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1 RENEWABLES SECURITY PERSPECTIVES 2018 Em parceria com

RENEWABLES SECURITY PERSPECTIVES 8 - flad.pt · Contudo, o crescimento das renova veis na o se limita ao setor de energia - o uso direto de energias renova - veis para fornecer calor

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RENEWABLES

SECURITY

PERSPECTIVES

2018

Em parceria com

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Programa FLAD Segurança Energética

FLAD Energy Security Program

Rua do Sacramento a Lapa, 21

1249-090 LISBOA

Tel: (351) 21 393 58 00

Imagens: iStockPhoto

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O que é Segurança Energética?

A Agência Internacional de Energia (AIE) define a

segurança energética como «uma disponibilidade

física ininterrupta por um preço que é acessível,

respeitando as preocupações ambientais»

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E m comparaça o com as u ltimas duas de cadas e meia, a forma como o mundo atende a s neces-

sidades crescentes de energia mudou dramaticamente, devido a liderança agora tomada pelo

ga s natural, pelo ra pido aumento das energias renova veis e pela melhoria da eficie ncia ener-

ge tica.

O incremento na eficie ncia desempenha um papel enorme em tirar a pressa o do lado da oferta: sem estas

melhorias, o aumento projetado no uso final de energia mais do que dobraria.

Segundo a Age ncia Internacional de Energia, as fontes renova veis conseguem responder a 40% do au-

mento da procura prima ria e o seu crescimento explosivo no setor da eletricidade marca o fim dos anos

de expansa o do carva o.

Desde 2000, a capacidade de geraça o de energia a carva o cresceu cerca de 900 gigawatts (GW). Contudo,

de acordo com a AIE, o aumento de hoje ate 2040 sera de apenas 400 GW e muitas delas sa o centrais ja

em construça o.

Na I ndia, a participaça o do carva o no mix de energia caira de tre s quartos em 2016 para menos da meta-

de em 2040. Na ause ncia de captura e armazenamento de carbono em larga escala, o consumo global de

carva o diminui – o racional econo mico e ambiental joga a favor das renova veis e do ga s natural.

Todavia, as projeço es de diversas age ncias internacionais indicam que a procura por petro leo continuara

MAIN INSIGHTS: as energias renováveis, especialmente a energia solar e eólica, estão em pleno take-off e a substituir o carvão como fonte dominante na produção de eletricidade. Para além das políticas energé-ticas centradas na descarbonização elétrica, o outro motor desta mudança de paradigma é a China, devi-do ao esmagamento de preços que operou nos custos de produção das duas tecnologias. Portanto, a re-volução da eletricidade limpa começa na Europa, mas quem a lidera é a China, com tecnologia produzida no Império do Meio e não do Velho Continente.

Capacidade global de eletricidade, 2001-2016

Fonte: Agência Internacional de Energia, 2017

RENOVÁVEIS

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a crescer ate 2040, embora a um ritmo decrescente. Em contraste, o uso de ga s natural aumentara em 45%

ate 2040 - com espaço mais limitado para expansa o no setor de energia, a procura para aplicaço es industri-

ais tornar-se-a na maior a rea de crescimento.

Por sua vez, as projeço es das age ncias internacionais indicam que perspectivas para um reforço da energia

nuclear no mix mundial diminuí ram, mas a China continua liderando um aumento gradual na produça o,

superando os Estados Unidos ate 2030 para se tornar o maior produtor de eletricidade nuclear.

Por sua vez, as energias renova veis capturam dois terços do investimento global em centrais ele tricas, uma

vez que se tornaram, para muitos paí ses, a fonte de menor custo da nova geraça o.

A implantaça o ra pida de energia solar fotovoltaica (PV), liderada pela China e I ndia, tornara esta força re-

nova vel na maior fonte de capacidade de baixo carbono ate 2040, quando a participaça o de todas as energi-

as renova veis na geraça o total de eletricidade mundial atingir 40%.

Na Unia o Europeia, as renova veis respondem por 80% da nova capacidade e a energia eo lica tornar-se-a na

principal fonte de eletricidade logo apo s 2030, devido ao forte crescimento tanto onshore quanto offshore.

As polí ticas continuam a apoiar a eletricidade renova vel em todo o mundo, cada vez mais atrave s de leilo es

competitivos em vez de tarifas feed-in, e a transformaça o do setor de energia e amplificada por milho es de

domicí lios, comunidades e empresas que investem diretamente em energia solar fotovoltaica distribuí da.

Contudo, o crescimento das renova veis na o se limita ao setor de energia - o uso direto de energias renova -

veis para fornecer calor e mobilidade em todo o mundo tambe m duplicara , segundo a AIE, embora parta de

uma base muito baixa.

Neste campeonato, o Brasil e lí der: a participaça o do uso direto e indireto de fontes renova veis no consumo

final de energia aumentara de 39% atualmente para 45% em 2040, em comparaça o com uma progressa o

no planeta de 9% para 16% no mesmo perí odo.

A eletricidade e a força crescente entre os usos finais mundiais de energia, representando 40% do aumento

Crescimento da capacidade renovável por tecnologia, 2001-2016

Fonte: Agência Internacional de Energia, 2017

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no consumo final ate 2040 – em comparaça o, e a mesma parcela de crescimento que o petro leo tomou nos

u ltimos vinte e cinco anos.

De acordo com a EIA, os sistemas industriais de motores ele tricos respondem por um terço do aumento da

procura de energia. Os rendimentos crescentes das famí lias nos mercados emergentes significara que mui-

tos milho es de lares adicionara o na o so aparelhos ele tricos (com uma parcela crescente de dispositivos

conectados “inteligentes”), como tambe m sistemas de climatizaça o.

Por exemplo, ate 2040, a procura de eletricidade para climatizaça o na China superara a procura total atual

de eletricidade do Japa o. O mundo tambe m ganha, em me dia, 45 milho es de novos consumidores de eletri-

cidade a cada ano devido a expansa o infraestrutural do seu acesso, embora isso ainda na o seja suficiente

para atingir a meta de acesso universal ate 2030.

Este crescimento assenta no fornecimento de calor e mobilidade, juntamente com o aumento «puro» dos

domí nios tradicionais da eletricidade, permitindo que sua participaça o no consumo final energe tico mun-

dial suba para quase um quarto.

Uma mare fortalecida de iniciativas da indu stria e apoio polí tico - incluindo recentes deciso es dos governos

na França e no Reino Unido para interromper as vendas de veí culos convencionais a gasolina e diesel ate

2040 - eleva as projeço es das age ncias internacionais para um aumento da frota global de carros ele tricos

para 280 milho es ate 2040, dos atuais 2 milho es.

Para responder a crescente procura, a China precisa adicionar o equivalente ao atual sistema de energia

dos Estados Unidos na sua infraestrutura de eletricidade ate 2040, e a I ndia precisa adicionar um sistema

ele trico do tamanho da Unia o Europeia atual.

A energia fotovoltaica cresceu mais rapidamente do que qualquer outro combustí vel em 2016, abrindo

uma nova era para a energia solar poder

As energias renova veis quebraram novos recordes em 2016, em grande parte derivado da forte expansa o

da energia solar fotovoltaica na China e em todo o mundo, impulsionada pela reduça o de custos e nas polí -

ticas de fomento. As renova veis representaram quase dois terços dos novos aumentos da capacidade de

energia ele trica em 2016, com quase 165 gigawatts (GW) em linha.

No ano passado, a nova capacidade de energia solar em todo o mundo cresceu 50%, alcançando mais de 74

GW, com a China representando quase metade dessa expansa o.

Pela primeira vez, as adiço es de energia solar aumentaram mais rapidamente do que qualquer outro com-

bustí vel, superando o crescimento do carva o. Esta implantaça o foi acompanhada pelo anu ncio de preços de

leila o ta o baixos, na ordem dos $30 MWh. O crescimento anual da capacidade do eo lica diminuiu quase um

quinto em 2016, apo s o «boom» em 2015 causada pela procura na China.

A expansa o da capacidade hí drica foi menor que em 2015, devido ao mercado chine s ter declinado pelo

terceiro ano consecutivo, enquanto o Brasil assistiu a um forte crescimento.

O crescimento de outras tecnologias renova veis, como a bioenergia, a energia solar concentrada (CSP) e a

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geote rmica foi relativamente lento, e representou apenas 4% das adiço es globais do crescimento da capaci-

dade renova vel global.

A China é o líder incontestável do crescimento renovável, mantendo a chave para o futuro do solar

Entre 2017 e 2022, a AIE preve que a capacidade global de energia renova vel seja expandida em mais de

920 GW, um aumento de 43%.

Esta previsa o e mais otimista do que a do ano passado, principalmente devido a previso es ascenden-

tes para a PV solar na China e na I ndia. A China, so por si, e responsa vel por 40% do crescimento global da

capacidade renova vel, que e em grande parte impulsionado por preocupaço es sobre a poluiça o do ar e pe-

las metas de capacidade delineadas no 13º plano quinquenal do paí s para 2020.

Na verdade, a China ja superou seu objetivo de energia solar 2020 e e expecta vel que exceda o seu objetivo

eo lico em 2019. A China tambe m e lí der mundial na energia hí drica, na bioenergia para eletricidade e calor,

bem como nos veí culos ele tricos.

Com efeito, a PV solar esta a entrar numa nova era. Nos pro ximos cinco anos, a PV solar representa a maior

capacidade anual das adiço es para energias renova veis, bem acima da eo lica e da hí drica. Isto marca um

ponto de viragem, sustentado pela reduça o contí nua de custos de tecnologia e por dina micas de mercado

sem precedentes.

O resultado e que, segundo a AIE, ate 2022, a capacidade total de energia solar em todo o mundo atingira

740 GW, um montante superior a todas as atuais capacidades combinadas de pote ncia total de I ndia e Ja-

pa o.

De facto, a China e um ator crí tico no desenvolvimento do mercado e dos preços da PV solar em todo o

mundo. O paí s representa metade da procura global de PV solar, enquanto as empresas chinesas represen-

tam cerca de 60% da capacidade anual total global de fabricaça o de ce lulas solares. Como tal, o desenvolvi-

mento de mercado e da polí tica da China tera implicaço es globais para a procura, oferta e preços da PV so-

Capacidade elétrica renovável global (esquerda) vs Geração a gás e carvão (direita) , 2010-2022

Fonte: Agência Internacional de Energia, 2017

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lar. Se as incertezas e as barreiras forem eliminadas, o crescimento da energia solar podera acelerar ainda

mais. Dois importantes desafios na China - o custo crescente dos subsí dios a s renova veis e a da sua integra-

ça o na rede – limitara o esta rota de crescimento.

As polí ticas de energia renova vel da China esta o a modificar-se substancialmente para enfrentar esses de-

safios. A China esta a acabar com o seu programa de tarifas subsidiadas e esta a criar um sistema de quotas

baseado em certificados verdes.

Juntamente com esta reforma do mercado, esta o a ser construí das novas linhas de transmissa o e a expan-

dir-se os sistemas da geraça o distribuí da – esta combinaça o de polí ticas ira acelerar a implantaça o de ener-

gia solar (e eo lica). No entanto, o momento e a implementaça o desta polí tica de transiça o permanecem in-

certos.

Portanto, a PV solar na China podera atingir um total de 320 GW ate 2022, equivalente a capacidade total

do Japa o. Isso tambe m tem implicaço es globais: combinado com possí veis melhorias polí ticas e regulato -

rias em outros paí ses-chave, como I ndia, Japa o e Estados Unidos, a capacidade cumulativa de PV solar

mundial podera quase triplicar para 880 GW ate 2022.

EUA: incerteza lança nuvens sobre o crescimento

Apesar da incerteza polí tica, os Estados Unidos continuam sendo o segundo maior mercado de crescimento

para renova veis. Os principais drivers continuam a ser fortes para novas capacidades de energia eo lica e

solar onshore, como o mix de incentivos fiscais federais combinados com padro es de portfo lio renova vel,

bem como as polí ticas estaduais para PV solar distribuí do. Ainda assim, a incerteza atual sobre as propos-

tas de reformas fiscais federais, as polí ticas de come rcio e energia internacionais, podera o ter implicaço es

para a economia relativa das energias renova veis e alterar o ritmo da sua expansa o.

Índia: uma ascensão em potencial

A previsa o da I ndia e mais otimista a medida que se move para abordar a sau de financeira de seus serviços

pu blicos e resolver os problemas de integraça o da rede. O crescimento da eletricidade na I ndia ira superar

o da Unia o Europeia. Em 2022, espera-se que a I ndia aumente para o dobro a capacidade atual das fontes

renova veis na capacidade total de eletricidade.

O PV solar e a eo lica juntos representam 90% do crescimento da capacidade da I ndia, pois os leilo es rende-

ram alguns dos preços mais baixos do mundo para ambas as tecnologias. Em alguns estados indianos, estes

preços contratuais recentes sa o compara vel a s tarifas do carva o.

A aceleraça o renova vel da I ndia indica que a expansa o da capacidade das energias limpas podera

ser impulsionada quase um terço, desde que os desafios existentes de integraça o e infra-estrutura da rede

sejam abordados, as incertezas polí ticas e regulamentares sejam reduzidas e os custos continuem a cair.

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Se for este o caminho, o crescimento da I ndia fica a par com os Estados Unidos, tornando-se o segundo mai-

or mercado de crescimento apo s a China.

União Europeia: o mercado maturo

Na Unia o Europeia, segundo a EIA, o crescimento das renova veis ate 2022 e 40% menor do que o perí odo

de cinco anos anterior. No geral, a procura de eletricidade torna-se mais fraca e mante m-se excesso de ca-

pacidade. E para ale m de 2020, permanece a incerteza polí tica. No entanto, se for aprovada a nova directiva

da UE sobre as energias renova veis para o po s-2020, a qual exige uma materializaça o em tre s anos das po-

lí ticas definidas, melhorar-se-a a previsibilidade do mercado para os investidores.

O crescimento da PV solar ajuda a reduzir o fosso de eletrificação no desenvolvimento da Ásia e

África subsaariana

De acordo com a EIA, a capacidade renova vel distribuí da nas regio es da A frica subsaariana e do sudoeste

asia tico quase triplicara - atingindo mais de 3.000 MW em 2022, entre aplicaço es industriais, sistemas sola-

res dome sticos e mini-redes, todos impulsionadoa por programas de eletrificaça o governamentais e inves-

timentos do setor privado.

Embora este crescimento represente uma pequena parcela da capacidade total de PV instalada em ambas

as regio es, o seu impacto so cio-econo mico e significativo. Diversas entidades internacionais estimam que

nos pro ximos cinco anos, os sistemas solares dome sticos - o setor mais dina mico no segmento off-grid -

trara o serviços ba sicos de eletricidade para quase 70 milho es de pessoas localizadas nestas regio es.

Este movimento tambe m levara ao surgimento de novos empresa rios, trazendo soluço es de pagamento

inovadoras que ira o permitir o acesso inicial das populaço es de baixo rendimento aos serviços de eletrici-

dade.

A geração renovável torna-se mais competitiva, fechando a lacuna com o carvão

Em 2022, a geraça o de eletricidade renova vel global devera crescer em mais de um terço ate mais 8000

TWh, um valor igual ao consumo total da China, I ndia e Alemanha combinados.

A participaça o das energias renova veis na geraça o de energia atingira 30% em 2022, face a 24% em 2016.

Apesar do crescimento mais lento da capacidade, a energia hí drica continuara sendo a maior fonte de gera-

ça o de energia renova vel, seguida da eo lica, da PV solar e da bioenergia.

Nos pro ximos cinco anos, o crescimento da geraça o renova vel sera duas vezes maior do que a do ga s e do

carva o combinados. Enquanto o carva o continuara a ser a maior fonte da geraça o de eletricidade em

2022, as renova veis perseguem a sua liderança. Em 2016, a geraça o renova vel foi 34% menor do que o car-

va o, mas em 2022 esse diferencial sera reduzido para apenas 17%.

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A medida que o crescimento da eo lica e da energia solar acelera, a integraça o do sistema torna-se cada vez

mais importante.

As energias eo lica e a solar juntas representara o mais de 80% do crescimento global da capacidade renova vel

no pro ximos cinco anos. Em 2022, e expecta vel que a Dinamarca seja lí der mundial, com quase 70% de sua

eletricidade geraça o proveniente de fontes renova veis varia veis.

Em alguns paí ses europeus (Irlanda, Alemanha e Reino Unido), a participaça o da energia eo lica e solar na ge-

raça o total excedera 25%. Na China, I ndia e Brasil, espera-se que a participaça o da geraça o varia vel seja supe-

rior a 10% em apenas cinco anos.

Estas tende ncias te m implicaço es importantes para o futuro. Sem um aumento da flexibilidade varia vel do

sistema (reforço e interconexa o das redes, armazenamento, respostas flexí veis para procura e oferta), as

energias renova veis estara o mais expostas ao risco de perder valor no sistema em partes crescentes do mer-

cado, uma vez que a tende ncia e para a depressa o dos preços, precisamente num momento em que a produ-

ça o eo lica e solar e abundante e a procura e baixa.

Os quadros de mercado e polí ticas precisam evoluir para lidar simultaneamente com mu ltiplos objetivos. Isto

inclui o for- necimento

de

si-

nais de preços a longo prazo para atrair investimentos, garantin-

do despachos de eletricidade de curto prazo, determinando externalidades negativas e desbloqueando ní veis

suficientes de flexibilidade, bem como promover um portfo lio de tecnologias renova veis despacha veis, inclu-

indo energia hí drica, bioenergia, geote rmica e CSP.

Geração de eletricidade renovável variável em países selecionados, 2016 vs 2022

Fonte: Agência Internacional de Energia, 2017

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Os biocombustí veis continuam a ser o campea o das energias renova veis nos transportes, enquanto a quota de

energia ele trica os veí culos crescem

A percentagem de energias renova veis no transporte rodovia rio devera aumentar apeanas marginalmente, de

mais de 4% em 2016 para quase 5% em 2022. Os biocombustí veis e veí culos ele tricos (EVs) sa o opço es com-

plementares para alcançar a descarbonizaça o do setor de transportes com energias renova veis.

Apesar das crescentes vendas, a participaça o dos EVs permanece limitada, e os biocombustí veis ainda deve-

ra o representar mais de 90% do consumo total de energia renova vel no transporte rodovia rio em 2022. Ate

este ano, as previso es apontam para que a produça o de biocombustí veis cresça mais de 16%.

A A sia lidera esse crescimento devido a crescente procura por combustí vel de transporte, a disponibilidade de

mate rias-primas e a polí ticas governamentais favora veis. O Brasil realiza um contributo fundamental neste

mercado energe tico, em resultado de seus esforços para aumentar o consumo sustenta vel de biocombustí veis,

concretizando assim o seu objetivo nacional para 2030.

Nos Estados Unidos, o etanol e a produça o de biodiesel tambe m se expandem como resultado de estruturas

polí ticas favora veis. Um crescimento modesto e esperado na Unia o Europeia, uma vez que o cena rio polí tico

apo s 2020 na o devera encorajar investimento da indu stria.

Entretanto, os combustí veis avançados (como o etanol celulo sico) alcançaram progressos importantes nos

u ltimos anos, mas ainda na o sa o competitivos face aos produtos petrolí feros. Espera-se que a produça o au-

mente sete vezes a partir de uma base baixa, que ainda e pouco mais de 1% da produça o total de biocombustí -

veis.

Globalmente, a eletricidade consumida por EVs - incluindo automo veis, autocarros, motociclos duas e tre s ro-

das - devera dobrar ate 2022, mas ainda representara menos de 1% da geraça o total de eletricidade. A China e

a maior consumidor de eletricidade renova vel em EVs, graças a expansa o no segmento dos motociclos de du-

as e tre s rodas e na crescente participaça o das energias renova veis no mix ele trico. A Europa e o segundo mai-

or consumidor de eletricidade para Evs, devido a implantaça o de carros ele tricos em mercados com alta pene-

traça o de fontes renova veis , como a Noruega e a Alemanha.

Fonte: Agência Internacional de Energia, 2017

Crescimento da capacidade renovável por tecnologia, histórico e previsão, 1999-2022

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Apesar de os Estados Unidos serem o terceiro maior mercado de carros ele tricos, o consumo de energia reno-

va vel e relativamente inferior a China e a Europa devido ao papel menos proeminente das energias renova -

veis no mix ele trico.

O calor renovável cresce um quarto, mas sua participação aumenta apenas marginalmente

A proporça o de energias renova veis usada na produça o de calor aumentara lentamente, passando de 9% em

2015 para quase 11% em 2022. Quase 40% das emisso es globais de CO2 relacionadas com energia sera o pro-

venientes do calor usado para aquecer a gua e o espaço em edifí cios e processos industriais; portanto, a des-

carbonizaça o do calor continuara a ser um importante desafio.

O setor de construça o devera liderar o crescimento do consumo de calor renova vel, com o crescimento mais

ra pido neste setor a se verificar na China, na Unia o Europeia e na Ame rica do Norte. Na indu stria, a China e a

I ndia vera o um crescimento significativo no consumo de calor renova vel. Em termos de fontes, a bioener-

gia aumentara a sua importa ncia no crescimento do consumo de calor renova vel.

O consumo global de energia solar te rmica tambe m devera aumentar em mais de um terço, embora o cresci-

mento devera ser mais lento do que em anos anteriores. A China sozinha fornecera mais de um terço do to-

tal crescimento de calor renova vel ate 2022, impulsionado por metas reforçadas para a energia solar te rmi-

ca, bioenergia e geote rmica, bem como pelo aumento das preocupaço es com a poluiça o do ar nas cidades. A

UE sera o segundo maior mercado de crescimento, em resultado dos objetivos vinculativos da Diretiva da

Energia Renova vel, continuando a ser o lí der global em termos de consumo absoluto de calor renova vel.

Tendências futuras

As polí ticas renova veis em muitos paí ses esta o a passar de tarifas subsidiadas para leilo es competitivos com

contratos de compra de energia de longo prazo, direcionados a projetos com escala de grandes centrais.

O aumento da concorre ncia reduziu os ní veis de remuneraça o dos projetos solares fotovoltaicos e eo licos em

30-40% em apenas dois anos em alguns paí ses-chaves como a I ndia, a Alemanha e a Turquia. Este mecanismo

competitivo de descoberta de preços foi espremido custa toda a cadeia de valor fazer propostas uma opça o de

polí tica econo mica para os governos.

Os leilo es tambe m podem permitir um melhor controlo da implementaça o, dos incentivos e da integraça o no

sistema. A previsa o de diversas entidades internacionais e que cerca de metade da expansa o da capacidade de

energia renova vel entre 2017-22 sera impulsionada por leilo es competitivos com contratos de compra de lon-

go prazo, em contraste com pouco mais dos 20% registados em 2016 neste regime.

Os preços de leilo es anunciados para a eo lica e a energia solar continuaram a cair, embora os custos me dios

de geraça o dos projetos de construça o nova permaneçam maiores.

Durante o perí odo 2017-22, os custos globais de geraça o me dia devera o diminuir ainda mais em um quarto

para as grandes centrais de PV solar, quase 15% para a eo lica onshore e um terço para o eo lica offshore.

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Ainda assim, os custos me dios para o PV solar permanecem relativamente altos por causa do valor elevado

das tarifas subsidiadas na China e no Japa o, bem como pelos custos de investimento relativamente elevados

nos Estados Unidos.

Contudo, de acordo com a identificaça o operada pela Bloomberg Energy Finance, os preços de leilo es anuncia-

dos indicam reduço es de custos muito mais acentuadas, variando de $30-45 / MWh para o PV solar (I ndia,

Me xico, Emirados A rabes Unidos, Argentina) para $35-50 / MWh para a eo lica onshore (I ndia, Marrocos, Egi-

to, Turquia, Chile).

Os leilo es tambe m esta o a revelar-se eficazes na ra pida reduça o de custos da eo lica offshore e no CSP. Os

anu ncios de leilo es (em termos de volumes e preços) precisam ser verificados ao longo do tempo: no presente

momento, eles sinalizam que a expansa o do preço competitivo pode resultar numa me dia de custos ainda me-

nor nos pro ximos anos.

A escala das futuras necessidades de eletricidade e o desafio de descarbonizar a oferta energe tica ajudam a

explicar na o so o facto do investimento global em eletricidade ultrapassar o de petro leo e ga s pela primeira

vez em 2016, como tambe m a segurança da eletricidade estar a impulsionar firmemente a agenda polí tica.

As reduço es de custos das energias renova veis na o sa o suficientes por si so para garantir uma descarboniza-

ça o eficiente ou um abastecimento fia vel. O desafio da polí tica e garantir investimento suficiente em redes de

eletricidade e num mix de tecnologias de geraça o que melhor atendam a s necessidades do sistema de energia,

proporcionando a flexibilidade que e cada vez mais vital a medida que aumenta a contribuiça o do eo lica e da

energia solar fotovoltaica e das suas ligaço es entre a segurança da eletricidade e do ga s.

O uso crescente de tecnologias digitais em toda a economia melhora a eficie ncia e facilita a operaça o flexí vel

de sistemas de energia, mas tambe m levantara questo es prementes na segurança dos sistemas, devido a s

ameaças de ciberterrorismo.

MAIN CONCLUSIONS: as energias renováveis estão a conseguir em definitivo o seu luga r ao sol no

mix energético mundial. O crescimento da sua penetração verifica-se em diferentes escalas e veloci-

dades, mas o facto é que estão a crescer em todas as regiões do globo. As perspectivas para um aces-

so universal à eletricidade a um custo comportável afigura-se cada vez mais como uma possibilidade, sendo

essa uma revolução que mudará a face económica e social da Áfruca subsaariana. As políticas de incentivo

cada vez mais se afastam das tarifas subsidiadas para contratos de compra a longo prazo, assentes em proje-

tos de centrais de grande escala. Tudo isto aponta que as renováveis não necessariamente conduzirão a um

sistema distribuído e descentralizado, mas que o sistema centralizado manter-se-á, embora com outro for-

mato. A máxima de Lampedusa verifica-se: algo tem de mudar para ficar tudo na mesma.

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NOTA METODOLÓGICA

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NOTA METODOLÓGICA

A nova ordem da geopolítica mundial do petróleo e gás

O s geo grafos organizam a visa o do mundo em regio es compartimentadas para assim caracterizar zonas espaciais que se distinguem umas das outras. Contudo, estas diviso es na o constituem ima-gens verdadeiras da realidade, porque esta o dependentes da valorizaça o que o observador faz deste ou daquele factor caracterizador.

Para o Oil Security Perspectives FLAD 2017-18, a fim de definir o contexto geopolí tico da segurança energe -tica dos EUA e de alguns paí ses da CPLP, procedeu-se a uma compartimentaça o do mundo com base numa u nica caracterí stica geopolí tica estruturante da dina mica de poder: o recurso energe tico petro leo e ga s.

A compartimentaça o do mundo apresentada tem como base o modelo teo rico de Saul Cohen (1973 e 2003), estando dividido segundo a tipologia dominante de hidrocarbonetos existente em cada agrupamento regio-nal. Sa o distinguidos dois tipos de regio es:

• As regio es geoestrate gicas, uma extensa o espacial com significado global (no presente caso, no domí nio do petro leo e ga s), suficientemente ampla para possuir caracterí sticas e funço es que tenham influe ncia mundial [na oferta mundial de hidrocarbonetos], expressa o das inter-relaço es existentes numa vasta parte do mundo, analisado em termos de localizaça o, circulaça o, come rcio e orientaço es polí tico-ideolo gicas

• As regio es geoecono micas, que te m extenso es regionais, sendo uma subdivisa o da regia o geoestrate gi-cas. Expressa a unidade de caracterí sticas geogra ficas [relativas a depende ncia ou auto-suficie ncia de hidrocarbonetos]. A contiguidade de posiça o e a complementaridade dos seus recursos sa o sinais espe-cialmente diferenciadores da regia o geoecono mica.

Verificamos nesta divisa o dois grandes espaços, duas grandes regio es geoestrate gicas: a do Mundo Petrolí -fero Na o-Convencional (onde sa o dominantes as fontes fo sseis e tecnologias de extracça o na o-

Fonte: Programa Segurança Energética FLAD, 2017-18

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convencionais) e a do Mundo Petrolí fero Convencional (onde sa o dominantes as fontes fo sseis e tecnologias convencionais).

A regia o geoestrate gica do Mundo Petrolí fero Na o-Convencional compreende as Ame ricas, a A frica subsaar-iana e Austra lia. E uma regia o praticamente coincidente com a do Mundo Marí timo Dependente do Come r-cio de Cohen (1973 e 2003). Abrange os oceanos Atla ntico, I ndico e o Pací fico.

As recentes descobertas de fontes de hidrocarbonetos na o-convencionais esta o a transformar este agrupa-mento regional de um conjunto de dependentes de petro leo e ga s para um conjunto de regio es auto-suficientes e exportadoras petrolí feras. Esta regia o geoestrate gica ja e responsa vel por 30% da produça o mundial de petro leo e ga s proveniente da exploraça o marí tima em a guas profundas e ultra-profundas e de-tera 25% das reservas de ga s natural do mundo, devido a fonte do ga s de xisto (vulgo shale gas).

A sua transformaça o em regia o produtora com escala mundial na o so gerara uma profunda reconfiguraça o das rotas comerciais, mas tambe m da presente teia mundial de interdepende ncias energe ticas.

Sendo o Atla ntico Norte uma das maiores zonas mundiais de grande tra fego comercial, estas novas desco-bertas provavelmente criara o novas rotas de transporte de hidrocarbonetos na o so no Atla ntico Norte, mas tambe m no Sul, no I ndico e no Pací fico para as regio es dependentes de hidrocarbonetos, reconfigurando a presente teia mundial de interdepende ncias energe ticas, aumentando, por exemplo, a importa ncia do Ga s Natural Liquefeito (GNL), transportado por mar, mitigando a depende ncia do ga s transportado por gasodu-to.

A Regia o Geoestrate gica do Mundo Petrolí fero Convencional e composta por duas regio es geoecono micas produtoras e duas regio es geoecono micas dependentes de petro leo externo. Sa o as regio es coincidentes as do Heartland, Europa Marí tima, A sia Marí tima e Shatterbelt do Me dio Oriente de Cohen (1973 e 2003).

As duas regio es geoecono micas produtoras de petro leo sa o:

• O Heartland Petrolí fero, constituí do pela Ru ssia e os produtores do Mar Ca spio. O nu cleo desta re-gia o e a Ru ssia, um dos tre s maiores produtores de petro leo e ga s do mundo. Constituindo o Cora-ça o Continental (Heartland) do continente Eurasia tica, o seu poder energe tico assenta sobretudo na distribuiça o terrestre do ga s para as duas regio es geoecono micas petro-dependentes: o Bloco Asia tico Petro-dependente e o Bloco Europeu Marí timo Petro-dependente. Especialmente sobre este u ltimo, a Ru ssia exerce uma forte depende ncia energe tica, utilizando essa força como poder repressivo como arma polí tica sobre paí ses tra nsito do ga s natural para a Europa, como por exem-plo, a Ucra nia.

A Ru ssia concluiu o Nordstream, o gasoduto que fornece a Alemanha via Ba ltico. E tem projetado a construça o do Turskish Stream, via Mar Negro e Turquia. Existem diversos projetos de gasodutos alternativos patrocinados pela UE para transporte de ga s dos paí ses do Ca spio. Esta tambe m pre-vista a construça o de gasodutos para transporte do ga s natural russo e dos paí ses produtores do Ca spio para a China e I ndia. Esta regia o e maioritariamente constituí da por regimes autorita rios, com risco geopolí tico moderado ou elevado.

• O Shatterbelt Petrolí fero, constituí do na maioria por paí ses da OPEP (Me dio Oriente e Norte de A frica). E uma regia o geoecono mica especial, porque, segundo Cohen (2003), e uma cintura frag-mentada: «grande regia o estrategicamente situada, ocupada por um certo nu mero de Estados em conflito e refe m dos interesses opostos de grandes pote ncias contí guas». Portanto, e uma zona de constante perturbaça o geopolí tica. No conjunto, ainda exercem um forte poder sobre a oferta mun-dial de petro leo e ga s disponí vel e a formaça o do preço do barril de petro leo. Ale m disso, ainda exercem um forte condicionamento no transporte marí timo de petro leo, ja que mais de 60% tem de passar pelos chokepoints do Estreito de Ormuz, Golfo de A den e Canal do Suez, zonas afetadas por constante conflitualidade e ataques de pirataria. O Shatterbelt Petrolí fero e o fornecedor estra-te gico de petro leo do Bloco Europeu Marí timo Petro-dependente e cada vez mais do Bloco Asia tico Petro-dependente, e cada vez menos da zona do Novo Petro leo Ocidental. Com efeito, os EUA, tor-naram-se em 2014 os maiores produtores de petro leo e ga s do mundo, sendo prevista a sua auto-suficie ncia em 2020. Se a esta tende ncia juntarmos a produça o da regia o do Novo Petro leo Marí ti-mo, verificamos que o atual poder mundial do Shatterbelt Petrolí fero, como do Heartland Petrolí fe-ro ve -se desafiado pelo Mundo Petrolí fero Na o-Convencional.

Por outro lado, as duas grandes regio es geoecono micas dependentes do fornecimento externo de petro leo

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sa o:

• A Europa Marí tima Petro-dependente, com uma elevada depende ncia fornecimento de ga s da Ru s-sia (como ja mencionado), dos fornecedores do Ma r Ca spio, Me dio Oriente e Norte de A frica. A ex-ceça o da Esco cia e da Noruega, produtores excedenta rios de petro leo e gas no Mar do Norte, o Blo-co Europeu Marí timo Petro-dependente e extremamente dependente de fornecedores localizados no Shatterbelt Petrolí fero e no Heartland Petrolí fero. Embora com perspetivas de produça o petrolí -fera no Mediterra neo Oriental, a oposiça o polí tica e pu blica europeias a exploraça o do ga s de xisto, e as limitaço es da produça o baseada em energias renova veis, anteve em que a Europa manter-se-a exposta em elevado grau ao fornecimento externo de hidrocarbonetos. A ascensa o das regio es do Novo Petro leo Marí timo e do Novo Petro leo Ocidental abrira o novas perspetivas na o so de diversi-ficaça o de fornecimento, mas tambe m de oportunidades de cooperaça o na inovaça o tecnolo gica a ní vel da geologia e engenharia que permitira o desbravar fontes alternativas de combustí veis fo s-seis.

• O Bloco Asia tico Petro-dependente, com destaque para a crescente consumo da I ndia e da China. Com efeito, esta u ltima tornou-se o maior importador mundial de petro leo em Setembro de 2013, tomando o lugar que os EUA ocupavam ha quatro de cadas, desde o 1º Choque Petrolí fero. Igual-mente crescentemente dependente do Shatterbelt Petrolí fero e do Heartland Petrolí fero, o Bloco Asia tico Petro-dependente testa a diversificar a sua captaça o de reservas para as regio es do Novo Petro leo Marí timo e do Novo Petro leo Austral. A China e a I ndia te m estado muito ativas na entra-da na exploraça o no I ndico (Moçambique, Tanza nia e Que nia), na A frica Ocidental (Angola) e no Brasil. Quanto a este u ltimo, tem revelado alguma apreensa o a crescente presença das estatais chi-nesas (Sinopec, CNOOC) no pre -sal brasileiro, manifestando receios de domí nio da China na explo-raça o petrolí fera, em concorre ncia com a Petrobras. Atente-se que recentemente o Brasil fez ques-ta o de «plantar» a Bandeira da Naça o na plataforma continental do pre s-sal. Por sua vez, a China tem aumentado cada vez a sua presença ativa no Shatterbelt Petrolí fero, com destaque para a pre-pondera ncia crescente no Iraque. Entretanto, dada a avidez de petro leo e ga s do Bloco Asia tico Pe-tro-dependente, e tambe m expecta vel que se tornem um dos grandes importadores da regia o Novo Petro leo Ocidental. Portanto, o Bloco Asia tico Petro-dependente sera , de certa forma, um competi-dor ou um cooperante do Bloco Europeu Marí timo Petro-dependente no acesso a reservas de hi-drocarbonetos.

Por sua vez, a Regia o Geoestrate gica Mundo Petrolí fero Na o-Convencional e composta maioritariamente por democracias esta veis e relativamente esta veis, de baixo ou moderado risco geopolí tico, conforme os dados do Worldwide Governance Indicators, do World Bank. Nesta regia o, uma parte importante das reser-vas petrolí feras te m a particularidade de estarem localizadas no territo rio e em paí ses costeiros, ou total-mente rodeados por mar (Austra lia). No limite, estamos perante um mundo marí timo dos hidrocarbonetos.

A regia o geoestrate gica do Mundo Petrolí fero Na o-Convencional subdivide-se em tre s regio es geoecono mi-cas produtoras petrolí feras, cada uma com o seu nu cleo:

• A do Novo Petro leo Ocidental, composta pelos EUA e Canada . O nu cleo desta regia o geoecono mica e os EUA, dado o enorme poder energe tico baseado nas recentes reservas de ga s e petro leo de xisto (na o convencionais), possibilitadas pela inovaça o tecnolo gica, que assegurara o a autossufi-cie ncia energe tica em 2020, passando assim de maior importador de petro leo mundial para um dos tre s maiores produtores, segundo as previso es da Energy Information Administration.

O Canada e um fornecedor importante de petro leo baseado nas areias betuminosas. As previso es apontam para importantes reservas de petro leo e ga s de xisto na tambe m na Argentina (Ame rica do Sul). Esta regia o esta localizada, do lado Atla ntico, junto a uma regia o dependente de petro leo (Bloco Europeu Marí timo Petro-dependente), e do lado Pací fico tambe m podera fornecer, por via marí tima, o Bloco Asia tico Petro-dependente. Com efeito, neste momento, encontra-se prevista a construça o de 17 terminais de GNL nas duas costas dos EUA, com a finalidade de exportar este hidrocarboneto. E previsí vel assim a criaça o de duas novas rotas comerciais marí timas gasí feras. Ale m disso, os EUA esta o a aproveitar a nova abunda ncia de petro leo e ga s na o so para se reindustrializarem, mas tambe m para exportar a tecnologia de exploraça o de hidrocarbonetos na o-convencionais,

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utilizando o seu poder cientí fico-tecnolo gico para diminuir a influe ncia geoecono mica russa base-ada no fornecimento de ga s natural. Por exemplo, a China, potencial detentora de reservas signifi-cativas de shale gas e um dos principais dependentes da Ru ssia, ja esta a desenvolver cooperaça o com os EUA para a exploraça o daquela fonte energe tica.

• A do Novo Petro leo Austral, composta pela Austra lia, sendo esta o seu nu cleo. A sua importa ncia

prende-se com as enormes reservas existentes de petro leo e ga s de xisto. Localizado no sul da A sia-Pací fico, rodeado por mar, o continente australiano posiciona-se, a me dio prazo, como um importante fornecedor de petro leo e ga s para o Bloco Asia tico Petro-dependente.

• A do Novo Petro leo Marí timo, composta pelas Caraí bas, parte dos EUA (Golfo do Me xico), Ame ri-ca Central (Me xico), Brasil e A frica Subsaariana, Ocidental e Oriental. O nu cleo desta regia o geoe-cono mica e o Brasil, que ja e praticamente autossuficiente energeticamente devido a s gigantescas reservas de hidrocarbonetos localizadas nas a guas profundas e ultra-profundas, a qual tambe m e classificada como na o convencional devido a formaça o geolo gica onde se encontra (pre -sal) e a tecnologia inovadora utilizada na sua extraça o, criada pela Petrobras em conjunto com as empre-sas de serviços de petro leo e ga s (OFS). A Petrobras tem como um dos seus objectivos exportar esta tecnologia para a exploraça o do pre -sal da A frica Ocidental, dado que os dois continentes partilham a mesma plataforma continental. Portanto, o elemento cientí fico-tecnolo gico e estrate -gico para a projeça o do poder brasileiro na sua zona de influe ncia do Atla ntico Sul.

Conve m referir que 50% das novas descobertas de hidrocarbonetos realizadas na u ltima de cada esta o loca-lizadas na regia o geoecono mica do Novo Petro leo Marí timo, em paí ses de lí ngua portuguesa (Brasil 25%, Moçambique 20% e Angola 5%). Moçambique destaca-se por possuir uma das maiores reservas de ga s na-tural do mundo, sendo considerado um «2º Qatar». Ale m do Brasil, no Atla ntico Sul, esta regia o integra os dois maiores produtores africanos subsaarianos de petro leo (Angola e Nige ria) e um dos maiores produto-res africanos de ga s natural (Guine Equatorial). Sendo assim, a regia o do Novo Petro leo Marí timo posiciona-se como uma das principais fornecedoras, no Atla ntico, do Bloco Europeu Marí timo Petro-dependente, mas tambe m do Bloco Asia tico Petro-dependente, na o so por via do I ndico, mas tambe m do Atla ntico Sul. Com efeito, as empresas estatais chinesas te m realizado aquisiço es agressivas de reservas de hidrocarbonetos na A frica Subsaariana, no Atla ntico Sul brasileiro, angolano e nigeriano e no I ndico moçambicano. Este constitui o modelo de dina mica de poder geopolí tico da segurança energe tica global , o qual conjugado com a ana lise dos relato rios e dados da AIE, EIA e da Rystad Energy, serviu de base a elaboraça o do Oil Se-curity Perspectives 2018.

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