Upload
juliapoliveira
View
1.745
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Universidade de São PauloFaculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Graduação em Ciências Biológicas
Resenha apresentada à disciplina de Biologia Celular referente ao conteúdo para a elaboração de um seminário cujo tema é APOPTOSE, ministrados pelos alunos do
primeiro ano de Ciências Biológicas
Prof. Dr. Maria de Lourdes T. Moraes PolizelliMonitora: Paola F. Fedatto
Discentes: Julia Pimenta de Oliveira, Luisa Lemos, Marina Feltrin Cassaniga, Sabrina Mara Tristão, Vanessa Elisa Pinheiro
APOPTOSE
A morte celular desempenha uma parte importante e crucial no desenvolvimento dos organismos e a mesma continua na vida
adulta. Nos organismos multicelulares, as células não necessárias ou que ameaçam o organismo são destruídas por um processo de
regulação conhecida como morte celular programada ou apoptose. Um controle que assegura que células individuais se comportem para o
bem do organismo como um todo é feito por células com sinalização contínua (fatores de sobrevivência) para outras células assegurando
que elas sobrevivam apenas quando e onde são necessárias, caso contrário, estas células entrarão em apoptose.
A idéia de que as células têm um programa de morte embutido foi proposta nos anos de 1970, mas sua aceitação geral levou
outros 20 anos. Este processo é mediado por enzimas proteolíticas denominadas caspases que resultam em uma morte ordenada, auto-
estimulada e irreversível. Processo bastante diferente comparado à morte celular por necrose.
Necrose x Apoptose
A necrose e a apoptose são dois mecanismos de morte celular que acontecem em maior porcentagem nos tecidos do organismo.
Morfologicamente temos transformações celulares distintas em ambas as mortes, como mostrado abaixo:
NECROSEPor injúrias celulares causadas por traumas ou doenças, as células necrosam e ocorre: Aumento do volume celular; Agregação da cromatina; Desorganização do citoplasma; Perda da integridade da membrana plasmática; Ruptura celular; Conteúdo celular liberado causando danos às células vizinhas;
Reação inflamatória. APOPTOSEPor sinais intrínsecos e extrínsecos a célula entra em apoptose e gasta energia para causar a sua própria morte, ocorrendo: Retração celular; Perda da aderência com a matriz extracelular e células vizinhas; Condensação da cromatina; Fragmentação do DNA; Formação dos corpos apoptoticos que são rapidamente fagocitados por macrófagos.
Muitas proteínas estão envolvidas no processo da morte celular por apoptose, sendo algumas envolvidas nas
alterações morfológicas observadas. Por exemplo, a proteína ROCK I é necessária e suficiente na formação das bolhas
apoptóticas e distribuição dos fragmentos de DNA nos corpos apoptóticos em formação. Porém, a diferença mais marcante entre
apoptose e necrose è a ausência de reação inflamatória no processo de apoptose. Não há reação inflamatória na apoptose devido
a rápida fagocitose dos corpos apoptóticos pelos macrófagos, possibilitado pelo reconhecimento da fosfatidilserina nos corpos
apoptóticos que foram translocados da camada mais interna da membrana para a mais externa, evento conhecido como flip-flop
A maioria das alterações morfológicas que ocorrem nas células apoptóticas é resultado da ativação de uma família
de proteases de cisteína, as caspases. Essas moléculas são sintetizadas sob a forma de precursores inativos, as
procaspases, que precisam ser clivadas em seus resíduos de aspartato para adquirirem atividade proteolítica. A clivagem das
procaspases é catalisada por uma proteína, ou mais recorrente, por uma caspase ativa. Existem três mecanismos de ativação de
caspase: ativação por outra caspase, ativação induzida por proximidade e associação com uma subunidade reguladora. Uma vez
incorporadas aos complexos, as procaspases iniciadoras permanecem muito próximas, clivando umas às outras.
Caspases envolvidas na inflamação 1 (ICE), 4 e 5Caspases envolvidas na apoptose Caspases iniciadoras 2, 8, 9 e 10
Caspases executoras 3, 6 e 7As duas vias de sinalização mais bem entendidas e que podem ativar a cascata de caspases, levando à apoptose,
são as vias extrínseca e intrínseca.
A via extrínseca é desencadeada pela ligação de ligantes específicos a um grupo de receptores da família TNF
que ficam na membrana plasmática como proteínas transmembrana. Eles possuem um domínio extracelular de ligação e um
domínio de morte intracelular. A ligação com esse domínio extracelular é capaz de ativar a cascata das caspases.
A via intrínseca é ativada por estresse intracelular ou extracelular como a privação de fatores de crescimento,
danos no DNA, hipóxia ou ativação de oncogenes. Os sinais que são induzidos em resposta a estes estresses afetam
principalmente a mitocôndria. Inúmeros estudos sobre apoptose apontam a mitocôndria como o principal mediador desse tipo de
morte. No caso dessa via, o citocromo c sai da membrana da mitocôndria e liga-se à Apaf1(proteína adaptadora de ativação da
procaspase), provocando a oligomerização da Apaf1 em um heptâmer o que recrutam proteínas caspases iniciadoras (9),
ativadas pela aproximação com o apoptossomo. A procaspase 9 ativa então as procaspases executoras que induzirão a
apoptose.
Outra família de proteínas envolvida na apoptose é da Bcl-2. Esta é uma família de proteínas que se encontram
dispersas no citoplasma ou aderidas na membrana da mitocôndria e é a principal classe de reguladores intracelulares da
apoptose. As proteínas dessa família regulam a via intrínseca da apoptose principalmente pelo controle da liberação do
citocromo c e de outras proteínas intermembranas mitocondriais no citosol. Podem ser: (I) Antiapoptóticas - inibem a apoptose
bloqueando a liberação das proteínas intermembranas da mitocôndria. Ex.: Bcl-2 e Bcl-xL ou (II) Proapotóticas - promovem a
apoptose por causarem o aumento da liberação das proteínas intermembranas mitocondriais. Ex.: Bax e Bak; Bad, Bim, Bid,
Puma e Noxa
Dentre os tipos de proteínas Bcl-2, há três classes que são diferenciadas pela quantidade de domínios nelas existentes.
Alberts, B. et al. Biologia Molecular da Célula, 2010.
CASCATA DE SINALIZAÇÃO
Em algumas células, a via extrínseca deve recrutar a via intrínseca para ampliar o sinal apoptótico para matar a
célula. Essa ligação é proporcionada pela proteína proapoptótica Bid. Quando receptores de morte ativam a via extrínseca, a
caspase iniciadora 8 cliva a Bid, que se transforma na tBid. A tBid se transloca para a mitocôndria, onde inibe proteínas Bcl-2
antiapoptóticas, permitindo a liberação de citocromo c.
Hengartner, M. O. The biochemistry of apoptosis. Nature, 2000.
Além das proteínas Bcl-2 antiapoptóticas, a supressão da apoptose pode ser feita também pelas proteínas
inibidoras da apoptose (IAPs) após estas se ligarem à caspases ativadas e inibí-las. Essa barreira inibidora proporcionada pelas
IAPs pode ser neutralizada pelas proteínas anti-IAPs, liberadas do espaço intermembranar mitocondrial para o citosol quando a
via intrínseca da apoptose é ativada. As anti-IAPs bloqueiam as IAPs no citosol, promovendo, assim, a apoptose.
Exemplos de onde ocorre apoptose:
Desenvolvimento embrionário : formação das mãos, olhos, formação dos ovócitos, sistema nervoso Infância : Desenvolvimento do sistema imunológico Adolescência : menstruação Vida toda : renovação das células da pele, intestino Mãe : no parto, há a redução do útero; redução da mama após a amamentação Mulher : câncer de mama Idoso : doença de Alzheimer Morte : infarto no miocárdio
Referências Bibliográficas:Alberts, B. et al. Biologia Molecular da Célula. 5ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2010.Grivicich, I. et al. Morte celular por apoptose. Rev. Bras. de Cancerologia, 53(3), p. 335-343. 2007Hengartner, M. C. The biochemistry of apoptosis. Nature, vol. 407, p. 770-775. 2000.Paula, K. M. et al. Apoptose para o bem e para o mal. Rev. de Biologia e Ciências da Terra. Vol. 2, nº 2. 2002.