contrato. Assim, em aplicação subsidiária do CDC, propõe alternativamente à escolha pelo

fornecedor, as opções: i) reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; ii) a restituição

imediata da quantia paga, monetariamente atualizada sem prejuízo de eventuais perdas e danos ou, ainda;

iii) o abatimento proporcional do preço.

158. Desse modo, cabe determinar à Valec identificar a extensão dos danos por aquisição e

aplicação de lastro de brita que se apresentam com vícios ou defeitos, para quantificar o valor.

III.3.3. Objetos nos quais o achado foi constatado:

159. Contrato 67/2010 (Lote 4S), compreendido entre a ponte sobre o Córrego Cachoeirinha (km

386 + 660) e a ponte sobre o Rio Arantes (km 527 + 640). Construtora Constran S.A.

III.3.4. Critérios:

a) Norma Valec 80-EG-000A-29-0000;

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86 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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b) Especificação de Projeto Executivo Engevix 1209/00-70-RL-1001, Valec 80-RL-0400 D-

00-1001;

c) Norma Valec 80-EM-033A-58-8006;

d) Lei 8.666/93, art. 3ª e art. 59, inciso V.

III.3.5. Evidências:

a) Evidência 34 - Ensaios de brita para uso em lastro - Lote 4S;

b) Evidência 35 - Indicação pedreira Lote 4S -Líder Britas;

c) Evidência 36 - peça 63 TC-012.460/2013-3 - fornecimento de britas em 2013;

d) Evidência 37 - peça 86 TC-012.460/2013-3 - Cálculo do Superfaturamento.

III.3.6. Causas da ocorrência do achado:

160. Escolha e aceitação de jazida para explorar britas sem observar os critérios definidos em

norma da Valec.

III.3.7. Conclusão do achado III.3 A brita aplicada como lastro não atende à norma técnica da Valec

161. O fato de o consórcio Constran ter explorado a Pedreira da Fazenda Confusão do Rio Preto

sem se certificar da qualidade da jazida para a explorar a brita, segundo a norma Valec 80-EM-033A-

58-8006, implicou em suposto fornecimento de material de qualidade deficiente para o Contrato

67/2010.

162. Caso confirmada em toda a extensão do Lote 4S, as quantidades atingem, até a 63ª medição,

410.769,67 m³ no item 8.1.2.1 (fornecimento de brita para lastro). O valor pago totaliza o valor de

R$ 14.750.738,77 (data-base, set/2009). Para o item 8.1.2.2 (momento de transporte), na quantidade de

30.648.244,24 m³.km, o valor já medido é de R$ 37.084.375,47. A soma dos dois itens é de

R$ 51.835.134,24 (data-base set/2009).

163. Será proposta a adoção de Medida Cautelar, sem oitiva prévia, para suspender os serviços

de montagem de grade bitola larga com dormentes pagos (8.2.1.1); lastreamento de linha h= 0,30 cm

(8.2.1.2); solda aluminotérmica para formação de TLS (8.2.3); nivelamento, levante, alinhamento e

socaria de linha (8.2.1.3); e posicionamento final, acabamento e alívio de tensão (8.2.1.4) relativos ao

Contrato 67/2010, Lote 4S da FNS Extensão Sul até que o fornecimento de brita de lastro de qualidade

adequada, em substituição ao material inadequado presente na obra, seja devidamente equacionado.

164. Serão propostas oitivas, com fundamento no art. 276, § 3º do RI/TCU, da empresa

construtora, da empresa supervisora do Lote 4S e da Valec, para se manifestarem acerca das razões que

motivaram a exploração da Pedreira da Fazenda da Confusão do Rio Preto, sem que os ensaios da brita

fossem integralmente aprovados segundo a norma Valec 80-EM-033A-58-8006.

165. Complementarmente será proposto determinar à Valec identificar a extensão do dano e os

responsáveis pela aquisição e aplicação de lastro de brita impróprio proveniente da Pedreira Fazenda da

Confusão do Rio Preto, reprovada nos ensaios de qualidade das especificações técnicas Valec 80-EM-

033A-58-8006, ABNT e Arema e tomar medidas adequadas ao refazimento, sem ônus, dos serviços que

apresentam vícios do produto ou defeitos de serviços, por culpa da empresa contratada Constran,

referente ao Contrato 67/2010 (Evidência 34).

166. Com relação aos índices de ‘Reatividade Potencial Álcali-Agregado’ implicando em

argilominerais com efeitos ‘possivelmente expansivos, de cor marrom esverdeada como produto de

desvitrificação do vidro, e preenchendo amigdalas’ e que podem trazer efeitos danosos à vida útil de

estruturas que utilizem esse tipo de material, cabe determinação à Valec para que se certifique dos

resultados do laboratório do IPT e confirme junto à empresa supervisora e à empresa construtora o

eventual uso da brita desta pedreira no concreto das obras de arte especial e, em se confirmando, levante

e informe à Corte as providências tomadas quanto à neutralização dos efeitos de redução na vida útil

dessas estruturas.

III.4. Justificativa insuficiente para o uso de contratação integrada

III.4.1. Tipificação

167. Irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C)

168. Justificativa de não enquadramento no conceito de IG-P da LDO: os indícios de

irregularidade grave encontrados não se enquadram no disposto no art. 117, § 1º, incisos IV e V da Lei

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13.242/2015 (LDO/2016), embora gere audiência do responsável, se enquadrando no disposto no inciso

VI da referida lei.

III.4.2. Situação encontrada

169. A Valec não apresentou justificativas suficientes para o uso do regime de execução de

contratação integrada ao divulgar o edital RDC 006/2014 de contratação de empresa para elaboração de

projetos básico e executivo e execução de obras e serviços remanescentes referentes ao Contrato

36/2014, Lote 3SA.

170. A justificativa utilizada pela empresa é genérica e não detalha o caso concreto da contratação

desejada (Edital RDC 006/2014, Evidência 63, p.37). Além disso, não demonstra técnica e

economicamente a vantagem do uso desse tipo de regime de execução contratual nas obras a serem

licitadas, conforme exigido pela Lei 12.462/2011 (Lei do RDC) e pela jurisprudência do TCU. Abaixo

segue transcrição da justificativa da Valec.

11.2.3. Por meio da contratação integrada a Valec espera obter soluções técnicas inovadoras

que reduzam o prazo de execução das obras e os custos diretos do empreendimento. Além de

aproximar as contratações públicas das sistemáticas utilizadas no Setor Privado e ainda ter o

compartilhamento do Risco do Empreendimento.

11.2.4. Além disso, com a utilização da contratação integrada a Valec busca soluções de

engenharia mais econômicas devido a singularidade do trecho a ser implantado, onde principalmente

os serviços de contenção (taludes, cortes/aterros), drenagens profundas e estabilização de solos

compressíveis se apresentam com elevados custos agregados.

171. A justificativa técnica e econômica para esse tipo de contratação é expressamente exigida

pelo art. 9°, caput, da Lei 12.462/2011 e pela jurisprudência do TCU, como nos Acórdãos 1.510/2013-

TCU-Plenário e 2.153/2015-TCU-Plenário.

172. O conteúdo a ser incluído nessas justificativas encontra-se detalhado no Acórdão

1.850/2015-TCU-Plenário. Segundo o Tribunal, a justificativa econômica deve demonstrar em termos

monetários que os gastos totais a serem realizados com a implantação do empreendimento serão

inferiores se comparados aos obtidos com os demais regimes de execução. Já a justificativa técnica deve

demonstrar que as características do objeto permitem que ocorra real competição entre as contratadas

para a concepção de metodologias/tecnologias distintas, que levem a soluções capazes de serem

aproveitadas vantajosamente pelo Poder Público.

173. Além do mais, embora não possa ser utilizado na presente situação, por ter sido prolatado

em momento posterior, no recente Acórdão 1.388/2016-TCU-Plenário, esta Corte voltou a se posicionar

sobre as justificativas aplicáveis ao caso, reforçando o entendimento vigente:

9.1.1. a opção pelo regime de contratação integrada com base no inciso II do art. 9º da Lei

12.462/2011 deve ser fundamentada em estudos objetivos que a justifiquem técnica e

economicamente e considerem a expectativa de vantagens quanto a competitividade, prazo, preço e

qualidade em relação a outros regimes de execução, especialmente a empreitada por preço global, e,

entre outros aspectos e quando possível, a prática internacional para o mesmo tipo de obra, sendo

vedadas justificativas genéricas, aplicáveis a qualquer empreendimento;

9.1.1.1. mediante análise comparativa com contratações já concluídas ou outros dados

disponíveis, deve-se proceder à quantificação, inclusive monetária, das vantagens e desvantagens da

utilização do regime de contratação integrada, sendo necessária justificativa circunstanciada no caso

de impossibilidade de valoração dos parâmetros;

9.1.2. nas licitações pelo regime de contratação integrada enquadradas no inciso II do art. 9º

da Lei 12.462/2011, é obrigatória a inclusão nos editais de critérios objetivos de avaliação e

julgamento de propostas que contemplem metodologias executivas diferenciadas admissíveis, em

observância ao § 3º daquele artigo;

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88 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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174. A própria Assessoria Jurídica da Valec chegou a questionar a fragilidade dos argumentos

para a utilização da contratação integrada, como segue abaixo:

Segundo entende esta Assessoria Jurídica, afirmar - como foi afirmado - que a contratação

integrada propiciará ‘técnicas inovadoras que reduzem o prazo de execução das obras e os custos

diretos do empreendimento’ não é suficiente. Quais são essas técnicas inovadoras? Como elas podem,

concretamente, reduzir prazos de execução ou custos diretos do empreendimento? (Evidência 50, p.

13)

175. Em resposta a esse questionamento, a Sucon justificou o uso desse tipo de regime de

contratação ao mencionar a complexidade das obras licitadas e a necessidade de empresa com ‘expertise

técnica’ capaz de apresentar soluções que visassem economicidade e redução de prazos de execução das

obras (Evidência 51, p.3).

176. Além disso, uma das justificativas apresentadas no edital é a expectativa da Valec por obter

soluções técnicas inovadoras, com a possibilidade de execução das obras com diferentes metodologias.

177. Porém, em face do Acórdão 1.850/2015-TCU-Plenário, citado acima, o edital da licitação

em questão não permitiu a possibilidade de ocorrência de uma real competição entre as licitantes para

concepção de metodologias distintas, pois o tipo de certame escolhido foi o de menor preço. Dessa

forma, durante a disputa, não houve formas de se avaliar melhores soluções ou metodologias. A empresa

firmou contrato com a empresa que ofereceu o menor preço, independentemente de qualquer solução

técnica.

178. Assim, em face do disposto no art. 9°, da Lei 12.462/2011 e da existência do Acórdão

1.510/2013-TCU-Plenário, anterior ao lançamento do edital RDC 06/2014, entende-se que houve

desobediência à lei e à jurisprudência do TCU, motivo pelo qual será proposta a oitiva da Valec.

III.4.3. Objetos nos quais o achado foi constatado:

179. Edital 6/2014 e Contrato 36/2014 (Lote 3SA), elaborar projetos básicos e executivos das

obras remanescentes, localizadas no Município de Rio Verde/GO, posicionadas do km 357+800 ao km

364+ 172, da Extensão Sul, da Ferrovia Norte-Sul. Implantação da grade (lastro, dormentes e Trilhos)

entre os km 315+800 e 394+900, da Extensão Sul, da Ferrovia Norte-Sul. O valor do contrato na

Modalidade RDC é de R$ 182.987.677,0.

III.4.4. Critérios:

a) Acórdão 1.510/2013-TCU-Plenário;

b) Lei 12. 462/2011, art. 9°, Regime Diferenciado de Contratações;

III.4.5. Evidências:

a) Evidência 49 - EditalRDC004-014N - novo edital - Lote 3SA;

b) Evidência 50 - Parecer_Asjur_Antes_Contratacao.pdf, p.6;

c) Evidência 51 - Parecer_Supen_Pos_Asjur -Lote 3SA;

d) Evidência 52 - Parecer_Sucon_Antes_asejur_2TA -Lote 3SA;

e) Evidência 53 - Parecer_Sucon_Depois_asejur_2TA -Lote 3SA;

f) Evidência 54 - Manifestacao_Diren_2TA -Lote 3SA;

g) Evidência 55 - Parecer_Supen_Pos_Asjur - Lote 3SA;

h) Evidência 56 - Parecer_Tecnico_Engenheiros_Valec_TA2 -Lote 3SA;

i) Evidência 57 - contrato 36/2014 - Lote 3SA;

j) Evidência 58 - GECOP_Disponibilidade_Orcamentaria -Lote 3SA;

k) Evidência 59 - Esquemático Acesso Jazidas Lt-03-ES-Model -Lote 3SA;

l) Evidência 60 - Memória de cálculo acumulada de brita para lastro jan - Lote 3SA;

m) Evidência 61 - Concessionaria_Possivel_Reequilibrio_Apos_2TA -Lote 3SA;

n) Evidência 62 - assinatura_TR_RDC3SA.

III.4.6. Causas da ocorrência do achado:

180. Descoordenação entre a áreas técnicas e jurídica acerca da escolha do regime e da

modalidade licitatória mais adequada ao caso concreto.

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III.4.7. Efeitos/Consequências do achado:

181. Prejuízos gerados por aquisição ou contratação sem escolha da proposta mais vantajosa.

Menor ação de controle a ser exercido pela Valec e pelos órgãos de controle externo, com riscos de

produtos entregues serem superfaturados e possibilitar jogo de cronograma.

III.4.8. Conclusão do achado III.4. Justificativa insuficiente para o uso de contratação integrada

182. A justificativa utilizada pela empresa é genérica e não detalha o caso concreto da contratação

desejada (Edital RDC 006-2014, p. 37). Além disso, não demonstra técnica e economicamente a

vantagem do uso desse tipo de regime de execução contratual nas obras a serem licitadas, conforme

exigido pela Lei 12. 462/2011 e pela jurisprudência do TCU.

183. O edital da licitação em questão não permitiu a possibilidade de ocorrência de uma real

competição entre as licitantes para concepção de metodologias distintas, pois o tipo de certame escolhido

foi o de menor preço. Dessa forma, durante a disputa, não houve formas de se avaliar melhores soluções

ou metodologias. A empresa firmou contrato com a empresa que ofereceu o menor preço,

independentemente de qualquer solução técnica

184. Será proposta a oitiva da Valec devido a insuficiência de justificativas para uso de

contratação integrada no Edital RDC 6/2014, que originou o contrato 36/2014, em face do disposto no

art. 9°, da Lei 12.462/2011 e na jurisprudência do Tribunal, a exemplo do Acórdão 1.510/2013-TCU-

Plenário, anterior ao lançamento do edital.

IV. Conclusão

185. A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar as obras de construção da Ferrovia Norte-

Sul, Extensão Sul, no trecho entre Ouro Verde de Goiás/GO e a Ponte sobre o Rio Arantes/MG, em

cumprimento ao Acórdão 664/2016 - Plenário.

186. Foram cinco os Lotes fiscalizados: 1S, 2S, 3S, 3SA e 4S. O Lote 3SA, foi licitado pela Valec

por meio do edital de licitação RDC 6/2014, com o objetivo de complementar o Lote 3S, devido ao

exaurimento de recursos no contrato original.

187. A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo

aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:

a) Questão 1: A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi

adequada?

b) Questão 2: Como foram alocados os riscos na contratação e na execução da obra, na

modalidade de licitação pelo RDC?

188. O Achado III.1 tratou do transporte de brita e rachão em distâncias superiores aos previstos

em projetos. Há indícios de superfaturamento no Contrato 64/2010, Lote 1S, por adoção de apenas um

britador instalado na pedreira Britagran, enquanto o projeto menciona a indicação de duas pedreiras. O

possível superfaturamento decorrente dessa prática, onerou os cofres públicos na ordem de

R$ 26.440.566,89 (data-base set/2009), relativos aos itens: 8.1.2.2 transportes de britas para lastro,

3.6.2.1 transportes de rachão e 3.6.3 preços de rachão comercial.

189. A totalização de valores relativos ao transporte de britas para lastro e rachão foram

priorizados neste relatório, por serem mais expressivos e pelo fato da Valec ter rescindido

unilateralmente o Contrato 64/2010 com o consórcio Aterpa/Ebate, no mês de junho de 2016. Há

também uma Ação Civil Pública, movida pela Justiça Federal de Goiás, tendo como rés a supervisora

do Lote 1S, Ecoplan e a empresa Aterpa/Ebate.

190. Também se referenciou às conclusões do Processo Administrativo Disciplinar

51402.093480/2014-66, instaurado por determinação do Acórdão 3.133/2014-TCU-Plenário, cujas

conclusões são pela punição de fiscais da Valec à época, em decorrência de atos comissivos por omissão

praticados pelos ex-empregados da Valec.

191. Baseado nesses fatos será proposta a instauração, em processo apartado, de Tomada de

Contas Especial.

192. Além do até aqui exposto, houve a liberação de valores retidos até a 28ª medição, pelo ex-

Diretor presidente da Valec e ex-Diretor de Engenharia, contrariando a posição dos gestores da obra e

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90 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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da supervisora, e a persistência de pagamentos nos mesmos moldes daí até, pelo menos a 67ª medição,

razões pelas quais será proposta a Audiência desses responsáveis.

193. No Achado III.2. (Insuficiência de motivação para a permuta de jazida de brita indicada em

projeto), relativo ao Lote 2S, foi constatado que a Pedreira da Encosta havia sido indicada em projeto

por proporcionar menores distâncias de transportes de brita para lastro e rachão. Porém, foi preterida

sem adequada motivação segundo as previsões contidas nas normas Valec e ABNT. A escolha pela

Pedreira Goyaz (comercial) implicou maiores distâncias de transportes e consequentemente maior ônus

ao erário.

194. Os ensaios previstos na norma Valec 80-EG-000A-29-0000 fazem referências a

metodologias específicas para caracterização de jazidas, tais como extrair amostras por sondagens

rotativas em profundidades previamente determinadas. Os indícios apontam pela omissão da supervisora

da obra, empresa Vega Engenharia e Consultoria Ltda., como autora do projeto executivo e supervisora

da obra, por não exigir da construtora todos os ensaios previstos na especificação Valec 80-EM-033A-

58-8006 e pela omissão da Valec por aceitar a substituição da jazida em afronta às suas próprias normas

técnicas.

195. Será proposta a oitiva da empresa supervisora da obra, Vega Engenharia e Consultoria Ltda.,

do consórcio construtor Consórcio Pavotec/Trail/Sobrado e da Valec para que se manifestem,

justificadamente, acerca das razões que motivaram o descarte da jazida indicada em projeto, Pedreira

Encosta, sem que fossem realizados todos os ensaios previstos nas normas Valec 80-EG-000A-29-

000080, 80-EM-033A-58-8006 e a norma NBR NM 26/2001, onerando a obra na ordem de

R$ 36.511.329,67 (data-base set/2009), com maior distância de transportes de britas para lastro e de

rachão e com a substituição do rachão extraído pelo fornecimento de rachão comercial, acima das

quantidades previstas em projeto, em afronta às normas técnicas vigentes e ao princípio da

economicidade insculpido no art. 3º, da Lei 8.666/93.

196. No Achado III.3. (A brita aplicada no lastro não atende às normas Técnicas da Valec),

constatou-se indícios de má qualidade da brita utilizada para lastro no Lote 4S, proveniente da Pedreira

Fazenda Confusão do Rio Preto, Quirinópolis/GO. O produto apresenta-se reprovado na especificação

técnica da Valec 80-EM-033A-58-8006, de acordo com os resultados apresentados pelo Laboratório do

IPT. Os ensaios mostram excessivo índice de porosidade, alto índice de absorção de água e alto índice

de lamelaridade.

197. A Brita nessas condições não é passível de ser aceita na obra, sob pena de comprometer a

vida útil da ferrovia.

198. Além disso, a brita da Pedreira da Fazenda Confusão apresenta-se com alto índice de reação

álcalis-agregado. O uso desse insumo para concretos requer a dosagem de aditivos neutralizantes aos

efeitos deletérios para a vida útil das estruturas que utilizem esse tipo de insumo. Assim, será proposta

determinação à Valec para que se certifique dos resultados do laboratório do IPT e confirme junto à

empresa supervisora e à empresa construtora o eventual uso da brita desta pedreira no concreto das obras

de arte especial e, em se confirmando, levante e informe à Corte as providências tomadas quanto à

neutralização dos efeitos de redução na vida útil dessas estruturas.

199. A alteração da Pedreira indicada em projeto, Líder Britas (comercial), para a Pedreira da

Fazenda Confusão do Rio Preto, da empresa, onerou o erário com maiores distâncias de transporte da

brita para lastro e para o rachão em R$ 22.572.948,02. Caso se comprove pela necessidade de

substituição de toda a brita já aplicada na obra, o valor estimado a ser gasto é de R$ 51. 835.134,24

(data-base set/2009).

200. Será proposta a adoção de Medida Cautelar, sem oitiva prévia, para suspender os serviços

de montagem de grade bitola larga com dormentes pagos (8.2.1.1); lastreamento de linha h= 0,30 cm

(8.2.1.2); solda aluminotérmica para formação de TLS (8.2.3); nivelamento, levante, alinhamento e

socaria de linha (8.2.1.3); e posicionamento final, acabamento e alívio de tensão (8.2.1.4) relativos ao

Contrato 67/2010, Lote 4S da FNS Extensão Sul até que o fornecimento de brita de lastro de qualidade

adequada, em substituição ao material inadequado presente na obra, seja devidamente equacionado.

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91 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

201. Serão propostas oitivas da empresa construtora, da empresa supervisora do Lote 4S e da

Valec, para se manifestarem acerca das razões que motivaram a exploração da Pedreira da Fazenda da

Confusão do Rio Preto, sem que os ensaios da brita fossem integralmente aprovados segundo a norma

Valec 80-EM-033A-58-8006.

202. Complementarmente, será proposta determinação à Valec para que identifique a extensão do

dano e os responsáveis pela aquisição e aplicação de lastro de brita impróprio proveniente da Pedreira

Fazenda da Confusão do Rio Preto, reprovada nos ensaios de qualidade das especificações técnicas

Valec 80-EM-033A-58-8006, ABNT e Arema e para que tome as medidas adequadas ao refazimento,

sem ônus, dos serviços que apresentam vícios do produto ou defeitos de serviços, por culpa da empresa

contratada Constran, referente ao Contrato 67/2010 (Evidência 34).

203. Nesse sentido, destaca-se que tais irregularidades afrontam o princípio da economicidade

insculpida no art. 3º, da Lei 8.666/93.

204. Quanto ao Achado III.4. (Justificativa insuficiente para contratação integrada) afeta a

contratação de empresa para elaborar projetos básicos e executivos e execução de obras e serviços

remanescentes referentes ao Lote 3SA, na modalidade RDC.

205. No caso o instrumento convocatório deixou de trazer justificativas adequadas para o uso do

regime de execução de contratação integrada, com infringência ao art. 9º, caput, da Lei 12.462/2011, e

à jurisprudência do TCU, motivo pelo qual, será proposta a oitiva da Valec.

206. Finalizando, dada a gravidade e complexidade dos achados aqui identificados e analisados,

torna-se necessário, em atenção ao disposto no item 145 das Notas de Auditoria do TCU, aprovadas pela

Portaria TCU 280/2010, o encaminhamento do relatório preliminar aos gestores é obrigatório se houver

achados de alta complexidade ou de grande impacto.

145. Nas auditorias operacionais, a regra é submeter o relatório preliminar aos comentários

dos gestores, inclusive os achados, as conclusões e as propostas de encaminhamento formuladas pela

equipe. Nas demais auditorias, o encaminhamento do relatório preliminar aos gestores é obrigatório

se houver achados de alta complexidade ou de grande impacto, e opcional nas demais situações, a

critério do dirigente da unidade técnica. Nessas auditorias, em regra, o relatório preliminar a ser

encaminhado deve conter os achados e as conclusões da equipe, cabendo ao titular da unidade decidir

quanto à necessidade, oportunidade e conveniência de incluir as propostas de encaminhamento

formuladas pela equipe. Em todos os casos, as propostas de encaminhamento não devem ser incluídas

no relatório preliminar a ser comentado caso a sua divulgação coloque em risco os objetivos da

auditoria.

207. Por outro lado, como demonstrado nos parágrafos 0 a 141 desta instrução, há, com relação

ao achado referente ao Lote 4S (Achado III.3), a caracterização dos requisitos necessários para a

concessão de Medida Cautelar sem Oitiva Prévia, o que torna primordial a atenção desta Casa ao fato,

mesmo antes do atendimento ao determinado sobre a obrigatoriedade de encaminhamento do relatório

preliminar aos gestores, razão pela qual optamos por relegar à uma segunda fase o dito encaminhamento

desta instrução para comentários dos gestores, propondo, neste momento, apenas adoção de medida

cautelar sem oitiva prévia.

V. Proposta de encaminhamento

208. Ante o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmº Sr. Ministro-

Relator Augusto Sherman, com as seguintes propostas:

Adoção de Medida Cautelar sem Oitiva Prévia

208.1. Com fundamento no art. 276 do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, por

grave ofensa ao princípio da eficiência, insculpido no art. 37 da nossa Carta Magna, adotar Medida

Cautelar, sem oitiva prévia, para suspender os serviços de montagem de grade bitola larga com

dormentes pagos (8.2.1.1); lastreamento de linha h= 0,30 cm (8.2.1.2); solda aluminotérmica para

formação de TLS (8.2.3); nivelamento, levante, alinhamento e socaria de linha (8.2.1.3); e

posicionamento final, acabamento e alívio de tensão (8.2.1.4) relativos ao Contrato 67/2010, Lote 4S da

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92 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

FNS Extensão Sul até que o fornecimento de brita de lastro de qualidade adequada, em substituição ao

material inadequado presente na obra, seja devidamente equacionado. (Achado III.3)

Providências Internas

208.2. Encaminhar cópia do acórdão que o Tribunal vier a adotar, acompanhado dos respectivos

relatório e voto que o fundamentarem:

208.2.1. À Valec Engenharia e Construções S.A., e às empresas construtora e supervisora do

Lote 4S da FNS Extensão Sul (Constran S.A. Construções e Comércio, CNPJ 61.156.568/0001-90 e

Contécnica Consultoria Técnica Ltda., CNPJ 24.699.100/0001-16);

208.2.2. Ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil;

208.3. Encaminhar o processo à SeinfraHidroFerrovia para encaminhamento do relatório

preliminar aos Gestores e demais providências”

2. Em sua manifestação, o Secretário substituto da SeinfraHidroFerrovia proferiu o seguinte

despacho:

“Trata-se de auditoria realizada na Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A com o

objetivo de fiscalizar as Obras de Construção da Ferrovia Norte Sul - Extensão Sul - Lotes 1 a 4 - no

Estado de Goiás.

2. Nesta fase da auditoria optou-se pela não envio do relatório preliminar para comentários

do gestor, haja vista a urgência da necessidade de posicionamento desta Casa com relação ao pedido

de concessão de medida cautelar sem oitiva prévia relativa ao Achado III.3 (Lote 4S).

3. Foram identificados quatro achados na auditoria em questão:

a) Transporte de brita e rachão em distâncias superiores aos previstos em projetos;

b) Insuficiência de motivação para a permuta de jazida de brita indicada em projeto;

c) A brita aplicada como Lastro Ferroviário não atende à Norma Técnica da Valec; e

d) Justificativa insuficiente para o uso de contratação integrada.

4. Todos os achados foram classificados como indício de irregularidade grave com

recomendação de continuidade (IG-C).

Achado III.1 - Transporte de brita e rachão em distâncias superiores aos previstos em

projetos

5. No primeiro achado foram identificadas duas situações distintas no contrato do Lote 1S,

porém com efeitos semelhantes (dano ao erário). A primeira tratou de alteração da distância média

de transporte (DMT) da brita utilizada para lastro e de rachão utilizado para fundação de aterro

prevista em projeto executivo de 44,5km para 85,52km (DMT medida para brita) e 66,33 km (DMT

medida para rachão). Essa alteração decorreu da utilização de apenas uma pedreira (que ficava no

final da extensão do Lote 1S), em relação as duas que foram previstas em projeto que minimizavam

a distância média de transporte. Essa primeira situação ocasionou um suposto prejuízo ao erário, de

acordo com a equipe de auditoria (§§ 75 a 80), da ordem de R$ 27,4 milhões, posteriormente

reajustado em função dos valores obtidos pelo laudo da Policia Federal para R$ 22,1 milhões (soma

das alíneas a e b do § 89).

6. A segunda situação observada no mesmo achado (III.1.4, §§ 81 a 84) versou sobre a

utilização de preço distinto para o mesmo serviço previsto em contrato, Fornecimento de Rachão

Dmáx = 0,40m a partir de termo aditivo. No aditivo foi utilizado o valor de R$ 72,32/m³ para esse

serviço, enquanto que o Contrato em sua forma original previa o valor de R$ 32,19/m³, o que resultou

em um suposto superfaturamento de R$ 4.297.573,87 [(R$ 72,32/m³ - R$ 32,19/m³) x 107.091,30m³].

7. As duas situações juntas ocasionaram um suposto prejuízo ao erário da ordem de

R$ 26.440.566,89 (§93).

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93 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

8. Considerando que o Contrato 64/2010 do Lote 1S foi rescindido em 6/2016, a equipe de

auditoria registrou como proposta futura no corpo do achado (§96) a instauração de Tomada de

Contas Especial.

9. Incidentalmente, ainda no mesmo achado (§ 95), a equipe trouxe proposta de realização

de audiência do então Diretor Presidente da Valec e do atual Diretor Presidente, à época, Diretor de

Engenharia, uma vez que permitiram a liberação de pagamento retido da 28ª medição, em

discordância com o que pregava a Nota técnica 004/2013-CEA-RFC-SUCON CGOIANIRA. A

referida nota técnica apurava a execução de transporte oneroso de material pétreo proveniente da

pedreira Britago para o início da extensão do Lote 1S.

10. Quanto à proposta de encaminhamento para autuação de tomada de contas especial, a

qual registro, ficou apenas consignada no corpo do achado, tendo em vista que a equipe propôs, após

a apreciação da proposta de cautelar, que os autos retornassem para envio do relatório para

comentários do gestor, considerando que nos autos não há justificativas por parte da Valec do motivo

de ter sido utilizada apenas uma pedreira em detrimento das duas previstas em projeto, o que

supostamente onerou a administração pública em atitude antieconômica, considerando ainda que o

relatório preliminar não foi submetido a comentários do gestor em decorrência da urgência da

proposta de medida cautelar em outro achado, considerando que em outros achados está sendo

proposta a realização de oitivas, entendo que, neste momento, deve ser ofertada à Valec, à empresa

projetista e à empresa executora do Lote 1S a oportunidade de se manifestarem nos autos, por meio

de oitivas, em relação a situação encontrada do achado III.1, antes de se propor a autuação de tomada

de contas especial.

11. Dessa maneira, entendo que haveria um ganho em celeridade processual, podendo ser

descartada a proposta de envio do relatório para comentários do gestor, visto que as oitivas supririam

essa omissão, e a unidade técnica poderia analisar em conjunto todos os achados, podendo renovar a

proposta de autuação de tomada de contas especial, após ouvidos os envolvidos.

12. Quanto à proposta de audiência, consignada no Achado III.1, entendo que, se

configurado a ocorrência de dano ao erário, as condutas dos responsáveis que se pretendia ouvir em

audiência poderiam ser utilizadas como participação solidária no dano ao erário, pois, diante de uma

nota técnica que recomendou aos gestores a retenção de valores em decorrência de supostos

pagamentos antieconômicos, os gestores adotaram postura diversa e autorizaram a realização de

pagamentos integrais a construtoras ainda que tenham sido alertados de suposta irregularidade com

potencial de ocasionar dano ao erário. Em razão disso, entendo que a conduta dos gestores deve ser

apurada no âmbito do processo de tomadas de contas especial, caso venha a ser instaurado, para,

dessa forma, evitar-se dupla sanção por parte desta Corte (sansões do art. 57 e 58 da LOTCU).

Achado III.2 - Insuficiência de motivação para a permuta de jazida de brita indicada em

projeto

13. O segundo achado tratou de fato bem semelhante ao ocorrido no primeiro, com possíveis

consequência idênticas (superfaturamento decorrente de alteração de metodologia executiva mais

econômica). Diferente do primeiro achado, no qual não havia uma justificativa para a utilização de

apenas uma jazida de brita, neste segundo achado foi apontado uma insuficiência de motivação para

utilização de uma terceira jazida diversa das outras duas prevista em projeto que resultariam em uma

DMT menor.

14. No entendimento da equipe técnica, a Valec, ao descartar a utilização das duas jazidas

previstas em projeto, não se ateve a suas normas técnicas. Caso confirmada a presente irregularidade,

a equipe quantificou os supostos prejuízos da ordem de R$ 37 milhões (§ 121).

15. A proposta da equipe de auditoria, a qual contou com a anuência do titular da diretoria,

foi no sentido de se realizar a oitiva da empresa supervisora da obra, do consórcio construtor, e da

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94 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

Valec acerca das razões que motivaram o descarte da jazida indicada em projeto, Pedreira Encosta,

sem que fossem realizados todos os ensaios previstos nas normas Valec 80-EG-000A-29-000080, 80-

EM-033A-58-8006 e na norma NBR NM 26/2001, onerando a obra na ordem de R$ 37.297.249,62

(data-base set/2009) (§121), tendo em vista a maior distância de transportes de britas para lastro e de

rachão e a substituição do rachão extraído pelo fornecimento de rachão comercial, acima das

quantidades previstas em projeto.

16. Alinho-me com a proposta da equipe de auditoria.

Achado III.3 - A brita aplicada como Lastro Ferroviário não atende à Norma Técnica da

Valec

17. No Achado III.3 a equipe de auditoria identificou no Lote 4S que a brita a ser utilizada

como lastro ferroviário, que já se encontra às margens da ferrovia aguardando apenas a sua aplicação,

não passou nos testes previsto pelas normas da Valec para ser utilizada como brita para lastro.

18. Diante da eminência dessa brita reprovada nos testes ser aplicada na superestrutura da

ferrovia, considerando que os serviços de superestrutura ainda não iniciaram, considerando também

que o periculum in mora reverso seria bem menor do que o dano que poderia advir da não suspensão

da execução desse serviço (§§ 143 a 148), a equipe propôs a adoção de medida cautelar (§163), sem

oitiva prévia das partes, para que a Valec suspenda a execução dos serviços de montagem de grade;

lastreamento de linha; solda aluminotérmica para formação de TLS; nivelamento, levante,

alinhamento e socaria de linha; e posicionamento final, acabamento e alívio de tensão relativos ao

Contrato 67/2010, Lote 4S da FNS Extensão Sul até que o fornecimento de brita de lastro de qualidade

adequada, em substituição ao material impróprio presente na obra, seja devidamente equacionado.

19. Foi proposta também a realização da oitiva prevista no art. 276, § 3º do RITCU (§164),

para que, em 15 dias, a empresa construtora, a empresa supervisora do Lote 4S e a Valec se

manifestem acerca das razões que motivaram a exploração da Pedreira da Fazenda da Confusão do

Rio Preto, sem que os ensaios da brita fossem integralmente aprovados segundo a norma Valec 80-

EM-033A-58-8006. Ressalta-se que essa proposta constou apenas no corpo do achado, motivo pelo

qual irei inseri-la na proposta de encaminhamento deste pronunciamento da unidade.

20. Quanto às duas propostas acima, alinho-me com a equipe de auditoria.

21. Para este achado foram previstas ainda duas determinações à Valec (§§ 165 e 166):

a) determinar à Valec identificar a extensão do dano e os responsáveis pela aquisição e

aplicação de lastro de brita impróprio proveniente da Pedreira Fazenda da Confusão do Rio Preto,

reprovada nos ensaios de qualidade das especificações técnicas Valec 80-EM-033A-58-8006, ABNT

e AREMA e tomar medidas adequadas ao refazimento, sem ônus, dos serviços que apresentam vícios

do produto ou defeitos de serviços, por culpa da empresa contratada Constran, referente ao Contrato

67/2010;

b) determinar à Valec para que se certifique dos resultados do laboratório do IPT e

confirme junto à empresa supervisora e à empresa construtora o eventual uso da brita desta pedreira

no concreto das obras de arte especial e, em se confirmando, levante e informe à Corte as providências

tomadas quanto à neutralização dos efeitos de redução na vida útil dessas estruturas.

22. Em relação às duas propostas de determinações acima, que constaram apenas no corpo

do achado e não foram elencadas na proposta de encaminhamento do Relatório de Auditoria, entendo

que elas podem ser renovadas, caso necessárias, após a análise das oitivas propostas anteriormente.

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95 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Achado III.4 - Justificativa insuficiente para uso de contratação integrada

23. O quarto achado considerou genéricas as justificativas, tanto técnicas como econômicas,

que fundamentaram a escolha da modalidade contratação integrada utilizada no Edital de RDC

6/2014, que levou a celebração do Contrato 36/2014, para o Lote 5SA da Extensão Sul.

24. Para esse achado, a equipe de auditoria entendeu haver desobediência a Lei 12.462/2011

e à jurisprudência desta Corte (Acórdão 1.510/2013-TCU-Plenário, Acórdão 2.153/2015-TCU-

Plenário, Acórdão 1.850/2015-TCU-Plenário) e propôs a realização de oitiva da Valec (§ 178).

Contudo, essa proposta restou consignada apenas no achado, em razão da equipe entender que no

presente relatório só deveria ser tratada a questão da cautelar, para, somente após a realização dos

comentários do gestor, ser adotada a oitiva.

25. Entretanto, conforme exposto anteriormente, considerando a celeridade processual,

entendo que deve ser proposta na presente oportunidade a realização da oitiva da Valec, medida esta

que supre os comentários do gestor e permite que na próxima instrução sejam analisadas as

manifestações da Valec e das empresas relacionadas nos achados específicos, tanto em relação à

cautelar, quanto em relação aos demais indícios de irregularidade.

Conclusão

26. Por fim, deve-se ressaltar que, a parte de todas as propostas da equipe de auditoria

extraídas do corpo do relatório, em sua proposta de encaminhamento constou apenas a proposta de

adoção de medida cautelar sem oitiva prévia da parte e posterior devolução do processo à unidade

técnica para encaminhamento do relatório para comentários do gestor e demais providências.

27. A equipe de auditoria justificou tal proposta no último parágrafo da conclusão (§ 207),

no sentido de que, antes do encaminhamento do relatório preliminar para comentários dos gestores,

esta Casa deveria se manifestar sobre a proposta de adoção de medida cautelar.

28. Porém, entendo que, por celeridade processual e por não haver perigo aos princípios do

contraditório e da ampla defesa ao suprimir-se a coleta de comentários do gestor, poder-se-ia realizar

as oitivas previstas no art. 250 do RITCU proposta para o primeiro, segundo e quarto achados e a

oitiva prevista no art. 276, § 3º do RITCU para o terceiro achado.

29. Desta forma, entendo que, na próxima instrução, a unidade técnica poderia se manifestar

no mérito, após oferta do contraditório, com mais precisão acerca das propostas de autuação de

processo de tomada de contas especial, bem como das determinações e dar ciência propostos.

Proposta

30. Ante o exposto, submeto a seguinte proposta a deliberação do Exmo. Ministro-Relator:

a) Com fundamento no art. 276 do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União,

por grave ofensa ao princípio da eficiência, insculpido no art. 37 da nossa Carta Magna, adotar

Medida Cautelar, sem oitiva prévia, para suspender os serviços de montagem de grade bitola larga

com dormentes pagos (8.2.1.1); lastreamento de linha h= 0,30 cm (8.2.1.2); solda aluminotérmica

para formação de TLS (8.2.3); nivelamento, levante, alinhamento e socaria de linha (8.2.1.3); e

posicionamento final, acabamento e alívio de tensão (8.2.1.4) relativos ao Contrato 67/2010, Lote 4S

da FNS Extensão Sul até que o fornecimento de brita de lastro de qualidade adequada, em substituição

ao material inadequado presente na obra, seja devidamente equacionado (Achado III.3);

b) Realizar, com fundamento no art. 276, §3º do RITCU, as oitivas da empresa Constran

S.A. Construções e Comércio (CNPJ 61.156.568/0001-90), da empresa Contécnica Consultoria

Técnica Ltda. (CNPJ 24.699.100/0001-16), ambas do Lote 4S, e da Valec Engenharia, Construções

e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), para se manifestem acerca das razões que motivaram

a exploração da Pedreira da Fazenda da Confusão do Rio Preto, sem que os ensaios da brita fossem

integralmente aprovados segundo a norma Valec 80-EM-033A-58-8006 (Achado III.3);

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96 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

c) Realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do RITCU, as oitivas da Valec

Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), da Construtora Aterpa Ltda

(CNPJ 17.162.983/0001-65), empresa líder do consórcio responsável pelas obras do Lote 1S da

Extensão Sul da FNS, e da empresa Ecoplan Engenharia Ltda. (CNPJ 92.930.643/0001-52),

supervisora dessa obra, sobre a possibilidade de vir a ser instaurada tomada de contas especial no

Contrato 64/2010, relativo a construção do Lote 1S da Ferrovia Norte-Sul, Extensão Sul, em razão

do suposto superfaturamento decorrente da exploração de apenas uma pedreira (Britago) em

detrimento das duas previstas em projeto (Britago e Britagram), onerando dessa forma o erário federal

em R$ 22.142.993,02 por conta do aumento da Distância Média de Transporte de brita e rachão, e

em razão do pagamento pelo serviço de Fornecimento de Rachão Dmáx = 0,40m, ao preço de

R$ 72,32/m³ em detrimento do preço originalmente previsto de R$ 32,19/m³, causando o pagamento

a maior de R$ 4.297.573,87, considerando a quantidade de 107.091,30m³ de rachão fornecido

(Achado III.1);

d) Realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do RITCU, as oitivas da Valec

Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), da empresa Pavotec

Pavimentação e Terraplenagem Ltda (CNPJ 27.394.840/0001-32), empresa líder do consórcio

responsável pelas obras do Lote 2S da Extensão Sul da FNS, e da empresa Vega Engenharia e

Consultoria Ltda (CNPJ 77.728.343/0001-00), supervisora dessa obra, em razão de ter sido

constatado no Contrato 65/2010 para que se manifestem acerca das razões que motivaram o descarte

da jazida indicada em projeto, Pedreira Encosta, sem que fossem realizados todos os ensaios previstos

nas normas Valec 80-EG-000A-29-000080, 80-EM-033A-58-8006 e a norma NBR NM 26/2001,

onerando a obra na ordem de R$ 36.511.329,67 (database set/2009), tendo em vista a maior distância

de transportes de britas para lastro e de rachão e a substituição do rachão extraído pelo fornecimento

de rachão comercial, acima das quantidades previstas em projeto (Achado III.2).

e) Realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do RITCU, a oitiva da Valec

Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), para que se manifeste acerca

da insuficiência de justificativas para uso de contratação integrada no Edital RDC 6/2014, que

originou o contrato 36/2014, em face do disposto no art. 9°, da Lei 12.462/2011 e na jurisprudência

do Tribunal, a exemplo do Acórdão 1.510/2013-TCU-Plenário, anterior ao lançamento do edital

(Achado III.4); e

f) Encaminhar cópia da decisão que o Tribunal vier a adotar, acompanhado das peças que

a fundamentarem, bem como do Relatório de Auditoria, à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias

S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), ao Ministério dos Transportes, Portos e Avião Civil, e às empresas

mencionadas nas oitivas acima.”

3. Em 22 de setembro de 2016, com os autos já em meu gabinete, o diretor de engenharia da

Valec juntou o Memorando 737/2016/DIREM (peça 76), com o seguinte teor:

“Em atenção ao TC-011.450/2016-9, por meio do qual o Tribunal de Contas da União - TCU

aponta problemas relativos à brita no Lote 04 da Extensão Sul inerente ao Contrato 067/2010,

determino a suspensão de montagem de grade e correlatos até que a Supervisora e o Consórcio

Construtor prestem os devidos esclarecimentos.”

É o relatório.

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97 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

VOTO

Cuidam os autos de auditoria realizada na Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.

com o objetivo de fiscalizar as Obras de Construção da Ferrovia Norte Sul - Extensão Sul - Lotes 1 a 4

- no Estado de Goiás, trecho entre Ouro Verde de Goiás e São Simão/GO.

2. Neste trabalho, a equipe de fiscalização da Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

Portuária, Hídrica e Ferroviária - SeinfraHidroFerrovia - identificou quatro achados classificados como

indícios de irregularidades graves com recomendação de continuidade (IG-C), relacionados a seguir:

a) Transporte de brita e rachão em distâncias superiores aos previstos em projetos;

b) Insuficiência de motivação para a permuta de jazida de brita indicada em projeto;

c) A brita aplicada como Lastro Ferroviário não atende à Norma Técnica da Valec; e

d) Justificativa insuficiente para o uso de contratação integrada.

3. Nos termos do relatório precedente, o primeiro achado apontou a ocorrência de suposto

prejuízo ao erário da ordem de R$ 26.440.566,89 (§93). Por considerar que a Comissão de Sindicância,

apresentou conclusões responsabilizando servidores (Engenheiro Fiscal da obra e Superintendente

Regional da Extensão Sul da FNS à época), bem como a existência de indícios fortes, inclusive com a

instauração de Ação Civil Pública, do envolvimento da Supervisora Ecoplan Engenharia Ltda. e da

Construtora Consórcio Aterpa/Ebate, além de haver indício de pagamento da execução de transporte

oneroso de material pétreo proveniente da pedreira Britago para o início da extensão do Lote 1S (km 0

ao km 46) num total de R$ 12.542.006,26, e que todos esses fatos estão relacionados com o fornecimento

e transporte de materiais pétreos a partir da Pedreira Britago para os quilômetros inicias do Lote 1S (km

0 ao km 46), a equipe de fiscalização registrou a proposta de instauração, em processo apartado, de

Tomada de Contas Especial para caracterização do débito (dano, valor e responsável), determinação e

citação dos possíveis responsáveis e aplicação das possíveis sanções.

4. Propôs também a realização de audiência do então Diretor Presidente da Valec e do atual

Diretor Presidente, à época, Diretor de Engenharia, uma vez que permitiram a liberação de pagamento

retido da 28ª medição, em discordância com o que pregava a Nota técnica 004/2013-CEA-RFC-SUCON

CGOIANIRA. A referida nota técnica apurava a execução de transporte oneroso de material pétreo

proveniente da pedreira Britago para o início da extensão do Lote 1S.

5. No tocante ao segundo achado a equipe de fiscalização propôs, com a anuência do diretor

técnico e do secretário substituto, a oitiva da empresa supervisora da obra, do consórcio construtor, e da

Valec acerca das razões que motivaram o descarte da jazida indicada em projeto, Pedreira Encosta, sem

que fossem realizados todos os ensaios previstos nas normas Valec 80-EG-000A-29-000080, 80-EM-

033A-58-8006 e na norma NBR NM 26/2001, onerando a obra na ordem de R$ 37.297.249,62 (data-

base set/2009) (§112), tendo em vista a maior distância de transportes de britas para lastro e de rachão e

a substituição do rachão extraído pelo fornecimento de rachão comercial, acima das quantidades

previstas em projeto.

6. Com relação ao terceiro achado, a equipe de auditoria identificou, no Lote 4S, que a brita

utilizada como lastro ferroviário não passou nos testes previstos pelas normas da Valec, e o material que

já se encontra às margens da ferrovia aguardando apenas a sua aplicação.

7. Sobre esta questão, a equipe de fiscalização registrou nos itens 129 a 136 de seu relatório:

“129. Indícios apontam que a brita utilizada para lastro no Lote 4S, proveniente da

Pedreira Fazenda Confusão do Rio Preto (Constran), Quirinópolis/GO, não atende ao

preconizado na Especificação Técnica da Valec 80-EM-033A-58-8006 (Evidência 32). A

constatação é acompanhada de ensaios realizados pelo Laboratório de Materiais de

Construção Civil do Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT.

130. Segundo o Relatório de Ensaio 1047926-203 de caracterização tecnológica de

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98 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

amostra de rochas (Evidência 34, p. 167-178), elaborado pelo IPT, há reprovações nos

índices de fragmentos lamelares e porosidade do material.

131. De acordo com o estudo (Evidência 34, p. 176), o índice de partículas lamelares

encontra-se mais de 100% acima do tolerado pela norma Valec. Ou seja, foram encontrados

nos ensaios 23% de partículas lamelares, enquanto a norma tolera no máximo 10%

(Evidência 32, p. 3). Há uma série de ensaios realizados, porém os índices encontram-se

reprovados em todos.

132. Quanto ao índice de porosidade, foram realizados vinte ensaios (Evidência 34, p.

138-147), porém nenhum se encontra dentro da tolerância admitida pela norma Valec e pela

norma norte americana Arema. Chama atenção amostra com teor de porosidade de até

14,16% (amostra 8, corpo de prova 10), enquanto o limite máximo previsto na norma Valec

80-EM-033A-58-8006 é de apenas 1%.

133. O laudo do IPT opinou pela reprovação da brita como lastro ferroviário,

porém não se obteve maiores informações acerca das razões que motivaram a empresa a

persistir com a aplicação de insumos pétreos não aprovadas pela Valec.

134. Cabe consignar que amostras da brita ensaiadas pelo IPT demonstram

“Reatividade Potencial Álcali-Agregado”. Essa constatação implica em argilominerais

com efeitos “possivelmente expansivos, de cor marrom esverdeada como produto de

desvitrificação do vidro, e preenchendo amigdalas”.

135. A informação torna-se relevante para os potenciais efeitos na aplicação desse

material em estruturas de concreto armado pela alta reatividade, o que poderá comprometer

a resistência da estrutura gradativamente no decorrer do tempo. O uso desse insumo para

concretos requer a dosagem de aditivos neutralizantes aos efeitos deletérios para a vida útil.

136. Desse modo, esse aspecto para uso em concreto será, então objeto de

determinação à Valec para que se certifique dos resultados do laboratório do IPT e confirme

junto à empresa supervisora e à empresa construtora o eventual uso da brita da Pedreira

Fazenda Confusão do Rio Preto (Constran) como insumo no concreto das obras de arte

especial e, em se confirmando, levante e informe à Corte as providências tomadas quanto à

neutralização dos efeitos de redução na vida útil dessas estruturas.”

8. A equipe também concluiu que:

“146. Como as obras estão em andamento e há continuidade na aplicação da brita de

lastro, com a aplicação dos serviços subsequentes que utilizam esse material impróprio como

sustentáculo e que estão sendo feitos sem interrupção, a manutenção desta situação aumenta

sobremaneira os gastos que serão necessários ao desmonte da grade ferroviária com a

remoção de trilhos e dormentes e o novo reposicionamento e alinhamento da via, evidencia-

se o periculum in mora, podendo a manutenção desse cenário ensejar em prejuízo de grande

monta à Valec e/ou ao interesse público e comprometer a eficácia da decisão de mérito que

vier a ser proferida pelo Tribunal.

147. De outra parte, verifica-se que a efetivação da medida aqui proposta poderá

provocar atraso no andamento da obra, com as consequências advindas da não integração da

FNS com a malha ferroviária que vai aos portos do sudeste do País.

148. Esse risco, presente no caso concreto, caracteriza o periculum in mora reverso.

Entretanto, esse risco não é maior do que aquele que poderá advir da não adoção da medida

cautelar pleiteada, pois, em qualquer caso, haverá interrupção de tráfego ferroviário durante

o processo de refazimento da superestrutura ferroviária, sabendo-se que uma maior extensão

a ser refeita implica em maiores prejuízos e em aumento do tempo sem a possibilidade de

prestação dos serviços de transporte ferroviário.”

9. Perante esta situação, o Secretário substituto posicionou-se nos seguintes termo:

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99 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

“18. Diante da eminência dessa brita reprovada nos testes ser aplicada na

superestrutura da ferrovia, considerando que os serviços de superestrutura ainda não

iniciaram, considerando também que o periculum in mora reverso seria bem menor do que

o dano que poderia advir da não suspensão da execução desse serviço (§§ 143 a 148), a

equipe propôs a adoção de medida cautelar (§163), sem oitiva prévia das partes, para que a

Valec suspenda a execução dos serviços de montagem de grade; lastreamento de linha; solda

aluminotérmica para formação de TLS; nivelamento, levante, alinhamento e socaria de linha;

e posicionamento final, acabamento e alívio de tensão relativos ao Contrato 67/2010, Lote

4S da FNS Extensão Sul até que o fornecimento de brita de lastro de qualidade adequada,

em substituição ao material impróprio presente na obra, seja devidamente equacionado.

19. Foi proposta também a realização da oitiva prevista no art. 276, § 3º do RITCU (§164),

para que, em 15 dias, a empresa construtora, a empresa supervisora do Lote 4S e a Valec se

manifestem acerca das razões que motivaram a exploração da Pedreira da Fazenda da

Confusão do Rio Preto, sem que os ensaios da brita fossem integralmente aprovados segundo

a norma Valec 80-EM-033A-58-8006. Ressalta-se que essa proposta constou apenas no

corpo do achado, motivo pelo qual irei inseri-la na proposta de encaminhamento deste

pronunciamento da unidade.

20. Quanto às duas propostas acima, alinho-me com a equipe de auditoria.”

10. Quanto ao quarto achado de auditoria, a equipe registrou que a Valec não apresentou

justificativas suficientes para o uso do regime de execução de contratação integrada ao divulgar o edital

RDC 006/2014 de contratação de empresa para elaboração de projetos básico e executivo e execução de

obras e serviços remanescentes referentes ao Contrato 36/2014, Lote 3SA. Ressaltou que a justificativa

utilizada pela empresa é genérica e não detalha o caso concreto da contratação desejada (Edital RDC

006/2014, Evidência 63, p.37). Além disso, não demonstra técnica e economicamente a vantagem do

uso desse tipo de regime de execução contratual nas obras a serem licitadas, conforme exigido pela Lei

12.462/2011 (Lei do RDC) e pela jurisprudência do TCU. Sobre esta questão restou a proposta de oitiva

da Valec.

11. Não obstante a equipe de auditoria haver proposto, neste momento, apenas a adoção de

medida cautelar sem oitiva prévia da parte e posterior devolução do processo à unidade técnica para

encaminhamento do relatório para comentários do gestor e demais providências, o secretário substituto,

invocando a celeridade processual e por não haver perigo aos princípios do contraditório e da ampla

defesa ao suprimir-se a coleta de comentários do gestor, sugeriu realizar também as oitivas previstas no

art. 250 do RITCU proposta para o primeiro, segundo e quarto achados e a oitiva prevista no art. 276, §

3º do RITCU para o terceiro achado. Acrescentou que, na próxima instrução, a unidade técnica poderia

se manifestar no mérito, após oferta do contraditório, com mais precisão acerca das propostas de

autuação de processo de tomada de contas especial, bem como das determinações e dar ciência

propostos.

12. Assim sendo, trouxe a seguinte proposta de encaminhamento:

“a) Com fundamento no art. 276 do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, por

grave ofensa ao princípio da eficiência, insculpido no art. 37 da nossa Carta Magna, adotar

Medida Cautelar, sem oitiva prévia, para suspender os serviços de montagem de grade bitola

larga com dormentes pagos (8.2.1.1); lastreamento de linha h= 0,30 cm (8.2.1.2); solda

aluminotérmica para formação de TLS (8.2.3); nivelamento, levante, alinhamento e socaria

de linha (8.2.1.3); e posicionamento final, acabamento e alívio de tensão (8.2.1.4) relativos

ao Contrato 67/2010, Lote 4S da FNS Extensão Sul até que o fornecimento de brita de lastro

de qualidade adequada, em substituição ao material inadequado presente na obra, seja

devidamente equacionado (Achado III.3);

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100 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

b) Realizar, com fundamento no art. 276, §3º do RITCU, as oitivas da empresa Constran

S.A. Construções e Comércio (CNPJ 61.156.568/0001-90), da empresa Contécnica

Consultoria Técnica Ltda. (CNPJ 24.699.100/0001-16), ambas do Lote 4S, e da Valec

Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), para se manifestem

acerca das razões que motivaram a exploração da Pedreira da Fazenda da Confusão do Rio

Preto, sem que os ensaios da brita fossem integralmente aprovados segundo a norma Valec

80-EM-033A-58-8006 (Achado III.3);

c) Realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do RITCU, as oitivas da Valec

Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), da Construtora

Aterpa Ltda. (CNPJ 17.162.983/0001-65), empresa líder do consórcio responsável pelas

obras do Lote 1S da Extensão Sul da FNS, e da empresa Ecoplan Engenharia Ltda. (CNPJ

92.930.643/0001-52), supervisora dessa obra, sobre a possibilidade de vir a ser instaurada

tomada de contas especial no Contrato 64/2010, relativo a construção do Lote 1S da Ferrovia

Norte-Sul, Extensão Sul, em razão do suposto superfaturamento decorrente da exploração

de apenas uma pedreira (Britago) em detrimento das duas previstas em projeto (Britago e

Britagram), onerando dessa forma o erário federal em R$ 22.142.993,02 por conta do

aumento da Distância Média de Transporte de brita e rachão, e em razão do pagamento pelo

serviço de Fornecimento de Rachão Dmáx = 0,40m, ao preço de R$ 72,32/m³ em detrimento

do preço originalmente previsto de R$ 32,19/m³, causando o pagamento a maior de

R$ 4.297.573,87, considerando a quantidade de 107.091,30m³ de rachão fornecido (Achado

III.1);

d) Realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do RITCU, as oitivas da Valec

Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), da empresa Pavotec

Pavimentação e Terraplenagem Ltda. (CNPJ 27.394.840/0001-32), empresa líder do

consórcio responsável pelas obras do Lote 2S da Extensão Sul da FNS, e da empresa Vega

Engenharia e Consultoria Ltda. (CNPJ 77.728.343/0001-00), supervisora dessa obra, em

razão de ter sido constatado no Contrato 65/2010 para que se manifestem acerca das razões

que motivaram o descarte da jazida indicada em projeto, Pedreira Encosta, sem que fossem

realizados todos os ensaios previstos nas normas Valec 80-EG-000A-29-000080, 80-EM-

033A-58-8006 e a norma NBR NM 26/2001, onerando a obra na ordem de R$ 36.511.329,67

(database set/2009), tendo em vista a maior distância de transportes de britas para lastro e de

rachão e a substituição do rachão extraído pelo fornecimento de rachão comercial, acima das

quantidades previstas em projeto (Achado III.2).

e) Realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do RITCU, a oitiva da Valec Engenharia,

Construções e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), para que se manifeste acerca da

insuficiência de justificativas para uso de contratação integrada no Edital RDC 6/2014, que

originou o contrato 36/2014, em face do disposto no art. 9°, da Lei 12.462/2011 e na

jurisprudência do Tribunal, a exemplo do Acórdão 1.510/2013-TCU-Plenário, anterior ao

lançamento do edital (Achado III.4); e

f) Encaminhar cópia da decisão que o Tribunal vier a adotar, acompanhado das peças que a

fundamentarem, bem como do Relatório de Auditoria, à Valec Engenharia, Construções e

Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), ao Ministério dos Transportes, Portos e Avião

Civil, e às empresas mencionadas nas oitivas acima.”

13. Concordo com as análises e conclusões do corpo técnico desta Corte no sentido de que sejam

promovidas as oitivas propostas. Pondero apenas que a adoção de cautelar inaudita altera pars não mais

se faz necessária, haja vista que gestores da Valec, ao tomarem conhecimento da instrução da unidade

técnica, anteciparam-se a esta medida e determinaram, por meio do Memorando nº 737/2016/DIREM

(peça 76), a suspensão de montagem de grade e correlatos até que a supervisora e o Consórcio Construtor

prestem os devidos esclarecimentos. Dessa forma, torna-se oportuna a oitiva prévia das empresas, nos

termos do art. 276, § 2º, do Regimento Interno do TCU, antes de decidir-se pela adoção da medida

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101 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

acautelatória proposta.

Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à

apreciação deste colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 28 de setembro de

2016.

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

Relator

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102 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

ACÓRDÃO Nº 2507/2016 – TCU – Plenário

1. Processo TC 011.450/2016-9.

2. Grupo II – Classe V - Assunto: Relatório de Auditoria.

3. Interessados/Responsáveis:

3.1. Interessado: Congresso Nacional.

3.2. Responsáveis: Constran S/A - Construções e Comércio (61.156.568/0001-90); Consórcio Aterpa M.

Martins – Emsa (17.162.983/0001-65); Ecoplan Engenharia Ltda. (92.930.643/0001-52); Josias

Sampaio Cavalcante Junior (381.024.981-53); José Lucio Lima Machado (056.030.725-04); Mario

Rodrigues Junior (022.388.828-12); Pavotec Pavimentacão e Terraplenagem Ltda. (27.394.840/0001-

32).

4. Órgão/Entidade/Unidade: Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S/A.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária -

SeinfraHidroFerrovia.

8. Representação legal: Mauricio Santo Matar (322216/OAB-SP) e outros, representando Valec -

Engenharia, Construções e Ferrovias S/A.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria realizada para verificar a

execução das obras da ferrovia norte-sul extensão sul (FNS), no âmbito do Fiscobras 2016, referentes

aos lotes 1S (64/2010), 2S (65/2010), 3S (66/2010), 3SA (36/2014) E 4S (67/2010), localizados entre a

cidade de Ouro Verde de Goiás/GO e a ponte sobre o Rio Arantes/MG, com 539 km de extensão;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, em:

9.1. Realizar, com fundamento no art. 276, § 2º, do RITCU, as oitivas da empresa Constran S.A.

Construções e Comércio (CNPJ 61.156.568/0001-90), da empresa Contécnica Consultoria Técnica Ltda.

(CNPJ 24.699.100/0001-16), ambas do Lote 4S, e da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.

(CNPJ 42.150.664/0003-49), para, no prazo de cinco dias úteis, se manifestem acerca das razões que

motivaram a exploração da Pedreira da Fazenda da Confusão do Rio Preto, pois os ensaios da brita

demonstraram que ela não atende às exigências da norma Valec 80-EM-033A-58-8006 (Achado III.3),

uma vez que o Relatório de Ensaio 1047926-203, elaborado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas –

IPT, registrou haver reprovações nos índices de fragmentos lamelares e porosidade do material, os quais

se encontram em patamar mais de 100% acima do tolerado pela norma da Valec acima indicada, o que

contraindica a aplicação desses materiais em estruturas de concreto armado, considerando a

possibilidade do comprometimento da resistência da estrutura gradativamente no decorrer do tempo;

9.2. Realizar, com fundamento no art. 250, inciso V, do RITCU, as seguintes oitivas, fixando o

prazo de 15 (quinze) dias:

9.2.1. da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), da

Construtora Aterpa Ltda. (CNPJ 17.162.983/0001-65), empresa líder do consórcio responsável pelas

obras do Lote 1S da Extensão Sul da FNS, e da empresa Ecoplan Engenharia Ltda. (CNPJ

92.930.643/0001-52), supervisora dessa obra, em face do Contrato 64/2010, relativo a construção do

Lote 1S da Ferrovia Norte-Sul, Extensão Sul, em razão do suposto superfaturamento decorrente da

exploração de apenas uma pedreira (Britago) em detrimento das duas previstas em projeto (Britago e

Britagram), onerando dessa forma o erário federal em R$ 22.142.993,02 por conta do aumento da

Distância Média de Transporte de brita e rachão, e em razão do pagamento pelo serviço de Fornecimento

de Rachão Dmáx = 0,40m, ao preço de R$ 72,32/m³ em detrimento do preço originalmente previsto de

R$ 32,19/m³, causando o pagamento a maior de R$ 4.297.573,87, considerando a quantidade de

107.091,30m³ de rachão fornecido (Achado III.1);

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103 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária

9.2.2. da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), da empresa

Pavotec Pavimentação e Terraplenagem Ltda. (CNPJ 27.394.840/0001-32), empresa líder do consórcio

responsável pelas obras do Lote 2S da Extensão Sul da FNS, e da empresa Vega Engenharia e

Consultoria Ltda. (CNPJ 77.728.343/0001-00), supervisora dessa obra, em face do Contrato 65/2010

para que se manifestem acerca das razões que motivaram o descarte da jazida indicada em projeto,

Pedreira Encosta, sem que fossem realizados todos os ensaios previstos nas normas Valec 80-EG-000A-

29-000080, 80-EM-033A-58-8006 e a norma NBR NM 26/2001, onerando a obra na ordem de R$

36.511.329,67 (database set/2009), tendo em vista a maior distância de transportes de britas para lastro

e de rachão e a substituição do rachão extraído pelo fornecimento de rachão comercial, acima das

quantidades previstas em projeto (Achado III.2).

9.2.3. da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49), para que

se manifeste acerca da insuficiência de justificativas para uso de contratação integrada no Edital RDC

6/2014, que originou o contrato 36/2014, em face do disposto no art. 9°, da Lei 12.462/2011 e na

jurisprudência do Tribunal, a exemplo do Acórdão 1.510/2013-TCU-Plenário, anterior ao lançamento

do edital (Achado III.4);

9.3. determinar à SeinfraHidroFerrovia que:

9.3.1. após o recebimento da resposta à oitiva prevista no subitem 9.1, retro, instrua, de imediato,

o processo, submetendo ao relator proposta acerca da adoção, ou não, da medida cautelar em foco; e

9.3.2. quando da instrução referida no subitem 9.3.1, apure e informe ao relator se já foram

realizados pagamentos atinentes ao fornecimento de brita destinada a lastro no Lote 4S, objeto da oitiva

constante do item 9.1 acima, ficando, desde logo, autorizadas as diligências necessárias para tanto;

9.4. encaminhar cópia deste Acórdão, acompanhado das peças que o fundamentam, bem como do

Relatório de Auditoria, à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (CNPJ 42.150.664/0003-49),

ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, e às empresas mencionadas nas oitivas elencadas

nos subitens 9.1. e 9.2.

10. Ata n° 37/2016 – Plenário.

11. Data da Sessão: 28/9/2016 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2507-37/16-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler,

José Múcio Monteiro e Bruno Dantas.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), André Luís de

Carvalho e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

AROLDO CEDRAZ (Assinado Eletronicamente)

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)

PAULO SOARES BUGARIN

Procurador-Geral