[Resenha] a Necessidade de Mudança Na Formação Docente Apontada Por Francisco Imbernón

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Resenha de texto de Francisco Imbernón

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RELATRIO DE VIAGEM

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A NECESSIDADE DE MUDANA NA FORMAO DOCENTE APONTADA POR FRANCISCO IMBERNN

Alzanira de Souza Santos[footnoteRef:1] [1: Mestranda em Ensino Tecnolgico.]

Rosa Oliveira Marins Azevedo[footnoteRef:2] [2: Professora de Ps-Graduao no Instituto Federal do Amazonas.]

IMBERNN, Francisco. Formao Docente e Profissional: formar-se pela mudana e a incerteza. 6 ed. So Paulo: Cortez, 2006, 119 p. (Coleo Questes da Nossa poca: v.77).

1. SOBRE O AUTORFrancisco Imbernn professor catedrtico de Didtica e Organizao Escolar. Foi diretor da Escola de Formao de Professores da Universidade de Barcelona. Mestre licenciado e Doutor em Pedagogia. J recebeu vrios prmios e publicou vrios livros sobre alternativas pedaggicas e formao de professores. Dirige diversas pesquisas tanto na Espanha quanto em outros pases e professor visitante de quatro pases da comunidade europeia. Dentre as vrias publicaes est o livro: Formao Docente e Profissional: formar-se pela mudana e a incerteza, no qual ele aponta a necessidade de redefinir a formao do professor.

2. CONHECIMENTO SOBRE A OBRAEsta obra apresenta 14 captulos dos quais as ideias principais sero apresentadas a seguir.Imbernn introduz o contedo do livro, aqui apresentado, mostrando a necessidade que h de uma mudana radical, tanto nas instituies educacionais quanto na atividade docente. Sugere que o profissional da educao deve abandonar a concepo do sculo XIX, de mera transmisso do conhecimento acadmico, por ter se tornado uma prtica obsoleta para a educao dos futuros cidados.No captulo 1, A necessria redefinio da docncia como profisso, o autor afirma que a educao democrtica precisa de outras instncias de socializao que ampliem seus valores. Para isso preciso uma reestruturao das instituies educativas. A formao do professor assume um papel que vai alm do ensino que pretende uma mera atualizao cientfica, pedaggica e didtica e se transforma na possibilidade de criar espaos de participao, reflexo e formao para que as pessoas aprendam e se adaptem para poder conviver com a mudana e com a incerteza.No captulo 2, Inovao educativa e produo docente, o autor aponta que a inovao nas instituies educativas e na forma de educar no pode ser proposta seriamente sem um novo conceito de profissionalizao do professor, que deve romper com inrcia e prticas do passado. O professor no deveria ser um tcnico que implementa inovaes prescritas, mas deveria converter-se em um profissional com participao ativa e crtica no verdadeiro processo de inovao e mudana, num processo dinmico e flexvel. Isso implica considerar o professor como um agente dinmico, cultural, social e curricular capaz de tomar decises educativas, ticas e morais; de desenvolver o currculo em um contexto determinado e de elaborar projetos e materiais curriculares com a colaborao dos colegas, situando o processo em um contexto especfico controlado pelo prprio coletivo. Para isso, a instituio educativa, como conjunto de elementos que intervm na prtica contextualizada, deve ser o motor da inovao e da profissionalizao.No captulo 3, O debate sobre a profissionalizao docente, o autor diz que profissionalismo , luz de um novo conceito, caractersticas e capacidades especficas da profisso. J que a profissionalizao o processo socializador de aquisies de tais caractersticas. Ento se a docncia for abraada como uma profisso, no ser para assumir privilgios, mas para que, mediante seu exerccio, o conhecimento especfico do professor e da professora se ponha a servio da mudana e da dignificao. Ser um profissional da educao, portanto, significa participar ativamente na emancipao das pessoas. O objetivo da educao ajudar a tornar as pessoas mais livres, menos dependentes do poder econmico, poltico e social.No captulo 4, O conhecimento profissional do docente, Imbernn argumenta que a profisso docente comporta um conhecimento pedaggico especfico, um compromisso tico e moral e a necessidade de dividir a responsabilidade com outros agentes sociais, j que o professor exerce influncia sobre outros seres humanos. Ele fundamenta este argumento em Lanier (1984) que afirma: os professores possuem um amplo corpo de conhecimento e habilidades especializadas que adquirem durante um prolongado perodo de formao. [...], emitem juzos e tomam decises que aplicam a situaes nicas e particulares com que se deparam na prtica. Por isso, o conhecimento pedaggico especializado se legitima na prtica e, mais do que no conhecimento das disciplinas, reside nos procedimentos de transmisso, reunindo caractersticas especficas como a complexidade, a acessibilidade, a observabilidade e a utilidade social.No captulo 5, A profisso docente diante dos desafios da chamada sociedade globalizada, do conhecimento ou da informao, o autor sugere um debate sobre a anlise das relaes de poder e sobre as alternativas de participao (autonomia, colegiabilidade...) na profisso docente. E, em um primeiro momento, apresenta trs ideias fundamentais que devem ser analisadas no debate profissional: - Na primeira, ele questiona a existncia ou no de um conhecimento profissional do professorado e faz indagaes: esse conhecimento profissional mais autnomo para aumentar o prestigio e o status profissional e social possvel? H possibilidade de elaborar verdadeiros projetos de instituies educativas, explicitando os interesses dos diferentes agentes que permitem para alm da mera participao normativa e legal que favorece uma colegialidade artificial?- Na segunda, ele questiona a legitimao oficial da transmisso do conhecimento escolar que antes era imutvel, mas hoje deixou de ser. E consequentemente questiona tambm a estrutura da profisso docente, que talvez fosse adequada a uma poca pr-industrial ou industrial, mas hoje em dia preciso pr a comunidade educativa em contato com os diversos campos e meios de conhecimento e da experincia.- A terceira, que a profisso docente foi um campo repleto de misticismo e conhecimentos cheio de contradies. Avanou-se mais no terreno das ideias e das palavras que no das prticas alternativas de organizao. Diante do desafio mencionado no incio do captulo, a formao do professor deve se basear em estabelecer estratgias de pensamento, de percepo, de estmulos e centrar-se na tomada de decises para processar, sistematizar e comunicar a informao.Nos captulo 6 A formao como elemento essencial, mas no nico, do desenvolvimento profissional do professor, Imbernn dedica-se a falar sobre a formao docente. Destaca que o desenvolvimento profissional do professor no apenas o desenvolvimento pedaggico, o conhecimento e compreenso de si mesmo, o desenvolvimento congnitivo ou terico, mas tudo isto ao mesmo tempo delimitado ou incrementado por uma situao profissional que permite ou impede o desenvolvimento de uma carreira docente.No captulo 7, A formao permanente do professor, o autor defende a formao de um processo de autoavaliao constante que oriente seu trabalho. A formao permanente deve se estender ao terreno das capacidades, habilidades e atitudes. Deve tambm questionar os valores e as concepes de cada professor e professora e da equipe como um todo.No captulo 8, A formao inicial para a profisso docente, o autor prope um currculo formativo para assimilar um conhecimento profissional bsico que deveria promover experincias interdisciplinares que permitam ao futuro professor ou professora integrar os conhecimentos e procedimentos das diversas disciplinas (ou disciplina) com uma viso psicopedaggica (interao e relao do conhecimento didtico do contedo com o conhecimento psicopedaggico).No captulo 9, A formao permanente do professor experiente sugerida pelo autor como uma forma de ajudar o professor a desenvolver um conhecimento profissional que lhe permita avaliar a necessidade potencial e a qualidade da inovao educativa que devem ser introduzidas constantemente nas instituies; desenvolver atividades e revisar criticamente os contedos e os processos de formao permanente do professor. No captulo 10, O modelo indagativo ou de pesquisa como ferramenta de formao do professor, o autor apresenta a sugesto de um modelo em que o professor identifique uma rea de interesse, colete informaes e, baseando-se nas interpretaes desses dados, realize mudanas necessrias ao ensino. Porm, o modelo pode adotar diferentes formas. O importante que a fundamentao est na capacidade de o professor formular questes vlidas sobre sua prpria prtica com objetivos que tratem de responder tais questes.No captulo 11, A formao a partir da escola como uma alternativa de formao permanente do professor, o autor afirma que esta formao est centrada na escola e transforma a instituio educacional em lugar prioritrio em relao a outras aes formativas. mais que uma simples mudana de lugar em que ocorre a formao e tem como objetivo desenvolver um paradigma colaborativo entre os profissionais da educao. No captulo 12, O formador ou a formadora do profissional de educao como assessor de formao, o autor defende tambm uma assessoria permanente de formao a partir das demandas dos professores ou das instituies educativas com o objetivo de ajudar a resolver problemas ou situaes problemticas profissionais que lhes so prprios.No captulo 13, Formao de professor e qualidade de ensino, Imbernn fala da importncia da qualidade na formao docente. Ele afirma que exigir qualidade uma questo tica e de responsabilidade social para evitar que se caia no charlatanismo, no treinamento culturalista e no inovador, na ostentao e na falcia.E por fim, no captulo 14, Algumas dificuldades atuais, ou o risco de estagnao profissional, e algumas ideias para possveis alternativas, o autor afirma, portanto, que a melhoria da formao e do desenvolvimento profissional do professor reside, em parte, em estabelecer os caminhos para ir conquistando melhorias pedaggicas, profissionais e sociais.

3. CONCLUSES DO AUTOR E QUADRO DE REFERNCIASO autor, utilizando uma linguagem clara e objetiva, conclui cada captulo com um pequeno resumo que mostra os pontos principais daquilo que foi abordado. A esta modalidade de concluso/sntese ele chama de ideias-chave. uma forma peculiar do autor que facilita a compreenso da obra e o aprendizado do leitor.Alm das concluses da cada captulo, o autor faz a concluso geral do livro. Nela ele apresenta as principais concluses: Que a formao deve aproximar-se da prtica no interior das instituies educacionais. Que o contato da formao com as prticas educativas abre caminhos para que o conhecimento profissional se enriquea com os mbitos morais e ticos, permitindo a anlise e a reflexo sobre a prtica educativa.E que a capacidade potencial do professor em exerccio tem de gerar conhecimento pedaggico, no apenas comum, espontneo ou intuitivo, mas deve transformar-se em capacidade e ao

Os principais autores utilizados por Imbernn para fundamentar sua obra so:COMBS (1979); ELLIOTT (1990); ERDAS (1987); ESTEVE (1987); GOODLAD (1985); IMBERNN (1989); LABAREE (1999); LANIER (1984); PEREYRA (1985) e ZEICHNER (1999).

4. APRECIAO DA OBRAA obra faz uma abordagem sobre a necessidade de uma mudana na formao docente, a partir de uma ampla reflexo sobre a redefinio dos modelos educativos. Prope uma educao voltada para uma sociedade democrtica, tica e participativa.O autor tem um estilo claro, e com grande entusiasmo, otimismo e coerncia, sugere novos posicionamentos de todos que trabalham na educao e chama para um debate que venha questionar o modo obsoleto de abordar contedos apenas acadmicos, sem o propsito de promover, no educando, a crtica e a reflexo. E estabelecer mudanas significativas na formao e profissionalizao docente.A obra traz grandes contribuies para todas as pessoas que esto envolvidas no processo educacional, para aquelas que pretendem se envolver e para as que no esto envolvidas, mas acreditam numa mudana significativa na educao.

A obra de Francisco Imbernn, aqui resenhada, trouxe-me reflexes relevantes no sentido de repensar as prticas educativas em sala de aula e at mesmo de comparar as abordagens do captulo 9 com o que est acontecendo comigo, como estudante do Mestrado Profissional de Ensino Tecnolgico, turma 2015/2, no IFAM. Pois me vejo comtemplada com A formao permanente do professor experiente.Assim, com mais informaes e novas reflexes, a partir de inmeras abordagens vivenciadas coletivamente, no MPET, vejo um novo horizonte de possibilidades para melhoria na minha prtica pedaggica.