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Prémio GAZETA do Tâmega e Sousa ao Nordeste repór ter do marão Nº 1265 | julho ' 12 | Ano 29 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem média: 20 a 30.000 ex. OFERECEMOS LEITURA. JULHO ’ 12 Regresso ao campo é a última oportunidade do país Faltam enfermeiros no SNS , avisa o Bastonário EMAÚS quer mais apoios para jovens com deficiência em Paredes Riqueza e saúde que vêm da terra Produção de mel cresce na serra do Marão Mercados fundamentais para escoar produtos Contributos de uma investigadora da UTAD e do Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Norte

Reporter do Marao

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Revista Mensal de Informação. Tiragem média de 20 a 30 mil exemplares. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança e parte dos de Viseu, Aveiro e Braga. Regiões do Douro, Tâmega e Sousa, Trás-os-Montes

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Prémio GAZETA do Tâmega e Sousa ao Nordeste

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JULHO ’ 12

Regresso ao campoé a última oportunidade do país

Faltam enfermeiros no SNS, avisa o Bastonário

EMAÚS quer mais apoios para jovens com deficiência em Paredes

Riqueza e saúde que vêm da terra

Produção de mel cresce na serra do Marão

Mercados fundamentais para escoar produtos

Contributos de uma investigadora

da UTAD e do Diretor Regional de

Agricultura e Pescas do Norte

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De dia para dia, o desemprego em Portugal atinge níveis recorde e as oportunidades para uma geração tida como a mais qualificada de sempre escasseiam. O País anda desencontrado com o caminho da autossuficiência e, ao largo da sua paisagem, percebe-se que os campos continuam votados ao abandono. É nesses solos que ainda não foram lançadas as sementes da sustentabilidade e do rendimento do setor agroalimentar.

“O futuro do País passa por rejuvenescer a agricultura. No longo-prazo, essencialmente por causa das razões decorrentes da crise económi-ca”, defende Ana Marta-Costa, investigadora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) que se dedica ao estudo da sustentabi-lidade e planeamento agrário. As elevadas taxas de desemprego, a necessidade de dar uma ocu-pação a essas pessoas e de produzir alimentos que abasteçam o país fazem com que seja “obri-gatório revitalizarmos a agricultura”. “Há tam-bém as questões relacionadas com a manuten-ção do território, uma vez que ¾ do território de Portugal são ocupados por superfície agroflo-restal; as questões de segurança alimentar, de preservação do ambiente e proteção dos recur-sos naturais”, acrescenta.

Atualmente, o complexo agroflorestal gera, aproximadamente, 5% do Produto Interno Bru-to (PIB), representando mais de 14% do empre-go. No entanto, Ana Marta-Costa acredita que, a curto-prazo, muitas pessoas vão regressar à agri-cultura ou iniciar essa atividade, mas o balanço, para já, vai ser negativo. “A geração que mantém a atual agricultura está envelhecida e os que vão voltar não serão suficientes para equilibrar.”

Desde 2010 que Ana Marta-Costa tem vin-do a desenvolver um estudo sobre os efeitos da crise económica na sustentabilidade das explo-rações agrárias de Trás-os-Montes. Nos inquéri-tos aplicados, agricultores e dirigentes associati-vos referiram que “a agricultura pode revelar-se como uma atividade económica alternativa ao desemprego que se tem instaurado na socieda-de e à emigração dos jovens”. “Disseram ainda

que, antes da crise, a agricultura não era incluída nos projetos que tinham para os seus filhos, mas que desde que estamos a viver esta crise econó-mica, financeira e social, passou a ser incluída”, conta a investigadora.

Dados do Recenseamento Geral da Agricul-tura (RGA) de 2009 mostram que, na última dé-cada, 112 mil explorações agrícolas foram aban-donadas e a respetiva superfície recuou mais de 450 mil hectares. No entanto, a investiga-dora tem observado “algum acréscimo nalgu-mas explorações, que começam a diversificar a sua produção para terem mais produtos para o autoconsumo”. “Isto permite produzir produtos a custos mais baixos do que aqueles a que eles adquirem nas grandes superfícies comerciais. Além disso, mantêm a qualidade dos produtos que, hoje em dia, é muito valorizada”, explica.

Para a revitalização do setor agrário, é inevi-tável olhar para a unidade de produção, para a fileira como “um todo” e ter uma visão integra-da da agricultura no território. “Ninguém regres-sa ao campo se não tem serviços públicos mí-nimos para garantir a qualidade de vida da sua família”. Ana Marta-Costa refere ainda a associa-ção das atividades agrárias ao turismo, à caça, ao artesanato e à gastronomia para criar sinergias e aumentar as fontes de rendimento.

Já o diretor regional de Agricultura  e Pes-cas  do Norte, Manuel Cardoso, defende a ne-cessidade de aumentar a produção e a produ-tividade, concentrar a oferta dos produtos com a finalidade de ganhar escala nos mercados in-ternos e externos e conseguir uma melhor dis-tribuição do valor dos mesmos produtos ao lon-

Regresso iminente aos campos agrícolas, considera a investigadora da UTAD Ana Marta-Costa

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos | Marta Sousa, P. Posse (Capa), Paulo Teixeira e D.R.

“O futuro do País passa por rejuvenescer a agricultura”

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go da cadeia, ou seja, “os custos e proveitos devem estar mais justamente repartidos entre produtores, transformadores e comerciantes”.

Setores estratégicosA produção de vinho e de azeite é a imagem de

marca da agricultura regional, mas ainda há “um ca-minho a percorrer”, sobretudo na reestruturação dos setores e na necessidade de ganhar escala. “No futu-ro, e desde já, incentivamos as fusões de organiza-ções de produção e de transformação”, frisa Manuel Cardoso. É crucial que cada um deve deixar de olhar para o quintal do vizinho e comece a “olhar para o exterior e descobrir novas realidades com urgência”.

A par destas culturas tradicionais da região Nor-te, tem-se constatado a existência de novas plan-tações de frutos de casca rija e a pecuária exten-siva, no Interior, e as hortofrutícolas e flores, no Litoral. “Em ambos, dependendo das particularida-des do território, há as culturas dos frutos verme-lhos. Há também outros setores que poderão vir a assumir algum significado, como o das plantas aro-máticas e medicinais”, acrescenta o diretor regional. A investigadora da UTAD aponta ainda a castanha, os bovinos de raças autóctones e os pequenos ru-minantes como as atividades que mais se têm de-senvolvido na região transmontana. “As explora-ções dos pequenos ruminantes não são afetadas pela crise económica, porque são sustentáveis. Nos bovinos de raça autóctone, a situação já é um boca-dinho diferente, porque sendo o produto certifica-do, o preço é mais elevado e, com a crise, as pessoas não compram tanto.”

Desvalorização social do agricultorNo caso do setor do leite, o investimento em

inovação será um “fator decisivo”. “Na região Norte, deverá ser o setor que terá a mais dramática trans-formação nos próximos anos e há que preparar-se e concentrar esforços para isso. Não valerá a pena gastar tempo a tentar evitar o futuro”, considera Manuel Cardoso.

A falta de reconhecimento da agricultura como atividade profissional dificulta a sua atratividade e condiciona mesmo a implementação das estraté-

gias pensadas para o setor. “A agricultura e o agri-cultor continuam a não ser bem vistos no país e isso acaba por afastar as pessoas”, salienta Ana Marta--Costa. Por isso, importa valorizar o papel do agri-cultor e “mudar as mentalidades para que se olhe para a agricultura como uma alternativa”.

Os jovens, mesmo quando concluem cursos su-

periores na área das ciências agrárias, não se mos-tram disponíveis para abraçar a produção agroali-mentar e continuam a procurar emprego no setor terciário [Serviços]. “Não veem o setor primário como a grande possibilidade onde poderiam tra-balhar. É uma minoria a que acaba por se dedicar ao setor”, avança a professora.

Por outro lado, o diretor regional de Agricultu-ra destaca que a região Norte é aquela que regista mais projetos de instalação de jovens agricultores aprovados no atual quadro comunitário. “Quando resolvermos as fragilidades da nossa agricultura, os jovens fixar-se-ão nesta atividade sem reservas.  Estamos num bom momento para olhar para o fu-turo: há uma onda e temos a capacidade de a na-vegar. Temos fundos e ajudas para os jovens se ins-talarem e iniciarem a sua atividade.”

Para o diretor regional, a agricultura é uma ati-vidade em que “se pode ganhar dinheiro”, havendo

trabalho, inovação e reorganização. “O que se cons-tata é que a continuidade das explorações rentá-veis, que garantem rendimentos adequados, está assegurada”, refere. Uma recente aprovação das medidas do PRODER vai disponibilizar 23 milhões de euros para modernização e capacitação de em-presas no setor agrícola e agroalimentar.

Fragilidades & PotencialidadesA falta de capital próprio para investimento

é a principal fragilidade do setor primário na área de abrangência da Direção Regional de Agricultu-ra e Pescas do Norte (Minho, Douro, Trás-os-Mon-tes). “Depois, a grande maioria das fragilidades são estruturais e têm a ver com a fraca competitivida-de das empresas, com a dimensão da propriedade, com a falta de concentração de oferta e com a frágil estrutura organizativa da produção em algumas fi-leiras”, acrescenta Manuel Cardoso.

Para dar outra dinâmica às redes de comerciali-zação, o papel das associações de produtores e das cooperativas tem que “ser revisto e levado a sério”. “A nível da organização, as cooperativas têm um papel muito ineficaz e as associações de agriculto-res, embora prestem alguns apoios, ainda têm um papel muito débil”, refere Ana Marta-Costa.

Para já, Manuel Cardoso entende que é prioritá-rio o reforço das estruturas associativas para ganhar escala ou “criarem-se novas a uma escala superior, com capacidade para ombrear com congéneres de outros países”. “Estamos a apoiar vários processos de fundação e de fusão de organizações de agricul-tores. Os dirigentes tradicionais devem deixar espa-ço para que haja partilha de liderança com a nova geração. Há casos em que uma mudança geracio-nal permitiria ganhar tempo e queimar etapas na modernização de estruturas e na abertura de solu-ções modernas.”

Explorações familiares, fraca rendibilidade dos sistemas de montanha, baixas produtividades, pre-ços elevados dos fatores de produção, condiciona-lismos climáticos e de relevo (declives acentuados), estrutura fundiária deficiente (áreas reduzidas fru-to do elevado emparcelamento) e falta de mão de obra são outros dos problemas com que a agricul-tura regional se debate.

Regresso iminente aos campos agrícolas, considera a investigadora da UTAD Ana Marta-Costa

Ana Marta-Costa, investigadora da UTAD

“O futuro do País passa por rejuvenescer a agricultura”

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Em épocas de crise, as produções familia-res têm “um peso determinante”. “São uma re-serva de valor nos meios rurais e, também, nos meios urbanos marcados por uma forte com-ponente rural. Há quintais em cidades a partir dos quais se abastece um prédio”, destaca o di-retor regional de Agricultura e Pescas do Nor-te. Num contexto de excedentes destas produ-ções, a dinamização dos mercados locais pode assumir “um papel importante”. “Está a ser es-tudada uma nova legislação que irá permitir o acesso destas produções aos mercados de vizi-nhança”, adianta.

Para a investigadora da UTAD, a venda dos excedentes nos mercados será “uma condição essencial” para revitalizar a agricultura. “Uma das fragilidades do setor é não haver um ren-dimento mensal. Ora, existindo estes merca-dos, as pessoas têm um rendimento mais certo e poderá ser um passo necessário para que se comece a ter mais resultados económicos.” O desenvolvimento dos mercados locais é, ainda, uma potencialidade por explorar: “os produtos devem ser consumidos nos locais onde são produzidos, com a vantagem do valor acres-centado ficar na região, de se proteger o am-biente porque não há consumo de combustí-veis fósseis e das pessoas ficarem a depender

menos do exterior e mais de si próprias”. Tam-bém Manuel Cardoso afirma que “só uma men-

talidade tola pode pensar que um país pode-rá ser uma multidão de cigarras. Não se pode esquecer o nosso papel, fundamental, de for-migas”.

“Semeia e cria e viverás com alegria”

Embora possa criar autoemprego e pos-tos de trabalho para terceiros, a agricultura re-gional continua a manter o cariz familiar e/ou é desenvolvida como uma atividade secundá-

ria. É o caso de José Ferreira, 58 anos, que há cerca de seis anos começou a cuidar das terras que lhe couberam em herança. “Como tinha li-gação à terra e sempre gostei do trabalho do campo, resolvi dedicar-me a isto como hobbie e para matar um pouco o stress da cidade.” É na aldeia de Paradinha de Outeiro, a 30 quiló-metros de Bragança, que investe o tempo livre a tratar de uma vinha, de um pomar e, mais re-centemente, de uma horta. Esta última foi se-meada em maio e é a menina dos seus olhos: “hoje [sábado] eram cinco da manhã e já aqui estava a tratar das coisas. Sinto-me bem aqui e nada disto me causa preocupação ou dificul-dade”. Funcionário público de profissão, José Ferreira aprendeu todos os métodos e técnicas agrárias com os antecessores familiares. “As mi-nhas férias de estudante sempre foram passa-das na aldeia, onde ajudava os meus avós em todos os trabalhos do campo. Depois de for-mar família, também sempre vim ajudar os meus pais.” No entanto, o esforço de aperfei-çoamento das práticas é uma constante, pro-curando ler sobre os assuntos que lhe interes-sam, nomeadamente o combate das pragas.

No terreno de, aproximadamente, ¼ de hectare, não faltam morangos, tomates, berin-gelas, couves, feijões, batatas, curgetes, beter-rabas, melões, melancias, entre outras cultu-ras. “Venho duas vezes por semana regar: no sábado e na terça-feira depois do trabalho. É necessário sachar, arrancar erva, pôr tutores às plantas, é um trabalho permanente.” O que a terra dá destina-se ao consumo da família e para oferecer a amigos, aliviando a sua despe-sa mensal. “Se bem que esse não é o principal motivo, ajuda sim”, admite.

Riqueza e saúde que vêm da terraFace à atual conjuntura económica, há cada vez mais famílias a readquirir (ou manter) o hábito de cultivar para garantir o seu próprio sustento. Alguns vão colhendo o fruto do seu trabalho, às vezes, superando até as necessidades de consumo.

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos | P. Posse e D.R.

Manuel Cardoso,Dir. Reg. Agric. Norte

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Na sua opinião, o setor primário em Por-tugal está “muito pouco explorado e as pes-soas não foram preparadas para isso”. “Há um estigma muito grande. As pessoas fo-gem do campo e, para a maior parte, é re-dutor trabalhar nele. Devíamos mudar as mentalidades, porque isto é um trabalho digno e bonito, e deixarmos de comprar tudo ao estrangeiro para podermos ser nós a produzir.”

Apelo telúrico

Durante 30 anos, André Rocha viveu e trabalhou na capital do país, mas sempre com o desejo de regressar à aldeia. “Gosto da vida do campo, das árvores e da liberda-de. Ainda estava a trabalhar e já trazia este bichinho a mexer comigo.”

Depois de se ter reformado, este antigo Polícia de Segurança Pública dedicou-se ao cultivo de árvores de fruto em Paradinha de Outeiro. “Nunca tinha plantado uma árvore nem sabia enxertar. Pedi a outros para me enxertarem e aprendi”, refere. Nos últimos cinco anos já plantou perto de 250 olivei-ras, 300 castanheiros, entre outras árvores. “Planto uma árvore e, depois, enxerto. Se essa árvore me dá fruto é um grande pra-zer.”

Apesar de ter herdado algumas terras, André Rocha já adquiriu outros prédios, por norma, contíguos aos primeiros. “Já investi algum dinheiro na terra e na plantação, mas sinto-me bastante realizado. Este trabalho é feito com grande gosto e não tanto por ne-

cessidade.” O que colhe não vende: “é para consumo e para distribuir pelas pessoas amigas”. Como deixa de ter necessidade de comprar frutas, saladas e leguminosas, con-segue ficar com “algum dinheiro de lado”.

Aos 63 anos, André Rocha considera que quem tenha a possibilidade de regressar aos meios rurais o deve fazer, “não só por aqui-lo que se consegue colher, mas pela saúde”. “Quando passo algum tempo em Lisboa e contacto com alguns colegas e indivíduos de outras profissões, noto que andam com um stress acrescido e, como não têm o tem-po ocupado, tentam alimentar doenças. ”Já as gerações mais novas só o farão se forem “mesmo obrigadas”, adverte.

“O que está a evitar que isso aconteça é o facto de haver algum dinheiro para pagar o Rendimento Social de Inserção e o subsí-dio de desemprego. Um dia que não haja di-nheiro para isso, a juventude será obrigada a regressar", sentencia.

Em Portugal, cometeu-se “um grande erro” depois de se terem começado a rece-ber fundos comunitários para “arrancar vi-nhas e acabar com os barcos da pesca”. “Os nossos governantes pensaram só em rece-ber o dinheiro, que foi mal gasto porque foi mal distribuído. Quem recebeu mais di-nheiro foram os que têm mais herdades e pareceu-me que parte dele foi gasto em je-eps e vivendas.”

André Rocha lamenta ainda que, princi-palmente em Trás-os-Montes e nas Beiras, esteja “tudo deserto, tudo a monte”. “Den-tro de algum tempo, o pessoal vai ter ne-cessidade de se agarrar à terra”, conclui.

Riqueza e saúde que vêm da terra

André Rocha

José Ferreira

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A apicultura está a renascer no Marão, onde um engenheiro flo-restal e um empreiteiro estão a implementar um projeto de ex-ploração de mel que irá instalar cerca de 600 novas colmeias nos baldios da freguesia de Aboa-dela. O investimento ascende a mais de 110 mil euros.

Há poucos cantos desconhecidos da Serra do Marão para Alexandre Vieira, engenheiro florestal do corpo de sapadores que, ano após ano, mantém uma vigília apertada numa das maiores fontes de recursos naturais da sub-região do Baixo Tâmega.

Em funções no Marão desde 2009, o jovem en-genheiro de Marco de Canaveses lançou recen-temente um ambicioso projeto de apicultura em Aboadela, Amarante, em parceria com o empreitei-ro e presidente da junta daquela freguesia, Antó-nio Gonçalves.

“De há uns tempos para cá comecei a pensar em como rentabilizar todo este tempo que passo na serra do Marão e cheguei à conclusão que a atividade ide-al seria a de explorar o mel”, explica Alexandre Vieira.

Seiscentas colmeias em dois anos

Ao longo dos próximos dois anos os sócios da Marão Mel Apicultura, Lda. esperam instalar um total de 600 colmeias em vários locais dos cerca de 2000 ha de terrenos baldios da freguesia da Abo-adela.

No final da fase de implementação do projeto, a sociedade calcula poder produzir cerca de 12 to-neladas de mel e uma quantidade ainda por de-terminar de subprodutos, nomeadamente cera e pólen.

Uma candidatura ao programa LEADER+ do PRODER, em fase de apreciação, deverá permitir o cofinanciamento do investimento (de cerca de 112 mil euros) em 60 por cento, dos quais 30 mil serão em forma de prémio.

Enquanto esperam por uma decisão, os sócios já avançaram para o terreno com os seus próprios meios: a empresa está formada e as primeiras dez colmeias já estão instaladas e em operação.

Adicionalmente, algum do material de apoio já foi adquirido, incluindo os essenciais fatos proteto-res e a empresa prepara-se para iniciar uma nova fase com a reativação de um antigo apiário.

“E ainda vamos a várias formações sobre apicul-

tura, onde estamos a aprender mais sobre o tema. É essencial manter a formação e tem sido muito inte-ressante conhecer outros produtores”, explica Ale-xandre Vieira.

Mel do Marão: sabor e cor distintosA apicultura, uma das formas ancestrais de ex-

ploração de recursos naturais desta região sofreu, tal como as restantes atividades agrícolas, um declínio nas últimas três décadas mas desde há cinco anos a produção de mel voltou a interessar os empreende-dores das regiões serranas.

De facto, a serra do Marão oferece excelentes condições para a sua produção graças a uma vasta área de pasto onde florescem vários tipos de plantas que conferem ao produto final uma cor e sabor dis-tintos.

Adicionalmente, o eucalipto que se encontra um pouco por toda a mancha florestal da serra permite também aumentar o nível de produção, graças ao despontar tardio da sua flor.

“A flor do eucalipto nasce mais tarde do que a res-tante vegetação e isso possibilita um segundo ciclo de produção de mel para os apicultores desta serra”, explica António Gonçalves.

Paulo Alexandre Teixeira | [email protected] | Fotos P.A.T. e D.R.

Empresários de Amarante e Marco pretendem instalar 600 colmeias nos baldios da serra do Marão

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Empresários de Amarante e Marco pretendem instalar 600 colmeias nos baldios da serra do Marão

Interesse pela agricultura renasce na região

A produção de mel na serra do Marão está inseri-da numa área de Denominação de Origem Protegi-da (DOP) demarcada pelos concelhos de Amarante, Baião, Celorico de Basto, Marco de Canaveses e Mon-dim de Basto formalmente designada como “DOP Mel das Terras Altas do Minho”.

Têm-se multiplicado os pedidos para instalar no-vas explorações nas encostas e baldios da serra e o mel do Marão está, na opinião dos sócios da nova em-presa, a reconquistar o seu lugar como um dos produ-tos de referência locais.

“Nota-se que as pessoas estão de novo interessa-das no mel como uma forma de produção agrícola.

Aliás, na Associação dos Baldios da Aboadela regista-mos um aumento dos pedidos para a instalação de colmeias”, refere o presidente de junta daquela fre-guesia.

António Gonçalves acrescenta que o interesse pela serra não se limita à apicultura e que se observa, um pouco por todo o lado, um renovar do interesse pela exploração do que considera ser “grandes recur-sos naturais” da sub-região do Baixo Tâmega.

O sentimento é partilhado por Lurdes Cardoso, engenheira agrónoma ao serviço da Associação de Agricultores de Ribadouro, em Amarante, que aponta para a existência de uma “lista diversificada” de opor-tunidades nesta zona.

A ausência de grandes indústrias e a vasta man-cha verde (mais de 50 por cento do concelho de Ama-rante, por exemplo) contribuem para um ambiente

livre de poluição que permite a produção de peque-nos frutos (mirtilo, amora, framboesa, etc), citrinos, kiwis, ervas aromáticas e cogumelos de elevada qua-lidade, entre outros.

“Há aqui um grande potencial a explorar como re-gião de produção de alta qualidade. E as pessoas têm respondido à chamada. Muitos são jovens que depois de procurar o seu primeiro emprego decidiram enve-redar por este caminho. Há também o exemplo da-queles que estão desempregados e que tendo her-dado terras das famílias, procuram uma alternativa à emigração”, explica a engenheira.

Mas adverte: “Também é preciso ter um sentido apurado de oportunidade. Não sabemos o que vai acontecer depois de 2013, quando esta fase do pro-grama PRODER terminar, portanto, é urgente que se aproveite, agora”, conclui.

Mercados locais são fundamentais para escoar produtosPara a sustentabilidade da pequena agricultu-

ra tradicional é necessário que sejam criadas redes de comercialização de produtos agrícolas e merca-dos de venda livre, sobretudo de frescos. De nada serve relançar a agricultura de subsistência se os produtores não conseguirem comercializar os seus produtos. O exemplo da Câmara de Penafiel, que criou condições para o escoamento dos produtos agrícolas aos produtores em modo biológico e em conversão – as cantinas das escolas e de entidades sociais absorvem essas produções – terá de ser re-plicado em todas as sedes de concelho, sobretudo naquelas que têm mercados em funcionamento. A rede de produtores biológicos de Penafiel (inde-

pendente da outra que funciona ao abrigo do pro-grama PROVE, financiado pelo PRODER) conseguiu juntar cerca de dezena e meia de agricultores.

Amarante, com um mercado semanal de mé-dia dimensão às quartas e sábados, tem excelentes condições para ajudar os agricultores locais a escoar os seus produtos, ainda que sejam apenas os exce-dentes da produção para consumo próprio (nome-adamente hortofrutícolas), gerando pequenas eco-nomias aos produtores.

O vereador Hélder Ferreira, da Câmara de Amarante, lembrou que o mercado municipal já dispõe de um local apropriado para a venda de fres-cos e que está isento de burocracias. "A única condi-

ção é que sejam produtores do concelho", salientou o vereador, instando todos aqueles que queiram vender pequenas produções agrícolas a abordarem o fiscal do mercado. Existe uma taxa fixa para este tipo de negócio, sem necessidade de licença, que atualmente é de 1,30 euros por cada dia de utiliza-ção. O vereador manifestou também a disponibili-dade de junto das associações do concelho divul-gar esta oportunidade de negócio dos agricultores.

A Associação de Agricultores de Ribadouro ma-nifestou também disponibilidade para apoiar tec-nicamente os pequenos agricultores, sobretudo aqueles que estejam interessados em relançar as produções agrícolas que tinham abandonado.

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“Todos diferentes, todos iguais” é a máxima que norteia o traba-lho desenvolvido pelo EMAÚS - Associação de Apoio ao Deficiente Mental, com instalações em Paredes e Baltar e que trabalha com jovens e crianças com deficiência, contribuindo para a realização dos seus projetos de vida.

Fundada há quase 36 anos pelo padre paredense António Baptista dos San-tos, ainda hoje presidente da direção, o EMAÚS nasceu com o intuito de gerar um espaço no concelho que pudesse trabalhar com os alunos que precisavam de ne-cessidades especiais.

“Somos a única instituição no concelho com intervenção na área da deficiên-cia mental”, referiu Maria da Ajuda Ribeiro, diretora técnica do polo de Baltar da associação.

O EMAÚS tem dois polos: um em Paredes e outro em Baltar, frequentados por cerca de 80 alunos. A associação dispõe de 32 funcionários, entre técnicos e cola-boradores. Tem três valências a funcionar nos dois espaços, sendo que o de Pare-des se ocupa inteiramente com o Centro de Atividades Ocupacionais (CAO). Em Baltar, além do CAO existe ainda um Centro Sócio-Educativo e um ATL aberto à comunidade.

Um dos maiores problemas desta associação é a questão da capacidade. “Te-mos mais alunos do que os que são apoiados pela Segurança Social e a nossa lis-ta de espera é muito grande. Temos muitas solicitações. Já há três ou quatro anos que não admitimos novos utentes”, referiu a diretora técnica da associação, ape-lando à celebração de novos acordos com a Segurança Social, pedidos que ainda não obtiveram resposta.

A associação EMAÚS deu os seus primeiros passos com a criação de um Cen-tro Sócio-Educativo (CSE) no polo de Baltar que, hoje em dia, é frequentado por

quatro utentes dos 6 aos 18 anos, através de acordos estabelecidos com o Minis-tério da Educação.

Mais tarde foi criado um Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) que tem atualmente 45 alunos, trinta e cinco dos quais subsidiados pela Segurança Social. “Os outros dez são suportados financeiramente por nós”, declarou Maria da Aju-da Ribeiro.

Em Baltar, funciona ainda um Centro de Ocupação de Tempos Livres (CATL), com acordo com a Segurança Social e que tem 11 alunos do ensino recorrente.

O polo de Paredes tem 23 utentes com idades compreendidas entre os 18 e os 45 anos a frequentar o Centro de Atividades Ocupacionais e não tem capaci-dade para acolher mais.

CAO promove atividades para os utentesNos Centros de Atividades Ocupacionais do EMAÚS são levadas a cabo ativi-

dades que procurar manter os alunos ativos e ajudá-los a desenvolver competên-cias que os possam ajudar a integrar o mercado de trabalho.

Segundo Maria da Ajuda Ribeiro, são ali desenvolvidos dois tipos de ativida-des: as estritamente ocupacionais, “que visam manter a pessoa ativa e interessa-da” e as atividades socialmente úteis, “que visam a valorização pessoal e o apro-veitamento das capacidades da pessoa, no sentido da sua autonomia, facilitando uma possível transição para programas de integração sócioprofissional”.

Os alunos têm aulas na área dos têxteis, do barro, da carpintaria, assim como aprendem música e a tratar/cultivar a horta/jardim. Além disso, têm aulas de edu-cação física e uma vez por semana vão à piscina.

O projeto das atividades socialmente úteis é recente no EMAÚS mas já deu os seus frutos. “Começamos este projeto no início do ano. É uma possibilidade de in-clusão para os alunos”, afirmou Isabel Sousa, diretora técnica do polo de Paredes.

No âmbito deste projeto, a instituição procura celebrar protocolos com enti-

Mónica Ferreira | [email protected] | Fotos M.F.

EMAÚS sonha com a construção de um lar para jovensInstituição de Baltar e Paredes enfrenta dificuldades a 'preparar o futuro' de 80 pessoas com deficiência

Jovens do EMAÚS no fabrico de artesanato

Jovens do EMAÚS emtrabalhos de jardinagem

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dades públicas e privadas e tem já dois assinados – um com a Câmara Municipal e outro com a Santa Casa da Misericórdia – que permitiram que quatro utentes fossem integrados nos serviços. “Temos dois utentes numa creche do concelho, uma no berçário e outro na cozinha e outros dois no lar da Santa Casa da Mise-ricórdia de Paredes, um nos serviços administrativos e outro na jardinagem e no apoio aos idosos. Estão lá um ou dois dias por semana”.

De futuro o EMAÚS que celebrar novos protocolos com outras entidades e até com empresas, esperando estudar um projeto que permita colocar os alunos em formação profissional.

Dificuldades financeiras não passam à margem desta associação

À semelhança do que acontece um pouco por todo o país com as instituições da área social, as dificuldades financeiras também se sentem no EMAÚS. Já em 2009 a associação atravessou um período mais difícil e correu o risco de encerrar o polo de Paredes. Nessa altura, tinham os utentes em pré-formação, através de um acordo com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEPF), que entre-tanto cessou por falta de verbas. Valeu-lhes a autarquia que apoiou a associação com cinco mil euros mensais durante cerca de um ano, até que surgiu a possibili-dade de se criar o CAO e a questão ficou resolvida. “Foi uma vitória, senão o polo tinha fechado”, afirmou a responsável técnica de Baltar.

Atualmente, as dificuldades não cessaram e a associação necessita de mais apoios para fazer face às despesas e conseguir integrar mais utentes.

Os apoios que recebem, além dos da Segurança Social, vêm das famílias que contribuem consoante o seu rendimento per capita e dos sócios. Mas estes últi-mos são insuficientes para as necessidades do EMAÚS. “Precisávamos de mais só-cios e que todos pagassem. Temos cerca de 500, mas muitos deles não pagam.

Precisávamos também de novas parcerias além das que temos com o Rotary Clu-be de Paredes, como o Colégio Casa Mãe, com a Santa Casa da Misericórdia, com a CESPU, com a Junta de Freguesia e Câmara Municipal ”, acentuou a responsá-vel de Baltar.

Para fazer face às despesas, a instituição também recorre aos formandos. Uma das formas de angariar algum dinheiro é através da venda dos objetos feitos pe-los utentes durante as aulas das atividades ocupacionais. “Temos no polo de Pa-redes uma loja de exposição e venda e ao longo do ano vamos realizando vários eventos e participando em feiras, como forma de dar a conhecer à comunidade o nosso trabalho. Também aceitamos encomendas e este ano mostrámos os tra-balhos realizados pelos nossos alunos nas EB 2/3 do concelho”, rematou a técnica.

Um dos sonhos de Maria da Ajuda Ribeiro passa pela construção de um lar. “Queremos muito construir um lar para os nossos utentes. As famílias pedem-nos isso pois muitos têm receio de como será a vida dos filhos no futuro, quando fica-rem sem pais. É uma expectativa dos pais e nossa, técnicos”, frisou a responsável.

Teatro e cozinha dão cor aos dias de MárioMário João Moreira tem 23 anos e é um dos utentes do EMAÚS. Esta a traba-

lhar na creche de Paredes. Ajuda na cozinha e a sua satisfação é grande quando fala desta ocupação. “Trabalho na cozinha e no refeitório, ajudo a cozinhar e a dar de comer aos meninos”, referiu, confessando que um dos seus sonhos é “ser cozi-nheiro”. “Fui para o sítio certo”, acrescentou o jovem.

No EMAÚS afirma que tem muitos amigos e que gosta muito de frequen-tar a instituição e as aulas mas a cozinha, a horta e os têxteis estão no topo das suas preferências. Residente na freguesia de Sobreira, este jovem confessou que também gosta muito de teatro, fazendo parte do grupo que existe na freguesia. “Quando não estou aqui, estou no teatro. Gosto daqui, sinto-me bem aqui, mas também gosto muito do teatro", concluiu.

EMAÚS sonha com a construção de um lar para jovensInstituição de Baltar e Paredes enfrenta dificuldades a 'preparar o futuro' de 80 pessoas com deficiência

Mário Moreira

Maria da Ajuda Ribeiro e Isabel Sousa

Page 10: Reporter do Marao

MARCO DE CANAVESES: DOLMEN - Alameda Dr. Miranda da Rocha, 266 | T. 255 521 004

Aprovados mais 60 projetos de investimento que deverão gerar uma centena de postos de trabalho

No âmbito do 2.o concurso do Subprograma 3 do PRODER a Dolmen aprovou 60 projetos no Território Douro Verde, que beneficiarão de apoios num montante global de cerca de 5 milhões de euros, gerando 107 postos de trabalho.

A Dolmen – Cooperativa de Formação, Educação e de Desenvolvimento do Baixo-Tâmega, foi a entidade responsável pela análise das 102 candidaturas, entregues no âmbito do 2º Concurso, das quais 11 foram apre-sentadas à ação 3.1.1 – Diversificação de Atividades na Exploração Agrícola, 29 à ação 3.1.2 – Criação e De-senvolvimento de Microempresas, 22 à ação 3.1.3 – Desenvolvimento de Atividades Turísticas e de Lazer da População Rural, 19 à ação 3.2.1 - Conservação e Valorização do Património Rural e 25 à 3.2.2 - Serviços Bá-sicos para a População Rural.

O território de incidência da Dolmen, no que se refere ao subprograma 3 do PRODER, são os concelhos de Amarante, Baião e Marco de Canaveses na sua totalidade e ainda algumas freguesias dos concelhos de Cinfães, Resende e Penafiel.

Amarante viu 19 projetos aprovados representando um investimento total apurado de 2.664.706,47€ e uma comparticipação por parte do PRODER de 1.630.935,01€.; Baião teve 18 projetos aprovados representan-do um investimento total apurado de 2.646.460,85€ e uma comparticipação de 1.509.475,51€.; Marco de Ca-naveses obteve 10 projetos aprovados representando um investimento total apurado de 1.414.197,24€ e uma comparticipação de 881.525,47€.; Cinfães teve 7 projetos aprovados representando um investimento total apu-rado de 752.251,44€ e uma comparticipação de 471.955,23€.; Resende teve 3 projetos aprovados represen-tando um investimento total apurado de 557.797,76 € e uma comparticipação de 246.962,60€.; Penafiel teve também 3 projetos aprovados que representa um investimento total apurado 334.275,40 e uma comparticipa-ção de 241.454,96€

No que se refere à medida 3.1 os incentivos variam conforme os postos de trabalho (PT) a criar, ou seja, os projetos que não criam PT, são apenas financiados em 40%, se criar 1 PT em 50% e se criar 2 ou mais 60%. No que se refere aos apoios dados no âmbito da medida 3.2 as taxas de financiamento são de 60% na ação 3.2.1 e 75% na ação 3.2.2.

Na ação 3.1.1 orientada para o estímulo ao desenvolvimento de atividades não agrícolas nas explora-ções agrícolas das 11 candidaturas apresentadas foram aprovadas 7, representando um investimento total apurado de 1.510.588,96€ e uma comparticipação de 733 101,86€. Os projetos aprovados criarão 15 postos de trabalho dos quais 4 são qualificados.

Na ação 3.1.2, direcionada à criação e desenvolvimento de microempresas nas zonas rurais tendo em vista a densificação do tecido económico e a criação de emprego, contribuindo para a revitalização económi-ca e social destas zonas, das 29 candidaturas apresentadas, 16 mereceram aprovação representando um in-vestimento total apurado de 2.227 131,19€ e uma comparticipação de 1.304 668,56€. Esta ação criará ainda 43,5 postos de trabalho, sendo 7 qualificados.

Na ação 3.1.3 que visa desenvolver o turismo e outras atividades de lazer como forma de potenciar a valorização dos recursos endógenos dos territórios rurais, nomeadamente ao nível da valorização dos pro-dutos locais e do património cultural e natural, contribuindo para o crescimento económico e criação de em-prego, foram apresentadas 22 candidaturas tendo sido aprovadas 8 totalizando um investimento apurado de 1 299 954,79€ e uma comparticipação de 758 471,23 €, estimando-se a criação de 18,5 postos de trabalho, sendo 3 postos de trabalho qualificados.

Na ação 3.2.1 referente à conservação e valorização do património rural, das 19 candidaturas apresenta-das aprovamos 15 com investimento total apurado de 1.381.144,63€ e uma comparticipação de 828.686,76€. Os incentivos ao investimento atribuídos nesta ação visam valorizar o património rural na ótica do interes-se coletivo, enquanto fator de identidade e de atratividade do território, tornando-o acessível à comunidade.

Na ação 3.2.2 referente aos Serviços Básicos para a População Rural, dos 25 projetos apresentados fo-ram aprovados 14 com investimento total apurado de 2.110.200,95 e uma comparticipação de 1.372.343,15, prevendo-se a criação de 27 postos de trabalho. Os incentivos ao investimento atribuídos nesta ação visam aumentar a acessibilidade a serviços básicos, que constituem um elemento essencial na equiparação dos ní-veis de vida e na integração social das populações.

Cooperativa de Formação, Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega

Na ação 3.1.1 orientada para o estímulo ao desenvolvimento de atividades não agrícolas nas explorações

agrícolas das 11 candidaturas apresentadas foram aprovadas 7, representando um investimento total apurado

de 1.510.588,96€ e uma comparticipação de 733 101,86€. Os projetos aprovados criarão 15 postos de trabalho

dos quais 4 são qualificados.

PA Beneficiário Projeto Inv. Total Inv. Apurado Comparticipação Postos

de Trabalho

Concelho

083 FEITORIA DOS BECOS, LDA FEITORIA DOS BECOS - AGROTURISMO 296 619,30 201 719,17 121 031,50 2 M. de Canaveses

084 JAIME FERREIRA PEREIRA CARDOSO QUINTA DE TRAVANCELA 288 869,00 215 178,67 129 107,20 2 Amarante

089 JONATHAN TOOLEY ASSOCIADOS, LDA. CASA DO OUTEIRO 298 500,00 208 329,46 124 997,68 2 Resende

090 DISTARCO, LDA QUINTA DA BOUÇA - AGRO TURISMO 299 601,60 182 987,34 109 792,40 2 M. de Canaveses

099 SOC. AGRICOLA QUINTA DO PESO, UNIP. LDA QUINTINHA DE AGRO-TURISMO 298 113,96 163 515,08 98 109,05 2 Amarante

104 ALEXANDRE JOSÉ DE PINA CARVALHO LICOR DAS TURBAS - INST. DE INDUSTRIAL TIPO 3 53 745,12 48 994,26 24 497,13 1 Baião

124 CONCEPTREND, S.A. AGROTURISMO - CASA DA LAVANDEIRA 283 199,87 209 278,17 125 566,90 4 Baião

Quadro 1. Comparticipação dos projetos aprovados na ação 3.1.1

Na ação 3.1.2, direcionada à criação e desenvolvimento de microempresas nas zonas rurais tendo em vista a densificação do tecido económico e a criação de emprego, contribuindo para a revitalização económica e social destas zonas, das 29 candidaturas apresentadas, 16 mereceram aprovação representando um investimento total apurado de 2.227 131,19€ e uma comparticipação de 1.304 668,56€. Esta ação criará ainda 43,5 postos de trabalho, sendo 7 qualificados.

PA Beneficiário Projeto Inv. Total Inv. Apurado Comparticipação Postos de Trabalho Concelho

075 SETESENTIDOS, UNIPESSOAL LDA CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE MICROEMPRESA 37.882,91 37.377,91 22.426,75 2 Amarante

078 COLHEITA CERTA, LDA RESTAURANTE "A TÍLIA" 259.297,76 203.274,86 121.964,92 3 Resende

080 TIPICO SEGREDO, LDA DOCES DO FREIXO - EXPANSÃO DA ATIVIDADE 61.959,31 61.677,28 37.006,37 2 Penafiel

081 MARIA FERNANDA DA COSTA A. TEIXEIRA ADEGA REGIONAL "O MINISTRO" 116.432,15 111.116,07 66.669,64 2 Amarante

085 FUNDAÇÃO EÇA DE QUEIROZ RESTAURANTE DE TORMES 291.537,32 251.325,57 150.795,34 2 Baião

096 REST. "COELHO DO PARQUE", UNIP. LDA RESTAURANTE TIPO TRADICIONAL - COELHO DO PARQUE 139.800,30 132.549,06 79.529,44 3 Amarante

098 LEDMANIA, LDA EVENTOS E PUBLICIDADE 252.154,23 206.064,13 123.638,48 3 Amarante

100 VIALSIL SECCR, LDA. ACTIVIDADES DE LIMPEZA E MANUTENÇÃO 223.287,05 120.826,85 72.496,11 8 Baião

101 CANTEIRO DAS MEMÓRIAS - UNIP. LDA LAR DE APOIO A IDOSOS 173.028,33 129.843,21 77.905,92 3 Baião

106 LÚCIA C. BORGES MONTEIRO- SOC. UNIP,LDA RESTAURANTE "O ZÉ DA CALÇADA" 278.754,00 273.560,60 164.136,36 2 Amarante

110 TASCA DINO, LDA CASA DE PETISCOS 168.873,13 163.101,13 81.550,57 1 Baião

115 DOURO BYTESOLUTIONS, LDA DOURO BYTE - DESENV. DE SOLUÇÕES INFORMÁTICAS 20.922,52 19.563,42 9.781,71 1 Baião

120 COMPRALEVE INOVAÇÃO, UNIPESSOAL LDA EMPRESA DE UTILIDADES DIVERSAS EM ESPARTARIA 94.951,35 83.679,08 41.839,54 1 Amarante

123 BOAVISTA LAR, LDA BOAVISTA LAR 295.178,00 272.028,50 163.217,10 9 Amarante

126 BRAVINICIATIVA, UNIPESSOAL LDA. CLÍNICA VETERINÁRIA DE VILA MEÃ 186.424,85 136.264,51 81.758,71 2 Amarante

130 ANTÓNIO AMILCAR S. PEREIRA, UNIP. LDA COZINHA REGIONAL DE BAIÃO - FUMEIRO 24.879,01 24.879,00 9.951,60 0 Baião

Quadro 2. Comparticipação dos projetos aprovados na ação 3.1.2

Cooperativa de Formação, Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega

Na ação 3.1.1 orientada para o estímulo ao desenvolvimento de atividades não agrícolas nas explorações

agrícolas das 11 candidaturas apresentadas foram aprovadas 7, representando um investimento total apurado

de 1.510.588,96€ e uma comparticipação de 733 101,86€. Os projetos aprovados criarão 15 postos de trabalho

dos quais 4 são qualificados.

PA Beneficiário Projeto Inv. Total Inv. Apurado Comparticipação Postos

de Trabalho

Concelho

083 FEITORIA DOS BECOS, LDA FEITORIA DOS BECOS - AGROTURISMO 296 619,30 201 719,17 121 031,50 2 M. de Canaveses

084 JAIME FERREIRA PEREIRA CARDOSO QUINTA DE TRAVANCELA 288 869,00 215 178,67 129 107,20 2 Amarante

089 JONATHAN TOOLEY ASSOCIADOS, LDA. CASA DO OUTEIRO 298 500,00 208 329,46 124 997,68 2 Resende

090 DISTARCO, LDA QUINTA DA BOUÇA - AGRO TURISMO 299 601,60 182 987,34 109 792,40 2 M. de Canaveses

099 SOC. AGRICOLA QUINTA DO PESO, UNIP. LDA QUINTINHA DE AGRO-TURISMO 298 113,96 163 515,08 98 109,05 2 Amarante

104 ALEXANDRE JOSÉ DE PINA CARVALHO LICOR DAS TURBAS - INST. DE INDUSTRIAL TIPO 3 53 745,12 48 994,26 24 497,13 1 Baião

124 CONCEPTREND, S.A. AGROTURISMO - CASA DA LAVANDEIRA 283 199,87 209 278,17 125 566,90 4 Baião

Quadro 1. Comparticipação dos projetos aprovados na ação 3.1.1

Na ação 3.1.2, direcionada à criação e desenvolvimento de microempresas nas zonas rurais tendo em vista a densificação do tecido económico e a criação de emprego, contribuindo para a revitalização económica e social destas zonas, das 29 candidaturas apresentadas, 16 mereceram aprovação representando um investimento total apurado de 2.227 131,19€ e uma comparticipação de 1.304 668,56€. Esta ação criará ainda 43,5 postos de trabalho, sendo 7 qualificados.

PA Beneficiário Projeto Inv. Total Inv. Apurado Comparticipação Postos de Trabalho Concelho

075 SETESENTIDOS, UNIPESSOAL LDA CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE MICROEMPRESA 37.882,91 37.377,91 22.426,75 2 Amarante

078 COLHEITA CERTA, LDA RESTAURANTE "A TÍLIA" 259.297,76 203.274,86 121.964,92 3 Resende

080 TIPICO SEGREDO, LDA DOCES DO FREIXO - EXPANSÃO DA ATIVIDADE 61.959,31 61.677,28 37.006,37 2 Penafiel

081 MARIA FERNANDA DA COSTA A. TEIXEIRA ADEGA REGIONAL "O MINISTRO" 116.432,15 111.116,07 66.669,64 2 Amarante

085 FUNDAÇÃO EÇA DE QUEIROZ RESTAURANTE DE TORMES 291.537,32 251.325,57 150.795,34 2 Baião

096 REST. "COELHO DO PARQUE", UNIP. LDA RESTAURANTE TIPO TRADICIONAL - COELHO DO PARQUE 139.800,30 132.549,06 79.529,44 3 Amarante

098 LEDMANIA, LDA EVENTOS E PUBLICIDADE 252.154,23 206.064,13 123.638,48 3 Amarante

100 VIALSIL SECCR, LDA. ACTIVIDADES DE LIMPEZA E MANUTENÇÃO 223.287,05 120.826,85 72.496,11 8 Baião

101 CANTEIRO DAS MEMÓRIAS - UNIP. LDA LAR DE APOIO A IDOSOS 173.028,33 129.843,21 77.905,92 3 Baião

106 LÚCIA C. BORGES MONTEIRO- SOC. UNIP,LDA RESTAURANTE "O ZÉ DA CALÇADA" 278.754,00 273.560,60 164.136,36 2 Amarante

110 TASCA DINO, LDA CASA DE PETISCOS 168.873,13 163.101,13 81.550,57 1 Baião

115 DOURO BYTESOLUTIONS, LDA DOURO BYTE - DESENV. DE SOLUÇÕES INFORMÁTICAS 20.922,52 19.563,42 9.781,71 1 Baião

120 COMPRALEVE INOVAÇÃO, UNIPESSOAL LDA EMPRESA DE UTILIDADES DIVERSAS EM ESPARTARIA 94.951,35 83.679,08 41.839,54 1 Amarante

123 BOAVISTA LAR, LDA BOAVISTA LAR 295.178,00 272.028,50 163.217,10 9 Amarante

126 BRAVINICIATIVA, UNIPESSOAL LDA. CLÍNICA VETERINÁRIA DE VILA MEÃ 186.424,85 136.264,51 81.758,71 2 Amarante

130 ANTÓNIO AMILCAR S. PEREIRA, UNIP. LDA COZINHA REGIONAL DE BAIÃO - FUMEIRO 24.879,01 24.879,00 9.951,60 0 Baião

Quadro 2. Comparticipação dos projetos aprovados na ação 3.1.2

Cooperativa de Formação, Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega

Na ação 3.1.3 que visa desenvolver o turismo e outras atividades de lazer como forma de potenciar a

valorização dos recursos endógenos dos territórios rurais, nomeadamente ao nível da valorização dos

produtos locais e do património cultural e natural, contribuindo para o crescimento económico e criação de

emprego, foram apresentadas 22 candidaturas tendo sido aprovadas 8 totalizando um investimento apurado

de 1 299 954,79€ e uma comparticipação de 758 471,23 €, estimando-se a criação de 18,5 postos de trabalho,

sendo 3 postos de trabalho qualificados.

Quadro 3. Comparticipação dos projetos aprovados na ação 3.1.3

Na ação 3.2.1 referente à conservação e valorização do património rural, das 19 candidaturas apresentadas

aprovamos 15 com investimento total apurado de 1.381.144,63€ e uma comparticipação de 828.686,76€. Os

incentivos ao investimento atribuídos nesta ação visam valorizar o património rural na ótica do interesse

coletivo, enquanto fator de identidade e de atratividade do território, tornando-o acessível à comunidade.

Quadro 4. Comparticipação dos projetos aprovados na ação 3.2.1 - Conservação e Valorização do Património Rural

Nº Beneficiário Projecto Inv.Total Inv. Apurado Apoio PostosTrabalho

Concelho

072 QUINTA DA ERMIDA - TURISMO DE HABITAÇÃO, LDAREMODELAÇÃO E MODERNIZAÇÃO DA QUINTA DA ERMIDA 233.375,97 141.791,12 85.074,67 2 Baião

073 JOSÉ MARIA DE AZEVEDO TEIXEIRA PARQUE DE CAMPISMO RURAL DE JUNCAL 140.896,20 114.236,82 62.830,25 1,5Marco de Canaveses

086 MARIA DO CÉU SOARES OLIVEIRA QUINTA DAS AGUICHEIRAS 285.397,62 154.920,42 92.952,25 2 Baião

093 MARANHÃO - SOC. DE CONSTRUÇÕES, LDA QUINTA DA CASTANHEIRA -TURISMO 298.401,40 188.114,40 112.868,64 2 Cinfães

102 DOURO SUITES, SA EMPREENDIMENTO DE ESPAÇO RURAL - CASA DE CAMPO 299.255,00 204.711,53 122.826,92 6 Baião

108 QUINTA DA VENTOZELA, SA QUINTA DA VENTOZELA - TURISMO EQUESTRE 235.123,31 157.897,94 78.948,97 1 Cinfães

121 JOSÉ MÁRIO RODRIGUES CORREIA TURISMO NO ESPAÇO RURAL - CASA DE TELHE 170.150,00 160.412,04 96.247,22 2Marco de Canaveses

131 ANTONIO JOSÉ VAHIA G. CERQUEIRA CRIAÇÃO DE ESPAÇO PARA TURISMO RURAL 200.847,50 177.870,52 106.722,31 2Marco de Canaveses

1.863.447,00 1.299.954,79 758.471,23 18,5TOTAL

Nº Nome do Beneficiário Nome do projecto Inv.Total Inv. Apurado Apoio PostosTrabalho

Concelho

138 MUNICÍPIO DE CINFÃES PARQUE DE LAZER DO LADÁRIO 179.510,07 163.611,27 98.166,76 0 Cinfães

139 J. F. DE CANADELO CENTRO INTERPRETATIVO PATRIMÓNIO FLORESTAL SERRA DO MARÃO E MEIA-VIA

54.912,14 23.386,06 14.031,64 0 Amarante

144 J. DE FREG. DE CARNEIRO REQUALIFICAÇÃO DO PARQUE DE MERENDAS - ZONA DE LAZER DE CARNEIRO

33.825,62 19.040,89 11.424,54 0 Amarante

148 C. C. E RECREAT DE MAURELES CASA DA CULTURA POPULAR 197.855,13 169.358,69 101.615,21 0Marco de Canaveses

150 J. DE FREG. DE BUSTELO REFUNCIONALIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO DA EB 1 DE BUSTELO

29.740,73 27.904,69 16.742,81 0 Amarante

153 TUNA DE GONDAR REVALORIZAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL E RECREATIVA DA TUNA DE GONDAR

16.358,02 13.299,20 7.979,52 0 Amarante

154 COOP AGRICOLA DE BAIÃO, CRL CRIAÇÃO DE ESPAÇO POLIVALENTE 28.944,50 27.836,32 16.701,79 0 Baião

155 MUNICÍPIO DE BAIÃO CASA DA COMUNIDADE DE MAFÓMEDES E APOIO À OBSERVAÇÃO DA NATUREZA

170.863,95 142.560,29 85.536,17 0 Baião

158 ASSOCIAÇÃO MUNICÍPIOS DO BAIXO TÂMEGA ROTAS, PERCURSOS E PAISAGENS MILENARES DO BAIXO TÂMEGA

246.000,00 178.864,39 107.318,63 0 Amarante

163 FREGUESIA DE GATÃO CENTRO INTERPRETATIVO DO VINHO VERDE 153.452,31 127.966,93 76.780,16 0 Amarante

168 OS CAMINHOS DE JACINTO OS CAMINHOS DE JACINTO 179.441,63 164.107,91 98.464,74 1 Baião

169 FREG DE ALPENDURADA E MATOS RECUPERAÇÃO DO ENGENHO DO LINHO 77.637,85 57.992,33 34.795,40 0Marco de Canaveses

171 FREGUESIA DE SOALHÃES CASA DO MOLEIRO 91.514,47 91.493,86 54.896,32 2Marco de Canaveses

175 PEDRO MIGUEL GOMES FERREIRADOURO MEMORIES - VALORIZAÇÃO E PROMOÇÃO DO PATRIMÓNIO DO DOURO

29.285,22 24.937,98 14.962,79 0 Resende

177 MUNICÍPIO DE AMARANTERECUPERAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO DO APEADEIRO DE GATÃO E ENVOLVENTE

198.758,00 148.783,82 89.270,29 0 Amarante

1.688.099,64 1.381.144,63 828.686,76 3TOTAL

Cooperativa de Formação, Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega

Na ação 3.1.3 que visa desenvolver o turismo e outras atividades de lazer como forma de potenciar a

valorização dos recursos endógenos dos territórios rurais, nomeadamente ao nível da valorização dos

produtos locais e do património cultural e natural, contribuindo para o crescimento económico e criação de

emprego, foram apresentadas 22 candidaturas tendo sido aprovadas 8 totalizando um investimento apurado

de 1 299 954,79€ e uma comparticipação de 758 471,23 €, estimando-se a criação de 18,5 postos de trabalho,

sendo 3 postos de trabalho qualificados.

Quadro 3. Comparticipação dos projetos aprovados na ação 3.1.3

Na ação 3.2.1 referente à conservação e valorização do património rural, das 19 candidaturas apresentadas

aprovamos 15 com investimento total apurado de 1.381.144,63€ e uma comparticipação de 828.686,76€. Os

incentivos ao investimento atribuídos nesta ação visam valorizar o património rural na ótica do interesse

coletivo, enquanto fator de identidade e de atratividade do território, tornando-o acessível à comunidade.

Quadro 4. Comparticipação dos projetos aprovados na ação 3.2.1 - Conservação e Valorização do Património Rural

Nº Beneficiário Projecto Inv.Total Inv. Apurado Apoio PostosTrabalho

Concelho

072 QUINTA DA ERMIDA - TURISMO DE HABITAÇÃO, LDAREMODELAÇÃO E MODERNIZAÇÃO DA QUINTA DA ERMIDA 233.375,97 141.791,12 85.074,67 2 Baião

073 JOSÉ MARIA DE AZEVEDO TEIXEIRA PARQUE DE CAMPISMO RURAL DE JUNCAL 140.896,20 114.236,82 62.830,25 1,5Marco de Canaveses

086 MARIA DO CÉU SOARES OLIVEIRA QUINTA DAS AGUICHEIRAS 285.397,62 154.920,42 92.952,25 2 Baião

093 MARANHÃO - SOC. DE CONSTRUÇÕES, LDA QUINTA DA CASTANHEIRA -TURISMO 298.401,40 188.114,40 112.868,64 2 Cinfães

102 DOURO SUITES, SA EMPREENDIMENTO DE ESPAÇO RURAL - CASA DE CAMPO 299.255,00 204.711,53 122.826,92 6 Baião

108 QUINTA DA VENTOZELA, SA QUINTA DA VENTOZELA - TURISMO EQUESTRE 235.123,31 157.897,94 78.948,97 1 Cinfães

121 JOSÉ MÁRIO RODRIGUES CORREIA TURISMO NO ESPAÇO RURAL - CASA DE TELHE 170.150,00 160.412,04 96.247,22 2Marco de Canaveses

131 ANTONIO JOSÉ VAHIA G. CERQUEIRA CRIAÇÃO DE ESPAÇO PARA TURISMO RURAL 200.847,50 177.870,52 106.722,31 2Marco de Canaveses

1.863.447,00 1.299.954,79 758.471,23 18,5TOTAL

Nº Nome do Beneficiário Nome do projecto Inv.Total Inv. Apurado Apoio PostosTrabalho

Concelho

138 MUNICÍPIO DE CINFÃES PARQUE DE LAZER DO LADÁRIO 179.510,07 163.611,27 98.166,76 0 Cinfães

139 J. F. DE CANADELO CENTRO INTERPRETATIVO PATRIMÓNIO FLORESTAL SERRA DO MARÃO E MEIA-VIA

54.912,14 23.386,06 14.031,64 0 Amarante

144 J. DE FREG. DE CARNEIRO REQUALIFICAÇÃO DO PARQUE DE MERENDAS - ZONA DE LAZER DE CARNEIRO

33.825,62 19.040,89 11.424,54 0 Amarante

148 C. C. E RECREAT DE MAURELES CASA DA CULTURA POPULAR 197.855,13 169.358,69 101.615,21 0Marco de Canaveses

150 J. DE FREG. DE BUSTELO REFUNCIONALIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO DA EB 1 DE BUSTELO

29.740,73 27.904,69 16.742,81 0 Amarante

153 TUNA DE GONDAR REVALORIZAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL E RECREATIVA DA TUNA DE GONDAR

16.358,02 13.299,20 7.979,52 0 Amarante

154 COOP AGRICOLA DE BAIÃO, CRL CRIAÇÃO DE ESPAÇO POLIVALENTE 28.944,50 27.836,32 16.701,79 0 Baião

155 MUNICÍPIO DE BAIÃO CASA DA COMUNIDADE DE MAFÓMEDES E APOIO À OBSERVAÇÃO DA NATUREZA

170.863,95 142.560,29 85.536,17 0 Baião

158 ASSOCIAÇÃO MUNICÍPIOS DO BAIXO TÂMEGA ROTAS, PERCURSOS E PAISAGENS MILENARES DO BAIXO TÂMEGA

246.000,00 178.864,39 107.318,63 0 Amarante

163 FREGUESIA DE GATÃO CENTRO INTERPRETATIVO DO VINHO VERDE 153.452,31 127.966,93 76.780,16 0 Amarante

168 OS CAMINHOS DE JACINTO OS CAMINHOS DE JACINTO 179.441,63 164.107,91 98.464,74 1 Baião

169 FREG DE ALPENDURADA E MATOS RECUPERAÇÃO DO ENGENHO DO LINHO 77.637,85 57.992,33 34.795,40 0Marco de Canaveses

171 FREGUESIA DE SOALHÃES CASA DO MOLEIRO 91.514,47 91.493,86 54.896,32 2Marco de Canaveses

175 PEDRO MIGUEL GOMES FERREIRADOURO MEMORIES - VALORIZAÇÃO E PROMOÇÃO DO PATRIMÓNIO DO DOURO

29.285,22 24.937,98 14.962,79 0 Resende

177 MUNICÍPIO DE AMARANTERECUPERAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO DO APEADEIRO DE GATÃO E ENVOLVENTE

198.758,00 148.783,82 89.270,29 0 Amarante

1.688.099,64 1.381.144,63 828.686,76 3TOTALCooperativa de Formação, Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega

Na ação 3.2.2 referente aos Serviços Básicos para a População Rural, dos 25 projetos apresentados foram aprovados 14 com investimento total apurado de 2.110.200,95 e uma comparticipação de 1.372.343,15, prevendo-se a criação de 27 postos de trabalho. Os incentivos ao investimento atribuídos nesta ação visam aumentar a acessibilidade a serviços básicos, que constituem um elemento essencial na equiparação dos níveis de vida e na integração social das populações.

Quadro 4. Comparticipação dos projetos aprovados na ação 3.2.2 Serviços Básicos para a População Rural

Nº Nome do Beneficiário Nome do projecto Inv.Total Inv. Apurado Apoio PostosTrabalho

Concelho

134 CECAJUVI SALA DE REABILITAÇÃO E VIATURA PARA IDOSOS 47.312,62 38.766,92 29.075,19 0 Baião

136 F. DA IGREJA PAROQUIAL DE RECESINHOS "MAIS VIDA" - OPERACIONALIZAÇÃO DO CENTRO MULTIUSOS

199.883,20 92.660,83 69.495,62 1 Penafiel

142 CENTRO SOCIAL E CULTURAL DE ABRAGÃO CENTRO SOCIAL DE ABRAGÃO 320.060,16 179.937,29 134.952,97 Penafiel

145 SOLIDARIEDADE SOCIAL DE SOUSELO MOBILAR O EDIFICIO 121.196,49 70.230,94 52.673,20 Cinfães

149 SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BAIÃO REQUALIFICAÇÃO DO LAR DE IDOSOS DE S. BARTOLOMEU

404.731,07 368.690,11 200.000,00 0 Baião

152 ASS DE SOLID SOCIAL DE ESPADANEDO CAO ESPADANEDO - AQUISIÇÃO DE VIATURA, MOBIIÁRIO E INFORMÁTICA

29.110,14 26.811,03 20.108,27 Cinfães

156 C S E BEM ESTAR DE OLIVEIRA DO DOURO VIVER COM QUALIDADE EM OLIVEIRA DO DOURO 177.997,08 71.683,53 53.762,64 Cinfães

157 ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA DE ANCÊDE ANCÊDE SAUDÁVEL 35.064,65 35.064,65 26.298,49 0 Baião

162 PROGREDIR CASA DOS TIOS 346.046,90 182.606,88 136.955,16 Amarante

165 C S P DA VILA DE ALPENDORADA CASA NOVA - CSPVA 78.953,58 78.953,58 59.215,19 17Marco de Canaveses

167 CERCIMARCO, CRL CENTRO DE RECURSOS PARA A INCLUSÃO DO MARCO 203.723,23 179.172,89 134.379,67 4Marco de Canaveses

172 JUNTA DE FREGUESIA DE CEPELOS LAR DE IDOSOS DE CEPELOS 311.520,00 311.520,00 200.000,00 Amarante

174 SANTA CASA DA MISERICORDIA DE CINFÃESCENTRO DE BEM ESTAR PARA PESSOAS IDOSAS -LAR D. MARIA EMILIA REZENDE

115.120,41 73.902,33 55.426,75 1 Cinfães

176 CENTRO SOCIAL DE SANTA CRUZ DO DOURO AMPLIAÇÃO DO LAR DE IDOSOS 495.979,57 400.199,97 200.000,00 4 Baião

2.886.699,10 2.110.200,95 1.372.343,15 27TOTAL

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BAIÃO: DOLMEN - Centro de Promoção Produtos Locais | Rua de Camões, 296 | T. 255 542 154

Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

Mercado Romano de Tongobriga

Com uma afluência de público que supe-rou as melhores expetativas – com a visita de milhares de pessoas –, realizou-se o Mercado Romano de Tongobriga no Freixo-Marco de Ca-naveses. Após vários meses de ensaios e pre-parativos, que envolveram mais de uma centena de pessoas desta comunidade e comunidades vizinhas, diferentes profissionais do teatro, mú-sica, dança e cenografia, arqueólogos e historia-dores, aconteceu a festa. Três dias intensos entre cerimónias de culto, manjares, gladiadores, mer-cadores da Era Romana, Áugures... chega ao fim o Mercado Romano de Tongobriga MMXII. Três

dias de identidade e cultura em grande festa, nas ruínas deste importante núcleo arqueológi-co, antiga cidade romana.

Esta iniciativa da Junta de Freguesia do Freixo teve a colaboração da Associação de Budo do Marco, Casa do Povo da Livração, Gru-po Columbófilo do Marco, Grupo de Escoteiros 237 e Grupo de Teatro Palmo e Meio, sob dire-ção artística da Panmixia no teatro e Andarilhos na música e contou com o apoio da Estação Ar-queológica do Freixo, da Camara Municipal do Marco de Canaveses, da Dolmen e da Direção Regional de Cultura do Norte.

Mel, produtos locais e música FolkDepois de Ansiães, a freguesia de Aboadela é

o palco escolhido para a II edição da Feira do Mel e produtos locais e para o primeiro Festival Folk de Amarante, nos dias 11 e 12 de agosto. O evento or-ganizado pela Associação Viver Canadelo e Serra do Marão (AVCSM) juntamente com a Junta de Fre-guesia, conta com o apoio da DOLMEN.

Depois do sucesso da primeira edição, a AVCSM organiza uma vez mais a Feira do Mel e produtos lo-cais, desta vez, em Aboadela. Este ano, com a dura-ção de dois dias e uma novidade: o I Festival Folk de Amarante com três grupos nacionais e um da Galiza. A abertura da feira acontecerá por volta das 14h00. Ao longo da rua principal em direção à ponte serão colocadas as barracas com produtos locais e artesa-nais. Por volta das 21h00 terá início o festival folk. A entrada é livre o que contribui para uma maior ade-são a este tipo de festival.

A pensar naqueles que possam vir de longe e

como alternativa de alojamento, será organizado um espaço para acampamento, na praia fluvial do rio Ovelha, em Aboadela, permitindo assim a quem visi-ta esta aldeia ficar para o segundo dia deste evento.

A manhã, do dia 12, começa cedo, às 9h00, com uma marcha de montanha e às 12h a abertura da feira. A tarde será preenchida com workshops, jogos tradicionais, uma palestra sobre o Mel e muita ani-mação.

A Associação Viver Canadelo e Serra do Marão, fundada em 2010, tem por sede a freguesia de Ca-nadelo – Amarante, mas a sua intervenção estende--se a todas as freguesias do Marão e da Serra da Meia Via.

O objetivo desta associação sem fins lucrativos consiste na organização de atividades que deem a conhecer esta região, combater a desertificação e abandono destas aldeias, dinamizando o que ainda resta das suas economias locais e divulgar e promo-ver os potenciais pontos turísticos.

Em Aboadela, Amarante

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Germano Couto foi eleito bastonário da Or-dem dos Enfermeiros em dezembro de 2011, apre-sentando então como prioridades acabar com o desperdício na saúde, unir os profissionais e lutar contra a usurpação de funções. Meio ano depois o também enfermeiro admite estar “muito preocu-pado” com a partida para o estrangeiro de “largas centenas” de profissionais , num momento em que há cuidados de enfermagem que “não estão a ser prestados aos portugueses” porque “há falta de re-cursos humanos” no SNS.

“É evidente que a situação financeira que o país atra-vessa está a empurrar profissionais altamente qualificados para destinos em que o futuro se avizinha mais promissor”, lamentou o bastonário em entrevista ao Repórter do Ma-rão. Para Germano Couto, “poder-se-ia pensar que Portugal não precisaria desses enfermeiros, porque os está a deixar partir sem nada fazer”. Garante porém que “há necessida-des dos cidadãos que não estão satisfeitas e há cuidados de enfermagem que não estão a ser prestados aos cidadãos portugueses porque há falta de recursos humanos no Ser-viço Nacional de Saúde”.

O enfermeiroFoi a 12 de dezembro que, com a sua candidatura "En-

fermagem em Primeiro", Germano Couto ganhou as elei-ções para bastonário de uma ordem que queria que fosse “mais interventiva”, modernizada e com maior visibilidade na sociedade. Já então transmitia os sentimentos de “desâ-nimo” e de “revolta” dos enfermeiros, profissionais com “um

papel muito relevante nas atividades de promoção da saú-de e prevenção e recuperação de doenças, realizando a sua atividade ao nível da comunidade, do hospital e do domi-cílio”

“O enfermeiro cuida de todos os seres humanos, indi-vidualmente ou integrados numa família”, frisa o também especialista em saúde materna e obstétrica para quem “há áreas de intervenção e competências que estão subapro-veitadas” como as relacionadas com as “equipas domicili-árias nos Cuidados de Saúde Primários, onde os enfermei-ros poderão ter um papel imprescindível”. Por isso mesmo, para o bastonário “não há excesso de enfermeiros no país” e, apesar das necessidades dos serviços, o facto é que estes profissionais “não estão a ser contratados, ou são contrata-dos temporariamente com vínculos muito precários, atra-vés de empresas de prestação de serviços, e muitas vezes com remunerações chocantes”, que até rondam os 3,98 eu-ros por hora em alguns locais.

Analisando a atual situação da saúde no país, salienta estar “otimista” apesar das dificuldades, defendendo que

“os profissionais da saúde conseguirão transformar um momento difícil numa oportunidade, com o recurso à cria-tividade, empreendedorismo e inovação que são próprios dos portugueses”. Os próprios enfermeiros podem mesmo aproveitar este momento de crise global para “demonstra-rem que afinal são profissionais altamente qualificados e imprescindíveis no sistema de saúde, onde a sua não ren-tabilização aumenta o desperdício e a despesa”.

A ordemUm dos objetivos do seu mandato na ordem é mes-

mo “potenciar o valor dos cuidados de enfermagem e dos enfermeiros, na perspetiva da melhoria da saúde em Por-tugal”. E como chegou a bastonário? Germano Couto res-ponde primeiro ser “enfermeiro por opção” e pelo “desafio e possibilidade de cuidar de outros”. O seu percurso profis-sional, recorda, “fortaleceu a escolha tomada” e ao longo do caminho foi desenvolvendo a vontade de “intervir nas polí-ticas de saúde como meio de criar bases mais sólidas para a enfermagem e para a saúde em Portugal”.

A candidatura à Secção Regional do Norte “foi um de-safio ganho que antecedeu a candidatura a bastonário” tendo sido “precisamente na SRN” que diz ter conquistado “a experiência sólida para o cargo e responsabilidade” que assumiu na ordem. É aí que espera ter a “oportunidade de aproximar os enfermeiros que trabalham em Portugal e no estrangeiro”, deixando, por fim, um apelo.

“Apelo aos enfermeiros que continuem a dignificar a profissão, a fazer ouvir o nome de Portugal por boas razões e que continuem a inspirar os que permanecem no país com o vosso espírito empreendedor”, remata.

Liliana Leandro | [email protected] | Fotos D.R.

Faltam enfermeiros no SNS

GErMAno Couto

Bastonário da Ordem dos Enfermeiros

EntrEviStA

Nome: Germano Rodrigues CoutoData de Nascimento: 29 de março de 1972Local de Nascimento: MaiaHabilitações Literárias: Doutoramento em Ciências de EnfermagemLivro: “O diário da nossa paixão”, Nicholas SparksFilme: “As pontes de Madison County”Música: Noturnos de Chopin

'Há cuidados de enfermagem que não estão a ser prestados aos cidadãos'

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EPAMAC

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Produção editorial da responsabilidade da EPAMAC

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uando a campainha da sala tocou, ela respirou de es-perança. Missão cumprida. Arrumou a caneta de tin-ta azul na carteira, pegou nos livros, olhou a sala por uma última vez e saiu. A Escola Secundária tinha sido a adolescência. Agora, com o toque de saída, es-perava-a os exames, o tremor na barriga, as férias ansiosas e por fim - acreditava - a universidade. Não era má aluna, por isso nada tinha a temer. Os profes-sores sempre tinham dito que dela não viria proble-

ma. As matemáticas e o português eram irmãs gémeas na dificuldade baixa. Ainda assim, ela temia. Temia na mesma dimensão da esperança que tinha de entrar na Universidade, de ser a primeira da família a con-seguir chegar ao fim do percurso com os livros na mão. Não que lhe exi-gissem fosse o que fosse, mas ela sabia que o futuro apontava a grande escola. Quando era menina, sonhava com esse nome que ela só conhecia de ouvir falar: Universidade. Assim mesmo com letra grande. E imagi-nava o mundo inteiro sentado nas carteiras de uma escola, onde a utopia também tivesse lugar. Imaginava que as dúvidas que a acordavam de noite, um dia teriam resposta nos livros grandes de capas grossas que imaginava como seus. Um dia... Um dia, o dia aproximou-se com o últi-mo toque de saída da escola dita secundária. Escola de amores vividos e perdidos com a mesma rapidez. Na universidade, pensava, tudo seria diferente, tudo teria o ritmo certo. O tempo dos exames passou rápido no relógio, devagar no estômago embrulhado, nas noites de olhos ver-melhos iluminados pelo candeeiro da secretária. E quando o dia chegou,

a caneta, trémula mas assertiva, desenhou o futuro nos espaços certos. Exames ultrapassados. Ela sabia que daí a nada a resposta pela qual es-perou uma vida, sairia em folha colada a um vidro. E que os olhos, se-guidos do dedo indicador, desceriam por todos os nomes até encontrar o nome que o baptismo lhe certificou. Se ao menos tivesse a sorte de ter um nome começado pelas letras iniciais do grande alfabeto... mas até nisso a ansiedade a acompanhava. Uma Zulmira sofre sempre para che-gar a vez. No dia anunciado, ela saiu de casa manhã cedo. Queria ser a primeira a saber. E soube. O dedo trémulo a correr a lista do vidro, en-tre corpos que se apinhavam, olhos ansiosos, um Zeferino, duas Zitas, e finalmente uma Zulmira. Esta Zulmira. Admitida. Admitida na esco-la grande, na maior que lhe cabia nos sonhos. Zulmira deixou-se ficar com o dedo no vidro, a segurar a admissão, os olhos a lavarem-se em lá-grimas. Viu a mãe, o pai e as horas de sacrifício, viu tudo e sentiu ainda mais, quando tirou o dedo do vidro e desceu a rua, sozinha, com um nó na garganta e o mundo inteiro no pensamento. Universidade. A primei-ra da família. O curso que aí vinha. Não lhe interessava o título, ser dou-tora ou engenheira, queria conhecer o mundo, saber o porquê das coi-sas, aprender, pesquisar, entrar nas entrelinhas, descobrir as respostas mais ocultas. Universidade. O sonho da escola universal era agora re-alidade, e mesmo sabendo que ia ter que arranjar um emprego a meio tempo, para ajudar nas contas, e mesmo sabendo que ia ter que deixar a aldeia de sempre, que ia ter que abdicar dos livros de capas grossas em detrimentos de molhos de fotocópias, nada abalava a alegria do grande saber universal. O curso, Geografia, era só o início da grande viagem.

Eduarda FreitasFoto: Charles Harris - http://vi.sualize.us

Universidade: admitida

Q

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Inscrições até 10 de Setembro

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18 julho '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão regiões

A organização da Feira Agrícola do Vale do Sousa (AGRI-VAL), que realiza no próximo mês a sua 33ª edição, volta a apostar no cartaz de espetáculos para atrair público. GNR, David Carreira, The Gift e Boss AC são os cabeça de cartaz dos principais dias do certame que se realiza entre 18 e 26 de agosto no Parque de Feiras e Exposições de Penafiel.

O programa de animação da Agrival já habituou o públi-co a grandes nomes do espetáculo, mas a edição de 2012 ri-valiza com a do ano passado. Apesar da crise económica, os espetáculos anunciados devem provocar enchentes no re-cinto da feira, que há três décadas é considerado o principal certame do Tâmega e Sousa.

O programa inclui ainda atuações de ranchos folclóricos e de outros grupos musicais.

Além da realização da 11ª mostra de gastronomia, com restaurantes de várias zonas do país, cada dia é dedicado a um concelho da região e durante a feira vão ter lugar sessões sobre temáticas agrícolas e concursos de produtos da região: broa de milho, pão-de-ló, cebolas e melão casca de carvalho.

Gnr, David Carreira e Gift no cartaz da Agrival

O bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto, afirmou que o Ministério da Justiça vai beneficiar os advogados dos grandes centros urbanos com a concentração das instâncias judiciais centrais previstas na última proposta da reforma do mapa judiciário.

"A proposta do Governo beneficia advogados das grandes cidades”, acusa o bastonário da classe que participou na manifestação ocorrida em Amarante. “Isso vai criar muito mais trabalho para quem lá está. Es-ses advogados serão extraordinariamente favorecidos por estas medidas da Justiça”, afirmou Marinho e Pinto, preocupado com a redução de traba-lho que se antevê para os profissionais que trabalham nas pequenas cida-des e vilas do interior.

Marinho e Pinto, que é natural daquele concelho, foi a Amarante parti-cipar numa manifestação de protesto contra a perda de competências do tribunal local, sessão que teve o mérito de juntar autarcas, dirigentes e des-tacados militantes locais dos três principais partidos – PS, PSD e CDS/PP.

A advogada Lúcia Coutinho, que lidera a delegação local da Ordem e convocou a manifestação, considera que se a medida avançar o tribunal de Amarante perde a maioria das suas competências "ficando reduzido a um tribunal de pequenas causas".

A medida de redução de competências do tribunal de Amarante é a mesma que está prevista para os tribunais de outros municípios do Tâme-ga e Sousa, nomeadamente os de Paredes, Penafiel, Felgueiras, Marco de Canaveses, Lousada e Paços de Ferreira.

Nesse sentido, está a ser concertada uma posição conjunta da Comu-nidade Intermunicipal (CIM) para apresentar ao Ministério da Justiça, na qual deverá ser reivindicada a manutenção de três tribunais com com-petências especializadas em duas ou três cidades, retomando em parte a proposta de janeiro, que já contemplava um alargamento de competên-cias nos tribunais de Penafiel e Amarante.

Contudo, segundo a proposta de junho, as competências especializa-das, bem como os julgamentos com tribunal coletivo e de júri passam para os tribunais de Valongo, Gondomar e Vila Nova de Gaia, a muitas de-zenas de quilómetros e sem redes de transportes diretos com as localida-des do interior do distrito do Porto.

O bastonário da classe considerou que o mapa judiciário, proposto pelo Ministério da Justiça, “vai concentrar e degradar a Justiça, tornando--a mais lenta e distante dos cidadãos”. 

“Esses megatribunais vão funcionar muito mal. É preciso que a justiça seja repartida equitativamente, de acordo com as necessidades das po-pulações e não com as conveniências dos burocratas que estão encerra-dos nos gabinetes do ministério”, criticou. 

Tribunais do Tâmega e Sousa reduzidos a simples instâncias locais

PROCURA CANDIDATO (A)

Com experiência na Mediação de Seguros

Solicito envio de carta de motivação com detalhe da experiência no ramo (tipo de trabalho desempenhado, seguradoras com que trabalhou, programas infor-máticos, etc), curriculum vitæ e foto.

RESPOSTAS PARA:

[email protected]

MEDIADORA DE SEGUROS NA LIXA

Centenas de pessoas juntaram-se no Largo de S. Gonçalo, em Amarante, contra o esvaziamento de competências do tribunal

A representante da Ordem dos Advogados, ladeada pelo bastonário da OA, presidentes da câmara e da assembleia e advogados

Fotos de Marta Sousa

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O Município de Baião organiza no final de julho mais um festival do anho assado, um dos três eventos que mais turistas atrai anu-almente. Apesar da crise económica, os apre-ciadores das iguarias tradicionais da região do Tâmega têm no festival do anho assado e do arroz do forno mais um motivo para fazer uma incursão pelo concelho mais interior do distrito do Porto.

De 27 a 29 de julho, diversos restaurantes daquele concelho servem um dos pratos mais típicos da região.

Além do anho assado e do arroz do forno, o certame, que se realiza no recinto da Feira do Tijelinho, divulgará também outros produtos daquelas origens, nomeadamente o "biscoito da Teixeira", a broa de milho e a laranja.

A animação dos quatro dias de feira estará a cargo de grupos de concertinas, agrupamen-tos musicais, bombos e ranchos folclóricos.

A autarquia considera este festival gastro-nómico um bom cartaz para potenciar a atra-ção turística do concelho.

Festival do Anho Assado atrai turistas a Baião no final de julho

UTAD lançou duas novas licenciaturas

19julho '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãoregiões | diversos

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) anunciou o lançamento de duas licenciaturas novas – Línguas, Literaturas e Cultu-ras e Química Medicinal, a primeira com 30 vagas e a segunda com 25. Segundo a universidade transmontana, as novas áreas de ensino "respondem a importantes desafios emergentes na sociedade moderna, nas áreas da cultura humanística e da investigação aplicada à saúde".

Os novos cursos são opções para os candidatos ao ensino superior de todo o país e no início de setembro decorrerá na UTAD o período das matrículas.

A UTAD oferece mais 37 cursos de licenciatura, que totalizam 1365 vagas.O novo curso em Línguas, Literaturas e Culturas permitirá a inserção no mer-

cado de trabalho em atividades de gestão cultural, edição, cooperação interna-cional e assessoria em empresas na área de línguas, enquanto a licenciatura em Química Medicinal "tem por objetivo a preparação de compostos biologicamen-te ativos, o estudo do seu metabolismo, a interpretação do seu modo de ação ao nível molecular e a determinação de relações estrutura-atividade".

Os licenciados em Química Medicinal terão como principais saídas profissio-nais a indústria farmacêutica e empresas ou laboratórios de investigação, públi-cos ou privados, sublinha a nota de imprensa da UTAD.

A Câmara Municipal do Marco de Canaveses atribuiu o «Prémio Carmen Mi-randa 2012» ao trabalho de Gil Maia, com o título “É com este vento que respi-ro, O coração bombeio; Com ele giro, rujo na secura; Falo aos pássaros”, anun-ciou a autarquia.

A decisão do júri foi unânime e a obra foi eleita entre 14 trabalhos seleciona-dos para a exposição que estará patente ao público, no Museu Municipal, até 5 de agosto (com entrada livre).

O Prémio Carmen Miranda foi instituído em 2009 e, considera a autarquia mar-cuense, «visa homenagear tão ilustre figura do panorama cinematográfico e mu-sical, nascida neste concelho, na freguesia de Várzea da Ovelha e Aliviada, a 9 de fevereiro de 1909». Esta quarta edição foi subordinada aos temas “Município do Marco de Canaveses, 160 Anos ao Serviço dos Marcoenses”, abordando a história e património do concelho do Marco de Canaveses, e “2012 - Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos”.

Ao Prémio Carmen Miranda 2012, iniciativa integrada nas Festas do Marco, que decorrem até 22 de julho, apresentaram-se 40 trabalhos, correspondentes a 33 artistas.

Encontro de emigrantes em FafeA Câmara Municipal de Fafe volta a organizar, a exemplo dos anos anteriores,

o tradicional Encontro de Emigrantes Fafenses, "visando juntar em salutar con-vívio os cidadãos naturais do concelho que deixaram a sua terra e se encontram espalhados pelos quatro cantos do mundo, em especial na Europa e no Brasil", anunciou a autarquia em comunicado.

O XV Encontro de Emigrantes Fafenses realiza-se a 10 de agosto.Segundo o documento divulgado, a autarquia "pretende conferir um caráter

mais festivo ao programa, de modo a incluir jogos tradicionais e de mesa (malha, petanca, cartas, damas, etc.) e animação musical, bem como a exibição de grupos locais (ranchos, grupos de música popular, etc.).

Câmara do Marco atribuiuprémio Carmen Miranda

Douro Sul repensa desenvolvimentoA Associação de Municípios do Vale do Douro Sul (AMVDS) convidou o econo-

mista Augusto Mateus a elaborar um estudo estratégico para os 10 municípios desta sub-região, que tem em Lamego a sua capital. Os municípios pretendem encontrar "uma estratégia de desenvolvimento que assente nos recursos endó-genos, como o Douro, a vinha ou a fruta, com o objetivo de fixar a população nes-te território". O estudo deverá ficar concluído até dezembro.

A4 para Bragança em marcha lentaDevido à crise e sobretudo à escassez de financiamento, os últimos troços da

auto-estrada A4 entre Vila Real e Bragança só deverão ficar concluídos em 2013, registando-se até ao momento uma derrapagem de cerca de seis meses relativa-mente ao prazo inicialmente previsto (setembro). Entretanto, o consórcio Auto-Es-tradas XXI, liderado pela Soares da Costa, abriu mais 20 quilómetros da nova via.

Apesar de neste momento só estar transitável cerca de um terço dos 133 km da autoestrada, até ao final do ano deverão ficar em operação cerca de 108 km da AutoEstrada Transmontana, por enquanto sem portagens.

Adiados para o primeiro trimestre de 2013 ficarão pequenas ligações entre lanços no distrito de Bragança e o troço de autoestrada portajada (circular de Vila Real), que compreende uma ponte viaduto de grande dimensão sobre o rio Cor-go, bem como o nó de ligação ao IP4, em Parada de Cunhos.

Page 20: Reporter do Marao

20 julho '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão opinião

[A seu pedido, alguns colaboradores escrevem de acordo com a antiga ortografia]

A variedade de políticas de Turismo é tão grande e diversificada que, quan-do são estudadas, anunciam-se em grande escala e parangonas para depois aca-barem na cómoda estratégia generalista e de lugar comum. É a que dá garantias, no eventual insucesso, de que se seguiram os cânones e se aplicaram as regras do “cientificamente” aceite e do tecnicamente “comprovado”.

Dos diversos parâmetros a ter em conta são dos mais importantes os públicos alvo e a caracterização do produto, isto é ver o que há para saber a quem vender. Ao assumir a característica original, que tinha a ver com o “tour” que os britânicos faziam pela Europa continental num acto de elitismo cultural, depois transforma-do em devaneio e prazer, as novas correntes turísticas, além das opções do sol, praia, divertimento e descanso, pretendeu dar-lhes também um cunho cultural, respondendo assim aos anseios de subida social dos novos clientes, incluindo monumentos e cidades nos pacotes, entre outras manifestações do estilo.

A grande massificação, com cada vez mais estratos sociais a terem acesso a férias e viagens, e os interesses comer-ciais em jogo, foram descaracterizando os produtos e levaram não só à criação de novas “apetências”e modas, como fo-ram adulterando produtos e locais até à exaustão. O inóspito, desabitado, vir-gem, lugar paradisíaco, etc. deixou de existir, e a grande atracção e chamariz passou a ser o “diferente”, seja lá o que isso quer dizer mas assim se definiu e ca-talogou.

Os produtos podem assentar numa realidade existente e nos seus valores, como podem também assentar em mi-tos e mistérios que todos querem conhe-cer e desvendar, ou então criam-se de raiz novos atractivos, como é exemplo mar-cante Las Vegas e mais recentemente o Dubai.

Estas serão as preocupações que a nossa Região deve assumir para ser atrac-tiva e lucrativa, mas ao mesmo tempo respeitadora dos seus cidadãos e lugares. Não necessita de artifícios nem enganos, pois sobram-lhe requisitos e capacida-des de atracção.

Ela é a terra que só cá se compreende na sua essência e desmesura, onde a única fartura, além do êxtase e deslumbramento, é de sol e de frio, de fome e de nada. Mesmo assim o Homem que a criou percebeu os elementos, esmagou o xis-to, escavou a terra e regou com o seu suor, tudo à mão que pouco tinha para o aju-dar. Fez um vinho único, não só por não haver igual mas por por nada mais ali po-der vingar. Surribou socalcos, armou videiras, ergueu casas, igrejas e palácios, sem esquecer os sete palmos de terra da sua eternidade. Agigantou-se a criar um pa-raíso, não o prometido, mas o que ele sabe que só a constante labuta lhe dá pe-renidade. Do nada que havia conseguiu fazer tudo o que precisa e sustenta. Em alquimia deu excelência ao paladar para o elevar da mesa do pobre até à do se-nhor e do abade.

Tudo criou, descobriu e inventou. Aprendeu com a Natureza que sempre lhe foi pródiga quando a respeitou ou lhe entendeu os sinais. Ficou a saber como amanhar e tratar, como conviver com a terra e os vizinhos, que materiais usar e transformar, que negócios fazer, como se divertir ou ter um devaneio, como se es-conder num buraco ou na mata à procura de presa ou de passeio. Foram outros os lugares que escolheu, como os santuários onde reza, se apaixona e ama, os cantos onde descansa, medita e se encontra. Soube até que um aperto de mão vale mais que uma escritura. É uma terra que é um milagre de ver, sentir e deslumbrar. Todos o podem ver por que não é o da fé, mas tão real como o Homem que o realizou.

Não precisa, pela sua riqueza e valores culturais, de artifícios ou teias de enga-nos. Só a sua história, saga e epopeia de criação dão resposta a qualquer questão que se coloque. A sua conduta e saberes, no fruir da fortuna ou na luta às adversi-dades e contrariedades, assentam na perenidade ancestral patente na História da Humanidade que, desde a sua origem, a povoou do Vale do Côa à Igreja de Santa Maria (Siza Vieira/Marco de Canaveses).

Esta riqueza só terá futuro e sustentabilidade como recurso se continuar a re-ger-se pelos parâmetros que a tornaram uma realidade, sem enjeitar as evoluções e progressos que melhorem a sua qualidade de vida, e dêem resposta às solicita-ções que a actividade requer, sem a ofender.

Não gostaria de ouvir aqui o que, há uns tempos atrás, ouvi numa reporta-gem de tv que mostrava o responsável de um evento a dizer: «criámos esta tradi-ção cultural há 10 anos e está a ter uma grande aceitação pelos que nos visitam».

CRIAR TRADIÇÕES...(?)

Armando MiroJornalista

Decorrido pouco mais de um ano desde a sua tomada de posse, o Governo de Pedro Passos Coelho encontra-se num momento crí-tico. Já se percebeu há muito que a execução orçamental entrou em completa derrapagem e que a meta do défice para este ano não será atingida. O recente debate sobre o Estado da Nação mostrou um executivo titubeante so-bre a forma como vai compensar o chumbo do Tribunal Constitucional ao corte dos subsí-dios de férias e de Natal dos funcionários pú-blicos e pensionistas. Aproxima-se a passos largos mais uma visita dos membros da troika a Portugal, para um novo exame à performan-ce da nossa economia. E logo a seguir estará no centro do debate a proposta de Orçamen-to do Estado para 2013, numa altura em que já se percebeu que aumentam as reservas do principal partido da oposição relativamente à viabilização desse documento.

Como se todo este quadro não fosse su-ficiente, o Governo PSD/CDS conseguiu ge-rar outros focos de debilidade e de fractura com o país. Os vários casos que envolveram o ministro Miguel Relvas – secretas/maçona-ria, pressões sobre o jornal “Público” e “tur-bo licenciatura” – fragilizaram decisivamente o governante responsável pela coordenação política do executivo e pelo relacionamento com a Assembleia da Repú-blica. O facto de ser re-conhecido que Miguel Relvas tem um víncu-lo pessoal e político mui-to forte ao primeiro-mi-nistro só contribuiu para agravar a situação. Não foi por acaso que vozes destacadas no interior da maioria vieram a terreiro defender a demissão do ministro.

Por outro lado, algu-mas medidas encetadas pelo Governo, como a re-forma do mapa judiciá-rio, a diminuição do número de freguesias ou a retenção do valor do IMI para fazer face às despesas de reavaliação dos prédios urba-nos, acabaram por colocar os autarcas contra o Governo, incluindo muitos do próprio PSD, o que a pouco mais de um ano das eleições autárquicas causa incómodo a quem está no poder.

Não falo já de sectores profissionais com forte poder de reivindicação, como os pro-fessores ou os médicos, que têm marcado a agenda da contestação ao Governo com ma-nifestações e greves que causam mossa e fo-mentam o descontentamento nas ruas. Tudo devido a reformas estruturais na função pú-

blica, que em larga medida continuam por implementar.

Chegou, portanto, o momento da verda-de para o executivo de Passos Coelho, a quem se recomenda algum descanso e muito tra-balho nesta época estival. A troika visita-nos em finais de Agosto e convém delinear até lá uma estratégia convincente para “melhorar” ou “favorecer” o programa de ajustamento, como sugeriu o ministro das Finanças.

O país assiste ao crescimento galopan-te do desemprego, à subida do número de insolvências e falências e constata que a via da austeridade, a todo o custo, não conduz a bom porto. O memorando da troika, assumi-do por Passos Coelho como a matriz do seu programa de Governo, tem de ser ajustado às circunstâncias da actual conjuntura nacio-nal e internacional. A meta de 4,5% do défi-ce para 2012 é hoje inatingível e já se defen-de no interior da maioria a fixação de nova meta em 5 ou 5,5%, negociando com a troi-ka um alargamento do programa de ajusta-mento. O recuo da receita fiscal no primeiro semestre só pode ter surpreendido aqueles que, levianamente, não conhecem o pulsar do país real.

Os portugueses não têm condições para su-portar mais medidas de austeridade e o Governo terá de ser hábil em en-contrar a alternativa ao corte dos subsídios de fé-rias e de Natal dos fun-cionários públicos e pen-sionistas, que representa dois mil milhões de euros. O sector privado, quando precisa de reduzir a des-pesa e de emagrecer, re-tira regalias, despede e, em última análise, fecha a porta. No sector públi-co, onde é imprescindí-vel diminuir a despesa, os

senhores juízes, também eles atingidos pe-las medidas em causa, consideraram que era preferível fazê-lo à custa de mais impostos so-bre terceiros.

Nos tempos difíceis que aí vêm, exige-se ao Governo que seja capaz de defender os in-teresses de Portugal perante os parceiros in-ternacionais e de negociar novas condições para a consolidação das contas públicas. Não basta proclamar aos quatro ventos que somos bons alunos. É necessário saber tirar partido dessa realidade. E a preparação do Orçamen-to do Estado para 2013 será o momento opor-tuno para ficarmos a conhecer o caminho que a maioria PSD/CDS pretende percorrer.

A HORA DAS DECISÕES

José Carlos PereiraGestor

Page 21: Reporter do Marao

A vindima de 2012 na Região Demarcada do Douro deverá atingir as 295 mil pipas, o que representa um aumento de cerca de 23 por cento em relação às esti-mativas para 2011. Para a produção de vinho do Por-to serão transformados 96.500 pipas, mais 11.500 mil do que na vindima de 2011, anunciou o Insti-tuto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).

Os dados sobre a produção vitivinícola no Douro são da Associação de Desenvolvimento da Viticultu-ra Duriense (ADVID), cujos responsáveis esperam uma colheita de 295 mil pipas, o que representa um au-mento de cerca de 23 por cento relativamente ao ano anterior.

Fernando Alves, diretor executivo da ADVID, citado pela agência Lusa, salientou que o resultado "vai de-pender das condições climáticas que se registarem até à altura das vindimas, em setembro".

Aquele responsável fez notar que o ano vitícola se destaca por "baixa disponibilidade de água no solo", acrescentando que 2012 se situa entre os seis anos mais secos dos últimos 40 anos.

Contudo, a seca foi atenuada com as chuvas que ocorreram em abril e maio.

Na elaboração das previsões, colaboram com a AD-VID o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, que se encarrega da análise laboratorial e estatística.

Entretanto, o conselho interprofissional do IVDP fixou em 96.500 o número de pipas (550 litros cada) a beneficiar nesta vindima (quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vi-nho do Porto).

Segundo o presidente do IVDP, Manuel de Nova-es Cabral, é um "aumento significativo" do "bene-fício" em relação ao ano passado, ou seja, mais de 11.500 pipas.

O "benefício" foi reduzido drasticamente na últi-ma década, devido sobretudo à queda nas vendas e nas exportações.

A perda estimada de valor é de 37 milhões de eu-ros em dez anos.

A redução do "benefício" reduziu os rendimen-tos de muitos agricultores do Douro, medida admi-nistrativa que originou protestos e, segundo os di-rigentes associativos locais, fez alguns abandonar a produção vitícola. Porém, não existem estatísticas ou análises fiáveis que confirmem estas afirmações.

Tendo em conta a redução registada no ano passado, o presidente do IVDP considerou ser "da maior importância dar um sinal de esperança aos viticultores da região".

Douro vai produzir 96.500 pipas de Porto

21julho '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãoregiões | diversos

Total da vindima deverá atingir este ano as 295 mil pipas

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Foto Lusa/Arquivo

Colaboração transfronteiriça no empreendedorismoEntidades da Rede EmpreenDouro e institui-

ções espanholas dedicadas ao empreendedo-rismo estão a estreitar laços para a criação de projetos comuns transfronteiriços, anunciou a organização.

Segundo uma nota divulgada recentemente, "foi lançado o desafio pela Rede EmpreenDou-ro a diversas instituições espanholas de apoio ao empreendedorismo com vista à união de es-forços e à criação de um fórum transnacional de intercâmbio de práticas e de cooperação em-presarial, de forma a incrementar o empreende-dorismo nos dois lados da fronteira luso-espa-nhola, em especial nas regiões atravessadas pelo rio Douro".

No início deste mês, no Instituto Politécnico de Bragança, a Rede EmpreenDouro reuniu com

instituições espanholas, entre as quais a CEU – Escuela de Negocios de Valladolid, o Club Em-prende e a Asociación de Jóvenes Empresarios de Castilla y León.

Do lado português, participaram o Institu-to Politécnico de Bragança (IPB), a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), o Institu-to de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI), a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), o Brigantia EcoPark – Parque de Ciência e Tecno-logia e a Skills RH, uma empresa de recursos hu-manos.

Estão em estudo formas de cooperação trans-fronteiriça na área do empreendedorismo, bem como o estreitamento de laços com vista ao lan-çamento de projetos comuns.

Museu das Termas Romanas avança em Chaves

O Município de Chaves abriu concurso – já pu-blicado em Diário da República – para a constru-ção do Museu das Termas Romanas, um inves-timento estimado em 2,3 milhões de euros. O prazo de construção da obra é de um ano.

A obra enquadra-se no projeto “Salvaguarda e Musealização do Património”, do Programa Es-tratégico “Chaves Monumental – Valores Cultu-rais e Patrimoniais” aprovado no âmbito do Eixo Prioritário IV – Qualificação do Sistema Urbano

– do Programa Operacional Regional do Nor-te – ON.2. O museu beneficia de uma comparti-cipação do FEDER, com uma taxa de cofinancia-mento de 80%.

Segundo a autarquia, o Museu das Termas Ro-manas será edificado no Largo do Arrabalde, em zona de interesse histórico, arqueológico e urba-nístico para a cidade de Chaves, local que foi ob-jeto de escavações arqueológicas que puseram a descoberto as ruínas do complexo balnear ro-mano de Aquae Flaviae, em vias de classificação como Monumento Nacional.

"Além do espaço destinado à contemplação e interpretação das ruínas e da exposição de algu-mas peças exumadas, o núcleo museológico dis-porá de uma loja destinada a venda de produtos relacionados com os vestígios das Termas Roma-nas de Chaves e um centro de documentação", revela a nota da autarquia.

Page 22: Reporter do Marao

Fundado em 1984 | Jornal/Revista MensalRegisto ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89

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A opinião expressa nos artigos assinados pode não corresponder necessariamente à da Direção deste jornal.

Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

22 julho '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão crónica & artes

50 Anos Depois...Igreja S. Gonçalo - Amarante

Anos 70

OS POLÍTICOS-JOTA

A.M.PIRES CABRAL

Nota: Este texto foi escrito com delibe-rada inobservância do Acordo (?) Orto-gráfico.

O OLHAR DE... Eduardo Pinto

1933-2009

Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]

EDUARDOSOUTO DE MOURA2012

PuBLiCiDADE 910 536 [email protected]

Falar de qualquer coisa jota lembra irresistivelmente os fami-gerados vagões-jota, que noutros tempos – os tempos em que tínha-mos comboios a circular nas nossas linhas – transportavam mercadorias e, se preciso fosse, gente também (coisa que eu cheguei a ver, com estes dois que a terra há-de comer), e que inspiraram o título do (talvez) último romance neo-realista de Ver-gílio Ferreira.

Mas não é de vagões-jota que quero falar agora, nem de qual-quer outra coisa com rodas; é de uma coisa com pernas: políticos. (Se bem que estes, em matéria de rapidez, ultrapassem de longe os ronceiros e saudosos vagões-jota, como se tem visto e demonstrado todos os dias.)

Quem como eu já escreveu bem para cima de um milheiro de cróni-cas provavelmente já teve ocasião de falar de tudo e mais alguma coisa.

Este caso da licenciatura de Mi-guel Relvas – que cheira tão mal ou pior do que a de José Sócrates – já andava prefigurado numa crónica minha de há mais de vinte anos atrás, de que já perdi o rasto, mas me lembra que fazia uma previsão sombria sobre o comportamento dos futuros homens de estado e de partido. Dizia eu então que a qua-lidade humana e ética dos políticos vinha decrescendo a olhos vistos. Em vez de uma cultura de serviço público instalava-se insidiosamente uma cultura de carreirismo pessoal. E concluía qualquer coisa como isto: quando chegar a altura de essa rapaziada das jotas tomar o poder, passarão a reinar o oportunismo, o cambalacho, as promiscuidades duvidosas, os golpes palacianos, o arranjismo, o erigir das ambições pessoais em fim último da política.

Era pouco mais ou menos isto que eu dizia, por outras palavras, bem entendido.

De facto as jotas, aconchega-das aos partidos de que mamaram

a ronha, foram – com excepções, evidentemente – uma escola de políticos talvez competentes (no sentido de capazes de atingirem os seus fins, que todavia não eram, como deixo dito, de uma brancura angélica), mas seguramente dúbios humana e eticamente.

Pois bem: as minhas previsões estão a mostrar-se certeiras. A hora da rapaziada das jotas chegou. Há por aí a circular uma geração de políticos oriundos das jotas que não me deixa mentir. Cumprido o rito de passagem, ei-los a ocupar os mais variados lugares da admi-nistração pública, onde deixam de-masiadas vezes impressa a dedada do pecado original da sua formação partidária e da sua concepção da política, em cujo topo estão a busca da eficiência e de resultados a todo o custo – e quando se diz ‘a todo o custo’ tem-se em mente toda uma série de manigâncias, cumplicida-des, compadrios, golpes baixos, em suma.

Não sei se José Sócrates e Miguel Relvas pertenceram às jotas respec-tivas (por acaso até me está lem-brar que julgo ter lido algures que Sócrates debutou na JSD, mas não tenho à mão meios de o confirmar). Mas de alguma forma eles consti-tuem o tipo do jovem político-jota. São eficientes, disso não restam dúvidas. Mas a sua eficiência dei-xa um rasto de situações equívocas, rabos-de-palha, irregularidades, ví-cios de carácter que se vão soman-do até que o cidadão comum, que ainda acredita que a política pode ser construída segundo outros pa-drões e sobre outros alicerces, sente uma náusea pior do que a que sentia Sartre quando se interrogava sobre o sentido da existência.

[email protected]

Page 23: Reporter do Marao

LÚCiA e ABELEra melhor que não tives-

se acontecido. De repente, junto da paragem do auto-carro, ficámos a olhar um para o outro. Não foi bem assim. Reconhecemo-nos, mas tivemos receio que fos-se mesmo verdade. Acho que ficámos com medo de nos olharmos de frente, olhos nos olhos, como fazí-amos antigamente.

Nessa altura, os nossos olhos tornavam-se brasas. Brasas? Dá para rir, ago-ra, mas naquela altura eu gostava que o Abel disses-se que os meus olhos eram duas brasas a iluminar a nossa paixão. O Abel sus-surrava essas palavras, eu fi-cava com o peito apertado. Sempre gostei de ouvir fra-ses bonitas.

De modo que estávamos a olhar para a sujidade da rua, e eu reparei que ele cal-çava um par de botas muito bem engraxadas, botas de cerimónia, e apoiava a mão direita numa bengala.

Pus-me a fazer contas, sempre fui boa a fazer con-tas de cabeça. Acho que fe-chei os olhos para não me enganar, e descobri que já não nos víamos há quaren-ta anos.

Vou fazer sessenta e oito em Julho, ele era mais velho dois anos, nasceu na manhã de S. João, nunca esqueci essa data. Eu dava-lhe um vaso com um manjerico. Ele adorava a prenda, mas fica-va aflito com o vaso porque tinha vergonha de o levar para casa. Os homens são muito preconceituosos, e tão inocentes.

Se eu tenho sessenta e oito, ele já fez setenta, já não temos idade para tan-to acanhamento, pensei. De que é que estou à espera? E levantei a cabeça.

O Abel tinha o mesmo olhar bonito, embora já mais distante. Cabelo es-branquiçado, cortado com máquina, e barba de três dias, como agora está na moda. Fraca moda, diga-se de passagem. Estava mais gordo, muito mais anafado. E usava óculos. Era um ve-lho bem vestido. Ele igno-rou a minha tentativa de lhe estender a mão, de o cum-primentar cordialmente, e

deu-me dois beijos, um em cada face, com delicadeza, vagarosos, e eu lembrei-me do tempo em que nos beijá-vamos, sôfregos, como se o mundo fosse acabar no dia seguinte.

Olá, Lúcia, como estás? , perguntou. E eu descobri que afinal nada tinha acon-tecido. Quarenta anos de-pois não houve um resto de uma brasinha incandescen-te entre nós. Fiquei dece-cionada. Compus a melhor máscara que pude, e res-pondi: Por aqui, Abel? Que grande coincidência. Se me contasse que isto ia aconte-cer não acreditava.

Há quanto tempo, Lúcia? E eu reparei que a voz lhe

tremia um bocadinho. Há quarenta anos que

não nos vemos, respondi.Vamos tratar-nos por tu,

achas bem? , disse ele. Eu acenei que sim, que podia ser. E fiz um esforço para sorrir. E pensei: aguenta-te, mulher.

Onde moras? , perguntou com os restos de sotaque brasileiro.

Inventei o nome de uma rua e o respetivo número, e acrescentei quinto direito, para ser mais convincente. E tu?, perguntei.

Respondeu que estava a viver num lar, mas que es-tava bem. Que tinha vindo à cidade tratar de uns assun-tos, que gostava muito de andar de autocarro, que es-tava muito bem. Vamos to-mar um chá?, perguntou.

Embora delicadamen-te, respondi de imediato que não. Tinha uns assun-tos urgentes a tratar. Não, não podia, embora uma vi-úva, reformada e sem fi-lhos, tenha sempre todo o tempo do mundo. Não va-lia a pena estar a olhar para os restos da paixão que tan-to doeu e tanto durou a sa-rar. Não valia a pena en-trar num mundo que já não me interessava, não valia a pena regressar sem qual-quer proveito ao princípio do mundo.

António Mota

23julho '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãocultura | crónica

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A escassos meses de completar 50 anos, a cooperativa artís-tica Árvore, no Porto, está a requalificar as suas instalações, do-tando-as de novas valências, nomeadamente novas oficinas para multimédia e fotografia, uma área de restauração e a requalifica-ção dos jardins.

Trata-se de um investimento de 1,5 milhões de euros financiado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN).

Citado pela Lusa, o diretor da instituição, Rui Silvestre, anunciou que além das obras em curso, a Cooperativa Árvore está a fazer "a inventariação e a digitalização do acervo".

A instituição promete colocar o acervo "aberto a investigado-res e a todos os interessados em saber o que foram os últimos 50 anos em termos de obra gráfica e de produção cultural da Árvore, um período ligado à história da cidade, do Norte e mesmo do país".

A Árvore foi fundada em 1963 por um grupo de artistas e de gentes da cultura em que se destacavam nomes como José Rodri-gues, Armando Alves e Ângelo de Sousa, entre outros.

A atividade da cooperativa assenta na representação comer-cial dos seus sócios artistas (cerca de 1.400 sócios) e como pro-dutora cultural para terceiros, nomeadamente a recente expo-sição do Museu Nacional de Arte Antiga no Centro Comercial Colombo, em Lisboa.

Atelier para crianças e jovens no Museu de AmaranteO Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso e a Biblioteca Municipal Albano

Sardoeira, instituições de Amarante ligadas às artes e às letras, promovem em agosto o Atelier de Expressões "O Mundo e as Artes" dedicado a jovens e crianças. Segundo a informação do museu, as crianças/jovens poderão realizar trabalhos e partilharem saberes que lhes ofereça diferentes oportunidades de aquisição de conhecimentos e conceitos. Dramatização, artes plásticas e música são algumas das atividades pre-vistas, que o atelier "quer trabalhadas numa vertente interdisciplinar e multicultural, onde irão desenvolver competências essenciais na área das expressões".

O atelier terá lugar em três locais distintos, durante agosto: Biblioteca Municipal Albano Sardoeira / 6 a 10 de agosto; Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso /13 a 17 de agosto; Biblioteca Municipal Albano Sardoeira - Extensão de Vila Meã / 20 a 24 de agosto. As inscrições devem ser feitas no Museu Municipal.

Árvore renova instalações aos 50 anos

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