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1 Editorial Araken Hipólito da Costa Cel.-Av. ma sociedade não pode viver apenas de “pão e circo”. É necessário ir mais além. Os homens precisam manifestar as coisas do espírito. A descoberta da natureza da alma se encontra, somente, através do estudo das obras, das operações. Para Hegel e Comte, as mais abrangentes são a arte, a religião e a filosofia. No entanto, a partir de um olhar cuidadoso, pode-se perceber que existe uma ativi- dade superior e totalizadora que é a cultura, ou seja, o conjunto de todas as atividades e de todos os produtos, frutos da iniciativa e genialidade do homem. É pela cultura que o homem interfere, preserva a natureza e vai se diferenciar dos demais entes naturais. No transcorrer da história, constatamos que as grandes civilizações sobressaíram pela pujança da cultura, sustentada pelo pensamento filosófico. A partir do projeto socrático (469-399 a.C.), a busca da verdade e do autoconhecimen- to que prosseguiu pelas filosofias de Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.), formou o ideário político que persiste até hoje. A Grécia, alicerçada por pensamentos filosóficos, foi capaz de influenciar seus conquistadores, isto é, o Império Romano. Na Idade Média, o pensamento de Santo Tomás de Aquino (1225-1274), harmonizan- do a fé e a razão, faz emergir a filosofia cristã, embasando a cultura européia. Com o advento da Modernidade, a racionalidade de René Descartes (1596-1650) colocou a razão humana como a instância legítima da verdade. Sua filosofia lançou as bases para a construção da nação francesa. O empirismo de John Locke (1632-1704), além de realçar a importância da experiência na elaboração do conhecimento humano, alicerçou o liberalismo e a construção cultural da nação inglesa. O criticismo de Kant (1724-1804) representa um esforço em avaliar os alcances da razão humana, propondo que o problema central de toda crítica é o juízo. A revolução corpenicana de Kant trouxe os arcabouços para a formação política da Alemanha. Já o pragmatismo de William James (1842-1919) confere um papel determinante à ação e à prática na definição da verdade, que é a expressão fiel do modo de pensar e agir do povo americano. O Brasil nasceu com idéias portuguesas calcadas na unidade indissolúvel da exten- são continental. Ao mesmo tempo, solidificou-se uma unidade da língua, bem como a miscigenação racial e amalgamaram-se diversos povos e credos. É a terra do homem cordial, conforme Cassiano Ricardo. A questão que se põe: Qual será o pensamento que vai erigir a nossa esperada civilização brasileira? Copiar ou aceitar modelos que não traduzem nossos interesses significa desintegrar qualquer projeto nacional futuro. Por isso, é imperioso criar mecanismos, formar grupos de estudiosos e pensadores para aprofundar tal questão no ambiente filosófico e político. O nosso Departamento Cultural implementou um curso de Filosofia Política, na tentativa de aproveitar o potencial de nossos sócios e convidados, viabilizando estudos sobre o pensamento brasileiro. Este curso, e outros que o sucederão, bem como a criação de um grupo de estudos são aspirações do Clube de Aeronáutica, que se esforça e se insere ativamente na área do saber. Contamos com a participação e com as sugestões daqueles que edificaram a Força Aérea Brasileira U aeronáutica aeronáutica Revista Expediente As opiniões emitidas em entrevistas e em matérias assinadas estarão sujeitas a cortes, no todo ou em parte, a critério do Conselho Editorial. As matérias são de inteira responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião da revista. As matérias não serão devolvidas, mesmo que não publicadas. Presidente: Ten.-Brig.-do-Ar Ivan Moacyr da Frota 1º Vice-Presidente: Maj.-Brig.-do-Ar Márcio Callafange 2º Vice-Presidente: Cel.-Av. Antero Sergio Silva Correa 3º Vice-Presidente: Brig.-Eng. Edison Martins DEPARTAMENTOS: Jurídico: Dr. Francisco Rodrigues da Fonseca Social: Ten.-Cel.-Int. José Pinto Cabral Cultural: Cel.-Av. Araken Hipólito da Costa Administrativo: Cel. -Av. Nylson de Queiroz Gardel Financeiro: Cel.-Int. Marco Antônio Pereira Nogueira Patrimonial : Cap.-Adm. Ivan Alves Moreira Aerodesportivo: Ten. -Cel.-Int. José Augusto Santana de Oliveira Desportivo: Ten. -Cel. Odyr Eduardo Lapa Coutinho Beneficente: Cel.-Av. Nylson de Queiroz Gardel Assessoria de Comunicação Social: Cel.-Av. Luís Mauro Ferreira Gomes Assessoria de Informática: Cel.-Av. Luís Mauro Ferreira Gomes SUPERINTENDÊNCIAS: Sede Social: Brig.-do-Ar Cesar de Barros Perlingeiro Sede da Barra da Tijuca: Brig.-Eng. Edison Martins Sede Lacustre: 1º Ten. Sebastião José Ferreira Secretaria Geral: Cap.-Adm. Ivan Alves Moreira CHICAER: Ten.-Brig.-do-Ar Ivan Moacyr da Frota Endereço: Praça Marechal Âncora, 15 - Rio de Janeiro - RJ CEP 20021-200 • Tel: (21) 2210-3212 • Fax: 2220-8444 Expediente do CAER: Dias: 3ª a 6ª feira • Horário: 9h às 12h e de 13h às 17h Sede da Barra da Tijuca: (21) 3325-2681 Sede Lacustre: (24) 2662-1049 Revista do Clube de Aeronáutica: Tel./Fax: (21) 2220-3691 Diretor: Cel.-Av. Araken Hipólito da Costa Jornalista Responsável: J. Marcos Montebello Gerente de Produção Editorial e Design Gráfico: Rosana Guter Nogueira Colaboração editoração eletrônica: Kátia Regina Fonseca Produção Gráfica: Luiz Ludgerio Pereira da Silva Revisão: Dirce Brízida Secretária de Redação: Luciene Ribeiro Conselho Editorial: Presidente 1º Vice-Presidente 2º Vice-Presidente Chefe do Departamento Cultural Diretor Revista aeronáutica e Jornal Arauto 257 [email protected] jul./ago. 2006

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EditorialAraken Hipólito da CostaCel.-Av.

ma sociedade não pode viver apenas de “pão e circo”. É necessário ir mais além. Oshomens precisam manifestar as coisas do espírito. A descoberta da natureza da

alma se encontra, somente, através do estudo das obras, das operações. Para Hegel eComte, as mais abrangentes são a arte, a religião e a filosofia.

No entanto, a partir de um olhar cuidadoso, pode-se perceber que existe uma ativi-dade superior e totalizadora que é a cultura, ou seja, o conjunto de todas as atividades ede todos os produtos, frutos da iniciativa e genialidade do homem. É pela cultura que ohomem interfere, preserva a natureza e vai se diferenciar dos demais entes naturais. Notranscorrer da história, constatamos que as grandes civilizações sobressaíram pelapujança da cultura, sustentada pelo pensamento filosófico.

A partir do projeto socrático (469-399 a.C.), a busca da verdade e do autoconhecimen-to que prosseguiu pelas filosofias de Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.),formou o ideário político que persiste até hoje. A Grécia, alicerçada por pensamentosfilosóficos, foi capaz de influenciar seus conquistadores, isto é, o Império Romano.

Na Idade Média, o pensamento de Santo Tomás de Aquino (1225-1274), harmonizan-do a fé e a razão, faz emergir a filosofia cristã, embasando a cultura européia.

Com o advento da Modernidade, a racionalidade de René Descartes (1596-1650)colocou a razão humana como a instância legítima da verdade. Sua filosofia lançou asbases para a construção da nação francesa. O empirismo de John Locke (1632-1704),além de realçar a importância da experiência na elaboração do conhecimento humano,alicerçou o liberalismo e a construção cultural da nação inglesa.

O criticismo de Kant (1724-1804) representa um esforço em avaliar os alcances darazão humana, propondo que o problema central de toda crítica é o juízo. A revoluçãocorpenicana de Kant trouxe os arcabouços para a formação política da Alemanha. Já opragmatismo de William James (1842-1919) confere um papel determinante à ação e àprática na definição da verdade, que é a expressão fiel do modo de pensar e agir do povoamericano.

O Brasil nasceu com idéias portuguesas calcadas na unidade indissolúvel da exten-são continental. Ao mesmo tempo, solidificou-se uma unidade da língua, bem como amiscigenação racial e amalgamaram-se diversos povos e credos. É a terra do homemcordial, conforme Cassiano Ricardo.

A questão que se põe: Qual será o pensamento que vai erigir a nossa esperadacivilização brasileira?

Copiar ou aceitar modelos que não traduzem nossos interesses significa desintegrarqualquer projeto nacional futuro. Por isso, é imperioso criar mecanismos, formar gruposde estudiosos e pensadores para aprofundar tal questão no ambiente filosófico e político.

O nosso Depar tamento Cultural implementou um curso de Filosofia Política, natentativa de aproveitar o potencial de nossos sócios e convidados, viabilizando estudossobre o pensamento brasileiro.

Este curso, e outros que o sucederão, bem como a criação de um grupo de estudossão aspirações do Clube de Aeronáutica, que se esforça e se insere ativamente na áreado saber.

Contamos com a par ticipação e com as sugestões daqueles que edificaram aForça Aérea Brasileira

U

aeronáuticaaeronáuticaRevista

Expediente

As opiniões emitidas em entrevistas e em matérias assinadas estarão sujeitas acortes, no todo ou em parte, a critério do Conselho Editorial. As matérias são deinteira responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, aopinião da revista. As matérias não serão devolvidas, mesmo que não publicadas.

Presidente:Ten.-Brig.-do-Ar Ivan Moacyr da Frota

1º Vice-Presidente:Maj.-Brig.-do-Ar Márcio Callafange

2º Vice-Presidente:Cel.-Av. Antero Sergio Silva Correa

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Brig.-do-Ar Cesar de Barros PerlingeiroSede da Barra da Tijuca:Brig.-Eng. Edison Martins

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Endereço:Praça Marechal Âncora, 15 - Rio de Janeiro - RJ

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Dias: 3ª a 6ª feira • Horário: 9h às 12h e de 13h às 17hSede da Barra da Tijuca: (21) 3325-2681

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Chefe do Departamento CulturalDiretor Revista aeronáutica e Jornal Arauto

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jul./ago. 2006

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2

ÍND

ICE

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Revista

257jul./ago. 2006

Nossa Capa:Concepção artísticareunindo as capasdas doze últimas edições,simbolizando a produçãoeditorial na atual gestãodo Presidente do Clubede Aeronáutica

aeronáuticaaeronáutica

EditorialAraken Hipólito da Costa - Cel.-Av.

1

Palavrasdo Presidente“Sem União não Sobreviveremos!”Ten.-Brig.-do-Ar Ivan Frota

4

Clube de Aeronáutica“60 anos do Clube de Aeronáutica com

Alegria RenovadaJ. Marcos Montebello - Jornalista

6

8Clube de AeronáuticaSede da Barra - Um Domingo ExcepcionalMario Alberto Pillar Bandarra - Segundo-Tenente-Aviador

AeronavesPoder Militar - Avião de Combate Aéreo

Ten.-Brig.-do-Ar Marcio N. A. Moreira

10

14AmazôniaA Problemática da Área IndígenaRaposa-do-SolAildon Dornellas de Carvalho - Cel.-Av.

AnáliseAs Pesquisas de Opinião

Luís Mauro - Cel.-Av.

18

20Política NacionalAlerta aos Nossos Associados

Fatos HistóricosApós o Raide de DoolittleDion de Assis Tavora - Cel.-Av.

22

24Política InternacionalA Conflitualidade no Oriente Médio:Causas e EfeitosManuel Cambeses Júnior - Cel.-Av.

Exemplos VividosAfonsos 60 Anos

Maj.-Brig.-do-Ar Hugo de Oliveira Piva

27

28Ciências PolíticasA Democracia no BrasilMaj.-Brig.-do-Ar Umberto de Campos Carvalho Netto

MemorialHá 45 anos...

A Redação

31

ArteA Cultura BrasileiraFernando Bicudo - Diretor da Ópera Brasil

32

Visão HistóricaCarta do Papa João Paulo II aos Artistas

Síntese de texto extraído da internet

35

SolidariedadeA participação da FAB nas Operaçõesde Manutenção da Paz das Nações UnidasEduardo Ishida - Cap.-Av.

38

HomenagemAlberto Santos-Dumont - O Pai da

Aviação - 6ª ParteFernando Hippólyto da Costa - Cel.-Av.

40

Medicina e SaúdeDor de Cabeça - Como abordar esteIncômodo FreqüenteMaj.-Brig.-Méd. Dr. Ricardo Luiz de G. Germano

42

ComportamentoO Elogio da Loucura

Paulo César Geraldes - Presidente da CREMERJ

44

Casos InusitadosO Vôo de DorsoJonas Alves Corrêa - Cel.-Av.

46

HumorEstão me olhando!

Maj.-Brig.do-Ar Othon Chouin Monteiro

47

ChargeIvo Batalha - Cel.-Av.

48

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Dia do Soldado

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Clube de Aeronáutica4

Sem União nãoSobreviveremos!

Flagrante daseleta platéiaque abrilhantou,com suapresença,a Cerimôniade Posse doPresidentedo Clube deAeronáutica,atenta aoimportante evento

Palavras do Presidente

Discursode posse, naPresidênciado Clube deAeronáutica,do Ten.-Brig.-do-ArIvan Frota(12 de julhode 2006)

Hoje, juntamente com meus vice-presidentes e comos membros dos Conselhos Deliberativo e Fis-

cal, estou tendo a honra de ser empossado Presidente doClube de Aeronáutica para um segundo mandato.

Sejam as minhas primeiras palavras de agradeci-mento a todos os que, mais uma vez, confiaram emnós e aos que, neste instante, engrandecem esta sole-nidade com suas distintas presenças.

Desejo destacar, aqui, a solidariedade que meprestaram os componentes da Administração do Clu-be, desde os integrantes dos Conselhos e da Direto-ria, até aos mais modestos funcionários, principal-mente, nos difíceis momentos por que passamos.

Agradeço, especialmente, a Sua Excelência, oComandante da Aeronáutica, que não mediu esforçospara nos oferecer seu importante apoio, pessoalmen-te ou por meio de suas organizações, com as quaistivemos oportunidade de tratar, respeitadas as restri-ções legais.

Na Assembléia Geral que nos elegeu, apresentei aprestação de contas da Administração que findou e,portanto, não pretendo, agora, discorrer sobre o quepassou, a não ser para reafirmar que fizemos, com amáxima dedicação, tudo o que as nossas limitações opermitiram.

Nesta nova gestão, não alteraremos os rumos, quaissejam os de, paralelamente ao atendimento do lazer edo bem-estar, continuar com o objetivo primordial de

conferir ao Quadro Social, no contexto da sociedadenacional, uma alternativa de voz, forte, corajosa e res-peitada, como instrumento imprescindível para a bus-ca permanente dos seus direitos e legítimos anseios,nestes incluídos os elevados interesses do País.

Os Clubes Militares sempre tiveram presençadestacada nos acontecimentos importantes da His-tória brasileira.

Primeiro, o Clube Naval e, logo depois, o ClubeMilitar, marcaram o início da participação castrense navida nacional, fora dos quartéis.

A influência das Forças Armadas, desde o finaldo Império, lhes valeu o reconhecido papel de “podermoderador” nas grandes contendas políticas dessasépocas, respaldadas pelo sentimento da notória con-fiança que lhes deposita o povo, o qual, delas, sem-pre se socorre nos momentos de crise.

Temos que estar preparados para essas eventua-lidades, preservando sempre os componentes bási-cos da Instituição Armada – a força moral e a forçadas armas.

Cabe-nos a responsabilidade de jamais permitirque qualquer delas possa deteriorar-se.

Com o advento da chamada “Nova República”, osgovernos instalados nunca lograram esconder a prio-ridade de suas ações, no sentido do enfraquecimentoda presença militar nos níveis mais elevados dos es-calões governamentais.

O pretexto da criação do Ministério da Defesa e oda sua implantação prematura e inopinada podem serconsiderados como a ação estratégica principal parao brusco alijamento do estamento fardado da mesadas grandes decisões nacionais, e não somente umaprovidência organizacional para melhor coordenaçãooperacional das Forças Singulares.

Dessa forma, a expressão política dos militarestem sido constantemente reduzida, até pelo aviltamentosalarial que os desloca para patamares sociais inferio-res, dia após dia; situação que, apesar de seus reco-

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Clube de Aeronáutica5

Dentre inúmeras autoridades presentes à Posse, ladeando o Presidente do CAER, da esquerda para a direita, estão,o Brig. Hélio Gonçalves, Presidente do Conselho Fiscal do CAER; o Ten.-Brig. Carlos de Almeida Baptista, Presidente

do Conselho Deliberativo do CAER; o Gen.-Ex. Gilberto Barbosa de Figueiredo, Presidente do Clube Militar; O Alm.-Esq.José Júlio Pedrosa, Presidente do Clube Naval; o Ten.- Brig. Ivan Frota, Presidente do Clube de Aeronáutica; o Ten.- Brig.

Octávio Júlio Moreira Lima, Diretor do INCAER; o Maj.-Brig. Paulo Hortêncio Albuquerque e Silva, Cmt. do III COMAR;e o Gen.-Bda. Hélio Chagas de Macedo Júnior, Chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste

nhecidos esforços, os Comandantes Militares nãoconseguem reverter, presas que são dos grilhões dosregulamentos.

Aproveitam-se, desse contexto, grupos paramili-tares extremados, travestidos de movimentos soci-ais, desencadeando uma orquestrada programaçãode vandalismo indiscriminado, ante a inação e, até, ovelado apoio de autoridades governamentais do maisalto escalão.

O provável uso de dinheiro público para cooptaçãode políticos com mandato e para compra indireta devotos de famílias humildes e desinformadas, de regi-ões distantes, são, também, acusações divulgadas.

Tudo isso assume proporções mais dramáticas quan-do se identifica, no seio da própria sociedade, uma lamen-tável atitude de contemporização e permissividade.

Inconformados com esse estado de coisas, re-centemente, parlamentares, das tribunas do Senado eda Câmara dos Deputados, tornaram públicos con-tundentes pronunciamentos cobrando atitudes maisfortes por parte das Forças Armadas.

Não é mais possível se assistir, passivamente, aesse comportamento devasso de parcelas do Gover-no e de minorias radicais, em que sobressai a totalnegação do estado de direito.

Este é o ambiente nacional em que cumpriremos

o novo mandato, em conjunto com os demais órgãosde direção e assessoramento, zelando pelo atendi-mento aos sócios, nos campos recreativo e de lazer,sem descuidar, entretanto, de assumir, sempre quenecessário, o corajoso posicionamento do Clube deAeronáutica, em defesa dos seus legítimos interessese dos da Pátria comum.

Dentro de alguns dias, nosso Clube tornar-se-ásexagenário.

Já é uma extensa vida, não tão grande quanto asdos co-irmãos Clubes Naval e Militar, mas o suficientepara gerar o amálgama de uma indestrutível união,que preservaremos a qualquer custo.

Talvez, nunca tenha sido tão importante, comoagora, fortalecer a representatividade do grupo sociala que pertencemos, o que somente será alcançadomediante uma firme disposição de adesão de todosos seus componentes, aos quadros das respectivasentidades.

Em síntese, precisamos renovar o interesse dosmilitares ativos e inativos pelas suas agremiaçõessociais, porque isto poderá significar, para a própriaInstituição Castrense, a diferença entre continuar vivaou perecer.

Muito obrigado!Ten.-Brig. Ivan Frota

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6Clube de Aeronáutica

60 ANOS do

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7Clube de Aeronáutica

Clube de Aeronáutica comAlegria Renovada

No dia 4 de agosto de 2006, às 21h30, reali-zou-se, no Salão Nobre da Sede Social do

Clube de Aeronáutica o Baile Comemorativo dosexagésimo aniversário do Clube, em clima derara emoção e excelente animação.

Como se, propositalmente, os fatos houves-sem reservado o melhor dos acontecimentospara uma comemoração de tal importância, oevento ocorreu com magnífica beleza, grandesatisfação e em elevado astral para todos ospresentes.

A primorosa decoração, utilizando o amare-lo, o azul e o branco, foi abrilhantada com a apre-sentação da BIG BAND e CORAL TUPY, que ani-mou a festividade, comandando a dança do ani-mado público, com repertório variado, em di-versificados ritmos.

Quanto à excelente apresentação do buffet,os elogios foram a tônica geral, no que se refereà qualidade e ao gentil e ininterrupto serviço.

Os convidados tiveram a oportunidade de de-gustar maravilhosas iguarias que compunham o

cardápio – pratos quentes, frios, massas, cana-pés e cascatas de frutas – o qual foi comple-mentado por um grande Bolo de Aniversário, cu-jas velas foram apagadas ao som do cântico do“Parabéns”, por cadetes dos respectivos efeti-vos e, na ocasião, representantes, de cada umada Forças Armadas

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Clube de Aeronáutica8

Sede O

Brig. Menezes no MAI

Sede último domingo, dia 6 de agos-to, foi marcado pelas soleni-dades de reincorporação do

Ultraleve MAI ao acervo do Departa-mento de Ultraleves Motorizados donosso Clube de Aeronáutica.

Explico: tal aeronave, de fabrica-ção russa, era destinada ao exercíciode recreio dos pilotos de caça da en-tão União Soviética. É um ultralevemuito especial, pois sendo de estru-tura muito forte, comporta acrobaci-as mais violentas, como loopings, tou-neaus lentos ou rápidos, barril, rever-semains, além do oito preguiçoso ede outras manobras mais leves.

O avião é realmente especial. Do-tado de um motor austríaco Bombar-dier Rotax – dupla carburação – temum ronco bastante forte, que lem-bram um pouco os nossos antigosT-6, de saudosa lembrança...

Há quase três anos, o MAI aci-dentou-se, caindo na Lagoa de Jaca-repaguá. Ficou praticamente irrecu-perável... Entretanto, eis que retornaagora totalmente recuperado!

Com a expressiva presença de inú-meros associados, deu-se início à so-lenidade de sua reintegração, quan-do algumas autoridades fizeram usoda palavra.

Inicialmente, o Tenente-CoronelSantana, Diretor do DEPAER, historioude forma resumida sua recuperação,enaltecendo nominalmente todosaqueles que, direta ou indiretamen-te, participaram dessa tarefa. Com ovaloroso auxílio do Corpo de Bombei-ros, que o retirou da lagoa, e a parti-cipação do pessoal do Parque dosAfonsos e do Museu Aeroespacial, o

MAI foi totalmente refeito, tendo sidoremontado nas oficinas do próprioClube, pelo competente serviço donosso mecânico-chefe Silvinho e deseus auxiliares. Tal tarefa, que podeser considerada uma verdadeira “epo-péia”, em virtude das dificuldadesfinanceiras, teve a duraçãode exatos vinte e seismeses.

Após esta explanação, foi proce-dida a entrega dos certificados e bre-vês aos alunos que concluíram o cur-so para Piloto de Ultraleves-CPD, napresença de seus familiares, dos con-vidados e das autoridades aeronáuti-cas civis e da FAB.

Ao término desta cerimônia, o Te-nente-Brigadeiro-do-Ar, Ivan MoacirFrota, Presidente do Clube, iniciousua fala agradecendo às autoridadesque prestaram ajuda para a recupe-ração do MAI, citando o Parque deMaterial de Aeronáutica dos Afonsos,representado por seu Diretor, Briga-deiro-do-Ar Paes de Barros, ali pre-sente. Seus agradecimentos foramextensivos à equipe de entelagem e

pintura do Museu Aeroespacial.Elogiou o trabalho desenvolvido

pelo Tenente-Coronel Santana, pelapersistência demonstrada junto aosvários órgãos da FAB, que contribuí-ram para a mencionada recuperação,incluído aí o vôo de experiência reali-zado antes da liberação da aeronavepara vôos no clube. Felicitou, tam-bém, sua iniciativa de reeditar a so-lenidade de entrega dos brevês e cer-tificados para os novos pilotos, dan-do prosseguimento, assim, à tradiçãodo Clube e oficializando-a na agendade eventos.

Encerrando, o Brigadeiro Frotaconvidou o Major-Brigadeiro-do-Ar

Mario AlbertoPillar BandarraSegundo-Tenente-AviadorInstrutor e Checadordo Departamento deUltraleve do CAER

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9Clube de Aeronáutica

Barra Visão daEsquadrilhaBarra

Lauro Ney Menezes para fazer o vôode reintegração do MAI – 890, PU –LNM, cujo prefixo é composto pelasiniciais de seu nome, em virtude deele ter sido o pioneiro na implanta-ção do Departamento de Ultralevesmotorizados do CAER.

Naquele momento, o BrigadeiroMenezes dirigiu-se ao Cel. Santana,relembrando que este havia sido sua“cria”, nos primórdios do Departa-mento.

Entrementes, enquanto o Presi-dente do Clube fazia seu pronuncia-mento, as Velhas Águias oriundas do1° Grupo de Aviação de Caça e os atu-ais pilotos-instrutores João Luiz Mo-reira da Fonseca e Mario Bandarradeslocaram-se para a pista, onde jáos aguardavam os dois ultraleves Fox,prefixos PU-UCN e PU-OMA, com osquais fizeram uma decolagem de ele-mento. Em formação, executarampassagens por sobre o campo de pou-so do Clube e se dirigiram para oPonto de Encontro, situado por de-trás do Rio-2. Ali permaneceram emsobrevôo, aguardando a continuaçãodo que fora programado.

Posteriormente, o Brigadeiro Me-nezes decolou, efetuando duas pas-

sagens por sobre o campo, dirigindo-se, em seguida, para o Ponto de En-contro já mencionado. Ali, os dois Foxentraram em suas alas. Sob seu co-mando, a esquadrilha, já formadapelos três ultraleves, dirigiu-se parao campo do Clube e efetuou duaspassagens a baixa altura. Numa ter-ceira passagem, o líder puxou o peel-off, sendo seguido pelos dois alas.Pousou assim a esquadrilha, sendodessa maneira incorporado o novocomponente ao “esquadrão”.

A exibição foi muito aplaudida pelopúblico presente. Seguiu-se, então,uma suculenta feijoada oferecida peloClube, o que prolongou a festa até aofinal da tarde.

Aproveitando o belíssimo tempo,o famoso e ousado piloto de caça, Co-ronel João Luiz Moreira da Fonseca,(“Jonjoca” para os amigos), brindoua todos com perfeitas evoluções noMAI.

Mais uma vez, o Clube de Aero-náutica proporcionou uma oportuni-dade excepcional para o reencontrode velhos e novos colegas e seus fa-miliares.

Aqui, aproveitamos o ensejo, paraconclamar os associados e seus fa-

miliares a freqüentarem a sede es-portiva do nosso Clube. Além dos jo-gos de tênis, vôlei, futebol e paint-ball, da equitação, da piscina, doschurrasquinhos e do restaurante, ain-da podem contar com o “esquadrão”de ultraleves, onde Novas e VelhasÁguias têm a oportunidade de matara saudade do vôo, sob a supervisão eorientação de oficiais instrutores al-tamente capacitados.

Experimentem! Venham fazer par-te desse nosso esquadrão!

Todos os sábados e domingos re-únem-se lá dezenas de aficionados dovôo de ultraleves.

Associados e convidados, emgrande número, prestigiaram o even-to. Dentre eles, os habituais freqüen-tadores: Major-Brigadeiro Meira, Te-nente-Brigadeiro Baptista, Brigadei-ro Edson, os Coronéis Kurka, Rezen-de, Nordaus, J. Carlos, Aimone,Schundo, Camisão, Capitão-de-Mar-e-Guerra Macedo, Major Albrecht,Presidente da ABUL, Dr.Fábio Tancre-di, Comandante Azzi, Instrutores Fá-bio, Jorginho, Gustavo, Pilotos Heckel,Aquidaban, Renato de Magalhães,Áureo Benetti e outros tantos, cujosnomes não tivemos oportunidade deanotar.

Foi realmente um dia excepcio-nal de confraternização e muita ale-gria. Que tais eventos se repitam commais freqüência!

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Aeronaves10

Avião de Avião de 2ª PARTEPo

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Ten.-Brig.-do-Ar MarcioNóbrega de Ayrosa Moreira

m Continuação à Primeira Parte do artigo “Aerona-ve de Combate Aéreo”, vamos pular do Continen-

te europeu para o Continente sul-americano, mais pre-cisamente para o Brasil. O Poder Militar se presta àanálise na Amazônia Brasileira? Certamente que sim.A Amazônia Brasileira foi desdenhada pelos brasilei-ros por quase 500 anos e somente no século XX veioa ser uma preocupação dos governos Federal e Esta-dual. Pela freqüente vinda de missionários (Religio-sos?) estrangeiros para conhecer aldeias indígenas eRicos veios de minerais dos mais diversos tipos, aselites começaram a desconfiar que se os estrangeirosvieram para pesquisar, certamente uma boa razão paraa exploração existia. E, por outras razões, também,sejam puras ou espúrias. Todavia há que se pergun-tar: A Amazônia Brasileira é uma região de cobiçade países ricos ou não? Evidentemente que é.

Voltemos para a necessidade da existência de umPoder Aéreo na Região Amazônica, apesar de nãohaver na Região qualquer semelhança no que foi apre-sentado na Primeira Parte, isto é, dificilmente teremosincursões aéreas para ataque a Objetivos Militares.Todavia a FAB sempre teve visão estratégica para odesenvolvimento da Região. Tanto isso é verdadeiro

que, em certos locais do interior da Região, somenteo Correio Aéreo Nacional (CAN) chegava nesses rin-cões, transportando pessoas, víveres, saúde e deze-nas de materiais. Foram os pioneiros.

A Região é, de certo modo, de fácil penetração. Afaixa contínua de 11.000 km é de fácil penetração,seja por terra, pelos rios e pelo ar. A penetração, asincursões de mineradores, de traficantes de drogas eaté de Observadores Aéreos voando a grande altitude,como aconteceu várias vezes no passado. Hoje, como uso permanente de satélites e radares, essas últimasincursões são raras. A implantação do Sistema deRadares e de TELECOM do SIVAM veio facilitar a de-tecção de aviões e de barcos nos rios da Região.

A cobertura radar é quase completa no nível de6.000m; já a vigilância a baixa altitude, digamos 600m,é bastante reduzida, o que possibilita incursões a bai-xa altitude. Essa deficiência é diminuída pela cobertu-ra adicional do radar do avião R-99 e pela coberturaradar dos radares terrestres. E quanto à interceptaçãodos aviões incursores voando abaixo de 3.000m e amenos de 200kt? E os incursores que estejam voandodentro da cobertura radar, será que a interceptaçãodos incursores é sempre possível interceptá-los comos AT-27 ou A-29? Não. Basta que o incursor estejavoando em rumo co-secante ou tangencial à cobertu-ra radar; a equipagem do A-29 a postos não teria con-dições de decolar, subir à altitude desejada e voar atempo de interceptar o incursor, a menos que o A-29esteja realizando uma Patrulha Aérea de Combate (PAC)dentro da área da cobertura radar.

Qual é a razão dessas indagações minuciosas?Por que o Poder Aéreo na Amazônia, para ser efetivo,exige um avião de combate aéreo para atender todasas alternativas de incursões na Região Amazônica; equal seria essa aeronave de combate aéreo necessáriaao Poder Aéreo na Região Amazônica?

I - A aeronave, para atender a Missão de In-terceptação (observação próxima e/ou destruição)de alvos aéreos, deve ter:

1 - ótima razão ascensional inicial (>40. OOO’p/min);

Poder Aéreo

Cobertura do raio de ação aproximado dos AT-27 e dos A-29 dasbases aéreas existentes e a implantar na Amazônia Brasileira

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11Aeronaves

Combate AéreoCombate Aéreo2 - grande manobra-

bilidade, melhorada pelouso do TVC (“ThrustVectoring Control” ouControle de Vetoração doEmpuxo);

3 - excelente e ampla gama de telecomunicaçõesque permitam o enlace com qualquer órgão do SIS-CEAB (Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasilei-ro) ou entre diferentes tipos de aeronaves por meio deradiocomunicação ou de radiolink;

4 - boa autonomia em Patrulha Aérea de combatesem uso de tanques externos de combustível;

5 - bom raio de ação em Missão de Interceptação,sem uso de tanques externos de combustível;

6 - portar canhão (canhões) e mísseis ar-ar (paracombate aéreo próximo) e médio alcance;

7 - possibilitar partida do motor (motores) inde-pendentemente de auxílio externo, qualquer que sejao aeródromo de desdobramento;

8 - poder operar em pistas pavimentadas de pou-so/decolagem, na Amazônia Legal, com mais de1.500m;

9 - portar dispositivos: flare, hud, visor montadono capacete, “Tactical Information Data Link” etc.;

10 - diminuir a corrida de pouso pelo deflexiona-mento das aletas (“canards”).

II - A aeronave, para atender qualquer dasmissões múltiplas de emprego ar-terra, deve ter:

1 - tanques alijáveis de combustível em váriasposições fixas subalares;

2 - sonda (“probe”) REVO (Reabastecimentoem Vôo);

3 - resistência a altas cargas de “G” (positivo enegativo > +9G/>-3G);

4 - blindagem da cabine de pilotagem contra tirosde canhão;

5 - tanques auto-selantes de combustível;6 - oito pontos fixos subalares para carga externa

como bombas, foguetes, mísseis ar-terra, pods rec.,interferidor radar, e outros;

7 - dois a quatro pontos de fixação da carga exter-na na parte ventral;

8 - “flir” ou dispositivo mais moderno de visãoinfravermelho;

9 - radar de detecção traseira;10 - CME de despistamento de mísseis de acom-

panhamento radar por meio de cabo colocado na pontada asa.

III - É complexa a escolha de uma aeronaveadequada à Região Amazônica? É, sem dúvida,tarefa complexa e, também, difícil sob o ponto devista político, uma vez que, por envolver decisõesdos poderes Executivo e Legislativo, vão obrigaro permeamento de vários canais desses poderes,e sem falar nas implicações no trato com paísesestrangeiros e suas indústrias.

Em ocasião anterior, na escolha da aeronave doProjeto FX, os aviões cogitados foram o F-16 (EUA),o JAS-39 Gripen (Suécia), o Mirage 2000 (França) eo SU-27 Flanker (Rússia). A escolha do Projeto foipostergada para data mais adequada, mas certamentepor razões políticas.

Projeto FX

F-16 (EUA)

Thrust Vectoring Control(TVC)

Radiolink

JAS Gripen(Suécia)

Mirage 2000(França)

SU -27 Flanker(Rússia)

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Aeronaves12

Atualmente, devemos manter a escolha à épocarealizada? Acredito que não, porquanto nesses últimosanos muita coisa já mudou para melhor. Temos maiorconhecimento de recentes informações tecnológicas dedesenvolvimento desses mesmos caças. O F-16 apre-senta as classes D Block 50/60, comprados pelo Chilee pelos Emirados Árabes; O JAS-39 apresenta seumodelo com “probe” de Reabastecimento Aéreo, o quevirá aumentar seu deficiente raio de ação; o Mirage 2000B/C foi substituído pelo Modelo 2000 D; e o avião rus-so SU-27 foi modificado para o Modelo SU-30 da For-ça Aérea da Índia, e, ainda, modificado para os mode-los SU-35 e SU-37, que podem incorporar o TVC.

Como o propósito da FAB é fabricar e desenvol-ver o Modelo escolhido, as recentes escolhas de F-16e de Mirage 2000 foram aquisições de modelos jáfabricados e, obrigatoriamente, novas análises devemser realizadas.

Vamos ver o que pode ser apreciado nessa áreade um Projeto binacional, ou seja, fabricando partes emontando no Brasil com as “expertises” nacional eestrangeira. Para isso é interessante, antes, ressaltaralguns aspectos da escolha:

1º) não sendo suficiente somente a aquisição daaeronave sem a compra de armas/munições e, tam-bém, a fabricação local em empresa aeronáutica bra-sileira, certamente que o avião americano não seriaescolhido, apesar de preencher quase todos os requi-sitos técnico-operacionais desejados pela FAB. Osembargos do Governo e do Congresso americano vão,certamente, inviabilizar a aquisição. Além do mais, osF-16 da USAF serão substituídos pelos F-22 Raptor epelos JSF-35 (“Joint Strike Fighter”), o que tornaráproibitiva a idéia da aquisição desses aviões, mor-mente pelo altíssimo custo de fabricação e venda;

2º) no caso do JAS-39 Viggen, o problema é denatureza técnica, pois apesar da autonomia e do raio deação serem adequados para o país sueco e outros paí-ses da Europa, positivamente, não satisfaz os requisi-

tos para emprego na Amazônia. As dimensões do Con-tinente Amazônico são vastas o suficiente para impos-sibilitar o emprego desse avião. Resolvido o problemade instabilidade aerodinâmica dos aviões de asa delta,porém corrigida pelo uso de computadores e pelo FBW(“Fly-By-Wire”). Mesmo com o uso do REVO, O Gripené um dos aviões de menor raio de ação;

3º) o Mirage 2000 foi, talvez, o avião mais bemaceito, uma vez que a compra de 20% das ações daEMBRAER veio facilitar as negociações de fabricaçãode partes do avião e sua montagem na empresa, noBrasil. Todavia há certos empecilhos para o avião voarna Amazônia, como seu limitado raio de ação. Com-parado com o Gripen, seu raio de ação é, também,insuficiente, porém se comparado ao F-16, seu raiode ação é inferior. Resta saber se para o M2000, ao sersubstituído pelo Rafale, as negociações seriam asmesmas fáceis negociações para a fabricação e mon-tagem do Rafale na EMBRAER. Mesmo que isso ve-nha a acontecer, o raio de ação desse avião não écorreto para utilização na Amazônia;

4º) o SU-27 Flanker foi um dos aviões preferidospara a fabricação e a montagem no Brasil, porque é,também, uma empresa de capital brasileiro. Talvez fos-se a empresa escolhida por várias razões, como a com-pra da transferência de tecnologia, inclusive na áreade armas e armamentos.

A Índia comprou dezenas de Sukhoi e os trans-formou em SU-27K e SU-30, empregando muitas mo-dificações e melhoramentos no avião e nos motores,como a melhoria dos freios do MIG-21, modificaçãoque foi introduzida, também, nos SU-30. O raio deação dos SU-27/30/35/37 é bastante superior aosdemais aviões, mesmo se comparado à última versãodo Typhoon Eurofighter F 2000 inglês. Pelo seu al-cance de quase 4.000km e de raio de ação superior àsoutras aeronaves, poderia decolar de São José dosCampos e atingir Manaus sem REVO e pousos inter-mediários. Dos quatro aviões analisados anteriormen-te, é o único com dois motores, o que aumentará asegurança de vôo, na Amazônia. Com a utilização dealetas (“canards”) na fuselagem à frente do bordo deataque das asas (SU-30/35/37), tem sua manobrabi-lidade melhorada, principalmente, nas manobras deCombate Aéreo Cobra (“snake”) e “Tail slide”. É, ain-da, aumentada a sua estabilidade em altos ângulos deataque (120°). Mas o que surpreende mais é a coloca-ção do TVC (“Thrust Vectoring Control”), o que vai

Aletas TVC 2

Aletas

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13Aeronaves

2º) o que me chamou também a atenção foi oexcelente artigo de avaliação dos aviões concorrentesno Projeto FX (caças – qual é a melhor escolha? DeRudnei Dias da Cunha – Defesanet, março de 2002).Rudnei conforma suas avaliações dizendo que so-mente as informações escritas serão necessariamen-te incompletas e que só sessões de teste envolvendoas aeronaves comparadas é que permitirão aos pilo-tos de caça emitirem seus pareceres.

Eu diria que devam ser adicionados engenheirosde vôo, preferencialmente pilotos. Além do mais, pi-lotos de caça, hoje na reserva, mas com larga experi-ência no vôo de caça e que participaram e participamde vôos em várias aeronaves de caça, como o F-16, o

IV - Das pesquisas realizadas em sites naInternet, considero duas análises importantes:

1º) “Russian fighters superior, says Pentagon”.Os militares americanos assombraram Moscou e aImprensa russa dizendo que os aviões de caça rus-sos são superiores aos equivalentes americanos.Como essas revelações lisonjeiras podem ser ex-plicadas? O General Hal M. Hornburg disse ao jor-nal “USA Today” (30 de junho de 2004) que os ca-ças Sukhoi SU-27 e SU-30 Mk1 foram bem sucedi-dos em combates aéreos simulados contra os F-15C/D. De fato, os pilotos indianos ganharam 90%dos combates simulados. O jornal repor tou que osamericanos não estavam tão à frente como pensa-vam, disse o General Hornburg, Comandante doComando de Combate Aéreo, que supervisiona asAlas de Caça e Bombardeio dos EUA. O F-15C é oavião de Superioridade Aérea da USAF e os resulta-dos do exercício devem aler tar-nos. Foram discuti-dos, também, mais alguns detalhes: os F-15 foramcolocados em combate não somente contra osSU-30, como também contra os MIG-27, MIG-29 e

o velho MIG-21, os quais combateram bem. OsSukhoi não apenas derrotaram O F-15, mas tam-bém o Mirage 2000. Os resultados dos exercíciossurpreenderam os pilotos americanos. Contudo,especialistas e projetistas russos não pareceramsurpresos com as vitórias. O projetista geral daSukhoi, Mikhail Simonov, disse repetidas vezes queos SU-27 e os SU-30 foram concebidos em res-posta ao F-15. Além do mais, os especialistas rus-sos estipularam especificações superiores e, con-sequentemente, os russos não ficaram par ticular-mente surpresos quando o desempenho dos caçasigualou as especificações. Ao invés de mísseis etiros de canhão, foram usadas câmeras aéreas abordo de ambos os contendores, a fim de docu-mentar seus combates aéreos simulados. Os pilo-tos americanos ficaram desapontados quando veri-ficaram os resultados. Suas câmeras não registra-ram qualquer SU-27. Já os russos filmaram os pon-tos de vulnerabilidade de seus adversários de qua-se todos os ângulos. Os pilotos do avião russo de-vem seus resultados impressionantes ao desempe-nho espetacular e à substancial relação peso/po-tência. O desempenho espetacular já era conhecidomundo afora, porque, à exceção dos caças MIG,podem executar tais fantásticas manobras como aacrobacia chamada “cobra” de Pugachev e outras.Os F-15, os F-16 e os F-18 têm raios de curva maisabertos e os caças russos podem fechar mais acurva, simplesmente, pelo acendimento da pós-combustão. Os MIG-29 também fizeram combatesaéreos simulados com os Mirage 2000 dos sul-afri-canos. Mais uma vez os aviões russos derrotaramseus rivais.

MIG-21 da FAI (Índia) noconfronto com os F-15C

F-15 versus SU-27

F-16 versus SU-27 F-18 versus SU-27

M2000, o Rafale, o SU-27/35, o JAS-39 e outros,poderiam participar de reuniões oficiais com mem-bros da Comissão de Avaliação do FX para adicionarseus conhecimentos durante o processo de escolha PROCESSO

DECISÓRIO

“Russian fighters superior, says Pentagon”

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14Amazônia

A Pr

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aÁrea Indígena Raposa- Área Indígena Raposa-

Aildon Dornellasde CarvalhoCel.-Av.Autor do livro“Amazônia - Reflexõessobre a Conquista e oDesenvolvimento”

da

Gado confinado entre asserras apresenta um

menor custo da produção

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15Amazônia

Serra do SolSerra do Sol

AntecedentesNo, Brasil a criação de “terras indígenas” data de

1947. As terras reservadas para tal fim representam11% do território nacional.

Somente em 1980 a FUNAI foi o órgão designadopara os ESTUDOS e a SELEÇÂO das áreas a seremdemarcadas, dentre mais de três centenas.

Na Amazônia havia uma estimativa de 210 etniase cerca de 144.000 indígenas, dez áreas de grandeporte e centenas de pequeno porte, correspondendoa 20% da região.

A demarcação é descritiva, baseada em mapas daFUNAI, promulgada por decreto-lei, com origens noMinistério da Justiça. Deve assegurar a sobrevivên-cia, a preservação étnico-cultural, as tradicionais áre-as de caça e pesca, a segurança e o registro no PATRI-MÔNIO da UNIÃO. Modernamente, foram acrescenta-das “áreas de trânsito”, o que aumentou, considera-velmente, as terras indígenas.

Em Roraima, foram demarcadas: a área “YANO-MAMI”, em 1991, com 94.000 km2 (tamanho dos pa-íses da extrema Europa Ocidental), e cerca de 9.000

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16Amazônia

Vistaaéreada cidadede BoaVista

índios, na região noroeste; e RAPOSA-SERRA DO SOL,em 2005, com 1,747 mil km2 e cerca de 9.000 “cabo-clos”, agregados com os “vaqueiros”.

A estimativa nacional da FUNAI subiu, rapidamente,para 351.000 índios, o que demonstra a não confia-bilidade nos dados estatísticos.

O termo “YANOMAMI” foi adotado em 1988 pelaONG de Claudia ANDUJAR, fotógrafa belga, englo-bando as tribos tradicionais (AUARIS, MAIONGONGS,ECUANAS, GUINAUS, UAICÁS, XIRIANAS, GUARI-BAS, ARECUNAS).

...Uma Problemática ForjadaA problemática da área Raposa-Serra do Sol está na

intransigência do Governo em não considerar as “áreas-ilhas”, que beneficiariam, também os fazendeiros, a mai-oria com TÍTULOS DEFINITIVOS desde 1927.

Os caboclos aculturados são: MAKUXIS,UAPIXANAS, SAPARÁS, TUALIPANGS, INGARICÓS,PAKUS, SOCÓS, PATAMONAS etc.

Roraima ainda possui duas reservas: WaimiriAtroaris (350 indivíduos, ao sul da BR-174) e poucasaldeias dos imponentes WAI-WAI, no MAPUERA,atualmente concentrados em PORTO TROMBETAS. A“área contínua” acabou com os tradicionais pólos eco-nômicos – agropecuária e garimpo – e, inviabilizou aagricultura do arroz, único aporte da moderna tecno-logia. Equipamentos holandeses de última geraçãosão, hoje, monstros agonizantes da oxidação.

Os Pólos EconômicosA Pecuária: Historicamente, o gado foi introduzido

no Rio Branco em 1787, por Lobo D’Almada, capitão deBarcelos. Além do reconhecimento dos “campos gerais”,aprovou a localização do Forte São Joaquim e ajudou naimplantação de três “Fazendas Del Rey”.

Em 1927, vieram os fazendeiros nordestinos. Em1939, já havia fazenda com 3.000 cabeças.

Foi instituído o “regime da quarta” já adotado pe-las fazendas da Igreja em São Marcos e Alto Surumu(de cada quatro rezes criadas, uma era do vaqueiro). Ameta era a ENGORDA nos sopés das serras e a expor-tação para abate em Manaus.

O que seria a demarcação em torno das malo-cas, em 1980, tornou-se uma intransigente disputa.De um lado, mais radicais, as ONGs, o CIMI, a CIRincitando a técnica de guerrilha, na suposta defesadas minorias oprimidas e dos objetivos sociológi-cos da FUNAI e do IBAMA.

Os fazendeiros limitavam-se a contabilizar o pre-juízo (algumas fazendas perderam 6.000 cabeças emcinco anos).

Daí para a frente, a proibição do trânsito dos bran-cos e a demarcação contínua foi uma demonstraçãode força do Governo.

A Garimpagem: Grande parte do desenvolvimen-to e da povoação do Brasil deve-se ao heroísmo dosgarimpeiros. As “Minas Gerais”, Goiás, Cuiabá, até àBahia e ao Piauí, com suas pedras brancas e coloridas.

Atualmente, a Amazônia tem as maiores produçõesde ouro em Serra Pelada, Rio Maria, Redenção, Vale doTapajós, Madeira, Calçoene etc. Em Roraima, os ga-rimpeiros chegaram cheios de esperança no início dadécada de 1930. Não se pode negar os vícios que con-taminaram os índios e o povoamento do interior, com acorrida do ouro no MAU (1932), o faiscar de pequenaspedras no Quinô e na Serra do Sol (1934), além daexplosão de garimpos na Serra do Tepequém (1935).Apareceram as figuras dos donos de barranco, dos di-amantários, dos intermediários e dos intrépidos avia-dores que apóiam os garimpeiros.

Os sonhos foram contaminados pela esperançade “bamburrar” (encontrar um grande veio ou umagrande pedra).

Enquanto a sorte não acontecia, os garimpeiros au-mentaram a circulação monetária em Boa Vista, mas tam-bém, não tendo como vender, contrabandeavam as mai-ores pedras e pepitas para São Paulo, Rotterdan e Israel.

No período entre 1947 e 1950 já era considerávela produção de diamantes (19.000/13.000 quilates).Em 1990, Boa Vista foi “invadida” por 80.000 garim-peiros e 200 avionetas. A corrida movimentou 85.000quilates de diamantes e 5.646 kg de ouro.

O garimpo foi fechado pelo Governo, em 1992.Parágua, o segundo rio diamantífero do mundo,

vende sua produção para o Banco Venezolano, ao

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17Amazônia

Monumentoem homenagem

ao garimpeiro,situado nocentro dacidade deBoa Vista

PolíticaNacionalIntegrada

para aAmazônia

LegalTranscrição de

trechos da PolíticaNacional que nãofoi considerada naquestão “Raposa-

Serra do Sol”,principalmente noque se refere aodesenvolvimentosustentado e à

melhoria daqualidade de vida

dos seushabitantes.

(Existe (existe?) mas não é seguida)

preço do dia, em agências próximas aos garimpos.Hoje o “monumento ao garimpeiro” na praça do

centro cívico de Boa Vista, é um marco-fantasma, umaimagem distorcida, de um passado de sonhos.

FinalmenteÉ difícil opinar sobre fatos consumados. Como

se trata de um decreto-lei, é possível uma alteraçãopolítica. Na prática, os neurônios recebem sinais dis-torcidos; mesmo assim, ambos os contendores joga-ram suas fichas.

A sociedade atônita não compreende como ativi-dades econômicas tradicionais e de desenvolvimentosustentável são trocadas por áreas indígenas semplanejamentos diretos nem alternativos.

Em conseqüência, houve um aborto da agricul-tura do arroz e da soja, onde foram investidos equi-pamentos de alta tecnologia. Também não entende-mos o não aproveitamento da experiência dos Proje-tos Calha Norte (1986) e SIVAM (1997).

A arrogância dos caboclos proibindo o trânsito

dos brancos renova a sín-drome do medo a 6.000 ha-bi tantes de Pacaraima,2.000 de Uiramutâ e de Nor-mandia e 1.000 de Surumu.

As flexas da radicaliza-ção, com o curare dos inte-resses internacionais, for-jaram uma área problemáti-ca, com a conivência dalentidão da Justiça e deci-sões tomadas a 2.400 km do foco.

Fecham-se as cortinas. Um fim melancólico para72 anos de trabalho. Por ser tão inverossímil, é possí-vel que novos sonhos acalentem novas esperanças.

A História registra atos e fatos, mas somente asverdades históricas permanecem.

As ONGs escondem as suas verdadeiras inten-ções e corrompem aqueles que, como os avestruzes,se iludem que não prejudicam o Brasil e se vendempor trinta dinheiros

O pronunciamento do Senhor Presidente da República, quando da instalação do Conselho Nacionalda Amazônia Legal, em três de dezembro de 1993, estabeleceu os fundamentos essenciais à definição deuma política nacional integrada para a Região Amazônica. Ao “reafirmar nossa soberania para assumirresponsabilidade, não para delas nos eximirmos”, declarou Sua Excelência que a “responsabilidade,quando se trata de Amazônia, significa uma política voltada para o desenvolvimento sustentável epara a melhoria da qualidade de vida dos seus mais de 17 milhões de habitantes”, além deesclarecer que “tal responsabilidade exige um claro compromisso de proteção do meio ambiente e usoracional dos recursos naturais”.

O povo brasileiro tem e exerce, por todos os títulos, soberania indiscutível sobre o Território Amazô-nico, o qual faz fronteira com sete Países.

A eficácia de uma política nacional integrada, especialmente para a Amazônia, que reúne tantasespecialidades sócio-culturais, depende da participação da sociedade civil regional, com o aban-dono das práticas de decisões tomadas de cima para baixo, típicas da mais recente fase do autori-tarismo político no País.

Da mesma forma, a Amazônia apresenta um perfil relevante do ponto de vista internacional: no passado,como região supridora de recursos naturais (drogas do sertão, borracha, recursos minerais) e mais recente-mente por seu significado ecológico em escala mundial. Nessa nova conceituação, atribui-se à conservaçãoda natureza amazônica papel destacado na atenuação do chamado efeito estufa – isto é, a progressivaelevação da temperatura planetária – e da preservação da diversidade biológica, embora permaneça o inte-resse específico por determinados setores de atividade da Região (mineração, pecuária de corte extensiva,produtos vegetais e essências nativas).

A implantação, em 1974, do Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais – POLAMAZÔNIA,explicita o redirecionamento, em base empresarial, de suas potencialidades agropecuária, agroindustri-al, mineral e florestal, englobando 17 pólos.

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Análise18

As Pesquisas de OpiniãoAs Pesquisas de OpiniãoAs Pesquisas de OpiniãoAs Pesquisas de Opiniãoá poucos dias, relacionamos, em umartigo, algumas insanidades antesde falarmos de outra, a condecora-

ção de terroristas.Vemos tantas sandices por aí, que não

seria possível discorrer sobre todas elasem um texto de tamanho publicável. As-sim, nestes dias que antecedem as elei-ções, abordaremos apenas uma: a crençairracional nas pesquisas de opinião relati-vas a intenções de voto.

Faz muito tempo, vimos procurandoalertar os nossos interlocutores para a fal-ta de compromisso com a verdade de taislevantamentos, mas continua impressio-nante o número de pessoas que ainda acre-dita neles. Resolvemos, então, escreversobre as razões que nos levaram a con-cluir pela indiscutível falsidade das pes-quisas eleitorais.

Começaremos pela origem: as enco-mendas aos institutos de pesquisa por ins-tituições, que pagam por elas. São empre-sas jornalísticas, algumas entidades quedesejam saber o que pensam os eleitorese, primordialmente, partidos políticos ouorganizações a eles vinculadas.

Desse modo, fica claro que essesagentes estão, diretamente, interessadosnos resultados das pesquisas, e muitos asusam não somente para conhecer as pre-ferências eleitorais dos pesquisados, mas,principalmente, para influenciá-los.

Ora, quem paga por um produto querque ele lhe satisfaça as necessidades. Seum partido político encomenda uma pes-quisa, e esta lhe apresenta resultado des-favorável, por certo, não será divulgada e,simplesmente, não serão encomendadasoutras, pelo menos àquela instituição, que,se não quiser perder essa fonte milionáriade recursos, sem dúvida, manipulará osdados. É exatamente isso o que fazem osinstitutos: atendem as expectativas do cli-ente e lhe fornecem pesquisas tão verda-deiras quanto uma nota de um real e cin-qüenta centavos.

A esta altura, invariavelmente, nos per-guntam: “Mas, por que as pesquisas sãosempre favoráveis ao partido do Governo?”.E “Por que os outros partidos não encomen-dam, também, as suas próprias pesquisas?”.

A resposta é o óbvio: os institutos depesquisa são poucos, e todos querem serviraos que pagam mais – o Governo e o parti-do que o elegeu, que têm maior disponibili-dade de recursos financeiros. O partido, em-bora tenha aumentado a dificuldade de des-viar dinheiro público depois da exposiçãodas entranhas do “valerioduto”, ainda tem,tudo indica, muito dinheiro fora do País, oriun-do de desvios antigos e de “auxílios” ilegaisde governantes alienígenas, entre outros. Ascontas correntes no exterior, expostas nasCPI, continuam intocadas. Mas é o poder doGoverno que se revela irresistível. Nenhuminstituto admite perder a propaganda institu-cional bilionária, nem as contas das empre-sas estatais ou de economia mista controla-das pelo Estado, como Banco do Brasil, Pe-trobras, Caixa Econômica Federal. Quem asousaria dispensar?

Por tudo isso, respondemos assim aoquestionamento: como um mesmo institu-to não pode apresentar apurações incoe-rentes, e todos já estão contratados peloGoverno ou por seus afins, as pesquisasdos partidos de oposição refletiriam os re-sultados daquelas pedidas pelos governis-tas, por isso, simplesmente não são feitas.

Outro argumento interessante em de-fesa das pesquisas é o de que o bolsa-fa-mília beneficia dez milhões de famílias, eisso seria responsável pelo crescimentodo candidato à reeleição. Outra bobagem.

Façamos algumas considerações. Oeleitorado brasileiro tem sido, tradicional-mente, dividido em três grandes grupos:os simpatizantes da esquerda (com apro-ximadamente trinta por cento); os admira-dores dos Estados Unidos e do neolibera-lismo (também com cerca de trinta por cen-to); e os demais eleitores, os “nem A, nemB” (mais ou menos quarenta por cento),

Luís MauroCel.-Av.

que, por absoluta falta de opção, semprevotavam com o segundo grupo, mas, nasúltimas eleições, cansados das desastro-sas políticas do Governo anterior, muda-ram de posição e ajudaram a eleger o atualpresidente.

Esses quarenta por cento o candidato àreeleição já perdeu, quando optou por repe-tir as políticas do antecessor, contra as quaisessa parcela do eleitorado havia votado.

Pela mesma razão, perdeu muitos dosseus próprios simpatizantes, que votarãoem outras legendas de esquerda mais au-tênticas.

Quanto àqueles dez milhões de bolsas-família, não é crível que eles possam ex-plicar os índices divulgados nas pesqui-sas. Primeiro, porque muitas dessas bol-sas beneficiam pessoas que já eram elei-toras do partido do Governo (parentes ouamigos de prefeitos, vereadores, ou “coro-néis” correligionários). Depois, e principal-mente, porque a esses dez milhões de fa-mílias se opõem as dos quinze milhões deaposentados (alguém poderia conceber umaposentado votando pela reeleição?).

Há, ainda, os funcionários públicos, osmilitares e toda a classe média massacra-da. Todos têm família, também.

Nos grandes centros urbanos, quasetodos os formadores de opinião, inclusiveos de esquerda, por completa desilusão,são, hoje, críticos severos dos desmandosgovernamentais. E mais: é extremamentedifícil encontrar-se alguém que diga quevotará novamente no presidente. Taxistas,garçons, vendedores e, mesmo, as pesso-as mais humildes, todos são, quase unani-memente, contrários ao atual Governo.

Como imaginar que os eleitores te-nham esquecido o mar de lama que o en-volve e está entranhado no presidente?Costumam dizer que “nada cola” nele, masisso é somente outra mentira em que nosquerem fazer crer. Cola, sim, apenas, maisuma vez, escamoteiam, despudorada-mente, a verdade.

H

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19Análise

Assim, pode-se dizer que só apóiam areeleição o que restou daqueles trinta porcento de simpatizantes de esquerda, e unspoucos banqueiros, especuladores e em-presários desavisados, que ainda acredi-tam em Papai Noel, em duendes e em pe-tistas. Estes últimos apoios são inexpres-sivos em número de votos, mas aumen-tam o volume de dinheiro para a compra depesquisas fraudadas.

Seguindo esse raciocínio e descontan-do-se a defecção dos simpatizantes decepci-onados, que estimaremos, muito timidamen-te, entre cinco e dez por cento, sobrariam unsvinte a vinte e cinco por cento de eleitores,ainda, dispostos a votar no presidente.

Qualquer pesquisa que apresentar in-tenção de voto superior a isso é muito sus-peita, por ferir a lógica dos fatos.

Maior evidência do que dizemos, deu-nos o referendo do desarmamento. Enquan-to as pesquisas entre o público mais es-clarecido da “internet” davam entre seten-ta e oitenta por cento contra o desarma-mento, as dos institutos previam mais desessenta por cento favoráveis.

À medida que o dia do referendo se apro-ximava, como a propaganda maciça, mes-mo usando os artistas globais e praticamen-te todos os caciques políticos que pululampor aí, não conseguiu influenciar os eleito-res, os institutos de pesquisa, diante da pos-sibilidade de se desmoralizarem se erras-sem por margem tão grande, rapidamente,em poucas semanas, foram ajustando osresultados para os números verdadeiros,com a inversão dos valores. Apuradas asurnas, mais de sessenta por cento rejeita-ram a proibição da fabricação e da comerci-alização de armas de fogo e munições.

Vieram, então, afirmações patéticas, taiscomo: “Não sabemos o que aconteceu, a per-cepção do eleitor mudou tão rapidamente...”;ou “O eleitor estava muito insatisfeito com oGoverno Federal e deu o troco, no referendo”.O mesmo eleitor que agora procuram apre-sentar como satisfeitíssimo com o mesmoGoverno que supostamente levara o troco.

Outra contra-argumentação é a de quea economia vai bem. Vai bem apenas nasestatísticas governamentais que, como as

pesquisas, também são manipuladas.Depois de três anos de arrocho, so-

mente muito recentemente, o Governo abriuos cofres e começou a soltar dinheiro pú-blico para fazer o que a mídia convencio-nou chamar de “bondades”, que não po-dem servir para explicar o suposto cresci-mento na preferência do eleitorado, cresci-mento cuja divulgação se iniciou muitoantes de as “bondades” atingirem os be-neficiários. O aumento do salário mínimo,por exemplo, assim que foi anunciado, pas-sou a ser usado para explicar o progressoem pesquisas havidas quase dois mesesantes de o eleitor beneficiado receber o pro-palado “aumento” ou mesmo dele saber.

Em verdade, o que eles pretendem comessas pesquisas é mudar as intenções devoto dos eleitores, fazendo-nos crer em quetudo vai bem, em que o atual presidente jáestá reeleito e em que o candidato da opo-sição, como dizem, “não decolou”.

Concomitantemente, desenvolvem se-dutora campanha pelo voto nulo, que so-mente interessa ao candidato petista, cu-jos eleitores jamais farão tamanha tolice.

As pesquisas na “internet” já começama repetir o que aconteceu no referendo do de-sarmamento, e tudo indica que o eleitor nãoserá influenciado pelas pesquisas adultera-das, a ponto de reeleger o atual presidente.

Apesar disso, não devemos ficar tran-qüilos. O grande risco é possibilidade defraude no processo eleitoral. Consideran-do-se a falta de caráter dos principais inte-ressados, ela só não ocorrerá se não lhesfor possível praticá-la. Isso já ficou clarocom o projeto de perpetuação no Poder,para cuja execução não hesitaram em mon-tar o gigantesco esquema de corrupção que,agora, têm a desfaçatez de negar.

E todos sabemos da insegurança dosprocessos eletrônicos. Estão aí as fraudesnas transações bancárias ou com cartões decrédito a confirmá-lo. Para agravar o risco, opartido do Governo tem infiltrados militantesem todos os setores do Estado. Seguramen-te, também os tem na Justiça Eleitoral.

Outra pergunta que nos fazem freqüen-temente é a razão por que a fraude não foipraticada no referendo do Desarmamento.

A resposta é imediata. Talvez não va-lesse a pena arriscar tanto por tão pouco.Afinal, a Lei do Desarmamento, já aprova-da, seria suficiente para limitar, fortemen-te, a capacidade de reação dos cidadãosàs investidas totalitárias que pretendessemfazer no momento oportuno.

O referendo visava mais a beneficiarfabricantes e comerciantes internacionaisde armas, livrando-os da nossa concorrên-cia. Em troca de que favores, não é difícilde imaginar.

Perdem-se algumas verbas “não con-tabilizadas”, mas não se compromete acapacidade de fraudar as eleições, o queverdadeiramente lhes interessa. E ainda háum importante subproduto: justamente aalegação de que, se fosse possível a frau-de, ela teria sido usada naquela ocasião.

Muito conveniente, como convenienteseria usar as pesquisas de opinião – quenesse caso não se ajustariam à verdade dosfatos, às vésperas das eleições – para coo-nestar o resultado das urnas, caso este nãocorrespondesse à vontade dos eleitores.

Isso será muito facilitado, se nos ren-dermos à mentira exaustivamente repetidapelos meios de comunicação, até que, comodiz o aforismo, “vire verdade”. Se a aceitar-mos agora, por que não o faríamos, depois?

Nós sabemos quem eles são, o quequerem e do que são capazes, e conhece-mos os fatos, que estão à nossa disposi-ção na mídia, todos os dias. Temos apenasde interpretá-los e ordená-los, para delestirarmos as conclusões. Não subestime-mos o inimigo, nem menosprezemos a nos-sa inteligência, deixando-nos enredar pe-las suas artimanhas, rejeitando a nossa ló-gica para ficar com a deles.

A nossa liberdade, a nossa sobrevivên-cia, o futuro dos nossos filhos e netos de-pendem de nós. O caminho é longo e árduo,e o primeiro passo é identificarmos a verda-de em meio ao emaranhado de mentiras,para sabermos o que realmente está acon-tecendo. Vamos dá-lo sem hesitação. De-pois virão os outros passos, mais difíceis,ainda. Não vacilemos em dá-los, também.

Cumpramos com o nosso dever e fa-çamos o que devemos fazer!

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Política Nacional20

ALERTA AOS NOSSOS ASSOCIADOSALERTA AOS NOSSOS ASSOCIADOSEm tempos de eleições, a Revista

aeronáutica não pode se furtar dereavivar, na lembrança de nossossócios, bem como de seus familia-res, as lamentáveis ocorrências naesfera política brasileira.

Consultem, nos veículos impres-sos da mídia, quais foram os indicia-dos nas CPI’s ou pelo Procurador ju-dicial da República, mesmo aquelesque “escaparam” da acusação defi-nitiva, utilizando-se de artifícios jurí-dicos, em fraudes, peculatos e emdiversos casos esdrúxulos. Mensa-lões, sanguessugas e outras esper-tezas, nunca mais!

Muitos deles, com a maior des-façatez, estão se candidatando no-vamente a cargos eletivos.

Todo o cuidado é pouco!O Brasil é nosso, não deles. Mas,

para que façamos de nossa Pátriauma nação séria, obrigamo-nos acolocar, nos Poderes Constitucionais,COM O NOSSO VOTO, pessoas quepensem como nós, que tenham omesmo desejo nosso de viver numaboa terra, conviver numa sociedadeséria e honesta.

Afinal, o maior percentual dos bra-sileiros é, assim, trabalhador, cum-pridor honesto de sua missões e, aci-ma de tudo, disposto a zelar por umgrande futuro para nossas crianças.

Deixemos para nossos descen-dentes um Brasil limpo!

Sugestão PolíticaA Revista aeronáutica aproveita a opor tunidade para sugerir que dêem preferência

aos candidatos militares, os quais poderão, com seu conhecimento e experiência nonosso segmento, apreciar, com o devido desvelo, as necessidades reais no nosso Con-gresso, bem como corrigir distorções que se foram sucedendo ao longo do tempo.

Estatísticas várias têm comprovado que a sociedade brasileira considera os milita-res confiáveis, principalmente em termos da Soberania Nacional.

Esta importância tem sido relegada nos Orçamentos aprovados.SEU VOTO pode mudar a tendência negativa frente a outras atividades, em segmen-

tos sem a mesma credibilidade.

Dep. Federal

2026 - PSCOzonioterapia na Saúde Pública

e defesa da família militar

JOSÉ COIMBRA

Dep. Estadual

31069 - PHS

FANTINATTI

Dep. Estadual

31113 - PHS

AILTON LOPES

Dep. Estadual

31003 - PHS

JOEL MAIA

Dep. Estadual

31250 - PHS

GEN. SIQUEIRA

Dep. Federal

3130 - PHSVerbas mais justas

para osegmento militar

LAUDIER

Dep. Federal

3123 - PHSPelo incrementoda indústria de

equipamentos deemprego militar

CORONEL ERNESTO CARUSO

DeputadoEstadual

31222 – PHSPlanejamento,organização e

fiscalização dasações de Governo

CÍCERO CRUZCEL. AMAURY MEYER

DeputadoEstadual

31193 – PHSPelas condições

salariais doCorpo de Bombeiros

Dep. Estadual15110 - PMDB

Combateras causas da

violência

ÁLVARO LINS

Dep. Federal

1247 - PDTRestabelecer

o respeito paracom a família e

a profissão militar

BRIGADEIRO ERCIO BRAGA

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21Política Nacional

PalestraGeraldo Alckmin

Informações analíticassobre os candidatos

em geral poderãoser obtidas em

http://perfil.transparencia.org.br

www.politicosdobrasil.com.br

No encontro realizado, em 22 deagosto último, no Clube de Aeronáuti-ca, entre o segmento militar e o plei-teante à Presidência da República Ge-raldo Alckmin, o candidato expôs suaplataforma e respondeu perguntas daplatéia sobre assuntos diversificados.

Quanto à área em questão, Al-ckmin disse que defendia a paridadesalarial entre os militares da ativa eda reserva, mas evitou prometer au-mentos salariais.

Enfatizou, no entanto, que, paraenfrentar o problema da segurança, asForças Armadas vão trabalhar no po-liciamento de fronteiras e não nasruas, caso seja eleito, como candida-to do PSDB, para a Presidência.

Da esq. p/a dir., Gen.-Ex. GilbertoBarbosa de Figueiredo, Presidente

do Clube Militar; o candidato àPresidência, Geraldo Alckmin;

Ten-Brig.-do-Ar Ivan Frota, Presidentedo CAER; Alm.-Esq. José Júlio

Pedrosa, Presidente do Clube Navale Gen. Schroeder Lessa

Dep. Federal

1120 - PP

JAIR BOLSONARO

Em defesa da famíliapor melhores salários;

Contra a reformaprevidenciária dos

servidores

Dep. Estadual

11120 - PP

FLÁVIO BOLSONARO

Remuneração dignapara as Forças Armadas;

Retorno de soldode CB para

Auxílio-Invalidez

Dep. Federal

2570 - PFLDefesa

dos interessesda família militar

IVONE LUZARDO

Dep. Federal

3133 - PHSPelo aumento do

universo fardado naparticipação política

dentro das CasasLegislativas

JOSÉ HERMIDA

Dep. Federal

3165 - PHSPela dignidade

de Servidor Civile do Militar

JÚLIO NASCIMENTO

Dep. Estadual

15070 - PMDBMelhoria

e crescimentodas Forças Armadas

SAMUEL MALAFAIA

Dep. Estadual

31055 - PHS

TENENTE RICARDO BOSIGNOLLI

Dep. Federal

3100 - PHSRepresentar os

militares noCongresso Nacionale a dignidade dos

brasileiros

CMT. RIBEIRO AFONSO

PAULO RAMOS

Dep. Estadual

12345 - PDTContra corrupção,

roubo e dilapidaçãodo patrimônio

público e defesados servidorespúblicos civise dos militares

Dep. Federal

3320 - PMNAlguém que sabeo que os militaresestão passando

e que estáindignado com

as quadrilhas decolarinho branco

CORONEL PEREIRA

WILTON MENDES

Dep. Federal

4502 – PSDBQualidade de

vida para todos“Só existe vida,

onde existe saúde”

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22Fatos Históricos

Doolittlecom sua

tripulação eoficiais

chineses Doolittle condecorado

Esquema do vôo

TDion de Assis TavoraCel.-Av.

Após oRaideRaideApós oenente-Coronel da Força Aérea do Exér-cito, James H. Doolittle, bombardeou Tó-quio e mais três cidades japonesas no dia

18 de abril de 1942. As aeronaves utilizadasforam B-16 e B-25.

Em conseqüência do bombardeio de Tóquio,50 japoneses foram mortos e 252 feridos. Cer-ca de 90 indústrias ficaram em chamas. Alvosnão militares foram também atingidos por enga-no; um hospital, uma escola secundária e algu-mas casas residenciais. Como a decolagem, doHornet, foi feita mais longe do que o calculado,o planejamento de pouso na China ficou prejudi-cado. Todos os aviões deveriam dirigir-se paraChuchow, uma cidade e um entroncamento fer-roviário ao sul de Shangai, a cerca de 200 mi-lhas do Yangtzé. Essa área não estava ocupadapelos japoneses.

A ordem era chegar o mais próximo possívelde Chuchow e pular de pára-quedas, uma vez queisso só ocorreria à noite. Todos os aviões esgo-taram suas reservas de combustível antes dodestino. Dos 16 aviões que participaram do bom-bardeio de Tóquio, um dos aviões, com poucocombustível, rumou para o norte e pousou próxi-mo a Vladivostock, na União Soviética. A tripu-lação do B-25 ficou internada por pouco maisde um ano. Por insistentes solicitações ameri-

canas, os cinco tripulantes foram repatriados viaIrã. O B-25 ficou retido e nunca foi devolvidopelos soviéticos.

Três aviões fizeram um pouso forçado nooceano, ao sul de Shangai, a pouca distânciada praia. Um pousou num campo de arroz aindaalagado. Os outros onze caíram por falta de com-bustível, no território continental chinês. Quan-do o combustível se estava esgotando, todas astripulações saltaram de pára-quedas. Um delesnão abriu. Outros tripulantes tiveram tornoze-los torcidos ou costelas quebradas, e, em al-guns casos, ferimentos mais graves. Um dosaviões caiu perto de Nanchang, ocupada pelosjaponeses.

A tripulação foi imediatamente presa. Outroavião, que pousou próximo à praia, teve dois deseus membros afogados, na tentativa de chegara terra. Os outros três tripulantes contatarampartisans chineses, mas foram denunciados epresos pelos japoneses. Doolittle, após o bom-bardeio de Tóquio, prosseguiu para a China. Quan-do próximo ao seu local de destino, saltou depára-quedas, esperando não cair em territóriocontrolado pelos japoneses.

Tinha voado 13 horas e percorrido 2.250milhas. Inicialmente, pensou que sua primeira

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23Fatos Históricos

Na foto ao lado,Doolittle comocomandante da15ª Força Aérea

Ten.-Cel. da ForçaAérea do Exército,James H. Doolittle,nasceu naCalifórnia, em14 de dezembrode 1896

deDoolittledeDoolittlemissão de combate fosse um fracasso, pois per-deu todos os aviões.

Entretanto, foi condecorado com a Medalhade Honra do Congresso Americano pelo seu ex-cepcional feito. Adicionalmente, foi promovidoao posto de general. Comandou a 12ª Força Aé-rea durante a Campanha do Norte da África(1942-1943), a 15ª Força Aérea no norte da Itá-lia (1943), e a 8ª Força Aérea, durante a inten-siva campanha de bombardeio contra a Alema-nha (1945). Após a guerra, passou para a reser-va e retomou o seu antigo emprego na Shell.Chegou a vice-presidente e diretor da compa-nhia, onde trabalhou até à sua aposentadoria,em 1959.

Mesmo aposentado, sempre participou decomissões governamentais em assuntos ligadosà Aviação. Serviu em todas as administrações,desde Eisenhower, até Reagan. No Governo Rea-gan, foi promovido, na reserva, ao posto de “FourStar General”. As insígnias do posto foram colo-cadas pelo próprio Presidente Reagan e peloSenador Barry Goldwater, em seção conjunta doCongresso. Doolittle morreu na década de 90,com mais de 96 anos. Deixou um exemplo ini-gualável de dedicação e patriotismo. Uma dashistórias mais conhecidas sobre o bombardeiode Tóquio foi escrita pelo Capitão Ted Lawson,em seu livro “Trinta Segundos sobre Tóquio”.Esse livro se tornou um clássico da Aviação. Foipublicado ainda no final de 1942, contribuindopara o esforço de guerra americano. Mais adi-ante, foi feito um filme com o mesmo nome.

Resumindo: cinco dos oitenta homens deDoolittle ficaram detidos na União Soviética. Trêsmorreram em decorrência dos acidentes provo-cados pela situação. Oito tripulantes foram cap-turados. Mais tarde, esses tripulantes captura-dos foram mandados para Tóquio, a fim de se-rem interrogados pela polícia secreta. Os ses-

senta e quatro restantes conseguiram chegar emChungking, capital da China não ocupada.

O Imperador Hiroito foi consultado sobre oque fazer com os prisioneiros. Resolveu não seimiscuir no problema. Seu colaborador íntimo,Sugiama, sugeriu que fossem julgados pelas mor-tes ocorridas em decorrência do bombardeio. Osprisioneiros foram mandados de volta para Shan-gai, onde aguardaram os seus destinos. Três dostripulantes foram fuzilados. Um dos remanescen-tes dos cinco prisioneiros morreu na prisão. Osoutros quatro foram libertados por pára-quedis-tas americanos, em 20 de agosto de 1945

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24Política Internacional

CAUSAS

A Conflitualidade no

Manuel Cambeses Júnior - Cel.-Av.Membro correspondente do Centro de Estudos Estratégicos da EscolaSuperior de Guerra; Membro titular do Instituto de Geografia e História Militardo Brasil e Pesquisador do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica.

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25Política Internacional

e EFEITOS

Oriente Médio:Indubitavelmente, os Estados

Unidos têm uma posição domi-nante na nova ordem mundial

posterior à Guerra Fria e à denomi-nada Guerra do Golfo, de 1991. Po-rém, mesmo com seu predomínio nopoder militar e seus avanços tec-nológicos e espaciais, não conse-guem obter o controle de todos osfatores políticos que influem emuma confrontação. Existe um poderdominante, mas também existemvários pólos políticos que conferemà multipolaridade um significado eum peso indiscutíveis. A “pax ame-ricana” posterior a 1991 não seassemelha à “pax romana” ulteriorà destruição de Cartago, um séculoantes de Cristo.

Os complexos e insolúveis pro-blemas que acometem o OrienteMédio continuam presentes comoum permanente pano de fundo. Bemvaleria a pena passar uma rápidarevista aos mesmos. O Pan-arabis-mo, o conflito árabe israelense, oproblema palestino, o fundamenta-lismo islâmico e as controvérsiasétnico-territoriais, eis aqui as cau-sas fundamentais da instabilidadee da conflituosidade dessa contur-bada zona do mundo.

O Pan-arabismo é resultado doprocesso artificial e arbitrário quedeu origem à existência dos Esta-dos da região. Na medida em queestes surgiram como resultado de

um simples traçado geométrico, queignorou as realidades subjacentes,não foi possível assentar sobre elesum sentido de identidade nacional.Essa busca de identidade, que nãoencontrou resposta em nível de uni-dades nacionais, teve de se trasla-dar a dois extratos diferentes. Deum lado ao clã, à tribo, à família.De outro, ao contrário, para umaentidade muito maior que os pró-prios Estados, ou seja, para a idéiada grande nação árabe. Em virtudedesse fenômeno conhecido comoPan-arabismo, as fronteiras estataissão vistas como divisões artifici-ais que não fazem mais do que se-parar um mesmo povo.

O fenômeno pan-arábico temtrazido consigo conseqüências eas seguintes tendências, respec-tivamente: a formação de lideran-ças messiânicas que buscam pro-jetar-se sobre o conjunto do mun-do árabe; a intervenção em assun-tos internos dos demais estadosárabes, em virtude da justificativabrindada por essa noção supra-estatal; a considerar as riquezasda região como propriedade man-comunada de todos os países ára-bes e os subseqüentes ressenti-mentos que derivam ante a impos-sibilidade de aceder a elas; a iden-tificar arabismo com sunismo, ouseja, a raça árabe com a vertentesunita do islamismo.

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26Política Internacional

O conflito árabe-israelense en-contra sua origem no fim da Primei-ra Guerra Mundial, quando os bri-tânicos assumiram o mandato so-bre um território que, a seguir, ha-veria de se chamar Palestina. Aofazê-lo, começaram a dar rédeassoltas à imigração judia, a qual seassentava nos compromissos deri-vados da chamada Declaração Bal-four e nas exigências do movimen-to sionista, que teve sua origem nointelectual húngaro Teodoro Herzl.

A Resolução 181 das NaçõesUnidas, do ano de 1947, adotou umplano para dividir a Palestina emdois Estados: um árabe e outro ju-deu. A declaração de independên-cia do Estado de Israel, em 1948,veio imediatamente sucedida porum ataque combinado de Egito, Sí-ria, Líbano, Jordânia e Iraque. O re-sultado dessa guerra foi que Israelficou de posse de territórios maisextensos do que aqueles que lhehaviam sido designados, original-mente, no Plano de Partição da Pa-lestina aprovado pela ONU. Dessamaneira, ao problema da introduçãode um “corpo estranho” na região,vieram somar-se dois problemasadicionais: a ocupação por parte deIsrael, de territórios que não lheforam conferidos juridicamente e apresença de uma população árabe-palestina flutuante, transformadaem permanente fator de combustão.

O problema palestino teve suaorigem na impossibilidade de se cri-ar um Estado árabe, de acordo como prescrito pela Resolução 181, quedividiu a Palestina. A guerra de1948, que sucedeu a independên-cia de Israel, aumentou seu territó-rio, ocupando a Galiléia e a parteoeste de Jerusalém, que haveriamde corresponder à Palestina árabe.

franceses delinearam as fronteirasda região, após o fim da PrimeiraGuerra Mundial. Antigas provínci-as turcas se viram desligadas deseus centros ancestrais de posse,da mesma maneira como gruposétnicos de uma mesma origem seviram separados por novos limitesestatais. Desta forma, a Jordânia sesentiu no direito histórico de ane-xar a Cisjordânia, da mesma ma-neira que o Iraque considerou quepoderia fazer o mesmo com oKuwait. Irã e Iraque têm mantidouma perene disputa sobre o Shatt-el-Arab, da mesma forma que a Sí-ria sempre considerou que a pro-víncia de Mossul, outorgada ao Ira-que, forma parte de sua herança his-tórica. De um a outro extremo daregião, os problemas territoriais sereproduzem, gerando rusgas e con-frontos. Por sua vez, a pressão ir-redutível de grupos étnicos que seconsideram com direito a uma pá-tria própria se faz sentir de manei-ra contundente. Junto ao caso pa-lestino, anteriormente aludido, en-contramos também os curdos, gru-po étnico que foi disseminado en-tre Turquia, Irã e Iraque.

É importante enfatizar que o Ori-ente Médio contém, em suas entra-nhas, dois terços das reservas pe-trolíferas do mundo e tem demons-trado, sistematicamente, incapaci-dade para alcançar a estabilidade eestabelecer a tão almejada paz. Osproblemas e as tensões que aflorama todo o momento demonstram es-tar calcados em ódios e ressenti-mentos acumulados ao longo de sé-culos e mostram-se demasiadamen-te enraizados para que seja promo-vida, a curto prazo, uma trégua à con-flituosidade reinante nessa contur-bada e explosiva região do planeta

Mais grave ainda, entretanto, foi aatitude dos próprios árabes para acriação de um Estado árabe-pales-tino. O Emir Abdullah anexou aCisjordânia a seu próprio territórioda Transjordânia, formando sobreessas bases o moderno reino daJordânia. Por outro lado, o Egito fi-cou com o controle da Faixa deGaza, também destinada ao Estadoárabe-palestino. Após a Guerra dosSeis Dias, em 1967, Israel conquis-tou Gaza e a Cisjordânia. A partirdesse momento, a impossibilidadede conformar um Estado árabe-pa-lestino, sob os termos da Resolu-ção 181, passou a recair sob a res-ponsabilidade israelense.

O fundamentalismo islâmico éresultado do caráter totalizador docredo corâmico, sempre propícioaos excessos. A “Sharia”, ou su-jeição às leis religiosas, se apre-senta como uma opção natural deidentidade em meio à influência oci-dental e ao mundo moderno. Nela,o crente muçulmano encontra res-posta para suas dúvidas, em meioaos preceitos que guiam todos osaspectos de sua vida cotidiana e obrindam com um nicho de certezasfrente a um leque de questionamen-tos sem respostas. A revolução deKhomeini no Irã abriu as portas aum modelo de vida e de sociedadeque a cada dia se apresenta maisatrativo para amplas massas popu-lacionais do Oriente Médio. O te-mor à “Jahiliyya” ou seja, a apos-tasia e abarbárie são identificadasnão somente com a presença e ainfluência do Ocidente, mas tambémcom a dos regimes pró-ocidentaisda região.

As controvérsias étnico-territo-riais são resultado de traçados ar-tificiais com os quais ingleses e

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27Exemplos Vividos

Maj.-Brig.-do-ArHugo deOliveira PivaCadete 4603

AFONSOS ANOS60AFONSOSM eus caros amigos, Cadetes de 1946 e todos

aqueles que, ao longo desses 60 anos, vie-ram se agregar ao grupo, enriquecendo muito a nos-sa Turma.

É a vocês todos que eu me dirijo. E a primeirapergunta que eu me fiz foi:

“O que é que eles gostariam de ouvir de mimneste momento?”

Eu não consegui resposta para essa pergunta,portanto eu vou falar sobre o que eu gostaria de dizera vocês.

Não vou dizer que estamos 60 anos mais velhosdo que naquele dia inesquecível em que nós nos apre-sentamos na Escola de Aeronáutica. Não vou dizer davibração, do entusiasmo, das dúvidas e das insegu-ranças que, naquela época, povoavam o nosso cére-bro tão vivo e dinâmico.

Mas vou falar dos nossos sonhos... Dos nossosplanos de conquistar o mundo, pois cada um de nóstinha o seu próprio mundo, e estava começando adesbravá-lo. Cada um a seu modo. Cada mundo àsua altura.

Hoje, 60 anos depois, verificamos que caminha-mos bem mais longe do que sonhávamos, e conquis-tamos muito mais do que imaginávamos, mas mesmoassim ainda estamos muito mais distantes das nossasmetas iniciais.

Aquele mundo enorme e maravilhoso que sonha-mos é muito menor do que este que viemos abrindoao longo da vida. Sabemos agora que o horizonte émuito maior do que aquele pequeno universo que pre-tendíamos conquistar nos sonhos da nossa juventu-de. E ele agora é maior graças às nossas realizações,pois foram as nossas conquistas que ajudaram a fazê-lo tão grande.

Olhando para trás vemos com orgulho o muitoque contribuímos para um Brasil melhor e um mundomais desenvolvido e mais aberto.

Olhando para a frente vemos os nossos filhos,sobrinhos, netos, e todos os seus companheiros, ten-tando também desbravar os seus próprios mundos.

E quais são os ideais dessa nova geração?Se examinarmos bem, veremos que o mundo de-

les é muito maior, mais brilhante e mais rico do que odos nossos sonhos de 60 anos atrás, mas o caminhoque terão que percorrer é mais longo e os obstáculossão maiores. Eles precisam, pois, do nosso estímulo,do nosso apoio e da nossa experiência.

Precisamos encorajá-los a sonhar, pois só ossonhos podem fazê-los grandes. É preciso sonharpara crescer, e batalhar com coragem para transfor-mar esses sonhos em realidade, pois nós temos adimensão dos nossos sonhos e a consistência dasnossas realizações

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28Ciências Políticas

A Democraciano BrasilA Democraciano BrasilA Democraciano BrasilA Democraciano Brasil

Maj.-Brig.-do-Ar Umberto deCampos Carvalho Netto

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29Ciências Políticas

O feiçoamento do regime, incluindo-sea ampliação dos colégios eleitorais.

Com efeito, em 1932 o CódigoEleitoral promulgado pelo governooriundo da Revolução de 30, que ti-nha entre as suas bandeiras o com-bate à fraude e à corrupção nas elei-ções, além de instituir a Justiça Elei-toral, confirmou o Sufrágio Univer-sal, mas direto e secreto, extensivoàs mulheres, obrigatório a partir dosdezoito anos, porém continuandovedado aos analfabetos.

A Constituição de 1988 ampliouconsideravelmente a Universalida-de, até um ponto dificilmente supe-rável: diminuiu o marco da maiori-dade eleitoral, inovando com o votofacultativo na faixa 16/18 anos, damesma forma que para os analfabe-tos. Só é vedado o direito aos meno-res de 16 anos, aos conscritos du-rante o tempo da prestação do Ser-viço Militar e àqueles que tenhamperdido os direitos políticos na for-ma da lei.

Além disso, os constituintes de

A Caracterização daDemocracia Brasileira

88 optaram pela Democracia Semi-direta, já que foram consagradastrês formas de participação direta,quais sejam: o Plebiscito, o Refe-rendo e a Iniciativa Popular, nos ca-sos e nas condições previstos notexto da Carta Magna.

A Caracterização daDemocracia Brasileira

As conquistas em direção ao ide-ário democrático, que se foi conso-lidando no mundo, especialmente apartir do século XIX, atingem o seuápice no Brasil, com a Constituiçãode 1988, começando a sua caracte-rização a partir dos fundamentos daRepública, apresentada como umEstado Democrático de Direito, lis-tados no Artigo 1o: a soberania, acidadania, a dignidade da pessoahumana, os valores sociais do tra-balho e da livre iniciativa e o plura-lismo político.

Também importantes na carac-terização em tela são os objetivosfundamentais do Estado brasileiro,

A Universalidade

Brasil, desde a primeiraConstituição da República, éum Estado Democrático orga-

nizado sob a forma federativa, comSistema de Governo presidencialis-ta, três poderes independentes e par-lamento bicameral.

A Constituição de 1891 apresen-tou uma feição com cunho bastanteliberal e foi fortemente influenciadapela dos Estados Unidos de 1787.

No tocante ao sistema eleitoral,a primeira Carta Republicana, a parda liberdade partidária, estabeleceuo sufrágio dito universal, emboracom variadas restrições. O voto nãoera secreto, mas obrigatório parahomens maiores de vinte e um anos,sendo vedado a analfabetos, solda-dos, religiosos e mulheres. O pro-gresso no rumo de uma maior parti-cipação popular viria com o tempo.

A UniversalidadeA partir da primeira Cons-

tituição, começa uma lenta ca-minhada com vistas ao aper-

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30Comportamento

enumerados no Artigo 3o: construiruma sociedade livre, justa e solidá-ria, garantir o desenvolvimento na-cional, erradicar a pobreza e a mar-ginalização, reduzir as desigualda-des sociais e regionais, promover obem de todos sem preconceitos deorigem, raça, sexo, cor, idade equaisquer outras formas de discri-minação. Este último item, particu-larmente, reveste-se de grande im-portância, pois veda qualquer formade discriminação, uma chaga quemacula a Humanidade até mesmo emsociedades mais avançadas.

No que se refere aos direitos egarantias individuais, a Carta de 88é pródiga em concessões, iniciandocom os direitos e deveres listadosno Artigo 5o, cujo caput estatui aigualdade de todos perante a lei, semdiscriminação de qualquer natureza,garantindo-se aos residentes no Paísa inviolabilidade do direito à vida, àliberdade, à igualdade, à segurançae à propriedade, seguindo-se os ter-mos em que se manifestam estesdireitos, relacionados em nada me-nos de setenta e sete incisos. Des-tes, alguns reafirmam dispositivosanteriores já consagrados, outrosconstituem autênticas inovações quetrazem um cunho modernista à De-mocracia brasileira.

Da mesma importância são osdireitos sociais de que trata o Artigo6o por meio de trinta e quatro inci-sos, também contendo cláusulas ino-vadoras, em que estão inseridos osdireitos à educação, à saúde, ao tra-balho, à moradia, à segurança, àprevidência social, à proteção àmaternidade e à infância e à assis-tência aos desamparados.

Com relação à ordem econômi-ca, o Artigo 170 declara-a fundadana valorização do trabalho humano e

pre o que está escrito nas leis é arealidade na prática, até porquemuitos dos dispositivos constituci-onais, por vezes, não passam deobjetivos a perseguir e, não raro, porsua natureza, não podem apresentarresultados mensuráveis. Tais são,entre muitas outras, expressõescomo “maior justiça social”, “pro-mover o bem de todos”, “criação deuma sociedade livre, justa e solidá-ria”, para citar apenas três exem-plos. Ainda assim pode-se afirmarcom convicção que, desde 1891 atéaos dias que correm, o progresso emdireção à plena Democracia no Bra-sil é inquestionável. Porém, aindarestam muitas lutas e muitas con-quistas para aperfeiçoá-la cada vezmais. Mas todas as característicasmencionadas permitem deduzir quea Democracia brasileira distancia-se muito do que se conheceu comoLiberalismo Clássico do século XIX.

Melhor caberia, se quisermosrotular o Estado brasileiro, qualifi-cá-lo como Estado Social, que prati-ca a Social-Democracia. Pelo me-nos é esta a conclusão a que se podechegar, com base na estrutura legalque estabelece as condições de con-vivência da sociedade brasileira. Aesta mesma sociedade, que faz asleis por meio de seus representan-tes, compete exigir o seu fiel e inte-gral cumprimento, assim como es-tar permanentemente atenta paracom a atuação dos detentores demandatos que não correspondam àconfiança dos seus eleitores.

O grande objetivo deve ser nosentido de que a Democracia brasi-leira, sem dúvida altamente louvá-vel na teoria, não se desvirtue naprática, reduzindo-se a apenas umabela, porém, pouco eficaz, declara-ção de boas intenções

Teoria e Prática

na livre iniciativa, dentro dos seguin-tes princípios: soberania nacional,propriedade privada, função social dapropriedade, livre concorrência, de-fesa do consumidor e do meio-ambi-ente, redução das desigualdades so-ciais e regionais, busca do plenoemprego, tratamento favorecido àsempresas de pequeno porte com sedee administração no País.

No campo político, juntamentecom os direitos eleitorais mencio-nados, deve-se dar ênfase à exis-tência dos partidos políticos, já ins-titucionalizados e julgados essenci-ais para o bom funcionamento doregime democrático e para a expres-são máxima da aceitação do plura-lismo político, desde a criação darespectiva Lei Orgânica, de 1972.Pela atual Constituição, é livre a suacriação, fusão, incorporação e ex-tinção, resguardando-se a soberanianacional, o regime democrático, opluripartidarismo, os direitos funda-mentais da pessoa humana, e exi-gindo-se o seu caráter nacional, aproibição do recebimento de recur-sos exteriores ou a subordinação agovernos ou entidades estrangeiras.

A par de todo este elenco de dis-positivos constitucionais, ainda háque se considerar conquistas que sevêm consolidando nas últimas dé-cadas, com legislações que refor-çam os direitos dos cidadãos, de-monstrando o espírito democráticoda sociedade brasileira. Tais são,por exemplo, as leis antidiscrimina-ção racial, de proteção ao consumi-dor, às crianças e adolescentes, aosidosos, aos deficientes físicos, aomeio-ambiente e tantas outras.

Teoria e PráticaÉ uma verdade que não pode ser

desprezado o fato de que nem sem-

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31Memorial

Há 45 anos Para conhecimento

dos pesquisadores,

continuamos a

apresentar o

Sumário dos

artigos publicados

nos números

anteriores da

Revista

aeronáutica.

Desta feita, estão

relacionadas

aquelas matérias

veiculadas nos

números 10, 11 e

12 do ano de 1960.

A Primeira Vitória Aérea – Cassiano Pereira –Maj.-Av.Homenagem Póstuma – José Guimarães Bi-jos – Ten.-Cel.-Int.O Problema da Reserva na FAB – Aldo Vieirada Rosa – Cel.-Av.A Evolução da Guerra – Um Novo Conceito –Ivo Gastaldoni – Cel-.Av.Asas ou Algemas – J. Menezes MouraPreparação de Operários para a Indústria Ae-ronáutica – Aldo Alvim de Rezende Chaves –Cap.-Int.Estudo Meteorológico da Precipitação Estáti-ca – Farid Cezar Chede – Cap.-Esp.-Met.Cartas a um Aspirante Meteorologista – Clo-domir Padilha Alves da Silva – 1.° Ten.-Esp.-Met.Aeromodelismo – Haroldo Sauer Guimarães –Cap.-Int.A Velha GuardaOswaldo Cruz – Antônio Rezende de CastroMonteiro – Ten.-Cel.-Méd.-Aer.Telecomunicações e a Segurança Nacional –J. C. Vallim – Ten.- Cel.Palavras CruzadasXadrez – Brig.-do-Ar-Eng. Oswaldo BalloussierProblemas Argelinos – A. F. Lobato – Cel.-Int.Reconstrução e Ampliação do Aeroporto doGaleão – Eng. Pedro CoutinhoNotícias da Aeronáutica

Sumário da Revista nº 10 - MAI./JUN. 1960

EditorialEconomia de Guerra e Importância da Indús-tria – Brig.-do-Ar-Eng. Oswaldo BalloussierO “Thor” facultou um Reforço Excelente aoPioneiro VÀ Margem de uma Reforma – Lauro Ney Mene-zes – Cap.-Av.Equipe de Fatores Humanos – Tradução doBrig.-do-Ar-Eng. Oswaldo BalloussierDesafogo Cívico – J. Menezes MouraJacareacanga – Aloísio NóbregaRoteiro do Guaporé – Maj.-Brig.-do-Ar LysiasAugusto RodriguesA Chuva Leve afeta o Julgamento do Piloto?– Tradução do Brig.-do-Ar-Eng. OswaldoBalloussier“Astrovia” para as EstrelasA Marinha experimenta o Potencial de Navega-ção do Transit – Tradução do Brig.-do-Ar-Eng.Oswaldo BalloussierIgualdade – Cônego Waldemar Rezende – Cap.-Capl.-Aer.Uma Teoria sobre os Discos Voadores – Do-nald H. Robey – Tradução do Brig.-do-Ar-Eng.Oswaldo BalloussierEsportes – Judô: Esporte em Ascensão – Prof.Augusto de Oliveira CordeiroXadrez – Brig.-do-Ar-Eng. Oswaldo BalloussierPor que não temos Indústria Aeronáutica – Ge-orge Soares de Moraes – Ten.-Cel.-Av.-Eng.A “North American Aviation” renova sua pro-posta para colocar o X-I5 em órbita – Traduçãodo Brig.-do-Ar-Eng. Oswaldo BalloussierNotícias do ClubeNotícias da Aeronáutica

Sumário da Revista nº 11 – JUL./AGO. 1960

EditorialFormas de Guerra – Ivo Gastaldoni – Cel.-Av.B-58 de Missão Múltipla – Tradução do Brig.-do-Ar-Eng. Oswaldo BalloussierO Especialista em Relações Públicas e a Opi-nião Pública – Márcio Cesar Leal Coqueiro –Ten.-Cel.-Av.Aeroporto de Barra do Corda – Protásio Lopesde Oliveira – Ten.-Cel.-Av.Flagrante do CAN – Couro de Onça Preta –

Aloísio Nóbrega – Maj.-Av.O Aviador, sua Cultura, sua Carreira – Brig.-do-Ar-Eng. João Mendes da SilvaDireito do Espaço – Paulo Ernesto TolleBrasil – Campeão Mundial do Pentatlo MilitarOperação Trovão – Paulo Costa – Ten.-Cel.-Av.Navegação por Inércia – Aldo Alvim de Rezen-de Chaves – Cap.-Int. Aer.Xadrez – Brig.-do-Ar-Eng. Oswaldo BalloussierNotícias do Clube6.° Aniversário da Morte do Maj.-Av. RubensFlorentino VazNotícias da AeronáuticaA FAB Equipada com os Recordistas de Trans-portesHá quase três décadas serve o CAN aos Povosdos Países Sul-Americanos

Sumário da Revista nº 12 – SET./OUT. 1960

EditorialUma Vida ao Serviço da Pátria – Brig.-do-Ar-Eng. Oswaldo BalloussierO Padre Bartholomeu Lourenço de Gusmão –Documentos Históricos da Navegação AéreaBrasileira – Dr. Waldemiro Pimentel – CoronelFlagrante do CAN – Ambrósio de Aragarças –Aloísio Nóbrega – Maj.-Av.O Gás Liquefeito na Indústria Petroquímica –Aloísio Vasconcelos Menescal – Cap.-Eng.

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32Arte

A Cultura Fernando BicudoDiretor da Ópera Brasil

mundo caminha acelera-damente para uma novagênese. Estamos verifi-

cando que as nações e os povos nãomais são conquistados pelas guerras,como acontecia na Antigüidade. Nãoé mais a força militar que determinao poderio de um povo e as suas con-quistas. Os impérios também não sãomais formados pelo poderio econô-mico. Com a globalização da econo-mia, com as transnacionais e com aforça dos órgãos internacionais, cadavez mais o capital não é fator deter-minante do poder de um povo sobreoutro, de uma nação sobre outra oude um grupo sobre o outro.

Cada vez mais o homem busca oconhecimento. Cada vez mais a cul-tura é reconhecida como o tesouro

maior de um povo e de uma civiliza-ção. Ela é a conquista maior que te-mos, é o legado que deixamos paraas gerações seguintes.

A sobrevivência de uma naçãoestá diretamente ligada à força de suacultura. As fronteiras de um povo se-rão determinadas pelo alcance e peladivulgação dela. Estamos verificandoa Europa sendo transformada em umpaís; estamos vendo a Europa unida.As fronteiras estão desaparecendo eos países passam a ser parte uns dosoutros. Estamos vendo continentes.

Recentemente, os governos dospaíses europeus reuniram-se, preo-cupados com a pasteurização que seestá verificando em suas sociedades.Essa homogeneização imposta pelosmeios de comunicação e fruto da glo-

balização está descaracterizando associedades que, antigamente, e atémuito recentemente, tinham carac-terísticas bem distintas. Se a Euro-pa, continente de tradições culturaisseculares, está preocupada com adescaracterização de suas origens eraízes diante da globalização e os go-vernantes resolveram investir verbasvultosas em suas culturas popularese folclóricas para preservação daidentidade, o que dizer de nós, aquino Brasil? Somos um país jovem edentro de mais alguns anos vamoster a ALCA, com a América unida.Esperamos que seja unida, justa,mas temos muitas dúvidas a respei-to disso. O que será de nossa cultu-ra, da nossa sociedade e da civiliza-ção brasileira?

A Cultura

O

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33Arte

Brasileira

Isso me preocupa, porque aindaestamos vivendo um período em quenão temos essa união, verificando-seuma descaracterização acelerada dacultura brasileira. Considero, inclusi-ve, absolutamente errados os meca-nismos atuais de incentivo a esse que-sito. O Brasil está criando sistemasque são incentivos à cultura universale alienígena, mas não à brasileira.

Recentemente, há dez anos, co-meçamos a ter leis de incentivo à cul-tura. O que essas leis fizeram até ago-ra? Onde está ela? Está desassistida.As maiores expressões que verifica-mos em nossa sociedade são atos demarketing e de valorização de mar-cas comerciais que se refletem nosgrandes eventos culturais. Basta ve-rificarmos o nome dos nossos even-

tos: Free Jazz, Carlton Dance, KaiserRock. Onde está a brasileira? O queisso tem a ver com o maracatu, como bumba-meu-boi, com o caboclinho,com a essência nacional? Não vemosisso refletido no noticiário dos jornaisou da televisão. O que existe é umaação mercadológica, como se fosseum complô contra nossa nacionalida-de. Os pequenos grupos folclóricos eda cultura popular e as pequenas eas médias companhias teatrais têmdificuldade muito grande de acessoaos incentivos. Quem tem acesso aisso são os grandes grupos e os gran-des produtores que, em sua maioria,estão ligados a grandes grupos eco-nômicos, que valorizam seus interes-ses comerciais em detrimento dos in-teresses nacionais.

Sou economista e homem acos-tumado a fazer projetos. Levei setemeses e fiz exaustivas visitas a Brasí-lia e ao Rio de Janeiro para atenderao que era exigido. Para aprovar omeu primeiro projeto, tive de preen-cher nove formulários, treze anexose apresentar oito certidões. Ainda tivede cumprir algumas exigências.

Qual é o grupo brasileiro que sepode dar ao luxo de fazer isso? Emsua grande maioria, a arte brasileirafunciona independente de burocracia.Quem pode se submeter a essa for-ma estatizante que emperra a obten-ção desses supostos incentivos?

O que aconteceu, a bem da verda-de, foi que, com tantas exigências, oapoio à atividade cultural desapare-ceu. Antes, os produtores iam às em-

Brasileira

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Arte34

presas e pediam um quilo de miçan-gas, dez quilos de plumas, madeira.Agora, não podem fazer isso. Na pri-meira fase da lei, a empresa simples-mente contabilizava o que era feitocomo doação e apresentava no seuImposto de Renda, e a coisa funciona-va. Agora, o projeto cultural tem deser prévio, o que é uma ingerência. Aatividade no Brasil passou a ser apro-vada pelo Ministério da Cultura. Aca-bou a espontaneidade! Se o projetonão for aprovado, não há como rece-ber nada, o que dificulta a produção.

Estamos vivendo um momento deextrema carência de recursos paraa produção brasileira. Por outro lado,não podemos deixar de pensar quea cultura é o fator determinante dacidadania, é o que vai determinar asobrevivência do povo brasileiro.Sempre foi olhada como supérfluo.Devemos mudar a visão que temossobre isto.

A cultura é o elemento mais im-portante do desenvolvimento econô-mico de um povo. O elemento maisimportante para diminuir as injusti-ças sociais. A indústria cultural é ca-paz de criar maior número de empre-gos no Brasil. É a atividade que mai-or benefício traz ao país. No entanto,é sempre relegada a segundo plano.

Passei quinze anos fora do Bra-sil, em auto-exílio. Não damos impor-tância aos nossos valores, não conhe-cemos o Brasil e não conhecemos acultura brasileira, que não se encon-tra nos grandes centros, mas na pe-riferia, no Norte e no Nordeste. Omundo inteiro a reverencia.

Por que não investir de forma efi-ciente e encontrar mecanismos deapoio para que criemos empregos epossamos aumentar o turismo cultu-ral? Seria uma forma de atrair, inclu-sive, o investidor estrangeiro. Aqueleque vem atrás desse tipo de turismoé capaz de investir no País. Uma for-

ma de atrair o capital estrangeiro évendê-la e incentivá-lo.

Pergunto-me por que o Brasil, querecentemente criou para a pequenae para a microempresa o imposto Sim-ples, pois não têm infra-estrutura paracuidar de tantos impostos, não fazuma lei simples nessa área? Por quenão pensamos em diferenciar o pe-queno produtor cultural, que não teminfra-estrutura burocrática e adminis-trativa, para que se possa seguir osmesmos princípios do grande? Porque não valorizamos a produção, ba-seada na cultura brasileira, com in-centivos maiores do que aqueles queestão simplesmente servindo de ele-mento de valorização de uma mar-ca? Temos de pensar nessas coisas.

Verificamos que existe uma ca-rência de financiamento. O BancoNacional de Desenvolvimento Econô-mico recentemente incluiu o “S”, pas-sando a ser Banco Nacional de De-senvolvimento Econômico e Social.Esse “S”, parece-me, entrou apenaspara que ficasse politicamente corre-to, porque não o vemos. Eu gostariade vê-lo financiando as atividadessociais com a mesma ênfase que dáao desenvolvimento econômico. A cul-tura é o vetor mais importante de de-senvolvimento econômico da Nação eo fator primordial, principalmente nasregiões mais carentes do Brasil, paraa criação de novos empregos, que éum problema nacional.

O dinheiro investido, recentemen-te, na fábrica da Volkswagen, quecriou duzentos empregos, poderia tercriado duzentos mil empregos no Nor-deste. Esses duzentos mil empregosno Nordeste atrairiam – o fator é de-zenove – esse número multiplicado pordezenove de outros empregos, que,por sua vez, atrairiam o capital es-trangeiro. A indústria cultural é a quemais cresce no mundo e a que temmelhor retorno.

Os senhores se lembram de NovaYork, em 1975. Decretaram a falên-cia de uma cidade do mundo capita-lista. O prefeito daquela cidade, naépoca, pegou o seu caixa – havia par-cos recursos, insuficientes para quequalquer projeto de sua administra-ção pudesse ir adiante – e destinoua verba aos artistas para que falas-sem do amor que tinham pela cida-de. Essa pequena verba resultou nacampanha “I love New York”. Devidoa esse refrão, a Broadway se revita-lizou. Era uma cidade extremamenteviolenta. Eu morava lá naquela épo-ca. As indústrias, o comércio e osserviços saíram de lá, indo para osarredores. A cidade tinha um índicede desemprego altíssimo, o maiordos Estados Unidos. Com a criaçãodo grito de amor por ela e com osespetáculos que aconteceram naBroadway, vieram os turistas; comeles, os hotéis encheram; os restau-rantes tiveram de contratar mão-de-obra; a indústria de serviços foi au-mentando; as conferências e as reu-niões anuais das empresas passarama convergir para lá novamente; aatividade da cidade começou a flo-rescer de novo; os impostos foramrecolhidos e as dívidas passaram aser pagas. Nova York saiu da insol-vência e voltou a ser – estava per-dendo para Londres – o centro finan-ceiro. Hoje, indubitavelmente, é acapital do mundo dos negócios.

Tudo isso ocorreu por causa deum bando de artistas que resolveufalar de amor pela sua cidade.

Não há um brasileiro que ousefalar do amor pelo seu País e pelasua cultura e que ache que temos depensar na alma nacional. É hora dededicarmos um pouco mais de aten-ção às expressões autênticas, que sãoas festas populares, as músicas e asdanças do folclore, essência e baseda nossa cultura verdadeira.

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35Visão Histórica

Carta do Papa João Paulo II

Artistas aosASíntese de texto extraído da internet

todos aqueles que apai-xonadamente procuramnovas “epifanias” da be-

leza, para oferecê-las ao mundocomo criação artística.

“Deus, vendo toda a sua obra,considerou-a muito boa.” (Gn 1,31)

O Artista, Imagemde Deus Criador

Ninguém melhor do que vós, artis-tas, construtores geniais de beleza, paraintuírem algo daquele “pathos” com queDeus, na aurora da criação, contem-plou a obra das suas mãos. Infinitasvezes, se espelhou um relance daquelesentimento no olhar com que vós –como, aliás, os artistas de todos os tem-pos – maravilhados com o arcano po-der dos sons e das palavras, das corese das formas, vos pusestes a admirara obra nascida do vosso gênio artísti-co, quase sentindo o eco daquele mis-tério da criação a que Deus, único cria-dor de todas as coisas, de algum modovos quis associar.

Pareceu-me, por isso, que não ha-via palavras mais apropriadas do queas do livro do Gênesis para começaresta minha Carta para vós, a quemme sinto ligado por experiências dosmeus tempos passados e que marca-ram indelevelmente a minha vida.

Na realidade, não se trata de umdiálogo ditado apenas por circunstân-cias históricas ou por motivos utilitári-os, mas radicado na própria essência,tanto da experiência religiosa como dacriação artística. A página inicial daBíblia apresenta-nos Deus quase comoo modelo exemplar de toda a pessoaque produz uma obra: no artífice, re-flete-se a sua imagem de Criador. Estarelação é claramente evidenciada nalíngua polaca, com a semelhança lexi-

cal das palavras “stwórca” (criador) e“twórca” (artífice).

Qual é a diferença entre “criador”e “artífice”? Quem cria, dá o próprioser, tira algo do nada – “ex nihilo suiet subiecti”, como se costuma dizerem latim – e isto, em sentido estrito,é um modo de proceder exclusivo doOmnipotente. O artífice, ao contrário,utiliza algo já existente, a que dá for-ma e significado. Este modo de agiré peculiar do homem como imagemde Deus. Com efeito, depois de terafirmado que Deus criou o homem ea mulher “à sua imagem” (cf. Gn 1,27), a Bíblia acrescenta que Ele con-fiou-lhes a tarefa de dominarem aterra (cf. Gn 1, 28). Foi no último diada criação (cf. Gn 1, 28-31).

Por conseguinte, Deus chamou ohomem à existência, dando-lhe a ta-refa de ser artífice. Na criação artís-tica, mais do que em qualquer outraatividade, o homem revela-se como“imagem de Deus”, e realiza aquelatarefa, em primeiro lugar, plasman-do a “matéria” estupenda da sua hu-manidade e, depois, exercendo umdomínio criativo sobre o universo queo circunda. Com amorosa condescen-dência, o Artista divino transmite umacentelha da sua sabedoria transcen-dente ao artista humano, chamando-o a partilhar do seu poder criador.

A Vocação Especial do ArtistaNem todos são chamados a ser

artistas, no sentido específico do ter-mo. Mas, segundo a expressão do

Gênesis, todo homem recebeu a ta-refa de ser artífice da própria vida:de certa forma, deve fazer dela umaobra de arte, uma obra-prima.

É importante notar a distinçãoentre essas duas vertentes da ativi-dade humana, mas também a suaconexão. A distinção é evidente.

A Vocação Artística aServiço da Beleza

Um conhecido poeta polaco,Cyprian Norwid, escreveu: “A belezaé para dar entusiasmo ao trabalho, otrabalho para ressurgir”.

O tema da beleza é qualificante,ao falar de arte. Esse tema já apare-ceu, quando sublinhei o olhar de com-placência que Deus lançou sobre acriação. Ao pôr em relevo, que tudoo que tinha criado era bom, Deus viutambém que era belo. A confronta-ção entre o bom e o belo gera suges-tivas reflexões. Em certo sentido, abeleza é a expressão visível do bem,do mesmo modo que o bem é a con-dição metafísica da beleza. Justamen-te o entenderam os gregos, quando,fundindo os dois conceitos, cunharamuma palavra que abraça a ambos:“kalokagathía”, ou seja, “beleza-bon-dade”. A este respeito, escreve Pla-tão: “A força do Bem refugiou-se nanatureza do Belo”.

Pode-se dizer, com profunda ver-dade, que a beleza é a vocação a queo Criador o chamou com o dom do “ta-lento artístico”. E também este é, cer-tamente, um talento que, na linha da

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36Visão Histórica

parábola evangélica dos talentos (cf.Mt 25, 14-30), se deve pôr a render.

Tocamos aqui um ponto essenci-al. Quem tiver notado em si mesmoesta espécie de centelha divina que éa vocação artística – de poeta, escri-tor, pintor, escultor, arquiteto, músi-co, ator etc. – adverte ao mesmo tem-po a obrigação de não desperdiçaresse talento, mas de o desenvolverpara colocá-lo a serviço do próximoe de toda a Humanidade.O Artista e o Bem Comum

De fato, a sociedade tem neces-sidade de artistas, da mesma formaque precisa de cientistas, técnicos,trabalhadores, especialistas, testemu-nhas da fé, professores, pais e mães,que garantam o crescimento da pes-soa e o progresso da comunidade,por intermédio daquela forma subli-me de arte que é a “arte de educar”.Não só enriquecem o patrimônio cul-tural da nação e da Humanidade in-teira, mas prestam também um ser-viço social qualificado ao bem comum.

Desde as narrações da criação,do pecado, do dilúvio, do ciclo dos Pa-triarcas, dos acontecimentos do êxo-do, passando por tantos outros epi-sódios e personagens da História daSalvação, o texto bíblico atiçou a ima-ginação de pintores, poetas, músicos,autores de teatro e de cinema.

Tudo isto constitui, na História daCultura, um amplo capítulo de fé ede beleza.

Os PrimórdiosA fé impunha aos cristãos, tanto

no campo da vida e do pensamentocomo no da arte, um discernimentoque não permitia a aceitação auto-mática desse patrimônio. Assim, aarte de inspiração cristã começou emsurdina, ditada pela necessidade queos crentes tinham de elaborar sinaispara exprimirem, com base na Escri-tura, os mistérios da fé e, simultane-amente, de arranjar um “código sim-bólico” para se reconhecerem e iden-

tificarem especialmente nos temposdifíceis das perseguições.

Quando, pelo Édito de Constanti-no, foi permitido que os cristãos seexprimissem com plena liberdade, aarte tornou-se um canal privilegiadode manifestação da fé.

Enquanto a arquitetura desenhavao espaço sagrado, a necessidade decontemplar o mistério e de o propor demodo imediato aos simples levou, pro-gressivamente, às primeiras expres-sões da arte pictórica e escultural. Aomesmo tempo, surgiam os primeirosesboços de uma arte da palavra e dosom; e se Agostinho incluía também,entre as temáticas da sua produção, ada música, Hilário, Ambrósio, Prudên-cio, Efrém da Síria, Gregório de Nazi-anzo, Paulino de Nola, para citar ape-nas alguns nomes, faziam-se promo-tores da poesia cristã, que atinge, fre-qüentemente, um alto valor não só te-ológico, mas também literário. Algumtempo mais tarde, Gregório Magno,com a compilação do “Antiphonarium”,punha as premissas para o desenvolvi-mento orgânico daquela música sacratão original, que ficou conhecida pelonome dele. Com as suas inspiradas mo-dulações, o Canto Gregoriano tornar-se-ia, com o passar dos séculos, a ex-pressão melódica típica da fé da Igrejadurante a celebração litúrgica dos Mis-térios Sagrados.

Não faltaram momentos difíceisnesse caminho. A propósito precisa-mente do tema da representação domistério cristão, a Antigüidade co-nheceu uma áspera controvérsia,que passou à História com o nomede “luta iconoclasta”. As imagenssagradas, já então difusas na devo-ção do povo de Deus, foram objetode violenta contestação. O Concíliocelebrado em Nicéia, no ano 787,que estabeleceu a legitimidade dasimagens e do seu culto, foi um acon-tecimento histórico não só para a fé,mas também para a própria cultura.

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37Visão Histórica

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a A Idade MédiaO patrimônio artístico, que se foi

acumulando ao longo dos séculos,conta com um florescimento vastíssi-mo de obras sacras de alta inspira-ção, que deixam cheio de admiraçãomesmo o observador do nosso tem-po. Na força e na simplicidade do ro-mânico não existe só o gênio de umartista, mas a alma de um povo.

Humanismo eRenascimento

A feliz estação cultural, em quetem origem o florescimento artísticoextraordinário do Humanismo e doRenascimento, apresenta tambémreflexos significativos do modo comoos artistas desse período concebiamo tema religioso. Dado que vos es-crevo deste Palácio Apostólico, escrí-nio de obras-primas, talvez único nomundo, quero antes fazer-me voz dosmaiores artistas que por aqui disse-minaram as riquezas do seu gênio,permeado, freqüentemente, de gran-de profundidade espiritual.

Precisamente os maiores artistasacima mencionados no-lo demonstram.Bastaria pensar no modo como MiguelÂngelo exprime, nas suas pinturas e es-culturas, a beleza do corpo humano.A Caminho de um Renovado Diálogo

Verdade é que, na Idade Moder-na, ao lado deste humanismo cristãoque continuou a produzir significati-vas expressões de cultura e de arte,foi-se progressivamente afirmando,também, uma forma de humanismocaracterizada pela ausência de Deus,senão mesmo pela oposição a Ele.

Mas, vós sabeis que a Igreja con-tinuou a nutrir grande apreço pelovalor da arte como tal.

No Espírito doConcílio Vaticano II

O Concílio Vaticano II lançou asbases para uma renovada relaçãoentre a Igreja e a cultura, com re-flexos imediatos no mundo da arte.Tal relação é proposta na base da

amizade, da abertura e do diálogo.Na Constituição pastoral “Gaudium etspes”, os Padres Conciliares subli-nharam a “grande importância” daliteratura e das artes na vida do ho-mem: elas procuram dar expressãoà natureza do homem, aos seus pro-blemas e à experiência das suas ten-tativas para conhecer-se e aperfei-çoar-se a si mesmo e ao mundo; etentam identificar a sua situação naHistória e no universo, dar a conhe-cer as suas misérias e alegrias, ne-cessidades e energias, e desvendarum futuro melhor.

A Igreja precisa da ArteOra, a arte possui uma capacidade

muito própria de captar os diversos as-pectos da mensagem, traduzindo-os emcores, formas, sons que estimulam aintuição de quem os vê e ouve.

A Igreja precisa, particularmen-te, de quem saiba realizar tudo istono plano literário e figurativo. O pró-prio Cristo utilizou amplamente asimagens na sua pregação.

A Igreja tem igualmente necessi-dade dos músicos.

A Igreja precisa de arquitetos,porque tem necessidade de espaçosonde congregar o povo cristão.

A Arte precisa da Igreja?Portanto, a Igreja tem necessida-

de da arte. Pode-se dizer também quea arte precisa da Igreja? A perguntapode parecer provocatória. Mas, se forcompreendida no seu reto sentido, obe-dece a uma motivação legítima e pro-funda. Esta colaboração tem sido fontede mútuo enriquecimento espiritual. So-bressaiu também o laço peculiar queexiste entre a arte e a revelação cristã.

Espírito Criador eInspiração Artística

Na Igreja, ressoa, muitas vezes,esta invocação ao Espírito Santo:“Veni, Creator Spiritus” (Vinde, Es-pírito Criador, as nossas mentes vi-sitai, enchei da vossa graça os co-rações que criastes).

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38Solidariedade

A participação da nas

Eduardo IshidaCap.-Av.Pós-graduado em RelaçõesInternacionais pela UnB

E

FAB

ntre os anos de 1960 e 2003, a Força Aérea Bra-sileira (FAB) participou diretamente com quase

trezentos militares em diversas Operações de Manu-tenção da Paz (OMP) das Nações Unidas, ao redor domundo, além de ter provido o Transporte Aéreo Lo-gístico de vários contingentes do Exército Brasileiro(EB) que seguiram para essas missões.

Historicamente, a FAB realizou o translado doscontingentes do EB, cerca de 6.300 homens, que serevezaram na Primeira Força de Emergência das Na-ções Unidas (UNEF I), durante crise do Canal de Suez,entre 1957 e 1967. Foi, porém, somente no Congoque a Aeronáutica, pela primeira vez, participou efeti-vamente como parte integrante de uma OMP.

Para a Operação das Nações Unidas no Congo(ONUC), onde se instalara uma crise interna ocasiona-da pela recente independência do país, o Brasil en-viou, inicialmente, em julho de 1960, um contingente

composto por 10 oficiais-aviadores da FAB para pilo-tar aeronaves C-47 Douglas em missões de transporte.

A partir do recebimento da solicitação da ONU,via Itamaraty, as tripulações brasileiras do primeirocontingente, que seguiram para o Congo, tiveram ape-nas cinco dias para se preparar e embarcar para a mis-são. Não houve tempo hábil para um melhor preparodos militares designados.

Entre julho de 1960 e junho de 1964, a FAB enviouquatro contingentes para o Congo, que se revezavam acada seis meses, totalizando 179 militares, sendo 69oficiais e 110 suboficiais, sargentos e cabos. Além dasaeronaves C-47, alguns pilotos do quarto contingentetambém operaram helicópteros do tipo H-19.

Apesar de a participação na ONUC ter sido o ba-tismo de fogo da FAB nesse tipo de operações da ONU,ficou evidente o profissionalismo e o sacrifício dastripulações brasileiras. Tais características valeram uma

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39Solidariedade

Comando Militar Missão Exército Marinha FAB TotalONUCA - América Central 29 5 0 34ONUSAL - El Salvador 48 3 12 63ONUMOZ - Moçambique 207 9 2 63UNOMUR - Uganda-Ruanda 7 3 3 13UNPROFOR, UNMOP, UNTAES,UNPREDEP - Ex-Yugoslávia 47 29 36 112UNOMIL - Libéria 3 0 0 3MINUGUA - Guatemala 36 0 3 39UNAVEM I, II, III, MONUA - Angola 3.577 654 22 4.253UNFICYP - Chipre 20 0 0 20UNAMET - Timor-Leste 4 3 0 7TOTAL 3.978 706 78 4.762

Número demilitares

brasileiros queparticiparamdas OMP das

Nações Unidasde 1989 a 1999

NAÇÕES UNIDASOperações de Manutenção da Paz das

Font

e: I

tam

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menção honrosa enviada pelo Presidente norte-ame-ricano, Lindon B. Johnson, ao Secretário Geral daONU, em alusão a uma ação heróica de resgate, daqual participaram dois pilotos de helicóptero da FAB.

Encerrada a participação na ONUC, foi somente apartir da década de 90 que a FAB voltou a contribuircom as OMP, não só com o apoio de aeronaves, mastambém por meio do envio de Observadores Militares.

Entre 1989 e 1999, a Aeronáutica enviou um nú-mero significativo de militares para participar das OMP,conforme a Tabela 1.

De acordo com a tabela anterior, em termos nu-méricos, a participação da Aeronáutica foi bem menorque a do Exército e a da Marinha. Apesar disso, dasdezesseis operações desencadeadas no período, aFAB esteve presente em pelo menos dez.

Em setembro de 2003, a pedido da ONU, foramenviados dois C-130 Hércules da FAB, guarnecidos por41 militares, para atuarem em uma OMP na RepúblicaDemocrática do Congo, o mesmo país onde, pela pri-meira vez, a Aeronáutica operou em uma Força de Paz.Lá permaneceram por dois meses, voando em ambien-te hostil e colhendo larga experiência por meio da inte-roperabilidade ao lado de outras forças aéreas amigas.

Na maioria das OMP em que integrantes da FABestiveram, as condições eram de grande insalubrida-de, tendo que trabalhar em ambientes endêmicos defebre amarela, cólera e malária. Além disso, houvemomentos de elevada tensão e perigo.

De acordo com relatos de militares da FAB queparticiparam das missões em Angola e Moçambique,ocorreram inúmeras situações em que eles enfrenta-ram risco de vida, durante as diversas patrulhas reali-zadas como Observadores Militares.

Atualmente, a FAB está presente em missões na Costado Marfim, Libéria, Sudão e Haiti. Nos três primeiros,apenas com a presença de oficiais atuando como Obser-vadores Militares. No Haiti, desde 2004, além de oficiaisque trabalham no Estado-Maior da Missão de Paz, a FAB

tem apoiado regularmente o contingente brasileiro do EBe da Marinha (Fuzileiros Navais) por meio do apoio aéreo,transportando carga e pessoas.

O envolvimento brasileiro nas diversas operaçõesde paz promovidas pelas Nações Unidas tem sido in-terpretado como um instrumento importante da políti-ca externa, voltado para a projeção da imagem do Paísno exterior, independentemente de quem esteja à frentedo Governo Federal. A própria Política de Defesa Naci-onal brasileira fornece orientação, a fim de que as For-ças Armadas estejam preparadas para participar deoperações de manutenção da paz, de acordo com osinteresses nacionais.

Na medida de suas possibilidades, a participaçãoe o apoio da FAB às Operações de Manutenção da Pazdas Nações Unidas têm ocorrido de maneira significa-tiva. Nesse sentido, fica aqui o reconhecimento a to-dos os militares da Aeronáutica brasileira que, em de-terminado momento de suas carreiras, deixaram oaconchego de seu País natal para contribuírem no es-tabelecimento da paz nas mais longínquas regiões.

Por fim, que as palavras do ex-Secretário Geraldas Nações Unidas, Dag Hammarskjold, sirvam deinspiração e motivação para o aprimoramento técnicode todos os soldados da paz da FAB que partirem parauma missão da ONU: “Fazer a paz não é tarefa parasoldados, mas só soldados podem fazê-la”

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40Homenagem

Alberto Santos-DumontFernando Hippólyto da CostaCel.-Av.

o Pai da Aviaçãoo Pai da AviaçãoOutros Hangares e Dirigíveis

Regressando a Paris, a primeira preocupação deSANTOS-DUMONT foi a de procurar um terreno bas-tante extenso onde, além de construir o seu terceirohangar, houvesse também espaço suficiente para fa-cilitar a ascensão e o pouso de seus dirigíveis. Haviachegado à conclusão de que o seu primeiro hangarem Saint-Cloud não apresentava mais operacionali-dade segura; era importante pensar, como ele se ex-pressou, na “questão dos arredores”.

A situação se complicara com a construção deum grande hangar, mandado fazer pelo Sr. HenryDeutsch para abrigar o seu dirigível “Ville de Paris” eque ficava localizado bem próximo ao de SANTOS-DUMONT.

As valetas abertas e o canteiro de obras passarama constituir perigo aos próprios mecânicos de SAN-TOS-DUMONT, pois eles tinham que correr para apa-nhar o cabo-pendente do dirigível, principalmente naocasião do pouso, quando ele se aproximava comalguma velocidade.

Além do mais, a multidão que se formava nasimediações do hangar para apreciar as saídas e pou-sos dos dirigíveis, constituía sério problema.

Considerando todos esses fatores adversos, o

brasileiro decidiu-se a construir o seu terceiro hangarem Neuilly. Depois de pronto, suas dimensões eramas seguintes: 50 metros de comprimento, 13,5 de al-tura e 9 de largura, tendo ainda a vantagem de ficarpróximo ao Campo de Bagatelle.

O hangar de Neuilly não era mais que uma enormetenda, toda raiada nas cores branca e vermelha, apoi-ada numa armação de barrotes paralelos. O teto dessaimensa lona fechava, igualmente, os quatro lados;protegendo-a contra as ventanias, uma estrutura me-tálica foi também instalada. Somente a lona pesavacerca de 2.600 quilos.

Nesse hangar ficavam suficientemente abrigadosos dirigíveis “Nº 7” (de corrida), “Nº 9” (de passeio) e“Nº 10” (o ônibus aéreo). SANTOS-DUMONT nãoempregou alvenaria nem paredes de madeira na cons-trução desse terceiro hangar, porque tinha pressa emprosseguir com as suas invenções.

Ele definiu aquele local como “a primeira estaçãode aeronaves do mundo”. O hangar de Neuilly nãoexiste mais; em seu lugar ergueram-se dois prédiosmodernos, isolados por uma grade sobre a qual háuma placa comemorativa de mármore bege. É o únicovestígio que resta da passagem de SANTOS-DUMONTem Neuilly.

O balão Nº 4em vôo

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41Homenagem

A respeito da confecção da estrutura metálica,necessária por questões de segurança e escoramen-to, SANTOS-DUMONT encomendou-a a especialistasno assunto, na oficina dos Saint-Frères.

No princípio, os construtores não concordaramcom o projeto do inventor brasileiro, que desejava umaestrutura de uma só peça. Alegaram que não haviatransporte para levar o material, além de outros obstá-culos. Entretanto, graças à tenacidade do nosso “Paida Aviação” e à sua direta participação nas tarefas,tudo foi resolvido satisfatoriamente.

O Dirigível “Nº 4” e uma Indesejada PneumoniaTendo o seu próprio hangar e o gerador de hidro-

gênio, pôde SANTOS-DUMONT dedicar-se, com ade-quada infra-estrutura, à construção do “Nº 4”, o qualficou pronto em 1º de agosto de 1900.

Ligeiramente dissimétrico, o “Nº 4” apresentou420m3 de volume, com 39 metros de comprimento ecinco metros de altura. Aproveitando a quilha-bambudo “Nº 3”, SANTOS-DUMONT sentava-se num selimde bicicleta, tendo, às suas mãos, todos os coman-dos do motor, do leme de direção, das válvulas e dastorneiras do lastro d’água.

Desta vez, ele substituiu o tradicional lastro deareia por dois reservatórios de cobre muito fino, cadaqual contendo 54 litros de água. A hélice, com diâme-tro de quatro metros, foi instalada na proa do balão-dirigível, e era de seda japonesa esticada em um qua-dro de aço, girando a 140 rotações por minuto.

Há que se notar a vantagem conseguida pelo ge-nial inventor na utilização das cordas de piano em lu-gar das cordas de fibra vegetal que, então, eram em-pregadas nas suspensões dos dirigíveis. A corda depiano, de apenas oito décimos de milímetro de diâme-tro, apresentava alto coeficiente de ruptura, menor re-sistência ao avanço e, sobretudo, menos peso. Comosempre, SANTOS-DUMONT preocupava-se com aparticularidade do peso.

No “Nº 4”, ele aplicou um motor mais aperfeiçoado,um “Clément”, de dois cilindros, com 7 HP de potência.Embora fosse o motor potente mais leve que encontrouno mercado, seu peso alcançava 100 quilos!

Para dar partida ao balão, ele tinha de pedalar,como acionando um triciclo.

O “Nº 4” causou bastante sucesso em Paris, na-quele distante ano de 1900, quando foram programa-dos a Grande Exposição e o Congresso InternacionalAeronáutico.

SANTOS-DUMONTchegou a realizar um en-saio na presença dos membrosdo mencionado Congresso, tendo sidofelicitado pelos mesmos.

A 19 de setembro de 1900, o famoso Pro-fessor norte-americano Samuel Langley (matemáti-co, cientista, astrólogo), também assistiu a um vôo do“Nº 4”. Tão entusiasmado ficou, que retornou ao han-gar de SANTOS-DUMONT, três dias após, para vernovos ensaios do “Nº 4”, ocasião em que expressousua admiração pelas qualidades de perfeita manobra-bilidade que o dirigível apresentava.

Convidado por SANTOS-DUMONT, Langley almo-çou com ele e, durante o ágape, a conversa toda girousobre a navegação aérea.

No “Nº 4”, voltou a adotar o balonete compensa-dor de ar, alimentado por um ventilador rotatório, feitode alumínio. Posteriormente, como as experiênciasdessem resultados positivos, o motor teve duplicadaa sua potência, já dessa vez, com quatro cilindros,sem camisa d’água. Assim, todo o sistema passou aser resfriado por ventoinha, inaugurando o sistemade refrigeração a ar.

Conta-se que, fazendo experiências com o novomotor, em razão do forte deslocamento de ar (a héliceficava na proa do dirigível), SANTOS-DUMONT aca-bou por contrair uma pneumonia.

Indo tratar-se na cidade de Nice, ao sul da França,resolveu abandonar o “Nº 4” e planejar um novo tipode dirigível mais condizente com a potência de seunovo motor de quatro cilindros

Desenho doNº 4, dirigívelligeiramentedissimétrico

O revestimentoda grande hélice do

Nº 4 é feito comseda. Atrás de

Santos-Dumont,Emmanuel Aimé

consulta odinamômetro antesda partida do motor.

Saint-Cloud,outono de 1900

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Medicina e Saúde42

Como abordar esteincômodo freqüenteD

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Maj.-Brig.-Méd.Dr. Ricardo Luizde G. Germano

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Como abordar esteincômodo freqüente

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43Medicina e Saúde

I – Epidemiologia:A dor de cabeça, tecnicamente chamada de

cefaléia, é uma queixa comum que pode ocorrerpor muitas diferentes razões. Cerca de treze mi-lhões (13.000.000) de atendimentos médicos porano ocorrem nos Estados Unidos, distribuídos en-tre ambulatórios e unidades de emergência, de-vidos à cefaléia.

II – Causas:Como ressaltado acima, as causas são bas-

tante variadas, podendo, por isto, desafiar umaboa avaliação. Dentre elas, podemos citar:• enxaqueca • tensão emocional • depressão •processo expansivo intracraniano (tumor, absces-so, aneurisma, hemorragia etc.) • traumatismo• artrose cervical • problema oftalmológico (al-terações de refração ou glaucoma) • problemaodontológico (disfunção da articulação temporo-mandibular) • sinusite • febre • hipertensão ar-terial sistêmica • nevralgia (do trigêmeo ou doglossofaríngeo) • meningite • anemia • arteri-te cranial • outras causas mais raras.

III – Abordagem Diagnóstica:O paciente que é acometido pela cefaléia ou

seu responsável devem estar cientes de determi-nadas características que podem acompanhá-la eque indicam gravidade e necessidade de supervi-são médica imediata. Sendo assim, o paciente aco-metido de cefaléia deverá procurar uma unidadede emergência, quando aquela vier acompanhadade: início brusco e grande intensidade, história detraumatismo, perturbações visuais, história de in-fecção por HIV, história de hipertensão arterial, al-terações do estado mental, déficit motor ou senso-rial, febre com rigidez de nuca, convulsão ou vômi-to. Esta atitude visa a descartar causas que sãoacompanhadas de alta morbidade e mortalidade,requerendo, portanto, medidas diagnósticas e te-rapêuticas imediatas. Alguns destes pacientes ne-cessitarão realizar tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética, podendo ser acompa-nhada de punção liquórica ou ainda arteriografia.Uma parte destes acabará com indicação de inter-venção neurocirúrgica e/ou acompanhamento emunidade de tratamento intensivo.

Os casos de cefaléia que não sejam acompa-nhados das características acima descritas, que

demandam pronta-resposta, poderão ser dirigi-dos a uma unidade ambulatorial. Preferencialmen-te, um clínico geral deverá fazer a triagem diag-nóstica. Existem, porém, casos em que, obviamen-te, o próprio paciente entende a relação entre acefaléia e o especialista a ser procurado. Comoexemplo disso temos: a) nariz obstruído com se-creção amarelada e cefaléia frontal – dirigir-seao otorrinolaringologista; b) dificuldade visual edor frontal ou dor no globo ocular – dirigir-se aooftalmologista.

IV – Medidas TerapêuticasDieta – Alguns casos de enxaqueca são desen-

cadeados por alimentos específicos ou bebidas al-coólicas. Sendo assim, deverão ser evitados;

Exercício Físico – A atividade física com a fi-nalidade de relaxamento poderá ser útil na cefa-léia de tensão emocional e de depressão;

Medicamentos – Dentre os medicamentos maisusados temos os analgésicos em geral, que ser-vem como tratamento sintomático para a dor emsi. Os vasoconstritores extracraniais (ergotamina eoutros) são úteis na enxaqueca. Ainda a enxaque-ca poderá ser prevenida com beta-bloqueadores,bloqueadores de canais de cálcio ou com bloquea-dores dos receptores A1 de Angiotensina II. Os hi-potensores serão úteis nos casos de cefaléia porcrise hipertensiva. Os antibióticos serão usados nasmeningites e nos abscessos bacterianos, enquantodrogas contra fungos e toxoplasma também serãoúteis em casos específicos;

Outras medidas – Incluímos aí, principalmen-te, os procedimentos neurocirúrgicos para trata-mento de: traumatismos, aneurismas, malforma-ções vasculares, tumores, abscessos, hematomas,assim como para colocação de sistemas de dre-nagem etc.

V – Mensagem FinalEspero que os leitores tenham fixado as ca-

racterísticas de uma cefaléia que requeira enca-minhamento do paciente a uma unidade de emer-gência. Por outro lado, é necessário enfatizar quenão é aconselhável o uso indefinido e descontro-lado de analgésicos para tratamento de cefaléia,sem que ela seja explorada e tenha a oportunida-de de resolução de sua causa. Procure supervi-são médica e evite a automedicação

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44Comportamento

O Elogio da Paulo César GeraldesPresidente da CREMERJ

LoucuraExtraídodo Jornalda CREMERJ,maio/2006

ais uma vez, em recente abordagem da mídia,somos obrigados a ouvir a defesa da desas-

sistência psiquiátrica. Os argumentos estão velhos,encanecidos, mas insistentes. Quase sempre os mo-tes são os seguintes:

– A loucura nada mais é do que uma forma diver-sa de sentir a realidade;

– A loucura não é uma doença, mas muitas vezesuma forma de se libertar da opressão da sociedade;

– A loucura é criativa e o louco um artista empotencial;

– A loucura não existe, é uma criação dospsiquiatras;

– A loucura é produzida pela família para se li-vrar de seus membros inconvenientes e indesejados;

– Por não ser doença, apenas uma forma diferen-te de entender o real, a loucura não se deve enquadrarno modelo médico de diagnóstico, prognóstico etratamento;

– O louco não precisa de hospital para se tratar,não deve ser internado em nenhuma hipótese.

É claro que todos estes argumentos são apresen-tados com cenas, ao fundo, degradantes, similares acampos de concentração ou, então, com os loucos eseus terapeutas com violões e percussão fazendo um“som legal”.

É pena que isto não seja verdade e que o realesteja bem distante da mentira antimanicomial.

A loucura é a maior das tragédias de que um serhumano pode ser vítima. O delírio é um sofrimentopermanente. Alguém persegue o psicótico e ele nãosabe quem é, nem o motivo, e, muito menos, porqueele é o alvo da perseguição. Sons distorcidos e semsentido, repentinamente, transformam-se em gritos,pancadas, assobios e, então, se consubstanciam emvozes. Vozes que o chamam, a seguir o ofendemcom palavrões e, por fim, dão ordens, mandam que

ele agrida, que bata com a cabeça na parede, quegrite, que cante, que obedeça a comandos, por maisabsurdos que sejam.

A família perplexa, que depositava naquele ra-paz ou naquela moça as esperanças de um cresci-mento sadio, com o futuro pela frente, tudo a serealizar e ser conquistado, percebe que nada distovai acontecer. O futuro foi barrado pela loucura. Nãomais estudos, não mais trabalho, não mais profis-são, não mais esperança. As perspectivas do mun-do melhor acabam-se com a instalação do proces-so psicótico.

Acabou-se a vida do psicótico? Não, é claro quenão, mas acabou-se a qualidade de vida, a possibili-dade de usufruir do mundo todas as suas nuances, acapacidade de expandir ao máximo suas potenciali-dades como indivíduo e como ser pensante e criativo.Não raro se acaba também a capacidade civil, a capa-cidade de testar, a capacidade de gerir. O que se en-cerrou, infelizmente, foi a capacidade de se autodeter-minar, de ser livre, de expressar de modo completo ecabal a sua vontade e de guiar os seus fatos, confor-me os seus desejos.

Dr. Paul Gachet, psiquiatra de Van Gogh, afirma-va: “Eu sei que Vincent (Van Gogh) está melhor quan-do ele me pede as tintas. Só então, fora de crise, ele écapaz de criar”. Esta é a realidade nua e crua. A loucu-ra é impeditiva da plena capacidade de criação e daexpressão artística.

A loucura é uma tragédia. Aqueles que a elogiame a engrandecem ou são ingênuos, ou são insensí-veis ou estúpidos ou, então, dela se querem aprovei-tar de algum modo, caso do chamado movimento an-timanicomial. Não sabem do que falam.

E, se a Arte dependesse da Loucura para existir,Morte à Arte.

Viva a Sanidade Mental!!!!!!

M

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45Comportamento

Auto-retrato, Van Gogh

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Casos Inusitados46

O Vôo de DorsoO Vôo de DorsoJonas Alves CorrêaCel.-Av.

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v.LÍPIO COPACABANA era aspirante aviadorde 1946. Alto e magro, parecia que estava

sempre em paz com Deus e com a vida. Falavaarrastado feito malandro e vivia em harmonia comtodos.

Como 1° Tenente, foi instrutor de vôo na Es-cola de Aeronáutica, lotado no Estágio Básico.

Um dia, foi dar instrução a um cadete sobrevôo de dorso. O avião era o PT-19, com um lugarpara o instrutor e outro para o aluno. Não pos-suía radiocomunicação e a ligação entre o ins-trutor e o aluno era feita através do AVIOFONE.Colocava-se um capacete no aluno e o instrutorfalava com ele por um tubo. O aluno se comuni-cava apenas por sinais.

Nessa instrução ele fez demonstração da

manobra em terra e, durante o vôo ele faria amanobra para o aluno aprender.

Antes de iniciar a manobra em vôo, ele per-guntou ao aluno se estava bem amarrado. Esterespondeu que sim.

Aí, o Alípio colocou o avião de dorso e elemesmo foi alijado do avião. Tinha esquecidode se amarrar. Abriu o pára-quedas e aterroutranqüilo.

O aluno teve que se virar para colocar o aviãoem atitude normal. Depois, voltou solo para pou-sar, ainda com muito pouca experiência.

Alípio, já na reserva, era piloto da ParaenseTransportes Aéreos. Faleceu em um acidente quan-do sua aeronave já estava na reta final para pou-sar no Aeroporto de Belém

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47Humor

meMaj.-Brig.-do-Ar OthonChouin Monteiro

olhando!me

E

Estão

sta é uma história real que me foi contada pelosaudoso Colomer.Na década de sessenta, era costume realizar-se

uma manobra para o treinamento da Força Aérea, naqual eram empenhados quase todos os recursos béli-cos aeronáuticos de que se dispunha.

Um dos exercícios consistia em se dividir a Força emduas partes, a que se atribuíam os nomes de Força AéreaAzul e Força Aérea Vermelha. Essas Forças, agindo comoforças antagônicas, se empenhavam em manobras deataque e defesa, nas quais o objetivo era impingir osmaiores estragos nas instalações “inimigas”.

Havia também ataques simulados, por parte deuma das Forças, a cidades e outros objetivos estraté-gicos, cabendo à outra Força defender as posiçõesatacadas. Mas os alvos preferidos eram as Bases,onde estavam estacionados os aviões inimigos.

O desenvolvimento da missão culminava quandose engajavam, em combate simulado, os aviões decaça Curtiss P-40 e os Thunderbolt P-47. Era esse omomento mais ansiosamente aguardado pelos pilo-tos de ambos os Esquadrões.

No início de uma dessas manobras, havia umamissão em que os aviões de bombardeio Mitchell B-25, sediados na Base Aérea de Cumbica (São Paulo)iriam para o Rio de Janeiro, escoltados pelos P-40, afim de atacar a Base Aérea de Santa Cruz, sede de umGrupo de Caça equipado com os P-47.

Com o nascer do dia, os P-40 decolaram, ganha-

ram altura e ficaram sobrevoando Cumbica, aguar-dando a decolagem dos B-25, para, juntos, rumarempara Santa Cruz.

Os B-25 taxiaram para a cabeceira da pista, fize-ram o cheque de decolagem e ficaram aguardando aautorização para iniciar a decolagem. Mas o Colomer,piloto de um dos P-40, acusando problemas técnicosem sua aeronave, teve que regressar, obrigando oEsquadrão de bombardeiros a aguardar, na posiçãoem que se encontrava, que a pista fosse liberada apóssua aterragem.

Na reta para o pouso, o Colomer, vendo todosaqueles aviões na cabeceira da pista, muitos delescomandados por colegas seus de turma, sentiu quehavia platéia para uma exibição e deixou-se dominarpela vaidade. Segundo suas próprias palavras, pen-sou: “Vou mostrar para aqueles caras que eu sou ébom nesse avião”.

Dito e feito. Comandou um peel-off lindo, bem aper-tado, como só um P-40 podia fazer. Enquanto isso,olhava para aquela montoeira de aviões no chão, pro-curando imaginar quem poderia estar ali a observá-lo.

Caprichou ao máximo para fazer o pouso bem emfrente dos B-25.

Tão preocupado em impressionar os pilotos queaguardavam seu pouso ele estava, que se esqueceude baixar o trem.

E pousou sem trem! Quebrou. Bem no meio dapista.

Com isso, os B-25 ficaram impossibilitados dedecolar e regressaram para o estacionamento.

Foi assim que aquela “guerra”, graças ao Colo-mer, terminou, antes mesmo de começar

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48Charge

ELEIÇÕES 2006:“CATIVANDO O ELEITOR”

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