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434 Estilos da Clínica, 2010, 15(2), 434-441 RESUMO Propomos uma reflexão sobre as interfaces entre o método de ob- servação e o método de tratamen- to no avanço da pesquisa clíni- ca psicanalítica. A clínica precoce nos convoca à necessida- de de uma redimensão do objeto de estudo, pois intervirmos num tempo que antecede aquele do da linguagem. Nesse sentido, inter- rogamos se o valor metafórico da palavra poderia ser comparado ao valor dos gestos e do compor- tamento do bebê. Winnicott, ao enfatizar sobre a diferença en- tre “primitivo” e o “profundo”, oferece-nos novos subsídios para compreender que a “criança da observação” e a “criança da cura analitica” não são antagônicas, mas sim complementares. Descritores: método de ob- servação; método de tratamen- to; intervenção precoce; pesqui- sa em psicanálise. Artigo E COMO O MÉTODO DE OBSERVAÇÃO DIRETA DO COMPORTAMENTO DO BEBÊ E DA CRIANÇA PODE CONTRIBUIR PARA AVANÇO DA PESQUISA CLÍNICA PSICANALÍTICA? 1 Camila Saboia sta questão tem sido bastante levantada nos últimos tempos, à medida que a psicanálise ganha espaço no campo da clínica da intervenção precoce. Sabe-se que a clínica da primeira infância nos convi- da a reaver os conceitos de investigação clínica, uma vez que somos convocados a intervir num tempo psíquico que antecederia à constituição do incons- ciente e da linguagem. Nesse sentido, supomos que há um redimensionamento do objeto de estudo psi- Psicanalista, doutoranda da Universidade de Paris 7, psicóloga pesquisadora do projeto Programme International pour le Langage de l’Enfant (PILE, Hospital Necker, Paris).

RESUMO DE OBSERVAÇÃO DIRETA DO COMPORTAMENTO DO …pepsic.bvsalud.org/pdf/estic/v15n2/a10v15n2.pdf · 438 Estilos da Clínica, 2010, 15(2), 434-441 to e o método de observação;

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RESUMO

Propomos uma reflexão sobre asinterfaces entre o método de ob-servação e o método de tratamen-to no avanço da pesquisa clíni-ca psicanalítica. A cl ín icaprecoce nos convoca à necessida-de de uma redimensão do objetode estudo, pois intervirmos numtempo que antecede aquele do dalinguagem. Nesse sentido, inter-rogamos se o valor metafórico dapalavra poderia ser comparadoao valor dos gestos e do compor-tamento do bebê. Winnicott, aoenfatizar sobre a diferença en-tre “primitivo” e o “profundo”,oferece-nos novos subsídios paracompreender que a “criança daobservação” e a “criança da curaanalitica” não são antagônicas,mas sim complementares.Descritores: método de ob-servação; método de tratamen-to; intervenção precoce; pesqui-sa em psicanálise.

Artigo

E

COMO O MÉTODODE OBSERVAÇÃO

DIRETA DOCOMPORTAMENTO

DO BEBÊ E DACRIANÇA PODE

CONTRIBUIR PARAAVANÇO DA

PESQUISA CLÍNICAPSICANALÍTICA?1

Camila Saboia

sta questão tem sido bastante levantada nosúltimos tempos, à medida que a psicanálise ganhaespaço no campo da clínica da intervenção precoce.Sabe-se que a clínica da primeira infância nos convi-da a reaver os conceitos de investigação clínica, umavez que somos convocados a intervir num tempopsíquico que antecederia à constituição do incons-ciente e da linguagem. Nesse sentido, supomos quehá um redimensionamento do objeto de estudo psi-

Psicanalista, doutoranda da Universidade de Paris 7,

psicóloga pesquisadora do projeto Programme Internationalpour le Langage de l’Enfant (PILE, Hospital Necker, Paris).

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canalítico, dado à necessidade de descentralizá-lo do modelo clássi-co, fundamentado na análise do discurso do sujeito, e contextuali-zado no quadro de cura o processo analítico, para daí passarmos aoestudo dos precursores da linguagem do bebê ou do comporta-mento da criança – ambos baseados nos métodos de investigaçãoempírica e da observação direta.

Certos psicanalistas como A. Green (L’enfant modèle, 1979) irácriticar o uso do método de observação direta na pesquisa psicana-lítica, ao alegar que este método de investigação corresponderia muitomais aos métodos utilizados nas ciências objetivas do que na ciênciainterpretativa, na qual se inscreve a Psicanálise. Green acrescentaainda que tal método tenderia a privilegiar o estudo das estruturasdo moi (ego), assim como os aspectos da “forma” no lugar dos “con-teúdos”, provocando um redução significativa da análise dos aspec-tos dinâmicos da vida psíquica do sujeito.

Para Green, isso levaria à supressão do que é de mais funda-mental na investigação psicanalítica: a falta e, consequentemente, auma indiferença dos aspectos constitutivos da teoria psicanalítica –a transferência e contratransferência – o que resultaria na clivagem entrea “criança observada”, oriunda do método de investigação empíri-ca, e “a criança reconstruída pela psicanálise”, originária do proces-so analítico baseado no método de tratamento.

É nesse sentido que A. Green criticara o trabalho de Ester Bick(1967),2 situando-o fora do campo da investigação psicanalítica. ParaGreen, o método proposto por E. Bick não se enquadraria no cam-po da psicanálise, uma vez que ela toma como paradigma de estudoa “criança” no lugar dos “sonhos”, o que é interpretado por Greencomo um completo abandono do objeto da psicanálise.

Em contrapartida, temos a posição de J. Siksou (1989), quesupõe que os aspectos associados à ausência ou à falta, tais como oscompreendemos na teoria psicanalítica, além dos elementos trans-ferênciais associados aos aspectos de projeções e identificações dos con-teúdos emocionais, seriam analisáveis num tempo posteriori às ob-servações, isto é, em um momento considerado como o terceiro tempodo método.

Este último corresponderia ao momento no qual o observa-dor, num quadro de uma supervisão em grupo, elaboraria, em con-junto com outros analistas, suas impressões clínicas e os aspectoscontratransferenciais, vivenciados durante as sessões de observações.Isto nos leva a supor, então, a possibilidade de uma real adaptação

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do método de observação direta àspesquisas em psicanálise, à medidaque propomos uma análise exaustivados aspectos transferênciais e contra-transferênciais no momento dito doaprès-coup.

Nesse sentido, vale a pena nosinterrogarmos sobre a existência deuma dimensão simbólica no compor-tamento do bebê ou da criança. Afi-nal de contas, é possível comparar ovalor metafórico das palavras aos dosgestos?

Para abordamos essas questões,é necessário, primeiramente, lembrar-mos que a própria construção dosconceitos da psicanálise infantil en-gendrou-se da prática de observação.Como exemplo, podemos citar M.Klein, que, no seu artigo En observantle comportement des nourrissons (1952),afirma ter encontrado, pela via da prá-tica de observação dos lactentes, no-vos subsídios que lhe permitiriamconfirmar suas hipóteses teóricasconcernentes ao desenvolvimentoemocional primitivo do bebê, subten-dendo-se assim que certos aspectosda vida psíquica do sujeito poderiamser recolhidos e analisados por meiosque ultrapassariam os métodos con-vencionais associados às interpreta-ções do discurso do sujeito.

Nesse mesmo contexto, pode-mos situar a prática psicanalítica deWinnicott, em A observação de bebêsnuma situação padronizada (1941), de-senvolvida a partir do trabalho deobservação do comportamento dobebê no quadro de suas consultas te-

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rapêuticas. Sabe-se que Winnicottcostumava analisar o comportamen-to do bebê, observando suas reaçõese interesse quando lhe era apresenta-do, durante a sessão, uma espátula decor metálica e reluzente. Para ele, to-dos os gestos do bebê direcionados aoobjeto-espátula, assim como a maneirapela qual ele o apreende, o manipula,o explora e, finalmente, o repudia, lan-çando-o ao chão, revelavam-nos in-dícios importantes sobre a qualidadede interação e adaptação da criançaao ambiente. Isto porque, para Winni-cott, os gestos do bebê, e mesmo seuscomportamentos diante dos objetosreais do ambiente, poderiam por si sónos revelar a avidez (greed) do bebê faceao mundo, além dos componentesprimários de sua realidade psíquica esubjetiva como as pulsões agressivas epulsões criativas. Na realidade, foi gra-ças a essas experiências de observa-ção que Winnicott pôde chegar à for-mulação do conceito mais importantede sua obra: os objetos transicionais

É nesse sentido que Winnicottirá enfatizar a importância de consi-derar o método de observação para oavanço da construção da teoria psi-canalítica. No seu artigo La contributionde l’observation directe des enfants à laPsychanalyse (1957), sublinha o fato deque um diálogo entre os analistas eobservadores deve ser estabelecidopara que se tenha um progresso noâmbito do estudo e pesquisa do com-portamento precoce do bebê. O au-tor acrescenta ainda que esse avançonão contribui apenas às pesquisas re-

lacionadas ao campo da psicanálise dainfância, uma vez que considera queo estudo do comportamento do bebêrevela aspectos primitivos da ontogê-nese humana e aspectos globais dodesenvolvimento do sujeito.

Como vimos, tanto M. Kleincomo D. Winnicott consideram a prá-tica do método de observação comofundamental para o avanço da pes-quisa em psicanálise – no entanto,ambos enfatizam a importância dereconhecer os limites desse métodono contexto da pesquisa em psicaná-lise. Eles afirmam, por exemplo, quetal método permite somente o aces-so parcial dos processos inconscien-tes, no que concerne ao psiquismo dacriança e do adulto. Isto explica aposição categórica de Winnicott aoafirmar que o trabalho da clínica e daobservação devem ser tomados comoduas vias “complementares” e não“antagônicas” ou “substitutas”.

É por esse viés que Winnicottpostula sobre a importância de dife-renciarmos o conceito entre profundo(associado aos fantasmas inconscien-tes e à realidade psíquica) e primitivo(associado à ideia do ambiente comoconstitutivo do eu). Winnicott (1957,p. 75) afirma: “Profundo não é sinô-nimo de primitivo, porque é necessá-rio que o bebê atinja um certo graude amadurecimento, para tornar-segradativamente capaz de ser profun-do”.3 A distinção entre esses dois con-ceitos é, na realidade, condição sine quenon para conduzirmos um trabalhocoerente entre o método de tratamen-

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to e o método de observação; caso contrário, poderíamos facilmen-te cair no erro de considerar que os conteúdos arcaicos do psiquis-mo humano possam ser apreendidos a “olho nu”.

Parece-nos importante aqui apontar a posição paradoxal sus-tentada por Winnicott. Ao mesmo tempo em que enfatiza os limi-tes do método de observação como um meio de ascender aos con-teúdos do psiquismo humano, insiste na ideia, como mencionamosacima, na qual uma análise minuciosa da maneira como o bebê inte-rage com o objeto espátula desvendaria-nos dados primordiais sobreseu mundo subjetivo e sobre a organização de sua dinâmica mundointerno-mundo externo. Ele afirma: “Na situação-padrão, o bebê queestá sendo observado oferece-me importantes indicações sobre oseu desenvolvimento emocional” (Winnicott, 1941, p. 126). Assim,podemos observar que Winnicott refere-se constantemente à suadupla experiência, ao tentar integrar a “criança real” (observada nosbraços de sua mãe) com a “criança reconstruída pelo método decura analítica”.

P. Fédida, no seu artigo “L’Objeu” (1978), postula que o méto-do de observação direta pode contribuir efetivamente para pesquisaem psicanálise, desde que consideremos, a priori, um trabalho dedesignificação do comportamento do bebê e da criança. Compreende-se, assim, que a seleção dos dados observados não deve ser influen-ciada por uma tentativa do observador de confirmar hipóteses jáformuladas previamente; ao contrário, espera-se que o observadortome inicialmente uma posição de distanciamento, o que corres-ponderia ao trabalho de designificação. Isto tudo para que, em segui-da, no momento considerado como o do après-coup, a função teóricade um signo referente a um comportamento possa finalmente reve-lar seu conteúdo teórico, sob aquele que se apoiou inicialmente. Ideiaesta que vai ao encontro de J. Siksoun evocada anteriormente. “Adesignificação se efetua e é sob essa condição que o signo toma, nateoria, o poder de um paradigma ou de um sintagma”.4 (Fédida,1984, p. 184). É nesse sentido que P. Fédida postula que o conceitode objeto transitional de Winnicott não foi na realidade descoberto porele, mas apenas teorizado graças à realização de um trabalho dedesignificação de Winnicott sob comportamento do bebê em interaçãocom o meio ambiente.

Supõe-se, assim, que o método de observação do bebê restituià escuta do analista uma sensibilidade “tátil” e “visual”. Essa novasensibilidade, segundo P. Fédida, poderia enriquecer e mesmo apro-

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fundar a escuta analítica nas suas qua-lidade de “preensão”, isto é, nos seusdiferentes registros sensoriais e con-cretos. O autor acrescenta ainda que,ao considerarmos o fato de que um“gesto observado” poderia revelar-nosum material digno de uma “escuta” nosenso analítico do termo, poderíamosa partir daí reconhecer uma nova fon-te de criatividade e de renovação dopróprio discurso analítico como a Psi-canálise compreende (Fedida, 1978).Seguindo essa mesma posição, temosRené Roussillon (1990) que sublinhaa importância de colocarmos nossos“olhos à escuta”, à medida que, segun-do ele, os gestos da criança atribuiri-am e revelariam um “gesto à escuta”.

Nesse sentido, inferimos que apsicanálise no campo da intervençãoprecoce nos obriga a romper comcertos paradigmas do setting analíticoda psicanálise clássica, para daí in-ventarmos novos dispositivos meto-dológicos de pesquisa. Isto implica emconsiderar que o método da observa-ção direta é, sem dúvida, enriquecedorpara o avanço da pesquisa clínica psi-canalítica, caso não cometamos umgrande erro de tentarmos “adaptar”ou “encaixar” um método ao outro.Ao contrário, tanto observadorescomo psicanalistas sairiam ganhando,se cada um deles reconhecesse as par-ticularidades próprias de cada méto-do e de seus respectivos limites.

Isto nos leva a concluir que asobservações diretas praticadas porpsicanalistas não se integram à psica-nálise “hors murs” (extramuros), mas

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sim “hors de la cure” (fora do setting tra-dicional), isto é, ela não transborda ocampo da psicanálise, mas sim cons-titui-se por uma nova via que nãoaquela do método clássico da curaanalítica. Enfim, ao se ter em menteas diferenças e contribuições dessesdois métodos, pode-se constar que acriança da observação e a criança da curaanalítica não são necessariamente an-tagônicas, mas sim complementares, já queambas nos permitem articular a tem-poralidade do desenvolvimento com a tem-poralidade do après-coup, o que corres-ponde à própria temporalidade da elaboraçãopsíquica.

REFERÊNCIAS

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Fédida, P. (1978). L’ “Objeu”. Objet, jeu etenfance. L’espace psyhotérapeutique. InL’absence, (pp. 137-281). Paris: Gallimard.

Green, A. (1979). L’enfant modèle. In Nouv.Rev. Psychanalyse. (19), 27-47.

Klein, M. (2005). En observant le comporte-ment des nourrissons In Développements dela psychanalyse (pp. 224-253) Paris: PUF.(Trabalho original publicado em 1952).

Roussillion, R. (1990). Transférer la Psycha-nalyse. In Revue Française de Psychanalyse (5)1205-1215.

Siksou, J. (1992). L’observation directe. InJournal de la psychanalyse de l’en fant,L’observation du bébé, (12), 260-285.

Winnicott, D. W. (1970). Contribution del’observation directe des enfants a lapsychanalyse. In Processus de maturation chezl’enfant. Développement affectif et environnement.

(pp. 73-79). Paris: Payot. (Trabalho origi-nal publicado em 1957).

Winnicott, D. W. (2000). A observação deBebês numa Situação Padronizada. In Dapediatria a psicanálise. (pp. 37-56). Paris:Payot. (Trabalho publicado originalmen-te em 1941).

HOW CAN THE METHODOLOGY OFDIRECT OBSERVATION OF THEBABY’S AND THE CHILD’SBEHAVIOUR CONTRIBUTE TO THEPROGRESS OF THE RESEARCH INCLINICAL PSYCHO ANALYSIS?

ABSTRACT

This article introduces a frame of reflexion aboutthe links between “the method of observation” and“method of treatment” in the field of research inclinical psycho-analysis. Early clinic leads tonecessarily reconsider the object of the study, as it isabout intervening at an early stage, before the languageappears. To that extent, the question is raised whetherthe metaphoric value of the language could becompared to the value of the baby’s gestures andbehaviour. Winnicott, by highlighting the differencebetween “primitive” and “profound”, offers new waysto understand that the “child in observation” andthe “child in analytic cure” are no longer antagonist,but complementary.

Index terms: method of observation; method oftreatment; early intervention; research in psychoanalysis.

COMO EL MÉTODO DE OBSERVACIÓNDIRECTA DEL COMPORTAMIENTODEL BEBE Y DEL NIÑO PUEDE CON-TRIBUIR  EN EL DESAROLLO DE LAINVESTIGACIÓN CLÍNICA PSI-COANALITICA?

RESUMEN

El articulo propone una reflexión sobre las interfasesentre “el método de “observación» y de «método de

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trataimento » en la investigación clínica psicoanalitica. La clínica precoz necesita reconsiderarsu objeto de estudio puesto que interviene en una etapa que precede la adquisición del lenguaje.De esta manera, el questionamiento se basa en una posible comparación del valor metafórico dela palabra y del valor de los gestos y el comportamiento del bebe. Winnicott enfatizo sobre ladiferencia entre « primitivo » y « profundo » estableciendo así nuevas maneras de entender que« infante en observación » e « infante en cura analitica » no son dos metodos antagonistas sinocomplementarios.

Palavras clave: método de observación; método de tratamiento; inter venciónprecoz, investigación psicoanalitica.

NOTAS

1 Este artigo foi baseado no capítulo de tese de doutorado da autora: Du jeu dubébé au jeu de l’enfant: une approche à la compréhension de la construction de relation d’objetchez l’enfant autiste. Trabalho ainda não publicado.

2 O trabalho de observação segundo o método de Esther Bick baseia-se naanálise do comportamento do bebê e da relação mãe-bebê, no meio familiar, nosseus primeiros meses de vida até os seus dois anos de vida. O objetivo maiordeste método, consiste em observar a maneira como o bebê constrói e organizasuas primeiras interações com o ambiente e o mundo externo.Esta técnica deobservação privilegia as experiências emocionais do bebê, diferenciando-se de ou-tras práticas de observações, tais como as de Piaget e Wallon, cujos objetivosbaseiam-se na investigação das modalidades do desenvolvimento da criança.

3 Tradução livre da autora: “profond n’est synonyme de primitif, parce qu’il fautque les nourrissons atteignent un certain degré de maturité avant de devenirprogressivement capables d’être profond”.

4 Tradução livre da autora “la designification s’effectue et c’est, sous cettecondition que le signe prendre, dans la théorie, le pouvoir d’un paradigme oud’un syntagme”.

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Recebido em outubro/2010Aceito em novembro/2010