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Alexandre Bahia Diogo Bacha e Silva Dierle Nunes Renata Nascimento Gomes (organizadores)

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO:ESTUDOS SOBRE A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE, DA EDUCAÇÃO E DOS DIREITOS HOMOAFETIVOS

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Copyright© 2015 by Alexandre Gustavo Melo Franco Bahia, Diogo Bacha e Silva, Dierle Nunes, Renata Nascimento Gomes Diretora Responsável: Aline Gostinski Editor Responsável: Israel VilelaCapa e Diagramação: Carla Botto de Barros

Conselho Editorial:Aldacy Rachid Coutinho (UFPR) Alexandre Morais da Rosa (UFSC e UNIVALI)

Aline Gostinski (UFSC) André Karam Trindade (IMED-RS)Antônio Gavazzoni (UNOESC) Augusto Jobim do Amaral (PUCRS)Aury Lopes Jr. (PUCRS) Claudio Eduardo Regis de Figueiredo e Silva (ESMESC)

Eduardo Lamy (UFSC) Jacinto Nelson de Miranda Coutinho (UFPR)Juan Carlos Vezzulla (IMAP-PT) Juarez Tavares (UERJ)Julio Cesar Marcelino Jr. (UNISUL) Lenio Luiz Streck (UNISINOS e UNESA)Luis Carlos Cancellier de Olivo (UFSC) Marco Aurélio Marrafon (UERJ)Márcio Staffen (IMED-RS) Orlando Celso da Silva Neto (UFSC)Paulo Marcio Cruz (UNIVALI) Rubens R. R. Casara (IBMEC-RJ)Rui Cunha Martins (Coimbra-PT) Sérgio Ricardo Fernandes de Aquino (IMED)Salah Khaled Jr. (FURG)

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

Processo e constituição: estudos sobre a judicialização da saúde, da educação e dos direitoshomoafetivos/ Alexandre Gustavo de Melo Bahia...[et al.]; organizadores Alexandre GustavoMelo Franco Bahia, Diogo Bacha,e Silva, Dierle Nunes, Renata Nascimento Gomes.1ª ed. – Florianópolis: Empório do Direito, 2015.321 p.ISBN 978-85-68972-15-11 Direito Constitucional 2. Processo Civil - Brasil. 3. Devido Processo Legal Brasil I. Título

CDU 342É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, inclusive quanto às características gráficas e/ou editoriais. A violação de direitos autorais constitui crime (Código Penal, art.184 e §§, Lei n° 10695, de 01/07/2003), sujeitando-se à busca e apreensão e indenizações diversas (Lei n°9.610/98).Todos os direitos desta edição reservados à Empório do Direito Editora.

Rua: Santa Luzia, 100 – sala 610CEP 88036-540 – Trindade – Florianópolis/[email protected]

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

Alexandre Gustavo Melo Franco BahiaDiogo Bacha e Silva

Dierle NunesRenata Nascimento Gomes

(organizadores)

PROCESSO E CONSTITUIÇÃO:ESTUDOS SOBRE A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE, DA EDUCAÇÃO E DOS DIREITOS HOMOAFETIVOS

Florianópolis2015

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SUMÁRIOINTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Alexandre Gustavo Melo Franco Bahia

POLÍTICA: UM MEIO DE VIDA OU UM COMPROMISSO COM A SOCIEDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Gabriela Soares Balestero

A FUNÇÃO CONTRAMAJORITÁRIA DA JURISDIÇÃO E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS SOCIAIS PRESTACIONAIS . . . . . . . 35Renata Nascimento Gomes e Gabriela Soares Balestero

PROTAGONISMO JUDICIAL À BRASILEIRA: CONTEXTUALIZAÇÃO JURÍDICO-TEÓRICA DA JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA E DO ATIVISMO JUDICIAL . . . 53

Diogo Bacha e Silva

RELATÓRIO DE PESQUISA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

CONSIDERAÇÕES SOBRE A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O PODER EXECUTIVO: PELA BUSCA DE PARÂMETROS PARA A ATUAÇÃO JUDICIAL . . . . . 181

Gustavo Silva Xavier e Leticia Hermenegildo Chaves

ATIVISMO JUDICIAL E O DIREITO À EDUCAÇÃO: A LEGITIMIDADE DO JUDICIÁRIO COMO ARENA DE DELIBERAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195

Fernanda Marques de Souza

EFETIVAÇÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL À EDUCAÇÃO BÁSICA PELO PODER JUDICIÁRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217

Pedro Emílio Paradelo

INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS . . 227Alexandre Bahia, Diego Dobri e Renata Gomes.

PROPRIEDADE INTELECTUAL: O PAPEL DAS PATENTES NA INOVAÇÃO DE MEDICAMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259

Mayanna De Franco Tibães

RESERVA DO POSSÍVEL: LIMITES PRESTACIONAIS E OBRIGACIONAIS DO ESTADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277

Rodrigo Pedroso Barbosa

PROCESSO E LITIGÂNCIA DE INTERESSE PÚBLICO . . . . . . . . 291Dierle Nunes, Alexandre Bahia, Renata Gomes e Rafaela Assis

O ATIVISMO JUDICIAL E A EFETIVAÇÃO DO DIREITO SOCIAL À SAÚDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 311

Alexandre Melo Franco Bahia, Júnior Ananias Castro e Mariana Sousa Faria

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INTRODUÇÃO

O Grupo “ProCon – Processo, Constituição e Direito Comparado:a judicialização da política e o legislativo” nasceu em 2008 e se estendeu até 2013. Foi idealizado pelos Professores Drs. Dierle José Coelho Nunes e Alexandre Gustavo Melo Franco Bahia como um Grupo de Estudos e de Pesquisa envolvendo estudantes de Graduação, Especialização e Mestrado da Faculdade de Direito do Sul de Minas.

A ideia de constituir o grupo parte de alguns supostos. Inicialmente, que o estudo do direito constitucional e processual no Brasil vem passando por grandes desafios.

As Constituições pós 2ª Guerra abriram um novo paradigma no que toca ao papel dos Direitos Fundamentais. Antes as Constituições eram Instrument of Government e os direitos ali previstos deveriam servir apenas como “orientação” para o legislador, o que significava também que não poderia ser utilizada como defesa de um direito perante o Judiciário1; agora, ao contrário, as Constituições, muito mais extensas (espraiando seu alcance sobre todos os ramos do direito – fenômeno conhecido como “constitucionalização do direito”), traçam programas para o futuro, são Constituições Dirigentes2, que pretendem trazer em si o planejamento das ações dos legisladores que se seguirem (independentemente da orientação política destes). Estas Constituições alargam o rol dos direitos fundamentais, dotando, inclusive, o cidadão e entes especializados (como o Ministério Público) de meios para a defesa judicial destes direitos.

Em países como o Brasil a “constitucionalização do direito” apenas acontece no atual regime democrático e levou não apenas a um aumento dos temas afetos à Constituição como também a uma mudança

1 Cf. SARMENTO, Daniel. O Neoconstitucionalismo no Brasil: riscos e possibilidades. In: LEITE, George S.; SARLET, Ingo W. Direitos Fundamentais e Estado Constitucional: estudos em homenagem a j. j. gomes canotilho. SP: RT; Coimbra: Coimbra Ed., 2009, p. 13. Ver também BARROSO, Luís Roberto. El Neoconstitucionalismo y la Constitucionalización del Derecho: el triunfo tardío del derecho constitucional en brasil. México: UNAM, 2008.

2 O termo ficou consagrado pela obra de Canotilho “Constituição dirigente e vinculação do legislador”, da década de 1970 e influenciou não apenas o constitucionalismo português mas também o constituinte brasileiro que deu origem à Constituição de 1988. Entretanto, o autor veio revisitando sua teoria até chegar à publicação da 2ª edição de seu livro, cujo Prefácio mostra uma mudança nos termos e fins da Constituição. Cf. CANOTILHO, J. J. Gomes. Prefácio (2ª edição). In: Constituição dirigente e vinculação do legislador. Coimbra: Coimbra, 2001, p. V-XXX e COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda (Org.). Canotilho e a Constituição dirigente. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO INTRODUÇÃO

de postura tanto na doutrina3 quanto na jurisprudência4. As novas estruturas construídas a partir daí abarcam institutos que rapidamente se tornaram topoi no direito brasileiro, como “mínimo existencial”, “reserva do possível” e “proibição do retrocesso”5.

Dessa forma, assiste-se hoje ao fenômeno do aumento do raio de atuação do Judiciário no Brasil e noutros países. Reivindicações pela “concretização” de direitos fundamentais (especialmente direitos prestacionais) pelo Estado têm levado a um aumento de procura pelo Poder Judiciário. Este, em razão da proibição do “non liquet” viu-se, num primeiro momento, em dificuldades de dar respostas satisfatórias, pois também se entendia que a ele não cabia tratar de political questions.6

3 Quanto à doutrina, Daniel Sarmento mostra que, a partir de 88 surgem duas correntes doutrinárias: o constitucionalismo brasileiro da efetividade e o pós-positivismo. Essas doutrinas precederam o que mais atualmente é chamado de neoconstitucionalismo. SARMENTO, Daniel. O Neoconstitucionalismo no Brasil..., op. cit., p. 24ss. E: BARROSO, Luís Roberto. El Neoconstitucionalismo y la Constitucionalización del Derecho: el triunfo tardío del derecho constitucional en brasil. México: UNAM, 2008.

4 Quanto a esta, percebe-se, por exemplo, um crescimento da chamada “jurisdição constitucional”, concebida esta tanto como a aplicação ordinária da Constituição pelos tribunais, afastando leis e atos normativos que lhe seja contrária, quanto o alargamento do controle concentrado de constitucionalidade.

5 Para referências quanto a estes institutos, cf. SARMENTO, Daniel. O Neoconstitucionalismo no Brasil..., op. cit., p. 26, nota 72. Isso para não dizer da invocação de princípios, muitos sem qualquer lastro normativo, o que possibilita “fundamentar” qualquer decisão judicial. Sobre isso, diz Sarmento: “os operadores do direito são estimulados a invocar sempre princípios muito vagos nas suas decisões (...). Os campeões têm sido os princípios da dignidade da pessoa humana e da razoabilidade. O primeiro é empregado para dar imponência ao decisionismo judicial, vestindo com linguagem pomposa qualquer decisão tido como politicamente correta, e o segundo para permitir que os juízes substituam livremente as valorações de outros agentes públicos [como o legislador] pelas suas próprias” (SARMENTO, idem, p. 41-42).

6 O Supremo Tribunal Federal, ao longo de sua existência, se valeu da doutrina das political questions para deixar de apreciar certas questões politicamente polêmicas. De fato, essa doutrina americana, a despeito de nunca haver sido bem definida no Brasil, esteve presente ao longo da história do STF. Cite-se também o caso do Vapor Júpiter, quando Rui Barbosa impetrou o HC. (coletivo) n. 406 e o HC. n. 410. Aqui, em razão do descumprimento por parte do Executivo de pedido de informações feito pelo STF, a ordem de soltura foi concedida. Rui Barbosa ainda impetrou os HC. n. 412 e 415 em favor do Senador (e Almirante) Wandenkolk e outros oficiais do Exército ou Armada, envolvidos no caso do navio Júpiter. O STF, pressionado pelo Governo – é atribuída a Floriano a afirmação de que “os ministros do Supremo iriam precisar de ordens concessivas de habeas corpus caso viessem a libertar o Almirante Wandenkolk” (CRUZ, Álvaro Ricardo de Souza. Breve histórico do Supremo Tribunal Federal e do controle de constitucionalidade brasileiro. In: SAMPAIO, José A. Leite (Org.). Crise e desafios da Constituição. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p. 213) –, decidiu, a 02 de setembro de 1893 não conceder a ordem. Cf. RODRIGUES, Lêda Boechat. História do Supremo Tribunal Federal. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965. v. I., p. 37 et seq.; e BARACHO JÚNIOR, José Alfredo Oliveira. A interpretação dos Direitos Fundamentais na Suprema Corte dos EUA e no Supremo Tribunal Federal. In: SAMPAIO, José A. Leite (Org.). Jurisdiçãoconstitucional e os Direitos Fundamentais. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 332). Sobre a doutrina das questões políticas, cf. KIMMINICH, Otto. Jurisdição constitucional e o princípio da divisão de poderes. Revista de Direito Público, São Paulo, n. 92, out./dez. 1989, p. 26. SAMPAIO, José Adércio Leite. A Constituição reinventada pela jurisdição constitucional. Belo Horizonte: Del Rey, 2002, p. 255. SOUZA JR., Antônio Umberto.

Entretanto, mais recentemente o Poder Judiciário, munido de novas concepções teóricas (notadamente o chamado “princípio da proporcionalidade”, de inspiração germânica)7, tem mudado sua postura, caminhando fortemente para o que se denomina “ativismo judiciário”8.

Assim, o Judiciário no Brasil vem se movendo, principalmente quando se pensa nos Tribunais Superiores, entre uma postura tradicional, de self restraint, de impossibilidade de apreciação de “questões políticas”, para opções de ativismo judicial, na figura do princípio da proporcionalidade. Entrementes, nem uma nem outra

O Supremo Tribunal Federal e as questões políticas. Porto Alegre: Síntese, 2004, p. 68 et seq.BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Recursos extraordinários no STF e STJ: conflito entre interesses público e privado. Curitiba: Juruá, 2009, p. 106.

7 Sobre o princípio da proporcionalidade, cf. ALEXY, Robert. Teoría de la Argumentación Jurídica: la teoría del discurso racional como teoría de la fundamentación jurídica. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1989. ALEXY, Robert. Derecho y Razón Práctica. México: Distribuciones Fontamara, 1993. ALEXY, Robert. Direitos Fundamentais no Estado Constitucional Democrático: para a relação entre direitos do homem, direitos fundamentais, democracia e jurisdição constitucional. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, n. 217, jul./set. 1999, pp. 55-66. ALEXY, Robert. Teoría de los Derechos Fundamentales. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 2001. ALEXY, Robert. A Theory of Constitutional Rights. Oxford/New York: Oxford University Press, 2002. Para uma crítica ao mesmo, cf. HABERMAS, Jürgen. Facticidad y Validez: sobre el derecho y el estado democrático de derecho en términos de teoría del discurso. Madrid: Trotta, p. 302ss. HABERMAS, Jürgen, Remarks on Erhard Denninger’s Triad of Diversity, Security, and Solidarity. Constellations, Oxford, vol. 7, n. 4, 2000, p. 526. HABERMAS, Jürgen. A Inclusão do Outro. São Paulo: Loyola, 2002, p. 355ss. CRUZ, Álvaro Ricardo de Souza. Hermenêutica Constitucional e Democracia. Revista da Faculdade Mineira de Direito, Belo Horizonte, n. 5 e 6, vol. 3, 1º e 2º semestres 2000. CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo de A. Direito Processual Constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 2001, p. 96ss. CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo de A. Direito Constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002, p. 88ss. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 4ª ed., Coimbra: Almedina, 1998, p. 1243. GARCÍA FIGUEROA, Alfonso. La Tesis del Caso Especial y el Positivismo Jurídico. Revista Doxa, Alicante, n. 22, 1999, p. 199. BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Anti-semitismo, tolerância e valores: anotações sobre o papel do Judiciário e a questão da intolerância a partir do voto do Ministro Celso de Mello no HC 82.424. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 847, p. 443-470, maio 2006. BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Constituição e Processo: a decisão em sede de controle de constitucionalidade vista a partir da constitucionalização do processo. Revista Brasileira de Direito Constitucional, São Paulo, n. 07, vol. 01, p. 102-133, jan/jun 2006. BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Ingeborg Maus e o Judiciário como Superego da Sociedade. Revista CEJ, Brasília, v. 30, p. 10-12, setembro 2005.

8 Sobre o tema, cf. BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Recursos extraordinários no STF e STJ: conflito entre interesses público e privado. Curitiba: Juruá, 2009, p. 293ss. NUNES, Dierle José coelho; BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Processo constitucional: uma abordagem a partir dos desafios do estado democrático de direito. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, v. 4, p. 224-250, jul./dez. 2009. Disponível em <http://www.redp.com.br/arquivos/redp_4a_edicao.pdf>. Acesso em: 20/02/2010. NUNES, Dierle José Coelho; BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Por um Novo Paradigma Processual. Revista da Faculdade de Direito do Sul de Minas, Pouso Alegre, n. 26, p. 79-98, jan./jun. 2008. NUNES, Dierle José Coelho; BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Ativismo e protagonismo judicial em xeque. Argumentos pragmáticos. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 2106, 7 abr. 2009. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12587>. Acesso em 10/02/2010.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO INTRODUÇÃO

postura parecem favorecer uma correta compreensão da função judicial frente às questões atuais e, particularmente, face à exigência de concebê-la como uma relação de tensão (e não de prevalência a priori), entre as dimensões pública e privada9.

A nova “tendência”10 tenta dar ao Judiciário (particularmente aos Tribunais Superiores) uma posição de protagonismo frente às mudanças sociais, já que os outros dois poderes teriam falhado nesse mister não nos parece adequada ao Estado Democrático de Direito. Um claro exemplo disso é a chamada “judicialização da saúde”, fenômeno jurídico pelo qual, uma vez que não se consegue obter pelas vias administrativas determinado tratamento médico ou um medicamento, apela-se para a via judiciária. Já há alguns estudos sobre o tema, inclusive mostrando preocupação frente à postura ativista do Judiciário11; estes, contudo, se concentram apenas no Judiciário (na “Judicialização da Política” ou “Politização do Judiciário”), sem, contudo, buscar as reais causas do fenômeno que são a crise da democracia representativa e do próprio Estado de Bem-Estar, segundo nossa hipótese.

Foi, justamente, esse o ponto central do ProCon: pesquisar o Poder Legislativo Brasileiro, buscando as causas (e, logo, aventar possíveis soluções) para a ausência da adequada, célere, séria ressonância de demandas sociais perante o mesmo.

a descrença geral da população em relação à política majoritária e, em especial, o descrédito do Poder Legislativo e dos partidos políticos. A percepção geral, alimentada por sucessivos escândalos e pelo discurso de alguns meios de comunicação social, de que a política parlamentar e partidária são esferas essencialmente corrompidas, que se movem exclusivamente em torno de interesses e não de valores, gera em alguns setores a expectativa de que a solução para

9 Cf. BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Recursos extraordinários no STF e STJ: conflito entre interesses público e privado. Curitiba: Juruá, 2009.

10 Poderíamos dizer que no Estado Liberal o Legislativo estava à frente; no Estado de Bem-Estar, a burocracia da Administração Pública. Se ambos falharam, agora as reivindicações se moveriam para o Poder que até então pretendera ficar neutro em face das disputas políticas.

11 Cf. SARLET, Ingo W. Os Direitos Sociais como Direitos Fundamentais: seu conteúdo, eficácia e efetividade no atual marco jurídico-constitucional brasileiro. In: In: LEITE, George S.; SARLET, Ingo W. Direitos Fundamentais e Estado Constitucional: estudos em homenagem a j. j. gomes canotilho. SP: RT; Coimbra: Coimbra Ed., 2009, p. 213-253. CANOTILHO, J. J. Gomes. Estudos sobre Direitos Fundamentais. SP: RT; Coimbra: Coimbra Ed., 2008, p. 35ss. BARROSO, Luis Roberto. Manifestação em Audiência Pública realizada no STF sobre a judicialização da saúde em 06 de Maio de 2009. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/processoAudienciaPublicaSaude/anexo/Luis_Roberto_Barroso.pdf>. SARLET, Ingo W. Manifestação em Audiência Pública realizada no STF sobre a judicialização da saúde em 30 de Abril de 2009. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/processoAudienciaPublicaSaude/anexo/Sr._Ingo_Sarlet__titular_da_PUC_.pdf>. BALESTERO, Gabriela Soares. Poder público deve resgatar democracia participativa. Consultor Jurídico, 25/04/2010. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2010-abr-25/orgaos-publicos-canalizar-direito-participacao-direta-povo>. Acesso em 25/04/2010.

os problemas nacionais possa vir do Judiciário12.

Partiu-se de que o aumento de demandas judiciais possui, entre suas causas, a inação do Legislativo (bem como a falta de eficiência administrativa). Não obstante, a maior parte dos estudos que têm sido publicados, se concentram no fenômeno da Judicialização da Política exclusivamente focados sobre o Judiciário, e não sobre as causas do fenômeno.

Faltava (e falta em muita medida) um estudo sistemático sobre a “dignidade da legislação”13, que busque estudar a judicialização da política apenas como (uma) consequência da crise da democracia representativa. Há necessidade de se repensar a missão do Poder Legislativo e a forma como o mesmo funciona: como caixa de ressonância para os influxos comunicativos vindos da periferia14.

Para tratar da temática da Judicialização da Política e relacioná-la com a omissão/carências no Legislativo/Executivo o Grupo selecionou duas linhas de pesquisa, a judicialização dos direitos à saúde e à educação e a judicialização do chamado “direito homoafetivo”.15

De um lado, direitos como saúde e educação geram decisões judiciais que podemos chamar de “ativistas”, por outro lado há, pelo menos, farta normatização (legislativa e administrativa) sobre a matéria, normas estas, inclusive, que servem de base para as demandas judiciais sobre promessas não cumpridas. Aqui tocamos em um tema extremamente importante: qual o limite do Judiciário na “realização” de políticas públicas? Aliás, é papel do Judiciário fazer políticas públicas? Até que ponto ele está apenas ordenando o cumprimento de leis (e resoluções) ou, mais do que isso, se torna um agente promotor de políticas públicas (não eleito e que não participa do procedimento legislativo de construção do orçamento da saúde e da educação; bem

12 SARMENTO, Daniel. O Neoconstitucionalismo no Brasil..., op. cit., p. 32.13 A expressão é de Jeremy Waldron, do seu: A Dignidade da Legislação. SP: Martins

Fontes, 2003.14 “...ora, os partidos políticos funcionam como um canal institucional (privilegiado)

pelo qual pode circular o poder comunicativo e as reivindicações da periferia podem alcançar o centro formador da vontade e da opinião pública. Se as decisões vinculantes do Estado são regidas por fluxos comunicativos vindos da periferia (passando pelas “eclusas” dos procedimentos democráticos regulados pelo Direito), há que se garantir que esta seja capaz de — e tenha oportunidade para — rastrear e detectar os problemas latentes de integração social subjacentes no meio social para então tematizá-los e, procedimentalmente, introduzi-los no sistema político”. BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco; NUNES, Dierle José Coelho. Crise da Democracia Representativa – Infidelidade Partidária e seu Reconhecimento Judicial. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 88, 2010, no prelo. Cf. também, HABERMAS, Jürgen. Facticidad y Validez: sobre el derecho y el estado democrático de derecho en términos de teoría del discurso. Madrid: Trotta, 1998, p. 438 e HABERMAS, Jürgen. Uma Conversa sobre Questões de Teoria Política. Entrevista a Mikael Carlehedem e René Gabriels. Revista Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 47, março 1997, p. 87.

15 Utilizamos a nomenclatura consagrada por Maria Berenice Dias, ver, e.g., da autora: União Homoafetiva: o preconceito e a justiça.4ª Ed. SP: RT, 2009.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO INTRODUÇÃO

como das políticas administrativas respectivas)?16 Trata-se de um fenômeno global conhecido como “Public Interest Litigation”.17

Entretanto, o mesmo não se verifica quanto aos direitos “homoafetivos”: não há legislação específica sobre a matéria (apenas resoluções ou similares no âmbito do poder Executivo) e isso não porque não tenham havido Projetos de Lei e/ou inclusive Projetos de Emenda à Constituição, mas porque estes vêm sendo constantemente relegados pelo Legislativo federal até serem arquivados sem que os congressistas se manifestem (seja pela aprovação, seja pela reprovação). O Judiciário, por seu turno, vem sendo chamado com larga frequência a decidir questões como união (estável) homoafetiva, adoção por casais do mesmo sexo, direitos previdenciários e em planos de saúde para casais homoafetivos, crimes contra homossexuais, etc.

Parte-se de que a não-discriminação contra a população LBGT é um direito fundamental e que merece tratamento protetivo dos órgãos públicos; e que, apesar da urgência quanto ao tema – há que se recordar, de antemão, que, “apenas no Brasil, a cada três dias uma pessoa é assassinada em virtude de ódio motivado na orientação sexual”18 –, no legislativo federal pouco ou quase nada de concreto tem sido feito.

Em um sistema constitucional que se apresenta como constante aprendizado, a Constituição é (e deve ser tida, sempre como) um projeto aberto19 a constantes novas inclusões. Isso possibilita que novos direitos possam ser incorporados, como, aliás, consta expressamente do parágrafo 2º de seu artigo 5º: “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República

16 Sintomática sobre isso a decisão dada pelo STF na ADPF. n. 45: “(...) Não obstante a formulação e a execução de políticas públicas dependam de opções políticas a cargo daqueles que, por delegação popular, receberam investidura em mandato eletivo, cumpre reconhecer que não se revela absoluta, nesse domínio, a liberdade de conformação do legislador, nem a de atuação do Poder Executivo. É que, se tais Poderes do Estado agirem de modo irrazoável ou procederem com a clara intenção de neutralizar, comprometendo-a, a eficácia dos direitos sociais, econômicos e culturais, afetando, como decorrência causal de uma injustificável inércia estatal ou de um abusivo comportamento governamental, aquele núcleo intangível consubstanciador de um conjunto irredutível de condições mínimas necessárias a uma existência digna e essenciais à própria sobrevivência do indivíduo, aí, então, justificar-se-á, como precedentemente já enfatizado - e até mesmo por razões fundadas em um imperativo ético-jurídico -, a possibilidade de intervenção do Poder Judiciário, em ordem a viabilizar, a todos, o acesso aos bens cuja fruição lhes haja sido injustamente recusada pelo Estado (...)” (STF, ADPF. n. 45, Rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática final).

17 Sobre isso cf. THEODORO JÚNIOR, Humberto; NUNES, Dierle José Coelho; BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Breves considerações da politização do judiciário e do panorama de aplicação no direito brasileiro - Análise da convergência entre o civil law e o common law e dos problemas da padronização decisória. Revista de Processo, v. 189, p. 9-52, 2010.

18 RIOS, R. A homossexualidade e a discriminação por orientação sexual no direito brasileiro. Revista de Informação Legislativa, Brasília a. 38 n. 149 jan./mar. 2001, p. 279-280.

19 Cf. CARVALHO NETTO, M. A Constituição da Europa. In: SAMPAIO, José A. Leite (coord.). Crise e Desafios da Constituição. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p. 282.

Federativa do Brasil seja parte”.Por isso se propôs pesquisar o histórico recente das proposições

legislativas que tramita(ram) no Congresso Nacional: desde aquelas que efetivamente passaram pelas Comissões até aquelas que foram simplesmente “abortadas de início”, sem maiores discussões sobre seu mérito ou que foram arquivadas por falta de manifestação.

Procurou-se compararesse histórico com os respectivos temas que têm sido levados aos tribunais, temas sobre os quais não há lei (ou esta está caduca), para mostrar que parte da litigância se dá em razão da incapacidade do Legislativo em oferecer respostas às demandas e/ou do Executivo em ter políticas idôneas.

Uma das hipóteses do grupo era de que os partidos políticos no Brasil, em geral, não “tomam partido” (nem a favor nem contra) quando se tratar de temas fraturantes, simplesmente não decidem. O que é algo extremamente preocupante, pois que, após tanta luta pela abertura democrática, para o pluralismo político e liberdade de ideias, quando finalmente há uma estrutura estatal a garantir tudo isso, percebe-se que o sistema político não tem servido como principal canal de formação da vontade do Estado, ao contrário, temas polêmicos – como o aborto de anencéfalo (ADPF 54) e outros que aqui nos interessam mais de perto, como os citados temas da união civil entre pessoas do mesmo sexo (ADPF 132 e ADPF 178)20 e da adoção entre casais homoafetivos – ou não são levados ao Legislativo, ou, quando são, este não decide, sendo a questão levada ao Judiciário, que vem aplicando diretamente a Constituição, sem, contudo, gerar “regras gerais” dado que este não é seu papel.

Uma outra hipótese do Grupo é a de que o uso do Judiciário pode ser uma faca de dois gumes, pode se dar tanto na busca por avanços no que toca aos Direitos Fundamentais mas também pode ser utilizado por setores conservadores interessados justamente em barrar avanços democráticos –algo que Boaventura de Sousa Santos chama de contrarrevolução jurídica21, lembrando ações como as que visam anular políticas de cotas para negros em universidades; ações contra demarcação de terras indígenas e quilombolas; criminalização do MST, etc.

Dessa forma, os estudos sobre esse fenômeno buscaram mapear alguns limites – normativo-democráticos – para tal atuação. Um destes limites é que o Judiciário possui papel contramajoritário inegável: a minoria deve poder buscar amparo no Judiciário para se

20 Assim, se ainda não se reconhece, no nível infraconstitucional, a união entre pessoas do mesmo sexo – já que Projetos de lei nesse sentido vêm sendo arquivados ou estão se arrastando, já há várias despeito de decisões judiciais que já há algum tempo reconhecem direitos àqueles. Cf. SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma Revolução Democrática da Justiça. SP: Cortez, 2007, p. 20.

21 SANTOS, Boaventura de Sousa. A contrarrevolução jurídica. Disponível em: <http://www.uc.pt/iii/novidades/CES-boaventura-contrarevolucao12-09>. Acesso em: 27/04/2010.

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evitar o descumprimento da Constituição frente a maiorias (eventuais). Entretanto, ele deve ser a última ratio, o último recurso e não, como por vezes se vê, a primeira/principal via de acesso de demandas público-políticas22. A primeira e principal arena institucionalizada de discussão (ainda) é o Legislativo e como tal deve ser resgatada/reconstruída uma teoria constitucionalmente adequada sobre esta função essencial em um Estado Democrático de Direito.

Durante seu funcionamento contou com financiamento do CNPq e da FAPEMIG, além do apoio institucional da FDSM, o que possibilitou a aquisição de livros, a participação em Congressos no Brasil e no exterior, a publicação de artigos, capítulos de livro e o levantamento de dados, como descreveremos abaixo.

Nesse sentido o Grupo obteve uma grande produção científica que vale a pena destacar.

Artigos publicados:SILVA, Diogo Bacha e. Os contornos do ativismo judicial no Brasil: o fetiche do Judiciário brasileiro pelo controle dos demais poderes. Revista de Informação Legislativa, v. 199, p. 163-178, 2013.BALESTERO, Gabriela Soares. O Casamento como um Instituto de Direito Civil no Direito Brasileiro: a Homoafetividade. Revista do Instituto do Direito Brasileiro, v. 11, p. 12033-12053, 2013.SILVA, Diogo Bacha e; GONCALVES, L. M. Judicialização da saúde e a transferência sobre o controle do corpo. Revista Jurídica Cesumar: Mestrado, v. 13, p. 561-579, 2013.SILVA, Sara H. Pereira; BAHIA, Alexandre Melo Franco. A Inércia e a Interferência Sistêmica como Obstáculos para a Tutela de Direitos Homoafetivos.Revista do CEJ., v. 60, p. 74-81, 2013. Disponível em: <http://migre.me/oD7k7>.BAHIA, Alexandre Melo Franco; VECCHIATTI, Paulo R. Iotti. ADI N. 4.277 – Constitucionalidade e relevância da decisão sobre união homoafetiva: o STF como instituição contramajoritária no reconhecimento de uma concepção plural de família. Revista Direito GV, v. 9, n. 1, p. 65-92, 2013. Disponível em: <http://migre.me/oD7oI>.GOMES, Renata Nascimento; BAHIA, Alexandre Melo Franco. Apontamentos sobre o Interesse Público e sua Aplicação na Fundamentação das Decisões Judiciais: da (in)adequação da supremacia absoluta do interesse público no constitucionalismo pós-88, Revista do IHJ, v. 13, p. 51-73, 2013.THEODORO JÚNIOR, Humberto; NUNES, Dierle José Coelho. Litigância de Interesse Público e Execução Comparticipada de Políticas Públicas. Revista de Processo, v. 224, p. 121-152, 2013. Disponível em: <http://migre.me/oD7Fj>.KOURY NETO, Mussi Assad Mussi; MELO, Mariana Cristina Pereira; BAHIA, Alexandre Melo Franco. A Revogabilidade Política das Decisões do STF: a

22 Nesse sentido ver o debate de Lenio L. Streck (et al.). Normas constitucionais inconstitucionais. Publicado no Consultor Jurídico, 19/07/2009. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2009-jul-19/confiar-interpretacao-constituicao-poupa-ativismo-judiciario>. Acesso em: 25/03/2010.

vulnerabilização na tutela de direitos fundamentais e o especial prejuízo aos grupos lgbt, Revista de Informação Legislativa, v. 199, p. 55-75, 2013. Disponível em: <http://migre.me/oD7Xb>.BAHIA, Alexandre Melo Franco. Homofobia no brasil, resoluções internacionais e a constituição de 88. Jus Navigandi, v. 3269, 2012. Disponível em <http://migre.me/oD7uL>.BALESTERO, Gabriela Soares. Dois Pais, Duas Mães: O melhor interesse da criança. Revista General de Derecho Constitucional, v. 14, p. 1-21, 2012.BALESTERO, Gabriela Soares. A efetividade dos direitos fundamentais na constitução brasileira: a judicializaçao da saúde. Revista General de Derecho Constitucional, v. 15, p. 1-20, 2012.BAHIA, Alexandre Melo Franco; MORAES, Daniel. O Longo Caminho contra a Discriminação por Orientação Sexual no Brasil no constitucionalismo pós-88: igualdade e liberdade religiosa. Revista Mandrágora, v. 18, p. 5-25, 2012. Disponível em: <http://migre.me/oD7Q8>.PEREIRA, Graziela Raupp; BAHIA, Alexandre Melo Franco Direito Fundamental à Educação, Diversidade e Homofobia na Escola: desafios à construção de um ambiente de aprendizado livre, plural e democrático. Educar em Revista, v. 39, p. 51-71, 2011.BALESTERO, Gabriela Soares. O Casamento como um Instituto de Direito Civil: a Homoafetividade. Revista Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões, v. 22, p. 25-41, 2011.BALESTERO, Gabriela Soares. O Direito à diversidade sexual no Brasil e os efeitos violentos do descaso do Poder Legislativo Federal. Revista Espaço Acadêmico (UEM), v. 123, p. 5-16, 2011.BALESTERO, Gabriela Soares, BAHIA, Alexandre Melo Franco. A Inércia Legislativa: a necessidade de proteção legal das minorias sexuais. Revista do Direito, Santa Cruz do Sul, v. 34, p. 58-74, 2010. Disponível em: <http://migre.me/oD9iP>.BAHIA, Alexandre Melo Franco; MORAES, Daniel. Discriminação contra minorias sexuais, religião e o constitucionalismo brasileiro pós-88. Revista General de Derecho Constitucional(Iustel), Vol. 10, octubre 2010, RI §409-431.BAHIA, Alexandre Melo Franco. A não-discriminação como Direito Fundamental e as redes municipais de proteção a minorias sexuais – LGBT. Revista de Informação Legislativa, v. 186, p. 89-115, 2010.BALESTERO, Gabriela Soares; BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. A necessidade de Quebra do Protagonismo Judicial: a comparticipação na construção do provimento jurisdicional, uma aborgagem habermasiana e fazzalariana. Revista IOB de Direito Civil e Processual Civil, v. 65, p. 134-148, 2010.

Capítulos de Livro:GOMES, Renata Nascimento; PRADO, D. B. Efetividade dos Direitos Fundamentais e Jurisdição: uma breve análise da utilização do sistema de cotas na defesa dos direitos das minorias na realidade brasileira pós 1988. In: Gabriela Soares Balestero; Ana Silvia Marcatto Begalli (orgs.). Estudos de Direito Latino Americano. Vol. 1. São Paulo: Lexia, 2013, p. 69-91.

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SILVA, Diogo Bacha e; GONCALVES, L. M. Judicialização da saúde e a transferência do controle sobre o corpo. In: Gabriela Soares Balestero; Ana Silvia Marcatto Begalli (orgs.). Estudos de Direito Latino Americano. Vol. 1. São Paulo: Lexia, 2013, p. 291-316.BALESTERO, G. S. . O Direito de Família e a Homoafetividade: A União Civil e o Casamento. In: TAYAH, José Marc; ROMANO, Letícia Danielle; ARAGÃO, Paulo. (coords.) Reflexiones sobre Derecho Latinoamericano. Volumen 10, Buenos Aires, Rio de Janeiro, São Paulo: Livre Expressão, p. 243-259.BAHIA, Alexandre Melo Franco. Proteção à Minoria LGBT no Brasil: avanços e desafios In: JUBILUT, Liliana; MAGALHÃES, José L. Quadros de; BAHIA, Alexandre Melo Franco.Direito à diferença, Volume 2: Aspectos de proteção específica às minorias e aos grupos vulneráveis. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 339-374.BAHIA, Alexandre Melo Franco. A Igualdade é Colorida: por uma nova compreensão do direito de igualdade que reconheça o direito à diversidade. In: Cândice L. Alves; Thereza C. Bohlen Bittencourt Marcondes (org.). Liberdade, Igualdade e Fraternidade: 25 anos da Constituição Brasileira. Belo Horizonte: D’Plácido, 2013, p. 307-327.BAHIA, Alexandre Melo Franco. Fundamentos de Teoria da Constituição: a dinâmica constitucional no Estado Democrático de Direito brasileiro. In: FIGUEIREDO, Eduardo Henrique Lopes (et al) (orgs.). Constitucionalismo e Democracia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p. 101-126.

Trabalhos Publicados em Anais:GOMES, Renata Nascimento. Direitos prestacionais e Acesso à justiça: um estudo sobre a efetivação dos direitos fundamentais das minorias como condição de existência do estado democrático de direito. In: 10º Congresso de Iniciação Científica da Univás: Universidade, Conhecimento e Mundialização, 2013, Pouso Alegre. p. 189-189.SILVA, Sara H. Pereira; SIMIONI, R. L. O processo produtivo de medicamentos e a efetivação dos Direitos Fundamentais. In: III Seminário de Iniciação Científica da FDSM, 2013. Disponível em: <http://migre.me/oDbgv>.SOUZA, Fernanda Marques de; BAHIA, A. Direito à Educação Infantil e o Ativismo Judicial: a legitimidade do judiciário como arena de deliberação de políticas públicas para educação infantil. In: III Seminário de Iniciação Científica da FDSM, 2013. Disponível em: <http://migre.me/oDbs4>.BAHIA, Alexandre Melo Franco; SILVA, Sara H. Pereira e; PARADELO, Pedro Emílio; TIBAES, Mayanna De Franco; SOUZA, Fernanda Marques de; SANTOS, Salete A. dos; ROSA, Luana Cristina.A falta de representação do legislador e judicialização da saúde In:2º CONGRESSO BRASILEIRO DE POLÍTICA, PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SAÚDE, UNIVERSALIDADE, IGUALDADE E INTEGRALIDADE DA SAÚDE: UM PROJETO POSSÍVEL, 2013, Belo Horizonte.Anais Eletrônicos. 2013. p.1-17. Disponível em: <http://migre.me/oD8Ma>.SILVA, Sara H. Pereira. O Acesso a Medicamentos e o Poder Público: o déficit de P&D sob a ótica do interesse coletivo na produção e distribuição de novas tecnologias. In: II Seminário de Iniciação Científica da FDSM, 2012. Disponível em: <http://migre.me/oDbwP>.

PARADELO, Pedro Emílio. Educação básica hoje: quando o Legislativo e o Executivo são inertes e o Judiciário, ativo. In: II Seminário de Iniciação Científica da FDSM, 2012. Disponível em: <http://migre.me/oDbDM>.SANTOS, Salete Aparecida dos. Os direitos dos homoafetivos: a realização de direitos por via judicial e a inércia do legislador. In: II Seminário de Iniciação Científica da FDSM, 2012. Disponível em: <http://migre.me/oDbHV>.SOUZA, Fernanda Marques de. A falta de representatividade dos partidos políticos e questões sobre a legitimidade do Judiciário como arena de deliberação de politicas públicas. In: II Seminário de Iniciação Científica da FDSM, 2012. Disponível em: <http://migre.me/oDbJ0>.PARADELO, Pedro Emílio. Educação básica hoje: quando o Legislativo e o Executivo são inertes e o Judiciário, ativo. In: 12º Congresso Nacional de Iniciação Científica CONIC-SEMESP, 2012, São Paulo. BAHIA, Alexandre Melo Franco; PEREIRA, Graziela Raupp. O direito dos alunos a um trabalho de educação sexual intencional: um olhar sobre a homofobia na escola In: 8º CONGRESSO NACIONAL DE PSICOLOGIA DA SAÚDE – ACTAS, 2010, Lisboa. 8º CONGRESSO NACIONAL DE PSICOLOGIA DA SAÚDE – ACTAS. Lisboa: Instituto Superior de Psicologia Aplicada, 2010. p. 324-326. Disponível em: <http://migre.me/oD8SA>.SILVA, Sara H. Pereira e; BAHIA, Alexandre Melo Franco. A judicialização da política e o legislativo: a inércia e a interferência sistêmica como obstáculos para a tutela de direitos homoafetivos. In: 21º Simpósio Internacional de Iniciação Científica - SIICUSP, 2013, São Paulo. Simpósio Internacional de Iniciação Científica - SIICUSP - CD Online (resumos). 2013. Disponível em: <http://migre.me/oD8Zp>.

Como se percebe, houve uma intensa produção resultante das pesquisas do ProCon (às quais se poderiam acrescentar Trabalhos de Conclusão de Curso, Palestras e participações em eventos nacionais e internacionais). Um dos “produtos” do Grupo foi um Relatório que traz um recorte de Projetos do Legislativo, atos do Executivo e decisões judiciais sobre o tema, contrapondo temáticas recorrentes dos dois primeiros com o mérito de casos do último, de forma a demonstrar aquela correlação mencionada acima. Tal Relatório, apresentado até então apenas às agências de fomento, agora compõe a presente obra.

De igual sorte os participantes do Grupo foram encorajados a apresentarem textos, a partir de suas pesquisas e do referido Relatório. Assim, compõem a obra os textos de: Diogo Bacha e Silva, “Protagonismo judicial à brasileira: contextualização jurídico-teórica da judicialização da política e do ativismo judicial.”; Gabriela Soares Balestero, com“Política: um meio de vida ou um compromisso com a sociedade?”; Gustavo Silva Xavier e Leticia Hermenegildo Chaves, com “Considerações sobre a Judicialização da Saúde e suas consequências para o Poder Executivo: pela busca de parâmetros para a atuação judicial”; Renata Nascimento Gomes e Gabriela Soares Balestero com “A Função Contramajoritária da Jurisdição e

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os Direitos Fundamentais Sociais Prestacionais”;Diogo Bacha e Silva, “Protagonismo judicial à brasileira: contextualização jurídico-teórica da judicialização da política e do ativismo judicial“; com Fernanda Marques de Souza, com “Ativismo Judicial e o Direito à Educação: a legitimidade do judiciário como arena de deliberação de políticas públicas para educação infantil”;Pedro Emilio Paradelo, com “Efetivação do Direito Constitucional à Educação Básica pelo Poder Judiciário”;Alexandre Bahia, Diego Dobri e Renata Gomes com “Incidente de resolução de demandas repetitivas”; Mayanna De Franco Tibães, com “Propriedade intelectual: o papel das patentes na inovação de medicamentos”; Rodrigo Pedroso Barbosa, com “Reserva do possível: limites prestacionais e obrigacionais do estado”; Renata Nascimento Gomes, Dierle Nunes e Alexandre Melo Franco Bahia com “Processo e Litigância de interesse público”.

Externamente ao Grupo foram convidados dois alunos da UFOP, Júnior Ananias Castro e Mariana Sousa Faria que, juntamente com Alexandre Melo Franco Bahia, apresentam o texto “O Ativismo Judicial e a Efetivação do Direito Social à Saúde”.

A obra, apresenta, assim, o amadurecimento de mais de quatro anos de pesquisa sobre o tema da Judicialização da Política e sua correlação com omissões/incompetências do Executivo e Legislativo, notadamente no âmbito federal, podendo, por isso, contribuir nesse momento de impasse no qual nos encontramos entre o alargamento da “prestação” jurisdicional sobre estes temas e a crítica a esta, inclusive quanto a limites econômicos/orçamentários.

O crescimento do número de ações no Poder Judiciário e as limitações, para dar conta da demanda gerada por aquelas, cada vez maiores nos orçamentos públicos, necessitam de uma revisão sobre rotinas administrativas, sobre omissões/letargia do Legislativo e quanto ao ativismo judicial. Estas são algumas das questões que se encontram discutidas na presente obra.

POLÍTICA: UM MEIO DE VIDA OU UM COMPROMISSO COM A SOCIEDADE?

Gabriela Soares Balestero23*

1. IntroduçãoO político que almeja alcançar o poder em boa parte das vezes

deseja fazer da política o seu meio de vida. Para ele seria como se fosse um emprego que, usando as regras do jogo leva o candidato a subir.

As Comissões de Ética das Casas Legislativas ou as Corregedorias dos outros poderes mostram claramente que poucos são aqueles que são punidos apesar dos escândalos. As Corregedorias do Executivo apresentam em números escândalos, denúncias de corrupção, contudo, os condenados pelas corregedorias ainda são poucos.

O mesmo ocorre com o Poder Judiciário em que as corregedorias apresentam um pequeno número de condenações apesar das inúmeras denúncias a esse respeito24.Para o político de carreira, sua carreira de longe é mais importante do que a sua obrigação de servir. Portanto, ao estudarmos o político de carreira não há como deixarmos de perceber o carreirismo, ou seja, a busca da profissão de agente público pelo governante, servindo a si mesmo mais do que à sociedade.

Weber traça um amplo panorama crítico da atividade política no mundo moderno, na qual se inclui uma exposição sobre o nascimento e evolução dos partidos. Como em todos os outros fenômenos que analisa, também neste caso, o autor vai buscar na comparação histórica, os ancestrais dos partidos modernos. Os exemplos que Weber dá são os agrupamentos políticos medievais, como os guelfos e os gibelinos das cidades italianas.

Esses agrupamentos eram baseados fundamentalmente em séquitos pessoais, que competiam por poder político, e terras, fazendo da violência o instrumento normal da conquista. Desenvolvendo já sua crítica ao processo revolucionário que se dava na Rússia, Weber

23 Gabriela Soares Balestero. Advogada militante graduada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2.006. Aluna do Programa de Doutorado em Direito Constitucional pela Universidade de Buenos Aires. Mestre em Constitucionalismo e Democracia, especialista em Direito Constitucional e em Direito Processual Civil pela Faculdade de Direito do Sul de Minas. Endereço eletrônico para contato: [email protected].

24 Se os historiadores anteriores a mim tivessem sido omissos no elogio da História, talvez me fosse necessário recomendar a todos os leitores a preferência para seu estudo e uma acolhida favorável aos tratados como este, pois nenhum outro corretivo é mais eficaz para os homens que o conhecimento do passado. Entretanto, não somente alguns, mas todos os historiadores, e não de maneira dúbia mas fazendo dessa ideia o princípio e o fim de seu labor, procuram convencer-nos de que a educação e o exercício mais sadios para uma vida política ativa estão no estudo da História, e que o mais seguro na realidade o único método de aprender a suportar altivamente as vicissitudes da sorte é recordar as calamidades alheias.” (POLÍBIOS. História. Brasília: Universidade de Brasília, 1982., p. 41)

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO POLÍTICA: UM MEIO DE VIDA OU UM COMPROMISSO COM A SOCIEDADE?

também vai buscar como exemplo de organização política pré-partidária a organização paramilitar rígida dos soviets russo.

Nesse estudo será analisado os governantes que vivem da política e aquelas que vivem para a política, a necessidade de averiguação da vida pregressa do candidato, a Lei do Ficha Limpa e o recall, sendo esse o objetivo do presente artigo.

2. A análise da Vida Pregressa dos Candidatos feita pelo Judiciário

Será analisada a questão da “lista negra dos candidatos”, ressaltando o julgamento improcedente pelo Supremo Tribunal Federal da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 144) interposta pela Associação dos Magistrados Brasileiros – AMB, contrariando o entendimento de que os juízes eleitorais possam rejeitar candidaturas de réus em ações penais e processos de improbidade administrativa.

A lei eleitoral (lei 9.504 de 30 de setembro de 1997) estabelece que o pedido de registro dos candidatos deva ser instruído com vários documentos, inclusive com certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da Justiça Federal e Estadual (art. 11, § 1º, VII).

Além disso, na avaliação da vida pregressa do pré-candidato, “caso entenda necessário, o Juiz abrirá prazo de 72 horas para diligências.” (§ 3º, do mesmo artigo II). No aludido artigo II, “os tribunais e Conselhos de Contas deverão tornar disponíveis a Justiça Eleitoral relação dos que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível do órgão competente. “(§ 5º).

Verifica-se a tentativa de proteger a moralidade administrativa para o exercício do mandado ao analisar a vida pregressa do candidato a cargos eletivos.

Recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou improcedente a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 144) interposta pela Associação dos Magistrados Brasileiros – AMB, contrariando o entendimento de que os juízes eleitorais possam rejeitar candidaturas de réus em ações penais e processos de improbidade administrativa.

Segundo o entendimento do Ministro Gilmar Mendes, Presidente do Supremo Tribunal Federal, é compreensível a repercussão do tema na opinião pública. “A população passa a acreditar que a lista (com os nomes dos candidatos que respondem a processos) será a solução de todas as mazelas, mas a missão dessa Corte constitucional é aplicar a Constituição ainda que essa decisão seja contrária ao pensamento da maioria”.

Contudo, a decisão do Supremo Tribunal Federal se pautou no entendimento do art. 5º, inciso LVII, da Constituição Federal ao advertir que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.” O caso da ADPF trata da lista de

candidatos réus em processos penais e de probidade administrativa.O ministro Lewandowski afirmou que o Supremo Tribunal

Federal compartilha do anseio popular que atualmente encontra enfática repercussão nos meios de comunicação, no sentido de que sejam impedidos de concorrer a cargos eletivos os candidatos que não tenham a qualificação legal ou moral para tanto, mas deve fazer isso dentro das balizas constitucionais e legais em vigor.

Nesse sentido, é imperiosa a concordância com posicionamento do Ministro Eros Grau, pois se não for respeitado o trânsito em julgado, será instalado no país, um estado de insegurança jurídica e de delação que remete aos regimes autoritários.

Ademais, é necessária uma reforma legislativa e constitucional a esse respeito, e não o simples fatos de os juízes, baseados na discricionariedade, considerarem que candidatos que respondam a processo sejam inelegíveis, ou que apenas a sentença de primeira instância possa levar à inelegibilidade, pois isso geraria uma enorme insegurança jurídica, além de violar o princípio constitucional da presunção de inocência.

A tese vencedora foi inaugurada pelo ministro Celso de Mello. Para ele, impedir a candidatura de políticos que respondem a processo viola os princípios constitucionais da presunção de inocência e do devido processo legal. Seguiram esse entendimento os ministros Carlos Alberto Menezes Direito, Carmem Lúcia Antunes Rocha, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Cezar Peluso, Ellen Gracie, Marco Aurélio e Gilmar Mendes.

Já Moreira Alves apresentou um entendimento muito peculiar no sentido de que a inelegibilidade seria aplicada ao candidato às eleições municipais deste ano que já estivesse sido condenado em segunda instância.

O Poder Judiciário e a Administração Pública não podem atuar como legislador, criando regras de inelegibilidade não previstas na Constituição e na Lei Complementar sobre a matéria.

A lei complementar deve estabelecer outros casos de inelegibilidade a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício da função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta, e não deixar à cargo do entendimento dos juízes eleitorais de acordo com o caso em concreto.

Logicamente, o Brasil provavelmente seria outro se, pessoas com a sua vida pregressa comprometida com o crime, com a imoralidade e com a falta de ética, não se incluíssem entre os candidatos que devam representara a sociedade civil.

Depois de um julgamento que durou aproximadamente oito horas, o Supremo Tribunal Federal negou por 9 votos a 2, o pedido da AMB (ADPF n. 144) para que a justiça eleitoral pudesse negar pedido de registro de candidatos que respondem a processos.

Segundo o Ministro Gilmar Mendes a decisão o Supremo Tribunal Federal tem efeito vinculante, devendo ser seguida pela justiça eleitoral

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO POLÍTICA: UM MEIO DE VIDA OU UM COMPROMISSO COM A SOCIEDADE?

e que candidatos que tenham o seu pedido de registro de candidatura recusado poderão recorrer ao Supremo, ingressando com uma Reclamação.

O Ministro Cezar Peluso em seu voto alegou que a pretensão da AMB implica, inicialmente, a ideia de revogação das normas e, em segundo lugar, a introdução da liberdade judicial para criar casos de inelegibilidade, isto é, valeria não a regra objetiva, mas a vontade do juiz.

Além disso, o Ministro Eros Grau em seu voto argumentou o respeito ao princípio constitucional da presunção de inocência até que uma ação judicial transite em julgado (no caso trata-se da candidatura de réus em processos penais e de probidade administrativa), pois se isso não fosse respeitado, se instauraria um estado de insegurança jurídica no país.

Nesse passo, conclui-se que no Direito Moderno é necessário o respeito ao devido processo legal, ao contraditório, a ampla defesa, bem como o princípio da presunção da inocência.

Portanto, essa liberdade judicial para criar casos de inelegibilidade equivaleria mais à vontade do juiz de acordo com o caso concreto, gerando inconstitucionalidade e insegurança jurídica. Desta forma, era imprescindível a reforma legislativa e constitucional a esse respeito, no sentido de preservação da moralidade administrativa, porém não da maneira com que a vida pregressa dos candidatos vinha sendo tratada pelo Poder Judiciário.

3. A Lei Complementar n. 132 de 04 de junho de 2010: “Ficha Limpa”

A Lei Complementar n. 135/2010 apelidada de a lei da “ficha limpa”, entrou em vigor em junho de 2010, oriunda de um processo legislativo célere devido às eleições deste ano.

O projeto da ficha limpa se originou de uma campanha feita pela sociedade civil brasileira com o fim de melhorar o perfil dos candidatos a cargos eletivos no país. O projeto de lei da ficha limpa foi oriundo da iniciativa popular a respeito da vida pregressa dos candidatos com o fim de criar critérios de inelegibilidades mais rígidos.

A iniciativa popular é um instrumento de participação popular direta previsto constitucionalmente, na qual, entre outras condições, mediante a coleta de assinaturas de 1% de todos os eleitores brasileiros, pode ser apresentado um projeto de lei ao Congresso Nacional.

No projeto Ficha Limpa foram coletadas mais de 1,3 milhões de assinaturas, o que corresponde a 1% dos eleitores brasileiros, sendo entregues ao Congresso Nacional no dia 29 de setembro de 2009.

A Lei da Ficha Limpa criou novos casos de inelegibilidades25

25 Menos de um mês depois o STF concedeu liminar para que dois parlamentares fossem excluídos do raio de sua incidência, pelo menos para a próxima eleição. O primeiro foi o Senador Heráclito Fortes, do partido Democratas (PI), depois foi a vez da deputada estadual de Goiás, Isaura Lemos do PDT. No caso do Senador Heráclito Fortes, ele já havia sido condenado por órgão colegiado do Tribunal de Justiça do Piauí por “condutas lesivas ao patrimônio público”. O Min. Gilmar Mendes, que concedeu a liminar, justificou

como aqueles que foram condenados em decisão transitada em julgado ou em decisão colegiada, ou seja, dos tribunais, por abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 anos seguintes; mesmo que a decisão ainda seja recorrível; e os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, por crimes arrolados no artigo 2° da Lei Complementar de n. 134 de 04 de julho de 2010.

Após a Lei da Ficha Limpa26 o Tribunal Superior Eleitoral negou autorização para registro de candidaturas que tinham contas a prestar. Em seguida, o Ministério Público movimentou-se para impugnar cerca de 400 candidaturas em todo o País. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, em agosto de 2010, que a lei seria aplicável às eleições gerais daquele ano, apesar de ter sido publicada menos de um ano antes da data do pleito. O Tribunal tomou a decisão ao analisar o primeiro caso sobre indeferimento de um registro de candidatura com base em inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa. Porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) definiu que a lei não poderia ser adotada para as eleições gerais de 2010, porque isso desrespeitaria o artigo 16 da Constituição.

Em fevereiro de 2012, o STF decidiu, ao examinar duas ações, que a Lei da Ficha Limpa era constitucional e valia para as eleições municipais daquele ano. Com base nesse entendimento, a Justiça Eleitoral julgou milhares de processos referentes a candidatos apontados como inelegíveis de acordo com a lei. Dos 7.781 processos sobre registros de candidatura que chegaram ao TSE sobre as eleições de 2012, 3.366 dos recursos tratavam da Lei da Ficha Limpa, o que corresponde a 43% do total.

a decisão pela urgência, já que o STF não julgaria o mérito da ação antes do prazo final para registro da candidatura. Na decisão do processo da deputada de Goiás, foi suspensa condenação da 1ª Vara da Fazenda Pública – que já havia sido confirmada no Tribunal de Justiça do Estado –, dando-se liminar para que o STF julgue Recurso Extraordinário por ela interposto (BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Ficha limpa e iniciativa popular. A Tribuna Pouso Alegrense, Pouso Alegre, v. 241, p. 6-6, 10 jul. 2010. p. 6).

26 Vale lembrar que esta lei foi o quarto projeto de lei de iniciativa popular a ser aprovado pelo Congresso Nacional desde 1988. Noutra oportunidade lamentamos a letargia do Congresso em cumprir sua função: legislar. Entretanto, faltam iniciativas como essa em que os cidadãos tomam a frente e mobilizam o legislador. Em um Estado Democrático de Direito a cidadania deve ser considerada, mais do que nunca, como o direito de participação na formação da vontade política, nos seus diferentes níveis. Não há pré-requisitos para a cidadania, de forma que primeiro se tenha que ter um povo educado e saudável para, então, ter cidadãos; aliás, é justamente aquele que mais necessita do cumprimento das promessas não realizadas da Constituição que deve exigir seu cumprimento. Sob esse ponto de vista, muito louvável a mobilização feita em torno da lei. Lembremos, contudo, que, por mais interessante que a lei possa parecer, ela padece de um vício grave: ao tornar inelegíveis aqueles cujos processos ainda estão pendentes de decisão final, viola o princípio constitucional da presunção de inocência, o que não pode ser tolerado e levará, possivelmente, à declaração judicial de sua inconstitucionalidade, como já acenou o Min. Toffoli no julgamento do caso da deputada goiana citada (BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Ficha limpa e iniciativa popular. A Tribuna Pouso Alegrense, Pouso Alegre, v. 241, p. 6-6, 10 jul. 2010, p. 6).

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO POLÍTICA: UM MEIO DE VIDA OU UM COMPROMISSO COM A SOCIEDADE?

A Lei da Ficha Limpa incentiva o voto consciente do eleitor, mostrando a importância de se conhecer o passado dos candidatos, baseado em seu comportamento e ações. A lei tem sido a causa do afastamento pela Justiça Eleitoral de inúmeros prefeitos e vice-prefeitos e de convocação da maioria das novas eleições marcadas para o preenchimento dessas vagas. Afirma-se inclusive que as eleições presidenciais de 2014 funcionarão na verdade como um teste da efetivação prática dessa lei.

A alínea ‘g’ da Lei da Ficha Limpa é a que resulta em maior número de registros de candidatura negados. O item afirma que são inelegíveis para as eleições dos próximos oito anos, contados da decisão, aqueles que tiverem suas contas de exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável por ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. Com base na alínea ‘g’, o TSE negou o registro a candidatos que haviam sido eleitos prefeitos em outubro de 2012 nas seguintes cidades: Pedra Branca do Amapari, no Amapá; Diamantina, em Minas Gerais; Meruoca, no Ceará; Bonito e Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul; Diamantina, em Minas Gerais; Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco; Joaquim Távora, no Paraná; e General Salgado, em São Paulo, entre outros.

Por sua vez, a alínea ‘j’ torna inelegível por oito anos, a contar da eleição, os condenados, em decisão transitada em julgado ou de órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, compra de votos, por doação, arrecadação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma. O TSE negou com base nesta alínea, por exemplo, recursos de candidatos eleitos prefeitos nos seguintes municípios: Cachoeira Dourada, em Minas Gerais; Primavera, em Pernambuco; Eugênio de Castro, Fortaleza dos Valos, Novo Hamburgo e Tucunduva, no Rio Grande do Sul; Balneário Rincão, em Santa Catarina; Pires do Rio, em Goiás, e Coronel Macedo, em São Paulo.

Já a alínea ‘d’ define como inelegíveis, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que ocorrerem nos oito anos seguintes, aqueles que tenham contra si representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou dada por órgão colegiado, em processo sobre abuso de poder econômico ou político.

A alínea seguinte, a ‘e’, impede de disputar eleições, desde a condenação até oito anos após o cumprimento da pena, os cidadãos condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, pelos seguintes crimes: abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública; de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; contra a economia popular, a fé, a administração e o patrimônio públicos; e por crimes eleitorais, para os quais a lei estipule pena privativa de liberdade, entre outros.

Outro item que já causou vários indeferimentos de registro de candidatos é a alínea “l”. O texto afirma que são inelegíveis, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o prazo de oito anos após o cumprimento da pena, os condenados que tiveram os direitos políticos suspensos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que resulte em lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito.

Já a alínea “m” fixa a inelegibilidade de oito anos, salvo se o ato for anulado ou suspenso pela Justiça, para os excluídos do exercício da profissão, por decisão do órgão profissional, em decorrência de infração ético-profissional.

Outra alínea (“n”) torna inelegíveis, pelo prazo de oito anos após a decisão que reconhecer a fraude, os condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por desfazerem ou simularem desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar justamente causa de inelegibilidade.

As sete alíneas restantes estabelecem, entre outras, inelegibilidades para: o presidente da República, governador, prefeito, senador, deputado federal, deputado estadual ou distrital e vereador que renunciar a seu mandato para fugir de eventual cassação; os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou fundacional, condenados por beneficiarem a si ou a outros pelo abuso do poder econômico ou político; a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas como ilegais.

A lei ainda prevê a inelegibilidade por igual período para os seguintes cidadãos: os demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente por causa de sanção, que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo disciplinar; e os declarados indignos do oficialato.

Assim, a lei da ficha limpa, veio com a função de sanear a política, de certa forma, reacendendo a esperança dos cidadãos que políticos corruptos sejam punidos de alguma maneira.

O cidadão brasileiro pode fazer muito para mudar o país, primeiro, lembrando sempre o valor do voto, segundo, reunindo informações necessárias sobre os candidatos e o processo eleitoral e, por fim, escolhendo conforme a preferência ideológica, partidária ou pessoal. A ética e a moralidade no exercício dos cargos públicos devem ser condições essenciais para o deferimento da elegibilidade de um candidato.

Portanto entende-se que a LC 135 é muito bem-vinda ao ordenamento jurídico brasileiro e sua aplicabilidade deve ser adequada ao caso concreto, tendo sempre como foco principal a defesa da probidade e a moralidade administrativa.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO POLÍTICA: UM MEIO DE VIDA OU UM COMPROMISSO COM A SOCIEDADE?

4. O Político Profissional: o uso da política como meio de vida.

No Brasil, o aperfeiçoamento da democracia inevitavelmente percorre uma crise, sobretudo de representação e as divergências no campo democrático se iniciam no imperativo de que o exercício do poder deve ser legitimado pelo povo. A crise da democracia representativa pode ser observada na postura do Poder Judiciário em inibir candidaturas de pessoas que possuam processos judiciais contra si, bem como da Lei do Ficha Limpa que criou novos casos de inelegibilidades em nome da preservação da ética e da moralidade administrativa.

O político para alcançar o poder muitas vezes pretende fazer da política o seu meio de vida. A ética27 e a política possuem caminhos paralelos que raramente se cruzam. Nesse passo, a democracia seria um meio utilizado para eleger membros da elite para dirigir o Estado, ou seja, os indivíduos alcançam o poder através de uma luta concorrencial pelo voto popular.

Para Max Weber haveriam duas maneiras28 de fazer política: 27 Entretanto, o segundo argumento é sujeito a objeções que levam Nagel a reconsiderá-lo

em favor de uma versão reformulada do primeiro argumento da reciprocidade (cf. Nagel, 1991, p. 163). Ele vê o critério para exercer o controle político dos “fins mais centrais da autorrealização” (ibidem, p, 164), aos quais pertence a liberdade de escolher sua própria vida boa. O argumento kantiano da reciprocidade é fortalecido a ponto de se considerar que somente razões que outros poderiam aceitar conferem o direito de agir de acordo com essas razões – na medida em que é atingido um determinado domínio central das questões morais (do qual se segue novamente o problema, ainda a ser discutido, de definir esse domínio.) Ao reformular seu argumento epistemológico, Nagel reage a objeções, como aquelas levantadas por Raz (1990, p. 36-46), que questionam a possibilidade de que as pessoas possam manter suas convicções como sendo simultaneamente verdadeiras e, num certo sentido – a saber, depois de assumir o ponto de vista “imparcial” -, como não verdadeiras, respectivamente, como meramente uma crença ou convicção. A “separação epistemológica entre privado e público”, proposta por Nagel, não faz justiça ao caráter do que significa considerar algo como verdadeiro. O que se considera correto “privativamente” também se defende “publicamente” (FORST, Rainer. Contextos da justiça. São Paulo: Boitempo, 2010. p. 54).

28 Em A Política Como Vocação, tal interesse se volta para as condições necessárias ao funcionamento do Estado moderno, para a burocracia como organização social baseada numa orientação zwecrational de ações e nas consequências da burocratização do Estado moderno para a sociedade em que se encontra inserido. Para Weber, diferentes tipos de sociedades apresentam diferentes formas de liderança política. Entretanto, a manutenção dessas lideranças depende de organizações administrativas que realizam a “expropriação” política. São tais organizações que irão, afinal de contas, determinar a “racionalidade” do sistema político; são elas que irão exercer, com maior ou menor sucesso, o monopólio do poder de uma sociedade. A “racionalidade” de semelhantes organizações depende, em primeiro lugar, de uma distinção entre “viver para a política” e “viver da política”. Ainda que Weber não o afirme categoricamente, essa distinção ajuda a compreender as motivações da ação política e, por sua vez, gera o problema da corrupção, na organização política. Em segundo lugar, a racionalidade do sistema político aumenta na medida em que ocorrem uma diferenciação de status papéis e uma especialização funcional dentro das organizações administrativas. A brilhante e erudita análise de Weber sugere que a diferenciação ocorre quando há uma especialização entre a administração, que deve ser exercida sine ira et studio, e a liderança política, cuja ação é, por natureza, fundamentada na ira et studium. Essa especialização, por sua vez tende a mudar os critérios de alocação de

“Ou se vive para a política, ou se vive da política. Quem vive para a política, a transforma, no sentido mais profundo do termo, em “fim de sua vida”, seja porque o exercício dessa atividade lhe permite achar o equilíbrio interno e exprimir valor pessoal, colocando-se a serviço de uma “causa”que dá significação a sua vida.

O homem político profissional, que vive da política29, pode ser um puro beneficiário, ou um funcionário remunerado. Eis o preço que importa pagar pela colocação de verdadeiros chefes à testa de um partido; só uma escolha cabe: ou uma democracia admite como dirigente um verdadeiro chefe e, por conseqüência, aceita a existência da máquina, ou rega os chefes e cai sob o domínio dos políticos profissionais, sem vocação, privados das qualidades carismáticas que produzem os chefes.

O Estado Moderno passa a ser um agrupamento de dominação em que os dirigentes mais poderosos dominam os pequenos estados, ou seja, a violência legitima o domínio nas mãos dos dirigentes que possuem meios materiais para tal mister. Ao longo desse processo de expropriação que se desenvolveu, com êxito maior ou menor, em todos os países do globo, nota-se o aparecimento de uma nova espécie de “políticos profissionais”.

Trata-se, no caso, de uma categoria nova, que permite definir o segundo sentido dessa expressão. Vemo-los, de início, colocarem-se a serviço dos príncipes. Não tinham a ambição dos chefes carismáticos e não buscavam transformar-se em senhores, mas empenhavam-se na luta política para se colocarem à disposição de um príncipe, na gestão de cujos interesses políticos encontravam ganha – pão e conteúdo moral para suas vidas.

Uma vez mais, é só no Ocidente que encontramos essa categoria nova de políticos profissionais a serviço de poderes outros que não o dos príncipes. Não obstante, foram eles, em tempos passados, o instrumento mais importante do poder dos príncipes e da expropriação política que,

status – papéis na organização política. Os critérios deixam de ser plutocráticos e passam a basear-se no desempenho e no conhecimento especializado. Não há portanto, nessa nova organização, lugar para o diletante, pois o seu “sucesso” depende, cada vez mais, da ação especializada (BERLINCK, Manoel T. Prefácio. In: WEBER, Marx. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1967.p. 12.)

29 De modo geral, o desenvolvimento do Estado moderno tem por ponto de partida o desejo de o príncipe expropriar os poderes “privados” independentes que, a par do seu, detêm força administrativa, isto é, todos os proprietários de meios de gestão, de recursos financeiros, de instrumentos militares e de quaisquer espécies de bens suscetíveis de utilização para fins de caráter político. Esse processo se desenvolve em paralelo perfeito com o desenvolvimento da empresa capitalista que domina, a pouco e pouco, os produtores independentes. E nota-se enfim que, no Estado moderno, o poder que dispõe da totalidade dos meios políticos de gestão tende a reunir-se sob mão única (WEBER, Marx. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1967, p. 61). Maquiavel, em O Príncipe, embora idealizando o comportamento do governante determinado pela manutenção do poder, com ética ou sem ela, de rigor, não se dirige apenas aos príncipes da época, mas a todos aqueles que, em todos os tempos, lutam por governar. Em outras palavras, na grande maioria dos casos, ao estudarmos o perfil do político de carreira, não há como deixarmos de perceber o carreirismo, que torna a busca da profissão de agente público o melhor caminho para uma forma de bem viver, servindo a si mesmo mais do que à sociedade (MARTINS, Ives Gandra Martins. Uma breve teoria do poder. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 108.).

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO POLÍTICA: UM MEIO DE VIDA OU UM COMPROMISSO COM A SOCIEDADE?

em benefício destes, se processava30.Na realidade, os discursos políticos não devem ser neutros,

entretanto é importante que sejam marcados com argumentos éticos31, para inclusive justificar as ações do político perante o público. No momento que um homem, ou uma classe de homens, se encontra com o poder nas mãos, o interesse individual dele, ou o interesse distinto da classe, adquire totalmente um novo grau de importância aos seus olhos. Quando ele se vê adorado por outros, torna-se adorador de si mesmo e considera-se no direito de ter o próprio valor contado cem vezes mais do que o valor de outras pessoas; enquanto a facilidade que ele adquire de fazer o que quer, sem considerar as conseqüências, enfraquece insensivelmente os hábitos que fazem os homens ficar na expectativa que tais conseqüências possam até mesmo afetá-los.

Portanto, um dos maiores perigos da democracia, assim como de todas as outras formas de governo, está no interesse ameaçador dos que ocupam o poder; é o perigo da legislação em favor de uma classe; do governo destinado (realmente colocando-o em prática ou não) ao benefício imediato da classe dominante, em detrimento permanente de todos. Uma das questões mais importantes que deve ser levada em consideração para determinar a melhor constituição de um governo representativo é como proporcionar medidas eficazes contra este mal32.

A Lei da Ficha Limpa é um exemplo de participação na formação da vontade política, na mobilização do Poder Legislativo, contudo, ela possui um vício grave de constitucionalidade, pois ao tornar inelegíveis aqueles cujos processos ainda estão pendentes de decisão final, há a violação do princípio constitucional da presunção de inocência, e provavelmente, se argüido perante o Supremo Tribunal Federal levará à declaração judicial de sua inconstitucionalidade.

5. A Necessidade de Criação de um Novo Sistema de Participação Popular: o Recall

O papel insatisfatório desempenhado pelos “políticos profissionais”, como já analisado anteriormente, gera uma crise no sistema democrático diante da “quebra” de institutos inicialmente participativos, da transformação do processo eleitoral em uma troca de interesses, de favores pessoais, em vez de ser uma esfera pública

30 WEBER, Marx. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1967.p. 62-63. 31 “A questão central é que a pessoa de direito é apenas a proteção abstrata de identidades

concretas na forma do reconhecimento universal e igual – uma proteção abstrata que não pressupõe que os valores éticos não sejam levados a sério e nem que os princípios morais do reconhecimento igual sejam meras fórmulas de compromisso. Assim, Dworkin destaca: ‘O liberalismo não pode ser baseado no ceticismo. Sua moralidade constitutiva afirma que os seres humanos têm de ser tratados como iguais por seus governos, não porque não existe o certo e o errado na moralidade política, mas porque isso é o que é correto.” (FORST, Rainer. Contextos da justiça. São Paulo: Boitempo, 2010. p. 69).

32 MILL, Stuart. O governo representativo. São Paulo: Escala, 2006.p. 106

de discussões, da descrença dos cidadãos em nossos representantes, bem como a falta de interesse em compreender o que seria realmente a participação popular em um regime democrático.

Apesar da Lei da Ficha Limpa ser oriunda da iniciativa popular, o que é louvável, na verdade é necessária a criação de novos sistemas de participação popular consubstanciados no controle sobre os mandados eletivos que possibilitem a dissolução pelo eleitorado de agentes políticos que não estejam lhes agradando33.

O recall ou referendo revocatório é um instituto novo de participação popular que vem sendo adotado com sucesso em países no combate ao excesso de poder dos governantes.

Paulo Bonavides (2000, p. 292) conceitua o instituto da seguinte forma: “É a forma de revogação individual. Capacita o eleitorado a destituir funcionários, cujo comportamento, por qualquer motivo, não lhe esteja agradando”.

Segundo, Alberto Antonio Zvirblis (2006, p. 70) assevera que o recall “se constitui na revogação do mandato. É a retirada do poder de alguém que tenha sido eleito para uma função pública”.

O recall é o referendo revocatório de mandatos eletivos, sendo um instrumento de participação onde determinado número de eleitores, não satisfeitos com a conduta de seu representante no poder, determina sua remoção do cargo. Ou seja, o povo elege e pode destituir, substituindo o velho impeachment.

Porém infelizmente a Proposta de Emenda Constitucional n. 73 de 2005 ainda não foi votado pelo legislativo federal, sendo muito difícil de conseguir aprovação. Mas a discussão já entrou na agenda política.

O instituto do recall tem origem norte americana, sendo introduzido em 1.903 na Carta de Los Angeles por Theodore Roosevelt.

Segundo Sgarbi que: “[...] é possível, encontrar, em outros sistemas, e com inúmeras oscilações terminológicas, sua previsão. Assim em algumas províncias da Argentina que o chamam de destituição, e com as antigas Constituições das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que o nominavam de revogação”34.

Um dos países latino-americanos que adotou o instituto do recall é a Venezuela no seu art. 72 da Constituição da República

33 Quais são, agora, as alegrias íntimas que a carreira política pode proporcionar a quem a ela se entrega e que prévias condições seria preciso supor? Bem, ela concede, antes de tudo, o sentimento de poder. A consciência de influir sobre outros seres humanos, o sentimento de participar do poder e, sobretudo, a consciência de figurar entre os que detém nas mãos um elemento importante da história que se constrói podem elevar o político profissional, mesmo o que só ocupa modesta posição, acima da banalidade da vida cotidiana. Coloca-se, porém, a esse propósito, a seguinte pergunta: quais são as qualidades que lhe permitem esperar situar-se à altura do poder que exerce (por pequeno que seja) e, consequentemente, à altura da responsabilidade que esse poder lhe impõe? Essa indagação nos conduz à esfera dos problemas éticos (WEBER, Marx. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1967. p. 105).

34 SGARBI, Adrian. O referendo. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. p.99.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO POLÍTICA: UM MEIO DE VIDA OU UM COMPROMISSO COM A SOCIEDADE?

Bolivariana da Venezuela, denominado de referendo revocatório de todos os cargos eletivos.

Consoante Bonavides “Doze Estados-membros da União americana aplicam o recall, que tem mais voga na esfera municipal do que na estadual. Cerca de mil municípios americanos o adotam. A instituição inexiste no plano federal”35.

Atualmente, há um projeto de Emenda Constitucional (SF PEC 00073/2005 de 09/12/2005) de autoria do Senador Eduardo Suplicy que ainda está sem julgamento no Congresso Nacional.

O instituto do recall apesar de sempre fazer parte de discussões políticas ainda não foi implantado, ou seja, esse projeto ainda não foi convertido em lei pelo Congresso Nacional.

O povo, legítimo detentor do poder soberano, possui total liberdade de eleger os seus representantes, contudo, não possuem meios eficazes para destituí-los do poder, ainda que estejam praticando atos violadores do bem comum.

Portanto, é necessário dar ao povo meios para que possa corrigir as mazelas do sistema representativo e destituir os seus governantes quando violarem os objetivos perseguidos pelo Estado Democrático de Direito.

A introdução do instituto do recall ou da revogação popular de mandatos eletivos dará maior legitimidade à soberania do povo e proporcionará o fortalecimento e o amadurecimento político das intuições democráticas.

Efetivamente falar em vontade do povo parece na maioria dos casos uma ficção. Nas sociedades cada vez mais complexas, não há uma vontade popular, mas várias, que representam interesses de setores, de grupos, de forças diversas presentes na sociedade contemporânea. Não há, nunca houve e é impossível que haja uma única vontade permanente do povo. Diante de uma sociedade cada vez mais complexa, podemos dizer que a democracia representativa irá cumprir um papel importante no processo democrático, o que é o de, principalmente, dar transparência, visibilidade, aos grandes debates, aos grandes temas nacionais e globais, permitindo que a sociedade organizada atue de forma democrática no diálogo nacional nos meios de comunicação social, nas ruas, nos sindicatos, enfim, podemos dizer que o elemento mais democrático desse processo é o povo nas ruas. A pressão e o diálogo na sociedade civil é elemento determinantes para a existência de uma democracia, e não o voto36.

O projeto de EC nº. 73/2005, de autoria do Senador Eduardo Suplicy, altera dispositivos dos arts. 14 e 49 da Constituição Federal e acresce o artigo 14-A, prevendo a possibilidade de revogação do mandato do Presidente da República e dos Senadores, de maneira

35 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Malheiros, 2000.p. 292.

36 MAGALHÃES, José Luiz Quadros de. Direito constitucional, Tomo II. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002. p. 163.

individual. Além disso, dispõe sobre a dissolução total da Câmara dos Deputados, depois de um ano da data da posse nos cargos. Assim, pelo projeto, o mandato do Senador pode ser revogado pelo eleitorado do Estado que ele representa e o eleitorado nacional poderá decidir a respeito da dissolução da Câmara dos Deputados, e posteriormente convocar novas eleições a ser realizada no prazo de três meses.Já no caso do Presidente da República e dos Senadores, a revogação de seu mandato acarretará a sua substituição no respectivo cargo pelo Vice Presidente ou pelo suplente do Senador.

Segundo a referida PEC a manifestação seria realizada por iniciativa popular e dirigida ao Superior Tribunal Eleitoral, mediante a assinatura de dois por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por sete Estados, com não menos de cinco décimos por cento em cada um deles, ou mediante a assinatura de dois por cento do eleitorado estadual, distribuído pelo menos por sete Municípios, com não menos de cinco décimos por cento em cada um deles.

Merece destaque o fato de que a PEC não exige a condição de cidadão para assinar a petição que é dirigida ao Tribunal Superior Eleitoral, somente se preocupa que o indivíduo mencione qual o município em que está radicado o seu domicílio eleitoral, e isso é um ponto positivo no sentido de dar maior acesso à população para se manifestar e exercitar esse mecanismo de participação direta.

No que tange ao recall do mandato do Presidente da República o projeto seria realizado por intermédio de um requerimento da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional que seria dirigido ao Tribunal Superior Eleitoral.

Portanto, verifica-se ser o Superior Tribunal Eleitoral portador da competência para convocar o referendo revocatório, tanto mediante a provocação popular quanto a do Congresso Nacional.

Além disso, cabe destacar que tal projeto permite que os Estados e os Municípios introduzam o recall em suas constituições estaduais e leis orgânicas, tal como ocorre com os outros instrumentos de participação direta como o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular.

Considerações FinaisNo campo político é imperiosa a prevalência do respeito aos

princípios constitucionais como a legalidade, a moralidade na esfera político-administrativa.

Nesse sentido, é necessária uma reforma política e, portanto, a lei da ficha limpa, mesmo possuindo um vício que é a violação ao princípio da presunção de inocência, trouxe a disciplina do que seria a análise da vida pregressa do candidato, de forma a dar meios para o Poder Judiciário realmente proceder a uma reforma política.

Portanto, a análise de vida pregressa dos candidatos disciplinada na Lei Complementar n. 135 de 04 de julho de 2010, visa proteger a

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO POLÍTICA: UM MEIO DE VIDA OU UM COMPROMISSO COM A SOCIEDADE?

probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, e não deixando a cargo do entendimento dos juízes eleitorais e nem anuindo que tais situações sejam “legisladas” por Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral, de forma a afrontar princípios constitucionais.

Além disso, conclui-se que o tipo ideal de democracia é aquela em que há um aprofundamento da identidade popular, possibilitando que as funções públicas sejam exercidas com maior participação dos cidadãos, criando-se novos espaços públicos e novos agentes.

Portanto, a iniciativa popular que originou a lei da ficha limpa é válida devido à participação popular, e deve, portanto, ser respeitada.

Porém cabe a população denunciar atos violadores do bem público realizado por políticos profissionais, ou seja, por aqueles que usam a política como meio de vida, como meros beneficiários daquilo que o cargo pode lhe propiciar.

Para isso, ficou demonstrado no presente estudo a necessidade da inclusão do sistema de revogação de mandatos pelo povo com o fim de dar legitimidade às instituições políticas e democráticas de nosso país.

Seguindo o entendimento de Canotilho ao pressupor a participação igual dos cidadãos, o princípio democrático entrelaça-se com os direitos subjetivos de participação e de associação, que se tornam, assim, fundamentos funcionais da democracia37.

Desta forma, ao intensificar a participação direta e ativa do povo, haverá a democratização da democracia através da participação política no Estado Democrático.

Portanto, é imperioso entender que a agenda política de um Estado não é definida apenas pelo governo, mas sim através da mediação estatal entre a comunicação pública e a comunicação do poder, sendo relevante a participação política do cidadão.

Nesta seara, o projeto de Emenda à Constituição 73/2005 vem corroborar esses preceitos de legitimação popular, de fomento à participação direta da população pela sistemática de revogação do mandato dos agentes políticos que violem o bem público.

Portanto, o projeto de Emenda à Constituição 73/2005 que institui o recall, o referendo revocatório, é coerente com o sistema democrático de participação popular na gestão pública.

Por fim, sabendo que tais questionamentos ainda continuam em aberto no sistema, concluímos o presente estudo com as palavras de Boaventura de Sousa Santos “não haverá justiça mais próxima dos cidadãos, se os cidadãos não se sentirem mais próximos da justiça”38.

37 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. Coimbra: Almedina, 2001. p. 288.

38 SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma revolução democrática da justiça. São Paulo: Cortez, 2007. p. 86.

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A FUNÇÃO CONTRAMAJORITÁRIA DA JURISDIÇÃO E OS DIREITOS

FUNDAMENTAIS SOCIAIS PRESTACIONAISRenata Nascimento Gomes39

Gabriela Soares Balestero40

1. INTRODUÇÃOA efetivação dos direitos fundamentais tem a função de diminuir

as desigualdades sociais e econômicas existentes entre os indivíduos, ampliando as oportunidades de desenvolvimento dos ideais de vida digna. No entanto, considerando a crise da democracia representativa que atualmente se apresenta como um problema decorrente entre outros da abertura constitucional, como atender às exigências do Estado Democrático de Direito no que tange à efetivação dos direitos fundamentais prestacionais, principalmente das minorias, ainda que na esfera jurisdicional, sem extrapolar os limites da legalidade, da segurança jurídica e da democracia?

Com esse estudo, tem-se o intuito de analisar criticamente, ainda que de maneira breve, a constitucionalidade da utilização do judiciário como instância contra-majoritária. A constitucionalização dos direitos fundamentais sociais e da necessidade do judiciário atuar no sentido de efetivar esses direitos bem como de alguns dos problemas que decorrem disso, tais como judicialização de políticas públicas e ativismo judicial.

A expressão “políticas públicas” constitui um conjunto de ações desenvolvidas pelo Poder Público com vistas à satisfação do bem comum, da coletividade e voltadas para a efetivação de direitos fundamentais. Nesse sentido, a política pública é um bem de toda a comunidade, sendo mecanismos de complementariedade e de efetivação os direitos fundamentais, em especial, os prestacionais, previstos na Constituição Federal.

Para adentrarmos na discussão, faremos um breve estudo acerca do desenvolvimento dos direitos fundamentais, sem pretender esgotar o tema. Posteriormente, analisaremos, de maneira breve, algumas das correntes doutrinárias que tratam da eficácia dos direitos fundamentais

39 Mestranda em Direito com área de concentração em Constitucionalismo e Democracia pela Faculdade de Direito do Sul de Minas. Linha de Pesquisa: Efetividade dos direitos fundamentais sociais. Professora. Endereço eletrônico: [email protected].

40 Aluna do Programa de Doutorado em Direito Constitucional da Universidade de Buenos Aires. Mestre em Direito com área de concentração em Constitucionalismo e Democracia pela Faculdade de Direito do Sul de Minas, especialista em Direito Constitucional e em Direito Processual Civil pela Faculdade de Direito do Sul de Minas, bacharel em Direito com a Universidade Presbiteriana Mackenzie, advogada, professora universitária. Organizadora da coletânea “Estudos de Direito Latino Americano”. Endereço eletrônico: [email protected]

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO A FUNÇÃO CONTRAMAJORITÁRIA DA CONSTITUIÇÃO

sociais, prestacionais por excelência. Em seguida, procuraremos ofertar elementos para resolver do

problema da aplicação da efetividade dos direitos fundamentais, sejam eles individuais ou sociais através da discussão sobre a judicialização da política e do ativismo judicial.

Ademais, será discutida a postura do Poder Judiciário no controle das políticas públicas para alcançar o equilíbrio nas decisões judiciais, devendo elas serem justas, respeitando os direitos fundamentais previstos constitucionalmente e, ao mesmo tempo, limitarem o uso indiscriminado da coisa pública pela administração.

Para tanto, se faz necessário uma pesquisa analítica bibliográfica, na literatura jurídica e extrajurídica. Em uma abordagem panorâmica, macroestrutural, o objeto da pesquisa será desenvolvido utilizando-se o método analítico, na perspectiva do denominado Processualismo Constitucional Democrático.

2. DIREITOS FUNDAMENTAIS: CONCEITO E GERAÇÕES DE DIREITOS

Os Direitos Fundamentais são um conjunto de direitos e garantias que permitem que o ser humano tenha uma vida digna. É garantir ao ser humano o respeito à vida, à liberdade, à igualdade, à sua dignidade e personalidade.

As diversas conquistas de reconhecimento de direitos fundamentais representam o resultado da internacionalização dos direitos humanos e dos movimentos constitucionais ao longo dos tempos, significando, cada uma delas, um importante passo rumo ao desenvolvimento social. No entanto, importante ressaltar que esse não foi um caminhar em linha reta e, por isso mesmo, não podemos dizer que chegamos ou estamos perto de chegar a um ponto final.

Apesar disso, ainda hoje encontramos na literatura jurídica os direitos fundamentais classificados ou divididos em gerações ou dimensões, como se as etapas de desenvolvimento dos direitos fundamentais tivessem ocorrido de forma rigorosamente estanque, como rupturas sucessivas. Da mesma forma, não podemos compreender os direitos fundamentais através de uma evolução histórica, onde os direitos humanos são divididos em cinco gerações.

Os Direitos Humanos de primeira geração são resultantes, principalmente, da Declaração Francesa dos direitos do Homem e do Cidadão e da Constituição dos Estados Unidos da América de 1787, que surgiram após o confronto entre governados e governantes, é dizer, da insatisfação daqueles com a realidade política, econômica e social de sua época, e que resultou nessas afirmações dos direitos de indivíduos em face do poder soberano do Estado absolutista41.

41 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p.126.

Os Direitos Humanos de segunda geração são os direitos ao trabalho, à saúde, à educação, dentre outros, cujo sujeito passivo é o Estado, que tem o dever de realizar prestações positivas aos seus titulares, os cidadãos, em oposição à posição passiva que se reclamava quando da reivindicação dos direitos de primeira geração42 .

Os Direitos Humanos de terceira gerações são também conhecidos como direitos da solidariedade ou fraternidade, caracterizam-se, assim, pela sua titularidade coletiva ou difusa, tendo coincidido o período de seu reconhecimento ou positivação com o processo de internacionalização dos direitos humanos43.

Existem doutrinadores que reconhecem a existência de uma quarta geração ou dimensão de direitos humanos, que se identificariam com o direito contra a manipulação genética, direito de morrer com dignidade e direito à mudança de sexo, todos pensados para o solucionamento de conflitos jurídicos inéditos, novos, frutos da sociedade contemporânea. Há, ainda, doutrinadores, como o constitucionalista Paulo Bonavides, que entendem que a quarta geração de direitos identificar-se-ia com a universalização de direitos fundamentais já existentes, como os direitos à democracia direta, à informação e ao pluralismo, a exemplo44. Os direitos humanos da quinta geração, como os de quarta, também não são pacificamente reconhecidos pela doutrina, como o são os das três primeiras. No entanto, os direitos que por essa geração são reconhecidos, quais sejam, a honra, a imagem, enfim, os “direitos virtuais” que ressaltam o princípio da dignidade da pessoa humana, decorrem de uma era deveras nova e contemporânea, advinda com o exacerbado desenvolvimento da Internet nos anos 90. Tais valores, portanto, são defendidos e protegidos por essa geração de direitos, com a particularidade de protegê-los frente ao uso massivo dos meios de comunicação eletrônica, merecendo, assim, proteção não só as pessoas naturais, mas também as pessoas jurídicas (art. 50, Código Civil de 2002).

Entretanto entendemos que a concepção de geração não significa o abando no das conquistas, dos direitos anteriormente reconhecidos em prol dos direitos de uma geração subsequente. Pelo contrário, os direitos fundamentais de uma geração somam-se ao da geração seguinte. Cada nova conquista implica necessariamente em uma releitura das dimensões anteriores.

2.1. Direitosfundamentais sociais prestacionais Com o crescimento e desenvolvimento das sociedades liberais,

a concepção de direitos começou a sofrer uma transformação radical.

42 Idem, p.127.43 TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva,

2006, p. 421-422; ALMEIDA, Fernando Barcellos de. Teoria geral dos direitos humanos. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1996, p. 45.

44 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998, p. 52.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO A FUNÇÃO CONTRAMAJORITÁRIA DA CONSTITUIÇÃO

A preocupação com a pessoa humana, suas necessidades, assim como os direitos sociais e coletivos, resultou na inversão do viés privado para o público. O caráter coletivo das atividades e relacionamentos, gradativamente, avançou sobre o individual. As sociedades modernas se afastaram do aspecto estritamente individualista dos direitos, tornando-se cada vez mais complexas e plurais. Movimentos como a “Publicização do Direito” e a “Constitucionalização” culminaram no reconhecimento da efetividade e garantia dos direitos e deveres sociais.45

O reconhecimento do caráter efetivo desses novos direitos é, antes de tudo, essencial para a realização material dos direitos individuais, de índole liberal, absenteísta. Entre os direitos sociais tutelados pelas modernas Constituições estão os direitos ao trabalho, à saúde, à segurança material e à educação.

O caráter efetivo dos novos direitos, assim como dos individuais, envolve uma dimensão defensiva e outra prestacional. Podemos citar o direito social à saúde que, na perspectiva defensiva, comporta a obrigação de não adoção de qualquer comportamento com potencial para lesar ou ameaçar a saúde do titular. Mas, ao mesmo tempo, o direito à saúde importa deveres estatais comissivos, como o fornecimento de medicamentos gratuitos, caracterizando a sua dimensão prestacional.

Sarmento e Sarlet apresentam uma diferenciação na concepção dos direitos sociais. Ambos trazem os direitos sociais divididos em duas categorias: originários e derivados. Sendo que, para Sarmento, os direitos sociais originários são aqueles que permitem ao seu titular, com base apenas na Constituição, que exija alguma prestação material do Poder Público, não requerem uma mediação do legislador. Isso porque a prestação positiva correlata a eles pode ser extraída diretamente da Constituição. Enquanto que os direitos sociais derivados, positivados em sede constitucional em sua maioria, dependem de concretização legislativa para geração de direitos subjetivos positivos.46

Enquanto que, para Sarlet, direitos originários seriam aqueles que a partir da Constituição Federal, e independente de qualquer mediação legislativa, reconhece um direito subjetivo a prestação, e os direitos derivados seriam aquelas posições jurídico-prestacionais já concretizadas pelo legislador.47

O problema do reconhecimento da eficácia direta e imediata dos direitos fundamentais sociais está exatamente nesta dimensão prestacio-nal. Doutrinadores, amparados no texto constitucional, apontam o prin-

45 A publicização do direito deve ser entendida como um processo de intervenção legislativa, fazendo com que o Estado se afigure como garantidor do equilíbrio da ordem privada. Já a constitucionalização é o deslocamento do eixo do sistema jurídico para a Constituição Federal, submetendo o direito positivo aos funda mentos de validade constitucionais.

46 SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relações privadas. Rio de Ja neiro: Lúmen Júris, 2006, p.302-303.

47 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p.301

cípio da solidariedade como um importante instrumento para a questão.O princípio da solidariedade, descrito no artigo 3º da Constituição

Federal de 1988, torna-se importante mecanismo da horizontalização dos direitos sociais. Significando a responsabilização de todos os indivíduos em relação à comunida de, e, principalmente, em relação aos economicamente mais necessitados. O princípio constitucional da solidariedade ou da fraternidade, nos moldes do paradigma estatal democrático de direito, inscrito na Consti tuição Federativa do Brasil de 1988, pressupõe a relação de cooriginarie dade entre a autonomia pública e privada.

Habermas idealizou um sistema de direitos fundamentais básicos que funcionam como condição e possibilidade de participação dos indivíduos nesse processo de elaboração legislativa em cinco categorias distintas: os direitos e iguais liberda des subjetivas; os direitos que resultam do status de membro de uma associação voluntária; os direitos a igual proteção legal; os direitos políticos de participação; e os direitos de bem-estar e segurança sociais que tornam possível a utilização dos demais direitos. Esse núcleo de direitos representa uma condição de existência da participação em qualquer tipo de discurso válido dentro de uma ordem jurídica que se pretenda democrática. Esses direitos informam a própria relação de cooriginariedade entre a autonomia pública e a soberania popular.48

Nesses moldes, qualquer lesão a um direito individual importa em aviltamento não só do indivíduo, mas de toda sociedade e vice-versa. No entanto, entendemos importante ressaltar que essa responsabilidade social, o exercício da cidadania ativa, não exclui o papel do Estado de oferecer aos indivíduos o acesso à jurisdição qualitativo, nos moldes do Estado Democrático de Direito, e implementar políticas públicas com a finalidade de atingir seus objetivos fundamentais. 49

O enunciado do inciso XXXV do artigo 5º da Constituição Federal de 1988 dispõe: “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. No entanto, sabe-se que a existência, o reconhecimento de direitos por si só nem sempre é o bastante. Ou seja, além da construção de uma sociedade solidária, o Estado deve promover a igualdade para que a sociedade também seja livre e justa.

Nesse sentido, se não houver meios que assegurem a proteção e a reivindicação desses direitos perante o Estado por todos os indivíduos, sem distinções sociais ou econômicas, esses direitos não passam de falácia. O acesso à justiça qualitativo é a garantia de uma resposta democraticamente legítima, construída com base nos ditames

48 HA BERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre faticidade e validade. Tradução: Flávio Beno Siebeneichler. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, v.1 e 2, 1997.

49 O artigo 3º da Constituição Federal dispõe: “Art. 3º: Constituem objetivos fun damentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade li vre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”

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constitucionais, dos princípios pro cessuais constitucionais em sua dimensão dinâmica e no debate técnico levado a cabo durante o processo por um juiz competente, atuando de forma comparticipativa.50

2.2. A efetividade dos direitos fundamentais sociaisVinte e seis anos já se passaram desde a promulgação da

Constituição Federal Brasileira e a questão da eficácia dos direitos fundamentais sociais ainda divide o entendimento da doutrina. Algumas correntes se formaram sobre essa temática. Em síntese, podemos citar quatro. A primeira delas nega eficácia dos direitos sociais. Conforme o entendimento dessa parcela da doutrina, a implementação desses direitos seria necessariamente dependente da atuação legislativa.

Como segunda corrente, existem entendimentos que afirmam a total aplicabilidade dos direitos sociais, da mesma forma que os direitos fundamentais de defesa. Para essa corrente, o artigo 5º, parágrafo 1º e o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal, autorizam o Poder Judiciário a suprir a lacuna da ausência da atividade legislativa.

Existe uma terceira corrente, que estaria em uma posição intermediária em relação ao entendimento das correntes anteriores. Essa corrente reconhece eficácia imediata ao denominado mínimo existencial. 51

Uma quarta corrente sustenta a possibilidade de tutela judicial de um direito social prestacional, independente da atuação legislativa. Mas condiciona essa aplicação a uma ponderação entre o direito social em questão, os princípios constitucionais do Estado democrático de direito, notadamente, o da separação de poderes.

De nossa parte, entendemos que a eficácia normativa dos

50 NUNES, Dierle José Coelho. Processo Jurisdicional Democrático: uma análise crítica das reformas processuais. Curitiba: Juruá, 2008.

51 No Brasil, o mínimo existencial é tratado por Ricardo Lobo Torres, Ingo Wolfgang Sarlet, Ana Paula de Barcelos, Álvaro Ricardo de Souza Cruz, dentre ou tros. Em Torres, o mínimo existencial não é mensurável, não possuindo conteú do específico, abrangendo qualquer direito: tributário, financeiro, previdenciário, civil, penal ou internacional, em seu núcleo essencial, sendo certo que sob o ponto de vista do direito objetivo ele é pré-constitucional, não se encontrando explicitado no discurso da Constituição, mas implícito, consistindo verdadeiro direito fundamental sob a ótica liberal e social, integrando o conceito de cidada nia. Esse autor considera o mínimo existencial, conteúdo essencial dos direitos fundamentais, núcleo intocável e irrestringível, limitando a atuação dos poderes estatais, impregnado de valores e princípios, embora com valores e princípios não se confunda, já que não possui generalidade e abstração, sendo insuscetível de sopesamento ou ponderação e de valor “prima facie”, podendo traduzir-se em regra jurídica para sua própria garantia. O mínimo existencial, portanto, abrangeria os direitos fundamentais de primeira dimensão ou direitos individuais, do arti go 5.º da Constituição, e nos textos internacionais e os direitos sociais tocados pelos interesses fundamentais e pela dignidade humana e que se transformam em condições para adquirir a liberdade, não abrangendo, entretanto, os direitos sociais elencados nos artigos 6.º e 7.º da Constituição Brasileira e em outros documentos internacionais que não sejam tocados pelos interesses fundamentais, permanecendo como direitos não fundamentais para o autor, na seara estranha ao denominado mínimo existencial. TORRES, Ricardo Lobo. A cidadania mul-tidimensional na era dos direitos. In: TORRES, Ricardo Lobo (Org). Teoria dos direitos fundamentais. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1999.

princípios constitucionais, notadamente o princípio do acesso à justiça, bem como a eficácia plena dos direitos fundamentais, conferiu ao Poder Judiciário concomitantemente uma competência legítima e inafastável para atuar como verdadeiro garantidor dos Direitos Fundamentais, diante da inércia administrativa e legislativa.

3. As políticas públicas e a efetividade dos direitos fundamentais: o problema da

centralização administrativaAté que ponto a Administração Pública pode obstacularizar a

prestação dos direitos fundamentais, apresentando com justificativa o princípio da reserva do possível52?

O princípio da reserva do possível não deve ser utilizado de forma de inibir a eficácia e a aplicação do “mínimo existencial” (embora os direitos sociais não devam ser reduzidos ao mínimo), especialmente no que tange aos direitos fundamentais sociais prestacionais, como a saúde, a vida, pois a todas as normas de direitos fundamentais há de se outorgar a máxima eficácia e efetividade possível, sempre à luz do caso concreto.

Nesse sentido, baseado no entendimento doutrinário e jurisprudencial alemão, atendendo ao debate de Weimar, limitar o mínimo existencial apenas ao alcance fisiológico do indivíduo, desprezando o mínimo social, ocasionaria a redução da aplicabilidade não só dos direitos fundamentais sociais prestacionais, mas do próprio mínimo, de modo a colocar em risco a sobrevivência do ser humano.

É o que ocorre no caso, por exemplo, do direito à saúde, que, além de ser um direito fundamental social prestacional do Poder Público, é também um direito de defesa, de proteção contra atos do Estado ou de particulares.

Dessa forma, ao fazer referência à Constituição brasileira, a doutrina atual se projeta no sentido de dar plena aplicabilidade às normas constitucionais que regem os direitos fundamentais sociais

52 Com efeito, por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário n. 267.612-RS (decisão publicada no DJU de 23.08.2000), o eminente Relator, Ministro Celso de Mello, em hipótese versando justamente sobre o fornecimento de medicamentos para o tratamento da Aids, consignou que “o direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição da República (art. 196). Traduz bem jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder Público, a quem incumbe formular - e implementar – políticas sociais e econômicas que visem a garantir, aos cidadãos, o acesso universal e igualitário à assistência médico-hospitalar. O caráter programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política - que tem por destinatários todos os entes políticos que compõem, no plano institucional, a organização federativa do Estado brasileiro - não pode converter-se em promessa constitucional inconseqüente, sob pena de o poder público, fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado.” (extraído das transcrições efetuadas no Boletim Informativo do STF).

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO A FUNÇÃO CONTRAMAJORITÁRIA DA CONSTITUIÇÃO

prestacionais, em especial, os direitos sociais. Ela não esvazia o mínimo existencial e mantém a sua condição de direito e garantia, independentemente de sua previsão constitucional expressa, não dispensando a análise de cada caso concreto.

Além disso, é pertinente ressaltar que as decisões do Poder Público para a construção de suas metas de ação não são invioláveis, impenetráveis pelo Poder Judiciário, construindo-se a noção de que no âmbito do Estado Democrático de Direito é possível controlar as políticas públicas.

A Administração Pública deve voltar-se para o dever de realizar e efetivar a Constituição na preservação dos direitos fundamentais, construindo um conjunto de ações governamentais com o escopo de alcançarmos efetivamente a implantação de um Estado Democrático de Direito.

Portanto, é necessário relacionar o exercício das políticas públicas com a Constituição Federal e vinculá-las às ações da Administração Pública.

Problematizar tal tema significa refletir sobre o próprio conceito de democracia de maneira a garantir, da melhor forma possível, um tratamento igualitário para toda a comunidade, e efetivar as políticas públicas53.

Além disso, é imprescindível reconhecer a importância da participação popular, a atuação dos chamados “atores sociais”, de maneira a qualificar as políticas públicas, dando – lhes maior eficiência, pois alcançarão as necessidades da comunidade.

É necessário criar instituições que canalizem o direito à participação direta na gestão política. Esse entendimento é embasado por teorias conhecidas como o contratualismo de Jean Jacques Rousseau, na qual a sociedade política deve ser criada para, ao mesmo tempo, conservar a soberania e preservar a liberdade humana, tendo em vista ser esta inalienável, numa fusão entre ato de obediência e ato de liberdade: “A concepção de participação em Rousseau consubstancia o manancial teórico que inspirou diretamente todas as abordagens que, de uma forma ou de outra, destacam a importância da introdução de elementos de democracia direta, quando não a sua completa adoção 54”.

Para Rousseau, a participação de todos na sociedade e a sujeição 53 “Qualquer política pública, desta forma, deve estar vocacionada para fazer acontecer

(Ereignis) os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil indicados no artigo 3° da Constituição Federal, como já explicitado anteriormente. Tais indicações já se constituem por si em indicações de políticas públicas, sequer havendo liberdade de ação política para os Poderes Públicos desprezarem tais fundamentos. A Constituição erigiu como importantes bens para a comunidade, por exemplo, a solidariedade e a proibição de práticas discriminatórias. Cabe ao Estado desenvolver programas de políticas públicas que internalizem tais bens jurídicos no imaginário da sociedade, sendo importante que os cidadãos igualmente assumam a responsabilidade fenomenológica de fazer acontecer tais indicações constitucionais, exigindo ações governamentais em tal direção.” (OHLWEILER, Leonel Pires. Políticas Públicas e controle jurisdicional: uma análise hermenêutica à luz do Estado democrático de direito. In: SARLET, Ingo Wolfgang; TIMM, Luciano Benetti (Org). Direitos fundamentais, orçamento e “reserva do possível”. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. p. 332).

54 PEREIRA, Rodolfo Viana. Direito constitucional democrático. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008, p. 152.

de todos à vontade comum obstam o exercício de interesses pessoais. Nesse sentido, esse princípio participativo ocorre tanto no ato de associação quanto no exercício do poder.

Recentemente, a versão mais exponenciada da associação entre proteção e participação encontra-se no conceito de partizipative Siherheitsstaat (“Estado de segurança participativo” criado por MATHIAS KOTTER. Ao abordar a temática da segurança pública, o autor faz emergir a dimensão participativa como o vetor essencial para o combate tanto das ameaças tradicionais, quanto das ameaças modernas, catalisadas através da figura emblemática do terrorismo. Segundo suas perspectivas, a situação ideal de segurança pública depende imediatamente da existência de uma rede de cooperação entre Estado e cidadãos que sustente a transposição da regulação exclusivamente estatal da questão da segurança para a auto-regulação social influenciada pelo Estado.55

A participação popular, portanto, gera uma produção adequada e eficaz, pois havendo um panorama global de interesses, aumentam os debates, que podem originar decisões mais eficientes e maior proteção, já que a participação social cria a transparência e polícias mais eficientes, legitimando-se as “esferas públicas”. Em suma, a sociedade do risco imprime constitucionalmente a necessidade de participação dos cidadãos, o aumento das garantias protetivas contra o Estado e os detentores do poder, bem como a transparência dos procedimentos e das funções públicas.

Nesse passo, portanto, uma questão deve ser debatida: a necessidade de repensar as estruturas administrativas, ainda maculadas pelo estereótipo do racionalismo, de maneira a adaptá-las aos princípios constitucionais.

Infelizmente, em nosso modelo de organização administrativa ocorre ainda a centralização dos processos de decisão e de construção de programas de ação, o que leva a desconsiderar as realidades locais. Precisa acontecer o oposto disso, as ações administrativas devem ser pautadas em um planejamento moderado, proporcional, de maneira a se adequar às comunidades nas quais se aplicam.

A implementação do princípio da participação popular no governo, consoante o Estado Democrático de Direito, é um remédio a ser aplicado para corrigir essa ausência de diálogo de uma sociedade oligárquica e patrimonialista. Daí sobrelevar-se a importância da educação política como condição inarredável para uma cidadania ativa numa sociedade republicana e democrática. 56

Com o princípio da representação verifica-se o distanciamento exacerbado entre a esfera política e a esfera pessoal, e, portanto, é necessário o exercício do princípio da integração, aproximando o cidadão da política.

No entanto, para materializar políticas públicas é imperioso que os

55 PEREIRA, Rodolfo Viana. Direito constitucional democrático, p.154-155.56 SOARES, Mário Lúcio Quintão. Teoria do Estado. Belo Horizonte:Del Rey, 2001, p. 328.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO A FUNÇÃO CONTRAMAJORITÁRIA DA CONSTITUIÇÃO

governos e a própria sociedade assumam-se como co-responsáveis por este processo e tenham a capacidade de construir espaços públicos de aprendizagem social, quer dizer, um planejamento temporalizado, mas preparado para o acontecer ou os fracassos possíveis da democracia.57

Consoante o entendimento de Mário Lúcio Quintão Soares58, “esta nova cidadania, erigida pelo novo paradigma, consiste na capacidade de participar no exercício do poder político e da gestão dos negócios da comunidade. As formas desse exercício definem os meios diretos ou não de participação dos cidadãos”.

Portanto, é evidente a contribuição positiva dos movimentos sociais para o fortalecimento das práticas democráticas, pois eles são atores que canalizam as principais preocupações e necessidades da população: 1º) facilitam a criação de elos para o entendimento mútuo; 2º) promovem o reconhecimento, a reconstrução e a proteção de identidades coletivas marginalizadas; 3º) facilitam a melhor representação dos interesses; 4º) promovem a abertura dos canais participativos; 5º) viabilizam a externalização dos dissensos, ou seja, a prática de tais movimentos tem como efeito direto tornar públicas as diversidades de interesses e as suas complexidades; 6º) exponenciam os índices de eficácia das funções de fiscalização e controle do poder.

A efetividade da implementação de políticas públicas ocorre apenas com a integração entre o cidadão e o Poder Público de maneira a fazer acontecer os planos construídos, exigindo certas estratégias como debates e audiências públicas para aspirar às necessidades da comunidade, quebrando o “tabu” de uma organização administrativa clássica hierárquica, do administrador autoritário, ditatorial. Na democracia, a participação do cidadão no poder configura-se pela efetiva atuação em movimentos sociais em suas comunidades, concretizando a cidadania sob o prisma legal.

Entretanto, a nossa realidade nos mostra um legislativo inerte e uma administração ineficiente gerando a necessidade de ingerência do Poder Judiciário no espaço político.

4. O Judiciário Como Instância Contramajoritária Diante da Inércia do Executivo e do Legislativo

Com a ampliação do acesso à justiça e a entrada de novos direitos dotados eficácia plena e mecanismos de garantia em nossa ordem jurídica após a Constituição Federal de 1988, na atividade jurisdicional não é incomum situações de enfrentamento que representam a relação de permanente tensão entre a Democracia e a Constituição.59

57 OHLWEILER, Leonel Pires. Políticas Públicas e controle jurisdicional: uma análise hermenêutica à luz do Estado democrático de direito, p. 336

58 SOARES, Mário Lúcio Quintão. Teoria do Estado, p.307.59 Essa relação constante de tensão entre a Democracia e a Constituição ou o próprio

O caráter majoritário das leis bem como de políticas públicas são o resultado de escolhas políticas fundadas na Democracia, como vontade da maioria, da soberania popular. Por outro lado, a Constituição representa a defesa das minorias contra a maioria atual. Nesse sentido, a Jurisdição atua como instrumento de proteção e garantia dos direitos das minorias, exercendo um papel contramajoritário, como resposta aos ditames constitucionais dos princípios, dos direitos fundamentais individuais e do caráter plural da sociedade.

Aqui se faz uma importante ressalva: não existe garantia de permanência no espaço majoritário. São situações eventuais, mutáveis, como pressuposto do respeito à igualdade e liberdade constitucionais. Por esse motivo, as minorias são dotadas de mecanismos de defesa, através do Judiciário, para evitar o descumprimento da Constituição. Caso contrário, a própria democracia pode ser transformada em ditadura da maioria.

Como exemplo do caráter contramajoritário da Constituição e do Judiciário, podemos citar a impossibilidade de se implementar a pena de morte no ordenamento jurídico brasileiro. Ainda que a maioria assim o deseje, a Constituição proíbe e o Judiciário, através do controle de constitucionalidade, impede60.

Um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, instituído pela Constituição Federal de 1988, traz a ideia da separação de poderes, do sistema de freios e contrapesos, concebido com a finalidade de assegurar a liberdade dos indivíduos, garantir a eficiência e, ao mesmo tempo, controlar o poder do Estado.

Mas esse sistema não pode ser lido de maneira rígida e estanque, como uma separação absoluta de funções, como na perspectiva liberal de Estado, em que o Estado deve se abster de interferir na esfera privada do cidadão. Mas também não pode ser desrespeitado. Pode se dizer então que o sistema de separação de funções deve funcionar de maneira dinâmica, em conjunto, equilibradamente. Até porque, no Estado Democrático de Direito os ideais das matrizes liberal e social devem necessariamente conviver de forma harmônica.

A opção da Constituição de 1988 pela inserção explícita de um conjunto dos Direitos Fundamentais, inclusive sociais e da normatividade dos princípios constitucionais, conferiu ao Poder Judiciário concomitantemente uma competência legítima e inafastável para atuar como verdadeiro garantidor dos Direitos Fundamentais.

Constitucionalismo, não é sinônimo de crise. É sim uma condição essencial para a manutenção da Democracia. O caráter protetivo, contramajoritário, da Constituição está lastreado no histórico de conquistas dos Direitos Humanos, do Constitucionalismo. E esse “pacote” de direitos e garantias não pode ser suprimido, somente aumentado. E essa defesa contra o retrocesso não pode ser ignorada nem mesmo por um novo Poder Constituinte.

60 NUNES, Dierle José Coelho; BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Processo Constitucional: Uma abordagem a partir dos desafios do Estado Democrático de Direito. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, p.223-249 v. IV, ano 3, jul./dez. 2009, p.229. Disponível em: <>. Acesso em:

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO A FUNÇÃO CONTRAMAJORITÁRIA DA CONSTITUIÇÃO

No entanto, como prelecionam Bahia e Nunes, em respeito à ordem Democrática, ao judiciário, não cabe o papel de sobreposição, de maneira absoluta, em caráter permanente, quanto aos demais poderes/funções:

Tal fato, entretanto, se mostra problemático e, ainda que possa ser uma necessidade para casos emergenciais, não pode ser tido como uma opção de longo prazo. Pretensões a direito devem passar pela arena pública de discussão e formação da vontade pública institucionalizada (Parlamentos), lugar onde os mais variados temas podem ser debatidos por partidos políticos de diferentes ideologias. Casos urgentes podem (e devem) receber “proteção” do Judiciário, mas haverá uma confusão entre “questões de princípio” e “questões de política” se a arena representativa for relegada a segundo plano e o Judiciário transformado em promotor de políticas públicas.61 [grifo nosso]

Assim, é necessário considerar o caráter instrumental e estratégico das políticas públicas, que são os meios para a consecução dos objetivos constitucionais, pressupondo atividade vinculada de planejamento. Envolvem dispêndio de dinheiro público, que são limitados, e ainda implicam a realização de escolhas. Nesse sentido, devem atuar de forma abrangente, sistemática e eficiente. Por esse motivo, o processo de criação e execução de políticas públicas depende de uma tramitação democraticamente legítima.

É forçoso compreender que os direitos fundamentais sociais são plenamente eficazes independentemente da tentativa de restrição de sua aplicabilidade pelo Poder Público, pois a reserva do possível não pode ser reduzida a limite posto pelo orçamento, até porque, se fosse assim, um direito social sob ‘reserva de cofres cheios’ equivaleria, na prática – como diz José Joaquim Gomes Canotilho – a “nenhuma vinculação jurídica”62.

Percebe-se a instauração de um verdadeiro e complicado impasse: dada a necessidade de “ingerência” do Poder Judiciário no espaço eminentemente político, como resolver o problema da legitimidade das decisões judiciais?

Ainda que o Poder Judiciário tenha legitimidade para atuar

61 BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco; NUNES, Dierle José Coelho. Crise da Democracia Representativa – Infidelidade partidária e seu reconhecimento judicial. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n.100, p. 57-84, jan./jun. 2010. Disponível em: < http://www.pos.direito.ufmg.br/rbep/index.php/rbep/article/view/109>. Acesso em: jun. 2012.

62 Ademais, cabe ressaltar o entendimento de Luciano Benetti Timm e de Ana Paula de Barcellos de que os recursos orçamentários obtidos por meio da tributação, incluindo a abertura de créditos adicionais, devem ser empregados pelo Poder Público de modo mais eficiente para que possa atingir o maior número de demandas da população, cumprindo as metas fixadas. Isto é, devem ser implementadas políticas públicas e sociais, evitar o desperdício de recursos públicos, de maneira a efetivamente aplicá-los na melhora da qualidade da prestação dos direitos fundamentais sociais. Para isso, devem existir atores públicos mais capacitados, conhecedores das diversas disciplinas tanto humanas quanto exatas, como direito, economia e sociologia, com o escopo de obter uma administração mais eficiente no que tange à aplicação dos recursos públicos.

no sentido de garantir o cumprimento da Constituição, o Poder Legislativo e o Executivo não estão excluídos do seu papel nem isentos de responsabilização. Nesse sentido, Sarlet, acerca do direito à saúde, enfatiza a necessidade de uma política de direitos fundamentais, que ele denomina uma “convergência de vontades”:

[...] a efetividade dos direitos fundamentais em geral (e não apenas dos direitos sociais a prestações) não se alcança com a mera vigência da norma e, portanto, não se resolve no plano exclusivamente jurídico, transformando-se em um problema de uma verdadeira política dos direitos fundamentais.63

Ocorre que, atualmente, estamos vivendo uma verdadeira “crise das instituições”. O fenômeno da “judicialização da política” pode ser entendido como uma resposta à ineficiência do Executivo e inércia do Legislativo.

Necessário entender que parcela da sociedade fica à margem do processo deliberativo e decisório exatamente por não conseguir se fazer representar politicamente:

No que toca ao Legislativo, lugar de excelência de discussão (e decisão) das questões políticas, sua posição refratária o impede de funcionar como “caixa de ressonância comunicativa”, não exercendo o que ademais Habermas chama de “sistemas de eclusas”.64

Ou seja, o Parlamento se abstém de legislar, de discutir sobre questões controvertidas, com o receio de diminuir sensivelmente a sua possibilidade de reeleição. Dessa forma, não cumpre a sua função, não representa seus eleitores. No Brasil, o eleitor vota no candidato, não no partido. Os partidos políticos perderam a sua identidade.

Além disso, não contamos com uma agenda para sabermos de antemão quais projetos de lei, que temas serão discutidos no parlamento, como ocorre, por exemplo, em Portugal. Assim, como podemos esperar que o eleitor vote com responsabilidade e consciência? E mais, como reconhecer nas leis os interesses das minorias social, econômica, cultural, politicamente marginalizadas?

Em relação à atuação do Executivo, Bahia aponta que a ausência de “mecanismos de responsabilização jurídica e política”, que, em alguma medida, poderiam ser utilizados inclusive para o Legislativo, engessa o administrador público. Isso porque, aprovada a lei que impõe

63 SARLET, Ingo Wolfgang. Algumas considerações em torno do conteúdo, eficácia e efetividade do direito à saúde na Constituição de 1988. Revista Diálogo Jurídico, Salvador, n.10, jan. 2002. p.16. Disponível em: <http://www.direitodoestado.com/revista/rere-11-setembro-2007-ingo%20sarlet.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2013.

64 BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Fundamentos de teoria da Constituição: a dinâmica constitucional no Estado Democrático de Direito brasileiro. In: FIGUEIREDO, Eduardo Henrique Lopes; MONACO, Gustavo Ferraz de Campos; MAGALHÃES, José Luiz Quadros. (coord.) Constitucionalismo e Democracia. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 101-125, 2012. p. 113.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO A FUNÇÃO CONTRAMAJORITÁRIA DA CONSTITUIÇÃO

determinada política pública, por força do princípio constitucional da legalidade estrita da administração pública, ao administrador público não resta alternativa além do seu fiel cumprimento.65

Ressalta Bahia que a Democracia não pode ser vista como “tirania da maioria”, mas, nos dizeres de Habermas, como “o resultado provisional de uma permanente formação discursiva da opinião”66 (tradução livre). E acrescenta que:

[...] é preciso lembrar que garantindo direitos às minorias, garante-se o direito de todos, porque os direitos fundamentais são constitutivos da democracia (como pronunciou o Relator na citada decisão da ADPF 132 e ADIN 427767), não podendo ser pensada uma Democracia que não seja constitucional.68

A aposta cega no Judiciário para se alcançar o aumento do acesso e efetividade dos direitos fundamentais, como se apreende da história da atividade jurisdicional até mesmo dos tribunais superiores, é, no mínimo, uma aposta equivocada. Não é incomum o Judiciário funcionar como verdadeiro obstáculo aos avanços democráticos.

E aqui também é válido dizer que o Judiciário não raras vezes atua interferindo de forma “solipsista”69 na esfera da Administração Pública, obrigando o gestor a implementar, em caráter de urgência, determinada política pública, desrespeitando o processo licitatório, muitas vezes comprometendo todo orçamento, a eficiência de sua atividade e, por

65 BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Fundamentos de teoria da Constituição: a dinâmica constitucional no Estado Democrático de Direito brasileiro. In: FIGUEIREDO, Eduardo Henrique Lopes; MONACO, Gustavo Ferraz de Campos; MAGALHÃES, José Luiz Quadros. (coord.) Constitucionalismo e Democracia. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 101-125, 2012. p.114.

66 Em original: “el resultado provisional de uma permanente formación discursiva de la opinión”. BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Fundamentos de teoria da Constituição: a dinâmica constitucional no Estado Democrático de Direito brasileiro. In: FIGUEIREDO, Eduardo Henrique Lopes; MONACO, Gustavo Ferraz de Campos; MAGALHÃES, José Luiz Quadros. (coord.) Constitucionalismo e Democracia. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 101-125, 2012. p.114.

67 “12. [...] o sexo das pessoas, salvo expressa disposição constitucional em contrário, não se presta como fator de desigualdade jurídica. [...] Tratamento discriminatório ou desigualitário sem causa que, se intentado pelo comum das pessoas ou pelo próprio Estado, passa a colidir frontalmente com o objetivo constitucional de ‘promover o bem de todos’ [...]. 13. ‘Bem de todos’, portanto, constitucionalmente versado como uma situação jurídica ativa a que se chega pela eliminação do preconceito de sexo. Se se prefere, ‘bem de todos’ enquanto valor objetivamente posto pela Constituição para dar sentido e propósito ainda mais adensados à vida de cada ser humano em particular, como reflexos positivos no equilíbrio da sociedade” [trecho do voto do Min. Relator, no julgamento da ADPF 132 e ADIN 4277].

68 BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Fundamentos de teoria da Constituição: a dinâmica constitucional no Estado Democrático de Direito brasileiro. In: FIGUEIREDO, Eduardo Henrique Lopes; MONACO, Gustavo Ferraz de Campos; MAGALHÃES, José Luiz Quadros. (coord.) Constitucionalismo e Democracia. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 101-125, 2012. p.114.

69 NUNES, Dierle José Coelho. Processo jurisdicional democrático. Uma análise crítica das reformas processuais. Curitiba: Juruá, 2008.

consequência, o interesse público.E, ainda que, em consonância com os ditames constitucionais do

Estado Democrático de Direito, a leitura adequada do “interesse público” não seja mais a partir da perspectiva dogmática tradicionalmente defendida pela doutrina, aquela que defendia a aplicação do interesse público com um princípio implícito dotado de supremacia em caráter absoluto70, também o interesse motivador da sentença, ainda que um direito fundamental, não tem prevalência de “per si”. 71

Necessário, portanto, a apreciação do caso concreto. E, em respeito ao Contraditório72, a discussão técnica e comparticipada levada a cabo via processo é condição de validade, legitimidade e eficácia para a formação da decisão, mesmo que posteriormente ao deferimento da medida, nos casos em que faça jus a sua concessão.

Considerações FinaisO Direito Administrativo tradicional vem sofrendo profundas

alterações decorrentes da institucionalização de políticas públicas e da inserção dos debates sobre o tema no campo constitucional e humanista. Deixa-se, assim, de centrar a discussão na órbita exclusiva dos atos administrativos, ampliando o leque de problematizações para uma instância antecedente a qualquer decisão dos agentes públicos. Não há como focar adequadamente o tema das políticas públicas num cenário de complexidade, como o atual, sem centrar o debate sobre os regimes políticos que constroem o modo-de-ser cultural dos cidadãos e da própria Administração Pública.73

As escolhas políticas do administrador em relação à destinação do orçamento público deveriam ser produzidas com a oitiva do administrado, ou seja, com a participação popular, de modo a haver maior transparência e eficiência dos atos do Poder Público na destinação de verbas para a efetivação dos direitos fundamentais sociais prestacionais.

É imprescindível uma Administração Pública mais ativa no sentido de efetivar direitos fundamentais sociais e fazer com que a população receba uma prestação além do “mínimo existencial”, sendo para isso necessária a realização de políticas públicas74, de programas

70 SARMENTO, Daniel. (Org.) Interesses Públicos versus interesses privados: Desconstruindo o Princípio da Supremacia do Interesse Público. 2ª tiragem. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.

71 BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Recursos Extraordinários no STF e no STJ: Conflito entre Interesses Público e Privado.Curitiba: Juruá, 2009.

72 THEODORO JÚNIOR, Humberto; NUNES, Dierle José Coelho. Princípio do Contraditório: tendências de mudança de sua aplicação. Revista da Faculdade de Direito do Sul de Minas. Pouso Alegre. v.28. p.177- 206, jan./jun. 2009. Disponível em: <http://www.fdsm.edu.br/site/posgraduacao/volume28/10.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2013.

73 OHLWEILER, Leonel Pires. Políticas Públicas e controle jurisdicional: uma análise hermenêutica à luz do Estado democrático de direito, p. 343.

74 Segundo Ana Paula de Barcellos no texto Constitucionalização das políticas públicas em matéria de direitos fundamentais: o controle político-social e o controle jurídico no espaço

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO A FUNÇÃO CONTRAMAJORITÁRIA DA CONSTITUIÇÃO

orçamentários e sociais mais eficazes, empregando com mais sabedoria os recursos públicos de maneira a alcançar a população hipossuficiente financeiramente, que necessita do efetivo auxílio do Poder Público, respeitando e aplicando efetivamente os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade.

Portanto, além do já explanado, conclui-se que a missão atribuída ao Poder Judiciário de “guardião da Constituição”, exige a possibilidade de repensar o exercício da própria atividade jurisdicional, de maneira que evitar arbitrariedades.

Por fim, percebe-se a necessidade do afastamento do decisionismo do julgador na tomada de decisões para que as partes deliberem e comparticipem na produção do provimento Jurisdicional, dentro de uma fase discursiva em meio ao próprio processo.

As decisões judiciais devem ser oriundas da participação simétrica dos envolvidos e nenhum julgador deve proferir qualquer decisão utilizando argumentos não debatidos pelas partes em contraditório, afastando, portanto, a ideia de que o juiz é o único portador da cognição para a elaboração das decisões judiciais.

A adoção de um processo constitucional democrático permitirá que o cidadão seja autodestinatário dos provimentos, seja no âmbito legislativo, administrativo e judicial, tendo que vista que a decisão não será apenas a expressão da vontade de maneira solitária pelo decisor, mas sim construída e discutida pelas partes endoprocessualmente, pois conforme Canotilho75, ao pressupor a participação igual dos cidadãos, o princípio democrático entrelaça-se com os direitos subjetivos de participação e de associação, que se tornam, assim, fundamentos funcionais da democracia.

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democrático, p.117: “As políticas públicas, igualmente, envolvem gastos. E como não há recursos ilimitados, será preciso priorizar e escolher em que o dinheiro público disponível será investido. Além da definição genérica de em que gastar, é preciso ainda decidir como gastar, tendo em conta os objetivos específicos que se deseje alcançar”.

75 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Coimbra: Almedina, 2.001, p. 288.

BAHIA, Alexandre; NUNES, Dierle. Crise da Democracia Representativa – Infidelidade partidária e seu reconhecimento judicial. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n.100, p.57-84, jan./jun. 2010. Disponível em: < http://www.pos.direito.ufmg.br/rbep/index.php/rbep/article/view/109>. Acesso em: jun. 2012.BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Reforma do Judiciário: o que uma súmula vinculante pode vincular? Revista Forense Eletrônica – Suplemento, volume 378, mar/abr. 2005, seção de doutrina, p. 665/671.BARCELLOS, Ana Paula de. Constitucionalização das políticas públicas em matéria de direitos fundamentais: o controle político–social e o controle jurídico no espaço democrático. In: SARLET, Ingo Wolfgang; TIMM, Luciano Benetti (Org.). Direitos fundamentais, orçamento e “reserva do possível”. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. p.111-147.BINENBOLN, GUSTAVO. A nova Jurisdição constitucional brasileira. Rio de Janeiro; Renovar, 2004.BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. 12ª tiragem. Rio de Janeiro: Campus, 1992.BONAVIDES, Paulo. Do Estado Liberal do Estado Social, Rio de Janeiro, Forense, 1980.CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Coimbra: Almedina, 2001.CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 18 ed. São Paulo: Malheiros, 2002.FAZZALARI, Elio. Instituições de Direito Processual. Campinas: Bookseller, 1ªed., 2006.GONÇALVES, Aroldo Plínio. Técnica Processual e Teoria do Processo. Rio de Janeiro: AIDE Editora, 2001.LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.HABERMAS, Jürgen. A inclusão do outro – estudos de teoria política. 3.ed. São Paulo: Edições Loyola, 2007.HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia entre a facticidade e a validade. 2. ed. Vol I e II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.MELO, Danielle; AMARAL, Gustavo. Há direitos acima dos orçamentos? In: SARLET, Ingo Wolfgang; TIMM, Luciano Benetti (Org.). Direitos fundamentais, orçamento e “reserva do possível”. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. p.87-109.NUNES, Dierle José Coelho; BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Processo Constitucional: Uma abordagem a partir dos desafios do Estado Democrático de Direito. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, p.223-249 v. IV, ano 3, jul./dez. 2009. Disponível em: <>. Acesso em: 08.jul.2014.NUNES, Dierle José Coelho. Processo jurisdicional democrático. Uma análise crítica das reformas processuais. Curitiba: Juruá, 2008.NUNES, Dierle José Coelho. Teoria do processo contemporâneo. Revista da Faculdade de Direito do Sul de Minas, Edição Especial, 2008, p. 13 – 29.OHLWEILER, Leonel Pires. Políticas Públicas e controle jurisdicional: uma análise hermenêutica à luz do Estado democrático de direito. In: SARLET, Ingo Wolfgang; TIMM, Luciano Benetti (Org). Direitos fundamentais, orçamento e

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PROTAGONISMO JUDICIAL À BRASILEIRA: CONTEXTUALIZAÇÃO

JURÍDICO-TEÓRICA DA JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA E DO ATIVISMO JUDICIAL

Diogo Bacha e Silva76

Introdução Durante a última década assistimos uma efetiva participação

do Poder Judiciário, principalmente por meio de seu órgão de cúpula o Supremo Tribunal Federal, na vida pública. O Supremo Tribunal Federal passou a fazer parte do cotidiano do brasileiro. Nos veículos de informação, em conversas informais, nos mais diversos setores do cotidiano do brasileiro, o Supremo Tribunal Federal é objeto de críticas e alvo de análise.

Basta ver, por exemplo, os julgamentos realizados durante a última década. Assim, o Supremo Tribunal Federal julgou constitucional a contribuição dos servidores públicos inativos para o regime previdenciário, conforme a ADI 3105/DF, rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 18/08/2004. Também considerou inconstitucional o art. 13 da Lei dos Partidos Políticos na medida em que impunha a chamada de cláusula de barreira, consistente na obtenção de 5% dos votos válidos para que o partido político possa obter a representação nas Casas Legislativas, conforme a ADI 1351/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgada em 07/12/2006.

Temas complexos que envolveram questões religiosas, morais, éticas e jurídicas foram julgados pelo Supremo Tribunal Federal com o reconhecimento da constitucionalidade de pesquisas científicas com células tronco-embrionárias através da ADI 3510/DF, rel. Min. Ayres Brito, julgado em 29/05/2008. De igual sorte, o julgamento da fidelidade partidária com a definição que o mandato, em sistemas eleitorais proporcionais, pertence ao partido político e não ao candidato foi assim definido pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 3999/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 12/11/2008.

A revogação de toda a Lei 5250/67, Lei de Imprensa, pois que conflitante com a ordem constitucional e a especial proteção conferida à liberdade de expressão, nos termos da ADPF 130/DF, rel. Min. Ayres Britto, julgado em 30/04/2009. Também, através da ADPF 153/DF, rel. Min. Eros Grau, julgado em 29/04/2010, o Supremo Tribunal Federal considerou que a Lei da Anistia abrangia também a anistia dos crimes cometidos pelos agentes estatais, interpretando-a por meio de uma

76 Mestre em Constitucionalismo e Democracia pela FDSM, Professor e Coordenador do Curso de Direito da Faculdade de São Lourenço, Advogado.

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anistia bilateral e irrestrita. Na ADI 4277/DF, rel. Min. Ayres Britto, e também ADPF

132/RJ, rel. Min. Ayres Britto, julgadas em conjunto na data de 05/05/2011 foi julgada a possibilidade diante da Constituição da união estável homoafetiva. Em igual sentido, a possibilidade da marcha da maconha, porquanto protegida pela liberdade da livre manifestação do pensamento, assim julgada por meio da ADPF 187/DF, rel. Min. Celso de Mello, 15/06/2011. Por fim, o Supremo Tribunal Federal julgou a inconstitucionalidade da tipificação como crime de aborto da interrupção da gravidez de fetos anencefálicos na ADPF 54/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/04/2012.

Essa plêiade de julgamentos realizados pelo Supremo Tribunal Federal na última década indica que o Poder Judiciário assume uma postura de intervenção em diversos setores da vida cotidiana. Desde temas ligados à política, à economia, à direitos sociais, às liberdades fundamentais como direito à vida, direito à liberdade de expressão até a disputas entre órgãos públicos e suas competências.

Fácil parafrasearmos a frase de Alexis de Tocqueville, na obra Democracia na América ao comentar sobre o sistema judiciário norte-americano, em que diz que não há acontecimento político que não se invoque a presença do Poder Judiciário77.

O objetivo é analisar em qual contexto jurídico-político o Poder Judiciário, com especial destaque para o Supremo Tribunal Federal, vem intervindo na esfera social. Também convém analisar qual a medida da legitimidade de tal intervenção e qual as causas de tal intervenção.

1. A representatividade política e a omissão do Poder Legislativo

Todos os temas julgados pelo Supremo Tribunal Federal acima citados têm em comum o fato de se tratar de questões complexas que dividem a sociedade. Questões fraturantes compõem a pauta do Supremo Tribunal Federal. Um conceito mínimo de democracia supõe que decisões vinculantes e coletivas devem ser tomadas através de procedimentos de formação da vontade pública78. Portanto, o conceito ideal de democracia sugere que as decisões vinculantes sejam sempre fruto da opinião e vontade pública manifestada diretamente pelos indivíduos, algo já impossível de acontecer em vista do expressivo tamanho dos Estados modernos conforme denunciou Rousseau79.

Nessa medida, o poder político se assenta essencialmente na representatividade. Nestes moldes, a soberania popular, traduzida

77 TOCQUEVILLE, Alexis. A democracia na américa. Leis e costumes. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 111.

78 BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. 11ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009. p. 30. 79 ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. São Paulo: Martin Claret, 2004. p. 71.

através da volonté générale, deve se traduzir nos anseios públicos. Tais anseios são – ou deveriam ser – capturados pelo poder político e transformados em decisões coletivas. O espaço público só se transforma em poder político através de processos institucionalizados80.

Ao poder político incumbe canalizar os problemas surgidos no espaço público, no sentido de perceber, identificar, tematizar e, de modo influente, prover os problemas de contribuições, interpretações, comentários de modo que o complexo parlamentar possa assumi-lo e complementá-lo81.

Quando o parlamento passa a não perceber, identificar, tematizar e resolver os problemas debatidos na esfera pública tem-se uma grave crise de legitimidade democrática, na qual não há a integração social entre a soberania popular e os espaços institucionalizados de formação da opinião e vontade pública. É que, conforme ensina Habermas, o mundo da vida é uma rede de ações comunicativas, formada pela totalidade das relações intersubjetivas orientadas para o entendimento. A linguagem comum serve como parâmetro para o entendimento entre os sujeitos de ação que circula através da institucionalização jurídica da esfera privada e pública82.

Pelo modelo da “eclusa”, o centro do poder político, aí incluído a Administração, o Judiciário e a formação da opinião e vontade pública deve receber influência da periferia do poder político, qual seja, as associações, as organizações, os grupos de interesse claramente definidos, as igrejas e as entidades de benemerência que pertencem a sociedade civil, devem exercer influência sobre a temática a ser discutida pelo centro do poder político83. À evidência, tais grupos da sociedade civil não podem de forma alguma dominar, cooptar o centro do poder político, mas sim para direcionar o uso do poder administrativo, sob pena de vulneração do Estado democrático84.

Por isso é que a democracia deve ser pensada como a ideia de um espaço onde haja a circulação do livre diálogo, onde os espaços de comunicação sejam livres de interferências e respeitados, onde a ideia de cidadania dependa da dignidade, da libertação da miséria e da pobreza e do respeito ao próximo como portador dos mesmos direitos85. Por isso,

80 HABERMAS, Jürgen. Facticidad y validez: sobre el derecho y el Estado democrático de derecho em términos de teoria del discurso. 7ª ed. Madri: Editorial Trotta, 2003. p. 443.

81 HABERMAS, Jürgen. Facticidad y validez: sobre el derecho y el Estado democrático de derecho em términos de teoria del discurso. 7ª ed. Madri: Editorial Trotta, 2003. p. 339-440.

82 Idem. p. 434. 83 Ibidem. p. 436.84 HABERMAS, Jürgen. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo:

edições Loyola, 2002. p. 282. 85 MAGALHÃES, José Luiz Quadros. O resgate da democracia representativa

através da democracia participativa. Revista da Revista da Faculdade de Direito da

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é importante para a democracia representativa que os partidos políticos representem mais um canal institucionalizado de comunicação, de livre circulação de ideias.

De se ver que os partidos políticos, na definição de Georg Jellinek, são poderes sociais, enquanto produtos não estatizados, que, mediante a agremiação de indivíduos, buscam se reunir através de convicções comuns dos fins do Estado com o objetivo de alcançar o poder e nele se manter86. Enquanto agremiações sociais, os partidos políticos devem servir de meios de canalização dos problemas sociais para que sejam debatidos e decididos democraticamente.

Há um grave problema na democracia representativa quando a elite dirigente dos partidos políticos passam a deturpar, a interferir no processo de comunicação, informação oriundo da ação comunicativa do mundo da vida. Os partidos políticos devem exibir uma programação ideológica sólida87, na exata medida em que sua função principal, em um Estado democrático de Direito, é representar a complexidade e o pluralismo ideológico da sociedade em que são partes.

Não por outro motivo é que o dissenso, a possibilidade das múltiplas visões de mundo e a liberdade sobre concepções éticas de vida sejam tão importantes e estimulantes para a democracia88 que convive, de igual modo, com a necessidade (até mesmo impossibilidade) da tomada de decisões vinculantes. De um lado, o respeito às diferenças, de outro a necessidade de unidade são partes das complexas democracias contemporâneas.

O poder político deve refletir a complexidade e o pluralismo da sociedade. No Brasil, o pluripartidarismo surge com a extinção do bipartidarismo pela Lei 6767/79, que modificou a Lei Orgânica dos Partidos Políticos 5682/71. A democrática Constituição Federal de 1988 manteve o pluralismo partidário no art. 17. Importante consignar que a democracia implica que os partidos políticos possam se autoorganizar livremente sem as amarras do Estado. Conforme a lição de Lenio Luiz Streck e José Luis Bolzan de Morais, “com a Constituição de 1988, adota-se uma concepção minimalista, permitindo uma ampla liberdade de organização, ou seja, não há um controle quantitativo (embora possível por lei ordinária), mas um controle qualitativo (respeito ao Estado Constitucional/Democrático) e controle financeiro”89.

A formação de pequenas aristocracias no seio dos partidos políticos prejudica o fluxo comunicacional para as instâncias parlamentares

Universidade Federal de Minas Gerais, n.44, 2004. p. 191. 86 JELLINEK, Georg. Teoría general de Estado. Mexico: Fondo de Cultura Economica,

2000. p. 141. 87 MEZZAROBA, Orides. O Estado de partidos como alternativa para a crise do modelo

liberal de representação política. Revista Paradigma, Ribeirão Preto, n. 20 (2011). p. 125.88 BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. 11ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009.p. 73. 89 STRECK, Lenio Luiz; MORAIS, José Luis Bolzan de. Ciência Política e Teoria do

Estado. 7ª ed. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2010. p. 188.

deliberativas que passa a, de um lado, não refletir os problemas sociais que dependem de resposta do poder público e, de outro, a refletir os interesses individuais dos membros do partido político. Desse modo, os partidos políticos se desvinculam do povo, passando a representar o interesse individual apenas dessas elites partidárias.

A própria ideologia partidária se esvanece e os partidos políticos passam a não ter grande vínculo entre a ideologia partidária e sua atuação. Ou, ainda, não há um interesse real e efetivo por parte dos dirigentes partidários em efetivar a política partidária proposta.

A consequência é que os partidos políticos não têm posições claras acerca de temas que dividem a sociedade90. Daí que, os partidos políticos não tomando parte dos temas complexos, o parlamento acaba por se omitir em temas complexos, seja para aprovar medidas legislativas, seja para rejeitar as medidas.

2. Ativismo judicial e judicialização da política: os contornos necessários no direito brasileiro.

A inércia e a omissão do Poder Legislativo em debater temas fraturantes para a sociedade brasileira levam os cidadãos a buscar outros canais institucionais para que vejam seu direito reconhecido. Por isso é cada vez mais o Poder Judiciário está envolto em temas e debates de grande importância para a vida em sociedade. A questão já não é mais o que o Poder Judiciário discute, mas sim como o Poder Judiciário realizará o debate.

Fundamentalmente é preciso reconhecer que o Direito passa a intervir cada vez mais nas esferas sociais. O aumento da complexidade das relações trouxe o também aumento da chamada juridificação das relações sociais. Nessa medida, Jürgen Habermas define juridificação como o fenômeno pelo qual há um alargamento do direito escrito, desde um aumento nas matérias que o mesmo pretende regular até a fragmentação do direito em várias matérias especiais91.

Desse modo, matérias que não haviam sido objeto de prescrição jurídica, passam a ter seu regramento dado pelo Direito, tal como meio ambiente, relações de consumo, relações médicas, familiares, escolares. Matérias que antes eram objeto apenas de uma regulamentação jurídica geral tornam-se especializações, assim acontece, por exemplo, com a regulação do direito da criança e do adolescente, do direito do idoso.

Neal Tate considera que a expansão do Poder Judiciário ocorre em função da chamada judicialização da política. Pela referida expressão, o autor considera que se trata do processo pelo qual cortes e juízes passam

90 BAHIA, Alexandre; NUNES, Dierle. Crise da democracia representativa – infidelidade partidária e seu reconhecimento judicial. Revista Brasileira de Estudos Políticos; nº 100, jan/jun de 2010, p. 60.

91 HABERMAS, Jürgen. Teoría de la acción comunicativa. Trad. Manuel Jiménez Redondo. Madri: Editorial Trotta, 2010. p. 884.

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a fazer ou cada vez mais dominar a realização de políticas públicas que deveriam ter sido realizadas pelas instâncias políticas92. Para tanto, o mesmo autor observa que vários são os fatores que propiciam um protagonismo judicial nas relações sociais: 1) necessário considerar que o projeto democrático é facilitador da discussão política pelo Judiciário; 2) a própria ideia de separação de poderes onde o Poder Judiciário pode se afirmar como poder político; 3) a presença de direitos fundamentais, ainda que não expressamente previstos em textos escritos, aptos a garantir prestações aos indivíduos; 4) a utilização do Poder Judiciário de grupos sociais excluídos do centro social ou dos interesses econômicos do sistema político para alcançar seus objetivos; 5) a utilização do Poder Judiciário pela oposição política para que possa discutir algum programa político desagradável ao seu ponto de vista; 6) inefetividade das instituições majoritárias para cumprir suas metas de governo já que encontra um impasse diante do Poder Legislativo ante a resistência da maioria em aderir ao projeto governamental; 7) quando a liderança popular, econômica enxerga as instituições majoritárias como imobilizadas em virtude da descrença ocasionada pela falta de legitimidade ou mesmo corrupção, serve-se do Poder Judiciário uma vez que lhe é concedido um respeito e uma legitimidade maior do que os outros poderes; 8) e, por fim, ocorre judicialização da política também quando as instituições majoritárias sentem-se sobrecarregadas com certas questões e têm medo de manifestar sua vontade face ao possível desgaste político que poderá provocar uma decisão, preferindo que tal decisão seja realizada pelo Poder Judiciário93.

Tais são alguns dos motivos levantados pelos autores que realizaram uma pesquisa a nível global das causas que levam o Poder Judiciário a atuar nas relações sociais. Percebe-se claramente que o levantamento é inteiramente aplicável ao Brasil. Como dissemos em outra oportunidade, a judicialização da política parece ser um movimento irreversível diante da complexidade da modernidade, já que o próprio Direito municia o Poder Judiciário de instrumentos suficientes para que intervenha em relações que ficavam circunscritas à esfera privada ou relegadas ao esquecimento do Estado94.

O Poder Judiciário pode e deve servir como arena de discussão pública, como espaço democrático para o reconhecimento de direitos fundamentais, como espaço destinado à inclusão da minoria excluída economicamente e socialmente, também como espaço para que a minoria política possa rediscutir os projetos governamentais considerados ilegítimos. Tem-se que a utilização do Poder Judiciário para tais fins

92 TATE, C. Neal; VALLINDER, Torbjörn. The global expansion of judicial power. New York: New York University Press, 1995. p. 28.

93 Idem. p. 28-33. 94 BACHA E SILVA, Diogo. Ativismo no controle de constitucionalidade: a transcendência

dos motivos determinantes e a (i)legítima apropriação do discurso de justificação pelo Supremo Tribunal Federal. Belo Horizonte: Arraes editores, 2013. p. 139.

amplia, aprimora e consolida nosso incipiente processo democrático. A mazela da judicialização da política reside justamente quando

as cortes são acionadas apenas para ratificar um projeto governamental que não encontrou apoio no parlamento ou, quando o fez, não encontrou legitimidade popular95, a utilização do Poder Judiciário como consectário da descrença nos demais poderes96 e quando o Poder Judiciário tem que intervir em virtude da omissão propositada do parlamento e demais instituições democráticas. Em tais situações, há um grave problema consistente no fato de que o Poder Judiciário pode ser visto como órgão destinado a nos livrar do fardo de nossa responsabilidade cidadã, qual seja, a existência do próprio projeto democrático depende da autodeterminação política de seus membros que devem ser responsáveis pelo seu destino. A transferência de nossa própria responsabilidade para o Poder Judiciário causa infantilização e dependência e, nos limites, permite a imposição dos projetos de vida boa por parte desse superego97.

Daí que se pode concluir que a judicialização da política é um fenômeno que se pode observar nos mais diversos ordenamentos jurídicos como consequência dos motivos acima elencados. Sua adjetivação como fenômeno bom ou ruim para a democracia dependerá, entre outros fatores, se o Poder Judiciário julgará as controvérsias através de argumentos de princípios e não de políticas98, já que a judicialização não é de per si uma distorção constitucional da função do Poder Judiciário.

Já ativismo judicial é um antigo conceito utilizado primeiramente na dogmática jurídico-processual alemã. Franz Klein define o ativismo judicial a partir dos ideais teóricos que marcaram a ordenança processual civil do Império Austro-Húngaro – ÖZPO de 1895 cujo mentor foi o próprio Franz Klein. O referido autor defendia a socialização do processo no sentido que o processo deveria ter por escopo diminuir as desigualdades fáticas presentes no liberalismo econômico. Nessa medida, Franz Klein define como juiz ativista aquele que possui amplos poderes,

95 Citamos, nessa medida, que a Ação Declaratória de Constitucionalidade foi criada, através da Emenda à Constituição 3/93, com o referido propósito, qual seja, servir como meio para paralisar a discussão democrática de alguma medida tomada pelo governo. Neste sentido: BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Reforma do Judiciário: o que uma súmula vinculante pode vincular? Revista Forense eletrônica – suplemento, volume 378, mar./abr. 2005, p. 665-671. p. 671.

96 BAHIA, Alexandre e NUNES, Dierle. Crise da democracia representativa: a infidelidade partidária e seu reconhecimento judicial. Revista Brasileira de Estudos Políticos; nº 100, jan/jun de 2010, p. 57-83.

97 MAUS, Ingeborg. Judiciário como superego da sociedade: o papel da atividade jurisprudencial na “sociedade órfã”. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 58, p. 183-202, Nov. 2000.

98 BACHA E SILVA, Diogo. Ativismo no controle de constitucionalidade: a transcendência dos motivos determinantes e a (i)legítima apropriação do discurso de justificação pelo Supremo Tribunal Federal. Belo Horizonte: Arraes editores, 2013. p. 139. Cf, também, BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Recursos extraordinários no STF e no STJ: conflito entre interesse público e privado. Curitiba: Editora Juruá, 2009. p. 129.

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reconhecidos na legislação processual, para participar da condução do processo, auxiliando as partes, em especial a parte hipossuficiente, na produção de provas e nas alegações99.

Após, o conceito de ativismo judicial é utilizado por Arthur Schlesinger em publicação jornalística na Fortune Magazine em 1947 para tentar caracterizar cada um dos componentes da Suprema Corte100. Arthur Schlesinger emprega tal conceito para aduzir que os juízes ativistas agiam orientando-se para o resultado político das decisões judiciais mais do que atentando-se para as questões jurídicas propriamente ditas.

O termo consolidou-se nos Estados Unidos, sobretudo com a crítica dos setores conservadores, no período da Corte Warren, do chief of justice Earl Warren, entre 1953 até 1969. Neste período, a Suprema Corte dos EUA julgou os casos mais emblemáticos, envolvendo garantias processuais dos cidadãos, direitos humanos e liberdades civis. Uma atuação do Poder Judiciário tão incisiva sobre a própria sociedade norte-americana, modificando a gramática das relações sociais101, foi alvo de críticas e elogios na teoria constitucional norte-americana.

Os conservadores classificam como ativismo judicial tanto a relutância do poder judiciário em observar as decisões dos poderes democraticamente eleitos, o fato das cortes não observarem o texto escrito da Constituição, a inobservância dos precedentes, a não observâncias dos limites do poder jurisdicional, a criação de novas teorias e direitos, a criação de ações afirmativas pelo Poder Judiciário e a utilização do poder judiciário para alcançar objetivos partidários102.

Pelo amplo catálogo da definição concreta do conceito ativismo judicial vê-se que o mesmo tanto pode ser uma conotação depreciativa ou positiva. No Brasil, o tema vem ganhando espaço nas discussões acadêmicas.

Por exemplo, Luis Roberto Barroso faz acurada análise do tema em artigo escrito sobre o tema. Para o atual ministro do Supremo Tribunal Federal, ativismo judicial caracteriza-se por ser uma ampla participação do Poder Judiciário na concretização dos valores e fins constitucionais, ocupando um espaço vazio deixado pelos demais poderes públicos103. Conclui o autor fluminense que, nos casos de

99 NUNES, Dierle. Processo jurisdicional democrático: uma análise crítica das reformas processuais. Curitiba: Juruá, 2009. p. 85 e CAPPELLETTI, Mauro. Proceso, ideologias, sociedad. Buenos Aires: Ejea, 1974. p. 44.

100 KMIEC, Keenan D. The Origin and Current Meanings of Judicial Activism. California Law Review, volume 92, Berkeley, out. 2004. p. 1446. Conferir também nosso livro BACHA E SILVA, Diogo. Ativismo no controle de constitucionalidade: a transcendência dos motivos determinantes e a (i)legítima apropriação do discurso de justificação pelo Supremo Tribunal Federal. Belo Horizonte: Arraes editores, 2013. p. 162.

101 RODRIGUES, Leda Boechat. A corte de Warren. Rio de Janeiro: Editora civilização brasileira, 1991. p. 39-40.

102 MARSHALL, Wiiliam P. Conservatives and seven sin of judicial activism. University of Colorado Law Review, vol. 73, 2002, p. 104.

103 BARROSO, Luis Roberto. Constituição, Democracia e Supremacia Judicial: Direito e política no Brasil contemporâneo. Revista da Faculdade de Direito – UERJ, v. 2. n.

ativismo, o Poder Judiciário não está mais diante de sua função de aplicação do Direito, mas de criação do Direito, a partir do espaço vazio deixado pelos demais poderes104.

Lenio Streck também define ativismo como quando os tribunais e juízes substituem o legislativo e o executivo sobre o modo de fazer política e administrar105, o que para o autor nem sempre significará algo positivo, especialmente quando o Poder Judiciário deturpa o próprio sentido do texto normativo106.

As ideias dos referidos professores representam o aspecto negativo que ativismo judicial assume no cenário jurídico nacional. De qualquer sorte, parece que o conceito assume sua semântica de modo um tanto quanto fluido, aberto, sem precisar quando e como ocorre uma atitude ativista do Poder Judiciário.

Em nossa ótica, o termo ativismo judicial assume um emprego com conotação negativa. A partir da teoria do discurso pode-se enxergar os espaços de atuação dos Poderes Públicos. Em virtude da lógica argumentativa de cada um dos poderes, conforme as lições de Jürgen Habermas, perante o qual institucionalizam-se de forma distinta os discursos de fundamentação e aplicação de normas107, pode-se chegar a um conceito adequado de ativismo judicial a partir do Estado Democrático de Direito.

O discurso de fundamentação é aquele em que as normas são consideradas válidas prima facie, abstraindo-se as hipóteses concretas de conflitos na aplicação das normas108. Importante, no discurso de fundamentação, é que haja um procedimento de produção legítima de normas que adquire legitimidade a partir de sua validade considerada sob o prisma do princípio do discurso. Nas lições de Habermas, somente são legítimas as normas a que todos os possíveis afetados possam dar seu assentimento109. Por isso é que nenhum tipo de argumento, seja de ordem moral, pragmático, ético-político, pode ser elidido da abstração do discurso de fundamentação.

Já o discurso de aplicação é aquele realizado pela adequabilidade das normas consideradas válidas prima facie. Isto é, a norma jurídica deve ser aplicada ao caso apresentado ao juiz de tal forma que todos os

21. jan./jun. 2012. p. 8-9.104 Idem. p. 10. 105 STRECK, Lenio. Entrevista concedida à AMP/RS. Disponível em: <http://amp-

rs.jusbrasil.com.br/noticias/2659885/lenio-streck-abre-seminario-internacional-direitos-fundamentais-no-estado-socioambiental>. Acesso em: 28.10.2012.

106 STRECK, Lenio. Verdade e consenso. 4ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2011. p. 51.107 HABERMAS, Jürgen. Facticidad y validez: sobre el derecho y el Estado democrático de

derecho em términos de teoria del discurso. 7ª ed. Madri: Editorial Trotta, 2003. p. 240. 108 GÜNTHER, Klaus. Un concepto normativo de coherencia para una teoría de la

argumentación jurídica. Doxa. n. 17-18. 1995. p. 282.109 HABERMAS, Jürgen. Facticidad y validez: sobre el derecho y el Estado democrático de

derecho em términos de teoria del discurso. 7ª ed. Madri: Editorial Trotta, 2003. p. 175.

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aspectos controvertidos daquele caso sejam levados em consideração110. Há uma reconstrução do caso concreto de tal forma que aquele caso se torne um evento único, um evento irrepetível e que só admite a aplicação de uma única norma adequada111.

Por óbvio que cabe ao Poder Judiciário a aplicação da norma adequada, democrática e legitimamente produzida de acordo com os procedimentos institucionalizados de produção do direito, ao caso concreto apresentado à sua apreciação. Ao Poder Legislativo incumbe a produção democrática do Direito produzidos através do discurso de fundamentação que admite a circulação da mais ampla gama de discursos. Vale dizer, que não há uma resposta sobre a forma como os assuntos políticos devam ser tratados argumentativamente112. Assim, admite-se no discurso de fundamentação a utilização de argumentos morais, éticos, políticos e pragmáticos.

Nessa leitura, conforme já tivemos a oportunidade de abordar, ativismo judicial é a hipótese em que o Poder Judiciário, ao invés de decidir os casos apresentados à luz do discurso de aplicação, decide-os com base em discursos de fundamentação, pretendendo impor argumentos de ordem política, moral, ética ou econômica, ao invés de argumentos estritamente jurídicos113.

3. Ativismo judicial e os direitos fundamentais: um Judiciário ativista implica maior proteção

aos direitos fundamentais?A Corte Warren estabeleceu dois legados que podem ser resumidos

na participação da Suprema Corte e, consequentemente, do Poder Judiciário como um todo na vida política da sociedade e o alargamento do espectro de proteção dos direitos fundamentais, ampliando os sujeitos destinatários da proteção dos direitos fundamentais e aprofundando os conteúdos abrangidos pelos direitos fundamentais.

Com base em tal comportamento, a Corte Warren passou a ser um modelo seguido pelas supremas cortes do mundo inteiro. E, logo, passou-se a vincular fortemente ativismo judicial com proteção aos direitos fundamentais. Ou seja, para que possa proteger direitos das minorias políticas ou indivíduos alijados de seus direitos mais básicos, pode e deve o Poder Judiciário até mesmo desbordar de suas funções constitucionalmente fixadas. A problemática é: há uma vinculação

110 Idem. p. 240. 111 GÜNTHER, Klaus. Teoria da argumentação no direito e na moral: justificação e

aplicação. Trad. Cláudio Molz. São Paulo: Landy editora, 2004. p. 70112 HABERMAS, Jürgen. Facticidad y validez: sobre el derecho y el Estado democrático de

derecho em términos de teoria del discurso. 7ª ed. Madri: Editorial Trotta, 2003. p. 271. 113 BACHA E SILVA, Diogo. Ativismo no controle de constitucionalidade: a transcendência

dos motivos determinantes e a (i)legítima apropriação do discurso de justificação pelo Supremo Tribunal Federal. Belo Horizonte: Arraes editores, 2013. p. 183.

necessária entre ativismo judicial e maior proteção aos direitos fundamentais? A proteção dos direitos fundamentais é favorecida por ativismo judicial?

Selecionam-se, então, temas que são considerados sensíveis dos direitos fundamentais para analisar se o ativismo judicial fortalece a proteção aos direitos fundamentais. A partir de um recorte, analisamos apenas a atuação do Poder Judiciário frente a temas do direito à saúde, direito à educação e direito das minorias LBGT com a advertência de que atitude ativista é quando o Poder Judiciário passa a exercer discurso de fundamentação e não de aplicação.

O primeiro julgado a ser analisado é o julgamento da Suspensão de Tutela Antecipada 175 referente ao direito à saúde. Tratava-se, pois, de pedido de suspensão de tutela antecipada requerida pela União contra decisão da justiça federal que determinou a entrega do medicamento ZAVESCA, que custaria R$ 52.000,00 (cinquenta e dois mil reais) mensais para a autora, destinado a possibilitar um aumento de sobrevida à paciente de 21 (vinte e um) anos de idade portadora da patologia denominada Niemann-Pick tipo C, doença neurodegenerativa rara. No pedido de agravo regimental contra decisão da presidência que indeferiu o pedido de suspensão da tutela antecipada, o relator e também presidente Min. Gilmar Mendes em seu voto buscou definir critérios para a concretização do direito à saúde, após a realização de Audiência Pública sobre o tema da judicialização da saúde. Nos termos do voto do ministro, é preciso perquirir, para que surja o dever de prestação por parte das entidades públicas, se há ou não política pública que abranja a prestação de saúde pleiteada pela parte. Se houver, indubitável que o Poder Judiciário poderá determinar o cumprimento sem que esteja invadindo a esfera de outros poderes. De outro lado, menciona o ministro que “se a prestação de saúde pleiteada não estiver entre as políticas do SUS, é imprescindível distinguir se a não prestação decorre de (1) uma omissão legislativa ou administrativa, (2) de uma decisão administrativa de não fornecê-la ou (3) de uma vedação legal a sua dispensação”. Se for omissão, poderá o Poder Judiciário imiscuir-se no espaço vazio. De outro lado, deve-se observar a motivação de não ter a ação de saúde pedida pela parte.

Conclui o voto do ministro que deve ser privilegiado o tratamento fornecido pelo Sistema Único de Saúde em detrimento de opção diversa quando não for comprovado que a política do SUS é ineficaz ou imprópria, exceto se a própria parte comprovar que o referido tratamento não é eficaz para seu organismo. No caso de inexistência do tratamento abrangido pelo SUS, define o voto de Gilmar Mendes que deve-se diferenciar os tratamentos experimentais dos novos tratamentos. No primeiro caso não pode o Poder Judiciário intervir já que os experimentos submetem-se às normas de pesquisa médica. No segundo caso é possível o Judiciário determinar a entrega do medicamento ou tratamento pela rápida evolução do conhecimento médico.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO PROTAGONISMO JUDICIAL À BRASILEIRA

Os delineamentos do julgado deixam claro o exercício de ativismo do Supremo Tribunal Federal ao delimitar as hipóteses e, inclusive, os argumentos que darão o direito à saúde para um indivíduo. No entanto, não houve qualquer aprofundamento ou alargamento no âmbito de proteção do direito à saúde, senão apenas a imposição das hipóteses em que incidirá tal direito para o jurisdicionado. Ora, a complexidade da vida não admite que o direito à saúde fique restrita a essas hipóteses. Pense, por exemplo, no caso de haver política de saúde abrangida pelo SUS, contudo novo medicamento, ainda não abrangido na lista elaborada pelo Ministério da Saúde, poderá promover uma melhoria na qualidade de vida.

Quanto ao outro tema, direito à educação, recolhe-se decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo feita em Ação Civil Pública contra o Município de São Paulo visando a criação de vagas em creches e pré-escolas. O órgão jurisdicional determinou que o Município procedesse a criação de 105 mil novas vagas em creches e pré-escolas para crianças até 5 anos durante o prazo de 3 (três) anos. A decisão também determinou que o Município deveria seguir determinados critérios garantindo a qualidade da educação, tal como a limitação de alunos por educador114. A questão que exsurge do julgado é: somente a limitação do número de alunos e também do respeito aos projetos pedagógicos determinados pelo Ministério da Educação garantirão a qualidade no ensino?

Conquanto salutar o resultado que chegou a decisão, a utilização de argumentos pragmáticos não se coaduna com os direitos fundamentais. Em momento algum, a decisão proferida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo aprofunda a proteção dos direitos fundamentais.

Também em questão de direitos para as minorias de orientação sexualmente diferente, colhe-se o julgamento do Resp 889852/RS em que se possibilitou a adoção conjunta de casais homossexuais. Indica o Superior Tribunal de Justiça que a adoção só é possível se houver estabilidade na família e a presença de fortes vínculos afetivos, conforme se observa no julgado: “[...]Existência de consistente relatório social elaborado por assistente social favorável ao pedido da requerente, ante a constatação da estabilidade da família. Acórdão que se posiciona a favor do pedido, bem como parecer do Ministério Público Federal pelo acolhimento da tese autoral. 8. É incontroverso que existem fortes vínculos afetivos entre a recorrida e os menores – sendo a afetividade o aspecto preponderante a ser sopesado numa situação como a que ora se coloca em julgamento” (STJ - REsp: 889852 RS, rel. Min. Luis Felipe Salomão, Data de Publicação: DJe 10/08/2010).

A questão que sobressai é que o Superior Tribunal de Justiça indica argumentos de índole política para a questão. Será mesmo que um 114 Disponível em:<http://www.tjsp.jus.br/Institucional/CanaisComunicacao/Noticias/

Noticia.aspx?Id=21193>, Acesso em 05 de fevereiro de 2015.

casal homossexual não poderá pedir a adoção para constituir a família? É preciso que tenha família e após adote? Qual o critério que o Superior Tribunal de Justiça entende como família?

Em verdade, o Superior Tribunal de Justiça cria condições para a adoção por casais homossexuais que não existem para a adoção em geral.

Nessa medida, tem-se que o ativismo judicial, muitas vezes, não condiz necessariamente com maior proteção dos direitos fundamentais.

Considerações finaisA problemática teórica da judicialização da política e do ativismo

judicial é medida presente no cenário jurídico nacional. Diversos autores pretendem problematizar a questão, sem, no entanto, oferecer resposta segura.

Nosso intuito, com o presente artigo, é oferecer contornos para se entender que as decisões judiciais ativistas não, necessariamente, encontram ponto de apoio em nossa Constituição. O exercício do poder jurisdicional deve ser encarado como exercício de aplicação do direito, que deve levar em conta apenas argumentos jurídicos, analisados de acordo com as circunstâncias que envolvem o caso concreto.

A ocupação de espaços vazios deixados pelos poderes executivo e legislativo nem sempre é medida saudável para a democracia. Precisamos encarar nosso projeto político-constitucional com a seriedade necessária para consolidarmos nossa democracia. Por isso, que possamos assumir nossa responsabilidade de resolver as questões fraturantes.

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RELATÓRIO DE PESQUISA

Conforme disposto nos objetivos do projeto e dando cumprimento ao cronograma de pesquisas do grupo ProCon, foram elaborados quadro dos projetos de lei (e de Emenda à Constituição) e levantamento jurisprudencial que tratam da saúde, da educação e dos direitos homoafetivos. Algumas considerações já podem ser realizadas.

EDUCAÇÃO:Um dos objetivos das pesquisas realizadas pelo grupo ProCon é o

de demonstrar o não cabimento de se atribuir ao Judiciário a função de realizador de políticas públicas, devendo agir apenas excepcionalmente.Todavia para se chegar a este resultado faz se necessário uma análise dos principais motivos que fazem com que essas demandas deságuem no Judiciário. Foi levantada a hipótese de que a inércia legislativa e a falta de representatividade dos partidos políticos para atender as demandas da sociedade são fatores que contribuem para o fenômeno do ativismo judicial. No campo da educação conforme tabela 1 pode ser observado que no Brasil vários projetos de leis e emendas à Constituição foram arquivados sem ao menos chegarem a uma ampla discussão sobre o tema. Projetos importantes que se aprovados poderiam significar grande melhoria no contexto social, como por exemplo: educação para inclusão de indígenas, deficientes físicos, projetos versando sobre alteração da tributação para novos investimentos na educação, café da manhã para as crianças na escola, acesso à educação para os moradores da zona rural, dentre outros.

O constituinte brasileiro concebeu um nítido programa a ser concretizado pelo Estado em prol da educação infantil1, fundamental e superior. Cabendo então ao Estado estabelecer políticas públicas para realização destes programas. Porém o Estado não tem demonstrado apenas falta de ação para aprovar projetos, mas também para efetivar os já existentes. Restando ao cidadão buscar via Poder Judiciário a efetivação de seu direito à educação. Conforme pode ser observado no levantamento jurisprudencial.

QUADROS DE PROJETOS DE LEI E EMENDAS À CONSTITUIÇÃO VERSANDO SOBRE EDUCAÇÃO

PROPOSIÇÃO: PEC 536/1997 APRESENTAÇÃO: 14/10/1997

AUTOR Valdemar Costa NetoEMENTA - Modifica o artigo 6º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Explicação: Estabelecendo que a União complementará os recursos do FUNDEF - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, de modo que seja atingido o

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valor mínimo por aluno definido nacionalmente e não haja redução do gasto por aluno do ensino fundamental que foi praticado até dezembro do ano de 1997, em cada Município, Estado ou DF. Alterando a Constituição Federal de 1988. Cria o FUNDEB - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Transformado na Emenda Constitucional 53/2006. DOU 20 12 06 PÁG 05 COL 03. DCD de 20 12 06 PÁG 56229 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - À Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário Regime de Tramitação: Especial

PROPOSIÇÃO: PEC 9/1999 APRESENTAÇÃO: 23/3/1999AUTOR Osvaldo BiolchiEMENTA - Altera a redação do inciso IV do art. 206 e acrescenta inciso VIII ao art. 208 da Constituição Federal. Explicação: Garante a gratuidade do ensino público nos níveis infantil, fundamental e médio e para os alunos carentes financiamento para o ensino superior . Altera a Constituição Federal de 1988.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivada nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD (prejudicialidade). DCD de 06/03/10 PÁG 6571 COL 02.ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional n.º 59 de 12 de novembro de 2009, que Acrescenta § 3º ao art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para reduzir, anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição Federal, dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obrigatoriedade do ensino de quatro a dezessete anos e ampliar a abrangência dos programas suplementares para todas as etapas da educação básica, e dá nova redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e ao caput do art. 214, com a inserção neste dispositivo de inciso VI, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do RICD, a prejudicialidade das Propostas de Emenda à Constituição nºs 78/2003, 487/2002, 9/1999, 214/2007, 232/2004, 210/2003 e 503/2002. Por oportuno, determino sejam arquivadas todas as proposições acessórias a essas Propostas, devendo ser juntadas aos respectivos autos. Publique-se. DCD 11/02/10 PAG 2255 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PEC 232/2000 APRESENTAÇÃO: 26/4/2000AUTOR Poder ExecutivoEMENTA - Inclui o § 8º ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Explicação: Possibilita os estados e o DF utilizarem recursos de sua participação no salario educação para expansão e desenvolvimento do ensino medio. Altera a Constituição Federal de 1988.ÚLTIMA AÇÃO - ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional nº 53, de 2006, de 19 de dezembro de 2006, que dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e da

Lei 11.494, de 2007, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a prejudicialidade das Proposta de Emenda à Constituição nºs 502/06, 342/01, 467/01, 174/03, 97/03, 23/03, 173/03, 204/03, 232/00, 428/01 e dos Projetos de Lei nºs 4222/98, 136/03, 4244/98, 4280/98, 4763/98, 1/99, 431/99, 4676/98, 4758/98, 5195/01, 4045/01, 6052/02, 747/99 e 4880/98. Publique-se. DCD de 29/04/09 PÁG 15555 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PEC 295/2000 APRESENTAÇÃO: 8/11/2000AUTOR Almerinda de CarvalhoEMENTA - Acresce parágrafo único ao art. 205 da Constituição Federal, instituindo gratuidade nos Sistemas de Transportes Públicos Coletivos para estudantes de ensino fundamental e médio matriculados em estabelecimentos públicos e privados. Explicação: Altera a Constituição Federal de 1988.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivada nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD (prejudicialidade). DCD de 06/03/10 PÁG 6572 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional n.º 59 de 12 de novembro de 2009, que Acrescenta § 3º ao art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para reduzir, anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição Federal, dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obrigatoriedade do ensino de quatro a dezessete anos e ampliar a abrangência dos programas suplementares para todas as etapas da educação básica, e dá nova redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e ao caput do art. 214, com a inserção neste dispositivo de inciso VI, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do RICD, a prejudicialidade das Propostas de Emenda à Constituição nºs 78/2003, 487/2002, 9/1999, 214/2007, 232/2004, 210/2003 e 503/2002. Por oportuno, determino sejam arquivadas todas as proposições acessórias a essas Propostas, devendo ser juntadas aos respectivos autos. Publique-se. DCD 11/02/10 PAG 2255 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PEC 78/2003 APRESENTAÇÃO: 3/6/2003AUTOR Professora Raquel TeixeiraEMENTA - Altera os arts. 208 e 210 da Constituição Federal para assegurar a oferta e a obrigatoriedade do ensino médio. Explicação: Altera a Constituição Federal de 1988.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional n.º 59 de 12 de novembro de 2009, que Acrescenta § 3º ao art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para reduzir, anualmente,

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a partir do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição Federal, dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obrigatoriedade do ensino de quatro a dezessete anos e ampliar a abrangência dos programas suplementares para todas as etapas da educação básica, e dá nova redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e ao caput do art. 214, com a inserção neste dispositivo de inciso VI, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do RICD, a prejudicialidade das Propostas de Emenda à Constituição nºs 78/2003, 487/2002, 9/1999, 214/2007, 232/2004, 210/2003 e 503/2002. Por oportuno, determino sejam arquivadas todas as proposições acessórias a essas Propostas, devendo ser juntadas aos respectivos autos. Publique-se. DCD 11/02/10 PAG 2255 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PEC 97/2003 APRESENTAÇÃO: 12/6/2003

AUTOR Pastor ReinaldoEMENTA - Altera a redação do § 2º do artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Explicação: Inclui as instituições privadas sem fins lucrativos de ensino especial (APAES e Sociedades Pestalozzi), dentre as beneficiárias do FUNDEF; altera a Constituição Federal de 1988.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD. DCD 12 05 09 PAG 18725 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional nº 53, de 2006, de 19 de dezembro de 2006, que dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e da Lei 11.494, de 2007, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a prejudicialidade das Proposta de Emenda à Constituição nºs 502/06, 342/01, 467/01, 174/03, 97/03, 23/03, 173/03, 204/03, 232/00, 428/01 e dos Projetos de Lei nºs 4222/98, 136/03, 4244/98, 4280/98, 4763/98, 1/99, 431/99, 4676/98, 4758/98, 5195/01, 4045/01, 6052/02, 747/99 e 4880/98. Publique-se. DCD de 29/04/09 PÁG 15555 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PEC 415/2005 APRESENTAÇÃO: 16/6/2005AUTOR Poder ExecutivoEMENTA - Dá nova redação ao § 5º do art. 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Explicação: Estabelece que os recursos obtidos com o salário-educação serão aplicados no financiamento da Educação Básica e não apenas no ensino fundamental; cria o FUNDEB - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. Altera a Constituição Federal de 1988.

ÚLTIMA AÇÃO - PLEN - Declarada prejudicada, face a aprovação do Substitutivo adotado pela Comissão Especial.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PEC-216/2003. Deferido o Requerimento nº 3025/05 do Dep Carlos Abicalil, solicitando esta apensação. DCD 06 07 05 PÁG 31878 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PEC 502/2006 APRESENTAÇÃO: 1/2/2006

AUTOR Senado Federal - Francisco Escórcio

EMENTA - Altera o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, com a finalidade de ampliar, até o final do exercício de 2016, a vigência do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) e de dispor sobre o valor mínimo nacional por aluno. Explicação: Altera a Constituição Federal de 1988.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional nº 53, de 2006, de 19 de dezembro de 2006, que dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e da Lei 11.494, de 2007, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a prejudicialidade das Proposta de Emenda à Constituição, nºs 502/06, 342/01, 467/01, 174/03, 97/03, 23/03, 173/03, 204/03, 232/00, 428/01 e dos Projetos de Lei nºs 4222/98, 136/03, 4244/98, 4280/98, 4763/98, 1/99, 431/99, 4676/98, 4758/98, 5195/01, 4045/01, 6052/02, 747/99 e 4880/98. Publique-se. DCD de 29/04/09 PÁG 15555 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PEC 504/2006 APRESENTAÇÃO: 1/2/2006AUTOR Marcelo TeixeiraEMENTA - Dá nova redação ao art. 211 da Constituição Federal. Explicação: Estabelece que o ensino básico será ministrado em dois períodos letivos iguais para todo o Território Nacional, unificando o calendário das férias escolares. Altera a Constituição Federal de 1988.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivada nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - À Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário Regime de Tramitação: Especial

PROPOSIÇÃO: PEC 214/2007 APRESENTAÇÃO: 19/12/2007

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AUTOR Luciano Castro

EMENTA - Dá nova redação ao inciso VII do art. 208 da Constituição Federal. Explicação: Inclui os alunos da educação infantil e do ensino médio como beneficiários de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. Altera a Constituição Federal de 1988.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivada nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD (prejudicialidade). DCD de 06/03/10 PÁG 6572 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional n.º 59 de 12 de novembro de 2009, que Acrescenta § 3º ao art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para reduzir, anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição Federal, dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obrigatoriedade do ensino de quatro a dezessete anos e ampliar a abrangência dos programas suplementares para todas as etapas da educação básica, e dá nova redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e ao caput do art. 214, com a inserção neste dispositivo de inciso VI, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do RICD a prejudicialidade das Propostas de Emenda à Constituição nºs 78/2003, 487/2002, 9/1999, 214/2007, 232/2004, 210/2003 e 503/2002. Por oportuno, determino sejam arquivadas todas as proposições acessórias a essas Propostas, devendo ser juntadas aos respectivos autos. Publique-se. DCD 11/02/10 PAG 2255 COL 01.,

PROPOSIÇÃO: PEC 440/2009 APRESENTAÇÃO: 24/11/2009AUTOR Dr. NecharEMENTA - Dá nova redação ao art. 206, VIII, da Constituição Federal, e ao art. 6º, III, alínea “e” do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Explicação: Autoriza os Estados e o Distrito Federal a estabelecerem pisos salariais profissionais estaduais, fixados em leis estaduais, para os profissionais da educação escolar pública. Altera a Constituição Federal de 1988.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivada nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - À Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário. Regime de Tramitação: Especial.

PROPOSIÇÃO: PL 1321/1995 APRESENTAÇÃO: 6/12/1995AUTOR Remi TrintaEMENTA - Estabelece normas para o processo de adoção e utilização do livro didático nas escolas das redes pública e privada, do ensino fundamental e médio em todo o país, e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno

da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - PUBLICAÇÃO DA MATERIA. DCD 13 01 96 PAG 702 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 1569/1996 APRESENTAÇÃO: 29/2/1996AUTOR Marcelo TeixeiraEMENTA - Dispõe sobre o prazo de utilização de livros didáticos nas escolas de ensino fundamental e médio, nas redes pública e privada, e dá outras providências. Explicação: Estabelece que os livros didáticos não poderão ser substituídos antes de decorrido o prazo mínimo de 05 (cinco) anos de adoção.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - APENSE-SE AO PL. 1321/95.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 1573/1996 APRESENTAÇÃO: 5/3/1996AUTOR Newton Cardoso

EMENTA - Dispõe sobre o prazo de utilização de livros didáticos nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio das redes pública e privada em todo o País. Explicação: Estabelece que os livros didáticos não poderão ser substituídos antes de decorrido o prazo mínimo de 03 (três) anos de adoção.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.

ÚLTIMO DESPACHO - APENSE-SE AO PL. 1321/95.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 1699/1996 APRESENTAÇÃO: 27/3/1996AUTOR Jorge AndersEMENTA - Estabelece prazo mínimo para o uso de livros didáticos nas escolas de ensino fundamental e médio, das redes pública e privada, em todo o país e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - APENSE-SE AO PL. 1321/95.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 2744/1997 APRESENTAÇÃO: 6/2/1997AUTOR Augusto Carvalho

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EMENTA - Altera dispositivo da Lei 8.913, de 12 de julho de 1994, “Que dispõe sobre a municipalização da merenda escolar”. Explicação: Inclui o ensino supletivo no repasse de verbas destinadas ao fornecimento da merenda escolar. Poder Conclusivo das Comissões - artigo 24, inciso II.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - ARQUIVADO NOS TERMOS DO ARTIGO 105 DO REGIMENTO INTERNO. DCDS 03 02 99 PAG 0107 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO -

PROPOSIÇÃO: PL 2806/1997 APRESENTAÇÃO: 4/3/1997

AUTOR Esther GrossiEMENTA - Acrescenta dispositivo à Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996. Explicação: Estabelece que a distribuição dos recursos do fundo de manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental e de valorização do magistério incluirá as matrículas do último ano da educação infantil, das crianças de seis anos de idade.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento InternoÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD, CFT E CCJR (ARTIGO 54 DO RI).

PROPOSIÇÃO: PL 2835/1997 APRESENTAÇÃO: 6/3/1997AUTOR Arlindo ChinagliaEMENTA - Dispõe sobre o valor total anual das mensalidades escolares e dá outras providências. Explicação: Altera a Lei nº 8.078, de 1990.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO À CECD, CDCMAM E CCJR (ARTIGO 54 DO RI). (NOVO DESPACHO).

PROPOSIÇÃO: PL 2913/1997 APRESENTAÇÃO: 1/4/1997AUTOR Enio BacciEMENTA - Dispõe sobre a inclusão obrigatória da disciplina saúde pública e os efeitos do álcool e do tabaco no currículo da escola fundamental. Explicação: Poder Conclusivo das Comissões - artigo 24, inciso II.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - ARQUIVADO, NOS TERMOS DO ARTIGO 133 DO RI. DCD 14 02 98 PAG 4572 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO -

PROPOSIÇÃO: PL 3024/1997 APRESENTAÇÃO: 23/4/1997AUTOR Neiva MoreiraEMENTA - Veda aos estabelecimentos de ensino a cobrança de caução de alunos, pais de alunos ou responsáveis como condição “sine qua non” para matrícula e dá outras providências.

ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI).

PROPOSIÇÃO: PL 3080/1997 APRESENTAÇÃO: 8/5/1997AUTOR Padre RoqueEMENTA - Acrescenta parágrafo ao art. 29 da lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Explicação: Estabelece critérios para a fixação do currículo de educação infantil.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno

ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI).

PROPOSIÇÃO: PL 3276/1997 APRESENTAÇÃO: 17/6/1997

AUTOR Severiano Alves

EMENTA - Modifica o art. 9º da Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996. Explicação: Estabelece que o prazo para implantação dos novos planos de carreira e remuneração do magistério do ensino fundamental deverá serde ate 06 meses, contados, a partir da efetiva implantação do fundo de manutenção e desenvolvimento em cada estado e DF. Poder Conclusivo das Comissões - artigo 24, inciso II.ÚLTIMA AÇÃO - PLEN - Arquivado nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD (prejudicialidade).ÚLTIMO DESPACHO -

PROPOSIÇÃO: PL 3394/1997 APRESENTAÇÃO: 16/7/1997AUTOR Wigberto TartuceEMENTA - Torna obrigatórios os exames de vista e o fornecimento de óculos a estudantes carentes.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 3394/1997, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 17 05 03 Pag 21255 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - APENSE-SE AO PL 3137/97.

PROPOSIÇÃO: PL 3515/1997 APRESENTAÇÃO: 19/8/1997AUTOR José JaneneEMENTA - Acrescenta dispositivo à Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências. Explicação: Estabelece que o poder público incentivará o sistema de casa familiar rural, objetivando a formação profissional para produção rural.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - APENSE-SE AO PL. 3073/97.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 3798/1997 APRESENTAÇÃO: 4/11/1997AUTOR Paulo PaimEMENTA - Acrescenta inciso ao artigo 27 da Lei nº 9.394, de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Explicação: Inclui dentre os conteúdos curriculares da educação básica, a valorização da pluralidade étnica e cultural de nossa formação histórico-social.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento InternoÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 3984/1997 APRESENTAÇÃO: 10/12/1997AUTOR Esther GrossiEMENTA - Acrescenta parágrafo único ao art. 62 da Lei nº 9.394/96. Explicação: Dispõe que a formação oferecida em nível médio, na modalidade normal e em nível superior deverá contemplar em igualdade de especialização a preparação profissional para atuação na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 4109/1998 APRESENTAÇÃO: 27/1/1998AUTOR Pedro WilsonEMENTA - Acrescenta inciso ao art. 27 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Explicação: Inclui nas diretrizes dos conteúdos curriculares da educação básica, a educação tributária, com ênfase em finanças públicas e orçamentos.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 18 08 01 Pág 38108 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL: A CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI).

PROPOSIÇÃO: PL 4227/1998 APRESENTAÇÃO: 10/3/1998

AUTOR Enio BacciEMENTA - Dispõe sobre a inclusão obrigatória da disciplina “Política” no currículo escolar, a partir da 5ª série.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - ARQUIVADO NOS TERMOS DO ARTIGO

164, PARAGRAFO QUARTO DO REGIMENTO INTERNO. DCD 06 10 99 PAG 47191 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - APENSE-SE AO PL 2657/96.

PROPOSIÇÃO: PL 4280/1998 APRESENTAÇÃO: 18/3/1998AUTOR Padre RoqueEMENTA - Acrescenta um novo parágrafo ao art. 6º da Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996. Explicação: Estabelece que no ato de fixação do valor minimo anual por aluno deverá ser publicada a base de calculo, o numero total de matricula no ensino fundamental, e a estimativa de novas matriculas.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional nº 53, de 2006, de 19 de dezembro de 2006, que dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e da Lei 11.494, de 2007, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a prejudicialidade das Proposta de Emenda à Constituição nºs 502/06, 342/01, 467/01, 174/03, 97/03, 23/03, 173/03, 204/03, 232/00, 428/01 e dos Projetos de Lei nºs 4222/98, 136/03, 4244/98, 4280/98, 4763/98, 1/99, 431/99, 4676/98, 4758/98, 5195/01, 4045/01, 6052/02, 747/99 e 4880/98. Publique-se. DCD de 29/04/09 PÁG 15555 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 4318/1998 APRESENTAÇÃO: 24/3/1998AUTOR Pedro ValadaresEMENTA - Dispõe sobre o prazo de utilização dos livros didáticos nas escolas de ensino fundamental e médio, das redes pública e privada, e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento InternoÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI).

PROPOSIÇÃO: PL 4676/1998 APRESENTAÇÃO: 1/7/1998AUTOR Mauricio NajarEMENTA - Dá nova redação ao art. 2º da Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério. Explicação: Inclui na distribuição de recursos do FUNDEF as instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

especial dos alunos portadores de deficiência, abrangendo as Apaes e as Sociedades Pestalozzi.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional nº 53, de 2006, de 19 de dezembro de 2006, que dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e da Lei 11.494, de 2007, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a prejudicialidade das Proposta de Emenda à Constituição nºs 502/06, 342/01, 467/01, 174/03, 97/03, 23/03, 173/03, 204/03, 232/00, 428/01 e dos Projetos de Lei nºs 4222/98, 136/03, 4244/98, 4280/98, 4763/98, 1/99, 431/99, 4676/98, 4758/98, 5195/01, 4045/01, 6052/02, 747/99 e 4880/98. Publique-se. DCD de 29/04/09 PÁG 15555 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 4758/1998 APRESENTAÇÃO: 25/8/1998AUTOR Flávio ArnsEMENTA - Dispõe sobre a inclusão obrigatória da disciplina “Política” no currículo escolar, a partir da 5ª série.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional nº 53, de 2006, de 19 de dezembro de 2006, que dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e da Lei 11.494, de 2007, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a prejudicialidade das Proposta de Emenda à Constituição nºs 502/06, 342/01, 467/01, 174/03, 97/03, 23/03, 173/03, 204/03, 232/00, 428/01 e dos Projetos de Lei nºs 4222/98, 136/03, 4244/98, 4280/98, 4763/98, 1/99, 431/99, 4676/98, 4758/98, 5195/01, 4045/01, 6052/02, 747/99 e 4880/98. Publique-se. DCD de 29/04/09 PÁG 15555 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 4763/1998 APRESENTAÇÃO: 1/9/1998AUTOR Antônio do ValleEMENTA - Altera o art. 6º da Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

Fundamental e de Valorização do Magistério. Explicação: Determina que sejam utilizados os dados do censo escolar do ano letivo em curso, apurado e publicado no primeiro semestre de cada ano, para calcular o valor minimo anual de cada aluno.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional nº 53, de 2006, de 19 de dezembro de 2006, que dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e da Lei 11.494, de 2007, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a prejudicialidade das Proposta de Emenda à Constituição nºs 502/06, 342/01, 467/01, 174/03, 97/03, 23/03, 173/03, 204/03, 232/00, 428/01 e dos Projetos de Lei nºs 4222/98, 136/03, 4244/98, 4280/98, 4763/98, 1/99, 431/99, 4676/98, 4758/98, 5195/01, 4045/01, 6052/02, 747/99 e 4880/98. Publique-se. DCD de 29/04/09 PÁG 15555 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 1/1999 APRESENTAÇÃO: 3/2/1999AUTOR Silas BrasileiroEMENTA - Modifica o art. 6º da Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério. Explicação: Revoga o dispositivo do artigo 4º que diz que “no primeiro ano de vigência da lei, o valor minimo anual por alunos, será de trezentos reais, objetivando fazer com que os dados do censo escolar sejam considerados no mesmo ano de sua apuração, com aplicação no segundo semestre.ÚLTIMA AÇÃO -

ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional nº 53, de 2006, de 19 de dezembro de 2006, que dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e da Lei 11.494, de 2007, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a prejudicialidade das Proposta de Emenda à Constituição nºs 502/06, 342/01, 467/01, 174/03, 97/03, 23/03, 173/03, 204/03, 232/00, 428/01 e dos Projetos de Lei nºs 4222/98, 136/03, 4244/98, 4280/98, 4763/98, 1/99, 431/99, 4676/98, 4758/98, 5195/01, 4045/01, 6052/02, 747/99 e 4880/98. Publique-se. DCD de 29/04/09 PÁG 15555 COL 02.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

PROPOSIÇÃO: PL 77/1999 APRESENTAÇÃO: 24/2/1999

AUTOR Enio BacciEMENTA - Acresce os incisos XIII, XIV e XV, ao art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990. Explicação: Permite a movimentação da conta vinculada do FGTS para o custeio da educação do trabalhador e seus dependentes.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL-77/1999 e dos PL-93/1999, PL-179/1999, PL-378/1999, PL-557/1999, PL-599/1999, PL-847/1999, PL-850/1999, PL-940/1999 e PL-1485/1999, apensados, nos termos do Artigo 58, § 4º do RI. DCD 20 04 01 Pag 16293 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - INDEFERIDO OFICIO P-661/00 DA CECD, SOLICITANDO A APENSAÇÃO DO PL. 2312/00 A ESTE.

PROPOSIÇÃO: PL 218/1999 APRESENTAÇÃO: 9/3/1999AUTOR Yeda CrusiusEMENTA - Determina a inclusão, nos currículos do ensino fundamental, de conteúdo obrigatório que trate da saúde bucal.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD (MERITO) E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 241/1999 APRESENTAÇÃO: 10/3/1999AUTOR Professor LuizinhoEMENTA - Altera a Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, na forma prevista no art. 60, § 7º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Explicação: Estabelece que o Banco do Brasil deverá colocar a disposição dos Conselhos de Acompanhamento e Controle Social os extratos bancários referentes a conta do fundo.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Recebimento do Ofício nº 3.170/09 (SF) comunicando o arquivamento da matéria.ÚLTIMO DESPACHO - Deferido Requerimento nº 1806/04, da Dep Fátima Bezerra, revendo o despacho aposto a este Projeto, para incluir como competente quanto ao seu mérito a CCJC. Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania - Art. 24, II (Novo Despacho) DCD 20 05 04 PÁG 22844 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 254/1999 APRESENTAÇÃO: 11/3/1999AUTOR Pedro WilsonEMENTA - Altera dispositivo da Lei nº 8.913, de 12 de julho de 1994, que dispõe sobre a municipalização da merenda escolar. Explicação: Inclui o ensino supletivo no repasse de verbas destinadas ao fornecimento de merenda escolar.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno

ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD, CFT (ARTIGO 54 DO RI) E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 328/1999 APRESENTAÇÃO: 17/3/1999AUTOR Rubens BuenoEMENTA - Altera a Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, na forma prevista no art. 60, § 7º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e dá outras providências. Explicação: Dispõe que os membros dos Conselhos de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEF serão eleitos por seus pares; assegura ao professor leigo um prazo de cinco anos para que obtenha habilitação necessária ao exercicio das atividades docentes.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 328/1999, nos termos do Artigo 58, § 4º do RI. DCD 10/07/04 Pag 32385 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - DEFERIDO OF P-219/00, DA CECD, SOLICITANDO A APENSAÇÃO DESTE AO PL. 241/99.

PROPOSIÇÃO: PL 431/1999 APRESENTAÇÃO: 24/4/1999AUTOR Inocêncio OliveiraEMENTA - Altera a Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996. Explicação: Estabelece que a perda por estado ou municipio com a contribuição ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEF, não seja superior a 1% (um por cento) da receita global do exercicio anterior. ÚLTIMA AÇÃO - ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional nº 53, de 2006, de 19 de dezembro de 2006, que dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e da Lei 11.494, de 2007, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a prejudicialidade das Proposta de Emenda à Constituição nºs 502/06, 342/01, 467/01, 174/03, 97/03, 23/03, 173/03, 204/03, 232/00, 428/01 e dos Projetos de Lei nºs 4222/98, 136/03, 4244/98, 4280/98, 4763/98, 1/99, 431/99, 4676/98, 4758/98, 5195/01, 4045/01, 6052/02, 747/99 e 4880/98. Publique-se. DCD de 29/04/09 PÁG 15555 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 557/1999 APRESENTAÇÃO: 7/4/1999AUTOR Oliveira FilhoEMENTA - Dispõe sobre a utilização de recursos da conta vinculada do

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

fundo de garantia do tempo de serviço - FGTS para pagamento de matrícula e mensalidades escolares. Explicação: Altera a Lei nº 8.036, de 1990.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL-77/1999 e dos PL-93/1999, PL-179/1999, PL-378/1999, PL-557/1999, PL-599/1999, PL-847/1999, PL-850/1999, PL-940/1999 e PL-1485/1999, apensados, nos termos do Artigo 58, § 4º do RI. DCD 20 04 01 Pag 16293 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-77/1999.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 565/1999 APRESENTAÇÃO: 7/4/1999AUTOR Maria LúciaEMENTA - Cria cadastro obrigatório de saúde preventiva nos estabelecimentos de ensino e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento InternoÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL À CECD, CSSF E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 578/1999 APRESENTAÇÃO: 8/4/1999AUTOR Padre RoqueEMENTA - Altera a composição do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento InternoÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD, CTASP E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24,II.

PROPOSIÇÃO: PL 747/1999 APRESENTAÇÃO: 28/4/1999AUTOR Ricardo IzarEMENTA - Dá nova redação ao artigo 2º da Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério. Explicação: Estabelece que recursos do FUNDEF sejam destinados para instituição privada sem fins lucrativos com atuação exclusiva em educação especial.ÚLTIMA AÇÃO - ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional nº 53, de 2006, de 19 de dezembro de 2006, que dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e da Lei 11.494, de 2007, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de

9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a prejudicialidade das Proposta de Emenda à Constituição nºs 502/06, 342/01, 467/01, 174/03, 97/03, 23/03, 173/03, 204/03, 232/00, 428/01 e dos Projetos de Lei nºs 4222/98, 136/03, 4244/98, 4280/98, 4763/98, 1/99, 431/99, 4676/98, 4758/98, 5195/01, 4045/01, 6052/02, 747/99 e 4880/98. Publique-se. DCD de 29/04/09 PÁG 15555 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 773/1999 APRESENTAÇÃO: 29/4/1999AUTOR Alceu CollaresEMENTA - Dispõe sobre o aproveitamento de docente leigo na falta de profissional habilitado.ÚLTIMA AÇÃO - ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se Ao PL. 3984/97(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 789/1999 APRESENTAÇÃO: 29/4/1999AUTOR Marcos de JesusEMENTA - Dispõe sobre medidas emergenciais de combate à prostituição infanto-juvenil.ÚLTIMA AÇÃO - ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD CSSF CFT (ARTIGO 54 DO RI) E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 826/1999 APRESENTAÇÃO: 5/5/1999AUTOR Pedro FernandesEMENTA - Dispõe sobre a concessão de gratuidade no transporte coletivo urbano para alunos do ensino fundamental da rede pública.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 2676/2000 e dos PL-826/1999, PL-2769/2000 e PL-3026/2000, apensados, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 12/03/04 Pag 09707 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - APENSE-SE AO PL. 2676/00. (NOVO DESPACHO).

PROPOSIÇÃO: PL 993/1999 APRESENTAÇÃO: 20/5/1999AUTOR Virgílio GuimarãesEMENTA - Dispõe sobre a concessão de bolsa-escola às famílias que tenham crianças e adolescentes em idade escolar correspondente ao ensino obrigatório.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento InternoÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD, CFT (ARTIGO 54 DO RI) E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

PROPOSIÇÃO: PL 1025/1999 APRESENTAÇÃO: 26/5/1999AUTOR Eduardo PaesEMENTA - Cria o direito à passagem gratuita em ônibus intramunicipais ou que liguem municípios de uma mesma região metropolitana para alunos da rede pública de ensino.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RI. DCD 12/03/04 Pag 09707 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - apense-se ao PL. 826/99.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 1355/1999 APRESENTAÇÃO: 30/6/1999AUTOR Glycon Terra PintoEMENTA - Proíbe a venda de produtos do tabaco em escolas públicas ou privadas de 1º e 2º graus.ÚLTIMA AÇÃO - ÚLTIMO DESPACHO - Decisão da Presidência: Tendo em vista a sanção do Presidente da República às Leis nºs 10.167, de 27 de dezembro de 2000, e 10.702, de 14 de julho de 2003, que alteram dispositivos da Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996, que “dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas”, DECLARO A PREJUDICIALIDADE, nos termos do art. 164, inciso II, do Regimento Interno dos Projetos de Lei nºs 842/95, 1.014/95, 2.277/96, 2.501/96, 2.815/97, 3.030/97, 3.975/97, 4.065/98, 4.334/98, 729/99, 1.222/99, 1.355/99, 1.629/99, 3.038/00, 4.298/01, 4.355/01, 5.473/01, 5.527/01 e 2.631/03. Por oportuno, revejo o despacho inicial aposto aos Projetos de Lei nºs 2.874/97, 2.582/03, 3.205/04 e 5.868/05 para determinar a seguinte distribuição: - PL 2.874/97 - Às Comissões de Seguridade Social e Família; e Constituição e Justiça e de Cidadania (Mérito e Art. 54, do RICD). Sujeito à apreciação do Plenário e ao regime de tramitação ordinário; - PL 2.582/03 - Às Comissões de Seguridade Social e Família; Finanças e Tributação (Mérito e Art. 54, RICD); e Constituição e Justiça e de Cidadania (Mérito e Art. 54, RICD). Sujeito à apreciação do Plenário e ao regime de tramitação ordinário; - PL 3.205/04 - Às Comissões de Seguridade Social e Família; Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54, RICD). Sujeito à apreciação conclusiva nas Comissões - Art. 24, II, e ao regime de tramitação ordinário; e PL 5.868/05 - Às Comissões de Seguridade Social e Família; e Constituição e Justiça e de Cidadania (Mérito e Art. 54 do RICD). Sujeito à apreciação conclusiva nas Comissões - Art. 24, II, e ao regime de tramitação ordinário. Publique-se. DCD 09 12 05 PÁG 60343 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 1358/1999 APRESENTAÇÃO: 30/6/1999AUTOR Luiz BittencourtEMENTA - Dispõe sobre o exame preventivo de acuidade visual nos estabelecimentos públicos de educação básica.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 1358/1999, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 17 05 03 Pag 21255 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - APENSE-SE AO PL. 3137/97.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 1544/1999 APRESENTAÇÃO: 24/8/1999AUTOR Freire JúniorEMENTA - Dispõe sobre incentivos às famílias de alunos das redes públicas de ensino dos Estados e Municípios.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento InternoÚLTIMO DESPACHO - APENSE-SE AO PL 993/99.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 1792/1999 APRESENTAÇÃO: 30/9/1999AUTOR Antônio do ValleEMENTA - Dispõe sobre incentivo fiscal à educação. Explicação: Autoriza a dedução integral das despesas com educação, do imposto de renda da pessoa física.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 1093/1999 e dos PL-1001/1995, PL-2459/1996, PL-4113/1998, PL- 4133/1998, PL-4541/1998, PL-4592/1998, PL-74/1999, PL-315/1999, PL-764/1999, PL-875/1999, PL-1085/1999, PL-1249/1999, PL-1550/1999, PL-1792/1999, PL-1815/1999, PL-1942/1999, PL-1960/1999, PL-1994/1999, PL-2210/1999, PL-2408/2000, PL-2441/2000, PL-2449/2000, PL-2513/2000, PL-2519/2000, PL-2526/2000, PL-2564/2000, PL-3151/2000, PL-3221/2000, PL-3382/2000, PL-3397/2000, PL-3445/2000, PL-3461/2000, PL-3603/2000, PL-3714/2000, PL-4374/2001, PL-4443/2001, PL-4446/2001, PL-4921/2001, PL-5043/2001, PL-5069/2001, PL-5602/2001, PL-5677/2001, PL-5686/2001, PL-5943/2001, PL-6049/2002, PL-6667/2002, PL-6987/2002, PL-6989/2002, PL-63/2003, PL-361/2003, PL-455/2003, PL-618/2003, PL-1340/2003, PL-1411/2003, PL-1416/2003, PL-1430/2003, PL-1896/2003 e PL-1977/2003, apensados, nos termos do Artigo 58, § 4º do RI. DCD 22/11/03 Pag 63499 Col 01.ÚLTIMO DESPACHO - APENSE-SE AO PL. 1001/95.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 1887/1999 APRESENTAÇÃO: 20/10/1999AUTOR Edison AndrinoEMENTA - Possibilita o exame toxicológico em alunos. Explicação: Autoriza a realização de exame anti-doping nas escolas.ÚLTIMA AÇÃO - ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL À CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 1951/1999 APRESENTAÇÃO: 28/10/1999AUTOR Luiz BittencourtEMENTA - Concede passe livre ao professor da rede municipal de ensino no sistema de transporte público coletivo urbano e intramunicipal.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado, nos termos do artigo 133 do RI. DCD 12/03/04 Pag 09707 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL. 826/99.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 2294/2000 APRESENTAÇÃO: 11/1/2000AUTOR Senado Federal - Luzia ToledoEMENTA - Acrescenta § 5º ao art. 32 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”, incluindo os símbolos nacionais como tema transversal nos currículos do ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Transformado na Lei Ordinária 12472/2011. DOU 02/09/11 PÁG 02 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II. DCD 12 01 00 PAG 01262 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 2301/2000 APRESENTAÇÃO: 12/1/2000AUTOR Lincoln PortelaEMENTA - Determina a obrigatoriedade da execução semanal do Hino Nacional nos estabelecimentos de ensino primário e médio.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Transformado na Lei Ordinária 12031/2009. DOU 22/09/09 PÁG 01 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL À CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 2380/2000 APRESENTAÇÃO: 1/2/2000AUTOR Pedro WilsonEMENTA - Modifica dispositivos da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, que institui a Lei de Execução Penal. Explicação: Garante educação aos presos.ÚLTIMA AÇÃO - ÚLTIMO DESPACHO - APENSE-SE AO PL. 25/99.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 2514/2000 APRESENTAÇÃO: 24/2/2000AUTOR Paes LandimEMENTA - Modifica dispositivos da Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério. Explicação: Dispõe sobre uma maior autonomia e aumento do número de pais de alunos na composição do conselho municipal de acompanhamento e controle social do Fundef.ÚLTIMA AÇÃO - ÚLTIMO DESPACHO - APENSE-SE AO PL. 241/99. (NOVO DESPACHO).

PROPOSIÇÃO: PL 2626/2000 APRESENTAÇÃO: 21/3/2000AUTOR José Carlos CoutinhoEMENTA - Dispõe sobre a matrícula e a renovação de matrícula em escolas privadas, limitando o valor em 20% do valor total da mensalidade e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado, nos termos do artigo 133 do RICD.ÚLTIMO DESPACHO - APENSE-SE AO PL 2835/97 (DESPACHO INICIAL). DCD 01 04 00 PAG 13475 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 2645/2000 APRESENTAÇÃO: 22/3/2000AUTOR José Carlos CoutinhoEMENTA - Torna obrigatório a construção de prédios destinados ao ensino pré-escolar e de 1º grau e de praça de esportes, nos conjuntos residenciais com mais de 500 (quinhentas) unidades, quando financiadas pelo Sistema Financeiro de Habitação.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento InternoÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CDUI, CECD, CFT (MÉRITO) E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 2717/2000 APRESENTAÇÃO: 30/3/2000AUTOR Rubens FurlanEMENTA - Acrescenta inciso ao art. 27 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Explicação: Inclui nos currículos de educação básica, matéria sobre educação preventiva ao uso de drogas.ÚLTIMA AÇÃO - ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 2727/2000 APRESENTAÇÃO: 30/3/2000AUTOR Gessivaldo IsaiasEMENTA - Acrescenta parágrafos ao art. 5º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que dispõe sobre as diretrizes e bases da educação nacional - LDB - proporcionando melhorias no ensino fundamental, e dá outras providências. Explicação: Concede bolsa de estudos ao estudante que não encontrar vaga na escola pública até 12 quilõmetros de distãncia de sua casa.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 30 06 01 Pág 32494 Col 01.ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD, CFT (ARTIGO 54 DO RI) E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 2840/2000 APRESENTAÇÃO: 12/4/2000

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

AUTOR Esther GrossiEMENTA - Estabelece procedimentos relativos ao cumprimento da prioridade na oferta de vagas para o ensino médio.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento InternoÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL À CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 2861/2000 APRESENTAÇÃO: 18/4/2000AUTOR Vandeval Lima dos SantosEMENTA - Acrescenta inciso ao art. 27 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Explicação: Inclui no conteúdo curricular do ensino fundamental, educação preventiva ao consumo de drogas e de substâncias psicoativas.ÚLTIMA AÇÃO - ÚLTIMO DESPACHO - APENSE-SE AO PL. 2717/00.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 2865/2000 APRESENTAÇÃO: 18/4/2000AUTOR Dr. HelenoEMENTA - Altera a Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, que instituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, para dispor sobre o salário-educação. Explicação: Reduz para 1/3 (um terço) a quota estadual do salário-educação e estabelece em 1/3 (um terço) a quota municipal.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Declarada prejudicada, face a aprovação do PL 475/2003ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL. 2379/96 (DESPACHO INICIAL).

PROPOSIÇÃO: PL 2918/2000 APRESENTAÇÃO: 2/5/2000AUTOR Avenzoar ArrudaEMENTA - Dispõe sobre a gratuidade do ensino para dependentes dos professores, nas escolas onde lecionam.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento InternoÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL À CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 3005/2000 APRESENTAÇÃO: 11/5/2000AUTOR Renato SilvaEMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade de impressão das letras do Hino Nacional e do Hino à Bandeira Nacional em material didático do ensino fundamental e médio.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento InternoÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 3281/2000 APRESENTAÇÃO: 27/6/2000AUTOR De VelascoEMENTA - Dispõe sobre a concessão, pela União, de bolsas de estudo para alunos, entre sete e catorze anos, cujos pais estejam desempregados, em escolas particulares, na ausência de vagas em escolas públicas.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento InternoÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CTASP, CECD, CFT (ARTIGO 54 DO RI) E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 3549/2000 APRESENTAÇÃO: 12/9/2000AUTOR Esther GrossiEMENTA - Dispõe sobre a universalização das bibliotecas escolares e determina outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno

ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL À CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II. DCD 15 09 00 PÁG 46222 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 3618/2000 APRESENTAÇÃO: 4/10/2000AUTOR Lincoln PortelaEMENTA - Dispõe sobre a garantia de destinação de vagas nas Instituições de ensino Universitário Federal e de ensino fundamental e médio, controlados pela União, aos filhos de ministros religiosos de qualquer credo.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 06 10 01 Pág 48069 Col 01.ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II. DCD 06 10 00 PAG 49901 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 3680/2000 APRESENTAÇÃO: 25/10/2000AUTOR Alberto FragaEMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, tornando obrigatória a matéria de educação física nos níveis de educação e ensino regulares, e dá outras providências.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 18 09 01 Pág 44031 Col 01.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II DCD 27 10 00 PÁG 53155 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 3779/2000 APRESENTAÇÃO: 21/11/2000AUTOR José Carlos CoutinhoEMENTA - Inclui o § 6º, ao art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “Estabelece as diretrizes e bases para educação nacional”, para introduzir, a partir da quinta série, noções de Direito.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 26 06 01 Pág 31520 Col 01.

ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL A CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 3933/2000 APRESENTAÇÃO: 13/12/2000AUTOR José Carlos CoutinhoEMENTA - Altera a Lei nº 9.766, de 18 de dezembro de 1998, que modifica a legislação do Salário-Educação. Explicação: Estabelece que os recursos do salário-educação, serão aplicados também na educação especial e na educação indígena, desde que vinculadas ao ensino fundamental público.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno

ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL À CECD, CFT (ARTIGO 54 DO RI) E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 3963/2000 APRESENTAÇÃO: 14/12/2000AUTOR Milton MontiEMENTA - Dá nova redação ao § 5º do art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Explicação: Obriga a incluir no currículo escolar, a partir da quinta série do ensino fundamental, o ensino do latim.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 13 11 01 Pág 57953 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL À CECD E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 3965/2000 APRESENTAÇÃO: 14/12/2000AUTOR Milton MontiEMENTA - Dispõe sobre a criação de guardas-mirins e dá outras providências.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD. DCD de 10/02/09 PAG 3165 COL 02.

ÚLTIMO DESPACHO - DESPACHO INICIAL À CSSF, CTASP E CCJR (ARTIGO 54 DO RI) - ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 3987/2000 APRESENTAÇÃO: 15/12/2000AUTOR Átila LiraEMENTA - Dispõe sobre o ensino da lingua espanhola.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Transformado na Lei Ordinária 11161/2005. DOU 08 08 05 PÁG 01 COL 01.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54, I)

PROPOSIÇÃO: PL 4192/2001 APRESENTAÇÃO: 7/3/2001AUTOR Alberto FragaEMENTA - Dispõe sobre o Ensino na Polícia Militar do Distrito Federal e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 4192/2001, nos termos do Artigo 58, § 4º do RI. DCD 26 09 03 Pag 50616 Col 01.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CREDN, CECD, CFT (Artigo 54 do RI) e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 4250/2001 APRESENTAÇÃO: 13/3/2001AUTOR Luiz BittencourtEMENTA - Institui o “Programa Leitura de Jornais e Revistas em Sala de Aula”, como atividade extracurricular, nos estabelecimentos públicos de ensino fundamental e médio de todo o país, e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL-4250/2001, nos termos do Artigo 58, § 4º do RI. DCD 27 06 02 Pág 33242 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD, CFT (Artigo 54 do RI) e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 4285/2001 APRESENTAÇÃO: 14/3/2001AUTOR Osmar SerraglioEMENTA - Acrescenta dispositivos à Lei nº 9.766, de 18 de dezembro de 1998, que altera legislação que rege o salário-educação e dá outras providências. Explicação: Estabelece que a cota estadual do salário-educação será redistribuído entre o estado e os municípios, sendo que pelo menos 50% (cinquenta por cento) será repartido proporcionalmente ao número de matrículas no ensino fundamental, conforme apurado no censo escolar, independentemente de edição de lei estadual que fixará os critérios de distribuição.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Declarada prejudicada, face a aprovação do PL 475/2003ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-2379/1996 (Despacho inicial). Deferido Requerimento do Dep Luiz Sérgio, solicitando esta apensação.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

PROPOSIÇÃO: PL 4299/2001 APRESENTAÇÃO: 15/3/2001AUTOR Enio BacciEMENTA - Dispõe sobre a inclusão obrigatória da disciplina “Direitos do Consumidor” no currículo escolar, a partir da 6ª série.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL-4299/2001, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 10 04 02 Pág 14959 Col 01.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 4437/2001 APRESENTAÇÃO: 4/4/2001AUTOR Adão PrettoEMENTA - Institui o Dia Nacional da Educação Básica do Campo. Explicação: A ser comemorado dia 19 de setembro, data de nascimento do educador Paulo Freire.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Art. 105 do Regimento Interno

ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 4776/2001 APRESENTAÇÃO: 30/5/2001AUTOR Nelson MeurerEMENTA - Altera o art. 2º e acrescenta dispositivos à Lei nº 9.766, de 18 de dezembro de 1998, que modifica a legislação que rege o salário-educação e dá outras providências. Explicação: Redistribui estre os Estados, que repassarão aos municípios, a quota estadual do salário-educação.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Declarada prejudicada, face a aprovação do PL 475/2003ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-2379/1996. Deferido o Requerimento da CECD, solicitando esta apensação.

PROPOSIÇÃO: PL 4784/2001 APRESENTAÇÃO: 30/5/2001AUTOR Eliseu MouraEMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade da reserva de cinqüenta por cento das vagas nas instituições públicas de ensino superior para estudantes que tenham cursado os últimos quatro anos do ensino básico em escolas públicas.ÚLTIMA AÇÃO - ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-1643/1999.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 4952/2001 APRESENTAÇÃO: 1/8/2001AUTOR Alceu CollaresEMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação. Explicação: Exclui da organização da educação básica os ciclos, grupos não-seriadas com base na

idade, na competência ou em outros critérios, aumentando a transparência no diagnóstico do número de repetência escolar.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 4952/2001, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 12/03/04 Pag 09707 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 5014/2001 APRESENTAÇÃO: 7/8/2001AUTOR João CaldasEMENTA - Dispõe sobre o ensino de noções básicas de matemática financeira e economia no ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL-5014/2001, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 04 05 02 Pág 22088 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 5062/2001 APRESENTAÇÃO: 9/8/2001AUTOR Aloizio MercadanteEMENTA - Dispõe sobre a reserva de vagas nas universidades públicas para alunos egressos da rede pública de ensino.ÚLTIMA AÇÃO - ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-1643/1999.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 5130/2001 APRESENTAÇÃO: 15/8/2001AUTOR Elias MuradEMENTA - Torna obrigatório o uso do café como alimento básico na merenda escolar.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento InternoÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 5192/2001 APRESENTAÇÃO: 22/8/2001AUTOR Carlos MosconiEMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade de oferecimento de programas de residência médica pelas escolas de medicina. Explicação: Obriga as Escolas de Medicina a oferecer programas de residência médica nas áreas básicas de clínica médica, cirurgia, pediatria, obstetrícia e medicina generalista.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-5182/2001.(DESPACHO INICIAL)

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

PROPOSIÇÃO: PL 5195/2001 APRESENTAÇÃO: 22/8/2001AUTOR Osmânio PereiraEMENTA - Altera o art. 7º da Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério. Explicação: Inclui os professores cedidos a instituições de ensino especial de caráter filantrópico, para serem pagos com recursos do Fundef.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Emenda Constitucional nº 53, de 2006, de 19 de dezembro de 2006, que dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e da Lei 11.494, de 2007, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a prejudicialidade das Proposta de Emenda à Constituição nºs 502/06, 342/01, 467/01, 174/03, 97/03, 23/03, 173/03, 204/03, 232/00, 428/01 e dos Projetos de Lei nºs 4222/98, 136/03, 4244/98, 4280/98, 4763/98, 1/99, 431/99, 4676/98, 4758/98, 5195/01, 4045/01, 6052/02, 747/99 e 4880/98. Publique-se. DCD de 29/04/09 PÁG 15555 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 5231/2001 APRESENTAÇÃO: 28/8/2001AUTOR José Carlos CoutinhoEMENTA - Disciplina a composição da merenda escolar e dá outras providências. Explicação: Será composta de produtos locais.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD. DCD de 26/11/09 PÁG 67148 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Lei n.º 11.947, de 16 de junho de 2009, que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; altera as Leis nºs 10.880, de 9 de junho de 2004, 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, 11.507, de 20 de julho de 2007; revoga dispositivos da Medida Provisória nº 2.178-36, de 24 de agosto de 2001, e a Lei nº 8.913, de 12 de julho de 1994; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do RICD, a prejudicialidade dos seguintes Projetos de Lei: 2964/1992, 5231/2001, 5711/2001, 5770/2001, 5816/2001, 5854/2001, 5934/01, 6117/2002, 6391/2002, 6476/2002, 355/2003, 1234/2003, 1624/2003, 2025/2003, 2519/2003, 4162/2004, 6068/2005, 7040/2006, 7194/2006, 684/2007, 736/2007, 886/2007, PL 1264/2007, 1640/2007, 2232/2007, 3023/2008, 3267/2008, 4449/2008, 4669/2009 e 4984/2009. Publique-se. DCD 11/11/09 PAG 63032 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 5387/2001 APRESENTAÇÃO: 20/9/2001AUTOR Nair Xavier Lobo

EMENTA - Dispõe sobre a leitura da Bíblia nos estabelecimentos de ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 5387/2001, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 01 11 02 Pág 45815 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 5427/2001 APRESENTAÇÃO: 26/9/2001AUTOR Paulo LimaEMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade de prestação de serviços gratuitos como professor de ensino público fundamental e médio por parte de estudantes de universidades públicas.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 5427/2001, nos termos do Artigo 164, § 4º do RI.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho Inicial: nos termos do artigo 164, inciso II, do RI, declaro a prejudicialidade deste projeto em face da rejeição pela CECD, do PL 1.374, de 1999.

PROPOSIÇÃO: PL 5429/2001 APRESENTAÇÃO: 26/9/2001AUTOR Paulo LimaEMENTA - Acrescenta artigo à Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”. Explicação: Cria a disciplina educação ambiental no currículo do ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 5429/2001 e do PL-6444/2002, apensado, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 03 09 03 Pag 41920 Col 02.

ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 5854/2001 APRESENTAÇÃO: 5/12/2001AUTOR Paulo LimaEMENTA - Dispõe sobre a inclusão de alimentos à base de soja na merenda escolar e na cesta básica.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD. DCD de 26/11/09 PÁG 67148 COL 02.ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Lei n.º 11.947, de 16 de junho de 2009, que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; altera as Leis nºs 10.880, de 9 de junho de 2004, 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, 11.507, de 20 de julho de 2007; revoga dispositivos da Medida Provisória nº 2.178-36, de 24 de agosto de 2001, e a Lei nº 8.913, de 12 de julho de 1994; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do RICD, a prejudicialidade dos seguintes Projetos de Lei: 2964/1992, 5231/2001,

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

5711/2001, 5770/2001, 5816/2001, 5854/2001, 5934/01, 6117/2002, 6391/2002, 6476/2002, 355/2003, 1234/2003, 1624/2003, 2025/2003, 2519/2003, 4162/2004, 6068/2005, 7040/2006, 7194/2006, 684/2007, 736/2007, 886/2007, PL 1264/2007, 1640/2007, 2232/2007, 3023/2008, 3267/2008, 4449/2008, 4669/2009 e 4984/2009. Publique-se. DCD 11/11/09 PAG 63032 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 5934/2001 APRESENTAÇÃO: 12/12/2001AUTOR João Paulo

EMENTA - Proíbe a merenda escolar contendo alimentos com organismos geneticamente modificados.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD (prejudicialidade). DCD de 26/11/09 PÁG 67148 COL 02.ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Lei n.º 11.947, de 16 de junho de 2009, que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; altera as Leis nºs 10.880, de 9 de junho de 2004, 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, 11.507, de 20 de julho de 2007; revoga dispositivos da Medida Provisória nº 2.178-36, de 24 de agosto de 2001, e a Lei nº 8.913, de 12 de julho de 1994; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do RICD, a prejudicialidade dos seguintes Projetos de Lei: 2964/1992, 5231/2001, 5711/2001, 5770/2001, 5816/2001, 5854/2001, 5934/01, 6117/2002, 6391/2002, 6476/2002, 355/2003, 1234/2003, 1624/2003, 2025/2003, 2519/2003, 4162/2004, 6068/2005, 7040/2006, 7194/2006, 684/2007, 736/2007, 886/2007, PL 1264/2007, 1640/2007, 2232/2007, 3023/2008, 3267/2008, 4449/2008, 4669/2009 e 4984/2009. Publique-se.

PROPOSIÇÃO: PL 6001/2001 APRESENTAÇÃO: 19/12/2001AUTOR Ricardo IzarEMENTA - Dispõe sobre o ensino em casa.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 6002/2001 APRESENTAÇÃO: 19/12/2001AUTOR Ricardo IzarEMENTA - Dispõe que toda a escola de ensino fundamental, seja obrigada a dispor de profissional da área de fonoaudiologia.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento InternoÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CSSF, CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 6117/2002 APRESENTAÇÃO: 26/2/2002AUTOR Elias MuradEMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade de adição de nutrientes aos alimentos infantis e servidos na merenda escolar.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD. DCD de 26/11/09 PÁG 67148 COL 02.ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Lei n.º 11.947, de 16 de junho de 2009, que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; altera as Leis nºs 10.880, de 9 de junho de 2004, 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, 11.507, de 20 de julho de 2007; revoga dispositivos da Medida Provisória nº 2.178-36, de 24 de agosto de 2001, e a Lei nº 8.913, de 12 de julho de 1994; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do RICD, a prejudicialidade dos seguintes Projetos de Lei: 2964/1992, 5231/2001, 5711/2001, 5770/2001, 5816/2001, 5854/2001, 5934/01, 6117/2002, 6391/2002, 6476/2002, 355/2003, 1234/2003, 1624/2003, 2025/2003, 2519/2003, 4162/2004, 6068/2005, 7040/2006, 7194/2006, 684/2007, 736/2007, 886/2007, PL 1264/2007, 1640/2007, 2232/2007, 3023/2008, 3267/2008, 4449/2008, 4669/2009 e 4984/2009. Publique-se. DCD 11/11/09 PAG 63032 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 6157/2002 APRESENTAÇÃO: 27/2/2002AUTOR Marisa SerranoEMENTA - Estabelece normas para o processo de execução dos programas nacionais do livro didático e biblioteca da escola e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno. DCD 12.09.02 PÁG 42376 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-5530/2001. Deferido OF 313/02, da CECD, solicitando a apensação deste ao PL-5530/01. (Novo Despacho). DCD 12.09.02 PÁG 42376 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 6179/2002 APRESENTAÇÃO: 28/2/2002AUTOR José Carlos CoutinhoEMENTA - Torna conveniente a reutilização de livros didáticos no ensino fundamental e médio e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno. DCDS 01.02.03 PÁG 0511 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 6200/2002 APRESENTAÇÃO: 5/3/2002AUTOR José Carlos CoutinhoEMENTA - Estabelece a educação para o trabalho e para a cidadania. Explicação: Obriga as escolas públicas oferecerem curso de alfabetização de adulto e ensino fundamental e médio para estudante trabalhador.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-4820/1994.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 6203/2002 APRESENTAÇÃO: 5/3/2002AUTOR Carlos NaderEMENTA - Dispõe sobre a quantidade máxima de alunos em sala de aula, nas turmas de ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 6203/2002, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 14 06 03 Pag 27534 Col 02.

ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 6228/2002 APRESENTAÇÃO: 6/3/2002AUTOR Aloizio MercadanteEMENTA - Institui sistema de avaliação da qualidade do ensino fundamental público e dá outras providências. Explicação: Altera a Lei nº 9.394, de 1996.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno DCDS 01 02 03 PÁG 0514 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 6229/2002 APRESENTAÇÃO: 6/3/2002AUTOR Aloizio MercadanteEMENTA - Torna obrigatório o uso nas escolas públicas de uniforme escolar padronizado e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno DCDS 01 02 03 PÁG 0514 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD, CFT (Artigo 54 do RI) e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 6336/2002 APRESENTAÇÃO: 19/3/2002AUTOR José Carlos CoutinhoEMENTA - Torna obrigatória a inclusão no currículo escolar de 1º grau de matéria relativa a educação para o trânsito.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 6336/2002, nos termos do Artigo 133 do RI.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 6349/2002 APRESENTAÇÃO: 20/3/2002

AUTOR Alceste AlmeidaEMENTA - Dispõe sobre o ensino de música nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. Explicação: Alterando a Lei nº 9.394, de 1996.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-5674/2001.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 6444/2002 APRESENTAÇÃO: 3/4/2002AUTOR Enio BacciEMENTA - Dispõe sobre a inclusão obrigatória da disciplina Meio Ambinete e a Água Potável, no currículo escolar, a partir do ensino fundamental, até o final do ensino médio.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 5429/2001 e do PL-6444/2002, apensado, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 03 09 03 Pag 41920 Col 02.

ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-5429/2001.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 6448/2002 APRESENTAÇÃO: 3/4/2002AUTOR Wolney Queiroz

EMENTA - Inclui a disciplina Direitos Humanos no currículo do ensino fundamental.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 5432/2001 e do PL-6448/2002, apensado, nos termos do Artigo 133 do RI.

ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-5432/2001.(DESPACHO INICIAL)

PROPOSIÇÃO: PL 6624/2002 APRESENTAÇÃO: 23/4/2002

AUTOR José Carlos CoutinhoEMENTA - Institui o Programa de Educação para a Preservação do Patrimônio Ecológico.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 6624/2002, nos termos do Artigo 133 do RI.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 6780/2002 APRESENTAÇÃO: 14/5/2002AUTOR Airton DippEMENTA - Dispõe sobre horário integral na educação fundamentalÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno. DCDS 01/02/03 PÁG 0539 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

PROPOSIÇÃO: PL 7222/2002 APRESENTAÇÃO: 15/10/2002AUTOR Luiz Carlos Hauly

EMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”. Explicação: Fixa o horário integral para a educação infantil e para o ensino fundamental; neste último, para menores de sete (7) a quatorze (14) anos .

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 7222/2002 e do PL-815/2003, apensado, nos termos do Artigo 133 do RI.

ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 7276/2002 APRESENTAÇÃO: 5/11/2002AUTOR José Carlos CoutinhoEMENTA - Estabelece a obrigatoriedade da inclusão, no currículo oficial da Rede de Ensino, da temática - História e Cultura Afro-Brasileira, e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno. DCDS 01/02/03 PÁG 0563 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - ART. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 7374/2002 APRESENTAÇÃO: 26/11/2002AUTOR Paulo Gouvêa

EMENTA - Acrescenta dispositivo à Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, de modo a denominar centros de formação por alternância as instituições responsáveis por cursos organizados em alternância regular de períodos de estudo. Explicação: Denomina Centro de Formação por Alternância: as escolas-família agrícolas ou rurais, as casas familiares do mar ou pesqueira e demais instituições rurais reconhecidas.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno. DCDS 01/02/03 PÁG 0568 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Despacho à CECD e CCJR (Artigo 54 do RI) - Artigo 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 7454/2002 APRESENTAÇÃO: 11/12/2002AUTOR Eni VoltoliniEMENTA - Dispõe sobre a implantação do Programa de Trânsito Aluno-Guia nas escolas de educação básica.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 83/2003 APRESENTAÇÃO: 19/2/2003AUTOR Roberto MagalhãesEMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Explicação: Inclui no currículo do ensino médio e fundamental o estudo sobre os países da América do Sul, bem como sobre a História da Unidade da Federação onde se situa o estabelecimento de ensino.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 83/2003, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 02 08 03PÁG 36160 COL 02.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões : Educação, Cultura e Desporto e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD).

PROPOSIÇÃO: PL 180/2003 APRESENTAÇÃO: 25/2/2003AUTOR Reginaldo LopesEMENTA - Autoriza o Poder Executivo a implantar assistência psicológica e psicopedagógica no sistema educacional brasileiro, com o objetivo de diagnosticar e prevenir problemas de aprendizagem.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 180/2003, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 08 12 04 PAG 53375 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões : Seguridade Social e Família,Educação, Cultura e Desporto,Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD).

PROPOSIÇÃO: PL 183/2003 APRESENTAÇÃO: 25/2/2003AUTOR Maurício RabeloEMENTA - Dispõe sobre a leitura da Bíblia nos estabelecimentos de ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 183/2003, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 12/03/04 Pag 09707 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões : Educação, Cultura e Desporto e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD).

PROPOSIÇÃO: PL 215/2003 APRESENTAÇÃO: 26/2/2003AUTOR José DivinoEMENTA - Autoriza o poder executivo a incluir o ensinamento do Código Nacional de Trânsito na grade curricular das escolas públicas e privadas, do maternal, ensino fundamental, ensino médio e curso normal, em todo território nacional e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO MESA - Arquivamento do PL 215/2003, nos termos do Artigo 133 do RIÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões : Viação e Transportes,Educação, Cultura e Desporto e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD)- ARTIGO 24, II.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

PROPOSIÇÃO: PL 326/2003 APRESENTAÇÃO: 13/3/2003AUTOR Pastor ReinaldoEMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade de exame preventivo de acuidade auditiva nos alunos matriculados na 1ª série de estabelecimentos de ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Seguridade Social e Família; Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 521/2003 APRESENTAÇÃO: 26/3/2003AUTOR Bernardo AristonEMENTA - Dispõe sobre a criação do Programa Nacional de Orientação e Informação para a Criança e o Adolescente e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Deferido Requerimento 1138/03 - Dep. Bernardo Ariston, solicitando a retirada deste. DCD 13 09 03 Pag 46707 Col 01.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Seguridade Social e Família; de Finanças e Tributação (Art. 54); e de Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 659/2003 APRESENTAÇÃO: 3/4/2003AUTOR Milton MontiEMENTA - Dá nova redação ao § 5º do art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Explicação: Inclui no currículo do ensino fundamental, a partir da 5ª série, o ensino do Latim.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 659/2003, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 31 10 03 PÁG 58362 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação, Cultura e Desporto; e de Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54)

PROPOSIÇÃO: PL 663/2003 APRESENTAÇÃO: 7/4/2003AUTOR Alice PortugalEMENTA - Obriga as instituições privadas de ensino que usufruem de isenções fiscais e tributárias, em decorrência de obtenção de certificado de filantropia, a repassar às associações de pais e mestres, no caso da educação básica e entidades representativas da comunidade, no caso do ensino superior, seus balancetes contábeis e planilhas de custo anuais.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-5794/2001 Deferido Requerimento nº 1860/04, da CEC, determinando esta apensação. 08 06 04 PÁG 26885 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 706/2003 APRESENTAÇÃO: 9/4/2003

AUTOR Elimar Máximo DamascenoEMENTA - Acrescenta parágrafo único ao art. 4º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional”. Explicação: Inclui os alunos do período noturno do ensino fundamental como beneficiários do Programa Suplementar de Alimentação Escolar.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação, Cultura e Desporto,Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD)

PROPOSIÇÃO: PL 772/2003 APRESENTAÇÃO: 16/4/2003AUTOR Pastor FrankembergenEMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, incluindo no currículo oficial, da rede de ensino, a obrigatoriedade do ensino de Educação para a Moral e o Civismo, e dá outras providências.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 772/2003, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 12/03/04 Pag 09708 Col 01.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação, Cultura e Desporto e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD)

PROPOSIÇÃO: PL 776/2003 APRESENTAÇÃO: 16/4/2003AUTOR Eduardo CunhaEMENTA - atendimento voluntário para alunos com deficiência no aprendizado escolar.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - ARQUIVADO, nos termos do artigo 133 do RI. DCD 26 04 05 PAG 14317 COL 02.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação, Cultura e Desporto; e de Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54) - Art. 24,II

PROPOSIÇÃO: PL 779/2003 APRESENTAÇÃO: 16/4/2003AUTOR Eduardo CunhaEMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade da inclusão no currículo escolar do ensino médio e fundamental em todo o País, do estudo da dependência química e as conseqüências do uso de drogas.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD. DCD de 18/02/09 PÁG 4827 COL 02.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se a(o) PL-7309/2002.

PROPOSIÇÃO: PL 815/2003 APRESENTAÇÃO: 23/4/2003AUTOR Sandes JúniorEMENTA - Dispõe sobre horário integral na educação fundamental.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 7222/2002 e do PL-815/2003, apensado, nos termos do Artigo 133 do RI.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-7222/2002.

PROPOSIÇÃO: PL 837/2003 APRESENTAÇÃO: 24/4/2003AUTOR Durval OrlatoEMENTA - Dispõe sobre a participação de assistentes sociais e psicólogos na estrutura funcional das escolas.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 163 c/c 164, § 4º, do RICD. DCD de 13/09/07 PÁG 46307 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se a(o) PL-3688/2000. Deferido o Requerimento nº 2263/04, da CEC, solicitando esta apensação.

PROPOSIÇÃO: PL 845/2003 APRESENTAÇÃO: 28/4/2003AUTOR Antônio Carlos Magalhães NetoEMENTA - Institui o Programa Bolsa Universitário e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - ARQUIVADO, nos termos do artigo 133 do RI.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se este ao PL-2333/2003. (Novo Despacho)

PROPOSIÇÃO: PL 946/2003 APRESENTAÇÃO: 8/5/2003AUTOR Júlio RedeckerEMENTA - Altera o § 1º e seu inciso II e acrescenta o inciso II - A e o § 4º ao art. 15 da Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, e altera o art. 2º da Lei nº 9.766, de 18 de dezembro de 1998, que dispõem sobre o Salário - Educação. Explicação: Reduzindo para um terço a quota estadual do salário-educação; destinando um terço para a criação da quota municipal e dois terços exclusivamente para a Secretaria de Educação do Distrito Federal.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Declarada prejudicada, face a aprovação do PL 475/2003 DCD 20 11 03 PAG 62795 COL 02.

ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-2379/1996 (Despacho inicial).

PROPOSIÇÃO: PL 1031/2003 APRESENTAÇÃO: 21/5/2003AUTOR Carlos SouzaEMENTA - Dispõe sobre a criação do Serviço Social nas Escolas das Redes Estadual e Municipal de Ensino Fundamental e Ensino Médio, e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivada nos termos do artigo 163 c/c 164, § 4º, do RICD. DCD de 13/09/07 PÁG 46307 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-3688/2000. Deferido Requerimento do Dep Gastão Vieira, solicitando esta apensação. DCD 05 07 03 PAG 31167 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 1123/2003 APRESENTAÇÃO: 28/5/2003AUTOR Ricardo IzarEMENTA - Dispõe que toda escola de ensino fundamental seja obrigada a dispor de profissional da área de Fonoaudiologia.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (rejeição nas Comissões de mérito). DCD 05/02/10 PAG 1403 COL 02.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Seguridade Social e Família, Educação, Cultura e Desporto e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 1141/2003 APRESENTAÇÃO: 28/5/2003AUTOR Mariângela DuarteEMENTA - Estabelece reserva de vagas, por cursos, nas Universidades Públicas Federais para alunos egressos da Rede Pública de Ensino e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se este ao PL-1643/1999.

PROPOSIÇÃO: PL 1172/2003 APRESENTAÇÃO: 3/6/2003AUTOR Professora Raquel TeixeiraEMENTA - Dispõe sobre as diretrizes da política nacional de formação, certificação e valorização do magistério público.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação, Cultura e Desporto e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 1231/2003 APRESENTAÇÃO: 10/6/2003AUTOR Sandes JúniorEMENTA - Dispõe sobre o peso da mochila e similares a ser transportado pelo estudante.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 1231/2003, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 25/05/04 Pag 23833 Col 01.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação, Cultura e Desporto e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD)- ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 1260/2003 APRESENTAÇÃO: 12/6/2003AUTOR Eduardo Campos

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

EMENTA - Altera os arts. 6º, 32, caput, 34, caput e § 2º, 35 e 87, § 3º, inciso I, e acrescenta o art. 89-A à Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional”. Explicação: Dispõe que a duração mínima do ensino fundamental será de nove anos, com matrícula obrigatória a partir dos seis anos de idade, passando a jornada a ser de tempo integral, cumpre os preceitos da Década da Educação; aumenta para quatro anos a duração do ensino médio.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 1260/2003, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 12/03/04 Pag 09708 Col 01.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação, Cultura e Desporto e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD)

PROPOSIÇÃO: PL 1261/2003 APRESENTAÇÃO: 16/6/2003AUTOR Dr. Ribamar AlvesEMENTA - Inclui a disciplina Cidadania no currículo das escolas de nível fundamental dos sistemas de ensino municipal, estadual e federal.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação, Cultura e Desporto e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD)

PROPOSIÇÃO: PL 1272/2003 APRESENTAÇÃO: 18/6/2003AUTOR Marinha RauppEMENTA - Cria o Programa Especial de Pecúlio Estudantil e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 1272/2003, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 27/10/04 Pag 46255 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação, Cultura e Desporto,Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD)

PROPOSIÇÃO: PL 1310/2003 APRESENTAÇÃO: 25/6/2003AUTOR Heleno SilvaEMENTA - Inclui a disciplina Conhecimentos Agropecuários no currículo escolar do ensino fundamental e médio, sendo obrigatória nos sistemas Federal, Estadual e Municipal.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 1310/2003, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 12/03/04 Pag 09708 Col 01.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD)

PROPOSIÇÃO: PL 1413/2003 APRESENTAÇÃO: 8/7/2003AUTOR Carlos Nader

EMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino de informática nos currículos plenos dos estabelecimentos de ensino médio e fundamental.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 1413/2003, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 10/07/04 Pag 32385 Col 01.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD)

PROPOSIÇÃO: PL 1439/2003 APRESENTAÇÃO: 9/7/2003AUTOR Carlos NaderEMENTA - Torna obrigatório a inclusão no currículo escolar de ensino médio e fundamental de matéria relativa a educação para o trânsito.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 1439/2003, nos termos do Artigo 133 do RI. DCD 20/02/04, Pag 6886 Col 01.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD)- ARTIGO 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 1478/2003 APRESENTAÇÃO: 14/7/2003AUTOR Severiano AlvesEMENTA - Acrescenta os §§ 2º e 3º ao art. 7º da Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, que “dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, na forma prevista no art. 6º, §7º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e dá outras providências”. Explicação: Assegura nos Planos de Carreira e Remuneração do Magistério, piso salarial profissional não inferior a 60% (sessenta por cento) do valor anual por aluno do FUNDEF, calculado para a 1ª a 4ª séries do ensino fundamental, aos profesores de nível médio.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público,Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD)

PROPOSIÇÃO: PL 1497/2003 APRESENTAÇÃO: 16/7/2003AUTOR Átila LiraEMENTA - Dispõe sobre a oferta de Serviços de Psicologia para acompanhamento dos alunos na escola e na comunidade.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivada nos termos do artigo 163 c/c 164, § 4º, do RICD. DCD de 13/09/07 PÁG 46307 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se este ao PL-837/2003. DCD 30 07 03 PÁG 35257 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 1592/2003 APRESENTAÇÃO: 31/7/2003AUTOR Carlos Abicalil

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

EMENTA - Estabelece os princípios e as diretrizes dos planos de carreira para os profissionais da educação básica pública.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Seguridade Social e Família, Trabalho, de Administração e Serviço Público, Educação e Cultura, Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD) - Art. 24II

PROPOSIÇÃO: PL 1629/2003 APRESENTAÇÃO: 6/8/2003AUTOR Professora Raquel TeixeiraEMENTA - Amplia o prazo para a destinação de recursos da União ao Programa de Apoio a Estados e Municípios para a Educação Fundamental de Jovens e Adultos. Explicação: Amplia o prazo para os exercícios de 2004, 2005 e 2006.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 1629/2003, nos termos do Artigo 164, § 4º do RI.ÚLTIMO DESPACHO - Declarada prejudicada, face a entrada em vigor da Lei 10.880, de 09 de junho de 2004

PROPOSIÇÃO: PL 1918/2003 APRESENTAÇÃO: 9/9/2003AUTOR Carlos AbicalilEMENTA - Modifica o Art. 62 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1.996 e dá outras providências. Explicação: Obriga a formação em nível superior de docentes para atuar no ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se este e seus apensados ao PL 4019/2004

PROPOSIÇÃO: PL 2033/2003 APRESENTAÇÃO: 23/9/2003AUTOR Bernardo AristonEMENTA - Dispõe sobre a transferência e a destinação de recursos financeiros recolhidos ao FNDE, e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Deferido Requerimento nº 1913/04, do Dep. Bernardo Ariston, solicitando a retirada deste projeto. DCD 15 06 04 PÁG 28013 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura, Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD) - Art. 24II

PROPOSIÇÃO: PL 2321/2003 APRESENTAÇÃO: 21/10/2003AUTOR Pastor ReinaldoEMENTA - Dispõe sobre o custeio da educação dos filhos dos policiais civis, militares e federais

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - ARQUIVADA, nos termos do artigo 133 do RI.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL-2075/2003 Deferido Requerimento nº 1858/04, da CEC, solicitando esta apensação. DCD 29 05 04 PÁG 25174 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 2327/2003 APRESENTAÇÃO: 21/10/2003AUTOR Pastor ReinaldoEMENTA - Torna obrigatoria a presença de um exemplar da Bíblia Sagrada em todas as salas de aula no Território Nacional.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Deferido Ofício nº 570/03, do Dep Pastor Reinaldo, solicitando a retirada deste Projeto. DCD 03/08/04, Pág 33073, Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD) - Art. 24II

PROPOSIÇÃO: PL 2434/2003 APRESENTAÇÃO: 6/11/2003AUTOR João Mendes de JesusEMENTA - Obriga as instituições privadas de ensino superior, médio e fundamental, a aplicar, no mínimo, 10% de seu faturamento líquido anual na execução de bolsas de estudos a estudantes afrodescendentes, comprovadamente carentes.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD) - Art. 24II

PROPOSIÇÃO: PL 2521/2003 APRESENTAÇÃO: 18/11/2003AUTOR Senado Federal - Antonio Carlos ValadaresEMENTA - Altera os arts. 4º e 9º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, dispondo sobre a obrigatoriedade de se garantir nas escolas de ensino fundamental e médio o acesso a bibliotecas, a laboratórios e à Internet, bem como sobre a incumbência da União em elaborar e coordenar políticas de inclusão digital.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD) - Art. 24II

PROPOSIÇÃO: PL 2687/2003 APRESENTAÇÃO: 4/12/2003AUTOR Professor Irapuan TeixeiraEMENTA - Altera o art. 33 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, com a redação dada pela Lei nº 9.475, de 22 de julho de 1997, para estender a obrigatoriedade de oferta de ensino religioso às escolas particulares.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se este ao PL-1261/2003.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

PROPOSIÇÃO: PL 2781/2003 APRESENTAÇÃO: 15/12/2003AUTOR Carlos SampaioEMENTA - Dispõe sobre a inclusão da disciplina “Introdução à Cidadania”, no currículo do ensino fundamental, sendo obrigatória nos Sistemas Federal, Estadual e Municipal e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se este ao PL-1261/2003.

PROPOSIÇÃO: PL 2925/2004 APRESENTAÇÃO: 3/2/2004AUTOR Alberto FragaEMENTA - Dispõe sobre as normas gerais de ensino nas instituições militares estaduais.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do § 4º do artigo 58 do RICD. DCD de 29/05/09 PÁG 24936 COL 02.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, Violência e Narcotráfico; Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 2963/2004 APRESENTAÇÃO: 11/2/2004AUTOR Átila LiraEMENTA - Dispõe sobre a distribuição de exemplares da Constituição Federal às escolas públicas de ensino fundamental e médio.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 3046/2004 APRESENTAÇÃO: 3/3/2004AUTOR Antonio CambraiaEMENTA - Modifica a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e dá outras providências. Explicação: Obriga as escolas a implantarem a diversificação dos currículos, utilizando-se de disciplinas obrigatórias (programa de ensino básico e ampliado) e optativas; incluindo a educação informal ou assistemática por meio de atividades extra-classe.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - ARQUIVADO, nos termos do artigo 133 do RI. DCD 30/03/05 PÁG 9219 COL 02.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Redação (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 3154/2004 APRESENTAÇÃO: 17/3/2004AUTOR Carlos Nader

EMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade das escolas públicas e privadas, contratarem Assistentes Sociais e Psicólogos.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivada nos termos do artigo 163 c/c 164, § 4º, do RICD. DCD de 13/09/07 PÁG 46307 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se este ao PL-837/2003.

PROPOSIÇÃO: PL 3155/2004 APRESENTAÇÃO: 17/3/2004AUTOR Carlos NaderEMENTA - Torna obrigatório à presença de um fonoaudiólogo em todas as escolas públicas e privadas.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se este ao PL-1123/2003.

PROPOSIÇÃO: PL 3164/2004 APRESENTAÇÃO: 17/3/2004AUTOR Lincoln PortelaEMENTA - Dispõe sobre a isenção da contribuição à Seguridade Social, na proporção do valor das vagas cedidas a alunos carentes, pelas instituições privadas de ensino.ÚLTIMA AÇÃO - PLEN - Arquivado nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD (prejudicialidade). DCD de 04/05/10 PÁG 17725 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Lei n.º 12.101, de 27 de novembro de 2009, que Dispõe sobre a certificação das entidades beneficentes de assistência social; regula os procedimentos de isenção de contribuições para a seguridade social; altera a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993; revoga dispositivos das Leis nºs 8.212, de 24 de julho de 1991, 9.429, de 26 de dezembro de 1996, 9.732, de 11 de dezembro de 1998, 10.684, de 30 de maio de 2003, e da Medida Provisória nº 2.187-13, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do RICD, a prejudicialidade dos seguintes Projetos de Lei: 2663/2000, 5482/2001, 4041/1997, 3760/1997, 3434/1997, 5726/2005, 3114/2004, 2032/2003, 2562/1992, 140/1999, 3164/2004, 6863/2006, 141/1999, 142/1999, 293/1999, 711/1999, 797/1999, 986/1999, 2009/1999 e 2620/2000. Por oportuno, determino sejam arquivadas todas as proposições acessórias aos projetos mencionados, devendo ser juntadas aos respectivos autos. Publique-se. DCD de 14/04/10 PÁG 14914 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 3183/2004 APRESENTAÇÃO: 3183/2004AUTOR Valdemar Costa NetoEMENTA - Dispõe sobre o Piso Salarial Profissional para o magistério público da educação básica.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Lei 11.738, de 16 de julho de 2008, que Regulamenta a alínea “e” do inciso III do caput do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistériopúblico da educação básica, declaro, nos termos do art.164, inciso II, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a prejudicialidade dos Projetos de Lei nº s 4.707/01, 6.283/02, 2.738/03 e 3.183/04. Publique-se. DCD 02 09 08 PAG 40469 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 3306/2004 APRESENTAÇÃO: 5/4/2004AUTOR Carlos NaderEMENTA - Torna obrigatório em toda a rede pública de Ensino, a instalação de uma Unidade de Ensino Fundamental e Médio equipada e com professores especializados, para o ensino a deficientes visuais e auditivos, em cidades com mais 50.000 habitantes.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Seguridade Social e Família; Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II DCD 21 04 04 pág 17621 col 01.

PROPOSIÇÃO: PL 3437/2004 APRESENTAÇÃO: 29/4/2004AUTOR Carlos NaderEMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade de publicação de mensagens educativas sobre os males e os riscos do tabaco e do álcool, em livros didáticos de ensino fundamental e médio.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se este ao PL-3251/2004.

PROPOSIÇÃO: PL 3446/2004 APRESENTAÇÃO: 4/5/2004AUTOR Gastão VieiraEMENTA - Acrescenta parágrafo ao art. 15 da Lei nº 9.424, de 24 de dezembro do 1996, que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, na forma prevista no art. 6º, § 7º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e dá outras providências. Explicação: Estabelece que os 10% (dez por cento) do valor arrecadado do salário-educação, serão aplicados na redução das desigualdades de acesso e na melhoria da qualidade do ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 3473/2004 APRESENTAÇÃO: 17/3/1999AUTOR Sandro Matos

EMENTA - Acrescenta inciso e parágrafo ao art. 14 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação

Nacional”. Explicação: Estabelece eleições diretas para escolha de diretor de escolas públicas.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivamento do PL 3473/2004, nos termos do Artigo 164, § 4º do RI. DCD 13/08/04 Pág 34828 Col 02.ÚLTIMO DESPACHO - Declarada prejudicada, face a aprovação do PL 509/2003

PROPOSIÇÃO: PL 3573/2004 APRESENTAÇÃO: 18/5/2004AUTOR Carlos NaderEMENTA - Determina a inclusão da matéria de Meio Ambiente nas Escolas de ensino fundamental e médio da rede publica e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - ARQUIVADA, nos termos do artigo 133 do RI. DCD 12 05 05 PÁG 17847 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 3575/2004 APRESENTAÇÃO: 17/3/1999AUTOR Carlos NaderEMENTA - Dispõe sobre a divulgação e a implantação de noções do Código Nacional de Trânsito, a partir das escolas de ensino fundamental e eventos culturais.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - ARQUIVADA, nos termos do artigo 133 do RI. DCD 12 05 05 PÁG 17847 COL 01.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 3587/2004 APRESENTAÇÃO: 18/5/2004AUTOR Gilberto NascimentoEMENTA - Dispõe sobre a divulgação e a implantação de noções do Código Nacional de Trânsito, a partir das escolas de ensino fundamental e eventos culturais.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Viação e Transportes; Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 3632/2004 APRESENTAÇÃO: 25/5/2004AUTOR Carlos NaderEMENTA - Estabelece normas para o cumprimento do disposto no inciso VIII do art. 12, da Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e dá outras providências. Explicação: Dispõe que o estabelecimento de ensino, após apurar a infreqüência do aluno por 5 (cinco) dias letivos consecutivos ou 10

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

(dez) dias alternados no mês, deverá comunicar-se com a família do aluno faltoso e notificar ao Conselho Tutelar se persistir a situação.

ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 3651/2004 APRESENTAÇÃO: 26/5/2004AUTOR Ronaldo VasconcellosEMENTA - Dispõe sobre a localização dos estabelecimentos de ensino básico em relação às vias terrestres situadas fora do perímetro urbano.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado, nos termos do artigo 133 do RI. (Res. 17/89). DCD 09/08/2005 PÁG 37698 COL 02.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Desenvolvimento Urbano e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 3675/2004 APRESENTAÇÃO: 1/6/2004AUTOR Professora Raquel TeixeiraEMENTA - Altera a redação dos art. 29, art. 30, inciso II, art. 32, caput, e art. 87, § 2º e § 3º , inciso I, da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional”, dispondo sobre a duração mínima de 09 anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 06 anos de idade.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Of. 150/2008-CN, de 3/4/2008, comunicando a manutenção dos Vetos Presidenciais e encaminhando a Ata de Apuração dos votos de Vetos Presidenciais constantes da cédula única de votaçãoutilizada na Sessão Conjunta realizada no dia 27/3/2008.ÚLTIMO DESPACHO - A Presidência do Senado Federal dá conhecimento do resultado da apuração dos vetos presidenciais constantes da cédula única de votação utilizada na sessão conjunta realizada em 27/3/2008. DSF de 28/3/2008, pp. 7222 a 7228.

PROPOSIÇÃO: PL 3875/2004 APRESENTAÇÃO: 30/6/2004AUTOR Ronaldo VasconcellosEMENTA - Dispõe sobre o atendimento ao educando, na pré-escola, no ensino fundamental e no ensino médio públicos, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. Explicação: Altera a Lei nº 9.394, de 1996.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 4013/2004 APRESENTAÇÃO: 11/8/2004AUTOR Ronaldo VasconcellosEMENTA - Altera o inciso VI do art. 24 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional”, com relação ao percentual mínimo de freqüência exigido para aprovação. Explicação: Reduz o percentual de freqüência escolar para 50% (cinquenta por cento).ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 4058/2004 APRESENTAÇÃO: 18/8/2004AUTOR Professora Raquel TeixeiraEMENTA - Altera o art. 62, acrescenta o art. 87 - A e revoga o § 4º do art. 87 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional”. Explicação: Exige formação em nível superior, em curso de licenciatura, para todos os docentes da educação básica; admite a formação mínima em nível médio (curso normal) para o ensino na educação infantil e nas séries iniciais de ensino fundamental até o ano de 2010.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se este ao PL-1918/2003.

PROPOSIÇÃO: PL 4245/2004 APRESENTAÇÃO: 13/10/2004AUTOR Fernando de FabinhoEMENTA - Altera o art. 2º da Lei nº 10.880, de 9 de junho de 2004, para estender aos alunos do ensino fundamental público residentes em áreas urbanas localizadas a mais de dez quilômetros do estabelecimento de ensinoo atendimento pelo Programa Nacional de Transporte do Escolar - PNATE.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Encerramento automático do Prazo de Recurso. Não foram apresentados recursos.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 4381/2004 APRESENTAÇÃO: 10/11/2004AUTOR Maria do RosárioEMENTA - Altera os artigos 30 e 32 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Explicação: Estabelece que a educação pré-escolar será ministrada para crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos, iniciando-se o ensino fundamental aos 6 (seis) anos de idade, com duração mínima de 9 (nove) anos, adotando-se etapa única nos 2 (dois) primeiros anos de ensino.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado, nos termos do artigo 163, combinado

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

com o artigo 164, § 4º, do RI. (Em face da aprovação do PL 3675/04). 17 02 06 PAG 8648 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se a(o) PL-3675/2004

PROPOSIÇÃO: PL 4390/2004 APRESENTAÇÃO: 10/11/2004AUTOR Enio BacciEMENTA - Dispõe sobre a inclusão obrigatória da disciplina Saúde Pública e os efeitos do álcool e tabaco no currículo da escola fundamental.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 4411/2004 APRESENTAÇÃO: 11/11/2004AUTOR Enio BacciEMENTA - Dispõe sobre a inclusão obrigatória da disciplina “Política” no currículo escolar a partir da 5ª sérieÚLTIMA AÇÃO - MESA - ARQUIVADA, nos termos do artigo 133 do RI. DCD 12 05 05 PÁG 17847 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 4414/2004 APRESENTAÇÃO: 11/11/2004AUTOR Enio BacciEMENTA - Dispõe sobre a inclusão obrigatória da disciplina Meio Ambiente e a Água Potável, no currículo escolar, a partir do ensino fundamental até o final do ensino médioÚLTIMA AÇÃO - MESA - ARQUIVADA, nos termos do artigo 133 do RI.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se a(o) PL-3573/2004

PROPOSIÇÃO: PL 4627/2004 APRESENTAÇÃO: 14/12/2004AUTOR Carlos NaderEMENTA - “Dispõe sobre o Programa de Alimentação Escolar da Rede Pública Federal de Ensino.”ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Seguridade Social e Família; Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 4745/2005 APRESENTAÇÃO: 19/1/2005AUTOR Poder Executivo

EMENTA - Dispõe sobre o ensino na Aeronáutica e dá outras providências. Explicação: Revogando o Decreto-Lei nº 8.437, de 1945, e as Leis nºs 1.601, de 1952 e 7.549, de 1986.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Remessa à Presidência da República da Mensagem nº 83/08, comunicando a retirada da matéria.ÚLTIMO DESPACHO - Novo despacho: CREDN, CEC, CCTCI, CFT [art. 54] e CCJC [art. 54] - Regime de deliberação: deliberação conclusiva pelas Comissões [art. 24, II] - Regime de tramitação: prioridade.

PROPOSIÇÃO: PL 5072/2005 APRESENTAÇÃO: 18/4/2005AUTOR Carlos NaderEMENTA - Dispõe sobre a inclusão das disciplinas de Informática, Educação para a Saúde, Educação Moral e Cívica e Educação Ambiental na grade curricular das escolas de ensino fundamental e médio.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 5092/2005 APRESENTAÇÃO: 26/4/2005AUTOR Carlos NaderEMENTA - Inclui como atividade extracurricular obrigatória dos cursos de ensino fundamental e médio oferecidos pela rede pública e privada de ensino, a visita a museus, centros culturais e instituições congêneres, e dá providências.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 5147/2005 APRESENTAÇÃO: 4/5/2005AUTOR Mendes Ribeiro FilhoEMENTA - Acrescenta parágrafo ao art. 67, da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - LDB - e define a função de magistério para os efeitos do disposto no art. 40, § 5º e 201, § 8º da Constituição Federal. Explicação: Estabelece como funções de magistério a docência, a coordenação, o assessoramento pedagógico e a direção de unidade escolar.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado, nos termos do artigo 163, combinado com o artigo 164, § 4º do RI, (em face da aprovação do PL 4671/04). DCD 25/11/2005 PÁG 57438 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se a(o) PL-4671/2004

PROPOSIÇÃO: PL 5189/2005 APRESENTAÇÃO: 9/5/2005AUTOR Carlos Nader

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

EMENTA - Determina a implantação de sistema de escola virtual nos presídios e dá outras providênciasÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 5205/2005 APRESENTAÇÃO: 11/5/2005AUTOR Eduardo PaesEMENTA - Dispõe sobre a comprovação da situação acadêmica do estudante para obtenção do benefício da meia-entrada e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Mérito e Art. 54, RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 5292/2005 APRESENTAÇÃO: 23/5/2005AUTOR Carlos NaderEMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade de se incluir na grade curricular do ensino fundamental noções básicas sobre os riscos e cuidados relacionados com doenças transmitidas por animais de estimação, pelo manuseio e pela ingestão de produtos de origem vegetal e animal, e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO- Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II DCD 01 06 05 PÁG 21865 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 5303/2005 APRESENTAÇÃO: 24/5/2005AUTOR Senado Federal - Cristovam BuarqueEMENTA - Acrescenta parágrafo ao art. 87 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), de modo a assegurar, aos docentes da rede pública que não tenham habilitação em nível superior, vagas nos cursos de graduação de formação de professores.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se a(o) PL-4019/2004

PROPOSIÇÃO: PL 5313/2005 APRESENTAÇÃO: 25/5/2005AUTOR Hélio EstevesEMENTA - Dispõe sobre descontos para profissionais do magistério em exercício na educação básica para aquisição de material didático e de ingressos para eventos científicos, artísticos e culturais.

ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Revejo o despacho aposto ao PL 5.313/05 para encaminhá-lo às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 5361/2005 APRESENTAÇÃO: 2/6/2005AUTOR Eduardo ValverdeEMENTA - Altera os artigos 3, 24, 26 e 36 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, instituindo nos currículos escolares do ensino fundamental, conhecimento sobre a língua, usos, costumes e a cultura dos povos tradicionais e minorias étnicas formadores do povo brasileiro.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 5362/2005 APRESENTAÇÃO: 2/6/2005AUTOR Pastor Francisco OlímpioEMENTA - Altera o art. 6º da lei nº 9.424 de 24 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério . Explicação: Considera os dados do censo escolar para a apuração dos valores fixados por aluno para o repasse do FUNDEF, com aplicação no segundo semestre.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 5434/2005 APRESENTAÇÃO: 15/6/2005AUTOR Eduardo GomesEMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional”. NOVA EMENTA DA REDAÇÃO FINAL: Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no tocante ao ensino da arte. Explicação: Inclui o ensino da cultura regional como componente curricular obrigatório nos diversos níveis de educação básica.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Transformado na Lei Ordinária 12287/2010. DOU 14/07/10 PÁG 01 COL 02.ÚLTIMO DESPACHO - (EMENDA DO SENADO FEDERAL) Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

PROPOSIÇÃO: PL 5452/2005 APRESENTAÇÃO: 16/6/2005AUTOR Poder ExecutivoEMENTA - Altera o art. 32 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Explicação: Aumenta a duração do ensino fundamental para 9 (nove) anos.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado, nos termos do artigo 163, combinado com o artigo 164, § 4º, do RI. (Em face da aprovação do PL 3675/04). 17 02 06 PAG 8648 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se a(o) PL-3675/2004

PROPOSIÇÃO: PL 5467/2005 APRESENTAÇÃO: 21/6/2005AUTOR Carlos Nader

EMENTA - Cria o Programa de Leitura de Jornais e Revistas em Sala de Aula, como atividade extracurricular, e fixa outras providências.

ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 5580/2005 APRESENTAÇÃO: 30/6/2005AUTOR Paulo DelgadoEMENTA - Dispõe sobre a criação da lei de responsabilidade educacional, alterando a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente; a Lei nº 8.429, de 2 de julho de 1992, que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional; a Lei nº 9.394,de 20 de dezembro de 1996, que dispõe sobre as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e a Lei nº 9.424, de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, na forma prevista no art. 6º, § 7º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Constitua-se Comissão Especial, conforme determina o art. 34, II, do RICD, tendo em vista a competência das seguintes Comissões: Trabalho, de Administração e Serviço Público; Seguridade Social e Família; Finanças e Tributação (Mérito e Art. 54, RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Mérito e Art. 54, RICD)

PROPOSIÇÃO: PL 5598/2005 APRESENTAÇÃO: 6/7/2005AUTOR Carlos NaderEMENTA - Dispõe sobre a inclusão da disciplina Educação e Segurança Alimentar nos Currículos do Sistema de Ensino.

ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 5622/2005 APRESENTAÇÃO: 7/7/2005AUTOR Humberto MichilesEMENTA - Acrescenta inciso ao art. 9º e modifica a redação dos incisos VII do art. 10 e VI do art. 11 da Lei nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Explicação: Estabelece que a responsabilidade pelo transporte escolar dos alunos da zona rural será dos Estados, Municípios e Distrito Federal, com a assistência financeira da União Federal.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 5636/2005 APRESENTAÇÃO: 12/7/2005AUTOR Humberto MichilesEMENTA - Cria a “Loteria da Sorte na Educação”, destinada ao fortalecimento de ações visando a valorização dos profissionais do magistério das redes públicas de educação básica.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Mérito e Art. 54, RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 5705/2005 APRESENTAÇÃO: 5/8/2005AUTOR Senado Federal - Patrícia Saboya GomesEMENTA - Acrescenta § 5º ao art. 32 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para incluir conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes no currículo do ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Transformado na Lei Ordinária 11525/2007. DOU 26 09 07 PÁG 01 COL 02.ÚLTIMO DESPACHO - Prejudicado o REQ. n.º 1452/07, conforme despacho exarado do seguinte teor: “Declaro prejudicado o pedido, nos termos do art. 164, inciso I, do RICD, haja vista esta Presidência haver determinado o arquivamento do Recurso n. 76/07, por não conter o número suficiente de signatários exigido pelo art. 58, § 2º, inciso I, da Constituição Federal c/c art. 132, § 2º, do RICD. Oficie-se e, após, publique-se.” DCD 28 08 07 PAG 42696 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 5736/2005 APRESENTAÇÃO: 10/8/2005

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

AUTOR Vieira ReisEMENTA - Dispõe sobre o acompanhamento pelos pais, via internet, das atividades escolares de seus filhos.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 5824/2005 APRESENTAÇÃO: 30/8/2005AUTOR Suely CamposEMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “estabelece as Diretrizes da Educação” (fixando o horário integral para a educação infantil e para o ensino fundamental).ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado, nos termos do artigo 163, combinado com o artigo 164, § 4º, do RI. (Em face da aprovação do PL 3675/04). 17 02 06 PAG 8648 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-3675/2004.

PROPOSIÇÃO: PL 5892/2005 APRESENTAÇÃO: 14/9/2005AUTOR João Mendes de JesusEMENTA - Torna obrigatória a construção de escolas de ensino pré-escolar, de ensino fundamental e de praça de esportes, em conjuntos habitacionais com mais de 400 (quatrocentas) unidades, financiadas pelos programas habitacionais do Governo Federal.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Desenvolvimento Urbano; Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Mérito e Art. 54, RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 5918/2005 APRESENTAÇÃO: 15/9/2005AUTOR Elimar Máximo DamascenoEMENTA - Isenta os alunos da educação básica de freqüência à disciplina de Educação Sexual por motivo de consciência ou de crença religiosa.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 6036/2005 APRESENTAÇÃO: 10/10/2005AUTOR Carlos NaderEMENTA - Institui a reserva de 50% das vagas existentes nas universidades públicas aos alunos oriundos da rede pública de ensino fundamental e médio.ÚLTIMA AÇÃO -

ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-1643/1999.

PROPOSIÇÃO: PL 6051/2005 APRESENTAÇÃO: 18/10/2005AUTOR Ivo JoséEMENTA - Altera dispositivos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que ‘“fixa diretrizes e bases da educação nacional”. Explicação: Estabelece a participação de pais e responsáveis na gestão da escola pública; limita o número de alunos em sala de aula; exige a obediência às normas da ABNT com relação à acessibilidade para construção e reforma de escolas; propõe o aperfeiçoamento profissional pelo menos a cada biênio.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PROPOSIÇÃO: PL 6157/2005 APRESENTAÇÃO: 8/11/2005AUTOR Carlos Nader

EMENTA - Dispõe sobre a previsão, a reserva e a destinação de área específica, nos estabelecimentos de ensino, para prática de educação ambiental.

ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 6157/2005 APRESENTAÇÃO: 8/11/2005AUTOR Carlos NaderEMENTA - Dispõe sobre a previsão, a reserva e a destinação de área específica, nos estabelecimentos de ensino, para prática de educação ambiental.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 6211/2005 APRESENTAÇÃO: 21/11/2005AUTOR Carlos NaderEMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade de aulas de primeiros socorros a cada seis meses nas escolas públicas de ensino médio e fundamental em todo o Território Nacional.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Seguridade Social e Família; Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

PROPOSIÇÃO: PL 6340/2005 APRESENTAÇÃO: 7/12/2005AUTOR Thelma de OliveiraEMENTA - Estabelece normas para a proteção dos alunos pertencentes ao ensino fundamental e médio público.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Seguridade Social e Família; Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 6368/2005 APRESENTAÇÃO: 8/12/2005AUTOR Poder ExecutivoEMENTA - Altera a estrutura e a remuneração da Carreira do Magistério Superior pertencente ao Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos, de que trata a Lei nº 7.596, de 10 de abril de 1987, e dá outras providências.

ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Lei n.º 11.344, de 8 de setembro de 2006, que Dispõe sobre a reestruturação das carreiras de Especialista do Banco Central do Brasil, de Magistério de Ensino Superior e de Magistério de 1o e 2o Graus e da remuneração dessas carreiras, das Carreiras da Área de Ciência e Tecnologia, da Carreira de Fiscal Federal Agropecuário e dos cargos da área de apoio à fiscalização federal agropecuária, estende a Gratificação de Desempenho de Atividade Técnica de Fiscalização Agropecuária - GDATFA aos cargos de Técnico de Laboratório e de Auxiliar de Laboratório do Quadro de Pessoal do Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento, cria a Gratificação de Desempenho de Atividade de Execução e Apoio Técnico à Auditoria no Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde - GDASUS, e dá outras providências, declaro a prejudicialidade, nos termos do art. 164, inciso II, do Regimento Interno, do projeto de lei n.º 6.368/05. Publique-se. DCD de 28 11 06 PÁG 52436 COL 01

PROPOSIÇÃO: PL 6484/2006 APRESENTAÇÃO: 16/1/2006AUTOR Celso RussomannoEMENTA - Acrescenta artigo à Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “estabelece as diretrizes e bases da educação nacional” para indicar um conjunto de temas transversais que devem ser incluídos nos currículos plenos do ensino fundamental e médio.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se este ao PL-7425/2006.

PROPOSIÇÃO: PL 6570/2006 APRESENTAÇÃO: 31/1/2006

AUTOR Pastor FrankembergenEMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”, incluindo no currículo oficial, da rede de ensino, a obrigatoriedade do ensino de Educação para a Moral e o Civismo, e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 6964/2006 APRESENTAÇÃO: 3/5/2006AUTOR Professora Raquel TeixeiraEMENTA - Acrescenta o art. 27-A à Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece diretrizes e bases da educação nacional, dispondo sobre a obrigatoriedade da existência de laboratórios de ciências e de informática nas escola públicas de ensino fundamental e médio.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 993/2006 APRESENTAÇÃO: 4/5/2006AUTOR Rubens OtoniEMENTA - Acrescenta inciso ao art. 12 e ao art. 14 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”, para assegurar a liberdade de organização das entidades representativas de estudantes.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 7119/2006 APRESENTAÇÃO: 30/5/2006AUTOR Carlos NaderEMENTA - Cria o Programa de Atendimento Psicopedagógico e Social para atender as escolas da rede pública e privada de ensino fundamental de todo o território nacional, e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO -

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 7280/2006 APRESENTAÇÃO: 4/7/2006AUTOR Josias Quintal

EMENTA - Dispõe sobre programa de estímulo à implantação de núcleos de formação profissional, mantido pela União.

ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Trabalho, de Administração e Serviço Público; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 7326/2006 APRESENTAÇÃO: 11/7/2006AUTOR Senado Federal - Cristovam BuarqueEMENTA - Acrescenta inciso X ao art. 4º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para assegurar vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a partir dos 4 (quatro) anos de idade.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Ofício nº 441/08/PS-GSE ao Senado Federal comunicando a conversão em lei da matéria e remetendo uma via dos autógrafos sancionados.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Prioridade

PROPOSIÇÃO: PL 7425/2006 APRESENTAÇÃO: 16/8/2006AUTOR Senado Federal - Pedro SimonEMENTA - Acrescenta e altera dispositivos na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para incluir no ensino fundamental e médio, e nos cursos de formação de professores da educação básica, componente curricular dedicado ao desenvolvimento de valores éticos e de cidadania.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II. Apense-se a este o PL-6484/2006. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Prioridade

PROPOSIÇÃO: PL 7515/2006 APRESENTAÇÃO: 23/10/2006AUTOR Poder Executivo

EMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Explicação: Estabelece a colaboração da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, para promover a formação inicial, continuada, e a capacitação profissional de todos os professores da educação básica, utilizando recursos e tecnologias de educação à distância.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Transformado na Lei Ordinária 12056/2009. DOU 14/10/09 PÁG 01 COL 03.

ÚLTIMO DESPACHO - (EMENDA DO SENADO FEDERAL) Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário Regime de Tramitação: Prioridade

PROPOSIÇÃO: PL 7526/2006 APRESENTAÇÃO: 25/10/2006AUTOR José DivinoEMENTA - Dispõe sobre o fornecimento periódico de um “Kit de saúde dentária” aos alunos das escolas da Rede Públicas de educação, de ensino fundamental e ensino médio, e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Seguridade Social e Família; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 7607/2006 APRESENTAÇÃO: 6/12/2006AUTOR Luiz Carlos HaulyEMENTA - Dispõe sobre a inclusão da disciplina empreendorismo no ensino fundamental, médio, profissionalizante e educação superior.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 7629/2006 APRESENTAÇÃO: 6/12/2006AUTOR Senado Federal - Paulo PaimEMENTA - Altera o § 1º do art. 1º da Medida Provisória nº 2.178-36, de 24 de agosto de 2001, para incluir os estudantes da educação fundamental de jovens e adultos como beneficiários do Programa Nacional de Alimentação Escolar.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD. DCD de 26/05/09 PÁG 24021 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Declarada prejudicada ,de ofício, pelo Presidente da Comissão de Finanças e Tributação.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

PROPOSIÇÃO: PL 7666/2006 APRESENTAÇÃO: 14/12/2006AUTOR Ricardo SantosEMENTA - Dispõe sobre o regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na organização dos seus sistemas de ensino e dá outras providências.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD. DCD de 03/07/08 PÁG 30957 COL 01.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 280/2007 APRESENTAÇÃO: 1/3/2007AUTOR Geraldo ResendeEMENTA - Dispõe sobre a comprovação da situação acadêmica do estudante para obtenção do benefício da meia-entrada e dá outras providências. Explicação: Reconhece o Cartão do Estudante da rede pública como Carteira de Identidade Estudantil para todos os fins.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 306/2007 APRESENTAÇÃO: 6/3/2007AUTOR RodovalhoEMENTA - Altera o parágrafo 5º do artigo 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional - LDB. Explicação: Inclui, na parte diversificada do currículo do ensino fundamental e do ensino médio, o ensino de educação financeira e de direitos e deveres do cidadão.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 392/2007 APRESENTAÇÃO: 14/3/2007AUTOR Eliene LimaEMENTA - Altera o § 2º do art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”. Explicação: Inclui a cultura popular no currículo obrigatório da educação básica.ÚLTIMA AÇÃO - CCJC - Devolução à CCPÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição

e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 429/2007 APRESENTAÇÃO: 14/3/2007AUTOR Eliene Lima

EMENTA - Dispõe sobre a concessão de desconto para professores do nível fundamental e médio na compra de livro didático.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD. DCD 25 04 08 PAG 17592 COL 01.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 579/2007 APRESENTAÇÃO: 27/3/2007AUTOR José Fernando Aparecido de OliveiraEMENTA - Dispõe sobre a inclusão da disciplina Educação Ambiental no ensino fundamental e médio das escolas públicas e privadas.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO -

PROPOSIÇÃO: PL 604/2007 APRESENTAÇÃO: 28/3/2007AUTOR Gerson PeresEMENTA - Dispõe sobre a liberação de diplomas, certificados e certidões de cursos formais, em todos os níveis, para todos os efeitos de direito.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO -

PROPOSIÇÃO: PL 619/2007 APRESENTAÇÃO: 2/4/2007AUTOR Poder ExecutivoEMENTA - Regulamenta o art. 60, inciso III, alínea “e”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica. Explicação: Fixa o piso salarial profissional para os professores em R$ 850,00 (oitocentos e cinqüenta reais) mensais, pela jornada de quarenta horas semanais. Regulamenta a Constituição Federal de 1988 - dispositivos da Emenda Constitucional nº 53, de 2006 - FUNDEB.ÚLTIMA AÇÃO MESA - Arquivada nos termos do artigo 163 c/c 164, § 4º, do RICD.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Trabalho, de Administração e Serviço Público; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD)

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Prioridade

PROPOSIÇÃO: PL 627/2007 APRESENTAÇÃO: 3/4/2007AUTOR Frank AguiarEMENTA - Autoriza o Poder Executivo a incluir o ensinamento do Código Nacional de Trânsito na grade curricular das escolas públicas e privadas, do maternal, ensino fundamental, ensino médio e curso normal, em todo território nacional e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Viação e Transportes; Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 629/2007 APRESENTAÇÃO: 3/4/2007AUTOR Frank AguiarEMENTA - Dispõe sobre descontos para profissionais do magistério em exercício na educação básica para aquisição de material didático e de ingressos para eventos científicos, artísticos e culturais.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-429/2007. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 653/2007 APRESENTAÇÃO: 3/4/2007AUTOR João Dado

EMENTA - Dispõe sobre a oferta de atendimento psicológico aos corpos discente e docente das escolas públicas de ensino fundamental e médio.

ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-7500/2006. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 667/2007 APRESENTAÇÃO: 9/4/2007AUTOR Manoel Junior

EMENTA - Torna obrigatório o ensino de Língua Espanhola nas escolas da rede pública de ensino e dá outras providências.

ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e

Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 720/2007 APRESENTAÇÃO: 720/2007AUTOR Leonardo QuintãoEMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que institui as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para dispor sobre o limite máximo de alunos por sala de aula e a jornada escolar mínima na rede pública de educação básica.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivada nos termos do artigo 163 c/c 164, § 4º, do RICD.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-597/2007. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 736/2007 APRESENTAÇÃO: 17/4/2007AUTOR Lira MaiaEMENTA - Altera a Lei nº 10.880, de 09 de junho de 2004 que “ Institui o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar - PNATE e o Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimento à Educação de Jovens e Adultos, dispõe sobre o repasse de recursos financeiros do Programa Brasil Alfabetizado, altera o art. 4º da Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996” e dá outras providências. Explicação: Estabelece que os recursos financeiros do PNATE sejam repassados diretamente a quem efetivamente presta o atendimento, os municípios.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD (prejudicialidade). DCD de 26/11/09 PÁG 67149 COL 01.

ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Lei n.º 11.947, de 16 de junho de 2009, que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; altera as Leis nºs 10.880, de 9 de junho de 2004, 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, 11.507, de 20 de julho de 2007; revoga dispositivos da Medida Provisória nº 2.178-36, de 24 de agosto de 2001, e a Lei nº 8.913, de 12 de julho de 1994; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do RICD, a prejudicialidade dos seguintes Projetos de Lei: 2964/1992, 5231/2001, 5711/2001, 5770/2001, 5816/2001, 5854/2001, 5934/01, 6117/2002, 6391/2002, 6476/2002, 355/2003, 1234/2003, 1624/2003, 2025/2003, 2519/2003, 4162/2004, 6068/2005, 7040/2006, 7194/2006, 684/2007, 736/2007, 886/2007, PL 1264/2007, 1640/2007, 2232/2007, 3023/2008, 3267/2008, 4449/2008, 4669/2009 e 4984/2009. Publique-se. DCD 11/11/09 PAG 63032 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 741/2007 APRESENTAÇÃO: 17/4/2007AUTOR Elismar PradoEMENTA - Dispõe sobre a educação para as artes na educação básica,

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

alterando a redação do art. 26, § 2º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”, e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 885/2007 APRESENTAÇÃO: 25/4/2007AUTOR Elismar PradoEMENTA - Institui meia-entrada para estudantes e jovens com idade inferior a 21 anos nos locais que menciona e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Deferido o Requerimento de Apensação, REQ 1196/07, conforme despacho exarado do seguinte teor: “Defiro. Apensem-se os Projetos de Lei n. 885/07, n. 1007/07 e n. 1259/07 ao Projeto de Lei n. 280/07. Apense-se o Projeto de Lei n. 280/07 (e seus apensados, os Projetos de Lei n. 885/07, n. 1007/07 e n. 1259/07) ao Projeto de Lei n. 4529/04, nos termos do artigo 142, parágrafo único c/c artigo 143, inciso II, alínea “b”, ambos do RICD. Oficie-se e, após, publique-se.” DCD 02 08 07 PAG 37719 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 998/2007 APRESENTAÇÃO: 9/5/2007AUTOR Sabino Castelo BrancoEMENTA - Determina a inclusão da disciplina Cidadania na grade curricular do ensino básico e da disciplina Ética na grade curricular do ensino superior e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-7425/2006. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Prioridade

PROPOSIÇÃO: PL 1065/2007 APRESENTAÇÃO: 15/5/2007AUTOR Miguel MartiniEMENTA - Dispõe sobre o ensino religioso na rede pública de ensino.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 1126/2007 APRESENTAÇÃO: 22/5/2007AUTOR Gastão VieiraEMENTA - Altera o art. 9º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para atribuir à União a incumbência de estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, os conteúdos mínimos de cada ano letivo da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Recebimento do Ofício nº 387/12(SF) comunicando o arquivamento da matéria.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 1157/2007 APRESENTAÇÃO: 24/5/2007AUTOR Luciana GenroEMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 1996, de modo a tornar obrigatória a oferta de vagas no ensino médio.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 1188/2007 APRESENTAÇÃO: 29/5/2007AUTOR Lindomar GarçonEMENTA - Dispõe sobre a gratuidade na emissão de diplomas de qualquer nível de ensino.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-224/2007. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 1351/2007 APRESENTAÇÃO: 19/6/2007AUTOR Jofran Frejat

EMENTA - Dispõe sobre o fomento à formação e desenvolvimento de jovens talentos e dá outras providências.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

PROPOSIÇÃO: PL 1549/2007 APRESENTAÇÃO: 1549/2007AUTOR Indio da CostaEMENTA - Acrescenta parágrafo ao art. 40 e altera o parágrafo único do art. 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Explicação: Inclui a educação profissional para os estudantes da 8ª e 9ª séries do ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO - ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-919/2007. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Prioridade

PROPOSIÇÃO: PL 1561/2007 APRESENTAÇÃO: 10/7/2007AUTOR Valadares FilhoEMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 1996, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino de informática na educação infantil e no ensino fundamental e médio.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-3790/2004. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 1564/2007 APRESENTAÇÃO: 10/7/2007AUTOR Andreia ZitoEMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade do Governo Federal a divulgar a relação dos livros didáticos destinados aos alunos da Educação Básica das redes públicas. Explicação: Elaboração do Guia de Livros Didáticos.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (rejeição na Comissão de mérito). DCD de 02/03/10 PAG 5369 COL 01.

ÚLTIMO DESPACHO - Ás Comissões de Educação e Cultura e de Constituição e Justiça e de Cidadania (art. 54). Proposição sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24, II.

PROPOSIÇÃO: PL 1604/2007 APRESENTAÇÃO: 12/7/2007AUTOR João CamposEMENTA - Dispõe sobre a instituição da Carteira de Identificação Estudantil para obtenção do benefício da meia-entrada e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-885/2007. Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário Regime de Tramitação: Prioridade

PROPOSIÇÃO: PL 1640/2007 APRESENTAÇÃO: 17/7/2007AUTOR Antonio José Medeiros

EMENTA - Altera a Lei nº 10.880, de 09 de junho de 2004, que dispõe sobre o Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE). Explicação: Mantém o PNATE com o objetivo de oferecer transporte escolar aos alunos de todos os níveis da educação básica pública, residentes em área rural.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD (prejudicialidade). DCD de 26/11/09 PÁG 67149 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Lei n.º 11.947, de 16 de junho de 2009, que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; altera as Leis nºs 10.880, de 9 de junho de 2004, 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, 11.507, de 20 de julho de 2007; revoga dispositivos da Medida Provisória nº 2.178-36, de 24 de agosto de 2001, e a Lei nº 8.913, de 12 de julho de 1994; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do RICD, a prejudicialidade dos seguintes Projetos de Lei: 2964/1992, 5231/2001, 5711/2001, 5770/2001, 5816/2001, 5854/2001, 5934/01, 6117/2002, 6391/2002, 6476/2002, 355/2003, 1234/2003, 1624/2003, 2025/2003, 2519/2003, 4162/2004, 6068/2005, 7040/2006, 7194/2006, 684/2007, 736/2007, 886/2007, PL 1264/2007, 1640/2007, 2232/2007, 3023/2008, 3267/2008, 4449/2008, 4669/2009 e 4984/2009. Publique-se. DCD 11/11/09 PAG 63032 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 1641/2007 APRESENTAÇÃO: 17/7/2007AUTOR Antonio José MedeirosEMENTA - Revoga a Lei nº 9.766, de 18 de dezembro de 1998, e dispõe sobre as Quotas do Salário-Educação. Explicação: Estabele critérios para distribuição de quota federal, estadual e municipal do salário-educação, além da quota especial no percentual de 10% (dez por cento), a ser creditada às Secretarias de Educação dos Estados e Municípios, dos estados que tenham IDH abaixo da média nacional, para financiamento de programas, projetos e ações da educação básica. Revoga dispositivos da Lei nº 9.766, de 1998 (Leis nºs 9.424, de 1996 e 10.832, de 2003).ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Mérito e Art. 54, RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 1649/2007 APRESENTAÇÃO: 25/7/2007AUTOR Senado Federal - Cristovam BuarqueEMENTA - Autoriza a criação do Programa Biblioteca do Professor.ÚLTIMA AÇÃO - PLEN - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (rejeição na Comissão de mérito). DCD de 08/06/10 PÁG 25894 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Prioridade

PROPOSIÇÃO: PL 1696/2007 APRESENTAÇÃO: 7/8/2007AUTOR Lobbe NetoEMENTA - Dispõe sobre a criação e implementação de Centros de Produção de Cultura nas Escolas Estaduais e Municipais, e estabelece normas para a consolidação dos atos normativos que menciona. Explicação: Projeto de Lei apresentado pela “Deputada Jovem” Rose Carla de Araújo Oliveira, do Estado de Sergipe, na 1ª edição do Parlamento Jovem Brasileiro, realizado em 2004 na Câmara dos Deputados.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 2204/2007 APRESENTAÇÃO: 2204/2007AUTOR Poder ExecutivoEMENTA - Dispõe sobre o Programa Nacional de Inclusão de Jovens - ProJovem, instituído pela Lei nº 11.129, de 30 de junho de 2005, altera as Leis nºs 9.311, de 24 de outubro de 1996, e 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e dá outras providências. Explicação: Institui o “novo ProJovem”, dividido em quatro modalidades: ProJovem Adolescente - Serviço Socioeducativo; ProJovem Urbano; ProJovem Campo - Sabores da Terra; e ProJovem Trabalhador. Aumenta para R$ 58,00 (cinquenta e oito reais) por mês o valor do benefício básico do Programa Bolsa Família.

ÚLTIMA AÇÃO ARQUIVO - Arquivada

ÚLTIMO DESPACHO - Deferido o REQ 2108/07, conforme despacho do seguinte teor: “Defiro. Apense-se o PL 2.204/2007 ao PL 1.130/2007, nos termos dos arts. 142 e 143 do Regimento Interno. Oficie-se à Requerente e, após, publique-se”. DCD de 14/12/07 PÁG 66598 COL 01.

PROPOSIÇÃO: PL 2231/2007 APRESENTAÇÃO: 17/10/2007AUTOR Henrique Afonso

EMENTA - Insere o art. 26-B na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, dispondo sobre o ensino da História e da Cultura dos Povos Indígenas.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Retirado o PL 2231/07, em face do deferimento do requerimento REQ 2529/2008, nos termos do artigo 114, VII, do RICD. DCD de 15/04/08 PÁG 15076 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 2238/2007 APRESENTAÇÃO: 17/10/2007AUTOR Vinicius CarvalhoEMENTA - Dispõe sobre a orientação profissional dos alunos do ensino médio regular, técnico-profissional e da educação de jovens e adultos dos estabelecimentos de ensino da rede pública e privada de educação básica nacional.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado, nos termos do artigo 163 c/c 164, § 4º, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-838/2007. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 2264/2007 APRESENTAÇÃO: 23/10/2007AUTOR Silvio CostaEMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade de exame oftalmológico nos alunos da educação básica.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-1695/2007. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 2419/2007 APRESENTAÇÃO: 13/11/2007AUTOR Senado Federal - Osmar DiasEMENTA - Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera a redação do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943; revoga as Leis nºs 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o art. 6º da Medida Provisória nº 2.164-41, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Desapensação automática do PL 4.065/93 (principal), em função do arquivamento deste, nos termos do artigo 163 c/c 164, § 4º, do RICD.

ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-4065/1993. Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário Regime de Tramitação: Prioridade

PROPOSIÇÃO: PL 2431/2007 APRESENTAÇÃO: 13/11/2007AUTOR Maria do RosárioEMENTA - Dispõe sobre a inclusão, nos currículos escolares, de conteúdos e práticas que contribuam para o combate da violência doméstica contra a mulher, ampliando a efetividade da Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, notadamente no tocante à implementação dos incisos V, VIII e IX de seu art. 8º.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 2547/2007 APRESENTAÇÃO: 2547/2007AUTOR Nilson MourãoEMENTA - Veda o uso de aparelhos eletrônicos portáteis, sem fins educacionais, em salas de aula ou quaisquer outros ambientes em que estejam sendo desenvolvidas atividades educacionais nos níveis de ensino fundamental, médio e superior nas escolas públicas no País. Explicação: Proíbe o uso de celulares, jogos eletrônicos, MP3 e outros durante as atividades educacionais ministradas em escolas públicas.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.

ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-2246/2007. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 2629/2007 APRESENTAÇÃO: 2629/2007AUTOR Lídice da MataEMENTA - Institui medidas de promoção da eqüidade de gênero na área de educação e de gênero e raça em atividades de formação e capacitação de trabalhadores.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-2431/2007. Em virtude desta apensação, revejo o despacho aposto ao PL 2.431/07, para determinar a inclusão da CTASP, que deverá se manifestar antes da CEC. Novo despacho: CTASP, CEC, CCJC(Art. 54, RICD) – Proposição sujeita à apreciação conclusiva das comissões -Art. 24, II, RICD – Regime de Tramitação: Ordinária.

PROPOSIÇÃO: PL 2667/2007 APRESENTAÇÃO: 19/12/2007AUTOR Waldir MaranhãoEMENTA - Dispõe sobre a regulamentação da profissão de Magistério da Educação Básica e autoriza a criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais do Magistério da Educação Básica.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (Parecer contrário da comissão de mérito). DCD 04/02/10 PAG 1263 COL 01.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 2712/2007 APRESENTAÇÃO: 20/12/2007AUTOR Emanuel FernandesEMENTA - A educação empreendedora passa a integrar obrigatoriamente os currículos da educação brasileira, em todos os níveis: Educação Básica, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Universitário.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-7607/2006. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 2857/2008 APRESENTAÇÃO: 19/2/2008AUTOR RodovalhoEMENTA - Altera o art. 24 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Explicação: Fixa como norma para organização da educação básica a consulta à comunidade escolar sobre a organização do calendário de aulas, inclusive para reposição de dias letivos.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 2877/2008 APRESENTAÇÃO: 25/2/2008AUTOR Poder ExecutivoEMENTA - Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica, altera a Lei nº 10.880, de 9 de junho de 2004, e dá outras providências. Explicação: Revoga dispositivos da Medida Provisória nº 2.178-36, de 2001.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se ao PL 1.659/2007. Em virtude da referida apensação, revejo o despacho aposto ao PL 1.659/07, para constituir Comissão Especial, conforme determina o art. 34, II, do RICD, tendo em vista a competência das seguintes Comissões: Trabalho, de Administração e Serviço Público; Seguridade Social e Família; Educação e Cultura ; Finanças e Tributação (Mérito e Art. 54, RICD), e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54, RICD). Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Prioridade

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

PROPOSIÇÃO: PL 3025/2008 APRESENTAÇÃO: 18/3/2008AUTOR Humberto SoutoEMENTA - Acrescenta § 6º ao art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para incluir disciplina com conteúdo que trate sobre Educação Ambiental no currículo da Rede de Ensino, em todas as etapas e modalidades da educação básica.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 3041/2008 APRESENTAÇÃO: 18/3/2008AUTOR Sandes JúniorEMENTA - Dispõe sobre a previsão, a reserva e a destinação de área específica, nos estabelecimentos de ensino, para prática de educação ambiental.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista o arquivamento do PL 355/03, nos termos do art. 164, § 4º do RICD, revejo o despacho aposto ao PL 3.041/08, para determinar sua apensação ao PL 7.257/06. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 3096/2008 APRESENTAÇÃO: 26/3/2008AUTOR Ricardo IzarEMENTA - Altera a redação do § 5º do art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, tornando obrigatório, em pelo menos uma série escolar, o estudo da História do Estado e do Município na parte diversificada do currículo escolar.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 3361/2008 APRESENTAÇÃO: 6/5/2008AUTOR Pompeo de MattosEMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, incluindo os Direitos Humanos como diretriz a ser observada pela educação básica e meio de alcance dos objetivos do ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.

ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-2431/2007. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 3477/2008 APRESENTAÇÃO: 28/5/2008AUTOR Claudio CajadoEMENTA - Altera o art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”, para incluir o § 6º. Explicação: Inclui a prática da leitura, didaticamente orientada, no currículo obrigatório da educação básica.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (rejeição na Comissão de mérito). DCD de 25/02/10 PAG 4757 COL 01.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD). Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 3486/2008 APRESENTAÇÃO: 29/5/2008AUTOR Eliene LimaEMENTA - Proíbe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis nas salas de aula dos estabelecimentos de educação básica e superior. Explicação: Inclui o aparelho celular, a internet, MP3 e MP4ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-2246/2007. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 3518/2008 APRESENTAÇÃO: 5/6/2008AUTOR Henrique AfonsoEMENTA - Acrescenta parágrafo único ao art. 81 da Lei nº 9.394, de de 20 de dezembro de 1996, que institui as diretrizes e bases da educação nacional e dispõe sobre o ensino domiciliar. Explicação: Autoriza o ensino domiciliar no ensino básico.

ÚLTIMA AÇÃO - PLEN - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (rejeição na Comissão de mérito) DCD do dia 23/11/11 PÁG 62987 COL 01.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD). Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 4017/2008 APRESENTAÇÃO: 3/9/2008AUTOR Sueli Vidigal

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

EMENTA - Inclui, na grade complementar do currículo dos ensinos fundamental e médio das escolas públicas, a disciplina de “Informática Básica”.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (rejeição na Comissão de mérito). DCD 05/02/10 PAG 1403 COL 02.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) I Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 4254/2008 APRESENTAÇÃO: 10/11/2008AUTOR Ilderlei Cordeiro

EMENTA - Inclui, na grade complementar do currículo dos ensinos fundamental e médio das escolas públicas, a disciplina “Artes Marciais e Defesa Pessoal”.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (rejeição na Comissão de mérito). DCD 21 08 09 PAG 42704 COL 02.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 4423/2008 APRESENTAÇÃO: 2/12/2008AUTOR João MatosEMENTA - Acrescenta o art. 7-A à Lei nº 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, que “autoriza a concessão de bolsas de estudo e de pesquisa a participantes de programas de formação inicial e continuada de professores para a educação básica” Explicação: Concede bolsa de incentivo aos tutores de cursos de formação continuada à distância para capacitação de agentes públicos e cidadãos.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 4606/2009 APRESENTAÇÃO: 4/2/2009AUTOR Roberto BrittoEMENTA - Dispõe sobre a obrigatoriedade do Governo Federal a arcar com custos dos livros didáticos destinados aos alunos da Educação Básica das redes públicas.ÚLTIMA AÇÃO - PLEN - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (rejeição na Comissão de mérito). DCD de 28/05/10 PÁG 24430 COL 02.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art.

54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 4615/2009 APRESENTAÇÃO: 4/2/2009AUTOR Flávio BezerraEMENTA - Altera a redação do art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para dispor sobre a obrigatoriedade de aulas de natação nas escolas do ensino médio e fundamental.ÚLTIMA AÇÃO - PLEN - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (rejeição da comissão de mérito). DCD de 21/05/10 PÁG 22595 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 4984/2009 APRESENTAÇÃO: 1/4/2009AUTOR Maria do RosárioEMENTA - Acrescenta inciso ao art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, dispondo sobre dispensa de licitação para compra de produtos destinados à alimentação escolar, quando provenientes da agricultura familiar.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD (prejudicialidade). DCD de 26/11/09 PÁG 67149 COL 02.ÚLTIMO DESPACHO - Tendo em vista a vigência da Lei n.º 11.947, de 16 de junho de 2009, que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; altera as Leis nºs 10.880, de 9 de junho de 2004, 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, 11.507, de 20 de julho de 2007; revoga dispositivos da Medida Provisória nº 2.178-36, de 24 de agosto de 2001, e a Lei nº 8.913, de 12 de julho de 1994; e dá outras providências, declaro, nos termos do art. 164, inciso II, do RICD, a prejudicialidade dos seguintes Projetos de Lei: 2964/1992, 5231/2001, 5711/2001, 5770/2001, 5816/2001, 5854/2001, 5934/01, 6117/2002, 6391/2002, 6476/2002, 355/2003, 1234/2003, 1624/2003, 2025/2003, 2519/2003, 4162/2004, 6068/2005, 7040/2006, 7194/2006, 684/2007, 736/2007, 886/2007, PL 1264/2007, 1640/2007, 2232/2007, 3023/2008, 3267/2008, 4449/2008, 4669/2009 e 4984/2009. Publique-se. DCD 11/11/09 PAG 63032 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 5054/2009 APRESENTAÇÃO: 15/4/2009AUTOR Bispo Gê TenutaEMENTA - Inclui na grade complementar dos ensinos fundamental e médio das escolas públicas e particulares disciplina relativa a “Doação de Órgãos e Tecidos” .ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (rejeição na Comissão de mérito). DCD de 25/02/10 PAG 4757 COL 01.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

PROPOSIÇÃO: PL 5161/2009 APRESENTAÇÃO: 4/5/2009AUTOR Senado Federal - Cristovam BuarqueEMENTA - Autoriza o Poder Executivo a criar, no Ministério da Educação, o Programa Cesta Básica do Livro, para garantir um acervo mínimo de livros às famílias de estudantes do ensino público fundamental e médio.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (rejeição na Comissão de mérito). DCD 05/02/10 PAG 1404 COL 01.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD). Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Prioridade

PROPOSIÇÃO: PL 5321/2009 APRESENTAÇÃO: 1/6/2009AUTOR Professora Raquel TeixeiraEMENTA - Estabelece diretrizes para a valorização dos profissionais da educação escolar básica pública. Explicação: Revoga o art. 9º e o inciso II do art. 10 da Lei nº 9.424, de 1996.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 5413/2009 APRESENTAÇÃO: 10/6/2009AUTOR Poder Executivo

EMENTA - Altera a Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001, que dispõe sobre o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior. Explicação: Ajusta as regras do FIES, passando o FNDE a ser o seu agente operador e criando permissão legal para a amortização do saldo devedor do estudante financiado.

ÚLTIMA AÇÃO - PLEN - Declarado prejudicado, em face da aprovação, em Plenário, do Substitutivo oferecido pelo Relator da Comissão de Educação e Cultura.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Seguridade Social e Família; Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Mérito e Art. 54, RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Prioridade

PROPOSIÇÃO: PL 5600/2009 APRESENTAÇÃO: 8/7/2009

AUTOR Roberto Alves

EMENTA - Proíbe a recusa da expedição do diploma, suspensão de provas

e exames finais, retenção de documentos escolares e quaisquer outras penalidades pedagógicas aos alunos inadimplentes do ensino fundamental, médio e superior, pelas instituições privadas de ensino no Brasil.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Defesa do Consumidor e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 5721/2009 APRESENTAÇÃO: 6/8/2009AUTOR Capitão AssumçãoEMENTA - Dispõe sobre a proibição da cobrança de taxa para emissão de documento de identificação estudantil de estudantes de baixa renda familiar. Explicação: Proibe cobrança de taxa de emissão de identidade estudantil a alunos cuja renda familiar seja inferior a três salários mínimos.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-280/2007. Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário Regime de Tramitação: Prioridade

PROPOSIÇÃO: PL 6112/2009 APRESENTAÇÃO: 25/9/2009AUTOR Senado Federal - Marcelo CrivellaEMENTA - Autoriza a União a instituir o programa nacional de reforço escolar na educação básica pública, denominado Programa de Apoio ao Sucesso Escolar na Educação Básica Pública (Passebem).

ÚLTIMA AÇÃO - PLEN - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (rejeição na Comissão de mérito). DCD de 07/05/10 PÁG 18787 COL 02.

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Prioridade

PROPOSIÇÃO: PL 6124/2009 APRESENTAÇÃO: 29/9/2009AUTOR Clóvis FecuryEMENTA - Altera o §1º do art. 6º da Lei nº 9.870, de 23 de novembro de 1999, que dispõe sobre o valor total das anuidades escolares. Explicação: Permite que as escolas procedam o desligamento de alunos inadimplentes após 90 (noventa) dias de inadimplência, a partir da data de assinatura do contrato e ao final do semestre letivo, quando a escola adotar o regime didático semestral.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Defesa do Consumidor; Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 6209/2009 APRESENTAÇÃO: 13/10/2009AUTOR Iran BarbosaEMENTA - Assegura aos profissionais da educação básica, no exercício da profissão, o pagamento da meia-entrada em estabelecimentos culturais e de lazer e define outras providências.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária DCD 28 10 09 PAG 59423 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PL 6511/2009 APRESENTAÇÃO: 26/11/2009AUTOR Dalva FigueiredoEMENTA - Insere o art. 24-A na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para obrigar as escolas públicas que oferecem ensino fundamental e médio, educação de jovens e adultos e educação profissional e tecnológica, a instalar creches para filhos de estudantes menores de idade.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 6571/2009 APRESENTAÇÃO: 8/12/2009AUTOR Pompeo de MattosEMENTA - Acrescenta inciso IV ao art. 61, da Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB), para incluir a função de agente da educação entre os profissionais de educação básica e dá outras providênciasÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD). Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 6850/2010 APRESENTAÇÃO: 6850/2010AUTOR Iran BarbosaEMENTA - Altera dispositivos da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007, que “regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB”. Explicação: Atribui aos Conselhos do FUNDEB o acompanhamento dos recursos oriundos do salário educação; garante a disponibilização de informações da folha analítica de pagamento dos profissionais da educação e as informações acerca da aplicação dos recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 6956/2010 APRESENTAÇÃO: 10/3/2010AUTOR Maria do Rosário

EMENTA - Institui o piso salarial nacional para os profissionais do magistério da educação básica na rede privada de ensino.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 6980/2010 APRESENTAÇÃO: 17/3/2010AUTOR José Carlos VieiraEMENTA - Dispõe sobre normas de segurança e de manutenção em brinquedos dos parques infantis localizados em estabelecimentos de educação infantil e de ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Desenvolvimento Urbano e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 7480/2010 APRESENTAÇÃO: 10/6/2010AUTOR Eliene Lima

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

EMENTA - Altera o art. 36 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, que dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Explicação: Estabelece que é proibida toda forma de publicidade de produtos e serviços dentro das escolas de educação básica.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Defesa do Consumidor; Seguridade Social e Família e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD). Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 7783/2010 APRESENTAÇÃO: 18/8/2010AUTOR Eliseu PadilhaEMENTA - Institui novo valor para o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, regulamentado pela Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008. Explicação: Fixa em R$ 1.575,00 (mil, quinhentos e setenta e cinco reais).ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 7848/2010 APRESENTAÇÃO: 9/11/2010AUTOR Francisco RossiEMENTA - Dispõe sobre o peso máximo do material escolar transportado diariamente pelos alunos da rede escolar pública e particular. Explicação: Peso máximo de 5% (cinco por cento) do aluno no pré-escolar e 10% (dez por cento) do aluno no ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 7851/2010 APRESENTAÇÃO: 9/11/2010AUTOR Eliseu Padilha

EMENTA - Acrescenta artigos à Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008, que “Regulamenta a alínea “e” do inciso III do caput do art. 60 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica.” Explicação: Não será inferior à metade da maior remuneração inicial das carreiras do magistério público, correspondente à jornada de trabalho de 40 (quarenta) horas.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-7783/2010. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 7877/2010 APRESENTAÇÃO: 10/11/2010AUTOR William WooEMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 2006, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional e dá outras providências. Explicação: Inclui disciplinas obrigatórias no currículo do ensino fundamental.ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD). Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 7935/2010 APRESENTAÇÃO: 23/11/2010AUTOR Fátima PelaesEMENTA - Obrigatoriedade da Alfabetização em Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS para Professores da Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Superior em atividade, no sentido de possibilitar a comunicação direta com os Portadores de Necessidades Educativas Especiais Surdos e Deficientes Auditivos e a construção de práticas educativas que favoreçam o processo de Inclusão Social. Explicação: Define o final de 2011como prazo obrigatório para capacitação de professores da educação básica e superior em Língua Brasileira de Sinais - Libras, para complementar a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-5690/2001. Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário Regime de Tramitação: Prioridade

PROPOSIÇÃO: PL 15/2011 APRESENTAÇÃO: 3/2/2011AUTOR Weliton PradoEMENTA - Dispõe sobre a inclusão da disciplina Educação Ambiental no ensino fundamental e médio das escolas públicas e privadas.ÚLTIMA AÇÃO -

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: EDUCAÇÃO

ÚLTIMO DESPACHOApense-se à(ao) PL-3788/2008. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 24/2011 APRESENTAÇÃO: 3/2/2011AUTOR Weliton Prado

EMENTA - Dispõe sobre a inclusão da disciplina Educação Ambiental no ensino fundamental e médio das escolas públicas e privadas.

ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO -

PROPOSIÇÃO: PL 25/2011 APRESENTAÇÃO: 3/2/2011AUTOR Weliton PradoEMENTA - Dispõe sobre a educação para as artes na educação básica, alterando a redação do ad. 26, § 2º da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”, e dá outras providênciasÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO -

PROPOSIÇÃO: PL 68/2011 APRESENTAÇÃO: 3/2/2011AUTOR Weliton PradoEMENTA - Dispõe sobre a educação para as artes na educação básica, alterando a redação do ad. 26, § 2º da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”, e dá outras providênciasÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO -

PROPOSIÇÃO: PL 68/2011 APRESENTAÇÃO: 3/2/2011AUTOR Otavio LeiteEMENTA - Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional - LDB, para dispor sobre educação física no ensino infantil, fundamental e médio. Explicação: Exige que a disciplina Educação Física seja ministrada exclusivamente por professores de Educação Física licenciados em nível superior.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Devolva-se a presente proposição, tendo em vista já se encontrar em tramitação na Casa o PL 6520/09, proposição de idêntico teor de autoria do mesmo parlamentar. Oficie-se e, após, publique-se.

PROPOSIÇÃO: PL 87/2011 APRESENTAÇÃO: 3/2/2011

AUTOR Weliton PradoEMENTA - Altera o art. 36 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, que dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Explicação: Estabelece que é proibida toda forma de publicidade de produtos e serviços dentro das escolas de educação básica.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Defesa do Consumidor; Seguridade Social e Família e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 1021/2011 APRESENTAÇÃO: 13/4/2011AUTOR Pastor Marco FelicianoEMENTA - Institui o Programa Nacional “Papai do Céu na Escola”.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - Apense-se à(ao) PL-309/2011. Por oportuno, tendo em vista a sua competência, determino a Comissão de Finanças e Tributação também aprecie a matéria, quanto aos aspectos de adequação financeira e orçamentária, devendo pronunciar-se após a CEC. Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 1721/2011 APRESENTAÇÃO: 29/6/2011AUTOR Lauriete

EMENTA - Autoriza o Poder Executivo a criar o Programa de Educação para as Populações Itinerantes e dá outras providências.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (parecer contrário da comissão de mérito).

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

PROPOSIÇÃO: PL 2405/2011 APRESENTAÇÃO: 27/9/2011AUTOR Sandra RosadoEMENTA - Acrescenta parágrafo ao art. 62 da Lei nº 9.394, de 1996, de diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação para a docência na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental.

ÚLTIMA AÇÃO - MESA - Arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (parecer contrário da comissão de mérito).

ÚLTIMO DESPACHO - Às Comissões de Educação e Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD). Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: LEVANTAMENTO JURISPRUDENCIAL: EDUCAÇÃO BÁSICA

PROPOSIÇÃO: PLP 318/2002 APRESENTAÇÃO: 11/6/2002AUTOR Hermes ParcianelloEMENTA - Dá nova redação ao § 1º do art. 3º da Lei Complementar nº 111, de 6 de julho de 2001 que “dispõe sobre o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, na forma prevista nos artigos 79, 80 e 81 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias”. Explicação: Inclui a bolsa estudo entre as modalidades de reforço de renda do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza.ÚLTIMA AÇÃO -ÚLTIMO DESPACHO - DEFERIDO REQUERIMENTO 349/02, DA CECD, SOLICITANDO A APENSAÇÃO DESTE AO PLP 314/02. DCD 09 11 02 PAG 46869 COL 02.

PROPOSIÇÃO: PLP 88/2007 APRESENTAÇÃO: 10/7/2007AUTOR Antonio BulhõesEMENTA - Altera a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Explicação: Dispõe que as creches, pré-escolas e estabelecimentos de ensino fundamental, optantes do Simples Nacional ou “Supersimples”, serão tributadas na forma do Anexo I do Estatuto da Microempresa, equiparando-as ao comércio.

ÚLTIMA AÇÃO - PLEN - Declarado prejudicado, face a aprovação da Emenda Substitutiva de Plenário nº 2 (PLP 2/2007).

ÚLTIMO DESPACHO - Apensados os PLPs 111/2007, 123/2007 e 138/2007 ao PLP 88/2007 e o PLP 88/2007 (com seus apensados) ao PLP 2/2007, em atendimento ao despacho proferido ao REQ 2526/2008. DCD de 16/05/08 PÁG 21168 COL 02.

LEVANTAMENTO JURISPRUDENCIAL:EDUCAÇÃO BÁSICA

RESP 753565 MS RECURSO ESPECIAL-2005/0086585-2

RELATOR: LUIZ FUXEMENTA: ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. ART. 127 DA CF/88. ART. 7. DA LEI N.º 8.069/90. DIREITO AO ENSINO FUNDAMENTAL AOS MENORES DE SEIS ANOS “INCOMPLETOS”. NORMA CONSTITUCIONAL REPRODUZIDA NO ART. 54 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLES-CENTE. NORMA DEFINIDORA DE DIREITOS NÃO PROGRAMÁTICA. EXI-GIBILIDADE EM JUÍZO. INTERESSE TRANSINDIVIDUALATINENTE ÀS CRIANÇAS SITUADAS NESSA FAIXA ETÁRIA. CABIMENTO E PROCEDÊN-CIA.1.O DIREITO À EDUCAÇÃO, INSCULPIDO NA CONSTITUIÇÃO FEDE-RAL E NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, É DIREITO IN-DISPONÍVEL, EM FUNÇÃO DO BEM COMUM, MAIOR A PROTEGER, DE-RIVADO DA PRÓPRIA FORÇA IMPOSITIVA DOS PRECEITOS DE ORDEM PÚBLICA QUE REGULAM A MATÉRIA. 2.O DIREITO CONSTITUCIONAL AO ENSINO FUNDAMENTAL AOS MENORES DE SEIS ANOS INCOMPLE-

TOS É CONSAGRADO EM NORMA CONSTITUCIONAL REPRODUZIDA NO ART. 54 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (LEIN.º 8.069/90):”ART. 54. É DEVER DO ESTADO ASSEGURAR À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE:(...) V - ACESSO AOS NÍVEIS MAIS ELEVADOS DO ENSI-NO, DA PESQUISA EDA CRIAÇÃO ARTÍSTICA, SEGUNDO A CAPACIDADE DE CADA UM; (OMISSIS)”3. IN CASU, COMO ANOTADO NO ARESTO RE-CORRIDO “A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL PREVER, EM SEU ART. 87, § 3º, INCISO I,QUE A MATRÍCULA NO ENSINO FUNDAMENTAL ESTÁ CONDICIONADA A QUE A CRIANÇA TENHA 7 (SETE) ANOS DE IDADE, OU FACULTATIVAMENTE, A PARTIR DOS SEIS ANOS, A CONSTITUIÇÃO FEDERAL , EM SEU ART. 208, INCISO V, DISPÕE QUE O ACESSO AOS DIVERSOS NÍVEIS DE EDUCAÇÃO DEPENDE DA CA-PACIDADE DE CADA UM, SEM EXPLICITAR QUALQUER CRITÉRIO RES-TRITIVO,RELATIVO A IDADE. O DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL ACIMA MENCIONADO,ESTÁ ÍNSITO NO ART. 54, INCISO V, DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, SENDO DEVER DO ESTADO ASSEGURAR À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE O ACESSO À EDUCAÇÃO, CONSIDERA-DA DIREITO FUNDAMENTAL. DESTARTE, HAVENDO NOS AUTOS (FLS. 88 A 296), COMPROVAÇÃO DE CAPACIDADE DAS CRIANÇAS RESIDEN-TES EM IVINHEMA E NOVO HORIZONTE DO SUL, ATRAVÉS DE LAUDOS DE AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA, CONSIDERANDO-AS APTAS PARA SEREM MATRICULADAS NO ENSINO INFANTIL E FUNDAMENTAL, TE-NHO QUE DEVER SER-LHES ASSEGURADO O DIREITO CONSTITUCIO-NAL À EDUCAÇÃO (...)”4. CONCLUI-SE, ASSIM, QUE O DECISUM IMPUG-NADO ASSEGUROU UM DOS CONSECTÁRIOS DO DIREITO À EDUCAÇÃO, FUNDADO NAS PROVAS, CONCLUINDO QUE A CAPACIDADE DE APREN-DIZAGEM DA CRIANÇA DEVE SER ANALISADA DEFORMA INDIVIDUAL, NÃO GENÉRICA, PORQUE TAL CONDIÇÃO NÃO SE AFERE ÚNICA E EX-CLUSIVAMENTE PELA IDADE CRONOLÓGICA, O QUE CONDUZ AO NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO NOS TERMOS DA SÚMULA 7 DO STJ, VERBIS: “A PRETENSÃO DE SIMPLES REEXAME DE PROVA NÃO ENSEJA RECURSO ESPECIAL”.5. RELEVA NOTAR QUE UMA CONSTITUIÇÃO FE-DERAL É FRUTO DA VONTADE POLÍTICA NACIONAL, ERIGIDA ME-DIANTE CONSULTA DAS EXPECTATIVAS E DAS POSSIBILIDADES DO QUE SE VAI CONSAGRAR, POR ISSO QUE COGENTES E EFICAZES SUAS PROMESSAS, SOB PENA DE RESTAREM VÃS E FRIAS ENQUANTO LE-TRAS MORTAS NO PAPEL. RESSOA INCONCEBÍVEL QUE DIREITOS CON-SAGRADOS EM NORMAS MENORES COMO CIRCULARES, PORTARIAS, MEDIDAS PROVISÓRIAS, LEIS ORDINÁRIAS TENHAM EFICÁCIA IME-DIATA E OS DIREITOS CONSAGRADOS CONSTITUCIONALMENTE, INS-PIRADOS NOS MAIS ALTOS VALORES ÉTICOS E MORAIS DA NAÇÃO SE-JAM RELEGADOS A SEGUNDO PLANO. PROMETENDO O ESTADO O DI-REITO À CRECHE, CUMPRE ADIMPLI-LO, PORQUANTO A VONTADE POLÍTICA E CONSTITUCIONAL, PARA UTILIZARMOS A EXPRESSÃO DE KONRAD HESSE, FOI NO SENTIDO DA ERRADICAÇÃO DA MISÉRIA IN-TELECTUAL QUE ASSOLA O PAÍS. O DIREITO À CRECHE É CONSAGRA-DO EM REGRA COM NORMATIVIDADE MAIS DO QUE SUFICIENTE, POR-QUANTO SE DEFINE PELO DEVER, INDICANDO O SUJEITO PASSIVO, IN CASU, O ESTADO.6. CONSAGRADO POR UM LADO O DEVER DO ESTADO REVELA-SE, PELO OUTRO ÂNGULO, O DIREITO SUBJETIVO DA CRIAN-ÇA. CONSECTARIAMENTE, EM FUNÇÃO DO PRINCÍPIO DA INAFASTABI-

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: LEVANTAMENTO JURISPRUDENCIAL: EDUCAÇÃO BÁSICA

LIDADE DA JURISDIÇÃO CONSAGRADO CONSTITUCIONALMENTE, A TODO DIREITO CORRESPONDE UMA AÇÃO QUE O ASSEGURA, SENDO CERTO QUE TODAS AS CRIANÇAS NAS CONDIÇÕES ESTIPULADAS PELA LEI ENCARTAM-SE NA ESFERA DESSE DIREITO E PODEM EXIGI-LO EM JUÍZO. A HOMOGENEIDADE E TRANSINDIVIDUALIDADE DODIREITO EM FOCO ENSEJA A PROPOSITURA DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. 7. A DE-TERMINAÇÃO JUDICIAL DE ESSE DEVER PELO ESTADO, NÃO ENCERRA SUPOSTA INGERÊNCIA DO JUDICIÁRIO NA ESFERA DA ADMINISTRA-ÇÃO. DEVERAS, NÃO HÁ DISCRICIONARIEDADE DO ADMINISTRADOR FRENTE AOS DIREITOS CONSAGRADOS, QUIÇÁ CONSTITUCIONAL-MENTE. NESSE CAMPO A ATIVIDADE É VINCULADA SEM ADMISSÃO DE QUALQUER EXEGESE QUE VISE AFASTAR A GARANTIA PÉTREA. 8. UM PAÍS CUJO PREÂMBULO CONSTITUCIONAL PROMETE A DISSEMINA-ÇÃO DAS DESIGUALDADES E A PROTEÇÃO À DIGNIDADE HUMANA, AL-ÇADAS AO MESMO PATAMAR DA DEFESA DA FEDERAÇÃO E DA REPÚ-BLICA, NÃO PODE RELEGAR O DIREITO À EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS A UM PLANO DIVERSO DAQUELE QUE O COLOCA, COMO UMA DAS MAIS BELAS E JUSTAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS. 9. AFASTADA A TESE DESCABIDA DA DISCRICIONARIEDADE, A ÚNICA DÚVIDAQUE SE PO-DERIA SUSCITAR RESVALARIA NA NATUREZA DA NORMA ORA SOB EN-FOQUE, SE PROGRAMÁTICA OU DEFINIDORA DE DIREITOS. MUITO EMBORA A MATÉRIA SEJA, SOMENTE NESSE PARTICULAR, CONSTITU-CIONAL, PORÉM SEM IMPORTÂNCIA REVELA-SE ESSA CATEGORIZA-ÇÃO, TENDO EM VISTA A EXPLICITUDE DO ECA, INEQUÍVOCA SE RE-VELA A NORMATIVIDADE SUFICIENTE À PROMESSA CONSTITUCIO-NAL, A ENSEJAR A ACIONABILIDADE DO DIREITO CONSAGRADO NO PRECEITO EDUCACIONAL. 10. AS MERAS DIRETRIZES TRAÇADAS PE-LAS POLÍTICAS PÚBLICAS NÃO SÃO AINDA DIREITOS SENÃO PROMES-SAS DE LEGE FERENDA, ENCARTANDO-SE NA ESFERA INSINDICÁVEL PELO PODER JUDICIÁRIO, QUAL A DA OPORTUNIDADE DE SUA IMPLE-MENTAÇÃO. 11. DIVERSA É A HIPÓTESE SEGUNDO A QUAL A CONSTI-TUIÇÃO FEDERAL CONSAGRA UM DIREITO E A NORMA INFRACONSTI-TUCIONAL O EXPLICITA, IMPONDO-SE AO JUDICIÁRIO TORNÁ-LO RE-ALIDADE, AINDA QUE PARA ISSO, RESULTE OBRIGAÇÃO DE FAZER, COM REPERCUSSÃO NA ESFERA ORÇAMENTÁRIA. 12. RESSOA EVIDEN-TE QUE TODA IMPOSIÇÃO JURISDICIONAL À FAZENDA PÚBLICA IM-PLICA EM DISPÊNDIO E ATUAR, SEM QUE ISSO INFRINJA A HARMO-NIA DOS PODERES, PORQUANTO NO REGIME DEMOCRÁTICO E NO ES-TADO DE DIREITO O ESTADO SOBERANO SUBMETE-SE À PRÓPRIA JUS-TIÇA QUE INSTITUIU. AFASTADA, ASSIM, A INGERÊNCIA ENTRE OS PODERES, O JUDICIÁRIO, ALEGADO O MALFERIMENTO DA LEI, NADA MAIS FEZ DO QUE CUMPRI-LA AO DETERMINAR A REALIZAÇÃO PRÁTI-CA DA PROMESSA CONSTITUCIONAL. 13. AD ARGUMENTANDUM TAN-TUM, O DIREITO DO MENOR À FREQÜÊNCIA DE ESCOLA, INSTA O ES-TADO A DESINCUMBIR-SE DO MESMO ATRAVÉS DA SUA REDE PRÓ-PRIA. DEVERAS, MATRICULAR UM MENOR DE SEIS ANOS NO INÍCIO DO ANO E DEIXAR DE FAZÊ-LO COM RELAÇÃO AQUELE QUE COMPLE-TARIA A REFERIDA IDADE EM UM MÊS, POR EXEMPLO, SIGNIFICA O MESMO QUE TENTAR LEGALIZAR A MAIS VIOLENTA AFRONTA AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA, PILAR NÃO SÓ DA SOCIEDADE DEMOCRÁTI-CA ANUNCIADA PELA CARTA MAGNA, MERCÊ DE FERIR DE MORTE A

CLÁUSULA DE DEFESA DA DIGNIDADE HUMANA. 14. O ESTADO NÃO TEM O DEVER DE INSERIR A CRIANÇA NUMA ESCOLA PARTICULAR, PORQUANTO AS RELAÇÕES PRIVADAS SUBSUMEM-SE A BUROCRA-CIAS SEQUER PREVISTAS NA CONSTITUIÇÃO. O QUE O ESTADO SOBE-RANO PROMETE POR SI OU POR SEUS DELEGATÁRIOS É CUMPRIR O DEVER DE EDUCAÇÃO MEDIANTE O OFERECIMENTO DE CRECHE PARA CRIANÇAS DE ZERO A SEIS ANOS. VISANDO AO CUMPRIMENTO DE SEUS DESÍGNIOS, O ESTADO TEM DOMÍNIO IMINENTE SOBRE BENS, PODENDO VALER-SE DA PROPRIEDADE PRIVADA, ETC. O QUE NÃO RESSOA LÍCITO É REPASSAR O SEU ENCARGO PARA O PARTICU-LAR, QUER INCLUINDO O MENOR NUMA ‘FILA DE ESPERA’, QUER SU-GERINDO UMA MEDIDA QUE TANGENCIA A LEGALIDADE, PORQUAN-TO A INSERÇÃO NUMA CRECHE PARTICULAR SOMENTE PODERIA SER REALIZADA SOB O PÁLIO DA LICITAÇÃO OU DELEGAÇÃO LEGALIZADA, ACASO A ENTIDADE FOSSE UMA LONGA MANU DO ESTADO OU ANUÍS-SE, VOLUNTARIAMENTE, FAZER-LHE AS VEZES. PRECEDENTE JURIS-PRUDENCIAL DO STJ: RESP 575.280/SP, DESTA RELATORIA P/ ACÓR-DÃO, PUBLICADO NO DJ DE 25.10.2004. 15. O SUPREMO TRIBUNAL FE-DERAL, NO EXAME DE HIPÓTESE ANÁLOGA, NOS AUTOS DO RE 436.996-6/SP, RELATOR MINISTRO CELSO DE MELLO, PUBLICADO NO DJ DE 07.11.2005, DECIDIU VERBIS: “CRIANÇA DE ATÉ SEIS ANOS DE IDADE. ATENDIMENTO EM CRECHE E EM PRÉ-ESCOLA. EDUCAÇÃO IN-FANTIL. DIREITO ASSEGURADO PELO PRÓPRIO TEXTO CONSTITUCIO-NAL (CF, ART. 208, IV). COMPREENSÃO GLOBAL DO DIREITO CONSTI-TUCIONAL À EDUCAÇÃO. DEVER JURÍDICO CUJA EXECUÇÃO SE IMPÕE AO PODER PÚBLICO, NOTADAMENTE AO MUNICÍPIO(CF, ART. 211, § 2º). RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. - A EDUCAÇÃO INFANTIL REPRESENTA PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL INDISPO-NÍVEL, QUE, DEFERIDA ÀS CRIANÇAS, A ESTAS ASSEGURA, PARA EFEI-TO DE SEU DESENVOLVIMENTO INTEGRAL, E COMO PRIMEIRA ETAPA DO PROCESSO DE EDUCAÇÃO BÁSICA, O ATENDIMENTO EM CRECHE E O ACESSO À PRÉ-ESCOLA (CF, ART. 208, IV). - ESSA PRERROGATIVA JU-RÍDICA, EM CONSEQÜÊNCIA, IMPÕE, AO ESTADO, POR EFEITO DA ALTA SIGNIFICAÇÃO SOCIAL DE QUE SE REVESTE A EDUCAÇÃO INFAN-TIL, A OBRIGAÇÃO CONSTITUCIONAL DE CRIAR CONDIÇÕES OBJETI-VAS QUE POSSIBILITEM, DE MANEIRA CONCRETA, EM FAVOR DAS “CRIANÇAS DE ZERO A SEIS ANOS DE IDADE” (CF, ART. 208, IV), O EFE-TIVO ACESSO E ATENDIMENTO EM CRECHES E UNIDADES DE PRÉ-ES-COLA, SOB PENA DE CONFIGURAR-SE INACEITÁVEL OMISSÃO GOVER-NAMENTAL, APTA A FRUSTRAR, INJUSTAMENTE, POR INÉRCIA, O IN-TEGRAL ADIMPLEMENTO, PELO PODER PÚBLICO, DE PRESTAÇÃO ES-TATAL QUE LHE IMPÔS O PRÓPRIO TEXTO DA CONSTITUIÇÃO FEDE-RAL. - A EDUCAÇÃO INFANTIL, POR QUALIFICAR-SE COMO DIREITO FUNDAMENTAL DE TODA CRIANÇA, NÃO SE EXPÕE, EM SEU PROCES-SO DE CONCRETIZAÇÃO, A AVALIAÇÕES MERAMENTE DISCRICIONÁ-RIAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, NEM SE SUBORDINA A RAZÕES DE PURO PRAGMATISMO GOVERNAMENTAL. - OS MUNICÍPIOS - QUE ATU-ARÃO, PRIORITARIAMENTE, NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCA-ÇÃO INFANTIL (CF, ART. 211, § 2º) – NÃO PODERÃO DEMITIR-SE DO MANDATO CONSTITUCIONAL, JURIDICAMENTE VINCULANTE, QUE LHES FOI OUTORGADO PELO ART. 208, IV, DA LEI FUNDAMENTAL DA

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: LEVANTAMENTO JURISPRUDENCIAL: EDUCAÇÃO BÁSICA

REPÚBLICA, E QUE REPRESENTA FATOR DE LIMITAÇÃO DA DISCRI-CIONARIEDADE POLÍTICO--ADMINISTRATIVA DOS ENTES MUNICI-PAIS, CUJAS OPÇÕES, TRATANDO-SE DO ATENDIMENTO DAS CRIAN-ÇAS EM CRECHE (CF, ART. 208, IV), NÃO PODEM SER EXERCIDAS DE MODO A COMPROMETER, COM APOIO EM JUÍZO DE SIMPLES CONVE-NIÊNCIA OU DE MERA OPORTUNIDADE, A EFICÁCIA DESSE DIREITO BÁSICO DE ÍNDOLE SOCIAL. - EMBORA INQUESTIONÁVEL QUE RESI-DA, PRIMARIAMENTE, NOS PODERES LEGISLATIVO E EXECUTIVO, A PRERROGATIVA DE FORMULAR E EXECUTAR POLÍTICAS PÚBLICAS, REVELA-SE POSSÍVEL, NO ENTANTO, AO PODER JUDICIÁRIO, AINDA QUE EM BASES EXCEPCIONAIS, DETERMINAR,ESPECIALMENTE NAS HIPÓTESES DE POLÍTICAS PÚBLICAS DEFINIDAS PELA PRÓPRIA CONS-TITUIÇÃO, SEJAM ESTAS IMPLEMENTADAS, SEMPRE QUE OS ÓRGÃOS ESTATAIS COMPETENTES, POR DESCUMPRIREM OS ENCARGOS POLÍ-TICO-JURÍDICOS QUE SOBRE ELES INCIDEM EM CARÁTER MANDATÓ-RIO, VIEREM A COMPROMETER, COM A SUA OMISSÃO, A EFICÁCIA E A INTEGRIDADE DE DIREITOS SOCIAIS E CULTURAIS IMPREGNADOS DE ESTATURA CONSTITUCIONAL. A QUESTÃO PERTINENTE À “RESERVA DO POSSÍVEL”. DOUTRINA.16. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO.DECISÃO: NÃO CONHECIMENTO, RECURSO ESPECIAL, ESTADO, MS, ALEGAÇÃO, OCORRÊNCIA, USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA, PODER LEGISLATIVO, PELO, PODER JUDICIÁRIO, E, VIOLAÇÃO, ARTIGO, LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL, REFERÊNCIA, LI-MITE, IDADE, PARA, ENTRADA, ENSINO FUNDAMENTAL / HIPÓTESE, TRIBUNAL A QUO, RECONHECIMENTO, DIREITO, CRIANÇA, MENOR DE SEIS ANOS, INGRESSO, EM, ENSINO FUNDAMENTAL, COM, DE-MONSTRAÇÃO, APTIDÃO, PARA, MATRÍCULA / DECORRÊNCIA, PROI-BIÇÃO, STJ, REEXAME, MATÉRIA DE PROVA, EM, RECURSO ESPECIAL; APLICAÇÃO, SÚMULA, STJ. (CONSIDERAÇÕES DO MINISTRO) (MIN. LUIZ FUX) LEGITIMIDADE ATIVA, MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADU-AL, PARA, AJUIZAMENTO, AÇÃO CIVIL PÚBLICA / HIPÓTESE, PRETEN-SÃO, GARANTIA, ACESSO, ENSINO FUNDAMENTAL, PARA, MENOR DE SEIS ANOS, COM, MATRÍCULA, EM, ESTABELECIMENTO DE ENSINO PÚBLICO / DECORRÊNCIA,

RESP 493811 / SP RECURSO ESPECIAL -2002/0169619-5

RELATORA: MINISTRA ELIANA CALMON EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL – AÇÃO CIVIL PÚ-BLICA – ATO ADMINISTRATIVO DISCRICIONÁRIO: NOVA VISÃO. 1. NA ATUALIDADE, O IMPÉRIO DA LEI E O SEU CONTROLE, A CARGO DO JUDICIÁRIO, AUTORIZA QUE SE EXAMINEM, INCLUSIVE, AS RA-ZÕES DE CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE DO ADMINISTRADOR. 2. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA EXIGIR DO MUNI-CÍPIO A EXECUÇÃO DE POLÍTICA ESPECÍFICA, A QUAL SE TORNOU OBRIGATÓRIA POR MEIO DE RESOLUÇÃO DO CONSELHO MUNICI-PAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. 3. TUTELA ESPECÍFICA PARA QUE SEJA INCLUÍDA VERBA NO PRÓXIMO ORÇA-MENTO, A FIM DE ATENDER A PROPOSTAS POLÍTICAS CERTAS E DE-TERMINADAS. 4. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.DECISÃO: LEGITIMIDADE, MINISTERIO PUBLICO, AJUIZAMENTO,

AÇÃO CIVIL PUBLICA, OBJETIVO, EXIGENCIA, MUNICIPIO, IMPLE-MENTAÇÃO, SERVIÇO PUBLICO, ASSISTENCIA SOCIAL, CRIANÇA, ADO-LESCENTE, DEPENDENTE DE DROGAS, PREVISÃO, RESOLUÇÃO, CON-SELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, HIPOTESE, VERIFICAÇÃO, INSUFICIENCIA, ATENDIMENTO, MENOR CARENTE, DEPENDENTE DE DROGAS. POSSIBILIDADE, PODER JU-DICIARIO, DETERMINAÇÃO, MUNICIPIO, PREVISÃO ORÇAMENTARIA, VERBA PUBLICA, OBJETIVO, IMPLEMENTAÇÃO, SERVIÇO PUBLICO, ASSISTENCIA SOCIAL, CRIANÇA, ADOLESCENTE, IRRELEVANCIA, IN-TERFERENCIA, CONVENIENCIA (DIREITO ADMINISTRATIVO), OPOR-TUNIDADE (DIREITO ADMINISTRATIVO), ATO ADMINISTRATIVO, CA-RACTERIZAÇÃO, COMPETENCIA, PODER JUDICIARIO, FISCALIZAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, REFERENCIA, EFETIVIDADE, CUMPRI-MENTO, PROJETO, PREVISÃO, ATO NORMATIVO. (VOTO VENCIDO) (MIN. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS.)

RE 384201 AGR / SP - SÃO PAULO AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIOEMENTA: CRECHE E PRÉ-ESCOLA - OBRIGAÇÃO DO ESTADO. CUM-PRE AO ESTADO - GÊNERO - PROPORCIONAR A CRECHE E A PRÉ--ESCOLA ÀS CRIANÇAS DE ZERO A CINCO ANOS DE IDADE, OBSER-VANDO A NORMA COGENTE DO ARTIGO 208, INCISO IV, DA CONS-TITUIÇÃO FEDERAL, COM A REDAÇÃO DECORRENTE DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 53/2006.DECISÃO: A TURMA NEGOU PROVIMENTO AO AGRAVO REGIMEN-TAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. UNÂNIME. 1ª. TURMA,26.04.2007.

AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIORELATOR: MIN. CARLOS VELLOSOEMENTA: CONSTITUCIONAL. ATENDIMENTO EM CRECHE E PRÉ-ES-COLA. I. - SENDO A EDUCAÇÃO UM DIREITO FUNDAMENTAL ASSEGU-RADO EM VÁRIAS NORMAS CONSTITUCIONAIS E ORDINÁRIAS, A SUA NÃO-OBSERVÂNCIA PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ENSEJA SUA PROTEÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO. II. - AGRAVO NÃO PROVIDO.DECISÃO: A TURMA, POR VOTAÇÃO UNÂNIME, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DE AGRAVO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. AUSENTE, JUSTIFICADAMENTE, NESTE JULGAMENTO, A SENHORA MINISTRA ELLEN GRACIE. 2ª TURMA, 06.12.2005. INDEXAÇÃO - SUFICIÊNCIA, FUNDAMENTAÇÃO, ACÓRDÃO RECORRIDO. AUSÊNCIA, OFENSA, PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES, OCORRÊNCIA, PROCESSO, CONCRETIZAÇÃO, DISPOSITIVO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, POSTERIORIDADE, EMENDA CONSTITUCIONAL, OBRIGATORIEDADE, MUNICÍPIO, DISPONIBILIZAÇÃO, VAGA, EDUCAÇÃO INFANTIL, CARACTERIZAÇÃO, ENSINO, CRIANÇA, ZERO A SEIS ANOS.

RE 410715 AGR / SP - SÃO PAULO AG. REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

RELATOR: CELSO DE MELLO

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: LEVANTAMENTO JURISPRUDENCIAL: EDUCAÇÃO BÁSICA

E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO - CRIANÇA DE ATÉ SEIS ANOS DE IDADE - ATENDIMENTO EM CRECHE E EM PRÉ-ESCOLA - EDUCAÇÃO INFANTIL - DIREITO ASSEGURADO PELO PRÓPRIO TEXTO CONSTITUCIONAL (CF, ART. 208, IV) - COMPREENSÃO GLOBAL DO DI-REITO CONSTITUCIONAL À EDUCAÇÃO - DEVER JURÍDICO CUJA EXE-CUÇÃO SE IMPÕE AO PODER PÚBLICO, NOTADAMENTE AO MUNICÍPIO (CF, ART. 211, § 2º) - RECURSO IMPROVIDO. - A EDUCAÇÃO INFANTIL REPRESENTA PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL INDISPONÍVEL, QUE, DEFERIDA ÀS CRIANÇAS, A ESTAS ASSEGURA, PARA EFEITO DE SEU DESENVOLVIMENTO INTEGRAL, E COMO PRIMEIRA ETAPA DO PROCESSO DE EDUCAÇÃO BÁSICA, O ATENDIMENTO EM CRECHE E O ACESSO À PRÉ-ESCOLA (CF, ART. 208, IV). - ESSA PRERROGATIVA JURÍ-DICA, EM CONSEQÜÊNCIA, IMPÕE, AO ESTADO, POR EFEITO DA ALTA SIGNIFICAÇÃO SOCIAL DE QUE SE REVESTE A EDUCAÇÃO INFANTIL, A OBRIGAÇÃO CONSTITUCIONAL DE CRIAR CONDIÇÕES OBJETIVAS QUE POSSIBILITEM, DE MANEIRA CONCRETA, EM FAVOR DAS “CRIANÇAS DE ZERO A SEIS ANOS DE IDADE” (CF, ART. 208, IV), O EFETIVO ACES-SO E ATENDIMENTO EM CRECHES E UNIDADES DE PRÉ-ESCOLA, SOB PENA DE CONFIGURAR-SE INACEITÁVEL OMISSÃO GOVERNAMEN-TAL, APTA A FRUSTRAR, INJUSTAMENTE, POR INÉRCIA, O INTEGRAL ADIMPLEMENTO, PELO PODER PÚBLICO, DE PRESTAÇÃO ESTATAL QUE LHE IMPÔS O PRÓPRIO TEXTO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. - A EDUCAÇÃO INFANTIL, POR QUALIFICAR-SE COMO DIREITO FUNDA-MENTAL DE TODA CRIANÇA, NÃO SE EXPÕE, EM SEU PROCESSO DE CONCRETIZAÇÃO, A AVALIAÇÕES MERAMENTE DISCRICIONÁRIAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, NEM SE SUBORDINA A RAZÕES DE PURO PRAGMATISMO GOVERNAMENTAL. - OS MUNICÍPIOS - QUE ATUARÃO, PRIORITARIAMENTE, NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCAÇÃO IN-FANTIL (CF, ART. 211, § 2º) - NÃO PODERÃO DEMITIR-SE DO MANDATO CONSTITUCIONAL, JURIDICAMENTE VINCULANTE, QUE LHES FOI OU-TORGADO PELO ART. 208, IV, DA LEI FUNDAMENTAL DA REPÚBLICA, E QUE REPRESENTA FATOR DE LIMITAÇÃO DA DISCRICIONARIEDADE POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DOS ENTES MUNICIPAIS, CUJAS OPÇÕES, TRATANDO-SE DO ATENDIMENTO DAS CRIANÇAS EM CRECHE (CF, ART. 208, IV), NÃO PODEM SER EXERCIDAS DE MODO A COMPROME-TER, COM APOIO EM JUÍZO DE SIMPLES CONVENIÊNCIA OU DE MERA OPORTUNIDADE, A EFICÁCIA DESSE DIREITO BÁSICO DE ÍNDOLE SO-CIAL. - EMBORA RESIDA, PRIMARIAMENTE, NOS PODERES LEGISLA-TIVO E EXECUTIVO, A PRERROGATIVA DE FORMULAR E EXECUTAR POLÍTICAS PÚBLICAS, REVELA-SE POSSÍVEL, NO ENTANTO, AO PODER JUDICIÁRIO, DETERMINAR, AINDA QUE EM BASES EXCEPCIONAIS, ES-PECIALMENTE NAS HIPÓTESES DE POLÍTICAS PÚBLICAS DEFINIDAS PELA PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO, SEJAM ESTAS IMPLEMENTADAS PELOS ÓRGÃOS ESTATAIS INADIMPLENTES, CUJA OMISSÃO - POR IMPORTAR EM DESCUMPRIMENTO DOS ENCARGOS POLÍTICO-JURÍDICOS QUE SOBRE ELES INCIDEM EM CARÁTER MANDATÓRIO - MOSTRA-SE APTA A COMPROMETER A EFICÁCIA E A INTEGRIDADE DE DIREITOS SO-CIAIS E CULTURAIS IMPREGNADOS DE ESTATURA CONSTITUCIONAL. A QUESTÃO PERTINENTE À “RESERVA DO POSSÍVEL”. DOUTRINA.DECISÃO: A TURMA, POR VOTAÇÃO UNÂNIME, NEGOU

PROVIMENTO AO RECURSO DE AGRAVO,NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. AUSENTES, JUSTIFICADAMENTE, NESTE JULGAMENTO, A SENHORA MINISTRA ELLEN GRACIE E O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES. 2ª TURMA, 22.11.2005.

RE 410715 AGR / SP - SÃO PAULO AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

RELATOR: MIN. CELSO DE MELLOE M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO - CRIANÇA DE ATÉ SEIS ANOS DE IDADE - ATENDIMENTO EM CRECHE E EM PRÉ-ESCOLA - EDUCAÇÃO INFANTIL - DIREITO ASSEGURADO PELO PRÓPRIO TEXTO CONSTITUCIONAL (CF, ART. 208, IV) - COMPREENSÃO GLOBAL DO DI-REITO CONSTITUCIONAL À EDUCAÇÃO - DEVER JURÍDICO CUJA EXE-CUÇÃO SE IMPÕE AO PODER PÚBLICO, NOTADAMENTE AO MUNICÍPIO (CF, ART. 211, § 2º) - RECURSO IMPROVIDO. - A EDUCAÇÃO INFANTIL REPRESENTA PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL INDISPONÍVEL, QUE, DEFERIDA ÀS CRIANÇAS, A ESTAS ASSEGURA, PARA EFEITO DE SEU DESENVOLVIMENTO INTEGRAL, E COMO PRIMEIRA ETAPA DO PROCESSO DE EDUCAÇÃO BÁSICA, O ATENDIMENTO EM CRECHE E O ACESSO À PRÉ-ESCOLA (CF, ART. 208, IV). - ESSA PRERROGATIVA JURÍ-DICA, EM CONSEQÜÊNCIA, IMPÕE, AO ESTADO, POR EFEITO DA ALTA SIGNIFICAÇÃO SOCIAL DE QUE SE REVESTE A EDUCAÇÃO INFANTIL, A OBRIGAÇÃO CONSTITUCIONAL DE CRIAR CONDIÇÕES OBJETIVAS QUE POSSIBILITEM, DE MANEIRA CONCRETA, EM FAVOR DAS “CRIANÇAS DE ZERO A SEIS ANOS DE IDADE” (CF, ART. 208, IV), O EFETIVO ACES-SO E ATENDIMENTO EM CRECHES E UNIDADES DE PRÉ-ESCOLA, SOB PENA DE CONFIGURAR-SE INACEITÁVEL OMISSÃO GOVERNAMEN-TAL, APTA A FRUSTRAR, INJUSTAMENTE, POR INÉRCIA, O INTEGRAL ADIMPLEMENTO, PELO PODER PÚBLICO, DE PRESTAÇÃO ESTATAL QUE LHE IMPÔS O PRÓPRIO TEXTO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. - A EDUCAÇÃO INFANTIL, POR QUALIFICAR-SE COMO DIREITO FUNDA-MENTAL DE TODA CRIANÇA, NÃO SE EXPÕE, EM SEU PROCESSO DE CONCRETIZAÇÃO, A AVALIAÇÕES MERAMENTE DISCRICIONÁRIAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, NEM SE SUBORDINA A RAZÕES DE PURO PRAGMATISMO GOVERNAMENTAL. - OS MUNICÍPIOS - QUE ATUARÃO, PRIORITARIAMENTE, NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCAÇÃO IN-FANTIL (CF, ART. 211, § 2º) - NÃO PODERÃO DEMITIR-SE DO MANDATO CONSTITUCIONAL, JURIDICAMENTE VINCULANTE, QUE LHES FOI OU-TORGADO PELO ART. 208, IV, DA LEI FUNDAMENTAL DA REPÚBLICA, E QUE REPRESENTA FATOR DE LIMITAÇÃO DA DISCRICIONARIEDADE POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DOS ENTES MUNICIPAIS, CUJAS OPÇÕES, TRATANDO-SE DO ATENDIMENTO DAS CRIANÇAS EM CRECHE (CF, ART. 208, IV), NÃO PODEM SER EXERCIDAS DE MODO A COMPROME-TER, COM APOIO EM JUÍZO DE SIMPLES CONVENIÊNCIA OU DE MERA OPORTUNIDADE, A EFICÁCIA DESSE DIREITO BÁSICO DE ÍNDOLE SO-CIAL. - EMBORA RESIDA, PRIMARIAMENTE, NOS PODERES LEGISLA-TIVO E EXECUTIVO, A PRERROGATIVA DE FORMULAR E EXECUTAR POLÍTICAS PÚBLICAS, REVELA-SE POSSÍVEL, NO ENTANTO, AO PODER JUDICIÁRIO, DETERMINAR, AINDA QUE EM BASES EXCEPCIONAIS, ES-PECIALMENTE NAS HIPÓTESES DE POLÍTICAS PÚBLICAS DEFINIDAS

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: LEVANTAMENTO JURISPRUDENCIAL: EDUCAÇÃO BÁSICA

PELA PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO, SEJAM ESTAS IMPLEMENTADAS PELOS ÓRGÃOS ESTATAIS INADIMPLENTES, CUJA OMISSÃO - POR IMPORTAR EM DESCUMPRIMENTO DOS ENCARGOS POLÍTICO-JURÍDICOS QUE SOBRE ELES INCIDEM EM CARÁTER MANDATÓRIO - MOSTRA-SE APTA A COMPROMETER A EFICÁCIA E A INTEGRIDADE DE DIREITOS SO-CIAIS E CULTURAIS IMPREGNADOS DE ESTATURA CONSTITUCIONAL. A QUESTÃO PERTINENTE À “RESERVA DO POSSÍVEL”. DOUTRINA.DECISÃO: A TURMA, POR VOTAÇÃO UNÂNIME, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DE AGRAVO,NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. AUSENTES, JUSTIFICADAMENTE, NESTE JULGAMENTO, A SENHORA MINISTRA ELLEN GRACIE E O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES. 2ª TURMA, 22.11.2005.

AC 2004.32.00.005202-7 / AM; APELAÇÃO CIVELRELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FAGUNDES DE DEUSEMENTA: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. ENSINO FUNDA-MENTAL. OBRIGATORIEDADE. LEGITIMIDADE ATIVA DA DEFENSO-RIA DA UNIÃO PARA PROPOR AÇÃO COMINATÓRIA DE RITO SUMÁ-RIO VISANDO A CONDENAÇÃO DO PODER PÚBLICO A IMPLEMENTAR ENSINO FUNDAMENTAL OBRIGATÓRIO EM ESCOLA NA PERIFERIA DO MUNICÍPIO DE MANAUS. ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. DEVER DA UNIÃO DE FINANCIAR A IMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMEN-TAL. OBRIGAÇÃO CONCORRENTE DAS TRÊS ESFERAS DA ADMINIS-TRAÇÃO DE PROMOVER O ACESSO À EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL (CF E LDB). COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL PARA CONHECER E JULGAR A LIDE. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. DIREITO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES AO ENSINO PRESENCIAL. 1. O NOME ATRIBUÍDO A AÇÃO É IRRELEVANTE PARA A AFERIÇÃO DE SUA NATUREZA JURÍDICA QUE TEM A SUA DEFINIÇÃO NO PEDI-DO E NA CAUSA DE PEDIR (RESP 392599/CE, REL. MIN. FERNANDO GONÇALVES, 4ª TURMA, DJ DE 10.05.2004, P.287). 2. DISPÕE O AR-TIGO 4º, VII, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 80/1994 QUE SÃO FUN-ÇÕES INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA, DENTRE OUTRAS, EXERCER A DEFESA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E O ARTIGO 141 DA LEI 8.069/90 (ECA) DISPÕE QUE É GARANTIDO O ACESSO DE TODA CRIANÇA OU ADOLESCENTE À DEFENSORIA PÚBLICA, AO MI-NISTÉRIO PÚBLICO E AO PODER JUDICIÁRIO, POR QUALQUER DE SEUS ÓRGÃOS. 3. A DEFENSORIA PÚBLICA TEM LEGITIMIDADE ATI-VA PARA PROMOVER A DEFESA EM JUÍZO DOS DIREITOS DO ACES-SO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE AO ENSINO FUNDAMENTAL QUE ESTÁ SENDO NEGADA PELO ESTADO NO CASO CONCRETO. 4. O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL TAMBÉM TEM LEGITIMIDADE ATIVA PARA AGIR EM JUÍZO NA DEFESA DOS INTERESSES COLETI-VOS RELATIVOS À INFÂNCIA E À ADOLESCÊNCIA (ECA, ART. 201, V). 5. DISPÕE A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA QUE A EDUCAÇÃO É DE-VER DO ESTADO, A QUAL DEVE SER GARANTIDA PELO GOVERNO FE-DERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL (CF, ARTS. 208, 211, §§1º, 2º, 3º, 4º). EM TODAS AS ESFERAS ADMINISTRATIVAS, O PODER PÚBLICO ASSE-GURARÁ EM PRIMEIRO LUGAR O ACESSO AO ENSINO OBRIGATÓRIO (LEI 9.394/96, ART. 2º, §2º). 6. A UNIÃO INCUMBIR-SE-Á DE PRESTAR

ASSISTÊNCIA TÉCNICA E FINANCEIRA AOS ESTADOS, AO DISTRITO FEDERAL E AOS MUNICÍPIOS PARA O ATENDIMENTO PRIORITÁRIO À ESCOLARIDADE OBRIGATÓRIA, EXERCENDO SUA FUNÇÃO REDISTRI-BUTIVA E SUPLETIVA (LEI 9.394/96, ART. 9º,III). 7. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NOS ARTS. 208 E 211 VINCULAM, CONCORRENTEMENTE, AS ESFERAS FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL AO DEVER DE GA-RANTIR A EDUCAÇÃO. INTEGRANDO A UNIÃO O PÓLO PASSIVO DA DEMANDA, É COMPETENTE A JUSTIÇA FEDERAL PARA JULGÁ-LA. 8. É DEVER DO ESTADO O OFERECIMENTO DO ENSINO FUNDAMEN-TAL OBRIGATÓRIO E GRATUITO, NÃO PODENDO SE ESQUIVAR DE TAL OBRIGAÇÃO. 9. NÃO PODE O PODER PÚBLICO, NO ESTADO DO AMAZONAS, DEIXAR DE OFERECER ENSINO FUNDAMENTAL DA 5ª A 8ª SÉRIES, AO SUBSTITUIR O ENSINO PRESENCIAL POR EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA, ATRAVÉS DO “TELECURSO 2000” COM DURAÇÃO DE 1 (HUM) ANO. É ILEGAL A SUBSTITUIÇÃO DE 4 (QUATRO) ANOS, REFE-RENTE A 5ª A 8ª SÉRIES, POR UM PERÍODO DE APENAS 1 (HUM) ANO ATRAVÉS DE ENSINO À DISTÂNCIA. 10. A LEI DE DIRETRIZES E BASES DISPÕE NO SEU ART. 32, §4º, QUE O ENSINO FUNDAMENTAL SERÁ PRESENCIAL, SENDO O ENSINO À DISTÂNCIA UTILIZADO COMO COM-PLEMENTAÇÃO DA APRENDIZAGEM OU EM SITUAÇÕES DE EMERGÊN-CIAS. 11. CUMPRE AO ESTADO DO AMAZONAS PROMOVER O ACESSO À EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL DA POPULAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLES-CENTES RIBEIRINHOS NA FORMA DA CONSTITUIÇÃO, PODENDO HA-VER RESPONSABILIDADE DA AUTORIDADE COMPETENTE PELO NÃO OFERECIMENTO OU OFERTA IRREGULAR DO ENSINO OBRIGATÓRIO (CF,ART.208,§2º). 12. AS NORMAS SOBRE AS COMPETÊNCIAS NA ÁREA DE ENSINO FUNDAMENTAL, A ORIGEM, PRIORIDADE E DESTINAÇÃO DAS VERBAS ESTÃO NA CONSTITUIÇÃO, NÃO HAVENDO QUE SE FALAR NA RESERVA DO POSSÍVEL E EM DISCRICIONARIEDADE ADMINISTRA-TIVA PARA NÃO CUMPRIR A CONSTITUIÇÃO. 13. APELAÇÕES DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO E DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROVIDAS. 14. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE (CPC, ART. 515, §3º) PARA: A) CON-DENAR A UNIÃO, NA QUALIDADE DE FINANCIADORA, O ESTADO DO AMAZONAS E O MUNICÍPIO DE MANAUS A IMPLEMENTAREM A 5ª, 6ª, 7ª E 8ª SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL OBRIGATÓRIO, NA ESCO-LA LUIZ JORGE DA SILVA, NA COMUNIDADE DE SANTA MARIA DO RIO NEGRO, PELO SEU CURRÍCULO MÍNIMO DISPOSTO NO ART. 26 E SS. DA LEI 9.394/96, SOB PENA DE CRIME DE RESPONSABILIDADE DAS AU-TORIDADES COMPETENTES INFRATORAS ( MINISTRO DA EDUCAÇÃO, SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO AMAZONAS, SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE MANAUS.); B) DETERMINAR QUE O MU-NICÍPIO FORNEÇA TRANSPORTE ESCOLAR FLUVIAL AOS ALUNOS MA-TRICULADOS QUE RESIDAM NAS PROXIMIDADES DA REFERIDA CO-MUNIDADE, PARA QUE POSSAM FREQÜENTAR ÀS AULAS; C) DETER-MINAR SEJA OFICIADO AO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO E O TRI-BUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO AMAZONAS, QUANTO À URGÊNCIA DA MEDIDA E, NA FORMA DO DISPOSTO NO ART. 11, DA LEI 9.424/94, QUE DISPÕE SOBRE O FUNDEF, VENHAM A FISCALIZAR A APLICAÇÃO DE TAL FUNDO VISANDO O CUMPRIMENTO DESTA DECISÃO.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: DIREITOS HOMOAFETIVOS/ ANTI-HOMOFOBIA

DECISÃO: A TURMA, POR MAIORIA, JULGOU PROCEDENTE O PEDIDO DOS AUTORES. APELAÇÕES DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO E DO MINISTÉRIO PÚBICO FEDERAL PROVIDAS.

DIREITOS HOMOAFETIVOS/ ANTI-HOMOFOBIAFoi levantada a hipótese de que o poder legislativo não dá resposta

aos influxos comunicativos advindos da periferia, especialmente quanto a questões ligadas aos direitos homossexuais. Após concluir o levantamento legal (tabela 2 “a” e “b”) e jurisprudencial acerca das decisões, leis ou projetos de lei que protegem ou pretender proteger essa gama de direitos, ficou evidente que a tese levantada é verdadeira. Existe uma pequena quantidade de leis em vigor que protegem os direitos dessa minoria, e eles se concentram apenas no âmbitos de alguns municípios e estados, inexistindo proteção federal semelhante. Ainda, foi constatado que as proposições federais levadas à deliberação legislativa ou são de menor importância (como os inúmeros projetos de lei que visavam modificar um artigo acerca das metas para o plano de educação da próxima década) ou são extremamente importantes e por isso mesmo são deixados de lado, não tendo seu mérito discutido e acabam por tramitar durante muitos anos sem uma resposta definitiva.

Quanto às demandas judiciais, verificou-se que muitas delas poderiam ser evitadas se os projetos de leis ignorados estivessem em vigor. Também é relevante salientar que como não há lei específica, cabe a cada julgador decidir se determinado direito da comunidade LGBT será protegido ou não, o que gera uma insegurança jurídica sem precedentes.

QUADRO: Projetos de lei (e similares) sobre direitos homoafetivos/anti-homofobia

Projetos de Leis Relacionados ao Tema: Homoafetividade e Anti-Homofobia - Câmara e Senado - TABELA 2 “A”

PROPOSIÇÃO: SBT 1 CCJC - PL 5003/2001:EMENTA - Altera a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, dá nova redação ao § 3º, do art. 140, do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal e ao art. 5º da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e dá outras providências (tipifica como crime a discriminação de etnia, religião, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero)ÚLTIMA AÇÃO - Apresentada em 20/04/2005 à CCJC, aguardando tramitação e votação.

PROPOSIÇÃO: EMC 111/2011 PL803510 - PL 8035/2010::EMENTA - A emenda modifica a Estratégia 3.9 da Meta 03 do Anexo do Projeto de Lei n° 8035/10, que passa a ter a seguinte redação: 3.9 Implementar políticas de prevenção à evasão motivada por preconceito e discriminação à orientação sexual ou à identidade de gênero e étnico-racial,

criando rede de proteção contra formas associadas de exclusão.ÚLTIMA AÇÃO - Apresentada em 23/05/2011 a Comissão Especial, aguardando tramitação e votação.

PROPOSIÇÃO: EMC 1111/2011 PL803510 - PL 8035/2010:EMENTA - Modifica o inciso III do artigo 2° do Projeto de Lei n° 8.035, de 2010, passando a ter a seguinte redação: III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero, de orientação sexual e identidade de gênero.ÚLTIMA AÇÃO - Apresentada em 03/06/2011 a Comissão Especial, aguardando tramitação e votação.

PROPOSIÇÃO: - EMC 1123/2011 PL803510 - PL 8035/2010EMENTA - Modifica o item 3.9 da Meta 3 do Anexo Metas e Estratégicas, passando a ter a seguinte redação: 3.9 Implementar políticas de prevenção à evasão motivada por preconceito e discriminação racial, de orientação sexual ou à identidade de gênero, criando rede de proteção contra formas associadas de exclusãoÚLTIMA AÇÃO - Apresentada em 03/06/2012 a Comissão Especial, aguardando tramitação e votação.

PROPOSIÇÃO: EMC 1148/2011 PL803510 - PL 8035/2010EMENTA - Modifique-se a Estratégia 3.9 da Meta 03 do Anexo do Projeto de Lei n° 8035/10, que passa a ter a seguinte redação: 3.9 Implementar políticas de prevenção à evasão motivada por preconceito e discriminação à orientação sexual ou à identidade de gênero e étnico-racial, criando rede de proteção contra formas associadas de exclusão.ÚLTIMA AÇÃO - Apresentada em 03/06/2011 a Comissão Especial, aguardando tramitação e votação.

PROPOSIÇÃO: EMC 1627/2011 PL803510 - PL 8035/2010EMENTA - Modifique-se a Estratégia 3.9 da Meta 03 do Anexo do Projeto de Lei n° 8035/10, que passa a ter a seguinte redação: 3.9 Implementar políticas de prevenção à evasão motivada por preconceito e discriminação à orientação sexual ou à identidade de gênero e étnico-racial, criando rede de proteção contra formas associadas de exclusão.

ÚLTIMA AÇÃO - Apresentada em 07/06/2011 a Comissão Especial, aguardando tramitação e votação

PROPOSIÇÃO: - EMC 1854/2011 PL803510 - PL 8035/2010EMENTA - Modifique-se a Estratégia 3.9 do PL 8.035, de 2010, com a seguinte redação: Estratégia 3.9: Implementar políticas de prevenção à evasão motivada por preconceito e discriminação étnico-racial, por orientação sexual ou identidade de gênero, criando rede de proteção contra formas associadas de exclusão.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: DIREITOS HOMOAFETIVOS/ ANTI-HOMOFOBIA

ÚLTIMA AÇÃO - Apresentada em 07/06/2011 a Comissão Especial, aguardando tramitação e votação

PROPOSIÇÃO: EMC 2094/2011 PL803510 - PL 8035/2010EMENTA - Modifica a Meta 7, incluindo a Estratégia 7.26. Que passa a vigorar com a seguinte redação: 7.26 Implementar políticas de prevenção à evasão motivada por preconceitos e discriminações de natureza racial, de gênero, de orientação sexual ou de identidade de gênero, criando rede de proteção contra formas associadas de exclusão, com políticas de ações afirmativas direcionadas para esses grupos.ÚLTIMA AÇÃO - Apresentada em 07/06/2011 a Comissão Especial, aguardando tramitação e votação

PROPOSIÇÃO: EMC 2095/2011 PL803510 - PL 8035/2010EMENTA - Modifica o Art. 2°, Inciso III - superação das desigualdades educacionais, que passa a vigorar com a seguinte redação: III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero, de orientação sexual e identidade de gênero.ÚLTIMA AÇÃO - Apresentada em 07/06/2011 a Comissão Especial, aguardando tramitação e votação

PROPOSIÇÃO: EMC 2306/2011 PL803510 - PL 8035/2010EMENTA - Modifique-se estratégia 3.9 da Meta 3, do Anexo do PL 8.035/10 passa a ter a seguinte redação: Implementar políticas de prevenção à evasão motivada por preconceito e discriminação à orientação sexual ou à identidade de gênero e étnico-racial, criando rede de proteção contra formas associadas de exclusão.

ÚLTIMA AÇÃO - Apresentada em 07/06/2011 a Comissão Especial, aguardando tramitação e votação.

PROPOSIÇÃO: SF PEC 110/2011 de 08/11/2011EEMENTA - altera o art. 7º da Constituição para dispor sobre licença-natalidade, licença após adoção e vedar discriminação de trabalhador em virtude de orientação sexual ou identidade de gênero. ÚLTIMA AÇÃO - Aguardando votação na Comissão de Constituição e Justiça.

PROPOSIÇÃO: SF PEC 111/2011 de 08/11/2011EMENTA - Altera o art. 3º da Constituição Federal para incluir entre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil a promoção do bem de todos, sem preconceitos relativos a identidade de gênero ou orientação sexual. ÚLTIMA AÇÃO - Aguardando votação na Comissão de Constituição e Justiça

PROPOSIÇÃO: SF PLS 457/2011 de 09/08/2011EMENTA - Aumenta a pena dos crimes contra a honra, previstos nos arts. nº 138, 139 e 140, caput e § 2º; altera a redação do § 3º do art. 140, para incluir a

orientação sexual e identidade de gênero como elementos para injúria qualificada e acrescenta a possibilidade de aumento de pena para dois terços no art.ÚLTIMA AÇÃO - Aguardando votação na Comissão de Constituição e Justiça

PROPOSIÇÃO: SF PLS 658/2011 de 27/10/2011EMENTA - Reconhece os direitos à identidade de gênero e à troca de nome e sexo nos documentos de identidade de transexuais. ÚLTIMA AÇÃO - Aguardando Votação na Comissão de Direitos Humanos

PROPOSIÇÃO: SF PLS 283/2008 de 16/07/2008EMENTA - Altera a Lei nº 9.029, de 13 de abril 1995, que “proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, e outras práticas discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho”, para definir ações e crimes resultantes de discriminação na relação de trabalho. ÚLTIMA AÇÃO - Rejeitada – Secretaria do Arquivo

Projetos de Leis Relacionados ao Tema : Homoafetividade e Anti-Homofobia

Estados e Municípios - TABELA 2 “B”

MUNICÍPIOS/ESTADOS: TeresinaPROPOSIÇÃO: Lei 9809 de 2004EMENTA: proíbe discriminação por particulares e agentes da administração pública por conta da orientação sexual e estatui sanções.ÚLTIMA AÇÃO - Em vigor desde 2004.

MUNICÍPIOS/ESTADOS: Porto AlegrePROPOSIÇÃO: Projeto de Lei n° 185/2002EMENTA: dispõe sobre promoção e reconhecimento da liberdade de orientação sexual e determina sançõesÚLTIMA AÇÃO - Aguardando votação

MUNICÍPIOS/ESTADOS: São Paulo PROPOSIÇÃO: EMENTA: proíbe qualquer forma de discriminação pela orientação sexual e determina sansões.ÚLTIMA AÇÃO - Aguardando votação

MUNICÍPIOS/ESTADOS: AlfenasPROPOSIÇÃO: Lei Nº 3277 de 11 de Setembro de 2001EMENTA: dispõe sobre sanções às práticas discriminatórias contra pessoas em virtude de sua orientação sexual

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: SOBRE DIREITOS HOMOAFETIVOS

ÚLTIMA AÇÃO - Em vigor.

MUNICÍPIOS/ESTADOS: OlindaPROPOSIÇÃO: Lei Orgânica de 2009, art. 7°EMENTA: dispõe que não deve haver discriminação baseada na orientação sexual.ÚLTIMA AÇÃO - Em vigor.

MUNICÍPIOS/ESTADOS: LondrinaPROPOSIÇÃO: Lei nº 8.812EMENTA: estabelece penalidades aos estabelecimentos localizados no Município de Londrina que discriminem pessoas em virtude de sua orientação sexual. ÚLTIMA AÇÃO - Em vigor.

MUNICÍPIOS/ESTADOS: FortalezaPROPOSIÇÃO: Lei Nº 8.211/98, arts. 1° e 2°EMENTA: proíbe discriminação pela orientação sexual e determina sansões.ÚLTIMA AÇÃO - Em vigor.

MUNICÍPIOS/ESTADOS: Belo HorizontePROPOSIÇÃO: Lei nº 8.176 De 29 de Janeiro de 2001EMENTA: estabelece penalidades para estabelecimentos que discriminarem alguém por conta de sua orientação sexual.ÚLTIMA AÇÃO - Em vigor.

MUNICÍPIOS/ESTADOS: MaceióPROPOSIÇÃO: LEI Nº 4.667, de 23 de novembro de 1997EMENTA: estabelece sanções às práticas discriminatórias a livre orientação sexual na forma em que mencionaÚLTIMA AÇÃO - Em vigor.

MUNICÍPIOS/ESTADOS: São João Del ReiPROPOSIÇÃO: Lei N°4172 de 2007EMENTA: determina punição de qualquer forma discriminatória contra a orientação sexualÚLTIMA AÇÃO - Em vigor.

MUNICÍPIOS/ESTADOS: RecifePROPOSIÇÃO: nº 16.780 de 2002

EMENTA: veta qualquer ato de discriminação com relação à orientação sexual e determina sanções.ÚLTIMA AÇÃO - Em vigor.

MUNICÍPIOS/ESTADOS: Juiz de ForaPROPOSIÇÃO: Lei nº 9791 de 12 de maio de 2000EMENTA: dispõe sobre a ação do Município no combate às práticas discriminatórias, em seu território, por orientação sexual.ÚLTIMA AÇÃO - Em vigor.

LEVANTAMENTO JURISPRUDENCIAL SOBRE DIREITOS HOMOAFETIVOS

ADPF 132/STFRELATOR: AYRES BRITTOEMENTA: 1) PERDA PARCIAL DE OBJETO. RECEBIMENTO, NA PARTE REMANESCENTE, COMO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. UNIÃO HOMOAFETIVA E SEU RECONHECIMENTO COMO INSTITUTO JURÍDICO. CONVERGÊNCIA DE OBJETOS ENTRE AÇÕES DE NATUREZA ABSTRATA. JULGAMENTO CONJUNTO. 2) PROIBIÇÃO DE DISCRIMINA-ÇÃO DAS PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO, SEJA NO PLANO DA DICOTO-MIA HOMEM/MULHER (GÊNERO), SEJA NO PLANO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL DE CADA QUAL DELES. A PROIBIÇÃO DO PRECONCEITO COMO CAPÍTULO DO CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. HOMENAGEM AO PLURALISMO COMO VALOR SÓCIO-POLÍTICO-CULTURAL. LIBERDADE PARA DISPOR DA PRÓPRIA SEXUALIDADE, INSERIDA NA CATEGORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO INDIVÍDUO, EXPRESSÃO QUE É DA AUTONOMIA DE VONTADE. DIREITO À INTIMIDADE E À VIDA PRI-VADA. CLÁUSULA PÉTREA. 3) TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA. RECONHECIMENTO DE QUE A CONSTITUI-ÇÃO FEDERAL NÃO EMPRESTA AO SUBSTANTIVO “FAMÍLIA” NENHUM SIGNIFICADO ORTODOXO OU DA PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA. A FA-MÍLIA COMO CATEGORIA SÓCIO-CULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITU-AL. DIREITO SUBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-REDUCIONISTA. 4) UNIÃO ESTÁVEL. NORMAÇÃO CONSTITUCIO-NAL REFERIDA A HOMEM E MULHER, MAS APENAS PARA ESPECIAL PROTEÇÃO DESTA ÚLTIMA. FOCADO PROPÓSITO CONSTITUCIONAL DE ESTABELECER RELAÇÕES JURÍDICAS HORIZONTAIS OU SEM HIE-RARQUIA ENTRE AS DUAS TIPOLOGIAS DO GÊNERO HUMANO. IDEN-TIDADE CONSTITUCIONAL DOS CONCEITOS DE “ENTIDADE FAMILIAR” E “FAMÍLIA”. 5) INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL (TÉCNICA DA “IN-TERPRETAÇÃO CONFORME”). RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOA-FETIVA COMO FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA DAS AÇÕES.DECISÃO: PROSSEGUINDO NO JULGAMENTO, O TRIBUNAL CO-NHECEU DA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUN-DAMENTAL 132 COMO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDA-DE, POR VOTAÇÃO UNÂNIME. PREJUDICADO O PRIMEIRO PEDIDO

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: SOBRE DIREITOS HOMOAFETIVOS

ORIGINARIAMENTE FORMULADO NA ADPF, POR VOTAÇÃO UNÂNI-ME. REJEITADAS TODAS AS PRELIMINARES, POR VOTAÇÃO UNÂ-NIME. EM SEGUIDA, O TRIBUNAL, AINDA POR VOTAÇÃO UNÂNIME, JULGOU PROCEDENTE AS AÇÕES, COM EFICÁCIA ERGA OMNES E EFEITO VINCULANTE, AUTORIZADOS OS MINISTROS A DECIDIREM MONOCRATICAMENTE SOBRE A MESMA QUESTÃO, INDEPENDEN-TEMENTE DA PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO. VOTOU O PRESIDENTE, MINISTRO CEZAR PELUSO. IMPEDIDO O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI. PLENÁRIO, 05.05.2011.

ADI 4277/STFRELATOR: AYRES BRITTOEMENTA: 1) ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUN-DAMENTAL (ADPF). PERDA PARCIAL DE OBJETO. RECEBIMENTO, NA PARTE REMANESCENTE, COMO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIO-NALIDADE. UNIÃO HOMOAFETIVA E SEU RECONHECIMENTO COMO INSTITUTO JURÍDICO. CONVERGÊNCIA DE OBJETOS ENTRE AÇÕES DE NATUREZA ABSTRATA. JULGAMENTO CONJUNTO. ENCAMPAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA ADPF Nº 132-RJ PELA ADI Nº 4.277-DF, COM A FINA-LIDADE DE CONFERIR “INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUI-ÇÃO” AO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL. ATENDIMENTO DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO. 2) PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO DAS PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO, SEJA NO PLANO DA DICOTOMIA HOMEM/MULHER (GÊNE-RO), SEJA NO PLANO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL DE CADA QUAL DELES. A PROIBIÇÃO DO PRECONCEITO COMO CAPÍTULO DO CONSTITUCIO-NALISMO FRATERNAL. HOMENAGEM AO PLURALISMO COMO VALOR SÓCIO-POLÍTICO-CULTURAL. LIBERDADE PARA DISPOR DA PRÓPRIA SEXUALIDADE, INSERIDA NA CATEGORIA DOS DIREITOS FUNDAMEN-TAIS DO INDIVÍDUO, EXPRESSÃO QUE É DA AUTONOMIA DE VONTA-DE. DIREITO À INTIMIDADE E À VIDA PRIVADA. CLÁUSULA PÉTREA. 3) TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA. RE-CONHECIMENTO DE QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO EMPRES-TA AO SUBSTANTIVO “FAMÍLIA” NENHUM SIGNIFICADO ORTODOXO OU DA PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA. A FAMÍLIA COMO CATEGORIA SÓCIO-CULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO SUBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-REDUCIONISTA. 4) UNIÃO ESTÁVEL. NORMAÇÃO CONSTITUCIONAL REFERIDA A HOMEM E MULHER, MAS APENAS PARA ESPECIAL PROTEÇÃO DESTA ÚLTIMA. FOCADO PROPÓSITO CONSTITUCIONAL DE ESTABELECER RELAÇÕES JURÍDICAS HORIZONTAIS OU SEM HIERARQUIA ENTRE AS DUAS TI-POLOGIAS DO GÊNERO HUMANO. IDENTIDADE CONSTITUCIONAL DOS CONCEITOS DE “ENTIDADE FAMILIAR” E “FAMÍLIA”. 5) INTERPRE-TAÇÃO DO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL (TÉCNICA DA “INTERPRETAÇÃO CONFOR-ME”). RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA.DECISÃO: PROSSEGUINDO NO JULGAMENTO, O TRIBUNAL CONHE-CEU DA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMEN-TAL 132 COMO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, POR VO-TAÇÃO UNÂNIME. PREJUDICADO O PRIMEIRO PEDIDO ORIGINARIA-MENTE FORMULADO NA ADPF, POR VOTAÇÃO UNÂNIME. REJEITADAS TODAS AS PRELIMINARES, POR VOTAÇÃO UNÂNIME. EM SEGUIDA, O

TRIBUNAL, AINDA POR VOTAÇÃO UNÂNIME, JULGOU PROCEDENTE AS AÇÕES, COM EFICÁCIA ERGA OMNES E EFEITO VINCULANTE, AU-TORIZADOS OS MINISTROS A DECIDIREM MONOCRATICAMENTE SO-BRE A MESMA QUESTÃO, INDEPENDENTEMENTE DA PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO. VOTOU O PRESIDENTE, MINISTRO CEZAR PELUSO. IMPEDI-DO O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI. PLENÁRIO, 05.05.2011.

RECURSO ESPECIAL 395904/STJRELATOR: HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, EMENTA: RECURSO ESPECIAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. RELACIONAMENTO HOMOAFETIVO. POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. MINISTÉRIO PÚBLICO. PARTE LEGÍTIMA. “NÃO HOUVE, POIS, DE PARTE DO CONSTITUINTE, EXCLUSÃO DOS RELACIONAMENTOS HOMOAFETIVOS, COM VISTA À PRODUÇÃO DE EFEITOS NO CAMPO DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO, CONFIGURANDO--SE MERA LACUNA, QUE DEVERÁ SER PREENCHIDA A PARTIR DE OU-TRAS FONTES DO DIREITO. 8 - OUTROSSIM, O PRÓPRIO INSS, TRATAN-DO DA MATÉRIA, REGULOU, ATRAVÉS DA INSTRUÇÃO NORMATIVA N. 25 DE 07/06/2000, OS PROCEDIMENTOS COM VISTA À CONCESSÃO DE BENEFÍCIO AO COMPANHEIRO OU COMPANHEIRA HOMOSSEXUAL, PARA ATENDER A DETERMINAÇÃO JUDICIAL EXPEDIDA PELA JUÍZA SIMONE BARBASIN FORTES, DA TERCEIRA VARA PREVIDENCIÁRIA DE PORTO ALEGRE, AO DEFERIR MEDIDA LIMINAR NA AÇÃO CIVIL PÚBLI-CA Nº 2000.71.00.009347-0, COM EFICÁCIA ERGA OMNES. MAIS DO QUE RAZOÁVEL, POIS, ESTENDER-SE TAL ORIENTAÇÃO, PARA ALCANÇAR SITUAÇÕES IDÊNTICAS, MERECEDORAS DO MESMO TRATAMENTO 9 - RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.”DECISÃO: VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS ESTES AUTOS EM QUE SÃO PARTES AS ACIMA INDICADAS, ACORDAM OS MINISTROS DA SEXTA TURMA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, NA CONFORMIDADE DOS VOTOS E DAS NOTAS TAQUIGRÁFICAS A SEGUIR, PROSSEGUINDO NO JULGAMENTO, APÓS O VOTO-VISTA DO SR. MINISTRO PAULO MEDINA, ACOMPANHANDO O VOTO DA RELATORIA, NO QUE FOI SEGUIDO PELO SR. MINISTRO PAULO GALLOTTI, POR UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL, NOS TERMOS DO VOTO DO SR. MINISTRO RELATOR. VOTARAM COM O RELATOR OS SRS. MINISTROS PAULO GALLOTTI E PAULO MEDINA. AUSENTES, JUSTIFICADAMENTE, O SR. MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO E, OCASIONALMENTE, O SR. MINISTRO NILSON NAVES. PRESIDIU O JULGAMENTO O SR. MINISTRO PAULO GALLOTTI.

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO 436306/TRF2:RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCA NETO.EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. PENSÃO POR MORTE DE SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA COMPROVADA. NATUREZA DE ENTIDADE FAMILIAR. INTELIGÊNCIA DO ART. 226, § 3º, C/C ART. 5º, CAPUT E ART. 3º, IV, DA CF/ DE 1988. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, DA LIBERDADE, DA IGUALDADE, DA NÃO DISCRIMINAÇÃO. PROVA DOCUMENTAL E TESTEMUNHAL PRODUZIDAS. CABIMENTO. ATRASADOS. TERMO INICIAL. DATA DO

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: SOBRE DIREITOS HOMOAFETIVOS

ÓBITO DO INSTITUIDOR. ART. 215 DA LEI N.º 8211/90. PRESCEDENTES JURISPRUDENCIAIS. DECISÃO: POR UNANIMIDADE, NEGOU-SE PROVIMENTO À APELAÇÃO DA UNIÃO E À REMESSA E DEU-SE PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO ADESIVO DO AUTOR, NA FORMA DO VOTO DO RELATOR.

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO 464994/TRF2:RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL POUL ERIK DYRLUND.EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL – MILITAR – PENSÃO POR MORTE. COMPANHEIRO - UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA - INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 226, CF; ART.1723, CC/02 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, DA LIBERDADE, DA IGUALDADE, DA NÃO DISCRIMINAÇÃO - INSTRUÇÃO NORMATIVA 25/00/INSS – APLICAÇÃO – ISONOMIA - COMPROVAÇÃO – PASEP – LEVANTAMENTO DE VALORES – IMPOSSIBILIDADE – INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - ART.20, §4º, CPC - APRECIAÇÃO EQÜITATIVA DO JUIZ - PRECEDENTES. “OBJETIVANDO A PARTE AUTORA, O RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL QUE MANTEVE COM MILITAR FALECIDO -SR.LUIZ CARLOS PINTO DE FREITAS-, E O LEVANTAMENTO DOS VALORES EXISTENTES NA CONTA DO PASEP, AJUIZOU O PRESENTE FEITO.”DECISÃO: A TURMA, POR MAIORIA, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DA UNIÃO FEEDERAL E DEU PARCIAL PROVIMENTO À REMESSA NECESSÁRIA, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. VENCIDO O JUIZ FED. CONVOCADO MARCELO PEREIRA QUE LHES DAVA PROVIMENTO.

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO 454876/TRF2: RELATOR: DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA ALICE PAIM LYARD.EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. PENSÃO POR MORTE DE SERVIDORA PÚBLICA FEDERAL. UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA COMPROVADA. NATUREZA DE ENTIDADE FAMILIAR. INTELIGÊNCIA DO ART. 226, § 3º C/C ART. 5º, CAPUT E ART. 3º, IV, DA CF/ DE 1988. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, DA LIBERDADE, DA IGUALDADE, DA NÃO DISCRIMINAÇÃO. PROVA DOCUMENTAL E TESTEMUNHAL PRODUZIDAS. CABIMENTO. ATRASADOS. TERMO INICIAL. DATA DO ÓBITO DA INSTITUIDORA. ART. 215 DA LEI N.º 8211/90. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 20. § 4º , DO CPC. FAZENDA PÚBLICA. APRECIAÇÃO EQÜITATIVA DO JUIZ. “TRATA-SE DE REMESSA NECESSÁRIA E DE APELAÇÃO CÍVEL INTERPOSTA PELA UNIÃO FEDERAL EM FACE DE SENTENÇA QUE JULGOU PROCEDENTE PEDIDO DE CONCESSÃO DE PENSÃO EM RAZÃO DO FALECIMENTO DE SERVIDORA DO MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, EM FAVOR DA AUTORA, NA QUALIDADE DE COMPANHEIRA DA INSTITUIDORA DO BENEFÍCIO, EM RELAÇÃO HOMOAFETIVA.”DECISÃO: A TURMA, POR UNANIMIDADE, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO E À REMESSA NECESSÁRIA, NOS TERMOS DO VOTO DO(A) RELATOR(A).

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO 437817/TRF2:RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL POUL ERIK DYRLUND.

EMENTA: ADMINISTRATIVO. PENSÃO ESTATUTÁRIA POR MORTE. INÉPCIA DA INCIAL – NÃO CONFIGURADA. UNIÃO HOMOAFETIVA. INTELIGÊNCIA DO ART. 226, § 3º DA CR/88 E DO ART. 1723 DO CÓDIGO CIVIL/2002. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, DA LIBERDADE, DA IGUALDADE, DA NÃO DISCRIMINAÇÃO, UNIÃO ESTÁVEL. COMPROVAÇÃO. ARTIGO 217, INCISO I, “C”; DA LEI N.º 8.112/90. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 20, § 4º , DO CPC. FAZENDA PÚBLICA. APRECIAÇÃO EQÜITATIVA DO JUIZ. “HÁ QUE SE APLICAR O DIREITO À LUZ DE DIVERSOS PRECEITOS CONSTITUCIONAIS E NÃO APENAS ATENDO-SE À INTERPRETAÇÃO LITERAL DO ART. 226, §3º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, INVOCADO PELA RECORRENTE, QUE NÃO DIZ RESPEITO AO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO, INSERINDO-SE NO CAPÍTULO ‘DA FAMÍLIA’, SENDO CERTO QUE NÃO HOUVE DE PARTE DO CONSTITUINTE, EXCLUSÃO DOS RELACIONAMENTOS HOMOAFETIVOS, COM VISTA À PRODUÇÃO DE EFEITOS NO CAMPO DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO, CONFIGURANDO-SE MERA LACUNA, QUE DEVERÁ SER PREENCHIDA A PARTIR DE OUTRAS FONTES DO DIREITO (STJ, RESP 395904, REL. MIN. HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, DJ DE 06/02/2006)”DECISÃO: A TURMA, POR UNANIMIDADE, NEGOU PROVIMENTO AO APELO E DEU PARCIAL PROVIMENTO À REMESSA NECESSÁRIA.

APELAÇÃO CIVEL 414745/TRF2RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL POUL ERIK DYRLUND.EMENTA: ADMINISTRATIVO. PENSÃO ESTATUTÁRIA POR MORTE UNIÃO HOMOSEXUAL. INTELIGÊNCIA DO ART. 226, § 3º DA CR/88 E DO ART. 1723 DO CÓDIGO CIVIL/2002. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, DA LIBERDADE, DA IGUAL-DADE, DA NÃO DISCRIMINAÇÃO, UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA. COMPROVAÇÃO. MEIOS IDÔNEOS DE PROVA. ARTIGO 217, INCISO I, “C”; DA LEI N.º 8.112/90. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 20, § 4º , DO CPC. FAZENDA PÚBLICA. APRECIAÇÃO EQÜITATIVA DO JUIZ. “HÁ QUE SE APLICAR O DIREITO À LUZ DE DIVERSOS PRECEITOS CONS-TITUCIONAIS E NÃO APENAS ATENDO-SE À INTERPRETAÇÃO LITE-RAL DO ART. 226, §3º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, INVOCADO PELA RECORRENTE, QUE NÃO DIZ RESPEITO AO ÂMBITO PREVIDENCI-ÁRIO, INSERINDO-SE NO CAPÍTULO ‘DA FAMÍLIA’, SENDO CERTO QUE NÃO HOUVE DE PARTE DO CONSTITUINTE, EXCLUSÃO DOS RELACIONAMENTOS HOMOAFETIVOS, COM VISTA À PRODUÇÃO DE EFEITOS NO CAMPO DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO, CONFIGURAN-DO-SE MERA LACUNA, QUE DEVERÁ SER PREENCHIDA A PARTIR DE OUTRAS FONTES DO DIREITO (STJ, RESP 395904, REL. MIN. HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, DJ DE 06/02/2006)”.DECISÃO: A TURMA, POR UNANIMIDADE, DEU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO E À REMESSA NECESSÁRIA, NOS TERMOS DO VOTO DO(A) RELATOR(A).

APELAÇÃO CÍVEL 1636871/TRF3RELATOR: JUIZ CONVOCADO DAVID DINIZ.EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. INCOMPETÊNCIA

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: SOBRE DIREITOS HOMOAFETIVOS

DA JUSTIÇA FEDERAL. IMPOSSIBLIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. PRELIMINARES REJEITADAS. UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA. STATUS JURÍDICO DE ENTIDADE FAMILIAR. QUALIDADE DE SEGURADO. CONDIÇÃO DE DEPENDENTE. COMPANHEIRO. TERMO INICIAL. “O CRITÉRIO DEFINIDOR DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL ESTAMPADO NO ART. 109 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA LEVA EM CONSIDERAÇÃO A NATUREZA DAS PESSOAS ENVOLVIDAS NA RELAÇÃO PROCESSUAL. NO CASO EM TELA, A DEMANDA REFERE-SE A PEDIDO DE CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE, MEDIANTE O RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA, EM FACE DO INSS, AUTARQUIA FEDERAL, DE MODO A RESTAR FIXADA A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL PARA PROCESSAR E JULGAR O PRESENTE FEITO.”DECISÃO: VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS ESTES AUTOS, EM QUE SÃO PARTES AS ACIMA INDICADAS, DECIDE A DÉCIMA TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO, POR UNANIMIDADE, REJEITAR AS PRELIMINARES DE INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL E IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO E, NO MÉRITO, NEGAR PROVIMENTO AOS APELOS DOS RÉUS, NOS TERMOS DO RELATÓRIO E VOTO, QUE FICAM FAZENDO PARTE INTEGRANTE DO PRESENTE JULGADO.

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO 1480312/TRF3RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL HENRIQUE HERKENHOFF.EMENTA: PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. PENSÃO POR MOR-TE DE SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. UNIÃO HOMOAFETIVA. APE-LAÇÃO E REMESSA OFICIAL. PRERROGATIVA DA UNIÃO DE INTIMA-ÇÃO PESSOAL. APELAÇÃO TEMPESTIVA. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. NÃO VEDAÇÃO EXPRESSA PELO ORDENAMENTO JURÍ-DICO. NO MÉRITO POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO À COMPANHEIRO HOMOAFETIVO. JURISPRUDÊNCIA. NÃO COM-PROVAÇÃO DA RELAÇÃO HOMOAFETIVA. SENTENÇA QUE JULGOU SEM ABRIR PRAZO PARA ESPECIFICAÇÃO DE PROVAS. SENTENÇA QUE SE ANULA. “EMBORA A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA IM-PEÇA O RECONHECIMENTO DE CASAMENTO OU UNIÃO ESTÁVEL STRICTO SENSU ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO, E PORTANTO SOCIEDADE CONJUGAL, INCORRE EM GRANDE SALTO INDUTIVO QUEM DESSA PREMISSA CONCLUI QUE DA UNIÃO HOMOAFETIVA NÃO PODE RESULTAR FAMÍLIA QUE MEREÇA A PROTEÇÃO DO ES-TADO (CF, ART. 226).”DECISÃO: VISTOS E RELATADOS ESTES AUTOS EM QUE SÃO PARTES AS ACIMA INDICADAS DECIDE A SEGUNDA TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO, POR UNANIMIDADE, ANULAR A SENTENÇA E DETERMINAR O RETORNO DOS AUTOS À VARA DE ORIGEM, JULGANDO PREJUDICADOS O RECURSO DE APELAÇÃO E A REMESSA OFICIAL, NOS TERMOS DO RELATÓRIO E VOTO DO SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL, CONSTANTE DOS AUTOS E NA CONFORMIDADE DA ATA DE JULGAMENTO, QUE FICAM FAZENDO PARTE INTEGRANTE DO JULGADO.

AGRAVO DE INSTRUMENTO 52117/TRF5: RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL HÉLIO SÍLVIO OUREM CAMPOS.EMENTA: CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PENSÃO ESTATUTÁRIA. MORTE DE COMPANHEIRA HOMOSSEXUAL SERVIDORA PÚBLICA FEDERAL. RECONHECIMENTO DO DIREITO NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. INSTRUÇÃO NORMATIVA/INSS Nº 25/2000. PRINCÍPIOS DA IGUALDADE E DA LIBERDADE INDIVIDUAL. PROIBIÇÃO CONSTITUCIONAL DE DISTINÇÃO EM RAZÃO DO SEXO. COMPROVAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA E VIDA EM COMUM. DEFERIMENTO. AGRAVO IMPROVIDO. “TRATA-SE DE AGRAVO DE INSTRUMENTO, COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO, CONTRA DECISÃO PROFERIDA PELA JUÍZA FEDERAL DA 3ª VARA-CE, DRª GERMANA DE OLIVEIRA MORAES, QUE EM SEDE DE AÇÃO ORDINÁRIA PROPOSTA VISANDO À CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE DEIXADA POR EX-SERVIDORA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE (COMPANHEIRA HOMOSSEXUAL), CONCEDEU A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA PARA DETERMINAR A IMEDIATA IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO.”DECISÃO: UNÂNIME – RECURSO INDEFERIDO.

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL:

RELATORA : JUÍZA FEDERAL ROSANA NOYA WEIBEL KAUFMANN.EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. PENSÃO POR MORTE. CASAMENTO LEGÍTIMO SI-MULTÂNEO A RELAÇÃO CONCUBINÁRIA. AUSÊNCIA DE SEPARAÇÃO DE FATO. RATEIO DO BENEFÍCIO ENTRE A ESPOSA, A CONCUBINA E O FILHO MENOR HAVIDO COM ESTA. IMPEDIMENTO DE CASAMENTO COM A CONCUBINA. RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. IMPOS-SIBILIDADE. EXCLUSÃO DA CONCUBINA DO ROL DE DEPENDENTES DO DE CUJUS. BENEFÍCIO DEVIDO APENAS À ESPOSA E AO FILHO MENOR. PROVIMENTO DO INCIDENTE. APLICAÇÃO ANALÓGICA DA QUESTÃO DE ORDEM 20 DA TNU. ANULAÇÃO DO ACÓRDÃO. DEVOLUÇÃO DOS AU-TOS PARA REALIZAÇÃO DE NOVO JULGAMENTO A PARTIR DA ORIEN-TAÇÃO FIRMADA. DECISÃO: DECIDE A TURMA, POR MAIORIA, CONHECER DO PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO E, NO MÉRITO, POR MAIORIA, DAR-LHE PROVI-MENTO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR PARA O ACÓRDÃO.

SAÚDEAcerca das pesquisas em relação aos direitos da saúde, existe uma

preocupação importante para as mulheres de na faixa etária de nove a quarenta anos o direito de receber a vacina para imunização ao câncer do colo do útero. O que se destaca acerca da SF PLS 238/2011 de 11/05/2011, é que essa vacina será pela rede pública, o que nos mostra a busca pela efetivação dos direitos à saúde. Outro Projeto de Lei visto como de valia ímpar para a sociedade é a respeito da distribuição gratuita de

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: PROJETOS DE LEI SOBRE SOBRE DIREITO À SAÚDE

medicamentos da - RENAME pelas farmácias às pessoas carentes diante do auxílio do ressarcimento pelo Sistema Único de Saúde, se trata da SF PLS 76/2009 de 10/03/2009.Enfim, a maioria dos projetos que são realmente plausíveis de apreciação estão arquivados ou ainda estão em tramitação.

QUADRO:projetos de lei sobre direito à saúde

PROPOSIÇÃO: SF PLS 238/2011 de 11/05/2011AUTOR: Senadora Vanessa GrazziotinEMENTA: Assegura às mulheres na faixa etária de nove a quarenta anos o direito de receber a vacina para imunização contra o papilomavírus humano (HPV), na rede pública do Sistema Único de Saúde (SUS); estabelece que, durante o atendimento de prevenção do câncer do colo do útero, as mulheres deverão ser informadas de seus direitos, que configuram a garantia de atendimento digno e de qualidade pelos serviços de saúde; determina como responsabilidade da União o desenvolvimento de políticas públicas de saúde da mulher voltadas à prevenção e ao controle do câncer de colo do útero, que deverão contar com dotação orçamentária específica , prevista na lei orçamentária anual; condiciona as pesquisas médicas sobre o tema ao consentimento expresso da mulher ou de seu representante legal;dispõe que os Conselhos Municipais e Estaduais de Saúde criarão comissão para acompanhar a implantação da lei resultante deste projeto

ÚLTIMO DESPACHO - 07/02/2012 - Comissão de Assuntos Sociais07/02/2012 - MATÉRIA COM A RELATORIA

PROPOSIÇÃO: SF PLS 171/2012 de 22/05/2012 AUTOR: Senador Ivo CassolEMENTA: estabelece procedimento licitatório simplificado para estados, municípios e distrito federal adquirirem diretamente dos laboratórios fabricantes medicamentos e material penso hospitalar destinado a suprir as necessidades de abastecimento das secretarias de saúde em ações voltadas ao atendimento gratuito da população pela rede pública de saúde, e dá outras providências.ÚLTIMO DESPACHO - 24/05/2012 - Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania24/05/2012 - AGUARDANDO RECEBIMENTO DE EMENDAS

PROPOSIÇÃO: SF PLS 162/2012 de 17/05/2012 AUTOR: Senador Cícero LucenaEMENTA: Altera a Lei Complementar nº 141/2012, que regulamenta o § 3º do art. 198 da Constituição Federal, para definir que a União aplicará, anualmente, o montante mínimo correspondente a dezoito por cento de sua receita corrente líquida em ações e serviços públicos de saúde.

ÚLTIMO DESPACHO - 18/05/2012 - Comissão de Assuntos Sociais18/05/2012 - AGUARDANDO DESIGNAÇÃO DO RELATOR

PROPOSIÇÃO: SF PLS 76/2009 de 10/03/2009AUTOR: Senador Expedito JúniorEMENTA: Institui a distribuição gratuita de medicamentos da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - RENAME pelas farmácias e drogarias comerciais às pessoas carentes mediante ressarcimento pelo Sistema Único de Saúde.ÚLTIMO DESPACHO -

PROPOSIÇÃO: SF PLC 3/2012 de 14/03/2012AUTOR: Deputada Rebecca GarciaEMENTA: Altera a Lei nº 9.797, de 6 de maio de 1999, que dispõe sobre a obrigatoriedade de cirurgia plástica reparadora da mama pela rede de unidades integrantes do Sistema Único de Saúde – SUS nos casos de mutilação decorrentes de tratamento de câncer.ÚLTIMO DESPACHO 21/03/2012 - Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa21/03/2012 - MATÉRIA COM A RELATORIA

PROPOSIÇÃO: SF PLC 46/2011 de 29/06/2011AUTOR: Deputada Sueli VidigalEMENTA: Altera o caput do art. 3º da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, incluindo a atividade física como fator determinante e condicionante da saúde, e dá outras providências.

ÚLTIMO DESPACHO - 29/03/2012 - SECRETARIA DE EXPEDIENTE29/03/2012 - REMETIDA À CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROPOSIÇÃO: SF PLC 79/2011 de 21/09/2011AUTOR: Presidente da RepúblicaEMENTA: Autoriza o Poder Executivo a criar a empresa pública denominada Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - EBSERH; acrescenta dispositivos ao Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; e dá outras providênciasÚLTIMO DESPACHO 23/12/2011 - SUBSEC. COORDENAÇÃO LEGISLATIVA DO CONGRESSO19/12/2011 - TRANSFORMADA EM NORMA JURIDICA

PROPOSIÇÃO: PLS - PROJETO DE LEI DO SENADO, Nº 284 de 2011AUTOR: SENADOR - Waldemir MokEMENTA: Elenca as atribuições do profissional “cuidador de idoso”; define instituição de longa permanência para idosos; estabelece que poderá exercer a profissão de cuidador de idoso o maior de 18 anos que tenha concluído o ensino fundamental e que tenha concluído, com aproveitamento, curso de cuidador de pessoa conferido por instituição de ensino reconhecida pelo Ministério da Educação; dispensa a exigência

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: LEVANTAMENTO JURISPRUDENCIAL: DIREITO À SAÚDE

de conclusão de curso de cuidador as pessoas que, à época de entrada em vigor da presente Lei, venham exercendo a função há, pelo menos, dois anos; veda ao cuidador de idoso o desempenho de atividade que seja de competência de outras profissões da área de saúde legalmente regulamentadas.

ÚLTIMO DESPACHO - 23/05/2012 - Comissão de Assuntos Sociais03/05/2012 - PRONTA PARA A PAUTA NA COMISSÃO

PROPOSIÇÃO: PLS Nº 26 de 2007AUTOR: SENADOR - Tião VianaEMENTA: Altera a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e dá outras providências, para estabelecer prazo para a concessão de registros aos atendentes, auxiliares e técnicos de enfermagem e às parteiras, bem como para assegurar a esses profissionais acesso diferenciado aos cursos de graduação de nível superior em enfermagem.

ÚLTIMO DESPACHO - 20/12/2011 - Comissão de Educação20/12/2011 - MATÉRIA COM A RELATORIA

PROPOSIÇÃO: SF PLS 78/2006 de 04/04/2006 AUTOR: Senador Cristovam BuarqueEMENTA: Estabelece punições para as violações às diretrizes e normas concernentes às pesquisas que envolvem seres humanos e determina a co-responsabilidade do pesquisador, do patrocinador e da instituição pela indenização devida aos sujeitos das pesquisas por eventuais danos ou prejuízos.ÚLTIMO DESPACHO - 07/05/2012 - Comissão de Educação07/05/2012 - PRONTA PARA A PAUTA NA COMISSÃO

PROPOSIÇÃO: SF PLS 121/2007 de 20/03/2007 AUTOR: Senador Tião VianaEMENTA: Dispõe sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente por Estados, Distrito Federal, Municípios e União em ações e serviços públicos de saúde, os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas três esferas de governoÚLTIMO DESPACHO - 28/09/2011 - PROTOCOLO LEGISLATIVO08/05/2008 - REMETIDA À CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROPOSIÇÃO: SF PLS 102/2006 de 24/04/2006 AUTOR: Senadora Serys SlhessarenkoEMENTA: Altera as Leis nºs 3.268, de 1957, e 4.324, de 1964, para dispor sobre o exame de proficiência dos médicos e dos cirurgiões-dentistas.

ÚLTIMO DESPACHO - 04/02/2011 - Secretaria de Arquivo11/01/2011 - ARQUIVADA AO FINAL DA LEGISLATURA

LEVANTAMENTO JURISPRUDENCIAL:DIREITO À SAÚDE

RE 581488 RG/RS-RIO GRANDE DO SULREPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

RELATOR: MINISTRO DIAS TOFFOLI EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CI-VIL PÚBLICA. ACESSO DE PACIENTE À INTERNAÇÃO PELO SUS COM A POSSIBILIDADE DE MELHORIA DO TIPO DE COMODAÇÃO RECEBIDA MEDIANTE O PAGAMENTO DA DIFERENÇA ENTRE OS VALORES COR-RESPONDENTES. INTELIGÊNCIA E ALCANCE DA NORMA DO ART. 196 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. MATÉRIA PASSÍVEL DE REPETIÇÃO EM INÚMEROS PROCESSOS. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.DECISÃO: O TRIBUNAL RECONHECEU A EXISTÊNCIA DE REPERCUS-SÃO GERAL DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL SUSCITADA. NÃO SE MA-NIFESTARAM OS MINISTROS CEZAR PELUSO E JOAQUIM BARBOSA. MINISTRO DIAS TOFFOLI RELATOR

RE 657718 RG / MG - MINAS GERAIS REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIOEMENTA :SAÚDE – MEDICAMENTO – FALTA DE REGISTRO NA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – AUSÊNCIA DO DIREITO ASSENTADA NA ORIGEM – RECURSO EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO GERAL – CONFIGURAÇÃO. POSSUI REPERCUSSÃO GERAL A CONTROVÉRSIA ACERCA DA OBRIGATORIEDADE, OU NÃO, DE O ESTADO, ANTE O DIREITO À SAÚDE CONSTITUCIONALMEN-TE GARANTIDO, FORNECER MEDICAMENTO NÃO REGISTRADO NA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA.DECISÃO: O TRIBUNAL RECONHECEU A EXISTÊNCIA DE REPER-CUSSÃO GERAL DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL SUSCITADA. NÃO SE MANIFESTARAM OS MINISTROS GILMAR MENDES E JOAQUIM BARBOSA. MINISTRO MARCO AURÉLIO RELATOR.

RE 607381 AGR / SC - SANTA CATARINA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

RELATOR: MIN. LUIZ FUXEMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. DIREITO À SAÚDE (ART. 196, CF). FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE PASSIVA ENTRE OS ENTES FEDERATIVOS. CHAMAMENTO AO PROCESSO. DES-LOCAMENTO DO FEITO PARA JUSTIÇA FEDERAL. MEDIDA PROTELA-TÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O ARTIGO 196 DA CF IMPÕE O DEVER ES-TATAL DE IMPLEMENTAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS, NO SENTIDO DE CONFERIR EFETIVIDADE AO ACESSO DA POPULAÇÃO À REDUÇÃO DOS RISCOS DE DOENÇAS E ÀS MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA PROTE-ÇÃO E RECUPERAÇÃO DOS CIDADÃOS. 2. O ESTADO DEVE CRIAR MEIOS PARA PROVER SERVIÇOS MÉDICO-HOSPITALARES E FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS, ALÉM DA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚ-BLICAS PREVENTIVAS, MERCÊ DE OS ENTES FEDERATIVOS GARANTI-REM RECURSOS EM SEUS ORÇAMENTOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DAS

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA: LEVANTAMENTO JURISPRUDENCIAL: DIREITO À SAÚDE

MESMAS. (ARTS. 23, II, E 198, § 1º, DA CF). 3. O RECEBIMENTO DE ME-DICAMENTOS PELO ESTADO É DIREITO FUNDAMENTAL, PODENDO O REQUERENTE PLEITEÁ-LOS DE QUALQUER UM DOS ENTES FEDERA-TIVOS, DESDE QUE DEMONSTRADA SUA NECESSIDADE E A IMPOSSI-BILIDADE DE CUSTEÁ-LOS COM RECURSOS PRÓPRIOS. ISTO POR QUE, UMA VEZ SATISFEITOS TAIS REQUISITOS, O ENTE FEDERATIVO DEVE SE PAUTAR NO ESPÍRITO DE SOLIDARIEDADE PARA CONFERIR EFETI-VIDADE AO DIREITO GARANTIDO PELA CONSTITUIÇÃO, E NÃO CRIAR ENTRAVES JURÍDICOS PARA POSTERGAR A DEVIDA PRESTAÇÃO JU-RISDICIONAL. 4. IN CASU, O CHAMAMENTO AO PROCESSO DA UNIÃO PELO ESTADO DE SANTA CATARINA REVELA-SE MEDIDA MERAMENTE PROTELATÓRIA QUE NÃO TRAZ NENHUMA UTILIDADE AO PROCESSO, ALÉM DE ATRASAR A RESOLUÇÃO DO FEITO, REVELANDO-SE MEIO INCONSTITUCIONAL PARA EVITAR OACESSO AOS REMÉDIOS NECES-SÁRIOS PARA O RESTABELECIMENTO DA SAÚDE DA RECORRIDA. 5. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO.DECISÃO: A TURMA NEGOU PROVIMENTO AO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. UNÂMINE. PRESIDÊNCIA DA SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA. 1ª TURMA, 31.5.2011.

AI 486816 AGR / RJ - RIO DE JANEIRO AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO

RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSOEMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. MEDICAMENTOS: FORNECIMENTO A PACIENTES CARENTES: OBRIGAÇÃO DO ESTADO. I. - PACIENTE CARENTE DE INDISPENSÁVEIS À AQUISIÇÃO DOS MEDICAMENTOS DE QUE NECESSITA: BRIGAÇÃO DO ESTADO EM FORNECÊ-LOS. PRECEDENTES. II. - AGRAVO NÃO PROVIDO.DECISÃO: A TURMA, POR VOTAÇÃO UNÂNIME, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DE AGRAVO,NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. AUSENTE, JUSTIFICADAMENTE, NESTE JULGAMENTO, O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA. 2ª TURMA, 12.04.2005.

AI-831223-RG/MG- MINAS GERAIS REPERCUSSÃO GERAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO

RELATOR: MIN. MINISTRO PRESIDENTEEMENTA : RECURSO. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONVERTIDO EM EXTRAORDINÁRIO. PROVENTOS E PENSÕES. CONTRIBUIÇÃO. AS-SISTÊNCIA À SAÚDE. SERVIDORES PÚBLICOS. INTERREGNO DAS EC Nº 20/98 E Nº 41/03. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. PRECE-DENTES. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA. RECURSO IMPROVI-DO. É INCOMPATÍVEL COM A CONSTITUIÇÃO NORMA QUE INSTITUI CONTRIBUIÇÃO À SAÚDE INCIDENTE SOBRE O VALOR DE PROVEN-TOS E PENSÕES DE SERVIDORES PÚBLICOS, NO INTERREGNO DAS EMENDAS CONSTITUCIONAIS N. 20/98 E N. 41/03.DECISÃO: O TRIBUNAL RECONHECEU A EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL SUSCITADA E, NO MÉRITO, REAFIRMOU A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE SOBRE A MATÉRIA, VENCIDOS OS MINISTROS AYRES BRITTO E MARCO AURÉLIO. NÃO SE MANIFESTARAM OS MINISTROS JOAQUIM BARBOSA E CÁRMEN LÚCIA. MINISTRO CEZAR PELUSO RELATOR

RE-578801-RG/RS-RIO GRANDE DO SUL REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIORELATOR: MIN. CÁRMEN LÚCIAEMENTA: DIREITO INTERTEMPORAL. APLICAÇÃO RETROATIVA DE LEIS SOBRE PLANOS DESAÚDE. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. HÁ REPERCUSSÃO GERAL NA QUESTÃO SOBRE AAPLICAÇÃO RETROATIVA DE LEIS SOBRE PLANOS DE SAÚDE AOS CONTRATOS FIRMADOS ANTES DA SUA VIGÊNCIA, À LUZ DO ART. 5º, INC. XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.DECISÃO: O TRIBUNAL RECONHECEU A EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL SUSCITADA. NÃO SE MANIFES-TOU O MINISTRO CEZAR PELUSO. MINISTRA CÁRMEN LÚCIA RELATORA.

AGRG NORESP: 857358-RJ AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2006/0118570-1

RELATOR: MINISTRO FRANCISCO FALCÃO EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. PORTADOR DE AIDS.PROCESSO EXTINTO. INICIAL EM QUE SE FORMULOU PEDIDO VAGO. AUSÊNCIADE INTERESSE DE AGIR. PORTADOR DA DOENÇA JÁ EM TRATAMENTO. PROLAÇÃODE SENTENÇA CONDICIONAL. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO ESPE-CIAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO A TODOS OS ALICERCES DO ACÓR-DÃO RECORRIDO. SÚMULA Nº 283/STF. INCIDÊNCIA.I - OS FUNDA-MENTOS ADOTADOS PELO ACÓRDÃO RECORRIDO PARA MANTER ASENTENÇA EXTINTIVA DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉ-RITO FORAM OS SEGUINTES: A) O FATO DE O PEDIDO FEITO PELO AUTOR SER VAGO, INCOMPATÍVEL, POIS, COM A NORMA INSERTA NO ART. 282, V, DO CPC; B) AINDA QUE SE ENTENDESSE O PEDIDO COMO DETERMINÁVEL, PORTANTO, GENÉRICO, TAL POSTULAÇÃO SERIA INADMISSÍVEL SOB PENA DE PROLAÇÃO DE SENTENÇA CON-DICIONAL, EM AFRONTA AO ART. 460, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC; E C) O FATO DE O AUTOR JÁ ESTAR RECEBENDO O TRATAMENTO NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE, O QUE LHE RETIRARIA O INTERESSE DE AGIR NESTE PARTICULAR. II - NO APELO NOBRE, O RECORREN-TE CUIDOU DE REBATER APENAS AQUELE PRIMEIRO FUNDAMEN-TO TRAZIDO PELO ACÓRDÃO VERGASTADO, DEIXANDO, TODAVIA, INATACADOS OS DEMAIS ALICERCES ADOTADOS POR AQUELE SO-DALÍCIO, OS QUAIS, POR SI SÓS, SÃO SUFICIENTES À SUA MANTEN-ÇA. É DE SER, POIS, RECONHECIDA A INCIDÊNCIA NA ESPÉCIE DO VERBETE SUMULAR Nº 283 DO STF. III - A CONTRA-ARGUMENTA-ÇÃO ÀQUELES OUTROS ALICERCES DO ACÓRDÃO VERGASTADO, TRAZIDA SOMENTE NESTA SEDE REGIMENTAL, É INVIÁVEL DE SER APRECIADA POR ESTA CORTE NESTE MOMENTO PROCESSUAL, EM RESPEITO AOS PRINCÍPIOS DA PRECLUSÃO E DA COMPLEMENTARI-DADE. IV - AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.DECISÃO: VISTOS E RELATADOS OS AUTOS EM QUE SÃO PARTES AS ACIMA INDICADAS, DECIDE A PRIMEIRA TURMA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, PORUNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO AGRAVO REGIMENTAL, NA FORMA DO RELATÓRIO E NOTAS TAQUIGRÁFICAS CONSTANTES DOS

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO

AUTOS, QUE FICAM FAZENDO PARTE INTEGRANTE DO PRESENTE JULGADO. OS SRS. MINISTROS LUIZ FUX, TEORI ALBINO ZAVASCKI E DENISE ARRUDA VOTARAM COM O SR. MINISTRO RELATOR. AUSENTE, JUSTIFICADAMENTE, O SR. MINISTRO JOSÉ DELGADO.

RESP-325337/RJ RECURSOESPECIAL 2001/0067327-4

RELATOR: MINISTRO JOSÉ DELGADO EMENTA: ADMINISTRATIVO. MEDICAMENTOS PARA TRATAMENTO DA AIDS. FORNECIMENTO PELO ESTADO. OBRIGATORIEDADE. AFASTAMENTO DA DELIMITAÇÃO CONSTANTE NA LEI Nº 9.313/96. DEVER CONSTITUCIONAL. PRECEDENTES. 1. RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO CONTRA V. ACÓRDÃO QUE ENTENDEU SER OBRIGATORIEDADE DO ESTADO O FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS PARA PORTADORES DO VÍRUS HIV. 2. NO TOCANTE À RESPONSABILIDADE ESTATAL NO FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTOS NO COMBATE À AIDS, É CONJUNTA E SOLIDÁRIA COM A DAUNIÃO E DO MUNICÍPIO. COMO A LEI Nº 9.313/96 ATRIBUI À UNIÃO, AOS ESTADOS, AO DISTRITO FEDERAL E AOS MUNICÍPIOS O DEVER DE FORNECER MEDICAMENTOS DE FORMA GRATUITA PARA O TRATAMENTO DE TAL DOENÇA, É POSSÍVEL A IMEDIATA IMPOSIÇÃO PARA TAL FORNECIMENTO, EM VISTA DA URGÊNCIA E CONSEQÜÊNCIAS ACARRETADAS PELA DOENÇA. 3. É DEVER CONSTITUCIONAL DA UNIÃO, DO ESTADO, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS O FORNECIMENTO GRATUITO E IMEDIATO DE MEDICAMENTOS PARA PORTADORES DO VÍRUS HIV E PARA TRATAMENTO DA AIDS. 4. PELA PECULIARIDADE DE CADA CASO E EM FACE DA SUA URGÊNCIA, HÁ QUE SE AFASTAR A DELIMITAÇÃO NO FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS CONSTANTE NA LEI Nº 9.313/96. 5. A DECISÃO QUE ORDENA QUE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FORNEÇA AOS DOENTES OS REMÉDIOS AO COMBATE DA DOENÇA QUE SEJAM INDICADOS POR PRESCRIÇÃO MÉDICA, NÃO PADECE DE ILEGALIDADE. 6. PREJUÍZOS IRIAM TER OS RECORRIDOS SE NÃO LHES FOR PROCEDENTE A AÇÃO EM TELA, HAJA VISTA QUE ESTARÃO SENDO USURPADOS NO DIREITO CONSTITUCIONAL À SAÚDE, COM A CUMPLICIDADE DO PODER JUDICIÁRIO. A BUSCA PELA ENTREGA DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL DEVE SER PRESTIGIADA PELO MAGISTRADO, DE MODO QUE O CIDADÃO TENHA, CADA VEZ MAIS FACILITADA, COM A CONTRIBUIÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO, A SUA ATUAÇÃO EM SOCIEDADE, QUER NAS RELAÇÕES JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO, QUER NAS DE DIREITO PÚBLICO. 7. PRECEDENTES DA 1ª TURMA DESTA CORTE SUPERIOR.8. RECURSO IMPROVIDO.DECISÃO: VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS OS AUTOS EM QUE SÃO PARTES AS ACIMA INDICADAS, ACORDAM OS MINISTROS DA PRIMEIRA TURMA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, POR UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO SR. MINISTRO RELATOR. OS SRS. MINISTROS FRANCISCO FALCÃO, GARCIA VIEIRA, HUMBERTO GOMES DE BARROS E MILTON LUIZ PEREIRA VOTARAM COM O SENHOR MINISTRO RELATOR.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA

O PODER EXECUTIVO: PELA BUSCA DE PARÂMETROS PARA A ATUAÇÃO JUDICIAL

Gustavo Silva Xavier115

Letícia Hermenegildo Chaves116

INTRODUÇÃO“Embora a Constituição não possa, por si só, realizar nada,

ela pode impor tarefas. A Constituição transforma-se em força ativa se essas tarefas forem efetivamente realizadas, se existir a disposição de orientar a própria conduta segundo a ordem nela estabelecida, se, a despeito de todos os questionamentos e reservas provenientes dos juízos de conveniência, se puder identificar a

vontade de concretizar essa ordem.” Konrad Hesse117.

A Judicialização da Saúde no Brasil não é um fenômeno recente, ela se inicia após o advento da CR/88, que trouxe a ampliação dos poderes do Judiciário e, concomitantemente, facilitou o acesso à justiça, principalmente na defesa e garantia de direitos fundamentais. Desse modo, a nova Carta Magna assegurou ao Judiciário autonomias funcional, administrativa e financeira, fazendo dele um poder autônomo, para julgar de acordo com a Constituição e as leis infraconstitucionais, sem temer represálias ou interferências de outros poderes. Por outro lado, os direitos e garantias fundamentais garantidos na CR/88 dependem de leis e de políticas públicas para ser efetivados, atribuições estas que são de competência do poder Legislativo e Executivo, primordialmente. Contudo, face à inércia destes poderes na implementação de políticas públicas, é inafastável a competência do Judiciário para realizar esses direitos que, segundo o texto constitucional, são de aplicação imediata (art. 5º, § 1º, CR/88).

Como se observa, o referido poder passou a ser, principalmente para as camadas menos favorecidas, um meio para conseguir usufruir de seus direitos. Este fenômeno apresenta aspectos relevantes: de um lado tem-se a realização plena do direito à saúde, mas por outro, a

115 Graduando em Direito pela Faculdade de Direito do Sul de Minas (FDSM), Turma (2012-2016). Membro do Grupo de Pesquisa PROCON – Processo, Constituição e Direito Comparado – A Judicialização da Política e o Legislativo. Monitor em Instituições de Direito Penal I e II pela FDSM.

116 Graduando em Direito pela Faculdade de Direito do Sul de Minas (FDSM), Turma (2012-2016). Membro do Grupo de Pesquisa PROCON – Processo, Constituição e Direito Comparado – A Judicialização da Política e o Legislativo.

117 HESSE, Konrad. 1991. “A Força Normativa da Constituição”, trad. Gilmar Ferreira Mendes, Porto Alegre, Sergio Antônio Fabris Editor.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO CONSIDERAÇÕES SOBRE A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE

arbitrariedade de alguns juízes que acabam por interferir excessivamente na esfera da administração pública. Compreende-se que a análise feita a seguir, para além de alargar as barreiras do conhecimento científico, pode repercutir positivamente na esfera social, buscando criar parâmetros para que o judiciário atue somente quando necessário, de modo a restaurar o equilíbrio da atuação dos três poderes e garantir aos cidadãos o direito universal à saúde.

Breve Histórico do direito à saúde no BrasilDesde seu descobrimento até a instauração do Império, o Brasil

não dispunha de nenhum modelo de políticas públicas voltadas à saúde da população e nem mesmo havia o interesse do governo em criá-las.As políticas de saúde pública no Brasil118 iniciaram-se no Século XIX, com a vinda da Corte Portuguesa ao país. Nessa época, as ações eram praticamente restritas ao combate à lepra e à peste. Ainda assim, foram criados órgãos responsáveis pela efetivação de políticas sanitárias e, dentre elas, destacam-se a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro.

Somente a partir de 1870 o Estado passou a adotar políticas mais efetivas em relação à saúde, tornando obrigatória a vacinação antivaríola. Oswaldo Cruz, pesquisador do Instituto Pasteur e à frente da diretoria Geral de Saúde Pública, foi quem organizou e implementou algumas instituições públicas de saúde e higiene de suma importância para o controle de doenças epidêmicas. No que tange à assistência médica individual, grande parte da população estava privada deste serviço, que era restrito apenas às classes dominantes.

A partir de 1930, o Estado sofre ampla reforma política e administrativa. Com a criação do IAPs (Institutos de Aposentadoria e Pensão), o governo começa a ter um olhar voltadoà saúde curativa, o que até então era reservado apenas aos serviços privados e de assistência filantrópica.

Apesar do avanço, tais serviços não tinham um caráter universalizante, pois eram restritos aos profissionais ligados ao respectivo instituto. Desse modo, somente trabalhadores com carteira assinada eram destinatários dos serviços oferecidos pelos IAPs. Percebe-se, então, que grande parte da população ficava à mercê do atendimento de algum dos órgãos dos serviços de saúde, dependendo, exclusivamente, da caridade pública.

Com a criação do Ministério da Saúde em 1953, há um grande salto em relação aos institutos anteriores, pois se iniciaram serviços de abastecimento de água e construção de redes de esgoto. Por outro lado, com a instauração do regime militar, em 1964, o primeiro efeito do golpe militar sobre o Ministério da Saúde foi a redução das verbas destinadas à saúde pública, o que resultou em uma política de saúde que privilegiava

118 BARROSO, Luiz Roberto. “Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito a saúde, fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial”. P. 12-16.

o elemento individual e não o coletivo.Além disso, com um discurso racionalizante, ocorre a fusão dos

IAPs, com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social - INPS. Com ele, surgiram os Serviços de Assistência Médica e Domiciliar de Urgência como a Superintendência dos Serviços de Reabilitação da Previdência Social. Desse modo, todo trabalhador com carteira assinada era beneficiário desse sistema, tendo direito ao acesso e atendimento à rede pública de saúde.

Em 1975, foi promulgada a lei que instituiu o Sistema Nacional de Saúde, dando ao Ministério da Saúde caráter normativo e ações na área de interesse coletivo e ao Ministério da Previdência a responsabilidade pelo atendimento individualizado. Um marco importante, que antecede a redemocratização de 1988, foi a realização, em Brasília, da VIII Conferência Nacional de Saúde119, com ampla participação de trabalhadores, governo, usuários e parte dos prestadores de serviços de saúde, que se consolidou na Reforma Sanitária brasileira.

Em 1988, a Assembleia Nacional Constituinte aprovou a nova Constituição Brasileira, incluindo, pela primeira vez, uma seção sobre a saúde, surgindo assim o SUS (Sistema Único de Saúde). Portanto, pela primeira vez na história, a Constituição estabelece que:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Desse modo, a prestação dos serviços de saúde agora não é mais restrita a trabalhadores que tenha vínculo empregatício com determinado instituto, mas sim um direito pertencente a todos os brasileiros que, agora, são titulares do direito universal à saúde.

A questão da distribuição de medicamentosNa questão da distribuição de medicamentos, não está explícito na

Constituição a competência de cada esfera da federação, o que há é apenas inúmeros atos administrativos federais, estaduais e municipais120, que, na verdade, apenas regulam as listas de medicamentos que serão distribuídos por cada ente, contudo, sem estabelecer as respectivas competências.

Um desses atos normativos é a Portaria 3.916/98 do Ministério da Saúde, que implementou a Política Nacional de Medicamentos (P.N.M.) que, dentre outras coisas, estabelece o estímulo à produção e o fornecimento de medicamentos essenciais. A P.N.M. em suas diretrizes institui que compete aos três entes da federação a competência para

119 CUNHA, J.P.P., CUNHA, R.E. 1998. Sistema Único de Saúde - SUS: princípios. In: CAMPOS, F.E., OLIVEIRA JÚNIOR, M., TONON, L.M. Cadernos de Saúde. Planejamento e Gestão em Saúde. Belo Horizonte: COOPMED, Cap.2, p. 11-26.

120 BARROSO, Luiz Roberto. “Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito a saúde, fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial”. P. 17.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO CONSIDERAÇÕES SOBRE A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE

“assegurar o acesso da população a medicamentos seguros, eficazes e de qualidade, ao menor custo possível121”, através dos gestores do S.U.S. Os medicamentos que devem ser fornecidos são escolhidos com base na maioria dos problemas de saúde da população e, por isso, devem estar sempre disponíveis na posologia e quantidade correta. A partir disso, serão elaboradas listas de medicamentos básicos disponíveis nas redes estaduais e municipais, de acordo com as necessidades epidemiológicas de cada um e com o apoio do gestor federal.

O Ministério da Saúde usa como meio de padronizar a distribuição de medicamentos a RENAME (Relação Nacional de Medicamentos), que auxilia na prescrição e abastecimento dos medicamentos, principalmente no âmbito do S.U.S. A RENAME tem por obrigação ser atualizada constantemente e possibilitar sua divulgação pelos meios de comunicação, inclusive pela internet.

A gestão federal também tem um papel fundamental, pois por meio da ANVISA, ela autoriza, regulamenta e fiscaliza, dentre outras coisas, os medicamentos e as empresas produtoras destes, que serão autorizados a serem distribuídos e se estabelecerem no Brasil, conforme é estabelecido pelas competências da ANVISA:

São bens e produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária: medicamentos de uso humano, suas substâncias ativas e demais insumos, processos e tecnologias, “autorizar o funcionamento de empresas de fabricação, distribuição e importação dos produtos mencionados no art. 4º deste Regulamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária” [Decreto n.º 3.029, de 16 de abril de 1999]122.

A P.N.M estabelece ainda a reorientação da assistência farmacêutica, estipulando que esta não deve se restringir à mera distribuição de medicamentos, mas devendo abarcar todas as atividades relacionadas à promoção da saúde. Um dos fundamentos da reorientação farmacêutica é a descentralização da gestão, que consiste em dar maior autonomia aos Municípios, âmbito no qual a população está mais próxima do Poder Público e, por isso, suas necessidades podem ser mais bem avaliadas e atendidas. Contudo, isso não exime os poderes Estaduais e Federais da responsabilidade relativa à aquisição e distribuição de medicamentos em situações especiais123:

Inicialmente, a definição de produtos a serem adquiridos e distribuídos de forma centralizada deverá considerar três pressupostos básicos, de ordem epidemiológica, a saber:a. doenças que configuram problemas de saúde pública, que atingem ou põem em risco as coletividades, e cuja estratégia de controle

121 Política Nacional de Medicamentos, Portaria Nº 3.916 de 30 de Outubro de 1998, disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt3916_30_10_1998.html>. Acesso em: 10/11/2014.

122 ANVISA, Competências Gerais da ANVISA, disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/institucional/anvisa/comp.htm>. Acesso em: 10/11/2014.

123 Política Nacional de Medicamentos, Portaria 3.916/1998, disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt3916_30_10_1998.html>. Acesso em: 10/11/2014.

concentra-se no tratamento de seus portadores;b. doenças consideradas de caráter individual que, a despeito de atingir número reduzido de pessoas, requerem tratamento longo ou até permanente, com o uso de medicamentos de custos elevados;c. doenças cujo tratamento envolve o uso de medicamentos não disponíveis no mercado.Após essa análise, a decisão deverá, ainda, observar critérios mais específicos, relativos a aspectos técnicos e administrativos, de que são exemplos:a. o financiamento da aquisição e da distribuição dos produtos, sobretudo no tocante à disponibilidade de recursos financeiros;b. o custo-benefício e o custo-efetividade da aquisição e distribuição dos produtos em relação ao conjunto das demandas e necessidades de saúde da população;c. a repercussão do fornecimento e uso dos produtos sobre a prevalência ou incidência de doenças e agravos relacionados aos medicamentos fornecidos;d. a necessidade de garantir apresentações de medicamentos, em formas farmacêuticas e dosagens adequadas, considerando a sua utilização por grupos populacionais específicos, como crianças e idosos.

Por fim, a Portaria nº 399124do Ministério da Saúde estabelece: “a responsabilidade e competência das três esferas de gestão – União, Estados e Municípios pelo financiamento do Sistema Único de Saúde”.

De modo geral, compete aos Municípios o fornecimento de medicamentos básicos, como, por exemplo, os medicamentos de hipertensão, diabetes, asma, pílulas anticoncepcionais, entre outros; aos Estados o custeio de tratamentos de alto custo que causaria grave dano ao orçamento da saúde dos Municípios, principalmente, dos de menor potencial orçamentário. A União, por sua vez, possui basicamente a mesma competência dos Estados, e ainda possui alguns órgãos federais especializados em tratar determinadas enfermidades, como o câncer.

Algumas considerações acerca da atuação do Poder Judiciário

Com o advento da Constituição de 1988, há uma mudança de postura e paradigma em relação à atuação do Judiciário: este abandonou125 seu posicionamento tímido em relação à judicializaçãoda política e passou a entender,o direito à saúde, não mais como mera norma programática, dotada de inaplicabilidade, tornando-se um mecanismo pelo qual o cidadão possa fazer valer de seus direitos garantidos por lei ou pela Constituição.

124 Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2006/GM/GM-399.htm>. Acesso em: 10/11/2014.

125 Observa Barroso: “Nas últimas décadas, com a recuperação das garantias da magistratura, o Judiciário deixou de ser um departamento técnico-especializado e se transformou em um verdadeiro poder político, capaz de fazer valer a Constituição e as leis, inclusive em confronto com os outros Poderes.” (BARROSO, Luis Roberto. “Judicialização, Ativismo Judicial e Legitimidade Democrática”).

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Todavia, de acordo com o princípio da separação dos poderes (freios e contrapesos), cabe, primariamente, ao Poder Legislativoo dever de elaborar leis para a efetivação de direitos e garantias fundamentais; ao Poder Executivo compete o dever de fazer políticas que visem à melhoria das condições sociais e permitam a aplicação das leis; e ao Judiciário, interpretar e aplicar a Constituição e as leis nos casos de conflitos, de modo que seja assegurado o respeito e a integridade do ordenamento jurídico. Ocorre que, muitas vezes, o Poder Legislativo e Executivo não cumprem sua função primordial, e não é justo que o cidadão titular de um direito fique privado deste em virtude da inércia estatal.

Percebe-se que o Judiciário acaba sendo visto como uma solução desses problemas, que deveriam ser realizados de modo mais consistente. Assim, a judicialização vem se tornando cada vez mais frequente, principalmente quando há a omissão do Poder Público (seja na esfera legislativa ou executiva). Desse modo, o Judiciário se apresenta como um mecanismo de defesa e garantia de direitos fundamentais, exercendo um papel predominante – dentro do acordo tríplice dos poderes – e sua inferência no campo das demais esferas federativas é consequência da maior ou menor efetividade dos demais poderes. Ademais, sua atuação está em consonância com o ordenamento jurídico, tendo em vista o princípio da inafastabilidade da prestação jurisdicional (art. 5°, XXXV, CR/88), além de ser um meio de efetivação do princípio da aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos e garantias fundamentais (art. 5º, § 1º, CR/88).

Judicialização da Saúde no BrasilA judicializaçãoé fruto do modelo constitucional adotado em

1988126, em decorrência da demanda pela implementação de novos direitos e na busca da concretização do princípio da dignidade da pessoa humana. Vale lembrar que, antes da entrada em vigor da CR/88, a postura do Judiciário sempre foi de que o direito à saúde era simples norma programática, sendo, portanto, dotada de inaplicabilidade.

A grande procura pela atuação do Judiciário nos casos relacionados à saúde se deu no início dos anos 90, com o crescente aumento do número de pessoas infectadas pelo vírus HIV. Porém, os medicamentos necessários ao combate do vírus não faziam parte da listagem disponível pelo SUS. Sendo assim, os portadores do vírus ajuizaram ações contra o

126 Com o fortalecimento do Poder Judiciário, independência do Ministério Público e ampliação das Defensorias Públicas - sendo de inegável importância para a concretização do princípio do acesso à justiça - e em consonância com o princípio da aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos e garantias fundamentais, o Judiciário tornou-se o grande meio pelo qual o cidadão possa fazer valer seus direitos previstos constitucionalmente. Desse modo, a judicialização envolve uma transferência de poder para juízes e tribunais, com alterações significativas na linguagem, na argumentação e no modo de participação da sociedade. (BARROSO, Luis Roberto. “Judicialização, Ativismo Judicial e Legitimidade Democrática”. cit.,p.3).

Estado e conseguiram liminares que obrigavam o Poder Público a fornecer os medicamentos necessários gratuitamente. Com a promulgação da Lei 9313/96, tornou-se obrigatório o fornecimento de medicamentos aos infectados pelo vírus HIV127.

Conforme ensina Luis Roberto Barroso128, há três grandes causas que ensejaram significativamente para o aumento da demanda judicial. A primeira causa foi a redemocratização do país, que após a CR/88, deu ao Judiciárioa atribuição de garantias institucionais e autonomias (administrativa, financeira e funcional), transformando-se em um verdadeiro poder autônomo, capaz de fazer valer a força normativa da Constituição.

A segunda grande causa foi a constitucionalização abrangente, ou seja, diversas questões que antes pertenciam ao campo das leis infraconstitucionais foram trazidas ao âmbito constitucional. E, por fim, a terceira grande causafoi o sistema brasileiro de controle de constitucionalidade, que abrange vias de controle difuso e concentrado (sistema misto). Em razão disso, passaram a ser julgadas pelo STF ações relativas a: a) possibilidade de pesquisas com células tronco; b) possibilidade do aborto em casos fetos anencefálicos; c) reconhecimento de uniões homoafetivas; entre outros. A tudo isso se soma o aumento dos legitimados para propor ações referentes ao controle concentrado de constitucionalidade; em razão disso, qualquer questão jurídico-social

127 O Supremo Tribunal Federal decidiu no ano 2000 que: “O direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição da República (art. 196). Traduz bem jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder Público, a quem incumbe formular - e implementar - políticas sociais e econômicas idôneas que visem a garantir, aos cidadãos, inclusive àqueles portadores do vírus HIV, o acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica e médico-hospitalar. O direito à saúde - além de qualificar-se como direito fundamental que assiste a todas as pessoas - representa consequência constitucional indissociável do direito à vida. O Poder Público, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuação no plano da organização federativa brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão, em grave comportamento inconstitucional. O caráter programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política - que tem por destinatários todos os entes políticos que compõem, no plano institucional, a organização federativa do Estado brasileiro - não pode converter-se em promessa constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado. O reconhecimento judicial da validade jurídica de programas de distribuição gratuita de medicamentos a pessoas carentes, inclusive àquelas portadoras do vírus HIV/AIDS, dá efetividade a preceitos fundamentais da Constituição da República (arts. 5º, caput, e 196) e representa, na concreção do seu alcance, um gesto reverente e solidário de apreço à vida e à saúde das pessoas, especialmente daquelas que nada têm e nada possuem, a não ser a consciência de sua própria humanidade e de sua essencial dignidade. (BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo Regimental no Recurso Extraordinário n.º 271286. Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, j. 12 set. 2000, DJ 24 nov. 2000).

128 BARROSO, Luis Roberto. “Judicialização, Ativismo Judicial e Legitimidade Democrática”. P. 3-6.

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relevante pode ser analisada pelo STF. No campo das demandas judiciais relativas ao direito à saúde,

encontram-se, ainda, algumas causas importantes que podem ter contribuído noaumento da demanda ao Judiciário, dentre elas pode-se destacar:

a)A morosidade burocrática para aquisição e distribuição de novos medicamentos;b) A falta de orientação dos pacientes da rede pública e privada para ter acesso a medicamentos dos programas de assistência farmacêutica do SUS;c) E o fato de que os pedidos feitos pela via judicial costumam ser atendidos prontamente através das tutelas antecipadas.

Percebe-se que tal intervenção do Poder Judiciário se faz necessária para garantir a efetivação dos direitos sociais assegurados no texto constitucional, além de contribuir para a realização da promessa constitucional de universalização da saúde. Logo, se é prevista a concessão de um medicamento ou a prestação de determinado serviço de saúde pelo poder público, e estes não forem atendidos administrativamente, é legítima a atuação do Judiciário para garantir que seja assegurado este direito.

Nesse sentido, já decidiu o STF, na Suspensão de Tutela Antecipada129, nº 175:

Tratando-se de típico direito de prestação positiva, que se subsume ao conceito de liberdade real ou concreta, a proteção à saúde – que compreende todas as prerrogativas, individuais ou coletivas, referidas na Constituição da República (notadamente em seu art. 196) – tem por fundamento regra constitucional cuja densidade normativa não permite que, em torno da efetiva realização de tal comando, o Poder Público disponha de um amplo espaço de discricionariedade que lhe enseje maior grau de liberdade de conformação, e cujo exercício possa resultar, paradoxalmente, com base em simples alegações de mera conveniência e/ou oportunidade, a nulificação dessa prerrogativa essencial.

Críticas ao excesso de judicializaçãoÉ inegável o grande avanço que o ordenamento jurídico

brasileiro teve após a promulgação da Constituição de 1988. Com o fortalecimento do Poder Judiciário e o aumento de suas vias de acesso, houve a possibilidade do cidadão pleitear direitos que antes eram vistos estritamente como promessas constitucionais. Entretanto, com a crescente Judicialização da Saúde, o sistema começa a apresentar sintomas de desgaste, tendo em vista a falta de critérios nos serviços prestados à sociedade, e que, muitas vezes, colocam em cheque o equilíbrio federativo. Algumas considerações serão levantadas acerca da Judicialização da Saúde e o risco que seu uso desenfreado pode causar ao sistema jurídico brasileiro.

129 STF - STA: 175 CE , Relator: Min. PRESIDENTE Gilmar Mendes. Data de Julgamento: 16/06/2009, Data de Publicação: DJe-117 DIVULG 24/06/2009 PUBLIC 25/06/2009.

A primeira grande crítica que se pode levantar é a de colocar em risco à legitimidade democrática130. Primeiramente, o Estado Democrático de Direito tem no nome seu próprio fundamento: um governo do povo. Contudo, o Poder Judiciário, como um órgão não eleito, tem a possibilidade de sobrepor suas decisões às de órgãos eleitos pelo povo e que os representam, como é o caso do Poder Legislativo e Executivo. Desse modo, com crescimento do Judiciário como ator político, ocorre um enfraquecimento dos poderes legislativo e executivo, que se deve à crise131 da representação política e da própria democracia moderna. Nesse sentido, lecionam Alexandre Bahia e Dierle Nunes:

(...) a crise da democracia representativa tem levado, cada vez mais, demandas ao Judiciário. Após a Constituição de 1988, ele tem sido utilizado como tertium genus diante da inacessibilidade de grupos ou demandas minoritárias dos outros poderes (...). Tal fato, entretanto, se mostra problemático e, ainda que possa ser uma necessidade para casos emergenciais, não pode ser tido como uma opção a longo prazo. Pretensões a direito devem passar pela arena pública de discussão e formação da vontade pública institucionalizada (Parlamentos), lugar onde os mais variados temas podem ser debatidos por partidos políticos de diferentes ideologias.132

Uma segunda crítica comum é de que a norma constitucional aplicável no que tange ao direito à saúde se trata de uma norma de eficácia programática133. Por se tratar de uma promessa constitucional, entende-se que a garantia do direito à saúde deveria ocorrer através de políticas públicas econômicas e sociais, sendo, pois, tarefa do Poder Executivo efetivar tal direito. Entretanto, em consonância com o principio constitucional de aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos fundamentais, entende-se que não é mais viável afirmar que se trata de norma programática, pois não é justo que cidadãos fiquem órfãos de políticas públicas para ter seu direito efetivado, tendo em vista a inércia destes.

Porém, a crítica mais frequente e que requer maiores cuidados é a denominada reserva do possível. Após o advento do Estado de Bem-Estar social, houve uma inversão de paradigma: o Estado deixar de ter um caráter de atuação negativa e passa a intervir na sociedade através

130 Ob. Cit. p. 10-17.131 Castro, Kátia Regina Tinoco Ribeiro de, 1964 – Os juízes diante da judicialização

da saúde : o NAT como instrumento de aperfeiçoamento das decisões judiciais na área da saúde / Kátia Regina Tinoco Ribeiro de Castro. - Rio de Janeiro, 2012. P. 26-28. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/9769/K%C3%A1tia%20Regina%20Tinoco%20Ribeiro%20de%20Castro.pdf?sequence=1>. Acesso em: 10/11/2014.

132 (BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco, NUNES, Dierle. Crise da democracia representativa, infidelidade partidária e seu reconhecimento judicial. p.61-62).

133 BARROSO, Luiz Roberto. “Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito a saúde, fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial”. P. 22.

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de políticas públicas, são os chamados direitos prestacionais134. Dentre eles, destaca-se o direito à saúde. Entretanto, diante da insuficiência de recursos e do aumento da demanda social por prestações estatais, investir em determinada área implicaria em deixar de investir em outros setores. Não se trata apenas de um simples direito à saúde, mas se trata de o direito à vida e à saúde de um versus o direito à vida e à saúde de vários outros. Por exemplo, em um tratamento de uma doença raríssima no exterior, que necessite de recursos altíssimos, poderia ocasionar um déficit no orçamento público e privar outras áreas da saúde de futuros investimentos.

Ainda no contexto da análise econômica do Estado, há diversos casos em que as decisões judiciais, seja em matéria de medicamentos ou em prestações públicas, apresentam certo grau de discricionariedade e causam grande desorganização das finanças e da Administração Pública. Um exemplo comum, é o julgamento do STF, na Suspensão de Tutela Antecipada, nº 244135, em que o Estado do Paraná tinha sido condenado pelo juízo de 1º Vara da Fazenda Pública de Curitiba, a uma multa diária de R$ 200,00, caso não fornecesse um medicamento que não consta sequer na Relação de Medicamentos Excepcionais do Ministério da Saúde, não é registrado pela ANVISA, e,também, não possui autorização comercial no país. Percebe-se, portanto, que o Judiciário por não possuir um conhecimento técnico-específico, não é capaz de avaliar se determinado medicamento é necessário para manter a vida e a saúde do jurisdicionado.

6. Parâmetros para a atuação judicialEm síntese, percebe-se que pela falta de parâmetros na legislação

e nas políticas públicas, abre-se uma brecha para a arbitrariedade do Judiciário na busca pela aplicação do direito à saúde. Mas que parâmetros poderiam ser estes? Tem-se visto algumas soluções que, na prática, tem demonstrado bons resultados em relação ao número de demandas levadas à apreciação do Estado-Juiz. A seguir apontaremos algumas situações que poderiam ser utilizadas como “filtro” das ações sobre a saúde:

1) Uma das possíveis ações que têm tido um bom resultado, mas que ainda é pouco difundida, é a chamada Tutela Coletiva. Através das ações coletivas, com eficácia erga omnes, poder-se-ia evitar que inúmeras

134 Lênio L. Streck e Luiz Bolzan de Morais explicam que: “Na ampliação da atuação positiva do Estado, temos a diminuição no âmbito da atividade livre do indivíduo, ou seja, com o crescimento da intervenção, desaparece o modelo de Estado Mínimo e abre-se o debate acerca de até que momento sobrevivem os ideais liberais diante de tal situação, bem como até que ponto não é esta transformação o meio através do qual o próprio liberalismo estabelece as condições suficientes para a sua continuidade (...) As novas demandas sociais implicam não apenas um reforço quantitativo na atuação estatal, mas também requerem novas estratégias de ação por parte dos entes políticos.” (STRECK, Lênio Luis; MORAIS, José Luis Bolzan, 2008. Ciência Política e Teoria do Estado. 6ª ed., Porto Alegre: livraria do Advogado).

135 STF – STA: 244 PR. Relator: Min. PRESIDENTE Gilmar Mendes. Data de Julgamento: 18/09/2009. Data de Publicação: DJe-180 DIVULG 23/09/2009; PUBLIC 24/09/2009; RF v. 106, n. 407, 2010.( p. 385-394).

ações passassem por todo o rito processual, seja ele na Justiça Comum ou nos Juizados Especiais. Nestes casos, a pessoa só precisaria executar a sentença, tornando o processo mais ágil e evitando mais ações repetidas no judiciário. Nesse sentido, em recente julgamento136 de recurso especial (REsp 1377400) interposto pelo Ministério Público de Santa Catarina, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) atribuiu eficácia erga omnes à ação civil pública destinada a garantir o fornecimento de fraldas descartáveis a portadores de doenças que necessitem desse item e não tenham condições de arcar com seu custo.

2) Outra prática que efetivamente demonstrou resultados significativos foi a Orientação ao Usuário utilizada pela Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo. Foi instalado um centro Triagem Farmacêutica no Ambulatório Médico de Especialidades Maria Zélia137, que tinha por objetivo informar a população sobre a distribuição de medicamentos. Constatou-se que muitas pessoas estavam demandando por medicamentos que já eram distribuídos por via administrativa, mas que elas desconheciam quais os medicamentos e como obtê-los. Fica claro que a falta de informação da população gera ações desnecessárias, e que investir nela pode ser uma forma de diminuir o número de ações ajuizadas.

3) Em Ribeirão Preto outra ação mostrou-se eficaz para combater o excesso de judicialização. O juiz João Guandini que assumiu a Vara da Fazenda Pública percebeu o excessivo número de ações relacionadas à saúde, e muitas desnecessárias ou correndo de forma irregular. A solução que encontrou foi criar uma comissão que estabeleceu critérios e mecanismos para os processos relativos ao setor.

Ao entrar com uma ação, o advogado deve preencher um questionário padronizado e apresentar atestados. O material é enviado por e-mail aos integrantes, com perguntas como: “O medicamento está aprovado pela Anvisa?” e “Trata de que patologia?”. Ao final, cada um opina se o juiz deve ser favorável ou não. A opção pelo e-mail tem a ver com a necessidade de agilizar a conclusão do processo: “Se demorarmos 10 ou 15 dias, o paciente pode morrer esperando”, observa o juiz.138

4) Por fim, nos valemos do belíssimo trabalho desenvolvido pelo professor e Ministro do STF, Luís Roberto Barroso, na busca por parâmetros para uma legítima e eficaz atuação do Judiciário. Em um artigo139 desenvolvido por solicitação da Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro, ele nos traz alguns apontamentos capazes de orientar as decisões judiciais, são eles: a) O Judiciário só determinar-se-á a

136 Disponível em: http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/detalhe.asp?numreg=201300981678

137 DOMINGUEZ, Bruno, Reportagem “Um Freio na Judicialização”, Revista Radis Online, disponível em:<http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/revista-radis/92/reportagens/um-freio-na-judicializacao>.Acesso em 27/02/2014.

138 DOMINGUEZ, Bruno, Reportagem “Um Freio na Judicialização”, Revista Radis Online, disponível em: <http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/revista-radis/92/reportagens/um-freio-na-judicializacao>. Acesso em 27/02/2014.

139 Op. Cit. p. 28-34.

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inclusão, em lista, de medicamentos de eficácia comprovada; b) Deve-se optar por medicamentos ou substâncias disponíveis no Brasil e de menor custo; c) Deverá se levar em conta se o medicamento é indispensável para manutenção da vida.

7. ConclusãoAnalisamos diversos dispositivos constitucionais e dispusemos dos

ensinamentos doutrinários e jurisprudenciais para fundamentar a ideia de que a atuação do Poder Judiciário – apesar de estar em consonância com o ordenamento jurídico, tendo em vista o princípio da inafastabilidade da prestação jurisdicional (art. 5°, XXXV, CR/88) e da aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos e garantias fundamentais (art. 5º, § 1º, CR/88) – em razão do excesso e falta de parâmetros nas decisões judiciais, pode prejudicar a administração pública e colocar em risco o orçamento público. Em suma, o que se busca não é barrar o acesso ao Judiciário, posto que este é um direito constitucionalmente garantido, mas sim que este seja feito somente quando necessário, buscando sempre respeitar parâmetros preestabelecidos pela doutrina e jurisprudência especializada, de modo que as soluções das demandas sejam preferencialmente por vias administrativas, para que só quando esta for ineficaz é que se faça imprescindível a atuação do Estado-Juiz, sendo um meio que se preze pela efetividade da prestação jurisdicional e primazia da Constituição.

8. ReferênciasBAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco, NUNES, Dierle. Crise da democracia representativa, infidelidade partidária e seu reconhecimento judicial.BARROSO, Luiz Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito a saúde, fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial.BARROSO, Luís Roberto. Judicialização, ativismo judicial e legitimidade democrática. In: http://www.oab.org.br/oabeditora/users/revista/1235066670174218181901.pdf. Acesso em 10/01/014.CASTRO, Kátia Regina Tinoco Ribeiro de, 1964 - Os juízes diante da judicialização da saúde: o NAT como instrumento de aperfeiçoamento das decisões judiciais na área da saúde. Rio de Janeiro, 2012. P. 26-28. Disponívelem: http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/9769/K%C3%A1tia%20Regina%20Tinoco%20Ribeiro%20de%20Castro.pdf?sequence=1. Acesso em: 10/11/2014.CUNHA, J.P.P., CUNHA, R.E. Sistema Único de Saúde - SUS: princípios. In: CAMPOS, F.E., OLIVEIRA JÚNIOR, M., TONON, L.M. Cadernos de Saúde. Planejamento e Gestão em Saúde. Belo Horizonte: COOPMED, 1998.

DOMINGUEZ, Bruno, Reportagem “Um Freio na Judicialização”, Revista Radis Online. Disponível em: http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/revista-radis/92/

reportagens/um-freio-na-judicializacao. Acesso em 27/02/2014.HESSE, Konrad.1991. A Força Normativa da Constituição, trad. Gilmar Ferreira Mendes, Porto Alegre, Sergio Antônio Fabris Editor.THEODORO JÚNIOR, Humberto; NUNES, Dierle Coelho; BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco.Nov. 2010 Breves considerações da politização do judiciário e do panorama de aplicação no direito brasileiro – análise da convergência entre o civil lawe o common lawe dos problemas da padronização decisória. Revista de Processo. São Paulo. RT. Vol. 189.VIANNA, Luiz Werneck.2002. A democracia e os três poderes no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, Rio de Janeiro: IUPERJ/FAPERJ.

9. Acesso EletrônicoANVISA, Competências Gerais da ANVISA, disponível em: http://www.anvisa.gov.br/institucional/anvisa/comp.htm. Acesso em: 10/11/2014.BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo Regimental no Recurso Extraordinário n.º 271286. Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, j. 12 set. 2000, DJ 24 nov. 2000.BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Suspensão de Tutela Antecipada nº 175. Relator: Min. PRESIDENTE Gilmar Mendes. Data de Julgamento: 16/06/2009; Data de Publicação: DJe-117 DIVULG 24/06/2009; PUBLIC 25/06/2009.BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Suspensão de Tutela Antecipada nº 244. Relator: Min. PRESIDENTE Gilmar Mendes. Data de Julgamento: 18/09/2009. Data de Publicação: DJe-180. DIVULG 23/09/2009 PUBLIC 24/09/2009 RF v. 106, n. 407, 2010.( p. 385-394).BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Medicamentos, Portaria Nº 3.916, de 30 de Outubro de 1998, disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt3916_30_10_1998.html>. Acesso em: 10/11/2014._____.<http://www.saude.caop.mp.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=523>. Acesso em: 11/11/2014._____.<http://www.stj . jus.br/webstj/processo/justica/detalhe.asp?numreg=201300981678>. Acesso em: 10/11/2014.

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ATIVISMO JUDICIAL E O DIREITO À EDUCAÇÃO: A LEGITIMIDADE

DO JUDICIÁRIO COMO ARENA DE DELIBERAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

PARA EDUCAÇÃO INFANTILFernanda Marques de Souza140

INTRODUÇÃONos últimos anos observou-se em nosso país um grande aumento

do raio de atuação do Poder Judiciário, denominado ativismo judicial: o Judiciário que outrora decidia sobre temas marcadamente “jurídicos”, agora delibera também sobre questões políticas. Os tribunais assim como a doutrina têm divididas suas posições. Por um lado temos os que defendem esta maior interferência do Judiciário no que tange à resolução de questões políticas, pois, “[...] o Judiciário, nos tempos atuais não pode propor-se a exercer função apenas jurídica, técnica, secundária, mas deve exercer papel ativo, inovador da ordem jurídica e social, com decisões de natureza e efeitos marcadamente políticos”.141 Por outro lado, temos o posicionamento doutrinário que vai absolutamente contra esta interferência do Judiciário sobre questões eminentemente políticas, pois isto feriria a democracia e tornaria insustentável o ambiente democrático. Sem contar é claro, que o ativismo faria com que se perdesse o sentido da democracia: inerte ou não, quem possui a legitimidade para fazer as leis e representar o povo é o Congresso e não os juízes. Espera-se que o Legislativo possua mais representatividade, assumindo as funções que são de sua competência. E que o Judiciário limite-se à função de aplicar a lei e apontar os defeitos de uma norma defeituosa. Trabalhando a lei no limite do texto constitucional.142

O presente trabalho tem o intuito de demonstrar esta ação do Judiciário, bem como a inércia do Legislativo e Executivo no que tange ao direito à educação infantil. O objetivo geral da pesquisa é analisar a interferência do Poder Judiciário com relação ao acesso à educação básica, bem como a ineficácia das políticas públicas que versam sobre o tema. Dentro dessa meta geral, a pesquisa pretende:

140 Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Sul de Minas – FDSM, integrante do Grupo de Pesquisa ProCon - Processo, Constituição e Direito Comparado: a judicialização da política e o Legislativo; grupo certificado pela FDSM e financiado pela Fapemig e pelo CNPq. Artigo desenvolvido com bolsa de iniciação científica cedida pela Fapemig, sob a orientação da Prof. Dr. Alexandre Gustavo Melo Franco Bahia.

141 DOBROWOLSKI, Silvio. A necessidade de ativismo judicial no estado contemporânea. Disponível em:<www.periodicos.ufsc.br /.../14280>. Acesso em: 04 fev. 2012.

142 RAMOS, Elival da Silva, O ativismo judicial é ruim independente do resultado. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2009-ago-01/entrevista-elival-silva-ramos-procurador-estado-sao-paulo.>. Acesso em: 25 fevereiro de 2012.

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as leis atuais e programas que versam sobre a educação básica e sua eficácia; relacionar a educação com desenvolvimento da cidadania; identificar possíveis falhas no acesso a esta etapa da educação e a busca pela efetivação deste direito perante o Judiciário.

1. EDUCAÇÃO E CIDADANIA: O DEVER DA FAMÍLIA, DA SOCIEDADE E DO ESTADO

O homem educa-se em primeiro lugar para superar a si mesmo, para tornar-se melhor a cada dia e, em seguida, para conviver em sociedade. Se o Estado não se interessa por viabilizar este trabalho, as consequências maléficas serão sentidas por toda sociedade.143 Segundo o jurista Dalmo de Abreu Dallari uma característica fundamental do ser humano, que o diferencia das demais espécies animais, dando-lhe superioridade, é a possibilidade de promover o seu próprio desenvolvimento.144

O artigo 1° da Constituição de 1988 traz como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, a cidadania. Entendemos que a cidadania será alcançada apenas quando os desafios para uma educação de qualidade forem superados. Sendo o homem um ser social, que estabelece os mais variados tipos de relacionamentos, faz-se de grande importância o pleno desenvolvimento de sua educação. Educação esta que se desenvolve em vários níveis e âmbitos, começando pela família nos primeiros anos de vida e, posteriormente na escola e na sociedade. Cada um desses entes possui um grau de responsabilidade para o pleno desenvolvimento do indivíduo.

1.1. O Dever da FamíliaA legislação pátria, atenta à necessidade de inclusão da família

como importante órgão de desenvolvimento do cidadão e incumbe aos pais o dever de zelar pela educação dos filhos. São vários dispositivos que tratam da temática, quais sejam: o artigo 6° da LDB impõe que os pais ou responsáveis devem efetuar a matrícula dos menores no ensino fundamental a partir dos 6 anos, o ECA nos seus artigos 4º e 22, bem como a Constituição Federal no artigo 227, dispõe que a educação é dever da família, em conjunto com a sociedade e o Estado, o Código Civil por sua vez, aponta nos artigos 231, VI, 233, IV, e 384 I e II, o dever dos pais zelarem pela educação de sua prole, e, por fim, o Código Penal disciplina o abandono intelectual em seu artigo 246. Em âmbito internacional temos várias disposições sobre o dever dos pais na educação dos filhos, 143 MUNIZ, Maria Regina Fonseca apud VICTOR. Rodrigo Albuquerque de.

Judicialização de Políticas públicas para a educação infantil, limites e ferramentas para um controle judicial legítimo. São Paulo Ed. Saraiva 2011 p. 58.

144 DALLARI. Dalmo de Abreu. Educação e preparação para cidadania. In: BENEVIDES, Maria Victória de Mesquita; BERCOVICI, Gilberto; MELO, Claudineu. (organizadores) Direitos Humanos, Democracia e República. São Paulo 2009. Ed. Quartier Latin do Brasil p. 324.

por exemplo, a Declaração dos Direitos Humanos de 1948. Todavia, não é apenas deste tipo de educação que a Constituição incube como dever dos pais, sendo necessário também que a família compartilhe com seus filhos sobre valores religiosos e sociais, já que o ambiente familiar será o primeiro contato do indivíduo com a sociedade.

Como bem afirma Regina Maria Fonseca Muniz, o protagonismo (ou omissão) dos genitores é determinante nos desequilíbrios, delitos e degradação moral da sociedade.145 A mesma autora afirma que neste ponto, a educação do caráter sobrepõe a educação intelectual.146 A formação do educando depende de uma harmonia entre a estrutura escolar e formação familiar, pois a sua formação como cidadão poderá ser comprometida se apenas tiver uma boa estrutura escolar e o desinteresse familiar. Portanto, compete aos pais zelarem para que os educandos possuam as melhores condições para seu pleno desenvolvimento, como boa alimentação, horários para dormir, apoio e incentivo aos estudos.

1.2. O Dever da Sociedade A sociedade, por sua vez, também desempenha importante

função no processo de educação da criança, podendo ser ressaltado o papel, por exemplo, da mídia, do rádio e da televisão, que poderiam contribuir com conteúdos de formação social. A grande influência que a mídia possui na vida dos cidadãos, poderia ser uma munição importante para a conscientização das crianças. O conteúdo dos programas de televisão, por exemplo, quando preocupados com a formação destes pequenos cidadãos, poderia levar mensagem de inclusão social, respeito à diversidade, incentivos à cultura e a leitura desde a infância. No Brasil, o papel desempenhado pela mídia acaba influenciando no comportamento social e, para as crianças que possuem pouco discernimento, um conteúdo que incite a violência ou a discriminação poderá ser absorvido como comum. A sociedade, que no caso engloba as mídias de comunicação, as empresas privadas, ONGs e etc., contribui para a complementação da educação do indivíduo. Segundo Rodrigo Albuquerque, sem a contribuição da sociedade o projeto estatal poderia naufragar.147 Ainda a respeito da mídia, o constituinte de 1988 no artigo 221, I, demonstrou atenção quanto a influência que esta exerce sobre a sociedade, estabeleceu, então, alguns princípios que indicam que preferencialmente a programação deve ter finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. Em outro passo, o papel das ONGs

145 MUNIZ, Maria Regina Fonseca. O direito à Educação. Rio de Janeiro/São Paulo. Ed. Renovar 2002. p.219 in VICTOR. Rodrigo Albuquerque de. Judicialização de Políticas Públicas para a Educação Infantil,Limites e Ferramentas para um Controle Judicial Legítimo. São Paulo Ed. Saraiva 2011. p. 79.

146 Ibidem.147 VICTOR. Rodrigo Albuquerque de. Judicialização de Políticas Públicas para a

Educação Infantil,Limites e Ferramentas para um Controle Judicial Legítimo. São Paulo Ed. Saraiva 2011. p. 81.

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suprindo as lacunas deixadas pelo Estado, representa bem a ideia de qual deve ser o papel da sociedade no que toca o direito à educação. Temos no Brasil exemplos de ONGs com incentivo à cultura, esportes, projetos de capacitação para o primeiro emprego, de assistência social, dentre outras que suprem de certa forma o déficit deixado pelo Estado.

1.3. O Dever do EstadoPor fim, o dever do Estado na promoção da educação. Os

valores morais e religiosos serão alcançados com o engajamento da família e da sociedade na formação das crianças; cabe então ao Estado promover a educação intelectual. Algumas ações são necessárias para o pleno desenvolvimento da educação, quais sejam: a estruturação das escolas, materiais, didáticos, merenda de qualidade, professores bem qualificados e bem remunerados, acessibilidade do ensino e etc. No que toca a educação infantil, podem ser apontados dois grandes desafios: sendo o primeiro sobre o número de vagas em escolas e creches que não consegue suprir a demanda, e que por vezes geram ações que deságuam no Judiciário, como será tratado ao longo do trabalho. Porém, o segundo desafio tange a figura do professor e sua capacitação, que nesta faixa do ensino (o infantil) exige deste profissional uma formação específica, visto que por serem pequenas as crianças demandam mais cuidados. O próprio Plano Nacional de Educação ressalta esta formação, e nas palavras de Rodrigo Albuquerque:

Conforme pontuado pelo próprio Plano Nacional de Educação (Lei n. 10.172/2001), a educação infantil demanda profissionais com formação específica e em maior número, afinal, crianças na idade de zero a seis anos requerem cuidados especiais, se comparados com alunos mais velhos. A hipossuficiência dos educandos nesta faixa etária exige do professor tarefas como alimentação, higiene pessoal, cuidados médicos, entre outros.148

Ainda dentro desta relação entre cidadania e educação, como já ressaltado, o professor apresenta-se como importante ator no processo educacional. Infelizmente, no cenário atual, este profissional que já gozou de status diante do reconhecimento da importância de sua função, hoje sofre com os baixos salários e até mesmo com ameaças de alunos dentro das salas de aula. Sobre esta desvalorização do trabalho do professor vejamos as ponderações de Dallari:

Nos padrões anteriores atribuía-se grande valor moral aos professores e havia o cuidado de assegurar-lhes um padrão de vida digno, livre de preocupações econômicas, para que pudessem dedicar-se serenamente as suas funções docentes, transmitindo conhecimentos, mas também exemplo de decência e serenidade, como um padrão para a vida social (...). Havia um consenso no sentido de considerar muito importante a contribuição do professor

148 Ibidem.

para a formação dos educandos, não só em termos de transmissão de conhecimento, mas também preparando cidadãos conscientes dos padrões éticos da sociedade, assim como da necessidade de se prepararem para assumir responsabilidade como profissionais e na vida social. O professor era tratado com respeito, em todos os lugares e nas pequenas cidades era visto como personalidade pública de grande importância. (...) Depois de meio século de transformações, tudo isso mudou muito. O professor perdeu seu prestigio social, de modo geral não existe o reconhecimento de que seu papel social tenha relevância, pois ele é visto como um profissional que simplesmente cumpre tarefas e para isso é remunerado.149

Com relação a este tema, o governo federal, nos últimos anos, tem despertado sobre a relevância do professor na formação das crianças, portanto estabeleceu algumas medidas para a valorização da classe e bem como a criação de um Piso Salarial Nacional como mandamento constitucional. Segundo Fernando Haddad, um dos principais pontos do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) é a formação dos professores e a valorização dos profissionais da educação. Ainda segundo Haddad, a Emenda Constitucional n° 53 estabeleceu a obrigação de que a lei federal fixe o piso salarial nacional do magistério, resgatando o compromisso histórico firmado no Palácio do Planalto, em 1994, entre o Ministério da Educação, o Conselho Nacional de Secretários de Educação, a União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação entre outros.150 Neste Plano, são observadas várias ações para valorização, avaliação e formação dos professores, visando à melhoria da educação para os docentes e educandos.

Sobre o aspecto dos professores sofrerem com as ameaças dos alunos, tramita o PL 267 de 2011, que acrescenta o art. 53-A a Lei n.° 8.069, de 13 de julho de 1990, que “dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências”, a fim de estabelecer deveres e responsabilidades à criança e ao adolescente estudante.

Art. 53-A. Na condição de estudante, é dever da criança e do adolescente observar os códigos de ética e de conduta da instituição de ensino a que estiver vinculado, assim como respeitar a autoridade intelectual e moral de seus docentes. Parágrafo único. O descumprimento do disposto no caput sujeitará a criança ou adolescente à suspensão por prazo determinado pela instituição de ensino e, na hipótese de reincidência grave, ao seu encaminhamento a autoridade judiciária competente.151

149 DALLARI. Dalmo de Abreu. Educação e Preparação para Cidadania. BENEVIDES, Maria Victória de Mesquita, BERCOVICI, Gilberto, MELO Claudineu. (organizadores) Direitos Humanos, Democracia e República. São Paulo 2009. Ed. Quartier Latin do Brasil. p. 327e 328.

150 HADDAD. Fernando. O Plano de Desenvolvimento da Educação: Razões, Princípios e programas. BENEVIDES, Maria Victória de Mesquita, BERCOVICI, Gilberto, MELO Claudineu.(organizadores) Direitos Humanos, Democracia e República. São Paulo 2009. Ed. Quartier Latin do Brasil. p. 436.

151 Projeto de Lei n. 267/2011. Disponível em: <www.camara.gov.br>. Acesso em: 20/02/03.

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A justificativa da deputada Cida Borghetti ao propor o PL, foi a de que no atual contexto brasileiro, os professores sofrem com agressões verbais e físicas, e aponta o ECA omisso sobre as punições quando desse tipo de comportamento.

Por certo que devem existir discussões sobre a constitucionalidade das punições e sobre o mérito PL. No entanto, é importante observar que o Estado já voltou à atenção em relação à importância da figura do professor no desenvolvimento de uma sociedade saudável. Sendo, demasiadamente válidas as manifestações que visam promover o professor e sua proteção, valorizando o profissional que esta nas bases da formação do cidadão.

2. A OMISSÃO DO LEGISLADOR2.1. A Falta de Representação

Como uma das hipóteses levantadas pela pesquisa sobre o aumento do raio de atuação do Poder Judiciário em realizar políticas públicas, está a omissão dos Poderes Executivo e Legislativo, principalmente, na formulação de leis que atendam as necessidades da população. Neste ponto, o foco é dado ao Poder Legislativo em sua esfera federal. Foi realizado um levantamento dos projetos de lei arquivados desde 1997 até 2011, e foram encontrados mais de 360 projetos de lei que passaram por boa parte da tramitação, mas que em dado momento foram arquivados.152 A tabela abaixo demonstra que algumas importantes ações foram deixadas de lado, ações que se transformadas em lei poderiam significar grandes avanços para a educação do país. Políticas que significariam grande melhoria no currículo educacional, como por exemplo, a implementação da matéria de direitos humanos na grade escolar, ou a obrigatoriedade de escola pública a menos de 12 quilômetros de casa.

Por outro lado, embora também arquivados, pode ser observado que o legislador federal não tem se preocupado com questões relativas à igualdade e laicidade do Estado. Quando, por exemplo, dispõe no PL 3618/2000 sobre a garantia de destinação de vagas nas instituições de ensino universitário federal e de ensino fundamental e médio, controlados pela União, aos filhos de ministros religiosos de qualquer credo.

Estes tipos de ações revelam o caráter ainda imaturo do legislador sobre questões de direitos fundamentais e princípios norteadores do estado democrático de direito, uma vez que dar privilégio em escolas para filhos de ministros religiosos, atenta não só contra a igualdade, como também à laicidade do Estado. Afinal, o que justificaria esta política de preferência? Funcionaria como cotas raciais, exerceria a mesma função de inclusão ou estaria apenas criando mais privilégios? Em que momento histórico ou atual os filhos dos ministros religiosos tiveram dificuldade de acesso às escolas?

152 Tabela disponível no acervo de pesquisas do grupo ProCon.(Processo e Constituição) na Faculdade de Direito do Sul de Minas.

Observa-se, que o legislador, por vezes, se utiliza do dinheiro público para propor ações que desrespeitam a própria ideia de representação, e, extrapolam os limites partidários, como “esquerda” ou “direita”, desvirtuam os discursos políticos em discursos de cunho pessoal e ideológico.

Neste diapasão, importantes são as considerações das professoras Ana Carolina de Faria Silvestre e Mirian dos Santos:

Certamente, não há como se falar em uma discussão ideologicamente neutra – todo discurso, mesmo aquele que assim se reconhece, nunca o será (ORLANDI, 2001) – mas talvez seja possível conceber uma esfera de discussão legislativa que alcance, com relação a um mesmo assunto, conhecimentos objetivos convergentes15. [...] Percebe-se, pois, conclusivamente, um claro descompasso entre as demandas do mundo da vida, sempre dinâmico, e a capacidade-disponibilidade- vontade do sistema Legislativo de oferecer às novas questões problemáticas uma resposta genericamente adequada com vistas ao bem comum.153

O PL 1021/2012 proposto pelo deputado pastor Marco Feliciano, dispõe sobre o ensino religioso na escola, sob a justificativa de que “todos temos um papai do céu que cuida de nós” e, que segundo o livro de Provérbios devemos ensinar a criança no caminho certo.

Ora, sendo o Brasil um país com diversidade em religiões, conseguiria este projeto abarcar todas e trazê-las para sala de aula? Ou apenas seria pautada no cristianismo esquivando-se de abarcar todas as religiões. Afinal, o Brasil possui um vasto número de crenças que possuem importância na formação histórica do país. Como por exemplo, as religiões de perfil afro, ou até mesmo as linhas tradicionais do espiritismo, candomblé dentre outras intermináveis denominações. Conseguiria estas aulas abarcar todas estas religiões, ou apenas seria analisada a ótica do cristianismo tradicional? A ideia de educação é trazer lições de cunho ético, visando a formação do cidadão, como já referido, compete à família encarregar-se da formação moral-religiosa da criança e, ao Estado, uma educação plural, visando a ética e o respeito à diversidade, entrelaçando a educação intelectual à cidadania, formando, cidadãos capazes de entender e questionar as mazelas atuais do Estado, exercendo a ‘criatividade social’ para buscar soluções que melhorem a comunidade em que está inserido.

Através da Ética, o aluno deverá entender o conceito de justiça baseado na equidade e sensibilizar-se pela necessidade de construção de uma sociedade justa, adotar atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças sociais, discutindo a moral vigente e tentando compreender os valores presentes na sociedade atual e em que medida eles devem ou podem ser mudados.154

153 SILVESTRE. Ana Carolina de Faria Silvestre. A Necessidade de (re) Pensar a Realização do Direito em Tempos de Protagonismo Judicial – Um Percurso Possível em Busca de uma Reflexão Refundadora de um Novo Sentido. p. 219 e 220.

154 MEC, Estudos Transversais-2000, citado por: MACEDO Maria do Carmo Freitas, TELLES. Beatriz Marcos SILVESTRE, Ana Carolina Faria, FRANCO, Monica

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Por outro lado, como supramencionado, projetos de lei de interesse geral e que se aprovados representariam significativos avanços sociais, são levados até boa parte da tramitação e arquivados sem discussões ou significativas análises. Como é o caso do PL 6112/2009, queautorizaria a União a instituir o programa nacional de reforço escolar na educação básica pública, denominado programa de apoio ao sucesso escolar na educação básica pública. Este projeto também foi arquivado, o que para as crianças com dificuldades no aprendizado, significaria uma chance de rever as matérias e de conseguir alcançar níveis aceitáveis de alfabetização.

2.2. Projetos de Leis Arquivados Tabela 1: Projetos de Leis Arquivados de 1997 até 2011.155

PROPOSTA: PL 3798/1997 AUTOR: Paulo PaimEMENTA: Acrescenta inciso ao artigo 27 da lei nº 9.394, de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Explicação: inclui dentre os conteúdos curriculares da educação básica, a valorização da pluralidade étnica e cultural de nossa formação histórico-social.SITUAÇÃO : Mesa - arquivado nos termos do artigo 105 do regimento interno

PROPOSTA: PL 4227/1998 AUTOR: Enio BacciEMENTA: Dispõe sobre a inclusão obrigatória da disciplina “política” no currículo escolar, a partir da 5ª série.

SITUAÇÃO : Mesa - arquivado nos termos do artigo 164, § 4° do regimento interno.

PROPOSTA: PL 3618/2000 AUTOR: Lincoln PortelaEMENTA: Dispõe sobre a garantia de destinação de vagas nas instituições de ensino universitário federal e de ensino fundamental e médio, controlados pela União, aos filhos de ministros religiosos de qualquer credo.SITUAÇÃO : Mesa - arquivado nos termos do artigo 133 do Regimento Interno.

PROPOSTA: PL 5387/2001 AUTOR: Nair Xavier LoboEMENTA: Dispõe sobre a leitura da bíblia nos estabelecimentos de ensino fundamental.SITUAÇÃO : Mesa - arquivamento, nos termos do artigo 133 do Regimento Interno.

PROPOSTA: PL 6448/2002 AUTOR: Wolney QueirozEMENTA: Inclui a disciplina direitos humanos no currículo do ensino fundamental.

SITUAÇÃO : Mesa - arquivamento do PL nos termos do artigo 133 do Regimento Interno.

Fonseca. in: Educação Cidadã: Desafio Interdisciplinar. p.04.155 PROCON- Tabela Projetos de Lei arquivados nos últimos 14 anos.

PROPOSTA: PL 6780/2002 AUTOR: Airton DippEMENTA: Dispõe sobre horário integral na educação fundamentalSITUAÇÃO : Mesa - arquivado nos termos do artigo 105 do Regimento Interno.

PROPOSTA: PL 706/2003 AUTOR: Elimar Máximo DamascenoEMENTA: Acrescenta parágrafo único ao art. 4º da lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”. Explicação: inclui os alunos do período noturno do ensino fundamental como beneficiários do programa suplementar de alimentação escolar.SITUAÇÃO : Ao Arquivo - Memorando nº 44/08 - COPER

PROPOSTA: PL 815/2003 AUTOR: Sandes JúniorEMENTA: Dispõe sobre horário integral na educação fundamental.SITUAÇÃO : Mesa - arquivamento, nos termos do art. 133 do Regimento Interno.

PROPOSTA: PL 4411/2004 AUTOR: Enio BacciEMENTA: Dispõe sobre a inclusão obrigatória da disciplina “política” no currículo escolar a partir da 5ª sérieSITUAÇÃO : Mesa - arquivada, nos termos do artigo 133 do Regimento Interno.

PROPOSTA: PL 5361/2005 AUTOR: Eduardo ValverdeEMENTA: Altera os artigos 3, 24, 26 e 36 da lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, instituindo nos currículos escolares do ensino fundamental, conhecimento sobre a língua, usos, costumes e a cultura dos povos tradicionais e minorias étnicas formadores do povo brasileiro.SITUAÇÃO : Mesa - arquivado nos termos do artigo 105 do Regimento Interno.

PROPOSTA: PL 7666/2006 AUTOR: Ricardo SantosEMENTA: Dispõe sobre o regime de colaboração entre a união, os estados, o distrito federal e os municípios, na organização dos seus sistemas de ensino e dá outras providências.SITUAÇÃO : Mesa - arquivado nos termos do artigo 133 do Regimento Interno.

PROPOSTA: PL 720/2007 AUTOR: Leonard QuintãoEMENTA: Altera a lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que institui as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre o limite máximo de alunos por sala de aula e a jornada escolar mínima na rede pública de educação básica.SITUAÇÃO : Mesa - arquivada nos termos do artigo 163 c/c 164, § 4º, do Regimento Interno.

PROPOSTA: PL 3477/2008 AUTOR: Claudio CajadoEMENTA: Altera o art. 26 da lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,

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que “estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”, para incluir o § 6º. Explicação: inclui a prática da leitura, didaticamente orientada, no currículo obrigatório da educação básica.SITUAÇÃO : Mesa - arquivado nos termos do art. 133 do Regimento Interno.

PROPOSTA: PL 6112/2009AUTOR: Senado federal - Marcelo CrivellaEMENTA: Autoriza a união a instituir o programa nacional de reforço escolar na educação básica pública, denominado programa de apoio ao sucesso escolar na educação básica pública.SITUAÇÃO : Plenário- arquivado nos termos do art. 133 do Regimento Interno.

PROPOSTA: PL 7783/2010 AUTOR: Eliseu PadilhaEMENTA: Institui novo valor para o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, regulamentado pela lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008. Explicação: fixa em R$ 1.575,00 (mil quinhentos e setenta e cinco reais).SITUAÇÃO : Mesa - arquivado nos termos do art. 105 do Regimento Interno.

PROPOSTA: PL 1021/2011 AUTOR: Pastor Marco FelicianoEMENTA: Institui o programa nacional “papai do céu na escola”.SITUAÇÃO : Memorando n.º 330/2011 ao Arquivo.

Com estes projetos arquivados, o que podemos observar é a falta de preparo e interesse do legislador em melhorar de fato a educação no Brasil. Ou talvez, podemos até levantar indagações, sobre o jogo político e real intenção do legislador em melhorar a educação de fato.

A omissão pode observada quando os projetos com potencial de transformação social foram arquivados. Bem como o tempo gasto em ações de cunho religioso favorecendo uma minoria e que nunca se sentiu ofendida tendo seus direitos sonegados.

O legislador foi eleito para representar o povo. A grande pergunta que se faz é se este representante realmente está representando seus eleitores. O fato é que temos um Legislativo que não chama para si a responsabilidade e não utiliza o poder de transformação e mobilização social que possui para transformar a sociedade. E, por consequência disso, a sociedade acaba desaguando suas reivindicações no Poder Judiciário, que, seja para bem ou mal, ao menos fornece uma resposta ao cidadão.

3. O ACESSO À EDUCAÇÃO INFANTIL E O PODER JUDICIÁRIO

Conforme artigo 29 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a instrução infantil é a primeira etapa da educação básica.

Tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

Consiste em educação infantil o acesso às creches e entidades que cuidem das crianças até os três anos de idade e também as pré-escolas no caso de quatro, cinco e seis anos. Com a Constituição de 1988 o atendimento às crianças com menos de seis anos ganhou notoriedade Constitucional, visto que antes este ramo do ensino era apenas de índole assistencial. A Lei de Diretrizes e Base da Educação conferiu ao governo Municipal o dever de oferecer e gerenciar a educação infantil.

Deve-se ressaltar a natureza jurídica do direito à educação infantil, para então demonstrarmos a possibilidade de intervenção judicial. O Supremo tribunal Federal manifestou-se sobre o tema, em 26/04/07156 entendendo que, a partir do capitulado no art. 208, IV, da CF/88, o direito à educação consubstancia norma cogente. No mesmo processo, o Ministro Marco Aurélio Mello averbou que o dever inserto no artigo 208, IV, da Carta Fundamental impõe observância irrestrita, “não cabendo tergiversar mediante escusas relacionadas com a deficiência de caixa”157 Podemos então entender que o direito à educação infantil é um direito público-subjetivo. Segundo a Desembargadora Maria Olivia Alves, o direito à educação infantil é considerado um direito líquido e certo, sendo um dever do município assegurá-lo.

Vejamos:As crianças de zero a seis anos têm garantido, por expressa disposição constitucional, o direito, não em tese, não imaginário, não meramente ideal, mas concreto, efetivo, de atendimento em creche e pré-escola. Nada mais é necessário se dizer que um tal direito seja exercido. Nenhuma outra lei ou qualquer medida legislativa é necessária para a exequibilidade dessa prestação. Está claramente identificada a pessoa obrigada à prestação. Está também precisamente identificado, da mesma forma com singular clareza, o objeto dessa prestação social. [...] É direito líquido e certo.158

Como já ressaltado, apontaremos o Poder Judiciário como uma via para a efetivação ao direito à educação, o que se faz necessário vislumbrar são os limites e a legitimidade das decisões.

Mesmo com vasta legislação, a educação infantil ainda não consegue amparar todas as crianças, esbarrando em questões de cunho econômico.

Segundo o Seminário CAQi159 (Custo Aluno de Qualidade) da

156 BRASIL, STF, RE-AgR 384201. Pleno. Rel. Min. Marco Aurélio. DJU 03/08/07. 157 VICTOR. Rodrigo Albuquerque de. Judicialização de Políticas públicas para a

educação infantil, limites e ferramentas para um controle judicial legítimo. São Paulo Ed. Saraiva 2011. São Paulo. p. 76.

158 SP: STJ, Câmara Especial. Apelação. Civel n.152. 802/5-00 Rel. Min. Maria Olívia Alves. DJe Apelação improvida 15/10/07.

159 Campanha Nacional todos pelo Direito À Educação. Seminário: “Educação Pública de Qualidade Quanto Custa Este Direito?” Realizada em Petrolina 16 de Junho de 2010. Disponível em: <www.campanhaeducacao.org/publicacões>. Acesso em: 23/02/2013.

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Educação Infantil, realizado pela Campanha Nacional Pelo Direito à Educação em 2010, o tripé para a realização da educação de qualidade, consiste em: gestão democrática e avaliação, valorização dos profissionais e o financiamento adequado. Somente com políticas públicas afirmativas é que o país conseguirá alcançar este tripé e consequentemente a educação de qualidade.

Nossa legislação ampara a busca por esses três pilares, demonstrando a sensibilidade do legislador ao tratar do direito à educação.

Vejamos:- Constituição Federal- artigo. 206:

O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; (...) V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional; (...) VII - garantia de padrão de qualidade.

- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, lei 9.394/1996, artigo, 4º:

IX: Padrão mínimo de qualidade de ensino: variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.

- Plano Nacional de Educação – PNE, lei 10.172/2001:Definição de padrões mínimos de infraestrutura das escolas e de qualificação dos docentes.

Segundo o CAQi também apresentado na “Campanha Nacional pelo Direito à Educação” os atuais investimentos com o ensino, quando realizados, não são suficientes para a manutenção de uma educação com os padrões de qualidade que a própria lei exige. Conforme tabela indicando os investimentos por aluno bem como os valores que deveriam ser investidos para que a educação alcançasse níveis de qualidade.

Conforme tabela 2: Custo Aluno de Qualidade.160

ETAPACUSTO ALUNO

QUALIDADE

ATUAIS INVESTIMENTOS

ATÉ 2010DIFERENÇA

CRECHE 5.266 1.556,33 3.709,67PRÉ-ESCOLA 2.042 1.414,85 627,15ENS. FUNDA-MENTAL 1 1.942 1.414,85 527,17

ENS. FUNDAMENTAL 2 1.902 1.556,33 345,67

ENS. MÉDIO 1.957 1.697, O8 259,18

160 Tabela 2: Custo Aluno de Qualidade. Dados apresentados na Campanha Nacional Todos pelo Direito à Educação. Seminário: “Educação Pública de Qualidade: Quanto Custa este Direito?” Realizada em Petrolina em 16 de Junho de 2010.

ENS. FUNDAMENTAL- CAMPO 1

3.219 1.627,08 1.591.92

ENS. FUNDAMENTAL- CAMPO 2

2.464 1.697,82 766,18

Estes dados foram apontados para demonstrar que além do acesso à educação, faz-se necessário que esta seja de qualidade. Todavia os gastos para manutenção de creches e pré-escolas nem sempre se encaixam no orçamento dos municípios. Quando então deságuam os problemas nas vias judiciárias, que ao proferir uma sentença garantindo uma vaga em creche ou até mesmo deferindo a construção de novas instalações, esbarra em questões de competência e até mesmo nas orçamentárias.

O aclamado princípio da reserva do possível é sempre suscitado nestes casos, sendo aquele cujo indivíduo pode de maneira razoável exigir da sociedade, não tendo o Estado que garantir todo direito que não se encaixe no razoável. Todavia faz-se mister saber até que ponto o Poder Executivo possui a discricionariedade quando, por exemplo, não constrói uma escola por falta de orçamento. Conforme o caso do município de Criciúma, que no Recurso Especial n. 1.185.474 – SC alegou que por questões orçamentárias não poderia criar vaga em creche deferida por sentença judicial para menor de idade. O município alegou ofensa à separação dos poderes bem como ao orçamento público que não havia previsto tal gasto. Nestes termos aduziu que:

Aforma com que o Estado deve garantir o direito à educação infantil está condicionada às políticas sociais e econômicas, o que faz crer que qualquer atuação deve ser realizada na medida das suas possibilidades estruturais e financeiras, ou seja, da reserva do possível.161

O Relator à época, Ministro Humberto Matins, manifestou-se no sentido de promover o direito à educação, dada a falta demonstração da insuficiência dos recursos, indeferindo o recurso e ressaltando a necessidade da promoção dos direitos fundamentais em detrimento a discricionariedade do administrador.

Assim, há casos em que cabe ao Poder Executivo, discricionariamente, optar por fazer algo ou não, tendo em vista o orçamento público, ou seja, quando não há recursos suficientes para prover todas as necessidades, a decisão do administrador de investir em determinada área implica escassez de recursos para outra que não foi contemplada. Entretanto, inexiste discricionariedade na consecução dos direitos humanos fundamentais, porque estes devem ser garantidos; assim, observa-se que a realização dos Direitos Fundamentais não é opção do governante, não é resultado de um juízo discricionário nem pode ser encarada como tema que depende unicamente da vontade política.162

161 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, 2ª Turma, Resp. n. 1885.474 , Rel. Min. Humberto Martins, DJe Recurso Especial improvido 20/04/10.

162 Ibidem.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO ATIVISMO JUDICIAL E O DIREITO À EDUCAÇÃO

Neste mesmo recurso o Ministro dispôs que a atuação do Poder Judiciário deve ser dar apenas em casos excepcionais no tange à efetivação de políticas públicas, bem como a prioridade da educação de uma criança quando da elaboração do orçamento.

Então adentramos no cerne do problema, conforme já demonstrado, o direito à educação infantil encontra amparado como um direito público subjetivo, portanto poderá ser pleiteado juridicamente. Porém, temos as questões de orçamento, que são competências do Poder Executivo e Legislativo. Quando se busca através de uma via Judicial o direito à educação, e um juiz defere o pedido, por exemplo, de uma vaga em creche, está o Poder Judiciário invadindo a competência dos outros poderes? Está criando uma política pública por via judicial? Também podemos levantar a questão de que quando o Poder Judiciário realiza uma política pública, estaria usurpando o poder do povo que escolheu para representá-los os Poderes Executivo e Legislativo e não o Poder Judiciário?

4. O PROTAGONISMO JUDICIAL4.1. A Posição Doutrinária

Segundo Boaventura de Souza Santos, “nunca, como hoje, o sistema judicial assumiu tão forte protagonismo”.163 Afinal, a inação legislativa bem como a má execução dos das políticas publicas já existentes, deixam o cidadão sem a garantia de seus direitos fundamentais, obrigando a busca pelos direitos alçarem até as esferas judiciais:

O recrudescimento da discussão cívica na esfera legislativa e a diminuição do seu papel na formulação de uma agenda política revelam uma verdadeira assimetria entre os Poderes Legislativo e Executivo. Ao estreitamento da esfera pública de discussão segue-se, em reação, o aumento no número de demandas submetidas à apreciação pelo poder Judiciário. 164

Sendo assim, existe grande divergência doutrinária quanto a atuação judicial para a promoção de direitos, ora defendendo esta postura ativista do Judiciário, ora se posicionando contra. Vejamos conforme Sílvio Dobrowolski:

(...) o Judiciário, nos tempos atuais não pode propor-se a exercer função apenas jurídica, técnica, secundária, mas deve exercer papel ativo, inovador da ordem jurídica e social, com decisões de natureza e efeitos marcadamente políticos.165

163 SANTOS, Boaventura de Souza. Para uma Revolução Democrática da Justiça. São Paulo: Cortez editora, 2007. p. 15.

164 SILVESTRE. Ana Carolina de Faria Silvestre. A Necessidade de (re) Pensar a Realização do Direito em Tempos de Protagonismo Judicial – Um Percurso Possível em Busca de uma Reflexão Refundadora de um Novo Sentido. p. 216.

165 DOBROWOLSKI, Silvio. A necessidade de ativismo judicial no estado contemporâneo. Disponível em: <www.periodicos.ufsc.br/index.php/sequencia/article/.../14280>. Acesso em: 04 fev. 2012.

Peter Häberle também defende a importância do ativismo judicial nas democracias mais jovens, ele entende ‘ser saudável’ para as ‘novas repúblicas’ o ativismo praticado pelos tribunais que, através de sua ação no tecido social, obriga os demais poderes a agirem também.166

O fato é que mesmo o Poder Judiciário sendo uma válvula de escape para assegurar a educação infantil, tal ampliação em seu raio de atuação não pode ter qualquer resquício de incompatibilidade com os ideais democráticos. Ou seja, deve existir um equilíbrio entre fornecer ao cidadão a garantia de seus direitos e limitar cada poder político às suas funções constitucionais.

O grande risco desta excessiva atuação judicial é o desequilíbrio que gera em relação à separação e harmonia entre os poderes, além das questões orçamentárias que breve destacaremos. Segundo Gisele Cittadino167 muitos autores afirmam que quando se deixa por conta dos tribunais estabelecerem uma síntese interpretativa dos valores constitucionais forjados pelo povo, o processo de judicialização da política atua contrariamente ao império da lei. O Judiciário não deve abdicar de sua função, mas deve respeitar os limites que os procedimentos processuais lhes impõem. Como demonstra o professor Lenio Streck:

De pronto, consigno que, quando o Judiciário age – desde que devidamente provocado no sentido de fazer cumprir a Constituição, não há que se falar em ativismo. O problema do ativismo surge exatamente no momento em que a corte extrapola os limites impostos pela Constituição e passa a fazer política judiciária, seja para o “bem”, seja para “mal” (...).168

A respeito do tema a possibilidade do controle Judicial para a viabilização de políticas públicas, desperta indagações, cuja resposta torna-se demasiadamente complexa. No decorrer do trabalho, ficou demonstrado que para a efetivação do direito à educação de qualidade são necessárias ações de cunho material e financeiro. E em um país no qual o governo não está autorizado a utilizar recursos que estejam em desarmonia com o Plano Plurianual, Lei de diretrizes Orçamentárias, Lei de Responsabilidade Fiscal e com a Lei Orçamentária Anual, cumprir com uma decisão Judicial que comprometa ou esteja fora do orçamento, torna-se tão inconstitucional quanto a própria violação ao direito à educação. Embora o Chefe de Governo tenha relativa liberdade para fazer suas políticas, elas devem passar pelo crivo do Legislativo e serem inseridas no orçamento. Segundo Rodrigo Albuquerque:

As normas orçamentárias consubstanciam uma garantia à sociedade,

166 Mencionado por STRECK, Lenio Luiz. O que é isso - Decido conforme minha consciência? 2ª Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. p. 22.

167 CITTADINO, Gisele. Judicialização da política, constitucionalismo democrático e separação dos poderes.In: VIANNA, Luiz Werneck (Org.). A democracia e os três poderes no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, Rio de Janeiro: IUPERJ/FAPERJ, 2002. p. 35.

168 STRECK, Lenio Luiz. O que é isso - Decido conforme minha consciência? 2. Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. p. 22.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO ATIVISMO JUDICIAL E O DIREITO À EDUCAÇÃO

constituem um fator limitador à atuação do Estado. Eventualmente podem comprometer até a efetivação de direitos sociais.169

As questões relativas ao orçamento e as limitações constitucionais aos órgãos administradores, devem ser levadas em consideração quando do cumprimento da sentença que defere pedido de vaga em creches e pré-escolas. Vejamos outro exemplo de uma decisão em que o Poder Judiciário, além de estabelecer a possibilidade de criação de políticas públicas perante a omissão dos demais poderes, afirma que questões de cunho orçamentário não podem ser legítimas para justificar o abandono à educação infantil. No Recurso Extraordinário n. 410.715, o STF ordenou fazer valer o artigo 211, §2º da Constituição, independente das alegações orçamentárias:

A educação infantil, por qualificar-se como direito fundamental de toda criança, não se expõe, em seu processo de concretização, a avaliações meramente discricionárias da administração pública, nem se subordina a razões de puro pragmatismo governamental.170

Conforme disposto no artigo, 222, §2°, da Constituição Federal, os municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil, o Supremo também manifestou no sentido de que o direito à educação infantil, não poderá ser sonegado mediante conveniência do Poder Executivo Municipal, por tratar-se de preceito constitucional vinculante:

Não poderão demitir-se do mandato constitucional, juridicamente vinculante, que lhes foi outorgado pelo art. 208, IV, da lei fundamental da república, e que representa fator de limitação da discricionariedade político-administrativa dos entes municipais, cujas opções, tratando-se do atendimento das crianças em creche (CF, art. 208, IV), não podem ser exercidas de modo a comprometer, com apoio em juízo de simples conveniência ou de mera oportunidade.171

Vale ressaltar que quando questionados estes tipos de decisões, um aspecto importante sempre levantado é a ofensa à separação dos poderes. No caso, a interferência do Judiciário em questões de cunho executivo. No mesmo recurso supracitado, o relator Gilmar Mendes fundamenta sua decisão e justifica esta atuação judicial quando da omissão dos Poderes na implementação dessas políticas públicas, que sonegam os direitos e ferem por consequência a Constituição. Afirmando a legitimidade das ações judiciária para cumprimento e aplicação direta da Constituição.

Embora resida, primariamente, nos poderes Legislativo e Executivo, a prerrogativa de formular e executar políticas públicas revela-se possível, no entanto, ao poder judiciário, determinar, ainda que em

169 VICTOR. Rodrigo Albuquerque de. Judicialização de Políticas públicas para a educação infantil, limites e ferramentas para um controle judicial legítimo. São Paulo: Ed. Saraiva 2011. P. 107.

170 Decisão da Segunda Turma do STF, no Agravo Regimental no Recurso Extraordinário n. 410715 – SP, em acórdão da lavra do Ministro Celso de Mello.

171 Ibidem.

bases excepcionais, especialmente nas hipóteses de políticas públicas definidas pela própria Constituição, sejam estas implementadas pelos órgãos estatais inadimplentes, cuja omissão – por importar em descumprimento dos encargos político-jurídicos que sobre eles incidem em caráter mandatório – mostra-se apta a comprometer a eficácia e a integridade de direitos sociais e culturais impregnados de estatura constitucional. A questão pertinente à “reserva do possível”. Doutrina.172

Alguns doutrinadores como o professor Lenio Streck criticam a interferência do Judiciário para resolver esse tipo de questão. Para ele, este é o risco da democracia.173 Pois compete ao Poder Executivo deliberar sobre políticas públicas.

Para os que são contra o ativismo, a ação do Judiciário não pode ser tida como legítima, visto que agindo desta forma acaba usurpando a competência do Legislativo e enfraquecendo a democracia. Ainda que as decisões tenham sido acertadas, no que tange ao mérito, o aspecto democrático fica defasado. Em um Estado Democrático de Direito não se pode tolerar que qualquer ação ou omissão por mais revolucionárias e justas que pareçam venham ferir a Constituição e a democracia. Para esta corrente deve o Judiciário limitar-se à função de aplicar a lei e apontar os defeitos de uma norma defeituosa. Trabalhando a lei no limite do texto constitucional.174

Como já analisado, tanto sonegação do direito das crianças à educação, quanto à violação dos limites orçamentários estão de alguma forma sendo inconstitucionais.

6.2. Breves Questões Orçamentárias Neste ponto faz-se necessário vislumbrar breves considerações

sobre as questões constitucionais orçamentárias. Visto que no capítulo anterior ficou demonstrado o claro posicionamento do STF no sentido de efetivar o direito à educação infantil mesmo em face do Poder Executivo quando alega falta de receita e de planejamento orçamentário. Segundo Aliomar Baleeiro:

O orçamento público é o ato pelo qual o Poder Legislativo autoriza o Poder Executivo, por certo período e, em pormenor, a realizar as despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei.175

As despesas do poder público devem estar em consonância com o 172 Ibidem173 RECONDO, Felipe. Constituição só reconhece união ‘entre homem e mulher. Estadão.

05 de maio de 2011. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,para-/.../so-reconhece-uniao-entre-homem-e-mulher,715310,0.htm> Acesso em 26//02/2012.

174 RAMOS, Elival da Silva, O ativismo judicial é ruim independente do resultado. Disponível em. <http://www.conjur.com.br/2009-ago-01/entrevista-elival-silva-ramos-procurador-estado-sao-paulo>. Acesso em 25/02/2012.

175 BALEEIRO, Aliomar. Uma Introdução à Ciência das Finanças. 15ª ed. revista e atualizada por Dejalma de Campos, Rio de Janeiro: Forense, 1997. p. 411.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO ATIVISMO JUDICIAL E O DIREITO À EDUCAÇÃO

Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual. Encontrando o administrador limites para suas ações. Devemos ressaltar que o administrador possui a liberdade de elaboração de suas políticas, porém, deve respeitar os limites impostos pela lei, deve também submeter os planos ao crivo do Poder Legislativo dentre outras formalidades que visam proteger o cidadão da má administração.

As normas orçamentárias são uma garantia para o cidadão e um limitador do Estado, que na figura do Chefe do Executivo encontra limites tendo que cumprir o contemplado princípio da legalidade estrita. Neste aspecto segundo Eduardo Appio, o gestor prudente deve antecipar-se às decisões Judiciárias. Existe a previsão de que a LOA contenha um “anexo de riscos” para atender a este desiderato.176 Neste caso, o administrador poderá dar cumprimento à decisão judicial, sem estar ferindo o planejamento orçamentário, pois o próprio legislador demonstrou a importância de verbas para cumprimento de situações com caráter de urgência.

Sobre a educação infantil, é importante ressaltarmos que a lei 8.069/90 deu à educação o status de prioridade pública. Recebendo inclusive a prioridade para a formulação e realização de políticas públicas. Outro aspecto importante que devemos analisar é que quando uma decisão judicial defere a efetivação de um direito social, por exemplo, a educação infantil, uma vaga em creche ou a construção de uma escola, este Poder não possui a legitimidade de apontar qual é a fonte para obter este recurso. Assim, deve ser encaminhado ao setor de gestão do município que detém a competência para tal ação que indicará de onde virão os recursos para o cumprimento da sentença judicial.

CONSIDERAÇÕES FINAISNo decorrer da pesquisa foi analisada a importância da educação

para a formação do cidadão, bem como o dever da família, sociedade e Estado neste processo, sendo a responsabilidade solidária, necessária para formar o cidadão em seus aspectos éticos, morais, religiosos e intelectuais. Ao percorrer a trajetória sobre o direito à educação em nosso país, ficou claro que mesmo sendo a educação um direito essencial ao desenvolvimento da sociedade, esta foi deixada em segundo plano por diversas vezes, ora sendo um direito de todos, e responsabilidade do Estado, ora limitando o seu acesso e aparecendo o Estado como figura apenas subsidiária na concretização deste direito. Até que em 1988, a Constituição Cidadã eleva o status da educação sendo um direito de todos e dever da família, Estado e sociedade.

Embora hoje o Estado tenha despertado para a criação de programas que impulsionem a concretização da educação, como o PDE, algumas questões relativas ao orçamento são suscitadas. Existe a previsão de que

176 APPIO, Eduardo. Controle Judicial de Políticas públicas no Brasil. Curitiba: Ed.Juruá, 2005. p.181.

a LOA contenha um “anexo de riscos” para atender a este desiderato.177

No entanto, verificamos que o descaso e omissão do legislador quando da propositura e abandono/arquivamento de projetos de lei que deveriam melhorar o cenário da educação. Se por um lado os parlamentares deixaram de aprovar leis que ajudariam no desenvolvimento da educação, por outro, observamos projetos que foram propostos visando o interesse de grupos religiosos, sem respeito às questões de laicidade e igualdade. O levantamento dos projetos de lei arquivados nos últimos dez anos, confirma uma das hipóteses levantada no início das pesquisas. Sendo que a omissão do legislador faz com que questões importantes que deveriam ser resolvidas nas arenas políticas, deságuem no Poder Judiciário, fortalecendo o ativismo judicial.

A proposta da pesquisa foi a de relacionar a omissão do legislador com o fenômeno do ativismo judicial e a legitimidade dessas decisões que realizam políticas públicas. Sobre o foco da pesquisa que foi o acesso à educação infantil (creches e pré-escolas) pelas vias judiciais, ficou claro que o posicionamento do STF e demais tribunais, têm sido o de efetivar o direito à educação, mesmo diante das alegações dos municípios relativas à escassez de recurso e falta de previsão orçamentária. Para o STF, a educação é um direito que detém prioridade na formulação de políticas públicas, não cabendo justificativas orçamentárias e reserva do possível para justificar a sonegação deste direito. Justificando este posicionamento, vale lembrar Eduardo Appio sobre o tema, para o autor o gestor prudente deve antecipar-se às decisões Judiciárias. Existe a previsão de que a LOA contenha um “anexo de riscos” para atender a este desiderato.178Sendo esta solução uma via para que se possa cumprir com a sentença judicial sem violar as questões relativas ao planejamento e orçamento.

Claro que a solução em um Estado Democrático de Direito seria que os poderes agissem de forma adequada quanto às suas competências, sem sonegação ou invasão de um poder por outro. Mas esta ainda não é uma realidade em nosso país, portanto cabe ao Judiciário manifestar-se, quando comprovada a má gestão do administrador, principalmente para garantir os direitos relativos à educação que são, como já demonstrados, prioridades de nosso ordenamento e objeto de transformação da realidade social. Porém, suas decisões sempre devem ser fundamentadas de maneira racional e em conformidade com a Constituição.

É importante ressaltar que o uso do Judiciário deve ser o último recurso para se garantir os direitos e não como a primeira e mais importante forma de se conseguir os direitos constitucionais como têm se observado.179 O Poder Legislativo, segundo Dierle Nunes e

177 Ibidem.178 Ibidem179 NUNES, Dierle; BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Processo Jurisdição

e Processualismo Constitucional Democrático na América Latina: Alguns Apontamentos. Revista Brasileira de Estudos Políticos, n.101, Belo Horizonte, jul/dez 2010, p. 68.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO ATIVISMO JUDICIAL E O DIREITO À EDUCAÇÃO

Alexandre Bahia, ainda é a primeira e principal arena institucionalizada para a discussão, e que deve ser resgatada/reconstruída uma teoria constitucionalmente adequada sobre esta função essencial ao Estado Democrático de Direito.180

O ativismo judicial está interligado com a omissão legislativa, que por sua vez é muito difícil de ser corrigida sem colocar os poderes em certo atrito. Uma vez que em um Estado Democrático de Direito onde a separação dos poderes é consagrada, cada poder possui uma função específica e deve cumprir esta, para que se sustente o ambiente democrático. Pois, todo poder quando não exercido (ou quando não bem exercido) deixa vácuo e sempre existe alguém pronto para preencher esse espaço vazio por ele deixado. 181

REFERÊNCIAS______.BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, 2ª Turma, Recurso Especial. n. 1885.474 Rel. Min. Humberto Martins. DJe Recurso Especial improvido 20/04/10.disponível em: <www.stj.gov.br>. Acesso em: 20/02/13.______.BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, Câmara Especial. Apelação. Cível n.152. 802/5-00. Rel. Min. Maria Olívia Alves. DJe apelação improvida 15/10/07. Disponível em: <www.stj.gov.br>. Acesso em 25 de janeiro de 2013.______.BRASIL. Supremo Tribunal Federal da Segunda Turma do STF, no Agravo Regimental no Recurso Extraordinário n. 410715 – SP, em acórdão da lavra do Ministro Celso de Mello. Disponível em: <www.stf.gov.br>.______.BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Especial Agravo Regimental 384201. Pleno. Rel. Min. Marco Aurélio. DJU 03/08/07. Disponível em: <www.stf.gov.br>. Acesso em 25 de Janeiro de 2013._______.BRASIL, Câmara dos Deputados Federais. Projeto de Lei n. 267/2011. Disponível em: <www.camara.gov.br>. Acesso em 20/02/13.APPIO, Eduardo. Controle Judicial de Políticas públicas no Brasil. Curitiba: Ed. Juruá, 2005. BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Controle Difuso de Constitucionalidade das Leis e atos Normativos: por uma compreensão constitucionalmente adequada no Estado Democrático de Direito, 2004. Dissertação (Mestrado em Direito Constitucional)-Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004.BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Ingerborg Maus e o Judiciário como Superego da Sociedade. Revista do CEJ, Brasília, n. 30, jul./set. 2005.BALEEIRO, Aliomar. Uma Introdução à Ciência das Finanças. 15ª ed. revista e atualizada por Djalma de Campos, Rio de Janeiro: Forense, 1997. BARROSO, Luis Roberto. Constituição, democracia e supremacia judicial: direito e política no Brasil contemporâneo. Disponível em <www.lrbarroso.com.br/.../>. Acesso em: 04 fev. 2012.

180 Ibidem, p. 70.181 GOMES, Luiz Flávio. O STF Está Assumindo um Ativismo Judicial sem

Precedentes? Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/12921/o-stf-esta-assumindo-um-ativismo-judicial-sem-precedentes>. Acesso em: 04 fev. 2012.

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EFETIVAÇÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL À EDUCAÇÃO BÁSICA

PELO PODER JUDICIÁRIOPedro Emílio Paradelo182

1. O DIREITO AO MÍNIMO EXISTENCIAL Dentro da nova arquitetura constitucional de 1988, o direito à

educação encontra seu lugar no art. 6º, entre os direitos fundamentais sociais que se vinculam ao mínimo existencial,183 que foi recepcionado no Brasil na condição de direito e garantia fundamental.184

Ingo Wolfgang Sarlet ensina que a noção de um mínimo existencial, entendido como um direito – e garantia – fundamental às condições materiais para uma vida digna, teve sua primeira e importante construção na Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial, com Otto Bachof, que entendia que a dignidade humana “não reclamaria somente a garantia de liberdade, mas também um mínimo de segurança social, já que, sem os recursos materiais para uma existência digna, a própria dignidade ficaria sacrificada”. A tese, acolhida nos tribunais alemães, tornou-se um direito fundamental à garantia das condições mínimas para uma existência digna.

O mínimo existencial, todavia, sofre limitações por condições espaços-temporais, não deixando de dialogar com o padrão socioeconômico vigente. A garantia de uma existência digna abrange mais do que a garantia da mera sobrevivência física, indo além do limiar da pobreza absoluta e não se resumindo à mera existência física – o que se designa por mínimo existencial fisiológico –, alcança, como assevera Ingo Wolfgang Sarlet, a “garantia de um mínimo de integração social, bem como acesso aos bens culturais e participação na vida política, aspectos que dizem respeito a um mínimo existencial sociocultural” (grifos nossos).185

No Brasil, embora a noção do que seja mínimo existencial não seja unânime, afirma-se que o mínimo existencial não se restringe apenas a um mínimo vital ou de sobrevivência, vai além, resguardando não somente a vida humana em si, mas uma vida saudável que

182 Graduando em Direito pela Faculdade de Direito do Sul de Minas – FDSM, integrante do Grupo de Pesquisa ProCon - Processo, Constituição e Direito Comparado: a judicialização da política e o Legislativo; grupo certificado pela FDSM e financiado pela Fapemig e pelo CNPq. Artigo desenvolvido com bolsa de iniciação científica cedida pela Fapemig, sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Mírian dos Santos.

183 Para Ingo Wolfgang Sarlet o mínimo existencial guarda relação com outros direitos sociais além daqueles elencados pelo artigo 6º, porém não necessariamente com todos e não da mesma forma. SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de direito constitucional. São Paulo: RT, 2012. p. 575.

184 Ibid. p. 570.185 SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Op. cit. p. 571.

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possibilite certa qualidade.186 O princípio da dignidade humana, por sua vez, envolve uma dimensão sociocultural que não se pode ignorar, pois elemento central a se promover, razão por que “determinadas prestações em termos de direitos culturais (notadamente, embora não de modo exclusivo, no caso da educação fundamental) deverão integrar o conteúdo do mínimo existencial”.187

No texto constitucional não se encontra explícito a garantia – e o direito – ao mínimo existencial, contudo a ausência é superada pela garantia de existência digna encontrada entre os princípios e objetivos da ordem constitucional econômica, bem como por meio da proteção à vida e à dignidade da pessoa humana.188

Os direitos sociais em espécie, como dito anteriormente, abrangem algumas dimensões do mínimo existencial, porém, não se reduzem a concretização dele. Ingo Wolfgang Sarlet, neste sentido, diz que:

[...] importa sublinhar que comungamos do ponto de vista de que os direitos fundamentais sociais não se reduzem ao mínimo existencial (ou à dignidade humana), conquanto as dimensões que densificam o mínimo existencial certamente guardem (maior ou menor) relação com o núcleo essencial de grande parte dos direitos sociais, ainda mais se consideradas as peculiaridades e a extensão com que foram positivados pela Constituição Federal. Em síntese, embora o mínimo existencial esteja em contato com os diversos direitos sociais individualmente considerados e existam zonas de convergência quanto aos respectivos conteúdos (âmbitos de proteção), não se pode afirmar que o mínimo existencial equivale (isto é, se confunde com) ao conteúdo essencial dos direitos sociais. Aliás, aplica-se aqui (embora as peculiaridades dos direitos sociais) linha de argumentação similar a que se utiliza para a relação da dignidade da pessoa humana com o conteúdo essencial dos direitos fundamentais: ambos guardam maior ou menor relação (por vezes nenhuma!), mas não se confundem (grifo do autor).189

Tal opinião suscita questionamentos como a real necessidade do mínimo existencial, quando existe um extenso catálogo de direitos sociais em espécie, positivados na Constituição Federal (CF), que cobre o conteúdo geralmente atribuído àquele direito/garantia. A resposta encontra-se nos dizeres precisos de Ingo Wolfgang Sarlet:

[...] assim como a dignidade da pessoa humana não se torna desnecessária e não deixa de ter autonomia em função da positivação de um extenso catálogo de direitos fundamentais, também o mínimo existencial [...] não perde sua possível autonomia na arquitetura constitucional. Além disso, a noção de um mínimo existencial pode servir (e tem servido) de parâmetro para definir o alcance do objeto dos direitos sociais, inclusive para

186 Ibid. p. 572.187 Ibid, loc. cit. 188 A garantia de existência digna encontra-se no artigo 170, caput, da CF. Ibid, loc. cit.189 Ibid. p. 573.

a determinação de seu conteúdo exigível, fornecendo, portanto, critérios materiais importantes para o intérprete e para o processo de concretização dos direitos sociais (grifo nosso).190

O direito ao mínimo existencial, tal quais outros direitos, possui uma dupla dimensão: defensiva, ou negativa, e prestacional, ou positiva. Na dimensão defensiva, o conteúdo do mínimo existencial guarda relação com o conjunto de garantias materiais para uma vida condigna, sendo algo que o Estado não pode subtrair ao indivíduo, e, concomitantemente, na dimensão positiva, algo que o Estado deve assegurar, mediante prestações de natureza material.191

Quanto à forma de realização do mínimo existencial – mais especificamente quanto ao conteúdo das prestações materiais –, diz a doutrina e a jurisprudência alienígenas ser responsabilidade do Legislativo o estabelecimento da forma de prestação, seu montante, as condições para seu desfrute e todos os demais detalhes. Asseveram, ainda, que a garantia de condições materiais mínimas à vida digna limita a atividade do legislador, impedindo medidas normativas aquém desta fronteira,192 restando, segundo Ingo Wolfgang Sarlet, “aos tribunais decidir sobre o padrão existencial mínimo nos casos de omissão ou desvio de finalidade por parte dos órgãos legislativos”.193

No que tange à recepção do mínimo existencial pela jurisprudência brasileira, notável se faz a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), que reconhece proteção ao mínimo existencial tanto sob o prisma do direito de defesa, quanto sob o prisma prestacional. Exemplo colhido da jurisprudência do STF acerca do direito de defesa é o RE 397.744/PR, relatado pelo Ministro Joaquim Barbosa, que fundamenta a proibição constitucional do confisco em matéria tributária. Da ementa do referido recurso extraordinário, extraiu-se o seguinte excerto:

A proibição constitucional do confisco em matéria tributária nada mais representa senão a interdição, pela Carta Política, de qualquer pretensão governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à injusta apropriação estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes, comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma existência digna, ou a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas necessidades vitais (educação, saúde e habitação, por exemplo) (grifos nossos).194

Sobre a dimensão positiva ou prestacional, o STF tem consolidado o entendimento de que é dever do Estado assegurar as

190 Ibid. loc. cit.191 Ibid. p. 574.192 Ibid. loc. cit..193 SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Op.

cit. p.574.194 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n.º 397.744. Rel. Min.

Joaquim Barbosa, j. 15 out. 2009, DJ 3 nov. 2011.

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prestações indispensáveis ao mínimo existencial, reconhecendo-se ao cidadão o direito subjetivo à satisfação das necessidades associadas a esse direito – e garantia195.

Para Ingo Wolfgang Sarlet, no que diz respeito ao direito à educação, “já são várias as decisões [do STF] reconhecendo um dever de prestação, inclusive em caráter originário, ou seja, não necessariamente dependente de prévia política pública ou previsão legal”.196 Tais decisões, em sua maioria, visam assegurar às crianças com menos de seis anos de idade o acesso gratuito a creches mantidas pelo Poder Público.197

Insta ressaltar, ainda, que é impossível determinar prévia e taxativamente, em um rol fechado, as posições subjetivas, negativas e positivas correspondentes ao mínimo existencial. Assim, o que constitui o mínimo existencial demanda uma análise que considere as necessidades de cada cidadão, não se descartando, contudo, a possibilidade de se inventariar as conquistas já alcançadas que, sem excluírem outras possíveis, servem de roteiro para o intérprete e os órgãos capazes de concretizar a garantia do mínimo existencial.198

2. O DIREITO CONSTITUCIONAL À

EDUCAÇÃO BÁSICANo já mencionado art. 6º da CF encontra-se a primeira menção

do constituinte ao direito à educação. Mais adiante – dos arts. 205 a 214 – a educação é objeto de regulamentação mais detalhada.

Ingo Wolfgang Sarlet questiona, acerca destes artigos, “quais os dispositivos que efetivamente podem ser considerados como fundamentais, à luz do art. 5º, §2º, de nossa Carta”?199 Para se chegar a uma resposta é necessário saber qual o conjunto de normas que formam o núcleo essencial do direito à educação. Segundo o autor, seriam os arts. 205 a 208 mais o 212, pois não há dificuldades em considerá-los componentes do conjunto normativo constitucional fundamental a esta matéria. Os demais artigos – arts. 209 a 214, exceto o 212 – “são de cunho organizacional e procedimental, com status jurídico-positivo idêntico ao das demais normas constitucionais, assegurada, portanto, sua primazia em face do direito infraconstitucional”.200

Como o objeto deste trabalho é o direito constitucional à educação básica – entendida como aquela formada pela educação infantil, ensino

195 SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Loc. cit.196 Ibid. p. 575.197 À guisa de exemplo, cf. as decisões do STF – levantadas nas pesquisas realizadas

junto ao Grupo de Pesquisa ProCon – proferidas no ARE 639.337, Relator Ministro Celso de Mello, julgado em 23.8.2011; e no RE 410.715, Relator Ministro Celso de Mello, julgado em 22.11.2005.

198 SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Op. cit. p. 575.

199 Ibid. p. 592.200 Ibid. loc. cit.

fundamental e médio201 – e a consequente atuação dos três Poderes, não será objeto de análise o artigo 207, pois relacionado ao ensino superior, sendo analisado, porém, o art. 211 que regula a competência dos entes federados em matéria educacional.

Os artigos 205 e 206 enunciam, resumidamente, que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família, sendo promovida com a colaboração da sociedade, objetivando “o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”202; sem esquecer, contudo, que o ministério do ensino deverá ter por base os princípios da “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” e da “gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais”, entre outros.203

O art. 205 reconhece uma dupla dimensão ao direito à educação: o reconhece e define como um direito fundamental de titularidade universal e atribui-lhe um cunho impositivo – na condição de norma impositiva de deveres –, estabelecendo fins genéricos a se alcançar e diretrizes que o Estado e a comunidade devem respeitar na realização de tal direito.204 Por sua vez, o art. 206 traz normas sobre os princípios – dispositivos aplicáveis diretamente e dotados de eficácia plena – que embasam o ensino.205

O disposto no art. 208 aponta mediante quais garantias será efetivado o dever do Estado com a educação. Salientam-se as garantias de: educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos 17 anos de idade, sendo ofertada, na mesma condição de gratuidade, a todos aqueles que na idade própria não tiveram acesso a ela; e de educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até cinco anos de idade.206

Os parágrafos do artigo 208 também fazem considerações importantes sobre a educação: o §1º alça o direito à educação a categoria de direito público subjetivo; e o §2º estabelece que o não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.

Dispõe o art. 211 que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino”. Estabelecem os parágrafos do artigo que: cabe à União organizar

201 Esta definição encontra-se no art. 21 da LDB.202 A obrigação da família, da sociedade e do Estado com a educação é reafirmada ainda:

no art. 227, caput, quando o constituinte estabelece, como absoluta prioridade, o dever daqueles assegurarem à criança o direito à educação, entre outros; e no art. 229, quando preceitua que os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores.

203 Os princípios anotados são, respectivamente, os incisos i e iv do artigo 206, da CF. Não se elencou os sete incisos restantes (de suma importância para a educação) porque as demandas que chegam ao judiciário pleiteiam vagas em escolas e creches públicas, o que desafia diretamente os incisos i e iv. V.

204 SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Op. cit. p. 593.

205 Ibid. p. 594.206 Elencaram-se as garantias do artigo 208, da CF, relacionadas ao objeto deste trabalho.

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o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiando as instituições de ensino públicas federais, aos Municípios atuar com prioridade no ensino fundamental e na educação infantil, enquanto aos Estados e ao Distrito Federal cabe atuar com prioridade no ensino fundamental e médio. Os entes federados devem definir formas de colaboração, de modo que se assegure a universalização do ensino obrigatório, observando que “a educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular”.

Já o art. 212 regula a distribuição de recursos públicos. Estabelece a Constituição que “a União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino”. O montante mínimo a ser aplicado, demonstra a importância atribuída à educação.

Ingo Wolfgang Sarlet, discorrendo sobre os parágrafos do art. 212, diz:No §3º do mesmo artigo, encontra-se por sua vez, regra que prioriza a distribuição dos recursos para o ensino obrigatório (fundamental). [...] o art. 212, §5º, ressaltando igualmente a prioridade do ensino fundamental, prevê que este contará, como fonte adicional de financiamento, com os recursos decorrentes da contribuição social do salário-educação. [...] a origem e destinação das verbas, bem como as prioridades e metas da políticade ensino, já estão definidas em nível constitucional de tal sorte que tais aspectos não podem ser invocados como objeções ao reconhecimento de um direito subjetivo à educação fundamental (grifo nosso).207

O direito subjetivo a prestações em matéria educacional, especialmente no tocante ao ensino fundamental, localiza-se no campo da garantia do mínimo existencial. Como explicado no item anterior, o mínimo existencial abrange também uma dimensão sociocultural (indo além do mínimo vital), concepção esta prestigiada pela doutrina e jurisprudência, inclusive do STF que em diversas ocasiões já reconheceu o direito subjetivo de acesso à educação infantil em creches mantidas pelo Poder Público para crianças de até cinco anos de idade.208

3. OS PAPEIS DO LEGISLATIVO E DO EXCUTIVO

Na legislação infraconstitucional209 a educação, enquanto dever da

207 SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Op. cit. p. 596.

208 Ibid. p. 596 et seq. Acerca das decisões do STF, v. nota 19, supra.209 O Grupo de Pesquisa ProCon levantou junto ao poder Legislativo a relação de projetos de lei

que relacionados à educação básica. Verificou-se que na Câmara dos Deputados Federais, ao realizar a pesquisa por assunto – “educação básica” –, desde 1988, houve 510 proposições. Ao pesquisar “ensino básico” surgiram 83 proposições para o mesmo período. Embora o número seja elevado para 24 anos (são quase 25 projetos por ano), a maioria desses projetos tratam de questões trabalhistas dos profissionais da educação básica. Há de se ressaltar ainda que os projetos mais relevantes para a concretização das diretrizes traçadas pela Constituição

família, encontra proteção também no âmbito do direito penal. O artigo 246, do Código Penal, tipifica, como abandono intelectual, “deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar”, cominando pena de “detenção, de 15 dias a um mês, ou multa”.

Rogério Greco, comentando referido artigo da legislação penal, ensina que “deixar é utilizado no texto legal no sentido de não se levar a efeito, não atuar, no sentido de fazer com que se permita o acesso de filho ao estudo considerado fundamental” (grifo do autor).210 Podem ser autores desse crime somente os pais da criança em idade escolar, ou seja, os genitores de crianças com seis anos de idade, “quando os pais são obrigados a matricular seus filhos em estabelecimento de ensino fundamental, sob pena de serem responsabilizados penalmente”.211

O legislador ordinário não só criminalizou o abandono intelectual, como estabeleceu as diretrizes e bases da educação, por meio da Lei n.º 9.394/96, mais conhecida por Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), repetindo alguns mandamentos constitucionais.212

Denise Souza Costa observa que:A LDB trouxe avanços, entretanto, esbarrou em um problema comum às leis brasileiras: muitos comandos não se materializaram, pois a lei não foi totalmente implementada. Não obstante os dispositivos constitucionais e ordinários que criam e priorizam verbas para efetivar o direito à educação, a má gestão dos recursos públicos impede a aplicação eficiente das metas e dos programas educacionais. Um exemplo de artigo da LDB não cumprido é a definição pelo governo federal do valor a ser gasto por aluno nas escolas públicas, para garantir a oferta de ensino fundamental de qualidade (grifo nosso).213

Avanço que merece ser ovacionado é a inclusão das creches na educação básica. Antes da LDB elas não eram consideradas estabelecimentos de ensino, o que dificultava seu financiamento e o tipo de atividade pedagógica. Denise Souza Costa afirma que:

Por determinação da LDB, as creches atenderão crianças de zero a três anos, ficando a faixa de quatro a seis para a pré-escola e deverão adotar objetivos educacionais, transformando-se em instituições de educação [...]. Essa determinação segue a melhor pedagogia, porque é nessa idade, precisamente, que os estímulos educativos têm maior poder de influência sobre a formação da personalidade e

de 1988 são arquivados, p. ex. PL 1075/1995 que dispõe sobre a responsabilidade do Estado em educação pública, e dá outras providências. O referido projeto, aprovado na Câmara e arquivado no Senado desde fevereiro de 2007, dispunha em seu artigo 2º que se entende por responsabilidade dos poderes públicos em educação o dever de transferir recursos e/ou oferecer vagas para garantia de acesso universal à escolaridade obrigatória e gratuita, definida como direito público subjetivo pela Constituição Federal.

210 GRECO, Rogério. Código Penal Comentado. 4. ed. Niterói: Impetus, 2010. p. 689. 211 Ibid. p. 690.212 COSTA, Denise Souza. Direito fundamental à educação, democracia e

desenvolvimento sustentável. Belo Horizonte: Fórum, 2011. p. 53.213 Ibid. p. 54.

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o desenvolvimento da criança.214

A Lei n.º 8.069/90 que edita o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e funda-se no princípio da proteção integral da infância e da adolescência também trata da educação básica. O objetivo do ECA é ampliar, em relação às crianças e aos adolescentes, os direitos assegurados na Constituição. Por isso vários dispositivos do Estatuto reproduzem as normas contidas nos arts. 205 a 208 e 227, caput, da CF, acrescentando, contudo, outros direitos como o que garante o acesso à escola pública e gratuita próxima a residência do educando.215

Denise Souza Costa, tratando sobre o ECA, ressalta que:O art. 208 da Lei n.º 8.069/90 assegura, de forma expressa, a sindicação desses direitos junto ao Poder Judiciário. Dispõe-se que as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular de vagas no sistema educacional, regem-se por esta lei e são oponíveis contra o Estado, que tem a obrigação de concretizar este direito fundamental. [...] Somente é possível falar em direito, havendo o correspondente dever jurídico, e só se pode falar em dever caso seja detectada a existência de um poder de coerção, apto a alcançar o resultado almejado, não sendo ele espontaneamente observado (grifo nosso).216

O papel do Poder Executivo é facilmente identificável pela existência de demandas que chegam ao Judiciário. Já se falou acima do entendimento do STF sobre o direito subjetivo à educação, entende-se que se há um entendimento no STF é porque na esfera do Executivo as normas constitucionais e infraconstitucionais não foram devidamente efetivadas, sendo, portanto, exigidas do Poder Judiciário.

Luís Roberto Barroso, sobre a efetivação da normas constitucionais, pensa que:

Se o cumprimento aos preceitos constitucionais não é viável, simplesmente a Constituição não deveria acenar, sob a feição de um direito, com algo que não é seriamente realizável, sob pena de desacreditar-se. De outra parte, se ele é viável, não há como recusar-lhe efetividade.217

4. O JUDICIÁRIO COMO SAÍDA DE EMERGÊNCIASem poder contar com a realização do direito à educação pelo

Poder Público, cabe ao Judiciário a efetivação do direito.O STF, por exemplo, no RE 436.996/SP, reconheceu a existência

de um dever constitucional do Poder Público (no caso o Município) em assegurar o atendimento gratuito de crianças até seis anos de idade em nível

214 Ibid. p. 55.215 COSTA, Denise Souza. Op. cit. p. 56.216 Ibid. p. 57.217 BARROSO, Luís Roberto. O direito constitucional e a efetividade de suas normas: limites

e possibilidades da Constituição brasileira. 6. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p. 151.

de pré-escola, a partir de uma compreensão ampla do direito à educação.218 Ingo Wolfgang Sarlet, citando Luís Roberto Barroso, ressalta, ainda, que:

Na hipótese de não ser possível o reconhecimento de um direito de acesso ao ensino fundamental público gratuito, no caso de inexistentes ou comprovadamente insuficientes os recursos materiais disponíveis (escolas, salas de aula, vagas professores etc.), que o Poder Público, numa demanda de natureza cominatória, possa ser condenado a uma obrigação de fazer, por exemplo, determinando-se a construção de uma escola ou mesmo a matrícula em escola particular às expensas do Poder Público, restando, ainda, a insatisfatória possibilidade de exigir-se do Estado o pagamento de uma indenização pela omissão, que, no entanto [...] não tem o condão de substituir adequadamente a falta de estudo.219

No AI 564.035/SP, o STF assegura o direito da criança em obter vaga em creche municipal, acentuando que:

[...] a educação compõe o mínimo existencial, de atendimento estritamente obrigatório pelo Poder Público, dele não podendo se eximir qualquer das entidades que exercem as funções estatais. O mínimo existencial afirma o conjunto de direitos fundamentais sem os quais a dignidade da pessoa humana é confiscada. E não se há de admitir ser esse princípio mito jurídico ou ilusão da civilização, mas dado constitucional de cumprimento incontornável, que encarece o valor de humanidade que todo ser humano ostenta desde o nascimento e que se impõe ao respeito de todos.220

O maior número de ações relacionadas à educação levadas ao Judiciário, se por um lado sinalizam para o acesso à Justiça221, por outro denunciam quão longe se está de realizar o segundo objetivo de desenvolvimento do milênio: atingir o ensino básico universal222. A universalização do ensino básico não é uma realidade ainda, mas para que se realize, um bom passo é o Executivo concretizar as diretrizes traçadas pela Constituição.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Inserido na Constituição como direito fundamental social, o

direito à educação tem um capítulo dedicado a sua regulamentação: princípio, garantias, deveres e recursos. Toda essa extensa explanação

218 SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Op. cit. p. 597, nota 683.

219 BARROSO, Luís Roberto. O direito constitucional e a efetividade de suas normas: limites e possibilidades da Constituição brasileira. 3. ed. Rio de Janeiro: Renovar. apud SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Op cit. p. 596.

220 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo de Instrumento n.º 564.035. Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 30 abr. 2007, DJ. 15 mai. 2007.

221 SIFUENTES, Mônica. Direito fundamental à educação: a aplicabilidade dos dispositivos constitucionais. 2. ed. Porto Alegre: Nuria Fabris, 2009. p. 324 et seq.

222 INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA E APLICADA. Objetivos de desenvolvimento do milênio: relatório nacional de acompanhamento. Brasília: Ipea, 2007. p. 40.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO

feita na Constituição, somado ao fato de que tal direito compõe o que se chama de mínimo existencial sociocultural, evidência a importância que o legislador constituinte atribuiu à educação.

Após 1988, surgem o Estatuto da Criança e do Adolescente e depois a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional tratando em maior ou menor escala do direito à educação básica. Estas normas, junto com a Constituição, definem como os responsáveis pela educação devem atuar.

Contudo a inobservância de tais normas faz com que se busque no Judiciário a concretização do direito. De fato o Judiciário deve estar acessível para efetivá-lo, porém Legislativo e Executivo também são responsáveis pela educação e devem atentar pela reta efetivação da norma constitucional, pois se fosse impossível, sua concretização não receberia chancela pela Constituição Federal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, Denise Souza. Direito fundamental à educação, democracia e desenvolvimento sustentável. Belo Horizonte: Fórum, 2011.BARROSO, Luís Roberto. O direito constitucional e a efetividade de suas normas: limites e possibilidades da Constituição brasileira. 6. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.BRASIL. Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990. Institui o Estatuto da Criança e do Adolescente._______. Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional._______. Supremo Tribunal Federal. Agravo de Instrumento n.º 564.035. Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 30 abr. 2007, DJ. 15 mai. 2007._______. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n.º 397.744. Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 15 out. 2009, DJ. 3 nov. 2011._______. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n.º 410.715. 2ª Turma. Rel. Min. Celso de Mello, j. 22 nov. 2005, DJ. 3 fev. 2006. _______. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n.º 436.996. Rel. Min. Celso de Mello, j. 26 out. 2005, DJ. 7 nov. 2005. ____. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário com Agravo n.º 639.337. 2ª Turma. Rel. Min. Celso de Mello, j. 23 ago. 2011, DJ. 15 set. 2011.GRECO, Rogério. Código Penal Comentado. 4. ed. Niterói: Impetus, 2010.INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA E APLICADA. Objetivos de desenvolvimento do milênio: relatório nacional de acompanhamento. Brasília: Ipea, 2007.SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de direito constitucional. São Paulo: RT, 2012.SIFUENTES, Mônica. Direito fundamental à educação: a aplicabilidade dos dispositivos constitucionais. 2. ed. Porto Alegre: Nuria Fabris, 2009.

INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS

Alexandre Melo Franco Bahia 223

Diego de Oliveira Dobri 224

Renata Nascimento Gomes 225

INTRODUÇÃOCom o desenvolvimento da sociedade de massas, e com a evolução

do conceito de acesso à justiça, empreendido no Brasil, em grande parte pelos resultados obtidos com base no estudo realizado pelos professores Mauro Cappelletti e Bryant Garth(Cf. CAPPELLETTI, GARTH, 1988), do qual foi publicado um livro intitulado “Acesso à Justiça”. podemos extrair que as demandas repetitivas só fizeram aumentar no ordenamento jurídico nacional, pois com a incorporação dos resultados obtidos pela pesquisa na Constituição Federal de 1988 e na legislação infraconstitucional, foram ofertados meios a possibilitar o acesso efetivo à justiça da população, para pleitear a tutela de seus “novos direitos”, servindo o processo como instrumento à consecução de tais objetivos, partindo de um paradigma de estado de bem-estar social. Feitas tais considerações, em um primeiro momento, o presente trabalho tentará lançar os contornos do agigantamento das demandas repetitivas no Brasil.

Depois trataremos de analisar algumas das medidas adotadas pelo legislador para tratar os processos repetitivos que engessam o judiciário, como a criação de um regime próprio para estas causas, o que não trouxe grande alívio ao fluxo de demandas ajuizadas. Assim, o Estado concede direitos de índole material e processual com uma mão, e os retira com a outra, revelando-se uma atitude dicotômica, pois ao perceber que cada vez mais há o ingresso de demandas, busca limitar seu acesso, onde há o maior congestionamento dessas, qual seja, na fase recursal.

Com base no crescente desenvolvimento das demandas repetitivas mundo a fora, buscou-se estudar o Procedimento-Modelo alemão. Referido procedimento é inspirado nas ações de grupo, e busca ofertar uma tratativa coletiva às demandas individuais (e coletivas) isomórficas, sem ter de recorrer à legitimidade extraordinária e as “[...]ficções de extensão da coisa julgada” (CABRAL, 2007, p. 129), mecanismos estes existentes nas ações de classe. Concebe-se com a instauração de um incidente em uma causa-piloto, a qual após julgada, servirá como tese a ser aplicada a todas as causas sobrestadas junto com a que deu origem ao incidente.

223 Doutor e Mestre em Direito pela UFMG, Professor Adjunto da UFOP e da IBMEC, advogado.

224 Graduando em Direito pela FDSM.225 Mestranda em Direito com área de concentração em Constitucionalismo e Democracia

pela Faculdade de Direito do Sul de Minas. Linha de Pesquisa: Efetividade dos direitos fundamentais sociais. Professora. Endereço eletrônico: [email protected].

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O legislador brasileiro, profundamente inspirado no Musterverfahren alemão (Procedimento-Modelo), incorporou tal instituto ao novo CPC, visto as causas repetitivas fazerem parte do cotidiano hodierno dos tribunais nacionais, buscou obter de tal instituto isonomia e segurança jurídica, além de conseguir, com o julgamento da tese, ofertar solução a uma quantidade incomensurável de litígios de uma só vez. Assim, buscar-se-á comparar os procedimentos alemão e brasileiro, afim de verificar suas vantagens e desvantagens, bem como suas inovações no campo da tutela de demandas individuais isomórficas.

1. O TRATAMENTO DAS DEMANDAS REPETITIVAS NO ATUAL SISTEMA PROCESSUAL CIVIL BRASILEIRO

Devido à constante necessidade de implementação de direitos fundamentais em respeito aos ditames constitucionais e à própria função social do Direito, bem como às dificuldades da práxis jurídica brasileira, o estudo da temática das demandas repetitivas vem assumindo uma profunda importância para o direito processual civil na pós-modernidade. Em tempos de modernidade líquida226, onde as relações são rápidas, inconsistentes e fluídas e onde predomina o individualismo das massas, o processo, como efetividade dos direitos garantidos na Constituição e na legislação infraconstitucional, tenta se adequar ao novo tipo de sociedade, cunhada de “sociedade de consumo227”, marcada pela globalização, esta última, responsável pelo estreitamento das fronteiras tradicionais entre Estados.

226 A expressão “modernidade líquida” é utilizada pelo sociólogo Zygmunt Bauman, por acreditar que esta reflete com veemência o tempo histórico em que vivemos e a prefere a ter de utilizar a expressão “pós-modernidade”, segundo o sociólogo, o líquido representa uma variedade existente nos fluídos. Vejamos: “Os fluídos se movem facilmente. Eles “fluem”, “escorrem”, “esvaem-se”, “respingam”, “transbordam”, “vazam”, “inundam”, “borrifam”, “pingam”; são “filtrados”, “destilados“; diferentemente dos sólidos, não são facilmente contidos – contornam certos obstáculos, dissolvem outros e invadem ou inundam seu caminho. Do encontro com sólidos emergem intactos, enquanto os sólidos que encontram, se permanecem sólidos, são alterados. A extraordinária mobilidade dos fluidos é o que os associa à ideia de “leveza”. Há líquidos que, centímetro cúbico por centímetro cúbico, são mais pesados que muitos sólidos, mas ainda assim tendemos a vê-los como mais leves, menos “pesados” que qualquer sólido. Associamos “leveza” ou “ausência de peso” à mobilidade e à inconstância: sabemos pela prática que quanto mais leve viajamos, com maior facilidade e rapidez nos movemos. Essas são razões para considerar “fluidez” ou “liquidez” como metáforas adequadas quando queremos captar a natureza da presente fase, nova de muitas maneiras, na história da modernidade”. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Trad. DENTZIEN, Plínio. Rio de Janeiro: Zahar, 2000, p. 8-9.

227 A sociedade de consumo se caracteriza pelo consumo em massa de bens e serviços, tendo grande apelo midiático, através da publicidade. Figura como cerne de tal sociedade, o consumo pessoal dos indivíduos, onde os produtos adquiridos, sejam bens ou serviços, são valorados não tanto por sua utilidade, mas sim por aspectos culturais que são erigidos a símbolos de uma sociedade global de consumo. Cf. ADORNO, Theodor W. Indústria Cultural e Sociedade. Trad. LEVY, Juba Elisabeth. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2002.

Tendo em vista tais premissas, o processo civil, assim como a sociedade, têm passado por incontestáveis mudanças, dentre elas a forma como é exercida a garantia judicial de direitos. Questões referentes à legitimidade para propositura de determinadas demandas e a forma como estas são ajuizadas, ou têm seu rito alterado, buscando imprimir maior celeridade à resolução dos conflitos, uniformidade e abrangência das decisões, são um importante campo de estudos e divagações do direito processual civil brasileiro, bem como suas implicações no Processo Constitucional Democrático.

1.1. Ações Coletivas e as Demandas RepetitivasAo conceituar as ações coletivas, assim entende Antônio Gidi:

Ação coletiva é a ação proposta por um legitimado autônomo (legitimidade), em defesa de um direito coletivamente considerado (objeto), cuja imutabilidade do comando da sentença atingirá uma comunidade ou uma coletividade (coisa julgada). (GIDI, 1995: p. 16).

Segundo Márcio Flávio Mafra Leal, o conceito de Gidi não indica com precisão o que ele considera como sendo coletivo, não deixando claro se é o direito material em si ou a sua classe de titulares (cf. LEAL, 1998). Para Mafra, existem duas espécies de ações coletivas no direito brasileiro: a primeira destinada à proteção dos interesses coletivos lato sensu e a segunda voltada aos direitos individuais tratados processualmente sob a perspectiva coletiva (cf. LEAL, 1998). Ante tais sintomas, que demonstravam a crise do processo civil liberal em lidar com interesses que excedessem ao individual, surgiu a ideia de ofertar proteção aos interesses coletivos (em sentido lato). Ensina Leonardo José Carneiro da Cunha:

Com efeito, a atividade econômica moderna, corolário do desenvolvimento do sistema de produção e distribuição em série de bens, conduziu à insuficiência do judiciário para atender ao crescente número de feitos que, no mais das vezes, repetem situações pessoais idênticas, acarretando a tramitação paralela de significativo número de ações coincidentes em seu objeto e na razão do ajuizamento.A partir daí, erigiu-se a necessidade de se imprimir tratamento coletivo a esses litígios, reunindo num único processo, ou em alguns, os interesses disputados, em vista da consecução de vantagem econômica, temporal e operacional.Quer isso dizer que as regras processuais previstas no Código de Processo Civil revelaram-se inadequadas, não atendendo ao objeto e às finalidades dos chamados direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. Para que houvesse um processo adequado a tais direitos, foram editados diplomas legislativos que passaram a disciplinar os mecanismos de tutela de direitos coletivos e de tutela coletiva de direitos.[...] Significa que existem dois modelos ou regimes de processo: aquele que disciplina as causas individuais e o que regula as causas coletivas. As demandas individuais têm suas regras contidas no Código de

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Processo Civil, ao passo que as coletivas, nos referidos diplomas legais e, ainda, nas disposições processuais insertas no Código de Defesa do Consumidor. (CUNHA, 2009, p. 236-237).

Segundo Didier Jr. e Zaneti Jr., as ações coletivas têm justificativas de cunho social e político para existirem, vejamos:

As ações coletivas têm, em geral, duas justificativas atuais de ordem sociológica e política: a primeira, mas abrangente, revela-se no princípio do acesso à Justiça; a segunda, de política judiciária, no princípio da economia processual.As motivações políticas mais salientes são a redução dos custos materiais e econômicos na prestação jurisdicional; a uniformização dos julgamentos, com consequente harmonização social, evitação de decisões contraditórias e aumento de credibilidade dos órgãos jurisdicionais e do Poder Judiciário como instituição republicana. Outra consequência benéfica para as relações sociais é a maior previsibilidade e segurança jurídica decorrente do atingimento das pretensões constitucionais de uma Justiça mais célere e efetiva (EC 45/04). (DIDIER; ZANETI; 2008, p. 35).

Pois bem, feitas as aludidas constatações, cumpre expor que a ação coletiva existente no Brasil para regular a proteção aos interesses difusos, aqui entendidos como sendo quaisquer interesses transindividuais, é a ação civil pública, regida pela Lei n.º 7.347/1985 e pelo Código de Defesa do Consumidor – Lei n. º 8.078/1990, juntamente com os demais diplomas legais inframencionados, os quais formam o chamado “microssistema do direito processual civil coletivo brasileiro”, devendo ser interpretados conjuntamente e em consonância e não como normas exparsas. Fazem parte, igualmente, do sistema processual civil coletivo brasileiro, o Estatuto da Criança e do Adolescente, no que tange a proteção dos interesses individuais, difusos e coletivos relativos a infância e à adolescência (ECA – art. 201, inciso V, da Lei n.º 8.069/1990); o Estatuto do Idoso, que afere, em sede de ação civil pública, a proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso (art. 74, inciso I, Lei n.º 10.741/2003); A Lei n.º 7.853/1989, que possibilita que seja intentada ação civil pública versando sobre interesses difusos ou coletivos de interesse das pessoas portadoras de deficiência.

Integram, ainda, o sistema processual civil coletivo brasileiro as seguintes ações: ação popular (art. 5º, inciso LXXIII, da CF e Lei n.º 4.717/1965); ação de improbidade administrativa (Lei n.º 8.429/1992); o mandado de segurança coletivo (Art. 5º, inciso LXX, da CF e Lei 12.016/2009) e o mandado de injunção quando utilizado para pleitear direito coletivo (Art. 5º, inciso LXXI, da CF). Cada uma possui finalidades diferentes:

I- A ação civil pública visa a reparação do dano e é utilizada quando houver lesão aos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos; sendo que os legitimados para propô-la estão elencados no art. 2 º, da Lei n. º 7.347/1985 e no art. 82, da Lei n. º 8.078/1990;

II- A ação popular tem seu foco no pleito de declaração de anulação ou nulidade de atos administrativos praticados em desfavor do patrimônio da administração direta ou indireta, sendo legítimo qualquer cidadão ajuizá-la;

III- Já a ação de improbidade administrativa tem por objetivo a responsabilização, através da aplicação de sanções em face de qualquer agente público que pratique atos contra a administração pública direta, indireta ou fundacional de qualquer dos poderes e dos entes políticos; os legitimados ativos para sua propositura são o Ministério Público ou a pessoa jurídica interessada (art. 17 da Lei 8.429/1992), podendo provocar a autoridade administrativa e o MP qualquer pessoa;

IV- O mandado de segurança coletivo, por sua vez, tem como objetivo proteger direito líquido e certo de uma coletividade, quando este direito não for amparado por “habeas corpus” ou habeas data”, sempre que o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; os legitimados para sua propositura estão no inciso LXX, do art. 5º, da CF.

V- Por fim, o mandado de injunção coletivo tem por objetivo tornar viável a proteção dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; sendo legitimados para sua propositura entidades de classe, conforme jurisprudência pacífica do STF.

Há ainda quem entenda que as ações de controle concentrado de constitucionalidade, quais sejam: a arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), ação declaratória de inconstitucionalidade (ADIn), ação declaratória de inconstitucionalidade por omissão (ADInO), ação declaratória de inconstitucionalidade interventiva228 (ADIn Interventiva) e ação declaratória de constitucionalidade (ADC), figurem como ações coletivas, tendo em vista o rol de seus legitimados para sua propositura, constantes do art. 103, da CF, os quais, como no caso de confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional têm representatividade e por isso, estariam a representar o interesse da coletividade.

No presente trabalho abordaremos com maior ênfase, dentre as ações coletivas, a ação civil pública.

1.2. Ação Civil PúblicaAs ações coletivas, da qual seu maior expoente é a ação civil

pública, modificaram em grande medida as concepções de processo, que até então vigoravam. Assim, o processo coletivo, conjugado à ação civil pública, trouxe a possibilidade de se ingressar com demandas representativas de classes determináveis ou indetermináveis, tamanho o

228 Entende-se que a ADIn interventiva se trata de uma ação coletiva, pois mesmo sendo legítimo para sua propositura somente o Procurador Geral da União, esta trata de interesse pertinente a toda a coletividade.

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seu alcance, afastando, por conseguinte, a noção singular de processo e de legitimidade processual, característicos de um processo eminentemente liberal. Referida ação tem como finalidade ofertar proteção aos interesses transindivuais, sejam eles difusos, coletivos ou individuais homogêneos. Segundo Kazuo Watanabe, ao mencionar a intenção do legislador em regular a ação civil pública, enquanto membro integrante do processo coletivo no atual Código de Defesa do Consumidor:

As disposições contidas neste capítulo põem bem à mostra a preocupação do legislador pela instrumentalidade substancial e maior efetividade do processo, e também pela sua adequação à nova realidade socioeconômica que estamos vivendo, marcada profundamente pela economia de massa. (WATANABE, 2011, p. 61).

No excerto acima mencionado, Kazuo Watanabe acaba por fazer uma breve introdução ao período em que vivemos, expondo a importância fundamental do processo coletivo, e sugerindo, mais adiante, no texto, meios para que cada vez mais se utilizem as tutelas coletivas no país. Aponta mudanças essenciais, pelas quais acredita que a sociedade deve passar para ver incorporar em seu cotidiano tais tutelas. Partindo de tais premissas, o legislador, inspirado na class action norte americana, buscou trazer ao Brasil as ações de classe. Significa dizer, que buscou dar proteção aos indivíduos, quando vistos como classe, conforme preceitua o Projeto Florença de Acesso à Justiça, elencando, por lei, quais seriam os legitimados específicos, para postular em juízo a seu favor.

A ação civil pública brasileira, herdeira das ações de classe norte-americana, buscou tutelar os interesses coletivos “lato sensu”, e os dividiu em difusos, coletivos e individuais homogêneos, este inspirado no sistema da class action for damage. Os interesses individuais homogêneos são direitos “coletivos por acaso”, já que na verdade são demandas individuais que podem ser resolvidas coletivamente, por disposição do legislador no art. 81, inciso III, do CDC. Ou seja, como o próprio nome aduz, são direitos individuais, mas que por conta da probabilidade de que muitas pessoas ingressem em juízo com demandas “homogêneas”. Buscou-se conceber uma solução coletiva a tais lides de massa, incluindo referido interesse como um dos direitos transindividuais a ser instrumentalizado pela ação coletiva.

Impende esclarecer que a propositura de uma ação civil pública versando sobre o tratamento de direitos individuais homogêneos não obsta que sejam propostas demandas individuais, no caso de improcedência do pedido, quando os interessados não tiverem intervindo como litisconsortes no processo, conforme dispõe o §2º, do art. 103, do CDC, ou no caso de ações individuais visando a apuração de danos individualmente sofridos (§3 º, do art. 103, do CDC). Importante salientar, que a class action é substancialmente diferente da ação civil pública brasileira, visto o procedimento norte americano divergir em grande medida do brasileiro. Sobre a diferença da ação civil pública brasileira e norte americana, afirma Simone Stabel Daudt:

[...] Em que pese possam ser traçadas semelhanças entre os dois sistemas, em certa medida, o nosso sistema utiliza como critério norteador a natureza do direito material lesado ou ameaçado, enquanto o sistema processual coletivo americano considera se a ação é condenatória, declaratória ou mandamental.[...] Tem-se ciência da impossibilidade de adoção integral do processo coletivo americano, pois, evidente as diferenças substanciais entre o sistema da civil law brasileiro e o da common law americano. Sempre serão necessárias adaptações, mas a comparação e utilização de experiências de outros países para o ordenamento são enriquecedoras, e devem ser exploradas. (DAUDT, 2013).

Impende esclarecer ainda que o desenvolvimento das ações coletivas no direito brasileiro se deu de forma totalmente destoada do que ocorreu, por exemplo, no direito norte-americano, onde o “[...] mecanismo coletivo foi nitidamente impulsionado por movimentos sociais, como dos consumidores e de minorias étnicas” (LEAL, 1998, p. 184). Já no direito brasileiro, segundo Mafra, ocorreu:

Uma ‘revolução’ de professores e profissionais do Direito que, estudando autores estrangeiros, principalmente italianos, passaram a reivindicar um tratamento processual no Brasil de conflitos metaindividuais, embora socialmente não houvesse manifestações e pressões visíveis para tal, por falta de consciência político-jurídica de grupos, pela debilidade organizacional da sociedade civil brasileira e pela repressão política vivida no país durante pelo menos duas décadas. (LEAL, 1998, p. 184).

Há que se frisar a existência de dois modelos de tutela coletiva, quais sejam: a class action (ação de classe), da qual é derivada a ação civil pública brasileira e a group action (ação de grupo), sendo tais modelos dissemelhantes. As ações de classe foram adotadas pelos Estados Unidos da América, Canadá, Austrália e Brasil, dentre outros países, já as ações de grupo são utilizadas na Inglaterra (Group Litigation Order), Alemanha (Verbandsklage), Itália (litisconsorzio aggregato) e Europa em geral.

Basicamente, a ação de grupo difere da ação de classe, na medida em que cada membro do grupo faz parte da ação como parte, ao contrário do que o ocorre na ação de classe, onde se criou a figura da legitimidade extraordinária, sendo “[...] acompanhada de ficções de extensão da coisa julgada aos indivíduos membros da classe que não participaram do julgamento” (CABRAL, 2007, p. 124). Ocorre que a ação civil pública encontra limitações, como a impossibilidade de ser proposta veiculando pretensões que envolvam tributos, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados, conforme expressa disposição do parágrafo único do art. 1º, da Lei n.º 7.347/85.

Mencionada ação encontra obstáculos também no que tange ao conhecimento dos interessados sobre o ajuizamento de ação civil pública

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por parte dos legitimados, já que a legitimidade brasileira decorre de lei abstrata e não da proximidade de fato que os legitimados têm com os interessados. Já na class action norte-americana se busca, na fase inicial chamada de certification, diminuir esse “hiato” (CABRAL, 2007, p. 125-130), partindo da verificação da ausência de conflitos internos e auferindo se há por parte dos interessados conhecimento real sobre o litígio. Somente após a constatação positiva sobre o conhecimento da classe sobre o litígio é que se segue o trâmite regular da ação de classe norte-americana. Aludida questão é muito importante, pois quanto mais perto o legitimado estiver dos interessados mais ele terá a sensibilidade de entender quais direitos estes precisam que lhe sejam garantidos, ou seja, terá maior conhecimento destes enquanto classe e conseguirá maior proveito nas demandas pleiteadas.

Outro problema decorrente da falta de proximidade entre os legitimados brasileiros e os interessados, é que a propositura de ação civil pública, não obsta o ajuizamento de ações individuais, buscando proteção para os direitos transindividuais, não existindo, no mais das vezes, litispendência, visto existir uma série de exceções à coisa julgada nos arts. 103 e 104 do CDC. Entende o legislador que muitas vezes os interessados não têm conhecimento das demandas coletivas propostas e, por isso, forneceu várias saídas para que estes ingressassem novamente com demandas já discutidos no âmbito da ação coletiva. Diferentemente acontece na class action norte-americana, onde a coisa julgada, em regra, gera efeitos ergga omnes, só ficando de fora (out put), quem na fase inicial, requerer expressamente não participar da demanda.

Conclui-se que a ação civil pública é um importante meio para assegurar proteção aos direitos coletivos. Referida ação inovou no ordenamento jurídico nacional ao trazer proteção aos interesses individuais homogêneos, buscando imprimir maior uniformidade e celeridade na resolução dos conflitos de massa, conflitos estes que em um primeiro momento, se assemelham a interesses individuais, mas que na verdade têm como titulares toda uma coletividade, pois vários indivíduos, em sua esfera particular, veem seus direitos sendo lesados. Ocorre que pela distância entre as partes e os legitimados, os quais decorrem de lei, bem como, os efeitos da extensão da coisa julgada na ação civil pública quando esta versar sobre interesses individuais homogêneos, faz com que os interessados ingressem no judiciário de maneira individual, ao invés de se unirem como classe, pois muitas das vezes não sabem, ao menos, da existência de ação civil pública versando sobre os interesses aos quais pretendem ingressar em juízo. Diante de tais considerações, as “[...] demandas repetitivas” (CUNHA, 2009, p. 237), “[...] se multiplicam a cada dia” (CUNHA, 2009, p. 237), muitas das quais poderiam ser solucionadas por uma ação civil pública que versassem sobre interesses individuais homogêneos. Conforme afirma José Carneiro Cunha:

Muitos dos problemas de massa são solucionados individualmente,

em cada um dos milhares de casos propostos a respeito do mesmo tema.[...] Tais demandas de massa ou causas repetitivas são identificadas por veicularem esses casos judiciais massificados, que resultam de atividades reiteradas, realizadas no setor público ou na iniciativa privada. (CUNHA, 2009, p. 237).

Segundo Sidnei Agostinho Beneti ao tratar das ações repetitivas:A composição das lides é apenas ilusoriamente individual. Contornos principais dos casos individuais transmigram entre os autos dos processos e, ao final, fundamentos das pretensões e motivos dos julgados mesclam-se, mormente ante o fenômeno moderno da reprodução em massa de papéis – via copiadoras, impressoras e o envio por internet – e, entre nós, da ânsia das partes de prequestionar desde a inicial – para haver acesso aos Tribunais Superiores – e dos julgadores para o possível atalhe à interposição de Embargos de Declaração. (BENETI apud CUNHA, 2009, p. 237-238).

Além de possibilitar à ação civil pública tratar de demandas individuais homogêneos, buscou o legislador, criar um regime próprio para as causas repetitivas. Mencionaremos apenas algumas das regras que formam tal regime, com vistas a demonstrar que mesmo com todas essas inovações o processo civil coletivo urge por mudanças.

1.3. Suspensão de Segurança para Liminares em Casos Repetitivos (Lei n. 8.437/1992, art. 4º,

§8º e Lei n.º 12.016/2009, art. 15, §5º)O §8º, do art. 4º, da Lei 8.347/1992, trata da suspensão das

liminares quando estas forem idênticas, com base em uma única decisão, vejamos:

Art. 4º Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso, suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito público interessada, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.[...] §8º As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o Presidente do Tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original.

O mesmo ocorre com as liminares deferidas no processo de mandado de segurança, conforme aduz o §5º, do art. 15, da Lei 12.016/2009. Tal regra se insurge em face das demandas repetitivas individuais, e permite que de uma só vez, sejam suspendidas várias liminares, pelo presidente do tribunal, tendo a possibilidade, mediante simples aditamento do pedido, estender a suspensão para as liminares supervenientes. Mencionada regra cumpre com a função de uniformizar

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a jurisprudência, confabulando com o princípio da autonomia, pois não pode em determinado local um indivíduo ter êxito em seu pedido liminar, enquanto outro, pleiteando idêntica liminar, se ver tolhido, não obtendo provimento satisfatório. Nesse caso, ocorreria uma verdadeira afronta ao princípio da isonomia, “havendo tratamento díspar para pessoas que se encontram na mesma situação” (CUNHA, 2009, p. 251).

Ademais, essa possibilidade ofertada ao presidente do tribunal, numa única decisão, suspender várias liminares, ou provimentos de urgência, corrobora com o princípio do interesse público. Na opinião de Leonardo J. C. da Cunha, sobre a importância de tal meio processual para a garantia do princípio do interesse público:

[...] É que, se uma demanda que contenha, como parte autora, apenas uma pessoa, com insignificante expressão econômica, vier a ser concedida uma liminar, afigura-se sobremaneira difícil demonstrar a ocorrência de grave lesão a um dos interesses públicos relevantes.[...] Nesse caso, em virtude da norma sob comento, além de se poder deferir uma suspensão que atinja, a um só tempo várias liminares, pode-se igualmente estender os efeitos de suspensão anteriormente concedida a vários outros provimentos de urgência, sobrestando seus respectivos cumprimentos. (CUNHA, 2009, p. 251).

Assim, além de amparar o judiciário no tratamento das demandas individuais repetitivas, para que este consiga agir com maior celeridade e eficiência, referida norma tem como escopo corroborar para a aplicação dos princípios da isonomia e do interesse público.

1.4. Pedido de Uniformização de Lei Federal nos Juizados Especiais Cíveis Federais

O Juizado Especial Cível Federal é regido pela Lei n.º 10.259/2001, e por sua natureza e competência absoluta em razão do valor dado a causa, que não pode ultrapassar a quantia de 60 salários mínimos, recebe inúmeras demandas repetitivas, sendo um importante campo de incidência de demandas de massa. Prevendo a hipótese de inúmeros conflitos versando sobre as mesmas questões, buscou o legislador criar, no art. 14, da Lei 10.259/2001, o instituto do pedido de uniformização de lei federal no âmbito dos juizados especiais cíveis federais. Tal instituto diverge do incidente de uniformização de jurisprudência, constante do art. 476, do CPC, visto que esse último se aplica aos recursos no âmbito do procedimento ordinário. Segundo afirma Leonardo José Carneiro da Cunha:

Para que se atenda ao regime processual das causas repetitivas, permite-se o ajuizamento de um pedido de uniformização de interpretação de lei federal. Com efeito, proferido julgamento pela Turma Recursal, é possível o ajuizamento de um pedido de uniformização de interpretação de lei federal, quando houver divergência com precedente de outra Turma Recursal, ou com súmula ou jurisprudência dominante no

Superior Tribunal de Justiça. (CUNHA, 2009, p. 254).Cumpre asseverar que tal pedido somente tem cabimento

quando o motivo da divergência se tratar de questão de direito material, pois se a divergência for ocasionada por aplicação de regra processual, mencionado pedido não será “admissível” (Cf. CUNHA, 2009, p. 254). O pedido de uniformização de interpretação de lei federal tem início com a divergência entre Turmas Recursais da mesma região, neste caso, o pedido deve ser julgado pela reunião conjunta das Turmas em conflito. Pode ocorrer, ainda, divergência entre decisões de turmas recursais de diferentes regiões ou de decisão proferida em contrariedade à súmula ou jurisprudência dominante do STJ, neste caso, o pedido será julgado pela Turma Nacional de Uniformização, conforme preceitua o §2º, do art. 14, da Lei 10.259/2001.

Aludido incidente tem todo seu procedimento previsto no art. 14, da 10.259/2001, e serve como “[...] incidente de coletivização de questões comuns que estejam à base da fundamentação de pretensões individuais, ou seja, um típico instrumento processual de tratativa coletiva sem as ficções representativas das ações coletivas” (CABRAL, 2007, p. 144).

Ante a falta de legislação específica, no que tange a possibilidade de dirimir conflitos existentes entre divergência de interpretação de lei federal por turmas recursais estaduais e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, este último editou a resolução n.º 12/2009, a qual prevê a possibilidade de ser o STJ suscitado a decidir tal lide, através de reclamação, cf. estatui o caput do art. 1º, da Resolução n.º 12/2009.

Ocorre que a ilegalidade da supramencionada resolução do STJ é latente, tendo em vista que somente a União pode legislar sobre Direito Processual, cf. art. 22, inciso I, da CF. Conforme se extrai da análise dos atos administrativos, resolução é ato administrativo normativo e não lei federal.

2. O PROCEDIMENTO-MODELO ALEMÃO - MUSTERVERFAHREN

É inegável que as ações de classe são um importante avanço no campo do direito processual civil coletivo, no entanto, no que tange a representação dos ausentes, baseado na técnica de legitimidade extraordinária, não é a mais indicada, visto que na maioria das vezes os interessados não têm real conhecimento da ação proposta, podendo, inclusive, discordar da estratégia processual adotada pelo legitimado, no caso brasileiro, legitimado por disposição legal. Segundo Antônio do Passo Cabral:

Não obstante os interesses relevantes na efetividade da tutela coletiva, sistemas automaticamente inclusivos e as técnicas da legitimidade extraordinária, além de dificultarem o exercício de faculdades processuais, promovem um rompimento político-ideológico com o dissenso, o pluralismo e as iniciativas individuais. A condução do processo por um ente estranho à coletividade pode esconder

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dissidências dentro da classe, vilipendiando a liberdade individual de talvez milhares de pessoas com opiniões divergentes, que poderiam inclusive ter adotado estratégia processual diversa se tivessem ajuizado demandas individuais. Em suma, é uma disciplina discrepante do princípio dispositivo, o devido processo legal e o pluralismo deve nortear o contraditório moderno, compreendido como a ampla capacidade de influir, condicionar a decisão estatal expressa na sentença. A recente percepção destes problemas vem levando a doutrina moderna a necessidade de equilibrar harmonicamente os interesses dos ausentes om as exigências da tutela coletiva. (CABRAL, 2007, p. 127-128).

Nas ações de classe norte-americana, buscou-se atenuar este problema da legitimação extraordinária. No caso de não serem típicos os argumentos deduzidos, “ou seja, se as alegações não refletirem os interesses de toda a classe, [...] a corte, verificando o dissenso, pode dividir a classe em subclasses, que atuarão como se fossem entes diversos” (CABRAL, 2007, p. 128). Com o intuito de evitar estes problemas, vários ordenamentos jurídicos têm se voltado para as ações de grupo (group action), onde “[...] procuram-se métodos de decisão em bloco que partam de um caso concreto entre contendores individuais. Trata-se da instauração de uma espécie de incidente coletivo dentro de um processo individual” (CABRAL, 2007, p. 128). Ensina Cabral:

Cada membro do grupo envolvido é tratado como uma parte, ao invés de uma “não parte substituída”. É a tentativa de estabelecer algo análogo a uma class action, mas sem classe. [...] É a ideia de resolver coletivamente questões comuns a inúmeros processos em que se discutem pretensões isomórficas, evitando-se os problemas de mecanismos representativos de tutela coletiva como a legitimidade extraordinária e as ficções de extensão da coisa julgada. Mantêm-se os princípios e instrumentos do processo civil individual, assegurando o respeito às singularidades. Preservam-se a garantia do devido processo legal e o princípio dispositivo em sua plenitude. (CABRAL, 2007, p. 128-129).

Muitos países possuem certa desconfiança na legitimidade extraordinária, dentre eles a Alemanha, a qual, até hoje, pouco se utilizou de qualquer tipo de tutela versando sobre direitos transindividuais. Essa desconfiança com a legitimidade extraordinária retardou o desenvolvimento das ações coletivas. Há autores que atribuem a pouca utilização de referido instituto processual na Alemanha, pois lá, “[...] muitas das questões são resolvidas administrativamente por órgãos fiscalizatórios governamentais, que têm, muito mais que os nossos, o bom hábito de cumprir e fazer cumprir as leis” (CABRAL, 2007, p. 130).

Ocorre, que tem se tornado crescente o interesse dos países germânicos, como Alemanha, Áustria e Suíça, pela tutela coletiva, sendo que lá se buscou utilizar as ações de grupo não representativas, assim, “[...] preservando os princípios do processo individual e permitindo a tratativa coletiva” (CABRAL, 2007, p. 131), acabando por respeitar a singularidade dos indivíduos e suas demandas. Seguindo o esteio dos instrumentos não representativos, foi introduzido no ordenamento

alemão, em 16.08.2005, o Procedimento-Modelo ou Procedimento-Padrão “Musterverfahren”, pela Lei de Introdução do Procedimento-Modelo para os investidores em mercado de capitais, “Gesetz zur Einführung von Kapitalian-leger-Musterverfahren, abreviada de KapMuG” (CABRAL, 2007, p. 131), sendo uma lei experimental, sendo previsto prazo certo de vigência para a referida norma, o qual acabaria em 2010, no entanto, foi prorrogado por mais duas vezes, estando em vigência nos dias atuais229.

Referido procedimento também foi incorporado, ao ZPO (Código de Processo Civil alemão), “embora ainda pouco utilizado na prática” (NUNES, PATRUS, 2010, p. 476). Segundo Dierle Nunes e Rafael Dilly Patrus, sobre o Procedimento-Modelo alemão:

A ideia da lei é simples, mas também ousada: introduzir no bojo do processo judicial um expediente incidental com a pretensão de estabelecer, a partir do julgamento de uma causa-modelo, um padrão decisório, de acordo com o qual todos os demais casos repetitivos serão posteriormente examinados e julgados. Era como se pensou, a solução mais adequada, dentro dos parâmetros da ordem processual alemã, vinculados ao sistema tradicionalmente de civil law de resolução de litígios civis. [...] Como já dito, o procedimento-modelo constitui incidente interlocutório, não configurando uma ação autônoma. Aplica-se, segundo a KapMuG, às causas tramitando em primeira instância, nas quais se deduzem pretensões relativas à compensação por danos havidos no seio do mercado de capitais alemão, em razão da veiculação de informações falsas ou equivocadas ou da omissão de informações relevantes, em prospectos, circulares de oferta de ações, declarações contábeis, entre outros. Para cumprir o intuito e agilizar o trâmite das inúmeras ações eventualmente ajuizadas com base em um mesmo ofensor, uniformizar as soluções dadas aos conflitos concretos, reduzir o custo da litigância e facilitar o acesso dos investidores à rápida e justa providência estatal o KapMuG engendrou procedimento [...]. (NUNES, PATRUS, 2010, p. 476).

Percebe-se que a norma em comento busca dar solução a demandas repetitivas, sem contudo, aplicar a técnica da representação ficcional, pautando-se pela instauração de um incidente coletivo, em demandas individuais e repetitivas, típicas do momento histórico social ao qual pertencemos, podendo ser requerido a qualquer momento no juízo de primeiro grau, só havendo possibilidade de ser suscitado quando a causa estiver pronta para ser julgada, a chamada “causa madura”. No entanto, há que se frisar que referido mecanismo não deve substituir as ações coletivas de formato representativo, mas sim integrar o sistema das ações coletivas, conforme expõe Antônio do Passo Cabral:

Sempre bom salientar que se trata de mecanismos que devem conviver, e não se sobrepor; as ações coletivas de formato representativo possuem papel indispensável no cenário nacional, em especial pela desinformação e pobreza que assolam grandes

229 Informação obtida junto ao professor Antônio do Passo Cabral.

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populações em nosso país. Por outro lado, o esquema das ações de grupo não representativas, além de preservar a higidez de tradicionais garantias processuais, mantém relevante espaço de aplicação em uma série de hipóteses, como nas demandas referentes aos investidores no mercado de capitais, causas em matéria tributária ou em algumas demandas propostas por associações, quando os associados não forem hipossuficientes. Em muitos destes setores, as restrições, legais e jurisprudenciais às ações coletivas, ou à legitimidade extraordinária do Ministério Público, p. ex., vêm praticamente fulminando a solução coletiva de problemas comuns, muitos deles sufocando os tribunais de processos absolutamente idênticos. (CABRAL, 2007, p. 144-145).

2.1. As fases do Procedimento-Modelo Alemão“O escopo do Procedimento-Modelo é estabelecer uma esfera de

decisão coletiva de questões comuns a litígios individuais, sem esbarrar nos ataques teóricos e entraves práticos da disciplina das ações coletivas de tipo representativo” (CABRAL, 2007, p. 132). Tem como objetivo esclarecer de forma unitária caraterísticas típicas a diversas demandas.

O Procedimento-Modelo tem como finalidade cristalizar “[...] posicionamento sobre supostos fáticos ou jurídicos de pretensões repetitivas” (CABRAL, 2007, p. 132). A lei expressa claramente estes escopos,determinando inclusive, sua indicação no requerimento inicial. Dessa forma não resta dificuldade na identificação do objeto do incidente coletivo Musterverfahren, em que são decididos apenas alguns pontos litigiosos, apontados “expressamente pelo requerente” e fixados pelo Juízo, cuja decisão atinge vários litígios individuais, inferindo-se portanto, que o mérito do incidente “[...] compreende elementos fáticos ou questões prévias de uma relação jurídica ou de fundamentos da pretensão individual”.

Observe-se que o “objeto da cognição judicial tanto pode versar sobre questões de fato como de direito”, o que possibilita “a resolução parcial dos fundamentos da pretensão com a cisão da atividade em dois momentos: um coletivo, outro individual”, ou seja, há a divisão da atividade de cognição, entre o Tribunal e o juízo de primeiro grau, ficando aquele apenas com os pontos litigiosos relacionados ao objeto do incidente, sendo o restante da demanda atrelado ao juízo de origem. Segundo Antônio do Passo Cabral:

Esse detalhe é de extrema importância pois evita uma potencial quebra da necessária correlação entre fato e direito no juízo cognitivo. Vale dizer, se na atividade de cognição judicial, fato e direito estão indissociavelmente imbricados, a abstração excessiva das questões jurídicas referentes às pretensões individuais poderia apontar para um artificialismo da decisão, o que não ocorre aqui, com vantagem de evitar as críticas aos processos-teste. (CABRAL, 2007, p. 133).

Deste modo, a pretensão individual, que não servir como autos para o Procedimento-Modelo, será julgada, na parte relacionada ao objeto

do Musterverfahren, pelo juiz de origem, aplicando o entendimento firmado pelo Tribunal, sendo o restante dos pedidos tratados na demanda, instruídos e julgados pelo mesmo juízo, obedecendo ao princípio do devido processo legal, do qual são corolários a ampla defesa e o contraditório. Anote-se que o “[...] objeto do Musterverfahren pode ser ampliado no curso do processo até o final do procedimento, não se vislumbrando a estabilização da demanda” (CABRAL, 2007, p. 133), a exemplo do que ocorre no processo individual. Contudo, não se pode proceder à alteração livremente, é necessário que o juízo de origem a repute pertinente, devendo a ampliação obedecer ao escopo do Procedimento-Modelo, no caso concreto. Por fim, a ampliação é feita mediante requerimento da parte, sendo vedada a alteração de ofício, assim como, não há previsão legal de que o objeto do Musterverfahren possa ser reduzido.

2.1.1. Pedido de coletivização, Registro e Instauração do Incidente de Demandas Repetitivas

O procedimento é instaurado por meio de pedido de instalação do incidente padrão, feito pelo autor ou pelo réu ao juízo do processo individual, sendo requisito do pedido a descrição do “escopo da tratativa coletiva” (CABRAL, 2007, p. 133) e vedada a instauração de ofício pelo juízo. Nesse sentido, a parte interessada deve apontar os pontos controversos que pretende ver resolvidos coletivamente, assim como os meios de prova que pretende produzir no incidente, competindo-lhe a alegação e demonstração de repercussão extraprocessual, culminando na interferência da resolução de outros conflitos similares. O requerimento para instauração de Procedimento-Modelo não passará no juízo de admissibilidade do juízo de origem, segundo Antônio do Passo Cabral:

Quando a causa estiver pronta para julgamento, quando puder prolongar ou postergar o processo, quando houver inadequação do meio de prova, quando as alegações não se justificarem dentro do procedimento, ou quando o ponto controvertido não apresentar necessidade de ser esclarecido com eficácia coletiva. (CABRAL, 2007, p. 133-134).

No caso do requerimento ultrapassar as barreiras do juízo de admissibilidade, será publicado em cadastro eletrônico público e gratuito um pequeno termo do pedido, contendo dados como as partes envolvidas, o objetivo do procedimento, entre outros (Cf. CABRAL, 2007, p. 134). Todos os requerimentos similares de instauração de Musterverfahren, serão também registrados, “[...] de forma a otimizar a resolução das questões comuns, facilitando a consulta pública” (CABRAL, 2007, p. 134). A responsabilidade pela correção dos dados publicados, bem como pela preservação do sigilo das informações do processo, “[...] fica a cargo do juízo de origem” (Cf. CABRAL, 2007, p. 134), no que pese a administração do registro ser feita pelos órgãos federais ligados ao Ministério da Justiça. Sendo o requerimento rejeitado ou após o término do Procedimento-Modelo, os dados são apagados do registro. Segundo Antônio Cabral:

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Em seguida, o juízo de origem decide sobre o pedido de instauração do Procedimento-Modelo, preferindo decisão [...] que provoca um tribunal de hierarquia superiora decidir sobre as questões coletivas. Para tanto, exige a lei que o juízo de origem seja aquele em que tenha sido formulado, cronologicamente, o primeiro requerimento para tratativa. Determina ainda, como requisitos para o início do procedimento coletivo, que, no período de 4 meses após a publicação no registro, tenham sido requeridos, neste ou em outros juízos, pelo menos outros 9 procedimentos-padrão paralelos, vale dizer, deve haver, no prazo fixado, 10 requerimentos do incidente padrão, que versem sobre o mesmo objeto, pretensões paralelas baseadas nos mesmos fundamentos (causa de pedir semelhantes. Se não for observado o número mínimo de requerimentos no prazo legal, deve o juízo rejeitar o requerimento e prosseguir no processo individual. (CABRAL, 2007, p. 134).

Ao prolatar a decisão pela instauração do procedimento coletivo, o juízo de origem deverá atentar para o conteúdo determinado pela lei. “A decisão do juízo inferior é irrecorrível, será publicada no registro público e vincula o tribunal de instância superior, que será o juízo de julgamento do mérito do Musterverfahren”(CABRAL, 2007, p. 135)e, com o advento da prolação da decisão que instaura o procedimento coletivo não poderá mais haver “[...] outro Procedimento-Modelo com o mesmo objeto” (CABRAL, 2007, p. 135).

2.1.2. Trâmite do Procedimento-Modelo, Escolha dos Líderes e Suspensão de Processos Dependentes

Após a instauração do Procedimento-Modelo, este não mais tramitará no juízo de origem e sim no Tribunal Regional ou Tribunal Superior, que decidirá sobre o mérito do Musterverfahren. Na existência de tribunais estaduais diversos, informa Antônio do Passo Cabral:

A lei prevê a possibilidade de que, para garantir segurança jurídica e uniformidade da jurisprudência, quando existentes tribunais estaduais diversos (nos Ländern, Estados-membros), possa a matéria ser atribuída ao julgamento de um tribunal superior, admitindo ainda que, por acordo ou convênio entre os governos estaduais, possa ser a decisão submetida a um determinado e específico tribunal. (CABRAL, 2007, p. 135).

O Tribunal que realizar o julgamento do Procedimento-Modelo, escolherá um “líder” para os vários autores e outro para os réus, sendo ambos interlocutores diretos entre os interessados e a corte. Traçarão, juntamente com seus advogados, a estratégia processual do grupo ao qual representem. Conforme os ditames da própria lei, a determinação do líder (Musterpartein) é discricionariedade do tribunal, contudo, deverá obedecer o balizamento e os critérios estabelecidos na norma (KapMuG) (Cf. CABRAL, 2007, p. 135). Importante salientar que a Lei (KapMuG) chama de parte, o “líder” (Musterpartein) escolhido e os interessados de terceiros interessados ou intervenientes. Após, o tribunal publicará

no registro a instauração do Procedimento-Padrão, “com o extrato do conteúdo da decisão do juízo de origem, o objetivo do procedimento, bem como a descrição dos líderes das partes e, se for o caso, de seus representantes legais (§6, da KapMuG)” (CABRAL, 2007, p. 135-136).

Após a publicação da instauração do Musterverfahren no registro, todos os processos em que a decisão das questões a serem decididas ou esclarecidas no Procedimento-Modelo, serão suspensos de ofício por decisões irrecorríveis. Seguirá normalmente a cognição sobre o mérito, “fixando o Tribunal o seu entendimento jurídico sobre as questões comuns. A decisão do incidente denomina-se Musterentscheid” (CABRAL, 2007, p. 136).

2.1.3. Participação dos interessadosHá de se reconhecer que “[...] uma das grandes virtudes deste

procedimento” (CABRAL, 2007, p. 136) é a efetiva participação dos interessados, “[...] àqueles que terão seus processos decididos tomando-se como premissa a resolução coletiva de questões comuns no Musterverfahren” (CABRAL, 2007, p. 136). Os interessados que desejarem participar receberão o processo no estado em que se encontra, sendo-lhes facultado o uso de meios de ataque ou de defesa, podendo, inclusive, os intervenientes, alargar o objeto do Procedimento-Modelo, “requerendo a inclusão de outras questões comuns, de fato ou de direito, para serem decididas no incidente coletivo” (CABRAL, 2007, p. 136).

Houve, inclusive, críticas ao legislador alemão, por ter ele tratado a participação dos interessados através da Beiladung, modalidade interventiva assemelhada ora à intervenção de terceiros ora ao litisconsórcio presentes no sistema brasileiro, sendo o mencionado procedimento previsto no ZPO, como parte integrante de alguns procedimentos especiais, sem ser elaborado qualquer tratamento uniforme (Cf. CABRAL, 2007, p. 136). “Os interessados (Beigeladenen) serão aqui chamados de intervenientes, terceiros ou interessados indiscriminadamente para facilitar a exposição” (CABRAL, 2007, p. 137).

Ademais, a legislação não se afasta de uma inclusão automática dos terceiros interessados que não sejam efetivos participantes. Todos aqueles que forem partes em processos individuais, que estejam a depender do Musterverfahren, mesmo que não participem de maneira ativa, são “[...] automaticamente considerados intervenientes, com todos os poderes aos terceiros assegurados” (CABRAL, 2007, p. 137). Conforme explica Cabral: “Para eles, autores e réus dos processos individuais, a suspensão prevista no §7 “vale como intervenção” (gilt als Beiladung). É o que dispõe o §8 (3) da “KapMuG” (Cf. CABRAL, 2007, p. 137). Vale ressaltar, que o referido tratamento dispensado “[...] a todos aqueles que tenham litígios individuais dependentes da solução do Procedimento-Modelo” (CABRAL, 2007, p. 137), aqui denominados como terceiros interessados, tem como intuito possibilitar a efetiva participação destes no incidente coletivo, como intervenientes, sendo prevista a extensão da

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vinculação do julgamento num formato de inclusão automática.

2.1.4. Efeito Vinculante, Coisa Julgada, Eficácia da Intervenção e Aspectos Sobre a Vinculação

dos AusentesCumpre asseverar que o instituto dos efeitos da coisa julgada, não

foi tratado “[...] de forma clara pela nova lei germânica” (CABRAL, 2007, p. 137). A grande questão que se levanta na doutrina processualista alemã é a natureza dos institutos que se valeu o legislador para que o julgamento do Musterverfahren vinculasse os processos individuais, tendo em vista, haver dispositivo legal preconizando que “as decisões de mérito do Procedimento-Modelo”, proferidas nos tribunais, vinculam o juízo de origem, cujos processos dependam do esclarecimento das situações “fáticas e jurídicas proclamadas no incidente coletivo”. Assevera a lei “que a decisão fará coisa julgada” no que consistir no objeto do Musterverfahren. Dispõe, ainda, que a “decisão será eficaz” com relação aos intervenientes, independentemente de eles terem ou não alegado expressamente as questões litigiosas (Cf. CABRAL, 2007, p. 138).

Segundo Antônio do Passo Cabral, a respeito dos efeitos da decisão no Procedimento-Modelo tedesco:

Diante da imprecisão da lei, a doutrina alemã vem debatendo se, em verdade, a lei trouxe previsão do efeito vinculante (Bindungswirkung), da coisa julgada (Rechtskraft), da chamada eficácia da intervenção (Interventionswirkung) ou outros institutos assemelhados. A discussão em muito negligenciada no Brasil, é enormemente relevante, porque, p. ex., o efeito vinculante abrange a fundamentação da decisão, enquanto a coisa julgada circunscreve apenas o dispositivo. (CABRAL, 2007, p. 138).

Analisando o dispositivo legal da KapMuG, verificamos que não se trata de efeito vinculante, pois para que existisse tal efeito, seria necessário que “os fundamentos determinantes da decisão no Procedimento-Modelo” fossem “vinculantes para quaisquer futuros processos”, o que não ocorre, pois os autores futuros que vierem a ingressar com os mesmos fundamentos não serão atingidos pela decisão coletiva. Isso porque, existe expressa previsão legal, constante do §16 (1) da referida norma, a qual esclarece que “[...] o julgado atinge os processos que dependam das questões resolvidas no incidente coletivo”, assim, está o legislador a exigir o fenômeno processual da litispendência dos processos individuais no momento da decisão do Tribunal.

Ante o exposto, é nítida a intenção do legislador de afastar o efeito vinculante do Musterverfahren, pois entende que as ações futuras que versem sobre os mesmos fundamentos não devem ser solucionadas com base na decisão de um incidente coletivo já julgado, pretende com isso, possibilitar que as questões em massa sejam sempre ventiladas

novamente aos tribunais, com vistas a garantir que a decisão seja contemporânea aos fatos e fundamentos jurídicos narrados, afastando a aplicação de decisão extemporânea, antiga, a qual não corrobora mais com a realidade contida no espaço-tempo explorado pelos litigantes. Segundo Cabral: “Por esta razão, poucos são os autores que consideram ser um típico efeito vinculante e parte da doutrina vem falando em um efeito vinculante igual à eficácia da intervenção” (CABRAL, 2007, p. 139). A eficácia da intervenção está atrelada a ideia de uma gestão processual adequada, conforme explica Gustavo D’Assunção Costa:

A eficácia preclusiva da intervenção traz uma situação curiosa: ela é, ao mesmo tempo, mais severa e menos rigorosa do que a coisa julgada. Explica-se: o assistente simples fica vinculado aos fundamentos da decisão judicial (em regra, não poderá “discutir a justiça da decisão”), o que denota a situação de maior severidade em relação à eficácia preclusiva da coisa julgada; por outro lado, enquanto a coisa julgada, em tese, só poderá ser desconstituída por ação rescisória, que requer um procedimento formal próprio, a eficácia da intervenção pode ser desconstituída de forma mais simples, sob o fundamento da exceptio male gestis processus, ou seja, má gestão do processo, de acordo com as hipóteses trazidas nos incisos do art. 55, do Codex, o que demonstra uma situação menos rigorosa do que a própria eficácia preclusiva da coisa julgada. (COSTA, 2013)

A eficácia da intervenção, “[...] nada mais é que, a eficácia preclusiva da coisa julgada aplicada aos terceiros” (CABRAL, 2007, p. 139). Ou seja, sendo a intervenção eficaz, não incorrendo em hipóteses que possa ser desconstituída, fará com que os intervenientes fiquem vinculados aos fundamentos da decisão, podendo o interveniente, para se imiscuir dos efeitos da coisa julgada, alegar:

[...] Que a parte principal conduziu de forma negligente o processo, demonstrando que, pelo momento em que ingressou no processo-padrão, não pôde praticar atos processuais ou trazer esclarecimentos eficazmente, nem utilizar meios processuais de ataque ou defesa que desconhecia e que a parte principal por culpa grave não utilizou. Deve, no entanto, demonstrar que tais meios não foram utilizados porque não lhe era possível fazê-lo. Se o interveniente deliberadamente não tomou posturas ativas no incidente coletivo, embora pudesse, será ele atingido pela vinculação. (CABRAL, 2007, p. 139).

No entanto, não se trata da eficácia da intervenção, mas sim de extensão da coisa julgada, segundo afirma Cabral:

Para os intervenientes, tenham ou não participado efetivamente, a lei teria trazido extensão da coisa julgada. Com efeito, no procedimento-padrão, os interesses da parte principal e dos intervenientes são paralelos (e não contrapostos), o que mostra que o instituto adotado é a extensão da coisa julgada e não a eficácia da intervenção, esta protetiva dos terceiros em relação à parte (instituto utilizado quando os interesses de uns e outros são conflitantes). No entanto, como visto, trata-se de uma extensão da coisa julgada limitada pela litispendência individual (tramitação de processos individuais

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS

no mesmo momento da decisão coletiva), e abrangente também daqueles que não requereram a tratativa coletiva ou participaram ativamente no incidente-modelo. (CABRAL, 2007, p. 139).

Ocorre que a intervenção, em regra, tem a precípua função de proteger os terceiros, caso estes possuam interesses contrapostos ao da parte, interesses que podem ser afetados pela decisão no processo. O que não é o caso, já que tanto os terceiros como as partes, no Procedimento-Modelo, têm o mesmo interesse na resolução da demanda, infere-se, portanto, que o instituto adotado é a extensão da coisa julgada em prejuízo da eficácia da intervenção.

No Musterverfahren há a vinculação da extensão da coisa julgada às questões fáticas; com base no aludido, uma pergunta poderia ser realizada, qual seja: como a coisa julgada poderia vincular questões de ordem fática, e não somente a parte dispositiva da decisão? Acredita Cabral, que o legislador desejou ampliar os limites da coisa julgada, daí a extensão da coisa julgada atingir questões de ordem fática, pois este reputou insuficiente o supramencionado instituto da forma como o conhecemos hoje (CABRAL, 2007, p. 140).

No que pese a extensão da coisa julgada ser limitada pela litispendência individual e abranger aqueles que não requereram a tratativa coletiva ou não participaram ativamente do incidente modelo, ainda assim, não se vislumbra um mecanismo de ruptura autoritária com a vontade individual, pois merece destaque a ampla possibilidade de participação aos interessados, de maneira a influenciar a decisão judicial. Assim, a extensão da coisa julgada se dá em relação àqueles que já ajuizaram demandas singulares no momento da decisão coletiva, o que denota uma relevante preocupação do legislador, com o princípio dispositivo e as estratégias processuais individuais, ressaltando que todos os interessados poderão influir no julgamento do incidente, o que vem a corroborar com o instituto das ações de grupo (group action).

É tangível a preocupação do legislador com os princípios do contraditório e da ampla defesa, visto sempre ser possível aos atingidos pelo efeito da coisa julgada, participarem do incidente, como intervenientes. Dessa forma, em relação às partes no incidente, a doutrina tem se posicionado no sentido da aplicação do instituto da coisa julgada formal; e em relação aos intervenientes, tem se inclinado pela aplicação do instituto da extensão da coisa julgada, afastando a interpretação pela adoção do efeito vinculante ou qualquer outro instituto (Cf. CABRAL, 2007, p. 140-142).

2.1.5. Dos RecursosA decisão coletiva pode ser desafiada por meio de recursos, com

“requisitos específicos e fundamentação vinculada”, devendo o recorrente demonstrar a significação fundamental do recurso, requisito similar à repercussão Geral do recurso extraordinário brasileiro, não podendo o recorrente alegar vícios na decisão do juízo de origem, que provocou a

tratativa, mas apenas erros da decisão coletiva. “Os intervenientes também podem recorrer ou aderir a recursos de outrem”. Nessa fase, a lei ainda prevê a nomeação de outros líderes para as partes, caso os atuais não recorram ou desistam de recursos interpostos (Cf. CABRAL, 2007, p. 142).

No que tange ao ônus econômico, o procedimento admite uma distribuição equitativa dos custos da litigância, regra estampada no princípio da causalidade. No Musterverfahren, a decisão que suspende os processos que dependem do incidente coletivo, desde já informa às partes da repartição das despesas, consistentes na computação proporcional das custas do processo de origem.

2.2. Semelhanças Existentes Entre o Procedimento-Modelo e o Pedido de

Uniformização de Interpretação de Lei Federal no Âmbito dos Juizados Especiais Cíveis

Federais – Art. 14, da Lei 10.259/2001O Musterverfahren alemão tem semelhanças com o pedido de

uniformização de interpretação de lei federal, no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis Federais, pois o referido mecanismo processual, parte da instauração de um incidente em uma demanda individual, “[...] ou seja, um típico instrumento processual de tratativa coletiva sem as ficções representativas das ações coletivas” (CABRAL, 2007, p. 144). Segundo Cabral:

O incidente prevê vários mecanismos assemelhados ao Musterverfahren: a possibilidade de suspensão dos processos onde a controvérsia tenha lugar, para espera da decisão coletiva (art. 14, §5º); retenção de pedidos de uniformização idênticos (§6º); amplo exercício do contraditório pelos interessados (§7º); cisão da cognição, com julgamento da pretensão individual pelo juízo de origem (§9º); possibilidade de transferência da competência para julgamento a órgãos judiciários hierarquicamente superiores para resolução uniforme das questões (§§ 1º, 2º e 4º). (CABRAL, 2007, p.144).

3. O INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS PRESENTE NO

NOVO CPC – LEI N.º 13.105/2015Conforme relatado no primeiro capítulo do presente trabalho, o

Brasil, como boa parte do mundo, passou por intensas mudanças nas últimas décadas, inclusive no reconhecimento de direitos, o que gerou um aumento estratosférica no número de demandas ajuizadas, sem contudo, ter o judiciário como fazer frente a elas, seja pela sua estrutura retrógrada no que concerne a gestão processual, seja pela falta de estrutura física e de pessoal, ou por um Código de Processo Civil, que apesar de atual, foi elaborado sobre as premissas constantes do Estado Liberal, considerando única cada demanda.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS

Diante de tal situação fática, onde as demandas de cunho individual, que na realidade compõem o quadro das demandas repetitivas, as quais possuem características isomórficas, cresceram em quantidade, buscou o legislador brasileiro, valendo-se do instituto previsto na legislação alemã, o Procedimento-Modelo (Musterverfahren), incorporar referido instituto ao ordenamento nacional, por meio do novo CPC. Se valeu o novo diploma, do incidente de resolução de demandas repetitivas, visando conceber uma linearidade argumentativa aos precedentes firmados, buscando implementar um dos princípios corolários do novo CPC, qual seja, o princípio da segurança jurídica, trazendo este em seu bojo a ideia de uniformização da jurisprudência emanada dos tribunais, afastando a forma arcaica como são firmados os precedentes atualmente. Conforme expõem Nunes e Patrus:

O “velho” modo de julgamento promovido pelos Ministros (e Desembargadores) que, de modo unipessoal, com suas assessorias, e sem diálogo e contraditório pleno entre eles e com os advogados, proferem seus votos partindo de premissas próprias e construindo fundamentações completamente díspares, não atende a este novo momento que o Brasil passa a vivenciar. Os acórdãos, na atualidade, deveriam possuir uma linearidade argumentativa para que realmente pudessem ser percebidos como verdadeiros padrões decisórios que gerariam estabilidade decisória, segurança jurídica, proteção da confiança e previsibilidade. De sua leitura deveríamos extrair um quadro de análise panorâmica da temática, a permitir que em casos futuros pudéssemos extrair se um dado argumento foi levado em consideração, pois caso contrário seria possível a superação do entendimento (overruling). Ou mesmo se verificar se o caso atual em julgamento é idêntico ao padrão ou se é diverso, comportando julgamento autônomo mediante a distinção (distinguishing). No entanto, ao se acompanhar o modelo como os Tribunais brasileiros trabalham e proferem seus acórdãos percebemos que compreendemos parcamente as bases da construção e aplicação destes padrões decisórios (precedentes), criando um quadro nebuloso de utilização da jurisprudência. Flutuações constantes de entendimento, criação subjetiva e individual de novas “perspectivas”, quebra da integridade (Dworkin) do direito, são apenas algumas preocupações. (NUNES, PATRUS, 2010, p. 470-471).

Segundo alguns doutrinadores, o Brasil como vários outros países, vem sofrendo mudanças, dentre elas, a imersão no movimento de convergência entre o civil law e o common law, significa dizer, que a jurisdição brasileira, além de se valer das leis como fonte primária para a resolução dos litígios, cada vez mais, tem se utilizado da jurisprudência para nortear a resolução das demandas. Com vistas a afastar a divergência jurisprudencial, com a formação de precedentes, e tendo como uma de suas premissas a celeridade processual, com objetivo diverso da ação coletiva, pois aqui se está a buscar dar tratativa coletiva a demandas individuais, surge o incidente de resolução de demandas repetitivas, como uma importante alternativa às ações coletivas de grupo, não afastando de maneira alguma a utilização da ação civil pública, mas sim,

servindo como uma via de escape à repetição de demandas típicas da era pós-moderna, sem precisar se preocupar com os problemas acarretados pela legitimidade extraordinária.

Cumpre ressaltar, que o incidente de resolução de demandas repetitivas se baseia na ideia da causa-piloto, como no Musterverfahren alemão, onde se utiliza determinado processo como “piloto”, para fixar tese a ser aplicada em diversas outras ações que versarem sobre a mesma questão jurídica tratada no incidente. No presente capítulo abordaremos o procedimento do incidente de resolução de demandas repetitivas, previsto no novo CPC, Lei n.º 13.105/2015 e compararemos suas similitudes e disparidades com o Procedimento-Modelo alemão.

O incidente de resolução de demandas repetitivas está previsto no capítulo VIII, do novo CPC, Lei n.º 13.105/2015. Importa asseverar, que os pressupostos do incidente de resolução de demandas repetitivas se encontram positivados nos artigos 976/987, os quais serão detidamente abordados no presente capítulo.

3.1. Procedimento do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas

O incidente de resolução de demandas repetitivas tem procedimento próprio, possuindo muitas características peculiares, diferentes do Procedimento-Modelo alemão, as quais veremos detidamente a seguir.

3.1.1. Objeto, CompetênciaO incidente de resolução de demandas repetitivas é admissível

quando presentes o risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica, havendo efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre questão que seja unicamente de direito, tanto material como processual (cf. parágrafo único, do art. 928 da Lei n.º 13.105/2015), o que torna possível aduzir, que somente será cabível o incidente quando a controvérsia pairar sobre questões jurídicas, não sendo possível ser instado o Tribunal a se manifestar a respeito de questões de ordem fática, como é o caso do Procedimento-Modelo alemão, o qual visa “[...] fixar posicionamento sobre supostos fáticos ou jurídicos de pretensões repetitivas” (CABRAL, 2007, p. 133).

O incidente será suscitado na pendência de qualquer causa da qual detenha competência o Tribunal. Deste modo, o pedido de instauração do incidente pode ser requerido a qualquer tempo, desde o juízo de primeiro grau, bastando apenas que o Tribunal possua competência para análise da demanda, na fase recursal.

No que tange à competência para processamento e julgamento do incidente, segundo expressa disposição do novo CPC, será competente o órgão do Tribunal que o regimento interno indicar, conforme estatui o art. 978, devendo tal órgão ter competência para editar enunciados e súmulas, sendo integrado por desembargadores que componham

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órgãos colegiados que detenham competência para o julgamento das matérias discutidas no incidente. Quando se tratar de arguição de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, pelo controle difuso, será competente para julgar o incidente o plenário ou o órgão especial do tribunal.

3.1.2. Pedido de Instauração do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas,

Legitimados, Registro e Decisão de InstauraçãoO pedido de instauração do incidente de resolução de demandas

repetitivas pode ser requerido, de ofício, pelo relator ou órgão colegiado; ou por petição, pelas partes; pelo Ministério Público; pela Defensoria Pública. Existem duas exceções, que mesmo estando presentes os pressupostos acima aduzidos, não poderá ser requerida a instauração do incidente, vejamos: (I) nos casos de afetação de recurso, por parte dos tribunais superiores, para definição de tese sobre questão de direito material ou processual repetitiva (§4º, do art. 976, da Lei n.º 13.105/2015); e (II) no caso de que seja requerido perante tribunal incompetente.

No momento do requerimento, o ofício ou a petição em que se pede a instauração do incidente devem ser instruídos com documentos que demonstrem o preenchimento dos pressupostos para sua instauração, incluindo a comprovação da efetiva repetição de processos versando sobre o mesmo fundamento jurídico objeto do incidente (art. 977, parágrafo único, do novo CPC). Portanto, são legitimados para poder requerer a instauração do incidente, tanto as partes, autor(es) e réu(s), como o Ministério Público, a Defensoria Pública, as pessoas jurídicas de direito público e as associações civis cuja finalidade institucional inclua a defesa do interesse ou do direito objeto do incidente. Os legitimados para o requerimento de instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas brasileiro divergem em grande medida do Musterverfahren alemão, visto lá só as partes (autor e réu) das demandas individuais, poderem requerer a instauração do incidente.

Importante asseverar que a desistência ou o abandono da causa que deu origem ao requerimento de instauração do incidente, não impede que seja examinado seu mérito, no caso deste ser admitido, conforme o §1º, do art. 976, da Lei n.º 13.105/2015. Ocorrendo esta hipótese, o Ministério Público assumirá a titularidade, não ocorrendo, o MP intervirá obrigatoriamente no incidente (§2º, do art. 976 do novo CPC). No caso de desistência, a resolução do incidente não produzirá efeito para com o desistente, mas a ideia é de que seja firmado um precedente, a ser aplicado nos processos futuros, como veremos adiante. Não sendo admitido o incidente, por ausência de qualquer um de seus pressupostos de admissibilidade, não impede, que uma vez que estes se façam presentes, seja suscitado novamente e requerida sua instauração.

Há a previsão de que no incidente de resolução de demandas

repetitivas não é devido o pagamento de custas processuais (cf. §5º, do art. 976 do novo CPC), o que corrobora com o intuito do legislador de fomentar a utilização deste instituto pelas partes. Já no Musterverfahren, as partes rateiam as custas processuais. Importante salientar, que diferentemente do Procedimento-Modelo alemão, para que seja instaurado o incidente de resolução de demandas repetitivas, não é necessário um número mínimo de dez requerimentos de instauração, bastando apenas um único requerimento, desde que atendidos os pressupostos acima elencados.

O registro do incidente, bem como, seu julgamento, se darão de forma a possibilitar a mais ampla divulgação e publicidade, por meio de registro eletrônico no Conselho Nacional de Justiça, sendo dever dos tribunais manter bancos de dados eletrônicos atualizados, com informações específicas sobre questões de direito submetidas ao incidente, comunicando-o imediatamente ao CNJ para inclusão no mencionado cadastro. Com o intuito de possibilitar a identificação das causas abrangidas pela decisão do incidente, o novo CPC foi além, ordenando que no registro eletrônico constem as teses jurídicas, e no mínimo, os fundamentos determinantes da decisão e os dispositivos normativos a ela relacionados.

Para que seja possível a verificação sobre se os tribunais superiores já afetaram questões similares para julgamento nos recursos extraordinários e especiais, o processo de registro e divulgação, bem como a publicidade se dará nestes da mesma forma que ocorre no incidente de resolução de demandas repetitivas. Distribuído o incidente, o órgão competente para julgá-lo no Tribunal, procederá ao seu juízo de admissibilidade, levando em consideração a presença dos pressupostos supramencionados, estando estes presentes, não poderá se negar a admiti-lo.

3.1.3. Participação dos interessadosO legislador do novo CPC, trouxe a possibilidade de tanto

as partes, autor e réu, como o Ministério Público, participarem da instauração e do julgamento do incidente. Trouxe ainda, com o intuito de promover amplo debate sobre as teses defendidas no incidente, a possibilidade da sociedade civil organizada participar de sua instrução e de seu julgamento, por meio da prestigiada figura do amicus curiae (amigos da corte), que até então só era utilizado pelo Supremo Tribunal Federal. Aduz o art. 983, do novo CPC/Lei n.º 13.105/2015 , que:

Art. 983. O relator ouvirá as partes e os demais interessados, inclusive pessoas, órgãos e entidades com interesse na controvérsia, que, no prazo comum de quinze dias, poderão requerer a juntada de documentos, bem como as diligências necessárias para a elucidação da questão de direito controvertida, e, em seguida, manifestar-se-á o Ministério Público, no mesmo prazo. §1º Para instruir o incidente, o relator poderá designar data para, em audiência pública, ouvir

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depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento na matéria.

3.1.4. Trâmite do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas

Após instaurado o incidente, todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versarem sobre a mesma controvérsia tratada no incidente e que tramitarem no mesmo estado ou região do tribunal, serão sobrestados, por decisão do relator. Poderá o relator, após o sobrestamento dos demais processos, requisitar informações a órgãos em cujo juízo tramita processo no qual se discute o objeto do incidente, o qual deverá prestá-las, no prazo impreterível, de quinze dias. Referida suspensão será comunicada aos tribunais por meio de ofício. Na vigência da suspensão dos processos, o pedido de tutela de urgência deverá ser dirigido ao juízo onde tramita o processo suspenso.

3.1.5. Instrução e Julgamento do IncidenteO relator do incidente ouvirá as partes e os demais interessados,

em sua fase de instrução, podendo designar data para, em audiência pública, ouvir o depoimento de pessoas capacitadas sobre a matéria debatida. Após a conclusão das diligências o relator solicitará dia para o julgamento do incidente, devendo o incidente ser julgado no prazo máximo de um ano, tendo preferência sobre os demais feitos, ressalvado os casos que envolvam réu preso e pedidos de habeas corpus (Cf. art. 980, do novo CPC). Sendo ultrapassado este prazo, cessará a suspensão dos processos, salvo decisão fundamentada do relator em sentido contrário.

No julgamento, após a conclusão da fase instrutória, o relator fará a exposição do objeto do incidente, sendo dada a palavra, pelo presidente, sucessivamente, ao autor e ao réu do processo originário, e ao Ministério Público, pelo prazo de trinta minutos, para sustentar suas razões. O órgão julgador, deverá levar em conta o número de inscritos, podendo aumentar o prazo para sustentação oral. Em seguida, os demais interessados poderão manifestar-se no prazo de trinta minutos, divididos entre todos, sendo exigida que seja feita a inscrição com no mínimo dois dias de antecedência. No caso de haver muitos interessados, o prazo poderá ser ampliado a critério do órgão julgador. No acórdão proferido, seu conteúdo abrangerá a análise de todos os fundamentos suscitados concernentes à tese jurídica discutida (cf. §2º, do art. 984 do novo CPC – Lei n.º 13.105/2015).

3.1.6. Formação de Precedente, Efeito Vinculante da Coisa Julgada no Incidente de

Resolução de Demandas RepetitivasJulgado o incidente, a tese jurídica firmada, será aplicada a todos

os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de competência do respectivo tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais estaduais e federais (cf. art. 985, inciso I do novo CPC). A tese também será aplicada aos casos futuros que venham a tramitar no território de competência do tribunal, até que esse mesmo tribunal a revise, o que confere a coisa julgada, efeito vinculante, pois será aplicada, inclusive, a lides futuras, firmando precedente a ser seguido.

Referido efeito vinculante, diverge do efeito do procedimento alemão, do qual, como vimos, se adotou o da extensão da coisa julgada, sendo aplicada a tese firmada somente aos processos em litispendência a causa piloto julgada pelo tribunal, devendo a matéria, ser ventilada novamente ao Tribunal, cada vez que ocorrer o julgamento do Musterverfahren, e que forem ajuizadas novas ações, posteriormente. Sendo objeto do incidente, questão relativa a prestação de serviço concedido, permitido ou autorizado, o resultado do julgamento será comunicado ao órgão ou à agência reguladora competente para fiscalização do efetivo cumprimento da decisão.

3.1.7. Recurso, Formação de Precedente Nacional e sua Superação (Overruling)

Contra a decisão que julgar o incidente caberá o recurso especial ou recurso extraordinário, conforme o caso. Cumpre asseverar que o recurso extraordinário e o recurso especial, ao qual atacar a decisão do incidente, tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de questão constitucional discutida. Após a interposição do recurso especial ou extraordinário, os autos serão remetidos ao tribunal competente, independentemente da realização de juízo de admissibilidade na origem. No tribunal, o relator que receber o recurso especial ou extraordinário, originário de incidente de resolução de demandas repetitivas, ficará prevento para julgar outros recursos que versem sobre a mesma questão. Sendo a matéria apreciada, em seu mérito, pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, a tese jurídica firmada será aplicada a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem no território nacional, formando um precedente nacional, a ser aplicado uniformemente em toda a jurisdição brasileira.

É salutar informar que o inciso II, do art. 927, do novo CPC, alçou o incidente de resolução de demandas repetitivas a compor o quadro dos precedentes judiciais, concebendo efeito vinculante a seus acórdãos, bem como aos julgamentos de recurso extraordinário e especial repetitivo, corroborando com o fundamento que permeia o processo coletivo no mencionado novo compêndio normativo, qual seja, a ideia de que os tribunais devem uniformizar e manter sua jurisprudência estável, íntegra e coerente, encontrando acolhida nos princípios da legalidade,

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da segurança jurídica, da duração razoável do processo, da proteção da confiança e da isonomia.

Após o trânsito em julgado do incidente, seu acórdão é investido de efeito vinculante, devendo ser aplicado seus fundamentos em todos os processos sobrestados e que virão a ser ajuizados em primeiro grau que versem sobre idêntica matéria de direito ali discutida (art. 985, inciso II, da Lei n.º 13.105/2015). No caso de processos com diversos pedidos, será aplicada a tese firmada no incidente, no pedido que versar sobre ela, sendo os demais, sem prejuízo, analisados pelo juízo de primeiro grau ou recursal, conforme o caso. Ocorre que de tal afirmação surgem algumas inquietações por parte do jurista, como, se haverá a possibilidade de ser revista a tese firmada no incidente, visto a sociedade passar por constantes mudanças, podendo vir a superar as questões ali discutidas, hipótese que caracteriza o chamado overruling do precedente antes firmado (superação do precedente), se a resposta a esse anseio for positiva, poderia o pesquisador vir a indagar quais seriam os legitimados, e como se daria essa revisão. O legislador tratou de tais anseios, tornando possível a revisão da tese jurídica firmada no incidente de resolução de demandas repetitivas, a qual poderá ser requerida pelos legitimados tratados no subtítulo “3.1.2.”, e pelo tribunal, de ofício, cf. dispõe o art. 986, do novo CPC, sendo a modificação do entendimento sedimentado, realizada de forma incidental.

No entanto, será nula a decisão judicial que se limitar a aplicar precedente, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos (cf. §1º, do art. 489 do novo CPC), ou seja, não poderá o julgador simplesmente aplicar os precedentes, antes deverá demonstrar a paridade entre o caso posto a sua análise e o precedente firmado no incidente de resolução de demandas repetitivas.

Será competente para operar a revisão da tese rediscutida, preferencialmente, o tribunal ao qual a tiver firmado. O pedido de revisão da tese sedimentada, poderá fundar-se, dentre outras alegações, na revogação ou modificação de norma em que se fundou a tese ou em alteração econômica, política ou social referente à matéria decidida. Quando houver a hipótese de superação da tese firmada no incidente, o tribunal terá a possibilidade de modular seus efeitos, no que superar o entendimento anterior, limitando sua retroatividade ou lhe atribuindo efeitos prospectivos. Por fim, terá o Tribunal que, ao proferir seu entendimento, no qual denota sua mudança de posicionamento, fundamentar adequada e especificamente seu acórdão, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia.

CONSIDERAÇÕES FINAISA Constituição Federal de 1988, incorporou ao ordenamento

jurídico nacional grande parte das proposições previstas nas três ondas

renovatórias do Projeto Florença de Acesso à Justiça, o que corroborou com a consecução do princípio da instrumentalidade do processo, ofertando ações e mecanismos processuais adequados a qualquer indivíduo, para que possa ingressar em juízo almejando obter tutela jurisdicional de direito do qual seja titular. No campo coletivo, no que tange aos interesses transindividuais, o legislador infraconstitucional trouxe mecanismos que possibilitaram a instrumentalidade das ações coletivas.

Não obstante, com todas essas novas possibilidades ofertadas aos indivíduos e a coletividade, e levando-se em conta que o presente momento histórico é pautado pela sociedade de consumo de massas, o número de demandas ajuizadas que versam sobre o mesmo objeto, cresceu exponencialmente, sem que o judiciário tenha passado por grandes mudanças estruturais, para conseguir fazer frente às demandas de cunho repetitivo que o engessam.

Deste modo, com vistas a conjugar esforços, buscou o legislador criar um regime específico para tratar das demandas repetitivas, contudo, referido regime também não consegui lidar de forma ampla com todas as ações repetitivas ajuizadas anualmente no Brasil. Segundo estimativa do CNJ, se espera que até o ano de 2020, tenhamos 114,5 milhões de demandas em trâmite perante o judiciário brasileiro (Cf. CNJ, 2014).

Não foi o objetivo do presente trabalho, em momento algum criticar as medidas adotadas pelo legislador constitucional e infraconstitucional, muito pelo contrário, pois graças a elas, foi possível o ingresso de milhões de brasileiros ao judiciário, brasileiros que viam seus direitos sendo violados sistematicamente pelo poder público e pela inciativa privada e nada podiam fazer e agora têm a possibilidade de serem socorridos pelo poder judiciário. Assim, com a grande possibilidade de ingresso no judiciário, esperava-se que por parte do poder público e dos particulares, houvesse uma mudança de conduta, fazendo com que agissem de forma mais cautelosa, para que não fossem acionados em diversas ações, ocorre, que a postura adotada foi diversa, configurada pelo descumprimento generalizado da legislação. Preferiram arcar com os custos do litígio a ter de resolver as questões que os originavam.

Diante de tal situação fática, onde cresce cada vez mais o número de demandas repetitivas em trâmite perante o judiciário, faz-se necessário a adoção de novas medidas, o legislador processual civil brasileiro, ao elaborar o novo CPC, investiu no Procedimento-Modelo alemão, como uma alternativa às demandas coletivas de classe, buscou trazer ao ordenamento jurídico pátrio as ações de grupo, tentando imprimir uniformidade, celeridade e segurança jurídica aos processos individuais repetitivos, buscando observar os liames do processo constitucional democrático, com vistas a alargar o acesso à justiça, com maior qualidade na tratativa das questões. Não se trata de deixar de lado a ação civil pública, mas sim que ela coexista juntamente com o incidente de resolução de demandas repetitivas, pois ambas conservam

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características peculiares, que lhe são particulares.Conclui-se, no entanto, que podem ser feitas críticas ao incidente

de resolução de demandas repetitivas brasileiro, em relação ao Musterverfahren alemão, do qual ele foi derivado, consistentes, primeiro, na forma como ele foi introduzido no ordenamento nacional, enquanto lá ele é pouco utilizado, pois trata-se de procedimento ainda experimental, e voltado ao mercado de capitais, aqui no Brasil ele será instrumento geral do qual poderão se valer os interessados e o judiciário, para uniformizar e pacificar a jurisprudência, pretendendo-se trazer segurança jurídica às lides, contudo, não se sabe ao certo quais os desdobramentos que podem ser ocasionados ao devido processo legal, e aos seus princípios corolários do contraditório e da ampla defesa, visto que será aplicada aos processos individuais a tese firmada em um processo-piloto.

O objeto do incidente brasileiro diverge do tedesco, visto lá o objeto do incidente abarcar questões tanto de ordem fática, como uma eventual propaganda enganosa, quanto de ordem jurídica. No Brasil, o incidente, quando entrar em vigência, abarcará somente divergências de ordem jurídica, sem comportar discussões fáticas. Outro problema, já identificado, é que o processo piloto, utilizado para o firmamento da tese, será, conforme se depreende da leitura do novo CPC, aquele em que primeiro for suscitado o incidente, não havendo possibilidade de as partes convencionarem entre si e escolherem o que está melhor instruído ou com argumentos relevantes e favoráveis a sua pretensão. Por fim, cumpre ser feita uma crítica aos efeitos da tese firmada no incidente de resolução de demandas repetitivas, pois enquanto no Procedimento-Modelo alemão se buscou os efeitos da extensão da coisa julgada àqueles que formavam uma litispendência com a causa piloto, no Brasil se utilizou o legislador do efeito vinculante da coisa julgada.

Acontece que da forma como foi estruturado o procedimento alemão, este possibilita aos interessados, que o tribunal sempre reveja a tese aplicada, pois cada vez que se encerra um Procedimento-Modelo e que surjam as mesmas causas que o ensejaram, tenha de ser instaurado um novo incidente, assim, o tribunal sempre firmará tese contemporânea e ofertará aos interessados, sempre, a possibilidade de intervir ora como parte ora como terceiros interessados, corroborando com os ideais contidos no princípio do devido processo legal. Portanto, todos os interessados, caso queiram, poderão em maior ou menor parte, influenciar na formação da decisão da corte, podendo, muitas das vezes, esta superar o entendimento anteriormente firmado no julgamento de um Procedimento-Modelo, o que corrobora com a própria aceitação da decisão, afinal, todos tiveram a possibilidade de influir no resultado.

Já no modelo brasileiro, graças ao efeito vinculante da coisa julgada no incidente de resolução de demandas repetitivas, se aplicará a tese firmada em todos os casos sobrestados e futuros, até que se revise o incidente. Ocorre que para que seja realizada a revisão tem-se de passar

por etapas altamente técnicas, visando demonstrar o overruling (a superação do precedente firmado) ou a distinção (distinguishing). Em grande medida isso acaba por dificultar as revisões das teses, pois para que seja demonstrada tal superação/distinção é necessário um trabalho árduo, que demandará dos profissionais um aperfeiçoamento para se ajustarem ao novo mecanismo.

Assim, conclui-se que o modelo alemão força a revisão das teses firmadas no Musterverfahren, tendo como objetivos, além da segurança jurídica e da isonomia, o respeito ao devido processo legal, e a busca pela paz social no que tange à aceitação das decisões proferidas no incidente, o modelo brasileiro, por sua vez, tem como maior objetivo ofertar segurança jurídica e isonomia as decisões judiciais. Deste modo, atentamos que referido procedimento, quando estiver em vigência, trará uma grande mudança na forma como são tratados os processos repetitivos na sociedade de massa brasileira, sendo inegável que as ações coletivas, seja a class action, ou a group action, ou a conjugação de ambas como será o caso do Brasil, são o que há de mais moderno no processo civil mundial, pois com sua utilização é possível enfrentar o esgotamento do judiciário a tutelas individuais e implementar o efetivo acesso à justiça, com qualidade, respeitando o processo constitucional democrático, do qual se extrai o devido processo legal.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO

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PROPRIEDADE INTELECTUAL: O PAPEL DAS PATENTES NA INOVAÇÃO DE

MEDICAMENTOS Mayanna De Franco Tibães230

INTRODUÇÃOPessoas morrem ao redor do mundo por não ter acesso a

medicamentos disponíveis no mercado. Patentes são instrumentos de invenção, revolução tecnológica, mas quando se trata de dignidade da pessoa humana no que tange ao acesso a medicamentos, as patentes bloqueiam a inovação. A ANVISA precisa ser mais rigorosa, isso que será abordado, a respeito da responsabilidade, e o porquê desta necessidade de ser mais rigorosa. Vincula-se em demonstrar o impacto das patentes na saúde, uma vez que as patentes conferem direito de exclusividade, e diante desse monopólio pode subir o preço de seus produtos, ocasionando na atualidade grande impacto global. Sendo detalhados os sistemas das patentes, e como repercute essa inovação, bem como análise acerca da propriedade industrial na Constituição Federal Brasileira, a garantia da saúde no Brasil.

Neste trabalho será apontado como se desenvolve a responsabilidade empresarial, no que tange às patentes farmacêuticas, isto é, em doenças tropicais, as chamadas negligenciadas. Detectando os problemas que envolvem o impacto das patentes para doenças negligenciadas; bem como levantamento de projetos de leis e regulamentos sobre pesquisa e desenvolvimento; análises das informações levantadas à luz dos princípios constitucionais; evidenciando sua eficiência e relação ao desenvolvimento social e econômico. Com a investigação no decorrer do trabalho, baseando no resultado obtido, quais ações do governo brasileiro, em âmbito nacional e internacional, podem ampliar o acesso e fomentar o desenvolvimento.

Faz apontamentos em discussões em nível internacional que afetam ou podem afetar os direitos de propriedade intelectual no Brasil. Este tema é importante para o cenário mundial, pois são abordadas as necessidades que a população tem passado em relação à enfermidade que se encontra a saúde publica. Doenças que são causadas por agentes infecciosos ou parasitas, e são consideradas endêmicas em populações de baixa renda.

Conhecidas como doenças tropicais, a malária, a doença de Chagas, a doença do sono, a leishmaniose visceral, a filariose linfática, o dengue e a esquistossomose são grandes fatores como principais causas de desenvolvimento da morbidade e mortalidade em todo o mundo.

E o alto custo dos medicamentos dificulta o acesso a medicamentos disponíveis no mercado, levando-se a milhares de mortes. A contribuição que este trabalho traz para o direito é mostrar como se encontra o nível

230 Bacharel em Direito pela FDSM.

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de desigualdade social, a falta de equidade em saúde, sendo inaceitável que milhões de pessoas não tenham acesso a medicamentos essenciais. Destaca-se a preocupação com países em desenvolvimento, estes são desproporcionalmente afetados pela crise de acesso a medicamentos.

Os estudantes universitários possuem a capacidade para influenciar mudanças normativas que primem pelo acesso em suas universidades e instituições de pesquisa, afinal as Universidades e instituições de pesquisa que recebem financiamento público tem papel fundamental para o acesso a medicamentos essenciais ao promoverem a inovação médica que vise ao interesse público e garanta que todas as pessoas, independente de renda, tenham acesso a medicamentos essenciais e outras tecnologias relacionadas a saúde.

O presente trabalho é dividido em três partes, a primeira abordará como se desenvolve esse acesso, no desdobramento do direito à saúde, irá relacionar o direito inerente ao ser humano de acordo com os direitos fundamentais; mostrará os problemas que envolvem o acesso a medicamentos, bem como a tensão deste acesso e a propriedade industrial.

1. O ACESSO A MEDICAMENTOS COMO DESDOBRAMENTO DO DIREITO À SAÚDE

Tendo como base o princípio da dignidade da pessoa humana, o direito à saúde está conectado ao direito fundamental, como uma vida de qualidade.

O assunto de efetivação do direito à saúde como direito fundamental, previsto legalmente, completou 25 anos, diante disso é necessário que o país fortaleça seu compromisso com a saúde da população, reconhecer a propriedade intelectual se trata de um tema político que possui relevância significante para a saúde pública.

Segundo Marina F. Figueiredo, o direito à saúde assume pelo menos três dimensões quanto ás ações e prestações que compõem seu conteúdo, a curativa, a preventiva e a promocional. Tais dimensões têm a propriedade de incluir tanto o aspecto negativo do direito à saúde, consolidando na noção de proteção, em relação à parte positiva quanto a idéia de qualidade de vida.

Na constatação, o direito à saúde não esta limitado apenas aos serviços de saúde, mas sim tudo que pode prejudicar a saúde do indivíduo. A saúde não reúne somente doenças de tratamento de doenças, e sim o bem estar, a qualidade de vida, sendo através de sistemas de combate a propagação de doenças ou até pelo tratamento de enfermidades, podendo destacar inclusive que seja ainda pelo aspecto ao ambiente ecologicamente equilibrado, ou seja, à proteção do meio ambiente saudável, tudo isso engloba saúde.

Do direito à saúde e sua titularidade, entendeu o STF que o artigo 196 da Constituição Federal Brasileira, deve ser estudado na sua dimensão coletiva e na sua dimensão individual. O não reconhecimento

do direito à saúde no seu caráter subjetivo estaria demonstrando a qualidade de uma perspectiva programática da norma, capas somente direcionar o Poder Público, não gerando com isso efeitos reis, ocasionado a fragilidade na força normativa da Constituição.

1.1. Problematizando o acesso a medicamentos O professor Alexandre Bahia bem mencionava, a CR/88 é um

marco e só continuará sendo um marco se enquanto ela ainda for capaz de gerar novas inclusões. Desta forma, o problema central relaciona-se à tensão entre a proteção patentária, importante para o desenvolvimento do país, por um lado temos a visão do lucro, de outro temos os direitos à saúde e uma vida digna. E com isso vem o questionamento, afinal, até que ponto as patentes podem ter essa exclusividade de lucro? Até as tecnologias relacionadas à saúde que são desenvolvidas por universidades e instituições de pesquisa com financiamento público estão sujeitas, ou devem ser sujeitas a ter exclusividade de suas inovações. Milhões de pessoas são levadas à condição de pobreza, devido ao alto custo dos medicamentos.

Esta consagrado na CR/88 a propriedade industrial como direito fundamental, mas no mesmo texto do art. 5º, inciso XXIX, é notório que essa proteção, verdadeira vantagem aos inventos industriais, tendo como meta o interesse social e o desenvolvimento econômico e tecnológico.

Do mesmo momento em que se trata dos princípios que norteiam a atividade econômica, restabelece à consagração do direito à propriedade privada. Então, ao prever esse direito, segue a ideia de capitalismo e preza a proteção dos bens da propriedade industrial como importante meio de progresso econômico do país.

Mas existem tensões neste aspecto, surgem dificuldades do acesso a medicamentos231pela propriedade industrial; de um lado vários doutrinadores as ideias do intelecto humano devem ter proteção para incentivar o inventor por meio de recompensa pelos seus esforços; de outro lado a limitação de seu uso ocorre na dificuldade do desenvolvimento da cultura e da tecnologia, lesionando o interesse comum, aumentando as desigualdades sociais, econômicas e tecnológicas entre as nações desenvolvidas e as ainda em desenvolvimento.

Entre as nações ricas e as mais pobres são despertados várias divergências, no que tange os bens da propriedade industrial, pois se destaca o interesse econômico dos grandes grupos empresariais transnacionais, que tem sempre apoio de seus Estados. Tornando-se ainda mais evidente tal divergência quando o assunto é patente de medicamentos, haja vista a proteção das indústrias farmacêuticas protegidas pelos interesses econômicos das nações mais ricas do mundo, estando na posição de prioridade no mercado global, deixando de lado as

231 GIBSON, Johanna. J Yorke (ed), Orientations of the Right and Value of Life, Farnham: Ashgate Publishing, 2010. Access to Medicines and the Right to (Cultural) Life.

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necessidades de assistência à saúde que estão presentes nas nações mais pobres, que ainda estão se desenvolvendo economicamente, estes por sua vez tem carência de recursos para saúde da população.

Da mesma forma que a proteção à propriedade industrial é um incentivo à inovação tecnológica232, que os países precisam para seu desenvolvimento e bem- estar da sociedade, e isto cria uma dependência tecnológica dos países que são menos desenvolvidos.

Partindo desta premissa, os interesses de cada país e seu desenvolvimento aparentam ser inconciliáveis, mesmo se tratando sobre os princípios constitucionais; o direito fundamental à propriedade industrial não deve ser um modo que permita políticas púbicas de saúde saiam de cenário, e não sejam implementadas.

1.2. Doenças NegligenciadasTem- se esse nome “doenças negligenciadas” porque não

atraem as grandes empresas farmacêuticas no que se refere à P&D de medicamentos. E não tendo medicamentos para um combate eficaz, acarreta em milhares de mortes principalmente em regiões mais pobres.

São conhecidas como doenças tropicais as chamas: a malária, a doença de Chagas, a doença do sono (tripanossomíase humana africana-THA), a leishmaniose visceral (LV), a filariose linfática, o dengue e a esquistossomose ainda esta presente comouma das principais causas da morbidade e mortalidade globalmente.233

Segundo o DNDi, o impacto que causa a doença de Chagas, leva cerca de 8 milhões de casos, e isto é apenas um exemplo de uma das doenças negligenciadas. 234

O HIV pediátrico traz um impacto de 3,3 milhões de crianças menores de 15 anos, que vivem com HIV no mundo, isto é, em 2012; 260.000 de crianças foram infectadas no mundo no ano de 2012.

As doenças tropicais são conhecidas como doenças negligenciadas235, e milhares de pessoas morrem devido ao fato de precisar de atendimento médico e este se encontra hipossuficiente. Essas doenças tropicais e a tuberculose respondem por 11,4% da carga global de doença, apenas 21 (1,3%) dos 1.556 novos medicamentos registrados entre 1975 e 2004, foram produzidos prioritariamente para essas doenças. neste mesmo período, 1.535 medicamentos foram registrados para outras doenças.236

232 AZEVEDO, Ana Cláudia Ferreira. Dissertação de Mestrado em Economia Industrial e da Empresa: As patentes e o incentivo à inovação, 2012. Universidade do Minho em Braga, Portugal.

233 DE SOUZA, Wanderley. Doenças negligenciadas– Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 2010.

234 DNDi, disponível em: http://www.dndial.org/pt/doencas-negligenciadas/doenca-de-chagas.html.

235 WHO Library Cataloguing-in-Publication Data First WHO report on neglected tropical diseases: working to overcome the global impact of neglected tropical diseases, 2010.

236 DNDi- Drugs for Neglected Diseases Initiative. Iniciativa de diversas organizações para combater as chamadas “doenças negligenciadas”, que matam milhões no mundo, todavia

Sobre o financiamento mundial de inovação para doenças negligenciadas, sua análise demonstrou que menos de 5% deste financiamento foram empossados no grupo da doenças do sono, leishmaniose visceral e doenças de Chagas, que são doenças “extremamente” negligenciadas, mesmo havendo cerca de 500 milhões de pessoas levadas a nível de ameaças com essas doenças.

Isto significa um problema global de saúde pública, no entanto o que leva as indústrias farmacêuticas é a orientação do lucro, e o setor privado da indústria nas doenças globais para as quais se fabricam medicamentos e os comercializam tem a função de lucros. Isso gera que sem influência política e o baixo poder de aquisição, os pacientes com baixa renda não conseguem o retorno financeiro que lhe são obrigados por grande parte das empresas que visam lucro.

É ínfimo os medicamentos para essas doenças, apenas 21 medicamentos dos 1556 desenvolvidos para doenças negligenciadas durante 30 anos.237

2. PROPRIEDADE INTELECTUAL NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

É apontado por Ferraz Jr, que mesmo estando previsto na Constituição Federal, a propriedade industrial nos moldes do art. 5º não quer dizer que esta em forma como direitos fundamentais da pessoa humana.238Claro que não podemos menosprezar por estar incluso na Constituição Federal, mas não nos dirige a pensar que este direito se transformou em direitos fundamentais. Deve-se então, que se declarem os direitos básicos, reconhecê-los, e não instituí-los.

Quando elabora a análise de pedidos de patentes, o Inpi – Instituto Nacional de Propriedade Industrial- tem o dever seguir os objetivos que tem o sistema de patentes. Existe permissão legal a concessão de patentes, o que é uma exceção aos princípios da livre concorrência e da livre iniciativa. A concessão patentária tem dever de perseguir os moldes regrados pela LPI e também a previsão constitucional.

Há um tema polemico acerca da proteção industrial e o princípio constitucional da livre concorrência, em que a Constituição Federal, em seu artigo 170, IV, esta prevista a livre concorrência. 239Vão de conflito com o princípio da livre concorrência, os direitos conferidos às patentes.

não possuem seus tratamentos desenvolvidos porque são comercialmente desfavoráveis. Dentre seus membros estão a Fiocruz, o Instituto Pasteur e os Médicos Sem Fronteiras.

237 Figura 1: DNDi. Disponível em: http://www.deolhonaspatentes.org.br.238 FERRAZ JR, Tércio Sampaio.(1994). A propriedade, pelo caput do art. 5º, o é. Mas na

forma da disposição, o inciso XXIX tem antes o sentido de um comando constitucional ao legislador ordinário “assegurar a lei aos autores”, e não propriamente de um reconhecimento, na autoria intelectual, de um direito fundamental do autor industrial.

239 Constituição Federal. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) IV- livre concorrência (...).

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Afinal, na mesma Carta Constitucional traz a direitos exclusivos de exploração de produtos e seus processos, pelas patentes.

Para explicar sobre a lei brasileira de propriedade industrial, faz-se importante destacar que antes da atual legislação sobre o tema destacado, observa o Código de Propriedade industrial (Lei nº 5.988), o qual foi promulgado em 1971, substituindo o de 1.969.

Nas modificações que trouxe a nova LPI temos como mencionar: a aprovação da Lei de Biossegurança240, a adequação o escopo legal brasileiro às regras de convivência internacional segundo o tema de segurança, o estabelecimento de leis de incentivo fiscal à realização de P&D pelas empresas241, o fim das reservas de mercado e a alteração do tratamento discriminatório do capital estrangeiro.

A LPI substituiu o anterior Código de Propriedade Industrial do ano de 1971, com isso, as normas penais do Decreto Lei nº 7903/45 tornaram o título V da LPI. O Brasil não reconheceu as patentes da seara farmacêutica, e isto ocasionou na década de 1980 um conflito comercial com os EUA, e disto foi imposto ao Brasil sanções comerciais rigorosas.242

Cabe destacar neste momento sobre as pipeline, foi com a incorporação na nova lei das patentes pipeline que se tornou evidente a importância econômica da entrada das patentes químico- farmacêuticas e alimentícias. Canotilho bem às caracteriza pela sua expressão que designa “tubo” em que o produto está na fase desenvolvimento anterior a entrada no mercado.243 Além da caracterização, traz nas palavras do Tribunal da Comunidade Andina:

... o pipeline é um mecanismo de transição para conceder proteção a produtos que não eram patenteáveis em países que estão modificando o seu normativo sobre patentes.

Aponta Canotilho que existe um sentido divergente, dos que por alguns afirmam que essa proteção é considerada como acrescida em temas retroativos, em que fornecem interesses das empresas à custa dos interesses do consumidor. Com isso, o sentido divergente que aponta é o entendimento de que só recompensando os investimentos realizados no passado é que se pode encorajar investimentos futuros. É um ponto de intensas discussões onde procura o equilíbrio.

Com o Acordo Trips, passou a ser obrigatória a concessão de patentes indistintamente para todos os campos. O Brasil incorporou as pipeline em sua Lei nº 9.279/96. Também chamado de patente de revalidação, as patentes pipeline admitiram que patentes concedidas no exterior fossem validadas no Brasil sem análise dos requisitos de patenteabilidade, pelo

240 Lei nº 8.974/95.241 Leis nº 8.248/91 e nº 8.661/93.242 PARANAGUÁ, Pedro ; REIS, Renata. Patentes e Criações Industriais. FGV Jurídica.

Editora Direito Rio.2009.243 CANOTILHO, J.J.Gomes, 1941- , e outro. A questão da constitucionalidade

das patentes “pipeline” ` à luz daconstituição federal brasileira de 1998/ J.J.GomesCanotilho, Jónatas Machado: colab. Vera Lúcia Raposo. Almedina.

tempo que faltar para que expire no país de origem. Muitos medicamentos foram patenteados por meio desse mecanismo no Brasil.

Nos moldes da legislação brasileira, na alteração da LPI, nos artigos 230 e 231 estão previstas as chamadas patentes pipeline, uma disposição temporária que foram aceitos depósitos de patentes em campos tecnológicos que não eram conhecidos até o momento, tornando possível a proteção patentária de medicamentos. Foi submetida aos requisitos formais do artigo 230 da LPI, apresentando condições para sua concessão, quais sejam:o objeto de patentes não pode ter sito colocado em nenhum mercado; não terem sido realizados no Brasil sérios e efetivos preparativos para a exploração do objeto de patente; para o requerimento de patentes pipeline, prazo de 1 ano244; indicação da data do primeiro depósito no exterior; comprovação de concessão da patente no país onde foi depositado o primeiro pedido; o objeto solicitado não pode infringir o disposto no arts. 10 e 18 da LPI.

Pode-se concluir que de acordo com esse instituto, aos pedidos pipeline ensejariam a analise formal, não tendo um exame de mérito, visto que seriam considerados os termos de aceitação e o prazo de validade da concessão da patente, ressaltando que não seriam realizados estudos de cumprimento dos requisitos de patenteabilidade no Brasil.

Na possibilidade de deposito de patentes pipeline, nesse 1 ano de vigência, foram depositados próximo a 1.170 pedidos, desses, 19% tangem as invenções do campo da biotecnologia. Os pedidos vindos das instituições publicas somam 13% do total, e sete possuem origem brasileira como da Fiocruz, da Embrapa, da UFRJ e da Universidade de Caxias do Sul.

Pode-se chamar também de patente de revalidação, as patentes pipeline possibilitaram que patentes concedidas no fora do país fossem validadas no Brasil sem analisar os requisitos de patenteabilidade, pelo tempo que faltar para que expire no país de origem.

No que nos cabe destacar acerca da reforma da lei de patentes, precisamos saber que dos recursos que são destinados à saúde grande parte é gasta com produtos de monopólio privado. E isso é uma ameaça perante tudo o que sustenta o Sistema Único de Saúde- SUS.

Vale ressaltar que o Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio, ou seja, o Acordo TRIPS ou ADPIC foi adotado com o advento da Organização Mundial do Comércio, possibilitando a obrigatoriedade da concessão de patentes na área de saúde.

Diante do exposto, os medicamentos passaram a ser vistos no comércio como mercadoria, ocorre que por se tratar de saúde pública, um direito do ser humano para uma vida digna, os medicamentos não podem ser tratado como mercadoria, visto que isso gera um impacto grande, tornando milhares de pessoas sem acesso aos bens de saúde.

244 A contagem do prazo de 1 ano se dá a partir da data de publicação da PLI, sendo, de 14 de maio de 1996 a 14 de maio de 1997.

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Este Acordo TRIPS tem regras, que por sua vez devem ser adotadas pelos países, as regras que vão além das contidas no acordo são sempre negociadas. Sendo conhecidas como as medidas mais prejudicais à saúde pública as chamadas “TRIPS- plus”, estas estão sendo adotadas pelo Brasil.

Segundo o artigo 8, TRIPS, os países membros da OMC estabeleceram que os países podem adotar medidas necessárias para proteger a saúde e a nutrição públicas e para promover o interesse público em setores de vital importância para seu desenvolvimento socioeconômico e tecnológico.

A Declaração de Doha sobre o TRIPS foi aprovada em 2001, o que reforçou o direito dos países em adotarem medidas de proteção, e usa-se para estas o termo “flexibilidades”.

Mas é primordial que incorpore em lei âmbito nacional e da vontade política do Executivo, para a efetivação das medidas.

Houve modificação da lei brasileira em 1996 por motivo de adequação às regras da OMC qual seja, Lei 9279/96. Lei de Propriedade Industrial- LPI. Todavia, trouxe medidas mais rigorosas do que as do TRIPS, e deixaram de lado medidas de proteção do interesse público que permitem o TRIPS.

2.1. Declaração de DohaTal declaração sobre o Acordo Trips e a Saúde Pública trouxe

a saúde pública como entendimento de prioridade em relação aos interesses comerciais e às patentes. Sendo assinada em 2001; foi um importante passo como reforço para as garantias previstas no Trips demonstrando o poder de cada país para decisão de quais as situações caracterizam ‘emergência nacional’ ou ‘circunstância de extrema urgência’, tendo como ênfase a legalidade do uso da licença compulsória.

Especialmente para os direitos relacionados com patentes concedidas para medicamentos, sendo a flexibilidade desses direitos de propriedade industrial, levou a discussão durante a 4ª Sessão da Conferência Ministerial de Doha, no Qatar, em que foi confirmada uma declaração sobre o Acordo TRIPS e saúde pública, a Declaração de Doha.

Os países que fazem parte da OMC, após a assinatura da declaração, deve prevalecer sobre os negócios comerciais, com propósito de assegurar aos países em desenvolvimento que certifiquem aos cidadãos, medicamentos acessíveis, amparando de todos os meios de flexibilização dos direitos que decorrem da proteção intelectual de acordo com o TRIPS.245

O pronunciamento da Organização das Nações Unidas e da Organização Mundial da Saúde, nesta acepção foi sobre o direito a propriedade intelectual, isto é, nos casos da acessibilidade de medicamentos

245 Conferência das Nações Unidas Sobre Comércio e Desenvolvimento- Solução de controvérsias- Organização mundial do comércio- 3.14 TRIPS. Nações Unidas- NY e Genebra, 2003. http://unctad.org/pt/docs/edmmisc232add18_pt.pdf.

para Aids em países em desenvolvimento, tem o dever de ser relativizado.Com isso, no que tange o tema, as regulamentações internacionais,

mesmo tendo informação do direito da propriedade industrial no envolvimento com medicamentos, foi estipulado que os países em desenvolvimento tem a capacidade de proteger as medidas de segurança a saúde pública, e o acesso a medicamentos.

2.2. Acordo TRIPSExiste um grande debate mundial acerca do direito de proteção

intelectual, como as patentes no cenário de acesso a medicamentos. A tentativa para realização da mesma função das normas sobre o tema, no primeiro documento da CUP, em 1883, desenvolvia o desempenho de regulação da conformidade das relações entre os países nos moldes do requisito de patenteabilidade.

Nos moldes do acordo que se firmou da OMC se aderiu a 148 países, em torno de grande parte das riquezas comercializadas no mundo. Houve mudança em âmbito internacional que o TRIPS246 causou, sendo indestrutível, porque regrou a propriedade intelectual, implantou meios de utilização para os países signatários, a respeito da solução de controvérsias e deu-se existência a uma solução, possibilitou um aumento de produtos e processos os quais sejam ligados a concessão de patentes.

Podemos destacar que alguns teóricos, pesquisadores, entendem que o TRIPS se trata de um ato contrário ao bom senso, pois esta relacionado à crescente liberalização comercial e diminui as “barreiras” de possibilidades de serviços e produtos entre os países do mundo.

3. PATENTES FARMACÊUTICAS E SEU IMPACTO NO ACESSO A MEDICAMENTOS

Encontra-se em crise a inovação farmacêutica, pois número de novas entidades químicas entregues por ano tem caído desde 1990, e isso aumenta o custo de desenvolvimento de novas drogas. Mas isso se dá porque apresentam efeitos parecidos de drogas que já estão comercializadas, ou seja, grande parte de novas entidades não possui inovação.

Canotilho247 bem ressalta em seu livro a problemática de patentes versus pacientes, dois lados e realidades diferentes, os pacientes e seu direito a vida e de outro as empresas farmacêuticas e a proteção à sua base econômica. A proteção presente às patentes é importante na medida em que medicamentos em sua concepção, teste e fabrico, tem a capacidade de exigir grandes investimentos de tempo, além de dinheiro e recursos humanos, tornando-se alvo de “reverse engineering”, uma vez que colocados no mercado. As informações que os medicamentos possuem

246 Decreto N. 1.355, de 30 de dezembro de 1994. Disponível em: http://www.inpi.gov.br/images/stories/27-trips-portugues1.pdf.

247 CANOTILHO, J.J.Gomes, e outro. A questão da constitucionalidade das patentes “pipeline” à luz da constituição federal brasileira de 1988. Biblioteca Nacional de Portugal.

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passam a ser públicos e acessível à todos, por isso Canotilho caracteriza como “a criação deixa de ser escassa, perdendo sua economicidade.”

Pelo entendimento da saúde pública, os critérios de análise precisam ser severos para evitar que sejam concedidas patentes que não possuem alta qualidade, assim, que somente permitem a contribuição para impor limites a concorrência e o acesso a bens de saúde.

Ainda permite o TRIPS, exceções às patentes, até mesmo quando ao cumpridos os requisitos. A Lei 9279/96- a Lei de Propriedade Industrial no Brasil permite que em alguns casos não considerados como invenção, e por isso não patenteáveis, este estabelecimento se encontra no artigo 10. Esta lei menciona também em casos que mesmo sendo invenções, não podem ser patenteados, em seu artigo 18. O que se qualifica por sua relevância são as descobertas e métodos terapêuticos, e o que for de confronto com a saúde pública.

Isto se torna importante para saúde porque dentre os objetivos do sistema de patentes é do favorecimento do desenvolvimento de novas invenções. Mas na atualidade há uma decadência no desenvolvimento de novas entidades farmacêuticas, contudo a quantidade dos pedidos de patentes esta em crescimento.

Existe essa divisão porque grande parte dos pedidos de patente foca pequenas mudanças nos produtos já existentes, dando-se o nome de evergreening para essa estratégia.

Conhecidas como inovações secundárias, não trazendo muitas vezes vantagem terapêutica, além de ser de baixa qualidade, isto é, em consideração com os requisitos de novidade. Citando alguns exemplos de acordo com o site “de olho nas patentes”248, são sais, polimorfos de um produto - novas formas; assim como dosagens diferentes e indicações terapêuticas - novos usos.

Mesmo sendo de baixa qualidade, quando concedido esse tipo de patente, pode ocasionar em um impacto significante nas políticas de saúde, barrando o uso de genéricos e possibilita com que as empresas consigam mais lucro, do que um produto estando em domínio pelo poder público caso não exista patentes secundárias. Diante disso, é dever da legislação nacional que não acolha essa patente.

Segundo o entendimento do GTPI, ao se trata somente de decisões técnicas, as interpretações que um país decide dar aos requisitos de patenteabilidade, mas sim de uma decisão política. Se houver uma extensa interpretação levará à um maior número de patentes concedidas, ao passo que tendo restritos critérios de análise pode-se haver a diminuição deste número.

Na consideração de um impacto negativo que uma patente possui ao acesso a bens de saúde, cabe salientar que unicamente os pedidos que envolvam invenções próprias e verdadeiras sejam concedidas.

Algumas das formas de patenteamento não são permitidas pela LPI,

248 https://www.deolhonaspatentes.com.br.

como simples descobertas e métodos terapêuticos. Para novos usos e novas formas de substancias que já se tem conhecimento, as patentes deveriam ser encaixadas nessas categorias e impedidas – o que não acontece.

Na atualidade, os caminhos de exame na área farmacêutica nos moldes do Instituto Nacional de Propriedade industrial, o INPI, ajudam que sejam concedidas essas patentes, indo em confronto inclusive a posição de governo. 249

Essas patentes que não tem o direito de merecimento são um peso pra os cofres públicos além de dificultar a viabilidade de políticas públicas no acesso a medicamentos, justamente porque impedem a versão genérica com preços mais baratos e com isso mais acessível a população.

Todavia, no que tange as novas formas de substância conhecida, compreende que mesmo o processo de conquista possa ser patenteado quando ao cumprimento dos requisitos da LPI, não poderão os produtos mesmo havendo o melhoramento da eficácia.

Deste modo, pode- se acreditar que a possibilidade que foi aberta pelo PL 5.402/2013 para conceder patentes de produtos para novas formas de substâncias que já há o conhecimento destas, quando houver melhoramento da eficácia deveria ser excluída, sendo que não existe análise da eficácia do produto em um pedido de patente.

Uma decisão muito importante acerca do tema, a Suprema Corte da Índia negou um pedido de patente apresentado pela fabricante Suíça de remédios Novartis. 250

Usando a patente para se livrar de concorrência, resulta em um impacto ao acesso de medicamentos, afinal uma vez patenteado tal medicamento as empresas podem estabelecer o preço que lhes bem convier, HIV/ Aids251, tornando- se muito caro para a sociedade. Tornando assim uma consequência devastadora.

Como no Brasil e outros países em desenvolvimento, devido a renda da família não torna possível obter planos de saúde, o que também torna impossível ou até difícil a compra de remédios de alto custo. Devido as obrigações internacionais, os países que concedem patentes a medicamentos resultam no impacto nos novos medicamentos que poderão ser patenteados nestes países, isto é, não somente os novos ARVs, significando a restrição da produção de medicamentos genéricos a preços acessíveis.

249 Grupo Interministerial de Propriedade Intelectual, 2008. Disponível em <http://www.deolhonaspatentes.org.br.>, acesso em 18 jul de 2013.

250 A Suprema Corte da Índia negou um pedido de patente apresentado pela fabricante Suíça de remédios Novartis. A decisão foi uma vitória dos produtores de medicamentos genéricos. Novartis pretendia patentear na Índia uma nova versão do remédio Glivec, usado para combater alguns tipos de câncer, como leucemia e tumores gastrointestinais. Disponível em http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2013/04/india-nega-pedido-de-patente-de-remedios-apresentado-pela-novartis.html<acessado em 01 de abril de 2013>.

251 C.M.M.A, Meiners. Pharmaceutical patentes and public health: challenges for de Brazilian antiretriviral treatment policy. UMR 912 “Sciences Économiques et Sociales, Systémes de Santé Sociétés”, INSERM, IRD, Université Aix-Marseille.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO PROPRIEDADE INTELECTUAL: O PAPEL DAS PATENTES NA INOVAÇÃO DE MEDICAMENTOS

Atualmente existem mais países impondo à patentes um regime mais severo, o que acarreta na concorrência com os preços da versão genérica mais limitada.

3.1. Custos de medicamentos na atualidadeTem sido um grande problema para a sustentabilidade do sistema

público de saúde os altos custos dos tratamentos, porque as utilizações dos novos medicamentos estão protegidos por patentes.

De acordo com o site “de olho nas patentes”252, podemos comparar três medicamentos que possuem versão genérica, disponíveis no mercado internacional. Traz preços pagos pelo Brasil, por unidade em US$ em 2013: e o remédio rituximabe 500mg 1239- preço Brasil/ 0,65- preço genérico; linezolida 600mg 82- preço Brasil/ 2,5-preço genérico; atazanavir 300mg/ 2,8- preço Brasil/ 0,53- preço genérico. O gráfico narrado exemplifica que o impacto das patentes é grande no orçamento público de saúde. Utiliza-se para o tratamento do câncer o rituximabe (MabThera, Roche); a linezolida (Zyvox, Pzifer) é utilizada para tratamento de tuberculose multirresistente; o atazanavir (Reyataz, Bristol Myers Squibb) utilizado para o tratamento de HIV/AIDS.

Para permissão das compras de versões genéricas que são legalmente permitidas no mercado internacional, isto seria um exemplo uma conduta que o Brasil poderia adotar, como a medida de proteção de saúde pública que é a importação pararela, o que resultaria numa substancial economia de recursos públicos.

Com a proteção à saúde pública , com a exclusão das medidas TRIPS-plus, a reforma da lei de patentes pode ampliar a possibilidade de compra de medicamentos genéricos e isso aumentará o acesso da população à remédios e além disso, pode economizar o recurso público podendo ser utilizado para melhora do sistema de saúde.

Somente com a reforma não é suficiente para dar reposta a população, não é suficiente para o interesse público. Deve-se inovar, criando um novo sistema que tem por base a primazia dos direitos humanos. É inadmissível o alto custo de remédios, a necessidade da população é grande, milhares de pessoas não tem acesso a medicamentos disponíveis no mercado.

Anand Grover, Relator Especial da ONU para o direito à saúde disse em 2009 que a implementação do Acordo TRIPS não atingiu seus objetivos declarados.

Visto que o TRIPS ocasionou em altos custos, além de não trazer benéficos como, por exemplo, que havia prometido aumento na inovação, transparência de tecnologia, e também, as patentes só servem para proporcionar benefícios para grandes empresas multinacionais.

No que tange à epidemia de HIV/Aids no Brasil, a Lei de Acesso

252 Preços pagos pelo Brasil por três medicamentos disponibilizados com preço de versão genérica. Disponível em: http://www.deolhonaspatentes.org.br.

Universal253, tem-se que os portadores receberão gratuitamente toda medicação necessária para que se garanta o aceso a ARVs e oi importante para que se garanta o acesso a ARVs e outros medicamentos para o devido tratamento da infecção.

No período de 1997 e 2004 podemos destacar o que a referida lei trouxe como resultado, quais sejam: reduziu a mortalidade em 40% e a morbilidade em 70%, as internações hospitalares reduzidas em 80% e o tempo médio de internação hospitalar, dando impulso a uma economia de gastos com as internações da ordem de US$2,3 bilhões e como contrapartida um gasto de US$2 bilhões em ARVs no mesmo período.254 Mesmo assim, esta ameaçada a manutenção de distribuição universal de ARVs devido ao fato da sustentabilidade financeira do programa.

Nos últimos 10 anos para a provação da nova lei de patentes tiveram vários desafios a serem enfrentados. E foi pela produção local e também pela concorrência internacional de medicamentos genéricos que possibilitou a redução de preços.

De início os preços dos tratamentos caíram devido à produção local e à concorrência internacional na produção de medicamentos genéricos. Nacionalmente o setor de produção encontra peculiar, afinal existem 18 laboratórios públicos apresentando firme para atender a sociedade. Em âmbito internacional, a lentidão da alteração das leis internas de países que produzem genéricos, no caso da Índia, propondo medicamentos mais acessíveis e aumentou a concorrência para tal.

3.2. Instrumentos jurídicos para ampliação ao acesso a medicamentos

Sendo uma flexibilidade do Acordo Trips de interesse para saúde pública é a chamada licença compulsória, cujo é conhecida como “quebra de patentes”, retira por um período de tempo o monopólio que possui o detentor da patente. Somente podendo ser decretada pelo Estado e traz a permissão de que os laboratórios públicos ou privados de fabricar produtos patenteados por tempo limitado.

Em situações que decorrem abuso de direito, abuso de poder econômico e quando se trata de hipóteses de emergência nacional, interesse público, nestas situações é autorizado pela Lei de Patentes brasileira a decretação da licença compulsória.255

Prevista no artigo 31 do Acordo Trips, a licença compulsória, esta relacionada como uma forma estratégica que visa regular o monopólio gerado pela proteção patentária. No encadeamento de ideias do Acordo Trips, muitas ONGs internacionais como Health Action Internacional, MSF, Cptech começaram a tomar partido e defender o uso da licença

253 Lei 9.313/96.254 PARANAGUA, Pedro; REIS, Renata. Patentes e Criações Industriais. FGV Jurídica.

Editora Direito Rio.2009.255 Idem.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO PROPRIEDADE INTELECTUAL: O PAPEL DAS PATENTES NA INOVAÇÃO DE MEDICAMENTOS

compulsória, usando tal estratégia para expandir o acesso a ARVs, usado para o tratamento da Aids. Além de internacionalmente também podemos contar com ONGs brasileiras que pressionam o governo para utilização deste instrumento para garantir e preservar o acesso a medicamentos.

Importante dizer que para concessão de licença compulsória é preciso justificar a situação, e as legislações dos países tem que indicar situações que tornam possíveis tal concessão. Na Lei 927/96, lei de Propriedade Industrial, a licença compulsória esta prevista nos artigos 68 a 74, onde menciona as possibilidades que necessitam como:

(...) concessão de licença compulsória por falta de exploração da patente, por interesse público, em casos de emergência nacional, para remediar práticas anti competitivas,por falta de fabricação local da patente e em situações nas quais a exploração de uma patente dependa de outra (patentes dependentes). Os casos de concessão de licença compulsória por interesse público ou emergência nacional estão regulamentados pelos Decretos nº 3.201/99 e nº 4.830/03. ”256

Outra flexibilidade prevista no Acordo Trips é a chamada “importação paralela”, destacado no art. 6º, dá a permissão de importar um produto protegido de onde foi colocado o medicamento no mercado pelo detentor da patente ou por autorizados. Quando se comercializa o produto no exterior, o direito que tem quem detém a patente já foi reconhecido, negando- lhe de que seja recompensado novamente no pais importador.

Deste modo, havendo a importação paralela nas legislações nacionais, possibilita que determinado país importe o medicamento, isto é, de onde ele esteja sendo comercializado ao preço menor.

Outro meio para se destacar neste tópico é o chamado “uso experimental”, me que abre a possibilidade de permissão para a invenção patenteada ser utilizada para fins de investigação da ciência. É um mecanismo de se promover um equilíbrio dos interesses nacionais e do detentor da patente, pois pode-se usar a informação divulgada pela patente visando o desenvolvimento cientifico e tecnológico do país. Sendo público ou privado o laboratório pode realizar a investigação científica.

A flexibilidade prevista nos artigos 65 e 66 é o “período de transição para o reconhecimento de patentes no setor farmacêutico”, também no parágrafo 7º da Declaração de Doha.

Como bem aponta Gabriela Chaves: A previsão de uma flexibilidade não garanta a sua utilização, o período de transição teve o mérito de tentar beneficiar os países em desenvolvimento da seguinte forma: a) para aqueles que têm uma indústria farmacêutica local, essa flexibilidade possibilitaria às empresas ou laboratórios públicos produzirem medicamentos genéricos. A consequência seria a comercialização de produtos a preços mais baixos e o aumento da capacitação tecnológica do setor. É claro que a mera existência da flexibilidade não é suficiente para promover o desenvolvimento tecnológico nacional, o qual

256 CHAVES, Gabriela Costa.

geralmente é consequência de uma política industrial. b) para aqueles países que não têm uma indústria farmacêutica local, a existência dessa flexibilidade não necessariamente faria diferença para o seu desenvolvimento. Entretanto, permitiria a importação de medicamentos genéricos a preços menores e ainda poderia favorecer o desenvolvimento de uma política industrial que promovesse a diminuição de sua dependência científica e tecnológica.257

Enfim, no que diz respeito a anuência prévia da Anvisa dos pedidos de patentes farmacêuticas, cabe relatar que o Brasil fez esta previsão em seu artigo 229, na Lei 10196/01, para que se possa conceder patentes com esta anuência prévia

Considerações FinaisMuitas tecnologias relacionadas à saúde são desenvolvidas por

universidades e instituições de pesquisa com financiamento público e licenciadas para a indústria. Visto isso, o modo como políticas de propriedade intelectual, licenciamento, parcerias, transferências de tecnologia, eleição de prioridades de pesquisa, são instituídas é fundamental para o acesso a medicamentos e tecnologias médicas e diretamente relacionado ao interesse público.

Universidades e instituições de pesquisa que recebem financiamento público deveriam ao promoverem a inovação médica visar interesse público. Já que possuem o financiamento público, devem garantir que todos tenham acesso a medicamentos essenciais e outras tecnologias relacionadas à saúde.

O total de investimentos de P&D nota-se que 14,34% são para doenças de dengue, e para AIDS a porcentagem é de 85,66%. Fica ressaltada a incompatibilidade com o cenário brasileiro, visto que os casos de pessoas infectadas com dengue é de 73,97%, e AIDS 26,03%. Concluindo que o maior índice de infecção é o de menor pesquisa e inovação. Dos investimentos para doenças, apenas 10% são para doenças negligenciadas.258 O fato é que sem pesquisas para doenças tropicais, leva com que os médicos não tenham o que fazer, apenas conseguir manter os sinais vitais, como exemplo o caso da dengue hemorrágica.

Acontece que aproximadamente 1/3 (um terço) da população global não tem acesso a medicamentos essenciais regularmente.259 E tratando-se de locais com maior índice de pobreza, como a África e a Ásia essa proporção chega a mais de 50% (cinquenta por cento). Ainda

257 CHAVES, Gabriela Costa. Patentes farmacêuticas: por que dificultam o acesso a medicamentos?- Rio de Janeiro: ABIA, 2006.

258 Disponível em: <http://www.dndial.org/pt/centro-de-documentacao/pres-releases/anos-anteriores/108-dndi-apela-por-mais-recursos-para-pad-de-medicamentos-para-doencas-negligenciadas.html>. Acesso em : 10 de jun de 2014.

259 PANIZ, Vera Maria Vieira. Tese de Doutorado: acesso a medicamento s em população assistida por diferentes modelos de atenção básica nas regiões sul e nordeste do Brasil. Universidade Federal de Pelotas, 2009.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO PROPRIEDADE INTELECTUAL: O PAPEL DAS PATENTES NA INOVAÇÃO DE MEDICAMENTOS

mais, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 10 milhões de pessoas morrem todos os anos por falta de acesso a medicamentos disponíveis no mercado.

A sustentabilidade de políticas públicas de acesso a tratamento de saúde tem sido colocada em risco pelo aumento do preço nos medicamentos. Doenças tropicais como malária, tuberculose, doenças de Chagas, causam efeitos graves em populações desprotegias, como nos países ainda em desenvolvimento.

Um meio que poderão ser adotados pelos países para apoiar ou até mesmo proteger o interesse coletivo, é a atuação na área da saúde de profissionais de análise de patentes farmacêuticas. Foi identificada pela OMS essa medida como uma forma favorável para a saúde pública, afinal visa prevenir patentes indevidas.260 É necessário que faça um exame mais criterioso possível, segundo o governo brasileiro por ser bens essenciais. A ANVISA tem capacidade de ajudar a prover o cumprimento dos requisitos de patenteabilidade. É incontestável, havendo a concessão de patentes indevidas, causa prejuízo à saúde. O GTPI assegura que a anuência prévia da ANVISA é considerada como uma medida de proteção que a saúde pública possui, cabe ser fortalecida.

E finalmente podemos considerar que está enunciado o óbvio conflito de interesses que a proteção patentária de medicamentos apresenta, qual seja, a necessidade de garantia de acesso e a garantia do direito de propriedade. Como se trata de um tema complexo, todavia essencial de ser entendido pela população, o direito à saúde está sob risco de não ser atendido e evidenciado pelo motivo do poder econômico e do desenvolvimento que os países almejam, afinal, o desenvolvimento com pesquisas no campo de doenças tropicais não geram lucro, por estar presentes em regiões mais pobres.

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RESERVA DO POSSÍVEL: LIMITES PRESTACIONAIS E OBRIGACIONAIS DO

ESTADORodrigo Pedroso Barbosa261

“Certa vez foi dito que o teste moral de um governo é como este governo trata aqueles que estão na alvorada da vida, as crianças; aqueles que estão no crepúsculo da vida, os idosos; e aqueles que estão

nas sombras da vida, os doentes, necessitados e deficientes.” Hubert H. Humphrey (1911-1978)

INTRODUÇÃO: TEORIA DA RESERVA DO POSSÍVEL

Atribui-se o nascimento da teoria da reserva do possível à decisão da Corte Constitucional Federal da Alemanha que, no um certo caso (conhecido como caso numerus clausus), firmou jurisprudência no sentido de que a prestação reclamada deve corresponder ao que o indivíduo pode razoavelmente exigir da sociedade, se mantendo nos limites do razoável262. Desde então, tal teoria vem sido invocada para, dentro de um contexto de que os recursos estatais são sempre limitados, limitar ou negar pedidos de prestação de direitos, pelo Estado, a cidadãos. Em uma rápida pesquisa nos teores de ementas de tribunais pátrios, apenas nos 2 últimos anos encontramos mais de 8.300 referências263 à teoria, ou princípio, da reserva do possível, tratando de assuntos como acesso à saúde, acesso à educação e saneamento, principalmente o primeiro, que resultaram em decisões tanto no sentido de provimento da demanda, como indeferimento. Diante de tais números, é impossível negar-se a importância da compreensão de tal teoria (ou princípio), bem como as consequências materiais e constitucionais da utilização da mesma.

A teoria da reserva do possível, em sua concepção atual, pode ser resumida ao fato de, dado que o Estado tem recursos limitados, as prestações devem ser feitas de maneira equitativa, dentro dos limites pragmaticamente e programaticamente possíveis, de maneira a não faltar capacidade de prestação aos demais. Um exemplo didático, de sala de aula, invoca o cenário da decisão entre fornecer um tratamento extremamente caro para um único cidadão em detrimento, uma vez que os recursos financeiros do Estado são limitados, do fornecimento

261 Estudante de graduação da Faculdade de Direito do Sul de Minas (FDSM), Turma 2013/2017. Integrante do Grupo Razão Crítica e Justiça Penal, certificado pela FDSM e inserido no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. Integrante do Grupo Tertium Datur, certificado pela FDSM e inserido no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. Empresário.

262 SARLET, Ingo W. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 11. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. p. 255.

263 Jurisprudência. Pesquisa realizada em 16 fev. 2015 englobando publicações jurisprudenciais dos Tribunais Brasileiros, pela expressão “reserva do possível”. Total de ocorrências: 8.384. Pesquisa realizada com a ferramenta Lex Magister.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RESERVA DO POSSÍVEL: LIMITES PRESTACIONAIS E OBRIGACIONAIS DO ESTADO

de tratamentos de menor custo para 100 outros. Assim, uma vez que é impossível para o Estado realizar uma prestação completa em todos os casos, a responsabilidade do mesmo fica limitada a um limite do razoável, do possível. Ainda segundo Sarlet:

A partir do exposto, há como sustentar que a assim designada reserva do possível apresenta pelo menos uma dimensão tríplice, que abrange a) a efetiva disponibilidade fática dos recursos para a efetivação dos direitos fundamentais; b) a disponibilidade jurídica dos recursos materiais e humanos, que guarda íntima conexão com a distribuição das receitas e competências tributárias, orçamentárias, legislativas e administrativas, entre outras, e que, além disso, reclama equacionamento, notadamente no caso do Brasil, no contexto do nosso sistema constitucional federativo; c) já na perspectiva (também) do eventual titular de um direito a prestações sociais, a reserva do possível envolve o problema da proporcionalidade da prestação, em especial no tocante à sua exigibilidade e, nesta quadra, também da sua razoabilidade.264

Dentro de um contexto puramente econômico utilitarista, tal teoria faz sentido. Se recursos são limitados, o uso dos mesmos deve ser feito da maneira mais racional possível e, já que não é possível satisfazer a todas as necessidades e todos os cidadãos, deve-se buscar satisfazer de maneira equitativa o maior número de necessidades do maior número de cidadãos, sem que a necessidade de um cause a negativa para muitos, algo que até mesmo remete-se ao conceito original da república, Res Publica, onde o patrimônio do Estado é o patrimônio de todos. Assim sendo, como poderia a necessidade de um único cidadão, por maior e mais premente que esta seja, causar a insatisfação da necessidade de outros? Ou, nas palavras de Hart:

A assistência aos pobres só pode ser oferecida com os bens de outros; a educação universal compulsória […] só pode também ser financiada através da redução ou sacrifício dos investimentos de capital na indústria, das aposentadorias para os idosos ou do atendimento médico gratuito. Quando se faz uma opção entre essas alternativas conflitantes, ela pode ser defendida como adequada com base no “bem público” ou no “bem comum”. […] Vemos aqui um aspecto adicional da justiça distributiva, diferente daquelas formas simples que já discutimos. Pois o que aqui se “distribui” com justiça não é algum benefício específico entre um grupo de pretendentes a ele, mas a atenção e consideração imparcial às pretensões conflitantes a diferentes tipos de benefícios.265

Apesar de eminentemente racional, pode-se considerar tal visão como simplista, derivada de uma construção social originária da filosofia da consciência e do (neo)positivismo jurídico, apontando para um caráter de comodismo político desta teoria, em que o dever do Estado se limita ao que pode fazer, enquanto na realidade o dever do Estado deveria ser, outrossim, de lutar para fazer todo o possível266. Uma vez

264 SARLET, Ingo. W. loc. cit.265 HART. H. L. A. O Conceito de Direito. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009. p. 216-217.266 Recorre-se aqui às lições de Caliendo sobre a questão da análise do custo-benefício e

Dworkin em sua invocação sobre a justiça de se decidir levando em conta o impacto

que “[a] saúde é direito de todos e dever do Estado”267, não cabe ao Estado realizar sua função prestacional dentro de um paradigma do possível, mas sim realizá-lo de forma completa. Mais ainda, dentro de uma visão de igualdade social, não deveria o Estado garantir tais direitos a toda a população, com especial atenção à parcela mais pobre? Neste sentido, Dworkin, discutindo Michael Walzer e a prestação pelo governo de serviços de saúde, dentro da teoria das esferas de Walzer de uma igualdade complexa onde, longe de pensar-se em uma igualdade absoluta (nem todos podem ter iates, por exemplo), indica que é importante a igualdade em outras esferas.268 Mesmo criticando Walzer, por dizer que sua teoria não é praticável, ainda assim aponta para a importância da mesma e uma visão de justiça social, ressaltando:

Walzer acha que esses programas revelam que nossa comunidade consigna o cuidado médico a uma esfera determinada, a esfera das necessidades que o Estado deve satisfazer. Mas o fato cruel é que não oferecemos aos pobres nada semelhante ao que as classes médias conseguem oferecer a si próprias, e, com certeza, isso também conta ao decidir qual é o “significado social” da medicina para nossa sociedade. Mesmo os que acreditam que algum cuidado médico deve ser oferecido a todos, discordam quanto aos limites. Faz parte do significado social da medicina que a cirurgia eletiva seja gratuita? Que as pessoas “necessitem” de transplantes de coração?269

Esta relativização prestacional por parte do Estado, sob a égide do possível, pode se tornar algo perigoso, pois inevitavelmente leva a uma eleição de direitos, uma escolha de valores. É mais importante salvar a vida de 1 pessoa, ou aliviar a dor (sem risco de vida) de 10? É mais importante aliviar a dor de 10, ou reduzir o tempo necessário de cuidado de 10 pessoas que possuem doenças crônicas mas controláveis através de tratamentos semanais? Ou, ainda, é mais importante tratar a doença de 1, ou prover educação para 10, em uma comparação análoga a se comparar maçãs e laranjas. Mas, apesar de todas incompreensões, teorias díspares, sistemas divergentes de valores e até mesmo questionamentos sobre constitucionalidade, a teoria da reserva do possível vem sendo amplamente utilizada, conforme indicado anteriormente, no Brasil.

1. APLICAÇÃO NO BRASILApesar de ser aplicável a todas as formas prestacionais do Estado

ao cidadão, o uso da teoria da reserva do possível no Brasil é, em linhas

econômico de suas decisões. Cf. CALIENDO, Paulo. Reserva do possível, direitos fundamentais e tributação. In: SARLET, Ingo Wolfgang. TIMM, Luciano Benetti (Org.). Direitos fundamentais, orçamento e reserva do possível. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. p. 203. e DWORKIN. Levando os direitos a sério. Trad. Nelson Boeira. São Paulo, Martins Fontes, 2002. p. 11.

267 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988. Brasília, DF. 1988.

268 DWORKIN, Ronald. Uma Questão de Princípio. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 319-328.269 Ibidem. p. 322.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RESERVA DO POSSÍVEL: LIMITES PRESTACIONAIS E OBRIGACIONAIS DO ESTADO

gerais, limitada a casos de judicialização de direitos fundamentais relativos à saúde e à educação. Nota-se também, através de uma análise jurisprudencial cursiva (representante da realidade Brasileira para os propósitos deste ensaio), não apenas a ocorrência de 8.384 referências a “reserva do possível” nos julgados dos tribunais pátrios nos últimos 2 anos, como 13.649 invocações deste princípio nos últimos 5 anos270. Estes números, analisados aqui de maneira não exaustiva, apontam uma tendência de aumento de uso desta teoria, com uma média anual de 4.192 nos últimos 2 anos, enquanto a média anual nos 3 anos precedentes é de 1.755. Mesmo levando em conta a inevitáveis imprecisões de tal pesquisa, a natureza cursória da mesma, por maior que seja tal imprecisão é indiscutível a ocorrência de um aumento significativo, demonstradamente maior que 100%.

A posição dos tribunais quanto à questão da reserva do possível também tem mudado de maneira observável. No passado evidenciava-se um foco na capacidade econômico-financeiras do Estado:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO. TUTELA DE INTERESSE INDIVIDUAL INDISPONÍVEL. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. SAÚDE. DIREITO CONSTITUCIONALMENTE GARANTIDO. DEVER DO MUNICÍPIO. A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, EM SEU ARTIGO 127, CAPUT, DISPÕE EXPRESSAMENTE SER, O MINISTÉRIO PÚBLICO, “INSTITUIÇÃO PERMANENTE, ESSENCIAL À FUNÇÃO JURISDICIONAL DO ESTADO, INCUMBINDO-LHE A DEFESA DA ORDEM JURÍDICA, DO REGIME DEMOCRÁTICO E DOS INTERESSES SOCIAIS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS”. ASSIM, A ELE ATRIBUIU-SE A DEFESA DOS INTERESSES INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS. E NESTE SENTIDO NÃO HÁ COMO SER NEGADA A INDISPONIBILIDADE DO DIREITO À VIDA, E DE FORMA MAIS REMOTA, DA DIGNIDADE HUMANA, MOTIVO PELO QUAL RESTA EVIDENCIADA SUA LEGITIMIDADE PARA PLEITEAR O FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS ÀQUELE QUE NÃO POSSUI CONDIÇÕES FINANCEIRAS PARA O SEU CUSTEIO. A EFETIVAÇÃO DO DIREITO À SAÚDE É DEVER INAFASTÁVEL DO ESTADO, DEVENDO ELE EMPREENDER TODOS OS ESFORÇOS PARA A SUA CONCRETIZAÇÃO, SOB PENA DE VIOLAÇÃO AO DIREITO FUNDAMENTAL MAIOR QUE É A VIDA. A MERA ALEGAÇÃO DE FALTA DE RECURSOS FINANCEIROS, DESTITUÍDA DE QUALQUER COMPROVAÇÃO OBJETIVA, NÃO É HÁBIL A AFASTAR O DEVER CONSTITUCIONAL IMPOSTO AO MUNICÍPIO DE POUSO ALEGRE DE PRESTAR SERVIÇO DE RELEVÂNCIA PÚBLICA CORRELACIONADO COM A ÁREA DE SAÚDE. Assim, a este caso não se aplica a cláusula da Reserva do Possível, seja porque não foi comprovada a incapacidade econômico-financeira da Municipalidade, seja porque a pretensão de fornecimento de medicamentos à população carente se afigura razoável, estando, pois, em plena harmonia com o devido processo legal substancial.271

270 Jurisprudência. Pesquisa realizada em 16 fev. 2015 englobando publicações jurisprudenciais dos Tribunais Brasileiros, pela expressão “reserva do possível”. Pesquisa realizada com a ferramenta Lex Magister.

271 BRASIL, TJMG; AC 1.0525.05.069698-4/002; Pouso Alegre; Quinta Câmara Cível;

Observam-se nesta ementa dois fatores decisivos importantes: a capacidade econômico-financeira do município, e o critério da razoabilidade da pretensão, ambos estritamente característicos da teoria (aqui também chamada de cláusula) da reserva do possível. Decisões de não provimento prestacional, mediante representação do poder público, também podem facilmente serem encontradas:

NECESSIDADE DE MEDICAMENTOS. FALTA DE CONDIÇÕES FINANCEIRAS. DIREITO LÍQUIDO E CERTO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE. GARANTIA DO ARTIGO 196 CF. POLÍTICAS PÚBLICAS. TEORIA DA RESERVA DO POSSÍVEL. RESPONSABILIDADE DO ESTADO RECONHECIDA. O artigo 196 da Constituição Federal estabelece ser a saúde “direito de todos e dever do Estado”, submetido esse direito às políticas públicas, constituindo direito líquido e certo a doação do medicamento de que faz uso o paciente, que não possui condições financeiras de obtê-lo, se o ente público não demonstra a disponibilidade de outros que substituam o buscado.272

A presente decisão já de início clama pela cláusula da reserva do possível, porém modula a necessidade do Estado da realização prestacional perante a possibilidade de prestação alternativa, oferecendo um equilíbrio funcionalista e teleológico ao pedido prestacional. Sem negar ao cidadão o direito requerido, mas, ao mesmo tempo, zelando pelos limites do Estado, temos algo que se assemelha a uma inversão subjetiva na reserva do possível: ao invés da prestação ser modulada pela possibilidade do Estado, sujeitando o cidadão, temos uma prestação modulada pela possibilidade do cidadão, sujeitando o Estado. Tal inversão é particularmente significativa pois demonstra uma inversão de valores, onde a necessidade prestacional toma frente.

Esta tendência, de colocar a necessidade do cidadão à frente da capacidade do Estado, considerando o dever prestacionado como absoluto, é observável: cada vez mais com frequência o judiciário adota a postura de que o dever do Estado deve ser cumprido, e que é a responsabilidade da administração viabilizá-la, no mínimo dentro de uma visão de mínimo existencial, conforme jurisprudência do próprio Supremo Tribunal Federal:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO (LEI Nº 12.322/2010). MANUTENÇÃO DE REDE DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Dever estatal resultante de norma constitucional. Configuração, no caso, de típica hipótese de omissão inconstitucional imputável ao município. Desrespeito à constituição provocado por inércia estatal (RTJ 183/818-819). Comportamento que transgride a autoridade da Lei funda mental da república (RTJ 185/794-796). A questão da reserva do possível: reconhecimento de sua inaplicabilidade, sempre que a invocação dessa cláusula puder comprometer o núcleo básico que qualifica o mínimo existencial

Relª Desª Maria Elza de Campos Zettel; Julg. 13/10/2005; DJMG 18/11/2005272 BRASIL, TJMG; APCV-RN 5041364-40.2009.8.13.0024; Belo Horizonte; Primeira

Câmara Cível; Relª Desª Vanessa Verdolim Hudson Andrade; Julg. 10/08/2010; DJEMG 14/09/2010

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RESERVA DO POSSÍVEL: LIMITES PRESTACIONAIS E OBRIGACIONAIS DO ESTADO

(RTJ 200/191-197). O papel do poder judiciário na implementação de políticas públicas instituídas pela constituição e não efetivadas pelo poder público. A fórmula da reserva do possível na perspectiva da teoria dos custos dos direitos: impossibilidade de sua invocação para legitimar o injusto inadimplemento de deveres estatais de prestação constitucionalmente impostos ao poder público. A teoria da “ restrição das restrições ” (ou da “ limitação das limitações ”). Caráter cogente e vinculante das normas constitucionais, inclusive daquelas de conteúdo programático, que veiculam diretrizes de políticas públicas, especialmente na área da saúde (CF, arts. 6º, 196 e 197). A questão das “ escolhas trágicas ”. A colmatação de omissões inconstitucionais como necessidade institucional fundada em comportamento afirmativo dos juízes e tribunais e de que resulta uma positiva criação jurisprudencial do direito. Controle jurisdicional de legitimidade da omissão do poder público: atividade de fiscalização judicial que se justifica pela necessidade de observância de certos parâmetros constitucionais (proibição de retrocesso social, proteção ao míni mo existencial, vedação da proteção insuficiente e proibição de excesso). Doutrina. Precedentes do Supremo Tribunal Federal em tema de implementação de políticas públicas delineadas na constituiçã o da república (RTJ 174/687. RTJ 175/1212-1213. RTJ 199/1219-1220). Existência, no caso em exame, de relevante interesse social. Recurso de agravo improvido.273

Em face deste julgado, não restam mais dúvidas de que a invocação da reserva do possível não é mais aceita pelos tribunais como uma defesa ampla do Estado perante sua incapacidade econômico-financeira e, ainda, que é papel do judiciário garantir a implementação das políticas públicas instituídas pela constituição.2. MÍNIMO EXISTENCIAL E ESCOLHAS TRÁGICAS

O conceito de reserva do possível está inexoravelmente atrelado, nos dias de hoje, ao conceito de mínimo existencial. Diz-se hoje, mas um embrião desta ideia já estava presente no caso antes mencionado do Tribunal Constitucional Alemão, sob a ideia dos limites do que um cidadão pode exigir do Estado. Porém, perante o modelo constitucional adotado, com uma visão a garantia de direitos humanos e, especialmente relevante aqui, os de segunda geração, era inevitável que esta ideia se consolidasse no denominado mínimo existencial. A consolidação desta ideia, entretanto, não implica em uma definição exata, uma vez que até mesmo o conceito de mínimo essencial muda e evolui. Inicialmente apenas o necessário para sobreviver, perante o princípio da dignidade da pessoa humana este se transmutou em necessário para sobreviver com dignidade. Ainda assim, Torres nos oferece uma definição, se não definitiva, eminentemente funcional:

Há um direito às condições mínimas de existência humana digna que não pode ser objeto de incidência fiscal e que ainda exige prestações estatais positivas.

273 BRASIL, Supremo Tribunal Federal; ARE-AgR 745.745; MG; Segunda Turma; Rel. Min. Celso de Mello; Julg. 02/12/2014; DJE 19/12/2014; Pág. 66

O mínimo existencial não tem conteúdo específico. Abrange qualquer direito, ainda que originariamente não-fundamental (direito à saúde, à alimentação etc.), considerado em sua dimensão essencial e inalienável.274

Aponta ainda, Torres, que tal mínimo se baseia em princípios constitucionais e é diretamente vinculado à ideia de liberdade real (diferenciando da ideia de liberdade como a mera ausência de constrições), sendo inerente à pessoa humana e existindo em uma dimensão pré-constitucional. Esta ideia, continua, não é outorgada pela ordem jurídica, mas sim a condiciona. Corrobora este fato que muitos dos direitos considerados como um mínimo existencial, inclusive a vida digna, constam de tratados internacionais de direitos humanos, alcançando inclusive a própria Declaração Universal dos Direitos do Humanos275, notadamente em seu artigo 25.

Em contrapartida, observa-se que a própria Constituição Brasileira se pauta pelo princípio do equilíbrio orçamentário, aqui sobre a vestimenta da reserva do possível, elencando a necessidade do controle do deficit público. Conforme aponta Torres, “A CF, induvidosamente, aderiu à ideia da necessidade do equilíbrio econômico [...] mas não lhe pretendeu atribuir eficácia vinculante, pois permitiu o endividamento, ainda que limitado”276. Assim, o judiciário novamente volta à difícil situação de navegar entre dois princípios, ambos imprescindíveis e ambos inexoráveis, o que leva a decisões da natureza de escolhas trágicas, como observado no STF:

A destinação de recursos públicos, sempre tão dramaticamente escassos, faz instaurar situações de conflito, quer com a execução de políticas públicas definidas no texto constitucional, quer, também, com a própria implementação de direitos sociais assegurados pela Constituição da República, daí resultando contextos de antagonismo que impõem, ao estado, o encargo de superá-los mediante opções por determinados valores, em detrimento de outros igualmente relevantes, compelindo, o poder público, em face dessa relação dilemática, causada pela insuficiência de disponibilidade financeira e orçamentária, a proceder a verdadeiras “ escolhas trágicas “, em decisão governamental cujo parâmetro, fundado na dignidade da pessoa humana, deverá ter em perspectiva a intangibilidade do mínimo existencial, em ordem a conferir real efetividade às normas programáticas positivadas na própria Lei Fundamental.277

Mais ainda, pois o mínimo existencial transcende a mera dimensão social, atingindo também os direitos de terceira geração, como atentado pelo STJ que, mesmo nesse caso, ainda se vê obrigado a

274 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 17. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2010. p. 69

275 PORTUGAL. United Nations Information Centre. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: <http://www.ohchr.org/EN/UDHR/Pages/Language.aspx?LangID=por>. Acesso em: 17 fev. 2015.

276 TORRES, Ricardo Lobo. Op. cit. p. 124.277 BRASIL, Supremo Tribunal Federal. AG-RE-AgR 639.337; SP; Segunda Turma;

Rel. Min. Celso de Mello; Julg. 23/08/2011; DJE 15/09/2011; Pág. 65

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RESERVA DO POSSÍVEL: LIMITES PRESTACIONAIS E OBRIGACIONAIS DO ESTADO

indicar a possibilidade de não prestação por impossibilidade econômico-financeira, se absoluta:

No caso descrito, não pode haver discricionariedade do poder público na implementação das obras de saneamento básico. A não observância de tal política pública fere aos princípios da dignidade da pessoa humana, da saúde e do meio ambiente equilibrado. 6. Mera alegação de ausência de previsão orçamentária não afasta a obrigação de garantir o mínimo existencial. O município não provou a inexequibilidade dos pedidos da ação civil pública. 7. Utilizando-se da técnica hermenêutica da ponderação de valores, nota-se que, no caso em comento, a tutela do mínimo existencial prevalece sobre a reserva do possível. Só não prevaleceria, ressalta-se, no caso de o ente público provar a absoluta inexequibilidade do direito social pleiteado por insuficiência de caixa.278

A necessidade de caixa é inquestionável. Porém, a falta de recursos só se torna inevitável, em casos como o citado, quando da também citada falta de previsão orçamentária, o que representa uma falha de planejamento. No caso em pauta, relacionado a saneamento básico, não se pode pensar em imprevisibilidade, ainda mais quando uma análise do caso aponta inclusive a necessidade de “limpeza dos esgotos a céu aberto”279. Este último exemplo aponta para uma situação diferente, com a reserva do possível sendo invocada para a não prestação de direitos difusos e coletivos. Não se pode, assim falar de reserva do possível, nem mesmo em um plano abstrato, muito menos de escolhas trágicas.

3. CONSTITUCIONALISMO E POLÍTICAS PÚBLICASA Constituição Brasileira padece do mal das normas

programáticas, normas estas que, no entendimento pátrio, são tratadas como algo desejável, sob uma visão dirigente de implementação dentro das possibilidades. Algo bom, desejável, porém não cogente. Conforme define José Afonso da Silva, normas programáticas são “normas constitucionais através das quais o constituinte (...) limitou-se a traçar-lhes os princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos (...) como programas das respectivas atividades”280. É uma norma teleológica. Porém, a formulação de políticas públicas para a efetivação destes direitos não pode ficar ao bel-prazer da maré política, conforme aponta o Min. Celso de Mello, no julgamento da ADPF/45-DF:

Não obstante a formulação e a execução de políticas públicas dependam de opções políticas a cargo daqueles que, por delegação popular, receberam investidura em mandato eletivo, cumpre reconhecer que não se revela absoluta, nesse domínio, a liberdade de

278 BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. REsp 1.366.331; Proc. 2012/0125512-2; RS; Segunda Turma; Rel. Min. Humberto Martins; DJE 19/12/2014

279 Ibidem.280 SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. 6. ed. São

Paulo: Malheiros, 2002. p. 138.

conformação do legislador, nem a de atuação do Poder Executivo.281

Políticas públicas devem ser implementadas conforme as metas sociais, algo que não pode ficar preso à vontade política de um determinado governo, que são objetivos políticos, mas sim vinculado a vontade política da nação, os direitos em si. Conforme nos ensina Dworkin, só podemos chamar de direitos um objetivo político que “tenha um certo peso contra as metas coletivas em geral”.282 E o que são normas programáticas senão metas coletivas. Assim, pode-se dizer que os objetivos políticos devem, para serem direitos, vincular tais normas. Normas programáticas deixam então de serem meras orientações, algo bom, porém futuro, quando e na medida do possível, e adquirem um caractere mandatório, de orientação e vinculação de políticas públicas em caráter premente. Quando se fala em direito à saúde, isto vincula o Estado no dever de sua concretização, e não apenas uma meta vaga.

A desvinculação da obrigação prestacional estatal do conceito de programabilidade fática, isto é, um gerenciamento da possibilidade orçamentária, trazendo para uma esfera obrigacional imperativa, onde a única escusa aceitável é a total impossibilidade concreta (por exemplo, a total falta de caixa) representa um real potencial de concretização dos direitos fundamentais, sendo a única maneira de se garantir o mínimo existencial dentro do princípio da dignidade humana. Pois se um direito é fundamental, ele é necessário e integra, assim, o universo do mínimo existencial.

4. CONCLUSÃONão obstante as necessidades de equilíbrio orçamentário, a

reserva do possível é um conceito perigoso, pois tenta valorizar de forma objetivo-quantitativa direitos fundamentais, podendo levar a julgamentos como o do caso Mário Martins, onde a juíza despachou:

DH. INDEFIRO O ADIANTAMENTO DE TUTELA REQUERIDO, EIS QUE, CONSOANTE A MELHOR LITERATURA MÉDICA CONSULTADA (http://www.unimedfesp.coop.br/caju/capitulo_29.html), O MEDICAMENTO PLEITEADO NÃO IRÁ CURAR O GRAVE CÂNCER DE CÉREBRO DE QUE SE ACHA ACOMETIDO O REQUERENTE, SERVINDO APENAS PARA PROLONGAR SUA VIDA EM UM OU DOIS MESES. DE TAL SORTE, O ADIANTAMENTO DE TUTELA, SE DEFERIDO, NÃO SÓ SE MOSTRARIA IRREVERSÍVEL, COMO TAMBÉM IMPLICARIA EM DESFALQUE AOS COMBALIDOS COFRES DO MUNICÍPIO E DO ESTADO, CONSIDERANDO O VALOR ASTRONÔMICO DOS FÁRMACOS POSTULADOS E O FATO DE QUE OUTRAS ESFERAS DE ATUAÇÃO PRIORITÁRIA DO EXECUTIVO FICARIAM A DESCOBERTO. INT. CITEM-SE. DEFIRO AJG.283

281 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADPF-45/DF. Brasília, DF. DJ de 4 mai. 2004.282 DWORKIN, Ronald. Levando os Direitos a Sério. Trad. Nelson Boeira. São Paulo,

Martins Fontes, 2002. p. 144.283 BRASIL. Comarca de Nova Petrópolis, RS. Processo n° 11500000396.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RESERVA DO POSSÍVEL: LIMITES PRESTACIONAIS E OBRIGACIONAIS DO ESTADO

Mesmo com o inegável fato do medicamento ser efetivo, conforme consulta da julgadora à literatura (cartilha online), uma vez que o medicamento caro não curaria o câncer, mas apenas prolongar a vida do requerente, em nome do reserva do possível que, apesar de não ser indicada explicitamente, é claramente utilizada no julgamento, indefere o pedido. Em prol do utilitarismo, tal decisão, posteriormente agravada, é tomada utilizando-se de uma “CARTILHA DE APOIO MÉDICO E CIENTÍFICO AO JUDICIÁRIO”. Este despacho citado foi proferido 1 dia útil após a distribuição do processo.

Não há dúvidas das limitações orçamentárias do Estado e seus entes, porém observa-se em uma análise jurisprudencial, como regra, uma total falta de parâmetros para se invocar a reserva do possível. O Estado o invoca de maneira quase automática e, em face de complexidades técnicas (geralmente de natureza médica ou científica), liminares devem ser deferidas ou indeferidas em prazos que impedem qualquer pretensão de análise criteriosa ou decisão técnica, seja da demanda ou da capacidade econômico-financeira Estatal, restando aos julgadores a árdua tarefa de decidir baseado em abstrações e generalismos. Uma determinada doença, em média, tem chance pequena de cura. Municípios de determinado tamanho recebem repasses pequenos para a saúde.

Porém, da mesma forma que pelo fato do Direito Penal tutelar um dos bens mais preciosos existentes, a liberdade, este não pode trabalhar com normas vagas, imprecisas, e se pauta por princípios como o da taxatividade e do in dubio pro reu, em decisões sobre tutela de direitos fundamentais, principalmente quando lidando com os outros dois bens mais preciosos, a vida e a dignidade humana, também tais decisões deveriam se pautar por princípios semelhantes, exigindo do Estado, quando este nega uma prestação, um grau elevado de fundamentação de tal negativa e, na ausência desta, a decisão deve ser sempre em favor do cidadão, em uma analogia do in dubio pro reu. A não prestação deve ser sempre a exceção, a decisão trágica, o ultima ratio, e não uma decisão de base utilitarista e funcionalista, que exime o Estado de sua obrigação fundamental de defesa do mínimo essencial real do cidadão. E nada mais essencial do que a liberdade, a vida e a dignidade. A liberdade, tutelada no Direito Penal, possui regras e princípios próprios de proteção contra a arbitrariedade estatal. Já a vida e a dignidade, fora de um plano principiológico de mandado de optimização284 (uma corrupção do modelo Alexyano, que diz que devem ser realizados “na maior medida possível, dadas as possibilidades legais e fáticas”285), são frequentemente

Julgador: Marisa Gatelli. 12 jan. 2015. Disponível em: <http://www.tjrs . jus.br/si te_php/consulta/consulta_despacho.php?entrancia=%201&comarca=nova_petropolis&Numero_Processo=11500000396&num_movimento=11&nomecomarca=Nova%20Petr%F3polis&orgao=Vara%20Judicial%20:%201%20/%201&code=8528>. Acesso em: 18 fev. 2015.

284 SIMIONI, Rafael L. Curso de Hermenêutica Jurídica Contemporânea: do positivismo clássico ao pós-positivismo jurídico. Curitiba: Juruá, 2014. p. 276

285 Cf. ALEXY, Robert. Constitutional Rights, Balancing, and Rationality. Ratio Juris,

dizimados perante teorias como da reserva do possível e um modelo econômico-financeiro estatal de base neokeynesiana.

Quanto a decisão anterior sobre o caso Mário Martins, a mesma foi reformada pelo Dr. Franklin de Oliveira Netto, em despacho e, devido a sua relevância, é aqui transcrito na íntegra:

Vistos, etc. Melhor compulsando os autos, não obstante o r. entendimento exarado pela colega substituta, entendo que o autor faz jus ao recebimento do fármaco postulado. Ainda que o requerente tenha juntado orçamento no valor de R$362,621,40, existe outro documento (fl. 29) indicando a possibilidade de implementação do tratamento (6 ciclos) ao custo de R$72.520,68. Embora o tratamento apresente custo elevado, não se mostra demasiado ao ponto de levar os cofres públicos à falência. Em contrapartida, estando em questão a vida de um ser humano, pressupostos de ordem meramente econômica não justificam a negativa de um direito garantido constitucionalmente, até porque pacífica a jurisprudência no sentido de atribuir ao Poder Público a obrigação de fornecer medicamentos essenciais à sobrevivência das pessoas necessitadas. Creio que hodiernamente e sob o manto dos princípios fundamentais insculpidos em nossa Lei Maior, não é mais possível isentar o Poder Público de suas obrigações para com o cidadão. Nesse sentido: Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. SAÚDE PÚBLICA. TRATAMENTO DE NEOPLASIA MALIGNA DO ENCÉFALO. GLIOBLASTOMA. FÁRMACO TEMOZOLOMIDA. PRELIMINAR DE NULIDADE DE SENTENÇA. NÃO OCORRÊNCIA. OBRIGAÇÃO DO ESTADO PELO ENCAMINHAMENTO AO CACON. 1. Não há falar em negativa de incidência do artigo 109, inciso I, da CF e da Súmula 150 do STJ, porquanto o reconhecimento da responsabilidade solidária dos entes públicos, incluindo-se a União, não determina a formação do litisconsórcio passivo necessário e a extrapolação da competência da Justiça Federal para processamento e julgamento do feito. 2. Nada impede que o cidadão postule medicação a qualquer dos entes públicos, mesmo que o fármaco requerido seja fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), todavia, o Estado deve encaminhar o autor aos Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACONS) para a realização do tratamento. 3. É direito de todos e dever do Estado promover os atos indispensáveis à concretização do direito à saúde, tais como fornecimento de medicamentos, realização de exames, acompanhamento médico e cirúrgico, quando não possuir o cidadão meios próprios de adquiri-los. 4. Despicienda a tese sempre alegada acerca da ausência de previsão orçamentária para o fornecimento do medicamento, visto que empecilhos dessa natureza não prevalecem frente à ordem constitucionalmente estatuída de priorização da saúde. PRELIMINAR REJEITADA E APELAÇÃO DESROVIDA. (Apelação Cível Nº 70050061456, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Arno Werlang, Julgado em 19/12/2012) O autor é pessoa sem condições financeiras para implementar o necessário tratamento de saúde. Segundo a exordial, apresenta quadro clínico de NEOPLASIA MALIGNA DO ENCÉFALO ¿ CID C71, que se não tratado

Oxford, v.16 n.2 p.131-140. Jun. 2003. Disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/tablas/a63.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2015. Tradução livre de: “requiring that something be realized to the greatest extent possible, given the legal and factual possibilities”

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO RESERVA DO POSSÍVEL: LIMITES PRESTACIONAIS E OBRIGACIONAIS DO ESTADO

com o medicamento adequado poderá lhe acarretar complicações de saúde e até mesmo a morte. Desse modo, necessita usar o remédio Temozolomida por seis ciclos de quatro semanas cada um, cujo valor supera os rendimentos próprios e da família. O não uso certamente agravará seu quadro e poderá levá-lo ao óbito. Por isso, não poderá aguardar o término do processo. Presentes, pois, os pressupostos do artigo 273 do Código de Processo Civil, reconsidero a decisão da fl. 38 e DEFIRO a tutela antecipada, aos efeitos de determinar que os requeridos passem a fornecer ao autor o fármaco Temozolomida, conforme pedido liminar da fl. 05, ou medicamento genérico com o mesmo princípio ativo, e de acordo com o receituário juntado à fl. 11, devendo ser observadas a periodicidade, dosagem e quantidade indicadas. Citem-se e intimem-se, advertindo os representantes dos requeridos de que o cumprimento deverá ser imediato, bem como que o não atendimento a ordem judicial acarretará no sequestro dos valores necessários para a aquisição da referida medicação. Intimem-se, também, os Secretários Estadual e Municipal da Saúde por fax ou e-mail. Comunique-se ao TJRS a modificação da decisão agravada. Dil.286

Perante a reforma da sentença, o agravo de instrumento impetrado ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul foi considerado prejudicado, uma vez que a tutela objetiva foi alcançada. Ofício, mandado e carta precatória foram expedidos 1 dia útil (18 de janeiro de 2015) após a nova decisão.

REFERÊNCIASALEXY, Robert. Constitutional Rights, Balancing, and Rationality. Ratio Juris, Oxford, v.16 n.2 p.131-140. Jun. 2003. Disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/tablas/a63.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2015.BRASIL. Comarca de Nova Petrópolis, RS. Processo n° 11500000396. Julgador: Franklin de Oliveira Netto. 13 fev. 2015. Disponível em: <http://www.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_despacho.php?entrancia=%201&comarca=nova_petropolis&Numero_Processo=11500000396&num_movimento=21&nomecomarca=Nova%20Petr%F3polis&orgao=Vara%20Judicial%20:%201%20/%201&code=8410>. Acesso em: 18 fev. 2015._____. Comarca de Nova Petrópolis, RS. Processo n° 11500000396. Julgador: Marisa Gatelli. 12 jan. 2015. Disponível em: <http://www.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_despacho.php?entrancia=%201&comarca=nova_petropolis&Numero_Processo=11500000396&num_movimento=11&nomecomarca=Nova%20Petr%F3polis&orgao=Vara%20Judicial%20:%201%20/%201&code=8528>. Acesso em: 18 fev. 2015._____. Constituição da República Federativa do Brasil: Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988. Brasília, DF. 1988._____. Supremo Tribunal de Justiça. REsp 1.366.331; Proc. 2012/0125512-2;

286 BRASIL. Comarca de Nova Petrópolis, RS. Processo n° 11500000396. Julgador: Franklin de Oliveira Netto. 13 fev. 2015. Disponível em: <http://www.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_despacho.php?entrancia=%201&comarca=nova_petropolis&Numero_Processo=11500000396&num_movimento=21&nomecomarca=Nova%20Petr%F3polis&orgao=Vara%20Judicial%20:%201%20/%201&code=8410>. Acesso em: 18 fev. 2015.

RS; Segunda Turma; Rel. Min. Humberto Martins; DJE 19/12/2014_____, Supremo Tribunal Federal. AG-RE-AgR 639.337; SP; Segunda Turma; Rel. Min. Celso de Mello; Julg. 23/08/2011; DJE 15/09/2011; Pág. 65_____, Supremo Tribunal Federal; ARE-AgR 745.745; MG; Segunda Turma; Rel. Min. Celso de Mello; Julg. 02/12/2014; DJE 19/12/2014; Pág. 66_____. Supremo Tribunal Federal. ADPF-45/DF. Brasília, DF. DJ de 4 mai. 2004._____, TJMG; AC 1.0525.05.069698-4/002; Pouso Alegre; Quinta Câmara Cível; Relª Desª Maria Elza de Campos Zettel; Julg. 13/10/2005; DJMG 18/11/2005_____. TJMG; APCV-RN 5041364-40.2009.8.13.0024; Belo Horizonte; Primeira Câmara Cível; Relª Desª Vanessa Verdolim Hudson Andrade; Julg. 10/08/2010; DJEMG 14/09/2010DWORKIN, Ronald. Levando os Direitos a Sério. Trad. Nelson Boeira. São Paulo, Martins Fontes, 2002._____. Uma Questão de Princípio. São Paulo: Martins Fontes, 2000.CALIENDO, Paulo. Reserva do possível, direitos fundamentais e tributação. In: SARLET, Ingo Wolfgang. TIMM, Luciano Benetti (Org.). Direitos fundamentais, orçamento e reserva do possível. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008HART. H. L. A. O Conceito de Direito. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.PORTUGAL. United Nations Information Centre. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: <http://www.ohchr.org/EN/UDHR/Pages/Language.aspx?LangID=por>. Acesso em: 17 fev. 2015.SARLET, Ingo W. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 11. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2002. SIMIONI, Rafael L. Curso de Hermenêutica Jurídica Contemporânea: do positivismo clássico ao pós-positivismo jurídico. Curitiba: Juruá, 2014.TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 17. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2010.

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291

PROCESSO E LITIGÂNCIA DE INTERESSE PÚBLICO

Dierle Nunes287

Alexandre Bahia288

Renata Gomes289

Rafaela Assis290

INTRODUÇÃOApós a derrota dos projetos autoritários do século XX, emergiu,

vitoriosa a ideologia do Constitucionalismo democrático que conjuga a ideia da limitação do poder Estatal pelos direitos e garantias fundamentais, com a emersão da soberania popular no espaço decisório traduzida pela vontade da maioria, bem como embasa uma organização social que preza a coexistência de cidadãos livres e com direitos iguais291.

Nesse contexto, a Constituição de 1988 adotou como seu objetivo a consolidação e efetivação dos direitos e garantias fundamentais sociais e individuais. Porém, o Estado, desaparelhado para cumprir com tal objetivo, não foi capaz de elaborar e efetivar políticas públicas que direcionassem a prestação de serviços para tal fim. Dessa forma, surgiu um problema de acesso à justiça, não como o acesso ao judiciário institucionalizado, mas como a impossibilidade de que os cidadãos tenham acesso aos direitos que lhes foram garantidos constitucionalmente.Tal falha política desencadeou a judicialização de diversas questões, criando demandas judiciais em larga escala, sobrecarregando a, também parca, estrutura judiciária.

O Processo Civil foi criado e durante muito tempo foi instrumento para resolver demandas de índole privada.292 Porém, passou a possuir utilidade para a obtenção e efetivação de direitos fundamentais desenvolvendo uma índole de direito público. Em alguns países, como a Índia, o Chile e os Estados Unidos, o Processo Civil desempenhou um papel de garantir acesso à justiça em seu sentido mais intrínseco, possibilitando o acesso à efetivação do Direito.

Fundações e ONG’s espalhadas pelo mundo realizam o trabalho

287 Doutor em Direito pela PUC-Minas. Professor Adjunto na UFMG e PUC-Minas. Advogado.

288 Doutor em Direito pela UFMG. Professor Adjunto na UFOP e IBMEC-BH. Advogado.

289 Mestranda em Direito com área de concentração em Constitucionalismo e Democracia pela Faculdade de Direito do Sul de Minas. Professora. Endereço eletrônico: [email protected].

290 291 BARROSO, Luís Roberto. O novo direito constitucional brasileiro: contribuições

para a construção teórica e prática da jurisdição constitucional no Brasil. Belo Horizonte: Fórum, 2012. P. 25

292 NUNES, Dierle et al. Curso de direito processual civil: fundamentação e aplicação. Belo Horizonte: Fórum, 2013. p. 34.

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292 293

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de “litigância de ação social” ou “advocacia de causa social”293. Estes grupos procuram usar os tribunais a fim de auxiliar na produção de mudanças políticas sistemáticas na sociedade em favor de indivíduos que são membros de grupos sub-representados e desprivilegiados – mulheres, pessoas de baixa renda, grupos étnicos, minorias religiosas e minorias sexuais. Com o fim do Estado de Bem-Estar Social no final do século passado vem ocorrendo um redesenho do Estado, que oscila entre um retraimento de viés “neoliberal” e uma versão democrática conhecida como Estado Democrático de Direito.

De qualquer forma, os direitos fundamentais, desde então, passam a ser concebidos não mais como limites do Estado (como no Estado Liberal clássico) nem como prestações unilaterais do Estado (como no Welfare State). Mecanismos de busca pelos direitos se ampliam ou são criados novos (como o Mandado de Segurança Individual e sua versão Coletiva, o Mandado de Injunção, o Habeas Data, ação popular, ação civil pública, ações civis coletivas do CDC, etc.). Além disso, os próprios direitos fundamentais se transformam já não sendo concebidos apenas como direitos individuais ou coletivos/sociais: passam também a ser concebidos como direitos difusos – e é principalmente quanto a estes (ou, quanto à consideração dos direitos fundamentais sob tal viés) que a atuação de ONG’s será decisiva para a transformação do Processo Civil; de forma que a “ativação” dos direitos fundamentais é colocada em corresponsabilidade entre Estado e sociedade civil organizada294.

É dessa possibilidade de alcance do Processo Civil e da litigância

293 Observa Davigno que a nova configuração da “cidadania” possuiria duas dimensões: a emergência de movimentos sociais (e sua luta pelo reconhecimento tanto da igualdade quanto da diferença) e a ênfasecrescente na construção da democracia. “A nova noção de cidadania expressa o estatuto teórico e político que assumiu a questão da democracia em todo o mundo, especialmente a partir da crise do socialismo real” (DAVIGNO, Evelina (org.). Os Movimentos Sociais e a Emergência de uma Nova Noção de Cidadania. In:DAVIGNO, Evelina. Anos 90: Política e Sociedade no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 104). A autora mostra que a cidadania (autonomia pública) é algo construído historicamente; como exemplo dessa nova atuação cidadã, aponta o funcionamento dos Conselhos Populares como espaços (públicos) onde o conflito, ao invés de ser tido como algo “ruim”, ao contrário, é tratado como elemento necessário, legítimo e irredutível, já que o Direito está sob constante reinterpretação, devido ao debate constante e aberto (idem, p. 114-115).

294 “A proposta do Estado Democrático de Direito parte de pressupostos bem distintos dos que o sucederam. Defende-se que o reconhecimento dos direitos individuais representou um avanço para a época; que a busca por sua materialização é importante; mas se percebe que, se o mero reconhecimento formal não é suficiente para garantir a autonomia privada dos cidadãos, sua materialização pura e simplesmente em direitos “sociais” (ou até as sofisticações representadas pelos novos direitos “difusos”) não garante a construção de uma autonomia pública plena (...). Somente através de espaços de discussão pública, formais ou não, em que se assegure igual participação de diferentes grupos, agindo discursivamente é que se poderá lidar com as desigualdades. Cidadania é um processo (de participação política) e, tal qual a democracia, um aprendizado. Não há pré-requisitos para a cidadania”(BAHIA, Alexandre Melo Franco. A Interpretação Jurídica no Estado Democrático de Direito: contribuição a partir da teoria do discurso de jürgen habermas. In: OLIVEIRA, Marcelo Andrade Cattoni de (Coord.). Jurisdição e hermenêutica constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 2004, p. 315).

contra a ineficiência do Estado que se trata este trabalho.

1. A LITIGÂNCIA DE INTERESSE PÚBLICO 1.1 Modelo experimentalista de Sabel e Simon

Em 2004, Charles Sabel e William Simon publicaram o artigo intitulado “Destabilization Rights: How Public Law Litigation Succeeds”, em que apresentaram um modelo aproximado da leitura Chayesiana, como uma alternativa para a compreensão do desenvolvimento e das mudanças do sistema legal norte-americano.295

A perspectiva do experimentalismo propostas pelos professores de Harvad Sabel e Simon combina normas mais flexíveis e provisionais com procedimentos para a participação das partes e supervisão das medidas adotadas, além de permitir a revisão de tais medidas a fim de torná-las mais adequadas, caso se mostrem insuficientes. Na maioria dos casos, as decisões expressam objetivos que as partes pretendem alcançar, ao mesmo tempo em que, especifica parâmetros e procedimentos para monitorar a performance das instituições atingidas pela decisão.296O desempenho das instituições é medido em relação à expectativas das partes, bem como em comparação às demais instituições.

Essa perspectiva institucionaliza um processo de constante aprendizado e aprimoramento das decisões. A regulação por meio do experimentalismo é característica de uma administração governamental diversificada e multidisciplinar, tornando o processo decisório em um Tribunal muito menos hierarquizado (pelo poder do juiz) e mais aberto, permitindo a colaboração mesmo de pessoas que não compõem a lide, a fim de se buscar uma solução mais ajustada e legítima ao problema de ordem pública297.

Nesse caso, ao mesmo tempo em que os poderes do juiz diminuem, ele se torna mais envolvido na reconstrução das instituições públicas, tendo em vista que não haverá uma decisão tomada apenas pela sua atuação (solitária e centralizada), mas o resultado da decisão será construído em conjunto, determinado pela conjunção das partes e assistentes envolvidas no processo.

As cortes se tornam mais envolvidas porque a perspectiva experimentalista contempla um processo contínuo de participação e auto-revisão mais do que a atuação singular do juiz. Por outro lado, as cortes se envolvem menos no litígio uma vez que a responsabilidade pelo resultado do julgamento não é mais apenas do juiz, mas dos atores que 295 SABEL, Charles F.; SIMON, William H. Destabilization Rights: How Public Law

Litigation Succeeds. Harvard Law Review. v.117, p.1018-1020, 2004. Disponível em:<http://www2.law.columbia.edu/sabel/Destabilization%20Rights%20%20Westlaw.doc> Acesso em: 11 dez. 2011.p1015.

296 SABEL, Charles F.; SIMON, William H.DESTABILIZATION RIGHTS: HOW PUBLIC LAW LITIGATION SUCCEEDS. IN: Harvard Law Review. Harvard Law Review: 2004, v.117.p.1016. P 1019

297 OP cit. p. 1019

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contribuíram para a composição da solução encontrada, de modo que, ao menos acapacidade de ingerência da corte e o risco para a legitimidade política da decisão são menores298.

A perspectiva experimentalista de solução de litígios interpreta a litigância de interesse público como uma instância nuclear dos chamados “destabilization rights”299, que são ações propostas para destrinchar e abrir instituições públicas que têm falhado cronicamente em cumprir suas obrigações e que permaneceram substancialmente imunes às medidas políticas tradicionais. 300

O efeito inicial da intervenção dos tribunais nessas questões institucionais é desestabilizar as expectativas das partes, tendo em vista as possibilidades políticas, cognitivas e psicológicas da colaboração experimentalista. O regime de padrões e monitoramento, que geralmente é o resultado do litígio, permite essa desestabilização e o conhecimento que a cooperação entre partes produz, para continuar com as mudanças almejadas.301

Esse efeito de desestabilizar assegura os direitos dos cidadãos ao romper a estrutura interna das instituições permitindo que a hierarquia tradicional entre administração e administrados seja quebrada em prol de uma solução judicial que se aproxima muito mais de uma composição do que de um litígio, tendo em vista o interesse público e os direitos coletivos em pauta nos litígios de interesse público.

Os litígios de “desestabilization rights” se desdobram em dois momentos. Primeiro, a declaração da responsabilidade pelo direito violado constante do objeto da lide; depois a tentativa de negociação e determinação de medidas experimentalistas de reparação302 não apenas daquele dano, mas de toda a política institucional daquele organismo estatal que causou o dano, por problemas crônicos em seu funcionamento. Há que se ressaltar, que as determinações que surgem desse tipo de litígio são contínuas, programáticas e intensamente monitoradas até a assunção dos objetivos almejados.

Nesse caso, as negociações cumprem um papel fundamental, sendo que não apenas as partes figuram como atores na busca pela melhor solução, mas também é possível a participação de agentes extrajudiciais como peritos, mediadores, outros juízes, líderes comunitários, experts em geral e

298 SABEL, Charles F.; SIMON, William H.DESTABILIZATION RIGHTS: HOW PUBLIC LAW LITIGATION SUCCEEDS. IN: Harvard Law Review. Harvard Law Review: 2004, v.117.p.1020

299 Ou direitos de desestabilização. Os “Desestabilization Rights” tratam de uma espécie de revisão das instituições da Administração Pública através do judiciário. Ações são propostas a fim de desestabilizar o funcionamento de determinadas instituições que prejudicam os administrados por falharem cronicamente em suas funções, de modo que tais ações desencadearão medidas para diagnóstico dos problemas e reestruturação através de ordens e monitoramento judicial.

300 OP cit.p.1021301 OP cit.p.1021302 OP cit.p.1067

juristas. Ao final dessas negociações, busca-se, a partir da apresentação das razões das partes, um consenso que beneficie não apenas os envolvidos, mas toda coletividade envolvida em atos de violação de direitos, de modo a encontrar uma resposta que reestruture e reorganize a instituição pública em litígio, evitando posteriores danos a outros cidadãos.

Ainda que o consenso não seja atingido, os padrões de diálogo adotados em tal modelo de litígio, entre as partes, mediadores, assistentes extrajudiciais e o juiz, contribuem para uma melhor solução para a reparação dos danos.303

Sendo assim, por vários motivos o modelo experimentalista é mais adequado para dar resposta aos litígios de interesse público. Inicialmente porque o fato das determinações judiciais serem programáticas abre a possibilidade de revisão das medidas adotadas ao contrário da rigidez do comando-e-controle de Chayes. Ademais, o fato dos agentes administrativos estarem presentes na construção da lide e participarem da geração das soluções mais adequadas, torna aquela medida final adotada mais facilmente executável por tais agentes, que em geral, terão mais compromisso com o cumprimento das determinações. Ainda, a publicidade dos diálogos que envolvem a solução do litígio de interesse público, podem mover os cidadãos a participarem mais do processo decisório e contribuírem mais ativamente na fiscalização das organizações públicas.

2. A ESTRUTURA PROCESSUAL BRASILEIRA E ALGUMAS EXPERIÊNCIAS DE LITIGÂNCIA DE

INTERESSE PÚBLICOApós o fim do regime ditatorial no Brasil, a Constituição de 1988

introduziu a Constitucionalização do Direito no Brasil, tornando o Texto Maior, não mais um devaneio de direitos programáticos e indisponíveis, mas sim um conjunto de direitos e garantias fundamentais palpáveis, dotados de força e normatividade.

Nesse contexto de transição, a jovem Democracia Constitucional brasileira ainda vacila e coloca à prova os poderes do Estado, de modo que, em semelhança a alguns dos exemplos de litigância de interesse público trazidos acima, os cidadãos brasileiros também precisaram de recorrer ao judiciário para obter direitos básicos, garantidos pela Constituição, que os poderes responsáveis não foram capazes de prover.

Sendo assim, faz-se necessário analisar o perfil dessas demandas, verificar as falhas governamentais e institucionais que desencadearam tais litígios, bem como averiguar o tratamento dado a essas questões pelo judiciário nacional, principalmente pelo Supremo Tribunal Federal, o guardião do texto Constitucional.

303 SABEL, Charles F.; SIMON, William H.DESTABILIZATION RIGHTS: HOW PUBLIC LAW LITIGATION SUCCEEDS. IN: Harvard Law Review. Harvard Law Review: 2004, v.117.p.1016P1070

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2.1. Panorama das demandas judiciais no país Em relatório divulgado pelo CNJ no início de 2012304, referente

às ações ajuizadas entre janeiro e outubro de 2011, ficou clara a preponderância de litígios contra ou promovidos pelo Estado no sistema jurídico Brasileiro. Tal relatório aponta que o Setor público Federal é responsável por 12,14% dos litígios totais do Brasil, bem como 83,19% dos litígios que tramitam na Justiça Federal305, sendo que o INSS é o maior litigante das Justiças Estadual e Federal, tratando-se de litígios de Primeiro Grau. A Fazenda Nacional e os Estados em geral também são importantes atores no sistema judicial brasileiro.

Nos litígios que envolvem os Setores Públicos Estadual e Federal, responsáveis pela efetivação da maioria das políticas públicas, os processos em que esses entes figuram no polo passivo superam o ativo, sendo que dos 7,5% dos processos em que o Setor Público Federal litiga, 2,2% representam aqueles em que este ente figura no polo ativo, sendo que nos outros 5,3% o Setor público Federal litiga como polo passivo. O mesmo ocorre com o setor público Estadual, que representa 4,3% de todas as demandas do país, sendo que apenas 1,8% representam polo ativo e 2,5% polo passivo306.

Os seguintes gráficos, retirados de Relatório do CNJ divulgado em março de 2012307, demonstram um panorama geral das ações das justiças estadual, federal e do trabalho, dividindo os processos ajuizados entre polo ativo e passivo, demonstrando que os Setores Públicos Federal e Estadual não apenas estão entre a lista dos maiores litigantes do país, como são mais demandados do que demandam.

304 Conselho Nacional de Justiça. 100 maiores Litigantes. Departamento de Pesquisas Judiciárias, CNJ: 2012.

305 Conselho Nacional de Justiça. 100 maiores Litigantes. Departamento de Pesquisas Judiciárias, CNJ: 2012.p.8

306 OP cit. p.10307 OP cit. p.10

Listando-se os 10 maiores litigantes do ano de 2011, percebe-se que setores do Estado estão sempre entre os atores mais frequentes das justiças Estadual, Federal e do Trabalho, como se depreende da tabela abaixo308, com ênfase para as questões previdenciárias, visto que além de ser o campeão de litigância nos juizados especiais, o INSS também representa grande parte dos litígios da justiça não especializada de 1º grau.

Outro relatório divulgado pelo CNJ em 2011 sobre “Demandas Repetitivas e Morosidade” aponta que os principais problemas que causam a litigância em matéria previdenciária são: o excesso e a complexidade das instruções normativas dos órgãos do Ministério da Previdência, causando problemas de interpretação das Resoluções e consequentes litígios; a falta de tentativa de conciliação; e falta de uniformização jurisprudencial consoante a matéria previdenciária, abrindo espaço para discussão judicial das controvérsias jurisprudenciais309.

Grande parte dessa demanda contra o Estado deflui da violação de direitos pelo setor público ou da regulamentação deficiente da legislação existente, gerando “zonas cinzentas” de direitos controversos que podem gerar uma aparente violação a direitos.310

Parte desse litígio contra o Estado trata, materialmente, de Litigância de Interesse Público, abrangendo diversas temáticas como a já apontada questão previdenciária, reivindicação de servidores públicos, fornecimento de medicamentos, moradia, questão fundiária, entre outras.

Os desafios enfrentados pelo Brasil em matéria de Litigância de Interesse Público possuem discrepâncias e semelhanças em relação à realidade dos outros países aqui apresentados.308 OP cit. p. 15309 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. “Demandas Repetitivas e a Morosidade na

Justiça brasileira”. Departamento de Pesquisas Judiciárias, CNJ: 2011. p. 25310 OP cit. p. 5

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Como exemplo de divergência apresenta-se a litigância de interesse público na Índia, onde o acesso à justiça ainda é uma questão muito séria, demandando o ativismo e a jurisdição epistolar a fim de reduzir o abismo que há entre grande parte da população e o judiciário.

Já no Brasil a situação de acesso à justiça é diverso do indiano, sendo que desde a redemocratização do país e a previsão de ‘acesso’ na Constituição, o número de litígios propostos, sobremaneira litígios contra o Estado, apresentou um crescimento exponencial, sendo que continua aumentando a quantidade da população que aciona o judiciário.

Ocorre que em face das deficiências do sistema de assistência jurídica aos pobres e do descumprimento de direitos fundamentais, o acesso à justiça no Brasil ainda se encontra muito longe do ideal apesar dos números alarmantes e das já altíssimas taxas de congestionamento judicial.

Ademais, atualmente diversos fatores contribuem para o aumento da litigiosidade, entre eles a confiança do brasileiro nas instituições destinadas à promoção da justiça que nos mostra que perante a existência de conflito o brasileiro busca solução judicial e encontra acesso ao judiciário. 311

Não obstante os índices de busca de soluções judiciárias sejam consideráveis, segundo relatório do CNJ312, ainda existem minorias que diante de um conflito não acessam a justiça ou outra forma de resolução de conflitos por falta de conhecimento, por falta de recursos financeiros ou devido a baixa escolaridade:313

Desse modo, mesmo que o acesso à justiça não se assemelhe ao grande problema enfrentado na Índia, o fato de haver defensorias públicas, núcleos privados de atendimento gratuito e isenção de custas judiciais, tudo isso ainda não impede que o acesso à justiça tenha custos e impeça parcela da população de acionar o judiciário314.

Como exemplo de semelhança entre os países apresentados, está o fato de que no Brasil, assim como na Argentina não há uma organização e comprometimento do Judiciário ou da sociedade civil em torno das questões de Litigância de Interesse Público, envolvendo litígios sobre a violação de direitos ou de garantias fundamentais.

No Brasil existe a Litigância de Interesse Público, porém, falta mobilização específica para litígios dessa natureza por parte do judiciário e das diversas entidades que poderiam se organizar melhor para solucionais tais litígios, sendo que os processos de interesse público315 são tratados como quaisquer outros litígios, resolvendo-se

311 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. “Panorama do acesso à justiça no Brasil, 2004 a 2009”. Departamento de Pesquisas Judiciárias, CNJ: 2011.p.11

312 OP cit. p. 11313 OP cit. p.12/15314 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. “Panorama do acesso à justiça no Brasil,

2004 a 2009”. Departamento de Pesquisas Judiciárias, CNJ: 2011.p 15315 O interesse público aqui não tem o sentido de um interesse superior da Administração

sobre o particular, como defende parte da doutrina Administrativista, mas sim o interesse e o dever que o Estado tem de cumprir os objetivos do Estado e as determinações da

judicialmente o caso e não o problema sistêmico. Na atualidade a ciência processual precisa lidar, de modo a viabilizar uma aplicação legítima e eficiente (efetividadenormativa), com três tipos de litigiosidade: a) individual ou “de varejo”: sobre a qual o estudo e dogmática foram tradicionalmente desenvolvidos, envolvendo alegações de lesões e ameaças a direito isoladas; b) a litigiosidade coletiva: envolvendo direitos coletivos, difusos e individuais homogêneos, nos quais se utilizam v.g. procedimentos coletivos representativos, normalmente patrocinados por legitimados extraordinários (órgão de execução do MP, Associações representativas etc.) mediante as Class Actions, Defendant Class Actions, Verbandsklage etc.; e c) em massa ou de alta intensidade: embasadas prioritariamente em direitos individuais homogêneos que dão margem à propositura de ações individuais repetitivas ou seriais, que possuem como base pretensões isomórficas, com especificidades, mas que apresentam questões (jurídicas e/ou fáticas) comuns para a resolução da causa.316

É extremamente difícil a criação de uma dogmática de tratamento comum dos três tipos de litígio sob pena de inviabilizar uma aplicação jurídica consentânea com o modelo constitucional de processo.A título exemplificativo, o tratamento das demandas repetitivas seguindo os moldes das demandas individuais gera inúmeros problemas, dos quais podemos citar pelo menos dois: I) abarrotamento dos juízos de demandas idênticas ou similares, com possível contraste de decisões e eventual tratamento diferenciado das partes em presença da mesma lesão; II) diversidade de defesa técnica entre os litigantes habituais e eventuais.317

O judiciário oferece uma contraprestação àquelas partes específicas e essas não se preocupam com uma mudança conjuntural das práticas estatais, sendo que ainda falta a uniformização jurisprudencial de diversas questões que evitariam litígios desnecessários e contribuiriam para mudanças efetivas.

Tal desorganização gera a proposição de inúmeras demandas repetitivas de casos idênticos, propostas separadamente perante o mesmo juízo, promovendo a expansão da advocacia massiva contenciosa e sobrecarregando a justiça com números ao invés de ocupá-la com a qualidade de uma ação coletiva bem feita, com ampla discussão e compromisso das partes com uma solução estrutural para os problemas apresentados.

E, em países como o Brasil, nos quais não são asseguradas políticas públicas adequadas de obtenção de direitos fundamentais, a litigância de interesse público318 que consiste num dos fatores determinantes

Constituição, protegendo direitos e garantias fundamentais em prol da coletividade. Sobre o debate acerca da configuração do “interesse público” no Estado Democrático de Direito ver: BAHIA, Alexandre Melo Franco. Recursos extraordinários no STF e no STJ: conflito entre interesses público e privado. Curitiba: Juruá, 2009.

316 MENCHINI, SERGIO. Azioni seriali e tutela giurisdizionale: aspetti critici e prospettive ricostruttive. In: Atti del Incontro di Studi: le azioni Seriali do Centro Interuniversitario di Studi e Ricerche sulla Giustiza Civile Giovani Fabbrini, junto da Università di Pisa, 04 e 05 de maio 2007.

317 MENCHINI, SERGIO. Azioni seriali e tutela giurisdizionale: aspetti critici e prospettive ricostruttive. cit.

318 CAPONI, Remo. Modelli europei di tutela collettiva nel processo civile: esperienze

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da geração de demandas repetitivas, não constitui uma exceção, mas, sim uma regra, de modo a conduzir inúmeras pessoas à propositura de demandas envolvendo pretensões isomórficas (v.g. contra o poder público), que merecem um tratamento diferenciado e legítimo.

Como já aqui tratado a Litigância de Interesse público tem diversas motivações ao redor do mundo. Nos Estados Unidos esse tipo de litigância inicialmente pretendia precipitar a mudança social; enquanto na Índia a motivação é pela efetivação dos direitos existentes e não cumpridos, além da defesa de uma minoria alijada do processo decisório; já na Nigéria há a busca por liberdades fundamentais e direitos básicos ainda violados pela longa tradição autoritária.

No Brasil os litígios de direito público são motivados pela crise das instituições e uma consequente compensação sistêmica sobre o judiciário. Tal crise consiste na deficiência do Poder Executivo em promover as políticas públicas necessárias para garantia de direitos fundamentais319 e na falta de agenda política do Legislativo que, por vezes, se esquiva de questões de alto impacto, recaindo sobre o poder judiciário o papel de decisão que deveria ser do Parlamento ou da Administração Pública.

A Constituição de 1988 consagra como direito fundamental o acesso amplo à justiça, de modo que, no quadro de tripartição dos poderes, quando qualquer um deles não cumpre seu papel constitucional, é faculdade dos cidadãos procurar resposta no poder judiciário.

Quando o poder executivo deixa de promover políticas públicas para garantir o acesso da população à moradia, educação, tratamento médico, medicamentos, saneamento, bem como diversos serviços e direitos fundamentais assegurados pela Constituição de 1988, inúmeros litígios são gerados para obtenção de tais direitos.

Um exemplo da falha do executivo é a emblemática judicialização da saúde320, em que, por falta de políticas públicas adequadas de acesso a tratamentos médicos, medicamentos e um ambiente saudável, diversos cidadãos precisam procurar a justiça, literalmente para sobreviver, dependendo de uma decisão judicial para que não pereçam pela inércia do poder executivo.

Do mesmo modo, parte das demandas que tramitam no Congresso Nacional a respeito de direitos fundamentais, sem resposta há muito tempo, coincidem com muitas das ações que têm sido levadas aos Tribunais321, demonstrando que a ineficiência do legislativo também

tedesca e italiana a confronto. In: Atti del Incontro di Studi: le azioni Seriali do Centro Interuniversitario di Studi e Ricerche sulla Giustiza Civile Giovani Fabbrini, junto da Università di Pisa, 04 e 05 de maio 2007.

319 NUNES, Dierle; BAHIA, Alexandre Melo Franco; THEODORO, Humberto Júnior. Breves Considerações sobre a politização do Judiciário e sobre o panorama de aplicação no direito brasileiro – Análise da convergência entre o Civil Law e o Common Law e dos problemas da padronização decisória. Revista de Processo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, v.189.p. 14.

320 NUNES, Dierle et al. Curso de Direito Processual Civil: fundamentação e aplicação. Belo Horizonte: Fórum, 2011, p.37.

321 Idem. p.35

repercute na compensação sistêmica que leva ao judiciário funções que ultrapassam sua competência constitucional

Tal problema existe, porque no Brasil os partidos políticos em geral se esquivam de decidir temas polêmicos e de alta repercussão, de modo que o sistema político não vem sendo a principal via de formação das decisões do Estado322, o que é uma afronta ao Estado Democrático, por pura ineficiência dos agentes políticos do país.

Exemplo disso são os recentes temas polêmicos que foram levados ao STF: o caso de aborto de anencéfalos (ADPF n.54) e o caso de união civil entre pessoas do mesmo sexo (ADPF n.132 e ADIN n.4277), que quando foram levados ao legislativo, não culminaram em nenhuma decisão, de modo que o judiciário precisou aplicar diretamente a Constituição à questão, sem contudo formar determinações legais gerais323, visto que não é seu papel legislar, gerando apenas o precedente.

Não se trata aqui do judiciário usurpando as atribuições dos demais poderes, quebrando a divisão constitucional, mas sim os demais poderes falhando em efetivar o projeto constitucional de 1988, seja na falta de políticas públicas para consecução dos direitos fundamentais324, seja na omissão legislativa, de modo a compelir os cidadãos a buscarem alguma solução, que pelos diversos fatores aqui já abordados, recai sobre o judiciário.

Nesse sentido, decidiu o STF em sede de Agravo Regimental:Agravo regimental em recurso extraordinário. 2. Ação civil

pública. Meio ambiente. 3. Ausência de prequestionamento (súmulas 282 e 356). 4. O Poder Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que a Administração Pública adote medidas assecuratórias de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais sem que isso configure violação do princípio da separação de poderes. Precedentes desta Corte. 5. Agravo regimental a que se nega provimento.325

2.2. A experiência brasileira na Litigância de Interesse Público: Direito à Educação e à Saúde

Um bom exemplo de Litigância de Interesse público no Brasil, de modo organizado e com objetivos sérios de promoção geral da educação, é o caso das ações em defesa do direito à educação infantil em São Paulo.

O caso trata da articulação de diversas organizações (Centro de Direitos Humanos e Educação Popular de Campo Limpo, Casa dos

322 OP cit.p.35323 OP cit p. 36324 NUNES, Dierle; BAHIA, Alexandre Melo Franco; THEODORO, Humberto

Júnior. Breves Considerações sobre a politização do Judiciário e sobre o panorama de aplicção no direito brasileiro – Análise da convergência entre o Civil Law e o Common Law e dos problemas da padronização decisória. Revista de Processo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, v.189.p.15

325 STF, RE 563144 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 19/03/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-069 DIVULG 15-04-2013 PUBLIC 16-04-2013

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO PROCESSO E LITIGÂNCIA DE INTERESSE PÚBLICO

Meninos, Instituto de Cidadania Padre Josimo, Instituto Lidas, Fórum Jardim Irene e Associação Internacional de Interesses a Humanidade JD. Emilio Carlos e Irene), encabeçadas pelo Movimento Creche Para Todos e pela Ação Educativa – Assessoria Pesquisa e Informação, por meio do Programa Ação na Justiça326.

A Ação Educativa é uma ONG que atua na promoção da educação e criou em 2004 o programa Ação na Justiça que pretende: judicializar o direito à educação como um direito humano, aprofundar a noção de exigibilidade jurídica do direito à educação, ampliação das garantias materiais, ampliação das garantias processuais relacionadas aos direitos sociais e a formação e engajamento de defensores populares em defesa da educação327.

A Educação Infantil, ainda é um “tema de fronteira328” do direito à educação, tendo em vista que foi previsto na Constituição de 1988, mas apenas há pouco tempo foi reconhecida pelo poder judiciário como sendo um direito exigível.

O dever de oferecer educação infantil a partir das EC n. 14/1996 e n. 53/2006 passou a ser dos Municípios que receberiam recursos do Fundo de educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), proporcionais ao número de matrículas efetivadas.329

No entanto, o reconhecimento legal da exigibilidade de oferecimento de educação básica pelo Estado ainda não era unânime nos Tribunais que muitas vezes indeferiam os pedidos de acesso à educação básica sob o fundamento de que: (i) a Administração Pública não teria recursos para prover o direito à educação (reserva do possível); (ii) o princípio da separação dos poderes barraria a ação do judiciário no campo das políticas públicas; (iii) impossibilidade de concessão de pedidos genéricos, quando a ação coletiva requisitava que fosse matriculada toda a demanda em determinado prazo330.

Esse entendimento dos tribunais começou a ser alterado pelas decisões de 2005331 em que o STF em favor de Recursos extraordinários do Ministério Público, ao contrapor o TJSP: (i) reconheceu a exigibilidade imediata do direito à educação infantil; (ii) declarou expressamente o

326 XIMENES, Salomão; RIZI, Ester. Litigância estratégica para a promoção de políticas públicas: as ações em defesa do direito à educação infantil em São Paulo. Justiça e Direitos Humanos – Experiências de assessoria jurídica popular, Curitiba: Terra de Direitos, 2010. P. 1.

327 OP cit. p. 2.328 OP cit. P. 3.329 OP cit. p. 5.330 XIMENES, Salomão; RIZI, Ester. Litigância estratégica para a promoção de políticas

públicas: as ações em defesa do direito à educação infantil em São Paulo. Justiça e Direitos Humanos – Experiências de assessoria jurídica popular, Curitiba, PR: Terra de Direitos, 2010. p7.

331 Paradigmática decisão do STF no agravo Regimental em Recurso Extraordinário n. 410715-5/SP, do Ministério Público de SP contra o Município de Santo André, relatado pelo Min. Celso de Mello, segunda turma, julgado em 22/11/2005.

papel do judiciário na determinação de acesso à educação sempre que houvesse omissão dos demais poderes; (iii) interpretou que a cláusula de reserva do possível só poderia ser alegada para impedir uma ação judicial no campo das políticas públicas quando houvesse comprovação objetiva por parte da Administração Pública de que todos os recursos possíveis foram empregados e que todas as medidas possíveis foram pelo menos tentadas; (iv) afastou a discricionariedade como argumento de que o Poder Público apenas ampliaria a oferta de vagas na educação infantil com base em sua oportunidade e conveniência.332

O STF manteve o precedente em decisões posteriores333, de modo que os Tribunais Estaduais também passaram a adotar o posicionamento do STF no sentido da uniformização jurisprudencial no país.

Porém, ainda com a legislação e o entendimento dos Tribunais, a cidade de São Paulo não cumpriu as metas de escolaridade infantil determinadas pelo Plano Nacional de Educação, que estipulava que em 2011 pelo menos 50 % da população em faixa etária de creches deveria estar matriculada, ou pelo menos deveria haver tal oferta de vagas. E, ainda que as vagas e consequentes matrículas tenham aumentado progressivamente, encontram-se longe da meta nacional. 334

Tendo em vista o direito inequívoco ao acesso à educação infantil, bem como o descumprimento do Município de São Paulo de tal dever, o Movimento Creche Para Todos e a Ação na Justiça, em articulação com outras entidades, Defensorias Públicas e o Ministério Público fomentaram e ajuizaram Ações Civis Públicas e Mandados de Segurança perante a justiça estadual de São Paulo.

Ainda, tais movimentos contam com o apoio de advogados atuando diretamente perante o STF como amici curiae em processos de controle de constitucionalidade que têm como objeto a relação entre direitos humanos e direito à educação, como é o caso da ADI n. 4167, cujo objeto é o piso salarial dos profissionais de educação básica.335

Além da atuação judicial o Movimento busca soluções perante os órgãos do Poder Público, propondo mobilizações sociais, cobrando resultados e informações sobre o aumento do acesso à educação, bem como realizando debates junto à Câmara Legislativa municipal. Ademais, o Movimento mantém um banco de cadastros atualizados da demanda por educação não atendida pela Prefeitura, o que identifica em quais áreas

332 OP cit. p.7.333 Re 463.210-AgR/SP (Rel. Min Carlos Velloso); RE 431.916-AgR/SP (Rel Min.

Sepúlveda Pertence); RE 469.819AGR/SP (Rel. Min César Peluso); RE 465.66 AGR/SP (Rel. Min Marco Aurélio); RE 595595 AgR/SC (Rel. Min Eros Grau); RE 592.937 AgR/SC (Rel. Min. César Peluso); AI 592.075 AgR/SP (Rel. Min. Ricardo Lewandowiski); RE 554.075 Agr/SC (Rel. Min. Cármen Lúcia).

334 OP cit. p.10.335 XIMENES, Salomão; RIZI, Ester. Litigância estratégica para a promoção de políticas

públicas: as ações em defesa do direito à educação infantil em São Paulo. Justiça e Direitos Humanos – Experiências de assessoria jurídica popular, Curitiba, PR:Terra de Direitos, 2010.p. 3.

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da cidade a oferta é mais escassa, ajuda a traçar estratégias de ação social, oferece base à estratégia judicial, além de dar publicidade à defasagem de vagas, fomentando a mobilização social em torno do acesso à educação.336

Desse modo, nota-se que está caracterizada a Litigância de Interesse Público em torno do direito ao acesso à educação, organizado em torno dos movimentos sociais e ONGs em questão em parceria com o Ministério Público, defensoria Pública, além do apoio dos Tribunais, que têm obtido inúmeras vitórias com aumento de vagas na rede Municipal Paulistana, além da mobilização social, da publicidade do problema e o reconhecimento pelas autoridades e pelos Tribunais do status de Direito Fundamental imperativo ao direito à educação.

Questão também tormentosa, a judicialização da saúde, resulta, igualmente, em hard cases que desafiam os cânones tradicionais de solução dos casos. Sendo a saúde um direito fundamental, garantido pela Constituição (art. 6º), dever do Estado (art. 196) – e que, como tem aplicação imediata (art. 5º, §1º) – em qualquer uma das esferas da Federação337, vêm se avolumando ações judiciais em que se busca tal direito.

As ações têm causado grande discussão no meio jurídico em face, v.g., dos impactos que decisões individuais dadas nessas ações podem ter sobre o orçamento público e, logo, sobre a prestação global de saúde (além de casos de abusos e corrupção); além disso, há a grande discussão sobre os limites de atuação do Judiciário como “realizador de políticas públicas”338.

Diante disso, o STF teve oportunidade de tratar da matéria em decisão monocrática às STA 178 e 244: munido de dados trazidos por Audiência Pública realizada perante o Tribunal em março de 2009, o Ministro Gilmar Mendes procurou estabelecer parâmetros para a questão: “O primeiro dado a ser considerado é a existência, ou não, de política estatal que abranja a prestação de saúde pleiteada pela parte”. Segundo o Ministro, verifica-se que, na maior parte dos casos submetidos ao Judiciário, o SUS já possui políticas públicas referentes ao que é pleiteado, logo, a questão estaria na omissão ou má prestação de protocolos já estabelecidos (e não de interferência judicial quanto à discricionariedade da Administração Pública) frente a um direito líquido e certo do administrado. Outra é a situação quando “a prestação de saúde pleiteada não estiver entre as políticas do SUS”, pois que

336 OP cit. p.4337 O STJ possui entendimento assentado no sentido de que a responsabilidade

dos entes da Federação é solidária, de forma que ações objetivando o exercício da prestação à saúde podem ter como réu a União, Estados ou Municípios. Ver, e.g.: BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, 1ª. Turma, REsp. n. 325.337/RJ, Rel. Min. José Delgado, j. 21/06/2001. No STF: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ag.Reg. no RE. n. 607.381/SC. 1ª T. Rel. Min. Luiz Fux, j. 31/05/2011.

338 Tal temática está intimamente ligada com a questão da litigiosidade coletiva e repetitiva (serial) que vem clamando pela construção de uma dogmática própria. Cf. CUNHA, Sérgio Sérvulo da. Ainda o Efeito Vinculante. Revista Trimestral de Direito Público, São Paulo, n. 18, p. 124-164, 1997; e NUNES, Dierle. Novos rumos para as tutelas diferenciadas no Brasil? In: THEODORO JUNIOR, Humberto (org). Tutelas diferenciadas. Rio de Janeiro, GZ editora, 2010.

aí o Judiciário deve avaliar se tal fato “decorre de uma omissão legislativa ou administrativa, de uma decisão administrativa de não fornecê-la ou de uma vedação legal a sua dispensação”339 (o que pode acontecer, e.g., quando certo remédio pleiteado não é reconhecido pela ANVISA, quando, salvo casos excepcionais, não pode o Estado ser compelido à prestação). Assim, o “segundo dado a ser considerado é a existência de motivação para o não fornecimento de determinada ação de saúde pelo SUS”340.

A decisão ultrapassa os limites impostos em manifestação anterior do STF na ADPF 45 na qual o Ministro Celso de Mello colocou como parâmetros para a intervenção judicial a análise da “reserva do possível”, do “mínimo existencial” e do “princípio da proporcionalidade”.341O julgado do Ministro Gilmar começa a perceber a necessidade de se “processualizar” a saúde, uma vez que exige a discussão das nuances do caso numa estrutura processual-constitucional:

Portanto, independentemente da hipótese levada à consideração do Poder Judiciário, as premissas analisadas deixam clara a necessidade de instrução das demandas de saúde para que não ocorra a produção padronizada de iniciais, contestações e sentenças, peças processuais que, muitas vezes, não contemplam as especificidades do caso concreto examinado, impedindo que o julgador concilie a dimensão subjetiva (individual e coletiva) com a dimensão objetiva do direito à saúde.342

Para além das dificuldades no que tange ao orçamento ou às opções de políticas públicas (já que as demandas serão sempre maiores do que as possibilidades do Poder Público), a questão se torna ainda mais complexa quando o Judiciário decide sem tomar em consideração os argumentos de ambas as partes, como se o direito de um fosse algo absoluto e, por isso, fizesse com que qualquer outra questão não merecesse acolhida (ainda que para ser rebatida).

No REsp. n. 325.337 o Estado do Rio de Janeiro se insurgiu contra a condenação a custear medicamentos (para tratamento de pacientes com HIV) que não estavam previstos em lei federal (e em sua regulamentação) – alegava, pois, violação a literal disposição de lei. O Tribunal, ao decidir, afirmou:

ADMINISTRATIVO. MEDICAMENTOS PARA TRATAMENTO DA AIDS. FORNECIMENTO PELO ESTADO. OBRIGATORIEDADE. AFASTAMENTO DA DELIMITAÇÃO CONSTANTE NA LEI N° 9.313/96. DEVER CONSTITUCIONAL. PRECEDENTES. (...) 4. Pela peculiaridade de cada caso e em face da sua urgência, há que se afastar a delimitação no fornecimento de medicamentos constante na Lei n° 9.313/96.5. A decisão que ordena que a Administração Pública forneça

339 BRASIL, Supremo Tribunal Federal, STA 244, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE. 24/09/09.

340 Idem.341 BRASIL, Supremo Tribunal Federal, ADPF 45, Min. Rel. Celso de Mello, DJU

04/05/04.342 BRASIL, Supremo Tribunal Federal. STA 244, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE.

24/09/09.

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aos doentes os remédios ao combate da doença que sejam indicados por prescrição médica, não padece de ilegalidade. 6. Prejuízos iriam ter os recorridos se não lhes for procedente a ação em tela, haja vista que estarão sendo usurpados no direito constitucional à saúde, com a cumplicidade do Poder Judiciário. A busca pela entrega da prestação jurisdicional deve ser prestigiada pelo magistrado, de modo que o cidadão tenha, cada vez mais facilitada, com a contribuição do Poder Judiciário, a sua atuação em sociedade, quer nas relações jurídicas de direito privado, quer nas de direito público.343

Ora, como compatibilizar, juridicamente, a assertiva segundo a qual “[a] decisão que ordena que a Administração Pública forneça aos doentes os remédios ao combate da doença que sejam indicados por prescrição médica [mas estão fora do que diz a lei], não padece de ilegalidade”? E mais, como transcrito: “A busca pela entrega da prestação jurisdicional deve ser prestigiada pelo magistrado, de modo que o cidadão tenha, cada vez mais facilitada, com a contribuição do Poder Judiciário, a sua atuação em sociedade, quer nas relações jurídicas de direito privado, quer nas de direito público”.344

Em sentido semelhante o STF entendeu que:O recebimento de medicamentos pelo Estado é direito fundamental, podendo o requerente pleiteá-los de qualquer um dos entes federativos, desde que demonstrada sua necessidade e a impossibilidade de custeá-los com recursos próprios. Isto por que (sic), uma vez satisfeitos tais requisitos, o ente federativo deve se pautar no espírito de solidariedade para conferir efetividade ao direito garantido pela Constituição, e não criar entraves jurídicos para postergar a devida prestação jurisdicional.345

É certo que não se olvida que todos temos direito à saúde. No entanto, mais do que nunca, há que se construir entre nós, com clareza, uma doutrina que estabeleça uma diferença entre ser detentor de um direito e as obrigações que dele advêm, pois, como mostra Canotilho, quando se trata de direitos prestacionais, da afirmação de um direito não decorre necessária e diretamente um dever do Estado. Quando se trata de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais há que se atentar para a particularidade de sua constituição a fim de se evitar o que Canotilho percebe como uma confusão entre “direitos sociais e políticos” e “políticas públicas de direitos sociais”. Quando o Judiciário tenta tornar “reais” os

343 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, 1ª. Turma, REsp. n. 325.337/RJ, Rel. Min. José Delgado, j. 21/06/2001.

344 Ou como o TJMG afirmou: “... não pode o Poder Judiciário, desde que acionado, deixar de obrigar o Poder Executivo, em quaisquer de suas esferas, a cumprir o seu dever constitucional de fornecer aos enfermos necessitados o tratamento adequado à sua patologia. (...) A matéria deve ser analisada sob o enfoque do disposto no artigo 196, da Constituição da República, que determina o acesso universal do cidadão à saúde, atribuindo referido encargo a todos os entes da Federação” (BRASIL. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Apel. Cív. n. 1.0384.12.002474-8/002, 6ª Câm. Cível, Rel. Des. Edilson Fernandes. DJ. 01/02/2013).

345 STF: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ag.Reg. no RE. n. 607.381/SC. 1ª T. Rel. Min. Luiz Fux, j. 31/05/2011.

direitos sociais promovendo políticas públicas, mergulha em “nebulosas normativas”, já que, como dito, estes direitos, diferentemente dos direitos individuais, nem sempre implicam uma prestação correlata pelo Estado.346

Compreende-se, nesses termos, que uma abordagem jurisdicional tradicional, limitada à análise solitária pelo juiz de temáticas (especialmente de políticas públicas), sem um contraditório mais dinâmico e panorâmico, não possui o condão de analisar com menores riscos a imposição de comandos que inúmeras vezes terão pouca possibilidade de gerar impactos efetivos no auferimento de direitos fundamentais.

Sendo assim, tais direitos só serão garantidos a partir da participação policêntrica e comparticipativa dos sujeitos envolvidos na resolução da lide de interesse público, sem deixar de considerar que além da melhor decisão formada a partir de um processo construído democraticamente, o modo que se operará a execução das decisões é fator essencial para garantir a efetividade das medidas.

CONCLUSÃOMuitas sociedades no mundo atual vivem uma transição entre regimes

autoritários e regimes democráticos, com democracias relativamente jovens que são enraizadas em concepções de direitos humanos, no constitucionalismo e no Estado de Direito, sem no entanto haver histórico de convívio com essa realidade, de modo que a efetivação dos direitos e garantias fundamentais é uma realização paulatina, de aprendizados e ainda, muitos erros cometidos pelo Estado em face da população. Nesse contexto a Litigância de Interesse Público é um instrumento essencial para divulgar abusos a direitos humanos, falhas do sistema político, exclusão de minorias e para fornecer proteção aos grupos marginalizados.

A Litigância de Interesse Público, como já abordado no texto, trata da organização da sociedade civil, do judiciário e das instituições de um país, reunindo esforços conjuntos em torno de uma solução judicial que realmente resolva aqueles problemas que não vêm sendo resolvidos pelas outras esferas de poder; aquelas questões em que há necessidade de mudança social, não há efetivação dos direitos garantidos legalmente, as leis são arbitrárias e há necessidade de mobilização judicial e política em torno dessa mudança, entre outros motivos.

Tal tipo de litígio tem o condão de oferecer judicialmente um ambiente contramajoritário que não pode ser oferecido àquelas minorias alijadas do processo decisório, além de se prestar na busca de correção de desigualdades sistêmicas e na efetivação dos Direitos Humanos.

Ainda que as ações judiciais não sejam vitoriosas, elas se prestam a divulgar a temática, concentrando a opinião pública em torno de uma questão que, através da mobilização social e da atenção da mídia,

346 Ver CANOTILHO, J. J. Estudos sobre Direitos Fundamentais. Coimbra: Coimbra Ed.; SP: RT, 2008, p. 97 et. seq.

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possa ser solucionada, ou ainda, posteriormente, pela modificação do entendimento dos tribunais, ou mesmo sem intervenção judicial, em soluções políticas e administrativas do Estado.

Como visto, na Índia houve uma “virada ativista” em que o judiciário se comprometeu com a instalação do constitucionalismo e da tradição democrática, ampliando a possibilidade de litígios e decidindo sempre conforme a Constituição em interpretações que visavam incluir as minorias marginalizadas em um país tão desigual economicamente e politicamente como a Índia. Naquele contexto a valorização do papel do magistrado e amplos poderes ao judiciário foi importante dado o contexto de abandono que sofria a população.

Já no Brasil, as questões são levadas ao judiciário, muitas vezes aleatoriamente; outras vezes de modo organizado (como o caso da educação infantil), mas não há uma preponderância do papel do magistrado, pelo contrário, o judiciário não é procurado por ser a melhor via ou por ser conhecido pelo comprometimento com os objetivos da Constituição de 88, mas sim porque normalmente é a última solução quando o legislativo e o executivo não cumprem sua função e os cidadãos não recebem resposta alguma para seus problemas com o Estado.

Diferentemente do que ocorreu na Índia, no Brasil, o ativismo judicial não seria a resposta mais adequada à questão de Litigância de Interesse Público, mas sim, a cooperação entre as instituições e organizações da sociedade civil em torno de um objetivo coletivo de efetivação de direitos e garantias fundamentais para buscar soluções perante o Estado. Ou ainda, no caso das demandas que realmente não tiveram solução administrativa, a mesma cooperação, através da comparticipação e do policentrismo, em que todas as partes envolvidas no litígio de direito público, não estejam na verdade lutando por interesses contrapostos, mas em busca de uma solução equânime e razoável para um problema que é sistêmico, que é do país, e não apenas de alguns cidadãos.

Além disso, é necessário maior comprometimento das partes com a qualidade daquilo que está sendo peticionado ou decidido, pois como já dito é o interesse do Estado democrático de direito que está sob litígio.

Ressalte-se também que há outros mecanismos auxiliares da Litigância de Interesse Público que podem auxiliar o seu sucesso: a parceria com o Ministério Público em busca de diagnósticos de problemas e proposições de Ações Civil Públicas, fiscalização da atuação estatal através da proposição de Ações Populares, mobilização social e de organizações para pressionar atuação Estatal, participação efetiva dos cidadãos junto aos órgãos legislativos, entre outros.

É obvio que a melhor solução para tais questões não é a judicialização, mas o comprometimento do Estado na realização de políticas públicas que cumpram os objetivos Constitucionais, bem como a ação do legislativo em torno das questões polêmicas, buscando regulamentar toda a pauta necessária para a efetivação de um Estado

Democrático de Direito. Na verdade, se todos os recursos gastos com o judiciário nas questões de Litigância de Interesse Público fossem transferidos de modo imperativo para a solução daqueles problemas que estão em litígio, o objeto de tais ações estaria perdido e os problemas constitucionais resolvidos.

No entanto, é imperativo notar que essa não é a realidade do Brasil. Almejar o ideal e não lidar com as questões existentes como se o país já houvesse alcançado o ideal, significa alijar milhares de cidadãos do processo decisório, de soluções para suas demandas, de efetivação dos seus direitos fundamentais, o que exatamente oposto de um país constitucional, de um Estado Democrático de Direito.

A relação entre litigância e mudança social é complexa e incremental, de modo que a litigância abrange apenas uma das muitas abordagens importantes para a reforma de um país, sendo que o Constitucionalismo e o Estado Democrático de Direito são sistemas que exigem muitos esforços em variadas frentes, em perspectiva a longo prazo, de modo que ainda que a Litigância de Interesse Público não seja a única resposta, ainda assim e um elemento essencial para a construção de um país comprometido com o que dispões sua Constituição.

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O ATIVISMO JUDICIAL E A EFETIVAÇÃO DO DIREITO SOCIAL À SAÚDE

Alexandre Melo Franco Bahia347

Júnior Ananias Castro348

Mariana Sousa Faria349

IntroduçãoO direito à saúde nem sempre contou com a proteção jurídica que

recebe na atualidade. Na verdade, a inserção de amparo legal à saúde aconteceu de forma gradual em nosso país, acompanhando a tendência global de maior proteção aos direitos básicos de todo ser humano.

Neste sentido, o direito à saúde hoje está inserido no rol de direitos fundamentais da Constituição brasileira de 1988 (CF) e ligado ao conceito de mínimo existencial, além de figurar no âmbito do fenômeno do ativismo judiciário, dentro da questão da judicialização da saúde. A judicialização, por sua vez, está conectada a fatores políticos e administrativos.350

Como direito social, de início o direito à saúde recebeu proteção na esfera internacional, com Declarações Internacionais, sendo posteriormente agregados às ordens jurídicas nacionais, adquirindo maior aplicabilidade e tendo sua generalidade diminuída.

Ocorre que na atualidade os direitos sociais no Brasil e no mundo se mesclam a uma complexidade de questões que envolvem sua garantia. É neste cenário que insurge o tema da judicialização da saúde, que tem como uma de suas causas a falha do Legislativo e Executivo na execução de suas funções, pois não sendo possível obter pelas vias administrativas o medicamento ou tratamento médico, o cidadão recorre à via judiciária para conseguir o exercício de seu direito fundamental à saúde.

Assim, o objetivo principal do trabalho será estudar a inserção gradual do direito à saúde na ordem jurídica brasileira pós-constituição de 1988, correlacionando-a com o fenômeno da judicialização da saúde.

1. Os direitos sociais como direitos fundamentais na atual sistemática constitucional brasileira

Os direitos fundamentais, em especial os sociais, assumiram posição de destaque nas discussões políticas no Brasil a partir da promulgação da Carta de 1988, além de um crescente reconhecimento nos estratos judiciais (SARLET, 2008, p. 2). Pode-se afirmar que tais direitos são naturais, inalienáveis e anteriores ao próprio Estado, consistindo,

347 Doutor em Direito pela UFMG. Professor Adjunto na UFOP e IBMEC-BH. Advogado.348 Graduando em Direito pela Universidade Federal de Ouro Preto.349 Graduada em Direito pela Universidade Federal de Ouro Preto.350 Ver “A epistemologia do direito. Legitimidade na decisão judicial.” Título original

“The problems of jurisprudence” (POSNER, 2007 p.166-205).

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO O ATIVISMO JUDICIAL E A EFETIVAÇÃO DO DIREITO SOCIAL À SAÚDE

portanto, em uma limitação ao poder de intervenção estatal.351

Os direitos fundamentais sociais surgiram a partir da percepção de que os direitos fundamentais de primeira geração352, que pregavam um non facere estatal, não seriam suficientes para atender às demandas sociais. Nesse diapasão, os direitos fundamentais de segunda geração criam para o Estado uma obrigação positiva de prestar serviços básicos, como educação, igualdade, moradia e o direito à saúde, sendo este último o objeto principal deste trabalho (BAHIA, 2004).353354

É manifesto que a constitucionalização dos direitos sociais por si só não é suficiente para garantir a efetividade de tais direitos (SARLET, 2008, 3), em especial quando a sua aplicação importa em custos financeiros para a Administração Pública esbarrando, portanto, no “argumento da reserva do possível”. Todavia, independente do “custo dos direitos”, como bem lembrado por Paulo Bonavides (2001, p. 220), no Brasil “(...) demolir o Estado social, qual se vem fazendo, é revogar três décadas de constitucionalismo. Uma insensatez, um desserviço, um retrocesso.”

Portando, em que pese a importância de se levar em consideração as limitações fáticas enfrentadas pela Administração Pública na efetivação dos direitos fundamentais, tais limitações não podem afastar a normatividades dos direitos e garantias fundamentais, em especial o direito à saúde que, em última análise, consiste em uma das expressões mais poderosas do direito à vida.

351 Não é unânime na doutrina o reconhecimento dos direitos sociais como direitos fundamentais, havendo, inclusive, autores que negam a existência de tais direitos (SARLET, 2008, p. 5). Muitos autores defendem, por exemplo, que os direitos sociais não estariam abrangidos pela “cláusula de aplicabilidade imediata” dos direitos fundamentais contida no art. 5º, §1º, CF, ou que tais direitos não estariam protegidos pela vedação de se suprimir os direitos fundamentais do Texto Constitucional, conforme disposto no art. 60, §4, IV, da CF. Os principais argumentos utilizados por aqueles que advogam esta posição são: (a) essas normas possuem caráter meramente moral, devido o seu alto grau de indeterminação, (b) tais normas são insuscetíveis de gerar direitos subjetivos, por dependerem da elaboração de leis que as regulamentem, além da atuação da administração. (c) Possuem uma forte dimensão política, não sendo sequer capaz de gerar obrigação objetiva para o Estado, (d) além de facultar, e não impor, um caminho a ser seguido pelo legislador e pela administração. No Brasil tal posicionamento começou a mudar a partir de meados da década de 1990, em que as primeiras decisões judiciais reconhecendo a obrigação do Estado como garante das prestações materiais fundadas em Direitos Sociais começaram a ser proferidas (DUARTE, 2012, p. 218-220).

352 Como ressaltado em trabalho anterior O Estado Democrático de Direito e a Efetivação dos Direitos Sociais: O Fenômeno da Judicialização da Saúde (BAHIA e CASTRO, 2013) a teoria da dimensão dos direitos fundamentais tem sido alvo de inúmeras críticas por passar a falsa ideia de que uma geração de direitos substitui a anterior, contudo, devido o seu valor didático e histórico, por criar uma ideia de historicidade dos direitos fundamentais, tal teoria será adotada neste trabalho.

353 É importante lembrar que os direitos sociais possuem tanto uma dimensão “positiva”, um facere por parte do Estado, quanto uma dimensão “negativa”, um non facere estatal, com predominância da primeira dimensão.

354 A classificação dos direitos fundamentais não é unânime, alguns autores como Gomes Canotilho, por exemplo, consideram que os direitos sociais fazem parte da terceira geração (2002, p. 386) e não da segunda.

É importante lembrar que, apesar de certas divergências, todos os direitos sociais encontrados na CF, não apenas aqueles do Título II, são dotados de fundamentalidade, sendo, portanto, cláusulas pétreas por força do art. 60, §4°, IV, da CF.355 Nesse sentido, tais direitos possuem plena eficácia, sendo, portanto, de aplicabilidade direta e não programática como defendem alguns (art. 5, § 1°, CF). Dentre tais direitos destaca-se o direito social à saúde (art. 196, CF). Em outras palavras, pode-se dizer que os direitos sociais possuem como característica a dupla fundamentalidade, formal e material, dos direitos fundamentais.

2. Limites dos direitos fundamentaisA concepção de Alexy (2008, p. 85) acerca da estrutura dos

direitos fundamentais é de grande importância para a discussão dos limites e possibilidades de tais direitos. Para o referido autor os direitos fundamentais se manifestam tanto na forma de princípios quanto na forma de regras, sendo ambas espécies do gênero norma, portanto, aplicáveis no campo do dever ser.356357

A grande diferença entre princípios e regras é que estas fixam direitos definitivos, enquanto que aqueles fixam direitos prima facie,358 isto significa que os princípios admitem sua materialização em diferentes níveis sem que isso importe em perda de validade daquele direito que teve sua aplicação afastada, o que não ocorre no caso das regras. Portanto, os direitos fundamentais, enquanto princípios admitem a sua restrição mediante a aplicação do princípio da proporcionalidade,359 logo

355 O art. 5, § 2°, da Constituição Federal trouxe em seu corpo “cláusula de abertura”, que torna evidente a ideia de que não só aqueles direitos do Título II, dos direitos e garantias fundamentais, são dotados de fundamentalidade, mas outros direitos que se encontram dispersos pelo texto constitucional (SARLET, 2008, p. 9). Em que pese a clareza do referido dispositivo constitucional ainda há parcela da doutrina que nega a existência de outros direitos fundamentais espalhados pela CF.

356 A distinção entre regras e princípios é “(...) a base da teoria da fundamentação no âmbito dos direitos fundamentas e uma chave para a solução de problemas centrais da dogmática dos direitos fundamentais. Sem ela não pode ter nenhuma teoria adequada sobre as restrições a direitos fundamentais, nem uma doutrina adequada sobre colisões, nem uma teoria suficiente sobre o papel dos direitos fundamentais no sistema jurídico. Essa distinção constitui um elemento fundamental não somente da dogmática dos direitos de liberdade e igualdade, mas também dos direitos a proteção, organização e procedimento e a prestação em sentido estrito. (...) A distinção entre regras e princípios constitui, além disso, a estrutura de uma teoria normativo-material dos direitos fundamentais e, com isso, um ponto de partida para a resposta à pergunta acerca da possibilidade e dos limites da racionalidade no âmbito dos direitos fundamentais.” (ALEXY, 2008, p. 85).

357 Sobre a teoria dos princípios ver também as obras de Ronald Dworkin “Levando os direitos a sério” (2007) e “O Império do Direito” (2003).

358 Ver o trabalho de Bernardo Augusto Ferreira Duarte “Direito à Saúde e teoria da Argumentação: Em busca da legitimidade dos discursos jurisdicionais” (2012), em especial o capítulo “As concepções que entendem os Direitos Sociais como obrigações prima facie” (p.256-281).

359 Ver ADIn n° 3.112-1, em especial voto proferido pelo Ministro Gilmar Ferreira Mendes, em que este trata das diversas feições do princípio da proporcionalidade.

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tais direitos não são absolutos.360

Tendo em mente que os direitos fundamentais não são dotados de caráter absoluto surge a grande dificuldade de se traçar uma linha que fixe os seus limites. Lembrando que o modelo constitucional brasileiro traz um número muito grande de direitos fundamentais, o que naturalmente levará à colisão entre tais direitos, fazendo com que em diversos momentos seja necessária a restrição de uns em relação a outros por meio do princípio da proporcionalidade (SILVA, 2006, p. 16). Nesse sentido, a adoção de critérios que facilitem a delimitação dos direitos fundamentais é, em especial no caso daqueles países que possuem em suas constituições um rol mais extenso de direitos fundamentais, de extrema importância.

Contudo, ao tratar da possibilidade de limitação dos direitos fundamentais é importante ter bastante cuidado, pois a sua aplicação desmedida poderia levar a um completo esvaziamento da própria noção de direitos fundamentais, retirando por completo a sua aplicabilidade prática. Logo, é preciso ter em mente que todo direito fundamental possui um “conteúdo essencial”, que não pode em hipótese alguma ser restringido.361362 Em outras palavras os direitos fundamentais não são absolutos, mas o seu conteúdo essencial é.

Ao tratar do direito social à saúde e os limites do Poder Judiciário ao intervir para garantir a sua efetividade é indispensável delimitar o “conteúdo essencial” do direito à saúde. Isto porque, tal “conteúdo essencial” seria o limite entre uma atuação legítima ou não da Administração Pública na efetivação de tal direito. Sendo que o desrespeito a tal núcleo legitimaria a intervenção do Judiciário.363

Levando em consideração que o direito à vida é pressuposto sine qua non para a fruição do direito à saúde, defende-se que, em relação às “demandas de saúde de primeira necessidade”,364 o direito à vida

360 É entendimento pacífico no STF de que os direitos fundamentais são direitos prima facie, logo não são direitos absolutos. Para a suprema corte, no caso de colisão entre eles, é necessário que haja o sopesamento dos mesmos. Ver HC Nº 71373-4/RS (STF), HC Nº 76060/SC (STF), Rcl 2040/DF (STF).

361 Nas palavras de João Trindade Cavalcanti Filho (2013, p.24) o “núcleo essencial” dos direitos fundamentais funciona como um limite aos limites dos direitos fundamentais.

362 “A proteção ao núcleo essencial dos direitos fundamentais não é citada expressamente na Constituição brasileira, ao contrário do que se vê, por exemplo, na Grundgesetz (Lei fundamental Alemã), cujo art. 19, 2, dispõe que ‘Em nenhum caso pode um direito fundamental ser desrespeitado em seu núcleo essencial’” (CAVALCANTI FILHO, 2013, p. 25).

363 “En la última década, los derechos sociales, a saber, los derechos a la alimentación, a la salud, a la educación, a la vivienda, a la educación, al trabajo, a la seguridad social, han tenido un creciente protagonismo en los países iberoamericanos, en la doctrina de tratadistas y organismos de derechos humanos, así como también, aunque en menor medida, en la jurisprudencia de la Corte Interamericana de Derechos Humanos (Corte IDH). Los derechos sociales han adquirido importancia tanto en el discurso político como en la práctica de los movimientos sociales, hasta el punto de obtener un creciente reconocimiento en los estratos judiciales.” (ARANGO, 2013, p.1-2).

364 Entende-se por “demandas de saúde de primeira necessidade” aquelas prestações de saúde que são obrigações do Estado e são indispensáveis a manutenção da vida

seja considerado o seu “núcleo essencial”.365366 Nesse sentido, aduz Luciana Gaspar Melquíades:

(…) o conteúdo mínimo do direito à saúde, que impinge ao ente público a sua proteção e promoção, consiste no direito à vida. Neste aspecto, o direitoprima facie à saúde já galga a almejada definitividade, necessária para determinar a sua existência e, assim, viabilizar a sua justiciabilidade. As demandas sociais de saúde que disserem respeito, então, à proteção e preservação da vida, aquí denominadas de primeira necessidade, merecerão plena guarida em juízo, a despeito de seu custo e de sua previsão em diplomas normativos de políticas públicas. (…) A imprescindibilidade, portanto, de um medicamento, um tratamento ou outra prestação social para a manutenção da vida humana permitirá o controle judicial sobre a omissão estatal, que em ações individuais, querem ações coletivas.(2011, p.168-169).

A teoria do “núcleo essencial” dos direitos fundamentais facilita a efetivação do direito social à saúde ao associar tal direito ao direito à vida, contudo, ainda é preciso enfrentar certas limitações fáticas trazidas pelo “argumento da reserva do possível”. Em um primeiro momento, considerando apenas o “argumento do financeiramente possível”, a Administração Pública, mesmo fundamentando suas decisões neste argumento, não poderia se furtar de garantir a prestação do direito à saúde. Levando em consideração que o direito a vida é o “conteúdo essencial” do direito à saúde não é possível imaginar o Poder Público deixando de prestar tal serviço sob o pretexto de que não tem recurso para tanto, tal justificativa legitimaria a intervenção do Judiciário.

O grande problema é que a “reserva do possível” não trata apenas da limitação financeira do Estado (TIMM, 2008).367 Tal argumento leva em consideração a existência de recursos escassos, limitados, sendo que a efetivação do direito à saúde de um indivíduo poderia inviabilizar a efetivação do direito à saúde de uma coletividade. Portanto, quando há conflito entre demandas de saúde de primeira necessidade de um indivíduo e demandas de saúde de primeira necessidade de uma coletividade o Judiciário encontra-se diante de uma “escolha trágica”. Sabe-se que nestes casos não é possível salvaguardar todos os direitos, portanto, o magistrado deve, mediante a cláusula do “mínimo existencial”,

(MELQUÍADES, 2011, p. 167).365 A visão de que o direito à saúde é consequência indissociável do direito à vida vem

sendo adotada pelo Supremo Tribunal Federal. Ver RE n° 685.230/MS (STF), RE 271286/RS (STF), ARE 770061 AGR / RJ (STF).

366 Este também tem sido o entendimento dos professores Ana Paula Costa Barcellos (2006, p. 49), Orlando Soares Moreira e Elio Sgreccia (1988, 159).

367 A expressão “reserva do possível” surgiu no Tribunal Constitucional Alemão, em julgamento datado de 18 de julhor de 1972. Para a Corte Constitucional Alemã o termo “reserva do possível” não se relaciona apenas as limitações financeiras do Estado ou da sociedade (APEAM, 2012, p. 2- 4), mas também a escolhas limites em que a alocação de recursos para atender a demanda de um único indivíduo pode cercear os direitos de toda uma coletividade. Contudo, no Brasil o termo se esvaziou e virou sinônimo de “reserva do financeiramente possível” e tem sido utilizado pela Administração Pública como argumento para justificar a ausência de prestação de serviços básicos à população.

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da “vedação do retrocesso” e de um juízo de ponderação realizar uma ou outra escolha, sempre fundamentada.

3. Os desafios na efetivação do direito social à saúde no Brasil na Constituição de 1988 e o

ativismo judicial3.1. O direito social à saúde na Constituição de 1988

O Brasil, seguindo a propensão estrangeira de proteção à saúde, inseriu paulatinamente em seu ordenamento institutos protetivos desse direito, até que por fim a saúde ganhou proteção jurídica adequada com a Constituição de 1988.

Desse modo, o status de direito constitucionalmente assegurado somente foi adquirido pelo direito à saúde no atual texto constitucional.368 E tal fato se conecta também com o direito à igualdade (art.5º, caput CF/88), pois como a todos foram assegurados os mesmos direitos, quando enfermos, todos devem receber tratamento adequado, sem importar a situação econômica.

Desse modo, a evolução das constituições brasileiras fez com que hoje a saúde fosse declarada como “direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e ações que são de relevância pública” (arts. 196 e 197 CF/88).

Tal qual os demais direitos sociais, o direito à saúde possui duas facetas, uma negativa, outra positiva. A primeira significa que cada indivíduo pode exigir a abstenção de atos prejudiciais à sua saúde. A segunda quer dizer que pode exigir ações preventivas e curativas que necessite.369

Assim, percebe-se que a inserção gradual de instrumentos legais de proteção à saúde, em harmonia com a inclinação global, indica uma interação bastante positiva entre direito internacional e direito interno na medida em que o auxilio mútuo faz com que a proteção jurídica se dê de forma mais rápida, expansiva e robusta.

3.2. O ativismo judicial e os limites do controle do Judiciário sobre as políticas públicas de saúde

Ativismo judicial é o fenômeno causado pela omissão ou ineficiência 368 José Afonso da Silva (1996, p. 298), ao dispor sobre o direito à saúde, alega que o tema

não era de todo estranho ao Direito Constitucional Brasileiro anterior à Constituição de 1988, pois a União era competente para elaborar leis sobre defesa e proteção da saúde, porém isso se dava apenas no âmbito da organização administrativa para erradicar endemias e epidemias. Ou seja, não era a saúde tratada juridicamente como direito inerente à condição humana, tal como o é agora.

369 Neste sentido é a Lei 8.080/90, por dispor sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, apontando no sentido de considerar a saúde como direito fundamental do homem e atestar o dever estatal de prover os meios necessários ao seu exercício efetivo.

da prestação médico farmacêutica pela Administração Pública. Daí busca-se o Judiciário como via de efetivação de tais prestações. A celeuma se configura na medida em que as ordens judiciais de fornecimento de medicamentos e tratamentos ameaçam o bom funcionamento da máquina estatal, sobretudo no que concerne aos recursos financeiros.

Ademais, Araújo (2011, p. 22), pautado na obra de Gandin, Barione e Souza,370 ainda destaca outros fatores que potencializam o fenômeno, quais sejam: a falta de informação dos operadores do Direito sobre as políticas públicas de saúde e os aspectos técnicos da prescrição de remédios, bem como a eventual má-fé de profissionais médicos e da indústria farmacêutica.

Ao tratar sobre o tema da judicialização no Brasil, aduziu o ilustre Luis Roberto Barroso, em Audiência Pública sobre a Saúde no STF:

A judicialização no Brasil decorre do modelo constitucional brasileiro e, portanto, em alguma medida ela é inevitável. Constitucionalizar é tirar uma matéria da política e trazê-la para dentro do Direito. E, portanto, existe prestações que o Judiciário não pode se negar a apreciar – e é muito bom que seja assim. Porém, a judicialização tem uma óbvia faceta negativa. É que, na medida em que uma matéria precise ser resolvida mediante uma demanda judicial, é sinal que ela não pôde ser atendida administrativamente; é sinal que ela não pôde ser atendida pelo modo natural de atendimento das demandas, que é, por via de soluções legislativas, soluções administrativas e soluções negociadas. A faceta positiva é que, quando alguém tem um direito fundamental e esse direito não foi observado, é muito bom poder ir ao Poder Judiciário e merecer esta tutela. (BARROSO, 2008).

Nesta esteira, em audiência pública no STF371 que indagou qual papel o Judiciário pode e principalmente deve cumprir quanto à judicialização da saúde, Ingo Sarlet avaliou que o debate da judicialização é comum no direito comparado, mas que no Brasil a discussão sobre o tema encontra-se em um estágio mais avançado, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos.

O Judiciário, nos casos concretos submetidos à sua apreciação, tem em muitos deles, determinado o atendimento integral dos cidadãos, a despeito da política pública referente ao tema. Isso tem feito gestores públicos de saúde se indisporem com esse Poder, acusando-o de interferência no campo de atuação da Administração, uma vez que a determinação judicial para atendimento individual muitas vezes obriga o desvio de recursos destinados ao atendimento coletivo.

Desse modo, o Judiciário, para garantir os medicamentos solicitados

370 GANDIN, J.A; BARIONE, S.F; SOUZA, A.E. A judicialização do direito à saúde: a obtenção de atendimento médico, medicamentos e insumos terapêuticos por via judicial – critérios e experiências. BDJur, Brasília, DF, 24, mar. 2008. Disponível em:< BDJur, Brasília, DF, 24, mar. 2008.

371 Há outras decisões do STF em que ele “legislou” sobre a questão dos remédios, a saber, STA 178 e 244; aliás, a Audiência Pública citada forneceu elementos para decidir esses dois casos.

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no caso concreto e assegurar o efetivo exercício do direito à saúde pelo cidadão, deve realizar uma interpretação conforme a Constituição, ao aplicar os princípios constitucionalmente assegurados ao caso concreto.

O ativismo judicial positivo não deve ser repudiado. Isto porque o Poder Judiciário se estiver diante de omissão executiva ou legislativa que implique no descumprimento do dever, por parte destes poderes de efetivar os preceitos constitucionais, não pode, ou, aliás, não deve se omitir também.

Saliente-se que no que tange ao modo como age o Poder Judiciário, os conceitos de atuação contramajoritária e ativismo judicial divergem. Isto porque quando o Judiciário atua de modo contramajoritário, pode-se dizer que o faz de forma legítima, pois mira a preservação e o fomento dos direitos fundamentais, ainda que em oposição os ânimos das maiorias políticas e com isso concorre para a o funcionamento do constitucionalismo democrático.

Coadunando com este entendimento, Barroso (2009c, p. 15.) elucida que ao agir de forma contramajoritária, o Judiciário intervém para sanar omissões do Poder Legislativo ou invalidar leis inconstitucionais, de modo que sua intervenção, nestes casos ocorre a favor da democracia.

ConclusãoA atuação contramajoritária do Judiciário é legítima, pois garante

um direito constitucional, afinando com preceitos do Estado Democrático de Direito. Contudo, em se tratando do ativismo judicial, que culmina, por exemplo, na judicialização da saúde, o Judiciário precisa reavaliar sua postura. Isto porque nem sempre sua atitude proativa é justificável, especialmente quando extrapola o limite de suas competências e interfere em opções genuinamente legislativas ou administrativas.

Neste sentido, a judicialização reflete o desequilíbrio no exercício das funções entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e ela não é um fenômeno focalizado, pelo contrario, se estende por todo país. Por isso, de modo geral, necessita-se da atuação efetiva e adequada de cada Poder para se afirmar o direito social à saúde, através do fornecimento de remédios, seguros e tratamentos eficientes que sejam racionalmente ministrados.

Assim, é possível asseverar que o fato de o Poder Legislativo não responder às crescentes demandas de medicamentos que visam garantir o pleno exercício do direito fundamental à saúde e da Administração Pública não concretizar disposições legais sobre o tema são dos principais fatores geradores da judicialização da saúde.

Portanto, quando o Judiciário atuar visando garantir a efetivação de demandas de saúde de primeira necessidade sua atuação estará legitimada, independente dos custos de sua decisão para os cofres públicos e sem que isso importe em ofensa ao princípio da separação dos poderes. Todavia, nos demais casos, quando não se tratar de demandas

de saúde que coloquem em risco o “conteúdo essencial” de tal direito, o Poder Judiciário deve ponderar suas decisões e buscar as alternativas menos onerosas para o erário, quando possível. Ressalte-se que, apesar da importante participação do Judiciário na efetivação dos direitos sociais, o ideal é que a população se torne cada vez menos dependente deste poder e participe de forma mais ativa na política exigindo a sua prestação dos Poderes Executivo e Legislativo.

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PROCESSO E CONSTITUIÇÃO O ATIVISMO JUDICIAL E A EFETIVAÇÃO DO DIREITO SOCIAL À SAÚDE

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O Processo e a Constituição: estudos sobre judicialização da saúde, da educação e dos direitos homoafetivos é um livro nascido dentro do grupo de pesquisa PROCON – Processo, Constituição e Direito Comparado: estudos sobre judicialização da política e o legislativo. Pensado a partir da problemática do aumento da atuação do Poder Judiciário que, principalmente com a Constituição de 1988, busca cada vez mais dar respostas satisfatórias às reivindicações pelas concretizações de direitos fundamentais, o livro apresenta um conjunto de artigos elaborados pelos membros do grupo de pesquisa em torno do problema da judicialização da política e do ativismo judicial. Questões como crise da democracia representativa, função contramajoritária do Poder Judiciário, ativismo judicial, judicialização da saúde, da educação e de direitos homoafetivos, reserva do possível, litigâncias de interesse público e Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas recebem um cuidado especial nesta obra. A partir de casos concretos, cada tema receberá uma teorização adequada, seja do ponto de vista de um marco teórico específico, seja através da Constituição de 1988.

Fruto de uma pesquisa séria e comprometida com essa problemática atual e candente na Ciência do Direito, o livro destina-se a oferecer respostas constitucionalmente adequadas aos problemas levantados com a ajuda da moderna teoria no Direito Processual e no Direito Constitucional.

PROCESSO ECONSTITUIÇÃOEstudos sobre jud ic i a l i zação dasaúde , da educação e dosd i re i tos homoafe t ivos.