Resumos de Direito 12 ano

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      Exame Nacional de Direito – Matéria do 12.º ano

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    Tema 1Tema 1Tema 1Tema 1 –––– O Homem, a Sociedade e o DireitoO Homem, a Sociedade e o DireitoO Homem, a Sociedade e o DireitoO Homem, a Sociedade e o Direito

    A problemática da Ordem Social

    Existem dois tipos de ordens:Ordem Natural  – é uma ordem de necessidade que não depende da vontade do Homem, são inerentes àprópria natureza, exemplo: existe uma ordem entre a infinidade dos astros.

    Ordem Social – toda a norma estabelece um dever ser, mas pode ser violado, porque o Homem é livre, noentanto estas normas são fundamentais para o subsistir numa sociedade.

    A necessidade de regras como condição de subsistência da vida social

    Ordem Jurídica – é a ordem social regulada pelo direito, esta regra confere direitos e confere certos usosfundamentais de liberdade. A Ordem Jurídica é o produto da acção de certos órgãos do Estado, que formulame definem o seu conteúdo, no qual estabelece certo comportamento e determinam ao mesmo tempo umasanção para quem o violar.

    As diversas ordens sociais normativas

    Ordem Moral  – refere-se à interioridade do Homem e visa o aperfeiçoamento dele em função do queconsidera ser o bem e o mal. As sanções são não sociais, ou seja, são ditadas pela consciência do indivíduo

    (remorsos e arrependimento).

     Critérios para distinguir o Direito de Moral:

    Critério do mínimo ético  – o Direito impõe regras morais indispensáveis para a sobrevivência, subsistência em paz ejustiça social.Critério da coercibilidade  – na Ordem Moral interessa apenas a consciência de cada um, não há imposição de umasanção, enquanto que na Ordem Jurídica a norma é imposta ao indivíduo e o incumprimento dá origem a sanções.Critério da exterioridade – na Ordem Moral diz respeito à parte interna da conduta humana e na Ordem Jurídica dizrespeito à parte externa da conduta humana.Ordem Religiosa  - tem por função regular as condutas humanas em relação a Deus e as sanções são decarácter transcendente.Ordem de Trato Social – destina-se a tornar a convivência mais agradável entre as pessoas (etiqueta, boas

    maneiras, normas de cortesia, etc.)Ordem Jurídica – é a ordem regulada pelo Direito. Ao contrário das outras normas, serve-se da coacção comomeio de garantir e impor o cumprimento das suas normas.

    Relações entre as diversas ordens sociais normativas

    Ordem Jurídica e Ordem Moral, podem existir as seguintes relações: Relações de coincidência, quando a Ordem Jurídica acolhe as concepções morais mais relevantes e aceitespela sociedade. Ex.: Não matar. Não é permitido nem pela Moral, nem pelo Direito. Relações de indiferença, existem actos jurídicos indiferentes para a Moral. Ex.: As regras de trânsito. Sãoindiferentes para a Moral. Relações de conflito, quando existem actos reprováveis para a Moral, mas que são permitidos pela Lei emdeterminadas situações. Ex.: A eutanásia.

    Ordem Jurídica e Ordem Religiosa, podem existir as diferentes relações: Relações de coincidência, quando existem actos relevantes, quer para o Direito, quer para a Igreja. Ex.: Ocasamento católico é válido juridicamente e para a Igreja. Relações de indiferença, quando o Direito garante a liberdade religiosa. Relações de conflito, quando existem actos permitidos pelo Direito e que são reprovados pela Igreja. Ex.:O aborto.

    Ordem Jurídica e Ordem de Trato Social, podem existir as seguintes relações:  Relações de coincidência, quando existem regras e usos sociais comuns ao Direito e à Ordem de TratoSocial. Ex.: Regras deontológicas de algumas profissões. A Ordem dos Médicos ou dos Advogados. Relações de indiferença, quando os usos sociais são indiferentes para o Direito.  Relações de conflito, quando o Direito proíbe a morte dos touros nas arenas, mas os usos e costumes

    permitem-no.

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    Ordenamento Jurídico

    É o conjunto de normas jurídicas constituindo o sistema jurídico.

    Funções da Ordem Jurídica:

    Função primária ou prescritiva, funciona como princípio da acção da conduta do Homem e como princípiode sanção.Função secundária ou organizatória, estabelece as regras de organização da sociedade, nas quais os

    tribunais impõem o cumprimento das sanções.Diferença entre sanção e coacção:

     Sanção é uma reacção desfavorável da Ordem Jurídica face ao incumprimento das normas. Coacção é o uso da força, ou seja, é a imposição como garantia da eficácia da Ordem Jurídica.

    Características das normas jurídicas

    Imperatividade, impõe ou ordena um determinado comportamento.Generalidade, aplica-se a todas as pessoas.Abstracção, aplica-se a uma infinidade de casos, ou seja, contempla certo tipo de situações.Coercibilidade, é garantida pela Ordem Jurídica que dá ao Estado o poder de aplicar sanções.

    As instituições

    Podem ser vistas em dois sentidos diferentes:  Em linguagem comum, é definida como uma organização de meios materiais e humanos, comdeterminado fim ou objectivo. Ex.: Hospitais, Escolas, etc.  Em linguagem jurídica, designa-se por um conjunto de normas destinadas a regular determinadassituações sociais. Ex.: Familiar: casamento, divórcio; educativa: universidades, escolas; cultural: museus,bibliotecas; económicas: cooperativas, associações, empresas, etc.

    O Direito como produto cultural

    Relação entre o Direito e a Cultura:

    O Direito é obra do Homem, como tal, é um fenómeno cultural, que varia com o tempo e com o espaço, ouseja, vai sendo actualizado de acordo com a realidade social e cultural.

    Os diversos sentidos do Direito:Pode ser Objectivo ou Subjectivo.Direito Objectivo, é o conjunto de normas jurídicas. Ex.: Contrato de compra e venda, é o contrato peloqual se transmite a propriedade de uma coisa, mediante um preço.Direito Subjectivo, é o conjunto de poderes, privilégios ou faculdades, que as normas de Direito Objectivoatribuem às pessoas, para que elas possam salvaguardar os seus interesses. Portanto para haver DireitoSubjectivo (conjunto de poderes), tem de existir o Direito Objectivo (conjunto de normas). Ex.: Direito àvida, Direitos de autor, Direito ao bom nome, Direito à personalidade.

    Fins ou Valores fundamentais do Direito

     JUSTIÇA, é o valor fundamental do Direito que representa um ideal no âmbito das relações sociais.

    Modalidades da JUSTIÇA:

    - Justiça comutativa, regula as relações sociais de uma forma igualitária (todos são iguais perante alei).- Justiça geral ou legal, aplica-se a todos os cidadãos.- Justiça distributiva, significa distribuição justa de bens pela sociedade.

     SEGURANÇA, é o degrau hierárquico inferior à justiça, mas também é importante, pois dá aos cidadãosconfiança que lhes permite planificar a defesa dos seus interesses.

    Modalidades da SEGURANÇA:- Confiança, a segurança visa garantir a estabilidade das relações sociais. Para tal, terá que ter emconta dois princípios:

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    - O principio da não retroactividade da lei, significa que uma lei só se põe em prática depoisda entrada em vigor e só se aplica aos novos casos e não aos anteriores.- O principio da legalidade, os cidadãos devem saber de antemão quais as condutas que aOrdem Jurídica considera como crimes e quais as consequências que a prática dos mesmosimplica.

    - Eficácia, a segurança deve estar ao serviço da justiça, havendo eficácia no ordenamento jurídico.- Paz Social, a segurança contribui para a manutenção da ordem e da segurança.

     EQUIDADE, é a justiça do caso concreto, ou seja, na aplicação da lei deve-se atender às condições decada caso. É um critério de divisão que pode ser usado quando o Juiz decide segundo a sua consciência,funcionando como um recurso para a interpretação e integração das lacunas da lei (a lei diz quando épermitido o uso da equidade).

    Relação entre o Direito, Justiça e Segurança

    Não há Justiça sem Segurança (porque se não haveria instabilidade, violência, um caos na sociedade), não háSegurança sem Justiça (se não haveria uma ditadura).

    Direito, Cultura e ideologia

    As ideologias são factores de dinamismo nas sociedades e orientam a sua evolução. O Direito de casa Estado(País) é o reflexo da ideologia dominante na medida em que os sistemas jurídicos são formados de acordo

    com os valores dessa ideologia. O mesmo acontece em relação à cultura. O Direito como produto cultural éuma realidade que evolui com a cultura.NOTA: O Direito reflecte a cultura e a ideologia dominantes num dado momento histórico.

    O Direito e a mudança social

    Vivemos numa sociedade em constante mudança e evolução da realidade social, logo o Direito terá deacompanhar essas mudanças. Ex.: A defesa do ambiente, pelos cidadãos, que é uma preocupação recente, oque levou à criação de um novo ramo do Direito, que é o Direito do ambiente. Art. 66º da Constituição daRepública.

    A pessoa, fundamento e fim da Ordem Jurídica

    Noção de personalidade jurídica  – é a possibilidade que uma pessoa tem de ser titular de Direitos eObrigações, desde o nascimento até à morte. Todos os seres Humanos, mal nasçam são titulares de direitosde personalidade. Ex.: Direito à vida (Art. 24º CR), Direito à integridade física (Art. 25º CR), etc.

    Personalidade jurídica ≠ Capacidade jurídica

    Noção de capacidade jurídica – é a capacidade de usufruir e dispor dos direitos e deveres que é titular.

    Capacidade de gozo ≠ Capacidade de exercício

    Noção de capacidade de gozo – todos os sujeitos que têm capacidade jurídica têm capacidade de gozo, masnem todos os que têm capacidade de gozo têm capacidade de exercício. Ex.: um menor recebe de herançaum imóvel, mas não poderá vendê-lo ou alugá-lo, só quando atingir a maioridade, ou seja tem capacidade de

    gozo, mas não tem capacidade de exercício.

    Os Direitos fundamentais dos cidadãos

    À personalidade jurídica está ligado um conjunto de direitos fundamentais dos cidadãos. Os Direitos doHomem em vigor num determinado Estado, pode ser de 3 gerações:

     Direitos de 1.ª Geração, são os Direitos civis e políticos. Os civis são Direitos subjectivos que o Estadoreconhece aos indivíduos através de um conjunto de preceitos que define o estatuto de cada um de nos nasociedade politicamente organizada (é chamado o conjunto de liberdades ex.: Direito à vida, integridadefísica, à segurança, etc.). Desde o artigo 24.º até ao 47.º da CRP.Os políticos dão aos cidadãos a faculdade de participarem na vida pública. Desde o artigo 48.º até ao 52.º daCRP.

      Direitos de 2.ª Geração, são chamados Direitos sociais, económicos e culturais, sendo o reflexo dasocialização que se seguiu após a 2.ª Guerra Mundial e o papel intervencionista na sociedade. Traduzem-se na

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    exigência para o Estado disponibilizar certos bens sociais (água, luz, ensino, saúde, etc.) e a sua efectivaçãodepende do nível de desenvolvimento económico e social do Estado.Direitos sociais do artigo 63.º ao 72.º (ex.: Direito ao ensino, Direito ao trabalho, Direito à saúde, etc.)Direitos económicos do artigo 58.º ao 62.º (ex.: Direito ao trabalho, Direito à propriedade privada)Direitos culturais do artigo 73.º ao 79.º (ex.: Direito à educação, Direito à cultura, etc.) Direitos de 3.ª Geração, são os Direitos de solidariedade artigo 66.º da CRP (ex.: Direito à paz, etc.)

    Os Direitos do Homem e a sua problemática

    Os Direitos do Homem são um conjunto de Direitos de carácter inviolável inerentes ao próprio Homem cujaorigem é a dignidade, daí a condenação generalizada pela pena de morte, torturas e prisão por motivospolíticos ou religiosos.

    As varias instituições que zelam pelos Direitos do Homem

     A ONU (Organização das Nações Unidas), tem por objectivo resolver problemas internacionais de naturezaeconómica, social, cultural e humanitária, promover o respeito pelos Direitos e liberdades dos cidadãos. Também a Comunidade Europeia (CE) através do Acto Único Europeu previu um conjunto de medidas decoesão económica e social de forma a eliminar as diferenças entre as diferentes regiões comunitárias,proporcionando iguais oportunidades entre as regiões. A protecção dos Direitos do Homem é garantidaatravés da Comissão Europeia, Tribunal Europeu e Conselho de Ministros. A União Europeia tem intervido

    extremamente em áreas como o APRTHEID apoiando as vitima. A Amnistia Internacional foi fundada em 1961 e tem também por objectivo defender os Direitos humanos anível mundial, levando a cabo várias acções como luta a favor da abolição da pena de morte, julgamentosmais rápidos e justos, etc.

    Direito positivo e Direito natural

    O Direito positivo é o conjunto de normas criadas pelo Homem, para regular as suas condutas nas relaçõesque estabelece em sociedade, normas essas que variam com os tempos. Então o Direito que vigora é o Direitopositivo (o nosso Ordenamento Jurídico é fruto do Direito positivo).O Direito natural é fundado na natureza humana e tem origem na vontade divina. Então para haver Direitopositivo tem de existir Direito natural.

    Direito público e Direito privado

    O Direito público é o conjunto de ramos de Direito, cujas normas estabelecem a organização e ofuncionamento do Estado e outros entes públicos ou regulam os Direitos e deveres do Estado perante aspessoas, investindo do seu poder.O Direito privado é o conjunto de ramos de Direito, cujas normas regulam as relações entre os particulares edos particulares com o Estado, quando este está despido do seu poder.

    Critérios de distinção entre o Direito público e o Direito privado:

    1.º Critério da natureza ou qualidade dos interessesEste critério tem a ver com os interesses que se querem satisfazer, assim:No Direito público visa a satisfação dos interesses públicos. Ex.: criação de normas que estipulam os Direitos

    dos cidadãos, fixação de impostos, etc.;No Direito privado  visa a satisfação dos interesses privados. Ex.: criação de normas que regulem associedades comerciais, a criação de normas que regulam o arrendamento, etc.

    2.º Critério da qualidade dos sujeitosNo Direito público  são as normas que regulam situações jurídicas em que o Estado aparece como sujeito(como ente privado ou particular)No Direito privado  são as normas que regulam situações jurídicas em que os sujeitos são apenas osparticulares.

    NOTA: é difícil definir a fronteira entre os dois Direitos, pois por vezes o Estado surge despido do seu poder,sujeitando-se tal como os particulares às regras do Direito privado. Ex.: quando o Estado pretende construiruma auto-estrada e contrata uma empresa particular para a construção, para essa empresa o Estado é visto

    como um cliente particular, logo esse contrato é regulado pelo Direito privado.

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    3.º Critério da posição dos sujeitos na relação jurídicaÉ o critério mais importante do domínio da relação jurídica.Então no Direito público, são as normas que regem a actividade do Estado dotado do seu poder.No Direito privado, são as normas que regem as relações que se estabelecem entre os particulares ou entreos particulares e o Estado, quando o Estado está despido do seu poder.NOTA: existe uma ligação entre o Direito público e o Direito privado, e portanto não há uma separação clara,logo a mesma relação jurídica pode ser regulada por normas do Direito público e do Direito privado. Ex.: ocontrato de compra e venda de uma casa, as relações que se estabelecem entre o comprador e o vendedor,são do domínio do Direito privado e o pagamento do imposto ao Estado (SISA) é regulado pelo Direito público,o que significa que os dois Direitos estão interligados.

    Ramos de Direito:

    ConstitucionalAdministrativoFinanceiro

    Direito Público  FiscalPenal ou criminalProcessualDo trabalho

    CivilComercialDireito Privado  Do trabalho agrário

    Do consumoAgrário

    1. Ramos do Direito Público:

    1.1. Direito Constitucional Estabelece os princípios fundamentais da estrutura do Estado e tem uma posição hierárquica superior emrelação aos outros ramos devido às seguintes razões:

    ❀  As normas de Direito constitucionais constituem uma lei superior;

    ❀  As normas de Direito constitucionais são fonte de outras (leis, regulamentos, portarias, etc.);

    ❀  Todos os actos públicos têm de estar de acordo com a Constituição.

    1.2. Direito Administrativo Visa a satisfação das necessidades colectivas (segurança, comunicação, saúde, educação). São portantonormas jurídicas que regulam as decisões da administração pública e das autarquias locais.

    1.3. Direito FinanceiroConjunto de normas jurídicas que regula a actividade financeira do Estado. É que o Estado para satisfazer asnecessidades colectivas precisa de gastar muito dinheiro. Ora, para o conseguir, arrecada receitas atravésdos impostos que nós pagamos. Como subsistema encontramos o Direito Tributário que tem a ver com essaactividade do Estado para arrecadar receitas através de:

    ㋡  Impostos: prestações unilaterais estabelecidas por lei, calculadas com base nos rendimentos das

    pessoas. Ex.: IRS, IRC, IVA, contribuição autárquica.㋡  Taxas: prestações efectuadas pelas pessoas como contrapartida dos serviços que o Estado nos dá. Ex.:

    portagem de pontes e auto-estradas.

    1.4. Direito FiscalÉ o sub-ramo do Direito Financeiro, formado pelas normas que disciplinam as relações de imposto.É constituído por:

    ☂  Normas de soberania fiscal (fixam os poderes de Estado para criação de impostos);

    ☂  Normas de incidência;

    ☂  Normas de lançamento;

    ☂  Normas de liquidação;

    ☂ 

    Normas de cobranças.

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    1.5. Direito Penal ou CriminalÉ o conjunto de normas que qualifica como crime certas condutas e comportamentos fixando ainda ospressupostos de aplicação das penas e medidas de segurança.Elementos essenciais do Direito Penal:

    ☁  Crime – violação de Direitos fundamentais dos indivíduos ou do Estado.

    ☁  Pena – sanção que a lei prevê para essa violação enumerando as condutas consideradas como crime.

    Principio da legalidade: os cidadãos só podem ser julgados e

    condenados por condutas previstas na lei penal como crimes –isto tendo em vista a certeza jurídica.

    Principio da aplicação da lei mais favorável ao arguido: oscidadãos podem beneficiar da aplicação de uma lei posterior àprática do facto desde que lhe seja mais favorável, o que écontrário ao princípio da não retroactividade da lei.

    1.6. Direito ProcessualOs cidadãos podem recorrer aos Tribunais para defesa dos seus direitos. Assim define-se a forma deproposição das acções, bem como os Tribunais competentes para as julgar (é proibida a autodefesa e há agarantia de acesso aos Tribunais).

    a) Direito Processual Civil (tem a ver com acções civis – Direito civil e comercial);

    b) Direito Processual Penal (acções penais)c) Direito Processual do Trabalho (acções decorrentes das relações de trabalho).

    2. Ramos do Direito Privado:

    2.1. Direito CivilConjunto sistemático de normas que regulam as relações entre particulares que não se encontram sujeitos aoutro ramo do Direito Privado especial.Deste tronco comum brotam ramos especiais de Direito Civil como por exemplo:  Direito Comercial;  Direito das Sociedades Comerciais;  Direito do Trabalho.

    Por isso se diz que o Direito Civil é o Direito subsidiário dos outros ramos de Direito Privado, pois na falta denormas específicas para dada situação concreta nesses ramos do Direito, recorre-se ao Direito Civil. Comefeito no Código Civil Português regulam-se:  Relações obrigacionais (Direito das Obrigações) que dizem respeito ao tráfico de bens e serviços.  Os Direitos reais e posse de coisas corpóreas (Direito das Coisas).   As relações familiares (casamento, parentesco, afinidades, adopção) – Direito da Família.  Transmissão mortis causa do património das pessoas falecidas aos seus herdeiros (Direito das

    sucessões).

    2.2. Direito ComercialConjunto de normas que regulam os actos jurídicos de comércio (previstas no Código Comercial) e os actossubjectivamente comerciais (actos dos comerciantes que não sejam exclusivamente de natureza civil e sejamresultado do exercício do comércio).

    Objectivos – as questões reguladas na lei comercial. Ex.: subscrição de umaletra para titular uma divida entre dois particulares.

    Subjectivos – actos praticados pelos comerciantes no exercício do comércio.Ex.: um comerciante compra uma arca para o seu supermercado (é um actosubjectivo). Mas se a arca fosse comprada para sua casa então já não era umacto de comércio subjectivo.

    2.3. Direito do TrabalhoConjunto das relações sociais emergentes do trabalho. Mas regula apenas o trabalho subordinado, ou seja,aquele que se estabelece entre o trabalhador e a entidade patronal através de um contrato de trabalho.Ou seja, o objecto do Direito do Trabalho é uma relação contratual jurídica – privada, subordinada, livre e

    remunerada:a) Relações contratuais jurídico-privadas – ao Direito do Trabalho importam as relações dos que sãotitulares por contrato de trabalho;

    Princípios fundamentaisdo Direito Penal

    Actos de comércio

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    b) Livre – porque o trabalhador subordina-se ao patrão com base num acto de vontade;c) Remunerada – não interessa a actividade a título gratuito, mas a que tenha contrapartida económica.

    O Direito do Trabalho regula também outras matérias como:  Acidentes de trabalho e doenças profissionais;  Férias, feriados e faltas;  Despedimentos e contratação a termo;  Greve.

    O Provedor de Justiça

    É um órgão público independente, designado pela Assembleia da República e com a função de prevenir ereparar injustiças, acolhendo, apreciando e procurando resolver as queixas dos cidadãos contra actos ouomissões dos poderes públicos que sejam ilegais, parciais ou de má administração. Ele não tem poderdecisório e um dos meios da sua actuação são as recomendações que dirige aos poderes públicos massem carácter vinculativo. Pode também desencadear junto do Tribunal Constitucional o processo dedeclaração da inconstitucionalidade ou ilegalidade das normas e por isso é um guardião da Constituição.Visa essencialmente o controlo da legalidade.

    Tema 2Tema 2Tema 2Tema 2 –––– OOOO Direito e a organização da Sociedade: o Estado e aDireito e a organização da Sociedade: o Estado e aDireito e a organização da Sociedade: o Estado e aDireito e a organização da Sociedade: o Estado e aComunidade InternacionalComunidade InternacionalComunidade InternacionalComunidade Internacional

    O Estado – sociedade politicamente organizada

    O Estado é o resultado de uma necessidade sentida pelo Homem, para dar resposta aos desafios que anatureza e os outros homens lhe colocaram, ou seja, para regular a sociedade.O estado é visto em dois sentidos: Em sentido restrito, em que o Estado tem como características a soberania e a independência. Em sentido lato, em que se põe de lado essas mesmas características (soberania e independência) e sefala de Estados não soberanos. Ex.: EUA, Brasil, Suiça, etc.

    Elementos do Estado

    Estes permitem distinguir as formas de organização simples do Estado actual.1.º Povo, é o conjunto de pessoas ligadas ao mesmo Estado pelo vínculo da nacionalidade.

    POVO ≠ POPULAÇÃOPOVO ≠ NAÇÃO

     População, é o conjunto de pessoas residentes num determinado território (incluindo estrangeiros)  Nação, é o conjunto de pessoas ligadas pelo sentimento de pertencerem a uma mesma realidade(sentimento cultural, politico, étnico, etc.)2.º  Território, é o espaço geográfico onde se exerce o poder do Estado e compreende o solo e subsoloterrestre, o espaço aéreo, o espaço marítimo e os veículos, navios e aeronaves com bandeira portuguesa quese encontrem em território estrangeiro, assim como os consolados e as embaixadas.3.º Soberania, o poder político do Estado é um poder soberano que se manifesta através da competência devários órgãos e é o Estado que tem a faculdade de definir essas competências.

    NOTA:SOBERANIA ≠ PODER POLÍTICO

    Existem casos em que existe soberania, mas não existe poder político, como por exemplo era o caso deMacau antes de ser entregue à China. O poder político aqui não resultava da vontade do povo residente, massim dos tratados internacionais.

    PODER POLÍTICO ≠ SOBERANIA

    Há casos em que existe poder político, mas não existe soberania, pois nem todos os Estados são soberanos,ex.: EUA.

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    Poderes e funções do Estado

    Os poderes do Estado devem ser distribuídos por diferentes órgãos para evitar o abuso do poder. Funções doEstado:1.º Legislativa (elaboração de leis)2.º Executiva ou administrativa (execução das leis)3.º Judicial (resolução de conflitos)4.º Política ou governativa (actividade do Estado para definir o interesse publico e a escolha dos meios maisadequados)

    Órgãos de soberania

    Órgãos que desempenham várias funções são:1.º  Governo, desempenha a função executiva ou administrativa, função legislativa e função política ougovernativa.2.º Assembleia da República, desempenha a função legislativa e função política.

    Fins ou objectivos do Estado

    Os fins do Estado são as tarefas ou missões a que o Estado se propõe. Para tal socorre-se de vários órgãos.Por outro lado verifica-se a existência de um controlo e interdependência entre esses órgãos. Ex.: O

    Presidente da República, embora não tendo iniciativa legislativa, pode vetar (opor-se) às leis da Assembleiada República.

    Órgãos de soberania

    Podem ser de dois tipos:1.º Singular, um só titular, ex.: Presidente da República2.º Colegiais, mais do que um titular e podem ser de dois tipos:

     Composto por um elevado número de elementos, ex.: Assembleia da República. Ou composto por um número limitado de elementos, ex.: Governo, Conselho de

    Ministros.

    Órgãos de soberania em Portugal

    1.º Presidente da República: Garante a independência nacional e é Comandante Supremo das Forças Armadas; É eleito por sufrágio universal e directo; Tem de ter mais de 35 anos; O seu mandato dura 5 anos; Não pode ser reeleito por um terceiro mandato consecutivo e pode demitir o Governo; Nomear o Primeiro-ministro; Dissolver a Assembleia da República; Promulgar leis, etc.Artigos: do 120.º ao 140.º da CRP

    2.º Assembleia da República:

     É um órgão colegial; É composta por um mínimo de 180 e um máximo de 230 deputados; São elegíveis todos os cidadãos portugueses maiores de 18 anos; A legislatura dura 4 anos; As principais competências são de aprovar os planos e o orçamento e zelar pelo cumprimento da CRP; Competência legislativa:

    a) 

    Existem matérias sobre as quais a Assembleia da República detém competência exclusiva paralegislar – Reserva absoluta;

    b)  Existem matérias que embora exista essa mesma competência, podem dar ao Governo autorizaçãopara o fazer – Reserva relativa.

    Artigos: do 147.º ao 181.º da CRP

    3.º Governo: É um órgão colegial; É o órgão máximo da Administração Pública; É o órgão da condução da política interna do país, tendo a função legislativa e executiva;

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      O Primeiro-ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos de acordo com osresultados eleitorais; É responsável perante o Presidente da República e a Assembleia da República; Se houver aprovação de uma moção de censura com maioria absoluta dos deputados, o Governo tem de sedemitir.Artigos: do 182.º ao 201.º da CRP

    4.º Tribunais: A função que lhes compete é a jurisdicional ou judicial; São independentes estando apenas sujeitos à lei e à Constituição.Tipos de tribunais: Tribunal Constitucional, Supremo Tribunal de Justiça e Tribunais de primeira e segundaInstancia, Supremo Tribunal Administrativo, Tribunal de Contas, Tribunais Militares, etc.

    Características dos Juízes:

    a)  Irresponsabilidade, os juízes não podem ser responsabilizados pelas suas decisões, salvo nos termosda lei;

    b) 

    Independência, os juízes são independentes e só devem obediência à lei e à sua consciência;c)

     

    Inamovibilidade, os juízes são inamovíveis, ou seja, não podem ser suspensos, demitidos eaposentados, salvo casos previstos na lei;

    d)  Imparcialidade, os juízes não podem julgar causas em que tenham interesses e não devem dar

    opinião pessoal.NOTA:A confiança na justiça dos tribunais, garante-se pelo facto das audiências destes serem públicas, exceptoquando o próprio tribunal o decidir.Artigos: do 221.º ao 234.º da CRP

    Do Estado de Direito ao Estado Social de Direito

    Estado de Direito

    O Estado de Direito é aquele em que toda a actuação do poder politico está subordinado a normas jurídicas.O Estado de Direito surgiu como oposição ao Estado Absoluto ou Estado de Policia. No absolutismo não havia

    separação de poderes e tudo estava concentrado nas mãos do Rei. Com a Revolução Francesa o EstadoAbsoluto foi substituído pelo Estado de Direito (ou Estado Liberal).

    Características do Estado de Direito ou Estado Liberal de Direito:1.ª Vigora o princípio da separação dos poderes (judicial, legislativo e executivo) que são distribuídos pelosdiferentes órgãos;2.ª O poder é democrático e limitado;3.ª Existe o reconhecimento dos direitos e liberdades fundamentais do cidadão;4.ª O Estado deve ser neutro e abster-se em relação às questões sociais;5.ª O Estado deve apenas garantir a ordem e evitar as violações dos direitos e liberdades (O Estado era vistocomo um guarda nocturno no qual tinha o império da lei).

    Estado Social de Direito

    A partir da Primeira Guerra Mundial, surge o Estado Social de Direito com as seguintes características:1.ª  O Estado deve intervir na vida económica e social de forma a garantir o equilíbrio social ( PapelIntervencionista);2.ª Alargamento do âmbito dos Direitos e Liberdades (ex.: Direito à greve);3.ª Surgem os Direitos Sociais (ex.: Direito à Saúde, à Educação, à Habitação, etc.).

    NOTA:A CRP usa o termo Estado de Direito Democrático e não Estado Social de Direito (o que era usado antes do 25de Abril). No entanto a opinião generalizada é que o Estado Social de Direito é o sistema por nós escolhido,porque a nossa Constituição consagra um vasto conjunto de direitos sociais, daí o Estado de DireitoDemocrático e não o Estado Social de Direito.Artigos: 2.º da CRP

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    O processo de elaboração da lei e do decreto-lei

    A lei é elaborada pela Assembleia da República.O decreto-lei emerge do Governo com as seguintes condicionantes:1.ª  Competência Corrente do Governo e da Assembleia da República, quando se trata de matérias nãoreservadas à Assembleia da República pode o Governo legislar;2.ª Competência Legislativa Concorrente, mas dependente, quando se trata de matérias sujeitas a reservarelativa da Assembleia da República para legislar em determinadas matérias.3.ª Competência Exclusiva, quando se trata de matérias respeitantes ao funcionamento do Governo, estepode legislar sem qualquer dependência da Assembleia da República.

    Processo de formação da leiO processo de formação da lei passa por 3 fases:

    1.ª Iniciativa legislativa Dos deputados e  Projecto de lei grupos parlamentares 

    Governo  Proposta de lei 

    Dos grupos dos cidadãos eleitores 

    NOTA:Na Madeira e nos Açores a iniciativa cabe às Assembleias legislativas regionais através de propostas de lei.

    2.ª Discussão e aprovação O projecto de lei ou proposta de lei entra na Assembleia da República e é inscrita na ordem do dia. Sãodiscutidos, emendados e etc. (Essa discussão pode ser no geral ou na especialidade – artigo a artigo).Finalmente segue-se a votação final e global.

    3.ª Promulgação, Referenda e Publicação Promulgação, é o acto através do qual o Presidente da República declara que certo diploma passa a valercomo lei através da sua assinatura. Se o Presidente da República considerar que tal documento éinconstitucional, declara o direito de veto não o promulgando (não o aprovando). Sem a sua promulgação asleis não têm qualquer valor, são como que inexistentes – Inexistência jurídica.Em caso de veto, o diploma tem de ser novamente analisado pela Assembleia da República, com a maioriaabsoluta de votos e em alguns casos com a maioria de dois terços dos deputados presentes desde quesuperior à maioria absoluta.Referenda, o Primeiro-ministro em nome do Governo tem de referendar a Promulgação do Presidente daRepública, sob pena de inexistência jurídica da lei.Publicação, é o meio de levar a lei ao conhecimento dos cidadãos. Só a partir da publicação no Diário daRepública é que ela passa a ter existência jurídica (passa a valer). Em caso de não haver publicação, dá-se aineficácia jurídica.

    INEXISTÊNCIA ≠ INEFICÁCIA

    É como se a lei Quando não é publicadanão existisse no Diário da República

    Processo de formação do decreto-lei

    Passa por 3 fases:

    1.ª Iniciativa Governamental, salvo se for matéria de competência exclusiva do Governo, este tem que pedirautorização à Assembleia da República para poder legislar (reserva absoluta e relativa);

    2.ª Promulgação e Referenda Ministral, a proposta do decreto-lei é apresentada e aprovada pelo Conselhode Ministros e depois é enviada ao Presidente da República que pode:

    a) Promulgá-lo;

    b) Exercer o direito de veto (e aí o Governo terá que reformular o Diploma);c) Requerer ao Tribunal Constitucional a apreciação preventiva da constitucionalidade do Diploma.Após a Promulgação, o decreto-lei é sujeito à Referenda Ministral.

    Iniciativa

    Legislativa

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    3.ª Publicação e Ratificação, os decretos-lei, tal como as leis têm de ser publicados no Diário da República.A falta dessa publicação implica ineficácia jurídica.

    Inicio e termo de vigência

    1.º Publicação, a lei só se torna obrigatória de pois de publicada no Diário da República;

    2.º “Vacatio-legis”, é o tempo que decorre entre a data de publicação e a data de entrada em vigor:a) No Continente a lei ou decreto-lei entra em vigor no 5.º dia após publicação;b) Nos Arquipélagos a lei ou decreto-lei entra em vigor no 15.º dia após publicação;c) No estrangeiro a lei ou decreto-lei entra em vigor no 30.º dia após publicação.

    Estes períodos de tempo são necessários para que os cidadãos tomem conhecimento das leis.O legislador pode fazer com que a lei entre em vigor na data de publicação quando se tratar de uma leimuito importante (caso urgente).

    A comunidade internacional

    As relações internacionais

    Os Estados Soberanos são:

     

    Supremos no plano interno;  Independentes no plano esterno.

    Ao serem independentes têm capacidade para estabelecer relações internacionais com outros Estados. Daíterem sido criadas diversas organizações internacionais (Instituições juridicamente independentes dosEstados membros, com personalidade jurídica autónoma, destinadas à realização de interesses comuns).Exemplos:  ONU (objectivo: paz e segurança internacional)  NATO (resolver pacificamente os conflitos)  OIT (proteger os trabalhadores)  OMS (lutar por um bom nível de saúde)  FAO (combater a fome)  UNESCO (desenvolvimento de ciência e cultura)

     

    OCDE (cooperação económica)  CECA (redução das barreiras aduaneiras)  CE (criação de um mercado comum)  CEEA (criação de um mercado comum nuclear)

    Direito Internacional

    O Direito Internacional é o conjunto de normas para resolver conflitos entre Estados (Direito InternacionalPúblico) ou entre indivíduos de diferentes Estados (Direito Internacional Privado).

    PúblicoDireito Internacional

    Privado

    Direito Internacional Público ou Interestadual – decorre das convenções internacionais acordadas entre osEstados e faz parte integrante do Direito Interno de muitos Estados (como acontece em Portugal).

    Direito Internacional Privado - o objectivo é a resolução dos problemas que resultam das relações privadasde carácter internacional, ou seja, da vida privada internacional (que são aquelas que entram em contactocom mais de um sistema de Direito). Ora, cada Estado tem normas para aplicar às situações de conflito quese chamam Normas de Conflito.Exemplo: um inglês está a passar férias em Portugal e aluga um carro com que tem um acidente com outrocarro de matrícula alemã pertencente a um alemão também a passar férias em Portugal.Nenhum dos condutores se considera culpado. Qual é a lei aplicável para a resolução deste conflito?- A lei portuguesa, uma vez que foi em Portugal que ocorreu o acidente.

    O problema da eficácia do Direito Internacional

    Cada Estado tem o seu próprio Direito Interno.

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    O Direito Comparado consiste no estudo do Direito dos vários Estados utilizando o método comparativo.Funções ou objectivos do Direito Comparado:

    A)  Plano Interno:•  Ajuda a interpretar certas normas;•  Serve como “guião” para reformas e aperfeiçoamento do Direito existente.

    B)  Plano internacional:•  Ajuda a melhorar as relações internacionais, pois facilita a compreensão dos vários sistemas.

    Direito Comunitário

    Tratados Constitutivos das Comunidades Europeias(Roma e Paris)

    Tratados que procederam aos alargamentos dasOriginário comunidades

    Tratados de revisão Acto ÚnicoDireito Comunitário  dos tratados Tratado de Maastricht

    constitutivos Tratado de Amesterdão

    RegulamentosDirectivasDerivado Decisões

    RecomendaçõesPareceres

    Direito Comunitário é a ordem jurídica das comunidades, destinada a ser integrada nos Estados membros. Éo conjunto de normas que regulam a constituição e o funcionamento das chamadas comunidades Europeias, aactual U.E.

    1. Direito Comunitário Originário é o direito que cria as comunidades e que visa presidir à actuação que elasvão desenvolver:

    1.1. 

    Tratados constitutivos  – as comunidades europeias foram criadas pelo Tratado de Paris (CECA), peloTratado de Roma (CEE) e a CEEA (em 1957).

    1.2. Tratados de alargamento:No início – Europa dos seis: Alemanha, França, Itália, Bélgica, Luxemburgo e Holanda1973 – Europa dos nove (mais Grã-Bretanha, Irlanda e Dinamarca)1981 – Europa dos dez (mais Grécia)1986 – Europa dos doze (mais Espanha e Portugal)1995 – Europa dos quinze (mais Áustria, Finlândia e Suécia)2004 – Europa dos vinte e cinco (mais Chipre, Hungria, Polónia, Eslováquia, Estónia, RepúblicaCheca, Malta, Eslovénia, Lituânia e Letónia)

    1.3. 

    Tratados de revisão:Acto Único EuropeuTratado de Maastricht ou da União EuropeiaTratado de Amesterdão

    Instituições e Órgãos da União Europeia:Conselho Europeu (aconselhar/orientar)Parlamento Europeu (fazer leis/aprovar as leis)Comissão Europeia (responsável/propõe as leis)Tribunal de Justiça (aplicara a lei)Tribunal de Contas (distribui e fiscaliza/gestão)

    2. Direito Comunitário Derivado são as normas emanadas dos tratados (Direito Comunitário Originário) a fimde garantir a sua aplicação, isto é, é o Direito criado pelos órgãos comunitários para atingir os finsprevistos nos tratados.

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    2.1.  Regulamentos  são normas de carácter geral, obrigatórias e directamente aplicáveis em todos osEstados membros. Trata-se do princípio da aplicabilidade directa, que diz que não é necessário qualqueracto de recepção por parte dos Direitos dos Estados membros para que o regulamento aí produza efeitos,ou seja, ele entra em vigor em todos os Estados na data prevista, ou se nada for estipulado, no 20.º diaseguinte ao da publicação no jornal oficial das comunidades. 

    2.2. Directivas  são normas que vinculam os Estados membros apenas quanto aos resultados a alcançar ecabe às instituições nacionais decidir como o fazer. Ou seja, a directiva não goza do princípio daaplicabilidade directa, isto é, para que ela vigore nos Estados membros, precisa de ser transposta para osDireitos internos respectivos. A sua entrada em vigor tem de ser notificada aos Estados e só a partir daíproduz efeitos.

    2.3. Decisões  são normas obrigatórias (vinculativas) em todos os seus Estados, mas apenas vinculam osdestinatários e por isso estes precisam de ser notificados. As decisões dirigem-se a Estados, empresas eindivíduos.

    2.4.  Recomendações  não são vinculativas, são actos da Comissão dirigidas ao Conselho ou aos Estadosmembros sugerindo certo tipo de actuação.

    2.5. Pareceres não são vinculativos, e podem vir dos mais variados órgãos e com vários propósitos.

     Processo legislativo dos regulamentos e das directivas:Existem dois tipos de processos:

    1º. Triangular, quando a Comissão apresenta uma proposta e o Conselho em cooperação com o ParlamentoEuropeu decide.

    2º. Quadrangular, quando se exige para certas matérias a consulta ao Comité Económico e Social ou Comitédas Regiões.

    Conclusão:•  Poder de iniciativa legislativa – Comissão Europeia•  Poder de decisão – Conselho Europeu

    • 

    Poder de controlo democrático – Parlamento Europeu•  Faculdade de emitir pareceres – pertence ao Comité Económico e Social ou ao Comité das Regiões

    Aplicação das normas Comunitárias: Há três princípios a reter:

    •  Princípio da aplicabilidade directa (para o caso dos regulamentos)

    •  Princípio do primado do Direito Comunitário – o Direito Comunitário prevalece sobre qualquernorma do Direito interno. Em caso de conflito entre normas, aplica-se a norma comunitária, anão ser que se trate de normas internas constitucionais, o que pode dar lugar à invalidade danorma comunitária. Ex.: quando uma norma de Direito Comunitário entra em conflito com umanorma do Direito Nacional, o Tribunal de Justiça Europeu considera que a norma europeiaprevalece sobre a nacional.

    •  Princípio do “efeito directo”  – os particulares têm a possibilidade de invocar, no órgãocompetente, uma norma de Direito Comunitária para afastar uma norma de Direito Nacional quelhes é desfavorável.

    Princípio da Subsidiariedade:Não deve ser regulamentado a nível comunitário o que puder ser melhor decidido a nível nacional. Esteprincípio garante que todas as tomadas de decisões serão tomadas ao nível mais próximo dos destinatários,atendendo à sua eficácia prática.As decisões comunitárias ficam limitadas aos casos em que demonstrem ganhos de eficácia relativamente àacção nacional (ou seja, as decisões deverão ser tomadas prioritariamente, ao nível mais próximo possível

    dos cidadãos).Exemplo: saúde, educação, cultura – deve ser da responsabilidade de cada país.Ambiente – deve ser da responsabilidade da Comunidade Europeia.

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    Tema 3Tema 3Tema 3Tema 3 –––– As Fontes do DireitoAs Fontes do DireitoAs Fontes do DireitoAs Fontes do Direito 

    As Fontes do Direito no sistema jurídico português

    As Fontes do Direito são as normas que disciplinam os homens nas suas relações sociais.As Fontes do Direito podem ser entendidas em sentido técnico-jurídico ou formal  que são os modos de

    formação e de revelação das normas jurídicas: Lei e costume – modos de formação Jurisprudência e Doutrina – modos de revelação

    NOTA:Os Tribunais para decidirem precisam de conhecer a Lei e quando ditam uma sentença não estão a criar a lei,mas sim a interpretá-la e a aplicá-la.

    FontesdeDireito

    A Lei

    A

    B

    Há leis em sentido material que não são em sentido formal; há leis em sentido formal que não são emsentido material; MAS há leis que são ao mesmo tempo em sentido formal e material.

    Imediatas ou Directas

    Têm força vinculativa própriae portanto verdadeiros modosde produção de Direito; só osimples facto de existir a lei eexistirem sujeitos a quem estase aplica, já existe o Direito.

    Mediatas ou Indirectas

    Não tendo força vinculativaprópria, são contudoimportantes pelo modo comoinfluenciam o processo deformação; assim o Direitonasce a partir da intervençãode uma entidade queinterpreta e aplica a norma.

    Leis, são as criações de normas jurídicas pelosdiferentes órgãos estaduais competentes.

    Normas corporativas, são regras ditadas pelosorganismos representativos das diferentescategorias morais, culturais, económicas ouprofissionais, ou seja, cada área tem o seu tipo deleis como o código do Trabalho, o regulamentointerno de uma escola, etc.

    Jurisprudência, é o conjunto das decisões dosTribunais, ou seja, são as sentenças dos Tribunais.Doutrina, é o conjunto de estudos de professores etécnicos do Direito sobre a forma adequada deaplicar, articular e interpretar as normas jurídicas,não possuindo carácter vinculativo. Tem um efeitoindirecto nas sentenças dos Tribunais e na aplicaçãoda lei.Costume, é a pratica reiterada e habitual desde queacompanhada da convicção da sua obrigatoriedade,só tem força vinculativa quando aplicada através dalei.Tratados internacionais, são os Tratados decooperação entre os países.

    Em sentido amplo – é todo o documento que consagra normas jurídicas.Em sentido restrito – são os Diplomas aprovados pela Assembleia, é a lei propriamente dita.

    Em sentido material  – é todo o acto normativo criado por um órgão do Estado, mesmosem função legislativa. É o caso das Leis, Decretos-leis, Regulamentos, portarias, etc.Atende-se portanto à matéria contida no Diploma.Em sentido formal  – é todo o acto normativo emanado de um órgão com competêncialegislativa, quer contenha ou não uma verdadeira regra jurídica. Assim, aqui o queinteressa é o elemento formal do documento, ou seja, o modo como ele surge noordenamento jurídico.

    C

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    C) Leis emsentidoformal ematerial 

    Processo de formação do decreto-leiPassa por 3 fases:

    1.ª Iniciativa Governamental, salvo se for matéria de competência exclusiva do Governo, este tem que pedirautorização à Assembleia da República para poder legislar (reserva absoluta e relativa);

    2.ª Promulgação e Referenda Ministral, a proposta do decreto-lei é apresentada e aprovada pelo Conselhode Ministros e depois é enviada ao Presidente da República que pode:

    a) Promulgá-lo;b) Exercer o direito de veto (e aí o Governo terá que reformular o Diploma);

    c) Requerer ao Tribunal Constitucional a apreciação preventiva da constitucionalidade do Diploma.Após a Promulgação, o decreto-lei é sujeito à Referenda Ministral.

    3.ª Publicação e Ratificação, os decretos-lei, tal como as leis têm de ser publicados no Diário da República.A falta dessa publicação implica ineficácia jurídica.

    Inicio e termo de vigência

    1.º Publicação, a lei só se torna obrigatória de pois de publicada no Diário da República;

    2.º “Vacatio-legis”, é o tempo que decorre entre a data de publicação e a data de entrada em vigor:a) No Continente a lei ou decreto-lei entra em vigor no 5.º dia após publicação;b) Nos Arquipélagos a lei ou decreto-lei entra em vigor no 15.º dia após publicação;

    c) No estrangeiro a lei ou decreto-lei entra em vigor no 30.º dia após publicação.Estes períodos de tempo são necessários para que os cidadãos tomem conhecimento das leis.O legislador pode fazer com que a lei entre em vigor na data de publicação quando se tratar de uma leimuito importante (caso urgente).

    Caducidade e 

    Revogação da lei

    Caducidade, é quando a lei deixa de estar em vigor, cessa, e não é substituída por outra.Factos que podem levar á caducidade da lei:

    1.º Caso da lei temporária, a lei foi criada apenas para vigorar certo período de tempo, é o próprio diplomaque diz qual a data que deixa de vigorar;

    2.º Resultante da clausula expresso pelo legislador na própria lei que esta só se manterá em vigor durantecerto prazo. Ex.: durante uma guerra, estado de sitio.

    3.º Quando há uma lei que regula certa realidade, e quando essa realidade deixa de existir, a lei torna-seinútil. Ex.: uma lei que protegesse os dinossauros.

    Revogação, pressupõe a entrada em vigor de uma nova lei em substituição da lei já existente, ou seja, trata-se de uma nova manifestação de vontade do legislador contraria à anterior.

    ExpressaQuanto à forma

    TácitaRevogação

    Total ou ab-rogaçãoQuanto à extensãoParcial ou derrogação

    Constituição – é a Lei fundamental de um país onde estão consagrados osDireitos e Deveres de um cidadão. As outras leis não podem dispor contra aConstituição, sob pena de serem inconstitucionais.Lei ConstitucionalLei de Revisão – é a lei que visa alterar a Constituição.Lei Ordinária – é o Diploma emanado por qualquer órgão estadual noexercício do poder legislativo, ou seja, são todas as outras leis (que não são

    da Constituição). 

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      Exame Nacional de Direito – Matéria do 12.º ano

    Gina 16

    Quanto á forma:

    Expressa, a nova lei diz textualmente que a lei existente está revogada.Tácita, se existir incompatibilidade entre as novas disposições e as antigas ou se a nova lei vier regulartoda a matéria da lei anterior.

    Quanto à extensão:

    Total ou ab-rogação, a nova lei vem substituir na totalidade a lei anterior.Parcial ou derrogação, a nova lei vem substituir apenas alguns aspectos da lei anterior.

    NOTA:CADUCIDADE≠REVOGAÇÃO

    A Revogação resulta de uma nova lei contendo expressamente o afastamento da primeira.A Caducidade dá-se independentemente da nova lei.

    A hierarquia das leis

    CRP, é a lei fundamental (primária) de um país. Também estão contempladas as leis de revisão.

    Tratados Internacionais, são convenções entre países para regularem determinadas matérias, da qualoriginam leis importantes, que terão de ser respeitadas pelo Direito Interno.

    Leis Normativas, são as leis, decretos-lei, decretos-lei regionais.

    Actos de Administração, são regulamentos e actos administrativos, como por exemplo: portarias, circulares,despachos, posturas locais, etc.

    Princípios que dizem respeito à hierarquia das leis:

    - As leis especiais prevalecem sobre as leis gerais;- As leis de grau inferior não podem dispor contra as normas de grau superior;- A hierarquia das leis estabelece-se em harmonia com a hierarquia dos respectivos órgãos;

    - Os actos legislativos dos órgãos de administração nacional, estão acima dos órgãos de administração local eambos sobre as leis dos órgãos corporativos. Ex.: sindicatos, associações, etc.

    Hierarquia das leis (Actos Administrativos):

    Regulamentos, são normas jurídicas de carácter geral e abstracto de execução permanente emanado poruma autoridade administrativa sobre matérias próprias da sua competência, ou seja, servem parapormenorizar a lei de forma a conduzir à sua boa execução, ao contrário do decreto-lei que se limita aenunciar os princípios fundamentais. Ex.: portarias, despachos, circulares, etc.

    Portarias, são ordens do Governo dados por um ou mais Ministros (não têm de ser promulgadas peloPresidente da República).

    Decretos regulamentares, são diplomas emanados do Governo e promulgados pelo Presidente da República.

  • 8/20/2019 Resumos de Direito 12 ano

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      Exame Nacional de Direito – Matéria do 12.º ano

    Gina 17

    Resoluções, são emanadas pelo Conselho de Ministros e têm de ser promulgadas pelo Presidente daRepública.

    Despachos, são diplomas que têm apenas como destinatários os subordinados do seu Ministério (valemunicamente dentro do Ministério).

    Posturas, ocupam o lugar mais baixo da hierarquia e são regulamentos locais e autónomos provenientes dosórgãos administrativos competentes.

    Interpretação e integração das lacunas da lei

    Interpretação das lacunas da lei

    Antes da lei ser aplicada tem que ser interpretada.Interpretação, é a fixação do exacto sentido com que a lei deve valer, ou seja, visa determinar o conteúdo eo alcance da norma jurídica. Daí que as normas tenham que ser bastante claras, para não haverem dúvidas eserem bem compreendidas.

    Elementos de interpretação da lei:

    São vários factores ou critérios de que se socorre o legislador (interprete) para determinar o verdadeiro

    sentido e alcance da lei.1.º Literal, é o sentido das palavras que compõem a lei (é o sentido gramatical ou textual da lei).

    2.º Lógico, o que interessa é o espírito da lei, ou seja, o sentido profundo da lei, tendo em conta o sistemaque a norma está inserida (sistemático), e o contexto histórico assim como a sua razão de ser (teleológico).

    Tipos de interpretação: Autêntica

    Quanto à sua fonteDoutrinal

    Subjectivista

    ObjectivistaQuanto à finalidade

    Histórica

    Tipos de interpretação Actualista

    Declarativa

    Extensiva

    Quanto ao resultado Restritiva

    Enunciativa

    Ab-rogante

    Interpretação autênticaTem força vinculativa. Quando há dúvidas na interpretação da lei, o legislador elabora uma nova lei que fixao sentido da primeira lei, lei essa de valor igual ou superior à lei interpretada, é chamada lei interpretativa.Ex.: quando um decreto-lei do Governo é interpretado por uma lei da Assembleia da República.

    Interpretação doutrinalNão tem força vinculativa, pois é efectuada por jurisconsultos, juízes, tribunais, advogados não revestidos de

    autoridade, ou seja, é uma interpretação pessoal (opinião), quando é feita pelos tribunais é umainterpretação judicial (mas aí já é válida juridicamente).

  • 8/20/2019 Resumos de Direito 12 ano

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      Exame Nacional de Direito – Matéria do 12.º ano

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    Interpretação subjectivistaO intérprete procura reconstituir o pensamento concreto do legislador (dar mais do que um sentido, porvezes).

    Interpretação objectivista Procura-se demonstrar o sentido da lei abstraindo-se das pessoas que a fizeram.

    Interpretação históricaPretende-se reconstituir o sentido que a lei tinha no momento da sua criação e entrada em vigor.

    Interpretação actualistaProcura-se determinar o sentido da lei atendendo somente ao momento da sua aplicação.

    Interpretação declarativa(Letra = Espírito). O intérprete considera que o sentido da lei (espírito) está de acordo com o texto (letra),ou seja, o que se escreveu era aquilo que se pensava.

    Interpretação extensiva(Letra < Espírito). O intérprete entende que o legislador expressou na lei menos do que aquilo que pretendia,ou seja, escreveu menos do que pensava, então o intérprete deve corrigir isso.

    Interpretação restritiva(Letra > Espírito). O intérprete entende que o legislador ousou uma formulação da lei demasiado ampla indoalém do que queria (escreveu mais do que pensava), aqui o intérprete deve corrigir isso encurtando osignificado das palavras. Ex.: certa lei mencionava que: “o menor…”, quando pretendia dizer “o menoremancipado…”.

    Interpretação enunciativaQuando o intérprete por dedução retira da norma interpretada as suas consequências, logo também tem deser corrigida.

    Interpretação ab-rogante ou totalO intérprete acha que o legislador apesar de exprimir o seu pensamento, criou uma lei sem qualquer efeitoútil (espírito incompreensível da lei).

    Integração das lacunas da lei (métodos para resolução das lacunas da lei)

    Integração, é a actividade que visa encontrar soluções jurídicas para os casos omissos ou lacunas. Ointérprete ao fazer uma interpretação em sentido amplo chega às seguintes conclusões:

    1.ª Existe a norma jurídica aplicável à situação;

    2.ª Não existe qualquer regra que directamente complete o caso.

    No 1.º caso:O intérprete fixa a fonte que contém a norma, interpreta-a, aplica-a ao caso em concreto.

    No 2.º caso:Não há uma norma em que o intérprete se pode apoiar, todavia estamos perante uma situação que tem deser resolvida, dizemos então que estamos perante uma lacuna da lei. No entanto o juiz tem que resolver namesma o caso.

    Existem dois processos para resolver estas lacunas: Por analogia, que consiste em aplicar ao caso omisso a norma reguladora de qualquer caso semelhante(art. 10.º, n.º1 e 2 do Código Civil) O segundo consiste em criar uma norma adequada para resolver o conflito (art. 10.º, n.º3 do C.C.). Aqui ointérprete deve resolver a situação segundo a norma que ele próprio criaria se tivesse de legislar dentro doespírito do sistema, compete a ele criar o Direito Subsidiário, ou seja, vai resolver a situação pondo-se nopapel do legislador.

  • 8/20/2019 Resumos de Direito 12 ano

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      Exame Nacional de Direito – Matéria do 12.º ano

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    Conclusão:O juiz por imposição da lei está sempre obrigado a julgar, mesmo quando esteja perante uma lacuna da lei –é o chamado princípio da proibição da denegação da justiça. Mas tal imposição só é aplicável à verdadeiralacuna e não à situação extra-jurídica. Existem dois tipos de lacunas:- Lacunas de previsão, quando há falta de previsão de uma situação;- Lacunas de estatuição, havendo previsão não se estatuíram os efeitos correspondentes.Situações extra-jurídicas, são situações que o Direito não regula por estarem fora do seu âmbito.

    Causas do aparecimento das lacunas

    1.º O legislador não previu certas situações no momento da elaboração da lei;2.º O legislador até as previu, mas por serem matérias novas e complexas absteve-se intencionalmente deregulá-las.

    Diferença entre analogia e interpretação extensiva

    Enquanto que interpretação extensiva procura estender a norma jurídica às situações não abarcadas pela sualetra, mas compreendidas no seu espírito (existe uma lei, mas a letra ficou aquém do espírito). Enquanto quea analogia conduz a uma aplicação da norma a situações não abarcadas nem pelo espírito, nem pela letra(não há lei).

    Casos em que não é possível a aplicação da analogia- Normas excepcionais, disciplinam um sector particular das relações sociais de forma diferente do regimedas normas gerais (excepção à regra geral de qualquer código);- Normas penais, porque só é crime aquilo que estiver definido na lei como tal;- Normas de Direito Tributário, dizem respeito aos impostos a aplicar a singulares e colectivos.

    Aplicação da lei no tempo e no espaço

    Aplicação da lei no tempo

    Temos que ter em conta o principio da não retroactividade da lei (só se aplica a lei no futuro). Este princípiotem em vista assegurar a certeza e a segurança (art. 12.º e 13.º do C.C.), no entanto há uma excepção a este

    princípio, que é o caso das leis interpretativas (que surge apenas para fixar o sentido da lei que já existe,que é a lei interpretada), a lei que produz efeitos nos cidadãos não é a lei interpretativa, mas sim ainterpretada, porque é essa que contém a vontade do legislador, enquanto que a interpretativa clarifica avontade do legislador.

     Aplicação da lei penal no tempoÉ uma excepção ao princípio da não retroactividade da lei. A aplicação da lei penal deve ser a mais favorávelao arguido. O que implica:- Se uma lei nova deixa de incriminar certo facto que era considerado crime por uma lei anterior, aplica-se alei nova (por ser mais favorável ao arguido);- Se uma lei estabeleceu para um crime uma pena menos leve que a da lei anterior, então aplica-se a antigapor ser mais favorável.

    Aplicação da lei no espaço

    Podem surgir problemas da aplicação da lei no espaço, pelo facto de existirem situações que pertencem amais do que um ordenamento jurídico, é o caso das relações internacionais que provocam dúvidas quanto àresolução do conflito pela lei estrangeira ou pela lei nacional, é o chamado princípio da não transactividadeda lei, que tem que se ter atenção a situações como:- Nacionalidade das partes;- Residência das partes;- Lugar da pratica do facto ilícito.Os conflitos das leis no espaço são resolvidos pelas normas de conflito. A função destas normas é a deescolher uma só das ordens jurídicas que se encontram envolvidas para solucionar o litígio (art. 16.º e 57.º doC.C.).

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    O Costume

    Já vimos que o costume é uma fonte de Direito indirecta ou mediata *.Costume, é toda a prática reiterada e habitual desde que acompanhada da consciência ou convicção da suaobrigatoriedade.Ao contrário da lei, não é ditado por um órgão estadual, mas sim resulta de um uso geral e prolongado(material) e da convicção (psicológico) de que tal prática é obrigatória. É uma norma de Direito que não édeliberadamente produzida e por isso não é fonte de Direito voluntária ou imediata.

    Portanto o Costume no ordenamento jurídico português não se revela como fonte imediata, mas sim comofonte mediata pois é a lei que define se o Costume é válido ou não. Ex.: as touradas.

    Material (ou corpus) – prática reiterada, constante e habitual, de certaduração, de um determinado padrão de conduta em que está implícito umanorma.

    Psicológico (ou animus) – convicção de se estar a obedecer a uma regra geral,abstracta e obrigatória.

    Lei  – fonte imediata; dá mais segurança e certeza; maior dificuldade emacompanhar a evolução social.

    Costume  – fonte mediata; menos certeza e segurança; adapta-seespontaneamente à evolução social.

    Quando nos referimos apenas a um dos elementos do Costume, o corpus, não devemos chamar “costume”,mas sim “usos” pois falta-lhe aqui o outro elemento que é o animus.Portanto, para haver costume, tem de haver os dois elementos conjuntamente.O costume em Portugal ainda é aplicado pelos Tribunais. É o chamado Direito Consuetudinário (direitobaseado nos usos e costumes). Só que a parte que em Tribunal o invocar, tem de provar que ele existe ealém disso o Tribunal, por sua própria iniciativa, tem de procurar obter conhecimento desse costume.

    Jurisprudência

    Jurisprudência é o conjunto das decisões dos tribunais sobre os casos concretos que lhes são submetidos. Noentanto, em Portugal não vigora a regra do precedente, ou seja, a decisão tomada por um Tribunal nãovincula os outros tribunais em julgamentos futuros. Portanto, as decisões dos tribunais só têm força de casojulgado, isto é, só vinculam o caso concreto.

    Função judicial:Tarefas dos tribunais a) Assegurar a defesa dos direitos dos cidadãos;(administrar a justiça) b) Reprimir a violação da legalidade democrática;

    c) Resolver os conflitos de interesses públicos e privados.

    Os tribunais são independentes porque:- Estão apenas sujeitos à lei;- Não podem abster-se de julgar invocando a falta de lei ou lacunas (principio da proibição da denegação dejustiça), terão de integrar as lacunas, usando os métodos já estudados.

    Tipos de tribunais:

     Comuns ou judiciais – gozam de competência genérica, não discriminada. Especiais – gozam de competências especializadas, limitadas às matérias que lhe são atribuídas.

    Hierarquia dos tribunais Judiciais (ordem decrescente):

    1.º  - Supremo Tribunal de Justiça  (em questões de constitucionalidade, o órgão máximo é o TribunalConstitucional) – Os juízes chamam-se juízes conselheiros.

    * Em Portugal só a lei é considerada verdadeira fonte imediata. polémico considerar o costume umafonte directa ou imediata. O artigo 1.º do Código Civil diz que são fontes imediatas apenas as leis e asnormas cor orativas.

    Elementos doCostume

    Diferenças entre aLei e o Costume

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    2.º - Tribunais de 2.ª instância ou da Relação – são por regra tribunais de recurso, pois as partes recorrem aeles das decisões ditadas pelos de 1.ª instância. (os tribunais de 2.ª instância são em regra os tribunais daRelação) – os juízes chamam-se juízes desembargadores.

    3.º - Tribunais de Comarca ou de 1.ª instância  (é aqui que se inicia o processo judicial e vai ser proferida a1.ª decisão para resolver o conflito) – os juízes chamam-se juízes de Direito.Excepção: há casos em que têm de ser os Tribunais da Relação (de 2.ª instância) a resolver: quando alguémintenta uma acção contra os juízes. Neste caso o Tribunal de 1.ª instância é o Tribunal da Relação, pois éaqui que tem de se iniciar o processo judicial e será ditada a primeira decisão.

    Conclusão:- Tribunal Constitucional; Especial - Supremo Tribunal de Justiça;- Tribunais Judiciais de 2.ª instância; Comuns ou judiciais- Tribunais Judiciais de 1.ª instância;- Supremo Tribunal Administrativo e outros Fiscais;- Tribunal de Contas; Especiais- Tribunais marítimos, militares, arbitrais, etc.

    Tipos de decisões judiciais:

    Sentenças – decisões ditadas pelos tribunais singulares, ou seja, onde há um só juiz. Acórdãos – decisões ditadas por tribunais colectivos, ou seja, onde há 3 juízes. 

    A jurisprudência é uma fonte de Direito mediata. Ela seria imediata se a orientação seguida pelos tribunaisvinculasse todos os outros tribunais de forma a julgarem-se de igual modo situações idênticas. E na realidadeos assentos  (decisões ditadas pelo Supremo Tribunal de Justiça) já tiveram esse carácter obrigatório, masessa norma foi revogada; e daí a jurisprudência deixar de ser fonte de Direito imediata para passar a serfonte de Direito mediata. As decisões ditadas pelos tribunais não são desde logo definitivas podendo serreapreciadas por outros tribunais hierarquicamente superiores (é o caso dos recursos).

    Doutrina

    Trata-se de uma fonte de Direito mediata. Doutrina  é o conjunto de estudos e opiniões de professores etécnicos de Direito sobre a forma adequada de aplicar as normas jurídicas.É uma fonte de conhecimento e revelação de Direito mas não uma fonte imediata de Direito dado que não háqualquer criação de normas. As opiniões dos jurisconsultos (doutrinadores) não têm força vinculativa paraos tribunais mas ajudam a colmatar algumas falhas da lei.

    Os Tratados Internacionais

    É a ultima fonte de Direito (mediata).Tratado internacional, é o acordo celebrado entre membros da sociedade internacional.

    Tipos de tratados:

    Normativos (têm por fim uma norma passível de aplicação a uma generalidade de casos)Contratos (realiza-se uma operação concreta e esgotam-se os seus efeitos)Colectivos (acordos de mais do que 2 Estados)Particulares (acordos onde entram só 2 Estados)

    Fases de elaboração de um Tratado Internacional:

    1.ª Negociação (as partes vão determinar o conteúdo);

    2.ª Redacção (após a negociação redige-se o texto);

    3.ª Assinatura (é assinado pelos intervenientes);

    4.ª Ratificação (o projecto de tratado é aprovado pelo Direito Interno de cada Estado e passa a vincular ospaíses que o negociaram).

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    Os Tratados Internacionais ocupam uma posição privilegiada no Direito Português dada a sua recepçãoautomática no Direito Interno.

    Codificação

    A codificação é a reunião num mesmo texto (código) segundo determinado critério sistemático e científico,de um conjunto de normas referentes a um determinado ramo de Direito.

    TTTTema 4ema 4ema 4ema 4 –––– O controlo da LegalidadeO controlo da LegalidadeO controlo da LegalidadeO controlo da Legalidade 

    Introdução. Meios de Controlo da LegalidadeÓrgãos do Estado:

     Administração Publica – a quem compete o exercício de tutela administrativa. Tribunais – a quem compete a tutela judiciária (administram a justiça em nome do povo).

    A Administração Pública está sujeita a dois princípios:

    1) Princípio da prossecução do interesse público (respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos e

    em obediência à lei).

    2)  Princípio da legalidade  (submissão a princípios gerais de Direito cujo desrespeito gera ilegalidades).Dentro deste princípio há a destacar:

    2.1.) Princípio de igualdade (art. 13.º da CRP); 2.2.) Princípio de justiça;2.3.) Princípio de proporcionalidade.

    Tutela Administrativa ≠ Tutela Judiciária

    Administração Tribunais Pública 

    A actuação do Estado está sujeita à Constituição e à lei e por isso é necessário controlar a sua legalidade.

    Órgãos de controlo da legalidade:

    - Tribunal Constitucional; - Provedor de Justiça;- Tribunais Administrativos; - Tribunal de Contas;- Ministério Público; - Presidente da República.

    Uma das formas de controlo da legalidade é a fiscalização da constitucionalidade. É necessário cumprir erespeitar o disposto nas leis constitucionais.

    O problema da inconstitucionalidade

    Inconstitucionalidade  – é o não cumprimento da Constituição por acto (fazer) ou omissão (não fazer), porparte dos órgãos do poder político.

    Tipos de inconstitucionalidade:

    1) Por acção ou positiva (produção pelo poder politico de uma norma Violadora da Constituição) – “FAZER”

    Material Formal Orgânica 

    Prosseguida pelos Tribunais,é o modo de assegurar os

    interesses dos particulares 

    Meio de garantia dos

    direitos do Estado 

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    2) Por omissão ou negativa(violação da Constituição por falta de norma, ou seja, resulta do silêncio ouinércia de um órgão político que deixa de fazer algo exigido pela Constituição) – “NÃO FAZER”Ex.:O art. 66.º da CRP prevê que o Estado actue no sentido de prevenir e controlar a poluição e os seusefeitos (a não actuação do Estado leva à inconstitucionalidade por omissão).

    Inconstitucionalidade por acção (positiva):

    Material (conteúdo) – contradição entre o conteúdo de um acto e os comandos da Constituição. Ex.: uma leique estabeleça a pena de morte; lei que restringe o direito de voto das mulheres.

    Formal (forma) – prática de um acto em desrespeito pela Constituição. Ex.: inexistência jurídica: uma lei quenão foi promulgada pelo Presidente da República.

    Orgânica (origem) – criação de um acto por um órgão que não tinha poderes para tal. Ex.: um decreto-lei doGoverno que legisle sobre matérias que cabem à Assembleia da República.

    Fiscalização da inconstitucionalidade

    Fiscalização (de acordo com os órgãos que a fazem):

    Política – Assembleia da República

    Jurisdicional – TribunaisA fiscalização é essencialmente feita pelos tribunais (trata-se de um poder-dever já que esse poder defiscalização é uma verdadeira obrigação). É ao Tribunal Constitucional que cabe o papel mais importantecabendo-lhe em exclusivo a declaração de inconstitucionalidade.

    Tipos de fiscalização:

    Preventiva  - consiste no controlo pedido por certas entidades (por exemplo pelo P.R.) ao TribunalConstitucional antes da promulgação da lei.

    Concreta  – trata-se dos recursos para o Tribunal Constitucional das decisões dos tribunais. Os Tribunaisexercem esta fiscalização, na medida em que não podem aplicar nos casos sujeitos a julgamento, normas

    inconstitucionais. (art. 204.º CRP)

    Abstracta  – apreciação pelo Tribunal Constitucional de uma norma já em vigor; e se ele a declararinconstitucional isso terá força vinculativa obrigatória geral. (pedida por exemplo pelo Provedor de Justiça)

    O Tribunal Constitucional

    Tribunal Constitucional – tem um papel fundamental na fiscalização e controlo da inconstitucionalidade poracção (positiva) e até por omissão (negativa). Este Tribunal possui fundamentalmente uma lei própria queregula o seu funcionamento e tem a sua sede em Lisboa.

    Compete-lhe:1.º Administrar a justiça em matérias de natureza jurídico-constitucional;

    2.º Tem competência para apreciar a inconstitucionalidade e a ilegalidade.

    As decisões do Tribunal Constitucional são obrigatórias e prevalecem sobre as dos restantes tribunais.

    É constituído por 13 juízes: (art. 222.º da CRP) - 10 designados pela Assembleia da República;- 3 cooptados por estes 10.

      Destes 13 juízes, 6 são juízes de carreira (juízes de outros tribunais) e 7 são juristas com idoneidadereconhecida. O seu mandato é de 9 anos e não é renovável, sendo o seu Presidente eleito pelos juízes.

    GARANTIAS DOS JUÍZES DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL: (art. 216.º da CRP)Os juízes deste Tribunal gozam das mesmas garantias que os juízes dos outros tribunais:

    1) Independência - devem apenas obediência à lei e à sua consciência.

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    2) Inamovibilidade – como são designados por 9 anos, as suas funções não podem cessar antes, ou seja, nãopodem ser suspensos, demitidos ou aposentados salvo nos casos previstos na lei.

    3) Imparcialidade – estão impedidos de julgar causas em que tenham interesses.

    4) Irresponsabilidade – não podem ser responsabilizados pelas suas decisões salvo nos casos previstos na lei.

    Efeitos jurídicos da inconstitucionalidade

    Efeitos jurídicos da inconstitucionalidade:

    A)  Invalidade jurídica  – verifica-se sempre que for desrespeitada uma regra e pode revestir a forma denulidade e anulabilidade: Nulidade  – o acto não produz quaisquer efeitos desde a sua elaboração. Ex.: uma lei da A.R. que

    estabelece a pena de morte é nula. Anulabilidade  – o acto só deixa de produzir efeitos depois da decisão do órgão de fiscalização. Ex.:

    incapacidade dos menores.

    B)  Inexistência jurídica – caso em que se pode dizer que para o Direito não existe esse acto. É um vicio tãograve que implica a não produção de qualquer efeito. Ex.: falta de promulgação pelo P.R.

    C)  Ineficácia jurídica – o juiz não aplica a lei considerada inconstitucional ao caso concreto submetido à suadecisão, o que quer dizer que a lei não produz efeitos entre as partes. Ex.: falta de publicação de uma lei noDiário da República.

    A Revisão Constitucional

    A Constituição deve adequar-se às condições históricas dessa sociedade, ou seja, deve acompanhar aevolução social. E sendo assim, pode ser alvo de revisões. A Assembleia da República pode, após 5 anos sobrea publicação da última revisão, voltar a revê-la. Mas essa revisão está sujeita a limites. A nossa Constituiçãoé semi-rígida (por um lado, durar no tempo e por outro lado alterar-se de acordo com a historia).

    Tipos de limite à revisão: 

     

    Temporal  – o limite é de 5 anos (revisão ordinária) podendo no entanto ser revista (revisãoextraordinária) desde que pedida por 4/5 dos deputados, ou seja, 184 deputados.  Formal – apenas pode ser modificada através de um processo diverso do estabelecido para as leis

    ordinárias.  Material  – a revisão tem que respeitar certos princípios que são imutáveis sob pena de estarmos

    perante uma nova Constituição.  Circunstancial – não há revisão em caso de estado de sítio, emergência ou grave crise social.

    1976

    1982Ordinárias

    1992

    1997

    1989 – Extraordinária

    A actual Constituição entrou em vigor a 25/04/76; desde 1976 até agora houveram 4 revisões (3 ordinárias e1 extraordinária). A terceira (1989) foi a extraordinária, as outras foram em 1982, 1992 e 1997. A 4.ª revisão(20/09/97) trouxe as alterações seguintes:

      A duração do mandato dos juízes do Tribunal Constitucional deixou de ser de 6 anos e passou a serde 9 anos.

      O mandato desses juízes deixou de ser renovável.

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    Tema 5Tema 5Tema 5Tema 5 –––– A relação jurídicaA relação jurídicaA relação jurídicaA relação jurídica

    A Relação Jurídica

    Relação Jurídica, é toda a relação da vida social regulada e tutelada pelo Direito. Pode ser vista em doissentidos:

    a) Amplo, toda a relação da vida real é relevante (disciplinada) para o Direito.b)  Restrito, toda a relação da vida real disciplinada pelo Direito, no qual atribui um direito e um

    dever jurídico.

    NOTA: o sentido restrito é o que interessa para o Direito.

    Tipos de relações jurídicas:

    1.ª Abstracta, é a relação com referência a um modelo ou esquema contido na lei. Ex.: a relação entre osenhorio e o arrendatário (lei em si).2.ª Concreta, é a relação existente na realidade entre pessoas certas (identificação das pessoas), o objectocerto (identificação do objecto) e procedendo de um facto jurídico certo. Ex.: a relação entre o senhorio,senhor António e o arrendatário, senhor João e o objecto que é o apartamento.

    Estrutura da relação jurídica

    A estrutura é o seu conteúdo (direitos e deveres jurídicos).Até aqui analisamos o Direito como Direito Objectivo, ou seja, conjunto de normas gerais e abstractas queregulam a vida em sociedade e são impostas pelos órgãos estatais. No tema 5 vamos analisar o Direito comoDireito Subjectivo, que é a faculdade que a ordem jurídica confere a certas pessoas. Ex.: poder, prestigio,Direitos de autor, etc.

    Direitos subjectivos e deveres jurídicos

    A relação jurídica é inter-subjectiva, pois de um lado temos o titular do Direito Subjectivo (sujeito activo) edo outro lado temos o titular do dever jurídico (sujeito passivo).

    NOTA: O Direito Subjectivo são os direitos e deveres atribuídos pelo Direito Objectivo (lei). DireitoSubjectivo são as faculdades cedidas pelo Direito Objectivo (lei).

    Direito Subjectivo propriamente dito ou stricto sensu e dever jurídico

    Direito Subjectivo propriamente dito, é o poder jurídico reconhecido a uma pessoa de exigir ou pretenderde outrem um comportamento positivo (acção) ou negativo (omissão). Ou seja, do lado do sujeito passivorecai um dever jurídico – a obrigação de ter um certo comportamento a que o sujeito activo tem direito. Ex.: Direito de Personalidade, Direitos Reais, Direitos de Família (à excepção do poder paternal), contrato decompra e venda.

    Direito potestativo, é o poder conferido a alguém de, por uma decisão unilateral de vontade exercer umdireito independentemente da vontade do outro. Aqui, sob o titular passivo da relação jurídica já não recai

    um dever jurídico, mas sim uma sujeição, ou seja, fica obrigado a suportar as consequências em virtude doexercício do Direito pelo sujeito activo. Ex.:  Direito dos cônjuges à separação judicial de bens e pessoas(divórcio).

    Excepções ao Direito subjectivo propriamente dito:

     São os chamados poderes-deveres (Ex.: poder paternal), isto porque o poder paternal tem de ser exercidono interesse dos menores, daí que o seu titular não pode fugir aos seus deveres.  São os poderes jurídicos, porque trata-se apenas de manifestações de capacidade jurídica do titular dedireitos não havendo portanto verdadeiras relações jurídicas (Ex.: a faculdade de testar, de contratar)

    Classificações do Direito potestativo:

    1.ª Constitutivos, consiste na constituição de relações jurídicas. Ex.: servidão de passagem em beneficio deum terreno encravado; Direito de preferência, etc.

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    2.ª  Modificativos, consiste na modificação das relações jurídicas. Ex.:  mudança de servidão, Direito dosCônjuges à separação de bens e pessoas.3.ª Extintivas, consiste na extinção das relações jurídicas. Ex.: extinção da servidão de passagem, Direito aoDivórcio.

    Classificação dos Direitos Subjectivos:

     Absolutos/Relativos Públicos/Privados

    Tipos de Direitos Subjectivos   Patrimoniais/Não patrimoniais ou pessoais Transmissíveis/Intransmissíveis Inatos/Não inatos

    Absolutos, são aqueles que se impõem a todas as pessoas e por isso todos são obrigados a respeitá-los. Ex.:Direito à Vida, à Liberdade, ao Nome, etc.

    Relativos, são aqueles que se impõem a um determinado número de pessoas. Ex.: Direitos de Crédito.

    Públicos, correspondem às relações de Direito Público, ou seja, aquelas entre o Estado e outros entespúblicos face aos particulares, quando o Estado está munido do seu Impérium. Ex.: Direito à acção judicial,ao voto, aos serviços públicos.

    Privados, regulam as relações de Direito privado, ou seja, entre particulares e entre estes com o Estadodespido do seu Impérium. Ex.:  quando o Estado contrata uma empresa particular, para essa empresa oEstado é um cliente normal.

    Patrimoniais, são direitos reais sobre as coisas que se traduzem em valores económicos. Ex.: Direito deCrédito, Direito das coisas, etc.

    Não patrimoniais, são aqueles que não são traduzidos em valor económico (dinheiro). Ex.:  Direito dapersonalidade, Direitos de Família.

    Transmissíveis, existe a possibilidade de transitarem de uma esfera jurídica de um titular para outro, salvoquando a lei não permite. Ex.:Direitos patrimoniais (heranças, imóveis).

    Intransmissíveis, não transita da esfera jurídica de um titular para outro. Ex.: Direito dos familiares, Direitoda alimentação, Direitos potestativos.

    Inatos, são aqueles que nascem com a própria pessoa, não sendo necessário adquiri-los. Ex.: Direito à Vida, àLiberdade.

    Não inatos, são aqueles que são adquiridos após o nascimento. Ex.:  Direito de propriedade, Direito decrédito, o casamento.

    Aquisição, modificação e extinção dos direitos

    Aquisição, é a ligação de um certo direito a uma pessoa. Pode ser de dois tipos:

     Originaria, o Direito surge de novo sem qualquer ligação com o anterior, surge pela primeira vez.Ex.: Direito de ocupação, quando se compra novo.

     Derivada, o Direito já existe e por isso, a sua aquisição dá-se quando se transfere o Direito de umtitular para outro. Ex.: venda de um imóvel (compra em segunda mão, bem já usado).

    A Derivada divide-se em 3 tipos: •  Translativa. Ex.: cessão (ceder) de quotas de uma sociedade;•  Constitutiva. Ex.: constituição do usufruto (a partilha da herança, que é uma casa,

    pelos filhos de um casal, mas com a condição de os pais terem direito de usufruir dobem até à morte).

    •  Restitutiva. Ex.: o direito regressa ao seu antigo titular.

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    Modificação, divide-se em:

      Subjectiva, refere-se ao sujeito titular do direito. Ex.:  no caso de sucessão por morte, osherdeiros passam a ser os titulares.

     Objectiva, refere-se ao objecto e conteúdo do Direito. Ex.: destruição das folhas de um livro queé o objecto de Direito de propriedade.

    Extinção, divide-se em:

      Subjectiva, o Direito sobrevive, mas é adquirido por outra pessoa diferente. Ex.:  contrato decompra e venda.

     Objectiva, o Direito desaparece por completo, não sendo atribuído a outra pessoa. Ex.: destruiçãode um carro num acidente; ou o consumo de bens.

    Elementos da relação jurídica

    1.º Os Sujeitos, são as pessoas entre as quais a relação jurídica se estabelece, ou seja, são os titulares doDireito Subjectivo (sujeito activo) e da vinculação correspondente à sujeição (sujeito passivo).Já vimos que a pessoa em sentido jurídico é quem tem personalidade jurídica (desde que nascemos obtemos

    personalidade jurídica – capacidade de gozo). Ex.:  assim como as empresas também têm personalidadejurídica desde que se constituem.

    CAPACIDADE JURÍDICA ≠ CAPACIDADE DE EXERCÍCIO

    -  Ocupa a posição dinâmica (aptidãopara exercer os direitos e deveres),adquire-se com a maioridade ouemancipação (casamento de ummenor)

    Incapacidade, é a falta de capacidade de exercício de direitos.

     Formas de suprir (solucionar) a incapacidade:

     Representação, admite-se outra pessoa para agir em nome do incapaz que juridicamente évisto como se fosse o próprio incapaz a agir. Ex.: tutor.

     Assistência, o incapaz age por si próprio, mas para haver validade nos negócios, é preciso oconsentimento de outra pessoa que se chama assistente. Ex.: curador.

     Tipos de inca