Resenha Crítica do texto Colonização, miscigenação e questão racial

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  • 7/27/2019 Resenha Crtica do texto Colonizao, miscigenao e questo racial.

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    UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO UNISAFaculdade de Educao Fsica

    Disciplina: Cultura Afro-Indgiena Brasileira.Prof. Diogo Dos Santos Brauna

    NOME: Matheus Augusto Teixeira RA: 3009998 Sem1 Perodo: Noturno

    Resenha Crtica do texto:Colonizao, miscigenao e questo racial: Notas

    sobre equvocos e tabus da historiografia brasileira de Ronaldo Valinfas

    Vainfas reala o encontro de trs povos postos em cena pelo

    descobrimento do Brasil e pela colonizao efetuada pelos lusitanos. A

    miscigenao tnica e mescla de cultura so problemas afins da historiografia

    ocidental na contemporaneidade, porem, algumas mudanas surgiram no decorrer

    do tempo e podemos observar quais termos, valorao e sentido das

    interpretaes sofreram modificaes.

    Desde o incio da historiografia brasileira o problema da mescla cultural nos

    foi apresentado e se mostrou como a miscigenao racial formulada por Karl Von

    Martius, botnico, naturalista e viajante. Von Martius afirmava que era essencial

    compreender a historia do Brasil e para tal era necessrio entender como se deu amistura entre ndios, negros e brancos para a formao da nacionalidade

    brasileira. Deu prioridade ontribuio portuguesa na formao da nacionalidade

    e praticamente silenciou a raa negra e a indgena. A partir da a questo da

    miscigenao tnica e cultural estava posta, contudo, apesar de inovadora,

    ningum a seguiu ao longo do sculo XIX.

    Na virada do sculo XIX, surge Capistrano de Abreu, inovando a

    interpretao na historia do Brasil colnia em vrios aspectos. Paulo Prado que

    publica em 1928, Retratos do Brasil e segue Capistrano de Abreu, todavia, mais

    explcito quanto s consequncias

    da miscigenao que resultaram da turbao sexual. Mas, Paulo Prado avana

    quando rompe com certos constrangimentos acerca do assunto, pois, a

    responsabilidade era dos portugueses desterrados e dos indgenas de natureza

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    lasciva e dos africanos voluptuosos e que transformaram o Brasil em um pas

    orgistico. Segundo Paulo Prado, o problema racial do Brasil estava, porm: nem

    tanto no negro, mas na miscigenao. Muitos outros autores como Pandi

    Calgeras, Pedro Calmon, Joo Ribeiro, evitavam falar sobre a sexualidade ao

    tratarem da miscigenao racial. Entre 1930 e 1940, trs grandes obras devem ser

    destacadas: casa-grande e senzala (Gilberto Freyre, 1933), Razes do Brasil

    (Srgio Buarque de Holanda, 1936) e A formao do Brasil contemporneo (Caio

    Prado Jr, 1942).

    Freyre foi criticado no que diz respeito ausncia de preconceito racial

    entre os lusitanos. Gilberto Freyre confere ao portugus o ttulo de excelente

    colonizador, porem, o fato que Freyre valorizou a mistura das trs raas e

    permitiu a interpolao das culturas indgenas, afro e lusitanas em relao

    formao do povo brasileiro. Freyre ressalta igualmente a cultura portuguesa e

    africana do Brasil e afirma que a segunda o colonizador africano do Brasil.

    Apesar de ter contribudo fortemente historiografia brasileira, em muitos

    aspectos, Razes do Brasil avanou pouco em relao miscigenao. Vainfas

    segue afirmando que no desmerece a relevncia da primeira sntese marxista

    da historiografia brasileira fartamente exaltada, pois, nelas se rene o arcabouo

    de violento racismo, principalmente no captulo Organizao social.

    Caio Prado Jr confere depreciao dos negros e dos ndios brasileiros,

    especialmente escravido e inegavelmente denuncia o racismo da sociedade

    colonial, porem, inegvel tambm o convvio de seu marxismo com a raciologia

    cientfica prpria do sculo XIX.

    Caio Prado reitera que ndios e negros tm cultura nfima e isso depreciou

    ainda mais a escravido no Brasil diferentemente da escravido antiga, onde

    muitas vezes havia escravos culturalmente superiores de seus senhores. Caio

    Prado e Freyre se contrastam radicalmente.

    O primeiro militante da esquerda, o segundo - de posio poltica discutvel,

    no entanto, no renem novidades no tange m origem do povo brasileiro, j

    que mestio. Esses juzos foram esquecidos como se o autor no os tivesse

    expedido e apenas a ideia de reificao da escravido que derivava do sentido

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    mercantil da colonizao permanecia. Freyre era o alvo com sua viso romntica

    da escravido, sem preconceito racial.

    Dessa maneira, historiograficamente, o que resultou foi uma interpretao

    distorcida da escravido e omisso dos cruzamentos culturais ensejados pela

    colonizao.

    Ronaldo Vainfas segue suas explanaes afirmando que, atualmente, nossa

    historiografia est adiantada no que concerne mescla cultural, porm, evita o

    tema miscigenao racial, a predominncia do silncio sobre a mestiagem ainda

    intensa.

    Nos ltimos anos exps o problema dos hibridismos culturais

    aperfeioando o conceito de miscigenao intermedirio cultural.

    Persiste, no entanto, certa dvida de nossos historiadores em relao

    problemtica da miscigenao racial deflagrada desde nosso primeiro sculo. O

    constrangimento maior, entre os historiadores, parece residir na problematizao

    do conceito de raa.

    Outrossim, faz-se necessrio reconsiderar a contribuio de Gilberto Freyre

    em relao s generalizaes abusivas trouxe-nos discusso sobre o tema

    miscigenao racial, cultural e tnica, to relevante na historia brasileira. Diante do

    exposto, conclumos que todos estes estudiosos foram primordiais para a

    historiografia brasileira, bem como para a retomada e continuao dos debates

    sobre a miscigenao na formao do povo e da cultura brasileira.