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DIREITO CONSTITUCIONAL 1ª Parte I - DO DIREITO CONSTITUCIONAL E DA CONSTITUIÇÃO DIREITO CONSTITUCIONAL Direito Constitucional é o ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado; é a ciência positiva das constituições; tem por Objeto a constituição política do Estado, cabendo a ele o estudo sistemático das normas que integram a constituição. O conteúdo científico do Direito Constitucional abrange à seguintes disciplinas: Direito Constitucional Positivo ou Particular: é o que tem por objeto o estudo dos princípios e normas de uma constituição concreta, de um Estado determinado; compreende a interpretação , sistematização e crítica das normas jurídico-constitucionais desse Estado, configuradas na constituição vigente, noe seus legados históricos e sua conexão com a realidade sócio-cultural. Direito Constitucional Comparado: é o estudo teórico das normas jurídico- constitucionais positivas (não necessariamente vigentes) de vários Estados, preocupando-se em destacar as singularidades e os contrastes entre eles ou entre grupo deles. Direito Constitucional Geral: delineia uma série de princípios, de conceitos e de instituições que se acham em vários direitos positivos ou em grupos deles para clasificá-los e sistematizá-los numa visão unitária; é uma ciência, que visa generalizar os princípios teóricos do Direito Constitucional particular e, ao mesmo tempo, constatar pontos de contato e independência do Direito Constitucional Positivo dos vários Estados que adotam formas semelhantes do Governo. DA CONSTITUIÇÃO Conceito: considerada sua lei fundamental, seria, então, a organização dos seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de sus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias; em síntese, é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado.

RESUMO - DIREITO CONSTITUCIONAL, 1

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DIREITO CONSTITUCIONAL

1ª Parte

I - DO DIREITO CONSTITUCIONAL E DA CONSTITUIÇÃO

DIREITO CONSTITUCIONAL

Direito Constitucional é o ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado; é a ciência positiva das constituições; tem por Objeto a constituição política do Estado, cabendo a ele o estudo sistemático das normas que integram a constituição. O conteúdo científico do Direito Constitucional abrange à seguintes disciplinas: Direito Constitucional Positivo ou Particular: é o que tem por objeto o estudo dos princípios e normas de uma constituição concreta, de um Estado determinado; compreende a interpretação , sistematização e crítica das normas jurídico-constitucionais desse Estado, configuradas na constituição vigente, noe seus legados históricos e sua conexão com a realidade sócio-cultural.Direito Constitucional Comparado: é o estudo teórico das normas jurídico-constitucionais positivas (não necessariamente vigentes) de vários Estados, preocupando-se em destacar as singularidades e os contrastes entre eles ou entre grupo deles.Direito Constitucional Geral: delineia uma série de princípios, de conceitos e de instituições que se acham em vários direitos positivos ou em grupos deles para clasificá-los e sistematizá-los numa visão unitária; é uma ciência, que visa generalizar os princípios teóricos do Direito Constitucional particular e, ao mesmo tempo, constatar pontos de contato e independência do Direito Constitucional Positivo dos vários Estados que adotam formas semelhantes do Governo.

DA CONSTITUIÇÃO

Conceito: considerada sua lei fundamental, seria, então, a organização dos seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de sus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias; em síntese, é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado.A constituição é algo que tem, como forma, um complexo de normas; como conteúdo, a conduta humana motivada das relações sociais; como fim, a realização dos valores que apontam para o existir da comunidade; e, finalmente, como causa criadora e recriadora, o poder que emana do povo; não podendo ser compreendida e interpretada, se não tiver em mente essa estrutura, considerada como conexão de sentido, como é tudo aquilo que integra um conjunto de valores.

Classificação das Constituições: quanto ao conteúdo: materiais e formas; quanto à forma: escritas e não escritas; quanto ao modo de elaboração: dogmáticas e históricas; quanto à origem: populares (democráticas) ou outorgadas; quanto à estabilidade: rígidas, flexíveis e semi-rígidas.A constituição material em sentido amplo, identifica-se com a organização total do Estado, com regime político; em sentido estrito, designa as normas escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, o organização de seus órgãos e os direitos fundamentais.A constituição formal é o peculiar modo de existir do Estado, reduzido, sob forma escrita, a um documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte e somente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos.A constituição escrita é considerada, quando codificada e sistematizada num texto único, elaborado por um órgão constituinte, encerrando todas as normas tidas como fundamentais sobre a estrutura do Estado, a organização dos poderes constituídos, seu modo de exercício e limites de atuação e os direitos fundamentais.

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Não escrita, é a que cujas normas não constam de um documento único e solene, baseando-se nos costumes, na jurisprudência e em convenções e em textos constitucionais esparsos. Ex. constituição inglesa.Constituição dogmática é a elaborada por um órgão constituinte, e sistematiza os dogmas ou idéias fundamentais da teoria política e do Direito dominantes no momento.Histórica ou costumeira: é a resultante de lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio-políticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organização de determinado Estado.São populares as que se originam de um órgão constituinte composto de representantes do povo, eleitos para o fim de eleborar e estabelecer a mesma. (Cfs de 1891, 1934, 1946 e 1988).Outorgadas são as elaboradas e estabelecidas sem a participação do povo, aquelas que o governante por si ou por interposta pessoa ou instituição, outorga, impõe, concede ao povo. (Cfs 1824, 1937, 1967 e 1969).Rígida é a somente alterável mediante processos, solenidades e exigências formais especiais, diferentes e mais difíceis que os de formação das leis ordinárias ou complementares.Flexível é a que pode ser livremente modificada pelo legislador segundo o mesmo processo de elaboração das leis ordinárias.Semi-rígida é a que contém uma parte rígida e uma flexível.

Objeto: estabelecer a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, o modo de quisição do poder e a forma de seu exercício, limites de sua atuação, assegurar os direitos e garantias dos indivíduos, fixar o regime político e disciplinar os fins sócio-econômicos do Estado, bem como os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e culturais.

Conteúdo: é variável no espaço e no tempo, integrando a multiplicidade no "uno"das instituições econômicas, jurídicas, políticas e sociais na unidade múltipla da lei fundamental do Estado.

Elementos: por sua generalidade, revela em sua estrutura normativa as seguintes categorias: a) elementos orgânicos: que se contêm nas normas que regulam a estrutura do Estado e do poder; b) limitativos: que se manifestam nas normas que consubstanciam o elenco dos direitos e garantias fundamentais; limitam a ação dos poderes estatais e dão a tônica do Estado de Direito (individuais e suas garantias, de nacionalidade, políticos); c) sócio-ideológicos: consubstanciados nas normas sócio-ideológicas, que revelam a caráter de compromisso das constituições modernas entre o Estado individualista e o social intervencionista; d) de estabilização constitucional: consagrados nas normas destinadas a assegurar a solução dos conflitos constitucionais, a defesa da constituição, do Estado e das instituições democráticas; e) formais de aplicabilidade: são os que se acham consubstanciados nas normas que estatuem regras de aplicação das constituições, assim, o preâmbulo, o dispositivo que contém as claúsulas de promulgação e as disposições transitórias, assim, as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO

Rigidez e supremacia constitucional: A rigidez decorre da maior dificuldade para sua modificação do que as demais; dela emana o princípio da supremacia da constituição, colocando-a no vértice do sistema jurídico.

Supremacia da Constituição Federal: por ser rígida, toda autoridade só nela encontra fundamento e só ela confere poderes e competências governamentais; exerce, suas atribuições nos termos dela; sendo que todas as normas que integram a ordenação jurídica nacional só serão válidas se se conformarem com as normas constitucionais federais.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

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Inconstitucionalidade: as conformidades com os ditames constitucionais não se satisfaz apenas com a atuação positiva; exige mais, pois omitir a aplicação das normas, quando a Constituição determina, também constitui conduta inconstitucional, sendo reconhecida as seguintes formas de inconsitucionalidade:Por ação: ocorre com a produção de atos legislativos ou administrativos que contrariem normas ou princípios da constituição; seu fundamento resulta da compatibilidade vertical das normas (as inferiores só valem se compatíveis com as superiores); essa incompatibilidade é que se chama de inconstitucionalidades da lei ou dos atos do Poder Público; - Por omissão: verifica-se nos casos em que não sejam praticados atos requeridos pata tornar plenamente aplicáveis normas constitucionais; não realizado um direito por omissão do legislador, caracteriza-se como inconstitucional; pressuposto para a propositura de uma ação de inconstitucionalidade por omissão.

Sistema de controle de constitucionalidade: se estabelece, tecnicamente, para defender a supremacia constitucional contra as inconstitucionalidades.Controle político: entrega a verificação de inconstitucionalidade a órgãos de natureza política; - Jurisdicional: é a faculdade qua as constituições outorga ao Judiciário de declarar a insconstitucionalidade de lei ou outros atos de Poder Público; Misto: realiza-se quando a constituição submete certas categorias de lei ao controle político e outras ao controle jurisdicional.

Critérios e modos de exercício do controle jurisdicional: são conhecidos dois critérios de controle: Controle difuso: verifica-se quando se reconhece o seu exercício a todos os componentes do Judiciário; controle concentrado: se só for deferido ao tribunal de cúpula do Judiciário; subordina-se ao princípio geral de que não há juízo sem autor, rigorosamente seguido no sistema brasileiro, como na maioria que possui controle difuso.

Sistema brasileiro de controle de constitucionalidade: é jurisdicional introduzido com a Constituição de 1891, acolhendo o controle difuso por via de exceção ( cabe ao demandado argüir a inconstitucionalidade, apresentando sua defesa num caso concreto), perdurando até a vigente; em vista da atual constituição, temos a inconstitucionalidade por ação ou omissão; o controle é jurisdicional, combinando os critérios difuso e concentrado, este de competência do STF; portanto, temos o exercício do controle por via de exceção e por ação direta de insconstitucionalidade e ainda a ação declaratória de constitucionalidade; a ação direta de inconstitucionalidade compreende três modalidades: Interventiva, genérica e a supridora de omissão. A constituição mantém a regra segundo a qual somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a insconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. (art. 97)

Efeitos da declaração de inconstitucionalidade: depende da solução sobre a natureza do ato inconstitucional: se é inexistente, nulo ou anulável. A declaração de insconstitucionalidade, na via indireta, não anula a lei nem a revoga; teoricamente a lei continua em vigor, eficaz e aplicável, até que o Senado Federal suspenda sua executoriedade (art. 52, X). A declaração na via direta tem efeito diverso, importa suprimir a eficácia e aplicabilidade da lei ou ato; distinções a seguir:

Qual a eficácia da sentença que decide a inconstitucionalidade na via de exceção: se resolve pelos princípios processuais; a argüição de insconstitucionalidade é questão prejudicial e gera um procedimento incidenter tantum, que busca a simples verificação da existência ou do vício alegado; a sentença é declaratória; faz coisa julgada somente no caso e entre as partes; no que tange ao caso concreto, a declaração surte efeitos ex tunc; no entanto a lei contínua eficaz e aplicável, até que seja suspensa sua executoriedade pelo Senado; ato que não revoga nem anula a lei, apenas lhe retira a eficácia, daí por diante ex nunc.

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Qual a eficácia da sentença proferida no processo de ação direta de inconstitucionalidade genérica?: tem por objeto a própria questão de inconstitucionalidade; qualquer decisão, que a decrete, deverá ter eficácia erga omnes (genérica) e obrigatória; a sentença aí faz coisa julgada material, que vincula as autoridades aplicadoras da lei, que não poderão mais dar-lhe execução sob pena de arrostar a eficácia da coisa julgada, uma vez qua a declaração de insconstitucionalidade em tese visa precisamente atingir o efeito imediato de retirar a aplicabilidade da lei.

Efeito da sentença proferida no processo de ação de inconstitucionalidade interventiva: visa não apenas obter a declaração de inconstitucionalidade, mas também restabelecer a ordem constitucional no Estado, ou Município, mediante a intervenção; a sentença não será meramente declaratória; não cabendo ao Senado a suspenção da execução do ato; a Constituição declara que o decreto se limitará a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade; a decisão tem um efeito condenatório que fundamenta o decreto de intervenção; a condenação tem efeito constitutivo da sentença que faz coisa julgada material erga omnes.

Efeito da declaração de inconstitucionalidade por omissão: o efeito está no art. 103, § 2º da Constituição, ao estatuir que, declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, p ara fazê-lo em 30 dias; a sentença que reconhece a inconstitucionalidade por omissão é declaratória, mas não meramente, porque dela decorre um efeito ulterior de natureza mandamental no sentido de exigir a adoção das providências necessárias ao suprimento da omissão.

AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE

É uma ação que tem a característica de um meio paralisante de debates em torno de questões jurídicas fundamentais de interesse coletivo; terá como pressuposto fático a existência de decisões de constitucionalidade, em processos concretos, contrárias à posição governamental; seu exercício gera um processo constitucional contencioso, de fato, porque visa desfazer decisões proferidas entre as partes, mediante sua propositura por uma delas; tem natureza de meio de impugnação antes que de ação, com o mesmo objeto das contestações, sustentando a constitucionalidade da lei ou ato normativo.

Finalidade o objeto da ação declaratória de constitucionalidade: essa ação pressupõe controvérsia a respeito da constitucionalidade da lei, o que é aferido diante da existência de um grande número de ações onde a constitucionalidade da lei é impugnada, sua finalidade imediata consiste na rápida solução dessas pendências; visa solucionar isso, por via de coisa julgada vinculante, que declara ou não a constitucionalidade da lei.objeto da ação é a verificação da constitucionalidade da lei ou ato normativo federal impugnado em processos concretos; não tem por objeto a verificação da constitucionalidade de lei ou ato estadual ou municipal, não há previsão dessa possibilidade.

Legitimação e competência para a ação: segundo o art. 103,§ 4º, poderão propô-la o Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados e o Procurador-Geral da República, e o STF já decidiu que não cabe a intervenção do Advogado-Geral da União no processo dessa ação.A competência para processar e julgar a ação declaratória de constitucionalidade é exclusivamente do STF.

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Efeitos da decisão da ação declaratória de constitucionalidade: segundo a art. 102, § 2º, as decisões definitivas de mérito nessas ações, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante aos demais órgãos do Judiciário e do Executivo; terá efeito erga omnes, se estendendo a todos os feitos em andamento, paralisando-os com o desfazimento dos efeitos das decisões neles proferidas no primeiro caso ou a confirmação desses efeitos no segundo caso; o ato, dali por diante, é constitucional, sem possibilidade de qualquer outra declaração em contrário; pelo efeito vinculante à função jurisdicional dos demais órgãos do Judiciário, nenhum juízo ou Tribunal poderá conhecer de ação ou processo em que se postule uma decisão contrária à declaração emitida no processo de ação declaratória de constitucionalidade pelo STF nem produzir validamente ato normativo em sentido contrário àquela decisão.

EMENDA À CONSTITUIÇÃO

Emenda é o processo formal de mudanças das constituições rígidas, por meio de atuação de certos órgãos, mediante determinadas formalidades, estabelecidas nas próprias constituições para o exercício do poder reformador; é a modificação de certos pontos, cuja estabilidade o legislador constituinte não considerou tão grande como outros mais valiosos, se bem que submetida a obstáculos e formalidades mais difíceis que os exigidos para a alteração das leis ordinárias; é o único sistema de mudança formal da Constituição.

Sistema brasileiro: Apresentada a proposta, será ela discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada quando obtiver, em ambos, três quintos (3/5) dos votos dos membros de cada uma delas (art. 60, § 2º); uma vez aprovada, a emenda será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem; acrescenta-se que a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (art. 60, § 5º).

Poder constituinte e poder reformador: a Constituição conferiu ao Congresso Nacional a competência para elaborar emendas a ela; o próprio poder constituinte originário, ao estabelecer a CF, instituiu um poder constituinte reformador; no fundo, o agente ou sujeito da reforma, é o poder constituinte originário, que, por esse método, atua em segundo grau, de modo indireto, pela outorga de competência à um órgão constituido para, em seu lugar, proceder às modificações na Constituição, que a realidade exige; segundo o Prof. Manoel G. Ferreira Filho, poder constituinte de revisão "é aquele poder, inerente à Constituição rígida que se destina a modificá-la, segundo o que a mesma estabelece; visa permitir a mudança da Constituição, adaptação da Constituição a novas necessidades, a novos impulsos, a novas forças, sem que para tanto seja preciso recorrer à revolução, sem que seja preciso recorrer ao poder constituinte originário".

Limitações ao poder de reforma constitucional: é limitado, porque a própria norma constitucional lhe impõe procedimento e modo de agir, dos quais não pode arredar sob pena de sua obra sair viciada, ficando sujeita ao sistema de controle de constitucionalidade, configura as limitações formais. A doutrina distribui as limitações em:Limitações temporais: não são comumente encontráveis na história constitucional brasileira; só a do Império estabeleceu esse tipo de limitação; visto que previa, que somente após um certo tempo estabelecido, é que ela poderia ser reformada ( no caso 4 anos).Limitações circunstanciais: desde 1934 estatui-se um tipo de limitação ao poder de reforma, qual seja a de que não se procederá à reforma na vigência do estado de sítio; a Cf vigente veda emendas na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou estado de sítio (art. 60, § 1º).Limitações materiais: distingue, materiais explícitas (compreende-se que o constituinte originário poderá, expressamente, excluir determinadas matérias ou conteúdos da incidência do poder de reforma) e implícitas (ocorre quando são enumeradas matérias de direitos fundamentais, insuscetíveis de emendas)

Controle de constitucionalidade da reforma constitucional: toda modificação, feita com desreipeito de procedimento especial estabelecido ou de preceito que não possa ser objeto de emenda, padecerá de vício de inconstitucionalidade formal ou material, e assim ficará sujeita ao controle de constitucionalidade pelo Judiciário, tal como se dá com as leis ordinárias.

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II - DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

As normas são preceitos que tutelam situações subjetivas de vantagem ou de vínculo, ou seja, reconhecem a pessoa ou a entidade, a faculdade de realizar certos interesses por ato próprio ou exigindo ação ou abstenção de outrem; vinculam elas à obrigação de submeter-se às exigências de realizar uma prestação.Os princípios são ordenações que se irradiam e imantam os sistemas de normas; são como núcleos de condensações nos quais confluem valores e bens constitucionais.

Os princípios constitucionais positivos: se traduzem em normas da Constituição ou que delas diretamente se inferem; são basicamente de duas categorias: Princípios político-constitucionais: constituem-se daquelas decisões políticas fundamentais concretizadas em normas conformadoras do sistema constitucional positivo, e são normas-princípio.Princípios jurídico-constitucionais: são informadores da ordem jurídica nacional; decorrem de certas normas constitucionais, e constituem desdobramentos dos fundamentais.

Conceito e conteúdo dos princípios fundamentais: constituem-se dos princípios definidores da forma de Estado, dos princípios definidores da estrutura do Estado, dos princípios estruturantes do regime político e dos princípios caracterizadores da forma de governo e da organização política em geral; os da CF/88 discriminadamente são:princípios relativos à existência, forma, estrutura e tipo de Estado: República Federativa, soberania, Estado democrático de direito (art. 1º); b) relativos à forma de governo e à organização dos poderes: República e separação de poderes (art. 1º e 2º); c) relativos à organização da sociedade: princípio da livre organização social, de convivência justa e da solidariedade (art 3º, I); d) relativos ao regime político: da cidadania, da dignidade da pessoa, do pluralismo, da soberania popular, da representação política e da participação popular direta (art. 1º, parágrafo único); e) relativos à prestação positiva do Estado: da independência e do desenvolvimento nacional, da justiça social e da não-discriminação (arts. 3º, II, III e IV); relativos à comunidade internacional: da independência nacional, do respeito dos direitos fundamentais da pessoa humana, da auto determinação dos povos, da não-intervenção, da igualdade dos Estados, da solução pacífica dos conflitos e da defesa da paz; do repúdio ao terrorismo e ao racismo, da cooperação entre os povos e o da integração da América Latina (art. 4º).

Princípios fundamentais e princípios gerais do Direito Constitucional: os fundamentais traduzem-se em normas fundamentais que explicitam as valorações políticas fundamentais do legislador constituinte, contêm as decisões políticas fundamentais; os gerais formam temas de uma teoria geral do Direito Constitucional, por envolver conceitos gerais, relações, objetos, que podem ter seu estudo destacado da dogmática jurídico-constitucional.

Função e relevância dos princípios fundamentais: a função ordenadora, bem como sua ação imediata, enquanto diretamente aplicáveis ou diretamente capazes de conformarem as relações político-constitucionais; a ação imediata dos princípios consiste, em primeiro lugar, em funcionarem como critério de interpretação e de integração, pois são eles que dão coerência geral ao sistema.

DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO ESTADO BRASILEIRO

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

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O País e o Estado brasileiros: País se refere aos aspectos físicos, ao habitat, ao torrão nacional; manifesta a unidade geográfica, histórica, econômica e cultural das terras ocupadas pelos brasileiros. Estado é uma ordenação que tem por fim específico e essencial a regulamentação global das relações sociais entre os membros de uma dada população sobre um dado território; constitui-se de um poder soberano de um povo situado num território com certas finalidades; a constituição organiza esses elementos.

Território e forma de Estado: território é o limite espacial dentro do qual o Estado exerce de modo efetivo o poder de império sobre pessoas e bens. Forma de Estado é o modo de exercício do poder político em função do território.

Estado Federal - forma do Estado brasileiro: o federalismo, refere-se a uma forma de Estado (federação ou Estado Federal) caracterizada pela união de coletividades públicas dotadas de autonomia político-constitucional, autonomia federativa; a federação consiste na união de coletividades regionais autônomas (estados federados, estados-membros ou estado). Estado federal é o todo, dotado de personalidade jurídica de Direito Público Internacional. A União é a entidade federal formada pela reunião das partes componentes, constituindo pessoa jurídica de Direito Público interno, autônoma em relação aos Estados e a que cabe exercer as prerrogativas da soberania do Estado brasileiro. A autonomia federativa assenta-se em dois elementos: a) na existência de órgãos governamentais próprios; b) na posse de competências exclusivas. O Estado federal apresenta-se como um Estado que, embora parecendo único nas relações internacionais, é constituído por Estados-membros dotados de autonomia, notadamente quanto ao exercício de capacidade normativa sobre matérias reservadas à sua competência.

Forma de Governo - a República: Forma de governo é conceito que se refere à maneira como se dá a instituição do poder na sociedade e como se dá a relação entre governantes e governados. República é uma forma de governo que designa uma coletividade política com características da res pública, ou seja, coisa do povo e para o povo, que se opõe a toda forma de tirania. O princípio republicano (art. 1º) não instaura a República, recebe-a da evolução constitucional. Sistema de Governo é o modo como se relacionam os poderes, especialmente o Legislativo e o Executivo, que dá origem aos sistemas parlamentarista, presidencialista e diretorial.

Fundamentos do Estado brasileiro: segundo o art. 1º, o Estado brasileiro tem como fundamentos a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.

Objetivos fundamentais do Estado brasileiro: a Constituição consigna como objetivos fundamentais (art. 3º): construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização; reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e de outras formas de discriminação.

PODER E DIVISÃO DE PODERES

A divisão de poderes é um princípio fundamental da Constituição, consta no ser art. 2º :são poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário; exprimem , a um tempo, as funções legislativa, executiva e jurisdicional e indicam os respectivos órgãos, estabelecidos na organização dos poderes.

Poder político: pode ser definido como uma energia capaz de coordenar e impor decisões visando à realização de determinados fins; é superior a todos os outros poderes sociais, os quais reconhece, rege e domina, visando a ordenar as relações entre esses grupos de indivíduos entre si e recíprocamente, de maneira a manter um mínimo de ordem e estimular o máximo de progresso à vista do bem comum; possui 3 caracteristicas fundamentais; unidade, indivisibilidade e indelegabilidade.

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Governo e distinção de funções do poder: Governo é o conjunto de órgãos mediante os quais a vontade do Estado é formulada, expressada e realizada, ou , o conjunto de órgãos supremos a quem incumbe o exercício das funções do poder político; a distinção das funções que são a legislativa, a executiva e a jurisdicional, fundamentalmente é:a legislativa consiste na edição de regras gerais(leis), abstratas, impessoais e inovadoras da ordem pública; a executiva resolve os problemas concretos e individualizados, de acordo com as leis; a jurisdicional tem por objeto aplicar o direito aos casos concretos a fim de dirimir conflitos de interesse.

Divisão dos poderes: consiste em confiar cada uma das funções governamentais a órgãos diferentes, que tomam os nomes das respectivas funções; fundamenta-se em dois elementos: a especialização funcional e a independência orgânica.

Independência e harmonia entre os poderes: a independência dos poderes significa que a investidura e a permanência das pessoas num dos órgãos não dependem da confiança nem da vontade dos outros, que, no exercício das atribuições que lhe sejam próprias, não precisam os titulares consultar os outros nem necessitam de sua autorização, que, na organização dos respectivos serviços, cada um é livre, observadas apenas as disposições constitucionais e legais. A harmonia entre os poderes verifica-se pelas normas de cortesia no trato recíproco e no respeito às prerrogativas e faculdades a que mutuamente todos têm direito; a divisão de funções entre os órgãos do poder nem sua independência são absolutas; há interferências, que visam ao estabelecimento de um sistema de freios e contrapesos, à busca do equilibrio necessário à realização do bem da coletividade.

Exceções ao princípio: a Constituição estabelece incompatibilidades relativamente ao exercício de funções e poderes (art. 54), e porque os limites e exceções ao princípio decorrem de normas; Exemplos de exceção ao princípio: arts. 56, 62 (medidas provisórias com força de lei) e 68 ( delegação de atribuições legislativas).

ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

A democracia, como realização de valores de convivência humana, é conceito mais abrangente do que o de Estado de Direito, que surgiu como expressão jurídica da democracia liberal. O Estado Democrático de Direito reúne os princípios do Estado Democrático e do Estado de Direito, não como simples reunião formal dos respectivos elemento, revela um conceito novo que os supera, na medida em que incorpora um componente revolucionário de transformação do status quo.

Estado de Direito: suas caracteristicas básicas foram a submissão do império a lei, a divisão de poderes e o enunciado e garantia dos direitos individuais.

Estado Social de Direito: transformação do Estado de Direito, onde o qualitativo social refere-se à correção do individualismo clássico liberal pela afirmação dos chamados direitos sociais e realização de objetivos de justiça social; caracteriza-se no propósito de compatibilizar, em um mesmo sistema, 2 elementos: o capitalismo, como forma de produção, e a consecução do bem-estar social geral, servindo de base ao neocapitalismo.

Estado Democrático: se funda no princípio da soberania popular, que impõe a participação efetiva e operante do povo na coisa pública, participação que não se exaure, na simples formação das instituições representativas, que constituem em estágio da evolução do Estado Democrático, mas não o seu completo desenvolvimento; visa, assim, a realizar o princípio democrático como garantia real dos direitos fundamentais da pessoa humana.

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Caracterização do Estado Democrático de Direito: não significa apenas u nir formalmente os conceitos de Estado de Democrático e Estado de Direito; consiste na criação de um conceito novo, levando em conta os conceitos dos elementos componentes, mas os supera na medida em que incorpora um componente revolucionário de transformação do status quo; é um tipo de Estado que tende a realizar a síntese do processo contraditório do mundo contemporâneo, superando o Estado capitalista para configurar um Estado promotor de justiça social que o personalismo e monismo político das democrácias populares sob o influxo do socialismo real não foram capazes de construir; a CF de 88 apenas abre as perspectivas de realização social profunda pela prática dos direitos sociais que ela inscreve e pelo exercício dos instrumentos que oferece à cidadania e que possibilita concretizar as exigências de um Estado de justiça social, fundado na dignidade da pessoa humana.

A lei no Estado Democrático de Direito: o princípio da legalidade é também um princípio basilar desse Estado; é da essência do seu conceito subordinar-se à Constituição e fundar-se na legalidade democrática; sujeita-se ao império da lei, mas da lei que realize o princípio da igualdade e da justiça não pela sua generalidade, mas pela busca da igualização das condições dos socialmente desiguais.

Princípios a tarefa do Estado Democrático de Direito: são os seguintes: princípio da constitucionalidade, democrático, do sistema de direitos fundamentais, da justiça social, da igualdade, da divisão de poderes, da legalidade e da segurança jurídica; sua tarefa fundamental consiste em superar as desigualdades sociais e regionais e instaurar um regime democrático que realize a justiça social.

PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO E GARANTIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

REGIME POLÍTICO

Conceito de regime político: é um complexo estrutural de princípios e forças políticas que configuram determinada concepção do Estado e da sociedade, e que inspiram seu ordenamento jurídico; antes de tudo, pressupõe a existência de um conjunto de instituições e princípios fundamentais que informam determinada concepção política do Estado e da sociedade, sendo também um conceito ativo, pois, ao fato estrutural há que superpor o elemento funcional, que implica uma atividade e um fim, supondo dinamismo, sem redução a uma simples atividade de governo.

Regime político brasileiro: segundo a CF/88, funda-se no princípio democrático; o preâmbulo e o art. 1º o enunciam de maneira insofismável.

DEMOCRACIA

Conceito de Democracia: é um processo de convivência social em que o poder emana do povo, há de ser exercido, direta ou indiretamente, pelo povo e em proveito do povo.

Pressupostos da democracia: a democrácia não necessita de pressupostos especiais; basta a existência de uma sociedade; se seu governo emana do povo, é democracia; se não, não o é; a Constituição estrutura um regime democrático consubstanciando esses objetivos de igualização por via dos direitos sociais e da universalização de prestações sociais; a democratização dessas prestações, ou seja, a estrutura de modos democráticos, constitui fundamento do Estado Democrático de Direito, instituído no art. 1º.

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Princípios e valores da democracia: a doutrina afirma que a democracia repousa sobre três princípios fundamentais: o princípio da maioria, o princípio da igualdade e o princípio da liberdade; em verdade, repousa sobre dois princípios fundamentais, que lhe dão a essência conceitual: o da soberania popular, segundo o qual o povo é a única fonte do poder, que se exprime pela regra de que todo o poder emana do povo; a participação, direta e indireta, do povo no poder, para que este seja efetiva expressão da vontade popular; nos casos em que a participação é indireta, surge um princípio derivado ou secundário: o da representação; Igualdade e Liberdade, também, não são princípios, mas valores democráticos, no sentido que a democracia constitui instrumento de sua realização no plano prático; a igualdade é valor fundante da democracia, não igualdade formal, mas a substancial.

O poder democrático e as qualificações da democracia: o que dá essência à democracia é o fato de o poder residir no povo; repousa na vontade popular no que tange à fonte do exercício do poder; o conceito de democracia fundamenta-se na existência de um vínculo entre o povo e o poder; como este recebe qualificações na conformidade de seu objeto e modo de atuação; a democratização do poder é fenômeno histórico, daí o aparecimento de qualificações da democracia para denotar-lhe uma nova faceta, ou seja, a democracia política, a social e a econômica.

Exercício do poder democrático

Democracia direta é aquela em que o povo exerce, por si, os poderes governamentais, fazendo leis, administrando e julgando;Democracia indireta, chamada representativa, é aquela na qual o povo, fonte primária do poder, não podendo dirigir os negócios do Estado diretamente, em face da extensão territorial, da densidade demográfica e da complexidade dos problemas sociais, outorga as funções de governo aos seus representantes, que elege periodicamente;Democracia semidireta é, na verdade, democracia representativa com alguns institutos de participação direta do povo nas funções de governo, institutos que, entre outros, integram a democracia participativa.

Democracia representativa: pressupõe um conjunto de instituições que disciplinam a participação popular no processo político, que vem a formar os direitos políticos que qualificam a cidadania, tais como as eleições, o sistema eleitoral, etc., como constam nos arts. 14 a 17 da CF; a participação popular é indireta, periódica e formal, por via das instituições eleitorais que visam a disciplinar as técnicas de escolhas do representantes do povo.

O mandato político representativo: a eleição gera, em favor do eleito, o mandato político representativo; nele se consubstanciam os princípios da representação e da autoridade legítima; o mandado se diz político representativo porque constitui uma situação jurídico-política com base na qual alguém, designado por via eleitoral, desempenha uma função política na democracia representativa.

Democracia participativa: o princípio participativo caracteriza-se pela participação direta e pessoal da cidadania na formação dos atos de governo; as primeiras manifestações consistiram nos institutos de democracia semidireta, que combinam instituições de participação direta e indireta, tais como: a iniciativa popular (art. 14, III, regulado no art. 61, § 2º), o referendo popular (art. 14, II e 49, XV), o plebiscito (art. 14, I e 18, §§ 3º e 4º) e a ação popular (art. 5º, LXXIII).

Democracia pluralista: a CF/88 assegura os valores de uma sociedade pluralista (preâmbulo) e fundamenta-se no pluralismo político (art. 1º, V); a Constituição opta, pois, pela sociedade pluralista que respeita a pessoa humana e sua liberdade; optar por isso significa acolher uma sociedade conflitiva, de interesses contraditórios e antinômicos; o papel político é inserido para satisfazer, pela edição de medidas adequadas o plurarismo social, contendo seu efeito dissolvente pela unidade de fundamento da ordem jurídica.

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Democracia e direito constitucional brasileiro: o regime assume uma forma de democracia participativa, no qual encontramos participação por via representativa e participação direta por via do cidadão. A esse modelo, a Constituição incorpora princípios da justiça social e do pluralismo; assim, o modelo é o de uma democracia social, participativa e pluralista; não é porém, uma democracia socialista, pois o modelo econômico adotado é fundamentalmente capitalista.

2ª Parte

DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

I - A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS

A declaração dos direitos nas constituições brasileiras: a Constituição do Império já os consignava quase integralmente, havendo, nesse aspecto, pouca inovação de fundo, salvo quanto à Constituição vigente que incorpora novidades de relevo; ela continha um título sob rubrica confusa Das Disposições Gerais, e Garantia dos Direitos Civis e Políticos dos cidadão brasileiros, com disposições sobre a aplicação da Constituição, sua reforma, natureza de suas normas e o art. 179, com 35 incisos, dedicados aos direitos e garantias individuais especialmente. Já a Constituição de 1891 abria a Seção II do Título IV com uma Declaração de Direitos, assegurando a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança e à propriedade nos termos dos 31 parágrafos do art. 72; basicamente, contém só os chamados direitos e garantias individuais. Essa metodologia modificou-se a partir da Constituição de 1934 que abriu um título especial para a Declaração de Direitos, nela inscrevendo não só os direitos e garantias individuais, mas também os de nacionalidade e os políticos; essa constitução durou pouco mais de 3 anos, pelo que nem teve tempo de ter efetividade. A ela sucedeu a Carta de 1937, ditatorial na forma, no conteúdo e na aplicação, com integral desreipeito aos direitos do homem, especialmente os concernentes às relações políticas. A Constituição de 1946 trouxe o Título IV sobre as Declarações dos Direitos, com 2 capítulos, um sobre a nacionalidade e a cidadania e outro sobre os direitos e garantias individuais, incluindo no caput do art. 141, o direito à vida. Assim fixou o enunciado que se repetiria da Constituição de 1967 (art. 151) e sua Emenda 1/69 (art. 153), assegurando os direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança individual e à propriedade. A CF/88 adota técnica mais moderna; abre-se com um título sobre os princípios fundamentais, e logo introduz o Título II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais, matéria que nos ocupará a partir de agora.

TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM

Inspiração e fundamentação dos direitos fundamentais: a doutrina francesa indica o pensamento cristão e a concepção dos direitos naturais como as principais fontes de inspiração das declarações dos direitos; fundada na insuficiente e restrita concepção das liberdades públicas, não atina com a necessidade de envolver nessa problemática também os direitos econômicos, sociais e culturais, aos quais se chama brevemente direitos sociais; outras fontes de inspiração dos direitos fundamentais são o Manifesto Comunista e as doutrinas marxistas, a doutrina social da Igreja, a partir do Papa Leão XIII e o intervencionismo estatal.

Forma das declarações de direitos: assumiram, inicialmente, a forma de proclamações solenes; depois, passaram a constituir o preâmbulo das constituições; atualmente, ainda que nos documentos internacionais assumam a forma das primeiras declarações, nos ordenamentos nacionais integram as constituições, adquirindo o caráter concreto de normas jurídicas positivas constitucionais, por isso, subjetivando-se em direito particular de cada povo, que tem consequência jurídica prática relevante.

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Conceito de direitos fundamentais: direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada ordenamento jurídico, é reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que ele concretiza em garantia de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas; no qualitativo fundamentais acha-se a indicação de que se trata de situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não convive e , as vezes, nem mesmo sobrevive; fundamentais do homem no sentido de que a todos, por igual, devem ser, não apenas formalmente reconhecidos, mas concreta e materialmente efetivados; é a limitação imposta pela soberania popular aos poderes constituídos do Estado que dela dependem.

Natureza e eficácia das normas sobre direitos fundamentais: a natureza desses direitos são situações jurídicas, objetivas e subjetivas, definidas no direito positivo, em prol da dignidade, igualdade e liberdade da pessoa humana; a eficácia e aplicabilidade das norma que contêm os direitos fundamentais dependem muito de seu enunciado, pois se trata de assunto que está em função do direito positivo; a CF/88 é expressa sobre o assunto, quando estatui que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais, têm aplicação imediata.

Classificação dos direitos fundamentais: em síntese, com base na CF/88. podemos classificar os direitos fundamentais em 5 grupos: 1 - direitos individuais (art. 5º); 2 - direitos coletivos (art. 5º); 3 - direitos sociais (arts. 6º e 193 e ss.); 4 - direitos à nacionalidade (art. 12); 5 - direitos políticos (arts. 14 a 17).

Integração das categorias de direitos fundamentais: a Constituição fundamenta o entendimento de que as categorias de direitos humanos fundamentais, nela previstos, integram-se num todo harmônico, mediante influências recíprocas, até porque os direitos individuais, estão contaminados de dimensão social, de tal sorte que a previsão dos direitos sociais, entre eles, os direitos de nacionalidade e políticos, lhes quebra o formalismo e o sentido abstrato; com isso, transita-se de uma democracia de conteúdo basicamente político-formal para a democracia de conteúdo social, se não de tendência socializante; há certamante um desiquilíbrio entre uma ordem social socializante e uma ordem econômica liberalizanta.

Direitos e garantias dos direitos: interessam-nos apenas as garantias dos direitos fundamentais, que distinguiremos em 2 grupos:

- garantias gerais, destinadas a assegurar e existência e a efetividade (eficácia social) daqueles direitos, as quais se referem à organização da comunidade política, e que poderíamos chamar condições econômico-sociais, culturais e políticas que favorecem o exercício dos direitos fundamentais; - garantias constitucionais que consistem nas instituições, deteminações e procedimentos mediante os quais a própria Constituição tutela a observância ou, em caso de inobservância, a reintegração dos direitos fundamentais; são de 2 tipos: gerais, que são instituições constitucionais que se inserem no mecanismo de freios e contrapesos dos poderes e, assim, impedem o arbítrio com o que constituem, ao mesmo tempo, técnicas de garantia e respeito aos direitos fundamentais; especiais, que são prescrições constitucionais estatuindo técnicas e mecanismos que, limitando a atuação dos órgãos estatais ou de particulares, protegem a eficácia, a aplicabilidade e a inviolabilidade dos direitos fundamentais de modo especial. O conjunto das garantias forma o sistema de proteção deles: proteção social, política e jurídica; em conjunto caracterizam-se como imposições, positivas ou negativas, aos órgãos do Poder Público, limitativas de sua conduta, para assegurar a observância ou, no caso de violação, a reintegração dos direitos fundamentais.

II - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS

Conceito de direito individual: são do direitos fundamentais do homem-indivíduo, que são aqueles que reconhecem a autonomia aos particulares, garantindo a iniciativa e independência aos indivíduos diante dos demais membros da sociedade política e do próprio Estado.

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Destinatários dos direitos e garantias individuais: são os brasileiros e os estrangeiros residentes no País(art. 5º); quanto aos estrangeiros não residentes, é difícil delinear sua posição, pois o artigo só menciona "brasileiros e estrangeiros residentes".

Classificação dos direitos individuais: a Constituição dá-nos um critério para a classificação dos direitos que ela anuncia no art. 5º, quando assegura a inviolabilidade do direito à vida, à igualdade. à liberdade, à segurança e à propriedade; preferimos no entanto, fazer uma distinção em 3 grupos: 1) direitos individuais expressos, aqueles explicitamente enunciados nos incisos do art. 5º; 2) direitos individuais implícitos, aqueles que estão subentendidos nas regras de garantias, como direito à identidade pessoal, certos desdobramentos do direito à vida, o direito à atuação geral (art. 5º, II); 3) direitos indivíduais decorrentes do regime e de tratados internacionais subscritos pelo Brasil, aqueles que não são nem explícita nem implícitamente enumerados, mas provêm ou podem vir a provir do regime adotado, como direito de resistência, entre outros de difícil caracterização a priori.

Direitos coletivos: a rubrica do Capítulo I, do Título II anuncia uma especial categoria dos direitos fundamentais: os coletivos, mas nada mais diz a seu respeito; onde estão, nos incisos do art. 5º, esses direitos coletivos?; muitos desses ditos interesses coletivos sobrevivem no texto constitucional, caracterizados, na maior parte, como direitos sociais (arts, 8º e 37, VI; 9º e 37, VII; 10; 11; 225) ou caracterizados como instituto de democracia direta nos arts. 14, I, II e III, 27, § 4º, 29, XIII, e 61, § 2º, ou ainda, como instituto de fiscalização financeira, no art. 31, § 3º; apenas as liberdades de reunião e de associação, o direito de entidades associativas de representar seus filiados e os direitos de receber informação de interesse coletivo e de petição restaram subordinados à rubrica dos direitos coletivos.

Deveres individuais e coletivos: os deveres que decorrem dos incisos do art. 5º, têm como destinatários mais o Poder Público e seus agentes em qualquer nível do que os indivíduos em particular; a inviolabilidade dos direitos assegurados impõe deveres a todos, mas especialmente às autoridades e detentores de poder; Ex: incisos XLIX, LXII, LXIII, LXIV, e etc.. do art. 5º.

DO DIREITO À VIDA E DO DIREITO À PRIVACIDADE

DIREITO À VIDA

A vida como objeto do direito: a vida humana, que é o objeto do direito assegurado no art. 5º, integra-se de elementos materiais e imateriais; a vida é intimidade conosco mesmo, saber-se e dar-se conta de si mesmo, um assitir a si mesmo e um tomar posição de si mesmo; por isso é que ela constitui a fonte primária de todos os outros bens jurídicos.

Direito à existência: consiste no direito de estar vivo, de lutar pelo viver, de defender à própria vida, de permanecer vivo; é o direito de não ter interrompido o processo vital senão pela morte espontânea e inevitável; tentou-se incluir na Constituição o direito a uma existência digna.

Direito à integridade física: a Constituição além de garantir o respeito à integridade física e moral (art. 5º, XLIX), declara que ninguém será submetido a tortuta ou tratamento desumano ou degradante (art. 5º, III); a fim de dotar essas normas de eficácia, a Constituição preordena várias garantias penais apropriadas, como o dever de comunicar, imediatamente, ao juiz competente e à família ou pessoa indicada, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre; o dever da autoridade policial informar ao preso seus direitos; o direito do preso à identificação dos responsáveis por sua prisão e interrogatório policial.

Direito à integridade moral: a Constituição realçou o valor da moral individual, tornando-a um bem indenizável (art. 5º, V e X); à integridade moral do direito assume feição de direito fundamental; por isso é que o Direito Penal tutela a honra contra a calúnia, a difamação e a injúria.

Pena de morte: é vedada; só é admitida no caso de guerra externa declarada, nos termos do art. 84, XIX (art. 5º, XLVII, a).

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Eutanásia: é vedado pela Constituição; o desinteresse do indivíduo pela própria vida não exclui esta da tutela; o Estado continua a protegê-la como valor social e este interesse superior torna inválido o consentimento do particular para que dela o privem.

Aborto: a Constituição não enfrentou diretamente o tema, mas parece inadmitir o abortamento; devendo o assunto ser decidido pela legislação ordinária, especialmente a penal.

Tortura: prática expressamente condenada pelo inciso III do art. 5º, segundo o qual ninguém será submetido a tortura ou a tratamento desumano e degradante; a condenação é tão incisiva que o inciso XLIII determina que a lei considerará a prática de tortura crime inafiançável e insuscetível de graça, por ele respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-lo, se omitirem (Lei 9.455/97).

DIREITO À PRIVACIDADE

Conceito e conteúdo: A Constituição declara invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (art. 5º, X); portanto, erigiu, expressamente, esses valores humanos à condição de direito individual, considerando-o um direito conexo ao da vida.

Intimidade: se caracteriza como a esfera secreta da vida do indivíduo na qual este tem o poder legal de evitar os demais; abrangendo nesse sentido à inviolabilidade do domicílio, o sigilo de correspondência e ao segredo profissional.

Vida privada: a tutela constitucional visa proteger as pessoas de 2 atentados particulares: ao segredo da vida privada e à liberdade da vida privada.

Honra e imagem das pessoas: o direito à preservação da honra e da imagem, não caracteriza propriamente um direito à privacidade e menos à intimidade; a CF reputa-os valores humanos distintos; a honra, a imagem constituem, pois, objeto de um direito, independente, da personalidade.

Privacidade e informática: a Constituição tutela a privacidade das pessoas, acolhendo um instituto típico e específico para a efetividade dessa tutela, que é o habeas data, que será estudado mais adiante.

Violação à privacidade e indenização: essa violação, em algumas hipóteses, já constitui ilícito penal; a CF foi explícita em assegurar ao lesado, direito à indenização por dano material ou moral decorrente da violação do direito à privacidade.

DIREITO DE IGUALDADE

Introdução ao tema: as Constituições só tem reconhecido a igualdade no seu sentido jurídico-formal (perante a lei); a CF/88 abre o capítulo dos direitos individuais com o princípio que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza; reforça o princípio com muitas outras normas sobre a igualdade ou buscando a igualização dos desiguais pela outorga de direitos sociais substanciais.

Isonomia formal e isonomia material: isonomia formal é a igualdade perante a lei; a material são as regras que proíbem distinções fundadas em certos fatores; Ex: art. 7º, XXX e XXXI; a Constituição procura aproximar os 2 tipos de isonomia, na medida em que não de limitara ao simples enunciado da igualdade perante a lei; menciona também a igualdade entre homens e mulheres e acrescenta vedações a distinção de qualquer natureza e qualquer forma de discriminação.

O sentido da expressão "igualdade perante a lei": o princípio tem como destinatários tanto o legislador como os aplicadores da lei; significa para o legislador que, ao elaborar a lei, deve reger, com iguais disposições situações idênticas, e, reciprocamente, distinguir, na repartição de encargos e benefícios, as situações que sejam entre si distintas, de sorte a quinhoá-las ou gravá-las em proporção às suas diversidades; isso é que permite, à legislação, tutelar pessoas que se achem em posição econômica inferior, buscando realizar o princípio da igualização.

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Igualdade de homens e mulheres: essa igualdade já se contém na norma geral da igualdade perante a lei; também contemplada em todas as normas que vedam a discriminação de sexo (arts. 3º, IV, e 7º, XXX), sendo destacada no inciso I, do art. 5º que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; só valem as discriminações feitas pela própria Constituição e sempre em favor da mulher, por exemplo, a aposentadoria da mulher com menor tempo de serviço e de idade que o homem (arts. 40, III, e 202, I a III).

O princípio da igualdade jurisdicional: a igualdade jurisdicional ou igualdade perante o juiz decorre, pois, da igualdade perante a lei, como garantia constitucional indissoluvelmente ligada à democracia; apresenta-se sob 2 prismas: como interdição do juiz de fazer distinção entre situações iguais, ao aplicar a lei; como interdição ao legislador de editar leis que possibilitem tratamento desigual a situações iguais ou tratamento igual a situações desiguais por parte da Justiça.

Igualdade perante à tributação: o princípio da igualdade tributária relaciona-se com a justiça distributiva em matéria fiscal; diz respeito à repartição do ônus fiscal do modo mais justo possível; fora disso a igualdade será puramente formal.

Igualdade perante a lei penal: essa igualdade deve significar que a mesma lei penal e seus sistemas de sanções hão de se aplicar a todos quanto pratiquem o fato típico nela definido como crime; devido aos fatores econômicos, as condições reais de desigualdade condiconam o tratamento desigual perante a lei penal, apesar do princípio da isonomia assegurado a todos pela Constituição (art. 5º).

Igualdade "sem distinção de qualquer natureza": além da base geral em que assenta o princípio da igualdade perante a lei, consistente no tratamento igual a situações iguais e tratamento desigual a situações desiguais, é vedado distinções de qualquer natureza; as discriminações são proibidas expressamento no art. 3º, IV, onde diz que:... promever o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, e quaiquer outras formas de discriminação; proíbe também, diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor, estado civil ou posse de deficiência (art. 7º, XXX e XXXI).

O princípio da não discriminação e sua tutela penal: a Constituição traz 2 dispositivos que fundamentam e exigem normas penais rigorosas contra discriminações; diz-se num deles que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais, e outro, mais específico porque destaca a forma mais comum de discriminação, estabelecendo que a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclusão, nos termos da lei. (art. 5º, XLI e XLII).

Discriminações e inconstitucionalidade: são inconstitucionais as discriminações não autorizadas pela Constituição; há 2 formas de cometer essa inconstitucionalidade; uma consiste em outorgar benefício legítimo a pessoas ou grupos, discriminando-os favoravelmente em detrimento de outras pessoas ou grupos em igual situação; a outra forma revela-se em se impor obrigação, dever, ônus, sanção ou qualquer sacrifício a pessoas ou grupos de pessoas, discriminando-as em face de outros na mesma situação que, assim, permaneceram em condições mais favoráveis.

DIREITO DE LIBERDADE

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O problema da Liberdade: a liberdade tem um caráter histórico, porque depende do poder do homem sobre a natureza, a sociedade, e sobre si mesmo em cada momento histórico; o conteúdo da liberdade se amplia com a evolução da humanidade; fortalece-se, à medida que a atividade humana se alarga. A liberdade opõe-se ao autoritarismo, à deformação da autoridade; não porém, à autoridade legítima; o que é válido afirmar é que a liberdade consiste na ausência de coação anormal, ilegítima e imoral; daí se conclui que toda a lei que limita a liberdade precisa ser lei normal, moral e legítima, no sentido de que seja consentida por aqueles cuja liberdade restringe; como conceito podemos dizer que liberdade consiste na possibilidadede de coordenação consciente dos meios necessários à realização da felicidade pessoal. O assinalado o aspecto histórico denota que a liberdade consiste num processo dinâmico de liberação do homem de vários obstáculos que se antepõem à realização de sua personalidade: obstáculos naturais, econômicos, sociais e políticos; é hoje função do Estado promover a liberação do homem de todos esses obstáculos, e é aqui que a autoridade e liberdade se ligam. O regima democrático é uma garantia geral da realização dos direitos humanos fundamentais; quanto mais o processo de democratização avança, mais o homem se vai libertando dos obstáculos que o constrangem, mais liberdade conquista.

Liberdade e liberdades: liberdades, no plural, são formas de liberdade, que aqui, em função do Direito Constitucional positivo, distingue-se em 5 grupos: 1) liberdade da pessoa física; 2) liberdade de pensamento, com todas as suas liberdades; 3) liberdade de expressão coletiva; 4) liberdade de ação profissional; 5) liberdade de conteúdo econômico. Cabe considerar aquela que constitui a liberdade-matriz, que é a liberdade de ação em geral, que decorre do art. 5º, II, segundo o qual ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.

Liberdade da pessoa física: é a possibilidade jurídica que se reconhece a todas as pessoas de serem senhoras de sua própria vontade e de locomoverem-se desembaraçadamente dentro do território nacional; para nós as formas de expressão dessa liberdade se revelam apenas na liberdade de locomoção e na liberdade de circulação; mencionando também o problema da segurança, não como forma dessa liberdade em si, mas como forma de garantir a efetividade destas.

Liberdade de pensamento: é o direito de exprimir, por qualquer forma, o que se pense em ciência, religião, arte, ou o que for; trata-se de liberdade de conteúdo intelectual e supõe contato com seus semelhantes; inclui as liberdades de opinião, de comunicação, de informação, religiosa, de expressão intelectual, artística e científica e direitos conexos, de expressão cultural e de transmissão e recepção do conhecimento.

Liberdade de ação profissional: confere liberdade de escolha de trabalho, de ofício e de profissão, de acordo com as propensões de cada pessoa e na medida em que a sorte e o esforço próprio possam romper as barreiras que se antepõem à maioria do povo; a liberdade anunciada no acima (art. 5º, XIII), beneficia brasileiros e estrangeiros residentes, enquanto a acessibilidade à função pública sofre restrições de nacionalidade (arts. 12 § 3º, e 37, I e II); A Constituição ressalva, quanto à escolha e exercício de ofício ou profissão, que ela fica sujeita à observância das qualificações profissionais que a lei exigir, só podendo a lei federal definir as qualificações profissionais requeridas para o exercício das profissões. ( art. 22, XVI).

DIREITOS COLETIVOS

Direito à informação: o direito de informar, como aspecto da liberdade de manifestação de pensamento, revela-se um direito individual, mas já contaminado no sentido coletivo, em virtude das transformações dos meios de comunicação, que especialmente se concretiza pelos meios de comunicação social ou de massa; a CF acolhe essa distinção, no capítulo da comunicação (220 a 224). preordena a liberdade de informar completada com a liberdade de manifestação do pensamento (5º, IV).

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Direito de representação coletiva: estabelece que as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados em juízo ou fora dele (art. 5º, XXI), legitimidade essa também reconhecida aos sindicatos em termos até mais amplos e precisos, in verbis: ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas (art. 8, III).

Direito de participação: distinguiremos 2 tipos; um é a participação direta dos cidadãos no processo político e decisório (arts. 14, I e II, e 61, § 2º); só se reputa coletivo porque só pode ser exercido por um número razoável de eleitores: uma coletividade, ainda que não organizada formalmente. Outro, é a participação orgânica, às vezes resvalando para uma forma de participação corporativa, é a participação prevista no art. 10 e a representação assegurada no art. 11, as quais aparecem entre os direitos sociais. Coletivo, de natureza comunitária não-corporativa, é o direito de participação da comunidade (arts. 194, VII e 198, III).

Direito dos consumidores: estabelece que o Estado proverá, na forma da lei, a defesa do consumidor (art. 5º, XXXII), conjugando isso com a consideração do art. 170, V, que eleva a defesa do consumidor à condição de princípio da ordem econômica.

Liberdade de reunião: está prevista no art. 5º, XVI; a liberdade de reunião está plena e eficazmente assegurada, não mais se exige lei que determine os casos em que será necessária a comunicação prévia à autoridade, bem como a designação, por esta, do local de reunião; nem se autoriza mais a autoridade a intervir para manter a ordem, cabendo apenas um aviso à autoridade que terá o dever, de ofício, de garantir a realização da reunião.

Liberdade de associação: é reconhecida e garantida pelos incisos XVII a XXI do art. 5º; há duas restriçõs expressas à liberdade de associar-se: veda-se associação que não seja para fins lícitos ou de caráter paramilitar; e é aí que se encontra a sindicabilidade que autoriza a dissolução por via judicial; no mais têm as associações o direito de existir, permanecer, desenvolver-se e expandir-se livremente.

Regime das Liberdades

Eficácia das normas constitucionais sobre as liberdades: as normas constitucionais que definem as liberdades são, via de regra, de eficácia plena e aplicabilidade direta e imediata; vale dizer, não dependem de legislação nem de providência do Poder Público para serem aplicadas; algumas normas podem caracterizar-se como de eficácia contida (quando a lei restringe a plenitude desta, regulando os direitos subjetivos que delas decorrem); o exercício das liberdades não depende de normas reguladoras, porque, como foi dito, as normas constitucionais que as reconhecem são de aplicabilidade direta e imediata, sejam de eficácia plena ou eficácia contida.

Sistemas de restrições das liberdades individuais: a característica de normas de eficácia contida tem extrema importância, porque é daí que vêm os sistemas de restrições das liberdades públicas; algumas normas conferidoras de liberdade e garantias individuais, mencionam uma lei limitadora (art. 5º, VI, VII, XIII, XV, XVIII); outras limitações podem provir da incidência de normas constitucionais (art. 5º, XVI e XVII); tudo isso constitui modos de restrições de liberdadesm que, no entanto, esbarram no princípio de que é liberdade, o direito, que deve prevalecer, não podendo ser extirpado por via da atuação do Poder Legislativo nem do poder de polícia.

DIREITO DE PROPRIEDADE

Direito de Propriedade em Geral

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Fundamento constitucional: O regime jurídico da propriedade tem seu fundamento na Constituição; esta garante o direito de propriedade, desde que este atenda sua função social (art. 5º, XXII), sendo assim, não há como escapar ao sentido que só garante o direito de propriedade qua atenda sua função social; a própria Constituição dá conseqüência a isso quando autoriza a desapropriação, como pagamento mediante título, de propriedade que não cumpra sua função social (arts. 182, § 4º, e 184); existem outras normas que interferem com a propriedade mediante provisões especias (arts. 5º, XXIV a XXX, 170, II e III, 176, 177 e 178, 182, 183, 184, 185, 186, 191 e 222).

Conceito e natureza: entende-se como uma relação entre um indivíduo (sujeito ativo) e um sujeito passivo universal integrado por todas as pessoas, o qual tem o dever de respeitá-lo, abstraindo-se de violá-lo, e assim o direito de propriedade se revela como um modo de imputação jurídica de uma coisa a um sujeito.

Regime jurídico da propriedade privada: em verdade, a Constituição assegura o direito de propriedade, estabelece seu regime fundamental, de tal sorte que o Direito Civil não disciplina a propriedade, mas tão-somente as relações civis e ela referentes; assim, só valem no âmbito das relações civis as disposições que estabelecem as faculdades de usar, gozar e dispor de bens (art. 524), a plenitude da propriedade (525), etc.; vale dizer, que as normas de Direito Privado sobre a propriedade hão de ser compreendidas de conformidade com a disciplina que a Constituição lhe impõe.

Propriedade e propriedades: a Constituição consagra a tese de que a propriedade não constitui uma instituição única, mas várias instituições diferenciadas, em correlação com os diversos tipos de bens e de titulares, de onde ser cabível falar não em propriedade, mas em propriedades; ela foi explícita e precisa; garante o direito de propriedade em geral (art. 5º, XXII), mas distingue claramente a propriedade urbana (182, § 2º) e a propriedade rural (arts. 5º, XXIV, e 184, 185 e 186), com seus regimes jurídicos próprios.

Propriedade pública: a Constituição a reconhece: - ao incluir entre os bens da União aqueles enumerados no art. 20 e, entre os dos Estados, os indicados no art. 26; - ao autorizar desapropriação, que consite na transferência compulsória de bens privados para o domínio público; - ao facultar a exploração direta de atividade econômica pelo Estado (art. 173) e o monopólio (art. 177), que importam apropriação pública de bens de produção. *ver também os arts. 65 a 68 do CC; e 20, XI, e 231 da CF.

PROPRIEDADES ESPECIAIS

Propriedade autoral: consta no art. 5º, XXVII, que contém 2 normas: a primeira confere aos autores o direito exclusivo de utilizar, publicar e reproduzir suas obras; a segunda declara que esse direito é transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; o autor é, pois, titular de direitos morais e de direitos patrimoniais sobre a obra intelectual que produzir; os direitos morais são inalienáveis e irrenunciáveis; mas, salvo os de natureza personalíssima, são transmissíveis por herança nos termos da lei; já os patrimoniais são alienáveis por ele ou por seus sucessores.

Propriedade de inventos, de marcas e indústrias e de nome de empresas: seu enunciado e conteúdo denotam, quando a eficácia da norma fica dependendo de legislação ulterior: "que a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como a proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País" (art. 5º, XXIX); a lei, hoje, é a de nº 9279/96, que substitui a Lei 5772/71.

Propriedade-bem de família: segundo o inc. XXVI do art. 5º, a pequena propriedade rural, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; possui o interesse de proteger um patrimônio necessário à manutenção e sobrevivência da família.

LIMITAÇÕES AO DIREITO DE PROPRIEDADE

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Conceito: consistem nos condicionamentos que atingem os caracteres tradicionais desse direito, pelo que era tido como direito absoluto (assegura a liberdade de dispor da coisa do modo que melhoe lhe aprouver), exclusivo e perpétuo (não desaparece com a vida do proprietário).

Restrições: limitam, em qualquer de suas faculdades, o caráter absoluto da propriedade; existem restrições à faculdade de fruição, que condicionam o uso e a ocupação da coisa; à faculdade de modificação coisa; à alienabilidade da coisa, quando, por exemplo, se estabelece direito de preferência em favor de alguma pessoa.

Servidões e utilização de propriedade alheia: são formas de limitação que lhe atinge o caráter exclusivo; constituem ônus impostos à coisal; vinculam 2 coisas: uma serviente e outra dominante; a utilização pode ser pelo Poder Público (decorrente do art. 5º, XXV) ou por particular; as servidões são indenizáveis, em princípio; outra forma são as requisições do Poder Público; a CF permite as requisições civis e militares, mas tão-só em caso de iminente perigo e em tempo de guerra (art. 22, III); são também indenizáveis.

Desapropriação: é a limitação que afeta o caráter perpétuo, porque é o meio pelo qual o Poder Público determina a transferência compulsória da propriedade particularm especialmente para o seu patrimônio ou de seus delegados (arts. 5º XXIV, 182 e 184).

FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE

Conceito: não se confunde com os sistemas de limitação da propriedade; estes dizem respeito ao exercício do direito ao proprietário; aquela à estrutura do direito mesmo, à propriedade; a função social se modifica com as mudanças na relação de produção; a norma que contém o princípio da função social incide imediatamente, é de aplicabilidade imediata; a própria jurisprudência já o reconhece; o princípio transforma a propriedade capitalista, sem socializá-la; constitui o regime jurídico da propriedade, não de limitações, obrigações e ônus que podem apoiar-se em outros títulos de intervenção, como a ordem pública ou a atividade de polícia; constitui um princípio ordenador da propriedade privada; não autoriza a suprimir por via legislativa, a instituição da propriedade privada

III - DIREITOS SOCIAIS

FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS

Ordem social e direitos sociais: a CF/88 traz um capítulo próprio dos direitos sociais e, bem distanciado deste, um títuto especial sobre a ordem social, não ocorrendo uma separação radical, como se os direitos sociais não fossem algo ínsito na ordem social; o art. 6º diz que são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurançam a previdência social ......, na forma desta Constituição; esta forma é dada precisamente no título da ordem social, onde trata dos mecanismos e aspectos organizacionais desses direitos.

Direitos sociais e direitos econômicos: a Constituição inclui o direito dos trabalhadores como espécie de direitos sociais, e o trabalho como primado básico da ordem social (arts. 7º e 193); o direito econômico tem uma dimensão institucional, enquanto os sociais constituem forma de tutela pessoal; o direito ecônomico é a disciplina jurídica de atividades desenvolvidas nos mercados, visando a organizá-los sob a inspiração dominante do interesse social; os socias disciplinam situações objetivas, pessoais ou grupais de caráter concreto.

Conceito de direitos sociais: são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais.

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Classificação dos direitos sociais: à vista do Direito positivo, e com base nos arts. 6º a 11, são agrupados em 5 classes: a) direitos sociais relativos ao trabalhador; b) relativos à seguridade, compreendendo os direitos à saude, à previdência e assistência social; c) relativos à educação e cultura; d) relativos à família, criança, adolescente e idoso; e) relativos ao meio ambiente; há porém uma classicação dos direitos sociais do homem como produtor e como consumidor.

DIREITOS SOCIAIS RELATIVOS AOS TRABALHADORES

Questão de Ordem

Espécies de direitos relativos aos trabalhadores: são de duas ordens: a) os direitos em suas relações individuais de trabalho (art. 7º); b) direitos coletivos dos trabalhadores (arts. 9º a 11).

Direitos dos Trabalhadores

Destinatários: o art. 7º relaciona os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, mas seu parágrafo único assegura à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos indicados nos incisos IV, VI, VIII, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV.

Direitos reconhecidos: são direitos dos trabalhadores os enumerados nos incisos do art. 7º, além de outros que visem à melhoria de sua condição social; temos assim direitos expressamente enumerados e direitos simplesmente previstos.

Direito ao trabalho e garantia do emprego: o art. 6º define o trabalho como direito social, mas nem ele nem o art. 7º trazem norma expressa conferindo o direito ao trabalho; este ressai do conjunto de normas sobre o trabalho; no art. 1º, IV, declara que o País tem como fundamento, entre outros, os valores sociais do trabalho; o 170 estatui que a ordem econômica funda-se na valorização do trabalho; o 193 dispõe que a ordem social tem como base o primado do trabalho. A garantia de emprego significa o direito de o trabalhador conservar sua relação de emprego contra despedida arbitrária ou sem justa causa , prevendo uma indenização compensatória, caso ocorra essa hipótese (art. 7º, I).

Direitos sobre as condições de trabalho: as condições dignas de trabalho constituem objetivos dos direitos dos trabalhadores; por meio delas é que eles alcançam a melhoria de sua condição social (art. 7º, caput); a Constituição não é o lugar para se estabelecerem as condições das relações de trabalho, mas ela o faz, visando proteger o trabalhador, quanto a valores mínimos e certas condições de salários (art. 7º, IV a X), e, especialmente para assegurar a isonomia material (XXX a XXXII e XXXIV), garantir o equilíbrio entre o trabalho e descanso (XIII a XV e XVII a XIX).

Direitos relativos ao salário: quanto à fixação, a CF oferece várias regras e condições, tais como: salário mínimo, piso salarial, salário nunca inferior ao mínimo, décimo-terceiro salário, renumeração do trabalho noturno superior à do diurno, determinação que a renumeração da hora extra seja superior no mínimo 50% a do trabalho normal, salário-família, respeito ao princípio da isonomia salarial e o adicional de insalubridade; quanto à proteção do salário, possui 2 preceitos específicos: irredutibilidade do salário (inciso VI), e a proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa (inciso X).

Direitos relativos ao repouso e à inatividade do trabalhador: a Constituição assegura o repouso semanal renumerado, o gozo de férias anuais, a licença a gestante e a licença-paternidade (incisos XV e XVII a XIX).

Proteção dos trabalhadores: a CF ampliou as hipóteses de proteção, a primeira na ordem do art. 7º que aparece é a do inciso XX: proteção ao mercado de trabalho da mulher; a segunda é a do inciso XXII, forma de segurança do trabalho; a terceira do inciso XXVII, prevê a proteção em face da automação, na forma da lei; a quarta é a do inciso XXVIII, que estabelece o seguro contra acidentes de trabalho; cabe observar que os dispositivos que garantem a isonomia e não discriminação (XXX a XXXII) também possuem uma dimensão protetora do trabalhador.

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Direitos relativos aos dependentes do trabalhador: o da maior importância social é o direito previsto no inc. XXV, do art.7º, pelo qual se assegura assistência gratuita aos filhos e dependentes do trabalhador desde o nascimento até 6 anos de idade em creches e pré-escolas.

Participação nos lucros e co-gestão: diz-se que é direito dos trabalhadores a participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da renumeração, e, excepcionalmente, a participação na gestão da empresa, conforme definido em lei (art. 7º, XI); o texto fala em participação nos lucros, ou resultados; são diferentes; resultados, consistem na equação positiva ou negativa entre todos os ganhos e perdas; lucro bruto é a diferença entre a receita líquida e custos de produção dos bens e serviços da empresa; a participação na gestão da empresa só ocorrerá quando a coletividade trabalhadora da empresa, por si ou por uma comissão, um conselho, um delegado ou um representante, fazendo parte ou não dos órgãos diretivos dela, disponha de algum poder de co-decisão ou pelo menos de controle.

DIREITOS COLETIVOS DOS TRABALHADORES

Liberdade de associação ou sindical: são mencionados no art. 8º, 2 tipos de associação: a profissional e a sindical; a diferença é que a sindical é uma associação profissional com prerrogativas especiais, tais como: defender os direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, participar das negociações coletivas, eleger ou designar representantes da respectiva categoria, impor contribuições; já a associação profissional não sindical se limita a fins de estudo, defesa e coordenação dos interesses econômicos e profissionais de seus associados. A Constituição contempla e assegura amplamente a liberdade sindical em todos os seus aspectos; a liberdade sindical implica efetivamente: a liberdade de fundação de sindicato, a liberdade de adesão sindical, a liberdade de atuação e a liberdade de filiação. A participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho é obrigatória, por força do art. 8º, VI. O inciso IV, do referido artigo autoriza a assembléia geral a fixar a contribuição sindical que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, independente da contribuição prevista em lei.(arts. 578 a 610 da CLT). Sobre a pluracidade ou unicidade sindical, a CF adotou a unicidade, conforme o art. 8º, II.

Direito de greve: a Constituição assegurou o direito de greve, por si própria (art. 9º); não o subordinou a eventual previsão em lei; greve é o exercício de um poder de fato dos trabalhadores com o fim de realizar um abstenção coletiva do trabalho subordinado.

Direito de substituição processual: consiste no poder que a Constituição conferiu aos sindicatos de ingressar em juízo na defesa de direitos e interesses coletivos e individuais da categoria.

Direito de participação laboral: é direito coletivo de natureza social (art. 10), segundo o qual é assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão.

Direito de representação na empresa: está consubstanciado na art. 11, segundo o qual, nas empresas de mais de 200 empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

DIREITOS SOCIAIS DO HOMEM CONSUMIDOR

Direitos Sociais Relativos à Seguridade

Seguridade social: A Constituição acolheu uma concepção de seguridade social, cujos objetivos e princípios se aproximam bastante daqueles fundamentais, ao defini-la como "um conjunto de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social" (194).

Direito à saúde: a CF declara ser a saúde direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos a ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, serviços e ações que são de relevância pública (196 e 197).

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Direito à previdência social: funda-se no princípio do seguro social, de sorte que os benefícios e serviços se destinam a cobrir eventos de doença, invalidez, morte, velhice e reclusão, apenas do segurado e seus dependentes. (201 e 202)

Direito à assistência social: constitui a face universalizante da seguridade social, porque será prestada a quem dele necessitar, independentemente de contribuição (art. 203).

Direitos Sociais Relativos à Educação e à Cultura

Significação constitucional: a CF/88 deu releventa importância à cultura, formando aquilo que se denomina ordem constitucional da cultura, ou constituição cultural, constituiída pelo conjunto de normas que contêm referências culturais e disposições consubstanciadoras dos direitos sociais relativos à educação e à cultura. (5º, IX, 23, III a V, 24, VII a IX, 30, IX, e 205 a 2017).

Objetivos e princípios informadores da educação: os objetivos estão previstos no art. 205: a) pleno desenvolvimento da pessoa; b) preparo da pessoa para o exercício da cidadania; c) qualificação da pessoa para o trabalho; os princípios estão acolhidos no art. 206: universalidade, igualdade, liberdade, pluralismo, gratuidade do ensíno públido, valorização dos respectivos profissionais, gestão democrática da escola e padrão de qualidade.

Direito à educação: o art. 205 contém uma declaração fundamental, que combinada com o art. 6º, eleva e educação ao nível dos direitos fundamentais do homem; aí se afirma que a educação é direito de todos, realçando-lhe o valor jurídico, com a cláusula a educação é dever do Estado e da família (art. 205 e 227).

Direito à cultura: os direitos culturais são: a) direito de criação cultural; b) direito de acesso às fontes da cultura nacional; c) direito de difusão da cultura; d) liberdade de formas de expressão cultural; e) liberdade de manifestações culturais; f) direito-dever estatal de formação de patrimônio cultural e de proteção dos bens de cultura, que, assim, ficam sujeitos a um regime jurídico especial, como forma de propriedade de interesse público (215 e 216).

DIREITO AMBIENTAL

Direito ao lazer: a Constituição menciona o lazer apenas no art. 6º e faz ligeira referência no art. 227, e nada mais diz sobre esse direito social; como visto, ele está muito associado aos direitos dos trabalhadores relativos ao repouso.

Direito ao meio ambiente:o art. 225 estatui que, todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

DIREITOS SOCIAIS DA CRIANÇA E DOS IDOSOS

Proteção à maternidade e à infância: está prevista no art. 6º como espécie de direito social, mas seu conteúdo há de ser buscado em mais de um dos capítulos da ordem social, onde aparece com aspectos do direito de previdência social, de assistência social e no capítulo da família, da criança, do adolescente e do idoso (art. 227), sendo de ter cuidado para não confundir o direito individual da criança , com seu direito social, que aliás coincide, em boa parte, com o de todas as pessoas, com o direito civil e com o direito tutelar do menos (art. 227, § 3º, IV a VII, e § 4º).

Direito dos idosos: além dos direitos, previdenciário (201, I) e assintenciário (203, I), o art. 230, estatui que a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando a sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida, bem como a gratuidade dos transportes coletivos urbanos e, tanto quanto possível a convivência em seu lar.

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IV - DIREITO DE NACIONALIDADE

Conceito de Nacionalidade: segundo Pontes de Miranda, nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado; no Direito Constitucional vigente, os termos nacionalidade e cidadania, ou nacional e cidadão, têm sentido distinto; nacional é o brasileiro nato ou naturalizado; cidadão qualifica o nacional no gozo dos direitos políticos e os participantes da vida do Estado.

Natureza do direito de nacionalidade: os fundamentos sobre a aquisição da nacionalidade é matéria constitucional, mesmo naqueles casos em que ela é considerada em textos de lei ordinária.

Nacionalidade primária e nacionalidade secundária: a primária resulta de fato natural - o nascimento -; a secundária é a que se adquire por fato voluntário, depois do nascimento.

Modos de aquisição de nacionalidade: são 2 os critérios para a determinação da nacionalidade primária: a) critério de sangue, se confere a nacionalidade em função do viínculo de sanguem reputando-se os nacionais ou dependentes de nacionais; b) o critário de origem territorial, pelo qual se atribui a nacionalidade a quem nasce no território do Estado de que se trata. Os modos de aquisição da nacionalidade secundária dependem da vontade: a) do indivíduo; b) do Estado.

O polipátrida e o "heimatlos": polipátrida é quem tem mais de uma nacionalidade, o que acontece quando sua situação de nascimento se vincula aos 2 critérios de determinação de nacionalidade primária; Heimatlos, consiste na situação da pessoa que, dada a circunstância de nascimento, não se vincula a nenhum daqueles critérios, que lhe determinariam uma nacionalidade; geram um conflito de nacionalidade, que pode ser positivo ou negativo. O sistema constitucional brasileiro, oferece um mecanismo adequado para solucionar os conflitos de nacionalidade negativa em que se vejam envolvidos filhos de brasileiros (art. 12, I, b e c).

DIREITO DE NACIONALIDADE BRASILEIRA

Fonte constitucional do direito de nacionalidade: estão previstos no art. 12 da Constituição; só esse dispositivo diz quais são os brasileiros, distinguindo-se em 2 grupos, com consequência jurídicas relevantes: os brasileiros natos (art. 12, I), e o brasileiros naturalizados (art. 12, II).

Os brasileitos natos: o art. 12, I, dá os critérios e pressupostos para que alguém seja considerado brasileito nato, revelando 4 situações definidoras de nacionalidade primária no Brasil, são elas: 1) os nascidos no Brasil, quer sejam filhos de pais brasileiros ou de pais entrangeiros, a não ser que estejam em serviço oficial; 2) os nascidos no exterior, de pai ou mãe brasileiros, desde que qualquer deles esteja a serviço do Brasil; 3) os nascidos no exterior, de pai ou mãe brasileiros, desde que venham a residir no Brasil antes da maioridade e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira; 4) os nascidos no exterior, registrados em repartição brasileira competente.

Os brasileiros naturalizados: o art. 12, II, prevê o processo de naturalização, só reconhecendo a naturalização expressa, aquela que depende de requerimento do naturalizando, e compreende 2 classes: a) ordinária: é a concedida ao estrangeiro residente no país, que preencha os requisitos previstos na lei de naturalização, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral (art. 12, I, a); b) extraordinária: é reconhecida aos estrangeiros, residente no Brasil há mais de 15 anos i ninterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Condição jurídica do brasileiro nato: essa condição dá algumas vantagens em relação ao naturalizado, como a possibilidade de exercer todos os direitos conferidos no ordenamento pátrio, observados os critérios para isso, mas também ficam sujeitos aos deveres impostos a todos; as distinções são só aquelas consignadas na Constituição (art. 12, § 2º).

Condição jurídica do brasileiro naturalizado: as limitações aos brasileiros naturalizados são as previstas nos arts. 12, § 3º, 89, VII, 5º, LI, 222.

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Perda de nacionalidade brasileira: perde a nacionalidade o brasileiro que: a) tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; b) adquirir outra nacionalidade (art. 12, § 4º), salvo nos casos de reconhecimento de de nacionalidade originária pela lei estrangeira; e imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente no Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para exercício de direitos civis (redação da ECR-3/94).

Reaquisição da nacionalidade brasileira: salvo se o cancelamento for feito em ação rescisória, aquele que teve a naturalização cancelada nunca poderá recuperar a nacionalidade brasileira perdida; o que a perdeu por naturalização voluntária poderá readquiri-la ,por decreto do Presidente, se estiver domiciliado no Brasil (Lei 818/49, art. 36); cumpre-se notar que a reaquisição da nacionalidade opera a partir do decreto que a conceder, não tendo efeito retroativo, apenas recupera a condição que perdera.

CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO NO BRASIL

O estrangeiro: reputa-se entrangeiro no Brasil, quem tenha nascido fora do território nacional que, por qualquer forma prevista na Constituição, não adquira a nacionalidade brasileira.

Especial condição jurídica dos portugueses no Brasil: a CF favorece os portugueses residentes no país, apesar desse dispositivo ser muito defeituoso e incompreensível, quando declara que aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro nato, salvo os casos previstos nesta Constituição; ora, se se ressalvam casos previstos, a constituição não tem ressalva alguma aos direitos inerentes ao brasileiros natos.

Locomoção no território nacional: a liberdade de locomoção no território nacional é assegurada a qualquer pessoa (art. 5º, XV); a lei condiciona o direito de qualquer pessoa entrar no território nacional, nele permanecer ou dele sair, só ou com seus bens ( Lei 6815/80, alterada pela Lei 6964/81). Entrada: satisfazendo as condições estabelecidas na lei, obtendo o visto de entrada, conforme o caso, não o concedendo aos menores de 18 anos, nem a estrangeiros nas situações enumeradas no art. 7º da referida lei; o visto não cria direito subjetivo, mas mera expectativa de direito; Permanência: estada sem limitação de tempo, assim que obtenha o visto para fixar-se definitivamente; Saída: pode seixar o território com o visto de saída.

Aquisição e gozo dos direitos civis: o princípio é o de que a lei não distingue entre nacionais e estrangeiros quanto à aquisição e ao gozo dos direitos civis (CC, art. 3º); porém, existem limitações aos estrangeiros estabelecidas na Constituição, de sorte que podermos asseverar que eles só não gozam dos mesmos direitos assegurados aos brasileiros quando a própria Constituição autorize a distinção. Exs: arts. 190, 172, 176,§ 1º, 222, 5º, XXXI,227, § 5)

Gozo dos direitos individuais e sociais: é assegurado aos entrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, a liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, esse com restrições; quanto aos sociais, ela não assegura, mas também não restringe.

Não aquisição de direitos políticos: os estrangeiro não adquirem direitos políticos (art. 14, § 2º).

Asilo político: a Constituição prevê a concessão do asilo político sem restrições, considerando como um dos princípios que regem as relações internacionais do Brasil (art. 4º, X); consiste no recebimento de estrangeiros no território nacional, a seu pedido, sem os requisitos de ingresso, para evitar punição ou perseguição no seu país por delito de natureza politica ou ideológica.

Extradição: compete a Únião legislar sobre extradição (art. 22, XV), vigorando sobre ela os arts. 76 a 94 da Lei 6815/80; mas a CF traça limites à possibilidade de extradição quanto à pessoa acusada e quando à natureza do delito, vetando os crimes políticos ou de opinião por estrangeiro, e de modo absoluto os brasileiros natos; cabe ao STF processar e julgar ordinariamente a extradição solicitada por Estado estrangeiro.

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Expulsão: é passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à convivência e aos interesses nacionais, entre outros casos previstos em lei; fundamenta-se na necessidade de defesa e conservação da ordem interna ou das relações internacionais do Estado interessado.

Deportação: fundamenta-se no fato de o estrangeiro entrar ou permanecer irregularmente no território nacional; decorre do não cumprimento dos requisitos.

V - DIREITO DE CIDADANIA

DIREITOS POLÍTICOS

Conceito e abrangência: Os direitos políticos consistem na disciplina dos meios necessários ao exercício da soberania popular; a Constituição emprega a expressão direitos políticos, em seu sentido estrito, como o conjunto de regras que regula os problemas eleitorais.

Modalidades de direitos políticos: o núcleo fundamental dos direitos políticos consubstancia-se no direito de votar e ser votado, possibilitando-se falar em direitos políticos ativos e passivos, sem que isso constitua divisão deles, são apenas modalidades de seu exercício ligadas à capacidade eleitoral ativa, consubstanciada nas condições do direito de votar (ativo), e à capacidade eleitoral passiva, que assenta na elegibilidade, atributo de quem preenche as condições do direito de ser votado (passivo).

Aquisição de cidadania: os direitos de cidadania adquirem-se mediante alistamento eleitoral na forma da lei; a qualidade de eleitor decorre do alistamento, que é obrigatório para os maiores de 18 anos e facultativo para os analfabetos, os maiores de 70 anos e maiores de 16 e menores de 18 (art. 14, § 1º, I e II); pode-se dizer, então que a cidadania se adquire com a obtenção da qualidade de eleitor, que documentalmente se manifesta na posse do título de eleitor válido.

DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS

Conceito: consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo de participação no processo político e nos órgãos governamentais, garantindo a participação do povo no poder de dominação política por meio das diversas modalidade de sufrágio.

Instituições: as instituições fundamentais são as que configuram o direito eleitoral, tais como o direito de sufrágio e os sistemas e procedimentos eleitorais.

Direito de Sufrágio

Conceito e funções do sufrágio: as palavras sufrágio e voto são empregadas comumente como sinônimas; a CF, no entanto, dá-lhes sentido diferentes, especialmente no seu art. 14, por onde se vê que sufrágio é universal e o voto é direto, secreto e tem valor igual; o sufrágio é um direito público subjetivo de natureza política, que tem o cidadão de eleger, ser eleito e de participar da organização e da atividade do poder estatal; nele consubstancia-se o consentimento do povo que legitima o exercício do poder; aí estando sua função primordial, que é a seleção e nomeação das pessoas que hão de exercer as atividades governamentais.

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Forma de sufrágio: o regime político condiciona as formas de sufrágio ou, por outras palavras, as formas de sufrágio denunciam, em princípio, o regime; se este é democrático, será universal (quando se outorga o direito de votar a todos as nacionais de um país, sem restrições derivadas de condições de nascimento, de fortuna e de capacidade especial. - art. 14 - ); o sufrágio restrito ( quando só é conferido a indivíduos qualificados por condições econômicas ou de capacidade especiais) revela um regime elitista, autocrático ou oligárquico; o Direito Constitucional brasileiro respeita o princípio da igualdade do direito de voto, adotando-se a regra de que a cada homem vale um voto, no sentido de que cada eleitor de ambos os sexos tem direito a um voto em cada eleição e para cada tipo de mandato.

esse assunto merece uma leitura mais ampla.

Natureza do sufrágio: é um direito público subjetivo democrático, que cabe ao povo nos limites técnicos do princípio da universalidade e da igualdade de voto e de elegibilidade; fundamenta-se no princípio da soberania popular por meio de represantes.

Titulares do direito de sufrágio: diz-se ativo (direito de votar) e passivo (direito de ser votado); aquele caracteriza o eleitor, o outro, o elegível; o primeiro é pressuposto do segundo, pois, ninguém tem o direito de ser votado, se não for titular do direito de votar.

Capacidade eleitoral ativa: depende das seguintes condições: nacionalidade brasileira, idade mínima de 16 anos, posse de título eleitoral e não ser conscrito em serviço militar obrigatório.(art. 14)

Exercício do sufrágio: o voto: o voto é o ato fundamental do exercício do direito de sufrágio, no que tange sua função eleitoral; é a sua manifestação no plano prático.

Natureza do voto: a questão se oferece quanto a saber se o voto é um direito, uma função ou um dever; qué é um direito já o admitimos acima; é, sim, uma função, mas função de soberania popular, na medida em que traduz o instrumento de atuação desta; nesse sentido, é aceitável a sua imposição como um dever; daí se conclui que o voto é um direito público subjetivo, uma função social e um dever, ao mesmo tempo.

Caracteres do voto: eficácia, sinceridade e autenticidade são atributos que os sistemas eleitorais democráticos procuram conferir ao voto; para tanto, hão de garantir-lhe 2 caracteres básicos: personalidade e liberdade; a personalidade do voto é indispensável para a realização dos atributos da sinceridade e autenticidade, significando que o eleitor deverá estar presente e votar ele próprio, não se admitindo, os votos por correspondência ou por procuração; a liberdade de voto é fundamental para sua autenticidade e eficácia, manifestando-se não apenas pela preferência a um ou outro candidato, mas também pela faculdade de votar em branco ou de anular o voto, direito esse, garantido pelo voto secreto; o sigilo do voto é assegurado mediante as seguintes providências: 1) uso de cédulas oficiais; 2) isolamento do eleitor em cabine indevassável; 3) verificação da autenticidade da cédula oficial; 4) emprego de urna que assegure a inviolabilidade do sufrágio e seja suficientemente ampla para que não acumulem as cédulas na ordem em que forem introduzidas pelo próprio eleitor, não se admitindo que outro o faça. (art. 103, Lei 4737/65)

Organização do eleitorado: o conjunto de todos aqueles detêm o direito de sufrágio forma o eleitorado; de acordo com o direito eleitoral vigente, o eleitorado está organizado segundo 3 tipos de divisão territorial, que são as circunscrições eleitorais e zonas eleitorais e, nestas, os eleitores são agrupados em seções eleitorais que não teram mais de 400 eleitores nas capitais e de 300 nas demais localidades, nem menos de 50, salvo autorização do TRE em casos excepcionais (art. 117, Lei 4737/65).

Elegibilidade e condições de elegibilidade: consiste no direito de postular a designação pelos eleitores a um mandado político no Legislativo ou no Executivo; as condições de elegibilidade e as inelegibilidade variam em razão da natureza ou tipo de mandato pleiteado; a CF arrola no art. 14, § 3º, as condições de elegibilidade, na forma da lei, isso porque algumas da condições indicadas dependem de forma estabelecida em lei; as inegebilidades constam nos §§ 4º a 7º e 9º do mesmo artigo, além de outras que podem ser previstas em lei complementar.

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SISTEMAS ELEITORAIS

As eleições: a eleição não passa de um concurso de vontades juridicamente qualificadas visando operar a designação de um titular de mandato eletivo; as eleições são procedimentos técnicos para a designação de pessoas para um cargo ou para a formação de assembléias; o conjunto de técnicas e procedimentos que se empregam na realização das eleições, destinados a organizar a representação do povo no território nacional, se designa sistema eleitiral.

Reeleição: significa a possibilidade que a Constituição reconhece ao titular de um mandato eletivo de pleitear sua própria eleição para um mandato secessivo ao que está desempenhando.

O sistema majoritário: por esse sistema, a representação, em dado território, cabe ao candidato ou candidatos que obtiverem a maioria dos votos; primeiramente ele se conjuga com o sistema de eleições distritais, nos quais o eleitor há de escolher entre candidatos individuais em cada partido, isto é, haverá apenas um candidato por partido; em segundo lugar pode ser simples, com maioria simples, como pode ser por maioria absoluta; o Direito Constitucional brasileiro consagra o sistema majoritário: a) por maioria absoluta, para a eleição do Presidente (77), do Governador (28) e do Prefeito (29, II); b) por maioria relativa, para a eleição de Senadores Federais.

O sistema proporcional: é acolhido para a eleição dos Deputados Federais (45), se estendendo às Assembléias Legislativas e às Câmaras de Vereadores; por ele, pretende-se que a representação em determinado território, se distribua em proporção às correntes ideológicas ou de interesse integrada nos partidos políticos concorrentes; o sistema suscita os problemas de saber quem é considerado eleito e qual o número de eleitos por partido, sendo, por isso, necessário determinar:

votos válidos: para a determinação do quociente eleitoral contam-se, como válidos, os votos dados à legenda partidária e os votos de todos os candidatos; os votos nulos e brancos não entram na contagem (77, § 2º).

Quociente eleitoral: determina-se o quociente eleitoral , dividindo-se o número de votos válidos pelo número de lugares a preencher na Câmara dos Deputados, ou na Assembléia Legislativa estadual, ou na Câmara Municipal, conforme o caso, desprezada a fração igual ou inferior a meio, arredondando-se para 1, a fração superior a meio.

Quociente partidário: é o número de lugares cabível a cada partido, que se obtém dividindo-se o número de votos obtidos pela legenda pelo quociente eleitoral, desprezada a fração.

Distribuição de restos: para solucionar esse problema da distribuição dos restos ou das sobras, o direito brasileiro adotou o método da maior média, que consiste no seguinte: adiciona-se mais 1 lugar aos o que foram obtidos por cada um dos partidos; depois, toma-se o número de votos válidos atribuídos a cada partido e divide-se por aquela soma; o primeiro lugar a preencher caberá ao partido que obtiver a maior média; repita-se a mesma operação tantas vezes quantos forem os lugares restantes que devem ser preenchidos, até sua total distribuição entre os diversos partidos. (Código Eleitoral, art. 109)

é bom observar os exemplos nas páginas 374 e ss. do livro.

O sistema misto: existem 2 tipos: o alemão, denomidado sistema de eleição proporcional "personalizado", que procura combinar o princípio decisório da eleição majotirária com o modelo representativo da eleição proporcional; e o mexicano, que busca conservar o sistema eleitoral misto, mas com um aumento da representação proporcional, com predomínio do sistema de maioria. No Brasil, houve tentativa de implantar um chamado sistema misto majoritário e proporcional por distrito, na forma que a lei dispusesse; a EC 22/82 é o que previu.

PROCEDIMENTO ELEITORAL

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Apresentação de candidatos: o procedimento eleitoral visa selecionar e designar as autoridades governamentais; portanto, há de começar pela apresentação dos candidatos ao eleitorado; a formação das candidaturas ocorrem em cada partido, segundo o processo por ele estabelecido, pois a CF garante-lhes autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento (17, § 1º); o registro das candidaturas é feito após a escolha, cumpre ao partido providenciar-lhes o registro consoante, cujo procedimento esta descrito nos arts. 87 a 102 do Código Eleitoral; Propaganda: é regulada pelos arts. 240 a 256 do Código Eleitoral.

O escrutínio: é o modo pelo qual se recolhem e apuram os votos nas eleições; e é nesse momento que devem concretizar-se as garantias eleitorais do sigilo e da liberdade de voto (arts. 135 a 157, e 158 a 233, Código Eleitoral).

O contencioso eleitoral: cabe a Justiça Eleitoral, e tem por objetivo fundamental assegurar a eficácia das normas e garantias eleitorais e, especialmente, coibir a fraude, buscando a verdade e a legitimodade eleitoral. (arts. 118 a 121)

DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS

Conceito: são àquelas determinações constitucionais que, de uma forma ou de outra, importem em privar o cidadão do direito de participação no processo político e nos órgãos governamentais.

Conteúdo: compõem-se das regras que privam o cidadão, pela perda definitiva ou temporária, da totalidade dos direitos políticos de votar e ser votado, bem como daquelas regras que determinam restrições à elegibilidade do cidadão.

Interpretação: a interpretação das normas constitucionais ou complementares relativas aos direitos políticos deve tender à maior compreensão do princípio, deve dirigir-se ao favorecimento do direito de votar e de ser votado, enquanto as regras de privação e restrição hão de entender-se nos limites mais estreitos de sua expressão verbal, segundo as boas regras de hermenêutica.

PRIVAÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS

Modos de privação dos direitos políticos: a privação definitiva denomina-se perda dos direitos políticos; a temporária é sua suspensão; a Constituição veda a cassação de direitos políticos, e só admite a perda e suspensão nos casos indicados no art. 15.

Perda dos direitos políticos: consiste na privação defeinitiva dos direitos políticos, com o que o indivíduo perde sua condição de eleitor e todos os direitos de cidadania nela fundados.

Suspensão dos direitos políticos: consiste na sua privação temporária; só pode ocorrer por uma dessas três causas: incapacidade civil absoluta; condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; improibidade administrativa.

Competência para decidir sobre a perda e suspensão de direitos políticos: decorre de decisão judicial, porque não se pode admitir a aplicação de penas restritivas de direito fundamental por via que não seja a judiciária, quando a Constituição não indique outro meio; o Poder Judiciário é o único que tem poder para dirimir a questão, em processo suscitado pelas autoridades federais em face de caso concreto.

REAQUISIÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS

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Reaquisição dos direitos políticos perdidos: é regulada no art. 40 da Lei 818/49, que continua em vigor sobre a matéria; a regra é, quem os perdeu em razão da perda de nacionalidade brasileira, readquirida esta, ficará obrigado a novo alistamento eleitoral, reavendo, assim, seus direitos políticos; os perdidos em conseqüência da escusa de consciência (art. 40 da Lei 818/49), admite-se uma analogia à Lei 8239/91, que prevê essa reaquisição, quando diz que o inadimplente poderá a qualquer tempo, regularizar sua situação mediante cumprimento das obrigações devidas (art. 4º, § 2º).

Reaquisição dos direitos políticos suspensos: não há norma expressa que preveja os casos e condições dessa reaquisição; essa circunstância, contudo, não impossibilita a recuperação desses direitos que se dará automaticamente com a cessação dos motivos que determinaram a suspensão.

INELEGIBILIDADES

Conceito: Inelegibilidade revela impedimento à capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado).

Objeto e fundamento: têm por objeto proteger a proibidade administrativa, a normalidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e a legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta (art. 14, § 9º); possuem um fundamento ético evidente, tornando-se ilegítimas quando estebelecidas com fundamento político ou para assegurarem o domínio do poder por um grupo que o venha detendo.

Eficácia das normas sobre inelegibilidades: as normas contidas nos §§ 4º a 7º, do art. 14, são de eficácia plena e aplicabilidade imediata; para incidirem, independem de lei complementar referida no § 9º do mesmo artigo.

Inelegibilidades absolutas e relativas: as absolutas implicam impedimento eleitoral para qualquer gargo eletivo; as relativas constituem restrições à elegibilidade para determinados mandatos em razão de situações especiais em que, no momento da eleição se encontre o cidadão; podem ser por motivos funcionais, de parentesco ou de domicílio.

Desincompatibilização: dá-se também o nome de desincompatibilização ao ato pelo qual o candidato se desvencilha da inelegibilidade a tempo de concorrer à eleição cogitada; o mesmo termo, tanto serve para designar o ato, mediante o qual o eleito sai de uma situação de incompatibilidade para o exercício do mandato, como para o candidato desembaraçar-se da inelegibilidade.

DOS PARTIDOS POLÍTICOS

Noção de partido político: é uma forma de agremiação de um grupo social que se propõe organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de governo.

Sistemas partidários: sistema de partido, consiste no modo de organização partidária de um país; os diferentes modos de organização possibilitam o surgimento de 3 tipos de sistema: a) o de partido único, ou unipartidário; b) o de dois partidos, ou bipartidarismo; c) o de 3, 4, ou mais partidos, denominado sistema pluripartidário, ou multipartidário; neste último se inclui o sistema brasileiro nos termos do art. 17.

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Institucionalização jurídico-constitucional dos partidos. Controle: a ordenação constitucional e legal dos partidos traduz-se num condicionamento de sua estrutura, seu programa e suas atividades, que deu lugar a um sistema de controle, consoante se adote uma regulamentação maximalista (maior intervenção estatal) ou minimalista (menor); a Constituição vigente liberou a criação, organização e funcionamento de agremiações partidárias, numa concepção minimalista, sem controle quantitativo (embora o possibilite por lei ordinária), mas com previsão de mecanismos de controle qualitativo (ideológico), mantido o controle financeiro; o controle financeiro impões limites à apropriação dos recursos financeiros dos partidos, que só podem buscá-los em fontes estritamente indicadas, sujeitando-se à fiscalização do Poder Público.

Função dos partidos e partido de oposição: a doutrina, em geral, admite que os partidos têm por função fundamental, organizar a vontade popular e exprimi-la na busca do poder, visando a aplicação de seu programa de governo; o pluripartidarismo pressupões maioria governante e minoria discordante; o direito da maioria pressupões a existência do direito da minoria e da proteção desta, que é função essencial a existência dos direitos fundamentais do homem; decorrem, pois, do texto constitucional (17), a necessidade e os fundamentos de partidos de oposição.

Natureza jurídica dos partidos: se segundo o § 2º, do art. 17, adquirem personalidade na forma da lei civil é porque são pessoas jurídicas de direito privado

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE ORGANIZAÇÃO PARTIDÁRIA

Liberdade partidária: afirma-se no art. 17, nos termos seguintes: é livre a criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos políticos, resguardados a soberania nacional¸ o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana, condicionados, no entanto, a serem de caráter nacional, a não receberem recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiro ou a subordinação a estes, a prestarem contas à Justiça Eleitoral e a terem funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

Condicionamentos à liberdade partidária: ela é condicionada à vários princípios que confluem, em essência, para seu compromisso com o regime democrático.

Autonomia e democrácia partidária: a idéia que sai do texto constitucional (art. 17, § 1º) é a de que os partidos hão que se organizar e funcionar em harmonia com o regime democrático e que sua estrutura interna também fica sujeita ao mesmo princípio; a autonomia é conferida na suposição de que cada partido busque, de acordo com suas concepções, realizar uma estrutura interna democrática.

Disciplina e fidelidade partidária: pela CF, não são uma determinante da lei, mas uma determinante estatutária; os estatutos dos partidos estão autorizados a prever sanções para os atos de indisciplina e de infidelidade, que poderão ir de simples advertência até a exclusão; mas a Constituição não permite a perda de mandato por infidelidade partidária, até o veda.

PARTIDOS E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA

Partidos e elegibilidade: os partidos destinam-se a assegurar a autenticidade do sistema representativo, sendo assim, canais por onde se realiza a representação política do povo, não se admitindo candidaturas avulsas, pois ninguém pode concorrer a eleições se não for registrado num partido (14, § 3º, V).

Partidos e exercício do mandato: uma das conseqüências da função representativa dos partidos é que o exercício do mandato político, que o povo outorga aseus representantes, faz-se por intermédio deles, que, desse modo, estão de permeio entre o povo e o governo, mas não no sentido de simples intermediários entre 2 pólos opostos ou alheios entre si, mas como um instrumento por meio do qual o povo governa.

Sistema partidário e sistema eleitoral: ambos formam os dois mecanismos de expressão da vontade popular na escolha dos governantes; a circunstância de ambos se voltarem para um mesmo objetivo imediato (a organização da vontade popular) revela a influência mútua entre eles, a ponto de a doutrina definir condicionamentos específicos do sistema eleitoral sobre o de partidos.

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VI - GARANTIAS CONSTITUCIONAIS

DIREITOS E SUA GARANTIAS

Garantia dos direitos: os direitos são bens e vantagens conferidos pela norma, enquanto as garantias são meios destinados a fazer valer esses direitos, são instrumentos pelos quais se asseguram o exercício e gozo daqueles bens e vantagens.

Garantias constitucionais dos direitos: se caracterizam como imposições, positivas ou negativas, especialmente aos órgãos do Poder Público, limitativas de sua conduta, para assegurar a observância ou, o caso, inobservância do direito violado.

Confronto entre direitos e garantias: a lição de Ruy Barbosa: convém olhar os exemplos que estão nas páginas 414 e ss., para entender o assunto, que é muito extenso para resumir, sendo necessário olhar na íntegra.

Classificação das garantias constitucionais especiais: nos termos do Direito Constitucional positivo, elas se agrupam: 1) Garantias constitucionais individuais, compreendendo: princípio da legalidade, da proteção judiciária, a estabilidade dos direitos subjetivos adquiridos, perfeitos e julgados, à segurança, e os remédios constitucionais; 2) garantias dos direitos coletivos; 3) dos direitos sociais; 4) dos direitos políticos.

GARANTIAS CONSTITUCIONAIS INDIVIDUAIS

Conceito: usaremos a expressão para exprimir os meios, instrumentos, procedimentos e instituições destinados a assegurar o respeito, a efetividade do gozo e a exigibilidade dos direitos individuais, os quais se encontram ligados a estes entre os incisos do art. 5º.

Classificação: apenas agruparemos em função de seu objeto em legalidade, proteção judiciária, estabilidade dos direitos subjetivos, segurança jurídica e remédios constitucionais.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Conceito e fundamento constitucional: o princípio da legalidade sujeita-se ao império da lei, mas da lei que realize o princípio da igualdade e da justiça não pela sua generalidade, mas pela busca da igualização das condições dos socialmente desiguais; está consagrado no inciso II, do art. 5º, segundo o qual ningum será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.

Legalidade e reserva de lei: o primeiro (genérica) significa a submissão e o respeito à lei; o segundo ( legalidade específica) consiste em estatuir que a regulamentação de determinadas matérias há de fazer-se necessariamente por lei formal; tem-se a reserva legal quando uma norma constitucional atribui determinada matéria exclusivamente à lei formal, subtraindo-a, com isso. à disciplina de outras fontes, àquelas subordinadas.

Legalidade e legitimidade: o princípio da legalidade de um Estado Democrático de Direito assenta numa ordem jurídica emanada de um poder legítimo, até porque, se o poder não for legítimo, o Estado não será Democrático de Direito, como proclama a Constituição (art. 1º); o princípio da legalidade funda-se no princípio da legitimidade.

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Legalidade e poder regulamentar: cabe ao Presidente da República o poder regulamentar para fiel execução da lei e para dispor sobre a organização e o funcionamento da administração federal, na forma da lei (art. 84, IV e VI); o princípio é o de que o poder regulamentar consiste num poder administrativo no exercício de função normativa subordinada, qualquer que seja seu objeto; significa que se trata de poder limitado; não é poder legislativo.

Legalidade e atividade administrativa: Lembra Hely Lopes Meirelles que a eficácia de toda a atividade administrativa está condicionada ao atendimento da lei; na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal, só é permitido fazer o que a lei autoriza; no art. 37, esta o princípio segundo o qual a Administração Pública obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade.

Legalidade tributária: esse princípio da estrita legalidade tributária compõe-se de 2 princípios que se complementam: o da reserva legal e o da anterioridade da lei tributária (art. 150, I e III), havendo exceções, como a do art. 153, § 1º.

Legalidade penal: não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem cominação legal (art. 5º, XXXIX); o princípio se contempla com outro, o que prescreve a não ultratividade da lei penal (XL).

Princípios complementares do princípio da legalidade: a proteção constitucional do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada, constitui garantia de permanência e de estabilidade do princípio da legalidade, junto com o da irretroatividade das leis que o complementa.

Controle de legalidade: a submissão da Administração à legalidade fica subordinada a 3 sistemas de controle: o administrativo, o legislativo e o jurisdicional.

PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO JUDICIÁRIA

Fundamento: fundamenta-se no princípio da separação dos poderes, reconhecido pela doutrina como uma das garantias constitucionais; junta-se aí uma constelação de garantias. (art. 5º, XXXV, LIV e LV)

Monopólio do judiciário do controle jurisdicional: a primeira garantia que o texto revela (art. 5º, XXXV) é a que cabe ao Judiciário o monopólio da jurisdição; a segunda consiste no direito de invocar a a atividade jurisdicional sempre que se tenha como lesado ou simplesmete ameaçado um direito, individual ou não.

Direito de ação e de defesa: garante-se plenitude de defesa, assegurada no inciso LV: aos litigantes, em processo judicial e administrativo, a aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Direito ao devido processo legal: ninguém será privado de liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (art. 5º, LIV); combinado com o direito de acesso à justiça (XXXV) e o contraditório e a plenitude de defesa (LV), fechase o ciclo das garantias processuais.

ESTABILIDADE DOS DIREITOS SUBJETIVOS

Segurança das relações jurídicas: a segurança jurídica consiste no conjunto de condições que tornam possível às pessoas o conhecimento antecipado e reflexivo das conseqüências diretas de seus atos e de seus fatos à luza da liberdade reconhecida; se vem lei nova, revogando aquela sob cujo império se formara o direito subjetivo, prevalece o império da lei velha, consagrado na Constituição, no art. 5º , XXXVI, a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

Direito adquirido: a LICC declara que se consideram adquiridos os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem (art. 6º, § 2º); se o direito subjetivo não foi exercido, vindo a lei nova, tranforma-se em direito adquirido, porque era direito exercitável e exigível à vontade de seu titular.

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Ato jurídico perfeito: nos termos do art. 153, § 3º (art. 5º, XXXVI) é aquele que sob regime da lei antiga se tornou apto para produzir os seus efeitos pela verificação de todos os requisitos a isso indispensável; é perfeito ainda que possa estar sujeito a termo ou condição; é aquela situação consumada ou direito consumado, direito definitivamente exercido.

Coisa julgada: a garantia, refere-se a coisa julgada material, prevalecendo hoje o conceito do CPC, denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário (art. 467); a lei não pode desfazer a coisa julgada, mas pode prever licitamente, como o fez o art. 485 do CPC, sua rescindibilidade por meio de ação rescisória.

DIREITO À SEGURANÇA

Segurança do Domicílio: o art. 5º, XI, consagra o direito do indivíduo ao aconchego do lar com sua família ou só, quando define a casa como o asilo inviolável do indivíduo; também o direito fundamental da privacidade, da intimidade; a proteção dirige-se basicamente contra as autoridades, visa impedir que estar invadam o lar.

Segurança das comunicações pessoais: visa assegurar o sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas e telefônicas (art. 5º, XII), que são meio de comunicação interindividual, formas de manifestação do pensamento de pessoa a pessoa, que entram no conceito mais amplo de liberdade de pensamento em geral (IV).

Segurança em matéria penal: visam tutelar a liberdade pessoal, figuram no art. 5º, XXXVII a XLVII, mais a hipótese do LXXV, podem ser consideradas em 2 grupos: 1) garantias jurisdicionais penais: da inexistência de juízo ou tribunal de exceção, de julgamento pelo tribunal do júri nos crimes dolosos contra a vida, do juiz competente; 2) garantias criminais preventivas: anterioridade da lei penal, irretroativodade da lei penal, gde legalidade e da comunicabilidade da prisão; 3) relativas à aplicação da pena: individualização da pena, personalização da pena, proibição da prisão civil por dívida; proibição de extradição de brasileiro e de estrangeiro por crime político, proibição de determinadas penas; 4) garantias processuais penais: instrução penal contraditória, garantia do devido processo legal, garantia da ação privada; 5) garantias da presunção de inocência: LVII, LVIII e LXXV; 6) garantias da incolumidade física e moral: vedação do tratamento desumano e degradante, vedação e punição da tortura; 7) garantias penais da não discriminação: XLI e XLII; 8) garantia penal da ordem constitucional democrática: XLIV.

Segurança em matéria tributária: realiza-se nas garantias consubstanciadas no art. 150: a) nenhum tributo será exigido nem aumentado senão em virtude de lei; princípio da legalidade tributária;b) de que não se instituirá tratamento desigual entre contribuintes; c) de que nenhum tributo será cobrado em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado nem no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; d) de que não haverá tributo com efeito confiscatório.

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

Direito de petição: define-se como direito que pertence a uma pessoa de invocar a atenção dos poderes públicos sobre uma questão ou situação, seja para denunciar uma lesão concreta, e pedir reorientação da situação, seja para solicitar uam modificação do direito em vigor do sentido mais favorável à liberdade (art. 5º, XXXIV).

Direito a certidões: está assegurado a todos, no art. 5º, XXXIV, independentemente do pagamento de taxas, a obtenção de certidões em repartições públicas para defesa de direito e esclarecimentos de situações de interesse pessoal.

Habeas corpus: é um remédio destinado a tutelar o direito de liberdade de locomoção, liberdade de ir e vir, parar e ficar; tem natureza de ação constitucional penal. (art. 5º, LXVIII)

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Mandado de segurança individual: visa amparar direito pessoal líquido e certo; só o próprio titular desse direito tem legitimidade para impetrá-lo, que é oponível contra qualquer autoridade pública ou contra agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições públicas, com o objetivo de corrigir ato ou omissão ilegal decorrente do abuso de poder. (art. 5º, LXIX)

Mandade de injunção: constitui um remédio ou ação constitucional posto à disposição de quem se considere titular de qualquer daqueles direitos, liberdades ou prerrogativas inviáveis por falta de norma regulamentadora exigida ou suposta pela Constituição; sua finalidade consiste em conferir imediata aplicabilidade à norma constitucional portadora daqueles direitos e prerrogativas, inerte em virtude de ausência de regulamentação (art. 5º, LXXI).

Habeas data: remédio que tem por objeto proteger a esfera íntima dos indivíduos contra usos abusivos de registros de dados pessoais coletados por meios fraudulentos, desleais e ilícitos, introdução nesses registros de dados sensíveis (origem racial, opinião política. etc) e conservação de dados falsos ou com fins divesos dos autorizados em lei (art. 5º, LXXII).

GARANTIA DOS DIREITOS COLETIVOS, SOCIAIS E POLÍTICOS

GARANTIA DOS DIREITOS COLETIVOS

Mandado de segurança coletivo: instituído no art. 5º, LXX, que pode ser impetrado por partido político ou organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; o requisito do direito líquido e certo será sempre exigido quando a entidade impetra o mandado de segurança coletivo na defesa de direito subjetivo individual; quando o sindicaro usá-lo na defesa do interesse coletivo de seus membros e quando os partidos impetrarem-no na defesa do interesse coletivo difuso exigem-se ao menos a ilegalidade e a lesão do interesse que o fundamenta.

Mandado de injunção coletivo: pode também ser um remédio coletivo, já que pode ser impetrado pos sindicato (art. 8º, III) no interesse de Direito Constitucional de categorias de trabalhadores quando a falta de norma regulamentadora desses direitos inviabilize seu exercício.

Ação popular: consta no art. 5º, LXXIII, trata-se de um remédio constitucional pelo qual qualquer cidadão foca investido de legitimidade para o exercício de um poder de natureza essencialmente política, e constitui manifestação direta da soberania popular consubstanciada no art.1º, da CF; podemos a definir como instituto processual civil, outorgado a qualquer cidadão como garantia político-constitucional, para a defesa do interesse da coletividade, mediante a provocação do controle jurisdicional corretivo de atos lesivos do patrimônio público, da moralidade administrativa, do meio ambiente e do patrimônio histórico e cultural.

GARANTIA DOS DIREITOS SOCIAIS

Sindicalização e direito de greve: são os 2 instrumentos mais eficazes para a efetividade dos direitos sociais dos trabalhadores, visto que possibilita a instituição de sindicatos autônomos e livres e reconhece constitucionalmente o direito de greve (arts. 8º e 9º).

Decisões judiciais normativas: a importância dos sindicatos se revela na possibilidade de celebrarem convenções coletivas de trabalho e, consequentemente, na legitimação que têm para suscitar dissídio coletivo de trabalho. (114, § 2º)

Garantia de outros direitos sociais: fontes de recursos para a seguridade social, com aplicação obrigatória nas ações e serviços de saúde e às prestações previdenciárias e assistenciais (194 e 195); a reserva de recursos orçamentários para a educação (212); aos direitos culturais (215); ao meio ambiente (225).

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DIREITOS POLÍTICOS

Definição do tema (remissão): são aquelas que possibilitam o livre exercício da cidadania; tais são o sigilo de voto, a igualdade de voto; inclui-se aí a determinação de que sejam gratuitos, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

206) Eficácia dos direitos fundamentais: a garantia das garantias consiste na eficácia e aplicabilidade imediata das normas constitucionais; os direitos, liberdades e prerrogativas consubstanciadas no título II, caracterizados como direitos fundamentais, só cumprem sua finalidade se as normas que os expressem tiverem efetividade, determinando que as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

3a. Parte

DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DOS PODERES

I - DA ESTRUTURA BÁSICA DA FEDERAÇÃO

ENTIDADES COMPONENTES DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA

Componentes do Estado Federal: a organização político-administrativa compreende, como se vê no art. 18, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Brasília: é a capital federal; assume uma posição jurídica específica no conceito brasileiro de cidade; é o pólo irradiante, de onde partem, aos governados, as decisões mais graves, e onde acontecem os fatos decisivos para os destinos do País.

A posição dos territórios: não são mais considerados componentes da federação; a CF lhes dá posição correta, de acordo com sua natureza de mera-autarquia, simples descentralização administrativo-territorial da União, quando os declara integrantes desta (art. 18, § 2º).

Formação dos Estados: não há como formar novos Estados, senão por divisão de outro ou outros; a Constituição prevê a possibilidade de transformação deles por incorporação entre si, por subdivisão ou desmembramento quer para se anexarem a outros, quer para formarem novos Estados, quer, ainda, para formarem Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas (art. 18, § 3º, combinado com o art. 48, VI).

Os Municípios na Federação: a intervenção neles é da competência dos Estados, o que mostra serem vinculados a estes, tanto que sua criação, incorporação, fusão e desmembramento, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal (EC-15/96), e dependerão de plebiscito.

Vedações constitucionais de natureza federativa: o art. 19 contém vedações gerais dirigidas à União, Estados, Distrito Federal e Municípios; visam o equilíbrio federativo; a vedação de criar distinções entre brasileiros coliga-se com o princípio da igualdade; a paridade federativa encontra apoio na vedação de criar preferência entre os Estados.

DA REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

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O problema da repartição de competências federativas: a autonomia das entidades federativas pressupõe repartição de competências para o exercício e desenvolvimento de sua atividade normativa; a CF/88 estruturou um sistema que combina competências exclusivas, privativas e principiológicas com competências comuns e concorrentes.

O princípio da predominância do interesse: segundo ele, à União caberão aquelas matérias e questões de predominante interesse geral, nacional, ao passo que aos Estados tocarão as matérias e assuntos de predominante interesse regional, e aos Municípios concernem os assuntos de interesse local.

Técnicas de repartição de competências: as constituições solucionavam o problema mediante a aplicação de 3 técnicas, que conjugam poderes enumerados e poderes reservados, que consistem: a) na enumeração dos poderes da União, reservando-se aos Estados os remanescentes; b) na atribuição dos poderes enumerados aos Estados e dos remanescentes à União; c) na enumeração das competências das entidades federativas.

Sistema da Constituição de 1988: busca realizar o equilíbrio federativo, por meio de uma repartição de competências que se fundamenta na técnica da enumeração dos poderes da União (21 e 22), com poderes remanescentes para os Estados (25, § 1º) e poderes definidos indicativamente aos Municípios (30), mas combina possibilidades de delegação (22, par. único).

Classificação das competências: competência é a faculdade juridicamente atribuída a uma entidade ou a um órgão ou agente do Poder Público para emitir decisões; competências são as diversas modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades estatais para realizar suas funções; podemos classificá-las em 2 grandes grupos com suas subclasses: 1) competência material, que pode ser exclusiva (21) e comum (23); 2) competência legislativa, que pode ser exclusiva (25, § 1º e 2º), privativa (22), concorrente (24) e suplementar (24, § 2º); sob outro prisma podem ser classificadas quanto:

à forma ou processo de sua distribuição: enumerada, reservada ou remanscente e residual e implícita; ao conteúdo: econômica, social, politico-administrativa, financeira e tributária; à extensão: exclusiva, privativa, comum, cumulativa ou paralela, concorrente e suplementar; à origem: originária e delegada.

Sistema de execução de serviços: o sistema brasileiro é o de execução imediata; cada entidade mantêm seu corpo de servidores públicos destinados a executar os serviços das respectivas administrações (37 e 39); incumbe à lei complementar fixar normas para a cooperação entre essas entidades, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional (23, par. único).

Gestão associada de serviços públicos: a EC-19/98 deu novo conteúdo ao art. 241, estabelecendo o seguinte: "as entidades" disciplinarão por meio de consórcios públicos e convênios de cooperação entre os federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.

DA INTERVENÇÃO NOS ESTADOS E NOS MUNICÍPIOS

Autonomia e equilíbrio federativo: autonomia é a capacidade de agir dentro de círculo preestabelecido (25, 29 e 32); é nisso que verifica-se o equilíbrio da federação; esse equilíbrio realiza-se por mecanismos instituídos na constituição rígida, entre os quais sobreleva o da internvenção federal nos Estados e dos Estados nos municípios (34 a 36).

Natureza da intervenção: intervenção é ato político que consiste na incursão da entidade interventora nos negócios da entidade que a suporta; é antítese da autonomia; é medida excepcional, e só há de ocorrer nos casos nela taxativamente e indicados como exceção no princípio da não intervenção (art. 34).

INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS E NO DISTRITO FEDERAL

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Pressupostos de fundo da intervenção; casos e finalidades: constituem situações críticas que põem em risco a segurança do Estado, o equilíbrio federativo, as finanças estaduais e a estabilidade da ordem constitucional; tem por finalidade: a) a defesa do Estado, para manter a integridade nacional e repelir invasão estrangeira (34, I e II); b) a defesa do princípio federativo, para repelir invasão de uma unidade em outra, pôr termo a grave comprometimento da ordem pública e garantir o livre exercício de qualquer dos poderes nas unidades da federação; c) a defesa das finanças estaduais, sendo permitida à intervenção quando for suspensa o pagamento da dívida fundada por mais de 2 anos, deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias; 4) a defesa da ordem constitucional, quando é autorizada a intervenção nos casos dos incisos VI e VII do art. 34.

Pressupostos formais: constitume pressupostos formais da intervenção o modo de efetivação, seus limites e requisitos; efetiva-se por decreto do Presidente, o qual especificará a sua amplitude, prazo e condições de execução, e se couber, nomeará o interventor ( 36, § 1º).

Controle político e jurisdicional da intervenção: segundo a art. 49, IV, o CN não se limitará a tomar ciência do ato de intervenção, pois ele será submetido a sua apreciação, aprovando ou rejeitando; se suspender, esta passará a ser ato inconstitucional (85, II); o controle jurisdicional acontece nos casos em que ele dependa de solicitação do poder coacto ou impedido ou de requisição dos Tribunais.

Cessação da intervenção: cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a eles voltarão, salvo impedimento legal (36, § 4º).

Responsabilidade civil do interventor: o interventor é figura constitucional e autoridade federal, cujas atribuições dependem do ato interventivo e das i nstruções que receber da autoridade interventora, quando, nessa qualidade, executa atos e profere decisões que prejudiquem a terceiros, a responsabilidade civil pelos danos causados é da União (37, § 6º); no exercício normal e regular da Administração estadual, a responsabilidade é imputada ao Estado.

INTERVENÇÃO NOS MUNICÍPIOS

Fundamento constitucional: fica também sujeito a intervenção na forma e nos casos previstos na Constituição (art. 35).

Motivos para a intervenção nos Municípios: o princípio aqui é também o da não intervenção, de sorte que esta só poderá licitamente ocorrer nos estritos casos indicados no art. 35.

Competência para intervir: compete ao Estado, que se faz por decreto do Governador; o decreto conterá a designação do interventor (se for o caso), o prazo e os limites da medida, e será submetido à apreciação da Assembléia Legislativa, no prazo de 24 horas.

II - DO GOVERNO DA UNIÃO

DA UNIÃO COMO ENTIDADE FEDERATIVA

Conceito de União: é a entidade federal formada pela reunião das partes componentes, constituindo pessoa jurídica de Direito Público interno, autônoma em relação às unidades federadas e a cabe exercer as prerrogativas da soberania do Estado brasileiro.

União federal e Estado federal: a União, na ordem jurídica, só preside os fatos sobre que incide sua competência; o Estado federal, juridicamente, rege toda a vida no interior do País, porque abrange a competência da União e a das demais unidades autônomas referidas no art. 18.

Posição da União no Estado federal: constitui aquele aspecto unitário que existe em toda organização federal, poi se não houvessem elementos unitários não teriamos à essência do Estado, como instituição de Direito Internacional.

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União e pessoa jurídica de Direito Internacional: o Estado federal é que é a pessoa jurídica de Direito Internacional; quando se diz que a União é pessoa jurídica de Direito Internacional, refere-se a 2 coisas: as relações internacionais do Estado realizam-se por intermédio de órgãos da União, integram a competência deste (art. 21, I a IV), e os Estados federados não tem representação nem competência em matéria internacional.

União como pessoa jurídica de direito interno: nessa qualidade, é titular de direitos e sujeitos de obrigações; está sujeita à responsabilidade pelos atos que pratica, podendo ser submetida aos Tribunais; como tal, tem domicílio na Capital Federal (18, § 1º); para fins processuais, conforme o caso (109, §§ 1º a 4º).

Bens da União: ela é titular de direito real, e pode ser titular de direitos pessoais; o art. 66, III, do CC. declara que os bens públicos são os que constituem o patrimônio da União, dos Estados ou Municípios, como objeto de direito pessoal, ou real de cada uma dessa entidades; o art. 20 da CF estatui quais são esses bens.

COMPETÊNCIAS DA UNIÃO

Noção: a União dispõe de competência material exclusiva conforme ampla enumeração de assuntos no art. 21, de competência legislativa privativa (art. 22), de competência comum (art. 23) e, ainda, de competência legislativa concorrente com os Estados sobre temas especificados no art. 24.

Competência internacional e competência política: internacional é a que está indicada no art. 21, atendendo os princípios consignados no art. 4º; de natureza política de competência exclusiva são as seguintes: poder de decretar estado de sítio, de defesa e a intervenção; poder de conceder anistia; poder de legislar sobre direito eleitoral.

Competência econômica: a) elaborar e executar planos nacionais e regionais de desenvolvimento econômico; b) estabelecer áreas e as condições para o exercício de garimpagem; c) intervir no domínio econômico, explorar atividad econômica e reprimir abusos do poder econômico; d) explorar a pesquisa e a lavra de recursos minerais; e) monopólio de pesquisa, lavra e refinação do petróleo; f) monopólio da pesquisa e lavra de gás natural; g) monopólio do transporte marítimo do petróleo bruto; h) da pesquisa, lavra, enriquecimento, reprocessamento, industrialização e comércio de minérios nucleares; i) a desapropriação por interesse social, nos termos dos art. 184 a 186; j) planejar e executar, na forma da lei, a polítiva agrícola; k) legislar sobre produção e consumo.

Competência social: a) elaborar e executar planos nacionais de regionais de desenvolvimento social; b) a defesa permanente contra calamidades públicas; c) organizar a seguridade social; d) estabelecer políticas sociais e econômicas, visando a saúde; e) regular o SUS; f) regulamentar as ações e serviços de saúde; g) estabelecer a previdência social; h) manter serviços de assitência social; i) legislar sobre direito social em suas várias manifestações.

Competência financeira e monetária: a administração financeira continuará sob o comando geral da União, já que a ela cabe legislar sobre normas gerais de Direito tributário e financeiro e sobre orçamento, restando as outras entidades a legislação suplementar.

Competência material comum: muitos assuntos do setor social, referidos antes, não lhe cabem com exclusividade; foi aberta a possibilidade das outras entidades compartilharem com ela da prestação de serviços nessas matérias, mas, principalmente, destacou um dispositivo (art. 23) onde arrola temas de competência comum.

Competência legislativa: toda matéria de competência da União é suscetível de regulamentação mediante lei (ressalvado o disposto nos arts. 49, 51 e 52), conforme o art. 48; mas os arts. 22 e 24 especificam seu campo de competência legislativa, que é considerada em 2 grupos: privativa e concorrente.

é muito aconselhável ler mais sobre este assunto, pois ele é muito extenso (pags. 496 a 504).

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ORGANIZAÇÃO DOS PODERES DA UNIÃO

Poderes da União: são, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. (art. 2º).

Sistema de governo: são técnicas que regem as relações entre o Legislativo e o Executivo no exercício das funções governamentais; são 3 os sistemas básicos, o presidencial, o parlamentar e o convencional; vamos discorrer sobre algumas características de cada sistema:

Presidencialismo; o Presidente exerce o Poder Executivo, acumula as funções de Chefe de Estado, Chefe de Governo e Chefe da Administração; cumpre um mandato por tempo fixo; o órgão do Poder Legislativo não é Parlamento; eventual plano de governo, mesmo quando aprovado por lei, depende exclusivamente da coordenação do Presidente, que o executará ou não, bem ou mal, sem dar satisfação jurídica a outro poder. Parlamentarismo, é típico das monarquias constitucionais; o Executivo se divide em duas partes: um Chefe de Estado e um Primeiro Ministro.

também ler mais sobre o assunto

DO PODER LEGISLATIVO

O Congresso Nacional: a função legislativa de competência da União é exercida pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, integrados respectivamente por deputados e senadores; no bicameralismo brasileiro, não há predominância substancial de uma câmara sobre outra.

A Câmara dos Deputados: compõe-se de representantes do povo, eleitos em cada Estado e no Distrito Federal pelo sistema proporcional; a CF não fixa o número total de Deputados Federais, deixando isso e a representação por Estados para serem estabelecidos por lei complementar; fazendo-o proporcionalmente à população.

O Senado Federal: compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, elegendo, cada um, 3 Senadores (com 2 suplentes cada), pelo princípio majoritário, para um mandato de 8 anos, renovando-se a representação de 4 em 4 anos, alternadamente, por um e dois terços (art. 46).

Organização interna das Casas do Congresso: elas possuem órgão internos destinados a ordenar seus trabalhos; cada uma deve elaborar seu regimento interno, dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção de cargos, empregos e funções de seus serviços e fixação da respectiva renumeração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; não há interferência de uma em outra, nem de outro órgão governamental.

Ler mais sobre o assunto

Comissão representativa: instituída no art. 58, § 4º; sua função é representar o CN durante o recesso parlamentar; haverá apenas uma, eleita por suas casas na última sessão ordinária do período legislativo.

FUNCIONAMENTO E ATRIBUIÇÕES

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Funcionamento do Congresso Nacional: o CN desenvolve sua atividades por legislaturar, sessões legislativas ordinárias ou extraordinárias, sessões ordinárias e extraordinárias; a legislatura tem a duração de 4 anos, início ao término do mandato dos membros da Câmara dos Deputados (44, par. único); o Senado é contínuo por ser renovável parcialmente em cada período de 4 anos (46, § 2º); sessão legislativa ordinária é o período em que deve estar reunido o Congresso para os trabalhos legislativos (15.02 a 30.06 e 01.08 a 15.12); esses espaços de tempo entre as datas constituem o recesso parlamentar, podendo, durante ele, ser convocada sessão legislativa extraordinária; sessões ordinárias são as reuniões diárias que se processam no dias úteis; Reuniões conjuntas são as hipóteses que a CF prevê (57, § 3º), caso em que a direção dos trabalhos cabe à Mesa do Congresso Nacional (57, § 5º); Quórum para deliberações: as deliberações de cada Casa ou do Congresso em câmaras conjuntas, serão tomadas por maioria de votos, presente a maioria de seus membros, salvo disposição em contrário (art. 47), que podem ser os casos que exigem maioria absoluta (arts. 55, § 2º, 66, § 4º e 69), por três quintos (60, § 2º) e por dois terços (51, I, 52, par.único e 86).

Atribuições do Congresso Nacional: atribuições legislativas (48, 61 a 69), meramente deliberativas (49), de fiscalização e controle (50, § 2º, 58, § 3º, 71 e 72, 166, § 1º, 49, IX e X, 51, II e 84, XXIV), de julgamento de crime de responsabilidade (51, I, 52, I e II, 86) e constituintes (60).

PROCEDIMENTO LEGISLATIVO

Conceito e objeto: entende-se o conjunto de atos (iniciativa, emenda, votação, sanção, veto) realizados pelos órgãos legislativos visando a formação das leis constitucionais, complementares e ordinárias, resoluções e decretos legislativos; tem por objeto (art. 59) a elaboração de emendas à Constituição, leis complementares, ordinárias, delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções.

Atos do processo legislativo: a) iniciativa legislativa: é a faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão para apresentar projetos de lei ao Legislativo; b) emendas: constituem proposições apresentadas como acessória a outra; sugerem modificações nos interesses relativos à matéria contida em projetos de lei; c) votação: constitui ato coletivo das casas do Congresso; é o ato de decisão (65 e 66) que se toma por maioria de votos, simples ou absoluta, conforme o caso; d) sanção e veto: são atos legislativos de competência exclusiva do Presidente; somente recaem sobre projeto de lei; sanção é a adesão; veto é a discordância com o projeto aprovado.

Procedimento legislativo: é o modo pelo qual os atos do processo legislativo se realizam, distingue-se em: 1) Procedimento legislativo ordinário: é o procedimento comum, destinado à elaboração das leis ordinárias; desenvolve-se em 5 fases, a introdutória, a de exame do projeto nas comissões permanentes, a das discussões, a decisória e a revisória; 2) legislativo sumário: se o Presidente solicitar urgência, o projeto deverá ser apreciado pela Câmara dos Deputados no prazo de 45 dias, a contar do seu recebimento; se for aprovado na Câmara, terá o Senado igual prazo; 3) legislativos especiais: são os estabelecidos para a elaboração de emendas constitucionais, de leis financeiras, de leis delegadas, de medidas provisórias e de leis complementares.

ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS

Conteúdo: entende-se como o conjunto de normas constitucionais, que estatui o regime jurídico dos membros do CN, prevendo suas prerrogativas e direitos, seus deveres e incompatibilidades (53 a 56).

Prerrogativas: a CF/88 restituiu aos parlamentares suas prerrogativas básicas, especialmente a inviolabilidade e a imunidade, mantendo-se o provilégio de foro e a isenção do serviço militar e acrescentou a limitação do dever de testemunhar.

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a inviolabilidade é a exclusão de cometimento de crime por parte de parlamentares por sua opiniões, palavras e votos (53); a imunidade não exclui o crime, antes o pressupõe, mas impede o processo; privilégio de foro os parlamentares só serão submetidos a julgamento, em processo penal, perante o STF (53, § 4º); limitação ao dever de testemunhar os parlamentares não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações (53, § 5º); isenção do serviço militar mesmo que o congressista queira incorporar-se às Forças Armadas, em tempo de guerra, não poderá fazê-lo por sua exclusiva vontade, salvo se renunciar o mandato.

Direitos: os congressistas têm direitos genéricos decorrentes de sua própria condição parlamentar, como os de debater matérias submetidas à sua Câmara e às comissões, pedir informações, participar dos trabalhos, votando projetos de lei, salvo impedimento moral por interesse pessoal ou de parente próximo na matéria em debate, tudo na forma regimental.

Incompatibilidades: são as regras que impedem o congressista de exercer certas ocupações ou praticar certos atos cumulativamente com seu mandato; são impedimentos referentes ao exercício do mandato; não interditam candidaturas, nem anulam a eleição, são estabelecidas no art. 54; podem ser funcionais, negociais, políticas e profissionais.

Perda do mandato: seu regime jurídico disciplina hipóteses em que ficam sujeitos à perda do mandato, que se dará por: cassação é a decretação da perda do mandato, por ter o seu titular incorrido em falta funcional, definida em lei e punida com esta sanção (art. 55, I, II e VI); extinção do mandato é o perecimento pela ocorrência de fato ou ato que torna automaticamente inexistente a investidura eletiva, tais como a morte, a renúncia, o não comparecimento a certo número de sessões expressamente fixado, perda ou suspensão dos direitos políticos (55, III, IV e V).

DO PODER EXECUTIVO

Eleição e mandato do Presidente da República: é eleito, simultaneamento com o Vice-presidente, dentre brasileiros natos que preencham as condições de elegibilidade previstas no art. 14, § 3º; a eleição realizar-se-á, em primeiro turno, no primeiro domingo de outubro e, em segundo turno, se houver, no último domingo de outubro, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente; o mandato é de 4 anos (art. 82), do qual tomará posse, no dia 01/01 do ano seguinte ao de sua eleição, perante o CN, em sessão conjunta, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.

Substitutos e sucessores do Presidente: ao vice cabe substituir o Presidente, nos casos de impedimento, e suceder-lhe no caso de vaga, e, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele for convocado para missões especiais (79, par.único); o outros substitutos são: o Presidente de Câmara, o Presidente do Senado e o Presidente do STF, que serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência, se ocorrer o impedimento concomitante do Presidente e do Vice ou no caso de vacância de ambos os cargos.

Subsídios: o Presidente e o Vice têm, direito a estipêndios mensais, em forma de subsídios em parcela única, que serão fixados pelo CN (art. 49, VIII).

Perda do mandato do Presidente e do Vice: cassação; extinção, nos casos de morte, renúncia. perda ou suspensão dos direitos políticos e perda da nacionalidade brasileira; declaração de vacância do cargo pelo CN (arts. 78 e 82); ausência de Pais por mais de 15 dias, sem liçenca do CN (art. 83).

Atribuições do Presidente da República: são as enumeradas no art. 84, como privativas do Presidente, cujo parágrafo único permite que ele delegues as mencionadas nos incisos VI e XXV, primeira parte aos Ministros, ao Procurador-Geral ou ao Advogado-Geral, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.

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Responsabilidade do Presidente da República: no presidencialismo. o próprio Presidente é responsável, ficando sujeito a sanções de perda do cargo por infrações definidas como crimes de responsabilidade, apuradas em processo político-administrativo realizado pelas Casas do Congresso, além de crimes comuns, definidos na legislação penal; o processo divide-se em 2 partes: juízo de admissibilidade do processo e processo e julgamento.

DO PODER JUDICIÁRIO

A função jurisdicional: os órgão do Judiciário têm por função compor conflitos de interesse em cada caso concreto, isso é a funçào jurisdicional, que se realiza por meio de um processo judicial, dito, por isso mesmo, sistema de composição de conflitos de interesses ou sistema de composição de lides.

Jurisdição e legislação: não é difícil distinguir as jurisdição e legislação, esta edita normas de caráter geral e abstrato e a jurisdição se destina a aplicá-las na solução das lides.

Jurisdição e administração: jurisdição é aquilo que o legislador constituinte incluiu na competência dos órgãos judiciários; e administração o que conferiu aos órgão do Executivo, que, em verdade, não se limita à execução da lei; nesse caso, ato jurisdicional é o que emana dos órgãos jurisdicionais no exercício de sua competência constitucional respeitante à solução de conflitos de interesses.

Órgãos da função jurisdicional: STF, STJ , Tribunais Federais de Juízes Federais, Tribunais de Juízes do Trabalho, Tribunais de Juízes Eleitorais, Tribunais de Juízes Militares, Tribunais de Juízes dos Estados e do Distrito Federal.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Composição do STF: compõe-se de 11 Ministros, que serão nomeados pelo Presidente, depois de aprovada a escolha pelo Senado, dentre cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

Competência: constam do art. 102, especificadas em 3 grupos: 1) as que lhe cabe processar e julgar originariamente; 2) as que lhe cabe julgar, em recurso ordinário (Inc. II); 3) as que lhe toca julgar em recurso extraordinário (inc. III); as atribuições judicantes previstas no incisos do 102, têm,quase todas, conteúdo de litígio constitucional; logo, a atuação do STF, aí, se destina a compor lide constitucional, mediante o exercício da jurisdição constitucional.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Composição: compõe-se de no mínimo 33 Ministros, nomeados pelo Presidente, dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada escolha pelo Senado, sendo: a) 1/3 dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e 1/3 dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados na lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; b) um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do MP federal, Estadual, do Distrito Federal, alternadamente, indicados na lista sêxtupla pelos órgão de representação das respctivas classes, de acordo com o art. 94.

Competência: está distribuída em 3 áreas: 1) competência originária para processar e julgar as questões relacionadas no inc. I, do art. 105; 2) para julgar em recurso ordinário, as causas referidas no inc. II; 3) para julgar, em recurso especial, as causas indicadas no inc. III.

Conselho de Justiça Federal: funciona junto ao Stj, cabendo-lhe, na forma da lei, exercer a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo grau (105, par.único); sua composição, estrutura, atribuições a funcionamento vão depender de lei.

JUSTIÇA FEDERAL

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Tribunais Regionais Federais: compõe-se de, no mínimo 7 juízes, recrutados quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente dentre brasileiros com mais de 30 e menos de 65 anos, sendo: a) 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do MP federal, com mais de 10 anos de carreira, indicados na forma do art. 94; b) os demais mediante promoção de Juízes Federais com mais de 5 anos de exercício, alternadamente, por antiguidade e merecimento (art. 107). Sua competência está definida no art. 108.

Juízes Federais: são membros da Justiça Federal de primeira instância, ingressam no cargo inicial da carreira (substituto) mediante concurso, com participação da OAB em todas as suas fases, obedecendo-se, nas nomeações, a ordem de classificação (art. 93, I); compete a eles processar e julgar, as causas em que a União for interessada, exceto as de falência, as de acidente de trabalho e as sujeitas à justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; cada Estado, como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede a capital (110).

JUSTIÇA DO TRABALHO

Organização: sua organização compreende o TST, que é o órgão de cúpula, os Tribunais Regionais do Trabalho e as Juntas de Conciliação e Julgamento (111); o TST compõe-se de 27 Ministros, mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo Presidente, após aprovação do Senado, sendo: 17 (11 juízes de carreira, 3 advogados, 3 do MP do Trabalho) togados vitalícios e 10 classistas temporários, com representação paritária dos trabalhadores e empregadores (111, § 1º); Os TRT serão compostos de Juízes nomeados pelo Presidente, sendo 2/3 de togados vitalícios e 1/3 de juízes classistas temporários (112 a 115); as Juntas serão instituídas em lei, compondo-se de 1 juiz do trabalho, que a presidirá, e de 2 juízes classistas, nomeados estes pelo presidente do TRT, na forma da lei, permitida uma recondução (112 e 116).

Competência: compete conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangindo os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta das entidades governamentais, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas.

Recorribilidade das decisões do TST: são irrecorríveis, salvo as que denegarem mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção e as que contrariem a Constituição ou declarem a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, caso em que caberá, respectivamente, recurso ordinário e extraordinário para o STF.

JUSTIÇA ELEITORAL

Organização e competência: serão dispostas por lei complementar (121), mas a CF já oferece um esquema básico de sua estrutura; ela se compõe de um TSE, seu órgão de cúpula, de TRE, e de Juízes eleitorais e de Juntas Eleitorais (118); a composição do TSE está prevista no art. 119; a do TRE no art. 120; os juízes eleitorais, são os próprios juízes de direito da organização judiciária estadual (121).

Recorribilidade de suas decisões: são irrecorríveis as do TSE, salvo as que denegarem o habeas corpus, o habeas data, o mandado de segurança e o mandado de injunção e as que contrariem a Constituição, julgarem a inconstitucionalidade de lei federal, das quais caberá recurso ordinário e extraordinário, respectivamente para o STF.

JUSTIÇA MILITAR

Composição: compreende o STM, os Tribunais de Juízes militares instituídos em lei, que são as Auditorias Militares, existentes nas circunscrições judiciárias, conforme dispõe a Lei de Organização Judiciária Militar (Decreto-lei 1003/69); a composição do STM está no art. 123.

Competência: processar e julgar os crimes militares.

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Sobre o Estatuto da Magistratura e garantias constitucionais do Poder Judiciário convém ler o livro, pois fica difícil resumi-lo. (pags. 572 a 578).

DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

Funcionamento da Justiça - Nemo iudex sine actore: significa que não há juiz sem autor; revela que a justiça não funcionará se não for provocada; a inércia é para o juiz, garantia de equilíbrio, isto é, imparcialidade; isso justifica as funções essenciais à justica, institucionalizadas nos arts. 127 a 135.

ADVOGADO

Uma profissão: a advocacia não é apenas uma profissão, é também um munus e uma árdua fatiga posta a serviço da justiça; é um dos elementos da administração democrática da justiça; é a única habilitação profissional que constitui pressuposto essencial à formação de um dos Poderes do Estado: o Judiciário.

O advogado e a administração da justiça: a advocacia não é apenas um pressuposto da formação do Judiciário, é também necessária ao seu funcionamento; é indispensável à administração da justiça (133).

Inviolabilidade: a inviolabilidade prevista no art. 133, não é absoluta; só o ampara em relação a seus atos e manifestações no exercício da profissão, e assim mesmo, nos termos da lei.

MINISTÉRIO PÚBLICO

Natureza e princípios institucionais: a Constituição lhe dá o relevo de instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis; as normas constitucionais lhe afirmas os princípios institucionais da unidade, da indivisibilidade e da independência funcional e lhe aseguram autonomia administrativa (169).

Estrutura orgânica: segundo o art. 128, o MP abrange: 1) o MP da União, que compreende: o MP federal, o MP do trabalho, o militar e o do Distrito Federal; 2) MP dos Estados; ingressa-se na carreira por concurso de provas e títulos, assegurada a participação da OAB em sua realização, observadas as nomeações, a ordem de classificação; as promoções de carreira e aposentadoria seguem as regras do art. 93, II e VI.

Garantias: como agentos políticos precisam de ampla liberdade funcional e maior resguardo para desempenho de suas funções, não sendo privilégio pessoal as prerrogativas da vitaliciedade, a irredutibilidade, na forma do art. 39, § 4º (EC-19/98) e a inamovibilidade (128, § 5º, II).

Funções institucionais: estão relacionadas no art. 129.

ADVOCACIA PÚBLICA

Advocacia Geral da União: é prevista no art. 131, que diretamente ou através de órgãos vinculados, representa a União judicial e extrajudicialmente; tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação do Presidente dentre cidadãos maiores de 35, de notável saber jurídico e reputação ilibada; serão organizados em carreira, em cuja classe inicial ingressarão por concurso.

Representação das unidades federadas: competem aos seus Procuradores, organizados em carreira, em que ingressarão por concurso; com isso se institucionalizam os serviços jurídicos estaduais.

Defensorias Públicas e a defesa dos necessitados: a CF prevê em seu art. 134, a Defensoria Pública como instituição essencial à função jurisdicional, incumbida da orientação jurídica e defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV; lei complementar a organizará, conforme disposto nos art. 21, XIII, e 22, XVII.

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III - DOS ESTADOS, DOS MUNICÍPIOS E DO DISTRITO FEDERAL

DOS ESTADOS FEDERADOS

Autonomia dos Estados: a CF a assegura, consubstanciando-se na sua capacidade de auto-organização, de auto-legislação, de auto-governo e de auto-administração (arts. 18, 25 e 28).

Auto-organização e Poder Constituinte Estadual: a auto organização se concretiza na capacidade de dar-se a própria Constituição (25); a CF assegurou aos Estados a capacidade de auto-organizar-se por Constituiçãp própria, obsevados os princípios dela; a CF é poder supremo, soberano; o Poder Constituinte Estadual é apenas autônomo.

Formas de expressão do Constituinte Estadual: sendo subordinado ao Poder Constituinte originário, sua expressão depende de como lhe seja determinado no ato constitucional originário; se expressa comumente por via de procedimento democrático, por via de representação popular, como a Assembléia Estadual Constituinte, com ou sem participação popular direta..

Limites do Poder Constituinte dos Estados: é a CF que fixa a zona de determinações e o conjunto de limitações à capacidade organizatória dos Estados, quando manda que suas Constituições e leis observem os seus princípios.

Princípios constitucionais sensíveis: são aqueles enumerados no art. 34, VII, que constituem o fulcro da organização constitucional do País; a inclusão de normas na CE em desrespeito e esses princípios poderá provocar a representação do Procurador-Geral da República, visando à declaração de inconstitucionalidade e decretação de intervenção federal (art. 36, III, § 3º).

Princípios constitucionais estabelecidos: são os que limitam a autonomia organizatória dos Estados; são aquelas regras que revelam, previamente, a matéria de sua organização e as normas constitucionais de caráter vedatório, bem como os princípios de organização política, social e econômica, que determinam o retraimento da autonomia estadual, cuja identificação reclama pesquisa no texto constitucional, podemos encontrar algumas nos seguintes arts: 37 a 41, 19, 150 e 152, 29, 18, § 4º, 42, 93, 94 e 95, 127 a 130, etc. * ler mais sobre o assunto - pags. 593 a 599

Interpretação dos princípios limitadores da capacidade organizadora dos Estados: cerne a essência do princípio federalista, hão de ser compreendidos e interpretados restritivamente e segundo seus expressos termos; admitir o contrário seria superpor a vontade constituída à vontade constituinte.

COMPETÊNCIAS ESTADUAIS

Competências reservadas aos Estados: são reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição (art. 25, § 1º); em verdade, não só competências que não lhes sejam vedadas, que lhes cabem, pois também lhes competem competências enumeradas em comum com a União e os Municípios (23), assim como a competência exclusiva referida no art. 25, §§ 2º e 3º.

Competências vedadas ao Estado: veda-se-lhe explicitamente: estabelecer cultos religiosos ou igrejas; recusar fé aos documentos públicos; criar distinções entre brasileiros ou criar preferências em favor de qualquer da pessoas jurídicas de direito público interno; supender o pagamento de dívida fundada por mais de 2 anos; deixar de entregar receitas tributárias previstas em lei aos Municípios; além dessas contam-se ainda, as tributárias (150 e 152), as financeiras (167) e as administrativas (37, XIII, XVI e XVII); veda-se-lhes implicitamente tudo o que sido enumerado apenas para a União (20, 21 e 22) e para os Municípios (29 e 30).

Competência estaduais comuns e concorrentes: estão destacadas no art. 23.

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Competências estaduais materiais: a área de competência dos Estados se limita à seguinte classificação: competência econômica, social, administrativa, financeira e tributária.

Competência legislativa: não vai muito além do terreno administrativo, financeiro, social, de administração, gestão de seus bens, algumas coisas na esfera econômica e quase nada mais, tais como: elaborar e votar leis complementares à Constituição estadual, votar o orçamento, legislação sobre tributos, etc., legislar plenamente ou suplementarmente sobre as matérias relacionadas no art. 24.

ORGANIZAÇÃO DOS GOVERNOS ESTADUAIS

Poder Legislativo estadual: Assembléia Legislativa é o seu órgão, é unicameral; compõe-se de Deputados, eleitos diretamente pelo sistema proporcional, para um mandato de 4 anos; sobre o seu funcionamento, reúne-se na Capital, em sessão legislativa ordinária, independente de convocação, na data fixada pela CE; as atribuições de competência exclusiva serão aquelas que se vinculam a assuntos de sua economia interna, seu controle prévio e sucessivo de atos do Executivo.

Poder Executivo estadual: é exercido por um Governador, eleito para um mandato de 4 anos; a posse se dá perante a Assembléia; as atribuições do Governador serão definidas na CE; os impedimentos decorrem da natureza de suas atribuições, assim como ocorre com o Presidente, independentemente de previsão especificada na CE; o processo e o julgamento dos crimes de responsabilidade serão estabelecidos na respectiva Constituição, seguindo o modelo federal.

Poder Judiciário estadual: o constituinte estadual é livre para estruturar sua Justiça, desde que preveja o Tribunal de Justiça, como órgão de cúpula da organização judiciária; a divisão judiciária compreende a criação, a alteração e a extinção das seções, circunscrições, comarcas, termos e distritos judiciários, bem como sua classificação; a competência dos Tribunais e Juízes é matéria da Constituição e leis de organização judiciária do Estado; a CF indica algumas competências do TJ (96 e 99).

CONTEÚDO DA CONSTITUIÇÀO ESTADUAL

Elementos limitativos: referem-se aos direitos fundamentais do homem; a CE não tem que tratar dos direitos fundamentais que constam no Título II da CF; a CE pode ampliar os limites à atuação das autoridades; os princípios da legalidade e da moralidade administrativa podem ser reforçados.

Elementos orgânicos: terá que aceitar a forma republicana e representativa de Governo, o sistema eleitoral majoritário em 2 turnos para Governador, etc, sequer pertine a ela cuidar desses assuntos, definidos em definitivo pela CF; terá maior autonomia na organização do Judiciário, estabelecendo os órgãos que melhor atendam os interesses da Justiça local, observados os princípios constitucionais (125).

Elementos sócio-ideológicos: são regras de ordem econômica e social.

DOS MUNICÍPIOS

Fundamentos constitucionais: são considerados componentes da estrutura federativa (arts. 1º e 18).

Base constitucional da autonomia municipal: a autonomia municipal é assegurada pelos arts. 18 e 29, e garantida contra os Estados no art. 34, VII, c.; autonomia significa capacidade de poder gerir os próprio negócios, dentro de um círculo prefixado por entidade superior; a autonomia municipal se assenta em 4 capacidades: de auto-organização, de autogoverno, normativa própria e de auto-administração.

Capacidade de auto-organização: consiste na possibilidade da elaboração da lei orgânica própria (29).

Lei Orgânica própria: espécie de Constituição municipal; indicará, dentre a matéria de sua competência, aquela que lhe cabe legislar com exclusividade a a que lhe seha reservado legislar supletivamente; a própria CF já indicou seu conteúdo básico (art. 29).

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Competências municipais: o art. 30 discrima as bases da competência municipal, além das áreas de competência comum previstas no art. 23.

GOVERNO MUNICIPAL

Poderes municipais: é constituído só de Poder Executivo, exercido pelo Prefeito, e de Poder Legislativo, exercido pela Câmara Municipal.

Poder Executivo municipal: é exercido pelo Prefeito, cabendo a lei orgânica discriminar suas funções.

Poder Legislativo municipal: a Câmara municipal deverá também ter suas atribuições discriminadas pela lei orgânica, as quais se desdobram em 4 grupos: função legislativa, meramente deliberativa, fiscalizadora e julgadora.

Subsídios de Prefeitos, Vice e Vereadores: será fixado por lei de iniciativa da Câmara, sujeita aos impostos gerais, nos termos do art. 39, § 4º (EC-19/98).

DO DISTRITO FEDERAL

Natureza: tem como função primeira servir de sede do governo federal; goza de autonomia político-constitucional; podemos concebê-lo como uma unidade federada com autonomia parcialmente tutelada.

Autonomia: está reconhecida no art. 32, onde declara que se regerá por lei orgânica própria; compreende, em princípio, as capacidades de auto-organização, auto-governo, auto-legislação e auto-administração sobre áreas de competência exclusiva.

Auto-organização: essa capacidade efetiva-se com a elaboração de sua lei orgânica, que definirá os princípios básicos de sua organização, suas competências e a organização de seus poderes governamentais.

Competências: são atribuídas as competências tributárias e legislativas que são reservadas aos Estados e Municípios (32 e 147); observe-se que nem tudo que cabe aos Estados foi efetivamente atribuído a competência do DF , como legislar sobre a organização judiciária (22, XVII).

GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL

Poder Legislativo: a Câmara Legislativa compõe-se de Deputados Distritais, eleitos pelo sistema proporcional, aplicando-se-lhes as regras da CF, referidas aos congressistas (53, 54 e 55) sobre inviolabilidade, imunidades, renumeração, perda do mandato, liçenca, impedimentos e incorporação às Forças Armadas (32, § 3º, c/c o 27).

Poder Executivo: é exercido pelo Governador, que será eleito para um mandato de 4 anos, na mesma época que as eleições estaduais.

IV - DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ESTRUTURAS BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Noção de Administração: Administração Pública é o conjunto de meios institucionais, materiais, financeiros e humanos preordenados à execução das decisões políticas.

Organização da Administração: é complexa, porque a função administrativa é institucionalmente imputada a diversas entidades governamentais autônomas, expressas no art. 37.

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Administração direta, indireta e fundacional: direta é a administração centralizada, definida como conjunto de órgãos administrativos subordinados diretamente ao Poder Executivo de cada entidade.; indireta é a descentralizada, que são órgão integrados nas muitas entidades personalizadas de prestação de serviços ou exploração de atividades econômicas, vinculadas a cada um dos Executivos daquelas entidades; fundacional são as fundações instituídas pelo Poder Público, através de lei.

ÓRGÃOS SUPERIORES DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL

Natureza e posição: segundo o art. 84, II, o Presidente exerce o Executivo, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; os Ministros, assim, estão na cúpula da organização administrativa federal.

Atribuições dos Ministros: cabem-lhe, além de outras estabelecidas na CF e na lei: a) a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades na área de sua competência; b) expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos; c) apresentar ao Presidente, relatório anual de sua gestão; d) praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe foram outorgadas ou delegadas pelo Presidente.

Condições de investidura no cargo: ser brasileiro, ser maior de 21 anos e estar no exercício de seus direitos políticos (87).

Juízo competente para processar e julgar os Ministros: pelo STF nos crimes comuns e nos de responsabilidade que cometerem sozinhos (102, I, c); pelo Senado, em processo e julgamento idênticos aos do Presidente, nos crimes de responsabilidade (51, I, 52, I, par.único, 85 e 86).

Os Ministérios: são criados e estruturados por lei, que também disporá sobre suas atribuições (88); cada Ministério tem sua estrutura básica dividida em secretárias.

CONSELHOS

Generalidades: conselhos são organismos públicos destinados ao assessoramento de alto nível e de orientação e até deliberação em determinado campo de atuação governamental.

Conselho da República: é órgão superior de consulta do Presidente, com competência para pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio e sobre outras questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas (89 e 90).

Conselho de Defesa Nacional: é órgão de consulta do Presidente nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático; competindo-lhe opinar nas hipóteses de declaraçào de guerra e de celebração da paz, propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território.

ÓRGÃOS SUPERIORES ESTADUAIS

Secretárias de Estado: os Secretários de Estado auxiliam os Governadores na direção superior da administração estadual; sempre exerceram as mesmas atribuições que acima apontamos como de competência dos Ministros.

DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Colocação do tema: A Administração é informada por diversos princípios gerais, destinados, de um lado, a orientar a ação do administrador na prática dos atos administrativos e, de outro lado, garantir a boa administração, que se consubstancia na correta gestão dos negócios e no manejo dos recursos públicos no interesse coletivo.

Princípioda finalidade: o ato administrativo só é válido quando atende seu fim legal, ou seja, submetido à lei; impõe que o administrador público só pratique o ato para o seu fim legal; a finalidade é inafastável do interesse público.

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Princípio da impessoalidade: significa que os atos e provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário que os pratica mas ao órgão ou entidade administrativa em nome do qual age o funcionário.

Princípio da moralidade: a moralidade é definida como um dos princípios da Administração Pública (37); consiste no conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da Administração.

Princípio da proibidade administrativa: consiste no dever de o funcionário servir a Administração com honestidade, procedendo no exercício da suas funções, sem aproveitar os poderes ou facilidades delas decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorecer.

Princípio da publicidade: o Poder Público, por ser público, deve agir com a maior transparência possível, a fim de que os administrados tenham, a toda hora, conhecimento de que os administradores estão fazendo.

Princípio da eficiência: introduzido no art. 37 pela EC-19/98, orienta a atividade administrativa no sentido de conseguir os melhores resultados com os meios escassos de que se dispõe e a menor custo; rege-se pela regra da consecução do maior benefício com o menor custo possível.

Princípio da licitação pública: significa que essas contratações ficam sujeitas ao procedimento de seleção de propostas mais vantajosas para a Administração; constitui um princípio instrumental de realização dos princípios da moralidade administrativa e do tratamento isonômico dos eventuais contratantes com o Poder Público.

Princípio da prescritibilidade dos ilícitos administrativos: nem tudo prescreverá; apenas a apuração e punição do ilícito, não, porém, o direito da Administração ao seu ressarcimento, à indenização, do prejuízo causado ao erário (37, § 5º).

Princípio da responsabilidade civil da Administração: significa a obrigação de reparar os danos ou prejuízos de natureza patrimonial que uma pessoa causa a outrem; o dever de indenizar prejuízos causados a terceiros por agente público, compete a pessoa jurídica a que pertencer o agente, sem necessidade de comprovar se houve culpa ou dolo (art. 37, § 6º).

DOS SERVIDORES PÚBLICOS

AGENTES ADMINISTRATIVOS

Agentes públicos e administrativos: o elemento subjetivo do órgão público (titular) denomina-se genericamente agente público, que, dada a diferença de natureza das competências e atribuições a ele cometidas, se distingue em: agentes políticos e agentes administrativos, que são os titulares de cargo, emprego ou função pública, compreendendo todos aqueles que mantêm com o Poder Público relação de trabalho, não eventual.

Acessibilidade à função administrativa: a CF estatui que os cargos, empregos e funções são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei (art. 37, I, cf. EC-19/98).

Investidura em cargo ou emprego: a exigência de aprovação prévia em concurso público implica a classificação dos candidatos e nomeação na ordem dessa classificaçào; não basta, pois, estar aprovado em concurso para ter direito à investidura; necessária também é que esteja classificado e na posição correspondente às vagas existentes, durante o período de validade do concurso, que é de 2 anos (37, III); independem de concurso as nomeações para cargo em comissão (37, II).

Contratação de pessoal temporário: será estabelecido por lei, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 37, IX).

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Sistema renumeratório dos agentes públicos: Espécies; a EC-19/98 modificou o sistema renumeratório dos agentes, com a criação do subsídio, como forma de renumerar agentes políticos e certas categorias de agentes administrativos civis e militares; é usada a expressão espécie renumeratória como gênero, que compreende: o subsídio, o vencimento, os vencimentos e a renumeração.

Isonomia, paridade, vinculação e equiparação de vencimentos: isonomia é igualdade de espécies renumeratórias entre cargos de atribuições iguais ou assemelhados; paridade é um tipo especial de isonomia, é igualdade de vencimentos a cargos e atribuições iguais ou assemelhadas pertencentes a quadros de poderes diferentes; equiparação é a comparação de cargos de denominação e atribuições diversas, considerando-os iguais para fins de lhes conferirem os mesmos vencimentos; vinculação é relação de comparação vertical, vincula-se um cargo inferior, com outro superior, para efeito de retribuição, mantendo-se certa diferença, aumentando-se um, aumenta-se o outro.

Vedação de acumulações renumeradas: ressalvadas as exceções expressas, não é permitido a um mesmo servidor acumular dois ou mais cargos ou funções ou empregos, seja da Administração direta ou indireta (37, XVI e XXVII).

Servidor investido em mandato eletivo: o exercerá observando as seguintes regras: 1) se se tratar de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado da sua atribuição (38, I); o afastamento é automático; 2) mandato de prefeito, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela renumeração; se verifica com a posse; 3) mandato de vereador; havendo compatibilidade de horário, exercerá ambas. Em qualquer das hipóteses, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento.

SERVIDORES PÚBLICOS

Aposentadoria, pensão e seus proventos: a aposentadoria dos servidores abrangidos pelo regime previdenciário de caráter contributivo (art. 40, cf. EC-20/98) se dará: por invalidez permanente, compulsoriamente aos 70 anos com provento proporcionais ao tempo de contribuição e voluntariamente; sobre a pensão, é determinado que os benefícios da pensão por morte será igual ao valor dos proventos do falecido ou ao valor dos proventos a que teria direito em atividade na data de seu falecimento, observado o disposto no § 3º do art. 40.

ler mais sobre o assunto (pags. 670 a 675)

Efetividade e estabilidade: o art. 41, cf. a EC-19/98 diz que são estáveis após 3 anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público; cargo de provimento efetivo é aquele que deve ser preenchido de caráter definitivo; são requisitos para adquirir a estabilidade: a nomeação por concurso e o exercício efetivo após 3 anos.

Vitaliciedade: é assegurada pela CF a magistrados, membros do Tribunal de Contas e membros do MP; essa garantia não impede a perda do cargo pelo vitalício em 2 hipóteses: extinção do cargo, caso em que o titular ficará em disponibilidade com vencimentos integrais; e demissão, o que só poderá ocorrer em virtude de sentença judicial.

Sindicalização e greve dos servidores públicos: é expressamente proíbida aos militares, cabível só aos civis; quanto a sindicalização, não há restrições (37, VI); quanto à greve, o texto constitucional estabelece que o direito de greve dos servidores será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica, o que, na prática, é quase o mesmo que recusar o direito prometido.

V - BASES CONSTITUCIONAIS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

Componentes: o sistema tributário nacional compõe-se de tributos, que, de acordo com a Constituição, compreendem, os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria (145); tributo é gênero.

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Empréstimo compulsório: só pode ser instituído pela União, mediante lei complementar no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional ou para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência (148).

Contribuições sociais: é competência exclusiva da União instituir contribuições sociais (seguridade social e previdenciária, 195, I a III, e 201), de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas; a doutrina entende que todas essas contribuições compulsórias têm natureza tributárias, reputadas como tributos parafiscais.

Normas de prevenção de conflitos tributários: estamos chamando assim à disciplina normativa, por lei complementar e por resoluções do Senado Federal da matéria trubutária.

Elementos do sistema tributário nacional: distinguem-se os seguintes elementos, além das disposições gerais (145 a 149): a) limitações do poder de tributar (150 a 152); b) a discriminação da competência tributária, por fontes (153 a 156); c) as normas do federalismo cooperativo, consubstanciadas nas disposições sobre a repartição das receitas tributárias, discriminaçãp pelo produto (157 a 162).

LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR

Princípios constitucionais da tributação e sua classificação: podemos classificá-los em: princípios gerais, especiais, específicos e as imunidades tributárias; Os princípios gerais são expressos (da legalidade, igualdade tributária, da personalização dos impostos e da capacidade contributiva, da irretroativodade, da proporcionalidade razoável, liberdade de tráfego) ou decorrentes (da universalidade e da destinação pública dos tributos); os princípios especiais, constituem-se das vedações constantes dos arts. 151 e 152; os específicos referem-se a determinados impostos, e assim se apresentam: da progressividade, da não cumulatividade do imposto e da seletividade do imposto; as imunidades fiscais, instituídas por razões de privilégio, ou de considerações de interesse geral, excluem a atuação do poder de tributar.

DISCRIMINAÇÃO CONSTITUCIONAL DO PODER DE TRIBUTAR

Natureza e conceito: a discriminação de rendas é elemento da divisão territorial do poder político; insere-se na técnica constitucional de repartição de competência.

Sistema discriminatório brasileiro: combina a outorga de competência tributária exclusiva, por fonte, designando expressamente os tributos de cada esfera governamental, com o sistema de participação no produto da receita tributária de entidade de nível superior.

DISCRIMINAÇÃO DAS RENDAS POR FONTE

Atribuição constitucional de competência tributária: compreende a competência legislativa plena, e é indelegável, salvo as funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéris tributária e outras de cooperação entres essas entidades públicas, conforme dispuser lei complementar (23, par.único).

DISCRIMINAÇÃO DAS RENDAS PELO PRODUTO

Técnicas de repartição da receita tributária: predomina o critério da repartição em favor da entidade participante, mas é possível distinguir 3 modalidades de participação: em impostos de decretação de uma entidade e percepção por outras (157, I e 158, I), em impostos de receita partilhada segundo a capacidade da entidade beneficiada e em fundos.

Normas de controle e disciplina da repartição de receita tributária: cabe à lei complementar estabelecer regras e disciplina do sistema de repartição de receitas, impondo-se ao TCU a tarefa de efetuar o cálculo das quotas referentes aos fundos de participação.

DAS FINANÇAS PÚBLICAS E DO SISTEMA ORÇAMENTÁRIO

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Disciplina das instituições financeiras: o art. 163 declara que a lei complementar disporá sobre: finanças públicas, dívida pública externa e interna, concessão de garantias da dívida pública, emissão e resgate de títulos, fiscalização das instituições financeirar, operações de câmbio e compatibilização das funções da instituições oficiais de crédito da União.

Função do banco central: a competência da União para emitir moeda (21, VII), será exercida exclusivamente pelo banco central (164).

ESTRUTURA DOS ORÇAMENTOS PÚBLICOS

Instrumentos normativos do sistema orçamentário: o sistema orçamentário encontra fundamento constitucional nos arts. 165 a 169; o primeiro desses dispositivos indica os instrumentos normativos do sistema: a lei complementar de caráter financeiro, a lei do plano plurianual, a lei das diretrizes orçmentárias e a lei orçamentária.

Orçamento-programa: trata-se de planejamento estrutural; á a integração do orçamento público com o econômico; garante a necessária coordenação entre a política fiscal e a política econômica.

PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS

Conteúdo dos orçamentos: orçamento é o processo e o conjunto integrado de documentos pelos quais se elaboram, se expressam, se aprovam, se executam e se avaliam os planos e programa de obras, serviços e encargos governamentais, com estimativa de receita e fixação das despesas de cada exercício financeiro.

Formulação dos princípios orçamentários: foram elaborados pelas finanças clássicas, destinados a reforçar a utilidade do orçamento como instrumento de controle parlamentar e domocrático sobre a atividade financeira do Executivo e, orientar a elaboração, aprovação e execução do orçamento; são os seguintes: princípio da exclusividade, da programação, do equilíbrio orçamentário, da anualidade, da unidade, da universalidade e da legalidade.

ELABORAÇÃO DAS LEIS ORÇAMENTÁRIAS

Leis orçamentárias: são as previstas no art. 165; sua formação fica sujeita a procedimentos especiais; pela sua natureza de leis temporárias, são de iniciativa legislativa vinculada.

Processo de formação das leis orçamentárias: as emendas e os projetos de lei do plano plurianual, de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual serão apresentadas na Comissão mista,que sobre elas emitirá parecer, e serão apreciadas, na forma regimental, pelo plenário das 2 Casas do CN; se se tratar de emendas ao projeto de lei do orçamento anual, somente serão aprovadas caso sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias, indiquem os recursos necessários e sejam relacionadas com a correção de erros ou omissões ou com os dispositivos do texto do mesmo projeto; se as emendas se destinarem a modificar o projeto de lei de diretrizes orçamentárias, só poderão ser aprovadas quando compatíveis com o plano plurianual; em se tratando do projeto de lei do plano plurianual, o processo se rege pelas regras do art. 63, I; todos os casos serão votados nos termos do art. 166, aplicadas das demais normas do processo legislativo (63 a 68), no que não contrariar o disposto nos arts. 165 a 169.

Rejeição do projeto de orçamento anual e suas conseqüências: a CF não admite a rejeição do projeto de lei de diretrizes orçamentárias (57, § 2º); mas admite a possibilidade da rejeição do projeto de lei orçamentária anual, quando, no art. 166, § 8º, estatui que os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.

DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

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Função da fiscalização: engloba os meios que se preordenam no sentido de impor à Administração o respeito à lei, quando sua conduta contrasta com esse dever, ao qual se adiciona o dever de boa administração, que fica também sob a vigilância dos sistemas de controle.

Formas de controle: quanto à forma, o controle orçamentário dinstingue-se: a) segundo a natureza das pessoas controladas; b) segundo à natureza dos fatos controlados; c) segundo o momento de seu exercício; d) segundo a natureza dos organismos controladores; quanto aos tipos, a Constituição reconhece os seguintes (70 e 74): a) controle de legalidade dos atos; b) de legitimidade; c) de economicidade; d) de fidelidade funcional; e) de resultados, de cumprimento de programa de trabalhos e metas.

O sistema de controle interno: a CF estabelece que os 3 Poderes manterão de forma integrada, o controle interno; trata-se de controle de natureza administrativa; as finalidades do controle interno estão constitucionalmente estabelecidas no art. 74; a atuação varia, admitindo-se diversas maneiras de proceder; o mais seguro é o registro contábil.

O sistema de controle externo: é função do Poder Legislativo, nos respectivos âmbitos, federais, estaduais e municipais com o auxílio dos respectivos Tribunais de Contas; consiste na atuação da função fiscalizadora do povo, através de seus representantes, sobre a administração financeira e orçamentária; é de natureza política.

TRIBUNAIS DE CONTAS

Organização a atribuições do Tribunal de Contas da União: é integrado por 9 Ministros, tem sede no DF, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo território nacional; lhe é conferido a exercício das competências previstas para os Tribunais judiciários (96); suas atribuições estão nos termos do art. 71.

Participação popular: o § 2º, do art. 74, dispõe que, qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o TCU.

Tribunais de contas estaduais e municipais: a CF não prevê diretamente sua criação; fá-lo indiretamente nas arts. 31 e 75; neste caso sem deixar dúvidas quato à obrigatoriedade de sua instituição nos Estados; no município a fiscalização será exercida pela Câmara e pelos sistemas de controle interno, do Executivo local, na forma da lei; o controle externo será auxiliado pelos TC do Estado.

Natureza do controle externo e do Tribunal de Contas: o controle exteno é feito por um órgão político que é o CN, amenizado pela participação do Tribunal de Contas, que é órgão eminentemente técnico; isso denota que o controle externo há de ser primordialmente de natureza técnica ou numérico-legal.

Prestação de contas: é um princípio fundamental da ordem constitucional (34, VII, d); todas estão sujeitos à prestação e tomadas de contas pelo sistema interno, em primeiro lugar, e pelo sistema de controle externo, depois, através do Tribunal de Contas (70 e 71).

VI - DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO

Defesa do Estado e compromissos democráticos: defesa do Estado é defesa do território contra invasão estrangeira (34, II, e 137, II), é defesa da soberania nacional (91), é defesa da Pátria (142), não mais defesa deste ou daquele regime político ou de uma particular ideologia ou de um grupo detentor do poder.

Defesa das instituições democráticas: o equilíbrio constitucional consiste na existência de uma distribuição relativamente igual de poder, de tal maneira que nenhum grupo, ou combinação de grupos, possa dominar sobre os demais; a democrácia é o equilíbrio mais estável entre os grupos de poder.

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ESTADO DE DEFESA

Defesa do Estado e estado de defesa: o primeiro significa uma ordenação que tem por fim específico e essencial a regulamentaçã global das relações sociais entre os membros de uma dada população sobre um dado território; o segundo, segundo o art. 136, consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por certo tempo, em locais restritos e determinados, mediante decreto do Presidente, para preservar a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade instituional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.

Pressupostos e objetivo: tem por objetivo preservar ou restabelecer a ordem pública ou a paz social ameaçadas por aqueles fatores de crise; os fundamentos para sua instauração acham-se estabelecidos no art. 136, e são de fundo e de forma.

Controles: o político realiza-se em 2 momentos pelo CN; o primeiro consiste na apreciação do decreto de instauração e de prorrogação do estado de defesa; o segundo, é sucessivo, atuará após o seu término e a cessação de seus efeitos (141, par.único); o jurisdicional consta, por exemplo, do art. 136, § 3º.

ESTADO DE SÍTIO

Pressupostos, objetivos e conceito: causas do estado de sítio são as situações críticas que indicam a necessidade de instauração de correspondente legalidade de exceção para fazer frente à anormalidade manisfestada; sua instauraçã depende de preenchimento de requisitos (pressupostos) formais (137 e 138, §§ 2º e 3º); consiste, pois, na instauração de uma legalidade extraordinária, por determinado tempo e em certa área, objetivando preservar ou restaurar a normalidade constitucional, perturbada por motivo de comoção grave de repercussão nacional ou por situação de beligerância com Estado estrangeiro.

Controles do estado de sítio: o político realiza-se pelo CN em 3 momentos: um controle prévio, um concomitante e um sucessivo; o jurisdicional é amplo em relação aos limites de aplicação das restrições autorizadas.

DAS FORÇAS ARMADAS

Destinação constitucional: se destinam à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem (142).

Instituições nacionais permanentes: as Forças Armadas são instituições nacionais, permanentes e regulares.

Hierarquia e disciplina: Hierarquia é o vinculo de subordinação escalonada e graduada de inferior a superior; disciplina é o poder que têm os superiores hierárquicos de impor condutas e dar ordens aos inferiores.

Componentes das Forças Armadas: são constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica.

Fixação e modificação dos efetivos das Forças Armadas: para o tempo de paz, dependem de lei de iniciativa do Presidente (61, § 1º, I); em tempo de guerra, não se cuidará de efetivos, mas de mobilização nacional (84, XIX).

A obrigação militar: é obrigatório para todos nos termos da lei (143); é reconhecida a escusa de consciência no art. 5º, VIII, que desobriga o alistamento, desde que cumprida prestação alternativa.

Organização militar e seus servidores: seus integrantes têm seus direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos definidos no § 3º, do art. 142, desvinculados, assim, do conceito de servidores públicos, por força da EC-18/98.

DA SEGURANÇA PÚBLICA

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Polícia e segurança pública: a segurança pública consiste numa situação de preservação ou restabelecimento dessa convivência social que permite que todos gozem de seus direitos e exerçam suas atividades sem perturbação de outrem, salvo nos limites de gozo e reivindicação de seus próprios direitos e defesa de seus legítimos interesses. Polícia, assim, passa a significar a atividade administrativa tendente a assegurar a ordem, a paz interna, a harmonia e o órgão do Estado que zela pela segurança dos cidadãos.

Organização da segurança pública: é de competência e responsabilidade de cada unidade da federação, tendo em vista as peculiaridades regionais e o fortalecimento do princípio federativo.

Polícias Federais: estão mencionadas 3 no art. 144, I a III, a polícia federal propriamente dita, a rodoviária federal e a ferroviária federal; são organizadas e mantidas pela União (21, XIV); todas elas hão de ser instituídas em lei, como órgãos permanentes estruturados em carreira.

Polícias estaduais: são responsáveis pelo exercício das funções de segurança pública e de polícia judiciária: a polícia civil, a militar e o corpo de bombeiros militar.

Guardas municipais: a Constituição apenas reconheceu aos Municípios a faculdade de constituí-las, destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

4ª Parte

DA ORDEM ECONÔMICA E DA ORDEM SOCIAL

I - DA ORDEM ECONÔMICA

PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA

Fundamento e natureza da ordem econômica instituída: ela é fundada na valorização do trabalho humano e na iniciativa privada; consagra uma economia de mercado, de natureza capitalista; significa que a ordem econômica dá prioridade aos valores do trabalho humano sobre todos os demais valores da economia de mercado.

Fim da ordem econômica: tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os princípios indicados no art. 170, princípios estes que, em essência, consubstanciam uma ordem capitalista.

CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA E SEUS PRINCÍPIOS

Idéia de Constituição econômica: a constituição econômica formal brasileira consubstancia-se na parte da Constituição Federal que contém os direitos que legitimam a atuação dos sujeitos econômicos, os conteúdo e limites desses direitos e a responsabilidade que comporta o exercício da atividade econômica.

Princípios da constituição econômica formal: estão relacionados no art. 170, antes citado: da soberania nacional, da propriedade privada, da função social da propriedade, da livre concorrência, da defesa do consumidor, da defesa do meio ambiente, da redução das desigualdades regionais e sociais e da busca do pleno emprego.

ATUAÇÃO ESTATAL NO DOMÍNIO ECONÔMICO

Modos de atuação do Estado na economia: a CF reconhece duas forma de atuação do Estado na ordem econômica: a participação e a intervenção; fala em exploração direta da atividade econômica pelo Estado e do Estado como agente normativo e regulador da atividade econômica.

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Exploração estatal da atividade econômica: existem 2 formas; uma é o Monopólio; a outra, embora a Constituição não o diga, é a necessária, ou seja, quando o exigir a segurança nacional ou o interesse coletivo relevante (173); os instrumentos de participação do Estado na economia são a empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades estatais ou paraestatais, como são as subsidiárias daquelas.

Monopólios: é reservado só para as hipóteses estritamentes indicadas no art. 177.

Intervenção no domínio econômico: a participação com base nos arts. 173 a 177, caracteriza o Estado administrador de atividades econômicas; a intervenção fundada no art. 174, o Estado aparece como agente normativo e regulador, quem compreende as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, caracterizando o Estado regulador, o promotor e o planejador da atividade econômica.

Planejamento econômico: é um processo técnico instrumentado para tranformar a realidade existente no sentido de objetivos previamente estabelecidos; consiste num processo de intervenção estatal no domínio econômico, com o fim de organizar atividades econômicas para obter resultados previamente colimados; se instrumente mediante a elaboração de plano ou planos.

DAS PROPRIEDADES NA ORDEM ECONÔMICA

O princípio da propriedade privada: a CF inscreveu a propriedade privada e a sua função social como princípios da ordem econômica (170, II e III)

Propriedade dos meios de produção e propriedade socializada: a propriedade de bens de consumo e de uso pessoal, é essencialmente vocacionada à apropriação privada, são imprescindíveis à própria existência digna das pessoas, e não constituem nunca instrumentos de opressão, pois satisfazem necessidades diretamente; bens de produção são os que se aplicam na produção de outros bens ou rendas; o sistema de apropriação privada tende a organizar-se em empresas, sujeitas ao princípio da função social.

Função social da empresa e condicionamento à livre iniciativa: o princípio da função social da propriedade, ganha substancialidade precisamente quando aplicado à propriedade dos bens de produção, ou seja, na disciplina jurídica da propriedade de tais bens, implementada sob compromisso com a sua destinação; a propriedade; é a propriedade sobre a qual em maior intensidade refletem os efeitos do princípio; aos nos referirmos à função social dos bens de produção em dinamismo, estamos à aludir à função social da empresa.

Propriedade de interesse público: são bens sujeitos a um regime jurídico especial e peculiar em virtude dos interesses públicos a serem tutelados, inerente à utilidade e a valores que possuem; exs: arts. 225 e 216.

Propriedade do solo, do subsolo e de recursos naturais: por princípio, a propriedade do solo abrange a do subsolo em toda a profundidade útil ao seu exercício (CC, art. 526), que prevalece na Constituição; os recursos minerais, inclusive os do subsolo, e os potenciais de energia hidráulica, são expressamente incluídos entre os bens da União (20, VIII, IX e X).

Política urbana e propriedade urbana: a concepção de política de desenvolvimento urbano da CF decorre da compatibilização do art. 21, XX, que dá competência a União para instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, com o 182, que estabelece que a política de desenvolvimento urbano tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes e é executada pelo Município, conforme diretrizes gerais instituídas por lei.

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Propriedade rural e reforma agrária: a propriedade rural, com sua natureza de bem de produção, tem como utilidade natural a produção de bens necessários à sobrevivência humana, por isso são consignadas normas que servem de base à sua peculiar disciplina jurídica (184 a 191); o regime jurídico da terra fundamenta-se na doutrina da função social da propriedade, pela qual toda riqueza produtiva tem finalidade social e econômica, e quem a detém deve fazê-la frutificar, em benefício próprio e da comunidade em que vive; a sanção para imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social é a desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, mediante pagamento da indenização em títulos da dívida agrária (84).

DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Fundamento legal e objetivos do sistema financeiro nacional: será regulado em lei complementar; a Lei 4595/64 o instituiu; sua alteração depende de lei formada nos termos do art. 69; a CF estabelece que ele será estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da comunidade.

Instituições do sistema financeiro: subordinam-se à sua disciplina, além das instituições financeiras, as bolsas de valores, as seguradoras, de previdência e de capitalização, assim como as sociedades que efetuam distribuição de prêmios em imóveis, mercadorias ou dinheiro, mediante sorteio de títulos de sua emissão ou por qualquer outra forma e, ainda, as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividade relacionada com a compra e venda de ações e outros títulos.

Funcionamento das instituições financeiras: depende de autorização (192, I); assegura-se às instituições bancárias acesso a todos os intrumentos do mercado financeiro bancário, sendo, porém, vedada a elas a participação em atividades não previstas na autorização.

Regionalização financeira: 2 dispositivos se preocupam com a questão regional; um depende de lei complementar, que deve estabelecer os critérios restritivos de transferência de poupança de regiões com renda inferior à média nacional para outras de maior desenvolvimento; o outro consta do art. 192, § 2º, segundo o qual os recursos financeiros relativos a programas e projetos de caráter regional, de responsabilidade da União, serão depositados em suas instituições regionais de crédito e por elas aplicados.

Tabelamento dos juros e crime de usura: está previsto no § 3º, do art. 192 que as taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e quaisquer outras renumerações direta ou indiretamente referidas à concessão de crédito, não poderão passar de 12% ao ano; a cobrança acima desse limite será conceituada como crime de usura, punido, em todas as suas modalidades, nos termos que a lei determinar.

II - DA ORDEM SOCIAL

INTRODUÇÃO À ORDEM SOCIAL

Base e objetivo da ordem social: tem por base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça social.

DA SEGURIDADE SOCIAL

Conteúdo, princípios e financiamentos da seguridade social: compreende um conjunto integrado de ações de inciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a asegurar os direitos relativos à saude, à previdência e à assistência social; rege-se pelos princípios da universalidade de cobertura e do atendimento, da igualdade, da unidade de organização e da solidariedade financeira; será financiada por toda a sociedade de forma direta ou indireta (195).

Saúde: por serem de relevância pública, as ações e serviços ficam inteiramente sujeitos à regulamentação, fiscalização e controle do Poder Público, nos termos da lei; o SUS rege-se pelos princípios da descentralização, do atendimento integral e da participação da comunidade.

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Previdência social: será organizada sob forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória; compreende prestações de 2 tipos: benefícios e serviços; os benefícios são prestações pecuniárias aos assegurados e a qualquer pessoa que contribua na forma dos planos previdenciários, e são os seguintes: auxílios (201, I a III), seguro-desemprego (7º, II, 201, III. e 239), salário família e auxílio reclusão, pensão por morte e a aposentadoria.

Assistência social: não depende de contribuição; os benefícios e serviços serão prestados a quem deles necessitar; é financiada com recursos do orçamento da seguridade social, além de outras fontes.

DA ORDEM CONSTITUCIONAL DA CULTURA

Educação: a Constituição declara que ela é um direito de todo e dever do Estado (205 a 214).

Princípio básicos do ensino: a consecução prática de seus objetivos, consoante o art. 205 só se realizará num sistema educacional democrático, informado pelos princípios, acolhidos pela CF, que são: da igualdade, da liberdade, do pluralismo, da gratuidade, da valorização dos profissionais do ensino, da gestão democrática e do padrão de qualidade (206).

Autonomia universitária: a CF firmou a autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira das Universidades, que obedecerão o princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (207).

Ensino público: importa em que o Poder Público organize os sistemas de ensino de modo a cumprir o respectivo dever com a educação, mediante prestações estatais que garantam, no mínimo, o ensino fundamental, obrigatório e gratuito (208 a 210).

Cultura e direitos culturais: a CF estatui que o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes de cultura nacional, apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

Desporto: é dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, observadas as diretrizes do art. 217.

Ciência e Tecnologia: é incumbência estatal promover e incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa a a capacitação tecnológica (219).

Meio ambiente: a Constituição o define ecologicamente equilibrado como direito de todos e lhe dá a natureza de bem de uso comum do povo; o art. 225, § 1º, arrola as medidas e providências que incumbem ao Poder Público tomar para assegurar a efetividade do direito reconhecido no caput do próprio artigo.

DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO IDOSO

A família: é afirmada como base da sociedade, tendo especial proteção do Estado; é reconhecida a união estável; o casamento é civil e gratuita a sua celebração; a paternidade responsável é sugerida; o dever de se ajudar é recíproco entre pais e filhos.

Tutela da criança e do adolescente: a família tem o grave dever, juntamento com a sociedade e o Estado, de assegurar com absoluta prioridade, os direitos fundamentais da criança e do adolescente enumerados no art. 227.

Tutela de idosos: vários dispositivos mencionam a velhice como objeto de direitos específicos, como o previdenciário (201, I), assistencial (203, I); o art. 230 estatui que a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas.

DOS ÍNDIOS

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Fundamentos constitucionais dos direitos indígenas: as bases dos direitos dos índios estão estabelecida nos arts. 231 e 232.

Organização social: o art. 231 reconhece a organização social, costumes, línguas, crenças e tradições dos índios, com o que reconhece a existência de minorias nacionais e institui normas de proteção de sua singularidade étnica, especialmente de suas línguas, costumes e usos.

Direitos sobre as terras indígenas: são terras da União vinculadas ao cumprimento dos direitos indígenas sobre elas, reconhecidos pela Constituição, como direitos originários (231), que assim, consagra uma relação jurídica fundada no instituto do indigenato, como fonte primária e congênita da posse territorial, consubstanciada no § 2º, do mesmo artigo.

41 Defesa dos direitos e interesse dos índios: têm natureza de direito coletivo; por isso é que a CF reconhece legitimação para defendê-los em juízo aos próprios índios; às suas comunidades e às organizações antropológicas e pró-indios, intervindo o MP em todos os atos do processo, que é de competência da Justiça Federal (109, XI e § 2º, e 232).

CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO

Constituição: é a organização jurídica fundamental de um Estado

Estrutura escalonada ou hierarquizada: a pirâmide representa a hierarquia das normas dentro do ordenamento jurídico - esta estrutura exige que o ato inferior guarde hierarquia com o ato hierarquicamente superior e, todos eles, com a Constituição, sob pena de ser ilegal e inconstitucional - chamada de relação de compatibilidade vertical.

CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

Quanto ao conteúdo: Constituição formal: regras formalmente constitucionais, é o texto votado pela Assembléia Constituinte, são todas as regras formalmente constitucionais = estão inseridas no texto constitucional.

Constituição material: regras materialmente constitucionais, é o conjunto de regras de matéria de natureza constitucional, isto é, as relacionadas ao poder, quer esteja no texto constitucional ou fora dele. O conceito de Constituição material transcende o conceito de Constituição formal, ela é ao mesmo tempo, menor que a formal e mais que esta = nem todas as normas do texto são constituição material e há normas fora do texto que são materialmente constitucionais.

Regras de matéria constitucional são as regras que dizem respeito ao poder, portanto, são as que cuidam da organização do Estado e dos poderes constituídos, modo de aquisição e exercício do poder, as garantias e direitos fundamentais, elementos sócio-ideológicos, etc.Nem todas as regras que estão na Constituição são regras materialmente constitucionais. Pelo simples fato de estarem na Constituição elas são formalmente constitucional. As regras formalmente constitucionais são chamadas por alguns autores de lei constitucional, é como se fosse uma lei na constituição.

Quanto à forma: Escrita: pode ser: sintética (Constituição dos Estados Unidos) e analítica (expansiva, a Constituição do Brasil). A ciência política recomenda que as constituições sejam sintéticas e não expansivas como é a brasileira.

Não escrita: é a constituição cuja as normas não constam de um documento único e solene, mas se baseie principalmente nos costumes, na jurisprudência e em convenções e em textos constitucionais esparsos.

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Quanto ao modo de elaboração: a) Dogmática: é Constituição sistematizada em um texto único, elaborado reflexivamente por um órgão constituinte = é escrita. É a que consagra certos dogmas da ciência política e do Direito dominantes no momento. É um texto único, consolidado. Esta consolidação pode ser elaborada por uma pessoa (será outorgada, ex. na monarquia) ou por uma Assembléia Constituinte (será promulgada, ex. nos sistemas representativos, Presidencialismo e Parlamentarismo). As constituições dogmáticas podem ser: ortodoxa (quando segue uma só linha de raciocínio, tem um único pensamento) e eclética (não há um fio condutor, temos dispositivos completamente antagônicos em razão da divergência que existiam entre os parlamentares, já que cada um visava os seus próprios interesses. - é uma dogmática que mistura tudo).

b) Histórica: é sempre não escrita e resultante de lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio-políticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organização de determinado Estado. Como exemplo de Constituição não escrita e histórica temos a Constituição do Estado chamado Reino Unido da Grã Bretanha e da Irlanda do Norte, sendo que a Grã Bretanha é formada pela Inglaterra, Irlanda e Escócia. A Inglaterra tem uma constituição não escrita, apesar de ter normas materialmente constitucionais que são escritas. Portanto, a Constituição não escrita é, em parte escrita, tendo como característica diferenciadora que os seus textos escritos não estão reunidos, não é codificado, são textos esparsos e se eternizam no tempo, denominados Atos do Parlamento (ex. Magna Carta - datada de 1215)

A escrita é sempre dogmática. A não escrita é sempre histórica.

Quanto a sua origem ou processo de positivação: a) Promulgada: aquela em que o processo de positivação decorre de convenção, são votadas, originam de um órgão constituinte composto de representantes do povo, eleitos para o fim de as elaborar. Ex.: Constituição de 1891, 1934, 1946, 1988. Também chamada de populares, "democráticas". A expressão democrática não deve ser utilizada como sinônimo de Constituição promulgada, não é denominação correta. O simples fato de ser promulgada não significa que seja democrática. (Democracia = vontade da maioria, consenso). A constituição outorgada também pode ser democrática, se a maioria concordar com ela.

Outorgada: aquela em que o processo de positivação decorre de ato de força, são impostas, decorrem do sistema autoritário. São as elaboradas sem a participação do povo. Ex.: Constituição de 1824, 1937, 1967, 1969.Próxima a esta modalidade de constituição encontramos também uma referência histórica, a chamada Constituição Cesarista ou mistificada = não é propriamente outorgada, mas tampouco promulgada, ainda que criada com a participação popular. Formada por plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um Imperador, ex. plebiscitos napoleônicos ou por um ditador, ex. plebiscito de Pinochet, no Chile. A participação popular, nesses casos, não é democrática, pois visa somente ratificar a vontade do detentor do poder, sendo assim pode ser considerado um tipo de outorga (são impostas e ratificada pelo povo por meio de plebiscito para dar aparência de legítima).

Pactuadas: são aquelas em que os poderosos pactuavam um texto constitucional, o que aconteceu com a Magna Carta de 1215.

OBS: A expressão Carta Constitucional é usada hoje pelo STF para caracterizar as constituições outorgadas. Portanto, não é mais sinônimo de constituição.

Quanto à estabilidade ou mutabilidade:

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Imutável: constituições onde se veda qualquer alteração, constituindo-se relíquias históricas –

imutabilidade absoluta.

Rígida: permite que a constituição seja mudada mas, depende de um procedimento solene que é o de Emenda Constitucional que exige 3/5 dos membros do Congresso Nacional para que seja aprovada. A rigidez é caracterizada por um processo de aprovação mais formal e solene do que o processo de aprovação de lei ordinária, que exige a maioria simples.

Flexível: o procedimento de modificação não tem qualquer diferença do procedimento comum de lei ordinária Alguns autores a denominam de Constituição Plástica, o que é arriscado porque pode ter diversos significados. Ex.: as constituições não escritas, na sua parte escrita elas são flexíveis

Semi-rígida: aquela em que o processo de modificação só é rígido na parte materialmente constitucional e flexível na parte formalmente constitucional.

A estabilidade das constituições não deve ser absoluta, não pode significar imutabilidade. Deve-se assegurar certa estabilidade constitucional, certa permanência e durabilidade das instituições, mas sem prejuízo da constante, tanto quanto possível, perfeita adaptação das constituições às exigências do progresso, da evolução e do bem-estar social.

Quanto à sua função (função que a Constituição desenvolve no Estado):As três categorias não são excludentes, uma Constituição pode ser enquadrada em mais de uma delas, salvo a balanço e a dirigente que se excluem.Garantia: tem a concepção clássica de Constituição, reestrutura o Estado e estabelece as garantias dos indivíduos, isto é, estabelece limitações ao poder

b) Balanço: foi bem definida por F. Lassale na antiga URSS. A constituição é um reflexo da realidade, devendo representar o "Balanço" da evolução do Estado, o reflexo das forças sociais que estruturam o Poder (é o chamado conceito sociológico dado por Lassale). "CF DO SER". Seu conteúdo se contrapõe à dirigente. Nesta base foi criada a constituição soviética o que se projetou para os Estados que seguiam a sua concepção. Para eles a constituição tinha que mostrar a realidade social, como se fosse uma fotografia = mostrar como é, portanto, a constituição do SER. EX.: A UNRSS teve três constituições, descrevendo três fases diferentes do Estado. A primeira em 1924 que a constituição do proletariado, a segunda em 1936 chamada dos operários e a última em 1971 que foi a constituição do povo. A cada constituição era feito um novo balanço da evolução do Estado = tirada uma nova fotografia da situação atual. Estas considerações tem somente efeito histórico, porque a própria URSS não existe mais.

c) Dirigente: A constituição não apenas organiza o poder como também preordena a atuação governamental por meio de programas vinculantes. "CF DO DEVER SER" Esta constituição diz como deve ser as coisas e não como realmente é. Numa constituição dirigente há duas diretrizes políticas para que seja possível organizar o Estado e preordenar a atuação governamental, que são: permanente (são as que constam da própria constituição) e contingente (são os Estatutos partidários)Nos Estados desenvolvidos segue-se o Estatuto partidário como regras de atuação do poder, sempre obedecendo as normas da constituição que diretrizes permanentes. Os estatutos de qualquer dos partidos, cada um a seu modo devem obedecer sempre a constituição. Nos países em que temos dois grandes partidos a escolha das metas de governo é feita pelo eleitorado e efetivamente tem grande importância, já que os partidos tem planos de governo preestabelecidos - eles tem um estatuto partidário a ser seguido. Para nós os partidos não passam de legendas, os nossos estatutos não são aplicados não tendo a sua real importância - aqui é uma bagunça só, cada um faz o que quer.

Quanto à relação entre as normas constitucionais e a realidade política (positividade – real aplicação ):

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normativa: a dinâmica do poder se submete efetivamente à regulamentação normativa. Nesta modalidade a constituição é obedecida na íntegra, como ocorre com a constituição americana;

b) nominalista: esta modalidade fica entre a constituição normativa que é seguida na íntegra e a semântica que não passa de mero disfarce de um estado autoritário. Esta constituição aparece quando um Estado passa de um Estado autoritário para um Estado de direito, é o caso da nossa constituição de 1988. A Constituição de 1988 nasceu normativa, havia uma expectativa de que passássemos da constituição nominalista para uma constituição normativa. Na realidade isto não está ocorrendo, pelo contrário, a classe política, em especial, vem descumprindo absurdamente a constituição.

semântica: mero disfarce de um Estado autoritário.

CF brasileira é: escrita, analítica, dogmática, eclética, promulgada, rígida, garantia, dirigente e nominalista

ESTRUTURA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO

Elementos da constituição:Elementos orgânicos ou organizacionais: organizam o estado e os poderes constituídos.Elementos limitativos – limitam o poder – direitos e garantias fundamentais.Elementos sócio-ideológicos - princípios da ordem econômica e socialElementos de estabilização constitucional – supremacia da CF (controle de constitucionalidade) e solução de conflitos constitucionaisElementos formais de aplicabilidade – são regras que dizem respeito a aplicabilidade de outras regras (ex. preâmbulo, disposições transitórias)

DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

princípios relativos à existência, forma, estrutura e tipo do Estado: República Federativa do Brasil, soberania e Estado Democrático de Direito – art. 1º, caput, inc. I.

princípios relativos à forma de governo e à organização dos poderes: República e independência e harmonia dos poderes – arts. 1º e 2º.

princípios relativos à organização da sociedade: princípio da livre organização social, da convivência justa e da solidariedade, e princípio da valorização social do trabalho e da livre iniciativa – arts. 1º, IV e 3º, I.

princípios relativos ao regime político: princípio da cidadania, da dignidade da pessoa humana, do pluralismo político, da soberania popular, da representação política e da participação direta – art. 1º, inc. I, II, III e V, e seu pú.

princípios relativos à prestação positiva do Estado: princípio da independência e do desenvolvimento social, da justiça social e da não discriminação – art. 3º, II,III,IV.

princípios relativos à comunidade internacional: princípio da independência nacional, do respeito aos direitos humanos, da autodeterminação dos povos, da não intervenção, da igualdade entre os Estados, da defesa da paz, da solução pacífica dos conflitos, do repúdio ao terrorismo e ao racismo, da cooperação entre os povos para o progresso da humanidade, da concessão de asilo político e da integração política.

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SISTEMAS POLÍTICOS

São revelados através de 4 critérios:

forma de Estado: considera os modos pelos quais se estrutura a sociedade estatal, permitindo identificar as comunidades políticas em cujo âmbito de validade o exercício do poder ocorre, de modo centralizado ou descentralizado. Pode ser:

Estado unitário: quando existir um único centro dotado de capacidade legislativa, administrativa e política, do qual emanam todos os comandos normativos e no qual se concentram todo as as competências constitucionais, ocorre a forma unitária de Estado.

Estado federal: quando as capacidades políticas, legislativas e administrativas são atribuídas constitucionalmente a entes regionais, que passam a gozar de autonomias próprias, surge a forma federativa. Neste caso, as autonomias regionais não são fruto de delegação voluntária de um centro único de poder, mas se originam na própria Constituição, o que impede a retirada de competências por ato voluntário de poder central. Estado federado não significa necessariamente Estado descentralizado.

forma de governo: define o modo de organização política e de regência do corpo estatal, ou seja, o modo pelo qual se exerce o poder. Pode ser:

republica: quando o poder for exercido pelo povo, através de mandatários eleitos temporariamente, surge a forma republicada,

monarquia: quando o poder é exercido por quem o detém naturalmente, sem representar o povo através de mandato, surge a forma monárquica de governo.

regime de governo: refere-se ao modo pelo qual se relacionam os Poderes Executivo e Legislativo. Pode ser:

parlamentarismo: a função de Chefe de Estado é exercida pelo Presidente ou pelo Monarca e a de Chefe de Governo pelo Primeiro Ministro, que chefia o Gabinete. Parte da atividade do Executivo é deslocada para o Legislativo]

presidencialismo: o Presidente concentra as funções de Chefe de Estado e de Chefe de Governo.

regime político: refere-se à acessibilidade do povo e dos governantes ao processo de formação da vontade estatal. A participação do povo no processo decisório e a capacidade dos governados de influenciar a gestão dos negócios estatais comportam gradação variável em função do regime adotado. Dentro deste critério, temos:

regime democrático - a Democracia pode ser:direta: aquele em que o povo exerce, por si, os poderes governamentais, fazendo leis, administrando e julgando.indireta (representativa): o povo, fonte primária de poder, não podendo dirigir os negócios do Estado diretamente em face da extensão territorial, da densidade demográfica e da complexidade dos problemas sociais, outorga as funções de governo aos seus representantes, que são eleitos periodicamentesemi-direta: é a democracia representativa, com alguns institutos de participação direta do povo nas funções do governo.

não democrático: subdividido em totalitário, ditatorial e autoritário.

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Sistema brasileiro:forma de estado: Estado Federal,forma de governo: Republicano,regime de governo: Presidencialista,regime político: democrático.Nosso modelo é de uma Democracia Social (promover justiça social, promovendo o bem de todos e erradicando a pobreza, com diminuição das desigualdades), participativa (caminha para democracia semi-direta) e pluralista (pluralismo político).

INSTITUTOS DE PARTICIPAÇÃO DIRETA DO POVO

iniciativa popular: admite-se que o povo apresente projetos de lei ao legislativo, desde que subscrito por número razoável de eleitores (vide processo legislativo).

referendo popular: caracteriza-se pelo fato de que projetos de lei, há aprovados pelo legislativo, devam ser submetidos à vontade popular, atendidas certas exig6encias, tais como, pedido de certo número de eleitores, de certo número de parlamentares ou do próprio chefe do executivo, de sorte que o projeto ser terá por aprovado apenas se receber votação favorável do corpo eleitoral, do contrário, reputar-se-á rejeitado. – art. 14, II, e é atribuição exclusiva do CN autorizá-lo – art. 49, XV, tendo liberdade para estabelecer critérios e requisitos.

plebiscito: é também um consulta popular, semelhante ao referendo; difere deste porque visa a decidir previamente uma questão político ou institucional, antes de sua formação legislativa, ao passo que o referendo versa sobre aprovação de textos de projeto de lie ou de emenda constitucional, já aprovados; o referendo ratifica ou rejeita o projeto já elaborado, enquanto que o plebiscito autoriza a sua formação - art. 14, I. Pode ser utilizado pelo CN nos casos em que decidir seja conveniente e em casos específicos como a formação de novos Estados e Municípios – art. 18, §§ 3º e 4º.Foi realizado em 21.04.93 importante plebiscito, que escolheu a forma de governo republicana e o regime de governo presidencialismo.

REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS

princípio da predominância do interesse é o princípio geral que norteia a repartição de competência entre as entidades federativas é o da predominância do interesse, segundo o qual, à União caberão as matérias e as questões de predominante interesse geral, ao passo que com os Estados ficarão as matérias e os assuntos de interesse regional e com os Municípios, as questões de predominante interesse local.

Classificação das competênciasCompetência é a capacidade para emitir decisões dentro de um campo específico.

Quanto à finalidade:material – refere-se à prática de atos políticos e administrativos. Pode ser:exclusiva: é a pertencente exclusivamente a uma única entidade, sem possibilidade de delegação (ex. art. 21.Cumulativa: (ou paralela)

legislativa – refere-se à prática de atos legislativos.

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exclusiva: cabe apenas a uma entidade o poder de legislar, sendo inadmissível qualquer delegação (ex. art. 25, § 1º)privativa: cabe apenas a uma entidade o poder de legislar, mas é possível a delegação de competência a outras entidades (ex. art. 22 e seu parágrafo).Concorrente: competência concomitante de mais de uma entidade para legislar a respeito de matéria – (ex. art. 24).Suplementar: cabe a uma das entidades estabelecer regras gerais e à outra a complementação dos comandos normativos (ex. art. 24, § 2º)

Quanto à forma:enumerada ou expressa: quando estabelecida de modo explícito (ex. arts. 21 e 22),reservada ou remanescente: quando compreende toda a matéria não expressamente incluída na enumeração. É a competência que sobra para uma entidade, após a competência da outra (ex. art. 25, § 1º)residual: é a competência que sobra, após enumeração exaustiva das competências de todas as entidades. Assim, é possível que uma entidade tenha competência enumerada e residual, pois pode ainda sobrar competência após enumeração de todas. (ex. art. 154,I),implícita ou resultante: quando decorre da natureza dos poderes expressos, sendo absolutamente necessários para que os mesmos possam ser exercidos. Não precisam ser mencionados, pois sua existência é mera decorrência natural dos expressos.

Quanto ao conteúdo: pode ser social, econômica, política, administrativa, financeira e tributária.

Quanto à extensão:exclusiva: é a atribuída a uma entidade com exclusão das demais, sem possibilidade de delegação (ex. art. 21),privativa: quando, embora própria de uma entidade, seja passível de delegação (ex. art. 22, pú),comum, cumulativa ou paralela: quando existir um campo de atuação comum às várias entidades, sem que o exercício de uma venha a excluir a compet6encia da outra, atuando todas juntamente em pé de igualdade,concorrente: quando houver possibilidade de disposição sobre o mesmo assunto ou matéria por mais de entidade federativa, com primazia da União no que tange às regras gerais (ex. art. 24),suplementar: é o poder de formular normas que desdobrem o conteúdo de princípios ou normas gerais, ou que supram a ausência ou a omissão destas (ex. art. 24, §§ 1º e 4º).

Quanto à origemoriginária: quando, desde o início, é estabelecida em favor de uma entidade,delegada: quando a entidade recebe sua competência por delegação daquela que a tem originariamente.

Competência da União:art. 21: competência material exclusiva expressa ou enumerada,art. 22: competência legislativa privativa expressa ou enumerada, art. 23: competência material comum, cumulativa ou paralela,art. 24: competência legislativa concorrente,art. 24 e parágrafos: competência legislativa suplementar,art. 154, I: competência tributária residual,art. 153 e incisos: competência tributária enumerada ou expressa.

Competência dos Estados:art. 25, § 1º: competência reservada ou remanescente,art. 25, § 2º: competência material exclusiva enumerada e expressa,art. 23: competência material comum, paralela ou cumulativa,art. 24: competência legislativa concorrente,art. 24 e parágrafos: competência legislativa suplementar,art. 155: competência tributária enumerada ou expressa.

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Competência do Distrito Federal:art. 32, § 1º: competência reservadas ou remanescentes dos Estados e Municípios,art. 23: competência material comum, cumulativa ou paralela,art. 24: competência legislativa concorrente,art. 155: competência tributária expressa ou enumerada,

Competência dos Municípios:art. 30: competência enumerada ou expressa,art. 23: competência material comum, cumulativa ou paralela,art. 156: competência tributária enumerada ou expressa.

Obs.: ler cuidadosamente cada um destes dispositivos, memorizando a competência de cada uma das ordens políticas.

TEORIA DAS MAIORIAS

As maiorias podem ser:simples ou relativa = o referencial numérico para o cálculo é o número de membros presentes, desde que haja quorum (que é o de maioria absoluta). Exigida para as leis ordinárias

b) qualificada = o referencial numérico para o cálculo é o número de membros da casa, estando ou não presentes desde que haja quorum para ser instalada. Pode ser:

maioria absoluta = é a unidade ou o número inteiro imediatamente superior à metade. O conceito equivocado de maioria absoluta como a metade mais 1 só vale para os conjuntos pares, sendo incorreto para os conjuntos ímpares (lembre-se que em nosso sistema a maioria dos conjuntos são ímpares, ex. STF = 11, SF = 81 e CD = 513). Exigida para as leis complementares.

maioria de 3/5 = exigida para as emendas constitucionais.

* CD = 513 membros (MA = 257 e 3/5 = 308)* SF = 81 membros (MA = 41 e 3/5 = 49)

As maiorias apresentam uma ordem crescente de flexibilidade formal.

art. 47 é regra geral aplicada a todos os casos, salvo expressa exceção. Diz:"Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros."Quando a constituição diz maioria sem adjetivar está se referindo à maioria simples. Portanto, quando a constituição não estabelecer exceção as deliberações de cada Casa serão tomadas por maioria simples, desde que o quorum seja de maioria absoluta.

quorum: é o número mínimo de membros que devem estar presentes para que a sessão daquele órgão possa ser instalada. A Constituição exige que este número seja de maioria absoluta.

APLICABILIDADE DA NORMA CONSTITUCIONAL

Quanto a aplicabilidade imediata ou não, podemos classificar as normas constitucionais em:

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normas constitucionais de eficácia jurídica plena: são aquelas de aplicabilidade imediata, direta, integral, independentemente de legislação posterior para sua inteira operatividade.

normas constitucionais de eficácia jurídica contida: são aquelas que têm aplicabilidade imediata, integral, plena, mas que podem ter o seu alcance reduzido pela atividade do legislador infraconstitucional. São também chamadas de normas de eficácia redutível ou restringível.

normas constitucionais de eficácia limitada: são aquelas que dependem da emissão de uma normatividade futura, em que o legislador ordinário, integrando-lhes a eficácia, mediante lei ordinária, lhes dê capacidade de execução, em termos de regulamentação daqueles interesses visados.

Subdividem-se em: normas de princípio institutivo, que são aquelas que dependem de lei para dar corpo às instituições, pessoas e órgãos previstos na Constituição. Ex.: art. 18, § 3º.

normas de princípio programático, que são as que estabelecem programas a serem desenvolvidos mediante legislação integrativa da vontade constituinte. Ex.: art. 205.

PODER CONSTITUINTE

Espécies: poder constituinte originário - também chamado de primeiro grau, genuíno ou de fato - não deriva de nenhum outro, não sofre qualquer limite e não se subordina a nenhuma condição. Características: inicial (não se fundamenta em nenhum outro, autônomo (não há nenhum condicionamento material) e incondicionado (não está submisso a nenhum procedimento de ordem formal).

poder constituinte derivado - também chamado instituído ou de segundo grau – é secundário, pois deriva do poder originário. Características: derivado (deriva de outro poder que o instituiu), subordinado (está subordinado a regras materiais, ex. cláusula pétrea) e condicionado (condicionado a regras formais do procedimento legislativo). Este poder se divide em:

poder derivado de revisão ou de reforma: poder de editar emendas à Constituição. O exercente deste poder é o Congresso Nacional que, quando vai votar uma emenda ele não está no procedimento legislativo, mas no Poder Reformador.

poder derivado decorrente: poder dos Estados, unidades da federação, de elaborar as suas próprias constituições (art. 25 da CF). O exercente deste poder são as Assembléias dos Estados.

A Constituição de 1988 deu aos Municípios um status diferenciado do que antes era previsto, chegando a considerá-lo como ente federativo, com a capacidade de auto-organizar-se através de suas próprias Constituições Municipais que são denominadas Leis Orgânicas.

FENÔMENOS DA MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL

Fenômeno da recepção: assegura a preservação do ordenamento jurídico anterior e inferior à nova constituição que com ela se mostre materialmente compatível = "Processo abreviado de criação de normas".

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Se havia uma constituição quando sobrevem outra será feita a ab-rogação (revogação total) da constituição anterior. fundamento de validade de uma lei no ordenamento jurídico é sua compatibilidade com a constituição vigente. Advinda uma nova constituição estas leis terão um novo fundamento de validade e eficácia, desde que forem materialmente compatíveis.

Fenômeno da represtinação: é o nome que se dá ao fenômeno que ocorre quando uma norma revogadora de outra anterior, que, por sua vez, tivesse revogado uma mais antiga, recoloca esta última novamente no estado de produção de efeitos. Esta verdadeira restauração de eficácia é proibida em nosso Direito, em nome da segurança jurídica, salvo se houver expressa previsão da nova lei (art. 2º, § 3 º, da LICC).

c) Teoria da Desconstitucionalização: esta teoria prevê a possibilidade de recepção, pela nova ordem constitucional, como lei ordinária, de regra formalmente constitucional da constituição anterior, não repetidas e nem contrariadas, em Processo de queda hierarquizada - é uma desconstitucionalização (regra constitucional passa a ser lei ordinária). Se fossem repetidas continuariam sendo regras constitucionais e, se contrariadas teriam sido revogadas. Esta teoria não tem aplicação em nosso sistema.

??? Há norma constitucional inconstitucional???

Depende. Normas decorrentes de poder constituinte originário não, nunca.

Normas decorrentes de poder reformador sim, eventualmente.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Controle de constitucionalidade é verificação de adequação, de compatibilidade, de um ato jurídico qualquer, em especial a Lei, com a Constituição.

Requisitos de constitucionalidade: a) Formais: subjetivos = iniciativaobjetivos = demais normas do processo legislativoSubstanciais ou materiais.

- Espécies de Controle (depende do momento em que é feito – marco é o aperfeiçoamento da lei)

I) Controle Preventivo II) Controle RepressivoPoder Legislativo - comissão de constitucionalidade e Justiça

1) Poder Legislativo- regulamento, medida provisória, lei delegada – art. 49, V.

Poder Executivo- veto jurídico

_____________

Poder Judiciário - mandado de segurança (aconteceu com a EC 20 que contrariou o art. 60, §5º)

Poder Judiciário- ação judicial de inconstitucionalidade

Métodos ou sistemas de ControleVia de ação - controle reservado, concentrado, austríaco, realizado pelo STF.A alegação de inconstitucionalidade é fundamento do pedido.é o controle principal ou abstrato.

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Via de exceção - controle aberto, difuso, norte-americano.A alegação de inconstitucionalidade é fundamento de defesa, logo, é questão prejudicial.é o controle concreto, inter partes, ou incidental (incidenter tantum)

Possíveis efeitos existentes:

inter partes – os efeitos da decisão só atingem as partes do processo.

erga omnes – os efeitos da decisão atingem todas as pessoas.

ex tunc - os efeitos da decisão retroagem até o momento da formação do ato normativo, vai para atrás,

atinge tudo (tunc = tudo)

ex nunc - os efeitos da decisão atinge as relações daqui para frente, não retro

obs. Toda decisão que reconhece uma inconstitucionalidade de lei é declaratória, reconhece uma

nulidade que existe desde o começo, desde o momento em que o ato se aperfeiçoou, portanto, toda

decisão é ex tunc

Diferenças nos efeitos:

- via de ação: efeitos erga omnes e ex tunc

- via de exceção: efeitos inter partes e ex tunc ou,

após resolução do SF – efeitos erga omnes e ex nunc.

CONTROLE DIFUSO ou VIA DE EXCEÇÃO

Seqüência da via de exceção

Existe uma Lei "X", pouco importa seja ela federal, estadual ou municipal. Em razão desta lei João e Pedro criam uma relação jurídica (uma obrigação) e uma das partes, Pedro, descumpre a sua obrigação dando origem a uma litigiosidade. João ajuíza a ação contra Pedro, feita a distribuição o processo passa a tramitar pela 2ª Vara Cível da comarca. Na contestação o réu alega que a pretensão de João é improcedente porque a Lei "X", que embasa a relação é inconstitucional. Para decidir a ação o juiz deverá, em primeiro lugar, analisar a alegação de inconstitucionalidade, trata-se de uma prejudicial e, para só depois passar ao mérito. Na análise da prejudicial o juiz estará realizando o 1º controle de constitucionalidade, poderá dizer que a lei é constitucional ou não.

Suponhamos que o juiz opte pela inconstitucionalidade, irá assegurar a supremacia da Constituição e,

passando ao mérito, a ação será improcedente. Poderá ainda, entender pela constitucionalidade e, no

mérito, julgar a ação procedente ou não. Se optar pela procedência, Pedro, descontente com o resultado,

irá recorrer para o Tribunal de Justiça (parte sucumbente apela).

processo vai para uma Câmara do Tribunal e três desembargadores irão julgar. Se entenderem que a lei

é inconstitucional eles não poderão assim declará-la, isto em razão do art. 97 da CF que prevê o princípio

da reserva de plenário (a inconstitucionalidade no Tribunal só pode ser reconhecida pela maioria

absoluta de seus membros). Sendo assim, só o plenário do TJ (em SP, o Órgão Especial) poderá

reconhecer a inconstitucionalidade.

Page 70: RESUMO - DIREITO CONSTITUCIONAL, 1

pleno decide, por unanimidade ou maioria absoluta, somente a constitucionalidade, não irá se manifestar

sobre o mérito da ação, proferindo o chamado Acórdão Provisório. É um incidente de

inconstitucionalidade e segue as regras do CPC e pode também ser alegada em direito penal (arts. 480 e

482 do CPC). Realiza o 2º Controle de constitucionalidade.

Em São Paulo se for o Tribunal de Justiça o pleno é o Órgão Especial, se for o Tribunal de Alçada

reúne todos os juizes.

A Câmara que recebeu o processo que irá julgar o mérito, não podendo rediscutir a questão da

inconstitucionalidade, só irá complementar o julgamento.

No Tribunal haverá três decisões:

Os desembargadores da Câmara entendem que é caso de inconstitucionalidade e remetem ao Pleno (se

entender que é constitucional ela própria julga o recurso, não há remessa ao pleno). = 1º Acórdão.

O pleno decide só a inconstitucionalidade, não analisando o mérito e o processo volta a Câmara. = 2º

Acórdão = Acórdão Provisório.

A Câmara decide o mérito, sem rediscutir a questão da inconstitucionalidade. = 3º Acórdão = Acórdão

recorrível.

Argüido o incidente de inconstitucionalidade, na fase em que o processo passa ao Pleno, é que

obrigatoriamente, deve intervir o Ministério Público.

Mais uma vez, a parte sucumbente, não se conformando com a decisão, interpõe recurso extraordinário,

remetido ao STF. O STF é composto de 11 membros com duas Turmas com cinco membros cada,

sendo um deles o Presidente. Chegando no STF, independentemente de qual seja o entendimento da

Turma o processo será remetido do Pleno (vai direto para o pleno – princípio da reserva de plenário, a

Turma não profere qualquer julgamento inicial como acontece no TJ, em que o processo só vai ao pleno

se a Câmara entender que é caso de inconstitucionalidade). No STF, por economia processual, o

processo vai direto para o Pleno.

Entendendo o Pleno que é caso de inconstitucionalidade, exigindo maioria absoluta para reconhecê-la (6

membros), a ação de João será improcedente. Importante observar que, no STF, o processo também não

volta para a Turma como acontece no TJ, o processo é afetado e o pleno que irá decidir definitivamente

a questão, inclusive o mérito da mesma (o pleno do STF não irá proferir somente o acórdão provisório

como acontece com o pleno do TJ, seu acórdão é definitivo, incluindo tudo, o incidente de

inconstitucionalidade e o mérito). Este acórdão do Pleno do STF representa o 3º Controle de

constitucionalidade.

. Sendo o controle de constitucionalidade realizado pela via de exceção, via incidental, o seu efeito é

inter partes. A decisão vai retroagir, declarando nula a relação jurídica entre João e Pedro (extinguindo

a relação desde o seu aperfeiçoamento – o nulo não tem qualquer efeito).

A decisão do STF para as demais pessoas que estão na mesma situação de João e Pedro, que realizaram

relação jurídica semelhante mas, não são partes no processo, não produzirá qualquer efeito – as situações

continuam com estão.

Page 71: RESUMO - DIREITO CONSTITUCIONAL, 1

Suponhamos uma situação um pouco diferente: A, B, C e D são contribuintes e ajuizaram,

separadamente, ações contra a Fazenda Pública, alegando a inconstitucionalidade de certo tributo.

Obedecendo a seqüência da via de exceção, chegando o processo no STF, a sua decisão também só

atingirá as partes daquela determinada ação (cada processo terá uma decisão). A decisão em um

processo não atinge outras pessoas que não as partes, ainda que tenham movido ações semelhantes, cada

processo uma decisão.

Julgada a ação pelo STF, este comunica formalmente o Senado Federal que no processo "x" deu pela

inconstitucionalidade de certa lei. - art. 52, inciso X, da CF. Compete ao Senado suspender a

execução, no todo ou em parte, daquela lei declarada inconstitucional, o que faz através de Resolução.

Principais aspectos da Resolução:

decorrente de comunicação formal do STF

se opera erga omnes e ex nunc

finalidade: viabilizar a extensão subjetiva dos efeitos do julgado.

possível em lei de qualquer fonte normativa (fed., est., dist., munic,)

pode suspender no todo ou em partes a execução da lei.

ato vinculado ou discricionário???

vinculado (A. Buzaio, M.G.F.Filho)

discricionário (P. Brossard)

Obs.: Mitigação do princípio da reserva de plenário.

Havendo milhares de processo sobre a inconstitucionalidade de determinado dispositivo poderá, por

economia processual, não remeter todos os processos ao pleno?

Há tempos o posicionamento do STF já permitia. Hoje temos uma lei disciplinando o assunto. "Os

órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou órgão especial, a argüição de

inconstitucionalidade, quando houver pronunciamento destes ou, do plenário do STF sobre a questão" -

art. 481, parágrafo único do CPC, introduzido pela Lei 9.756/98.

Esta lei permite o que o STF já permitia, dispensa-se a burocracia de enviar ao pleno. A regra de colocar

toda decisão do STF em todos os processos não representa um desrespeito mas a mitigação do princípio

da reserva de plenário, sendo também uma demonstração de efeito vinculante. Este efeito já haveria se

fosse ADIN, portanto, teremos efeito vinculante tanto na via de ação como na via de exceção (por vias

transversas).

CONTROLE CONCENTRADO ou VIA DE AÇÃO

Quadro sinótipo do controle principal, por via de ação, no plano federal:

ADIN – Ação Direta de Inconstitucionalidade

Por ação (atuação, ação positiva):

Page 72: RESUMO - DIREITO CONSTITUCIONAL, 1

Genérica – art. 102,I, a, 1ª parte e art. 103, I a IX e §§ 1º e 3º

Interventiva – art. 36, III, art. 34 VII e art. 129 IV, 2ª parte.

Por omissão (ação negativa): art. 103, § 2º

ADC – Ação Declaratória de constitucionalidade (EC - 3/93) - art. 102, I, a, 2ª parte e § 2º e art.

103, § 4º.

ADIN Genérica :

fundamento: art. 102, I, a.

legitimidade: art. 103. A legitimidade se divide em:

legitimados universais: PR, Mesa do SF, CD, AL, CL (é a mesa e não qualquer membro da Casa),

Conselho Federal da OAB

legitimados especiais: Gov, Mesa da AL e CL, partido político com representação no CN, confederação

sindical (composta de 3 federações que precisa de 5 sindicatos) ou entidade de classe de âmbito nacional

(segue as regra dos partidos políticos, deve estar inscrita em 9 Estados). Os legitimados especiais

precisam prova a pertinência temática que consiste em um vínculo entre o ato impugnado (seu conteúdo)

e o interesse específico daquele legitimado.

rol de legitimados é taxativo só admitindo interpretação analógica para incluir o Governador e a Câmara

Legislativa do Distrito Federal

sujeito passivo: é o responsável pela edição do ato.

- intervenções: o PGR poderá ingressar no processo como órgão agente (quando é parte, autor) ou

como órgão interveniente (quando é fiscal da lei). É chamado também o AGU que tem a função

vinculada de defender o ato (prazo 15 dias). No Estado temos PGJ e o PGE, respectivamente.

finalidade: jurídica (a inconstitucionalidade)

objeto: lei ou ato normativo federal ou estadual impugnados em face de qualquer norma da

constituição. Ato normativo deve ter abstração (ser abstrato, não disciplina o caso concreto),

generalidade (se projeta erga omnes) e autonomia (ter fundamento de validade na própria Constituição).

- Lei Municipal só pode ser objeto de ADIN no TJ, caso ofenda a Constituição Estadual; a CF não

previu esta espécie normativo, sendo portanto, um silêncio eloqüente, omissão deliberada.

Lei Distrital: a competência do DF é somatória, reúne a competência estadual com a competência

municipal, só podendo ser objeto de ADIN no STF as normas decorrentes da competência estadual.

Emenda Constitucional: pode ser objeto de ADIN já que decorre de poder constituinte reformador.

Medida Provisória: também pode ser objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade

Constituição Estadual: pode ser objeto de ADIN já que decorre de poder constituintes decorrente.

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A ofensa de ser direta e frontal, não se admite ADIN se for lei ou ato normativo revogado (perde o

objeto). Exige-se também a relação de contemporaneidade, a constituição ofendida deve ser vigente.

Obs.: a lei julgada inconstitucional tem produzirá qualquer efeito, também não produzirá o efeito de

revogar a lei anterior, voltando esta a valer (não é represtinação já que não houve revogação)

cautelar - possível, desde que presentes os requisitos da cautelar; é procedimento incidente na petição

de ADIN; o efeito é ex nunc.

efeitos: erga omnes, ex tunc e vinculante.

Obs.: É possível o Controle de Constitucionalidade a nível estadual. O objeto é lei ou ato normativo

estadual ou municipal que sejam impugnados em face da Constituição Estadual – art. 125, § 2º, CF. Há

também a possibilidade do Controle no Distrito Federal, seguindo o disposto na Lei 9.868/99, arts. 29 e

seguintes.

Aspectos da Lei 9.868, de 10.11.99 - ADIN e ADC

1) A petição inicial de ADIN ou ADC quando inepta, não fundamentada e a manifestamente

improcedente serão liminarmente indeferidas pelas relator, desta decisão cabe agravo - arts. 4º e 5º.

Proposta a ação, não se admitirá desistência.

O relator poderá pedir informações aos órgãos ou às autoridades das quais emanou a lei ou ato normativo

impugnado – prazo 30 dias do recebimento do pedido.

Poderá também pedir informações de outros órgãos ou entidades, se relevante; designar perito e realizar

audiência pública, tudo no prazo de 30 dias contados da solicitação do relator.

Não se admite intervenção de terceiros.

6) A medida cautelar será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal (exceto

no recesso), com a audiência dos órgãos dos quais emanou a lei, que deverá impugnar em 5 dias, salvo o

caso de excepcional urgência (concede sem ouvir autoridade). A cautelar tem eficácia contra todos,

será concedida ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deve conceder-lhe eficácia retroativa. A

concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa

manifestação em contrário. Na ADC a medida cautelar consiste na determinação de que os juizes e os

Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei até julgamento

definitivo; deve o STF proceder o julgamento da ação no prazo de 180 dias, sob pena de perda de sua

eficácia.

A decisão sobre constitucionalidade e sobre inconstitucionalidade somente será tomada se presentes pelo

menos 8 Ministros, dependendo da aprovação de pelo menos 6 Ministros.

A decisão de ADIN e ADC é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos declaratórios, não

podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória.

Por maioria de 2/3 poderá do STF restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha

eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.

A decisão constitucionalidade e inconstitucionalidade tem eficácia contra todos e efeito vinculante em

relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal.

Page 74: RESUMO - DIREITO CONSTITUCIONAL, 1

ADIN Interventiva:

fundamento: art. 36, III e art.34, VII

legitimidade: art. 129, IV, 2ª parte - só PGR

finalidade: dupla – jurídica e política (a inconstitucional qualificada e a intervenção)

objeto: lei ou ato normativo impugnados em face de princípio sensível da constituição, art. 34,VII.

São princípios constitucionais sensíveis: forma republicana, sistema representativo e regime

democrático; direitos da pessoa humana; autonomia municipal; prestação de contas da administração

pública, direta e indireta; aplicação do mínimo exigido da receita dos impostos estaduais na educação.

cautelar – inviável, em razão da própria natureza da ação.

sentença – declara a intervenção em razão da inconstitucionalidade.

fases – a intervenção ocorre no plano normativo (decreto interventivo do PR) e, não sendo suficiente

passa-se a intervenção efetiva (usa a força, rompe momentaneamente a autonomia do Estado). – art. 36,

§ 3º

a inconstitucionalidade pode decorrer de um ato administrativo (o que não interesse para o controle) ou

do exercício da competência legislativa.

uma lei estadual por coincidir com objeto de ação genérica e interventiva – poderá ter duas ações

impugnando a mesma lei - ocorrendo esta situação o STF apensaria os dois processos, em razão da

continência.

Ação Declaratória de Constitucionalidade

instituída pela EC 03/93, foi muito questionada de inconstitucionalidade, já que as leis já gozam de

presunção de validade e não precisaria de uma ação para dizer a mesma coisa, diziam que o STF era

mero órgão consultivo, o que fere o princípio da Separação dos poderes, princípio do contraditório (é

possível o questionamento já que decorre de poder reformador) - o STF decidiu pela constitucionalidade

da emenda - exigiu como pressuposto que o autor demonstra-se a existência de decisões generalizadas

pela inconstitucionalidade (demonstra a necessidade da ação), com isso fica garantido o contraditório

(alegações das decisões contrárias).

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delimitação do objeto – não se adstringe aos limites fixados pelo autor, mas estes estão sujeitos aos

lindes da controvérsia judicial que o autor demonstra - o STF tem cognição plena, não havendo

possibilidade de nova análise contestatória da matéria. (não está vinculado à causa de pedir)

também se aplica o princípio da reserva de plenário – art. 97, CF

fundamento: art. 102, inciso I, alínea "a", 2ª parte, da CF.

objeto: lei ou ato normativo federal

competência - STF – art. 102, I, a, 2ª parte.

legitimidade: art. 103, § 4º, da CF (Presidente da República, Mesas da Câmara de Deputados e do

Senado Federal e Procurador Geral da República – PGR)

eficácia: erga omnes e ex tunc

efeito: vinculante - art. 102, § 2º, da CF.

se o juiz ainda não proferiu a sentença – não vai mais decidir a prejudicial – stare decisis et non quieta

movere (não se mexe no que já está em repouso) – poderá decidir o mérito;

se já tem sentença – no mesmo sentido da ADC é mantida, sentido inverso é desfeita

se já tem coisa julgada – não é atingida (difícil de acontecer)

se o proc. não foi ajuizado – não irá conhecer da ação – pedido juridicamente impossível

cautelar : possível, por analogia – poder geral de cautela.

interpretação conforme - interpretar é buscar o significado e o alcance da norma (hermenêutica). Na

prática podemos ter várias interpretações de uma mesma norma, uma contrária à CF, outra mais ou

menos e a terceira de acordo com a CF – esta terceira que deve ser adotada – aplica o princ. da

conservação das normas e da economia do ordenamento – visa salvar a lei – tem efeito vinculante.

ADIN por omissão

origem: Constituição de Portugal

fundamento: art. 103, § 2º, da CF

pressuposto: norma de eficácia jurídica limitada – direito constitucional nela previsto, cujo exercício se

mostra inviabilizado em razão da omissão do legislador ou, se o caso, do administrador. Falta medida

legislativa (mera comunicação ao CN, sem coercitividade) ou administrativa (manda cumprir em 30

dias)

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as normas de eficácia limitada causa a Síndrome de inefetividade, já que não produzem efeitos antes da

intervenção do legislador.

- competência: STF - art. 103, § 1º, da CF

legitimidade: art. 103, da CF - Presidente da República, Mesa do Senado Federal, da Câmara dos

Deputados, Assembléia Legislativa e Câmara Legislativa, Governador do Estado e do Distrito Federal,

Procurador Geral da República, Conselho Federal da OAB, Partido político com representação no

Congresso Nacional, Confederação sindical ou Entidade de classe de âmbito nacional.

- diferenças - ADIN = efeito erga omnes e Mandado de Injunção = efeito inter partes

Apesar desta diferente eles tem pontos em comum: ambos tem como pressuposto um direito

constitucional previsto em uma norma de eficácia limitada - a finalidade de ambos é viabilizar o

exercício deste direito.

formas de omissão: total ou parcial

INTERVENÇÃO FEDERAL

Em regra nós temos autonomia dos entes federativos, União, Estados, Distrito Federal e Municípios,

caracterizada pela tríplice capacidade de auto-organização e normatização, autogoverno e auto-

administração. Excepcionalmente, porém, será admitido o afastamento desta autonomia política, com a

finalidade de preservação da existência e unidade da própria Federação, através da intervenção.

Intervenção consiste em medida excepcional de supressão temporária da autonomia de determinado ente

federativo, fundada em hipóteses taxativamente previstas no texto constitucional, e que visa à unidade e

preservação da soberania do Estado Federal e das autonomias da União, dos Estados, do Distrito Federal

e dos Municípios.

A União, em regra, somente poderá intervir nos Estados-membros e no Distrito Federal, enquanto os

Estados somente poderão intervir nos Municípios de seu território. A União não poderá intervir

diretamente nos Municípios, salvo se pertencentes a Território Federal.

É ato privativo do Chefe do Poder Executivo, na União por decreto do Presidente da República – art. 84,

X, da CF e, nos Estados pelo Governador do Estado, a quem caberá também as medidas interventivas.

Quadro geral:

Espontânea: (o PR ex officio toma a iniciativa)

Defesa da unidade nacional – art. 34, I e II

Defesa da ordem política - art. 34, III

Defesa das finanças públicas – art. 34, V

Provocada:

Page 77: RESUMO - DIREITO CONSTITUCIONAL, 1

Por solicitação - Defesa do Poder Executivo ou Legislativo local – art. 34, IV

Por requisição:

STF – art. 34, IV – Poder Judiciário (garantir o livre exercício do poder)

STF, STJ ou TSE – art. 34, VI – promover a execução de ordem ou decisão judicial

STJ – art. 34 VI – promover a execução de lei federal

STF – art. 34, VII – observância dos princípios constitucionais sensíveis

procedimento da Intervenção Federal pode ser explicado em quatro fases, porém, nenhuma das hipóteses

apresenta mais de três fases conjuntamente. São:

iniciativa;

fase judicial (somente em duas das hipóteses de intervenção – art. 34, VI e VII);

Decreto interventivo

Controle político (não ocorrerá nas hipóteses do art. 34, VI e VII)

A intervenção se formaliza através de decreto presidencial – art. 84, que deve especificar a amplitude, o

prazo e as condições de sua execução e, se necessário for, afaste as autoridades locais e nomeie

temporariamente um interventor (como se fosse servidor público federal), submetendo essa decisão à

apreciação do Congresso Nacional, em 24 horas, quando realizará o controle político que poderá rejeitar

(PR cessa a intervenção, sob pena de crime de responsabilidade – art. 85,II) ou aprovar (expede decreto

legislativo) a medida – art. 49 IV. Este controle político é dispensado nas intervenções do art. 34, VI e

VII.

Na intervenção espontânea o Presidente deve ouvir os Conselhos da República e o de Defesa Nacional e,

após, poderá discricionariamente decretar a intervenção

A Intervenção estadual nos municípios também tem hipótese taxativas que estão descritas no art. 35 da

Constituição Federal, sem qualquer possibilidade de ampliação. A hipótese do inciso IV depende de

ação julgada procedente pelo Tribunal de Justiça. Também há o controle político (salvo no inciso IV)

que é realizado pela Assembléia Legislativa.

ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

Poder Legislativo (a nível federal é bicameral)

Congresso Nacional: formado pela união das duas casas do Legislativo: Câmara + Senado

Câmara de Deputados (513) Senado Federal (81)Representantes Do povo Dos Estados e do DFRepresentação Proporcional (limite de 8 e 70) Paritário – 3 por EstadoSistema eleitoral Proporcional MajoritárioDuração do mandato 4 anos 8 anos (1/3 e 2/3)Suplência Próximo mais votado no partido. Não temos

fidelidade partidária e vale a vontade na hora da eleição.

Chapa completa

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b) Câmara de Deputados - Sistema proporcional - Cada estado tem sua bancada e o número de representantes varia conforme o número de seus eleitores, de forma que um Estado menos populoso terá menos representantes que o mais populoso. Dentre estes números deve ser obedecido o limite mínimo de 8 e o máximo de 70 . Veja o exemplo:

bancada de São Paulo = 10 cadeiraspartidos em disputa = 5votos válidos = votos em partido (em candidato + legenda) + votos em branco = 2000QE (coeficiente eleitoral) = 2000 : 10 = 200

- Partido 1 - votos = 415 - QP (coeficiente partidário) = 2 (duas cadeiras)a) Candidato A – 180 votos; b) Candidato B - 160 votos e c) Candidato C – 75 votos- Partido 2 - votos = 390 - QP = 1 (uma cadeira)a) Candidato D - 200 votos e b) Candidato E - 190 votos- Partido 3 - votos = 190 - nenhuma cadeira não atingiu o coeficiente partidárioCandidato F - 190 votosNeste exemplo somente se elegerão os Candidatos A, B e D

Neste sistema independe o número de votos do candidato para determinar o número de representantes de cada partido. Via de regra os partidos maiores elegem mais candidatos. Muitas vezes um partido grande elege candidatos que, considerando o seu número de votos individualmente (sem o partido), não se elegeriam.Neste sistema não se compara o número de votos de candidatos de partidos diferentes. A comparação de votos entre candidatos só é feita dentro do mesmo partido sendo eleitos os mais votados daquele partido, conforme o coeficiente de votos do partido (o número de cadeiras do partido).

A limitação prevista no art. 45, § 1º (máximo de 70 e mínimo de 8) traz uma grande distorção ao sistema. Esta norma fere o princípio da igualdade, descaracterizando a regra "um homem um voto". Apesar disso, não cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade, há impossibilidade jurídica do pedido já que a norma é decorrente de poder constituinte originário e, nunca há norma constitucional inconstitucional se decorrente deste poder.

Senado Federal – Sistema majoritário – Cálculo, veja o exemplo:

Por exemplo, na eleição em que esteja em disputa duas vagas do Senado Federal para cada unidade da Federação.Partidos 1: 1800 votosa) Candidato A - 1.000 votos b) Candidato B - 800 votosPartido 2: 1901 votosa) Candidato C - 950 votos b) Candidato D - 951 votos

Partido 3: 1210 votosa) Candidato E - 1.200 votos b) Candidato F - 10 votos

Partido 2 foi o que obteve o maior número de votos mas, nenhum dos candidatos será eleito. Se elegerão os Candidatos A e E, que são respectivamente do Partido 1 e 3 (lembre-se que não importa o partido e, sim, o número de votos do candidato em particular.

Organização das Casas: mesa (órgão diretor), comissões (permanente, especial, mista e de inquérito), polícia e serviços administrativos (secretaria, gráfica, biblioteca)

Atribuições das Casas: art. 48 - competência do CN - lei ordinária;

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art. 49 - competência exclusiva do CN - decreto-legislativoart. 51 - competência privativa da CD - resoluçãoart. 52 - competência privativa do SF - resoluçãoobs. Ler estes artigos.

Estatuto dos Congressistas - conjunto de garantias, direitos e prerrogativas.garantias: vencimentos (fixados por eles mesmos mas não pode exceder ao teto), serviço militar (é reservista civil mas não será convocado), dever de testemunhar (tem sigilo da fonte e não pratica falso testemunho), foro privilegiado (processados e julgados pelo STF, só para infrações penais, regra da contemporaneidade e atualidade).imunidades formal (prisão: não poderão sofrer qualquer tipo de prisão, de natureza penal, seja provisória ou definitiva ou, de natureza civil, salvo o caso de flagrante por crime inafiançável, desde que apreciada pela casa - processo: só no campo penal, para ser processado precisa de autorização, licença da casa, prescrição fica suspensa até deliberação.imunidade material (= inviolabilidade, são invioláveis por suas palavras, votos e opiniões, desde que proferidas no exercício do mandato, devem estar ligadas às suas funções. Se refere ao campo penal, cível e político – tem caráter perpétuo).

impedimentos ou incompatibilidades - art. 54 da CF

termo inicial das garantias é a posse, exceto a imunidade formal que inicia da diplomação (equivale a proclamação do resultado da eleição, em seguida a nomeação que reconhece a sua validade)

Poder Executivo - art. 76 e segts. - é unipessoal - monocrático

Sistema eleitoral Duração do mandato SuplênciaMajoritário (possível 2 turnos)

4 anos (admite uma reeleição)

Chapa completa.

Condições de elegibilidade:brasileiro nato; estar no gozo dos direitos políticos; ter mais de 35 anos; não ser inelegível; possuir filiação partidário.

Turnos: (primeiro e último domingos de outubro - EC 16/97) 1º Turno - eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os brancos e nulos2º Turno – eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos válidos (= brancos e candidatos) - por alguns problemas o STF igualou as duas regras - interpretação analógica. Se não puder competir no segundo turno (morte, desistência ou impedimento - será convocado o mais votado ou mais idoso. Havendo empate ganha o mais velho.

Posse - tomam posse em 01/01, assumindo no máximo em 10 dias, não assumindo o cargo fica vago.

Substituição e sucessão do PR linha sucessória = Vice, Presidente da CD, do SF e do STF.

Substituição - qualquer ausência (de 15 dias dispensa autorização do CN)

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Sucessão – morte ou renúncia - vacância da presidência – cargo vago - assume o Vice que termina o mandato – o único que assume definitivamente. Se ambos saírem: - mandato tampãonos dois primeiros anos - assume temporariamente o próximo da linha – em até 90 dias novas eleições diretas para os dois cargos. O PR eleito assume e fica até terminar os 4 anos do mandato começado.nos dois últimos anos - assume temporariamente o próximo da linha - em até 30 dias novas eleições indiretas (exceção). O eleito assume e fica até terminar os 4 anos do mandato começado

Composição: Ministérios, Conselho da República, Conselho de Defesa Nacional, etc.

Poder Judiciário

STFSTJ TSE STM TSTTRFs TJ / TA TREs TMs TRTsJuizes federais Juizes de direito Juizes eleitorais Juizes militares JCJ

STF - é composto de 11 Ministros, brasileiros natos, de notável saber jurídico e ilibada reputação, nomeados pelo PR, depois de aprovada a escolha pelo Senado (maioria absoluta). Competência prevista no art. 102, cabe precipuamente a guarda da Constituição Federal e a composição dos litígios de natureza constitucional.

STJ - composto de, no mínimo, 33 Ministros, nomeados pelo Presidente da República, dentre os brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada escolha pelo Senado. Um terço entre juizes dos Tribunais Regionais Federais, 1/3 entre desembargadores dos Tribunais de Justiça e 1/3, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios. Os Tribunais elaborarão lista tríplice e as demais classes, lista sêxtupla, elaborada pelo órgão de representação das mesmas. Competência prevista no art. 105, da CF.

Justiça Federal: a estrutura adotada pela CF prevê como seus órgãos:

Tribunais Regionais Federais: compõem-se de, no mínimo 7 juizes nomeados pelo Presidente da

República dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos (1/5 entre advogados com mais de 10

de efetiva carreira e os demais, de juizes federais com mais de 5 anos de exercício, mediante promoção –

art. 107. Competência art. 108, da CF.

Juizes Federais: ingressam no cargo inicial da carreira (juiz substituto) mediante concurso público de

provas e títulos, com participação da OAB em todas as fases, devendo ser obedecida a ordem de

classificação para as nomeações (art. 93, I). O concurso e a nomeação são da competência do Tribunal

Regional Federal, sob cuja jurisdição se achem os cargos a serem provido.

Competência: são todas as causas em que a União, entidade autárquica, o empresa pública federal forem

interessadas na condição de autores, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes

de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à do Trabalho e todas as causas indicadas no art. 109 da CF.

Regra do Quinto constitucional - aplicado nos TRFs e Tribunais Estaduais (TJ, TA) e DF - 1/5 dos lugares do tribunal será composto de membros do Ministério Público com mais de 10 anos de carreira e Advogados de notório saber jurídico e ilibada reputação com mais de 10 de efetiva atividade profissional (alternadamente). Os candidatos serão indicados em lista sêxtupla pelos órgãos representativos da respectiva classe, e o tribunal, recebida a lista, elaborará outra tríplice, enviando-a ao Poder Executivo que, então, nos 20 dias subsequentes, escolherá um dos integrantes para a nomeação.

Page 81: RESUMO - DIREITO CONSTITUCIONAL, 1

PROCESSO LEGISLATIVO

Processo legislativo = conjunto de atos realizados pelos órgãos legislativos visando a formação das espécies normativas previstas no art. 59.

Procedimento legislativo = modo pelo qual os atos do processo legislativo se realizam.

Espécies de procedimento: (em relação à seqüência dos atos)ordinário - mais extenso sumário - semelhante ao primário mas, o CN tem prazo para deliberar (45 dias)especial - EC (art. 60), LC (art. 69), LD (art. 68), MP (62), Leis financeiras (art. 166)

Procedimento Ordinário

Este procedimento legislativo de lei federal, por paralelismo principiológico, se aplica às leis das outras ordens jurídicas, como se fosse um papel carbono, fazendo somente as adaptações.

Fases: Introdutória – poder de iniciativa que pode ser: quanto ao sujeito: parlamentar (SF, CD, CN) e extraparlamentar (PR,STF, Trib. Sup. TCU, PGR, cidadão)quanto à matéria - geral (parlamentar e PR) e privativa.

Constitutiva - deliberação parlamentar (deliberação principal e revisional) e deliberação executiva

Complementar - publicação e promulgação.

Iniciativa dos cidadãos – instituto de participação popular juntamente voto, plebiscito e referendo.

Requisitos: a) numérico – 1% do eleitorado nacional; b) espacial – 5 estados; c)aritmético – 0,3% do

eleitorado do estado. A idéia é boa mas inoperante. No município é possível, basta 5% do eleitorado

local.

Projeto depositado – é quando o projeto é entregue na primeira casa para votação.

Projeto autografado – é feito pelo Presidente da Casa que encerra a deliberação parlamentar e declara

que o projeto está pronto para seguir para a deliberação executiva.

Obs. 1) A Casa que faz a deliberação principal fica em situação de primazia, porque, quando o projeto

sai da Deliberação Revisional , tendo sofrido emendas, passa, novamente, na Casa que fez a Deliberação

Principal e esta poderá: concordar com a emenda ou manter a sua vontade inicial. Na maioria das

vezes quem faz a deliberação principal é a Câmara de Deputados porque inicia a votação de todos os

projetos de iniciativa dos membros da casa, bem como os de iniciativa extraparlamentar.

O projeto poderá ser emendado por qualquer dos parlamentares, já que o poder de emendar é inerente ao

parlamentar, salvo restrições do art. 63, da CF – aumento de despesa e deve guardar correlação lógica

com o apresentado.

As emendas ao projeto de lei pode ser:

Page 82: RESUMO - DIREITO CONSTITUCIONAL, 1

supressiva: quando a emenda propõe erradicar, suprimir um dispositivo do texto,

aditiva: propõe acrescentar um novo dispositivo,

modificativa: consiste em alterar a redação do dispositivo sem alterar a sua essência (ex. altera um prazo

já previsto)

substitutiva: propõe alteração mudando a própria essência (ex. tirar o prazo). Quando a emenda

propõe substituir todo o projeto inicial é chamado subtitutivo.

Aglutinativa: é o resultado da fusão de diversas emendas entre si, ou delas com o texto do projeto.

Segundo a LC 95/98 a lei se divide em: artigos, este em parágrafos ou incisos. Os parágrafos em

incisos; incisos em alínea e alínea em item (não se permite veto de item)

Sanção – é a manifestação concordante do chefe do Exec. Pode ser: tácita (quando não veta em 15 dias

úteis – o silêncio) ou expressa

Veto – prazo 15 dias - manifestação discordante do PEx.

Características: expresso, motivado (jurídico ou político), formalizado, supressivo (total ou parcial – no

máximo uma alínea, nunca pode incluir) e superável .

Para afastar o veto deve ser votado em 30 dias sob pena de obstrução de pauta e exige maioria absoluta

ainda que seja lei ordinária. (neste caso é possível lei sem sanção)

Parte vetada com rejeição do veto e parte sancionada terão o mesmo número (ex. Lei 9.263/96 –

planejamento familiar)

Promulgação – atestar que a ordem jurídica foi regularmente inovada e a lei está apta a produzir efeitos.

dever de promulgar é do PR, se não o fizer se transfere ao PR do SF ou se Vice – art. 66, § 7º

Publicação - condição essencial para vigência e eficácia da norma.

Promulgação (executoriedade) + publicação (notoriedade) = obrigatoriedade.

2) Procedimento Sumário ou Abreviado (art. 64, § 1º a 4º)

Indicado para hipóteses de pressa administrativa em razão da matéria, perdeu importância com a MP. É incompatível com os projetos de Código. É regime de urgência.

Procedimentos Especiais

Emenda Constitucional

proposta de 1/3 da Câmara, ou de 1/3 do Senado, do Presidente da República ou de mais da metade das

Assembléias Legislativas (maioria relativa em cada uma delas).

Será discutida e votada em cada uma das casas, em dois turnos, devendo ter em cada turno o voto de 3/5

dos respectivos membros. Sendo aprovada sem que haja sanção ou veto, a emenda será promulgada

pelas Mesas da Câmara e do Senado.

Limitação ao poder de emenda: Expressas: (previstas textualmente na constituição)

Page 83: RESUMO - DIREITO CONSTITUCIONAL, 1

materiais - cláusula pétrea - art. 60, § 4º, da CF;

b) circunstanciais - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio -art. 60, § 1º, da CF e

formais - referentes ao processo legislativo - art. 60, I, II e III, §§ 2º, 3º e 5º, CF.

Implícitas:

Supressão da norma que prevê as limitações expressas (art. 60, CF) e

Alteração do titular do poder constituinte derivado reformador (sob pena de afrontar a Separação dos

Poderes da República.

Lei Complementarprocedimentos é idêntico ao de lei ordinária com a única diferença que é o quorum de aprovação.

- diferenças entre LC e LO: a) ordem formal: LO – maioria simples e LC – maioria absolutamaterial: LC tem como matérias só as reservadas pelo constituinte.

hierarquia entre a LO e LC – há três correntes: a) há hierarquia vertical; b) não há hierarquia e a inconstitucionalidade é em razão da matéria; c) LC se divide em normativa e não normativa, as primeiras servem de fundamento de validade para outras leis - só com relação a estas há hierarquia. STF não decidiu.

Medida Provisóriaé ato normativo sob condição resolutiva – aprovação do CN - poder exclusivo do Presidente da República

semelhante ao Decreto-lei da CF/69 – criado para ser usado em casos excepcionais e de extrema urgência.

pressupostos constitucionais da MP: relevância e urgência, são cumulativos sob pena de abuso ou excesso de poder - O PR tem juízo discricionário mas, deve observar o razoável, sob pena de controle judicial.

Seqüência dos atos: editada a MP pelo PR sobre qualquer matéria, publicada no DO, passa a ter vigência e eficácia, com força de lei mas, depende de aprovação do CN, sendo possíveis as seguintes hipóteses:

MP aprovada: se transforma em LO, promulgada pelo Pres. do CN, dispensa sanção.rejeitada: é ato declaratório, a MP deixa de existir desde sua publicação (ex tunc). As relações jurídicas do período em que vigorava a MP posteriormente rejeitada serão disciplinadas pelo CN, por Decreto Legislativo. Rejeitada a MP não pode ser reeditada.decurso do prazo: decorrido o prazo sem manifestação do CN a MP está rejeitada (aprovação só expressa). É possível reedição com o mesmo número só mudando o dígito, colocando cláusula de convalidação.emendada: aprovado o projeto de lei com as alterações teremos o Projeto de lei de conversão - em substituição à MP - daí em diante segue o rito ordinário (sanção e veto)

Limitações materiais: pode ser: expressas – art. 246 – texto alterado por EC não admite MP

implícitas: norma penal incriminadora (princípio da legalidade e anterioridade, aplicabilidade imediata e a provisoriedade da norma),

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matéria tributária (princípio da legalidade – STF discorda), matéria reservada a lei complementar.

MP Estadual – é possível, desde que tenha previsão na constituição estadual. A possibilidade de MP Municipal depende de previsão na CE e na Lei Orgânica mas, a doutrina entende incompatível porque o pressuposto de relevância exigido não poderia ter um âmbito territorial tão reduzido.

MP contrária a uma lei, não lhe revoga somente lhe suspende a eficácia (continua vigente mas, ineficaz). Não se trata de anomia (falta de lei) ou represtinação (restabelecimento de vigência).

Lei Delegadaato normativo elaborado pelo PR mediante solicitação sua (iniciativa solicitadora) ao CN e delegação deste, por uma Resolução que especifica o seu conteúdo (matéria) e os termos de seu exercício (princípio e temporariedade).

Toda delegação é temporária, se o PR não legislar extingue automaticamente os efeitos da resolução. limite temporal não pode nunca exceder à legislatura.

eficácia - tem o mesmo nível de eficácia da lei ordinária.a delegação não impede que o CN legisle sobre o mesmo tema (delega não abdica).

LD estadual - é possível, desde que tenha previsão na Constituição Estadual (ex. SC)

instituto comum do Parlamentarismo, hoje pouco utilizado.

Decreto Legislativo

instrumento formal de que se vale o CN para praticar os atoa de sua competência exclusiva

ex. art. 49 e art. 62, parágrafo único.

DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS ESTADO DE DEFESA E ESTADO DE SÍTIO

Estado de Defesa Estado de Sítio Estado de SítioPrevisão legal Art. 136, caput Art. 137, I Art. 137, IIConceito É uma situação em que

se organizam medidas destinadas a preservar a ordem pública ou a paz social ameaçadas pelas hipóteses abaixo.

Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por determinado tempo, e em certa área, objetivando preservar ou restaurar a normalidade constitucional, perturbada pelas hipóteses abaixo.

IDEM

Hipóteses Instabilidade Comoção nacional Declaração de guerra (guerra

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institucional2. Calamidade natural

(rebelião ou revolução interna)2. Ineficácia do Estado de Defesa

externa)2. Reposta à agressão armada estrangeira

Atribuição

para

decretação

Presidente da República(Art. 84, IX, da CF)Decreto Presidencial

Presidente da República(Art. 84, IX, da CF)Decreto Presidencial

Presidente da República(Art. 84, IX, da CF)Decreto Presidencial

Procedimento Presidente verifica a hipótese legal, solicita pareceres dos Conselhos da República (art. 89) e de Defesa Nacional (art. 91). Com os pareceres, decidirá se decreta ou não

Presidente verifica a hipótese legal, solicita pareceres dos Conselhos da República (art. 89) e de Defesa Nacional (art. 91). Com os pareceres, solicita ao Congresso autorização para decretação do Estado de Sítio, expondo os motivos determinantes do pedido. O Congresso somente poderá autorizar por maioria absoluta de cada casa. Com a autorização o PR poderá decretar o Estado de Sítio.

IDEM o procedimento anterior de decretação de Estado de Sítio.

Prazo Máximo de 30 dias, prorrogado por mais 30 dias uma única vez.

Máximo de 30 dias, prorrogado por mais 30 dias, de cada vez.

O tempo necessário da guerra ou para repelir a agressão armada estrangeira.

Áreas

abrangidas

Locais restritos e determinados(art. 136, caput)

Âmbito nacional. Após o Decreto, o PR especificará as medidas específicas e as áreas abrangidas (art. 138, caput)

Âmbito nacional. Após o Decreto, o PR especificará as medidas específicas e as áreas abrangidas (art. 138, caput)

Controle

político sobre a

decretação

É posterior. Decretado o Estado de defesa ou sua prorrogação, o PR* dentro de 24 horas, submeterá o ato com a respectiva justificativa ao Congresso, que somente aprovará a decretação por maioria absoluta em ambas as casas (art. 136, § 4º) editando o respectivo Decreto Legislativo (art. 49, IV), em 10 dias.

O Controle Congressual é prévio, uma vez que há necessidade de autorização para que o Presidente o decrete.

O Controle Congressual é prévio, uma vez que há necessidade de autorização para que o Presidente o decrete.

PR = Presidente da República** A mesa do Congresso Nacional é composta de sete membros: Presidente do Senado, 1º Vice-Presidente da Câmara dos Deputados, 2º Vice-Presidente do Senado, 1º Secretário da Câmara, 2º Secretário do Senado, 3º Secretário da Câmara e 4º Secretário do Senado.Obs.: A greve, por mais prolongada que seja, não caracteriza ameaça à ordem pública ou à paz social que justifique a decretação do estado de defesa, isto porque, a Constituição reconhece este direito sem limitações.

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NACIONALIDADE

artigos 12 e 13.

nacionalidade: é o vínculo jurídico-político de Direito Público interno, que faz da pessoa um dos

componentes da dimensão pessoal do Estado. Pode ser originária ou secundária

população: é o conjunto dos residentes no território, sejam nacionais ou estrangeiros - habitantes de

um território submetido a um governo soberano - critério demográfico.

povo: conjunto de habitantes dotados de capacidade eleitoral ativa e passiva, conjunto de eleitores -

critério político.

nação: é o conjunto de pessoas nascidas em um mesmo ambiente cultural, que partilham as mesmas

tradições, costumes, história e idioma, possuindo plena identidade sócio e étnico-cultural - critério

étnico-cultural

polipátrida: quem tem mais de uma nacionalidade

heimatlos ou apátrida: pessoa que não tem nacionalidade.

asilo político: recebimento de estrangeiro no território nacional, sem os requisitos de ingresso, a seu

pedido, para evitar punição perseguição no seu país de origem, por delito de natureza político-ideológica

extradição: é o ato pelo qual um Estado entrega um indivíduo, acusado de um delito, ou já condenado

como criminoso, à justiça de outro, que o reclama, e que é competente para julgá-lo e puni-lo.

Compete à União legislar sobre – art. 22, XV. Vedada: por crime político ou de opinião, a brasileiro

nato, de modo absoluto, e a brasileiro naturalizado, salvo cometido antes da naturalização ou a

envolvimento em tráfico de entorpecentes e drogas afins. O pedido é processado e julgado no STF.

expulsão: é um modo coativo de retirar o estrangeiro do território nacional por prática de delitos ou atos

que o tornem inconveniente. Decidida pelo PR, por meio de decreto. Não se concede quando o

estrangeiro tiver cônjuge brasileiro, desde que não separado de fato ou de direito e que o casamento

tenha sido celebrado a mais de 5 anos, ou quando tiver filho brasileiro que esteja comprovadamente sob

sua guarda e dependência econômica.

Deportação: saída compulsória de estrangeiro que entrou ou permaneceu irregularmente no território

nacional.

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Não há deportação nem exportação nem expulsão de brasileiro, pois não há pena de banimento em nosso

ordenamento jurídico (art. 5º, XLVII, d).

DIREITO POLÍTICOS

Conjunto de normas que disciplinam os meios necessários ao exercício da soberania popular.

Arts. 14 e 15, da CF.

A plenitude dos direitos políticos adquire-se após as seguintes etapas: (art. 14)

aos 16 anos de idade, pode alistar-se;

aos 18 anos é obrigado a alistar-se, e tem direito de ser eleito vereador;

aos 21 anos adquire o direito de ser votado para Dep. Fed., Est. , Distrital, Prefeito e Vice e Juiz de paz;

aos 30 anos pode ser eleito para Governador e Vice-Governador de Estado e Distrito Federal;

aos 35 anos pode ser eleito Presidente, Vice e Senador.

Direitos políticos positivos – são os que garantem a participação no poder mediante o sufrágio.

Sufrágio – é o direito público subjetivo de natureza política que tem o cidadão de eleger, ser eleito e

participar do governo. Pode ser: quanto a extensão – universal ou restrito e quanto a igualdade - igual

ou desigual

Voto: é a manifestação do sufrágio no plano prático, é o ato político que materializa o direito de votar.

Características: secreto, igual, livre, pessoal e direto.

Alistamento: diz respeito à capacidade eleitoral ativa, ou seja, capacidade de ser eleitor;

Elegibilidade: diz respeito a capacidade eleitoral passiva, capacidade de ser eleito.

Inelegibilidade: são impedimentos à capacidade eleitoral passiva – art. 14, § 4º e 7º

Desincompatibilização: é o ato pelo qual o candidato se desvencilha da inelegibilidade em tempo de

concorrer à eleição (renuncia, exoneramento ou licença).

Escrutínio: é o modo pelo qual se recolhem e se apuram os votos nas eleições.

Partidos políticos: são pessoas jurídicas de direito privado – art. 17, § 2º, CF

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Direitos políticos negativos: são regras que privam o cidadão, pela perda definitiva ou temporária

(suspensão) da totalidade dos direitos políticos de votar e ser votado e, ainda, determinam restrições à

elegibilidade do cidadão em certas circunstâncias. Só o judiciário pode decidir sobre perda desses

direitos

DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS

Os direitos públicos subjetivos constituem um complexo de faculdades jurídicas e de poderes que

assistem às pessoas e ao Estado. Os direitos subjetivos públicos da pessoa subdividem-se em

direitos da pessoa, que a protegem contra o arbítrio do Estado;

direitos políticos, que permitem o exercício da cidadania

direitos sociais, que obrigam o Estado à prestação de serviços essenciais.

A relação dos direitos, garantias e remédios é meramente exemplificativa, não constituindo, portanto,

numerus clausus (rol não exaustivo).

As normas definidoras de direitos e garantias fundamentais tem aplicação imediata, independentemente

da criação de ordenamento infraconstitucional (cf. art. 5º, § 1º) – são normas constitucionais de eficácia

plena.

Os direitos e garantias individuais foram erigidos ao nível de cláusula pétreas, uma vez que há uma

limitação material explícita ao poder constituinte derivado de reforma. Assim, só podem ser ampliados,

do contrário, serão imodificáveis. (art. 60, § 4 167, IV – núcleo intangível)

Princípio da Isonomia

A Constituição consagra que todos são iguais perante a lei e que homens e mulheres são iguais em

direitos e obrigações. Deve ser considerado sob duplo aspecto: o da igualdade na lei e o da igualdade

perante a lei. Deste princípio decorrem:

princípio da igualdade na justiça, art. 5º, XXXVII e LIII,

princípio da igualdade perante a Justiça, art. 5º, XXXV e LXXIV,

princípio da igualdade perante a tributação, art. 145, § 1º e art. 150, II,

princípio da igualdade sem distinção de sexo e de orientação sexual,

princípio da igualdade sem distinção de raça, cor e origem, art. 4º, VIII e art. 5º, XLII,

princípio da igualdade sem distinção de idade, art. 7º, XXX e XXXIII e art. 227, § 1º,

princípio da igualdade sem distinção de trabalho, art. 7º, IX, XXXII e XXXIV,

princípio da igualdade sem distinção de credo religioso, art. 5º, VI e VIII.

Princípio da Legalidade

Page 89: RESUMO - DIREITO CONSTITUCIONAL, 1

Ninguém, brasileiro ou estrangeiro, pode ser compelido a fazer, a deixar de fazer ou a tolerar que se faça

alguma coisa, senão em virtude de lei. Qualquer comando estatal, ordenando prestação de ato ou

abstenção de fato, impondo comportamento positivo (ação) ou exigindo conduta negativa (abstenção),

para ser juridicamente válido, há de emanar de regra legal. O conceito de lei, a que se refere a

Constituição, envolve todo ato normativo editado ordinariamente pelo Poder Legislativo, ou

excepcionalmente pelo Poder Executivo, no desempenho de suas competências constitucionais.

Princípio do Devido Processo Legal

Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal – art. 5º, LIV. O devido

processo legal pressupõe:

elaboração regular e correta da lei, bem como sua razoabilidade, senso de justiça e enquadramento nas

preceituações constitucionais.

aplicação judicial da lei, através de instrumento hábil à sua realização e aplicação.

Princípio decorrentes do devido processo legal:

princípio do contraditório e ampla defesa – art. 5º, LV: pode ser exprimido na seguinte fórmula:

informação necessária + reação possível. São meios e recursos inerentes à ampla defesa: ter

conhecimento claro da imputação, poder apresentar alegações contra a acusação; poder acompanhar a

prova produzida e fazer contraprova; e poder recorrer da decisão desfavorável.

princípio da garantia de acesso à Justiça – art. 5º, LXXIV;

juiz natural: são duas as garantias do juiz natural – art. 5º, LIII, que diz que ninguém será processado

nem sentenciado, senão pela autoridade competente e art. 5º, XXXVII, que estabelece que não haverá

juízo ou tribunal de exceção.

promotor natural: estão vedadas as designações discricionárias de promotores ad hoc,

princípio da igualdade entre as partes,

publicidade dos atos processuais – art. 5º, LX,

motivação das decisões – art. 93, IX,

princípio de que não são admissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos – art. 5º, LVI,

Princípio da Inviolabilidade de Domicílio

A garantia visa a proteger a intimidade do homem, assegurando-lhe um espaço reservado, proibindo as

intromissões dos outros homens e do próprio Estado. O art. 5º, XI diz que, a casa é o asilo inviolável do

indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante

delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial.

Princípio da Inafastabilidade do controle jurisdicional ou Princípio o direito de ação

A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito – art. 5º, XXXV.

Page 90: RESUMO - DIREITO CONSTITUCIONAL, 1

direito à tutela jurisdicional não se confunde com o direito de petição, garantido pelo art. 5º, XXXIV,

"a". O direito de petição é conferido para que se possa reclamar, junto aos poderes públicos, em defesa

de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. A característica que diferencia o direito de petição

do direito de ação é a necessidade, neste último, de se preencher a condição da ação interesse processual.

Direito à vida, à integridade física e moral, e à privacidade

O direito à vida é o primeiro a ser garantido pelo art. 5º, é o direito de não ter interrompido o processo

vital, senão pela morte espontânea e inevitável. A pena de morte só é admitida excepcionalmente, no

caso de guerra externa declarada, nos do art. 84, XIX (cf. art. 5º, XLVIII, a)

A integridade moral é resguardada pela Constituição, sendo assegurado o direito de resposta

proporcional ao agravo, além da indenização por dano moral ou à imagem – art. 5º, V. Aos presos se

assegura o respeito a integridade física e moral – art. 5º, XLIX. São ainda invioláveis, a intimidade, a

vida privada, a honra e a imagem das pessoas – art. 5º, XI.

Direito à liberdade

É o direito à escolha, à opção, o livre arbítrio, o poder de coordenação consciente dos meios necessários

à realização pessoal. O direito à liberdade pode ser agrupado em 4 grupos:

liberdade da pessoa física (prerrogativa de ir e vir) - art. 5º, XV, XLV, XLVII, LIV, LV, LVII, LX,

LXI, LXII, LXIV, LXV, LXVI, LXVII, LXVIII, LXXV

liberdade de pensamento: é o direito de exprimir por qualquer forma, o que se pense em ciência, religião,

arte ou o que for. Trata-se de liberdade de conteúdo intelectual e supõe o contato do indivíduo com seus

semelhantes, pela qual o homem tende a participar a outros suas crenças, seus conhecimento, sua

concepção do mundo, suas opiniões políticas ou religiosas e seus trabalhos. Art. 5º, IV, VI, VIII.

liberdade de expressão coletiva: art. 5º, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXI

liberdade de ação profissional: é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as

qualificações profissionais que a lei estabelecer – art. 5º, XIII.

Direito à informação

Previsto no art. 5º, incisos XIV, XXXIII, XXXIV, LXIII.

Direito à irretroatividade da lei prejudicial

A lei não pode prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada – art. 5º, XXXVI.

A lei penal também não retroagirá para prejudicar o acusado – art. 5º, XL.

Direito de propriedade

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Consiste no direito de usar, fruir e dispor de um bem, oponível contra qualquer pessoa.

Artigos: art. 170, II, III; art. 5º, XXII, XXIII, XXIV, XXV, XXVI, XXVII, XXVIII, XXX, XXXI, LIV;

art. 182, §§ 2º, 3º e 4º; art. 183 e § 3º; art. 184; art. 185 e incisos; art. 186 e incisos; art. 191, todos da CF

e art. 70 e 527, do CC.

Direitos do Consumidor

Estado promoverá, na forma da lei, a defesa dos direitos do consumidor – art. 5º, XXXII. Para este fim

foi criada a Lei 8.078/90.

Direitos sociais

São direitos sociais o direito à saúde, à assistência social, à educação, ao trabalho, ao lazer, à segurança,

à previdência social, à proteção da maternidade e da infância, e à assistência dos desamparados – art. 6º.

Direito à saúde

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que

visem à redução do risco de doença e de outros agravos, e ao acesso universal e igualitário às ações e

serviços para sua promoção, proteção e recuperação - art. 196.

Direito à assistência social

A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição social,

tendo como objetivos básicos: a proteção da família, da maternidade e da infância, adolescência e

velhice; amparo às crianças e adolescentes carentes; a promoção da integração do mercado de trabalho; a

habilitação e recuperação de deficientes e sua adaptação à vida comunitária; e a garantia de um salário

mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovarem não possuir

meios de prover a própria subsistência – art. 203 e incisos.

Direito à educação

A educação é dever do Estado e direito de todos – art. 205 e art. 208, I.

Direito à cultura

Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes de cultura nacional -

art. 215.

Direito ao meio ambiente

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Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e

essencial à sadia qualidade de vida - art. 225.

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

São garantias constitucionais, isto é, medidas utilizadas para tornar efetivo o exercício dos direitos

constitucionais. Temos seis institutos.

AÇÃO POPULAR - art. 5º, LXXIII, da CF e Lei n.º 4.171/65

conceito: é o meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão para obter a invalidação de

atos ou contratos administrativos ilegais e lesivos ao patrimônio federal, estadual ou municipal, ou ao

patrimônio de autarquias, entidades paraestatais e pessoas jurídicas subvencionadas com dinheiro

público. Popular – deriva da natureza impessoal do interesse defendido, da coisa do povo.

requisitos:

só poder ser proposta por cidadão brasileiro;

ilegalidade na formação ou no objeto do ato;

lesividade ao patrimônio público (erário, moralidade, meio ambiente, etc)

fins da ação: preventivo, repressivo e supletivo.

objeto da ação: é o ato ilegal e lesivo ao patrimônio público.

sujeito passivo: litisconsórcio entre entidade lesada, os autores e responsáveis pelo ato e os

beneficiários do mesmo.

MP é parte sempre - é parte autônoma, só não pode defender o ato.

competência: é determinada pela origem do ato impugnado

procedimento - segue o rito ordinário com algumas adaptações

- liminar: é possível. Se concedida cabe agravo de instrumento, correição parcial e mandado de

segurança. Se negada cabe agravo de instrumento.

sentença: se procedente o pedido, o juiz deverá decretar a invalidade do ato, a condenação ao

ressarcimento de perdas e danos por parte dos responsáveis, pelos atos praticados com dolo ou culpa. O

autor vencido é isento de custas

recursos: recurso de ofício, se julgada procedente ou decretada a carência da ação. Cabe também

apelação voluntária, com efeito suspensivo

MANDADO DE SEGURANÇA - art. 5º, LXIX, da CF.

sujeito passivo: autoridades públicas e agentes de pessoas jurídicas privadas com atribuição de Poder

Público. É proposto contra a autoridade coatora e não contra a pessoa jurídica.

Page 93: RESUMO - DIREITO CONSTITUCIONAL, 1

Autoridade coatora: será sempre aquela que concretiza a lesão a direito individual como decorrência de

sua vontade (aquela que tem poder de desfazer o ato).

No ato colegiado (formado por varias vontades) deve ser impetrado contra o presidente, no ato complexo

(se forma pela vontade da autoridade, mas dependendo de referendo de autoridade superior) é impetrado

contra a autoridade inferior que elaborou o ato, já que a autoridade superior fez mera conferência.

Não cabe MS contra ato de particular.

sujeito ativo: só o próprio titular do direito violado, qualquer pessoa natural ou jurídica.

litisconsórcio – admite-se no polo ativo e passivo

direito líquido e certo: é a certeza quanto à situação de fato. É o direito certo quanto a sua existência,

delimitado na sua extensão e apto a ser exercido no momento da sua impetração. Pode ser provado

documentalmente.

prazo para interposição: 120 dias.

procedimento: recebida a petição, notifica a autoridade para, em 10 dias prestar informações; em

seguida os autos vão ao MP para parecer, em 5 dias, seguindo-se, imediatamente, a sentença. Não há

dilação para provas. As informações não tem natureza de contestação e sua falta não gera confissão.

liminar: é possível

sentença: só faz coisa julgada material quanto enfrentar o mérito, ou seja, quando declarar a legalidade

ou ilegalidade do ato.

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO - art. 5º, LXX, da CF

legitimidade ativa: só pode ser impetrado por partido político com representação no CN ou organismo

sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um

ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. O impetrante atua como substituto

processual dos associados, ou seja, age em nome próprio na defesa de interesse de terceiro (deve ser

autorizada - estatuto).

legitimidade passiva: se os associados estiverem sob a área de atuação de autoridades diferentes, a

impetrada será a que estiver sobre todos, ainda que não tenha praticado o ato (não há litisconsórcio)

objeto: as relações jurídicas precisam ser determinadas, mas não precisam ser todas demonstradas na

inicial

MANDADO DE INJUNÇÃO - art. 5º, LXXI, da CF

finalidade: em tese, é viabilizar o exercício de um direito constitucionalmente previsto e que depende

de regulamentação por estar previsto em uma norma constitucional de eficácia jurídica limitada.

legitimidade ativa: qualquer pessoa, natural ou jurídica

legitimidade passiva: órgão ou poder incumbido de elaborar a norma

procedimento: se não houver necessidade de produção de provas segue o rito do MS, havendo dilação

probatória segue o rito ordinário.

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HABEAS DATA - art. 5º, LXXII, da CF

conceito: e um remédio constitucional, que tem por finalidade proteger a esfera íntima dos indivíduos,

possibilitando-lhes a obtenção e retificação de dados e informações constantes de entidades

governamentais ou de caráter público.

objeto: assegurar o direito de acesso e conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante e

o direito à retificação desses dados.

características:

é uma ação, pois invoca a tutela jurisdicional, devendo preencher as condições da ação;

de natureza mandamental;

seu conteúdo é de natureza constitutiva quando visa a retificação;

é ação personalíssima, não se admite pedido de terceiros, nem sucessão no direito de pedir.

não depende de prévio pedido administrativo

procedimento: enquanto não houver disciplinação legal, deve ser aplicado o MS, desde que

desnecessária a produção de prova, se contrário o rito será o ordinário.

sigilo - art. 5º, XXXIII - dispõe que o direito de receber dos órgãos públicos informações não inclui

aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

HABEAS CORPUS - art. 5º, LXVIII, da CF

conceito: ação penal de natureza constitucional, cuja finalidade é prevenir ou sanar a ocorrência de

violência ou coação na liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

sujeito ativo: qualquer pessoa, homem, mulher, maior, menor, capaz, incapaz, nacional, estrangeiro,

não exigindo sequer que tenha capacidade postulatória (não precisa ser advogado)

sujeito passivo: contra ato de qualquer agente, no exercício de função pública. Assim, sempre que

alguém atuar em nome do Estado e, nesta qualidade, constranger ilegalmente a liberdade de outrem cabe

HC. A CF não exclui o ato de particular, há controvérsia

espécies: preventivo e liberatório.