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ELOANA SILVA DE PAIVA RESISTÊNCIA À FRATURA POR TORÇÃO DOS INSTRUMENTOS RECIPROC ® E MTWO ® 2013

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ELOANA SILVA DE PAIVA

RESISTÊNCIA À FRATURA POR TORÇÃO

DOS INSTRUMENTOS RECIPROC® E MTWO®

2013

2012

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ELOANA SILVA DE PAIVA

RESISTÊNCIA À FRATURA POR TORÇÃO

DOS INSTRUMENTOS RECIPROC® E MTWO®

Dissertação apresentada à

Faculdade de Odontologia da

Universidade Estácio de Sá

visando a obtenção do grau de

Mestre em Odontologia

(Endodontia).

Orientadores:

Prof.ª Dra. Mônica Aparecida Schultz Neves

Prof. Dr. Hélio Pereira Lopes

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

RIO DE JANEIRO

2013

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DEDICATÓRIA

Ao meu filho, Miguel

e meus pais, Euclydes e Ivonete,

com amor e admiração.

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iv

AGRADECIMENTOS

Ao meu pai Euclydes, incentivador incondicional dos meus objetivos, meu

exemplo de vida, profissionalismo e amor à profissão.

À minha mãe Ivonete, meu pilar, meu anjo, minha vida!

Ao Antonio Carlos, por estar ao meu lado na administração do nosso lar, o que

me permitiu acompanhar e concluir esse curso.

Aos meus irmãos, Marcelo e Gizela, pela cumplicidade e carinho nos

momentos mais difíceis e participação fundamental nas conquistas.

Ao Prof. Dr. Hélio Pereira Lopes, que, com seu vasto conhecimento e visão

ímpar, nos mostra sempre o melhor caminho a seguir, considerando e

valorizando os interesses de cada aluno. Muito obrigada pela orientação, pelos

valiosos ensinamentos, pelo apoio e paciência na condução deste trabalho.

À Profa. Dra. Mônica Aparecida Schultz Neves, pela confiança e credibilidade

que depositou em mim desde o início da nossa relação acadêmica. Sou

eternamente grata pelo conhecimento passado, carinho e dedicação a esse

trabalho. Seu altruísmo e disponibilidade me fez admirá-la ainda mais como

profissional e como pessoa.

Ao Prof. Dr. Carlos Nelson Elias, por abrir as portas do Instituto Militar de

Engenharia, incentivando a pesquisa no Brasil e pelo extenso conhecimento,

enriquecendo meu trabalho com suas análises finais. Foi um enorme privilégio

poder contar com seu apoio.

Ao Prof. Dr. José Freitas Siqueira Jr., por ser uma referência como pesquisador

e professor, agradeço o incentivo, a preocupação e os ensinamentos. É

contagiante seu amor pela ciência e Endodontia!

Ao Prof. Victor Talarico Leal Vieira, por estar sempre pronto a ajudar a todos,

pelas suas idéias e sugestões que muito enriqueceram este trabalho. Obrigada

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v

pelos valiosos conhecimentos transmitidos e por despertar em mim o interesse

pela engenharia.

Aos funcionários do laboratório de ensaio mecânico do IME, Hector, Joel e

Leonardo, pela importante ajuda, boa vontade e acolhida durante os ensaios

realizados em laboratório.

Ao Prof. Dr. Flávio Rodrigues Ferreira Alves, por representar a essência de um

mestre ideal, pela disponibilidade em ajudar sempre que solicitado.

Ao Prof. Dr. Julio Cezar Machado de Oliveira, pela criteriosa avaliação e

colaboração no aprimoramento do projeto desta dissertação.

Ao Prof. Dr. Edson Jorge Lima Moreira, por todo respeito e admiração já

existentes desde o curso de graduação e pelo privilégio de poder contar com

seu auxílio na revisão criteriosa desse trabalho.

Aos Professores do PPGO, pelos ensinamentos compartilhados, pela

dedicação e atenção durante a realização das disciplinas ministradas durante o

curso.

Aos queridos amigos do mestrado, pela convivência e bons momentos

compartilhados, e, principalmente, à Helena Baruffaldi e Sabrina Brasil,

obrigada por saber que posso contar sempre com vocês.

À secretária Angélica Pedrosa, pela boa vontade e competência sempre

demonstrada.

Aos meus amigos, em especial, Adriana Dória, Fábio Borges, Luciana Frade e

Marcela Veronica e André Luiz por terem acreditado, incentivado e

compreendido os momentos que estive ausente.

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ÍNDICE

RESUMO vii

ABSTRACT viii

LISTA DE FIGURAS ix

LISTA DE TABELAS xi

LISTA DE ABREVIATURAS xii

INTRODUÇÃO 1

REVISÃO DE LITERATURA 4

JUSTIFICATIVA 20

HIPÓTESE 21

PROPOSIÇÃO 22

MATERIAIS E MÉTODOS 23

RESULTADOS 33

DISCUSSÃO 42

CONCLUSÕES 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 50

ANEXOS 59

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vii

RESUMO

Objetivos: Esse estudo avaliou a resistência à fratura por torção de duas

marcas de instrumentos mecanizados de níquel-titânio (NiTi), com formas

geométricas semelhantes, porém produzidos por ligas metálicas distintas.

Métodos: Após a seleção de 44 instrumentos sendo 22 Mtwo® (VDW®) e 22

Reciproc® (VDW®), estes foram divididos em dois grupos e submetidos aos

ensaios mecânicos de flexão em cantiléver (45°), microdureza Vickers e torção.

Os dois parâmetros avaliados para resistência à fratura foram torque máximo e

deformação angular até a fratura. As superfícies fraturadas e as hastes

helicoidais dos instrumentos foram analisadas no microscópio eletrônico de

varredura (MEV).

Resultados: Os resultados da resistência em flexão (carga máxima em

gramas) foram de 274,8 para o Reciproc® e 703,7 para o Mtwo®. No teste de

microdureza Vickers (mHV/kg), o Reciproc® apresentou 412,6 e o Mtwo® 320,9.

O ângulo máximo (em graus) no teste de torção foi 520° para o Reciproc® e

445° para o Mtwo®. O torque máximo em torção (N/cm) foi de 1.558,7 para

Reciproc® e 843,5 para o Mtwo®. O teste t de Student mostrou diferença

significativa nos ensaios de flexão e torção (p < 0,05). Já o teste de Mann-

Whitney revelou não haver diferença significativa na microdureza Vickers (p >

0,05). A análise do MEV revelou deformação plástica ao longo das hélices

helicoidais dos instrumentos fraturados e fratura tipo dúctil.

Conclusão: Os instrumentos mais flexíveis e fabricados em NiTi M-Wire

apresentaram maior resistência à fratura por torção. Esses achados reforçam a

hipótese de que a liga NiTi M-Wire aumenta a flexibilidade desses instrumentos

endodônticos.

Palavras-chave: ângulo máximo; flexibilidade; fratura por torção; liga NiTi M-

Wire; microdureza Vickers; níquel-titânio; torque máximo.

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viii

ABSTRACT

Objectives: This study evaluated the torsion fracture resistance of two brands

of rotary nickel-titanium (NiTi) instruments with similar geometry, although

produced by different metal alloys.

Methods: After selection of 44 instruments being 22 Reciproc® (VDW®) and

22 Mtwo® (VDW®), these were divided into two groups and subjected to

cantilever-bending mechanical tests (45°), Vickers microhardness test and

torsion. The two parameters evaluated for resistance fracture were maximum

torque and angular deflection until failure. The fractured surfaces and helical

shafts of the instruments were analyzed in a scanning electron microscopy

(SEM).

Results: The results of bending resistance (maximum load in grams) of the

instruments were 274.9 for Reciproc® and 703.7 for Mtwo®. In Vickers

microhardness test (mHV/kg), the results for Reciproc® were 412.6 and 320.9

for Mtwo®. The maximum angle (in degrees) in the torsion test was 520° for

Reciproc ® and 445° for Mtwo®. The maximum torque in torsion (N/cm) was

1.558.7 for Reciproc® and 843.5 for Mtwo®. The Student’s t test revealed

significant difference in bending and torsion tests (p < 0.05). The Mann-

Whitney’s test showed no significant difference in microhardness Vickers (p >

0.05). Scanning electron microscopic analysis revealed that plastic deformation

occurred along the helical shaft of the fractured instruments and ductile type

fracture.

Conclusion: The most flexible and manufactured instruments in M-Wire NiTi

showed greater resistance to fracture torsion. These findings reinforce the

assumption that nickel-titanium M-Wire alloys increase the flexibility of these

endodontic instruments.

Key-words: maximum angle; flexibility; torsional fracture; NiTi M-Wire alloy;

maximum torque; microhardness Vickers; nickel-titanium.

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ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Imagem representativa do instrumento Reciproc® R25

(VDW).

23

Figura 2. Imagem representativa do instrumento Mtwo® (VDW). 23

Figura 3. Fotografia do microscópio ZEISS usado para a avaliação

micromorfométrica.

24

Figura 4. Mensuração do passo da hélice (A) e do comprimento de

trabalho (B) com o auxílio do programa AxionVision 4.4.

25

Figura 5. Máquina de ensaio universal usada no ensaio de flexão

em cantiléver.

27

Figura 6. Deslocamento em 45°. 27

Figura 7. Desenho esquemático do ensaio de flexão em cantiléver

(A) e da obtenção do deslocamento vertical (B).

28

Figura 8. Fotografia do microdurômetro utilizado na obtenção da

microdureza Vickers (A), corpo de prova embutido em resina (B),

posicionamento do corpo de prova (C).

29

Figura 9. Fotografia do conjunto usado no ensaio de torção. 30

Figura 10. Ponta e inicio da haste de corte do instrumento

Reciproc®.

37

Figura 11. Seção reta transversal do instrumento Reciproc® na

forma de “S” com fio de corte voltado à esquerda (100X).

37

Figura 12. Seção reta transversal do instrumento Mtwo®

na forma de “S” (100X).

38

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x

Figura 13. Ponta e início da haste de corte do instrumento Mtwo®. 38

Figura 14. Superfície fraturada com reversão da hélice junto ao

ponto de imobilização de um instrumento. (A) Ensaio de torção

instrumento Reciproc®. (B) Ensaio de torção instrumento Mtwo®.

39

Figura 15. Superfície de fratura plana e perpendicular ao eixo do

instrumento. (A) Instrumento Reciproc®. (B) Instrumento Mtwo®.

40

Figura 16. Superfície de fratura do tipo dúctil. Presença de ranhuras

com trincas em diferentes profundidades. (A) Superfície do

instrumento Reciproc®. (B) Superfície do instrumento Mtwo®.

41

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xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Média (± desvio padrão) das dimensões (mm) dos

instrumentos Reciproc® e Mtwo®.

Tabela 2. Média (± desvio padrão) da carga máxima (gf) em D3 no

ensaio de flexibilidade dos instrumentos Reciproc® 25/.08 e Mtwo®

25/.07.

33

34

Tabela 3. Valores da microdureza Vickers dos instrumentos Reciproc®

e Mtwo®.

35

Tabela 4. Média (± desvio padrão) da força máxima e da deformação

máxima na fratura dos instrumentos Reciproc® 25/.08 e Mtwo® 25/.07.

35

Tabela 5. Média (± desvio padrão) do ângulo máximo em torção na

fratura dos instrumentos Reciproc® 25/.08 e Mtwo® 25/.07.

36

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADA - American Dental Association

D0 – diâmetro da ponta da parte de trabalho de um instrumento endodôntico

EMF - efeito memória de forma

MHV – microhardness Vickers

IME – Instituto Militar de Engenharia

ISO - International Organization for Standardization

MEV – microscópio eletrônico de varredura

NiTi – liga níquel-titânio

SE – superelasticidade

TM – transformação martensítica

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1

1. INTRODUÇÃO

Nas últimas duas décadas, instrumentos rotatórios de NiTi vêm sendo

comumente usados na Endodontia. Segundo vários estudos (PRUETT et al.,

1997; GLOSSON et al., 1995; BAHIA et al., 2005; AL-HADLAQ et al., 2010;

NINAN & BERZINS, 2013; SHEN et al., 2013), apresentam algumas vantagens

em relação às limas convencionais de aço inoxidável como: maior flexibilidade,

aumentada eficiência de corte e maior resistência à fratura por torção.

Esta liga metálica promoveu um aumento significativo na flexibilidade

dos instrumentos devido ao seu baixo módulo de elasticidade, permitindo o

desenvolvimento e a fabricação de novas formas geométricas em termos de

seção reta transversal e conicidade. Além disso, os instrumentos podem ser

utilizados em conjunto com motores rotatórios, aumentando a eficácia do

preparo do canal radicular. A superelasticidade desses instrumentos permite

aos clínicos produzirem resultados mais previsíveis na instrumentação, com

melhor manutenção da morfologia original do canal, menor transporte apical e

manutenção do forame (GLOSSON et al., 1995; AL-HADLAQ et al., 2010;

PEREIRA et al., 2012).

Apesar disto, o risco elevado de fratura continua a ser um problema

durante a terapia endodôntica. A presença de pontos concentradores de

tensão, como defeitos de acabamento superficial ou pontas com formas

diferentes das preconizadas pelos fabricantes, podem induzir à fratura do

instrumento aos níveis inferiores de tensão dos teoricamente esperados. Uma

das principais propriedades mecânicas relacionada ao instrumento endodôntico

é a sua resistência à fratura, ou seja, a tensão máxima suportada pelo

instrumento antes de ocorrer a fratura. A avaliação desta propriedade poderá

ser feita através de ensaios mecânicos ou do uso clínico (LOPES et al., 2010c).

A fratura de um instrumento pode ocorrer sem apresentar um sinal

prévio de deformação, sob duas circunstâncias: fratura por torção e fadiga por

flexão rotativa (SATTAPAN et al., 2000; LOPES & ELIAS, 2001). A fratura por

torção ocorre quando a ponta do instrumento ou qualquer parte do mesmo

prende-se às paredes do canal, enquanto o eixo do instrumento continua a

girar (LOPES et al., 2010c).

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As propriedades mecânicas dos instrumentos endodônticos e sua

resistência à torção e à fadiga são afetadas por uma variedade de fatores,

como diâmetro, conicidade, design, composição química da liga, forma da

secção reta transversal e tratamentos termomecânicos aplicados durante o

processo de fabricação. Dentre as tentativas recentes de melhorar o

desempenho dos instrumentos rotatórios de NiTi durante a prática clínica, têm

merecido destaque, as mudanças no processo de fabricação. Essas objetivam

desenvolver instrumentos com propriedades mecânicas superiores. Dessa

forma, o conhecimento destas propriedades assume grande importância

especialmente nos sistemas de NiTi acionados à motor, introduzidos

recentemente no mercado (NINAN & BERZINS, 2013).

Nos últimos anos, novas tecnologias de fabricação e tratamento

termomecânico foram desenvolvidas para aperfeiçoar a microestrutura da liga

NiTi. Embora permaneça desconhecida a história dos métodos de tratamento

termomecânico dos novos fios de NiTi, a introdução dessas ligas produziu

alguns resultados satisfatórios. Segundo alguns autores (ALAPATI et al., 2009;

SHEN et al., 2013), o aumento da flexibilidade e da resistência à torção,

oferecerem vantagens consideráveis quanto à eficácia e a segurança dos

instrumentos contemporâneos, quando comparados a fios convencionais de

NiTi. Portanto, a compreensão da natureza de diferentes matérias-primas e seu

impacto no desempenho do instrumento, tornou-se ainda mais imperativo para

os profissionais no que se relaciona à escolha do instrumento e de como

alcançar o resultado clínico desejado. Os instrumentos do sistema Reciproc®

(VDW®, Munique, Alemanha) são fabricados por usinagem de um fio metálico

de NiTi com tecnologia M-Wire, sendo um sistema onde toda a sequência de

preparo do canal radicular é realizada por um único instrumento. São

acionados a motor e preparam o canal através do movimento reciprocante.

Estão disponíveis comercialmente nas conicidades 0,05; 0,06; 0,08 mm/mm,

diâmetros em D0 0,25; 0,40 e 0,50 mm e nos comprimentos úteis de 21, 25 e

31 mm (YARED, 2010). A liga M-Wire representa o primeiro avanço na

fabricação do instrumento de NiTi, passados quase vinte anos dos primeiros

testes com limas de NiTi acionadas à motor (LARSEN et al., 2009).

A fratura dos instrumentos endodônticos durante o preparo químico-

mecânico, geralmente está associada a alguns fatores como o

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desconhecimento das propriedades mecânicas do material, à impossibilidade

de observar defeitos de fabricação, as deformações criadas nos instrumentos e

a ausência de habilidade do profissional (LOPES et al., 2000).

O presente estudo procurou fornecer uma melhor compreensão das

propriedades mecânicas de uma nova geração de instrumentos de NiTi, por

meio da observação do mecanismo de fratura por torção dos instrumentos

Reciproc® e Mtwo®, fabricados em liga NiTi com tecnologia M-Wire e em liga

NiTi convencional, respectivamente. O comportamento mecânico desses

instrumentos foi avaliado pelos testes de flexibilidade em cantiléver, dureza e

resistência à fratura por torção.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Instrumentos endodônticos

O primeiro instrumento endodôntico foi idealizado em 1838 por Maynard,

a partir de uma mola de relógio. A mola estendida era introduzida no canal

radicular e arrastada contra suas paredes, visando esvaziá-lo. Até 1962, os

instrumentos endodônticos eram construídos pelo livre arbítrio dos fabricantes,

pois ainda não existiam especificações exatas quanto ao diâmetro, afilamento e

comprimento da parte ativa, assim como na distribuição da numeração.

Durante a 2a Conferência Internacional de Endodontia em 1958 foi sugerido a

modificação e substituição dos instrumentos antigos por padronizados.

Contudo, somente em 1962 a American Dental Association (ADA) aprovou o

desenho de novos instrumentos e sua respectiva nomenclatura servindo de

base para o desenvolvimento das normas internacionais. Consequentemente,

houve uma a padronização do comprimento, da geometria e de uma conicidade

uniforme (0,02 mm/mm), estabelecendo um limite de tolerância de 0,02 mm

para mais ou para menos nos diâmetros das pontas (ZINELIS et al., 2002;

SICILIANO, 2008; LOPES et al., 2010a).

Segundo LOPES et al., (2010a), o aço inoxidável passou a ser

empregado com maior frequência na fabricação de instrumentos endodônticos

a partir de 1961, pois até então eram comercializados apenas em aço carbono.

As limas de aço inoxidável foram ganhando cada vez mais preferência, devido

às vantagens principalmente com relação à tenacidade, dureza, capacidade de

corte, resistência à corrosão e à fratura. Em 1982, a American Dental

Association (ADA) propôs uma revisão na especificação de número 28,

retirando desta, as limas de aço carbono.

2.2. Instrumentos endodônticos de NiTi

A liga NiTi foi lançada por BUEHLER et al. (1963), durante pesquisas

por uma liga com propriedades anti-magnéticas e resistência à corrosão pela

água do mar. Esta liga foi utilizada no programa espacial americano para a

fabricação de antenas, naves e satélites espaciais. A origem do nome NiTiNOL

vem de Ni de níquel, Ti de titânio e NOL de Naval Ordnance Laboratory (Silver

Springs, Maryland, EUA), local onde foi desenvolvida. A NiTiNOL representa

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uma família da liga NiTi que apresenta propriedades únicas como: memória de

forma e superelasticidade. Essas características se devem principalmente à

capacidade da liga NiTi em recuperar deformações em torno de 8% após a

retirada da carga e conferir aos instrumentos, grande flexibilidade possibilitando

a limpeza eficiente e manutenção do trajeto, mesmo em canais com curvaturas

bem acentuadas (PRUETT et al., 1997; THOMPSON, 2000; MELO et al., 2002;

LOPES et al., 2010a; GUTMANN & GAO, 2012).

Em um trabalho experimental, WALIA et al. (1988) introduziram a liga

NiTi na endodontia fabricando limas de número 15 a partir de fios ortodônticos

de NiTi. De acordo com esses autores, a liga NiTi possui propriedades de

flexão e torção muito promissoras, apresentando duas a três vezes mais

elasticidade do que as limas de aço inoxidável de tamanho e desenho

similares. Além disso, exibiram grande resistência à fratura por torção. Estas

propriedades mecânicas permitiram a confecção de instrumentos com melhor

desempenho em canais curvos, reduzindo o deslocamento apical e a alteração

da forma original do canal radicular.

As propriedades da liga NiTi permitiram a fabricação de instrumentos

com novas geometrias em termos de seção reta transversal e conicidade. Além

disso, também possibilitou uma parceria com a engenharia promovendo o

desenvolvimento de instrumentos de NiTi acionados a motor (GLOSSON et al.,

1995; GUTMANN & GAO, 2012).

Atualmente, as ligas NiTi são largamente utilizadas graças às suas

propriedades especiais como a superelasticidade (SE) e o efeito memória de

forma (EMF), além de possuírem elevada resistência à corrosão e

biocompatibilidade (THOMPSON, 2000; LEONARDO et al., 2009). O EMF

ocorre em condições específicas em que o metal é deformado numa

determinada temperatura de um modo aparentemente permanente, mas

recupera sua forma original quando aquecidos moderadamente. A SE é um

caso particular de EMF em que a temperatura de recuperação é mais baixa do

que a temperatura de deformação. Isto significa que a recuperação da forma

acontece imediatamente após a interrupção da deformação e retirada da carga.

O termo superelasticidade está relacionado com o fato de a deformação

recuperável obtida ser muito maior do que aquela que pode desenvolver-se no

regime de deformação elástica dos metais. Tanto o EMF e a SE estão

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associados com a ocorrência de uma transformação de fase no estado sólido,

que tem características especiais: a transformação martensítica (TM), que pode

ser induzida pela aplicação de tensão e revertida por aquecimento moderado

do material (OTSUKA & WAYMAN 1999, SERENE et al., 1995; THOMPSON

2000; BRANTLEY et al., 2002). Portanto, as temperaturas de transformação

têm uma influência crítica sobre as propriedades mecânicas e o

comportamento das ligas NiTi, que podem ser alteradas por pequenas

mudanças na composição, impurezas e tratamentos térmicos durante o

processo de fabricação. Esta propriedade distinta das ligas NiTi criou uma

revolução na fabricação de instrumentos endodônticos (SHEN et al., 2013).

Segundo CALLISTER (2007), as ligas com EMF são consideradas materiais

inteligentes, ou seja, capazes de sentir as mudanças ambientais gerando uma

resposta a estes estímulos, que neste caso, corresponde à temperatura e a

tensão mecânica. O processo de fabricação dos instrumentos endodônticos de

NiTi é mais complexo quando comparado aos de aço inoxidável devido à

superelasticidade desta liga (THOMPSON, 2000).

Os instrumentos de NiTi em razão da alta flexibilidade geralmente são

produzidos pelo processo de usinagem, pois a superelasticidade da liga

dificulta a torção da haste para a produção da espiral (THOMPSON, 2000). A

maioria dos sistemas de NiTi acionados a motor são produzidos por usinagem

e em determinadas condições, pelo processo de torção da haste (LOPES et al.,

2010a). Na fabricação de um instrumento endodôntico por usinagem, os

cristais alinhados na direção da trefilação do fio metálico são cortados

promovendo uma redução do diâmetro do fio. De acordo com LOPES et al.,

(2010a) esses cortes em conjunto aos defeitos de acabamento superficial,

funcionam como pontos concentradores de tensão, induzindo a fratura por

torção do instrumento usinado, aos níveis inferiores de tensão dos

teoricamente esperados. Ao contrário, na fabricação por torção a integridade

dos cristais é preservada. Além disso, a usinagem do instrumento endodôntico

resulta em superfícies com uma alta concentração de defeitos, que podem

comprometer a habilidade de corte, facilitar a corrosão e a nucleação de

microtrincas (SERENE et al., 1995; LEONARDO et al., 2009).

Segundo LOPES et al. (2010c), a fratura dos materiais quando

submetido a um carregamento, inicia-se na forma de trincas. Essas se

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7

apresentam como descontinuidades abertas na superfície ou internas,

originadas de tensões localizadas, cujos valores excedem o limite de ruptura do

material. Qualquer processo de fratura envolve duas etapas: a formação

(nucleação) e a propagação de trincas, em resposta à imposição de uma

tensão.

Apesar das muitas vantagens do instrumento rotatório de NiTi, a fratura

deste no interior do canal radicular, continua a ser um desafio clínico durante o

preparo químico-mecânico. Isto se explica pelo fato de que a fratura de um

instrumento de NiTi, geralmente ocorre sem sinais macroscópicos visíveis de

deformação permanente do metal, sendo portanto, difícil a sua prevenção.

Logo, a inspeção visível não é um método seguro e adequado para avaliar

instrumentos de NiTi previamente utilizados (LOPES et al., 2010c).

Três grandes mudanças foram associadas para tornar os instrumentos

de NiTi mais seguros: ligas de melhor qualidade, movimentos de acionamento

diferentes e novos conceitos de utilização (ARIAS et al., 2012; BÜRKLEIN &

SHAFER, 2012).

Desenvolvido por um processo de tratamento térmico inovador aplicado

ao Nitinol, o fio M-Wire (Dentsply Tulsa Dental Specialties) produz fios de NiTi

superelásticos, devido a presença da fase martensita na microestrutura da liga.

Segundo vários estudos (BERENDT, 2007; AL-HADLAQ et al., 2010; GAO et

al., 2010; ARIAS et al., 2012; BÜRKLEIN & SHAFER, 2012; NINAN &

BERZINS, 2013; SHEN et al., 2013), esta característica promove um aumento

na flexibilidade e na resistência à fadiga cíclica, em até quase quatro vezes

mais, quando comparada à liga NiTi convencional. As propriedades únicas

desses materiais, os tornam particularmente adequados para o tratamento

endodôntico. Embora os detalhes da história de tratamento termomecânico dos

novos fios de NiTi permaneçam desconhecidos, parece que o processamento

termomecânico é um método muito promissor no que se diz respeito à eficácia

e à segurança de instrumentos endodônticos contemporâneos (SHEN et al.,

2013).

ARIAS et al. (2012), compararam a resistência à fadiga cíclica de duas

marcas comerciais produzidas em liga NiTi M-Wire, para o movimento

reciprocante. Sessenta instrumentos WaveOne® (Dentsply Maillefer®,

Ballaigues, Suíça) e sessenta instrumentos Reciproc® (VDW®, Munique,

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Alemanha) foram fixados e testados em um dispositivo de aço temperado

simulando um canal radicular, com 3 mm de raio e 60 graus de ângulo de

curvatura. O motor foi programado para o movimento reciprocante, de acordo

com as especificações de cada fabricante. Trinta instrumentos de cada marca

foram testados em dois níveis: 5 mm e 13 mm a partir da ponta e o tempo

registrado, até que ocorresse a falha. De acordo com os resultados, os autores

concluíram que o instrumento Reciproc® é mais resistente à fadiga cíclica do

que o WaveOne®, em ambas as distâncias a partir da ponta. Além disso, as

duas marcas apresentaram maior resistência à fadiga cíclica a 5 mm do que a

13 mm da ponta.

Tem sido demonstrado que o tratamento térmico sigiloso M-Wire pode

aumentar a resistência à fadiga da liga de NiTi. Alguns autores (JOHNSON et

al., 2008; LARSEN et al., 2009; GAO et al., 2010; AL-HADLAQ et al., 2010; YE

& GAO, 2012), observaram maior resistência à flexão rotativa nos instrumentos

fabricados com o fio M-Wire, quando comparados aos produzidos com o fio

NiTi convencional. Espera-se que instrumentos de NiTi termomecanicamente

tratados mantenham as mesmas propriedades de torção como os instrumentos

superelásticos de NiTi convencionais (SHEN et al., 2013).

Quanto ao torque na fratura de instrumentos de NiTi, JOHNSON et al.

(2008) demonstraram resultados semelhantes entre o instrumento ProFile®

25/.04 (fio M-Wire) e o ProFile® produzido com liga NiTi convencional.

2.3. Fratura dos instrumentos endodônticos por torção

Durante o preparo químico-mecânico de um canal radicular, os

instrumentos endodônticos sofrem tensões extremamente adversas que variam

com a anatomia do canal, as dimensões dos instrumentos e a habilidade do

profissional. Essas tensões adversas em conjunto com a presença de pontos

concentradores de tensão, podem levar à fratura dos instrumentos durante a

instrumentação de um canal radicular (LOPES et al., 2010b; LOPES et al.,

2011b).

Normalmente, as fraturas são provocadas pela tendência do instrumento

endodôntico em retornar a sua forma original reta, quando inserido em um

canal curvo. Isso ocorre devido à rigidez do tipo de material utilizado na

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fabricação. A fratura pode ocorrer por torção, flexão rotativa (tensões trativas e

compressivas) e por suas combinações (SETO et al., 1990; ROWAN et al.,

1996; HAIKEL et al., 1999; PARASHOS & MESSER, 2006; SERENE et al.,

1995; LOPES et al., 2011b).

Para ocorrer a fratura por torção é preciso que a ponta do instrumento

endodôntico fique imobilizada e na outra extremidade (cabo) seja aplicado um

torque superior ao limite de resistência à fratura do instrumento. Pode ocorrer

para os instrumentos endodônticos de aço inoxidável e de NiTi, acionados

manualmente ou por dispositivos mecanizados (ROWAN et al., 1996;

PARASHOS & MESSER, 2006; SETO et al., 1990; SERENE et al., 1995;

LOPES et al., 2010c; LOPES et al., 2011b). Se a ponta do instrumento não

ficar imobilizada durante a instrumentação de um canal radicular,

independentemente do valor do torque aplicado, não ocorrerá a fratura por

torção do instrumento endodôntico (LOPES et al., 2011b; PARASHOS &

MESSER, 2006).

O instrumento com a ponta imobilizada no interior do canal radicular

excede o limite elástico do metal, havendo inicialmente uma deformação

plástica (distorção) de suas hélices, seguido de fratura. A presença de

deformação plástica das hélices observada quando da retirada do instrumento

endodôntico de um canal radicular durante a instrumentação, dá um alerta de

que uma fratura por torção é iminente. Assim, durante a instrumentação de um

canal radicular é importante que o profissional retire o instrumento do interior

de um canal com maior frequência e o examine cuidadosamente. Instrumentos

endodônticos deformados devem ser descartados antes da falha (fratura)

ocorrer. A deformação plástica também permite ao profissional executar

correção e ajustes no avanço do instrumento no interior do canal e no torque a

ser aplicado em um novo instrumento empregado na instrumentação do canal

radicular. Essas medidas têm como objetivo evitar a imobilização e a deforma-

ção plástica do novo instrumento endodôntico empregado na instrumentação

(LOPES et al., 2011b).

Resistência à fratura é a tensão máxima suportada pelo instrumento

antes da fratura. É uma das principais propriedades mecânicas dos

instrumentos endodônticos e que deveria ser informada ao profissional para

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orientá-lo na clínica diária. O aumento da resistência à fratura, geralmente

avaliada e analisada por meio de ensaios mecânicos, tem sido o principal

objetivo dos fabricantes em projetos inovadores de fabricação (LOPES et al.,

2010c).

Os parâmetros que podem ser avaliados em ensaios mecânicos de

fratura por torção incluem o torque máximo em torção e a deformação angular

até a fratura. O torque máximo em torção é definido como a força máxima de

torção antes da falha (Torque máximo = Força máxima x Raio da haste de

rotação). A deformação angular até a fratura são os graus de rotação em torno

do longo eixo do instrumento antes da falha (ELIAS & LOPES, 2007; LOPES et

al., 2011b).

GAO et al. (2012) estudaram e compararam as propriedades de torção

de instrumentos NiTi com liga convencional, liga NiTi M-Wire e NiTi Vortex

Blue®. Os resultados mostraram que o grupo M-Wire apresentou uma ligeira

vantagem sobre o Vortex Blue® quanto a resistência à torção. Os grupos da

liga NiTi convencional e do Vortex Blue® exibiram a mesma média de torque

máximo (1N/cm). A maior deformação angular até a fratura foi observada para

o Vortex Blue®, enquanto que NiTi convencional e M-Wire não apresentaram

diferenças significativas quanto ao grau de rotação. Os autores concluiram que

quanto maior a ductilidade, medida pela deformação angular, maior o fator de

segurança para a Vortex Blue®, pois esta, por expor distorção visível nas

espirais de corte, são mais susceptíveis ao descarte antes da fratura.

2.4. Ensaios mecânicos na Endodontia

Os ensaios mecânicos são executados com o objetivo de se determinar

a relação existente entre os esforços aplicados no material e sua reação a

esses esforços. Com base nos resultados obtidos é possível predizer o

comportamento e as condições de carregamento que produzem deformação e

fratura dos materiais (ELIAS & LOPES, 2007). São realizados com corpos-de-

prova de formas e dimensões padronizadas e testados em máquinas e

equipamentos especiais. O corpo-de-prova é preparado baseado nas

especificações de normas ou empregado como produto no estado de

comercialização (ex. instrumento endodôntico). Nesses ensaios são analisadas

determinadas propriedades mecânicas do material ou do produto acabado. Não

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existe um ensaio capaz de fornecer todas as propriedades mecânicas do

material ou que simule completamente o emprego do instrumento. Quanto

maior o número de propriedades mecânicas que se deseja determinar ou maior

a complexidade do carregamento real, mais diversificados serão os ensaios

mecânicos. Por esse motivo, os resultados obtidos em diferentes ensaios

mecânicos são complementares (ELIAS & LOPES, 2007; LOPES et al., 2010a).

Os ensaios mecânicos devem ser complementados por exame de

microscopia óptica ou eletrônica do material ou instrumento, objetivando

correlacionar a resistência mecânica com a microestrutura. A análise da

microestrutura permite predizer o comportamento dos materiais, explicar a

diferença na resistência mecânica e propor modificações na fabricação,

processamento e tratamento térmico (ELIAS & LOPES, 2007; LOPES et al.,

2010a).

2.4.1. Ensaio de microdureza Vickers

A dureza pode ser definida como a capacidade do material em resistir ao

risco de ser deformado plasticamente, ser cortado, absorver energia do

impacto ou de resistir ao desgaste. A principal vantagem na determinação da

dureza do material é que essa propriedade possui proporcionalidade com

outras propriedades mecânicas (ELIAS & LOPES, 2007).

Nos ensaios de dureza, mede-se a resistência do material à deformação

compressiva aplicada por um penetrador acoplado em equipamentos especiais.

A dureza é expressa por um número adimensional que depende da carga

aplicada, do modo de duração da aplicação da carga e do tipo de penetrador

empregado. O ensaio de dureza é bastante empregado em pesquisas, sendo

um parâmetro de referência na escolha de materiais.

A dureza de Vickers recebeu tal nome devido ao fato da companhia

Vickers-Armstrong Ltda. ser a fabricante das primeiras máquinas que avaliaram

este tipo de dureza. Nesse ensaio, utiliza-se um penetrador de diamante de

forma piramidal, com base quadrada e ângulo de 136° entre as faces opostas.

As impressões produzidas no ensaio possuem a forma da pirâmide invertida e

com base quadrada (ELIAS & LOPES, 2007).

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Além da dureza convencional temos a microdureza. Um grande

emprego da microdureza está na determinação da dureza de constituintes

individuais de uma microestrutura, de materiais frágeis, de peças

extremamente pequenas ou finas. A diferença entre o ensaio de dureza

convencional e o de microdureza está na intensidade da carga usada para

comprimir o penetrador, onde a carga máxima será de 1,0 kgf. A endentação

deixada na superfície da amostra pelo penetrador da máquina de ensaio de

microdureza é visível somente através do microscópio (ELIAS & LOPES,

2007). As amostras são pequenas e requerem o embutimento em resina

acrílica ou epóxi para garantir uma boa estabilidade durante o ensaio. Qualquer

movimento da amostra durante a aplicação da carga pode danificar o

penetrador. A amostra deve ter uma superfície plana e polida para permitir a

observação da marcação. Quanto melhor o polimento da amostra, mais fácil

será a leitura das dimensões da impressão por meio de um microscópio

acoplado ao equipamento (ELIAS & LOPES, 2007).

2.4.2. Ensaio de flexão em cantiléver (flexão em 45º)

Os ensaios de flexão possuem importante aplicação na Endodontia e

são empregados para previsão do comportamento de materiais como: brocas,

grampos e limas. O ensaio de flexão consiste em aplicar uma carga

compressiva na direção perpendicular ao longo eixo do instrumento e medir

sua resistência ao encurvamento (deformação elástica). Em geral, quanto

maior a flexibilidade de uma lima endodôntica, menor será a possibilidade de

ocorrência de desvio apical durante o tratamento do canal radicular (ELIAS &

LOPES, 2007).

O ensaio de flexão em cantiléver é considerado um ensaio mecânico

não destrutivo do instrumento, no qual a força aplicada é aumentada

lentamente e o tempo de ensaio dura alguns minutos (LOPES et al., 2010d).

De acordo com ELIAS & LOPES (2007), um instrumento endodôntico é

considerado rígido quando apresenta resistência à deformação na flexão,

dobramento ou torção ao ser submetido a carga externa, momento ou torque.

Quando a resistência é pequena e a deformação é grande, dizemos que o

corpo é flexível ou que apresenta baixa resistência à deformação elástica.

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Segundo a Norma ASTM E855 (2000), um corpo-de-prova deve ter a

forma de barra ou fio. A carga é aumentada lentamente até a fratura do corpo-

de-prova. Fica evidente que durante o ensaio, materiais dúcteis serão

deformados plasticamente sem apresentarem fratura. A fratura do corpo-de-

prova em flexão ocorre no ensaio de materiais frágeis ou de baixa tenacidade

(ELIAS & LOPES, 2007).

Para LOPES et al. (2009) e (2010d), a resistência em flexão de um

instrumento endodôntico além da geometria da sua haste de corte helicoidal

cônica, depende da natureza da liga metálica. Além disso, depende da força

aplicada, do comprimento do instrumento, do módulo de elasticidade da liga

metálica empregada e do momento de inércia da seção reta transversal do

instrumento (LOPES et al., 2010d; ELIAS & LOPES, 2007). Assim,

instrumentos endodônticos de NiTi mecanizados de mesmo diâmetro nominal

em D0 (número) podem apresentar resistência em flexão diferentes. A

resistência em flexão pode influenciar no formato final do preparo em um canal

curvo, assim como na sua resistência à fratura por fadiga. Instrumentos mais

flexíveis mantêm o preparo do canal radicular curvo mais centrado e

apresentam maior resistência à fratura por fadiga cíclica KIM et al., 2010;

LOPES et al., 2010d).

LOPES et al. (2010d) quantificaram e compararam o valor da carga

necessária para induzir uma determinada deformação elástica (deslocamento),

da ponta de instrumentos endodônticos de NiTi mecanizados, indicados na

instrumentação de canais radiculares curvos. Foram utilizadas quatro marcas

comerciais: TF® (SybronEndo®, Orange, EUA), BioRaCe® (FKG® Dentaire,

Suíça), K3® (Sybron Dental Specialties–Kerr®, México) e ProTaper® (Dentsply

Maillefer® Instruments, Suíça). O comprimento útil dos corpos de prova foi de

22 mm para todos os instrumentos. Os resultados do ensaio de flexão

revelaram diferença estatística para instrumentos de mesmo diâmetro nominal

em D0. Os instrumentos ProTaper® se deformaram elasticamente com maior

carga, sendo assim mais rígidos do que os demais instrumentos ensaiados. A

variação da conicidade da haste de corte helicoidal cônica desta marca em

relação à conicidade constante das outras é um dos fatores responsáveis pela

sua maior rigidez (menor flexibilidade). Os instrumentos TF® e BioRace®

deformaram elasticamente com menor carga, sendo assim mais flexíveis

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(menos rígidos) do que os instrumentos K3® e ProTaper®. Para esses autores,

a forma triangular da seção reta transversal da haste de corte helicoidal cônica

dos instrumentos TF® e BioRaCe® em relação às dos instrumentos K3® (perfil

sinuoso) e ProTaper® (perfil convexo) é um dos fatores responsáveis pela

menor rigidez (maior flexibilidade).

2.5. Ensaio de torção

O ensaio de torção consiste em aplicar uma força no corpo de prova

para induzir um movimento de rotação em torno do seu centro de resistência.

Para execução deste ensaio, fixa-se uma das extremidades do corpo de prova

e aplica-se um momento na extremidade oposta. Durante o ensaio, mede-se a

variação do ângulo de torção com o torque aplicado. O ensaio pode ser

realizado até a fratura da amostra para determinar o torque máximo de

resistência ou interrompido pelo operador antes da fratura da amostra (ELIAS &

LOPES, 2007). Entre as vantagens desse ensaio, está a possibilidade de se

quantificar a resistência à torção, o ângulo máximo de resistência à fratura, a

determinação do módulo de cisalhamento, além das propriedades mecânicas

de produtos acabados. A principal vantagem do ensaio de torção é que nesse,

o corpo de prova pode ser submetido a grandes deformações antes de ocorrer

a fratura, sem apresentar um local com concentração de tensão ou estricção

(ELIAS & LOPES, 2007). De acordo com esses mesmos autores, deve-se

considerar a dimensão do instrumento junto ao ponto de imobilização,

conicidade da parte de trabalho, forma e área da seção reta transversal,

acabamento superficial e número de amostras no ensaio (mínimo de dez).

Na avaliação do comportamento mecânico do instrumento endodôntico

em torção é possível determinar diversos parâmetros, entre eles: o ângulo

máximo de torção e o torque máximo. O principal parâmetro que deve ser

examinado é o ângulo máximo de torção e não o torque máximo que o material

resiste antes da fratura. Quanto maior o ângulo de torção, maior será a

deformação elástica e plástica antes do início da fratura. Esse parâmetro atua

como um fator de segurança, porque o torque aplicado ficará aquém do limite

de resistência à fratura do material. Todavia, esses dois parâmetros devem

determinados seguindo a especificação ADA n° 28 (ANSI/ADA 1989). A

avaliação do torque na fratura fornece ao profissional o torque máximo que

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pode ser aplicado ao instrumento, permitindo comparar a resistência de

diferentes tipos de instrumentos, além de auxiliar no ajuste de motores elétricos

com programação de torque. Nesses motores, o torque programado para cada

instrumento deve ficar aquém do seu limite de resistência à fratura por torção

(ELIAS & LOPES, 2007).

2.6. Sistema Reciproc®

Inspirado a encontrar um caminho mais simples e seguro para o

sucesso na instrumentação de canais radiculares, YARED (2008) começou a

testar e pesquisar um movimento diferente, com base no “conceito da força

balanceada” (pequenos movimentos no sentido horário e anti-horário), usando

instrumentos de NiTi acionados à motor em movimento reciprocante.

Inicialmente este autor propôs uma nova técnica de instrumentação com

apenas um instrumento ProTaper F2 em movimento reciprocante.

Posteriormente, apoiado pela empresa VDW® (Munique, Alemanha)

desenvolveu o sistema Reciproc®. O uso do movimento reciprocante foi

proposto para prolongar a vida útil de um instrumento rotatório de NiTi, assim

como aumentar a resistência à fadiga, em comparação com a rotação contínua.

Esse novo conceito, propõe a utilização de um sistema composto por apenas

um instrumento de uso único, modelando completamente o canal radicular do

início ao fim (ARIAS et al., 2012). A utilização de um único instrumento de NiTi

para todo o preparo do canal radicular tornou-se um atrativo para os

profissionais. Contudo, vale a pena ressaltar, que o menor tempo despendido

no preparo químico-mecânico representa também, uma redução no tempo de

ação da substância química auxiliar, diminuindo a ação solvente e

antimicrobiana desta (LOPES et al., 2010c).

Atualmente, existem duas marcas de instrumentos NiTi no mercado que

defendem o conceito de reciprocidade: Reciproc® (VDW®, Munique, Alemanha)

e WaveOne® (Dentsply Maillefer®, Ballaigues, Suíça). Segundo os fabricantes,

o movimento reciprocante reduz a torção periodicamente, invertendo a rotação

(Reciproc® a 150° no sentido anti-horário, seguido de uma rotação de 30° no

sentido horário; WaveOne® 170° no sentido anti-horário, seguido de uma

rotação de 50° no sentido horário) (KIM et al., 2012).

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Por falta de trabalhos avaliando o comportamento mecânico em fadiga,

KIM et al. (2012) compararam a resistência à fadiga cíclica e a resistência à

torção dos instrumentos Reciproc® e WaveOne®. De acordo com os resultados,

estas duas marcas comerciais de utilização com o movimento reciprocante,

apresentaram propriedades mecânicas superiores. Além disso, o uso do

movimento reciprocante parece aumentar a resistência do instrumento de NiTi

para a fadiga, em comparação com o movimento de rotação contínua.

Segundo o fabricante, para facilitar a identificação, os instrumentos

Reciproc® apresentam anéis coloridos de acordo com a série ISO para o

diâmetro D0 da ponta. O instrumento R25 com D0 igual a 0,25 mm e conicidade

de 0,08 mm/mm nos primeiros milímetros apicais é recomendado para canal

estreito. O R40 com D0 igual a 0,40 mm e conicidade de 0,06 mm/mm nos

primeiros milímetros apicais é indicado para canal médio, enquanto que, o R50

com 0,50 mm em D0 e conicidade de 0,05 mm/mm nos primeiros milímetros

apicais é recomendado para canal largo. Esses apresentam ponta não

cortante, seção reta transversal em forma de “S” com duas arestas de corte e

conicidade variável ao longo da parte ativa. São comercializados prontos para

o uso, pré-esterilizados em uma embalagem blister, diminuindo o risco de

contaminação no consultório e de contaminação cruzada. Além disso, o uso

único torna de certa forma, o instrumento mais seguro, pois sofrerá menos

fadiga e consequentemente, menor risco de fratura. Além disso, a parte de

trabalho desses instrumentos é fabricada com liga NiTi M-Wire. Essa liga foi

submetida a um processo de tratamento térmico resultando em maior

flexibilidade e maior resistência à fadiga cíclica, em comparação com ligas

convencionais de níquel-titânio (YARED, 2010).

De acordo com o fabricante, o Reciproc® pode ser utilizado com ou sem

a criação do “glide path”. Para YARED (2010), isso ocorre porque os ângulos

de rotação programados no motor são significantemente menores do que os

ângulos no qual o instrumento poderia fraturar, jamais ultrapassando o ângulo

específico de fratura. Sendo assim, a capacidade de centralização da técnica

reciprocante associada ao desenho do instrumento, permite que esse avance

no canal radicular, pelo trajeto original de menor resistência.

No movimento reciprocante, o instrumento gira no sentido anti-horário e

horário com 120° de diferença entre os dois movimentos. Para cada três ciclos,

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há uma rotação completa do instrumento. Deste modo, os instrumentos são

utilizados até dez ciclos de movimento reciprocante por segundo, o equivalente

a 300 rpm. Conforme recomendação da empresa, o motor VDW Silver

Reciproc® está programado para os ângulos do movimento reciprocante em

velocidades diferentes, para os três diâmetros do Reciproc®. Quando o

instrumento gira na direção de corte, este avança no canal e envolve a dentina,

cortando-a. Ao girar no sentido oposto (menor rotação), o instrumento é

imediatamente desengatado. O resultado final, relacionado ao grau de rotações

no sentido horário e anti-horário com ângulos precisos, promove o avanço do

instrumento no canal. Consequentemente, apenas uma leve pressão apical

deve ser aplicada ao instrumento, visto que seu avanço ocorre de forma quase

automática. Esta ação reduz o risco de fratura por fadiga cíclica, despendendo

menor tempo de trabalho na fase de instrumentação do canal radicular

(BÜRKLEIN & SHAFER, 2012; GAVINI et al., 2012).

2.7. Sistema Mtwo®

O sistema Mtwo® (VDW®, Munique, Alemanha) faz parte da nova

geração de instrumentos rotatórios de liga NiTi superelástica convencional

recentemente introduzida no mercado. Esse sistema propõe uma sequência

única para todos tipo de canais, onde todos os instrumentos são utilizados no

comprimento de trabalho com modelação simultânea. Quando o movimento de

pincelamento se faz necessário, os instrumentos Mtwo® cortam

automaticamente enquanto avançam apical e lateralmente. Segundo

MALAGINO et al., (2006), o instrumento antecessor cria um trajeto para o

seguinte, removendo apenas a quantidade de dentina necessária para o

tratamento endodôntico.

O protocolo básico Mtwo® preconizado pelo fabricante, apresenta quatro

instrumentos com diâmetros em D0 variando de 0,10 mm a 0,25 mm e

conicidades de 0,04 mm/mm a 0,06 mm/mm. O conjunto básico compreende

as seguintes dimensões: 10/.04, 15/.05, 20/.06 e 25/.06. Após esta sequência

básica finalizando com a dimensão de 25/.06, o sistema ainda permite três

diferentes abordagens para o preparo final do canal radicular. A primeira

sequência permite alcançar diâmetros apicais de dimensões 30/.05, 35/.04 ou

40/.04. A segunda sequência, aumenta a conicidade para 0,07 mm/mm

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facilitando a compactação vertical da guta-percha, porém mantendo o diâmetro

apical em 0,25 mm. A terceira opção, denominada sistema Mtwo® A é uma

sequência especial de 3 instrumentos desenhados especificamente para a

modelação da região apical, com variações em D0 e na conicidade. A

conicidade elevada no último milímetro apical é uma característica especial

desse sistema, enquanto o restante da porção coronal apresenta uma

conicidade de 0,02 mm/mm. O instrumento A1 apresenta D0 de 0,20 mm com

15% de conicidade no primeiro milímetro, medindo 0,35 mm em D1. O

instrumento A2 com D0 0,25 mm e 15% de conicidade, medindo 0,45 mm em

D2 e A3 com D0 de 0,25 mm e 20% de conicidade no primeiro milímetro,

medindo 0,45 mm em D3. O restante do corpo do instrumento apresenta uma

conicidade padrão ISO de 0,02 mm/mm. Para obter estas dimensões, o

desenho dos milímetros apicais apresenta a forma de duas lâminas retas,

substituindo a forma de espiral. Esta característica geométrica foi desenvolvida

visando obter diâmetros maiores no preparo da região apical, mantendo a

anatomia original do forame. Essa preocupação está de acordo com as

evidências científicas de que os diâmetros da porção apical do canal radicular

são maiores do que a média dos preparos normalmente executados

(MALAGINO et al., 2006).

A haste de fixação e acionamento dos instrumentos Mtwo® apresenta

anéis coloridos que identificam D0 de acordo com o padrão ISO (International

Standard Organization: ISO 3630-1, 1992). O número de anéis não coloridos

identifica a conicidade, variando de um anel para conicidade de 0.04 mm/mm

até quatro anéis para 0,07 mm/mm. Esses instrumentos estão disponíveis nos

comprimentos de 21 mm, 25 mm e 31 mm. Também são produzidos com a

parte de trabalho de 21 mm, superior à convencional de 16 mm, que segundo o

fabricante, permite o alargamento da região coronal do canal, melhorando o

acesso realizado, onde interferências de dentina estão geralmente localizadas

(MALAGINO et al., 2006).

A seção reta transversal destes instrumentos apresenta-se na forma de

“S” com duas arestas laterais de corte e mínimo contato radial, proporcionando

o máximo de espaço para a remoção dentinária. O ângulo de corte é

perpendicular ao longo eixo do instrumento e ponta não apresenta ação de

corte. O ângulo helicoidal dos instrumentos Mtwo® é variável e específico para

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instrumentos de tamanhos diferentes. O ângulo helicoidal é menor para

instrumentos de maiores diâmetros, com menos hélices ao longo do corpo do

instrumento, e nos instrumentos menores, o ângulo helicoidal é maior,

proporcionando mais hélices por milímetro (MALAGINO et al., 2006).

De acordo com informações do fabricante, o sistema Mtwo® deve ser

utilizado com velocidade de 300 rpm e sem alargamento cervical prévio. Após a

patência estabelecida com um instrumento de aço inoxidável tipo K nº 10, todos

os instrumentos devem ser levados até o comprimento de trabalho com uma

ligeira pressão apical. Assim que o profissional sentir um leve aprisionamento

do instrumento no interior do canal, o mesmo deve retroceder de 1 a 2 mm

realizando o movimento de pincelamento para remover interferências e avançar

posteriormente até o comprimento de trabalho (MALAGINO et al., 2006).

INAN & GANULOU (2009) avaliaram a taxa de deformação e fratura de

instrumentos rotatórios Mtwo® descartados após o uso clínico de rotina. Foram

utilizados 593 instrumentos Mtwo®, coletados após uso clínico por mais de 12

meses. O comprimento dos instrumentos foi medido através de um paquímetro

digital para determinar uma possível fratura. Todos os instrumentos foram

avaliados sob um estereomicroscópio buscando observar as alterações

sofridas em sua superfície e os tipos de fratura foram avaliados no MEV. O

percentual de todos os instrumentos Mtwo® que apresentaram defeitos foi de

25,80%, enquanto que a fratura (16,02%) representou o maior problema

durante o uso clínico. Ainda segundo esses autores, o instrumento 10/.04

apresentou o maior índice de fratura (30,39%). Os autores concluíram que, a

maior taxa de deformação foi observada para os instrumentos 10/.04 e 15/.05 e

portanto, recomendando o uso único desses instrumentos. Como a fadiga

cíclica foi a causa de 71,58% das fraturas é importante não exceder o número

máximo de utilização recomendada pelo fabricante descartando os

instrumentos regularmente.

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20

3. JUSTIFICATIVA

A fratura de instrumentos endodônticos de NiTi acionados a motor

durante o preparo químico-mecânico é um acontecimento imprevisto e

portanto, de preocupação para o profissional na atividade clínica diária.

Variações quanto à dimensão, desenho da seção reta transversal e da haste

helicoidal, composição química da liga e processos termomecânicos aplicados

durante a fabricação, atuam como um parâmetro importante no comportamento

mecânico do instrumento. O advento de novos instrumentos de NiTi fabricados

com tecnologia M-Wire, tem como proposta oferecer mais segurança associada

à eficácia, quando comparado a instrumentos produzidos com liga NiTi

convencional. Todavia, de acordo com a literatura, ainda existem poucos

estudos avaliando as propriedades mecânicas desses instrumentos e, portanto,

fornecendo subsídios para um uso mais seguro destas ferramentas na clínica

endodôntica.

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21

4. HIPÓTESE

A nova geração de instrumentos endodônticos acionados à motor

fabricados por usinagem de um fio metálico de NiTi M-Wire, apresenta maior

flexibilidade em cantiléver, maior microdureza e maior resistência à fratura por

torção, quando comparados aos instrumentos produzidos com a liga NiTi

convencional.

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22

5. PROPOSIÇÃO

O objetivo geral deste trabalho foi avaliar a flexibilidade e a resistência à

fratura por torção dos instrumentos endodônticos Reciproc® e Mtwo®,

relacionando as propriedades das ligas NiTi convencional e de tecnologia M-

Wire, com o comportamento mecânico.

Os objetivos específicos foram:

1- Obter valores nominais da microdureza Vickers dos instrumentos

Reciproc® e Mtwo®.

2- Avaliar e analisar a flexibilidade dos instrumentos Reciproc® e Mtwo® sob o

ensaio de flexão em cantiléver .

3- Avaliar e analisar os valores de torque máximo em torção dos instrumentos

Reciproc® e Mtwo®.

4- Avaliar e analisar a deformação angular até a fratura dos instrumentos

Reciproc® e Mtwo® nos testes de torção.

5- Descrever o desenho das seções retas transversais, a configuração das

hastes de corte helicoidais adjacentes à linha de fratura e as

características da superfície de fratura dos instrumentos submetidos ao

ensaio de torção.

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23

6. MATERIAIS E MÉTODOS

Três metodologias foram utilizadas para a avaliação do comportamento

mecânico dos instrumentos: ensaio de flexão em cantiléver em 45°,

microdureza Vickers e resistência à fratura por torção.

6.1. Instrumentos testados

Para este estudo foram utilizados 44 instrumentos endodônticos, sendo

22 do sistema mecanizado Reciproc®, representado pelo instrumento R25 com

25 mm de comprimento, conicidade de 0,08 mm/mm (até 3 milímetros da

ponta) e diâmetro em D0 igual a 0,25 mm (Fig. 1) e 22 do sistema Mtwo®, com

valor nominal em D0 igual a 0,25 mm, comprimento total de 25 mm e

conicidade de 0,07 mm/mm (Fig. 2). Todos os instrumentos possuem secção

reta transversal em forma de “s”, segundo informações do fabricante.

Figura 1. Imagem representativa do instrumento Reciproc® R25 – VDW (FONTE:

www.vdw-dental.com).

Figura 2. Imagem representativa do instrumento Mtwo® - VDW (FONTE: www.vdw-

dental.com).

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Do total de 22 instrumentos de cada grupo, 10 foram utilizados no ensaio

de flexão em cantiléver em 45°, 2 para a microdureza Vickers (MHV) e 10 para

fratura por torção, como veremos a seguir.

6.2. Características micromorfométricas

Este estudo foi realizado no laboratório de microscopia do Instituto Militar

de Engenharia (IME), Rio de Janeiro, RJ.

Cinco instrumentos de cada sistema foram examinados sob um

estereomicroscópio óptico ZEISS® (Carl Zeiss do Brasil Ltda., Cambuci, SP,

Brasil) com câmera PixeLINK PL- A662 acoplada com fonte de luminosidade

ZEISS 1500 LCD® (PixeLINK, Ottawa, Canadá) associado ao software

AxionVision 4.4® (Carl Zeiss, Micro Imaging, Nova Iorque, EUA) (Figs.3 e 4),

onde foram avaliadas as seguintes características geométricas, conforme

proposto por LOPES et al. (2010a):

Figura 3. Fotografia do microscópio ZEISS usado para avaliação micromorfométrica.

(B) (C)

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25

Figura 4. Mensuração do passo da hélice (A) e do comprimento de trabalho (B) com o auxílio

do programa AxionVision 4.4.

1. Comprimento total do instrumento: soma do comprimento do

intermediário e da parte de trabalho;

2. Comprimento do intermediário: medida da haste de fixação até o início

da parte de trabalho;

3. Comprimento da parte de trabalho: medida a partir da ponta do

instrumento até o início do intermediário;

4. Comprimento da haste de fixação: medida a partir do final do

intermediário até o final da haste de fixação;

5. Número de cristas: quantidade total de cristas presentes na haste de

corte do instrumento;

6. Passo da hélice: medida entre dois vértices consecutivos de uma

mesma aresta lateral de corte ao longo do eixo axial do instrumento;

7. Ângulo da ponta: será obtido a partir do traçado das tangentes que

convergem da ponta do instrumento, com o vértice do ângulo voltado

para a ponta do instrumento.

8. Forma e vértice da ponta.

Dois instrumentos de cada marca comercial foram embebidos em blocos

de resina acrílica e desgastados no sentido transversal para escaneamento no

MEV (JMS 5800; JEOL, Tóquio, Japão) de sua seção reta transversal.

(A) (B)

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6.3. Ensaio de flexão em cantiléver (flexão em 45°)

Foram utilizados 10 instrumentos de cada sistema para avaliar a

elasticidade em flexão. O ensaio de flexão consiste na aplicação de uma força

trativa crescente e perpendicular ao eixo longitudinal em um instrumento

endodôntico engastado em cantilever, e na determinação dos valores da força

versus a deformação elástica (resistência ao encurvamento) através de uma

máquina de ensaio universal (Emic, DL 10.000, Londrina, Paraná, Brasil). Cada

instrumento foi fixado por meio de sua haste de fixação em um mandril tipo

Jacob que, por sua vez estava imobilizado (haste de fixação do mandril) por um

torno de bancada. O instrumento foi fixado com angulação de 45º para baixo

em relação ao eixo horizontal e o ponto de aplicação da carga foi obtido fixando

uma pequena peça metálica (morsa de alumínio) a 3 mm da ponta de cada

amostra. Este procedimento evita que o fio usado na transmissão da carga

deslize e se solte da extremidade da amostra. A distância entre a fixação da

haste de fixação do instrumento no mandril e o ponto de aplicação da carga foi

cerca de 22 mm (comprimento útil do corpo-de-prova). Uma máquina de ensaio

universal (Emic, DL 10.000, Paraná, Brasil) foi empregada na aplicação da

carga nas amostras durante o ensaio de flexão em cantiléver (Fig. 5).

A força foi aplicada por meio de um fio flexível de aço inoxidável de 50

cm de comprimento e 0,34 mm de diâmetro, com uma das extremidades presa

à cabeça da máquina de ensaio e a outra a 3 mm da ponta das amostras

(ponto de aplicação da força).

A célula de carga empregada foi de 20 N. O ensaio de flexão foi

conduzido até que a extremidade de cada corpo de prova foi submetida a um

deslocamento de 45°, permanecendo no limite de elasticidade em flexão. A

velocidade do ensaio foi de 15 mm/minuto e a célula de carga empregada foi

de 20 N (Fig. 6).

Durante o ensaio de flexão obteve-se o diagrama carga (gf) x

deslocamento (mm). Na determinação do valor da força fornecida pelo

dispositivo, subtraiu-se o peso da peça metálica (6,3 g) usada na ponta do

instrumento que limitava a distância de 3 mm (Fig. 7). A força empregada foi

registrada continuamente por um microcomputador acoplado à máquina de

ensaio universal associado ano programa M test versão 1.01 (Emic

Equipamentos e Sistemas de Ensaio Ltda., Brasil). O sistema empregado

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permitiu acompanhar o comportamento de cada amostra durante o ensaio,

determinando a carga máxima necessária para flexionar em cantiléver o

instrumento, até o deslocamento elástico de 45°.

Figura 5. Máquina de ensaio universal usada no ensaio de flexão em

cantiléver.

Figura 6. Deslocamento em 45°.

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Figura 7. Desenho esquemático do ensaio de flexão em cantiléver (A) e da obtenção do

deslocamento vertical (B). FONTE: SOARES (2012).

6.4. Ensaio de microdureza Vickers

O ensaio de microdureza foi realizado através do microdurômetro

Micromet 2003 Bueler, no laboratório de ensaios mecânicos do IME. Foram

utilizados dois instrumentos de cada fabricante. O embutimento foi realizado

com resina cristal (Duque Fibras; Duque de Caxias, RJ) vertido em “caps” de

PVC (Tigre DN 40 NBR 5688) previamente vaselinados. A haste de fixação foi

mantida paralela à base do recipiente com a finalidade da manutenção da

ponta do instrumento após o preparo para o ensaio. O lixamento e polimento

dos corpos de prova foram realizados com lixas Norton de granulação 200,

300, 400, 600 e 1200. Foram feitas endentações nos instrumentos, utilizando-

se 100 gf durante 15 s e estas foram avaliadas em um aumento de 40 vezes,

totalizando cinco endentações (Fig. 8).

(A) (B)

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Figura 8. Fotografia do microdurômetro utilizado na obtenção da microdureza

Vickers (A), corpo de prova embutido em resina (B), posicionamento do corpo

de prova (C).

6.5. Ensaio mecânico de torção

Para análise do ângulo máximo de torção até a fratura e o torque

máximo em torção, foi utilizado um total de 20 instrumentos. Dez de cada

sistema (Mtwo® e Reciproc®) foram submetidos ao ensaio de torção em uma

máquina de ensaio Universal EMIC-DL 10.000 (Emic Equipamentos e Sistemas

de Ensaio Ltda., Paraná, Brasil), com rotação à direita para o instrumento

Mtwo® e com rotação à esquerda para o instrumento Reciproc®, após a fixação

das extremidades do instrumento (Fig. 9).

A força de rotação foi aplicada através de um dispositivo acoplado à

máquina de ensaio, desenvolvido no departamento de Engenharia do Exército

Brasileiro (IME – Rio de Janeiro, RJ) e idealizado por LOPES & ELIAS (2001).

Este dispositivo permite o monitoramento da rotação e a determinação da força

aplicada ao instrumento.

(B)

(A)

(B)

(C)

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Figura 9. Fotografia do conjunto usado no ensaio de torção.

Para a execução do ensaio, se fixou uma das extremidades do corpo de

prova e se aplicou um momento (torque) na extremidade oposta. Desta forma,

a torção foi realizada mediante o enrolamento de um fio de nylon trançado no

eixo de rotação do dispositivo do ensaio, o qual apresentava 8 mm de diâmetro

(raio equivalente a 4 mm). Este fio trançado conectou o eixo de rotação do

dispositivo do ensaio, a uma célula de carga de 20 N, acoplada à cabeça da

máquina de ensaio universal. Ao ser tracionado, o fio induziu um torque ao

instrumento. A tração do fio foi executada com velocidade de 1 mm/s,

induzindo no eixo de rotação do dispositivo de ensaio, um movimento de

rotação do instrumento igual a 2 rpm (ANSI/ADA 1989).

Antes de cada sessão de teste, verificou-se a calibração da máquina de

tração e a sensibilidade do dispositivo de ensaio, com o objetivo de assegurar a

ausência de carga sobre o ensaio. Isto é obtido a partir de um painel de

comando acoplado à máquina de ensaio.

Para a realização do ensaio de torção, os instrumentos tiveram uma de

suas extremidades fixadas à máquina de ensaio através de um mandril de

fixação. A outra extremidade foi presa numa pequena morsa de latão fixando o

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instrumento a 3 mm da ponta. Para evitar a deformação plástica do segmento

do instrumento ensaiado, as garras da morsa foram recobertas com lâminas de

cobre e trocadas a cada três ensaios mecânicos.

A força e o deslocamento do fio até a fratura da lima foram registrados

continuamente por um microcomputador acoplado à máquina de ensaio. Ao

final do ensaio obteve-se um gráfico de força versus deslocamento e através

do programa de computador Tesc versão 3.04 (Emic Equipamentos e Sistemas

de Ensaio Ltda., Paraná) determinou-se o ângulo de torção e o torque máximo

em torção.

Para a determinação do ângulo máximo de torção até a fratura foi

considerado o deslocamento do fio empregando-se as fórmulas a seguir:

Ângulo máximo de torção em graus = deslocamento do fio X 360°/2Πr.

Ângulo de torção em números de volta = graus/360°

Na determinação do torque máximo em torção foi considerado o raio do

eixo de rotação do dispositivo do ensaio empregando-se a fórmula: Torque

máximo suportado (gf.mm) = Força máxima (gf) X Raio (mm).

O valor do raio de 4,15 mm foi considerado no cálculo do ângulo máximo

em torção até a fratura e do torque máximo em torção. Este valor foi obtido

pela soma do raio do eixo de rotação do dispositivo do ensaio de torção (R = 4

mm), com o raio do eixo do fio de nylon trançado (R = 0,15 mm).

6.6. Análise no MEV

Após a fratura no ensaio de torção, os segmentos maiores dos

instrumentos foram acondicionados em frascos de Becker contendo acetona,

aguardando o momento oportuno para análise no MEV. Três instrumentos de

cada grupo selecionados aleatoriamente foram submetidos à limpeza em

unidade ultrassônica (Odontobrás-Ltda, São Paulo, SP, Brasil) contendo água

e operada em 40 kHz por 10 minutos. A seguir os instrumentos de cada grupo

foram fixados em um porta amostra e observados no MEV (JSM 5800IV, JEOL,

Tóquio, Japão).

Todos os instrumentos foram fotomicrografados e as imagens gravadas

em arquivo digital para posterior análise. Durante a obtenção das

fotomicrografias adotou-se aumentos diferenciados (100, 150, 200 e 300 X) na

observação da superfície de fratura e da configuração das hastes de corte

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helicoidais junto ao ponto de fratura. Estes resultados foram apresentados de

maneira descritiva.

6.7. Análise Estatística

Os valores obtidos pelos ensaios de flexão em 45º, juntamente com os

ensaios de fratura por torção foram analisados através do teste t de Student

com nível de significância de 5%.

Para os valores da microdureza Vickers utilizou-se do teste de Mann-

Whitney, com nível de significância de 5% (p < 0,05).

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7. RESULTADOS

7.1. Avaliação micromorfométrica

Os resultados das médias dos dados relativos às dimensões dos cinco

instrumentos de cada sistema que foram examinados para serem empregados

nesse estudo encontram-se na tabela 1.

Tabela 1. Média (± desvio padrão) das dimensões (mm) dos

instrumentos Reciproc® e Mtwo

®.

INST

CPT

CCHF

N°HEL

pPI

PPF

Rec®

16,39 (0,19)

10,10 (0,20)

8,00

(0,00)

2,56

(0,09)

5,32

(0,18)

Mtwo®

16,09 (0,19)

10,34 (0,32)

6,00

(0,00)

4,46

(0,05)

6,88

(0,33)

INST

AHP

AMH

A D16

AP

Rec®

22,62 (1,41)

28,34 (1,72)

22,54 (0,81)

68,84 (5,62)

Mtwo®

14,90 (1,28)

22,6

(2,54)

22,39 (1,38)

64,61

(11,57)

7.2. Ensaio de flexão em cantiléver em 45º

As médias das cargas máximas para flexionar em cantiléver os

instrumentos endodônticos testados são apresentadas na tabela 2.

O relatório completo dos resultados obtidos no ensaio de flexibilidade

dos instrumentos Reciproc® e Mtwo®, encontra-se disponível nos anexos A e B.

O ensaio com os instrumentos Reciproc® apresentou uma força média

menor do que os instrumentos Mtwo®, quando encurvados até o ângulo de 45º.

Este resultado sugere que os instrumentos Reciproc® são mais flexíveis que os

instrumentos Mtwo®.

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Tabela 2. Média (± desvio padrão) da carga máxima (gf) em D3 no ensaio de flexão em cantiléver dos instrumentos Reciproc

® 25/.08 e

Mtwo® 25/.07.

Instrumentos Nº de instrumentos Carga máxima (gf)

Reciproc®

Mtwo®

10

10

274,9 (19,02)

703,7 (13,77)

Os dados obtidos através deste ensaio foram analisados através do

teste t de Student com nível de significância de 5% e observada uma diferença

estatística entre os grupos com p = 0,001. O grupo Reciproc® apresentou o

valor mínimo de 234,5 gf e máximo de 302,32 gf. No grupo Mtwo® o valor

mínimo foi de 682,42 gf e máximo de 720,71 gf.

7.3. Ensaio de microdureza Vickers

Os dados da microdureza Vickers dos instrumentos foram submetidos

ao teste de Mann-Whitney com nível de significância ajustado em 5%. Os

resultados dos valores das médias e do desvio padrão dos instrumentos

Reciproc® foram maiores que os instrumentos Mtwo®, porém não apresentaram

uma diferença estatística significante p > 0,05. Observou-se um coeficiente de

variação pequeno nos instrumentos Reciproc (3%) e Mtwo (2%). Os dados

obtidos no ensaio de microdureza Vickers dos instrumentos avaliados estão

apresentados na tabela 3.

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Tabela 3. Valores da microdureza Vickers dos instrumentos Reciproc® e

Mtwo®.

Endentação Reciproc® Mtwo®

1 394 330

2 388 325

3 418 337

4 397 323

5 416 336

Média

(± Desvio padrão) 403 (13,7) 330 (6,3)

7.4. Ensaio de torção

A média e o desvio padrão da força máxima (gf) e da deformação

máxima para a fratura são mostrados na tabela 4.

O teste de t de Student revelou que o grupo Reciproc® apresentou as

maiores médias de força máxima e torção máxima até a fratura, em

comparação ao grupo Mtwo® (p < 0,05).

Tabela 4. Média (± desvio padrão) da força máxima e do torque máximo na fratura dos

instrumentos Reciproc®

25/.08 e Mtwo® 25/.07.

Instrumentos Nº de instrumentos

Força máxima (gf) Torque máximo (gf.mm)

Reciproc®

Mtwo®

10

10

375,6 (19,99)

201,6 (20,76)

1558,69 (3,76)

843,695 (86,15)

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A média e o desvio padrão do ângulo máximo em torção medidos em

graus e número de voltas até a fratura são mostrados na tabela 5.

Tabela 5. Média (± desvio padrão) do ângulo máximo em torção na fratura dos

instrumentos Reciproc® 25/.08 e Mtwo

® 25/.07.

Instrumentos Nº de

instrumentos

Ângulo máximo

(graus)

Ângulo máximo

(voltas)

Reciproc®

Mtwo®

10

10

520 (52,00)

445 (139,19)

1,44 (0,14)

1,24 (0,39)

O teste t de Student revelou que os instrumentos Reciproc®

apresentaram as maiores médias de ângulo máximo em torção e em voltas até

à fratura em relação aos instrumentos Mtwo® (p < 0,05), ou seja, são mais

resistentes à fratura por torção.

Os resultados completos obtidos no relatório do ensaio de torção (torque

máximo e ângulo de torção) dos instrumentos Reciproc® e Mtwo®, encontram-

se disponíveis nos anexos C e D.

7.5 Análise no MEV

Três instrumentos de cada grupo foram selecionados para análise no

MEV onde se observou nos instrumentos Reciproc® uma ponta cônica circular

de vértice truncado apresentando curva de transição na passagem da base da

ponta para a aresta de corte (Fig. 10). Nos instrumentos Reciproc® 25/.08, a

seção reta transversal na forma de “S” apresentou duas arestas cortantes em

forma de filete e dois canais helicoidais com perfil sinuoso e fio de corte voltado

a esquerda (Fig. 11).

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37

Figura 10. Ponta e inicio da haste de corte do instrumento Reciproc

®.

Figura 11. Seção reta transversal do instrumento Reciproc

® na forma de “S” com fio de corte voltado à

esquerda (100X).

Os instrumentos Mtwo® 25/.07 apresentaram ponta cônica circular e

vértice arredondado, assim como curva de transição na passagem da base da

ponta para a aresta de corte. Sua seção reta transversal mostrou um formato

de “S” com duas arestas laterais de corte em forma de filete, dois canais

helicoidais com perfil sinuoso e fio de corte voltado à direita (Fig. 12 e 13).

MEV 20kv x 150

MEV 20kv x 50

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38

Figura 12. Seção reta transversal do instrumento Mtwo

®

na forma de “S” (100X).

Figura 13. Ponta e início da haste de corte do instrumento Mtwo®.

MEV 20 Kv x 150

MEV 20kv x 50

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39

Durante a análise no MEV das superfícies fraturadas foi observada

deformação plástica nas hastes helicoidais de ambas as amostras,

caracterizada pela reversão dos sentidos das hélices a partir do ponto de

imobilização dos instrumentos analisados (Fig.14A e 14B).

Figura 14. Superfície fraturada com reversão da hélice junto ao ponto de

imobilização de um instrumento. (A) Ensaio de torção do instrumento

Reciproc®, (B) Ensaio de torção do instrumento Mtwo

®.

MEV 20 Kv x 100

(B)

(A)

MEV 20 Kv x 100

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40

Independente da natureza do processo de fabricação da liga metálica,

os instrumentos apresentaram na superfície da fratura junto ao ponto de

imobilização do instrumento, aspecto plano e perpendicular ao eixo do

instrumento (Fig. 15A e 15B).

Figura 15. Superfície de fratura plana e perpendicular ao eixo do instrumento (A) Superfície instrumento Reciproc

® e (B) Superfície

instrumento Mtwo®.

(A) MEV 20 Kv x 200 MEV 20 Kv x 200 (A)

(B)

MEV 20Kv x 200

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41

As superfícies de fratura encontradas nos instrumentos após o ensaio de

torção apresentaram características morfológicas de fratura do tipo dúctil (Fig.

16 A e B).

Figura 16. Superfície de fratura do tipo dúctil. Presença de ranhuras com

trincas em diferentes profundidades. (A) Superfície do instrumento

Reciproc®

(B) Superfície do instrumento Mtwo®.

(A)

(B)

MEV 20 Kv x 500

MEV 20 Kv x 500

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8. DISCUSSÃO

Um instrumento endodôntico ideal deve possuir flexibilidade e

resistência à fratura. Torna-se importante a compreensão desses valores,

especialmente em novos instrumentos introduzidos no mercado, pois o

desempenho clínico é influenciado por estas propriedades. A proposta desse

estudo foi comparar a resistência à fratura por torção de dois instrumentos de

NiTi acionados a motor, um que possui a nova liga com memória de forma M-

Wire (Reciproc®) e outro com liga convencional superelástica (Mtwo®),

verificando uma possível influência das características geométricas, da

flexibilidade e da microdureza, na performance desses instrumentos.

Segundo LOPES et al. (2010a) não existem normas de padronização

dos instrumentos endodônticos de NiTi mecanizados necessitando de um

maior rigor no controle das dimensões nominais e no acabamento superficial, o

que reduziria alguns aspectos indesejáveis destes instrumentos. Diante desse

fato, foi feita a análise morfométrica dos instrumentos antes dos ensaios

mecânicos, a fim de verificar discrepâncias entre os instrumentos e conferir as

informações fornecidas pelos fabricantes, como já realizado em trabalhos

anteriores (STENMAN & SPANGBERG, 1993; RODRIGUES et al., 2011). O

tamanho da ponta (diâmetro em D0) para os dois instrumentos foi o mesmo,

porém a conicidade do instrumento Reciproc® é variável a partir de D3, sendo

fixa em 0,08 mm/mm nos três milímetros apicais, e no instrumento Mtwo®

permaneceu constante em 0,07 mm/mm por todo o comprimento. O mesmo

comprimento da parte de trabalho, o número de hélices por milímetro

(Reciproc® - 8 hélices, Mtwo® - 6 hélices), e o desenho da haste helicoidal,

apresentaram-se adequados para comparação, pois não apresentaram

diferenças significativas na geometria. Os instrumentos foram selecionados

baseados no mesmo desenho da seção reta transversal (em forma de “S”, com

duas arestas cortantes) e de acordo com o processo de fabricação da liga: NiTi

usinada com giro à esquerda e tratada termicamente com tecnologia M-Wire

(Reciproc®) e NiTi usinada tradicional com giro à direita (Mtwo®).

Para alguns autores (WOLCOTT & HIMEL, 1997; TURPIN et al., 2000;

ZHANG et al., 2010; KIM et al., 2012), os instrumentos endodônticos

apresentam variações de dimensões, de desenho da haste helicoidal, da área

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da seção reta transversal, de acabamento superficial, de composição química

da liga metálica e de tratamento termomecânico aplicado durante a fabricação.

Estas variações mesmo quando pequenas podem atuar como um parâmetro

preponderante, em comparação a outros no comportamento mecânico dos

instrumentos testados. A impossibilidade de padronização dos instrumentos

endodônticos de um mesmo fabricante ou entre fabricantes, pode justificar

resultados discordantes encontrados em outros trabalhos científicos existentes

na literatura (ROWAN et al., 1996; WOLCOTT & HIMEL, 1997; TURPIN et al.

2000; LOPES et al. 2010a; YUM et al., 2011).

8.1. Ensaio de flexão em cantilever em 45°

A flexibilidade pode ser definida como a deformação elástica

(encurvamento) de um instrumento endodôntico quando sujeito a uma carga

compressiva aplicada na direção perpendicular ao eixo longitudinal do

instrumento (SERENE et al., 1995; ELIAS & LOPES, 2007). Quanto menor a

resistência à deformação (maior flexibilidade e menor rigidez) de um

instrumento endodôntico no regime elástico, menor será a força exercida por

ele contra a parede dentinária externa da curva de um canal radicular,

reduzindo o deslocamento apical e a alteração de sua forma original (SERENE

et al., 1995; LOPES & ELIAS, 2007; LOPES et al., 2009; LOPES et al., 2010d;

RODRIGUES et al., 2011, LOPES et al., 2012). ESPOSITO & CUNNINGHAN

(1995) afirmaram que, para manter a forma original dos canais radiculares, os

instrumentos endodônticos devem apresentar propriedades mecânicas como

boa capacidade de corte, resistência à fratura e, principalmente, flexibilidade.

A forma e a área da seção reta transversal são parâmetros importantes

que influenciam as propriedades elásticas dos instrumentos endodônticos, pois

a área da seção reta transversal é inversamente proporcional à flexibilidade

dos instrumentos endodônticos de NiTi (THOMPSON, 2000; TURPIN et al.,

2000; TRIP et al., 2006; KIM et al., 2012). Além das características geométricas

dos instrumentos, modificações na composição da liga NiTi e tratamentos

térmicos foram desenvolvidos para aumentar essa característica de

superelasticidade e consequentemente aumentar a resistência à fratura em

fadiga (VIANA et al., 2010). Por esses motivos, YONEYAMA et al. (1993) e

LOPES et al. (2010d) sugeriram que a resistência em flexão também depende

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de outros fatores como o diâmetro e a conicidade do instrumento, além das

características de transformação de fase (natureza da liga metálica).

Os resultados dos ensaios de flexão em cantiléver em 45°do presente

estudo revelaram que houve diferença estatística para flexionar os dois

instrumentos de mesmo número, tamanho e mesma seção transversal até um

deslocamento elástico de 15 mm. Os instrumentos Reciproc®, devido a sua

maior conicidade, deveriam ter apresentado deformação elástica com um maior

carregamento, apresentando uma maior rigidez em relação aos instrumentos

Mtwo®. Todavia, os resultados obtidos revelaram valores opostos, ou seja, os

instrumentos fabricados por usinagem a partir de fios metálicos M-Wire,

apresentaram flexibilidade em cantiléver maior do que os instrumentos

usinados NiTi Mtwo® de ligas convencionais. Vários autores (ALAPATI et al.,

2009; PLOTINO et al., 2009; PARK et al., 2010; YUM et al., 2011; KIM et al.,

2012) relataram que instrumentos feitos com ligas NiTi M-Wire oferecem maior

flexibilidade do que os instrumentos feitos com ligas NiTi tradicionais. Uma das

explicações para a menor flexibilidade dos instrumentos Mtwo®, pode estar

relacionada ao maior módulo de elasticidade da liga de NiTi convencional

comparada com a liga M-Wire, desse modo, o trabalho presente também

comprovou a prevalência das características do processo de fabricação da liga

em relação às características da conicidade desses instrumentos (HAIKEL et

al., 1999; ZHANG et al., 2010).

O módulo de elasticidade é o quociente entre a tensão aplicada a um

corpo e a deformação elástica que ele provoca. Quanto menor o módulo de

elasticidade da liga metálica, menor a resistência em flexão do instrumento

endodôntico (LOPES et al. 2010a). Podemos supor que a alta flexibilidade dos

instrumentos de NiTi Reciproc® está relacionada ao baixo módulo de

elasticidade e ao comportamento superelástico da liga NiTi M-Wire, pois o

tratamento térmico desses instrumentos pode aumentar a temperatura de

transformação de fase, aumentando a flexibilidade, de acordo com o que dizem

MIYAZAKI & OTSUKA (1986) e YAHATA et al. (2009).

8.2. Ensaio de microdureza Vickers

A microdureza é utilizada na determinação da dureza das camadas finas

de revestimento ou submetidas a tratamentos termoquímicos (ELIAS & LOPES,

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2007). Ela analisa as propriedades puramente da liga, que são determinadas

pelo processo de fabricação, excluindo algumas variáveis como as das

características geométricas do instrumento, superfície de acabamento e

temperatura de realização do ensaio. Esse ensaio foi realizado de acordo com

as especificações e as indentações não apresentaram deformações e foram

realizadas apenas no núcleo do instrumento, para comparação das

características dos diferentes processos de fabricação das ligas.

Nesse estudo, a microdureza média dos instrumentos Reciproc® (402,92

MHV) produzidos com ligas M-Wire foi mais elevada do que os valores de

microdureza Vickers dos instrumentos Mtwo® (330,16 MHV) com ligas NiTi

tradicionais, confirmando os resultados de estudos anteriores (ZINELIS et al.

2010; YE & GAO, 2012). Os valores médios obtidos também possuíam

compatibilidade com instrumentos usinados de NiTi, como relatado por ELIAS

& LOPES (2004), ou seja, valores médios de 345 HV para instrumentos de

NiTi. SERENE et al. (1995) também encontraram valores entre 303 e 362 MHV

para microdureza de ligas NiTi utilizadas na confecção de instrumentos

endodônticos.

8.3. Ensaio de torção

Este estudo foi idealizado para comparar a resistência a torção de dois

instrumentos endodônticos de NiTi denominados Reciproc® e Mtwo®, que

possuem o mesmo fabricante, mesmo comprimento e diâmetro nominal em D0,

mesma seção reta transversal (em forma de “S”), porém são fabricados com

diferentes ligas NiTi (Reciproc®- M-Wire e Mtwo®- convencional). Essa

metodologia já foi largamente empregada em estudos anteriores (SETO et

al.,1990; ROWAN et al., 1996).

Neste estudo foram utilizados 10 instrumentos para cada marca

comercial testada, de acordo com ELIAS & LOPES (2007). Isto se justifica, pelo

fato dos instrumentos endodônticos apresentarem dimensões com limites de

tolerâncias altos e acabamento superficial com grande número de defeitos,

oriundos do processo de fabricação, que atuam como pontos concentradores

de tensão. Portanto, um menor número de instrumentos, poderia mascarar os

resultados (LOPES et al., 2000; KUHN et al., 2001; BERUTTI et al., 2003;

PARK et al., 2010).

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Analisando os valores médios de torque máximo dos instrumentos,

observou-se que o Reciproc® apresentou resistência à torção

significativamente superior (p < 0,05) ao Mtwo®.

Podemos supor que o maior diâmetro do Reciproc® em D3 confirma a

relação existente entre o torque máximo que um instrumento pode suportar e o

seu diâmetro. Esse dado revela a tendência dos valores médios de torque

máximo aumentarem proporcionalmente com o aumento do diâmetro e área do

instrumento (SCHÄFER et al., 2003; MELO et al., 2008; VIANA, 2010). Este

resultado está em acordo com os relatos da literatura, que afirmam que o

comportamento em torção dos instrumentos endodônticos de NiTi é afetado por

uma variedade de fatores como: diâmetro, desenho e área da seção reta

transversal, composição química e processo termomecânico aplicado durante a

fabricação (KUHN & JORDAN, 2002; PETERS & BARBAKOW, 2002; BAHIA et

al., 2005; MIYAI et al., 2006; CAMARA et al., 2009).

Em geral, as características geométricas dos instrumentos endodônticos

são parâmetros importantes na previsibilidade sobre o comportamento

mecânico dos mesmos. A comparação entre o sistema Reciproc®, produzido

com liga NiTi M-Wire e os instrumentos Mtwo® fabricados com liga NiTi

convencional, sugere que o tratamento termomecânico aplicado à liga M-Wire

pode ter favorecido o aumento da resistência à torção. A variação do estado

termomecânico final do instrumento determina a estrutura cristalina presente

(austenita, martensita ou fase R), a qual possui propriedades mecânicas

diferentes. O instrumento Reciproc® é produzido por um fio de NiTi M-Wire que

o torna mais flexível e com módulo de elasticidade menor do que os produzidos

com fio de NiTi convencional, permitindo uma maior quantidade de deformação

elástica e plástica, quando submetido a um torque similar, em comparação a

um instrumento produzido por fio de NiTi convencional. Este fato foi confirmado

pelos resultados de outros estudos (ALLAFI et al., 2002; GAMBARINI et al.,

2008; GAMBARINI et al., 2009; PARK et al., 2010, KIM et al., 2012).

A maior flexibilidade apresentada pelo instrumento Reciproc® no teste

de flexão em cantiléver em 45° corrobora esse resultado, pois a maior

flexibilidade permite uma maior deformação do fio, resultando em maiores

valores de torque máximo. Podemos supor que os melhores resultados

apresentados na resistência à torção do instrumento Reciproc® estão

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47

relacionados com a maior flexibilidade e o maio diâmetro em D0 apresentado

por esses instrumentos.

Com relação ao ângulo máximo até a fratura, os resultados obtidos

mostraram valores médios maiores para os instrumentos Reciproc®,

significativamente superiores (p < 0,05) em relação aos instrumentos Mtwo®.

O parâmetro mais importante que influencia a fratura por torção dos

instrumentos endodônticos é a deformação angular até a fratura e não o torque

máximo (SETO et al.,1990; WOLCOTT & HIMEL 1997; ELIAS & LOPES 2007;

KELL et al., 2009). Durante a sua utilização clínica, a medida da deformação

angular fornece alguma informação sobre o risco de fratura que um instrumento

sofre quando a ponta se encontra presa às paredes do canal e uma rotação

adicional é aplicada. Quanto maior a deformação angular até a fratura que um

instrumento pode suportar, maior a deformação elástica e plástica antes que

ele atinja a fratura por torção. Este comportamento funciona como um fator de

segurança, porque o torque aplicado irá permanecer abaixo da resistência à

torção e a ocorrência de deformação plástica pode ser visualizada quando o

instrumento é retirado do canal, fornecendo um aviso de que a fratura por

torção é eminente (WOLCOTT & HIMMEL, 1997; ELIAS & LOPES, 2007;

LOPES et al., 2011b).

O conhecimento da resistência mecânica dos instrumentos endodônticos

é de extrema importância, pois a fratura dos mesmos faz parte da prática

clínica e os estudos têm demonstrado que o índice de fratura dos instrumentos

está relacionado, na maioria dos casos, com o uso incorreto ou com o tempo

de vida útil dos mesmos (SATTAPAN et al., 2000; GAMBARINI et al., 2001).

Baseados nos resultados obtidos no presente trabalho, os instrumentos

Reciproc® apresentaram resultados significativamente superiores em relação

aos instrumentos Mtwo®, com relação à resistência à torção, resistência à

flexão, torque máximo e ângulo máximo em torção até a fratura. Estes

resultados podem ser explicados através da capacidade das características do

processo de fabricação da liga suplantarem às características geométricas

desses instrumentos.

Dessa forma, através dos resultados desse estudo e de KIM et al.

(2012), podemos supor que os instrumentos Reciproc® , em comparação com

os instrumentos Mtwo®, são mais seguros quanto à fratura por torção.

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Na análise do MEV com pequenos aumentos, observou-se que as

superfícies de fratura dos instrumentos foram planas e perpendiculares ao eixo

da haste helicoidal. Isto ocorreu devido ao carregamento cisalhante aplicado ao

instrumento durante o ensaio de torção. A deformação plástica na haste

helicoidal, próxima ao ponto de imobilização do instrumento, representado pela

reversão do sentido original das hélices, ocorreu devido à aplicação da força (à

esquerda para o Reciproc® e à direita para o Mtwo®) durante a realização do

ensaio. A morfologia das superfícies de fratura dos instrumentos apresentou

características do tipo dúctil. Resultados semelhantes também foram

observados por outros autores (LOPES et al., 2000; CARMO, 2001; BATISTA,

2005; ALAPATI et al., 2005; WEI et al., 2007; LOPES et al., 2011a).

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9. CONCLUSÔES

Podemos concluir através dos resultados obtidos nesse estudo que :

1- Em relação aos valores de microdureza Vickers, não houve diferença

estatística significante entre os instrumentos Reciproc® e Mtwo

2- Os instrumentos Reciproc® demonstraram estatisticamente maior

flexibilidade do que os instrumentos Mtwo®;

3- Os instrumentos Reciproc® apresentaram valores de torque máximo

em torção significativamente superiores aos instrumentos Mtwo®;

4- Os instrumentos Reciproc® apresentaram maiores ângulos de torção

do que os instrumentos Mtwo® e, consequentemente, maior número de voltas

até a fratura;

5- A análise no MEV dos instrumentos fraturados por torção mostrou a

reversão do sentido das hélices, junto ao ponto de imobilização dos

instrumentos. A superfície de fratura dos instrumentos analisados apresentou

características morfológicas de fratura do tipo dúctil.

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11. ANEXOS

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11.1. ANEXO A - Resultados ensaio de flexão em cantiléver Reciproc®

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11.2. ANEXO B - Resultados ensaio de flexão em cantiléver Mtwo®

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11.3. ANEXO C- Resultados ensaio de torção Reciproc®

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11.4. ANEXO D - Resultados ensaio de torção Mtwo®