Resumo Ecologia das Águas Continentais

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  • 7/23/2019 Resumo Ecologia das guas Continentais

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    TIPOS DE GUAS CONTINENTAIS

    A cincia que estuda as guas continentais chamada limnologia. As guas continentais dividem-se em sistemas lticos e sistemas

    lnticos. Nos ecossistemas lticos, a gua corrente, como por exemplo, rios, nascentes, ribeiras e riachos esses sistemas tem

    como caractersticas o movimento da gua, o contacto entre a gua e a paisagem e o teor de oxignio relativamente alto. J os

    sistemas onde a gua parada na maior parte do tempo, so chamados ecossistemas lnticos, como lagos, lagos, pntanos e charcos

    e correspondem a habitats bem definidos e especficos.

    1 Sistemas Aquticos Dulciaqucolas: Situao Global

    1.1 Bens e Servios dos Sistemas Aquticos

    Os ecossistemas aquticos so essenciais vida na Terra e desempenham um papel essencial no desenvolvimento e funcionamentodas sociedades humanas.

    A gua doce usada, acima de tudo, para a agricultura, seguindo-se o uso industrial e depois o uso domstico, embora varie de pas

    para pas.

    Existe um difcil acesso gua doce, uma vez que uma frao dificilmente explorvel, nomeadamente a gua subterrnea nos

    lenis freticos.

    1.2 Distribuio Global da guaExiste um difcil acesso gua doce, uma vez que uma frao

    dificilmente explorvel, nomeadamente a gua subterrnea nos

    lenis freticos.

    H uma escassez de gua doce, em relao perspectiva global

    com a gua salobra.

    A gua superficial, tendo em conta que corresponde a 0,3% da

    gua doce, que apenas de 3% da gua mundial, equivale apenas

    a 0,009% da gua total!

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    1.3 Disponibilidade da gua e competioA disponibilidade da gua varia ao longo do tempo, situaes de seca extrema ou variaes estacionais na repartio da

    precipitao anual obriga as populaes a adaptarem-se a diferentes disponibilidades de gua. Alm disso, as bacias hidrogrficas

    no so limitadas pelas fronteiras dos pases, o uso que se faz da gua a montante vai afectar os pases que se encontram a jusante.

    O crescimento da populao conduz a uma maior utilizao da gua para a produo de alimentos e uso domstico que agrava a

    escassez de gua, insegurana alimentar e, finalmente, levar a crises econmicas e sociais. Por outro lado, recursos hdricos

    escassos, m qualidade da gua, ou a distribuio desigual dos recursos hdricos podem ter efeitos adversos sobre a sade,influncia no crescimento e distribuio da

    populaes.

    A crescente procura de recursos hdricos causada

    pelo crescimento populacional e econmico e as

    condies climticas, esto a conduzir a uma

    crescente escassez de gua, bem como degradao

    da sua qualidade. Nas regies em stress hdrico, a

    gesto dos recursos hdricos superficiais e

    subterrneos cria importantes desafios para o

    desenvolvimento das populaes locais. A

    competio por estes recursos pode ser uma fonte

    permanente de tenso e conflito.

    2 Introduo estrutura e funcionamento dos sistemas lticosA estrutura e funcionamento dos sistemas lticos descrita atravs da Geomorfologia bacia hidrogrfica; morfologia do canal;

    tipos/escalas de habitat e da Hidrologia fluxo e caudal; hidrogramas; probabilidade de cheia; transporte e deposio de

    sedimentos.

    2.1 Introduo e conceitos ligados ao Rio um sistema ltico

    Rios: Cursos de gua geralmente permanentes que correm em leito prprio cujo fluxo de gua doce flui no sentido de um oceano,

    lago, mar ou outro rio. A foz o local onde desagua um rio e a nascente o ponto onde se originam as guas do rio. Qualquer

    ponto ou seo do rio que se localize antes de um outro ponto referencial fixado chamado montante e caso se localize em direo

    foz tem o nome de jusante.

    Um rio pode ser decomposto em trs cursos, de acordo com a sua localizao.

    Curso superior : Tambm chamada de zona de cabeceira, corresponde ao troo do rio mais a montante, em que a gua tem muita

    energia e na qual se do a maior parte dos fenmenos de eroso.

    Curso mdio: A gua tem menos energia, d-se essencialmente o transporte de sedimentos, a eroso nesta zona do rio provoca a

    regularizao do seu leito formando o seu perfil.

    Curso inferior: Corresponde fase final do rio, em que se aproxima do mar e forma um esturio e onde se d a deposio de

    alguns sedimentos. medida que um rio se vai aproximando do curso inferior, vai perdendo velocidade e tem tendncia a formar

    curvas e contracurvas, nesta fase podem se formar meandros, ou seja, curvas do rio que podem ser encaixados (quando as voltas do

    rio se circunscrevem num vale de paredes abruptas) ou divergentes (desenvolvem-se na plancie de inundao). A formao de

    meandros tendem a acentuar a sua curvatura uma vez que a corrente se torna mais forte na sua margem cncava, e portanto uma

    maior eroso, j na margem convexa d-se a sedimentao da carga slida do rio.

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    Perfil de um rio:Um grande rio que desagua no mar tem no nvel mdio das guas do mar o seu nvel de base ponto mais baixo,

    em funo do qual regula o seu perfil. A regularizao do curso do rio decorre de jusante para montante eroso regressiva

    formao do vale do rio no sentido contrrio da corrente, o rio acabar por atingir o perfil de equilbrio com as irregularidades

    gradualmente a desaparecer, e os rpidos a recuar. Para os afluentes, o nvel de base local a cota qual se d a confluncia com o

    rio principal.

    O leito de um rio inclui no s a zona por onde o rio circula mas tambm a plancie de inundao, que pode ficar cheiaaquando de chuvas fortes.

    Plancie de inundao: Zona que o rio pode ocupar em condies de grande caudal, ocupada durante as cheias,

    normalmente bastante frtil e vegetado, pode ser peridico/sazonal caso seja ocupado por cheias com alguma

    regularidade, como uma vez por ano ou pode ser excepcional aquando ocupado apenas durante cheias que ocorrem em

    perodos de recorrncia de alguns anos ou dcadas.

    Leito aparente: o leito periodicamente utilizado pelo curso fluvial durante a poca das chuvas, normalmente bem

    delimitado.

    Leio de estiagem: Em climas temperados e no vero, nem sempre existe caudal suficiente para ocupar o leito aparente,

    assim, este o leito utilizado na estao seca, geralmente serpenteia dentro do leito aparente e normalmente de fcil

    delimitao.

    2.2 Variabilidade no espaoA forma, o tamanho e as caractersticas dos rios alteram-se, ao longo do

    tempo e do espao, em interdependncia com a paisagem circundante.

    Um sistema ltico composto por trs dimenses espaciais que se

    expressam em relaes de conectividade entre o rio e o ambiente envolvente.

    Longitudinal: Abrangendo tanto a direo de montante como a de jusante,

    as guas correntes seguem atravs de regies estruturais na rota desde a

    nascente at foz. Trs zonas so usualmente reconhecidas, as cabeceiras de

    drenagem zona erosiva, a zona de transferncia trecho mdio do canal, e

    a zona de deposio onde o fluxo tem a sua magnitude mxima e a

    deposio de sedimentos excede a eroso.

    Qualquer consequncia a montante traduz-se numa consequncia a jusante, trata-se da dimenso mais intervencionada pelo

    Homem. H uma diluio ao longo do rio no que diz respeito intensidade da consequncia, uma alterao a montante vai tendomenos intensidade medida que se encaminha para jusante. Qualquer interveno que quebre esta conectividade vai influenciar

    espcies biolgicas que fazem, por exemplo, migrao.

    Vertical: Relao entre a massa de gua superficial e a subterrnea - que s no existe nos lenis de gua quando h um run-off

    total - a dimenso menos abordada a nvel ecolgico porque menos visvel.

    sempre importante reconhecer que os corpos aquticos no so apenas superficiais, os rios e canais constantemente interagem

    com a gua subterrnea aqufero e trocam gua, compostos qumicos e organismos com os lenis de gua que s no existem

    quando h um run-off total. Ao longo do perfil longitudinal, o rio muitas vezes varia entre trechos como influente, onde a gua desuperfcie do canal entra para baixo no aqufero, e trechos como efluente, onde o canal recebe gua adicional do lenol subterrneo.

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    Lateral: Abrangendo o canal, plancie de inundao e as vertentes, significantes variaes ocorrem entre os tipos de canais, mas um

    padro comum inclui o canal, as partes mais profundas (talvegue), as partes baixas (a plancie de inundao) que so inundadas

    frequentemente, as partes mais altas de plancies inundadas menos frequentemente, os terraos, que so plancies de inundao

    abandonadas e as vertentes ou outras reas altas que esto dentro dos limites da bacia de drenagem.

    Relaes do rio com a massa de terra envolvente, plancies aluviais em perodos de inundao criam novos habitats temporrios

    fundamentais para algumas espcies que usam esses locais para reproduo, desova ou para o crescimento de juvenis. Quando a

    gua volta a diminuir, tambm pode trazer novos materiais influenciveis que podem alterar a composio do rio acima de tudo em

    microhabitats.

    2.3 Variabilidade no tempoInfluncia do clima:Os rios so muito dependentes do clima, isto , da precipitao (chuva imediata), do degelo (mais lento) e da

    evaporao. A taxa de chuva em relao de evaporao cria trs tipos de rios nas bacias de drenagem.

    Rios Perenes: Precipitao superior evaporao, h sempre gua a percorrer superfcie do canal.

    Rios Intermitentes/Peridicos: Por vezes a precipitao superior evaporao e outras vezes inferior, neste ltimo caso o

    rio seca e h uma quebra no fluxo, provocando a quebra na conectividade longitudinal, nem sempre so factos negativos no

    sistema, pode ser simplesmente uma caracterstica como o caso. Por fenmenos naturais pode por exemplo haver um afloramento

    das guas subterrneas em algumas regies da bacia hidrogrfica ou at mesmo por zonas mais fundas que outras fazem com que a

    quebra da conectividade longitudinal no signifique que a vertical ou lateral deixe de existir.

    Efmeros: Precipitao quase sempre menor que a evaporao, desenvolvem-se espcies resistentes com estratgias

    interessantes, muitas vezes apenas emergem nos perodos favorveis.

    Fluxo de gua nos rios

    O fluxo de gua num rio, tambm chamado canal de escoamento

    (channel run-off) um elemento base no ciclo de gua, que dirige a

    gua a partir da terra para as massas de gua, sendo a outra

    componente o escoamento superfcie. A gua que flui nos canais

    vem do escoamento superficial da gua que vem de encostas

    adjacentes e de guas subterrneas.

    Desta forma, o fluxo de gua nos rios depende da existncia de canal

    de circulao, da existncia de superfcie inclinada e da

    disponibilidade de gua superficial.

    Water table: Superfcie onde a presso da gua igual presso atmosfrica, pode ser vista como a superfcie dosmateriais do interior que so saturados com gua dos arredores. No entanto as condies saturadas podem estende-se

    acima do lenol fretico medida que a tenso superficial contm a gua em alguns poros abaixo da presso

    atmosfrica. A gua subterrnea pode vir da precipitao infiltrante que passa a zona insaturada j que muito

    permevel e no retm gua ou de guas subterrneas que fluem para um aqufero.

    2.4 Redes hidrogrficas/bacias de drenagemBacia hidrogrfica ou bacia de drenagem de um curso de gua o conjunto de terras que fazem a drenagem da gua das

    precipitaes para esse curso de gua e rios menores que desaguam em rios maiores afluentes. A formao da bacia feita atravsdos desnveis dos terrenos que orientam os cursos de gua, sempre das reas mais altas para as mais baixas. Assim, a bacia

    hidrogrfica o territrio drenado por um rio principal e pelos seus afluentes.

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    Existem 3 tipos de bacias hidrogrficas.

    Bacias exorreicas: Drenam para o oceano, transportam gua doce para o mar.

    Bacias endorreicas: A drenagem faz-se para o interior do continente, terminando num lago sistema fechado.

    Bacas arreicas: A drenagem no est organizada e a gua infiltra-se sem haver escoamento ntido.

    Classificao da rede hidrogrfica

    O curso permanente mais pequeno referido como sendo da primeira ordem. A unio de

    dois cursos de primeira ordem formam um de segunda ordem, e por a adiante. A ordem

    dos cursos uma aproximao de uma medida dos seus tamanhos e pode estar

    correlacionado com outros nmeros de outras medidas de tamanho mais precisas

    incluindo a rea drenada, o volume de gua descarregada e as dimenses dos canais. Cada

    curso ou rio drena uma rea de terra que proporcional ao seu tamanho.

    Sistemas numricos para classificar dimenses de sistemas ldicos de modo universal. Um deles (Sistema de Horto-Strahler) usa

    uma escala geogrfica (1/25.000; 1/50.000) que classifica com o nmero 1 quando visvel nos cabeceiros. Depois aumenta 1 valor

    sempre que 2 cursos de igual nmero se juntam (1+2=continua igual; 2+2=3), um sistema conservador e no aditivo porque 2+3

    mantem o mesmo nmero simplificando algo que no corresponde bem realidade, de qualquer modo uma mtrica para a

    dimenso do rio e outras caractersticas importantes bastante til. D-Link o ponto resultante adio de todos os pontos do

    rio.

    2.5 Organizao hierrquica do sistema lticoPodemos avaliar os padres e processos dos

    ecossistemas fluviais de uma forma hierarquica,

    onde existem sries de unidades gradualmente

    maiores. Este ponto de vista hierrquico revela que

    os processos atuando nos nveis superiores

    controlam factores expressados em hierarquias

    inferiores, como microhabitats, mas no o

    contrrio. O clima, a geologia, a fonte do percurso

    e a forma do leito exercem um controlo no

    desenvolvimento da bacia hidrogrfica influenciam

    largamente os processos que modelam os canais e

    factores nos segmentos de escala inferior.

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    3 Componentes do corredor ltico

    3.1 Canal de um Rio (Steam Channel) e Plancie Aluvial (FloodPlain)

    O canal de um rio corresponde a um tipo de superfcie

    topogrfica que delimita um caminho onde a massa

    natural de gua flui ou pode fluir. a parte mais profunda

    e central de uma plancie aluvial, contento a corrente

    principal que continuamente ocupada por gua. Neste,

    distingue-se o talvegue, que corresponde linha de menor

    elevao dentro do canal de um rio, ou seja, a zona mais

    profunda, que importante para entender os processos de

    eroso. A linearizao do canal de um rio provoca a perda

    de habitat, embora com o processo de deposio

    sedimentar haja uma linearizao natural.J a plancie

    aluvial o nvel de rea prxima do canal de corrente que

    propensa a ser inundada durante a corrente moderada ou

    durante as cheias. Geralmente corresponde a uma rea plana com zonas mais elevadas em ambos os lados e formam-se pela

    deposio ao longo do tempo de sedimentos trazidos por um ou mais rios, criando um solo constitudo por argila, silte e areia. A

    plancie aluvial vai incluir a plancie de inundao que corresponde a uma faixa mais estreita que alaga sempre que o rio transborda

    e pode vir a incluir plancies de inundao antigas que j no inundam devido elevao do solo pelo acmulo de sedimentos ou

    devido mudana do curso do rio.

    3.2 Sinuosidade: gradiente e substratoStream Bank (Margem do Rio): Corresponde ao terreno que se consiste as

    margens de um rio, acompanhando os locais onde a corrente confinada.

    Meandros: Curva acentuada de um rio que corre na sua plancie de aluvial e que

    mude de forma e posio com as variaes de maior ou menor energia e cargas

    fluviais durante as vrias estaes do ano. So tpicos em plancies aluviais

    topografia madura mas podem ocorrer de forma mais restrita caso haja terrenos

    sedimentares horizontalizados.

    Os meandros vo reduzir a velocidade da corrente, criando microhabitats nas

    zonas erodidas e nas zonas sedimentares.

    O motivo para a formao dos meandros d-se atravs de um processo contnuo

    de eroso e deposio nas suas margens. Como a velocidade do fluxo fluvial maior na parte externa do que na parte interna do

    meandro, as margens externas cncavas - apresentam barrancas (banks) progressivamente erodidas e na margem interna

    convexa ocorre a deposio de sedimentos, acima de tudo de areia. Desta forma, o curso fluvial tem tendncia permanente para

    se deslocar na direo da margem cncava do meandro.

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    Meandrizao reduzida: Gradiente elevado; substratos grosseiros. A base do

    canal do rio feito atravs de escadas, compostas por pedras de maiores

    dimenses, intercaladas de zonas de substrato mais fino (pool), formando

    pequenas cascatas, geralmente encontrando-se em locais mais a montante do

    curso de gua.

    Meandrizao elevada: Gradiente reduzido; substratos finos. Geralmente os

    canais dos rios so encontrados com este gradiente reduzido. Podemos

    encontrar neste tipo de gradiente uma alterao relativamente regular entre

    reas menos profundas de maior velocidade e substrato de pedras

    arredondadas de vrios tipos (riffle), correspondendo a um pequeno monte e

    depresses que formam reas de velocidade inferior e substrato mais fino

    (pool). A correntes fracas, os riffles tm um maior relevo, mas quando a corrente forte, as diferenas entre os riffles e os pools so

    menores e nestes casos, os riffles so os locais onde se d a menor capacidade de transporte e portanto onde se d mais deposio

    de sedimentos.

    Por vezes, o meandro atinge os 360, deixando a corrente fluvial de o utilizar, passando a fluir pela via mais direta e fcil, o

    meandro acaba por ficar abandonado, correspondendo a um lago em forma de U.

    3.4 Pegos e rpidos

    Os pegos correspondem a locais mais profundos dos rios e geralmente encontram-se mais a jusante, onde a velocidade da corrente baixa e a meandrizao mais elevada. J os rpidos so seces de um rio onde o leito do rio tem o gradiente relativamente alto e

    meandrizao baixa, aumentando a velocidade da gua e a turbulncia, carateriza-se pelo rio tornar-se mais raso e com algumas

    rochas expostas acima da sua superfcie, sendo portanto de profundidade baixa, sendo encontrados mais a montante.

    4 Ciclo e fluxo de gua

    4.1 Introduo ao Ciclo de gua

    A gua a nica substncia que existe, em circunstncias normais, em todos os trs estados da matria na natureza. A coexistnciadestes trs estados implica que existam transferncias contnuas de gua de um estado para outro, esta sequncia fechada de

    fenmenos pelos quais a gua passa da terra para a atmosfera designado por ciclo hidrolgico.

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    O ciclo de gua inicia-se com a energia solar que incide na Terra. A transferncia da gua da superfcie terrestre para a atmosfera,

    passando do estado lquido ao gasoso, processa-se atravs da evaporao direta, por transpirao das plantas e dos animais e por

    sublimao. A vegetao tem um papel importante neste ciclo, pois uma parte da gua que cai absorvida pelas razes e acaba por

    voltar atmosfera pela transpirao ou pela evaporao direta. Durante esta alterao do seu estado fsico absorva calor,

    armazenando energia solar na molcula de vapor de gua medida que sobe atmosfera.

    O vapor de gua transportado pela circulao atmosfrica e condensa-se aps percursos variveis, podendo regressar superfcie

    terrestre numa das formas de precipitao chuva, granizo ou neve e pode voltar atmosfera mesmo antes de alcanar a

    superfcie terrestre chuva mida quente. A gua que atinge o solo tem diferentes destinos. Parte devolvida atmosfera atravs

    da evaporao, outra parte infiltra-se no interior do solo, alimentando os lenis freticos. O restante escorre sobre a superfcie em

    direo s reas de altitudes mais baixas, alimentando diretamente os lagos, riachos, mares, rios e oceanos. A infiltrao um

    fenmeno importante para regular o leito dos rios, distribuindo-a ao longo de todo o ano e evitando fluxos repentinos que

    provocam inundaes.

    Se a gua cair sobre uma superfcie coberta com vegetao, parte da chuva fica retida nas folhas e assim, parte da gua interceptada

    evapora.

    O ciclo hidrolgico atua como agente modelador da crosta terrestre

    devido eroso, transporte e deposio de sedimentos por via

    hidrulica, nomeadamente os rios, condicionando a cobertura vegetal

    e de modo genrico, a vida na Terra.

    4.2 Fluxo de gua1A precipitao destinada a ir por caminhos de escorrncia superficial

    (run-off) caminha por vrios percursos que so influenciado pelo

    declive, cobertura vegetal, propriedades do solo e condies de

    humidade antecedentes.

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    Parte da gua da chuva evapora a partir da superfcie da vegetao imediatamente depois do perodo de precipitao, nunca

    chegando a atingir o solo ou a ser absorvido pelas plantas.

    A este fenmeno chamamos de intercepo e includo na evapotranspirao. Outra parte da gua da chuva passa atravs da

    vegetao descendo pelos ramos e troncos e alguma dessa gua interceptada chega ao cho canopy drip. Uma vez que a gua da

    chuva ou a gua que passou atravs da vegetao encontra o solo, segue uma srie de possveis caminhos at chegar a um canal de

    um rio ou at a reservas de gua subterrnea.

    A gua que surge do run-off mais lenta na sua chegada ao rio

    correspondendo alimentao direta, em contraste com a gua que

    surge diretamente em perodos de precipitao. O sistema

    circundante ao rio, palco de infiltraes de gua que vo passando

    para o rio lentamente, o rio passa a encher quando o terreno est

    encharcado, isto , excedeu a capacidade de infiltrao, e h run-off

    direto para o rio mesmo com precipitao baixa.

    Fluxo superficial

    Aumenta quando os terrenos: esto saturados (chuvas intensas) e

    tm baixa permeabilidade (argila).

    influenciado fortemente pelo uso do solo: artificializao e

    impermeabilizao, prticas florestais e agrcolas. A caracterizao da variao do fluxo de gua a nvel espacial e temporal vai

    identificar um nmero de regimes de fluxo que se agrupam dentro de determinadas caractersticas, referidos como hidroclimas.

    O volume de gua que se move num determinado intervalo de tempo e ponto

    espacial referindo como fluxo de gua. calculado com base na medida de

    comprimento, profundidade e de velocidade sendo expresso em metros cbicos

    por segundo.

    Q volume de gua que passa numa seco transversal do canal por

    unidade de tempo.

    Q=VxA ou VxWxD

    Em regimes hmidos, a gua que fica acumulada abaixo da water table de tal forma acumulada que satura os solos e alimenta o

    fluxo, j em climas ridos, a zona permevel gua muito maior, assim, a water table est mais abaixo, por sua vez os lenisfreticos raramente saturam e o fluxo de gua que alimenta os solos.

    A velocidade do fluxo de gua varia muito ao longo da seco transversal de um rio, dependendo da frico que o fluxo enfrente

    com o solo de um lado ao outro das margens, da sinuosidade e das obstrues. Maiores velocidades so encontradas onde a frico

    menor, geralmente no fluxo superficial e mais central, longe das margens. Em cursos de gua pouco profundos, a velocidade

    maior na superfcie devido pouca atenuao provocada pela frico com a base do canal, j nos rios mais profundos, a velocidade

    mxima encontrada no na superfcie mas imediatamente abaixo, devido frico com a atmosfera que tambm reduz a

    velocidade da corrente.

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    4.3 Efeitos do uso humano das terras no fluxo de guaA alterao que o Homem provoca na terra devido ao seu uso pode ter alteraes significativas no fluxo de gua ao alterar o

    balano entre a evapotranspirao e o run-off (bem como os caminhos que a gua pode seguir no run-off). Em circunstncias

    extremas, vai alterar at mesmo a precipitao, aquando a desflorestao reduz a evapotranspirao numa grande rea, reduzindo a

    humidade atmosfrica. Quando a floresta ocupa uma extensa cobertura do solo por parte das suas copas (canopy) e as razes

    profundas so predominantes, a intercepo e a transpirao da gua pelas florestas quase mxima. Consequentemente, a

    desflorestao ou a substituio das florestas por plantaes vo aumentar o fluxo de gua. O desenvolvimento de sistemas de

    drenagem para evitar o excesso de gua em zonas urbanizadas impermeabilizadas vai ainda contribuir para um aumento do fluxo

    superfcie para o fluxo do rio,

    aumentando o caudal. Assim, as

    zonas que anteriormente eram

    alvo de armazenamento de gua

    no solo incluindo em reservas

    subterrneas passam a ser regies

    que escoam toda a gua em run-

    off. Na verdade, o run-off duplica

    com a desflorestao e pode

    triplicar aquando a cimentao do

    solo.

    5 Cheias e hidrogramasEntende-se por cheia, uma situao natural de transbordamento de gua do seu leito natural, provocado por chuvas intensas e

    contnuas. Nestes momentos, d-se um aumento sensvel da gua superficial. Embora com conotao negativa pelos impactos,

    um fenmeno natural e importante. As cheias, que surgem tambm devido ao facto da infiltrao da gua ser baixa ou da

    capacidade de reteno do solo saturar, alteram o caudal de uma forma rpida e sensvel devido ao rpido run-off causado pela

    impermeabilidade dos solos devido urbanizao. As cheias levantam os sedimentos, tornando as guas mais castanhas e

    consequentemente, provocando um decrscimo na fotossntese, por outro lado, o aumento da corrente vai erodir o fundo e as

    margens do rio de forma mais intensa.

    A probabilidade de cheia pode ser uma em 100 anos, que de 0,01 ou 1%. definida como P=1/T isto , P a probabilidade de

    cheia e T o intervalo de recorrncia. Podem ser previstos os eventos mais frequentes e tomadas as adequadas medidas de urgncia,porm, quando se trata de uma previso a larga escala mais difcil acertar. Deste modo, as cheias graves e de difcil controlo

    surgem devido a uma grande queda de gua de difcil previsibilidade (500-600 anos de frequncia).

    fundamental estudar estes eventos extremos porque estima-se com as alteraes climticas um aumento da frequncia de cheias

    e secas, ou seja, at pode vir a chover menos, o problema que no vai ser de forma equidistribuida ao longo do perodo hmido e

    sim de uma forma concentrada num curto perodo de tempo.

    Hidrograma: Consiste num registo contnuo da descarga de gua atravs da precipitao em relao ao tempo em horas. Pode

    descrever com detalhe um evento de cheias ao longo de vrias horas ou dias.

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    Base flow input de gua no rio por parte das reservas subterrneas.

    Stormflow descarga de gua que deriva da gua adicionada pela precipitao ou derretimento do gelo.

    Recession limb corresponde ao regresso s condies de fluxo base.

    Um hidrograma contem um nmero de caractersticas que

    refletem os caminhos e a rapidez com que a gua da

    precipitao escorre e atinge um rio. O fluxo base

    representa o input de gua do solo para o fluxo do rio

    antes da precipitao. As chuvas intensas e o derretimento

    da neve vo aumentar esse input acima do fluxo base. O

    atraso que demora para a magnitude do hidrograma

    atingir o seu mximo (cuja influncia advm da

    intensidade da chuva e das caractersticas dos caminhos

    pelos quais a gua escoada) mede o tempo entre o centro

    do perodo de queda de gua e o pico do hidrograma.

    Desta forma, natural que o atraso seja encurtado com a urbanizao, uma vez que a gua vai escoar com muita facilidade para os

    rios em vez de primeiro se infiltrar na gua.

    Desta forma, um hidrograma d uma informao detalhada sobre a variao do fluxo em vrias escalas, desde cursos pequenos a

    rios de larga envergadura, em diferentes condies climatricas, e com distintas vegetaes e topografias. Por exemplo, um fluxo

    superficial intenso vai causar uma subida rpida e pronunciada da inclinao do grfico e resulta na eroso intensa dos sedimentos

    da superfcie da terra. O mesmo no acontece em regies hmidas pois o solo, mesmo desflorestado, absorve mais a gua devido

    matria orgnica e estrutura composta por razes, sendo a subida do hidrograma menos acentuada.

    6 Eroso, transporte e deposioO comportamento de cada rio depende da sua geometria, relevo, composio rochosa, matrias dos solos, cobertura vegetal e grau

    de interferncia humana. A atividade geolgica de um rio compreende trs aes, a meteorizao e eroso, o transporte, e a

    deposio dos materiais ou sedimentao.

    6.1 MeteorizaoA meteorizao e eroso consistem no desgaste e extrao dos materiais do fundo do leito e das margens pela ao da corrente da

    gua. Esta ao mais intensa nas regies junto da nascente, onde ocorrem maiores desnveis e a gua corre a uma maior

    velocidade, consequentemente, a energia da corrente maior.

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    6.2 Transporte sedimentar

    Os materiais rochosos extrados so transportados pelo rio para distncias maiores ou menores, dependendo do tamanho e do peso

    dos fragmentos, bem como da velocidade da corrente. O transporte dos detritos pode ser feito atravs da suspenso se os

    materiais forem finos, por saltao, rolamento ou arrastamento para materiais mais pesados e grosseiros.

    O transporte sedimentar por parte dos rios vai provocar um arredondamento dos sedimentos devido aos choques entre si e

    granotriagem, isto , separao de acordo com o seu tamanho, forma e densidade ao longo do curso de um rio. Pelo tipo de

    arredondamento possvel conjeturar a durao do transporte, se o grau de arredondamento for elevado, significa que os

    sedimentos foram transportados com grande energia e durante mais tempo. Estes sedimentos vo ser encontrados mais a jusante.

    O transporte varia de rio para rio de acordo com os processos de eroso e deposio dos sedimentos, depende da natureza

    geolgica e velocidade dos rios. O retrocedimento dos rios devido reteno de sedimentos provoca prejuzos humanos logstica

    na navegao e biolgicas perda de habitat espcies.

    6.3 Deposio sedimentar e eroso das margens medida que a velocidade das guas diminui, os diferentes materiais

    transportados comeam a depositar-se, inicialmente os mais pesados e

    depois os mais leves, em suspenso.

    Os processos de eroso so lateral e vertical e vo depender

    maioritariamente do fluxo do rio. O nvel das cabeceiras (H)

    gradualmente erodido no sentido inverso ao da circulao do rio, estetipo de eroso d-se normalmente quando a velocidade da circulao

    da gua maior que a deposio, dependendo sempre da natureza

    geolgica do rio e de uma baixa velocidade.

    A acumulao de sedimentos est mais ou menos padronizado e

    usado para estimar a deposio/eroso para entender como se

    depositam os sedimentos para proteger determinadas espcies.

    previsto de acordo com a granulometrica, velocidade do rio, etc.

    A velocidade tende a ser maior no centro do rio e algo abaixo dasuperfcie, os sedimentos mais finos depositam-se na parte cncava e

    mais lenta do curso de gua.

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    6.4 Perfil longitudinalA capacidade de uma corrente de gua erodir e transportar materiais

    depende da sua velocidade. Os fatores que determinam a velocidade de

    uma corrente incluem o declive, expresso em metros por quilmetro, a

    rea da seco do leito, expressa em metros quadrados e o dbito

    expresso em metros cbicos por segundo e as irregularidades do leito do

    rio. Um processo comum para estudar uma corrente examinar o seu

    perfil longitudinal, desde a nascente at foz, onde j praticamente no

    h eroso.

    Um grande rio que desagua no mar tem no nvel mdio das gua do mar o

    seu nvel de base em funoo do qual regula o seu perfil.

    A regularizao do perfil faz-se da foz jusante para a nascente

    montante. As irregularidades vo desaparecendo, os rpidos e as cataratas

    vo recuando, o mesmo acontece s cabeceiras que vo penetrando na

    montanha. Esta progresso da eroso no sentido contrrio da corrente a

    eroso regressiva. Em geral um curso de gua percorre, inicialmente um

    vale cujo talvegue, zona mais profunda do leito, tem um perfil longitudinal

    muito irregular com alteraes mais ou menos bruscas, de declive que

    podem constituir rpidos.

    Aps a evoluo mais ou menos prolongada e desde que o nvel de base se

    mantenha o tempo necessrio, o rio acabar por regularizar o seu perfil

    atingindo o perfil de equilbrio. Diz-se que o atingiu a partir do momento

    em que so unicamente efetuados o transporte de sedimentos,

    principalmente as partculas em suspenso.

    Progresso para jusante: aumento da largura do canal, aumento da profundidade, igual velocidade mdia, diminuio da

    granulometria do substrato, menos declive, mais deposio de sedimento.

    7 Factores fsico-qumicos, fluxo de matria orgnica e a sua influncia nos organismos

    FACTORES

    Abiticos

    Fsicos

    Corrente

    Substrato

    Qumicos

    Temperatura

    Concentrao deoxignio

    Biticos(fluxo de matria

    orgnica)

    Fontes

    Processamento/Armazenamento

    Conceito "RiverContinuum"

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    7.1 Corrente a corrente que vai distinguir sistemas lticos dos restantes sistemas aquticos. Influencia todas as entidades biolgicas a nvel de

    adaptaes morfolgicas, comportamento e distribuio, bem como a estrutura das comunidades. Ainda toma um papel fulcral na

    prpria forma do rio, cujo principal factor de modelao a velocidade da corrente.

    Velocidade da corrente: considerado o principal factor determinante da ocorrncia e abundncia local de organismos, e da

    variao das comunidades ao longo do rio. A velocidade vai depender do declive da superfcie, da rugosidade do leito e da

    profundidade e largura do canal. Varia horizontal e verticalmente no canal, isto explicado pela variao da corrente no canal que

    pode ser de fluxo laminar ou de fluxo turbulento.

    Fluxo laminar: Vrias camadas de fluido circulam lentamente, paralelas umas s outras, est associado a uma velocidade menor.

    Fluxo turbulento: Varias camadas de fluido interceptam-se umas s outras havendo misturas de linhas de fluxo e com formao de

    redemoinhos. Quanto mais profunda a geometria do canal de drenagem, mais turbulento o escoamento. Por sua vez, quanto

    maior a velocidade e menos viscoso o fluido, tambm mais turbulento vai ser o escoamento. O fluxo turbulento tem maior

    capacidade erosiva e de transporte do que o fluxo laminar.

    Diferenas de velocidade ao longo da massa de gua: A gua corre mais rapidamente superfcie do que em profundidade porque

    em profundidade o prprio leito do rio provoca atrito. Nas zonas menos profundas h uma elevada velocidade.

    H gradientes biolgicos de acordo com a profundidade porque a velocidade do rio influencia a distribuio dos organismos e por

    sua vez influenciada pela profundidade.

    Seleo da velocidade de corrente por parte dos organismos: Os organismos, de acordo com a velocidade da corrente preferencial

    ao seu modo de vida, so agrupados em dois grupos, j que a sua distribuio heterognea ao longo da profundidade e velocidade

    do rio.

    REOFLICOS: Reo significa corrente. Tratam-se de organismos cuja velocidade elevada da corrente lhes preferencial ou

    participa de uma forma importante no seu ciclo de vida. So tendencialmente migratrios, mesmo aquando de pequenas

    dimenses.

    LIMNOFILICOS: Limno significa parado e limnologia a disciplina que estuda massas de gua sem fluxo como lagos,

    albufeiras e barragens. Corresponde a organismos cuja velocidade da corrente deve ser baixa ou quase parada para corresponder s

    condies ptimas. No habitat mediterrneo, os organismos limnofilicos

    geralmente so espcies introduzidas porque o nosso habitat mais propcio para

    os refilos, dai haver uma concentrao de limnofilicos maior nos locais a

    montante das barragens.

    7.2 SubstratoA diversidade de materiais que compem o substrato elevada e dinmica. So

    distinguidos atravs de escalas de granulometria, como o caso da escala de

    Wentworth. Esta uma escala clssica e possui um problema no que toca ao

    trabalho de campo pois extremamente trabalhoso e complicado distinguir

    alguns tamanhos demasiado precisos. A soluo passou por arranjar valores mais

    redondos e referencias visuais para os tamanhos (folha A4, acar, ovo, gros de

    caf). Perde-se a preciso mas possibilita um aumento no nmero de locais

    amostrados.

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    Diagrama de Hjulstrom: O tamanho dos sedimentos que vo ser erodidos,

    transportados na zona de transio e sedimentados fazendo parte do substrato,

    so largamente influenciados pela velocidade da corrente do rio.

    Variao longitudinal do substrato: A granulometria do

    substrato sofre uma diminuio h medida que nos

    encaminhamos para jusante, j que a velocidade da

    corrente diminui e consequentemente o transporte de

    sedimentos enfraquece, comeando a ser predominantes

    zonas com meandrizao.

    Influncia do substrato nos organismos vivos: Materiais orgnicos como ramos e troncos tendem a funcionar como substrato para

    os organismos aquticos, j que partculas orgnicas com menos de 1mm servem como alimento a grande parte dos organismos.

    A presena de material orgnico no substrato pode influenciar a diversidade e a densidade de organismos aquticos. A composio

    do substrato tambm tem um papel importante na determinao da distribuio dos organismos aquticos.

    A pedra e o bloco tm igual tamanho mas a superfcie de contacto

    diferente devido forma o que altera o tipo de comunidade que se

    encontra em meios com blocos ou pedras.

    7.3 TemperaturaA temperatura um factor que influencia a taxa de fotossntese dos organismos autotrficos, as taxas metablicas da generalidade

    dos organismos aquticos e a concentrao de oxignio na gua. A maior parte dos organismos aquticos dependem datemperatura externa porque no regulam a sua temperatura corporal por metabolismo.

    H fatores de habitat geogrficos, biolgicos e de paisagens - que alteram a temperatura a nvel local, criando microhabitats

    ocupados por diferentes organismos.

    Zonas de maior amplitude da temperatura so de padronizao mais difcil, geralmente ocorrem na zona intermdia do rio. As

    condies so muito distintas de acordo com as condies biogeogrficas.

    Determinantes da temperatura da gua (por ordem de importncia na influncia):

    Temperatura do ar existe uma correlao direta e positiva entre o aumento da temperatura do ar e da gua.

    Humidade relativa.

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    Percentagem de sombra e largura do canal a montante o ensombramento maior e a temperatura mais baixa, j a jusante, como

    h um alargamento do canal, a rea ensombrada a nvel percentual menor e a temperatura maior.

    Fluxo do rio.

    Radiao solar a jusante h uma grande zona de incidncia da radiao, pois a rea exposta maior.

    Velocidade do vento. Altitudes - quanto maior for, tanto a temperatura do ar como a temperatura da gua mais decrescem.

    7.4 OxignioO oxignio produzido durante a fotossntese e consumido durante a respirao e decomposio. Existe uma utilizao diferencial

    do oxignio, de acordo com as exigncias dos organismos, alguns so consumidores e produtores, outros so s consumidores.

    Duma maneira geral, nos rios no poludos, h uma saturao por oxignio nos rios, ou seja, no costuma ser um fator limitante.

    Os organismos tm diferentes nveis de tolerncia em relao s taxas de oxignio, porm, para concentraes de oxignio menores

    que 3mg por litro temos um decrscimo considervel na diversidade das comunidades biolgicas.

    Variao diria e sazonal

    Trabalho de campo: Ao longo do dia, as taxas de oxignio vo variar, tornando-se uma medida difcil de concretizar no campo.

    Para evitar o desfasamento da medio da temperatura, o trabalho de campo deve ser iniciado a jusante comeando-se primeiro

    por analisar os organismos biolgicos e s depois se seguir com a medio da temperatura e do oxignio. Seguidamente, desloca-se

    para montante, mede-se primeiro a temperatura e o oxignio e s depois se analisam os organismos biolgicos. Como h uma

    correlao da temperatura/oxignio e os aparelhos de medio de oxignio so dispendiosos, fazemos uma inferncia a partir de

    algumas medies de oxignio e de todas as temperaturas, depois, deduzimos o oxignio a partir da temperatura de acordo com

    algumas relaes feitas com as medidas de oxignio efetuadas.

    Variao diria: A variao diria deve-se difuso do oxignio devido temperatura, contribuindo para a sua perda, juntamente com a respirao que

    ocorre com mais intensidade quando a atividade dos organismos mais

    elevada, em contrapartida com a fotossntese por parte da produo primria

    que contribui para o input de oxignio no rio.

    Variao sazonal: A variao sazonal est ligada relao entre o oxignio e a temperatura uma

    vez que quanto maior for a temperatura, menos oxignio se vai solubilizar na gua, no se

    tornando disponvel.

    No inverno, a temperatura mais baixa e h mais oxignio disponvel, porm, devido aos dias

    mais curtos, a fotossntese menos intensa e acaba por contrabalanar a quantidade de oxignio.

    J no final do vero, na poca mais seca e com as temperaturas mais altas, verifica-se

    uma diminuio das concentraes de oxignio, trata-se de um perodo muito

    stressante que desafia os indivduos mais resistentes. O caudal fica mais reduzido, a

    solubilidade de oxignio areo inferior, os organismos entram em maior competio

    pois h uma maior concentrao de indivduos, mais interaes positivas e negativas

    uma vez que h um igual efetivo populacional numa rea de caudal mais reduzida

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    claramente os organismos estritamente aquticos so os que sofrem mais. Os predadores aproveitam-se da situao, pois h

    abundncia de alimento, inclusive aqueles que s predam no rio nestas alturas.

    Variao espacial: nos riffles que ocorre uma maior troca e mistura de oxignio atmosfrico com oxignio da gua, uma vez que

    as correntes circulares aproximam as molculas de oxignio superfcie e trazem outras molculas para zonas mais profundas. Nas

    pools, acumulam-se muitos organismos que aproveitam o oxignio acumulado. Em muitos rios, montante consegue ter mais de

    80% de concentrao de oxignio, j a jusante, pode chegar abaixo dos 40%, natural que se encontre a montante peixes mais

    saudveis e a jusante, menos diversidade de peixes.

    7.5 Fluxo de matria orgnica

    Fontes da matria orgnica:Existem duas fontes de matria orgnica, ligado conectividade lateral.

    Alctone: Material originado fora do rio (Litter Inputs) a partir das zonas circundantes, sendo muito variveis ao longo do trajeto

    longitudinal

    Autctone: Material originado dentro do prprio rio (Net Primary Production).

    Em relao s categorias, pode ser matria orgnica dissolvida (DOM) ideal para organismos filtradores, como compostos solveis

    originados a partir de folhas, razes ou organismos em decomposio. Pode ser matria orgnica particulada (POM) que se divide

    em partculas finas (FPOM) como fragmentos de folhas e fezes com menos de 1mm, usadas pelos organismos a jusante pois

    deslocam-se pela corrente ou partculas grosseiras (CPOM) como material lenhoso e folhas com mais de 1mm, apenas usados por

    organismos com capacidade para fragmentar esta matria. A matria orgnica particulada vai existir em concentraes baixas no

    inverno e elevadas no vero variando em funo da alterao de caudal e de processos metablicos. O input de matria orgnica vai

    variar grandemente de acordo com o tipo de rio, por exemplo, um rio florestado vai ter muita matria alctone a entrar e pouca

    matria autctone, o contrrio acontece num rio de canopia aberta.

    Armazenamento da matria orgnica: O material que chega ao rio grosseiro pode ser processado por organismos de maneira a

    ficar finos e os restos que vo para jusante e acabam por ser usados por outros organismos. Na verdade a matria retida nas

    margens ou no leito 25%, acaba eventualmente por ser usado a taxas muito lentas, como o caso do uso por parte dos castores

    por exemplo. Relativamente matria que levada para jusante, corresponde a 50%. J a matria metabolizada pelos organismos

    aquticos no prprio local em que feito o input, corresponde a 25%.

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    O tempo de reteno da matria orgnica, tende a aumentar, com a diminuio do fluxo de gua, associada a caractersticas

    geomorfolgicas dos terrenos e presena de barreiras naturais ou artificiais sua circulao.

    Processamento da matria orgnica: Todos os organismos aquticos, desde as

    algas, aos macroinvertebrados e peixes, participam no processamento da matria

    orgnica.

    Mastigadores (Shredders):Herbvoros

    consomem tecido vascular de macrfitos;

    Detritvoros consomem matria orgnica particulada grosseira. (Tricoptera)

    Colectores: Detritvoros filtradores ou colectores consomem matria particulada

    fina. (Diptera)

    Raspadores (Scrapers/Grazers): Herbvoros Consomem material associado ao

    periphyton. (Diptera)

    Predadores: Carnvoros Consomem tecido animal vivo. (Plecoptera,

    Hemiptera)

    Conceito de River Continuum

    Este conceito tenta descrever as alteraes estruturais e funcionais que ocorrem ao longo do rio em termos de geomorfologia,

    fluxos de matria e energia e diversidade e abundncia de grupos funcionais.

    Nem todos os organismos suportam igualmente o processamento da mesma matria orgnica. No devemos esperar que todos os

    organismos estejam igualmente representados ao longo do rio, variando com os recursos que conseguem usar.

    Tipicamente h um cumprimento expectvel no processamento de matria orgnica de acordo com a famlia mas podem haver

    excees entre espcies.

    Montante Zona de Cabeceira: Rio estreito, ensombramento elevado j que a canpia desenvolvida, muita matria

    grosseira a entrar no rio, isto , a CPOM a principal fonte de matria orgnica. Organismos mastigadores so abundantes e

    exploram este tipo de alimento e processam esta matria local deixando 50% ser levado e processado a jusante.

    Curto Intermdio: Matria mais ou menos grosseira, mais fina que a montante. Esperamos que haja menos

    ensombramento, menos contribuio alctone. Input de matria mais fina vinda de montante (autctone) comeam a surgir mais

    raspadores (input de FPOM por processamento da CPOM a montante). Mais autotrficos porque h menos ensombramento,

    mais desenvolvimento perifitra - algas do substrato resistentes corrente.

    Jusante Curto Terminal: Os nutrientes libertados vindos do curso intermdio vo ser transportados pela gua para

    jusante em forma de espiral, chegando a locais constitudos base de colectores filtradores, com mais produo autctone e menos

    influencia das margens (alctone) input de FPOM por processamento de CPOM a montante. O aumento do canal e adiminuio da corrente, vai permitir o desenvolvimento de macrfitos e de plncton.

    claro que h sistemas que no seguem este modelo. Ex.: zonas desrticas no h ensombramento e o caule mais pequeno, etc.

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    8 LagosOs lagos constituem depresses continentais onde ocorre a

    acumulao de gua, localizados numa bacia que rodeada por

    terra e se encontra isolada. Essa gua pode ser proveniente da

    chuva, de uma nascente local ou de um curso de gua, como rios e

    glaciares que desaguam nessa depresso. A quantidade de gua que

    um lago contm depende do clima regional. As dimenses dos

    lagos so muito variveis, desde alguns metros at centenas de

    quilmetros, o mesmo acontece com a sua profundidade. O estudo

    ecolgico dos lagos designam-se por limnologia. O Mar Cspio,

    gera controvrsia como definio de lago, considerado porque

    no possui conexes com oceanos e no despeja as suas guas em

    outro curso de gua.

    8.1 Formao dos Lagos

    Tectnica: A origem tectnica de lagos est associada a movimentaes que ocorreram na crosta terrestre, conduzindo ao

    estabelecimento de dois fenmenos principais, as depresses formadas por movimentos de elevao e abaixamento da camada

    superficial com a finalidade de manuteno do equilbrio isosttico e as falhas decorrentes de descontinuidades da crosta terrestre.

    Vulcnica: Qualquer cavidade vulcnica, desde que no possua nenhuma drenagem natural, acaba ao longo do tempo por se

    transformar num lago devido ao acmulo de gua proveniente das precipitaes atmosfricas. Os lagos com gnese vulcnicapodem ser formados atravs de dois processos, um deles, o represamento de guas de rios por meio de lava vulcnica solidificada,

    outra, so as exploses vulcnicas com consequente criao de depresses e cavidades, j que a cmara magmtica se esvazia e

    desabafa.

    Glaciria: Esta a origem mais comum dos lagos, principalmente aqueles situados em regies de clima temperados. Os efeitos da

    eroso e sedimentao, provenientes da movimentao do gelo, provocam a formao de depresses sobre a superfcie do planeta,

    as quais posteriormente se enchem de gua. Um dos tipos mais frequentes da origem glacial de lagos ocorre em vales barrados por

    morainas glaciais que so sedimentos transportados por geleiras.

    CARACTERSTICAS DOSLAGOS

    Fsicas

    Formao

    Variedade

    Luz

    Temperatura

    Bacia dedrenagem

    Qumicas

    Oxignio

    dissolvido

    Nutrientes

    Biolgicas

    Zonao

    Variveisesttivas vsdinmicas

    Variaestemporais/espaciais

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    Outras: Conhecidas como lagoas costeiras, so formadas por sedimentos que o rio transporta mas cujo caudal no suficiente para

    manter a abertura ao mar. Em Portugal existem vrias lagoas costeiras fechadas, as quais so mantidas em contacto com o mar

    artificialmente. Podem ainda ser formadas pelo impacto de meteoritos, pela ao erosiva do vento ou pela dissoluo de rochas.

    Bacias endorreicas: reas na qual a gua no tem sada superficial, isto , por rios, at ao mar. Qualquer chuva que caia numa bacia

    endorreica permanece ali abandonando o sistema unicamente por infiltrao ou evaporao, o que contribui para a concentrao de

    sais os lagos salgados. Estes podem ser criados em qualquer clima, mas so mais comuns em zonas de deserto quente. Estes

    lagos costeiros podem ser formados por diferentes processos geolgicos que ocorrem na regio prxima ao litoral, podendo

    designar-se tambm por lagunas.

    8.2 GeomorfologiaA geomorfologia fundamental para se compreender os fenmenos que ocorrem nos sistemas lacustres, tanto de natureza fsica,

    como qumica ou biolgica. Desempenha um papel importante porque controla a natureza da drenagem e as entradas de

    nutrientes para o lago. Tambm crucial para entender a origem dos lagos. A origem destes ambientes lacustres est associada

    ocorrncia de fenmenos de natureza geolgica, cujos processos podem ser endgenos originados do interior da crosta terrestre

    ou exgenos a partir de causas exteriores crosta. As origens mais comuns de lagos esto vinculadas a fenmenos glaciais

    movimentao ou derretimentos do gelo formado durante o perodo glacial, vulcnicos ou tectnicos.

    8.3 Variedade na dimensoExiste uma grande variedade na dimenso dos lagos, porm, h apenas cerca de 20 lagos considerados muito profundos, com mais

    de 400 metros de profundidade.

    O Lago Baikar o lago mais fundo em todo o planeta, os lagos mais fundos tm origem tectnica ou vulcnica, ou ento, foram

    formados a partir de fiordes primitivos (reentrncias nas costas montanhosas devido ao gelo) que se transformaram em gua doce.

    Embora os lagos de origem glaciria como os Grandes Lagos e o Great Slave Lake no Canad tenham bacias muito profundas,poucas excedem os 300 metros.

    A maior parte dos lagos profundos encontram-se em regies montanhosas da Europa, ao longo da regio ocidental da Amrica do

    Norte e do Sul e nas zonas montanhosas da frica Central e da sia.

    Os nicos lagos que se sabe possurem profundidade superior a 1000 metros e profundidade mdia superior a 500 metros so o

    Lago Baikal na sia e o Lago Tanganica em frica.

    8.4 Luz

    As propriedades mais importantes nos lagos esto relacionadas com a interao entre a luz, a temperatura e o vento. A absoro eatenuao da luz pela coluna de gua so os principais factores no controlo da temperatura e da fotossntese. Por sua vez, a ltima

    fornece alimento que suporta a maior parte da cadeia trfica ao fazer parte da produo primria. Tambm fornece grande parte

    do oxignio dissolvido na gua.

    A radiao solar a principal fonte de calor na coluna de gua e o principal factor que determina os padres de movimento de

    gua no lago.

    A intensidade da luz na superfcie da gua varia sazonalmente, e decresce tanto com a sobreposio de nuvens como ao longo da

    profundidade do lago. O quo profundo consegue a radiao chegar a um lago corresponde ao quo fundo a fotossntese pode

    ocorrer. Os organismos fotossintticos incluem as algas suspensas na gua fitoplncton, as algas presas ao substrato perifiton e

    as plantas aquticas macrfitas.

  • 7/23/2019 Resumo Ecologia das guas Continentais

    22/63

    A taxa a que a incidncia de luz diminui com a profundidade depende da quantidade de

    substncias que absorvem a luz que se encontram dissolvidas na gua, a maior parte

    compostos de carbono orgnicos vindos da decomposio da vegetao e tambm materiais

    suspensos como partculas do solo e detritos. A percentagem da luz absorvida num metro de

    distncia vertical na coluna de gua, o chamado coeficiente vertical de extino K.

    Assim, em lagos com valores K mais baixos a luz penetra at mais fundo.

    8.5 Estratificao trmica

    A estratificao trmica consiste na criao de camadas numa massa de gua devido

    existncia de diferenas na densidade.

    A gua menos densa no estado slido do que no lquido. Como tal, o gelo flutua e agua, acima do ponto de congelao afunda.

    A densidade mxima da gua ocorre a 4C, sendo menos densa acima e abaixo deste

    valor.

    Devido relao densidade-temperatura, muitos lagos, em climas temperados, tendem a

    estratificar, i.e. separam-se em duas camadas distintas.

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  • 7/23/2019 Resumo Ecologia das guas Continentais

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    Distribuio ao longo das margens dos rios:

    Distribuio dos macrfitos em lagos: uma distribuio condicionada por dois fatores principais, a profundidade da gua

    reduzida para a luz atingir o substrato, e a estabilidade fsica suficiente.

    1.4 TemperaturaCrescimento e fotossntese ptimos entre os 20C-35C, mais precisamente 28-32.

    A temperatura induz a um crescimento sazonal. O desenvolvimento mximo d-se no final do Vero so plantas anuais

    momento em que se provoca a senescncia, morte, decomposio e entrada de nutrientes na cadeia trfica.

    1.5 SubstratoA maior parte dos macrfitos requerem substratos finos, se as plantas tiverem estruturas radiculares finas, da estas serem

    encontradas nas margens.

    Os substratos grosseiros so em geral desfavorveis ao crescimento de plantas submergentes. Elevada dependncia da

    disponibilidade de nutrientes e oxignio no substrato.

    Algumas espcies apresentam estruturas tubulares com lacunas que facilitam a aerao.

    Algumas espcies possuem clulas radiculares que suportam a carncia de oxignio.

    1.6 Concentrao de Nutrientes C, P e NSistemas Eutrficos: Com muitos nutrientes e pouco oxignio, vo ter mais macrfitos.Carbono: Plantas que s usam dixido de carbono do ar, gua, ou substrato. Ou plantas que usam dixido de carbono e carbonato

    (HCO3).

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    Azoto e fsforo: Absoro pelas razes substrato, e rebentos gua. de importncia relativa j que depende das concentraes

    no meio.

    O crescimento de biomassa totalmente dependente dos locais com muitos ou poucos nutrientes nos sedimentos, isto , se existe

    muita ou pouca concentrao de nitrognio e fsforo na gua. Pela tabela, a dependncia de nutrientes do solo maior do que os

    solos encontrados na gua.

    1.7 Movimento da guaEfeitos diretos: Vai haver uma maior fora exercida ao nvel das razes e

    outros rgos, podendo haver a fragmentao dos mesmos, caso a

    corrente seja mais intensa. Tambm se d a reconfigurao alterao da

    forma e compactao das folhas, desenvolvimento de estruturas de

    suporte.

    Efeitos indiretos: Ressuspenso de sedimentos e diminuio da

    penetrao luminosa. Quanto maior for a corrente, mais sedimento se

    levanta e fica em suspenso, menos luz, menos macrfitos.

    O modelo da imagem mostra os potenciais

    destinos de um macrofito enraizado sujeito a

    foras de corrente e dependente da fora

    coesiva dos sedimentos do solo a que as

    razes esto fixas. Quando a coeso de

    sedimentos baixa e a fora do rio tambm

    baixa, no h danos, porm, h medida que a

    fora da corrente vai aumentando, caso a

    coeso dos sedimentos seja baixa, htendncia para haver uma falha na

    ancoragem e as plantas acabam por morrer.

    A partir do momento em que a corrente j

    muito intensa, por mais coeso que exista

    nos sedimentos, embora os macrofitos

    continuem fixos ao solo, acabam por

    quebrar.

    1.8 Cheias e secasDe uma maneira geral, os macrfitos tm desenvolvido estratgias para os perodos sazonais de cheia e de seca, como por exemplo,

    a disperso de sementes.

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    A recuperao dependente da existncia de refgios, da disperso de sementes/fragmentos e tambm da flexibilidade das

    estratgias de crescimento e reproduo.

    Existem vrios grupos associados capacidade e aos desafios no que compete a suportar a variabilidade do fluxo de gua e a

    intensidade do fluxo.

    Grupo de fluxo 1: Intensidade da descarga elevada e variabilidade moderada - desafios associados tolerncia a grandes descargas

    de fluxo e a stress hidrulico.

    Grupo de fluxo 2: Intensidade e variedade baixa - desafios associados elevada competio.

    Grupo de fluxo 3: Intensidade e variedade moderadas desafios variados relacionados com a tolerncia intensidade e variedade

    de correntes.

    Grupo de fluxo 4: Intensidade da descarga baixa e variedade alta desafios associados tolerncia dessecao e a descargas que

    podem ser elevadas.

    1.9 Factores biticos condicionantesCompetio por luz, para uma maior capacidade de produo de folhas

    flutuantes ou emergentes.

    Produo e libertao de substncias qumicas que inibem o crescimento de

    outras plantas.

    Herbvoria, como o Grasing modo como perifitra comem os macrfitos

    vivos ou decompostos.

    1.10 Distribuies esperadas dos macrfitosA distribuio dos macrfitos varia de acordo com a disponibilidade de nutrientes e, ao mesmo tempo, com a frequncia e

    intensidade dos distrbios biticos e abiticos.

    Por exemplo, com uma elevada concentrao de nutrientes e pouco distrbio, encontramos plantas altas caulescentes, h medida

    que o distrbio vai aumentando, passamos a ver uma maior frequncia de espcies altas com folhas flutuantes e plantas flutuantes

    desenraizadas. Quando os nutrientes diminuem e os distrbios continuam a aumentar, vemos, por ordem crescente de distrbio,

    plantas caulescentes pequenas e finalmente pequenas rosettes, as mais resistentes a distrbios e fracas condies de nutrientes.

    2 PerifitonPerfiton a fina camada de seres vivos (plantas e

    bactrias fotossintticas)ou os seus detritos que

    colonizam superfcies slidas em habitats aquticos,tanto em gua doce como no mar. O nome desta

    comunidade tem origem no significado de volta de

    uma planta porque inicialmente foram estudadas as

    associaes que se acumulavam sobre folhas submersas

    de macrftias aquticas. No entanto, podem

    desenvolver-se na superfcie de rochas submersas ou nas

    conchas e carapaas de animais aquticos.

    Estas associaes so principalmente formadas por

    protistas, como as diatomceas e outros microrganismos

    tradicionalmente classificados entre as algas e, por isso,

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    so importantes na fonte de produo primria nos ecossistemas aquticos, principalmente nas zonas costeiras e nos lagos. Os

    cadveres so um substrato orgnico onde se desenvolvem bactrias e protistas heterotrficos.

    O perifiton atrai pequenos crustceos e vermes, alguns dos quais se tornam residentes e torna-se uma fonte de alimentao para

    pequenos peixes e outros organismos.

    Consistem no principal grupo de organismos autotrficos em rios. Tem um papel importante no ciclo de nutrientes,

    nomeadamente no azoto e potssio da gua.

    O estudo destas comunidades pode fornecer importantes informaes sobre eventuais poluentes que afectem uma massa de gua,

    por isso so utilizados como indicadores biolgicos de qualidade da gua.

    2.1 Alguns grupos

    Cianobactrias Cyanophyta: Tem predominncia de formas filamentosas em rios. A clorifila encontra-se distribuda nas clulas e

    algumas so especializadas na fixao de azoto heterocistos o que lhes confere uma vantagem sobre as algas verdes em ambientes

    pobres em azoto.

    Algas Verdes Chlorophyta: Grande variedade de formas de crescimento. Formas filamentosas abundantes em rios. Estruturas de

    fixao para resistir corrente.

    Diatomceas Bacillariophytaa: Frustulas de slica, grande variedade de formas, unicelulares ou coloniais, facilidade de adernciasob corrente elevada e muito abundantes em rios.

    2.2 Substrato de aderncia e tapetes de perifiton periphyton mats

    SUBGRUPOS DE PERIFITON BASEADOS NA NATUREZA DO SUBSTRATO QUE COLONIZAM

    TERMO HABITAT

    EpilithonSubstrato duro e inerte, como fragmentos de rocha e rochas clsticas muito superiores ao tamanho dos

    indivduos que a colonizam.

    EpiphytonPlantas aquticas e algas filamentosas que so muito maiores que os perifitra que as colonizam. As plantas

    que servem de hspedes podem ser a maior fonte de nutrientes.

    Episammon Gros de areia que so duros e inertes, geralmente de menores dimenso que a maior parte dos taxa que os

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    colonizam.

    EpipelonGros de lodo e lama que so orgnicos ou inorgnicos mas menores que a maior parte dos taxa

    unicelulares.

    MetaphytonAlgas filamentosas de extenso comprimento que no esto, geralmente, enraizadas no substrato. So locais

    comummente encontrados em guas paradas.

    Epizoic Residem na superfcie de animais, como conchas e cpsulas de larvas.

    Tapetes de perifiton: Perifiton juntamente com biofilme e micro-metazorios.

    Os biofilmes recebem um input autotrfico por parte das algas e heterotrfico de DOM (partculas orgnicas dissolvidas), COM,

    POM (partculas orgnicas) de bactrias e fungos. A matriz dos biofilmes constituda por fibrilhas de polissacridos produzidos

    pelas bactrias e fungos, e por material da libertao extracelular e de enzimas devido morte celular.

    A verso idealizada de um tapete de perifiton seria com uma arquitetura semelhante das florestas, porm, na realidade, a

    presena de muco destri a arquitetura em andares idealizada.

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    2.3 Factores que influenciam o perifiton

    Aquando o aumento de nutrientes, de luz e da temperatura, d-se o aumento da biomassa e encontramos mais taxa filamentosos e

    com caules.

    J os distrbios como a instabilidade do substrato, a velocidade da corrente, slidos suspensos e grazing por parte de invertebrados

    e peixes vo fazer diminuir a biomassa do perifiton e vo estar mais presentes taxa com crescimento baixo e muito juntos ao

    substrato.

    2.4 Temperatura e luzExiste uma tendncia de aumento com a luminosidade uma vez que o ensombramento em rios estreitos ou em rios com canpia

    desenvolvida pode limitar o desenvolvimento , isto , limitar a fotossntese.

    Com o aumento da temperatura, existe um aumento da respirao e consequente produo de biomassa, embora no seja linear.

    2.5 Variao sazonal das comunidadesAs diatomceas so favorecidas a temperaturas mais baixas.

    As algas verdes e cianobacterias so favorecidas a temperaturas e luminosidade alta.

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    2.6 NutrientesA concentrao de slica H4SiCO4no limitante para as diatomceas.

    Na presena de fsforo, a biomassa aumenta consideravelmente.

    Existe, na presena de nitrognio inorgnico solvel, um aumento da quantidade de clorofila a, o que se vai traduzir num aumento

    da fotossntese e consequente produtividade e biomassa.

    2.7 Velocidade da correnteTendncia geral de decrscimo do desenvolvimento total.Diferentes formas favorecidas sob diferentes condies.

    A acumulao de perifiton maior para correntes mais calmas, quando a velocidade do fluxo dos rios aumenta, a tendncia para se

    encontrar acumulaes destes seres diminui.

    Dependendo do tipo de comunidade, vo reagir de forma diferente velocidade da corrente, por exemplo, as algas filamentosas

    vo decrescer com o aumento da velocidade. J as diastomceas com caule atingem um pico a velocidades mdias, no existindo

    em correntes nem muito paradas nem muito rpidas. Por ltimo, h um aumento de biofilmes de diatomceas com o aumento da

    velocidade da corrente.

    2.8 Substrato

    Cascalho pequenoFacilmente mobilizvel e de pouca resistncia a algas bentnicas. Os taxa mais persistentes so os

    pequenos que vivem em agregados localizados em superfcies de cascalho.

    Bedrock base de

    rocha

    Imvel. As irregularidades da superfcie permitem o refgio de algas que se prendem rocha em reas de

    sombra. Existe uma heterogeneidade espacial da biomassa das algas.

    Zonas enterradas da

    bedrock e

    empedrado de areia

    Resistncia dependente na composio da comunidade e no comprimento da zona enterrada.

    Pedras e carvo

    gigante

    Mobilizado por distrbios de magnitude moderada e alta. As comunidades que se prendem a estas

    pedras so sujeitos a efeitos abrasivos e existe uma resistncia diferencial. um substrato com potencial

    para ser privado da luz, caso seja invertida a sua posio devido a distrbios.

    Pedregulhos e seixos

    Imveis. Exposto a superfcies limadas pela corrente e com sedimentos que penetram os orifcios entre

    os pedregulhos. As algas persistem em superfcies protegidas e em locais protegidos da corrente shaded

    reas.

    2.9 PerturbaoA frequncia de cheias faz diminuir a quantidade de clorofila.

    Depois de uma cheia, o perifiton passa por um

    ciclo mais ou menos tpico, comeando com a

    colonizao, seguido de um crescimento

    exponencial que estabilizado por processos

    autognicos, decrescendo at estabilizar no estado

    de capacidade de carga.

    Os processos autognicos so os processos decolonizao e desagregamento controlado pelas

    prprias colnias de algas ao longo do tempo.

    Em condies de escurido, as Bacillariophyceae

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    compreendem percentagens muito maiores do que em condies de luz. Nestas, as Cynobacteria e as Chlorophyceae so melhor

    representadas, embora continuem sempre em menor quantidade que as Bacillariophyceae.

    Outro tipo de perturbao do tipo bitico, com os herbvoros de pequena dimenso que fazem pastagem (grazing) de uma

    forma diferencial. Existem animais que tem mais versatilidade nos vrios estratos de perifiton enquanto que alguns apenas comem

    o perifiton de caules mais altos. Quanto menos pedras existirem num rio, menos proteo e portanto menos biomassa de algas

    haver.

    Precisamente por serem de resposta rpida a diversas aes antrpicas, so utilizados como bioindicadores. As aes antrpicas

    passam pela degradao de habitat, enriquecimento de nutrientes, aumento da concentrao de metais, presena de herbicidas e

    acidificao.

    3 FitoplanctonEntende-se pelo fitoplncton o conjunto de organismos aquticos microscpicos que tm a capacidade fotossinttico e que vivem

    dispersos flutuando na coluna de gua sendo transportados pela corrente e pelo vento. So responsveis pela produo de cerca de

    98% do oxignio da atmosfera terrestre e encontram-se na base da cadeia alimentar dos ecossistemas aquticos, pertencendo ao

    nvel trfico dos produtores.

    Fazem parte deste grupo organismos tradicionalmente considerados algas, contudo, tambm h grupos classificados como bactria

    cianofceas (ou algas azuis) e outros protistas flagelados e ciliados com a capacidade de realizar a fotossntese.

    So autotrficos e em geral so unicelulares, mas podem formar colnias. So pouco abundantes em rios e muito importante em

    lagos e albufeiras. Funcionam como bioindicador de qualidade da gua em lagos. So responsveis pelo florescimento ou bloom.

    3.1 Fitoplancton nos rios e nos lagosFitoplncton nos rios: Lavagem wash-off do perifiton, arrastamento para lagos e albufeiras e desenvolvimento local em zonas

    remansadas.

    Perfil diagramico de um rio mostra um aumento na profundidade do canal e turbidez e por outro lado, a mudana na relao entre

    a produo primria de oxignio planctnica (P) e o consumo total de oxignio pela populao (R).

    Fitoplancton nos lagos: Grande variabilidade taxonmica e morfolgica, principal elemento de base das cadeias trficas e portador

    de um papel importe nos ciclos de nutrientes (C, N, P).

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    3.2 Diversidade taxonmicaAlgas castanhas: Grupo de algas multicelulares

    fundamentalmente marinhas, ainda que alguns gneros

    sejam de gua doce, a sua cor caracterstica vem da

    fucoxantina.

    Euglenoides: So protistas, muitos deles com flagelo.

    Quando submetidos a situaes adversas, em que a

    fotossntese seja dificultada pela falta de iluminao,

    podem adquirir caratersticas de protozorios e alimentar-

    se como um ser heterotrfico.

    Criptomados: Organismos unicelulares com dois flagelos quase iguais, as clulas so ovais.

    Diatomceas (Bacillariophyceae) : Importante grupo de protistas, unicelulares que podem formar colnias. Tm uma parede de slica

    chamada frstula com ornamentos. Podem ser planctonicas (pouco poder de locomoo) ou bentnicas (vivem no substrato).

    Correspondem maior componente de fitoplncton.

    Dinoflagelados: So um grande grupo de protistas flagelados e relativamente comuns em gua doce. Muitas destas espcies tm

    capacidade fotossinttica e formam o maior componente do fitoplncton depois das diatomceas.

    3.3 Adaptaes

    Reproduo: Assexuada por fisso binria ou sexuada.

    Para evitar o afundamento: A maior parte possui flagelos para contrariar a gravidade, e ainda vacolos para diminuir adensidade e subir na coluna de gua.

    Para facilitar a absoro de nutrientes: So de pequeno tamanho, aumentando a relao entre rea superficial/volume.

    Para evitar predadores: Formam colnias e produzem mucilagem no digervel.

    3.4 Diversidade de tamanhos

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    3.5 Factores condicionantes ABITICOS

    Transparncia: medida que a matria suspensa aumenta, que faz diminuir a transparncia da gua, vai fazendo diminuir a

    quantidade de biomassa de fitoplancton. A tendncia para a quantidade de matria suspensa aumentar d-se medida que a gua

    se encaminha para jusante.

    Luz: Consoante os grupos, a capacidade de adaptao variao na intensidade da luz

    diferente. As cianobactrias em geral so tolerantes a luz reduzida, pois regulam a presso nos

    vacolos para se posicionarem melhor profundidade. Algumas algas verdes tambm podem

    tolerar luz reduzida, j que alteram a concentrao de pigmentos nas clulas para manter taxas

    fotossintticas adequadas. Em geral, as algas verdes esto bem adaptadas a condies de luz

    elevada.

    Temperatura: Apesar da temperatura tambm ser um fator crtico para a sobrevivncia do

    fitoplncton, os seus efeitos so menos aparentes que os da luz ou da disponibilidade de nutrientes.

    Relao entre a luz, temperatura e profundidade: D-se uma maior produo em reas litorais e superfcie. A intensidadeluminosa elevada pode resultar na destruio temporria de algumas enzimas, provocando a fotoinibio. Em dias soalheiros, a

    produo fotossinttica pode ser mais reduzida superfcie do que a profundidades superiores. As diatomceas dominam nos

    perodos de menor temperatura e luz.

    Nutrientes: O fitoplncton tende a produzir densas populaes onde os nutrientes inorgnicos so abundantes, quando os

    indivduos morrem e se decompe, tambm fornecem alimento e nutrientes ao meio. Os nutrientes que mais comummente

    provem dos aportes continentais so o silcio, os nitratos e os fosfatos. Destes, o fosfato o mais importante, havendo uma

    correlao entre o contedo local de fosfato e a densidade das populaes de fitoplncton. A forma mas utilizada pelo fitoplncton

    e a mais abundante tambm, o nitrato.

    3.5 Factores condicionantes BITICOS

    Grazing: O pastoreio feito pelos taxa do zooplncton herbvoro um dos fatores que regula o tamanho da biomassa do

    fitoplncton, influenciando a taxa da produo primria. Em condies favorveis, o fitoplncton reproduz-se mais rapidamente

    produzindo mais biomassa, j a populao de zooplncton aumenta mais lentamente com o aumento do pastoreiro devido a

    fenmenos de competio. Os cladoceros, em especial Daphnia, so os principais consumidores de fitoplancton. Espcies de algas

    com espinhos e outras estruturas aumentam o tamanho do corpo e so menos susceptveis ao grazing. Certas cianobactrias e algas

    filamentosas podem ser favorecidas por serem resistentes ao grazing.

    Um grazing intenso reduz a abundncia de fitoplancton mas um grazing

    fraco/moderado pode resultar em maior abundncia de fitoplancton por

    aumento da disponibilidade de nutrientes. O grazing mais intenso nos

    meses de abril a julho.

    3.6 Variao sazonal da composioEm lagos de regies temperadas/frias o fitoplncton pode apresentar uma

    distribuio biomodal, passando por oito fases.

  • 7/23/2019 Resumo Ecologia das guas Continentais

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    Mid Winter Late WinterSpring

    Circulation

    Initial summer

    stratification

    Summer

    Clearwater

    phase

    Late summer

    stratificationFall circulation

    Late autumn

    decline

    Temperatura ReduzidaComea a

    aumentar

    Aumenta

    gradualmente

    Aumento rpido

    da temperaturaElevada Elevada Reduo rpida Baixa

    Penetrao

    luminosa

    Reduzida AumentoAumento

    (ainda baixa)

    Rpido aumento

    (aprox. ao mx.)

    ElevadaAinda elevada

    mas decrescente

    DecrescenteEm decrscimo

    para o mnimo

    Coluna de

    gua

    Estvel

    (estratificao

    trmica)

    Estvel

    (estratificao

    trmica)

    Reduzida

    estabilidade

    (mistura)

    EstvelEstabilidade

    elevada

    Estabilidade

    decrescente

    Estabilidade

    reduzida

    (mistura)

    Reduo da

    mistura de gua

    Dispon. de

    nutrientes

    Moderada -

    Alta

    Moderada

    Alta

    Moderada

    AltaReduo Reduzida

    Reduzida mas

    crescente

    Aumento

    reduzidoReduzida

    Grazing - - Ainda baixo Aumento Elevado -

    Reduo

    (declnio do

    zooplncton)

    Prximo do

    mnimo anual

    Comunidades

    biolgicas

    Formas

    pequenas,

    mveis e

    adaptadas a

    luminosidade

    reduzida

    Aumento de

    formas mveis,

    dinoflagelados

    Aumento

    rpido da

    comunidade,

    diatomceas

    Diminuio do

    fitoplancton, por

    decrscimo das

    diatomceas

    Declnio das

    comunidades

    de

    fitoplancton

    Aumento da

    diversidade de

    fitoplancton,

    desenvolvimento

    de algas verese

    cianobacterias

    Comunidades

    de fitoplancton

    dominadas por

    algas grandes,

    diatomceas

    Declnio das

    comunidades de

    fitoplancton

    4 ZooplanctonOrganismos heterotrficos em suspenso na coluna de gua fazendo migraes verticais que lhes permite escapar dos predadores e

    aproveitar correntes de fundo para se deslocarem para regies onde as condies ambientais so mais favorveis, tambm podem

    ser transportados pelo vento. A sua capacidade de locomoo reduzida.

    So raros em rios mas so muito importantes em lagos e em albufeiras, servindo como bioindicador da qualidade de gua destes

    dois ltimos meios. Esta importncia advm do facto de serem os principais consumidores primrios e o principal alimento para

    diversos consumidores secundrios.Fazem parte deste grupo muitos animais, entre os quais os mais abundantes que so crustceos, principalmente os coppodes.

    Embora se considerem plncton organismos microscpicos ou pelo menos muito pequenos, h alguns organismos que formam

    colnias que atingem alguns metros de comprimento.

  • 7/23/2019 Resumo Ecologia das guas Continentais

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    4.1 RotferaSo pequenos, de 200 a 600 micrometros (m).So filtradores, a maior parte deles omnvoros. A

    sua mobilidade reduzida, mas o pequeno

    tamanho permite evitar a predao por alguns

    peixes planctonvoros.

    O seu tempo geracional de apenas uma semana.

    So partenogenticos, de reproduo sexuada

    apenas em perodos de stress. Alm disso,

    apresentam resting eggs, cistos.

    4.2 Cladoceros

    So de tamanho varivel, entre 300 micrmetros a 3 milmetros.

    So filtradores, sendo consumidores maioritariamente de algas. Tambm existem alguns predadores de outros pequenos

    cladoceros. Em geral, so de reduzidas mobilidade. O seu tempo geracional de 2 semanas.

    So partenogeneticos tambm. Os machos

    aparecem em condies desfavorveis apenas. A

    produo de ovos por reproduo sexuada

    winter eggs ephippia.

    DIVERSIDADETAXONMICA

    Rotifera

    Crustacea

    Cladocera

    Copepoda

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    4.3 CopepodesOs coppodes so um grupo muito importante na composio da fauna de invertebrados aquticos. Certos coppodos de guas

    continentais podem formar agregaes com densidades muito elevadas. Outros podem parasitar peixes e invertebrados aquticos.

    a classe mais diversificada e mais nmerosa de crustceos.

    O seu tamanho varivel, de 500 micrmetros a 5 milmetros.

    As duas ordens mais relevantes nas guas continentais so Calanoidae Cyclopoida.

    A maior parte so filtratores de fitoplncton ou predadores de outros seres de zooplncton.

    Apresentam uma maior mobilidade que os referidos anteriormente.

    No possuem reproduo assexuada e os ovos fertilizados

    originam larvas nauplius, sendo que passa por 6 fases nauplius

    e 6 estados de copepodito contando com o adulto. O tempo

    geracional pode ir de 1 a 12 meses.

    O ciclo reprodutivo comea com cistos hibernantes, com os

    embries enclausurados sem atividade metablica, quando as

    condies so favorveis, os cistos rompem e o embrio

    abandona a carapaa em forma de nuplio, uma vez

    completado o seu desenvolvimento, o nuplio emerge como um livre nadador e j considerado copepodito.

    4.4 Temperatura e quantidade de alimentoO aumento da temperatura favorece o desenvolvimento do zooplncton.

    A disponibilidade de nutrientes influencia positivamente a biomassa de zooplncton. A relao entre o aumento da concentrao

    de fsforo, por exemplo, diretamente proporcional em relao ao aumento da biomassa, tal como acontecia com o fitoplncton.

    Tanto a temperatura como a quantidade de alimento limitam o crescimento populacional.

    O crescimento aumenta com o alimento para a mesma temperatura e aumenta com a temperatura para o mesmo alimento.

    Com o aumento da quantidade de alimento, os nascimentos aumentam e as mortes diminuem.

    Algumas algas so mais favorveis ao crescimento populacional do que outras.

    4.5 Padres de abundncia sazonal relacionados com a predao (intraplancton e por peixes)Em regies com sazonalidade marcada, o desenvolvimento de zooplncton tambm sazonal, e com um delay posterior ao do

    fitoplncton, j que depende em grande parte do mesmo.

    A taxa de nascimentos de Daphnia alta em Julho mas a taxa de crescimento populacional nula. J a taxa de mortes de Daphnia

    alta em Julho correspondendo ao mximo populacional de Leptodora. Isto significa que os Leptodorapredam os Daphnia.

    FACTORES QUEAFETAM O

    ZOOPLANCTON

    Temperatura

    Disponibilidade dealimento (quantidade e

    qualidade)Predao

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    Os peixes funcionam como reguladores populacionais fortes, e afectam o comportamento do zooplncton distribuio na coluna

    de gua. D-se uma agregao de zooplncton junto a macrfitos durante o dia que, durante a noite, se deslocam para a coluna de

    gua para evitar a predao.

    5 MacroinvertebradosDestacam-se dos rotferos e microcrustceos pois o seu tamanho nos ltimos estdios de desenvolvimento supera os 2mm. Neste

    grupo de invertebrados incluem-se numerosos grupos de insectos que representam a principal fonte de almentao de muistospeixes. Para alm dos insectos, incluem-se as pequenas minhocas de gua, os caracis e mexilhes de rio e os crustceos de gua

    doce. A maioria dos insectos aquticos passa uma poca do seu desenvolvimento na gua, durante as fases de ovo, larva e pupa,

    geralmente durante o Outono e Inverno.

    Os macroinvertebrados so primitivamente terrestres. Ocorreram diversas colonizaes do ambiente aqutico dulciaqucola, o

    mesmo aconteceu em pouca quantidade no ambiente marinho.

    Os animais que vivem nos rios desenvolvem diversas adaptaes morfolgicas e comportamentais para fazer face corrente. Nos

    sistemas lnticos, tambm so desenvolvidas estratgias.

    5.1 Habitat- Ltico: Influenciado fortemente pela velocidade das correntes a nvel do transporte de partculas (alimento ou sedimento), tipo

    de substrato e tipicamente com um elevado nvel de oxignio. Os nutrientes podem ser alctones e autctones.

    - Lntico: Geralmente existe uma forte zonao (zona limntica penetrada pela luz; zona profunda sem muita luz)

    Ltico Ambos Lntico

    Mineral: rocha, pedras, calhaus,

    cascalho, areia, vasa.reas de eroso: rios; ribeiras.

    Orgnico: plantas vivas,

    detritos.

    - reas de deposio:lagos; charcos temporrios; albufeiras. -

    5.2 Adaptao ao modo de vida - habitats lticos

    Morfolgicas

    Achatamento dorsoventral: Permite que o organismo fique junto ao substrato onde existe uma camada de gua parada como o

    caso dos Coleoptera e Ephemeroptera.

    Construo de tubos: Existe uma diversidade de Trichoptera que constroem redes e tubos que auxiliam as larvas a tornar-se mais

    hidrodinmicas e funcionam como lastro.Ventosas: Permite que o insecto se fixe a superfcies lisas e expostas; algumas larvas de Diptera usam esta estratgia

    Tamanho: vantajoso possuir pequenas dimenses e corpo flexvel, o que permite que vivam no fundo do rio ou lago, entre os

    calhaus e as pedras ou entre a vegetao submersa.

    Comportamentais

    Drift: Para se deslocarem de um local pouco favorvel, alguns insectos como os BaetidaeeEphemeropteratm um padro diurno de

    drift, outros, fazem o drift como resposta a perturbaes fsicas.

    Enterro no substrato: Os insectos podem enterrar-se profundamente no substrato zona Hyporreica onde podem evitar

    flutuaes no ambiente.

    Uso da tenso de superfcie: Da gua parada alfaiate Gerridade(hemptera).

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    Oxignio:

    O oxignio no ar corresponde a 20%, sendo 200 000 partes por milho (ppm).

    Ambientes lticos (15ppm): Dependente da produo/consumo pelas plantas e

    afectado pela turbulncia e qualidade da gua.

    Ambientes lnticos: Os nveis de oxignio variam com a temperatura,

    salinidade/condutividade e profundidade, aqui tambm a turbulncia afeta a

    distribuio de nutrientes e oxignio.

    Ambientes anxicos: Oxignio ausente (lagos muito profundos por exemplo)

    Oxignio atmosfrico: Os organismos mantm parte do corpo fora de gua ou

    transportam o oxignio para a gua.

    Oxignio na gua: Uso do sistema traqueal aberto em insectos adultos e em formas imaturas; uso do sistema traqueal fechado

    atravs de estruturas especializadas para as trocas gasosas na gua.

    Sistema traqueal fechado:brnquias so extenses lamelares do sistema traqueal, encontrados em

    muitas ordens de insectos, podem localizar-se em muitos locais como na base das patas, abdmen e

    terminus do abdmen.

    Sistema traqueal aberto:Nos dptera, h sifes respiratrios perto do abdmen ou trax, diferente

    localizao nas larvas e pupas de mosquito. J os coleptera mergulham trazendo consigo uma bolha de ar

    armazenada sob os litros, as trocas gasosas podem ento ocorrer na gua. Outras forma de armazenar

    oxignio em bolhas de ar atravs da manuteno de gua por parte de cerdas o oxignio sofre difuso apartir da gua para o ar contra o corpo (ocorre em insectos com reduzida capacidade de movimento e

    pouca necessidade de oxignio).

    Condies quase anxicas: Muitas larvas de Chironomidae (Diptera) e alguns Notonectidae(Heteroptera), tem hemoglobinas com

    uma elevada afinidade para o oxignio contrariamente ao Homem, s baixa quando a concentrao de oxignio nos tecidos desce,

    e no quando os tecidos ficam cidos.