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Editores x redatores: o mercado e a consciência
Priscila da Silva Amaral¹
A cena é comum: o redator pesquisa, apura as informações e prepara a matéria,
que passada para o editor é alterada. O dono do veículo, que não necessariamente é um
profissional formado na área, altera mais um pouco para depois, permitir a publicação.
A hierarquização dos meios de comunicação sempre foi nítida e exposta para
denominar poder. São os do topo da pirâmide responsáveis por direcionar e definir a
identidade do veículo, independente de seu suporte. É, na realidade, um ciclo
inalterável, em que há produções por redatores e finalizações por editores.
De acordo com o texto Jornal-laboratório: do exercício escolar ao compromisso
com o público leitor, de Dirceu Fernandes Lopes, é possível entender que a imprensa,
em todas as suas diversidades, acompanha a sociedade em suas transformações e
evoluções e reflete, de fato, a maneira como os homens produzem seus bens e se
relacionam. Para o autor, é inegável a força da opinião pública através dos veículos de
comunicação, sobretudo o jornal.
Há um questionamento importante a ser feito quanto ao valor mercadológico do
conteúdo produzido pela imprensa. As evoluções sociais trouxeram o interesse pela
venda da informação a carga política de interesses sobre ela. Existe uma relação entre
empresa e jornal, já que o segundo também está sujeito as leis de mercado.
Claramente, a hierarquização acontece como resultado desse processo de
mercado envolvendo o jornalismo. Inicia-se, portanto, uma disputa entre redatores e
editores na maneira de comunicar.
Para Dirceu Lopes, outro aspecto importante a se observar é a indústria da
consciência, definida por ele como a maneira em que os meios de comunicação atuam
sobre as pessoas, comovendo e mobilizando.
Em relação aos editores, podemos identificá-los como detentores de condições
ímpares no meio. Cabe a eles deixar de publicar assuntos e contornar situações para
transmitir puros interesses, além de reduzir ou alongar textos para delimitar espaços. É
também de responsabilidade dos editores a definição de pautas, definidas como primeiro
filtro. A diagramação, também determinada pelo editor, delimita uma serie de interesses
e pode ser facilmente alterada para posicionar um enfoque específico.
¹Discente no curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo
O autor, em suas listas de filtros do editor coloca o título como filtro importante
para destacar ou não a matéria e causar impacto. O sistema de cobertura pode privilegiar
determinadas organizações e isso também representa uma posição.
São inúmeras as características que comportam a atividade do editor, inclusive
as fontes, que muitas vezes são próprias. Para Dirceu, está nas mãos dos jornalistas
tratar assuntos de interesse geral e que atende a maioria. Entretanto, a realidade é outra e
se mostra elitizada.
Quanto ao controle de informação, é fato que o jornalista em si amealha
características importantes para definir o que é ou não relevante. No caso do jornal
laboratório enquanto experiência para a profissão percebe-se que existem as mesmas
vivências em menores composições.
O jornalismo deve filtrar informações e captar o fato de forma clara e concisa.
Cabe ao jornalista seguir o caminho editorial definido e exercer com competência e
qualificação as normas da profissão. A editoração é importante para a construção de um
bom profissional, mas não deve ser tendenciosa e sensacionalista e causar divisões
sociais desnecessárias.
¹Discente no curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo