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Gratuito MÁRIO SOARES: Coligação PS/CDS-PP “é concretizável” - LAMEGO: Raio atinge homem - BRAGA: Dois feridos em explosão Leia mais ÚLTIMAS Directora Graça Franco Editor Raul Santos Grupo r/com www.rr.pt www.rfm.pt www.mega.fm www.radiosim.pt Quarta-feira 25 Maio de 2011 Porto Lisboa Sexta Quinta Lagarde avança para o FMI Pág.13 » Emma Foster/EPA “Director por uma Hora” Pedro Abrunhosa entrevista o Bispo do Porto Em tempo de campanha eleitoral, a Renascen- ça “entrega” uma hora de emissão a uma figura pública. O músico Pedro Abrunhosa fez questão de entrevistar D. Manuel Clemente. A campanha, essa, prossegue sem factos relevantes. Págs.2 a 5 » OPINIÃO A comuna dos jovens José Miguel Sardica Síndrome da desumanização Graça Franco Pág.8 » A 25 de Maio... 1977: estreia de Star Wars Pág.19 » OCDE Recessão: 2,1% este ano e 1,5% em 2012 As previsões da OCDE são menos pessimistas do que as mais recen- tes de Bruxelas. Pág.10 » Polémica FIFA não reconhece Taça Latina A contabilidade da FIFA coloca o FC Porto à frente do Benfica em número de troféus. Pág.18 » Grimsvotn Terminou a erupção mas continua a nuvem O tráfego aéreo ainda sofre con- sequências. Pág.12 » Reino Unido Falhou a tradição no culto de Enid Blyton Este ano, não houve Enid Blyton Day. Págs.6 e 7 »

Reportagem Enid Blyton Day - Página 1

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Reportagem sobre o Enid Blyton Day para o jornal digital Página 1.

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Page 1: Reportagem Enid Blyton Day - Página 1

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DirectoraGraça Franco

EditorRaul Santos

Grupo r/comwww.rr.pt

www.rfm.ptwww.mega.fm

www.radiosim.pt

Quarta-feira25 Maio de 2011

Porto LisboaSe

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Lagarde avança para o FMI

Pág.13 »

Emm

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ster

/EPA

“Director por uma Hora”

Pedro Abrunhosa entrevista o Bispo do

PortoEm tempo de campanha eleitoral, a Renascen-ça “entrega” uma hora de emissão a uma figura pública. O músico Pedro Abrunhosa fez questão de entrevistar D. Manuel Clemente. A campanha, essa, prossegue sem factos relevantes. Págs.2 a 5 »

OPINIÃO

A comuna dos jovensJosé Miguel Sardica

Síndrome da desumanização

Graça FrancoPág.8 »

A 25 de Maio...

1977: estreia de Star Wars

Pág.19 »

OCDE

Recessão: 2,1% este ano e 1,5% em 2012As previsões da OCDE são menos pessimistas do que as mais recen-tes de Bruxelas. Pág.10 »

Polémica

FIFA não reconhece Taça LatinaA contabilidade da FIFA coloca o FC Porto à frente do Benfica em número de troféus. Pág.18 »

Grimsvotn

Terminou a erupção mas continua a nuvem O tráfego aéreo ainda sofre con-sequências. Pág.12 »

Reino Unido

Falhou a tradição no culto de Enid BlytonEste ano, não houve Enid Blyton Day. Págs.6 e 7 »

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Todos os anos, no segundo sábado de Maio, cerca de uma centena de entusiastas das histórias de Enid Blyton reúne-se para “trocar cromos”, que é como quem diz, ouvir palestras sobre a autora, comprar al-guns livros que faltam nas suas colecções e trocar dois dedos de conversa, “entre café e sanduíches”.Em Twyford, a pouco mais de 50 quilómteros a oeste de Londres, um pavilhão é ocupado anualmente pelos fãs da escritora: junto às paredes, há bancas com os livros e, no centro, colocam-se as cadeiras para as pa-lestras. Uma das presenças recorrentes, por exemplo, é Imogen Smallwood, filha da autora.Mas, na semana passada, o Enid Blyton Day não se re-alizou. Paulo Ferreira, um português que participou já em seis destes eventos, justifica que foi apenas porque “não havia programa”. “Eles têm um programa em que vai sempre alguém falar” e, este ano, “esgotaram-se os motivos e pessoas que pudessem ir lá falar”.Ora, sem algum especialista para falar sobre Enid Blyton – pelo Loddon Hall já passaram editores, bió-grafos e até actores das séries inspiradas na obra da autora britânica –, Paulo explica que o dia da escritora perde o seu ponto mais forte, e torna-se apenas “uma simples” feira de livros de Blyton.A situação pode não ser permanente, já que, entre-tanto, “em Outubro, surgiu, num leilão, uma nova história escrita por Blyton, que não se conhecia”. No próximo ano, um dos compradores do lote em que es-tava o livro poderá ser convidado a falar sobre o seu conteúdo.

Mistério Juvenil

Mas, o que faz um português no meio desta história? Paulo Ferreira conta que tudo começou numa “célebre noite de Novembro”. Surgiu-lhe a ideia de criar “um espaço onde pudesse divulgar os livros da escritora, principalmente os livros de mistério e de aventura”, que eram os que mais gostava. Nascia, assim, o site Mistério Juvenil.Inicialmente, o jornalista freelancer ia colocando no site informações sobre os livros que a autora escreveu e que foram editados em Portugal. Descobriu a Enid Blyton Society, durante as pesquisas que começou a fazer. Em 2002, dois anos depois de criar o Mistério Juvenil, Paulo Ferreira recorreu às poupanças e, “mais a namorada”, rumou a Inglaterra para o Enid Blyton Day. O casal já marcou presença em seis edições do evento, no qual o repórter português já se tornou um dos “fotógrafos oficiais”.Regressemos à história do Mistério Juvenil: diferen-te do site da Enid Blyton Society – no qual o grupo português é filiado – o espaço não se cinge apenas à

discussão de literatura ou à colecção de produ-tos inspirados nas séries de aventura da escrito-ra. Paulo Ferreira foi mais longe, publicando também vídeos e gravações de genéricos de programas, spots publicitários e “uma série de coisas que nos fizessem recordar a infância”.Existe também um fórum, criado em 2005, onde há espaço para falar de tudo um pouco. De acordo com o administrador, são mais de cem os utilizadores re-gistados que, diariamente, acedem à plataforma para

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Reino Unido

O que aconteceu ao Day?

Legiões de fãs não queriam acreditar: o Enid Blyton Day não iria realizar-se em 2011. A Enid Blyton Society, entidade que enquadra o culto britânico pela escritora infanto-juvenil, não teve capacidade para montar o evento que alguns portugueses conhecem. Sim, porque tam-bém em Portugal há seguidores compulsivos de Enid.

Aline Flor »

r/com renascença comunicação multimédia, 2011

Enid Blyton (1897-1968) é uma escritora britânica, auto-ra de mais de 700 livros. Em Portugal, os primeiros livros da autora foram editados nos anos 50 – “uns livrinhos que são muito raros”, explica Paulo Ferreira –, mas, a par-tir dos anos 60, surgiram as colecções mais conhecidas, como Os Cinco, a colecção Juvenil da Clássica, As Gé-meas. No nosso país, segundo as contas de Paulo, talvez “tenha chegado a 200” o número de livros editados.Os livros são também conhecidos pelas ilustrações muito ricas, que recheavam as suas páginas, produzidas por ar-tistas como, por exemplo, Eileen Soper. A ilustradora da colecção Os Cinco é recordada com carinho por Paulo, que aponta a grande expressividade dos personagens de-senhadas, conseguida “com um simples traço”.Actualmente, os títulos mais procurados são “As Géme-as”, que começaram a ser reeditados em Junho de 2010. Existem ainda colecções como a “Rapariga Rebelde”, “Os Cinco Descobridores e o Seu Cão” e até “Os Sete” – que fazem de Enid Blyton uma das autoras “mais procuradas no público infanto-juvenil”, segundo Rosário Araújo, da Oficina do Livro, recordando as vendas na Feira do Livro de Lisboa deste ano.

A obra de Blyton em Portugal

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trocar ideias: têm, normalmente, cerca “de trinta, quarenta e tais anos”, mas vão aparecendo também pessoas mais novas, e alguns adolescentes.

Porquê Enid Blyton?

Afinal, o que têm de tão especial os livros de Enid Blyton? Paulo Ferreira dá a sua visão: “Além da as-sinatura dela, que é um ícone, o conteúdo é bom, educativo, interessante e a gente quer ler até o

fim. E as ilustrações são simplesmente soberbas!”Para o fotógrafo, Blyton também se destacava pela “qualidade das his-tórias e pela maneira como ela es-crevia para os jovens”, recordando que também leu livros das Gémeas e gostou, mesmo não sendo uma rapa-riga. A autora “faz com que as pes-soas queiram mais”.O escritor Mário Cláudio dá uma achega em relação a esta leitu-ra “viciante”. Na década de 70, o sociólogo Aidan Chambers cunhou a “síndrome de Enid Blyton”, que “consistiria na fixação dos leitores a um determinado tipo de leitura – a leitura com continuação, ou sequen-cial” – o que causava “um desinteresse relativamente a leituras mais exigentes”.Mário Cláudio, que, em 1974, referiu a síndrome de Enid Blyton na sua tese de mestrado sobre relutância à leitura, explica que, sim, este tipo de leitura pode “viciar” os jovens “de uma forma irrecuperável”.

Um clássico sempre actual

Rosário Araújo, editora de livros infanto-juvenis da

Oficina do Livro (que editou obras de Enid Blyton em Portugal, nos últimos anos), salienta a “aventura, mis-tério e, não menos importante, boas horas de leitura”. Explica, ainda, que as edições mais recentes têm uma preocupação acrescida, com “o equilíbrio entre a nos-talgia e os tempos actuais”.Há ainda as diferenças culturais e até mesmo geracio-nais – “tempos em que não existiam telemóveis” – que continuam retratadas “com fidelidade”, sem esquecer o público a quem se dirigem: “As crianças do século XXI”.Ana Abreu, outra fã de Blyton, recorda os “persona-gens muito certos, muito companheiros, muito amigos, que gostam de ajudar os outros”: um companheiris-mo que também sentiu, por exemplo, na elaboração

da “Cábula” (ver caixa), onde muitas vezes as trocas fazem-se à base da confiança. É com ca-rinho que relembra o “nervoso miudinho” quando os persona-gens entravam em passagens se-cretas, sempre com o elemento de mistério à mistura.Mas o que realmente marcou a designer foram os lanches: “A autora sempre descreveu uns maravilhosos lanches e pique-niques”, com comidas que nun-ca tinha experimentado, como scones e até sandes de pepino. “Parecia que queríamos estar lá

com eles a viver aquelas coisas!” E quem nunca teve também vontade de experimentar um desses scones?

O sociólogo Aidan Chambers cunhou a “síndrome de Enid Blyton”, que “consistiria na fixação dos leitores a um determinado tipo de leitura – a leitura com continuação, ou sequencial” – o que causava “um desinteresse relativamente a leituras mais exigentes”

r/com renascença comunicação multimédia, 2011

Para quem não consegue encontrar os textos da sua in-fância nas livrarias mais próximas, o fórum do Mistério Juvenil traz a solução: a “Cábula”, uma lista de livros que faltam a cada utilizador para terminar determinada colecção.A ideia surgiu no fórum entre o “grupo das meninas”, entre elas, Ana Abreu. A designer, radicada no Porto, conta que, “conversa puxa conversa”, enquanto fa-lavam sobre as colecções da sua infância, resolveram criar a “Cábula” para registar livros que ela e as com-panheiras não conseguiam encontrar.Num autêntico espírito de camaradagem, cada um avisa também quais os livros que tem a mais e, até, quais são os que conseguem encontrar nos alfarrabistas perto das suas casas.“As pessoas começaram a arranjar livros” para os ou-tros, explica Paulo Ferreira, administrador do fórum, e, assim, muitos “têm acabado colecções e até começado colecções novas através desse tópico”.Aliás, foi essa “febre da Cábula”, como a apelida Ana Abreu, que fez com que, surpreendentemente, o preço dos livros de Enid Blyton sofresse alguma especulação em alguns alfarrabistas. Ao aperceberem-se da procura e do valor atribuído pelos fãs, os livros mais raros logo começaram a atingir valores como 15 e 20 euros, quan-do antes alguns exemplares custavam “três euros e já eram bem pagos”, recorda Ana.É também aí que o fórum é uma ajuda, quando cada um tenta comprar livros mais baratos, a cada oportunidade que encontra, ajudando outros colegas a completar as suas colecções.

A “Cábula”, colecções e alfarrabistas