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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DISCIPLINA: Cultura, Ambiente e Sustentabilidade II PROFESSOR(A): Luciana Schenk e Marcel Fantin NOME: Yasmin Antunes Juhaz NºUSP: 9006295 RESENHA DO CAPÍTULO 3 “MUDANÇAS NA REDE DE DRENAGEM DE TERESÓPOLIS (RIO DE JANEIRO)” DO LIVRO IMPACTOS AMBIENTAIS URBANOS NO BRASIL. O capítulo 3, escrito por Viviane Torres Vieira e Sandra Baptista da Silva, tem como objetivo abordar os impactos urbanos ocorridos na rede de drenagem na cidade de TeresópolisRJ. Assim, este iniciase apresentando um aspecto geral do que será abordado, e no decorrer do capítulo, esta abordagem se afunila para que tal aspecto seja salientado. O rio reflete os cenários naturais e urbanos influentes na bacia hidrográfica. Dessa maneira, quando relacionados ao crescimento urbano, os rios tem perdido suas características naturais devido às frequentes obras realizadas sem levar em consideração aspectos como a eficiência do fluxo. Devido á tal irreflexão, tornase necessário avaliar a geometria do canal, com a finalidade de auxiliar na execução de projetos de planejamento, restauração e recuperação deste. No nosso país, a grande maioria da população reside nos centros urbanos, os quais sofrem com as consequências de determinados impactos, como por exemplo o assoreamento e inundações. A cidade de Teresópolis é um exemplo da carência de estudos relacionados ao canais. Nesta, o crescimento urbano vem afetandoos diretamente. Teresópolis, localizada na microrregião serrana do Rio de Janeiro, representa uma das áreas mais acidentadas da Serra do Mar. O relevo acidentado e as chuvas concentradas tem beneficiado a rapidez do escoamento superficial que quando associada ao crescimento urbano, origina inundações e deslizamentos. A cidade teve seus canais afetados por sucessivas obras de engenharia combinadas com uma infraestrutura inadequada, determinando ainda que suas bacias possuam elevados espaços urbanos e tenham de conviver com a expansão irracional do solo. A partir disso, a cidade apresenta inúmeros problemas em decorrência dos aspectos apresentados anteriormente, como por exemplo o processo de desmatamento, a favelização, o acúmulo de lixo nos rios, entre outros. Devido á problemática envolvida no desenvolvimento urbano da cidade, no decorrer deste capítulo são analisadas as mudanças na geometria dos canais a fim de compreendermos o processo fluvial nesses espaços urbanizados, podendo ainda contribuir na sua recuperação. As seções transversais são importantes aspectos dos canais pois é a partir destas se pode determinar as variáveis geométricas deste. Estas variáveis devem se ajustar á medida em que ocorrem mudanças na forma do canal, pois os seus valores se modificam. Para que se possa, efetivamente, analisar a geometria do canal, são averiguados os seguintes valores: Relacionados á capacidade do canal, através da relação entre a área da seção transversal, no nível das margens plenas, e a área da bacia hidrográfica. A alteração na eficiência do fluxo, função direta do raio hidráulico. A velocidade média, obtida através de aspectos como as mudanças na declividade, na rugosidade do leito, e na eficiência do fluxo. A variabilidade da magnitude e da frequência da água na seção transversal e na direção longitudinal, importante devido ás relações que possui com a erosão, transporte da carga sedimentar e com a geometria do canal.

RESENHA IMPACTOS AMBIENTAIS URBANOS NO BRASIL

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Resenha do capítulo 3 do livro "Impactos Ambientais Urbanos no Brasil"

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DISCIPLINA: Cultura, Ambiente e Sustentabilidade II PROFESSOR(A): Luciana Schenk e Marcel Fantin NOME: Yasmin Antunes Juhaz  NºUSP: 9006295 

 RESENHA DO CAPÍTULO 3 “MUDANÇAS NA REDE DE DRENAGEM DE TERESÓPOLIS 

(RIO DE JANEIRO)” DO LIVRO IMPACTOS AMBIENTAIS URBANOS NO BRASIL.  

O capítulo 3, escrito por Viviane Torres Vieira e Sandra Baptista da Silva, tem como objetivo abordar os impactos urbanos ocorridos na rede de drenagem na cidade de Teresópolis­RJ. Assim, este inicia­se apresentando um aspecto geral do que será abordado, e no decorrer do capítulo, esta abordagem se afunila para que tal aspecto seja salientado. 

O rio reflete os cenários naturais e urbanos influentes na bacia hidrográfica. Dessa maneira, quando relacionados ao crescimento urbano, os rios tem perdido suas características naturais devido às frequentes obras realizadas sem levar em consideração aspectos como a eficiência do fluxo. Devido á tal irreflexão, torna­se necessário avaliar a geometria do canal, com a finalidade de auxiliar na execução de projetos de planejamento, restauração e recuperação deste. 

No nosso país, a grande maioria da população reside nos centros urbanos, os quais sofrem com as consequências de determinados impactos, como por exemplo o assoreamento e inundações. A cidade de Teresópolis é um exemplo da carência de estudos relacionados ao canais. Nesta, o crescimento urbano vem afetando­os diretamente. 

Teresópolis, localizada na microrregião serrana do Rio de Janeiro, representa uma das áreas mais acidentadas da Serra do Mar. O relevo acidentado e as chuvas concentradas tem beneficiado a rapidez do escoamento superficial que quando associada ao crescimento urbano, origina inundações e deslizamentos. A cidade teve seus canais afetados por sucessivas obras de engenharia combinadas com uma infraestrutura inadequada, determinando ainda que suas bacias possuam elevados espaços urbanos e tenham de conviver com a expansão irracional do solo. A partir disso, a cidade apresenta inúmeros problemas em decorrência dos aspectos apresentados anteriormente, como por exemplo o processo de desmatamento, a favelização, o acúmulo de lixo nos rios, entre outros. 

Devido á problemática envolvida no desenvolvimento urbano da cidade, no decorrer deste capítulo são analisadas as mudanças na geometria dos canais a fim de compreendermos o processo fluvial nesses espaços urbanizados, podendo ainda contribuir na sua recuperação. 

As seções transversais são importantes aspectos dos canais pois é a partir destas se pode determinar as variáveis geométricas deste. Estas variáveis devem se ajustar á medida em que ocorrem mudanças na forma do canal, pois os seus valores se modificam. Para que se possa, efetivamente, analisar a geometria do canal, são averiguados os seguintes valores: 

●  Relacionados á capacidade do canal, através da relação entre a área da seção transversal, no nível das margens plenas, e a área da bacia hidrográfica. 

● A alteração na eficiência do fluxo, função direta do raio hidráulico. ● A velocidade média, obtida através de aspectos como as mudanças na 

declividade, na rugosidade do leito, e na eficiência do fluxo. ● A variabilidade da magnitude e da frequência da água na seção transversal e 

na direção longitudinal, importante devido ás relações que possui com a erosão, transporte da carga sedimentar e com a geometria do canal. 

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Em relação aos valores de geometria, temos que no Rio Paquequer Pequeno foram traçadas sete seções transversais e que estas não mostraram um aumento proporcional na capacidade do canal. Na seção transversal 4, há ainda uma área de extravasamento de água devido a ocupação da vegetação nos depósitos de sedimentos. No geral, a distribuição de diversos valores demonstra diferenciações na eficiência do fluxo deste. 

No Rio Cascata dos Amores foram traçadas nove seções transversais que apresentam irregularidades no fundo. A não proporcionalidade de aumento e até mesmo redução dos valores relacionados á capacidade do canal, raio hidráulico,  e velocidade, pode ser observada. Isso se deve ao fato de que o rio atravessa terrenos de residências ou corre sobre arruamentos, tendo portanto suas seções diferenciadas devido á obras setoriais. 

No Rio Meudon foram traçadas 14 seções transversais, as quais apresentam a capacidade do canal em diversos tamanhos. A responsável por tais variações é a ocupação urbana desordenada que intensificaram as mudanças na geometria do canal, gerando instabilidade no rio e promovendo ainda a ocorrência de locais críticos de inundação.  

Para o Rio Ermitage foram traçadas oito seções transversais. Estas apresentaram o mesmo comportamento visto anteriormente nos outros rios. 

No Rio Quebra­Frascos foram traçadas também oito seções transversais. Estas tem sido favorecidas por regiões permeáveis na bacia. Em geral, podemos dizer que as variações nos dados obtidos ocorrem de maneira mais uniforme, já que os valores de descarga e velocidade acompanham a variação dos valores na capacidade do canal. 

No Rio Príncipe foram amostradas 10 seções transversais. Este também possui variações desproporcionais como visto em outros rios, sendo que a última seção transversal deste possui o menor valor para a capacidade do canal e que associado à quantidade de lixo jogada pela população no rio, contribui para que ocorra o assoreamento e a ocorrência de inundações na região. 

Por fim, no Rio Fischer foram traçadas oito seções transversais. Em comparação à outros rios, esse possui os menores valores relacionados á capacidade dos canais. Isso se dá pelo fato de que a bacia do Rio Fischer corresponde à de maior maior crescimento em área urbana nos últimos anos, fazendo assim com que o rio sofra grandes modificações. 

Quando falamos de equilíbrio, nos referimos aos valores, que variam de ­1 a 1, obtidos das correlações entre a capacidade dos canais e a área da bacia, sendo que ­1 indica uma correlação inversamente proporcional, próximos de 0 indicam que a área da bacia pouco interfere na sua capacidade e 1 uma forte correlação. Resultados próximos de ­1 nos permitem verificar estrangulamentos na vazão com recorrentes enchentes e inundações. 

No Rio Quebra­Frascos o valor obtido foi muito próximo de ­1 (r²= ­0,68), logo este possui uma correlação inversamente proporcional. Os Rios Príncipe e Cascata dos Amores, obtiveram valores quase nulos, e isso se deve ás constantes alterações pelas obras realizadas pela população, sendo que se analisarmos algumas seções separadamente, perceberemos que ambos possuem algumas áreas propícias à inundações, ou seja, com valores próximos de ­1. Já os Rios Meudon, Paquequer Pequeno, Fischer e Ermitage, apesar de possuírem valores baixos, são os que revelam as correlações positivas mais significantes com valores entre 0,08 e 0,29. 

Para uma análise ainda mais aprofundada, devemos considerar também o crescimento das áreas impermeáveis já estas tem gerado aumento no escoamento superficial acompanhado de grande volume de sedimentos, e estes alteram a amplitude da carga e descarga de sedimentos conduzindo­os à adequação na geometria do canal. As áreas impermeáveis quando associadas à restituição da rede de drenagem, indica locais em áreas urbanas onde há uma grande possibilidade de ocorrer inundações. 

A fim de verificar o crescimento destas, levou­se em consideração o processo de ocupação das áreas de cada rio no período de 41 anos, sendo que o mapeamento em si 

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ocorreu nos anos de 1956, 1966, 1976, e 1996 através de fotografias aéreas e carta topográfica. Após a análise dos dados obtidos, podemos observar o seguinte: 

● O Rio Paquequer Pequeno obteve um menor percentual (11,81%) de área impermeável no decorrer dos anos devido á preservação da floresta, a montante da estrada Rio­Bahia e ao seu relevo acidentado o que dificulta o acesso a esta área. 

●  O Rio Príncipe (17,26%) possui um percentual baixo pois sua ocupação demorou a ocorrer sendo esta área ocupada por casas populares. 

●   O Rio Fischer (17,97%) também teve sua ocupação urbana iniciada por volta dos anos 60, sendo que seu crescimento se deve á construção da estrada Rio­Bahia. O processo de urbanização da bacia próximo á nascente desta, por estar próxima ao centro da cidade, originou a maior favela da cidade. 

●  O Rio Quebra­Frascos (20,81%) possui, assim como o Rio Príncipe, um percentual relativamente baixo pois sua ocupação demorou a ocorrer por se encontrar cerca de 5 km distante do centro. 

● O Rio Cascata dos Amores (29,5%) obteve um percetual consideravelmente alto pois desemboca no centro da cidade, local das primeiras moradias. 

●  O Rio Ermitage (31,72%) se encontra com um alto percentual devido ás obras fluviais executadas pelos moradores.   

● O Rio Meudon (53,8%) possui o maior percentual de ocupação pois além de desembocar no centro da cidade, próximo á rodoviária, temos ainda o fato de que houve a abertura da estrada Rio­Bahia nessa região, e por fim a implantação das áreas industriais.  

De qualquer maneira, valores acima de 5% já são considerados críticos em relação á resposta dos rios aos volumes de vazão. 

Além de todos os aspectos já abordados, devemos novamente ressaltar a importância da educação ambiental e da verificação desses tópicos, porém relacionados às obras de canalização. Mudanças ocorridas nos canais, sem tal conscientização ambiental, tem gerado o assoreamento do rio, vários canais urbanos tem sido cobertos por placas de concreto, pequenos rios são ignorados sendo aterrados, desviados ou canalizados, entre outros. Durante o estudo realizado na cidade de Teresópolis, o rio com menor grau de mudanças, quando comparado aos outros rios, foi o  Paquequer Pequeno. 

O capítulo 3 do livro “Impactos Urbanos no Brasil” nos afirma á cada análise a importância de se observar cada detalhe, cada característica da região a qual desejamos modificar. Qualquer ação que ocorra de maneira descuidada, afeta diversos aspectos da área a ser trabalhada que podem resultar em uma “reação em cadeia”. Dessa maneira, é necessário que no caso do crescimento urbano, sejam realizados estudos ambientais dedicados á todos os pormenores da área, a fim de amenizar os impactos que podem ser originados á partir dessas modificações.