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Agência Nacional de Águas Fundo para o Meio Ambiente Mundial Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente OEA Organização dos Estados Americanos PROJETO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM TERRA NA BACIA DO SÃO FRANCISCO ANA/GEF/PNUMA/OEA Subprojeto 3.3.B – Plano de Gerenciamento Integrado da Bacia do Rio Salitre Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO ESTRATÉGICO Salvador/Bahia 2002 PNUMA UFBA EP/UFBA

Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Page 1: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

Agência Nacional de Águas

Fundo para o Meio Ambiente Mundial

Programa das Nações Unidas para

o Meio Ambiente

OEA

Organização dos Estados Americanos

PROJETO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM TERRA

NA BACIA DO SÃO FRANCISCO ANA/GEF/PNUMA/OEA

Subprojeto 3.3.B – Plano de Gerenciamento Integrado da Bacia do Rio

Salitre

Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

ESTRATÉGICO

Salvador/Bahia 2002

PNUMA

UFBA EP/UFBA

Page 2: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

PROJETO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM TERRA

NA BACIA DO SÃO FRANCISCO ANA/GEF/PNUMA/OEA

Subprojeto 3.3.B – Plano de Gerenciamento Integrado da Bacia do Rio Salitre

Relatório Final

MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO ESTRATÉGICO

Coordenação do Subprojeto

Yvonilde Dantas Pinto Medeiros Maria do Socorro Gonçalves

Departamento de Hidráulica e Saneamento Escola Politécnica

Universidade Federal da Bahia

Consultor Antonio Marcos Santos da Silva – UFBA

Equipe Técnica Lenise Conceição Brandão - UFBA Nelivalda Costa da Silva – UFBA

Isabel Martins Galo - UFBA

Contrato CPR/OEA no PO 33822/2

Outubro / 2002

Page 3: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

i

MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO ESTRATÉGICO

RESUMO EXECUTIVO

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o número significativo de iniciativas tomadas mostra a necessidade de uma atuação mais efetiva e coordenada sobre a área da Bacia do Rio Salitre, com um plano mais abrangente e capaz de promover uma ação contínua e integrada dos diversos segmentos interessados no desenvolvimento do Vale do Rio Salitre.

Através do Sub-projeto 3.3.B - Plano de Gerenciamento Integrado da Bacia do Rio Salitre (PLANGIS) que faz parte do Projeto Gerenciamento Integrado das Atividades Desenvolvidas em Terra na Bacia do Rio São Francisco (ANA/GEF/PNUMA/OEA), a Universidade Federal da Bahia (UFBA), desenvolveu o PLANGIS, tendo como base o diagnóstico participativo, que evidenciou vários problemas que afetam direta ou indiretamente os recursos hídricos. A identificação destes problemas serviu como base para a construção da Matriz dos Conflitos para a Bacia e de um Plano Estratégico de Ações com proposições de intervenções preventivas e corretivas que visam solucionar ou minimizar os problemas identificados.

A Bacia esta totalmente inserida no polígono das secas e em território baiano, é uma Sub-bacia do rio São Francisco localizada em uma das regiões de conflitos no que se refere aos recursos hídricos, principalmente por ser um rio intermitente. Situada na região centro-norte do Estado, da Bahia (Figura 1) limitado a leste pelas bacias do rio Itapicurú e do Sub-Médio São Francisco, a oeste pela bacia dos rios Jacaré/Verde e a sul pela bacia do rio Paraguaçu, especificamente a sub-bacia do rio Jacuípe. Fazem parte da bacia 9 municípios (Figura 2): Morro do Chapéu, Várzea Nova, Miguel Calmon, Jacobina, Ourolândia, Mirangaba, Umburanas, Campo Formoso e Juazeiro

Figura 1. Mapa de Localização da Bacia do Rio Salitre

Page 4: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

ii

Figura 2. Mapa de Divisão Municipal

Page 5: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

iii

A Bacia do Rio Salitre apresenta um grande problema de escassez de água, que não está relacionada apenas com o baixo índice pluviométrico, alta taxa de evaporação local e elevado teor de salinidade dos recursos hídricos disponíveis, mas, também, com a poluição das águas superficiais e subterrâneas, uso indiscriminado da água, barragens mal projetadas e mal localizadas e mau uso do solo, que fazem com que ocorram grandes conflitos.

O objetivo deste documento é relatar o processo de elaboração do Plano de Ação Estratégico para a Bacia do Rio Salitre tomando como base a Matriz dos Conflitos, que sintetizou todos os problemas identificados na região.

Para a elaboração da Matriz utilizaram-se três ferramentas: diagnóstico físico da bacia; reuniões comunitária para o levantamento de problemas e possíveis soluções (elaboração do Plano de Prioridade) , o processo de formação do Comitê de Bacia e o curso de capacitação dete, que consolidou a última etapa, dando subsídios que embasaram a composição da Matriz. Desses três elementos foram extraídos todos os problemas identificados na região, enfocando os aspectos socioeconômicos , físicos, bióticos e os aspectos relacionados com os recursos hídricos.

1. PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS NA BACIA DO RIO SALITRE

Os principais problemas identificados e analisados apresentados no Quadro 1, não se limitaram apenas aos relatos dos técnicos que desenvolveram cada parte do projeto, mais, principalmente, aos relatos dos representantes das comunidades e instituições civis locais durante os seminários e reuniões para formação do Comitê e reforçado durante o curso de capacitação deste.

Page 6: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Quadro 1. Problemas Identificados durante as Reuniões

Principais Problemas Identificados Zonas Atingidas Conseqüências - Inexistência de sistemas de coleta e tratamento de esgotos domésticos

Todas as nove sedes dos municípios que pertencem a bacia e zona rural

- Poluição das águas superficiais e subterrâneas e degradação ambiental

- Deficiência nos sistemas de abastecimento de água

As principais sedes atingidas são Mirangaba, Morro do Chapéu e Umburanas. E toda zona rural

- Escassez de água

- Uso de dessalinizador de água sem manejo adequado de seu rejeito

Município de Umburanas - Salinização do solo e das águas superficiais e subterrâneas

- Deficiência nos serviços de coleta e tratamento de resíduos sólidos urbanos

Todas as sedes e zona rural da bacia - Poluição das águas superficiais e subterrâneas e degradação ambiental

Sane

amen

to

- Doenças relacionadas com os recursos hídricos (cólera, dengue, esquitossomose, febre tifóide e hepatite)

Todas as sedes e principalmente zona rural da bacia

- Agravamento da saúde pública

- Construção da Barragem de Ouro Branco, Tamboril e Caatinga do Moura sem critérios técnicos e hidrológicos

Todas as sedes e comunidades localizadas a jusante das barragens

- Escassez de água pelo interrompimento do curso natural do rio

- Falta de manutenção dos taludes das barragens

Barragens de Tamboril, Taquarandi, Caatinga do Moura, Delfino, Ourolândia, as nove Barragens Galgáveis

Bar

rage

m

- Extravasores subdimensionados

Barragens de Tamboril, Taquarandi, Caatinga do Moura, Delfino, Ourolândia, as nove Barragens Galgáveis

- Comprometimento estrutural das barragens

Irri

gaçã

o - métodos de irrigação incompatível com disponibilidade hídrica da bacia (sulco, inundação).

Alto e Baixo Salitre (municípios de Juazeiro, Várzea Nova, Jacobina e Ourolândia)

- Demanda > disponibilidade hídrica; - escassez de água

- Desenvolvimento de lavouras nas margens dos rios e lagos das barragens

Toda Bacia do Rio Salitre

- Retirada das matas ciliares; - Assoreamento dos corpos d’águas; - Carreamento de agrotóxicos para os cursos d’águas.

- Lavagem de roupas nos lagos das barragens e rios.

Juazeiro, Umburanas, Ourolândia e Mirangaba

- Poluição das águas superficiais

Uso

do

Solo

- Utilização dos Lago da barrgem para lazer

Barragens de Tamboril, Taquarandi, Caatinga do Moura, Delfino, Ourolândia, as nove Barragens Galgáveis

- Poluição das águas superficiais

- Água subterrânea com alto teor de salinidade

Todos os nove municípios que compõe a bacia (72% da bacia é abrangida por aqüífero metassedimentar e cristalino)

- Escassez dos recursos hídricos

Rec

urso

s H

ídri

cos

- Á gua superficial com alto teor de salinidade

Trechos do rio Salitre no seu médio e baixo curso e lagos das barragens

- Aumento na restrição do uso da água; - Escassez de água

Page 7: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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2. MATRIZ DOS CONFLITOS

Para elaboração da Matriz, utilizou-se a metodologia apresentada pelo GEF na preparação de PEA’s em Bacias Hidrográficas, que utiliza princípios do método de Zoppi, que tem como base o DAT. Diagnóstico Analítico Transfro

nteiriço, que além de identificar os problemas críticos, identifica as causas raízes da degradação ambiental e dos problemas da bacia, faz uma análise da cadeia causal e os prioriza.

Inicialmente foi confeccionado um quadro preliminar de problemas que esta apresentado no Quadro 2, utilizado como uma ferramenta para dar suporte a composição da Matriz, e teve a função de apresentar de forma sintética os principais problemas identificados na Bacia e suas causas, sedo esta última dividida em causas primárias, secundárias, terciárias e fundamentais. As causas primárias foram relacionadas ao campo técnico-científico; as causas secundárias ao econômico; as terciárias ao institucional; e as fundamentais ao campo sócio-político.

Esta etapa de trabalho foi desenvolvida buscando levantar o maior número de causas possíveis, baseando-se não só nas experiências profissionais mais principalmente nos dados e fatos relatados no Curso de Capacitação, no Diagnóstico da Bacia e no processo de Organização Comunitária, caracterizando-se como o processo de brainstorming.

Page 8: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Quadro 2. Quadro Preliminar dos Problemas - Bacia do Rio Salitre CAUSAS

PROBLEMAS PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA FUNDAMENTAL

Causas naturais - baixos índices pluviométricos - - -

Construção de barramentos privados em pontos inadequados

Construção de barramentos públicos sem critérios técnicos

Falta de estudos hidrológicos para implantação dos

barramentos Alteração do regime fluviométrico pela retirada inadequada de águas dos rios

Retirada de grande quantidade de água para irrigação

Uso de técnicas de irrigação inadequadas para a região

Falta de disciplinamento do uso quantitativo da água (outorga)

pelos órgãos competentes

Demanda > Disponibilidade Adens amento dos centros urbanos e aumento das atividades econômicas e

agropastoris

Não priorização da água de acordo com seu uso

(abastecimento humano, animal e irrigação)

-

Construção de barramentos privados

Insuficiência de água p/ diversos usos

Águas superficiais com teor de salinidade imprópria para consumo Construção de barramentos públicos

Falta de estudos técnicos para implantação dos barramentos -

Page 9: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Quadro 2 . Quadro Preliminar dos Problemas - Bacia do Rio Salitre (cont.)

CAUSAS PROBLEMAS PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA FUNDAMENTAL

Lançamento de lixo nos cursos d'água Deficiência no sistema de coleta e disposição final do lixo

Lançamentos de esgotos domésticos Deficiência no sistema de coleta e

falta de tratamento dos esgotos domésticos

Lavagem de roupas nas margens dos lagos das barragens

Deficiência e falta de sistemas de abastecimentos de água

Falta de prioridade e investimento no setor de saneamento básico

Lançamento de agrotóxicos devido à exploração de lavouras na beira dos rios Falta de controle nos usos do solo

Falta de fiscalização e controle do uso das margens dos rios e lagos das

barragens

Lançamento de esgotos domésticos Deficiência nos sistemas de coleta e inexistência de sistema de tratamento

dos esgotos domésticos

Falta de prioridade e investimento no setor de saneamento básico

Lavagem de roupa na beira dos lagos das barragens

Deficiência e falta de sistemas de abastecimento de água

Depósito de lixo na beira dos rios Deficiência nos sistemas de coleta e disposição final do lixo doméstico

Exploração de lavouras na beira dos rios

Falta de controle nos usos do solo

Falta de fiscalização e controle do uso das margens dos rios e lagos das

barragens

Insuficiência de água p/ diversos usos Poluição das águas superficiais

Desmatamento da vegetação e mata ciliar para atividades agropastoris

Page 10: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Quadro 2. Quadro Preliminar dos Problemas - Bacia do Rio Salitre (cont.) CAUSAS

PROBLEMAS PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA FUNDAMENTAL

Presença de coliformes fecais Lançamento de esgotos domésticos Deficiência nos sistemas de coleta e

inexistência de sistema de tratamento dos esgotos domés ticos

Presença de detergentes nas águas dos lagos das barragens

Lavagem de roupa na beira dos lagos das barragens

Deficiência e falta de sistemas de abastecimento de água

Presença de agentes poluidores existentes nos resíduos de origem

domésticas Depósito de lixo na beira dos rios Deficiência nos sistemas de coleta e

disposição final do lixo doméstico

Falta de prioridade e investimento no setor de

saneamento básico Poluição pontual e difusa das

águas superficiais

Presença de agrotóxicos nas águas dos rios e lago das barragens

Exploração de lavouras na beira dos rios

Assoreamento das calhas dos rios e lagos das barragens

Grande quantidade de material em suspensão

Desmatamento da vegetação e mata ciliar para atividades agropastoris

Falta de controle nos usos do solo

Falta de fiscalização e controle do uso das margens dos rios e

lagos das barragens

Lançamento de esgotos domésticos Deficiência nos sistemas de coleta e

inexistência de sistema de tratamento dos esgotos domésticos

Eutrofização dos rios e lago das barragens Presença de matéria orgânica na água

Depósito de lixo na beira dos rios Deficiência nos sistemas de coleta e disposição final do lixo doméstico

Falta de prioridade e investimento no setor de

saneamento básico

Água de Poço utilizada para abastecimento imprópria para

consumo humano e animal

Domínio de aqüífero metassedimentar e calcário na bacia do rio Salitre e

pequena parcela de aqüífero cristalino -

Falta de sistema de tratamento de água por dessalinização -

Page 11: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Quadro 2. Quadro Preliminar dos Problemas - Bacia do Rio Salitre (cont.)

CAUSAS PROBLEMAS PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA FUNDAMENTAL

Deficiência nos sistemas de coleta e inexistência de sistema de

tratamento dos esgotos domésticos Deficiência no sistema de tratamento de água para abastecimento humano

Incidência de doenças relacionadas com a água Presença de patogênicos na água

Lançamento de esgotos domésticos nos cursos d'água

Falta de educação sanitária

Falta de prioridade e investimento no setor de

saneamento básico

Estruturas em processo de deterioração

Transferência da responsabilidade de operação e manutenção das barragens para associações

comunitárias que não dispõem de condições técnicas e financeiras para

assumir esse encargo Elementos hidráulicos danificados e/ ou

inoperante Falta de inspeção e manutenção por

parte das instituições responsáveis

Extravasores subdimensionados Implantação de barramentos sem estudos hidrológicos

Falta de segurança dos barramentos existentes e localizações inadequadas

Interrupção dos cursos d'água dos rios Construção de barragens em pontos inadequados

Falta de estudos técnicos adequados

Falta de prioridade por parte das instituições em administrar os barramentos implantados na

bacia do rio Salitre

Conflitos no uso da água Retirada indiscriminada de água nos cursos d'água

Irrigação, abastecimento humano e animal

Falta de priorização no uso da água -

Page 12: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Após analise do quadro dos problemas criou-se a Matriz dos Conflitos, que consistiu no afunilamento das causas e problemas inicialmente indicados, eliminado as duplicações, e reduzindo-as há um número manipulável. Esta Matriz foi estruturada em forma de cadeia causal e resume todos os problemas da bacia.

Analisando a Matriz verificou-se a existência de cinco grandes problemas relacionados com os recursos hídricos: 1 - conflitos por insuficiência de água para usos múltiplos; 2 - poluição das águas superficiais; 3 - exploração inadequada da água subterrânea; 4 - presença de doenças relacionadas com a água; e 5 - barramentos mal dimensionados, localizados e operados.

A poluição das águas superficiais vem sendo agravada pela falta de investimentos no setor de saneamento e falta de implementação de instrumentos legais que disciplinem o uso do solo na região. Estes dois instrumentos poderiam evitar o lançamento de efluentes domésticos nos cursos d 'água e disposição inadequada de lixo em suas proximidades (Fotos 1 e 2), além de impedir o cultivo de lavouras próximas as margens dos rios onde é feito o uso de agrotóxicos de forma indiscriminada.

Foto 1. Trajetória do esgoto doméstico em Caatinga do Moura

Foto 2. Disposição inadequada de lixo nas margens do rio

Page 13: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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A existência de doenças relacionadas com a água é também uma conseqüência da falta de investimento no setor de saneamento. A presença de patogênicos na água evidencia a falta de tratamento dos esgotos domésticos e deficiência nos sistemas de tratamento de água para abastecimento (Fotos 3 e 4). Aliado ao problema do saneamento está a falta de educação sanitária e ambiental que contribui para o agravamento do quadro.

Foto 3. Esgotos domésticos lançado próximo ao rio Caatinga do Moura

Foto 4. Lago da Barragem de Ouro Branco com despejos de Esgotos domésticos

Quanto aos barramentos existentes na Bacia, a falta de administração por parte dos órgãos responsáveis provocou a deterioração das suas estruturas, por este motivo, estes barramentos são considerados inseguros (Foto 5 e 6). Além disso, as estruturas extravasoras foram implantadas sem os devidos estudos técnicos necessários.

Page 14: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Foto 5. Sangradouro da Barragem de Ouro Branco (Ourolândia) na busca de uma solução (ação da comunidade)

Figura 6. Vista do Espelho d’água da Barragem de Ouro Branco(Ourolândia)

Associada a escassez das águas superficiais está a falta de gerenciamento das águas tanto superficiais como subterrâneas. Estando a Bacia sob o domínio dos aquíferos metassedimentar e calcário com uma pequena parcela no aqüífero cristalino, tem suas águas de poços em muitos casos com teores de sais acima do que é permitido para consumo humano.

Um dos grandes problemas identificados na região é a insuficiência de águas superficiais para usos múltiplos na Bacia, sendo esta a que apresenta maior cadeia causal. A questão é que as causas dos demais problemas também contribuem para a escassez hídrica. Como exemplo, tem-se a falta de investimento em sistemas de saneamento e de implementação de

Page 15: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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instrumentos legais que disciplinem o uso do solo, ambos contribuem para a contaminação das águas superficiais e a retirada de grande quantidade de água para irrigação com a utilização de métodos convencionais que não estão de acordo com a disponibilidade de água existente na Bacia.

3. AÇÕES ESTRATÉGICAS

Uma vez identificado os principais problemas relacionados aos recursos hídricos na Bacia, propõe-se a implementação de Ações Estratégicas para minimizá-los ou solucioná-los. Estes estão relacionados a qualidade e a quantidade dos recursos hídricos da região:

Estas Ações deverão ser implementadas de forma integrada, visando obter resultados em toda Bacia e não em partes isoladas, pois isso facilita o gerenciamento dos recursos hídricos. Em face aos problemas identificados e analisados propõem-se as seguintes Ações Estratégicas:

• Disciplinamento do Uso da Água

Intervenções para o disciplinamento do uso da água e conseqüentemente o aumento da oferta hídrica na Bacia, contemplando medidas e procedimentos que levem ao processo de outorga de uso e de priorização desses usos, abrangendo todos os usuários , mas, principalmente a classe de irrigantes, tendo em vista ser este, atualmente, o maior usuário;

• Gerenciamento das Águas Subterrâneas

As ações propostas permitirão um maior conhecimento sobre as águas subterrâneas da Bacia, quanto a sua disponibilidade e demanda, sua qualidade, usuários e outros. Estes conhecimentos proporcionarão uma exploração sustentável deste recurso em conjunto com a exploração da água superficial, tendo em vista a escassez desta.

• Saneamento Básico e Saúde Pública

Serão propostas as ações mitigadoras para as condições de saneamento básico diagnosticados na região, visando resolver os problemas de poluição da água por esgotos domésticos e resíduo sólidos, problemas de doenças relacionadas com as águas superficiais e sua escassez, além de buscar aumentar o número de pessoas contempladas por sistemas de abastecimento de água.

• Capacitação Sanitária e Ambiental

As intervenções nesta área visam conscientizar a população no que tange a relação recursos hídricos x meio ambiente x usuário, com cursos de capacitação, seminários de conscientização e um programa de educação sanitária e ambiental, estando esta ação presente em qualquer linha da proposta deste trabalho.

• Controle do Uso do Solo nas Margens do Rio Salitre e seus Afluentes, Recomposição de Matas Ciliares e Controle de Erosão

Compreende as intervenções que visam à recuperação das matas ciliares nas nascentes e nos pontos críticos do rio Salitre e seus afluentes, controle de erosão e fiscalização do uso do solo próximo a calha dos cursos d’água da Bacia.

Page 16: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

xiv

• Redução do Consumo de Água nos Sistemas de Irrigação.

Estas ações estão direcionadas a otimização do uso da água nos sistemas de irrigação, com a utilização de técnicas adequada a disponibilidade hídrica local.

• Recuperação de Barragens

As intervenções propostas para este setor serão as relacionadas com a construção, segurança e localização das barragens existentes na Bacia (Figura 3).

Essas Ações Estratégicas correspondem aos programas que comporão o PLANGIS, estando subdivididos em proje tos como será visto item a seguir.

Page 17: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

xv

Figura 3. Localização das barragens existentes na Bacia e o ponto de maior conflito

Page 18: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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4. PROGRAMADAS E PROJETOS

Após a definição da Matriz dos Conflitos elaborou-se uma proposta de programas e projetos que estão apresentados no Quadro 2, com uma estimativa de custos para o detalhamentos dos projetos e sua implementação.

Quadro 2. Ações Estratégicas x Municípios x Custos CUSTOS AÇÕES

ESTRATÉGICAS/ PROGRAMAS

PROJETOS/ ATIVIDADES R$ US$ (2,80)

Cadastramento de Usuários das Águas Superficiais para Processo de Outorga

52.000,00 18.571,43

DISCIPLINAMENTO DO USO DAS ÁGUAS

Enquadramento do Rio Salitre e Afluentes. Implantação de Rede de Monitoramento Hidroclimatológica Implantação de Rede de Monitoramento da Qualidade da Água Superficial do Rio Salitre Mapeamento do Uso do Solo da bacia do Rio Salitre Quantificação das Disponibilidades Hídricas das Águas Superficiais da Bacia do Rio Salitre

110.000,00 182.000,00 200.000,00

30.000,00

25.000,00

39.285,72 65.000,00 71.429,00

10.175,00

8.829,00

Projetos Executivos de Ampliação e Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água para a Bacia do Rio Salitre

5.339.067,50

1.906.809,79

Construção de Cisternas para Acumulação de Águas de Chuva 5.026.560,00 1.795.200,00 Projeto Executivo de Sistemas de Coleta, Tratamento e Destinação de Esgotos Domésticos para a Bacia do Rio Salitre

24.595.932,00 8.784.261,42

Projeto Executivo de Implantação de Fossas Sépticas 4.433.660,00 1.583.450,00 Projeto de Implantação de Lavanderias Públicas 35.000,00 12.500,00

SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

PÚBLICA

Projeto de Plano Diretor de Limpeza Urbana 15.390.580,00 5.496.635,70 Projeto de Recuperação das Nascentes do Rio Salitre e Afluentes 150.000,00 53.571,43 Projeto de Revegetação de Matas Ciliares em Trechos Críticos da Bacia do Rio Salitre

300.000,00 107.142,85 REVEGETAÇÃO E RECUPERAÇÃO

DAS NASCENTES E TRECHOS CRÍTICOS

Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas por Efeitos de Erosão 50.000,00 17.857,14

Projeto de Educação Sanitária e Ambiental Vb Vb Projeto de Incentivo e Capacitação para o Uso de Técnicas que Otimizem o Uso dos Recursos Hídricos na Irrigação

90.000,00

32.142,86

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Manejo Adequado do Solo e dos Agrotóxicos.

90.000,00

32.142,86

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Aproveitamento e Uso das Águas de Chuva.

90.000,00

32.142,86

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Tratamento Simplificado de Águas Servidas

90.000,00

32.142,86

PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO SANITÁRIA E AMBIENTAL

Projeto de Capacitação para o Aproveitamento de Rejeitos de Dessalinizadores

100.000,00

35.714,29

Avaliação das Condições Operacionais e de Manutenção das Barragens Existentes.

128.000,00

47.714,29

Avaliação das Condições de Segurança das Barragens Existentes. 96.000,00 34.286,00

PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DAS

BARRAGENS EXISTENTES NA

BACIA Avaliação dos Usos e Qualidade da Água das Barragens Existentes 110.000,00 39.285,72

Mapeamento Hidrológico da Calha do Rio Salitre 100.000,00 35.714,29 Projeto de Informatização de Banco de Dados de Poços da Bacia 110.000,00 39.285,72 Projeto de Quantificação das Demandas e Disponibilidade das Águas Subterrâneas da Bacia.

88.000,00

31.428,57

Projeto de Avaliação Hidroquímico da Qualidade da Água Subterrânea na Bacia

121.000,00

43.214,29

PROGRAMA DE GERENCIAMENTO

DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Projeto de Recuperação e Manutenção de Poços 105.000,00 37.500,00

Vb = verbas

Page 19: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

xvii

5. RECURSOS NECESSÁRIOS

Várias são as fontes de financiamento que poderão custear a implementação dos Programas e Projetos propostos para o desenvolvimento do PLANGIS. Essas fontes se originam da União, governo estadual, governo municipal e instituições financeiras que fomentam o desenvolvimento do nordeste brasileiro.

Dentro da relação de instituições, planos e ações governamentais atuantes na Bacia, principalmente no que diz respeito a gestão dos recursos hídricos e meio ambiente, destacam-se:

- ANA: Pró-Água, Brasil em Ação, Alvorada, Sertão Forte, Programa de Água Subterrânea para Região Nordeste;

- CODEVASF: programas de irrigação e drenagem e outros;

- Governo do Estado: programas PRODUZIR, PRODUR, Programas de Apoio ao Desenvolvimento Regional (PAADR), estes programas são implementados por órgãos com a CAR e CERB;

- Banco do Nordeste, Banco do Brasil, BNDS, Desenbahia e outros.

O Quadro 3 a seguir mostra a relação dos Programas e Projetos e prováveis fontes de financiamento.

Page 20: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

xviii

Quadro 3. Projetos e Programas e Fontes de Financiamento MUNICIPIOS – ZONA URBANA E/OU RURAL

AÇÕES ESTRATÉGICAS /

PROGRAMAS

PROJETOS

AN

A

CO

DE

VA

SF

Ban

co d

o N

orde

ste

Ban

co d

o B

rasi

l

BN

DS

Gov

erno

do

Est

ado

da

Bah

ia

Des

enba

hia

Projeto de Cadastramento de Usuários das Águas Superficiais para Processo de Outorga X X X Projeto de Enquadramento do Rio Salitre e Afluentes. X X Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento Hidroclimatológica X X Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento da Qualidade da Água Superficialacia X X Projeto de Mapeamento do Uso do Solo da Baciaio Salitre X X

DISCIPLINAMENTO DO USO DAS ÁGUAS

Projeto de Quantificação das Disponibilidades das Águas Superficiais da Bacia X X Projetos Executivos de Ampliação e Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água para a Bacia do Rio Salitre

X X

Construção de Cisternas para Acumulação de Águas de Chuva X X Projeto Executivo de Sistemas de Coleta, Tratamento e Destinação de Esgotos Domésticos para a Bacia do Rio Salitre X X

Projeto Executivo de Implantação de Fossas Sépticas X X Projeto de Implantação de Lavanderias Públicas X

SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE PÚBLICA

Projeto de Plano Diretor de Limpeza Urbana X Projeto de Recuperação das Nascentes do Rio Salitre e Afluentes X X X Projeto de Revegetação de Matas Ciliares em Trechos Críticos da Bacia X X X

REVEGETAÇÃO E RECUPERAÇÃO DAS

NASCENTES E TRECHOS CRÍTICOS DA BACIA DO

RIO SALITRE Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas por Efeitos de Erosão X X

Projeto de Educação Sanitária e Ambiental X X X Projeto de Incentivo e Capacitação para o Uso de Técnicas que Otimizem o Uso dos Recursos Hídricos na Irrigação X X X X X

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Manejo Adequado do Solo e do s Agrotóxicos. X X X X Projeto de Incentivo e Capacitação para o Aproveitamento e Uso das Águas de Chuva. X X Projeto de Incentivo e Capacitação para o Tratamento Simplificado de Águas Servidas X

PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO

Projeto de Capacitação para o Aproveitamento de Rejeitos de Dessalinizadores X X Projeto de Desativação dos Barramentos Considerados Inadequados. X Projeto de Revisão dos Estudos Locacionais, Hidrológicos e Construtivos das Barragens. X X Projeto de Monitoramento das Estruturas das Barragens Existentes. X

PROGRAMA DE DESATIVAÇÃO E

RECUPERAÇÃO DE BARRAGENS Projeto de Monitoramento do Uso e Qualidade da Água dos Lagos das Barragens. X X

Mapeamento Hidrológico da Calha do Rio Salitre X Projeto de Atualização e Informatização do Banco de Dados de Poços da Bacia X Projeto de Quantificação das Demandas e Disponibilidade das Águas Subterrâneas da Bacia X Projeto de Avaliação Hidroquímico da Qualidade da Água Subterrânea na Bacia. X

PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DAS

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Projeto de Recuperação e Manutenção de Poços X X

Page 21: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

xix

6. CRONOGRAMA FÍSICO PROPOSTO

Com base nos programas e projetos apresentados para a bacia do rio Salitre elaborou-se uma proposta de cronograma para implementação das ações. Deve ficar bem claro que o cronograma apresentado indica apenas o tempo em meses necessário para a implantação dos projetos e não está relacionado com a análise de curto, médio e longo prazo. Os cronogramas estão apresentados no Qua dro 4.

Quadro 4. Cronograma Físico para Implantação das Ações Propostas PERÍODO

PROJETOS

2 m

eses

4 m

eses

6 m

eses

8 m

eses

10 m

eses

12 m

eses

14 m

eses

16 m

eses

18 m

eses

Projeto de Cadastramento de Usuários das Águas Superficiais para Processo de Outorga

Projeto de Enquadramento do Rio Salitre e Afluentes. Projetos Executivos de Ampliação e Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água para a Bacia.

Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento Hidroclimatológica

Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento da Qualidade da Água Superficial.

Projeto de Mapeamento do Uso do Solo da Bacia Projeto de Quantificação das Disponibilidades da Água Superficiais da Bacia. Construção de Cisternas para Acumulação de Águas de Chuva Projeto Executivo de Sistemas de Coleta, Tratamento e Destinação de Esgotos Domésticos para a Bacia

Projeto Executivo de Implantação de Fossas Sépticas Projeto de Implantação de Lavander ias Públicas Projeto de Plano Diretor de Limpeza Urbana Projeto de Recuperação das Nascentes do Rio Salitre e Afluentes Projeto de Revegetação de Matas Ciliares em Trechos Críticos da Bacia.

Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas por Efeitos de Erosão

Projeto de Educação Sanitária e Ambiental Projeto de Incentivo e Capacitação para o Uso de Técnicas que Otimizem o Uso dos Recursos Hídricos na Irrigação

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Manejo Adequado do Solo e dos Agrotóxicos.

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Aproveitamento e Uso das Águas de Chuva.

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Tratamento Simplificado de Águas Servidas

Projeto de Capacitação para o Aproveitamento de Rejeitos de Dessalinizadores Projeto de Desativação dos Barramentos Considerados Inadequados .

Projeto de Revisão dos Estudos Locacionais, Hidrológicos e Construtivos das Barragens.

Projeto de Monitoramento das Estruturas das Barragens Existentes.

Projeto de Monitoramento do Uso e Qualidade da Água dos Lagos das Barragens.

Mapeamento Hidrológico da Calha do Rio Salitre

Projeto de Informatização de Banco de Dados de Poços da Bacia do Rio Salitre Projeto de Quantificação das Demandas e Disponibilidade das Águas Subterrâneas da Bacia.

Projeto de Avaliação Hidroquímico da Qualidade da Água Subterrânea na Bacia.

Projeto de Recuperação e Manutenção de Poços

Page 22: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

xx

7.CONCLUSÕES

• Os estudos realizados para Bacia do Rio Salitre evidenciaram os constantes conflitos de uso da água existentes na região, decorrentes não só de fenômenos naturais (baixa pluviosidade), mas principalmente pelo constante crescimento populacional e econômico local. O incremento destes setores sem uma política de desenvolvimento sustentável vem desencadeando um quadro que é comum nas bacias do semi-árido do Nordeste, a escassez dos recursos hídricos.

• A reversão e/ou minimização deste quadro de forma eficiente só será possível com a atuação em todos setores responsáveis pela degradação ambiental da bacia de forma integrada e gerenciada, daí a necessidade da implementação do Plano de Gerenciamento Integrado da Bacia do Rio Salitre (PLANGIS).

• O desenvolvimento deste Plano necessitou um estudo detalhado sobre cada problema e como poderia ser resolvido. Este estudo gerou a Matriz dos Conflitos que objetivou sintetizar e descobrir as causas de cada problema atravé s de uma cadeia causal, envolvendo os elementos técnicos, econômicos, institucionais e políticos-socais. Através da Matriz dos Conflitos pôde-se propor Ações Estratégicas a serem implementadas na bacia visando a reversão da situação atual.

• As Ações Estratégicas deverão ser implementadas de forma integrada, visando obter resultados em toda Bacia e não em partes isoladas.

8. RECOMENDAÇÕES

• A implementação do PLANGIS deverá ser feita com a participação da sociedade civil e todos os órgãos da esfera federal, estadual e municipal envolvidos com a gestão dos recursos hídricos e que tenham ações na área, como a ANA, SRH, CODEVASF dentre outros. Sendo de grande importância a atuação do Comitê da Bacia do Rio Salitre, que terá essencial papel na implementação deste Plano, principalmente por ter se constituído como uma “Organização Civil sem fins lucrativos” durante todo o processo de desenvolvimento deste projeto, sendo um dos principais conhecedores dos problemas da Bacia.

• Em face aos problemas identificados e analisados propõem-se as seguintes Ações Estratégicas:

- Disciplinamento do Uso da Água - Gerenciamento das Águas Subterrâneas - Saneamento Básico e Saúde Pública - Capacitação Sanitária e Ambiental - Controle do Uso do Solo nas Margens do Rio Salitre e seus Afluentes, Recomposição

de Matas Ciliares e Controle de Erosão - Redução do Consumo de Água nos Sistemas de Irrigação. - Recuperação de Barragens

• As ações deverão ser implementadas segundo suas prioridade. Para isto deverão ser consideradas as ações de impactos positivos e imediatos em toda bacia e seus custos. Sugere-se a seguinte priorização de implantação das ações:

Page 23: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

xxi

Graduação Ordem de Implementação

Preferencial e emergencial 1 – Programa de Desativação e Recuperação de Barragens 2 - Programa de Disciplinamento do Uso das Águas Superficiais 3 - Programa de Capacitação Sanitária e Ambiental; 4 - Programa de Recuperação das Nascentes e Trechos Críticos Da bacia do Rio Salitre

Preferencial e emergencial a médio prazo;

1 – Programa de Saneamento Básico e Saúde Pública;

Preferencial a médio prazo 1 – Programa de Gerenciamento das Águas Subterrâneas

Page 24: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

xxii

MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO ESTRATÉGICO

SUMÁRIO

Página

INTRODUÇÃO 1

1. ATIVIDADES PARA ELABORAÇÃO DA MATRIZ DE CONFLITOS E DO PEA. 3

2. PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS NA BACIA DO RIO SALITRE 7

3. MATRIZ DOS CONFLI TOS 11

4. AÇÕES ESTRATÉGICAS 23

4.1 Disciplinamento do Uso da Água 23

4.2 Gerenciamento das Águas Subterrâneas 23

4.3 Saneamento Básico e Saúde Pública 23

4.4 Capacitação Sanitária e Ambiental 23

4.5 Controle do Uso do Solo nas Margens do Rio Salitre e seus Afluentes, Recomposição de Matas Ciliares e Controle de Erosão 24

4.6 Redução do Consumo de Água nos Sistemas de Irrigação 24

4.7 Desativação e Recuperação de Barragens 24

5. PROGRAMAS E PROJETOS 31

5.1 Programa de Disciplinamento do Uso das Águas Superficiais 31

5.1.1 Projeto de Cadastramento de Usuários das Águas Superficiais para Processo de Outorga 31

5.1.2 Projeto de Enquadramento do Rio Salitre e Afluentes 32

5.1.3 Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento Hidroclimatológica 32

5.1.4 Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento da Qualidade da Água Superficial do Rio Salitre. 33

5.2 Programa de Gerenciamento das Águas Subterrâneas 35 5.2.1 Mapeamento Hidrogeológico da Calha do Rio Salitre 36

5.2.3 Quantificação de Demandas e Disponibilidade das Águas Subterrâneas da Bacia 38

5.3 Programa de Saneamento Básico e Saúde Pública 40

5.3.1 Projetos Executivos de Ampliação e Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água na Bacia 40

5.3.2. Projeto de Construção de Cisternas para Acumulação de Águas de Chuvas 42 5.3.3 Projeto Executivo de Sistemas de Coleta, Tratamento e Destinação de Esgotos

Domésticos para a Bacia 44

5.3.4 Projeto de Plano Diretor de Limpeza Urbana 46 5.3.5 Atividade/ Projeto: Projeto Executivo de Construção de Fossas Sépticas 47

5.3.6 Projeto de Implantação de Lavanderias Públicas 48

5.4 Programa de Capacitação Sanitária e Ambiental 49

Page 25: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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5.4.1 Projeto de Educação Sanitária e Ambiental 49

5.4.2 Projeto de Incentivo e Capacitação para Uso de Técnicas que Otimizem o Uso dos Recursos Hídricos na Irrigação 50

5.4.3 Projeto de Incentivo e Capacitação para Manejo Adequado do Solo e Agrotóxico 52

5.4.4. Projeto de Incentivo e Capacitação para o Aproveitamento e Uso das Águas de Chuva. 52

5.4.5 Projeto de Incentivo e Capacitação para o Tratamento Simplificado de Águas Servidas 53

5.4.6 Projeto de Capacitação para o Aproveitamento de Rejeitos de Dessalinizadores. 54 5.5 Programa de Revegetação e Recuperação das Nascentes e Trechos Críticos da Bacia 55

5.5.1 Projeto de Recuperação de Nascentes do Rio Salitre e Afluentes 55

5.5.2 Projeto de Revegetação de Matas Ciliares em Trechos Críticos da Bacia 56 5.5.3 Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas por Efeitos de Erosão 57

5.6 Programa de Avaliação das Condições das Barragens Existentes na Bacia 58

5.6.1 Projeto de Avaliação das Condições Operacionais e de Manutenção das Barragens Existentes. 58

5.6.2 Projeto de Avaliação das Condições de Segurança das Barragens Existentes 61 5.6.3 Projeto de Avaliação dos Usos e Qualidade da Água das Barragens Existentes 62

6. RECURSOS NECESSÁRIOS 64

6.1 Agência Nacional das Águas (ANA) 64

6.2 Companhia de Desenvolvimento dos Vales dos Rios São Francisco e Parnaíba (Codevasf) 65

6.3 Governo do Estado da Bahia 65

6.4 Banco do Nordeste 66

6.5 Desenbahia, Banco do Brasil e BNDES 67

7. CRONOGRAMA FÍSICO PROPOSTO 72

8 CONCLUSÕES 76

9. RECOMENDAÇÕES 77

10. ATORES 81

10.1 Equipe do Projeto 81

10.2 Parceiros 82

LISTA DE FIGURAS 1. Mapa de Localização da Bacia do Rio Salitre 1 2. Mapa de Divisão Municipal da Bacia do Rio Salitre 2

3. Esquema para Elaboração da Matriz 6

4. Matriz dos Conflitos para Elaboração do Plano de Ação Estratégico 18 5. Plano de Gerenciamento Integrado da Bacia do Rio Salitre (PLANGIS), com seus

respectivos Programas e Projetos a serem implementados na Bacia 25

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xxiv

6. Mapa localizando a Barragem de Ouro Branco em Ourolândia 59

LISTA DE QUADROS 1. Situação dos Serviços de Esgotamento Sanitário das Sedes dos Municípios Pertencentes à

Bacia 7 2. Área irrigada (ha) por tipo de sistema de irrigação 10 3. Quadro Preliminar dos Problemas - Bacia do Rio Salitre 13

4. Ações Estratégicas Proposta por Município 26 5. Programas e Projetos com Respectivos Custos Estimados de Elaboração e Implantação 29

6. Programa de Disciplinamento do Uso das Águas Superficiais - Projetos e Respectivos Custos de Implantação 31

7. Programa de Gerenciamento das Águas Subterrâneas - Projetos e Respectivos Custos de Implantação 36

8. Programa de Saneamento Básico e Saúde Pública - Projetos e Respectivos Custos de Implantação 40

9. Estimativa de Custo para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de Sistema de Abastecimento de Água na zona Urbana 42

10. Estimativa de Custo para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de Sistema de Abastecimento de Água na Zona Rural 42

11. Estimativa de Custo Total para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de Esgotamento Sanitário em Toda Bacia. 42

12. Estimativa de Custo para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de Cisternas Rurais 43

13. Estimativa de Custo para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de Esgotamento Sanitário na Zona Urbana 45

14. Estimativa de Custo para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de Esgotamento Sanitário na Zona Rural 45

15. Estimativa de Custo Total para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de Esgotamento Sanitário em Toda Bacia 46

16. Estimativa de Custo para Elaboração de Plano Diretor e Implantação de Aterro Sanitário 47

17. Estimativa de Custo para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de Fossas Sépticas 48

18. Programa de Capacitação Sanitária e Ambiental - Projetos e Respectivos Custos de Implantação 49

19. Área irrigada (ha) por tipo de sistema de irrigação 51

20. Programa de Revegetação e Recuperação das Nascentes e Trechos Críticos da Bacia do Rio Salitre - Projetos e Respectivos Custos de Implantação 55

21. Programa de Avaliação das Condições das Barragens Existentes na Bacia do Rio Salitre - Projetos e Respectivos Custos de Implantação 58

22. Programas e Projetos X Fontes de Financiamento 69

23. Cronograma Físico para Implantação das Ações Propostas para a Bacia 73

24. Ações Estratégicas x Municípios x Custos 78

Page 27: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

xxv

25. Priorização de Implementação das Ações 80

LISTA DE FOTOS

1. Exposição dos problemas existentes na Bacia - Módulo I - Morro do Chapéu, 9/2/02 4 2. Exposição dos problemas existentes na Bacia na área de Saneamento - Módulo III –

Mirangaba, 1/4/02 5

3. Exposição de problemas existentes na Bacia na área de Saneamento - Módulo III – Mirangaba - 1/4/02. 5

4. Visita a Barragem de Ouro Branco - Módulo IV - Ourolândia - 06/05/2002 6

LISTA DE SIGLAS

ANA Agencia Nacional de Águas DAT Diagnóstico Analítico Transfronteiriço

GEF The Global EnvironmentFacility (Fundo para o Meio Ambiente Mundial) OEA Organização dos estados Americanos

PEA Plano Estratégico de Ação PLANGIS Plano de Gerenciamento Integrado da Bacia do Rio Salitre PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

UFBA Universidade Federal da Bahia

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1

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o número significativo de iniciativas tomadas mostra a necessidade de uma atuação mais efetiva e coordenada sobre a área da Bacia, com um plano mais abrangente e capaz de promover uma ação contínua e integrada dos diversos segmentos interessados no desenvolvimento do Vale do Rio Salitre. Através do Projeto "Gerenciamento Integrado das Atividades em Terra na Bacia do Rio São Francisco", Sub-projeto "Plano de Gerenciamento Integrado da Bacia do Rio Salitre (PLANGIS)", financiados pelo Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF), Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e Organização dos Estados Americanos (OEA), tendo como órgão executivo a Agência Nacional de Águas (ANA).

A Bacia esta totalmente inserida no polígono das secas e em território baiano é uma Sub-bacia do rio São Francisco localizada em uma das regiões de conflitos no que se refere aos recursos hídricos, principalmente por ser um rio intermitente. Situada na região centro-norte do Estado, da Bahia (Figura 1) limitado a leste pelas bacias do rio Itapicurú e do Sub-Médio São Francisco, a oeste pela bacia dos rios Jacaré/Verde e a sul pela bacia do rio Paraguaçu, especificamente a sub-bacia do rio Jacuípe. Fazem parte da bacia 9 municípios (Figura 2): Morro do Chapéu, Várzea Nova, Miguel Calmon, Jacobina, Ourolândia, Mirangaba, Umburanas, Campo Formoso e Juazeiro

Figura 1. Mapa de Localização da Bacia do Rio Salitre

Page 29: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

2

Figura 2. Mapa de Divisão Municipal

Page 30: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

3

A Universidade Federal da Bahia (UFBA) está desenvolvendo o PLANGIS, tendo como base o diagnóstico participativo, que evidenciou vários problemas que afetam direta ou indiretamente os recursos hídricos. A identificação desses problemas baseou a construção da Matriz dos Conflitos para a Bacia do Rio Salitre e de um Plano Estratégico de Ações (PEA) com propostas de ações na área em estudo.

O objetivo principal do subprojeto 3.3.B foi de elaborar o PLANGIS junto com um PEA apresentando proposições de intervenções preventivas e corretivas, visando solucionar ou minimizar os problemas identificados, além de conceber out ras ações de natureza institucional na gestão e planejamento dos recursos hídricos que deverão ser conduzidas pelas entidades gerenciais existentes ou que venham a ser criadas conforme as proposições apresentadas. Trata-se de ações necessárias à iniciação de um processo de recuperação ambiental e aumento da oferta hídrica na Bacia, englobando as áreas de saneamento e saúde pública, oferta d'água, uso do solo e barragens.

Os objetivos específicos do sub projeto são:

• identificar todos os problemas físicos e/ou institucionais de forma participativa, que afetam direta ou indiretamente os recursos hídricos na Bacia, principalmente aqueles relacionados com o comprometimento da disponibilidade hídrica na região, tendo em vista ser este o principal fator dos conflitos existentes na área em estudo;

• elaborar um “Quadro dos Problemas”, apresentando de forma sintética, os principais problemas existentes na Bacia, e correlacionando os problemas identificados com suas possíveis causas naturais, econômicas, institucionais e sociais;

• compor a Matriz dos Conflitos;

• identificar as principais Ações a serem implementadas na Bacia visando a solução e minimização dos problemas apresentados na Matriz dos Conflitos;

• elaborar o Plano Estratégico de Ações (PEA), onde serão propostos Programas e Projetos a serem implementados na Bacia com suas fontes de financiamento e cronograma de implantação;

A Matriz dos Conflitos e o PEA para a Bacia do Rio Salitre foram elaborados, partir de informações obtidas do diagnóstico físico da Bacia, nas reuniões promovidas com as comunidades locais, no processo de formação, e reforçadas durante a capacitação do Comitê do Salitre. A metodologia utilizada foi a mediação de diálogos, debates, dinâmicas e trabalhos em grupo com apoio de recursos audiovisuais. Os representantes da comunidade civil puderam acompanhar e participar de forma mais direta, relatando os principais problemas existentes na região e propondo algumas soluções.

1. ATIVIDADES PARA ELABORAÇÃO DA MATRIZ DE CONFLITOS E DO PEA.

A demanda de água em muitas áreas encontra-se superior à oferta, promovendo inúmeros conflitos e fazendo com que a sociedade comece a partir para medidas não-estruturais, medidas estas que resultam em racionalização de água, a qual deixou de ser encarada como um recurso inesgotável. Dessa forma, o Gerenciamento dos Recursos Hídricos ganha importância e o processo de gestão, decorrente de sua aplicação, deve envolver tanto os mecanismos de oferta quanto os de demanda.

Page 31: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

4

A Bacia em estudo apresenta um grande problema de escassez de água, que não está relacionada apenas com o baixo índice pluviométrico, alta taxa de evaporação local e elevado teor de salinidade em alguns trechos dos cursos d’águas superficiais e aqüíferos subterrâneos da região, mais, também, com a poluição das águas superficiais e subterrâneas, uso indiscriminado da água, barragens mal-projetadas e mal-localizadas e mau uso do solo, que fazem com que ocorram grandes conflitos.

Nesse contexto, a minimização do problema da escassez hídrica para a área necessita de uma ação integrada em todos os segmentos que contribuem para o comprometimento da disponibilidade hídrica na região, e só através de um Plano de Ação Estratégico que tal objetivo poderá ser alcançado.

A elaboração da Matriz e do PEA visou identificar os principais conflitos relacionados com os recursos hídricos existentes na Bacia, enfocando, principalmente, a cadeia “causa-efeito” para cada problema, bem como proposições de ações estratégicas para minimizá-los.

Para a elaboração da Matriz usou-se três ferramentas: • diagnóstico da Bacia;

• reuniões comunitária para o processo de formação do Comitê de Bacia; e o

• curso de capacitação do Comitê, que consolidou a última etapa das três que embasaram a composição da Matriz.

Do diagnóstico da Bacia, foram extraídos todos os problemas identificados na região, enfocando os aspectos socioeconômicos, físicos, bióticos e os aspectos relacionados com os recursos hídricos. Do curso de capacitação e das reuniões ocorridas nos povoados, durante o processo da organização comunitária, foram identificados e discutidos os problemas e propostas para solucioná-los, de acordo com a perspectiva dos atores sociais locais (sociedade civil organizada, usuários da água e poder público).

Durante o curso de capacitação, foram ratificados os problemas antes já identificados, e expostos pela comunidade que tinham relação com o tema de cada módulo desenvolvido, durante as aulas teóricas como mostram as Fotos 1, 2 e 3 e nas aulas práticas realizadas em campo Foto 4.

Foto 1. Exposição dos problemas existentes na Bacia - Módulo I Morro do Chapéu - 19/02/2002

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5

Foto 2. Exposição de problemas existentes na área de Saneamento - Módulo III Mirangaba - 01/04/2002

Foto 3. Exposição de problemas existentes na área de Saneamento - Módulo III Mirangaba - 01/04/2002

Page 33: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

6

Foto 4. Visita a Barragem de Ouro Branco- Módulo IV Ourolândia - 06/05/2002

Para elaboração da Matriz, utilizou-se a metodologia apresentada pelo GEF na preparação de PEA’s em Bacias Hidrográficas . Essa metodologia segue os princípios do método de Zoppi, que tem como base o DAT - Diagnóstico Analítico Transfronteiriço, que, além dos problemas críticos, identifica as causas raízes da degradação ambiental e dos problemas da bacia, fazendo uma análise da cadeia causal dos mesmos e os prioriza; não sendo, portanto, um diagnóstico dentro dos padrões mais conhecidos.

A primeira etapa da confecção da Matriz consistiu em cruzar e analisar as informações, formando, inicialmente, um Quadro Preliminar de Problemas. Esse quadro fundamentou a Matriz dos Conflitos para se chegar a elaboração do PEA da Bacia do Rio Salitre, que consistiu na segunda etapa do trabalho, seguindo o esquema apresentado na Figura 3.

Figura 3. Esquema para Elaboração da Matriz

Quadro Preliminar

de Problemas

- Reuniões para o processo

de formação do Comitê.

- Diagnóstico da Bacia do Rio Salitre

Matriz dos Conflitos

(Problemas)

Page 34: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

7

Para estruturação do quadro preliminar dos problemas foram feitas duas perguntas iniciais - O que? e Por quê? A primeira pergunta identifica os problemas da Bacia e a segunda as causas raízes, classificadas como primárias, secundárias, terciárias e fundamentais. As causas primárias foram relacionadas ao campo técnico-científico, as causas secundárias ao econômico, as terciárias ao institucional, e as fundamentais ao campo sóciopolítico. O desenvolvimento dessa etapa do trabalho buscou levantar o maior número de causas possíveis, baseando-se não só nas experiências profissionais, mas, principalmente, nos dados e fatos relatados no curso de capacitação, no diagnóstico da Bacia e em todo o processo de organização comunitária, caracterizando-se como o processo de brainstorming.

Após o brainstorming, etapa em que a equipe se prepara para elencar todas as idéias que possam explicar as possíveis causas dos problemas, fez-se uma seleção para transformar todas as idéias apresentadas em um número mais manipulável do ponto de vista analítico.

Finalmente, pôde-se elaborar a matriz dos conflitos através de uma cadeia de causa x efeito, formando uma cadeia causal para cada problema identificado.

Após a identificação dos problemas críticos e da cadeia causal, passou-se à fase de proposições de ações estratégicas necessárias para minimizar ou eliminar os problemas identificados e estudados, compondo, assim, o Plano de Ação Estratégico da Bacia do Rio Salitre.

2. PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS NA BACIA DO RIO SALITRE

Os principais problemas identificados e analisados a seguir, não se limitaram apenas aos relatos dos técnicos que desenvolveram cada parte do projeto, mas também aos relatos dos representantes das comunidades e instituições civis locais, durante os seminários e reuniões para formação do Comitê, e reforçado durante o curso de capacitação deste.

No que se refere ao setor de saneamento básico, os serviços de esgotamento sanitário dos municípios que integram a Bacia seguem as mesmas linhas da maioria dos municípios do semi-árido, adotando os sistemas mais comuns como a implantação de fossas e lançamento dos esgotos nas redes de águas pluviais. No Quadro 1, pode-se observar a situação dos serviços de esgotamento sanitário nas sedes de cada município.

Quadro 1. Situação dos Serviços de Esgotamento Sanitário das Sedes dos Municípios Pertencentes à Bacia

Município Tipo de Sistema Gestor Tipo de tratamento

Local de despejo

Várzea Nova Fossa; “Céu aberto” e Rede de águas pluviais Prefeitura Não tem Leito do Rio Salitre Mirangaba Rede de águas pluviais Prefeitura Não tem - Jacobina Convencional Prefeitura Não tem Rio Itapicuru Miguel Calmon Redes de águas pluviais Prefeitura Não tem Rio Cabeceira Morro do Chapéu Fossa Prefeitura - - Umburanas Fossa Prefeitura - - Juazeiro Convencional Prefeitura Sim - Campo Formoso Fossa e Rede de águas pluviais Prefeitura Não tem - Ourolândia Fossa Prefeitura - - Fonte:

Dos municípios pertencentes à Bac ia, 100% gerenciam os sistemas de esgotamento sanitário, sendo que apenas os municípios de Jacobina e Juazeiro possuem sistemas convencionais nas

Page 35: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

8

sedes. Nos demais municípios, os esgotos são coletados pelas redes de águas pluviais, onde são feitas partes das ligações de esgotos, ou confinados em fossas.

Em nenhuma das sedes municipais o esgoto recebe tratamento, contribuindo para a degradação ambiental da região, mais especificamente dos recursos hídricos, sejam superficiais ou subterrâneos. Isso eleva a baixa qualidade das águas utilizadas para consumo pela população local e sua restrição de uso. A situação agrava-se ainda mais quando a análise é direcionada à zona rural. Nas comunidades, o sistema mais comum é o confinamento dos esgotos em fossas negras, ou seja, fossas desenvolvidas sem estudos técnicos adequados e que contribuem para a poluição do lençol subterrâneo.

Segundo dados do Censo Demográfico de 2000, 68,8% dos domicílios têm acesso aos serviços de abastecimento de água através da rede de distribuição; os demais recorrem a poço, carro pipa, açudes ou nascente como forma de abastecimento. A taxa de domicílios que se abastecem na rede se aproxima do percentual registrado para o conjunto do Estado, sendo que Juazeiro é o município que apresenta o maior percentual de abastecidos. Umburanas é o município que apresenta o menor percentual de domicílios ligados à rede e o que apresenta o maior percentual dos que recorrem a “outro” tipo de alternativa de abastecimento.

Grande parte da Bacia apresenta carência de água para o abastecimento humano, verificando, como prática comum na região, a captação em poços tubulares que não atendem à demanda, como também em açudes que não apresentam condições mínimas para o uso humano devido ao alto índice de contaminação, o que gera impactos à saúde da população local.

Nas sedes da maior parte dos municípios que compõem a Bacia, os serviços de abastecimento de água são administrados e operados pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (EMBASA), com exceção dos munic ípios de Umburanas e Juazeiro. Em Umburanas, o órgão gestor é a Empresa Municipal do Sistema de Abastecimento de Água (EMSAA). Em Juazeiro, o sistema é gerido pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).

Por meio de informações coletadas em campo, obser vou-se que, em geral, parcela considerável da população residente nas sedes municipais, em torno de 90%, é atendida pelos serviços da empresa de saneamento, sendo que, no município de Morro do Chapéu, o atendimento se reduz para 85%, pois a população optou por não ser abastecida pela água da EMBASA. Em Mirangaba, o percentual diminui para 70% e, em Umburanas, 50%.

A água distribuída passa por tratamento convencional, normalmente com adição de sulfato, cloro e flúor, embora no município de Várzea Nova, some nte 68,6% da população abastecida receba água tratada. No município de Umburanas, a água é tratada por meio de dessalinizador, que tem trazido problemas com relação ao seu rejeito, que vem sendo descartado sem critérios adequados.

Pesquisa realizada com organizações comunitárias sobre os principais problemas hídricos encontrados nas comunidades, bem como sobre as propostas para solucioná-los, aponta a deficiência no sistema de atendimento e a falta de água como os maiores problemas. Dentre as soluções sugeridas, destacam-se a indicação de perfuração de poços e a construção de barragens. As alternativas relacionadas com a mudança de práticas degradadoras e de natureza técnica e financeira aparecem em plano secundário.

Além disso, vale registrar que não apenas a inexistência de ação dos poderes públicos se constitui em problema. Às vezes, intervenção equivocada termina por agravar os que já existem. Um dos problemas de abastecimento de água nas áreas rurais encontra-se na gestão

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centralizada dos serviços, uma vez que o poder público municipal, na maioria das vezes, não presta o devido atendimento aos sistemas de abastecimento implantados.

São pouco expressivos, no âmbito da Bacia, os povoados que têm um sistema de abastecimento com gestão eficiente, a exemplo do povoado Itapeipu no município de Jacobina. Nota -se que nos povoados nos quais a gestão é descentralizada, ou seja, custeada através de tarifas e com administração local, com a participação de usuários organizados, os serviços são mais eficientes. As principais dificuldades enfrentadas para a implementação dessas sugestões, segundo as organizações comunitárias pesquisadas, são: a falta de recursos financeiros, desinteresse das autoridades, a falta de conscientização da população e a burocracia das instituições.

Os serviços de coleta e destinação do lixo não diferem dessas situações: em todos os municípios a coleta é irregular e o lançamento final ocorre geralmente em lixões. Dados do Censo Demográfico de 2000 indicam que apenas 55 % dos domicílios têm coleta regular de lixo, sendo o restante queimado ou enterrado na propriedade, jogado em terreno baldio ou no rio. O maior percentual de coleta de lixo foi registrado em Jacobina e o menor em Mirangaba.

Os serviços de limpeza pública também são gerenciados pelas prefeituras. Os resíduos sólidos coletados são depositados em lixões a céu aberto, não havendo, portanto, controle na disseminação desses resíduos na área da Bacia, trazendo perigo à saúde da população quando carreados para os cursos d’água mais próximos.

A relação entre qualidade dos recursos hídricos e saúde publica são complexas em situações de escassez como a apresentada pela bacia do rio Salitre. A ausência de água, o comprometimento da sua qualidade, a falta de investimento em saneamento básico, associados às condições socioeconômicas da maioria da população têm criado problemas de saúde pública de difícil equacionamento nessa Bacia.

A disponibilidade e a qualidade dos serviços públicos apresentam uma grande discrepância entre as áreas mais urbanizadas e a área rural na bacia do Salitre. Os povoados pesquisados apresentam forte ligação e dependência em relação à sede dos municípios, particularmente no que se refere aos serviços de educação, saúde e abastecimento de água.

Nesse contexto, os problemas de saúde, em geral, decorrentes ou associados às condições gerais de vida da população, são agravados pela disponibilidade e qualidade das águas. Associados, tais fatores ampliam a morbidade, agravam o perfil epidemiológico e colocam em risco as condições de vida da população da Bacia.

As doenças relacionadas com o uso da água existente na bacia do rio Salitre são: cólera, dengue, esquistossomose, febre tifóide e hepatite. A doença de maior incidência é a dengue, seguida da hepatite, esquistossomose e febre tifóide. A existência dessas doenças evidencia a deficiência do saneamento básico na região, principalmente na coleta e tratamento dos esgotos domésticos, com exceção da dengue que está relacionada com a falta de drenagem da água. Daí, chega-se à conclusão que a educação sanitária e ambiental não existe na região, deficiência que contribui, de maneira significativa, na apresentação desse quadro.

Uma prática muito comum é a lavagem de roupas à beira dos rios e lagos das barragens. Tal costume constitui uma forma de sociabilidade, fruto da convivência e companheirismo entre as lavadeiras. O espaço na beira do rio não é apenas um lugar de trabalho, mas também um local de encontros e trocas sociais. No entanto, tal prática introduz elementos químicos na água que, em proporções bem menores, contribuem para a poluição dos recursos hídricos

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superficiais da Bacia. Esse tipo de problema foi citado, principalmente, pelos municípios de Morro do Chapéu e Várzea Nova.

Apesar da escassez de água, o seu uso para irrigação não condiz com as características hidrológicas da região. Em pesquisa realizada em campo, verificou-se que, em mais ou menos 72% da área irrigada, era praticada a irrigação por sulcos; 13,45% por microaspersão e 2,45% por gotejamento, e também alguns por inundação e pivô central, principalmente no baixo curso do rio, município de Juazeiro, onde está a maior atividade agrícola da Bacia.

Esses métodos demandam uma quantidade de água acima do necessário para o cultivo, caracterizando uma perda muito grande , principalmente por evaporação. Os métodos utilizados precisam ser revistos e adequados à realidade local. No Quadro 2 está apresentado o percentual de irrigantes e seus respectivos sist.emas de irrigação.

Tipo 1 – Sulco/ inundação Tipo 2 – Gotejamento Tipo 3 – Microaspersão Tipo 4 – Outros Quadro 2. Área irrigada (ha) por tipo de sistema de irrigação Área Irrigada Município Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4 Campo Formoso 391 46 11 20 Jacobina 318 2 1 27 Juazeiro 1309 28 237 60 Miguel Calmon - - - - Mirangaba 385 5 181 299 Morro do Chapéu 10 1 0,5 4,5 Ourolândia 36 1 13 15 Umburanas 4 - - - Várzea Nova 24 - 3 4

TOTAL 2.475 ( 72%) 83 (2,45%) 448,5 (13,05%) 429,5 (12,5%) Fonte: Cadastro de usuários realizado em campo

O uso indiscriminado do solo é outro fator determinante para a degradação dos recursos hídricos. É muito comum o desenvolvimento da agricultura nas margens do rio e lagos de barragens em toda Bacia. Tal prática visa facilitar a irrigação das culturas e aproveitar a umidade do solo durante as épocas secas, no entanto, necessita da retirada das matas ciliares e vegetações próximas aos cursos d'água para o seu desenvolvimento. Esse quadro desencadeia processos erosivos que assoreiam a calha do rio e introduzem materiais em suspensão na água. O cultivo próximo ao rio tem como conseqüência também, a presença de agrotóxicos na água, advento das atividades de controles de praga.

Um dos grandes motivos de conflitos pelo uso da água na Bacia, é a interrupção do curso do rio Salitre pela construção de barramentos. Um caso bastante conhecido e discutido em quase todas as reuniões é a Barragem de Ouro Branco, localizada na sede do município de mesmo nome.

A barragem impede o curso livre do rio que, segundo os moradores locais, corria normal antes de sua construção. A jusante desta barragem, o rio corta (desaparece) e só ressurge no município de Campo Formoso, já próximo à divisa com Juazeiro. A ausência de descarga de fundo impede a restituição da água. Como paliativo foi construído um canal lateral à barragem para permitir a passagem da água, porém, esta nunca alcançou cota suficiente para atingi-lo.

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A barragem de Tamboril, município de Morro do Chapéu, também apresenta o mesmo problema. De propriedade da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba (CODEVASF) e construída em 1982, a barragem sangrou apenas 3 vezes. Quando isso aconteceu, a água abasteceu a Barragem de Ouro Branco.

A barragem de Caatinga do Moura, situada no rio de mesmo nome, no município de Jacobina, também é da CODEVASF. Apresenta a mesma situação das duas barragens citadas anteriormente. Desde a sua construção em 1983, a barragem só sangrou uma única vez, chegando a secar nos períodos de estiagem. Em frente à barragem, foram perfurados 2 poços de vazão elevada, muito provavelmente devido à existência de fendas abastecidas pela água acumulada na barragem, evidenciando, assim, a fuga de água.

Ainda referente às barragens citadas anteriormente, observa -se que elas não atendem aos critérios que permitam seu enquadramento no grupo de barragens consideradas seguras. Registram-se ainda, a falta de estudos hidrológicos que permitam a definição das disponibilidades hídricas e estudos de avaliação de demandas em função dos usos previstos para as barragens.

Em todas elas, é lamentável o estado de conservação, com suas estruturas em franco processo de deterioração, elementos hidráulicos danificados e/ ou inoperantes. As estruturas de extravazão, por sua vez, não oferecem garantias de segurança, haja vista que suas dimensões foram estabelecidas sem estudos hidrológicos apropriados, ou mesmo sem qualquer tipo de estudo técnico. Os taludes encontram-se repletos de vegetação de grande porte, implicando em riscos de desenvolvimento de caminhos de percolação da água.

Quanto à qualidade da água dos lagos das barragens, encontra-se salinizada; a própria geologia local justifica esse fator, ali há elevados teores de carga orgânica e produtos químicos. Esse panorama é explicado devido à presença de agricultores no entorno do reservatório, captando água diretamente e atuando livremente em plantações onde são utilizados defensores agrícolas. Além da dessedentação animal diretamente nos lagos e o uso para lazer pelos moradores locais, esses lagos também são bastante utilizados para lavagem de roupas e outras atividades poluidoras.

Aos problemas já existentes, em função das ações antrópicas, somam-se também os de ordem natural. Na Bacia, há uma predominância de aqüíferos metassedimentar e calcário e pequena parcela de cristalino, estando este último presente apenas no município de Juazeiro.

Esses aqüíferos apresentam suas águas subterrâneas com teores de salinização elevados, dando restrições de usos. Nos aqüíferos cristalinos, em muitos casos, é necessário o uso de dessalinizadores; por outro lado, essa prática gera mais um problema: a salinização do solo, caso este não tenha um manejo adequado. Um caso bastante discutido na região é o salinizador do município de Umburanas, que gera um grande volume de rejeito, que é lançado no solo degradando-o.

3. MATRIZ DOS CONFLITOS

Após a identificação dos problemas foi confeccionado um quadro preliminar (Quadro 3), que serviu de ferramenta para dar suporte a composição da Matriz, apresentando de forma sintética os principais problemas existentes na Bacia e suas causas, sedo esta dividida em causas primárias, secundárias, terciárias e fundamentais. As causas primárias foram

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relacionadas ao campo técnico-científico, as causas secundárias ao econômico, as terciárias ao institucional, e as fundamentais ao campo sócio-político.

Esta etapa de trabalho foi desenvolvida buscando levantar o maior número de causas possíveis, baseando-se não só nas experiências profissionais mais principalmente nos dados e fatos relatados no processo de Organização Comunitária, no diagnóstico da Bacia e no Curso de Capacitação, caracterizando-se como o processo de brainstorming.

O quadro preliminar dos problemas foi uma ferramenta utilizada para dar suporte à composição da Matriz; tem a função de apresentar, de forma sintética, os princ ipais problemas

identificados na Bacia e suas causas.

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Quadro 3. Quadro Preliminar dos Problemas - Bacia do Rio Salitre CAUSAS

PROBLEMAS PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA FUNDAMENTAL

Causas naturais - baixos índices pluviométricos - - -

Construção de barramentos privados em pontos inadequados

Construção de barramentos públicos sem critérios técnicos

Falta de estudos hidrológicos para implantação dos

barramentos Alteração do regime fluviométrico pela retirada inadequada de águas dos rios

Retirada de grande quantidade de água para irrigação

Uso de técnicas de irrigação inadequadas para a região

Falta de disciplinamento do uso quantitativo da água (outorga)

pelos órgãos competentes

Demanda > Disponibilidade Adensamento dos centros urbanos e aumento das atividades econômicas e

agropastoris

Não priorização da água de acordo com seu uso

(abastecimento humano, animal e irrigação)

-

Construção de barramentos privados

Insuficiência de água p/ diversos usos

Águas superficiais com teor de salinidade imprópria para consumo Construção de barramentos públicos

Falta de estudos técnicos para implantação dos barramentos -

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Quadro 3. Quadro Preliminar dos Problemas - Bacia do Rio Salitre (cont.)

CAUSAS PROBLEMAS PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA FUNDAMENTAL

Lançamento de lixo nos cursos d'água Deficiência no sistema de coleta e disposição final do lixo

Lançamentos de esgotos domésticos Deficiência no sistema de coleta e

falta de tratamento dos esgotos domésticos

Lavagem de roupas nas margens dos lagos das barragens

Deficiência e falta de sistemas de abastecimentos de água

Falta de prioridade e investimento no setor de saneamento básico

Lançamento de agrotóxicos devido à exploração de lavouras na beira dos rios Falta de controle nos usos do solo

Falta de fiscalização e controle do uso das margens dos rios e lagos das

barragens

Lançamento de esgotos domésticos Deficiência nos sistemas de coleta e inexistência de sistema de tratamento

dos esgotos domésticos

Falta de prioridade e investimento no setor de saneamento básico

Lavagem de roupa na beira dos lagos das barragens

Deficiência e falta de sistemas de abastecimento de água

Depósito de lixo na beira dos rios Deficiência nos sistemas de coleta e disposição final do lixo doméstico

Exploração de lavouras na beira dos rios

Falta de controle nos usos do solo

Falta de fiscalização e controle do uso das margens dos rios e lagos das

barragens

Insuficiência de água p/ diversos usos

Poluição das águas superficiais

Desmatamento da vegetação e mata ciliar para atividades agropastoris

Page 42: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Quadro 3. Quadro Preliminar dos Problemas - Bacia do Rio Salitre (cont.)

CAUSAS PROBLEMAS

PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA FUNDAMENTAL

Presença de coliformes fecais Lançamento de esgotos domésticos Deficiência nos sistemas de coleta e

inexistência de sistema de tratamento dos esgotos domésticos

Presença de detergentes nas águas dos lagos das barragens

Lavagem de roupa na beira dos lagos das barragens

Deficiência e falta de sistemas de abastecimento de água

Presença de agentes poluidores existentes nos resíduos de origem

domésticas Depósito de lixo na beira dos rios

Deficiência nos sistemas de coleta e disposição final do lixo doméstico

Falta de prioridade e investimento no setor de

saneamento básico Poluição pontual e difusa das águas superficiais

Presença de agrotóxicos nas águas dos rios e lago das barragens

Exploração de lavour as na beira dos rios

Assoreamento das calhas dos rios e lagos das barragens

Grande quantidade de material em suspensão

Desmatamento da vegetação e mata ciliar para atividades agropastoris

Falta de controle nos usos do solo

Falta de fiscalização e controle do uso das margens dos rios e

lagos das barragens

Lançamento de esgotos domésticos Deficiência nos sistemas de coleta e

inexistência de sistema de tratamento dos esgotos domésticos

Eutrofização dos rios e lago das barragens Presença de matéria orgânica na água

Depósito de lixo na beira dos rios Deficiência nos sistemas de coleta e disposição final do lixo doméstico

Falta de prioridade e investimento no setor de

saneamento básico

Água de Poço utilizada para abastecimento imprópria para

consumo humano e animal

Domínio de aqüífero metassedimentar e calcário na bacia do rio Salitre e

pequena parcela de aqüífero cristalino -

Falta de sistema de tratamento de água por dessalinização -

Page 43: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Quadro 3. Quadro Preliminar dos Problemas - Bacia do Rio Salitre (cont.) CAUSAS PROBLEMAS

PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA FUNDAMENTAL Deficiência nos sistemas de coleta e

inexistência de sistema de tratamento dos esgotos domésticos

Deficiência no sistema de tratamento de água para abastecimento humano

Incidência de doenças relacionadas com a água Presença de patogênicos na água Lançamento de esgotos domésticos

nos cursos d'água

Falta de educação sanitária

Falta de prioridade e investimento no setor de

saneamento básico

Estruturas em processo de deterioração

Transferência da responsabilidade de operação e manutenção das barragens para associações

comunitárias que não dispõem de condições técnicas e financeiras para

assumir esse encargo Elementos hidráulicos danificados e/ ou

inoperante Falta de inspeção e manutenção por parte das instituições responsáveis

Extravasores subdimensionados Implantação de barramentos sem estudos hidrológicos

Falta de segurança dos barramentos existentes e localizações inadequadas

Interrupção dos cursos d'água dos rios Construção de barragens em pontos inadequados

Falta de estudos técnicos adequados

Falta de prioridade por parte das instituições em administrar os barramentos implantados na

bacia do rio Salitre

Conflitos no uso da água Retirada indiscriminada de água nos cursos d'água

Irrigação, abastecimento humano e animal Falta de priorização no uso da água -

Page 44: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Após a análise dos quadros apresentados, criou-se a Matriz dos Conflitos, Figura 3 que consistiu no afunilamento das causas e problemas inicialmente indicados, eliminado as duplicidades, e reduzindo-as há um número manipulável. Esta Matriz foi estruturada em forma de cadeia causal e apresenta de forma resumida todos os problemas da bacia.

Ao observá -la, verificou-se a existência de cinco grandes problemas relacionados com os recursos hídricos: conflitos do uso da água; insuficiência de água para usos múltiplos; poluição das águas superficiais; exploração inadequada da água subterrânea, presença de doenças relacionadas com a água e barramentos mal dimensionados, localizados e operados.

A poluição das águas superficiais vem sendo agravada pela falta de investimentos no setor de saneamento e falta de implementação de instrumentos legais que disciplinem o uso do solo na região. Esses dois instrumentos poderiam evitar o lançamento de efluentes domésticos nos cursos d'água e disposição inadequada de lixo em suas proximidades, além de impedir o cultivo de lavouras próximas aos rios, onde é feito o uso de agrotóxicos de forma indiscriminada.

A existência de doenças relacionadas com a água é também uma conseqüência da falta de investimento no setor de saneamento. A presença de patogênicos na água evidencia a falta de tratamento dos esgotos domésticos e deficiência nos sistemas de tratamento de água para abastecimento. Aliada ao problema do saneamento, está a falta de educação ambiental e sanitária que contribui para o agravamento do quadro.

A falta de administração dos barramentos existentes na bacia do rio Salitre por parte dos órgãos responsáveis provocou a deterioração das suas estruturas; por esse motivo, tais barramentos são considerados inseguros. Além disso, as estruturas extravasoras foram implantadas sem os devidos estudos técnicos.

A insuficiência de águas superficiais para usos múltiplos na Bacia é um dos grandes problemas identificados na região e apresenta a maior cadeia causal. A questão é que os motivos dos demais problemas também contribuem para a escassez hídrica. Como exemplo, a falta de investimento em sistemas de saneamento e de implementação de instrumentos legais que disciplinam o uso do solo, contribuem para a contaminação das águas superficiais.

A falta, no entanto, de implementação de instrumentos legais que disciplinem o uso da água – outorga, vem permitindo a retirada de grande quantidade de água para irrigação que ainda utiliza métodos convencionais que não estão de acordo com a disponibilidade de água existente na Bacia, além de permitir a construção inadequada de barragens na região e uso indiscriminado da água dos seus lagos.

Associada à escassez das águas superficiais, está a falta de gerenciamento das águas, tanto superficiais como subterrâneas. Estando a Bacia em estudo sob o domínio dos aqüíferos metassedimentar e calcário com uma pequena parcela no aqüífero cristalino, tem suas água s de poços em muitos casos com teores de sais acima do que é permitido para consumo humano.

Page 45: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Figura 3. Matriz dos Conflitos para Elaboração do Plano de Ação Estratégico – Bacia do Rio Salitre

TEMA PROBLEMA CAUSAS PRIMÁRIAS CAUSAS SECUNDÁRIAS CAUSAS TERCIÁRIAS CAUSAS FUNDAMENTAIS

CONFLITOS DO USO DA ÁGUA

Desconhecimento do real potencial hídrico e

hidrogeológico da bacia

Desconhecimento sistemático das demandas

setoriais e regionais presentes e futuras

Grande demanda de Água Superficial

Baixa Precipitação Fluviométrica/ Baixa

disponibilidade hídrica

Baixa eficiência no uso da água superficial

Irrigação

Consumo humano e animal

Construção de Barragens Interrupção do curso do rio

Uso excessivo de água para irrigação

Lançamento de efluentes domésticos nos corpos d’água sem tratamento

Falta de programas e projetos adequados à

disponibilidade hídrica local

Uso não-integrado das águas superficiais e

subterrâneas

Falta de estudos técnicos de engenharia

Não-priorização do uso da água

Falta de prioridade política e econômica na Bacia, no que se refere aos recursos

hídricos

Page 46: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Figura 3. Matriz dos Conflitos para Elaboração do Plano de Ação Estratégico – Bacia do Rio Salitre (Cont.)

TEMA PROBLEMA CAUSAS PRIMÁRIAS CAUSAS SECUNDÁRIAS CAUSAS TERCIÁRIAS CAUSAS FUNDAMENTAIS

INSUFICIÊNCIA DE ÁGUA

SUPERFICIAL PARA USOS MÚLTIPLOS

Baixo Índice pluviométrico

Alteração do regime fluviométrico

Demanda > Disponibilidade

Poluição das Águas

Salinização

Assoreamento das calhas dos rios

Uso indiscriminado de água para irrigação

Construção de Barragens Públicas e

Privadas

Não-priorização no uso da água (humano, animal, irrigação)

Aumento populacional

Aumento das atividades agropastoris

Esgotamento sanitário

Resíduo sólido

Uso de agrotóxico na beira dos rios e lagos

das barragens

Lavagem de roupas nos rios e lagos das

barragens

Desmatamento

Retirada de areia das margens dos rios

Falta de estudos técnicos

Técnicas de irrigação inadequadas

Sistema de Fiscalização deficiente

Deficiência nos sistemas de saneamento

Manejo e Uso Inadequado do solo

Não-disciplinamento do uso da água

Falta de investimento nos sistemas de saneamento

Falta de implementação dos instrumentos legais

Page 47: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Figura 3. Matriz dos Conflitos para Elaboração do Plano de Ação Estratégico – Bacia do Rio Salitre (Cont.)

TEMA PROBLEMA CAUSAS PRIMÁRIAS CAUSAS SECUNDÁRIAS CAUSAS TERCIÁRIAS CAUSAS FUNDAMENTAIS

POLUIÇÃO

DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS

Salinização Implantação sem estudos técnicos

adequados Falta de investimento nos sistemas de saneamento Esgotamento sanitário

Resíduo sólido

Exploração de lavouras próximas aos cursos

d'água

Lavagem de roupas nos rios e lagos das

barragens

Deficiência nos sistemas de saneamento

Uso desordenado do solo

Presença de coliformes fecais

Presença de agentes poluidores presentes em

resíduos de origem doméstica

Presença de agrotóxico nas águas dos rios e lagos das barragens

Presença de detergentes nas águas dos rios e lago das barragens

Não-implementação dos instrumentos legais

Construção de barragens

Page 48: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Figura 3. Matriz dos Conflitos para Elaboração do Plano de Ação Estratégico – Bacia do Rio Salitre (Cont.)

TEMA PROBLEMA CAUSAS PRIMÁRIAS CAUSAS SECUNDÁRIAS CAUSAS TERCIÁRIAS CAUSAS FUNDAMENTAIS

Inexistência de tratamento por dessalinização

Falta de dados hidrogeológicos

Deficiência nos sistemas de saneamento

Falta de sistemas de informação

EXPLORAÇÃO INADEQUADA

DA ÁGUA SUBTERRÂNEA

Má conservação dos poços perfurados

Águas dos Poços ofertadas com teor de salinidade;

Presença de agrotóxico nas águas dos rios e lagos das

barragens

Exploração de Água Subterrânea

desintegrada da exploração das águas

superficiais

Falta de investimento nos sistemas de saneamento

Deficiência nos sistemas de saneamento

Descontrole e não -fiscalização da

perfuração de poços e exploração da água

Não-disciplinamento do uso da água

Page 49: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Figura 3. Matriz dos Conflitos para Elaboração do Plano de A ção Estratégico – Bacia do Rio Salitre (Cont.)

TEMA PROBLEMA CAUSAS PRIMÁRIAS CAUSAS SECUNDÁRIAS CAUSAS TERCIÁRIAS CAUSAS FUNDAMENTAIS

DOENÇAS DE VEICULAÇÃO

HÍDRICA Presença de patogênicos

Deficiência nos sistemas de saneamento

Falta de investimento nos sistemas de saneamento

Lançamento de esgoto doméstico

Falta de educação sanitária e ambiental

BARRAMENTOS Responsabilidade de operação repassada

para associações comunitárias

Falta de inspeção

Falta de estudos hidrológicos

Elementos hidráulicos inoperantes

Deterioração das estruturas

Extravasores subdimensionados

Falta de administração dos barramentos

existentes

Interrupção dos cu rsos d'água dos rios

Construção de barragens em pontos inadequados

Falta de estudos técnicos adequados

Page 50: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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4. AÇÕES ESTRATÉGICAS

Uma vez identificados os principais problemas referentes aos recursos hídricos na Bacia, propõe-se a implementação de Ações Estratégicas para minimizá-los ou solucioná-los, eles estão relacionados à qualidade e à quantidade dos recursos hídricos da região:

• escassez de água para múltiplos usos; • retirada indiscriminada de grandes quantidades de água superficial para irrigação; • sistemas de saneamento básico inexistente e/ ou deficiente nas sedes e comunidades

rurais, principalmente próximos dos cursos d’água; • falta de consciência ambiental e sanitária da população em geral, permitindo a

degradação ambiental da região; • descontrole do uso do solo, principalmente no setor agropecuário; • implantação de barramentos que impedem o curso normal de alguns corpos d’água da

Bacia, e sem estudos técnicos adequados; • uso do lago das barragens de forma a degradar os recursos hídricos; • qualidade de águas subterrâneas impróprias para consumo, devido ao elevado teor de

salinidade.

As Ações Estratégicas deverão ser implementadas de forma integrada, visando obter resultados em toda Bacia e não em partes isoladas, pois isso facilita o gerenciamento dos recursos hídricos. Em face aos problemas identificados e analisados propõem-se as seguintes Ações Estratégicas:

4.1 Disciplinamento do Uso da Água

Intervenções para o disciplinamento do uso da água e, conseqüentemente, o aumento da oferta hídrica na Bacia, contemplando medidas e procedimentos que levem ao processo de outorga de uso e de priorização desses usos, abrangendo todos os usuários, mas, principalmente, a classe de irrigantes, já que estes são os maiores usuários.

4.2 Gerenciamento das Águas Subterrâneas

As ações propostas permitirão um maior conhecimento sobre as águas subterrâneas da Bacia, quanto a sua disponibilidade e demanda, sua qualidade, usuários e outros. Tais conhecimentos proporcionarão uma exploração sustentável desse recurso em conjunto com a exploração da água superficial, tendo em vista a escassez da mesma.

4.3 Saneamento Básico e Saúde Pública

Serão propostas as ações que resolverão ou mitigarão as condições de saneamento básico diagnosticados na região, visando resolver, de forma prioritária, os problemas de poluição da água por esgotos domésticos e resíduos sólidos, problemas de doenças relacionadas com as águas superficiais e sua escassez, além do aumento do número de pessoas contempladas por sistemas de abastecimento de água.

4.4 Capacitação Sanitária e Ambiental

As intervenções nessa área visam conscientizar a população no que tange a relação recursos hídricos x meio ambiente x usuário, com cursos e seminários de conscientização e de educação sanitária e ambiental, estando tal ação presente em qualquer linha da proposta do presente trabalho.

Page 51: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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4.5 Controle do Uso do Solo nas Margens do Rio Salitre e seus Afluentes, Recomposição de Matas Ciliares e Controle de Erosão

Compreende as interve nções que visam à recuperação das matas ciliares nas nascentes e pontos críticos do rio Salitre e seus afluentes, controle de erosão e fiscalização do uso do solo próximo à calha dos cursos d’água da Bacia.

4.6 Redução do Consumo de Água nos Sistemas de Irrigação

Essas ações estão direcionadas à otimização do uso da água nos sistemas de irrigação, com a utilização de técnicas adequadas à disponibilidade hídrica local.

4.7 Desativação e Recuperação de Barragens

As intervenções propostas para o setor serão as relacionadas com a segurança e localização das barragens existentes na Bacia.

Tais Ações Estratégicas correspondem aos programas que comporão o PLANGIS, estando subdivididos em projetos como segue a Figura 4.

Conforme o diagnóstico apresentado para a bacia do rio Salitre e as indicações dos problemas pelas lideranças comunitárias, pode -se elaborar um quadro com as Ações Estratégicas propostas e os respectivos municípios em que deverão ser implementadas, estas análises podem ser observadas nos Quadros 4.

No Quadro 5 estão agrupados os Programas e Projetos com os respectivos custos estimados de elaboração e implantação. A descrição mais detalhada desses projetos encontra -se no item 5 – Programas e Projetos.

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PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DA BACIA DO RIO SALITRE - PLANGIS

Projetos: 1. Cadastramento de

Usuários das Águas Superficiais para Processo de Outorga

2. Enquadramento do Rio

Salitre e Afluentes 3.Projeto de Implantação de

Rede de Monitoramento Hidroclimatológica

4.Implantação de Rede de

Monitoramento da Qualidade da Água Superficial do Rio Salitre.

5. Mapeamento do Uso do

Solo da Bacia do Rio Salitre

6.Quantificação das

Disponibilidades das Águas Superficiais da Bacia do Rio Salitre

1. PROGRAMA DE DISCIPLINAMENTO DO USO DAS ÁGUAS

SUPERFICIAIS

Projetos: 1. Ampliação e Implantação

de Sistemas de Abastecimento de Água para a Bacia do Rio Salitre

2. Construção de Cisternas

para Acumulação de Águas de Chuvas

3. Ampliação e Implantação

de Sistemas de Esgotamento Sanitário

4. Implantação de Fossas

Sépticas 5. Implantação de

Lavanderias Públicas 6. Plano Diretor de Limpeza

Pública

2. PROGRAMA DE SANEAMENTO BÁSICO

E SAÚDE PÚBLICA

Projetos:

1. Recuperação de Nascentes do Rio Salitre e Afluentes

2. Revegetação de Matas Ciliares em Trechos Críticos do Rio Salitre e Afluentes

3. Recomposição de Áreas Degradadas por Efeitos de Erosão

3. PROGRAMA DE REVEGETAÇÃO E

RECUPERAÇÃO DAS NASCENTES E TRECHOS

CRÍTICOS

Projetos:

1. Projeto de Avaliação das Condições Operacionais e de Manutenção das Barragens Existentes

2.Projeto de Avaliação das Condições de Segurança das Barragens Existentes

3 Projeto de Avaliação dos Usos e Qualidade da Água das Barragens Existentes

5. PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DAS

BARRAGENS

Projetos: 1. Mapeamento hidrológico

da calha do rio Salitre 2. Banco de dados de poços

da Bacia do Rio Salitre 3. Quantificação das

demandas e disponibilidade das águas subterrâneas da Bacia do Rio Salitre.

4. Avaliação hidroquímico

da qualidade da água subterrânea na Bacia do Rio Salitre

5. Recuperação e

manutenção de poços

6. PROGRAMA DE GERENCIAMENTO

DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Projetos: 1. Incentivo e capacitação

ao uso de técnicas que otimizem o uso dos recursos hídricos na Irrigação

2. Incentivo e capacitação

para o manejo adequado do solo e agrotóxicos

3. Incentivo e Capacitação

para o aproveitamento e uso das águas de chuva

4. Incentivo e capacitação

para o tratamento simplificado de águas servidas

5. Educação sanitária e

ambiental 6. Capacitação para

Aproveitamento de Rejeitos de Dessalinizadores

4. PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO

SANITÁRIA E AMBIENTAL

Figura 4. Plano de Gerenciamento Integrado da Bacia do Rio Salitre – PLANGIS, com seus respectivos Programas e Projetos a serem implementados na Bacia.

Page 53: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

26

Quadro 4. Ações Estratégicas Proposta por Município MUNICÍPIOS – ZONA URBANA E/ OU RURAL

AÇÕES ESTRATÉGICAS

PROJETOS

JUA

ZE

IRO

CA

MP

O

FO

RM

OSO

UM

BU

RA

NA

S

OU

RO

ND

IA

MIR

AN

GA

BA

JAC

OB

INA

RZ

EA

N

OV

A

MO

RR

O D

O

CH

AP

ÉU

TO

DA

BA

CIA

Projeto de Cadastramento de Usuários das Águas Superficiais para Processo de Outorga

X

Projeto de Enquadramento do Rio Salitre e Afluentes X

Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento Hidroclimatológica X

Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento da Qualidade da Água Superficial do Rio Salitre.

X

Projeto e Mapeamento do Uso do Solo da Bacia X

PROGRAMA DE DISCIPLINAMENTO DO USO DAS ÁGUAS

Projeto de Quantificação das Disponibilidades das Águas Superficiais da Bacia

X

Projetos Executivos de Ampliação e Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água para a Bacia do Rio Salitre

X

Construção de Cisternas para Acumulação de Águas de Chuva X

Projeto Executivo de Sistemas de Coleta, Tratamento e Destinação de Esgotos Domésticos para a Bacia do Rio Salitre

X

Projeto Executivo de Implantação de Fossas Sépticas X

Projeto de Controle de Doenças Transmissíveis por Veiculação Hídrica X

Projeto de Implantação de Lavanderias Públicas X X X X

PROGRAMA DE SANEAMENTO

BÁSICO E SAÚDE PÚB LICA

Projeto de Plano Diretor de Limpeza Urbana X

Page 54: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

27

Quadro 4. Ações Estratégicas Proposta por Município (Cont.)

MUNICÍPIOS – ZONA URBANA E/ OU RURAL

AÇÕES ESTRATÉGICAS

PROJETOS

JUA

ZE

IRO

CA

MP

O

FO

RM

OSO

UM

BU

RA

NA

S

OU

RO

ND

IA

MIR

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GA

BA

JAC

OB

INA

RZ

EA

N

OV

A

MO

RR

O D

O

CH

AP

ÉU

TO

DA

BA

CIA

Projeto de Recuperação de Nascentes do Rio Salitre e Afluentes X

Projeto de Revegetação de Matas Ciliares em Trechos Cr íticos da Bacia X

PROGRAMA DE REVEGETAÇÃO E

RECUPERAÇÃO DAS NASCENTES E

TRECHOS CRÍTICOS Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas por Efeitos de Erosão X

Projeto de Educação Sanitária e Ambiental X

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Uso de Técnicas que Otimizem o Uso dos Recursos Hídricos na Irrigação

X X X X X X

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Manejo Adequado do Solo e dos Agrotóxicos

X X X X X X

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Aproveitamento e Uso das Águas de Chuva

X

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Tratamento Simplificado de Águas Servidas

X

PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO SANITÁRIA E AMBIENTAL

Projeto de Capacitação para o Aproveitamento de Rejeitos de Dessalinizadores

X

Fonte

Page 55: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

28

Quadro 4. Ações Estratégicas Proposta por Município (Cont.)

MUNICÍPIOS – ZONA URBANA E/ OU RURAL

AÇÕES ESTRATÉGICAS

PROJETOS

JUA

ZE

IRO

CA

MP

O

FO

RM

OSO

UM

BU

RA

NA

S

OU

RO

ND

IA

MIR

AN

GA

BA

JAC

OB

INA

RZ

EA

N

OV

A

MO

RR

O D

O

CH

AP

ÉU

TO

DA

BA

CIA

Projeto de Avaliação das Condições Operacionais e de Manutenção das Barragens Existentes.

X

Projeto de Avaliação das Condições de Segurança das Barragens Existentes X

PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DAS

BARRAGENS EXISTENTES NA BACIA DO RIO

SALITRE Projeto de Avaliação dos Usos e Qualidade da Á gua das Barragens Existentes X

Mapeamento Hidrológico da Calha do Rio Salitre X

Projeto de Banco de Dados de Poços da Bacia X

Projeto de Quantificação das Demandas e Disponibilidade das Águas Subterrâneas da Bacia

X

Projeto de Avaliação Hidroquímico da Qualidade da Água Subterrânea na Bacia

X

PROGRAMA DE GERENCIAMENTO

DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Projeto de Recuperação e Manutenção de Poços X

Page 56: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

29

Quadro 5. Programas e Projetos com Respectivos Custos Estimados de Elaboração e Implantação PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DA BACIA DO RIO SALITRE

1 - Programa de Disciplinamento do Uso das Águas Superficiais Projetos : Custo (R$) Custo (US$ 2,80) • Cadastramento de Usuários das Águas Superficiais para Processo de Outorga 52.000 18.571,43 • Enquadramento do Rio Salitre e Afluentes Segundo seus Usos Prioritários • Implantação de Rede de Monitoramento Hidroclimatológica • Implantação de Rede de Monitoramento da Qualidade da Água Superficial do Rio Salitre. • Mapeament o do Uso do Solo da Bacia do Rio Salitre • Quantificação das Disponibilidades das Águas Superficiais da Bacia do Rio Salitre

110.000 182.000 200.000 30.000 25.000

39.285,72 65.000,00 71.429,00 10.175,00 8.829,00

Custo total do Programa 599.000 213.290,15 2 - Programa de Gerenciamento das Águas Subterrâneas

Projetos: Custo (R$) Custo (US$ 2,80) • Mapeamento Hidrogeológico da Calha do Rio Salitre 100.000 35.714,29 • Atualização e Informatização do Banco de Dados de Poços dos Municípios da Bacia do Rio Salitre 110.000 39.285,72 • Quantificação de Demandas e Disponibilidade das Águas Subterrâneas da Bacia do Rio Salitre 88.000 31.428,57 • Recuperação e Manutenção de Poços da Bacia do Rio Salitre 105.000 37.500 • Zoneamento Hidroquímico da Qualidade das Águas Subterrâneas da Bacia do Rio Salitre 121.000 43.214,29 Custo total do Programa 524.000 187.142,87

3 - Programa de Saneamento Básico e Saúde Pública Projetos: Custo (R$) Custo (US$ 2,80) • Ampliação e Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água na Bacia do Rio Salitre 5.339.067,50 1.906.809,79 • Construção de Cisternas para Acumulação de Águas de Chuvas 5.026.560 1.795.200 • Sistemas de Coleta, Tratamento e Destinação de Esgotos Domésticos para a Bacia do Rio Salitre 24.595.932 8.784.261,42 • Construção de Fossas Sépticas 4.433.660 1.583.450 • Implantação de Lavanderias Públicas 35.000 12.500 • Plano Diretor de Limpeza Urbana 15.390.580 5.496.635,70 Custo total do Programa 54.820.799 19.578.856

4 - Programa de Capacitação Sanitária e Ambiental Projetos: Custo (R$)* Custo (US$ 2,80)* • Educação Sanitária e Ambiental Vb (verba) Vb (verba) • Incentivo e Capacitação para Uso de Técnicas que Otimizem o Uso dos Recursos Hídricos na Irrigação 90.000 32.142,86 • Incentivo e Capacitação para os Manejos Adequados do Solo e Agrotóxicos. 90.000 32.142,86 • Projeto de Incentivo e Capacitação para o Aproveitamento e Uso de Águas de Chuvas 90.000 32.142,86 • Incentivo e Capacitação para o Tratamento Simplificado de Águas Servidas. 90.000 32.142,86 • Capacitação para o Aproveitamento de Rejeitos de Dessalinizadores 100.000 35.714,29

Custo total do Programa 460.000 164.285,73

Page 57: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

30

Quadro 5. Programas e Projetos com Respectivos Custos Estimados de Elaboração e Implantação (Cont.) PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DA BACIA DO RIO SALITRE

5 - Programa de Revegetação e Recuperação das Nascentes e Trechos Críticos da Bacia do Rio Salitre Projetos: Custo (R$) Custo (US$ 2,80) • Recuperação das Nascentes do Rio Salitre e Afluentes 150.000 53.571,43 • Revegetação de Matas Ciliares em Trechos Crít icos da Bacia do Rio Salitre 300.000 107.142,85 • Recomposição de Áreas Degradadas por Efeitos de Erosão 50.000 17.857,14 Custo total do Programa 500.000 178.571,42

6 - Programa de Avaliação das Condições das Barragens Existentes na Bacia do Rio Salitre Projetos: Custo (R$) Custo (US$ 2,80) • Projeto de Avaliação das Condições Operacionais e de Manutenção das Barragens Existentes. • 128.000 • 47.715 • Projeto de Avaliação das Condições de Segurança das Barragens Existentes • 96.000 • 34.286 • Projeto de Avaliação do s Usos e Qualidade da Água das Barragens Existentes • 110.000 • 39.285,72 Custo total do Programa 334.000 73.519,47 * Com exceção do custo para educação ambiental

Page 58: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

31

5. PROGRAMAS E PROJETOS

Após análise do Quadro 5, discutiu-se junto a comunidade o nível de prioridade das atividades/projeto, seguindo a ordem de acordo com aqueles que estão sublinhados.

5.1 Programa de Disciplinamento do Uso das Águas Superficiais

Este programa tem como objetivo disciplinar o uso da água na Bacia do Rio Salitre através do enquadramento dos cursos d’água e o processo de outorga. Será desenvolvido por meio de dois projetos como mostra o Quadro 6.

Quadro 6. Programa de Disciplinamento do Uso das Águas Superficiais - Projetos e Respectivos Custos de Implantação

Projeto/ Atividade R$ US$

Projeto de Cadastramento de Usuários das Águas Superficiais para Processo de Outorga 52.000 18.571,43

Projeto de Enquadramento do Rio Salitre e Afluentes, segundo usos prioritários 110.000 39.285,72 Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento Hidroclimatológica 182.000 65.000,00 Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento da Qualidade da Água Superficial do Rio Salitre.

200.000

71.429,00

Projeto de Mapeamento do Uso do Solo da Bacia do Rio Salitre 30.000,00 10.175,00 Projeto de Quantificação das Disponibilidades das Águas Superficiais da Bacia do Rio Salitre 25.000,00 8.829,00

5.1.1 Projeto de Cadastramento de Usuários das Águas Superficiais para Processo de Outorga

Justificativa da Proposição

O cadastro de usuários da água fará parte de um sistema de informações vinculado ao processo de outorga, e tem como objetivo conhecer o perfil dos usuários da água na região, abrangendo diferentes usos: irrigação, indústria, mineração, serviços de água, esgoto e outros. As informações cadastrais levantadas deverão ser as mínimas necessárias para fins de execução de um balanço entre disponibilidade e demanda hídrica na Bacia.

Assim, o processo de cadastramento será feito em campo através de questionários que abranjam informações socioeconômicas, localização, demandas, tipos de sistemas utilizados para captação e distribuição se for o caso, método de irrigação utilizado, tipo de cultura, área cultivada, área das propriedades e outros. As informações obtidas pelos questionários deverão atender, entre outros aspectos, ao que se exige nos instrumentos legais vigentes sobre a questão dos recursos hídricos.

Esse cadastramento deverá complementar o Cadastramento dos Usuários de Água da Bacia do Rio Salitre – Município de Juazeiro, realizado pela UFBA em convênio com a CODEVASF, que se limitou apenas ao cadastramento dos irrigantes existentes no trecho compreendido entre as barragens galgáveis no território do município de Juazeiro, área de grande conflito pelo uso da água. O cadastramento foi realizado com o objetivo de solicitação de outorga, sendo um documento exigido pelo órgão gestor local.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

O cadastro deverá abranger toda área da Bacia e todos os usuários das águas superficiais e subterrâneas, dando mais ênfase às regiões com maiores conflitos. A população beneficiada será aquela usuária da água e o órgão gestor na região, que terá o controle de demanda e

Page 59: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

32

disponibilidade na Bacia, facilitando a tomada de decisão durante um processo de outorga.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

Os custos referentes ao cadastramento deve levar em consideração o pessoal necessário para o trabalho em campo, as diárias referentes às viagens, serviços de terceiros, material de consumo e permanente. Estando tais custos estimados na grandeza de R$ 52.000 ou US$ 18. 571,43.

5.1.2 Projeto de Enquadramento do Rio Salitre e Afluentes

Justificativa da Proposição

Os constantes conflitos pelo uso da água em toda Bacia levam à necessidade de um processo de priorização de seu uso em todo curso do rio. Um mecanismo que deverá priorizar esses usos será o enquadramento do rio Salitre, que priorizará a qualidade e o tipo de uso para cada trecho de acordo com as necessidades de cada região. A proposta de enquadramento deverá ter necessariamente a participação da comunidade usuária da água e da comunidade civil em geral, tendo em vista o desenvolvimento participativo deste projeto.

Atualmente, a Universidade Federal da Bahia vem desenvolvendo uma Proposta Metodológica de Enquadramento de Rio Intermitente na Região Semi-Árida, tendo como estudo de caso a Bacia do Rio Salitre.

População Beneficiária e Área de Abrangência

A área de abrangência refere-se a todos os cursos d’águas formadores da bacia do rio Salitre. Quanto à população beneficiada, será aquela usuária da água e o órgão gestor da região, que terá o controle da priorização do uso da água em cada trecho do rio.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

O custo estimado para a presente intervenção deve cobrir a aquisição de aparelhos GPS e medidores de nível, softwares e a elaboração do projeto, estando na ordem de R$ 110.000 ou US$ 39.285,72.

5.1.3 Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento Hidroclimatológica

Justificativa da Proposição

A Bacia do Rio Salitre apresenta uma grande deficiência de dados hidroclimatológicos. Esta característica ficou evidente durante a realização dos estudos hidrológicos para a bacia no

Page 60: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

33

âmbito deste projeto. Os estudos pluviométricos foram realizados com a utilização de pontos de monitoramento identificados nos dados secundários disponíveis e que possuíam registros de chuva na Bacia do Rio Salitre no período de 1985 a 1999. No decorrer destes estudos, a equipe de projeto encontrou dificuldades na complementação desses dados, pois não estavam disponíveis para toda bacia, somente para a região leste, em que foi possível complementar os dados até 1999. Essa situação é decorrente da limitação de dados pluviométricos nos órgãos responsáveis pelo monitoramento destes postos.

Em relação aos estudos de fluviometria, observou-se a existência de apenas duas estações com dados, no entanto, apresentando falhas e curtos períodos de observação, comprometendo o conhecimento da disponibilidade hídrica da bacia e a aplicação de metodologias normalmente utilizadas elaboração do balanço hídrico e identificação de pontos de conflitos do uso da água.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

A rede de monitoramento deverá abranger toda Bacia do Rio Salitre, devendo, os equipamentos, estarem distribuídos estrategicamente conforme os pontos de interesse de conhecimento e possibilidade de aplicação das metodologias hidrológicas existentes.

Os equipamentos necessários para o monitoramento proposto são:

- Estação climatológica completa com medidas de temperatura e umidade do ar, velocidade e direção do vento, radiação global, evaporação, precipitação, pressão barométrica, umidade de água no solo.

- Estação pluviométrica com sensores TDR (medidores de umidade do solo).

- Estação linigráfica.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

Os custos estimados para implantação completa da rede está na faixa de R$ 182.000,00 ou U$ 65.000.

5.1.4 Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento da Qualidade da Água Superficial do Rio Salitre.

Justificativa da Proposição

As informações obtidas em um sistema de monitoramento da qualidade das águas subsidiam o enquadramento dos corpos d’água que, na gestão dos recursos hídricos, serve como instrumento para outorga de direito de uso desses recursos, direcionando ações preventivas que diminuem os custos de combate à poluição das águas, assegurando a mesma qualidade compatível com o uso e permitindo a deliberação de outorga para os diversos usos sem haja prejuízo quanto a qualidade do manancial fornecedor e do corpo receptor das águas de retorno.

Page 61: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

34

Devido vulnerabilidade dos recursos em zonas semi-áridas, o monitoramento torna-se um instrumento para alcançar alguns dos objetivos da Lei nº 9.433, tais como: “assegurar a atual e as futuras gerações a necessidade disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”e “assegurar o controle qualitativo e quantitativo dos usos da água e o efetivo exercício quanto aos direitos de acesso a água”.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

A rede de monitoramento deverá abranger toda Bacia do Rio Salitre, devendo, os pontos, estarem distribuídos estrategicamente conforme os interesse de conhecimento da qualidade da água: a jusante de pontos de lançamento de fluentes industriais e domésticos; na confluência de rios, lago de barragens, pontos de medição de vazão e etc. Esses pontos devem ser locados também segundo os usos do solo na região como pontos a jusante de intensas atividades agrícolas.

É importante a realização de campanhas de qualidade da água na bacia antes da locação dos pontos de monitoramento. Essas campanhas indicarão os parâmetros a serem medidos em cada ponto e quais os agentes poluidores locados a montante do mesmo. Campanhas como essa foram realizadas pela Universidade Federal da Bahia, através da Escola Politécnica, Departamento de Hidráulica e Saneamento em convênio com o MMA. Atualmente está sendo realizado novas campanhas de qualidade da água através de convênio com o CNPQ, que além de ampliar os pontos de amostragem em relação aos pontos iniciais, darão subsídio para o enquadramento da Bacia do Rio Salitre e definição de uma rede de amostragem de qualidade da água para toda a Bacia, não sendo este último um objetivo do projeto.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

Os custos estimados para implantação completa da rede, prevendo campa nhas de amostragem, viagens a campo e profissionais, estima-se um valor de R$ 200.000,00 ou U$ 71.429,00.

5.1.5 Projeto de Mapeamento do Uso do Solo da Bacia.

A Bacia apresenta uma grande deficiência de informações de uso do solo. Esta característica ficou evidente durante a realização dos estudos hidrológicos para a Bacia no âmbito deste projeto, quando da definição dos parâmetros dos modelos hidrológicos. No decorrer destes estudos, a equipe de projeto encontrou dificuldades na complementação dessas informações, pois não haviam dados atualizados, tendo então que se trabalha r com dados de uso do solo desatualizados , comprometendo o conhecimento da disponibilidade hídrica da bacia e a aplicação de metodologias normalmente utilizadas para a elaboração do balanço hídrico e identificação de pontos de conflitos do uso da água.

O mapeamento do uso do solo configurará o atual estado de conservação da bacia, além de permitir uma definição mais confiável dos parâmetros que definem a estimativa dos parâmetros de escoamento superficial da bacia.

Page 62: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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População Beneficiária/ Área de Abrangência

O levantamento aerofotogramétrico e/ou de imagens de satélites, bem como sua interpretação, deverá abranger toda Bacia do Rio Salitre.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial ; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

Os custos estimados prevêm aquisição e interpretação das imagens, viagens a campo, horas de profissionais e relatórios finais. Estima -se, portanto, um valor de R$ 30.000,00 ou U$ 10.175,00.

5.1.4 Projeto de Quantificação das Disponibilidades das Águas Superficiais da Bacia

A Bacia apresenta uma grande deficiência de dados hidroclimatológicos. Esta característica ficou bastante evidente durante a realização dos estudos hidrológicos para este projeto.

A escassez de dados de descarga na Bacia, a qual tem apenas duas estações com dados, apresentando falhas e curtos períodos de observação, condicionou a utilização de modelos chuva x vazão para definição da disponibilidade hídrica superficial.

Os modelos matemáticos aplicados (Mole Cadier e SMAP) apresentam várias simplificações na representação dos processos físicos do ciclo hidrológico. Sendo recomendada a aplicação de um novo modelo, o que possibilitará a elaboração do balanço hídrico e identificação de pontos de conflitos do uso da água com resultados mais confiáveis para toda a Bacia em estudo.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

O estudo deverá abranger toda Bacia do Rio Salitre

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

Estima-se um valor de R$ 25.000,00 ou U$ 8.829,00 para o desenvolvimento de todo o estudo.

5.2 Programa de Gerenciamento das Águas Subterrâneas

As ações propostas neste programa permitirão um maior conhecimento sobre as águas subterrâneas da Bacia, quanto a sua disponibilidade, demanda, qualidade e usuários. Tais conhecimentos proporcionarão uma exploração sustentável desse recurso em conjunto com a exploração da água superficial, tendo em vista a escassez da mesma.

O programa será desenvolvido por meio de cinco projetos descritos no Quadro 7.

Page 63: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

36

Quadro 7. Programa de Gerenciamento das Águas Subterrâneas - Projetos e Respectivos Custos de Implantação

Projeto/ Atividade R$ US$ (2,80) Projeto de Mapeamento Hidrogeológico da Calha do Rio Salitre 100.000 35.714,29 Projeto de Atualização e Informatização do Banco de Dados de Poços dos Municípios da Bacia

110.000

39.285,72

Projeto de Quantificação de Demandas e Disponibilidade das Águas Subterrâneas da Bacia

88.000

31.428,57

Projeto de Recuperação e Manutenção de Poços da Bacia 105.000 37.500,00 Projeto de Zoneamento Hidroquímico da Qualidade das Águas Subterrâneas da Bacia

121.000 43.214,29

5.2.1 Mapeamento Hidrogeológico da Calha do Rio Salitre

Justificativa da Proposição

O Projeto diz respeito ao Mapeamento Hidrogeológico das feições cársticas, ou seja, feições características de rochas calcárias existentes na calha do rio Salitre. O mapeamento hidrogeológico em regiões cársticas consiste em localizar, através de fotografias aéreas e/ ou imagens de satélite e checagem de campo, as dolinas e sumidouros existentes na superfície, com o objetivo de dimensionar extensão, volume de cavernas e condutos nas rochas calcárias envolvidas no armazenamento e circulação das águas subterrâneas.

O resultado final, Mapa Hidrogeológico da Calha do Rio Salitre, servirá como base para os estudos integrados da hidrologia de superfície e hidrogeologia do rio, que corre subterraneamente em vários trechos ao longo da sua extensão, com vistas ao gerenciamento de conflitos, já existentes, entre demandas e disponibilidades de água a montante e a jusante dos principais barramentos.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

Quanto às áreas de abrangência, para fins de benefícios proporcionados por essas intervenções, o Projeto, realizado no âmbito da Bacia, recobre uma área de 668,48 km² correspondente a uma faixa de 1 km, para cada lado, ao longo de toda a extensão da calha principal do rio. Vai beneficiar diretamente as populações ribeirinhas, ajudando a dirimir conflitos de água e, indiretamente, as populações residentes nas porçõ es dos municípios interiores à Bacia.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo. Estimativa de Custos

Quanto aos custos, devem-se levar em conta os seguintes parâmetros básicos: • a extensão linear do rio Salitre é de 333,24 km; • as faixas marginais de pesquisa, ou seja, em ambos os lados, podem ser adotadas como de

1 km de largura cada.

Assim, a área onde serão realizados os trabalhos corresponde a 668,48 km², ao longo das duas margens do rio Salitre. Admitindo-se mais 20% relativos às nascentes e afluentes. Esse valor de superfície passa a 802,17 km².

Para a execução do recobrimento dessa área de estudo, admitindo-se uma escala de 1:500.000, serão necessários dois conjuntos de 6 imagens. Um retratando o período seco e outro, o

Page 64: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

37

período úmido, perfazendo um total de 12 Imagens de Satélite. Para o processamento e interpretação das Imagens serão necessários computadores com processadores e memórias compatíveis e softwares do tipo Envi. Também serão necessárias viagens ao campo para a checagem de dados e feições interpretadas.

Desse modo, os custos estimados para a presente intervenção é da ordem de R$ 100.000,00 ou US$ 35.714,29.

5.2.2 Atualização e Informatização do Banco de Dados de Poços dos Municípios da Bacia do Rio Salitre.

Justificativa da Proposição

O Projeto visa informatizar o Banco de Dados de Poços da Bacia, atualizando os dados existentes e acrescentando novos dados, à medida que novos poços são perfurados. Sabe -se que os registros de informações dos poços atualmente existentes no Estado da Bahia estão dispersos em diversos órgãos tais como: Companhia de Engenharia Rural da Bahia (CERB), Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (EMBASA) e diversas empresas particulares de perfuração.

O objetivo desse Projeto, além do já citado anteriormente é, de posse de todos os dados, separá-los por município/ localidade onde se encontram e alocar cada conjunto de dados ao seu município correspondente. Em seguida, cada município receberá o seu Banco de Dados de Poços, acompanhado de um Programa (software) simples que permitirá a um técnico da prefeitura gerenciar os dados de cada poço e acompanhar o seu funcionamento. Também pretende-se fornecer às Prefeituras envolvidas , um treinamento que se faz necessário para que os seus técnicos gerenciem seus Bancos de Dados de Poços Tubulares.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

O intuito é cadastrar todos os poços existentes dentro da área da Bacia. A população beneficiária será aquela usuária dos poços tubulares e órgãos responsáveis pela sua gestão. A área a ser abrangida pelo projeto é toda a Bacia do Rio Salitre.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

Para a execução do projeto serão necessários: • aquisição de equipamentos como GPS e medidores de nível; • aquisição de computadores e softwares; • viagens de campo para reconhecimento e cadastramento dos poços existentes; • revisão dos cadastros de poços já existentes nos órgãos gestores de recursos hídricos; • desenvolvimento de Banco de Dados para armazenamento dos dados.

Quanto aos custos, deve-se levar em conta os seguintes parâmetros básicos: • a área da Bacia do Rio Salitre: 13.467,93 km²; • a existência de cerca de 300 poços na Bacia.

Desse modo, os custos estimados para a presente intervenção esta na ordem de R$ 110.000 ou US$ 39.285,72.

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5.2.3 Quantificação de Demandas e Disponibilidade das Águas Subterrâneas da Bacia.

Justificativa da Proposição

A grande maioria das localidades e algumas sedes dos municípios da Bacia são abastecidas por águas subterrâneas através de poços tubulares. O principal objetivo deste Projeto é quantificar tal demanda para que se possa mensurar as disponibilidades a serem outorgadas aos usuários, de forma a preservar a sustentabilidade dos reservatórios aqüíferos. Para tanto, será necessário o estabelecimento de uma rede de monitoramento dos poços tubulares da Bacia, onde se deverá medir a variação dos níveis está ticos de poços nos períodos seco e úmido. De posse dessa variação, se poderá calcular o volume de recarga do aqüífero ou a sua reserva reguladora.

População Beneficiária e Área de Abrangência

A área abrangida será toda a Bacia do Rio Salitre e a população beneficiada será aquela usuária dos poços tubulares e os órgãos responsáveis pela sua gestão.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial média; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

Para a execução do projeto serão necessários: • aquisição de equipamentos como GPS e medidores de nível; • aquisição de computadores e softwares; • viagens de campo para reconhecimento e cadastramento dos poços existentes; • revisão dos cadastros de poços já existentes nos órgãos gestores de recursos hídricos; • desenvolvimento de Banco de Dados para armazenamento dos dados.

Quanto aos custos, devem-se levar em conta os seguintes parâmetros básicos: • a área da Bacia do Rio Salitre: 13.467,93 km²; • a existência de cerca de 300 poços na Bacia.

Desse modo, os custos estimados para a presente intervenção são da ordem de R$ 88.000 ou US$ 31.428,57.

5.2.4 Recuperação e Manutenção de Poços da Bacia

Justificativa da Proposição

O principal objetivo desse Projeto é atender a uma das reivindicações mais freqüentes da população usuária de águas subterrâneas na Bacia: a recuperação e funcionamento dos poços parados. A incidência de poços paralisados em toda a região semi-árida do Estado da Bahia é muito grande e se deve aos mais variados fatores, desde a simples entrada de ar nas tubulações de bombeio, até o desmoronamento das paredes dos poços. Tendo em vista tão antiga problemática, em que os órgãos competentes do poder público não conseguem, por insuficiência de recursos e/ ou pessoal especializado, atender às urgências de todos os poços paralisados.

Este Projeto pretende, após um cadastro de identificação de poços paralisados e abandonados, estudar caso a caso e propor o encaminhamento da solução dos problemas mais freqüentes

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39

(através de Prefeituras e/ ou órgãos instituídos como o Comitê da Bacia) a serem resolvidos de forma piloto com recursos do próprio projeto. Propõe-se a duração do Projeto para 6 meses com recursos limitados a cada tipo de avaria mais freqüente encontrada em poços tubulares perfurados nos diversos aqüíferos da bacia do rio Salitre.

Com tal metodologia e procedimento, o Projeto pretende ainda, fornecer subsídios, transferir conhecimento e base técnica aos organismos de gerenciamento de recursos hídricos instituídos na Bacia, para no futuro, reivindicar de órgãos públicos ou contratar empresas particulares para resolver problemas relacionados à paralisação e abandono de poços tubulares.

População Beneficiária e Área de Abrangência

A população beneficiária será aquela usuária dos poços tubulares e órgãos responsáveis pela sua gestão. A área a ser abrangida pelo projeto é toda a Bacia.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

Quanto aos custos, devem-se levar em conta os seguintes parâmetros básicos:

• a área da Bacia do Rio Salitre: 13.467,93 km²; • a existência de cerca de 300 poços na Bacia.

Desse modo, os custos estimados para a presente intervenção são da ordem de R$ 105.000 ou US$ 37.500.

5.2.5 Zoneamento Hidroquímico da Qualidade das Águas Subterrâneas da Bacia

Justificativa da Proposição

A qualidade das águas subterrâneas na Bacia do Rio Salitre está fortemente condicionada ao tipo de rocha-reservató rio que ela contém. As rochas-reservatório estão representadas na região por três litologias básicas: calcários, metassedimentos e rochas cristalinas. Em cerca de 80% da Bacia afloram rochas metassedimentares e calcárias e, nos restantes, rochas cristalinas. Nos reservatórios calcários, as águas possuem dureza alta que afeta fortemente a potabilidade e as rochas metassedimentares, apesar de possuírem águas de melhor qualidade, não apresentam boas vazões. Finalmente, as rochas cristalinas, além de possuírem águas de salinidade bastante elevada apresentam baixas vazões que afetam, mais negativamente, o aproveitamento dessas águas.

Tendo em vista tais características das águas subterrâneas da Bacia, o presente projeto, visa estabelecer zonas hidroquímicas a partir do mapeamento hidrogeológico dos aqüíferos e da qualidade de suas águas, para fornecer subsídios ao planejamento da implantação de poços, tendo em vista a qualidade dessas águas para os diversos usos, tais como: consumo humano, dessedentação animal e irrigação. Subsidiariamente visa-se, também, a implantação de técnicas alternativas de exploração de poços de baixa vazão e altos teores de sais dissolvidos, tais como: bombeamento com energia solar e/ ou eólica e tratamento de águas subterrâneas salinizadas através de dessalinizadores.

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População Beneficiária e Área de Abrangência

A população beneficiária será aquela usuária dos poços tubulares e órgãos responsáveis pela sua gestão. A área a ser abrangida pelo projeto é toda a Bacia.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos Para o desenvolvimento deste projeto, será necessária:

• coleta e análises químicas de águas de poços; • aquisição de computadores e softwares; • elaboração e execução de projeto.

Quanto aos custos deve -se levar em conta os seguintes parâmetros básicos: • a área da Bacia do Rio Salitre: 13.467,93 km²; • a existência de cerca de 300 poços na Bacia.

Desse modo, os custos estimados para a presente intervenção são da ordem de R$ 121.000 ou US$ 43.214,29.

5.3 Programa de Saneamento Básico e Saúde Pública

Este programa visa promover a despoluição da Bacia do Rio Salitre e ampliação da oferta de água, melhorando as condições de saneamento e saúde pública, além da qualidade das águas superficiais e subterrâneas na região. O programa será composto por seis projetos elencados no Quadro 8.

Quadro 8. Programa de Saneamento Básico e Saúde Pública - Projetos e Respectivos Custos de Implantação

Projeto/ Atividade R$ US$ (2,80) Projetos Executivos de Ampliação e Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água na Bacia do Rio Salitre

5.339.067,50 1.906.809,79

Projeto de Construção de Cisternas para Acumulação de Águas de Chuvas 5.026.560 1.795.200 Projeto Executivo de Sistemas de Coleta, Tratamento e Destinação de Esgotos Domésticos para a Bacia do Rio Salitre

24.595.932 8.784.261,42

Projeto Executivo de Construção de Fossas Sépticas 4.433.660 1.583.450 Projeto de Implantação de Lavanderias Públicas (unidade) 35.000 12.500 Projeto de Plano Diretor de Limpeza Urbana 15.390.580 5.496.635,70 Fonte:

5.3.1 Projetos Executivos de Ampliação e Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água na Bacia do Rio Salitre

Justificativa da Proposição

Segundo dados do Censo Demográfico de 2000, 68,8% dos domicílios da Bacia têm acesso aos serviços de abastecimento de água através da rede de distribuição. Os demais recorrem a poço, carro pipa, açudes ou nascente como forma de abastecimento. A taxa de domicílios que se abastecem na rede aproxima-se do percentual registrado para o conjunto do Estado, sendo Juazeiro o município que apresenta o maior percentual de abastecidos. Umburanas é o município que apresenta o menor percentual de domicílios ligados à rede e o que apresenta o maior percentual dos que recorrem a “outro” tipo de alternativa de abastecimento.

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Por meio de informações coletadas em campo, observou-se que, em geral, no município de Várzea Nova, o nível de atendimento por rede de distribuição e tratamento é de 67%; em Mirangaba de 70%; Jacobina 96%; Miguel Calmon 90% com tratamento e 10% sem tratamento; Juazeiro 96%; Ourolândia 95%; Morro do Chapéu 90% e Umburanas 50%. Estes números revelam a baixa taxa de atendimento da população com redes de distribuição, principalmente nos municípios de Mirangaba, Umburanas e Várzea Nova.

Quanto à zona rural, um dos problemas de abastecimento da água se constitui na gestão centralizada dos serviços, uma vez que o poder público municipal, na maioria das vezes, não presta o devido atendimento aos sistemas de abastecimento implantados, causando sua deplexão e, às vezes, desativação do sistema. Ainda a exemplo da zona rural, observa -se que alguns sistemas implantados oferecem água de qualidade duvidosa e com grau de salinidade elevada.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

A atividade está relacionada com a elaboração de projeto executivo de ampliação de sistemas de abastecimento de água e sua implantação nas sedes dos municípios da Bacia, além da zona rural das comunidades pertencentes à Bacia e que apresentem viabilidade técnica e financeira para implantação de redes de abastecimento de água, tendo em vista que algumas comunidades poderão ser contempladas por cisternas rurais em função do número de casas e sua dispersão.

Este projeto visa minimizar os problemas que persistem no tocante às demandas e os relacionados com a saúde pública, devido à má qualidade da água utilizada por parte da população. Na zona urbana, a população beneficiada será aquela que não é contemplada atualmente pelos sistemas, sendo 30% em Mirangaba, 50% em Umburanas e 33% em Várzea Nova. Quanto à zona rural, estima-se que 60% da população deverá ser contemplada com redes de água e 40% com cisternas rurais, objeto de estudo da próxima Atividade/ Projeto.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos O projeto deverá incorporar: • estudo populacional, demanda de água, qualidade e revisão do cadastro existente; • levantamentos e cadastros topográficos das localidades, redes de esgotos e equipamentos; • dimensionamento de equipamentos e obras de artes; • especificações e orçamentação de serviços básicos (limpeza do terreno, topografia e

escavações mecânicas e manuais); • especificações e orçamentação de materiais.

Vale ressaltar que na fase de elaboração dos referidos projetos, serão realizadas campanhas de reconhecimento de campo, levantamentos topográficos e produção de materiais cartográficos, estudos de mananciais, pesquisas domiciliares, trabalhos de escritório, consultorias e edição dos projetos finais executivos de engenharia.

Com relação aos custos previstos, estima-se um fator econômico per capita de R$ 75,00 ou US$26,79 relativos a inversões necessárias para a implantação dos projetos, de acordo com os Quadros 9 e 10 para população urbana e rural, e o Quadro 11 com a estimativa total para toda a Bacia.

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Quadro 9. Estimativa de Custo para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de

Sistema de Abastecimento de Água na Zona Urbana

Quadro 10. Estimativa de Custo para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de Sistema de Abastecimento de Água na Zona Rural

Quadro 11. Estimativa de Custo Total para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de Esgotamento Sanitário em Toda Bacia

5.3.2. Projeto de Construção de Cisternas para Acumulação de Águas de Chuvas

Justificativa da Proposição

Grande parte da Bacia apresenta carência de água para o abastecimento humano, verificando, como prática comum na região, a captação em poços tubulares que não atendem à demanda, como também em açudes que não apresentam condições mínimas para o uso humano, devido ao alto índice de contaminação, o que gera impactos à saúde da população local. Além disso, algumas comunidades encontram-se distantes de mananciais superficiais ou possuem poços com teores de sais elevados, podendo apresentar também inviabilidade econômica à implantação de sistemas de água convencional ou simplificado devido à dispersão das casas.

Custo para Implantação do Projeto

Custo para Elaboração do Projeto Município

População Urbana

(30%) R$ US$ (2,80) R$ US$ (2,80) Mirangaba 1.412 105.900 37.821,43 31.770 11.346,43 Umburanas 3.093 231.975 82.848,21 69.592,50 24.854,46

Várzea Nova 2.866 214.950 76.767,86 64.485 23.030,36

Total Bacia 7.371 552.825 197.437,50 165.847,50 59.231,25

TOTAL (R$) 718.672,50

TOTAL (US$) 256.668,75

Custo para Implantação do Projeto

Custo para Elaboração do Projeto Município

População Rural na

Bacia (60%) R$ US$ (2,80) R$ US$ (2,80) Campo Formoso 18.271 1.370.325 489.401,79 411.097,50 146.820,54 Jacobina 6.229 467.175 166.848,21 140.152,50 50.054,46

Juazeiro 3.471 260.325 92.973,21 78.097,50 27.891,96 Miguel Calmon 654 49.050 17.517,86 14.715 5.255,36 Mirangaba 4.183 312.725 111.687,50 93.817,50 33.506,25 Morro do Chapéu 1.641 123.075 43.955,36 36.922,50 13.186,61 Ourolândia 6.113 458.475 163.741,07 137.542,50 49.122,32 Umburanas 3.559 266.925 95.330,36 80.077,50 28.599,11 Várzea Nova 3.281 246.075 87.883,93 73.822,50 26.365,18 Total Bacia 47.402 3.554.150 1.269.339,29 1.066.245,00 380.801,79 TOTAL (R$) 4.620.395,00 TOTAL (US$) 1.650.140,00

Custo para Implantação do Projeto

Custo para Elaboração do Projeto Zona de Abrangência

População

R$ US$ (2,80) R$ US$ (2,80) Urbana 7.371 552.825,00 197.437,50 165.847,50 59.231,25 Rural 47.402 3.554.150,00 1.269.339,29 1.066.245,00 380.801,79

Toda Bacia 54.773 4.106.975,00 1.466.776,79 1.232.092,50 440.033,04 TOTAL (R$) 5.339.067,50

TOTAL (US$) 1.906.809,79

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Nessas comunidades, a implantação de cisternas rurais para acumulação de água de chuva seria uma alternativa simples que minimizaria o problema de escassez hídrica.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

A elaboração de projetos executivos de cisternas atenderia às comunidades rurais existentes na Bacia e que não apresentasse viabilidade econômica à implantação de rede de água. Estima-se que a intervenção abrangerá cerca de 40% da população rural, levando-se em conta a necessidade da melhoria do fornecimento e qualidade da água para os seus habitantes. A população a ser atendida é de 33.596 habitantes em 6.719 casas, considerando uma média de 5 pessoas por unidade domiciliar.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencia l e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo

Estimativa de Custos Os projetos executivos deverão incorporar: • estudo de precipitação pluviométrica média na região; • levantamentos e cadastros das localidades e residências existentes; • estudo de população por residência e demanda de água; • dimensionamento das cisternas; • especificações e orçamento de serviços básicos (limpeza do terreno, escavações mecânicas

e manuais); • especificações e orçamento de materiais.

Vale ressaltar que na fase de elaboração dos referidos projetos cisternas, serão realizadas campanhas de reconhecimento de campo, estudos hidrológicos simplificados, pesquisas domiciliares, trabalhos de escritório, consultorias e edição dos projetos finais executivos de engenharia.

Quanto aos custos previstos consideraram-se 5 pessoas por domicílio e um custo de implantação de R$ 680,00 ou US$ 242,86 por uma cisterna familiar de 15m3, como mostra o Quadro 12.

Quadro 12 – Estimativa de Custo para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de Cisternas Rurais

Custo para Implantação do Projeto

Custo para Elaboração do Projeto Município

População Rural na Bacia

(40%)

Número de Residências

R$ US$ (2,80) R$ US$ (2,80) Campo Formoso 6.240 1.248 848.640 303.085,71 84.864 30.308,57 Jacobina 8.864 1.773 1.205.640 430.585,71 120.564 43.058,57 Juazeiro 7.440 1.488 1.011.840 361.371,43 101.184 36.137,14 Miguel Calmon 478 96 65.280 23.314,29 6.528 2.331,43 Mirangaba 1.374 275 187.000 66.785,71 18.700 6.678,57 Morro do Chapéu 1.472 294 199.920 71.400 19.992 7.140 Ourolândia 1.783 357 242.760 86.700 24.276 8.670 Umburanas 2.473 495 336.600 120.214,29 33.660 12.021,43 Várzea Nova 3.472 694 471.920 168.542,86 47.192 16.854,29 Total Bacia 33.596 6.719 4.569.600 1.632.000 456.960 163.200 TOTAL (R$) 5.026.560 TOTAL (US$) 1.795.200

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5.3.3 Projeto Executivo de Sistemas de Coleta, Tratamento e Destinação de Esgotos Domésticos para a Bacia

Justificativa da Proposição

No que se refere ao setor de saneamento básico, os serviços de esgotamento sanitário dos municípios que integram a Bacia seguem as mesmas linhas da maioria dos municípios do semi-árido, adotando os sistemas mais comuns como a implantação de fossas e lançamento dos esgotos nas redes de águas pluviais. Em nenhuma das sedes municipais o esgoto é coletado por redes de esgotamento sanitário e não recebe tratamento, contribuindo para a degradação ambiental da região e, mais especificamente, dos recursos hídricos, sejam superficial ou subterrâneo. Isso reduz a qualidade das águas utilizadas para consumo pela população local e aumenta a sua restrição de uso.

A situação agrava-se, ainda mais, quando a análise é direcionada à zona rural. Nas comunidades os sistemas mais comuns é o confinamento dos esgotos em fossas negras, ou seja, fossas desenvolvidas sem estudos técnicos adequados e que contribuem para a poluição do lençol subterrâneo.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

A atividade consta da elaboração de projeto executivo de sistema de coleta e tratamento de esgotos domésticos, e sua implantação nas sedes municipais de Miguel Calmon, Várzea Nova, Umburanas, Mirangaba, Morro do Chapéu e Ourolândia, e revisão dos projetos executivos já elaborados para os municípios de Jacobina, Juazeiro e Campo Formoso, além das comunidades rurais que apresentem viabilidade econômica para a implantação desses sistemas. A intervenção leva em conta a necessidade de melhoria das suas condições de saneamento básico e saúde pública, face aos problemas que persistem nesse particular.

Levando em consideração a total falta de abrangência de tal sistema nas sedes municipais a serem contempladas, estima-se que toda população urbana deverá ser contemplada com o sistema de esgotamento sanitário, enquanto que, na zona rural, estima-se que 60% da população serão contempladas com sistemas de coleta, tratamento e disposição dos esgotos, tendo em vista que o restante será atendido por meio de fossas sépticas, uma vez sendo inviável a implantação de sistemas convencionais em função da dispersão das casas e porte da comunidade.

OBS: segundo informações obtidas pelos representantes de cada município mediante aplicação de questionário, Campo Formoso, Mirangaba, Morro do Chapéu e Ourolândia estão sendo contemplados atualmente pelo Programa Alvorada, em que serão repassados recursos para elaboração de sistemas de esgotamento sanitário.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo. Estimativa de Custos Os projetos executivos a serem elaborados deverão considerar os seguintes aspectos: • estudos populacionais, contribuição de esgoto, revisão do cadastro existente; • levantamentos e cadastros topográficos das localidades, redes de esgotos e equipamentos

se existentes; • dimensionamento de equipamentos e obras de artes;

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• especificações e orçamento de serviços básicos (limpeza do terreno, topografia e escavações mecânicas e manuais);

• especificações e orçamento de materiais; • estudos dos corpos receptores.

Vale ressaltar que na fase de elaboração dos referidos projetos serão realizados campanhas de reconhecimento de campo, levantamentos topográficos e produção de materiais cartográficos, estudos de mananciais, pesquisas domiciliares, trabalhos de escritório, consultorias e edição dos projetos finais executivos de engenharia.

Com relação aos custos previstos, estima-se um fator econômico per capita de R$ 60,00 ou US$ 21,43 relativos a inversões necessárias para a implantação dos projetos, de acordo com os Quadros 13 e 14 para população urbana e rural, e o Quadro 15 com a estimativa total para toda a Bacia.

Quadro 13. Estimativa de Custo para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de Esgotamento Sanitário na Zona Urbana

Quadro 14. Estimativa de Custo para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo

de Esgotamento Sanitário na Zona Rural

Custo para Implantação do Projeto

Custo para Elaboração/ Revisão do Projeto Município

População

Urbana R$ US$ (2,80) R$ US$ (2,80)

Campo Formoso 21 003 1.260.180 450.064,29 - -

Jacobina 76 492 4.589.520 1.639.114,29 - - Juazeiro 174 567 10.474.020 3.740.721,43 - -

Miguel Calmon 14 819 889.140 317.550 266.742 95.265 Mirangaba 4 713 282.780 100.992,86 84.834 30.297,86 Morro do Chapéu 19 793 1.187.580 424.135,71 356.274 127.240,71 Ourolândia 4 458 267.480 95.528,57 80.244 28.658,57 Umburanas 6 186 371.160 132.557,14 111.348 39.767,14 Várzea Nova 8 683 520.980 186.064,29 156.294 55.819,29

Total Bacia 79.655 19.842.840 7.086.728,58 1.055.736 377.048,57 TOTAL (R$) 20.898.576

TOTAL (US$) 7.463.777,15

Custo para Implantação do Projeto

Custo para Elaboração do Projeto Município

População Rural na Bacia

(60%) R$ US$ (2,80) R$ US$ (2,80)

Campo Formoso 18.271 1.096.260 391.521,43 328.878 117.456,43 Jacobina 6.229 373.740 133.478,57 112.122 40.043,57 Juazeiro 3.471 208.260 74.378,57 62.478 22.313,57 Miguel Calmon 654 39.240 14.014,29 11.772 4.204,29 Mirangaba 4.183 250.980 89.635,71 75.294 26.890,71 Morro do Chapéu 1.641 98.460 35.164,29 29.538 10.549,29 Ourolândia 6.113 366.780 130.992,86 110.034 39.297,86 Umburanas 3.559 213.540 76.264,29 64.062 22.879,29 Várzea Nova 3.281 196.860 70.307,14 59.058 21.092,14

Total Bacia 47.402 2.844.120 1.015.757,14 853.236 304.727,14

TOTAL (R$) 3.697.356

TOTAL (US $) 1.320.484,29

Page 73: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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Quadro 15. Estimativa de Custo Total para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de Esgotamento Sanitário em Toda Bacia

Custo para Implantação do Projeto

Custo para Elaboração do Projeto Zona de Abrangência

População

R$ US$ (2,80) R$ US$ (2,80)

Urbana 79.655 19.842.840 7.086.728,57 1.055.736 377.048,57 Rural 47.402 2.844.120 1.015.757,14 853.236 304.727,14

Toda Bacia 127.057 22.686.960 8.102.485,71 1.908.972 681.775,71

TOTAL (R$) 24.595.932 TOTAL (US$) 8.784.261,42

5.3.4 Projeto de Plano Diretor de Limpeza Urbana

Justificativa da Proposição

Em todos os municípios que pertencem à Bacia a coleta de lixo é irregular e o lançamento final ocorre geralmente em lixões. Dados do Censo Demográfico de 2000 indicam que apenas 55% dos domicílios têm coleta regular de lixo, sendo o restante queimado ou enterrado na propriedade, jogado em terreno baldio ou em rio. O lixo exposto termina por trazer perigo à saúde da população, sendo carreado para os cursos d’água mais próximos ou ficando exposto ao longo de estradas. São depositados em lixões a céu aberto, não havendo controle na disseminação desses resíduos na área da Bacia , sendo esse um quadro comum nos nove municípios integrantes da Bacia.

O descontrole no processo de cole ta e tratamento final dos resíduos gerados acarreta sérios problemas de saúde pública e ambiental. O acondicionamento final desses resíduos em lixões descontrolados implica na poluição das águas subterrâneas pela percolação do chorume, líquido gerado pela decomposição do lixo, e das águas superficiais, quando este é depositado próximo aos cursos d’água.

A elaboração de um Plano Diretor de Limpeza Pública permitirá o dimensionamento dos serviços de limpeza local em função de suas demandas, e aumento da eficiência na prestação desse serviço. Os estudos deverão abranger os serviços de coleta, varrição, acondicionamento, reciclagem e destino final do lixo.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

Deverá ser desenvolvido um Plano Diretor de Limpeza Urbana para cada município em particular, totalizando 9 Planos Diretores. Deverão ser previstas soluções para o problema na zona urbana, indicando as soluções mais viáveis para cada caso, e para a zona rural. Sendo que para o segundo caso, só deverá ser desenvolvido um sistema de limpeza urbana para as comunidades que foram viáveis a sua implantação, devendo haver um estudo específico da sua viabilidade.

Estimativa de Custos

Para o desenvolvimento do projeto serão necessários: • viagens de campo e obtenção de dados primários; • estudo de geração de lixo por localidade estudada;

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• dimensionamento do sistema de limpeza, coleta e transporte; • estudo e projeto de aterro sanitário; • implantação do sistema projetado.

Estima-se um valor para o desenvolvimento do Plano Diretor na ordem de R$ 5 ou US$ 1,79 per capita e a elaboração e implantação de um aterro sanitário na ordem de R$1.500.000 ou US$ 535.714,28, dessa forma, os custos necessários para a implementação da ação estão de acordo com o Quadro 16. Quadro 16. Estimativa de Custo para Elaboração de Plano Diretor e Implantação de

Aterro Sanitário

5.3.5 Atividade/ Projeto: Projeto Executivo de Construção de Fossas Sépticas

Justificativa da Proposição

Consiste na elaboração de projetos executivos de fossas sépticas para zona rural abrangida pela Bacia, objetivando o confinamento dos esgotos domésticos e sua infiltração no solo em localidades que não apresentam viabilidade econômica na implantação de sistemas convencionais pela dispersão das moradias.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

Estima-se que a intervenção abrangerá cerca de 40% da população rural, levando-se em conta a necessidade da melhoria do saneamento para os seus habitantes. A população a ser atendida é de 33.596 habitantes em 6.719 casas, considerando uma média de 5 pessoas por unidade domiciliar.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

Os projetos executivos deverão incorporar: • levantamentos e cadastro das localidades e residências;

Custo para Implantação de Plano Diretor de Limpeza Urbana

Custo para Elaboração do Projeto e Implantação do Aterro Sanitário Município

População Rural na Bacia (60%) +

População Urbana R$ US$ (2,80) R$ US$ (2,80)

Campo Formoso 39.274 196.370 70.132,14 1.500.000 535.714,28 Jacobina 82.721 413.605 147.716,07 1.500.000 535.714,28

Juazeiro 178.038 890.190 317.925 1.500.000 535.714,28

Miguel Calmon 15.473 77.365 27.630,36 1.500.000 535.714,28

Mirangaba 8.896 44.480 15.885,71 1.500.000 535.714,28 Morro do Chapéu 21.434 107.170 38.275 1.500.000 535.714,28

Ourolândia 10.571 52.855 18.876,79 1.500.000 535.714,28

Umburanas 9.745 48.725 17.401,79 1.500.000 535.714,28

Várzea Nova 11.964 59.820 21.364,29 1.500.000 535.714,28

Total Bacia 47.402 1.890.580 675.207,14 13.500,000 4.821.428,50

TOTAL (R$) 15.390.580

TOTAL (US$) 5.496.635,70

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• estudo de população por residência e contribuição de esgoto; • estudo do tipo de solo nas comunidades; • dimensionamento das fossas com valas de infiltração ou sumidouro; • especificações e orçamento de serviços básicos (limpeza do terreno, escavações mecânicas

e manuais); • especificações e orçamento de materiais.

Vale ressaltar que na fase de elaboração dos referidos projetos de cisternas, serão realizadas campanhas de reconhecimento de campo, estudos hidrológicos simplificados, pesquisas domiciliares, trabalhos de escritório, consultorias e edição dos projetos finais executivos de engenharia.

Quanto aos custos previstos consideraram-se 5 pessoas por domicílio e um custo de implantação de R$ 600 ou US$ 215 por uma fossa, como o mostrado no Quadro 17.

Quadro 17. Estimativa de Custo para Elaboração e Implantação do Projeto Executivo de Fossas Sépticas

5.3.6 Projeto de Implantação de Lavanderias Públicas

Justificativa da Proposição

Uma prática muito comum e que vem causando alteração da qualidade da água é a lavagem de roupas à beira dos rios e lagos das barragens da Bacia do Rio Salitre. Tal costume constitui uma forma de sociabilidade, fruto da convivência e companheirismo entre as lavadeiras. O espaço na beira do rio não é apenas um lugar de trabalho, mas também um local de encontros e trocas sociais. Mas, esse quadro, também é conseqüência da deficiência dos sistemas de abastecimento de água não oferecidos ou oferecidos precariamente às comunidades.

No entanto, tal prática introduz elementos químicos na água que, em proporções bem menores, contribui para a poluição dos recursos hídricos superficiais da Bacia. A implantação de lavanderias públicas permitiria o deslocamento das lavadeiras para esta unidade , reduzindo o problema da poluição hídrica, e manteria o processo de convivência social existente até então entre elas.

Custo para Implantação do Projeto

Custo para Elaboração do Projeto Município

População Rural na Bacia (40%)

Número de Residências

R$ US$ (2,80) R$ US$ (2,80)

Campo Formoso 6.240 1.248 748.800 267.428,57 74.880 26.742,86 Jacobina 8.864 1.773 1.063.800 379.928,57 106.380 37.992,86 Juazeiro 7.440 1.488 892.800 318.857,14 89.280 31.885,71 Miguel Calmon 478 96 57.600 20.571,43 5.760 2.057,14 Mirangaba 1.374 275 165.000 58.928,57 16.500 5.892,86 Morro do Chapéu 1.472 294 176.400 63.000,00 17.640 6.300 Ourolândia 1.783 357 214.200 76.500,00 21.420 7.650 Umburanas 2.473 495 297.000 106.071,43 29.700 10.607,14 Várzea Nova 3.472 694 416.400 148.714,29 41.640 14.871,43

Total Bacia 33.596 6.719 4.030.600 1.439.500,00 403.060 143.950

TOTAL R$ 4.433.660 TOTAL US$ 1.583.450

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População Beneficiária/ Área de Abrangência

A população abrangida diretamente pelo projeto seria todas as pessoas atuantes no processo de lavagem de roupa, mas, principalmente, aquelas que têm nesse ato um meio de sustento próprio e, indiretamente, todos os usuários da água. Tal problema foi bastante citado pelos moradores de Umburanas, Ourolândia, Mirangaba e Juazeiro, devendo ser nestes municípios as primeiras ações do setor.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

Os projetos executivos abrangendo as campanhas enfocarão os seguintes aspectos fundamentais: • estudo de população a ser atendida e demandas solicitadas; • dimensionamento das unidades a serem atendidas; • especificações e orçamento de serviços de engenharia; • especificações e orçamento de materiais a serem empregados nas campanhas; • implantação.

A elaboração e implantação do projeto de uma lavanderia pública estão estimadas em R$35.000 ou US$ 12.500.

5.4 Programa de Capacitação Sanitária e Ambiental

As intervenções nesta área visam conscientizar a população no que ta nge a relação recursos hídricos x meio ambiente x usuário, com cursos e seminários de conscientização. Aliados ao processo estarão os cursos de capacitação, cuja função é levar ao conhecimento da população técnicas e processos que poderão ser implantados por elas sem agredir o meio ambiente, além da sua viabilidade econômica e social. Será implementado por seis projetos como mostra o Quadro 18 a seguir.

Quadro 18. Programa de Capacitação Sanitária e Ambiental - Projetos e Respectivos Custos de Implantação

Projeto/ Atividade R$ US$ (2,80) Projeto de Educação Sanitária e Ambiental Vb* Vb* Projeto de Incentivo e Capacitação para Uso de Técnicas que Otimizem o Uso dos Recursos Hídricos na Irrigação

90.000

32.142,86

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Manejo Adequado do Solo e Agrotóxicos. 90.000 32.142,86 Projeto de Incentivo e Capacitação para o Aproveitamento e Uso de Águas de Chuva 90.000 32.142,86 Projeto de Incentivo e Capacitação para o Tratamento Simplificado de Águas Servidas. 90.000 32.142,86 Projeto de Capacitação para o Aproveitamento de Rejeitos de Dessalinizadores. 100.000 35.714,29 TOTAL Sem Vb * 460.000 164.285,73

* Verba

5.4.1 Projeto de Educação Sanitária e Ambiental

Justificativa da Proposição

Ao longo do tempo, a prática de implantação e funcionamento dos sistemas de saneamento foram desenvolvidos sem um acompanhamento social, ou seja, sem a participação da

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comunidade usuária do sistema. Tal processo implicou na depreciação e mau uso dos sistemas existentes, e, muitas vezes, resistência ao uso do sistema pela falta de conhecimento.

São resíduos sólidos lançados nas redes de esgotos e ligações clandestinas que acabam por continuar a degradar o ambiente. As perfurações em redes de água que tornam-se focos de poluição, como também o lançamento de resíduos sólidos em terrenos baldios ou próximos a cursos d’água. Esses comportamentos às vezes não se caracterizam por atos de vandalismos, mas por falta de conhecimento e educação sanitária ambiental, processo esse desconsiderado até então em muitos sistemas implantados.

População Beneficiária/Área de Abrangência

A população atendida deverá ser aquela beneficiária de qualquer sistema de saneamento a ser implantado e/ ou ampliado, seja na zona urbana ou rural. Esse processo permitirá aos futuros usuários dos sistemas conscientizarem-se sobre a importância dos mesmos, seus impactos sociais e ambientais, conservação, uso adequado, e, principalmente, a importância de sua participação no processo como um todo. O projeto deverá ser aplicado antes e em paralelo à implantação dos sistemas de saneamento, sendo de grande importância a discussão com a comunidade sobre o tipo de sistema com o qual ela gostaria de ser contemplada (simplificado, convencional, individual).

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

O projeto deverá ser desenvolvido mediante reuniões comunitárias, aberta ao público em geral, com profissionais da área de saneamento, sociologia, assistência social e multiplicadores sociais que terão a função de mobilizar a comunidade ao longo do desenvolvimento do projeto. As palestras deverão ser ministradas na localidade contemplada pelo sistema de saneamento, antes e durante a implantação do sistema.

Devido às inúmeras variáveis a serem analisadas e quantificadas para a avaliação do custo do Projeto de Educação Sanitária e Ambiental estes não pôde ser estimado.

5.4.2 Projeto de Incentivo e Capacitação para Uso de Técnicas que Otimizem o Uso dos Recursos Hídricos na Irrigação

Justificativa da Proposição

Apesar da escassez de água na Bacia do Rio Salitre, as atividades agrícolas são bastante desenvolvidas, principalmente no Alto e Baixo Salitre, nas regiões pertencentes aos municípios de Juazeiro, Várzea Nova, Jacobina, Ourolândia e uma pequena parte do Médio Salitre na região de Mirangaba. O uso da água para irrigação nessas regiões não condiz com suas características hidrológicas. A maior parte dos agricultores irriga suas culturas por sulcos, inundação e pivô central. Tais métodos demandam uma quantidade de água acima do necessário para o cultivo, caracterizando uma perda muito grande, principalmente por evaporação, o que precisa ser revisto e adequado à realidade local da Bacia.

Uma pesquisa desenvolvida em campo mostra que 72% da área irrigada na Bacia usam

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irrigação por sulco, 13,45% por microaspersão e 2,45% por gotejamento. O Quadro 19 apresenta números que demonstram o percentual de irrigantes e seus respectivos sistemas de irrigação.

Tipo 1 – Sulco/ inundação Tipo 2 – Gotejamento Tipo 3 – Micro aspersão Tipo 4 – Outros

Quadro 19. Área Irrigada (ha) por Tipo de Sistema de Irrigação

Área Irrigada Município Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4

Campo Formoso 391 46 11 20 Jacobina 318 2 1 27 Juazeiro 1309 28 237 60 Miguel Calmon - - - - Mirangaba 385 5 181 299 Morro do Chapéu 10 1 0,5 4,5 Ourolândia 36 1 13 15

Umburanas 4 - - - Várzea Nova 24 - 3 4

TOTAL 2.475 ( 72%) 83 (2,45%) 448,5 (13,05%) 429,5 (12,5%)

População Beneficiária/ Área de Abrangência

O projeto deverá abranger os irrigantes das principais áreas de maior atividade agrícola na região (Juazeiro, Jacobina e Mirangaba, Várzea Nova e Ourolândia), sendo em torno de 3.4367 ha. O desenvolvimento do projeto terá como objetivo incentivar os irrigantes locais ao uso de técnicas mais apropriadas à disponibilidade hídrica da região como gotejamento, microaspersores, santeno e outros a serem estudados.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

O projeto deverá ser desenvolvido através de cursos de capacitação com os seguintes procedimentos:

• expos ição de técnicas adequadas à região, bem como o seu estudo no que se refere a dimensionamento, implantação e manutenção;

• comparação das técnicas convencionais atualmente usadas como as propostas, principalmente em relação aos custos financeiros, demanda d’água e eficiência;

• exposição de fontes de recursos para obtenção dessas técnicas; • aulas práticas em campo para demonstração das técnicas.

Estima-se para o desenvolvimento desse curso o valor na ordem de R$ 90.000 ou US$ 32.142,86.

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5.4.3 Projeto de Incentivo e Capacitação para o Manejo Adequado do Solo e Agrotóxico

Justificativa da Proposição Com o objetivo de facilitar o processo de irrigação e aproveitar a umidade natural do solo, é muito comum o desenvolvimento de agricultura próximo aos cursos dos rios e lagos das barragens existentes na Bacia. Essa prática é bastante difundida na região irrigada de Juazeiro, Baixo Salitre, no trecho onde se localizam as barragens galgáveis, e em todo Alto Salitre onde a cultura irrigada está presente. Esse ato, além de retirada da mata ciliar dos rios e lagos, facilita a poluição das águas por agrotóxicos e fertilizantes que são carreados para o corpo hídrico mais próximo em épocas de chuva. O uso indiscriminado de tais elementos aumenta o poder de poluição, que poderia ser minimizado com o manejo adequado do solo e agrotóxico, por meio de técnicas como a adubação orgânica, adubação verde, agricultura biológica, cultivo de espécies nativas, rotação e consorciação de culturas, manejo integrado de pragas, fossas para embalagens de agrotóxicos, reutilização das águas servidas para irrigação e outras mais que se enquadram dentro do processo de culturas de pequeno porte, bastante presente na Bacia.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

O projeto deverá abranger, inicia lmente, as áreas de maior atividade agrícola na região (Juazeiro, Jacobina e Mirangaba, Várzea Nova e Ourolândia), e, futuramente, as demais áreas que apresentem características agrícolas. O desenvolvimento do projeto terá como objetivo incentivar os irrigantes locais ao uso e manejo correto do solo e agrotóxicos, minimizando o máximo possível da poluição das águas superficiais.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

O projeto deverá ser desenvolvido através de cursos de capacitação que alcancem os seguintes objetivos:

• exposição de técnicas adequadas de manejo do solo e agrotóxicos; • comparação das técnicas convencionais atualmente usadas com as propostas,

principalmente no que se refere a custos financeiros e impactos ambientais e sociais; • exposição de fontes de recursos para obtenção dessas técnicas; • aulas práticas em campo para demonstração das técnicas.

Estima-se para o desenvolvimento do curso o valor na ordem de R$ 90.000 ou US$ 32.142,86

5.4.4. Projeto de Incentivo e Capacitação para o Aproveitamento e Uso das Águas de Chuva.

Justificativa da Proposição

Várias são as técnicas que podem ser usadas na região semi-árida para o aproveitamento das águas de chuva, visando o abastecimento humano, animal e irrigação familiar. Tais técnicas

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são estudadas por órgãos especializados como a EMBRAPA CPATSA, sediada em Petrolina, e Universidades diversas. São cisternas rurais, barragens subterrâneas, captação in situ e outras que podem ser utilizadas para o aumento da oferta hídrica na Bacia do Rio Salitre, que não apresenta apenas um baixo índice pluviométrico, mas também, aqüífero metassedimentar e cristalino com baixa capacidade de armazenamento e elevado índice de salinização, ocupando cerca de 72% da Bacia. Essas características evidenciam a baixa oferta de recursos hídricos superficiais e limitado uso para os recursos hídricos subterrâneos.

Sendo uma Bacia de características bastante rurais, a implantação dessas técnicas permitiria o abastecimento de comunidades que se localizam distantes de cursos d’água superficiais e apresentam poços com características salinas e até mesmo das comunidades que apresentam sistemas de abastecimento de água e que podem trabalhar em conjunto com outras técnicas, tendo em vista a baixa oferta hídrica da Bacia.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

As alternativas para captação de água de chuva deverão ser implantadas em comunidades que apresentem viabilidade técnica e econômica. Comunidades muito dispersas poderão ser abastecidas por cisternas rurais, porém, o incentivo e capacitação para o uso dessa técnica deve vir acompanhada da sua implantação, evitando a depreciação dessa estrutura. O mesmo deve acontecer com a implantação de qualquer técnica para o aumento dos recursos hídricos. A implantação de uma barragem subterrânea está diretamente ligada com a agricultura familiar, que poderá armazenar no subsolo água suficiente para o cultivo de suas culturas, porém, só a capacitação para o uso de tal técnica permitirá o uso extensivo dessa alternativa.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo

Estimativa de Custos

A capacitação deverá ser feita mediante cursos que abranjam os seguintes objetivos: • apresentação das técnicas que poderão ser utilizadas; • estudo detalhado de cada técnica, quanto ao seu dimensionamento, solos, manutenção

e etc; • fontes de financiamento; • aulas de campo.

Estima-se um custo de aproximadamente R$ 90.000,00 ou US$ 32.142,86 para a implementação dessa ação.

5.4.5 Projeto de Incentivo e Capacitação para o Tratamento Simplificado de Águas Servidas

Justificativa da Proposição

O uso de técnicas simplificadas para o tratamento de efluentes líquidos domésticos é de grande vantagem para a redução da contaminação dos recursos hídricos, uma vez que permite o melhor aproveitamento desses recursos, que deixarão de receber cargas poluidoras de esgoto, mantendo as condições naturais dos mananciais superficiais e subterrâneos, além de aumentar a oferta de água de boa qualidade.

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Técnicas como solo filtrante, uso de água-pé, baronesa e junco são algumas alternativas simplificadas que podem ser utilizadas para o tratamento de efluentes domésticos de unidades familiares e pequenos aglomerados, apresentando eficiência e viabilidade comprovada. No entanto, a falta de informação e conhecimento por parte da população condiciona o uso de alternativas inadequadas como fossas negras, quando existem, ou lançamento dos efluentes em corpos d’água ou a céu aberto.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

O projeto deverá abranger as comunidades rurais por meio de seus representantes e associações que estejam dispostos a multip licar seus conhecimentos com os moradores os quais representam. Dando ênfase, principalmente, às comunidades e moradores isolados que não sejam beneficiados por nenhum tipo de sistema de esgotamento sanitário, convencional, simplificado e individual, e que se caracterize por grande poder de poluição por estar próximo de cursos d’águas e lagos de barragens, e demais interessados.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo

Estimativa de Custos

A capacitação deverá ser feita mediante cursos que abranjam os seguintes objetivos: • apresentação das técnicas que poderão ser utilizadas; • estudo detalhado de cada técnica, quanto ao seu dimensionamento, solos, manutenção

e etc; • fontes de financiamento; • aulas de campo.

Estima-se um custo de aproximadamente R$ 90.000,00 ou US$ 32.142,86 para a implementação dessa ação.

5.4.6 Projeto de Capacitação para o Aproveitamento de Rejeitos de Dessalinizadores.

Justificativa da Proposição Uma das alternativas utilizadas para o uso das águas subterrâneas salinas para o consumo humano e animal é o processo de dessalinizadores de água. Muito embora a qualidade da água obtida após o processo seja de boa qualidade, o problema está no seu rejeito, que é rico em sais, e seu despejo indiscriminado a céu aberto cria um novo problema, o aumento das áreas salinizadas, seja o solo, ou até mesmo as águas superficiais. Regiões do semi-árido da Bahia que vem usando o processo de dessalinização estão depositando seu rejeito em lagoas de decantação ou mesmo ao ar livre, sem maiores preocupações, constituindo-se um grave problema ambiental a ser solucionado. É provável que os caminhos a serem seguidos por pesquisas, digam respeito ao aproveitamento desses sais para fins pecuários, visto ser a região semi-árida muito carente no aspecto de mineração dos animais; na piscicultura, principalmente no cultivo de tilápias, que são peixes extremamente resistentes a ambientes salinos; e o cultivo irrigado de planta s como a atriplex que vem sendo utilizadas em regiões áridas e semi-áridas do mundo, como recurso forrageiro importante na complementação de dietas de ruminantes.

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O uso de técnicas como essas poderão minimizar o problema de salinização do solo e águas superficiais que pode vir a acontecer na Bacia, já que se trata de uma região com 72% da sua água abrangida por aqüífero metassedimentar e cristalino, que armazenam água com elevados teores de sal, necessitando de processos de dessalinização para o seu consumo.

População Beneficiária/Área de Abrangência

O projeto deverá abranger comunidades que venham ter seus sistemas de água funcionando com processos de dessalinização, incentivando o reaproveitamento dos rejeitos por meio de alguma das técnicas citadas anteriormente. A técnica a ser utilizada deverá atender aos anseios da comunidade. A criação de tilápias, por exemplo, poderá ser uma fonte de alimentação e financeira para a comunidade.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferenc ial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

O projeto deverá ser desenvolvido, mediante curso de capacitação, com a função de permitir que seus participantes possam dimensionar, implantar e operar as técnicas estudadas. O curso deverá ser ministrado por profissionais especializados e voltado para representantes de comunidades que possam servir de multiplicadores, devendo ter:

• apresentação das técnicas que poderão ser utilizadas; • estudo detalhado de cada técnica, quanto ao seu dimensionamento, solos, manutenção,

etc; • fontes de financiamento; • aulas de campo.

Para a realização do projeto estima-se um custo de R$ 100.000 ou US$ 35.714,29.

5.5 Programa de Revegetação e Recuperação das Nascentes e Trechos Críticos da Bac ia do Rio Salitre

A implementação do programa permitirá a recuperação das matas ciliares dos cursos d’água da Bacia do Rio Salitre, inclusive das nascentes, evitando os processos erosivos que assoreiam as calhas dos rios e lagos de barragem, e reduzem a qualidade das águas superficiais. Será composto por três projetos como segue o Quadro 20.

Quadro 20. Programa de Revegetação e Recuperação das Nascentes e Trechos Críticos da Bacia do Rio Salitre - Projetos e Respectivos Custos de Implantação

Projeto/ Atividade R$ US$ (2,80) Projeto de Recuperação das Nascentes do Rio Salitre e Afluentes 150.000 53.571,43 Projeto de Revegetação de Matas Ciliares em Trechos Críticos da Bacia do Rio Salitre

300.000 107.142,85

Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas por Efeitos de Erosão 50.000 17.857,14 TOTAL 500.000 178.571,42

5.5.1 Projeto de Recuperação de Nascentes do Rio Salitre e Afluentes

Justificativa da Proposição

Um dos problemas existente na bacia do rio Salitre é o cultivo de lavouras nas margens dos rios para facilitar o processo de irrigação e aproveitamento da umidade do solo. Tal prática

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induz à retirada das matas ciliares dos rios, comprometendo a proteção das margens e facilitando o processo de erosão e assoreamento da calha. Nas nascentes, esse quadro pode comprometer a recarga hídrica, tal processo acontece, principalmente, no cultivo da agricultura familiar.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

A atividade está relacionada à elaboração de projetos executivos, objetivando a recuperação de nascentes da Bacia, mediante a recomposição vegetal das mesmas com o replantio de espécies nativas ou outras, adaptadas às funções semelhantes, ou seja, de proteção aos mananciais.

O projeto indicará as intervenções e as áreas onde serão implementadas, como as nascentes onde as ações antrópicas determinaram maiores possibilidades de carreamento de sedimentos, comprometendo a qualidade das águas pelos processos de assoreamento das calhas, dificultando o atendimento das demandas de abastecimento humano e atividades econômicas.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo.

Estimativa de Custos

No projeto serão contemplados os seguintes aspectos principais: • reconhecimento dos locais das nascentes na Bacia do Rio Salitre; • levantamento dos aspectos de relevo e solos; • identificação dos pontos a serem implementadas as ações de revegetação; • seleção de espécies nativas e adaptadas para a recomposição das áreas atingidas nas

nascentes; • determinação de estandes e quantificação de mudas a utilizar; • planejamento agroflorestal para o plantio de mudas.

Considerou-se a existência de 85 pontos a serem contemplados no projeto, em uma primeira fase, no âmbito da Bacia.

Para a elaboração dos projetos correspondentes foi estimada uma verba de R$ 150.000 ou US$ 53.571,43.

5.5.2 Projeto de Revegetação de Matas Ciliares em Trechos Críticos da Bacia

Justificativa da Proposição

O uso indiscriminado do solo é outro fator determinante para a degradação dos recursos hídricos. É muito comum o desenvolvimento da agricultura nas margens do rio e lagos de barragens em toda Bacia. Essa prática visa facilitar a irrigação das culturas e aproveitar a umidade do solo durante as épocas secas, no entanto, necessita da retirada das matas ciliares e vegetações próximas aos cursos d'água para o seu desenvolvimento. Tal quadro desencadeia processos erosivos que assoreiam a calha do r io e introduz materiais em suspensão na água.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

A atividade está relacionada à elaboração de projetos executivos de recuperação de trechos dos rios em situações críticas, mediante a recomposição da mata ciliar através do replantio de

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espécies nativas ou outras, adaptadas às funções semelhantes, ou seja, de proteção aos mananciais.

Preliminarmente, admite-se a necessidade de intervenção em cerca de 1.000 hectares de áreas para recomposição vegetal na Bacia, isso considerando trechos críticos a serem analisados e confirmados por observações locais e materiais cartográficos, como fotos, imagens de satélites e recursos avançados de geoprocessamento.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo

Estimativa de Custos

As ações previstas em projeto deverão contemplar os seguintes impactos positivos esperados: • redução dos níveis de erosão dos solos adjacentes aos corpos d'água; • redução do assoreamento nas calhas nos rios, preservando a biodiversidade; • manutenção de corredores ecológicos; • aumento da vazão e preservação da qualidade das águas.

Os projetos deverão prever a instalação de cercas de proteção em locais onde em pontos mais vulneráveis a impactos causados por animais ou por ações antrópicas desordenadas. O custo estimado para essa ação é da ordem de R$ 300.000 ou US$ 107.142,85.

5.5.3 Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas por Efeitos de Erosão

Justificativa da Proposição

O uso indiscriminado do solo é um fator determinante para a degradação dos recursos hídricos. É muito comum o desenvolvimento da agricultura nas margens do rio e lagos de barragens em toda Bacia. Tal prática visa facilitar a irrigação das culturas e aproveitar a umidade do solo durante as épocas secas, no entanto, necessita da retirada da s matas ciliares e vegetações próximas aos cursos d'água para o seu desenvolvimento. Esse quadro desencadeia processos erosivos que assoreiam a calha do rio e introduz materiais em suspensão na água.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

As intervenções serão realizadas em áreas com maior possibilidade de carreamento de sedimentos e que sofreram ou ainda sofrem processos erosivos por estarem degradadas pelas ações antrópicas.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo Memória de cálculo:

• foi estimada uma superfície total correspondente a 1.000 hectares de áreas degradadas a serem recuperadas;

• estimou-se um custo de R$ 50 ou US$ 17,8 por hectare de área degradada recuperada, totalizando portanto, o mesmo valor para implementação da ação.

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5.6 Programa de Avaliação das Condições das Barragens Existentes na Bacia do Rio Salitre

Este programa visa recuperar o atual estado operacional das barragens existentes na Bacia do Rio Salitre, além de suas estruturas hidráulicas e condições de utilização da água armazenada nos seus reservatórios. Propor medidas de reparos que possam contribuir para melhoria de sua segurança, englobando os aspectos estruturais, operaciona is, ambientais e sócio econômicos.

O programa deve atender as principais barragens da Bacia, principalmente os cadastrados durante o desenvolvimento do PLANGIS: Barragem de Tamboril, Taquarandi, Caatinga do Moura, Delfino, Ourolândia e as nove barragens ga lgáveis existentes no baixo trecho do rio Salitre no município de Juazeiro.

O programa será implementado por meio de três projetos como mostra o Quadro 21.

Quadro 21. Programa de Avaliação das Condições das Barragens Existentes na Bacia do Rio Salitre - Projetos e Respectivos Custos de Implantação

Projeto/ Atividade R$ US$ (2,80)

Projeto de Avaliação das Condições Operacionais e de Manutenção das Barragens Existentes.

128.000 47.715

Projeto de Avaliação das Condições de Segurança das Barragens Existentes 96.000 34.286 Projeto de Avaliação dos Usos e Qualidade da Água das Barragens Existentes 110.000 39.285,72 Total 334.000 73.519,47

5.6.1 Projeto de Avaliação das Condições Operacionais e de Manutenção das Barragens Existentes.

Justificativa da Proposição

O projeto de operação de barragens de pequenos e médios portes visa o estabelecimento de procedimentos mínimos de operação, adequação e funcionamento das obras hidraulicas complementares além de problemas no reservatório e áreas próximas à linha de inundação. As condições de garantia para a proteção do meio ambiente no que dizem respeito à qualidade da água, erosão e assoreamento de áreas.

Deverá ser dada uma atenção especial a Barragem de Ouro Branco, como mostra a Figura 6 que se destaca pela sua complexidade. Após a implementação a barragem cortou o rio Salitre no município de Ourolândia, ressurgindo no município de Campo Formoso. Recentemente foi aberto um pequeno canal de desvio pela lateral da barragem para permitir a passagem da água, no entanto, esta nunca alcançou cota suficiente para escoar. Moradores localizados a jusante da barragem já ameaçaram implodí-la tendo como justificativa a escassez de água.

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Figura 6. Mapa localizando a Barragem de Ouro Branco em Ourolândia

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O plano de operação das barragens inclui o estabelecimento de regras operativas para os reservatórios sob condições normais, durante eventos de cheias ou outras condições de emergência.

As diretrizes para a operação das barragens deverão ser as seguintes:

- Para todas as condições devem ser verificadas as disponibilidades de operadores qualificados, os meios de comunicações interna e/ou externa existentes entre os operadores e entre os mesmos e o órgão proprietário e/ou gestor da barragem. No caso de inexistência destes dispositivos de comunicação deve-se providenciar a imediata instalação dos mesmos na barragem. Estes dispositivos podem ser: telefonia móvel e/ou rádios. Torna -se imperativo a garantia do fluxo continuo e permanente de informações entre as diversas unidades envolvidas com a operação do reservatório, de modo a facilitar as ações e tomadas de decisões em caso de acidentes.

- Os métodos de operação das estruturas hidráulicas: comportas, válvulas, stop-logs, etc; devem estar disponíveis. Os sistemas de alarme para casos de alerta e emergência, devem ser suficientemente detalhados para permitir uma avaliação da sua eficiência para o caso de sua utilização. Dentre os dispositivos de alerta, chama -se a atenção para aqueles que proporcionam, antecipadamente, o aviso à população residente à jusante, na eventualidade de futura ou súbita liberação de água, causada por acidente ou ruptura da barragem.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

O projeto deverá abranger todas as barragens da bacia do rio Salitre, principalmente as cadastradas neste projeto.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo

Estimativa de Custo

Para a definição de um plano de operação de reservatórios, prevê-se a realização do seguinte elenco de atividades:

- identificação e avaliação isolada de cada um dos reservatórios e de cada sistema, buscando caracterizá -los e submetê-los a técnicas de simulação/otimização para identificar a melhor alternativa de operação;

- após a caracterização dos reservatórios de forma isolada deverá ser analisada a possibilidade de integrar a operação dos mesmos em um único sistema por bacia hidrográfica ou em subsistemas segundo os usos preponderantes ou dimensões dos reservatórios;

Os resultados a serem obtidos nesse estudo consistirão em:

- recomendações para a operação de cada um dos reservatórios de forma isolada;

- recomendações para a operação de reservatórios de usos múltiplos, discriminando cada uso/usuário com os respectivos níveis de garantia para cada atividade; e

- recomendação para a operação conjunta dos sistemas de reservatórios identificados discriminando o desempenho de cada reservatório e o nível de garantia obtido para cada centro de demanda.

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Para a realização de stas atividades pode-se prevê um custo estimado de R$128.000, ou U$ 45.715,00

5.6.2 Projeto de Avaliação das Condições de Segurança das Barragens Existentes

Justificativa da Proposição

O projeto tem como principal contribuição a avaliação da condição de segurança das barragens. A avaliação técnica das condições das barragens, usando dados disponíveis e hipóteses conservativas, visa determinar se os problemas identificados na fase de desenvolvimento do PLANGIS constituem motivo para preocupação com relação a integridade física e/ou operacional da estrutura existente. Deverá identificar problemas e recomendar reparos, restrições operacionais e/ou modificações ou analises e estudos para determinar soluções dos problemas encontrados.

As principais situações, adversas, as quais podem vir a contribuir para o mau funcionamento do açude e consequentemente, para acidentes podem ser sumarizadas do ponto de vista geológico-geotécnico da seguinte forma:

- Má qualidade da fundação ou tipo de tratamento dispensado. Como, por exemplo, podemos citar recalques diferenciais, escorregamentos, pressões excessivas, zonas excessivas de umidade, controle inadequado de infiltrações pela fundação; todos potencialmente danosos para a integridade física do açude.

- Infiltrações, as quais poderão ocorrer dentro do aterro (através de zonas mal compactadas, fraturas decorrentes de recalques diferenciais no aterro, etc) ou na estrutura de concreto (através de juntas de dilatação, juntas construtivas, etc). Em aterros, tais infiltrações poderão resultar na ocorrência do mecanismo de 'piping' ou formação de túneis dentro do corpo do aterro ou através da sua fundação. O mecanismo de 'fraturamento hidráulico' ou a formação de fraturas no aterro causado por excesso de pressão hidrostática, poderá dar origem a um processo de erosão principalmente se o material for silte ou silte arenoso, os quais deverão ser devidamente protegidos através de filtros.

- Utilização de materiais inadequados ou de qualidade inferior, os quais podem acarretar sérios problemas, como por exemplo: solubilidade, degradação, perda de resistência, alteração mineralógica, etc.

- Problemas decorrentes do uso de proteção inadequadas para os taludes de montante ou de jusante, tais como: erosões da face de montante devido a ação de ondas provocadas pelo vento no reservatório; ravinamento do talude de jusante, provocado por escoamento de águas superficiais.

- Escorregamentos, erosões na linha d'água do reservatório, etc.

- Projeto e métodos construtivos inadequados, como por exemplo: investigação inadequada ou incompleta das fundações com implicações em erros no projeto do tratamento das fundações; falhas construtivas resultando em zonas de baixa densidade e resistência no interior do aterro.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

O projeto deverá abranger todas as barragens da Bacia do Rio Salitre, principalmente as cadastradas neste projeto.

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Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo

Estimativa de Custos

Para a realização deste projeto torna -se imperativo a avaliação das técnicas construtivas utilizadas e do atual desempenho das estruturas, as quais poderão ser resumidas da seguinte forma (CIGB, 1983):

- Identificação de detalhes geológico-geotécnicos adjacentes às estruturas os quais possam vir a comprometer a integridade do açude.

- Identificação e avaliação do desempenho dos dispositivos de auscultação (instrumentação) do açude.

- Identificação de eventuais modificações ocorridas no local de barramento visando determinar se tais modificações motivariam alterações no projeto como, por exemplo, carregamentos adicionais e excessivos, vazões, etc.

- Identificação de eventuais mudanças nas propriedades dos materiais (efeitos deletérios, devido ao tempo) e sua influência na integridade da estrutura (através de ensaios de campo e laboratório).

Os resultados também permitirão o estabelecimento de:

- Recomendações para a operação de cada um dos reservatórios de forma isolada;

- Recomendações para a operação de reservatórios de usos múltiplos, discriminando cada uso/usuário com os respectivos níveis de garantia para cada atividade; e

- Recomendação para a operação conjunta dos sistemas de reservatórios identificados discriminando o desempenho de cada reservatório e o nível de garantia obtido para cada centro de demanda.

Como sub-produto dos estudos realizados, pretende-se o desenvolvimento de um Banco de Dados , contendo todos os registros históricos sobre os açudes com relação a aspectos de projeto, construção e operação e consequentemente, segurança. Este Banco de Dados deverá incluir documentos e/ou material fotográfico; deverá ser detalhado e atender sua finalidade como referência obrigatória e ser mantido automaticamente atualizado, sempre que ocorrer algum evento significativo ao açude. Toda a informação devera estar automaticamente disponível no Banco de Dados o qual devera ter livre acesso para consulta pelos usuários.

Para a realização destas atividades pode -se prevê um custo estimado de R$96.000,00, ou U$ 34.286,00.

5.6.3 Projeto de Avaliação dos Usos e Qualidade da Água das Barragens Existentes

Justificativa da Proposição

Os lagos das barragens existente na Bacia encontram-se na sua maioria salinizados, o que é justificado pela geologia local e falta de operação do reservatório. Encontram-se também com elevados teores de carga orgânica e produtos químicos. Esse panorama é explicado pela presença de agricultores no entorno do reservatório, captando água e atuando livremente em

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plantações onde são utilizados defensores agrícolas, além do lançamento de efluentes domésticos a montante das barragens sem nenhum tratamento prévio. Os lagos também são utilizados para dessedentação animal e lazer pelos moradores locais, sendo ainda bastante utilizados para lavagem de roupas e outras atividades poluidoras.

Para reversão dessa situação, devera ser levantada e avaliada a qualidade da água dos corpos d’água na área de estudo. O estudo das características da qualidade dos corpos d’água e das bacias contribuintes deve constar principalmente de:

• identificação de fontes poluidoras e respectivas cargas poluentes;

• usos e ocupação do solo;

• diagnóstico da qualidade da água, em termos de características físicas, químicas e biológicas. Para subsidiar este diagnóstico devem, ser considerados, no mínimo quatro pontos de amostragem, situados a jusante, no local e à montante de cada alternativa de eixo de barragem priorizado no estudo. O plano de amostragem deverá ser submetido à aprovação da FISCALIZAÇÃO. Deverão ser analisados nas amostras de água coletadas, no mínimo, os seguintes parâmetros: pH; oxigênio dissolvido; DBO; nitrogênio total; fósforo total; coliformes total e fecal; nitrogênio amoniacal; nitrogênio nítrico; nitrogênio nitroso; alcalinidade; cálcio; cloreto; condutividade elétrica específica; cor; turbeis; magnésio; ferro total; sódio; dureza total; sólidos totais; sulfatos.

• classificar a água dos mananciais em estudo, para abastecimento humano, conforme a Resolução CONAMA número 20 e, para irrigação, segundo os critérios de classificação do U.S. Salinity, Laboratory Staff – USDA Agriculture Handbook no 60.

Os estudos deverão contemplar uma avaliação sócio-econômica para a área de estudo, atendendo aos seguintes objetivos:

• Estudos de demandas; • Caracterização da sócio-economia regional; • Identificação da infra-estrutura atual instalada e planejada.

Os serviços deverão ser realizados atendendo, no mínimo, aos seguintes pressupostos técnicos:

• Estudo qualificado e quantificado das demandas, para os usos potenciais e utilização plena da oferta de água, a ser gerada pelo Empreendimento, em sua área de estudo, compreendendo no mínimo: abastecimento de água para uso humano, nas localidades e no meio rural disperso; abastecimento do rebanho; piscicultura; abastecimento industrial e comercial; e outros.

• Infra-estrutura básica e suporte logístico, disponíveis e necessários, envolvendo no mínimo, os seguintes itens: sistema viário; sistema de distribuição de energia elétrica; áreas de produção agrícola, através do uso de imagens de satélite e/ou fotografias aéreas; sistemas de abastecimento d’água, convencionais e simplificados; sistemas de esgotamento sanitário, convencionais e simplificados sendo todos os itens classificados e quantif icados;

• Identificação e caracterização sumária da sócio economia do meio rural disperso e de comunidades com mais de 250 (duzentos e cinqüenta) habitantes;

• Esboço de plano funcional, para aproveitamento da disponibilidade gerada, relacionada

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com a avaliação sócio-econômica realizada;

• Estimativa de custos para implementação do plano proposto.

A síntese analítica das informações deverá ser apresentada devidamente consistida e sob forma de tabelas.

A representação gráfica da avaliação sócio-econômica, deverá utilizar base cartográfica de 1:100.000, envolvendo a localização espacial de todos os segmentos antes descritos, em padrão A1 ISO série A.

População Beneficiária/ Área de Abrangência

O projeto deverá abranger todas as barragens da Bacia do Rio Salitre, principalmente as cadastradas neste projeto.

Nível de Prioridade

De 1 a 3: 1 - preferencial e emergencial; 2 - preferencial e emergencial a médio prazo; e 3 - preferencial a médio prazo

Estimativa de Custos

Para a realização destas atividades pode -se prevê um custo estimado de 110.000, ou U$ 39.285,72.

6. RECURSOS NECESSÁRIOS

Várias são as fontes de financiamento que poderão custear a implementação dos Programas e Projetos propostos para o desenvolvimento do PLANGIS. Essas fontes se originam da União, governo estadual e instituições financeiras que fomentam o desenvolvimento do Nordeste brasileiro.

Tais recursos são gerenciados por órgãos federais e estaduais e aplicados por meio de programas e projetos nas duas esferas governamentais guardando uma relação direta ou indireta com os recursos hídricos.

Dentro da relação de instituições, planos e ações governamentais atuantes na Bacia, principalmente no que diz respeito à gestão dos recursos hídricos e meio ambiente, destacam-se:

6.1 Agência Nacional das Águas (ANA)

No plano federal, a intervenção de maior expressão na Bacia é o Programa Semi-árido Pró -Água , que é um subprograma do Programa Brasil em Ação sob a coordenação da ANA e que contempla os estados de Minas Gerais, Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. O subprograma tem como objetivo geral garantir a ampliação da oferta de água de boa qualidade para o semi-árido brasileiro, com promoção do uso racional desse recurso de tal modo que a escassez relativa de água não se constitua em impedimento ao desenvolvimento sustentável da região.

Suas ações prioritárias são: (1) a implementação de sistema de gestão; (2) a realização de estudos e projetos na área de recursos hídricos; (3) implementação de gestão na Bacia do Rio São Francisco; (4) a realização de obras prioritárias de infra -estrutura hidráulica de interesses

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local, voltadas para as comunidades com problemas permanentes de suprimento.

Além disso, tem-se nessa área, um conjunto de programas voltados para o monitoramento hidrológico (Programa Nacional de Hidrologia), geração de informação sobre ocorrência, circulação e utilização de água subterrânea (Programa de Água Subterrânea para a Região Nordeste), projeto voltado para a redução das desigualdades regionais e elevação da qualidade de vida (Projeto Alvorada de Saneamento) e de construção de infra-estrutura hidráulica (Programa de Desenvolvimento Sustentável do Semi-Árido Baiano – Sertão Forte).

6.2 Companhia de Desenvolvimento dos Vales dos Rios São Francisco e Parnaíba (Codevasf)

Merecem dest aque nessa região, particularmente na porção norte da Bacia, as ações da Codevasf na Bacia do São Francisco com impactos na sub-bacia do rio Salitre. O órgão tem desenvolvido programas de irrigação e de drenagem, sendo implantados, geralmente, em áreas desprovidas de infra-estrutura econômica e social, cabendo a Codevasf, direta ou indiretamente, canalizar recursos federais para a construção de estradas, rede elétrica, habitações e promoção da assistência à saúde e educação, além da implementação de obras de saneamento básico.

6.3 Governo do Estado da Bahia

No plano estritamente estadual vários programas devem ser destacados como o Programa PRODUZIR I, que beneficiou trabalhadores de pequenas comunidades rurais e/ ou urbanas em 342 municípios do Estado da Bahia. Os principais objetivos desse programa foram: (a) redução das desigualdades socioeconômicas regionais; (b) geração de renda; (c) aumento da oferta de empregos; (d) melhoria das condições de vida da população rural pobre e carente de investimentos de natureza econômica, social e de infra-estrutura básica (saneamento, saúde pública e transportes); (e) descentralização progressiva dos processos de decisão do Governo do Estado, através da revitalização institucional e capacitação técnica e administrativa das prefeituras municipais.

O PRODUZIR I foi um programa executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), e pela Companhia de Engenharia Rural da Bahia (CERB), mediante convênio assinado com a CAR. Esse programa foi responsável pelo financiamento de projetos comunitários, escolhidos pela própria comunidade. Os projetos foram custeados pelo Governo do Estado e a comunidade participou com o fornecimento de material, mão-de-obra ou recursos financeiros. Na bacia do rio Salitre, apenas os municípios de Campo Formoso, Miguel Calmon e Morro do Chapéu foram contemplados.

Além do referido programa, no plano estadual merecem destaque as ações do Programa de Apoio as Ações de Desenvolvimento Regional (PAADR) , financiado exclusivamente com recursos estaduais estando totalmente integrado à estrutura do Sertão Forte. O programa complementa o atendimento de reivindicações socioeconômicas em áreas não atingidas pelos demais programas governamentais. O Governo do Estado é também responsável pelo Programa de Administração Municipal e Desenvolvimento de Infra-Estrutura Urbana (PRODUR) criado com o objetivo de buscar soluções para os problemas de migração pela falta de perspectivas, crescimento desordenado de cidades e devido à carência de infra-estrutura.

Pretende-se, com esse programa, a melhoria da qualidade de vida da população (através da recuperação da infra-estrutura urbana de bens e serviços), concomitantemente com o

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fortalecimento da capacidade administrativa das prefeituras municipais. O PRODUR é gerenciado pela CAR através de parceria com o Governo do Estado; além disso, a CERB desenvolve ações de construção de barragens, obras de eletrificação, aprimoramento da infra-estrutura de transporte de passageiros e de carga, construção e recuperação de estradas e terminais que favorecem o escoamento da produção e a integração regional.

Vale ainda regristrar os seguintes programas desenvolvidos pelo Governo do Estado: • Programa dos Perímetros Irrigados;

• Programa de Abastecimento D'água Perfuração e Recuperação de Poços; • Programa de Desenvolvimento da Piscicultura (PROPEIXE);

• Programa de Desenvolvimento Sustentável de Nascentes e Áreas Ribeirinhas do Estado da Bahia (Programa Nascentes Vivas).

6.4 Banco do Nordeste

A ação Banco do Nordeste tem tido grande repercussão no semi-árido, através dos seguintes programas:

• Programa Nordeste Competitivo que objetiva apoiar empreendimentos do setor agropecuário, visando sua modernização e elevação dos níveis de produtividade, de forma a serem competitivos em custo e qualidade;

• Programa de Fomento à Geração de Emprego e Renda do Nordeste do Brasil (PROGER) que objetiva desenvolver ações voltadas para a criação de emprego e geração de renda junto aos pequenos empreendedores, por meio do fomento à produção, à capacitação e à criação de infra-estrutura, dotando as comunidades beneficiadas de instrumento que permita seu desenvolvimento em bases auto-sustentáveis;

• Programa de Financiamento à Conservação e Controle do Meio Ambiente (FNE-VERDE) que objetiva promover o desenvolvimento de atividades ambientais produtivas e das demais atividades apoiadas pelo Banco do Nordeste, no que se refere ao financiamento de itens de conservação e controle do meio ambiente;

• Programa de Apoio à Reorientação da Pequena e Média Unidade Produtiva Rural do Semi-Árido Nordestino (PRODESA) que tem como objetivo reestruturar, fortalecer e modernizar pequenas e médias unidades produtoras rurais do semi-árido, priorizando a integração e a diversificação de atividades com a introdução e/ ou intensificação do uso de tecnologias adaptadas;

• Programa de Incentivo ao uso de Corretivos de Solos (PRO-SOLO) que tem como objetivo elevar os níveis de produtividade da agricultura do Nordeste, por meio do estímulo à intensificação do uso adequado de corretivos de solo.

• Programa de Investimento para a Modernização da Agricultura (AGRINVEST) com as seguintes finalidades: - fomentar programas e projetos que visem estimular, em padrões competitivos, o

desenvolvimento dos setores agropecuário, agroindustrial e pesqueiro no Estado da Bahia; - propiciar avanço no padrão tecnológico e no desenvolvimento dos empreendimentos

agropecuários, agroindustrial e pesqueiro; - tornar os investimentos mais atrativos, assegurando aos beneficiários do programa a

compensação parcial de custos financeiros decorrentes de financiamentos; e - interiorizar os empreendimentos agropecuários, agroindustriais e pesqueiros e favorecer a

geração de empregos.

Page 94: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

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6.5 Desenbahia, Banco do Brasil e BNDES

Além do Banco do Nordeste, va le registrar a ação da Desenbahia, Banco do Brasil e do BNDES no financiamento do Programa de Incentivo à Fruticultura Irrigada do Estado da Bahia (BAHIAFRUTA). Para fomentar o arranjo produtivo local da frutic ultura irrigada na região o BAHIAFRUTA irá conjugar a otimização da infra-estrutura existente, nos perímetros irrigados geridos pela Codevasf, com as boas perspectivas de retorno econômico dessa atividade, voltada para a exportação, gerando mais emprego, renda e divisas, através da ampliação da partic ipação brasileira no mercado mundial de frutas.

Com grande penetração no semi-árido, destaca-se o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), financiado pela Desenbahia em parceria com a Seagri, a EBDA e o Sistema das Cooperativas de Créditos Integrantes do Bancoob (SICOOB/ BA), que disponibiliza R$ 40 milhões ou US$ 14.285.714 para investimentos fixos com a finalidade de apoiar as atividades agropecuárias e não-agropecuárias de agricultores familiares.

É essa estrutura de financiamento uma das responsáveis pela proliferação de associações no semi-árido baiano. No PRONAF-BAHIA, o projeto é simplificado e não tem custo para o produtor, uma vez que a EBDA se responsabiliza pela sua elaboração, além de prestar assistência técnica em todo o processo. Vale destacar que toda a operação é avalizada pela cooperativa, não sendo permitido o financiamento individual. Desse modo, estão aptos a receber o financiamento do PRONAF-BAHIA os agricultores que cumprirem as seguintes exigências:

• estejam organizados na forma de cooperativa;

• sejam associados a cooperativas filiadas ao SICOOB/ BA;

• residam na propriedade rural ou em cidades/ aglomerados próximos;

• não possuam área superior a quatro módulos rurais;

• tenham o trabalho rural como principal fonte de renda da família (no mínimo 80%), obtendo renda bruta anual entre R$ 1.500 ou US$ 535,72 e R$ 8.000 ou US$ 2.857,13 (grupo C);

• tenham o trabalho rural como principal fonte de renda da família (no mínimo 80%), obtendo renda bruta anual entre R$ 8.000 ou US$ 2.857,13 e R$ 27.500 ou US$ 9.821,43, mantendo até dois empregados permanentes.

O limite de financiamento é individualmente de até R$ 15.000 ou US$ 5.357,13, ou até R$ 200.000 ou US$ 71.428,57 coletivamente, e os encargos financeiros envolvem juros de 4% a.a., podendo ser reduzido para 3% a.a. para o produtor que pagar em dia as prestações.

O empréstimo não tem correção monetária e os prazos de pagamento são de até 8 anos com carência de até 3 anos. Esse programa atinge todo o Estado da Bahia e as principais atividades beneficiadas são: caprinocultura, ovinocultura, cafeicultura, fruticultura irrigada, inhame, piscicultura, apicultura, turismo rural, floricultura, fumicultura e pesca. A operação tem o aval da cooperativa e garantias individuais do cooperado e os itens financiáveis são as construções de benfeitorias e instalações permanentes; obras de irrigação e açudagem; formação de lavouras; aquisição de máquinas, veículos utilitários e equipamentos e aquisição de animais.

A extensa relação de programas efetivamente diz pouco sobre os reais impactos da ação do poder público e das agências de financiamento, uma vez que não traz elementos sobre a efetiva implementação e desempenho desses projetos. De qualquer modo, fica evidente que

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não existe verdadeiramente uma carência de iniciativas governamentais para a área e que tais iniciativas cobrem um amplo leque de intervenção.

Analisando os programas e projetos citados anteriormente e as ações propostas para a bacia do rio Salitre, pôde-se relacionar um quadro com as respectivas ações e prováveis fontes de financiamentos como pode ser visto a seguir no Quadro 22.

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Quadro 22. Programas e Projetos X Fontes de Financiamento

POSSÍVEIS FONTES DE FINANCIAMENTO

PROGRAMA

PROJETO

AN

A

CO

DE

VA

SF

Ban

co d

o N

orde

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Ban

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enba

hia

Projeto de Cadastramento de Usuários das Águas Superficiais para Processo de Outorga X X X

Projeto de Enquadramento do Rio Salitre e Afluentes X X

Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento Hidroclimatológica X X

Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento da Qualidade da Água Superficial do Rio Salitre.

X X

Projeto de Mapeamento do uso do Solo da Bacia do Rio Salitre X X

PROGRAMA DE DISCIPLINAMENTO DO USO

DAS ÁGUAS Projeto de Quantificação das Disponibilidades das Águas Superficiais da Bacia do Rio Salitre

X X

Mapeamento Hidrogeológico da Calha do Rio Salitre X

Projeto de Atualização e Informatização do Banco de Dados de Poços dos Municípios da Bacia do Rio Salitre

X

Projeto de Quantificação de Demandas e Disponibilidade das Águas Subterrâneas da Bacia Rio Salitre

X

Projeto de Recuperação e Manutenção de Poços da Bacia do Rio Salit re X X

PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Projeto de Zoneamento Hidroquímico da Qualidade das Águas Subterrâneas da Bacia do Rio Salitre

X

Page 97: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

70

Quadro 22. Programas e Projetos X Fontes de Financiamento (Cont.)

POSSÍVEIS FONTES DE FINANCIAMENTO

PROGRAMA

PROJETO

AN

A

CO

DE

VA

SF

Ban

co d

o N

orde

ste

Ban

co d

o B

rasi

l

BN

DE

S

Gov

erno

do

Est

ado

da

Bah

ia

Des

enba

hia

Projetos Executivos de Ampliação e Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água na Bacia do Rio Salitre

X X

Projeto de Construção de Cisternas para Acumulação de Águas de Chuvas X X

Projeto Executivo de Sistemas de Coleta, Tratamento e Destinação de Esgotos Domésticos para a Bacia do Rio Salitre

X X

Projeto Executivo de Construção de Fossas Sépticas X X

Projeto de Controle de Doenças Transmitidas por Veiculação Hídrica X

Projeto de Implantação de Lavanderias Públicas X

PROGRAMA DE SANEAMENTO BÁSICO E

SAÚDE PÚBLICA

Projeto de Plano Diretor de Limpeza Urbana X

Page 98: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

71

Quadro 22. Programas e Projetos X Fontes de Financiamento (Cont)

POSSÍVEIS FONTES DE FINANCIAMENTO

PROGRAMA

PROJETO AN

A

CO

DE

VA

SF

Ban

co d

o N

orde

ste

Ban

co d

o B

rasi

l

BN

DS

Gov

erno

do

Est

ado

da

Bah

ia

Des

enba

hia

Projeto de Educação Sanitária e Ambiental X X X

Projeto de Incentivo e Capacitação para Uso de Técnicas que Otimizem o Uso dos Recursos Hídricos na Irrigação

X X X X X

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Manejo Adequado do Solo e Agrotóxico X X X X

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Tratamento Simplificado de Águas Servidas

X

PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO SANITÁRIA E

AMBIENTAL

Projeto de Capacitação para o Aproveitamento de Rejeitos de Dessalinizadores X X

Projeto de Recuperação das Nascentes do Rio Salitre e Afluentes X X X

Projeto de Revegetação de Matas Ciliares em Trechos Críticos da Bacia do Rio Salitre

X X X

PROGRAMA DE REVEGETAÇÃO E

RECUPERAÇÃO DAS NASCENTES E TRECHOS

CRÍTICOS DA BACIA DO RIO SALITRE Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas por Efeitos de Erosão X X

Projeto de Avaliação das Condições Operacionais e de Manutenção das Barragens Existentes.

X X

Projeto de Avaliação das Condições de Segurança das Barragens Existentes X X

PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DAS

BARRAGENS EXISTENTES NA BACIA DO RIO SALITRE

Projeto de Avaliação dos Usos e Qualidade da Água das Barragens Existentes X X

Page 99: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

72

7. CRONOGRAMA FÍSICO PROPOSTO

Com base nos programas e projetos apresentados para a Bacia, elaborou-se uma proposta de cronograma para implementação das ações. Deve ficar bem claro que o cronograma apresentado indica apenas o tempo em meses necessário para a implantação dos projetos e não está relacionado com a análise de curto, médio e longo prazos. Os cronogramas estão apresentados no Quadro 23.

Page 100: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

73

Quadro 23. Cronograma Físico para Implantação das Ações Propostas para a Bacia do Rio Salitre

PERIODO

PROGRAMA

PROJETO

1 m

ês

2

mes

es

3 m

eses

4 m

eses

5 m

eses

6 m

eses

7 m

eses

8 m

eses

9 m

eses

10 m

eses

11 m

eses

12 m

eses

Projeto de Cadastramento de Usuários das Águas Superficiais para Processo de Outorga

Projeto de Proposta de Enquadramento do Rio Salitre e Afluentes.

Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento Hidroclimatológica

Projeto de Implantação de Rede de Monitoramento da Qualidade da Água Superficial do Rio Salitre.

Projeto de Mapeamento do Uso do Solo da Bacia do Rio Salitre

PROGRAMA DE DISCIPLINAMENTO DO USO DAS ÁGUAS

Quantificação das Disponibilidades das Águas Superficiais da Bacia

Mapeamento Hidrogeológico da Calha do Rio Salitre

Projeto de Atualização e Informatização do Banco de Dados de Poços dos Municípios da Bacia

Projeto de Quantificação de Demandas e Disponibilidade das Águas Subterrâneas da Bacia do Rio Salitre

Projeto de Recuperação e Manutenção de Poços da Bacia do Rio Salitre

PROGRAMA DE GERENCIAMENTO

DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEASDA

BACIA DO RIO SALITRE

Projeto de Zoneamento Hidroquímico da Qualidade da Águ as Subterrâneas da Bacia do Rio Salitre

Page 101: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

74

Quadro 23. Cronograma Físico para Implantação das Ações Propostas para a Bacia do Rio Salitre (Cont.)

MESES

PROGRAMA

PROJETO

1 m

ês

2 m

eses

3 m

eses

4 m

eses

5 m

eses

6 m

eses

7 m

eses

8 m

eses

9 m

eses

10 m

eses

11 m

eses

12 m

eses

15 m

eses

18 m

eses

Projetos Executivos de Ampliação e Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água na Bacia

Projeto de Construção de Cisternas para Acumulação de Águas de Chuvas

Projeto Executivo de Sistemas de Coleta, Tratamento e Destinação de Esgotos Domésticos para a Bacia

Projeto Executivo de Construção de Fossas Sépticas

Projeto de Controle de Doenças Transmitidas por Veiculação Hídrica

Projeto de Implantação de Lavanderias Públicas

PROGRAMA DE SANEAMENTO

BÁSICO E SAÚDE PÚBLICA

Projeto de Plano Diretor de Limpeza Urbana

Projeto de Educação Sanitária e Ambiental

Projeto de Incentivo e Capacitação para Uso de Técnicas que Otimizem o Uso dos Recursos Hídricos na Irrigação

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Manejo Adequado do Solo e Agrotóxicos

Projeto de Incentivo e Capacitação para o Tratamento Simplificado de Águas Servidas

PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO

SANITÁRIA E AMBIENTAL

Projeto de Capacitação para o Aproveitamento de Rejeitos de Dessalinizadores

Page 102: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

75

Quadro 23. Cronograma Físico para Implantação das Ações Propostas para a Bac ia do Rio Salitre (Cont.)

PERÍODO

PROGRAMA

PROJETO 1 m

ês

2 m

eses

3 m

eses

4 m

eses

5 m

eses

6 m

eses

7 m

eses

8 m

eses

9 m

eses

10 m

eses

11 m

eses

12 m

eses

Projeto de Recuperação das Nascentes do Rio Salitre e Afluentes

Projeto de Revegetação de Matas Ciliares em Trechos Críticos da Bacia do Rio Salitre

PROGRAMA DE REVEGETAÇÃO E

RECUPERAÇÃO DAS NASCENTES E TRECHOS CRÍTICOS DA BACIA DO

RIO SALITRE Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas por Efeitos de Erosão

Projeto de Avaliação das Condições Operacionais e de Manutenção das Barragens Existentes.

Projeto de Avaliação das Condições de Segurança das Barragens Existentes

PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DAS

BARRAGENS EXISTENTES NA BACIA

DO RIO SALITRE Projeto de Avaliação dos Usos e Qualidade da Água das Barragens Existentes

Page 103: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

76

8 CONCLUSÕES

- Os estudos realizados para Bacia do Rio Salitre evidenciaram os constantes conflitos de uso da água existentes na região, decorrentes não só de fenômenos naturais (baixa pluviosidade), mas principalmente pelo constante crescimento populacional e econômico local. O incremento destes setores sem uma política de desenvolvimento sustentável vem desencadeando um quadro que é comum nas bacias do semi-árido do Nordeste, a escassez dos recursos hídricos.

- O setor agrícola, um dos que mais cresceram na Bacia, foi fundamental para o desenvolvimento do Baixo Salitre, principalmente no município de Juazeiro, na área de influência das barragens galgáveis construídas pela CODEVASF, no entanto, o desenvolvimento deste setor não ocorreu de forma sustentável, demandando uma quantidade de água muito maior que a disponível, gerando grandes conflitos pelo seu uso. Este quadro também se repete no alto Salitre, municípios de Várzea Nova, Jacobina e Ourolândia.

- A grande demanda de água na irrigação acontece principalmente pelos métodos utilizados: suco, inundação, aspersão e outros considerados inadequados para a disponibilidade hídrica da região.

- A construção de barragens, uma tentativa de reverter o quadro de escassez de água, tornou-se novo motivo de conflitos. A Barragem de Ouro Branco, construída no município de mesmo nome, barra o rio Salitre no trecho próximo a sede da cidade e é um dos maiores conflitos da região. Após sua construção, sem nenhum critério técnico necessário para a implantação de uma obra dessa importância, o rio Salitre cortou e só reaparece no município de Campo Formoso.

- Toda população existente entre o trecho em que o rio corta passa todo ano sem usufruir da disponibilidade hídrica do rio. Várias tentativas de reverter a situação já foram realizadas, porém, considerando o tipo de geologia local, calcário, suspeita-se de fuga de água por fissuras, fazendo o rio correr subterrâneo.

- Outras barragens como a de Tamboril, município de Morro do Chapéu, e Caatinga do Moura, no município de Caatinga do Moura apresentam situações semelhantes, ambas de propriedade da Codevasf, chegam a secar em períodos de estiagem.

- A situação de escassez de água compromete a qualidade da água superficial. Mediante este quadro, é comum o cultivo nas margens dos rios e lagos das barragens para aproveitar a umidade do solo e facilitar a irrigação. Essa prática provoca o desmatamento das matas ciliares ao mesmo tempo em que introduz compostos químicos na água com o uso de agrotóxicos, comprometendo também a qualidade das águas.. A retirada da mata ciliar está aumentando o processo de erosão nas margens, assoreando o rio.

- A qualidade da água é também afetada devido a carência de saneamento básico com se apresenta a região. Nos nove municípios pertencentes a Bacia, todos são praticamente desprovidos de sistemas de esgotamento sanitário acompanhado de sistema de tratamento de efluentes. Os esgotos são lançados nas redes de águas pluviais que os drenam para cursos d’águas mais próximas, em fossas sépticas ou ao céu aberto, contribuindo para a degradação ambiental e mais especificamente dos recursos hídricos, seja superficial ou subterrâneo.

Page 104: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

77

- Isto eleva a baixa qualidade da água utilizadas para consumo e sua restrição de uso. A situação agrava-se ainda mais quando a análise é direcionada para a zona rural. Nas comunidades os sistemas mais comuns é o confinamento dos esgotos em fossas negras, ou seja, fossas desenvolvidas sem estudos técnicos adequados e que contribuem para a poluição do lençol d’água.

- Os serviços de coleta e destinação do lixo não diferem dessas situações: em todos os municípios a coleta é irregular e o lançamento final ocorre geralmente em lixões.

- A relação entre qualidade dos recursos hídricos e saúde publica são complexas em situações de escassez como a apresentada pela bacia do rio Salitre. A ausência de água, o comprometimento da sua qualidade, a falta de investimento em saneamento básico, associados às condições socioeconômicas da maioria da população têm criado problemas de saúde pública de difícil equacionamento nessa Bacia.

- Grande parte da Bacia apresenta carência de água para o abastecimento humano, verificando, como prática comum na região a captação em poços tubulares que não atendem à demanda, como também em açudes que não apresentam condições mínimas para o uso humano, devido ao alto índice de contaminação o que gera impactos à saúde da população local.

- Aliada aos problemas antrópicos, a Bacia do Rio Salitre apresenta 80% de sua área com rochas metassedimentares, calcárias e cristalinas, o que significa dizer que as águas subterrâneas apresentam-se na sua maioria com teores de sal acima do normal para o consumo humano. Em alguns trechos do rio Salitre a água também apresenta -se com teores de sal elevado devido a geologia local.

- Após análise acima, conclui-se que a reversão e/ou minimização deste quadro de forma eficiente só será possível com a atuação em todos setores responsáveis pe la degradação ambiental da bacia de forma integrada e gerenciada, daí a necessidade da implementação do Plano de Gerenciamento Integrado da Bacia do Rio Salitre (PLANGIS).

9. RECOMENDAÇÕES

O desenvolvimento do PLANGIS necessitou de um estudo detalhado sobr e cada problema e como poderia ser resolvido. Este estudo gerou a Matriz dos Conflitos que objetivou sintetizar e descobrir as causas de cada problema através de uma cadeia causal, envolvendo os elementos técnicos, econômicos, institucionais e políticos -socais. Através da Matriz dos Conflitos pôde -se propor Ações Estratégicas a serem implementadas na Bacia visando a reversão da situação atual.

As Ações Estratégicas deverão ser implementadas de forma integrada, visando obter resultados em toda Bacia e não em partes isoladas.

Em face aos problemas identificados e analisados propõem-se as seguintes Ações Estratégicas de acordo com o Quadro 24.

Page 105: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

78

Quadro 24. Ações Estratégicas x Municípios x Custos MUNICIPIOS – ZONA URBANA E/OU

RURAL CUSTOS

PROGRAMAS / AÇÕES

ESTRATÉGICAS

PROJETOS

JUA

ZE

IRO

CA

MPO

F

OR

MO

SO

UM

BU

RA

NA

S

OU

RO

ND

IA

MIR

AN

GA

BA

JAC

OB

INA

RZ

EA

NO

VA

MO

RR

O D

O

CH

APE

U

R$

US$ (2,80)

Cadastramento de Usuários das Águas Superficiais para Processo de Outorga X X X X X X X X 52.000,00 18.571,43 Enquadramento do Rio Salitre e Afluentes Segundo seus Usos Prioritários. X X X X X X X X 110.000,00 39.285,72 Implantação de Rede de Monitoramento Hidroclimatológica X X X X X X X X 182.000,00 65.000,00 Implantação de Rede de Monitoramento da Qualidade da Água Superficial do Rio Salitre X X X X X X X X 200.000,00 71.429,00 Mapeamento do Uso do Solo da Bacia X X X X X X X X 30.000,00 10.175,00

DISCIPLINAMENTO DO USO DAS ÁGUAS

DA BACIA DO RIO SALITRE

Quantificação das Disponibilidades das Águas Superficiais da Bacia X X X X X X X X 25.000,00 8.829,00 Projetos Executivos de Ampliação e Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água para a Bacia do Rio Salitre

X X X X X X X X 5.339.067,50 1.906.809,79

Construção de Ci sternas para Acumulação de Águas de Chuva X X X X X X X X 5.026.560,00 1.795.200,00 Projeto Executivo de Sistemas de Coleta, Tratamento e Destinação de Esgotos Domésticos para a Bacia

X X X X X X X X 24.595.932,00 8.784.261,42

Projeto Executivo de Implantação de Fossas Sépticas X X X X X X X X 4.433.660,00 1.583.450,00 Implantação de Lavanderias Públicas X X X X 35.000,00 12.500,00

SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE

PÚBLICA

Plano Diretor de Limpeza Urbana X X X X X X X X 15.390.580,00 5.496.635,70 Recuperação das Nascentes do Rio Salitre e Afluentes X X X X X X X X 150.000,00 53.571,43

Revegetação de Matas Ciliares em Trechos Críticos da Bacia X X X X X X X X 300.000,00 107.142,85

REVEGETAÇÃO E RECUPERAÇÃO DAS

NASCENTES E TRECHOS CRÍTICOS

DA BACIA DO RIO SALITRE

Recomposição de Áreas Degradadas por Efeitos de Erosão X X X X X X X X

50.000,00 17.857,14

Educação Sanitária e Ambiental X X X X X X X X Vb Vb Incentivo e Capacitação para o Uso de Técnicas que Otimizem o Uso dos Recursos Hídricos na Irrigação

X X X X X X 90.000,00 32.142,86

Incentivo e Capacitação para o Manejo Adequado do Solo e dos Agrotóxicos. X X X X X X 90.000,00 32.142,86 Incentivo e Capacitação para o Aproveitamento e Uso das Águas de Chuva. X X X X X X X X 90.000,00 32.142,86 Incentivo e Capacitação para o Tratamento Simplificado de Águas Servidas X X X X X X X X 90.000,00 32.142,86

PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO

SANITÁRIA E AMBIENTAL

Capacitação para o Aproveitamento de Rejeitos de Dessalinizadores X X X X X X X X 100.000,00 35.714,29 Avaliação das Condições Operacionais e de Manutenção das Barragens Existentes.

X X X X X X X X 128.000,00 47.715,00

Avaliação das Condições de Segurança das Barragens Existentes X X X X X X X X

96.000,00 34.286,00

PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DAS

BARRAGENS EXISTENTES NA BACIA DO RIO

SALITRE Avaliação dos Usos e Qualidade da Água das Barragens Existentes X X X X X X X X 110.000,00 39.285,72

Page 106: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

79

Quadro 24. Ações Estratégicas x Municípios x Custos (Cont.) MUNICIPIOS – ZONA URBANA E/OU

RURAL CUSTOS

PROGRAMAS / AÇÕES

ESTRATÉGICAS

PROJETOS

JUA

ZE

IRO

CA

MP

O

FO

RM

OSO

UM

BU

RA

NA

S

OU

RO

ND

IA

MIR

AN

GA

BA

JAC

OB

INA

RZ

EA

NO

VA

MO

RR

O D

O

CH

APE

U

R$

US$ (2,80)

Mapeamento Hidrológi co da Calha do Rio Salitre X X X X X X X X 100.000,00 35.714,29 Banco de Dados de Poços da Bacia do Rio Salitre X X X X X X X X 110.000,00 39.285,72 Quantificação das Demandas e Disponibilidade das Águas Subterrâneas da Bacia do Rio Salitre.

X X X X X X X X 88.000,00 31.428,57

Avaliação Hidroquímico da Qualidade da Água Subterrânea na Bacia do Rio Salitre X X X X X X X X 121.000,00 43.214,29

PROGRAMA DE GERENCIAMENTO

DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Recuperação e Manutenção de Poços

X X X X X X X X

105.000,00 37.500,00

Page 107: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

80

- A implementação do PLANGIS deverá ser feita com a participação da sociedade civil e todos os órgãos da esfera federal, estadual e municipal envolvidos com a gestão dos recursos hídricos e que tenham ações na área, como a ANA, SRH, CODEVASF dentre outros. Sendo de grande importância a atuação do Comitê da Bacia do Rio Salitre, que terá essencial papel na implementação deste Plano, principalmente por ter sido constituído como uma “Organização Civil sem fins lucrativos” durante todo o processo de desenvolvimento desse projeto, sendo um dos pr incipais conhecedores dos problemas da Bacia.

- Para implementação do PLANGIS deverão ser pleiteados recursos dos governos federais, estaduais e municipais e de instituições financeiras para que seja possível o detalhamento e implantação dos programas afins com as áreas de recursos hídricos. Várias instituições poderão ser consultadas como pode ser visto a seguir:

• ANA: Pró -Água, Brasil em Ação, Alvorada, Sertão Forte, Programa de Água Subterrânea para Região Nordeste;

• CODEVASF: programas de irrigação e drenagem e outros;

• Governo do Estado: programas PRODUZIR, PRODUR, Programas de Apoio ao Desenvolvimento Regional (PAADR), estes programas são implementados por órgãos com a CAR e CERB;

• Banco do Nordeste, Banco do Brasil, BNDS, Desenbahia e outros. Estas intituições apresentam programas afins com a área em estudo.

As ações deverão ser implementadas segundo suas prioridade. Para isto deverão ser consideradas as ações de impactos positivos e imediatos em toda bacia e seus custos. Sugere-se no Quadro 25 a seguinte priorização de implantação das ações:

Quadro 25. Priorização de Implementação das Ações

Graduação Ordem de Implementação

Preferencial e emergencial

1 – Programa de Avaliação das Condições das Barragens Existentes na Bacia do Rio Salitre;

2 - Programa de Disciplinamento do Uso das Águas;

3 - Programa de Capacitação Sanitária e Ambiental;

4 - Programa de Revegetação e Recuperação das Nascentes e Trechos Críticos da Bacia do Rio Salitre

Preferencial e emergencial a médio prazo; 1 – Programa de Saneamento Básico e Saúde Pública;

Preferencial a médio prazo 1 – Programa de Gerenciamento das Águas

O Programa Avaliação das Condições das Barragens Existentes foi priorizado devido ao grande conflito que a comunidade vem vivendo, gerado pela construção da Barragem de Ouro Branco, sem nenhum estudo prévio e sem nenhuma consulta à comunidade que ali vivia. Existe também a barragem de Tamboril e Caatinga do Moura, que também geram conflitos mas em menor proporção, deixando grande parte da população da Bacia do Rio Salitre sem água para consumo. É de grande importância também a implementação do Programa de Capacitação Sanitária e

Page 108: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

81

Ambiental. No que tange ao projeto de educação ambiental, este deve ser implementado a medida que a demanda for aumentando, ou seja, a medida que cada um dos projetos forem implementados como por exemplo: o projeto de esgotamento sanitário; o projeto de resíduos sólido. Estes devem acontecer paralelamente ao projeto de educação ambiental. Em relação aos cursos de capacitação, estes podem acontecer o mais breve possível e de maneira desarticulada.

10. ATORES

10.1 Equipe do Projeto

Yvonilde Dantas Pinto Medeiros - Coordenadora Universidade Federal da Bahia – UFBA Rua Aristides Novis, no02 – 4o andar – Federação CEP: 40.210-630 Salvador – Ba. Telefax: 245-9927 / Tel: 203-9785 e-mail: [email protected]

Maria do Socorro Gonçalves - Coordenadora Adjunta Universidade Federal da Bahia – UFBA Rua Aristides Novis, no02 – 4o andar – Federação CEP: 40.210-630 Salvador – Ba. Telefax: 245-9927 / Tel: 203-9785 e-mail: [email protected]

Antônio Marcos S. Silva - Eng. Sanitarista e Ambiental Universidade Federal da Bahia – UFBA Rua Aristides Novis, no02 – 4o andar – Federação CEP: 40.210-630 Salvador – Ba. Telefax: 245-9927 / Tel: 203-9785 e-mail: [email protected]

Aucimaia de Oliveira Tourinho – Geógrafa Universidade Federal da Bahia – UFBA Rua Aristides Novis, no02 – 4o andar – Federação CEP: 40.210-630 Salvador – Ba. Telefax: 245-9927 / Tel: 203-9785 e-mail: [email protected]

Lenise C. Brandão Santos - Eng. Sanitarista e Ambiental Universidade Federal da Bahia – UFBA Rua Aristides Novis, no02 – 4o andar – Federação CEP: 40.210-630 Salvador – Ba. Telefax: 245-9927 / Tel: 203-9785 e-mail: [email protected]

Nelivalda Costa da Silva - Assistente Social Universidade Federal da Bahia – UFBA Rua Aristides Novis, no02 – 4o andar – Federação CEP: 40.210-630 Salvador – Ba. Telefax: 245-9927 / Tel: 203-9785 e-mail: [email protected]

Page 109: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

82

Isabel Cristina Galo - Administradora Universidade Federal da Bahia – UFBA Rua Ar istides Novis, no02 – 4o andar – Federação CEP: 40.210-630 Salvador – Ba. Telefax: 245-9927 / Tel: 203-9785 e-mail: [email protected]

Ramon Castro de Oliveira - Estagiário de Eng. Sanitária e Ambiental Universidade Federal da Bahia – UFBA Rua Aristides Novis, no02 – 4o andar – Federação CEP: 40.210-630 Salvador – Ba. Telefax: 245-9927 / Tel: 203-9785 e-mail: [email protected]

Carlos Henrique de A. C. Medeiros - Eng. Civil Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS e-mail: [email protected]

Estagiários:

Soraia de Cácia Alves Hohlemverger - Eng. Sanitarista e Ambiental Universidade Federal da Bahia – UFBA Rua Aristides Novis, no02 – 4o andar – Federação CEP: 40.210-630 Salvador – Ba. Telefax: 245-9927 / Tel: 203-9785 e-mail: [email protected]

Arilma Oliveira do Carmo - Estagiária de Eng. Sanitária e Ambiental Universidade Federal da Bahia – UFBA Rua Aristides Novis, no02 – 4o andar – Federação CEP: 40.210-630 Salvador – Ba. Telefax: 245-9927 / Tel: 203-9785 e-mail: [email protected]

Adriano Nascimento Mascarenhas - Estagiário de Geografia Universidade Federal da Bahia – UFBA Rua Aristides Novis, no02 – 4o andar – Federação CEP: 40.210-630 Salvador – Ba. Telefax: 245-9927 / Tel: 203-9785 e-mail: [email protected]

Antônio Manoel T. Lima - Auxiliar Administrativo Universidade Federal da Bahia – UFBA Rua Aristides Novis, no02 – 4o andar – Federação CEP: 40.210-630 Salvador – Ba. Telefax: 245-9927 / Tel: 203-9785 e-mail: amtl@uf ba.br

10.2 Parceiros

Prefeituras dos Municípios: Juazeiro, Campo Formoso, Jacobina, Mirangaba, Ourolândia, Várzea Nova, Umburanas, Morro do Chapéu e Miguel Calmon

Page 110: Relatório Final MATRIZ DE CONFLITOS E PLANO DE AÇÃO

83

Comissão Intermunicipal: Município Representante da Prefeitura Representante da Comunidade

Campo Formoso Sra. Iracy Andrade de Araújo Sr. Robson S. de Carvalho

Mirangaba Sr. Antônio Carlos Lago Muniz Sr. Glêriston Gonzaga de Macedo

Jacobina Sr. Clóvis Meneses Sr. Claudeni Pereira da Silva

Umburanas Sr. Amândio Bruno da Cruz Sr. Valdeni Ribeiro Soares

Ourolândia Sr. Evilásio Alves de Carvalho Sr. Raimundo S. de Andrade

Sr. Idorlando Francisco da Silva

Várzea Nova Sr. Hildebrando Mota Carneiro Sr. Raimundo F. de Lima

Morro do Chapéu Sr. José Carlos Gomes Sr. Cassimiro G. da Silva

Juazeiro Sr. Hugo Pereira de Jesus Sr. Valdemar Borges Vieira Júnior

Sr. José Humberto Félix de Souza

Sr. Nilton Guerra

Miguel Calmon Sr. José Ricardo L.Requião Sr. Adelmo Miranda

Superintendência de Recursos Hídricos – SRH/Ba: Maria Gravina Ogata – Geógrafa e Advogada Gold Maria Stifelman - Antropóloga Marcostony da Cruz - Agrônomo – Casa de Recursos Naturais - CRN/Juazeiro-BA

Universidade Estadual da Bahia - UNEB Equipe de cadastro – estagiários

Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS Carlos Henrique de A. C. Medeiros - Eng. Civil e-mail: [email protected]