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REPRESENTAÇÕES JORNALÍSTICAS SOBRE O INÍCIO DA GUERRA FRIA: UM ESTUDO DAS CHARGES VEICULADAS NA FOLHA DA MANHÃ (1946-1947) 1 . SOTANA, Edvaldo Correa 2 UFMS/ Campus de Aquidauana O Estado de S. Paulo, Folha da Manhã, Diário de S. Paulo, Correio da Manhã e Jornal do Brasil foram alguns dos jornais que trataram do início da Guerra Fria em reportagens, editoriais, artigos assinados, colunas fixas e charges. A Folha da Manhã, por exemplo, veiculou inúmeras charges sobre o início desse diferenciado estado de beigerância entre os blocos comandados por Estados Unidos e União Soviética. Desse modo, apresentar as charges sobre o início da Guerra Fria veiculadas na Folha da Manhã é o objetivo central do presente texto. É preciso lembrar que as ilustrações de cunho satírico não apareceram nos primeiros jornais brasileiros. Aos poucos, porém, essas imagens passaram a acompanhar os chamados textos verbais 3 . Manoel de Araújo Porto-Alegre, pintor e escritor romântico, pode ser considerado o introdutor da novidade na imprensa impressa brasileira. De curta duração no período imperial, as publicações satíricas passavam em revista hábitos e costumes, bem como criticavam os poderosos, não poupando, inclusive, D. Pedro I. Além disso, foram fundamentais para a diversificação e impulso dos periódicos num país que contava com reduzido público leitor 4 . Essa prática tornou-se mais corriqueira com o aperfeiçoamento das técnicas de reprodução de imagens e com a propensão do público leitor a consumir material ilustrado 5 . Mesmo no período anterior a utilização de fotografias, os jornais diários mais populares já publicavam algumas ilustrações. 6 Desse modo, as charges, as caricaturas e as fotografias transformaram-se em presença constate nas páginas dos periódicos brasileiros nas décadas de 1940 e 1950. Não obstante as proximidades conceituais existentes entre charges e caricaturas, parece necessário tentar apresentar alguns aspectos que podem auxiliar na diferenciação entre as duas formas de produção gráfica, mesmo entendendo que as definições não devem ser tomadas como rígidas e com fronteiras inflexíveis. III Encontro Nacional de Estudos da Imagem 03 a 06 de maio de 2011 - Londrina - PR 1001

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REPRESENTAÇÕES JORNALÍSTICAS SOBRE O INÍCIO DA GUERRA FRIA: UM

ESTUDO DAS CHARGES VEICULADAS NA FOLHA DA MANHÃ (1946-1947)1.

SOTANA, Edvaldo Correa2

UFMS/ Campus de Aquidauana

O Estado de S. Paulo, Folha da Manhã, Diário de S. Paulo, Correio da Manhã e

Jornal do Brasil foram alguns dos jornais que trataram do início da Guerra Fria em

reportagens, editoriais, artigos assinados, colunas fixas e charges. A Folha da Manhã, por

exemplo, veiculou inúmeras charges sobre o início desse diferenciado estado de beigerância

entre os blocos comandados por Estados Unidos e União Soviética. Desse modo, apresentar

as charges sobre o início da Guerra Fria veiculadas na Folha da Manhã é o objetivo central do

presente texto.

É preciso lembrar que as ilustrações de cunho satírico não apareceram nos primeiros

jornais brasileiros. Aos poucos, porém, essas imagens passaram a acompanhar os chamados

textos verbais3. Manoel de Araújo Porto-Alegre, pintor e escritor romântico, pode ser

considerado o introdutor da novidade na imprensa impressa brasileira. De curta duração no

período imperial, as publicações satíricas passavam em revista hábitos e costumes, bem como

criticavam os poderosos, não poupando, inclusive, D. Pedro I. Além disso, foram

fundamentais para a diversificação e impulso dos periódicos num país que contava com

reduzido público leitor4.

Essa prática tornou-se mais corriqueira com o aperfeiçoamento das técnicas de

reprodução de imagens e com a propensão do público leitor a consumir material ilustrado5.

Mesmo no período anterior a utilização de fotografias, os jornais diários mais populares já

publicavam algumas ilustrações.6 Desse modo, as charges, as caricaturas e as fotografias

transformaram-se em presença constate nas páginas dos periódicos brasileiros nas décadas de

1940 e 1950.

Não obstante as proximidades conceituais existentes entre charges e caricaturas,

parece necessário tentar apresentar alguns aspectos que podem auxiliar na diferenciação entre

as duas formas de produção gráfica, mesmo entendendo que as definições não devem ser

tomadas como rígidas e com fronteiras inflexíveis.

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De modo geral, alguns estudiosos definem caricatura como desenho que “exagera

propositadamente as características marcantes de um individuo”7 ou, então, como o material

que “retrata figuras humanas conhecidas”8. Já a charge aparece como um “texto visual”

relacionado a fatos e acontecimentos políticos, remetendo, principalmente, aos presidentes e

aos ministros de Estado9. Com o objetivo de elaborar um “comentário crítico”, ela relaciona

as personalidades do mundo político aos fatos e acontecimentos específicos10.

Apesar de chamar a atenção pelos apurados traços gráficos e pelo refinado senso de

humor, as charges também são produzidas para atuarem na esfera política. Em alguns

momentos, é preciso pensar que o universo da política não “escapa ao patético e ao cômico

registrado pelas narrativas visuais e textuais”11. Assim, o chargista relata e comenta os temas

políticos, sendo que sua criação transforma-se num instrumento político, um meio de

expressão de idéias e de demonstração da sua relação com grupos, projetos e partidos

políticos. Conforme observou Motta, o “comentário crítico da política e uma crônica aguda

dos acontecimentos” são traços marcantes nas charges12.

Elementos teórico-metodológicos

São poucos os estudos na área de história voltados para desvendar os usos e as funções

das imagens, sobretudo quando os comparamos com aqueles realizados com as produções

escritas. Embora os historiadores caracterizem-se por utilizar diferentes tipos de material

como fontes, a formação acadêmica mais geral tende a priorizar o trabalho de pesquisa com

documentos escritos13. De certa forma, a produção historiográfica continua à margem dos

esforços realizados pelas demais ciências humanas e sociais. Não obstante os avanços obtidos

em torno da história da fotografia e da imagem fotográfica, alguns pesquisadores utilizam as

imagens somente como mera ilustração para tratar de determinado contexto14.

A charge pode ser tomada como um tipo de produção que engendra representações do

real, mas não como a apresentação do real concreto. O estudo das representações permite

penetrar de outra forma nas sociedades, sobretudo por permitir considerar que as práticas

geram representações contraditórias e em confrontos, pelas quais os indivíduos ou grupos dão

sentido ao mundo15.

Como outros tipos de imagem, a charge “não existe em si”, pois é a “interação social

que produz sentidos, mobilizando diferencialmente (no tempo, no espaço, nos lugares e

circunstâncias sociais, nos agentes que intervêm) determinados atributos para dar existência

social (sensorial) a sentidos e valores e fazê-los atuar.”16

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Desse modo, a charge não pode ser separada de toda a sua materialidade. Dificilmente,

ela pode ser entendida fora do suporte material que permite a sua leitura. Tal suporte é

construído a partir de dois conjuntos de dispositivos. De um lado, aqueles derivados das

estratégias de produção e das intenções do autor. De outro, os que resultam de uma decisão do

editor ou de uma exigência da oficina de impressão17

Como formulou Chartier, os produtores de representações utilizam mecanismos para

impor – ou tentar impor – concepções de mundo social e os valores que são seus18. No caso

da produção de um tipo específico de representação – a charge jornalística– também devem

ser considerados os agentes que integram o processo de produção do jornal e possíveis

pressões de grupos políticos e econômicos.

Com isso, a seleção ou a explicação dada aos fatos e acontecimentos relaciona-se à

ótica política daqueles que trabalham na produção da notícia, ou seja, do repórter, do

copidesque, do redator, do editor, do chefe de redação, do diretor e do dono da empresa.

Como formulou Ciro Marcondes Filho, não parece possível iniciar qualquer análise partindo

“da posição ingênua de desvincular a notícia dos confrontos de interesses e de poderes de

grupos dominantes da sociedade, nem da acepção de que haja qualquer possibilidade de se

realizar um jornalismo objetivo”, pois um jornal sempre procura afirmar publicamente as

opiniões e informações de indivíduos ou grupos, bem como objetiva trabalhar na construção

da notícia. Conforme o autor, atuar no jornalismo “é uma opção ideológica” em que “definir o

que vai sair, como, com que destaque e com que favorecimento, corresponde a um ato de

seleção e de exclusão”. Desse modo, o processo de produção do jornal é realizado segundo

diversos critérios, uma vez que “definir a notícia, escolher a angulação, a manchete, a posição

na página ou simplesmente não dá-la é um ato de decisão consciente dos próprios

jornalistas”19.

Tais observações podem ajudar na análise das charges sobre o início da Guerra Fria.

Com o desfecho da Segunda Guerra Mundial, jornais como o Correio da Manhã, O Estado de

S. Paulo e a Folha da Manhã veicularam charges sobre o quadro de tensões instaurado no

cenário mundial, as possibilidades de novos conflitos e a necessidade de impedi-los.

Acontecimentos políticos como a Conferência de Paz de Paris (1946), o início da Guerra Fria,

a divulgação da doutrina Truman, a aplicação do Plano Marshall ou a Guerra da Coréia

mobilizaram a produção e veiculação desse tipo de material. Ao todo, o jornal carioca

publicou doze charges. Por sua vez, O Estado de S. Paulo veiculou um total de cinco. Já a

Folha da Manhã publicou trinta e uma charges. A discussão de duas charges publicadas pela

Folha da Manhã é objeto das páginas seguintes.

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As charges na Folha da Manhã

A Folha da Manhã, jornal que surgiu, no ano de 1925, como um desdobramento

matutino do periódico Folha da Noite, caracterizou-se, nos seus anos iniciais, por apresentar

alguns “toques antioligárquicos”, uma característica rapidamente superada em função da sua

oposição à Aliança Liberal. Alguns estudiosos argumentam que o jornal passou por profundas

transformações com o fim do Estado Novo. A partir desse período, passou a apresentar-se

como um jornal liberal e democrático, defendendo a livre iniciativa, à propriedade privada e o

direito à liberdade de opinião. Ressaltam ainda que o jornal elegeu a produção objetiva e

fidedigna da informação como “elemento principal” do seu produto jornalístico, sem, no

entanto, conseguir se distanciar de uma posição abertamente anticomunista desde a sua

fundação.20

A Folha da Manhã veiculou charges sobre as mais diversas temáticas. Essa não foi,

porém, uma prática exclusiva desse periódico, já que as charges e caricaturas também

ocupavam espaço na Folha da Noite. Definido como um jornal local, voltado para os

problemas da cidade de São Paulo e com o intuito de chamar a atenção para “as necessidades

da população urbana”, a Folha da Noite procurou consolidar-se como um “jornal popular”.

Vale indicar que, na busca pela facilidade de comunicação com as classes populares, a

veiculação de material satírico desempenhou um papel fundamental e a ironia transformou-se

em presença constante nesse periódico. Criado por Belmonte, o personagem Juca Pato

simbolizava a postura do periódico até em momentos de censura21. Muitas charges publicadas

inicialmente na Folha da Noite foram republicadas pela Folha da Manhã. No entanto,

convém indicar que não é nossa intenção tratar das charges publicadas na Folha da Noite, mas

veiculadas daquelas veiculadas pela Folha da Manhã.

Com o desfecho da Segunda Guerra Mundial e a derrota do nazismo, a vitoriosa

aliança entre Estados Unidos e União Soviética começou a se desfazer. Aos poucos, os

interesses territoriais, econômicos, diplomáticos e ideológicos começaram a criar oposições

entre as duas potências mundiais. Os pronunciamentos dos líderes ampliavam as tensões entre

EUA e URSS. Para os países na órbita de influência do governo norte-americano, os

desentendimentos resultavam das ações empreendidas pelo Kremlin e pelos partidos

comunistas, sobretudo com a pretensão soviética em aproveitar as alterações geopolíticas

provocadas pela guerra e disseminar regimes comunistas pelo mundo. Em contrapartida, os

representantes de Moscou acusavam os líderes do Ocidente de não aceitarem a ação dos

movimentos inspirados no marxismo-leninismo22.

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Nesse contexto político-ideológico, o discurso proferido por Winston Churchill, numa

universidade norte-americana situada na cidade de Fulton, afirmando que uma cortina de ferro

descera sobre metade da Europa, transformou-se em símbolo maior dos ventos da Guerra

Fria23. Seu pronunciamento ressaltou a deterioração das relações entre os antigos aliados nos

tempos da Segunda Guerra Mundial e procurou sensibilizar a opinião pública norte-americana

para o perigo que representava a sovietização do Leste Europeu. Ademais, apelou ao governo

norte-americano para que Grécia e Turquia não passassem para a área de influência

soviética.24

A constituição dos blocos e o compromisso do governo norte-americano de impedir o

avanço soviético foram registrados pelos traços de humor veiculados na Folha da Manhã.

Intitulada “Blocos”, a charge reproduzida abaixo engendrava a representação dos blocos

capitalista e comunista:

A maneira como os personagens estão dispostos sugere a formação dos blocos

capitalista e comunista. Nessa formação, parece interessante a posição de Stálin, indicando,

muito provavelmente, um possível deslocamento em direção aos líderes das duas potências

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ocidentais ou até mesmo o interesse soviético na região do Leste Europeu. Na seqüência da

observação de Truman, a resposta oferecida por Attlee parece indicar à liderança dos Estados

Unidos no bloco de países capitalistas. Num contexto de expansão da influência soviética, o

primeiro ministro britânico sugeria que o governo norte-americano ocupasse uma posição de

destaque no território europeu para, assim, tentar minimizar a influência soviética. Além

disso, a observação de Attlee permite apontar que os britânicos reconheciam sua fragilidade

material, econômica e, principalmente, militar frente à superioridade norte-americana e, em

menor escala, soviética. A disposição dos blocos também possibilita uma leitura da posição

geográfica das nações e, em caso de um ataque da direção leste para oeste, a Inglaterra seria

atacada primeira pela União Soviética.

Os interesses expansionistas de Estados Unidos e União Soviética foram objeto de

outra charge veiculada pelo matutino paulista. Com o título “Os protetores”, a charge

produzida por Belmonte e publicada no jornal paulista referia-se criticamente tanto aos

interesses norte-americanos quanto aos objetivos soviéticos com relação à Grécia e Turquia.

Inicialmente publicada na Folha da Noite, a charge de Belmonte indicava que a Grécia

e a Turquia eram alvos da disputa travada entre norte-americanos e soviéticos. Ao destacar o

FM. 18/03/1947, p. 05.

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tamanho e a posição das pernas dos protetores frente às duas nações indefesas, Belmonte

conferiu uma dimensão esmagadora tanto aos interesses norte-americanos quanto aos

objetivos soviéticos. Convém perceber, porém, os diferentes calçados utilizados pelos dois

personagens que figuravam como protetores. De um lado, tem-se uma bota, uma possível

alusão a pretensão soviética de dominar outras nações no plano militar. De outro, é possível

visualizar um sapato, provável indicação de tentativa de influenciar nos planos econômico e

político, já que esse tipo de calçado pode ser associado ao traje social, normalmente utilizado

por homens de negócios ou, então, por políticos e diplomatas. Provavelmente, esse protetor

simbolizava os interesses dos Estados Unidos, mais próximo aos da Grécia e da Turquia.

Enfim, proteger significava influenciar as duas nações debilitadas pela Segunda Guerra

Mundial ou, no limite, a charge permite colocar a seguinte indagação: Qual das duas

potências mundiais pisotearia primeiro as “nações menores”?

Presença constante na imprensa escrita brasileira das décadas de 1940 e 1950, as

charges ainda são pouco utilizadas como fonte de pesquisa para pensar o período, estrutura e

conteúdo das produções jornalísticas, bem como a intervenção de chargistas no campo

político brasileiro. Considerar a materialidade do suporte que serve a sua veiculação parece

um caminho para entender o “jogo de forças políticas” marcante na produção dos jornais

brasileiros. Permite, assim, desvendar as condições sociais de produção de bens culturais que

são veiculados em páginas impressas e discutir, por exemplo, a demarcação de espaços

jornalísticos para a veiculação de material informativo e a conservação de outros para a

publicação de material opinativo. A análise das charges pode, portanto, ajudar a entender e

historicizar as representações sobre o início da Guerra Fria veiculadas na imprensa escrita

brasileira.

1 Uma discussão mais ampliada do presente texto encontra-se na tese de doutoramento em história intitulada “A paz sob suspeita: representações jornalísticas sobre a manutenção da paz mundial (1945-1953)”, defendida no Programa de Pós- graduação em História, UNESP/ Assis, em 2010. 2 Professor Adjunto da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Campus de Aquidauana, Departamento de História. Doutor em História pela UNESP/ Assis. e- mail: [email protected]. 3 ROMUALDO, Edson Carlos. Charge jornalística: intertextualidade e polifonia: um estudo das charges na Folha de S. Paulo. Maringá: Editora da UEM. 2000, p. 09. 4 LUCA, Tânia Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In.: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2008, p. 134-135. 5 ROMUALDO, 2000, p. 09. 6 BARBOSA, Marialva. História Cultural da Imprensa: Brasil (1900-2000). Rio de Janeiro: Mauad, 2007, p. 31. 7 ROMUALDO, 2000, p. 21.

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8 MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Jango e o golpe de 1964. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006, p. 15. 9 ROMUALDO, 2000, p. 21. 10 SILVA, Marcos. A. da. Caricata República: Zé do Povo e o Brasil. S.P.: Marco Zero, 1990, p. 15. 11 FLORES, Elio Chaves. Representações cômicas da República no contexto do getulismo. In.: Revista Brasileira de História. São Paulo. v. 21, n. 40, p. 133-157, 2001, p.134. 12 MOTTA, 2006, p. 19;23 13 GASKELL, Ivan. História das Imagens. In.: BURKE, Peter (Org.). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Editora da Unesp, 1992, p. 237. 14 MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Fontes visuais, cultura visual, história visual. Balanço provisório, propostas cautelares. In.: Revista Brasileira de História. São Paulo, v.23, n. 45, 2003, p. 12;20-21. 15 CHARTIER, Roger. O mundo como representação. In.: Estudos Avançados, USP, n.º 11 vol. 5, abril de 1991, p. 177. 16 MENESES, 2003, p. 28 17 CHARTIER, 1991, p. 182. 18 CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. R. J.: Bertrand Brasil, 1990, p 17. 19 MARCONDES FILHO, Ciro. O capital da notícia. São Paulo: Editora Ática, 1986, p. 12-13. 20 TASCHNER, Gisela. Folhas ao vento: análise de um conglomerado jornalístico do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992, p.44-70. 21 MOTA, Carlos Guilherme; CAPELATO, Maria Helena História da Folha de S. Paulo (1921-1981). São Paulo: Immpress, 1980, p. 16;26;28. 22 DELMAS, Claude. Armamentos nucleares e Guerra Fria. São Paulo: Perspectiva, 1979, p. 48. 23 VIZENTINI, Paulo G. Fagundes. A Guerra Fria. In.: REIS FILHOS, Daniel Aarão; FERREIRA, Jorge; ZENHA, Celeste. O século XX: o tempo das crises (revoluções, fascismos e guerras). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, p. 198-202. 24 MARQUES, Adhemar Martins; BERUTTI, Flávio Costa, FARIA, Ricardo de Moura. História do tempo presente: textos e documentos. São Paulo: Contexto, 2003, p. 13.

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