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PROJETO DE AÇÃO PEDAGÓGICA A PARTIR DE UMA MATRIZ ANALÍTICA: ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS 1 P AULO RICARDO F REIRE 2 RESUMO O presente artigo, elaborado como material didático para a disciplina Planejamento e Avaliação do Ensino, apresenta as orientações para a elaboração de Projetos de Ação Pedagógica a partir da montagem de Matriz Analítica. Dispõe sobre as fases de elaboração de um projeto, com ênfase na análise de problemas educacionais presentes no contexto do trabalho educativo na escola através de uma estrutura de matriz. PALAVRAS-CHAVE Projeto Matriz Analítica Metodologia Problemas Educacionais. INTRODUÇÃO Com a complexidade do mundo atual, urge a necessidade de novas formas de existência e relação com as diversidades latentes. Em todas as relações de trabalho que demandem a ação entre seres humanos, está presente a necessidade de uma prática cada vez mais orquestrada em princípios teóricos e metodologias dinâmicas e eficientes. Com efeito, quanto mais complexa uma situação, mais rigoroso deve ser o planejamento das ações com o intuito de atingir objetivos e metas propostos. Na escola não é diferente. Dentre as formas de planejamento das ações pedagógicas e educacionais com melhores resultados encontra-se a prática de projetos. Ao adotar o trabalho educativo a partir de projetos denominados de projetos de ação pedagógica 3 , uma entidade educacional (seja um sistema 1 Texto produzido como material didático para a disciplina Planejamento e Avaliação do Ensino, do Curso de Pedagogia. 2 Psicólogo e Doutor em Educação. Professor Adjunto do Departamento de Teoria e Fundamentos da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas. [email protected] 3 Um Projeto de Ação Pedagógica compreende um conjunto de ações estruturadas a partir de objetivos previamente elaborados a partir de diagnóstico realizado acerca de um problema pedagógico específico.

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PROJETO DE AÇÃO PEDAGÓGICA A PARTIR DE UMA MATRIZ

ANALÍTICA: ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS1

PAULO RICARDO FREIRE2

RESUMO

O presente artigo, elaborado como material didático para a disciplina Planejamento e Avaliação do Ensino, apresenta as orientações para a elaboração de Projetos de Ação Pedagógica a partir da montagem de Matriz Analít ica. Dispõe sobre as fases de elaboração de um projeto, com ênfase na análise de problemas educacionais presentes no contexto do trabalho educativo na escola através de uma estrutura de matriz.

PALAVRAS-CHAVE

Projeto – Matriz Analítica – Metodologia – Problemas Educacionais.

INTRODUÇÃO

Com a complexidade do mundo atual, urge a necessidade de novas

formas de existência e relação com as diversidades latentes. Em todas as

relações de trabalho que demandem a ação entre seres humanos, está

presente a necessidade de uma prática cada vez mais orquestrada em

princípios teóricos e metodologias dinâmicas e eficientes. Com efeito, quanto

mais complexa uma situação, mais rigoroso deve ser o planejamento das

ações com o intuito de atingir objetivos e metas propostos.

Na escola não é diferente. Dentre as formas de planejamento das ações

pedagógicas e educacionais com melhores resultados encontra-se a prática de

projetos. Ao adotar o trabalho educativo a partir de projetos denominados de

projetos de ação pedagógica3, uma entidade educacional (seja um sistema

1 Texto produzido como material didático para a disciplina Planejamento e Avaliação do Ensino,

do Curso de Pedagogia.

2 Psicólogo e Doutor em Educação. Professor Adjunto do Departamento de Teoria e

Fundamentos da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas. [email protected]

3 Um Projeto de Ação Pedagógica compreende um conjunto de ações estruturadas a partir de

objetivos previamente elaborados a partir de diagnóstico realizado acerca de um problema pedagógico específico.

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escolar, um departamento de ensino, uma simples unidade escolar, etc.)

estará institucionalizando o ciclo descrito no esquema seguinte:

DINÂMICA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE AÇÃO PEDAGÓGICA

Coleta de Dados

Os sujeitos da educação escolar deparam-se com inúmeros problemas

educacionais que, para serem resolvidos, é preciso que haja intervenção por

parte dos envolvidos no processo. Estes problemas muitas vezes aparecem no

contexto do cotidiano escolar. No entanto, muitas vezes estão ocultos nas

práticas, escamoteados. Daí a necessidade de investigá-lo.

A coleta de dados, primeiro passo do processo de elaboração de

projetos, compreende esta investigação, realizada a partir do problema

levantado, na qual busca-se as possíveis causas, os dados estatísticos, as

impressões e depoimentos dos envolvidos, etc. Com efeito, tudo o que for

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possível coletar que possa fundamentar a discussão do problema, será

aproveitado no momento da montagem da matriz analítica.

Montagem de Matrizes Analíticas

Caberá ao conjunto de sujeitos (professores, pedagogos e gestores) da

instituição a montagem da matriz analítica. Esta matriz analítica

corresponderá a um demonstrativo global da situação da instituição incluindo a

análise de seu desempenho, a identificação dos aspectos deficientes e a

apresentação de hipóteses de atuação (soluções) diante de cada situação

constatada e analisada.

Para cada solução proposta a matriz apresentará ainda a estimativa de

recursos necessários (pessoal e material) e dos cronogramas (duração e

datas), bem como identificará obstáculos que possam dificultar a promoção

das soluções.

Uma matriz analítica compõe-se dos seguintes elementos: variáveis,

indicadores, análise dos indicadores, prognósticos, solução, pessoal

necessário, material necessário e cronograma.

As VARIÁVEIS são fatores cuja composição e inter-relacionamento

caracterizam a dinâmica de funcionamento da instituição. Elas nada mais são

do que a caracterização genérica dada ao problema constatado, que

emerge do real através de dados válidos, cientificamente coletados. A

metodologia da pesquisa científica torna-se, portanto, o suporte para o

levantamento da problemática educacional que está sendo estudada.

Por exemplo, entre as variáveis que caracterizam o funcionamento

de uma unidade escolar podemos destacar: rendimento da população

escolar, métodos didáticos utilizados, material didático utilizado, currículos e

programas, faixas etárias dos alunos, evasão registrada, habilitação de

professores e técnicos, ambiente físico da escola, relacionamento escola -

família, relacionamento professor-aluno, relacionamento aluno-aluno,

relacionamento escola-comunidade, mercado de trabalho, condição

socioeconômica das famílias, etc.

A identificação das variáveis é ao mesmo tempo uma tarefa essencial e

delicada. Isto porque, sendo uma realidade educacional caracterizada pelo

comportamento e pela inter-relação de um imenso número de variáveis,

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caberá aos organizadores da matriz analítica a seleção daquelas que, a

seu juízo, sejam mais importantes.

Será ainda preocupação da equipe responsável pela matriz analítica o

grau de detalhamento relativo à indicação das variáveis. Assim, em

determinados casos, por exemplo, lançaremos a variável rendimento escolar.

Em outras situações, no entanto, precisaremos desdobrá-la em rendimento

escolar da matéria X, rendimento escolar da matéria Y , etc.

Os problemas relacionados com a inclusão ou exclusão de variáveis e

os diferentes graus de detalhamento devem ser amplamente discutidos

professores, pedagogos e gestor da instituição.

Assim, ao determinarmos uma variável, estaremos constatando que:

EXISTE ESTE PROBLEMA.

Os INDICADORES são os elementos que caracterizam o

comportamento das variáveis. Podem ser dados numéricos ou aspectos

descritivos, relacionar-se com o comportamento atual ou histórico e até mesmo

futuro das variáveis. São exemplos de indicadores: 40% dos alunos da turma

X foram reprovados em Matemática; a oferta de cursos não corresponde ao

mercado de trabalho; as instalações do laboratório X são inadequadas, etc.

Ou ainda: tabelas e gráficos estatísticos que caracterizam o comportamento da

variável evasão escolar de 1993 a l995 e estabelecem projeções para 1996;

tabelas que apresentam reprovações por disciplinas no curso Y; % de

aprovações; % de médias altas (bimestrais e finais); % de evasão escolar; %

de professores com habilitação X,Y,Z...; % de opiniões favoráveis ao método

X; % de incidentes negativos (professor-aluno) na unidade X; % de alunos

fora da faixa etária normal; % de alunos que trabalham, etc.

Deve-se destacar que uma mesma variável poderá apresentar

diversos indicadores. Assim, a variável rendimento da matéria X poderá

ser dimensionada por indicadores relativos a índices de aprovação, índices

de faltas, opiniões de professores, opinião de alunos, etc. Além destes dados ,

relativos ao comportamento atual das variáveis, poderá a mesma ser

caracterizada, por exemplo, por uma série histórica que demonstre o seu

comportamento em anos anteriores.

Além de escolher os tipos de indicadores, a equipe que organiza a

matriz analítica precisará identificá-los. Havendo um núcleo de pesquisa na

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instituição, a tarefa será facilitada, pois o mesmo fornecerá os indicadores.

Caso contrário, os técnicos precisarão organizar os instrumentos (testes,

questionários, roteiros de observação, etc.) para obter esses indicadores,

registrando-os na matriz.

Portanto, o papel dos indicadores é o de situar a variável quanto

a amplitude que ela evidencia. Indicadores respondem a pergunta: O QUE É

ISSO?

A ANÁLISE DOS INDICADORES corresponde à interpretação das

evidências determinadas pelos indicadores. Caracteriza-se pela investigação

das possíveis causas e correlações relativas ao comportamento das variáveis.

Assim, por exemplo, se a variável rendimento na matéria X estiver sendo

estudada através de uma tabela estatística que apresente uma série histórica

relativa ao seu comportamento, a análise consistirá em tentativas de

estabelecimento das causas e possíveis correlações dos indicadores

apresentados com outras variáveis e outros dados. Se o indicador analisado

for, por exemplo, 40% de reprovação na matéria Y, a análise terá como

objetivo responder a pergunta: por que este indicador de reprovação? Talvez

a análise conduza a uma conclusão semelhante a de que o baixo rendimento

é causado por falta de conhecimentos básicos por parte dos alunos e

inadequação dos métodos e material didático utilizados pelos professores.

Dessa forma o problema é dimensionado em sua objetividade e

subjetividade, favorecendo a proposição de soluções. Com a análise dos

indicadores respondemos à pergunta: POR QUE ISSO ESTÁ

ACONTECENDO? em relação ao(s) indicador(es) e sua variável.

Os PROGNÓSTICOS são estimativas sobre o comportamento futuro

das variáveis, com base nos antecedentes verificados. Podem ser

determinados mediante projeções estatísticas ou baseados em observações

da equipe técnica. Exemplo: O sistema escolar X apresenta 23% de evasões

em l995 e tende a apresentar 29% em l996. Caso não seja modificada a

estrutura da Escola X não haverá possibilidade de implantar o ensino de 2º

Grau.

Os prognósticos podem ser de dois tipos: os otimistas e os

pessimistas. Porém, em ambos os casos eles respondem à pergunta: PARA

ONDE CAMINHA ISSO?, sendo que esta questão se refere a todas as

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demais formuladas nos itens anteriores. O(s) pessimista(s) retrata (m) o

quadro futuro sem as ações necessárias e o(s) otimista(s) prevê(m) a ação

necessária.

As SOLUÇÕES são formas de atuação possíveis diante das

diferentes variáveis constatadas. Em outras palavras: são formas de resolver

os problemas constatados. A apresentação de soluções exigirá da equipe não

só o conhecimento técnico como também muita capacidade criativa.

Para uma mesma variável é possível apresentar várias soluções

alternativas ou complementares, e inclusive é melhor que várias soluções

sejam apresentadas para oferecer margem de opção. Por outro lado, uma

mesma solução pode atender a diversas variáveis.

O oferecimento de soluções não precisa estar rigorosamente preso à

disponibilidade de recursos pela instituição, uma vez que a matriz analítica

corresponde a uma proposta de trabalho. Caso o responsável pela instituição

considere importante e necessária a realização de determinada solução,

poderá então, obter os recursos necessários.

No sentido de se realizar a citada compatibilização, recomenda-se que

antes de apresentar soluções, seja feita uma identificação do dimensionamento

dos objetivos e princípios que regem o respectivo sistema de ensino. Assim,

será facilitada a apresentação de soluções que representam a aplicação dos

citados princípios às situações analisadas.

No exemplo anteriormente citado (rendimento baixo na área X), as

soluções propostas talvez fossem: treinamento de professores da área X nas

técnicas didáticas a, b ou; produção ou compra de material didático referente à

área X; programa de recuperação para os alunos, etc.

As propostas de soluções coerentes devem responder à pergunta: O

QUE VAMOS FAZER?, visando consequentemente a alteração dos

indicadores e modificação do quadro analítico, minimizando a interferência da

variável problematizadora.

Uma vez determinadas as ações-soluções a serem operacionalizadas,

deverão os planejadores se preocupar com os meios adequados ao alcance

dos fins determinados. Daí ser necessário que se indique, na complementação

da Matriz Analítica, os meios necessários e possíveis, ao alcance do educador.

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Portanto, os quatro itens subsequentes, dizem respeito aos meios a serem

utilizados.

Os RECURSOS HUMANOS (pessoal necessário) são o contingente

humano necessário à realização da ação proposta. Quais as pessoas que terão

a seu cargo garantir a ação ? Estão disponíveis para a tarefa? Todas estas

perguntas nos auxiliam na indicação dos recursos humanos: COM QUEM

VAMOS FAZER?

Os RECURSOS MATERIAIS discriminam os materiais necessários à

promoção de cada uma das soluções. As questões são as mesmas feitas em

relação aos recursos humanos, diferindo apenas porque serão selecionados

os materiais necessários à ação, para garantir também este aspecto. Com

essa definição respondemos à pergunta: COM QUE VAMOS FAZER?

Tanto os recursos humanos quanto os recursos materiais devem ser um

apelo ao real, ao existente aqui e agora e nunca àquilo que se gostaria de ter,

para poder fazer.

Os OBSTÁCULOS são os fatores que se opõem à realização das

soluções. Devem se vistos como desafio ao planejador-executor, autênticas

barreiras a serem transpostas e das quais já se tem conhecimento, não sendo

impeditivas à ação proposta. A identificação dos obstáculos ajudará o

responsável pela instituição na realização de suas opções. Exemplo de

obstáculos: dificuldades de horários, cláusulas regimentais, resistência dos

professores, etc.

No campo CRONOGRAMA são discriminadas a duração e as datas

relativas às soluções propostas. Determinado o que fazer, com quem fazer e

como agir é preciso estabelecer o QUANDO agir, em que medida agir – em

que espaço e tempo – para que haja um encadeamento das ações e

caminhada para as metas: previsão a curto, médio e longo prazo.

Todos estes campos são preenchidos coletivamente, a partir das

discussões e análises do problema levantado. Professores, Pedagogos e

Gestor podem seguir a ordem dos campos, um a um. No entanto, a montagem

de uma matriz analítica não precisa obedecer a esta sequencia inflexível de

passos (das variáveis aos cronogramas). Com efeito, uma análise de

indicadores poderá sugerir algumas variáveis que não tinham sido

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consideradas; a identificação de recursos poderá levar a uma outra solução,

etc.

Os campos da Matriz Analítica podem ser representados na forma do

esquema abaixo:

Podemos montar uma matriz analítica por linhas ou por colunas (ver

anexo). No primeiro caso, para cada variável calculamos diretamente todos os

indicadores. No segundo caso, encontramos primeiramente todas as variáveis,

depois todos os indicadores e assim por diante.

Um mesmo fator, considerado como variável, poderá aparecer na

análise de indicadores de outra variável ou mesmo em outras partes da matriz

analítica.

Na elaboração da Matriz Analítica, é importante consultar o calendário

da escola para adequar o cronograma proposto.

Opções e fixação de prioridades

Uma vez completa a Matriz Analítica se tem pronta a proposta de

trabalho em relação à totalidade do micro ou macro sistema, restando agora a

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tarefa em si, a operacionalização das soluções propostas através dos

PROJETOS DE AÇÃO PEDAGÓGICA, gerados pela matriz analítica. Para

isso, no entanto, é preciso que se filtre as soluções propostas na Matriz

Analítica, estabelecendo as prioridades em função do grau de importância, bem

como do nível de dificuldade em realizá-las. Na Matriz Analítica, por exemplo,

pode aparecer como solução “atividade esportiva: torneio de futsal”. No

entanto, se não houver uma quadra na escola, esta solução se torna inviável,

devendo ser descartada por ora da montagem do projeto.4

Montagem de Projetos

Entende-se por PROJETO DE AÇÃO PEDAGÓGICA (PAP) um plano

específico cujo objetivo ou meta esteja direta ou indiretamente relacionado com

o trabalho educacional. Trata-se de um instrumento formulado para atender às

necessidades de uma situação educacional.

Um projeto de ação pedagógica poderá ser montado sobre uma ou

mais soluções afins, pertinentes a uma mesma variável ou variáveis correlatas.

Esta ação porém nunca deverá ser aquela que fica “linda no papel” e sim a

maneira pela qual o problema vai ser enfrentado, a forma como o educador vai

investir em educação, tentando defrontar-se com o problema .

A montagem do projeto preverá as atividades, os métodos e técnicas

adequados à ação pedagógica, bem como os recursos humanos e materiais

pertinentes ao objeto em questão, tudo isso direcionado para a META que

provocara a alteração dos indicadores e consequente modificação da situação.

As flutuações da consciência pedagógica são aqui assumidas pelo

educador a fim de que as técnicas características das diversas ciências

sirvam-lhe de meios para a consecução dos objetivos. Porém nunca é demais

insistir que é necessário que o educador domine as técnicas sem se deixar

dominar por elas.

Ao fazer as suas opções é claro que o responsável pelo projeto deverá

ponderar: sua filosofia de trabalho, a compatibilidade das soluções propostas

com as diretrizes emanadas do sistema de ensino, existência ou possibilidade

4 A menos que seja solução prioridade e se consiga resolver este problema, com a realização

em outro espaço, por exemplo.

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de obtenção dos recursos necessários, aceitabilidade dos cronogramas,

possibilidade de superação dos obstáculos identificados, etc.

A estrutura do projeto bem como a sua forma pode variar de acordo com

a preferência de quem o elabora. No entanto, algumas considerações devem

ser observadas para a montagem de projetos. São elas:

Observar a distribuição das atividades e a correspondência das

mesmas com os cronogramas e recursos a serem utilizados;

Discriminar os recursos de acordo com as atividades, observando

que alguns serão repetidos uma vez que, para diferentes

atividades, poderão ser usados recursos idênticos;

Utilizar, na discriminação das atividades, a numeração

progressiva;

Distribuir os recursos sob os títulos: materiais, humanos e outros (

sob estes títulos serão discriminados os recursos técnicos,

institucionais , financeiros, etc.;

Nos recursos humanos citar os nomes das pessoas envolvidas;

Para obter bons indicadores os instrumentos de coleta de dados

devem ser bem estruturados e objetivos:

Para montar o projeto os recursos devem ser bem equacionados;

Prever a forma de avaliação do projeto facilita o trabalho;

As metas quantificadas facilitam a avaliação;

Indicadores bem situados facilitam a avaliação;

A avaliação final deve ser feita em função da alteração dos

indicadores que deram origem a montagem do projeto;

Um projeto bem montado traz alteração, para melhor, nos

indicadores.

Em função da natureza da meta proposta, da área de abrangência, da

clientela atendida, etc., os Projetos de Ação Pedagógica classificam-se em:

1. Projetos de Ação Escolar , os que se referem a:

1.1. Rendimento Escolar ( desenvolvimento rotineiro de programas,

recuperação, etc.

1.2. Relacionamento (professor-aluno, aluno-aluno, etc.)

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1.3. Atendimento diferenciado aos alunos (super e infra dotados, alunos com

escolaridade em atraso, alunos que trabalham, etc.)

1.4. Organização do trabalho intelectual;

1.5. Atendimento a alunos-problema;

1.6. Prevenção à evasão escolar;

1.7. Assistência ao escolar (bolsas de estudo, saúde, alimentação, etc.)

1.8. Outros

2. Projetos Técnico-Administrativos, os que tratam de:

2.1. Treinamento de pessoal (professores, técnicos, pessoal auxiliar, etc.);

2.2. Elaboração de normas de ação ( técnica, docente, administrativa);

2.3. Controle da Caixa Escolar (aspectos financeiros, administrativos);

2.4. Divulgação ( publicidade de livros, revistas, jornais, );

2.5. Outros.

Em relação a cada projeto deverão estar fixadas as responsabilidades

de planejamento, coordenação , acompanhamento e avaliação. Esta última

será feita periodicamente mediante instrumento próprio, definido na montagem

do projeto.

Após a Execução do Projeto no período previsto pelo cronograma, se

fará a Avaliação do Projeto, que consiste em verificar se os objetivos foram

ou não atingidos. O processo de avaliação deve ser qualitativo e deve fornecer

dados para uma nova matriz analítica e, consequentemente, um novo projeto.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, F. J. & FONSECA JÚNIOR, F.M. Projetos e ambientes inovadores. Brasília: Secretaria de Educação a Distância – SEED/ Proinfo – Ministério da Educação, 2000.

HERNÁNDEZ, F. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

MACHADO, N. J. Educação: Projetos e valores. São Paulo: Escrituras Editora, 2000.

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ANEXO 1 – Modelo de Matriz Analítica