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resenha de Política Exterior do Brasil Ministério das Relações Exteriores Documento digitalizado pela equipe de Mundorama - Divulgação Científica em Relações Internacionais (http://www.mundorama.net).

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resenhade Política Exterior do Brasil

Ministério das Relações Exteriores

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RESENHA DE POLÍTICA EXTERIOR DO BRASILnúmero 68, 1° semestre de 1991

ano 17, ISSN 0101 2428

A Resenha de Política Exterior do Brasil é uma publicação semestral do Ministério dasRelações Exteriores, editada pelo Centro de Documentação (CDO) do Departamento deComunicações e Documentação (DCD)

Endereço para correspondência:Centro de Documentação (CDO)Ministério das Relações Exteriores, Anexo II, Io subsolo, sala 4,Esplanada dos Ministérios, Brasília-DF, BrasilCEP 70170-900Telefones: (061) 211-6410 e 211-6474

Publicada com o apoio da Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG)

Resenha de Política Exterior do BrasilAno 1 - n° 1 -junho de 1974 - Brasília,

Ministério das Relações Exteriores, 1974

V. semestral

1 .Brasil - Relações Exteriores - Periódicos. I. Brasil,Ministério das Relações Exteriores.

327 (081) (05)R433

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SUMÁRIO

Presidente Collor visita Parque Indígena do XinguDiscurso do Presidente da República, por ocasião da visita ao Parque Indígena do Xingu, em 17 de janeiro de1991, no Posto Indígena Diauarum 7

América Latina e Caribe preparam Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de1992Discurso do Ministro de Estado na cerimónia de abertura da Reunião Regional para a América Latina e o CaribePreparatória da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, em 5 demarço de 1991, na Cidade do México 11

Primeiro-Ministro da Roménia é homenageado no ItamaratyDiscurso do Presidente Fernando Collor, por ocasião do jantar em homenagem ao Primeiro-Ministro da Roménia,Petre Roman, em 12 de março de 1991, no Palácio Itamaraty 15

Ministro Rezek dá aula inaugural no ItamaratyAula Magna ministrada pelo Ministro Francisco Rezek, no Instituto Rio Branco, em 21 de março de 1991 19

Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai criam Mercado Comum do SulDiscurso do Presidente da República por ocasião da assinatura do Tratado para a Constituição do MercadoComum do Sul (MERCOSUL), em Assunção, em 26 de março de 1991 31

Tratado para a Constituição de um Mercado Comum entre a República Argentina, a República Federativa doBrasil, a República do Paraguai e a República Oriental do Uruguai 33

Comité Preparatório da Conferência sobre Meio Ambiente e DesenvolvimentoDiscurso do Ministro Francisco Rezek na Segunda Sessão do Comité Preparatório da Conferência da ONU sobreMeio Ambiente e Desenvolvimento, em Genebra, em 2 de abril de 1991 47

Shimon Peres é recebido no Palácio ItamaratyDiscurso do Ministro das relações Exteriores, Francisco Rezek, por ocasião do almoço oferecido ao líder doPartido Trabalhista de Israel, no Palácio Itamaraty, em 17 de abril de 1991 51

O Príncipe e a Princesa de Gales visitam o BrasilDiscurso do Presidente Fernando Collor por ocasião do jantar oferecido a Suas Altezas Reais o Príncipe e aPrincesa de Gales, no Palácio Itamaraty, em 23 de abril de 1991 53

Visita Oficial do Primeiro-Ministro de PortugalDiscurso do Presidente Fernando Collor por ocasião do jantar oferecido ao senhor Aníbal Cavaco e Silva eSenhora, em Brasília, em 7 de maio de 1991 57

Acordo de Seguridade Social ou Segurança Social 61

Ajuste administrativo ao Acordo de Seguridade Social ou Segurança Social 68

Memorandum de entendimento sobre transporte marítimo 76

Protocolo sobre as comemorações dos descobrimentos portugueses 77

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Tratado de Extradição 79

Tratado de Auxílio Mútuo em Matéria Penal 87

Acordo de cooperação para a redução da procura, combate à produção e repressão ao tráfico ilícito de drogas esubstâncias psicotrópicas 94

Acordo-Quadro de cooperação 96

Acordo para a constituição de um grupo de cooperação consular 102

Acordo sobre transportes aéreos regulares 103

Visita Presidencial à EspanhaDiscurso do Presidente Fernando Collor em banquete oferecido em sua homenagem pelo rei da Espanha, emMadri, em 16 de maio de 1991 115

Discurso do Presidente Collor no Senado da Espanha 117

Ata que estabelece as bases de um Tratado Geral de Cooperação e Amizade 119

Convénio de Seguridade Social 124

: Instituto Rio Branco - Formatura da Turma de 1990Discurso do Presidente Fernando Collor na cerimónia de formatura da turma de 1990 do Curso de Preparação

à Carreira de Diplomata, do Instituto Rio Branco, no Palácio Itamaraty, em 29 de maio de 1991 139

Discurso do Ministro Francisco Rezek 142

Discurso do Paraninfo da turma de 1990, Embaixador ítalo Zappa 146

Discurso do Orador da turma, Secretário Luiz César Gasser 148

Ministro dos Negócios Estrangeiros do Irã é homenageado no ItamaratyDiscurso do Ministro Francisco Rezek no almoço oferecido ao Dr. Ali Akbar Velayati, no Palácio Itamaraty, em31 de maio de 1991 151Visita Presidencial à SuéciaDiscurso do Presidente da República no Dia Mundial do Meio Ambiente, em Estocolmo, no dia 5 de junho de1991 153

Discurso do Presidente da República na cerimónia de "passagem da tocha ambiental", em Estocolmo, no dia 5de junho de 1991 155

Brinde do Presidente Fernando Collor em almoço que lhe ofereceu o diretor da Federação das Indústrias Suecas,em Estocolmo, no dia 5 de junho de 1991 158

Visita Presidencial à NoruegaBrinde do Presidente Fernando Collor em almoço que lhe ofereceu Sua Majestade o Rei Harald V, da Noruega,em Oslo, em 7 de junho de 1991 161

Comunicado Conjunto Brasil-Noruega 162

IV

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Presidente Fernando Collor é recebido na Casa BrancaResposta à saudação do Presidente George Bush na cerimónia oficial de chegada, na Casa Branca, em 18 de

junho de 1991 165

Brinde do Presidente da República no almoço no Departamento de Estado 166

Conferência no Washington Exchange 167

Resposta à saudação do Presidente George Bush em jantar na Casa Branca 175

Discurso do Presidente Fernando Collor no ato de recebimento do prémio International Environmental

Leadership, em Washington, em 19 de junho de 1991 177

Tratados, Acordos e Convénios

Acordo Brasil - Argélia 183

Acordo Brasil - Bulgária 185

Acordos Brasil - Cabo Verde 190

Acordo Brasil - Cuba 193

Acordo Brasil - FAO 197

Acordo Brasil - Guiana 201

Acordos Brasil - Hungria 205

Acordo Brasil - Japão 222

Acordo Brasil - Marrocos 224

Acordos Brasil - Roménia 226

Acordo Brasil - Suriname 233

Acordo Brasil - Tchecoslováquia 235

Acordo Brasil - Uruguai 252

Acordo Brasil - Venezuela 262

Acordo Brasil - Zimbábue 266

Acordo Brasil - URSS 271

Acordos Brasil - Argentina, Paraguai, Uruguai e Estados Unidos 272

Comunicados e Notas277

Brasil congratula-se com a debelação de tentativa de golpe no Haiti

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Falecimento do Embaixador José Guilherme Merquior 277

Brasil e Venezuela corrigem imperfeições cartográficas 278

Cessar-fogo no Golfo Pérsico é motivo de júbilo 278

Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai criam Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) 279

Brasil apoia cessar-fogo no Golfo Pérsico 280

Governo de Angola e UNITA assinam Acordo de Paz 280

Brasil encontra líderes da UNITA em Bruxelas 281

Eleições no Suriname 281

Paz é consolidada em Angola 282

Parlamento Sul-Africano revoga lei de registro de população 282

Brasil lamenta incidentes na Iugoslávia 283

Mensagens285África do Sul tenciona revogar legislação em que se baseia o Apartheid

285Collor visita a Península Antártica

Reunião de Chanceleres do Grupo do Rio

Cúpula de Caracas 2 8 7

288Reunião de Cúpula de Houston

VI

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Presidente Collor visitaParque Indígena do Xingu

Discurso do Presidente Fernando Collordurante sua visita ao Parque Indígena do Xingu,em 17 de janeiro de 1991, no Posto IndígenaDiauarum

V enho ao Posto Diauarum pararetomar o contato direto, fraterno e abertoque desejo manter com todos e cada umde nossos grupos indígenas. Venho parareafirmar que a questão do índio éprioritária para o meu Governo. Tenhopressa em resolvê-la.

No final do ano passado, tomeidecisões sobre alguns problemas quepediam providências imediatas e enérgicas.Não são problemas novos. Ao contrário,estão historicamente enraizados, sempre àespera de solução. Agora, entretanto, essasquestões estavam assumindo tonsdramáticos. Era necessário que a sociedadee o governo conjugassem esforços para,com liderança e vontade, superá-los deforma definitiva.

Convoquei ministros e autoridadespara que, em reuniões setoriais, que presidipessoalmente, se apresentassem ações deefeito imediato em áreas como a dascrianças, do nordeste, da educação, dareforma administrativa e, naturalmente, ados índios. Agora, as medidas começarama surtir efeito.

Minha vinda ao Xingu para assinaros decretos que homologam a demarcação

deste parque indígena e também da áreaindígena de Capoto/Jarina é o primeiro atode um processo que há de mudar otratamento da questão do índio no Brasil.

Precisamos pôr termo à ineficácia deatitudes paternalistas, muitas vezes precon-ceituosas, que durante muito prevaleceram,e que apenas inibiram a afirmação do direitodos índios de manterem e desenvolveremsua identidade cultural própria.

Os povos indígenas contribuíram deforma decisiva na formação histórica ecultural do homem brasileiro. Seu legadovai muito além das palavras sonoras queenriqueceram a língua portuguesa, dehábitos alimentares e sociais incorporadosa nosso cotidiano, do próprio sangueamalgamado ao povo brasileiro. O índioensinou nossos antepassados a conhecer afloresta tropical e os rios que cortam nossoterritório. Seus mitos e visões de mundoestão na base de nosso folclore e culturapopular. Seu conhecimento da fauna e daflora iluminou as pesquisas de muitoscientistas, farmacólogos e médicos.

O mais importante é que os índioscontinuam a ensinar o homem contem-porâneo. E talvez essas lições sejam o mais

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perfeito símbolo de relevância de seusconhecimentos para toda a humanidade.Em sua simplicidade, nobreza egenerosidade, o índio demonstra que acomunhão com a natureza é fonte desabedoria e vitalidade. O homem moderno,principalmente os habitantes do mundodesenvolvido, tornou-se prisioneiro de umconsumismo estéril que, longe de trazer afelicidade e o bem-estar, tem acelerado aníveis intoleráveis o processo de degra-dação do meio ambiente. Não podemos,no Brasil, reproduzir essas fórmulas decrescimento desordenado, sem lastro éticoe espiritual.

As lições da cultura indígena são umainspiração para que aprendamos oscaminhos possíveis da conciliação dodesenvolvimento com o respeito ànatureza.

Temos o dever e a responsabilidadede preservar esse património e desenvolvê-lo em toda a sua plenitude. Nossos filhoshaverão de nos agradecer por termospercebido em tempo que a diversidade cul-tural é uma das principais riquezas de nossoPaís.

Por isso, as diretrizes da políticaindigenista do meu Governo são e serãoguiadas pelo respeito à identidade cultural,à promoção dos direitos humanos e pelagarantia dos direitos de cidadania de todosos brasileiros, como determina aConstituição e exige um país moderno edemocrático.

Estamos diante do desafio de adotaruma política indigenista que evite os errosdo passado, sobretudo, aqueles queimpuseram assimilações forçadas e

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empobrecedoras. O modelo de ação quetencionamos construir promoverá, odesenvolvimento auto-sustentado dascomunidades indígenas, e assegurará suainteração harmoniosa com a comunidadenacional.

Precisamos remodelar o regime tu-telar, mediante uma maior ênfase nasobrigações do Estado na demarcação dasterras indígenas e na regularizaçãofundiária. É imperativo dar-lhes proteçãocontra invasões. É inadiável auxiliar essascomunidades com medidas de defesa domeio ambiente, pois é na floresta e nos riosque o índio busca a maior parte de seusustento. É, ademais, urgente desenvolverprograma de assistência médica e de bem-estar comunitário. A tutela do estado devegarantir o exercício pleno dos direitos docidadão indígena.

Para assegurar o cumprimento dessasdiretrizes, determinei estudos urgentessobre redefinição institucional do órgãoresponsável pela execução dos programasde proteção aos indígenas, assim como aelaboração de propostas visando àadequação do estatuto do índio aos novospreceitos constitucionais.

Minha gente:

O que apresento, agora, não sãopromessas. São a continuação de umaatitude de verdadeiro respeito ao índio, quejá se materializou em ações e resultadosconcretos. Entre eles, valeria mencionar adiminuição drástica no número degarimpeiros na área Ianomami, que em meugoverno caiu de 40 mil para 800 homens.A incidência da malária e de outrasmoléstias sofreu queda brutal naquela área.

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Observadores internacionais isentostêm visitado as áreas indígenas e verificadoos processos a que aludi. Naturalmente,muito mais temos que fazer.

A garantia da terra é essencial à afir-mação da identidade dos grupos tribais. Oterritório representa para o índio muitomais do que riqueza: é o esteio de suaprópria sobrevivência; é o espaço paramanifestação de sua cultura. As terrasindígenas são o templo sagrado de suastradições, o berço de sua existência, suafonte de suprimento.

As áreas indígenas demarcadas e pordemarcar somam cerca de 80 milhões dehectares, quase dez por cento do territórionacional. Estou determinado a fazercumprir inteiramente o dispositivoconstitucional que manda concluir oprocesso de demarcação das terra indígenasaté 1993. Para tanto, solicitei ao Ministérioda Justiça a elaboração imediata de minutade decreto estabelecendo nova sistemáticaadministrativa para essa demarcação.

A autogestão comunitária deve cons-tituir-se no princípio básico do exercício,pelas comunidades indígenas, do usufrutoexclusivo que têm sobre os recursos dosolo, rios e lagos em suas terras. Aexcessiva interferência do estado na gestãodo património indígena pode levar asituações de exercício abusivo da tutela edenegação do usufruto. A valorizaçãoeconómica do património indígena deve terpor objetivo a promoção das comuni-dades. Não pode servir a interesses in-dividuais, nem à ganância inescrupulosa deterceiros. Preocupa-me a dilapidação acele-rada, em muitos casos, do património indí-

gena, inclusive com graves danos ao meioambiente.

O estado não permanecerá insensívelà tragédia vivida pelas comunidades cujasáreas se tornaram insuficientes paraassegurar o seu sustento. Trataremos debuscar, incessantemente, os meios deatender e remediar essa aflição que,infelizmente, é também a mesma de tantasfamílias de outros brasileiros sem-terra,vítimas de desabrigo e órfãos de esperança.

Não é por acaso que o destino muitasvezes reúne esses brasileiros de origemdistinta - índios e não índios - no mesmochão, fazendo da pobreza e da miséria oresultado visível da assimilação. Contratudo isso temos de lutar. O desenvol-vimento harmónico, com justiça social é oúnico caminho da modernidade e daconsolidação da democracia.

A assinatura dos decretos dehomologação da demarcação do ParqueIndígena do Xingu e da área indígenaCapoto/Jarina não são, por isso, atosisolados, mas parte de uma políticaindigenista consciente, que representa ocompromisso do meu Governo com os de-sassistidos e os desamparados. Deus haveráde nos ajudar nesta difícil mas engrande-cedora missão.

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América Latina e Caribe preparamConferência da ONU sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento de 1992

Discurso do Ministro Francisco Rezek naabertura da Reunião Regional Preparatória daConferência das Nações Unidas sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento, de 1992, em 5 demarço de 1991, na Cidade do México

Penhor Presidente, D. Carlos Sali-nas de Gortari,

Chanceler Fernando SolanaMorales,

Excelências,

Senhoras e Senhores,

Na semana passada, a Embaixada doMéxico em Brasília tomou a iniciativa detrazer ao meu país um ilustre escritor que,desde os anos quarenta, inspira sucessivasgerações de intelectuais preocupados comas realidades - por vezes trágicas - da vida,da sociedade, da História de nossocontinente. Este notável pensador dirigiuseus estudos de forma prioritária para ouniverso hispano-americano e sempre teveo cuidado de ressaltar que suas observaçõesnão necessariamente poderiam aplicar-seà totalidade da América Latina. No entanto,nós brasileiros e, acredito eu, colegas deoutros países da região que não comparti-lham a língua espanhola tambémencontramos com frequência as nossasrealidades nacionais espelhadas na límpidainteligência deste homem de letrasmexicano.

Refiro-me a Leopoldo Zea que, emmuitas ocasiões, foi capaz de encontrar aspalavras para trazer à tona do pensamentolatino-americano tantas ansiedades que,apesar de experimentadas por inúmeraspessoas, ainda não haviam podido serexpressas. Em toda a América Latina e noCaribe, seja qual for a nossa língua materna,etnia, raça ou religião podemos entender,por exemplo, o que este intelectualcaracteriza como sendo a "acidentalidadede nossa cultura e de nosso ser". Do mesmomodo, nos reconhecemos em ideias comoa de um "desterro da cultura e da História"ou em intuições quase-poéticas como adaqueles "desejos de amputar o incómodopassado".

Mais importante, Leopoldo Zea nosfez ver como fomos, no passado, e somos,no presente, capazes de acumularcontradições e de conviver com taisantinomias. No passado, fomos "conquis-tadores e conquistados, homens decolónias, intelectuais do iluminismo,liberais, conservadores e revolucionários"e, entretanto, todos os problemas do

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passado continuam a ser objeto decontinuada e infinda reformulação nopresente. Esse arcabouço de ideias sobreas contradições de nosso modo de ser e asresultantes turbulências sociais nosencaminham ao tema que norteia a presentereunião, onde nos acolhe com fidalguia oGoverno do México.

Todos os Estados da região buscamassumir, de forma simultânea, o patrocíniopolítico da industrialização e o controle dapoluição que emana das chaminés dasfábricas. Em países de milhões de pessoassem terra, cumpre, não obstante, preservarimensas florestas virgens. Para Governosque se sentem no dever de minorar a fomede hoje, cabe também o papel deracionalizar a utilização de bens escassos.Impõe-se, desse modo, uma reflexão sobreo conflito que possa levantar-se entre nossaindispensável busca de progresso materiale a preservação do nosso meio ambiente.

A incorporação crescente deconsiderações ambientais às estratégias dedesenvolvimento económico e socialencontra sua primeira razão no imperativoda própria sobrevivência planetária. Nãonos é facultado ignorar os riscos represen-tados pela continuidade dos padrões deconsumo, desperdício e deterioraçãoambiental nos moldes vigentes daatualidade, capazes de engendrar, para osmais pessimistas, o virtual comprome-timento da vida na Terra. A importânciade promover modalidades efetivas dedesenvolvimento sustentável e ambiental-mente racionais não se esgota, contudo, emconsiderações de ordem puramente ética.Formas predatórias de crescimentocomprometem, a médio e longo prazo, a

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base natural onde assenta a prosperidadeeconómica e, por conseguinte, as pers-pectivas de avanço na qualidade da vidahumana, em particular nos países emdesenvolvimento.

Nossa região tem demonstrado es-pecial sensibilidade diante da urgente tarefade encontrar formas de equilíbrio entre oimperativo do desenvolvimento sócio-econômico e a conservação do meioambiente. Ativa tem sido nossa atuação nosforos ambientais multilaterais e regionais,sempre inspirada pela consciência de queincumbe a cada sociedade assegurar oaproveitamento dos recursos naturais embenefício das gerações presentes e futuras.Acredito expressar o entendimento comumdos Estados aqui reunidos ao afirmar quedevemos persistir e mesmo reforçar asiniciativas de coordenação regional no quetange aos temas prioritários da agenda deproblemas ambientais.

Na avaliação brasileira, tal esforçode coordenação regional há de recolherinestimável benefício de uma novarealidade emergente. O diálogo entrenossos países tornou-se mais fluido graçasà generalização do processo democrático.Não mais olhamos a América Latina comoum quadro monolítico e homogéneo.Prudentemente, abdicamos desseartificialismo e a encaramos como uma áreaque aprende a construir sua unidade deforma gradual, admitindo inevitáveisdiversidades, mas fazendo da democraciairreversível, o fundamento maior de nossaidentidade perante o concerto das naçõese a força matriz verdadeira de nosso projetointegracionista.

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Todo o esforço regional decoordenação - e o presente encontroconstitui elo vital nesta cadeia - virá adesembocar na Conferência das NaçõesUnidas sobre o Meio Ambiente e De-senvolvimento, dentro de apenas quinzemeses. Estou certo de que os países aquipresentes compartilham a noção de quecaberá à nossa região um papel ímpar nesseforo que, pela magnitude de seu mandato,talvez não encontre precedentes na históriadas Nações Unidas. No entendimentobrasileiro, a missão comum de nossasrepúblicas consiste em evitar eventuaissimplificações ou reducionismos na análisedos problemas a serem debatidos em junhode 1992. A promoção da qualidade do meioambiente regional e também das demaisáreas do mundo em desenvolvimentodepende, fundamentalmente, da melhoriada condição económica e social de nossospovos. Preocupa a meu país a persistênciade flagrantes iniqúidades no sistemaeconómico internacional. A expansão daseconomias industrializadas na década de 80não foi compartilhada pelo conjunto dasnações em desenvolvimento. Ao contrário,ampliou-se o fosso que separa ricos epobres, na esteira da crise doendividamento externo, da alta das taxasde juros internacionais, do protecionismocomercial no mundo industrializado.

A legítima preocupação dacomunidade com o meio ambiente globaldeverá traduzir-se em significativo reforçodos mecanismos de cooperaçãointernacional em suas vertentes económica,tecnológica e ambiental. Nossa área deveráressaltar a lembrança de que a Nova OrdemEconómica Internacional, defendida há

tantos anos por motivos éticos, hojeconstitui também um imperativo ecológicopara a sobrevivência planetária no médio elongo prazo. Para a quase totalidade dospaíses em desenvolvimento, as presentescaracterísticas do sistema económicotornam inviável a correta conciliação dabusca do progresso com a proteção eficazdo meio ambiente.

Não pretendemos, seja bementendido, escapar às responsabilidadesque sobre nós recaem no que tange àmanutenção do equilíbrio ambientalplanetário. Dispomo-nos, com essafinalidade, a trabalhar intensamente com ospaíses de todas as demais áreas em buscade soluções para os grandes problemas queafetam o meio ambiente comum. Isso nãoimplica, entretanto, aceitar o injusto conge-lamento dos atuais padrões de desigualdadeeconómica e social, que condenam tantaspessoas, em todo o mundo, a umaexistência abaixo dos níveis que impõe adignidade humana. O que perseguimos éuma real solidariedade entre os países, nummundo transformado, onde o progressoeconómico não tenha necessariamente porcorolário a destruição da natureza e ondeos apanágios da tecnologia, do conforto eda prosperidade não mais configurem umprivilégio minoritário.

Senhoras e Senhores,

A cada dia que passa, melhor nosdamos conta de quão densa, complexa eabrangente será a agenda da Conferênciade 1992. Apreciaria reiterar minhaconvicção de que cabe aos países da nossaárea uma parcela extraordinariamenteimportante no esforço para o tão desejado

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êxito da conferência, a ter início em poucomais de um ano. Estou certo de que osesforços de coordenação regional -ilustrados pela reunião que ora se inaugura- hão de permitir que nossos países, comoum conjunto harmónico, possam enfrentaro desafio de um melhor convívio planetário.A presente geração assim o exige, e as quevirão mais tarde hão de nos serreconhecidas.

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Primeiro-Ministro da Roméniaé homenageado no Itamaraty

Discurso do Presidente Fernando Collor nojantar oferecido ao Primeiro-Ministro daRoménia, PetreRoman, em 12 de março de 1991,no Palácio Itamaraty

Ijenhor Primeiro-Ministro,

O Brasil recebe Vossa Excelênciareconhecido pela distinção que sua visitanos confere e animado pelas novasperspectivas que se abrem em nossasrelações com a Roménia, país ao qual opovo brasileiro se une pela raiz linguísticae pela amizade.

Esta é a primeira visita ao Brasil deum Chefe de Governo da Europa Oriental,depois da campanha que empreenderam derecuperação das liberdades essenciais, dereencontro com as práticas democráticase de rejuvenescimento de sua capacidadeprodutiva, em nome da construção de umasociedade mais justa, livre e próspera.

Esta também é a primeira visita aoBrasil de um Chefe de Governo, depois docessar-fogo no Golfo Pérsico. Longos eaflitos foram os momentos vividos pelacomunidade de nações que, até 2 de agostoúltimo, se havia deixado convencer de queo fim da Guerra Fria, o esgotamento dastensões ideológicas e a aproximação entreas duas superpotências haviam, de fato,inaugurado uma nova era de entendimento,fraternidade e solidariedade entre os povos.

Vossa Excelência desembarca,portanto, em terra brasileira sob o peso

simbólico da história. Em junho passado,em Milão, na cerimónia de abertura doCampeonato Mundial de Futebol, tive aoportunidade de manter um primeirocontato com Vossa Excelência. Agora adistinção de sua visita haverá de permitir-nos um diálogo mais fecundo sobre nossasrelações bilaterais. A nova aurora de pazemergente no Oriente Próximo, esperamos,renovará as esperanças na consolidação deum mundo mais solidário e criativo. Sãoestímulos promissores. Somente osgrandes povos conseguem multiplicar aspossibilidades de interação acima dosdesafios igualmente múltiplos que insistemem levantar-se ao desejo comum deprosperidade e cooperação.

Disso, a Roménia já nos trouxe bomexemplo. A estrita observância de umprincípio, para nós fundamental, de políticaexterna - o da não-ingerência em assuntosinternos de outros países - não nos impediu,Senhor Primeiro-Ministro, de acompanhar,com incontida admiração, o processo detransformações, iniciado pela Roménia apartir de dezembro de 1989.

Sabemos que não é isenta depercalços e contradições a tarefa deconduzir a transição de um regime marcado

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pelo monopólio do poder político eeconómico para uma sociedade maisdemocrática, alicerçada no pluralismo deideias e de partidos políticos, bem comono pleno funcionamento das forças domercado. Não obstante, Vossa Excelênciavem demonstrando a determinação de levara bom termo este complexo processo detransição para uma sociedade pluralista.

No plano internacional, verificamosa disposição da Roménia no sentido de des-mantelar ou dar nova orientação a ins-trumentos tornados obsoletos com a supe-ração da política de blocos e, sobretudo, aintensa atuação da diplomacia romena nosentido de buscar uma reinserção do paísem estruturas pan-européias de cooperaçãoe integração.

Também no Brasil, Senhor Primeiro-Ministro, completada a fase de restauraçãodo regime democrático com as eleiçõespara o cargo de Presidente da Repúblicaem 1989, atravessamos período deimportantes reformas que exigem o plenoengajamento de todos os segmentos dasociedade e a permanente disposição doGoverno para o diálogo político.

Estamos igualmente empenhados nofortalecimento das instituições democrá-ticas, da iniciativa privada e da livreconcorrência, com o objetivo de vencer abarreira do atraso e aumentar a competiti-vidade de nossa economia em um contextointernacional marcado pela formação degrandes blocos regionais de integração.

A consciência ecológica mudou aprópria concepção do progresso humanoe exige dos governantes que proponhamnovas perspectivas para a ação do Estado.

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No Brasil, a conservação da natureza temsido preocupação central da ação de meuGoverno. Algumas das medidas queadotamos já deram frutos significativos.Um exemplo notável é a drástica reduçãodo desmatamento na Floresta Amazônicaque, entre 89 e 90, recuou em cerca de30%. E continuará a recuar.

Sabemos que a questão ecológica éuniversal. Requer debate amplo, racionale equilibrado. Assim, será o debate naConferência sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento, que o Rio de Janeiroabrigará em 92. Espero a participação deVossa Excelência, que sei ser um homemde ciência, de reflexão. O Brasil deseja quea reunião vá além do exame de medidasespecíficas. O que queremos é tocar na raizdo problema ecológico, examinando opróprio modelo de desenvolvimento hojehegemónico, em que se produz e seconsome como se os recursos naturaisfossem infindáveis. É necessário e urgenteafastarmos a ameaça do desequilíbrioecológico. Podemos fazê-lo. E, no marcoda Conferência Rio-92, a perspectiva doTerceiro Milénio nos permitirá repen-sarmos, de forma profunda, sem precon-ceitos, uma nova relação do Homem coma Terra.

Senhor Primeiro-Ministro,

Senhoras e Senhores,

Estou convencido de que asmudanças empreendidas, tanto pelo Brasil,quanto pela Roménia, tenderão a favorecera intensificação das relações entre os doispaíses e o surgimento de novos horizontesno diálogo político bilateral. Sobretudo noplano económico, os processos de trans-

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formação apresentam significativos pontosde convergência. Depois de muito tempovivendo sob o signo do estatismo, no casoda Roménia, e da excessiva regula-mentação da atividade económica, no casodo Brasil, nossas economias abrem-se àsforças do mercado, devolvendo a nossasindústrias a vontade de produzir e pre-parando-as a enfrentar a intensa compe-tição internacional.

Sabemos que o comércio entre aRoménia e o Brasil ainda está longe derefletir o potencial económico de nossospaíses. Mas estamos dispostos a envidaros melhores esforços para modificar estequadro. Aproveito para fazer, aqui, umchamamento aos representantes do setorprivado para que demonstrem ousadia ecriatividade na busca de oportunidades denegócios e de realização de projetosconjuntos no campo industrial ou no deprestação de serviços.

O Brasil estima poder diversificar,consideravelmente, a pauta de produtosque exporta para a Roménia, hoje aindaconcentrada em minérios e matérias-primas. O desenvolvimento e a diversidadealcançados pelo parque industrial brasileirohabilitam-nos a oferecer ampla gama deprodutos industrializados e também aprestar serviços nos mais variadossegmentos de atividade. A visita de VossaExcelência ao complexo de Itaipu ter-lhe-á permitido avaliar a pujança e a capaci-dade da nossa engenharia. Aí avolumam-se perspectivas de cooperação, onde asnovas e redinamizadas empresas romenasde certo haverão de encontrar terreno fértilpara a parceria com empresas brasileiras,

cristalizando a complementaridade entrenossos respectivos parques industriais.

A visita do Ministro de Estado daInfra-Estrutura à Roménia em novembroúltimo, ocasião em que foi gentilmenterecebido pelo Presidente Ion Iliescu, éilustrativa da disposição do Governobrasileiro de identificar novas áreas decooperação entre os dois países, tanto maisporque, juntos, poderemos melhorenfrentar os desafios da revolução tecno-lógica.

O hiato entre países industrializadose países em desenvolvimento no terreno dasciências e da aplicação de tecnologias avan-çadas só tem aumentado. Preocupa aoBrasil a adoção, por parte dos paísesindustrializados, de mecanismos decontrole da difusão do conhecimentotecnológico em áreas de ponta.Consideramos que tal situação tende a levara um congelamento do saber, vicário docongelamento do poder mundial.

Estou seguro de que nossos países,cônscios da importância que assume acooperação científica e tecnológica napromoção do desenvolvimento, saberãoexplorar vias criativas de ação conjunta,indo muito além das possibilidadesoferecidas pelo intercâmbio de produtos.

Senhor Primeiro-Ministro,

A visita de Vossa Excelência jáconstitui, assim, marco nas relações entrea Roménia e o Brasil. O desenho das no-vas oportunidades que se esboçam nohorizonte da cooperação bilateralaproxima, estreitamente, nossos países eempresta concretude à importância, fluidez

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e cordialidade de nosso diálogo político.O relato das jornadas cívicas do povoromeno ganhou dimensão com a presençade Vossa Excelência em terra brasileira,também orgulhosa de suas conquistasdemocráticas. O renascimento das espe-ranças de entendimento e paz que nos sopraa evolução da crise no golfo abençoa esteencontro amigo e promissor entre romenose brasileiros.

Ao convidar os presentes a ergueremcomigo um brinde à saúde e à felicidadepessoal de Vossa Excelência e àprosperidade crescente do povo romeno,reafirmo minha convicção de que, nofuturo, como no presente, Roménia e Brasilhaverão de consolidar os laços de amizadee cooperação que, no curso desta, para nós,grata visita, Vossa Excelência tanto nosajudou a fortalecer.

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Ministro Rezek dá aula inauguralno Instituto Rio Branco

Aula Magna ministrada pelo Ministro FranciscoRezek no Instituto Rio Branco, em 21 de marçode 1991

Oenhores Secretários-Gerais,

Senhores Embaixadores

e demais membros

do Serviço Exterior do Brasil,

Alunos do Instituto Rio Branco.

A aula inaugural deveria ser antes detudo uma aula, não uma conferência. Issodeterminará o tom aqui adotado e tambéma falta de limites à expressão mais profundado pensamento de quem a profere.

Queria que recordassem umacircunstância tantas vezes abstraída, tantasvezes esquecida, em geral acidentalmentee não de modo intencional, mas que deveestar presente no espírito de todo diplomatabrasileiro. Não há, no que concerne àdeterminação da política exterior daRepública, não há nada que autorize asupor que este setor do largo espectropolítico seja estranho à teoria do mandatoque legitima o poder público e que dáconsistência a toda linha de açãogovernamental.

Talvez se tenha imaginado, emdeterminados momentos, e em determi-nados setores, que a política exterior é algoque se formula sem comunicação comaquilo que seria o sentimento popular; é

algo que se formula à base de um pensa-mento setorial de elite; é algo que se for-mula em ambientes absolutamenteestranhos àqueles da população brasileirano que ela tem de comum, no que ela temde cotidiano em sua vida.

Isso é rotundamente falso. Tal comono que concerne a transportes, aalimentação, a preços, a saúde pública, e aqualquer outro tema inserido no quadrodas responsabilidades governamentais,também no domínio das relações exterioresé a representação popular que legitima edá validade, portanto, a todas as diretrizesque um Governo democrático pretendaestabelecer de modo idóneo.

É certo, entretanto, que, especial-mente numa república como a nossa, ondea possibilidade da massa dos seres comuns,tantas vezes fustigados por circunstânciasdifíceis no seu dia a dia; num país onde essaexpressão numericamente maior dadimensão humana do Estado tem umacesso muito limitado à informação e tem,portanto, uma remota condição de refletirsobre relações exteriores e de, a propósito,formar opinião; é certo que aí nãocontaremos, necessariamente, com aquelapossibilidade de auscultar sentimentospopulares bem determinados, bem

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depurados, como sucede, quem sabe,noutras Nações menores, mais velhas emais eiradas pelo destino.

É sempre bom lembrar, também, aextraordinária percepção da realidade davida e da condição humana que nesta Casa,mais que em qualquer outro setor, seja doserviço público, seja das própriasinstituições privadas brasileiras, essapercepção aguda das realidades humanas,há de ter levado os membros do ServiçoExterior do Brasil - e aí incluídos os maisjovens, os que nele começam nos bancosdo Instituto Rio Branco - ao conven-cimento de que nem todo conhecimentohumano tem sua base na razão pura, temsua base na informação. Há o nãonegligenciamento da intuição como fatorde domínio da realidade e de determinaçãodas tendências em processo de formação.Esse fato, sem dúvida alguma, nos permitecompreender melhor como é importanteque mesmo lá, onde a leitura e a informaçãonão façam parte do cotidiano das pessoascomuns, será sempre possível auscultar taissentimentos, e neles fundar, à base doprincípio representativo, àbase do princípiodemocrático, as linhas mestras da ação doGoverno.

Por isso, por não estarmos gravi-tando num patamar superior àquele darealidade humana brasileira, por nãoestarmos num salão que sobrepaire essarealidade, e que, envolto em guirlandas,possa ignorá-la; por isso a política exte-rior do Brasil há de ter como pilares oequilíbrio e a transparência, o que teráestado presente na consciência de tantosmembros dessa instituição no passado, mas

que, agora, está sendo declarado com aênfase e com a constância que o momentorequer.

É fundamental que nos demos contade que a situação do Brasil, no quadrointernacional, a situação do Brasil no largocenário da sociedade internacionalcontemporânea, não o polariza, não fazdele um país suscetível de agregar-se demodo incondicional, ou quase isso, aalguma corrente extremamente marcadapela nitidez de seus interesses específicosdentro desse mesmo cenário, interessesque, de algum modo, se contrapõem aoutros, e que criem a situação de polaridadeque sempre existirá em domínios diversosdo contexto, mesmo quando eliminada asua forma mais aguda, penosa edispendiosa que foi ao longo de algumasdécadas, a Guerra Fria.

O Brasil é um país vocacionado paraposições de equilíbrio, é claro que posiçõesde equilíbrio nunca são de inteiro agradode quem - por razões que lhe serãopróprias, e que respeitamos em últimaanálise - de tal ponto se distancia,assumindo as posições de quem pode oudeve fazê-lo em razões de interesses quenão se confundem com os nossos. Esseequilíbrio determinou várias linhas de açãodo Governo brasileiro nos últimos meses,e ele nos custou também alguma coisa, nãoem matéria de desgaste junto às bases emque se sustenta a autoridade governa-mental. Mas, como terão podido acom-panhar, isso não foi de um agrado unânimedo quadro social, do quadro dopensamento brasileiro, e foi pago preçobastante módico, diga-se de passagem, por

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se haver honrado aquilo que ao Governolhe pareceu bem ser o sentimentogeneralizado dos brasileiros.

O outro tópico é a transparência.Sempre será oportuno lembrar que, emboraa diplomacia, em diversos de seusdesdobramentos no mundo exterior,reclame discrição, reclame instâncias váriasde sigilosidade, não menos certo é que oque orienta a ação exterior do Estado háde ser do conhecimento público, e daslinhas mestras dessa ação exterior doEstado, pelo setor competente do seu ser-viço público, há de se dar conta permanenteà população brasileira.

Sempre tive receio de que fôssemosvistos como uma instituição de algummodo hermética, de algum modoartificialmente hermética, uma instituiçãode elite, não só pela qualidade reconhecidae por todos proclamada dos seus quadros,mas de elite também pelo seu fechamentoà comunicação social. É preciso que fiquebem claro que, de modo cada vez maisdefinitivo e irreversível, temos tido aconsciência de que esta Casa deve contasà sociedade brasileira daquilo que articula,daquilo que pensa e daquilo que,sobretudo, são os seus objetivos. Objetivosdo Governo brasileiro, pela Casadimensionados e operacionalizados, e que,em nenhuma hipótese, qualquer equívocoou qualquer erronia relacionada com acondução dos negócios exteriores doEstado brasileiro resultará de umaobturação, de um eclipse na nossa co-municação, de uma forma qualquer de frus-tração nesse conduto necessariamentelubrificado de entendimento entre a Casade Rio Branco e os brasileiros em geral.

Senhores, é de todos sabido que anossa perspectiva de negociaçãointernacional bem sucedida, o nosso poderde barganha na cena internacional - seja noternário político, seja, quem sabe maisainda, no ternário económico, financeiro,em toda problemática tão atual concernentea nossa dívida, por exemplo, e em temasvariadíssimos ao infinito -, em todas asvertentes da nossa ação exterior, o nossopoder de barganha, a nossa potencialidadede negociação tem a ver com uma imagemque, de si, o país projete lá fora. Não háfrivolidade na ênfase que se dê, sempre, àimagem do país no mundo exterior, noquadro da sociedade internacional. Nãomenos certo, entretanto, é que a imagemnão se produz por agenciamento, a imagemnão se produz por contratação deescritórios idóneos na cidade de NovaYork, ou onde mais seja. A imagem é umaprojeção inevitável da realidade. É certo,portanto, que o nosso poder de barganhacai, em determinada medida, no momentoem que a nossa imagem comporte aindaante si, determinadas sombras, à conta deproblemas estruturais na nossa realidade,cuja solução final não tenha sido possível,ainda, proporcionar.

Vivemos hoje um momento em que,sem embargo da profunda vontade deequacionar tais problemas; sem embargotambém da correção da metodologia quese estimou, no domínio económico,apropriada para solução de tais problemas,correção essa que se pode presumir,quando menos, pela falta de alternativa,pela falta de se ter até hoje visto, num paíspluralista como poucos, arejado comopoucos, vivendo um grau de liberdade de

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opinião e de manifestação do pensamentoque a nossa história nunca antes registroue que a história de pouquíssimos outrospaíses terá registrado; num país assim, nãoobstante, e sem embargo do fato devivermos um momento em que o Governonão tem maioria parlamentar, não tem baseparlamentar permanente sequer, não foipossível colocar-se na mesa aquilo queseria um projeto económico alternativo,construído, finalizado, coerente, e quepudesse, então, estar aos olhos de analistasbrasileiros isentos e de boa-fé, e quepudesse estar aí a competir de modo idóneocom o projeto económico em curso.

Sabemos, no entanto, que asdificuldades são maiores do que se teráimaginado de início: há resistências,sobretudo nos nossos hábitos; háresistências resultantes da formação danossa sociedade económica, em passadorecente, e que a orquestração dos agenteseconómicos é algo extremamente maiscomplexo do que se poderia haver ima-ginado. À custa disso, nós enfrentamos pro-blemas relacionados com a nossa imagemexterior, de solução mais lenta do quedaqueles outros, que dependiam de vontadepolítica, de coragem política. Dou-lhesalguns exemplos ilustrativos disso: osembaraços que até agora seguimosenfrentando no que concerne ao desenhofinal da nossa imagem, e à mensuração donosso poder de barganha, são problemasque têm a ver com finanças, que têm a vercom dinheiro, que têm a ver com vitali-dade económica, que não nos está sendopossível ostentar. No que dependesseapenas da vontade política, da coragemabsoluta de fazer coisas, ainda que

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contrariando interesses tantas vezespoderosos e muito eloquentes, o Brasilrecupera sua imagem e faz-se credor deextrema credibilidade no plano externo -refiro-me à questão ecológica, à questãoindigenista, à questão de repressão decertas formas de criminalidade. Quando,entretanto, resvalamos para aquelesdomínios onde há uma dependênciainevitável do suporte económico, aí nossotrabalho se torna extremamente mais difícil.

Vou-lhes falar de um tema que é atuale que nos têm preocupado: o da violênciaurbana contra crianças, à base de uma certatolerância do meio social que estariacontaminado pela ideia extremamenteviciosa de que essa violência, em últimaanálise, reprime no nascedouro vocaçõesà delinquência. É uma questão de extremaseriedade, a ser meditada, se não há aí umacriminalidade avulsa, se há algo que o meiosocial periférico de algum modo tolera; issoreclama uma ação estatal educativaextremamente enérgica e imediata. Mas, eulhes dizia, nesse setor não temos con-seguido grande sucesso. Isso tem a ver coma necessidade de fundos, com a necessidadede recursos, com a necessidade de sólidabase económica para se reformular, porexemplo, o esquema policial de Estados dafederação brasileira, e mais que tudo, parair realmente ao cerne da questão, paracorrigir mazelas sociais que assolam asperiferias de grandes centros urbanos, e quesão a causa última do fenómeno.

Queria dizer-lhes, também em caráterde análise tópica, algo a respeito desituações recentes que o Brasil teve deenfrentar e que o Governo acredita haverenfrentado levando em consideração

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aquelas diretrizes maiores do equilíbrio eda transparência resultantes da suainspiração em sentimentos popularesmajoritários. Refiro-me, sobretudo, à crisedo Golfo. De todos esses eventos recentes,o mais importante.

Terão os Senhores a lembrança deque, no primeiro momento, e desde então,o Brasil comportou-se como um país queprestigia o esquema das Nações Unidas,um país sabedor de que não chegamos, noâmbito da ONU, àquele grau de requintejurídico em que seja realmente obrigatóriopara um Estado soberano, pela suacondição de membro, implementardecisões do Conselho de Segurança ou daAssembleia Geral. Mas é seu dever fazê-lo, e é seu dever fazê-lo com a transparênciaapropriada, quando exista nele, no Estadosoberano, a convicção de que a Resoluçãofoi tomada à base do melhor Direito, queela tem consistência e inspiração na própriaCarta da Organização.

Assim foi, que, diante da açãoiraquiana de dois de agosto de 1990,tomadas as Resoluções do Conselho deSegurança, dois dias seguintes, o Brasil sesentiu no dever de implementá-las deimediato, valendo-se para isso até mesmodas formalidades que no seu Direito internoprestigiam de modo absoluto normas deprodução externa; normas exógenas quetêm que ser de algum modo traduzidas parase incorporar à ordem jurídica interior, eobrigar, não somente os agentes do poderpúblico, mas, também, setores privados dasociedade, tal qual sucedeu na Resoluçãoconcernente ao embargo imposto peloConselho de Segurança das Nações Unidasao Estado iraquiano.

Havia no Governo brasileiro aconvicção de que o Conselho, duranteaquele período incipiente da crise, procediaà luz daquilo que se devia esperar de umórgão das Nações Unidas, na conformidadeda sua Carta. Presenciara-se a tomada, poração unilateral, de um território soberano,presenciara-se uma pretendida anexação.O argumento do Estado agressor erainconsistente no primeiro momento.Mudou depois de natureza e subsistiuinconsistente. Sofreu uma segunda alte-ração e aí ostentou verossimilhança,embora não se pudesse estabelecer umarelação direta entre o argumento e a açãomilitar que se pretendia legitimar dele.

Recordam, seguramente, que, naprimeira hora, o Governo iraquianoestatuiu que aquela ação empreendidacontra o território do Kuaite, haviaresultado de três queixas sérias: a políticakuatiana relacionada com preços dopetróleo que estava a abastardar taisvalores, e a causar prejuízos ao vizinhoEstado produtor; um hipotético furto depetróleo por perfurações diagonais na linhade fronteira; e, finalmente, a existência, noKuaite, de um movimento popularinsurrecional vocacionado para a derrubadado regime monárquico, e ao qual secuidava, portanto, de trazer aporte, detrazer auxílio, ou de subsidiar pela forçaarmada.

Verificou-se que esse movimentoinsurrecional não existia. Poucos dias fo-ram necessários para que se soubesse queisso era uma ficção. Também não procediaa tese do furto de óleo, e, por último, aprática de uma política menos ambiciosa,no que concerne a preços internacionais de

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qualquer produto que seja, é uma constanteno domínio das relações económicasinternacionais, e nunca se soube antes queisso era uma razão de tomada militar deterritório alheio e anexação.

Sabem que, num segundo momento,a razão do gesto passou a ser outra, passoua ser a raiz histórica do território do Kuaite.Trouxeram-se à mesa certas açõesocidentais no primeiro pós-guerra, e nodesenho geográfico daquela área vindicou-se a tese de que estaríamos ali, diante deum espaço, naturalmente afeto à grandenação iraquiana, e que se cuidava, portanto,de recompor.

Sabem todos os Senhores a que issoconduziria se fosse levado a sério. Ageografia universal não teria nenhumaestabilidade, as nossas próprias fronteirasseriam mais do que discutíveis, se se dessea outrem o direito de retomar aquilo que,num determinado momento, resultou nossopor força da evolução natural dos fatos nopróprio terreno, e por força de váriasformas que, hoje - estou-me referindo jánão à América, mas ao Velho Mundo - ,hoje, ilegítimas de aquisição de domínioterritorial, mas no passado legítimas. Nuncaé demais lembrar que é no século XX quea aquisição de território, por força da vi-tória em campo de batalha, tornou-se ilegí-tima, tornou-se impalatável. Isso remonta,segundo os mais otimistas, a 1919. Outrospensam em 1928. De 1945 para cá,seguramente, não se pode dizer: "Esta terraé minha porque fui bem sucedido em campode batalha". Mas, no passado, essa era umadas maneiras de se adquirir território, e,sem dúvida alguma, quantos e quantosterritórios que hoje se desenham, no âmbito

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da jurisdição de Estados soberanos, foramassim adquiridos. Esse argumento,decididamente, não podia prevalecer.

Foi num terceiro momento que setrouxe à mesa a questão palestina. E aí sim,aí todos foram lembrados daquilo que nãodeveria deixar a agenda de nenhum Estadosoberano na atualidade, de que há umapendência extremamente séria na região.O momento em que o Governo iraquianopareceu extremamente convincente foijusto aquele em que disse: "Atenção, o queestá acontecendo neste momento no Golfo,por força do nosso empreendimento de doisde agosto último, não é uma anomaliaavulsa numa região isenta de problemas,num oásis, num cenário de absoluta paz eprimado do Direito. Não: existem outraspendências na região às quais o Ocidentedevia ter prestado maior atenção, e nãodormir sobre elas em tempo de paz".

Nesse momento, a manifestação ira-quiana parecia sacudir um pouco seusinterlocutores, sendo certo, entretanto, quea questão palestina e a questão deresoluções anteriores do Conselho deSegurança, endereçadas, fun-damentalmente, ao Estado de Israel, eram,no mínimo, bem mais complexas do que aquestão atual do Golfo. Essa era de umagrosseira simplicidade, era um fato súbito,improvisado, consistente numa ação ar-mada de apropriação de território alheio.O Brasil, entretanto, não encontrou -embora tenha sido sempre essa a suaposição frente à atitude iraquiana e frenteàs resoluções do Conselho de Segurança -não encontrou razão para tomar de armasquando alguns países autorizados, não maisque isso, não exortados sequer e muito

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menos obrigados pelo Conselho de Se-gurança, entenderam de empreender a açãocorretiva armada.

Sabem que a decisão.do Conselhode 29 de novembro de 1990, que estabeleceaquele prazo para desocupação doterritório kuatiano, diz: não cumprido quefosse o prazo, as nações porventuradesejosas de socorrer o kuaite narecuperação de sua jurisdição territorialestavam autorizadas a fazê-lo, valendo-separa isso dos meios necessários. Esse erao teor da resolução de 29 de novembro. Àluz dela, Estados, por razões que deci-didamente não tenho necessidade derecordar, por razões transparentes, porrazões notórias, sentiram-se motivados apôr sobre os ombros esse fardo, a assumiresse empreendimento. E lá foram.

Nunca soube, caríssimos alunos doInstituto Rio Branco, de que modo oPresidente da República e seu Chancelerteriam podido explicar à sociedade nossaparticipação militar, com risco de vidashumanas, com risco de vidas brasileiras narecomposição da soberania territorial doEmirado do Kuaite. Sem embargo dessaimperativa necessidade, por um devermínimo de atenção aos sentimentosreinantes na sociedade brasileira, oGoverno brasileiro nunca deixou de dizerque aquilo era uma ação legal.

Autorizada pelo Conselho deSegurança para responder a uma graveafronta a uma norma de direitointernacional, qual seja, a usurpação doterritório alheio, aqueles países que sesentiram motivados a fazê-lo, estavamagindo dentro dos limites da legalidade

internacional. Não estavam praticando oque quer que fosse de ilegítimo. Tambémisso ficou claro.

Como sabem os Senhores, há setoresda sociedade brasileira que apreciariam queo Governo da República fosse de algummodo mais permeável a certas injunçõesexteriores, fosse de algum modo maisalinhado com tal ou qual corrente deprocedimento na cena internacional. Foi omomento para que essa Casa lembrasse queé esta, e não outra, a sociedade à qual oGoverno brasileiro deve satisfações, semnenhum prejuízo do profundo e sincerorespeito que sentimos por governos queagiram a sua maneira, dando eles tambémsatisfação aos sentimentos reinantes nosseus próprios quadros sociais, e também,como aqui, verificados por aferições deopinião pública.

Uma breve palavra sobre a questãoatual e muito interessante das fronteiras doBrasil com países vizinhos. A Casa deveuexplicar, dias atrás, que a questãocolombiana era uma questão na fronteira enão uma questão de fronteira. Digo-lhesque, sem embargo da violência que essesepisódios recentes na fronteira colombianacomportaram, o que deveria preocupá-losé, sobretudo, a questão venezuelana, queparece menos transitória, porque aí nós nosdefrontamos com um dos problemascuriosos e atípicos de um serviço di-plomático. Nós nos defrontamos com umproblema grave num quadro em que os doisgovernos envolvidos falam, exatamente, amesma linguagem e ostentam a maisperfeita sintonia política. Como se explicaesse estranho fenómeno? Explica-se pelaação de grupos privados, explica-se pela

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forte injunção de interesses privadoschegando a envolver setores do poderpúblico e da representação popular numdeterminado Estado recente da federaçãobrasileira.

Com efeito, a fronteira Brasil-Vene-zuela é uma fronteira definida, milimetri-camente, em 1859. Foi aceita, consolidadae confirmada pelas duas partes. Não há umpalmo de terreno naquela fronteira que sejaduvidoso, que seja contestado, que sejalitigioso. Não há uma única divergênciaquanto a essa geografia entre os doisgovernos.

Sucedeu, entretanto, um problemaoriginalmente brasileiro: o da presençaclandestina de garimpeiros em terrasbrasileiras, onde, entretanto, não estavamautorizados a extrair riquezas mineraisporque não eram proprietários do solo -solo pertencente à União, reservasindígenas, na maior parte dos casos,sabendo-se que, ainda que proprietáriosfossem do solo, não poderiam utilizarriquezas do subsolo senão com autorizaçãodo poder público. Essa forma de ilegalidadeassociava-se, ainda por cima, quase queineludivelmente, à sonegação fiscal e aocontrabando e de nenhum modo servia aqualquer interesse nacional, a qualquerinteresse coletivo, sendo surpreendente quese conseguisse vender alguma imagem deaventura sedutora, positiva, a outras partesdo país, através da imprensa.

A essa ação ilegal com que oGoverno se defrontava dentro do seupróprio território veio a somar-se, maistarde, um outro tipo de problema, qual

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fosse o da presença de garimpeirosbrasileiros em terras venezuelanas.

Quando, recentemente, nospropusemos ao adensamento dos marcosnessa linha limítrofe, a um trabalho físicorudimentar, o de fincar no chão pedrasindicativas de uma fronteira desenhada em1859, e fincá-las à maior proximidade umada outra, de modo a evitar descuidismo, aevitar aquilo que se estava tornandofrequente, a presença de cidadãos emdeterminado território, alegando quesupunham encontrar-se no outro territó-rio, e dando origem a incidentes policiais;quando nos dispusemos a isso, houve umareação bem sugestiva daquilo que deveestar acontecendo, e da vitalidade daresistência que parece antepor-se a umaação legalista do Governo brasileiro e doGoverno venezuelano, em grande parteexplicada pela fartura dos recursoseconómicos que se encontram nas mãosdessas forças privadas ali existentes.

Não faltou nenhum ingredientefolclórico nessa bisonha contestação daatitude governamental conjugada: ofendeu-se até a memória de Joaquim Nabuco.Pessoas cujo horizonte intelectual e cujasleituras nunca devem ter passado de umpatamar extremamente modesto, punham-se a falar, de repente, em Joaquim Nabuco,e a mencionar o princípio jurídico do "utipossidetis", momento no qual, pelo menosas coisas pareceram mais transparentes. Aíparecia que abdicavam do discurso que setentou vender no primeiro momento, deque os dois países estariam redefinindo asua fronteira, e o Brasil, renunciando aterritório. Quando vozes autorizadas, nesse

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meio privado, passaram a invocar o "utipossidetis" as coisas se tornaram um poucomais claras: estavam querendo dizer quereconhecem que há gente nossa em terrasjuridicamente definidas e aceitas por nóscomo venezuelanas, mas que queriamentender que por causa da presença deindivíduos nossos naquela área, aquilo setornou nosso - como se o "uti possidetis"fosse invocável no final do século XX,sendo ele um princípio da época em que,na falta de textos de domínio consistente,dava-se, simplesmente, a preferência aquem tem a posse, mas a posse tranquila,mansa, pacífica, não contestada do terreno.

Receio, Senhores, que, apesar daação bastante didática dessa Casa, e doconvencimento já produzido em liderançasconscientes da própria política do Estadode Roraima, nós estamos nos defrontando- e vejam bem, sem embargo da perfeitasintonia com o interlocutor venezuelano -nós estamos nos defrontando com umproblema internacional de origem interna,bastante escusa por sinal, e que vai nosconsumir, num futuro próximo, maisenergia do que vem consumindo até hoje.

Um outro tema, um pouco maisgratificante, é a questão da América Latinaneste momento. Terão observado que,apesar das dificuldades económicasseríssimas que o continente enfrenta, queesta república enfrenta, e com ela tantasdas suas nações homólogas, apesar disso,nós vivemos um clima político cujo valorna história desse continente não pode sernegligenciado.

Seria de uma rematada estupidezrecusar a devida ênfase ao milagre político

que se processa neste momento na AméricaLatina, para consumir energias apenas nalamentação resultante da crise económicaque ainda não conseguimos, os países docontinente, ultrapassar. De fato, depois deanos de sombra, mais ou menos ásperos,mais ou menos violentos, essas nações sereencontram com a prática da democraciapluralista, e há nelas o profundoconvencimento de que isso é definitivo, oude que isso é irreversível, de que não hávolta ao passado, de que podemos, e paratodo o sempre, nos orgulhar daquilo quepraticamos como sistema político. A essaagregação política se soma a convicção deque podemos realizar, agora com êxito,algo no domínio económico.

De fato, havia pelo menos duaspoderosas razões para que, no passado, osonho da integração latino-americana nãoandasse em ritmo nenhum, que fosse algoextremamente inconsistente e ilusório.Essas razões eram a falta dehomogeneidade, maturidade e qualidadepolítica nas repúblicas, ou naquelas maisexpressivas dentre elas, o que era pior. Osegundo, já de índole operacional, a ilusãode que se pudesse construir um sistemaintegrado, economicamente, partindo doconjunto, não andando por etapas, nãoassumindo a tarefa de organizar subgruposque depois se somassem e produzissemalgo maior.

Agora, num momento político extre-mamente alentador, e com confiança ex-trema na solidez das bases políticas docontinente, é que se passa a trabalhar comêxito, e o calendário o demonstra, nodomínio económico. Essa convicçãoresulta de havermos partido também para

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algo mais inteligente como metodologia,ou seja, o Brasil, a Argentina, o Paraguai,e o Uruguai - podem crer que, no espaçode alguns meses e, seguramente, antes de1994, também o Chile -, esses países sepreparam para instaurar, no Cone Sul, oMercado Comum que vai coexistir comoutras experiências, acaso bem sucedidasem outros subgrupos, e que vai conduzirum dia a objetivo maior que é umaintegração económica, quem sabe latino-americana, quem sabe continental.

Mas não descuidem da atençãodevida a esse fato: se se está a trabalharagora com perspectivas boas de êxito, nodomínio económico, é porque o fundopolítico da homogeneidade continental veioa ser uma realidade. É só por isso quetrabalhamos acreditando que a experiênciaeconómica integracionista dará certo e quenão tardaremos tanto a vê-la coroada deêxito.

Senhores, esse é o momento em quese constrói, todos dizem, em que seconstrói uma nova ordem políticainternacional, uma nova ordem económicainternacional. O evento do Golfo veio atrazer lições que não eram esperadasporque a própria crise resultou de um fatosingular e surpreendente. Preparamo-nospara nos aproximar do século XXI, sob osigno do final da Guerra Fria, sob o signoda grande esperança que o final da GuerraFria nos havia trazido ao espírito. A crisedo Golfo revelou que as coisas não sãoassim tão simples, que a negligência dacomunidade internacional em tempo de pazé uma matriz permanente de crises e depossíveis conflitos armados. A falta devontade, a falta do desejo firme de corrigir

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defeitos, vícios, tantas vezes graves noquadro internacional conduz, inevi-tavelmente, e a qualquer momento, a si-tuações como aquela que enfrentamos nosegundo semestre de 90 e nos primeirosmeses do ano de 91.

Há uma convicção generalizada, por-tanto, de que deveríamos passar a limpoessas pendências, de que não deveríamosdeixar de substituir o foco possível de cri-ses novas. Há, também, uma grandeimportância em que, neste contexto, seabandonem políticas de aceitação passivae conformista com aquilo que seria umarealidade hegemónica, resultante da vitóriados coligados no conflito do Golfo. Não,as coisas não são assim, se devessem serassim, não durariam nada.

Que não se iludam os entusiastas decertas lideranças: se as coisas devessem serassim, a sua confiabilidade seria nula, e elas,felizmente, diga-se de passagem, não dura-riam nada. É preciso construir umasociedade internacional em baseshorizontais, onde não se abstrai, olimpi-camente, a diferença de peso específicoentre as nações, mas onde se procure fazercom que as grandes regras do jogo sejamresultado de um consenso. O foro naturaldessa construção jurídica e ética, sobretudoética, mais ética do que jurídica, é a Or-ganização das Nações Unidas, combalidapor cada uma das décadas de sua existênciadesde 1945, enão menos combalida nessesúltimos meses, mas quem sabe se redimidapela sua própria humildade, e vista, agora,como algo que se deve, com todo esforçonecessário para tanto, salvar e erigir emforo natural da horizontalidade de uma

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nova ordem internacional, onde as grandes Os Senhores terão o privilégio delinhas se estabeleçam mediante consenso. acompanhar esse processo numa fase

A Organização não se fortaleceu incipiente da carreira e eu os parabenizodentro da crise, mas, curiosamente, viu sua Po r l s s a

importância ser reconhecida, viu as diversasnações se compenetrarem de que ela nãopode permanecer nessa situação deextremado vexame, e que ela precisarecompor-se e tornar-se confiável para queentremos, com alguma segurança coletiva,com alguma confiança em que a paz reinaráentre as nações, no século XXI, que nosespera a tão curto prazo. Este é o tópicode maior importância na cena internacio-nal contemporânea: a necessidadeimperativa de que a Organização dasNações Unidas seja confiável à base decertas demonstrações oportunas deeficácia, na solução de problemaspendentes no quadro internacional, e à basetambém, seguramente, da alteração dealgumas de suas regras de funcionamento.Isso, sem dúvida, tem a ver com as relaçõesentre a Assembleia Geral, o Conselho deSegurança, a Corte Internacional deJustiça, o Conselho Económico e Social,mas tem a ver talvez, em larga medida, coma estrutura da composição e o método defuncionamento do Conselho de Segurança.

Não tenho a menor dúvida de que,quando estivermos na iminência de queessas regras se refaçam, e de que o perfildefinitivo da Organização seja desenhado,países como o Brasil, que nunca seentregaram a radicalidades, que nuncaassumiram posturas histéricas na cenainternacional, que nunca quiseramdistanciar-se de um estudado ponto deequilíbrio, terão uma mensagem extre-mamente importante a produzir.

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Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguaicriam Mercado Comum do Sul

(MERCOSUL)

Discurso do Presidente Fernando Collor porocasião da assinatura do Tratado para aConstituição do Mercado Comum do Sul(MERCOSUL), em Assunção, em 26 de marçode 1991

Jll/ste encontro que hoje celebramosconstitui marco de indiscutível significadona história de nossos quatro países e daAmérica Latina. Presenciamos, neste atode assinatura do Tratado para aConstituição do Mercado Comum do Sul,o início da materialização de algumas dasmais altas e antigas aspirações de nossospovos. Ao concluirmos este Tratado,reafirmamos a inabalável vontade políticados Governos da Argentina, do Paraguai,do Uruguai e do Brasil de somar esforçosna tarefa solidária de construção desociedades mais prósperas, mais justas econvictamente comprometidas com asliberdades essenciais e o regime democrá-tico, sociedades atentas sempre à necessi-dade do desenvolvimento em harmoniacom o meio ambiente. Estabelecemos poresta via um mercado integrado de 200milhões de pessoas: argentinos, paraguaios,uruguaios e brasileiros, irmanados numespaço comum onde barreiras nacionais, oprotecionismo e as discriminações de todaordem estarão definitivamente superadas.

Mais do que uma estratégia conver-gente de desenvolvimento, a assinatura do

Tratado constitutivo do MERCOSUL é areafirmação da vontade de nossos povospela cooperação, pelo entendimento e pelapaz, como princípios inabaláveis deconvivência. Essa postura baliza as relaçõesentre os quatro países desde longa data,na vitalidade de nossos vínculoseconómicos, políticos e culturais. São basessólidas, a nos ampararem solidariamente nabusca de respostas comuns e efetivas aosdesafios que se assomam no horizonte daordem económica internacional. NossosGovernos vêm enfrentando com galhardia

> esses desafios. Temos empreendidoreformas internas corajosas de redefiniçãodo papel do Estado, de aperfeiçoamentodas instituições democráticas, de resgateda capacidade produtiva, de estímulo àsforças de mercado, de abertura ao exte-rior, de modernização económica, comênfase particular à melhoria crescente donível de vida de nossos povos. Este é ocaminho da integração que haverá deconsolidar as conquistas já alcançadas, e aabrir espaço para outros empreendimentosigualmente criativos e consequentes paranosssas sociedades.

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Sabemos que este exemplo decooperação que hoje exibimos orgulhosa-mente ao mundo é apenas um ponto departida para a realização de obra aindamaior, o Mercado Comum do Sul,instrumento inadiável para que possamos,juntos, somando esforços e imaginação,ultrapassar as mazelas da "década perdida",e, fundamentalmente, a estagnação econó-mica, o atraso tecnológico e a indignidadede grande parte dos indicadores sociais denossos países.

Não lançamos, hoje, uma obraretórica e decorativa da história do ConeSul. Há anos, viemos trabalhando,incessantemente, para nivelar ao plano dacooperação económica a excelência denosso entrosamento político. Sabíamosque, numa conjuntura internacional emtantos capítulos adversa, à conta do res-surgimento extemporâneo de barreirascomerciais, práticas protecionistas emedidas discriminatórias no sentido Norte-Sul, a alternativa mais recomendável era aviabilização do que, aqui, na capitalparaguaia, estamos concretizando, para asurpresa dos pessimistas, mas para agrandeza e a prosperidade de nossos países.

Sabíamos que, num mundoagigantado pela transnacionalização dasrelações económicas e financeiras e, aomesmo tempo, seduzido pelo impulso dereunir, em megablocos, os influentescentros pós-industriais, não havia opção àmodernidade.

Começamos a escrever nossa própriamodernidade criando um Mercado Comumque, ao fortalecer nossa capacidade

produtiva, no lastro da complementação denossas economias, não nos fecha ao exte-rior. Pelo contrário, abençoa nossomecanismo sub-regional de integração acerteza de que, juntos, nos abrimosenriquecidos à parceria com terceiros, aofluxo de capitais, à renovação tecnológica,ao vigor, enfim, das forças mais pro-missoras do cenário internacional.

Em busca da modernidade, vamosparticipar da obra de construir um planetasadio, um mundo em que o Homem jamaisperca de vista o imperativo da preservaçãoda natureza.

V) Aqui, em Assunção, na fraternidadede quatro Chefes de Estado, escrevemosuma página importante da história latino-americana. Diante de desafios por vezesassustadores de nossa época, optamos porrechaçar posturas confrontacionistas eassumir nosso dever, como estadistas, deelaborar e implementar respostasconcertadas, criativas e eficazes queacenam a nós e a nossos filhos comperspectivas realistas de futuro na ordeminternacional que ora se constrói. Aqui, emAssunção, com o testemunho de nossoscompatriotas, restituímos a fé em nossodestino.

Senhores Presidentes,

Minhas Senhoras, meus Senhores,

O projeto que hoje vemosconcretizar-se no MERCOSUL aproximaobjetivos que nenhum país poderia lograratravés de ações isoladas. Por isso, o Brasilsempre prestou e continuará a prestar to-tal apoio às iniciativas de integração nocontinente, em especial àquelas ao amparo

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do Tratado deMontevidéu, de 1980. Avan-çaremos por etapas, em empreendimentosconcretos, condizentes com as reaispotencialidades de cada país, de modo anão frustrar algumas de nossas mais carasesperanças associadas à integração re-gional. A esse respeito, com gratasatisfação anuncio medida que simboliza oespírito de amizade que preside este nossoencontro de hoje e reafirma o compromissobrasileiro com o continuado aperfeiço-amento das formas de entendimento entrenossos países. Determinei que sejam isentasda aplicação do Adicional ao Frete para aRenovação da Marinha Mercante asimportações provenientes dos nossosparceiros do MERCOSUL.

O Brasil espera traduzir emrealização no campo econômico-comerciala profunda identidade histórica que nosune. Saudamos os avanços já realizados emoutros esquemas sub-regionais deintegração e associação no Continenteamericano, em especial aqueles no âmbitoda Associação Latino-Americana deIntegração. O MERCOSUL não consti-tuirá uma área económica excludente, masum espaço plenamente acessível ecomplementar à cooperação e ao inter-câmbio com todos esses países e gruposde países da América Latina.

Presidente Andrés Rodríguez,

Quero neste momento congratular-me em especial com Vossa Excelência ecom a nação paraguaia tanto pelos fortes etradicionais laços de amizade e cooperaçãoque mantêm, bilateralmente, os nossospaíses, quanto pelo espírito integracionistaque Vossa Excelência soube infundir em

nosso encontro, decerto em sintonia comos desejos mais espontâneos deste povoamigo, justificando amplamente o orgulhocom que hoje celebramos, na cidade deAssunção, a cerimónia de assinatura doTratado Constitutivo do MERCOSUL.

Agradeço pela não menos exemplarhospitalidade com que Vossa Excelência ea generosa gente paraguaia nos acolhemnesta cerimónia de significado históricopara todos nós, paraguaios, argentinos,uruguaios e brasileiros, hoje mais do quenunca congraçados no caminho damodernidade, esteio indispensável aoamadurecimento de nossas conquistasdemocráticas e à realização das mais jus-tas aspirações de prosperidade de nossospaíses e de bem-estar de nossos povos.

Que Deus nos ajude nesse grandeempreendimento.

Tratado para a Constituiçãode um Mercado Comum entrea República Argentina, aRepublica Federativa doBrasil, a República doParaguai e a RepúblicaOriental do Uruguai (Tratadode Assunção, 26^03/1991)

A República Argentina, a RepúblicaFederativa do Brasil, a República doParaguai e a República Oriental do Uruguai,doravante denominados "Estados Partes";

Considerando que a ampliação dasatuais dimensões de seus mercadosnacionais, através da integração, constituicondição fundamental para acelerar seusprocessos de desenvolvimento económicocom justiça social;

Entendendo que esse objetivo deve ser

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alcançado mediante o aproveitamento maiseficaz dos recursos disponíveis, a preservaçãodo meio ambiente, o melhoramento dasinterconexões físicas, a coordenação depolíticas macroeconômicas da complementaçãodos diferentes setores da economia, com basenos princípios de gradualidade, flexibilidade eequilíbrio;

Tendo em conta a evolução dosacontecimentos internacionais, em especial aconsolidação de grandes espaços económicos,e a importância de lograr uma adequadainserção internacional para seus países;

Expressando que este processo deintegração constitui uma resposta adequada atais acontecimentos;

Conscientes de que o presente Tratadodeve ser considerado como um novo avançono esforço tendente ao desenvolvimentoprogressivo da integração da América Latina,conforme o objetivo do Tratado de Montevidéude 1980;

Convencidos da necessidade depromover o desenvolvimento científico etecnológico dos Estados Partes e de modernizarsuas economias para ampliar a oferta e aqualidade dos bens de serviços disponíveis, afim de melhorar as condições de vida de seushabitantes;

Reafirmando sua vontade política dedeixar estabelecidas as bases para uma uniãocada vez mais estreita entre seus povos, com afinalidade de alcançar os objetivossupramencionados;

Acordam:

CAPÍTULO IPropósito, Princípios e

Instrumentos

ARTIGO 1

Os Estados Partes decidem constituir umMercado Comum, que deverá estar estabelecidoa 31 de dezembro de 1994, e que se denominará"Mercado Comum do Sul" (MERCOSUL).

Este Mercado Comum implica.A livre circulação de bens serviços e

fatores produtivos entre os países, através, entre

outros, da eliminação dos direitos alfandegáriose restrições não-tarifárias à circulação demercadorias e de qualquer outra medida deefeito equivalente;

O estabelecimento de uma tarifa externacomum e a adoção de uma política comercialcomum em relação a terceiros Estados ouagrupamentos de Estados e a coordenação deposições em foros econômico-comerciaisregionais e internacionais;

A coordenação de políticasmacroeconômicas e setoriais entre os EstadosPartes - de comércio exterior, agrícola,industrial, fiscal, monetária, cambial e decapitais, de serviços, alfandegária, detransportes e comunicações e outras que seacordem -, a fim de assegurar condiçõesadequadas de concorrência entre os EstadosPartes; e

O compromisso dos Estados Partes deharmonizar suas legislações, nas áreaspertinentes, para lograr o fortalecimento doprocesso de integração.

ARTIGO 2

O Mercado Comum estará fundado nareciprocidade de direitos e obrigações entre osEstados Partes.

ARTIGO 3

Durante o período de transição, que seestenderá desde a entrada em vigor do presenteTratado até 31 de dezembro de 1994, e a fimde facilitar a constituição do Mercado Comum,os Estados Partes adotam um Regime Geral deOrigem, um Sistema de Solução deControvérsias e Cláusulas de Salvaguarda, queconstam como Anexos II, III e IV ao presenteTratado.

ARTIGO 4

Nas relações com terceiros países, osEstados Partes assegurarão condiçõesequitativas de comércio. Para tal fim, aplicarãosuas legislações nacionais, para inibirimportações cujos preços estejam influenciadospor subsídios, dumping qualquer outra práticadesleal. Paralelamente, os Estados Partes

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coordenarão suas respectivas políticasnacionais com o objetivo de elaborar normascomuns sobre concorrência comercial.

ARTIGO 5

Durante o período de transição, osprincipais instrumentos para a constituição doMercado Comum são:

a) Um Programa de LiberaçãoComercial, que consistirá em reduçãotarifárias progressivas, lineares eautomáticas, acompanhadas daseliminação de restrições não tarifárias oumedidas de efeito equivalente, assim comode outras restrições ao comércio entre osEstados Partes, para chegar a 31 dedezembro de 1994 com tarifa zero, sembarreiras não tarifárias sobre a totalidadedo universo tarifário (Anexo I);

b) A coordenação de políticasmacroeconômicas que se realizarágradualmente e de forma convergente comos programas de desgravação tarifária eeliminação de restrições não tarifárias,indicados na letra anterior;

c) Uma tarifa externa comum, queincentiva a competitividade externa dosEstados Partes;

d) A adoção de acordos setoriais, com ofim de otimizar a utilização e mobilidadedos fatores de produção e alcançar escalasoperativas eficientes.

ARTIGO 6

Os Estados Partes reconhecemdiferenças pontuais de ritmo para a Repúblicado Paraguai e para a República Oriental doUruguai, que constam no Programa deLiberação Comercial (Anexo I).

ARTIGO 7

Em matéria de impostos, taxas e outrosgravames internos, os produtos originários doterritório de um Estado Parte gozarão, nosoutros Estados Partes, do mesmo tratamentoque se aplique ao produto nacional.

ARTIGO 8

Os Estados Partes se comprometem apreservar os compromissos assumidos até adata de celebração do presente Tratado,inclusive os Acordos firmados no âmbito daAssociação Latino-Americana de Integração,e a coordenar suas posições nas negociaçõescomerciais externas que empreendam duranteo período de transição. Para tanto:

a) Evitarão afetar os interesses dosEstados Partes nas negociações comerciaisque realizem entre si até 31 de dezembrode 1994;

b) Evitarão afetar os interesses dosdemais Estados Partes ou os objetivos doMercado Comum nos Acordos quecelebrarem com outros países membros daAssociação Latino-Americana deIntegração durante o período de transição;

c) Realizarão consultas entre si sempreque negociem esquemas amplos dedesgravação tarifárias, tendentes àformação de zonas de livre comércio comos demais países membros da AssociaçãoLatino-Americana de Integração;

d) Estenderão automaticamente aosdemais Estados Partes qualquer vantagem,favor, franquia, imunidade ou privilégioque concedam a um produto originário deou destinado a terceiros países nãomembros da Associação Latino-Americanade Integração.

CAPÍTULO IIEstrutura Orgânica

ARTIGO 9

A administração e execução do presenteTratado e dos Acordos específicos e decisõesque se adotem no quadro jurídido que o mesmoestabelece durante o período de transiçãoestarão a cargo dos seguintes órgãos:

a) Conselho do Mercado Comum;b) Grupo do Mercado Comum.

ARTIGO 10

O Conselho é o órgão superior doMercado Comum, correspondendo-lhe acondução política do mesmo e a tomada de

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decisões para assegurar o cumprimento dosobjetivos e prazos estabelecidos para aconstituição definitiva do Mercado Comum.

ARTIGO 11

O Conselho estará integrado pelosMinistros de Relações Exteriores e os Ministrosde Economia dos Estados Partes.

Reunir-se-á quantas vezes estimeoportuno, e, pelo menos uma vez ao ano, o farácom a participação dos Presidentes dos EstadosPartes.

ARTIGO 12

A Presidência do Conselho se exercerápor rotação dos Estados Partes e em ordemalfabética, por períodos de seis meses.

As reuniões do Conselho serãocoordenadas pelos Ministérios de RelaçõesExteriores e poderão ser convidados a delasparticipar outros Ministros ou autoridades denível Ministerial.

ARTIGO 13

O Grupo Mercado Comum é o órgãoexecutivo do Mercado Comum e serácoordenado pelos Ministérios das RelaçõesExteriores.

O Grupo Mercado Contum teráfaculdade de iniciativa. Suas funções serão asseguintes:

• velar pelo cumprimento do Tratado;• tomar as providências necessárias ao

cumprimento das decisões adotadas peloConselho;

• propor medidas concretas tendentes àaplicação do Programa de LiberaçãoComercial, à coordenação de políticamacroeconômica e à negociação de Acordosfrente a terceiros;

• fixar programas de trabalho queassegurem avanços para o estabelecimentodo Mercado Comum.

O Grupo Mercado Comum poderáconstituir os Subgrupos de Trabalho que foremnecessários para o cumprimento de seusobjetivos. Contará inicialmente com osSubgrupos mencionados no Anexo V.

O Grupo Mercado Comum estabeleceráseu regime interno no prazo de 60 dias de suainstalação.

ARTIGO 14

O Grupo Mercado Comum estaráintegrado por quatro membros titulares e quatromembros alternos por país, que representemos seguintes órgãos públicos:

• Ministério das Relações Exteriores;• Ministério da Economia seusequivalentes (áreas de indústria, comércioexterior e ou coordenação económica);

• Banco Central.Ao elaborar e propor medidas concretas

no desenvolvimento de seus trabalhos, até 31de dezembro de 1994, o Grupo MercadoComum poderá convocar, quando julgarconveniente, representantes de outros órgãosda Administração Pública e do setor privado.

ARTIGO 15

O Grupo Mercado Comum contará comuma Secretaria Administrativa cujas principaisfunções consistirão na guarda de documentose comunicações de atividades do mesmo. Terásua sede na cidade de Montevidéu.

ARTIGO 16

Durante o período de transição, asdecisões do Conselho do Mercado Comum edo Grupo Mercado Comum serão tomadas porconsenso e com a presença de todos os EstadosPartes.

ARTIGO 17

Os idiomas oficiais do Mercado Comumserão o português e o espanhol e a versão oficialdos documentos de trabalho será a do idiomado país sede de cada reunião.

ARTIGO 18

Antes do estabelecimento do MercadoComum, a 31 de dezembro de 1994, os EstadosPartes convocarão uma reunião extraordináriacom o objetivo de determinar a estruturainstitucional definitiva dos órgãos deadministração do Mercado Comum, assim

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como as atribuições específicas de cada umdeles e seu sistema de tomada de decisões.

CAPÍTULO IIIVigência

ARTIGO 19

O presente Tratado terá duraçãoindefinida e entrará em vigor 30 dias após adata do depósito do terceiro instrumento deratificação. Os instrumentos de ratificaçãoserão depositados ante o Governo da Repúblicado Paraguai, que comunicará a data do depósitoaos Governos dos demais Estados Partes.

O Governo da República do Paraguainotificará ao Governo de cada um dos demaisEstados Partes a data de entrada em vigor dopresente Tratado.

CAPÍTULO IVAdesão

ARTIGO 20

O presente Tratado estará aberto àadesão, mediante negociação, dos demaispaíses membros da Associação Latino-Americana de Integração, cujas solicitaçõespoderão ser examinadas pelos Estados Partesdepois de cinco anos de vigência deste Tratado.

Não obstante, poderão ser consideradasantes do referido prazo as solicitaçõesapresentadas por países membros daAssociação Latino-Americana de Integraçãoque não façam parte de esquemas de integraçãosubregional ou de uma associação extra-regional.

A aprovação das solicitações será objetode decisão unânime dos Estados Partes.

CAPÍTULO VDenúncia

ARTIGO 21

O Estado Parte que desejar desvincular-se do presente Tratado deverá comunicar essaintenção aos demais Estados Partes de maneiraexpressa e formal, efetuando no prazo desessenta (60) dias a entrega do documento de

denúncia ao Ministério das Relações Exterioresda República do Paraguai, que o distribuiráaos demais Estados Partes.

ARTIGO 22

Formalizada a denúncia, cessarão parao Estado denunciante os direitos e obrigaçõesque correspondam a sua condição de EstadoParte, mantendo-se os referentes ao programade liberação do presente Tratado e outrosaspectos que os Estados Partes, juntos com oEstado denunciante, acordem no prazo desessenta (60 ) dias após a formalização dadenúncia. Esses direitos e obrigações do Estadodenunciante continuarão em vigor por umperíodo de dois (2) anos a partir da data damencionada formalização.

CAPÍTULO VIDisposições Gerais

ARTIGO 23

O presente Tratado se chamará 'Tratadode Assunção".

ARTIGO 24

Com o objetivo de facilitar aimplementação do Mercado Comum,estabelecer-se-á Comissão ParlamentarConjunta do MERCOSUL. Os PoderesExecutivos dos Estados Partes manterão seusrespectivos Poderes Legislativos informadossobre a evolução do Mercado Comum objetodo presente Tratado.

Feito na cidade de Assunção, aos 26 diasdo mês março de mil novecentos e noventa eum, em um original, nos idiomas português eespanhol, sendo ambos os textos igualmenteautênticos. O Governo da República doParaguai será o depositário do presente Tratadoe enviará cópia devidamente autenticada domesmo aos Governos dos demais EstadosPartes signatários e aderentes.

PELOARGENTINA

GOVERNO DA REPÚBLICA

CARLOS SAUL MENEMGUIDO Dl TELLA

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PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASIL

FERNANDO COLLORFRANCISCO REZEK

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA DOPARAGUAI

ANDRES RODRIGUESALEXIS FRUTOS VAESKEN

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA ORIENTALDO URUGUAI

LUÍS ALBERTO LACALLE HERRERAHECTOR GROS ESPIELL

ANEXO IPROGRAMA.DE

LIBERALIZAÇÃOCOMERCIAL

ARTIGO PRIMEIRO

Os Estados Partes acordam eliminar, omais tardar a 31 de dezembro de 1994, osgravames e demais restrições aplicadas ao seucomércio recíproco.

No que se refere às Listas de Exceçõesapresentadas pela República do Paraguai e pelaRepública Oriental do Uruguai, o prazo parasua eliminação se estenderá até 31 de dezembrode 1995, nos termos do Artigo Sétimo dopresente Anexo.

ARTIGO SEGUNDO

Para efeito do disposto no Artigoanterior, se entenderá:

a) por "gravames", os direitos aduaneirose quaisquer outras medidas de feitoequivalente, sejam de caráter fiscal,monetário, cambial ou de qualquernatureza, que incidam sobre o comércioexterior. Não estão compreendidas nesteconceito taxas e medidas análogas quandorespondam ao custo aproximado dosserviços prestados; e

b) por "restrições", qualquer medida decaráter administrativo, financeiro, cambialou de qualquer natureza, mediante a qualum Estado Parte impeça ou dificulte, pordecisão unilateral, o comércio recíproco.

Não estão compreendidas no mencionadoconceito as medidas adotadas em virtudedas situações previstas no Artigo 50 doTratado de Montevidéu de 1980.

ARTIGO TERCEIRO

A partir da data de entrada em vigor doTratado, os Estados Partes iniciarão umprograma de desgravação progressivo, lineare automático, que beneficiará os produtoscompreendidos no universo tarifário,classificados em conformidade com anomenclatura tarifária utilizada pelaAssociação Latino-Americana de Integração,de acordo com o cronograma que se estabelecea seguir:

As preferências serão aplicadas sobre atarifa vigente no momento de sua aplicação econsistem em uma redução percentual dosgravames mais favoráveis aplicados àimportação dos produtos procedentes deterceiros países não membros da AssociaçãoLatino-Americana de Integração.

No caso de algum dos Estados Parteselevar essa tarifa para a importação de terceirospaíses, o cronograma estabelecido continuaráa ser aplicado sobre o nível tarifário vigente a1 de janeiro de 1991.

Se se redurizem as tarifas, a preferênciacorrespondente será aplicada automaticamentesobre a nova tarifa na data de entrada emvigência da mesma.

Para tal efeito, os Estados Partesintercambiarão entre si e remeterão àAssociação Latino-Americana de Integração,dentro de trinta dias a partir da entrada em vigordo Tratado, cópias atualizadas de suas tarifasaduaneiras, assim como das vigentes em 1 dejaneiro de 1991.

ARTIGO QUARTO

As preferências negociadas nos Acordosde Alcance Parcial, celebrados no marco daAssociação Latino-Americana de Integraçãopelos Estados Partes entre si, serãoaprofundadas dentro do presente Programa deDesgravação de acordo com o seguinte

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cronograma:

DATA/PERCENTUAL DEDESGRAVAÇÃO

Estas desgravações se aplicarãoexclusivamente no âmbito dos respectivosAcordos de Alcance Parcial, não beneficiandoos demais integrantes do Mercado Comum, enão alcançarão os produtos incluídos nasrespectivas Listas de Exceções.

ARTIGO QUINTO

Sem prejuízo do mecanismo descrito nosArtigos Terceiro e Quarto, os Estados Partespoderão aprofundar adicionalmente aspreferências, mediante negociações aefetuarem-se no âmbito dos Acordos previstosno Tratado de Montevidéu 1980.

ARTIGO SEXTO

Estarão excluídos do cronograma dedesgravação a que se referem os ArtigosTerceiro e Quarto do presente Anexo osprodutos compreendidos nas Listas deExceções apresentadas por cada um dosEstados Partes com as seguintes quantidadesde itens NALADI:

República Argentina394

República Federativa do Brasil324

República do Paraguai439

República Oriental do Uruguai960

ARTIGO SÉTIMO

As Listas de Exceções serão reduzidasno vencimento de cada ano calendário deacordo com o cronograma que se detalha aseguir:

a) Para a República Argentina e aRepública Federativa do Brasil na razãode vinte por cento (20%) anuais dos itens

que a compõem, redução que se aplicadesde 31 de dezembro de 1990;

b) Para a República do Paraguai e paraa República Oriental do Uruguai, aredução se fará na razão de:

- 10% na data de entrada em vigor doTratado,

- 10% em 31 de dezembro de 1991,- 20% em 31 de dezembro de 1992,- 20% em 31 de dezembro de 1993,- 20% em 31 de dezembro de 1994,- 20% em 31 de dezembro de 1995.

ARTIGO OITAVO

As Listas de Exceções incorporadas nosApêndices I, II, III e IV incluem a primeiraredução contemplada no Artigo anterior.

ARTIGO NONO

Os produtos que forem retirados dasListas de Exceções nos termos previstos noArtigo Sétimo se beneficiarão automaticamentedas preferências que resultem do Programa deDesgravação estabelecido no Artigo Terceirodo presente Anexo com, pelo menos, opercentual de desgravação mínimo previsto nadata em que se opere sua retirada dessas Listas.

ARTIGO DÉCIMO

Os Estados Partes somente poderãoaplicar até 31 de dezembro de 1994, aosprodutos compreendidos no programa dedesgravação, as restrições não tarifáriasexpressamente declaradas nas NotasComplementares ao Acordo deComplementação que os Estados Partescelebram no marco do Tratado de Montevidéu1980.

A 31 de dezembro de 1994 e no âmbitodo Mercado Comum, ficarão eliminadas todasas restrições não tarifárias.

ARTIGO DÉCIMO PRIMEIRO

A fim de assegurar o cumprimento docronograma de desgravação estabelecido nosArtigos Terceiro e Quarto, assim como oEstabelecimento do Mercado Comum, osEstados Partes coordenarão as políticas

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macroeconomicas e as setoriais que se acordem,a que se refere o Tratado para da Constituiçãodo Mercado Comum, começando por aquelasrelacionadas aos fluxos de comércio e àconfiguração dos setores produtivos dosEstados Partes.

ARTIGO DÉCIMO SEGUNDO

As normas contidas no presente Anexonão se aplicarão aos Acordos de AlcanceParcial, de Complementação EconómicaNúmeros 1, 2, 13 e 14, nem aos comerciais eagropecuários subscritos no âmbito do Tratadode Montevidéu 1980, os quais se regerãoexclusivamente pelas disposições nelesestabelecidas.

ANEXO IIREGIME GERAL DE

ORIGEM

CAPITULO IRegime Geral de Qualificação de

Origem

ARTIGO PRIMEIRO

Serão considerados originários dosEstados Partes:

a) Os produtos elaborados integralmenteno território de qualquer um deles, quandoem sua elaboração forem utilizadosexclusivamente materiais originários dosEstados Partes;

b) Os produtos compreendidos noscapitulos ou posições da NomenclaturaTarifária da Associação Latino-Americanade Integração que se identificam no AnexoI da Resolução 78 do Comité deRepresentante da citada Associação, pelosimples fato de serem produzidos em seusrespectivos territórios.

Considerar-se-ão produzidos noterritório de um Estado Parte:

i) Os produtos dos reinos minerais,vegetal ou animal, incluindo os de caça

e da pesca, extraídos, colhidos ouapanhados, nascidos e criados em seuterritório ou em suas Águas Territoriaisou Zona Económica Exclusiva;

ii) Os produtos do mar extraídos fora desuas Águas Territoriais e ZonaEconómica Exclusiva por barcos de suabandeira ou arrendados por empresasestabelecidas em seu território; e

iii) Os produtos que resultem de operaçõesou processos efetuados em seu territóriopelos quais adquiram a forma final emque serão comercializados, excetoquando esses processos ou operaçõesconsistam somente em simplesmontagens ou ensamblagens,embalagem, fracionamento em lotes ouvolumes, seleção e classificação,marcação, composição de sortimentos demercadoriais ou outras operações ouprocessos equivalentes.

c) Os produtos em cuja elaboração seutilizem materiais não originários dosEstados Partes, quando resultem de umprocesso de transformação, realizado noterritório de algum deles, que lhes confirauma nova individualidade, caracterizadapelo fato de estarem classificados naNomenclatura Aduaneira da AssociaçãoLatino-Americana de Integração emposição diferente à dos mencionadosmateriais, exceto nos casos em que osEstados Partes determinem que, ademais,se cumpra com o requisito previsto noArtigo Segundo do presente Anexo.

Não obstante, não serão consideradosoriginários os produtos resultantes deoperações ou processos efetuados no territóriode um Estado Parte pelos quais adquiram aforma final que serão comercializados,quando nessas operações ou processos foremutilizados exclusivamente materiais ouinsumos não originários de seus respectivospaíses e consistam apenas em montagem ouensamblagens, fracionamento em lotes ouvolumes, seleção, classificação, marcação,composição de sortimentos de mercadoriasou outras operações ou processos

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semelhantes;d) Até 31 de dezembro de 1994, os

produtos resultantes de operações deensamblagem e montagem realizadas noterritório de um Estado Parte utilizandomateriais originários dos Estados Partes ede terceiros países, quando o valor dosmateriais originários não for inferior a 40%do valor FOB de exportação do produtofinal, e

e) Os produtos que, além de seremproduzidos em seu território, cumpramcom os requisitos específicos estabelecidosno Anexo 2 da Resolução 78 do Comitéde Representantes da Associação Latino-Americana de Integração.

ARTIGO SEGUNDO

Nos casos em que o requisitoestabelecido na letra "C" do Artigo Primeironão possa ser cumprido porque o processo detransformação operado não implica mudançade posição na nomenclatura, bastará que o valorCIF porto de destino ou CIF porto marítimodos materiais de terceiros países não exceda a50 (cinquenta) por cento do valor FOB deexportação das mercadorias de que se trata.

Na ponderação dos materiais origináriosde terceiros países para os Estados Partes semlitoral marítimo, ter-se-ão em conta, como portode destino, os depósitos e zonas francasconcedidos pelos demais Estados Partes,quando os materiais chegarem por viamarítima.

ARTIGO TERCEIRO

Os Estados Partes poderão estabelecer,de comum acordo, requisitos específicos deorigem, que prevalecerão sobre os critériosgerais de qualificação.

ARTIGO QUARTO

Na determinação dos requisitosespecíficos de origem a que se refere o ArtigoTerceiro, assim como na revisão dos quetiverem sido establecidos, os Estados Partestomarão como base, individual ouconjuntamente, os seguintes elementos:

I. Materiais e outros insumosempregados na produção:

a) Matérias primas:ii) Matéria prima preponderante ou que

confira ao produto sua característicaessencial; e

iii) Matéria primas principais.b) Partes ou peças:

i) Parte ou peça que confira ao produtosua característica essencial;

ii) Partes ou peças principais; eiii) Percentual das partes ou peças em

relação ao peso total.c) Outros insumos.

II. Processo de transformação ouelaboração utilizado.

III. Proporção máxima do valor dosmateriais importados de terceiros paísesem relação ao valor total do produto, queresulte do procedimento de valorizaçãoacordado em cada caso.

ARTIGO QUINTO

Em casos excepcionais, quando osrequisitos específicos não puderem sercumpridos porque ocorrem problemascircunstanciais de abastecimento:disponibilidade, especificações técnica, prazode entrega e preço, tendo em conta o dispostono Artigo 4 do Tratado, poderão ser utilizadosmateriais não originários dos Estados Partes.

Dada a situação prevista no parágrafoanterior, o país exportador emitirá o certificadocorrespondente informando ao Estado Parteimportador e ao Grupo Mercado Comum,acompanhando os antecedentes e constânciasque justifiquem a expedição do referidodocumento.

Caso se produza uma contínuareiteração desses casos, o Estado Parteexportador ou o Estado Parte importadorcomunicará esta situação ao Grupo MercadoComum, para fins de revisão do requisitoespecífico.

Este Artigo não compreende os produtosque resultem de operações de ensamblagem oumontagem, e será aplicável até a entrada emvigor da Tarifa Externa Comum para os

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produtos objeto de requisitos específicos deorigem e seus materiais ou insumos.

ARTIGO SEXTO

Qualquer dos Estados Partes poderásolicitar a revisão dos requisitos de origemestabelecidos de conformidade com o ArtigoPrimeiro. Em sua solicitação, deverá propor efundamentar os requisitos aplicáveis ao produtoou produtos de que se trate.

ARTIGO SÉTIMO

Para fins do comprimento dos requisitosde origem, os materiais e outros insumos,originários do território de qualquer dosEstados Partes, incorporados por um EstadoParte na elaboração de determinado produto,serão considerados originários do territóriodeste último.

ARTIGO OITAVO

O critério de máxima utilização demateriais ou outros insumos originários dosEstados Partes não poderá ser considerado parafixar requisitos que impliquem a imposição demateriais ou outros insumos dos referidosEstados Partes, quando, a juízo dos mesmos,estes não cumpram condições adequadas deabastecimento, qualidade e preço, ou que nãose adaptem aos processos industriais outecnologias aplicadas.

ARTIGO NONO

Para que as mercadorias originárias sebeneficiem dos tratamentos preferenciais, asmesmas deverão ter sido expedidas diretamentedo país exportador ao país importador. Paratal fim, se considera expedição direta:

a) As mercadorias transportadas sempassar pelo território de algum país nãoparticipante do Tratado.

b) As mercadorias transportadas emtrânsito por um ou mais países nãoparticipantes, com ou sem transbordo ouarmazenamento temporário, sob avigilância de autoridade alfandegáriacompetente em tais países, sempre que:

i) o trânsito estiver justificado por razões

geográficas ou por consideraçõesrelativas a requerimentos do transporte;

ii) não estiverem destinadas ao comércio,uso ou emprego no país de trânsito, e

iii) não sofram, durante o transporte edepósito, nenhuma operação distinta àsde carga ou manuseio para mantê-Ias emboas condições ou assegurar suaconservação.

ARTIGO DÉCIMO

Para os efeitos do presente Regime Geralse entenderá:

a) que os produtos procedentes das zonasfrancas situadas nos limites geográficos dequalquer dos Estados Partes deverãocumprir os requisitos previstos no presenteRegime Geral;

b) que a expressão "materiais"compreende as matérias primas, osprodutos intermediários e as partes e peçasutilizadas na elaboração das mercadorias.

CAPÍTULO nDeclaração, Certificação e

Comprovação

ARTIGO DÉCIMO PRIMEIRO

Para que a importação dos produtosoriginários dos Estados Partes possa beneficiar-se das reduções de gravames e restriçõesoutorgadas entre si, na documentaçãocorrespondente às exportações de tais produtosdeverá constar uma declaração que certifiqueo cumprimento dos requisitos de origemestabelecidos de acordo com o disposto noCapítulo anterior.

ARTIGO DÉCIMO SEGUNDO

A declaração a que se refere o Artigoprecedente será expedida pelo produtor finalou pelo exportador da mercadoria, e certificadapor uma repartição oficial ou entidade de classecom personalidade jurídica, credenciada peloGoverno do Estado Parte exportador.

Ao credenciar entidades de classe, osEstados Partes velarão para que se trate deorganizações que atuem com jurisdição

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nacional, podendo delegar atribuições aentidades regionais ou locais, conservandosempre a responsabilidade direta pelaveracidade das certificações que foremexpedidas.

Os Estados Partes secomprometem, no prazo de 90 dias a partir daentrada em vigor do Tratado, a estabelecer umregime harmonizado de sanções administrativaspara casos de falsidade nos certificados, semprejuízo das ações penais correspondentes.

ARTIGO DÉCIMO TERCEIRO

Os certificados de origememitidos para os fins do presente do presenteTratado terão prazo de validade de 180 dias, acontar da data de sua expedição.

ARTIGO DÉCIMO QUARTO

Em todos os casos, se utilizará oformulário-padrão que figura anexo ao Acordo25 do Comité de Representantes da AssociaçãoLatino-Americana de Integração, enquanto nãoentrar em vigor outro formulário aprovadopelos Estados Partes.

ARTIGO DÉCIMO QUINTO

Os Estados Partes comunicarão àAssociação Latino-Americana de Integração arelação das repartições oficiais e entidades declasse credenciadas a expedir a certificação aque se refere o Artigo anterior, com o registroe fac-simile das assinaturas autorizadas.

ARTIGO DÉCIMO SEXTO

Sempre que um Estado Parte considerarque os certificados emitidos por uma repartiçãooficial ou entidade de classe credenciada deoutro Estado Parte não se ajustam àsdisposições contidas no presente Regime Geral,comunicará o fato ao outro Estado Parte paraque este adote as medidas que estimenecessárias para solucionar os problemasapresentados.

Em nenhum caso o paísimportador deterá o trâmite de importação dosprodutos amparados nos certificados a que serefere o parágrafo anterior, mas poderá, além

de solicitar as informações adicionais quecorrespondam às autoridades governamentaisdo país exportador, adotar as medidas queconsidere necessárias para resguardar ointeresse fiscal.

ARTIGO DÉCIMO SÉTIMO

Para fins de um controle posterior, ascópias dos certificados e os documentosrespectivos deverão ser conservados durantedois anos a partir de sua emissão.

ARTIGO DÉCIMO OITAVO

As disposições do presente Regime Gerale as modificações que lhe forem introduzidasnão afetarão as mercadorias embarcadas nadata de sua adoção.

ARTIGO DÉCIMO NONO

As normas contidas no presente Anexonão se aplicam aos Acordos de Alcance Parcial,de Complementação Económica no 1, 2, 13 e14, idem aos comerciais e agropecuáriossubscritos no âmbito do Tratado de Montevidéu1980, os quais se regerão exclusivamente pelasposições neles estabelecidas.

ANEXO IIISOLUÇÃO DE

CONTROVÉRSIAS

1. As controvérsias que possam surgirentre os Estados Partes como consequênciada aplicação do Tratado serão resolvidasmediante negociações diretas.

No caso de não lograrem umasolução, os Estados Partes submeterão acontrovérsia à consideração do GrupoMercado Comum que, após avaliar asituação, formulará no lapso de sessenta(60) dias as recomendações pertinentes àsPartes para a solução do diferendo. Paratal fim, o Grupo Mercado Comum poderáestabelecer ou convocar painéis deespecialistas ou grupos de peritos com o

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objetivo de contar com assessoramentotécnico.

Se no âmbito do Grupo MercadoComum tampouco for alcançada umasolução, a controvérsia será elevada aoConselho do Mercado Comum para queeste adote as recomendações pertinentes.

2. Dentro de cento e vinte (120) dias apartir da entrada em vigor do Tratado, oGrupo Mercado Comum elevará aosGovernos dos Estados Partes uma propostade Sistema de Solução de Controvérsias, quevigerá durante o período de transição.

3. Até 31 de dezembro de 1994, osEstados Partes adotarão um SistemaPermanente de Solução de Controvérsiaspara o Mercado Comum.

ANEXO IVCLAUSULA DE

SALVAGUARDA

ARTIGO 1

Cada Estado Parte poderá aplicar, até31 de dezembro de 1994, cláusulas desalvaguarda à importação dos produtos que sebeneficiem do Programa de LiberaçãoComercial estabelecido no âmbito do Tratado.

Os Estados Partes acordam que somentedeverão recorrer ao presente Regime em casosexcepcionais.

ARTIGO 2

Se as importações de determinadoproduto causarem dano ou ameaça de danograve a seu mercado, como consequência deum sensível aumento, em um curto período, dasimportações desse produto provenientes dosoutros Estados Partes, o país importadorsolicitará ao Grupo Mercado Comum arealização da consultas com vistas a eliminaressa situação.

O pedido do país importador estaráacompanhado de uma declaração

promenorizada dos fatos, razões e justificativasdo mesmo.

O Grupo Mercado Comum deveráiniciar as consultas no prazo máximo de dez(10) dias corridos a partir da apresentação dopedido do país importador e deverá concluí-las, havendo tomado uma decisão a respeito,dentro de vinte (20) dias corridos após seuinício.

ARTIGO 3

A determinação do dano ou ameaça dedano grave no sentido do presente Regime seráanalisada por cada país, levando em conta aevolução, entre outros, dos seguintes aspectosrelacionados com o produto em questão:

a) Nível de produção e capacidadeutilizada;

b) Nível de emprego;c) Participação no mercado;d) Nível de comércio entre as Partes

envolvidas ou participantes de consulta;e) Desempenho das importações e

exportações com relação a terceiros países.Nenhum dos fatores acima mencionados

constitui, por si só, um critéro decisivo para adeterminação do dano ou ameaça de danograve.

Não serão considerado, na determinaçãodo dano ou ameaça de dano grave, fatores taiscomo as mudanças tecnológicas ou mudançasnas preferências dos consumidores em favorde produtos similares e/ou diretamentecompetitivos dentro do mesmo setor.

A aplicação da cláusula de salvaguardadependerá, em cada país, da aprovação finalda seção nacional do Grupo Mercado Comum.

ARTIGO 4

Com o objetivo de não interromper ascorrentes de comércio que tiverem sido geradas,o país importador negociará uma quota para aimportação do produto objeto de salvaguarda,que se regerá pelas mesmas preferências edemais condições estabelecidas no Programade Liberação Comercial.

A mencionada quota será negociada como Estado Parte de onde se originam as

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importações, durante o período de consulta aque se refere o Artigo 2. Vencido o prazo daconsulta e não havendo acordo, o paísimportador que se considerar afetado poderáfixar uma quota, que será mantida pelo prazode uma ano.

Em nenhum caso a quota fixadaunilateralmente pelo país importador serámenor que a média dos volumes físicosimportados nos últimos três anos calendário.

ARTIGO 5

As cláusulas de salvaguarda terão umano de duração e poderão ser prorrogadas porum novo período anual e consecutivo,aplicando-se-lhes os termos e condiçõesestabelecidas no presente Anexo. Estas medidasapenas poderão ser adotadas uma vez para cadaproduto.

Em nenhum caso a aplicação decláusulas de salvaguarda poderá estender-sealém de 31 de dezembro de 1994.

ARTIGO 6

A aplicação das cláusulas desalvaguarda não afetará as mercadoriasembarcadas na data de sua adoção, as quaisserão computadas na quota prevista no Artigo4.

ARTIGO 7

Durante o período de transição no casode algum Estado Parte se considerar afetadopor graves dificuldades em suas atividadeseconómicas, solicitará do Grupo MercadoComum a realização de consultas, a fim de quese tomem as medidas corretivas que foremnecessárias.

O Grupo Mercado Comum, dentro dosprazos estabelecidos no Artigo 2 do presenteAnexo, avaliará a situação e se pronunciarásobre a medidas a serem adotadas, em funçãodas circunstâncias.

ANEXO VSUBGRUPOS DE

TRABALHO DO GRUPOMERCADO COMUM

O Grupo Mercado Comum, para fins decoordenação das políticas macroeconômicas esetoriais, constituirá, no prazo de 30 dias apóssua instalação os seguintes Subgrupos deTrabalho:• Subgrupo 1: Assuntos Comerciais• Subgrupo 2: Assuntos Aduaneiros• Subgrupo 3: Normas Técnicas• Subgrupo 4: Políticas Fiscal e

Monetária Relaci-onadas com o Comércio

• Subgrupo 5: Transporte Terrestre• Subgrupo 6: Transporte Marítimo• Subgrupo 7: Política Industrial e

Tecnológica• Subgrupo 8: Política Agrícola• Subgrupo 9: Política Energética• Subgrupo 10: Coordenação de

Políticas Macro-econômicas.

Nota:• Resolução MERCOSUL/GMC/RES.

N° 11/1991(1), criou o Subgrupo deTrabalho N° 11 - AssuntosTrabalhistas.

• Resolução MERCOSUL/GMC/RES.N° 11/1992, modificou o nome doSubgrupo de Trabalho N° 11 paraRelações Trabalhistas, Emprego eSeguridade Social.

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Comité Preparatório da Conferênciasobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

Discurso do Ministro Francisco Rezek naSegunda Sessão do Comité preparatório daConferência da ONU sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento, em Genebra, em 2 de abril de1991

Penhor Presidente,

No momento em que se retoma, apósas reuniões dos Grupos de Trabalho, oexame em plenário do item 2, que englobatodo o processo de preparação daConferência, pareceu apropriado aoGoverno brasileiro que viesse o seuMinistro das Relações Exteriores exprimirnossa visão do que nos dispomos a alcançarem junho de 1992. Como Estado-sede daConferência, cabe ao Brasil, primor-dialmente, assegurar as bases materiais paraque nada dificulte os trabalhos ou diminuao relevo e o brilho com que todosdesejamos celebrar o êxito desta iniciativada comunidade internacional. Por issomesmo, o Brasil passa a ter ainda maiorinteresse em que as decisões correspondamaos motivos que levaram os Estados-membros a resolverem sentar-se à mesa denegociações.

Talvez convenha considerarmos poralguns momentos as metas a que nospropomos no Rio de Janeiro. Pensamalguns em grande celebração ecológica,enquanto outros imaginam profunda trocade ideias em diversos ramos da ciência. OSecretário-Geral da Conferência, nodocumento PC/14, nos dá exata indicação

dos produtos que pretende essa negociaçãopolítico-diplomática de alcance semprecedentes.

As bases da ação a que secomprometem os governos estarãodefinidas em documento declaratório,expressão do consenso universal, denso,dotado de forte peso político e moral, queconsignaria as convicções por todospartilhadas quanto aos impasses a que nostêm levado opções seculares. Será umfundamento conceituai em que se supe-rariam as recriminações sem deixar dereconhecer as contribuições diferenciadaspara os desastres que queremos evitar.Vamos trabalhar para conseguir umcompromisso que leve a uma sociedadeinternacional sem a estratificação atual, queconfigure um adeus coletivo a um estilode vida - gozado por uns, desejado poroutros, e igualmente desastroso para todos.Nosso fracasso - não fujo da visãoapocalíptica - condenará muitos aodesalento da pobreza e alguns poucos àasfixia da riqueza, e nada ficará da históriada acumulação e do desperdíciodesenfreados.

Sobre esses alicerces de uma orga-nização melhor da economia mundial (por

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que é bem de economia que falamos), irãopôr-se as colunas mestras de amplos pactosjá em negociação ou em estágio preliminar.Assim, teremos regras e mecanismos quepermitirão contornar os fenómenos ligadosàs alterações climáticas, ou que impedirãoo contínuo desaparecimento de espéciesanimais e vegetais, garantindo, ao mesmotempo, os benefícios, para todos, dasconquistas da biotecnologia. Estarãopreparados os dispositivos que completamas normas sobre resíduos perigososadotadas em Basileia, e que regulamentame operacionalizam os aperfeiçoamentoslondrinos ao Protocolo de Montreal.Textos sobre a proteção das florestas esobre o uso racional de seus produtoscertamente irão somar-se ao tecido jurídicoque se adensa dia a dia.

Esses instrumentos, no entanto,estarão longe de cobrir os objetivos daConferência de 1992 tais como definidosno parágrafo 15 da resolução 44/228, eque poderíamos, por comodidade analítica,agregar em quatro categorias. A primeiradelas (objetivos de "a" até "g") parte daanálise da evolução recente e da situaçãoatual do meio ambiente global parapreconizar as medidas reconstituintes emtodos os aspectos. O segundo conjunto deobjetivos (de "h" a "m") toma o ambienteeconómico internacional e propõe os cami-nhos do que se tem chamado de desenvol-vimento sustentável, o qual nada mais é doque a superação dos modos meramentepredatórios de apropriação de riquezas.Seguem-se objetivos (de "n" a "s") quevisam a dotar as sociedades de meiosintelectuais para assegurar a continuidadedas ações. Finalmente, fixam-se objetivos

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(de "t" a "w") para aperfeiçoar o aparelhoinstitucional que facilitará a cooperação,mola essencial de toda a construção de1992.

Nunca é demais repetir que aConferência das Nações Unidas sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento tem ummandato extraordinariamente amplo e, porisso mesmo, altamente original. A equaçãomeio ambiente e desenvolvimento sintetizarelação estreita entre múltiplos temas.Devemos deter-nos para um examecuidadoso dos pressupostos daConferência, de maneira a manter aintegralidade de seus objetivos. Preservadaessa integralidade, será mais fácil alcançarseu verdadeiro sentido.

A presente Sessão do ComitéPreparatório tem, a esse respeito, a espe-cial responsabilidade de avançar substan-tivamente na definição dos dois grandesobstáculos que se interpõem à plenarealização dos objetivos da Conferência -a disponibilidade de recursos financeirosnovos, adicionais e concessionais, e atransferência de tecnologia ambientalmenteadequada aos países em desenvolvimento.

O Brasil tem defendido anecessidade de que sejam estabelecidosmecanismos para assegurar aos países emdesenvolvimento o acesso, em termosfavoráveis, às tecnologias ambientalmenteadequadas, ora disponíveis nos paísesindustrializados. O acesso a essas tecnolo-gias não se pode fundamentar em condiçõespuramente comerciais ou de mercado.

Ao considerar as modalidades deacesso favorável e transferência de tecnolo-gia deve a Conferência atentar igualmente

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para a necessidade do fortalecimento dacapacidade dos países em desenvolvi-mento. Cumpre tornar possível queabsorvam e adaptem as tecnologiascompatíveis com proteção do meio am-biente para a revitalização do seu desenvol-vimento económico. Isso implica abordarde modo inovador a questão do direito depropriedade intelectual, para chegar a umregime que efetivamente favoreça o acessodos países em desenvolvimento a toda atecnologia necessária. Em particular, deve-se reforçar a natureza excepcional dostermos que devem reger a transferência eo acesso. Esse regime deve concorrer parao fortalecimento da cooperaçãotecnológica internacional, tanto em nívelde governos quanto no âmbito do setorprivado. Papel protagônico desempenhamaí, com certeza, as empresas. A experiênciainternacional mostra, entretanto, que acooperação empresarial reflete umavontade política expressa pelos governos.

Não há dúvida de que a proteção domeio ambiente em escala local e globalexige consideráveis investimentos. Esseónus económico e financeiro é de difícilabsorção nos países em desenvolvimento.É imperativo ampliar, em favor dessespaíses, os fluxos de crédito parafinanciamento de iniciativas ambientais,sem desviar recursos destinados aprogramas de desenvolvimento económico.Os recursos para a proteção ambientaldevem portanto ser "novos" e "adicionais".Por se dirigirem a projetos em que arentabilidade económica é pequena ou nula,importa ainda garantir que sejamcanalizados a título concessional, seja afundo perdido, seja com taxas de juros

preferenciais, por intermédio de meca-nismos apropriados.

O Brasil acredita que técnicasfinanceiras específicas devem ser previstosnos instrumentos jurídicos ora emnegociação, de modo a garantir aos paísesem desenvolvimento recursos essenciais aocumprimento das obrigações daírecorrentes. Embora não objetemos a queas tarefas operacionais relacionadas com aexecução de projetos e o repasse derecursos sejam confiadas a organismosmultilaterais já existentes, tais mecanismosdevem ser geridos pelas Partes nos acor-dos considerados. O recente estabele-cimento da "Global Environmental Facil-ity" no Banco Mundial não elimina anecessidade de mecanismos financeirospróprios a cada convenção internacional.Observa-se mesmo a necessidade adicionalda criação de outro mecanismo,possivelmente um Fundo, para o fi-nanciamento, em bases concessionais, deprogramas adicionais de meio ambiente ede componentes ambientais em projetosinternos de desenvolvimento. Isso não estácontemplado na "Global EnvironmentalFacility."

Senhor Presidente,

Terei possivelmente ultrapassado oslimites estritos de uma intervenção nestedebate. A intenção é contribuir paraacelerar nossas decisões. No que concerneaos argumentos expostos, minha esperançaé que não sejam ouvidos como reivin-dicações, como reiterações de uma simplescontrovérsia norte-sul transplantada paraeste foro. Preferiria que fossem minhaspalavras interpretadas como fraternal

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advertência de que, desta vez, não haverápedidos e negativas, vencedores evencidos. Não haverá antinomias nemhaverá escolhas. Todos juntos tomaremoso caminho da reconstrução da casa comum.Se assim não for, caminharemos para osilêncio sideral, como era antes de existir aespécie humana.

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Shimon Peres é recebido noPalácio Itamaraty

Discurso do Ministro Francisco Resek porocasião do almoço oferecido ao Líder do PartidoTrabalhista de Israel, no Palácio Itamaraty, em17 de abril de 1991

.L/eputado Shimon Peres,

Há pouco mais de três anos, entãona qualidade de Ministro dos NegóciosEstrangeiros, Vossa Excelência visitou estaCasa. Cabem-lhe agora outras responsa-bilidades políticas, cumpridas com omesmo rigor que marca a sua vida pública.Temos grande honra em voltar a receber avisita de um líder de sua estatura eexperiência.

Como sabe Vossa Excelência, acomunidade judaica tem atuação marcanteem todos os setores de atividade no país eestá hoje aqui representada por alguns deseus mais ilustres integrantes. Ao longo demais esta guerra que flagelou o OrienteMédio, foram eles testemunhas daconsternação de todos os brasileiros pelasperdas humanas e materiais causadas porinjustificados ataques contra o territórioisraelense.

Nosso vínculo com a região nos levaa lamentar o impasse que persiste em seuquadro político e a expressar apreocupação de que possam ocorrercombates cada vez mais destrutivos, nahipótese de não se aproveitar a atmosferado pós-guerra imediato para a prontasuperação das pendências existentes noOriente Médio.

A política adotada pelo Governobrasileiro quanto aos conflitos que seentrecruzam naquela área fundamenta-seno respeito estrito às normas do DireitoInternacional, à Carta da ONU e asResoluções do Conselho de Segurança. Asbases para a paz devem incluir, de modoespecífico, o acatamento às Resoluçõesdaquele Conselho e a garantia de que Is-rael possa existir em segurança, dentro defronteiras internacionalmente reconhecidas.Outra não foi nossa postura ao apoiar desdea primeira hora as decisões do Conselhode Segurança no quadro da crise do Golfo.

O Brasil mantém a esperança de queconversações entre as partes envolvidaspossam conduzir ao estabelecimento deuma paz permanente. O Presidente Collortem reafirmado sua disposição de contribuirpara os esforços a serem empreendidosneste sentido, pois acredita que asdesavenças tradicionais na região podemser resgatadas de sua imobilidade atual.

Deputado Shimon Peres,

A presença de Vossa Excelênciaentre nós representa oportunidade valiosapara trocar experiências nas mais diversasáreas e, para além da distância geográficae a diversidade cultural, identificar as

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semelhanças entre os dois países nos nossos países, à saúde e felicidade pessoaisdesafios que enfrentam. Acompanhamos, de Vossa Excelência.assim, com interesse, o debate no âmbitoda sociedade israelense sobre os passos adar, com imaginação e ousadia, em direçãoà meta de romper o isolamento político-econômico e alcançar a inserção definitivado país na região.

Devo ainda testemunhar a coragemcom que Vossa Excelência identifica asdificuldades do presente e aponta os rumosda inovação. Registro, com esperança, suasideias para uma nova estrutura económicano Oriente Médio, amparada em ummercado comum, fortalecida por um bancode desenvolvimento regional, irmanada naexploração conjunta dos recursos hídricose no concerto de políticas nacionais deturismo. Desse modo, as propostas queVossa Excelência vem apresentando nosúltimos tempos visam acertadamente arecuperar o terreno perdido em tantas cri-ses, que para os países envolvidosrepresentaram um freio na evolução dasinstituições político-econômicas e a perma-nência de sentimentos de hostilidademútua.

Tem aí Vossa Excelência asensibilidade de antever que a cooperaçãoregional há de assegurar o desenvolvi-mento, e que este ajudará a superar asdesigualdades que conduzem aos conflitos.

Deputado Shimon Peres,

Ao reiterar a certeza de nossa alegriaem recebê-lo nesta Casa, gostaria deconvidar os presentes a erguerem comigoum brinde em homenagem à nação amigade Israel, à paz e à cooperação no OrienteMédio, à prosperidade das relações entre

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O Príncipe e a Princesa de Galesvisitam o Brasil

Discurso do Presidente Fernando Collor porocasião do jantar oferecido a Suas Altezas Reaiso Príncipe e a Princesa de Gales, no PalácioItamaraty, em 23 de abril de 1991

Jtlr com grande alegria que Rosanee eu recebemos, em nome da Naçãobrasileira, o Príncipe e a Princesa de Gales.

Vossas Altezas Reais trazem-nos otestemunho da amizade da Nação britânica,da qual constituem símbolo legítimo.

Ao longo da história, o Brasil e oReino Unido aproximaram-se pelaindústria, pelo comércio, pelas finanças,pela cultura.

Estes fatores do relacionamentodevem ser ampliados e fortalecidos.

Cabe reconhecer, no entanto, que ogrande elemento de aproximação entrenossos povos talvez se encontre hoje naluta comum pelo respeito aos direitoshumanos, pela democracia, pela liberdade,pela realização dos ideais de justiça e depaz mundial.

Os Homens Públicos encontramnesses valores, hoje universais, mais do queuma inspiração: sua defesa transformou-se no primeiro dever ético, no primeiroobjetivo da política.

A dignidade humana não tem apenasuma dimensão contemporânea: a verda-deira proteção dos interesses dos cidadãosexige que ultrapassemos o imediatismo.

É essencial adquirirmos uma visãohistórica dos acontecimentos, nasalvaguarda dos direitos e dos interessesdo parceiro ausente que são as geraçõesfuturas.

Em nenhum aspecto a defesa desseideal pode ser mais relevante e necessáriado que na proteção do meio ambiente.

Alcançamos uma quadra da históriaem que o poder das nações não é maismedido apenas pela força das armas.

Poderosos, hoje, são os países queasseguram a seus cidadãos o bem-estar e afelicidade.

O crescimento e a consolidação dacausa ecológica são o resultado naturaldesse processo de construção de uma novaética de convívio em sociedade.

O ideal de preservar a natureza é umabandeira que empolga milhões de indi-víduos.

A plena realização desse idealdemanda realismo.

O imperativo da conservaçãoambiental não pode dissociar-se dodesenvolvimento sustentado.

Todos sabemos que a própria tomadade consciência da importância do

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preservacionismo no mundo decorreu dosavanços económicos, sociais, científicos etecnológicos.

Refutar esse fato, numa negaçãointransigente e ingénua da prosperidade, écomprometer os próprios fundamentos dacausa ecológica.

Impõe-se, assim, uma redefinição doconceito de desenvolvimento: é necessáriopôr termo ao consumismo exacerbado, aocrescimento económico baseado numaatitude predatória em relação à natureza, ànoção de que o único caminho para afelicidade é a acumulação irrefreada de bensmateriais.

Devemos incentivar a criação de umanova mentalidade, uma visão de mundorenovada, cujo objetivo é a humanizaçãodo desenvolvimento e a democratização doacesso aos seus frutos.

Não dispomos ainda do desenhopreciso e completo dessa nova trilha: sabe-mos todos, no entanto, quais as direçõesprincipais a seguir, e quais a evitar.

Sabemos ainda que essa caminhadatem de ser conjunta, solidária.

A cooperação internacional, muitoparticularmente no campo da ciência e datecnologia, terá papel fundamental.

De nada adiantará restringir aochamado mundo pós-industrial ascondições de um desenvolvimento inteli-gente e sustentável, que permita a elevaçãodo bem-estar social simultaneamente coma preservação ambiental.

Se a grande maioria dos países, se amaior parte da superfície e da população

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terrestre continuarem presas aos velhoparadigmas de desenvolvimentoeconómico, ninguém escapará do desastre.

O momento é decisivo para toda aHumanidade: esta é a hora de adotarmosimportantes decisões, que transformarãoprofundamente o destino dos Homens.

A comunidade internacional fixoupara si mesma um calendário para tomartais decisões, a Conferência das NaçõesUnidas sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento, a realizar-se no Rio deJaneiro, em junho de 1992, é umacontecimento de crucial importância paraas gerações futuras.

Ela pode marcar o início de uma novaera.

O Brasil e o Reino Unido estão traba-lhando juntos para que a comunidadeinternacional vença este que é talvez o seumaior desafio.

O Seminário sobre questõesambientais que Vossa Alteza promove abordo do iate Britannia será momentovalioso de reflexão conjunta e de sugestãode novas formas de nos associarmos nessedomínio.

Vossas Altezas, nesta visita ao Brasil,conhecerão um pouco da Amazónia.

Os verdadeiros defensores da causaecológica reforçam ainda mais suas con-vicções quando têm a possibilidade de verde perto o cenário desse espetáculofascinante de celebração da vida, que é afloresta tropical.

Altezas,

Concentrei minhas palavras notema do meio ambiente por querer

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privilegiar essa questão central de nossotempo que, juntamente com a dos direitoshumanos, resume todas as demais.

Ao falar do meio ambiente, oHomem é obrigado a refletir sobre o seupassado, presente e futuro; sobre a relaçãoque mantém com a Criação e a Natureza;sobre o equilíbrio entre desenvolvimento econservação; sobre as ideias de qualidadede vida, de direitos humanos, de paz uni-versal, de uma ordem internacional maisjusta e solidária.

Tenho certeza de que a vinda deVossas Altezas ao Brasil coincidirá com oinício de um período de maior afinidade,compreensão mútua e amizade entre nossospaíses.

Com tais sentimentos, proponho umbrinde à saúde de Sua Majestade a RainhaElizabeth n, de Vossas Altezas e da FamíliaReal, à paz e prosperidade do povobritânico e ao entendimento perene entreo Brasil e o Reino Unido.

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Visita oficial doPrimeiro-Ministro de Portugal

Discurso do Presidente da República por ocasiãodo jantar oferecido ao Senhor Aníbal Cavaco eSilva e Senhora, em Brasília, em 7 de maio de1991

nome do Governo e do povobrasileiros, e no meu próprio, dou as boas-vindas a Vossa Excelência, nessa noite emque se renova a honra que sentimos empoder recepcioná-lo aqui, em nossa casa,que também é sua.

Portugal e Brasil revivem hoje ocongraçamento de uma união antigasempre atualizada.

Revê Vossa Excelência um povocônscio e orgulhoso de suas raízes lusita-nas, feliz por receber personalidade tãodestacada da nação irmã.

O rico património que nos aproxima,forjado em valores e aspirações comuns,já nos permitiu o amadurecimento de umacomunidade de interesses e esperanças.

Hoje, potência o impulso que haveráde contribuir para a inserção de nossospaíses na complexa dinâmica dos temposmodernos.

Recebo Vossa Excelência com par-ticular emoção pela grata oportunidade quesua presença entre nós permite a Rosane ea mim de retribuirmos, na sua pessoa e daExcelentíssima Senhora Cavaco Silva, asinúmeras gentilezas com que nos cumulouo povo português, quando de minhamemorável visita a Portugal, em outubroúltimo.

Ainda nos sensibiliza enormementea lembrança das seguidas demonstraçõesde amizade e carinho que só a fidalguia dagente portuguesa sabe reservar a nósbrasileiros.

No cenário privilegiado das cidadesde Lisboa, Sintra, Porto e Guimarães, pudemanter com o Presidente Mário Soares eVossa Excelência conversações fecundasna substância e exemplares no espírito defranqueza, cordialidade e entendimento.

Agora, em terra brasileira, cabe-nosa imensa expectativa de retomar eaprofundar esse diálogo histórico eafetuoso, dando seguimento a nossa tarefaconjunta de adensar as relações bilaterais,no lastro de passos concretos para aelevação dos níveis de prosperidade deportugueses e brasileiros, irmãos todos.

Senhor Primeiro-Ministro,

Não posso deixar de enaltecer, nasconhecidas qualidades de estadista deVossa Excelência, a fibra e a grandeza devisão do povo português.

Portugal é membro ativo e de plenodireito da Comunidade EconómicaEuropeia.

Em estreita sintonia com astendências mais promissoras de nossa

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época, a República Portuguesa não tempoupado esforços para efetivar seuscompromissos com a modernidade, à basedo notável espírito empreendedor de seupovo e com o benefício da orientaçãosegura e clarividente do Governo presididopor Vossa Excelência.

Prova disso é o surto de desen-volvimento que Portugal vem experimen-tando nos últimos anos.

Ao marco histórico do ingresso naComunidade, a nação portuguesa foi capazde responder com a revitalização e amodernização de sua economia.

O Brasil, através de seu empresa-riado mais representativo, tem procuradoassociar-se a esse esforço que deverá levarPortugal a assumir crescentemente o papelde parceiro importante dentro do mercadoúnico, em que em breve se transformará aEuropa dos Doze.

Aguardamos, pois, com particularexpectativa ver Portugal na presidência daComunidade Económica Europeia, noprimeiro semestre de 1992.

A nova projeção do país no pano-rama europeu terá, estou certo, incidênciapositiva sobre as relações luso-brasileiras.

Senhor Primeiro-Ministro,

Portugal e Brasil estão hoje empe-nhados em promover um salto qualitativoem seu relacionamento.

Passada é a época em que, de umlado e outro do Atlântico, nossas socie-dades se satisfaziam com a excelência dodiscurso político e a modéstia da coope-ração económica.

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A consciência comum de que urge oadensamento dessa cooperação, a partir depropostas concretas, realistas epromissoras, começa a espelhar-se emalguns indicadores recentes que sinalizammudanças claras na direção desejada.

O Brasil já se situa dentre os maioresinvestidores na economia portuguesa.

O comércio bilateral vem crescendoa taxas alentadoras, em que pese odesequilíbrio estrutural da balança.

Meu Governo tem adotado medidasinequívocas de liberalização das impor-tações, o que, em curto prazo, deverá favo-recer a entrada de um maior volume deprodutos portugueses em nosso mercado.

Mas, no curso dessa visita, deci-dimos ousar mais além.

O Acordo Quadro de Cooperação,entre outros, que nossos Governosacabaram de firmar, além de instituirformalmente nossas reuniões anuais decúpula, como convém a países com o graude entrosamento que ostentam Portugal eBrasil, oferece as bases necessárias para oefetivo estímulo de nossas relaçõeseconómicas, como o reclamam nossassociedades.

A esse respeito, registro, com espe-cial satisfação, a presença, dentre os ilustresacompanhantes de Vossa Excelência, e norol dos convidados brasileiros, de expres-siva representação do empresariado dosdois países.

Estou convencido de que reflito pen-samento comum de nossos Governos aosublinhar o papel do setor privado tantodo Brasil quanto de Portugal no

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redimensionamento da cooperaçãoeconómica luso-brasileira.

Nossas conversas, Senhor Primeiro-Ministro, levaram-nos ainda a explorarnovas iniciativas que, decerto, se traduzirãoem breve em atos bilaterais.

O projeto sobre as comemorações doV Centenário do Descobrimento do Brasilreveste-se de grande significado paranossos países.

Também é este o caso da propostareferente à cooperação na área dejuventude, matéria da mais alta prioridadeem meu Governo.

É nosso dever, nosso maiorcompromisso com a história, proteger eaprimorar o património mais valioso de umpaís - sua gente, e de modo muito especialsua gente do futuro, os jovens.

A intensificação dos laços entre Por-tugal e Brasil não se limitará a acarretarbenefícios no plano das relações bilaterais,mas também haverá de contribuir para ofortalecimento da comunidade de países deexpressão portuguesa, aos quais competelugar de destaque no concerto de nações.

Inspirados nos princípios básicos deigualdade e respeito recíproco, esses paísessão capazes de ajudar-se mutuamente naconstrução do progresso e do bem-estarde seus povos.

Nesse contexto, não poderia deixarde assinalar o papel desempenhado peloGoverno português no encaminhamento doprocesso de paz em Angola. A mediaçãoportuguesa constituiu contribuição funda-mental para que as partes em conflitopudessem chegar à rubrica, em Estoril, no

último dia Io, dos documentos prepa-ratórios do cessar-fogo, abrindoperspectivas de uma nova era de paz edesenvolvimento naquele país-irmão.

Senhor Primeiro Ministro,

O mundo pós-guerra fria, tãopromissor em perspectivas de entendi-mento, solidariedade e harmonia,-enfrentouem meados de 1990 desafios preocupantes.

A invasão do Kuaite chocou acomunidade de nações e desequilibrou aordem internacional.

O cessar-fogo no Golfo pôs fim àguerra, mas ainda não restabeleceu a paz.

Pela vocação de seus povos e adeterminação de seus Governos, Portugale Brasil muito poderão contribuir para quevinguem esquemas de segurança, capazesde assegurar realismo e longevidade à pazentre os povos.

No plano económico, o adiamentoda conclusão, em dezembro último, daRodada Uruguai do GATT frustrou aexpectativa da maioria dos países por umcomércio internacional baseado em padrõesmais justos e equilibrados de regulamen-tação.

Neste particular, inquieta-nos que, naausência de regras consensual eglobalmente aceitas, se acentuem tendên-cias pròtecionistas e discriminatórias, emprejuízo de todos, e muito especialmentedos países em desenvolvimento.

A América Latina passa no momentopor sérios problemas económicos.

A afirmação coletiva da democracia,ao devolver a dignidade de viver aos povos

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do continente, voltou a projetá-los no con-certo de nações e deu-lhes legitimidade naaspiração generalizada de desenvolvimentoe justiça social.

No rastro de um esforço semprecedentes em nossa história, políticas deausteridade nos gastos públicos e decombate à inflação complementaram-secom medidas corajosas de abertura daeconomia ao exterior, em busca damodernização de nossa capacidade produ-tiva e da retomada de nosso crescimento.

Nossa trajetória à modernidade,relançada pelo resgate das liberdadesdemocráticas, poderá comprometer-se emum cenário internacional avesso àintensificação do intercâmbio livre ecrescente de produtos, capitais etecnologia.

O fortalecimento da cooperaçãoentre os países pressupõe, obrigatoria-mente, o desmonte de barreiras prote-cionistas e discriminatórias ao comércio, oequacionamento mutuamente satisfatórioda penosa questão da dívida externa e orepasse garantido de tecnologia avançada.

É vital que a comunidade de naçõescompreenda a dimensão da tarefa ora emmarcha em nossas sociedades.

Vossa Excelência, Senhor Primeiro-Ministro, que tem sido testemunha amigae interessada do empenho de meu Governoem corrigir as dificuldades estruturais destepaís, sabe avaliar como poucos a altura dosdesafios à frente.

O Brasil tem em Portugal uma vozfraterna e solidária na ComunidadeEconómica Europeia.

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Vossa Excelência é, tanto quanto eu,cônscio da necessidade de assegurar aprosperidade e o bem-estar de nossospovos.

São objetivos indissociáveis doesforço de consolidação das instituiçõesdemocráticas, da estabilidade política e doequilíbrio social.

O concurso de Portugal é importantepara assegurar essa trajetória do Brasilrumo à modernidade.

Senhor Primeiro-Ministro,

O Brasil aguarda Portugal em 1992.

A Conferência das Nações Unidassobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,a se realizar no Rio de Janeiro, no próximoano, conta com a presença portuguesa, jáentão na presidência de turno daComunidade Económica Europeia.

A saúde de nosso planeta é temaprioritário de nossa época.

Ainda temos tempo para preservar omeio ambiente e promover o desenvol-vimento sustentado; recuperar os danoscausados a nossos recursos naturais, nossoclima, nossa qualidade de vida e, ao mesmotempo, rever os atuais modelos decrescimento, desestimulando os desper-dícios e privilegiando a utilização susten-tada de nossas riquezas.

Aí a cooperação internacionalenfrentará desafio importante.

Somos otimistas quanto àcontribuição que a Rio-92 poderá dar aofuturo de nossa gente.

Com esse espírito, convido ospresentes a me acompanharem no brinde

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que faço pela saúde e felicidade pessoal deVossa Excelência e da Senhora DoutoraMaria Cavaco Silva, pela paz e segurançamundiais, pela prosperidade do povolusitano e pelo contínuo progresso dorelacionamento entre Brasil e Portugal.

Acordo de Seguridade Social ouSegurança Social

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República Portuguesa

Desejosos de melhorar a situação dosnacionais dos dois países no domínio sociale, em consequência, de aperfeiçoar oAcordo de Previdência Social de 17 deoutubro de 1969 existente entre o Brasil ePortugal, nomeadamente pela harmoni-zação desse Acordo com as novasdisposições introduzidas nas legislações deSeguridade Social e Segurança Social,

Acordam as seguintes disposições:

TÍTULO I

Disposições Gerais eLegislação Aplicável

ARTIGO Io

1. Para efeitos de aplicação do presenteAcordo:

a) "legislação" designa as leis, osregulamentos e disposições estatutárias,nos termos especificados no Artigo 2o;

b) "trabalhador" designa quer otrabalhador ativo, quer o pensionista, quero aposentado, quer o segurado em gozode beneficio ou aquele que mantenha essaqualidade;

c) "beneficiário" designa quer otrabalhador, quer a pessoa que contribuavoluntariamente e quer os respectivosdependentes;

d) "dependente" designa a pessoaassim qualificada pela legislação deSeguridade Social brasileira ou o familiarou equiparado reconhecido como tal pelalegislação de Segurança Social portuguesa;

e) "autoridade competente"designa o Ministro ou outra autoridadecorrespondente responsável pelos regimesde Seguridade Social ou de Segurança So-cial;

f) "entidade gestora" designa quera instituição competente incumbida daaplicação da legislação referida no Artigo2o quer a instituição responsável pelasprestações previstas nessa legislação;

g) "período de seguro" designa osperíodos de pagamento de contribuições eos períodos equivalentes tal como sãodefinidos ou tomados em consideração pelalegislação ao abrigo da qual foram ou sãoconsiderados como cumpridos;

h) "benefícios", "prestações","pensões" ou "rendas" designa os bene-fícios, as prestações, pensões ou rendasprevistas pela legislação aplicável, inclu-indo as melhorias, atualizações. ou suple-mentos e as indenizações em capital queas possam substituir.

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2. Os restantes termos utilizados nesteAcordo têm o significado que resulta dalegislação do Estado Contratante em causa.

ARTIGO 2°

1. O presente Acordo aplicar-se-á:

I. No Brasil, à legislação sobre oregime geral de Seguridade Social,relativamente a:

a) assistência médica;

b) velhice;

c) incapacidade laborativa tem-porária;

d) invalidez;

e) tempo de serviço;

f) morte;

g) natalidade;

h) salário-família;

i) acidente de trabalho e doençasprofissionais.

II. Em Portugal, à legislação relativa:

a) ao regime geral de segurançasocial referente às prestações de doença,maternidade, invalidez, velhice e morte eàs prestações familiares;

b) aos regimes especiais desegurança social estabelecidos para certascategorias de trabalhadores, na parte emque respeitem às prestações enumeradasna alínea precedente;

c) às prestações concedidas pelosServiços Oficiais de Saúde, emconformidade com a Lei n° 56/79 queinstituiu o Serviço Nacional de Saúde;

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d) ao regime de acidentes detrabalho e doenças profissionais.

2. O presente Acordo aplicar-se-á,igualmente, à legislação que complete oumodifique as legislações especificadas noparágrafo anterior.

3. Aplicar-se-á, também, à legislação queestenda os regimes existentes a novascategorias profissionais, ou que estabeleçanovos regimes de Seguridade Social ouSegurança Social, se o Estado Contratanteinteressado não se opuser a essa aplicação,no prazo de três meses contados da datada publicação oficial dessa legislação.

ARTIGO 3o

1. O presente Acordo aplica-se aosnacionais de cada um dos EstadosContratantes e a qualquer outra pessoa queesteja ou tenha estado sujeita à legislaçãoreferida no Artigo 2°, bem como aos seusfamiliares e sobreviventes.

2.As pessoas mencionadas no parágrafoprecedente terão os mesmos direitos e asmesmas obrigações que os nacionais doEstado Contratante em que se encontram,relativamente à aplicação da respectivalegislação referida no Artigo 2o.

ARTIGO 4o

1. Salvo o disposto em contrário nopresente Acordo, os trabalhadores ematividade no território de um EstadoContratante estão exclusivamente sujeitosà legislação desse Estado, mesmo queresidam no território do outro Estado ouque a entidade patronal que os ocupa tenhao seu domicílio social no território do outroEstado.

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2. O princípio estabelecido no parágrafoprecedente será objeto das seguintesexceções:

a) trabalhador que dependa deuma empresa pública ou privada situada emum dos Estados Contratantes e que sejadestacado para o território do outro Estadopor um período limitado, continuará sujeitoà legislação do primeiro Estado sempre queo tempo de trabalho no território do outroEstado não exceda um período de sessentameses. Se o tempo de trabalho se prolongarpor motivo imprevisível, além desse prazo,poder-se-á excepcionalmente manter, nomáximo por mais doze meses, a aplicaçãoda legislação do primeiro EstadoContratante, mediante prévio consen-timento expresso da autoridade competentedo outro Estado;

b) o pessoal de vôo das empresasde transporte aéreo continuaráexclusivamente sujeito à legislação vigenteno Estado em cujo território a empresaestiver situada;

c) os membros da tripulação denavio sob bandeira de um dos EstadosContratantes estarão sujeitos às disposiçõesvigentes no respectivo Estado. Qualqueroutro pessoal que o navio empregue emtarefas de carga e descarga, conserto evigilância, quando no porto, estará sujeitoà legislação do Estado sob cujo âmbitojurisdicional se encontre o navio.

3. As autoridades competentes dos EstadosContratantes poderão, de comum acordo,ampliar ou modificar, em casos particularesou relativamente a determinadas categoriasprofissionais, as exceções enumeradas noparágrafo 2o.

ARTIGO 5o

1. Os funcionários diplomáticos,administrativos e técnicos das missõesdiplomáticas e representações consularesdos Estados Contratantes ficam sujeitos àlegislação do Estado a que pertencem,excetuados os cônsules honorários, queficam sujeitos à legislação do Estado deresidência.

2. Os demais funcionários, empregados etrabalhadores a serviço das missõesdiplomáticas e repartições consulares ou aserviço pessoal de um de seus membros,ficam sujeitos à legislação do Estado emcujo território exerçam atividade, sempreque dentro dos doze meses seguintes à suacontratação não optem, com autorizaçãoem cada caso da autoridade competente doreferido Estado, pela legislação do EstadoContratante a cujo serviço se encontram.

ARTIGO 6o

1. Uma pessoa que faça jus em um EstadoContratante ao direito a uma prestaçãoprevista na legislação referida no Artigo 2o

conservá-lo-á, sem qualquer limitação,perante a entidade gestora desse Estado,quando se transferir para o território dooutro Estado Contratante. Em caso detransferência para um terceiro Estado, aconservação do referido direito estarásujeita às condições determinadas peloEstado que outorga a prestação aos seusnacionais residentes naquele terceiroEstado.

2. Uma pessoa que, por haver-setransferido do território de um EstadoContratante para o do outro Estado, tevesuspensas as prestações previstas na legis-

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lação referida no Artigo 2o, poderá, apedido, readquiri-las em virtude dopresente Acordo, respeitadas as normasvigentes nos Estados Contratantes sobrecaducidade e prescrição dos direitosrelativos à Seguridade Social ou SegurançaSocial.

TÍTULO H

Disposições Relativas às Prestações

ARTIGO 7o

1. Uma pessoa vinculada à SeguridadeSocial ou Segurança Social de um EstadoContratante, incluindo o titular de umapensão ou renda devida exclusivamente aoabrigo da legislação de um Estado Con-tratante, conservará o direito à assistênciamédica, quando se encontrar temporaria-mente no território do outro Estado. Terãoo mesmo direito os seus dependentes.

2. Os dependentes da pessoa referida noparágrafo precedente, enquanto semantiver a vinculação desta à SeguridadeSocial ou Segurança Social de um EstadoContratante, terão direito a assistênciamédica no outro Estado em que residem.

3. O titular de uma pensão ou renda devidaexclusivamente ao abrigo da legislação deum Estado Contratante, bem como os seusdependentes, conservarão o direito àassistência médica quando transferirem asua residência para o território do outroEstado.

4. A extensão e as modalidades daassistência médica prestada pela entidadegestora do Estado que concede asprestações, nos termos dos parágrafosanteriores, serão determinadas emconformidade com a legislação deste

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Estado. Não obstante, a duração da as-sistência médica será a prevista pelalegislação do Estado a cuja SeguridadeSocial ou Segurança Social esteja vinculadao interessado.

5. As despesas relativas à assistênciamédica de que trata este Artigo ficarão porconta da entidade gestora a cujo regimeesteja vinculado o interessado. A forma deindenizar essas despesas e de determinar oseu custo será fixada de comum acordoentre as autoridades competentes conformeo estipulado em Ajuste Administrativo aopresente Acordo. As autoridades compe-tentes poderão, igualmente, renunciar, notodo ou em parte, ao reembolso dasreferidas despesas.

ARTIGO 8o

1. Para efeitos de dar por cumprido operíodo de carência ou de garantia comvista à aquisição do direito às prestaçõespecuniárias por doença e maternidade, nostermos da legislação de um EstadoContratante, serão tidos em conta, namedida do necessário, os períodos deseguro cumpridos no outro Estado.

2. Uma pessoa que tenha completado numEstado Contratante o período de carênciaou de garantia necessário à concessão dasprestações pecuniárias por doença ematernidade manterá no outro Estado o di-reito a essas prestações, salvo se a referidapessoa tiver direito a prestações idênticasnos termos da legislação deste últimoEstado.

ARTIGO 9°

1. Para efeitos de aplicação da legislaçãoportuguesa uma pessoa que haja cumprido

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períodos de seguro sob a égide daslegislações de ambos os EstadosContratantes terá esses períodostotalizados para concessão das prestaçõesdecorrentes de invalidez, velhice e morte,exceto quando estiverem satisfeitas as con-dições estabelecidas por aquela legislação,sem que haja necessidade de recorrer àtotalização.

2. Para efeitos de aplicação da legislaçãobrasileira, uma pessoa que haja cumpridoperíodos de seguro sob a égide daslegislações de ambos os Estados Contra-tantes, terá esses períodos totalizados paraconcessão das prestações decorrentes deinvalidez, velhice e morte.

3. No que se refere à concessão daaposentadoria por tempo de serviço, osperíodos de tempo de serviço verificadosno Brasil serão igualmente totalizados comos períodos de seguro cumpridos sob aégide da legislação portuguesa, desde queesses períodos correspondam ao exercícioefetivo de uma atividade profissional emPortugal.

ARTIGO 10°

Para efeitos de aplicação daslegislações brasileira e portuguesa, serãotidas em conta as seguintes regras:

1. quando, nos termos das legislações dosEstados Contratantes, o direito á umaprestação depender dos períodos de segurocumpridos em uma profissão regulada porum regime ou lei especial de SeguridadeSocial ou Segurança Social, somentepoderão ser totalizados, para a concessãodas referidas prestações, os períodoscumpridos na mesma profissão em um eoutro Estado;

2. Sempre que em um Estado Contratantenão existir regime ou lei especial deSeguridade Social ou Segurança Socialpara a referida profissão, só poderão serconsiderados, para concessão dasmencionadas prestações no outro Estado,os períodos em que a profissão tenha sidoexercida no primeiro Estado, sob o regimede Seguridade Social ou Segurança Socialnele vigente. Se, todavia, o interessado nãoobtiver o direito às prestações do regimeou lei especial, os períodos cumpridosnesse regime considerados como setivessem sido cumpridos no regime geral.

3. Para a totalização dos períodos deseguro, cada Estado Contratante tomaráem conta os períodos cumpridos nostermos da legislação do outro Estado,desde que não coincidam com períodos deseguro cumpridos ao abrigo da sua próprialegislação.

ARTIGO 11

As prestações a que as pessoasreferidas nos Artigos 9o e 10° do presenteAcordo ou seus dependentes têm direitoem virtude da legislação de cada um dosEstados Contratantes, em consequência ounão da totalização dos períodos de seguro,serão liquidadas nos termos da sua próprialegislação, tomando em conta, exclusi-vamente, os períodos de seguro cumpridosao abrigo da legislação desse Estado.

ARTIGO 12

Quando os montantes das pensões ouaposentadorias devidos pelas entidadesgestoras dos Estados Contratantes nãoalcançarem, somados, o mínimo fixado noEstado Contratante em que o beneficiárioreside, a diferença até esse mínimo correrá

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por conta da entidade gestora deste últimoEstado.

ARTIGO 13

Para efeitos da concessão das pres-tações familiares e dos auxílios natalidadee funeral previstos, respectivamente, naslegislações brasileira e portuguesa, cadaEstado Contratante terá em conta, namedida do necessário, os períodos deseguro cumpridos no outro EstadoContratante.

ARTIGO 14

1. Uma pessoa vinculada à Seguridade So-cial ou Segurança Social de um EstadoContratante, incluindo o titular de umapensão ou renda devida exclusivamente aoabrigo da legislação de um Estado Con-tratante, e cujos dependentes residem ourecebem educação no território do outroEstado, tem direito, em relação aosreferidos dependentes, ao abono de famíliaou salário-família de acordo com alegislação do primeiro Estado.

2. Uma pessoa residente no território deum Estado Contratante a quem foi aplicadaa legislação do outro Estado emconformidade com as disposições do pre-sente Acordo, tem direito ao abono defamília ou salário-família ao abrigo dalegislação do último Estado.

ARTIGO 15

Se, para avaliar o grau de incapa-cidade em caso de acidente de trabalho oude doença profissional, a legislação de umdos Estados Contratantes preceituar quesejam tomados em consideração osacidentes de trabalho e as doençasprofissionais anteriormente ocorridos, sê-

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lo-ão também os acidentes de trabalho eas doenças profissionais anteriormenteocorridos ao abrigo da legislação do outroEstado como se tivessem ocorrido sob alegislação do primeiro Estado.

TÍTULOm

Disposições Diversas

ARTIGO 16

1. As modalidades de aplicação do presenteAcordo serão objeto de um AjusteAdministrativo a estabelecer pelasautoridades competentes dos Estados Con-tratantes.

2. As autoridades competentes dos EstadosContratantes informar-se-ão reciproca-mente sobre as medidas adotadas para aaplicação do presente Acordo e as altera-ções que sejam introduzidas nas respectivaslegislações em matéria de Seguridade So-cial ou Segurança Social.

ARTIGO 17

1. As autoridades competentes e asentidades gestoras dos Estados Contra-tantes prestar-se-ão assistência recíprocapara a aplicação do presente Acordo.

2. Os exames médicos solicitados pelaentidade gestora de um EstadoContratante, relativamente a beneficiáriosque se encontrem no território do outroEstado, serão levados a efeito pela entidadegestora deste último, a pedido e por contadaquela.

ARTIGO 18

1. Sempre que as entidades gestoras dosEstados Contratantes tiverem de conceder

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prestações pecuniárias em virtude dopresente Acordo, fá-lo-ão em moeda doseu próprio país.

2. Quando o pagamento for efetuado namoeda do outro país, a conversão será feitaà menor taxa de câmbio oficial vigente noEstado cuja entidade gestora efetuar opagamento.

ARTIGO 19

1. As isenções de direitos, de taxas e deimpostos, estabelecidas em matéria deSeguridade Social ou Segurança Socialpela legislação de um Estado Contratante,aplicar-se-ão também para efeito dopresente Acordo.

2. Todos os atos e documentos que tiveremde ser produzidos em virtude do presenteAcordo ficam isentos de vistos elegalização por parte das autoridadesdiplomáticas e consulares e de registropúblico, sempre que tenham tramitado poruma das entidades gestoras.

ARTIGO 20

Para efeitos de aplicação do presenteAcordo, as autoridades competentes e asentidades gestoras dos Estados Contra-tantes comunicar-se-ão diretamente entresi e com os beneficiários ou seus repre-sentantes.

ARTIGO 21

1. Os pedidos, documentos e recursos aapresentar perante uma instituição oujurisdição competente de um EstadoContratante serão tidos como apresentadosem tempo, mesmo quando o forem perantea instituição ou jurisdição correspondentedo outro Estado, sempre que a sua

apresentação for efetuada dentro do prazoestabelecido pela legislação do Estadocompetente.

2. O requerimento de prestações nostermos do presente Acordo, apresentadoa uma entidade gestora de um EstadoContratante, salvaguarda os direitos do re-querente nos termos da legislação do outroEstado, desde que o interessado soliciteque tal requerimento seja considerado nostermos da legislação deste último Estado.

3. Se um requerente apresentar o pedidode prestações à entidade gestora de umEstado Contratante e não restringirespecificamente o pedido das prestações àlegislação desse Estado, o requerimentosalvaguarda também os direitos dointeressado nos termos da legislação dooutro Estado.

ARTIGO 22

As autoridades consulares dosEstados Contratantes poderão representar,sem mandato especial, os nacionais do seupróprio Estado perante as autoridadescompetentes e as entidades gestoras emmatéria de Seguridade Social ou SegurançaSocial do outro Estado.

ARTIGO 23

As autoridades competentes dosEstados Contratantes resolverão, decomum acordo, as divergências econtrovérsias que surgirem na aplicação dopresente Acordo.

ARTIGO 24

Para facilitar a aplicação do presenteAcordo, as autoridades competentes dosEstados Contratantes designarão os

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organismos de ligação que julgarem con-venientes, em Ajuste Administrativo.

TITULO IV

Disposições Finais

ARTIGO 25

Cada uma das Partes notificará aoutra do cumprimento das respectivasformalidades legais internas necessárias àentrada em vigor do presente Acordo, aqual se dará, concomitantemente com oAjuste Administrativo, trinta dias após adata de recebimento da segunda dessasnotificações.

ARTIGO 26

1. O presente Acordo terá a duração deum ano, contado a partir da data de suaentrada em vigor. Considerar-se-átacitamente prorrogado por iguais perío-dos, salvo denúncia notificada por viadiplomática pelo Governo de qualquer umdos Estados Contratantes, pelo menos trêsmeses antes de sua expiração.

2. Em caso de denúncia, as disposições dopresente Acordo, do Ajuste Administrativoe Normas de Procedimento que oregulamentem continuarão em vigor comrespeito aos direitos adquiridos e em viasde aquisição.

ARTIGO 27

O presente Acordo substitui oAcordo de Previdência Social, celebradoentre o Governo da República Federativado Brasil e o Governo da República Portu-guesa em 17 de outubro de 1969, ficandosalvaguardados os direitos adquiridos

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constituídos ao abrigo do Acordo orasubstituído.

Feito em Brasília, aos dias 07 do mêsde maio de 1991, em dois exemplares, nalíngua portuguesa, sendo ambos os textosigualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILFrancisco Rezek

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAPORTUGUESAJoão de Deus Pinheiro

Ajuste Administrativo ao Acordo deSeguridade Social ou Segurança Social

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República Portuguesa

Nos termos do Artigo 16 do Acordode Seguridade Social ou Segurança Socialentre os Governos da República Federativado Brasil e o Governo da RepúblicaPortuguesa, de maio de 1991, asautoridades competentes, brasileira eportuguesa, estabelecem o seguinte AjusteAdministrativo para aplicação do Acordo:

C A P Í T U L O I

Disposições Gerais

ARTIGO Io

Para efeitos de aplicação dopresente Ajuste são tomadas em conta as

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definições constantes do Artigo Io doAcordo de Seguridade Social ou SegurançaSocial, entre os Governos da RepúblicaFederativa do Brasil e da RepúblicaPortuguesa, doravante designado porAcordo.

ARTIGO 2o

Para efeitos de aplicação doAcordo e do presente Ajuste, os seguintesorganismos foram designados comoentidades gestoras:

1 . No Brasil

a) O Instituto Nacional doSeguro Social (INSS) - concessão emanutenção dos benefícios (prestaçõespecuniárias), perícias médicas, reabilitaçãoe readaptação profissional, arrecadação,fiscalização e cobrança das contribuiçõesprevidenciárias;

b) O Instituto Nacional deAssistência Médica da Previdência Social(INAMPS) - prestação de assistência àsaúde (médica, odontológica, farmacêutica,ambulatorial e hospitalar).

2 . Em Portugal

A - No Continente

i) para as prestaçõespecuniárias relativas a doença ematernidade e prestações familiares, oCentro Regional de Segurança Social ondeo segurado esteja inscrito;

ii) para as prestações deassistência médica a Administração Re-gional de Saúde que abranja a área deresidência ou de estada do beneficiário;

iii) para as prestações relativasa invalidez, velhice e morte, o Centro Na-cional de Pensões - Lisboa;

iv) para as prestações deacidentes de trabalho e doençasprofissionais, a Caixa Nacional de Segurose Doenças Profissionais - Lisboa.

B - Na Região Autónoma dosAçores

i) para as prestações referidasem A i) e iii) a Direção Regional deSegurança Social - Angra do Heroísmo;

ii) para as prestações referidasem A ii) a Direção Regional de Saúde -Angra do Heroísmo;

iii) para as prestaçõesreferidas em A iv) a Caixa Nacional deSeguros de Doenças Profissionais - Lisboa.

C - Na Região Autónoma da Ma-deira

i) para as prestações referidasem A i) e iii) a Direção Regional deSegurança Social - Funchal;

ii) para as prestações referidasem A ii) a Direção Regional de SaúdePública - Funchal;

iii) para as prestaçõesreferidas em A iv) a Caixa Nacional deSeguros de Doenças Profissionais - Lisboa.

3. Para os demais casos são competentesas entidades gestoras que o forem nostermos da legislação aplicável.

ARTIGO 3o

1. Nos termos e para os fins do Artigo 24do Acordo os organismos seguintes foramdesignados como organismos de ligação:

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a) No Brasil

- o Instituto Nacional do SeguroSocial (INSS).

b) Em Portugal

- o Departamento de RelaçõesInternacionais e Convenções de SegurançaSocial (DRICSS).2. Os organismos de ligação tomarão asmedidas necessárias para a aplicação doAcordo e do presente Ajuste, bem comopara informação aos beneficiários sobre osdireitos e obrigações deles decorrentes.

3. Os organismos de ligação comunicam-se mutuamente todas as informaçõesnecessárias para efeitos de aplicação doAcordo e do Ajuste.

CAPITULO HDisposições Administrativas Respeitantesà Determinação da Legislação Aplicável

ARTIGO 4o

1. Nos casos previstos no Artigo 4°,parágrafo 2, alínea a), do Acordo a entidadegestora do Estado cuja legislação éaplicável emitirá, a pedido da empresa aque esteja vinculado o trabalhador, umcertificado do qual conste que este con-tinua sujeito à legislação do referidoEstado.

2. Se vários trabalhadores forem enviadospela mesma empresa situada num EstadoContratante para trabalhar temporaria-mente no território do outro Estado, emitir-se-á um certificado coletivo.

3. O certificado será remetido, em doisexemplares, ao organismo de ligação dooutro Estado.

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4. Para aplicação do Artigo 4o, parágrafo2, alínea a) do Acordo a empresa a cujoserviço se encontre o trabalhador deverásolicitar que este continue sujeito àlegislação do Estado que o envia. O pedido,em formulário próprio, deverá serapresentado à autoridade competente desteúltimo Estado, a qual solicitará à autoridadecompetente do outro Estado o necessárioconsentimento.

ARTIGO 5o

1. Para efeitos de aplicação do Artigo 4o,parágrafo 3 do Acordo, o trabalhador e aempresa solicitarão, através de requeri-mento devidamente fundamentado, àautoridade competente do Estado onde aempresa está situada a alteração do regimeda legislação aplicável.

2. Alcançado o consentimento daautoridade competente mencionada noparágrafo anterior, o requerimento seráenviado à autoridade competente do outroEstado, a fim de ser obtido o comumacordo para a alteração requerida.

ARTIGO 6o

1. Para efeitos de aplicação do Artigo 5o,parágrafo 2 do Acordo, o funcionário,empregado ou trabalhador apresentará opedido, em dois exemplares e antes deexpirar o prazo nele referido, através daentidade empregadora, à autoridadecompetente do Estado em cujo territórioexerce atividade.

2. Uma vez deferido ou indeferido opedido, será dado conhecimento da decisãoao interessado, por intermédio da entidadeempregadora bem como, no caso dedeferimento, à autoridade competente do

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Estado a cujo serviço o trabalhador seencontra.

CAPÍTULO m

Aplicação das Disposições Relativasàs Prestações

ARTIGO V

Para efeitos de totalização dosperíodos de seguro, quando necessária, nostermos do Acordo, observar-se-ão asseguintes regras:

a) os períodos de seguro que selevarem em conta para a totalização serãoaqueles considerados como tais pelalegislação do Estado Contratante no qualforam cumpridos;

b) quando um período de segurocumprido sob o regime de seguroobrigatório, em virtude da legislação de umEstado Contratante, coincida com umperíodo de seguro facultativo ou com umperíodo de seguro sem prestação de servi-ços, em virtude da legislação do outroEstado Contratante, só o primeiro períodoserá levado em consideração;

c) quando um período de segurosem prestação de serviços cumprido em umEstado coincida com o período similar nooutro Estado, esse período será conside-rado somente pela entidade gestora doEstado à qual o trabalhador tenha ficadoobrigatoriamente vinculado, em função daprestação de serviços imediatamente ante-rior ao período coincidente;

d) não sendo possível determinaro momento exato em que alguns períodosde seguro foram cumpridos nos termos dalegislação de um Estado Contratante, será

considerado que tais períodos não sesobrepõem aos creditados nos termos dalegislação do outro Estado Contratante;

e) quando os períodos de segurocumpridos ao abrigo da legislação de umEstado Contratante forem expressos emunidades de tempo diferentes das utilizadaspela legislação do outro EstadoContratante, a conversão necessária paraefeitos de totalização efetuar-se-á segundoas regras em vigor no Estado que tivernecessidade de efetuar a conversão.

ARTIGO 8o

1. Para efeitos de aplicação do Artigo 7o,parágrafos 1 a 4 do Acordo, o beneficiáriodeverá obter, junto da entidade gestora doEstado Contratante a cuja legislação estejavinculado, um certificado de direito àsprestações. Este certificado, que deverá serapresentado à entidade gestora do EstadoContratante do lugar de estada temporáriaou de residência, deve mencionar o períodomáximo de concessão das prestações nostermos da legislação do Estadocompetente; caso contrário, manter-se-áválido enquanto a última entidade gestoranão tiver recebido notificação da suaanulação.

2. Em caso de necessidade imediata deassistência médica poderá ser garantidatransitoriamente, durante um período detrês meses, às pessoas não portadoras docertificado referido no parágrafo anterior,observando-se, para o efeito, as seguintesdisposições:

a) a entidade gestora do EstadoContratante do lugar de estada ou deresidência emitirá um certificado provisório

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do direito às prestações, com base naapresentação pelo beneficiário dedocumento de identificação ou outroselementos que indiciem a sua vinculaçãoao regime de Seguridade Social ouSegurança Social do outro país;

b) o beneficiário diligenciará, deimediato, no sentido de obter o certificadode direito a emitir pela entidade gestora doEstado competente;

c) a não apresentação docertificado à entidade gestora do EstadoContratante do lugar de estada ou deresidência, faz cessar o direto provisório àassistência médica para além do prazoacima referido, ressalvando-se os casos deabsoluta necessidade de continuação daassistência;

d) as despesas de assistênciamédica concedida transitoriamente nascondições referidas nas alíneas anterioresserão suportadas pelo serviço ou sistemade saúde que abranger o beneficiário.

3. Os organismos de ligação e as entidadesgestoras dos Estados Contratantes tomarãoas medidas necessárias com vista a informaros beneficiários da conveniência de obter,antecipadamente, o certificado referido noparágrafo primeiro, em especial no caso dedeslocação temporária ao território dooutro país.

ARTIGO 9o

1. Para efeitos de aplicação do Artigo 7,parágrafo 5 do Acordo e do Artigo 8o dopresente Ajuste, as despesas decorrentesde assistência médica serão reembolsadasanualmente pela entidade gestora a cujoregime está vinculado o trabalhador, na

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base de montantes convencionais "percapita", nos termos seguintes:

a) o custo médio anual daassistência médica obtém-se dividindo ocusto total da assistência médica prestada,pelas entidades gestoras do paísconsiderado as pessoas incluídas no âmbitodo respectivo regime de Seguridade So-cial ou Segurança Social pelo número depessoas abrangidas por este regime;

b) o montante convencional areembolsar determina-se multiplicando ocusto médio mensal da assistência médicano país considerado pelo número de mesesou frações de meses compreendidos noperíodo em que esteve aberto o direito àassistência médica em relação a cadapessoa a tomar em conta para efeitos dereembolso;

c) o montante global a reembolsaré determinado após cada ano civil, peloorganismo que, em cada país, tenha a seucargo a gestão financeira dos cuidadosmédicos.

2. A apresentação de contas referentes àsdespesas de assistência médica prestadafar-se-á relativamente a cada ano civil,durante o Io semestre do 2o ano seguinteao do exercício a que as mesmas se referem.

3. A respectiva liquidação, a fazer, sepossível, por acerto de débitos, processar-se-á durante o semestre imediatamente aseguir, adotando-se para fins de com-pensação e pagamento do saldo credor, sefor o caso, o câmbio oficial vigente noprimeiro dia útil do mês de julho.

ARTIGO 10

Os gastos referentes a examesmédicos e à determinação da incapacidade

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para o trabalho, bem como às despesas deviagem e outras decorrentes, serão reem-bolsados à entidade gestora que promoveua realização dos exames pela entidadegestora por conta da qual foram realizados.O reembolso efetuar-se-á de acordo coma tabela de preços e com as normasaplicadas pela entidade gestora quepromoveu a realização dos exames,devendo, para o efeito, ser apresentadanota que especifique os gastos efetuados.

ARTIGO 11

Os reembolsos previstos nos Artigos9o e 10° anteriores, bem como ascomunicações necessárias para o efeito,serão efetuados por intermédio dosorganismos de ligação.

ARTIGO 12

1. O trabalhador sujeito à legislação de umEstado Contratante que faça valer o direitoa prestações pecuniárias por doença ematernidade ocorrida durante uma estadaou residência no território do outro EstadoContratante, apresentará imediatamente oseu pedido à entidade gestora do lugar deestada ou residência, juntando umcertificado passado pelo médico assistente.Este certificado indicará a data inicial daincapacidade para o trabalho, a sua duraçãoprovável bem como o respectivodiagnóstico.

2. A entidade gestora do lugar de estadaou residência transmite, sem demora, todaa documentação clínica relativa àincapacidade para o trabalho à entidadegestora competente que decidirá sobre aconcessão das prestações.

ARTIGO 13

1. O requerente que deseje fazer valer o

direito a prestações nos termos do Artigo9o e 10 do Acordo, poderá apresentar orespectivo pedido à entidade gestora doEstado da sua residência, segundo asmodalidades determinadas pela legislaçãodeste mesmo Estado.

2. Esse pedido será transmitido, emformulário próprio, à entidade gestora dooutro Estado Contratante e dele constarãoos elementos de identificação do requerentee dependentes a cargo, bem como asentidades gestoras a cujo regime otrabalhador esteve vinculado e as empresasa que prestou serviços em cada um dosreferidos Estados

3. A entidade gestora competente doEstado de residência remeterá igualmenteà entidade gestora do outro Estado umformulário de ligação em dois exemplares,no qual se especificarão os períodos deseguro que o trabalhador pode fazer valerface à respectiva legislação, bem como osdireitos que podem ser reconhecidos nabase dos referidos períodos.

4. Os elementos de identificação ehabilitação constantes do formulário deligação serão devidamente autenticadospela entidade gestora remetente, a qualdeve certificar que os documentos originaisconstantes do processo confirmam asinformações contidas no formulário. Oenvio do formulário assim autenticadodispensa a entidade gestora remetente deenviar esses documentos.

5. A entidade gestora à qual foi remetido oformulário de ligação a que se referem osparágrafos 3 e 4 do presente Artigo,determinará os direitos do requerente combase unicamente nos períodos creditados

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ao abrigo da própria legislação ou, se for ocaso, mediante a totalização dos períodoscumpridos ao abrigo da legislação das duasPartes. A mesma entidade gestoradevolverá, seguidamente, uma cópia doformulário de ligação juntando-lhe asinformações relativas aos períodoscreditados ao abrigo da sua próprialegislação, bem como às prestaçõesconcedidas ao requerente.

6. Uma vez recebido o formulário deligação devidamente completado comtodos os elementos de informaçãonecessários, a primeira entidade gestora ha-vendo determinado, se for o caso, osdireitos que derivam para o requerente datotalização dos períodos creditados porefeito da legislação das duas Partes, esta-belecerá a sua própria decisão sobre omontante das prestações a pagar einformará desse fato a outra entidadegestora.

ARTIGO 14

1. Sempre que um trabalhador ou um seudependente, que não resida no Brasil ouem Portugal, solicite uma prestação, emharmonia com o disposto nos Artigos 9o e10° do Acordo, poderá apresentar o seupedido à entidade gestora do país sob cujalegislação tenha estado segurado em últimolugar.

2. O pedido dirigido à entidade gestora deum país poderá ser recebido pela entidadegestora ou pelo organismo de ligação dooutro país. Neste caso, o pedido em causadeve ser remetido à entidade gestora aquem se dirige com os elementosnecessários à respectiva instrução e aindicação da data em que foi inicialmente

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recebido. Esta data será considerada válidapara efeitos da legislação aplicável.

ARTIGO 15

1. A qualificação e a determinação do graude invalidez de um beneficiário competiráà entidade gestora que conceder aprestação.

2. Se necessário, a entidade gestora doEstado que conceder a prestação poderásolicitar à entidade gestora do outro Estadoos antecedentes e os documentos médicosdo interessado que ela eventualmentepossua.

3. Para qualificar e determinar o grau deinvalidez, a entidade gestora de cadaEstado levará em conta os pareceresmédicos emitidos pela entidade gestora dooutro Estado. Todavia a entidade gestorade cada Estado reserva-se o direito de fazerexaminar o interessado por médico por eladesignado.

4. Os exames médicos dos beneficiários,em situação de incapacidade temporáriapara o trabalho, podem ser promovidospelos organismo de ligação ou pelaentidade gestora do país de estadatemporária ou da residência do interessadoantes de expirado o prazo fixado pelaentidade gestora competente, indepen-dentemente de solicitação expressa doorganismo de ligação ou da entidadegestora do outro país.

5. O organismo de ligação ou a entidadegestora de cada país poderá tomar ainiciativa de fazer acompanhar os pedidosde reconsideração dos respectivos laudosmédicos, independentemente de solicitaçãoexpressa do organismo ou entidade dooutro país.

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6. Os exames médicos para instruir ospedidos de reconsideração serão realizadospor junta médica ou, na impossibilidade dasua constituição, por médico diferente doque realizou o exame anterior.

7. Fica dispensado o envio de registros,laudos e exames complementares, cujosdados clinicamente significativos constarãoobrigatoriamente do laudo médico.

ARTIGO 16

Para efeitos de aplicação do Artigo14 do Acordo, o trabalhador deveráapresentar o pedido à entidade gestoracompetente, fazendo acompanhar talpedido da documentação prevista nalegislação aplicável.

ARTIGO 17

As disposições do presente Ajusterelativas à concessão das prestações pordoença e maternidade são aplicáveis, comas devidas adaptações, à concessão dasprestações em caso de acidente de trabalhoou doença profissional.

CAPÍTULO IV

Disposições Diversas e Finais

ARTIGO 18

1. Em conformidade com o Artigo 18 doAcordo a entidade gestora portuguesa emmatéria de pensões, em articulação com oorganismo de ligação português^ pagaráestas prestações diretamente aosinteressados, sem prejuízo da comunicaçãomensal do número de pensionistas e valorglobal das pensões ao Instituto Nacionaldo Seguro Social. Para o efeito serão

utilizados os meios internacionais depagamento que se mostrem mais rápidos eeficazes.

2. As prestações pecuniárias nãomencionadas no número anterior, devidaspor uma entidade gestora portuguesa abeneficiários residentes no Brasil serãopagas diretamente aos interessados.

3. O organismo de ligação portuguêspagará por conta do Instituto Nacional doSeguro Social brasileiro as prestaçõesconcedidas por esta entidade aos seusbeneficiários residentes em Portugal.

4. A devolução de montantescorrespondentes a benefícios incluídos nasrelações de pagamento mensais e nãoliquidadas no outro Estado Contratante,será efetuada com a possível brevidade eserá acompanhada da respectiva prestaçãode contas.

5. Os organismos de ligação de ambas asPartes prestarão anualmente informaçõesrecíprocas sobre o processamento dospagamentos referidos nos númerosanteriores.

ARTIGO 19

1. É constituída uma Comissão Mista, decaráter técnico, cuja composição, sobproposta dos organismos de ligação, seráaprovada pelas autoridades competentes,com as seguintes atribuições:

-resolver, de comum acordo, asdúvidas de interpretação e aplicação doAcordo e do presente Ajuste;

- aprovar normas de procedimento;

- propor alterações dos critérios dereembolso;

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- resolver outras questões que lheforem submetidas pelas autoridadescompetentes.

2. A Comissão Mista se reuniráalternadamente em cada um dos países poriniciativa e sob proposta dos organismosde ligação.

ARTIGO 20

Os organismos de ligação e asentidades gestoras de ambos os EstadosContratantes prestam os seus bons ofíciosna aplicação do Acordo e do presenteAjuste e procedem como se tratasse daaplicação da sua própria legislação. Omútuo auxílio administrativo é, emprincípio, gratuito. No entanto, asautoridades competentes podem acordarno reembolso de certas despesas.

ARTIGO 21

1. Para efeitos de aplicação das disposiçõesdo presente Ajuste serão utilizados osformulários que forem estabelecidos decomum acordo pelos organismos de ligaçãodos Estados Contratantes.

2. Se os pedidos de prestações não foremacompanhados dos documentos oucertificados necessários, ou se estesestiverem incompletos, a entidade gestoraou o organismo de ligação que receber opedido poderá dirigir-se à entidade ou aoorganismo de ligação do outro EstadoContratante, a fim de completar a referidadocumentação.

ARTIGO 22

O presente Ajuste vigorará a partirda data de entrada em vigor do Acordo eterá a mesma duração.

ARTIGO 23

1. O presente Ajuste substitui o AjusteComplementar ao Acordo de PrevidênciaSocial entre os Governos da RepúblicaFederativa do Brasil e de Portugal, de 17de outubro de 1969.

2. As Normas de Procedimento acordadasna vigência do Acordo e do Ajusteanteriores ficam revogadas com exceçãodaquelas que se mostrem necessárias àadequada execução do presente Ajuste.

Feito em Brasília, aos 07 dias do mêsde maio de 1991, em dois exemplaresoriginais na língua portuguesa, sendoambos os textos autênticos.PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILFrancisco Rezek

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAPORTUGUESAJoão de Deus Pinheiro

Memorandum de Entendimento sobreTransportes Marítimos

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da RepúblicaPortuguesa,

Reconhecendo a importância dosserviços de transportes marítimos para aexpansão e agilização do intercâmbiocomercial luso-brasileiro;

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Levando em conta a evolução daspolíticas de transportes marítimos emambos países e, em especial, o programabrasileiro de desregulamentação portuáriae de marinha mercante e osdesenvolvimentos no âmbito da atuaçãoadministrativa e da estrutura empresarialligadas ao setor de transportes marítimosem Portugal;

Tomando por base os resultados daReunião da Comissão Técnica bilateralsobre transportes marítimos, realizada emLisboa, nos dias 29 e 30 de abril último,

Resolvem:

1. Aprovar as medidas propostas pelareferida Comissão Técnica em prol damaior abertura e competitividade dotráfego marítimo bilateral e da melhoria dospadrões de eficiência, qualidade eregularidade da oferta de serviçosmarítimos entre Brasil e Portugal; e

2. Convocar, para o segundo semestre docorrente ano, a Comissão Mista, previstano Artigo XIII do Acordo entre o Governoda República Federativa do Brasil e oGoverno da República Portuguesa sobreTransporte e Navegação Marítima de 1978,para efetuar as modificações e emendasnecessárias ao Acordo, de forma amodernizar a sua aplicação e funcio-namento e adequá-lo aos compromissosinternacionais aceitos pelas duas Partes.

Feito em Brasília, em 07 de maio de1991, em dois exemplares na línguaportuguesa, sendo os dois textosigualmente autênticos

PELO GOVERNO DA REPUBLICAFEDERATIVA DO BRASILFrancisco Rezek

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAPORTUGUESAJoão de Deus Pinheiro

Protocolo sobre as Comemorações dosDescobrimentos Portugueses

Considerando que no ano 2000 secomemoram os 500 anos da viagem dePedro Álvares Cabral e da sua chegada aoBrasil e que esta representa o culminar deum processo evolutivo na história doAtlântico, com raízes no Ano Mil;

Considerando ainda que, a partir daviagem de Pedro Álvares Cabral, sedesenvolveu importante processo deencontro de povos e culturas com papelpreponderante na formação da civilizaçãoatlântica, matriz da modernidade;

Considerando que se formou, então,a partir do Atlântico, uma cultura e umacivilização de que os povos do Brasil e dePortugal são agentes diretos;

Considerando que tal civilização sedesenvolve a partir das navegações comoespaço de convivência económica, sociale cultural;

Considerando, de igual modo, que asComemorações do V Centenário daChegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasilmarcam momento importante da Históriados dois países;

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Considerando que o Presidente daRepública Federativa do Brasil e oPresidente da República Portuguesadecidiram, em 1987, constituir umaComissão Luso-brasileira para asComemorações do V Centenário doDescobrimento do Brasil;

Considerando, finalmente, que alíngua portuguesa constitui um elementode criação e união cultural cada vez maisfecundo nos dois lados do Oceano;

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da RepúblicaPortuguesa,

Acordam:

ARTIGO Io

Desenvolver, ao longo da presentedécada (1991 a 2000), um programacomemorativo dos 500 anos da viagem dePedro Alvares Cabral que, conferindo umaforte dimensão cultural ao relacionamentoentre o Brasil e Portugal, contribua deforma decisiva para a projeção dacomunidade luso-brasileira no dealbar doterceiro milénio.

ARTIGO 2o

Ter presente o enquadramento queas ações acima referidas possam vir a ternas comemorações dos dois mil anos daação evangelizadora da Igreja Católica.

ARTIGO 3o

Constituir uma Comissão BilateralExecutiva com o objetivo de apresentar umConjunto de Programas anuais de projetos

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e ações específicas, com vista a darexeqúibilidade ao referido no Artigo Io dopresente Protocolo.

ARTIGO 4o

A Comissão Bilateral Executiva tema seguinte composição:

a) Da parte brasileira:

- Chefe do Departamento Culturaldo Ministério das Relações Exteriores;

- Chefe da Divisão de Instituições deEnsino e Programas Especiais doMinistério das Relações Exteriores;

- Diretor do Serviço de Docu-mentação do Ministério da Marinha;

- Representante da Secretaria daCultura da Presidência da República;

- Representante dos meiosuniversitários.

b) Da parte portuguesa:

- Comissário-Geral da ComissãoNacional para as Comemorações dosDescobrimentos Portugueses;

- Comissário Adjunto da ComissãoNacional para as Comemorações dosDescobrimentos Portugueses;

- Um representante do Ministériodos Negócios Estrangeiros;

- Um representante da ComunidadePortuguesa no Brasil;

- Um Professor Universitário Especi-alista em Cultura Brasileira;

- Os nomes dos membros daComissão Bilateral Executiva serãotransmitidos por via diplomática.

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ARTIGO 5o

A Comissão Bilateral Executiva seráco-presidida, pelo lado brasileiro, peloChefe do Departamento Cultural doMinistério das Relações Exteriores e, pelolado português, pelo Comissário Geral daComissão Nacional para as Comemoraçõesdos Descobrimentos Portugueses.

ARTIGO 6o

A Comissão Bilateral Executivadeverá reunir-se uma vez por ano, alterna-damente no Brasil e em Portugal, estabe-lecendo-se, sempre que possível, em cadareunião a data da seguinte.

ARTIGO V

A Comissão Bilateral Executivaexercerá sua atividade até o dia 31 deDezembro do ano 2000.

ARTIGO 8o

O presente Protocolo entrará emvigor trinta dias após a data do recebimentoda segunda das Notas pelas quais as duasPartes comunicarem reciprocamente a suaaprovação em conformidade com os pro-cessos constitucionais de ambos os países.

Feito em Brasília, aos 07 dias do mêsde maio de 1991, em dois exemplaresoriginais em língua portuguesa, sendoambos autênticos.

PELO GOVERNO DA REPUBLICAFEDERATIVA DO BRASILFrancisco Rezek

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAPORTUGUESAJoão de Deus Pinheiro

Tratado de Extradição

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da RepúblicaPortuguesa,

Animados pelos laços de amizade ecooperação que presidem às relações entreambos os países;

Tendo em mente as profundasafinidades que enriquecem as relações entreseus povos; e

Desejando aprofundar esse relacio-namento privilegiado no campo da coope-ração em áreas de interesse comum, nome-adamente no âmbito da justiça em matériapenal;

Acordam o seguinte:

ARTIGO I

Obrigação de Extraditar

As Partes Contratantes acordam naextradição recíproca de pessoas, segundoas disposições do presente Tratado, parafins de procedimento criminal, ou paracumprimento de pena privativa da liberdadepor infração cujo julgamento seja dacompetência dos tribunais da Parterequerente.

ARTIGO IIFatos Determinantes da Extradição

1. Dão lugar a extradição os fatos puníveis,segundo as leis de ambas as Partes, compena privativa da liberdade de duraçãomáxima superior a um ano.

2. Quando a extradição for pedida paracumprimento de uma pena privativa da

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liberdade, só será concedida se a duraçãoda pena ainda por cumprir for superior anove meses.

3. Para fins do presente Artigo, nadeterminação das infrações segundo a leide ambas as Partes Contratantes:

a) não releva que as leis das PartesContratantes qualifiquem ou tipifiquemdiferentemente os elementos constitutivosda infração ou utilizem a mesma oudiferente terminologia legal;

b) todos os fatos imputados à pessoacuja extradição é pedida serãoconsiderados, sendo irrelevante acircunstância de serem ou não diferentesos elementos constitutivos da infraçãosegundo as leis das Partes Contratantes;

4. Quando a infração que deu lugar aopedido de extradição tenha sido cometidafora do território da Parte requerente, aextradição será concedida, de acordo comas disposições do presente Tratado, desdeque:

a) a pessoa cuja extradição é pedidaseja nacional da Parte requerente; ou

b) a lei da Parte requerida preveja apunição de um crime cometido fora do seuterritório, em condições semelhantes.

5. Quando a extradição for pedida por umcrime em matéria de taxas, impostos,direitos aduaneiro e cambial, a extradiçãonão será recusada pelo fato de a lei da Parterequerida não prever o mesmo tipo de ta-xas ou impostos ou não conter o mesmotipo de regulamentação em matéria detaxas, impostos, direitos aduaneiro e cam-bial que a legislação do Estado requerente.

6. Se o pedido de extradição respeitar avários fatos distintos, cada um deles punívelpelas leis da Parte requerente e da Parterequerida com uma pena privativa daliberdade, mas em que alguns deles nãopreencham a condição relativa à medida dapena; a Parte requerida terá a faculdade deconceder também a extradição por estesúltimos.

ARTIGO m

Inadmissibilidade de Extradição

1. Não terá lugar a extradição nos seguintescasos:

a) ser a pessoa reclamada nacionalda Parte requerida;

b) ter sido a infração cometida noterritório da Parte requerida;

c) ter a pessoa reclamada sidodefinitivamente julgada na Parte requeridaou num terceiro Estado pelos fatos quefundamentam o pedido de extradição e tersido absolvida, ou, no caso de condenação,ter cumprido a pena;

d) estar extinto no momento dorecebimento do pedido, segundo a lei dequalquer das Partes Contratantes, oprocedimento criminal ou a pena, porprescrição ou por qualquer outra causa;

e) estar anistiada a infração segundoa lei de qualquer das Partes Contratantes;

f) ser a infração punível com penade morte ou prisão perpétua;

g) dever a pessoa ser julgada por tri-bunal de exceção ou cumprir uma penadecretada por um tribunal dessa natureza;

h) haver fundadas razões paraconsiderar que a pessoa reclamada será

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sujeita a processo que não ofereça garantiasde um procedimento criminal que respeiteas condições internacionalmentereconhecidas como indispensáveis àsalvaguarda dos Direitos do Homem oucumprirá a pena em condições desumanas;

i) tratar-se, segundo a legislação daParte requerida, de infração de naturezapolítica ou com ela conexa;

j) haver fundadas razões paraconcluir que a extradição é solicitada parafins de procedimento criminal ou decumprimento de pena por parte de umapessoa, em virtude da sua raça, sexo,religião, nacionalidade ou convicçõespolíticas, ou que a situação dessa pessoapossa ser prejudicada por qualquer dessasrazões;

1) tratar-se de crime militar que,segundo a lei de ambas as PartesContratantes, não constitua simultane-amente uma infração de direito comum.

2. Não se consideram de natureza políticaas infrações que não sejam dessa naturezasegundo:

a) a lei da Parte requerida;

b) qualquer convenção internacionalem que as duas Partes Contratantes sejamParte.

ARTIGO IV

Julgamento pela Parte Requerida

1. Se a extradição não puder ser concedidapor se verificar algum dos fundamentosprevistos nas alíneas a), f) e g) do número1 do Artigo anterior, a Parte requeridaobriga-se a submeter o infrator a julga-mento pelo Tribunal competente e, em

conformidade com a sua lei, pelos fatos quefundamentaram, ou poderiam ter funda-mentado, o pedido de extradição.

2. Para os efeitos previstos no número an-terior, a Parte requerida poderá solicitar àParte requerente, quando esta não os tenhaenviado espontaneamente, os elementosnecessários à instauração do respectivoprocedimento criminal, designadamente osmeios de prova utilizáveis.

ARTIGO V

Recusa de Extradição

1. A extradição poderá ser recusada:

a) se as autoridades competentes daParte requerida tiverem decidido abster-sede instaurar procedimento criminal, pelainfração que deu lugar ao pedido deextradição, contra a pessoa em relação àqual a extradição é pedida;

b) se a pessoa cuja entrega ésolicitada tiver sido condenada à reveliapela infração que deu lugar ao pedido deextradição, exceto se a lei da Parterequerente lhe assegurar a possibilidade deinterposição de recurso da decisão conde-natória, ou a realização de novo julgamentoapós extradição;

c) se estiver pendente procedimentocriminal nos tribunais da Parte requeridapelos fatos que fundamentam o pedido deextradição.

2. A Parte requerida poderá sugerir à Parterequerente que retire o seu pedido deextradição, tendo em atenção razõeshumanitárias que digam nomeadamenterespeito à idade, saúde, ou outrascircunstâncias particulares da pessoareclamada.

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ARTIGO VI

Regra da Especialidade

1. Uma pessoa extraditada ao abrigo dopresente Tratado não pode ser detida oujulgada, nem sujeita a qualquer outrarestrição da sua liberdade pessoal noterritório da Parte requerente, por qualquerfato distinto do que motivou a extradiçãoe lhe seja anterior ou contemporâneo.

2. Cessa a proibição constante do númeroanterior quando:

a) a Parte requerida, ouvidopreviamente o extraditado, der o seuconsentimento, na sequência da apreciaçãode pedido nesse sentido apresentado edecidido nos termos previstos para opedido de extradição;

b) o extraditado, tendo direito epossibilidade de sair do território da Parterequerente, nele permanecer por mais dequarenta e cinco dias ou aí voluntariamenteregressar.

3. Se os elementos constitutivos da infraçãoforem alterados na Parte requerente napendência do processo, contra a pessoaextraditada só prosseguirá o procedimentocriminal se os elementos constitutivos dainfração permitirem a extradição de acordocom as disposições do presente Tratado.

ARTIGO VH

Reextradição

1. A Parte requerente não pode reextraditarpara terceiro Estado a pessoa que a Parterequerida lhe entregou no seguimento deum pedido de extradição.

2. Cessa a proibição de reextradiçãoconstante do número anterior:

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a) se, nos termos estabelecidos parao pedido de extradição, for solicitada àParte requerida e dela obtida acorrespondente autorização judicial para areextradição, ouvido previamente oextraditado;

b) se o extraditado, tendo direito epossibilidade de sair do território da Parterequerente, nele permanecer por mais dequarenta e cinco dias ou aí voluntariamenteregressar.

3. A Parte requerida poderá solicitar à Parterequerente o envio da declaração da pessoareclamada sobre se aceita a reextradiçãoou se opõe a ela.

ARTIGO Vffl

Pedidos de Extradição Concorrentes

1. No caso de concorrerem diversospedidos de extradição da mesma pessoapelos mesmos fatos, tem preferência o doEstado em cujo território a infração seconsumou ou onde foi praticado o fatoprincipal.

2. Se os pedidos respeitarem a fatosdiferentes têm preferência:

a) no caso de infrações de gravidadediferente, o pedido relativo à infração maisgrave segundo a lei da Parte requerida;

b) no caso de infrações de igualgravidade, o pedido mais antigo, ou, sendosimultâneos, o do Estado de que oextraditando for nacional ou residente, ou,nos demais casos, o do Estado que, deacordo com as circunstâncias concretas,designadamente a existência de Tratado oua possibilidade de reextradição entre asPartes requerentes, se entender que devaser preferido aos outros.

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ARTIGO IX

Comunicação da Decisão

A Parte requerida informará a Parterequerente, no mais curto prazo possível,da decisão sobre o pedido de extradição,indicando, em caso de recusa total ouparcial, os motivos dessa recusa.

ARTIGO X

Vias de Comunicação

Os pedidos de extradição e toda acorrespondência ulterior serão transmitidospor via diplomática.

ARTIGO XI

Requisitos do Pedido

O pedido de extradição deve incluir:

a) a identificação da pessoa recla-mada;

b) a menção expressa da suanacionalidade;

c) a prova de que, no caso concreto,a mesma pessoa está sujeita à jurisdiçãopenal da Parte requerente;

d) a prova, no caso de infraçãocometida em terceiro Estado, de que estenão reclama o extraditando por causa dessainfração;

e) a informação, nos casos decondenação à revelia, de que a pessoareclamada pode recorrer da decisão ourequerer novo julgamento após a efetivaçãoda extradição.

ARTIGO

Instrução do pedido

Ao pedido de extradição devem serjuntados os elementos seguintes:

a) mandado de detenção, oudocumento equivalente da pessoareclamada, emitido pela autoridadecompetente;

b) quaisquer indicações úteis aoreconhecimento e localização da pessoareclamada, designadamente extrato doregistro civil, fotografia e ficha datilos-cópica;

c) certidão ou cópia autenticada dadecisão que ordenou a expedição domandado de detenção, no caso deextradição para procedimento criminal;

d) certidão ou cópia autenticada dadecisão condenatória, no caso deextradição para cumprimento da pena, bemcomo documento comprovativo da penaque resta cumprir, se esta não corresponderà duração da pena imposta na decisãocondenatória;

e) descrição dos fatos imputados àpessoa reclamada com indicação da data,local e circunstâncias da infração e a suaqualificação jurídica, se não constarem dasdecisões referidas na alíneas c) ou d);

f) cópia dos textos legais relativos àqualificação e punição dos fatos imputadosao extraditando e à prescrição doprocedimento criminal ou da pena, con-forme o caso;

g) declaração da autoridade compe-tente relativa a atos que tenham inter-rompido ou suspendido o prazo deprescrição, segundo a lei da Parterequerente, se fôr o caso;

h) cópia dos textos legais relativos àpossibilidade de recurso da decisão ou deefetivação de novo julgamento, no caso decondenação à revelia.

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ARTIGO

Extradição do Consentimento doExtraditando

1. A pessoa detida para efeito de extradiçãopode declarar que consente na sua entregaimediata à Parte requerente e que renunciaao processo judicial de extradição, depoisde advertida de que tem direito a esteprocesso.

2. A declaração é assinada peloextraditando e pelo seu defensor ouadvogado constituído.

3. A autoridade judicial verifica se estãopreenchidas as condições para que aextradição possa ser concedida, ouve odeclarante para se certificar se a declaraçãoresulta da sua livre determinação e, em casoafirmativo, homologa-a, ordenando a suaentrega à Parte requerida, de tudo selavrando auto.

4. A declaração, homologada nos termosdo número anterior, é irrevogável.

5. O ato judicial de homologação equivale,para todos os efeitos, à decisão final doprocesso de extradição.

ARTIGO XIV

Elementos Complementares

1. Quando o pedido estiver incompleto ounão vier acompanhado de elementossuficientes para permitir à Parte requeridatomar uma decisão, pode esta solicitar quelhe sejam fornecidos elementos ouinformações complementares, no prazo queestipular, mas não superior a sessenta dias.

2. O não envio dos elementos ouinformações solicitados nos termos donúmero anterior não obsta a que o pedido

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de extradição seja decidido à luz dos ele-mentos disponíveis.

3. Se uma pessoa, que se encontre detidaem virtude de um pedido de extradição,for libertada pelo fato de a Parte requerentenão ter apresentado os elementoscomplementares nos termos do número 1do presente Artigo, a Parte requeridadeverá notificar a Parte requerente, logoque possível, da decisão tomada.

ARTIGO XV

Detenção do Extraditando

1. As Partes Contratantes, logo quedeferido o pedido de extradição, obrigam-se a adotar todas as medidas necessáriaspara assegurar a sua efetivação, inclusivea procurar e a deter a pessoa reclamada.

2. A detenção da pessoa reclamada duranteo processo de extradição, até à sua entregaà Parte requerente, reger-se-á pela leiinterna da Parte requerida.

ARTIGO XVI

Entrega e Remoção do Extraditado

1. Sendo concedida a extradição, a Parterequerida informará a Parte requerente dolocal e da data da entrega da pessoareclamada e da duração da detenção porela sofrida, para efeito de ser computadano tempo de prisão que tiver sido imposta.

2. A Parte requerente deverá remover apessoa da Parte requerida dentro de umprazo razoável fixado por esta última, nãosuperior a sessenta dias.

3. O prazo referido no número anterior éprorrogável na medida exigida pelo casoconcreto, quando razões de força maiorcomunicadas entre as Partes Contratantes,

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nomeadamente doença verificada porperito médico, a qual ponha em perigo avida do extraditado, impedirem a remoçãodentro desse prazo.

4. Decorrido o prazo referido nos números2 e 3 sem que alguém se apresente a recebero extraditado, será o mesmo restituído àliberdade.

5. A Parte requerida pode recusar-se aextraditar a pessoa que não tenha sidoremovida no prazo referido neste Artigo.

ARTIGO XVII

Diferimento da Entrega

1. Não obsta à concessão da extradição aexistência em tribunais da Parte requeridade processo penal contra a pessoareclamada ou a circunstância de esta seencontrar a cumprir pena privativa daliberdade, por infrações diversas das quefundamentaram o pedido.

2. Nos casos do número anterior, difere-sea entrega do extraditado para quando oprocesso ou o cumprimento da penaterminarem.

3. É também causa de adiamento da entregaa verificação, por perito médico, deenfermidade que ponha em perigo a vidado extraditado.

ARTIGO XVm

Entrega Temporária

1. No caso do número 1 do Artigo ante-rior, a pessoa reclamada pode ser entreguetemporariamente, mediante autorizaçãojudicial, para a prática de atos processuais,designadamente o julgamento, que a Parterequerente demonstre não poderem seradiados sem grave prejuízo, desde que isso

não prejudique o andamento do processopendente na Parte requerida e a Parterequerente se comprometa a que,terminados esses atos, a pessoa reclamadaseja restituída sem quaisquer condições.

2. A presença temporária da pessoareclamada no território da Parte requerentenão poderá ultrapassar sessenta dias e sóserá autorizada por uma única vez.

3. Se a pessoa entregue temporariamenteestava a cumprir pena, a execução destafica suspensa desde a data em que essapessoa foi entregue ao representante daParte requerente até à data da suarestituição às autoridades da Parterequerida.

4. É todavia considerada na condenação adetenção que não venha a ser computadano processo estrangeiro.

ARTIGO XIX

Entrega de Coisas

1. Na medida em que a lei da Parterequerida o permita e sem prejuízo dosdireitos de terceiros, que deverão serdevidamente respeitados, as coisas encon-tradas na Parte requerida que tenham sidoadquiridas em resultado da infração ou quepossam ser necessárias como prova destadevem, se a Parte requerente o solicitar,ser-lhe entregues caso a extradição sejaconcedida.

2. A entrega das coisas referidas no númeroanterior será feita mesmo que a extradição,tendo sido concedida, não possa serefetivada, nomeadamente por fuga oumorte da pessoa reclamada.

3. A Parte requerida poderá entregar, sobcondição de serem restituídos sem

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quaisquer despesas, os objetos a que serefere o número 1 do presente Artigo,quando possam estar sujeitos a medidacautelar, no território da referida Parte, emprocesso penal em curso, se interessarempor outras razões ou sobre eles haja direitosde terceiros.

ARTIGO XX

Detenção Provisória

1. Em caso de urgência e como ato préviode um pedido formal de extradição, asPartes Contratantes podem solicitar adetenção provisória da pessoa a extraditar.

2. O pedido de detenção provisória indicaráa existência de mandado de detenção oudecisão condenatória contra a pessoareclamada, conterá o resumo dos fatosconstitutivos da infração, data e local ondeforam cometidos, indicação dos preceitoslegais aplicáveis e todos os dadosdisponíveis acerca da identidade, na-cionalidade e localização dessa pessoa.

3. O pedido de detenção provisória serátransmitido por via diplomática.

4. A decisão sobre a detenção e a suamanutenção será tomada em conformidadecom o direito da Parte requerida ecomunicada imediatamente à Parte re-querente.

5. Pelo meio mais rápido, a Parte requeridainformará a Parte requerente do resultadodos atos praticados para a detenção,mencionando que a pessoa detida serárestituída à liberdade se não receber orespectivo pedido de extradição no prazode sessenta dias após a detenção.

6. À manutenção da detenção após orecebimento do pedido de extradição

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aplica-se o disposto no número 2 doArtigo XV.

7. A restituição à liberdade não obsta ànova detenção ou à extradição, se o pedidode extradição for recebido após o prazoreferido no número 5 do presente Artigo.

ARTIGO XXI

Recaptura

Em caso de evasão após a entrega àParte requerente e regresso da pessoaextraditada ao território da Parte requerida,pode ser solicitada a sua recaptura apenascom base no envio de mandado de capturaacompanhado dos elementos necessáriospara se saber que foi extraditada e se evadiuantes de extinto o procedimento criminalou cumprida a pena.

ARTIGO XXnTrânsito

1. O trânsito, pelo território de qualquerdas Partes Contratantes, de pessoa que nãoseja nacional dessa Parte e tenha sidoextraditada para a outra por um terceiroEstado, será facultado desde que não seoponham motivos de ordem pública e setrate de infração justificativa de extradiçãonos termos deste Tratado.

2. O pedido de trânsito é transmitido porvia diplomática, deve identificar oextraditado e ser instruído com oselementos referidos nas alíneas a, c, d oue, do Artigo XII.

3. Competirá às autoridades do Estado detrânsito manter sob prisão ou detenção oextraditado, enquanto este permanecer noseu território.

4. Se for utilizado transporte aéreo e nãoestiver prevista uma aterrisagem no

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território de uma das Partes é suficienteuma comunicação da Parte requerente.

ARTIGO XXm

Despesas

1. Ficam a cargo da Parte requerida asdespesas causadas pela extradição até aentrega do extraditado à Parte requerente.

2. Ficam a cargo da Parte requerente:

a) as despesas com a remoção doextraditado de um Estado para o outro;

b) as despesas causadas pelo trânsitodo extraditado.

ARTIGO XXIV

Resolução de Dúvidas

Quaisquer dúvidas ou dificuldadesresultantes da aplicação ou interpretaçãodo presente Tratado serão resolvidas porconsulta entre as Partes Contratantes.

ARTIGO XXV

Entrada em Vigor e Denúncia

1. O presente tratado está sujeito aratificação.

2. O Tratado entrará em vigor no primeirodia do segundo mês seguinte àquele em quetiver lugar a troca dos Instrumentos deRatificação e manter-se-á em vigorenquanto não for denunciado por uma dasPartes. Os seus efeitos cessam seis mesesapós o dia do recebimento da denúncia.

Feito em Brasília, aos 07 dias do mêsde maio de 1991, em dois exemplaresoriginais na língua portuguesa, sendoambos os textos autênticos.

PELO GOVERNO DA REPUBLICAFEDERATIVA DO BRASILFrancisco Rezek

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAPORTUGUESAJoão de Deus Pinheiro

Tratado de Auxílio Mútuo em MatériaPenal

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República Portuguesa(doravante denominados "PartesContratantes")

Animados pelos laços defraternidade, amizade e cooperação quepresidem as relações entre ambos os países;

Tendo em mente as profundasafinidades que enriquecem as relações entreos seus povos;

Desejando aprofundar esserelacionamento privilegiado no campo dacooperação em áreas de interesse comum;

Pretendendo melhorar a suaeficiência na luta contra a criminalidade;

Convencidos de que a adoção deregras comuns no domínio do auxíliomútuo em matéria penal é um meio deatingir esses objetivos;

Acordam o seguinte:

ARTIGO Io

Objeto e Âmbito do Auxílio

1. As Partes Contratantes obrigam-se a

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prestar auxílio mútuo em Matéria Penal,segundo as disposições deste Tratado, narealização de diligências preparatórias enecessárias em qualquer processo penal porfatos cujo conhecimento caiba às entidadespara o efeito competente de acordo com alei de cada uma das Partes.

2. O auxílio compreende, nomeadamente:

a) a notificação de documentos;

b) a obtenção de meios de prova;

c) exames de pessoas, lugares oucoisas, revistas, buscas e apreensões debens;

d) a notificação de suspeitos,arguidos ou indiciados, testemunhas ouperitos e a audição dos mesmos;

e) as informações sobre o direitorespectivo e as relativas aos antecedentespenais de suspeitos, arguidos ou indiciadose condenados.

3. O auxílio não abrange os atosprocessuais posteriores à decisão judicialde recebimento da acusação ou depronúncia do arguido.

4. O auxílio é independente da extradição,podendo mesmo ser concedido nos casosem que aquela seria recusada.

5. O presente Tratado não se aplica àexecução de decisões de detenção ou decondenação, nem às infrações militares quenão constituam infrações de direito comum.

6. O auxílio relativo a processos porinfrações em matéria de taxas, impostos,direitos aduaneiro e cambial só pode serprestado mediante acordo das Partes paracada categoria de infração.

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ARTIGO 2o

Dupla Incriminação

1. O auxílio só é prestado relativamente afatos puníveis segundo as leis de ambas asPartes.

2. Para os fins do presente Artigo, nadeterminação da infração, segundo a lei deambas as Partes Contratantes, não relevaque as suas leis qualifiquem ou tipifiquemdiferentemente os elementos constitutivosda infração ou utilizem a mesma oudiferente terminologia legal.

ARTIGO 3o

Recusa de Auxílio

1. O auxílio será recusado se a Parterequerida considerar que:

a) o pedido respeita a uma infraçãopolítica ou com ela conexa;

b) o cumprimento do pedido ofendea sua soberania, segurança, ordem públicaou qualquer outro seu interesse essencial;

c) existem fundadas razões paraconcluir que o pedido de auxílio foiformulado para facilitar a perseguição deuma pessoa em virtude da sua raça, sexo,religião, nacionalidade ou convicçõespolíticas, ou que a situação dessa pessoapossa ser prejudicada por qualquer dessasrazões;

d) o cumprimento do pedido ofendeos direitos e liberdades fundamentais dapessoa humana.

2. O auxílio pode ser recusado se a Parterequerida entender que se verificamfundadas razões que tornariam despro-porcionada a concessão desse auxílio.

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3. Antes de recusar um pedido de auxílio,a Parte requerida deve considerar apossibilidade de subordinar a concessãodesse auxílio às condições que julguenecessárias. Se a Parte requerente aceitaro auxílio sujeito a essas condições, devecumpri-las.

4. A Parte requerida deve informarimediatamente a Parte requerente da suadecisão de não dar cumprimento, no todoou em parte, ao pedido de auxílio, e dasrazões dessa decisão.

5. Não se consideram de natureza políticaas infrações que não sejam dessa natureza,segundo:

a) a lei da Parte requerida;

b) qualquer convenção internacionalem que as duas Partes Contratantes sejamParte.

ARTIGO 4o

Lei Aplicável ao Cumprimento

1. O pedido de auxílio é cumprido emconformidade com a lei da Parte requerida.

2. Quando a Parte requerente o soliciteexpressamente, o pedido de auxílio podeser cumprido em conformidade com alegislação dessa Parte, desde que não sejaincompatível com a legislação da Parterequerida e não cause graves prejuízos aosintervenientes no processo.

ARTIGO 5o

Requisitos do Pedido de Auxílio

1. O pedido de auxílio deve ser assinadopela autoridade competente e conter asseguintes indicações:

a) autoridade de que emana eautoridade a que se dirige;

b) descrição precisa do auxílio quese solicita;

c) infração a que se refere o pedido,com a descrição sumária dos fatos eindicação da data e local em que ocorreram;

d) na medida do possível, identidadee nacionalidade da pessoa sujeita aoprocesso a que se refere o pedido;

e) nome e endereço, se conhecidos,do destinatário ou do notificando, no casode entrega de decisões judiciais ou dequaisquer outros documentos, ou no casode notificações;

f) nos casos de revista, busca,apreensão e entrega de objetos ou valores,declaração certificando que são admitidospela lei da Parte requerente;

g) particularidades de determinadoprocesso ou requisitos que a Parte reque-rente deseje sejam observados, incluindo aconfidencialidade e prazos a seremcumpridos.

2. A Parte requerente deve enviar oselementos complementares que a Parterequerida lhe solicite como indispensáveisao cumprimento do pedido.

ARTIGO 6o

Cumprimento do Pedido

1. Em cumprimento do pedido, a Parterequerida:

a) envia objetos, documentos eoutros elementos eventualmente solici-tados; tratando-se de documentos, enviacópia autenticada dos mesmos;

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b) pode recusar ou diferir o envio deobjetos quando forem necessários para umprocesso em curso; e

c) comunica à Parte requerente osresultados do pedido e, se assim forsolicitado, a data e o lugar do cumprimentodo pedido, bem como a possibilidade, setal for permitido, de comparecimento depessoas em atos de processo.

2. A Parte requerente devolve, logo quepossível, os objetos enviados em cumpri-mento do pedido, salvo se a Parterequerida, sem prejuízo dos seus direitosou dos direitos de terceiros, renunciar à suadevolução.

ARTIGO 7o

Entrega de Documentos

1. A Parte requerida procederá àcomunicação das decisões ou de quaisqueroutros documentos relativos ao processoque lhe sejam, para esse fim, enviados pelaParte requerente.

2. A comunicação pode efetuar-semediante simples remessa do documentoao destinatário ou, por solicitação da Parterequerente, por qualquer uma das formasprevistas pela legislação da Parte requerida,ou com esta compatível.

3. A Parte requerida fornecerá à Parterequerente prova da entrega dosdocumentos ao respectivo destinatário. Sea entrega não puder ser efetuada, a Parterequerente será disso informada, comindicação das respectivas razões.

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ARTIGO 8o

Comparecimento de Suspeitos, Arguidosou Indiciados, Testemunhas e Peritos

1. Se a Parte requerente pretender ocomparecimento, no seu território, de umapessoa como suspeito, arguido ouindiciado, testemunha ou perito, podesolicitar à Parte requerida o seu auxíliopara tornar possível aquelecomparecimento.

2. A Parte requerida dá cumprimento àconvocação após assegurar-se de que:

a) foram tomadas medidasadequadas para a segurança da pessoa;

b) a pessoa cujo comparecimento épretendido deu o seu consentimento pordeclaração livremente prestada e reduzidaa escrito; e

c) não produzirão efeito quaisquermedidas cominatórias ou sanções dequalquer natureza, especificadas ou não naconvocação.

3. O pedido de cumprimento de umaconvocação, nos termos do número 1 dopresente Artigo, indicará as remuneraçõese indenizações e as despesas de viagem ede estada a conceder, e será feito de formaa ser recebido até cinquenta dias antes dadata em que a pessoa deva comparecer. Emcaso de urgência, a Parte requerida poderenunciar à exigência deste prazo.

ARTIGO 9o

Comparecimento de Pessoas Detidas

1. Se a Parte requerente pretender ocomparecimento, no seu território, de umapessoa que se encontra detida no território

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da Parte requerida, esta transfere a pessoadetida para o território da Parte requerente,após se assegurar de que não há razõessérias que se oponham à transferência e deque a pessoa detida deu o seuconsentimento.

2. A transferência não é admitida quando,atentas às circunstâncias do caso, aautoridade judiciária da Parte requeridaconsidere inconveniente a transferência enomeadamente quando:

a) a presença da pessoa detida fornecessária num processo penal em cursono território da Parte requerida;

b) a transferência puder implicar oprolongamento da prisão preventiva ouprovisória.

3. A Parte requerente manterá em detençãoa pessoa transferida e entrega-la-á à Parterequerida dentro do período fixado poresta, ou quando o comparecimento dapessoa já não for necessário.

4. O tempo em que a pessoa estiver forado território da Parte requerida écomputado para efeitos de prisãopreventiva ou provisória, ou decumprimento de pena ou medida desegurança.

5. Quando a pena imposta a uma pessoa,transferida nos termos deste Artigo,expirar enquanto ela se encontrar noterritório da Parte requerente, será a mesmaposta em liberdade passando, a partir deentão, a gozar do estatuto de pessoa nãodetida para os efeitos do presente Tratado.

6. A pessoa detida que não der o seuconsentimento para prestar declarações nostermos deste Artigo, não ficará sujeita, por

esta razão, a qualquer sanção nem serásubmetida a qualquer medida cominatória.

ARTIGO 10

Imunidades e Privilégios

1. A pessoa que comparecer no territórioda Parte requerente, ao abrigo do dispostonos Artigos 8o e 9o do presente Tratado,não será:

a) detida, perseguida ou punida pelaParte requerente, nem sujeita a qualqueroutra restrição da sua liberdade individualno território da referida Parte, porquaisquer fatos anteriores à partida dapessoa do território da Parte requerida; ou

b) obrigada, sem o seu consen-timento, a prestar depoimento em processodiferente daquele a que se refere o pedidode comparecimento.

2. A imunidade prevista no número 1 dopresente Artigo cessa se a pessoapermanecer voluntariamente no territórioda Parte requerente por mais de quarentae cinco dias após a data em que a suapresença já não for mais necessária ou,tendo partido, aí tiver regressadovoluntariamente.

ARTIGO 11

Produtos do Crime

1. A Parte requerida deverá, se tal lhe forpedido, diligenciar no sentido de averiguarse quaisquer produtos do crime alegada-mente praticado se encontram dentro dasua jurisdição e deverá comunicar à Parterequerente os resultados dessas diligências.Na formulação do pedido, a Parte reque-rente informará a Parte requerida dasrazões pelas quais entende que esses

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produtos possam encontrar-se sob a suajurisdição.

2. A Parte requerida providenciará, se a leilho permitir, pelo cumprimento da decisãode apreensão dos produtos do crime, oude qualquer outra medida com efeito simi-lar, decretada por um tribunal da Parte re-querente.

3. Quando a Parte requerente comunicar asua intenção de pretender a execução deuma decisão de apreensão ou de medidasimilar, a Parte requerida tomará asmedidas permitidas pela sua lei paraprevenir qualquer transação, transmissãoou disposição dos bens que sejam oupossam ser afetados por essa decisão.

4. Os produtos apreendidos, em confor-midade com o presente Tratado, serãoperdidos em favor da Parte requerida, salvose em determinado caso for mutuamentedecidido de forma diversa.

5. Na aplicação deste Artigo os direitos deterceiros de boa fé deverão ser respeitados,em conformidade com a lei da Parterequerida.

6. As disposições do presente Artigo sãotambém aplicáveis aos instrumentos docrime.

ARTIGO 12

Confidencialidade

1. A Parte requerida, se tal lhe forsolicitado, manterá a confidencialidade dopedido de auxílio, do seu conteúdo e dosdocumentos que o instruem, bem como daconcessão desse auxílio. Se o pedido nãopuder ser cumprido sem quebra deconfidencialidade, a Parte requerida

informará a Parte requerente, a qual de-cide, então, se o pedido deve, mesmoassim, ser executado.

2. A Parte requerente, se tal lhe forsolicitado, mantém a confidencialidade dasprovas e das informações prestadas pelaParte requerida, salvo na medida em queessas provas e informações sejam neces-sárias para o processo referido no pedido.

3. A Parte requerente não deve usar, semprévio consentimento da Parte requerida,as provas obtidas, nem as informações delasderivadas, para fins diversos dos indicadosno pedido.

ARTIGO 13

Informações sobre sentenças eantecedentes criminais

1. As Partes informam-se reciprocamente,na medida do possível, das sentenças eoutras decisões de processo penal relativasa nacionais da outra Parte.

2. Qualquer das Partes pode solicitar àoutra informações sobre os antecedentescriminais de uma pessoa, devendo indicaras razões do pedido. A Parte requeridasatisfará o pedido na mesma medida emque as suas autoridades puderem obter ainformação pretendida em conformidadecom a sua lei interna.

ARTIGO 14

Autoridade Central

1. Cada Parte designará uma AutoridadeCentral para enviar e receber pedidos eoutras comunicações que digam respeitoao auxílio mútuo nos termos do presenteTratado.

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2. A Autoridade Central que receber umpedido de auxílio envia-o às autoridadescompetentes para o cumprimento etransmite a resposta ou os resultados dopedido à Autoridade Central da outra Parte.

3. Os pedidos são expedidos e recebidosdiretamente entre as Autoridades Centrais,ou pela via diplomática.

4. A Autoridade Central do Brasil é aProcuradoria-Geral da República eAutoridade Central de Portugal é aProcuradoria-Geral da República.

ARTIGO 15Presença de Autoridades da Parte

requerente

No âmbito do auxílio previsto nesteTratado, cada uma das Partes Contratantespode autorizar a presença de autoridadesda outra Parte para assistir às diligênciasprocessuais que devam realizar-se no seuterritório.

ARTIGO 16

Despesas

A Parte requerida custeará asdespesas decorrentes do cumprimento dopedido de auxílio, salvo as seguintes, queficarão a cargo da Parte requerente:

a) indenizações, remunerações edespesas relativas ao transporte de pessoasnos termos do Artigo 8o e despesasrespeitantes ao transporte de pessoasdetidas nos termos do Artigo 9o;

b) subsídios e despesas resultantes dotransporte de funcionários prisionais ou daescolta; e

c) despesas extraordinárias decor-rentes do cumprimento do pedido, quandotal for solicitado pela Parte requerida.

ARTIGO 17

Cooperação Jurídica

1. As Partes Contratantes comprometem-se a prestar mutuamente informações emmatéria jurídica nas áreas abrangidas pelopresente Tratado.

2. As Partes Contratantes podem acordara extensão do âmbito da cooperaçãoreferida no número anterior a outras áreasjurídicas para além das aí mencionadas.

ARTIGO 18Outras Modalidades de Auxílio

As possibilidades de auxílio previstasneste Tratado não limitam qualquer outramodalidade de auxílio em matéria penal queas Partes entendam, caso a caso,mutuamente conceder-se.

ARTIGO 19Resolução de Dúvidas

Quaisquer dúvidas ou dificuldadesresultantes da aplicação ou interpretaçãodo presente Tratado são resolvidas porconsulta entre as Partes Contratantes.

ARTIGO 20Entrada em Vigor e Denúncia

1. O presente Tratado está sujeito aratificação.

2. O Tratado entrará em vigor no primeirodia do segundo mês seguinte àquele em quetiver lugar a troca de instrumentos deratificação e manter-se-á em vigorenquanto não for denunciado por uma dasPartes. Os seus efeitos cessam seis mesesapós o dia do recebimento da denúncia.

Feito em Brasília, aos 07 dias do mêsde maio de 1991, em dois exemplares

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originais na língua portuguesa, sendoambos os textos igualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILFrancisco Rezek

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAPORTUGUESAJoão de Deus Pinheiro

Acordo de Cooperação para a Reduçãoda procura, combate à produção erepressão ao tráfico ilícito de drogas esubstâncias psicotrópicas

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República Portuguesa(doravante denominados "Partes Contra-tantes"),

Conscientes de que a procura, aprodução e o tráfico ilícito de drogasrepresentam uma grave ameaça à saúde eao bem-estar de seus povos e um problemaque afeta as estruturas políticas, econó-micas, sociais e culturais da sociedade;

Guiados pelos objetivos e princípiosque regem os tratados vigentes sobrefiscalização e controle de drogas e desubstâncias psicotrópicas;

Comprometidos com os propósitosda Convenção Única de 1961 sobreEntorpecentes, emendada pelo Protocolo

de 1972, da Convenção sobre SubstânciasPsicotrópicas de 1971, e da Convenção dasNações Unidas contra o Tráfico Ilícito deEntorpecentes e Substâncias Psicotrópicasde 1988;

Inspirados na Declaração Política eno Programa Global de Ação aprovadosna XVII Sessão Extraordinária daAssembleia Geral das Nações Unidas, defevereiro de 1990; na Declaração Políticaadotada pela Conferência MinisterialMundial de Londres sobre Redução daDemanda de Drogas e Ameaça da Cocaína;

Acordam o seguinte:

ARTIGO I

As Partes Contratantes, respeitadasas leis e regulamentos em vigor em seusrespectivos países, propõem-se promovera cooperação mútua para reduzir a procura,combater a produção e reprimir o tráficoilícito de drogas e substânciaspsicotrópicas, que se regerá pelo presenteAcordo, dentro das seguintes áreas:

a) intercâmbio de informações;

b) assistência técnico-científica;

c) treinamento de pessoal; e

d) intercâmbio de informações sobrea apreensão de bens obtidos ilicitamentepor meio de tráfico de drogas, bem comoexame de futuras medidas complementares,para a assistência recíproca neste campo.

ARTIGO II

As condições e os acertos denatureza financeira, requeridos para acooperação indicada na cláusulaprecedente, deverão ser estabelecidos em

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Ajustes Complementares entre os doisGovernos.

ARTIGO m

Os dois Governos tomarão asmedidas cabíveis, de acordo com asrespectivas legislações internas, paracontrolar a produção, importação,exportação, armazenamento, distribuiçãoe venda de precursores, produtos químicose solventes, que possam ser utilizadosilicitamente na fabricação de drogas.

ARTIGO IV

Os dois Governos, de acordo comas respectivas legislações internas,intercambiarão toda informação sobre taisprecursores, produtos químicos esolventes, que possa ser de utilidade paraa detecção e interdição de remessas parafins ilícitos.

ARTIGO VDe maneira a facilitar a execução

deste Acordo, cada Governo poderádesignar, mediante consulta prévia,funcionários especializados, que receberãoo título de Adido e que serão membros dopessoal diplomático da Embaixada, paraservir de elementos de ligação permanenteentre as respectivas agências gover-namentais especializadas em assuntosrelativos às drogas.

ARTIGO VISão interlocutores no cumprimento

do Acordo, nomeadamente nas áreas dasdiversas alíneas do Artigo I, pela Partebrasileira, o Ministério das RelaçõesExteriores/Departamento de OrganismosInternacionais, e pela Parte portuguesa, oMinistério da Justiça/Polícia Judiciária.

ARTIGO

O presente Acordo poderá sermodificado, por mútuo consentimento dasPartes Contratantes, por troca de notasdiplomáticas. Tais emendas entrarão emvigor em conformidade com as respectivaslegislações nacionais.

ARTIGO VIU

1. Cada Parte Contratante notificará aoutra, por via diplomática, do cumprimentodos procedimentos exigidos pelasrespectivas legislações para a aprovação dopresente Acordo, o qual entrará em vigor30 dias após o recebimento da última destasnotificações.

2. O presente Acordo poderá serdenunciado por qualquer uma das PartesContratantes mediante notificação à outra,por via diplomática, com seis meses deantecedência.

Feito em Brasília, aos 07 dias do mêsde maio de 1991, em dois exemplares, nalíngua portuguesa, sendo ambos os textosigualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILFrancisco Rezek

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAPORTUGUESAJoão de Deus Pinheiro

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Acordo Quadro de Cooperação

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República Portuguesa

Conscientes de que os vínculoshistóricos e culturais que unem os povosdos dois países irmãos conferem umadimensão especial às relações bilateraisentre o Brasil e Portugal;

Considerando que o desejo defortalecer os seculares laços de amizade semantém vivo e atuante em todos osdomínios desse relacionamento;

Conscientes de que a democracia eo respeito pela dignidade da pessoa humanasão o único e legítimo meio de responderàs necessidades e aspirações dos povos,com vista a alcançar o pleno desenvol-vimento económico e a paz social em quese encontram empenhados;

Considerando que o crescimentoeconómico de ambos os países contribuipara a estabilidade política e social, para ofortalecimento das instituições democrá-ticas e para a melhoria do nível de vida dosseus povos;

Considerando que a ativaparticipação do Brasil e de Portugal nosdistintos "fora" regionais, designadamentedo Brasil no processo de integração latino-americano, especialmente no âmbito doTratado de Assunção que criou oMercosul, e de Portugal nas ComunidadesEuropeias, contribui para a intensificaçãodas relações e para a consolidação daaproximação entre a América Latina e aEuropa;

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Considerando que ambos os paísesencaram o desenvolvimento económiconão só como um direito inalienável mas,também, como uma condição necessáriapara o progresso e à justiça social, para aconsolidação das liberdades e para apreservação da paz internacional;

Conscientes de que a modernizaçãodas estruturas produtivas, comerciais e deserviços de ambos os países é condiçãoessencial do desenvolvimento no mundointerdependente e multipolar em que nosencontramos;

Desejosos de promover odesenvolvimento e a diversificação dasrelações económicas entre os dois países;

Conscientes dos vínculos existentesentre dívida, comércio e investimento e deque a dívida externa tem constituído umdos principais fatores que dificulta aestabilidade e o crescimento das economiaslatino-americanas;

Considerando que ambos os paísesjulgam imprescindível desenvolver esforçosa nível internacional para que sejaalcançado o melhor nível de vida dos seuspovos, erradicando a pobreza e promo-vendo a proteção do meio ambiente;

Tendo em consideração as disposi-ções do Acordo de Cooperação entre aRepública Federativa do Brasil e aComunidade Europeia, assinado em 18 desetembro de 1980;

Inspirados no Tratado de Amizade eConsulta assinado em 16 de novembro de1953 e imbuídos da vontade de dinamizare concretizar o quadro global db relaciona-mento bilateral existente,

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Convieram nas disposiçõesseguintes:

CAPÍTULO I

Cooperação Política

ARTIGO Io

As duas Partes concordam em:

a) Intensificar a realização de visitasrecíprocas dos seus respectivos Chefes deGoverno e Ministros, tendo em vista ofortalecimento e a consolidação do diálogopolítico entre os dois países;

b) Realizar cimeiras anuais dosChefes dos dois Governos, que poderão seracompanhados por vários membros dosrespectivos Executivos, para debaterquestões de natureza bilateral e problemasinternacionais de interesse comum;

c) Realizar encontros entre osresponsáveis da política externa de ambosos países, quer no Brasil e em Portugal,quer no âmbito dos diversos organismosregionais e multilaterais, para analisarassuntos de índole bilateral ou interna-cional, bem como a cooperação entre oGrupo do Rio e a Comunidade EconómicaEuropeia e os processos regionais de inte-gração latino-americana e europeia.

CAPÍTULO H

Cooperação Económica

ARTIGO 2°

As duas Partes encorajarão eesforçar-se-ão por promover o desen-volvimento e a diversificação das relaçõeseconómicas entre os dois países através dacooperação económica nas suas diversasvertentes, contribuindo assim para a

dinamização e modernização das suaseconomias, sem prejuízo dos compro-missos internacionais assumidos por cadauma delas.

ARTIGO 3o

As duas Partes acordaram que, paraimpulsionar e fomentar as relaçõeseconómicas e industriais entre os doispaíses, é necessário:

a) Realizar uma adequada econstante promoção e difusão daspossibilidades e do potencial da cooperaçãoeconómica e industrial bilateral;

b) Fomentar a cooperação econó-mica e industrial com vista ao desenvol-vimento dos setores produtivos, designa-damente das respectivas estruturas indus-triais e do progresso tecnológico, e deserviços, através da aceleração de acordosde cooperação e de associação entreempresas brasileiras e portuguesas;

c) Promover a realização de projetosde investimento, co-investimento, etransferência de tecnologia que permitama ambos os países desenvolver atividadesnovas com o fim de situar as indústriasbrasileira e portuguesa em um avançadonível tecnológico e competitivo no planointernacional.

ARTIGO 4o

Para alcançar os objetivosassinalados nos Artigos anteriores ambasas Partes decidiram promover,designadamente:

a) A realização conjunta de estudose projetos de desenvolvimento industrial,de aproveitamento e valorização dos

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recursos naturais e de transformação dematérias-primas;

b) A cooperação entre instituições eempresas dos dois países, nomeadamentenas áreas da pesquisa e do desenvolvimentotecnológico, da energia, da metrologia equalidade e da propriedade industrial;

c) A coordenação das posições dosorganismos internacionais sobre aestabilização de preços e mercados dematérias-primas;

d) O desenvolvimento da cooperaçãoentre empresas e associações empresariaisde ambos os países, tendo em vista amaximização das potencialidades dasrespectivas economias;

e) A difusão sistemática deinformações e a realização de ações desensibilização sobre potencialidades que arealidade econômico-financeira, do Brasile de Portugal, oferece aos agenteseconómicos dos dois países, de forma apermitir a elaboração de estratégias de de-senvolvimento das atividades empresariaisa médio e longo prazos;

f) O intercâmbio sistemático erecíproco de informações sobre concor-rências públicas (concursos públicos)nacionais e internacionais mediante acriação de um mecanismo suscetível defacilitar o rápido acesso dos agenteseconómicos brasileiros e portugueses àsinformações em causa;

g) A realização de ações dedivulgação e de promoção da capacidadeda oferta de bens e de serviços de cada umadas Partes e das oportunidades deinvestimento nos dois países;

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h) A colaboração entre empresas dosdois países para a realização de projetosconjuntos de investimento, com vista aodesenvolvimento dos setores produtivos ede serviços, quer no Brasil e em Portugal,quer em terceiros mercados, designada-mente através da constituição de "joint-ventures", privilegiando as áreas deintegração em que os dois países seenquadram.

ARTIGO 5o

Tendo em vista a concretização dosArtigos anteriores as duas Partes compro-meteram-se a:

a) Envidar esforços para promovera revisão dos Acordos setoriais ainda emvigor, de modo a adaptá-los à novarealidade que envolve os dois países, bemcomo, se necessário, encetar negociaçõespara a celebração de novos Acordos deenquadramento da cooperação económica,nomeadamente na área da promoção deinvestimentos;

b) Fomentar ações tendentes aodesenvolvimento dos meios decomunicação entre os dois países,nomeadamente nas áreas dos transportese das telecomunicações;

c) Apoiar o desenvolvimento doscontatos entre instituições financeiras deambos os países de forma a encontrarinstrumentos adequados para dotar acooperação económica;

d) Fomentar contatos entreinstituições, organizações e empresas comatribuições nas áreas do comércio, daindústria e do investimento de ambos ospaíses, de modo a definir formas,

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modalidades e condições para acooperação.

ARTIGO 6o

Sem prejuízo do desenvolvimento dacooperação nos diversos domíniosabrangidos pelo presente Acordo, as duasPartes identificaram os objetivos a alcançarnas seguintes áreas específicas de interessemútuo:

a) Agricultura

- Intensificar o intercâmbio deinformação, designadamente através dolevantamento de documentação sobreagricultura tropical existente nos doispaíses, para divulgação nos meios técnicos;

- Realizar estudos e projetosconjuntos nos domínios agrícola, da agro-indústria e da aquacultura;

- Desenvolver ações de investigaçãonos domínios que ambas as Partes venhama identificar;

- Promover ações de formaçãotécnica e profissional;

- Estimular a criação de "joint-ven-tures" nas áreas de exploração, daprodução, da industrialização e dacomercialização de produtos agrícolas,bem como a transferência de tecnologia.

b) Pesca- Elaborar e executar projetos de

desenvolvimento da pesca e das indústriasconexas, com recursos a meios técnicos efinanceiros de ambos os países oufornecidos por terceiros países ouorganizações internacionais;

- Desenvolver ações conjuntas nosdomínios da formação profissional e técnicae da investigação científica.

- Promover relações empresariais nodomínio das pescas, incentivando a criaçãode associações de interesses com vista àexploração dos recursos haliêuticos, àvalorização e comercialização de produtospesqueiros em outras atividadescomplementares da pesca.

c) Recursos Naturais e Ambiente

- Promover a cooperação em matériade planificação e gestão de parques naturaise nacionais e nos domínios da formaçãoem matéria ambiental e do aproveitamentode energias alternativas;

- Fomentar a troca de informações ea cooperação no seio de organizaçõesinternacionais competentes em matéria deambiente.

d) Indústria

- Fomentar a troca de informações ea cooperação no seio de organizaçõesinternacionais competentes, no domínio daindústria extrativa;

- Promover a elaboração conjunta deprojetos no setor da construção, ampliaçãoe modernização de unidades industriais,bem como o fornecimento de equipamentoe execução de trabalhos de construção emontagem;

- Promover a cooperação industrialno domínio da transformação de matérias-primas, produção conjunta de artigosmanufaturados, fornecimento de peças emateriais e transferência de tecnologiadestinados à produção de equipamentos eoutros materiais não só no Brasil e emPortugal, mas também em terceiros países;

- Fomentar a troca periódica deinformações estatísticas relativas aos

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investimentos setoriais, bem como àevolução do mercado, no domíniosiderúrgico.

e) Energia

- Promover a cooperação em matériade planejamento energético, utilizaçãoracional de energia e aproveitamento deenergias renováveis;

- Fomentar a cooperação empre-sarial, promover investimentos recíprocose desenvolver ações conjuntas em terceirospaíses;

- Fomentar a troca de informação ede experiências, nomeadamente em matériade combustíveis alternativos e de gás natu-ral, e a transferência de tecnologia.

f) Turismo

- Fomentar a coordenação entre osórgãos oficiais, empresas, organizações einstituições de turismo dos dois países;

- Promover a cooperação técnica nosetor, incluindo atividades tais como:intercâmbio de peritos no setor turístico,intercâmbio de informações diversas deutilidade para o setor, concessão deassistência mútua em campanhas depromoção turística, realização de estudosturísticos conjuntos e promoção deprogramas diversos, visando ao fluxoturístico nos dois sentidos;

- Oferecer vagas em instituições deensino superior e médio na área de turismo,de modo a favorecer a formação detécnicos e de pessoal especializado emturismo;

- Estimular investimentos recíprocose formação de empresas mistas ("joint

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ventures"), com vista a ampliar nos doispaíses a infra-estrutura turística e o fluxoturístico bilateral.

g) Comunicações

- Intensificar a cooperação nodomínio das telecomunicações e dosserviços postais, tendo em vista a posiçãogeoestratégica que cada país ocupa nosplanos regional e internacional;

- Estimular a cooperação empresa-rial na participação e exploração deserviços na área das telecomunicações, noBrasil e em Portugal, bem como desen-volver ações conjuntas em terceiros países;

- Ampliar o intercâmbio de informa-ções técnicas sobre a exploração de ser-viços postais e telecomunicações, bemcomo de quaisquer outros setores técnicos,administrativos, económicos e jurídicosrelacionados com tais atividades;

- Promover a concertação deposições no âmbito dos organismosinternacionais de correios e teleco-municações.

h) Pesquisa Científica e Tecnológica

- Apoiar a cooperação científica etecnológica desenvolvida no âmbito deconvénios ou acordos entre instituiçõesbrasileiras e portuguesas;

- Intensificar o intercâmbio eestimular a formação avançada decientistas, pesquisadores e tecnólogos deambos os países nas respectivasinstituições;

- Fomentar a participação deinstitutos de pesquisa e empresas emprogramas de cooperação no domínio da

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ciência e tecnologia e estabelecerprogramas concretos em áreas científicaspré-determinadas por interesses comuns,nomeadamente nos de tecnologias dainformação, biotecnologia, microeletrô-nica, ciência e tecnologia dos materiais,detecção remota e informação georeferen-ciada, energia e ciências agrárias.

- Promover o acesso do Brasil aosprogramas europeus de Pesquisa eDesenvolvimento, através de açõesconcretas e de colaboração com Portugal,bem como estreitar a cooperação no âmbitode organizações de caráter multilateral, emespecial no Programa Ibero-Americano deCiência e Tecnologia para o Desen-volvimento (CYTED-D);

- Manter e aprofundar a colaboraçãono domínio de Informação Científica eTécnica, tendo por base a utilização edifusão da terminologia científica e técnicaem língua portuguesa;

- Desenvolver as iniciativas acimalevando em consideração, inter alia, odisposto no Acordo de CooperaçãoCientífica e Tecnológica vigente entre asduas Partes.

ARTIGO 7o

1. Para assegurar a execução do presenteAcordo Quadro de Cooperação, as duasPartes decidiram instituir a Comissão Mi-nisterial de Cooperação Luso-Brasileira,presidida pelo Ministro das Relações Exte-riores do Brasil e pelo Ministro dosNegócios Estrangeiros de Portugal, quefuncionará como órgão de coordenação dacooperação bilateral.

2. A Comissão Ministerial de Cooperaçãoterá por funções zelar pelo cumprimento

dos objetivos fixados neste Acordo,analisar e avaliar as relações bilaterais nosdomínios da cooperação já estabelecidos epropor novos domínios de cooperação emque as Partes acordem, fazendo uso,sempre que necessário, das ComissõesMistas e Grupos de Trabalho existentesentre os dois países.

3. Com vista a atingir esta finalidadepoderão ser criadas Sub-Comissões, denível ministerial, para análise de formas decooperação de projetos em domíniosespecíficos e cujas conclusões serãosubmetidas à Comissão Ministerial deCooperação.

4. A Comissão Ministerial de Cooperaçãoreunir-se-á pelo menos uma vez por ano,alternadamente no Brasil e em Portugal,ou sempre que alguma das Partes oconsidere oportuno.

5. A composição das delegações queparticipam nas reuniões da Comissão Mi-nisterial de Cooperação, bem como a data,local e respectiva ordem de trabalhos serãoestabelecidos por via diplomática.

ARTIGO 8o

O presente Acordo Quadro deCooperação será válido por um período decinco anos, contados a partir da data dasua entrada em vigor. A menos que umanotificação de denúncia seja feita por umaParte à outra Parte seis meses antes dotermo daquele período, o Acordo renovar-se-á por tácita recondução por períodossucessivos de um ano. Neste caso, poderáser denunciado por aviso prévio de trêsmeses, contados a partir do termo doperíodo para o qual haja sido reconduzido.

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ARTIGO 9o

O presente Acordo Quadro entraráem vigor trinta dias após a data da recepçãoda segunda das Notas pelas quais as duasPartes comunicarem reciprocamente a suaaprovação em conformidade com osprocessos constitucionais de ambos ospaíses.

Feito em Brasília, aos 07 dias do mêsde maio de 1991, em dois exemplaresoriginais na língua portuguesa, sendoambos os textos autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILFrancisco Rezek

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAPORTUGUESAJoão de Deus Pinheiro

Acordo para a Constituição de umGrupo de Cooperação Consular

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República Portuguesa

Tendo em atenção as relaçõesprivilegiadas existentes entre os dois paísese o tratamento específico que os cidadãosdos dois países beneficiam no território deum e de outro;

Conscientes dos laços de amizade ecooperação existentes entre os dois países;

Tendo presente a circulação denacionais entre os dois países e, bem assim,

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a importância das comunidades nelesradicados;

Considerando os benefícios comunsque poderão advir da simplificação dosprocedimentos burocráticos na área con-sular;

Reconhecendo a necessidade desistematizar e criar um quadro permanentepara as atividades de cooperação consu-lar,

Acordam nas seguintes disposições:

ARTIGO 1

É criado um Grupo de CooperaçãoConsular Luso-Brasileiro, doravantedenominado por "Grupo", a quemcompetirá a coordenação das atividades decooperação consular entre os dois países.

ARTIGO 2

O "Grupo" será composto porrepresentantes dos serviços competentesdo Ministério das Relações Exteriores doBrasil e do Ministério dos Negócios Estran-geiros de Portugal, bem como derepresentantes de outros Departamentos doEstado com competência na matéria.

ARTIGO 3

O "Grupo" reunir-se-á uma vez porano ou quando convocado a títuloextraordinário por uma das Partes,alternadamente em cada país.

ARTIGO 4

Ambas as Partes estabelecerão osprocedimentos permanentes de comuni-cação direta entre os respectivos serviçosconsulares, sempre que se torne necessá-rio superar dificuldades que surjam neste

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domínio, no intervalo das reuniõesperiódicas do Grupo.

ARTIGO 5

1. O presente Acordo entrará em vigortrinta dias após a data da segunda das Notaspelas quais as duas Partes comunicaremreciprocamente a sua aprovação, emconformidade com os processosconstitucionais de ambos os países.

2. O Acordo poderá ser denunciado porqualquer um dos Governos, mediantenotificação, por via diplomática. Adenúncia produzirá efeito seis meses apósa data do recebimento da respectivanotificação.

Feito em Brasília, aos 07 dias do mêsde maio de 1991, em dois exemplaresoriginais na língua portuguesa, sendoambos os textos igualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILFrancisco Rezek

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAPORTUGUESAJoão de Deus Pinheiro

Acordo sobre Transportes AéreosRegulares

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República Portuguesa(doravante denominados "PartesContratantes"),

Animados pelo desejo dedesenvolver serviços aéreos regulares entreos dois países, que permitam assegurarmediante comunicações rápidas os vínculosamistosos e de cooperação internacionalentre os povos brasileiro e português;

Conscientes da necessidade de queesses serviços se desenvolvam de maneiraordenada, numa base de reciprocidade, epela forma mais económica que sejacompatível com a segurança das operaçõese o interesse público;

Considerando que é necessárioaplicar a esses serviços os princípios e asdisposições da Convenção sobre AviaçãoCivil Internacional, concluída em Chicagoem 7 de dezembro de 1994, por intermédiode Plenipotenciários devidamentecredenciados, atuando dentro dos limitesdas faculdades que lhes foram conferidas etendo presente as obrigações internacionaisassumidas pelos dois países,

Convieram o seguinte:

ARTIGO Io

Terminologia

Para efeitos do presente Acordo, ostermos seguintes significam:

I. "Acordo" - O Acordo propriamente dito,o seu Anexo e o seu Quadro de Rotas equaisquer emendas a este Acordo ou aoseu Anexo ou ao seu Quadro de Rotas,introduzidas nos termos previstos nopróprio Acordo.

II. "Território" - em relação a um Estado,compreende as regiões terrestres, as águasterritoriais a elas adjacentes, a plataformacontinental submarina e o espaço aéreo que

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se encontram dentro dos limites e sobre osquais o dito Estado exerça a sua soberania.

III. "Autoridades aeronáuticas" - no casoda República Federativa do Brasil, oMinistério da Aeronáutica e, no caso dePortugal, o Ministério das Obras Públicas,Transportes e Comunicações - DireçãoGeral da Aviação Civil ou, em ambos oscasos, a pessoa ou organismo que estiverlegalmente autorizado a exercer funçõesatualmente da competência dasmencionadas Autoridades.

IV. "Empresa designada" - a empresa detransporte aéreo que o Governo de umaParte Contratante houver notificado aoGoverno da outra Parte Contratante que éa empresa que irá explorar os serviçosaéreos em conformidade com o Quadro deRotas especificado no presente Acordo eque haja sido aceita pela outra ParteContratante nos termos do disposto noArtigo 3 o.

V. "Serviço Aéreo" - todo o serviço aéreoregular realizado por aeronaves para otransporte público de passageiros, e/oucarga e/ou mala postal.

VI. "Serviço aéreo internacional" - todo oserviço aéreo que passa pelo espaço aéreosobre o território de mais de um Estado.

VIL "Empresa de transporte aéreo" - aempresa de transporte aéreo que ofereçaou explore um serviço aéreo internacional.

VIII. "Escala não comercial" - todo opouso para fins outros que não o embarqueou desembarque de passageiros, carga emala postal.

IX. "Tarifa" - o preço do transporte depassageiros, bagagem e carga e, de uma

maneira geral, as condições de transporteàs quais se aplicam, assim como os preçose condições relativas aos serviços deagência e outros serviços auxiliares, comexceção, contudo, das remunerações econdições relativas ao transporte decorreio.

X. "Tráfego luso-brasileiro" - todo otráfego movimentado no setor entre oBrasil e Portugal, com exceção do que selimite a mudar de serviço sem interrompervoluntariamente a viagem quer no Brasil,quer em Portugal. Para efeitos destadefinição, não será considerada como"interrupção voluntária de viagem"qualquer interrupção não superior a 24horas.

ARTIGO 2o

Concessão de Direitos

I. Cada Parte Contratante concede à outraParte Contratante os seguintes direitos paraa exploração de serviços aéreosinternacionais pela empresa aérea de-signada pela outra Parte Contratante:

a) Sobrevoar o território da outraParte Contratante;

b) Pousar, no citado território, parafins não comerciais;

c) Pousar, no citado território, nostermos e nas rotas definidas no Anexo eno Quadro de Rotas, com o objetivo deembarcar e desembarcar tráfegointernacional de passageiros, carga e malapostal, transportado separadamente ou emcombinação.

II. Nenhum dispositivo deste Acordoconferirá à empresa aérea designada de

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uma Parte Contratante o privilégio deembarcar, no território da outra ParteContratante, passageiros, carga e malapostal destinados a outro ponto noterritório daquela Parte Contratante.

ARTIGO 3o

Designação e Autorização

I. Cada uma das Partes Contratantes deverácomunicar por escrito à outra ParteContratante a designação ou substituiçãoda empresa de transporte aéreo querealizará os serviços aéreos acordados nasrotas especificadas.

II. Ao receber a referida designação, a outraParte Contratante deverá, atendidas asdisposições dos incisos III e IV do presenteArtigo, conceder sem demora à empresade transporte aéreo designada asautorizações necessárias para exploraçãodos serviços acordados.

III. As autoridades aeronáuticas de uma dasPartes Contratantes poderão exigir que aempresa de transporte aéreo designada pelaoutra Parte Contratante demonstre, emconformidade com as disposições da citadaConvenção de Chicago, que está emcondições de cumprir com as obrigaçõesprescritas nas leis e regulamentos aplicadospelas ditas Autoridades para a exploraçãodos serviços aéreos internacionais.

IV. Cada uma das Partes Contratantes teráo direito de negar ou revogar asautorizações mencionadas no inciso II dopresente Artigo, quando não esteja com-provado que uma parte substancial dapropriedade e o controle efetivo daempresa pertencem à Parte Contratante quedesignou a empresa ou aos seus nacionais.

V. Tão logo uma empresa de transporteaéreo haja sido desse modo designada eautorizada, poderá começar a qualquermomento a explorar os serviços acorda-dos, desde que tenham sido aprovados osseus horários e que estejam em vigor, emtais serviços, tarifas em conformidade comas disposições do presente Acordo.

ARTIGO 4o

Revogação da Autorização

I. Cada uma das Partes Contratantes sereserva o direito de revogar a autorizaçãoconcedida à empresa de transporte aéreodesignada pela outra Parte Contratante, oude suspender o exercício pela dita empresados direitos específicos no presenteAcordo."

1. quando não esteja comprovado queuma parte substancial da propriedade e ocontrole efetivo dessa empresa se achemem mãos da Parte Contratante quedesignou a empresa ou de seus nacionais;

2. quando essa empresa não cumpra asleis e regulamentos da Parte Contratanteque conceda tais direitos;

3. quando a empresa deixe de exploraros serviços autorizados, dentro dascondições prescritas no presente Acordo.

II. Cada uma das Partes Contratantespoderá impor as condições que julguenecessárias para o exercício dos direitosespecificados no presente Acordo, nos ca-sos dos itens 2 e 3 do inciso I.

III. A menos que a imediata revogação,suspensão ou imposição de condiçõessejam essenciais para impedir novasinfrações das leis ou regulamentos, as

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medidas previstas somente serão tomadasapós consulta à outra Parte Contratante.A consulta terá início dentro de um prazode 60 (sessenta) dias, a partir da respectivanotificação.

ARTIGO 5o

Aplicação de Leis

I. As leis e regulamentos de uma ParteContratante relativos à entrada,permanência ou saída de aeronavesutilizadas em serviços aéreos internacionaisou ainda à operação de tais aeronavesdurante a sua permanência dentro doslimites do seu território, se aplicarão às ae-ronaves da empresa aérea designada pelaoutra Parte Contratante.

II. As leis e regulamentos de uma ParteContratante relativos à entrada,permanência ou saída de passageiros,tripulações, bagagens, mala postal e carga,assim como os trâmites para a entrada ousaída do país, imigração, alfândega e asmedidas sanitárias, se aplicarão também,no referido território, aos passageiros,tripulações, bagagens, mala postal ecargatransportados pela empresa aéreadesignada pela outra Parte Contratante.

ARTIGO 6o

Direitos, Impostos e Taxas

I. Com o fim de evitar práticasdiscriminatórias e assegurar igualdade detratamento, fica estabelecido que:

1. as taxas e outros gravames que umadas Partes Contratantes imponha oupermita sejam impostos à empresadesignada pela outra Parte Contratantepara uso de aeroportos e outras facilidades,

não serão superiores às taxas e gravamescobrados das aeronaves de sua bandeiraempregadas em serviços internacionaissemelhantes, pelo uso de tais aeroportos efacilidades;

2. os combustíveis, óleos lubrificantese peças sobressalentes introduzidos noterritório de qualquer das PartesContratantes, por uma empresa designadapor uma das Partes, ou por conta damesma, para o uso exclusivo das aeronavesdesta última, receberão um tratamento tãofavorável como o concedido à empresanacional ou à nação mais favorecida, noque respeita a direitos aduaneiros, taxas deinspeção e outros gravames nacionais, pelaParte Contratante em cujo território se hajaimportado tais bens;

3. as aeronaves de uma das PartesContratantes utilizadas na exploração dosserviços convencionados, e oscombustíveis, óleos lubrificantes, peçassobressalentes, equipamento normal eprovisões de bordo incluindo alimentos,bebidas e tabaco e outros produtosdestinados à venda, em quantidadeslimitadas, aos passageiros, durante o vôo,que se encontrem a bordo das aeronavesda empresa designada de uma ParteContratante, estarão isentos, tanto àentrada quanto à saída do território daoutra Parte Contratante, de direitosaduaneiros, taxas de inspeção ou impostossemelhantes, mesmo quando tais aeronavesos utilizem durante o vôo sobre o ditoterritório.

II. O bens enumerados no inciso 1.3precedente e objeto de isenção pelo mesmoestabelecido não poderão ser desembar-

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cados da aeronave no território da outraParte Contratante sem o consentimento desuas autoridades aduaneiras, e ficarãosujeitos ao controle dessas autoridades,enquanto não utilizados pela empresa.

ARTIGO 7o

Tráfego em Trânsito Direto

I. Os passageiros, bagagem e carga emtrânsito direto no território de uma ParteContratante serão sujeitos apenas a umcontrole simplificado, na medida em queos requisitos de segurança assim opermitam.

II. As bagagens e a carga em trânsito diretoestão isentas de direitos aduaneiros e deoutros impostos semelhantes.

ARTIGO 8o

Capacidade

I. As empresas designadas por ambas asPartes Contratantes gozarão de umtratamento justo e igual para exploraremos serviços acordados, de forma a obteremvantagens recíprocas da exploração

II. Os serviços acordados a serem operadospelas empresas aéreas designadas pelasPartes Contratantes terão como objetivoprimário o oferecimento, com base emrazoáveis coeficientes de aproveitamento,de uma capacidade adequada para atenderà demanda atual e previsível para otransporte de passageiros, carga e malapostal entre os territórios das Partes Con-tratantes.

III. Cada Parte Contratante e sua empresaaérea designada levarão em consideraçãoos interesses da outra Parte Contratante ede sua empresa aérea designada, de modo

a não afetar indevidamente os serviçosoferecidos por esta última.

ARTIGO 9o

Tarifas

I. As tarifas a aplicar pela empresadesignada de uma Parte Contratante paraos transportes com destino ou proveniênciado território da outra Parte Contratante,serão fixadas a níveis razoáveis, tendo emdevida conta os elementos relevantes deapreciação, especialmente o custo daexploração e um lucro razoável, assimcomo as tarifas aplicadas por outras empre-sas de transporte aéreo, designadamenteem rotas equivalentes.

II. As tarifas referidas no número I assimcomo os níveis de comissões de agênciaaplicáveis serão, na medida do possível,fixados por acordo entre as empresasdesignadas das duas Partes Contratantes;este Acordo deverá conseguir-se, tantoquanto possível, por recurso aosprocedimentos de fixação de tarifas esta-belecidos por organismo de caráterinternacional reconhecido por ambas asPartes Contratantes.

III. As tarifas assim acordadas serãosubmetidas para aprovação às autoridadesaeronáuticas das duas Partes Contratantes,pelo menos sessenta (60) dias antes da dataproposta para a sua entrada em vigor; emcasos especiais este prazo poderá serreduzido sob reserva da concordância dasditas autoridades.

IV. A aprovação das tarifas assimacordadas poderá ser dada expressamente.Se nenhuma das autoridades aeronáuticastiver manifestado o seu desacordo no prazo

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de trinta (30) dias, a contar da apresentaçãodas tarifas nos termos do número III, serãoestas consideradas aprovadas. No caso deredução do prazo para apresentação dastarifas nos termos do número III, asautoridades aeronáuticas poderão acordarum prazo inferior a trinta (30) dias paranotificação do seu eventual desacordo.

V. Quando uma tarifa não puder serestabelecida em harmonia com o dispostono número II, ou quando as autoridadesaeronáuticas de uma Parte Contratantecomunicarem às autoridades aeronáuticasda outra Parte Contratante, nos prazosmencionados no número III, o seudesacordo relativamente a qualquer tarifaacordada nos termos do número II, deverãoas autoridades aeronáuticas das duas PartesContratantes esforçar-se por determinar atarifa por mútuo acordo.

VI. Se as autoridades aeronáuticas nãopuderem chegar a acordo sobre uma tarifaque lhes tenha sido submetida emconformidade com o número III ou sobrea determinação de uma tarifa emconformidade com o número V, procurar-se-á solucionar o diferendo com base nasdisposições do Artigo 18° do Acordo.

VII. Qualquer tarifa estabelecida emconformidade com o disposto no presenteArtigo continuará em vigor até oestabelecimento da nova tarifa. A validadede uma tarifa não poderá, todavia, serprorrogada em virtude deste número porperíodo superior a doze (12) meses a contarda data em que deveria ter expirado.

VIII. A empresa designada de uma ParteContratante poderá participar na comer-cialização das tarifas acordadas pela

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empresa designada da outra Parte Contra-tante com terceiros países que envolvamsetores das rotas especificadas nos QuadrosI e II do Quadro de Rotas.

IX. Nenhuma tarifa entrará em vigor antesde obtida a aprovação das autoridadesaeronáuticas das duas Partes Contratantes.

X. As Partes Contratantes tratarão deassegurar que exista um mecanismo ativoe eficaz, dentro da sua jurisdição, parainvestigar as infrações cometidas porqualquer empresa de transporte aéreo,agente de vendas de passagens e fretes,organizadores de viagens turísticas ouagentes expedidores de carga, em relaçãoàs tarifas estabelecidas com base nopresente Artigo. Além disso, ficaassegurado que a infração das mencionadastarifas resultará na imposição de medidasdissuasoras, uniformes, e nãodiscriminatórias.

ARTIGO 10°

Transferência de Resultados Excedentes

Cada Parte Contratante compro-mete-se a assegurar à empresa designadapela outra Parte, a transferência, em divisasconversíveis, dos excedentes entre asreceitas e as despesas resultantes noterritório de cada Parte Contratante comodecorrência do transporte de passageiros,carga e mala postal. Essas transferênciasdeverão ser efetuadas de acordo com asformalidades e taxas de câmbio em vigor.As transferências entre as PartesContratantes, quando estiverem reguladaspor acordo especial, efetuar-se-ão emconformidade com o mesmo.

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ARTIGO 11°

Estatísticas

As autoridades aeronáuticas de umadas Partes Contratantes fornecerão àsautoridades aeronáuticas da outra Parte, apedido destas, periodicamente ou a qual-quer tempo, os dados estatísticos que sejamnecessários para a avaliação da capacidadeoferecida pela empresa designada da outraParte Contratante, nos serviços acordados.Esses dados deverão conter informaçõesreferentes ao movimento de tráfego, bemcomo os pontos de embarque edesembarque do referido tráfego.

ARTIGO 12°

Representação Técnica e Comercial

A empresa designada de cada umadas Partes Contratantes terá o direito, semprejuízo do cumprimento das formalidadesprevistas nas leis e regulamentos da outraParte, de manter no território dessa outraParte os seus próprios representantes e orespectivo pessoal técnico e comercial, emconformidade com as necessidadesrazoáveis dos serviços aéreos acordados.

ARTIGO 13°

Convalidações

Os certificados de aeronavega-bilidade, as cartas de habilitação e aslicenças expedidas ou revalidadas por umadas Partes Contratantes serão aceitas comoválidos pela outra Parte Contratante no queconcerne às operações das rotas e dosserviços definidos neste Acordo. Nãoobstante, cada Parte Contratante se reservao direito de não reconhecer a validade, parao sobrevoo e pouso em seu próprio

território, dos certificados de habilitação elicenças concedidas aos seus nacionaispelas autoridades de outro Estado.

ARTIGO 14°

Segurança da Aviação

I. Em conformidade com os direitos eobrigações que o Direito Internacional lhesimpõe, as Partes Contratantes reafirmamque a obrigação mútua de promover asegurança da aviação civil, protegendo-acontra atos de interferência ilícita, constituiparte integrante do presente Acordo. Semlimitar a generalidade dos direitos eobrigações resultantes do DireitoInternacional, as Partes Contratantesatuarão, em particular, segundo asdisposições da "Convenção Referente àsInfrações e a Certos Outros AtosCometidos a Bordo de Aeronaves",assinada em Tóquio, em 14 de setembrode 1963, da "Convenção para a Repressãoda Captura Ilícita de Aeronaves", assinadaem Haia em 16 de dezembro de 1970 e da"Convenção para Repressão de AtosIlícitos Contra a Segurança da AviaçãoCivil", assinada em Montreal, em 23 desetembro de 1971.

II. As Partes Contratantes prestar-se-ãomutuamente toda a ajuda necessáriasolicitada para impedir atos ilícitos contraa segurança das aeronaves civis, seus pas-sageiros e tripulação, aeroportos einstalações da navegação aérea, e qualqueroutra ameaça contra a segurança daaviação civil.

III. As Partes Contratantes atuarão, nassuas relações mútuas, segundo as dispo-sições sobre a segurança da aviação estabe-

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lecidas pela Organização da Aviação CivilInternacional e que se denomina Anexos àConvenção sobre Aviação CivilInternacional, na medida em que taisdisposições sobre a segurança sejam apli-cáveis às Partes; as Partes exigirão que osoperadores de aeronaves por elasmatriculadas e os operadores de aeronavesque tenham sede principal ou residênciapermanente no seu território e osoperadores de aeroportos situados no seuterritório atuem em conformidade com asreferidas disposições sobre a segurança daaviação.

IV. Cada Parte Contratante concorda emexigir que os operadores de aeronavesobservem as disposições sobre a segurançada aviação mencionada no parágrafo 3 o,exigidas pela outra Parte Contratante emrelação à entrada, saída, ou permanênciano território dessa Parte Contratante. CadaParte Contratante assegurar-se-á de que noseu território se aplicam efetivamentemedidas adequadas para proteger aaeronave e inspecionar os passageiros, atripulação, a bagagem de mão, as bagagens,a carga e as provisões de bordo, antes edurante o embarque ou permanência daaeronave. Cada uma das PartesContratantes examinará também de modofavorável toda solicitação da outra ParteContratante, com vista a adotar medidasespeciais e razoáveis de segurança paracombater uma ameaça específica.

V. Em caso de incidente ou de ameaça deincidente de captura ilícita de aeronavescivis ou de outros atos ilícitos contra asegurança de tais aeronaves, dos seuspassageiros e tripulação, de aeroportos ouinstalações e serviços de navegação aérea,

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as Partes Contratantes assistir-se-ãomutuamente facilitando as comunicaçõese outras medidas apropriadas, destinadasa pôr termo, de forma rápida e segura, atal incidente ou ameaça.

ARTIGO 15°

Consultas

I. Cada Parte Contratante poderá, aqualquer momento, solicitar uma consultaentre as autoridades competentes das duasPartes Contratantes para a interpretação,aplicação ou modificação do presenteAcordo.

II. Esta consulta terá início, no máximo,no prazo de sessenta (60) dias, a contar dadata da recepção da notificação.

ARTIGO 16°

Contato entre as Partes

Em complemento das reuniões deconsulta previstas no Artigo 15° econsiderando a conveniência de umapermanente coordenação dos interessesaeronáuticos comuns aos dois países, asautoridades aeronáuticas das PartesContratantes deverão manter contatopermanente para garantir uma estreitacolaboração em todas as questões tratadasno presente Acordo, visando a suaexecução satisfatória.

ARTIGO 17°

Modificação do Acordo

I. Se uma das Partes Contratantes desejarmodificar qualquer disposição do presenteAcordo, poderá pedir a realização deconsulta à outra Parte Contratante, nostermos do Artigo referente a Consultas.

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II. A modificação do Acordo propriamentedito entrará em vigor trinta (30) dias apósa data em que as Partes Contratanteshouverem mutuamente notificado ocumprimento das respectivas formalidadesconstitucionais.

ÍII. As modificações do Anexo e do Quadrode Rotas ao presente Acordo poderão serefetuadas por entendimento direto entre asautoridades aeronáuticas das PartesContratantes e entrarão em vigor apósconfirmação por troca de notasdiplomáticas.

ARTIGO 18°

Diferendos

I. Qualquer diferendo que possa surgirquanto à interpretação ou aplicação dopresente Acordo deverá procurar-sesolucioná-lo por via de negociações diretasentre as autoridades aeronáuticas dasPartes Contratantes.

II. Sempre que as autoridades aeronáuticasnão chegarem a acordo, a solução dodiferendo será objeto de negociações porvia diplomática.

III. No caso de o diferendo não ter podidoser resolvido, seja entre as autoridades, sejaentre os Governos das Partes Contratantes,poderão estas acordar em submeter odiferendo à decisão de uma pessoa ou or-ganismo; se não tiverem chegado assim aacordo, tal diferendo poderá ser submetido,a pedido de uma das Partes Contratantes,a um tribunal arbitrai.

IV. Este tribunal arbitrai será composto detrês membros. Cada uma das PartesContratantes designará um árbitro; estesdois árbitros acordarão na designação de

um natural de um terceiro Estado parapresidente. Se, no prazo de dois meses acontar do dia em que uma das PartesContratantes propôs a resolução arbitrai dolitígio, os dois árbitros não tiverem sidodesignados, ou se, durante o mês seguinte,os árbitros não tiverem chegado a acordoacerca da designação do presidente, cadaParte Contratante poderá solicitar aoPresidente do Conselho da Organização daAviação Civil Internacional para procederàs designações necessárias.

V. O tribunal arbitrai decidirá por maioriade votos, em caso de impossibilidade deresolução amigável do diferendo. Salvo seas Partes Contratantes não acordarem nadaem contrário, o próprio tribunalestabelecerá os seus métodos de procedere determinará a sua sede.

VI. As Partes Contratantes procurarãoconformar-se às medidas provisórias quepoderão ser editadas quer durante ainstância, quer durante a decisão arbitrai,sendo esta última para todos os casosconsiderada como definitiva.

VII. No caso de uma das PartesContratantes não se conformar com asdecisões dos árbitros, a outra ParteContratante poderá, durante o período darecusa, limitar, suspender ou revogar osdireitos ou privilégios que tenha acordado,em virtude do presente Acordo, com aParte Contratante em falta.

VIII. Cada Parte Contratante arcará coma remuneração da atividade do seu árbitroe com a metade da remuneração dopresidente designado.

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ARTIGO 19°

Harmonização com AcordosMultilaterais

O presente Acordo, o seu Anexo e oseu Quadro de Rotas são consideradoscomo tendo sido emendados emconformidade com qualquer Acordo mul-tilateral de transporte aéreo que venha avincular, por igual, as duas PartesContratantes.

ARTIGO 20°

Denúncia

Cada uma das Partes Contratantespoderá, em qualquer tempo, notificar aoutra Parte Contratante do seu propósitode denunciar o presente Acordo. Estanotificação será simultaneamente levada aoconhecimento da Organização de AviaçãoCivil Internacional. Se tal notificação forfeita, o Acordo terminará em 12 (doze)meses a contar da data em que a outra ParteContratante a receber, salvo se for retiradapor mútuo entendimento, antes de expiraraquele prazo. Se a Parte Contratante nãoacusar o recebimento da referida noti-ficação, considerar-se-á a mesma recebida14 (quatorze) dias depois do seurecebimento pela Organização da AviaçãoCivil Internacional.

ARTIGO 21°

Registro na OACI

O presente Acordo e todas asmodificações do mesmo, serão registradosna Organização da Aviação CivilInternacional.

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ARTIGO 22°

Revogação do Acordo

O presente Acordo revoga o Acordofirmado pelas duas Partes Contratantes em10 de dezembro de 1946, bem como todaa regulamentação consequente do mesmo.

ARTIGO 23°

Vigência

Cada Parte Contratante notificará aoutra, por via diplomática, do cumprimentodas formalidades constitucionais internasnecessárias à entrada em vigor do presenteAcordo, a qual se dará trinta (30) dias apartir da data de recebimento da segundanotificação.

Feito em Brasília, aos 07 dias do mêsde maio de 1991, em dois originais emlíngua portuguesa, sendo ambos os textosigualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILFrancisco Rezek

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAPORTUGUESAJoão de Deus Pinheiro

ANEXO

SECÃO I

Direitos de Tráfego Acessórios

Para além dos direitos de tráfegoconstantes do Artigo 2° do presenteAcordo, as duas Partes acordam o seguinte:

1. A empresa designada de uma ParteContratante poderá exercer direitos detráfego entre o território da outra Parte

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Contratante e terceiros países, em postosespecificados no Quadro de Rotas, emcondições a acordar entre as AutoridadesAeronáuticas das duas Partes Contratantes.

2. As empresas designadas de ambas asPartes Contratantes terão direito atransportar, nos serviços acordados entreos seus territórios:

a) tráfego de passageiros, carga emala postal, que se movimente entre escalasaquém uma das Partes e a outra Parte, viao território do transportador;

b) tráfego de carga que, não tendoorigem nem destino no território dequalquer das Partes, se movimente atravésdos respectivos territórios.

SECÃO n

Modo de Exploração

Em complemento dos princípiosreferidos no Artigo 8o do presente Acordo,a exploração dos serviços acordadosdeverá ainda ser efetuada em conformidadecom as seguintes disposições:

a) A capacidade total a oferecerdeverá ser, em princípio, divididaigualmente entre as empresas designadas;

b) A capacidade a ser oferecidanas rotas especificadas para satisfazer asnecessidades correntes do tráfego bemcomo as relativas à eventual demandasazonal será aprovada pelas autoridadesaeronáuticas de ambas as PartesContratantes e levará em consideração osprincípios estipulados nesta Seção e os in-teresses das empresas aéreas designadas;

c) A fim de satisfazer exigênciasde tráfego não previsíveis por ocasião daelaboração dos programas de exploração,as autoridades aeronáuticas das duas PartesContratantes poderão autorizar, sobproposta das empresas designadas, osaumentos eventuais de capacidade queforem necessários para satisfazer a procuradesse tráfego;

d) Desde que a empresa designadade uma das Partes Contratantes não ex-plore, permanente ou temporariamente,total ou parcialmente, a capacidade a quetem direito, as autoridades aeronáuticas dasduas Partes Contratantes poderãoentender-se no sentido de a empresa de-signada da outra Parte Contratante explorara capacidade acordada, de harmonia comos parágrafos anteriores. Será, contudo,condição de tais entendimentos que, se aempresa designada da primeira ParteContratante decidir em qualquer alturacomeçar a explorar ou a aumentar acapacidade dos seus serviços, dentro dacapacidade total a que tem direito, e de talnotificar a outra Parte com antecedênciarazoável, a empresa designada da outraParte Contratante deverá retirar correspon-dentemente parte ou toda a capacidadeexcedentária que tenha estado a explorar.

SECÁO m

Flexibilidade Operacional

As empresas designadas por ambasas Partes Contratantes terão o direito deoferecer uma capacidade adicional, comoflexibilidade operacional, a ser acordadaentre as Autoridades Aeronáuticas das duasPartes.

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SECÂO IV

Horários

1. A empresa aérea de cada ParteContratante deverá submeter àsautoridades aeronáuticas da outra ParteContratante, no mínimo quarenta e cinco(45) dias antes da data prevista para a suavigência, os horários em que desejar operaros seus serviços.

2. Esses horários deverão indicar o tipo,modelo e configuração da aeronaveutilizada, bem como a frequência dosserviços e escala.

3. Tais horários deverão ser apreciadospelas autoridades aeronáuticas da outraParte Contratante e a decisão ser proferidanos trinta (30) dias subsequentes à data deapresentação dos referidos horários.

SECÃO V

Reserva do Tráfego Luso-Brasileiro

1. O tráfego luso-brasileiro fica reservadoàs empresas aéreas designadas dos doispaíses.

2. Quaisquer derrogações futuras a estedispositivo deverão ser previamenteacordadas entre as autoridadesaeronáuticas brasileira e portuguesa.

QUADRO DE ROTAS

QUADRO I - Rotas a operar em ambosos sentidos pela empresa aérea designadapelo Brasil.

Pontos no Brasil paraLisboa e/ou Porto e além para Londres e/ou Paris e/ou Zurique, podendo 1 (um)destes pontos ser substituído por Moscouou outro ponto a leste da Europa.

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QUADRO II - Rotas a operar em ambosos sentidos pela empresa aérea designadapor Portugal.

Pontos em Portugal via 1(um) ponto intermédio na África ao nortedo Equador para Recife e/ou Rio de Ja-neiro e/ou São Paulo e além para 2 (dois)pontos (Argentina, Uruguai, Paraguai eChile), podendo 1 (um) destes pontos sersubstituído por outro no Pacífico Sul.

NOTAS:

1 - As empresas designadas por ambas asPartes Contratantes poderão operar asescalas de suas respectivas rotas, em umou em todos os voos, na ordem quedesejarem;

2 - Ao programar os seus serviços, asempresas designadas por ambas as PartesContratantes poderão, em um ou em todosos voos, omitir escalas, em um ou em váriospontos das rotas indicadas, desde que osserviços comecem ou terminem em umponto no território da Parte Contratanteda empresa designada.

3 - A empresa de cada Parte Contratantepoderá incluir escalas em terceiros paísesnão incluídas neste Quadro de Rotas nosserviços que pretender operar, desde queessas escalas sejam operadas sem direitode tráfego com relação à outra Parte. Aoperação nestes Pontos não dará lugar aaumento da oferta da capacidade.

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Visita Presidencial à Espanha

Discurso do Presidente Fernando Collor embanquete oferecido em sua homenagem pelo Reida Espanha, emMadri, em 16 de maio de 1991

Í3into-me extremamente honradoem formular saudação muito calorosa aVossas Majestades e ao nobre povoespanhol.

Desejo também manifestar-lhes meussinceros agradecimentos pela acolhidafidalga e generosa com que estamos sendodistinguidos.

A essa mesma fidalguia atribuo agenerosidade de suas palavras, que dividocom o povo brasileiro, a quem tambémhomenageiam.

Majestade,

Nos últimos anos, visitei a Espanhaduas vezes, primeiro ainda candidato aPresidente do Brasil e depois comoPresidente eleito.

Vim rever e admirar, como o façoagora com renovado prazer, a naturezasedutora deste país, a operosidade de seupovo, a arquitetura variada de suas cidadese as obras de seus grandes artistas, orgulhoda Humanidade.

Esse é um prazer particularmentegrato para os que, como nós brasileiros,compartilhamos inúmeros traços de afini-dade com os espanhóis.

Majestade,Com efeito, nossas duas nações

guardam muito mais semelhanças do quediferenças.

À natural proximidade cultural eétnica, resultante da origem ibérica comum,soubemos adicionar, ao longo de quasemeio milénio, novas formas de convívio,novas pontes de entendimento.

A visita de Estado que hoje inicio tempor objetivo, primeiro, reiterar a relevânciaque o Brasil confere a suas relações com aEspanha, e, segundo, elevá-las a umpatamar mais alto, tanto quantitativa comoqualitativamente.

Majestade,

Estamos vivendo momento designificação histórica excepcional, comprojeções na Europa e também na AméricaLatina.

O sopro avassalador de liberdade quepercorreu há ano e meio o Leste europeuteve sua contrapartida anos antes naAmérica do Sul.

O Brasil levou a bom termo umprocesso de redemocratização queculminou justamente na minha eleição paraPresidente, em que votaram livremente 80milhões de cidadãos.

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Temos na democracia certamente umelemento sólido de reforço de nossasrelações.

Creio importante mencionar, a esserespeito, que os Pactos de Moncloa,reunindo Governo, empresários esindicatos, constituem ainda hoje viva fontede inspiração para o entendimento nacionalque estamos procurando amadurecer noBrasil.

Majestade,

O projeto de desenvolvimento quemeu Governo vem perseguindo implicauma maior abertura de nossa economia aoexterior.

Estamos convencidos de que arecuperação de nossa capacidadeprodutiva passa necessariamente pelaretomada de fluxos de capitais estrangeirose pelo acesso garantido a avançostecnológicos.

A valorização da modernidadesignifica a valorização da competitividade,sem o que nos estaríamos condenando nósmesmos, nestes tempos céleres demudança, ao papel de meros coadjuvantesdo processo histórico.

O compromisso com a modernidadeé outra característica que nos aproxima.

Espanha e Brasil estão abertos parao mundo, têm uma visão universalista dasrelações internacionais e demonstramampla disposição para explorar formasnovas de convivência e cooperação.

Como nos ensina Ortega y Gasset,política é realização, e na Espanha e noBrasil nossa obra, resistindo às tentações

da utopia, busca precisamente realizar oprojeto de sociedades mais prósperas,solidárias e justas.

Majestade,

Referi-me, há pouco, à relevânciaque o Brasil confere às relações com aEspanha, com a qual tem tantas afinidades.

Assinalei, em seguida, o desejo dealçá-las a nível mais elevado.

Um símbolo eloquente desse desejoé a assinatura, amanhã, da Ata de Basespara o Tratado Geral de Cooperação eAmizade Brasil-Espanha.

O Tratado, que esperamos possa sertambém firmado ainda no corrente ano,representa um novo e amplo marcoinstitucional para regular e dinamizar asrelações bilaterais nos mais variados cam-pos, e, muito especialmente, nas áreaseconómica, comercial e financeira, deimensas perspectivas de desenvolvimento.

A importante presença do Brasil eda Espanha nos movimentos de integraçãoeconómica e de coordenação política naAmérica Latina e na Europa comunitária,respectivamente, confere à celebraçãodesse instrumento significado particular.

Majestade,

O ano de 1992 assistirá à culminânciado programa de comemorações do VCentenário do Descobrimento da América- Encontro de Dois Mundos.

A gesta dos descobrimentos, pontode inflexão da História, foi obra dosaudazes navegantes dos países ibéricos,que reduziu distâncias e aproximou ospovos.

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Como sabe Vossa Majestade,participarei com empenho não só daCimeira de 1992, a realizar-se na Espanha,como das Cimeiras que a antecederão eseguirão, uma das quais - a de 1993 - oBrasil terá o privilégio de sediar.

Em 1992, outro evento haverátambém de reunir as atenções de todo omundo.

A Conferência das Nações Unidassobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,tendo como cenário a cidade do Rio deJaneiro, deverá fazer um balanço da saúdede nosso planeta e estudar fórmulas paragarantir o desenvolvimento sustentado.

A questão ecológica é temaprioritário de nossa época porque de nossacapacidade de estreitar e aprofundar acooperação internacional, particularmenteno âmbito do meio ambiente, dependemnossa qualidade de vida e o legado quedeixaremos às futuras gerações.

O Brasil sabe poder contar com aEspanha nessa tarefa.

Juntos, muito poderemos realizarnessa área.

Aguardamos a Espanha na Rio-92

E, com o pensamento voltado paraessas oportunidades auspiciosas deenriquecimento mútuo, convido a todos ame acompanharem no brinde que ergo pelasaúde e felicidade pessoal de SuasMajestades o Rei Dom Juan Carlos I e aRainha Dona Sofia, pela prosperidade dagrande nação espanhola e pelo contínuoaprofundamento das relações entre o Brasile a Espanha.

Discurso do Presidente Fernando Collorno Senado da Espanha, em 17 de maiode 1991

Tenho a honra de dirigir calorosasaudação a Vossas Excelências e a todosos dignos membros das Cortes da Espanha.

Creio apropriado desde logo dizer-lhes o quanto me sinto à vontade nestaCasa, e da importância fundamental queatribuo ao papel do Legislativo na vida dosEstados democráticos, na própriaconformação de seu tecido político e naprojeção das aspirações nacionais.

Por minha história pessoal e tradiçãofamiliar, muito jovem aprendi a participarintensamente das atividades voltadas paraa correta expressão da vontade popular noGoverno.

Tendo sido eu mesmo parlamentar,jamais perdi de vista esse compromisso vi-tal com a representatividade do povo, emnome do qual exercemos nossos mandatos.

Elevado à suprema magistratura demeu país pela decisão soberana do povobrasileiro, é pois com especial satisfaçãoque hoje lhes dirijo a palavra.

Senhores Presidentes,

Não cumpro um ritual protocolar aocomparecer às Cortes espanholas.

Venho, aqui, prestar minhas home-nagens a esta instituição, cujo papel noreencontro democrático da Espanha e naconsolidação das conquistas políticas esociais de seu povo inscreve-se com letramaiúscula nas páginas da História doOcidente.

Venho, igualmente, compartir comVossas Excelências o projeto que, no

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Brasil, estamos tentando implementar derecuperação da economia e de construçãode uma sociedade mais próspera e justa.

Há dois dias, comemoramos ocentenário da encíclica Rerum Novarum.

Nela, o Papa Leão XIII ensina:

"O que se pede aos governantes éum concurso de ordem geral, que consisteem toda a economia das leis e dasinstituições; queremos dizer que devemfazer de modo que da mesma organizaçãoe do governo da sociedade brote esponta-neamente e sem esforço a prosperidade,tanto pública como particular..."

O concurso de ordem geral estamosperseguindo com tenacidade no Brasil, soba inspiração inclusive dos Pactos deMoncloa que, em seu momento, mobili-zaram a Espanha em torno de um projetomaior, acima das disputas político-partidárias, na altura exata das aspiraçõescoletivas de seu povo.

Buscamos o entendimento a partir doexemplo da ação do próprio governo,redefinindo o papel do Estado na economia,agilizando a máquina administrativa,combatendo os privilégios, rejuvenescendoa capacidade produtiva, revitalizando omercado, cuidando dos mais necessitadose protegendo os direitos humanos.

Estamos todos unidos no Brasil nessaimensa tarefa, o que não quer dizer quenão tenhamos divergências internas.

Pobre da democracia que não seacautelar contra a unanimidade.

Mas pobre também do país que nãoconseguir traduzir para o plano concreto

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das realizações o salto qualitativo por quetanto anseiam as camadas maisdesprotegidas da população, bem como ossetores dinâmicos da sociedade.

As palavras de Leão XIII seguemverdadeiras, sobretudo se as ouvirmoscomo um chamamento à cooperação além-fronteiras, onde a comunidade de naçõesse desvista de seus preconceitos políticose ideológicos e de suas barreirasprotecionistas e discriminatórias, em nomede um mundo definitivamente compro-metido com o entendimento, a solida-riedade e a paz.

Avanços importantes no planopolítico tanto na América Latina como noLeste Europeu têm reforçado perspectivaspromissoras para os novos tempos.

No campo económico e comercial,porém, não tranquiliza o apego extem-porâneo de uns poucos a regras antigas derelacionamento.

O protecionismo comercial dospaíses desenvolvidos vai assumindo novase variadas formas, com o perigo daformação de grandes blocos comerciais eo risco de marginalização maior dos paísesem desenvolvimento.

A questão do endividamentoexterno, não obstante alguns progressoslocalizados, ainda está a reclamar soluçõesmutuamente satisfatórias e definitivas, quenão deixem de levar na devida conta asdimensões políticas do problema.

E as dificuldades de acesso àstecnologias avançadas continuam a retardara trajetória dos países em desenvolvimentona busca de sociedades mais prósperas ejustas.

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Senhores Presidentes,

Brasil e Espanha são dois países queevoluíram para a plena democracia em pro-cesso seguro e pacífico.

A renovação democrática no Brasilinscreveu-se em um contexto mais amploque tem motivado toda a América Latina.

Não obstante a persistência de gravesproblemas económicos e sociais, os paíseslatino-americanos têm sabido renovar eaperfeiçoar os seus sistemas políticos, demodo a incorporá-los decisivamente nagrande corrente democratizante universalde nossos dias.

A redemocratização da AméricaLatina, por vários motivos tão auspiciosa,serve para reforçar ainda mais os profundoslaços de amizade com os países ibéricos,criando as condições para a formaçãoprogressiva de uma identidade de interessesentre esses dois grupos de países.

Tal processo, que contou, para o seupleno florescimento e consolidação, coma vantagem das tradicionais e profundasafinidades que naturalmente já osaproximam, já permitiu passos largos nocaminho da integração latino-americana.

O trabalho de coordenação políticaconduzido pelo Grupo do Rio tem sidoaltamente frutífero.

Os resultados expressivos alcançadosno plano económico, com a criação doMERCOSUL, abrem novos horizontespara a Argentina, o Paraguai, o Uruguai eo Brasil, além de relançar as bases de umaverdadeira integração no continente.

A integração latino-americana, queora caminha segura, é decerto um elementode aproximação entre a Espanha e o Brasil.

Senhores Presidentes,

No curso desta para mim grata visitaà Espanha, assinei com o Presidente de Go-verno a Ata de Bases de um Tratado Geralde Cooperação e Amizade.

O Tratado, a ser também firmado emprazo curto de tempo, permitirá umsubstancial adensamento das relações entreEspanha e Brasil, sobretudo nos camposeconómico, comercial e financeiro, abrindocaminho para uma nova fase de profícuacooperação, em mútuo e crescentebenefício de nossos espanhóis e brasileiros.

Estou convencido de que estedocumento simboliza o atual estágio dasrelações entre Espanha e Brasil.

Já não me refiro a seu conteúdo, nema seu alcance bilateral, concentro-me emseu significado à luz das modalidadesmodernas de cooperação entre dois paísesamigos, conscientes ambos, pelas lições desua história individual, de que aconsolidação da democracia é variávelsensível ao desenvolvimento económico,assim como o desenvolvimento económico,com justiça social, é - ou deveria ser - oobjetivo maior da cooperação interna-cional.

Ata que Estabelece as Bases de umTratado Geral de Cooperação eAmizade

Por ocasião de sua visita de Estadoà Espanha, Sua Excelência o SenhorPresidente da República Federativa doBrasil, Doutor Fernando Collor, reuniu-se

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com Sua Excelência o Senhor Presidentedo Governo da Espanha, Doutor FelipeGonzález Márquez, para analisar o estadodas relações bilaterais entre o Brasil e aEspanha, com vistas a dar-lhes um novoquadro, coerente com seu conteúdo atual.

O Senhor Presidente da RepúblicaFederativa do Brasil e o Senhor Presidentedo Governo da Espanha, após compro-varem as excelentes relações que existementre ambos os países, fruto dos tradi-cionais laços de amizade entre o Brasil e aEspanha, decidiram fortalecê-las por meioda elaboração de um Tratado Geral deCooperação e Amizade que projete para ofuturo as relações hispano-brasileiras,muito especialmente nos campos da coope-ração política, económica e financeira,científica e técnica, cultural e educativa, ejurídica e consular.

A próxima comemoração do VCentenário do Descobrimento - Encontroentre Dois Mundos - realçará ainda mais aassinatura do Tratado entre os dois países.

O mencionado Tratado Geral deCooperação e Amizade seguirá em seudesenvolvimento o seguinte esquema:

ÂMBITO DA COOPERAÇÃOPOLÍTICA

O Presidente da República Fede-rativa do Brasil e o Presidente do Governoda Espanha comprovaram, com satisfação,a plena coincidência que existe em suasrespectivas posições sobre princípiosinternacionais de tanta transcendênciacomo a livre-determinação dos povos, anão-ingerência nos assuntos internos dosEstados, a solução pacífica de contro-

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vérsias, a renúncia ao uso da força, aigualdadejurídica dos Estados, o primadodo Direito Internacional e a cooperaçãointernacional para o desenvolvimento, bemcomo a necessidade de contribuir por todosos meios para a intensificação das açõesem prol da paz internacional.

Coincidem, ademais, em outrostemas igualmente de grande relevância:

- a convicção de que a democraciaplena e consolidada é a única forma políticade responder a todas as aspirações éticas,sociais e culturais dos povos e de expressarsuas necessidades e inquietudes;

- o compromisso de defender,promover e fazer respeitar os DireitosHumanos no quadro do Estado de Direito,como forma de garantir a dignidade esegurança dos cidadãos;

- a firme condenação de toda açãocontrária à democracia e às liberdadesoriundas da vontade popular, bem como arepulsa a toda violência, autoritarismo ouintolerância;

- a convicção de que a participaçãoativa do Brasil e da Espanha em forosregionais pode contribuir decisivamentepara uma maior aproximação entre aIberoamérica e a Europa;

- a percepção da gravidade doproblema da dívida externa para a AméricaLatina, que torna necessária a busca desolução equitativa que permita arecuperação e o desenvolvimentoeconómico e social da região;

- a necessidade de impulsionar osprocessos de integração regional, quepotencializarão o desenvolvimento e ainterrelação dos povos;

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- a convicção de que, o desenvol-vimento económico é, por sua vez, umadas condições essenciais para a reafirmaçãode um sistema democrático de liberdadese para a obtenção de melhores níveis devida;

- a exigência de coordenar estra-tégias para combater problemas trans-nacionais tão graves como o terrorismo eo narcotráfico;

- a necessidade de promover inicia-tivas comuns nos distintos foros inter-nacionais para lograr maior proteção edefesa mundial do meio-ambiente;

- a transcendência do V Centenáriodo Descobrimento - Encontro entre DoisMundos - como oportunidade históricapara a reflexão.

O Tratado contemplará um sistemade consultas políticas de alto nível que, deum lado, procurará harmonizar as posiçõesdos dois países na defesa e promoção dosprincípios assinalados acima e, de outrolado, permitirá o conhecimento recíprocode suas respectivas atuações no campointernacional.

ÂMBITO DA COOPERAÇÃOECONÓMICA E FINANCEIRA

O Tratado estabelecerá um quadrode cooperação económica com o objetivode intensificar e ampliar as relaçõeseconómicas e financeiras entre a Espanhae o Brasil mediante a instrumentação demecanismos e programas em queparticipem ativamente os setores público eprivado, sem prejuízo dos compromissosinternacionais assumidos por cada um dosdois países.

Tal cooperação realizar-se-ámediante a elaboração e a execuçãoconjunta de um Programa Global deCooperação Económica com adequadosuporte financeiro que, de acordo com asdisposições vigentes em cada país,contemple:

- o estímulo aos investimentos deuma Parte no território da outra;

- a promoção da complementaridadeentre empresas de ambos os países;

-o fomento dos intercâmbioscomerciais e a participação das empresasde cada país no desenvolvimento doaparelho produtivo do outro.

Para a expansão das relaçõeseconómicas bilaterais, ambos os Governosconsideram necessário:

- a existência de um quadroinstitucional que permita aos agenteseconómicos de ambos os países oplanejamento e o desenvolvimento de suasatividades a médio e longo prazos;

- a realização de constante e efetivapromoção e difusão das possibilidades edo potencial da cooperação hispano-brasileira;

- a dotação de suficientes recursosfinanceiros à cooperação económica.

Com esses propósitos, ambos osGovernos:

- observados os respectivos dispo-sitivos legais, assegurarão as condiçõesjurídicas e económicas adequadas àgarantia recíproca de um tratamento justoe imparcial aos investimentos públicos eprivados e, nesse sentido, iniciarão ne-

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gociações para a atualização do acordopara evitar a dupla tributação;

- comprometem-se a estimular acriação de empresas mistas, utilizando paratal os instrumentos previstos em suasrespectivas legislações;

- buscarão promover e facilitar osinvestimentos de suas próprias empresasno mercado da outra Parte, com particularênfase nos investimentos efetuados porpequenas e médias empresas;

- apoiarão atividades conjuntas dedifusão, identificação e promoção deoportunidades de comércio e investimentopor meio das instituições existentes emambos os países.

O Programa Global de CooperaçãoEconómica terá por objetivo a mobilizaçãode recursos no valor aproximado demilhões de dólares dos Estados Unidos daAmérica.

ÂMBITO DA COOPERAÇÃOTÉCNICA E CIENTÍFICO-

TECNOLÓGICA

O Tratado incorporará a cooperaçãotécnica e científico-tecnológica como itemimportante da cooperação entre ambos ospaíses.

- a promoção da complementaridadeentre empresas de ambos os países;

- o fomento dos intercâmbioscomerciais e a participação das empresasde cada país no desenvolvimento doaparelho produtivo do outro.

Para a expansão das relaçõeseconómicas bilaterais, ambos os Governosconsideram necessário:

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- a existência de um quadroinstitucional que permita aos agenteseconómicos de ambos os países oplanejamento e o desenvolvimento de suasatividades a médio e longo prazos;

- a realização de constante e efetivapromoção e difusão das possibilidades edo potencial da cooperação hispano-brasileira;

- a dotação de suficientes recursosfinanceiros à cooperação económica.

Com esses propósitos, ambos osGovernos

- observados os respectivosdispositivos legais, assegurarão ascondições jurídicas e económicasadequadas à garantia recíproca de um tra-tamento justo e imparcial aos investimentospúblicos e privados e, nesse sentido,iniciarão negociações para a atualizaçãodo acordo para evitar a dupla tributação;

- de empresas mistas, utilizando paratal os instrumentos previstos em suasrespectivas legislações;

- buscarão promover e facilitar osinvestimentos de suas próprias empresasno mercado da outra Parte, com particularênfase nos investimentos efetuados porpequenas e médias empresas;

- apoiarão atividades conjuntas dedifusão, identificação e promoção deoportunidades de comércio e investimentopor meio das instituições existentes emambos os países.

O Programa Global de CooperaçãoEconómica terá por objetivo a mobilizaçãode recursos no valor aproximado de três

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bilhões de dólares dos Estados Unidos daAmérica.

ÂMBITO DA COOPERAÇÃOTÉCNICA E CIENTÍFICO-

TECNOLÓGICA

O Tratado incorporará a cooperaçãotécnica e científico-tecnológica como itemimportante da cooperação entre ambos ospaíses.

Os programas e projetos decooperação estabelecer-se-ão em áreas deinteresse mútuo com o objetivo depropiciar o desenvolvimento institucional,a modernização do aparelho produtivo e aqualidade de vida da população,vinculando, na medida do possível, taisações à cooperação em matéria económicae financeira. Para tanto, promover-se-á ointercâmbio de experiências e deprofissionais, a assessoria e a assistênciatécnica mútua, a formação de recursoshumanos, os projetos conjuntos depesquisa científica, de desenvolvimentotecnológico e inovação, bem como a trans-ferência de tecnologia.

Sem prejuízo de estender acooperação a outros campos, as Partesfazem constar seu interesse em colaborarna seguintes áreas:

- cooperação para o fortalecimentoda capacidade produtiva nos setores daagro-indústria, incluídos o setor pesqueiro,biotecnologia, conservação de energia,florestal, informática e telecomunicações,mineração, novos materiais, transportes, ena área da qualidade industrial;

- cooperação empresarial parapromover as relações entre as empresas e

a criação de empresas mistas e atransferência de tecnologias entre ambosos países;

- cooperação no âmbito dosserviços, com especial referência aoturismo, aos serviços urbanos e de saúde;

- cooperação no âmbito dos recursosnaturais e da qualidade ambiental;

- cooperação no âmbito da pesquisacientífica, do desenvolvimento tecnológicoe da inovação e para o reforço institucionaldas Universidades.

Os mecanismos e procedimentosneste âmbito serão os estabelecidos noConvénio Básico de Cooperação Técnica,Científica e Tecnológica, assinado em 13de abril de 1989.

Para a execução das ações nestasáreas serão definidos mecanismos decooperação não-reembolsáveis tanto emnível governamental quanto em nível não-governamental.

Ambos os países promoverão aparticipação conjunta em programasmultilaterais de cooperação e nosprogramas previstos no quadro daComemoração do V Centenário doDescobrimento - Encontro entre DoisMundos.

ÂMBITO DA COOPERAÇÃOEDUCATIVA E CULTURAL

Ambas as Partes coincidem emsublinhar os seguintes campos prioritáriospara a cooperação neste âmbito:

- promoção do ensino do espanholno Brasil e da língua portuguesa naEspanha;

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- intercâmbio académico entrerepresentantes das respectivas Univer-sidades, instituições de pesquisa e outrasorganizações e centros, com vistas aoestabelecimento de ações integradas entreambos os países;

- concessão de bolsas de estudo e deajuda à pesquisa, outorgadas de acordocom as prioridades a serem estabelecidas;

- criação de novos centros culturaise de ensino nos dois países;

- apoio às edições, à formação deacervos bibliográficos e à promoção deconvénios de coedição e de empresaseditoriais mistas que divulguem,reciprocamente, os respectivos valoresliterários;

- incremento do intercâmbio de ma-terial audio-visual e realização de jornadasculturais, festivais, exposições itinerantese outros eventos artísticos que contribuampara a difusão das correntes artísticas deambos os países, principalmente de suastendências inovadoras;

- conservação e restauração dopatrimónio histórico e artístico de interessecomum;

- colaboração das ComissõesNacionais de ambos os países para acomemoração do V Centenário doDescobrimento - Encontro entre DoisMundos, dentro de programas bilaterais emultilaterais a serem acordados;

- comemoração de eventos etradições de interesse mútuo.

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ÂMBITO DA COOPERAÇÃOCONSULAR

Pensando no interesse prioritário queas respectivas coletividades nacionais tempara os dois países, o Tratado estabeleceráuma cooperação mais estreita entre osserviços consulares da Espanha e do Brasil.

Ambas as Partes se comprometem aestudar a ampliação do conjunto deacordos bilaterais atualmente em vigor noscampos da cooperação jurídica e consular,da previdência social e da harmonizaçãode seus respectivos sistemas jurídicos.

Sem prejuízo do sistema de consultasmencionado no âmbito da cooperaçãopolítica, o Tratado Geral de Cooperação eAmizade contará com um mecanismo, a serpresidido pelos respectivos Ministros dasRelações Exteriores e composto pelascomissões que sejam necessárias para seudesenvolvimento, que possa proceder àcoordenação, acompanhamento e análisedos resultados obtidos.

Feito em Madri, em 17 de maio de1991.FERNAMDO COLLORFELIPE GONZÁLEZ MARQUEZ

Convénio de Seguridade Social

A República Federativa do Brasil

e

O Reino da Espanha

Animados pelo desejo de atualizar asnormas convencionais que regulamentamas relações em matéria de Seguridade So-cial entre os dois países,

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Resolvem firmar Convénio deSeguridade Social nos seguintes termos:

TÍTULO I

Disposições Gerais

ARTIGO 1

1. Os termos que se relacionam a seguirpossuem, para os efeitos da aplicação doConvénio, o seguinte significado:

a) "Partes Contratantes" ou "Partes"significa a República Federativa do Brasile o Reino da Espanha;

b) "Legislação", leis, regulamentose demais disposições mencionadas noArtigo 2, vigentes nos territórios de uma eoutra Parte Contratante;

c) "Autoridade Competente", comrespeito à Espanha, o Ministério doTrabalho e Seguridade Social; com respeitoao Brasil, o Ministério do Trabalho e daPrevidência Social;

d) "Instituição", Organismo ouAutoridade responsável pela aplicação dalegislação a que se refere o Artigo 2;

e) "Instituição Competente",Organismo ou Autoridade que deveentender-se em cada caso concreto, emconformidade com a legislação aplicável;

f) "Organismo de Ligação",Organismo de coordenação entre asInstituições que intervenham na aplicaçãodo Convénio e de informação aosinteressados sobre direitos e obrigaçõesderivados do mesmo;

g) "Trabalhador", toda pessoa que,por realizar ou ter realizado uma atividadepor conta própria ou alheia, está ou esteve

sujeito à legislação referida no Artigo 2;

h) "Penodo de seguro", todo operíodo definido como tal pela legislaçãosob a qual se tenha cumprido, bem comoqualquer período considerado pela mesmalegislação como equivalente a um períodode seguro;

i) "Prestações pecuniárias", qualquerprestação em espécie, pensão, renda,subsídio ou indenização previstas pelaslegislações mencionadas no Artigo 2,incluído qualquer complemento, suple-mento ou revalorização;

j) "Assistência Sanitária", a pres-tação de serviços médicos e farmacêuticosdestinados a conservar ou restabelecer asaúde nos casos de doença comum ouprofissional, acidente, qualquer que seja asua causa, gravidez, parto e puerpério;

k) "Familiar", pessoa definida ouadmitida como tal pela legislação emvirtude da qual são concedidas asprestações.

2. Os demais termos ou expressões usadosno Convénio possuem o significado quelhes atribui a legislação aplicada.

ARTIGO 2

1. O presente Convénio será aplicado:

A) Por parte da Espanha:

A legislação do Regime Geral e dosRegimes Especiais que integram o Sistemada Seguridade Social, no que se refere a:

a) Assistência Médica nos casosde maternidade, doença comum ouprofissional e acidente, seja ou não detrabalho;

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b) Prestações pecuniárias nos casosde incapacidade temporária de trabalhoderivadas da maternidade, doença comumou profissional e acidente, seja ou não detrabalho;

c) Invalidez;

d) Velhice;

e) Morte e sobrevivência;

f) Proteção familiar;

g) Acidente do trabalho e doençaprofissional.

B) Por parte do Brasil:

A legislação do Regime Geral daSeguridade Social, no que se refere a:

a) Assistência médica, farmacêuticae odontológica, ambulatorial e hospitalar;

b) Incapacidade de trabalhotemporário;

c) Invalidez;

d) Tempo de Serviço;

e) Velhice;

f) Morte;

g) Natalidade;

h) Acidente do trabalho e doençaprofissional;

i) Salário-família.

2. O presente Convénio aplicar-se-áigualmente às disposições legais que nofuturo complementem ou modifiquem asmencionadas no parágrafo anterior.

3. O presente Convénio aplicar-se-á àsdisposições legais que estabeleçam umnovo Regime especial de Seguridade So-

cial quando as Partes Contratantes assim odecidirem.

4. O Convénio aplicar-se-á às disposiçõeslegais que em uma Parte Contratanteestendam a legislação vigente a novosgrupos de pessoas, sempre que a auto-ridade competente da outra Parte não seoponha, dentro dos três meses seguintesao recebimento da notificação de taisdisposições.

ARTIGO 3

O presente Convénio aplicar-se-á àspessoas que estejam ou tenham estadosubmetidas à legislação de uma ou ambasas Partes Contratantes bem como a seusfamiliares e dependentes legais.

ARTIGO 4

Para resguardo do disposto nopresente Convénio, toda pessoa contem-plada no Artigo 3 estará sujeita àsobrigações da legislação das Partes quemencionam no Artigo 2 e poderá ter direitoàs prestações dessas tais legislações nasmesmas condições que os nacionais dessaParte.

ARTIGO 5

1. As prestações pecuniárias de carátercontributivo concedidas em virtude desteConvénio não estarão sujeitas a redução,modificação, suspensão ou retenção pelofato do beneficiário residir no território daoutra Parte ou em um terceiro país, a menosque no presente Convénio se disponha emcontrário.

2. As prestações pecuniárias de carátercontributivo, devidas por uma das PartesContratantes em decorrência da aplicação

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do presente Convénio, serão efetivadas aosbeneficiários mesmo que estes seencontrem no território da outra Parte oude um terceiro país.

3. Se, em alguma das Partes Contratantesforem promulgadas disposições querestrinjam a transferência de divisas, as duasPartes adotarão, imediatamente, medidasnecessárias para garantir a efetivação dosdireitos derivados do presente Convénio.

T Í T U L O H

Disposições sobre LegislaçãoAplicável

ARTIGO 6

1. As pessoas às quais seja aplicável opresente Convénio estarão sujeitasexclusivamente à legislação de SeguridadeSocial da Parte Contratante em cujo ter-ritório exerçam sua atividade de trabalho,salvo as exceções previstas no Artigo 7.

2. O trabalhador por conta própria ouautónomo que, devido ao seu trabalho,possa estar segurado pela legislação deambas as Partes, somente ficará submetidoà legislação da Parte em cujo territóriotenha sua residência.

ARTIGO 7

O princípio geral estabelecido noArtigo 6 poderá ser objeto das seguintesexceções:

1. O trabalhador que, estando a serviço deuma empresa em uma das PartesContratantes, for deslocado por essaempresa ao território da outra Parte paraefetuar um trabalho de caráter temporário,continuará submetido à legislação daprimeira Parte como se continuasse

trabalhando em seu território, desde queeste trabalhador não tenha esgotado o seuperíodo de deslocamento e que a duraçãoprevisível do trabalho que deva efetuar nãoultrapasse três anos.

Se, por circunstâncias imprevisíveis,a duração do trabalho a ser realizadoexceder três anos, poderá continuar sendo-lhe aplicada a legislação da primeira Parte,por um período de dois anos, desde que aAutoridade Competente da segunda Parteo autorize.

O trabalhador autónomo que exercernormalmente a sua atividade por contaprópria no território de uma Parte, e quepasse a realizar um trabalho por sua contano território da outra Parte, continuará aser regido pela legislação da primeira Partedesde que a duração prevista não excedadois anos.

2. O pessoal de vôo pertencente àsempresas de transporte aéreo estará sujeitoà legislação da Parte onde a empresa tenhasua sede principal.

3. Quando um trabalhador exercer a suaatividade profissional a bordo de um naviocom pavilhão pertencente a uma das PartesContratantes, aplicar-se-á a legislaçãodessa Parte.

Não obstante o disposto noparágrafo anterior, uma pessoa que exerceratividade por conta de outrem a bordo deum navio com pavilhão de uma das PartesContratantes, e que seja remunerada emfunção dessa atividade por uma empresaou pessoa que tenha a sua sede no territórioda outra Parte Contratante, continuarásubmetida à legislação desta última Parte,

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se residir no território da mesma. Aempresa ou pessoa que pagar aremuneração será considerada comoempresário para aplicação da referidalegislação.

4. Os trabalhadores portuários, empre-gados em trabalhos de carga e descarga,reparações ou na inspeção desses trabalhos,serão regulamentados pelas disposiçõeslegais da Parte Contratante a cujo territóriopertença o porto.

5. Os membros do pessoal das Missões edas Repartições Consulares reger-se-ãopelo estabelecido pela Convenção de Vienasobre Relações Diplomáticas, de 18 de abrilde 1961, e sobre Relações Consulares, de24 de abril de 1963.

6. Não obstante, o pessoal administrativoe técnico e os membros do pessoal deserviço das Missões Diplomáticas eRepartições Consulares de cada uma dasPartes poderão optar entre a aplicação dalegislação do Estado acreditante ou pelooutro, sempre que:

a) não tenham caráter defuncionários públicos da Parte acreditante;

b) sejam nacionais do Estadoacreditante;

c) essa opção ocorra dentro dostrês primeiros meses a partir da entrada emvigor do presente Convénio ou, segundo ocaso, dentro dos três meses seguintes à datade início do trabalho no território da Parteem que desenvolvem a sua atividade.

7. O pessoal de serviço privado dos mem-bros das Missões e Repartições Consularesterá o mesmo direito de opção regulamen-tado no item anterior, de acordo unica-

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mente com os requisitos das letras b) e c)do item mencionado.

8. As Autoridades competentes de ambasas Partes Contratantes poderão, de comumacordo, ampliar, suprimir ou modificar asexceções previstas nos parágrafosanteriores.

TÍTULO m

Disposições Relativas às Prestações

CAPITULO I

Doença-Maternidade

ARTIGO 8

Se a legislação de uma Parte Contra-tante subordina a aquisição, conservaçãoou recuperação do direito a prestações pordoença ou maternidade ao cumprimento dedeterminados períodos de seguro, aInstituição Competente levará em contapara tal efeito, quando for necessário, osperíodos de seguro cumpridos emconformidade com a legislação da outraParte Contratante, desde que não sesobreponham, como se se tratasse deperíodos cumpridos em conformidade coma sua legislação.

ARTIGO 9

Os trabalhadores que reunam ascondições exigidas pela legislação de umaParte para obter direito às prestações pordoença ou maternidade e cujo estado desaúde requeira prestações de formaimediata durante uma estadia em territórioda outra Parte, usufruirão:

a) Das prestações de assistênciamédica pelo tempo e durante o prazoestabelecido pela legislação aplicada pela

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Instituição Competente e que serãofornecidas pela Instituição do país daestadia, em conformidade com as modali-dades e conteúdo de sua legislação e acargo da Instituição Competente;

O disposto anteriormente seráaplicável aos familiares do trabalhador.

b) Das prestações pecuniáriasconcedidas pela Instituição competente emconformidade com a legislação que amesma aplique.

ARTIGO 10

Os trabalhadores a que se refere oArtigo 7, que reunam as condições exigidaspela legislação aplicada pela InstituiçãoCompetente de uma Parte Contratante,beneficiar-se-ão no território da outraParte:

a) Das prestações de assistênciamédica que por conta da InstituiçãoCompetente sejam prestadas pelaInstituição da outra Parte, emconformidade com as modalidades econteúdo de sua legislação.

Este mesmo direito aplicar-se-á aosfamiliares a seu cargo desde que oacompanhem;

b) Das prestações pecuniáriasdevidas pela Instituição Competente emconformidade com a legislação que amesma aplique.

ARTIGO 11

1. Os familiares de um trabalhadorsegurado numa Parte Contratante queresidam no território da outra ParteContratante beneficiar-se-ão dasprestações médicas prestadas pela

Instituição do lugar de residência com oconteúdo e modalidades previstas pelalegislação que esta aplique, durante otempo que determine a InstituiçãoCompetente, em conformidade com a suaprópria legislação e a cargo desta última.

2. O disposto anteriormente não seráaplicável quando os familiares dotrabalhador tenham direito a estasprestações em virtude da legislação do paísem cujo território residem.

ARTIGO 12

1. O titular de uma pensão ou renda devidaem virtude das legislações de ambas asPartes Contratantes e com direito aprestações de assistência médica por umae outra legislação receberá estas prestaçõesda Instituição do lugar de sua residênciaou estadia de acordo com a legislação queesta aplique e a cargo dessa Instituição.Igual norma será aplicada aos familiares oudependentes deste titular quando tenhamdireito a estas prestações.

Quando o titular da pensão ou rendase encontre em estadia ou residência noterritório de uma Parte e os familiares oudependentes no território da outra Parte,as prestações de assistência médica serãoconcedidas, a seu cargo, pelascorrespondentes Instituições do lugar deresidência ou de estadia dos beneficiários.

2. O titular de uma pensão ou renda devidasomente em virtude da legislação de umaParte Contratante, e que em conformidadecom essa legislação tenha o direito aprestação de assistência médica, receberáessas prestações quando residir noterritório da outra Parte Contratante. As

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prestações serão devidas ao titular e a seusfamiliares ou dependentes que residam comele pela Instituição do lugar de residênciaem conformidade com a sua próprialegislação e a cargo da Instituiçãocompetente.

3. O titular de uma pensão ou renda, devidaem virtude da legislação de apenas uma dasPartes Contratantes, que tenha direito aprestações de assistência médica em virtudeda legislação dessa Parte, e que se encontreem estadia no território da outra Parte,benefíciar-se-á, assim como seus familiaresou dependentes em caso de necessidadeimediata, dos serviços médicos prestadospela Instituição do lugar de estadia,segundo as disposições da legislação queesta aplique e a cargo da Instituiçãocompetente.

ARTIGO 13

As despesas ocorridas em virtudedas prestações de assistência médicaprestadas pela Instituição de uma Parte porconta da Instituição da outra Parte serãoreembolsadas na forma determinada nosAjustes previstos no Artigo 35 do presenteConvénio.

ARTIGO 14

O fornecimento, por parte daInstituição do lugar de residência ou deestadia, de próteses, órteses e ajudastécnicas, tratamentos de reabilitação eoutras prestações cuja lista figurará noAjuste Administrativo previsto no Artigo35 do presente Convénio, estará su-bordinado, exceto nos casos de urgência,à autorização da Instituição competente.Tal autorização não será necessária quando

o custo das prestações seja calculado sobrea base de quota global e desde que o custodo benefício solicitado não supere a quantiafixada por acordo entre as Autoridadescompetentes de ambas as Partes.

ARTIGO 15

As prestações pecuniárias pordoença serão pagas diretamente aotrabalhador pela Instituição competente daParte cuja legislação seja aplicável emconformidade com os Artigos 6 e 7 desteConvénio.

CAPÍTULO II

Prestações Pecuniárias por Invalidez,Velhice,

Tempo de Serviço e Sobrevivência

ARTIGO 16

O trabalhador que tenha estado,sucessiva ou alternadamente, submetido àlegislação de uma e outra ParteContratante, terá direito às prestaçõesregulamentadas neste Capítulo, nasseguintes condições:

1. A Instituição competente de cada Partedeterminará o direito a pensão, tendo emconta unicamente os períodos de segurocumpridos nessa Parte.

2. Do mesmo modo, a Instituiçãocompetente de cada Parte determinará odireito à pensão totalizando com ospróprios períodos aqueles períodos deseguro cumpridos sob a legislação da outraParte. Quando, efetuada a totalização, sealcançar o direito à prestação, para ocálculo do montante a pagar aplicar-se-ãoas seguintes regras:

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a) Determinar-se-á o montante dapensão à qual o interessado faria jus comose todos os períodos de seguro totalizadostivessem sido cumpridos sob a sua próprialegislação (pensão teórica);

b) O montante da pensão seráestabelecido aplicando-se a pensão teóricacalculada de acordo com a sua legislação,na mesma proporção existente entre operíodo de seguro cumprido na Parte a quepertence a Instituição que calcula a pensãoe a totalidade dos períodos de segurocumpridos em ambas as Partes (pensão prorata);

c) Se a legislação de uma dasPartes exigir uma duração máxima deperíodos de seguro para o reconhecimentode uma pensão completa, a InstituiçãoCompetente dessa Parte levará em conta,para fins de totalização, somente os pe-ríodos de contribuição versados na outraParte necessários para alcançar o direito atal pensão;

3. Determinados os direitos, conforme seestabelece nos parágrafos 1 e 2precedentes, a Instituição Competente decada Parte reconhecerá e abonará a pensãoque seja mais favorável ao interessado,independentemente da resolução adotadapela Instituição Competente da outra Parte.

4. Para o reconhecimento das prestaçõespor tempo de serviço, a InstituiçãoCompetente levará em conta os períodosde seguro cumpridos na outra Parte, desdeque necessário, aplicando posteriormenteo disposto no parágrafo 2 deste Artigo.

ARTIGO 17

Se as disposições legais de uma ParteContratante subordinam a concessão das

prestações regulamentadas no Artigo an-terior à condição de que o trabalhadortenha estado sujeito a essas disposições nomomento de produzir-se o efeito causanteda prestação, esta condição seráconsiderada cumprida se nesse momentoo trabalhador estiver sujeito à legislaçãoda outra Parte ou for pensionista emconformidade com a mesma.

ARTIGO 18

1. O disposto no parágrafo 2 do Artigo 16não será aplicável pela InstituiçãoCompetente de uma das PartesContratantes sempre que a duração totaldos períodos de seguro ou de trabalhocumpridos sob a sua legislação for inferiora um ano, desde que, levando-se em contaestes períodos, não se tenha adquirido odireito à prestação em conformidade coma legislação dessa Parte.

2. Os períodos mencionados no parágrafoanterior serão levados em conta pelaInstituição da outra Parte para a aplicaçãodo disposto no parágrafo 2.a) do Artigo16, considerando como próprios osperíodos mencionados para efeitos decálculo e pagamento das prestações.

3. Não obstante o disposto no parágrafoanterior, se tiverem sido cumpridos emcada uma das Partes períodos de seguroou de trabalho inferiores a um ano que, porsi mesmos, não dão direito a prestações,serão totalizados de acordo com oparágrafo 2 do Artigo 16 sempre que comessa totalização se adquira o direito a elaem uma ou em ambas as Partes.

ARTIGO 19

Para determinar o grau dediminuição da capacidade física do

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trabalhador, as Instituições competentes decada uma das Partes Contratantes levarãoem conta os relatórios médicos e os dadosadministrativos emitidos pela Instituição daoutra Parte. Não obstante, cada InstituiçãoCompetente terá direito a submeter o segu-rando a exame por um médico de suaescolha.

ARTIGO 20

Quando um trabalhador tiver estadosujeito às legislações das duas PartesContratantes, os períodos cumpridosposteriormente à entrada em vigor do Con-vénio serão totalizados em conformidadecom as seguintes regras:

1. Quando coincidir um período de seguroobrigatório ou legalmente reconhecidocomo tal com um período de segurovoluntário, levar-se-á em conta somente operíodo do seguro obrigatório oulegalmente reconhecido como tal.

2. Quando coincidam períodos de segurovoluntário ou facultativo, levar-se-á emconta o correspondente à Parte na qual otrabalhador tenha estado seguradoobrigatoriamente em último lugar antes doperíodo voluntário ou facultativo e, casonão existam períodos obrigatóriosanteriores em nenhuma das Partes, na Parteque se tenham cumprido em primeiro lugarperíodos obrigatórios posteriores aovoluntário ou facultativo.

3. Quando em uma das Partes não forpossível determinar a época em quedeterminados períodos de seguro tenhamsido cumpridos, ou se trate de períodos quetenham sido reconhecidos como tais pelalegislação de uma ou de outra Parte,

presumir-se-á que esses períodos não sesobrepõem aos períodos de segurocumpridos na outra Parte.

ARTIGO 21

A) Pela parte espanhola:

1. Para determinar a base de cálculo oureguladora da prestação, cujo direito hajasido adquirido em conformidade com odisposto no Artigo 16, a InstituiçãoCompetente aplicará a sua próprialegislação.

2. Não obstante o estabelecido noparágrafo anterior, quando todo ou partedo período de cotização que deva levar-seem conta pela Instituição Competenteespanhola para o cálculo da basereguladora das prestações corresponder aperíodos cumpridos sob a Seguridade So-cial do Brasil, a mencionada Instituição de-terminará essa base da seguinte forma:

a) o cálculo realizar-se-á emfunção das cotizações reais do seguradodurante os anos que precedamimediatamente o pagamento da últimacotização à Seguridade Social espanhola;

b) o montante da pensão obtidaserá incrementado com os aumentos erevalorizações calculados para cada anoposterior e até o ano precedente àrealização do efeito causante para aspensões da mesma natureza.

3. Nos casos em que não seja possível,devido à sua antiguidade, determinar asbases de cotização do trabalhador, a basereguladora será estabelecida de acordo coma legislação espanhola e tendo em conta,para os períodos de seguro cumpridos no

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Brasil, a base mínima de cotização vigentedurante esses períodos para ostrabalhadores da mesma categoriaprofissional, que o dito trabalhador tenhaauferido na Espanha.

B) Pela parte brasileira:

1. Para determinar a base reguladora ousalário de benefício das pensões, aInstituição competente do Brasil aplicaráa sua legislação.

2. Nos casos de prestações calculadas portotalização de períodos de seguro cujomontante final resulte numa quantia infe-rior ao valor mínimo estabelecido pelaSeguridade Social brasileira, o valor aabonar será automaticamente igual aoreferido mínimo.

ARTIGO 22

Se a legislação de uma das Partessubordina o reconhecimento do direito oua concessão de certos benefícios à condiçãode que os períodos de seguro ou trabalhotenham sido cumpridos numa profissão sobum regime especial ou, no caso, numaprofissão ou emprego determinados, osperíodos cumpridos sob a legislação daoutra Parte Contratante serão levados emconta, para a concessão desses benefícios,sempre que tiverem sido realizados sob umregime correspondente ou, na sua falta, namesma profissão ou no mesmo emprego.

CAPÍTULO fflAuxílio-Funeral

ARTIGO 23

1. O auxílio-funeral será regido pelalegislação que for aplicável ao trabalhadorna data do falecimento, segundo as

disposições dos Artigos 6 e 7 deste Convé-nio.

Para o reconhecimento da prestação,serão totalizados, se necessário for, osperíodos de seguro cumpridos pelotrabalhador na outra Parte.

2. Nos casos de falecimento de umpensionista com direito a auxílio-funeralpor ambas as Partes, o reconhecimento domesmo será regulamentado pela legislaçãoda Parte em que estivesse residindo opensionista no momento do falecimento.

Se a residência do pensionista tiversido em um terceiro país, a legislaçãoaplicável será a da Parte onde o trabalhadorresidiu em último lugar.

CAPÍTULO IV

Prestações Pecuniárias por Acidente doTrabalho e Doença Profissional

ARTIGO 24

O direito às prestações derivadas deacidente do trabalho ou doença profissionalserá determinado de acordo com alegislação da Parte Contratante à qual otrabalhador se encontrava sujeito na datado acidente ou no momento de contrair adoença.

ARTIGO 25

Para avaliar a diminuição dacapacidade derivada de um acidente dotrabalho ou de uma doença profissional,serão levadas em conta as sequelas deanteriores acidentes do trabalho ou doençasprofissionais que o trabalhador pudesse tersofrido, mesmo que se tenham produzidoestando sujeito à legislação da outra Parte.

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ARTIGO 261. As prestações por doenças profissionaisserão regulamentadas em conformidadecom a legislação da Parte que for aplicávelao trabalhador durante o tempo que esteveexercendo a atividade sujeita ao risco queproduziu essa doença profissional, mesmoque esta seja diagnosticada pela primeiravez quando se encontrou sujeito àlegislação da outra Parte.

2. Supondo-se que o trabalhador tenharealizado sucessiva ou alternadamente essaatividade, estando sujeito à legislação deambas as Partes, seus direitos serãodeterminados em conformidade com alegislação da Parte à qual tenha estadosujeito em último lugar em decorrênciadessa atividade.

3. No caso de uma doença profissional teroriginado a concessão de prestações poruma das Partes, esta responderá porqualquer agravamento da doença que possater lugar quando se encontre sujeito àlegislação da outra Parte, a menos que otrabalhador tenha realizado uma atividadecom o mesmo risco, estando sujeito àlegislação desta última Parte, caso em queserá esta última que assumirá o pagamentoda prestação.

Se, em consequência disso, a novaprestação for inferior ao que vinhapercebendo da primeira Parte, estagarantirá ao interessado um complementoigual à diferença.

CAPÍTULO VPrestações Familiares

ARTIGO 27

As prestações familiares serãoreconhecidas pela Parte a cuja legislação

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se ache submetido o trabalhador, ou pelaqual receba a pensão.

TÍTULO IV

FinaisDisposições Diversas, Transitórias e

CAPÍTULO I

Disposições Diversas

ARTIGO 28

Quando segundo as disposiçõeslegais de uma das Partes, o gozo de umaprestação da Seguridade Social ou aobtenção de recursos de outra natureza,ou a realização de uma atividade lucrativaproduza efeitos jurídicos sobre o direito auma prestação, ou sobre a concessão deuma prestação, estas situações terão efeitosjurídicos ainda que se produzam ou setenham produzido no território da outraParte.

ARTIGO 29

As prestações económicas reconhe-cidas pela aplicação das normas dosCapítulos II e IV do Título III revalorizar-se-ão:

1. Pela parte brasileira, em conformidadecom a legislação interna vigente nomomento da sua aplicação.

2. Pela parte espanhola, com a mesmaperiodicidade e com idêntica quantia queas previstas na sua legislação interna. Noentanto, quando a quantia da pensão tenhasido determinada sob o regime de pro ratatemporis previsto no parágrafo 2 do Artigo16, o montante da revalorização se efetuarámediante a aplicação da mesma regra deproporcionalidade citada nos mencionadosparágrafo e Artigo.

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ARTIGO 30

1. Os pedidos, declarações, recursos eoutros documentos que, para efeitos deaplicação da legislação de uma Parte,devam ser apresentados num prazo deter-minado perante as Autoridades ouInstituições correspondentes dessa Parte,serão considerados como apresentadosperante elas desde de que tenham sidoentregues, dentro do mesmo prazo, peranteuma Autoridade ou Instituição da outraParte.

2. Qualquer solicitação de prestaçãoapresentada em conformidade com alegislação de uma Parte será consideradacomo solicitação da prestação corres-pondente segundo a legislação da outraParte, sempre que o interessado, nomomento de apresentá-la, o manifesteexpressamente ou declare que trabalhou naoutra Parte.

3. No Ajuste Administrativo a que se refereo Artigo 35 estabelecer-se-ão normas paraa tramitação dos documentos mencionadosnos parágrafos 1 e 2 deste Artigo.

ARTIGO 31

As Instituições Competentes deambas as Partes poderão solicitar qualquerdocumento, relatórios médicos, compro-vantes de fatos e atos dos quais possamderivar aquisição, modificação, suspensão,extinção ou manutenção dos direitos aprestações por elas efetuadas. As despesasque em consequência sejam efetuadas serãoressarcidas sem demora pela Instituiçãocompetente que solicitou o relatório ou ocomprovante, após recebimento dasjustificativas pormenorizadas de tais gastos.

ARTIGO 32

Os benefícios de isenções oureduções de taxas, selos, direitos desecretaria ou de registro ou outrosanálogos, previstos na legislação de umadas Partes para os atestados e documentosque sejam expedidos em decorrência daaplicação da legislação dessa Parte, serãoestendidos aos documentos e atestados quese devam expedir para a aplicação dalegislação da outra Parte ou do presenteConvénio.

ARTIGO 33

Para a devida aplicação e cumpri-mento deste Convénio, as Autoridadescompetentes, Organismos de Ligação eInstituições das duas Partes comunicar-se-ão diretamente entre si e com osinteressados.

ARTIGO 34

1. As Instituições devedoras de prestaçõesestarão autorizadas a efetuar o pagamentona moeda do seu país.

2. Se o pagamento se fizer na moeda deoutro país, a paridade deverá serestabelecida pela menor paridade oficial daParte que abona a pensão.

ARTIGO 35

As Autoridades Competentes deambas as Partes estabelecerão os Ajustespara a aplicação e execução do presenteConvénio.

ARTIGO 36

As Autoridades Competentes dasduas Partes comprometem-se a tomar asseguintes medidas para o devidocumprimento do presente Convénio.

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a) Designar os Organismos deLigação.

b) Comunicar-se sobre as medidasadotadas internamente para a aplicaçãodeste Convénio.

c) Notificar uma à outra as dispo-sições legislativas e regulamentares, quemodifiquem as mencionadas no Artigo 2.

d) Prestar uma à outra a maisampla colaboração técnica e administrativapara a aplicação deste Convénio, no âmbitode sua própria legislação.

ARTIGO 37

As Autoridades Competentes deambas as Partes decidirão, de comumacordo, as divergências ou controvérsiasque possam sugir na interpretação e apli-cação deste Convénio.

CA PÍTULO HDisposições Transitórias

ARTIGO 381. Os períodos de seguro cumpridos emvirtude da legislação das Partes antes dadata de vigência deste Convénio serãolevados em consideração para a de-terminação do direito às prestaçõesreconhecidas em virtude do mesmo.

2. A aplicação deste Convénio dará direitoa prestações por contingências ocorridasanteriormente à data de sua entrada emvigor. Entretanto, o pagamento dasmesmas não se fará com efeito retroativoa tal data, salvo se a legislação interna opermitir.

ARTIGO 39

As pensões que tenham sidoliquidadas por uma ou ambas as Partes

antes da entrada em vigor deste Convéniopoderão ser revistas a pedido dos interessa-dos, ao amparo do mesmo.

ARTIGO 40

Se coincidirem períodos de segurovoluntário, em conformidade com alegislação de uma Parte, com períodos deseguro obrigatório na outra Parte,cumpridos antes da entrada em vigor deum Acordo de Seguridade Social subscritoentre as mesmas, a Instituição Competentede cada uma das Partes levará em consi-deração os períodos cumpridos emconformidade com a sua legislação.

CAPÍTULO m

Disposições Finais

ARTIGO 411. O presente Convénio estará sujeito aocumprimento dos requisitos constitucionaisde cada uma das Partes para a sua entradaem vigor. Para tal efeito, cada uma delascomunicará à outra o cumprimento de seuspróprios requisitos.

2 .0 Convénio entrará em vigor no primeirodia do segundo mês seguinte à data daúltima notificação.

ARTIGO 421. O presente Convénio terá duração deum ano a partir da data de sua entrada emvigor e será prorrogado, automaticamente,por iguais períodos, salvo denúncia, por viadiplomática, pelo menos seis meses antesda expiração do prazo.

2. No caso de cessar a vigência doConvénio, suas disposições continuarãosendo aplicadas aos direitos adquiridos sobseu amparo.

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Da mesma forma, neste caso, asPartes Contratantes determinarão disposi-ções que garantam os direitos em vias deaquisição, derivados dos períodos deseguro cumpridos anteriormente à data dotérmino do Convénio.

ARTIGO 43

1. O Acordo de Seguridade Social entre oBrasil e a Espanha, de 25 de abril de 1969e o Protocolo Adicional a tal Acordo, de 5de março de 1980, bem como o AjusteAdministrativo de 5 de novembro de 1981,para aplicação do Protocolo Adicional aoAcordo, serão extintos na data de entradaem vigor deste Convénio.

2. O presente Convénio garante os direitosadquiridos sob o amparo do Acordo e doProtocolo Adicional mencionados noparágrafo anterior.

Feito em Madri, aos 16 dias do mêsde maio de 1991, em português e espanhol,sendo ambos os textos igualmenteautênticos.

Francisco Fernandes OrdonezPELO REINO DA ESPANHA

Francisco RezekPELA REPÚBLICA FEDERATIVA DOBRASIL

Memorando sobre operações deinteresse para os dois países

No quadro das conversações havidasem Madri nos dias 16 e 17 de maio de 1991,por ocasião da visita à Espanha doPresidente do Brasil, Doutor Fernando

Collor, comprovou-se o interesse dasdelegações de ambos os países em levar abom termo determinados projetosconjuntos, de grande importância para odesenvolvimento das relações bilaterais.Entre outros, mencionaram-se osseguintes:

1. Fornecimento de 12 locomotivasespanholas para a Rede Ferroviária Fede-ral S/A.

Pelo lado brasileiro, anotou-se ointeresse espanhol nesse projeto, cujocontrato comercial já foi firmado pelasempresas interessadas, e para o qual já foioferecido financiamento pelo ladoespanhol.

2. Veículos leves sobre trilhos para otransporte público das cidades do Rio,Curitiba e Brasília.

Ambas as partes estudarão aviabilidade de financiamento dessaoperação, no âmbito das facilidadesfinanceiras a serem estabelecidas noTratado Geral de Cooperação e Amizadeque será firmado proximamente emconformidade com a Ata de Bases assinadanesta data pelos dois Presidentes.

Feito em Madri, em 17 de maio de1991.

Francisco Fernandes OrdonezPELO REINO DA ESPANHA

Francisco RezekPELA REPÚBLICA FEDERATIVA DOBRASIL

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Instituto Rio BrancoFormatura da Turma de 1990

Discurso do Presidente Fernando Collor nacerimónia de formatura da Turma de 1990 doCurso de Preparação à Carreira de Diplomatado Instituto Rio Branco, no Palácio Itamaraty,em 29 de maio de 1991

V oito a esta Casa para presidir maisuma cerimónia de formatura dos alunos doInstituto Rio Branco.

Numa tradição que remonta a 1946,o serviço exterior brasileiro incorpora hojenova geração de diplomatas que foramselecionados por rigoroso concurso deprovas e intenso estágio profissionalizante.

O alto nível de ensino destainstituição tem-se mantido admirável aolongo dessas quase cinco décadas pelaconsciência, reforçada a cada ano, de queuma diplomacia capaz e atuante precisa sa-ber combinar, desde seu período deformação académica, um conhecimentoprofundo da conjuntura internacional como conhecimento atualizado da realidadenacional.

Desde cedo, aprende-se nesta Casaque o Brasil é, ao mesmo tempo, a matéria-prima e o produto final de toda a atividadediplomática; aqui, não há espaço paraoutros interesses além dos nacionais; aqui,o compromisso maior é ser brasileiro.

E como é gratificante perseguir essavocação de brasilidade!

Nossa história foi escrita pela mãomúltipla do índio, do português, doafricano, do europeu, do asiático, do árabee do judeu.

Somos ocidentais pela evidência denossa formação cultural, mas mantemosviva a herança africana que acentua avertente atlântica do país e enriquece nossoperfil latino-americano.

O pluralismo de nossas origenstraçou o universalismo de nossa visão demundo e comprometeu-nos com oentendimento e a solidariedade, levando-nos a resistir a conceitos de hegemonia, abuscar sempre soluções negociadas nocenário internacional e a favorecer acooperação em bases de igualdade erespeito mútuo.

Sobre a generosa diversidade denossa composição étnica, construímos umasociedade democrática, aberta eintegrativa; e sobre a imensa capacidadenacional para o diálogo, estamos hoje

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empenhados em transformá-la em maispróspera e, sobretudo, mais justa.

Neste particular, a contribuição denossa diplomacia tem sido e haverá depermanecer inestimável.

O mundo de hoje vive grandestransformações, cujo sentido de futurodepende do que, juntos, conseguirmosrealizar.

A recente crise no Golfo revelou queo fim da Guerra Fria, vital para a distensãonas relações internacionais, não foisuficiente para criar um esquema global desegurança que garanta o entendimento e apaz.

Os avanços da ciência e datecnologia, que afetaram tão sensivelmenteos modos de produção e a própriaorganização da sociedade, não sedifijndiram pelo conjunto da comunidadede nações.

A universalização das relaçõeseconómicas, comerciais e financeiras, queacentuou a interdependência entre centrosprodutores e consumidores, não conseguiuderrubar barreiras protecionistas ediscriminatórias, que, ao contrário,recobram força, em detrimento da maiorinteração entre os países.

A recuperação das liberdadesessenciais, que na América Latina e,sobretudo, no Leste Europeu reescreverama história da segunda metade do século,não se pôde ainda traduzir em reabilitaçãoda economia desses países, ante a cobrançaprematura de uma eficiência que somenteà base de ampla cooperação internacionalserá possível alcançar em pouco tempo.

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O Brasil tem autoridade parareclamar um lugar de destaque no concertode nações por ter sido capaz de combaterinternamente os mesmos vícios que, noplano externo, seguem impedindo oentendimento, a solidariedade e a paz uni-versal.

No curso de minha campanha paraPresidente da República, apresentei umprograma de governo que, ao acenar coma recuperação económica e ética dasociedade, mereceu o apoio majoritário doeleitor brasileiro, que, com suaextraordinária intuição e criatividade,soube ajudar-me a aperfeiçoar o projetode um Brasil Novo.

Nosso compromisso com ademocracia ganhou aí projeção nacional;desde o primeiro momento, pelo pacto quecelebráramos nas urnas, deixei claro que alegitimidade do Governo é prerrogativaexclusiva do povo, a quem devo servir.

Por isso, não hesitei em aprofundaro diálogo aberto na campanha com toda asociedade brasileira e hoje orgulho-me dechefiar um Governo cujo programa de açãoé ampla e livremente debatido noCongresso, no Judiciário, nos sindicatos,nos órgãos de imprensa, em todos os laresbrasileiros, numa demonstração inequívocada vitalidade de nossa democracia.

Reflito, assim, a opinião majoritáriae autorizada de nossa gente quando reiteromeu propósito de modernizar a sociedadebrasileira, desmontando cartórios estataisou privados, desemperrando a máquinaadministrativa, liberalizando a economia,recuperando a capacidade de produzir epromovendo o retorno do país ao núcleo

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dinâmico das relações económicas ecomerciais contemporâneas.

t Em estreita sintonia com asaspirações nacionais, insisto em obteracesso garantido a tecnologia maisavançada e a fluxos crescentes de capitais,como base para a retomada de nossodesenvolvimento e a elevação contínua donível de vida de nosso povo.

Em coerência com o programa deabertura de nossa economia ao exterior,que, em apenas um ano, já alterou asperspectivas de nossa balança comercial,defendo a eliminação de barreiras protecio-nistas e discriminatórias à entrada de nossosprodutos nos mercados internacionais.

Com o mesmo espírito que balizounossa formação nacional, procuro odiálogo com os credores externos em buscade saídas negociadas e mutuamentesatisfatórias para a questão da dívida, quenos permitam honrar os compromissosinternacionais e, ao mesmo tempo,resguardar nosso direito e nosso dever decrescer.

É também a vocação do brasileiropara o entendimento e a paz que meautoriza a propugnar um esquema globalde segurança que, ao prevenir a guerra,fortaleça as tendências à aproximação entreos povos, à cooperação entre os países, àsolidariedade e à paz.

Dando o exemplo daquilo quealmejamos, estamos realizando na Américado Sul uma importante obra.

No plano económico, Argentina,Paraguai, Uruguai e Brasil, estimuladospela convergência de nosso projeto

político, de consolidação das instituiçõesdemocráticas, lançamos as bases de umMercado Comum que haverá de contribuirpara o estreitamento da cooperação re-gional, em bases de igualdade e respeitomútuo.

No domínio nuclear, Argentina eBrasil decidimos renovar garantias deutilização daquela energia somente parafins pacíficos e iniciar entendimentos coma Agência Internacional de EnergiaAtómica para a assinatura de um acordode salvaguardas.

Minhas Senhoras, meus Senhores,

Foi no convívio direto com nossarealidade que reforcei minha convicção deque a luta pelos direitos humanos nãopermite trégua; nossa dignidade comocidadãos depende de nossa capacidade dedefender os direitos das minorias e ampararos mais necessitados; nessa campanha, nãomedimos esforços.

O Brasil é hoje um país cujo governotrabalha em conjunto com organizaçõesnão-governamentais para buscar soluçõesaos mais graves problemas na área dosdireitos humanos, envolvendo os meninosde rua, os índios e os sindicalistas rurais.

É também do povo brasileiro abandeira da preservação do meio ambientee do desenvolvimento sustentado.

Nossas são as maiores reservas deflorestas tropicais do mundo, mas nossanão é a responsabilidade maior pelassucessivas agressões ao meio ambiente.

Não ocultamos os danos quecausamos no passado a nossos recursosnaturais, nem excluímos parceiros na tarefa

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de identificá-los e corrigi-los; a saúde doplaneta é a preocupação coletiva, e delaparticipamos com um duplo pleito: oreexame dos atuais modelos de desenvol-vimento que tendem a desconsiderar oslimites das riquezas da Terra e a convicçãode que a mais séria agressão ao meioambiente é o subdesenvolvimento e a injus-tiça social.

O Brasil espera com otimismo aConferência das Nações Unidas sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento que sediaráem 92, no Rio de Janeiro.

Aguardamos a presença de Chefes deEstado e de Governo dos países amigospara, juntos, revertermos os rumos suicidasda sociedade industrial moderna eassegurarmos formas racionais dedesenvolvimento.

Senhores formandos,

Minhas Senhoras, meus Senhores,

A capacidade de diálogo quereabilitamos no plano interno já se traduzem vetor de aproximação no âmbitointernacional.

O Brasil busca sua inserção no con-certo de nações com o lastro de suacredibilidade.

No norte e no sul, a leste e a oeste, avoz brasileira é ouvida; perseguimos, aosolhos de todos, relações eminentementeconstrutivas.

Sei que a sociedade brasileira ganhahoje o reforço de uma nova e promitentegeração de diplomatas, dedicados, comoseus colegas mais experientes, à defesa e àprojeção dos interesses nacionais.

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Sob a inspiração de seu patrono, oEmbaixador Azeredo da Silveira, a quemtambém homenageio, e na presença de seuparaninfo, o Embaixador ítalo Zappa, aquem dirijo minha mais cordial saudação,os formandos da turma de 1990 do InstitutoRio Branco assumiram, nesta cerimónia, ocompromisso de servir ao país - dentro desuas fronteiras, auscultando a vontade damaioria e, no exterior, representando-a comexemplar sentido de missão.

Cumprimento a todos e peço-lhesque aceitem, com os bolsistas de Angola,Bolívia, Cabo Verde e Trinidad-Tobago eseus parentes e amigos, meus votos defelicidade pessoal e êxito profissional.

Que Deus continue a nos ajudar!

Discurso do Ministro de Estado dasRelações Exteriores, Francisco Resek

De novo esta Casa recolhe oprivilégio de receber o Chefe de Estado, oVice-Presidente, representantes de paísesamigos, autoridades dos três Poderesnacionais e membros da sociedade civilpara celebrar o dia do diplomata.

Trata-se de um dia especial para oItamaraty - aquele em que a diplomacia,ofício que se caracteriza pela discrição,torna-se provisoriamente centro deatenções. É também um dia de festa,porque marca, formalmente, a integraçãoà carreira da última turma de egressos doInstituto Rio-Branco, o que equivale a dizera integração ao serviço público de quadrosselecionados com base exclusivamente nomérito pessoal.

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Quiseram os formandos de 1990 tercomo patrono o Embaixador Azeredo daSilveira, Chanceler do Governo Geisel,servidor exemplar desta Casa e do país.Silveira acentuou, a seu tempo, oecumenismo de nossa política externa, emharmonia com os interesses nacionais deum país historicamente universalista.

O Embaixador ítalo Zappa é oparaninfo da Turma. Sua trajetória noItamaraty, sua lealdade à causa pública, seudesempenho tanto na Secretaria de Estadocomo no exterior, constituem hojepatrimónio desta Casa, onde as mais jovensgerações o homenageiam com justiça, afetoe profundo agradecimento.

A cerimónia de hoje convida àreflexão sobre o papel reservado àdiplomacia brasileira na promoção dosvalores e aspirações de nosso país.

Para honrar suas enormesresponsabilidades, o Itamaraty temconsciência de que a base da políticaexterna dos regimes democráticos há de sersempre a vontade majoritária do povo e oplano de governo aprovado nas urnas. Éaté concebível que, sob outros regimes quenão a democracia, possa ser útil ao paíscerto grau de dissociação entre políticaexterna e política interna: há alguns anos,o Brasil soube romper as barreirasideológicas em suas relações internacionaisantes que essas barreiras se houvessemrompido na cena doméstica.

Sob os governos legítimos, a opçãopor desassociar política externa e internanão se coloca. O Itamaraty não aspira hojesenão à consistência com as aspirações daprópria sociedade. Essa é a diretriz funda-

mental de seu trabalho, que se desdobraem dois momentos:

- Na fase preparatória das decisõesa serem submetidas ao Presidente daRepública, pauta-se o Itamaraty pelaanálise criteriosa das opiniões acasodivergentes no âmbito da sociedade, pelabusca do ponto de equilíbrio possível e pelaidentificação da vontade da maioria.Atitudes adotadas pelo governo brasileiro,como no caso da crise do Golfo Pérsico,viram-se lastreadas no apoio amplamentemajoritário de nosso povo. É com essemesmo espírito que agora nos entregamosao preparo da participação brasileira naConferência sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento, que o Brasil sediará emjunho de 92.

- O outro momento para o Itamaratyé o de execução da política externa. Aqui,a orientação seguida pela diplomaciabrasileira consiste na estrita fidelidade àsdiretrizes do Chefe de Estado, o que, noregime e no sistema de governo em quevivemos, significa obediência ao mandatopopular recolhido nas urnas.

Norteia o trabalho desta Casa ointeresse na transparência, no entendimen-to, na interação constante com o CongressoNacional, a comunidade académica, aimprensa, empresários, organizações não-governamentais e todos os demais segmen-tos da sociedade direta ou indiretamentechamados a ajudar a definir a atuação doBrasil no plano externo.

Senhor Presidente, Senhoras eSenhores,

Transparência e ânimo construtivo.Esses termos, expressivos do espírito que

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preside a atuação do Itamaraty no planointerno, bem poderiam ser utilizados paracaracterizar a política exterior brasileira sobo mandato de Vossa Excelência. Não cabeaqui ensaiar a analise das múltiplas açõesdesenvolvidas no quadro da políticaexterna; mencionarei entretanto algunsexemplos.

À vista dos valores que a sociedadebrasileira cultua, entre os quais avisibilidade da ação do governo, a políticaexterna experimentou acentuado progressono tratamento de temas como apreservação do meio ambiente, a proteçãoaos direitos humanos e a cooperaçãointernacional na área nuclear. Com o ativoengajamento do Presidente da República,o Brasil assumiu a vanguarda nos esforçosinternacionais em prol da proteção do meioambiente e da busca de novas formas deconvivência entre o homem e a natureza.No capítulo dos direitos humanos, o Brasildeixou de encarar preocupações dacomunidade internacional como umaameaça, passando a interpretá-las comoelemento que, encaminhado de formasensata, pode contribuir para a concre-tização de um ideal plenamente partilhadopor nossa democracia. A determinação deeliminar os riscos de emprego erróneo daenergia nuclear no país levou o Brasil aabdicar unilateralmente do direito de reali-zar explosões nucleares, ainda que para finspacíficos; possibilitou a negociação com aArgentina da histórica "Declaração sobrePolítica Nuclear Comum" e conduziu-nosa abrir, em conjunto, a negociação deacordo de salvaguardas com a AgênciaInternacional de Energia Atómica.

O ânimo construtivo permeou todasas atitudes do Brasil ao longo do ano.Esteve presente tanto em nosso diálogocom os países em desenvolvimento, a partirde nossos vizinhos do Cone Sul, como emnossas relações com países industria-lizados, que envolvem temas tão cruciaispara nós quanto a renegociação da dívidaexterna, o acesso à tecnologia e a liberali-zação de mercados. Assim é que, no querespeita à dívida externa, a atitudeconstrutiva levou-nos a preferir sempre anegociação ao confronto, em busca deacordos mutuamente aceitáveis, e aos quaiso Brasil possa dar integral cumprimento.Na questão do acesso à tecnologia, temosexplorado todos os caminhos para aabsorção do conhecimento tecnológico deuso comercial e finalidade pacífica. Nessaárea, além de negociações bilaterais,lançamos há pouco nas Nações Unidas aproposta inovadora de um conjunto deregras básicas, multilateralmenteacordadas, sobre intercâmbio internacionalde tecnologias sensíveis. Quanto ao esforçode liberalização do comércio mundial, valeo exemplo da participação brasileira emtodos os grupos negociadores da "RodadaUruguai" do GATT e sua disposição detrabalhar por resultados justos eequilibrados.

O Brasil tem feito honradamente asua parte, voltado para a projeção externados valores que aqui cultivamos e para amodernização de seu entendimento com osmais diferentes parceiros. Em todos oscasos onde nossos interlocutoresdemonstraram ânimo também construtivo,os resultados não se fizeram esperar: aíestão o novo perfil das relações do Brasil

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com seus vizinhos imediatos e a assinaturado Tratado constitutivo do MercadoComum do Sul, entre Brasil, Argentina,Paraguai e Uruguai. Em outros casos, oprogresso é mais lento do quedesejaríamos. Nesse contexto, não se podedeixar de lamentar a miopia dos que nãotraduzem em gestos práticos o apoiopolítico que proclamam à democraciabrasileira, nem oferecem respostas à alturado esforço de reestruturação económica eliberalização comercial que estamosempreendendo. Parece faltar, em algumascapitais, a exata compreensão dos sacri-fícios que hoje fazem os brasileiros e doenorme beneficio, para a estabilidadepolítica e o dinamismo económico dosistema internacional, que resultaria dopleno desenvolvimento de um país com asdimensões e potencialidades do Brasil.

Nosso país tem feito e continuará afazer o que lhe cabe na busca do melhorentendimento com a comunidadeinternacional. Sabemos que, no mundo deagora, o preço da ilusão do desenvol-vimento autárquico é a marginalidade e apobreza. A política externa brasileira estáa serviço de um projeto nacional que visa,em última instância, a resgatar a dívidasocial que o Brasil tem para com seu povo.Transparente e construtiva, nossa políticaexterna encontra no diálogo sua principalarma, e quer utilizá-la até o limite. Nossosparâmetros de ação externa são claros:recusamo-nos ao confronto, assim comorejeitamos as soluções unilaterais e osarranjos que frustrem as perspectivas dedesenvolvimento do país.

Senhor Presidente, Senhoras eSenhores,

O projeto nacional que mencioneitem entre suas vertentes principais aretração do Estado - não para enfraquecê-lo, mas para fortalecer a iniciativa privadae permitir ao próprio Estado, pelo usoracional de recursos, que cumpra comacerto suas funções primordiais. Entreessas funções, destaca-se naturalmente apolítica exterior do país. O projeto nacionaltem também entre suas grandes diretrizesa maior abertura do Brasil ao mundo. Tantoa vertente da consagração do Estado àssuas funções elementares como a de maiorabertura do país ao exterior importamvalorização da atividade diplomática eexigem a dedicação integral do Itamaraty.

Mas esta Casa tem consciência deque, para o Brasil enfrentar os desafios evaler-se das oportunidades presentes nestecenário internacional - marcado pelainterdependência e pelo dinamismo -, éfundamental o concurso de toda asociedade brasileira. O Brasil não contacom excedentes de poder que lhe permitamprescindir, em sua atuação internacional,da força decorrente da unidade interna.

Vossa Excelência, Senhor Presidente,tem renovado a cada dia a prova daimportância que confere ao trabalhodiplomático e do valor que atribui aosprofissionais do Serviço Exterior do Brasil.Com efeito, um dos recursos de poder quetêm cronicamente distinguido nosso paísao longo da história é a qualidade dosquadros de sua diplomacia, hoje reforçadospor uma nova turma de formandos doInstituto Rio-Branco. Ao apreço de VossaExcelência, Senhor Presidente, correspon-dem a gratidão, o empenho, a lealdade, aintegridade desta Casa.

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Discurso do Paraninfo da Turma de1990, Embaixador ítalo Zappa

Tenho presente na memória, comose a visse ainda hoje, cerimónia semelhantea esta há quase quatro décadas. Não mudouo seu formato e se manteve no mesmo altonível de prestígio que lhe conferem apresença do Excelentíssimo SenhorPresidente da República e a participaçãodo Chefe desta Casa. No que me dizrespeito, porém, a mudança é substancial.

Naquela ocasião, bastava-me, paracumprir o encargo dos colegas, reunir algu-mas frases e expressar, sem riscos,conceitos genéricos com os quaisestávamos naturalmente todos de acordono limiar de uma carreira cujas entranhasnos eram totalmente desconhecidas.

Agora, é diferente. Se preferistes,com um traço de caráter inequívoco e ex-trema generosidade, escolher para vossoparaninfo quem já se encontra no recessoe não tem ou nunca teve outros títulossenão o de haver-se dedicado ao trabalhoprofissional é porque vossa opção nãobuscou compor o brilho da cerimónia, queestaria melhor servido se a convocação,irrecusável, se dirigisse a umapersonalidade ilustre e poderosa dentre asmuitas que ostenta a nossa cena pública.Quisestes, ao contrário, premiar um velhoservidor e abrir ao colega veterano aoportunidade de ser ouvido no reconto desua experiência, o que espero poder fazernão apenas enquanto dure este brevemomento, mas daqui por diante sempre quedispuserdes de tempo e vos for propício.

Não vos darei conselhos. Na funçãopara qual vos preparastes, a regra é que "o

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caminho se faz ao caminhar." Não hároteiros nem receitas. A serviço da nação,o funcionário diplomático tem que confiarem si próprio, no seu discernimento, quese aperfeiçoa na medida em que avança suaexperiência. Cometer erros e deles recolherlições é infinitamente mais valioso queacomodar-se ao ritual da falsa disciplinaonde frequentemente se esconde atendência a não assumir responsabilidade,mas simplesmente imputar a outrem omotivo da omissão.

É claro que a hierarquia é requisitoindispensável. As decisões superiores sãopara ser obedecidas. Mas isso não podeexcluir, no processo de elaboração, o deverindeclinável de ponderar, advertir,argumentar e, se necessário, suplicar. Essedever se cumpre até à exaustão, mas nãoserá demais que, em casos extremos, sechegue ao sacrifício pessoal. Creio nãoexagerar, pois me vem à mente a propósitoa lembrança do que dizia no seu discursode paraninfo, naquela ocasião, oEmbaixador Raul Fernandes: "O diplomataé como o militar: com um e outro anda abandeira, com esta diferença, que é em terraestranha que o diplomata carrega o símbolode sua pátria".

Parece-me fundamental compreen-der que esta não é uma carreira de burocra-tas e que em qualquer área de atuação, aquie no exterior, terá sempre um inelutávelconteúdo político. E aí se encontra talvezo grande desafio: se se trata de funçãoeminentemente política, não se podeexercer com mansidão, a coberto davariação de critérios, das diferentesinterpretações, dos matizes decisivos, deum sem-número de vicissitudes que

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impõem ao agente do serviço exterior aconstante necessidade de empenhar-se parasobrelevar todos os empecilhos na procurado rumo certo, da dose adequada e dacomposição aceitável. Esse esforço,desnecessário dizer, se praticará comlealdade total, sem condições, sequer a dareciprocidade. Na instituição a que vos in-corporais têm vida curta a astúcia, oengodo, a perversão.

Quando me refiro à dificuldadeinerente ao exercício da função, tenho emvista também que, sob o manto dasgeneralidades, que todos aplaudem, cadaum pode fazer o que quer. Recordo queanos a fio vi se renovarem, nasmanifestações oficiais de diferentes oca-siões e no discurso anual que levamos aoforo da Assembleia Geral das NaçõesUnidas, conceitos irrefragáveis que definemprincípios cardeais de nossa políticaexterna. Vi, porém, que transmudá-los emação diplomática equivale a suscitar adissensão e, em consequência, não poucasvezes, verdadeiras negociações no âmbitointerno. E não será um despropósitoafirmar que essas negociações são quasesempre mais difíceis e ásperas do que asque devemos enfrentar nas relações com ointerlocutor estrangeiro. Quer dizer,diplomacia lá fora é fácil; difícil é praticá-la aqui dentro.

Se me permito essa advertência éporque me parece importante precaver-vossobre a natureza do trabalho que vosespera: está muito distante de ser a meraposta em prática de um elenco de posiçõesestabelecidas com critérios apriorísticos.Nem essas posições se poderiam definir deforma tão abrangente que cobrissem as

múltiplas questões do quotidiano no ofíciodiplomático, nem conviria que se intentassefazê-lo. A política externa não pode ser umcatecismo, um conjunto de dogmas infensoà mudança, ao aperfeiçoamento e àcriatividade. Ela se constrói a cada dia,sempre com vistas a compassar nossosprincípios e interesses não apenas com oque acontece na área externa, massobretudo com as perspectivas que sedesenham na cena mundial. Se não fosseassim, esta Casa, justamente na gestão dovosso ilustre patrono, o saudosoEmbaixador António Francisco Azeredo daSilveira, a quem deve o país serviços derelevância histórica, esta Casa não teria lo-grado fazer o que fez para resgatar-nos deposições retrógradas, três lustros antes dosepisódios dramáticos que marcaram o fimda era das fronteiras ideológicas emostraram em toda sua crueza oexpediente tanto tempo utilizado paraapartar-nos da ampla convivênciainternacional e do direito elementar depromover os interesses do país sem as limi-tações ditadas pela estratégia alheia.

Outras advertências poderiam serfeitas. Não conselhos, repito, sempredispensáveis, ainda mais quando étransparente que possuís as condições e adisposição para não aceitar o descaminho.Se a isso somarmos a experiência que ireisadquirir, aí estão os instrumentos de quenecessitais para colaborar efetivamente naconstrução da política externa.

A exortação que vos faço é simples:não vos deixeis intimidar. O Brasil,condenado à grandeza, como disse emcerta ocasião o Embaixador João Augustode Araújo Castro, sempre lembrado como

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inexcedível exemplo de lucidez e coragemno exercício da profissão, o Brasil estáigualmente condenado a possuir umapolítica externa própria, que não será doprimeiro mundo como não foi do terceiromundo, e que não pertence a ninguémporque é património de todos.

Não podeis imaginar quanto mealegrou o vosso convite. A homenagem,de que posso ser apenas o depositário,nunca um verdadeiro credor, transmite umsinal de aprovação a um tipo de trabalhoque se separa do brilho mundano, tantasvezes apontado, com injustiça, como oobjetivo principal dos diplomatas. Quandoesse sinal parte de jovens que se iniciam naprofissão, não há como conter o júbilo.Estou convencido de que tendes a perfeitacompreensão do privilégio que vos éconferido na missão a que vos destinais.Missão que se distingue no serviço públicoporque é à nação como um todo quedevereis servir.

Eu vos desejo todo o êxito na defesado Brasil.

Discurso do Orador da Turma,Secretário Luiz César Gasser

Pela segunda vez, Vossa Excelênciacomparece à cerimónia de formatura dosalunos do Instituto Rio Branco em umgesto que muito nos honra. Estamos certosde que, mais do que uma homenagem àturma recém-formada, a presença de VossaExcelência, hoje, neste auditório,engrandece a tradição renovadora destaCasa.

O Instituto Rio Branco é, noItamaraty, o principal agente dessarenovação. Dele agora nos despedimos,sem, contudo, perder de vista o espíritoacadémico e crítico que ali cultivamos.Durante dois anos de estudo, procuramos,sob a orientação esclarecida dosprofessores, apreender, de uma perspectivateórica, a complexidade das relaçõesinternacionais.

Formamo-nos em meio à transiçãode um mundo de antagonismos ideológicose económicos para um mundo que seanuncia de cooperação e de condomínio,em que as divergências entre os países sãoaos poucos atenuadas. Recebemos a liçãode que as ideologias são superadas pelodinamismo dos fatos. Nós, novosdiplomatas, que acompanhamos a Históriaviva e reiniciante, prestamos o testemunhode nossa pequena vivência e de nossa natu-ral expectativa. Assistimos aos esforços doGoverno brasileiro para o adensamento daparticipação do País nas grandes decisõesinternacionais e para a sua inserção maiscompetitiva na economia mundial.

O Brasil de Vossa Excelência, onosso Brasil, é o Brasil em fase dereconstrução. País que concluiu umprocesso de redemocratização; país quedecerto concluirá o projeto cívico derecuperar as tradições de legitimidadeinstitucional e de respeito aos direitoshumanos.

Sensibilizou-nos, quando ainda nosencontrávamos em meio ao nosso curso deDireito dos Tratados, a nomeação, para achefia desta Casa, do Ministro FranciscoRezek, a quem também sempre nos referi-

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remos como Professor. Em uma conferên-cia que proferiu quando éramos seusalunos, o Ministro Rezek pôde definir ascaracterísticas da etapa que vivíamos: "Operíodo 1989-90 decerto entrará para ahistória contemporânea como um de seusmomentos de maior inflexão". À presençamarcante do Ministro Francisco Rezek nassalas do Instituto Rio Branco somou-se acerteza de que o mesmo rigor e o mesmoescrúpulo académicos seriam empregadosno tratamento das questões internacionais.

Agora, formados, cabe-nos, tambémsob a orientação do Ministro Rezek, atarefa de participar da execução dasdiretrizes que Vossa Excelência traçou paraa política externa do País. O diplomata émuitas vezes o espectador engajado - que,na expressão de Raymond Aron, parecedividir-se entre a ação e a meditação. Éespectador ao testemunhar o que ocorreao seu redor, e expectador porque possuiesperança, porque vive a expectativa. E éengajado, porque se empenha, porque seopõe à seleção individual e egoísta, porquepratica e executa. Profissionais da expecta-tiva, praticantes de uma forma parado-xalmente sensata da esperança, nósdiplomatas somos atraídos pelasdivergências e pelos problemas, poisvislumbramos a possível negociação e asolução conciliadora. Interessa-nos muitoo entendimento como valor civilizatóriodas relações não diremos apenas in-ternacionais, mas humanas. Ocorre-nos,neste instante, a lembrança do itineráriocrítico e diplomático do Embaixador JoséGuilherme Merquior a nos alertar, em suaexistência tão curta e tão operosa, contrao perigo de carregarmos o elixir do

apocalipse, produto sedutor que nosinduziria a concepções retrógradas eniilistas.

Senhor Presidente,

Muito longe dessas concepçõesesteve o nosso Patrono, o EmbaixadorAntónio Francisco Azeredo da Silveira. Emsua atuação, soube delinear, em umcontexto que levaria ao estreitamento doespaço diplomático do País, uma políticaexterna que, sem deixar de se adequar aseu tempo, preparou o Brasil para o futuro.Ao tomar posse no cargo de Ministro deEstado das Relações Exteriores, afirmou,com sua experimentada vivência, que "odiplomata carrega consigo, permanen-temente, a imagem de um país em marcha."E, mais adiante, ensinava: "Umachancelaria não é torre de marfim, da qualse possa observar o mundo passivamente".A sua lição de dinamismo e a suacondenação a todos "quanto foremestáticos" representam, com certeza, oprincípio de uma tradição que renovamosa cada turma. Acredite, Senhor Presidente,que os novos diplomatas não escapamos aesses ensinamentos, e os consideramosreforçados por Vossa Excelência.

Nosso Paraninfo, o Embaixador ítaloZappa, simboliza o diplomata que trabalhainstruído e inspirado pela criatividade.Chamou-nos a atenção sobretudo ahabilidade do negociador e o trabalho degradual convencimento a que se dedicou,tanto interna quanto externamente.Contribuiu para a conformação de umapolítica internacional mais coerente com arealidade de seu tempo, ultrapassandoarcaísmos e preconceitos que, confundidos

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com princípios, não se ajustavam àimportância representada pelo Brasil. Oexemplo de diplomacia que nos transmiteo nosso Paraninfo resulta da identidadeentre o sentido da profissão e o daconvivência: mesmo longe do Brasil, emrazão de seu trabalho, sempre ponderousobre um país real, nunca virtual. Sempreacreditou na irredutibilidade política e cul-tural dos países, evitando a justaposiçãode suas identidades. Sua vocaçãoprofissional, que lhe permitiu definirprioridades e tratar da essência dasquestões, não o alheou da simplicidade edo recurso ao diálogo.

Queremos homenagear, por fim, aDireção do Instituto Rio Branco, os seusdiplomatas, professores e demaisfuncionários, com os quais aprendemos etrabalhamos ao longo daquela etapa deformação.

Senhor Presidente,

Nossa grande responsabilidade sóparece limitada pela contingência dotempo. Trabalharemos com o tempopresente, mas nossas previsões muitasvezes serão negadas ou contrariadas poresse mesmo tempo. Talvez porque, comoescreveu Elias Canetti, "a desgraça domundo provém do fato de vivermos muitopouco no futuro." Aquela expectativa eaquele engajamento, balizados pelatradição que o tempo, agora mais generoso,nos concedeu, são os elementos de quedispomos para uma atuação diuturnamentesabedora dos seus riscos.

As palavras conclusivas de nosso dis-curso não querem ter o sentido de palavrasfinais. Tudo, agora, é recomeçar. Teremos,

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ao longo da carreira que desejamosprofícua, a sensação de que se está vivendocom grande intensidade o nosso tempo. Etalvez a sensação de que o tempo nos estávivendo: pois somos consumidores econsumidos em nossas ações. Comodiplomatas, recebemos a incumbência deprojetar internacionalmente os valores maisíntimos e mais complexos do país em quenascemos. Não nos desanima esta missão,a de servir: com os exemplos querecebemos e a certeza de que, a partir deagora, pertencemos a uma instituição deirreversível confiabilidade, será a um sótempo mais estimulante e mais realizadorcontemplar o nosso país e perceber quesomos, também, a sua imagem.

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Ministro dos Negócios Estrangeiros doIra é homenageado no Itamaraty

Discurso do Ministro Francisco Rezek no almoçooferecido ao Dr. Ali Akbar Velayati, no PalácioItamaraty, em 31 de maio de 1991

i\ presença de Vossa Excelência emBrasília, hoje, representa o ponto alto detodo um processo de aproximação entrenossos países. Não só o Brasil reconhece aposição de destaque que lhe é reservadano Gabinete do Presidente Rafsanjani, mastambém acolhe com grata satisfação ainiciativa da política externa iraniana - queVossa Excelência conduz com grandecompetência - no sentido de reconhecer naAmérica Latina, em especial no Brasil,novo pólo de atração para as relações doIrã.

Expressivo número de autoridadesiranianas tem-nos honrado com visitasoficiais, nos últimos tempos. Em maio doano passado, recebemos o ConselheiroPolítico do Presidente Rafsanjani. Emjulho, foi a vez da missão chefiada peloVice-Ministro do Petróleo para o ComércioInternacional. Do lado brasileiro, oMinistro Ozires Silva, então titular da Infra-Estrutura, viajou a Teerã, em novembroúltimo, respondendo, de nossa parte, aonovo impulso das relações bilaterais. Comoresultado daquela visita, já em dezembrorecebemos o Vice-Ministro do Petróleopara Assuntos Comerciais e, em fevereirodeste ano, o Ministro de Minas e Metais.Em março último, o Ministro da Energia

do Irã veio conhecer os trabalhosbrasileiros nas áreas de hidrelétricas e defabricação de equipamentos para o setor.Finalmente, há apenas uma semana, esteveno Brasil o Ministro do Comércio.

Trata-se, Senhor Ministro, de ines-timável património que o Irã e o Brasil sou-bemos construir para o adensamento dasrelações bilaterais, hoje passando por im-portante ponto de inflexão com a visitaoficial de Vossa Excelência, que se antecipaà que pretendo realizar a Teerã ainda esteano.

Senhor Ministro,

Durante o recente conflito do Golfo,o Governo da República Islâmica do Irãdeu mais uma prova de sua firme disposiçãode cooperar com o Brasil, ao atender pron-tamente nosso pedido de suprimento dequantidades suplementares de petróleo.Muito apreciamos esse gesto amistoso,pois ocorreu num momento em que o Irãera passível de ser afetado por uma crisede enormes proporções, vinda de poucosquilómetros de sua fronteira, e cujasconsequências àquela altura não se podiamprever com exatidão.

Além disso, decisão mais antiga doGoverno iraniano, recebida com especial

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interesse por nós, foi a inclusão do Brasilno conjunto dos países que prioritariamentetomarão parte no processo de reconstruçãoprevisto no Plano Quinquenal. Tal decisãorelançou nossa parceria a níveis maispromissores, acenando com perspectivasnos domínios do comércio, da indústria,da energia, e em outros mais quehaveremos juntos de identificar eaprofundar. Nesse contexto, vemos comparticular agrado a participação da empresabrasileira Andrade Gutierrez em projetosde construção de hidrelétricas no Irã, comoa de Karum III.

Senhor Ministro,

Volto a referir-me ao OrientePróximo. Nossos países acompanharaminquietos os desdobramentos da criseprovocada pela invasão iraquiana doKuaite. A quebra da ordem jurídicainternacional e a agressão à pazdesestabilizaram o Golfo que ainda hojevive as consequências de um conflito queatingiu, de modo dramático, os povos daárea.

Devo mencionar a sensibilidade comque o Irã atuou para atenuar a difícilsituação dos refugiados iraquianos, em es-pecial dos curdos, em um gesto quemereceu o reconhecimento da comunidadeinternacional.

O Brasil, por sua vez, profundamentesolidário com a situação desses refugiados,não hesitou em oferecer sua contribuiçãopara minorar os efeitos dos sofrimentosdaquela gente, com o intermédio da CruzVermelha.

O Brasil considera o OrientePróximo uma região de particular relevo

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para sua política externa, não só pelo papelque desempenha no cenário mundial, mastambém em reconhecimento pelacontribuição expressiva que trouxeramaqueles povos à formação da sociedadebrasileira.

Estou seguro, Ministro Velayati, deque Irã e Brasil compartilham, comomembros da comunidade internacional e daOrganização das Nações Unidas, aaspiração de ver todas as questões doOriente Próximo resolvidas pacífica esatisfatoriamente no mais breve prazopossível. Visamos, Irã e Brasil, ao esta-belecimento na região de uma paz justa eduradoura, vivendo todos em harmoniadentro de fronteiras seguras ereconhecidas.

Senhor Ministro,

Permita-me expressar minhasatisfação por estar à frente da Chancelariabrasileira neste momento tão denso dahistória das relações entre o Irã e o Brasil.A obra que ora realizamos, lastreada noespírito de igualdade e respeito mútuo,haverá de estimular futuras gerações dediplomatas iranianos e brasileiros aseguirem aproveitando e ampliando as inú-meras possibilidades da cooperação que seabrem entre nós.

Transmito a Vossa Excelência e, porseu alto intermédio, ao PresidenteRafsanjani, os nossos votos de felicidadepessoal e permanente sucesso.

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Visita Presidencial à SuéciaDiscurso do Presidente Fernando Collor no DiaMundial do Meio Ambiente, em Estocolmo, nodia 5 de junho de 1991.

Ijinto-me profundamente honradoem participar das comemorações do DiaMundial do Meio Ambiente na mesmacidade onde, há dezenove anos, se celebroua histórica Conferência das Nações Unidassobre o Meio Ambiente Humano.

Neste mesmo dia, há apenas um ano,lancei publicamente, no Pantanal matogros-sense, no Brasil, a visão de meu Governosobre a relação do Homem com a Naturezaque gostaria agora de compartilhar com tãodistinta plateia.

Desde aquela Conferência pioneiraem 1972, a humanidade tem tomadoconsciência cada vez mais aguda de queseu futuro está inseparavelmente ligado àproteção das condições naturais em quevive.

Não se tinha, como hoje, a dimensãodo delicado equilíbrio físico e biológico quesustenta o complexo ecossistema global -cadeia em que elos intermináveis, muitosdos quais insuficientemente analisados e atédesconhecidos da ciência, garantem acontinuidade da vida no planeta.

Poucos eram os que apontavam deforma determinante os vínculos entreprosperidade económica e comprometi-mento ambiental; pensava-se que oprogresso pudesse ser a solução de todosos males; os fatos recentes demonstram afalácia dessa concepção.

O crescimento desordenado, aqualquer custo, o desperdício e oconsumismo exacerbado provaram-seagravantes dos problemas que se buscavaresolver, tanto quanto a trágica situaçãode pobreza que se perpetua no mundo emdesenvolvimento.

Hoje está claro que o crescimentodesvinculado de preocupações com osefeitos sobre o meio ambiente resulta emsolapamento dos próprios objetivosvisados, tornando mais longínqua a metado desenvolvimento e do bem-estar social.

I

Não se trata de ignorar os objetivos,em si louváveis, do bem-estar propor-cionado pelo avanço material; trata-se, an-tes, de repensar a própria ideia de progres-so, de um progresso que não se resuma àmera enumeração de estatísticas decrescimento, mas que inclua, além demelhoria dos indicadores sociais, uma reale efetiva preocupação com a proteçãoambiental.

A prosperidade no futuro somentepoderá ser atingida com o necessárioequilíbrio entre desenvolvimento econservação da natureza.

O subdesenvolvimento constituifonte de degradação ambiental; é impos-sível almejar-se a proteção do meio ambien-te sem a elevação expressiva dos níveis de

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vida de uma larga maioria da populaçãomundial.

Um ano nos separa da Conferênciadas Nações Unidas sobre Meio Ambientee Desenvolvimento que meu país muito sehonra em poder sediar no Rio de Janeiro.

Síntese necessária da equação meioambiente e desenvolvimento, a agenda daConferência abarca relação estreita eintrínseca entre temas de múltipla natureza.

Na Rio-92, serão lançados os pilaresde um ordenamento mais equitativo eambientalmente sustentável da economiamundial.

As expectativas do Brasil estão longede ser minimalistas; nossa percepção é deque a Conferência constitui um esforço dacomunidade internacional no sentido dodesenvolvimento, ao garantir acesso atecnologias ambientalmente sadias, emtermos não-comerciais.

Aos Estados caberá afirmar essadisposição e empenho políticos, estabele-cendo as bases jurídicas capazes de permitirà iniciativa privada materializar a trans-ferência de tecnologia.

Sabemos também que a reversão daatual tendência de degradação ambientalem escala planetária exigirá vultososdispêndios.

Novos e adicionais fluxos definanciamentos, livres de condicionalida-des, necessários para o custeio de empre-endimentos da esfera ambiental não podemser previstos em detrimento da canalizaçãode recursos indispensáveis para o desen-volvimento económico.

Não obstante a dimensão dosdesafios, o Brasil está otimista quanto àRio-92; e não temos medido esforços emdedicar o que temos de melhor com vistasa criar as condições ótimas para acolherdelegações de todos os quadrantes daTerra.

Aqui, em Estocolmo, puderam serassentadas as bases para que os paísesindustrializados ingressassem na era pós-industrial e tivessem condições dedesenvolver as tecnologias e encontrar osrecursos necessários para um desenvol-vimento mais sadio.

A humanidade não perderá aoportunidade de estabelecer no Rio deJaneiro, em 92, os pilares do desenvol-vimento sustentável e igualitário para todasas nações, de modo a resguardar eassegurar o futuro da Terra.

1992 será também um ano decelebração da Paz. Não existe perspectivade um meio ambiente sadio se não houveruma moldura internacional de verdadeirapaz entre as nações.

O Governo brasileiro tem, comotraço essencial de sua política externa, aluta pela paz mundial.

Não é atitude retórica e sim esforçopermanente para dar contribuições efetivase significativas ao desarmamento e à Paz.

A renúncia, no âmbito do Tratado deTlatelolco das explosões nucleares pacífi-cas e o próximo Acordo de Salvaguardascom a Argentina, são exemplos da disposi-ção brasileira.

Vamos construir um mundo novo, dejustiça, paz e equilíbrio ecológico. Um

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mundo de boa vontade e entendimento, ummundo melhor.

Eis o trabalho que há de unir oshomens.

Que Deus continue a nos ajudar.

Discurso do Presidente Fernando Collorna cerimonia de "passagem da tochaambiental", em Estocolmo, no dia 5 dejunho de 1991

Muitas são as razões que podemtrazer um Presidente do Brasil à Suécia, eque, reciprocamente, podem motivar osbrasileiros a retribuirmos a fidalgahospitalidade que hoje nos é dadoexperimentar.

Em primeiro lugar, a amizade quesoubemos construir e que, superando adistância e as distinções culturais, semantém sólida, forte, criativa; é ela quecertamente inspira uma relação económicae comercial tão frutífera e que proporcionaclima de confiança propício aosinvestimentos com que a Suécia participado progresso brasileiro.

A convergência de pontos de vistaem relação aos grandes problemasinternacionais e a fidelidade aos princípiosda Carta das Nações Unidas são outrosfatores a tornar nosso diálogo fácil, fluidoe produtivo.

Esta solenidade concentra-se notema do meio ambiente, sobre o qualnossos dois países têm também demons-

trado, ao longo dos anos, marcada preo-cupação, trabalhando nos foros interna-cionais na busca de soluções adequadas.

Ocorre-me que Brasil e Suéciaapresentam similitudes na configuração deseus territórios.

No Brasil, mais de cinquenta porcento do território, na parte setentrional,corresponde à Amazónia, onde predominaa floresta tropical, sob cuja aparenteuniformidade jazem depósitos minerais degrande importância económica.

Outra característica da Amazónia ésua reduzida densidade demográfica e suapopulação, adaptada às condiçõesecológicas que a outros podem parecerinóspitas.

Na Suécia, uma parte muitosignificativa do território é constituída pelasprovíncias do norte, de clima oposto ao daAmazónia, mas igualmente rigoroso.

Ali também a população é rarefeita,ali também situa-se parcela importante dasriquezas minerais que contribuem para apujança da economia deste país.

Toda a comparação é falha, não seprende à exatidão científica, é simplesmenteevocativa, tem muito de poética: Suécia eBrasil têm cada qual um grande norte, quelhes cabe conservar por meio do uso ade-quado de seus recursos naturais e doavanço das populações que ali vivem etrabalham.

No Brasil, estamos trabalhando fir-memente, com racionalidade, paraconservar a Amazónia.

Já colhemos resultados significativose a área desmatada caiu de forma significa-tiva nos últimos meses.

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Estamos também procurando novasformas de ação e um exemplo notável foi acriação de uma Fundação, com recursosprivados e governamentais, que iráreflorestar cerca de 200 mil km2 da nossaAmazónia.

O empenho do povo brasileiro emsalvar a Amazónia não tem limites. Ela serásalva.

Esta cerimónia tem sentido particu-lar, em que o simbólico deve inspirar a ação.

Dentro de um ano, no Brasil, estarãotodos os Estados, representados em seumais alto nível, na Conferência das NaçõesUnidas sobre Meio Ambiente e Desen-volvimento.

Terão decorrido então vinte anosdesde que os Estados se reuniram naConferência das Nações Unidas sobre oMeio Ambiente Humano, para, porprimeira vez, traçarem caminhos políticosque ensejariam a conciliação entre ohomem e a natureza.

Estamos aqui, pois, para marcar ajunção dos dois momentos, e para,refletindo sobre eles, nos prepararmos paraatingir os melhores resultados possíveis.

A continuidade desejável entre Esto-colmo-72 e Rio-92 não deve impedir queassinalemos a diferença fundamental entreas duas ocasiões.

Em 1972, os povos deram-se contade que o planeta tinha capacidade limitadade absorção da agressão contínuaperpetrada pelo homem, acelerada nosúltimos duzentos anos desde a primeiraRevolução Industrial.

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Novos modelos de desenvolvimentoadvirão para enfrentar os processos globaisque podem comprometer as bases mesmasda existência humana.

Quando falamos em novos modelosde desenvolvimento, queremos deixar claroseu alcance tanto para os países menosdesenvolvidos, quanto para aqueles maisaltamente industrializados.

A Rio-92 tem, no entanto, de dirigir-se a algo mais do que a agenda de processosglobais.

Vinte anos depois de Estocolmo,podemos observar os efeitos de suasdeliberações nas grandes metrópoles domundo desenvolvido.

Cidades e regiões de grandeconcentração industrial cuja atmosferabeirava o irrespirável podem ostentar hojeíndices razoáveis de qualidade do ar.

Rios e lagos à beira de áreas urbanasapresentam agora níveis de pureza episcosidade que pareciam impossíveis háalguns anos.

Em suma, a qualidade de vida, comomedida da proteção ao meio ambientealiada aos avanços da ciência e da técnicae ao crescimento económico, alcança, emnossos dias, nas nações ricas, patamaresmuito mais elevados.

Foi isso possível mercê dadisponibilidade de recursos financeirosespecíficos e do desenvolvimento eaplicação de tecnologias apropriadas.

Essa temática de combate à poluiçãoe de melhoria das condições de saneamentonos centros urbanos, parte importante do

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que poderíamos chamar da "agenda deEstocolmo", apresenta resultados desani-madores no mundo em desenvolvimento.

O processo de urbanização acelerou-se nos países pobres.

Seria difícil, porém, caracterizar aurbanização como doença do terceiromundo; ela é tendência mundialcontemporânea.

Os índices de urbanização na Suéciae no Brasil são semelhantes; apenas osnúmeros absolutos são próximos a vintevezes os da Suécia; embora não impliqueexatas proporções, é óbvio que asconcentrações urbanas brasileiras tendema ser imensamente maiores do que assuecas.

Na última década, escassearam osrecursos financeiros e diminuiu o acesso atecnologias adequadas, agravando asituação das áreas urbanas nos países emdesenvolvimento.

As projeções para o fim do século epara o primeiro quartel do próximo miléniosão assustadoras.

Não hesito em dizer que partesignificativa das conclusões da Conferênciade 1972 geraram iniciativas, compor-tamentos e benefícios maiormente restritosaos países ricos.

A Conferência de 1992 será, assim,a ocasião para a universalização dessesavanços.

O drama das megalópoles dos paísesem desenvolvimento não pode serconsiderado problema local, pois atingecentenas de milhões de seres humanos.

É um problema global por muitasrazões, entre as quais, para citar apenasdois exemplos, a eclosão de epidemias e ageração de correntes migratórias.

As instâncias preparatórias daConferência de 92 ainda não deram atençãosuficiente para a questão urbana.

Os países desenvolvidos, com osolhos postos nos chamados temas globais,talvez não sintam ainda urgência de tomardecisões para a cooperação internacionalnesse setor.

A cooperação internacional édecisiva, no entanto, se efetivamentequisermos construir um mundo novo.

Sabemos que, para um planeta sadio,são necessárias transformações fundamen-tais, que vão além de decisões específicasem matéria ecológica.

É preciso, na verdade, uma novaética, um novo padrão de relações entreos Homens e os Estados.

A ciência e a tecnologia não existemem vazio ético ou político, o que devedefinir sua utilização são as necessidadesdo progresso universal e as exigências dejustiça.

Se cumprirem as suas funçõespolíticas, hão de ser razão para aproximaros homens e as nações. Hão de serinstrumento para a construção da paz.

A ciência e a tecnologia não podemsustentar discriminações, sobretudoquando servem para perpetuar adesigualdade e a pobreza.

Se não construirmos fundamentossólidos e duradouros para a paz, não haveráperspectiva de um planeta sadio.

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Vamos acelerar os esforços pelodesarmamento. Vamos aproveitar ascondições de distensão e realizar novasformas de confiança entre as nações.

Se não houver novos padrões decooperação entre os países, determinadospelos ideais de justiça social, nosso trabalhoem 92 não terá lastro firme.

Não estou propondo utopias: asquestões ecológicas obrigam o homem apensar de forma integral os seus problemas.

A paz, o fortalecimento ético, aprosperidade e a justiça entre nações sãofrutos necessários da cooperação e doentendimento, e hão de ser a maior liçãoda Rio-92.

Estamos diante de um tempo queexige mudanças radicais e profundas.Estamos diante de um tempo que pedecoragem dos estadistas. Nunca acooperação foi tão claramente necessária.

A oportunidade histórica é única.

A coragem de mudar com sabedoriae perspectiva de futuro e o que dá sentidode humanidade aos esforços do homem.

Não podemos fugir ao que nosexigem os povos de uma terra ameaçada.

Quero lançar um apelo para que aConferência do Rio de Janeiro termine aobra iniciada em Estocolmo e lance osfundamentos de um século XXI deesperanças alcançadas.

Que Deus nos ajude nessa tarefa!

Brinde do Presidente Fernando Collor emalmoço que lhe ofereceu o Diretor da Fe-deração das Indústrias Suecas, em Esto-colmo, no dia 05 de junho de 1991

A homenagem que hoje recebo daFederação das Indústrias Suecas constituinão só reconhecimento vivo do nível dasrelações económicas entre o Brasil e aSuécia, mas também um estímulo para aampliação crescente das oportunidades quese vêm abrindo em ambos os mercados.

As distâncias geográficas entrenossos países nunca constituíram obstáculointransponível a uma cooperação bilateralque de longa data tem sabido crescer econsolidar-se.

O Brasil abriga o maior número deempresas suecas instaladas no exterior. SãoPaulo talvez seja hoje - depois deEstocolmo e Gotemburgo - a terceiracidade industrial da Suécia, acolhendocerca de 120 empresas suecas ou sueco-brasileiras, algumas de grande porte,empregando mais de 43 mil pessoas.

São números inequívocos, SenhorDiretor, que dão bem o testemunho damaturidade do nosso relacionamento e daabertura do país à cooperação interna-cional.

A Suécia, por sua vez, é grandeimportadora do café brasileiro; foijustamente o comércio do café - e assinaloaqui que os suecos talvez sejam os maioresconsumidores per capita de café no mundointeiro - o responsável pelo estabelecimentono meu país das primeiras indústrias suecas,ao se inaugurarem, em 1908, as ligaçõesmarítimas regulares entre os dois países.

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Embora a pauta de exportaçõesbrasileiras para a Suécia tenha-sediversificado nos últimos tempos, estouconvencido, Senhor Diretor, de que aindahá muito a explorar no intercâmbiocomercial, para realmente fazer-se jus àcapacidade do parque industrial brasileiro.

A Comissão Mista, criada peloAcordo de Cooperação Económica, Indus-trial e Tecnológica, de 1984, quando dahistórica visita do Rei Carlos Gustavo aoBrasil, tem contribuído para a dinamizaçãodas relações bilaterais, onde cumpredestacar a ativa presença dos setoresempresariais dos dois países.

Senhor Diretor,

No mundo contemporâneo, onde nãohá mais espaço para aventurasisolacionistas, a intensa interdependênciaentre os mercados significa, acima de tudo,uma interdependência de estratégias dedesenvolvimento, com base no que acooperação e a abertura ao exteriordesempenham papel primordial.

Este é o maior compromisso damodernidade: crescer, mas crescer junto.

Essa é a ênfase principal do programade recuperação económica que lancei noBrasil: integrar o país às tendências maisdinâmicas de nossa época, participarintensamente da globalização das relaçõesinternacionais, para que o Brasil possacrescer junto com os países maisprogressistas da atualidade.

Na confiança de que a presente visitaensejará uma aproximação ainda maisestreita entre nossos países, agradeço agenerosidade desta acolhida e convido

todos os presentes a brindarem pela saúdee felicidade pessoal do Rei Carlos Gustavoe da Rainha Sílvia, pela colaboraçãocontínua entre o empresariado brasileiro esueco t pelo incremento crescente dasrelações entre nossos países.

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Visita Presidencial à NoruegaBrinde da Presidente Fernando Collor em al-moço que lhe ofereceu Sua Majestade o ReiHarald V, da Noruega, em Oslo, em 7 de junhode 1991

IN as palavras de Vossa Majestade,reconheço o mesmo espírito generoso ehospitaleiro com que o Governo e o povonorueguês receberam minha mulher e amim, na primeira visita de um Chefe deEstado brasileiro à Noruega, visita que, amuitos títulos, já se pode qualificar deinesquecível.

Sou portador da mais cordial mensa-gem de amizade do povo que tenho a honrade representar, e do seu desejo de ampliare aprofundar relações com este Reino.

Majestade,

Noruega e Brasil não permitiram queas distâncias geográficas impedissemestreita aproximação de pontos de vistatanto no âmbito de uma extensa lista detemas da agenda internacional, como noplano mais direto e promissor das relaçõesbilaterais.

Na base de nosso relacionamento,evidencia-se uma importante convergênciade princípios e ideais, forjada em doispilares - a democracia e a busca doentendimento, da cooperação e da paz noconcerto de nações.

Aprendemos com a História,Majestade, que onde não se respeita avontade soberana do povo, livrementeexpressa pelos mecanismos próprios a cadapaís, tampouco se respeitam os direitoshumanos.

Aprendemos, também, que, nomundo contemporâneo, crescentementeglobalizado e interdependente, osproblemas de uns resultam em geral emproblemas de todos, o que sublinha anecessidade de reforço contínuo do enten-dimento e da cooperação, se realmentequisermos viver em paz.

Hoje, a distinção entre países emdesenvolvimento e países pós-industriaisapenas imobiliza as relações internacionaisque vislumbramos dinâmicas e integrativas.

Tal distinção seria tão distorcidaquanto supor que pudéssemos viver nummundo com países que defendem eprojetam as liberdades essenciais e os queainda se negam a fazê-lo, ou, então, compaíses que lutam para preservar o meioambiente em seu esforço de desenvol-vimento sustentado e os que continuamdesconsiderando a saúde de nosso planeta.

Noruega e Brasil aproximam-se pelodesejo comum de cooperar entre si, emclima de igualdade e respeito mútuo, decooperar com todos os membros dacomunidade de nações comprometidoscom os legítimos anseios coletivos deprosperidade económica e a justiça social.

Majestade,

Ainda lembramos, com particularcarinho, a histórica visita ao Brasil, em

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1967, de Sua Majestade o Rei Olav V, desaudosa memória, quando rejuvenescemosas perspectivas de fortalecimento dasrelações entre nossos países.

Nesse espírito, convido todos a meacompanharem no brinde que levanto àsaúde, e felicidade pessoal de VossaMajestade e da Rainha Sonja, àprosperidade crescente do povo norueguêse ao contínuo fortalecimento das relaçõesde amizade e cooperação entre a Noruegae o Brasil.

Comunicado Conjunto Brasil-Noruega

1. O Presidente da República Federativado Brasil, Fernando Collor, visitou aNoruega no período de 6 a 7 de junho de1991, atendendo a convite da Primeira-Ministra Gro Harlem Brundtland. OPresidente foi recebido por Sua Majestadeo Rei Harald V, bem como pelo Presidentedo Parlamento norueguês ("Storting"), JoBenkow.

2. Durante sua visita, o PresidenteFernando Collor manteve dois encontrossobre as relações econômico-comerciaisbilaterais. Reuniu-se também comimportantes industriais e armadoresnoruegueses.

3. A visita do Presidente caracterizou-sepelo desejo comum de fortalecer asrelações bilaterais entre o Brasil e aNoruega, com base nas potencialidades dosdois países.

4. No decorrer das conversações, oPresidente Fernando Collor e a Primeira-Ministra Gro Harlem Brundtland mantive-

ram amplo intercâmbio de ideias a respeitodos preparativos para a Conferência dasNações Unidas sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento (UNCED), a serrealizada no Rio de Janeiro, em junho de1992. O Presidente informou a Primeira-Ministra sobre as iniciativas em curso noBrasil para a organização do evento, queserá uma das maiores conferências dasNações Unidas de todos os tempos.

5. O Presidente Fernando Collor e a Pri-meira-Ministra Gro Harlem Brundtlandconcordaram em que tem havido algumprogresso no esforço para deter adegradação global do meio ambiente, a qualdá margem à profunda preocupação e estálonge de uma solução. Declararam aindaque devem ser envidados todos os esforçospara que a Conferência alcance resultadosconcretos e substanciais com respeito aostemas do meio ambiente e do de-senvolvimento. Registraram os esforçosrealizados pelo Comité Preparatório daUNCED. Reconheceram igualmente aimportância das negociações para a criaçãode instrumentos internacionais em matériade alterações climáticas e debiodiversidade, bem como a urgência emconcluí-las.

6. A ação voltada ao desenvolvimento sus-tentável em escala mundial deve ter comobase a equidade e a responsabilidadecomum, mas diferenciada, dos diversospaíses. Democracia e participação públicasão essenciais. Esses princípios requeremdeterminação política, inovação eresponsabilidade de todas as partes.

7. O Presidente e a Primeira-Ministra enfa-tizaram a necessidade de um esforço espe-

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ciai para reduzir a pobreza do mundo, queconstitui tanto causa como efeito dadegradação ambiental. Os paísesindustrializados têm a responsabilidadeespecial de assegurar não só recursosfinanceiros novos e adicionais, bem comode facilitar a transferência de tecnologiaadequada, particularmente para os paísesem desenvolvimento, em bases maisfavoráveis e justas.

8. O melhor e mais sustentável geren-ciamento das mudanças universais constituimeta política primordial para a década de1990. O Presidente e a Primeira-Ministrasalientaram a necessidade de que sejamfortalecidas as instituições internacionais,especialmente as Nações Unidas.

9. O Presidente e a Primeira-Ministra troca-ram também ideias sobre as evoluções emcurso na América Latina, assim como sobreo papel e as atividades das Nações Unidas.

10. Considerando o interesse mútuo peloaprofundamento da cooperação económicabilateral, e levando em conta o Acordoentre o Brasil e a Noruega sobre Comércioe Cooperação Económica, Industrial eTécnica, de 5 de abril de 1978, asconversações sobre esses temas, durante avisita do Presidente, refletiram o interessecomum de que sejam desenvolvidosesforços adicionais no sentido de identificare explorar áreas suscetíveis de cooperaçãoeconômico-comercial, à luz do atualestágio de desenvolvimento dos doispaíses, e de seus níveis industrial e tecnoló-gico. As áreas de especial interesse paratal cooperação poderiam incluir exploraçãode petróleo e gás em plataformas subma-rinas, navegação marítima, sistemas por-

tuários, energia hidrelétrica, indústrias deuso intensivo de energia, indústria química,informática e tecnologia ambiental.

11. Ao enfatizar a importância do comérciotradicional entre Brasil e Noruega, particu-larmente de bacalhau e café, as duas partesdestacaram, ao mesmo tempo, o objetivocomum de expansão do intercâmbiocomercial entre os dois países, mediante amaior diversificação da pauta dos produtos.

12. Foi manifestado ainda o interessecomum de se incentivar o estabelecimentode "joint ventures", inclusive no campo datransferência de tecnologia e da formaçãode pessoal especializado, como elementosde possível cooperação industrial em basescomerciais.

13. Com vistas a facilitar o intercâmbio deinformações e de intensificar a cooperaçãobilateral em âmbito empresarial,reconheceu-se a importância de serempromovidos encontros com a participaçãode representantes dos setores privados nosdois países, inter alia, no contexto dasreuniões da Comissão Mista para oComércio e a Cooperação Económica, In-dustrial e Técnica.

Oslo, 7 de junho de 1991.

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Presidente Fernando Colloré recebido na Casa Branca

Resposta à saudação do Presidente George Bushna cerimonia oficial de chegada, na CasaBranca, em 18 de junho de 1991.

Penhor Presidente,

As relações com os Estados Unidosda América são uma prioridade para oBrasil.

Em meu discurso de posse afirmei anecessidade de eliminar dessas relações aênfase que até então se dera nas questõescomerciais contenciosas.

Tal ênfase encobria o verdadeirosentido de uma parceria fundada emvalores, aspirações e empreendimentoscomuns.

Esse primeiro objetivo já foialcançado.

De forma mutuamente satisfatória, oBrasil demonstrou sua sinceridade depropósitos e vontade de encaminhar asquestões pendentes em variados campos dapauta bilateral.

A agenda entre o Brasil e os EstadosUnidos tem hoje um sinal claramente posi-tivo, e esse é apenas o ponto de partida doaperfeiçoamento de nossas relações.

O Brasil e os Estados Unidos são asduas maiores democracias do continenteamericano.

Depositamos a mais profundaconfiança na liberdade política e econó-

mica, como única via para a plena reali-zação individual e coletiva de nossoscidadãos.

Não nos podemos limitar à soluçãode problemas circunstanciais: os avançosque fizermos em diferentes áreas devembasear-se numa visão política abrangentee servir para consolidar uma parceria fortee duradoura.

É com esse espírito que saudamos a"iniciativa para as Américas".

Além de suas evoluções conceituaisde grande importância - tal como avinculação entre dívida, comércio einvestimentos -, a iniciativa distingue-se,acima de tudo, por sua dimensão de futuro,um futuro que vamos construir juntos.

Senhor Presidente,

Vamos encerrar o capítulo dasdisputas comerciais e dos problemas dadívida, que pertencem ao passado.

Vamos juntar nossos esforços paraexpandir o comércio bilateral, a cooperaçãotecnológica, e os novos créditos e fluxosde investimento.

Minha ideia de uma parceriainternacional exemplar parte de duaspremissas.

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^ A primeira é a de que cabe a cadapaís determinar seu próprio destino, fazeros sacrifícios necessários para a realizaçãodas aspirações nacionais.

Já nos Federalist Papers. se afirmaque, estando o povo livre e as finançasadministradas criteriosamente, "as outrasnações (...) estarão muito mais dispostas acultivar nossa amizade do que a provocarnosso ressentimento".

A democracia brasileira tem seguidoà risca essa lição.

O Brasil está fazendo enormessacrifícios e levando adiante seu projetode modernização económica com deter-minação.

Adotamos um programa de ajustecomparável aos mais rigorosos da históriamundial contemporânea.

No Brasil, o Estado não mais seráum produtor de bens, mas, antes, umpromotor do bem-estar coletivo.

A segunda premissa de uma parceriagenuína é o reconhecimento da interdepen-dência das nações, fato que impõe a todasas sociedades, e aos respectivos líderes, aobrigação de ponderar as consequênciasinternacionais de seus atos.

O Brasil tem plena consciência disso.

Sabemos que, mesmo com todos ossacrifícios que vimos fazendo, nossapolítica de reforma liberalizante não teráêxito sem real cooperação e respostaspositivas por parte da comunidadeinternacional, na solução de problemascomo a dívida externa, o levantamento debarreiras ao comércio e o acesso a tecno-logias avançadas.

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Embora respeitemos os valores einteresses legítimos de todos os povos,devemos insistir na cooperação para acruzada que lideramos para alcançarharmonia entre o Homem e a Natureza.

Esse é precisamente o desafio quese coloca diante de nós ao nosaproximarmos da Conferência das NaçõesUnidas sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento, que se realizará no Riode Janeiro em 1992: encontrar umequilíbrio entre a vontade aparentementeinfinita do Homem de buscar o progressoe os limites finitos dos recursos da Terra.

Senhor Presidente,

Aguardo com a melhor expectativaas conversações que iremos ter.

Estou certo de que nosso compro-misso com a democracia e minha estimapessoal por Vossa Excelência haverão deajudar-nos a alcançar bons resultados.

Temos diante de nós a oportunidadehistórica de inaugurar uma nova parceriaentre o Brasil e os Estados Unidos.

Vamos aproveitá-la com empenho esentido de futuro.

Que Deus nos ajude na tarefa de levaras nossas relações à altura da grandeza denossos países.

Brinde do Presidente Fernando Collor noalmoço no Departamento de Estado

Senhor Secretário de Estado,Interino,

Senhora Eagleburger,

Senhoras e Senhores,

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O New York Times divulgou nosEstados Unidos o meu hábito de lançarmensagens nas camisetas que uso emcorridas de fim-de-semana.

Este discurso não caberia numacamiseta, mas será breve.

Celebramos a amizade entre o Brasile os Estados Unidos da América, umaparceria que tem a tradição do diálogo e avocação da grandeza.

Aqui no Departamento de Estado,temos bem presente o papel cada vez maisimportante da diplomacia na vida mundial.

As relações internacionais tornam-semais dinâmicas e exigem agilidade na adap-tação e correção de rumos.

Os governos têm o dever de lideraras mudanças que são imposição da história,e que fazem a história.

Antes das vitórias de 1989 no LesteEuropeu, a democracia e a economia delivre-mercado já haviam sido adotadaspelos brasileiros como único caminho parao desenvolvimento, e para a justiça social.

O Brasil realiza hoje um programade modernização económica, de grandeprofundidade, que requer o aprimoramentoe a intensificação de nossa presença nocenário internacional político e económico.

Nossas relações com os EstadosUnidos são um capítulo fundamental eprioritário desse processo; estamosconvencidos de que o momento pede umanova parceria entre nós.

Brindemos, pois, à saúde e felicidadepessoal de Vossa Excelência, ao bem-estardo povo dos Estados Unidos, à amizade

fraterna entre nossos povos e aofortalecimento crescente de nossasrelações.

Conferência no Washington Exchange

É com especial satisfação que com-pareço ao "Washington Exchange".

A "Brookings Institution" éreconhecida mundialmente por sua exce-lência como foro de reflexão sobre políticaspúblicas.

Através desta instituição, faço umahomenagem ao conjunto das entidades quenos recebem.

Agradeço a oportunidade que meoferecem de compartilhar com destacadosrepresentantes da sociedade norte-americana algumas reflexões sobre omomento histórico que vivemos e suasimplicações para o futuro de meu país edas relações Brasil-Estados Unidos.

A interdependência é hoje umfenómeno que ultrapassa a abstração dosmodelos teóricos e o idealismo, muitasvezes retórico, da política.

No mundo contemporâneo, ainterdependência das Nações é umarealidade concreta, que repercute empraticamente todos os domínios docotidiano dos indivíduos e das co-letividades.

A maioria das decisões económicase comerciais de âmbito nacional acabampor ter implicações internacionais; questõessociais domésticas despertam, comfrequência, o interesse de segmentos daopinião pública mundial, mobilizados na

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defesa dos direitos da pessoa humana; otema da ecologia adquiriu, talvez mais doque qualquer outro, significado eimplicações transnacionais.

Há cada vez menos assuntos deestado de alcance e interesse meramentelocal.

Uma consequência política central éque todos os governantes tornaram-se,direta ou indiretamente, co-responsáveispela busca do bem comum e pelasobrevivência das gerações futuras, a quemtemos a obrigação ética de legar um planetasadio, uma sociedade justa e democrática,que assegure a paz e a prosperidademundiais.

O desenvolvimento auto-sustentado,que conjuga o domínio científico e tecno-lógico com o respeito ao meio ambiente,em moldura social harmónica, tornou-seum imperativo da era moderna.

O binómio segurança e desenvol-vimento, utilizado para definir estratégiasde alguns governos no período recém-encerrado de confrontação ideológica, foisubstituído, no presente, por um novodesafio que eu definiria como "desenvol-vimento para a paz".

A paz é a única forma verdadeira desegurança, e o desenvolvimento é indispen-sável para a eliminação da violência.

A estabilidade global não mais se de-fine pelo equilíbrio de poder entre aliançasideológico-militares.

Essa transformação, cujo símbolomáximo foi a queda do Muro de Berlim,deve ser saudada com entusiasmo eotimismo.

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Ela revela, contudo, uma maiorfragilidade da ordem internacional no curtoe médio prazos, pois, se antes a velhaordem se mantinha apenas pela força dosarsenais e adiava a solução dos maioresproblemas da Humanidade, de agora emdiante passa a depender, essencialmente,da divisão mais equitativa dos frutos doprogresso.

Ganha terreno a percepção de que aprincipal ameaça à paz mundial é a distânciacrescente entre as nações desenvolvidas eas sociedades que ainda experimentamprofundas carências materiais.

É tristemente paradoxal que, nummomento em que a tecnologia na área decomunicações aproxima os povos, asdiferenças sócio-econômicas os afastem,tornando cada vez mais difícil o empregode uma linguagem comum, lastreada emvalores universais.

Se não fizermos uma opção pelaracionalidade, se não adotarmos odesenvolvimento global como metacomum, estaremos construindo um mundoem que será necessário erguer novosmuros, dessa feita para deter o avanço dasmassas destituídas; muros cujas fundaçõesnão mais se assentarão sobre basesideológicas, mas sim sociais, económicase culturais.

Aí estão a multiplicar-se fluxosmigratórios do Sul para o Norte, reacen-dendo preconceitos raciais que se julgavambanidos da história contemporânea; aí estãoas epidemias que não respeitam fronteirasou níveis de riqueza.

Não podemos agir como se essesfatores nos fossem alheios.

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Não se podem aceitar passivamenteas cenas cruéis de violência, miséria e fomea que assistimos todos os dias.

Este é momento de construir pon-tes, não de erguer novos muros: a qualidadeda paz que formos capazes de realizardefinirá a civilização em que vamos viver.

O desenvolvimento não é, por certo,a única questão da paz; as iniciativas impor-tantes que presenciamos na dimensãoestratégica - nas quais o Brasil tem feitosua parte - devem ser complementadas porsemelhante audácia e determinação noscampos do comércio, das finanças, datransferência de ciência e tecnologia.

Senhoras e Senhores,

O Brasil, pela vocação de seu povo,por seu imenso potencial humano e derecursos naturais e, sobretudo, por suajuventude, tem uma visão otimista dofuturo: nossa sociedade sempre acreditouno progresso e na transformação do País.

Nossa vontade de crescer e de mudarfoi o motor que impulsionou o processode industrialização inaugurado nos anos 40,com base num modelo económico desentido nitidamente autárquico.

Os anos 80 anunciam o esgotamentodessa fórmula de desenvolvimento eaprofundam as marcas de desajusteestrutural da economia brasileira.

Nossa sociedade enfrentou proble-mas de tamanha magnitude nesse período- inflação, estagnação, agravamento doquadro social e deterioração do intercâm-bio financeiro com o exterior - que muitosfalam em "década perdida".

Não bastassem tais dificuldades, oBrasil viu-se defrontado com cenáriointernacional em rápida mutação, tanto naórbita política, como no sistema produtivo,o qual, galvanizado pela aceleração doprogresso técnico e pela emergência denovas lideranças entre os paísesindustrializados, reorganizou mercados eacirrou a competição.

Nessa conjuntura, a economiabrasileira perdeu atratividade para osinvestidores.

O Brasil teve ainda de enfrentar umacrise de endividamento sem precedentes,motivada em parte por elementos alheiosà sua vontade e sobre os quais era incapazde influir, como a elevação das taxasinternacionais de juros.

Tal crise, acoplada à queda nos inves-timentos, transformou-nos em grandeexportador líquido de recursos reais cujafalta muito nos castigava.

Esse era o quadro pouco alentadorque eu enfrentava ao assumir o Governo.

Passados quinze meses desde o iníciode meu mandato, demonstramos na práticaa consistência do propósito de liderar atransformação do País, mediante a criaçãode condições para eliminar definitivamenteo espectro da hiperinflação, para promovero saneamento financeiro e operacional dosetor público, e para encaminhar uma sériede mudanças estruturais que viabilizemuma economia moderna, dinâmica eprodutiva, essencial para a consolidação doprocesso de estabilização.

Essa é a única via para a construçãode uma sociedade socialmente mais justa,

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livre e capaz de assegurar o bem-estar deseus cidadãos.

O esforço inicial para a mudançaenvolveu a adoção de medidas duras eabrangentes, contra o risco iminente daexplosãp hiperinflacionária.

A taxa de inflação, projetada a partirdos índices que encontramos ao assumir,ultrapassava os 150 mil por cento ao ano.

Quinze meses depois, registramosum índice de 6,5% em maio último, dadoque representa .para o Brasil umaexcepcional vitória, se a comparamos comos 71,7% de fevereiro de 1990.

Outros números e fatos atestam oêxito da política económica de meugoverno:

- o déficit público previsto para1990 em cerca de 9% do Produto InternoBruto transformou-se, naquele mesmo ano,em superavit de 1,2%;

- o Brasil recuperou seusinstrumentos de política monetária e aboliua hiperespeculação com as aplicaçõesfinanceiras de curto prazo, agora dirigidaspara o desenvolvimento económico e so-cial;

- as estatísticas mais recentesapontam a reversão do processo recessivo:começa a cair a taxa de desemprego e aprodução industrial cresceu 13,4% entremarço e abril;

- dados referentes aos primeirosmeses de 1991 indicam a retomada doafluxo de investimentos estrangeiros;

- os saldos da Balança Comercialultrapassaram a cifra de 1 bilhão de dólares

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mensais, o dobro do acusado no início demeu mandato;

- retomamos o pagamento dosatrasados da dívida externa e nos encami-nhamos para uma negociação que, com osparâmetros de nossa capacidade de pa-gamento e da necessidade de melhora dascondições de crédito do Brasil, haverá dechegar a resultado favorável a ambas aspartes;

- lançamos um programa deincentivo à competitividade industrial que,contribuindo para aumentar a eficiência ea produtividade, habilitará o Brasil a inserir-se de forma mais dinâmica na economiainternacional;

- o programa de desregula-mentação que estamos implementando,com vigor, já eliminou mais de 107.000Decretos, simplificando o ordenamentojurídico, ávida do cidadão e tornando maisfácil o trabalho da iniciativa privada pelaremoção de obstáculos que se avolumaramao longo das décadas.

Mas muito ainda resta por ser feito,para a retomada segura de um crescimentonão inflacionário e para a estabilizaçãodefinitiva da economia brasileira.

A batalha contra a hiperinflação,contra práticas económicas viciadas pelocartorialismo, pelo patrimonialismo e pelooligopolismo, teve um alto custo.

Volto a afirmar o que tenho dito empronunciamentos no Brasil: em economianão existem milagres: não se vence a lutacontra uma inflação crónica sem umapolítica de austeridade monetária e fiscal,

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sem modernização estrutural e grandeaumento da produtividade, ou ainda, semrecuperação da confiança interna e externa.

V Meu Governo adotou providênciasconcretas no sentido de uma maior aberturade nosso mercado à concorrênciainternacional porque estamos certos de queesse é o melhor caminho para o nossodesenvolvimento.

& Na área da informática, por exemplo,nossa indústria reconhece a conveniênciade associação com parceiros externos.

As bolsas de valores do Brasil foramabertas, há poucas semanas, a investidoresestrangeiros institucionais.

•-> Enviei ao Congresso Nacional umprojeto de nova lei de propriedade indus-trial que moderniza as normas nesse campoe as torna compatíveis com as mais atuaislegislações dos países desenvolvidos.

É evidente, como já disse, que tenhoenfrentado resistências compreensíveis.

Na equação política domésticabrasileira, essas resistências somam-se aoscustos com que meus compatriotas tiveramde arcar como contrapartida do processode combate à inflação e saneamento daeconomia.

Senhoras e Senhores,

A estabilização económica e aretomada do crescimento são condiçõesnecessárias, mas não suficientes, para amelhoria dos indicadores sociais do Brasil.

A superação da pobreza, da falta deinstrução, e da profunda desigualdade estárecebendo atenção prioritária do governo.

Num País vasto e potencialmenterico, não se justifica que ainda existambolsões de miséria e marginalidade.

A democracia exige justiça social; opovo brasileiro já tem consciência de que,sem soluções urgentes e definitivas para oproblema social, não há projeto demodernização que possa vingar.

Essas soluções exigem umarepartição mais justa da riqueza e dasoportunidades.

O padrão de desenvolvimento que oBrasil seguiu até hoje teve caráterfortemente concentrador da renda.

Ao engajar-se o setor público ematividades de produção, ficou compro-metida sua presença em áreas em que éindispensável.

Refiro-me à necessidade de ação einvestimentos maciços na educação, saúde,saneamento básico e habitação para ascamadas de baixo poder aquisitivo.

. É com esse objetivo que estamosrealizando uma profunda reforma doaparelho do Estado: cortamos drastica-mente as despesas de custeio do setorpúblico; o número de Ministérios, porexemplo, foi reduzido de 23 para 12;começamos a executar um programa deprivatização que implicará a venda de de-zenas de empresas estatais.

Como afirmei ao tomar posse,entendo o Estado não como produtor, esim como promotor do bem coletivo.

A política económica de meuGoverno tem um claro sentido liberal, masnão se trata de um liberalismo que se dispõe

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a deixar o problema da pobreza à mercêdo automatismo do mercado.

O livre-mercado é insubstituívelcomo gerador de riquezas, mas muitasvezes insatisfatório como seu distribuidor.

O modelo que defendo combina aliberdade de iniciativa económica com aresponsabilidade social: uma economiasocial de mercado, uma economia em quea legítima motivação do lucro venha somar-se ao imperativo de justiça e bem-estar paratodos.

É essa a motivação com que meu go-verno está executando, em sintonia comos desejos da comunidade, programas degrande envergadura para a alfabetização deadultos e para a formação e proteção demilhões de crianças pobres que passarão areceber o cuidado do poder público naeducação, na saúde e no lazer.

Senhoras e Senhores,

No domínio político, o Brasil temavançado a largas passadas em direção àplena e irreversível consolidação do regimedemocrático.

O aperfeiçoamento progressivo e realde nossa democracia é algo que chega asurpreender até os mais experientesanalistas.

Nunca na história brasileira aindependência dos três poderes esteve tãopróxima do exercício ideal de "checks andbalances", defendido pelos pais dademocracia norte-americana.

Isso é fundamental não somente paraimpedir o renascimento de regimesautoritários, como para consolidar aestabilidade de nosso sistema político.

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Meu Governo está fazendo a parteque lhe cabe nesse amadurecimento daspráticas e no fortalecimento das instituiçõesdemocráticas.

A sociedade brasileira reconquistouo direito de viver em liberdade, e de exercerplenamente a cidadania.

Essas conquistas, porém, não sematerializam da noite para o dia.

A transformação do País demandauma nova ética social, uma ética fundadano respeito ao próximo, no sentido dejustiça, na transparência de valores, e naaspiração verdadeira de progresso paratodos.

Do nascimento dessa nova ética, queestamos empenhados em motivar, depende,em larga medida, o êxito dos projetos dereconstrução nacional, pois nenhumgoverno do mundo pode resolverproblemas que as sociedades não semobilizem para vencer.

Senhoras e Senhores,

Ao assumir o governo, em 15 demarço do ano passado, senti claramenteque a ação externa do Brasil precisavaadequar-se aos novos tempos.

Vínhamos de décadas ao longo dasquais a ideia de desenvolvimento esteveassociada à busca de caminhos deprogresso autárquico que levassem a umamenor densidade na relação económicacom o exterior.

Essa percepção estava profun-damente cristalizada entre nós, e ainda hásetores que não compreendem que oprogresso está cada vez mais associado a

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uma inserção intensa e diversificada nomeio internacional.

Tive, e continuo a ter de enfrentar,agora em menor escala, a resistência de doistipos básicos de visão distorcida doconceito de desenvolvimento nacional:primeiro, o que insiste em ver o ambienteinternacional como necessariamente hostile perigoso; segundo, o que se vale doargumento do interesse nacional parareclamar proteção e subsídio para aineficiência na área produtiva.

Os governos, por si sós, não mudamas mentalidades, mas estou certo de quetrabalhamos para convencer os maisvariados setores de nossa sociedade daimportância crescente das relaçõesinternacionais para a realização do projetobrasileiro de desenvolvimento.

Se antes a palavra de ordem era aauto-suficiência, hoje o lema é "maiorintegração".

O Brasil está convicto da necessidadede ampliar e aperfeiçoar nossa presençana comunidade de nações.

No início de minha gestão, trateiprioritariamente do grave problema deimagem externa que nos prejudicava:encontrei o País acuado diante de críticase pressões externas na área dos direitoshumanos, da ecologia, da dívida externa.

Passamos da defesa para a ofensiva,com as armas da transparência e dasinceridade, e, sobretudo, com açõesefetivas.

No campo dos direitos humanos,reconhecemos a existência de problemasgraves, de episódios reiterados de violência

nas grandes metrópoles e em determinadasregiões do interior.

Acolhemos as denúncias de entida-des internacionais como uma contribuiçãoimportante para a luta que sustentamospara acabar com essas violações inaceitá-veis da integridade da pessoa humana,punindo os culpados nos limites da lei.

Na questão do meio ambiente,adotamos a mesma coerência de propó-sitos: lançamos o Brasil na vanguarda dosesforços internacionais de defesa epreservação da natureza.

Houve devastação no Brasil? Houvesim e trata-se de um problema sério, quenossa sociedade já está enfrentando e, emalguns casos, vencendo.

No último ano, por exemplo,registrou-se uma significativa desacele-ração do desmatamento na Amazónia -ainda não ganhamos a guerra, mas essasvitórias parciais nos dão ânimo renovado.

Para fortalecer a consciênciaecológica desde a infância, estamos implan-tando no currículo escolar uma disciplinasobre meio ambiente.

Em fevereiro passado, lancei um pro-grama de pólos florestais na AmazóniaOriental que abrangerá uma área total de250.000 km2.

Nesta área, serão criados centros demanejo florestal que permitirão combinara preservação da vegetação nativa comesquemas de aproveitamento industrial damadeira, em regime de reflorestamentoconstante.

Num programa que será feito comrecursos governamentais e privados,

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desenvolvimento e preservação ecológicosestarão perfeitamente conciliados.

O Brasil trabalha ativamente para quea Conferência das Nações Unidas sobreMeio Ambiente e Desenvolvimento, que serealizará no Rio de Janeiro, em junho dopróximo ano, seja um momento históricosem precedentes de conscientização emobilização de todos os povos para aconciliação do progresso com o equilíbrioecológico.

Na confluência das questõesambientais com a dos direitos humanos, asituação das comunidades indígenas, ame-açadas pelo avanço de nossa civilização,também constitui preocupação central dogoverno e da sociedade: estamos adotandomedidas concretas, como a demarcação dasáreas indígenas, para proteger essascoletividades, suas vidas, valores e cos-tumes.

A mesma transparência de açãoestamos aplicando ao campo da pesquisanuclear, no qual partimos para um regimede amplo controle por parte da sociedade.

Na Assembléia-Geral das NaçõesUnidas, anunciei formalmente que o Brasilrenuncia, por decisão unilateral, a qualquerexperiência de explosão atómica, ainda quecom fins pacíficos - se é que existem, narealidade, explosões atómicas com finspacíficos.

Juntamente com o Presidente CarlosMenem, assinei a Declaração sobre PolíticaNuclear Comum Brasil-Argentina, com aqual nossos países eliminam de uma vezpor todas as suspeitas de uma corridaatómica entre nós, que jamais chegou aocorrer.

Brasil e Argentina reiteram, inclusivepela abertura de negociações conjuntascom a Agência Internacional para EnergiaAtómica, a disposição de nossos povos deusar a ciência e a tecnologia apenas para apaz.

Senhoras e Senhores,

Eis aí um elenco do que a sociedadebrasileira já fez para a retomada docrescimento e para a melhor inserção doPaís no meio internacional.

Assim o fizemos, repito, por nossaprópria vontade, por nosso própriointeresse.

É preciso, agora, que a comunidadeinternacional reconheça esse esforço e quepasse a encarar o Brasil como o que eleefetivamente é: um dos maiores países domundo em extensão territorial, populaçãoe produção económica.

Seria irónico que o Brasil fossepenalizado, em termos de prioridade eatenção internacional, pelo fato de não serum foco gerador de problemas einstabilidades e de sempre ter sido umparceiro engajado e confiável nos esforçosde promoção da estabilidade, da equidadee da paz.

A comunidade internacional deve tera sensibilidade para entender que os paísesnão valem tão-somente pela ameaçapotencial que representam para o sistema,e sim pela possibilidade que têm de oferecercontribuições ao aprimoramento da ordemmundial.

Essa deve ser a nova percepção darealidade internacional: as prioridades

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devem ser estabelecidas não mais peladimensão negativa, mas pelo lado positivo.

Tal entendimento, e uma noção clarado peso específico do Brasil, devem estarpresentes, por exemplo, na negociação dadívida externa.

Se considerações políticas aplicam-se a outros casos, não vejo porque o nossoprocesso negociador deva obedecer apenasa critérios técnico-financeiros: como jáafirmei anteriormente, a questão da dívidabrasileira não é um problema bancário, éum tema que envolve a inserçãointernacional de um dos maiores e maisimportantes países do mundo.

CO Brasil quer desenvolver-se e querparticipar ativa e construtivamente da vidada comunidade global; estamos fazendo umgrande esforço, com sacrifício de nossagente, para atingir esse objetivo.

Mas trata-se - não somente para oBrasil, mas para todos os países - de umprocesso de mão dupla.

•^Necessitamos de investimentosestrangeiros para complementar nossapoupança interna, para dinamizar nossocomércio exterior, de acesso a avançoscientíficos e tecnológicos necessários anossa luta pelo aumento da produtividadee que assegurem um modelo dedesenvolvimento ambientalmente sadio esocialmente equilibrado.

1 É com esse ânimo que venho proporuma nova parceria entre Brasil e os EstadosUnidos, uma parceria atualizada pelapresença de um país que se transformou,que se reencontrou com a democracia eque, pelo progresso sócio-econômico,

poderá consolidar e ampliar a determinaçãocom que tradicionalmente tem contribuídopara a paz e para o equilíbrio no cenáriointernacional.

O momento é agora: ficar parado àespera de resultados que eliminem porcompleto os riscos inerentes à livreeconomia não é de modo algum a maneirade garantir um futuro melhor.

Senhoras e Senhores,

Acabo de fazer-lhes uma brevedescrição das várias dimensões em que sedesdobra o projeto de modernização doBrasil que o meu governo vem liderando.

Estou aqui não apenas paratransmitir-lhes a minha visão do Brasil ede nosso relacionamento internacional, mastambém para ouvir desta plateia tãoimportante considerações que certamenteirão enriquecer essa visão.

Encerro essa apresentação inicial,dando início à etapa do efetivo "Washing-ton-Brasília Exchange".

Resposta à saudação do PresidenteGeorge Bush em jantar na Casa Branca

Senhor Presidente,Senhora Barbara Bush,Senhoras e Senhores,

Em nome de Rosane, e no meupróprio, agradeço suas palavras amáveis ea hospitalidade nesta noite, e ao longo denossa estada em Washington.

Lembro-me neste momento de nossoprimeiro encontro em janeiro do anopassado, quando de minha visita aindacomo Presidente eleito.

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Embora não estivesse previsto noprograma, Vossa Excelência convidou-nospara jantar aqui, em clima amigo e infor-mal.

Fico feliz que se tenha confirmadonesta visita a mesma cordialidade que seiniciou naquele que foi, para Rosane e paramim, um verdadeiro "jantar - surpresa" naCasa Branca.

Senhor Presidente,

Quem visita os Estados Unidosencontra os valores fundamentais dacivilização ocidental: aqui se uniram, pelaprimeira vez na história, a liberdade e obem-estar.

A dedicação com que luto pelodesenvolvimento democrático de meu paísse fortalece nas viagens que faço a estaterra.

O Brasil é um dos maiores países domundo em dimensão territorial, popula-cional e económica.

Somos uma nação democrática,industrializada e dinâmica, no caminho damodernidade e determinada a superar oproblema de suas desigualdades sociais.

Desejamos o reconhecimento dessarealidade não por uma questão de status. esim pelo que significa em termos de nossaparticipação nas decisões mundiais e nasconquistas da humanidade.

O Brasil restaurou a democracia eaprofundou sua opção pela economia delivre-mercado.

São esses os princípios que baseiamo trabalho de meu governo na moder-nização do país, e na renovação de nossasrelações internacionais.

O respeito aos direitos humanos, apreservação da natureza, a liberdade decomerciar e investir, e a busca constanteda paz não são para nós expressõesretóricas, são o caminho que escolhemospara resgatar os milhões de brasileiros queainda vivem na pobreza.

Estamos convencidos de quetomamos a decisão acertada, mas sabemosos sacrifícios que ela impõe.

Não queremos compartilhar essessacrifícios; a história de cada povo é feitacom seus próprios esforços.

Nossa vontade de mudar e nossacoragem de arcar com os custos damudança devem ser reconhecidas.

A comunidade internacional deveresponder a esses esforços nacionais comcontrapartidas imediatas e efetivas.

O sistema das nações experimentatransformações rápidas e é preciso que osavanços expressivos no campo político-estratégico inspirem semelhante ousadia ecriatividade na cooperação para odesenvolvimento sócio-econômico.

Num mundo interdependente, a pazsomente se consolidará se houver empenhocomum, equilibrado e co-responsável, notrabalho de estabelecer uma ordem justaentre os Homens e os países.

Esse é a verdadeira vocação dasdemocracias.

Senhor Presidente,

O Brasil e os Estados Unidos sãopaíses muito próximos: na geografia,somos parte do mesmo continente; nahistória, pertencemos à mesma geração de

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nações independentes; na filosofia denossos povos, imperam os valores do pro-gresso individual e coletivo, da liberdadepolítica e económica.

Temos em comum uma longatrajetóriade amizade e cooperação

Mas precisamos fazer mais, muitomais.

A medida que o mundo se organizaem grandes espaços económicos continen-tais, é clara a responsabilidade que temosna construção de uma região integrada eforte.

A parceria que soubermos criar eampliar juntamente com as demais naçõesirmãs da América Latina será um elementofundamental para o futuro desteHemisfério.

A oportunidade, Presidente Bush,está colocada diante de nós, ao alcance denossas mãos.

Brasil e Estados Unidos jamaispercorreram caminhos opostos; isso nãobasta, vamos agora fazer juntos caminhosmelhores.

Faço votos que este nossoreencontro inaugure uma nova parceriaentre nossos povos.

Que Deus nos ajude nesta tarefa!

Discurso do Presidente Fernando Collorno ato de recebimento do prémio Interna-tional Environmental Leadership, emWashington, em 19 de junho de 1991

Minhas palavras iniciais são dereconhecimento pelo gesto desta organi-

zação em outorgar-me o Prémio de Lide-rança Internacional na Área Ambiental.

Sinto-me honrado por entrar no roldas personalidades agraciadas em ocasiõesanteriores, como a Primeira-Ministra GroHarlem Bruntland, o Primeiro-MinistroBrian Mulroney e o Doutor MustaphaTolba.

São lideranças reconhecidas pelo quefazem pela saúde do planeta.

Prémios habitualmente consagram oêxito de empreendimentos já acabados.

Não é este o caso.

Sei que a presente homenagemrepresenta sinal expressivo de apoio aosesforços que o povo e o Governobrasileiros têm realizado no sentido depreservar um dos mais ricos patrimóniosnaturais do planeta.

Quero que esse apoio desinteressadoà nossa luta pela criação de uma consci-ência ecológica mais forte e atuante sejasímbolo de alcance universal dessa causa.

No Brasil, desencadeamos umprocesso de mudança de mentalidadesarraigadas, que julgavam ser economi-camente incompatível a preservação danatureza com o desenvolvimento econó-mico.

Muito já se fez, mas muito ainda restapor fazer: o importante foi termos rompidoa inércia.

Senhoras e Senhores,

A questão ambiental tornou-se umsímbolo da interdependência que marca asrelações internacionais contemporâneas.

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Somente a ação coordenada dacomunidade das nações será capaz deenfrentar um desafio que comportadimensões sem precedentes.

A origem do caráter ambientalmentepredatório do progresso humano encontra-se no modelo de desenvolvimento que seadotou a partir da Revolução Industrial.

A vontade infinita de progresso fezesquecer que os recursos naturais da Terrasão finitos.

E também infinita a capacidadehumana de organizar-se, de unir forças paraalcançar objetivos consensuais.

Nas últimas duas décadas, o tema daecologia ultrapassou a fronteira doscírculos restritos de especialistas paratransformar-se num dos assuntos que maisatenção desperta no Homem contem-porâneo, independentemente de latitude oude convicção política.

Há vinte anos, dificilmente estaría-mos a discorrer sobre essas questões anteuma assembleia de empresários.

A identificação do problema ecoló-gico levou alguns governantes a adotardecisões políticas que permitiram, nomundo desenvolvido, canalizar investi-mentos para as necessárias adaptaçõesindustriais e ampliação de sistemas desaneamento, que reduziram sensivelmentealguns prejuízos ambientais.

A situação parecia bem encami-nhada, quando o mundo se deu conta deque a degradação do meio ambiente havia-se tornado um fenómeno de dimensõesplanetárias, cuja solução não podia maislimitar-se a medidas tópicas, de caráterpaliativo.

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Estamos diante de um desafio quepode mudar a história dos Homens e dasnações: a necessidade da busca de um novosistema de cooperação entre os países paraa proteção do meio ambiente, e, sobretudo,a redefinição de estratégias que levem àtransformação qualitativa das estruturaseconómicas internacionais.

A história indica que o êxito de umacruzada ambiental dependerá da conjunçãode vários fatores: o essencial é articulá-lospara a criação de um novo modeloeconómico capaz de harmonizar Homeme Natureza.

A ciência e a tecnologia têm um papelfundamental a desempenhar na concepçãoe implementação de um novo modeloprodutivo, que deverá ter por parâmetro oimperativo do equilíbrio ecológico.

A maneira como as sociedadesconduziram o desenvolvimento da ciênciae da tecnologia foi uma das principais cau-sas dos problemas que hoje enfrentamos.

De certa forma, a ciência e atecnologia ajudaram a produzir a doença,fizeram seu diagnóstico e, agora, são oremédio para sua cura.

A propósito, gostaria de citarpalavras do pensador brasileiro JoséGuilherme Merquior, recente e prematura-mente falecido: "a verdadeira tarefa daciência não é humanizar o conhecimento;é preservar seu rigor, de modo a conferirmaior objetividade a nossos esforços parahumanizar, isso sim, a vida; quanto menosa ciência nos consola, mais adquire con-dições de os servir".

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De fato, as realidades que a ciênciarevela são, muitas vezes, dramáticas, masesse é um dos propósitos do conhecimento.

Senhoras e Senhores,

Temos de adotar profundas mudan-ças económicas; a ação é urgente e oscaminhos ainda não estão claramentedefinidos.

Sabemos que está em jogo o própriofuturo da sociedade industrial.

Sabemos, também, que alterar siste-mas produtivos e estruturas económicasimplica introduzir novos elementos nomecanismo de competição entre países, eda mesma forma, entre empresas.

Não devemos hesitar em substituirinsumos, em investir em técnicaspoupadoras de energia ou na utilização denovas, matrizes energéticas.

Mas, para que isso se faça com equilí-brio, são necessários entendimentos globaispara que todos possam ganharconjuntamente.

A iniciativa privada tem respon-sabilidade importantíssima tanto noredirecionamento da pesquisa e daaplicação da ciência e tecnologia, como natransformação do modelo económico.

Tal responsabilidade vai exercer-senas decisões microeconômicas, tomadas noâmbito de cada empresa, e na definição dasgrandes linhas macroeconômicas.

Os sindicatos de trabalhadorestampouco podem ficar a reboque dos fatose da dinâmica dos acontecimentos.

É preciso que essa consciênciaecológica impulsione ações cada vez mais

determinadas e abrangentes de todos ossetores da sociedade.

Muito pouco se fará se não semobilizarem as vontades políticasnacionais.

Assim se fizeram as grandesmudanças; assim se derrubaram os muroserguidos para tentar impedir a realizaçãodas mais legítimas necessidades easpirações humanas.

A paz mundial é outra exigência daluta por um novo modelo de desenvol-vimento: paz mundial e mundo sadios sãosinónimos.

A guerra, e a própria preparaçãopara ela, agridem e ameaçam a natureza:aí está o exemplo recente do desastreecológico causado pela Guerra do Golfo;aí estão os arsenais nucleares a pôr em riscoa vida do planeta.

A paz que devemos buscar não éapenas a ausência de guerra; é a paz queconstrói o bem-estar, que reparteuniversalmente os frutos do progresso, quegarante o acesso amplo à ciência e àtecnologia, que erradica o subdesen-volvimento: a paz que acaba com a misériae a pobreza.

Senhoras e Senhores,

O lugar ideal para a definição denovos rumos a serem seguidos pelahumanidade já está escolhido: aConferência das Nações Unidas sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento, que o Brasilsediará, no Rio de Janeiro, em 1992.

Nesse encontro, poderemos proce-der a uma avaliação criteriosa do estado

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do meio ambiente, e das condicionantessócio-econômicas relacionadas com oprocesso de deterioração ambiental.

Ali, poderemos traçar os parâmetrospara promover o ideal de desenvolvimentosustentável e ambientalmente sadio.

Ali, será possível tratar, com priori-dade máxima, da questão do direciona-mento de recursos financeiros novos econcessionais aos países em desenvol-vimento, bem como da adoção de mecanis-mos de acesso desses países, sob condiçõesfavoráveis, às novas tecnologiasambientais.

Nenhum povo, hoje, pode estaralheio à gravidade da situação do equilíbrionatural na Terra.

A preservação desse equilíbrio nãopode, no entanto, penalizar os países menosavançados, congelando os atuais níveis dedesenvolvimento e a qualidade de vida desuas populações.

Essa é uma diretriz ética, mais do quepolítica ou económica, e deve orientartodos os nossos esforços.

As distorções produzidas pelo subde-senvolvimento têm gerado pressõesgigantescas sobre o meio ambiente: adevastação das florestas tropicais é provainconteste desse fato.

A opção por estratégias de desenvol-vimento auto-sustentável é a respostanecessária ao imperativo de crescimentoeconómico para as nações que buscamsuperar o dramático panorama social comque se defrontam.

Senhoras e Senhores,

O Brasil trata do debate ecológicocom total transparência e sensibilidade, semsubterfúgios, sem complexos.

Os avanços já se estãomaterializando, e o mais importante é queessas vitórias ocorrem num ambientedemocrático, e com ampla participação dacidadania.

As imagens transmitidas por satéliteatestam, por exemplo, que o desmatamentoda Amazónia teve seu ritmo sensivelmentediminuído e continua a diminuir.

A sociedade brasileira está-se mobili-zando para elaborar e fazer cumprir leis deconservação da natureza.

Para que se crie uma consciênciaecológica desde a infância, estamosincluindo no currículo escolar umadisciplina sobre meio ambiente.

Conhecemos a importância para aNação de valorizar nossa identidade cul-tural, atribuindo prioridade absoluta àpreservação das comunidades indígenas.

Sou otimista com relação ao futurode nossos descendentes, porque creio queserá possível articular, no curto prazo,formas de parceria global para a soluçãoda questão ecológica.

A minha geração deu o grito de alertacontra a destruição do meio ambiente; aminha geração, e também as mais jovens,têm agora o dever de conduzir essabandeira.

A Terra é um organismo vivo egeneroso; temos o desafio de preservá-la.

Essa questão obriga a Humanidadea pensar de forma integral o seu destino.

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A cooperação não é utopia, éclaramente uma necessidade.

Está em jogo a nossa própriaexistência; a realização da esperança de ummundo melhor haverá de unir Homens ePovos.

Que Deus nos ajude nessa missão!

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Tratados, Acordos e Convénios

Brasil-Argélia

Acordo de Cooperação Económica

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República ArgelinaDemocrática e Popular (doravantedenominados "Partes"),

No espirito de amizade e decooperação que une os dois países;

Desejosos de desenvolver acooperação económica e industrial entreos dois países, numa perspectiva de médioe longo prazo, e

Empenhados em traduzir, em suasrelações de cooperação, os objetivoscomuns às duas Partes para efetivar umacooperação sul-sul mutuamente pro-veitosa,

Convêm no seguinte:

ARTIGO I

A Cooperação de que trata opresente Acordo visa à intensificação ediversificação das relações económicas ecomerciais entre os dois países, numa pers-pectiva de médio e longo prazo e no quadrode uma abordagem de conjunto.

ARTIGO II

A cooperação tem por objetivoaperfeiçoar e reforçar a estrutura econó-mica de cada um dos dois países, de acordo

com os potenciais respectivos, espe-cialmente no âmbito dos meios para aconcepção e para a produção económica.

ARTIGO m

As Partes procurarão garantir odesenvolvimento e ampliação de suacooperação económica, de acordo com asnecessidades e capacidades de suasrespectivas economias e em função de suascomplementaridades e das prioridadesestabelecidas em seus planos de desen-volvimento.

ARTIGO IV

As Partes promoverão o favoreci-mento de condições ótimas para a transfe-rência de tecnologia por meio de medidasde estímulo, apoio e encorajamento.

Com esse objetivo, as Partesprocurarão garantir uma articulação eficaze coerente entre as diferentes formas decooperação, em uma perspectiva global demédio e longo prazo.

ARTIGO VA fim de assegurar um

desenvolvimento durável e harmonioso emsua cooperação, as Partes usarão suainfluência e seus bons ofícios, de acordocom as suas leis e regulamentosrespectivos, para favorecer o respeito doscompromissos contratuais que vierem a sersubscritos pelas empresas dos dois paísesem suas relações.

Elas agirão no sentido de facilitar asolução dos diferendos que possam surgir

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entre empresas e instituições dos doispaíses e esforçar-se-ão por buscar soluçõesmutuamente satisfatórias a tais diferendos.

ARTIGO VI

As Partes convêm em examinar aspossibilidades de novas formas decooperação e, em especial, a criação desociedades de economia mista entre empre-sas dos dois países, com vistas a atividadesseja em um dos dois países, seja emterceiros países.

ARTIGO VII

As Partes convêm em estabeleceruma cooperação entre seus organismosrespectivos de comércio exterior.

ARTIGO VIII

As Partes consideram que acooperação financeira a médio e longoprazo é fundamental para o de-senvolvimento das relações económicasentre os dois países, e se comprometem aexaminar, de acordo com as legislaçõesrespectivas, as condições de financiamentosuscetíveis de favorecer o desenvolvimentode sua cooperação económica e seuintercâmbio comercial.

ARTIGO IX

A Comissão Mista Brasileiro -Argelina para a Cooperação Económica,Comercial, Científica, Tecnológica e Cul-tural, criada por Acordo firmado emBrasília, em 3 de junho de 1981, seráencarregada de acompanhar a execução dopresente Acordo, de examinar osproblemas decorrentes de sua execução,bem como de estudar as soluçõesapropriadas.

ARTIGO X

Todo diferendo sobre a interpretaçãoou sobre a aplicação do presente Acordoserá solucionado de comum acordo entreos dois Governos.

ARTIGO XI

1. O presente Acordo entrará em vigor nadata em que as Partes Contratantes tiveremnotificado o cumprimento das formalidadesprevistas em suas respectivas legislações.

2. O presente Acordo permanecerá emvigor por um período de cinco anos, sendoautomaticamente renovado salvo em casode denúncia por uma das PartesContratantes, formulada com seis meses deantecedência.

3. O fim da vigência do presente Acordonão prejudicará a realização de projetoscuja execução já tenha sido iniciada duranteseu período de validade, a menos que asPartes convenham de outra forma.

Feito em Argel, aos 20 dias do mêsde setembro de 1987, em dois exemplaresem português, árabe e francês, sendoambos os textos igualmente válidos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILJosé Hugo Castelo-BrancoMinistro da Indústria e do Comércio

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAARGELINA DEMOCRÁTICA EPOPULARFayçal BoudraaMinistro da Indústria Pesada

(Nota: Promulgado em 26 de fevereiro de1991)

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Brasil-BulgáriaAcordo sobre Navegação

Marítima Comercial

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República Popular daBulgária,

Desejosos de desenvolver anavegação marítima comercial entre os doispaíses,

Acordam o seguinte:

ARTIGO I

A cooperação entre os dois paísesno campo da navegação marítimacomercial será baseada nos princípios deigualdade de direitos, respeito à soberanianacional e assistência e vantagem mútuas.

ARTIGO II

As Partes Contratantes prestarãoassistência mútua para o estabelecimentodo mais amplo contacto entre seusrespectivos organismos responsáveis pelasatividades no setor de transportesmarítimos, de conformidade com o ArtigoI do presente Acordo.

ARTIGO IIIO presente Acordo terá aplicação no

território da República Federativa do Brasile no território da República Popular daBulgária.

ARTIGO IV

Para efeitos deste Acordo, aexpressão "navio de uma Parte Contra-tante" significa "qualquer embarcação

mercante, matriculada e navegando sobbandeira desse país, de acordo com alegislação nacional de cada uma das PartesContratantes", exceto:

a) navios de guerra;

b) outros navios quando em ser-viço exclusivo das forças armadas;

c) navios de pesquisa (hidro-gráfica, oceanográfica e científica);

d) barcos de pesca;

e) embarcações exercendo fun-ções não comerciais (embarcaçõesgovernamentais, navios-hospital, etc).

ARTIGO V

1. Cada Parte Contratante prestará à outratodo o auxílio possível para o desen-volvimento da navegação marítimacomercial entre os dois países e se absteráde tomar quaisquer medidas que possamvir a prejudicar o progresso normal da livrenavegação internacional. Nesse sentido, asPartes Contratantes concordam em:

a) encorajar a participação dosnavios de bandeira brasileira e búlgara notransporte de mercadorias entre os portosdos dois países, conforme as disposiçõesde contratos comerciais, e cooperar para aeliminação de eventuais obstáculos quepossam prejudicar o desenvolvimentodesse transporte;

b) não criar obstáculos aos naviosda outra Parte Contratante quandoestiverem transportando mercadorias entreos portos desta e os de terceiros países.

2. O disposto no parágrafo 1 do presenteArtigo não afeta o direito que têm os naviosde terceira bandeira de participar do tráfego

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marítimo entre os portos das duas PartesContratantes e os portos de terceirospaíses.

ARTIGO VI

1. Cada Parte Contratante concederá aosnavios da outra Parte Contratante, em seusportos e águas territoriais, o mesmotratamento que concede aos navios na-cionais empregados em transporteinternacional marítimo, no tocante a:

- entrada e saída das águas territoriaise dos portos;

- utilização dos portos para carga edescarga de mercadorias e para embarquee desembarque de passageiros;

- pagamento de taxas e à utilizaçãode serviços relacionados com a navegaçãocomercial marítima e as operaçõescomerciais costumeiras dela decorrentes.

2. As disposições contidas no parágrafo 1do presente Artigo não se aplicarão:

- às atividades que, de acordo com alegislação de cada Parte Contratante, sejamreservadas às suas próprias empresas,companhias e organizações, tais como ocomércio costeiro, cabotagem, operaçõesde salvamento, reboque e outros serviçosportuários;

- aos regulamentos referentes àadmissão e estada de cidadãos estrangeirosno território de cada uma das PartesContratantes;

- aos regulamentos de praticagemobrigatória para navios estrangeiros;

- aos portos não abertos a naviosestrangeiros.

ARTIGO VII

As Partes Contratantes tomarão, noslimites de sua legislação e regulamentosportuários, todas as medidas necessáriaspara facilitar e encorajar os transportesmarítimos, para impedir demorasdesnecessárias dos navios de suas bandeirasnacionais em seus portos e para acelerar esimplificar, tanto quanto possível, oatendimento de formalidades alfandegáriase outras em vigor nos respectivos portos.

ARTIGO Vin

1. Os certificados de nacionalidade earqueação de navios, bem como outrosdocumentos de bordo, expedidos oureconhecidos pelas autoridadescompetentes de uma das PartesContratantes, serão reconhecidos pelasautoridades correspondentes da outra ParteContratante.

2. Os navios de cada Parte Contratante,providos de certificado de arqueaçãoexpedido de acordo com as normasvigentes e reconhecido como válido deacordo com o parágrafo 1 deste Artigo,serão dispensados de nova medição nosportos da outra Parte Contratante.

3. O cálculo e o pagamento de tarifasportuárias serão efetuados com base noscertificados de arqueação dos naviosmencionados no parágrafo 1 do presenteArtigo, observando-se os regulamentoslocais e em condições idênticas às vigentespara os navios da Parte receptora.

ARTIGO IX

1. A expressão "membro da tripulação"refere-se a: "qualquer pessoa a bordo do

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navio durante a viagem, que desempenhefunções ligadas à exploração ou ma-nutenção do mesmo, e seja incluída no rolde equipagem".

2. As Partes Contratantes reconhecerão osdocumentos de identidade dos membros datripulação, expedidos ou reconhecidospelas respectivas autoridades competentes.Os referidos documentos de identidade são:

- para os tripulantes da RepúblicaFederativa do Brasil: a "Caderneta deInscrição e Registro";

- para os tripulantes da RepúblicaPopular da Bulgária: a "Caderneta deTripulante".

3. As Partes Contratantes concordam emcumprir o disposto na Convenção n. 108da Organização Internacional do Trabalhono que concerne ao reconhecimento dosdocumentos de identidade e de nacionali-dade dos tripulantes, para efeito de entradae estada dos mesmos em seus respectivosterritórios.

ARTIGO X

1. Os portadores de documento deidentidade, de acordo com o Artigo IX dopresente Acordo, e os tripulantes de navioda Parte Contratante que tenha expedidotais documentos, poderão descer à terrasem visto e permanecer na cidade em queo porto se situa, durante o tempo em queo navio estiver atracado, desde que estejamincluídos na lista de tripulantes constantesdo Rol de Equipagem submetido pelo Ca-pitão às autoridades portuárias.

2. Desde sua descida à terra, até o retornoao navio, os tripulantes deverão obedecer

aos regulamentos vigentes no país quevisitam.

ARTIGO XI

1. Os portadores de documento deidentidade conforme o Artigo IX dopresente Acordo terão o direito,independentemente do meio de transporteque utilizarem, de entrar no território daoutra Parte Contratante ou atravessá-locom o objetivo de retornar ao navio, deser transferidos para outra embarcação, ouviajar por qualquer outro motivopreviamente aprovado pelas autoridadescompetentes da Parte receptora.

2. Em todos os casos mencionados noparágrafo 1 deste Artigo, os documentosde identidade deverão incluir visto deentrada no país por cujo território seusportadores passarão. O visto em questãoserá expedido pelas autoridadescompetentes do país receptor dentro domenor tempo possível.

3. Quando um tripulante de uma das PartesContratantes, portador de documento deidentidade conforme o Artigo IX desteAcordo, desembarcar em porto da outraParte Contratante por motivo de doençaou por outras razões reconhecidas comoaceitáveis e válidas pelas autoridadescompetentes no referido porto, estasdeverão expedir, dentro do menor tempopossível, a permissão necessária para queo tripulante em questão possa permanecerem seu território durante o período dehospitalização ou possa retornar ao paísde origem, utilizando qualquer meio detransporte, ou dirigir-se a outro porto paraembarcar em outro navio.

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ARTIGO

Cada Parte Contratante prestaráassistência médica à tripulação dos naviosda outra Parte Contratante, de acordo comsua legislação

ARTIGO XIII

Não obstante as disposições dosArtigos IX, X, XI e XII deste Acordo,serão aplicáveis os regulamentos válidosno território de cada Parte Contratante arespeito da entrada, permanência e saídade estrangeiros.

ARTIGO XIV

1. Se um navio de uma das PartesContratantes encalhar, der à praia ou sofrerqualquer outro acidente na costa da outraParte Contratante, este navio e sua cargagozarão da mesma proteção garantida àsembarcações nacionais e sua carga. Aocomandante, à tripulação e aos passageirosa bordo do navio que sofreu avaria serãodispensadas, em qualquer tempo, a mesmaassistência, ajuda e proteção que seriamasseguradas aos nacionais do país em cujaságuas territoriais ocorreu o acidente.Nenhuma provisão do presente Artigoimpedirá a formulação de quaisquerreivindicações concernentes à ajuda eassistência prestadas ao navio que sofreuavaria, à sua tripulação, passageiros, cargae propriedades.

2. O navio que tenha sofrido acidente, suaspropriedades e carga a bordo, não estarãosujeitos a cobrança de direitos aduaneiros,impostos ou outros gravames de qualquernatureza que incidam, usualmente, sobreas importações, desde que os mesmos nãosejam destinados ao uso ou consumo no

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território da outra Parte Contratante ondeocorreu o acidente.

3. Nenhuma disposição do parágrafo 2 dopresente Artigo poderá ser interpretadacomo eliminando a observação e aaplicação das leis e dos regulamentos emvigor nos territórios das PartesContratantes com respeito à armazenagemtemporária de mercadorias.

ARTIGO XV

As Partes Contratantes concederãouma à outra, sempre que necessário,através das respectivas companhias denavegação e organizações marítimas, odireito de estabelecimento, em seuterritório, de agência para tratar dosrespectivos interesses comerciaismarítimos, observando-se a legislação dopaís receptor.

ARTIGO XVI

1. As rendas e lucros auferidos, comoresultado das atividades de transportemarítimo pelos navios e companhias denavegação de uma das Partes Contratantesno território da outra, estarão isentos deimpostos sobre a renda e o lucro noterritório dessa outra Parte.

2. As Partes Contratantes tomarão asmedidas necessárias para a rápidaliquidação e transferência das importânciasresultantes do pagamento de fretes aosarmadores autorizados.

ARTIGO XVn

1. As Partes Contratantes concordam emcooperar para a solução amigável deeventuais disputas que possam surgir entreas respectivas pessoas físicas e jurídicas a

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respeito da navegação marítima comercial.Caso tal não seja possível, as disputas serãoresolvidas por arbitragem, desde que asPartes assim convenham. A solução dedisputas por arbitragem dispensará a ju-risdição dos tribunais.

2. As Partes Contratantes garantirão ocumprimento da sentença arbitrai, desdeque:

a) a sentença esteja em vigor deacordo com a legislação do país onde foipronunciada;

b) a sentença não contradiga aordem pública do acusado.

A sentença arbitrai será cumprida deacordo com a legislação do acusado.

ARTIGO XVin

1. As autoridades competentes de cada umadas Partes Contratantes não levarão emconsideração as diferenças e disputas quepossam surgir a bordo ou em porto de seuterritório, entre o armador, o Capitão, osoficiais e os tripulantes a respeito desalários, objetos de uso pessoal e, em geral,trabalho a bordo de navio de bandeira daoutra Parte Contratante.

2. As autoridades competentes de uma dasPartes Contratantes não intervirão a bordode navio de bandeira da outra ParteContratante quando em portos de seuterritório, exceto:

a) a pedido da Autoridade Con-sular, ou com autorização desta;

b) quando houver ameaça à segu-rança ou à ordem pública na costa ou noporto;

c)quando pessoas alheias àtripulação estiveram envolvidas.

3. As disposições do presente Artigo nãoafetam os direitos das autoridades locaisquanto à aplicação das leis e regulamentosaduaneiros, ao zelo pela saúde pública eoutras medidas de controle e prevenção ati-nentes à segurança dos navios e portos, àsalvaguarda da vida humana no mar, àsegurança das mercadorias e à admissãode estrangeiros em seu território.

ARTIGO XIX

1. Em espírito de estreita cooperação, asPartes Contratantes consultar-se-ãoperiodicamente com vistas a:

a) discutir e aperfeiçoar ascondições de aplicação do presenteAcordo;

b) estudar problemas específicosque, a seu ver, requeiram atenção imediata;

c) sugerir e coordenar eventuaisemendas ao presente Acordo.

2. As Partes Contratantes terão o direitode propor reuniões de consulta entre asautoridades marítimas competentes dosdois países. As referidas reuniões deconsulta serão realizadas dentro de nãomais de 60 (sessenta) dias a partir da datade sua proposta.

3. Para os efeitos do presente Artigo, asautoridades marítimas competentes são:

- na República Federativa do Brasil- a Superintendência Nacional da MarinhaMercante (SUNAMAM);

- na República Popular da Bulgária -o Ministério dos Transportes.

4. Se, por alteração da legislação de algumadas Partes Contratantes, for modificada acompetência da autoridade marítima,

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mencionada no parágrafo 3 do presenteArtigo, a designação de nova autoridadeserá comunicada à outra Parte Contratante,por via diplomática.

ARTIGO XX

1. Cada uma das Partes Contratantesnotificará a outra do cumprimento dasrespectivas formalidades constitucionaisnecessárias à aprovação do presenteAcordo, o qual entrará em vigor na datado recebimento da segunda dessasnotificações.

2. As alterações ao presente Acordoentrarão em vigor na forma indicada peloparágrafo 1 do presente Artigo.

3. O presente Acordo permanecerá emvigor por período ilimitado, a menos queuma das Partes Contratantes o denuncie,por via diplomática. A denúncia surtiráefeito seis meses após a data derecebimento da respectiva notificação.

Feito em Sofia, aos 19 dias do mêsde agosto de 1982, em dois originais, nosidiomas português, búlgaro e inglês, sendotodos os textos igualmente autênticos. Emcaso de divergência de interpretação,prevalecerá o texto em inglês.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILCarlos Alberto Pereira Pinto

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAPOPULAR DA BULGÁRIANikolai Youchev

(Nota: Promulgado em 27 de março de1991)

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Brasil - Cabo VerdeAcordo Comercial

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República de CaboVerde,

(doravante denominados "PartesContratantes"),

Desejosos de estabelecer eintensificar as relações comerciais eeconómicas entre os dois países com basenos princípios de igualdade, de benefíciosmútuos e de equilíbrio razoável nas trocascomerciais, e

Inspirados pelo alto grau atingido nasrelações amistosas e solidárias existentesentre os dois povos e governos,

Acordam o seguinte:

ARTIGO I

1. As Partes Contratantes, tendo em vistafacilitar e desenvolver as trocas comerciaisentre os dois países, concedem,reciprocamente, o tratamento de naçãomais favorecida em tudo o que respeita adireitos aduaneiros, impostos eformalidades relativas à importação,exportação ou trânsito de mercadoriasoriginárias dos seus territórios.2. O disposto no parágrafo anterior não seaplica:

a) às vantagens resultantes de umaunião aduaneira, zona de livre comércio oude outro agrupamento económico de queuma das Partes Contratantes é ou possavir a ser membro;

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b) aos direitos, privilégios e àsvantagens que as Partes Contratantestenham concedido ou concederem nofuturo aos países vizinhos ou limítrofes comvistas a facilitar o comércio fronteiriço;

c) às medidas de prevenção ou derestrição impostas por uma ou por ambasas Partes Contratantes para a proteção dasaúde humana, da fauna e da flora nos seusterritórios.

ARTIGO II

1. A importação e a exportação demercadorias serão efetuadas emconformidade com as disposições dopresente Acordo e com as leis eregulamentos relativos às operaçõescambiais e de comércio externo em vigornos dois países.

2. As transações comerciais, nos termosdo presente Acordo, efetuar-se-ão na basede contratos concluídos entre as pessoasjurídicas de cada um dos países, legalmenteautorizadas a efetuar operações decomércio externo.

ARTIGO m

Os produtos originários de uma oude outra Parte Contratante poderão serreexportados para terceiros países. Noentanto, cada uma das Partes Contratantesse reserva o direito de proibir areexportação de certos produtos a terceirospaíses, no momento da conclusão daoperação comercial.

ARTIGO IV

Para a consecução dos objetivos dopresente Acordo, as Partes Contratantescomprometem-se a assegurar, oportuna e

anualmente, através da Comissão Mista deCooperação Brasileiro-Cabo-verdiana,instituída pelo Tratado de Amizade eCooperação, concluído pelas PartesContratantes, a 7 de fevereiro de 1979, oupor via diplomática, um intercâmbio de in-formações sobre as suas disponibilidadesde venda e necessidades de compra.

ARTIGO V

Os contratos comerciais celebradosno quadro do presente Acordo levarão emconta as condições de preço do mercadointernacional e ficarão sujeitos àsdisposições legais vigentes em cada país.

ARTIGO VI

As questões relacionadas comtransportes e fretes, decorrentes daaplicação do presente Acordo, serãoresolvidas pelas Partes Contratantes, obser-vando-se a legislação vigente sobre amatéria em cada um dos países.

ARTIGO

As Partes Contratantes trocarãoentre si todas as informações úteis aodesenvolvimento do comércio entre os seuspaíses.

ARTIGO VIII

1. Qualquer divergência de critérios ouquaisquer problemas que se manifestemdurante as negociações, ou no decorrer daexecução de contratos de compra e venda,deverão tratar-se consoante o espírito dopresente Acordo.

2. Em caso de ausência de cláusulaespecífica de conciliação nos próprioscontratos e de subsistirem controvérsiassubstanciais entre empresas e entidades

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brasileiras e cabo-verdianas que ameacemalterar o desenvolvimento normal dointercâmbio comercial, proceder-se-á auma conciliação em nível de representantesgovernamentais de ambas as Partes Contra-tantes.

ARTIGO IX

1. A Comissão Mista de CooperaçãoBrasileiro-Cabo-verdiana, será responsávelpelo acompanhamento da execução dopresente Acordo.

2. As Partes Contratantes efetuarãoconsultas periódicas, no âmbito daComissão Mista de Cooperação Brasileiro-Cabo-verdiana, destinadas a avaliar os re-sultados dos compromissos assumidos emdecorrência do estabelecido no presenteAcordo.

ARTIGO X

As Partes Contratantes outorgar-se-ão reciprocamente, de acordo com asrespectivas legislações, as facilidadesnecessárias para a realização de feiras, ex-posições, missões comerciais e visitas deempresários. Nesse quadro, autorizarão,nos termos das leis e regulamentos emvigor sobre a matéria em cada país, a in-senção de impostos e taxas aduaneiras dasmercadorias e outros artigos destinados atais eventos.

ARTIGO XI

O presente Acordo entrará em vigorna data da troca dos Instrumentos deRatificação.

ARTIGO XII

O presente Acordo terá uma vigênciade cinco anos, prorrogável automati-

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camente por períodos iguais e sucessivos,salvo se uma das Partes Contratantes co-municar à outra, por nota diplomática, asua decisão de denunciá-lo. A denúnciasurtirá efeito seis meses após a data dorecebimento da respectiva notificação.

ARTIGO

A denúncia do presente Acordo nãoafetará a produção de efeitos dos contratosem execução na data em que ela tenhalugar, nem porá em causa a validade dasobrigações contraídas na vigência dopresente Acordo e ainda não cumpridas,salvo se as Partes Contratantes convieremdiversamente.

ARTIGO XIV

O presente Acordo poderá sermodificado por mútuo consentimento dasPartes Contratantes. Cada ParteContratante notificará a outra documprimento das formalidades internasnecessárias à aprovação das modificações,as quais entrarão em vigor na data dorecebimento da segunda notificação.

Feito na Cidade da Praia, aos 10 diasdo mês de maio de 1986, em dois originais,em português, sendo ambos os textosigualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASIL:

Roberto Costa de Abreu Sodré

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA DECABO VERDE

Silvino Manuel da Luz

(Nota: Promulgado em 13 de março de1991)

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Brasil-CubaAcordo de Cooperação Científica,

Técnica e Tecnológica

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República de Cuba,

Motivados pelo desejo de promovere desenvolver as relações existentes entreos dois países,

Desejosos de fortalecer a cooperaçãoentre ambos no campo da ciência e datecnologia,

Considerando o interesse comum emdesenvolver a cooperação técnica,

Com base nos princípios do respeitoà soberania e a não-ingerência nos assuntosinternos,

Convêm no seguinte:

ARTIGO I

As Partes Contratantes promoverãoo desenvolvimento recíproco dacooperação científica, técnica etecnológica, com base no interesse ebenefício mútuos, igualdade e recipro-cidade, em setores a serem estabelecidospor via diplomática, como apoio comple-mentar a suas próprias iniciativas paraatingir os objetivos de desenvolvimentoeconómico e social nacionais.

ARTIGO n

A cooperação científico-tecnológica,a que se refere o presente Acordo, serádesenvolvida através de:

a) intercâmbio de cientistas,técnicos e especialistas para estudar osconhecimentos, as experiências e osresultados obtidos nos campos da pesquisacientífica e do desenvolvimento tec-nológico e para realizar estágios naquelescampos nas Partes Contratantes;

b) contratação mútua deespecialistas e técnicos para fins detransmissão de experiências científicas etecnológicas;

c) pesquisa conjunta de questõescientíficas e tecnológicas com vistas àutilização prática ulterior dos resultadosobtidos:

d) organização de seminários,simpósios e conferências;

e) intercâmbio mútuo dedocumentação e informação científica etecnológica, bem como sementes, plantas,amostras, etc. destinadas à pesquisa e àexperimentação científica;

f) intercâmbio de resultados depesquisas e experimentos, inclusive delicenças e patentes;

g) outras formas de cooperaçãocientífica e tecnológica a serem acordadaspelas Partes Contratantes.

ARTIGO m

A cooperação técnica entre as PartesContratantes poderá assumir as seguintesmodalidades:

a) permuta de informações, porcorrespondência e através da cessão dematerial técnico-informativo e biblio-gráfico;

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mentos, das informações e de outrosconhecimentos obtidos durante aimplementação e vigência deste Acordo,assim como a sua não-transmissão aterceiros sem o prévio consentimentoescrito da outra Parte.

ARTIGO XIV

Os Ajustes Complementaresdisporão, quando cabível, sobre o regimejurídico a ser aplicado às invençõesrealizadas a partir das atividades previstasnos referidos Ajustes, respeitadas asrespectivas legislações nacionais e osacordos internacionais de que cada paísfaça parte.

ARTIGO XV

1. O presente Acordo permanecerá emvigor por um período de 5 (cinco) anos,renovável, automaticamente, por períodosiguais e sucessivos, a menos que uma dasPartes decida denunciá-lo. A denúnciasurtirá efeito seis meses após a data derecebimentos da notificação respectiva.

2. A denúncia do presente Acordo nãoafetará o desenvolvimento de programas eprojetos em execução dele decorrentes,salvo se as Partes Contratantes convieremdiversamente.

3. O presente Acordo poderá sermodificado por mútuo consentimento dasPartes. As modificações entrarão em vigorna forma indicada no parágrafo 4 desteArtigo.

4. Cada Parte Contratante notificará aoutra, por via diplomática, da conclusão

dos requisitos constitucionais necessáriosà aprovação do presente Acordo, o qualentrará em vigor na data da segundanotificação.

Feito em Havana, aos 18 dias do mêsde março de 1987, em dois exemplaresoriginais, nas línguas portuguesa eespanhola, sendo ambos os textosigualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILRoberto de Abreu Sodré

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA DECUBAIsidoro Malmierca

(Nota: Promulgado em 4 de março de1991)

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Brasil - FAOAcordo referente à ajuda do Programa

Mundial de Alimentos

Considerando que o Governo daRepública Federativa do Brasil (doravantedenominado "Governo") reconhece que oPrograma Mundial de Alimentos, vinculadoàs Nações Unidas e à Organização dasNações Unidas para Alimentação e Agri-cultura (FAO), (doravante denominadoPMA), pode prestar valiosa ajuda aprojetos de desenvolvimento económico esocial elaborados por ele e, portanto, desejavaler-se da oportunidade da ajuda doPMA;e

Considerando que o PMA concordaem prestar tal ajuda mediante solicitaçãoespecífica do Governo;

Por conseguinte, o Governo e oPMA convieram neste Acordo queincorpora as condições sob as quais talajuda pode ser prestada pelo PMA eutilizada pelo Governo de acordo com osRegulamentos do PMA.

ARTIGO I

Solicitação e Acordos de Ajuda

1. O Governo poderá solicitar ajuda naforma de alimentos do PMA para apoiarprojetos de desenvolvimento económico esocial ou para atender a necessidadesalimentares de emergência resultantes decalamidades naturais ou de outras situaçõesde emergência.

2. Qualquer solicitação de ajuda deverá,normalmente, ser apresentada peloGoverno na forma indicada pelo PMA,

através do Representante do PMAacreditado junto ao Governo.

3. O Governo fornecerá ao PMA todas asfacilidades apropriadas e as informaçõesrelevantes necessárias à apreciação dasolicitação.

4. Quando for decidido que o PMAprestará ajuda a um projeto dedesenvolvimento, será acordado um Planode Operações entre o Governo e o PMA.No caso de operações de emergência, emvez de um instrumento formal, serãocelebrados memorandos de entendimentoentre as Partes.

5. Cada Plano de Operações deverá indicaros termos e as condições sob os quais umprojeto será realizado e especificará asrespectivas responsabilidades do Governoe do PMA na implementação do projeto.As disposições do presente Acordo Básicodeverão reger qualquer Plano deOperações concluído entre as Partes.

ARTIGO n

Execução de Projetos de Desen-volvimento e de Operações de Emergência

1. A responsabilidade primeira pelaexecução de projetos de desenvolvimentoe operações de emergência será doGoverno, que fornecerá todo o pessoal,instalações, suprimentos, equipamento,serviços e transporte, e cobrirá todas asdespesas necessárias à implementação dequalquer projeto de desenvolvimento ouoperação de emergência.

2. O PMA entregará produtos alimentíciosao Governo, em caráter de doação, noporto de entrada ou posto fronteiriço e

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de acordo com a lei brasileira e com os atosinternacionais em vigor aplicáveis àmatéria.

4 . 0 Governo manterá o PMA e as pessoasmencionadas no parágrafo 3 do presenteAcordo isentas no caso de quaisquerreivindicações ou obrigações resultantesdas operações realizadas no âmbito desteAcordo, de conformidade com a leibrasileira, nos termos deste Acordo e dosatos internacionais em vigor aplicáveis naocasião, salvo nos casos em que ficarestabelecido entre o Governo e o PMA quetais reivindicações ou obrigações decorramda negligência ou dolo de tais pessoas.

ARTIGO VII

Solução de Controvérsias

Qualquer controvérsia entre oGoverno e o PMA, resultante ourelacionada a este Acordo ou a um Planode Operações, que não possa sersolucionada por negociação ou por outraforma acordada, será submetida aarbitragem a pedido de uma das Partes. Aarbitragem será realizada em localidadefora do Brasil, estabelecida entre as Partes.Cada Parte indicará e instruirá um árbitro,notificando a outra Parte do nome doárbitro indicado. Caso os árbitros nãocheguem a um acordo sobre o laudo,deverão designar, imediatamente, umdesempatador. Caso, dentro de trinta diasapós o pedido de arbitragem, cada Partenão indicar um árbitro, ou se os árbitrosindicados não chegarem a um acordo sobreo laudo ou sobre a designação de umdesempatador, cada Parte poderá solicitarao Presidente de Corte Internacional deJustiça a nomeação de um árbitro ou de

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um desempatador, conforme o caso. Asdespesas com a arbitragem correrão acargo das Partes, conforme estabelecido nolaudo de arbitragem. O laudo de arbitragemserá aceito pelas Partes como a adjudicaçãofinal da controvérsia.

ARTIGO

Disposições Gerais

1. Este Acordo entrará em vigor na dataem que o Governo brasileiro notificar oPrograma Mundial de Alimentos documprimento das formalidades constitu-cionais necessárias à aprovação do presenteAcordo e permanecerá em vigor porperíodo ilimitado, a menos que sejadenunciado nos termos do parágrafo 3deste Artigo.

2. Este Acordo poderá ser modificado porconsentimento mútuo, por escrito, entre asPartes. Qualquer assunto relevante, para oqual não haja disposição expressa nesteAcordo, será resolvido pelas Partes emconformidade com as resoluções e decisõesdo Comité de Políticas e Programas deAjuda Alimentar (CPPAA) das NaçõesUnidas/FAO. Cada Parte considerará comsimpatia qualquer proposta efetuada pelaoutra Parte no âmbito deste parágrafo.

3. Este Acordo poderá ser denunciado porqualquer das Partes através de notificaçãopor escrito à outra Parte, e deixará devigorar sessenta dias após o recebimentodesta notificação. Não obstante qualquernotificação de denúncia, este Acordomanter-se-á em vigor até a completarealização e cumprimento de todos osPlanos de Operações acordados com baseno presente Acordo Básico.

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4. As obrigações assumidas pelo Governode acordo com o Artigo VI deste Acordomanter-se-ão após seu término, conformeo parágrafo 3 acima, na medida necessáriapara permitir a remoção ordenada depropriedades, fundos e haveres do PMA ede funcionários e de outras pessoas que,em função deste Acordo, estejam a serviçodo PMA.

Em testemunho do que, os abaixo-assinados, devidamente nomeadosrepresentantes do Governo da RepúblicaFederativa do Brasil e do Programa Mun-dial de Alimentos, assinam o presenteAcordo.

Feito em Brasília, aos 2 dias do mêsde fevereiro de 1987, em dois exemplaresoriginais, nos idiomas português e inglês.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILRoberto de Abreu Sodré

PELO PROGRAMA MUNDIAL DEALIMENTOSPeter Koenz

(Nota: Promulgado em 11 de março de1991)

Brasil - GuianaAcordo sobre Prevenção, Controle,

Fiscalização e Repressão ao UsoIndevido e ao Tráfico Ilícito de

Entorpecentes ede Substâncias Psicotrópicas

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da RepúblicaCooperativista da Guiana,

(doravante denominados "PartesContratantes"),

Conscientes de que o cultivo, aprodução, a extração, a fabricação, atransformação e o comércio ilegais deentorpecentes e de substâncias psicotró-picas, bem como a organização, a facili-tação e o financiamento de atividadesilícitas relacionadas com estas substânciase suas matérias-primas, tendem a solaparsuas economias e põem em perigo a saúdepública da população, em detrimento doseu desenvolvimento sócio-econômico eatentam, em alguns casos, contra asegurança e a defesa dos Estados;

Observando os compromissos quecontraíram como Partes da Convençãosobre Substâncias Psicotrópicas, de 21 defevereiro de 1971;

Convencidos da necessidade deadotarem medidas complementares paracombater todos os tipos delitivos eatividades relacionadas com o uso indevidoe com o tráfico ilícito de entorpecentes ede substâncias psicotrópicas;

Considerando a conveniência deestabelecer uma fiscalização rigorosa da

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produção, da distribuição e da comercia-lização de matérias-primas, entre as quaisse incluem os precursores e os produtosquímicos essenciais utilizados noprocessamento ilícitos de entorpecentes ede substâncias psicotrópicas,

Interessados em estabelecer meiosque permitem a comunicação direta entreos organismos competentes de ambos osEstados Contratantes e a troca de infor-mações permanentes, rápidas e segurassobre o tráfico e atividades correlatas; e

Levando em consideração osdispositivos constitucionais e adminis-trativos e o respeito aos direitos inerentesà soberania nacional de seus respectivosEstados;

Acordam o seguinte:

ARTIGO I

As Partes Contratantes empreen-derão esforços conjuntos, a harmonizarpolíticas e a realizar programas específicospara o controle, a fiscalização e a repressãodo tráfico ilícito de entorpecentes e de subs-tâncias psicotrópicas e das matérias-primasutilizadas em seu processamento, a fim decontribuir para a erradicação de suaprodução ilícita. Os esforços conjuntosestender-se-ão, igualmente, ao campo daprevenção ao uso indevido, ao tratamentoe à recuperação de farmacodependentes.

ARTIGO II

As Partes Contratantes adotarãomedidas administrativas para controlar adifusão, a publicação, a publicidade, a pro-paganda e a distribuição de materiais quecontenham estímulos ou mensagenssubliminares, auditivas, impressas ou

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audiovisuais que possam promover o usoindevido e o tráfico de entorpecentes e desubstâncias psicotrópicas.

ARTIGO

As Partes Contratantes intensificarãoe coordenarão os esforços dos organismosnacionais competentes para a prevenção douso indevido, a repressão do tráfico, otratamento e recuperação de farmacode-pendentes e a fiscalização dos entorpe-centes e das substâncias psicotrópicas, bemcomo reforçarão tais organismos comrecursos humanos, técnicos e financeiros,necessários à execução do presenteAcordo.

ARTIGO IV

As Partes Contratantes adotarãomedidas administrativas contra a facilita-ção, a organização e o financiamento deatividades relacionadas com o tráfico ilícitode entorpecentes e de substâncias psicotró-picas. Exercerão, ademais, uma fiscalizaçãorigorosa e um controle estrito sobre aprodução, a importação, a exportação, aposse, a distribuição e a venda de matérias-primas, inclusive dos precursores e dosprodutos químicos essenciais utilizados nafabricação e no processamento dessassubstâncias, levando em consideração asquantidades necessárias para satisfazer oconsumo interno para fins médicos,científicos, industriais e comerciais.

ARTIGO V

As Partes Contratantes estabelecerãomodalidades de comunicação direta sobrea detecção de navios, de aeronaves ou deoutros meios de transporte suspeitos deestarem transportando, ilicitamente, entor-

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pecentes e substâncias psicotrópicas ousuas matérias-primas, inclusive os precur-sores e os produtos químicos essenciaisutilizados na fabricação e transformaçãodessas substâncias. Em consequência, asautoridades competentes das PartesContratantes adotarão as medidas queconsiderem necessárias, de acordo comsuas legislações internas.

ARTIGO VI

As Partes Contratantes apreenderãoe confiscarão, de acordo com suaslegislações respectivas, os veículos detransporte aéreo, terrestre ou marítimo em-pregados no tráfico, na distribuição, noarmazenamento ou no transporte deentorpecentes e de substânciaspsicotrópicas, inclusive dos precursores edos produtos químicos essenciais utilizadosna fabricação e processamento dessassubstância.

ARTIGO

As Partes Contratantes adotarão asmedidas administrativas necessárias eprestarão assistência mútua para:

a) realizar pesquisas einvestigações para prevenir e controlar aaquisição, a posse e a transferência dos bensgerados no tráfico ilícito dos entorpecentese das substâncias psicotrópicas e de suasmatérias-primas, inclusive dos precursorese dos produtos químicos essenciaisutilizados na fabricação e transformaçãodessas substâncias; e

b) identificar e apreender osreferidos bens, de acordo com a legislaçãointerna de cada Parte Contratante.

ARTIGO Vffl

As Partes Contratantes propor-cionarão aos organismos encarregados dereprimir o tráfico ilícito, especialmente aoslocalizados em zonas fronteiriças e nasalfândegas aéreas e marítimas, treinamentoespecial, permanente e atualizado sobreinvestigação, pesquisa e apreensão deentorpecentes e de substâncias psicotró-picas e de suas matérias-primas, inclusivedos precursores e dos produtos químicosessenciais.

ARTIGO PC

As Partes Contratantes trocarãoinformações entre si, rápidas e seguras,sobre:

a) a situação e tendências internasdo uso indevido e do tráfico de entor-pecentes e de substâncias psicotrópicas:

b) as normas internas que regulama organização dos serviços de prevenção,tratamento e recuperação de farmaco-dependentes;

c) os dados relativos à identi-ficação dos traficantes individuais ouassociados e aos métodos de ação por elesutilizados;

d) a concessão de autorizaçãopara a importação e exportação dematérias-primas, inclusive dos precursorese dos produtos químicos essenciaisutilizados na elaboração e na transformaçãode entorpe-centes e de substânciaspsicotrópicas; o volume dessas operações;as fontes de suprimento interno e externo;as tendências e projeções do uso lícito detais produtos de forma a facilitar aidentificação de eventuais encomendas parafins lícitos;

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e) a fiscalização e vigilância dadistribuição e do receituário médico deentorpecentes e de substâncias psicotró-picas; e

f) as descobertas científicas nocampo da farmacodependência.

ARTIGO XCom vistas à consecução dos

objetivos contidos no presente Acordo, asPartes Contratantes, através derepresentantes dos dois Governos, reunir-se-ão, pelo menos uma vez por ano, para:

a) examinar quaisquer questõesrelativas à execução do presente Acordo;e

b) apresentar a seus respectivosGovernos as recomendações consideradaspertinentes para a melhor execução dopresente Acordo.

ARTIGO XIAs Partes Contratantes adotarão as

medidas que forem necessárias à rápidatramitação, entre as respectivas autoridadesjudiciárias, de cartas rogatórias rela-cionadas com os processos que possamdecorrer da execução do presente Acordo,sem com isso afetar o direito das PartesContratantes de exigirem que os do-cumentos legais lhes sejam enviados pelavia diplomática.

ARTIGO XII

Para fins do presente Acordo,entende-se por entorpecentes e substânciaspsicotrópicas quaisquer substâncias que, aoserem administradas ao organismohumano, alteram o estado de ânimo, a per-cepção ou o comportamento, provocandomodificações fisiológicas ou psíquicas.

ARTIGOCada Parte Contratante notificará à

outra do cumprimento das respectivasformalidades exigidas por sua lei nacionalpara a vigência do presente Acordo, o qualentrará em vigor na data do recebimentoda segunda dessas notificações.

ARTIGO XIV

O presente Acordo terá uma vigênciade dois anos, e será prorrogável,automaticamente, por iguais períodos.Antes do término de qualquer desses perío-dos, qualquer uma das Partes Contratantespoderá comunicar, por via diplomática, otérmino do presente Acordo, o qual setornará efetivo noventa dias após orecebimento da respectiva notificação pelaoutra Parte Contratante.

ARTIGO XVO presente Acordo somente poderá

ser emendado por mútuo consentimentoentre as Partes Contratantes. As emendasentrarão em vigor na forma indicada peloparágrafo 1 do Artigo XIII.

Feito em Georgetown, aos 16 diasdo mês de setembro de 1988, em doisexemplares originais, nas línguasportuguesa e inglesa, sendo todos os textosigualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASIL

Roberto de Abreu Sodré

PELO GOVERNO DA REPÚBLICACOOPERATIVISTA DA GUIANA

Rashleigh Esmond Jackson

(Nota: Promulgado em 13 de março de1991)

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Brasil-HungriaConvenção destinada a evitar a dupla

tributação e prevenir a evasão fiscal emmatéria de impostos sobre a renda.

O Governo da República Federativado Brasil

e

O Governo da República Popular daHungria,

Desejando concluir uma Convençãodestinada a evitar a dupla tributação eprevenir a evasão fiscal em matéria deimpostos sobre a renda;

E ainda desenvolver e facilitar as suasrelações económicas;

Acordaram o seguinte:

ARTIGO I

Pessoas visadas

A presente Convenção aplica-se àspessoas residentes de um ou de ambos osEstados Contratantes.

ARTIGO II

Impostos visados

1. Os impostos aos quais se aplica apresente Convenção são:

a) no caso do Brasil:

- o imposto federal sobre a renda,com exclusão do imposto suplementar derenda e do imposto sobre atividades demenor importância;

(doravante referido como "impostobrasileiro");

b) no caso da República Popular daHungria:

i) os impostos sobre a renda;

ii) os impostos sobre o lucro;

iii) o imposto especial desociedades;

iv) a contribuição para odesenvolvimento comunal da populaçãocobrada com base nos impostos sobre arenda;

v) a contribuição da cidade e dacomunidade;

vi) o imposto sobre distribuiçãode dividendos e lucros de sociedadescomerciais.

(doravante referidos como"imposto húngaro").

2. A Convenção aplica-se, também, aquaisquer impostos idênticos, ousubstancialmente semelhantes, que foremintroduzidos após a data da sua assinatura,seja em adição aos impostos acimamencionados, seja em sua substituição. Asautoridades competentes dos Estadosnotificar-se-ão mutuamente de quaisquermodificações significativas que tenhamocorrido em suas respectivas legislaçõestributárias.

ARTIGO m

Definições gerais

1. Na presente Convenção, a não ser que ocontexto imponha interpretação diferente:

a) o termo "Brasil" designa oterritório da República Federativa doBrasil, isto é, a terra firme continental einsular e respectivo espaço aéreo, bemcomo o mar territorial e o leito e subsolodesse mar, inclusive o espaço aéreo acima

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do mar territorial, dentro do qual, emconformidade com o Direito Internacionale com as leis brasileiras, o Brasil possaexercer seus direitos;

b) o termo "República Popular daHungria", quando empregado num sentidogeográfico, designa o território daRepública Popular da Hungria;

c) o termo "nacionais" designa:

I - todas as pessoas físicas quepossuam a nacionalidade de um EstadoContratante;

II - todas as pessoas jurídicas,sociedades de pessoas e associaçõesconstituídas de acordo com a legislação emvigor num Estado Contratante;

d) as expressões "um EstadoContratante" e "o outro EstadoContratante" designam o Brasil ou aRepública Popular da Hungria, consoanteo contexto;

e) o termo "pessoa" compreendeuma pessoa física, uma sociedade ouqualquer outro grupo de pessoas;

f) o termo "sociedade" designaqualquer pessoa jurídica ou qualquerentidade que, para fins tributários, sejaconsiderada como pessoa jurídica;

g) as expressões "empresa de umEstado Contratante" e "empresa do outroEstado Contratante" designam, respec-tivamente, uma empresa explorada por umresidente de um Estado Contratante e umaempresa explorada por um residente dooutro Estado Contratante;

h) a expressão "tráfego interna-cional" designa qualquer transporte,

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efetuado por um navio ou aeronave,explorado por uma empresa cuja sede dedireção efetiva esteja situada em um EstadoContratante, exceto quando o navio ou aaeronave seja explorado apenas entre luga-res situados no outro Estado Contratante;

i) a expressão "autoridadecompetente" designa:

I - no caso do Brasil: o Ministroda Fazenda, o Secretário da Receita Fede-ral ou seus representantes autorizados;

II - no caso da República Popularda Hungria: o Ministro da Fazenda ou seurepresentante autorizado.

2. Para a aplicação da presente Convençãopor um Estado Contratante, qualquerexpressão que não se encontre de outromodo definida tem o sentido que lhe éatribuído pela legislação desse EstadoContratante relativa aos impostos que sãoobjetos da presente Convenção, a não serque o contexto imponha uma interpretaçãodiferente.

ARTIGO IV

Domicílio fiscal

1. Para os fins da presente Convenção, aexpressão "residente de um EstadoContratante" designa qualquer pessoa que,em virtude da legislação desse Estado, estáaí sujeita a imposto em razão do seudomicílio, da sua residência, da sua sedede direção ou de qualquer outro critérioda natureza análoga.

2. Quando, por força do disposto noparágrafo 1, uma pessoa física for residentede ambos os Estados Contratantes, asituação será resolvida como segue:

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a) será considerada residente doEstado Contratante em que disponha deuma habitação permanente; se dispuser deuma habitação permanente em ambos osEstados Contratante, será consideradaresidente do Estado Contratante com oqual suas relações familiares e económicassejam mais estreitas (centro de interessesvitais);

b) se o Estado Contratante em quetenha o centro de seus interesses vitais nãopuder ser determinado, ou se não dispuserde uma habitação permanente em nenhumdos Estados Contratantes, será consideradaresidente do Estado Contratante em quepermanecer de forma habitual;

c) se permanecer, de forma habitual,em ambos os Estados Contratantes, ou senão permanecer de forma habitual emnenhum deles, será considerada residentedo Estado Contratante de que for nacional;

d) se for nacional de ambos osEstados Contratantes, ou se não fornacional de nenhum deles, as autoridadescompetentes dos Estados Contratantesresolverão a questão de comum acordo.

3. Quando, em virtude das disposições doparágrafo 1, uma pessoa que não seja umapessoa física for residente de ambos osEstados Contratantes, será consideradaresidente do Estado Contratante em queestiver situada a sua sede de direção efetiva.

ARTIGO V

Estabelecimento permanente

1. Para os fins da presente Convenção, aexpressão "estabelecimento permanente"designa uma instalação fixa de negócios emque a empresa exerce toda ou parte da suaatividade.

2. A expressão "estabelecimentopermanente" abrange especialmente:

a) uma sede de direção;

b) uma sucursal;

c) um escritório;

d) uma fábrica;

e) uma oficina;

f) uma mina, uma pedreira ou qual-quer outro local de extração de recursosnaturais;

g) um canteiro de construção ou deinstalação ou de montagem, cuja duraçãoexceda 6 meses.

3. A expressão "estabelecimentopermanente" não compreende:

a) a utilização de instalações,unicamente para fins de armazenagem,exposição ou entrega de bens oumercadorias pertencentes à empresa;

b) a manutenção de um estoque debens ou mercadorias pertencentes àempresa, unicamente para fins dearmazenagem, exposição ou entrega;

c) a manutenção de um estoque debens ou mercadorias pertencentes àempresa, unicamente para fins detransformação por outra empresa;

d) a manutenção de uma instalaçãofixa de negócios, unicamente para fins decomprar bens ou mercadorias, ou obterinformações para a empresa;

e) a manutenção de uma instalaçãofixa de negócios, unicamente para fins depublicidade, fornecimento de informações,pesquisas científicas ou atividades análogas

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que tenham caráter preparatório ou auxiliarpara a empresa.

4. Uma pessoa que atue num EstadoContratante por conta de uma empresa dooutro Estado Contratante - e desde que nãoseja um agente que goze de um "status"independente ao qual se aplica o parágrafo5 - será considerada como estabelecimentopermanente no primeiro Estado se tiver eexercer, habitualmente, nesse Estado,autoridade para concluir contratos emnome da empresa, a não ser que suasatividades sejam limitadas à compra de bensou de mercadorias para a empresa.

5. Uma empresa de um Estado Contratantenão será considerada como tendo umestabelecimento permanente no outroEstado Contratante pelo simples fato deexercer a sua atividade nesse outro Estadopor intermédio de um corretor, de umcomissário geral ou de qualquer outroagente que goze de um "status" inde-pendente, desde que essas pessoas atuemno âmbito normal de suas atividades.

6. O fato de uma sociedade residente deum Estado Contratante controlar ou sercontrolada por uma sociedade residente dooutro Estado Contratante ou que exerçasua atividade nesse outro Estado (quer sejapor intermédio de um estabelecimentopermanente, quer de outro modo) não será,por si só, bastante para fazer de qualquerdessas sociedades estabelecimento perma-nente da outra.

ARTIGO VI

Rendimento de bens imobiliários

1. Os rendimentos de bens imobiliários,incluindo os rendimentos de explorações

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agrícolas ou florestais, são tributáveis noEstado Contratante em que esses bensestiverem situados.

2. a) Com ressalva do disposto nasalíneas b) e c), a expressão "bensimobiliários" é definida de acordo com alegislação do Estado Contratante em queos bens em questão estiverem situados;

b) a expressão compreende, emqualquer caso, os acessórios dapropriedade imobiliária, o gado e oequipamento utilizados nas exploraçõesagrícolas e florestais, os direitos a que seaplicam as disposições do direito privadorelativas à propriedade territorial, ousufruto de bens imobiliários e os direitosa pagamentos variáveis ou fixos pelaexploração ou concessão da exploração dejazidas minerais, fontes e outros recursosnaturais;

c) os navios e aeronaves não sãoconsiderados bens imobiliários.

3. O disposto no parágrafo 1 aplica-se aosrendimentos provenientes da exploraçãodireta, da locação ou do arrendamento,assim como de qualquer outra forma deexploração de bens imobiliários.

4. O disposto nos parágrafos 1 e 3 aplica-se, igualmente, aos rendimentosprovenientes de bens imobiliários de umaempresa e aos rendimentos de bensimobiliários que sirvam para o exercício deprofissões independentes.

ARTIGO VII

Lucros das empresas

1. Os lucros de uma empresa de um EstadoContratante só são tributáveis nesse

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Estado, a não ser que a empresa exerçasua atividade no outro Estado Contratantepor meio de um estabelecimentopermanente aí situado. Se a empresaexercer sua atividade na forma indicada,seus lucros são tributáveis no outro Estado,mas, unicamente, na medida em que forematribuíveis a esse estabelecimentopermanente.

2. Com ressalva do disposto no parágrafo3, quando uma empresa de um EstadoContratante exercer sua atividade no outroEstado Contratante por meio de umestabelecimento permanente aí situado,serão atribuídos, em cada EstadoContratante, a esse estabelecimentopermanente os lucros que obteria se fosseuma empresa distinta e separada,exercendo atividades idênticas ou similares,em condições idênticas ou similares, etransacionando com absolutaindependência com a empresa de que éestabelecimento permanente.

3. Na determinação dos lucros de umestabelecimento permanente é permitidodeduzir as despesas que tiverem sido feitaspara a consecução dos objetivos doestabelecimento permanente, incluindo asdespesas de direção e os encargos geraisde administração assim realizados.

4. Nenhum lucro será atribuído a umestabelecimento permanente pelo fato dasimples compra, por este estabelecimentopermanente de bens ou mercadorias para aempresa.

5. Quando os lucros compreenderemrendimentos tratados, separadamente, em

outros Artigos da presente Convenção, asrespectivas disposições não serão afetadaspelas deste Artigo.

ARTIGO Vin

Navegação marítima e aérea

1. Os lucros provenientes da exploração,no tráfego internacional, de navios ouaeronaves só são tributáveis no EstadoContratante em que estiver situada a sededa direção efetiva da empresa.

2. Se a sede da direção efetiva da empresade navegação marítima se situar a bordode um navio, essa sede considera-se situadano Estado Contratante em que se encontrao porto de registro desse navio ou, naausência de porto de registro, no EstadoContratante de que é residente a pessoa queexplora o navio.

3. O disposto no parágrafo 1 aplica-setambém aos lucros provenientes daparticipação num consórcio, numaexploração em comum ou num organismointernacional de exploração.

ARTIGO IX

Empresas associadas

Quando:

a) uma empresa de um EstadoContratante participar, direta ouindiretamente, da direção, controle ou capi-tal de uma empresa do outro EstadoContratante, ou

b) as mesmas pessoas participarem,direta ou indiretamente, da direção,controle ou capital de uma empresa de umEstado Contratante e de uma empresa dooutro Estado Contratante,

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e, em ambos os casos, as duas empresasestiverem ligadas, nas suas relaçõescomerciais ou financeiros, por condiçõesaceitas ou impostas que difiram das queseriam estabelecidas entre empresasindependentes, os lucros que, sem essascondições, teriam sido obtidos por uma dasempresas, mas não o foram por causa des-sas condições, podem ser incluídos noslucros dessa empresa e tributados comotais.

ARTIGO X

Dividendos

1. Os dividendos pagos por uma sociedaderesidente de um Estado Contratante a umresidente do outro Estado Contratante sãotributáveis nesse outro Estado.

2. Todavia, esses dividendos podemtambém ser tributados no EstadoContratante de que é residente a sociedadeque os paga e de acordo com a legislaçãodesse Estado, mas se a pessoa que osreceber for a beneficiária efetiva dosdividendos o imposto assim estabelecidonão poderá exceder 15% do montantebruto dos dividendos.

Este parágrafo não afetará atributação da sociedade com relação aoslucros que deram origem aos dividendospagos.

3. O termo "dividendos", usado nesteArtigo, designa os rendimentos proveni-entes de ações, ações ou direitos de fruição,ações de empresas mineradoras, partes defundador ou outros direitos de participaçãoem lucros, com exceção de créditos, bemcomo os rendimentos provenientes deoutras participações de capital asseme-

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lhados aos rendimentos de ações pelalegislação tributária do Estado de que éresidente a sociedade que os distribui.

4. O disposto nos parágrafos 1 e 2 não seaplica se o beneficiário efetivo dosdividendos, residente de um EstadoContratante, tiver, no outro EstadoContratante de que é residente a sociedadeque paga os dividendos, um estabele-cimento permanente a que estiver efeti-vamente ligada a participação geradora dosdividendos. Neste caso, aplica-se odisposto no Artigo VII.

5. Quando um residente da RepúblicaPopular da Hungria tiver umestabelecimento permanente no Brasil, esteestabelecimento permanente poderá aí estarsujeito a um imposto retido na fonte deacordo com a legislação brasileira. Todavia,esse imposto não poderá exceder 15% domontante bruto dos lucros desseestabelecimento permanente determinadoapós o pagamento do imposto desociedades referente a esses lucros.

6. Quando uma sociedade residente de umEstado Contratante receber lucros ourendimentos provenientes do outro EstadoContratante, esse outro Estado não poderácobrar nenhum imposto sobre osdividendos pagos pela sociedade, excetona medida em que esses dividendos forempagos a um residente desse outro Estadoou na medida em que a participaçãogeradora dos dividendos estiver efetiva-mente ligada a um estabelecimento perma-nente ou a uma instalação fixa situadosnesse outro Estado, nem sujeitar os lucrosnão distribuídos da sociedade a um impostosobre lucros não distribuídos, mesmo se os

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dividendos pagos ou os lucros nãodistribuídos consistirem, total ou parci-almente, em lucros ou rendimentosprovenientes desse outro Estado.

7. A limitação da alíquota do imposto,prevista nos parágrafos 2 e 5, não se aplicaaos dividendos ou lucros pagos ouremetidos antes do término do terceiro anocalendário seguinte ao ano em que aConvenção entrar em vigor.

ARTIGO XI

Juros

1. Os juros provenientes de um EstadoContratante e pagos a um residente dooutro Estado Contratante são tributáveisnesse outro Estado.

2. Todavia, esses juros podem também sertributados no Estado Contratante de queprovêm e de acordo com a legislação desseEstado, mas se a pessoa que os receber for0 beneficiário efetivo dos juros o impostoassim estabelecido não poderá exceder:

a) 10% no que concerne aos jurosde empréstimos e créditos concedidos porum banco, por um período de no mínimo 8anos, ligados à venda de equipamentosindustriais ou ao estudo, à instalação ouao fornecimento de unidades industriais oucientíficas, assim como a obras públicas;

b) 15% do montante bruto dos jurosem todos os demais casos.

3. Não obstante o disposto nos parágrafos1 e 2, os juros provenientes de um EstadoContratante e recebidos:

a) pelo Governo do outro EstadoContratante, inclusive autoridades locaisdesse outro Estado;

b) pelo Banco Central desse outroEstado Contratante; ou

c) por qualquer instituição financeirade propriedade exclusiva desse Governo;

são isentos de imposto no primeiro EstadoContratante.

4. O termo "juros", usado neste Artigo,designa os rendimentos de títulos da dívidapública, de títulos ou debêntures,acompanhados ou não de garantia hipote-cária ou de cláusula de participação noslucros, e de créditos de qualquer natureza,bem como outros rendimento que, pelalegislação tributária do Estado Contratantede que provêm, sejam assemelhados aosrendimentos de importâncias emprestadas.

5. O disposto nos parágrafos 1 e 2 não seaplica se o beneficiário efetivo dos juros,residente de um Estado Contratante, tiver,no outro Estado Contratante de queprovenham os juros, um estabelecimentopermanente ao qual se ligue, efetivamente,o crédito gerador dos juros. Neste caso,aplica-se o disposto no Artigo VII.

6. A limitação estabelecida no parágrafo 2não se aplica aos juros provenientes de umEstado Contratante e pagos a umestabelecimento permanente de umaempresa do outro Estado Contratantesituado em um terceiro Estado.

7. Os juros são considerados provenientesde um Estado Contratante quando odevedor for esse próprio Estado, uma suasubdivisão política, uma autoridade localou um residente desse Estado. No entanto,quando o devedor dos juros, residente ounão de um Estado Contratante, tiver numEstado Contratante um estabelecimento

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permanente ou uma instalação fixa emrelação com os quais haja sido contraída aobrigação que dá origem aos juros e caibaa esse estabelecimento permanente ouinstalação fixa o pagamento desses juros,tais juros serão considerados provenientesdo Estado Contratante em que oestabelecimento permanente ou ainstalação fixa estiverem situados.

8. Quando, em consequência de relaçõesespeciais existentes entre o devedor e obeneficiário efetivo, ou entre ambos equalquer outra pessoa, o montante dosjuros, tendo em conta o crédito pelo qualsão pagos, exceder àquele que seriaacordado entre o devedor e o beneficiárioefetivo na ausência de tais relações, o dis-posto neste Artigo aplica-se apenas a esteúltimo montante mencionado. Neste caso,a parte excedente dos pagamentos serátributável de acordo com a legislação decada Estado Contratante, tendo em contaas outras disposições da presenteConvenção.

ARTIGORoyalties

1. Os "royalties" provenientes de umEstado Contratante e pagos a um residentedo outro Estado Contratante sãotributáveis nesse outro Estado.

2. Todavia, esses "royalties" podem sertributados no Estado Contratante de queprovêm e de acordo com a legislação desseEstado, mas se a pessoa que os receber foro beneficiário efetivo dos "royalties" oimposto assim estabelecido não poderáexceder:

a) 25% do montante bruto dos"royalties" provenientes do uso ou da

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concessão do uso de marcas de indústriaou comércio;

b) 15% do montante bruto dos "roy-alties" em todos os demais casos.

3 .0 termo "royalties", usado neste Artigo,designa as remunerações de qualquernatureza pagas pelo uso ou pela concessãodo uso de um direito de autor sobre umaobra literária, artística ou científica(incluindo os filmes cinematográficos,filmes ou fitas de gravação de programasde televisão ou radiodifusão), de umapatente, marca de indústria ou comércio,desenho ou modelo, plano, fórmula ouprocesso secretos, bem como pelo uso oupela concessão do uso de um equipamentoindustrial, comercial ou científico, ou porinformações correspondentes à experiênciaadquirida no setor industrial, comercial oucientífico.

4. Os "royalties" são consideradosprovenientes de um Estado Contratantequando o devedor for o próprio Estado,uma sua subdivisão política, umaautoridade local ou um residente desseEstado. Todavia, quando o devedor dos"royalties", seja ou não residente de umEstado Contratante, tiver num EstadoContratante um estabelecimentopermanente ou uma instalação fixa emrelação com os quais haja sido contraída aobrigação de pagar os "royalties" e caiba aesse estabelecimento permanente ouinstalação fixa o pagamento desses "royal-ties", tais "royalties" serão consideradosprovenientes do Estado Contratante emque o estabelecimento permanente ou ainstalação fixa estiverem situados.

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5. O disposto nos parágrafos 1 e 2 não seaplica se o beneficiário efetivo dos "royal-ties", residente de um Estado Contratante,tiver no outro Estado Contratante de queprovêm os "royalties" um estabelecimentopermanente ao qual estão ligadosefetivamente o direito ou o bem que deuorigem aos "royalties". Neste caso, aplica-se o disposto no Artigo VII.

6. Quando, em consequência de relaçõesespeciais existentes entre o devedor e obeneficiário efetivo ou entre ambos equalquer outra pessoa, o montante dos"royalties" tendo em conta o uso, direitoou informação pelo qual são pagos, excederàquele que seria acordado entre o devedore o beneficiário efetivo na ausência de taisrelações, o disposto neste Artigo aplica-seapenas a este último montante. Neste caso,a parte excedente dos pagamentos serátributável de acordo com a legislação decada Estado Contratante, tendo em contaas outras disposições da presente Con-venção.

7. A limitação da alíquota do impostoreferida no parágrafo 2. b deste Artigo nãose aplica aos "royalties" pagos antes dotérmino do quinto ano calendário seguinteao ano calendário em que a Convençãoentrar em vigor quando tais "royalties"forem pagos a um residente de um EstadoContratante que possua, direta ouindiretamente, no mínimo 50% do capitalcom direito a voto da sociedade que pagaos "royalties".

ARTIGOGanhos de capital

1. Os ganhos provenientes da alienação debens imobiliários, definidos no parágrafo

2 do Artigo VI, são tributáveis no EstadoContratante em que esses bens estiveremsituados.

2. Os ganhos provenientes da alienação debens mobiliários que façam parte do ativode um estabelecimento permanente queuma empresa de um Estado Contratantetenha no outro Estado Contratante ou debens mobiliários constitutivos de umainstalação fixa de que um residente de umEstado Contratante disponha no outroEstado Contratante para o exercício de umaprofissão independente, incluindo osganhos provenientes da alienação desseestabelecimento permanente (isolado oucom o conjunto da empresa) ou dessainstalação fixa, são tributáveis no outroEstado. No entanto, os ganhosprovenientes da alienação de navios eaeronaves utilizados no tráfegointernacional ou de bens mobiliáriospertinentes à exploração de tais navios eaeronaves só são tributáveis no EstadoContratante em que estiver situada a sededa direção efetiva da empresa.

3. Os ganhos provenientes da alienação dequaisquer outros bens diferentes dosmencionados nos parágrafos 1 e 2 sãotributáveis em ambos os Estados Con-tratantes.

ARTIGO XIV

Profissões independentes

1. Os rendimentos que um residente de umEstado Contratante aufere pelo exercíciode uma profissão liberal ou de outrasatividades independentes de caráteranálogo só são tributáveis nesse Estado, anão ser que o pagamento desses serviços

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ou atividades caiba a um estabelecimentopermanente situado no outro EstadoContratante ou a uma sociedade aíresidente. Nesse caso, os rendimentos sãotributáveis nesse outro Estado.

2. A expressão "profissão liberal" abrange,em especial, as atividades independentesde caráter científico, técnico, literário,artístico, educativo ou pedagógico, bemcomo as atividades independentes de médi-cos, advogados, engenheiros, arquitetos,dentistas e contadores.

ARTIGO XV

Profissões dependentes

1. Com ressalva do disposto nos ArtigosXVI, XVIII, XIX, XX e XXI, os salários,ordenados e outras remunerações similaresque um residente de um Estado Contratanterecebe em razão de um emprego só sãotributáveis nesse Estado, a não ser que oemprego seja exercido no outro EstadoContratante. Se o emprego for aí exercido,as remunerações correspondentes sãotributáveis nesse outro Estado.

2. Não obstante o disposto no parágrafo 1,as remunerações que um residente de umEstado Contratante recebe em razão de umemprego exercido no outro EstadoContratante só são tributáveis no primeiroEstado se:

a) o beneficiário permanecer nooutro Estado durante um período ouperíodos que não excedam, no total, 183dias do ano fiscal considerado; e

b) as remunerações forem pagas porum empregador ou em nome de umempregador que não seja residente dooutro Estado; e

c) o encargo das remunerações nãocouber a um estabelecimento permanenteou a uma instalação fixa que o empregadortenha no outro Estado.

3. Não obstante as disposições precedentesdeste Artigo, as remunerações recebidasem razão de um emprego exercido a bordode um navio ou de uma aeronaveexplorados no tráfego internacional sãotributáveis no Estado Contratante em queestiver situada a sede da direção efetiva daempresa.

ARTIGO XVI

Remunerações de direção

As remunerações de direção e outrasremunerações similares que um residentede um Estado Contratante recebe naqualidade de membro da diretoria ou dequalquer conselho de uma sociedaderesidente do outro Estado Contratante sãotributáveis nesse outro Estado.

ARTIGO XVII

Artistas e desportistas

1. Não obstante o disposto nosArtigos XTV e XV, os rendimentos obtidospelos profissionais de espetáculo, tais comoartistas de teatro, de cinema, de rádio oude televisão e músicos, bem como pelosdesportistas, no exercício, nessa qualidade,de suas atividades pessoais, são tributáveisno Estado Contratante em que essasatividades forem exercidas.

2. Quando os serviços mencionados noparágrafo 1 deste Artigo forem fornecidosnum Estado Contratante por uma empresado outro Estado Contratante, os ren-dimentos recebidos pela empresa pelo

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fornecimento desses serviços sãotributáveis no primeiro Estado Contratante,não obstante as outras disposições da pre-sente Convenção.

3. Não obstante o disposto nos parágrafos1 e 2 deste Artigo, os rendimentos nelemencionados são isentos de imposto noEstado Contratante em que a atividade doprofissional de espetáculo ou do despor-tista for exercida desde que esta atividadeseja exercida dentro de um acordo ou ajustecultural entre os Estados Contratantes.

ARTIGO XVm

Pensões e anuidades

1. Com ressalva do disposto nos parágrafos2 e 3 do Artigo XIX, as pensões e outrasremunerações similares que não excederemum montante equivalente a 3.000 dólaresamericanos em um ano calendário e asanuidades que não excederem 3.000dólares americanos em um ano calendário,pagas a um residente de um EstadoContratante, só são tributáveis nesseEstado.

O montante das pensões ou dasanuidades que exceder o limite acimamencionado são tributáveis em ambos osEstados Contratantes.

2. No presente Artigo:

a) a expressão "pensões e outrasremunerações similares" designapagamentos periódicos efetuados emconsequência de emprego anterior ou atítulo de compensação por danos sofridosem consequência de emprego anterior;

b) o termo "anuidade" designa umaquantia determinada, paga periodicamente

em prazos determinados durante a vida oudurante um período de tempo determinadoou determinável, em decorrência de umcompromisso de efetuar os pagamentoscomo retribuição de um pleno e adequadocontravalor em dinheiro ou avaliável emdinheiro (que não seja por serviçosprestados).

ARTIGO XIX

Pagamentos governamentais

1. As remunerações, excluindo as pensões,pagas por um Estado Contratante, por umasua subdivisão política ou autoridade locala uma pessoa física, em razão de serviçosprestados a esse Estado, subdivisão ouautoridade só são tributáveis nesse Estado.

Todavia, essas remunerações só sãotributáveis no Estado Contratante de queo beneficiário é residente, se os serviçosforem prestados nesse Estado e se obeneficiário das remunerações for umresidente desse Estado que

a) seja um nacional desse Estado, ou

b) não se tenha tornado um residentedesse Estado unicamente com a finalidadede prestar os serviços.

2. As pensões pagas por um EstadoContratante, por uma sua subdivisãopolítica ou autoridade local, querdiretamente, quer através de fundos poreles constituídos a uma pessoa física, emrazão de serviços prestados a esse Estado,subdivisão ou autoridade, só são tributáveisnesse Estado.

Todavia, essas pensões só serãotributáveis no outro Estado Contratante seo beneficiário for um nacional e umresidente desse Estado.

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3. As pensões pagas com fundosprovenientes da previdência social de umEstado Contratante a um residente do outroEstado Contratante só são tributáveis noprimeiro Estado.

4. O disposto nos Artigos XV, XVI e XVIIIaplica-se às remunerações e pensões pagasem razão de serviços prestados no âmbitode uma atividade comercial ou industrialexercida por um Estado Contratante, poruma sua subdivisão política ou autoridadelocal.

ARTIGO XX

Professores e pesquisadores

Uma pessoa física que é, ou foi emperíodo imediatamente anterior à sua visitaa um Estado Contratante, um residente dooutro Estado Contratante e que, a convitedo primeiro Estado ou de umauniversidade, estabelecimento de ensinosuperior, escola, museu ou outra instituiçãocultural do primeiro Estado, ou que,cumprindo um programa oficial deintercâmbio cultural, permanecer nesseEstado por um período não superior a doisanos consecutivos com o único fim de le-cionar, proferir conferências ou realizarpesquisas em tais instituições será isentade imposto nesse Estado no que concerneà remuneração que receber em conse-quência dessa atividade, desde que opagamento dessa remuneração provenha defontes situadas fora desse Estado.

ARTIGO XXI

Estudantes e aprendizes

1. Uma pessoa física que é, ou foi emperíodo imediatamente anterior à sua visitaa um Estado Contratante, um residente do

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outro Estado Contratante e que perma-necer no primeiro Estado unicamente.

a) como estudante de umauniversidade, estabelecimento de ensinosuperior ou escola desse primeiro Estado;ou

b) como beneficiário de uma bolsa,subvenção ou prémio concedidos por umaorganização religiosa, de caridade,científica ou educacional, com o fim pri-mordial de estudar ou pesquisar; ou

c) como membro de um programade cooperação técnica organizado peloGoverno do outro Estado Contratante seráisenta de imposto no primeiro Estado, noque concerne às remessas provenientes doexterior para fins de sua manutenção,educação ou treinamento.

2. Uma pessoa física que é, ou foi emperíodo imediatamente anterior à sua visitaa um Estado Contratante, um residente dooutro Estado Contratante e quepermanecer no primeiro Estado com oúnico fim de estudar ou realizartreinamento será isenta de imposto noprimeiro Estado por um período não su-perior a dois anos consecutivos no queconcerne à remuneração que receber deemprego exercido nesse Estado, necessáriapara sua manutenção, educação outreinamento.

ARTIGO XXIIOutros rendimentos

Os rendimentos de um residente deum Estado Contratante provenientes dooutro Estado Contratante e não tratadosnos Artigos precedentes da presenteConvenção são tributáveis nesse outroEstado.

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ARTIGO XXm

Métodos para eliminar a dupla tributação

A dupla tributação será eliminadacomo segue:

a) No Brasil:

1. Quando um residente do Brasil receberrendimentos que, de acordo com asdisposições da presente Convenção,possam ser tributados na República Popu-lar da Hungria, o Brasil deduzirá doimposto sobre a renda desse residente ummontante igual ao imposto sobre a rendapago na República Popular da Hungria.

O montante deduzido não poderá,contudo, exceder afração do imposto sobrea renda, calculado antes da dedução,correspondente aos rendimentos que po-dem ser tributados na República Popularda Hungria.

b) Na República Popular da Hungria:

1. Quando um residente da RepúblicaPopular da Hungria receber rendimentosnão mencionados nos subparágrafos 2 e 3que, de acordo com as disposições dapresente Convenção, possam ser tributadosno Brasil, o primeiro Estado isentará deimposto tais rendimentos.

2. Quando um residente da RepúblicaPopular da Hungria receber dividendos,juros e royalties que, de acordo com asdisposições do Artigo X, parágrafo 2,Artigo XI e Artigo XII, possam sertributados no Brasil, a República Popularda Hungria deduzirá do imposto sobre arenda desse residente um montante igualao imposto pago no Brasil sobre osrendimentos acima mencionados.

Para esta dedução, o impostobrasileiro será sempre considerado comotendo sido pago à alíquota de 25%.

O montante deduzido não poderá,contudo, exceder a fração do imposto,calculado antes da dedução, correspon-dente aos rendimentos recebidos do Brasil.

3. Quando o imposto geral brasileiro desociedades incidente sobre os lucros de quese originam os dividendos pagos, forreduzido ou eliminado, a República Popu-lar da Hungria deduzirá ainda do impostohúngaro um montante correspondente aoimposto brasileiro de sociedades que teriasido pago, se o referido imposto nãohouvesse sido reduzido ou eliminado, le-vando em conta o imposto brasileiro sobredividendos.

4. Quando, de acordo com as disposiçõesda presente Convenção, os rendimentosrecebidos por um residente da RepúblicaPopular da Hungria forem aí isentos deimposto, a República Popular da Hungriapoderá, todavia, ao calcular o montante doimposto sobre o restante dos rendimentosdesse residente, levar em conta osrendimentos isentos.

ARTIGO XXIV

Não-di scriminação

1. Os nacionais de um Estado Contratantenão ficarão sujeitos no outro EstadoContratante a nenhuma tributação ouobrigação correspondente diferente oumais onerosa do que aquelas a que estejamou possam estar sujeitos os nacionais desseoutro Estado que se encontrem na mesmasituação.

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2. A tributação de um estabelecimentopermanente que uma empresa de umEstado Contratante tenha no outro EstadoContratante não será menos favorável nesseoutro Estado do que a das empresas desseoutro Estado que exerçam as mesmasatividades. Esta disposição não poderá serinterpretada no sentido de obrigar umEstado Contratante a conceder aosresidentes do outro Estado Contratante asdeduções pessoais, abatimentos e reduçõesde impostos em função do estado civil ouencargos familiares concedidos aos seuspróprios residentes.

3. As empresas de um Estado Contratante,cujo capital seja possuído ou controlado,total ou parcialmente, direta ou indireta-mente, por um ou mais residentes do outroEstado Contratante, não ficarão sujeitas noprimeiro Estado a nenhuma tributação ouobrigação correspondente mais onerosa doque aquelas a que estejam ou possam estarsujeitas outras empresas similares doprimeiro Estado, cujo capital seja possuídoou controlado, total ou parcialmente, diretaou indiretamente, por um ou maisresidentes de um terceiro Estado.

4. Neste artigo, o termo "tributação"designa os impostos visados pela presenteConvenção.

ARTIGO XXV

Procedimento amigável

1. Quando um residente de um EstadoContratante considerar que as medidastomadas por um ou por ambos os EstadosContratantes conduzam ou possamconduzir, em relação a si, a uma tributaçãoem desacordo com a presente Convenção,

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poderá, independentemente dos recursosprevistos pela legislação interna dessesEstados, submeter o seu caso à apreciaçãoda autoridade competente do EstadoContratante de que é residente.

2. A autoridade competente, se areclamação lhe afigurar justificada e nãoestiver em condição de lhe dar uma soluçãosatisfatória, esforçar-se-á por resolver aquestão através de acordo amigável com aautoridade competente do outro EstadoContratante, a fim de evitar uma tributaçãoem discordância com a Convenção.

3. As autoridades competentes dos EstadosContratantes esforçar-se-ão por resolver,através de acordo amigável, as dificuldadesou as dúvidas que surgirem nainterpretação ou aplicação da Convenção.

4. As autoridades competentes dos EstadosContratantes poderão comunicar-sediretamente a fim de chegarem a acordo,nos termos indicados nos parágrafosanteriores.

ARTIGO XXVI

Troca de informações

1. As autoridades competentes dos EstadosContratantes trocarão entre si asinformações necessárias para aplicar apresente Convenção. Todas as informaçõesdeste modo trocadas serão consideradassecretas e só poderão ser comunicadas àspessoas, autoridades ou tribunaisencarregados do lançamento ou cobrançados impostos abrangidos pela presenteConvenção ou da decisão sobre recursosou da instauração de processos sobredelitos relativos a esses impostos.

2. O disposto no parágrafo 1 não poderáem nenhum caso ser interpretado no

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sentido de impor a um dos EstadosContratantes a obrigação:

a) de tomar medidas administrativascontrárias à sua legislação e à sua práticaadministrativa ou às do outro EstadoContratante;

b) de fornecer informações que nãopossam ser obtidas com base na sualegislação ou no âmbito da sua práticaadministrativa normal ou das do outroEstado Contratante;

c) de transmitir informaçõesreveladoras de segredos ou processoscomerciais, industriais ou profissionais, ouinformações cuja comunicação sejacontrária à ordem pública.

ARTIGO XXVII

Agentes diplomáticos efuncionários consulares

Nada na presente Convençãoprejudicará os privilégios fiscais de que sebeneficiem os agentes diplomáticos oufuncionários consulares em virtude de re-gras gerais de direito internacional ou dedisposições de acordos especiais.

ARTIGO XXVIII

Entrada em vigor

1. Os Estados Contratantes notificar-se-ãode que foram cumpridas as exigênciasconstitucionais para a entrada em vigor dapresente Convenção.

2. A presente Convenção entrará em vigorna data da última das notificaçõesmencionadas no parágrafo 1 e suasdisposições serão aplicadas:

a) no que concerne aos impostosretidos na fonte, aos montantes de

rendimentos recebidos no ou depois doprimeiro dia de janeiro do ano calendárioimediatamente seguinte ao ano em que aúltima das notificações mencionadas noparágrafo 1 deste Artigo tenha sido dada enos anos posteriores;

b) no que concerne aos outrosimpostos, aos períodos-base que comecemno ou depois do primeiro dia de janeiro doano calendário imediatamente seguinteàquele em que a última das notificaçõesmencionadas no parágrafo 1 deste Artigotenha sido dada.

ARTIGO XXIX

Denúncia

Qualquer dos Estados Contratantespoderá denunciar a presente Convençãodepois de decorrido um período de trêsanos a contar da data de sua entrada emvigor, mediante um aviso escrito dedenúncia entregue ao outro EstadoContratante, através dos canais diplo-máticos, desde que tal aviso dado no ouantes do dia 30 de junho de qualquer anocalendário.

Neste caso, a Convenção seráaplicada pela última vez:

a) no que concerne aos impostosretidos na fonte, às importâncias recebidasantes da expiração do ano calendário emque o aviso de denúncia tenha sido dado:

b) no que concerne aos outrosimpostos visados pela Convenção, àsimportâncias recebidas durante o período-base que comece no ano calendário em queo aviso de denúncia tenha sido dado.

Feita em Budapeste, aos 20 dias domês de junho de 1986, em dois originais,

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cada qual nas línguas portuguesa, húngarae inglesa, sendo autênticos todos os trêstextos. Em caso de interpretaçõesdivergentes dos textos em português ehúngaro, prevalecerá o texto em inglês.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILCelso Diniz

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAPOPULAR DA HUNGRIAIstvan Hetenyi

(Nota: Promulgado em 11 março de 1991)

PROTOCOLO

No momento da assinatura daConvenção para Evitar a Dupla Tributaçãoe Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria deImpostos sobre a Renda entre o Governoda República Federativa do Brasil e oGoverno da República Popular da Hungria,os abaixo-assinados, para isso devidamenteautorizados, acordaram nas seguintesdisposições, que constituem parteintegrante da presente Convenção.

1. Com referência ao Artigo II, pará-grafo Ia)

Fica entendido que o impostosuplementar de renda não se aplicará aoslucros e dividendos distribuídos que nãoexcedam 12% do capital registrado noBanco Central do Brasil.

2. Com referência ao Artigo VII. pará-grafo 1

Fica entendido que quando umcanteiro de construção ou de instalação ou

de montagem constituir um estabele-cimento permanente, apenas aqueles lucrosderivados da atividade do canteiro deconstrução ou de instalação ou demontagem poderão ser atribuídos a esseestabelecimento permanente.

3. Com referência ao Artigo VII. pará-grafo 3

Fica entendido que o disposto noparágrafo 3 do Artigo VII será interpretadono sentido de significar que as despesasfeitas para a consecução dos objetivos doestabelecimento permanente, incluindo asdespesas de direção e os encargos geraisde administração, serão dedutíveis, quer seefetuadas no Estado em que oestabelecimento permanente estiversituado, quer fora dele.

4. Com referência ao Artigo X. pará-grafo 3

Fica entendido que, no caso doBrasil, o termo "dividendos" também incluiqualquer distribuição relativa a certificadosde um fundo de investimento residente doBrasil.

5. Com referência ao Artigo XI

Fica entendido que as multas porpagamento em atraso não são consideradascomo juros para os fins do Artigo XI.

6. Com referência ao Artigo XII. pará-grafo 3

Fica entendido que o disposto noparágrafo 3 do Artigo XII aplica-se aospagamentos de qualquer natureza rece-bidos como remuneração pela prestação deassistência técnica e de serviços técnicos.

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7. Com referência ao Artigo XIV

Fica entendido que o disposto noArtigo XIV aplica-se mesmo se asatividades forem exercidas por umasociedade civil ("civil company")

8. Com referência ao Artigo XVI

Fica entendido que o termo "qual-quer conselho de uma sociedade" inclui,no caso do Brasil, o conselho de adminis-tração, o conselho fiscal e o conselhoconsultivo e, no caso da República Popu-lar da Hungria, o conselho de supervisão.

9. Com referência ao Artigo XVIILparágrafo 1

As autoridades competentes poderãoatualizar as quantias mencionadas noparágrafo 1 do Artigo XVIII a cada cincoanos, a contar da data em que as dispo-sições da Convenção entrarem em vigor.

10. Com referência ao Artigo XXIII,parágrafo b)

Fica entendido que, para os fins detributação na República Popular daHungria, o montante dos dividendos rece-bidos do Brasil não poderá, em nenhumahipótese, ser considerado como sendomaior do que o montante bruto dessesdividendos que podem ser tributados noBrasil, de acordo com o Artigo X,parágrafo 2.

11. Com referência ao Artigo XXIVparágrafo 2

Fica entendido que as disposições doparágrafo 5 do Artigo X hão são confli-tantes com as do parágrafo 2 do ArtigoXXIV.

12. Com referência ao Artigo XXIV.parágrafo 3

Na eventualidade de o Brasil permitirque os "royalties", como definidos noparágrafo 3 do Artigo XII, pagos por umaempresa residente do Brasil a uma empresaresidente de um terceiro Estado não locali-zado na América Latina e que possua nomínimo 50% do capital da empresaresidente do Brasil, sejam dedutíveis paraefeito da determinação dos lucros tributá-veis desta empresa, uma dedução igual seráautomaticamente aplicável, em condiçõessimilares, a uma empresa residente doBrasil que pague "royalties" a uma empresaresidente da República Popular da Hungria.

Fica entendido que a presentedisposição da lei brasileira concernente ànão-dedutibilidade de "royalties", confor-me acima indicado, não é conflitante como parágrafo 3 do Artigo XXIV da Con-venção.

Feito em Budapeste, aos 20 dias domês de junho de 1986, em dois originais,nas línguas portuguesa, húngara e inglesa,sendo autênticos todos os três textos. Emcaso de interpretações divergentes dostextos em português e húngaro, prevaleceráo texto em inglês.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASIL

Celso Diniz

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAPOPULAR DA HUNGRIA

Istvan Hetenyi

(Nota: Promulgado em 11 de março de1991)

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Brasil - JapãoAcordo sobre Cooperação no campo da

Ciência e da Tecnologia

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo do Japão,

Reconhecendo a importância cres-cente nos últimos anos da cooperação nocampo da ciência e da tecnologia entre osdois países,

Acreditando que tal cooperaçãocontribuirá para o progresso económico esocial de seu? respectivos países,

Com vistas a fomentar ainda mais areferida cooperação,

Acordam em que:

ARTIGO I

Os dois Governos, com base nosprincípios de igualdade e benefício mútuo,promoverão entre si a cooperação nocampo da ciência e da tecnologia. Essacooperação será realizada pelos doisGovernos nas áreas da ciência e datecnologia a serem determinadas de comumacordo.

ARTIGO n

Entre as modalidades de cooperaçãoprevistas neste Acordo, poderão serincluídas:

a) encontros de variadas formas,para debate e intercân de informaçõessobre ciência e tecnologia:

b) envio e recebimento de cien-tistas e pessoal técnico;

222

c) troca de informações sobreciência e tecnologia;

d) implementação de projetos eprogramas, conjuntos ou coordenados,para pesquisa científica e desenvolvimentotecnológico; e

e) outras formas de cooperaçãoque possam ser mutuamente acordadas.

ARTIGO m

Os dois Governos estabelecerão umaComissão Mista Brasileiro-Japonesa deCooperação em Ciência e Tecnologia(doravante designada "Comissão") para aconsecução dos objetivos deste Acordo. AComissão se reunirá alternadamente noBrasil e no Japão, em datas a seremacordadas por via diplomática.

ARTIGO IV

1. A Comissão terá as seguintes funções:

a) debater as principais questõesde política relacionadas à implementaçãodeste Acordo;

b) examinar o progresso daimplementação deste Acordo; e

c) apresentar propostas aos doisGovernos no que diz respeito a medidasespecíficas que assegurem a realização dacooperação prevista neste Acordo.

2. Os contatos referentes às funções daComissão, efetuados durante os intervalosdas suas sessões, serão realizados por viadiplomática.

ARTIGO V

Ajustes complementares queestabeleçam os detalhes e procedimentosdas atividades específicas de cooperação

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no âmbito deste Acordo poderão ser efe-tuados entre os dois Governos ou suasagências, consoante o que for maisapropriado. Esses ajustes complementaresserão efetuados de acordo com as práticasadministrativas de cada Governo.

ARTIGO VI

Cada um dos Governos concederáaos nacionais do outro país os meiosnecessários para a realização de atividadessob a égide deste Acordo.

ARTIGO

Os dispositivos previstos nesteAcordo serão implementados emconformidade com as leis e regulamentosvigentes em cada um dos países.

ARTIGO

Nada neste Acordo pode serinterpretado com vistas a prejudicar outrosajustes de cooperação entre os doisGovernos, existentes na data da assinaturadeste Acordo, ou concluídos posterior-mente.

ARTIGO IX

1. O presente Acordo entrará emvigor na data do recebimento, peloGoverno do Japão, de nota do Governoda República Federativa do Brasil,informando, que os requisitos necessáriosà vigência do Acordo, foram satisfeitos.Este Acordo permanecerá em vigor pordois anos e continuará vigente até o seutérmino, conforme o disposto no parágrafo2 abaixo.

2. Qualquer dos dois Governospoderá, mediante o envio de comunicaçãopor escrito ao outro Governo, com

antecedência de seis meses, denunciar esteAcordo, que terminará ao final do períodoinicial de dois anos, ou a qualquer momentoposterior.

3. O término do presente Acordo nãoafetará a consecução de nenhum projetoou programa em andamento e que não hajasido totalmente implementado à época dofinal deste Acordo.

Em testemunho do que os signa-tários, devidamente autorizados por seusrespectivos Governos, assinam o presenteAcordo.

Feito em Tóquio, aos 25 dias do mêsde maio de 1984, em dois originais nosidiomas português, japonês e inglês, sendoos três textos igualmente autênticos. Nocaso de qualquer divergência de interpre-tação, o texto inglês prevalecerá.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILRamiro Saraiva Guerreiro

PELO GOVERNO DO JAPÃO:Shintaro Abe

(Nota: Promulgado em 27 de março de1991)

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Brasil - MarrocosAcordo de Cooperação Científica,

Técnica e Tecnológica

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo do Reino do Marrocos,

(doravante denominados "PartesContratantes")

Tendo em vista a realização de seusrespectivos objetivos de desenvolvimentoeconómico e social e o melhoramento daqualidade de vida de seus povos,

Convencidos de que a cooperaçãocientífica, técnica e tecnológica entre osdois países pode contribuir positivamentepara os processos de produção nos dife-rentes setores de suas economias e para odesenvolvimento de seus respectivospaíses,

Desejosos de ampliar e reforçar talcooperação,

Convêm no seguinte:

ARTIGO I

As Partes Contratantes determina-rão, de comum acordo, os setores quemelhor se prestem à cooperação entre osdois países em matéria científica, técnica etecnológica e fixarão prioridades paratanto.

ARTIGO n

1. No âmbito do presente Acordo, AjustesSetoriais Complementares poderão serconcluídos entre organismos, instituiçõese centros de pesquisa dos dois países, em

224

campos específicos prioritários. Suaentrada em vigor efetuar-se-á por viadiplomática.

2. Os mencionados Ajustes fixarão asmodalidades financeiras e operacionaisrequeridas, em conformidade com osobjetivos buscados.

ARTIGO m

A cooperação mencionada nosArtigos I e II poderá especialmente serealizar da seguinte maneira:

a) pelo fornecimento recíproco deconhecimentos e pelo intercâmbio deinformações e de documentação científica,técnica e tecnológica;

b) pela organização de visitas ede viagens de estudos de delegaçõescientíficas e tecnológicas bem como pelointercâmbio de professores, cientistas,pesquisadores, peritos e técnicos,doravante denominados "especialistas";

c) pelo estudo, preparação erealização conjunta ou coordenada deprogramas e/ou projetos de pesquisacientífica, de desenvolvimento técnico etecnológico, considerando a necessidade desua adaptação às condições específicas dasPartes Contratantes;

d) pela realização, em seuterritório, de exposições de carátercientífico, tecnológico e industrial, pelaoutra Parte Contratante ou seus nacionais;

e) pelo encorajamento dequalquer outra forma de cooperaçãorequerida pelas circunstâncias e mutua-mente acordada.

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ARTIGO IV

1. As Partes Contratantes concordam emcriar uma Comissão Mista que se reunirá acada dois anos, alternadamente no Brasil eno Marrocos, ou por solicitação de umadas Partes Contratante. A data e agendade cada sessão serão determinadas decomum acordo por via diplomática.

2. A Comissão Mista servirá de foro para:

a) a adoção de programas de açãonos setores de que trata este Acordo;

b) a revisão periódica dos cam-pos prioritários mencionados no Artigo I;

c) a apresentação de recomen-dações às duas Partes Contratantes no quese refere à aplicação deste Acordo ou deseus Ajustes Complementares.

3. A Comissão Mista será mantidainformada do progresso realizado naexecução dos programas e projetosestabelecidos pelos Ajustes Complemen-tares setoriais e dos programas iniciadosdiretamente em conformidade com asdisposições do Artigo II do presenteAcordo.

ARTIGO V

1. Cada Parte Contratante deverá concederas facilidades administrativas necessáriasaos especialistas designados, no âmbitodeste Acordo e de seus Ajustes Comple-mentares, para o exercício de suas funçõesno território da outra Parte.

2. As facilidades administrativas men-cionadas no parágrafo precedente serãoobjeto de ajuste especial entre as duasPartes.

ARTIGO VI

1. As Partes Contratantes poderão, decomum acordo, procurar obter ofinanciamento e a participação deorganizações internacionais ou de outrospaíses interessados nas atividades,programas e projetos que se originaremdeste Acordo.

2. As Partes Contratantes aceitamcontemplar a possibilidade de cooperaremjuntas, ou por intermédio de entidades porelas indicadas, em terceiros países quesolicitarem sua cooperação.

ARTIGO

Cada Parte Contratante se compro-mete a fazer registrar os pedidos depatentes de invenção ou de desenhos oumodelos industriais, a fim de proteger osdireitos que resultarem dos trabalhosconjuntos realizados em decorrência desteAcordo. Deverá ser firmado ajuste espe-cial sobre as modalidades de gestão dostítulos de propriedade industrial obtidos noâmbito das disposições do presente Artigo.

ARTIGO VIII

1. O presente Acordo entrará em vigor nadata da última notificação referente àconclusão das formalidades constitucionaisde cada uma das Partes Contratantes.

2. Permanecerá em vigor por um períodode cinco anos e poderá ser renovado, portácita recondução, por períodos similares.

3. O presente Acordo poderá serdenunciado por via diplomática com avisoprévio de seis meses. Entretanto, essadenúncia não afetará a conclusão dos ajus-tes complementares firmados no âmbito dopresente Acordo e em execução.

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Em fé do que os representantesabaixo assinados, devidamente acreditadospara tanto, assinaram o presente Acordo.

Feito em Fez, aos 10 dias do mês deabril de 1984, em dois exemplares originais,nas línguas portuguesa, árabe e francesa,sendo os três textos igualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASIL:Ramiro Saraiva Guerreiro

PELO GOVERNO DO REINO DOMARROCOS:Abdelouahed Belkeziz

(Nota: Promulgado em 19 de março de1991)

Brasil - RoméniaProtocolo concernente à Emenda aoAcordo de Comércio e Pagamentos

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República Socialistada Roménia,

DESEJANDO desenvolver efortalecer as relações comerciais entre osdois países, em base de igualdade einteresse mútuo, e

CONSIDERANDO que um volumede intercâmbio compatível com as reaisnecessidades dos dois países requerinstrumentos mais aperfeiçoados,

DECIDIRAM, de comum acordo,dar nova redação aos artigos XV e XVIIdo Acordo de Comércio e Pagamentosfirmado entre os dois Governos, em Bra-sília, a 5 de junho de 1975, comoespecificado abaixo:

ARTIGO I

Os artigos XV e XVII do Acordo deComércio e Pagamentos entre o Governoda República Federativa do Brasil e oGoverno da República Socialista da Ro-ménia passam a ter a seguinte redação:

"ARTIGO XV - A fim de facilitar ointercâmbio comercial entre os dois países,as Partes Contratantes concedem, de modorecíproco, um crédito técnico renovável deUS$ 20.000,000,00 (vinte milhões de dóla-res americanos), utilizável nas formasmencionadas no artigo XIV

A taxa de juros a incidir sobre o saldodas mencionadas contas, bem como sua

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periodicidade de cálculo, registro epagamento, serão objeto de entendimentoentre o Banco Central do Brasil e o BancoRomeno do Comércio Exterior.

ARTIGO XVII - O Banco Centraldo Brasil e o Banco Romeno do ComércioExterior estabelecerão, através deentendimento, as condições para regulari-zação dos saldos das contas mencionadasno artigo XIV, inclusive de eventuaisexcessos sobre o limite do crédito técnico".

ARTIGO II

Permanecem em vigor as demaisdisposições do Acordo de Comércio ePagamentos entre a República Federativado Brasil e o Governo da República Socia-lista da Roménia, de 5 de junho de 1975.

ARTIGO IIIO presente Protocolo será aplicado

provisoriamente a partir de 1 de janeiro de1984 e entrará em vigor na data da últimanotificação pela qual as Partes Contratantesse comuniquem reciprocamente ocumprimento das formalidades, previstasnas respectivas legislações, concernentesà entrada em vigor dos acordosinternacionais.

Feito e assinado em Brasília, no dia29 de dezembro de 1983, em dois originais,nas línguas portuguesa e romena, ambosigualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASIL

Ramiro Saraiva Guerreiro

PELO GOVERNO DA REPÚBLICASOCIALISTA DA ROMÉNIA

Gheorghe Apostol

(Nota: Promulgado em 11 de março de1991)

Protocolo de Cooperação Econômico-Comercial

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da Roménia,

Desejosos de fortalecer as relaçõesbilaterais em todas as áreas de atividades edesenvolver novas modalidades decooperação, com base no potencial dosdois países;

Considerando o interesse mútuo emampliar a cooperação económica bilateral;

Reiterando o disposto no Acordo deComércio e Pagamentos de 05 de junhode 1975 e no Acordo Básico deCooperação Científica e Tecnológica de 12de maio de 1981;

Declaram:

ARTIGO I

Os dois Governos buscarão identi-ficar e explorar áreas de complementari-dade e cooperação, à luz do estágio atualde desenvolvimento das economias deambos os países e de seu nível industrial etecnológico.

ARTIGO n

1. O Governo brasileiro indica como áreasde interesse prioritário da cooperação bi-lateral, entre outras, as de informática,automação bancária e comercial, teleco-

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municações, construção civil, bens deconsumo e produtos agroindustriais.

2. O Governo brasileiro indica igualmentecomo área de seu interesse a continuidadedo suprimento de minério de ferrodestinado ao consumo das usinas side-rúrgicas romenas.

3. Com o intuito de criar os meiosnecessários para o pagamento do minériode ferro, o Governo romeno manifesta seuinteresse em concretizar, o mais brevepossível, as negociações ora em curso entreas empresas brasileiras e romenas, com vis-tas à exportação romena de carros depasseio, vagões ferroviários, dormentesmetálicos, transformadores, cabos elétricose outros produtos de interesse para asfirmas brasileiras.

ARTIGO m

O Governo romeno indica, entreoutras, as seguintes áreas de interesseprioritário da cooperação bilateral: geraçãode energia hidro e termoelétrica, indústriaquímica e petroquímica, indústriasiderúrgica, indústria de materiais deconstrução, indústria de construção demáquinas, transporte ferroviário, veículosfora-de estrada, tratores, outras máquinas,indústria eletrotécnica, eletrônica, deautomação, participação na exploração eno aproveitamento de jazidas de minériode ferro, manganês, ouro e carvão.

ARTIGO IV

1. Ambos os Governos expressam suasatisfação pelo início de projetos decooperação industrial entre empresas deambos os países e com as perspectivas po-sitivas existentes neste setor.

2. Os dois Governos registram interessemútuo em que os projetos de cooperaçãoindustrial que venham a ser estabelecidosem um e outro país possam incluirprogramas de transferência de tecnologia,assistência técnica e formação de pessoalespecializado.

ARTIGO V

Ao assinalar que a realização deoperações econômico-comerciais emterceiros países poderia contribuir para odesenvolvimento da cooperação bilateral,os dois Governos dispõem-se a examinara viabilidade das propostas concretas quevenham a ser apresentadas por empresasde um outro país.

ARTIGO VI

Ambos os Governos manifestam aintenção de prosseguir o estudo daspossibilidades de ampliação de linhas decréditos recíprocas, para financiamento dasexportações de produtos manufaturados ede patentes tecnológicas de um e outropaís.

ARTIGO

1. Ambos os Governos darão a conhecer oconteúdo deste Protocolo aos setores eempresas competentes de cada um dos doispaíses.

2. Os dois Governos acordam realizar a XIIReunião da Comissão Mista bilateral emBucareste em 1991, possivelmente nosegundo semestre. Convieram em que asdatas serão fixadas por via diplomática.

Feito em Brasília, aos 13 dias do mêsde março de 1991, em dois exemplaresoriginais, nos idiomas português e romeno,

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sendo ambos os textos igualmenteautênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILFrancisco Rezek

PELO GOVERNO DA ROMÉNIAMihai Zisu

Acordo, por trocas de notas, para aSupressão de Vistos em Passaportes

Diplomáticos e de ServiçoEm 13 de março de 1991

DAI/04/PAIN-LOO-JO8

À Sua ExcelênciaSenhor Marin IliescuEmbaixador Extraordinário e Plenipoten-ciário da Roménia

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar recebimentoda Nota de 13 de março de 1991, cujo teorem português é o seguinte:

"Senhor Ministro,

No desejo de fortalecer os laçospolíticos, económicos, culturais e deamizade entre a República Federativa doBrasil e a Roménia, e de facilitar as visitasde nacionais de cada país ao território dooutro, titulares de passaporte diplomáticoou de serviço, tenho a honra de propor aoGoverno da República Federativa doBrasil, em nome do Governo da Roménia,a celebração de Acordo para a Supressãode Vistos em Passaportes Diplomáticos ede Serviço, nos seguintes termos:

1. Os nacionais brasileiros e romenos,titulares de passaporte diplomático ou deserviço válidos, em viagem temporária,ficarão dispensados de visto para entrar emterritório da outra Parte Contratante, parauma permanência de até 90 dias.

2. Os nacionais brasileiros e romenosdesignados como pessoa permanente daMissão diplomática e das Repartiçõesconsulares de uma das Partes Contratantesno território da outra Parte Contratante,bem como seus dependentes (cônjuge efilhos menores), titulares de passaportediplomático ou de serviço válidos, ficarãodispensados de visto para múltiplasentradas e saídas pelo prazo de duração damissão do funcionário.

3. A designação mencionada no parágrafoacima deverá ser comunicada por NotaVerbal e, se possível, antes da chegada dofuncionário.

4. O presente Acordo poderá serdenunciado por qualquer uma das PartesContratantes mediante notificaçãodiplomática à outra Parte, com 30 dias deantecedência.

Caso o Governo da RepúblicaFederativa do Brasil concorde com aproposta acima, tenho a honra de proporque esta Nota e a Nota de resposta de VossaExcelência constituam Acordo entre osdois Governos, a entrar em vigor dentrode 30 dias a partir da data da Nota deresposta de Vossa Excelência.

Aproveito a oportunidade paraapresentar a Vossa Excelência a garantiade minha mais alta consideração."

Em resposta, muito me apraz infor-mar Vossa Excelência de que o Governo

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brasileiro concorda com os termos da Notaacima transcrita, a qual, juntamente com apresente, constituirão Acordo entre os doisGovernos, a entrar em vigor dentro de 30dias a partir da data de hoje.

Aproveito a oportunidade paraapresentar a Vossa Excelência a garantiade minha mais alta consideração.

Francisco Rezek

Acordo sobre Cooperação Cultural

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da Roménia

(doravante denominados "Partes"),

Inspirados nos princípios de respeitomútuo à soberania e de não-ingerência nosassuntos internos,

Guiados pela determinação defortalecer as relações de amizade que unemos dois países, e

Desejosos de fomentar oconhecimento mútuo e a cooperaçãopacífica,

Convêm:

ARTIGO IO presente Acordo rege as atividades

de caráter cultural, esportivo e educacionallevadas a efeito pelas instituições governa-mentais e não-governamentais de cada umadas Partes no território da outra, obser-vadas as respectivas disposições legaisinternas.

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ARTIGO n

Com o objetivo de promover omelhor conhecimento e a difusão de seusrespectivos patrimónios históricos eculturais, as Partes estimularão a coope-ração mútua por meio das seguintesmedidas:

a) o intercâmbio de escritores,artistas, grupos artísticos e professores,bem como de especialistas e personalidadesatuantes nos domínios abrangidos pelopresente Acordo;

b) o estudo e a divulgação daslínguas portuguesa e romena;

c) a tradução e edição de obrasde autores da outra Parte, de reconhecidovalor artístico ou literário;

d) o desenvolvimento e oaprofundamento das relações entreacademias e outras instituições da área dacultura e da arte;

e) a organização de manifestaçõesculturais e artísticas, tais como exposiçõesde artes plásticas e de fotografia, mostrasde filmes, programas de rádio e televisão eapresentações de teatro, dança e música deuma das Partes no território da outra, in-clusive em bases comerciais;

f) o intercâmbio de publicaçõesartísticas, filmes, gravações musicais,partituras, discos e fitas;

g) o intercâmbio de informações,materiais e especialistas, na área dearquivos;

h) a colaboração no setor deeditoras e do comércio de livros.

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ARTIGO m

As Partes promoverão a colaboraçãoe a troca de experiências no domínio daeducação, por meio das seguintes medidas:

a) o intercâmbio de professores eoutros especialistas, por meio de visitas eestágios, a fim de ministrar cursos ourealizar pesquisas em suas áreas deespecialização;

b) o incentivo à cooperação entreos seus estabelecimentos de ensino supe-rior;

c) o intercâmbio de materialinformativo sobre a história, a geografia, acultura e o desenvolvimento económico esocial de cada país, bem como de cursos,programas educativos, métodospedagógicos e manuais escolares adotadospelas instituições de ensino dos dois países.

ARTIGO IV

1. As Partes concederão, na medida de suaspossibilidades, vagas em cursos degraduação e vagas e bolsas de estudo emcursos de pós-graduação de suas uni-versidades para estudantes da outra Parte,em áreas de estudo escolhidas de comumacordo.

2. Os diplomas e títulos expedidos porinstituições de ensino superior de uma dasPartes terão validade no território da outra,desde que preencham as condições deequiparação exigidas pela legislaçãovigente em cada Parte.

3. Cada uma das Partes reconhecerá oscertificados, diplomas, títulos e grausacadémicos outorgados em consequênciada formação, do aperfeiçoamento ou daespecialização em instituições da outra

Parte. Sobre o reconhecimento mútuo degraus académicos, poderão ser concluídosAcordos separados entre os órgãoscompetentes das Partes.

ARTIGO V

Cada Parte facilitará aos cidadãos daoutra Parte o acesso a bibliotecas, arquivose outras instituições culturais eeducacionais.

ARTIGO VIAs Partes promoverão a cooperação

entre cinematecas e outras instituiçõescinematográficas dos dois países, visandoà compra e ao intercâmbio de filmes, àapresentação em festivais, à troca de livros,cartazes, revistas e publicações especia-lizadas.

ARTIGO

As Partes incentivarão o intercâmbiode emissões radiofónicas e de programasde televisão que versem sobre odesenvolvimento económico, social e cul-tural de cada país, bem como de profis-sionais de rádio e televisão, com o objetivode promover o conhecimento e divulgaçãode suas respectivas culturas.

ARTIGO

As Partes promoverão odesenvolvimento da cooperação no campoda educação fisica e dos esportes, com baseem entendimentos entre as respectivasorganizações desportivas.

ARTIGO IX

Cada Parte protegerá, no seuterritório, os direitos de propriedade artís-tica e intelectual da outra Parte, em confor-midade com as convenções internacionaisde que são signatárias.

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ARTIGO X

As Partes estimularão a cooperaçãono âmbito das convenções internacionaisem vigor para os dois países, bem comodas organizações internacionais das quaissejam membros, no que respeita osdomínios abrangidos pelo presente Acordo,sem prejuízo dos direitos e deveresresultantes de outros atos internacionaisassinados pelas Partes.

ARTIGO XI1. Para a execução do presente Acordo, asPartes poderão acordar, por viadiplomática, programas periódicosintergovernamentais de cooperação e inter-câmbio. Estes programas definirão, entreoutras, as formas de cooperação, asdisposições financeiras e outras ligadas àsua execução.

2. A Parte brasileira designa o Ministériodas Relações Exteriores como coordenadorde sua participação na execução dopresente Acordo e a Parte romena designa,para o mesmo fim, o Ministério dos Ne-gócios Estrangeiros.

3. Todas as questões relativas à execuçãodos programas intergovernamentais decooperação e intercâmbio aprovados, eoutros projetos no domínio da cultura,ensino superior, educação, meios decomunicação de massa, esporte eintercâmbio juvenil entre as Partes serãotratadas com os órgãos coordenadores, porintermédio das respectivas MissõesDiplomáticas.

ARTIGO

no domínio dos meios de comunicação e àcriação de programas de trabalho entreUniversidades e instituições de ensino su-perior, culturais e desportivas de ambos ospaíses, que desejem cooperar nos camposda cultura, educação e esportes, em con-formidade com os princípios e dispositivosdeste Acordo.

ARTIGO1. O presente Acordo entrará em vigor 30dias após a data da troca dos Instrumentosde Ratificação, de acordo com osprocedimentos estabelecidos pela le-gislação interna de cada Parte, epermanecerá em vigor por um período decinco anos. Após esse período, o presenteAcordo será automaticamente renovadopor períodos iguais e sucessivos, porconcordância tácita, a menos que uma dasPartes o denuncie por via diplomática.Neste caso, a denúncia surtirá efeito seismeses após a data da respectiva notificação.

2. Expirado ou denunciado o presenteAcordo, as suas disposições continuarão areger quaisquer obrigações não concluídas,assinadas durante a sua vigência.

Feito em Brasília, aos 13 dias do mêsde março de 1991, em dois exemplaresoriginais, nas línguas portuguesa e romena,sendo os dois igualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASIL

Francisco Rezek

PELO GOVERNO DA ROMÉNIAMihai Zisu

As Partes poderão celebrar, por viadiplomática, Ajustes Complementares aopresente Acordo, que visem à cooperação

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Brasil - SurinameAjuste Complementar ao Acordo Básico

de Cooperação Científica e Técnicapara o Estabelecimento de um

Programa de Cooperação na Área dePesquisa sobre Agentes

Patógenos do Dendê

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República doSuriname,

Considerando que, em 22 de junhode 1976, a República Federativa do Brasile a República do Suriname firmaram oAcordo Básico de Cooperação Científicae Técnica;

Considerando que o parágrafo 2 doArtigo I do mencionado Acordo Básicoprevê que os programas e projetos nocampo da cooperação científica e técnicaserão objeto de ajustes complementaresespecíficos;

Considerando que a dendeicultura éuma das principais opções de cultivopermanente para a Amazónia do Brasil edo Suriname;

Considerando que a EmpresaBrasileira de Pesquisa Agropecuária -EMBRAPA e a Universidade Anton deKom do Suriname vêm, há algum tempo,cooperando num programa conjunto sobrea pesquisa da doença "podridão da flecha",que afeta a cultura do dendê na Amazónia;

Considerando que existe expressavontade por parte da Empresa Brasileirade Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA e

da Universidade Anton de Kom do Su-riname em estabelecer formalmente umprograma colaborativo de pesquisa sobreagentes patógenos do dendê,

Acordam o seguinte:

ARTIGO I

Objetivos

O objetivo deste Ajuste Complemen-tar é estabelecer um programa de intercâm-bio científico na área da "podridão daflecha" do dendê, e de outras doenças queafetem a referida cultura, no Brasil e noSuriname.

ARTIGO II

Órgãos Executores

Os Governos da República Federa-tiva do Brasil e da República do Surinamedesignam, respectivamente, como órgãosexecutores do presente Ajuste Com-plementar a Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária - EMBRAPA e aUniversidade Anton de Kom do Suriname.

ARTIGO Hl

Características Específicas

1. A cooperação compreenderá aparticipação conjunta nas pesquisas a seremlevadas a efeito no Brasil e no Suriname,através do intercâmbio de especialistas,intercâmbio de experiências e de infor-mações técnico-científicas e intercâmbio demateriais para pesquisa.

2. Para a realização dos trabalhos conjuntosde pesquisa, a EMBRAPA e a UniversidadeAnton de Kom do Suriname se comprome-tem, através de suas unidades de pesquisasobre o dendê, a colocar à disposição do

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Programa laboratórios, campos experimen-tais, equipes de pesquisadores, bem comocampos de produção de produtoresprivados, mediante acordos que venham aestabelecer com os mesmos.

3. Ambas as Partes assegurarão amplaparticipação recíproca nos resultadosdecorrentes dos trabalhos conjuntos, tantono Brasil como no Suriname, quer atravésde publicações, quer pelo uso demetodologias e processos que vierem a serdesenvolvidos pelos mesmos.

4. As atividades e os dispêndios de cadaParte deverão ser definidos em PlanosOperativos Anuais, a serem acordadosentre ambas, mediante troca de corres-pondência.

ARTIGO IV

Financiamento

1. As despesas com o intercâmbio deespecialistas previstas no parágrafo 1 doArtigo III, acima, serão custeadas pelaEMBRAPA e pela Universidade Anton deKom do Suriname da seguinte forma:

a) a Parte que envia pagará aspassagens internacionais dos seus técnicos;

b) a Parte que recebe arcará comos custos de diárias dos técnicosestrangeiros e os eventuais deslocamentosinternos, necessários para o cumprimentoda missão.

2. Os órgãos executores se comprometema custear, cada um, anualmente, aspassagens internacionais ou as diáriasnecessárias dos técnicos envolvidos nointercâmbio, segundo as necessidadesestabelecidas nos Planos OperativosAnuais.

3. Os órgãos executores pagarão, a títulode diárias para os técnicos visitantes, ovalor em moedas local, correspondente aodas diárias pagas pelo FAO aos seustécnicos e consultores, devendo o montanteanual das diárias estar previsto nos PlanosOperativos de que trata o parágrafo 4 doArtigo III, acima.

4. As viagens do pessoal técnico previstasnos Planos Operativos Anuais deverão serconfirmadas pelos órgãos executores, comantecedência mínima de 30 (trinta) dias.

5. O envio de materiais e equipamentos deum país ao outro reger-se-á pelo dispostono Artigo VI do Acordo Básico deCooperação Científica e Técnica, sendoque as despesas correspondentes tambémserão definidas pelas Partes nos PlanosOperativos Anuais.

ARTIGO V

Disposições Finais

1. A Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária - EMBRAPA e a Universi-dade Anton de Kom do Suriname secomprometem a prestar assistência deemergência aos especialistas da outra Parteque se encontrem cumprindo missõestécnicas, no referente a eventuais doençasou acidentes; no caso de morte no desem-penho de suas funções no exterior, aresponsabilidade será da Parte que enviouo especialista.

2. Aplicam-se aos especialistas designadospara exercer atividades em território dooutro país as disposições do Artigo V doAcordo Básico de Cooperação Científicae Técnica.

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ARTIGO VI

Vigência

1. O presente Ajuste Complementar entraráprovisoriamente em vigor na data de suaassinatura, e definitivamente quando oGoverno da República Federativa do Brasile o Governo da República do Suriname seinformarem mutuamente, por viadiplomática, sobre o cumprimento dasrespectivas formalidades legais internas.

2 .0 presente Ajuste Complementar poderáser alterado por mútuo acordo entre oGoverno da República Federativa do Brasile o Governo da República do Suriname,prévio o cumprimento das respectivasformalidades legais internas.

Feito em Paramaribo, em 03 demarço de 1989, em dois exemplares naslínguas portuguesa e holandesa, sendoambos os textos igualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILPaulo Tarso Flecha de Lima

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA DOSURINAME:Edwin Sedoc

(Nota: Promulgado em 22 de março de1991)

Brasil - TchecoslováquiaConvenção destinada a evitar a dupla

tributação e prevenir a evasão fiscal emmatéria de impostos sobre a renda

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República Socialistada Tchecoslováquia,

Desejando concluir uma ConvençãoDestinada a Evitar a Dupla Tributação ePrevenir a Evasão Fiscal em Matéria deImpostos sobre a Renda,

Acordaram o seguinte:

ARTIGO I

Pessoas visadas

A presente Convenção aplica-se àspessoas residentes de um ou de ambos osEstados Contratantes.

ARTIGO 2

Impostos visados

1. A presente Convenção aplica-se aosimpostos sobre a renda cobrados por umdos Estados Contratantes, seja qual for osistema usado para sua cobrança.

2. Os impostos aos quais se aplica apresente Convenção são:

a) no caso do Brasil:

- o imposto federal sobre arenda, com exclusão do imposto suplemen-tar de renda e do imposto sobre atividadesde menor importância;

(doravante referido como "imposto brasi-leiro");

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b) no caso da Tchecoslováquia:

- o imposto sobre os lucros;

- o imposto sobre salários;

- o imposto sobre a renda deatividades literárias e artísticas;

- o imposto agrícola;

- o imposto sobre a renda dapopulação; e

- o imposto sobre casas;

(doravante referidos como "impostotchecoslovaco")

3. A Convenção aplica-se também aquaisquer impostos idênticos ousubstancialmente semelhantes que foremintroduzidos após a data da sua assinatura,seja em adição aos impostos acimamencionados, seja em sua substituição. Asautoridades competentes dos EstadosContratantes notificar-se-ão mutuamentede quaisquer modificações significativasque tenham ocorrido em suas respectivaslegislações tributárias.

ARTIGO 3

Definições gerais

1. Na presente Convenção, a não ser que ocontexto imponha interpretação diferente:

a) o termo "Brasil" designa oterritório da República Federativa doBrasil, isto é, a terra firme continental einsular e respectivo espaço aéreo, bemcomo o mar territorial e o leito e subsolodesse mar, inclusive o espaço aéreo acimado mar territorial, dentro do qual, emconformidade com o Direito Internacionale com as leis brasileiras, o Brasil possaexercer seus direitos;

236

b) o termo "Tchecoslováquia"significa a República Socialista daTchecoslováquia;

c) o termo "nacionais" designa:

I - todas as pessoas físicas quepossuam a nacionalidade de um EstadoContratante;

II - todas as pessoas jurídicas,sociedades de pessoas e associações consti-tuídas de acordo com a legislação em vigorem um dos Estados Contratantes.

d) as expressões "um EstadoContratante" e "o outro EstadoContratante" designam o Brasil ou aTchecoslováquia, consoante o contexto;

e) o termo "pessoa" compreendeuma pessoa física, uma sociedade ouqualquer outro grupo de pessoas;

f) o termo "sociedade" designaqualquer pessoa jurídica ou qualquerentidade que, para fins tributários, sejaconsiderada como pessoa jurídica;

g) as expressões "empresa de umEstado Contratante" e "empresa do outroEstado Contratante" designam, respectiva-mente, uma empresa explorada por umresidente de um Estado Contratante e umaempresa explorada por um residente dooutro Estado Contratante;

h) a expressão "tráfego interna-cional" designa qualquer transporteefetuado por um navio ou aeronaveexplorado por uma empresa cuja sede dedireção efetiva esteja situada em um EstadoContratante, exceto quando o navio ou aaeronave seja explorado apenas entre luga-res situados no outro Estado Contratante;

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i) o termo "imposto" designa oimposto brasileiro ou o impostotchecoslovaco, consoante o contexto;

j) a expressão "autoridadecompetente" designa:

I - no caso do Brasil: oMinistro da Fazenda, o Secretário daReceita Federal ou seus representantesautorizados;

II - no caso daTchecoslováquia: o Ministro da Fazendada República Socialista da Tchecoslováquiaou seu representante autorizado.

2. Para a aplicação da presente Convençãopor um Estado Contratante, qualquerexpressão que não se encontre de outromodo definida tem o sentido que lhe éatribuído pela legislação desse Estadorelativa aos impostos que são objeto dapresente Convenção, a não ser que ocontexto imponha uma interpretação dife-rente.

A expressão "estabelecimentopermanente" abrange especialmente:

a) uma sede de direção;

b) uma sucursal;

c) um escritório;

d) uma fábrica;

f) uma mina, uma pedreira ouqualquer outro local de extração derecursos naturais;

g) um canteiro de construção, oude instalação, ou de montagem, cujaduração exceda 6 meses.

3. A expressão "estabelecimento perma-nente" não compreende:

a) a utilização de instalaçãounicamente para fins de armazenagem,exposição ou entrega de bens oumercadorias pertencentes à empresa;

b) a manutenção de um estoquede bens ou mercadorias pertencentes àempresa unicamente para fins dearmazenagem, exposição ou entrega;

c) a manutenção de um estoquede bens ou mercadorias pertencentes àempresa unicamente para fins detransformação por outra empresa;

d) a manutenção de umainstalação fixa de negócios unicamente parafins de comprar bens ou mercadorias, ouobter informações para a empresa;

e) a manutenção de umainstalação fixa de negócios unicamente parafins de publicidade, fornecimento deinformações, pesquisas científicas ouatividades análogas que tenham caráterpreparatório ou auxiliar para a empresa.

4. Uma pessoa que atue num EstadoContratante por conta de uma empresa dooutro Estado Contratante - e desde que nãoseja um agente que goze de um "status"independente ao qual se aplica o parágrafo5 - será considerada como estabelecimentopermanente no primeiro Estado se tiver, eexercer habitualmente nesse Estado,autoridade para concluir contratos emnome da empresa, a não ser que suasatividades sejam limitadas à compra de bensou mercadorias para a empresa.

ARTIGO 4

Domicílio fiscal

1. Para os fins da presente Convenção, aexpressão "residente de um Estado

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Contratante" designa qualquer pessoa que,em virtude da legislação desse Estado, estáaí sujeita a imposto em razão do seudomicílio, residência, sede de direção ouqualquer outro critério de naturezaanáloga.

2. Quando por força do disposto noparágrafo 1 do presente Artigo, uma pessoafísica for residente de ambos os EstadosContratantes, a situação será resolvidacomo segue:

a) será considerada residente doEstado em que disponha de uma habitaçãopermanente; se dispuser de uma habitaçãopermanente em ambos os Estados, seráconsiderada residente do Estado com oqual suas relações pessoais e económicassejam mais estreitas (centro de interessesvitais);

b) se o Estado em que tenha ocentro de seus interesses vitais não puderser determinado, ou se não dispuser de umahabitação permanente em nenhum dosEstados, será considerada residente doEstado em que permanecer de forma ha-bitual;

c) se permanecer de forma ha-bitual em ambos os Estados ou se nãopermanecer de forma habitual em nenhumdeles, será considerada residente do Estadode que for nacional;

d) se for nacional de ambos osEstados ou se não for nacional de nenhumdeles, as autoridades competentes dosEstados Contratantes resolverão a questãode comum acordo.

3. Quando, em virtude do disposto noparágrafo 1 do presente Artigo, uma pessoa

238

que não seja uma pessoa física do residentede ambos os Estados Contratantes, seráconsiderada residente do Estado em queestiver situada sua sede de direção efetiva.

ARTIGO 5

Estabelecimento permanente

1. Para os fins da presente Convenção, aexpressão "estabelecimento permanente"designa uma instalação fixa de negócios emque a empresa exerce toda ou parte de suaatividade.

2. A expressão "estabelecimentopermanente" abrange especialmente:

a) uma sede de direção;

b) uma sucursal;

c) um escritório;

d) uma fábrica;

f) uma mina, uma pedreira ouqualquer outro local de extração derecursos naturais;

g) um canteiro de construção, oude instalação, ou de montagem, cujaduração exceda 6 meses.

3. A expressão "estabelecimentopermanente" não compreende:

a) a utilização de instalaçãounicamente para fins de armazenagem,exposição ou entrega de bens oumercadorias pertencentes à empresa;

b) a manutenção de um estoquede bens ou mercadorias pertencentes àempresa unicamente para fins dearmazenagem, exposição ou entrega;

c) a manutenção de um estoquede bens ou mercadorias pertencentes à

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empresa unicamente para fins detransformação por outra empresa;

d) a manutenção de umainstalação fixa de negócios unicamente parafins de comprar bens ou mercadorias, ouobter informações para a empresa;

e) a manutenção de umainstalação fixa de negócios unicamente parafins de publicidade, fornecimento deinformações, pesquisas científicas ouatividades análogas que tenham caráterpreparatório ou auxiliar para a empresa.

4. Uma pessoa que atue num EstadoContratante por conta de uma empresa dooutro Estado Contratante - e desde que nãoseja um agente que goze de um "status"independente ao qual se aplica o parágrafo5 - será considerada como estabelecimentopermanente no primeiro Estado se tiver, eexercer habitualmente nesse Estado,autoridade para concluir contratos emnome da empresa, a não ser que suasatividades sejam limitadas à compra de bensou mercadorias para a empresa.

5. Uma empresa de um Estado Contratantenão será considerada como tendo umestabelecimento permanente no outroEstado Contratante pelo simples fato deexercer a sua atividade nesse outro Estadopor intermédio de um corretor, de umcomissário geral ou de qualquer outroagente que goze de um "status" inde-pendente, desde que essas pessoas atuemno âmbito normal de suas atividades.

6. O fato de uma sociedade residente deum Estado Contratante controlar ou sercontrolada por uma sociedade residente dooutro Estado Contratante ou que exerça

sua atividade nesse outro Estado (quer sejapor intermédio de um estabelecimentopermanente, quer de outro modo) não será,por si só, bastante para fazer de qualquerdessas sociedades estabelecimento perma-nente do outro.

ARTIGO 6

Rendimentos de bens imobiliários

1. Os rendimentos de bens imobiliários,incluindo os rendimentos de exploraçõesagrícolas ou florestais, são tributáveis noEstado Contratante em que esses bensestiverem situados.

2. a) Com ressalva do disposto nasalíneas b) e c), a expressão "bensimobiliários" é definida de acordo com alegislação do Estado Contratante em queos bens em questão estiverem situados;

b) a expressão compreende, emqualquer caso, os acessórios dapropriedade imobiliária, o gado e oequipamento utilizados nas exploraçõesagrícolas e florestais, os direitos a que seaplicam as disposições do direito privadorelativas à propriedade territorial, ousufruto de bens imobiliários e os direitosa pagamentos variáveis ou fixos pelaexploração ou concessão da exploração dejazidas minerais, fontes e outros recursosnaturais;

c) os navios, barcos e aeronavesnão são considerados bens imobiliários.

3. O disposto no parágrafo 1 aplica-se aosrendimentos provenientes da exploraçãodireta, da locação ou do arrendamento,assim como de qualquer outra forma deexploração de bens imobiliários.

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4. O disposto nos parágrafos 1 e 3 aplica-se igualmente aos rendimentosprovenientes de bens imobiliários de umaempresa e aos rendimentos de bensimobiliários que sirvam para o exercício deprofissões independentes.

ARTIGO 7

Lucros das empresas

1. Os lucros de uma empresa de um EstadoContratante só são tributáveis nesse mesmoEstado, a não ser que a empresa exerçasua atividade no outro Estado Contratantepor meio de um estabelecimento perma-nente aí situado. Se a empresa exercer suaatividade na forma indicada, seus lucros sãotributáveis no outro Estado, masunicamente na medida em que forem atri-buíveis a esse estabelecimento permanente.

2. Com ressalva do disposto no parágrafo3. quando uma empresa de um EstadoContratante exercer sua atividade no outroEstado Contratante por meio de umestabelecimento permanente aí situado,serão atribuídos em cada EstadoContratante a esse estabelecimentopermanente os lucros que obteria se fosseuma empresa distinta e separada exercendoatividades idênticas ou similares emcondições idênticas ou similares etransacionando com absoluta independên-cia com a empresa de que é estabelecimentopermanente.

3. Na determinação dos lucros de umestabelecimento permanente, é permitidodeduzir as despesas que tiverem sido feitaspara a consecução dos objetivos doestabelecimento permanente, incluindo asdespesas de direção e os encargos deadministração assim realizados.

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4. Nenhum lucro será atribuído a umestabelecimento permanente pelo fato dasimples compra, por este estabelecimentopermanente, de bens ou mercadorias paraa empresa.

5. Quando os lucros compreenderemrendimentos tratados separadamente emoutro Artigo da presente Convenção, asrespectivas disposições não serão afetadaspelo disposto neste Artigo.

ARTIGO 8

Navegação marítima e aérea

1. Os lucros provenientes da exploração,no tráfego internacional, de navios ouaeronaves só são tributáveis no EstadoContratante em que estiver situada a sededa direção efetiva da empresa.

2. Se a sede da direção efetiva da empresade navegação marítima se situar à bordode um navio, essa sede considera-se situadano Estado Contratante em que se encontrao porto de registro desse navio ou, naausência de porto de registro, no EstadoContratante de que é residente a pessoa queexplora o navio.

3. O disposto no parágrafo 1 do presenteArtigo, aplica-se também aos lucrosprovenientes da participação em umconsórcio, em uma exploração em comumou em um organismo internacional deexploração.

ARTIGO 9

Empresas associadas

Quando:

a) uma empresa de um EstadoContratante participar, direta ou

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indiretamente, da direção, controle ou capi-tal de uma empresa do outro EstadoContratante, ou quando

b) as mesmas pessoasparticiparem, direta ou indiretamente, dadireção, controle ou capital de umaempresa de um Estado Contratante e deuma empresa do outro Estado Contratante,

e, em ambos os casos, as duas empresasestiverem ligadas, nas suas relaçõescomerciais ou financeiras, por condiçõesaceitas ou impostas que difiram das queseriam estabelecidas entre empresasindependentes, os lucros que, sem essascondições teriam sido obtidos por uma dasempresas, mas não o foram por causadessas condições, podem ser incluídos noslucros dessa empresa e tributados comotais.

ARTIGO 10

Dividendos

1. Os dividendos pagos por uma sociedaderesidente de um Estado Contratante a umresidente do outro Estado Contratante sãotributáveis nesse outro Estado.

2. Todavia, esses dividendos podemtambém ser tributados no EstadoContratante de que é residente a sociedadeque os paga e de acordo com a legislaçãodesse Estado, mas se a pessoa que osreceber for o beneficiário efetivo dosdividendos, o imposto assim estabelecidonão poderá exceder 15% do montantebruto dos dividendos.

Este parágrafo não afetará atributação da sociedade em relação aoslucros que deram origem aos dividendospagos.

3. O disposto nos parágrafos 1 e 2 dopresente Artigo não se aplica se obeneficiário efetivo dos dividendos,residente de um Estado Contratante,desenvolver atividade no outro EstadoContratante de que é residente a sociedadeque paga os dividendos por meio de umestabelecimento permanente aí situado, ouexercer uma profissão independente nesseoutro Estado por intermédio de umainstalação fixa aí situada, e a participaçãoem relação à qual os dividendos são pagosesteja efetivamente ligada a esseestabelecimento permanente ou instalaçãofixa. Neste caso, aplica-se o disposto noArtigo 7 ou no Artigo 14 da presente Con-venção, conforme couber.

4 .0 termo "dividendos", usado no presenteArtigo, designa os rendimentos provenien-tes de ações, ações ou direitos de fruição,ações de empresas mineradoras, partes defundador ou outros direitos de participaçãoem lucros, com exceção de créditos, bemcomo os rendimentos provenientes deoutras participações de capital asseme-lhados aos rendimentos de ações pela le-gislação tributária do Estado de que éresidente a sociedade que os distribui.

5 .Quando um residente da Tchecoslo-váquia tiver um estabelecimento permanen-te no Brasil, esse estabelecimento perma-nente poderá estar sujeito a um impostoretido na fonte de acordo com a legislaçãobrasileira. Todavia, esse imposto nãopoderá exceder 15% do montante brutodos lucros desse estabelecimento perma-nente determinado após o pagamento doimposto de sociedades referente a esseslucros.

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6. Quando uma sociedade residente de umEstado Contratante receber lucros ourendimentos provenientes do outro EstadoContratante, esse outro Estado não poderácobrar nenhum imposto sobre osdividendos pagos pela sociedade, excetona medida em que esses dividendos forempagos a um residente desse *w Estadoou na medida em que a participaçãogeradora dos dividendos estiverefetivamente ligada a um estabelecimentopermanente ou a uma instalação fixa si-tuados nesse outro Estado, nem sujeitar oslucros não distribuídos da sociedade a umimposto sobre lucros não distribuídos,mesmo se os dividendos pagos ou os lucrosnão distribuídos, consistirem, total ouparcialmente, em lucros ou rendimentosprovenientes desse outro Estado.

7. A limitação da alíquota do impostoprevista nos parágrafos 2 e 5 do presenteArtigo não se aplica aos dividendos oulucros pagos ou remetidos antes do términodo terceiro ano calendário seguinte ao anoem que a Convenção entrar em vigor.

ARTIGO 11

Juros

1. Os juros provenientes de um EstadoContratante e pagos a um residente dooutro Estado Contratante são tributáveisnesse outro Estado.

2. Todavia, esses juros podem também sertributados no Estado Contratante de queprovêm e de acordo com a legislação desseEstado, mas, se a pessoa que os receberfor o beneficiário efetivo dos juros, oimposto assim estabelecido não poderáexceder:

242

a) 10% no que concerne aos jurosde empréstimos e créditos concedidos porum banco, por um período de no mínimo10 anos, ligados à venda de equipamentosindustriais ou ao estudo, à instalação ouao fornecimento de unidades industriais oucientíficas, assim como a obras públicas;

b) 15% do montante bruto dosjuros em todos os demais casos.

3. Não obstante o disposto nos parágrafos1 e 2 do presente Artigo:

a) os juros provenientes de umEstado Contratante e pagos ao Governode outro Estado Contratante, a uma suasubdivisão política ou a qualquer agência(inclusive uma instituição financeira) depropriedade desse Governo ou subdivisãopolítica são isentos de tributação noprimeiro Estado mencionado, a não ser quese aplique o subparágrafo b) abaixo:

b) os juros de obrigações, títulosou debêntures emitidos pelo Governo deum Estado Contratante, por uma suasubdivisão política ou por qualquer agência(inclusive uma instituição financeira) depropriedade desse Governo ou desubdivisão política só são tributáveis nesseEstado.

4. O termo "juros", usado no presenteArtigo, designa os rendimentos de títulosda dívida pública, de títulos ou debêntures,acompanhados ou não de garantiahipotecária ou de cláusula de participaçãonos lucros, e de créditos de qualquernatureza, bem como outros rendimentosque, pela legislação tributária do EstadoContratante de que provêm, sejamassemelhados aos rendimentos deimportâncias emprestadas.

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5. O disposto nos parágrafos, 1, 2 e 3 dopresente Artigo não se aplica se obeneficiário efetivo dos juros, residente deum Estado Contratante, desenvolver ativi-dade no outro Estado Contratante de queprovêm os juros por meio de umestabelecimento permanente aí situado, ouexercer uma profissão independente nesseoutro Estado por intermédio de umainstalação fixa aí situada e o crédito emrelação ao qual os juros são pagos estiverefetivamente ligado a esse estabelecimentopermanente ou instalação fixa. Neste caso,aplica-se o disposto no Artigo 7 ou noArtigo 14 da presente Convenção,conforme couber.

6. A limitação estabelecida no parágrafo 2do presente Artigo não se aplica aos jurosprovenientes de um Estado Contratante epagos a um estabelecimento permanente deuma empresa do outro Estado Contratantesituado em um terceiro Estado.

7. Os juros são considerados provenientesde um Estado Contratante quando odevedor for esse próprio Estado, uma suasubdivisão política, ou um residente desseEstado. No entanto, quando o devedor dosjuros, residente ou não de um EstadoContratante, tiver em um EstadoContratante um estabelecimento perma-nente em relação com o qual haja sidocontraída a obrigação que dá origem aosjuros e caiba a esse estabelecimentopermanente o pagamento desses juros, taisjuros são considerados provenientes doEstado Contratante em que oestabelecimento permanente estiversituado.

8. Quando, em consequência de relaçõesespeciais existentes entre o devedor e o

beneficiário efetivo ou entre ambos equalquer outra pessoa, o montante dosjuros, tendo em conta o crédito pelo qualsão pagos, exceder aquele que seriaacordado entre o devedor e o beneficiárioefetivo na ausência de tais relações, o dis-posto neste Artigo aplica-se apenas a esteúltimo montante mencionado. Neste caso,a parte excedente dos pagamentos serátributável de acordo com a legislação decada Estado Contratante, tendo em contaas outras disposições da presenteConvenção.

ARTIGO 12

Royalties

1. Os "royalties" provenientes de umEstado Contratante e pagos a um residentedo outro Estado Contratante sãotributáveis nesse outro Estado.

2. Todavia, esses "royalties" podem sertributados no Estado Contratante de queprovêm e de acordo com a legislação desseEstado, mas se a pessoa que os receber foro beneficiário efetivo dos "royalties" oimposto assim estabelecido não poderáexceder:

a) 25% do montante bruto dos"royalties" provenientes do uso ou daconcessão do uso de marcas de indústriaou de comércio;

b) 15% do montante bruto dos"royalties" em todos os demais casos.

3.0 termo "royalties", usado neste Artigo,designa as remunerações de qualquernatureza pagas pelo uso ou pela concessãodo uso de um direito de autor sobre umaobra literária, artística ou científica (inclu-sive os filmes cinematográficos, filmes ou

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fitas de gravação de programas de televisãoou radiodifusão), de uma patente, marcade indústria ou de comércio, desenho oumodelo, plano, fórmula ou processossecretos, bem como pelo uso ou pelaconcessão do uso de um equipamento in-dustrial, comercial ou científico ou por in-formações correspondentes à experiênciaadquirida no setor industrial, comercial oucientífico.

4. Os "royalties" são consideradosprovenientes de um Estado Contratantequando o devedor for o próprio Estado,uma sua subdivisão política, uma autori-dade local ou um residente desse Estado.Todavia, quando o devedor dos "royalties",seja ou não residente de um EstadoContratante, tiver num Estado Contratanteum estabelecimento permanente em relaçãocom o qual haja sido contraída a obrigaçãode pagar os "royalties" e caiba a esseestabelecimento permanente o pagamentodesses "royalties", tais "royalties" sãoconsiderados provenientes do EstadoContratante em que o estabelecimentopermanente estiver situado.

5. O disposto nos parágrafos 1 e 2 dopresente Artigo não se aplica se obeneficiário efetivo dos "royalties",residente de um Estado Contratante, de-senvolver atividade no outro EstadoContratante de que provêm os "royalties"por meio de um estabelecimento perma-nente aí situado, ou exercer uma profissãoindependente nesse outro Estado porintermédio de uma instalação fixa aísituada, e o direito ou bem que deu origemaos "royalties" estiver efetivamente ligadoa esse estabelecimento permanente ouinstalação fixa. Neste caso, aplica-se o

244

disposto no Artigo 7 ou no Artigo 14 dapresente Convenção, conforme couber.

6. Quando, em consequência de relaçõesespeciais existentes entre o devedor e obeneficiário efetivo ou entre ambos equalquer outra pessoa, o montante dos"royalties" tendo em conta o uso, direitoou informação pelo qual são pagos, excederàquele que seria acordado entre o devedore o beneficiário efetivo na ausência de taisrelações, o disposto neste Artigo aplica-seapenas a este último montante. Neste caso,a parte excedente dos pagamentos serátributável de acordo com a legislação decada Estado Contratante, tendo em contaas outras disposições da presente Con-venção.

7. A limitação da alíquota do impostoreferida no parágrafo 2 b) deste Artigo nãose aplica aos "royalties" pagos antes dotérmino do quinto ano calendário seguinteao ano calendário em que a Convençãoentrar em vigor quando tais "royalties"forem pagos a um residente de um EstadoContratante que possua, direta ouindiretamente, no mínimo 50% do capitalcom direito a voto da sociedade que pagaos "royalties".

ARTIGO 13

Ganhos de capital

1. Os ganhos provenientes da alienação debens imobiliários, definidos no parágrafo2 do Artigo 6 da presente Convenção, sãotributáveis no Estado Contratante em queesses bens estiverem situados.

2. Os ganhos provenientes da alienação debens imobiliários que façam parte do ativode um estabelecimento permanente que

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uma empresa de um Estado Contratantetenha no outro Estado Contratante ou debens mobiliários constitutivos de umainstalação fixa de que um residente de umEstado Contratante disponha no outroEstado Contratante para o exercício de umaprofissão independente, incluindo osganhos provenientes da alienação desseestabelecimento permanente (isolado oucom o conjunto da empresa) ou dessainstalação fixa, são tributáveis no outroEstado Contratante. No entanto, os ganhosprovenientes da alienação de navios eaeronaves utilizados no tráfego in-ternacional ou de bens mobiliáriospertinentes à exploração de tais navios eaeronaves só são tributáveis no EstadoContratante em que estiver situada a sededa direção efetiva da empresa.

3. Os ganhos provenientes da alienação dequaisquer outros bens diferentes dosmencionados nos parágrafos 1 e 2 dopresente Artigo são tributáveis em ambosos Estados Contratantes.

ARTIGO 14

Profissões independentes1. Os rendimentos que um residente de umEstado Contratante aufere pelo exercíciode uma profissão liberal ou de outrasatividades independentes de caráteranálogo só são tributáveis nesse Estado, anão ser que o pagamento desses serviçosou atividades caiba a um estabelecimentopermanente situado no outro EstadoContratante ou a uma sociedade aíresidente. Neste caso, os rendimentos sãotributáveis nesse outro Estado.

2. A expressão "profissão liberal" abrange,em especial, as atividades independentes

de caráter científico, técnico, literário,artístico, educativo ou pedagógico, bemcomo as atividades independentes de médi-cos, advogados, engenheiros, arquitetos,dentistas e contadores.

ARTIGO 15

Profissões dependentes

1. Com ressalva do disposto nos Artigos16, 18 e 19 da presente Convenção, ossalários, ordenados e outras remuneraçõessimilares que um residente de um EstadoContratante recebe em razão de umemprego só são tributáveis nesse Estado,a não ser que o emprego seja exercido nooutro Estado Contratante. Se o empregofor aí exercido, as remuneraçõescorrespondentes são tributáveis nesse outroEstado.

2. Não obstante o disposto no parágrafo 1acima, as remunerações que um residentede um Estado Contratante recebe em razãode um emprego exercido no outro EstadoContratante só são tributáveis no primeiroEstado se:

a) o beneficiário permanecer nooutro Estado durante um período ouperíodos que não excedam, no total, 183dias do ano fiscal considerado, e

b) as remunerações forem pagaspor um empregador ou em nome de umempregador que não seja residente dooutro Estado, e

c) o encargo das remuneraçõesnão couber a um estabelecimentopermanente ou a uma instalação fixa que oempregador tenha no outro Estado.

3. Não obstante as disposições precedentesdeste Artigo, as remunerações recebidas

245

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em razão de um emprego exercido à bordode um navio ou de uma aeronaveexplorados no tráfego internacional sãotributáveis no Estado Contrata ^m queestiver situada a sede da dire va daempresa.

ARTIGO 16

Remuneração de direção

As remunerações de direção e outrasremunerações similares que um residentede um Estado Contratante recebe naqualidade de membro da diretoria ou dequalquer conselho de um sociedaderesidente do outro Estado Contratante sãotributáveis nesse outro Estado.

ARTIGO 17

Artistas e desportistas

1. Não obstante o disposto nos Artigos 14e 15 da presente Convenção, osrendimentos obtidos pelos profissionais deespetáculo, tais como artistas de teatro, decinema, de rádio ou de televisão e músicos,bem como pelos desportistas, no exercício,nessa qualidade, de suas atividadespessoais, são tributáveis no EstadoContratante em que essas atividades foremexercidas.

2. Quando os serviços mencionados noparágrafo 1 do presente Artigo foremfornecidos em um Estado Contratante poruma empresa do outro Estado Contratante,os rendimentos recebidos pela empresapelo fornecimento desses serviços sãotributáveis no primeiro Estado Contratante,não obstante as outras disposições dapresente Convenção.

Os rendimentos obtidos por essaempresa pelo fornecimento desses serviços

246

são isentos de imposto no primeiro EstadoContratante mencionado, se a empresa fordireta ou indiretamente custeada, total ousubstancialmente, por fundos públicos doGoverno do outro Estado Contratante.

3. Não obstante o disposto nos parágrafos1 e 2 do presente Artigo, os rendimentosoriginados das atividades definidas noparágrafo 1, realizadas no contexto deintercâmbio cultural entre os EstadosContratantes, são isentos de imposto noEstado Contratante em que essas atividadessão exercidas.

ARTIGO 18

Pensões e anuidades

1. Com ressalva do disposto no Artigo 19da presente Convenção, as pensões e outrasremunerações similares que não excederemum montante equivalente a 3.000 dólaresdos EUA em um ano calendário e asanuidades que não excedem 3.000 dólaresdos EUA em um ano calendário, pagas aum residente de um Estado Contratante,só são tributáveis nesse Estado.

O montante que exceder os limitesacima mencionados é tributável em ambosos Estados Contratantes.

2. No presente Artigo:

a) a expressão "pensões e outrasremunerações similares" designapagamentos periódicos efetuados depois deaposentadoria em consequência deemprego anterior ou a título decompensação por danos sofridos em conse-quência de emprego anterior;

b) o termo "anuidade" designauma quantia determinada, paga periódica-

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mente em prazos determinados durante avida ou durante um período de tempodeterminado ou determinável, em decor-rência de um compromisso de efetuar ospagamentos como retribuição de um plenoe adequado contravalor em dinheiro ouavaliável em dinheiro (que não seja porserviços prestados).

ARTIGO 19

Pagamentos governamentais

1. As remunerações, excluindo as pensões,pagas por um Estado Contratante, por umasua subdivisão política ou autoridade locala uma pessoa física, em razão de serviçosprestados a esse Estado, subdivisão ouautoridade, só são tributáveis nesse Estado.

Todavia, essas remunerações só sãotributáveis no outro Estado Contratante,se os serviços forem prestados nesseEstado e se a pessoa física for um residentedesse Estado, que:

a) seja um nacional desse Estado;ou

b) não tenha se tornado umresidente desse Estado unicamente com afinalidade de prestar os serviços.

2. As pensões pagas por um EstadoContratante, por uma sua subdivisãopolítica ou autoridade local, querdiretamente, quer através de fundos poreles constituídos, a uma pessoa física, emrazão de serviços prestados a esse Estado,subdivisão ou autoridade, só são tributáveisnesse Estado.

Todavia, essas pensões só sãotributáveis no outro Estado Contratante sea pessoa física for um residente e umnacional desse Estado.

3. As pensões pagas com fundosprovenientes da previdência social de umEstado Contratante a um residente do outroEstado Contratante só são tributáveis noEstado primeiramente mencionado.

4. O disposto nos Artigos 15, 16 e 18 dapresente Convenção aplica-se àsremunerações e pensões pagas em razãode serviços prestados no âmbito de umaatividade comercial ou industrial exercidapor um Estado Contratante, uma suasubdivisão política ou uma sua autoridadelocal.

ARTIGO 20

Professores ou pesquisadores

Um pessoa física que é ou foi emperíodo imediatamente anterior à sua visitaa um Estado Contratante, um residente dooutro Estado Contratante e que, a convitedo Estado primeiramente mencionado oude uma universidade, estabelecimento deensino superior, escola, museu ou outrainstituição cultural desse primeiro Estado,ou que, cumprindo um programa oficial deintercâmbio cultural, permanecer nesseEstado por um período não superior a doisanos consecutivos com o único fim delecionar, proferir conferências ou realizarpesquisas em tais instituições será isentade imposto nesse Estado pela remuneraçãodessa atividade, desde que o pagamento detal remuneração provenha de fora desseEstado.

ARTIGO 21

Estudantes e aprendizes

1. Uma pessoa física que é ou foi emperíodo imediatamente anterior a sua visitaa um Estado Contratante, um residente do

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outro Estado Contratante e quepermanecer no Estado primeiramentemencionado unicamente:

a) como estudante de umauniversidade, estabelecimento de ensinosuperior ou escola desse primeiro Estado,

b) como beneficiário de umabolsa, subvenção ou prémio concedidospor uma organização religiosa, de caridade,científica com o fim primordial de estudarou pesquisar,

c) como membro de um programade cooperação técnica organizado peloGoverno do outro Estado Contratante; ou,

d) como aprendiz,

será isenta de imposto no Estadoprimeiramente mencionado no queconcerne às remessas provenientes do ex-terior para fins de sua manutenção,educação ou treinamento.

ARTIGO 22

Outros rendimentos

Os rendimentos de um residente deum Estado Contratante provenientes dooutro Estado Contratante e não tratadosnos Artigos procedentes da presenteConvenção são tributáveis nesse outroEstado.

ARTIGO 23

Métodos para eliminar a dupla tributação

1. Quando um residente do Brasil receberrendimentos que, de acordo com asdisposições da presente Convenção,possam ser tributados na Tchecoslováquia,o Brasil deduzirá do imposto sobre a rendadesse residente um montante igual ao

248

imposto sobre a renda pago naTchecoslováquia.

Todavia, o montante deduzido nãopoderá exceder a fração do imposto sobrea renda, calculado antes da dedução,correspondente aos rendimentos que po-dem ser tributados na Tchecoslováquia.

2. Quando um residente daTchecoslováquia receber rendimentos nãomencionados no parágrafo 3 que, deacordo com as disposições da presenteConvenção, possam ser tributados noBrasil, o Estado primeiramente mencio-nado isentará de imposto tais rendimentos.

3. Quando um residente daTchecoslováquia receber rendimentos que,de acordo com as disposições dos Artigos11, 12, 16 e 17 da presente Convenção,possam ser tributados no Brasil, aTchecoslováquia deduzirá do impostosobre a renda dessa pessoa um montanteigual ao imposto pago no Brasil.

Todavia, o montante deduzido nãopoderá exceder a fração do imposto,calculado antes da dedução, correspon-dente aos rendimentos recebidos do Brasil.

4. Para a dedução indicada no parágrafo 3do presente Artigo, feita em relação àtributação de juros e "royalties", o impostobrasileiro será sempre considerado comotendo sido pago à alíquota de 25 por cento.

5. Os lucros não distribuídos de umasociedade de um Estado Contratante, cujocapital pertencer ou for controlado totalou parcialmente, direta ou indiretamente,por um ou mais residentes do outro EstadoContratante, não serão tributáveis nesseúltimo Estado.

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6. O valor das ações emitidas por umasociedade anónima de um EstadoContratante, cujo capital pertencer ou forcontrolado, total ou parcialmente, direta ouindiretamente, por um ou mais residentesdo outro Estado Contratante, não estarásujeito a imposto sobre a renda neste últimoEstado.

ARTIGO 24

Não-discriminação

1. Os nacionais de um Estado Contratantenão ficarão sujeitos no outro EstadoContratante a nenhuma tributação ouobrigação correspondente diferente oumais onerosa do que aquelas a que estejamou possam estar sujeitos os nacionais desseoutro Estado que se encontrem na mesmasituação.

2. A tributação de um estabelecimentopermanente que uma empresa de umEstado Contratante tenha no outro EstadoContratante não será menos favorável nesseoutro Estado do que a das empresas desseoutro Estado que exerçam as mesmasatividades.

Esta disposição não poderá serinterpretada no sentido de obrigar umEstado Contratante a conceder aosresidentes do outro Estado Contratante asdeduções pessoais, abatimentos e reduçõesde impostos em função do estado civil ouencargos familiares concedidos aos seuspróprios residentes.

3. As empresas de um Estado Contratante,cujo capital seja possuído ou controlado,total ou parcialmente, direta ou indire-tamente, por um ou mais residentes dooutro Estado Contratante, não ficarão su-

jeitas no Estado primeiramentemencionado a nenhuma tributação ouobrigação correspondente mais onerosa doque aquelas a que estejam ou possam estarsujeitas outras empresas similares doprimeiro Estado.

4. Neste Artigo, o termo "tributação"designa os impostos visados pela presenteConvenção.

ARTIGO 25

Procedimento amigável

1. Quando um residente de um EstadoContratante considerar que as medidastomadas por um ou por ambos os EstadosContratantes conduzem ou poderãoconduzir, em relação a si, a uma tributaçãoem desacordo com a presente Convenção,poderá, independentemente dos recursosprevistos pela legislação interna dessesEstados, submeter o seu caso à apreciaçãoda autoridade competente do EstadoContratante de que é residente.

2. A autoridade competente, se areclamação se lhe afigurar justificada e nãoestiver em condições de lhe dar umasolução satisfatória, esforçar-se-á por re-solver a questão através de acordoamigável com a autoridade competente dooutro Estado Contratante, a fim de evitaruma tributação em discordância com aConvenção.

3. As autoridades competentes dos EstadosContratantes esforçar-se-ão por resolveratravés de acordo amigável as dificuldadesou as dúvidas que surgirem nainterpretação ou aplicação da Convenção.

4. As autoridades competentes dos EstadosContratantes poderão comunicar-se

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diretamente a fim de chegarem a acordo,nos termos indicados nos parágrafosanteriores.

ARTIGO 26

Troca de informações

1. As autoridades competente, cos EstadosContratantes trocarão entre si asinformações necessárias para aplicar apresente Convenção. Todas as informaçõesdeste modo trocadas serão consideradassecretas e só poderão ser comunicadas àspessoas, autoridades ou tribunais encarre-gados do lançamento ou cobrança dosimpostos abrangidos pela presenteConvenção ou da decisão sobre recursosou da instauração de processos sobredelitos relativos a esses impostos.

2. O disposto no parágrafo 1 do presenteArtigo não poderá, em nenhum caso, serinterpretado no sentido de impor a um dosEstados Contratantes a obrigação:

a) de tomar medidas adminis-trativas contrárias à sua legislação e à suaprática administrativa ou às do outroEstado Contratante;

b) de fornecer pormenores quenão possam ser obtidos com base na sualegislação ou no âmbito da sua práticaadministrativa normal ou das do outroEstado Contratante;

c) de transmitir informaçõesreveladoras de segredos ou processoscomerciais, industriais ou profissionais, ouinformações cuja comunicação sejacontrária à ordem pública.

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ARTIGO 27

Funcionários diplomáticos e consulares

Nada na presente Convençãoprejudicará os privilégios fiscais de que sebeneficiem os funcionários diplomáticos ouconsulares em virtude de regras gerais dedireito internacional ou de disposições deacordos especiais.

ARTIGO 28

Entrada em vigor

1. A presente Convenção será ratificada eos instrumentos de ratificação serãotrocados em Praga o mais cedo possível.

2. A Convenção entrará em vigor na datada troca dos instrumentos de ratificação eas suas disposições serão aplicadas:

a) no que concerne aos impostosretidos na fonte, às importâncias pagas oucreditadas em ou depois de Io de janeirodo ano calendário imediatamente seguinteàquele em que a Convenção entrar emvigor;

b) no que concerne aos demaisimpostos visados pela Convenção, ao anofiscal que comece em ou depois de Io dejaneiro do ano calendário imediatamenteseguinte àquele em que a Convenção entrarem vigor.

ARTIGO 29

Denúncia

Qualquer dos Estados Contratantespode denunciar a presente Convençãodepois de decorrido um período de trêsanos a contar da data de sua entrada emvigor, mediante um aviso escrito dedenúncia entregue ao outro EstadoContratante através dos canais diplo-

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máticos, desde que tal aviso seja dado noou antes do dia 30 de junho de qualquerano calendário.

Neste caso, a Convenção seráaplicada pela última vez:

a) no que concerne aos impostosretidos na fonte, às importâncias recebidasantes da expiração do ano calendário emque o aviso de denúncia tenha sido dado;

b) no que concerne aos outrosimpostos visados pela Convenção, àsimportâncias recebidas durante o ano fis-cal que comece no ano calendário em queo aviso de denúncia tenha sido dado.

Feita em Brasília, no dia 26 de agostode 1986, em dois exemplares originais,cada um nas línguas portuguesa, tcheca einglesa, sendo todos os três textosigualmente autênticos. Em caso dequalquer divergência de interpretação,prevalecerá o texto em inglês.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILRoberto de Abreu Sodré

PELO GOVERNO DA REPÚBLICASOCIALISTA DATCHECOSLOVÁQUIAJaromir Zak

(Nota: Promulgado em 26 de fevereiro de1991)

PROTOCOLO

No momento da assinatura daConvenção entre o Governo da RepúblicaFederativa do Brasil e o Governo daRepública Socialista da Tchecoslováquiapara evitar a dupla tributação e prevenir a

evasão fiscal em matéria de impostos sobrea renda, os abaixo-assinados, para issodevidamente autorizados, acordaram nasseguintes disposições que constituem parteintegrante da presente Convenção.

1. Com referência ao Artigo 7.parágrafo 3

Fica entendido que o disposto noparágrafo 3, do Artigo 7, será interpretadono sentido de que as despesas feitas para aconsecução dos objetivos do estabele-cimento permanente, incluindo as despesasde direção e os encargos gerais deadministração, serão dedutíveis, quer seefetuadas no Estado em que o esta-belecimento permanente estiver situado,quer fora dele.

2. Com referência ao Artigo 11.parágrafo 3 .a)

Fica entendido que o termo "agênciade propriedade desse Governo" significa:

a) no caso do Brasil, o BancoCentral do Brasil e o Banco do Brasil;

b) no caso da Tchecoslováquia, oBanco Comercial da Tchecoslováquia("Ceskoslovenská Obchodní Banka").

3. Com referência ao Art igo 12.parágrafo 3

Fica entendido que o disposto noparágrafo 3, do Artigo 12, aplica-se aosrendimentos obtidos pela prestação deassistência técnica e de serviços técnicos.

4. Com referência ao Artigo 14

Fica entendido que o disposto noArtigo 14 aplica-se mesmo se as atividadesforem exercidas por uma sociedade civil.

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5. Com referência ao Artigo 24.parágrafo 2

Fica entendido que as disposições doparágrafo 5 do Artigo 10 não são confli-tantes com as do parágrafo 2, do Artigo24.

6. Com referência ao Artigo 24.parágrafo 3

As disposições da legislaçãobrasileira que não permitem que os "royal-ties", como definidos no parágrafo 3 doArtigo 12, pagos por uma sociedade re-sidente do Brasil a um residente daRepública Socialista da Tchecoslováquiaque possua no mínimo 50 por cento docapital com direito a voto dessa sociedade,sejam dedutíveis no momento de sedeterminar o rendimento tributável dasociedade residente do Brasil, não sãoconflitantes com as disposições doparágrafo 3 do Artigo 24 da presenteConvenção.

Feito em Brasília, no dia 26 de agostode 1986, em dois exemplares originais,cada um nas línguas portuguesa, tcheca einglesa, sendo todos os três textosigualmente autênticos. Em caso dedivergência de interpretação, prevaleceráo texto em inglês.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILRoberto de Abreu Sodré

PELO GOVERNO DA REPÚBLICASOCIALISTA DATCHECOSLOVÁQUIAJaromir Zak

(Nota: Promulgado em 26 de fevereiro de1991)

252

Brasil-UruguaiConvénio sobre Abastecimento de Trigo

O Governo da República Federativado Brasil

e

O Governo da República Oriental doUruguai

CONSIDERANDO:

A importância, no contexto doprocesso de integração em curso, deestabelecer em ambos os países condiçõesque assegurem a alocação de recursos pro-dutivos da região da forma mais eficientepossível;

A necessidade de manter umadequado nível de consumo de alimentosde suas respectivas populações, ao menorcusto possível;

A conveniência de incrementar osníveis de intercâmbio comercial entreambos países;

Convieram o seguinte:

ARTIGO I

A República Federativa do Brasilserá considerada como compradoraprivilegiada de trigo pelo Uruguai e aRepública Oriental do Uruguai seráconsiderada como fornecedora privilegiadade trigo pelo Brasil, sem prejuízo dosacordos pré-existentes sobre esta matéria.

ARTIGO n

O Governo brasileiro compromete-se a considerar preferencialmente aaquisição de trigo uruguaio, até o máximode 150 mil toneladas anuais, tendo em

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conta as disponibilidades de exportação doUruguai e as necessidades de importaçãodo Brasil. Os volumes, condições depagamento e de embarque serão fixadosanualmente, de comum acordo entre osrespectivos operadores de ambos países,em função das disponibilidades enecessidades mencionadas. O trigoofertado no contexto do presente Convéniodeverá corresponder aos graus 1 e 2 dasnormas de comercialização de trigo-pão doUruguai, estabelecidas pelo Decreto n°851/986, de 17 de dezembro de 1986.

ARTIGO m

O presente Convénio entrará emvigor na data de sua assinatura.

Feito em Brasília, aos 08 dias do mêsde janeiro de 1991, em dois exemplares,em português e espanhol, sendo ambosigualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILFrancisco Rezek

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAORIENTAL DO URUGUAIEnrique Fynn

Ata de Instalação do Comité deFronteira Artigas - Quaraí

Na Cidade de Artigas, Departamentode Artigas, aos 11 dias do mês de marçodo ano de mil novecentos e noventa e um,reuniram-se os Presidentes da RepúblicaFederativa do Brasil, Doutor FernandoCollor, e da República Oriental do Uruguai,Doutor Luis Alberto Lacalle. Neste ato, osPrimeiros Mandatários expressaram sua

satisfação pela instalação, nesta data, doComité de Fronteira Artigas - Quaraí.

O Comité terá sua sede nas cidadeslimítrofes de Artigas - Quaraí, sendopresidido alternadamente pelas Autori-dades Consulares brasileiras e uruguaiasnas mencionadas localidades.

O Comité de Fronteira terá comoobjetivo impulsionar o desenvolvimentosócio-econômico da região, promover acoordenação dos órgãos encarregados dostemas relevantes da área e facilitar acirculação de pessoas, mercadorias eveículos.

A fim de dar início a suas tarefas, oComité celebrará sua primeira reuniãodentro de sessenta dias da assinatura dapresente Ata.

O Comité de Fronteira reunir-se-ácom a frequência que estimar necessária.

Artigas, em 11 de março de 1991.

Fernando Collor

Luis Alberto Lacalle

Comunicado Conjunto

1. No dia 11 de março de 1991, encontram-se nas cidades de Artigas e Quaraí osPresidentes da República Federativa doBrasil, Fernando Collor, e da RepúblicaOriental do Uruguai, Luis Alberto LacalleHerrera.

2. No curso das reuniões mantidas, os doisChefes de Estado analisaram diversosassuntos relacionados com a situaçãointernacional, regional e bilateral. Rea-firmaram o espírito de fraterno entendi-

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mento e de cooperação entre ambos ospovos e Governos, bem como a crescentesolidariedade que se traduz, especialmente,nos compromissos adotados en ^éria deintegração.

3. Os Presidentes congratularam-se pelotérmino das operações militares no GolfoPérsico, destinadas ao restabelecimentoprimado do Direito Internacional, sob aégide da Organização das Nações Unidas,e pela restituição dos direitos transgredidosdo Estado soberano do Kuaite, assim comopela aceitação plena de todas as resoluçõesdo Conselho de Segurança por parte doIraque. Aspiram os Presidentes a que essedesfecho contribua de forma determinantepara o equilíbrio e segurança de toda aregião, e para afiançar a paz e a segurançadas relações internacionais. Ademais,manifestaram a esperança de que, mediantea aplicação de todas as resoluçõespertinentes das Nações Unidas, se resolvaa totalidade dos problemas que afetam aregião, e que estão na origem dos conflitosainda subsistentes.

4. Os Presidentes congratularam-se pelaretomada do processo de negociação daRodada Uruguai do GATT e reafirmaramsua vontade de contribuir para o êxito dosobjetivos da Declaração de Punta dei Este.Neste sentido, reiteraram que a conclusãopositiva da Rodada exige um entendimentoequilibrado que contemple a necessidadede se assegurar melhor acesso aosmercados, além do fortalecimento dasnormas do sistema multilateral decomércio, de forma a permitir a reversãodas tendências protecionistas que se mani-festam em vários países desenvolvidos, bem

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como a evitar medidas unilaterais deretaliação comercial.

5. Os Presidentes enfatizaram que o temada agricultura é elemento essencial para afeliz conclusão da Rodada Uruguai.Reafirmaram as posições defendidas pelospaíses do Grupo de Cairns para se chegara compromissos específicos, eliminando asatuais distorções que afetam o comérciointernacional de produtos agrícolas,decorrentes de política protecionista e daconcorrência desleal colocada em práticapor certos países desenvolvidos.

6. Os Presidentes congratularam-se com otérmino da negociação do Tratado para aconstituição do Mercado Comum do Sulentre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai,que será assinado em Assunção no próximodia 26, convencidos de que esse Tratadoconstitui um passo da mais alta importânciapara se lograr uma adequada resposta faceà criação de grandes espaços económicos,ao mesmo tempo em que favorecerá odesenvolvimento dos quatro países,melhorando substancialmente o nível devida de seus povos.

7. Em consequência, os Presidentesconcordaram na necessidade de que, semprejuízo da continuação dos trabalhoscorrespondentes em outras áreas, se convo-que uma reunião especial dos Ministros daEconomia dos quatro países, com afinalidade de proporcionar impulso àsatividades de coordenação macro-econô-mica, que são essenciais para adequadaformação do Mercado Comum dentro dosprazos estabelecidos. Concordaram aindaem que os esforços de integração encami-nhados por intermédio do Mercosul devemser complementados por outras iniciativas

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fundamentais de integração física e projetosde alto efeito integracionista.8. Os Presidentes tomaram nota comsatisfação dos importantes avanços nanegociação de um acordo com os EstadosUnidos da América, em conformidade como estabelecido na Iniciativa para asAméricas, formulada pelo Presidente Bush.A respeito, destacaram que o referidoacordo é a primeira oportunidade em queos países do Mercado Comum do Sulatuam de forma concertada e conjuntafrente a terceiros países.

9. Os Presidentes ratificaram sua decisãode apoiar os esforços de implementação daHidrovia Paraguai - Paraná (Porto Cáceres- Porto de Nova Palmira), fator real deintegração física, económica, comercial esocial dos países envolvidos no projeto.Concordaram que a definição do quadrojurídico-institucional da Hidrovia deve tercomo ponto de partida a experiência obtidaao longo das duas últimas décadas noâmbito do Tratado da Bacia do Prata.

10. Assinalaram a importância da XIXReunião de Chanceleres dos países daBacia do Prata, a ocorrer na cidade deAssunção, e da materialização dos projetossobre Alerta Hidrológico, Qualidade dasÁguas, Recursos Naturais, Navegação eTransporte Fluvial, Cooperação Fronteiriçae Transporte Terrestre.

11. Concordaram em assinalar que asrelações entre seus países entraram em umafase de maturidade, em que as fronteiraspassaram a constituir zonas de cooperaçãoe solidariedade, onde se fortalecem asrelações de vizinhança e se solidificam osesforços de integração.

12. Nesse espírito, os dois Mandatáriostrataram com vivo interesse as questõesrelativas à cooperação fronteiriça, tendo emconta os novos problemas relacionadoscom a defesa do meio ambiente, o usoindustrial e agrícola das águas, acontaminação das águas e do ar, a pesca, adragagem dos leitos fluviais, a realizaçãode obras públicas na zona fronteiriça e aprevenção da contaminação transfron-teiriça.

13. Nesse quadro, e mediante a troca deNotas entre as duas Chancelarias, eassinatura da Ata respectiva, procedeu-seà criação e instalação do Comité deFronteira Artigas-Quaraí, destinado apromover o desenvolvimento económicoe social dessa área fronteiriça, à semelhançado que fazem os demais Comités deFronteira anteriormente instalados. Nessesentido, entenderam como fundamental aconvocação, para o mês de maio próximo,da IV Reunião da Subcomissão para oDesenvolvimento Conjunto de ZonasFronteiriças.

14. Os Presidentes também manifestaramsua satisfação pela assinatura, (atuando osChanceleres como Plenipotenciários), doAcordo de Cooperação para o Aproveita-mento dos Recursos Naturais e oDesenvolvimento da Bacia do Rio Quaraí(Acordo do Rio Quaraí) e do Ajuste Com-plementar ao Acordo Básico de Coope-ração Científica e Técnica sobre Coope-ração na Área dos Recursos Hídricos.

15.0 Governo brasileiro recebeu ademais,com satisfação, a decisão do Governouruguaio de conferir caráter internacionalao Aeroporto de Artigas.

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16. Em matéria de intercâmbio comercial,os Chefes de Estado, ao tempo em queexpressaram sua satisfação pelo incrementodas cifras do intercâmbio de produtos,fundamentalmente na órbita do PEC, con-gratularam-se pela rápida ação administra-tiva que se verifica atualmente, favorecen-do maior corrente comercial entre os doispaíses.

17. Decidiram ativar, no âmbito daComissão Mista Brasileiro-Uruguaia parao desenvolvimento da Bacia da LagoaMirim, a realização e execução das obrasbinacionais hidrelétricas e de irrigaçãooportunamente determinadas pela referidaComissão, em busca de um maior e maisharmonioso desenvolvimento.

18. Os Chefes de Estado expressaram suasatisfação pelo intercâmbio entre osorganismos especializados dos dois paísesna área da Cooperação Técnica. A esserespeito, tomaram nota das conclusões davisita ao Uruguai de uma delegação daAgência Brasileira de Cooperação (ABC),entre os dias 4 e 8 de fevereiro passado.Tomaram nota, ainda, de que, face ao inte-resse manifestado pelos organismosuruguaios em conhecer a experiência daABC na coordenação da cooperaçãotécnica internacional no Brasil, foiformulado convite para que representantesuruguaios visitem aquela Agência emfuturo próximo.

Artigas, 11 de março de 1991.

Fernando Collor

Luis Alberto Lacalle

Acordo, P.T.N.,para Criação do Comitéde Fronteira Artigas-Quaraí

Artigas, em 11 de março de 1991

A Sua Excelência o SenhorHector Gros EspiellMinistro das Relações Exteriores daRepública Oriental do Uruguai

Senhor Ministro,

Tenho a honra de dirigir-me a VossaExcelência a respeito do Acordo entrenossos dois Governos contido nas NotasReversais de 14 de dezembro de 1989, peloqual foi formalizada a criação dos Comitésde Fronteira nas cidades limítrofes Chuy-Chuí, Rio Branco-Jaguarão e Rivera-Santana do Livramento, no âmbito doArtigo I do Tratado de Amizade,Cooperação e Comércio entre a RepúblicaFederativa do Brasil e a República Orien-tal do Uruguai, assinado em 12 de junhode 1975.

2. Os mencionados Comités têmpromovido desde então a cooperação e odesenvolvimento regional nas respectivasáreas de fronteira e estão proporcionandosoluções rápidas e pragmáticas paraaqueles problemas de caráter operativoverificados na região.

3. Por ocasião de minha visita à cidade deMontevidéu, em 16 de novembro de 1990e, em virtude dos resultados alcançadospelos Comités instalados, acordou-se comVossa Excelência iniciar negociaçõestendentes à instalação de um novo Comitéde Fronteira nas cidades de Artigas-Quaraí,a fim de estender a esta zona fronteiriça osbenefícios de contar com um Comité deFronteira.

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4. Em vista do exposto, tenho a honra depropor a Vossa Excelência a criação doComité de Fronteira Artigas-Quaraí, aoqual se aplicará o Regulamento dosComités de Fronteira anteriormentevigente, acordado em 14 de dezembro de1989.

5. Caso o Governo uruguaio concorde como acima proposto, a presente Nota e a deVossa Excelência, da mesma data e deidêntico teor, passam a constituir umAcordo entre os nossos dois Governos, aentrar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade pararenovar a Vossa Excelência a garantia daminha mais alta consideração.

Francisco Rezek

Acordo de Cooperação para o Aprovei-tamento dos Recursos Naturais e oDesenvolvimento da Bacia do Rio

Quarai

O Governo da República Federativado Brasil

e

O Governo da República Oriental doUruguai

(doravante denominados "PartesContratantes"),

CONSIDERANDO

A fraterna e tradicional amizade queune as duas Nações;

A necessidade de tornar cada vezmais efetivos os princípios de boa-vizinhança e estreita cooperação entre asduas Nações;

O espírito do Tratado de Amizade,Cooperação e Comércio, de 12 de junhode 1975;

As características da Bacia do RioQuarai, que constituem base adequada paraa realização de projetos conjuntos dedesenvolvimento económico e social;

A missão de conservar o meioambiente para as gerações futuras, e

O propósito de melhorar ascondições de vida das populaçõesfronteiriças, bem como de promover oaproveitamento dos recursos das áreaslimítrofes de acordo com critériosequitativos,

Acordam o seguinte:

ARTIGO I

As Partes Contratantes se compro-metem a prosseguir e ampliar sua estreitacooperação para promover o desenvol-vimento da Bacia do Rio Quarai.

ARTIGO n

1. As Partes Contratantes procurarãoatingir, entre outros, os seguintespropósitos:

a) a elevação do nível social eeconómico dos habitantes da região;

b) a utilização racional eequitativa da água para fins domésticos,urbanos, agropecuários e industriais;

c) a regularização das vazões e ocontrole das inundações;

d) o estabelecimento de sistemasde irrigação e de drenagem para finsagropecuários;

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e) a solução dos problemasdecorrentes do uso indevido das águas;

f) a defesa e utilização adequadados recursos minerais, vegetais e animais;

g) a produção, transmissão eutilização de energia hídrica e de outrasformas de energia;

h) o incremento da navegação ede outros meios de transporte ecomunicação;

i) o desenvolvimento industrial daregião;

j) o desenvolvimento de projetosespecíficos de interesse mútuo;

k) a recuperação e a conservaçãodo meio ambiente;

1) o manejo, a utilizaçãoadequada, a recuperação e a conservaçãodos recursos hídricos, considerando ascaracterísticas da Bacia;

m) o manejo, a conservação, autilização adequada e a recuperação dossolos da região.

2. As Partes Contratantes fixarão asprioridades a serem observadas comrelação aos objetivos estabelecidos.

ARTIGO mO âmbito de aplicação do presente

Acordo compreende a Bacia do Rio Quaraíe as áreas de sua influência direta eponderável que, se for necessário, serãodeterminadas de comum acordo pelasPartes Contratantes.

ARTIGO IV

As Partes Contratantes constituempara a execução do presente Acordo a

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Comissão Mista Brasileiro - Uruguaia parao Desenvolvimento da Bacia do Rio Quaraí(CRQ). Até que as Partes aprovem seuestatuto próprio e lhe destinem os fundosnecessários para o seu funcionamento, aCRQ se regerá pelas normas do Estatutoda Comissão Mista Brasileiro - Uruguaiapara o Desenvolvimento da Bacia da LagoaMirim (CLM) e utilizará a sua estruturafísica e organizacional, com os ajustes quese fizerem necessários.

ARTIGO V

A CRQ terá as seguintesincumbências:

a) estudar os assuntos técnicos,científicos, económicos e sociaisrelacionados com o desenvolvimento daBacia do Rio Quaraí;

b) apresentar aos Governospropostas de projetos e atividades a seremexecutados na região;

c) gestionar e contratar, comprévia autorização expressa dos Governosem cada caso, o financiamento de estudos,projetos e atividades;

d) supervisionar a execução deprojetos, atividades e obras e coordenar seuulterior funcionamento;

e) celebrar os contratosnecessários para a execução de projetosaprovados pelos Governos, requerendodestes, em cada caso, sua autorizaçãoexpressa;

f) levar em consideração oimpacto ambiental de cada projeto e, se foro caso, seus respectivos estudos;

g) coordenar, entre os organismoscompetentes das Partes, o racional e

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equitativo manejo, utilização, recuperaçãoe conservação dos recursos hídricos daBacia, assim como de seus demais recursosnaturais;

h) transmitir de forma expedita aosorganismos competentes das Partes ascomunicações, consultas, informações enotificações que se efetuem deconformidade com o presente Acordo, e

i) as demais que lhe sejam atribuídaspelo presente Acordo e as que as PartesContratantes convenham em outorgar-lhe,por troca de Notas ou outras formas deacordo.

ARTIGO VICada Parte Contratante notificará a

outra, por via diplomática, do cumprimentodas respectivas formalidades constitucio-nais necessárias para a vigência do presenteAcordo, o qual entrará em vigor 30 diasapós a data da segunda notificação.

ARTIGOO presente Acordo poderá ser

denunciado por qualquer uma das PartesContratantes, mediante nota Diplomática.Neste caso, a denúncia surtirá efeito umano após a entrega da referida notificação.

Feito em Artigas, aos 11 dias do mêsde março de 1991, em dois exemplaresoriginais, nas línguas portuguesa eespanhola, sendo ambos os textosigualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASIL

Francisco Rezek

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAORIENTAL DO URUGUAIHector Gros Espiei

Ajuste Complementar ao Acordo Básicode Cooperação Científica e Técnica

sobre Cooperação na Área de RecursosHídricos

O Governo da República Federativado Brasil

O Governo da República Oriental doUruguai

(doravante denominados Partes),

Em conformidade com o AcordoBásico de Cooperação Científica e Técnica,celebrado entre os dois Governos em 12de junho de 1975;

Considerando a importância daCooperação Científica e Técnica entre oBrasil e o Uruguai nas áreas de RecursosHídricos, e

Com o intuito de intensificar essacolaboração e de aumentar o alcance e aeficiência do intercâmbio bilateral nessesetor;

Acordam o seguinte:

ARTIGO I

As duas Partes decidem criarmecanismos de Cooperação Científica eTécnica na área de Recursos Hídricos,mediante:

a) intercâmbio de experiência einformações;

b) organização de programas decapacitação de pessoal técnico;

c) organização de eventosabertos, tais como seminários econferências, e

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d) desenvolvimento conjunto deprojetos de interesse mútuo.

ARTIGO H

O Governo brasileiro designa, comoentidade executora dos projetos deCooperação Técnica, Científica eTecnológica na Área de Recursos Hídricoso Departamento Nacional de Águas eEnergia Elétrica - DNAEE do Ministérioda Infra-Estrutura, e o Governo uruguaiodesigna, com a mesma finalidade, a"Direccion Nacional de Hidrografia" -DNH do Ministério de Transportes e ObrasPúblicas.

ARTIGO m

Os trabalhos a serem executados noâmbito deste Ajuste serão discriminados emprojetos que serão elaborados de comumacordo, visando às seguintes atividades:

a) intercâmbio nas áreas deplanejamento, implantação e operação derede hidrométrica, nos aspectosquantitativos e qualitativos;

b) intercâmbio na área degerenciamento de recursos hídricos;

c) desenvolvimento de sistemasde informática em recursos hídricos;

d) realização e participação emprogramas de capacitação de pessoal emrecursos hídricos, e

e) realização de eventos, taiscomo conferências e seminários;

f) fomento e desenvolvimento deprojetos conjuntos de estudos e pesquisasna área de recursos hídricos.

ARTIGO IV

1.0 DNAEE e a DNH poderão, de comumacordo, solicitar ou aceitar a cooperaçãode outras instituições ou empresasnacionais de seus respectivos países.

2. Ademais, ambas as Partes decomprometem a facilitar a concessão deautorizações necessárias ao translado daspessoas vinculadas ao presente AjusteComplementar, assim como outorgar asfacilidades previstas nos Artigos V e VIdo Acordo Básico de CooperaçãoCientífica e Técnica.

ARTIGO V

1. No que se refere ao intercâmbio deexperiências, previsto no item a) do ArtigoI acima, cada entidade executora seráresponsável pelos gastos de transporte eestada de pessoal da outra Parte, designadopara cooperar com ela em seu país.

2. Os gastos necessários para a prestaçãodos serviços técnicos, previstos nos itensb) e c) do Artigo I acima, serão cobertosde acordo com uma escala estabelecidaentre as duas entidades executoras.

3. O financiamento necessário à execuçãodas atividades compreendidas no presenteAjuste Complementar será oriundo derecursos próprios das entidades executoras,pelos respectivos Governos ou por Bancose Instituições Internacionais deCooperação e Fomento.

ARTIGO VI

As entidades executoras acima secomprometem a não divulgar a terceiros,sem mútuo consentimento, os documentosque lhes sejam enviados em decorrência da

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aplicação do presente AjusteComplementar. Igual tratamento serádispensado aos resultados das pesquisascientíficas e tecnológicas desenvolvidas noâmbito do presente Ajuste Complementar.

ARTIGO

Com referência aos procedimentosnecessários para a execução dos projetosou programas, serão adotados, de comumacordo, normas e regulamentosinternacionais conhecidos e utilizados emambos os países.

ARTIGO Vffl

1. Qualquer uma das Partes poderácomunicar à outra, por via diplomática, asuspensão do presente AjusteComplementar, por prazo indeterminado,caso se veja impedida de cumprir com asobrigações previstas.

2. A suspensão não afetará a execução dequaisquer projetos ou programas levadosa efeito com base neste Ajuste e ainda nãocompletamente implementados quando dadenúncia.

ARTIGO IX

O presente Ajuste Complementarentrará em vigor 30 dias após a data desua assinatura e terá vigência ilimitada, atéque uma das Partes notifique à outra, porvia diplomática, com antecedência desessenta dias, sua intenção de denunciá-lo.

Feito em Artigas, aos 11 dias do mêsde março de 1991, em dois exemplaresoriginais, nos idiomas português e

espanhol, sendo ambos os textosigualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILFrancisco Rezek

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA\ORIENTAL DO URUGUAIHector Gros Espiei

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Brasil - VenezuelaAcordo sobre Cooperação Sanitária

Fronteiriça

O Governo da Repúbldo Brasil

.drativa

ela,O Governo da República da Venezu-

Considerando que os povos deambos os países têm interesse comum napromoção, no fomento, na conservação ena restituição da saúde e que seus esforçoscooperativos para intercambiarconhecimentos técnicos e práticoscontribuirão para que se atinja tal fim,

Aceitando o princípio universal deque não devem existir fronteiras, tanto paraobrigação dos Governos no que se refereao cuidado da saúde de seus povos, quantoao direito de seus cidadãos receberemproteção sanitária,

Acordaram o seguinte.

ARTIGO IOs Governos do Brasil e da Venezu-

ela comprometem-se a adotar as medidaspreventivas e de controle, de acordo comsuas possibilidades, tendentes a resolver osproblemas de suas zonas fronteiriças, noque diz respeito à malária, tripanosomíase,febre amarela, oncocercose, hanseníase,leishmaniose, doenças venéreas,tuberculose, hepatites e saneamento am-biental.

ARTIGO n

Entende-se, como área de aplicaçãodeste Acordo, ao lado do Brasil: o

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Território Federal de Roraima e osMunicípios de Barcelos, Santa Isabel doRio Negro e São Gabriel da Cachoeira, doEstado do Amazonas; e do lado da Vene-zuela: o Território Federal Amazonas e oEstado Bolívar.

ARTIGO m

Os Governos do Brasil e da Venezu-ela poderão acordar formas de ajudatécnica recíproca, bem como intercâmbiode pessoal e outros recursos para controlarsituações sanitárias, por ação direta deambos os países, ou com a cooperação daOrganização Pan-Americana da Saúde,quando solicitada.

ARTIGO IV

Os Governos do Brasil e da Venezu-ela comprometem-se a tomar as medidasnecessárias para o estrito cumprimento danotificação recíproca periódica dos casosde malária, febre amarela e qualquer outraenfermidade que, a juízo de ambosGovernos, requeira uma consideração es-pecial, ocorridos em suas áreas fronteiriças,indicando, a cada oportunidade, o local deorigem dos casos; e, além disso, no que serefere à febre amarela, manter-se-ãoinformados reciprocamente sobre oandamento da epizootia e sobre aspesquisas de laboratório ou de camporelacionadas com os aspectosepidemiológicos dessa endemia.

ARTIGO V

Os Governos do Brasil e da Venezu-ela comprometem-se a manter umintercâmbio periódico:

a) de funcionários sanitáriosvinculados ao cumprimento das

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disposições deste Acordo, pelo menos umavez ao ano, para que se informem sobre oandamento e os progressos obtidos nascampanhas contra as doenças enumeradasno Artigo I e troquem ideias sobre assuntosde interesse comum; e

b) de informações completassobre a situação epidemiológica, asmedidas adotadas e os resultados obtidos,por ocasião das reuniões previstas no itemdeste Artigo.

ARTIGO VI

Com relação aos programas deerradicação da malária na área fronteiriça,os Governos do Brasil e da Venezuelaconsideram indispensável:

a) Realizar campanhas tendentesa reduzir a transmissão e/ou a erradicaçãoda doença;

b) Continuar o intercâmbio deinformação na forma mais completa eoportuna possível, especialmente no quese refere às localidades de onde procedemos casos importados, a fim de assegurar oaprimoramento dos trabalhos que sedesenvolvam em ambas as áreas. Paracompletar este intercâmbio, os diretores re-gionais de cada programa viajarão ao paísvizinho, tanto para reuniões periódicas,quanto para visitas de campo.

A Organização Pan-Americana daSaúde poderá ser convidada a participardessas reuniões e das visitas de campo.

Destas atuações, preparar-se-ãorelatórios que permitam a ambos os paíseso prosseguimento do programa;

c) Tanto quanto possível, as áreasfronteiriças adjacentes serão periodica-

mente informadas sobre as medidas anti-maláricas executadas pelos respectivosserviços de erradicação de cada país.

ARTIGO VH

Ambos os Governos obrigam-se amanter um conhecimento da distribuição,comportamento e suscetibilidade ainseticidas do aedes aegypti na área frontei-riça e a desenvolver as atividadesnecessárias para combater o aedes aegyptiem todo o seu território, dando prioridade,sempre que possível, às zonas fronteiriçase aos portos e aeroportos de trânsitointernacional.

Da mesma forma, obrigam-se apraticar sistematicamente a vacinação anti-amarílica das pessoas residentes nas áreasendémicas.

ARTIGO

Os países signatários, de acordo comos planos traçados pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) intensificarãoo estudo da doença de chagas na áreafronteiriça, para melhorar o conhecimentoda endemia e prevenir sua difusão.

ARTIGO IX

Os dois Governos, em atenção àimportância epidemiológica da oncocer-cose em suas áreas fronteiriças, concordamem coordenar seus esforços para o co-nhecimento da magnitude da endemia, oaprimoramento do tratamento de casos ede suas sequelas, o intercâmbio deinformações sobre os seus achados clínicos,de investigação entomológica e estatísticageral, que resumam o progresso doprograma que desenvolvem em comum.

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ARTIGO X

Ambos os Governos, conhecendo oprogresso das investigações clínicas,epidemiológicas e terapêuticas que seadiantam em ambos os países, e, em espe-cial, o desenvolvimento da vacina contra ahanseníase, comprometem-se a manter umestreito intercâmbio de informaçõescientíficas e o desenvolvimento conjuntoda aplicação maciça da mencionada vacina.

ARTIGO XI

Ambos os Governos comprometem-se a propiciar a pesquisa de casos deleishmaniose, seu devido tratamento e asinvestigações próprias de seus agentestransmissores e do possível controleendémico, conhecendo as condiçõesecológicas comuns que permitem osurgimento permanente de casos dessaendemia tropical em suas zonasfronteiriças.

ARTIGO

Os dois Governos concordam emestudar a organização, em determinadaslocalidades fronteiriças, de serviços decontrole de doenças venéreas, com base nauniformidade dos métodos epidemioló-gicos, do diagnóstico, de tratamento econtrole, e da denúncia recíproca dedoentes que desertam ou resistem ao tra-tamento.

ARTIGO

Ambos os Governos comprometem-se a manter uma informação constantesobre a incidência de casos de tuberculosena população da zona fronteiriça, assimcomo informação periódica quanto ao

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andamento dos programas, que inclui oacompanhamento de casos em grupos depopulação migratória para efeito de umamaior cobertura de seu tratamento.

ARTIGO XIV

Ambos os Governos concordam,com relação às hepatites, em trocarinformações de natureza epidemiológica,quanto às medidas eventuais de controle,à sua incidência e os progressos da pesquisamédica sobre a doença.

ARTIGO XV

Os Governos de ambos os paísescomprometem-se a estimular o intercâmbiode informação epidemiológica ou dequalquer outra natureza relacionada coma área de saúde fronteiriça, que permita ummelhor conhecimento da situaçãodemográfica, cultural e antropológica daspopulações indígenas que habitam asgrandes extensões de suas fronteiras.

ARTIGO XVI

Ambos os Governos, em atenção àescassa infra-estrutura disponível paraatender a população dispersa residente nasáreas fronteiriças de ambos os países,comprometem-se a estimular o desenvol-vimento dos cuidados primários de saúde,mediante o estabelecimento de uma redede serviços de dispensários ruraisdevidamente estruturados.

ARTIGO XVn

Os Governo de ambos os paísespoderão, mediante entendimento prévio,estender as condições deste Acordo aoutras enfermidades ou atividades nele nãocontempladas, quando razões epidemioló-

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gicas ou de outra natureza o tornemaconselhável; e, através de seus serviçossanitários fronteiriços, estabelecerão,dentro dos limites deste Acordo, asmedidas indispensáveis para o controle dasdoenças mencionadas no Artigo I e paraas quais não tenham sido estabelecidasdisposições particulares.

ARTIGO XVm

Os Governos do Brasil e da Venezu-ela comprometem-se a não adotar medidasde profilaxia internacional que impliquemo fechamento total de suas respectivasfronteiras e limitarão as medidas, quandofor indispensável, à zona afetada. Asmedidas em tela só poderão ser dispostaspelas autoridades sanitárias nacionais deacordo com o Regulamento Sanitário In-ternacional, e serão notificadasimediatamente à Organização Pan-Ameri-cana da Saúde.

ARTIGO XIXCada Governo designará uma

Comissão Permanente em seu país,constituída por não mais de trêsfuncionários, que serão responsáveis pelapromoção e coordenação das ações a quese refere este Acordo.

ARTIGO XX

Cada uma das Partes Contratantesnotificará a outra do cumprimento dosrequisitos legais internos necessários àaprovação do presente Acordo, o qualentrará em vigor na data da últimanotificação.

ARTIGO XXI

O presente Acordo terá vigênciaindefinida. Qualquer das Partes poderá

denunciá-lo, por via diplomática. Nestecaso a denúncia surtirá efeito 6 meses apósa data da denúncia.

ARTIGO XXn

O presente Acordo poderá sermodificado por mútua decisão das Partes.As modificações acordadas entrarão emvigor na forma indicada no Artigo XX.

Feito em Caracas, aos 19 dias do mêsde fevereiro de 1982, em dois exemplaresoriginais, em português e espanhol, sendoambos os textos igualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILRamiro Saraiva Guerreiro

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA DAVENEZUELAJosé Alberto Zambrano Velasco

(Nota: Promulgado em 15 de março de1991)

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Brasil - ZimbábueAcordo Comercial

O Governo da República Federativado Brasil

e

O Governo da República doZimbábue

(doravante denominados "PartesContratantes"),

Desejosos de consolidar as relaçõesde amizade que existem entre os dois paísese de desenvolver as relações comerciais embases de igualdade e de vantagens mútuas,e

Convencidos de que a cooperaçãocomercial é essencial para promover osobjetivos de desenvolvimento em ambospaíses,

Convieram no seguinte:

ARTIGO I1. As Partes Contratantes conceder-se-ãoo tratamento de nação mais favorecida noque concerne às mercadorias originárias efornecidas diretamente do território daoutra Parte. Em particular, o tratamentode nação mais favorecida será aplicado a:

a) taxas alfandegárias e outrosgravames e taxas relativos à importação eexportação de bens;

b) regulamentos e formalidades;

c) emissão de licenças deimportação e de exportação,

d) autorização de pagamentos.

2. O estabelecido no parágrafo 1 dopresente Artigo não se aplicará às

vantagens, concessões ou isenções quecada Parte Contratante tenha concedido,ou possa vir a conceder a:

a) países limítrofes, no intuito defacilitar o comércio fronteiriço;

b) países com os quais tenhamacordado uma união aduaneira, zona delivre comércio, zona monetária oucomunidade económica, já estabelecidas ouque possam vir a ser estabelecidas.

ARTIGO n

1. Durante o período de vigência dopresente Acordo, as Partes Contratantesenvidarão esforços para aumentar o volu-me de comércio entre os dois países e, emparticular, no tocante aos produtosincluídos nas listas "A" e "B", anexas a©presente Acordo.

2. As anexas listas "A" e "B", contudo, sãoapenas indicativas, e não exaustivas oulimitativas, dos bens e mercadoriaspossíveis de intercâmbio entre as PartesContratantes, e poderão ser periodicamenteatualizadas.

ARTIGO m

1. As Partes Contratantes se reservam odireito de submeter a importação dequalquer mercadoria a certificado deorigem emitido por órgão autorizado paratal fim pelo Governo do país de origem.

2. As Partes Contratantes acordam que opaís de origem das mercadoriascomercializadas entre os dois países seráestabelecido de acordo com as leis e regu-lamentos em vigor no país importador.

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ARTIGO IV

1. O intercâmbio comercial entre as PartesContratantes realizar-se-á conforme asdisposições do presente Acordo eobedecerá às leis e regulamentos em vigorque regem a importação e exportação emcada país.

2. As transações comerciais, conforme odisposto no presente Acordo, serãoefetuadas com base nos contratos firmados,de um lado, entre pessoas físicas e jurídicasda República Federativa do Brasil e, poroutro lado, por pessoas físicas e jurídicasda República do Zimbábue. As pessoasfísicas e jurídicas a que se refere esteparágrafo serão integralmente responsáveispelas transações comerciais por elasefetuadas.

ARTIGO V

De acordo com as leis e regula-mentos de seus respectivos países, esegundo as condições acordadas entre suasautoridades competentes, as Partes Contra-tantes autorizarão a importação e aexportação, com isenção de direitosalfandegários, taxas e impostos similares,não relacionados com o pagamento deserviços, dos seguintes produtos:

a) amostras e material publicitáriodestinados a gerar pedidos de mercadoriase a sua divulgação comercial. As amostrasnão poderão ser vendidas nem ter qualquervalor comercial;

b) os importados sob o regime deadmissão temporária destinados aatividades de pesquisa e experiênciacientífica;

c) os importados sob o regime deadmissão temporária destinados às mostrasde feiras e exposições;

d) os importados sob o regime deadmissão temporária destinados a reparose à re-exportação, e

e) os originários de um terceiropaís transportados através do território deuma das Partes Contratantes com destinoà outra Parte Contratante.

ARTIGO VI

A fim de estimular o desenvol-vimento do intercâmbio comercial, objetodo presente Acordo, as Partes Contratantesdecidem:

a) permitir a organização de feirase exposições em seus territórios, de acordocom as leis e os regulamentos em vigor emcada país, e

b) proceder ao intercâmbio detodas as informações úteis aodesenvolvimento do comércio entre os doispaíses.

ARTIGO

As Partes Contratantes, com oobjetivo de facilitar o fluxo comercial detrânsito no âmbito deste Acordo, secomprometem a:

a) facilitar o livre trânsito deprodutos originários do território dequalquer uma das Partes com destino aoterritório de um terceiro país, e

b) facilitar o trânsito de produtosoriginários do território de terceiros paísese destinados ao território de qualquer umadas Partes Contratantes.

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ARTIGO Vffl

Ambas as Partes Contratantes secomprometem a tomar as providênciasnecessárias no sentido de assegurar que ospreços dos produtos e mercadorias, a se-rem comercializados no âmbito desteAcordo, sejam estabelecidos com base nopreço de mercado internacional. Para osprodutos com relação aos quais não seconseguir atribuir um preço de mercadointernacional, serão atribuídos preçoscompetitivos com base em produtossimilares e de qualidade análoga.

ARTIGO IX

Os pagamentos referentes às trocascomerciais objeto do presente Acordoefetuar-se-ão em qualquer moedalivremente conversível através do sistemabancário, e conforme a legislação e normasde política vigentes nos respectivos países.

ARTIGO X

Nada no presente Acordo pode serinterpretado como afetando direitos ouobrigações resultantes de convençõesinternacionais de que uma das PartesContratantes seja parte.

ARTIGO XI

1. O Governo da República Federativa doBrasil e o Governo da República doZimbábue designam respectivamente oMinistério das Relações Exteriores e oMinistério do Comércio como executoresdo presente Acordo.

2. O Governo da República do Zimbábueterá o direito de designar por escrito, aqualquer momento, qualquer outraentidade, organização ou ministério em

268

substituição ao Ministério designado noparágrafo precedente.

ARTIGO

1. Um Comité Conjunto, composto porrepresentantes das Partes Contratantes,poderá ser constituído com o objetivo dezelar pelo bom funcionamento e execuçãodo presente Acordo.

2. O Comité Conjunto se reunirá a pedidode qualquer das Partes Contratantes,alternadamente nas capitais de ambospaíses.

3. O Comité Conjunto poderá recomendaraos dois Governos todas as medidas quejulgue suscetíveis de fortalecer as relaçõescomerciais entre os dois países.

ARTIGO

As Partes Contratantes envidarãoesforços para resolver através denegociação quaisquer problemas,divergências ou diferenças resultantes daexecução do presente Acordo.

ARTIGO XIV

As Partes Contratantes poderãosolicitar por escrito, por via diplomática,alterações ou revisões ao presente Acordo.

ARTIGO XV

1. O presente Acordo entrará em vigor emdata a ser fixada por troca de Notas, a serefetuada, uma vez cumpridas asformalidades internas necessárias à suaaprovação.

2. As alterações ou revisões ao presenteAcordo entrarão em vigor na formaindicada pelo parágrafo 1 do presenteArtigo.

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3. O presente Acordo permanecerá emvigor por um período de três anos e seráautomaticamente prorrogado por períodosadicionais de dois anos, a menos que umadas Partes Contratantes o denuncie, por es-crito e por via diplomática. A denúnciasurtirá efeito seis meses após a data darespectiva notificação.

4. A denúncia do presente Acordo nãoafetará as obrigações contratuais assumidasdurante a sua vigência, salvo se as PartesContratantes convierem diversamente.

Feito em Harare, aos 20 dias do mêsde junho de 1988, em dois exemplaresoriginais, nas línguas portuguesa e inglesa,sendo ambos os textos igualmente au-tênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA DOZIMBÁBUEO. Munyaradzi

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILBernardo de Azevedo Brito

(Nota. Promulgado em 18 de fevereiro de1991)

ANEXO A

LISTA INDICATIVA DOSPRODUTOS ORIGINÁRIOS DAREPÚBLICA DO ZIMBÁBUE ASEREM EXPORTADOS PARA AREPÚBLICA FEDERATIVA DO

BRASIL

Itens:

Asbestos

Níquel e produtos de níquel

Ferro-cromo (alto carbono)

Ferro-cromo (baixo carbono)

Ferro-cromo-silício

Aço e produtos de aço

Mobiliário

Calçados

Têxteis

Carne bovina

Artigos de artesanato

Alimentos enlatados

Suco de finta

Produtos minerais de utilização in-dustrial

Vestimentas

Fumo

Milho

Milho painço

Chá

Algodão

Produtos hortigranjeiros

Cobre e produtos de cobre

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ANEXO B

LISTA INDICATIVA DE PRODUTOSORIGINÁRIOS DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASIL A SEREMEXPORTADOS PARA A REPÚBLICADOZIMBÁBVE

Itens:

Animais vivos

Carnes e preparados

Produtos lácteos

Peixes, crustáceos e preparados

Cereais e preparados

Frutas e verduras

Açúcar e preparados

Café, chá mate, cacau e seuspreparados, e especiarias

Ração animal

Extratos, essências ou concentradosde café, chá ou mate

Molhos, condimentos e temperos,compostos

Sopas e caldos

Bebidas e tabaco

Sementes oleaginosas

Borracha natural ou sintética

Dormentes

Polpa e resíduo de papel

Fibras têxteis

Minerais ferrosos à base de mineraisrefugos

Combustíveis minerais

Petróleo e derivados

Óleos e gorduras animais e vegetais

Óleo e gordura vegetal, endurecida

Óleos animais e vegetais,processados

Elementos químicos e componentes

Manufaturados de borracha

Papel e cartão, e artigos de papel ecartão

Fios têxteis, tecidos, etc.Manufaturados minerais não-

metálicos

Ferro e aço

Metais não-ferrosos

Manufaturas de metal

Máquinas não-elétricas

Máquinas elétricas

Equipamentos de transporte

Mobiliário

Vestimentas

Aparelhos e instrumentos científicosTintas de escrever ou de desenhar,

tintas de impressão e outras tintas

Velas, círios, pavios para lamparinase artigos semelhantes

Ferro-cério e outras ligas pirofóricas

Guarda-chuvas, guarda-sóis,bengalas, chicotes e suas partes

Pedras preciosas e semipreciosas

Material de escritório

Aviões

Pára-quedas e suas partes

Aparelhos de ortopedia

Instrumentos de música

Brinquedos, jogos, artigos paradivertimento e esportes

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Brasil - URSSEm 16 de abril de 1991

A Sua Excelência oSenhor Leonid F. KuzminEmbaixador Extraordinário e Plenipoten-ciário da União das Repúblicas SocialistasSoviéticas

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar recebimentoda Nota n° 30-n, de 16 de abril de 1991,cujo teor em português é o seguinte:

"Senhor Ministro,

Tendo em vista o desejo de fortaleceros laços políticos, económicos, culturais ede amizade entre nossos dois países e como objetivo de facilitar as visitas de nacionaisde cada país ao território do outro, titularesde passaporte diplomático ou de serviço,tenho a honra de propor ao Governo daRepública Federativa do Brasil, em nomedo Governo da União das RepúblicasSocialistas Soviéticas, Acordo para aSupressão de Vistos em PassaportesDiplomáticos e de Serviço, nos seguintestermos:

1. Os nacionais brasileiros e soviéticos,titulares de passaporte diplomático ou deserviço válidos, em viagem temporária,ficarão dispensados de visto para entrar emterritório da outra Parte Contratante, nelepermanecer por um período de até 90 diase dele sair livremente.

2. Os nacionais brasileiros e soviéticosdesignados como pessoal permanente daMissão diplomática e das Repartiçõesconsulares de uma das Partes Contratantesno território da outra, bem como seus

dependentes (cônjuge e filhos menores),titulares de passaporte diplomático ou deserviço válidos, ficarão dispensados devisto pelo prazo de duração da missão dofuncionário. A referida designação deveráser comunicada por Nota Verbal e, sepossível, antes da chegada do funcionário.

3. O presente Acordo poderá serdenunciado por qualquer uma das partesContratantes mediante notificaçãodiplomática à outra Parte, com 30 dias deantecedência.

Caso o Governo da RepúblicaFederativa do Brasil concorde com aproposta acima, esta Nota e a Nota deresposta de Vossa Excelência, em que semanifeste tal concordância, constituirãoAcordo entre os dois países, a entrar emvigor no dia 16 de maio de 1991.

Aproveito a oportunidade paraapresentar a Vossa Excelência a garantiade minha mais alta consideração."

Em resposta, muito me aprazinformar Vossa Excelência de que oGoverno brasileiro concorda com ostermos da Nota acima transcrita, a qual,juntamente com a presente, constituirãoacordo entre os dois países, a entrar emvigor no dia 16 de maio de 1991.

Aproveito a oportunidade paraapresentar a Vossa Excelência a garantiade minha mais alta consideração.

Francisco Rezek

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Acordo entre os Governos da Repúblicada Argentina, da República Federativado Brasil, da República do Paraguai,da Republica Oriental do Uruguai e o

Governo dos Estados Unidos daAmérica relativo a um Conselho sobre

Comércio e Investimentos

Os Governos da República da Argen-tina, da República Federativa do Brasil, daRepública do Paraguai, da República Ori-ental do Uruguai de um lado (as "PartesSul-Americanas") e, de outro lado, oGoverno dos Estados Unidos da América;coletivamente as "Partes";

1. Desejosos de fortalecer a amizade e oespírito de cooperação entre as Partes Sul-Americanas e os Estados Unidos daAmérica;

2. Desejosos de incrementar as relações decomércio internacional e de investimentoentre as Partes;

3. Reconhecendo as oportunidades criadascom o lançamento da iniciativa para asAméricas pelo Presidente Bush, em espe-cial no que diz respeito ao estímulo àspolíticas governamentais voltadas para omercado, que irão resultar nodesenvolvimento do comércio e doinvestimento entre as Partes Sul-Americanas e os Estados Unidos daAmérica;

4. Reconhecendo os êxitos alcançadospelas Partes Sul-Americanas nos seusesforços de integração económica e aprioridade por elas conferida à crescenteintegração económica por meio da criaçãodo Mercado Comum do Sul(MERCOSUL) até o final de 1994;

5. Reconhecendo o desejo dos EstadosUnidos da América de estimular a criaçãode um mercado comum que propicie níveismais altos de comércio, investimento ecrescimento económico em basescompetitivas e que seja compatível com asobrigações e procedimentos, inclusivenotificação e consulta, do sistema do GATT(Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio);

6. Reconhecendo as crescentesoportunidades de comércio e deinvestimento entre as Partes que deverãoresultar da criação desse mercado comum;

7. Reconhecendo o papel de apoio que ainiciativa para as Américas está destinadaa exercer nas Américas ao encorajar aintegração económica regional e a amplaredução das barreiras intra-regionais aocomércio e ao investimento;

8. Reconhecendo que um objetivo de longoprazo da iniciativa para as Américas é aimplantação de um sistema de livrecomércio nas Américas; reconhecendo arelevante contribuição que o MERCOSULtrará ao reduzir barreiras ao comércio e aoinvestimento nas Américas;

9. Reconhecendo o desejo dos EstadosUnidos da América de manter uma relaçãoprodutiva com as quatro Partes Sul-Americanas em seus esforços para criar omercado comum;

10. Reconhecendo o desejo das Partes Sul-Americanas e dos Estados Unidos daAmérica de reduzir as barreiras aocomércio e ao investimento, inclusiveaquelas que limitam o fluxo comercial detecnologia;

11. Levando em consideração aparticipação da Argentina, do Brasil, do

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Uruguai e dos Estados Unidos da Américano GATT e ressaltando que o presenteAcordo não afeta os direitos e asobrigações das Partes tanto no GATTquanto nos seus convénios, arranjos edemais instrumentos;

12. Reconhecendo o papel fundamental doGATT na geração de maiores volumes decomércio, investimento e crescimentoeconómico em escala mundial e anecessidade de apoiar e fortalecer o GATT,com esse propósito;

13. Levando em consideração ocompromisso das Partes com a exitosaconclusão e implementação da RodadaUruguai de Negociações ComerciaisMultilaterais;

14. Reconhecendo a importância depromover um clima de abertura eprevisibilidade para o comércio e oinvestimento internacionais e o papel pri-mordial que esse conjunto de fatores exercecomo estimulo ao crescimento económicoe ao desenvolvimento;

15. Reconhecendo os benefícios queresultarão para cada Parte de maiores volu-mes de comércio e investimento interna-cionais e concordando que o protecionismoe as medidas de investimento com efeitodistorsivo sobre o comércio privariam asPartes de tais benefícios;

16. Reconhecendo o papel essencial doinvestimento privado, tanto interno quantoexterno, para promover o crescimento,criar empregos, expandir o comércio,aperfeiçoar e adquirir tecnologia, eestimular o desenvolvimento económico;

17. Reconhecendo que o investimentoestrangeiro direto traz resultados positivospara cada uma das Partes;

18. Reconhecendo a crescente importânciados serviços para as economias das Partese nas suas relações mútuas;

19. Levando em consideração anecessidade de eliminar barreiras não-tarifárias de modo a facilitar maior acessoaos mercados das Partes;

20. Reconhecendo a importância de proveradequada proteção aos direitos depropriedade intelectual e meios efetivospara a observância dos direitos de pro-priedade intelectual relacionados aocomércio, levando em consideração asdiferenças nos sistemas jurídicos nacionais;

21. Reconhecendo a importância daliberalização do comércio agrícola emescala mundial e de uma reforma básica naspolíticas agrícolas, inclusive para evitar aprática de subsídios à exportação entre asPartes e em terceiros mercados;

22. Reconhecendo a importância para obem estar económico das Partes de envidaresforços para assegurar a observância e apromoção dos direitos do trabalhador,incluindo aqueles definidos pelasconvenções internacionais das quais ospaíses são Partes;

23. Reconhecendo a conveniência de seresolverem os problemas de comércio einvestimento com a brevidade possível;

24. Considerando que seria do mútuointeresse das Partes estabelecer ummecanismo de intensificadas consultas eestímulo à liberalização do comércio e doinvestimento entre elas;

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Para esses fins, as Partes acordam oseguinte:

ARTIGO I

Será estabelecido um ConselhoConsultivo sobre Comércio e investimento(o "Conselho").

ARTIGO n

O Conselho será composto derepresentantes das Partes. Quando asPartes se reunirem nos Estados Unidos daAmérica, a Presidência das Partes Sul-Americanas será rotativa entre os Governosda Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.A delegação será presidida porrepresentantes dos Ministérios dasRelações Exteriores e os Estados Unidosda América serão representados peloEscritório do Representante Comercial(USTR).

ARTIGO ni

1. O Conselho se reunirá com aparticipação dos cinco países quandoacordado pelas Partes.

2. A primeira reunião do Conselho serealizará nos Estados Unidos da América.A sede das reuniões subsequentes serárotativa entre as Partes, se julgadoconveniente, e o país anfitrião ocupará aPresidência para as finalidades da reunião.

ARTIGO IV

As Partes podem valer-se doassessoramento do setor privado em seusrespectivos países sobre matériasrelacionadas com a atividade do Conselho.Os representantes do setor privado podemser convidados a participar de reuniões do

274

Conselho, sempre que todas as Partesconsiderarem apropriado.

ARTIGO V

O Conselho realizará consultas sobrematérias específicas, tendo como objetivos:

1. Perseguir a meta de uma crescenteabertura de mercados entre os EstadoUnidos da América e as Partes Sul-Americanas.

2. Acompanhar o desenvolvimento dasrelações de comércio e investimento,identificar oportunidades para sualiberalização e negociar minutas de acordoquando couber.

3. Temas de comércio e de investimentodo interesse das Partes.

4. Identificar e envidar esforços no sentidode remover os entraves aos fluxos decomércio e de investimento.

ARTIGO VI

1. As Partes podem solicitar consultassobre qualquer tema relacionado comcomércio ou investimento. As solicitaçõesde consulta deverão ser acompanhadas deuma explicação por escrito do assunto aser discutido e as consultas deverão ocorrerdentro de 30 dias a partir do pedido, salvoquando a Parte solicitante concordar comuma data posterior.

2. As consultas terão lugar, inicialmente,no país cuja medida ou prática seja objetode discussão. Se medidas ou práticas demais de um país forem objeto de discussão,as consultas poderão dar-se, inicialmente,em qualquer um desses países.

3. Este artigo aplica-se sem prejuízo dosdireitos de qualquer Parte no âmbito do

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GATT, seus códigos, ou quaisquer outrosinstrumentos internacionais dos quais o paísseja parte.

ARTIGO

1. O Conselho iniciará seus trabalhoexaminando a "Agenda de Ação Imediata"relativa a temas de comércio e deinvestimento, anexada a este Acordo.

2. O Conselho pode estabelecer grupos detrabalho ad hoc que poderão reunir-sesimultânea ou separadamente paradesincumbir-se de suas atribuições.

ARTIGO Vffl

Este Acordo entrará imediatamenteem vigor sem prejuízo dos procedimentosinternos de cada Parte.

ARTIGO IX

1. Este Acordo permanecerá em vigor anão ser que seja denunciado por mútuoconsentimento das Partes. Qualquer Partepode denunciar este Acordo desde quenotifique por escrito todas as outras Partescom seis meses de antecedência.

2. Em qualquer momento depois que omercado comum, em processo de formaçãopela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai,ou órgão por ele constituído, adquirircapacidade jurídica para celebrar acordosinternacionais, em representação domercado comum, este Acordo poderá sersubstituído por um outro assinado pelosEstados Unidos da América e pelo referidomercado comum, através de representantesdevidamente autorizados para estafinalidade.

Em testemunho do que, os abaixoassinados firmaram este Acordo.

Feito em Washington, aos 19 dias domês de junho de 1991, em cinco cópias emportuguês, inglês e espanhol, sendo todosos textos igualmente autênticos.

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASILFrancisco Rezek

PELO GOVERNO DOS ESTADOSUNIDOS DA AMÉRICAJames Baker

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA DOPARAGUAIAlexis Frutos Baesquen

PELO GOVERNO DA REPÚBLICAORIENTAL DO URUGUAIHector Gros Spiel

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA DAARGENTINAGuido Di Telia

ANEXO

AGENDA DE AÇÃO IMEDIATA

Com referência ao Acordo que criaum Conselho sobre Comércio e Investi-mento, estabelecendo princípios e procedi-mentos para consultas sobre os temas decomércio e investimento, Argentina, Brasil,Paraguai e Uruguai, e os Estados Unidosda América confirmam o seguinte:

1. As partes estão preparadas para darinício aos trabalhos do Conselhoimediatamente, com uma "Agenda de AçãoImediata" composta dos seguintes tópicospara consultas:

a. Cooperação na Rodada Uruguaide Negociações Comerciais Multilaterais,

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no âmbito do GATT, para alcançar umconjunto de resultados abrangente,equilibrado e ambicioso;

b. Meios para facilitar a amplaredução de barreiras ao comércio e aoinvestimento nas Américas, incluindo umintercâmbio de opiniões no que se refereaos processos para facilitar a integraçãoeconômico-comercial entre os países daregião; esse intercâmbio incluirá, mas nãoserá limitado a tarifas, barreiras não-tarifárias e reformas das políticas deinvestimento;

c. Considerações políticas,especificamente nas áreas de comércio einvestimentos, relativas ao acesso àtecnologia;

d. Aspectos dos direitos depropriedade intelectual relacionados como comércio;

e. Políticas de investimentoorientadas para o mercado e medidas deinvestimento relacionadas com o comércio;

f. Práticas de subsídios à exportaçãode produtos agrícolas;

g. Acesso de mercado para bens eserviços, incluindo, mas não limitado atarifas e barreiras não-tarifárias nos setoresagrícola e têxtil;

h. Exigências sanitárias e fitossani-tárias no setor agrícola;

i. Necessidade de implementar umregime transparente de salvaguarda, emconformidade com os princípio do GATT;e

j. Medidas contra o "dumping" econtra a prática de subsídios.

276

2. A inclusão de tópicos nesta "Agenda deAção Imediata" não limita a faculdade dequalquer das Partes de solicitar consultas,nos termos do Artigo 6 do Acordo, paraqualquer outro tema relacionado comcomércio ou investimento que possa surgirem futuro próximo e requeira consultasimediatas, nem exclui a apresentação denovos temas no futuro. A discussão de itensdesta agenda não envolverá matériasrelacionadas com o controle deexportações ligadas à segurança nacional.

DECLARAÇÃO APRESENTADAPELA REPÚBLICA ORIENTAL DO

URUGUAI

Ao assinar o presente Acordorelativo à criação de um Conselho sobreComércio e Investimento entre osGovernos da República Federativa doBrasil, da República do Paraguai, daRepública Oriental do Uruguai e o Governodos Estados Unidos da América, o Ministrodas Relações Exteriores da RepúblicaOriental do Uruguai, em nome de seuGoverno, declara que, com relação aoArtigo VIII deste Acordo, a RepúblicaOriental do Uruguai se consideraráobrigada pelo mencionado instrumentointernacional logo após o cumprimento dasdisposições constitucionais pertinentes(Artigo 85, número 7; e Artigo 168,número 20, da Constituição uruguaia).

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Comunicados e NotasBRASIL CONGRATULA-SE COM ADEBELAÇÃO DE TENTATIVA DE

GOLPE NO HAITI

Nota à imprensa de7dejaneirodel991

O Governo brasileiro recebeu comsatisfação a notícia de que foi debelada atentativa de Golpe de Estado no Haiti.Mantém-se, assim, aquela nação irmã nocaminho democrático que vinha trilhandoe que havia conduzido às eleições de 17 dedezembro último.

O Brasil participou ativamente desseprocesso de democratização, através doRepresentante pessoal do Secretário-Geraldas Nações Unidas, o Embaixador JoãoAugusto de Médicis, e do envio deespecialistas do Tribunal Superior Eleitoral,que acompanharam, como observadores daOEA, as recentes eleições.

O Governo brasileiro se mantém emcontato com a Organização das NaçõesUnidas e com a Organização dos EstadosAmericanos, e ainda com os Governos queintegram o Grupo do Rio, para definir asmedidas adicionais que possam ser tomadaspara assegurar a paz, a ordem e alegitimidade democrática no Haiti, deacordo com quanto as autoridadesconstitucionais daquele país eventualmentesolicitem à comunidade internacional.

FALECIMENTO DO EMBAIXADORJOSÉ GUILHERME MERQUIOR

Nota à imprensa de8 de janeiro de 1991

O Ministro de Estado das RelaçõesExteriores cumpre, com profundo pesar, odever de comunicar o falecimento doEmbaixador José Guilherme Merquior,ocorrido na noite de ontem, em Nova York.O Brasil e o Itamaraty sofrem perdaprematura e irreparável, pelas rarasqualidades pessoais, intelectuais eprofissionais do Embaixador Merquior,cabalmente demonstradas em sua atuaçãocomo diplomata, que culminou com achefia da Embaixada no México e daMissão junto à UNESCO. Não se podedeixar de mencionar, ao lado de suadedicada vida profissional, sua fecundacarreira académica e intelectual, que, emperíodo infelizmente tão breve, deixa obradefinitiva nos campos da crítica literária,do ensaio filosófico e das ideias políticas.Pensador polémico, sempre corajosamentepronto a desafiar as verdades do dia,também nos seus livros o Embaixador JoséGuilherme Merquior divulgou e honrouinternacionalmente o nome do Brasil. Seunome será lembrado nesta Casa comoexemplo de inteligência, competência,modernidade e superlativo talentoprofissional para as futuras gerações dediplomatas.

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BRASIL E VENEZUELACORRIGEM IMPERFEIÇÕES

CARTOGRÁFICAS

Nota à imprensa de21 dejaneirode 1991

A fronteira entre Brasil e Venezuelafoi definida pelo Tratado de Limites eNavegação Fluvial, assinado em Caracas,em 5 de maio de 1859.

Desde então, não se pode falar dependências de limites entre os dois países.

Por outro lado, existe de fato anecessidade de melhor conhecimento "inloco" da linha fronteiriça, o que permitiráuma representação cartográfica maisprecisa, em escala maior, de áreas inóspitas,de difícil acesso (por exemplo, a distânciaentre os marcos hoje existentes naCordilheira Parima chega a ser de 60 km;por sua vez, em trechos da Serra daPacaraima os marcos chegam a serintervisíveis).

A questão não é de princípios, masde mapeamento. E maior precisãodemarcatória é, justamente, o objeto daCampanha Extraordinária de Adensamentode Marcos na Cordilheira Parima-91,aprovada pelo Senhor Presidente daRepública em outubro último, e de cujaimplementação se cuidou no encontro entreos Secretários-Gerais de Política ExteriorMarcos Azambuja e Adolfo Tailhardat, em14/11/90.

Nessa campanha, as imperfeiçõescartográficas que forem constatadaspoderão ser imediatamente corrigidas. Atéentão, quaisquer previsões, como as quevêm sendo divulgadas há vários meses,serão meramente especulativas.

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CESSAR-FOGO NO GOLFOPÉRSICO É MOTIVO DE JÚBILO

Nota à imprensa de28 de fevereiro de 1991

O Presidente Fernando Collorrecebeu com especial agrado a comuni-cação de que o cessar-fogo no Golfo seriaanunciado às 21:00 horas (hora de Wash-ington) de ontem e que o encerramento dashostilidades se verificaria três horas maistarde. O Presidente George Bushmanifestava, na mesma oportunidade, seuinteresse em continuar a desenvolver acooperação e o diálogo com o Governobrasileiro, especialmente valiosos, a seujuízo, nesta fase das relações internacionais.

O Governo brasileiro, que noprimeiro momento condenou a invasão doKuaite e manteve, durante toda a crise,rigorosa obediência às deliberações doConselho de Segurança das Nações Unidas,acolhe com satisfação a notícia do términodo conflito, com a retirada incondicionaldas tropas invasoras do territórioKuaitiano. Na convicção de que o desfechoda guerra deve ser interpretado não comosimples vitória militar, mas como o fim dotempo das aventuras expansionistas e oinício de uma nova era de plena e universalvigência das normas do DireitoInternacional, o Governo brasileiro renovasua disposição de colaborar com as NaçõesUnidas e reitera seu empenho em continuartrabalhando em prol da paz e do enten-dimento entre todos os povos.

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BRASIL, ARGENTINA, URUGUAI EPARAGUAI CRIAM MERCADOCOMUM DO SUL (MERCOSUL)

Nota à imprensa de26 de março de 1991

Tratado de Assunção

O Tratado para a Constituição doMercado Comum do Sul (MERCOSUL),assinado, em Assunção, hoje, dia 26 demarço pelos Presidentes Collor, Menem,Lacalle e Rodriguez define as regras parao estabelecimento, até 31 de dezembro de1994, de um mercado comum entre Brasil,Argentina, Uruguai e Paraguai".

Ao firmar o Tratado de Assunção,os quatro Presidentes partem da percepçãocomum de que o aprofundamento doprocesso de integração pode ser a chavepara uma inserção mais competitiva de seuspaíses num mundo em que se consolidamgrandes espaços económicos e onde oavanço tecnológico-industrial se torna cadavez mais crucial para as economias nacio-nais. O MERCOSUL propiciará economiasde escala e otimizará vantagenscomparativas, levando à redução doscustos internos de produção. O projetoestimulará ainda os fluxos de comércioentre os quatro países e tornará osinvestimentos mais atrativos na região, comconsequências positivas para os programasde combate à inflação e de melhoria daqualidade de vida da população.

O MERCOSUL abrangerá uma áreade 11.800.000 km2, uma população de 190milhões de pessoas, com um ProdutoInterno Bruto total da ordem de US$ 400bilhões e uma renda per capita de cerca da

US$ 2.000.0 comércio exterior dos paísesque integrarão o MERCOSUL registrou,em 1990, exportações totais de US$ 44,5bilhões e importações de US$ 23,4 bilhões.

O Tratado define várias metas aserem cumpridas para assegurar a livrecirculação de bens, serviços e fatoresprodutivos entre os países. Uma delas é aredução a zero de todo o universo tarifárioentre os quatro países, que se dará a partirde um cronograma de desgravação tarifariaprogressiva, linear e automática, já emvigor, desde 1 de janeiro deste ano, paraBrasil e Argentina. Segundo essecronograma, atingir-se-á a tarifa zero nocomércio entre os quatro países até 31 dedezembro de 1994. Para o Paraguai e oUruguai, contudo, admitiu-se que umreduzido número de produtos poderia tersua desgravação total um ano após, ou seja,em 31 de dezembro de 1995.

Paralelamente, um grande esforço deharmonização de políticas governamentaisnas mais diversas áreas (transportes,normas técnicas, políticas macroe-conômicas, etc) deverá ser empreendidopelos quatro países a partir deentendimentos entre os seus respectivossetores governamentais. Esse trabalho serárealizado no âmbito de 10 subgrupostécnicos, já atuantes no plano bilateral entreBrasil e Argentina. Cabe ao GrupoMercado Comum (órgão executivo doprocesso de integração, subordinado aoConselho do Mercado Comum, instânciasuprema de condução política do processo)coordenar o trabalho dos subgrupos.

Uma das metas importantes deharmonização é a de negociar, até

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dezembro de 1994, uma tarifa externacomum. Enquanto não for negociada umatarifa externa comum, somente os produtosoriginários da região, segundo critérios queo próprio Tratado estabelece, sebeneficiarão de margens de preferênciacrescentes.

O Tratado de Assunção é odesdobramento natural do processo deintegração Brasil-Argentina iniciado em1986. A incorporação de Paraguai eUruguai ao projeto de constituição de ummercado comum é o reconhecimento daimportância política e da densidade dosvínculos económicos que unem os quatropaíses.

O Tratado é aberto à adesão,mediante negociação, de todo país membroda Associação Latino-americana deIntegração (ALADI), desde a data de suaentrada em vigor. No entanto, por forçade incompatibilidade técnica (por exemplo,na definição de uma tarifa externa comum),os membros da ALADI que participaremde associações extra-regionáis ou outrosesquemas de integração sub-regionalsomente poderão aderir cinco anos apósessa data.

BRASIL APOIA CESSAR-FOGONO GOLFO PÉRSICO

Nota à imprensa de6 de abril de 1991

O Brasil, como fez invariavelmentecom respeito a todas as resoluçõesadotadas pelo Conselho de Segurança daONU relativas à crise no Golfo Pérsico,apoia igualmente a resolução 687, adotadapelo Conselho de Segurança em 3 de abrilcorrente com vistas a tornar efetivo ocessar-fogo formal entre as partesbeligerantes, e cooperará para sua eficaz ecorreta implementação no que se façanecessário.

GOVERNO DE ANGOLA E UNITAASSINAM ACORDO DE PAZ

Nota à imprensa de3 de maio de 1991

O Governo brasileiro tomou nota,com grande satisfação, dos acordos de pazrecém-assinados no Estoril entre oGoverno de Angola e a UNITA, que põemfim à prolongada guerra civil que vitimavao país. As autoridades brasileiras esperamque, doravante, as energias da Naçãoangolana se voltem definitivamente para aconstrução do futuro, para o desen-volvimento económico e a melhoria dosníveis de vida do povo irmão de Angola.

O Governo brasileiro reafirma suaconvicção nos atributos da paz como osúnicos capazes de levar os povos acumprirem seu destino e une-se àcomunidade de língua portuguesa paracelebrar o momento em que Angolareencontra o caminho da paz e da prosperi-dade. Expressa também a certeza de que

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as potencialidades de Angola, desenvol-vidas pela fibra e pela coragem de seu povo,levarão o país a desempenhar papel degrande relevância no desenvolvimento docontinente africano, e da África Austral emparticular.

O Governo brasileiro felicita osparticipantes das negociações, especial-mente o Governo português, pelo constru-tivo papel desenvolvido na mediação entreas partes, bem como pelo trabalhoincansável e os inumeráveis esforços paraque o confronto entre irmãos tivesse fimem Angola. As autoridades brasileirasestão certas de que durante a transição paraa democracia pluralista em Angolaprevalecerão a responsabilidade daspartes e os interesses superiores da Naçãoangolana.

de Castro, encontrou-se em Bruxelas, em12 do corrente, com o Doutor JonasSavimbi, Presidente da UNITA, e outroslíderes do movimento, ouvindo exposiçãosobre os projetos políticos daquelaorganização e seus pontos de vista sobre ofuturo de Angola e de suas relações com oBrasil.

A Delegação reiterou a satisfação doGoverno brasileiro com a rubrica dosdocumentos relativos ao cessar-fogo ereafirmou a disposição do Brasil de con-tinuar mantendo estreitas relações com umaAngola pluralista e pacificada, bem comoa de contribuir para sua reconstrução e seudesenvolvimento económico e social, noespírito de respeito mútuo, entendimentoe fraternidade que sempre caracterizaramo relacionamento entre os dois países.

BRASIL ENCONTRA LIDERES DAUNITA EM BRUXELAS

Nota à imprensa de16 de maio de 1991

Dando continuidade à sua política deapoio irrestrito aos esforços para aconsecução da paz em Angola, e em funçãodos acordos de cessar-fogo agorarubricados em Portugal, o Governobrasileiro aceitou convite da UNITA paramanter conversações com aquelemovimento sobre o encaminhamento doprocesso de paz em Angola e o futuropolítico daquele país irmão.

Delegação brasileira, composta pelosEmbaixadores Paulo Tarso Flecha de Lima,Carlos Luiz Coutinho Perez e ConselheirosEduardo Santos e António José Rezende

ELEIÇÕES NO SURINAME

Nota à imprensa de28 de maio de 1991

O Governo brasileiro congratula-secom o povo e as autoridades surinamesespelas eleições de 25 de maio, realizadas emclima de ordem e liberdade. O pleito foidemonstração eloquente de aperfeiçoa-mento do processo democrático noSuriname e contribuirá para o fortaleci-mento de suas instituições políticas.

Nesta oportunidade, o Governobrasileiro reafirma sua determinação demanter os vínculos de amizade que unemBrasil e Suriname, como paísesindependentes, soberanos e identificadoscom os ideais de solidariedade hemisférica.

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PAZ E CONSOLIDADAEM ANGOLA

Nota à imprensa de31 de maio de 1991

O Governo brasileiro testemunhacom satisfação a assinatura, hoje, emLisboa, dos Acordos de Paz entre oGoverno de Luanda e a UNITA, que põefim à prolongada guerra fratricida quevitima o país irmão, e a entrada em vigor apartir de amanhã, dia Io de junho, daComissão Mista de Verificação eFiscalização, composta pelas partes e porrepresentantes de Portugal, EUA e URSS,na qualidade de observadores.

Ao reafirmar sua certeza nosatributos da paz como os únicos capazesde direcionar as nações a realizarem umdestino profícuo, o Governo brasileiro une-se à comunidade internacional e, em par-ticular, aos países de expressão portuguesa,para celebrar a ocasião em que Angolatorna a trilhar o caminho de prosperidadee do desenvolvimento, em clima de enten-dimento e da paz. É a convicção do Brasilde que as potencialidades de Angola,trabalhadas pela firmeza e pelo valor moralde seu povo, através de seus repre-sentantes, conduzirão a nação a cumprirpapel de incontestável importância no con-certo dos países africanos e no cenáriointernacional.

As autoridades brasileiras congra-tulam os participantes das negociações depaz pelo papel incansavelmentedesenvolvido durante os últimos meses eos esforços inumeráveis do Governoangolano e da UNITA para concretizar ocessar-fogo e a pacificação total do país.

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O Governo brasileiro confia que, durantea transição para a democracia pluralista emAngola, prevalecerão a responsabilidadedas partes e os interesses superiores danação angolana.

PARLAMENTO SUL-AFRICANOREVOGA LEI DE REGISTRO DE

POPULAÇÃO

Nota à imprensa de18de junho de 1991

O Governo brasileiro tomouconhecimento, com grande satisfação, doato do Parlamento Sul-Africano querevogou a Lei de Registro da População,último resquício da legislação quesustentava o regime do apartheid.

O Governo e o povo brasileiros secongratulam com o Governo do PresidenteF. W. de Klerk, que assim reafirma seucompromisso de desmantelar o apartheidna República da África do Sul, e com oANC e seu líder Nelson Mandela, cuja lutaconstante pela igualdade de direitos paratodos os sul-africanos foi determinante paraa revogação da estrutura jurídica do regimeracista naquele país.

O Governo brasileiro confia em que,removidos os obstáculos legais, o Governosul-africano e o ANC possam retomar asnegociações para transformar a África doSul, no menor prazo possível, numa demo-cracia multirracial que volte a ocupar seulugar na Comunidade Internacional.

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BRASIL LAMENTA INCIDENTESNA IUGOSLÁVIA

Nota à imprensa de28 de junho de 1991

O Brasil observa com pesar aevolução recente da situação política naIugoslávia. Como país permanentementeempenhado na solução de divergênciasatravés do diálogo e de negociações justase equilibradas, o Brasil exorta as partesenvolvidas a se empenharem rápida eefetivamente na resolução de suasdiferenças com base nos propósitos eprincípios da Carta das Nações Unidas. OBrasil externa, assim, a sua esperança deque a situação venha a encontrar encami-nhamento negociado e a sua fé no primadoda concórdia e do entendimento em um paísde tão prestigiosa e construtiva trajetóriainternacional ao longo dos últimos quasecincjuenta anos.

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Mensagens

ÁFRICA DO SUL TENCIONAREVOGAR LEGISLAÇÃO EM QUE

SE BASEIA O APARTHEID

Carta do Presidente Fernando Collorao Presidente da República da África doSul, Frederik Willem De Klerk, de 14 defevereiro de 1991

Excelência.

O Governo e o povo brasileirosreceberam com satisfação as declaraçõesde Vossa Excelência, quando da aberturado Parlamento Sul-Africano, comprome-tendo seu Governo a revogar, ainda esteano, a legislação em que se baseia o Apart-heid.

Ao cumprimentar Vossa Excelênciapela decisão tomada, reafirmo minhaesperança de que essa iniciativa e as deoutros líderes sul-africanos, quando leva-das à prática, contribuirão decisivamentepara à erradicação do Apartheid e a criaçãode uma sociedade democrática semdistinção de raças, abrindo o caminho paraa paz e a prosperidade de todo o povo sul-africano.

Formulando votos pela felicidadepessoal de Vossa Excelência, apresento agarantia da minha mais alta consideração.

Fernando CollorPresidente da República Federativa doBrasil.

COLLOR VISITA A PENÍNSULAANTÁRTICA

Mensagem do Presidente FernandoCollor, em 20 de fevereiro de 1991, aosChefes de Estado e respectivos Ministrosde Estado de: África do Sul, Argentina,Austrália, Bélgica, Chile, China, Coreia,Equador, Espanha, Estados Unidos daAmérica, Finlândia, França, índia, Itália,Japão, Noruega, Nova Zelândia, PaísesBaixos, Peru, Polónia, Reino Unido,República Federal da Alemanha, Suécia,Uruguai, União das Repúblicas SocialistasSoviéticas.

Senhor Presidente.

É da Estação Brasileira "Coman-dante Ferraz", ilha do Rei George, Penín-sula Antártica, que tenho a honra detransmitir esta mensagem a VossaExcelência.

Esta visita, que considero um raroprivilégio, propicia momento de especialreflexão, pois este continente figura um sin-gular exemplo de paz e cooperação. Graçasao marco jurídico desenvolvido há trintaanos, a partir do Tratado de Washington,aqui não há lugar para a ameaça nuclearou para o potencial de conflito. Hoje,quando nos vemos novamente sob osombrio impacto da guerra, o exemploantártico se distingue e se fortalece comosímbolo da visão e da sabedoria doshomens.

Em meio a tantos desafios,conseguimos repudiar a atividade

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predatória, afastar a exploração mineral evimos consolidar a preservação do meioambiente. Aqui, é a ciência que nos ilumina.A presença brasileira no Continente seintensifica através de seguidas missões eda diversidade da pesquisa. Nossa Estação,que tanto impressiona inspetores e organi-zações internacionais, é para mim motivode natural e particular orgulho.

Congratulemo-nos, os países queintegram o Tratado da Antártica, peladimensão de nossa obra e pelo quejustificadamente projetamos para o futuro.

Creia Vossa Excelência na garantiada minha mais alta consideração.

Fernando CollorPresidente da República Federativa doBrasil

REUNIÃO DE CHANCELERES DOGRUPO DO RIO

Carta do Ministro Francisco Rezekao Ministro das Relações Exteriores daColômbia, Luis Fernando Jaramillo Corrêa,em 10 de abril de 1991

"Senhor Ministro.

Muito agradeço a acolhidadispensada por Vossa Excelência àDelegação brasileira à Reunião de Chan-celeres do Grupo do Rio, cujos resultadosme parecem animadores.

Estou seguro de que compartilhamosfundadas expectativas quanto àsperspectivas que se abrem para acooperação entre a ComunidadeEconómica Europeia e o Grupo do Rio,dando continuidade ao diálogo políticomantido entre os Chanceleres dos dois

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grupos de países ao longo dos últimos anos.Para tanto, parece-me indispensávelpreservar a estrutura do mecanismo dediálogo previsto na Declaração de Roma,de 20 de dezembro último, inclusive no quediz respeito aos participantes do diálogo.

Preocupa-me, assim, que esse últimoponto venha a ser reaberto, especificamenteno que diz respeito à participação de CostaRica e Jamaica na próxima Reunião doLuxemburgo. Nada indica que a Comuni-dade Europeia haja mudado sua maneirade encarar essa questão, já dirimida pelocompromisso alcançado em Roma.

No âmbito do Grupo do Rio, lembroque o assunto foi tratado mais recente-mente nas reuniões de Altos Funcionáriosque tiveram lugar em Caracas (21 e 22 demarço último) e em Bogotá (Io e 2 de abrilcorrente). Ficou esclarecido, então, que aCEE estava por formalizar convite à CostaRica e à Jamaica - países não signatáriosda Declaração de Roma - para se fazeremrepresentar, na Reunião do Luxemburgo,na forma como corresponde. Por outrolado, à luz das manifestações feitasespecialmente pela Jamaica, o Grupo doRio poderá explorar com seusinterlocutores europeus as modalidades departicipação futura dos representantes doCARICOM e da América Central nodiálogo Grupo do Rio-CEE, levando emconta os limites dos compromissos jáexistentes por parte dos países caribenhose centro- americanos com a CEE.

O Brasil empresta seu apoio a esseentendimento, que está em consonânciacom o convite feito - na reunião dePresidentes, em Caracas, em outubro

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último - aos países do Caribe e da AméricaCentral para que participem dos trabalhosdo Grupo do Rio através das represen-tações para tanto credenciadas.

No encerramento da Reunião deChanceleres, no dia 4 último, VossaExcelência - na qualidade de Presidente -indicou que o assunto poderia continuar aser tratado em Bruxelas, com base nosentendimentos havidos em Bogotá e tendosempre presente o caráter flexível e infor-mal do Grupo do Rio, que soube se adaptar- depois de exaustivas negociações - aomecanismo de diálogo acordado naDeclaração de Roma.

Reitero meu firme desejo decontribuir para a perfeita coordenação doGrupo do Rio, no ponto acima mencionadoe em todos os demais, de modo a assegu-rar o êxito da Reunião do Luxemburgo.Nesse sentido, adianto a Vossa Excelênciaque estou instruindo o representantebrasileiro junto à CEE, em Bruxelas, à luzdos antecedentes acima mencionados edentro do espírito de consenso que sempreprevaleceu no Grupo do Rio.

Estou-me permitindo enviar cópiadesta carta a todos os demais Chanceleresdos países integrantes do Grupo do Rio.

Aproveito a oportunidade pararenovar a Vossa Excelência a garantia daminha mais alta consideração.

Francisco RezekMinistro de Estado das RelaçõesExteriores "

CÚPULA DE CARACAS

Carta do Presidente Fernando Collorao Presidente da República da Venezuela,Carlos Andrés Pérez, em 13 de maio de1991.

"Senhor Presidente e estimadoAmigo.

Tenho o prazer de referir-me a suacarta de 09 de abril último, entregue peloEmbaixador Miguel Rodríguez Mendoza,sobre os pontos de vista de VossaExcelência a respeito da situação interna-cional e da Segunda Reunião de Cúpulado Grupo dos 15, a realizar-se no próximomês de junho na capital de seu país.

A propósito, cumpre-me assegurar-lhe que compartilho das preocupações deVossa Excelência quanto aos contornos deuma Nova Ordem Internacional e a posiçãodos países em desenvolvimento na mesma.Concordo ainda com Vossa Excelênciaquanto ao papel que nós, Chefes de Estadoe de Governo, temos a desempenhar nessemomento de incertezas e de mudanças.

Nesse sentido, a Segunda Reuniãode Cúpula do Grupo dos 15 nosproporciona valiosa oportunidade deconcertação política e de exame daconjuntura internacional. Acredito, SenhorPresidente, que a vocação do Grupo dos15 é exatamente esta, a de ser um foro ondepossamos refletir em conjunto sobre nossosanseios e perplexidades, um mecanismoágil de entendimento e de cooperação.

Quanto aos projetos identificados nacúpula de Kuala Lumpur, creio que seusucesso depende da flexibilidade com quevenham a ser implementados, sobretudo no

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que se refere à participação voluntária decada país e ao caráter pragmático de suaconcepção.

Ao agradecer-lhe a amabilidade dacomunicação e do convite, permita-mereiterar-lhe, Senhor Presidente, a garantiada minha mais elevada consideração eestima pessoal. De Vossa Excelência

Leal e Bom Amigo

Fernando CollorPresidente da República Federativa doBrasil"

REUNIÃO DE CÚPULA DEHOUSTON

Carta do Presidente da Repúblicaenviada ao Presidente dos Estados Unidosda América, George Bush, ao Primeiro-Ministro Brian Mulroney, à primeira-Mi-nistra da França, Edith Cresson, aoPresidente do Conselho de Ministros daRepública Italiana, Giulio Andreotti, aoChanceler da República Federal da Ale-manha, HelmutKohl, ao Primeiro-Ministrodo Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlandado Norte e ao Primeiro-Ministro do Japão,Toshiki Kaifii, em 26 de junho de 1991.

"Na Reunião de Cúpula de Houston,Vossa Excelência e os demais Chefes deEstado e de Governo do Grupo dos Setedeclararam estar "determinados em agirpara aumentar a conservação de florestas",e dispostos a "cooperar com o Governobrasileiro num amplo Programa Piloto paracontrapor-se à ameaça que as florestastropicais vêm sofrendo".

O Governo brasileiro acolheu comsatisfação este oferecimento de cooperação

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e elaborou um primeiro projeto dePrograma Piloto que constituiu a base dediscussão de encontros com representantesda Comissão das Comunidades Europeiase do Banco Mundial.

Após três encontros tripartites, foiconcluído o esforço de redação final doprojeto de Programa Piloto. Esta propostafunda-se, essencialmente, na consideraçãode que a situação das florestas tropicais noBrasil não pode ser entendida de formaseparada da realidade nacional nem muitomenos equacionada por meio de açõestópicas.

O documento contém descrição doprocesso histórico de ocupação e explora-ção económica da Amazónia e seu impactoambiental e um diagnóstico das causas dodesmatamento na região. Trata das opçõesde desenvolvimento, do perfil dasatividades económicas na região, dosconstrangimentos de natureza física,científica e tecnológica, bem como dasdiretrizes de política governamental parao meio ambiente e o desenvolvimento re-gional.

Prevê subprogramas de caráterestrutural, de abrangência regional enacional, fundamentados nas diretrizesgovernamentais para a Amazónia, esubprogramas de caráter demonstrativorelacionados a prioridades específicas daregião. As ações estruturais englobamprojetos de conservação e proteção deecossistemas relevantes, de manejo derecursos naturais renováveis, dereaproveitamento de áreas degradadas, deordenamento territorial, de suportecientífico e tecnológico, de fortalecimento

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institucional, de educação ambiental, devigilância e de fiscalização. Os projetosdemonstrativos destinam-se a estimular odesenvolvimento sustentável com aelevação da qualidade de vida por meio daadequada relação das comunidades locaiscom os ecossistemas.

Estou seguro de que o oferecimentoexternado durante a Reunião de Cúpula deHouston representava uma verdadeiradisposição do Governo de Vossa Ex-celência de efetivamente cooperar com ogigantesco esforço de meu Governo deprocurar contra-arrestar as ameaças hojeexistentes às florestas tropicais no Brasil.

Não terão sido em vão os esforçosempreendidos pelo Governo brasileiro deelaborar e examinar um Programa Pilotoem conjunto com a Comissão dasComunidades Europeias e o BancoMundial. Estimo que este Programa atendecabalmente às preocupações e aooferecimento de Houston.

Tenho, pois, a honra de encaminhá-lo a Vossa Excelência, para suaconsideração e encaminhamento à próximaReunião de Cúpula de Londres. Estou con-fiante de que, com o decisivo apoiofinanceiro do Governo de VossaExcelência, poderá este Programa Pilotoconstituir a base de uma pioneiracooperação internacional.

Aproveito a oportunidade pararenovar a Vossa Excelência a garantia daminha mais alta consideração e apreço.

Fernando CollorPresidente da República Federativa doBrasil

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