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Capítulo 13 – 02/03/15 Teoria Política Contemporânea: Politica e Economia segundo os argumentos Elitistas, Pluralistas e Marxistas Carlos Pio e Mauro Porto O PROBLEMA Questão central: a análise da relação entre os sistemas politico e econômico, mais especificamente, de como os diferentes autores interpretam as afinidades e as incompatibilidades, entre a democracia-representativa e a economia de mercado. Optamos por esse enfoque porque, em contraposição aos teóricos modernos, a relação entre a democracia e sociedade – particularmente suas relações econômicas – constitui um dos aspectos centrais dos debates dos autores contemporâneos. A defesa das liberdades no manejo dos negócios privados ocorreu concomitante com a formação do Estado moderno. Não é produtivo dissociar os processos de liberação politica e econômica, visto que ambos derivam do principio “no taxation without representation”, que se encontra na ideia de que o Estado deve responder às demandas da sociedade e a ela prestar contas. Tais vínculos entre às demandas do mercado e a formação do Estado moderno e da democracia representativa constituíram um dos temas fundamentais do debate contemporâneo. O que estará em discussão são os próprios fundamentos do Estado moderno, cuja principal característica é a natureza, dita “racional-legal”, da dominação que impõe aos habitantes de um determinado território. Racional-legal: entenda-se que aqueles que obedecem às decisões pública – do Estado – o fazem por considerar que, estando em tais decisões submetidas às normas aceitas por todos, realizam seus interesses essenciais enquanto membros da sociedade.

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Politica e Economia segundo os argumentos Elitistas, Pluralistas e MarxistasCarlos Pio e Mauro PortoResumo sem a conclusão do texto.

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Capítulo 13 – 02/03/15

Teoria Política Contemporânea:

Politica e Economia segundo os argumentos Elitistas, Pluralistas e Marxistas

Carlos Pio e Mauro Porto

O PROBLEMA

Questão central: a análise da relação entre os sistemas politico e econômico, mais especificamente, de como os diferentes autores interpretam as afinidades e as incompatibilidades, entre a democracia-representativa e a economia de mercado.

Optamos por esse enfoque porque, em contraposição aos teóricos modernos, a relação entre a democracia e sociedade – particularmente suas relações econômicas – constitui um dos aspectos centrais dos debates dos autores contemporâneos.

A defesa das liberdades no manejo dos negócios privados ocorreu concomitante com a formação do Estado moderno. Não é produtivo dissociar os processos de liberação politica e econômica, visto que ambos derivam do principio “no taxation without representation”, que se encontra na ideia de que o Estado deve responder às demandas da sociedade e a ela prestar contas. Tais vínculos entre às demandas do mercado e a formação do Estado moderno e da democracia representativa constituíram um dos temas fundamentais do debate contemporâneo.

O que estará em discussão são os próprios fundamentos do Estado moderno, cuja principal característica é a natureza, dita “racional-legal”, da dominação que impõe aos habitantes de um determinado território. Racional-legal: entenda-se que aqueles que obedecem às decisões pública – do Estado – o fazem por considerar que, estando em tais decisões submetidas às normas aceitas por todos, realizam seus interesses essenciais enquanto membros da sociedade.

Sumariamente, o Estado moderno pode ser assim caracterizado: monopoliza o uso legitimo da força em um dado território; a partir desse recurso fundamental de poder, toma decisões que requerem obediência por parte de todos os habitantes do território; é constituído por postos de comando e por uma estrutura administrativa, que são ocupados por membros da própria sociedade; dispõe de meios materiais que asseguram a gestão de assuntos públicos; estabelece um conjunto de regulações da vida social, ao qual os próprios ocupantes dos postos de comando e da estrutura administrativa estão submetidos; estabelece os instrumentos de acesso dos membros da sociedade aos postos de comando e à estrutura administrativa, assim como dos interesses de indivíduos e grupos sociais aos processo de decisão publica.

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Portanto, o Estado toma decisões para o conjunto da sociedade e dispõe dos meios para torna-las imperativas a todos. Por essa razão, sua estrutura de comando, é foco de intensa disputa entre os diversos interesses que possam ser afetados pelas decisões públicas.

A despeito da centralidade das decisões publicas, alguns aspectos da relação entre Estado e sociedade constrangem a natureza de sua dominação. Em primeiro lugar, os ocupantes dos postos de comando do Estado moderno, assim como os integrantes de sua estrutura administrativa, estão submetidos ao conjunto de regulações que o próprio Estado estabelece.

Em segundo lugar, como o Estado depende de contribuições matérias dos cidadãos para financiar os seus gastos – os meios materiais de gestão -, obriga-se a estabelecer mecanismos de estimulo à acumulação privada de riquezas, para, posteriormente, poder taxa-las.

Limitação de poder parece ser essencial para sua própria existência – de outro modo, correríamos o risco de perda de legitimidade das decisões – surge um grave paradoxo para a definição das interações entre os processos políticos e econômicos que ocorreu no âmbito do Estado capitalista democrático contemporâneo. Enquanto a necessidade de obediência às regras deixa evidente a importância da democratização dos processos de gestão dos assuntos públicos – o estabelecimento de mecanismos representativos -, a necessidade de promover estímulos à apropriação privada social virá a consumir um entrave ao ideal de igualdade politica.

Dessa forma, o dilema presente à forma de atuação dos estados capitalistas e democráticos, ou seja que visam realizar as liberdades econômicas e políticas, aponta para as incompatibilidades presentes entre os do sistema: enquanto o mercado econômico realiza a desigualdade material, a democracia assenta-se na ideia de que os indivíduos dispõem de igual capacidade para fazer valeram os seus interesses.

ELITISMO

Para Pareto, toda sociedade humana estará sempre dividida em uma elite e uma “não-elite”. A elite é composta por indivíduos que apresentam o maior grau de capacidade, qualquer que seja o seu ramo de atividade. Por sua vez, a elite é dividida em “elite governante” – composta por todos aqueles que influenciam as decisões do governo, direta ou indiretamente – e “elite não-governante”.

Do ponto de vista da manutenção do equilíbrio social, Pareto afirma que o essencial é que os membros da elite governante sejam aqueles que, além de serem membros natos da elite – qualidades superiores -, possuam características de personalidade adequadas para exercer o poder – resíduos.

Dois problemas básicos relativos ao equilíbrio social:

1 elite governante também é composta por todos os indivíduos que são, formal ou informalmente, agregados aos membros natos; com o passar do tempo, os elementos agregados à elite governante passam a representar uma ameaça à estabilidade da ordem, à

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medida em que assumirem os postos de comando sem disporem das qualidades requeridas para exercê-los (Pareto chama de “desvio” – tipo hereditário).

2 derivado da eficiência do processo de “circulação de classes”. Dadas as tendências naturais à redução das qualidades dos membros da elite governante, Pareto chama a atenção para o processo por meio do qual membros da elite governante são substituídos por indivíduos ou classes recém-saídos (as) da elite não-governante e da não-elite e que lhe renovam as qualidades necessárias ao continuo exercício de dominação. De outro modo, tais indivíduos com qualidades superiores e resíduos adequados ao exercício do poder se acumulariam nas classes inferiores – elite não governante ou não-elite – e poderiam liderar movimentos revolucionários contra a elite governante.

Para Mosca, elite politica: possuem um atributo altamente valorizado e de muita influencia na sociedade em que vivem, possuem qualidades que conferem carta superioridade material, intelectual e mesmo moral, são herdeiros de indivíduos que possuem tais qualidades. A elite é, pois, uma minoria com interesses homogêneos e, devido a essa homogeneidade, de fácil organização, É justamente essa organização que explica sua capacidade de domínio sobre a massa.

A posse de determinado atributo é importante em casa sociedade e em cada estagio da civilização. Ex.: força física, renda religião, conhecimento especializado, cultura cientifica. O grupo que se apropria do atributo de poder essencial em cada sociedade, em um dado estágio civilizatório.

Como todas as sociedades encontram-se em eterno processo de transformação, tais atributos também mudam com o tempo e forçam as elites politicas a uma constante adaptação. Essa mutação da elite pode se dar de maneira abrupta – por meio de sua substituição completa – ou gradual, via incorporação de elementos representativos de novos valores.

A despeito de suas diferenças, tanto Pareto como Mosca preveem a vigência de processo da elite dirigente. A estabilidade da ordem depende, portanto, da efetividade dos mecanismos de cooptação para promover a constante renovação da elite, de maneira a renovar sua capacidade de domínio. Para ambos, na eventualidade na substituição da elite governante, ou elite politica, nãoé a massa que ascende, mas o grupo que foi capaz de mobilizá-la, uma nova elite.

Robert Michels (tenta comprovar a “Lei de Ferro de Oligarquia”), mediante estudos dos processos políticos internos ao partido Social Democrata alemão, procura explicar tanto a dependência politica das massas em relação as lideranças do partido, como as razões que fazem com que alguns indivíduos ascendam as posições de comando na estrutura partidária. Em linguagem mais contemporânea, é possível dizer que os lideress resolvem os problemas de ação coletiva do partido, ou seja, pagam a maior parte dos custos para a obtenção dos bens coletivos que o partido prove e, por essa razão, são valorizados e mesmo considerados como imprencidiveis pelas massas. Os lideres sacrificam seu tempo e seus recursos pessoias para “fazerem o partido funcionar”. No entanto, os lideres quase sempre distanciam-se das massas em razão de suas caoacidades mais aguçadas e dos conhecimentos privilegiados de que dispõem. O fato de pagarem os custos de ação coletiva que fazem o partido existi sem o forte

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engajamento das massas tmabem dá-lhes maior capacidade de influencia nas decisões do partido. Ao final, essa maior influencia dos lideres acaba por distanciarem o partido das massas, o que, em si, representa a falência da ideia de democracia interna. A conclusão de Michels é que, se nem os partidos políticos que advogam a plena democratização da sociedade conseguem organizar-se internamente de maneira democrática, seu objetivo de transformação radical da sociedade é irrealizável. A democracia é, pois, uma utopia irrealizável.

Os autores elitistas procuraram demonstrar que a democracia é inviável, baseados na ideia de que qualquer sociedade será governada por poucos. A comprovação desse fato, logica e empiricamente, torna irrealizável a crença no “autogoverno das massas”.

Está presente em Mosca a noção de que, sendo a sociedade capitalista caracterizada pela proteção legal de riqueza acumulada por intermédio das interações econômicas, o recurso de poder essencial dessas sociedades é derivado da posição econômica dos indivíduos. Quanto amis rico, mais influentes politicamente. Segundo Tom Bottmore , Mosca aproxima-se assim incomodamente do argumento marxista que, como veremos adiante, salienta a transposição da desigualdade econômica que resulta das interações de mercado para a arena politica.

C. Wright Mills tem o mesmo tipo de associação entre desigualdade econômica e desigualdade politica. Após analisar a sociedade norte-americana, chega a conclusão qeu a elite do poder é composta pelos ocupantes dos principais cargos nas hierarquias militar, administrativa do Estado e Empresarial. Para esse autor, nas sociedades capitalistas democráticas, essas seriam as principais estruturas de poder, cujas decisões afetam as vidas da maioria da população. Ademais, os ocupantes dos postos de comando nessas três hierarquias fariam parte de uma mesma classe social, compartilhando valores e lealdades que tornam integrada a administração da sociedade.

Em suma, o argumento elitista aplicado às sociedades democráticas em economias de mercado aponta para uma concentração do poder politico no topo das estruturas politica, social e econômica.

Modelo elitista é dinâmico e que prevê a possibilidade de profundos reordenamentos no aparato decisórios estatal.

PLURALISMO

Robert Dahl, principal expoente do argumento pluralista – antielitista-, aponta para algumas dimensões da estrutura de poder da sociedade norte americana, para questionar a noção, presente no elitismo, de que todo o poder está concentrado nas mãos de poucos autores políticos, dado por seu lugar na estrutura socioeconômica.

Há dois pontos chaves na criativa Dahlsiana:

1 há um problema metodológico com o argumento elitista: para que se possa aceitar como verdadeira a existência de uma “elite dirigente” em um dado país, é necessário que se

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demonstre como esse grupo efetivamente exerce a sua dominação politica. É, no entanto, indispensável que esse seja um grupo coeso e identificável, que atue em uníssono e que seja vitorioso em todas as questões nas quais se envolver. Aponta também que sua composição derive de interesses reais compartilhados.

(quadros de filiação)

Quantos às decisões tomadas, elas precisam ser objeto de conflito com os demais grupos da sociedade, para que se comprove o rela exercício de poder por porte da elite.

2 O pluralismo inova, em relação ao elitismo, ao apresentar a ideia de que os grupos sociais são levados a buscar influenciar os decisores na medida em que os interesses fundamentais de seus membros estiverem sendo potencialmente ameaçados por decisões publicas. Mas, como os grupos são compostos por indivíduos autônomos, seria preciso entender os condicionantes da ação politica individual para uma melhor compreensão das interações politicas.

Diversos autores pluralistas exploram os condicionantes da ação individual. O modelo básico que se pode derivar se suas analises aponta para um individuo:

A Com potencial de filiação simultânea a múltiplos grupos, em razão da vasta gama de interesses que possui. – quadro 1 e 2, sequencialmente.

B desinteressado politicamente, exceto quando seu interesse imediato está em questão. Não há, pois, no modelo pluralista, clivagens profundas na estrutura da sociedade que inviabilize as multifiliações. No entanto, para que um sistema baseado na ideia de multifiliações fosse plenamente possível, essas sociedades precisariam caracterizar-se por uma profunda homogeneidade cultural.

No quadro 2, indivíduos se agrupam em diferentes coalizões, contra e a favor., é possível ver aliança entre diferentes grupos.

Desse modelo de indivíduos, é possível sustentar que uma das características básicas do sistemas políticos pluralistas é a intensidade moderada das interações politicas que nele se processam, devido à existência de desigualdades cumulativas, ou seja, de ganhadores e perdedores universais. Não se acumulariam desigualdades. Todo cidadão é um potencial aliado e um potencial adversário e qualquer outro. Os grupos de interesse são, portanto, mutáveis em sua constituição e poder politico e é essa volatilidade na sua constituição que torna os resultados a um só tempo incertos e reversíveis. A ordem é contingente e as interações assemelham-se a um jogo.

Deriva-se do argumento pluralista que é preciso assegurar regras justas de interação politica, para que se mantenha a sisposição dos eventuais perdedores a continuar jogando. Para tanto, tais regras precisam maximizar os ideais de igualdade politica e soberania popular, ou seja:

1 Estabelecer capacidades semelhantes de influencia politica para todos

2 Vincular as decisões publicas a vontade da maioria.

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Segundo os principais defensores – incluindo Schumpeter, Dahl e Lindblom - tais regas precisariam estabelecer interações competitivas – eleições – entre os cidadãos para a constituição dos governos, isto é, para a ocupação dos postos de comando do Estado.

A noção de governo representativo é, pois, parte essencial do modelo. No entanto, os problemas comumente associados à representação politica seriam minimizados pelo caratês competitivo do sistema.

Ao conjunto de regras que realizem tais princípios, os pluralistas são nome de poliarquia e elas incluem: liberdade de expressão de interesses, de organização politica, de voto, de informação, liberdade para concorrer a ser eleito para crgos públicos, direito a eleições livres e competitivas, e a existência de instituições que tornem as politicas governamentais dependentes do interesse da maioria do eleitorado. Objetivam assegurar direitos de contestação publica, isto é, de oposição a todos aqueles que são afetados pelas decisões do governo, ou seja, todos os cidadãos.

Como já foi observado, esse modelo baseia-se no fato de que o poder politico dos cidadãos não deriva apenas de sua posição nas estruturas social e econômica. Pelo contrario, em sua formulação inicial, o pluralismo supõe que é a capacidade de convencimento dos candidatos aos cargos públicos o recurso essencial ao exercício de poder. Terão maior capacidade de realizar seus interesses aqueles que forem capazes de convencer a maioria da população da validade de suas propostas em relação às de seus concorrentes. Disso deriva o papel angular da liderança politica, dos políticos profissionais, que se especializam na articulação das preferencias individuais em uma vontade coletiva e na mobilização de contingentes eleitorais dispersos e pouco interessados.

Alguns autores evoluíram para uma autocritica do modelo. Diante disso, seriam necessárias reformas estruturais para evitar a sobredeterminação das decisões politicas pelo sistema econômico. Os governos democráticos, segundo as próprias analises de Dahl e Lindbolm, precisariam controlar a capacidade de influencia dos interesses do empresariado, que desfrutaria, segundo o termo cunhado por Lindblom, de uma posição privilegiada nas sociedades capitalistas democráticas. Ou seja, algum poder econômico estaria traduzido em poder politico, e isso precisa ser evitado por meio da intervenção deliberada do Estado.

Diversas criticas foram feitas ao argumento pluralista. Para fins analíticos, separamos as criticas à metodologia das criticas ao paradigma.

São suas as principais criticas metodológicas ao pluralismo:

1 Por Theodore Lowi, aponta para a não-refutabilidade empírica do pluralismo como deficiência que deriva de seus pressupostos normativos. Ele supõem que os teóricos pluralistas são os grupos os atores fundamentais do processo politico, suas analiss empíricas são dirigidas para as questões que provocam a mobilização politica de politica de grupos, o que, por suas vez, confirma as previsões iniciais de que os grupos são os autores fundamentais.

2 Por Bacharach e Baratz, salientam que, antes de questionar como se exerce o poder politico nas sociedades democrativas, é preciso identificar os grupos beneficiados pelas estruturas

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vigentes – social, politica e econômica – isto é, pelo status quo. Isso porque os pluralistas beneficiários da estrutura de poder vigente dispõe de instrumentos para evitar que algumas questões prejudiciais aos seus interesses tornem-se objeto de deliberação pública.

Lowi. Segundo seu principal argumento, as interações politicas são determinadas pelo comportamento dos autores envolvidos e esse comportamento deriva da natureza das politicas publicas em questão. Portanto, a cada tipo de politica – distributiva, redistributiva e regulatórias, segundo sua tipologia – corresponderia um padrão distinto de comportamento politico. O padrão de comportamento previsto pelos pluralistas seria, de acordo com ele, característico apenas nas interações que se produzem em torno de politicas regulatórias. Nas demais, os atores políticos agiriam de maneira atomizada – distributivas – ou seguindo os determinantes de classe – redistributivas.

Phillippe Schmitter chama atenção para a interdependência entre o tipo de estrutura politica de um dado pais e seu estagio de desenvolvimento econômico capitalista. Para ele o pluralismos não é uma forma de estrututação das interações politicas capaz de durar prar sempre: o próprio funcionamento das economias avançadas gera encessidades e imperativos políticos que implicam em uma maior proximidade entre os interesses públicos e privados, mesmo em sistemas políticos, originalmente pluralistas. O modelo corporativo é, nessa perspectiva , resultante da própria evolução do capitalismo democrático.

Aerndt Lijphart identifica sistemas políticos democráticos estáveis em sociedades caracterizadas pela existência de clivagens sociais importantes.

Países notavelmente democráticos como Áustria, Suíça e Holanda, seriam caracterizados por divisões sociais profundas, que são vinculados a grupos e não a nação, o que contrariaria os pressupostos pluralistas.

A estabilidade de regimes democráticos dependeria:

1 de uma base cultural homogênea – para assegurar a manutenção das lealdades primarias dos cidadãos para o Estado – e não a um grupo social qualquer – como um padrão associativo baseado em multifiliações individuais

2 De uma estrutura autônoma de pais sociais – para promover a dispersão das identidades coletivas e reforçar comportamentos políticos moderados (ex sistema educacional). Como explicação para essa “anomalia”, Lijphart apresenta um modelo de interação politica fundado não na competição, mas antes da cooperação entre as elites que representam cada uma das clivagens. Desse modo o sistema politico consociacional é capaz de atender aos interesses de grupos políticos e sociais com interesses distintos e mesmo contraditórios, e garantir tanto o respeito a valores e direitos democráticos, como a paz social.

A CRÍTICA MARXISTA

Os próprios autores pluralistas passaram a reconhecer que as desigualdades produzidas pelas interações de mercado afetam a distribuição de recursos políticos entre os cidadãos e minam as bases sobre as quais se assentam os valores de igualdade politica e soberania popular. Cria-se então a possibilidade de que as regras e instituições da poliarquia não sejam capazes de

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exercer convenientemente a função de regular a vida social de acordo com a vontade expressa pela maioria da população. Isso sendo verdade, decisões publicas seriam tomadas sem o devido controle por parte daqueles que a obedecerão, em uma possível violação dos pilares racionais-legais da dominação publica.

Karl Marx e Friedrich Engles: o poder politico esta concentrado nas mãos daquele que detêm posições dominantes na economia capitalista. Como afirma o Manifesto Comunista, a centralização da produção pela burguesia correspondeu a uma centralização da politica, na qual o poder politico do Estado nada mais é do que poder organizado de uma classe – a burguesia – para a opressão de outra – o proletariado. Eles então ressaltam o caráter coercitivo e parcial da dominação do Estado, questionando a possibilidade de realização legitima da vontade popular com a permanência da economia de mercado. A teoria comunista clássica pressupõe, portanto, a abolição da propriedade privada como condicão necessária à realização de qualquer principio democrático.