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MONTAÑO, Carlos. Um projeto para o Serviço Social Crítico. KATÁLYSIS v. 9 n. 2 jul./dez. 2006 Florianópolis SC 141- 157. Carlos Montano é doutor em Serviço Social, professor e investigador da Universidade Federal do Rio de janeiro – UFRJ. A abordagem feita por Carlos Montaño nesse artigo é que as transformações ocorridas com o advento da industrialização foram consequências da expansão da economia capitalista es provocaram mudanças radicais nas esferas social, política e economia. Com o processo de industrialização, cresceu-se a concentração de renda e, consequentemente, houve a ampliação da desigualdade, provocando assim o acirramento das relações sociais. É nesse contexto que surge o Serviço Social, com caráter socioocupacional e implementado políticas sociais no intuito de enfrentar a questão social. É importante salientar que só cabia ao profissional do Serviço Social executar as políticas, enquanto a concepção e o planejamento ficavam a cargo do Estado. Diante disso, fica clara a divisão entre o trabalho intelectual e o trabalho manual. Nesse sentido, os agentes do governo ao formular as políticas de fato atendiam algumas das necessidades dos indivíduos na sociedade, porém o modelo do projeto hegemônico permanecia inabalável. O funcionamento dessas políticas a favor da ordem, e por certo, mantendo a acumulação capitalista se desenvolveu em um ambiente tensão e contradição entre o projeto do grande capital e da classe trabalhadora. Esse modelo perdurou por 30 anos, até que a partir dos anos 70 do século XX, esse sistema entrou em uma crise estrutural, o que provocou inúmeras e profundas alteração

RESENHA CARLOS MONTAÑO

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MONTAÑO, Carlos. Um projeto para o Serviço Social Crítico. KATÁLYSIS v. 9 n. 2 jul./dez. 2006 Florianópolis SC 141-157.

Carlos Montano é doutor em Serviço Social, professor e investigador da Universidade Federal do Rio de janeiro – UFRJ.

A abordagem feita por Carlos Montaño nesse artigo é que as transformações ocorridas com o advento da industrialização foram consequências da expansão da economia capitalista es provocaram mudanças radicais nas esferas social, política e economia. Com o processo de industrialização, cresceu-se a concentração de renda e, consequentemente, houve a ampliação da desigualdade, provocando assim o acirramento das relações sociais.

É nesse contexto que surge o Serviço Social, com caráter socioocupacional e implementado políticas sociais no intuito de enfrentar a questão social. É importante salientar que só cabia ao profissional do Serviço Social executar as políticas, enquanto a concepção e o planejamento ficavam a cargo do Estado. Diante disso, fica clara a divisão entre o trabalho intelectual e o trabalho manual.

Nesse sentido, os agentes do governo ao formular as políticas de fato atendiam algumas das necessidades dos indivíduos na sociedade, porém o modelo do projeto hegemônico permanecia inabalável. O funcionamento dessas políticas a favor da ordem, e por certo, mantendo a acumulação capitalista se desenvolveu em um ambiente tensão e contradição entre o projeto do grande capital e da classe trabalhadora.

Esse modelo perdurou por 30 anos, até que a partir dos anos 70 do século XX, esse sistema entrou em uma crise estrutural, o que provocou inúmeras e profundas alteração nos processos produtivos e consequentemente nas relações de trabalho. Dessa forma, em resposta a própria crise, já que o sistema vive de sustentar a produção e reprodução ampliada do capital e não tolera nenhuma diminuição em suas taxas de lucro, o sistema tratou rapidamente de solucionar a crise, instaurando o projeto neoliberal e a reestruturação produtiva, que conforme Antunes (1999, p.31), deu-se inicio a uma reorganização do capital e seus sistema ideológico e político, que tiveram maior expressão nas politicas neoliberais, que privatizou o Estado, e desmontou seu setor produtivo, e além disso desregulamentou direitos trabalhistas.

O sistema, ao desregulamentar direitos, aumentou a exploração à classe trabalhadora, a qual sofreu com a intensificação da questão social, sendo o Estado o agente implementador das políticas sociais atuando, assim,

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minimamente diante das politicas neoliberais. As políticas já são criadas para não serem funcionais, ou seja, contemplarem minimamente um número de indivíduos uma vez que tais políticas são individualista, seletivas, focalizadas, e ainda por cima não são absorvidas pelas classes subalternas como direitos conquistados, e sim como um “favor do Estado”.

É diante desse quadro social, a profissão passa a sofre as inflexões do sistema nas condições de trabalho, em sua demanda direta e indireta e na prática de campo, rompe com o conservadorismo profissional, em um contexto de redemocratização que acontecia no Brasil. Na busca por mudança surge o projeto revolucionário movido pelos princípios e valores da teoria crítica Marxista para substituir a ordem hegemônica capitalista. .

Montaño afirma que a construção de um projeto ético-político profissional é coletiva, democrática, plural e segue uma direção social a qual é conduzida pelo projeto profissional hegemônico. Importante salientar a analise de Netto (......) quanto as articulações para um projeto se tornar hegemônico: é necessário recursos políticos organizativos, processos de debate e elaboração e investigação teórico-práticas.

A direção histórica dialética crítica do projeto hegemônico no Serviço Social se fundamenta em princípios e valores que buscam a emancipação humana. Isso faz com que o profissional seja um mediador político diante desse cenário de contradições e relações conflituosas posto o antagonismo que existe nas classes.

Ao final do texto, Carlos Montaño afirma que o debate no interior da profissão faz uma crítica ao posicionamento critico da profissão diante a estrutura social que escravizam os indivíduos na sociedade. Diante disso, ele enumera certos argumentos que foram retirados de textos escritos por alguns profissionais que contestam o projeto ético-político crítico, progressista e comprometido com a liberdade dos indivíduos. NÃO SEI COMO BOTAR

A saber: que a profissão é desprestigiada socialmente quanto a sua análise histórica-crítica; analisa as contribuições históricas-críticas com homogêneas; o sentido dado a profissão surge de vontades e opções individuais; as funções centrais da profissão são mediação de conflitos e integração social; buscam nas pequenas experiências soluções de conflitos singulares e locais, e descartam as conquistas estruturais, universais e as lutas centrais; que não se projeta a longo prazo, a resolução da situação e imediata e emergente; faz retorna os autores tradicionais da profissão, e descartam suas reflexões críticas que foram superadas pelos mesmos; ao mesmo tempo que rejeita implícita e explicitamente o movimento de reconceituação, se identifica com sua proposta de construção do projeto ético-político profissional; alguns textos contestadores, tanto anti como pós Marxista concebem a construção do projeto-ético político esgotado nessa perspectiva; negação e rejeição ao debate

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acadêmico responsável e explícito, através da desqualificação e tergiversação de seus interlocutores.

Assim, o artigo propõe a necessidade de profissionais maduros, conhecedores dos desafios e dos limites, e convictos das possibilidades de mudanças, assim como, ao exercerem sua práxis cotidianamente lutem pela liberdade humana e contra a volta do conservadorismo profissional com competência técnica, teórica e responsabilidade ético-política.