A Bíblia é a codificação da primeira revelação cristã, onde se fundiram princípios e lendas religiosas dos povos antigos. É o esforço da antigüidade em direção ao espírito.

O Evangelho é a codificação da segunda revelação cristã, tendo na figura de Jesus o sol que ilumina o passado e o futuro.

Assim como na Bíblia já se anunciava o Evangelho, também no Evangelho aparece a predição de um novo código, o do Espírito da Verdade.

“Então eu pedirei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, que permaneça convosco para sempre: O Espírito da Verdade, a quem o mundo ainda não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Vós, porém, o conheceis porque ele permanece junto de vós e estará em vós”. Jo 14, 16-17

A manifestação dos Espíritos e os fenômenos mediúnicos são tão velhos quanto o nosso mundo, sempre ocorreram em todos os tempos e em todos os povos;

Na Índia, China, Egito, Grécia eram recebidas mensagens do outro lado da vida através de sacerdotes, hierofantes e pitonisas;

A Bíblia mostra uma variedade ampla de fenômenos mediúnicos, carismas ou dons dos profetas;

O Novo Testamento também descreve uma ampla gama destes fenômenos;

Na Idade Média destaca-se a figura de Fernando de Bulhões (1195-1231), de Jeanne d’Arc (1412–1431) que escutava as vozes do céu.

O ano de 1848 constitui o ponto de partida do espiritismo moderno.

Nos EUA na aldeia de Hydesville, Estado de Nova Iorque começam a ocorrer uma série de fenômenos que chamaram a atenção da época.

As irmãs Katherine e Margareth Fox de 11 e 14 anos foram dormir no quarto dos pais devido a ruídos nas paredes que aumentavam a cada dia. Katherine começou a bater palmas e a parede passou a responder, mais tarde descobriu-se que os ruídos partiam do Espírito de um mascate que fora assassinado e sepultado no porão da casa chamado Charles Rosma.

Em 1850 os fenômenos se transladaram para a Europa e surgiram as chamadas mesas girantes.

Tratava-se de uma pequena mesa em volta da qual sentavam-se as pessoas colocando suas mãos sobre a mesma, a mesa girava ou movimentava-se para responder as perguntas.

A comunicação evoluiu passando-se a utilizar de uma cestinha onde introduziam um lápis e logo depois surgiu a escrita automática onde se colocava um lápis na mão do médium para receber as mensagens.

Hyppolyte-Léon Denizard Rivail nasceu em 03/Out/1804 em Lyon onde fez seus primeiros estudos;

Depois foi para a Suíça a fim de estudar no Instituto Pestalozzi, que era escola modelo na Europa;

Regressa a Paris como Mestre em Letras e Ciências e casa-se com a professora Amélie-Gabrielle Boudet;

Em 1854 foi convidado por seu amigo Fortier para assistir uma reunião onde havia as mesas girantes;

Pensando em descobrir novos fenômenos relacionados ao magnetismo pelo qual se interessava, aceitou o convite.

O professor chegou à conclusão que não era a mesa que respondia, mas as almas de pessoas que já tinham vivido na Terra e que agora se valiam da mesa para se comunicarem;

No dia 30 de Abril de 1856 recebeu uma mensagem destinada para ele de um Espírito chamado “Verdade” onde lhe revelava a missão que ele tinha para desenvolver.

Kardec afirmou que não se considerava digno para uma tarefa de tal magnitude, mas que faria todo o possível para desempenhar o que lhe havia sido encomendado;

No dia 18 de Abril de 1857 publica “O Livro dos Espíritos” com 1.019 perguntas realizadas através de diferentes médiuns e, por sugestão dos Espíritos assina com o pseudônimo de Allan Kardec.

“O Livro dos Espíritos” contém os princípios da Doutrina Espírita e divide-se em 4 tópicos: “As causas primárias”; Mundo espírita ou dos Espíritos”; “As leis morais”; e “Esperanças e Consolações”.

O desenvolvimento da Codificação Espírita teve início na residência da família Baudin através de duas jovens médiuns: Caroline e Julie Baudin de 14 e 16 anos;

Todo trabalho era revisado várias vezes para se evitar erros de interpretação e as questões mais graves relativas à Doutrina eram revisadas com o auxílio de até 10 médiuns;

“O Livro dos Médiuns” foi lançado em 1861 e orienta a conduta prática das pessoas que exercem a função de intermediar o mundo espiritual e o material;

A obra demonstra ainda as conseqüências morais e filosóficas decorrentes das relações entre o mundo visível e o invisível;

É o maior tratado de paranormalidade já escrito.

“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, lançado em 1864, trata da parte moral e religiosa da Doutrina Espírita;

Ensina a teoria e prática do Cristianismo, através de explicações sobre as principais passagens da vida de Jesus feitos por Kardec e os Espíritos Superiores;

Mostra que as parábolas existentes nos Evangelhos exprimem o mais profundo código de conduta moral que se tem notícia.

Neste livro, através da evocação dos Espíritos, Kardec apresenta a verdadeira face do que é o “céu”, do “inferno” e do que chamam de “purgatório”;

Põe fim às penas eternas, demonstrando que tudo no Universo evolui e que as teorias sobre o sofrimento no fogo do inferno nada mais são do que alegorias;

Comunicações de Espíritos de culturas e hábitos diversos são analisadas e comentadas pelo Codificador, mostrando situações de felicidade, de arrependimento ou sofrimento dos que habitam o mundo espiritual.

É um estudo a respeito de como foi criado o mundo, como apareceram as criaturas e como é o Universo em suas faces material e espiritual; É a parte científica da Doutrina Espírita, explica a criação colocando a Ciência e a Religião face a face;

A Gênesis Bíblica é estudada e vista como realidade científica, disfarçada por alegorias e lendas;

E explica os milagres de Jesus como sendo o produto da modificação dos elementos da natureza sob a ação de sua vontade.

Responde questões fundamentais de nossa vida:

Quem somos? Antes de nascer o que éramos? Depois da morte o que seremos? Por que estamos neste mundo?

Por que umas pessoas sofrem mais que outras? Por que alguns nascem ricos e outros pobres? Por que alguns nascem cegos, aleijados, débeis mentais... Enquanto outros nascem inteligentes e saudáveis?

Por que há tanta desgraça no mundo e a tristeza supera a alegria? Por que uns que são maus sofrem menos que outros que são bons? Onde está a justiça de Deus?

Os ensinamentos dos Espíritos Superiores fundamenta-se em:

A EXISTÊNCIA DE DEUS: Inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas;

A IMORTALIDADE DA ALMA: Somos Espíritos, seres inteligentes da criação. O Espírito é o princípio inteligente do Universo.

A REENCARNAÇÃO: Somos criados simples e ignorantes e criamos nosso próprio destino usando o livre-arbítrio. Nosso progresso é conseqüência das experiências adquiridas em diversas existências, evoluindo constantemente, tanto em inteligência como em moralidade.

A PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS: Os diferentes orbes do Universo constituem as diversas moradas dos Espíritos.

A COMUNICABILIDADE COM OS ESPÍRITOS: Os Espíritos são seres humanos desencarnados. Através dos médiuns podem se comunicar com o mundo material.

A MORAL ESPÍRITA: É baseada no Evangelho de Jesus: “Fazer aos outros o que desejamos que os outros nos façam” (Mt 7, 12). O homem encontra nesse princípio a regra universal de conduta.

Deus é eterno, imutável, imaterial, único e todo-poderoso, soberanamente justo e bom.

Criou o Universo, que compreende todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.

Os seres materiais constituem o mundo visível ou corporal e os seres imateriais o mundo invisível ou espiritual, ou seja, dos Espíritos.

O mundo espiritual é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo.

O mundo corporal é secundário, poderia deixar de existir ou nunca ter existido, sem alterar a essência do mundo espiritual.

Os Espíritos revestem temporariamente um invólucro material perecível e sua destruição pela morte os devolve à liberdade.

Entre as diferentes espécies de seres corporais Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos que chegaram a um certo grau de desenvolvimento, o que lhe dá superioridade moral e intelectual sobre as demais.

A alma é um Espírito encarnado e o corpo apenas o seu invólucro.

Há no homem três coisas:

1) O corpo ou ser material, semelhante ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;

2) A alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo;

3) O liame que une a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito: o perispírito.

Os Espíritos pertencem a diferentes classes e todos melhoram. Esse melhoramento se verifica pela reencarnação.

A vida material é uma prova a que devem submeter-se repetidas vezes até atingirem a perfeição.

Deixando o corpo a alma volta ao mundo dos Espíritos, de onde havia saído para reiniciar uma nova existência material.

No seu regresso a alma reencontra os que conheceu na Terra e suas existências anteriores se delineiam na sua memória, com a recordação de todo o bem e todo o mal que tenha feito.

As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos convidam ao bem e nos ajudam, os maus nos convidam ao mal.

O egoísmo, o orgulho, a sensualidade nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria.

O desprezo pelas futilidades do mundo e o cultivo do amor ao próximo nos aproximam da natureza espiritual, nos libertando da escravidão da matéria.

Não há faltas irremissíveis, que não possam ser apagadas pela expiação. O homem encontra o meio necessário nas diferentes existências, que lhe permitem avançar, na via do progresso, em direção à perfeição que é o seu objetivo final.

Realizar o progresso espiritual da humanidade.

Transformar o homem num ser de bem e, conseqüentemente, a sociedade.

Reviver o Cristianismo puro sob as bases dos ensinamentos de Jesus.

Dar ao homem uma fé sólida baseada na razão.