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Welrika Beatriz Silva Moreira A REPERCUSSÃO GERAL COMO PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO FACULDADES PLANALTO FACULDADES PLANALTO

Repercussão Geral no Recurso Extraordinário

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A REPERCUSSÃO GERAL COMO PRESSUPOSTO DEADMISSIBILIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

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Page 1: Repercussão Geral no Recurso Extraordinário

Welrika Beatriz Silva Moreira

A REPERCUSSÃO GERAL COMO PRESSUPOSTO DE

ADMISSIBILIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

BRASÍLIAMAIO/2009

INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTO

Page 2: Repercussão Geral no Recurso Extraordinário

INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa analisar, a Repercussão Geral no Recurso

Extraordinário, introduzido em nosso ordenamento jurídico pela Emenda

Constitucional 45 de 2004, através da introdução do § 3° do art. 102 da

Constituição Federal, a conhecida Reforma do Poder Judiciário.

Com o objetivo de diminuir o número e, ao mesmo tempo, de acelerar a

marcha dos recursos nos tribunais superiores, onde o objetivo de admissibilidade

do recurso extraordinário exige do recorrente a demonstração da repercussão

geral da questão ou questões constitucionais debatidas na demanda.

As características do novo instituto demandam comunicação mais direta

entre os órgãos do Poder Judiciário, principalmente no compartilhamento de

informações sobre os temas em julgamento e feitos sobrestados e na

sistematização das decisões e das ações necessárias à plena efetividade e à

uniformização de procedimentos.

Neste sentido, esta sistematização de informações destina-se a auxiliar na

padronização de procedimentos no âmbito do Supremo Tribunal Federal e dos

demais órgãos do Poder Judiciário, de forma a atender os objetivos da reforma

constitucional e a garantir a racionalidade dos trabalhos e a segurança dos

jurisdicionados, destinatários maiores da mudança que ora se opera.

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Page 3: Repercussão Geral no Recurso Extraordinário

A REPERCUSSÃO GERAL COMO PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Dispõe, com efeito, o art. 102, § 3º, que:

“No recurso extraordinário o

recorrente deverá demonstrar a repercussão

geral das questões constitucionais discutidas no

caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal

examine a admissão do recurso, somente

podendo recusá-lo pela manifestação de dois

terços de seus membros”.

A finalidade da repercussão geral é delimitar a competência do STF, no

julgamento de recursos extraordinários, às questões constitucionais com

relevância social, política, econômica ou jurídica, que transcendam os interesses

subjetivos da causa. Uniformizar a interpretação constitucional sem exigir que o

STF decida múltiplos casos idênticos sobre a mesma questão constitucional.

A existência da repercussão geral da questão constitucional suscitada é

pressuposto de admissibilidade de todos os recursos extraordinários, inclusive

em matéria penal. Exige-se preliminar formal de repercussão geral, sob pena de

não ser admitido o recurso extraordinário. A verificação da existência da

preliminar formal é de competência concorrente do Tribunal, Turma Recursal ou

Turma de Uniformização de origem e do STF.

A análise sobre a existência ou não da repercussão geral, inclusive o

reconhecimento de presunção legal de repercussão geral, é de competência

exclusiva do STF.

A grande busca dos processualistas vem sendo a celeridade processual,

que nos últimos tempos, em nosso ordenamento jurídico vêm ganhando a pauta

das reformas da legislação processual. Assim sendo, o Supremo Tribunal

Federal, começa a se direcionar como um verdadeiro Tribunal Constitucional,

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Page 4: Repercussão Geral no Recurso Extraordinário

deixando de lado a amplitude de sua base jurisdicional para se preocupar apenas

com os casos de grande repercussão para o ordenamento jurídico.

A amplitude de sua competência, e principalmente a prolixidade da

Constituição Federal, permitiam que se chegasse ao STF discussões da menor

importância para o direito. Não querendo dizer, que exista uma graduação de

importância entre as demandas levadas à apreciação do Poder Judiciário, mas

existia a necessidade de se delimitar o âmbito de atuação de um Tribunal

Constitucional para que as matérias de grande relevância para a nação tenham a

merecida atenção e possam ser julgadas com a celeridade que as reformas

clamam.

Na Constituição de 1988, o constituinte, não estabeleceu nenhum filtro

para o julgamento de recursos extraordinários. Ao invés de seu papel de controle

difuso de constitucionalidade, o recurso extraordinário vinha sendo utilizado

desde então como mais um instrumento de revisão das decisões proferidas nas

instâncias inferiores. Em razão disto, cuidou o constituinte de reforma de fazer

introduzir um novo mecanismo de filtragem dos recursos extraordinários: A

Repercussão geral, que não tem nada em comum com a argüição de relevância,

além de ser um mecanismo de barreira ao STF.

Quando a causa oferecerá Repercussão Geral?

Na forma do art. 543 – A, § 1º do CPC:

“Para efeito da repercussão geral, será

considerada a existência, ou não, de questões

relevantes do ponto de vista econômico, político,

social ou jurídico, que ultrapassem os interesses

subjetivos da causa”.

Com a criação do instituto da repercussão geral o primeiro

questionamento levantado disse respeito à sua natureza jurídica e neste ponto

não há receio em afirmar que a suscitação e conseqüente existência da

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repercussão geral da questão constitucional é pressuposto de admissibilidade

de todos os recursos extraordinários.

Matéria com repercussão geral:

RE 576321 RG-QO / SP - SÃO PAULOREPERCUSSÃO GERAL POR QUEST. ORD. RECURSO EXTRAORDINÁRIORelator(a):  Min. RICARDO LEWANDOWSKIJulgamento: 04/12/2008 

PublicaçãoDJe-030 DIVULG 12-02-2009 PUBLIC 13-02-2009EMENT VOL-02348-05 PP-00976

Parte(s)RECTE.(S) : MUNICÍPIO DE CAMPINASADV.(A/S) : JOÃO BATISTA BORGESRECDO.(A/S) : HELENICE BÉRGAMO DE FREITAS LEITÃOADV.(A/S) : CLOVIS EDUARDO DE OLIVEIRA GARCIA

EMENTA: CONSTITUCIONAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. TAXA. SERVIÇOS DE LIMPEZA PÚBLICA. DISTINÇÃO. ELEMENTOS DA BASE DE CÁLCULO PRÓPRIA DE IMPOSTOS. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE. ART. 145, II E § 2º, DA CONSTITUIÇÃO. I - QUESTÃO DE ORDEM. MATÉRIAS DE MÉRITO PACIFICADAS NO STF. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. CONFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA. DENEGAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS QUE VERSEM SOBRE OS MESMOS TEMAS. DEVOLUÇÃO DESSES RE À ORIGEM PARA ADOÇÃO DOS PROCEDIMENTOS PREVISTOS NO ART. 543-B, § 3º, DO CPC. PRECEDENTES: RE 256.588-ED-EDV/RJ, MIN. ELLEN GRACIE; RE 232.393/SP, CARLOS VELLOSO. II – JULGAMENTO DE MÉRITO CONFORME PRECEDENTES. III – RECURSO PROVIDO.

Decisão: O Tribunal resolveu questão de ordem suscitada pelo Relator no sentido de reconhecer a existência de repercussão geral, ratificar o entendimento firmado pelo Tribunal sobre o tema e denegar a distribuição dos demais processos que versemsobre a matéria, determinando a devolução dos autos à origem para a adoção dos procedimentos previstos no artigo 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil. Quanto ao mérito, por maioria, deu provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator, vencidosos Senhores Ministros Carlos Britto e Marco Aurélio. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello e, licenciado, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 04.12.2008.  

Matéria sem repercussão geral:

RE 583747 RG / RJ - RIO DE JANEIROREPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIORelator(a):  Min. MENEZES DIREITOJulgamento: 05/03/2009

PublicaçãoDJe-079 DIVULG 29-04-2009 PUBLIC 30-04-2009EMENT VOL-02358-05 PP-00935

Parte(s)RECTE.(S) : MUNICÍPIO DE TERESÓPOLISADV.(A/S) : LUCIANE R M ALMEIDARECDO.(A/S) : VERA SZTERN LEVY

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Page 6: Repercussão Geral no Recurso Extraordinário

EMENTA:   DIREITO TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO. DECRETAÇÃO DE OFÍCIO. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. INEXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

Decisão: O Tribunal, por maioria, recusou o recurso extraordinário ante a ausência de repercussão geral da questão constitucional suscitada, vencidos os Ministros Ellen Gracie e Marco Aurélio.

Tratando-se assim de mais um requisito de admissibilidade, devo me

perguntar: Quando deve ser apreciado, como deve ser argüido, e a partir de qual

momento pode ser exigida?

Estas indagações foram respondidas paulatinamente pela legislação

regulamentadora e pela própria jurisprudência do STF.

Uma coisa se mostrou certa, desde o começo: O § 3º do art. 102 da

Constituição Federal era daquelas normas constitucionais de eficácia limitada,

dependendo, pois de regulamentação para que produzisse seus efeitos e esta

regulamentação veio com a lei 11.418/06 que introduziu o art. 543 – A ao

Código de Processo Civil.

A norma em comento trouxe as principais diretrizes para o processamento

dos recursos extraordinários a partir da exigência de demonstração da

repercussão geral, mas, para o STF, somente a partir de 03/05/2007 data que foi

publicada a Emenda Regimental nº 21 ao seu RISTF é que a demonstração da

Repercussão Geral passou a ser efetivamente exigida como requisito de

admissibilidade do RE.

Visto isto, cumpre-nos responder à terceira daquelas indagações: Como

deve ser demonstrada a existência de repercussão geral na matéria objeto

daquele recurso extraordinário?

A matéria veio respondida pelo § 2º do art. 543 – A do CPC e ratificada

pela Emenda Regimental 21.

Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em

decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso

extraordinário, quando a questão constitucional

nele versada não oferecer repercussão geral,

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nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº

11.418, de 2006).

§ 2º O recorrente deverá demonstrar, em

preliminar do recurso, para apreciação

exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a

existência da repercussão geral. (Incluído pela

Lei nº 11.418, de 2006).

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Page 8: Repercussão Geral no Recurso Extraordinário

CONCLUSÃO

A intenção do constituinte reformador foi a de delimitar a competência do

STF, no julgamento de recursos extraordinários, às questões constitucionais com

relevância social, política, econômica ou jurídica, que transcendam os interesses

subjetivos da causa, permitindo que o STF decida uma única vez sobre cada

questão constitucional, não se pronunciando em outros processos com idêntica

matéria, firmando assim seu papel como Corte Constitucional e não como mera

instância recursal.

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Page 9: Repercussão Geral no Recurso Extraordinário

BIBLIOGRAFIA

FEDERAL,Constituição Federal 1988.

CIVIL, Codigo de processo, 2002.

http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7804

http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/jurisprudenciaRepercussao.asp

Fredie Didier Jr. e Leonardo José Carneiro da Cunha7ª edição. Salvador: Edições Jus Podivm, 2009.

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