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Revista Agropecuária Catarinense - Nº38 junho 1997

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Revista RAC da EPAGRI sobre pesquisa agropecuária e extensão rural

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Agrop. catarinense, v.10, n.2, jun. 1997 1

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

As matérias e artigos assinados não expressamnecessariamente a opinião da revista e são de inteira

responsabilidade dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento, mesmo que

parcial, só será permitida mediante a citação da fonte edos autores.

S e ç õ e s

Agrop. Catarinense, Florianópolis, SC, v.10, n.2, p.1-68, junho 1997

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21 a 2440

46 a 48606568

Novidades de Mercado ....................................................................................................Agribusiness .....................................................................................................................Registro ......................................................................................................................Reflorestar .......................................................................................................................Flashes .......................................................................................................................Pesquisa em Andamento ................................................................................................Lançamentos Editoriais ..................................................................................................Vida Rural - soluções caseiras .......................................................................................

A imprensa internacional, desde a mídia aos veícu-los científicos, ainda está sob o impacto do clone Dolly.

O que a comunicação massal nem sempre registraé que na agricultura a clonagem de vegetais é umarotina antiga e, atualmente, uma das áreas mais pro-missoras de pesquisa agrícola.

Esta edição da revista Agropecuária Catarinenseaborda este tema (biotecnologia) em uma reportageme dois artigos técnicos.

Temos ainda uma matéria jornalística sobreassociativismo, mais nove artigos técnicos e as seçõeshabituais, compondo uma pauta diversificada e queesperamos seja do agrado dos amigos assinantes eoutros leitores.

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T e c n o l o g i a

A influência da polinização sobre a fisiologia, constituição eformação dos frutos de caquizeiroArtigo de Cangussú Silveira Matos ................................................................................

Expurgo de mudas de frutíferas de clima temperado: método alternativopara evitar disseminação de pragasArtigo de Eduardo Rodrigues Hickel, Enio Schuck eJean-Pierre Henri Joseph Ducroquet ............................................................................

Bioestimulação em bovinos: o “efeito - touro”Artigo de Sergio Augusto Ferreira de Quadros .............................................................

Enfoque sistêmico, participação e sustentabilidade na agricultura. II:Uma abordagem construtivistaArtigo de Sérgio Leite Guimarães Pinheiro, C.J. Pearson e S. Chamala .....................

Mecanização agrícola e participação da mulher na empresa familiar ruralArtigo de Inácio Hugo Rockenbach, Ricardo de Souza Sette e Henri Stuker ..............

Novas cultivares de macieira: proposta de nova composição depomares com polinizadoras/produtorasArtigo de Frederico Denardi e Anísio Pedro Camilo ......................................................

Técnicas assépticas para limpeza de bulbos de algumasornamentais cultivadas in vitro

Artigo de Mario Angelo Vidor .........................................................................................

Comparação entre dois métodos de assistência técnica na atividade leiteiraArtigo de Amaro Hillesheim e Dietmar Kurtz ..................................................................

Capim-elefante anão cultivar Mott: pastagem com alto potencialpara produção animalArtigo de Edison Xavier de Almeida, Gerzy Ernesto Maraschin, Oscar L. Harthmann,Henrique Ribeiro Filho e Jefferson Araújo Flaresso ......................................................

Seletividade de acaricidas e artrópodes benéficos em citrosArtigo de Luís Antônio Chiaradia e Fernando Zanotta da Cruz ....................................

R e p o r t a g e m

Biotecnologia ajuda a melhorar a qualidade dos cultivos agrícolasReportagem de Paulo Sergio Tagliari .........................................................................

Associativismo de agricultores ajuda a melhorar a qualidade e orendimento do arroz irrigadoReportagem de Paulo Sergio Tagliari .........................................................................

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O p i n i ã o

Agricultura e globalizaçãoEditorial .............................................................................................................................

Dejetos de suínos - algumas ações do CPPP/EPAGRIArtigo de Flávio Renê Bréa Victoria .................................................................................

Aproveitamento de resíduos da industrialização de frutasArtigo de Eduardo Giovannini ..........................................................................................

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2 Agrop. catarinense, v.10, n.2, jun. 1997

EditorialEditorialEditorialEditorialEditorial

REVISTA TRIMESTRAL COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS NESTAEDIÇÃO: Adilson José Pereira, Alvaro Afonso Simon, CanutoLeopoldo Alves Torres, Carlos Luiz Gandin, Dieter Brandes,Eduardo Rodrigues Hickel, Fernando Adami Tcacenco, GabrielBerenhauser Leite, Jean-Pierre Henri Joseph Ducroquet, JoséLuiz Petri, Paulo Sergio Tagliari, Pedro de Alcântara Ribeiro(falecido), Renato Arcangelo Pegoraro, Vera Talita MachadoCardoso, Vilmar Francisco Zardo, Voltaire Mesquita Cézar

JORNALISTA : Homero M. Franco (SC 00689 JP)

ARTE-FINAL: Janice da Silva Alves

DESENHISTAS: Jorge Luis Zettermann, Vilton Jorge de Sou-za, Mariza T. Martins, Dilson Ribeiro

CAPA : Ernst C. Lamster e Airton Rodrigues Salerno

PRODUÇÃO EDITORIAL : Daniel Pereira, Janice da SilvaAlves, Marlete Maria da Silveira Segalin, Rita de Cassia Philippi,Selma Rosângela Vieira, Vânia Maria Carpes

DOCUMENTAÇÃO: Selma Garcia Blaskiviski

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO : Ivete Ana de Oliveira e MirnaBianchini Vali, Rosane Chaves Furtado, Zulma Maria VascoAmorim - GED/EPAGRI, C.P. 502, Fones (048) 234-1344 e234-0066, Ramais 245 e 243, Fax (048) 234-1024, 88034-901Florianópolis, SC.Assinatura anual (4 edições): R$ 15,00 à vista.

PUBLICIDADE: Florianópolis: GED/EPAGRI - Fone (048)234-0066, Ramal 263 - Fax (048) 234-1024 - São Paulo, Riode Janeiro e Belo Horizonte: Agromídia - Fone (011) 259-8566- Fax (011) 256-4786 - Porto Alegre: Agromídia Fone (051)221-0530, Fax (051) 225-3178. Agropecuária Catarinense - v.1 (1988) - Florianópolis:

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária 1988 -TrimestralEditada pela EPAGRI (1997- )1. Agropecuária - Brasil - SC - Periódicos. I. Empresa

Catarinense de Pesquisa Agropecuária, Florianópolis, SC. II.Empresa de Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologiade Santa Catarina, Florianópolis, SC.

15 DE JUNHO DE 1997

Impressão: EPAGRI CDD 630.5

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicação daEPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e ExtensãoRural de Santa Catarina S.A., Rodovia Admar Gonzaga, 1.347,Itacorubi, Caixa Postal 502, Fones (048) 234-1344 e 234-0066, Fax (048) 234-1024, Telex 482 242, 88034-901 Floria-nópolis, Santa Catarina, Brasil

EDITORAÇÃO: Editor-Chefe: Osvaldo Carlos Rockenbach,Editor-Técnico: Vera Talita Machado Cardoso, Editores-Assis-tentes: Marília Hammel Tassinari, Paulo Sergio Tagliari

COMITÊ DE PUBLICAÇÕES:PRESIDENTE: Osvaldo Carlos RockenbachSECRETÁRIA: Vera Talita Machado CardosoMEMBROS: Airton Rodrigues Salerno, Celso AugustinhoDalagnol, Eduardo Rodrigues Hickel, Carlos Luiz Gandin,Roger Delmar Flesch

A EPAGRI é uma empresa da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura.

Agricultura e globalizaçãoAgricultura e globalizaçãoAgricultura e globalizaçãoAgricultura e globalizaçãoAgricultura e globalizaçãoA globalização da Economia tem

ocupado muitos espaços em periódi-cos e nos mais diversos órgãos daimprensa falada e escrita. As mani-festações contra ou a favor muitasvezes são contraditórias, dependen-do da pessoa ou o setor que está sendoabordado. Por outro lado a cada mo-mento estamos em contato com utili-dades produzidas nos mais diversospaíses do mundo que entram em nos-sas casas a custos cada vez maisreduzidos e atendendo, com eficiên-cia, as mais diversas necessidadesdo nosso cotidiano. Desta forma,fronteiras que antes eram barreirasintransponíveis deixaram de exis-tir, havendo assim um intensointercâmbio cultural, comercial, po-lítico, etc. É evidente que nestegrande jogo as desigualdades sãomarcantes.

Acompanhando a globalizaçãovem crescendo a automação em todosos meios e, ao mesmo tempo, a ondade privatizações se acelera a cadadia.

Estas tendências trazem no seubojo uma aceleração do desemprego,principalmente de pessoas que nãotêm preparo para serem absorvidosem outros setores. A capacidade de

reconversão destas pessoas é lenta. Poroutro lado, o ensino formal e informalnão estão preparados para, num curtoespaço de tempo, capacitar as pessoaspara uma nova realidade. Assim o nú-mero de marginalizados neste processode desenvolvimento aumenta assusta-doramente.

No setor agrícola a situação não édiferente. As margens de lucro dosprodutos tradicionais, como milho, soja,feijão, estão cada vez mais reduzidas,impedindo que os pequenos agriculto-res, com volumes pequenos, consigamsobreviver e sustentar suas famílias.Em conseqüência os filhos dos peque-nos agricultores e aqueles que se dedi-cam a culturas tradicionais em peque-nas áreas migram para as periferiasdas cidades, uma espécie de “limbo”,aguardando uma oportunidade paraentrar no complexo mundo do empregoou subemprego. Não é necessário dizerque estas pessoas não têm nenhumpreparo para o mercado de trabalho,sendo então reservados para eles osempregos de salários mais baixos. Comoconseqüência deste êxodo permanecemnas propriedades as pessoas maisidosas, com graves reflexos na produ-ção.

Estes fatos são o reflexo de uma

profunda contradição. A agriculturaprecisa modernizar-se para produzircom qualidade e competitividade.Contudo, nos mercados para ondesão vendidos estes produtos, existempolíticas de subsídios e protecionis-tas, que inviabilizam qualquer esfor-ço de modernização. Por um lado osgovernos dos países desenvolvidos nãoestão dispostos a diminuir estas me-didas protecionistas, e nos países emdesenvolvimento os governos não têmcondições de implementar as mes-mas medidas de proteção aos agricul-tores.

Com base nestas contradições sórestam duas alternativas para os paí-ses em desenvolvimento: Mudar omodelo de produção e desenvolvimen-to ou implementar o mesmo sistemade subsídio e protecionismo dos paí-ses desenvolvidos.

A primeira alternativa exige umgrande investimento em Ciência eTecnologia, incluindo capacitação doscientistas e pesquisadores em áreasde conhecimentos não convencionais,para fugir da simples importação eadaptação de tecnologia e partir paraa criação de um novo modelo de pro-dução. Este é o grande desafio paraos cientistas nas próximas décadas.

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NOVIDADES

DE MERCADO

Sementes de cebolas tropicais já sãoSementes de cebolas tropicais já sãoSementes de cebolas tropicais já sãoSementes de cebolas tropicais já sãoSementes de cebolas tropicais já sãodisputadas no mercadodisputadas no mercadodisputadas no mercadodisputadas no mercadodisputadas no mercado

As sementes das cebolas tro-picais Régia e Serrana, da Asgrow,já estão sendo comercializadaspelos distribuidores, pois o plan-tio, nas principais regiões pro-dutoras, ocorre entre abril e ju-nho. Tanto em São Paulo comoem Santa Catarina e Rio Grandedo Sul, onde os principais produ-tores já adotaram o produto, osdistribuidores reforçaram o vo-lume de sementes, aguardandomaior procura devido ao sucessoda última safra. Mais precoces,as cebolas tropicais têm sido mui-to disputadas pelo mercado con-sumidor em função da qualida-de.

A principal característica

deste material, segundo MárcioNascimento, gerente deMarketing da Asgrow, “é o produ-to final de alta qualidade, queconsegue bom preço no mercadointerno e enfrenta com tranqüili-dade a concorrência das cebolasimportadas”. A pureza genética ea sanidade destes materiais ga-rantem produtividade elevada,precocidade e menor porcentagemde pendoamento no segmento,sendo indicadas tanto para plan-tio em mudas como para bulbinho.A Régia e a Serrana são os pri-meiros produtos do programa depesquisa e desenvolvimento devariedades e híbridos de cebolatropical no Brasil.

Processamento de carne suína: mais lucroProcessamento de carne suína: mais lucroProcessamento de carne suína: mais lucroProcessamento de carne suína: mais lucroProcessamento de carne suína: mais lucropara o produtorpara o produtorpara o produtorpara o produtorpara o produtor

torresmo à pururuca, pele àpururuca, chouriço e salsichão demiúdos.

Os filmes são acompanhadosde manuais com informações com-plementares e têm como públicoalvo pequenos e médios produto-res rurais e profissionais que quei-ram complementar sua renda fa-miliar.

A coordenação técnica ficou acargo do professor e pesquisadorde indústrias rurais, Newton deAlencar. O professor Newton é umdos maiores especialistas do paísna área de processamento de car-nes e há vários anos dedica suavida à pesquisa e ao ensino deconservação e industrialização dosprodutos básicos da propriedaderural.

A série Processamento de Car-ne já está em comercialização e éum sucesso de vendas.

Contatos pelo telefone (031)891-4000 ou Fax (031) 891-4007.

O Centro de Produções Técni-cas - CPT acaba de lançar no mer-cado quatro novos filmes de trei-namento sobre Processamentode Carne.

Estes filmes são os resulta-dos de um convênio entre a Cen-tral de Desenvolvimento Agrárioe Florestal - CEDAF, a Universi-dade Federal de Viçosa - UFV e oCentro de Produções Técnicas -CPT, e abordam os seguintes as-suntos:

• Técnicas de abate e corte desuínos e caprinos

• Produção de defumados: lin-güiça, lombo, bacon, copa, picanha, pastrame, apresuntado, presun-to tenro, cabrito, frango e peixe.

• Produção de embutidos: lin-güiça pura frescal e pura defuma-da, calabresa, toscana, mista de-fumada, lingüiça de cabrito, paioe salaminho caseiro.

• Industrialização de carnesuína: presuntos, apresuntados,

Com uma linha de produtosque totaliza mais de 1.000 itens, aMonsanto é uma organização comum faturamento da ordem de US$9 bilhões anuais que empregamais de 27 mil pessoas em suasfábricas, laboratórios e centrostécnicos espalhados por mais de40 países, incluindo o Brasil. Apresença no mercado nacional re-monta aos anos 30, quando suasmatérias-primas começaram a sercomercializadas no país. Em 1963,a Monsanto estabeleceu oficial-mente um escritório de vendasem São Paulo e, em 1976, inaugu-rou sua fábrica em São José dosCampos, SP, hoje um dos maisavançados complexos indus-triais da companhia em todo omundo.

Os produtos para o setor agrí-cola desempenham papel prepon-derante, respondendo por umquarto da receita total gerada pelacorporação. O carro-chefe da fa-mília de produtos voltados para ocampo é o herbicida Roundup R ,líder mundial absoluto de vendasem seu segmento, utilizado hojeem mais de 100 países. Sua apli-

cação viabilizou a introdução dosistema de plantio direto, o qualdispensa o preparo do solo comgrades ou arados e é consideradoa última palavra em técnica agrí-cola. O plantio direto previne aerosão e a compactação, preservaa vida biológica e ainda proporci-ona ao agricultor economia decombustível e mão-de-obra. Emrápida expansão, mais de 4,5milhões de hectares de plantiodireto já se espalham pelo país.Hoje, além das culturas da soja,milho e arroz, o Roundup R tam-bém é empregado na cana, café,citros, reflorestamento e frutífe-ras. Para que se tenha idéia daversatilidade do produto, valenotar que na cultura da canadesempenha também o papelde maturador, promovendo umaumento de 10 a 15% no teorde sacarose. Com o mesmoprincípio ativo do Roundup R , aMonsanto fábrica no Brasil ou-tros herbicidas, como o Rodeo, oDirect e o Scout, para aplicaçõesespecíficas. Outra família deherbicidas inclui os produtos Laçoe Boxer.

Monsanto desenvolve tecnologiaMonsanto desenvolve tecnologiaMonsanto desenvolve tecnologiaMonsanto desenvolve tecnologiaMonsanto desenvolve tecnologiae produtos inovadores parae produtos inovadores parae produtos inovadores parae produtos inovadores parae produtos inovadores para

a agriculturaa agriculturaa agriculturaa agriculturaa agricultura

A Monsanto do Brasil está lan-çando no mercado brasileiro oKadett, herbicida pré-emergenteespecífico para o milho. Ele possuiem sua formulação o Safener, su-bstância que protege essa culturacontra injúrias. O ingrediente ati-vo é o Acetochlor, que elimina er-vas de folhas largas e estreitas. Aalta concentração do produto per-mite a aplicação de baixas dosa-

gens por hectare. Tanto no siste-ma de plantio direto como no con-vencional, o Kadett deve ser apli-cado após a semeadura, na pré--emergência da cultura e das plan-tas daninhas, com um bom resi-dual que permitirá o fechamentoda cultura no limpo. Para maioresinformações, o leitor poderá en-trar em contato com a Monsanto,pelo telefone (011) 536-0446.

Monsanto lança Kadett - herbicidaMonsanto lança Kadett - herbicidaMonsanto lança Kadett - herbicidaMonsanto lança Kadett - herbicidaMonsanto lança Kadett - herbicidapré-emergente para milhopré-emergente para milhopré-emergente para milhopré-emergente para milhopré-emergente para milho

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AGRIBUSINESS

Mococa lançaMococa lançaMococa lançaMococa lançaMococa lançaprimeiro Leiteprimeiro Leiteprimeiro Leiteprimeiro Leiteprimeiro Leite

Condensado LightCondensado LightCondensado LightCondensado LightCondensado Lightdo mercadodo mercadodo mercadodo mercadodo mercado

A Mococa S.A. Produtos Ali-mentícios está lançando o primei-ro Leite Condensado Light domercado. Sua principal caracte-rística é ter 50% menos gordura,mas com o mesmo sabor e consis-tência do tradicional. Esta inova-ção na linha de produtos de leiteexigiu oito meses de intenso tra-balho de pesquisa. Cada etapa dedesenvolvimento do novo produ-to foi acompanhada por grupos deconsumidoras, que iam fazendotestes de degustação e aplicação,até se chegar à formulação ideal.A campanha promocional de lan-çamento será feita em todo o país,durante três meses, atingindo 70pontos de vendas.

“A aceitação nos testes supe-rou nossas expectativas”, diz AnaMaria d’Arco, gerente de produtoda Mococa. “Isto demonstra que oproduto vem ao encontro das no-vas expectativas dos consumido-res: uma alimentação mais sau-dável, sem se privar do seu pra-zer”.

A Mococa pretende conquis-tar, no prazo de um ano, mais 5%do mercado com seu novo leitecondensado. Em 1997, o segmen-to de leite condensado deverá atin-gir um volume de vendas de 109mil toneladas, com umfaturamento total de US$ 334milhões, representando um cres-cimento de 6% em relação ao anopassado.

O Leite Condensado Light éapresentado em lata de 400g. Asquantidades a serem usadas nasreceitas são as mesmas do tradi-cional. Os doces preparados como novo produto mantêm o mesmosabor e cremosidade dos prepara-dos com o leite condensado tradi-cional. A única diferença está naquantidade de gordura, reduzidapela metade.

Os resultados mostraram, eas pesquisas junto às consumido-ras comprovaram, segundo AnaMaria D’Arco, que o pudim deleite, o brigadeiro e todos os ou-tros doces feitos com o LeiteCondensado Light são tão gosto-sos e cremosos quanto os prepa-rados com o tradicional. Porém,muito mais saudáveis.

A Mococa tem uma linhadiversificada de produtos: leite

em pó, leite condensado, creme deleite, molho branco, creme de leiteBate Chantilly, doce de leite, fari-nha láctea, farinha láctea com aveiae mel, flocos de cereais com mel,mingau de milho, mingau de arroz,mingau de aveia Mocoquinha (lei-te aromatizado), Moc (achocolatadoem pó) e cereais matinais.

Mococa - Serviço de Atendi-mento ao Consumidor - 0800-162255.

NUFLOR eNUFLOR eNUFLOR eNUFLOR eNUFLOR eSUPRAMEC: a linhaSUPRAMEC: a linhaSUPRAMEC: a linhaSUPRAMEC: a linhaSUPRAMEC: a linha

de peso da Schering-de peso da Schering-de peso da Schering-de peso da Schering-de peso da Schering-PloughPloughPloughPloughPlough

A Schering-Plough Veteriná-ria está colocando no mercado bra-sileiro sua nova “linha de peso”.São dois produtos com a qualidadeSchering-Plough, voltados parabovinos, um indicado para infec-ções e o outro para parasitoses.

NUFLOR é um antibiótico deúltima geração, que está sendo lan-çado em todo o mundo desde 1995.Seu princípio ativo, a molécula deFlorfenicol, foi descoberta e sinte-tizada pela Divisão Veterinária daSchering-Plough Internacional,sendo que as pesquisas duraramdoze anos e consumiram cerca deUS$ 300 milhões. Em julho de 1996NUFLOR foi aprovado pelo FDA(Food and Drug Administration) ecolocado no mercado dos EstadosUnidos.

Antibiótico de amplo espectro,NUFLOR tem como indicação prin-cipal a BRD - Doença Respiratóriade Bovinos, enfermidade que aco-mete cerca de 30% do rebanho tra-tado do Brasil, responsável por umaalta taxa de mortalidade. Mas tam-bém é indicado para doençasgastrointestinais e infecções doscascos destes animais. Pesquisasdemonstraram que NUFLOR temapresentado eficácia em 98% doscasos tratados, apresentando rápi-da recuperação do animal e menornúmero de recidivas.

O segundo componente da “li-nha de peso” da Schering-Plough éSUPRAMEC. À base deIvermectina, o novo produto é umantiparasitário injetável de amploespectro, indicado para o tratamen-to das parasitoses causadas pornematódeos gastrintestinais e pul-monares, nas infestações porbernes, piolhos e auxiliar no con-trole de sarnas e carrapatos.

SUPRAMEC também pode

prevenir o desenvolvimento debicheiras do umbigo de bezerros ede feridas de castração ou descorna.O novo produto pode ser aplicadosimultaneamente a vacinações con-tra febre aftosa e clostridioses, nãointerferindo na imunidade dos ani-mais tratados.

Maiores informações sobreNUFLOR e SUPRAMEC podemser obtidas na Central de Atendi-mento Schering-Plough, telefone0800-117788.

Agrishow vai trazerAgrishow vai trazerAgrishow vai trazerAgrishow vai trazerAgrishow vai trazermuitas novidadesmuitas novidadesmuitas novidadesmuitas novidadesmuitas novidades

A Agrishow 97, a maior feira denegócios e tecnologia do setor deagribusiness do Brasil, que foi rea-lizada na Estação Experimentaldo IAC em Ribeirão Preto, SP, de28 de abril a 3 de maio próximospassado trouxe uma série de novi-dades.

Dentre os produtos que os ex-positores apresentaram naAgrishow 97, alguns dos quais sãonovidades tecnológicas para o se-tor agrícola:

• a Stihl (Fone (051) 588-4444)apresentou uma nova linha deroçadeiras, com os modelos A FS160 semiprofissional e FS 230, usa-da em aclives e declives, capim alto,macegas e arbustos; e também umanova linha de lavadoras com cincomodelos, com pressão de até 40vezes a de uma mangueira comum;

• a Technes Agrícola (Fone(011) 261-5422) mostrou uma iné-dita abanadeira mecânica portátilpara café, que evita as perdas naderrama quando se faz abanaçãomanual, estimadas entre 1 e 3% docafé colhido;

• a JF Máquinas Agrícolas(Fone (019) 863-9600) levou àAgrishow 97 sua linha de equipa-mentos para processamento de for-ragens, composta de colhedeira,ensiladeiras e desintegradores-picadores;

• a Tecno Moageira (Fone (051)344-3080) apresentou uma novalinha de máquinas de pré-limpezade cereais, com vários aperfeiçoa-mentos desenvolvidos a partir desugestões dos usuários, e que estãosendo patenteados;

• a Gil Equipamentos (Fone(016) 626-2800) demonstrou oanalisador do teor de óleo e deumidade em grãos e sementes nãooleaginosas, desenvolvido pelaEMBRAPA, e que opera com rapi-dez e sem destruir a semente;

• a Engesel (Fone 0800-

149844) mostrou sua linha deroupas especiais para aplicadoresde defensivos agrícolas, de tecidoleve de algodão e hidro-repelente;

• a Eucatex (Fone (011)72951411) lançou os produtosSolomax (matéria orgânicahumificada), Plantax (sistemapara formação de mudas), Peters(fertilizantes solúveis para fertir-rigação, hidroponia e adubação)e Osmocote (fertilizantes de libe-ração controlada para vasos).

Sempra - a soluçãoSempra - a soluçãoSempra - a soluçãoSempra - a soluçãoSempra - a soluçãopara o problema dapara o problema dapara o problema dapara o problema dapara o problema da

tiriricatiriricatiriricatiriricatiririca

Entre as ervas perenes queatacam a cultura da cana, ne-nhuma é tão agressiva como atiririca. Ela compete por umida-de, nutrientes do solo e causaefeitos alelopáticos à cultura dacana, diminuindo o perfilhamentoda mesma. Sua presença desde oplantio pode comprometer seria-mente o desenvolvimento e a pro-dutividade de uma lavoura. Pes-quisas apontam que áreas atingi-das pela tiririca têm queda médiade até 30% de produtividade. Masalguns estudos isolados mostramque esse percentual pode subiraté 50%.

Lançado em 1996, Sempra é oprimeiro herbicida específico parao controle da tiririca no mercadobrasileiro. Ele é seletivo para acana, podendo ser aplicado emárea total, sem qualquer risco defitotoxidade. Por se tratar de umproduto sistêmico, e específicopara o controle desta erva,Sempra elimina não apenas aparte aérea, mas também a es-trutura reprodutiva da tiririca(rizomas e tubérculos), principaisresponsáveis pela intensa veloci-dade de disseminação desta erva.

Sua formulação granulada,dispersível em água, aliada à bai-xa dosagem por hectare, facilita omanuseio e o descarte de embala-gens, além de reduzir gastos comfrete e armazenamento. O ingre-diente ativo do Sempra é oHalosulfurom, grupo químico quepossui uma alta atividadeherbicida. Por ter ação pós-emer-gente, pode ser utilizado em áreatotal ou em reboleiras. Sempra éum produto biodegradável, de-composto por hidrólise e pela açãodos microorganismos do solo, ca-racterísticas que reforça a segu-rança no uso (Monsanto, Fone(011) 536-0446).

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CaquiCaquiCaquiCaquiCaqui

A influência da polinização sobre a fisiologia,A influência da polinização sobre a fisiologia,A influência da polinização sobre a fisiologia,A influência da polinização sobre a fisiologia,A influência da polinização sobre a fisiologia,constituição e formação dos frutos do caquizeiroconstituição e formação dos frutos do caquizeiroconstituição e formação dos frutos do caquizeiroconstituição e formação dos frutos do caquizeiroconstituição e formação dos frutos do caquizeiro11111

Cangussú Silveira Matos

1. Trabalho realizado na Estação Experimental de Videira

caquizeiro (Diospyrus kaki) é umaespécie originária da Ásia, onde é

cultivado há vários séculos. No Japão éconsiderada uma das frutas mais im-portantes, com uma área plantada emtorno de 29.600ha.

No Brasil, a maior concentração deplantio com esta cultura encontra-se noEstado de São Paulo, com 2.381ha em1984 (1).

Em Santa Catarina, e em especialnas regiões do planalto catarinense, oplantio desta espécie vem se expandin-do rapidamente.

Um dos problemas que esta culturavem apresentando em nosso Estado é aexcessiva queda de frutos após a flora-ção, principalmente em cultivares pro-dutoras de caqui doce, tais como Fuyu,Jiro, etc., devido a diversos problemas,tais como a polinização. No Japão, apolinização é prática regular, princi-palmente em cultivares produtoras defrutos não adstringentes (2).

A polinização contribui também namelhoria do tamanho e formato dosfrutos do caquizeiro, além de modificara coloração e o sabor da polpa.

Em se tratando de uma cultura ain-da em início de exploração em nossoEstado, procura-se através deste tra-balho fornecer algumas informações eresultados sobre a polinização docaquizeiro face à complexidade do sis-tema reprodutivo desta espécie.

Principais característicasdo sistema reprodutivo docaquizeiro (floração)

O caquizeiro é uma espécie que pro-duz frutos por partenocarpia, isto é, nãohá necessidade de polinização para a

formação do fruto, podendo não apre-sentar sementes.

Na maioria das cultivares comer-ciais, as plantas apresentam apenasflores femininas. Em algumas culti-va-res podem ocorrer flores masculi-nas efemininas na mesma planta. A literatu-ra cita casos raros em que ocorremflores hermafroditas, isto é, comórgãos masculino e feminino na mesmaflor.

Como a maioria das cultivares co-merciais apresenta apenas flores femi-ninas, pode-se dizer que o caquizeironão é uma fruteira exigente empolinização, porém, em certas circuns-tâncias, a polinização poderá ser bené-fica.

As flores femininas, encontradas nas

axilas do ramo do ano são pequenas eapresentam uma coloração branco--creme, estames atrofiados e formaçãoem cachopa, isto é, com três flores porpedúnculo (Figura 1).

Influência da polinizaçãosobre o sabor e coloraçãoda polpa dos frutos docaquizeiro

Pomologicamente, o caquizeiro podeser dividido em dois grandes grupos:

Grupo I - Inclui todas as cultivaresde caqui que polinizadas ou não (com ousem sementes) mantêm o sabor e acoloração da polpa de seus frutos cons-tantes, com ou sem tanino (Figuras2 a 5).

Figura 1 - Aspectos gerais das flores femininas (laterais) e flores masculinas(centro) da cultivar IAC-5 - polinizadora

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6 Agrop. catarinense, v.10, n.2, jun. 1997

CaquiCaquiCaquiCaquiCaqui

Figura 2 - Cultivar Pomelo - caqui taninoso(sem sementes)

Figura 3 - Cultivar Pomelo - caqui taninoso(com sementes)

Dentre as cultivares comerciais des-te grupo (constante) se destacam:Taubaté, Pomelo, Rubi, Coração de Boi(polpa amarela e taninosa) e Fuyu, Jiro,Fuyuhana (polpa amarela não taninosa- caqui doce).

Grupo II - Este grupo inclui todas ascultivares que quando não polinizadas(sem semente) permanecem com as ca-racterísticas originais. Caso as flores

destas cultivares sejam polinizadas,passam da forma original (taninosa)para uma coloração achocolatada ouparcialmente achocolatada e doce (nãotaninosa), denominadas cultivares dogrupo das variáveis.

Das cultivares comerciais deste gru-po (variáveis) destacam-se: Rama For-te (Figuras 6 e 7), Giombo, Chocolate eLuiz de Queiroz.

Queda dos frutos decaquizeiro

Dentre os problemas que afetam aprodução do caquizeiro, se destaca aqueda prematura dos frutos logo após aqueda das pétalas num período de duasa três semanas. Este problema é maisacentuado quando não ocorre apolinização. Na Figura 8 é possível

Figura 4 - Cultivar Fuyu - caqui não taninoso(sem sementes)

Figura 5 - Cultivar Fuyu - caqui não taninoso(com sementes) caqui doce

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CaquiCaquiCaquiCaquiCaqui

observar o efeito da polinização na que-da de frutos (2).

Influência das sementesno peso médio dos frutosdo caquizeiro

A polinização e a produção de frutoscom semente poderá influenciar favo-ravelmente no desenvolvimento dos fru-tos, principalmente nas cultivares nãoadstringentes, nas quais há necessida-de da polinização, visando uma maiorretenção de frutos.

Em trabalho realizado na Estação

Experimental de Videira com a cultivarFuyu, foram coletados ao acaso em tor-no de 100 frutos, os quais pesados indi-vidualmente evidenciaram um aumen-to de peso com o aumento do número desementes (Figura 9).

Frutos com seis sementes apresen-taram um peso médio 65% superior aosfrutos sem sementes, o que mostra aimportância da polinização na cultivarFuyu.

Literatura citada

1. MARTINS, F.P.; PEREIRA, F. M. Cultura

do caquizeiro. Jaboticabal: FUNEP/UNESP, 1989. 71p.

2. KITAGAWA, H.; GLUCINA, P. G. Persimmonculture in New Zealand. Wellington:Science Information Publishing Centre,1984. 74p. (DSIR. Information Serie, 159)

Cangussú Silveira Matos, Licenciado emCiências Agrícolas, M.Sc., EPAGRI/Adminis-tração Regional de Caçador, Estação Experi-mental de Videira, C.P. 21, Fone (049) 566-0054, Fax (049) 566-0391, 89560-000 Videira,SC.

Figura 6 - Cultivar Rama Forte - caqui taninosoquando sem sementes

Figura 7 - Cultivar Rama Forte - caqui achocolatado ouparcialmente achocolatado quando com sementes

Figura 8 - Efeito da polinização sobre a queda de frutosna cultivar Fuyu, no Japão

Figura 9 - Influência da polinização do caquizeiro(presença de sementes) sobre o peso médio de frutos da

cultivar Fuyu

o

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Controle de pragasControle de pragasControle de pragasControle de pragasControle de pragas

Expurgo de mudas de frutíferas de clima temperado:Expurgo de mudas de frutíferas de clima temperado:Expurgo de mudas de frutíferas de clima temperado:Expurgo de mudas de frutíferas de clima temperado:Expurgo de mudas de frutíferas de clima temperado:método alternativo para evitar disseminação de pragasmétodo alternativo para evitar disseminação de pragasmétodo alternativo para evitar disseminação de pragasmétodo alternativo para evitar disseminação de pragasmétodo alternativo para evitar disseminação de pragas

Figura 1 - Pérola-da-terra (Eurhizococcus brasiliensis(Hempel)), a principal praga da videira e disseminada

através de mudas infestadas

sentam asas, porém não vivem maisque dois dias (2) e não são elementosgeradores de descendentes, portantonão contribuem para dispersão da es-pécie. As fêmeas geralmente não aban-donam a carapaça, e quando o fazemnão se locomovem mais que 60cm den-tro do solo.

Apesar destas aparentes limitações,a pérola-da-terra é uma praga ampla-mente disseminada nas terras altascatarinenses, notadamente no Meio--Oeste e Oeste do Estado. Aparte ser oSul do Brasil o centro de origem desteinseto, esta grande dispersão em áreascultivadas sem dúvida se deve ao trân-sito de mudas de es-pécies hospedeirasinfestadas pela pra-ga (3). E neste casonão apenas de mu-das de videira, masde pessegueiro,ameixeira, macieirae demais frutíferascultivadas nestasregiões, bem como deoutras plantas deuso doméstico, comoos temperos e as or-namentais, são mui-tas vezes hospedei-ras da praga (4).

O que se verificaclaramente peloexemplo da pérola--da-terra, é que ape-sar da existência derestrições legais (5),estas não são sufici-entes para impediro comércio de mu-das infestadas pelapraga. Resta portan-

to ao agricultor dispor de um métodoque lhe permita assegurar o plantio demudas isentas destas infestações. Sobesta ótica, desenvolveu-se um ensaiona Estação Experimental de Videira,para validação do expurgo de mudascomo método de “limpeza” para a elimi-nação de pragas.

A pesquisa desenvolvida

O expurgo de mudas foi uma técnicaanteriormente preconizada para con-trole de infestações de pérola-da-terraem mudas de videira (3). Contudo nostestes iniciais não se avaliou o poste-

dispersão de pragas entre re-giões ou mesmo entre países me-

rece sempre grande atenção das autori-dades fitossanitárias. Contudo, as bar-reiras, limitações e outras restriçõeslegais são muito estáticas e, somadas àimpunidade e à falta deoperacionalidade dos órgãos fiscaliza-dores, permitem o comércio de mudas,sementes ou outros materiais de ori-gem vegetal de má qualidade, contami-nados por doenças ou infestados porpragas (1).

No setor de produção de mudas deplantas frutíferas isto é alarmante, dadaa quantidade de agricultores lesadospor adquirirem mudas ruins. Para oagricultor nem sempre é fácil detectarnum lote de mudas comprado ainfestação por uma determinada pra-ga, a qual passando despercebida podeacarretar sérios prejuízos posteriormen-te.

O caso da pérola-da-terra

A pérola-da-terra é um exemplo bemelucidativo. Esta praga é umacochonilha subterrânea que ataca raí-zes de diversas plantas frutíferas (Fi-gura 1). Entre elas, a videira é a maissensível, sucumbindo ante a infestaçãodo inseto. Contudo, é uma praga bas-tante limitada em termos de dispersãoa longas distâncias. Para se ter umaidéia, das fases jovens apenas as ninfasde primeiro estágio se locomovem, po-rém em curtas distâncias dentro dosolo. Nesta tarefa podem ser auxiliadaspor formigas, contudo ainda assim adispersão se limita a alguns metros porano.

Já das fases adultas ou aptas parareprodução, apenas os machos apre-

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Controle de pragasControle de pragasControle de pragasControle de pragasControle de pragas

rior desenvolvimento das mudas de par-reira, nem tampouco se estendeu seuuso para mudas de outras frutíferasreconhecidamente hospedeiras da pra-ga.

Sendo assim, o ensaio aqui descritoabrangeu o expurgo de mudas devideira (porta-enxerto Paulsen 1103),pessegueiro (cultivar Pialo), amei-xeira (cultivar Letícia) e quivizeiro(“seedlings”). Estas mudas foramsubmetidas a tratamentos de expurgocom fosfina nas doses de 1 pastilha/m3,2 pastilhas/m3 e 4 pastilhas/m3 (dosesdo produto comercial Gastoxin, for-mulado em pastilhas de 3g). Para cadadose utilizaram-se dez mudas decada espécie. Ainda fez parte doteste um tratamento sem expurgo emcada espécie, com igual número demudas, para comparação como teste-munha.

As mudas, do tipo raiz nua, estavamem repouso vegetativo e permanece-

Tabela 1 - Data, período e intensidade de brotação, vigor e mortalidade de plantas emespécies frutíferas submetidas a expurgo com fosfina

Dose Brotação(A)

Espécie (produtocomercial) Data Período Intensidade

Uva Testemunha 15,0a 10,5c 9,9ab 3,4a -1 pastilha/m3 10,8a 4,8b 10,9a 3,0a -2 pastilhas/m3 19,2a 1,0a 7,2b 3,3a 14 pastilhas/m3 51,0b 1,0a 1,9c 1,9b 5

Pêssego Testemunha 19,0b 20,0a 22,7a 3,95a -1 pastilha/m3 10,6b 8,6b 27,1a 4,00a -2 pastilhas/m3 12,4ab 6,7bc 21,0ab 2,56b 24 pastilhas/m3 8,0a 1,0c 14,9b 0,80c 10

Ameixa Testemunha 27,0b - 11,6b 3,40b -1 pastilha/m3 8,6a - 36,5a 3,90a -2 pastilhas/m3 7,8a - 33,8a 3,65ab -4 pastilhas/m3 8,6a - 15,6b 0,80c 9

Quivi Testemunha 14,6a - 1,6b 2,4a 11 pastilha/m3 7,8a - 2,9ab 2,3ab -2 pastilhas/m3 11,0a - 3,9a 2,6a -4 pastilhas/m3 31,8b - 1,8b 1,5b 7

(A) Tempo de brotação refere-se ao período em dias compreendido de 01/09 até o início dabrotação. Período de brotação refere-se ao período em dias entre o início e o final da brotação.Intensidade de brotação refere-se ao número de gemas brotadas/50cm de rama.

Nota: Médias seguidas de mesma letra são semelhantes entre si, não sendo possível detectardiferenças marcantes através do teste Tukey a 5% de probabilidade de erro.Para uva o vigor foi medido pelo número de rebentos com diâmetro necessário na enxertia.Para ameixa e quivi não houve diferença nos períodos de brotação dos diferentestratamentos.

ram 96 horas nas câmaras de fumiga-ção. Este tempo foi definido com baseem ensaios anteriores (3) e pelas reco-mendações do fabricante do produto,levando-se em conta a variação de tem-peratura ambiental de 15 a 21 oC, du-rante a execução do expurgo. Nestascâmaras também foram colocados cis-tos de pérola-da-terra em placas depetri forradas com papel umedecido,para confirmar o efeito letal das dosessobre a praga.

Após o expurgo as mudas dos quatrotratamentos (doses mais a testemu-nha) foram plantadas a campo em blo-cos ao acaso, tendo-se no total cincoblocos com duas plantas por parcela.Foram analisados os seguintesparâmetros: brotação (época e intensi-dade), vigor através do diâmetro docaule um ano após o plantio; e aspectogeral das plantas (padrão de cresci-mento, anomalias e morte de plan-tas).

Resultados obtidos

A Tabela 1 sumariza os resultadosobtidos. Todas as doses avaliadas re-sultaram na eliminação total dos cistosde pérola-da-terra, corroborando resul-tados obtidos anteriormente (3). Perce-be-se, no entanto, que apenas o expurgona dose de 1 pastilha de 3g do produtocomercial por metro cúbico, por 96 ho-ras, foi seguro para aplicação nas dife-rentes espécies de fruteiras.

O pessegueiro se mostrou mais sen-sível a fitotoxidez por fosfina, sen-do que a dose de 2 pastilhas/m3 já foisuficiente para acarretar um menordesenvolvimento das plantas, o qualresultou, principalmente, de umsecamento das folhas após a brotaçãodas gemas. A dose mais elevada foiletal, provocando a morte de todasas plantas deste tratamento (Figura2).

Nas quatro espécies estudadas oexpurgo, nas doses de 1 e 2 pasti-lhas/m3, atuou de forma semelhante aum tratamento para quebra dedormência, ora antecipando, uniformi-zando ou intensificando a brotação (Fi-gura 3). Sob o aspecto técnico pode-seconsiderar um efeito benéfico, uma vezque tende a proporcionar um maiordesenvolvimento das plantas. Esta que-bra de dormência seria apenas indese-jável em situações de plantio das mu-das em regiões sujeitas a geadas tardi-as.

Os resultados das diferentes dosestestadas permitem tornar o expurgouma operação segura para mudas deuva, ameixa e quivi, onde pequenoserros para mais na dosagem do produtoteriam pouca probabilidade de afetaras plantas. No caso do pessegueiro ter--se-ia que impor maior rigor no cálculodo volume a ser tratado, pois um au-mento maior na dose do produto podeocasionar problemas no desenvolvimen-to das mudas.

Desdobramento dapesquisa

Em função dos problemas defitotoxicidade da fosfina em pêssego,foram idealizadas outras opções de ex-purgo envolvendo dosagens menores.#

Vigor Plantas(O em cm) mortas

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Controle de pragasControle de pragasControle de pragasControle de pragasControle de pragas

Uma vez que o acréscimo da dose levouà fitotoxidez, o decréscimo destaminimizaria os riscos de provocar efeitofitotóxico nas mudas. Como, a princí-pio, não se faz necessário testar o efeitode doses menores sobre as mudas, ostestes com estas doses envolveram ape-nas a pérola-da-terra, justamente paraaferir o efeito letal de doses menoressobre a praga.

Cistos de pérola-da-terra, mantidosem placas de petri forradas com papelumedecido, foram submetidos a expur-go por 96 horas em câmaras de 0,2m3,nas doses de: 1 pastilha/4m3 (1/4 dadose normal); 1 pastilha/2m3 (1/2 dadose normal); e 1 pastilha/1,3m3 (3/4 dadose normal) (doses do produto comer-cial Gastoxin formulado em pastilhasde 3g).

Destes tratamentos, amenor dose (1 pastilha/4m3) não promoveu o con-trole da praga, resultandoem apenas 20% de morta-lidade. Metade da dosenormal (1 pastilha/2m3)também não foi plenamen-te eficiente no controle dapérola-da-terra, provocan-do em média 85% de mor-talidade. Já a dose de 1pastilha/1,3m 3 (3/4 da dosenormal), resultou na mor-te de todos os cistos dapraga submetidos ao ex-purgo.

Assim, para mudas depêssego, é possível redu-zir a dose de fosfina no

e x p u r g o(para até 3/4da dose nor-mal), e au-mentar emconseqüên-cia a segu-rança no tra-tamento. Re-duz-se o riscode efeitofitotóxico ep r o v a v e l -mente tam-bém reduzir--se-á o efeito de quebra dedormência nas mudas tra-tadas.

Consideraçõesfinais

O tratamento de mudaspor expurgo poderia seruma prática aplicada nasunidades viveiristas. Nes-te caso a adoção da técnicae os cálculos de volume edosagem de fosfina se-riam assessorados pelotécnico responsável peloviveiro, o que permitiriamaior precisão na aplica-ção do expurgo. Contudo,para tal, alguma modifica-ção teria que ser feitanas normas estabelecidas

Figura 2 - Aspecto da muda de pessegueiro com sinto-mas de fitotoxidez por fosfina (exemplar do tratamento

quatro pastilhas/m 3). A brotaçãoapresentada no momento da foto secou toda poucos dias

depois

Figura 3 - Aspecto da quebra de dormência provocadapelo expurgo em muda de pessegueiro

pelos órgãos fiscalizadores.Apesar dos bons resultados ora evi-

denciados, o emprego desta técnica paramudas de outras plantas deve ser feitocom cautela, justamente para se aferirum possível efeito fitotóxico da fosfina.Esta mesma cautela é recomendadainclusive para o expurgo de outras cul-tivares que não aquelas das espéciestestadas, dado que pode haver diferen-ças varietais na suscetibilidade àfitotoxidez por fosfina.

Embora o ensaio aqui apresentadose restrinja ao controle da pérola--da-terra, pode-se extrapolar os resul-tados obtidos para outras pragasinfestantes de mudas, pois a fosfina éum inseticida de amplo espectro eempregado para eliminar vasta gamade insetos. Sob este aspecto oexpurgo de mudas em muito contribui-ria para reduzir as infestações preco-

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ces de cochonilha branca e ácaros empessegueiros e ameixeiras, dascochonilhas de lenho da videira, e ou-tras pragas de difícil dispersãomacrorregional.

Embora o ingrediente ativo fosfinanão tenha registro para uso nas cultu-ras estudadas, este problema ficaminimizado tendo em vista a modalida-de de uso objetivada e o produto (mu-das) não ser para consumo humano ouanimal. Isto no entanto não diminui oscuidados necessários para o bom em-prego da técnica, nem descarta a obser-vação aos procedimentos usuais paraproteção do aplicador e do meio ambi-ente.

Literatura citada

1. DUCROQUET, J.-P.H.J. Qualidade sanitá-ria das mudas de fruteiras. Informativo

SBF, Cruz das Almas, v.15, n.1, p.10-12,1996.

2. SORIA, S.J.; FOLDI, I.; DeKLERK, A.C.Observações sobre o desenvolvimentopós-embrionário de Eurhizococcusbrasiliensis (Hempel in Wille, 1922)(Homoptera: Margarodidae). Ciência eCultura, São Paulo, v.42, n.7, p.527-529,1990.

3. DAL BÓ, M.A.; CRESTANI, O.A. Controle demargarodes: tratamento das mudas devideira evita disseminação. Agropecuá-ria Catarinense, Florianópolis, v.1, n.1,p.10-11, 1988.

4. SORIA, S.J.; GALLOTTI, B.J. O margaro-des da videira Eurhizococcusbrasiliensis (Homoptera: Margarodidae):biologia, ecologia e controle no sul doBrasil. Bento Gonçalves: EMBRAPA-

CNPUV, 1986. 22p.

5. COMISSÃO ESTADUAL DE SEMENTES EMUDAS DO ESTADO DE SANTA CA-TARINA - CESM/SC. Normas e padrõesde produção de sementes e mudas para oEstado de Santa Catarina. Florianópo-lis: SAA, 1991. n.p.

Eduardo Rodrigues Hickel, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. 7.394-D, CREA-SC, EPAGRI/Esta-ção Experimental de Videira, C.P. 21, Fone/Fax (049) 566-0054, 89560-000 Videira, SC;Enio Schuck, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof.2.270-D, CREA-SC, EPAGRI/Estação Experi-mental de Videira, C.P. 21, Fone/Fax (049) 566-0054, 89560-000 Videira, SC e Jean-PierreHenri Joseph Ducroquet, eng. agr., Dr.,Cart. Prof. 17.954-D, CREA-PR, EPAGRI/Es-tação Experimental de Videira, C.P. 21, Fone/Fax (049) 566-0054, 89560-000 Videira, SC.

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Reprodução animalReprodução animalReprodução animalReprodução animalReprodução animal

Bioestimulação em bovinos: o “efeito touro”Bioestimulação em bovinos: o “efeito touro”Bioestimulação em bovinos: o “efeito touro”Bioestimulação em bovinos: o “efeito touro”Bioestimulação em bovinos: o “efeito touro”

fertilidade é a característica maisimportante a afetar o desempe-

nho de qualquer sistema de produçãoanimal. Na bovinocultura, o aumentona taxa de natalidade é medida priori-tária para aumentar a eficiência daprodução.

No presente artigo faz-se umarevisão bibliográfica e apresentam-sesugestões de aplicação da bioesti-mulação, uma técnica de baixo custo e,paradoxalmente, pouquíssimo utiliza-da na bovinocultura brasileira.

As estatísticas disponíveis sobre odesempenho da bovinocultura brasilei-ra mostram índices medíocres e prati-camente inalterados nas últimas déca-das. A taxa de natalidade de 50% obser-vada no rebanho nacional é fruto, fun-damentalmente, das baixas taxas dereconcepção dos ventres com cria ao pé,estimadas em 20 a 25% para vacasadultas e 6 a 15% para os ventres deprimeira cria.

A pesquisa agropecuária brasileiratem se debruçado sobre esse problemahá bastante tempo e desenvolvido umasérie de alternativas. Para a região Suldo Brasil, trabalhou-se com o aumentodo nível nutricional nos períodos pré epós-parto através do uso de forrageirasde produção hiberno-primaveril ou re-dução da carga animal. Outra propostabastante estudada é a antecipação dodesmame ou a interrupção temporáriada amamentação, na tentativa de res-tabelecer os ciclos estrais de animaisque, nas condições usuais de criação noBrasil, são subalimentados durante afase inicial da lactação. Os resultadosobtidos nestes trabalhos são muito de-pendentes do nível nutricional dos ven-tres, pois a magnitude do efeito dalactação sobre a reprodução está condi-cionada pela nutrição, uma vez querebanhos bem alimentados não têmproblema em manter intervalos entrepartos próximos a 365 dias, indepen-dentemente da lactação.

Outro fator ambiental que pode terefeito positivo sobre a redução do inter-valo parto - primeiro cio e, conseqüente-mente, no intervalo parto - concepção éa bioestimulação ou “efeito do touro”. Oconhecimento dos mecanismoscomportamentais envolvidos no proces-so (interações macho - fêmea) permiti-riam interferir de forma benéfica nosentido de melhorar o desempenhoreprodutivo dos ventres com cria ao pé.

A separação de machos e fêmeas,formando grupos distintos nos siste-mas criatórios, como regra de manejo,pode ter reduzido o “efeito do macho”em comparação com as respostas emcomunidades ferais. Assim, o reagrupa-mento dos sexos em períodos estratégi-cos pode ser vantajoso no sentido demaximizar a performance reprodutiva.

Há um fenômeno clássico, conheci-do como “efeito Whitten”, que foi iden-tificado em camundongos. Nesta espé-cie, as fêmeas tendem a ter padrões deciclos erráticos, ou nenhuma atividadeovariana quando alojadas em grandenúmero sem um macho. A introduçãode um macho provoca nas fêmeas o re-começo da ciclicidade ovariana de for-ma altamente sincronizada, pois umgrande número delas apresenta cio noterceiro dia após a introdução do macho(1).

Também há trabalhos que descre-vem o efeito do macho sobre a funçãoreprodutiva da fêmea em espécies deinteresse zootécnico. Tal é o caso daintrodução do carneiro ao início da esta-ção reprodutiva, o que aumenta a inci-dência de cio em ovelhas que estãosaindo do período de anestro estacional.Igualmente, a presença do cachaço re-duz o período de anestro pós-parto emporcas, bem como a idade à puberdadedas leitoas. Essas descobertas no cam-po científico são largamente utilizadasno manejo da reprodução dessas espéci-es. Todavia, os trabalhos sobre o efeitodo macho em bovinos têm apresentado

resultados conflitantes e, por isto, ossistemas de produção não têm se bene-ficiado de uma técnica simples e debaixo custo para aumentar o desfrutedos rebanhos.

Em um trabalho publicado em 1979na Nova Zelândia (2), os autores obser-varam que a presença de tourosvasectomizados foi vantajosa na induçãodo cio de vacas com cria ao pé. Posteri-ormente, nos Estados Unidos, mais duaspesquisas confirmaram este efeito. Naprimeira (3), em dois anos de experi-mentação, os autores observaram 43 x63 (p<0,01) e 39 x 61 (p<0,01) dias deanestro pós-parto para vacas expostase não expostas ao touro, respectiva-mente. Na segunda (4), trabalhandocom primíparas, os autores evidencia-ram que nos lotes bioestimulados havia20% a mais de vacas em cio entre 60 e90 dias após o parto. Em trabalhos ondenão foi observado efeito positivo da pre-sença do touro na redução do anestropós-parto, possivelmente não foi consi-derada uma variável de fundamentalimportância sobre a função reprodutiva:o nível nutricional dos ventres. Isto ficabem claro no trabalho realizado no Es-tado de Nebraska (EUA), que tem comogrande mérito trazer à tona o efeito dainteração nutrição x bioestimulação,indicando que o escore de condição cor-poral deve ser considerado ao se utili-zar esta técnica no manejo da reprodu-ção (5).

Os autores trabalharam com doisníveis de nutrição pré-parto (alto = 150%e baixo = 50% das recomendações doNRC para Energia Metabolizável) ebioestimulação (BE) ou não (NE) emuma pesquisa que foi realizada comvacas multíparas de raças britânicas erepetida no tempo. Quando o nível nu-tricional foi alto, a presença do touro sóreduziu o anestro pós-parto em seisdias; entretanto, no nível baixo, a redu-ção foi de catorze dias.

A hipótese dos autores ao estabele-

Sergio Augusto Ferreira de Quadros

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Reprodução animalReprodução animalReprodução animalReprodução animalReprodução animal

cerem o experimento era de que vacasem melhor estado nutricional respon-deriam mais intensamente à presençado touro, entretanto observaram justa-mente o oposto. Dita hipótese foi base-ada em um trabalho (6) realizado naArgentina, onde as vacas em pior esta-do nutricional não responderam àbioestimulação. Ocorre que a diferençaentre ambos é que as vacas em bomestado nutricional no trabalho argenti-no equivaleriam em escore de condiçãocorporal às vacas do regime nutricionalbaixo do trabalho de Nebraska. E éneste detalhe que está a síntese doefeito da interação bioestimulação xnutrição: o efeito mais marcante ocorreem vacas com escore marginal de condi-ção corporal ao parto, o que equivale aalgo em torno de 2,0 a 2,5 (na escala de1 a 5). Sabe-se que, com escore 2,5 a 3,0ou superior, o intervalo entre partosfica próximo de 365 dias (7). Acredita-se que, em vacas com este nívelnutricional, o efeito da presença do tou-ro seja muito discreto, bem como comvacas com escore menor ou igual a 1,5,pois neste caso, a nutrição serialimitante.

Analisando os escores médios decondição corporal ao parto para os doisanos de trabalho de Nebraska, que fo-ram de 5,9 e 4,9 (em escala de 1 a 9) paraos níveis nutricionais alto e baixo, res-pectivamente (e que equivalem a, apro-ximadamente, 3,5 e 3,0 na escala de 1 a5), observa-se que ambos os grupos ti-nham condição nutricional adequadapara um rápido retorno à atividadeestral. O nível nutricional baixo do ex-perimento não foi suficientemente bai-xo para impedir um intervalo entrepartos de 365 dias, já que 58 diasfoi o maior período de anestro pós--parto encontrado entre os tratamen-tos.

A natureza exata dos estímulostransmitidos pelo touro e seu mecanis-mo de ação na fisiologia sexual da fê-mea ainda não são bem conhecidos.Devem influir estímulos visuais, tá-teis, auditivos e olfativos. Neste últimocaso, feromônios liberados na urina efezes ou secretados em glândulascutâneas desencadeariam respostasendócrinas e comportamentais nos in-divíduos. O provável efeito da exposi-ção ao touro de vacas no período pós-

-parto resulta em estímulo imediato àliberação do LH, como ocorre no caso do“efeito do carneiro” (4).

Aplicações

A técnica da bioestimulação atravésda introdução de um rufião no lote devacas recém-paridas, pelo seu efeito dediminuir o intervalo parto - primeirocio, pode ser usada no manejo da repro-dução com os objetivos de:

• Fazer com que as vacas de primei-ra cria tenham uma velocidade dereconcepção semelhante ao das vacasadultas. Esta prática teria o efeito posi-tivo de concentrar os partos no início daestação de parição do próximo ano, au-mentando as chances de nova concep-ção.

• O mesmo objetivo anterior, paravacas que, no toque retal, foramdiagnosticadas como de prenhez maisrecente (vacas “cola de parição”).

• Adiantar o surgimento do cio devacas que, por problemas de manejo,chegaram ao parto com escore margi-nal de condição corporal.

Em propriedades que fazem a explo-ração em ciclo completo, o possível cus-to de manter animais extras para fazero trabalho de bioestimulação (tourosvasectomizados) torna-se desnecessá-rio, pois observou-se que machos jovensapresentaram o mesmo índice debioestimulação de touros adultos (8).Assim, em um sistema de produção queprevê o abate aos dois anos, um animalvasectomizado que será abatido daí apoucos meses pode ser utilizado paraeste fim.

Conclusões

• A bioestimulação é uma técnicasimples e capaz de modificar favoravel-mente o desempenho reprodutivo dosbovinos.

• O nível nutricional dos ventresdeve ser considerado ao se utilizar abioestimulação, esperando-se um efei-to mais pronunciado em vacas com es-core de condição corporal próximo a 2,0(escala de 1 a 5).

• É uma técnica com potencial paraser facilmente adotada pelos criado-res, pois não demanda custos expressi-vos.

Literatura citada

1. STABENFELDT, G.H.; EQVIST, L.E. Pro-cessos reprodutivos na fêmea. In:SWENSON, M.J.; REECE, W.O. (Ed.)Fisiologia dos animais domésticos. Riode Janeiro: Guanabara-Koogan, 1996.p.615-644.

2. MacMILLAN, K.L.; ALLISON, A.J.;STRUTHERS, G.A. Some effects ofrunning bulls with suckling cows orheifers during the premating period. NewZealand. Journal of ExperimentalAgriculture, Wellington, v.7, p.121, 1979.

3. ZALESKI, D.D.; DAY, M.L.; GARCIA--WINDER, M.; IMAKAWA, K.; KITTOK,R.J.; D’OCCHIO, M.J.; KINDER, J.E.Influence of exposure to bulls onresumption of estrous cycles followingparturition in beef cows. Journal of Ani-mal Science, Champaign, v.59, p.1135-1139, 1984.

4. CUSTER, E.E.; BERARDINELLI, J.G.;SHORT, R.E.; WHERMAN, M.; ADAIR,R. Postpartum interval to estrus andpatterns of LH and progesterone in first--calf suckled beef cows exposed to maturebulls. Journal of Animal Science ,Champaign, v.68, p.1370-1377, 1990.

5. STUMPF, T.T; WOLFE, M.W.; WOLFE,P.L.; DAY, M.L.; KITTOK, R.J.;KINDER, J.E. Weight changes prepar-tum and presence of bulls postpartuminteract to affect duration of postpartumanestrus in cows. Journal of AnimalScience, Champaign, v.70, p.3133-3137,1992.

6. MONJE, A.R.; ALBERIO, G.;SCHIERSMANN, P.J.; CHEDRESE,P.J.; CAROU, N. Effect of male presenceon sexual activity postcalving of breedingcows in two nutritional levels. RevistaArgentina de Producción Animal, v.4,p.364, 1983.

7. KILKENNY, J.B. Reproductive performanceof beef cows. World Review of AnimalProduction, Roma, v.14, n.3, p.65-75,1978.

8. CUPP, A.S.; ROBERSON, M.S.; STUMPF,T.T.; WOLFE, M.W.; WERTH, L.A.;KOJIMA, N.; KITTOK, R.J.; KINDER,J.E. Yearling bulls shorten the durationof postpartum anestrus in beef cows tothe same extend as do mature bulls.Journal of Animal Science, Champaign,v.71, p.306-309, 1993.

Sergio Augusto Ferreira de Quadros, méd.vet.; M.Sc., CRMV-SC 1.784, Professor do De-partamento de Zootecnia, Centro de CiênciasAgrárias, Universidade Federal de Santa Ca-tarina, C.P. 476, Fone (048) 234-2266, ramal270, Fax (048) 234-2014, 88040-900Florianópolis, SC.

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Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

Enfoque sistêmico, participação e sustentabilidadeEnfoque sistêmico, participação e sustentabilidadeEnfoque sistêmico, participação e sustentabilidadeEnfoque sistêmico, participação e sustentabilidadeEnfoque sistêmico, participação e sustentabilidadena agricultura.na agricultura.na agricultura.na agricultura.na agricultura.

II: Uma abordagem construtivistaII: Uma abordagem construtivistaII: Uma abordagem construtivistaII: Uma abordagem construtivistaII: Uma abordagem construtivista11111

Sérgio Leite Guimarães Pinheiro,C. J. Pearson e S. Chamala

esenvolvimento Rural tem se ca-racterizado por ações (geralmen-

te não bem sucedidas) visando reduzira fome e a pobreza nos países do tercei-ro mundo e ao mesmo tempo sustentaro crescimento do chamado primeiromundo. Em virtude das crescentes crí-ticas e do aparente esgotamento dasestratégias tradicionais (o processo darevolução verde e os modelos lineares eunidirecionais de geração, transferên-cia e difusão de tecnologias), aborda-gens alternativas têm surgido e se po-pularizado ao longo dos últimos anos.Algumas têm sido inclusive aclamadascomo novos paradigmas, como é o casodo enfoque de sistemas, do desenvolvi-mento participativo e, mais recente-mente, do desenvolvimento sustentá-vel.

Este é o segundo de uma série dedois estudos complementares. O pri-meiro trabalho, publicado no númeroanterior desta revista, analisa critica-mente a forma com que estes novosenfoques têm sido interpretados e usa-dos nas ações de pesquisa, extensão edesenvolvimento rural. O argumento éde que embora algumas limitações dosmodelos convencionais tenham sido “re-laxadas” (eles se tornaram cíclicos eprocessos de “feedback” foram incluí-dos), a maioria destas ações não apre-senta mudanças significativas (tantoem termos práticos quanto teóricos) emrelação a estratégias anteriores. Con-seqüentemente, os resultados têm feitopouca diferença. Em contraste, no pre-sente artigo uma outra perspectiva é

tação. O observador individual se tornameramente um receptador ou refletorpassivo para o fenômeno da realidade.Já o novo ou crítico Realismo sugereque as nossas observações são depen-dentes de teorias e que não temos por-tanto um puro acesso a um mundo inde-pendente, embora este exista e sejahabitado por objetivos e entidades.

O Idealismo, por outro lado, temprocurado contestar a crençaRacionalística e Empiricista em tornoda objetividade da observação. Existeênfase na idéia de que nossas teorias,experiências e observações do mundosão essencialmente construídas por nós(e não apenas passivamente assimila-das). Nós construímos o mundo que nósexperimentamos, como indivíduos oucomunidades, e como nossas teoriasmudam, também muda o mundo quenós experimentamos. A experiência ci-entífica é dependente de teorias, asquais não estão isoladas de nossas pres-suposições e paradigmas. Neste artigo,refletimos sobre uma perspectiva dife-rente dentro da visão Idealista, aindapouco explorada nas Ciências Agrári-as: O Construtivismo.

A abordagem construtivista

Existe uma ampla literatura ofere-cendo diversas interpretações sobre esteenfoque. Neste artigo a discussão teóri-ca é fundamentada no Construtivismosocial proposto por Kelly (3) e sobretu-do na explicação biológica e cognitivapara esta proposição, oferecida por

1. Pesquisa realizada com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Universidade deSydney, Austrália.

acrescentada ao diálogo sobre desen-volvimento: a abordagem Constru-tivista, que traz diferentes significadospara metáforas como conhecimento,informação, comunicação, desenvolvi-mento, participação e poder.

Os paradigmas da ciência

Paradigmas podem ser definidoscomo uma visão do mundo, uma pers-pectiva geral, uma maneira de obser-var, compreender e refletir sobre a na-tureza e as realidades com as quaisinteragimos.

A maior vantagem de um paradigmaé tornar ações possíveis, e a principalfraqueza é limitar estas mesmas açõesdentro das suas próprias einquestionáveis pressuposições. A his-tória da filosofia da ciência tem se ca-racterizado pela existência de diferen-tes paradigmas, dentre os quaisRacionalismo, Empiricismo, Realismoe Idealismo são alguns dos mais co-muns (1 e 2).

Dentro da tradição Racionalista,prevalece a definição de objetivos cla-ros, a identificação de problemas e aproposição de soluções racionais paraos mesmos. O Empiricismo, que culmi-nou com o Positivismo, tem sido a visãopredominante do mundo modernoAnglo-saxônico. Sugere que o conheci-mento válido e científico deve ser base-ado em fatos empíricos. Estes seriamexplicados como exemplos de leis uni-versais desenvolvidas como hipóteses econfirmadas por predição e experimen-

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Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

Maturana & Varela (4) e Maturana (5 e6).

O enfoque construtivista rejeita anoção de um mundo composto por obje-tos e propriedades estáveis existindoindependente de observação. Envolvepesquisa em cognição e percepção sob oargumento de que as pessoas têm suaprópria visão do mundo e que cada umaconstrói sua própria realidade. Dentrodesta perspectiva, os seres vivos ope-ram no domínio das múltiplas realida-des e constituem sistemas fechados edeterminados pela sua estrutura. Istosignifica que o comportamento não édeterminado pelo meio ambiente, einterações com este não causam rea-ções pré-determinadas, mas apenasestimulam respostas a serem determi-nadas pela estrutura interna dos siste-mas.

A Tabela 1 mostra as principais di-ferenças entre os enfoques mais recen-tes de desenvolvimento e oConstrutivismo. Analisamos a seguiralguns impactos desta abordagem emrelação aos seguintes conceitos: a) Co-nhecimento, informação e comunica-ção; b) Mudanças e desenvolvimento; ec) Participação e poder.

a) Conhecimento, informação ecomunicação

Pessoas gostam de explicar e deformular perguntas que requerem ex-plicações, se satisfazendo somentequando estas são encontradas. Cientis-tas, em particular, argumentam que o“real” é validado universalmente de for-ma objetiva porque independe do queas pessoas observam e fazem, e umavez descrito não pode ser contestado.Cientistas também argumentam teremacesso privilegiado a esta realidade, oque torna os argumentos científicosobjetivamente válidos.

A visão científica tradicional sobre oconhecimento desta realidade originoupropostas de como este conhecimentopoderia ser comunicado entre um ob-servador e outro. O modelo matemáticode comunicação desenvolvido no meiodeste século (e que predomina até hoje)usa a metáfora de transmissão eletrô-nica para descrever a transferência deinformação entre as pessoas. O proble-ma fundamental é reproduzir para osreceptores exatamente a mensagem

Tabela 1 - Principais diferenças entre o enfoque Construtivista e o modelo deDesenvolvimento dito Participativo, Sistêmico e Sustentável

Desenvolvimento Participativo Abordagem Construtivista

• Modelo de comunicação por transmissão • Teoria dialética de comunicação(baseado no paradigma positivista) (baseada no paradigma construtivista)

• Crença em uma única e objetiva realidade • Conceito das múltiplas realidades(a qual cientistas têm acesso privilegiado) (diversas versões para o mesmo fenômeno)

• Seres humanos vistos como sistemas • Seres humanos são informaticamenteabertos (estímulos externos fechados (comportamento determinadodeterminam comportamento) pela estrutura interna dos sistemas)

• Informação é sinônimo de conhecimento • Conhecimento é socialmente construído(o qual pode ser transferido independente- (e as formas tácitas e subjetivas sãomente do contexto) valorizadas)

• Fonte central de conhecimento e poder • Processo de co-aprendizado (interação de(estações de pesquisa e universidades) diferentes experiências, todas válidas)

• Predominância de métodos quantitativos, • Foco no diálogo, análise qualitativa,hard-systems e modelos do mundo (formas soft-systems e ciência contextual (formasobjetivas de quantificar conhecimento) mais abstratas de construir conhecimento)

• Cientistas permanecem fora dos sistemas - • Cientistas interagem com os sistemas viadecidindo e controlando as ações. Pesquisa redes de conversação (ajudando iniciativassobre pessoas (especialistas e clientes) locais). Pesquisa com pessoas

• Participação como objetivo estratégico. • Participação como processo autônomo.(consultiva ou no máximo funcional) (co-responsabilidade nas decisões e ações)

• Desenvolvimento planejado segundo uma • Mudanças balanceando as perspectivasperspectiva técnica e científica (mudanças nacionais com entusiasmo local para açãocontroladas de fora para dentro) (instituições mais responsivas à sociedade)

• Estratégia limitada pela adoção de • Ênfase em valores éticos e humanostecnologias (em geral muitos são excluídos) (transparência e consciência crítica)

• Sustenta a relação clientelista e excludente • Estimula a cidadania, oportunidades paraentre seres humanos (responsabilidades e todos e respeito mútuo (responsabilidadespoder induzidos e controlados de fora) e poder emergem contínua e internamente)

Fonte: Adaptado de PINHEIRO et al. (10).

selecionada pelas fontes.Evidenciam-se neste processo me-

táforas como acumulação (informa-ção sendo estocada e ênfase dada aosmeios de acumulação), transferência(aumentar eficiência diminuindo dis-túrbios no transporte), controle (per-suasão, imposição, influência, conven-cimento) e guerra (defender ou atacarnum debate, ganhar ou perder umadiscussão). Metáforas de controle e guer-ra são também representadas respecti-vamente nas definições de Habermas (7 e 8) sobre racionalidade instrumental(onde o objetivo é controle) eracionalidade estratégica (onde o obje-tivo é vencer).

Contudo, a abordagem constru-tivista argumenta que biologicamentenão existe transferência de informa-ções em comunicação. O fenômeno co-municativo depende não do que é trans-mitido, mas do que acontece com apessoa que recebe uma mensagem. Sig-nificados estão nas pessoas. Estes po-dem ser codificados em mensagens pe-las fontes mas deverão ser decodificadosdepois pelos receptadores. Durante esteprocesso, pelo menos duas transforma-ções acontecem (codificação edecodificação).

Existe uma diferença grande entreinformação e conhecimento. Conheci-mento envolve uma reflexão crítica so-#

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Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

bre a informação, gerando a criação designificados (9). Na chamada “era dainformática”, a tecnologia da comuni-cação tem avançado rápido na sua for-ma, mas o conteúdo do que as pessoastêm a dizer entre elas não têm mostra-do a mesma evolução.

Os canais eletrônicos têm “nivela-do” o significado das mensagens trans-mitidas e com isto também o valor. E,em uma democracia, não é a quantida-de (e muito menos a padronização) dainformação que importa, mas sim aqualidade. E qualidade é iluminada poridéias. Uma cultura sobrevive pela for-ça, plasticidade e fertilidade de suasidéias. Nada é mais perigoso do queuma idéia, quando é a única que temos.Existem diferentes idéias e versões paraa realidade como existem diferentesindivíduos. Algumas são totalmentecontraditórias, outras têm considerá-vel semelhança.

Dentro da perspectiva constru-tivista, efetiva comunicação significaabertura para mudança e novos apren-dizados. Isto cria a possibilidade parauma conversação que possa conduzir aum novo domínio de realidade ondepontos de vista originalmenteconflitantes possam coexistir. De acor-do com Maturana (Prof. da Universida-de do Chile, Santiago, em comunicaçãopessoal, Sidney, Austrália, agosto de1994) no processo comunicativo a artede escutar alguém consiste em ten-tar ouvir no mesmo domínio darealidade que a pessoa opera. Damesma forma, a arte de dizer algumacoisa a alguém é procurar fazê--lono mesmo domínio de experiênciadaquela pessoa.

Comunicação, neste contexto, assu-me uma nova dimensão. Ao invés de semoldar em metáforas como acumula-ção, transferência, controle e domina-ção, a ação de conversação se asseme-lha mais a um ritual de dança (11).Nesta concepção, esta metáfora sugereum processo colaborativo deengajamento, co-aprendizado e aceita-ção mútua, que pode derivar sem umdestino pré-determinado, mas cujo re-sultado final é construído por todos.Estaria também representada dentroda definição de “racionalidade comuni-cativa” (aonde o objetivo é cooperação)

(7 e 8).b) Mudança e desenvolvimentoSeres vivos são definidos como sis-

temas determinados pela sua estrutu-ra porque nada externo a ele pode espe-cificar que tipo de mudança ou compor-tamento acontecerá como conseqüên-cia de uma interação (4). Estímulosexternos apenas induzem reações in-ternas imprevisíveis, a serem determi-nadas pela estrutura organizacional dosistema. A proposição de seres vivosserem informaticamente fechados ques-tiona o conceito de sistemas abertosproposto pela Teoria Geral de Siste-mas, a filosofia de modelagem (e conse-qüentemente os conceitos de “hard--systems” e “inputs-outputs”) e os prin-cípios teóricos relacionados com as es-tratégias tradicionais de extensão ru-ral e difusão de tecnologias.

Sob a ótica construtivista, as pesso-as vivem em redes de conversações, asquais podem ser definidas como fluxoscoordenados de ações e emoções envol-vendo linguagem que acontecem entreseres humanos. Uma cultura (uma redefechada de conversações) muda quandoas conversações (e emoções) mudam, euma inspiração (um aceite para umconvite emocional) pode mudar o fluxodas conversações.

No domínio das realidades múlti-plas na qual uma conversação aconte-ce, participantes reconhecem quetodos os diferentes domínios cogni-tivos são igualmente válidos. E queuma constatação cognitiva não podeconstituir demanda para obediência,mas sim operar como um convite parase entrar em outro domínio da realida-de.

A ciência ortodoxa tradicional temoperado no domínio de uma única eobjetiva realidade. E a busca por estarealidade tem sido a procura por condi-ções que tornem um argumento racio-nal, inquestionável e portanto prontopara ser aceito e adotado (um argumen-to convincente). A cultura ocidental, àqual os cientistas modernos pertencem,deprecia as emoções porque estas nãosurgem da razão. Entretanto, segundoa visão construtivista, ninguém podeforçar alguém, através da razão, a acei-tar como racionalmente válido um ar-gumento. O que é possível fazer em

uma conversação (em que não há con-cordância prévia) é seduzir nossointerlocutor a aceitar como válida apremissa que define o domínio no qualum argumento em particular éoperacionalmente válido. E é a emoçãoque determina como as pessoas se mo-vem nas conversações entre diferentesdomínios da realidade (5).

Sistemas sociais humanos são defi-nidos por redes de conversações queseguem um curso operacional de acei-tação mútua (amor, por exemplo). Oslimites dos sistemas sociais são emo-cionais (a emoção de aceitação mú-tua), e não físicos ou administrativos.Sistemas sociais são conservadores pornatureza. Eles somente mudamquando seus membros têm experiên-cias que estimulam mudanças. Esteestímulo pode vir de fora (através dainteração com o meio ou outros siste-mas) ou de dentro (via intuição, porexemplo). Se um membro de um siste-ma social começa a se comportar deuma maneira tradicionalmente consi-derada inadequada pelo sistema, ou elepára de ser um membro do sistema e éignorado pelos demais, ou seu compor-tamento é adotado e ele se torna uminovador ou líder. Se este novo compor-tamento não pode ser totalmente inte-grado em um único sistema social, po-dem surgir dois ou mais sistemas so-ciais.

Propor mudanças para os outros éfácil. Mudar nós mesmos, as nossasinstituições e a sociedade em que vive-mos é bem mais difícil. A abordagemconstrutivista oferece uma perspectivaque favorece outros tipos de transfor-mações. Em outras palavras, não seri-am só os agricultores a estarem abertosa possíveis mudanças em decorrênciade uma interação ou ação de desenvol-vimento, mas também os técnicos einstituições, que se tornariam maisresponsivas à sociedade.

c) Participação e poderComo uma cultura, os seres huma-

nos ocidentais têm sido seduzidos pelanoção de desenvolvimento, crescimen-to, consumo (aquisição de bens materi-ais), tecnologia e progresso. Estas nosparecem propriedades quantificáveis evalorizáveis, e a ausência delas é geral-mente vista como um sintoma de pro-

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blema.“Na nossa moderna cultura ociden-

tal falamos de ciência e tecnologia comofontes de bem-estar humano. Entretan-to, usualmente não é o bem-estar huma-no que nos move a valorizar ciência etecnologia, mas sim as possibilidadesde dominação, de controle sobre a natu-reza e de ilimitada riqueza que istoparece oferecer... ...a ciência modernatem evoluído em uma cultura que valo-riza apropriação e riqueza, que trataconhecimento como uma fonte de poder,que privilegia crescimento e controle,que respeita hierarquias de dominação,que valoriza aparências e sucesso... ...eque tem perdido a sensatez do saber enão sabe como cultivá-lo. Esta sensatezé criada com respeito pelos outros... ...omaior presente que a ciência oferece anós é a possibilidade de aprender livrede fanatismos e, se quisermos, de apren-der como permanecer sempre responsá-veis por nossas ações através de cons-tantes reflexões sobre nossas circuns-tâncias.” (6, p.31-34).

Em teoria, podemos saber e criarquase tudo, mas em prática, a interpre-tação do conhecimento (científico ounão) está restrita pelas estruturas depoder existentes. Muitos dos domíniosda realidade são definidos dentro davisão dominante desta, e aqueles queàs vezes discordam têm que expressarsuas opiniões em circunstâncias desfa-voráveis em termos de acesso a recur-sos, tempo e espaço oferecidos pela vi-são dominante. Poder significa fazerprevalecer sua definição da realidadesobre a definição da realidade de outraspessoas (12).

Uma ditadura acontece quando al-guém argumenta que só ele (ou ela)sabe como os outros devem se compor-tar e o que devem fazer para seremfelizes. Quando uma pessoa nega à ou-tra o legítimo direito de fazer algumacoisa, ou a convence a agir ou reagircontra seus desejos, as emoções mu-dam. Esta é a base para os sistemasdominadores, clientelistas e autoritári-os (estilo senhor-servo), nos quais im-posição, crimes e guerra surgem. E ahistória da civilização tem sido umahistória de guerras.

No enfoque construtivista, poder nãoé alguma coisa que alguém tem, mas

que aparece numa relação quando al-guém o concede a outra pessoa obede-cendo a uma ação (ou emoção). E istopode acontecer tanto de maneira auto-ritária ou clientelista, quanto de formavoluntária ou cooperativa. A perspec-tiva construtivista enfatiza estasegunda forma. Participação nestaconcepção é conceitualizada como umprocesso autônomo (e não apenas comouma estratégia para alcançar um ob-jetivo pré-determinado), visando esti-mular as pessoas a dividirem entre sisuas experiências e suas visões do mun-do.

É importante observar que estaperspectiva não desvaloriza o papelda ciência, aliás muito pelo contrário.A proposta é se conscientizar e refletira respeito dos princípios filosóficos emétodos científicos, sugerindo aestes uma outra dimensão em termosda construção do conhecimento e dadivisão de poder e responsabilidade.Isto também não significa que todos osenvolvidos devem contribuir de ma-neira idêntica, mas apenas que as di-versas perspectivas têm igual valida-de. Existirão diferentes contribuiçõesem termos qualitativos quanto exis-tem diferentes experiências. Seria in-sensato ignorar o conhecimento e avisão dos cientistas da mesma formaque tem sido insensato ignorar as pers-pectivas e experiências dos agriculto-res.

E não se trata apenas de reverter ofluxo de comunicação (introduzindo“feedback”, por exemplo) visando me-lhorar um processo de mudança ou in-tervenção planejada. Trabalhar compessoas somente acontece quando aspessoas querem mudar e aprender jun-to. E cooperação implica aceitação mú-tua, comportamento ético, respeito eespaço para consensualidade, construirjunto.

Interações sociais que não envol-vem as mesmas emoções não são rela-ções sociais. A ética aparece quandoestamos emocionalmente preocupadoscom as outras pessoas. Não se podeconvencer ninguém a ser ou não serético através de um argumento racio-nal. Preocupações éticas nunca vãoalém dos domínios sociais em que apa-recem.

Para não concluir: Abrindonovas perspectivas para odiálogo

Na primeira parte deste estudo(publicada no número anterior destarevista) argumenta-se que os recentesenfoques de desenvolvimento rural de-nominados sistêmicos, participativos esustentáveis não têm apresentado mu-danças significativas em relação a es-tratégias anteriores. Em conseqüência,os resultados estão fazendo pouca dife-rença. Algumas modificações foram re-alizadas e a discussão tem evoluído,mas prevalece a mesma concepção teó-rica que visualiza desenvolvimentocomo fruto de uma intervenção planeja-da de fora para dentro e centrada naadoção de tecnologias.

Embora o uso de alguns métodosparticipativos tenha incentivado ainteração entre produtores e técnicos, oprocesso de comunicação permanece omesmo (transferência de informações),apenas com maior ênfase em mecanis-mos de “feedback”. A participação dosprodutores continua limitada em ter-mos de divisão de poder e responsabili-dades, e tem sido concebida como umaestratégia induzida e controlada poragentes externos para alcançar objeti-vos pré-determinados. É muito comumao falarmos de participação, parceriaou colaboração, imaginarmos os outrosparticipando, sendo parceiros ou cola-borando nos nossos projetos. Dificil-mente tomamos a iniciativa de oferecerajuda ou mesmo tomar conhecimentode projetos alheios.

Não existe uma única interpretaçãosobre o que significa participação,enfoque de sistemas e desenvolvimentosustentável. Quando nos referimos aestes conceitos, geralmente a propostaé de que outros sistemas mudem paraque possamos garantir a sustentabili-dade daquilo que nos interessa. Rara-mente estamos dispostos a mudar nósmesmos, nossas instituições ou a socie-dade da qual fizemos parte. Enquantotentamos mudar ou aperfeiçoar nossosmétodos, continuamos pensando e agin-do de acordo com velhos paradigmas.Em síntese, muda a fachada, mas aestrutura continua a mesma.

No presente artigo, uma perspecti-#

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Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

va alternativa é sugerida para o diálogoem torno do desenvolvimento: a abor-dagem construtivista, que traz diferen-tes significados para metáforas comoconhecimento, informação, comunica-ção, desenvolvimento, participação epoder.

Entretanto não se pretende aquiapresentar o último muito menos omelhor paradigma, mas apenas discu-tir enfoques diferentes. A idéia não ésubstituir as limitações de um pelasrestrições de outro (embora diferente)paradigma. O propósito de entender erefletir sobre paradigmas alternativosé justamente se libertar das limitaçõesde uma única visão do mundo e aomesmo tempo se beneficiar das infini-tas possibilidades de variação, combi-nação e adaptações.

As abordagens contrastadas na Ta-bela 1 representam apenas duas alter-nativas, as quais não devem ser usadascomo receitas (nem em termos de inter-pretação nem de aplicação). Pelo con-trário, achamos que a rigidez de termose metodologias pode desviar a atençãodos conceitos teóricos, restringindo ainovação e criatividade. O mais impor-tante são o espírito, a filosofia e osobjetivos. A maneira de se chegar ládeve ser uma pluralidade (ao invés deuma unidade) de métodos e teorias, asquais devem ser usadas, desenvolvidase adaptadas de acordo com cada contex-to em particular.

A abordagem construtivista é umapossibilidade que só recentemente temsido explorada na agricultura. Em al-gumas circunstâncias, aonde estratégi-as tradicionais não causaram impacto,este enfoque tem feito diferença. Isto éo caso, por exemplo, do programa deextensão rural australiano voltado apreservação ambiental em microbaciasdenominado Landcare, o qual tem conta-do com a iniciativa e a participaçãovoluntária de mais de 2.000 gruposcomunitários até o momento (13). E emtermos de ensino e pesquisa, existetambém uma outra experiência inte-ressante na Austrália, desenvolvida nosúltimos doze anos pela Universidade deWestern Sydney, com base no aprendi-zado experimental, pesquisa de ação eciência contextual (14).

Neste artigo procuramos mostrar

que não existe uma única forma oucaminho para o desenvolvimento. Oargumento é que, ao refletirmos e agir-mos em relação a esta questão, nãoconsideremos apenas a perspectiva decompetição, produtividade, moderniza-ção tecnológica e controle, mas tambémas relações de cooperação, aceitaçãomútua, valores éticos, ambientais ehumanos como base para nossa coexis-tência.

Desenvolvimento ou mudança sãoformas de aprendizado, as quais reque-rem uma consciência crítica (15 e 16). Eaprendizado é o processo onde conheci-mento é criado através da transforma-ção da experiência. Nesta concepção,ninguém pode desenvolver ou mudaroutra pessoa. Em última análise, o úni-co tipo possível de mudança e aprendi-zado é o autodesenvolvimento. Somen-te através da conscientização crítica ede constantes reflexões sobre nossasexperiências é que nos tornamos res-ponsáveis por nossas ações e podemosconstruir conhecimento e transformarnosso próprio ambiente.

Literatura citada

01. KUHN, T. The structure of scientificrevolutions 2.ed. Chicago: Chicago Univ.Press, 1970. 210p.

02. MINGERS, J. The philosophical implica-tions of maturana’s cognitive theories.Systems Practice, New York, v.3, p.6,1990.

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Sérgio Leite Guimarães Pinheiro, eng. agr.,M. Sc., cursando doutorado no Departament ofAgriculture, The University of Queensland,Brisbane, Old 4067, Austrália, Fax 61-7-33651177, E-mail: [email protected], C. J. Pearson, professor da Faculty ofLand and Food Systems, The University ofQueensland, Old 4072, Austrália, Phone 61-7-33652159, Fax 61-7-33651177 e S. Chamala,professor da Faculty of Land and Food Systems,The University of Queensland, Old 4072, Aus-trália, Phone 61-7-33652159, Fax 61-7-33651177.

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Agrop. catarinense, v.10, n.2, jun. 1997 19

Agricultura familiarAgricultura familiarAgricultura familiarAgricultura familiarAgricultura familiar

Mecanização agrícola e participação da mulher naMecanização agrícola e participação da mulher naMecanização agrícola e participação da mulher naMecanização agrícola e participação da mulher naMecanização agrícola e participação da mulher naempresa familiar ruralempresa familiar ruralempresa familiar ruralempresa familiar ruralempresa familiar rural

e acordo com a opinião de estu-diosos do assunto, a crescente par-

ticipação da mulher nos diversos seg-mentos da sociedade é uma das caracte-rísticas que evidenciam a chegada dafase da economia da informação, tam-bém denominada de era pós-capitalistaou da informação.

Neste tipo de sociedade se busca oconhecimento e a união em substitui-ção à competição do passado. As empre-sas dessa fase da economia estão cadavez mais à procura do talento, não le-vando em conta as relações do gênero.Nesta situação, a mulher está cada vezmais desfrutando de condições de igual-dade com o homem no mercado de tra-balho e é cada vez maior o número demulheres exercendo as mais variadasfunções, lado a lado com os homens (1).

Estudos que abordam o assunto sãounânimes em afirmar que, mesmo coma conjuntura favorável a uma maiorparticipação da mulher na sociedadeatual, ela ainda vem enfrentando maio-res dificuldades do que os homens noacesso ao trabalho (2). Nos serviços commelhor índice tecnológico, melhor re-munerados, superiores na escala hie-rárquica de comando e considerados demelhor prestígio, ainda predominam oshomens. Estes estudos ressaltam osproblemas enfrentados e a importânciada contribuição da mulher para a soci-edade atual, sem contudo mensuraresta participação.

Para analisar esta questão no setorrural, efetuou-se este trabalho, que tevecomo objetivo verificar e mensurar aparticipação da mulher (esposa) ematividades da empresa familiar rural erelacioná-la com o nível de mecaniza-ção adotado nestas atividades.

Metodologia

O método de trabalho utilizado nes-

ta pesquisa é o estudo de caso, conside-rado o mais recomendado quando sepretende estudar a unidade com pro-fundidade (3).

Escolheram-se, de acordo com a es-pontaneidade dos empresários em cola-borar com o estudo, doze empresas fa-miliares rurais participantes do Grupode Gestão Agrícola, da comunidadeSerra do Índio, município de Presiden-te Getúlio, Estado de Santa Catarina,para constituir o material de estudo.

A escolha destas empresas deveu--se também ao fato de que neste grupoas principais atividades desenvolvidassão leite e as culturas do fumo e domilho, não só importantes economica-mente, mas também atividades repre-sentativas para o Estado de Santa Ca-tarina. Além disso, são todas pequenasempresas familiares rurais, homogêne-as em termos de tamanho, ambienteoperacional e sistema produtivo, o quefacilita a comparação entre elas.

A participação da mulher, junta-mente com a do homem e a dos filhosnas tarefas operacionais e ações admi-nistrativas das atividades das empre-sas, foi verificada através de coleta dedados mediante aplicação de questio-nário semi-estruturado (questões aber-tas fechadas) e dois roteiros para pes-quisa e cálculo das participações doscomponentes familiares, sendo um parao processo produtivo e outro para oprocesso administrativo. Maiores deta-lhes sobre o método de coleta e trata-mento dos dados podem ser obtidos nadissertação de mestrado do autor (4).

Foram computados os dados refe-rentes às três atividades principais des-sas empresas, ou seja: o leite e as cultu-ras do milho e do fumo. Todas as empre-sas do grupo têm estas três atividadescomo principais, e representaram, emmédia, no ano agrícola de 1993/94, maisde 85% da renda bruta total das empre-

sas (5).

Resultados e discussão

Verificou-se que, em média, nas dozeempresas estudadas, as mulheres sãoresponsáveis por 23% das tarefasoperacionais e ações administrativasna atividade milho, 28% na atividadefumo e 34% na atividade leite. Na Tabe-la 1, além destes dados, pode-se obser-var a diferente contribuição por ativi-dade em cada empresa. A atividadeleite é a que mais demanda o trabalhoda mulher para sua execução e admi-nistração, a cultura do fumo ocupa asegunda posição e a cultura do milho éa que menos requisita o trabalho damulher.

O resultado da verificação do nívelde mecanização empregado nas trêsprincipais atividades desenvolvidastambém aparece na Tabela 1, em ter-mos relativos, onde se pode observarque, em média, nas doze empresas, acultura do milho possui 52% de suastarefas mecanizadas, o fumo 11%, e aatividade leite 5% das tarefas mecani-zadas.

Comparando-se os dados da partici-pação da mulher com os de nível demecanização em cada atividade, evi-dencia-se que a mulher é mais solicita-da a participar das atividades com me-nor índice de mecanização. Na ativida-de leite, que nas empresas estudadaspossui, em média, apenas 5% de suastarefas mecanizadas, a mulher é solici-tada a executar 34% das tarefasoperacionais e ações administrativas.Na atividade milho, que possui, emmédia, 52% de suas tarefas mecaniza-das, a mulher executa, em média, ape-nas 23% das tarefas operacionais e açõesadministrativas. Na cultura do fumo,onde a participação da mulher está emsegundo lugar com 28%, o nível

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Inácio Hugo Rockenbach,Ricardo de Souza Sette e Henri Stuker

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Agricultura familiarAgricultura familiarAgricultura familiarAgricultura familiarAgricultura familiar

Tabela 1 - Participação da mulher e nível de mecanização nas empresasfamiliares rurais de Serra do Índio. Médias dos anos agrícolas

1992/93 - 1993/94

Participação MecanizaçãoEmpresa (%) (%)

(No)Milho Fumo Leite Milho Fumo Leite

01 19 31 30 57 00 0002 22 28 31 70 00 0703 23 33 30 75 14 1304 30 35 25 64 14 0805 34 33 52 33 19 0006 15 27 29 50 11 0907 23 25 20 62 10 0008 22 28 40 70 17 0709 28 23 41 55 14 0010 14 30 40 20 07 0011 09 08 29 10 03 0712 33 33 44 60 18 10

Médias 23 28 34 52 11 05

em ciências sociais; a pesquisa qualitati-va em educação. São Paulo: Atlas, 1987.175p.

4. ROCKENBACH, I.H. A mulher na adminis-tração da empresa familiar rural: o casode um grupo de gestão agrícola em SantaCatarina. Lavras: UFLA, 1995. 80p. TeseMestrado.

5. EPAGRI. Quadro geral de comparação degrupo: anos agrícolas 1992/93 e 1993/94; Município de Presidente Getúlio. Flo-rianópolis: Gerência de Economia Rural,s.d. n.p.

Inácio Hugo Rockenbach, administrador,M.Sc., Cart. Prof. 1431, CRA-SC, EPAGRI/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, Fone(047) 346-5244, Fax (047) 346-5255, 88301-970, SC, Ricardo de Souza Sette, eng. agr.,M.Sc., Doutorando em Administração de Em-presas EAESP-FGV, professor adjunto da Uni-versidade Federal de Lavras, Cart. Prof. no

18.995, CREA-MG, C.P. 37, Fone (035) 829-1449, 37200-000 Lavras, MG, e Henri Stuker,eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. 42.785-D, CREA-RS, EPAGRI/Estação Experimental de Itajaí,C.P. 277, Fone (047) 346-5244, Fax (047) 346-5255, 88301-970 Itajaí, SC.

de mecanização também está em se-gundo lugar, com 11% das tarefas me-canizadas.

Para verificar a relação existenteentre a participação da mulher e nívelde mecanização empregado na ativida-de, calculou-se o coeficiente de correla-ção de Spearman, obtendo-se o valor de-0,8636, indicando uma alta correlaçãonegativa. Isto permite dizer que à me-dida que cresce o nível de mecanizaçãoda atividade, diminui a participação damulher.

Diante destes dados, verifica-se quea mecanização, neste caso, atua comoexcluidora do trabalho da mulher. As-sim sendo, evidencia-se que a mecani-zação dificulta uma maior participaçãodas mulheres na produção e adminis-tração das empresas familiares rurais.

Concluindo, pode-se afirmar que nacomunidade Serra do Índio as mulhe-res são mais requisitadas a executar astarefas e administrar as atividades queempregam menos máquinas.

Literatura citada

1. CRAWFORD, R. Na era do capital humano .São Paulo: Atlas, 1994. 186p.

2. GRZYOWSKI, C. Caminhos e descaminhosdos movimentos sociais no campo.Petrópolis: Vozes/fase, 1987. 207p.

3. TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à pesquisa

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REGISTRO

Controle de parasitasControle de parasitasControle de parasitasControle de parasitasControle de parasitas

Relação custo/benefíciopositiva ou negativa?

Um estudo realizado em quatromicrorregiões do Estado de Minas Ge-rais avaliou o ganho de peso dos ani-mais e retorno econômico no controlede vermes, bernes e carrapatos em204 novilhas leiteiras.

Anualmente mais de 220 milhõesde dólares são gastos no combate aosvermes, bernes, carrapatos, bichei-ras e mosca-dos-chifres no Brasil.Esse valor demonstra a preocupaçãode pecuaristas de corte e leite comesse problema. Mas será que essevalor é um custo ou um investimen-to?

Estudo

Com o objetivo de avaliar a relaçãocusto/benefício de tratamentosantiparasitários foi desenvolvido umestudo em quatro municípios minei-ros envolvendo 204 novilhas girolando.Os animais tinham entre dez edezesseis meses de idade e 200kg depeso vivo.

Tratamentos

Em maio, quando iniciou o estudo,em cada fazenda os animais foramdivididos em três grupos de peso se-melhante e receberam os seguintestratamentos no início e final da esta-ção seca (maio e agosto): nenhum tra-tamento antihelmíntico; ivermectinoral 1; Benzimidazóis2. Os animais fo-ram avaliados durante oito meses, demaio a dezembro.

Avaliações

A cada quatro semanas os animaisforam pesados e foi avaliada ainfestação por vermes, bernes e carra-patos. Quando cinco animais per-tencentes a um dos grupos apre-sentavam média de carrapatos ebernes igual ou superior a 30 e 15,respectivamente, os animais rece-biam tratamento com ectopara-siticidas.

Resultados

Avaliando os dados de acordo com oclima de cada fazenda, observa-se que àmedida que aumenta o volume de chu-va, também aumentam as infestaçõespor vermes e bernes.

Nas fazendas onde havia agressãopor bernes, os animais tratados comivermectin necessitaram de menos dametade dos tratamentos com bernicidasutilizados nos outros grupos. Asinfestações por vermes dos animais tra-tados com ivermectin foram menoresdo que os animais dos outros grupos emtodas as avaliações.

A melhor proteção determinada peloivermectin refletiu-se no ganho de pesodas novilhas. O ganho de peso dos ani-mais tratados com ivermectin foi de31kg contra 19 e 8kg dos animais trata-dos com benzimidazóis e controles, res-pectivamente.

Custo/benefício

Para avaliar a relação custo/benefí-cio, foram considerados: ganho de peso;preço da arroba de U$ 18,33; custo dostratamentos e custo da mão-de-obra.Os valores referem-se a junho de 1994.

Quanto ao retorno financeiro, os tra-tamentos das novilhas com ivermectin,em todas as propriedades, proporciona-ram melhor relação custo/benefícioquando comparados com os demais gru-pos.

O lucro líquido apresentado pelosanimais tratados com o ivermectin foisempre superior aos outros tratamen-tos. Essa superioridade variou entre248 e 17%, conforme a fazenda, emrelação aos controles, e entre 10 e 58%em relação aos tratados combenzimidazóis.

Conclusões

• A verminose e o berne têm influên-cia no ganho de peso de novilhas.

• Os animais tratados contra ver-mes ganham mais ou perdem menospeso no período da seca que os gruposnão tratados.

• Quando as condições nutricionaissão piores, associadas às verminoses, ocontrole dos vermes é altamente eficaz.

• Os animais tratados comivermectin apresentam infestaçõesmais baixas por larvas de berne, ne-cessitando de menor número de trata-mentos bernicidas.

01. IVOMEC R Solução Oral para Bo-vinos02. VALBAZEN R 10 Co ou OXIFEN R

* Adaptação de trabalho publicadona Hora Veterinária no 82: Controlede endo e ectoparasitos e relação cus-to/benefício em novilhas de rebanhosleiteiros em Minas Gerais. LIMA, W.S.

Ataque da broca-da-canaAtaque da broca-da-canaAtaque da broca-da-canaAtaque da broca-da-canaAtaque da broca-da-canaao milho em Santa Rosa doao milho em Santa Rosa doao milho em Santa Rosa doao milho em Santa Rosa doao milho em Santa Rosa do

Sul, Santa CatarinaSul, Santa CatarinaSul, Santa CatarinaSul, Santa CatarinaSul, Santa Catarina

Flávio Roberto Mello Garcia

O município de Santa Rosa do Sulfica localizado no extremo sul de San-ta Catarina, próximo ao município deSombrio, e conta atualmente com apro-ximadamente 7.500 habitantes. O mu-nicípio é sede da Escola AgrotécnicaFederal de Santa Rosa do Sul e doCurso de Agronomia da Universidadedo Sul de Santa Catarina (UNISUL).Na região destacam-se as culturas debanana, maracujá, fumo, mandioca emilho, havendo predomínio de peque-nas propriedades.

Foi constatado no final de 1996 oataque da broca-da-cana-de-açúcar,Diatraea saccharalis (Lepidoptera:Pyralidae) em lavouras de milho dediversas cultivares na área experi-mental do curso de Agronomia daUNISUL e em áreas de produtores.

O dano consiste em orifícios e gale-rias feitos por lagartas no colo da plan-ta, facilitando a penetração demicroorganismos. Pode haver tambémoutros danos indiretos quando a la-garta secciona o colmo, tornando aplanta muito suscetível à queda poração do vento, fazendo com que a espi-ga entre em contato com o solo,viabilizando a germinação dos grãos eo ataque de doenças.

O adulto é uma mariposa com asascor amarelo-palha, com aspecto#

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estriado, com pequenos pontos mar-rons formando uma linha diagonal emforma de “V” invertido. O palpo labialé bem desenvolvido. A envergadura éde aproximadamente 25mm, sendoque a fêmea é maior que o macho.

Após o acasalamento, a postura éfeita em folhas, geralmente na facedorsal, variando de 5 a 50 ovos. A

eclosão ocorre quatro a nove dias, de-pendendo da temperatura.

Inicialmente as lagartas alimentam-se das folhas, perfurando o colmo apósa primeira muda. A lagarta apresentaaproximadamente 25mm, tem a colora-ção amarelada, com pontuações mar-rons e cabeça de cor marrom-escura.

O ciclo biológico dura de 55 a 63

dias, sendo que a fase de ovo dura deseis a nove dias, a de lagarta 40 dias,a de pupa de nove a catorze dias. Oadulto dura apenas sete dias.

Além do milho e da cana, podeatacar arroz, trigo, sorgo, aveia e ca-pins.

Flávio Roberto Mello Garcia, Biólogo,M.Sc. Professor do curso de Agronomia daUNISUL e de Biologia da UNOESC,CRB no 17.071-03D. Rua Senador AttílioFontana, 591-E, C.P. 747, 89809-000Chapecó, SC. E-mail: [email protected]

Entidade ajuda osEntidade ajuda osEntidade ajuda osEntidade ajuda osEntidade ajuda ospequenos agricultorespequenos agricultorespequenos agricultorespequenos agricultorespequenos agricultores

Apoiar ativamente as diversas for-mas associativas e/ou coletivas de com-pra, produção, transformação e vendaempreendidas pelos pequenos agri-cultores, assim como suas iniciativasde organização financeira, de forma-ção e de desenvolvimento, são as prin-cipais metas do CEPAGRO - Centrode Estudos e Promoção da Agriculturade Grupo, organização não-governa-mental, fundada em 1990, e que contacom a participação direta dos agricul-tores na sua administração. A JuntaAdministrativa, instância maior dedecisão no CEPAGRO, é formada porseis associações de pequenos agricul-tores (APACO, ADIPAGRU, AGRU-PAR, AECOS, CCA/SC e ACAVA),além da Federação dos Trabalhadoresna Agricultura de Santa Catarina -FETAESC.

Apesar dos poucos recursos mate-riais, financeiros e humanos, impor-tantes ações têm sido efetivadas. Ostrabalhos desenvolvem-se em cincosegmentos: Programa de Crédito Coo-perativo, Programa de Agroindústriade Pequeno Porte, Programa de Turis-mo Rural, Programa de Formação ePrograma de Desenvolvimento Local.Prevê-se, ainda, a criação do Progra-ma de Educação Ambiental.

Menos pobreza,menos êxodo

“O individualismo está acabando;a organização, o associativismo é que

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propiciarão, daqui para o futuro, ascondições para o desenvolvimento eco-nômico e social”, comenta o engenhei-ro agrônomo Valério Turnes, atualSecretário Executivo do CEPAGRO etambém coordenador do Programa deDesenvolvimento Local, e destaca ain-da que “muitas ações não seriam pos-síveis não fosse o grau de solidarieda-de que existe nas comunidades ruraisem que trabalhamos”. Um exemplodisso tem sido a criação, nos últimosquatro anos, de sete cooperativas decrédito, respectivamente nos municí-pios de Quilombo, Caçador, Seara, SãoJosé do Cerrito, Abdon Batista,Abelardo Luz e Curitibanos. “É rendado agricultor que fica na agricultura eno município”, observa Fábio LuizBúrigo, coordenador do Programa deCrédito Cooperativo, que recebe apoioe forte participação de entidades dospequenos agricultores familiares,como a APACO - Associação dos Pe-quenos Agricultores do Oeste Catari-nense, CEPAGRI - Centro de Assesso-ria e Apoio ao Pequeno Agricultor eCentro Vianei de Educação Popular,além do Centro de Ciências Agráriasda UFSC, dos Sindicatos, das Prefei-turas e das Pastorais da Igreja. Ascooperativas de crédito, além do apoioaos agricultores, estão se tornandoinstituições financeiras voltadas aodesenvolvimento local.

Na mesma trilha da eficiência esucesso que estão alcançando as coo-perativas de crédito, segue também oPrograma das Agroindústrias de Pe-

queno Porte, o qual visa a implantaçãode unidades de beneficiamento e/outransformação dos produtos agrícolascom aproveitamento de nichos locais demercado. Isto propicia uma sensívelagregação de renda às atividades dosagricultores, como forma de viabilizaras pequenas propriedades agrícolas fa-miliares, minorando a pobreza e o êxodorural. Ao mesmo tempo, valoriza osmunicípios, principalmente os peque-nos, incentiva o comércio local, geramais empregos, e propicia mais recolhi-mento de impostos.

Até o final de 1996, o CEPAGRO, emparceria com a EPAGRI, CCA/UFSC,Vianei, CCA/SC, Sindicato dos Traba-lhadores Rurais e Prefeituras, implan-tou cinco unidades de industrializaçãode leite, três de beneficiamento e orga-nizou e assessorou uma Associação deAgricultores proprietários de uma can-tina de vinho, localizadas em nove dife-rentes municípios do Estado. Para seter uma idéia da importância dessetrabalho para a sociedade em geral,basta atentar para os valores seguin-tes: a mini-usina de leite da Associaçãode Pequenos Agricultores 25 de Maio,em São Miguel do Oeste-SC, organiza-da em parceria com a CCA/SC (Coope-rativa Central de Reforma Agrária/SC),que possui 42 famílias associadas (cer-ca de 210 pessoas), com início das ativi-dades em abril de 1996, produz atual-mente 1.800 litros de leite por dia. Ocusto de produção por litro (tipo inte-gral) atinge R$ 0,31, e é vendido nocomércio local a R$ 0,45, gerando uma

receita mensal deR$ 21.870,00 e umarenda líquida de R$6.804,00. Com a es-tabilização da pro-dução em 2.500 li-tros/dia a partir doterceiro ano, a re-ceita e renda líqui-da terão um sensí-vel incremento,mais que viabili-zando o empreendi-mento.O engenheiro agrô-nomo Leomar LuizPrezotto, coordena-dor do Programa,relata que para

1997 e 1998 está prevista a implanta-ção de mais 30 unidades deagroindustrialização, incluindo tam-bém outros produtos, como embutidosde carnes, conservas vegetais, etc.Desses 30 projetos, cerca de 20 jáforam aprovados técnica e financeira-mente (PROIND).

Educação edesenvolvimento

Por intermédio do Programa For-mação, o CEPAGRO tem atuado dire-ta e indiretamente na educação e for-mação de técnicos, estudantes eagricultores para as questões da agri-cultura familiar solidária. OCEPAGRO tem apoiado a implanta-ção das Casas Familiares Rurais, umamaneira moderna e eficaz de ensino,que utiliza a Pedagogia da Alternância,para jovens agricultores. Estes pas-sam um tempo na escola aprendendotécnicas que vão aplicar logo em se-guida em suas propriedades, alter-nando períodos de ensino com práti-cas. Desde 1993 até 1996, já foraminstaladas 14 Casas Familiares Ru-rais. Pelos bons resultados alcança-dos até o momento em Santa Catarina,outros Estados também estão implan-tando esta metodologia de ensino ru-ral, como é o caso do Rio Grande do Sule alguns Estados do Nordeste, semfalar da experiência do Paraná, o pio-neiro na implantação da Casa Famili-ar Rural. A ARCAFAR é, hoje, a res-ponsável maior por estas ações.

Outro trabalho digno de nota é ochamado Estágio de VivênciaCurricular, que é coordenado peloCCA/UFSC e articulado com as enti-dades de pequenos agricultores. Or-ganizado para os estudantes da quar-ta fase do curso de Agronomia, propi-cia a permanência dos estudantes empropriedades de pequenos agriculto-res familiares durante quatro sema-nas. Por sua vez, através do ProjetoAgro-Cidade, as famílias de agriculto-res que abrigaram estudantes são re-cebidas em Florianópolis por dois dias,buscando ampliar a compreensão dospequenos agricultores sobre o mundouniversitário e a Capital do Estado,como centro do poder e decisão. Oêxito alcançado pelo Estágio de

Mini-usina de leite de Otacílio Costa e osagricultores associados #

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Vivência levou a UNOESC, Campusde Chapecó, a adotar o mesmo estágiopara os seus estudantes, cuja entida-de parceira é a APACO.

O Programa de DesenvolvimentoLocal visa elaborar uma metodologiade trabalho que propõe a introduçãode alternativas econômicas e dotar osmunicípios de infra-estrutura básicapara alicerçar o desenvolvimento glo-bal, com especial preocupação na ge-ração de novos empregos, estimulan-do a fixação do homem no meio rural.Como exemplo deste Programa, cita-se, entre outras atividades, o processode Planejamento do Desenvolvimentonos municípios de São José do Cerritoe Passos Maia. A EPAGRI participapor convênio deste programa, avali-ando através do mesmo as possibili-dades de difusão da metodo-logia queestá sendo sistematizada.

Desde seu início, o CEPAGRO temrecebido o apoio de diversas entidadesnacionais e internacionais, com vistasa intercâmbio técnico, envolvendoprincipalmente agricultores. Merecedestaque, o acordo de cooperação coma França, por intermédio da ALDIS -Associação Local por um Desenvolvi-mento Internacional Solidário, quepromove ações visando beneficiar aagricultura familiar. Este acordo pro-piciou diversas viagens de pessoas àFrança para conhecer de perto a reali-dade da agricultura familiar naquelepaís. E também o inverso, ou seja,agricultores e estudantes francesesvisitaram Santa Catarina. Quanto aointercâmbio nacional, vale destacaros trabalhos com entidades do nordes-

te, com destaquepara a ASSOCENE- Associação de Ori-entação às Coope-rativas do Nordes-te, com sede em Re-cife, PE.

O Programa deTurismo Rural tempor objetivo a im-plantação de unida-des de acolhida ehospedagem de tu-ristas em pequenaspropriedades agrí-colas sob o enfoquede alternativa com-plementar de rendae estreitamento da relações campo-ci-dade. Já foram detectados diversos cir-cuitos regionais com potencial turísticoe, para 1997, está prevista a implanta-ção de uma unidade piloto ou de refe-rência na região do Vale do Rio Tijucas,formando uma rota de turismo, envol-vendo os municípios de Ti-jucas, NovaTrento e São João Batista.

Vale mencionar que o CEPAGROdivulga as propostas de trabalho soli-dário na agricultura familiar por meiode boletins, folhetos, cartilhas, e, maisrecentemente, fitas de vídeo. OCEPAGRO também utiliza materiaispedagógicos adaptados para atividadesorganizativas e formativas dos agricul-tores.

Para finalizar, é importante desta-car que as ações desenvolvidas peloCEPAGRO são potencializadas pelogrande número de parcerias formadascom diversas organizações ligadas ao

meio rural. A busca constante desinergia permite que os poucos recur-sos disponíveis sejam utilizados deforma racional e eficiente, propician-do resultados altamente satisfatórios.Neste sentido, cabe destacar parcei-ros importantes como a EPAGRI, aUFSC, o Centro Vianei de EducaçãoPopular, o SICREDI/SC, o SENAR/SC e, mais recentemente, o ProjetoNovas Fronteiras do Cooperativismo(PNUD BRA-92/011). Além disso, oapoio recebido de entidades internaci-onais (MISEREOR, LAZ, GTZ,CEDAG e outros) tem sido decisivopara a execução das estratégias doCentro.

Contatos com o CEPAGRO podemser feitos através do endereço: C.P.6.073, Fone/Fax: (048) 233-3176.88036-791 Florianópolis, SC. E-mail:[email protected], Home-page:http://www.cca.ufsc.br/~cepagro

Detalhe do equipamento da mini-usina

o

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Melhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genético

Novas cultivares de macieira: proposta de novaNovas cultivares de macieira: proposta de novaNovas cultivares de macieira: proposta de novaNovas cultivares de macieira: proposta de novaNovas cultivares de macieira: proposta de novacomposição de pomares com polinizadoras/produtorascomposição de pomares com polinizadoras/produtorascomposição de pomares com polinizadoras/produtorascomposição de pomares com polinizadoras/produtorascomposição de pomares com polinizadoras/produtoras

macieira (Malus domestica,Borkh.) é uma frutífera de clima

temperado de história milenar. Os pri-meiros registros na literatura sobre ouso da maçã para consumo humanodatam de, pelo menos, 200 anos antesde Cristo, sendo os principais centrosde sua origem o Cáucaso e o Oeste daChina. Estas regiões caracterizam-sepor ter clima temperado, com invernode temperaturas baixas, importantepara o repouso hibernal dessa espécie.As espécies de macieira silvestres ori-ginárias destas regiões são, por conse-qüência, bastante exigentes em friohibernal (2). As cultivares comerciaisde macieira plantadas em climas friosoriginaram-se de espécies procedentesdestas regiões, incluindo-se as cultiva-res Gala, Golden Delicious e Fuji, asquais compõem mais de 90% da produ-ção brasileira de maçãs (3).

Nas condições climáticas brasilei-ras, estas cultivares somente brotam eproduzem satisfatoriamente em algu-mas regiões da região Sul do Brasil commais de 1.100m de altitude (4). Nasdemais regiões, mesmo havendo inver-nos bem definidos, as plantas destascultivares apresentam comportamentoinsatisfatório, com brotação e floraçãoprolongadas e desuniformes, baixa pro-dutividade e baixa qualidade dos frutos(5).

Atualmente, o maior pólo produtorde maçãs no Brasil (Fraiburgo, SC) estáinserido em clima cujos invernos nãosão suficientemente frios para as exi-gências climáticas das cultivares demacieira ali plantadas (6). Nesta re-gião, além da falta de adaptação climá-tica, as condições meteorológicas sãoaltamente favoráveis ao desenvolvi-mento das principais doenças dessaespécie dentre as quais se destacam a

sarna (Venturia inaequalis , (Cooke)Winter), o oídio (Podosphaeraleucotricha , (El. et Ever.) Falm.) e apodridão amarga (Glomerella cingulata(Ston.) Spaul. and Von Schrenk). Ascultivares atualmente plantadas sãotodas suscetíveis a estas doenças (7).

O consumidor brasileiro tem prefe-rência por maçãs de epiderme verme-lha e polpa com pouca acidez. Assim, amaçã importada, basicamente da culti-var Red Delicious, ainda continua cati-vando pela excepcional aparência ver-melho-estriada dos frutos e pela baixaacidez. A cultivar Fuji tem como princi-pais limitações a coloração pobre daepiderme e a desuniformidade de tama-nho e formato dos frutos quando culti-vada em altitudes inferiores a 1.100m.As cultivares polinizadoras têm frutosde sabor impróprio para o mercado bra-sileiro e algumas, como a ‘Willie Sharp’e a ‘Granny Smith’, possuem epidermeverde, pouco apreciada pelo consumi-dor brasileiro.

Embora o mercado brasileiro estejapraticamente suprido com a maçã naci-onal, fatores limitantes como os anteri-ormente mencionados restringiram se-riamente a recomendação de cultivarespara o Sul do Brasil, especialmentepara regiões com menos de 1.100m dealtitude (8). Atualmente, em torno de75% dos pomares no Sul do Brasil sãoformados com as cultivares Gala e Fuji(3), cujos frutos de epiderme vermelhae sabor doce são amplamente aceitospelo mercado nacional. No entanto, àexceção das altitudes acima de 1.100m,estas cultivares não encontram friosuficiente nas demais regiões do Sul doBrasil, manifestando falta de adapta-ção climática (6). Por essa razão, asopções de cultivares para atender ascondições climáticas locais e, ao mesmo

tempo, as exigências do mercado brasi-leiro são muito limitadas. Excluindo-seas cultivares polinizadoras, cujos fru-tos são inadequados ao nosso mercado(epiderme verde e/ou sabor ácido), arecomendação atual limita-se a apenastrês cultivares, ‘Gala’, ‘Fuji’ e ‘GoldenDelicious’. Esta última vem, paulatina-mente, perdendo espaço dentre as maisplantadas devido à sua epiderme ver-de-amarelada.

A EPAGRI vem desenvolvendo umamplo trabalho de melhoramento gené-tico desde 1972 com o objetivo de ofere-cer novas cultivares sem os fatoreslimitantes anteriormente mencionados(9). Neste artigo são descritas as novascultivares obtidas através do trabalhode melhoramento genético de macieiraem Caçador com o intuito de oferecernovo esquema de composição dos futu-ros pomares de macieira em termos decultivares produtoras e suas respecti-vas polinizadoras.

Metodologia de pesquisa

Com exceção das novas cultivaresEPAGRI 405-Fuji Suprema e EPAGRI207-Lisgala, produtos de mutações es-pontâneas obtidas em pomares do Meio--Oeste Catarinense, as demais foramobtidas por hibridações dirigidas paraadaptação climática e para resistênciaàs principais doenças da macieira. Assementes que originaram as cultivaresPrincesa, Primícia e EPAGRI 403-FredHough foram obtidas nos Estados Uni-dos. As que originaram as cultivaresEPAGRI 404-Imperatriz e EPAGRI406-Baronesa foram obtidas na Esta-ção Experimental de Caçador. Estas,após germinarem durante o invernoem geladeira a 4oC, foram semeadasem solo esterilizado em casas de vege-

Frederico Denardi e Anísio Pedro Camilo

A

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Melhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genético

tação durante o inverno. A seguir fo-ram plantadas em viveiro noespaçamento de 0,15 x 1,20m, ondeforam mantidas por um ano. Neste pe-ríodo foram avaliadas nos seguintesaspectos: resistência ao oídio (P.leucotricha) e à sarna (V. inaequalis),vigor, graus de juvenilidade e de adap-tação climática. As plantas pré-se-lecionadas foram enxertadas no porta--enxerto M-9 no espaçamento de 0,70 x3,0m, onde foram avaliadas por quatroanos para resistência à podridão amar-ga (G. cingulata), produtividade, épo-cas de floração e de maturação e quali-dade dos frutos (cor, formato, tamanhoe aparência geral dos frutos, firmeza,suculência, sabor e capacidade de con-servação da polpa). As plantasselecionadas foram enxertadas sobre oporta-enxerto MM-106 e cultivadas noespaçamento de 2,0 x 5,0m, onde foramnovamente submetidas à avaliação dosparâmetros acima por mais quatro acinco anos.

Resultados e discussão

Situação do projeto demelhoramento genético daEstação Experimental deCaçador e descrição das novascultivares de macieira obtidaspela EPAGRI

Atualmente, o Programa de Melho-ramento genético da macieira na Esta-ção Experimental de Caçador tem osseguintes materiais em avaliação: 1)Materiais objetivando criar novas cul-tivares imunes à sarna (V. inaequalis):23.000 sementes; 1.500 plantas em ca-sas de vegetação e viveiro; 1.170 pré--seleções em fase de frutificação; 178seleções em nível de coleção e duasnovas cultivares - Primícia (10) eEPAGRI 403-Fred Hough (11). 2) Ma-teriais objetivando adaptação climáti-ca: 17.000 sementes; 10.000 plantasem casas de vegetação e viveiro; 188plantas em fase de frutificação; 100seleções em nível de coleção e três no-vas cultivares - Princesa (12);EPAGRI 404-Imperatriz (13); EPAGRI406-Baronesa (14).

Além destes materiais, este progra-ma obteve duas novas cultivares (Tabe-

la 1), mutações espontâneas das culti-vares Gala - cultivar EPAGRI 407-Lisgala (15), e Fuji - cultivar Fuji Su-prema (16) e desenvolveu, conjunta-mente com a Estação Experimental deSão Joaquim, uma nova cultivar imuneà sarna - EPAGRI 402-Catarina, pro-duto do cruzamento entre a cultivarFuji e a seleção americana PWR3T133(17). A EPAGRI 402-Catarina não foiainda testada em regiões com menos de1.200m de altitude no sul do Brasil.

Na Tabela 2 estão as característicasagronômicas e os dados fenológicos dascinco novas cultivares mais importan-tes, com as quais se está propondo anova composição de pomares de maciei-ra para regiões com 600 ou mais horasde frio hibernal, com temperaturasiguais ou inferiores a 7,2 oC.

Na Tabela 3 são apresentados osdados comparativos das característicasdos frutos destas cinco novas cultivaresde macieira.

Excetuando-se a coloração daepiderme, as cultivares EPAGRI 405-Fuji Suprema e EPAGRI 407-Lisgalaapresentam todas as demais caracte-rísticas das plantas e dos frutos dascultivares de origem. A coloração daepiderme é vermelho-sólida, sem es-trias e mais escura (Figuras 1 e 2). Aimportância desta característica resideno fato de que, mesmo em condições desombreamento, adquirem boa colora-ção da epiderme.

Dentre as três cultivares obtidaspor hibridação na Estação Experimen-tal de Caçador, a ‘EPAGRI 406-Barone-sa’ apresenta epiderme vermelho-púr-pura, opaca e sem estrias (Figura 3).Suas características mais relevantes

são: baixa exigência em frio hibernal,tendo por isso boa adaptação climáticaem altitudes de 900m ou mais na regiãoSul do Brasil, alta precocidade em fru-tificar (segundo ano), produtividadesuperior à da cultivar Fuji; textura,sabor e capacidade de conservação dapolpa equivalentes às da cultivar Fuji,da qual é descendente; e menorsuscetibilidade às doenças sarna (V.inaequalis) e oídio (P. leucotricha) que acultivar Fuji. Tanto a floração quanto amaturação dos frutos coincidem com acultivar Fuji, podendo ser empregadacomo polinizadora desta (ver Figura 7).

As cultivares EPAGRI 403-FredHough e EPAGRI 404-Imperatriz têmepiderme vermelho-estriada, similar àda cultivar Gala (Figuras 4 e 5). Asplantas apresentam exigência em friohibernal intermediária, adaptando-seàs condições climáticas do Sul do Brasilcom 900m ou mais de altitude.

A polpa dos frutos da cultivarEPAGRI 403-Fred Hough é de sabordoce, com baixa acidez, a exemplo dacultivar Fuji. Tem textura firme,crocante e suculenta e a capacidade deconservação é muito boa. No entanto,pode perder rapidamente a acidez searmazenada em atmosfera comum, tor-nando-se muito doce. A conservaçãopor mais de três meses deve ser feita ematmosfera controlada, onde poderámanter-se em boas condições de consu-mo por até dez meses. Os frutos têmmuito boa aparência e amadurecem detrês a quatro semanas após os frutos dacultivar Gala. Esta cultivar tem imuni-dade à sarna (V. inaequalis ), porém ébastante suscetível ao oídio (P.leucotricha), à podridão amarga (G.

Tabela 1 - Lista de cultivares criadas ou selecionadas pelo programa demelhoramento genético da Estação Experimental de Caçador com os seus

respectivos progenitores

Cultivar Progenitores

Princesa(A) NJ - 56 x AnnaPrimícia D1R101T117 X D1R103T245EPAGRI 403-Fred Hough NJ - 76 x Coop - 14EPAGRI 404-Imperatriz Mollie’s Delicious x GalaEPAGRI 405-Fuji Suprema Mutação da cultivar FujiEPAGRI 406-Baronesa Princesa x FujiEPAGRI 407-Lisgala Mutação da cultivar Gala

(A) Cultivar com menos de 500 horas de exigência em frio hibernal para regiões de invernosamenos.

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Melhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genético

Tabela 2 - Características agronômicas e dados fenológicos das cultivares de macieira obtidas naEstação Experimental de Caçador, EPAGRI, SC

EPAGRI 403- EPAGRI 404- EPAGRI 405-Fuji EPAGRI 406- EPAGRI 407-Fred Hough Imperatriz Suprema Baronesa Lisgala

Características daplantaPorte da copa Semi-anão Semi-vigoroso Vigoroso Semi-vigoroso Semi-vigorosoHábito vegetativo Fechado Semi-aberto Semi-aberto Semi-aberto Semi-abertoExigência frio (h) 550-600 550-600 >800 500-600 >800

Resistência genéticaa doenças

Sarna Muito resistente Suscetível Muito suscetível Pouco suscetível Muito suscetívelOídio Muito suscetível Pouco suscetível Pouco suscetível Pouco suscetível Pouco suscetívelPodridão amarga Suscetível Pouco suscetível Suscetível Suscetível Suscetível

Precocidade frutífera Alta Média Baixa Muito alta Média

Dados fenológicos(A)

Início brotação 17/09 20/09 22/09 17/09 25/09Floração

Início 20/09 23/09 25/09 20/09 28/09Plena 29/09 05/10 05/10 30/09 07/10Final 15/10 20/10 15/10 10/10 25/10

Maturação frutosInício 20/02 05/02 28/03 28/03 28/01Final 10/03 20/02 15/04 15/04 15/02

Produtividade Alta Média Alta Muito alta Alta

(A) Informações obtidas sobre os porta-enxertos MM-106 (Caçador) e M-7 (Fraiburgo).(B) Horas de frio hibernal (temperaturas iguais ou inferiores a 7,2oC) necessárias para a quebra da dormência das gemas.

Indicativo

Característica

Tabela 3 - Dados de qualidade dos frutos das cultivares de macieira obtidas na Estação Experimental de Caçador,EPAGRI, SC

EPAGRI 403- EPAGRI 404- EPAGRI 405-Fuji EPAGRI 406- EPAGRI 407-Fred Hough Imperatriz Suprema Baronesa Lisgala

Cor epiderme Vermelho- Vermelho- Vermelho-sólida Vermelho-opaca Vermelho-sólidaestriada estriada

Cor de fundo Amarela Amarela Verde Verde-amarelada AmarelaFormato frutos Redondo-cônicos Oblongo-cônicos Arredondados Arredondados Redondo-cônicosPeso médio (g) 135,0 150,0 125,0 130,0 120,0Pedúnculo Curto e médio Curto e espesso Curto e espesso Curto e médio MédioCor da polpa Amarelo-creme Amarelo-creme Amarelo-creme Branco-creme Branco-cremeAçúcares - SST (%) 14,5 14,0 14,5 15,0 12,5Acidez titulável (AT) 3,8 8,6 5,7 3,7 6,3Relação ‘SST/AT’ 3,8 1,6 2,5 3,9 2,0Firmeza polpa (lb/cm2) 15,6 18,0 17,5 16,9 17,0Capacidade de frigo-conservação dos frutos- valores máximos da-dos em mesesAtmosfera comum 3 (A) 5 6 6 3Atmosfera controlada 10 - 10 10 5Russeting (incidência) Ausente Média(B) Baixa Ausente MédiaBitter pit ( incidência) Alta Ausente Baixa Média Média

(A) Esta cultivar conserva-se bem por até cinco meses em atmosfera comum, porém a polpa perde rapidamente a acidezapós dois meses nestas condições.

(B) O russeting ocorreu em anos com primaveras e verões muito úmidos.

cingulata ) e os fru-tos podem desenvol-ver “bitter pit.”

A cultivarEPAGRI 404-Impe-ratriz tem susceti-bilidade à sarna eao oídio equivalen-tes às da cultivarGala. Os frutos têmpolpa levemente áci-da, firme, crocan-tee suculenta, lem-brando os da culti-var Golden Deli-cious e conservam--se melhor que osfrutos da ‘Gala’. Acor da epiderme dosfrutos é similar à da‘Gala’ (Figura 5). Osfrutos são maioresdo que os da ‘Gala’ eamadurecem algunsdias mais tarde. Oemprego de porta-enxerto anão pode-rá antecipar a ma-turação em até duassemanas. Sobre estetipo de porta-enxer-to, as cultivares pro-duzem frutos maio-res, mais cônicos emais coloridos doque sobre porta-en-xertos mais vigoro-sos.

Sugestões deutilização dasnovas cultivaresde macieiraobtidas pelaEPAGRI

Algumas cultiva-res como a GrannySmith e a WillieSharp, recomenda-das pela pesquisacomo polinizadorasdas cultivares Gala,Fuji e GoldenDelicious, têm aten-dido com eficiênciaesta função no Sul#

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Melhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genético

Figura 1 - Detalhes da coloração da epiderme dos frutos dacultivar de macieira EPAGRI 405-Fuji Suprema

Figura 2 - Detalhes da coloração da epiderme dos frutos dacultivar de macieira EPAGRI 407-Lisgala

Figura 5 - Detalhes dos frutos da cultivar de macieiraEPAGRI 404-Imperatriz

Figura 6 - Detalhes dos frutos da cultivar demacieira Sansa

Figura 3 - Detalhes dos frutos da cultivar de macieiraEPAGRI 406-Baronesa

Figura 4 - Detalhes dos frutos da cultivar de macieiraEPAGRI 403-Fred Hough

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Melhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genético

do Brasil. Entretanto, produzem frutoscom características indesejáveis para omercado brasileiro, tais como sabor

ácido e epiderme verde, dificultandosua comercialização. Outras, como‘Melrose’ e ‘Mollie’s Delicious’, embora

res polinizadoras cujos frutos têm boaaceitação comercial aumenta o rendi-mento dos pomares. Utilizar cultivaresque amadureçam antes ou logo após asrespectivas produtoras facilita o mane-jo do pomar.

Estudos de polinização conduzidosna Estação Experimental de Caçadorindicaram as cultivares Sansa,EPAGRI 403-Fred Hough, EPAGRI404-Imperatriz, EPAGRI 406-Barone-sa e Braeburn como polinizadoras efi-cientes para as cultivares Gala e Fuji(Tabela 4 e Figura 7).

A Sansa e Braeburn são cultivaresimportadas, respectivamente do Japãoe da Nova Zelândia. A primeira é produ-to do cruzamento ‘Gala’ x ‘Akane’. Osfrutos amadurecem antes dos frutos da‘Gala’ e têm epiderme vermelho-estriada sobre fundo amarelo (Figura6), sendo a polpa doce e com baixaacidez. A ‘Braeburn’ não tem progenito-res conhecidos, sendo provavelmenteproduto do cruzamento ‘Cox OrangePippin’ x ‘Sturmer Pippin’. Produz fru-tos vermelho-estriados sobre fundoesverdeado, cuja maturação ocorre umasemana antes dos frutos da ‘Fuji’. Apolpa é levemente ácida, firme, crocantee tem muito boa conservação.

Na Figura 7 são apresentadas asépocas de floração e de maturação dosfrutos de cada uma das cultivares quecompõe esta nova proposta de composi-ção polinizadoras/produtoras para ascultivares Gala e Fuji.

A ‘EPAGRI 403-Fred Hough’ podeser empregada como polinizadora, tan-to para a ‘Gala’ quanto para a ‘Fuji’. Noentanto, a maturação dos frutos destacultivar ocorre duas a três semanasapós a maturação dos frutos da ‘Gala’,tornando mais difícil o manejo do po-mar em relação à sua utilização comopolinização da ‘Fuji’, cuja maturaçãodos frutos ocorre depois da maturaçãodos frutos da ‘EPAGRI 403-Fred Hough’(Tabela 2, Figura 7).

Para polinizar a ‘Gala’, as cultivaresEPAGRI 404-Imperatriz e Sansa for-mam uma boa combinação. Além deproporcionarem boa cobertura da flora-ção daquela cultivar, seus frutos ama-durecem mais próximo da matura-ção dos frutos da ‘Gala’, em compara-ção às cultivares EPAGRI 403-Fred

Floração Maturação

Fred Hough

Gala e Lisgala

Imperatriz

Sansa

Braeburn

Baronesa

Fuji e Fuji Suprema

15 30 15 30 15 31 15 28 15 31 15

Set. Out. Jan. Fev. Mar. Abr.

Nota: No grupo das produtoras ‘Gala’, ‘Lisgala’, ‘Fuji’ e ‘FujiSuprema’, poderão ser usadas também outras muta-ções como ‘Royal Gala’, ‘Imperial Gala’, ‘MondialGala’, ‘Fuji no 2’.

Figura 7 - Diagramas de floração e de maturaçãodas cultivares de macieira EPAGRI 403-Fred

Hough, EPAGRI 404-Imperatriz, EPAGRI 405-FujiSuprema, Fuji, EPAGRI 406-Baronesa,

EPAGRI 407-Lisgala e Gala

Tabela 4 - Frutificação efetiva e número de sementes por fruto obtidos durante o ciclo de1996/97 nas cultivares de macieira Gala e Fuji polinizadas com as novas cultivares

lançadas pela EPAGRI e as cultivares importadas Sansa e Braeburn - Estação Experimentalde Caçador, EPAGRI, SC

Cultivar Frutificação Sementes/efetiva(A) fruto(B)

Produtora Polinizadora (%) (no)

Gala Fuji 45,0 6,35Gala Sansa 75,0 5,55Gala EPAGRI 403-Fred Hough 38,4 7,00Gala EPAGRI 404-Imperatriz 59,2 6,72Gala Emasculação(C) 1,5 3,80Fuji Gala 68,9 8,04Fuji EPAGRI 403-Fred Hough 81,1 7,64Fuji EPAGRI 406-Baronesa 91,0 6,94Fuji Braeburn 80,2 7,62Fuji Emasculação(C) 2,2 3,90

(A) Em condições de boa florada, 25% das flores polinizadas asseguram boa produção (18).(B) Para garantir boa frutificação efetiva e um bom desenvolvimento dos frutos são necessárias

de quatro a cinco sementes/fruto (19).(C) As flores das cultivares Gala e Fuji foram castradas (retirada das sépalas, das pétalas e das

anteras) com o objetivo de verificar o grau de interferência nos resultados, devido às visitascasuais de abelhas e/ou autofecundação.

tenham epiderme verme-lha, também produzem fru-tos com sabor inadequadopara o mercado brasileiro.O emprego de polinizadorascom época de maturaçãodos frutos muito distanteda maturação da respecti-va produtora, principal-mente se for após a cultivarprodutora, como a combi-nação Fuji/Gala, acarretadificuldades de manejo dopomar.

O atual período de co-lheita da maçã no Sul doBrasil concentra-se nos me-ses de fevereiro e março(cultivares Gala e Fuji, res-pectivamente). Novas cul-tivares de macieira commaturação nos meses dejaneiro, março e abril per-mitem estender e, ao mes-mo tempo, regularizar acolheita de maçãs nesta re-gião.

A utilização de cultiva- #

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Hough e Fuji, também recomendadascomo polinizadoras da ‘Gala’ (8).

Para polinizar a ‘Fuji’, as cultivaresEPAGRI 406-Baronesa e Braeburn tam-bém representam boa combinação. Pro-porcionam boa cobertura da floração da‘Fuji’ e os frutos amadurecem antes ousão coincidentes com a maturação dosfrutos desta. Em virtude do hábito semi-spur da ‘EPAGRI 406-Baronesa’, asplantas produzem floradas intensas,podendo alternar a produção caso nãose execute um raleio adequado. A culti-var Braeburn também tem estas carac-terísticas, tendo manifestadoalternância na Nova Zelândia (20).

Literatura citada

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03. HENTSCHKE, R. Maçã: estudo da situaçãocatarinense frente ao Mercosul . Floria-nópolis: EPAGRI, 1993. 70p. (EPAGRI.Documentos, 148).

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14. DENARDI, F.; CA-MILO, A.P. ‘Epa-gri 406-Barone-sa’- nova cultivarde macieira dematuração tardiapara o sul do Bra-

sil. 1996c. (No prelo).

15. DENARDI, F.; CAMILO, A.P. ‘Epagri 407-Lisgala’ - mutação da cv de macieiraGala com epiderme mais colorida 1996d.(No prelo).

16. PETRI, J.L.; LEITE, G.B.; PALLADINI,L.A.; NORA, I.; BLEICHER, J.;DENARDI, F.; CAMILO, A.P.; FAORO,I.D.; MONDARDO, M.; KREUZ, C.L.BASSO, C.; SUZUKI, A. Mutação dacultivar Fuji ‘Epagri 405-Fuji Supre-ma’. Florianópolis: EPAGRI, 1996. 5p.(EPAGRI. Documentos, 180).

17. BONETI, J.I. da S.; RIBEIRO, P. de A.;DENARDI, F.; CAMILO, A.P.;BRIGHENTI, E.; PEREIRA, A.J. ‘Epa-gri 402-Catarina’ - nova cultivar de ma-cieira resistente à sarna. AgropecuáriaCatarinense, Florianópolis, v.9, n.2, p.51-54, 1996.

18. HOWLETT, F.S. Pollination and fruit sett-ing of the apple tree in the North CentralStates. State Horticultural Society ofSouthern Illinois, v.78, p.325-326, 1947.

19. HARTMANN, F.O.; HOWLETT, F.S. Fruitsetting of the Delicious apple. Wooster:Ohio Agricultural Experimental Station,1954. 64p. (Research Bulletim, 745).

20. TAYLOR, M. The blooming of Braeburn.The Orchadist of New Zealand,Wellington, v.68, n.4, p.31-34, 1995.

Frederico Denardi, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 3.182-D, CREA-SC, EPAGRI/EstaçãoExperimental de Caçador, C.P. 591, Fone (049)663-0211, Fax (049) 663-3211, 89500-000 Ca-çador, SC; Anísio Pedro Camilo, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 2.532, CREA-SC, EPAGRI/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591,Fone (049) 663-0211, Fax (049) 663-3211,89500-000 Caçador, SC. o

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Biotecnologia ajuda a melhorar a qualidade dosBiotecnologia ajuda a melhorar a qualidade dosBiotecnologia ajuda a melhorar a qualidade dosBiotecnologia ajuda a melhorar a qualidade dosBiotecnologia ajuda a melhorar a qualidade doscultivos agrícolascultivos agrícolascultivos agrícolascultivos agrícolascultivos agrícolas

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari eFotos de Airton Rodrigues Salerno e Paulo Sergio Tagliari

A clonagem de seres vivos saiu dos livros de ficção científica e jáestá presente nos laboratórios de pesquisa nas universidades, estações

experimentais e empresas privadas. Longe de ser uma simplescuriosidade científica, a multiplicação de células animais e vegetais

originando seres idênticos propicia avanços em qualidade e produtividadenos produtos agrícolas, beneficiando importantes setores econômicos e também os

agricultores. A biotecnologia agrícola está avançando, mas necessita de apoio tanto deórgãos oficiais como de empresas privadas, como veremos nesta reportagem.

As plantas “de proveta” geradas pela técnica demicropropagação vegetativa prometem dar um novo

impulso à agricultura

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

esde que o americano Jerry Hall,em 1993, conseguiu a replicação

de um embrião humano em laboratório,a clonagem dos seres vivos começou ater grande debate nos meios científicosmundiais. Recentemente com aclonagem da célula mamária de umaovelha e que resultou espantosamentena criação de um novo animal, a ovelhaDolly, o assunto tem tomado grandeespaço na mídia internacional, levan-tando discussões técnicas e tambéméticas e morais. A imprensa tambémcostuma fazer alarde sobre este assun-to, e as pessoas em geral acabam fican-do confusas e mal informadas muitasvezes. Mas o assunto da clonagem - epouco é divulgado sobre isto nos jor-nais, televisão e revistas - não é novida-de para o setor agrícola. A replicação ouclonagem de células ou tecidos vegetais(veja sobre isto mais adiante na repor-tagem) é uma prática antiga. Desde queo homem começou a fazer “estaquia”,“mergulhia”, “enxertia”, “alporquia” ouqualquer outro método de propagaçãovegetativa aí começou a clonagem. Oobjetivo é obter cópias idênticas de plan-tas que têm ótimas características, ecom isto acelerar a produção de vege-tais no menor tempo possível e dimi-nuir os custos.

No Brasil desde a década de 70 já sepratica a chamada micropropagaçãovegetal ou cultura de tecidos, que fazparte do novo ramo da ciência chamadobiotecnologia. Convém esclarecer quemicropropagação ou cultura de tecidosnão é sinônimo de clonagem. Essa téc-nica é mais ampla, pois visa, além deseleção, garantir a propagação acelera-da de materiais isentos de patógenos,quer sejam clones ou não. Iniciadasprimeiramente nos meios científicosatravés do trabalho de pesquisadoresque voltaram de cursos de especializa-ção nos Estados Unidos e Europa, hojejá existem também empresas privadasprocessando a clonagem e cultura detecidos e vendendo os produtos resultan-tes. Em Santa Catarina, a EPAGRI,desde o início da década de 90, vemrealizando alguns trabalhos nesta área.Em 1992 a Estação Experimental deItajaí começou a produzir mudas debananeira utilizando a biotecnologiapor meio da multiplicação in vitro de

meristemas e de gemas apicais. Hojeeste trabalho de Itajaí e o desenvolvidopelo laboratório da Estação Experimen-tal de Lages são marcos de referênciaem Santa Catarina e no Sul do Brasil.

Parceria com empresaprivada

Os engenheiros agrônomos AirtonRodrigues Salerno, Neri SamuelDalenogare e Gilmar Roberto Zaffari(este atualmente em doutorado) são osresponsáveis técnicos pela chamadamicropropagação da bananeira emItajaí (ver artigo destes técnicos sobreo assunto anexo a esta reportagem).Airton Salerno esclarece que amicropropagação visa a obtenção demudas livres de doenças, tornando-ashomogêneas,com qualidade, fato nãoencontrado nas condições normais noBrasil e em Santa Catarina. Ele expli-ca também que os próprios produtoresfazem a renovação ou multiplicação deseus bananais através de métodovegetativo tradicional, o que impossi-bilita os mesmos de obterem boas mu-das. A solução do problema, segundo otécnico, passa pela criação da figura doviveirista ou produtor “especializado”de mudas. Isso, no entanto, até o mo-mento não se verificou, e as institui-ções públicas, ligadas ao desenvolvi-mento rural, devem fomentar o seusurgimento e, também, a curto e médioprazos, produzir mudas de qualidade

para suprimento da alta demanda exis-tente. Para solucionar este problema, aEstação Experimental de Itajaí iniciou,então, os trabalhos commicropropagação. O sucesso de sua apli-cação depende não apenas dos aspectostécnicos, mas também da necessidadede equipamentos, reagentes e instala-ções adequadas, além de mão--de-obra especializada. Neste sentido,Salerno aponta a parceria que aEPAGRI encontrou na empresa DuasRodas, produtora e exportadora de pro-dutos derivados da banana.. “A DuasRodas teve grande participação na cria-ção do nosso laboratório debiotecnologia, pois construiu o prédio edoou equipamentos e mão-de-obra parao início do trabalho”, relata Salerno ecompleta dizendo “de nossa parte, pararetribuir a ajuda da empresa, produzi-mos as mudas de qualidade, isentas dedoença que a Duas Rodas necessitava”.Atualmente a empresa possui mais de100ha já plantados com as mudasclonadas no laboratório da EstaçãoExperimental de Itajaí. Recentementea Estação também celebrou convêniocom o Ministério da Agricultura, visan-do a construção de uma unidade demanipulação, telado, e aquisição deequipamentos para a nova ala do labo-ratório de micropropagação.

Com o passar do tempo, o laborató-rio foi adquirindo experiência e aprimo-rando as técnicas e hoje em dia rece-be pedidos de todo o Brasil. “Não

D

Bananal da empresa Duas Rodas que utiliza mudas clonadasde bananeira

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estamos quase dando conta das solici-tações, em geral, por encomenda”, co-menta Airton Salerno e revela que a ca-pacidade instalada atual é de 200 milmudas por ano, “e pretendemos chegara 800 mil proximamente”, garante. Alémda qualidade das mudas da EPAGRI,outro fator decisivo na compra é o pre-ço. Segundo Salerno, as mudas no mer-cado atualmente estão a R$ 1,00, aopasso que no laboratório de Itajaí cus-tam R$ 0,80. Muitas empresas deixamde comprar de outros produtores, parabuscar na EPAGRI, também em funçãodo problema de repicagem. No labora-tório de Itajaí, ensina Salerno, são fei-tas quatro repicagens, ou seja, desdeque se retira a gema apical da bananei-ra para multiplicação desta em cente-nas de outras (ver artigo dos autores),as gemas apicais são trocadas de tubosde ensaio (repicagens) quatro vezes.Existem algumas empresas que fazemem mais vezes, cinco, sete e até oito, oque favorece o aparecimento de muta-ções, ou seja, plantas com característi-cas indesejadas, como baixa estatura,repolhuda, etc. “Quando as pessoas com-pram as mudas destas outras empre-sas, não dá para perceber na mudinharecém crescida as características inde-sejáveis, por isso mais tarde só a campoé que a planta da bananeira vai mos-trar seu porte, e aí já não se pode fazer

nada”, conta o técnico e emenda, “nãoqueremos com isto dizer que os nossosmateriais são melhores, as empresastambém procuram melhorar, apenasressaltar que tomamos o máximo decuidado para evitar problemas futurosaos compradores”.

Tentando vencer aconcorrência

Para o Estado de Santa Catarina ocultivo da bananeira adquire posiçãode destaque. São aproximadamente 26mil produtores envolvidos e o valor bru-to da produção corresponde a 1,14% dototal obtido no setor primário estadual.As microrregiões mais produtivas sãoas de Joinville, Blumenau, Araranguáe Criciúma, com áreas e produções cor-respondentes respectivamente a:15.000ha e 302,355t/ano; 2.479ha e47.916t/ano; 8.025ha e 47.200t/ano;2.721ha e 40.905t/ano. Em todo o Esta-do a área ocupada com a cultura atinge32.171ha e a produção anual é de maisde 500.000t/ano, correspondendo à ter-ceira posição nacional.

Mas Santa Catarina e os outrosEstados do Sul do Brasil - São Paulo,Rio Grande do Sul e Paraná - vêmsofrendo ameaças da competição comoutros países e de empresas multi-nacionais que estão se instalando no

Nordeste brasileiro. Com o crescenteuso de irrigação e tecnificação dos ba-nanais, no futuro o Nordeste pode me-lhorar a produção em quantidade e qua-lidade e passar a concorrer nos merca-dos do Sul do Brasil. Mas, ainda a atualpresença do produto equatoriano noUruguai e Argentina e a crescente pres-são do governo do Equador para que oBrasil abra a importação da bananadaquele país constitui-se na principalameaça à bananicultura brasileira ecatarinense. Além disso, a competiçãode outras frutas - pêssego, nectarina,maçã, abacaxi, manga ,etc. - e as restri-ções alfandegárias dos países doMERCOSUL à banana nacional com-pletam o quadro de dificuldades que osprodutores brasileiros e catarinensestêm que enfrentar.

Mas este desafio já começou a serenfrentado pela empresa Duas Rodas epor produtores pioneiros no uso demudas de bananas produzidas em labo-ratório, o que possibilita melhorar aqualidade e produtividade dos bana-nais e com isto ser mais competitivo nomercado interno e externo. É o caso doSr. Darceu Aleixo Rech, da comunidadede Rio Canoas, no município de LuísAlves, perto de Blumenau. Orientadopelo agrônomo José Salvador, daEPAGRI local, o Darceu é um típicoprodutor de banana, cultivo que passoude geração em geração em sua família.A reportagem da revista AgropecuáriaCatarinense visitou seu bananal, loca-lizado em um morro íngreme, como écostume na região do Vale do Itajaí.Mas os costumes e tradições param poraí. O bananal de Darceu já está produ-zindo as chamadas bananas “de prove-ta”, e está se saindo muito bem, confor-me observa o técnico José Salvador. “Agente percebe logo que este bananal édiferente, ele tem uniformidade, é cla-ro, as plantas são todas clones de umamatriz de laboratório. Mas, além disso,o bananal é vigoroso, está sadio, nãoencontramos sinais da presença denematóides, a principal praga da bana-na”, discorre. Para confirmar a palavrado agrônomo, o produtor mostrou algu-mas plantas quebradas por forte venta-nia ocorrente dias atrás. Em caso deinfecção pelos nematóides (verme mi-núsculo que ataca as raízes de diversas

Mudas “de proveta” vindas do laboratório sendo passadas para embalagens comsolo visando adaptação ao meio ambiente #

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plantas) as bananeiras seriam arran-cadas totalmente, com a planta todatombando fora da cova onde original-mente fora plantada. Entretanto o quese viu no bananal do Darceu Rech fo-ram algumas bananeiras quebradas ouvergadas, porém as raízes ainda firmessuportando a planta.

“Pelo que dá para ver até agora,apesar de ser o primeiro ano de produ-ção, penso que estas bananas de labora-tório estão dando bom resultado. Noano que vem, com a produção em cres-cimento, poderei avaliar melhor, massinto que acertei na escolha desta técni-ca”, diz com firmeza o produtor, queobtém o rendimento de 45t/ha em seusbananais, contra 28t em média no mu-nicípio e de 16t/ha na média estadual.

Mudas livres de viroses

Bastante esperançosos com abiotecnologia estão os pesquisadoresMario Vidor e Edemar Brose da Esta-ção Experimental de Lages. Recém vin-dos de doutorado na Espanha e Ingla-terra, Vidor e Brose estão procurandodesenvolver um projeto básico e quepossa dar suporte às demais estações elaboratórios da EPAGRI. Os trabalhosabrangem inicialmente as culturas doalho, batata, moranguinho e maçã.São atacados quatro pontos básicos:a cultura de meristemas ou micropro-pagação, a termoterapia, o mapea-mento genético e a conservação degermoplasma in vitro. Mario Vidorobserva que o grande objetivo é limparos materiais das viroses que infestammuitas espécies de plantas. Isolando--se o tecido meristemático de indivídu-os com boas características e qualida-des superiores, que normalmente nãofoi atacado pelos vírus, passa-se àreplicação, multiplicação em laborató-rio (processo semelhante ao da bana-neira). Para garantir que as viroses nãoprevaleçam, utiliza-se o processo datermoterapia (calor) , geralmente emtorno de 35 a 40oC. Este calor não mataa planta, mas destrói os vírus. Tambémno laboratório são controlados a umida-de e o fotoperíodo (horas deluminosidade), procurando dar as con-dições ideais às mudinhas (clones) quecrescem em tubos de ensaio com nu-

trientes adequados. Posteriormenteirão à casa de vegetação se aclimatar edali serão enviadas para as estaçõesexperimentais. Por exemplo, a EstaçãoExperimental de Caçador recebe asmudas de maçã e alho, espécies que alifazem parte dos projetos de pesquisa.Já a Estação Experimental de São Joa-quim necessita mudas de batata livresde viroses para proceder à multiplica-ção destes materiais a campo e repas-sar aos produtores de sementes. Omapeamento genético é outra armaimportante que a biotecnologia coloca àdisposição dos pesquisadores. Já é pos-sível avaliar as potencialidades dasplantas analisando-se o seu DNA, ór-gão do núcleo das células que carrega ocódigo genético. Este trabalho, segun-do Mário Vidor, é feito em parceria coma Universidade Federal de Santa Cata-rina - UFSC que possui equipamentoeletrônico de alta precisão.

Mario Vidor ressalta que é funda-mental este trabalho de limpeza dosmateriais, pois quem vai sair benefici-ado é o agricultor que, recebendo plan-tas livres de doenças conseguem dimi-nuir a aplicação de agrotóxicos, dimi-nuindo custos e preservando a saúde desua família e dos consumidores quecomprarão seus produtos. Este traba-lho do laboratório de biotecnologia deLages, em conjunto com as outras esta-ções, é importante pois evita que osprodutores tenham que buscar em ou-tros Estados, ou mesmo fora dopaís,materiais que nem sempre se tema certeza de sanidade, sem falar noscustos de transporte que representatrazer de locais longínquos, não raro1.000km ou mais de distância.

Apesar de todo esse esforço, MarioVidor e Edemar Brose estão preocupa-dos com a falta atual de recursos paradesenvolver seus trabalhos, “manda-mos consertar uma simples estufa há50 dias e não temos dinheiro para pagá--la, uma autoclave também já deu pro-blema e não sabemos o que fazer”, la-mentam os pesquisadores, e alertamque a biotecnologia veio para ficar, “éque nem o computador, quem não sou-ber manejá-lo vai ficar para trás”,proverbiam. Independente da dificul-dade econômica momentânea, os técni-cos estão esperançosos quanto a um

Banana produzida através da cultura detecidos vai competir no MERCOSUL

Mario Vidor: “a micropropagação deespécies arbóreas, tipo araucária, pínus,

cinamomo e outras vai ser um grandeimpulso ao desenvolvimento florestal

catarinense”

projeto que estão enviando ao CNPqpara buscar recursos que viabilizarão aprodução de mudas de melhor qualida-

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de e livres de doenças não só de horta-liças mas também frutíferas e arbóreas.Nesse particular, o Planalto Catari-nense se destaca no setor de refloresta-mento e a demanda no setor supera oatual nível de produção. Com poucaparticipação na arrecadação de tribu-tos no passado, devido ao crescimentodos outros setores da economia catari-nense e o esgotamento das florestasnativas, a partir de 1993 o setor madei-reiro voltou a contribuir com 14% dostributos arrecadados no Estado. A ex-ploração da madeira já em 1993 repre-sentou 16,2% do mercado nacional, fi-cando o Estado como segundo exporta-dor de papel e celulose e terceiro expor-tador de madeira serrada.

Para os pesquisadores da EPAGRI,a indústria madeireira catarinensemuito se beneficiaria com os trabalhosde biotecnologia do laboratório de Lages,por isso já estão previstas reuniões comeste setor e também a participação dasuniversidades estadual (UDESC) e fe-deral (UFSC), que também poderiamcolocar seus professores e laboratóriosnum esforço conjunto para desenvolvera produção florestal catarinense. “Anossa esperança é que tenhamos recur-sos para equipar melhor o laboratóriode biotecnologia de Lages para dar su-porte não só aos trabalhos de pesquisada EPAGRI, mas também na contínuaprodução de mudas vegetais de quali-dade para todas as áreas da agricultu-ra, fruticultura e silviculturacatarinenses”, arrematam Mario Vidore Edemar Brose.

Um pouco de história dabiotecnologia agrícola

A utilização de bactériasespecializadas para degradar e limparderramamento de petróleo no mar, amodificação genética de plantas pararesistir ao ataque de pragas e doenças,o uso de leveduras mais eficientes paraprocessar a fermentação são algunsexemplos dos produtos e processos quea biotecnologia tem ofertado à socieda-de. Numa definição mais ampla, abiotecnologia tem como objetivo o con-trole de funções biológicas, com a fina-lidade de interferir nos processos vitaisdos seres vivos e melhorar, modificarou desenvolver certos produtos.

A cultura de tecidos é um ramo dabiotecnologia e consiste na multiplica-ção vegetativa in vitro (laboratório) atra-vés da cultura de meristemas (tecidosembrionários cuja função é produzirnovos tecidos por divisão de suas célu-las) e de outros tecidos vegetais. Esseprocesso também é chamado demicropropagação vegetativa devido aoreduzido tamanho dos materiais,propágulos utilizados.

Na verdade, já há alguns séculos seconhecia a capacidade de determinadosórgãos vegetais se reproduzirem e ori-ginarem seres semelhantes ou idênti-cos. Em 1838 pesquisadores alemãeslançaram a Teoria da Totipotência, aqual afirmava que cada célula detém opotencial genético para reproduzir umaplanta semelhante. Hoje já se sabe queaté nos animais este princípio funcio-

na. Recentemente ocientista escocêsIam Wilmut, numfato ainda inéditopara a ciência, pro-duziu o primeiro ani-mal clonado de umasimples célula, nocaso uma célula ma-mária de uma ove-lha originou um in-divíduo idêntico(clone) ao doador. Na agricultura a

micropropagação,inclusive a clona-gem, já é uma prá-tica corriqueira.Depois do anúncio

da Teoria da Totipotência, as pesqui-sas científicas básicas só iniciaram em1902 na Europa, mas só a partir dadécada de 40 que os cientistas passa-ram a ter melhor controle técnico doprocesso de clonagem de plantas, in-clusive comercialmente. Os primeirosavanços foram obtidos já na década de30 com a descoberta do primeirohormônio vegetal (fitohormônio), aauxina. Introduzida nos meios de cul-tura permitiu o crescimento indefinidodas células vegetais, pois até esta datanão era possível manter por muito tem-po as células se multiplicando. No iní-cio da década de 50 foi descoberto outrofitohormônio, a cinetina, a primeira dogrupo das citocininas, e daí por dianteoutras substâncias e hormônios foramencontrados e estudados. Em 1960 opesquisador americano Morel recupe-rou cultivos de orquídeas livres de ví-rus mediante cultura de meristemas,demonstrando a potencialidade dasaplicações comerciais da micropro-pagação.

No Brasil, os estudos em cultura detecidos remontam à década de 50, massomente nos anos 70 ocorreu a forma-ção de uma equipe oficial de pesquisajunto à Escola Superior de AgronomiaLuís de Queirós - ESALQ, emPiracicaba, SP, ligada à USP. Daí parafrente ampliaram-se os laboratóriosoficiais e também particulares destina-dos à produção de mudas pormicropropagação. Em 1990 havia apro-ximadamente 50 laboratórios no Bra-sil, número que provavelmente aumen-tou nos últimos anos. Além da ESALQ,foram criados laboratórios na Univer-sidade de Campinas, Instituto Agronô-mico de Campinas - IAC e da EMBRAPA(CENARGEM, UEPAE de Pelotas eCNP Hortaliças).

Em Santa Catarina, afora o Centrode Biotecnologia de Joinville, que tra-balha mais com processos industriais eagroindustriais, a UFSC já conta comlaboratório de biotecnologia e aEPAGRI nas Estações Experimentaisde Lages, Itajaí e Caçador. O laborató-rio de biotecnologia de Itajaí produziude 1992 a 1996 mais de 300 mil mudasde bananeira das cultivares Nanicão,Grande Naine e Williams Híbrida, atra-vés de micropropagação.

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Cada célula detém o potencial genético para reproduzir umindivíduo semelhante (Teoria da Totipotência) #

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MicropropagaçãoMicropropagaçãoMicropropagaçãoMicropropagaçãoMicropropagaçãovegetativa emvegetativa emvegetativa emvegetativa emvegetativa em

bananeirabananeirabananeirabananeirabananeiraAirton Rodrigues Salerno e Neri

Samuel Dalenogare

A expansão da cultura da bananei-ra e também a renovação dos bana-nais catarinenses têm esbarrado nacarência absoluta de mudas de boaqualidade. Os próprios produtores fa-zem a renovação e a ampliação dosseus bananais e também fornecemmudas para a vizinhança. Não há afigura do viveirista produtor de mu-das de bananeira e o bananicultor nãoconhece ou não emprega técnicas ne-cessárias à formação de boas mudas.Isso resulta, geralmente, na produçãode material atacado por nematóides ebrocas, com baixo potencial genéticopara os caracteres produtividade eresistência a pragas e moléstias. Alémdisso as mudas contaminadas disse-minam as doenças e os parasitasinfestantes para novas áreas.

A micropropagação vegetativa éum processo relativamente recente e

Extração de gemas apicais localizadas no ápice do rizoma de plantas jovens ebrotações da bananeira

A homogeneidade e a qualidade do bananal são resultados da técnica demicropropagação

que propicia a formação de mudas isen-tas de nematóides e brocas e das princi-pais doenças da cultura. Neste traba-lho apresenta-se uma descrição da pro-dução de mudas de bananeira atravésda micropropagação vegetativa ou cul-

tura de tecidos vegetais.

Micropropagaçãovegetativa

A micropropagação vegetativa étambém conhecida como cultura detecidos e consiste na produção de mu-das a partir de pequenas porções detecido vegetal. Esse tecido pode serretirado de raízes, caules, folhas ouflores e, uma vez colocado em condi-ções especiais, acaba formando um oumais indivíduos. O processo todo estábaseado na totipotência, isto é, noprincípio biológico de que cada célulavegetal contém o potencial genéticopara reproduzir um vegetal completo(1).

As vantagens da micropropagaçãosão principalmente a manutenção dogenótipo dos indivíduos e o excelenteestado fitossanitário das mudas obti-das.

A maior preocupação com as mu-das produzidas através damicropropagação consiste na possibi-lidade do aparecimento de mutaçõesgenéticas após o plantio a campo. Paraque isso não ocorra em níveis acima

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do aceitável, 5%, é preciso atençãoconstante em todo o procedimentolaboratorial e observação permanen-te das mudas em crescimento no labo-ratório e a campo.

A micropropagação dabananeira

As espécies vegetais apresentamvariabilidade quanto à facilidade depropagação vegetativa. Essa caracte-rística manifesta-se também no casoda micropropagação e é variável igual-mente em relação às partes das plan-tas. Algumas espécies propagam-secom mais facilidade com porções deraiz, outras de ápices caulinares, fo-lhas ou flores. No caso da bananeira éutilizada como propágulo a gemaapical. Ela localiza-se no ápice dorizoma das plantas jovens e brotações.

As exigências das plantas tambémdivergem quanto à formação do meiode cultura, especialmente com relaçãoà dosagem de hormônios. As bananei-ras do grupo Cavendish propagam--sebem com o meio proposto porMurashige e Skoog (2) com pequenasalterações. Já as cultivares do grupoPrata não proliferam bem na mesmacondição, havendo pesquisas na Esta-

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ção Experimental de Itajaí para solu-ção do problema. Assim esta unidadeda EPAGRI tem um protocolo de produ-ção adequado para as cultivares Nanicãoe Grande Naine, pertencentes ao grupoCavendish.

• Coleta do material de propagaçãoAs mudas destinadas ao fornecimen-

to dos tecidos vegetais aserem multiplicados sãocoletadas em áreas espe-cíficas de produção demudas de bananeira. Es-tas, por sua vez, são origi-nárias de ecotipos seleci-onados pela produtivida-de e sanidade, dentro dasáreas de avaliação e/oumultiplicação das cultiva-res recomendadas pelapesquisa. O material a ser coleta-do deve ser preferencial-mente do tipo chifrinho (1a 2kg) ou chifre (2 a 3kg) eem segunda opção ochifrão (3 a 5kg). Após aextração das mudas faz--se ainda, no campo, a eli-minação dos tecidos vege-tais que não serão utiliza-

dos. Mantém-se apenas a parte cen-tral do rizoma e pseudocaule.

• Extração da gema apical e “plan-tio” em meio de cultura

No laboratório o material que che-ga do campo sofre nova redução devolume até atingir a forma de um cubode 4 x 4cm, formado de partes iguaisde rizoma e pseudocaule. Na seqüên-cia esse cubo é reduzido ainda mais,lavado com hipoclorito de sódio e man-tido num frasco com água destilada eesterilizada até o procedimento se-guinte. Esse é realizado em condiçõescompletamente assépticas, em câma-ra de fluxo laminar e com gente alta-mente especializada. Aí os propágulossofrem nova redução com a elimina-ção dos tecidos que envolvem a gemaapical. Em seguida planta-se a gemaapical num vidro contendo meio decultura previamente esterilizado. Omeio tem consistência gelatinosa e écomposto por água, macro emicronutrientes, carboidratos, vita-minas, reguladores de crescimento,além de outros aditivos e misturascomplexas. A composição do meio évariável, especialmente quanto aosreguladores de crescimento, havendoum meio chamado inicial e outro deGemas apicais extraídas

Mudas extraídas de plantas matrizes

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proliferação.• Salas de crescimento e repicagemDepois do plantio o vidro é tampa-

do e colocado numa sala sob condiçõesespeciais de temperatura (27 a 34oC) eluminosidade (16 horas de luz/dia comcerca de 3.000 lux) durante 60 a 70dias. Nessas condições forma-se umapequena touceira de bananeira comdiversas brotações laterais e que de-vem ser individualizadas e novamen-te plantadas em vidros contendo meiode cultura.

De acordo com a necessidade demudas esse processo de repicagempode ser repetido mais uma ou duasvezes. A continuação indefinida desseprocedimento não é possível devido àtendência de aumento no aparecimen-to de mutações genéticas. O númerode brotações por repicagem varia dequatro a sete unidades. Assim, repi-cando-se quatro vezes em laboratório,chega-se a produzir mais de 600 mu-das a partir de apenas uma gema. Otempo que as mudas permanecem nasala de crescimento, no laboratório, éde 60 a 70 dias em cada repicagem.Assim o tempo de permanência nassalas de crescimento é de aproxima-damente 260 dias.

• Plantio das mudas e adaptaçãoao meio ambiente

O processo seguinte consiste naretirada das touceiras dos vidros, suadivisão em mudas e plantio em emba-lagens com solo.

Sala de crescimento onde as mudas “de proveta” são repicadas Mudas “de proveta” em aclimatação na câmara úmida

Essa fase é crítica, pois as mudassaem dos vidros e precisam adaptar-seàs condições ambientais normais. Issoé feito gradativamente através de umprocesso chamado aclimatação, e queconsiste basicamente na manutençãodas mudas em ambiente sombreado ecom alta umidade interna, próximo de100%.

Nesse local as mudas permanecemde três a quatro semanas, atingindocerca de 15cm de altura e recebendo

adubações foliares e tratamentosfitossanitários sempre que necessá-rio. A partir daí as mudas devem pas-sar por um período de adaptação àradiação solar direta. Isso é feito sobsombrite 30% ou sob ripado de bambusem proteção lateral, e com as ripasafastadas 5cm entre si. A permanên-cia das mudas nessa condição não deveser inferior a três semanas e o plantiono campo deve ser preferencialmentede setembro a novembro, quando a

Gemas apicais plantadas em meio de cultura

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Itajaí, C.P. 277, Fone (047) 346-5244,Fax (047) 346-5255, 88301-970 Itajaí,SC.

Literatura citada

1. TORRES, A.C.; CALDAS, L.S. (Ed.) Técni-cas e aplicações da cultura de tecidos deplantas. Brasília: ABCTP/EMBRAPA- CHPH, 1990. 433p.

2. MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revisedmedium por rapid growth andbioassalkys with tobacco tissuecultures. Physiologia Plantarum,Copenhagen, v.15, p.473-497, 1962.

Airton Rodrigues Salerno, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. 10.002-D, CREA-SC, EPAGRI/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277,Fone (047) 346-5244, Fax (047) 346-5255,88301-970 Itajaí, SC e Neri SamuelDalenogare, eng. agr., Cart. Prof. 2.400-D,CREA-SC, EPAGRI/Estação Experi-mental de Itajaí, C.P. 277, Fone (047)346-5244, Fax (047) 346-5255, 88301-970Itajaí, SC.

temperatura ambiente e a radiaçãosolar são menos agressivas do que nosmeses de verão.

Mudas para osagricultores

A Estação Experimental de Itajaí -EEI produz e vende mudas de bana-neira das cultivares Grande Naine eNanicão produzidas através damicropropagação vegetativa. O mate-rial apresenta alta qualidade genéti-ca e sanitária e está disponível somen-te mediante encomenda prévia em fun-ção da alta demanda. Além de SantaCatarina, a EEI já vendeu mudas paraSão Paulo, Minas Gerais, Paraná, RioGrande do Sul e até Rio Grande doNorte. Os interessados devem entrarem contato com o eng. agr. Neri SamuelDalenogare através do seguinte ende-reço:

EPAGRI/Estação Experimental deMudas micropropagadas levadas a

campoo

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REFLORESTAR

Canela-lageanaCanela-lageanaCanela-lageanaCanela-lageanaCanela-lageana

Esta espécie tem outros nomes po-pulares como canela-do-brejo, canela-pimenta, caneleira e canela-laranja.Fora do Estado é conhecida tambémcomo canela-preta.

Seu nome científico é Ocoteapulchella Martius, e pertence à famí-lia das lauráceas.

É uma árvore de 20 a 30m de altu-ra apresentando um diâmetro à altu-ra do peito (DAP) em torno de 0,50 a0,80m.

O tronco geralmente é grosso etortuoso com casca grossa, de cor cin-zento-escura e rugosa. As manifesta-ções desta árvore são grossas, tam-bém tortuosas, formando copas am-plas com folhagem verde-apagada.

As folhas são simples, coriáceas,alternas e inteiras com pecíolo curto.Medem comumente entre 5 e 7cm decomprimento e 1,5 e 2,0cm de largura.

As inflorescências são racemosas,geralmente paucifloras ou panicu-ladas, menores que as folhas.

As flores são unissexuadas em ár-vores diferentes (dióicas).

O fruto é uma cúpula hemisférica,de margem simples, íntegra, bagaovóide ou elipsóide, com tamanho deaproximadamente 4 a 5mm de largu-ra e 5 a 6mm de diâmetro.

No planalto esta árvore é geral-mente reconhecida pelo tronco nor-malmente tortuoso, casca rugosa cin-zento-escura, ramificação grossa queforma grande copa não muitodensifoliada com folhagem verde-apa-gada.

A canela-lageana floresce duranteos meses de dezembro a março.

A difusão desta espécie é bastantegrande, dispersa por todo o planaltodo Estado de Santa Catarina, princi-palmente na parte Sul. Também éencontrada nas matas do rio Uruguai.Em muitas áreas do planalto repre-senta o papel da imbuia nas sub-ma-tas de pinhais.

No Brasil ocorre desde o EspíritoSanto até o Rio Grande do Sul. Ocorretambém no Paraguai e Uruguai.

Habita na mata pluvial, no pinhal,no cerrado e na caatinga litorânea emSanta Catarina.

A maior freqüência e quantidadedesta espécie se acha na parte Sul do

Planalto Catarinense, nas submatasmais desenvolvidas dos pinhais, junta-mente com a canela-amarela e a canela-pururuca. Nos pinhais ainda intactoscaracteriza visivelmente a submata pelasua abundância e grandes copadas.Representa, depois do pinheiro, omaior volume em madeiras nos municí-pios de Bom Jardim, São Joaquim,Lages, Curitibanos e Campos Novos.

É uma espécie que não se regeneradentro da mata, por isso parece tra-tar-se de uma espécie que exigeluminosidade. Reproduz-se bem produ-zindo frutos abundantemente. É umaespécie que tem o tronco tortuoso ecurto, e por isso é considerada comomadeira de qualidade inferior.

A madeira da canela-lageana é mui-to semelhante à da canela-preta,sassafrás e sobretudo canela-amarela,apresentando seu lenho em geral ama-relado, duro e pesado. É uma madeiraque resiste a umidade e a bicho, muitoutilizada para taboados em geral, vi-gas, moirões, sarrafos, etc. Não tevegrande aceitação no mercado madeirei-ro, embora abundante na região do Pla-nalto.

EPEPEPEPEPAGRI pesquisa sementesAGRI pesquisa sementesAGRI pesquisa sementesAGRI pesquisa sementesAGRI pesquisa sementesde palmeira-realde palmeira-realde palmeira-realde palmeira-realde palmeira-real

As pesquisas com a palmeira-real--da-austrália estão voltadas para asáreas de produção, sistemas de cultivoe potencial de adaptação em diferentesregiões climáticas. Especificamente naárea de sementes estão sendo conduzi-dos trabalhos de seleção e identificaçãode pomares para coleta de sementes eseleção de plantas matrizes para for-mação de pomares de produção de se-mentes. Além disso estão sendo reali-zados trabalhos que visam determinaras melhores condições de armazena-mento das sementes, uma vez que assementes dessa espécie têm um curtoperíodo de conservação quando arma-zenados em ambiente natural. Algunsresultados preliminares têm mostradoque as sementes permanecem viáveispor um período maior quando conserva-das em temperaturas baixas (5 a 7oC) emisturadas com alguma substância queevite a perda de umidade, como porexemplo a vermiculita. Além dessa téc-nica estão sendo testados imersão em

água, serragem e hidrogel.Em relação ao grau de maturação

das sementes, outros testes estão sen-do realizados para avaliar o melhorestágio para colheita. Os resultadosvêm mostrando que as sementes apre-sentam melhor percentagem de ger-minação quando colhidas bem madu-ras, ou melhor, com a coloração ver-melha ou laranja-intensa.

Palmeira-real-da-austrália(Archontophoenix alexandrae):floração, estipe e bainha foliar

Palmeira-real-da-austrália(Archontophoenix cunninghamiana):

floração, estipe e bainha foliar

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Associativismo de agricultores ajuda a melhorar aAssociativismo de agricultores ajuda a melhorar aAssociativismo de agricultores ajuda a melhorar aAssociativismo de agricultores ajuda a melhorar aAssociativismo de agricultores ajuda a melhorar aqualidade e o rendimento do arroz irrigadoqualidade e o rendimento do arroz irrigadoqualidade e o rendimento do arroz irrigadoqualidade e o rendimento do arroz irrigadoqualidade e o rendimento do arroz irrigado

s mudanças que estão ocorrendorapidamente neste final de sécu-

lo e início do novo milênio obrigam aspessoas a deixarem de lado o individu-alismo e a procurar se unir umas àsoutras, a fim de resistirem à forçaavassaladora da globalização da econo-mia. O associativismo e o coopera-tivismo estão em alta novamente, e naagricultura mais do que nunca. Princi-palmente os pequenos agricultores, paraescapar dos altos custos de produção eda exploração dos grandes grupos eco-nômicos, estão partindo para a organi-zação de projetos solidários, como é ocaso das microusinas de leite, aagroindustrialização caseira, as associ-

ações de produtores agroecológicos,etc.

Um bom exemplo de união e solida-riedade entre produtores rurais vem doLitoral Sul de Santa Catarina, maisprecisamente da pequena cidade deNova Veneza, próxima a Criciúma, eque tem no cultivo do arroz irrigado oseu principal produto econômico. Amaioria dos agricultores do município edas localidades vizinhas são de origemitaliana, como pode ser notado pelosobrenome das famílias : Mandelli, deMatia, Locatelli, Zanzi, Bez, e assimpor diante. Esta origem européia e atradição de trabalho herdada dos pri-meiros imigrantes chegados à região no

final do século passado talvez expli-quem o espírito comunitário de dezenasde famílias pertencentes à Associaçãode Drenagem e Irrigação Santo Isidoro-ADISI , que recentemente juntaramesforços e dinheiro para construir umcanal de irrigação e , inesperadamente,tiveram que também reconstruir umabarragem rompida por uma grandeenchente.

Mutirão e recursospróprios

A maioria das 216 famílias deorizicultores que formam a associação,envolvendo sete comunidades de Nova

A

Exemplo de cooperação: orizicultores do Sul de Santa Catarina constroem canalde irrigação para suas lavouras

Espírito de união, trabalhoconjunto e confiança mútua foi afórmula encontrada por produ-tores de arroz irrigado do Sul deSanta Catarina para vencer umgrande desafio: revestir um anti-go canal de irrigação com tubula-ção moderna de concreto e, aomesmo tempo, reconstruir a bar-ragem destruída por uma en-chente e que lhes garantia a águanecessária para irrigar as lavou-ras. Com ajuda técnica daEPAGRI e financiamento adequa-do, os orizicultores não só au-mentaram a sua disponibilidadede água como também começa-ram a aproveitar melhor as van-tagens das novas cultivares dearroz irrigado lançadas no mer-cado.

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Reportagem e fotos de Paulo Sergio Tagliari

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Veneza e duas do município vizinho deForquilhinha, há muito estavam insa-tisfeitas com a irrigação de suas lavou-ras. O canal que trazia água da barra-gem do rio São Bento (água limpa efresca que vem de serra próxima) nãoconseguia dar vazão suficiente e chega-va pouca água a muitas famílias nofinal do canal, mesmo com o rio cheio. Equando chegava, o volume não era idealpara irrigar o arroz recém plantado.“Limpezas seguidas da vegetação quecresce no canal e a remoção de entulhosnão adiantavam muito”, explicou o en-genheiro agrônomo Donato Lucietti daEPAGRI de Nova Veneza e orientadortécnico dos produtores locais, agregan-do: “por isso decidimos partir para umasolução definitiva, que foi a canalizaçãocom tubos de concreto de 1,2m de diâ-metro”.

O projeto de colocação dos tubos jáera uma reivindicação antiga, e em1992 foi elaborado o primeiro projetoque sofreu modificações, e só em 1995ficou pronto.Com mais de 1km de tubu-lações (o comprimento exato é de1.020m, podendo ser expandido maisno futuro) e com a vazão de 1.900 litros/segundo e declividade de 0,4%, o valortotal do empreendimento contabilizou170 mil reais, sendo que cerca de 35 milreais foram recursos da própria ADISIe o restante foi financiado pela Secreta-ria de Estado do Desenvolvimento Ru-ral e da Agricultura e pelo Ministério doMeio Ambiente, Recursos Hídricos eAmazônia Legal (Figuras 1 e 2). Para seter uma idéia, a rede total de canais queabastece as famílias da associação, eainda sobra para alguns outros vizi-nhos não associados, atinge cerca de110km , sendo 12km do canal principale o restante são ramificações secundá-rias e terciárias. A área cultivadaabrangida pelos canais perfaz 2.100ha.

Mas uma das principais caracterís-ticas do projeto foi a sua construção emregime de mutirão. Em média, de 15 a20 homens revezaram-se entre os me-ses de julho, agosto, setembro e outubrode 1996 para deixar pronta a canaliza-ção, a fim de receber a tão esperadaágua do rio São Bento. Além de ótimosagricultores, os associados da ADISI

revelaram-se bons construtores, esca-vando e alargando a base do canal pararecebimento dos tubos, preparando oleito do canalcom trilhosde madeirar e s i s t e n t epara suportare alinhar ostubos e, final-mente, reali-zando avedação tuboa tubo comargamassa decimento eimpermeabi-lizante.

A n t e smesmo de ini-ciarem as re-formas do ca-

nal, um fato surpreendeu a todos. Asfortes chuvas que caíram em dezembrode 1995 se transformaram em enchen-

Figura 1 - Perfil longitudinal do canal coberto da ADISI

Figura 2 - Secção transversal média do canal da ADISI

Enchente rompe a barragem em dezembro de 1995...

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tes que causaram tragédias e mortes noSul do Estado. A barragem que serviapara derivar água do rio para o canal deirrigação não suportou a força da en-chente e se rompeu. Foi então umacorrida contra o tempo. O dique teriaque ser reconstruído imediatamente,para que na próxima safra houvessegarantia de água para todas as famíliasda associação. Assim, além dos custoscom o canal, os orizicultores tiveramtambém que arcar com a reconstruçãodo dique. Para tanto foi contratada umafirma de engenharia de Criciúma queexecutou o serviço pelo preço de 110 milreais. Com altura máxima de 5,2m eextensão de 42m, a obra foi construídaem concreto, com mais resistência esegurança do que a barragem antiga.Cerca de 35 mil reais foram arrecada-dos através de financiamento do Fundode Desenvolvimento Rural da Secreta-ria de Estado do Desenvolvimento Ru-ral e da Agricultura do governo de San-ta Catarina. O restante do dinheirosaiu do bolso dos produtores. Cada as-sociado teve de pagar R$ 50,00 paracada hectare cultivado de arroz quepossuísse.

“Não foi fácil convencer todos a seengajarem na reconstrução”, conta oagrônomo Donato Lucietti. “Havia dú-vidas, naturalmente, e também riscosenvolvidos, mas conseguimos apoio dopresidente e diretoria da ADISI e dosassociados em geral”, revela, com asatisfação do dever cumprido , o técnicoda EPAGRI.

Todo o esforço e sacrifício dos agri-cultores valeu a pena. O espírito deunião e a confiança no técnico resultouna finalização das obras na época exatapara iniciar o alagamento das quadrasde arroz para a nova safra, a safra daesperança para as 216 famílias daADISI.

Produção e satisfação emalta

O município de Nova Veneza, ape-sar de essencialmente agrícola, ficaencravado numa região que tem tam-bém a mineração, principalmente o car-vão, como importante produto econô-

...a reconstrução é feita desviando-se as águas do rio São Bento

O dique fica pronto em tempo para a irrigação das lavouras de arrozem outubro de 1996

mico. Tendo como pólo a cidade deCriciúma, além da exploraçãocarbonífera, a cerâmica está se desen-volvendo rapidamente, assim como aexploração de jazidas fosfóricas e decal. Mas todo este desenvolvimento mi-neral historicamente tem deixado umalto custo ao meio ambiente. Pratica-mente a maioria dos rios e cursos d'água

no Sul Catarinense estão contamina-dos pela poluição das minas encontra-das na maioria dos municípios da re-gião. Para os orizicultores de NovaVeneza é muito importante manter emboas condições a barragem do rio SãoBento e a canalização que traz a águapraticamente pura da serra vizinha, eque, até ali naquele trecho, não recebe#

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os despejos tóxicos das minas.Para o cultivo do arroz irrigado é

fundamental ter água em abundância equalidade. Não é à toa que Nova Venezase destaca na produtividade de arroz,tendo evoluído de 2.600kg/ha na safra1980/81 para 5.800kg/ha na última co-

lheita de 1995/96, um incremento de123%.

Segundo informam os técnicos daEPAGRI local Donato Lucietti e Pauloda Costa Nunes, para este ano o rendi-mento pode ainda subir mais um pouco,e atingir 6.000kg/ha. Eles lembram que,

devido às novas tecnologias geradas edifundidas pela EPAGRI, com desta-que para as cultivares de alta produti-vidade e qualidade desenvolvidas pelapesquisa catarinense, o Estado tem hojeo melhor rendimento na-cional, e emmuitas lavouras já se atinge 10 mil oumais quilos por hectare, semelhante àsmelhores performances mundiais en-contradas na Itália e Japão. NovaVeneza cultiva cerca de 5.000ha do ce-real, com uma produção de 30 mil tone-ladas ou 600 mil sacos do produto. Aopreço de R$ 10,53 o saco (preço mínimoatual - março 97), o município vai fatu-rar só na lavoura de arroz (tambémproduz milho, leite, fumo, batatinha,suínos) a cifra de 6 milhões de reais.

Quem está satisfeito com esta si-tuação é o produtor Evaristo Duminelli,da comunidade de São Bento Alto, umdos primeiros a receber a água nonovo canal. Cultivando cerca de 10hade arroz irrigado, ele utiliza três culti-vares recomendadas pela EPAGRI,quais sejam EPAGRI 107, EPAGRI 108e EPAGRI 109, esta última lançadarecentemente no mercado. No ano pas-sado Evaristo conseguiu o ótimo rendi-mento de 148 sacos/ha (7.400kg/ha) epara esta nova safra espera tirar 150sacos na mesma área. “Sob a orien-tação do agrônomo Donato instaleinesta safra uma unidade demons-trativa desta nova cultivar, a 109, epelo que constatei este material possuiboa qualidade e ótimo rendimento”,garantiu o produtor. Ele foi um dosagricultores que ajudou a construir anova canalização: “Nós conseguíamoscolocar de 80 a 90 tubos/dia. Está-vamos torcendo para terminar a obrano prazo correto. Eu me lembro clara-mente, a primeira aguada ocorreu nodia 5 de outubro de 1996”, conta orgu-lhoso o agricultor e comenta ainda, “an-tes a água não tinha tanta declividadee força, entrava muita sujeira e galhosno canal, o próprio capim das valastrancava”. Ademir Locatelli, da comu-nidade de Rio Cedro Médio, que fica nomeio do canal, também está contentecom a obra, “não tive mais problemas,valeu o sacrifício”, confessa o produtorque planta 10ha de arroz, sendo 3 ar-

Novas cultivares de arroz irrigado lançadas pela EPAGRI elevama produtividade da cultura no Estado

Evaristo Duminelli com o filho e técnico Donato Lucietti em frente à lavouraplantada com a EPAGRI 109

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produção. A família detém uma dasmais altas produtividades do municí-pio: 160 sacos ou 8.000kg/ha. Alémda cultivar EPAGRI 107, nestaúltima safra passaram a utilizar a 108,e para a próxima já estão preparandoa EPAGRI 109, que testaram com su-cesso na unidade demonstrativa ins-talada pelos técnicos da EPAGRI.

Para os orizicultores localizados nofinal do canal, a tubulação de concretofoi literalmente “a salvação da la-voura”.Assim é o que pensam os cunhados esócios Felício Mandelli e João Zanzi dacomunidade de Linha Reta, e queplantam, entre área própria e arrenda-da, cerca de 85ha de arroz, comrendimento médio de 140 sacos(7.000kg/ha). Possuem silo próprio comcapacidade de 30 mil sacos, e confes-sam: “Para nós a obra melhorou 100%.No início o pessoal não acreditava,mas hoje todos apóiam”.

Apoio era o que mais precisavaAlberto Ranacoski, o Betão, atualpresidente da ADISI, e um dos quemais lutou para convencer os associa-dos na nova empreitada. “Tivemos pro-blemas sérios internamente na associ-ação”, revela Betão, “mas conseguimossuperar as dificuldades e hoje sinto queos associados estão mais unidos, o espí-rito de coesão e satisfação é bem maior”,aponta. Alberto ressalta alguns deta-lhes do empreendimento: “Os nossosrecursos hídricos não eram suficientes,com este canal conseguimos melhorar avazão e dobrar a capacidade de capta-ção da água. A prova dos nove fizemosquando iniciamos o plantio em outubrodo ano passado. Era tempo de seca,choveu na serra, mas não nas lavouras,mesmo assim a água veio pelos tubos eirrigou as quadras de todos os associa-dos”. “Aprendemos uma grande lição, aunião faz a força, e melhoramos tam-bém o nosso conhecimento sobre o ma-nejo da água, o que nos forçou tambéma usar melhor nossos recursos, semdesperdiçar”, fina-liza.

A família de Matia reunida no armazém: irrigação melhorou 70% a produção

Alberto Ranacoski, o presidente da ADISI, na colheita de sua lavouraem março de 1997

rendados. A cultivar semeada em sualavoura é a EPAGRI 107, e espera co-lher cerca de 130 sacos (6.500kg/ha)nesta safra. Também na região domeio fica a família de Matia formadapor quatro irmãos: Valmir, Martins,Paulo e Valdecir, tendo ainda a ajudados filhos do Martins, Eusébio e Egídio.

Com tanta gente assim, eles resol-veramjuntar esforços e criaram o Condomíniode Armazenagem Santo Isidoro, quefaz a secagem e guarda do arroz dafamília e de outros sócios, possibili-tando a espera de bom preço nacomercialização. Para os de Matia, anova irrigação melhorou 70% a

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

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PublicaçãoPublicaçãoPublicaçãoPublicaçãoPublicaçãoda Fda Fda Fda Fda FAOAOAOAOAO

A FAO está lançando um novodocumento intitulado Rentabili-dade na Agricultura: com maissubsídio ou com maisprofissionalismo?

Esta nova publicidade incluientre outros os seguintes temas:

• Um terrível dilema: agri-cultor muito eficiente ou ex-agri-cultor.

• Eficiência: se não é possívelalcançá-la com mais recursos énecessário fazê-lo com maioresconhecimentos.

• Os agricultores deverão exi-gir do Estado conhecimentosemancipadores ao invés de men-digar paliativos perpetuadores dedependências.

• A inadequada formação ecapacitação (tecnológica, geral eorganizacional) que se proporcio-na aos agricultores e/ou seus em-pregados costuma causar maisdanos econômicos ao negócio agrí-cola do que a falta de crédito,subsídios e medidas protecionis-tas.

Os interessados podem soli-citar este documento à OficinaRegional da FAO para AméricaLatina e Caribe, cujo endereço éCasilla 10.095, Santiago, Chile,Fax (562) 696-1121. E-mail:[email protected]

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O desempenho da cultura doarroz irrigado em Santa Catarinatem sido um dos marcos da tecno-logia agropecuária. A produtivi-dade e qualidade do cereal já atin-ge os mais altos níveis mundiais,e o rendimento médio perto de6t/ha lidera o ranking brasileiro.Mas para atingir este nível foi ne-cessário muito trabalho de pes-quisa e assistência técnica, alia-do ao apoio e à parceria de produ-tores e empresas rurais catari-nenses.

Recentemente a empresa Ur-bano Agroindustrial, de Jaraguádo Sul, doou para a Unidade deBeneficiamento de Sementes daEstação Experimental de Itajaí

um moderno secador de arroz comcapacidade estática de 200 sacos, oque quadruplicou o volume de se-cagem da Unidade. Isto tem propi-ciado uma sensível economia decombustível, eletricidade e mão-de--obra, refletindo numa melhoriada eficiência da colheita. Para seter uma idéia, com o antigo secadorda Estação, que possuía capacida-de de 50 sacos, levava-se, em mé-dia, 40 dias para colher as semen-tes básicas da pesquisa, com per-das de qualidade e altos custos paraa EPAGRI.

A Urbano Agroindustrial é umadas maiores empresas no ramo debeneficiamento de arroz em SantaCatarina. Ciente das dificuldadesda pesquisa e acreditando na se-mente básica como insumo propul-sor da qualidade da matéria-pri-ma, vem, com esta doação, benefi-ciar, além da EPAGRI, os diversosprodutores de sementes de altaqualidade, não só para Santa Ca-tarina, mas também para outrosEstados da federação.

Projeto ambientalProjeto ambientalProjeto ambientalProjeto ambientalProjeto ambientalajuda crianças eajuda crianças eajuda crianças eajuda crianças eajuda crianças e

jovens do Alto Vjovens do Alto Vjovens do Alto Vjovens do Alto Vjovens do Alto Valealealealealedo Itajaído Itajaído Itajaído Itajaído Itajaí

A proteção e cuidados às crian-ças nas cidades brasileiras deixamuito a desejar. O que se vê muitosão crianças e jovens sem escolas,abandonados pelos pais, jogados àmarginalidade, infelizmente. En-tretanto, belíssimos trabalhos poreste Brasil afora apostam no apoioa estes futuros cidadãos. Um proje-to pioneiro, que alia o trabalho àeducação, está sendo desenvolvidono pequeno e tranqüilo municípiode Petrolândia, no Alto Vale doItajaí, em Santa Catarina. De eco-nomia basicamente agrícola, comdestaque para a cebola, milho efumo, a localidade resolveu inovarno setor de educação e agricultura.Crianças e adolescentes de dez acatorze anos, ao invés de ficaremperambulando nas ruas antes oudepois da escola, agora têm umaocupação produtiva a cumprir. Soba orientação de um técnico agrope-cuário e de uma assistente socialda prefeitura, cerca de 20 criançasparticipam do Projeto Arco Íris,que tem na educação ambiental edisciplina para o trabalho a filoso-fia que permeia o empreendimen-to. Quem coordena esta iniciativa é

a Associação de Pais e Amigos dasCrianças e Adolescentes dePetrolândia - APACAP.

Basicamente o projeto consistede uma horta ecológica comunitá-ria onde são produzidos, além dehortaliças, plantas ornamentais,flores, temperos e ervas medici-nais, sem agrotóxicos e sem adubosquímicos solúveis. O terreno, doa-do pela prefeitura, fica ao lado doParque Municipal de Exposições,que, como estava abandonado, ago-ra toma novo fôlego e começa areceber ampliações, incentivadopelas ações do Projeto Arco Íris.Além de trabalharem na hora, ascrianças recebem alimentação (caféda manhã, almoço, café da tarde) erecebem também orientação nosseus temas escolares. Uma daspróximas etapas do Projeto étreinar as meninas em arte culiná-ria e instalar uma pequena pada-ria. Também está prevista a cria-ção de bovinos em moldesagroecológicos.

Marcelo Farias, o orientadortécnico, explica que os jovens apren-dem técnicas alternativas aosagroquímicos, tais como osbiofertilizantes, coquetéis, aduba-ção verde e a compostagem evermicompostagem. Os produtoscolhidos são vendidos localmente,e com o dinheiro arrecadado o gru-po investe na melhoria das instala-ções e equipamentos. Neste senti-do está prevista para breve a cons-trução de um refeitório e de umcampo de futebol. Além da comuni-dade organizada e da Prefeitura,outras entidades ajudam tambémo projeto. A EPAGRI já doou se-mentes e orientou na construçãoda fonte tipo Caxambu que propi-cia a utilização de água limpa parairrigação da horta.

Quem estiver interessado emmais informações sobre o ProjetoArco Íris pode contatar a Prefeitu-ra de Petrolândia pelo fone (047)836-1151.

Santa CatarinaSanta CatarinaSanta CatarinaSanta CatarinaSanta Catarinasedia eventosedia eventosedia eventosedia eventosedia eventonacional denacional denacional denacional denacional deolericulturaolericulturaolericulturaolericulturaolericultura

As novas tecnologias e tendên-cias no campo da olericultura se-rão debatidas no X Encontro SulBrasileiro de Olericultura e VIIEncontro Sul Brasileiro dePlasticultura, a ser realizado em

Tubarão, SC, no período de 24 a27 de junho de 1997. Temas atu-ais como o cultivo protegido, plan-tas ornamentais, flores, plantasmedicinais, condimentos e pro-dução orgânica de hortaliças se-rão alguns dos destaques do even-to que terá ainda como assuntosrelevantes o controle integradode doenças em hortaliças, desin-fecção do solo, produção de mu-das de alta qualidade e olericul-tura no Sul do Brasil eMERCOSUL, entre outros.

A promoção do evento é daSociedade de Olericultura do Bra-sil, e a realização está a cargo daAEASC - Núcleo Regional de Tu-barão, Unisul, ATASC-Núcleo doVale do Braço do Norte, Secreta-ria de Estado do Desenvolvimen-to Rural e da Agricultura de SC(EPAGRI, CIDASC, CEASA eICEPA), SEAGRO, CREA/SC,Ministério da Agricultura e doAbastecimento/DFA-SC e Pre-feitura Municipal de Tubarão,SC.

Para inscrições e/ou informa-ções, favor dirigir-se à Rua SãoJosé, 45, Fone/Fax (048) 626-0588/626-0577, 88701-260 Tuba-rão, SC. O endereço na Internet éhttp://www.unisul.rct-sc.br.

Seminário sobreSeminário sobreSeminário sobreSeminário sobreSeminário sobreprodução orgânicaprodução orgânicaprodução orgânicaprodução orgânicaprodução orgânica

de alimentosde alimentosde alimentosde alimentosde alimentos

A produção e comercializaçãode alimentos orgânicos ou tam-bém chamados de ecológicos estáganhando uma dimensão nuncaantes atingida. A preferência dosconsumidores por produtos semagrotóxicos e os elevados custosde produção da lavoura tradicio-nal estão forçando os agriculto-res a buscarem outras alternati-vas, mais viáveis do ponto de vis-ta econômico, social, técnico e am-biental. Em Santa Catarina, aprodução agroecológica está to-mando vulto, com diversas expe-riências espalhadas por quasetodo o Estado, sendo desenvolvi-das basicamente por pequenosprodutores. Dada a crescente im-portância desse segmento e a de-manda dos agricultores portecnologias agroecológicas, aEPAGRI, através do Programade Pesquisa e Extensão de Horta-liças, Plantas Ornamentais e Me-dicinais, organizou, no dia 29 deabril p.p., o I Seminário sobre

FLASHES

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Agrop. catarinense, v.10, n.2, jun. 1997 47

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milhão de toneladas no Estado).Levantamentos da EMBRAPA in-dicam que a área infestada, emtodo o Brasil, é de em torno de 1,7milhão de hectares, sobre uma áreatotal de 11,7 milhões de hectares.

Em Minas Gerais só ocorre araça 3 do nematóide de cisto, o quesignifica que a nova variedade re-solve o problema dos agricultoresmineiros. A mesma raça se encon-tra no Paraná e em São Paulo. Emtodo o Brasil a raça 3 é predomi-nante, embora em Mato Grosso doSul, Mato Grosso e Goiás existemoutras raças também, enquantoque no Rio Grande do Sul só háocorrência da raça 6.

Além de resistente aonematóide de cisto, a “Renascen-ça” apresenta produtividade 8% su-perior às cultivares atualmenteusadas. Ela é resistente também aoutras doenças, como o cancro dahaste, a mancha olho-de-rã, apústula bacteriana e o oídio.

A nova cultivar foi desenvolvi-da pela EMBRAPA e pela EPAMIGem apenas cinco anos, fato inéditono mundo, em se tratando de tra-balho de melhoramento genético.Nos Estados Unidos, a primeiracultivar resistente a essa doençalevou doze anos para ser lançadano mercado.

O trabalho de pesquisa foi feitopela EMBRAPA e pela EPAMIG,em parceria com a Fundação deApoio à Pesquisa do Triângulo eAlto Paranaíba, Associação dosProdutores de Sementes de MinasGerais e a Cooperativa AgrícolaMista de Iraí-Copamil.

A solenidade de lançamento dasoja “Renascença” ocorreu em Iraíde Minas (Região do Triângulo), noinício de abril, com as presenças doministro da Agricultura e do Abas-tecimento, Arlindo Porto e do pre-sidente da EMBRAPA, AlbertoDuque Portugal.

Texto do jornalista Jorge Reti,da EMBRAPA-Sede, fone (061)348-4379.

Guia de construçõesGuia de construçõesGuia de construçõesGuia de construçõesGuia de construçõesruraisruraisruraisruraisrurais

Instalações adequadamenteprojetadas, construídas com mate-riais duráveis e de fácil manuseio,que facilitem a limpeza e otimizemo aproveitamento da mão-de-obra,são indispensáveis para que obovinocultor possa produzir leite ecarne de melhor qualidade. Pen-sando nisso, a Associação Brasilei-

ra de Cimento Portland-ABCP estádedicando o terceiro volume doGuia de construções rurais à basede cimento ao tema.

Intitulado Benfeitorias paraBovinocultura, o fascículo descre-ve as características e vantagensdas principais benfeitorias neces-sárias à criação de gado de leite ecorte, que podem ser construídascom materiais à base de cimento.Informações sobre o projeto, com-pra dos materiais ou pré-moldadosnecessários, construção, instalaçãoe montagem são itens abordadosde forma a proporcionar economiae durabilidade.

“Benfeitorias para bovinocul-tura” é dividido em três grandestemas: “gado de leite”, onde sãoabordados os sistemas de criação:extensivo, semi-intensivo e inten-sivo, bem como as principaisbenfeitorias necessárias: estábu-los de ordenha e galpões deestabulação livre; “gado de corte”,que engloba os sistemas de cria-ção; e “benfeitorias de uso comum”,que ensina a construir currais,cochos, bebedouros, bretes,carrapaticidas e reservatórios deágua.

ConselhosConselhosConselhosConselhosConselhoscomunitárioscomunitárioscomunitárioscomunitárioscomunitários

receberão máquinasreceberão máquinasreceberão máquinasreceberão máquinasreceberão máquinase implementose implementose implementose implementose implementos

agrícolasagrícolasagrícolasagrícolasagrícolas

As famílias rurais de Urupemaestão organizadas através dos Con-selhos de Desenvolvimentos Comu-nitários-CDCs, que são entidadesde direito privado, mas que têm afinalidade principal de integrar efortalecer as ações comunitárias,como agentes de seu próprio desen-volvimento, em estreita colabora-ção com os órgãos públicos. Nomunicípio existem cinco CDCs(Urupema, Bossoroca, Rio dosTouros, Cedro e Cedrinho), aosquais encontram-se associados94% dos produtores rurais deUrupema.

A presença dessas entidadesem ações que envolvemdescentralização administrativa,planejamento participativo e orga-nização comunitária já se tornoutradição em Urupema, tanto quepela terceira gestão consecutivaestão alinhadas na busca perma-nente do progresso local.

Dentro dessa proposta de tra-

balho co-participativo, entre ou-tras funções cabe aos CDCs aadministração de todas as má-quinas agrícolas da PrefeituraMu-nicipal, que são cedidas aosmesmos através de convênios.Para ampliar essa cooperação,foi dado início ao processo dereestruturação das patrulhasagrícolas cedidas a essas entida-des. Assim, recentemente foramadquiridos mais uma batedeirade grãos com pneus e um secadorde cereais, sendo esse secador oprimeiro a ser instalado emUrupema. Nos dias 5 e 6 de marçoo prefeito Aureo Ramos de Souzaviajou a Florianópolis para assi-nar convênio com o BADESC novalor de R$ 88.130,00, para aqui-sição das seguintes máquinas eimplementos a serem adquiridos:dois conjuntos de irrigação, umtrator agrícola, um braçovaletador, duas plantadeiras debatata, dois secadores de cereais,duas roçadeiras, um arado rever-sível e um distribuidor de calcário.Todos esses bens também serãocedidos para a administração dosCDSs.

Esse sistema de organizaçãocomunitária, adotado desde 1989por Urupema, tem despertado aatenção de diversas outras pre-feituras, sendo que algumas es-tão adaptando as suas realidadese adotando sistemática semelhan-te de trabalho, segundo informa oengenheiro agrônomo Ulisses deArruda Córdoba, Secretário Mu-nicipal de Agricultura e MeioAmbiente.

EMBRAPEMBRAPEMBRAPEMBRAPEMBRAPAAAAAdesenvolvedesenvolvedesenvolvedesenvolvedesenvolvesoftwaressoftwaressoftwaressoftwaressoftwares

Já estão disponíveis mais doissoftwares desenvolvidos pelaEMBRAPA Suínos e Aves:

Prosuino - programa de com-putador destinado a calcular ra-ções com vários ingredientes cujascomposições químicas estão em-butidas no programa. As raçõescalculadas são de mínimo custo.O programa destina-se preferen-cialmente a extensionistas e pro-dutores com conhecimento bási-co em computação. A vantagemdiferencial é que esse programa éde simples operação não necessi-tando o usuário deter conheci-mentos de programação linearnem de nutrição. Não existe pro-

Produção Or-gânica de Alimen-tos, tendo por local a EstaçãoExperimental de Itajaí.

O evento, que teve a partici-pação de técnicos da EPAGRI,ONGs, prefeituras, entre outros,objetivou discutir a Certificaçãode Produtos Orgânicos (Selo Ver-de) e a formação de um ComitêTécnico Estadual. Este Comitêserá formado por representantesdos produtores, consumidores,ONGs, comerciantes, universi-dades e a pesquisa e extensãooficial. A função do Comitê Esta-dual será, a princípio, de coorde-nar e deliberar sobre a certificaçãode alimentos orgânicos em SantaCatarina, prevendo-se também acriação de comitês regionais. Ou-tras reuniões serão realizadaspara envolver demais entidadesque trabalham com produção or-gânica e que apresentem maispropostas para aperfeiçoamentodo processo de Certificação Orgâ-nica no Estado.

EMBRAPEMBRAPEMBRAPEMBRAPEMBRAPA lançaA lançaA lançaA lançaA lançaprimeira variedadeprimeira variedadeprimeira variedadeprimeira variedadeprimeira variedadede soja resistentede soja resistentede soja resistentede soja resistentede soja resistente

ao nematóideao nematóideao nematóideao nematóideao nematóide

A primeira variedade de sojaresistente ao nematóide do cisto -uma das mais sérias ameaças àslavouras brasileiras - acaba deser lançada pela Empresa Brasi-leira de Pesquisa Agropecuária-EMBRAPA e pela Empresa dePesquisa Agropecuária de MinasGerais-EPAMIG.

Desde o seu aparecimento, em1992, o nematóide do cisto já cau-sou prejuízo de milhões de dóla-res aos agricultores do Paraná,Rio Grande do Sul, São Paulo,Mato Grosso do Sul, Minas Ge-rais, Mato Grosso e Goiás. A vari-edade agora lançada, chamadade “Renascença” (ou MG/BR-54),é resistente ao nematóide de cistoda raça 3 e é recomendada para oEstado de Minas Gerais. Cultiva-res para os outros Estados estãosendo desenvolvidos pelaEMBRAPA e em breve estarão nomercado.

Em Minas Gerais em tornode 25% das lavouras foram infes-tadas na safra 1995/1996, comum prejuízo, só nesse Estado, decerca de R$ 61 milhões, cor-respondentes a 235 mil tonela-das (sobre uma produção de 1 #

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grama similar no país. Pode serrepassado por associações de pro-dutores.

Atepros - software destina-do à administração técnico-eco-nômica de propriedadessuinícolas de pequeno, médio egrande porte. De simples opera-ção, a vantagem do programa éque gera importantes índices téc-nicos necessários para ogerenciamento da atividade, po-dendo inclusive ser usado em con-domínios.

Texto de Tânia MariaGiacomelli Scolari. EMBRAPASuínos e Aves.

Campo Mourão:Campo Mourão:Campo Mourão:Campo Mourão:Campo Mourão:estrangeirosestrangeirosestrangeirosestrangeirosestrangeiros

disputam sojadisputam sojadisputam sojadisputam sojadisputam sojaproduzida semproduzida semproduzida semproduzida semproduzida sem

agrotóxicosagrotóxicosagrotóxicosagrotóxicosagrotóxicos

A soja que é produzida sem autilização de agrotóxicos namicrobacia ambiental integradado Rio do Campo, em CampoMourão, PR, já está sendo procu-rada por importadores de paísesdesenvolvidos para atender con-sumidores mais exigentes. Japo-neses que visitaram a área ofere-ceram até 30% acima do preçopraticado no mercado nacionalpela oleaginosa ali produzida.

A soja produzida sem a utili-zação de agrotóxicos chega a va-ler 7 dólares a mais, por saca, nomercado internacional.

Recentemente foi implanta-do o Centro de Monitoramento daMicrobacia do Rio do Campo.

Cultivo protegidoCultivo protegidoCultivo protegidoCultivo protegidoCultivo protegidode moranguinhode moranguinhode moranguinhode moranguinhode moranguinho

Uma parceria exitosa entre aEPAGRI e o Supermercado An-geloni está trazendo benefíciospara produtores e consumidoresde moranguinho da região deAnitápolis, Rancho Queimado,Blumenau e Tubarão. A EPAGRIfornece orientação técnica paraos fornecedores do Angeloni,que passaram a adotar o chama-

do cultivo protegido. Neste sistematúneis de plástico e arcos funci-onam como um guarda-chuva, as-segurando às plantas um ambien-te mais saudável, o que permitereduzir a necessidade de aplica-ção de produtos químicos.

Isto é particularmente impor-tante na produção de moranguinho,pois esta é uma das hortaliças maissuscetíveis a doenças, e pelo fato deser ingerido cru, os riscos da açãoresidual dos produtos químicossão muito grandes.

O mais importante deste siste-ma de parceria é o envolvimento doAngeloni com a comunidadeabastecedora, a qual tem se mos-trado receptiva à orientação daEPAGRI e assumido seu papel nabusca de uma melhor qualidade devida e de um meio ambiente menospoluído.

EMBRAPEMBRAPEMBRAPEMBRAPEMBRAPAAAAAcomemora 24 anoscomemora 24 anoscomemora 24 anoscomemora 24 anoscomemora 24 anos

lançando dezenas delançando dezenas delançando dezenas delançando dezenas delançando dezenas deprodutos eprodutos eprodutos eprodutos eprodutos etecnologiastecnologiastecnologiastecnologiastecnologias

A Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária - EMBRAPA,vinculada ao Ministério da Agri-cultura e do Abastecimento, come-mora 24 anos lançando 21 novascultivares, 8 livros, 24 vídeos, 3equipamentos, 1 CD-ROM, 3softwares, 2 processos de produçãoe 3 novos mecanismos de transfe-rência de tecnologia. Além disso,assina convênio com a Superinten-dência de Desenvolvimento daAmazônia - SUDAM e com a Asso-ciação de Produtores de Sementesdo Distrito Federal - APRAS e ho-menageia pesquisadores que sedestacaram por seu trabalho e aFinanciadora de Estudos e Proje-tos - FINEP.

O presidente da EMBRAPA,pesquisador Alberto Duque Portu-gal, diz que as novidades fazemparte do esforço da Empresa “nosentido de aumentar a produ-tividade dos setores agropecuárioe florestal brasileiros, reduzir cus-tos e ajudar o país a ampliar aoferta de alimentos, conservandoos recursos naturais e o meio am-biente”.

A EMBRAPA é hoje a maisimportante empresa de pesquisado mundo em agropecuária tro-pical. Sua equipe técnica contacom 2.090 pesquisadores, a grandemaioria com doutorado e mestra-do, atuando em 39 centros depesquisa distribuídos em todo oBrasil. A Empresa pesquisa cente-nas de produtos diferentes e jágerou milhares de novas tecnologi-as.

Apenas em 1996, a Empresalançou 1.071 novas tecnologias,produtos e processos. Nos últi-mos cinco anos, seus técnicos pu-blicaram 5.900 artigos, atenderam353 mil consultas e visitas técnicase deram 12.824 palestras. No mes-mo período, a EMBRAPA pro-moveu 2.284 cursos e 2.155 diasde campo. A média de atendi-mentos de técnicos, produtores eestudantes por ano é de 24 milpessoas.

Alberto Duque Portugal reve-la que uma das novidades da Em-presa é o projeto piloto do novoserviço de franqueamento que daráacesso a um escritório virtual deassistência técnica e planejamentorural. Trata-se da Rede Embrapade Informação Tecnológica - REIT.“Por intermédio de um sistema on-line, técnicos credenciados terãoinformações da EMBRAPA, viaInternet, sobre qualquer assuntoreferente às ativida-des do agronegóciopesquisadas pelaEmpresa, diz Portu-gal. Pesquisadoresresponderão às dúvi-das individualmen-te e as informaçõespassam a fazer par-te de um banco dedados instantâ-neo. Caso o proble-ma não tenha solu-ção conhecida, passa-rá a ser tema de pes-quisa. A primeiraetapa beneficiará osetor de gado de leite.

Entre as outrasnovidades, estão oprimeiro equipamen-to nacional para con-gelar embriões em ní-vel de campo, aVideoteca Rural, va-riedades e cultivaresmais produtivas e re-

sistentes a doenças de arroz, gi-rassol, trigo, algodão, sorgo, mi-lho, caju, pêssego, nectarina,araçá e uva sem semente.

EMBRAPEMBRAPEMBRAPEMBRAPEMBRAPA teráA teráA teráA teráA teráclone bovinoclone bovinoclone bovinoclone bovinoclone bovino

em 98em 98em 98em 98em 98

Depois de desenvolver a téc-nica de fecundação in vitro, quedeu origem ao primeiro zebuínode proveta do mundo, e da punçãofolicular, que permite gerar deuma única vaca, em um ano, até36 bezerros, a EMBRAPA obteráem 1998 os primeiros bezerrosre-sultantes de clonagem. Em1997 os embriões serãoreconstruídos e transferidos paramães de aluguel. A técnica é amesma que gerou a ovelha “Dolly”na Escócia, com a diferença deque a origem será células embri-onárias e não de animal adulto.O objetivo é au-mentar a produ-ção e melhorar a qualidade dosrebanhos, pela multiplicação deanimais de alto valor genético, eauxiliar em programas de pre-servação de animais em vias deextinção. (EMBRAPA RecursosGenéticos e Biotecnologia).

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BiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologia

Técnicas assépticas para limpeza de bulbos deTécnicas assépticas para limpeza de bulbos deTécnicas assépticas para limpeza de bulbos deTécnicas assépticas para limpeza de bulbos deTécnicas assépticas para limpeza de bulbos dealgumas ornamentais cultivadas algumas ornamentais cultivadas algumas ornamentais cultivadas algumas ornamentais cultivadas algumas ornamentais cultivadas in vitroin vitroin vitroin vitroin vitro11111

1. Extraído da tese de doutorado do autor.

o cultivo de tecidos de explantesprocedentes de bulbos, rizomas e

estolões são, com freqüência, encontra-das altas taxas de contaminação causa-das por bactérias, fungos ou outros or-ganismos (1). A desinfecção de materi-ais vegetais contaminados pormicroorganismos do solo é sempre difí-cil e aleatória. Para bulbosas ornamen-tais, a saber, Hyacinthus amethystina(jacinto), Tulipa gesneriana (tulipa), Irishollandica (íris) e Narcissus hybrids(narciso), como em todas as bulbosasem geral, um dos maiores obstáculosquando se pretende sua propagaçãoatravés de técnicas de cultivo in vitro éeleger a metodologia adequada paraassepsia dos bulbos.

Numerosas tentativas para dimi-nuir a contaminação em bulbos de algu-mas cultivares de Narcissus ‘GoldenHarvest’ foram realizadas (2). Depoisde tratar os explantes com hipocloritode sódio a 1% por 30 minutos, por 2horas ou em dupla desinfecção, não seconseguiu reduzir a contaminação dasescamas dos bulbos abaixo dos 40%. Otratamento dos bulbos com água quen-te a 54oC, por 1 a 3 horas, antes dautilização do hipoclorito de sódio, redu-ziu a contaminação a 5%, enquanto quea regeneração dos bulbos não foi afeta-da. Contudo, em um ensaio de assepsiacom Narcissus cultivar Salomé eNarcissus confusus Pugaley (3), foiconseguida grande eficiência quando setrataram os bulbos com água a 54oC por1 hora, mas este efeito positivo naassepsia se converteu em efeito negati-vo quanto à resposta organogênica, atal ponto que só houve regeneração nos

bulbos não tratados.Com a finalidade de estabelecer um

procedimento de assepsia para a intro-dução em cultivo in vitro de jacinto,tulipa, íris e narciso, com especial ênfa-se a jacinto, se levou a cabo uma série deensaios. Os trabalhos foram realizadosem 1992, no laboratório de biotec-nologia da Escola Técnica Superior deEngenheiros Agrônomos da Universi-dade Politécnica de Madri, Espanha.

Metodologias e discussões

Foram usadas cinco metodologiasdistintas de desinfecção de bulbos. Emtodas elas, os bulbos foram armazena-dos previamente em câmara fria a 4oC,sendo que para os ensaios os bulbosforam partidos e foram descartadas asescamas mais externas e mais inter-nas, fazendo-se uso das intermediárias(4). As partes divididas dos bulbos fo-ram lavadas ligeiramente com sabãodoméstico a 20% e logo enxaguadas emágua corrente durante 60 minutos. Onúmero de explantes usados por trata-mento foi de 50, e a avaliação foi feitaaos 75 dias de cultivo, sendosubcultivados a cada 25 dias, exceçãofeita ao ensaio com miconazol, no qualo número de explantes foi de 54 e aavaliação foi feita aos 60 dias comsubcultivo aos 30 dias. Foram conside-rados nos resultados os explantes viá-veis, não contaminados e vivos. O meioutilizado para cultivo foi o MSsuplementado com 5,37 µM de ANA(ácido naftalenoacético) e 2,22 µM deBA (6-benzilaminopurina) (5).

Os métodos de assepsia ensaiados,

com os respectivos resultados e discus-sões, estão listados abaixo. As espéciesensaiadas foram Hyacinthusamethystina (jacinto), Tulipagesneriana (tulipa), Iris hollandica (íris)e Narcissus hybrids (narciso).

Ensaio 1 - Assepsia de jacinto,tulipa, íris e narciso com álcool eágua sanitária comercial - Fase 1

A assepsia dos bulbos constou dasseguintes etapas:

a) manutenção dos bulbos por umperíodo mínimo de quatro semanas emcâmara fria a 4oC de temperatura e emescuridão;

b) divisão do bulbo, tirando as esca-mas externas e internas, o ápice e abase do bulbo, aproveitando as esca-mas intermediárias;

c) imersão destas escamas interme-diárias em solução aquosa com deter-gente comercial de cozinha líquido (lim-pa louças) em proporção de 20%;

d) lavagem com água destilada por60 minutos;

e) aplicação dos tratamentos da Ta-bela 1;

f) três lavagens sucessivas com águadestilada estéril durante 5 minutos cadauma, para eliminar o resto da águasanitária comercial. As escamas per-maneciam no último banho até sua uti-lização.

A análise dos dados da Figura 1permite verificar que a concentração etempo de imersão em álcool pouco afe-tou a assepsia dos bulbos. Para as qua-tro espécies estudadas, de maneira ge-ral, os tratamentos mais eficazes fo-

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Mario Angelo Vidor

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BiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologia

diárias em álcool a 80% por 1 minuto;seguiu-se imersão em solução aquosade água sanitária comercial a 20% maisalgumas gotas de tween 20; foram tes-

Tabela 1 - Tratamentos assépticos com álcool e água sanitária comercial - Fase 1

Álcool Tempo em Concentração de Tempo emTratamento (% em álcool água sanitária água sanitária

volume) (s) (% em volume) (min.)

1 85 30 10 152 85 30 10 253 85 30 20 154 85 30 20 255 85 30 40 156 85 30 40 257 85 120 10 158 85 120 10 259 85 120 20 15

10 85 120 20 2511 85 120 40 1512 85 120 40 2513 50 30 10 1514 50 30 10 2515 50 30 20 1516 50 30 20 2517 50 30 40 1518 50 30 40 2519 50 120 10 1520 50 120 10 2521 50 120 20 1522 50 120 20 2523 50 120 40 1524 50 120 40 25

ram os denominados 4, 9, 10, 16, 21 e22, independente da concentração e tem-po de imersão em álcool e tempo deimersão em água sanitária, mas comuma concentração desta de 20%. Osmétodos de assepsia permitiram obterem jacinto em torno de 45% de explantesviáveis; em narciso e íris, em torno de32% de explantes viáveis, e em tulipaem torno de 12% de explantes viáveis,mas que não se regeneravam.

A eficiência na metodologia podevariar dependendo do material de par-tida. Resultados satisfatórios foramobtidos por inúmeros autores que utili-zaram tempos e concentrações de ál-cool e água sanitária semelhantes aosempregados neste trabalho, conseguin-do até 85% de bulbos desinfestados (4 e6).

Com objetivo de melhorar os resul-tados obtidos neste ensaio, resolveu-seexperimentar distintos tempos deimersão em água sanitária, como sepode ver no ensaio 2.

Ensaio 2. Assepsia de jacinto,tulipa, íris e narciso com álcool eágua sanitária comercial - Fase 2

Com base nos resultados obtidos noensaio anterior - fase 1 - e utilizando omesmo procedimento dos passos a, b, ce d do mesmo ensaio, passou-se a testaro tempo de permanência das escamasem solução com água sanitária comer-cial. Banharam-se as escamas interme-

tados cinco períodos de imersão emágua sanitária comercial (Tabela 2).Depois disto, se procedeu como no en-saio anterior.

Figura 1 - Percentagem de explantes de Hyacinthus amethystina, Tulipa gesneriana, Iris hollandica e Narcissus hybrids viáveis(não contaminados e vivos) aos 75 dias de cultivo. Número de explantes/tratamento = 50 (Ensaio 1)

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BiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologia

Tabela 2 - Tratamentos assépticos com álcool e água sanitária comercial - Fase 2

Álcool Tempo em Concentração de Tempo emTratamento (% em álcool água sanitária água sanitária

volume) (min.) (% em volume) (min.)

1 80 1 20 202 80 1 20 253 80 1 20 354 80 1 20 455 80 1 20 55

superficial do explante (6).

Ensaio 3 - Assepsia de jacinto,tulipa, íris e narciso comutilização de cloreto de mercúrio(HgCl)

Utilizou-se cloreto de mercúrio comoagente desinfectante, tal como se des-creve a seguir:

• manutenção dos passos a, b, c e ddo ensaio 1;

• imersão em álcool a 80% por 1minuto;

• imersão em solução aquosa comHgCl a 0,5% por 3 minutos;

• lavagem com água destilada esté-ril por 10 minutos para eliminar osrestos de HgCl;

• imersão em solução aquosa deágua sanitária comercial a 10% por 15minutos;

• lavagem com água destilada esté-ril por 5 minutos;

• imersão em solução aquosa deágua sanitária comercial a 20% por 5minutos;

• três lavagens sucessivas com águadestilada estéril por 5 minutos cadauma.

Com a utilização de cloreto de mer-cúrio (Figura 3) se obteve 97% deexplantes viáveis em jacinto, frente a45% quando não se utilizou cloreto demercúrio, e de 95% em narciso, frente a45% quando não se utilizou cloreto demercúrio. A tulipa chegou a 68% deviabilidade de explantes, frente a 20%quando não se utilizou cloreto de mer-cúrio, e para íris a diferença foi pequena(54% descontaminados com cloreto demercúrio, 45% sem cloreto de mercú-rio).

Em casos de difícil assepsia, a utili-zação de cloreto de mercúrio (a 0,25%o

por 6 horas ou a 0,5%o por 1 a 3 horas),com freqüência tem dado melhores re-sultados que o hipoclorito de cálcio oude sódio (água sanitária) (7).

Ainda que os resultados sejam me-lhores, deve-se levar em conta que autilização de mercuriais acarreta maio-res gastos, tanto econômicos como deordem temporal e humana, assim comoproblemas derivados de sua elevadatoxidez. Contudo, um percentual de 98%de explantes viáveis, como obtido

Figura 2 - Percentagem de explantes de Hyacinthus amethystina, Tulipa gesneriana,Iris hollandica e Narcissus hybrids viáveis (não contaminados

e vivos) aos 75 dias de cultivo. Número de explantes/tratamento = 50 (Ensaio 2)

marrom-escura, principalmente em tu-lipa e narciso.

Uma das razões que podem justifi-car a baixa sobrevivência dos explantesquando ao tempo de imersão em águasanitária (superior a 45 minutos) é ofato de que o tecido superficial pode terexcessiva infiltração da água sanitária,e isso pode inibir o desenvolvimentocelular e reduzir a capacidaderegenerativa (6). Em trabalho com írisforam conseguidos os mesmos níveis deregeneração, com tempos entre 5 e 60minutos, quando eliminado o tecido

Os resultados mostrados na Figura2 foram muito semelhantes, sendo quena faixa dos 25 aos 45 minutos deimersão se obtiveram melhores resul-tados assépticos, de maneira geral, paraas quatro espécies, mas sempre combaixa eficiência, chegando-se a ummáximo de 50% dos bulbos não conta-minados. Além disso, constatou-se quetempos de imersão superiores a 45 mi-nutos influenciaram negativamente ovigor dos explantes, e que depois dos 60dias os mesmos começaram a senecrosar, apresentando uma coloração #

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BiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologia

te a cocos e bacilos gram-positivos. Paradiluí-lo se utiliza o dimetil-sulfóxido(40mg/litro), quando se apresenta emforma de pó.

neste ensaio, e levando em conta que aassepsia de bulbosas é muito trabalho-sa e difícil de conseguir, faz com que suautilização deva ser considerada.

Ensaio 4 - Assepsia de jacinto,tulipa, íris e narciso comutilização de água destilada a54oC

O procedimento se realizou como sedescreve a seguir:

• manutenção dos passos a, b, c e ddo ensaio 1;

• imersão das escamas em águadestilada a 54oC por 1 hora;

• imersão em solução aquosa deágua sanitária comercial a 20% por 25minutos;

• três lavagens sucessivas com águadestilada estéril por 5 minutos cadauma.

A utilização do tratamento com águaa 54oC (Figura 4) praticamente dupli-cou a efetividade na descontaminaçãodos explantes das quatro espécies, noentanto a regeneração diminuiu muito,fato que pode limitar a utilização destatécnica asséptica.

Em trabalho com narciso foi verifi-cado que o tratamento com água a 54oCpor 1, 2 ou 3 horas diminuía a contami-nação de 45 para 3%, sem afetar aprodução de brotos, contudo o peso fres-co diminuía. O uso de banho a 50oC foimenos efetivo no controle da conta-minação, mas temperaturas de 58 ede 62oC reduziram a capacidade de re-generação. Não foi encontrada dife-rença significativa entre tratamentocom calor e tratamento dedescontaminação com imersão emhipoclorito sódico por 30 minutos e semcalor. Foi sugerido que a contaminaçãoestá localizada no interior dos tecidosdo bulbo (2).

Ensaio 5 - Assepsia de jacintocom utilização de miconazol

O miconazol é um produto farma-cêutico que se comercializa com o nomede Daktarin R , um composto com 2g denitrato de miconazol e 100g deexcipiente c.s.p. É um potenteantimicótico de amplo espectro, tam-bém de atividade antibacteriana fren-

O produto foi introduzido ao meio,com seringa e filtro esterilizados(processo de filtração) e em câmara defluxo laminar (condições assépticas),

Figura 3 - Percentagem de explantes de Hyacinthus amethystina, Tulipa gesneriana,Iris hollandica e Narcissus hybrids viáveis (não contaminados

e vivos) aos 75 dias de cultivo. Número de explantes/tratamento = 50 (Ensaio 3)

Figura 4 - Percentagem de explantes de Hyacinthus amethystina, Tulipa gesneriana,Iris hollandica e Narcissus hybrids viáveis (não contaminados e

vivos) aos 75 dias de cultivo. Número de explantes/tratamento = 50 (Ensaio 4)

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BiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologia

Neste processo, a concentração ensaia-da foi de 20mg/litro de miconazol emum único período de tempo de 60 dias,sem subcultivos. A forma de avaliaçãofoi mantida. Este procedimento tam-bém se mostrou eficaz em sua finalida-de.

Para jacinto (Figura 5), foi constata-do que os tratamentos com miconazolpermitiram um bom controle da conta-minação dos bulbos, e este controle foiainda melhor quando se utilizou con-juntamente o cloreto de mercúrio. Con-tudo, o cloreto de mercúrio sozinho apre-sentou resultados superiores aomiconazol sozinho.

Os trabalhos de investigação emcultivo in vitro, quando o material departida é uma espécie de bulbosa, apre-sentam a dificuldade adicional de aassepsia destes bulbos ser muito traba-lhosa e delicada. Variações sensíveisem condições de esterilização e no meiode cultivo costumam influenciar quali-tativa e quantitativamente os resulta-dos.

Devido a problemas que possam vira surgir pelo emprego de cloreto demercúrio na assepsia dos bulbos, ostratamentos que empregam omiconazol como agente asséptico po-dem ser recomendados e permitem umbom controle da contaminação. A con-centração de 20mg/litro de miconazolfoi o tratamento mais eficaz, não apre-sentando problemas quanto à capaci-dade de regeneração dos explantes,chegando a 98,5% de explantes nãocontaminados e vivos (com cloreto demercúrio) e a 96% de explantes nãocontaminados e vivos (sem cloreto demercúrio).

Com o uso do miconazol foi possívelconter a proliferação de numerosos ti-pos de fungos e bactérias em quinzeespécies de plantas, mantendo umarelação de crescimento positivo, aindaque, em duas espécies, o crescimento debrotos e calos diminuiu (8).

Conclusões

• De todos os ensaios realizadosbuscando eliminar a contaminação dosbulbos de jacinto, tulipa, íris e narciso,se pode sugerir o emprego de uma con-centração de álcool de 80% (v/v) e de

Figura 5 - Percentagem de explantes de Hyacinthus amethystina viáveis(não contaminados e vivos) aos 60 dias de cultivo. Número de

explantes/tratamento = 54

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Tabela 3 - Tratamentos testados

Miconazol(mg/litro)

I. Igual ao tratamento 2 do segundo ensaio - Fase 2(imersão em álcool a 80% por 1 minuto e imersão em águasanitária comercial a 20% por 25min, com algumas gotas deTween 20, seguido de três lavagens com água estéril por5 minutos cada uma 0

II. Igual ao passo I +10

III. Igual ao passo I +20

IV. Igual ao segundo procedimento do ensaio 3, ou seja,com cloreto de mercúrio 0

V. Igual ao passo IV +10

VI. Igual ao passo IV +20

Tratamento

estando o meio a uma temperaturamédia de 50oC, depois de haver sidopreviamente autoclavado a uma pres-são de 1kg/cm2 e 120oC de temperaturadurante 20 minutos. Para cada 20ml demeio em cada recipiente se adicionou2ml da solução com miconazol.

Os tratamentos testados estão naTabela 3.

Para todos os tratamentos se reali-zou, inicialmente, o mesmo processo dedesinfecção do material descrito nasetapas a, b, c e d do primeiro ensaio -Fase 1.

Com a finalidade de simplificar estametodologia, comparou-se com o fatode adicionar o miconazol aos recipien-tes de cultivo antes de autoclavado.

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água sanitária comercial de 20% (v/v),com tempos de imersão de 30 segundose 25 minutos, respectivamente, se-guidas da utilização do miconazol(no caso do jacinto), associada ou não aoemprego de cloreto de mercúrio.

• Quanto ao emprego de água quen-te durante o processo de assepsia,haveria que tentar estudá-lo melhor,já que permite controlar a contami-nação dos bulbos reduzindo o uso deprodutos químicos. O problema resideem que, de alguma maneira, a água,em temperatura elevada, inibe a capa-cidade de regeneração dos bulbos.

Literatura citada

1. KUNNEMAN, B.P.A.M.; ALBERS,M.R.J. Snelheid grootstestruikelblok; weefselkweek pioengaat niet over rozen.Bloembollencultuur , v.100, n.23,p.16-17, 1989.

2. HOLG, G.M.C.; VAN der LINDE, P.C.G.Reduction of contamination in bulb-explant cultures of Narcissus by ahot-water treatment of parent bulbs.Plant Cell, Rockville, v.31, p.75-79,1992.

3. BERGOÑON, S.; RIEIRA, R.; SELLES,M; ROIG, N.; CODINA, C. Efecto dediferentes tratamientos en laasepsia de explantos en especies deNarcissus y su influencia en laregeneración de brotes. In:REUNIÓN NACIONAL DE LAS.E.F.V., 10 y CONGRESOHISPANO-PORTUGUES DE FISI-OLOGIA VEGETAL, 3., 1993,Pamplona. Anales. Pamplona: 1993.

4. PAEK, K.Y.; THORPE, T.A. Hyacinth.In: AMMIRATO, P.V.; EVANS, D.R.;SHARP, W.R.; BAJAJ, Y.P.S.Handbook of plant cell culture. NewYork: McGraw-Hill, 1990. v.5, p.439-471.

5. MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revisedmedium for rapid growth andbioassays with tobacco tissuecultures. Physiologia Plantarum,Copenhagen, v.15, p.473-479, 1962.

6. VAN der LINDE, P.C.G.; SCHIPPER,J.A. Micropropagation of Iris withspecial reference to Iris x hollandicaTub. In: BAJAJ, Y.P.S.Biotechnology in agriculture andforestry. Berlin: Springer-Verlag,1992. v.20, p.173-197.

7. MARGARA, J. Multiplicaciónvegetativa y cultivo in vitro; losmeristemos y la organogénesis.Madrid: Mundi-Prensa, 1988. 232p.

BiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologiaBiotecnologia

8. TYNAN, J.L.; CONNER, A.J.;MACKNIGHT, R.C.; POULTER,R.T.M. Miconazole: an effectiveantifungal agent for plant tissueculture. Plant Cell, Rockville, v.32,p.293-301, 1993.

Mario Angelo Vidor, eng. agr., Ph.D.,Cart. Prof. 45.918-D, CREA-RS,EPAGRI, Estação Experimental de Lages,C.P. 181, Fone (049) 224-4400, Fax (049)222-1957, 88502-970 Lages, SC.

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Agrop. catarinense, v.10, n.2, jun. 1997 55

Tabela 1 - Perfil dos produtores, segundo os grupos de assistência técnica

Área Rebanho inicial Produção de leitepara (cabeça) Raça (kg/dia)

bovinos(ha) Total Vaca 1985 1989 ou 90

Assistência tradicionalI Blumenau 8,0 15 9 Holandesa/

Mestiço 60 57II Pomerode 9,7 15 6 Holandesa 53 28III Timbó 9,6 22 11 Holandesa 55 54IV Pomerode 6,3 12 8 Holandesa 33 71(A)

Assistência dirigidaI Timbó 7,5 25 14 Jersey 77 148II Pomerode 2,6 9 5 Jersey 28 50III Pomerode 12,7 15 7 Holandesa/

Mestiço 42 142

(A) Produtor que evoluiu expressivamente, por ser vizinho da propriedade III da assistênciadirigida.

Assistência técnicaAssistência técnicaAssistência técnicaAssistência técnicaAssistência técnica

Comparação entre dois métodos de assistência téc-Comparação entre dois métodos de assistência téc-Comparação entre dois métodos de assistência téc-Comparação entre dois métodos de assistência téc-Comparação entre dois métodos de assistência téc-nica na atividade leiteiranica na atividade leiteiranica na atividade leiteiranica na atividade leiteiranica na atividade leiteira

Material e métodos

Foram analisados os resultados dequatro produtores pelo método grupal etrês produtores pelo método dirigido,dos quais se obtiveram 119 e 103 obser-vações, respectivamente. A Tabela 1fornece a caracterização de cada produ-tor. Consideraram-se apenas as obser-vações em cujo intervalo de parto se fezum controle leiteiro no transcurso dalactação, obtendo-se, desta forma, asvariáveis: duração da lactação (DL), emdias; intervalo de partos (IP), em dias;e a produção média diária de leite pordia de intervalo de parto ou produtivi-dade (PL/IP), em kg/dia. A produtivida-de engloba o período de lactação e operíodo seco.

No método tradicional, a extensãoprocurava interferir junto ao produtoratravés de reuniões, demonstrações acampo, campanhas, programas de rá-dio, lideranças rurais e com eventuaisvisitas. No método dirigido, o extensio-

nista trabalhava com visitas individu-ais e sistemáticas, capacitando o pro-dutor na gerência da atividade, fazen-do-o atingir e observar alguns pontosbásicos, como: um parto a cada dozemeses; pico de produção entre 35 e 50dias pós-parto; queda de produção men-sal máxima de 10%; coberturas entre50 e 90 dias pós-parto; período seco dedois meses; descarte das vacas com asproduções mais baixas; manejo da vacaseca; e controle do desenvolvimentoponderal das terneiras. O controlereprodutivo, o controle do rebanho e umcontrole leiteiro eram os instrumentosbásicos para monitorar o desempenho.A cada visita, estes controles eram ava-liados e discutidos junto com o produtore sua família. As atitudes a serem to-madas pelo produtor recaíam com mai-or freqüência sobre a alimentação. As-sim, a maior alteração na tecnologiaempregada pelo produtor deu-se naalimentação, sem perder de vista asanidade, a reprodução e adap-

Amaro Hillesheim e Dietmar Kurtz

A tualmente os lacticínios coletamleite praticamente em todo o Es-

tado de Santa Catarina, porém a maiorconcentração ocorre nas regiões Leste eOeste, com 35 e 45% da produção, res-pectivamente (1). Para atingir a atualdistribuição ocorreu uma evolução, poisem 1977 as microrregiões de Itajaí, deJoinville, de Blumenau e de Rio do Sulcontribuíam com 84% do leite industri-alizado e com 88% dos fornecedores (2).Assim se observa que a atividade leitei-ra migrou para o interior do Estado eentrou em decadência nos locais maisantigos, tanto que hoje alguns locaistêm produção inferior a que tinham nopassado.

A extensão rural se implantou emSanta Catarina em 1956 e atuou essen-cialmente através dos métodos grupais.É praticamente um consenso que ametodologia tradicional de assistência,quando usada exclusivamente, não davaos resultados necessários na atividadeleiteira. Em 1985 a ACARESC atribuiua um de seus técnicos a função de reali-zar um trabalho piloto com assistênciatécnica dirigida, que consistia num aten-dimento individualizado e intensivo.Esta assistência apresentou considerá-veis avanços nos resultados técnicos eeconômicos (3). Este trabalho foi reali-zado no Médio Vale do Itajaí, na mesmaépoca em que ali se fazia um acompa-nhamento de propriedades representa-tivas com produtores clientes da assis-tência técnica tradicional.

Diante destes fatos, desenvolveu-seo presente estudo com o objetivo defazer um contraste entre algunsparâmetros, comparando a evoluçãotécnica das propriedades atendidas pelaassistência dirigida com as proprieda-des acompanhadas, clientes da assis-tência tradicional.

Método/Município

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56 Agrop. catarinense, v.10, n.2, jun. 1997

Assistência técnicaAssistência técnicaAssistência técnicaAssistência técnicaAssistência técnica

tação da mão-de-obra.No método tradicional, um dos pro-

dutores absorveu grande parte das tec-nologias do método dirigido por ser vi-zinho de um dos produtores com assis-tência dirigida. Mesmo assim, mante-ve-se o mesmo no grupo tradicionaltendo em vista que esta situação tam-bém faz parte do método grupal deextensão.

A análise de variância, pelo métodode quadrados-mínimos, foi executadapara as três variáveis em relação aosfatores método de assistência e ano; ecom desdobramento do fator ano den-tro de cada método de assistência coma finalidade de evidenciar a evoluçãoocorrida em cada método de assistên-cia.

Resultados e discussão

A Tabela 2 apresenta as médiasgerais e detalha a evolução ocorrida emcada método de assistência para a du-ração da lactação, intervalo de partos eprodutividade.

Comparação das médias gerais

Na comparação da média geral daduração da lactação foi constatada dife-rença altamente significativa (P<0,01)entre os grupos, com média de 335 diasno método tradicional contra uma mé-dia de 302 dias no método da assistên-cia dirigida. Sendo o padrão de 305dias, o grupo da assistência dirigidamostrou um desempenho perfeito en-quanto o grupo da assistência tradicio-nal apresentou um resultado distantedo padrão.

A comparação da média geral dointervalo de partos apresentou diferen-ça altamente significativa (P<0,01) en-tre os grupos, com média de 406 dias nométodo tradicional contra 367 dias nométodo dirigido. Assim, o padrão de365 dias para intervalo de partos foiplenamente atingido pelo grupo da as-sistência dirigida. Em rebanhos de altaprodução são admissíveis e, às vezes,até recomendados intervalos de partomaiores (+420 dias). Mas no presenteestudo os rebanhos de baixa produçãotiveram intervalos de parto elevados eos produtores com assistência dirigida,com altas produções, atingiram inter-

valos de parto idênticos ao padrão de365 dias, o que é um fato até raro.

A comparação da média geral refe-rente à produtividade também apre-sentou diferença altamente significati-va (P<0,01) entre os grupos. Os produ-tores com assistência tradicional regis-traram média de 6,7 litros/dia enquan-to os da assistência dirigida, 9,5 litros/dias. Deve-se realçar que no grupo tra-dicional predominavam vacas da raçaholandesa, enquanto que nos da assis-tência dirigida prevalecia a raça Jersey(Tabela 1). Para ter-se melhor noçãocomparativa, salienta-se que em umrebanho holandês de alta qualidade ealto padrão de manejo, há registro de9,8kg/vaca/dia (4). Rebanhos de raçaholandesa em Castrolândia, PR, tam-bém alcançaram 12,2kg/vaca/dia (5).

Comparação da evoluçãoanual

A comparação dos grupos atravésdas médias gerais apresenta uma visãoestática do nível técnico de cada grupode produtores. Porém, o mais interes-sante é a comparação da evolução aolongo do tempo dentro de cada grupo deassistência técnica, o que dá uma visãodinâmica do efeito da assistência naatividade da produção de leite.

Assim procedendo, se observa que aduração da lactação e o intervalo departos não apresentaram diferença sig-nificativa (P>0,05) na evolução ao lon-

go do tempo, tanto no grupo com assis-tência tradicional como no grupo comassistência dirigida. Isto significa quecada grupo permaneceu no mesmo ní-vel técnico do início ao fim deste estudo,em relação à duração da lactação e aointervalo de partos. Porém, com médiasbem distintas, ou seja, o grupo tradici-onal permaneceu, do início ao fim, aoredor do nível de 335 dias de duração delactação e 406 dias de intervalo de par-tos, enquanto que o grupo com assistên-cia dirigida se manteve no nível de 302dias de lactação e 367 dias de intervalode partos.

O grupo com assistência tradicionalapresentou um desempenho muito ir-regular, e por isso nada melhorou nodecorrer do período deste trabalho. Ogrupo com assistência dirigida tambémnão evoluiu ao longo do tempo, pois jáapresentava desde o início médias anu-ais tão próximas do padrão de 365 diasque não tinham como ser melhoradas.Bastava que não se afastasse dessamédia, e isso foi atingido.

No entanto, a variável fundamentaldeste estudo é a produtividade, poisesta concilia a produção de leite e ointervalo de partos ao mesmo tempo.Assim, a produtividade resume melhora evolução técnica no setor de produçãode leite. Desta forma, se observa, naTabela 2, que a evolução da produtivi-dade ao longo do tempo também nãoapresentou diferença significativa(P>0,05) no grupo com assistência tra-

Tabela 2 - Evolução anual do número de observações e médias da duração da lactação (DL), emdias; intervalos de parto (IP), em dias; e produtividade ou produção média diária de leite (PL/IP),

em kg/dia, segundo o método de assistência técnica

Assistência tradicional Assistência dirigidaAno

Número de DL IP PL/IP No de ob- DL IP PL/IPobservações servações

Média geral/significânciaentre médias 119 335 406 6,7 103 302** 367** 9,5**CV% - 31 28 39 - 12 10 40

Significância entre anos - ns ns ns - ns ns **1985 29 347 404 6,5 3 275 341 6,71986 29 327 398 6,6 8 313 389 6,81987 26 316 401 6,3 19 308 374 8,11988 26 357 437 6,5 22 291 352 9,91989 9 308 363 9,6 20 302 361 10,61990 - - - - 31 305 374 10,3

Notas: a) ns - não significativo (P>0,05).b) ** - significativo (P<0,01).

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Assistência técnicaAssistência técnicaAssistência técnicaAssistência técnicaAssistência técnica

dicional, porém, esta evolução foi alta-mente significativa (P<0,01) no grupocom assistência dirigida. Assim, ficoumais uma vez caracterizado que o gru-po com assistência tradicional mante-ve-se do início ao fim com níveltecnológico de uma produtividade de6,7 litros por dia de intervalo de partos,ou seja, tiveram níveis de produtivida-de idênticos de 1985 a 1988. O bomdesempenho registrado em 1989 nestegrupo deve ser visto com ressalvas, jáque se refere a um pequeno número deobservações registradas na proprieda-de vizinha a uma com assistênciadirigida e que particularmente experi-mentou uma sensível evolução, tantoque em nenhum dos casos a análiseestatística acusou diferença significati-va na análise da evolução ao longo dosanos no grupo com assistência tradicio-nal. Portanto, esta aparente melhorano último ano não foi consistente aponto de caracterizar uma real evolu-ção na tecnologia utilizada. Os produto-res da assistência dirigida, mesmo ini-ciando com uma produção bem modes-ta, muito típica da região, registraramuma evolução real e significativa. Onível de 10,3kg/dia atingido em 1990 jádemonstra um alto nível de produção,salientando que eram quase todas va-cas Jersey.

Conclusões/recomendações

Houve marcante diferença entre os

métodos de assistência, sendo esta fa-vorável à assistência técnica dirigidaem todos os sentidos, atingindo índicesde rebanhos especializados. No métodotradicional, no período estudado, nãose constatou nenhum tipo de progres-so, o que, em conseqüência, resulta naestagnação do setor, ou pelo contrário,a tendência é perder espaço para ou-tras atividades que vão se modernizan-do.

Por isso, diante dos resultados ex-postos neste estudo, a assistência téc-nica na atividade leiteira deve serreorientada na sua forma de atuação. Oideal seria uma assistência dirigidacomo a que foi realizada, porém sabe-seque a relação técnico/produtor não per-mite uma assistência individualizada eintensiva. No entanto, deve-se buscaruma conciliação na forma de atuar,aproveitando vários aspectos da assis-tência dirigida, como por exemplo, queo produtor faça controles do rebanho,da reprodução, da produção de leite,buscando, desta forma, os pontos bási-cos que norteiam a eficiência técnica naprodução de leite. Outra forma seriacada técnico manter duas a três propri-edades com assistência dirigida, eutilizá-las como unidades demonstrati-vas para a assistência técnica tradi-cional. Assim seria possível evitar de-cadência de uma atividade, que temnas suas características a capacidadede desenvolver-se próximo aos grandescentros urbanos, e não é lógico que se

continue a migrar para locais cada vezmais distantes.

Literatura citada

1. INSTITUTO CEPA/SC. Síntese anual daagricultura de Santa Catarina 1990-91.Florianópolis: 1991. v.1.

2. GRUMANN, A.; BUFFON, R.L.; SANTACATARINA, W. Diagnóstico da bovino-cultura catarinense. Florianópolis:ACARESC. 1977. 203p.

3. KURTZ, D., LAMSTER, E.C. Produzir leite- Vale a pena? Florianópolis: EPAGRI,1992, 11P. (EPAGRI. Documentos, 132).

4. MADALENA, F.E.; VALENTE, J.;TEODORO, R.L.; MONTEIRO, J.B.N.Produção de leite e intervalo entre par-tos de vacas HPB e mestiças HPB:GIRnum alto nível de manejo. Pesquisa Agro-pecuária Brasileira, Brasília, v.18, n.2,p.195-200, 1983.

5. RIBAS, N.P. Fatores de meio e genéticos emcaracterísticas produtivas e reprodutivasde rebanhos Holandeses da bacia deCastrolândia, Estado do Paraná. Viço-sa, UFV, 1981. 141p. Tese Mestrado.

Amaro Hillesheim, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 1.783-D, CREA-SC, EPAGRI/Estação Ex-perimental de Itajaí, C.P. 277, Fone (047) 346-5244, Fax (047) 346-5255, 88301-970 Itajaí, SCe Dietmar Kurtz, eng. agr., Cart. Prof. 201-D,CREA-SC, EPAGRI/Estação Experimental deItajaí, C.P. 277, Fone (047) 346-5244, Fax (047)346-5255, 88301-970 Itajaí, SC

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58 Agrop. catarinense, v.10, n.2, jun. 1997

Alimentação animalAlimentação animalAlimentação animalAlimentação animalAlimentação animal

Capim-elefante anão cultivar Mott: pastagem comCapim-elefante anão cultivar Mott: pastagem comCapim-elefante anão cultivar Mott: pastagem comCapim-elefante anão cultivar Mott: pastagem comCapim-elefante anão cultivar Mott: pastagem comalto potencial para produção animalalto potencial para produção animalalto potencial para produção animalalto potencial para produção animalalto potencial para produção animal

capim-elefante anão cultivarMott foi selecionado de uma pro-

gênie de capim-elefante em 1977 naEstação Experimental Georgia CoastalPlain, Tifton, Georgia-EUA. Em home-nagem às pesquisas iniciais desenvol-vidas pelo Dr. Gerald O. Mott o materi-al recebeu a denominação de capim--elefante anão cultivar Mott (1).

No Brasil foi introduzido em diver-sas instituições de ensino e pesquisadesde o início da década de 80. A partirde 1985 começou a ser pesquisado naEPAGRI - Estação Experimental deItuporanga, sendo inicialmente difun-dido para a proteção de terraços e utili-zação sob corte para a alimentação ani-mal. O capim-elefante anão cultivarMott pode atingir até 1,6m de altura emcrescimento livre, embora não seja estaa recomendação na prática. Éheterozigoto e não produz plantas se-melhantes por sementes, devendo serpropagado vegetativamente. Pode flo-rescer no final do outono e início doinverno, e se produzir sementes, estassegregarão e produzirão plantas de por-te alto e de porte baixo, já que se tratade um híbrido. Por isto, deve ser multi-plicado vegetativamente, e o manejodeve incluir o impedimento da forma-ção de sementes viáveis em razão dosdias curtos do ano, o que é natural noSul do Brasil. Apresenta uma grandeparticipação de folhas, o que lhe conferealta qualidade. A forragem consumidapor animais em pastejo, para produzirganho, contém aproximadamente 17%de proteína bruta e 68% dedigestibilidade.

Estabelecimento dapastagem

Por tratar-se de uma forrageira dealta qualidade, deve-se assegurar aprodução de forragem por muitos anossem necessidade de renovação. Paraisso é fundamental que no estabeleci-mento sejam efetuadas calagem e adu-bação, conforme a análise de solo. Paratal os produtores deverão consultar ostécnicos locais de seus municípios. Aadubação nitrogenada em cobertura(normalmente três aplicações por anono período de crescimento da pasta-

gem) deverá ser efetuada através defertilizantes orgânicos e/ou químicos.

O plantio deve ser feito, preferenci-almente, de outubro a março, atravésde colmos inteiros deitados em sulcos,espaçados 60 a 70cm e cobertos comaproximadamente 5cm de solo.

No Sul do Brasil apresenta maioradaptação às regiões de clima Cfa(subtropical úmido), não tolerando so-los encharcados e os mal drenados.

Utilização

O capim-elefante anão cultivar Mott

Capim-elefante anão cultivar Mott: produz 1,0kg de ganho depeso vivo/novilho/dia

Edison Xavier de Almeida, Gerzy Ernesto Maraschin,Oscar L. Harthmann, Henrique Ribeiro Filho

e Jefferson Araújo Flaresso

O

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Agrop. catarinense, v.10, n.2, jun. 1997 59

Alimentação animalAlimentação animalAlimentação animalAlimentação animalAlimentação animal

é uma pastagem de alta qualidade, de-vendo ser utilizado, preferencialmente,para animais com alto potencial de pro-dução, tanto leiteiros como de corte.

Pode ser manejado em pastejo con-tínuo ou rotativo, sendo de fundamen-tal importância manter uma oferta deforragem que não limite o consumo pe-los animais, nem provoque a degrada-ção da pastagem e do solo. Isto é obtidomantendo-se a pastagem com reservade folhas verdes, ou seja, com aproxi-madamente 40 a 60cm de altura deplantas.

Resultados de pesquisas

Diversos trabalhos de pesquisa têmsido efetuados com o capim-elefanteanão cultivar Mott no que se refere aépoca de plantio, orientação dos colmosno sulco, número de nós por colmo,profundidade de plantio, adubação emáreas de produção de mudas, germina-ção de sementes e preparo e densidadede mudas para plantio. No entanto, osrequerimentos de calagem e adubação,possibilidades de consorciação e res-postas à adubação nitrogenada ou or-gânica, além de aspectos fitossanitários,têm sido pouco pesquisados com estaforrageira.

A produção de matéria seca e quali-

dade de forragem sob corte de capim--elefante anão cultivar Mott, incluindoo manejo para esta finalidade, têm sidolargamente estudadas, tanto no Brasilcomo em outros países. Por outro lado,com relação ao efeito do pastejo sobre adinâmica do solo e da pastagem poucostrabalhos de pesquisa têm sido realiza-dos. São mais raros ainda os resultadosde pesquisa envolvendo rendimentoanimal em pastagens de capim-elefan-te anão cultivar Mott, com poucas refe-rências em nível nacional. Neste senti-do, os trabalhos iniciados (1) e termina-dos (2) na Flórida, EUA, obtiveram0,97kg de ganho de peso vivo médiodiário por novilho. Estes resultados fo-ram significativos, principalmente emse tratando de uma espécie perene tro-pical, ou seja, uma pastagem com cres-cimento no período de primavera, verãoe parte do outono e que, uma vezestabelecida, produz forragem de altaqualidade por muito tempo, desde quebem manejada.

Os resultados das pesquisas que vêmsendo realizadas pela Empresa de Pes-quisa Agropecuária e Extensão Ruralde Santa Catarina (EPAGRI), atravésda Estação Experimental de Ituporangadesde 1985, mostram que o capim-ele-fante anão cultivar Mott produz 1,0kgde ganho de peso vivo/novilho/dia, du-

rante os meses de outubro a abril. Nes-te período é possível manter em tornode 1.500kg de peso vivo/ha/dia, empastejo contínuo, com um ganho de 6,0kgde peso vivo/ha/dia. Desta forma, du-rante a fase de utilização da pastagem,de aproximadamente 200 dias, obtém-se em torno de 1.200kg de ganho depeso vivo/ha, sem prejuízos à pastageme ao solo. É importante salientar queestes rendimentos são obtidos exclusi-vamente no pasto, apenas com inclusãode sal mineral e água.

Em termos de produção de leite, faceao potencial de consumo de proteí-na eenergia da forragem que o animalpasteja, é possível inferir que uma vacacom capacidade de resposta a forragemde alta qualidade produzirá em tornode 15kg de leite/dia, logo quatro vacas(1.500kg de peso vivo) totalizarão 60kgde leite/ha/dia. Assim, no período de200 dias de utilização o capim-elefanteanão cultivar Mott tem potencial paraproduzir 12.000kg de leite/ha. Estesdados são bastante animadores, princi-palmente considerando que a produti-vidade média de leite do Sul do Brasilnão chega a 1.500kg/ha/ano e que a doBrasil é inferior a 1.000kg de leite/ha/ano.

O custo para formação e manuten-ção de 1ha de capim-elefante anão é deR$ 627,00 e R$ 281,00, respectivamen-te, sendo que o custo por quilo de maté-ria seca produzida de pastagem é de R$0,03. O saldo da produção de carne ouleite obtida durante o período de utili-zação da pastagem é de aproximada-mente R$ 628,00 e R$ 1.921,00, respec-tivamente.

Para maiores informações contactarcom a EPAGRI - Estação Experimentalde Ituporanga, Lageado Águas Negras,s/n, C.P. 121, Fone (047) 833-1409,88400-000 Ituporanga, SC.

Equipe de pesquisa

Eng. agr. M.Sc. Edison Xavier deAlmeida - EPAGRI - Estação Experi-mental de Ituporanga, SC.

Eng. agr. Ph.D. Gerzy ErnestoMaraschin - UFRGS - Faculdade deAgronomia, RS.

Eng. agr. M.Sc. Oscar L. Harthmann- EAFRS - Escola Agrot. Fed. Rio do

Novilhos entraram na pastagem com peso médio de 170kg e saíram 200 dias apóscom 370kg #

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60 Agrop. catarinense, v.10, n.2, jun. 1997

Sul, SC.Eng. agr. M.Sc. Jefferson Araujo

Flaresso - EPAGRI - Estação Experi-mental de Ituporanga, SC.

Eng. agr. M.Sc. Celomar DaisonGross - EPAGRI - Administração Re-gional Rio do Sul, SC.

Zoot. M.Sc. Henrique Ribeiro Filho- UDESC - Centro Agroveterinário, SC.

Eng. agr. M.Sc. Henri Stuker -EPAGRI - Estação Experimental deItajaí, SC.

Eng. agr. Ph.D. Ildegardis Bertol -UDESC - Centro Agroveterinário, SC.

Eng. agr. Ph.D. Jaime de Almeida -UDESC - Centro Agroveterinário, SC.

Eng. agr. Ph.D. Lauro Müller - UFSC- Centro de Ciências Agrárias, SC.

Entidades financiadoras

E P A G R I - F E P A / P r o g r a m aMicrobacias-BIRD/CNPq

Literatura citada

1. SOLLENBERGER, L.E.; PRINE, G.M.;OCUMPAUGH, W.R. HANNA, W.W.;JONES, JR., C.S.; SCHANK, S.C.;KALMBACHER, R.S. Registration of‘Mott’ dwarf elephantgrass. Crop Science,v.29, n.3, p.827-828, 1989.

2. MOTT, G.O.; OCUMPAUGH, W.R. Carryingcapacity and liveweight gains of cattlegrazing dwarf elephantgrass. In:Agronomy Abstracts , Madison, 1984.p.133. (76th Annual Meeting, 1984, LasVegas).

Edison Xavier de Almeida, eng. agr., D.Sc.,Cart. Prof. 5.373-D, CREA-SC, EPAGRI/Esta-ção Experimental de Ituporanga, C.P. 121,Fone/Fax (047) 833-1409, E-mail: [email protected], 88400-000 Ituporanga, SC,Gerzy Ernesto Maraschin, eng. agr., Ph.D.,Cart. Prof. 3.907-D, CREA-RS, UFRGS/Facul-dade de Agronomia, Departamento de PlantasForrageiras e Agrometeorologia, C.P. 776, Fone(051) 316-6045, 91501-970 Porto Alegre, RS,Oscar L. Harthmann, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 42.012-4, CREA-SC, Escola AgrotécnicaFederal Rio do Sul, C.P. 441, Fone (047) 891-7011, 89160-000 Rio do Sul, SC, Henrique

Ribeiro Filho, zoot., M.Sc., UDESC/CentroAgroveterinário, C.P. 281, Fone (049) 255-2866,88520-000 Lages, SC e Jefferson Araújo

Flaresso, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. 8.196-D,CREA-SC, EPAGRI/Estação Experimental deItuporanga, C.P. 121, Fone/Fax (047) 833-1409,88400-000 Ituporanga, SC.

Alimentação animalAlimentação animalAlimentação animalAlimentação animalAlimentação animal

Palmito - fonte de divisasPalmito - fonte de divisasPalmito - fonte de divisasPalmito - fonte de divisasPalmito - fonte de divisas

O Brasil é o maior produtor de pal-mito no mundo. Cerca de 90% de suaprodução é consumida internamente e orestante é exportado. Além de maiorconsumidor, é também, até a presentedata, o maior exportador, sendo respon-sável pelo abastecimento de 85% domercado mundial, que é muito peque-no.

As importações são feitas por 60 pa-íses em todo o mundo, muitas delas demaneira esporádica e em pequena quan-tidade. Os maiores importadores têmsido países da Europa, em especial aFrança, que diminuiu suas importaçõesdevido a má qualidade do palmito envi-ado pelo nosso país, e que, por ser, emquase toda sua totalidade, de origemextrativista, dificilmente consegue man-ter a qualidade.

Em contrapartida, o mercado norte--americano tem mostrado uma curva deimportação ascendente. Para que o pro-duto processado entre nos Estados Uni-dos existem normas de qualidade maisrígidas, o que faz com que o palmito quechega ao consumidor seja de melhorqualidade. Recentemente, observou-seuma tendência no mercado norte-ame-ricano de importar também palmito aonatural ou pré-processado. Isso abre umnovo mercado para a exportação do pro-duto e gera a necessidade de desenvol-ver técnicas que mantenham a qualida-de do palmito.

Outros mercados têm crescido, taiscomo Japão, Canadá, Dinamarca, Israele Grécia.

Esses exemplos demonstram quepara garantir e ampliar o mercado deve-mos manter a oferta regular e padroni-zar a qualidade do produto, o que só serápossível através de cultivo e da explora-ção racional de palmeiras produtoras depalmito de boa qualidade.

A exploração predatória, ou seja, acolheita indiscriminada de palmito, quevem sendo feita em larga escala emnosso país, desde o início dos anos 50, jáprovocou grande devastação nas pal-meiras nativas utilizadas.

Duas espécies predominam aindahoje nessa atividade. Na região Centro--sul do Brasil a espécie nativa é Euterpeedulis Mart., conhecida popularmentecomo palmiteiro, juçara ou içara. Elafornece palmito de bom rendimento e deboa qualidade, mas tem como desvanta-gem o fato de apresentar estipe único e

não regenerar após o corte. A espécienativa do Norte do país Euterpe oleraceaMart., conhecida popularmente comoaçaizeiro, apresenta farto perfilhamento,porém fornece palmito de menor rendi-mento e qualidade inferior.

O palmito em conserva apresentaalta demanda, mas sua qualidade deixaa desejar, devido principalmente a difi-culdade de produzir a matéria-prima,dado o caráter extrativo desta explora-ção. Acredita-se que a produção racionalpoderia melhorar a situação atual, in-clusive ganhando outros mercados in-ternacionais face às possibilidades deoferta constante de produto de boa qua-lidade e de utilização de outras partes dapalmeira como novos produtos esubprodutos, aumentando assim a ren-tabilidade da cultura. Além disso, o cul-tivo racional diminuiria sensivelmentea pressão de exploração sobre as palmei-ras nativas, contribuindo para a preser-vação dos recursos naturais.

O uso racional de outras palmeiraspara a produção de palmito será umadas alternativas para diminuir a pres-são de exploração sobre as espéciesEuterpe edulis e para diminuir os entra-ves causados pela legislação vigente que,se por um lado dificulta o cultivo e explo-ração racional em áreas de mata nativa,por outro não impede o roubo freqüentede palmito, mesmo em reservas estadu-ais.

Dentro deste contexto, a EPAGRIatravés do Programa de Pesquisa e Difu-são de Tecnologia de Essências Flores-tais em Urussanga, Içara e Itajaí vemdesenvolvendo pesquisa com vá-riaspalmáceas produtoras de palmito com oobjetivo de avaliar os seguintesparâmetros: crescimento, espaçamento,adubação, rusticidade, precocidade, pro-dução de sementes e outros, segundoinforma o engenheiro agrônomo JoséAntonio Cardoso Farias, da EPAGRI/Urussanga.

O experimento denominado Unida-de de Comprovação de Palmáceas foiimplantado em outubro de 1995, e estãosendo avaliadas as seguintes palmáceas:palmiteiro comum (içara), pupunha comespinho, pupunha sem espinho, açaí,palmiteiro híbrido e palmeira-real-da--austrália.

Desde que foi instalado o projeto, jáse pode verificar que o palmiteiro co-mum (içara), o palmiteiro híbrido e apalmeira-real são as espécies que estãodespontando como as melhores em cres-cimento e rusticidade.

PESQUISA EM

ANDAMENTO

o

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FitossanidadeFitossanidadeFitossanidadeFitossanidadeFitossanidade

Seletividade de acaricidas a artrópodesSeletividade de acaricidas a artrópodesSeletividade de acaricidas a artrópodesSeletividade de acaricidas a artrópodesSeletividade de acaricidas a artrópodesbenéficos em citrosbenéficos em citrosbenéficos em citrosbenéficos em citrosbenéficos em citros11111

1. Parte de dissertação de mestrado em Fitotecnia, Faculdade de Agronomia, UFRGS, fev./96, do primeiro autor.

citricultura desempenha impor-tante papel econômico em nível

mundial, com produção aproximada de80 milhões de toneladas de frutas porano (1). A produção brasileira de citrosalcança 20 milhões de toneladasanuais, caracterizando o Brasil comomaior produtor mundial destas frutas.O Brasil lidera também a produção desuco de laranja concentrado, exportan-do anualmente mais de 1 milhão detoneladas (2). No Estado de Santa Ca-tarina, a área cultivada com estas fru-tíferas aumentou significativamentenos últimos anos, alcançando atual-mente três milhões de árvores planta-das ou 7.200ha.

Entre os fatores limitantes no culti-vo dos citros destaca-se o ataque depragas, principalmente de ácaros, res-ponsáveis por danos capazes deinviabilizar a exploração comercial des-tas frutíferas.

O ácaro-da-leprose Brevipalpusphoenicis (Geijskes, 1939) (Acari.,Tenuipalpidae) é o transmissor do ví-rus que causa a leprose nos citros. Ossintomas e danos provocados por estadoença são facilmente identificados. Nosfrutos, surgem manchas de coloraçãomarrom de 0,2 a 1,2cm de diâmetro,formando depressões na casca. Nos ra-mos, ocorre a morte dos tecidos peloaparecimento das lesões, que se trans-formam em pústulas salientes ecorticosas. Nas folhas, surgem man-chas amareladas com pontuações escu-ras no centro. Esta doença reduz a pro-dução e a qualidade dos frutos, e nosestágios avançados provoca declínio emorte da planta (3).

O ácaro-da-falsa-ferrugem Phyllo-coptruta oleivora (Ashmead, 1879)(Acari., Eriophyidae) ataca as folhas,ramos novos e frutos. Nas folhas, pro-voca o aparecimento de manchas escu-ras denominadas “mancha-graxa”, res-ponsáveis pela redução da atividadefotossintética das plantas. A casca dosfrutos escurece e engrossa, alterando osabor e a concentração de sólidos solú-veis do suco, com conseqüente depreci-ação comercial e menor rendimento in-dustrial da fruta (4).

O controle sistemático eindiscriminado de pragas em citros temprovocado rápida ressurgência das pra-gas e aparecimento de surtos de pragassecundárias, decorrentes da reduçãopopulacional dos seus inimigos natu-rais. O uso alternado de defensivos se-letivos melhora a eficiência do controlee reduz a contaminação ambiental (5).Neste sentido, o estudo da seletividadede acaricidas é fundamental paraimplementar o manejo integrado depragas na cultura dos citros, visandoproduzir com qualidade e com preçoscompetitivos.

Material e métodos

Para alcançar o objetivo proposto,foi conduzido um ensaio na EstaçãoExperimental da FEPAGRO emViamão, RS, em um pomar de laranjei-ras da variedade Valência, com quatroanos, plantadas no espaçamento de 4 x6m e apresentando altura média de 2m.O solo do pomar, coberto com vegetaçãorasteira nativa, recebia roçadas mecâ-nicas periódicas entre as linhas das

árvores.O delineamento estatístico adotado

foi blocos casualizados compostos poroito tratamentos e quatro repetições.As parcelas foram constituídas por dezárvores de tamanho aproximadamenteuniforme, identificadas por etiquetasde numeração seqüencial. Os tratamen-tos utilizados, acaricidas registradosno Ministério da Agricultura para ocontrole de ácaros dos citros, com asdoses recomendadas pelos fabricantesforam: fempiroximate (Orthus 50 SC)5g i.a./100 litros; cihexatim (HokkoCyhexatin 500) 25g i.a./100 litros;abamectim + óleo mineral (Vertimec 18CE + Assist) 0,54g i.a. + 189g i.a./100litros; acrinatrim (Rufast 50 CE) 0,5gi.a./100 litros; amitraz (Amitraz 750 G)37,5g i.a./100 litros; enxofre (Kumulus-S 800) 400g i.a./100 litros; fempropatrim(Meothrin 300) 15g i.a./100 litros e tes-temunha. Para a aplicação dosacaricidas, utilizou-se um pulverizadorcostal marca Jacto, com capacidade de20 litros.

Foram realizadas cinco avaliações,três dias antes (pré-amostragem) e aos5, 12, 25 e 45 dias após a aplicação dosprodutos, utilizando-se um aspiradorportátil marca Burkard, acionado pormotor a dois tempos. Na coleta de cadaamostra, o bocal de sucção foi aplicadosobre a copa de duas árvores durantecinco minutos (Figura 1). A pré--amostragem, foi realizada nas duasprimeiras árvores de cada parcela, enos demais levantamentos utilizaram--se, em seqüência, duas árvores emcada amostragem. O material coletadofoi levado ao laboratório onde, com au-

A

Luís Antônio Chiaradia eFernando Zanotta da Cruz

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FitossanidadeFitossanidadeFitossanidadeFitossanidadeFitossanidade

rados 12.290 espécimes de predadorese parasitóides, se destacando numeri-camente aranhas, microhimenópterose ácaros, representando 50,48%, 27,18%e 17,64% dos indivíduos coletados, res-pectivamente (Figura 3).

O número de aranhas foi expressivoem todas as avaliações, totalizando6.204 indivíduos. Apesar deste grupode artrópodes ser predador inespecífico,contribui na redução populacional depragas, tais como: coleópteros,hemípteros, homópteros e lepidópteros,freqüentemente observados presos nasteias e abrigos destes aracnídeos.

Os microhimenópteros ou pequenasvespas, que totalizaram 3.341 espéci-mes, são importantes agentes de con-trole natural, principalmente decochonilhas (4). A ocorrência, no po-mar, de cochonilhas da famíliaDiaspididae, como escama-farinhaUnaspis citri (Comstock, 1883) e esca-ma-vírgula Lepidosaphes beckiiNewmann, 1869, possivelmente tenhacontribuído para a abundânciapopulacional destes parasitóides.

Foram capturados 2.168 ácaros pre-dadores durante as avaliações do en-saio. Estes acarinos, principalmente ospertencentes à família Phytoseiidae,desempenham importante papel no con-trole do ácaro-da-falsa-ferrugem eácaro-da-leprose (5). A espécieIphiseiodes zuluagai Denmark &Muma, 1972, (Acari., Phytoseiidae) foia mais freqüente e abundante em todasas avaliações do ensaio. Este mesmoácaro é freqüente e abundante nos po-mares paulistas, segundo informaçõesde pesquisadores (3 e 5).

As joaninhas, predadoras decochonilhas, pulgões e ácaros, apesarde pouco representadas numericamen-te no ensaio, totalizando 529 exempla-res, apresentam grande importânciano controle destas pragas (4). Dentre asespécies capturadas, destacaram-senumericamente as seguintes:Coccidophilus citricola, Pentilia egena ,Scymnus spp e Stethorus spp.

As linhas da Figura 4 representama variação populacional dos artrópodesbenéficos capturados por tratamento,em cada avaliação do ensaio. Na pré--amostragem, a distribuição dos preda-dores e parasitóides era uniforme,

Figura 1 - Amostragem de artrópodes no pomar cítrico utilizando aparelho desucção portátil

xílio de microscópio esterioscópio, fo-ram separadas impurezas e pragas econtados os predadores e parasitóidescapturados.

Resultados obtidos

A distribuição populacional dos

artrópodes benéficos no pomar na pré--amostragem era uniforme, permitindoa comparação do efeito tóxico dos pro-dutos sobre os artrópodes benéficos. Osdados da percentagem de indiví-duoscapturados por tratamento, nesta ava-liação, são mostrados na Figura 2.

No decorrer do ensaio, foram captu-

Figura 2 - Percentagem de artrópodes benéficos capturados nos diferentestratamentos, três dias antes da aplicação dos acaricidas em pomar de citros. Estação

Experimental da FEPAGRO em Viamão, RS - 1995

#

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FitossanidadeFitossanidadeFitossanidadeFitossanidadeFitossanidade

permitindo a comparação do efeito tóxi-co dos acaricidas.

Aos cinco dias após a aplicação dosagrotóxicos, verificou-se aumento nonúmero de artrópodes benéficos nostratamentos fempiroximate, enxofre etestemunha. As hipóteses para expli-car este aumento populacional nos tra-tamentos são: ação seletiva destesacaricidas; ação tóxica de ingredientesativos sobre algumas pragas, fato ca-paz de viabilizar a ocorrência de preda-dores e parasitóides; ação repelente dealguns produtos induzindo a migraçãodos artrópodes benéficos e/ou presas. Aredução populacional nos demais trata-mentos sugere: toxicidade ou repelênciadaqueles acaricidas ou redução de pre-sas, forçando a migração dos predado-res e parasitóides.

Na avaliação realizada aos doze dias,exceção para fempiroximate efempropatrim, os tratamentos apresen-taram aumento no número deartrópodes benéficos capturados. O en-xofre destacou-se superando a popula-ção capturada na testemunha. Este fatosugere seletividade deste acaricida e/ou ação sobre certos grupos deartrópodes, resultando no incrementopopulacional de espécies benéficas e/oude pragas, substratos para predadorese parasitóides. Os tratamentoscihexatim, abamectim e acrinatrim, quena avaliação anterior mostraram redu-ção considerável na população dosartrópodes benéficos, nesta mostraramaumento, caracterizando redução doefeito tóxico residual e/ou repelente.

Na avaliação realizada aos 25 dias,o número de predadores e parasitóidescoletados foi semelhante ao da pré--amostragem, caracterizando tendênciade retorno na distribuição populacionalverificada no início do ensaio. Aos 45dias, apesar da maior dispersão daslinhas representativas do número deartrópodes benéficos capturados, suge-rindo desiquilíbrio na entomofauna, nãohouve diferença estatística entre os tra-tamentos.

O fempiroximate foi o tratamentoque apresentou menores variações du-rante as avaliações do ensaio em rela-ção a amostragem inicial, caracterizan-do pouca interferência sobre a popula-ção estudada. Por outro lado, o

Figura 3 - Percentual de grupos componentes da fauna de artrópodes benéficos,em relação ao total capturado durante a execução do ensaio.Estação Experimental da FEPAGRO em Viamão, RS - 1995

Figura 4 - Variação populacional de artrópodes benéficos capturados portratamento. Estação Experimental da FEPAGRO em Viamão, RS

fempropatrim mostrou destacada re-dução populacional em todas as avalia-ções, sugerindo sua toxicidade ou efeitorepelente.

Considerações finais

Nas condições em que o trabalho foi

desenvolvido e pelos resultados obti-dos, o enxofre e o fempiroximate mos-traram bons resultados de seletividadesobre os artrópodes benéficos, quandousados no controle de ácaros dos citros.

Os acaricidas cihexatim, abamectime acrinatrim, apesar de terem reduzidoa população inicial dos predadores e

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Agrop. catarinense, v.10, n.2, jun. 1997 65

parasitóides, permitiram rápidorestabelecimento, sugerindo baixa açãoresidual tóxica ou repelente, se consti-tuído em opção viável no controle deácaros, visando a alternância de produ-tos utilizados nos pomares cítricos.

Literatura citada

1. FAO. Production: Fruit. Quartely Bulletin ofStatistics, Roma, v.8, p.32-33, 1995.

2. APECÃO. A economia brasileira e suas pers-pectivas . Rio de Janeiro: APEC, 1995.360p.

3. CHIAVEGATO, L.G. Ácaros da cultura doscitros. In: RODRIGUEZ, O.; VIÉGAS,F.; POMPEU JÚNIOR, J.; AMARO, A.A. Citricultura brasileira. 2.ed. Campi-nas: Fundação Cargill, v.2, p.601-641,1991.

4. OLIVEIRA, C.A.L. de. Ácaros dos citros. SãoBernardo do Campo: Basf Agro, 1994.18p.

5. GRAVENA, S. Manejo ecológico do pomarcítrico. Laranja , Cordeirópolis, v.11, n.1,p.205-225, 1990.

Luís Antônio Chiaradia, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. 11.485/SC, EPAGRI/Centro de Pes-quisa para Pequenas Propriedades - CPPP,C.P. 791, Fone (049) 722-4877, Fax (049) 722-1012, 89801-970 Chapecó, SC e Fernando

Zanotta da Cruz, eng. agr., Ph.D., professortitular, Departamento de Fitossanidade, Fa-culdade de Agronomia - UFRGS, C.P. 7.712,Fone (051) 316-6032, 91501-970 Porto Alegre,RS.

FitossanidadeFitossanidadeFitossanidadeFitossanidadeFitossanidade

Normas técnicas do cultivo da pal-meira-real-da-austrália para produ-ção de palmito. Sistemas de Produção no

26. 16p.Este trabalho fornece informações

úteis sobre o cultivo da palmeira-real-da--austrália, com fins de produção de palmi-to e com possibilidades de substituição dopalmiteiro nativo.

Tecnologias para produção de leite:manejo de gado leiteiro. Boletim Téc-nico no 81. 31p.

O objetivo deste trabalho é orientarcorretamente sobre o manejo e a conduçãoda bovinocultura leiteira. Detalhes comoa simples lavagem do úbere pré-ordenha eos cuidados com o nível adequado dasuplementação podem determinar o su-cesso ou o fracasso da exploração, segundoos autores, Vilmar Francisco Zardo(EPAGRI/Lages) e João Batista Zatt(CIDASC/Chapecó).

Vermicompostagem, a produção dehúmus através de minhocas. BoletimDidático no 14. 22p.

O trabalho, de autoria do eng. agr.Elmo Piazza Branco, apresenta de formasimples e ilustrada as diversas fases dacriação de minhocas, desde a produção dohúmus até a construção do minhocário earmazenamento do húmus.

Recomendação de cultivares para oEstado de Santa Catarina 1997/98.Boletim Técnico no 82.159p.

A EPAGRI está lançando mais umaedição anual deste boletim, cuja finalida-de é manter técnicos e agricultores perma-nentemente atualizados e orientadosquanto à escolha das cultivares mais adap-tadas e produtivas nas diversas regiõesagroclimáticas do Estado. A novidade, apartir desta edição, são os mapas doZoneamento Agrícola para as culturas dearroz irrigado, feijão, milho, soja e trigo,com novo visual e mais praticidade emfunção da época de semeadura e locais.

Controle integrado de moscas-das--frutas. Manual do produtor. BoletimDidático no 15. 21p.

As moscas-das-frutas são considera-das uma das principais pragas dos frutosno Brasil, tanto pelos danos que causamàs frutas, como pelas medidasquarentenárias impostas pelos paísesimportadores, que impedem ou dificultamas exportações. Segundo os pesquisadoresda EPAGRI e autores do trabalho,Ildebrando Nora e Eduardo RodriguesHickel, este manual está dirigido para as

regiões de cultivo de clima temperado, emespecial para a macieira, sendo que ocontrole integrado está apresentado deforma bastante simples e direta.

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* Estas e outras publicações da EPAGRIpodem ser adquiridas na Sede da Empre-sa em Florianópolis, ou mediante solicita-ção ao seguinte endereço: GMC/EPAGRI,C.P. 502, Fone (048) 234-0066, 88034-901Florianópolis,SC.

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OPINIÃO

Dejetos de suínos -Dejetos de suínos -Dejetos de suínos -Dejetos de suínos -Dejetos de suínos -algumas ações doalgumas ações doalgumas ações doalgumas ações doalgumas ações do

CPPP/EPCPPP/EPCPPP/EPCPPP/EPCPPP/EPAGRIAGRIAGRIAGRIAGRI

Flávio Renê Bréa Victoria

elevação de preços dos fertili-zantes químicos tem onerado

cada vez mais os agricultores, que nãoconseguem adubar adequadamente assuas lavouras. Isso contribui para adegradação dos recursos naturais eobtenção de produtividadesdeclinantes, com conseqüentedescapitalização financeira e ambien-tal. Sem dúvida, a utilização adequa-da dos dejetos de suínos, recurso abun-dantemente disponível nas proprie-dades criadoras, em conjunto commedidas de incentivo e modernização,poderá ser importante fator de au-mento da renda do produtor e demelhoria das perspectivas de susten-tabilidade dos sistemas de produçãoregionais. Além do importante enfoquepreservacionista, o uso dos dejetosrepresenta alternativa técnica viávelque proporcionará a melhoria dos ín-dices de produtividade da agriculturaregional, face à necessidade de alcan-çar competitividade junto aos demaispaíses do MERCOSUL.

Foi com essa visão da problemáti-ca regional, e do potencial e importân-cia de se reverter o quadro negativo,que técnicos do Centro de Pesquisapara Pequenas Propriedades - CPPP/EPAGRI e do Centro Nacional daEMBRAPA - CNPSA, elaboraram oPrograma de Melhoria Ambiental paraas Regiões de Maior Concentração deProdução de Suínos do Estado de San-ta Catarina. Esse programa abordaações de curto, médio e longo prazoque contemplam fontes de crédito aoprodutor, linhas de pesquisa, desen-volvimento e difusão de tecnologias;assistência técnica; realização de cur-sos, seminários e dias de campo paraqualificar técnicos e agricultores; or-ganização dos produtores e integraçãode entidades com responsabilidadeambientalista, além de ações deconscientização das comunidades ru-ral e urbana. As ações da pesquisa,difusão e extensão rural do programaencontram-se em pleno andamento.Estudos de pesquisa estão sendo con-duzidos na busca de alternativastecnológicas e de soluções para os pro-

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blemas enfrentados pelos produtores.Inúmeras publicações já foram geradas, emuitos cursos estão sendo conduzidos emtodo o Estado, visando capacitar técnicosde empresas públicas e privadas e agri-cultores. As cooperativas estão utilizan-do recursos do Programa de MelhoriaAmbiental para atender aos seus associ-ados, principalmente na construção deesterqueiras e na aquisição de equipa-mentos distribuidores. Assumindo o pro-blema junto aos seus associados, aCOOPERCENTRAL tem sido um exem-plo de preocupação ambiental. Utilizan-do os recursos previstos no Programa deMelhoria Ambiental, a cooperativa temgerenciado importantes ações de melhoriaambiental na região Oeste, o que lhevaleu prêmios de reconhecimento. É im-portante agora que sejam direcionadosesforços para que os benefícios do progra-ma sejam efetivamente estendidos tam-bém aos produtores não cooperativados.

O Centro de Pesquisa para PequenasPropriedades - CPPP, da EPAGRI, locali-zado em Chapecó, tem linhas de atuaçãoem andamento e previstas na área de UsoSustentado dos Recursos Naturais -Melhoria Ambiental: aproveitamento ereciclagem dos dejetos de suínos (comofertilizante, na alimentação animal - bo-vinos e peixes); e avaliação e análise dastecnologias de aplicação de dejetos.

Resultados de pesquisa obtidos com acultura do milho em solos da região Oestedo Estado indicam que o esterco de suínosconstitui um ótimo fertilizante e podesubstituir em parte ou totalmente a adu-bação química. Para o sucesso da aduba-ção, no entanto, é necessário um melhorconhecimento dos teores de nutrientestotais e solúveis nos resíduos, da taxa demineralização dos compostos orgânicosno solo, bem como do requerimento des-ses nutrientes por parte das culturas.Esta segunda etapa da pesquisa aindaestá sendo avaliada com experimentos decampo.

Encontra-se em andamento projetode pesquisa que objetiva avaliar as prin-cipais características físicas e químicasdo esterco de suínos para fins de utiliza-ção como fertilizante. O estudo visa, ain-da, avaliar o efeito do modo de aplicaçãodo esterco na disponibilidade de nutrien-tes no solo e sua absorção pelas plantas,bem como acompanhar sua mobilidadeno perfil do solo, no decorrer do tempo. Aprimeira fase do estudo, realizada no anode 1994, mostrou que existe uma grandevariação na qualidade fertilizante entreas amostras de esterco de suínos coletadasna região. Com base nas análises, pôde--

se concluir que, na maioria das proprie-dades, o esterco mostra-se muito diluí-do, havendo casos em que o produtorestá armazenando e reciclando dejeto depéssima qualidade, isto é, quase queexclusivamente água. Portanto, é neces-sária a adoção, por parte do produtor, depráticas de manejo que reduzam o exces-so de água e melhorem a qualidade dodejeto produzido na propriedade.

No CPPP também estão sendo de-senvolvidos projetos de pesquisa que ana-lisam e buscam a viabilização técnica dosuprimento nutricional a peixes e bovi-nos, pelo uso dos dejetos de suínos, cri-ando alternativas economicamente viá-veis para o produtor. Estudo conjunto doCPPP/EPAGRI, CNPSA e iniciativa pri-vada concluiu que dejetos de suínos pro-cessados e fornecidos como alimento abovinos conferem ganho de peso aos mes-mos, mostrando-se como excelente al-ternativa para o desenvolvimento da bo-vinocultura regional.

Trabalho de pesquisa recentementeconcluído por técnicos da EPAGRI mos-trou que a introdução de práticas demanejo de criação de peixes, associadasao suprimento nutricional com dejetosde suínos, aumentou significativamentea produtividade das criações de peixe naregião. Os resultados mostraram eleva-da conversão alimentar dos peixes ali-mentados com dejetos suínos, conseguin-do elevar a produtividade de 2.500kg/ha/ano (média regional) para até 6.000kg/ha/ano. No CPPP/EPAGRI também estásendo desenvolvido estudo sobre a qua-lidade da água nos cultivos de peixesintegrados à suinocultura, visando adap-tar esse sistema à legislação ambiental.Resultados preliminares indicam que ocultivo de peixes, com o uso da matériaorgânica dos dejetos de suínos forneci-dos como alimento, pode manter a águadentro dos padrões físico-químicos esta-belecidos pela legislação.

Outra área em estudo no CPPP é a detecnologias para o transporte e distri-buição de dejetos de suínos. Essa etapaé um dos pontos de estrangulamentopara o uso racional dos dejetos, poisexige investimentos difíceis de seremrealizados no quadro agrícola atual. Alémdisso, o transporte e a distribuição sãodificultados pelas condições de distân-cia, relevo e pedregosidade, característi-cas da região Oeste. Os trabalhos visamavaliar os sistemas em uso, fornecendosubsídios e recomendações técnicas paraos agricultores utilizarem adequadamen-te as tecnologias disponíveis. Além dis-so, pretende-se analisar tecnologias al-

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ternativas adequadas às condições fí-sicas e de relevo da região, que propor-cionem formas rápidas e flexíveis demanejo de dejetos.

Na área ambiental, os técnicos doCPPP/EPAGRI atuam na divulgaçãodas tecnologias e conhecimentos exis-tentes, através de publicações técni-cas, dias de campo, cursos, semináriose palestras a produtores, técnicos, po-líticos e lideranças regionais.

Com essas ações e outras que certa-mente serão necessárias com o tempo,a EPAGRI pretende contribuir parareduzir ou eliminar o potencialpoluente dos dejetos, viabilizar o seuuso na ração animal ou como fertili-zante, melhorar as condições físicas equímicas dos solos e aumentar a pro-dutividade das lavouras. Oequacionamento do problema dosdejetos contribuirá para a manuten-ção e incentivo de importante ativida-de agropecuária regional, com metassociais e desenvolvimentistas,viabilizando a continuidade do proces-so agroindustrial que, de uma formaou de outra, tem ajudado a desenvol-ver a região Oeste Catarinense.

Pretende-se que os dejetos real-mente passem a ser considerados comoinsumo agrícola, preservando-se a suaqualidade fertilizante e nutricional eviabilizando técnica e economicamen-te formas de uso adequadas.

É importante salientar a tendênciamundial de consumir produtos gera-dos com a preocupação de preservar oambiente e a qualidade de vida daspopulações. Este fator certamente teráimportância cada vez maior nas rela-ções comerciais, e portanto nos cuida-dos exigidos com a produção.

É importante salientar que o meiorural deve estar consciente da necessi-dade de mudanças na posturaexploratória, mas não pode ser unica-mente responsabilizado ou penaliza-do. Ao contrário, precisa receber o apoionecessário para implementar mudan-ças paulatinas que conduzam a siste-mas sustentados de exploração agro-pecuária. Os técnicos da EPAGRI sãoparceiros do produtor rural e da socie-dade na busca desta sustentabilidade.

Flávio Renê Bréa Victoria, eng. agrícola,M.Sc., Car. Prof. 12.965, CREA-SC, EPA-GRI/Centro de Pesquisa para Pequenas Pro-priedades, C.P. 791, Fone (049) 723-4877,Fax (049) 723-0600, 89801-970 Chapecó,SC.

OpiniãoOpiniãoOpiniãoOpiniãoOpinião

Aproveitamento deAproveitamento deAproveitamento deAproveitamento deAproveitamento deresíduos daresíduos daresíduos daresíduos daresíduos da

industrialização deindustrialização deindustrialização deindustrialização deindustrialização defrutasfrutasfrutasfrutasfrutas

Eduardo Giovannini

indústria de processamento defrutas tem grande potencial, não

apenas pelo produto obtido, como pelaenorme quantidade de resíduos quegera. Estes, quando não aproveita-dos, são fontes de poluição.

O aproveitamento dos resíduospode ser uma maneira de se reduzir apoluição ambiental, agregar valor aoproduto, diminuir o custo de industri-alização e, por conseguinte, o preço doproduto e aumentar as oportunidadesde trabalho nas fábricas.

As frutas processadas para obten-ção de doces em pasta ou geléias sãoutilizadas, dependendo da espécie, nasua totalidade, excetuando-se as se-mentes. Restos do processamento fi-cam disponíveis junto às fábricas emgrandes quantidades, porém em mauestado de conservação. Neste caso,podem ser utilizados na alimentaçãode suínos ou compostados para produ-ção de adubos orgânicos.

A produção de frutas em calda(compotas enlatadas) gera igualmen-te grandes quantidades de resíduos.No caso do pêssego são descartados oscaroços - que servem à produção deporta-enxertos - e a película - quepode ser usada para a extração depectina. O abacaxi deixa como resí-duos a “coroa” - utilizada para a suapropagação vegetativa - e as cascas -que podem fornecer suco e bromelina.A mistura destas partes e sua posteri-or ensilagem produz um alimento deboa qualidade para ruminantes.

A maçã que não atinja os padrõespara uso como fruta de mesa pode sersubmetida à prensagem para extra-ção de suco. Este pode ser utilizadointegral, concentrado ou fermentado,produzindo inicialmente a sidra e, emuma segunda etapa, vinagre. O baga-ço que sobra do processamento podefornecer quantidades grandes depectina. Após a extração desta, aindaresta um resíduo que pode ser um

bom alimento para animais.A produção de suco cítrico, especi-

almente de laranja, aumenta de im-portância dia a dia. São processadoslimões e laranjas para a produção derefrigerantes, sucos naturais e con-centrados. O resíduo destas indús-trias tem seu aproveitamento da se-guinte forma: as cascas servem para afabricação de iscas formicidas; a polpapara alimentação animal; outros pro-dutos como o “melaço cítrico” e óleosessenciais podem ser obtidos destesresíduos.

Na industrialização da banana ascascas são geralmente descartadas ser-vindo apenas como alimento para ani-mais. No entanto, se devidamente tra-tadas, podem servir como substratopara a produção de leveduras e deoutros fermentos.

A indústria vínica é a que melhortem aproveitado seus resíduos. Tantona produção de vinho como de suco,em uma primeira fase é descartado oengaço, que é aproveitado como condi-cionador de solo. Após a extração dosuco ou ao final da vinificação, sobra obagaço. Caso tenha fermentado (navinificação) este pode ser destiladopara a obtenção da “graspa” (aguar-dente bagaceira) e seu resíduo innatura empregado na alimentação desuínos. O bagaço, fermentado ou não,fornece sementes que contêm óleo (de10 a 20%) de alta qualidade para aalimentação humana e para a indús-tria de cosméticos. Do bagaço e daborra do vinho se extraem corantesnaturais para a indústria de alimen-tos. Dos depósitos que se formam nosrecipientes vinários é extraída a“grúpula”, que é formada por cristaisde tartarato de potássio, utilizado naindústria farmacêutica (sal de fru-tas).

Em suma, o aproveitamento de re-síduos das indústrias de processa-mento de frutas, pode ser um grandenegócio, aumentando a gama de pro-dutos oferecidos, gerando empregos erenda, e reduzindo a poluição ambien-tal.

Eduardo Giovannini, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 49.476-D, CREA-RS, Universidade Fe-deral do Rio Grande do Sul/Instituto de Ciên-cias e Tecnologia de Alimentos, Fone/Fax(051) 331-1924, 90670-130 Porto Alegre, RS.Email:[email protected]

CONJUNTURA

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VIDA RURAL

SOLUÇÕES CASEIRAS

CompostagemCompostagemCompostagemCompostagemCompostagem

É possível fabricar um excelenteadubo aproveitando os restos orgâni-cos da propriedade rural. Acompostagem, apesar de ser uma téc-nica simples, exige o conhecimento dealguns princípios, que devem ser leva-dos em consideração para garantir aboa qualidade do húmus produzido.

Fatores que influem nacompostagem

• Aeração - a compostagem é umprocesso de fermentação aeróbica. Aquantidade de oxigênio é que determi-na a velocidade da decomposição.

• Umidade - a matéria orgânicapara a compostagem deve ter umidadeem torno de 50%. Em termos práticos,sabe-se a umidade necessária quando,ao pegar o material, sente-se que omesmo está úmido, mas não escorreágua quando comprimido.

• Temperatura - os microorga-nismos decompositores sãotermofílicos. Geram e precisam de ca-lor. Por isso, a temperatura do compos-to deve alcançar 65oC nos primeirostrês dias e manter-se em torno de 55oCpelo menos durante um mês. A estatemperatura, os microorga-nismos cau-sadores de doenças e as sementes deplantas daninhas são inviabilizados.

• Tamanho das partículas - o ta-

manho ideal das partículas fica em tor-no de 2cm.

Material necessário

• Matéria vegetal - capim, grama,folhas, galhos triturados e palhas.

• Esterco e cama animal.• Lixo doméstico - restos de comida

(não usar carnes), cascas de frutas, le-gumes, borra de café, erva de chimar-rão, etc.

• Terra.

Modo de fazer

• Fazer uma camada de gravetoscomo base, sobre a qual se coloca uma

camada de 15cm de resíduos vegetaisverdes ou secos (folhas, palhas, etc.).Após colocar uma camada de 5cm deesterco animal salpicada com umpouco de solo, repetindo-se a ordemdas camadas até atingir 1,5m dealtura (a proporção deve ser de 3 a 4partes de material vegetal para 1parte de esterco animal (Figura 1). Amontagem da pilha é feita o maisrápido possível. Após a colocação decada camada de resíduos, adiciona-seágua. Recobrir a pilha com uma cama-da de palha.

• Depois disto feito é só deixar ocalor e as bactérias trabalharem. Noverão, o composto fica pronto em trêsmeses. No inverno, leva quatro a cincomeses.

Cuidados com o composto

• Manter a ventilação e a umidadesuficientes para a ação dosmicroorganismos.

Para maiores esclarecimentos pro-cure o técnico do seu município.

Fonte: PEIXOTO, R.T. dos G.Compostagem: opção para omanejo do solo. Londrina:IAPAR, 1988. 48p. (Circular,57).

Figura 1 - Montagem das pilhas do composto

Compostomontado poralunos doCentro deCiênciasAgrárias/UFSC, noCETRE/EPAGRI