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Resumos de Introdução às ciências da Educação
Ciências da Educação ................................................................................................................ 2
Noção de Educação ............................................................................................................... 2
Extensão da noção de Educação ........................................................................................... 3
Ciências da Educação ............................................................................................................ 5
Situação de Educação ............................................................................................................ 5
Facto de Educação ................................................................................................................. 7
Factores determinantes das situações de educação ............................................................ 7
Condições gerais .................................................................................................................... 8
Condições locais .................................................................................................................... 9
Condições da Relação Educativa ........................................................................................... 9
Quadro geral das Ciências da Educação (1980) .................................................................. 10
Quadro de escolarização: .................................................................................................... 11
Funções sociais da Educação ................................................................................................... 11
Adaptação ........................................................................................................................... 11
Conservação/Manutenção .................................................................................................. 12
Desenvolvimento Individual ................................................................................................ 12
O desenvolvimento dos Sistemas Educativos Massificados ................................................... 13
A emergência dos Estados-Nação ....................................................................................... 13
Desenvolvimento Económico, Social e Científico ............................................................... 13
Características dos Sistemas Educativos Massificados ....................................................... 14
Educação Tradicional/Educação Nova ................................................................................ 14
Novas questões pedagógicas .............................................................................................. 15
Educação Tradicional vs. Educação Nova ............................................................................ 15
Psicologia da Educação ........................................................................................................... 16
Psicologia e Educação ......................................................................................................... 16
Psicologia da Educação ....................................................................................................... 17
Universo de intervenção da psicologia da educação .......................................................... 18
............................................................................................................................................. 18
Educação Inclusiva ...................................................................................................................... 19
Princípio da Educação Inclusiva .............................................................................................. 23
Duas características/factores de pressão sobre os sistemas educativos actuais ................... 23
2
A qualidade na educação ............................................................................................................ 25
Currículo .................................................................................................................................. 29
A necessidade do currículo ................................................................................................. 29
Estrutura Curricular ............................................................................................................. 29
Pressão sobre o currículo .................................................................................................... 30
Tendências actuais: ............................................................................................................. 31
Avaliação Escolar ..................................................................................................................... 32
Funções da avaliação........................................................................................................... 32
Modalidade de avaliação: ................................................................................................... 32
Avaliação referida a: ............................................................................................................ 33
A função de docente: .............................................................................................................. 34
Mudança na profissão de docente: ..................................................................................... 35
Ciências da Educação
Noção de Educação
Primeiro entendimento sobre a noção de educação é relativamente à Instituição Social
e ao Sistema Educativo, estes estão relacionados quando por exemplo ouvimos dizer “A
educação está mal”, estamos a falar de Educação no sentido do Sistema Educativo, os colegas
não estão bem, o universo da educação tem dificuldades, as crianças não tem o rendimento
nos exames como os professores gostavam, etc, leva-nos a falar da educação no sentido
institucional, com uma estrutura social.
O segundo entendimento é a Educação entendida como resultado de uma acção,
quando por exemplo ouvimos dizer “És muito mal-educado” forma simples entre o
entendimento de ensino, a pessoa não foi bem-educada, o ensino não foi bom, ou “os
resultados não estão a ser satisfatórios” estamos a falar do que resulta do trabalho educativo.
Quando falamos de Educação o que pensamos automaticamente é Escola, mas o que o
professor se refere é da Educação Formal (das instituições) e Educação Informal (da família)
considerando o contexto em que ocorre.
3
A educação como resultado de uma acção é a educação como resultado de uma acção
educativa no contexto familiar “És mal-educado”.
Terceiro entendimento é entender a Educação como processo, a noção que no 2º
ponto diz-nos que a educação pode ser vista como um resultado que resulta de um processo,
aqui falamos da educação como o próprio processo, aquilo que por exemplo do ponto de vista
da educação formal ou informal, como os processos podem ser organizados de forma a ter
melhor resultado. Ex. como podemos melhor o funcionamento dentro da sala de aula para
termos menos problemas de indisciplina na sala de aula? É um problema do processo, e
portanto, o comportamento das crianças é o resultado que a gente observa. Este terceiro
entendimento tem a ver com a Relação Educativa, a educação ligada às “coisas” da Educação.
Extensão da noção de Educação
Algumas alterações que têm-se vindo a processar, atendendo ao pensar educação, o
primeiro tópico é o alargamento a extensão da noção de Educação considerando a idade, ex.
quem frequentou o jardim-de-infância, na minha geração a grande maioria já frequentou a
excepção é não ter frequentado, contudo, na geração dos meus avós a excepção era
frequentar, e porquê? Porque não havia tantas questões sobre a importância das crianças dos
3 aos 6 frequentassem o jardim-de-infância, muitas das famílias tinham a mulher em casa e
não precisavam de resolver o problema da guarda das crianças, e portanto, em geral as
crianças não tinham educação formal antes da idade da escola em que todas as crianças
tinham que ir.
Na minha geração a grande maioria frequentou o jardim-de-infância porque todos
achamos que é importante para as crianças terem contacto com outras crianças mesmo que
tendo irmãos.
A importância do pré-escolar (que em Portugal não é obrigatório mas noutros países é)
ex. mundo da fórmula 1, cada vez que há uma prova, primeiro ocorre os treinos de
classificação, as equipas vão, fazem tempos na pista e depois a grelha de saída na prova é
consoante o tempo que fizeram nos treinos, os primeiros 6 anos na vida de uma criança são
anos de classificação para a escola, e uns têm melhores equipamentos, melhores motores,
melhores famílias, melhores condições e os tempos são melhores, aos 6 anos quando entram
na escola estão nos primeiros lugares da grelha mas há uns que chegam (porque a família não
tinha tantas condições, etc) e chegam à escola, e a escola trata-os como se fossem todos iguais
quando têm tempos de classificação bem diferentes.
4
Qualquer pessoa que conheça o universo da escola no 1º ano do 1ºciclo sabe que
passado um mês das crianças estarem na escola as crianças não estão todas ao mesmo nível.
Donde a educação pré-escolar é um factor importante para nivelar as experiências das
crianças, para promover mais equidade, as crianças terem todas, se forem ao jardim-de-
infância, independentemente das diferenças individuais das crianças e das suas características
familiares, o seu contexto familiar, há uma experiência de educação que foi dada no jardim-de-
infância que pode ajudar a que as crianças estejam mais próximas umas das outras
relativamente ao início da escolaridade, para atenuar ou para promover maior equidade na
acessibilidade as oportunidades, e daí a importância que actualmente se atribui à educação
pré-escolar.
Outro assunto, é que eu apanhei escolaridade obrigatória até ao 9ºano, mas os mais
novos que estão na escola agora, têm escolaridade obrigatória até ao 12ºano, quando o
professor começou era de 4 anos. Está a estender-se para cima, estende-se para baixo em
relação ao pré-escolar e estende-se para cima porque na geração dos 4 anos, quem pensava as
“coisas” da Educação pensava que o que todas as pessoas precisam de saber passava-se em 4
anos (ler, escrever, contar, saber coisas fundamentais como os rios e os seus afluentes e os
caminhos de ferro) o que acontece é que as sociedades evoluem e começam a pensar que é
preciso saber mais coisas, e o que é preciso que todos saibam já não cabe em 4 anos e a
escolaridade passou para 6 anos, e depois para 9 e agora já dizem que o que toda a gente deve
saber não dá para passar em 9 anos tem de se passar em 12 anos.
Mas é mais, hoje em dia a percentagem das pessoas que estudam no ensino superior é
muito mais do que no tempo do professor, porque o nível de evolução das sociedades implica
formação, as pessoas vão prolongando o nível da sua formação.
Discurso: “agora toda a gente quer ser doutor” e nós somos o país da Europa que
temos menos licenciados, cada vez que um jornal põe isto no título é um tiro no pé, e por isso
é que a Alemanha vêm buscar os nosso licenciados, parvos somos nós que damos a formação e
depois os deixamos ir embora, nós não temos licenciados a mais temos é desenvolvimento a
menos. A resposta não é dar sinais para as pessoas não se qualificarem é sim, promover
desenvolvimento para absorver mão-de-obra qualificada.
Os agentes educativos: quem é que educa crianças na nossa sociedade? Família,
escola, net, amigos, hoje em dia isso alterou-se substantivamente, quando o professor era
pequeno as famílias eram muito pouco letradas, o indicador de desenvolvimento
relativamente à mobilidade social é quando se verifica que a geração seguinte mais
escolarizado do que a geração anterior) desse ponto de vista do conhecimento da
aprendizagem o professor aprendeu o que a escola tinha para ensinar, porque naquela altura
não havia net, não havia livros em casa, não havia divulgação. Hoje em dia a acessibilidade á
informação é enorme (problema que se coloca aos professores, se formos à net encontramos
mais coisas do que o professor já pensou sobre este assunto).
As famílias actuais educam? Quando e como? Tem de pensar como fazer esse papel e
bem. Os agentes educativos deixaram de ser só a família e escola, “Para educar uma criança é
preciso uma aldeia”
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Outro ponto é a formação global estende-se as necessidades de formação naquela
logica de aumentar a qualificação, ex. trabalho de engenheiro tem de saber as coisas de
engenharia mas também têm de ter capacidades de comunicação, competências de relação
pessoal, etc., ou seja, não tem de saber só as skills pura e dura para o exercício daquela
profissão, é também necessário outro tipo de skills (competências) que são as soft skills que
são necessárias para o exercício da profissão, demonstrando que se está a estender a
formação, é necessário saber mais. Conceito de aprendizagem ao longo da vida.
No último ponto, processos e níveis, nível de aprofundamento dos níveis ex. quando
houve a reportagem em que apanharam algumas respostas erradas e juntaram todas para
fazer uma reportagem sobre a ignorância dos universitários, que trouxe a conversa de “velho”
vocês não sabem nada, na minha altura é que sabíamos. Este alargamento traz implicações
severas.
Os níveis também mudam entre as gerações ex. O uso da tecnologia.
Ciências da Educação
Conjunto de disciplinas, (porque são várias, por isso é que se fala sempre das ciências
da educação no plural) que estudam as condições de existência (como é que existem),
organização (como se organizam), funcionamento (como funcionam) e evolução (como
evoluem) das situações e factos da educação.
Situação de Educação
Exemplo de uma situação de educação: Nós na aula no ISPA, nós somos alunos e
temos o professor.
Esta situação é permanente ou ocasional? Permanente, cadeira que este semestre nós
temos todas as quintas-feiras às 20h30.
Ocasional seria se algum aluno à porta do ISPA encontra o professor e faz uma
pergunta sobre a matéria que não percebeu bem e o professor responde, não é pensada, não
está prevista e não tem necessariamente de se repetir, pode repetir-se mas não é com esta
estrutura que estamos a pontar enquanto aula com matriz horária no calendário
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A duração pode ser variável ex. aulas com duração variável. Do ponto de vista da
psicologia um exemplo é a discussão sobre o aumento da carga horária dos 50 para os 90m,
isso deu uma discussão enorme, nessas imensas discussões houve uma professora que está a
ser entrevistada e que diz: “aulas de 90m não pode ser, então se a de 50m já são uma seca”
que um aluno possa dizer isto, agora uma professora? E nós temos noção que há aulas em que
nos primeiros 5m já olhamos para o relógio a ver quando acaba a aula e há outras que o
professor fala durante horas e não temos noção que o tempo está a passar, não é a duração
mas sim a motivação, conteúdos, a forma como são abordados, etc, não há nada abstracto que
diga qual o tempo que deve ser qualquer aula, depende dos alunos, das matérias, etc. Podem
não ter a mesma duração, a duração das situações de educação pode ser variável.
Ex. O professor quando andava no 2ºano do ISPA teve uma aula a um sábado, e a aula
era de Etologia das 10h à 13h, nós começávamos a ouvir o professor e às tantas a aula tinha de
acabar porque já passava da hora.
O importante é que não há discussão em abstracto, até porque a capacidade de
concentração é variável (ex. tempo que cada aluno é capaz de estar a ler é variável) temos um
tempo de concentração em tarefa é diferente. Se olharmos para uma linha de tempo, a nossa
atenção em padrão começa a seguir sobe mais no terço e a partir do meio começa a descer, ou
seja, temos de fazer o organizador avançado, faço um resumo no início, para no último terço
da aula a nossa atenção não é a mesma, se deixar para esse final a parte mais importante eu
estou a abdicar da nossa maior disponibilidade da nossa capacidade de memória.
Diferentes contextos, nós temos em aula em laboratório, aulas convencionais, ou no
refeitório.
Interactivo, quer dizer que temos de estar a falar e que as aulas devem ser activas, e
depois há professores que dizem que a disciplina é complicada Português, historia mas em
educação física é fácil, “em educação física nós começávamos cheios da vontade e quando
dava a volta ao pavilhão começávamos a andar, a actividade é esmagadora”, confundir
actividade com agitação, quando a actividade é uma questão de sinapses e não de dedos ou de
pés. Nós podemos estar interactivos sem estar a falar quando processamos o que o professor
diz e vemos se nos faz sentido.
Quanto mais eu conseguir a interactividade mesmo que não seja operada através da
comunicação mais eficaz pode ser a situação de educação.
Não tem que falar, preocupa-me é alguém que os miúdos não estão atentos “ele está
sempre distraído” mas não podem responder “você não tem um menino distraído, ele está é
concentrado noutra coisa”. Isto quer dizer que o esforço é procurar a atenção para dar essa
interacção.
As situações de educação sejam de facto interactivas, é a melhor maneira de ganhar a
atenção.
Definição prévia ou não, a definição prévia é por exemplo nós na aula de quinta-feira é
uma definição prévia. Ou não, como é a situação da pergunta á saída, não tem definição
prévia.
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Facto de Educação
Apouco falamos que as ciências da educação estudam as situações e os factos.
Os factos são a acção exercida sobre uma pessoa ou sobre um grupo de modo a
promover modificação qualitativa.
Se eu aplicar esta definição à aprendizagem temos a definição de aprendizagem é uma
mudança qualitativa de estado. Ex. Entramos na aula as 20h30 se houver aprendizagem, nós
saímos com algo que não trouxemos, seja de ideia, reflexão, conceito, etc., o que quer dizer
que se verificou o facto de educação. Do ponto de vista da aprendizagem, houve
aprendizagem.
Estudar as condições que melhor podem potenciar isto que as ciências da educação,
em várias entradas, entre as quais a psicologia da educação, procura é optimizar esta
modificação qualitativa, como podemos fazer com que a acção de um indivíduo (um pai, um
técnico, um professor etc.) dirigido a uma criança ou um grupo pode promover essas
mudanças qualitativas.
Factores determinantes das situações de educação
Esses factos e situações são condicionados por um conjunto de factores. Para
simplificar têm-se três níveis de factores que influenciam o que se passa em matéria de
educação.
Condições gerais: Ex. Os programas nacionais mais ou menos interessantes. Nem o
professor escolhe o que dá, nem o aluno escolhe o que vai aprender, é uma condição geral que
mexe com o que se faz em sala de aula.
Condições locais: Ex. Número de alunos da turma. Há turmas com mais ou menos
alunos, é uma condição local.
Condições da Relação Educativa: Ex. E aquele menino, e aquela turma que é horrível e
as dificuldades que os professores têm com aquela turma em específico.
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Condições gerais
Como psicólogos vamos descobrir que temos capacidade de influenciar aspectos da
área do trabalho, mas há aspectos que influenciam o que nós fazemos mas que não temos
capacidade de alterar, por exemplo, não conseguimos influenciar a política de saúde mental do
país, mas nós a trabalhar como psicólogos em saúde mental vamos ser influenciados por essas
políticas nacionais.
A existência de um conjunto de factores que está para além do que nós
individualmente conseguimos alterar mas que não deixa de ter implicações no dia-a-dia. É este
conjunto de factores como isto acaba por contaminar o que chega às crianças.
Modelo social, cultural e económico influencia o tipo de escola que temos, ex. uma
escola no Paquistão, com os modelos culturais e religiosos do Paquistão não tem as mesmas
características do que uma escola do mundo ocidental porque tem questões culturais que
influenciam o pensamento e acção em matéria de educação. Hoje em dia, uma das questões
que mais afligem o que se passa em matéria de educação a pressão para a excelência e a ideia
que a escola é um tipo de instituição que se destina exclusivamente a promover a excelência, a
escola é para os melhores, se tiver este pensamento, monto uma escola para funcionar assim.
Se por outro lado, a excelência cabe na escola e devem ser incentivadas mas todos têm
de caber, eu monto uma escola que tanto como possível tente acomodar a diferença. Não é a
mesma coisa, aquilo que se pensa a nível social, cultural e económico influencia o que a escola
pode fazer.
Sistema Educativo – modelo de organização e funcionamento Nós temos um sistema
educativo 1º, 2º e 3º ciclo, secundário e ensino superior, esta organização não é, do ponto de
vista do professor, adequada uma vez que ninguém se lembra o que deu no 2ºciclo, não serve
para nada, não tem nenhuma função psicopedagógica o que era mais razoável era um 1ºciclo
com 6 anos, e depois um 2ºciclo correspondente ao actual 3ºciclo mas com opções para as
crianças de acordo com as motivações e um secundário com várias hipóteses, desde formação
curta, longa e uma que canalize para o ensino superior.
Programas/Currículos De manha as aulas do país do 8ºano de uma disciplina, não dão
a mesma matéria mas a matéria para dar é a mesma, isto quer dizer, que transcende o papel
do professor o que ele tem para dar.
Modelos e técnicas pedagógicas Prende-se com as formações dos professores. Os
modelos e as técnicas mudam. Ex. Antigamente as aulas teóricas no ISPA os professores
sentavam-se à frente a falar e não haviam dúvidas, agora existe uma interacção professor-
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aluno, ou seja, diferentes técnicas pedagógicas podem ser usadas de acordo com o número de
alunos na turma. Como os modelos e as técnicas pedagógicas mudam e influência o trabalho.
Formação, recrutamento e gestão de professores Ex. O ministério acha que têm maus
professores, os professores têm de fazer exames, tanto os que acabam de sair da faculdade
como aqueles que já trabalham à anos só que não estão no quadro das escolas.
Logística e Arquitectura Ex. Os megas agrupamento, qualquer estudo diz que isto é
uma fonte de problema, as escolas básicas integradas de 1ºciclo ao secundário, é um risco, só
não é se tiver auxiliares que vigiem o recreio. Ex: Não consigo estar numa sala em que os
miúdos estão cheios de calor, as condições de trabalho influenciam a educação.
Condições locais
Contexto A abordagem deve ser diferenciada, ex. Uma escola que serve a zona da Lapa
(população media/alta) não deviam ter as mesmas características da escola na zona da
Amadora, deviam ter implicações a níveis de recurso, meios e formas de funcionar que se
adaptassem as formas de contexto.
Escola – dimensão, equipamento, etc. É o mais logístico, os tipos de dimensão,
equipamento, etc, influenciam as próprias aulas e como o professor pode dar as suas aulas.
A Equipa: Cultura, composição, experiência, etc Ex. Escola em que fazem turmas de
alunos filhos de professores e turmas de repetentes, isto influencia o próprio sistema
educativo. A composição refere-se à composição das turmas, a experiência refere-se, às vezes
utilizar-se a experiencia para exercer a autoridade, sendo que algumas das vezes a experiência
pode ser só frequência acumulada, repetindo-se sempre os mesmos erros.
Condições da Relação Educativa
A Sala – condições, equipamento, dimensão, etc A parte logística das condições da
relação educativa.
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O Educador – a pessoa, formação, experiência, competências, etc O educador (pai
professor, etc) um dos grandes erros da educação é pensar o aluno como aluno, mas o aluno é
uma pessoa, que os pais podem estar desempregados, etc, a criança pode não estar com
condições de aprender. O professor que vem para uma escola que arranjou colocação muito
longe de casa, não têm condições de ensinar. Quem não está bem não pode trabalhar bem.
Tem de se ter atenção à pessoa.
A formação que os professores têm, e à falta qualidade nalgumas escolas que formam
os professores. E a experiencias, competências sociais que são importantes para o ensino.
O Grupo – Sistema de relações O grupo de turma, nas turmas existem alunos
indisciplinados, eles eram os mais populares, a escola hostiliza o popular logo hostiliza o grupo.
O Aluno Diferenças entre crianças, na interacção percebe as diferenças e mesmo a
ensinar muitos e tenho em consideração que são diferentes. Diferenciar não é individualizar,
as regras são as mesmas mas adapta a cada criança.
Quadro geral das Ciências da Educação (1980)
Este quadro dá a ideia, de quais as áreas no mundo das ciências da educação. Gaston
Mialaret foi um dos criadores das ciências da educação, ideia da árvore em que cada ramo é
uma disciplina, na base estão as de maior tradição (na base de todas está a História da
Educação), no topo as mais recentes. O autor apresenta um quadro de 12 disciplinas
(Demografia escolar, sociologia da educação, psicologia da educação, Economia da educação,
Ciências da avaliação, educação comparada, etc.)
Estudo das condições gerais e locais:
História da Educação: Torna o presente inteligível à luz do conhecimento do passado.
Ajuda a perceber a evolução mesmo em relação à metodologia utilizada. Apresenta uma
perspectiva evolutiva, faz pontes entre o que passou no passado e o que se passa no presente.
Pode ajudar a compara sistemas educativos diferentes, por exemplo, de países diferentes. A
que exerce maior influência sobre as ciências da educação. Ex: Sabemos que os jesuítas eram
muito inovadores (exposições de ideias/trabalhos relevantes pelos alunos), utilizavam a
retórica para promover o poder argumentativo dos alunos.
Sociologia da Educação: Ramo da sociologia que procura interpretar os factos da
educação com base em teorias sociológicas, estuda a influência da sociedade na escola. Que
temas em termos de investigação a sociologia da educação se deve interessar? O impacto das
questões económicas nos processos de escolarização, em relação a famílias atingidas pelo
11
desemprego, questões relacionadas com absentismo. Ex: Papel da família (sobre o absentismo,
abandono e aproveitamento escolar) onde a família influencia nos processos de escolarização.
Estudo das condições de funcionamento:
Psicologia da educação:
Demografia escolar: Caracterização da população escolar. O tema central e mais
importante é o abandono escolar.
Economia da Educação: Está relacionada com recursos económicos e de pessoas. A
alocação de recursos financeiros e humanos .
Educação comparada: Compara-se diferentes sistemas educativos, ex. diferentes
países. É a disciplina mais recente, tem como tema central os gastos do ensino, absentismo,
sucesso escolar, etc.
Estudo das tendências de evolução filosófica de educação e outras.
Quadro de escolarização:
A população activa com pelo menos o 12ºano demonstra a forte relação entre
educação e desenvolvimento. Korca explica que as grandes potências económicas (tanto em
tecnológicas como industriais) levaram em 2006 quase 100% da população entre os 23 e os 34
anos tinha mais do 12ºano.
Funções sociais da Educação
Adaptação
Uma primeira função social da Educação é a da Adaptação, não é tornar todos iguais
mas sim nos dar ferramentas que nos ajudam a adaptar. E adaptar em relação a quê? À
integração social (instituições), modelos sociais e modelos culturais. A adaptação não no
sentido da normalização, mas dar-nos ferramentas de adaptação social.
Integração Social – às instituições Ex. Praxes como ferramenta de adaptação as
realidades sociais.
Modelos Sociais Ex. Ir para o Alasca, não sei o tipo de comportamento adaptado ao
contexto.
Modelos Culturais Ex. Emigração Jovem, emigração agora é uma emigração com muita
capacidade de adaptação do que antigamente os emigrantes que faziam bairros de lata em
Paris, e não saiam de la, fazendo uma réplica de Portugal que levavam. Ainda hoje, alguns dos
12
locais maioritariamente habitados por pessoas de Cabo Verde, se nos abstraímos dos prédios
parece que estamos em Cabo Verde, tem mais dificuldade de adaptação porque tem menos
qualificação.
Conservação/Manutenção
Segunda função Conservação/Manutenção, a Conservação não deve ser vista do
conservadorismo mas sim, não perder o que pode ser importante.
A educação é que nos dá a nossa identidade, é por isso que aprendemos História na
escola para alimentar a Cultura, a Língua Portuguesa, para alimentar a nossa Identidade. Por
isso é que todas as crianças na escola têm a mesma base de disciplinas.
Ex. África e desenhar países por esferas de influencia, ex. Moçambique tem 3 grandes
zonas cada um com a sua língua, o país fica independente, qual língua escolher? A maneira
mais fácil é falar portuguesa. Para criar o tribalismo (origem de muitas guerras). Halloween vs.
Pão por Deus (dia de todos os santos)
E isto tudo acontece para preservar a Identidade.
Como conserta a defesa da identidade e da cultura com a ideia de globalização? Por
um lado quer manter uma certa identidade e por outro a globalização que nos faz ficar mais
parecidos.
Desenvolvimento Individual
Autonomia e iniciativa Qual a definição de Educação? Educar é ajudar alguém a tomar
conta de si próprio, ideia central da Autonomia. Se nunca tiverem, nas idades mais pequenas,
nunca deixarem decidir eles quando forem mais velhos não decidem, não são autónomos.
Capacidade de iniciativa, ex. Golden call, ficar a espera que me liguem para dar
emprego, isso não existe, tem de se ir à luta.
Capacidades Ex. Pode-se aprender a falar Checo
Competências – comunicação, investigação, etc. Ex. Não saber falar Checo
13
A escola confunde as crianças, que podem não ter competência mas dizem-lhes que
não são capazes, que não tem capacidades, e isso, está errado.
O que a escola tem de fazer é estimular ao máximo as capacidades para adquirir
competências.
Investigação, actualização de currículos, etx.
O desenvolvimento dos Sistemas Educativos Massificados
A emergência dos Estados-Nação
Não há nenhum país sem um sistema educativo. A primeira razão é de natureza
política.
O que é um estado nação? A Espanha é um estado nação pois é constituída por um
número de províncias e há várias línguas. Ficou com as fronteiras delineadas como tem hoje
mas antes eram conjuntos de nações.
Como é que é um estado ganha homogeneização e integração? Ex. Não era permitido
em Espanha dizer que a língua oficial é o basco, tudo vai para a escola aprender a mesma
língua o que dá a unidade, produzindo assim homogeneização. Ex. Todas as crianças vão para a
escola aprender a mesma língua e os mesmos conteúdos.
Em Portugal, do ponto de vista das fronteiras europeias temos as fronteiras mais
estáveis, pois somos uma nação praticamente semelhante à nação que nos deu origem.
Desenvolvimento Económico, Social e Científico
Intrínseca à educação
Espera-se que a educação opere em registo de equidade
14
Sobretudo a partir da revolução industrial criou-se esta exigência de
conhecimento/qualificação que é cada vez maior. O tempo de escolarização vai, assim,
aumentando com o aumento das exigências de formação especializada.
Características dos Sistemas Educativos Massificados
O controlo do estado (grande controlo mesmo no subsistema privado) relativamente
ao financiamento das escolas, certificação de professores, etc. É o estado que decide até se as
escolas privadas abrem, além de que, o curriculum é definido pelo estado.
Sistematizados (podem ser muito diferentes uns dos outros 1ºciclo, 2ºciclo, 3ºciclo,
secundário e ensino superior) todos os sistemas educativos têm uma sistematização. O ensino
faz-se obrigatoriamente nesta sequência.
Diferenciados Possibilidade de escolher um percurso diferente (ex. escolher a 2ª
língua, agrupamentos, etc.). O sistema português é, segundo o professor, muito pouco
diferenciado.
Educação Tradicional/Educação Nova
A educação tradicional é diferente do conservadorismo ou moderno, e não podemos
dizer que o tradicional é mau.
A educação tradicional, o tradicional não é significado de conservadorismo sem “carga
valorativa”.
Os três tópicos em cima foram as principais razões para reavaliação dos sistemas
educativos. A extensão gradual da educação à generalidade dos indivíduos levou à integração
de crianças de níveis económicos mais baixos, com menor estruturação familiar/social nos
sistemas educativos traz para a escola novos problemas, ex. indisciplina.
15
Novas questões pedagógicas
O elevado número de alunos muda o relacionamento professor-aluno.
Do ensino individual ao ensino de grupos
A organização de classes, a disciplina, etc
Há estudos que mostram que os professores perdem mais tempo a tomar conta das
crianças do que a ensina-las.
Educação Tradicional vs. Educação Nova
A educação tradicional pretende a transmissão, a submissão (através da lógica do
medo) e a modelagem (moldar os alunos), nem tudo é mau e não deve ser feito.
A educação nova pretende a construção, autonomia e construção de valores, nem
tudo é bom nem deve ser a única coisa a ser feita.
Na realidade tem que existir um compromisso entre as duas visões, a escola não se
pode demitir de transmissor de conhecimento, mas tem que construir/ajudar a construir
autonomia e construção de valores.
É necessário criar um equilíbrio de decisões para fazer as crianças crescerem,
atribuindo regras e valores.
16
Psicologia da Educação
Psicologia e Educação
Há uma primeira área de enfoque que tenta estabelecer com base científica sobre a
relação entre Psicologia e Educação.
Neste tema existe uma relação entre desenvolvimento e experiências educativas que
são proporcionadas as crianças. Conhecimentos puros e duros da área da psicologia que são
aplicados ao contexto das experiências educativas. Ex. Se tenho de trabalhar questões da
memória para a aprendizagem, é preciso saber o que é a memória, o que é aprendizagem e
como nós organizamos melhor situações de aprendizagem que potencie o efeito a memória. É
a ponte entre os conhecimentos de psicologia e as situações educativas (sejam informais:
contexto familiar ou formal: na escola) que o professor coloca a relação da Psicologia e
Educação.
Perceber que às vezes há pessoas que têm conhecimentos de Psicologia mas isso não
significa que sejam bons psicólogos, podem não fazer a ponte correcta entre o que sabem e
aquilo que é preciso saber do ponto de vista da educação.
Por um lado percebemos as relações entre desenvolvimento e conhecimentos da área
da Psicologia para gerir os processos de educação formais e informais. Ex. O André começa a
fazer birras e depois vem o irmão mais novo e depois têm ciúmes, etc., temos de tentar que a
organização e gestão do ponto de vista dos pais sejam o melhor possível, porque os pais têm
dúvidas ex. como falamos que a avó morreu? Não se fala? Dizemos que foi para o céu? Etc.,
são reais e que vamos tentando estudar, como funciona a cabeça das crianças para nas
experiências educativas com mais qualidade.
Podemos ter estas educações informais mas podemos ter formais, ex. Diferença entre
auditório 1 e o nosso grupo, é diferente falar atras do computador sentado ou a falar em pé,
não temos o mesmo tipo de concentração, mas isso acontece e podemos reflectir com base
científica. É mais fácil manter a atenção se não estiver no mesmo sítio e escondido atrás de
uma secretária.
Contextos escolares vs. Contextos não escolares: Os psicólogos da educação podem
não trabalhar na escola mas sim autarquias, instituições, etc.
O indivíduo e o contexto, a maior parte de nós escolhe clínica, há intervenções de
clínica que não são ligadas ao indivíduo ex. terapia familiar, etc. Em Psicologia da Educação isso
é impossível, ex. Jovens adultos com deficiência mental e as suas representações de amizade,
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e a questão põem-se “ uma criança com trissomia 21 com problemas mentais “ podemos
intervir mas não conseguimos fazer com que uma criança com doença mental não deixa de ter,
mas dentro do seu quadro pode ter mais ou menos qualidade, e isso tem a ver, não com a
deficiência dela mas o que é feito à volta dela (pais, professores, técnicos) não podemos fazer
psicologia da educação só a partir do indivíduo e não pensar no contexto.
Psicologia da Educação
Psicologia da educação tem a ver com a reflexão e intervenção sobre o funcionamento
humano em situações educativas promovendo o desenvolvimento de capacidades e
competências de indivíduos (visão mais evidente, trabalhar com a pessoa), grupos e
instituições.
A reflexão e intervenção sobre o funcionamento humano em situações educativas leva
a um aumento do desenvolvimento de capacidades e competências. Ex. Consultoria na Maria
Pia a lidar com indisciplina no centro com 1000 e tal alunos, há sempre um índio mas que
posso nunca vir a conhecer, o trabalho é envolver os professores, os directores de turma,
psicólogos, direcção da escola, trabalho de apoio ao desenvolvimento de uma iniciativa que
promova melhoria no clima institucional de modo a minimizar os riscos de indisciplina.
Ex no grupo: Montar um programa de competências sociais com pessoas com
deficiência mental numa instituição.
Intervenção no âmbito dos sistemas sociais dedicados à educação em todos os seus
níveis (pré-escolar, 1, 2 e 3ºciclo, secundário, etc.) e modalidades, formais e informais e ao
longo de todo o ciclo de vida do indivíduo, é melhorar as situações educativas dirigidas ao
individuo, sejam eles integrados enquanto indivíduo, grupo ou instituições e trabalhar essas
situações em todas as circunstâncias e ao longo de todo o ciclo de via.
Ex. Prolongamento de longevidade e as faculdades sénior (As pessoas duram mais é
preciso promover a dignidade das pessoas).
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Universo de intervenção da psicologia da educação
Necessidades educativas: Ex. O que faço quando o André começar a partir pratos? Que
faço? O menino troca as letras? Necessidades educativas, onde pedem para dar algum tipo de
ajuda.
Orientação e aconselhamento vocacional: Quando começam as escolhas no trajecto
escolar, há pessoas com dúvidas, ex. os colegas da manhã menos definidos no trajecto de vida,
chegam ao 3ºano da faculdade e não sabem o que escolher, é necessário conversar para
tentar perceber o que está a ter dificuldade no momento da decisão.
Qualidade dos processos educativos: Como podemos organizar os processos
educativos, familiar ou escolar, para que possam ter o melhor sucesso possível, mesmo
quando a criança têm uma deficiência, essa tentativa de perceber a qualidade dos processos
educativos pode ser optimizado para a sala de aula.
Ex. Concentração (inicio vs. fim da aula).
Prevenção: É sempre mais barato prevenir do que remediar. A inclusão, delinquência,
indisciplina, etc., se é caro prevenir, pensem quanto é tratar. As vezes é uma opção estratégia
porque o tratar é imediato e o prevenir não é imediato e muitas vezes nem tem visibilidade.
Ex. Gestão de sala de aula que minimize os problemas de indisciplina, é muito mais
eficaz do que resolver os problemas de indisciplina, trabalhar a nível de formação dos
professores.
Se perceber porque mecanismos o índio porta-se daquela maneira, posso ter uma
estratégia para minimizar a indisciplina, dando-lhe atenção antes de ela reclamar. Se
percebermos os processos podemos optimizar os produtos.
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Formação e orientação educativa Formação, seja de profissionais ou a trabalhar com
pais.
Intervenção socioeducativa Trabalho fora dos contextos escolares. Ex. Psicólogo a
trabalhar com delinquentes, numa instalações cedidas pela camara, vamos para o ginásio e é
preciso sapatos, e eles roubaram e apareceram todos com ténis novos. Trabalho sobre
projecto de vida, competências sociais, etc.
Investigação e docência Dar aulas a psicólogos e trabalhar na investigação para manter
contacto com a realidade.
Educação Inclusiva Matéria difícil de abordar porque é uma matéria permeável à ideia dos valores, ou
seja, pode-se argumentar com dados de natureza científica, os benefícios que os alunos com
“deficiência” têm ao ficar ao pé de alunos “normais”, mas fala-se durante três horas sobre isto
numa palestra (a ciência diz que é bom para os dois), e no fim da mesma vêm alguém dizer
que acha que isso não é bom porque o menino com “deficiência” não vai sentir-se bem,
porque a pessoa acha que a criança não devia estar ali.
Por isso é difícil basear a conversa só na ciência porque muitas pessoas olham para isto
com base nas convicções (não só pessoas fora da esfera de profissionais, mas também
professores, psicólogos, etc.), daí é uma situação muito em aberto, não basta pensar que se
providenciarmos dados científicos a provar o referido em cima, que as pessoas ficam
convencidas, mas não ficam.
Na prática, se um pai sabe que uma criança “deficiente” vai para a turma do seu filho
“normal” vai perguntar-se será que é bom? Será que ele não o vai imitar e atrasar o seu
desenvolvimento? É natural sentir isso.
Outro exemplo é da homoparentalidade, a ciência ainda não fez nenhum estudo
conclusivo onde diga que é mau para as crianças serem educados por dois homens ou por duas
mulheres, no entanto, vê-mos muitos artigos de opiniões que as pessoas têm sobre este
assunto, não é com base na ciência, muito pelo contrário, não há nada de diga que a
homoparentalidade faz mal as crianças.
Mas porque começamos a discutir sobre isto? Porque não tem a ver com a ciência mas
com valores.
As sociedades (todas) ao longo da história sobrevivem da manutenção daquilo que é
dominante, seja a cultura dominante, economia dominante, etc., as sociedades tendem a
rejeitar aquilo que é diferente, porque se “alimentam” do pensamento da maioria, mas o que
as transforma são as minorias. As sociedades resistem por isso mesmo, porque há uma
reacção conservadora ao que é minoria.
Exemplo: O Beethoven era uma criança que decidiu introduzir, a dado momento do
seu percurso musical, a voz na sinfonia, todos estavam contra, porque sintonias na época era
só para ter música, e ninguém neste momento recusa a genialidade dele.
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Outro exemplo: Quando o professor era mais jovem, os homens terem cabelo um
pouco maior, não era preciso ser muito, dava direito a insulto na rua.
Ou seja, resiste-se ao que é diferente, depois incorpora-se o que é diferente, produz-se
nova diferença e é assim que as sociedades andam.
A história da democracia é a história da inclusão, combate à escravatura, emancipação
das mulheres, mostra a inclusão, inclusão geral, algo que não excluam grupos ou pessoas
qualquer que seja os critérios da exclusão.
A questão da diferença nas pessoas passa pelo mesmo tipo de situação. Os espartanos
matavam os bebes que nasceram com defeitos, Hitler queria matar os diferentes (ciganos,
homossexuais, judeus), isto demonstra que lida-se mal com a diferença e ter uma ideia
homogénea para espécie.
Ao longo da história identifica-se quatro períodos históricos da maneira como a
sociedade lida com a diferença:
1º Segregação: Não pertencem, não existe, ou eliminam-se ou protegem-se. Há
culturas nativas que acham que um indivíduo com deficiência é um predestinado, mas
também é uma forma de segregação, não é um igual aos outros. A diferença é que em vez de o
liquidarem poem-no numa redoma, como se fosse um sinal dos deuses.
2º Protecção: Idade Média, as pessoas com deficiência vão para asilos, já não é para
liquidar e então davam cama, mesa e roupa lavada.
Depois aparece-se a revolução francesa com os direitos do Homem e ai, reconheceu-se
direitos. 3º Emancipação: Atribuição de direitos a pessoas com deficiência.
4º Integração
Estes quatro períodos ainda estão presentes, ainda existem pessoas que acham que
devem ser segregados, outras pensam que devem ser protegidos (coitadinhos) e outros que
pensam na integração.
Ex: Fazendo perguntas na rua do género: As pessoas com deficiência deviam ter uma
casa para morar? Ninguém vai dizer que precisam, qualquer pessoa precisa de casa para
morar. Se a questão a seguir for, então se a senhora mora no 2ºDireito vamos por um grupo de
pessoas com deficiência a morar no 2ºEsquerdo. E ai as pessoas já perguntam que tipo de
deficiência, etc.
Ex. Acha que as crianças com deficiência devem ir à escola? Claro. Então vamos por
crianças na turma do seu filho. Isso já se torna complicado.
No plano da retórica, do discurso, com alguma facilidade faz-se discursos de
integração, mas à medida que aproximamos a pessoa a um grupo minoritário, seja qual for, a
conversa já não é a mesma coisa.
Sobretudo até ao final do século passado nós tínhamos a noção nesse período que as
crianças com deficiência deviam ser educadas, o modelo que se defendia era o Modelo Clínico.
21
Exemplo: As crianças cegas devem ser educadas? Sim. Como? Criando escolas para
cedos. E para crianças surdas? Criamos escolas para surdos, etc.
Porque se chama Modelo Clínico? Porque como vemos nos exemplos, o critério de
atribuir educação é o diagnóstico que eles têm.
Isto começa a ser discutido. Imaginar que somos professores e imaginar que uma
criança com síndrome de Down, que são normalmente crianças com comportamentos
tranquilos com algum tipo de deficiência mental. E temos essa criança numa sala e na mesma
sala temos uma criança da mesma idade sem diagnóstico com deficiência mas é
malcomportado, irrequieto, rasga o trabalho dos colegas, que bate aos colegas, etc. Quem dá
mais problemas à professora? O segundo e não tem diagnóstico de deficiência.
Com situação começou a questionar-se se esta seria a melhor maneira de olhar para
estes problemas, foi criada em Inglaterra uma comissão que foi criada por Mary Warnock que
teve a analisar estas questões e produziu o conceito de Necessidades Educativas Especiais
(NEE) criou-se este conceito em 1978, a grande mudança no discurso e como se olhava para o
problema das crianças, o que interessa não é o diagnóstico que a criança têm mas que
problemas educativos que põem.
O segundo miúdo poem mais problemas educativos do que a criança com a Síndrome
de Down.
Introduzo o termo NEE já não é o modelo clínico (consoante o diagnóstico sabemos o
que temos de fazer) mas sim, agora temos uma criança com problemas à nossa frente e
importa-se avaliar que necessidades educativas é que ela têm.
Ex: Uma criança sobredotada pode pôr problemas ao professor, antigamente não
merecia atenção especial, mas agora, é vista doutra maneira.
Ex: Uma criança Chinesa, que passado um mês de estar na escola fez um teste de
português teve 0, porque não percebia a língua.
Estamos a falar de necessidades educativas que não têm a ver com deficiência, mas
sim, que têm a ver com circunstância.
Seja qual for a razão por detrás disto, porque é um problema educativo. E isto poem claramente na educação os problemas das crianças. O que não quer dizer que não seja
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importante, nós termos diagnóstico, para saber o prognóstico, evolução, etc., mas não é isso que determina a educação, o que determina a educação é a avaliação sobre os problemas e as necessidades educativas.
A ideia das necessidades educativas especiais, começou nos anos 80 a desencadear a
integração das crianças com problemas nos domínios das necessidades educativas especiais,
na escola integrativa.
Um exemplo é o caso da medicina, quando alguém precisa de um transplante de
órgãos, qual é o problema que se pode colocar? Rejeição. Porquê? Porque os sistemas, como
abocado falamos, que as maiorias resistiam as minorias, os sistemas tendem a criar defesas
relativamente a algo que é apercebido como vindo e fora. É exactamente o que aconteceram
as escolas.
As crianças andavam nas escolas especiais, dependendo de cada diagnóstico que
tinham, e começaram a levar essas crianças para as escolas “normais” e as crianças
“diferentes” não ficaram integrados mas sim entregados, ficam num canto, sem ninguém lhe
ligar muito.
E como podemos acreditar que por decreto, “têm de se portar bem que agora vamos
receber meninos com deficiência” esta frase está completamente errada, como vamos tratar
bem crianças que não conhecemos? É complicado que assim seja.
Não se pode ter miúdos de fora e depois trazer para as escolas “normais”, a alternativa
é ter outra concepção sobre as coisas.
Todas as crianças, têm necessidades individuais, não há ninguém igual a ninguém, não
há ninguém que diga que adorou tudo o que a escola lhe deu, desde a pré-primária até ao
momento, outra pergunta interessante é perguntar se não achamos que a escola cumpriu o
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que devia de cumprir connosco? Sem a escola nós não estávamos no ISPA a estudar, o que a
escola tem de fazer é que por omissão, incompetência ou neglicência, não deixe de cumprir o
papel que têm de cumprir para as crianças que “lhe batem à porta”
Princípio da Educação Inclusiva
A declaração de Salamanca da Unesco em 1994, considera que este princípio prudente
que diz, que todos os alunos devem aprender juntos, sempre que possível, e é esta parte que
mostra a prudência, existem situações, por exemplo, uma criança que não pare quieta, que
passe o tempo todo a gritar, precisa de ajuda e de se trabalhar competências antes de entrar
num grupo, o caminho é pensar “enquanto o tenho aqui o caminho é eu fazer com que ele
chegue lá” e não “ele está aqui, porque este é o caminho para ele”, ideia mais dinâmica.
Uma das resistências que os professores têm relativamente a algumas crianças é
quando há compromissos intelectuais é “eles não aprendem” e porquê? Porque a questão da
inclusão joga com o critério aprendizagem, é que nós estamos a assistir à mudança do
“education” para uma coisa que passamos a chamar “lernization”, o que se aprende, parte da
meta, do resultado, de aprendizagem.
Ex: Uma criança com deficiência mental não vai aprender o que o professor está na
aula a explicar para todos, então se não mostra estes resultados ele não pode ter um processo
de educação inclusiva? Pode, porque o critério não é resultados mas sim participação. Um
critério que importa na inclusão é a participação.
Duas características/factores de pressão sobre os sistemas educativos
actuais
Países parecidos ao nosso, e o nosso que tem dois factores enormes que pressionam
os sistemas educativos, é a diversidade (que como são obrigatórios todos vão para a escola,
tendo muitas ou poucas competências) e a necessidade de ter qualidade ( por causa da
qualificação, das exigências, das competências por exemplo do desenvolvimento tecnológico)
isto cria esta pressão sobre os sistemas educativos actuais que sendo eles diferentes e
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havendo pressão na qualidade temos, de facto, de ter uma educação inclusiva de qualidade
para todos.
A teoria é esta, mas nem sempre é a prática, a prática do ministério da educação não é
promover a qualidade para todo porque crianças com deficiência mental não podem ser
avaliados por exames, fichas, etc., e se o critério é exame estamos a excluir essas crianças. A
maneira de solucionar isto não é terminar com os exames, mas perceber o que o papel dos
exames podem ter e como avaliar estas crianças para não serem excluídas por causa dos
exames.
Ex: Palestra – As pessoas às vezes dizem ao professor, o seu discurso é ideológico e
não científico. O professor podia ficar muito incomodado, mas o que é verdade é que o
discurso é mesmo ideológico, quer dizer, que é um discurso que se coloca no plano das ideias,
ideais e valores, e depois é sustentado pela ciência, mas não é um discurso científico puro e
duro, porque a ciência não é neutra é baseada em conjunto de ideias, sejam elas quais forem.
Na inclusão estamos a falar no plano dos direitos, não é uma questão de opção
científica, não é porque a ciência mostra que é melhor, é porque existe direitos das crianças
(educação de qualidade) e a ciência sustenta que assim atinge-se melhor a qualidade e se
promove o direito das crianças.
A nossa legislação, que organiza todo o sistema educativo público, para se relacionar
com crianças com problemas é o decreto-lei 3/2008 a grande lei que organiza o que o sistema
faz quando tem crianças com problemas, introduz algo que desapareceu da legislação da
maior parte dos países nos anos 50, que é o termo ilegibilidade, introduziu na educação que é
necessário os meninos serem ilegíveis para terem apoios.
Ex. No âmbito da segurança social, uma família, um casal com dois filhos menores
precisa no mínimo 1000€ de rendimento familiar global para estar acima do limiar de pobreza.
Olhamos para uma família assim com 800€ e sabemos que precisa de 200€ para estar acima do
limiar de pobreza, é ilegível para apoio.
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Na educação não há elegibilidade porque se chegar com uma criança ao psicólogo,
digo que a criança não acompanha o que os outros meninos fazem, que têm dificuldade. Os
psicólogos avaliam e a criança não tem problema nenhum, não é ilegível. Se o professor
começa a achar que ele não tem nada? Não, fica é sem saber o que fazer.
Em educação quando há uma qualquer queixa, temos de dar uma resposta, o que não
é aceitável é a noção do termo de elegibilidade na educação, a educação inclusiva é para todos
que experimentarem alguma forma de dificuldade e não para quem é elegível.
Ex. Quando esta lei foi posta em prática, em 2007/2008 tinha-se 68000 crianças, no
ano a seguir tinham 13000 que eram os elegíveis, os outros não deixaram de experienciar
dificuldades mas não eram elegíveis.
A CIF é boa para classificar grandes massas de dados, mas não para a educação.
A qualidade na educação
Relativamente à qualidade na educação, pode-se pegar no tema de variadíssimas
maneiras, por exemplo, o que é a qualidade e os estudos sobre qualidade na educação, outro
exemplo, no doutoramento fala-se sobre a qualidade na educação mas doutra perspectiva, de
como se pode atingir esta qualidade.
Quatro abordagens as questões da qualidade na educação:
Uma educação de qualidade é uma educação que olha para todas as áreas de
formação da pessoa (educação global).
No ponto de vista prático, o que acontece em Portugal é bem diferente. A educação
escolar foi caminhando numa perspectiva de afunilar a ideia de educação para uma ideia
centrada no produto da aprendizagem, ou seja, passou do education para o lernification, está-
se a por cada vez mais a tónica no ensino, não importando se a pessoa fica bem ou mal
formada.
Ex. O que se quer é saber se 2 x 2 = 4, quando a melhor perspectiva seria saber 2 x 2 =
4 mas também saber componente cívica, etc.
Esta deriva que a educação se está a encaminhar, as crianças como clientes e não
alunos, ou seja, eu quero é saber coisas de psicologia para ser psicólogo, e o que se tem de
saber é isto, (clientes) questões éticas, soft skills fica para depois. Uma educação muito
centrada em aspectos de competência, operativos e operacionais e perde de vista uma parte
mais global da educação, direito fundamental das crianças, que como estão menos tempo com
a família é a escola que lhes tem de dar estas competências.
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A nossa representação é que há disciplinas mais importantes que outras, as próprias
crianças têm este entendimento, e os pais e professores também (disciplinas nobres vs.
Disciplinas não nobres).
Ex. Os pais não ficam igualmente preocupados com um 2 a matemática ou um 2 a
desenho.
Estimula a participação – É evidente que a participação potência a aprendizagem,
sendo que esta participação consegue-se melhor se não tivermos uma escola com uma
natureza tão transmissiva porque envolve menos os alunos no processo, sendo que
teoricamente é menos eficaz do que os processos de ensino/aprendizagem que envolvem os
alunos.
Satisfação – Ambiente de aprendizagem que está relacionado com o nível de
participação, este nível de participação em algo, por exemplo, no emprego está intimamente
relacionado com o nosso bem-estar pessoal. Os psicólogos sociais e das organizações estudam
como melhorar o ambiente de aprendizagem dentro das organizações.
Ex. As melhores empresas, onde as pessoas se sentem melhor a trabalhar, a remax, a
maior parte das respostas não é pelo dinheiro que ganham (o que não quer dizer que sejam
mal pagos) a justificação para ser uma boa empresa para trabalhar não é o critério monetário
mas sim, com os níveis de satisfação que sentem trabalhando lá, basta tirarem problemas dos
trabalhadores, como por exemplo, dizer que se algum dia precisarem podem trazer os filhos
para o trabalho, e isto muitas vezes é mais importante do que ganhar mais um x’s.
Ex. Perguntar aos índios se eles se sentem bem na escola, não se sentem, têm
dispositivos que mostram esse mau estar.
Sentimento psicológico de pertença:
Ex: Um grupo de benfiquistas que são capazes de falar mal do Jorge Jesus se estiverem
sozinhos, mas no momento em que entram na mesma sala sportinguistas, o Jorge Jesus é um
iluminado que diz para se fazer um quadrado com três pessoas, é criativo, e é uma metáfora. E
isto ocorre, porque percepcionam a pessoa como fora do grupo (outgrupo) e o nosso
sentimento psicológico de pertença a uma comunidade faz com que se faca um discurso de
defesa.
Também está incluído na qualidade na educação a promoção do desenvolvimento
profissional dos educadores (sentido lato) e procura influenciar o contexto, que significa que
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se tivermos uma intenção, por exemplo, apoio aos professores (muitas vezes os professores
não tem apoio, a pior turma por exemplo).
Se influenciarmos o contexto talvez mudemos aspectos da cultura e do contexto,
podemos influenciar o meio, por exemplo, trabalhando com os pais. Nunca nenhum pai é
chamado à escola individualmente para ouvir dizer que a escola está muito feliz por ter um
aluno tão bom, mas são chamados à escola quando a criança tem algum problema, é a nossa
cultura, quem gosta de ser chamado à escola para ouvir coisas más, isso já a pessoa sabe.
Consideração das características dos alunos, as crianças são diferentes umas das
outras, se damos da mesma maneira a todos, há crianças que isso não vai servir, eles são
diferentes uns dos outros.
Ex: Escola João de Barros é diferente da Escola da Quinta da Princesa. Os contextos são
diferentes, as escolas têm de ter recursos diferentes.
Se imaginarmos na educação três linhas paralelas representando três níveis diferentes
de variáveis que influenciam o que se faz na educação:
Primeiro nível tem o nome de conjunto de variáveis que nós não influenciamos e nem
determinamos (ex. individualmente não influenciamos nem determinamos o orçamento de
estado para a educação);
Segundo nível: variáveis que não determinamos mas que podemos influenciar (ex. não
determinamos o número de professores que estão na escola, mas na escola podemos
influenciar a forma como os organizamos);
Terceiro nível: conjunto de variáveis que determinamos e influenciamos, é a
esmagadora maioria de tudo o que fazemos no nosso dia-a-dia.
O que fazemos é colocar a grande maioria das coisas do terceiro nível, nos outros dois,
(eles dizem…), na maior parte das vezes não se utiliza nas decisões que tomamos a ideia que
nós podemos influenciar e determinar “educar é um processo contínuo na tomada de
decisão”, ex. tenho a decisão de dizer bom dia no início da aula ou dizer a matéria é esta,
posso não ter noção mas tenho poder de decisão, e não utilizamos o poder que temos para
influenciar quem está perto de nós.
(Vigotsky) Zona proximal de desenvolvimento: Distancia que vai entre o que faço
sozinho e o que eu consigo fazer com a ajuda de alguém. (Ex. Futebol, jovem com uma grande
margem de progressão).
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O aspecto central é qualidade/inclusão, a qualidade devia ser pensada para todos e
não só para alguns, todos merecem aceder na medida do que são capazes à educação de
qualidade que os leve tanto quando possível aos que as suas competências o permitem.
Este desenvolvimento da qualidade para todos, assenta em quatro grandes áreas:
- Autonomia: É um aspecto central na qualidade do ensino, e têm três eixos:
autonomia do aluno, autonomia do professor e autonomia das escolas.
Aluno: “em vez de dar peixe ensinar a pescar” ou seja, não é ensinar a criança
a ensinar mas ensinar a criança a aprender.
Professor: Ex. Professor com relação muito estreita da sua capacidade de
responder a problemas, só se sente preparado para lidar com um determinado tipo de
crianças, ou seja, não é muito autónomo, a banda de acolhimento é estreita, trabalhar
a sua capacidade de acolhimento, para dar mais segurança e mais autonomia.
Escola: Uma escola que é diferente tem de ter autonomia para ser diferente.
- Cooperação: Importância do contexto para o desenvolvimento. Ex: Na escola actual,
as salas de aula promovem a individualidade em vez da cooperação.
Entre alunos: não utilizar só o trabalho individual mas utilizar outras técnicas
que promovam a cooperação e não a competição.
Professores: Desenvolvimento profissional. Ex. Escolas onde seja promovida a
cooperação entre professor.
Escolas – contexto: Relacionado com a logística, ninguém se porta igual em
todos os contextos, por isso é necessário perceber os alunos e os profissionais em todos os
seus contextos.
- Diferenciação: Em poucos contextos, um psicólogo (independente da sua área) tem
uma hierarquia “oficial”, sendo assim o que depende “levarem a sério” é a competência do
mesmo. O psicólogo não deve só parecer, como ser competente para tal, é necessário ter boas
definições dos conceitos.
“Não se pode hipotecar os conhecimentos” ou seja, não se pode fingir que se sabe,
têm de se transmitir segurança a partir do que se domina (conceitos).
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Temos de ter em atenção que relativamente aos alunos, a diferenciação é importante
na medida em que cada um é diferente, logo não podem ser todos tratados da mesma
maneira. Tendo também em conta que igualdade não é o mesmo que equidade.
- Valores e conceitos: Os valores, como já explicado anteriormente, são determinantes
da maneira como olhamos para as coisas, principalmente em Psicologia da Educação onde a
maior parte das matérias são permeáveis aos valores.
Currículo O currículo representa o que em cada ano os alunos têm de aprender. Ex. No caso de
psicologia é cada cadeira que temos em cada semestre e engloba o programa dado em cada
cadeira. Ou seja, o currículo engloba a organização das disciplinas e o conteúdo das mesmas.
A necessidade do currículo
As necessidades do currículo são relativamente à generalização do acesso à educação
pois se todas as crianças vão para a escola, existe uma questão que nunca está fechada, que se
prende com o que se deve ensinar a todos.
Este currículo serve também para nivelar desigualdades. No caso do pré-escolar
obrigatório (noutros países) que serve exactamente para combater as desigualdades que o
próprio contexto cria.
Estrutura Curricular
Têm de existir uma estrutura curricular que encontre o equilíbrio entre a centralização
(todas as crianças do 9ºano nesta altura do período lectivo estão a dar a mesma matéria em
Inglês) e a contextualização (em que se pensa que o inglês é importante mas utiliza-se só a
motivação dos alunos como base de escolha sobre o que ensinar), esta questão permanece em
aberto.
Também é referida a complexidade, pois o conhecimento é tão vasto que se torna
necessário debater o que se ensina em cada ano escolar.
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Pressão sobre o currículo
A globalização faz pressão sobre o currículo na medida em que, quer-se ensinar a
todas as crianças/alunos a mesma coisa, para tal é necessário ter sistemas educativos
semelhantes. Para além disso, ter estes sistemas educativos semelhantes agilizam a
equivalência nos processos de qualificação.
A globalização também facilita a mobilidade dos cidadãos.
Ex. Alunos que venham de outros países, se o sistema de ensino for parecido torna-se
mais fácil perceber em que ano se deve matricular a criança/aluno e deixam de existir crianças
que passam de um 9ºano de outro país para um 6ºano no nosso país porque não tinham dado
determinadas matérias.
Aumenta a competitividade das economias uma vez que pessoas especializadas em
algo, ajudam o país a evoluir e ser mais competitivo a nível de económico e do saber.
Ex: A Alemanha vêm a Portugal buscar Engenheiros pois reconhece neles
competências.
E facilita os estudos comparativos internacionais, uma vez que se torna mais fácil a
comparação de resultados dos estudantes de vários países se o seu currículo for idêntico.
Na contextualização, é outro ponto importante de pressão no currículo, uma vez que,
está relacionado com a globalização. A questão prende-se com o facto de querermos ser
globais mas preservar a nossa cultura.
Na diferenciação/desigualdades refere-se as semelhanças e as diferenças entre cada
país e que influenciam o currículo.
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Ex: Uma escola na Irlanda não é necessariamente igual a uma escola em Portugal.
A identidade e soberania é outro ponto da contextualização que já foi abordada
anteriormente. Existem países que não têm programas nacionais de ensino, como por
exemplo, os EUA em que cada Estado tem o seu programa de ensino, adaptado ao seu
contexto.
A última questão da pressão ao currículo prende-se com a autonomia, ou seja, a
importância ou não das instituições serem ou não autónomas em relação ao currículo.
Ex: Existe mais flexibilidade dos currículos do ensino privado do que do ensino público.
Tendências actuais:
O primeiro ponto prende-se com a escola cada vez mais existe para capacitar os alunos
com basic skills e não também de soft skills.
A introdução precoce da língua estrangeira (inglês) torna-se importante pois cada vez
mais se percebe a importância do inglês para a vida da criança, e que em idades mais
pequenas é mais fácil de se aprender.
A diferenciação de currículos, onde as crianças apesar de terem cadeiras obrigatórias
têm opcionais que podem aumentar a motivação para ir para a escola, a auto-realização da
mesma e, por conseguinte, ajudar a criança a ver a escola como sua.
A ligação escola-contexto na medida em que é necessário dar um sentido, onde a
escola não é algo isolado mas sim parte de um contexto, e onde todos os elementos que a
entregam também fazem parte.
Por último, a flexibilização dos modelos curriculares, devendo existir uma flexibilidade
onde o professor pode adaptar a maneira de ensinar consoante os alunos que têm e as suas
motivações.
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Avaliação Escolar Assunto complicado é como fazer a avaliação na escola
Funções da avaliação
É necessário fazer avaliação pois esta tem várias funções, sendo as mais importantes
estas três:
- Certificação: Há uma função da avaliação que é certificar que se adquiriu numa
determinada disciplina, num determinado ano de escolaridade, a matéria que é suposto
aprender, se tivermos certificados podemos continuar. Ex. 2ºano a frequentar esta cadeira
porque alguém certificou que fizemos as cadeiras do 1ºano.
É necessário existir certificação para podermos demonstrar as entidades
empregadoras que passamos as cadeiras, logo temos esse conhecimento. Ex. Não têm lógica ir
a uma entrevista de emprego e dizer que sou psicóloga porque um professor me acompanhou
durante cinco anos e diz que eu sou psicóloga, é necessário ter uma certificação.
- Selecção/orientação: É uma função que é complementar à certificação, que é a
ordenação, ou seja, para além de certificar que somos psicólogos (atingimos o que era suposto
atingir para passar de ano) é necessário a ordenação (dizer qual o grau/qualidade do que se
atingiu).
- Regulação: Função mais importante, mas que necessita das anteriores. A regulação é
mostrar onde se errou no processo. Ex. Correcção de um teste.
As duas funções anteriores olham para o produto, a regulação olha para o processo.
Ex: Um professor vai ao psicólogo da escola dizer que o menino X dá muitos erros, quando
confrontado com a questão como assim muitos erros, o professor explica que dá mais erros do
que os esperados para a idade, o psicólogo têm de perguntar que tipo de erros é que a criança
dá porque é diferente dar sempre o mesmo erro trocando letras do sítio, ou umas vezes
escreve bem a palavra e outras vezes escreve mal, como não é igual é preciso saber que tipo
de erro a criança faz, ter uma função reguladora não se pode ficar só com a ideia do número
de erros que ele dá.
Modalidade de avaliação:
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A modalidade sumativa é a medida, serve para medir conhecimentos, por exemplo um
teste, esta modalidade está relacionada com a função certificadora e orientadora, na medida
em que mede o conhecimento certificando (ou não) que pode passar e orientando na escala o
seu conhecimento, por exemplo, dezasseis. Ex. Exames nacionais do oitavo ano, porque os
alunos passam de ano com a avaliação contínua.
A modalidade formativa corresponde à função reguladora, ou seja, uma avaliação
dirigida aos processos e não aos produtos. Ex. Teste anónimo para entender o que as pessoas
perceberam do conhecimento que foi transmitido, não é uma função para medir
conhecimentos mas sim para perceber se o que foi transmitido foi “captado” da melhor
maneira.
A avaliação devia de equilibrar as duas modalidades, mas são sobretudo modalidades
sumativas, a avaliação formativa são os testes de diagnóstico (sendo este anónimo), mas
mesmo com resultados baixos, os professores sentindo-se escravos do programa começam
onde já iriam começar, sem existir uma recapitulação de matéria que a turma necessita e que
é demonstrado através dos testes de diagnóstico.
A avaliação e os dispositivos que se escolhem têm de ser pensados em função do
objectivo que se tem.
Avaliação referida a:
As duas formas de avaliar, é dar as notas com referência a uma norma ou a critérios.
A norma é ter uns tópicos do que é suposto dizer perante uma determinada pergunta,
ou seja, é com base nessa norma que os professores olham para a resposta de cada um, e ver
a distância que fica da norma. A nota da norma é 10 valores, e quando não se escreve na
resposta um determinado ponto da norma vai-se descontando, e faz-se uma avaliação da
distância da resposta á norma para cada teste, mas pode-se fazer uma norma nacional, por
exemplo, nos exames nacionais. Na quase totalidade das notas que já tivemos é com base em
norma (seja da turma, do trabalho de grupo, etc.). Para estabelecer a norma é necessário
critérios mas não é o mesmo critério do que falado em baixo.
O critério é quando no início do ano avalia-se o conhecimento do aluno sobre os temas
que se vão falar, no final do ano fazia-se outra avaliação e, neste caso, era possível verificar o
que cada aluno progrediu no conhecimento, uns progridem mais do que outros. As notas eram
referentes ao nível de progresso de cada aluno. Neste caso não existe uma norma, existe um
critério (qual o saber antes e qual o saber atingido).
Para crianças com necessidades educativas especiais a modalidade mais indicada na
maior parte das vezes é o critério, pois se têm compromissos intelectuais não podem ser
avaliados pela norma, aplicar a norma que se aplica as outras crianças é condena-los ao
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fracasso porque não têm capacidades de responder do ponto de vista cognitivo nem das
aprendizagens à norma que é estabelecida para as outras crianças.
O problema que se pode colocar é quando uma criança com necessidades educativas
especiais está integrado numa turma com outras crianças que não têm estas necessidades, ou
seja, a maioria das crianças é avaliada com base numa norma e a referida criança é avaliada
com base num critério. Ex. Quando a mãe desta criança conversa com uma mãe de outra
criança, que teve três na avaliação e a mãe da criança com necessidades educativas especiais
diz que o filho teve quatro. E a mãe da criança sem necessidades educativas especiais não vai
entender como é possível o seu filho ter uma nota pior, porque não explicam. Se explicarem à
mãe que a modalidade que foi utilizada foi diferente, o erro está em só utilizar a modalidade
da norma ao resto das crianças, porque poderia existir uma forma de avaliar ponderada entre
norma e critério, onde se observava também o que ele sabia, o que ele aprendeu e o que ele
evoluiu e não só o que ele foi avaliado num teste.
Montar dispositivos de avaliação é complicado, se tiver como objectivo uma cadeira
que é necessário trabalhar muito para ter uma boa nota para mostrar aos colegas, monta-se
uma avaliação que leva mais chumbos porque é necessário mais trabalho. Se tiver uma
representação sobre a avaliação de nesta cadeira a perspectiva ser a maioria dos alunos que
vêm as aulas fará a cadeira (certificação), mas é necessário ordenação, construindo um teste
com essa intenção, construindo um teste que na perspectiva de quem avalia, tenha duas
questões mais fácil e uma mais difícil, para poder escolher uma mais fácil que certifica e a
outra que pode ser a mais difícil ordena, cumpre os objectivos.
Os testes podem ser bem-feitos ou mal feitos, quando a maioria das cadeiras tinham
teste (pré-bolonha) quando um professor que não percebia nada da cadeira que ia vigiar
acontece: 1) exame começa as 8h10 às 9h a maioria começa a entregar o exame, o teste é mal
direccionado, um teste onde se responde em pouco tempo comparativamente ao tempo
disponível para o fazer; 2) um teste para duas horas e a cinco minutos do fim entregaram
poucas pessoas, e ninguém se levanta para entregar, um teste mal direccionado quando a
maior parte das pessoas não consegue responder no tempo disponível. Relativamente às
perguntas ambíguas estão mal formuladas, perguntas mal escritas são dificuldades sentidas e
não são fáceis de solucionar, por isso é que a matéria de avaliação os professores mais
experientes fazem melhor, mas que na formação base de professor é difícil de explicar a
maneira de fazer bons testes, equitativos, ser objectivo, etc.
A função de docente: Existe uma imagem social negativa relativamente aos professores que muitas vezes é
transmitida através dos media por figuras públicas, ex. Miguel Sousa Tavares. Apesar disso,
quando se questiona às pessoas na rua sobre os professores existe uma noção de confiança
nos mesmos, que é imprescindível para um trabalho de ensino-aprendizagem.
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Mudança na profissão de docente:
Hoje em dia, é imprescindível sair do sistema educativo com boa formação, por isso é
necessário exigir melhor qualidade dessa formação.
Nas sociedades da actualidade, existiu uma mudança da função da família e da função
da escola. A visão da família que educa e a escola instrói, é modificada pela quantidade de
horas que as crianças passam na escola e, por conseguinte, as poucas horas que passam com a
família, sendo necessário a escola passa ter outras funções, sejam elas, regular
comportamentos, passar normas cívicas, socialização, etc.
Com o avanço da tecnologia, o conhecimento torna-se acessível a todos, se alguma
criança quiser ter algum conhecimento têm várias fontes alternativas à escola. O saber era
uma das fontes de autoridade na sala de aula, que se pode perder através destas fontes
alternativas, é necessário o docente encontrar outras fontes de autoridade para além do seu
conhecimento, algo que antes não era necessário.
As mudanças que ocorrem a nível dos conteúdos curriculares criam mudanças à
profissão uma vez que este tem de se habituar a novas matérias, novas maneiras de ensinar, e
estas mudanças podem ser bastante complicadas. Ex: Alteração em 2007 do programa de
matemática que só este ano estaria a ser ensinado em pleno, sendo que o ministro da
educação alterou de novo o currículo. Este tipo de exemplos cria problemas relativamente ao
que cada criança tem de saber em cada ano escolar, o que pode provocar uma criança do
3ºano saber algumas coisas do currículo do ano a seguir e não saber algumas coisas do
currículo do ano anterior, pelas mudanças dos conteúdos curriculares ao longo da vida
académica do aluno.
As mudanças na relação professor-aluno são significativas pois alterou os traços de
autoridade. Ex. Farda como regulador de comportamentos: quando vimos um polícia temos
tendência a não provocar desacatos, outro exemplo menos óbvio: antigamente o cabelo
branco significava sinal de idade e inibia comportamentos, o ser professor era um traço de
autoridade sendo que, como deixou de ser, os professores tem de mostrar autoridade, algo
que não era necessário antigamente, porque o seu estatuto já lhes dava essa autoridade.
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Os valores alteram-se. Ex. Não é aceitável um professor bater num aluno, actualmente,
mas antigamente era aceitável. Os professores também têm de estar atentos a esta mudança
de valores pois se tentarem aplicar um valor que já não é válido actualmente, podem ter
consequências.
As representações tornam-se os organizadores do comportamento. Ex. Se alguém tem
representações racistas não as demonstra na actualidade porque sabe que pode ficar mal
visto, uma vez que a nossa sociedade rejeita este tipo de representações. São mudanças as
quais os docentes também têm de ter em consideração ao longo da sua carreira.